www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br PUBLISHER RICARDO GALUPPO DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA DIRETOR ADJUNTO (RJ) RAMIRO ALVES Arte ou dinheiro? Jogo contra pirataria Aberturas de franquias de museus famosos como Louvre ou Guggenheim estão gerando muita polêmica. ➥ P28 Michael Jordan, a lenda do basquete, vai aos tribunais contra empresa chinesa que usa sua marca sem autorização. ➥ P36 Streeter Lecka/AFP SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 24, 25 E 26 DE FEVEREIRO, 2012 O ANO 4 | N 628 | R$ 3,00 Geração de empregos mostra que mercado de trabalho está aquecido O Brasil criou 118.895 novas vagas em janeiro de 2012, contra 152.091 de um ano antes. Essa queda de 21,8% poderia parecer um sinal negativo, mas demonstra a pujança da economia, já que o país vive quase o pleno emprego. A queda dos juros ajudou. ➥ P6 Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr BC, munição contra real forte Riscos que a Europa traz para o Brasil O Banco Central mostrou ontem que tem bala na agulha para enfrentar a desvalorização do dólar. Depois de seis meses de trégua, fez operações no mercado à vista e leilões cambiais. ➥ P30 A piora do cenário na Zona do Euro, com a previsão de um PIB de -0,3% para 2012 na região, deve ter reflexos na economia brasileira e reduzir o crescimento. ➥ P4 Bradesco capta o dobro do previsto BB Seguro Vida Empresa Flex. Proteção para seu empregado, segurança e produtividade para seu negócio. Alexandre Tombini: de olho na oscilação do dólar e instrumentos para intervir Dívida da Busscar agora é de R$ 1,4 bi Lupatech tem nova chance de sobreviver Techintcaça US$1 bipara pagar Usiminas A fabricante de carrocerias em recuperação judicial teve sua dívida com 6,8 mil credores aumentada. ➥ P17 Empresa, que fechou 2011 à beira da falência e deve R$ 1,3 bi, faz empréstimo e viu ações valorizarem. ➥ P16 Grupo italiano vai aos bancos atrás de dinheiro para comprar parcela da empresa brasileira. ➥ P16 23.2.2012 INDICADORES Como evitar as gafes em reuniões no exterior Cursos ensinam empresários e executivos a se saírem bem nos encontros de negócios com seus colegas de outros países e culturas. ➥ P34 TAXAS DE CÂMBIO Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) JUROS Selic (ao ano) BOLSAS Bovespa — São Paulo Dow Jones — Nova York FTSE 100 — Londres COMPRA VENDA 1,7090 2,2625 1,7110 2,2636 META EFETIVA 10,50% 10,40% VAR. % ÍNDICES -0,41 0,36 0,36 65.819,62 12.984,69 5.937,89 Banco da Empresa da Ana O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização. Um produto da Companhia de Seguros Aliança do Brasil CNPJ: 28.196.889/0001-43 comercializado pela BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens S.A. CNPJ: 27.833.136\0001 39. Processo SUSEP nº 15414.005138/2011-71. Os serviços de assistência são prestados pela Brasil Assistência CNPJ: 68.181.221/0001-47. A meta do banco era levantar US$ 500 milhões com emissão, mas apetite dos investidores dobrou esse valor e permitiu uma redução na taxa de retorno. ➥ P31 2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 CARTAS A deputada federal Luíza Erundina (PSB-SP) está certa sobre sua decepção com o despejo de milhares de famílias do Pinheirinho em São José dos Campos (página 39 da edição de 7/2/2012). Mas este caso não foi o primeiro nem será o último. De quem é a culpa das vítimas de enchentes, dos deslizamentos e dos sinistros em favelas? É do governo e da prefeitura, que fazem vistas grossas para o crescimento da favelização em locais ilegais, como encostas, à beira de rio, montanhas e nas marginais, ou do próprio povo que constrói sabendo dos riscos que corre? Os órgãos públicos só tomam atitude quando ocorre incêndio, deslizamento ou os próprios moradores ateiam fogo para conseguirem ser vistos pelas autoridades e conseguirem a casa própria. A favelização está na nossa cara, cresce e triplica-se por gerações e vem a desgraça. Aí as autoridades correm atrás do prejuízo. Parece que o Brasil vive fazendo reparo das calamidades, porque não tem política pública contra os desastres. O Brasil não é como o Japão, que cresce sem esquecer de se proteger das desgraças da natureza, como terremoto, maremoto. Em pouco tempo o Japão se recuperou do maremoto. E o Brasil? O Brasil vive injetando milhões sobre as tragédias públicas e não combate com eficácia esses problemas para que não ocorram em tamanha proporção. Se os políticos impedissem o crescimento ilegal da favelização, não haveria estes despejos e deslizamento e tantos problemas como os que temos a cada chuva, a cada incêndio ou despejo. Esse filme se repete e não há político que faça algo de concreto para inibir estas barbaridades. Será que dá lucro aos políticos ver a favela crescer onde não se deve e está na cara que é ilegal onde eles fazem seu ninho, como a beira de rio e sobre e sob montanhas ou em terrenos invadidos? Por que os governantes deixam desenvolver estes núcleos e só agem quando o problema vem à tona? Regina Teles São Paulo (SP) A propósito da reportagem “Empresários brasileiros querem os portos trabalhando 24 horas” (publicada na página 4 da edição de 13/2/2012), informo-lhes que o tema vem sendo tratado pelo Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus), desde setembro de 2007. Diferentes visões do Porto 24 Horas estão disponíveis no item eventos do www.logisticainternacional.com.br. As apresentadas a partir de setembro de 2011 deverão estar acessíveis até o final deste mês. José Cândido Senna São Paulo (SP) Com relação ao artigo “Hora de atacar os spreads” (página 2 da edição de 23/2/2012), de José Dirceu, sempre votei no PT, mas estou em dúvida se continuarei votando a partir deste ano. Até o momento não vejo o PT se manifestar e até mesmo enviar para apreciação da Câmara Federal a Reforma Política e a Reforma Tributária. Pena que eu acreditava muito no PT, não só eu como muitos dos meus parentes aos quais eu pedia voto. Amilton Oliveira Santos São Paulo (SP) ERRATA O executivo Greg Brown, que aparece na foto que ilustra a reportagem “Motorola adia atualização com Android”, publicada na página 19 da edição de 22/2/2012, é presidente da Motorola Solutions. O presidente mundial da Motorola Mobility — empresa de que trata a reportagem — é Sanjay Jha. Cartas para a Redação: Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP). E-mail: [email protected] As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br OPINIÃO Avanço Roberto Freire Presidente do PPS Hamid Karzai Presidente do Afeganistão Uma vitória da cidadania Michele Tantussi/Bloomberg Obama pede desculpas a Karzai por queima de cópias do Alcorão O presidente Barack Obama enviou a seu colega afegão Hamid Karzai uma carta de desculpas pela queima de cópias do Alcorão numa base militar americana, informou, ontem, o gabinte de Karzai. Obama disse que o incidente não foi intencional e que determinou uma ampla investigação. “Desejo expressar meu profundo pesar pelo incidente informado”, afirma Obama em sua carta entregue a Karzai pelo embaixador americano Ryan Crocker. “Estendo ao senhor e ao povo afegão minhas sinceras desculpas”. A queima dos exemplares do Alcorão provocou revolta entre os afegãos. Ontem, um soldado afegão matou a tiros dois soldados da Otan. AFP Retrocesso Costa Concordia Naufrágio foi provocado por uma sucessão de erros Fruto de um amplo e profundo movimento da sociedade civil, que por meio da Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci) e do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), de organizações engajadas, que por meio da utilização das redes sociais, e da força da internet, conseguiram mobilizar milhões de pessoas para a consecução de uma lei que aprimora a representação política, é aprovada a Lei da Ficha Limpa, contribuindo, assim, para o aperfeiçoamento do nosso sistema democrático de governo. Não podendo desconsiderar o movimento e suas repercussões, o Congresso a aprovou, tornando-a lei. Filigranas jurídicas sobre sua abrangência e início de sua validade foram agora vencidas, com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que não apenas reconheceu sua constitucionalidade, mas a importância social. Para quem não sabe, aliás, o julgamento no STF foi fruto da ação do PPS (ADC 29), que garantiu a possibilidade de aplicação da Lei da Ficha Limpa a atos e fatos jurídicos ocorridos antes da publicação da lei. A ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ADC 30) tratava muito da questão da presunção de inocência, mas não pedia a retroatividade. Assim, desde o primeiro momento o PPS não apenas apoiou esse movimento, como participou ativamente, tanto na sociedade quanto no Parlamento para sua aprovação. Tanto que, em nosso XVII Congresso, realizado em dezembro, em São Paulo, aprovamos uma moção, que, independentemente da posição do STF, proibia registro de candidatura a quem não se enquadrasse nos tópicos da “Ficha Limpa”, incluindo aí nossas coligações. Para aprofundar a conquista do Ficha Limpa, o deputado federal Sandro Alex (PPS-PR), nosso representante na comissão da reforma política, apresentou Proposta de Emenda à Constituição (PEC 11/2011) para estender o Ficha Limpa para os cargos de confiança da administração pública. Com sua aprovação, a Ficha Limpa será condição para nomeação para cargos de ministros, secretários e demais cargos de livre provimento. Será um esforço em vão se a sociedade não se interessar pela política e não acompanhar os trabalhos de seus representantes Giampiero Sposito/Reuters Novas acusações a envolvidos no acidente do Costa Concordia O capitão do navio Costa Concórdia, que naufragou no mês passado na costa italiana matando pelo menos 25 pessoas, cometeu uma série de erros que foram agravados por falhas em terra dos operadores da embarcação, segundo documentos da promotoria. Ontem, os promotores acrescentaram duas novas acusações contra o capitão Francesco Schettino, por ter abandonado passageiros incapacitados e deixado de prestar informações às autoridades marítimas. O imediato Ciro Ambrosio e sete outros oficiais do navio e executivos da empresa Costa Cruzeiros também estão sendo investigados. Reuters A decisão do STF reconhecendo a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa pode ter implicações importantes no desenvolvimento de nosso próprio processo democrático, abrindo as portas para outras iniciativas da cidadania organizada. Apenas não nos esqueçamos que se a “Ficha Limpa” é um marco importante, podendo inclusive ser um ponto de inflexão do próprio processo democrático do país, é tão somente um marco. Que será um esforço em vão se a sociedade, como um todo, não se interessar pela política e acompanhar os trabalhos de seus representantes e mandatários, no Legislativo e Executivo. Na nossa visão, a democracia, mais que um sistema de governo, é um processo de inclusão dos cidadãos(ãs) ao processo de governo e de definição de sua(s) finalidade(s), em função dos interesses da maioria, esses — os produtores de riqueza por meio do trabalho. Num tempo no qual a banalização da corrupção é a norma e a desfaçatez do governo petista é o método, essa vitória da cidadania ganha contornos épicos ao reacender a esperança de termos ética na política. ■ NESTA EDIÇÃO Alessandro Bianchi/Reuters Revolução digital para combater a fome Bill Gates, fundador da Microsoft, propõe uma revolução digital para aliviar a fome no mundo com o aumento da produtividade na agricultura com o uso de satélites e sementes manipuladas geneticamente. ➥ P37 Asas do desejo sobrevoam o solo baiano A Bahia pode receber um projeto de R$ 120 milhões para produzir aviões de pequeno porte para o transporte de passageiros, com capacidade para até 14 pessoas. ➥ P14 Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 3 MOSAICO POLÍTICO Paulo Rabello de Castro Presidente do conselho de economia da Fecomercio e do Lide Economia [email protected] SIMONE CAVALCANTI* [email protected] Fábio Pozzebom/ABr Reformas de Obama e Romney No mundo hipercompetitivo em que vivemos, nenhum país pode ficar dormindo no ponto: qualquer estrutura tributária afeta as decisões de investimento das empresas e dos indivíduos. Sistemas de impostos mais amigáveis atraem empresas, geram mais empregos e aceleram o crescimento de um país. Sistemas complicados, injustos e onerosos expulsam investimentos e matam a prosperidade. É por isso que Obama e seu possível rival republicano, Mitt Romney, estão neste momento engajados em fazer o marketing de suas respectivas reformas tributárias. Ambos têm um discurso só, reconhecendo que os EUA precisam voltar a ser mais competitivos do ponto de vista tributário, mesmo para as pessoas físicas, cujas alíquotas de imposto de renda o pré-candidato republicano quer reduzir drasticamente, para a faixa de 8% a 28%. A gravidade do déficit fiscal americano ensejaria um discurso fiscalista de elevação de impostos, mas os candidatos batem na tecla oposta, da elevação da competitividade industrial americana como precondição de uma saída para a explosiva dívida pública. Crescer é preciso. Como milagres não existem, a carga tributária total nos EUA vai aumentar, não diminuir, para controlar o déficit fiscal nesta década, hoje superior a 8% do PIB. Uma mistura de cortes em despesas militares e sociais, com aumento efetivo de impostos nas camadas superiores de renda, é uma inevitabilidade. Isso não conflita com fomentar a competitividade produtiva, porém arrecadando mais da sociedade como um todo. Obama parece ter uma noção mais clara do que quer fazer, embora não tenha detalhado as sutilezas da pretendida reforma. Na sua fórmula, os mais ricos perderiam privilégios que hoje diminuem o que pagam no final da linha. Obama quer adotar um sistema com menos isenções, especialmente para os que vivem de rendas de capitais aplicados. É a regra Buffett, por conta da autodenúncia feita pelo homem mais rico dos EUA, Warren Buffett, ao escrever, num artigo, que paga menos imposto (relativamente à sua renda, é claro) do que a secretária dele. Mas as injustiças não param por aí. No campo corporativo, certos setores têm tratamento diferenciado, como o de óleo e gás. E as empresas americanas recebem incentivos para investir no exterior, enquanto são mais taxadas quando produzem na jurisdição doméstica. Obama também propõe mudanças nesse ponto. A ideia geral é tornar o sistema mais simples, com menos alíquotas mas, sobretudo, com menos privilégios. Visto da perspectiva brasileira, estamos muito mal posicionados. Qualquer empresa de bandeira brasileira, com operações aqui e nos EUA, sabe que a desvantagem competitiva do Brasil já começa nos investimentos, taxados pesadamente em nosso território, mas isentos no EUA. A produção também é muito mais onerada por tributos no Brasil. O efeito tributário sobre a margem empresarial no Brasil é brutal, razão pela qual estamos perdendo rapidamente nosso espaço no decisivo setor industrial para ficar à mercê da exportação de produtos primários. Isso para não falar da absurda complicação da nossa tributação empresarial, com 27 ICMS diferentes nos estados, PIS, Cofins, IPI, Cide, Previdência, FGTS etc. Precisa dizer onde vai parar nosso poder de competir nos próximos anos? ■ Simplicidade para exportar é o que importa O governo federal vai lançar nos próximos meses um conjunto de medidas para facilitar as exportações de produtos manufaturados. Um dos principais pontos será a desburocratização. ➥ P7 GM terá nova unidade em Santa Catarina A General Motors vai investir R$ 710 milhões para construir uma fábrica de transmissões de veículos em Joinville (SC), com previsão de faturamento de R$ 200 milhões anuais. ➥ P20 Questão de reciprocidade para a Previdência O princípio da reciprocidade será aplicado na próxima terça-feira, data marcada para a votação do projeto de lei que cria o Fundo de Pensão dos Servidores Públicos Federais (Funpresp) na Câmara dos Deputados. O PSDB fechou acordo com o líder do governo, Cândido Vacarezza, pela aprovação do mérito da questão. Até por coerência, alega, vê a necessidade de criar tal instrumento para minimizar as chances de explosão do déficit da Previdência no futuro. Mas vai apresentar seus destaques por entender que é necessário fazer uma reforma muito mais ampla do que apenas o que está previsto no projeto. Assim, vai replicar no plano federal o mesmo que a bancada do PT fez no mês passado na Assembleia Legislativa, quando aprovou com várias ressalvas o projeto do governo paulista que cria o fundo para funcionários públicos estaduais. Uma das alegações do partido na época era a de que seria melhor esperar a lei federal para fazer os ajustes necessários e, quem sabe, aprofundar as novas regras. ■ La garantia soy yo e ponto final O filho volta, mas só com herança - parte II Poresse “alinhamento”comaoposição,o Executivo esperaque obarulho nasemanaquevemseja feito pelossindicatos dosservidores. Ossindicalistas alegamque onovo modelonãodágarantia queo funcionárioteráaposentadoriaintegral. Mas,rebatem técnicosdo governo,hojeisso tambémnãoocorre... O PR cobra da ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, a promessa de um ministério feita no final do ano quando o governo se descabelava pela aprovação da votação da DRU. Mas faz com cuidado. Afinal, o senador Blairo Maggi (PR-MT) já declinou duas vezes e não pode fazer isso de novo. CURTAS ➤ ● Mais alívio para a equipe econômica: coleta diária de dados feita pela Fundação Getúlio Vargas aponta que o IPCA está rodando na casa de 0,4% em fevereiro, uma boa desaceleração ante o 0,56% de janeiro. ● Integrante da ala ➤ conservadora do PT avalia que, com a privatização dos aeroportos, Dilma Rousseff acabou com o seguro eleitoral contra o PSDB. Agora, vai ter que se garantir no crescimento econômico. Mesmo. ➤ ● O interesse pelo Brasil só aumenta. Na semana que vem a CNI recebe uma comitiva de 15 empresários franceses interessados em negócios e parcerias nos setores de energia hidrelétrica, nuclear e de tecnologia... PRONTO, FALEI “Falo isso com vergonha, mas o PDT hoje é um puxadinho do PT” ➤ ● ...Antes do Carnaval, a Confederação recebeu uma comitiva com 25 dirigentes de grandes empresas alemãs e um grupo de 100 empresários da Finlândia. Pedro Taques Senador (PDT-MT) ➤ ● ➤ ● O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve se sentar ao lado de seu homólogo mexicano, Gerardo Rodriguez, em um almoço durante o encontro do G20. Será que haverá apetite para tratar do acordo automotivo? Jose Cruz/Ag. Senado É patético que as lideranças oficiais de empresários não reclamem mais alto contra o manicômio tributário tupiniquim Parece incrível, mas o novo comercial do Itaú com um bebê que cai na risada ao ver o pai rasgar extratos bancários, não conseguiu agradar a todos. Abigraf, Bracelpa, Firjan e Fiemg exigem revisão conceitual da campanha. ➔ Pedro Venceslau está em férias *Com colaboração de Luciano Feltrin 4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 DESTAQUE CRISE NA EUROPA Editora: Elaine Cotta [email protected] Piora do cenário europeu limita crescimento brasileiro Para consultorias como a Austin Rating, PIB, que poderia chegar à casa dos 5% no país, não deve passar de 3,7% em 2012. Mesmo assim, empresas e setor financeiro sofrerão menos do que na crise de 2008 Déborah Costa e Luciano Feltrin redacaobrasileconomico.com.br O cenário internacional, com a anunciada recessão europeia, já começa a influenciar projeções, que trazem cenários menos otimistas para a economia brasileira — apesar de os especialistas se dividirem quanto à extensão dos efeitos da piora externa no Brasil. Para a consultoria Deloitte, por exemplo, mesmo com a possível retração nas exportações para o Velho Continente, o cenário não será dos piores. As receitas com exportações brasileiras seriam mais atingidas caso a China sofresse uma grande desaceleração, estima a consultoria. “Vendemos pouco mais de 20% do total para a Europa e não apenas commodities, como fazemos para os asiáticos”, afirma Luis Vasco, sócio de finanças corporativas da empresa. Outro fator que ajudará a blindar a economia é o grande interesse de empresas estrangeiras pelo país, observa o especialista. Já a consultoria Austin Rating é bem mais pessimista e projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 3,7% em 2013, após avançar 3,4% neste ano. “Entendemos que ainda haverá limitações em termos de investimentos, o que não permite crescer tanto”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, lembrando que trabalha com o cenário básico, ou seja, o que tem maior possibilidade de acontecer. Já em um cenário otimista, Agostini acredita que Ariana Lindquist/Bloomberg “ Vendemos pouco mais de 20% do total (das exportações) para a Europa e não apenas commodities, como fazemos para os asiáticos Luis Vasco Sócio de finanças corporativas da Deloitte Uma forte desaceleração econômica na China causaria mais impacto nas exportações brasileiras do que a crise na Europa o PIB brasileiro poderia crescer algo em torno de 4% e 5% — projeção semelhante a do governo federal. “Isso poderia acontecer se o quadro internacional melhorasse, aliado a um aumento significativo dos investimentos. Mas não é nesse cenário que acreditamos, porque ainda vemos o ambiente externo volátil e os problemas na Europa interferindo no crescimento do Brasil.” Investimentos A Austin espera que a taxa de investimento alcance 21,2% em 2012 e avance para 22,5% no próximo ano, números considerados positivos. Outro ponto positivo para o Brasil, acredita a Deloitte, é que que o mercado financeiro global não fechará suas portas para empresas brasileiras, como aconteceu no primeiro ciclo da crise, após a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008. Fabio Kanzuc, professor da FEA, tem opinião parecida. “O relevante que é o canal bancário, também o mais perigoso, não será afetado”, diz. Já para Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornthon, o cenário é bem mais nebuloso, com as captações externas secando em breve. Para a Austin, a crise também tem efeitos na inflação. A expectativa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recue de 6,5% em 2011 para 6% neste ano e para 4,5% em 2013. O economista-chefe da Austing explica que a redução não tão significativa dos preços neste ano reflete os valores elevados das commodities e, internamente, reajustes de tarifas e uma possível alteração no preço dos combustíveis. “Apesar do Banco Central projetar reajuste zero nos preços dos combustíveis, não trabalhamos com essa hipótese, porque há uma pressão grande sobre a Petrobras para ajustar porque isso tem afetado a companhia.” Quanto à inflação em 2013, Agostini justifica a previsão de 4,5% dizendo que os preços vão passar por acomodação e dificilmente continuarão a subir. Já a Selic deve encerrar o ano em torno de 9% e subir para 10%. “Para convergir a inflação para o centro da meta, é possível que no segundo semestre de 2013 o governo tenha que subir os juros”, diz Agostini, para quem o governo não usará somente a Selic para restringir o crédito. “Será algo no sentido de retirar estímulos, como voltar a subir os impostos, mexer com prazos de financiamentos e empréstimos para o setor público.” ■ Colaborou Érica Ribeiro China condiciona ajuda à UE a fim de ação antidumping A União Europeia, que depende da ajuda chinesa para superar a crise da dívida, investiga possível dumping na importação de alguns tipos de aço chinês A China condicionou sua eventual ajuda para resolver a crise da dívida soberana na Europa à suspensão de duas investigações sobre dumping (venda de produtos abaixo do preço de mercado) e subsídios abertas pela União Europeia, informou o Ministério do Comércio chinês. A União Europeia iniciou no dia 21 de dezembro uma investigação por dumping às importações de alguns tipos de aço revestidos de matéria orgânica procedentes da China e na última quarta-feira outra para averiguar se o governo subsidia estes produtos. “Enquanto a economia mundial prosseguir sem pôr fim à crise financeira e vários países europeus estiverem afundados na crise da dívida soberana, todos os países devem adotar uma atitude cooperati- va, aberta e tolerante”, diz o texto do ministério chinês. “Contudo, a investigação sobre os subsídios da Europa envia ao mundo um péssimo sinal protecionista que ofusca tanto o comércio regular entre Europa e China como os esforços conjuntos sino-europeus para responder à crise da dívida”, ressalta. Na semana passada, a China reiterou seu apoio à integração europeia e ao euro. O governador do banco central, Zhu Xiaochuan, afirmou recentemente que a instituição “continuará comprando títulos da dívida dos estados europeus, ao mesmo tempo em que garantiu sua segurança, sua liquidez e a apreciação de seu valor.” A China conta com as maiores reservas do mundo — cerca de US$ 3,2 trilhões — e divulgou em várias ocasiões que poderia contribuir com o fundo de ajuda para socorrer os países com dificuldades. A China investiu meio trilhão de dólares em dívida soberana europeia. A investigação foi aberta em meio a uma queda dos ganhos da Associação Europeia de Aço (Eurofer), que representa mais de 70% dos produtores europeus. Eles acreditam que seus competidores chineses se beneficiam de subsídios sob a forma de isenções fiscais e compras efetuadas pelo governo chinês abaixo do preço do mercado, de acordo com o site da Comissão Europeia.A Comissão afirmou que a investigação durará 15 meses. ■ AFP Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS ➤ ● A piora das expectativas para a economia europeia pode afetar as projeções para o desempenho do Brasil, que tende a sofrer com restrições de crédito no mercado internacional. ➤ ● A dificuldade de países como a Grécia de renegociar sua dívida e de conter o déficit público prejudica os demais países da Zona do Euro, cujas projeções pioraram. ➤ ● A Comissão Europeia voltou a reduzir as estimativas de crescimento das economias da região e prevê recessão de 0,3% na Zona do Euro e queda nos PIBs de Itália e Espanha. GREGOS MANTÊM MOBILIZAÇÃO CONTRA PACOTE DE AUSTERIDADE O Parlamento grego adotou ontem em caráter de urgência o projeto de lei que define as modalidades para o perdão de ¤ 107 bilhões da dívida. O resultado da votação era previsível, dada a maioria com que conta o governo de coalizão, integrado pelos socialistas do PASOK e os conservadores da Nova Democracia, que juntos somam 193 dos 300 assentos do Parlamento. O Partido Comunista, o de esquerda radical e o de extrema direita se pronunciaram contra o projeto. O perdão de ¤ 107 bilhões corresponde a um pouco mais da metade da dívida em mãos dos credores privados. Paralelamente à votação, continuaram os protestos de trabalhadores contra os ajustes fiscais exigidos pelos credores públicos e privados para liberar a ajuda ao país. AFP Zona do Euro deve entrar em recessão com recuo do PIB de até 0,3% em 2012 Novas projeções da Comissão Europeia (CE) indicam que as economias de 8 dos 17 países que integram a Eurozona terão desempenho negativo neste ano, incluindo Itália e Espanha, terceira e quarta economias da Europa, respectivamente A Zona do Euro voltará a entrar em recessão (caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto, PIB) em 2012 e oito de seus 17 países registrarão crescimentos negativos no ano, incluindo Espanha e Itália, com prognósticos piores que os previstos anteriormente, anunciou ontem a Comissão Europeia (CE). O Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro cairá 0,3% em 2012, segundo novas projeções. A previsão anterior estimava um crescimento de 0,5%. A última recessão da Eurozona ocorreu em 2009, quando a economia da região registrou recuo de 4,3%. A revisão para baixo dos dados foi motivada pela crise da dívida que fragilizou os mercados financeiros e provocou uma depressão da economia real, segundo a Comissão. O órgão executivo europeu destaca que a re- A revisão para baixo dos dados da CE foi motivada pela crise da dívida que fragilizou os mercados financeiros e provocou uma depressão da economia real cessão será “moderada” e afirma que haverá sinais de melhora nas economias da Eurozona já a partir do segundo semestre deste ano. cimento de 0,7% da economia espanhola. As previsões da CE são ainda melhores que as do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco da Espanha. Grécia e outros países Política fiscal De acordo com a CE, a recessão na Grécia será maior que a prevista anteriormente, com uma queda de 4,4% do PIB, contra recuo de 2,8% na estimativa inicial. O país, inclusive, aprovou ontem um novo pacote de ajuste fiscal que provocou novos protestos (leia acima). Assim, 2012, será o quinto ano de recessão consecutivo na Grécia, cujo PIB caiu 6,8% no ano passado. Na Itália, a contração será de 1,3%, muito acima do recuo de 0,1% anunciado na previsão inicial. Já a Espanha, que é a quarta economia da Eurozona, sofrerá uma contração de 1%, disse a Comissão, que em suas projeções anteriores previa um cres- A revisão dos prognósticos econômicos para os países da Europa reavivam o debate sobre se o remédio para reduzir e cumprir as metas de déficit para este ano — a austeridade fiscal —, deveria ser flexibilizado. E nos últimos dias cresceram os rumores de que Madri prevê pedir um aumento da meta de déficit para este ano, de mais de 5% do PIB no lugar dos atuais 4,4%. Após assumir o poder, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, disse que o déficit orçamentário da Espanha para 2011 ficará acima de 8% do PIB, muito maior que os 6% prometidos pelo governo anterior — e acima do previsto para este ano. Portugal também finalizará o ano com retração de 3,3% da economia — o país é outro que passa por reestruturação de sua dívida, como a Grécia. Já a Irlanda é o único dos países chamados periféricos — o PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) — que escapará a recessão. Motores do euro O crescimento de 2012 será levemente inferior também nas chamadas economias motoras da Eurozona, Alemanha e França. A Alemanha crescerá 0,6% em 2012 e França 0,4%, contra estimativas anteriores de 0,8% e 0,6%, respectivamente. “Isso mostra mais uma vez que a Europa precisa mudar a estratégia e se concentrar em impulsionar o crescimento e não a consolidação fiscal”, disse Sony Kapoor, analista do centro de reflexão econômica Re-Define. ■ AFP 6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 BRASIL Editora: Elaine Cotta [email protected] Subeditora: Ivone Portes [email protected] Geração de vagas formais mostra mercado ainda robusto Em janeiro, foram abertos 118.896 novos postos de trabalho. Resultado é 21,8% inferior ao de igual mês de 2011, mas considerado positivo por analistas, já que o Brasil vive momento de baixa taxa de desemprego Elza Fiuza/ABr “ Eva Rodrigues [email protected] Foram gerados 118.895 postos de trabalho formais no país em janeiro último, o pior resultado para o mês desde 2009, o que pode aparentar um movimento ruim. No entanto, um mercado de trabalho capaz de criar mais de 100 mil vagas num cenário de taxa de desemprego historicamente baixa (a taxa ficou em 5,5% em janeiro) está longe de ser avaliado como negativo. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a expansão do emprego em janeiro ficou 21,8% menor ante o mesmo mês de 2011. A geração de postos formais resultou do aumento em seis dos oito setores de atividade econômica. O destaque foi o setor de Serviços, com a geração de 61.463 postos (alta de 0,40% ante dezembro de 2011). Na Construção Civil foram registrados 42.199 novos postos (1,46% — a maior taxa de crescimento entre os oito setores). Na Indústria de Transformação, o saldo foi de 37.462.345 postos (0,46%). Os desempenhos negativos ocorreram no Comércio, com a perda de 36.345 postos (-0,43%) e na Administração Pública, com queda de 370 postos (-0,05%). Analistas ouvidos pelo BRASIL E CONÔMICO apontam que o mercado de trabalho, que costuma ter um impacto defasado no tempo em relação aos movimentos restritivos ou expansivos da economia, teve seu momento de piora na geração de vagas verificado entre os meses de outubro e novembro. Desde então, a sinalização é de um cenário melhor. O economista do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, observa que o mercado de trabalho poderia estar ainda respondendo à política monetária restritiva do início de 2011, mas não é o que se observa nos resultados vistos. “Nos últimos três meses estamos vendo ligeira melhora na margem na criação de postos formais de trabalho. E a geração de mais de 100 mil vagas no mês é um A grande quantidade de admissões e desligamentos, ambos os maiores para o mês, reforçam o foco que o Ministério do Trabalho e Emprego vem dando no aprofundamento do debate sobre as altas taxas de rotatividade de mão de obra no mercado de trabalho brasileiro Paulo Roberto Pinto Ministro observa que o saldo de janeiro é resultado de 1.711.490 admissões e 1.592.595 desligamentos Murillo Constantino Flávio Serrano Economista do Espírito Santo Investment Bank “Nos últimos três meses estamos vendo ligeira melhora na margem na criação de postos formais de trabalho no país” bom resultado se considerarmos que o país vive um momento de taxa de desemprego historicamente baixa — o que significa dizer que há limites para a geração de muitos postos de trabalho no país hoje.” Na avaliação do economista do banco ABC Brasil, Felipe França, os reflexos do aperto monetário do ano passado no mercado de trabalho foram marginais e tanto o Caged quanto a Pesquisa Mensal de Emprego (PME, medida pelo IBGE) apontam melhora. “Pelo critério da média móvel trimestral, a geração de vagas pelo Caged registrou alta pelo segundo mês consecutivo depois de encontrar o pior momento em novembro”, diz. França acha difícil a taxa de desemprego brasileira cair muito abaixo do nível de 6%. “Como já estamos próximo desse patamar, isso deve se refletir em melhora nos ganhos de renda do trabalhador ao longo do ano”, pondera. A economista do Santander, Fernanda Consorte, segue na mesma linha de análise: “Nós projetamos crescimento real de 5,5% na renda Ministro interino do Trabalho e Emprego média do trabalhador neste ano, uma alta bem maior do que os 2,8% de alta em 2011”. A se considerar que o nível de atividade retoma fôlego como consequência do afrouxamento monetário em andamento desde agosto do ano passado — desde então foram quatro cortes de 0,50 ponto percentual nos juros básicos do país — a perspectiva é a de que o mercado de trabalho prossiga em situação favorável. “No terceiro trimestre o nível de atividade deve ficar mais forte por conta dos efeitos da política expansionista do governo, mas não sabemos como será o impacto no mercado de trabalho. De todo modo, é possível pensar em pressões inflacionárias vinda de um ambiente de trabalho apertado”, diz Serrano, que projeta a geração de postos formais de trabalho em fevereiro no mesmo patamar do que foi visto em janeiro. O decorrer de 2012 deve ser de recuperação (leia mais no texto ao lado) já que ao longo de 2011 o enfraquecimento da atividade econômica teve impacto direto na geração de empregos formais. ■ GERAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO FORMAIS NO BRASIL Evolução para meses de janeiro, segundo o Caged 200 150 100 100.106 115.972 86.616 105.468 181.419 142.921 152.091 118.895 50 0 -50 -100 -101.748 -150 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) 2011 2012 Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 7 Marcello Casal Jr Cheque caução em hospitais pode virar crime O governo federal estuda tornar crime a exigência de cheque caução por hospitais particulares, afirmou ontem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Queremos encaminhar o mais rápido possível (ao Congresso Nacional)”, explicou. O Código de Defesa do Consumidor trata a prática como abusiva, sujeita à multa. Outra proposta é ampliar o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para fiscalizar hospitais privados e clínicas conveniados a planos de saúde. ABr Elza Fiuza/ABr Ano será de recuperação na criação de emprego Para Teixeira, as perspectivas do resultado da balança comercial brasileira para este ano são positivas Segmentos mais voltados para o mercado doméstico devem ganhar fôlego mais rápido Em sintonia com a retomada no nível de atividade doméstico, os diferentes setores medidos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) devem mostrar um movimento de recuperação na geração de postos formais de trabalho ao longo de 2012. Até mesmo a indústria, segmento que mais tem sofrido ante os demais setores da economia, registra dados mais positivos para o emprego. Na abertura de dados feita pelo banco ABC Brasil, os piores meses para o emprego industrial — feito o ajuste sazonal — foram outubro e novembro. “Em dezembro a gente tinha visto uma recuperação na margem. Em janeiro o número veio mais fraco que o de dezembro, mas continua positivo.” Foram gerados 37.462 postos pela indústria de transformação em janeiro. Setores como o de Serviços, Comércio e Construção Civil, que são voltados para o mercado doméstico e muito vinculados à melhora da renda e oferta de crédito, devem se beneficiar mais rapidamente da retomada de fôlego da economia É claro que ainda é prematuro falar em tendência. Porém, os números se alinham a uma melhora na confiança dos empresários que já aparece na pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “Esse movimento é consequência da sinalização, por parte do governo, da retomada de investimentos no país. Agora, é preciso compreender que, antes de voltar a contratar de forma consistente, o empresário vai aumentar horas trabalhadas — somente quando o cenário estiver muito claro é que a tendência de contratações se consolida”, pondera o economista do banco ABC Brasil, Felipe França. ■ E.R. “ Estamos trabalhando em três linhas: simplificação e desburocratização, melhora no financiamento às exportações e fortalecimento e ampliação da estratégia de acesso a novos mercados, com promoção comercial Alessandro Teixeira Secretário-executivo do MDIC Governo vai lançar medidas para elevar exportações Iniciativas farão parte do Plano Brasil Maior, lançado em agosto do ano passado, e terão como objetivo aumentar vendas de produtos manufaturados ao mercado internacional O governo federal vai lançar nos próximos meses um conjunto de medidas para facilitar as exportações de produtos manufaturados, de acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira. “O governo está fazendo um esforço e nós devemos anunciar, nos próximos meses, medidas para fortalecer e expandir as exportações de manufaturados. O Brasil sofre mais na área de manufaturados porque, com a crise internacional, as pessoas não param de comprar alimentos. Elas precisam de produtos semimanufaturados para industrializar. É normal que esses produtos não sejam tão afetados quanto os manufaturados”, afirmou. Segundo Teixeira, as medidas que serão implementadas fazem parte do Plano Brasil Maior, lançado em agosto do ano passado. E, apesar de não ter antecipado os detalhes da ação, ele revelou as áreas beneficiadas. “Estamos trabalhando em três linhas: simplificação e As perspectivas para a balança comercial brasileira este ano são positivas, embora dificilmente se consiga o mesmo resultado de 2011 desburocratização, melhora no financiamento às exportações e fortalecimento e ampliação da estratégia de acesso a novos mercados, com promoção comercial. Essas três áreas são as quais vamos nos concentrar para aumentar as exportações de manufaturados.” O secretário-executivo do MDIC esteve presente nos dias de desfile do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio no camarote da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O local funciona como ponto de encontro informal entre exportadores brasileiros e empresários estrangeiros, que são convidados para assistir à festa e apro- veitam para iniciar ali mesmo contatos de negócios. Para Teixeira, as perspectivas do resultado da balança comercial brasileira para este ano são positivas, embora dificilmente se consiga o mesmo resultado de 2011. Ele acredita que, em fevereiro e em março, deverá haver superávit comercial — com as exportações superando as importações. No mês que vem, lembrou o secretário, o governo divulgará a meta de exportações para 2012. “O primeiro trimestre é complicado (janeiro foi deficitário nas quatro semanas), por causa da crise da Europa muito forte e os Estados Unidos retomando algumas crises institucionais no Oriente Médio. Mas o Brasil vai ter superávit este ano e teremos crescimento das exportações, não tão forte quanto 2011, que foi um ano recorde, em que tivemos um saldo de US$ 30 bilhões e chegamos a US$ 257 bilhões em exportações”, disse. Teixeira disse que a pauta brasileira de exportações em 2012 ainda será marcada pelos seto- res de alimentos e minério de ferro. Mas destacou também os setores automotivo, motores, metal-mecânica, ônibus e aviões como promissores. Em relação ao mercado de carnes, Teixeira disse que já houve conversas aprofundadas com representantes russos e também chineses para que os produtos brasileiros entrem com mais facilidade nesses mercados. Com a China, o entrave é basicamente técnico, pois depende de vistoria chinesa em um número maior de abatedouros brasileiros. No caso da Rússia, além de exigências técnicas, há pressões protecionistas de países europeus produtores de carne, que sofrem com a crise europeia e precisam vender para o mercado russo. “Nossa balança vai continuar tendo um peso importante das commodities e dos semimanufaturados. Isso é uma característica brasileira. Hoje, nós somos um dos principais produtores de minério de ferro e de produtos agrícolas e vamos continuar sendo”, disse. ■ ABr 8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 BRASIL Divulgação IMPOSTO DE RENDA 1 IMPOSTO DE RENDA 2 Contribuintes não podem mais imprimir guia de recolhimento do IR com antecedência Receita estuda criar versão de programa de declaração do IR para tablets Os contribuintes que parcelarem o pagamento do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) não poderão mais usar o programa de preenchimento da declaração para emitir a guia de recolhimento das oito parcelas com antecedência. A cada mês, o contribuinte terá de entrar na página da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) para imprimir o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). ABr A Receita Federal estuda a criação de uma versão específica para tablets do programa de declaração do Imposto de Renda (IR), que deverá estar à disposição nos próximos anos, informou ontem a secretária-adjunta do órgão, Zayda Manatta. Ela ressaltou, no entanto, que a ferramenta, como meio de entrega da declaração, pode não entrar em operação. ABr Brasil estuda ampliar incentivo fiscal bilionário do petróleo O Repetro, regime tributário especial do setor, resultou em renúncia de R$ 46 bi desde sua criação, em 1999 Diego Giudice/Bloomberg O governo está revendo o regime tributário especial para a área de petróleo e gás (Repetro) e deve anunciar ainda neste ano a extensão dessa política bilionária de incentivos fiscais para todos os elos da cadeia produtiva,segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges Lemos. Hoje, o Repetro atende apenas ao primeiro elo da cadeia produtiva, principalmente as operadoras dos campos de petróleo e gás. Desde sua criação, em 1999, ele resultou em uma renúncia fiscal de aproximadamente R$ 46 bilhões, beneficiando principalmente a Petrobras. “É um regime de grande importância para o setor de petróleo e gás e, particularmente, para a Petrobras. Ele opera no Brasil há muitos anos e nós estamos implementando uma revisão do Repetro”, disse o presidente da ABDI. “Isso pode resultar numa desoneração maior do que ele faz hoje”, acrescentou Lemos, que comanda a agência do governo federal que atua na execução e na elaboração da política industrial. A Petrobras, que opera mais de 90% das concessões de exploração do país, é a principal beneficiada pelo regime, que concede isenções de impostos de importação (II), sobre produtos industrializados (IPI), PIS, Cofins, além da taxa para renovação da marinha mercante. A ampliação do Repetro ajudaria a estatal a cumprir seus Refinaria da Petrobras em Fortaleza, no Ceará: na lista de beneficiados pelas isenções da cadeia produtiva, ajudando por consequência a Petrobras a cumprir seu plano de investimentos, que hoje supera US$ 200 bilhões em cinco anos. “A ideia é anunciar neste ano, com certeza. A renúncia é para o ano que vem”, afirmou, explicando que os efeitos das mudanças só deverão ser sentidos no caixa do governo em 2013. A ADBI não sabe informar quantas empresas se beneficiam atualmente do Repetro, mas com base em um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a agência acredita que, com a expansão da política para todos os elos da cadeia, cerca de 3,4 mil empresas industriais e de serviços possam ser beneficiadas. Assimetrias A Petrobras, que opera mais de 90% das concessões de exploração do país, é a principal beneficiada pelo regime tributário especial ambiciosos objetivos de produção de petróleo no pré-sal e a atingir os índices de nacionalização de peças e equipamentos exigidos em suas encomendas de plataformas e sondas. Como atende apenas o primeiro nível da cadeia produtiva, a maior parte da desoneração feita até agora foi sobre as encomendas de plataformas e embarcações — cerca de R$ 40 bilhões deixaram de ser arrecadados pelo governo, segundo dados da Receita Federal fornecidos pela ABDI. Em 2010, a renúncia fiscal atingiu quase R$ 10 bilhões. Sem projeção Lemos disse que ainda não está definido se os incentivos fiscais dados pelo Repetro até agora serão ampliados por inteiro para os outros elos da cadeia produtiva. “O que você pode fazer numa recalibragem é tirar alguns itens da lista de isenção do Imposto de Importação. Aqueles que já têm produção nacional desenvolvida”, exemplificou o presidente da ABDI. Por conta disso, ele evita fazer uma projeção de quanto será a renúncia do governo para incentivar o desenvolvimento Para Bruno Musso, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), o importante é que o governo consiga sanar assimetrias tributárias em uma eventual reformulação do Repetro. “Preservar o conceito atual de incentivo à cadeia do petróleo e gás é benéfico. O regime foi eficiente em desonerar os investimentos, mas questões relativas à isonomia precisam ser analisadas com mais cuidado”, reivindicou Musso. Mas outra fonte do setor, que preferiu não ser identificada, disse que o Repetro necessita de ajustes porque possui falhas e brechas que precisam de uma reavaliação por parte do governo. ■ Reuters Capacidade de geração de energia cresceu 4% em 2011 A energia proveniente de usinas hidrelétricas predomina e responde por 66,91% da capacidade instalada do Brasil No ano passado, a capacidade instalada de geração de energ i a n o B ra s i l c h e g o u a 117.134,72 megawatts (MW), o que representa um crescimento de 4% em relação à de 2010. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a energia proveniente das usinas hidrelétricas predomina e responde por 66,91% da capacidade instalada do país. As energia gerada pelas termelétricas corresponde a 26,67% do total, e as pequenas centrais hidrelétricas tiveram participação de 3,3%. As termelétricas responderam por 26,67% do total de energia gerada no país no ano passado Compõem ainda a matriz 1,71% de potência de usinas nucleares, 1,22% de eólicas e 0,18% das centrais geradoras. Os dados constam de relatório de fiscalização da Aneel, que apresenta a atualização do parque gerador do Brasil até o dia 31 de dezembro do ano passado. No início deste mês, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que a projeção é de crescimento de cerca de 4,5% no consumo de energia no Brasil este ano, contra aumento de 3,4% registrado no ano passado. Segundo ele, a previsão decorre do fato de a economia brasileira estar retomando o crescimento. “Então, deve crescer o consumo”, disse. ■ ABr Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 9 Liliana Espinoza/Reuters SAÚDE CHUVAS Índice de mortalidade materna de 2011 pode ser o menor dos últimos dez anos Nível do Rio Acre subiu um centímetro a cada três horas nos últimos dias Foram registradas 705 mortes maternas no primeiro semestre de 2011, ante 870 em igual período de 2010, uma queda de 19%, segundo o Ministério da Saúde. O cálculo de 2011 ainda está em fase de conclusão. O governo prevê para 2011 a maior queda da mortalidade materna dos últimos dez anos. De 1990 a 2010, a taxa de mortalidade materna no Brasil caiu de 141 para 68 mulheres para 100 mil nascidos vivos. ABr O nível do Rio Acre subiu um centímetro a cada três horas nos últimos dias, atingindo 17,48 metros. É a segunda maior cheia registrada desde 1997, mas é o maior desastre enfrentado pelo estado em termos de população afetada. No total, nove municípios decretaram situação de emergência. A tendência é que o nível do Rio Acre continue a subir de maneira gradual, especialmente na capital, Rio Branco. ABr Indústria vive momento de cautela Sondagem da FGV mostra que o índice que mede o otimismo dos empresários do setor ficou estável em fevereiro Henrique Manreza O nível de confiança da indústria registrou estabilidade em fevereiro, segundo informações preliminares divulgadas ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança da Indústria (ICI) marcou 102,3 pontos neste mês — inalterado quando comparado com o número final de janeiro. Essa pontuação, que mostra o nível de otimismo dos empresários do setor da indústria de transformação, é inferior à média histórica desde 2003, de 103,8 pontos. Em fevereiro do ano passado, o índice havia alcançado 112,5 pontos, depois de registrar 112,8 pontos em janeiro de 2010. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) marcou 102,3 pontos neste mês — inalterado quando comparado com o número final de janeiro Entre os componentes, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 0,6%, apontando crescimento pelo terceiro mês seguido, para 103,6 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) caiu 0,6%, para 101,1 pontos. Enquanto isso, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou estável em 83,7% na prévia de fevereiro, patamar superior à média histórica desde 2003, de 83,3%. Para a prévia dos resultados da Sondagem da Indústria foram consultadas 805 empresas entre os dias 1º e 17 deste mês. O resultado final da pesquisa será divulgado no dia 29 de fevereiro. ■ Redação Já as expectativas dos industriais com o futuro pioraram QUEM GERA EMPREGOS E OPORTUNIDADES TAMBÉM CONTRIBUI PARA UM PAÍS MAIOR E MAIS JUSTO: ENTREGUE A SUA RAIS E GARANTA O ABONO SALARIAL DE SEUS COLABORADORES. NÃO ESQUEÇA: SAIBA MAIS NO WWW.RAIS.GOV.BR 10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 BRASIL André Az/O Dia COPA DE 2014 TURISMO Comissão especial da Câmara vota Lei Geral do Mundial na terça-feira da próxima semana Transatlânticos devem movimentar US$ 26 milhões na economia carioca As discussões e votação do parecer do relator, deputado Vicente Cândido, (PT-SP), ao Projeto de Lei Geral da Copa do Mundo de 2014, na comissão especial criada para analisar a proposta do governo, estão previstas para a próxima terça-feira (28), às 14h30, depois de terem sido adiadas no dia 14. As maiores divergências são sobre a meia-entrada para estudantes e idosos e venda de bebida alcoólica. ABr Até domingo (26), 37 transatlânticos devem passar pela capital fluminense trazendo 86 mil visitantes e movimentando cerca de US$ 26 milhões na economia carioca. De acordo com a Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro), este é o recorde de embarcações aportadas no Píer Mauá. Entre sábado (18) e terça-feira (21), data oficial do carnaval, 22 navios atracaram no porto. ABr Importação e economia em alta elevam rombo nas contas externas Déficit acumulado em 12 meses chega a US$ 54 bilhões. Só em janeiro, ele somou US$ 7 bi, diz Banco Central Elza Fiuza/ABr Gustavo Machado [email protected] O crescimento da economia brasileira, comemorado pelo governo e pela própria sociedade, traz com ele uma realidade nem tão positiva assim: a piora nas contas externas. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, em janeiro, o Brasil teve um déficit de US$ 7,085 bilhões — o pior na série histórica, iniciada em 1980. Em doze meses, o rombo acumulado chega a US$ 54,1 bilhões — havia sido de US$ 52,6 bilhões no mês anterior. O saldo em transações correntes contabiliza todas as operações do Brasil com o exterior, das operações comerciais às trocas de serviços e às viagens internacionais. Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, relativiza o dado com o resultado da balança comercial. “Com o crescimento do país, há uma maior demanda por bens e serviços”, diz, lembrando que a queda nas exportações e o aumento das importações estão entre os responsáveis por esse resultado. A balança comercial, por exemplo, teve déficit de US$ 1,292 bilhão no período puxada, entre outras coisas, pelo menor preço de commodities como o minério de ferro. “ Em outros “carnavais” já tivemos déficits bem maiores que isso, da ordem de 4% do Produto Interno Bruto Túlio Maciel Chefe do Departamento Econômico do Banco Central “Apesar do dólar mais caro que o visto há um ano, exportações de outros produtos não conseguiram se recuperar. A diferença de quase dez centavos entre as cotações médias de janeiro de 2012 e janeiro de 2011 foi insuficiente para influenciar a balança, diz o economista Roberto Luis Troster. “Mesmo com o dólar em R$ 1,76 neste primeiro mês do ano, as deci- PROBLEMA À VISTA PARA O BANCO CENTRAL Projeção da MB Associados prevê déficit em transações correntes de US$ 74 bilhões ao final do ano. Saldo tem piorado com crescimento econômico, em US$ bilhões 20,0 11,8 10,0 0 -10,0 -20,0 -30,0 -40,0 -50,0 -60,0 JAN/05 JAN/06 JAN/07 JAN/08 Maciel, do Banco Central: déficit está em crescendo, mas já foi maior nos anos 1990 JAN/09 Fonte: Banco Central e Brasil Econômico *Saldo acumulado em 12 meses das transações correntes JAN/10 JAN/11 -54,1 JAN/12 sões de compra não mudaram. Ninguém parou de importar para esperar o dólar baixar. A demanda está muito aquecida. Há uma defasagem entre variação do câmbio e importações.” E as expectativas de expansão da economia elevam ainda mais as estimativas para o déficit em transações correntes neste ano — que, além da balança comercial, tem sido muito influenciado pelos gastos de brasileiros no exterior (leia ao lado), aluguel de equipamentos e compra de serviços lá fora. Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Valle, a tendência de piora nas contas externas veio para ficar. Para ele, isso indica a necessidade do país de usar recursos externos para crescer. “O resultado para o ano como um todo deverá ser pior do que em 2011. Esperamos um déficit em conta corrente na casa dos US$ 74 bilhões este ano. Não conseguimos financiar nosso parco crescimento com recursos domésticos”, diz. Com essa perspectiva, Valle parece torcer para que a crise internacional impeça uma maior expansão da economia nacional em 2012. “Se a Europa entrar em equilíbrio podemos ver uma piora ainda maior nessa conta nos próximos anos”, afirma. “Esse dado (janeiro de 2012) foi atípico. Não é provável vermos números tão elevados nas transações correntes nos próximos meses basicamente porque a balança comercial não deve vir tão ruim, o que já ficou claro com o dado até a terceira semana de fevereiro. É provável que neste mês o déficit em conta corrente caia para algo em torno de US$ 2,5 bilhões”, afirma Valle. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a balança comercial de fevereiro, até a terceira semana, está com superávit de US$ 1,72 bilhão. No ano, no entanto, o saldo está positivo em US$ 429 milhões. Balanço de pagamentos Na conta geral do balanço de pagamentos, que inclui as transações correntes e a conta capital e financeira, o mês de janeiro fechou com superávit de US$ 363 milhões. O saldo foi salvo pelos ingressos líquidos de US$ 7,3 bilhões pela conta financeira, resultado da diferença entre investimentos estrangeiros no Brasil (leia na página 30) e de brasileiros no exterior. ■ CONTA CORRENTE Déficit em transações acima de 3% do PIB alarma economistas Com a elevação do déficit em conta corrente em doze meses para US$ 54,1 bilhões, o rombo nas contas externas alcança 2,17% do Produto Interno Bruto. Segundo economistas, o Banco Central não pode perder de vista esta relação, importante para a saúde financeira do país. No final dos anos 1990, após enfrentar diversas crises internacionais, esta razão subiu para expressivos 4,82% do PIB em 1999, e contribuiu para aumentar a desconfiança em relação a economia brasileira. Segundo o economista Roberto Luis Troster, o governo não precisa se preocupar desde que o limite de 3% não seja ultrapassado. No entanto, caso a projeção da MB Associados se concretize — de déficit em transações correntes da ordem de US$ 74 bilhões ao final do ano — esta proporção ficará próxima à temida por Troster. “Além disso, o déficit influenciará as reservas internacionais”, diz. G.M. Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 11 Marcela Beltrão INFLAÇÃO 1 INFLAÇÃO 2 Alimentos em queda ajudam a segurar índice de preços ao consumidor calculado pela FGV Custo da construção sobe 0,42% no mês de fevereiro e desecelera em relação a janeiro Os itens alimentícios ajudaram a frear a velocidade de alta do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). A taxa passou de 0,3% para 0,27%, na terceira prévia deste mês. Os alimentos apresentaram queda de 0,09%, puxada pelas hortaliças e legumes — que saíram de uma alta de 0,66% para queda 2,75%. ABr O Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M) apresentou alta de 0,42% em fevereiro, mas ficou abaixo do resultado do mês anterior, de 0,67%, segundo dados da FGV. No ano, o aumento chega a 1,09%. O índice referente à mão de obra desacelerou, passando de 0,98% em janeiro para 0,43% em fevereiro. Já o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços aumentou de 0,35% para 0,40%. Redação Jerome Favre/Bloomberg Para Brasil, novo aporte ao FMI não será definido agora Ajuda ao Fundo é tema de encontro de ministros do G-20 que começa hoje, no México Viva o shopping: melhora da economia estimula compras e viagens ao exterior Brasileiros deixam US$ 2 bi no exterior Melhora da renda do trabalhador, valorização do câmbio e mês de férias escolares determinaram o resultado expressivo dos gastos em janeiro Cristina Ribeiro de Carvalho [email protected] Os gastos dos brasileiros no exterior subiram 12,3% em janeiro deste ano, somando US$ 1,99 bilhão quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse é o maior patamar dos últimos seis meses, segundo divulgou ontem o Banco Central. Para fazer essa conta, um dos itens considerado pelo BC é o total de gastos com cartão de crédito no exterior, que somou US$ 1,206 bilhão em janeiro. Economistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO apontam que a melhora interna da renda do trabalhador, a valorização do câmbio e o período de férias escolares foram fatores que influenciaram esse resultado, levando os brasileiros a uma procura maior por destinos internacionais. “Muitos países estão oferecendo produtos e serviços a preços mais baixos por conta ainda dos riscos incidentes dos problemas econômicos mundiais. Isso favorece um cenário mais atrativo aos gastos dos brasileiros no exterior”, observa o economista do Ibmec, Eduardo Coutinho. Por conta disso, os custos com passagem aérea e hospeda- Muitos países estão oferecendo produtos e serviços a preços mais baixos para driblar os efeitos da crise econômica mundial. Isso cria um cenário internacional mais atrativo aos gastos com viagens ao exterior gem ficam mais baratos para os brasileiros. “A tendência é que este cenário se mantenha para os próximos meses, em virtude também do aumento da classe média”, aponta Coutinho. Em busca dos brasileiros Essa aposta pode ser confirmada com a decisão do governo americano de acelerar a liberação de vistos para os brasileiros— ação estimulada nos últimos meses pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Essa agilidade de acesso ao visto americano ainda não começou a ser vista, mas é algo que começaremos a observar em breve. Isso pode também acabar por estimular uma participação maior dos brasileiros no mercado externo”, diz o economista da Tendências Consultoria, Bruno Lavieri. O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, aponta a falta de competitividade interna também como um dos fatores a colaborar com esse resultado. “O brasileiro encontra um leque maior de opções para viajar, por exemplo, para Nova York — já que existem diversas companhias aéreas que cobrem esse trecho — enquanto que para destinos nacionais, as opções são mais limitadas pelo fato de o país ter um número menor de empresas aéreas. Além disso, o financiamento das passagens para o exterior acaba sendo mais facilitado.” Para o economista, há falta de ações de investimentos do governo para estimular esse setor. “Temos aqui abuso de preços causado, justamente, pela falta de concorrência. Isso precisa ser revisto. O governo precisa interferir no câmbio, estimular a concorrência”, diz Dana, argumentando que essa falta pode levar o turismo brasileiro a obter prejuízos expressivos. ■ O Brasil acredita que um aporte de recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI) por parte dos demais países emergentes não será decidida na reunião de ministros da Fazenda e presidentes do Banco Central dos países do G20, que começa hoje, no México. O motivo seria o fato de a própria Europa ter adiado para março a resolução sobre quanto os países europeus — boa parte deles em crise — destinariam ao Fundo. O fato de a Europa ter deixado para março “anula a opção de já haver uma decisão final, isso deve ser discutido em abril”, afirmou um representante do governo ontem à Reuters. A crise europeia irá dominar as conversas durante o encontro, que acontece na Cidade do México durante o final de semana. O Brasil concorda que há uma demora na decisão sobre a ajuda aos países europeus, mas a contrapartida dos emergentes só pode ocorrer depois que a Europa defina formas de elevar os aportes ao FMI. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estarão no encontro. Mantega terá agenda paralela com o ministro das finanças da Alemanha A Europa analisa a possibilidade de combinar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês), hoje com ¤ 500 bilhões com o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês), para criar uma barreira de proteção de ¤750 bilhões. A decisão foi marcada para uma cúpula no início de março. ■ Reuters América Latina e Brics querem crédito especial a emergentes Banco do Sul, apoiado pelo Brasil, está entre as propostas para compensar “vácuo” do FMI Os países emergentes, diante do impasse sobre o futuro de instituições como Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial começam a se articular para criar mecanismos próprios de financiamento. Na América do Sul crescem as discussões sobre a possibilidade de parte das reservas internacionais serem usadas para a criação de um fundo emergencial de liquidez nos moldes do próprio FMI e que teria a função de apoiar governos com falta de recursos. Brasil e a Argentina, líderes do G-20 na América do Sul, estão entre os governos que se comprometeram a contribuir com US$ 20 bilhões para o Banco do Sul, instituição cuja criação foi proposta pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em 2006, com o objetivo de financiar projetos de integração de infraestrutura na região. Ontem, às vésperas da reunião do G-20, a Índia propôs a criação de um banco de desenvolvimento no âmbito do BRIC. Ele serviria como porto seguro já que hoje faltam linhas de financiamento aos emergentes pelos organismos tradicionais devido, especialmente, à crise nas nações desenvolvidas. O tema proposto pela Índia será discutido na cúpula dos BRICs que será realizada em março, em Nova Délhi. ■ Bloomberg 12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 INOVAÇÃO & TECNOLOGIA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA ECONOMIA CRIATIVA EMPREENDEDORISMO Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected] Fotos: Divulgação Luis Minoru Shibata: qualquer funcionário pode comentar e apoiar ideias. O objetivo é ajudar a fomentar a inovação na empresa “Mural de ideias” mobiliza as equipes da PromonLogicalis Destaque é rede social interna que permite aos cerca de 530 funcionários compartilhar e votar em propostas Fabiana Monte [email protected] Há cerca de três meses, a PromonLogicalis, integradora de soluções de tecnologia e comunicação que faz parte do grupo Promon, tirou do papel seu programa de inovação. O projeto, que começou a ser planejado há dois anos, teve início na prática em maio de 2011 e entrou no ar em novembro, com o lançamento de um portal interno com três ferramentas de interação e compartilhamento de informações. “Provavelmente, ao longo dos anos várias ideias inovadoras surgiram, mas não ficaram documentadas. Esse processo acontecia na informalidade. Com o portal, conseguiremos potencializar isso e também reconhecer as pessoas”, afirma Luis Minoru Shibata, diretor de consultoria da empresa. “Facebook” interno O principal pilar do programa é um portal interno, cujo desenvolvimento consumiu cerca de R$ 150 mil, sem contar custos com mão-de-obra, pois a própria equipe da PromonLogicalis trabalhou no projeto. Ao todo, 16 funcionários atuaram no desenvolvimento do portal, cujo destaque é uma ferramenta que funciona como um Facebook corporativo. Tratase do “mural de ideias”. “Qualquer funcionário pode inserir ideias, apoiar, ‘desapoiar’ e comentar as sugestões posta- “ Provavelmente ao longo dos anos, várias ideias inovadoras surgiram e foram colocadas em prática. Mas não foram documentadas. Nossa ideia não é burocratizar, é potencializar isso Luis Minoru Shibata Diretor de consultoria da PromonLogicalis das. Isso ajuda a fomentar a inovação na empresa”, diz Shibata. Além disso, diretores podem patrocinar ideias, o que significa que elas serão avaliadas para uma possível implantação. O patrocínio de diretores, bem como o número de comentários e de apoios de funcionários somam pontos, criando uma espécie de ranking de ideias. As que obtiverem maior pontuação são avaliadas trimestralmente pelo comitê de inovação da PromonLogicalis, que escolhe a melhor ideia do período. Além de ver sua sugestão colocada em prática, o vencedor recebe um prêmio em dinheiro para ser gasto com cursos. Se o treinamento for relacionado ao ne- gócio da PromonLogicalis, o valor dobra. “Mas a maior premiação é a visibilidade que a pessoa ganha”, avalia Shibata. Ele não informa o valor do prêmio, mas diz que o montante deve aumentar. Tanto ideias quanto comentários são publicados anonimamente, para evitar que as pessoas fiquem inibidas ou sejam incentivadas a apoiar as sugestões em função do cargo do autor. Apenas o comitê de inovação da PromonLogicalis consegue identificar os autores. Desde que o “mural de ideias” entrou no ar, foram publicadas cerca de 130 ideias, que receberam mais de 1400 votos e 270 comentários. E cerca de 220 pessoas usaram a ferramenta. “Há ideias das mais táticas às mais estratégicas. No primeiro momento, não estamos estimulando ou filtrando um tipo de ideia, mas se percebermos que precisamos inovar mais em determinada área, vamos criar um prêmio interno para ideias nesta direção”, conta Shibata. As duas outras ferramentas do portal são “lições aprendidas” e “registro de inovação”. A primeira é uma área do portal que permite o compartilhamento de situações do dia a dia da empresa e soluções adotadas. “A inovação ocorre não só por conta de ideias, mas também em função de algo que não está sendo bem feito”, observa Minoru. Se a solução usada for inovadora, é incluída no “registro de inovação”. ■ PORTAL DA INOVAÇÃO Ferramenta no ar há cerca de três meses Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 13 QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA EDUCAÇÃO/GESTÃO SUSTENTABILIDADE Canon cresce de carona nas patentes FELIPE SCHERER Sócio-fundador da Innoscience, professor da ESPM-Sul e autor do livro Gestão da Inovação na Prática Fabricante japonesa de câmeras e impressoras contabiliza 2.821 registros em 2011 e atinge terceira posição global em registros, atrás da IBM e Samsung Thais Moreira [email protected] O legado da Canon para câmeras está fundamentado na tecnologia própria de estabilização de imagem, capacidade avançada de zoom e a praticidade de produtos Para sobreviver à competitividade do mercado mundial de fotografias, a Canon ampliou os investimentos em pesquisa e desenvolvimento em todos os segmentos em que atua. Em 2010, 8,5% do faturamento global de US$ 45 bilhões da companhia japonesa foram destinados à área de inovação. Em 2011, esse total foi de 8,7%, o que colaborou para a companhia encerrar o ano com 2821 patentes e subir do quarto para o terceiro posto no ranking do Patent and Trademark Office dos Estados Unidos, que mostra as empresas que registram mais patentes. RANKING DA INOVAÇÃO “Nosso foco é reforçar o trabalho de produtos em linha e inEmpresas que mais registraram crementar com a construção de patentes em 2011 novas tecnologias e diferenciação em todas as áreas de atua-7500 ção. Exemplos disso são as câmeras mais finas, leves e de co6.180 res diferentes”, afirma Luciano Quidicomo Neto, gerente sê4.894 nior de revenda, distribuição e 5000 varejo da empresa no Brasil. Segundo o executivo, o “legado” da Canon está fundamen2.821 tado na tecnologia própria de 2500 estabilização de imagem, capacidade avançada de zoom e a praticidade de produtos. Os produtos de consumo, que se resumem em câmeras, filmado- 0 IBM SAMSUNG CANON ras, impressoras e scanners, reFonte: Patent and Trademark Office presentaram nada menos que 37% das vendas globais da Canon no ano passado. Luciano credita o destaque a produtos como a câmera EOS 5D Mark II SLR, lançada no início do ano passado é uma das apostas da marca para a fotografia, por ter qualidade de alta resolução. Outro destaque na Canon foi o Sistema EOS de Cinema lançado em novembro de 2011 em Hollywood. Segundo a empresa, o dispositivo pode capturar de imagens em movimento, e foi projetado para atender as necessidades de profissionais da indústria do cinema. “O sistema colabora com cineastas de qualquer produção, seja grande, média ou pequena, no local ou no estúdio”, diz Neto. Segundo a empresa, o produto ainda não tem previsão do lançamento no território brasileiro. Participação brasileira Apesar da presença em cerca de 200 países e mais de 100 mil funcionários, a marca registrada Canon ainda tem tímida participação no país. A operação brasileira está focada apenas na distribuição das linhas de consumo como câmeras digitais, filmadoras e impressoras de uso pessoal, que são comercializadas por distribuidores exclusivos como a Opeco e Elgin. Segundo Neto, o plano é ampliar a presença no país com outros produtos de todas as áreas de atuação da empresa. ■ Goh Seng Chong/Bloomberg Empresa investe mais de 8% do faturamento global em P&D Napoleão Bonaparte, o pai da inovação As primeiras histórias de inovação aberta não são recentes, remontam dos tempos de Napoleão. Ele foi um dos pioneiros a lançar um torneio para encontrar uma solução para conservar alimentos para as tropas durante as longas marchas do inverno europeu. Motivado pelo chamado da pátria, um confeiteiro e chefe francês idealizou e desenvolveu a técnica que deu origem às comidas enlatadas. Por sua contribuição, recebeu 12 mil francos de recompensa. A busca da inovação extrapolou os limites físicos e geográficos de uma empresa. A necessidade de ampliar a produtividade da inovação tem ensejado companhias de diferentes portes e setores a obterem auxílio externo para inovar. As diferentes fases da cadeia de valor da inovação podem ser alavancadas com o aproveitamento de competências disponíveis em outras empresas, profissionais liberais, institutos de pesquisa, academia e clientes. Muito se fala de inovação aberta, co-criação, crowdsourcing, inovação em rede, etc. Mesmo assim, o número de empresas que consegue efetivamente utilizar essas práticas para inovar ainda é restrito. Separei quatro fatores que considero críticos para fazer essas iniciativas funcionarem. O primeiro é direcionamento. As Quatro fatores são campanhas de inovacríticos para fazer ção aberta precisam ter com que iniciativas um direcionamento bem definido, ou seja, de inovação que tipo de colaboração funcionem: queremos e para quê. É direcionamento, a chamada estratégia de inovação. Queremos público, que nos ajudem a inorecompensa e var em quê? Isso serve manter ou não para mobilizar as pessoas em prol do objetio canal aberto vo desejado. continuamente O segundo é: torneio ou contínuo? Essa é uma decisão fundamental. Vamos deixar o canal aberto permanentemente ou serão torneios específicos, com começo e fim definidos. A P&G, com o Connect &Develop, mantém o canal permanentemente aberto, incluindo desafios, que são retirados quando as soluções desejadas são encontradas. Outras empresas, como a Pepsico, com o Faça-me um Sabor do Ruffles, realizou um torneio. A escolha passa por uma questão simples: por quanto tempo temos como manter mobilizados os públicos-alvo das campanhas? Públicos são a terceira questão: a seleção das fontes mais adequadas para cada empresa depende de seus objetivos com a inovação, sua cultura de relacionamento com os envolvidos e o nível de maturidade dos mesmos. Os clientes têm sido a fonte mais comum de inovação para as empresas como parte do desenvolvimento de produtos, geração de novas ideias e sugestões. Outras iniciativas envolvem universidades, fornecedores e inventores independentes. Um estudo recente de mais de 150 desafios realizados no portal de inovação aberta Innocentive mostrou que, ao contrário do senso comum, a maioria das soluções vencedoras veio de pessoas que não estavam diretamente ligadas à área do desafio. Isso mostra a importância de ir além das fontes óbvias e buscar quem possa pensar de forma criativa. O quarto aspecto são as recompensas. Criar mecanismos de reconhecimento ou recompensa para fomentar a participação é fundamental para criar um fluxo contínuo de ideias. Essa simbologia serve como motivação para quem busca o “prêmio”, mas também dá um ar de seriedade ao desafio, reforçando o estímulo para que se coloque tempo e recursos na busca pela melhor solução. ■ 14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 ENCONTRO DE CONTAS MARCADO ● No próximo domingo, a cerveja Heineken faz em São Paulo a primeira festa da marca no Brasil. A Oscar Party 2012 será no Cine Joia, casa noturna instalada em um antigo tradicional cinema de rua no bairro Liberdade, na capital paulista. ● No dia 1, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira promove palestra com Marcos Jank, presidente da Única, sobre etanol e açúcar. ● Nos dias 7 e 8 de março, a Coan Consultoria realiza em Ribeirão Preto (SP) o maior encontro brasileiro sobre confinamento de bovinos. LURDETE ERTEL [email protected] Jair Lanes Fotos: Divulgação Campeã de audiência GIRO RÁPIDO Ivete Sangalo voltou a mostrar bala na agulha com a mídia neste carnaval. A cantora foi a artista com maior exposição na cobertura da TV da folia de Salvador (BA), com mais de 19 horas de aparição na telinha. O levantamento da MidiaClip foi realizado entre os dias 16 e 21 de fevereiro e mostrou também que Neymar foi a celebridade vip que mais repercutiu na mídia. Luxo com toque nacional É com um produto criado especialmente para o Brasil que a marca italiana Gucci abre amanhã sua terceira loja no país. A coleção cápsula Pantanal (foto) vai estar à venda apenas na nova unidade que será inaugurada no Shopping Cidade Jardim. Asa branca Cifras & cifrões O cantor e compositor sertanejo Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba, foi o grande campeão em arrecadação do Ecad em 2011. Mas apesar de ter faturado R$ 50 milhões em direitos autorais no ano passado, Fernando Fakri de Assis, nome verdadeiro do astro, ainda mora com os pais, conforme revelou à GQ Brasil, que publicará um ensaio com o sertanejo na edição de março. — É bacana estar sempre enriquecendo a sua música, mas não tenho este perfil de pirar o cabeção — diz Sorocaba, 31 anos, considerado o precursor do chamado sertanejo universitário. A Bahia foi alvoroçada ontem pelos rumores de que uma fábrica de aviões está em vias de aterrissar no interior baiano. Segundo arapongas, tratar-se-ia de uma empresa de capital 100% brasileiro que pretende produzir no Estado pequenos aviões para transporte de passageiros, com capacidade para até 14 pessoas. Fala-se de investimento de R$ 120 milhões, de olho da demanda de aeronaves para atender a aviação regional. Gás nas prateleiras Criada no Brasil no ano passado, a rede Coca-Cola Clothing acaba de desembarcar no Nordeste. A primeira loja da marca na região foi inaugurada dias atrás no Shopping Center Recife, na capital de Pernambuco. A unidade é a quarta no Brasil: a rede criada pela catarinense AMC Têxtil tem unidades ainda em Porto Alegre, Rio e São Paulo. A Coca-Cola Clothing é o segundo licenciamento da marca de bebida ligado à moda (o primeiro foi concedido à Dolce & Gabbana). Por enquanto, só existe no Brasil. Sinal para zarpagem Sete empresas aguardam a decisão final da concorrência pública para a construção do terminal marítimo de passageiros de Salvador (BA). As propostas foram abertas no fim de janeiro. Conforme edital da Companhia de Docas do Estado da Bahia (Codeba), a obra deve ficar pronta até maio de 2013. O terminal portuário deverá ser construído no bairro Comércio. A obra tem R$ 36 milhões garantidos do PAC da Copa. Subindo Pernambuco vai ganhar mais um supermercado da bandeira Pão de Açúcar — marca que ainda tem presença modesta no Estado. A nova loja será construída em Piedade, na região metropolitana de Recife. O grupo tem apenas outras duas unidades da rede Pão de Açucar no Estado. Básica Mais lugar ao sol Festa atropelada O trágico acidente de trem em Buenos Aires na quarta-feira ofuscou a festa de confirmação oficial das Cataratas do Iguaçu como uma das Novas Sete Maravilhas da Natureza. O anúncio foi feito pela fundação suíça New 7 Wonders, responsável pelo concurso, na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, no dia do acidente. O resultado será agora comemorado com uma grande festa popular em Foz do Iguaçu no dia 25 de maio e, no dia seguinte, em Puerto Iguazú. As Cataratas não são as únicas novas maravilhas brasileiras da lista: a Amazônia também ficou entre as sete eleitas no mundo. A MPX entrou com pedido na Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) para ampliar a licença ambiental da Usina de Energia Solar de Tauá, único empreendimento do gênero no Brasil. A empresa solicitou a ampliação da capacidade para 50 MW. Parte do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista, o empreendimento entrou em operação em 2011 com 1 MW na primeira fase, anunciando logo depois sua expansão para 2 MW, em dobradinha com a GE. Além de aprovação ambiental, a empresa aguarda decisão do Ministério de Minas e Energia, que estuda possíveis incentivos fiscais para a produção de energia solar no Brasil. Deborah Secco será a garota-propaganda da coleção de outono 2012 da Hering. As fotos foram feitas pelo fotógrafo Gui Paganini no estúdio Bob Wolfenson, em São Paulo. FRASE Patente “É uma mentira completa que o governo sírio está atacando terroristas. O Exército está simplesmente bombardeando uma cidade cheia de civis famintos” Marie Colvin, jornalista morta em uma explosão na Síria, em seu último depoimento à CNN. O escritório Momsen, Leonardos & Cia, especializado em marcas e patentes, registrou uma alta de 17% nos pedidos de registro de marcas no Inpi em 2011. Os destaques do ano ficaram para os serviços de transportes — sobretudo aéreos, de turismo e de organização de viagens, com elavação de 71%. Seguiram serviços médicos e veterinários, higiene e beleza (+70%), construção civil (+64%) e produtos de metalurgia (+52%). Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 15 SE SUA EMPRESA GOSTA DE CRESCER, AUMENTE O ALCANCE DE SUA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA. PUBLIQUE SEU BALANÇO NO BRASIL ECONÔMICO. PUBLIQUE SEU BALANÇO NO BRASIL ECONÔMICO. Fone: (11) 3320-2119 / (11) 3320-2179 • [email protected] www. rasileconomico.com.br 16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Editora: Eliane Sobral [email protected] Subeditora: Estela Silva [email protected] Patrícia Nakamura [email protected] Murillo Constantino Lupatech ganha segunda chance do mercado Alexandre Monteiro, CEO da Lupatech: promessas vem garantindo simpatia Empresa fechou o ano à beira da solvência,mas já anima setor financeiro com recuperação do valor das ações em quase 50% Regiane de Oliveira [email protected] Para quem tem uma dívida de R$ 1,3 bilhão, um empréstimo de R$ 15 milhões parece nada. E não é mesmo, mas a liberação, por parte do Itaú, desse montante para a Lupatech parece ter dado novo ânimo aos assombrados investidores da empresa. No ano passado, a Lupatech viu suas ações encerrarem com uma vertiginosa queda de 76,9%. O desempenho da companhia tem deixado até os analistas mais tarimbados de orelha em pé. Ninguém sabe explicar muito bem o que se passa com a Lupatech - cuja área de atuação é uma das mais aquecidas do país. A Lupatech é fornecedora de produtos e serviços para empresas de petróleo e gás. Apesar do endividamento - R$ 1,3 bilhão até o terceiro trimestre de 2011 -, a empresa dá sinais de que volta a respirar e parece, terá uma segunda chance em 2012 - até agora seus papeis valorizaram 45,3%. Segundo analistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO, várias pequenas ações, e também especu- AÇÕES DA LUPATECH Dois meses de recuperação, cotações no fechamento, em R$ 22,0 19,28 2011 16,5 11,0 4,45 5,5 0,0 30/DEZ/2010 1/JUN/11 29/DEZ 7,00 2012 6,48 6,25 55,50 44,75 4,56 44,00 2/JAN/12 2/FEV 23/FEV Fontes: Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico lações, “justificam mas não explicam” todo esse otimismo. “A Lupatech está tecnicamente quebrada há dois anos, e não temos nenhum fato novo além das promessas de garantia dos acionistas Petros e BNDESPar”, afirma um analista. O fundo de pensão tem participação de 15% o BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, tem outros 11,5% na Lupatech. No entanto, qualquer fato novo tem sido motivo para os papeis da empresa serem bem recebidos. A mais recente dose de otimismo foi o empréstimo de R$ 15 milhões anunciado ontem. Segundo comunicado divulgado pela própria empresa, o empréstimo terá o custo de CDI acrescido de taxa de juros de 5,5% ao ano, a serem pagos no vencimento, em abril. A garantia é um contrato firmado entre a Lupatech e a Petrobras. O valor do empréstimo não é alto, mas soma-se a uma série de outras estratégias que prometem dar fôlego a Lupatech. Dentre elas, está o acordo que permitirá uma aporte de até R$ 700 milhões, além da entrada da GP Investments como sócio da com- panhia. E ainda a incorporação da San Antonio Brasil, também com atuação na área de petróleo e gás. O negócio ainda está em fase de due diligence, e prevê um aumento de capital da ordem de R$ 300 milhões na empresa, que será feito pelas acionistas BNDESPar e Petros, totalizando R$ 300 milhões. “Há a possibilidade de venda, com a entrada de outro sócio”, diz uma fonte. Um fato é claro, não é de interesse de ninguém que a Lupatech quebre, especialmente do mercado de pe- tróleo e gás. Segundo analistas, um dos motivos dos problemas da empresa é o fato de ela ter feito várias aquisições no passado tendo em vista o aquecimento do mercado. Vários projetos ainda não avançaram como deveriam, deixando a Lupatech muito dependente da Petrobras. “A Lupatech é uma empresa que vive de promessas. Mas se ela quebrar agora, com a falta de fornecedores e tecnologia que temos, o potencial de crescimento desse mercado será reduzido”, explica o analista. ■ Techint busca verba para pagar por Usiminas Crédito de US$ 1,05 bilhão deve ser concedido para as subsidiárias Confab e Ternium O Techint Group está tentando levantar US$ 1,05 bilhão por meio de dois empréstimos sindicalizados para financiar a compra uma fatia da Usiminas, de acordo com duas fontes ouvidas pela Bloomberg. O negócio deve ser realizado por meio de suas subisidiárias Confab Industrial e Ternium. A Confab, fabricante brasileira de tubos de aço controlada pela Tenaris, que por sua vez é subsidiária da Techint, contra- tou o HSBC Holdings para liderar empréstimo de US$ 350 milhões com prazo de cinco anos, disseram as fontes. O processo de distribuição do empréstimo ainda não foi concluído. Consórcio de bancos Já Ternium, a segunda maior fabricante de aço da América Latina, contratou o HSBC, o Banco Santander, o JPMorgan Chase & Co, o Citigroup e o Crédit Agricole para liderar um empréstimo de US$ 700 milhões, segundo as fontes. Esse financiamento também terá vencimento em cinco anos. Grupo vai desembolsar US$ 2,7 bilhões para adquirir 27,7% do capital votante da siderúrgica mineira O resto dos US$ 2,7 bilhões necessários para a aquisição da participação na Usiminas virá do caixa das diversas companhias envolvidas. A Techint disse em novembro no ano passado que concordou em pagar R$ 5,03 bilhões (US$ 2,7 bilhões) pela participação de 27,7% no capital votante da Usiminas, a segunda maior produtora de aço do Brasil. O bloco de controle, que inclui a Nippon Steel Corp., terá 63,9% das ações ordinárias. Desde o anúncio, a Techint comprou da Camargo Corrêa, do fundo de pensão dos funcio- nários da Usiminas e do Grupo Votorantim um total de 139,7 milhões de ações ordinárias da Usiminas. Para tanto, a empresa utilizou caixa próprio e um empréstimo - ponte do Banco BTG Pactual, assessor da Ternium e da Confab na aquisição. Agora esse crédito será refinanciado com os dois empréstimos sindicalizados que as empresas estão negociando. Gustavo Pernalete, portavoz da Ternium em San Nicolas, na Argentina, não quis comentar o assunto. A Confab não respondeu e-mail da reportagem. ■ Bloomberg Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 17 Antonio Milena Ericsson mostra avanço dos celulares Estudo recém-saído do forno da Ericsson mostra que 60% dos terráqueos possuem um telefone celular. Em números absolutos são 4 bilhões de pessoas. A perspectiva, segundo o estudo da Ericsson, é que em 2016, 85% da população do globo tenha um aparelho para chamar de seu. Só no quarto trimestre de 2011, cerca de 180 milhões de pessoas (quase um Brasil inteiro) passaram a assinar algum serviço de telefonia móvel. Dívida da Busscar é revisada para cima e chega a R$ 1,4 bilhão Alteração mais significativa ocorreu nos valores devidos a familiares, que venderam participação em 2002 Érica Polo [email protected] Mais um capítulo da novela da fabricante de carrocerias Busscar Ônibus, de Joinville (SC), que pediu recuperação judicial em novembro passado, tornouse público ontem. O administrador judicial do processo e representante da Justiça, o contador Rainoldo Uessler, revisou para cima os valores apresentados pela companhia como devidos a uma lista de 6,8 mil credores entre eles, três familiares, tios de Claudio Nielson, presidente e atual dono da companhia. Enquanto a Busscar afirma dever R$ 622 milhões a bancos, fornecedores e trabalhadores, Uessler, após conferir documentos e processos, chegou à conclusão que a cifra atinge R$ 869 milhões. O valor, somado a débitos tributários que chegam a R$ 580 milhões, totaliza então, “ Revisamos o valor sujeito à recuperação, sem contar o tributário, e ele chega a R$ 869 milhões Rainoldo Uessler Administrador judicial R$ 1,4 bilhão - ou R$ 250 milhões a mais que o total apresentado pela Busscar. “Revisamos apenas o valor sujeito à recuperação, sem contar a parte tributária”, diz o contador. A publicação da segunda versão da lista de dívidas sofreu dois atrasos e poderá ser contestada pela empresa e por credores. No entanto, segundo Uessler, se houver discussão, ela não deve atrasar o próximo passo do processo, que é a realização da assembleia de credores. Previsto para meados de maio, o objetivo do encontro será aprovar, ou não, o plano de recuperação judicial apresentado pela Busscar em dezembro (ver matéria abaixo). Dívida familiar A alteração mais significativa foi a dos valores devidos aos familiares que firmaram contrato de venda de ações para Nielson em 2002. Pelas contas do administrador judicial, os tios de Claudio estão corretos em seu pleito e a Busscar lhes deve R$ 304 milhões. A empresa, no entanto, afirmou que essa dívida soma R$ 16,9 milhões. A disputa é antiga. Valdir Nielson, sócio da Prata Participações e Empreendimentos, e o casal Ilonie Nielson e Randolfo Raiter, que constam na lista de credores por meio da RR Empreendimentos e Participações, venderam um lote de ações que equivalia a 44% do capital da empresa para Claudio há dez anos. No entanto, nem 10% da dívida foi paga e, com o passar dos anos,sofreu reajustes, segundo o advogado Dicler de Assunção, que já representou os credores. As complicações tiveram início no mesmo ano em que o contrato de venda de ações foi firmado. Em novembro de 2002, ou seja, nove me- ses depois da assinatura, os controladores já não efetuavam os pagamentos com regularidade, informa Assunção. Segundo o advogado, os sócios majoritários da Busscar alegavam, na época, que a empresa estava em dificuldades. “Mas no ano anterior a empresa havia chegado a produção recorde”, comenta. De acordo com documento elaborado pela ERS Consultoria e Advocacia, que organiza o processo de recuperação judicial da Busscar, a companhia alcançou recordes produtivos em 2001, quando fabricou 5,2 mil unidades de ônibus e mantinha um quadro de cinco mil funcionários. No entanto, os números não refletiam a realidade do caixa, segundo Euclides Ribeiro Júnior, da ERS. Na época, a empresa trabalhava com capital de terceiros, houve crise de crédito e a companhia precisou recorrer ao BNDES. ■ A HISTÓRIA DA BUSSCAR 1946 1959 1962 1988 1998 2001 2002 2002 – 12 A companhia Nielson & Irmão dá início às atividades em SC, com reforma de ônibus O grupo passou a produzir carrocerias e, nessa época, a fabricação chegava a 10 por ano (menos de uma por mês) A partir desse ano, a empresa expandiu as atividades para fora do estado ao receber a primeira encomenda de uma companhia paulista A marca Busscar é lançada e o nome da empresa é alterado para Busscar Ônibus Harold Nielson, controlador da companhia, morre em um acidente de avião; tem início um período de desentendimentos entre familiares e Edson Andrade, executivo nomeado para ocupar a presidência A empresa alcança recorde de produção: 5.208 unidades; nesse ano, houve crise de crédito e o mercado se retraiu. Como a Busscar trabalhava com capital de terceiros, precisou recorrer ao BNDES Familiares firmam contrato de venda de ações que equivaliam a cerca de 44% do capital para Claudio Nielson, filho de Harold e já presidente da companhia Ao longo da década, a companhia acumulou dívidas da ordem de R$ 1,4 bi e a produção não foi suficiente para quitá-las. Pediu recuperação judicial em novembro de 2011 Fontes: ERS Consultoria & Advocacia e Sindicato dos Mecânicos de Joinville PROPOSTA Plano prevê descontos e captação de R$ 100 mi A Busscar Ônibus apresentou seu plano de recuperação judicial à Justiça em dezembro. Para resolver a dívida junto a 6,8 mil credores e voltar a crescer, a companhia sugeriu, entre os principais pontos do documento apresentado à Justiça, a negociação de descontos de valores devidos a bancos, fornecedores e funcionários, além da captação de R$ 100 milhões por meio da venda de imóveis, terrenos e novos empréstimos. Além disso, a empresa, uma das mais tradicionais do segmento, está disposta a fazer mudanças profundas em sua gestão. Entre elas, aceitar novos sócios na estrutura e criar um conselho consultivo e fiscal. O plano também inclui o recurso cha- Fabricante recebeu encomendas, mas para sindicato local não se trata ainda de retomada de atividades mado gatilho de incremento de receita: caso algum fornecedor continue vendendo a prazo para a companhia, por exemplo, há a possibilidade de negociar prazos mais curtos para a devolução do dinheiro devido, além de descontos. Enquanto o plano não é aprovado, a empresa não está parada. Fabrica, no momento, uni- dades encomendadas por duas companhias de Joinville (SC), informaram trabalhadores. A venda de um terreno avaliado em R$ 7 milhões deve ajudar na retomada. Essa operação teve autorização da Justiça. “Não é uma retomada, o volume é muito baixo”, diz João Brugmann, presidente do Sindicato de trabalhadores local. ■ E.P. 18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Adam Berry/Bloomberg PARCERIAS TECNOLOGIA Brasil Insurance e D’Avó oferecem garantia estendida a eletroeletrônicos SanDisk inaugura centro de distribuição em Miami para suprir América Latina A Brasil Insurance fechou parceria com a rede de supermercados D’Avó para oferecer garantia estendida para eletroeletrônicos comprados nas nove lojas da varejista. Com a novidade, os eletrônicos podem ser reparados sem custos adicionais por um período que varia entre um e dois anos, depois do término da garantia da fábrica. A expectativa é de penetração de 23% na venda de eletroeletrônicos. A SanDisk, que oferece soluções de armazenamento de memórias flash, inaugurou um centro de distribuição em Miami (EUA). Desde 21 de fevereiro, todos os pedidos feitos pela América Latina são emitidos de Miami, para reduzir o período de entrega dos produtos e oferecer uma logística mais eficiente. Com o centro, a intenção da companhia é oferecer os produtos no mesmo dia, para pedidos feitos antes de 12h. Máquina de Vendas engrena seu e-commerce Bunge amplia em R$ 1 bi investimento no Brasil Divisão de comércio eletrônico do grupo varejista cresceu três vezes em 2011 e vai lançar nas próximas semanas o Cipela, site focado na vender calçados Multinacional do agronegócio já havia programado aportes de US$ 2,5 bilhões no país entre 2011 e 2016 Naiara Bertão [email protected] O quarteto formado por Ricardo Nunes, Luiz Carlos Batista Erivelto Gasquese Richard Saunders, donos da Máquina de Vendas — segunda maior rede varejista do país — parecem felizes com as incursões no mundo virtual. Nos próximos dias eles lançam a Cipela, site focado na venda de calçados. E não é só. Segundo Marcelo Ribeiro, diretor de e-commerce do grupo, ao longo do ano podem ser lançadas até seis novas lojas com o mesmo formato — de produtos específicos. Hoje, a rede tem quatro portais: Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eletro Shopping, todos com o ponto com no final. Nesses portais, diz Ribeiro, haverá incremento com o lançamento de novos departamentos como instrumentos musicais e suplementos e vitaminas. Apesar de eletrônicos e eletrodomésticos serem ainda as estrela das vendas virtuais, em 2011 o grupo também passou a oferecer pela internet perfumes e cosméticos, roupas de cama, mesa e banho, artigos automotivos, produtos para bebês e natalinos. Em outubro, o grupo lançou o “Clube do Ricardo”, site de descontos e, um mês depois, o E-colchão, loja-nicho especializada em produtos para cama. Não é por acaso que o e-commerce vem conquistando espaço dentro do grupo. Entre 2010 e 2011 a participação das vendas online saltou de 5% para 10% no faturamento total, de aproximadamente R$ 7 bilhões. A expectativa para este ano é chegar a 15%. Dever de casa Em 2011, o número três perseguiu a divisão e-commerce da Máquina de Vendas: ela triplicou de tamanho. O centro de distribuição próprio está três vezes maior, o número de funcionários passou de 150 para 450 e o faturamento cresceu 200%. “Batemos a meta de aumentar em 150% nosso faturamento logo em outubro”, conta Ribeiro. Rodrigo Capote “ A Bunge fará investimentos adicionais de R$ 1 bilhão no Brasil e considera aplicar recursos no setor de óleo de palma, disse o presidente-executivo da multinacional do agronegócio no país, Pedro Parente. Os investimentos se somam aos US$ 2,5 bilhões, anunciados em 2011, para serem investidos até 2016 na expansão da capacidade de produção de açúcar, etanol e geração de energia elétrica. “Tivemos autorização do nosso conselho para aumentar o investimento em outros setores”, disse Parente após reunião com a presidente Dilma Rousseff. “Estamos considerando a possibilidade de fazer investimentos na área de palma, ou dendê”, afirmou, sem explicar se a empresa optará por comprar ativos na indústria ou se começaria algum projeto novo no setor. Batemos a meta de crescer 150% no final do ano em outubro. No final, fechamos com 200% Marcelo Ribeiro Diferentemente de 2010, quando teve problemas de logística em novembro, o que acarretou reclamações e atrasos nas entregas de produtos, a companhia fez o dever de casa ano passado e se preparou para o forte crescimento que esperavam. O grupo aumentou o número de transportadoras de 16 para 30. O escritório antigo, que abrigava a sede do e-commerce da Máquina de Vendas, ficou pequeno. Os dois andares no bairro de Moema precisaram ser abandonados para dar lugar aos cinco andares de um prédio na região da Berrini, também na capital paulista, que contou com investimento de R$ 1 milhão. Segundo Ribeiro, 2012 será outro ano de forte expansão para a companhia. Estão previstos para os próximos meses outros dois novos centros de distribuição: outro em em Contagem (MG), onde já há um exclusivo para e-commerce, e um pequeno no Nordeste. Para mover toda essa máquina, o quadro de funcionários vai dobrar para 900 funcionários e 10 novas transportadoras serão contratadas. “Queremos crescer 150% em faturamento e já preparamos nossa estrutura pensando nisso”, diz Ribeiro. ■ Companhia estuda ingressar na produçãode dendê ou de palma, insumo que é importado pelas companhias brasileiras Marcelo Ribeiro, diretor de e-commerce da Máquina de Vendas (Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eleytro Shopping) CRESCIMENTO DO E-COMMERCE DA MV Divisão on-line cresce a ritmo acelerado depois de reformular os sites Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eletro Shopping PARTICIPAÇÃO DO E-COMMERCE NO FATURAMENTO 0000 FATURAMENTO DO GRUPO, EM R$ BILHÕES 9 7,2 15% 33333 6 10% 6667 0000 5% 2010 5,7 3 2011 Fonte: Máquina de Vendas 2012* *Expectativa 0 2010 2011 “Estamos olhando outros setores. Já trabalhamos no setor de soja, milho, alimentos, canade-açúcar, fertilizantes, e pensamos agora em entrar em outros setores”, disse. Atualmente, o Brasil é importador de óleo de palma, usado na produção de margarinas industriais, gorduras, cosméticos, o que reforça a atratividade do setor para a empresa, segundo Parente. “É um dos óleos que tem o maior aumento de consumo nos últimos anos. Então seria de um alto interesse estratégico para o país na nossa visão”, disse. A produção de óleo de palma do Brasil está concentrada no Pará, onde a Agropalma produz cerca de 70% do total produzido no país. ■ Reuters Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 19 Divulgação ENERGIA TELECOMUNICAÇÕES Hailo inicia produção de escadas eólicas no país com encomendas para Gestamp Receita operacional consolidada da NII Holdings sobe 20% em 2011 A alemã Hailo produziu para a Gestamp, parceira da multinacional GE, kits de escadas para 23 torres de energia eólica de 80 metros. O contrato entre a Hailo e a GE foi de kits para 270 torres, sendo que parte da produção foi feita nos EUA. A empresa abriu recentemente em Jaguariúna (SP) sua fábrica no Brasil com foco no mercado de escadas e elevadores de serviço para torres de energia eólica. A NII Holdings, controladora da Nextel, registrou receita operacional consolidada de US$ 6,7 bilhões em 2011 - alta de 20% em relação a 2010. A companhia gerou lucro líquido de US$ 199 milhões, ou US$ 1,17 por ação unitária. No ano passado, as despesas de capital foram de US$ 1,45 bilhão, informou a companhia, que prevê receita operacional consolidada de aproximadamente US$ 7,1 bilhões em 2012. Renato Stockler/Folhapress Construtoras devem reduzir metas em 15% SOBE E DESCE Em março a Dasa deve anunciar uma nova estrutura de gestão Desempenho das ações da Dasa em 2012, em R$ 18,2 das contratadas em 2012 de um intervalo de R$ 8,7 bilhões a R$ 9,8 bilhões para o patamar entre R$ 6,9 bilhões a R$ 8 bilhões. A partir de agora, a companhia também não divulga mais as metas de lançamentos. A Tecnisa também anunciou revisão. A meta de lançamentos de R$ 2,8 bilhões este ano caiu para R$ 2,2 bilhões. “O mercado aceitou o fato das empresas não crescerem mais aceleradamente”, diz Wesley Bernabé, do Banco do Brasil. “Se as empresas diminuem a oferta de imóveis e mantêm a força de vendas trabalhando, a tendência é reduzir o número de estoques e permitir maior entrada de dinheiro no caixa”. Quando a Tecnisa anunciou a revisão, o preço de suas ações subiram no dia seguinte. Este ano, os papéis das principais incorporadoras superaram o desempenho do Ibovespa. Cyrela e MRV, por exemplo, avançaram 23% e 32%, respectivamente. Algumas companhias conseguiram recuperar perdas registradas no segundo semestre de 2011, como PDG, Brookfield e Rossi Residencial. ■ Investidores e analistas aprovam revisão para que empresas concentrem o foco em vendas 16,8 Denise Carvalho [email protected] 15,4 15,50 15,52 14,0 29/DEZ 26/JAN 23/FEV Fontes: Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Dasa investe R$ 200 mi para acabar com as filas Neste ano, foco da companhia de medicina diagnóstica é diminuir o tempo de espera em laboratórios da rede como Delboni Auriemo e Lavoisier Carolina Pereira [email protected] O grupo de medicina diagnóstica Dasa esteve focado nos últimos anos em adquirir laboratórios de diferentes regiões do país, o que resultou em uma rede formada por 25 empresas. Desde 2011, no entanto, a mira da companhia saiu das compras e se voltou para a melhoria da qualidade dos laboratórios, movimento que incluiu ações como a compra de equipamentos novos e contratação de dez médicos renomados, por exemplo. Em 2012, a aposta é na diminuição do tempo e melhoria no atendimento, o que deve consumir investimentos de R$ 200 milhões no ano. Segundo Rafael Romanini, diretor geral do Delboni Auriemo, um dos laboratórios da rede Dasa, as mudanças na gestão do atendimento incluem a integra- ção dos sistemas das diferentes unidades, que não “conversavam” entre si. Agora, nos laboratórios Delboni e Lavoisier, em São Paulo, o software de gerenciamento alerta quando um funcionário falta ao trabalho (quando não acessa o ponto eletrônico) e, com isso, já sugere para a central que transfira outro profissional para a unidade, por exemplo. Com ações deste tipo, o tempo de atendimento, que era de cerca de 16 minutos, caiu 40%, segundo Romanini. Para Iago Whately, analista do Banco Fator, a aposta na melhoria da qualidade dos laboratórios da Dasa tem se intensificado desde a compra da MD1, em 2010. “Antes disso, de 2009 a 2010, o grupo privilegiou as margens e o retorno do capital, e o crescimento da receita não acompanhou”, afirma. “A qualidade do atendimento estava caindo. A estratégia era boa pa- ra os acionistas, mas não para os clientes e médicos”. Para Whately, resultados da estratégia já devem refletir nos resultados da Dasa do quarto trimestre de 2011, que serão anunciados em 26 de março. A expectativa é que a empresa atinja receita de R$ 561,2 milhões, alta de 51,5% em relação ao mesmo período de 2010. Porém, em 2010 a MD1 não fazia parte do gupo. “O crescimento orgânico deve ser de 6%”, estima. Quando apresentar as cifras de 2011, a Dasa irá anunciar uma nova estrutura de gestão. Hoje, onze áreas se reportam ao presidente Marcelo Noll Barboza, e esse modelo deve ser alterado, segundo a empresa. Além disso, a Dasa está sem os diretores comercial e financeiro, que saíram neste mês. A Dasa diz que contratou consultores de recursos humanos para encontrar substitutos. ■ As construtoras que registraram expansão meteórica nos últimos anos devem mudar a marcha no ritmo de crescimento e revisar, para baixo, as metas de lançamentos em 2012, na opinião de analistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO. As previsões apontam uma redução de até 15% em relação aos “guidances” (metas) anunciados pelas companhias em 2011 ou que eram comentados pelos diretores financeiros nos bastidores. O “guidance” é a expectativa da administração de como alguns dos indicadores operacionais vão se comportar ao longo do ano. “A tendência é de manutenção ou de revisão para baixo. Com isso, as empresas sinalizam que estão se adequando ao menor patamar de absorção do mercado”, diz o analista Iago Whately, da corretora Fator. Em janeiro, a Cyrela anunciou a redução da meta de ven- ACIMA DO IBOVESPA Desempenho das construtoras na BM&FBovespa em 2012 VALOR DE MERCADO, EM R$ BI* TECNISA JHSF CYRELA EVEN GAFISA EZTEC PDG MRV ROSSI BROOKFIELD IBOVESPA 1,96 2,57 7,49 1,79 2,22 2,94 8,69 6,82 2,88 2,98 VALORIZAÇÃO 2º SEM/2011 EM 2012 -23,75% 14,64% -2,56% -21,77% -44,77% -8,73% -34,44% -21,03% -38,18% -35,71% -10,47% Fontes: Economatica e Brasil Econômico 0 5 5,47% 12,81% 22,04% 24,27% 25,00% 26,98% 31,02% 32,8% 34,25% 35,56% 15,97% 10 *Em 23/fev 15 20 25 30 35 40 BP Energy fica com 40% de blocos de exploração da Petrobras no Maranhão Petrolífera também cede direitos para a Shell na Bacia de Santos Érica Ribeiro [email protected] A BP Energy do Brasil passa a ter 40% dos contratos de con- cessão dos blocos BM-BAR-3 e BM-BAR-5 , localizados na Bacia de Barreirinhas, no Maranhão. A cessão dos direitos foi aprovada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) no último dia 16. Até a aprovação da mudança pela diretoria da ANP, a Petro- bras figurava como única detentora da concessão, depois da saída da SK do Brasil e da Devon. Além da BM-BAR-3 e BMBAR-5, a Petrobras tem a concessão também em outros dois blocos no Maranhão. O valor da transação não foi revelado. Mudanças também no contrado da BS-4, campos Atlanta e Oliva, na Bacia de Santos. A ANP também aprovou cessão de direitos de 40% da participação da Shell Brasil, sendo 30% para a Queiroz Galvão Exploração e Produção e 10% para a Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás. Também foi aprovada a transferência da operação do contrato da Shell para a operadora Queiroz Galvão Exploração e Produção. A empresa passa a ser responsável pelas atividades de exploração e produção. ■ 20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Divulgação FARMACÊUTICA AVIAÇÃO Laboratório indiano Ranbaxy anuncia maior perda trimestral dos últimos quatro anos Azul Linhas Aéreas amplia número de voos entre Campinas e Rio de Janeiro Os Laboratórios Ranbaxy, maior fabricante de medicamentos da Índia, anunciou um dos maiores prejuízos trimestrais de seus últimos quatro anos, ocasionado por conta de um pagamento de US$ 500 milhões que teve que acertar para encerrar um disputa legal com autoridades americanas em dezembro. Por conta da dívida, as perdas da empresa chegaram a US$ 606 milhões no quarto trimestre de 2011. A Anac aprovou a 14ª frequência de voo entre os aeroportos de Viracopos (Campinas, SP) e Santos Dumont (Rio de Janeiro) da Azul Linhas Aéreas. Somada às outras 7 frequências da companhia no Galeão, a empresa totaliza 21 voos entre as duas cidades das 5h às 21h de segunda a sexta. Isso significa que a partir de 20 de março, a Azul irá operar voos de hora em hora de e para a Cidade Maravilhosa. Marisa Cauduro/Folhapress GM terá fábrica de R$ 710 milhões em Santa Catarina Constantino Júnior, da Gol: pauta de 2012 tem fusão com Webjet e negócios com a Delta Montadora fortalece mercados estratégicos para garantir subsídios para novos negócios Gol diz que toma a liderança da Tam em 2012 Companhia prevê transportar 45 milhões de passageiros Michele Loureiro [email protected] A Gol quer, já neste ano, ultrapassar sua principal rival, a Tam, em volume de passageiros. Documento divulgado pela empresa comandada por Constantino de Oliveira Júnior, prevê que a Gol transporte entre 42 milhões e 45 milhões de passageiros neste ano. Enquanto isso, se a rival Tam mantiver a média de crescimento de 9,1% verificada em 2011, o volume de passageiros saltaria de 37,7 milhões para 41,1 milhões em 2012. Se as expectativas forem concretizadas, a empresa de símbolo laranja se consagra como preferida dos brasileiros. Entretanto, a Gol não revelou qual seria o índice de crescimento no volume de passageiros em relação a 2011, já que os resultados anuais serão divulgados apenas no início do próximo mês. Para o consultor de mercado de aviação Tadeu Alencar, a mudança de posições entre as companhias revela um cenário mais competitivo. “O consumidor sai ganhando com o aumento de oferta e a disputa entre as duas grandes. A estratégia da Gol continua sendo a proposta de baixo custo, mas é importante frisar que o volume de passa- DISPUTA ACIRRADA Tam e Gol brigam por liderança no mercado de aviação no país Gol Projeções econômicas Tam 43,00 40,75 38,50 40,4% 38,8% 38,3% 36,25 34,00 35,0% AGO SET OUT NOV DEZ Fonte: Anac geiros nem sempre garante um faturamento favorável”. Além disso, Alencar destaca os desafios das duas empresas para este ano, quando as fusões entre Tam e Lan e Gol e Webjet com a Gol devem ser aprovadas. “Ainda há os trabalhos com a americana Delta (que comprou no ano passado uma fatia da Gol por US$ 100 milhões). Será um ano de muitos ajustes”, diz o consultor. O documento divulgado pela Gol prevê que o mercado de aviação desacelere em 2012, com alta entre 7% e 10%, ante 15,7% em 2011. A taxa de ocupação, por outro lado, deve mostrar avanço, ficando entre 71% e 78%, ante os 68,8% registrados no ano passado. A Gol também afirmou que está revisando o plano de frota para os próximos anos, para englobar a renovação da Webjet. As empresas continuam operando separadas e aguardam aprovação da fusão pelo Cade. ■ A GM vai investir R$ 710 milhões para construir uma fábrica de transmissões de veículos em Joinville (SC), com previsão de faturamento de R$ 200 milhões anuais. A unidade será construída na área onde atualmente estão sendo finalizadas as obras civis da fábrica de motores e que vai começar a operar em 2014, com uma capacidade de produção de 150 mil transmissões por ano, na primeira fase. A implantação da nova fábrica vai gerar 350 empregos diretos em sua fase inicial de produção. “Ao investir em uma nova fábrica de transmissões, a GM reafirma a importância do Brasil no cenário automotivo internacional, como centro produtor determinado a superar desafios estruturais para ser competitivo”, afirmou o vice-presidente da GM do Brasil, Marcos Munhoz, que assinou o protocolo de intenções com autoridades catarinenses. Metade da produção da nova fábrica terá como destino o mercado local e substituirá as importações, e a outra metade será exportada para a Europa. O continente europeu, aliás, é um ponto de atenção da GM. A companhia americana pode firmar uma parceria comercial com o grupo francês PSA Peugeot Citroën, que enfrenta dificuldades financeiras em decorrência dos maus resultados vindos do velho continente. Enquanto não formaliza a parceria, a GM volta a tenção para mercados como o Brasil, que pode ser esteio para os novos negócios da empresa. ■ M.L. “ A fábrica de Santa Catarina reafirma a importância do Brasil no cenário automotivo internacional Marcos Munhoz Vice-presidente da GM do Brasil RECUPERAÇÃO Vendas de carros nos EUA devem alcançar 14 milhões O J.D. Power and AssociatesLMC Automotive, aumentou de 13,8 milhões para 14 milhões o número de automóveis a serem vendidos nos Estados Unidos em 2012. A consultoria disse que o fraco desempenho da economia europeia não deve prejudicar os negócios das montadoras americanas. Em 2011, as vendas de automóveis nos EUA alcançaram 12,8 milhões de unidades. A recuperação das operações de leasing, mais crédito disponí- vel no mercado e prazos maiores de financiamento deverão ajudar a aquecer o mercado local, segundo a J.D. Power. As montadoras americanas devem encerrar o mês de fevereiro com vendas de 1,06 milhão de unidades, 3% superior em relação ao mesmo período em 2011. Ainda de acordo com a J.D. Power, as montadoras devem ter seu melhor desempenho desde 2007. E, em 2016 o mercado alcançará 16 milhões de unidades. ■ Reuters Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 21 Scott Eells/Bloomberg ENERGIA IMÓVEIS CORPORATIVOS Queda na demanda e consumo reprimido levam Iberdrola a rever previsão de lucro São Paulo fecha ano com ligeira alta na taxa de vacância, encerrando 2011 em 1,6% A Iberdrola, maior companhia de energia da Espanha, anunciou uma redução em sua meta de lucros ontem, após uma fraca série de resultados em 2011 que mostrou queda na demanda em seus principais mercados, enquanto o consumo permaneceu reprimido em países europeus. A Iberdrola tem avançado em setores semi-regulados como de energia eólica, assim como no negócio de redes de energia. De acordo com levantamento da Colliers International Brasil, a entrega de dois edifícios de alto padrão na região da Marginal Pinheiros foi uma das causas da ligeira alta da taxa de vacância na cidade de São Paulo, que fechou o ano em 1,6%. O índice é 1,1% maior que o apresentado no terceiro trimestre de 2011. Alphaville também ganhou empreendimento e fechou 2011 com elevação de 1,8%, totalizando uma taxa de 29,7%. Movimento fraco na Europa faz Abertis buscar concessões no exterior Maior gestora de rodovias da Espanha vai intensificar participação em leilões de rodovias no Brasil, México e Estados Unidos Cesar Rangel/AFP Manuel Baigorri, de Madri Bloomberg News PERFIL A Abertis Infraestructuras, maior operadora de concessões rodoviárias da Espanha, está em busca de contratos nos Estados Unidos e na América Latina compensar a queda do tráfego nas estradas europeias. A empresa, com sede em Barcelona, está trabalhando para conseguir concessões principalmente no Brasil, EUA e México enquanto procura renovar contratos que vencem em breve, disse o presidente da empresa, Francisco Reynes. “Este ano será desafiador para nossas receitas devido ao movimento fraco na Espanha, mas vamos tentar manter a rentabilidade controlando custos”, disse. A Abertis não tem operações no Brasil. Recentemente, a Abertis participou, sem sucesso, do leilão de concessão de rodovias no estado da Pensilvânia (EUA). Além de administrar rodovias em mais de uma dezena de países, a Abertis opera aeroportos e também tem participação acionária em companhias de telecomunicações. Reynes mencionou o interesse daAbertis em ampliar ainda mais sua participação na companhia de satélites Hispasat - a empresa comprou 13% das ações da Hispasat da Telefónica. Divisão das receitas da Abertis em 2011 Faturamento Concessões rodoviárias 87% Fonte: empresa Reynes, da Abertis: de olho em concessões fora da Espanha ¤ 3,9 bilhões Telecomunicações 9% Concessões aeroportos 4% Empresas de concessões rodoviárias e ferroviárias da Espanha como a Abertis, Ferrovial e a Actividades de Construccion & Servicios estão correndo para reduzir a dependência do mercado interno uma vez que o governo do país está cortando o orçamento com transportes públicos. Além disso, o alto desemprego na Espanha vem reduzin- do o número de viagens. A Abertis teve lucro líquido de ¤ 720 milhões em 2011, uma alta de 8,8% em relação ao ano anterior. O resultado foi beneficiado pela venda da italiana Atlantia, empresa de logística e de administração de estacionamentos. Metade da receita da companhia, de ¤ 3,9 bilhões, veio das operações espanholas. A cobrança de pedágios respondeu por quase 90% da receita. A companhia também deve crescer em 2012 por meio de aquisições de empresas de telecomunicações. “Queremos consolidar nossa participação na Hispasat e queremos ter mais da metade da empresa se o governo espanhol nos permitir”, informou Reynes. A compra das ações da Hispasat pela Abertis, realizada nesta semana, ainda depende de avaliação do governo espanhol. Caso seja aprovada, a Albertis ficará com 46,6% do capital total da empresa de satélites. O negócio movimentou ¤ 124 milhões. Algumas estatais espanholas detêm juntas 25% do capital total da Hispasat. ■ Governo superestimou investimento em aeroporto Vencedores dos leilões dizem que cumprirão exigência do governo com menos dinheiro O governo já calculava que as empresas que vencessem os leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília conseguiriam reduzir os investimentos necessários para cumprir as obrigações previstas em edital, disseram fontes que formataram a concessão dos terminais. Dois dias depois de arrematar o aeroporto de Viracopos juntamente com a UTC Participações e a francesa Egis - , a Triunfo Participações anunciou que reduziu em 32% a previsão de investimentos no aeroporto ao longo da concessão em relação ao valor previsto. Em vez dos R$ 11,5 bilhões estimados nos estudos do governo, a Triunfo prevê que pode cumprir as exigências do edital investindo R$ 7,8 bilhões. A Invepar, líder do consórcio que ficou com o terminal de Guarulhos, também estima que investirá menos do que os estudos do governo apontavam. Em entrevista recente, o presidente da Invepar, Gustavo Rocha, disse que os investimentos em expansão custarão 10% a menos do Em vez dos R$ 11,5 bilhões estimados nos estudos do governo, a Triunfo prevê que pode cumprir as exigências do edital investindo R$ 7,8 bilhões que os R$ 4,6 bilhões apontados nos estudos do governo. De acordo com uma fonte que participou da elaboração dos estudos de concessão, as estimativas de investimentos e também de receitas e demanda de passageiros foram conservadoras de propósito. “A lógica de fazer uma concessão como esta é deixar o risco da construção para o consórcio privado, que fica com o ônus de projetar a receita e achar espaço para fazer obras mais eficientes”, disse. Nas opinião do professor do Insper-SP, Eduardo Padilha, existe um grande espaço para re- dução dos investimentos projetados no estudo do governo, realiozado pela Empresa Brasileira de Projetos (EBP). De acordo com ele, a questão é a projeção de demanda. “Projeção de passageiro cada um tem a sua. Pode ser que o Brasil cresça esse tanto mesmo. O que acontece é se a pista que está lá suporta ou não o crescimento”, disse o professor. De fato, os consórcios vencedores que já anunciaram que vão gastar menos enfatizaram que buscaram na engenharia maneiras de cumprir as exigências gastando menos. ■ Reuters 22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Giuseppe Aresu/Bloomberg CHOCOLATE BEBIDAS Ovos de Páscoa começam a desembarcar em cerca de 800 mil pontos de vendas do país Italiana Campari anuncia aporte de US$44 milhões em fábrica nos Estados Unidos Mais 800 mil pontos de vendas do país estão recebendo, desde quarta, as tradicionais parreiras de ovos de Páscoa. As indústrias estão lançando mais de 90 itens, segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados). “Este momento é estratégico para o consumidor procurar os melhores preços para a Páscoa", diz Getúlio Ursulino Netto, presidente da Abicab. O italiano Gruppo Campari anunciou seu plano para construir uma unidade de embalagem no terreno da famosa destilaria Wild Turkey, em Lawrenceburg, no Tennessee. O governo local vai fornecer US$ 2,35 milhões em incentivos para ajudar a criar empregos no projeto que consumirá US$ 44 milhões em investimentos. A unidade fornecerá engarrafamento total para todas as marcas Gruppo Campari. Apple, Microsoft e Amazon unidas pela privacidade Acordo entre as compahias prevê que usuários devem ter clareza de como suas informações serão usadas pelos internautas que baixam aplicativos pela internet Emile Wamsteker/Bloomberg Seis das maiores companhias mundiais de tecnologia firmaram um acordo para oferecer mais informações quanto às suas normas de privacidade antes que usuários baixem aplicativos, a fim de proteger os dados de milhares de consumidores, anunciou a secretária da Justiça da Califórnia Kamala Harris. O acordo prevê que Amazon, Apple, Google, Microsoft, Research In Motion e Hewlett-Packard -além dos programadores que criam softwares usando suas plataformas- revelem de que forma utilizam dados privados, antes que um aplicativo seja baixado, segundo a secretária. “O custo do uso de aplicativos para aparelhos móveis não deveria ser uma perda de privacidade pessoal, mas muitas vezes é”, afirmou Kamala. Atualmente, 22 dos 30 aplicativos mais baixados não oferecem informações quanto a privacidade. Alguns deles permitem acesso às agendas de contatos dos usuários. Decisão individual O Google afirmou em comunicado que, sob os termos do acordo da Califórnia, os usuários do Android terão “ainda mais maneiras de tomar decisões no que tange à sua privacidade”. A mudança de normas do Google daria ao site de buscas acesso às informações de usuários de diferentes produtos da companhia A Apple confirmou o acordo, mas não acrescentou detalhes. Kamala também estava entre as autoridades norte-americanas que enviaram uma carta a Larry Page, presidente-executivo do Google, para expressar “séria preocupação” quanto à recente decisão do gigante da Web de consolidar suas normas de privacidade. A mudança de normas daria ao Google acesso às informações de usuários de diferentes produtos da companhia, como Jeff Bezos, CEO da Amazon: comprometimento com as normas de privacidade o Gmail e o Google Plus, sem que o usuário tenha o direito de optar por não revelá-las, afirmaram os 36 secretários de Justiça estaduais que assinaram a carta.Autoridades da União Europeia solicitaram que o Google adie a mudança do sistema até que as organizações regulatórias possam investigar o assunto. Direito a informação A lei estadual de proteção da privacidade on-line aprovada pela Califórnia em 2004 requer que as empresas notifiquem os usuários quanto às normas de privacidade, mas Harris ressaltou que poucos criadores de aplicativos a seguiram nos últimos anos porque há dúvidas no caso de aplicativos móveis. “A maioria dos aplicativos móveis não se esforça em explicar ao usuário de que forma suas informações são usadas”, disse Kamala. “O consumidor precisa ser informado quanto ao que está cedendo”. ■ Reuters Google concorda em informar usuário Motor de busca apoia iniciativa que esclarece ao usuário como seus dados serão utilizados, embora a ação dificulte sua publicidade on-line O Google vai permitir um mecanismo para ser incorporado em seu navegador web, que permite aos usuários restringir a quantidade de dados que podem ser recolhidos sobre eles. O motor de busca mais popular do mundo vai se unir com outras empresas de internet para apoiar a iniciativa de privacidade, o que impede que o histórico de navegação de um indiví- duo seja usado para anúncios e propagandas customizadas. O Congresso deve aprovar uma lei de privacidade de direitos para os usuários da web, de acordo com um relatório do governo. O relatório da Casa Branca define princípios gerais para o uso de informações pessoais que incluem os consumidores, mostrando e promovendo o controle dos usuários sobre quais dados são coletados sobre eles e como são utilizados, fornecendo políticas de privacidade compreensíveis e manipulação de dados de consumo de forma segura. O departamento de comér- cio vai se reunir com as empresas e os defensores da privacidade para desenvolver normas voluntárias para as empresas com base nos princípios. As revelações sobre as vulnerabilidades potenciais de privacidade que vieram à tona durante o ano passado têm estimulado os reguladores e legisladores em Washington para mecanismos de proteção mais eficientes de dados pessoais on-line e em dispositivos conectados à internet móvel. O Google anunciou planos em 24 de janeiro para unificar políticas de privacidade de pro- dutos, incluindo os vídeos do YouTube e o software Android para celulares, dizendo que vai simplificar as condições para que os usuários as aceitem. O Google e Facebook, maior rede social do mundo, estão entre as empresas da web que mais enfrentam pressões sobre o controle do seu tratamento de dados de consumo pelos usuários, já que estão diante de um mercado de publicidade on-line que deve atingir US$ 39,5 bilhões nos Estados Unidos neste ano, segundo a companhia de pesquisa de Nova York eMarketer. ■ Bloomberg MÍDIA SOCIAL Monitorar navegação reduz riscos Recursos de gerenciamento de risco, tais como auditoria e sistema de gerenciamento de mídia social ajudam as empresas a proteger dados sensíveis e a escapar de erros potencialmente embaraçosos ou até mesmo ilegais. A rede social pode ter começado em muitas empresas como uma iniciativa popular, mas a aplicação e valor dos esforços da mídia social têm aumentado rapidamente — e assim, também, têm acontecido com as apostas e riscos. Quanto mais as pessoas de uma empresa se envolvem em enfrentar publicamente as iniciativas de mídia social, o risco de um empregado postar algo indesejado é maior. “Ele explode exponencialmente. Há muito espaço para que as empresas cometam erros potencialmente embaraçosos ou até mesmo ilegais”, disse Scott Oppliger, fundador e CEO da SocialVolt,provedora de gerenciamento de mídia. Em uma pesquisa com empresas globais com mais de 1.000 funcionários e com programas de gerenciamento de mídia, descobriu-se que as empresas têm uma média de 178 contas de mídia social. De olho neste mercado, a SocialVolt anunciou uma ferramenta de monitoramento da marca, que acrescenta recursos de gerenciamento de escuta, de publicação, moderação e risco à plataforma. A empresa é projetada para servir em ambientes complexos de mídias sociais, com muitas pessoas diferentes, contas, tipos de usuários e diversidade geográfica, disse Scott Oppliger. A SocialVolt aprimorou as capacidades da plataforma de monitoramento, permitindo que as organizações monitorem conversas em redes sociais para ganhar visibilidade crítica. “As empresas estão interessadas em acompanhar as suas próprias marcas, mas elas também estão interessadas no rastreamento das marcas dos seus concorrentes, tendências e temas quentes que podem pertencer a sua indústria”, disse Oppliger, lembrando que monitora Facebook, Google +, Twitter, YouTube e blogs. ■ ITweb. Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 23 Seokyong Lee/Bloomberg ALIMENTAÇÃO TECNOLOGIA Dona do Frango Assado assina memorando para comprar redes Wraps e Go-Fresh LG planeja anunciar seu “phablet”, aparelho maior que smartphone e menor que tablet A International Meal Company Holdings, dona das marcas Frango Assado e Viena, assinou memorandos de entendimentos com as empresas LF BAR, BFC e LF Franchising para aquisição de direitos das marcas Wraps e Go-Fresh. Com o acordo, a IMC passa a ser responsável pelos sete restaurantes próprios das redes e pelos direitos de franqueador sobre as marcas, que hoje contam com cinco franquias. A sul-coreana LG Electronics planeja lançar um novo dispositivo móvel de acesso à internet voltado aos consumidores que buscam algo maior que um smartphone e menor que um tablet convencional. A expectativa é que o produto batizado de “phablet” pelo jornal Korea Times seja anunciado em Mobile World Congress, que começa no dia 25, em Barcelona. O objetivo é bater a rival Samsung, dona do Galaxy Note. PayPal tem novo rival para pagamentos em lojas físicas O serviço da concorrente Boku permite que as pessoas paguem usando seus números de celular e inclui os valores debitados em suas contas mensais de telefonia móvel, usando 230 operadoras Beck Diefenbach/Reuters O PayPal, serviço de pagamentos on-line controlado pelo eBay, acaba de encontrar novo rival em sua corrida para desenvolver um sistema de pagamento móvel que possa ser usado em lojas físicas. A Boku, uma grande companhia de pagamentos móveis online que conta com investimentos de grupos de capital para empreendimentos como a Andreessen Horowitz e a Benchmark Capital, revelou um novo serviço que permite que pessoas realizem pagamentos com seus celulares em quaisquer estabelecimentos que aceitem cartões de crédito. A Boku já oferece um serviço de cobrança em conta telefônica por meio de 230 operadoras de telefonia móvel, entre as quais AT&T, Vodafone Group e Verizon Communications, em mais de 60 países. O serviço permite que as pessoas paguem usando seus números de celular e inclui os valores debitados em suas contas mensais de telefonia móvel. A cobrança via operadora normalmente fica limitada a compras de baixo valor, seja via computador pessoal ou por meio de aplicativos móveis. A nova plataforma da Boku, conhecida como Boku Accounts, permite compras em lojas físicas, um mercado muito maior. O serviço será oferecido A nova plataforma da Boku permite compras em lojas físicas, ampliando o mercado da companhia, que opera em 60 países A Boku sai na frente com a Boku Accounts aos assinantes por suas operadoras com suas marcas e a Boku operará o sistema primário. O lançamento faz da Boku concorrente direta do PayPal, que está promovendo o uso de seu popular serviço on-line de pagamentos em lojas físicas. O Google também está tentando introduzir seu serviço Google Wallet em lojas, por meio de parcerias com gigantes como MasterCard e Citigroup. O sistema de pagamento em loja da PayPal funciona nos terminais existentes de ponto de venda do varejo, mas torna necessária uma atualização de software. O Google Wallet funciona com celulares que disponham de chips Near-Field Communication (NFC) e para lojas que usem terminais que operem com essa tecnologia. ■ Reuters Uma corte de Xangai rejeitou o pedido de uma companhia chinesa de tecnologia para que a Apple suspendesse a venda do tablet iPad na cidade, disse nesta uma fonte com conhecimento direto do assunto. A empresa Proview Technology (Shenzhen) tem buscado uma liminar contra a Apple co- mo parte de sua batalha com a gigante americana sobre a marca registrada iPad na China. A China é importante para Apple não apenas como um mercado consumidor, mas porque o país é uma grande base de produção da Apple. A disputa, originada por um desacordo sobre a cobertura de um acordo de transferência da marca registrada para a Apple em 2009, ocasionou na suspensão, por ordem judicial, de vendas do iPad em algumas cidades chinesas onde estão suas Lucro líquido da Itautec aumenta A Itautec informou que o lucro líquido do ano de 2011 atingiu R$ 43,6 milhões, superior em 278,3% ao apurado em 2010, com margem líquida de 2,8%. No quarto trimestre de 2011, a receita líquida consolidada de vendas e serviços foi de R$ 468,2 milhões, superior em 12,2% em relação ao mesmo período de 2010, com crescimento em todas as unidades de negócios. O lucro líquido deste período foi de R$ 13,5 milhões, com margem liquida de 2,9%. A receita líquida consolidada de vendas e serviços acumulada em 2011 atingiu mais de R$ 1,5 milhões, inferior em 1,9% ante 2010, impactada pela menor atividade do segmento de automações ocorrida no primeiro semestre de 2011 e pela queda no preço médio dos equipamentos de computação, especialmente no segmento de varejo. No quarto trimestre de 2011, a receita líquida consolidada de vendas e serviços foi de R$ 468,2 milhões, 12,2% maior que o mesmo período de 2010 Apple pode voltar a vender em Xangai Decisão da corte de Xangai nega pedido da Proview Technology em suspender a venda de iPads em Xangai, originada por direitos sobre o nome do produto RESULTADOS A vitória da Apple segue uma série de defesas em outras cortes chinesas, e reverte o que poderia ter sido uma embaraçosa suspensão das vendas lojas próprias, sendo que três ficam em Xangai. Segredo Industrial Em meio a disputas de patentes, a especificação do iPad 3 vazou. Desta vez, boatos dão conta de que o aparelho da Apple pode ter uma câmera de 8 megapixels e irá deixar o botão Home no iPad 3. Ele é uma parte essencial das funcionalidades do iOS, apesar de alguns especialistas afirmarem que a companhia o excluiria do hardware. ■ Reuters e ITweb Apesar da redução na receita líquida consolidada, as ações estruturais de melhoria de eficiência operacional, implementadas ao longo do ano, contribuíram para a melhora da margem bruta, que encerrou o período em 18,2%, 0,7 ponto percentual acima da registrada em 2010. A geração operacional de caixa de 2011 atingiu R$ 72,8 milhões, sendo R$ 22,9 milhões no quarto trimestre de 2011, o que contribuiu para que a Itautec apresentasse em dezembro o maior saldo de disponibilidades financeiras de curto prazo dos últimos anos, de R$ 360,8 milhões, e dívida líquida negativa de R$ 138,4 milhões. De acordo com o plano estratégico, foram investidos R$ 82,2 milhões, dos quais R$ 68,7 milhões foram para pesquisa e desenvolvimento. ■ ITweb 24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Tom Uhlman/Bloomberg TECNOLOGIA CRISE Sony fecha parceria com locadora de filmes on-line NetMovies Procter & Gamble vai cortar 5,7 mil postos de trabalho até 2013 A Sony Brasil e a locadora online NetMovies anunciaram uma parceria que permitirá à Sony oferecer mais de 8 mil títulos a consumidores, por meio da plataforma bravia internet vídeo em seus televisores, blu-rays e home-theaters. A parceria começa a valer ainda em fevereiro e quem comprar uma TV da Sony ganhará a assinatura do serviço pelo período de dois meses. Depois, a mensalidade custará a partir de R$ 14,99. A Procter & Gamble confirmou os rumores de que irá acabar com 5,7 mil postos de trabalho até o fim de 2013. A gigante americana da área de higiene e cosméticos informou que o número representa cerca de 10% de seus funcionários. A empresa está passando por uma reestruturação cujo objetivo é reduzir os custos em US$ 10 bilhões. Cerca de 1,6 mil pessoas serão demitidas ainda neste ano. Venko ensaia retomada para disputar multichip Amazon tira 4 mil e-books do ar Após superar crise , fabricante planeja lançar seis modelos de celulares neste ano, com foco no mercado pré-pago, que responde por cerca de 82% dos clientes no páis Murillo Constantino Fabiana Monte [email protected] DE OLHO NO PRÉ-PAGO Depois um período turbulento, no qual chegou a acumular dívida de R$ 5 milhões, a fabricante de celulares Venko está se reestruturando para brigar pelo mercado de aparelhos que funcionam com múltiplos chips de operadoras. “Estamos voltando para o mercado”, afirma David Ostrowiak, fundador e presidente da empresa criada em 2004. Em julho do ano passado, Ostrowiak concluiu uma negociação com a distribuidora de aparelhos de baixo custo Bmobile, que atua em 11 países da América Latina. A empresa é o braço de telecomunicações do grupo IBC, cuja matriz fica na Guatemala e que também tem negócios em áreas como cana de açúcar e confecção fabril, de acordo com o executivo. Com o negócio, a Venko recebeu um aporte de cerca de US$ 6 milhões para retomar o negócio. “A Bmobile comprou metade do capital da Venko e, em setembro, demos início a um recomeço forte. Hoje não temos mais preocupação com a parte financeira”, diz Ostrowiak. “Minha ideia é, em um ou dois anos, acertar as dívidas que tenho. Em quatro meses já paguei 12% do que devia”. Esses clientes representam mais de 80% do total de assinantes de celular, em milhões Fábrica em Campinas Com o aporte, a Venko assinou um contrato para comprar uma unidade fabril de uma fabricante de eletroeletrônicos em regime de terceirização. Ostrowiak não informa o nome do parceiro, mas diz que a unidade fabril fica em Campinas (SP) e que a produção local começará em março. O investimento na fábrica será de US$ 2,5 milhões. “No segundo trimestre, esperamos colocar no mercado entre 100 mil e 150 mil unidades por mês. E a capacidade produtiva atual não atende essa previsão”, observa. No auge, a Venko chegou a colocar no mercado 350 mil aparelhos de um só modelo. Ostrowiak não informa a estimativa de faturamento para 2012. Iure Gomes, diretor comercial da Venko: passagem por Oi, Nokia e Samsung 191,2 00 167,1 50 143,6 122,7 00 50 0 2008 2009 2010 2011 Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações Pré-pago em foco O foco da Venko é o mercado pré-pago, que responde por cerca de 82% da base de clientes de telefonia móvel no país. Para conquistar esses clientes, a empresa planeja lançar seis celulares de baixo custo e multichip até o fim do ano. Dois já estão no mercado - os modelos Carisma e Ideal - e outros dois chegarão até o dia das mães - os modelos Talento e Amigo. “Não focamos apenas em preço, mas em ter a melhor relação custobenefício”, afirma Ostrowiak. É possível encontrar produtos Venko em redes como Casa & Vídeo, C&A e Carrefour e lojas virtuais de Casas Bahia, Ricardo Eletro, Ponto Frio e Magazine Luiza. “A gente vai em cima do cliente. A ideia é tentar mostrar que a empresa está alçando voo, está em processo de decolagem. E eles veem que a Venko não é mais uma empresa de um produto, que tem continuidade”, afirma Iure Gomes, diretor comercial que se juntou à Venko em novembro, após passagens pelas áreas de produ- tos de Oi, Nokia e Samsung. O executivo é o responsável direto por negociar os produtos com varejistas, apontados por ele e por Ostrowiak como os maiores parceiros da companhia. A relação é até natural, uma vez que as operadoras ainda são um pouco resistentes a aparelhos multichip, que permitem ao usuário trocar de chip para aproveitar melhor promoções de cada empresa de telecomunicações. “Mas estamos conversando com operadoras”, diz Ostrowiak. ■ DIFICULDADES “Tivemos erros em tudo”, diz David Ostrowiak O fundador da Venko, David Ostrowiak, diz que houve uma série de falhas que levaram a Venko à crise. “Tivemos erros em tudo”, admite. Houve falecimento de sócio, falhas no desenvolvimento de produtos e problemas com parceiros que produziam aparelhos. “Tivemos ensinamentos na área fabril e no que diz respeito à promoção e ao desenvolvimento de produtos”, pondera o executivo. Ostrowiak garante que não chegou a pensar em fechar a Venko, mas admite que a operação ficou fragilizada. “Ficamos com meia dúzia de gatos pingados de funcionários”, afirma. Desta vez, Ostrowiak está con- fiante no sucesso da operação, em parte devido à experiência que ele teve com a crise da Venko e à chegada de novos profissionais à empresa, que terá 80 funcionários em março e chegará a 200, considerando o quadro de funcionários da unidade fabril em Campinas. “O tempo é algo valioso”, diz o executivo. ■ A Amazon.com, gigante do varejo online com sede em Chicago, removeu mais de 4 mil títulos de e-books de seu site nesta semana, após tentar sem sucesso negociar preços mais baixos com editoras dos Estados Unidos e do Canadá. A decisão repercutiu negativamente nos dois países e tem como pano de fundo as pressões que Wall Street vem fazendo para que a Amazon melhore suas margens anêmicas. Ao mesmo tempo, a companhia tem como obrigação vender e-books ao menor preço possível, de forma a preservar sua liderança com os dispositivos móveis Kindle. A Amazon.com está colocando pressão sobre os editores e distribuidores para mudar suas condições de pagamento de livros eletrônicos, afirmou Mark Suchomel, presidente do Grupo de Editores Independentes do Canadá, ao diário canadense The Toronto Star. Wall Street pressiona a gigante do varejo online a melhorar suas margens anêmicas Ele explica que os editores não podem continuar a concordar com os termos que levam, cada vez mais, ao estreitamento das margens dos editores. A briga da gigante do varejo online também envolve a EWC Press, uma das maiores distribuidoras de livros dos Estados Unidos, que reclama da dificuldade em manter margem pelo acordo proposto pela Amazon. O grupo diz que preços tão baixos oferecidos pela Amazon poderão matar seu negócio. A saída do ar de mais de 4 mil títulos de e-books não afeta os livros físicos e a ECW Press disse que seus livros digitais permanecem disponíveis para outras plataformas e lojas, como Apple, Kobo e Sony. Procurada pela reportagem, a Amazon não quis comentar o assunto. ■ agências internacionais Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 25 26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 EMPRESAS Divulgação INTERNET SEGURANÇA Com sede na Alemanha, Gourmeo chega ao país de olho no amante da alta gastronomia Relatório indica mais de 75 milhões de softwares maliciosos em 2011 O Gourmeo, portal de reservas em restaurantes, chega ao Brasil com a proposta de serviços e benefícios de alta gastronomia. Trata-se de um modelo de negócio onde restaurantes de primeira linha oferecem aos usuários facilidade na reserva de mesas. O usuário do portal recebe 30% de desconto na conta. Com sede na Alemanha e operação no Brasil desde setembro, o portal tem foco no eixo Rio-São Paulo. Um relatório da empresa de segurança da informação McAfee aponta que softwares maliciosos superaram a estimativa da empresa de 75 milhões de amostras registradas no ano passado. Embora a criação de novos malwares tenha desacelerado no último trimestre, o número de programas com códigos mal-intencionados direcionados a equipamentos móveis avançou e teve seu ano mais movimentado. Danny Moloshok/Reuters Apresentação do Oscar 2012 volta à zona de conforto Funcionários colocam o famoso tapete vermelho em frente ao Kodak Theatre, em Hollywood Fora da cerimônia há oito anos, Billy Crystal volta para dar tranquilidade ao evento Bob Tourtellotte Reuters Quando subir o pano para a cerimônia do Oscar, no domingo, o nervosismo irá tomar conta da plateia, como sempre, mas para quem estiver vendo pela TV certamente será um ano mais tranqüilo. Após várias edições tentando apimentar o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas com apresentadores chamativos e badalados, o mestre de cerimônias neste ano, pela nona vez, será Billy Crystal, o que dá ao telespectador uma certa sensação de conforto e previsibilidade. O eleitorado da academia parece em sincronia com o apetite dos fãs por entretenimento, e não há ninguém mais adequado para celebrar Hollywood do que Crystal, de 63 anos, astro cômico das décadas de 1980 e 1990, em filmes como “Harry e Sally” e “Amigos, Sempre Amigos”. “Billy é a versão como apresentador da comida saudável, saborosa e familiar, mas não muito picante”, disse o colunista de cinema do Entertainment Weekly, Dave Karger. Crystal e os produtores mantêm bico calado sobre o que ele tem na manga para a noite do Oscar. Mas é provável que o apresen- Segundo filme com mais indicações no Oscar deste ano, “O Artista” disputará as categorias de maior peso da cerimônica, como Melhor Filme e Melhor Ator tador comece, como em outros anos, editando-se comicamente em um vídeo com cenas de filmes importantes. Comparando Crystal ao desbocado comediante Ricky Gervais, que apresentou o Globo de Ouro, o coprodutor Don Mischer disse que “Ricky é entretenimento, mas não acho que o Oscar seja lugar para ser mal humorado, nem para pegar pesado com as pessoas”. Briga acirrada Sem diálogos, ambientado na época da transição de Hollywood do cinema mudo para o sonoro, “O Artista” conta a história de um astro decadente que encontra a redenção no Timothy A. Clary/AFP amor. Ele chega à noite de domingo com dez indicações sendo franco favorito ao Oscar de melhor filme. Se “O Artista” é o filme a ser batido, o único com chances disso é “Histórias Cruzadas”, sobre empregadas negras de famílias brancas na década de 1960 no sul dos Estados Unidos. Seu enredo triunfante cativou a academia e ele tem duas favoritas ao Oscar de atuação: os atores formam o maior grupo de eleitores do prêmio. Viola Davis, que interpreta uma empregada, trava uma disputa acirrada com Meryl Streep, que vive a ex-primeiraministra britânica Margaret Thatcher em “A Dama de Ferro”. Davis levou o prêmio da Liga dos Atores e isso sugere um favoritismo dela sobre Streep, indicada 17 vezes, com duas vitórias. “Numa disputa apertada, a academia vai para a atuação que mais lhe comoveu”, disse Karger. “Sim, Meryl teve uma grande atuação, mas é Viola Davis que tem a carga emocional.” ■ Billy Crystal em sua última apresentação da cerimônia do Oscar, em 2004 Após quebrar a sina em 2007, Scorsese busca sua segunda estatueta como diretor Renomado diretor americano está na briga este ano com “A Invenção de Hugo Cabret” Admirado pelo público e reconhecido pela indústria cinematográfica de todo o mundo, o diretor americano Martin Scorsese já foi considerado por muitos um “injustiçado” pela Academia responsável pelo Oscar até ganhar sua primeira estatueta em 2007 com “Os Infiltrados”. Mas após quatro anos, Scorsese volta ao Kodak Theatre brigando novamente pelo prêmio de maior prestígio do cinema, agora na direção de “A Invenção de Hugo Cabret”. A acirrada disputa na categoria terá ainda o sonhador Michel Hazanavicius, de “O Artis- ta”, e Alexander Payne, de “Os Descendentes”, correndo por fora. Hazanavicius parece na frente, e já levou o prêmio da Liga dos Diretores neste ano, mas Scorsese é um eterno favorito. Especialistas dizem que as primeiras categorias já dão pistas sobre o grande vencedor, e se “O Artista” começar a acumular troféus em quesitos técni- cos, como figurino e fotografia, terá mais chances de sair aclamado. Se não, a categoria de melhor filme ficará em suspense até que o último envelope seja aberto.”Pode ser um ano interessante”, disse Poland, do MovieCityNews.com. “A outra coisa é que pode ser exatamente o que todos estão esperando.” Já na categoria de melhor ator coadjuvante, Christopher Plummer (“Beginners”) e Max Von Sydow (“Tão forte e tão perto”), ambos de 82 anos, podem se tornar os mais idosos ganhadores de um Oscar em toda a história. Eles disputam a estatueta com Nick Nolte (“Warrior”), Jonah Hill (“O homem que mudou o jogo”) e Kenneth Branagh (“Sete dias com Marilyn”). ■ Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 27 CRIATIVIDADE & MÍDIA R$ 130 milhões Editora: Eliane Sobral [email protected] F/Nazca e Nike formam time exclusivo para o futebol Fotos: divulgação Naiara Bertão [email protected] Talvez Diego Dumont não possa fazer muito pelo meio campo do Corinthians, nem dar um jeito na zaga do Santos, mas ele tem funcionado como uma espécie de ombudsman dos torcedores desses times (e também do Coritiba, Internacional e Bahia). Dumont é gerente de planejamento da F/Nazca, agência que tem a divisão de futebol da Nike. A missão dele? Pesquisar o que pensam e o que querem os torcedores dos clubes patrocinados pela fabricante de material esportivo. Mas não de todos os torcedores. Dumont e sua equipe se concentra no que ele chama de ‘torcedor/formador de opinião’. “Com base em toda a pesquisa já gerada e nos contatos que ainda mantemos com os torcedoreschave, influenciadores, nossos dois editores de conteúdo para Nike Futebol produzem material individuais de cada time para as redes sociais”, afirma Dumont. Ele conta que a interação nas redes sociais exige ainda uma Diego Dumont, gerente de planejamento da F/Nazca para a Nike Futebol CASA fará publicidade de outras três marcas da J&J A agência de publicidade CASA, do grupo JWT, acaba de conquistar três novas contas da Johnson & Johnson: Neutrogena, Sempre Livre, Clean&Clear e o site institucional da empresa. Com isso, ela passa a atender 14 marcas da J&J, para quem faz atendimento desde 2009. É a verba publicitária de 2012 do grupo Petrópolis em disputa pelas agências NeogamaBBH, Fischer & Fischer, Young & Rubicam, Lew Lara TBWA, DPZ e NBS. As quatro primeiras já fizeram suas apresentações ao presidente da empresa, Walter Faria, enquanto as duas últimas ainda irão mostrar seus projetos. COM A PALAVRA... ...JOSÉ CARLOS RODRIGUES Professor da Arena Digital da ESPM Devassa lança primeiro filme com a escolhida Após de fazer barulho com a escolha no Carnaval de sua nova garota-propaganda, entra no ar o primeiro comercial da marca Devassa com a modelo Juliana Salles, a eleita. Criado pela agência Mood, o filme chama “Ladeira” e traz os humoristas Leandro Hassum e Bento Ribeiro. boa dose de equilíbrio na quantidade e qualidade das postagens de cada clube para não causar desavença de torcedores com a marca. “Optamos por ter apenas um perfil social da Nike Futebol em cada rede social (Facebook, Twitter, Youtube e Flicker) e não ter canais indivuduais”, diz ele. Aspectos regionais, a linguagem de cada time, o histórico de cada um deles com a cidade em que estão também são levados em consideração na hora de produzir o conteúdo. Cuidado adicional: Dumont e sua turma estão sempre de olho no humor da torcida para não dar bola fora. Além do conteúdo digital, a F/Nazca também é responsável pelo conteúdo off line da Nike no futebol. A conta da Nike está na F/Nazca desde 2005. ■ Perrier terá stripper em embalagens limitadas A atriz de stripper burlesca Dita Von Teese vai estampar as embalagens da marca de água mineral Perrier, em edição limitada. O rótulo, criado por designers do estúdio Hartland Villa (França), lembra o mundo das pin-ups de 1930 e 1940. PARA LEMBRAR NO MUNDO DIGITAL Com índios e formigas, Philco quis se diferenciar Internetéaque maiscresceemreceita demarketing A internet foi a mídia que mais cresceu em faturamento publicitário nos primeiros 11 meses de 2011. Com um filão de R$ 1,29 bilhão de receita no período, o salto em comparação com 2010 foi de 21,6%. Contudo, a TV aberta ainda é a que mais ganha com venda de espaço comercial: R$ 16,2 bilhões. No total, de janeiro a novembro do ano passado, o mercado publicitário brasileiro cresceu 8,5% e movimentou R$ 25,6 bilhões. As informações foram divulgados pelo Projeto Inter-Meios. VAIVÉM ➤ ● O publicitário Fábio Fernandes reiventou o jeito que a Philco fazia publicidade na década de 1990. Primeiro com o bordão “Tem coisas que só a Philco faz por você” e, mais tarde, com os roteiros do “Índio e indiozinho” e “Formiguinhas”, ganhador do Leão de Ouro em 1996. RICARDO MARQUES E RODOLFO AMARAL Novos diretores de criação da CASA, agência do grupo JWT A JWT acaba de promover a dupla Rodolfo Amaral e Ricardo Marques como novos diretores de criação. A mudança faz parte do plano de reestruturação da agência no país, colocando os dois profissionais, com o diretor de criação da agência CASA (do grupo JWT), Gustavo Costi, a frente do comando criativo da agência em Curitiba. Marques é diretor de arte da JWT há sete anos e Amaral, há seis anos. Eles respondem a Roberto Fernandez e Ricardo John, da JWT Brasil. PRECONCEITO COM CLUBES DE COMPRA, VOCÊ JÁ PASSOU POR ISSO Possivelmente você já fez uma compra em um dos vários sites de compra coletiva. Apesar da venda com um bom desconto, há um consenso de que essa é uma excelente maneira de estimular a experimentação. No setor de serviços, é impossível desassociar a percepção de qualidade do atendimento direto prestado a ele. Em um restaurante, por mais que a refeição esteja ótima e o preço atraente, a atitude do garçom está muito mais próxima da percepção de qualidade total. Isso faz com que pareçam estranhas as situações em que, ao frequentar um local cujo serviço tenha sido adquirido em um clube de compras, a qualidade seja inferior àquela de quem “está pagando”. A maioria dos restaurantes pede que seja informado na chegada se o pagamento será com cupom de clube de compras. Imaginamos que seria para dar um tratamento melhor a esse cliente (apesar de todos, à primeira vista, merecerem bom tratamento). No entanto, boa parte dos estabelecimentos trata os clientes de clubes de compras com preconceito. Recentemente li um caso de uma clínica estética que tratava esses clientes como “peixes” urbanos. "Chegou mais um peixe", “Fala com fulana que ela atende aos peixes”. Essas terríveis primeiras experiências ganham volume no meio online e isso reduz o valor percebido dos estabelecimentos, podendo fazer com que o cupom não valha o desgaste no tratamento. O problema de atendimento é resolvido com uma só palavra: treinamento. Ao perceberem que esses locais têm apenas uma chance de causar boa impressão em um potencial cliente, deixaremos de ter as mesas do canto para quem usa o cupom. 28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 CULTURA Louvre e Guggenheim viram produtos de exportação Filiais dos museus impulsionam turismo dos países onde chegam, mas deixam a desejar na expansão cultural Cintia Esteves [email protected] Eles não são lojas, muito menos restaurantes, mas também funcionam sob o sistema de franquia. Os principais museus de arte do mundo como o Louvre e Guggenheim estão dispostos a abrir filiais em outros países mediante a pagamento de taxas e royalties. Os projetos para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, são as iniciativas mais comentadas nos últimos tempos. Para levantar uma filial do museu francês e outra do americano mais um centro de de artes local, o governo desembolsará US$ 27 bilhões. Mas será que a estratégia traz benefícios aos países franqueados? Quando o assunto é desenvolvimento e expansão das artes, não. Quem afirma é Fabio Cypriano, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Estas operações com nomes famosos trazem mais benefícios em relação ao turismo local e à imagem do país do que propriamente para as artes”, diz. Um exemplo foi a transformação ocorrida em Bilbao, na Espanha, com a chegada da unidade do Guggenheim. O empreendimento transformou a região devido ao poderoso projeto arquitetônico de Frank Gehry. “O prédio se tornou um chamariz maior do que a própria coleção do museu”, diz Cypriano. Alastair Miller/Bloomberg “ O Louvre, de Paris, vai inaugurar este ano sua filial em Lens, também na França Estas operações com museus famosos trazem mais benefícios em relação ao turismo local e à imagem do país do que para as artes Fabio Cypriano Professor da PUC-SP Em Abu Dhabi, a chegada dos museus famosos vai ter de esperar mais um pouco. Em janeiro deste ano, o governo local adiou a inauguração do Louvre para 2015 e a do Guggenheim para 2017, antes previstos para 2013 e 2014, respectivamente. Parece ser realmente complexa a expansão destes empreendimentos. O Centre Pompidou, de Paris, tinha um projeto para levar sua marca para Xangai, na China, o qual não seguiu em frente. No entanto, o museu cumpriu a promessa de expansão para a cidade francesa de Metz, onde inaugurou uma unidade em 2010. O Louvre gostou da ideia e vai abrir uma filial em Lens, também na França. Além do formato de expansão escolhido, as franquias de museus têm outras características em comum com lojas e restaurantes. Eles fecham unidades que não vão bem. O Guggenheim encerrou as atividades de sua filial em Las Vegas, Estados Unidos, no ano passado e em 2012 descerá as portas da franquia de Berlim, na Alemanha. Os motivos nem sempre ficam claros. Na unidade alemã, a justificativa foi o fim do contrato entre o Deutsche Bank e a Fundação Solomon Guggenheim. O Brasil já sonhou com um museu mundialmente famoso. Quando foi prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia queria levar o Guggenheim ao Píer Mauá. A iniciativa causou polêmica pela indefinição dos custos e acabou naufragando. “Este tipo de projeto não faz mais sentido para o Brasil, que hoje tem museus muito importantes”, diz Cypriano. ■ Retrospectiva dos Irmãos Campana Mostra premiada já esteve em São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal A partir de 27 de fevereiro, a mais completa retrospectiva dos Irmãos Campana poderá ser conferida no Rio de Janeiro. A mostra, com 200 obras (de 1989 a 2009), foi realizada pelo Vitra Design Museum, da Alemanha, onde permaneceu até fevereiro de 2010, percorrendo posteriormente outros museus da Europa. No Brasil, a mostra já esteve no Museu Vale (ES), no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB-Brasília) e no CCBB-São Paulo, onde foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de 2011, na categoria Artes Visuais. A curadoria de “Anticorpos” é de Mathias Schwarz-Clauss, curador do Vitra Design Museum. Os trabalhos “Anticorpos” têm como foco o conjunto dos trabalhos dos irmãos Fernando e Humberto Campana - artes plásticas, peças de mobiliário e joias -, e mostras suas estratégias, fontes de inspiração e as variadas abordagens do design que eles utilizam. Enquanto Humberto cria Considerados figuras importantes do design internacional, os Irmãos Campana têm uma linguagem visual ancorada no Brasil, com contraste de cores, formas e materiais seus objetos como artesão e artista autodidata, Fernando participa como arquiteto experiente. Juntos, ignoram todas as convenções do design tradicional, brincam com a noção de funcionalidade e formam seus objetos poéticos a partir de realidades contraditórias. Terra natal Considerados figuras importantes do design internacional, os Irmãos Campana têm uma linguagem visual ancorada no Brasil, com contraste de cores, formas e materiais. Utilizando fios emaranhados de algodão, plásti- co, cobre, retalhos coloridos e estampas em formas exuberantes, transformam uma cadeira numa obra de arte. A retrospectiva apresenta a maior parte dos trabalhos dos Irmãos Campana, incluindo coleções particulares, institucionais e as obras do Estúdio Campana. Exibe ainda peças criadas pelos dois designers especialmente para “Anticorpos”, desenvolvidas em cooperação com o Vitra Design Museum. Dentre elas, um número de experimentações em papel machê e uma série de colagens em papel. ■ Redação Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 29 Divulgação Aniston ganha estrela na Calçada da Fama Esta semana, Jennifer Aniston foi homenageada com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. A atriz é a primeira integrante do elenco do seriado “Friends” a receber a distinção das celebridades, que ela descreveu como “surreal”. “Eu nasci em Sherman Oaks, na Califórnia. Eu sou uma garota californiana por completo, e tenho certeza que isto sempre esteve no fundo da minha mente”, afirmou Jennifer durante a cerimônia. Daniel Acker/Bloomberg CINEMA ESTREIAS A mulher de preto O nova-iorquino Guggenheim fechará unidade de Berlim este ano Patrick Kovarik/AFP O parisiense Centre Pompidou inaugurou uma unidade em Metz, na França Quando o personagem de Daniel Radcliffe entra num trem, logo no começo de “A mulher preto”, algum desavisado poderia pensar que ele estivesse a caminho de Hogwarts, em mais uma aventura da cinessérie “Harry Potter”. Mas não, ele vai para um lugarejo remoto na Inglaterra. O que vai fazer, pouco importa, porque não passa de uma mera desculpa, para, pouco depois, aprisioná-lo numa mansão assombrada pela personagem-título. Radcliffe é um advogado viúvo que não tem muito tempo para o filho pequeno e precisa lidar com fantasmas, reais e imaginários, durante sua viagem. A mulher de preto, uma maldição local, mata criancinhas toda vez que alguém a vê, como punição por terem-na separado de seu filho pequeno. Assim, a cada aparição, uma criança morre de forma trágica. E o ex-Harry Potter vê a mulher vezes suficientes para os moradores locais cogitarem expulsá-lo dali. No longa, Daniel Radcliffe é um advogado viúvo que não tem muito tempo para o filho pequeno e precisa lidar com fantasmas, reais e imaginários, durante sua viagem Só um ricaço, Ciarán Hinds, toma as suas dores. Embora ele tenha perdido um filho, não acredita naquilo que chama de crendice popular. Sua mulher, Janet McTeer, de “Albert Nobbs”, pelo contrário, diz até travar contato com o filho morto durante transes mediúnicos. Já a tal mulher de preto aparece sem qualquer sutileza e só vem mesmo para provocar sustos. Quando algum filme de fantasmas e casas amaldiçoadas irá fugir da gramática do gênero? ■ Reuters Tão forte e tão perto A tragédia das torres gêmeas em 11 de setembro de 2001 é o pano de fundo da história de “Tão forte e tão perto”, novo drama do inglês Stephen Daldry. O longa conquistou duas indicações ao Oscar (melhor filme e melhor ator coadjuvante) para o sempre magnético intérprete sueco Max von Sydow, num papel em que ele não pro- nuncia uma única palavra. E ainda assim diz tudo. O problema do filme é bem o contrário do misterioso personagem de von Sydow. Tudo aquilo que no veterano ator sueco, habitué de filmes de Ingmar Bergman como “O Sétimo Selo” (1957), é contenção e intensidade, no filme de Daldry quase sempre se torna artifício e excesso. ■ Reuters Albert Nobbs chega ao CCBB Rio Nas mãos dos Campana, emaranhados de diversos materais viram verdadeiras obras Há 24 anos sem ser indicada ao Oscar, novamente Glenn Close tem a chance de ser reconhecida pelo seu desempenho em “Albert Nobbs”, drama de época que concorre a três estatuetas da Academia: melhor atriz (a própria Glenn), atriz coadjuvante (Janet McTeer) e maquiagem. Baseado em um conto do escritor George Moore, o filme narra a vida difícil e solitária de Albert Nobbs, que trabalha como camareiro de um hotel em Dublin, capital da Irlanda. Discreto, seguro e extremamente responsável, Albert Nobbs é na verdade uma mulher que se veste e se faz passar por homem desde a adolescência. O filme dirigido por Rodrigo Garcia. ■ Reuters Cada um Vive como Quer Dando sequência a um bem-vindo relançamento de clássicos do cinema em cópias restauradas, iniciado em dezembro de 2011 com “Taxi Driver”, de Martin Scorsese, o Cine Olido de São Paulo exibe a partir de hoje “Cada um Vive como Quer”, de Bob Rafelson. O filme fica em cartaz na sala até 1 de março. Este drama de 1970, com quatro in- dicações ao Oscar foi o primeiro papel como protagonista de Jack Nicholson, que vinha do sucesso num papel secundário em “Sem Destino” (1969). A restauração do filme foi realizada em 2010, em seu quadragésimo aniversário. Filmado em 40 dias no inverno de 1970, o longa contou com um orçamento de apenas US$ 900 mil. ■ Reuters 30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 FINANÇAS Editora executiva: Jiane Carvalho [email protected] Editora: Maria Luíza Filgueiras [email protected] Subeditora: Priscila Dadona [email protected] Evaristo Sa/AFP À frente da autoridade monetária, Tombini, sinaliza que está de olho nas captações de bancos no exterior BC retoma artilharia para segurar dólar Compras de dólar à vista e retomada do swap cambial reverso tentam sustentar cotação da moeda a R$ 1,70 Natália Flach [email protected] Depois de seis meses de trégua, o Banco Central voltou a travar uma batalha contra a valorização da moeda brasileira e parece estar disposto a usar artilharia pesada. Ontem, depois de fazer operação de compra de dólar no mercado à vista pelo segundo dia seguido, lançou mão de um leilão de swap cambial reverso, recurso que não usava desde agosto passado. Nessa operação, o BC paga juros às instituições e assume os ganhos ou perdas da variação cambial até o vencimento do contrato — equivalente a uma compra de dólar no mercado futuro. Mas, apesar de terem sido ofertados 40 mil contratos com vencimento em abril e julho, apenas 3,5 mil com vencimento em julho foram aceitos. Com isso, foi registrado o equivalente a US$ 174,7 milhões — representa 8,75% do total previamente colocado à venda, montante de US$ 2 bilhões. Este é o menor percentual efetivado dos últimos 30 meses. Para se ter ideia, somados os 20 leilões de swap cambial reverso realizados no ano passado, o BC conseguiu negociar US$ 17 bilhões. Em cinco deles, 100% dos papéis ofertados foram vendidos. Foi o BC que não quis arcar com a taxa pedida pelo mercado para vender os demais contratos. A explicação dos operadores e economistas para o resultado fraco do leilão é que, na verdade, o BC estava apenas reiterando que pode voltar a intervir no câmbio todas as vezes que o dólar perder o piso estipulado — que ao que tudo indica é de R$ 1,70, mesmo patamar em que interveio na sessão anterior. “Foi mais uma sinalização de que o BC está acompanhando a oscilação e não quer que o câmbio desça. Demonstrou também que tem instrumentos pa- ra intervir se julgar necessário”, explica Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria. José Carlos Amado, operador da Renascença Corretora, acrescenta que o leilão não passou de um teste para saber como o mercado iria responder. “Tanto é que veio de surpresa, sem aviso. Queriam ver se a demanda seria boa”, analisa. Até a hora do leilão, a moeda americana tinha atingido o menor patamar desde 31 de outubro do ano passado, de R$ 1,697. Mas, mesmo com o resultado abaixo dos níveis observados em leilões anteriores, o dólar reverteu a tendência de queda e voltou QUEDA LIVRE LEILÕES DO BC Variação do dólar ante o real mostra valorização da moeda brasileira, em R$/US$ Volume efetivado de operações de swap cambial reverso, em US$ bi 1,90 1,869 1,85 1,80 3,5 Fontes: CMA e Brasil Econômico 3,4 2,5 2,0 1,75 30/DEZ/2011 tas que podia encerrar o ano acima do teto da meta, de 6,5%. “O BC deixou o câmbio se valorizar levemente porque isso ajuda no combate à inflação. Mas como ela está dando refresco no curto prazo, voltaram a olhar para o lado do câmbio”, afirma Maurício Nakahodo, economista-chefe da CM Capital Market. O BC também está acompanhando a série de captações no exterior em dólar feitas por bancos e empresas, bem como um ritmo ainda acelerado de fluxo cambial e investimento estrangeiro direto — que ajudam a pressionar para baixo a cotação do dólar contra o real. ■ 3,0 1,5 1,70 a ficar acima da casa de R$ 1,70. Encerrou o dia a R$ 1,711. O intervalo de seis meses entre a última intervenção da autoridade monetária com swap cambial reverso e a realizada ontem se explica, segundo Lavieri, pelos impactos do cenário internacional nas moedas brasileira e americana. No segundo semestre de 2011, observou-se a valorização do dólar frente a uma cesta de moedas, já que os investidores passaram a procurar ativos mais seguros, como ouro e a divisa americana. Nesse período, o BC também estava preocupado com a trajetória da inflação, que dava pis- 1,0 1,711 0,5 0,0 23/FEV/2012 1,48 0,99 0,99 0,99 0,50 0,71 0,86 0,85 1,12 1,25 1,18 0,82 0,29 0,33 1,27 1,24 0,65 0,48 0,36 0,50 0,17 5/MAI 14/JAN 21/JAN 24/JAN 27/JAN 4/FEV 10/FEV 18/FEV 22/FEV 25/FEV 28/FEV 28/MAR 30/MAR 31/MAR 1/ABR 29/ABR 28/JUN 8/JUL 13/JUL 27/JUL 30/AGO 23/FEV 2009 2011 2012 Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 31 Marcela Beltrão Itaú reforça time de crédito sindicalizado O Itaú Unibanco contratou John Corcoran, do Banco UBS, para dirigir a área de captações sindicalizadas do banco em Nova York. Corcoran vai substituir Surat Maheshwari a partir de meados de março, disse Douglas Chen, diretor de distribuição internacional de renda fixa do Itaú. Os empréstimos sindicalizados são feitos por grupos de bancos para financiar grandes projetos, principalmente de infraestrutura, viabilizando a demanda de clientes por grande volume financeiro. FEVEREIRO Fluxo cambial está positivo em US$ 6,5 bi O saldo de entrada e saída de dólares no país (fluxo cambial) ficou positivo em US$ 6,520 bilhões em fevereiro, até o dia 17, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. O movimento foi puxado pelo fluxo decorrente de aplicações financeiras, que ficou positivo em US$ 4,128 bilhões. Também foi observada uma recuperação no saldo de operações comerciais, que somou US$ 2,392 milhões, resultado de US$ 12,293 bilhões em exportações e US$ 9,901 bilhões em importações. No acumulado do ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 13,803 bilhões. Já as reservas internacionais no BC atingiram US$ 354,393 bilhões neste mês, contra R$ 355,075 bilhões em janeiro. Investimento Estrangeiro Direto de janeiro atingiu US$ 5,43 bilhões, acima dos US$ 2,95 bilhões do mesmo mês de 2011 Por sua vez, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) de janeiro no Brasil atingiu US$ 5,43 bilhões, acima dos US$ 2,95 bilhões atingidos no mesmo mês do ano passado. A cifra, que representa a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo, foi inferior aos US$ 6,65 bilhões que ingressaram em dezembro como IED. Os ingressos líquidos em participação no capital de empresas no país atingiram US$ 5 bilhões, enquanto os empréstimos intercompanhias somaram US$ 407 milhões. Neste ano, a projeção do BC é que o IED acumule US$ 50 bilhões, uma desaceleração frente ao recorde de US$ 66,7 bilhões registrado em 2011. Para os economistas, a expectativa é que o fluxo continue em ritmo acelerado nos próximos meses. “Apesar do fluxo ter ficado negativo na terceira semana, continua muito forte. É possível que outras companhias façam captações em dólar, na esteira do Bradesco e de outras empresas”, acredita Maurício Nakahodo, economista-chefe da CM Capital Markets. ■ AGENDA ● Pela manhã, Serasa Experian divulga sua medição para o PIB mensal brasileiro. ● Às 8h, sondagem do consumidor no Brasil. ● Nos Estados Unidos, às 12h55, confiança do consumidor e vendas de imóveis residenciais. Demanda faz Bradesco dobrar captação e reduzir taxa de bônus Interesse dos investidores chegou a US$ 7 bilhões e, com oportunidade de captar mais barato que o previsto, banco brasileiro levantou US$ 1 bilhão ao invés dos US$ 500 milhões previstos Adriano Machado/Bloomberg Ana Paula Ribeiro [email protected] O Bradesco conseguiu levantar mais US$ 1 bilhão no mercado externo em operação finalizada ontem. Inicialmente, a instituição ia emitir US$ 500 milhões em títulos de dívida com vencimento em 10 anos. No entanto, a forte demanda dos investidores, que chegou a US$ 7 bilhões, fez a oferta inicial do banco dobrar. Além da demanda permitir o acesso a um volume maior de recursos, o Bradesco também pagará menos aos investidores graças ao interesse extra. Inicialmente, a taxa de retorno (“yield”) para os compradores desse papel seria próxima de 6%, mas foi possível oferecer 5,75%. A operação foi coordenada pelos bancos Bradesco BBI, BB Securities, BNP Paribas, Bank of America, JPMorgan e Standard Chartered. O diretor do Bradesco BBI, Renato Ejnismam, afirma que a distribuição da oferta foi diversificada não só em termos geográficos mas também em relação ao tipo de investidor, com a participação de fundos de pensão, private bankings, entre outros. “Tivemos uma demanda considerável pelo bom momento do banco e também do Brasil e por isso o prêmio pago foi bem interessante”, diz o executivo. As empresas brasileiras consideradas de bom risco de crédito e já com um histórico de emissões no exterior têm conseguido demanda significativa nas operações neste ano. A Petrobras, por exemplo, captou US$ 7 bilhões no início do mês em uma operação cuja a demanda chegou aos US$ 25 bilhões. Desde o início do ano já foram emitidos cerca de US$ 18 bilhões em títulos externos, incluindo aí a captação de US$ 900 milhões realizada pelo Tesouro. O próprio Bradesco já havia testado o mercado externo neste ano, com uma operação em que levantou US$ 750 milhões com a emissão de títulos de dívida com vencimento em cinco anos. Mas a garantia de demanda não se repete para todas as empresas brasileiras. Aquelas consideradas de maior risco, mesmo pagando mais juros aos investidores, não estão conseguin- Em janeiro, banco já havia captado US$ 750 milhões pelo prazo de cinco anos Companhias com bom risco de crédito e histórico de emissões no exterior têm conseguido boa demanda por parte dos investidores estrangeiros do finalizar suas operações. O caso mais recente é o da Gol, que cancelou esta semana uma oferta de títulos no exterior. Empresas menos conhecidas entre os investidores estrangeiros também não conseguiram sucesso, como o Grupo Farias, de açúcar e álcool, e o frigorífico Rodopa. Segundo Ejnismam, há liquidez no mercado externo, mas os investidores estão muito criteriosos. “O investidor está ainda mais seletivo. Ele faz uma análise criteriosa da oferta e se é um emissor novo, a análise é ainda maior”, explica ele, acrescentando que em alguns casos o prêmio pedido pode ser tão elevado que a empresa emissora desiste da oferta. Reforço no capital Por ser uma dívida subordina- ■ INÍCIO Proposta inicial do Bradesco era emitir US$ 500mi ■ INTERESSE Demanda dos investidores pelos papéis chegou a US$ 7 bi da, o valor captado pelo Bradesco ajudará a elevar a base de capital do banco. “Esta emissão deve resultar em pequeno aumento do índice de capital regulatório do Bradesco, apoio adicional à projetada expansão da carteira de crédito em 2012”, avalia a agência de avaliação de risco Fitch. Em dezembro, o índice de Basileia do banco era de 15,1%, acima do mínimo de 11% exigidos pelo Banco Central. Esse indicador mostra a capacidade do banco em expandir a suas operações em relação ao seu patrimônio referência, que é formado por capital de dois níveis. O de “nível um”, como retenção de lucro e ações, e o de “nível dois”, que pode ser composto por dívidas subordinadas após autorização prévia do BC. ■ ■ FINAL Os títulos pagarão ao investidor taxa de 5,75% a.a. 32 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 FATO RELEVANTE Além de imóveis, Lopes e Brasil Brokers também sabem se vender Enquanto construtoras afundam em bolsa e lutam por resultados, imobiliárias têm resultados recordes Marcelo Justo/Folhapress MERCADO IMOBILIÁRIO Imobiliárias encontram fôlego operacional com venda de imóveis usados Desempenho de ações de imobiliárias LOPES BRASIL (LPSB3), EM R$ 48,0 38,58 38,7 36,11 29,4 20,1 30/DEZ 2010 23/FEV 2012 BR BROKERS (BBRK3), EM R$ 10,6 9,35 8,4 7,46 Vanessa Correia [email protected] O desaquecimento nas vendas de imóveis novos não deve afetar as imobiliárias, que aos poucos voltam sua atenção para o que era o patinho feio dos negócios: os imóveis usados. É ao crescimento de dois dígitos desse segmento que os analistas creditam perspectivas positivas nos balanços financeiros da Lopes e da Brasil Brokers e, consequentemente, impacto nas ações em bolsa. Enquanto o Índice Imobiliário (Imob), composto principalmente por incorporadoras, apresenta avanço de 22,43% este ano depois de ter apanhado 27,70% no ano passado, as duas únicas imobiliárias listadas na bolsa brasileira mantêm ritmo acelerado. A Lopes já avançou 38,88% este ano e a Brasil Brokers, 33,69%. No ano passado, a Lopes registrou recorde histórico de vendas, segundo a prévia operacional. Foram R$ 18,2 bilhões, 16% acima de 2010. Em unidades, a empresa contabilizou crescimento de 12%, com 63,1 mil unidades vendidas. Para Luiz Maurício Garcia, analista da Bradesco Corretora, os papéis das imobiliárias são menos relevantes dentro do setor de construção civil, mas se apresentam como alternativa. “As imobiliárias oferecem potencial de crescimento menor quando comparadas às demais empresas do setor, porém embutem risco menor uma vez que não estão envolvidas em possíveis preocupações quanto à execução dos projetos”, exemplifica. Ainda de Para o analista da Bradesco Corretora, papéis de imobiliárias são menos relevantes dentro do setor de construção civil, mas se apresentam como alternativa às construtoras e incorporadoras acordo com o analista, por terem baixa necessidade de capital de giro, são consideradas boas pagadoras de dividendos. As ações também devem se beneficiar em um cenário no qual o repasse de preços feito pelas construtoras é benéfico às incorporadoras, uma vez que sua comissão também será elevada. “Por outro lado, a grande oportunidade de expansão está segmento de imóveis usados, que representa 60% de todo o mercado imobiliário, mas que responde entre 15% a 22% dos imóvel vendidos”, completa. Entre as ações da Lopes e Brasil Brokers, Garcia prefere a segunda “por apresentarem desconto em relação à principal concorrente listada em bolsa”. O preço-alvo para as ações da Lopes é de R$ 37,40 para o final deste ano, ante cotação atual de R$ 36,11, enquanto o preço-alvo para os papéis da Brasil Brokers é de R$ 9,40, hoje cotada a R$ 7,46. Já Esteban Polidura, analista do Deutsche Bank, tem preferência pelas ações da Lopes dada a plataforma para desenvolver o mercado secundário em parceria com o Itaú Unibanco e a CrediPronto. No ano passado, a joint venture assinada entre a Lopes e o Itaú financiou R$ 1,3 bilhão, expansão de 118% em relação a 2010, segundo a prévia operacional da companhia. “O mercado ainda não reconheceu o valor que a CrediPronto tem. Além disso, a Lopes tem um dos maiores retornos sobre o patrimônio (ROE) do mercado de construção civil e tem potencial para produzir o fluxo de caixa livre positivo em breve”, ressalta. O preço-alvo do Deutsche para os papéis da Brasil Brokers é de R$ 7,20, com recomendação de manutenção, e de R$ 38,00 para os da Lopes, com recomendação de compra. Para as ações da Lopes, o analista aponta R$ 38, sendo R$ 30,00 referente à Lopes e R$ 8,00 à CrediPronto. Para Brasil Brokers, o analista do Deutsche considera forte crescimento nos próximos três anos, mas dependência de acordos com parceiro financeiro. “O potencial de renegociação do acordo de geração de financiamento imobiliário com o HSBC poderá resultar em termos menos vantajosos do que os assumidos atualmente”, diz. ■ 6,2 4,0 30/DEZ 2010 23/FEV 2012 IMOB, EM PONTOS 1.100 1.036 940 917 780 620 30/DEZ 2010 23/FEV 2012 Fontes: Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 33 MERCADO Chris Ratcliffe/Bloomberg Qualicorp tem impacto de oferta secundária Os acionistas controladores da Qualicorp — fundos BHCS FIP e L2 FIP — querem vender suas ações, em uma oferta secundária. Por trás dos fundos estão o grupo de investimentos Carlyle Group e o fundador da empresa, José Seripieri Filho, o que fez os demais acionistas e os analistas não gostarem do comunicado e as ações chegaram a despencar quase 6% ontem. “E é uma grande quantidade de ações vindo ao mercado”, diz João Carlos dos Santos, analista do BTG Pactual. BOLSAS COMMODITIES Terceira queda seguida na Europa Petróleo mantém escalada de alta Revisão de ritmo econômico para a Zona do Euro pesou sobretudo nas ações do setor automotivo, mais dependente da demanda regional O preço do petróleo do tipo Brent, negociado na bolsa de Londres, atingiu um novo recorde ontem, em euros, devido à pressão entre o mercado do Irã e os Estados Unidos. Referência para o mercado europeu de petróleo cru e para a maioria das cotações em outras praças mundiais, o Brent futuro atingiu ¤ 93,60 por barril na sessão, excedendo o recorde anterior na moeda local de ¤ 93,46, atingido em 3 de julho de 2008. Em dólares, a cotação do contrato de Brent para abril subiu 0,2%, a US$ 123,14 o barril — depois de atingir US$ 124,50 na sessão. A cotação aumentou ainda mais a pressão sobre um mercado cuja economia luta para retomar fôlego — e no mesmo dia de revisão de perspectiva econômica pela União Europeia, que fez os índices acionários afundarem. O alto custo do barril pode ser mais um empecilho para As ações europeias caíram ontem pela terceira sessão consecutiva, sentindo o peso de projeções negativas de crescimento econômico para a Zona do Euro e resultados considerados fracos de alguns bancos regionais. A estimativa da União Europeia é de uma retração de 0,3% na economia do bloco, ante previsão anterior de crescimento de 0,5% — apontando um cenário difícil para os lucros corporativos, ao mesmo tempo em que o governo tenta reduzir custos. As ações do setor automotivo, que estão pesadamente expostas à demanda doméstica, foram as mais pressionadas na sessão ontem, com queda de 1,7%. Ainda assim os papéis do setor acumulam alta de 30% no ano, conforme o índice setorial Stoxx 600. Da ponta de resultados e perspectivas corporativas, um cenário pouco animador para o Commerzbank e o Credit Agricole derrubaram as ações — o primeiro caiu 6,3% e o segundo, 4%, depois de perdas recordes de suas holdings com dívida grega e o aviso ao mercado de que dias duros virão pela frente. O banco de investimento francês Natixis chamou atenção durante a sessão pelo com- “ A bolsa tem se beneficiado dessa expectativa de juros mais baixos nas últimas semanas, mas agora parece que está havendo uma correção depois que o IPC-S saiu Luciano Rostagno Estrategista-chefe do Banco WestLB portamento oposto — disparou com uma redução menor que a esperada no lucro do último trimestre. Bolsa brasileira O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, acompanhou o dia de mau hu- Pressão do Irã continua refletida no preço bem como dados nos EUA mor externo, e fechou em queda de 0,41%, aos 65.819 pontos. Durante boa parte do dia, o índice esteve em alta, mas reverteu tendência após o IPC-S divulgado hoje ficar acima das expectativas. Na mínima do dia, o índice chegou a cair 0,8%. “A bolsa tem se beneficiado dessa expectativa de juros mais baixos nas últimas semanas, mas agora parece que está havendo uma correção depois que o IPC-S saiu”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil SA, à Bloomberg. Na contramão, as bolsas americanas subiram após o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos dizer que o número de pedidos de seguro-desemprego se manteve em 351 mil na semana encerrada em 18 de fevereiro, no menor nível desde março de 2008. A mediana das projeções de 47 economistas consultados pela Bloomberg apontava para 355 mil pedidos. A confiança do investidor na Alemanha aumentou para o nível mais elevado em sete meses. O índice Ifo de sentimento de negócios subiu para 109,6, ante estimativa mediana de 108,8 em pesquisa Bloomberg e 108,3 no mês anterior. ■ JUROS Taxas avançam pelo segundo dia consecutivo Inflação e dados de geração de emprego dificultam redução da Selic mercados que já estão com estrangulamento financeiro. “Essa alta recorde está criando um impacto psicológico e pode afetar a demanda na Europa”, considera James Zhang, economista do Standard Bank. Impulso americano No mercado americano, a cotação do barril também subiu, pela sexta sessão seguida, depois que o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos reportou que os pedidos de seguro desemprego mostram maior estabilidade. “O índice de confiança na Alemanha e outros dados positivos deram razão ao mercado para operar com otimismo”, disse Tom Bentz, diretor da corretora do BNP Paribas em Nova York. O contrato de petróleo WTI, negociado em Nova York, para abril subiu 1,5%, para US$ 107,83 o barril. No ano passado, acumulou alta de 9,9%. ■ Agências CÂMBIO Euro sobe com confiança alemã Índice que sonda perspectiva de negócios faz moeda avançar 0,7% O euro avançou ontem para o maior nível em 10 semanas contra o dólar depois que o índice de confiança de negócios na Alemanha subiu para o maior patamar em sete meses, considerando que a crise de dívida da região está caminhando para uma resolução. Por outro lado, ajudou na queda do dólar a notícia de que a taxa de pedidos de seguro desemprego está desacelerando — ficou no menos nível em quatro anos. O iene subiu ante o dólar após a venda de títulos do Tesouro com prazo de sete anos encontrarem maior demanda do que o esperado. O euro subiu 0,7% para US$ 1,334. A moeda comum da região foi negociada acima do tíquete médio dos últimos 100 dias, de US$ 1,331. No Brasil, a moeda americana fechou a R$ 1,713, com intervenções do Banco Central para segurar a cotação. ■ MOEDA ÚNICA Euro ganha fôlego contra dólar americano, em US$/¤ Os juros nos mercados futuros subiram pelo segundo dia após dados de inflação e de geração de emprego divulgados hoje superarem as estimativas, o que poderia reduzir espaço para o Banco Central cortar juros. A economia brasileira criou 118.895 empregos com carteira assinada em janeiro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A projeção mediana de 19 econo- mistas consultados pela Bloomberg indicava geração de 100 mil postos de trabalho. O dado de emprego ajuda a pressionar os juros juntamente com a alta da inflação, disse Maristella Ansanelli, economista- chefe do Banco Fibra AS, em entrevista por telefone de São Paulo. “O dado veio um pouco mais forte.” Segundo Ansanelli, o aumento do emprego em janeiro é “sazonal” e não deve impedir o Banco Central de cortar a taxa básica para até 9% este ano. Os juros futuros subiram ontem com a alta do petróleo contrabalançando os sinais de desaceleração econômica na Europa e a queda da estimativa de inflação do mercado mostrada em pesquisa do Banco Central. O DI Janeiro 2014, o mais negociado com um giro de R$ 15,11 bilhões, fechou a 9,68 % ao ano. O segundo com maior movimento, o Janeiro 2013, apontou taxa 9,24 % ao ano. ■ Bloomberg 1,490 1,444 1,398 1,352 1,3741 1,3284 1,306 1,260 23/FEV/2011 23.MAR 25/ABR 23.MAI 24/JUN 22.JUL 23/AGO 23.SET 24/OUT 23.NOV 23/DEZ 23.JA23 23/FEV/2012 23 Fontes: BC e Brasil Econômico 34 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 FINANÇAS PESSOAIS VIAJAR Etiqueta cultural para evitar gafes e facilitar negócios Cursos especializados e viagens a lazer dão lições cotidianas a quem lida com executivos estrangeiros Marília Almeida [email protected] Chegar cinco minutos atrasado para uma reunião com executivos alemães pode colocar tudo a perder em uma negociação. Por outro lado, aceitar o convite para um jantar de um executivo chinês e aproveitar a ocasião para criar laços de confiança podem decidir a assinatura de um contrato. Conhecer algumas características da cultura do país onde serão realizadas transações para evitar constrangimentos e estimular a relação comercial têm ganhado cada vez mais a atenção de executivos e corporações. Com objetivo de treiná-los para encarar situações como as listadas acima, que podem impulsionar ou prejudicar o andamento dos negócios em outro país, instituições de educação já oferecem treinamento cross cultural para profissionais — ou, em bom português, cruzamento de culturas. São cursos rápidos tanto para quem será transferido para outro país com a família, quanto executivos que viajam para fechar negócios no exterior ou têm contato constante com clientes ou parceiros alocados em outro país. Os cursos da escola de idiomas Berlitz para gestores globais duram, em média, dois dias. A diretora de relações corporativas Silvia Freitas aponta que cada vez mais empresas multinacionais têm exportado executivos brasileiros para outro país por sua facilidade de adaptação e flexibilidade. “O treinamento prepara o profissional para encarar situações ligadas ao cotidiano corporativo. Primeiro, verificamos para qual país o executivo está indo”, explica a executiva da Berlitz. “A partir daí, montamos um cronograma que passa por características do processo de negociação e diversos níveis que tratam especificamente sobre a cultura do país para onde irá viajar. Acreditamos que não adianta entender o idioma se não entender as diferenças culturais envolvidas no negócio.” A questão cultural é tão importante que é um dos itens considerados na hora da contratação no escritório de advocacia Tozzini Freire, que tem negócios no exterior e opta por advogados descendentes da nacionalidade onde serão realizados os negócios, que conheçam tanto a língua como a cultura do país. Além de dicas sobre como se comportar para que a relação seja harmoniosa e não afete os negócios, os cursos também abordam dicas de etiquetas, que evitam situações constrangedoras. Por exemplo, recusar a cabeça de um peixe ao fechar um negócio durante um banquete na China pode ser um problema. “É um gesto honroso. A saída pode ser oferecer o alimento para um empresário da nacionalidade que teve um papel importante durante a reunião. O gesto deve ser seguido por um belo discurso”, aponta Ling Wang, consultora da W!N Education Business Support, que tem um programa de imersão na China. Uma das confusões comuns são sorrisos e concordâncias durante uma negociação. “Orientais costumam evitar conflitos e dizem sim, mas não significa que estão concordando”, destaca Wang. ■ VIVÊNCIA Henrique Manreza O arquiteto Fernando Brandão se prepara para montar um escritório na China Na China, bom negócio merece brinde O arquiteto Fernando Brandão, 51 anos, foi um dos expositores do Pavilhão Brasileiro na feira de projetos sustentáveis Expo Shanghai, realizada em 2010 na China. A participação no evento rendeu frutos e agora ele se prepara para lecionar em uma universidade de Pequim e montar um escritório no país. Ele conta que pesquisou muito sobre o comportamento dos novos parceiros de negócios e percebeu que o brasileiro tem um comportamento muito informal perante o modo de agir protocolar dos orientais. “Eles viram essa diferença como positiva e levaram numa boa. Mas percebi que não gostam mesmo é de ser contra-argumentado”, aponta Brandão. Isso foi um problema para o arquiteto, que tinha o costume de ter uma mesa de reunião especialmente para resolver conflitos em seu escritório. “Tive que me adaptar. Quando vamos para a mesa, geralmente os conflitos já estão resolvidos. A solução é articular nos bastidores e resolver os problemas antes e com cada um dos envolvidos.” Brandão também cita situações cotidianas, nas quais o empresário brasileiro é obrigado a “dar um jeitinho” para não cometer gafes. “Eles costumam comemorar negócios fazendo um brinde, mas os participantes têm que virar o copo. Se bobear, você fica ‘de fogo’ rapidinho.” A dica de Brandão é priorizar o respeito pela cultura do país e ter a mente aberta para mudanças. “Acabei me relacionando bem. Eles são divertidos e alegres. Se você os respeita, te respeitam e, se do respeito não surgir confiança, não tem negócio.” ■ M.A. FRANÇA ÍNDIA DIFERENÇAS CULTURAIS Cuidados na hora de negociar com executivos de outras nacionalidades JAPÃO CHINA Dê seu cartão de visitas com as duas mãos. É um sinal de respeito e deferência Fontes: Berlitz e especialistas ALEMANHA O minuto de silêncio após a exposição da proposta não significa desaprovação, mas um momento de reflexão. Não o interrompa Presentes que contenham unidades em número par são malvistos, assim como aqueles que sugerem ligações pessoais, como oferecer rosas vermelhas Após o brinde, beba ao menos um pouco do vinho antes de repousar o copo na mesa Evite mostrar objetos de couro ou mencionar carne bovina. A vaca é sagrada no país Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 35 Adriano Machado/Bloomberg FundosdoCredit atingem6,4%daEquatorial A Equatorial Energia comunicou ao mercado, por meio de documento publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que investidores não residentes e fundos de investimento geridos pela Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) atingiram a participação relevante de 6,39% do total de ações ordinárias emitidas pela companhia, equivalente a 6.980.900 de papéis dessa espécie. A CSHG informa que não pretende, com a aquisição, alterar a composição do controle. HOME BROKER (fechamento em R$) Vale PNA (VALE5) 50,50 50,500000 46,85 46,850000 50,00 Para analistas, a expectativa para o setor de construção civil é de metas mais conservadoras 44,00 43,20 43,200001 42,80 41,50 40,80 39,55 35,90 39,550001 35,900002 31/OUT EzTec e PDG são apostas da Planner Suporte/stop Resistência 1/DEZ Objetivo 2/JAN 30/JAN 23/FEV Fontes: Leandro Martins, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico Vale segue rumo a resistência em R$ 44 Os papéis preferenciais da Vale (VALE5) registraram um bom desempenho durante o pregão de ontem. Com ganhos de 1,95%, as ações fecharam cotadas ao valor de R$ 42,80. E esse desempenho segundo Leandro Martins, da Walpires Corretora pode fazer com que a empresa rompa a resistência (ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento de alta da ação) em breve. “Acredito que na próxima semana, caso o mercado ajude, os papéis consigam atingir a resistência em R$ 44.” De acordo com o analista-chefe se houver o rompimento, os papéis seguem rumo ao objetivo de médio/longo prazo em R$ 50. Já caso isso não ocorra, Martins alerta para o ponto de suporte (patamar que, se perdido, aponta para uma chance de queda em sequência) em R$ 41,50, que também aparece como ponto de stop. Segundo ele, a análise do papel mostra uma figura de bandeira, em que ocorre uma correção saudável após uma impulsão de alta. Recentemente, a Vale comunicou ao mercado que registrou lucro líquido recorde em 2011, ao totalizar US$ 22,885 bilhões, equivalente a US$ 4,36 por ação. Ainda no período, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em US$ 33,759 bilhões. Para este ano, a expectativa de investimento da mineradora é de R$ 21,4 bilhões, tendo como foco a implementação de diversos projetos. No ano, os papéis registram ganhos de 13,17%. Rafael Palmeiras Após um expressivo crescimento no financiamento imobiliário em 2011, a expectativa é de um menor ritmo neste primeiro trimestre de 2012, pelo menos nas empresas listadas em bolsa. “O aumento do custo de construção e menor ritmo de negócios deverão ainda causar alguma pressão sobre as margens das empresas”, ressalta a equipe de pesquisas da corretora Planner. Ontem, foi revelado que a inflação da construção, medida pelo Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M), subiu 0,42% em fevereiro. O resultado, no entanto, ficou abaixo do registrado no mês anterior, quando a taxa foi de 0,67%. Diante desse contexto, os analistas informam que “continuamos bastante seletivos nas recomendações do setor para este ano, sendo a EzTec e a PDG Realty nossas preferidas dentro do setor.” No pregão de ontem, os papéis da EzTec (EZTC3) caíram 0,84%, e fecharam a sessão cotados a R$ 20,05. No mesmo sentido, as ações da PDG (PDGR3) recuaram 2,52%, cotadas a R$ 7,73. ■ TWITTADAS “Lembram que o passarinho sugeriu ficar de olho em #SNSY5, pois bem, subiu né? Continue de olho...vai voar mais longe, bem mais” @bovespabrokers, Bovespa Brasil Ibov, investidor “Ditados da Bolsa: quando o Petróleo sobe, a baixa está próxima. Poucos setores da economia passam incólumes a uma alta do preço do óleo” @picapautrader, Picapau Trader, investidor “Impressiona a recuperação do emprego americano. Já venho falando isso há algum tempo. Enquanto o foco continua no euro, EUA reage” @chrinvestor, Christian Cayre, investidor ALL Cosan compra participação no grupo de logística. Acordo está sujeito à aprovação Corretora Concórdia reitera recomendação de compra para ações da ALL A corretora Concórdia considerou positiva para a ALL, a notícia da compra de participação na empresa pela Cosan. Segundo os analistas da corretora, o acordo demonstra que a Cosan vê um valor maior para a companhia (ALL), haja vista que ela pagou R$ 23 por ação, mais que o dobro da cotação de fechamento de quarta-feira. Conforme relatório da corretora, apesar de parecer pequeno o percentual de ações a serem adquiridas pela Cosan, ela representa cerca de 49% do Bloco de Controle da companhia, um dos motivos para um valor elevado pago por ação. Os analistas acreditam que outro motivo para o prêmio esteja relacionado à garantia da Cosan ter uma infraestrutura de transporte competitiva no longo prazo, visto que a ALL possui uma malha ferroviária bem posicionada para fazer frente ao crescimento do agronegócio no Brasil, inclusive da Cosan. A corretora reitera a recomendação de compra para a ALL, e que o preço alvo é de R$17,68 por ação. Na quarta, a ALL informou que dois de seus acionistas controladores assinaram um acordo com a Cosan para a venda de metade de suas participações na companhia. No total, a Cosan irá adquirir 38,980 milhões de ações da ALL por R$ 896,543 milhões. BRAZILIAN FINANCE GESTÃO BOLSA Fundo cria site para investidor Geração Futuro Banco Pine bonificará acionistas em março marca encontro O banco Pine informou ontem O custo fiscal atribuído às O Pine informa que a partir O Brazilian Capital Real Estate Fund (BC FUND), fundo de investimentos imobiliário com cotas comercializadas na bolsa, desenvolveu uma área de Relações com Investidores em seu site. Dentre outras ações, o endereço eletrônico é o que vem trazendo mais resultados ao aproximar os investidores e cotistas ao Fundo. Nele, é possível encontrar todos os serviços oferecidos pelas páginas de companhias abertas, a exemplo de áreas de central de resultados e alertas de RI. ■ No próximo dia 29 de fevereiro, quarta-feira, às 19h, a Geração Futuro promove a 29ª Reunião com a Gestão. O encontro será ministrado pelo sócio-diretor, Wagner Salaverry, que apresentará o desempenho e a composição dos principais fundos sob gestão da instituição, e também comentará as perspectivas do mercado acionário brasileiro em 2012. O encontro ocorrerá em São Paulo e a entrada é gratuita, porém as vagas são limitadas. Para participar, basta ligar para 2137.8888. ■ aos acionistas, em comunicado divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que o Banco Central homologou em 13 de fevereiro o aumento do capital social com parte do saldo das contas de reserva legal e estatutária em R$ 129,7 milhões. Por isso, foram emitidas 12,2 milhões de novas ações, sendo 6,4 milhões ordinárias e 5,8 milhões preferenciais, as quais serão distribuídas aos acionistas a título de bonificação, observada a proporção de 14,17 novas ações bonificadas para cada lote de 100 ações possuídas. ações bonificadas será de R$ 10,56 por ação. As sobras decorrentes das frações de ações serão vendidas na BM&FBovespa. O valor líquido apurado será disponibilizado aos acionistas detentores das eventuais frações e todas as informações relativas a tal procedimento serão ainda divulgadas. de 27 de fevereiro as ações serão negociadas “ex direito” à bonificação, que será pago em março. As ações a serem emitidas fazem jus à percepção integral de dividendos e juros sobre o capital próprio, distribuídos após a Assembleia Geral Extraordinária que aprovou a bonificação. ■ MAKRO ATACADISTA S.A. - CNPJ/MF 47.427.653/0001-15 - NIRE nº 35.300.114.060 - Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária - Ficam convidados os senhores acionistas da Companhia a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, que será realizada no dia 01 de março de 2012, às 14:00 horas, na sede social, situada na Rua Carlos Lisdegno Carlucci, 519, nesta Capital, para deliberarem sobre a seguinte “Ordem do Dia”: (a) eleição de membros do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo da sociedade. Os acionistas, seus representantes legais ou procuradores, para participarem da Assembleia ora convocada, deverão observar as disposições previstas no artigo 126 da Lei nº 6.404/76, conforme alterada. São Paulo, 17 de fevereiro de 2012. Gopi Krishna Agarwal - Membro do Conselho (22, 23, 24) de Administração e do Conselho Consultivo. 36 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 MUNDO Editor executivo: Gabriel de Sales [email protected] Ethan Miller/AFP Romney recupera favoritismo após debate Agressividade no debate da CNN ajudou Mitt Romney a recuperar pontos nas pesquisas Disputa republicana atinge o pico em março, quando 22 estados realizam votações — 10 deles no dia 6, a chamada “Super-Terça” Steve Holland Reuters, Mesa Mitt Romney parece estar retomando o favoritismo na disputa para ser o candidato republicano a presidente dos Estados Unidos, depois de uma boa atuação no debate de quarta-feira no Arizona e de avançar numa pesquisa em Michigan contra o concorrente conservador Rick Santorum. Agressivo, Romney colocou Santorum repetidamente na defensiva durante o debate da CNN, na noite de quarta-feira, e atacou o ex-senador por ter votado no Congresso a favor de vultosos gastos públicos. Ele também conseguiu assumir a liderança por uma estreita margem em uma nova pesquisa em Michigan, que realiza sua eleição primária no dia 28, junto com o Arizona. Há uma semana, Romney chegou a estar mais de 10 pontos percentuais atrás de Santorum em Michigan. O ritmo da disputa republicana se acelera fortemente no mês que vem, quando 22 Estados realizam suas votações - dez deles no dia 6, a chamada “Super-Terça”. “Esse debate vai realmente dar algum impulso a Romney até a primária de Michigan”, disse o estrategista republicano Ron Bonjean. “Santorum claramente estava tendo dificuldade por ter de pedir desculpas e explicar tantos dos seus votos no Senado.” Esse foi o primeiro debate em que Santorum estava na berlinda depois de vencer as disputas do dia 7 em Missouri, Minnesota e Colorado, e de assumir a liderança na maioria das pesquisas nacionais. Mas sua defesa às vezes atrapalhada da sua atuação no Senado, incluindo seu argumento de que a política é um “esporte coletivo”, e que às vezes ele precisava votar a favor de projetos que desgostava, pode afetar sua popularidade junto a conservadores cansados dos políticos de sempre. “Sempre há uma desculpa”, disse o pré-candidato Ron Paul “ Esse debate vai realmente dar algum impulso a Romney até a primária de Michigan, dia 28 Ron Bonjean Estrategista do Partido Republicano após ouvir as várias explicações de Santorum. “Esse é o problema com Washington”, afirmou o deputado do Texas, que descreveu como “falso” o conservadorismo fiscal do rival. Desde o início da campanha, o moderado Romney é visto como o candidato a ser batido, e vários conservadores tentam aglutinar o voto anti-Romney. Uma vitória em Michigan seria crucial para ele, já que ele nasceu no Estado, onde seu pai foi um popular governador. Mitt Romney e Newt Gingrich apoiaram a ideia de armar a oposição síria na luta para derru- bar o presidente Bashar al-Assad, durante um debate realizado pela CNN. “Precisamos trabalhar com a Arábia Saudita e com a Turquia para dizer: ‘Vocês fornecem o tipo de armamento que é preciso para os rebeldes na Síria’”, disse o ex-governador de Massachussetts. Ao falar no debate, Gingrich disse que os aliados norte-americanos — os quais ele não nomeou — estavam secretamente ajudando a destruir o regime de Assad, e que havia armamento disponível na região para armar a oposição. ■ Colaborou Tim Gaynor Streeter Lecka/AFP Michael Jordan vai à Justiça contra empresa chinesa Michael Jordan: “usaram até o nome de meus filhos” A lenda do basquete Michael Jordan entrou com um processo na China contra uma empresa de material esportivo chinesa, acusando-a de usar seu nome sem autorização. A ex-estrela do Chicago Bulls disse que a Qiaodan Sports, empresa localizada na província de Fujian, no sul da China, construiu seu negócio em torno do nome em chinês e do número da camisa de Jordan sem sua permissão. “É extremamente decepcionante ver uma companhia construir um negócio a partir do meu nome em chinês sem a minha permissão, usar o número 23 e até tentar usar o nome dos meus filhos”, disse Jordan em comunicado. “Esta queixa não é sobre dinheiro. É sobre princípios e sobre proteger o meu nome”, completou. Jordan é conhecido como Qiaodan na China, país louco por basquete e que possui a sua própria superstrela no esporte, Yao Ming. O nome foi registrado pela Qiaodan Sports, afirmou o comunicado. O texto não especificou que tipo de compensação Jordan pedia à empresa. “Qiaodan é uma marca registrada na legislação chinesa por nossa companhia e o uso legítimo da marca é protegido”, afirmou a Qiaodan Sports em comentários por e-mail. Nos últimos anos, a empresa se tornou parceira olímpica da Mongólia, do Cazaquistão e do Turcomenistão. Em 2010, tornou-se o parceiro oficial da Federação Internacional de Basquete (Fiba). ■ Reuters Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 37 Carl Court/AFP Autora de Harry Potter escreve para adultos A escritora J.K. Rowling voltará ao mundo das editoras com um novo livro para adultos ainda sem título, disse a própria Rowling em um comunicado. A escritora, cujas histórias sobre o mágico adolescente se tornaram best-sellers e inspiraram uma série de filmes de sucesso, disse que o novo romance será “muito diferente” dos livros que a tornaram famosa. “A liberdade de explorar um novo território é um presente que o sucesso de Harry me deu”, afirmou. AFP REELEIÇÃO Kevin Lamarque/Reuters Bill Gates defende revolução digital para combater a fome Alessandro Bianchi /Reuters Fundador da Microsoft acredita que será possível triplicar a produção de alimentos em 20 anos Dario Thuburn AFP, Roma Obama tenta garantir os votos dos hispânicos Matt Spetalnick Reuters O presidente americano, Barack Obama, confiante de que conseguirá se reeleger em novembro, disse a uma plateia de hispânicos que usará o segundo mandato para buscar uma reforma imigratória abrangente. “Minha presidência não acabou”, disse Obama em entrevista à Univisión Radio, quando questionado sobre seu fracasso até o momento para avançar com uma lei de imigração. “Tenho mais cinco anos à frente. Vamos fazer isso.” Obama busca suporte dos eleitores hispânicos, cujo forte apoio o ajudou a vencer as eleições presidenciais de 2008. Mas algumas pessoas da comunidade latina estão descontentes com a falta de progresso em direção à revisão do sistema imigratório. Em entrevista transmitida um dia antes de sua visita à Flórida, um reduto eleitoral com imensa população hispânica, ele tentou garantir aos latinos que está comprometido com a aprovação de uma reforma imigratória mais ampla. O presidente dos EUA rejeitou as sugestões de que não cumpriu uma promessa de campanha e colocou a culpa sobre os republicanos no Congresso que estavam “relutantes em conversar sobre quaisquer soluções para o tema.” “Até agora, não vimos nenhum pré-candidato republicano apoiar uma reforma imigratória”, disse, tendo em vista seus adversários potenciais na eleição 6 de novembro. A Casa Branca espera que as posições mais conservadoras de pré-candidatos republicanos sobre imigração ilegal e controle de fronteira ajudem Obama com os eleitores hispânicos em Estados importantes, como Flórida, Nevada e Colorado. ■ O fundador da Microsoft, Bill Gates, convocou uma “revolução digital” para aliviar a fome no mundo através do aumento da produtividade na agricultura com a utilização de satélites e variedades de sementes manipuladas geneticamente. “Precisamos pensar a sério sobre como começar a tirar vantagem da revolução digital que está levando inovação, inclusive, às fazendas”, afirmou o bilionário filantropo americano em um discurso na agência de pobreza rural da ONU, a IFAD, em Roma. “Se você se importa com a pobreza, você se importa com a agricultura. Acreditamos que é possível para pequenos agricultores dobrarem e, em alguns casos, triplicarem sua produção nos próximos 20 anos preservando a terra”, afirmou Gates. Ele deu como exemplo de inovação a manipulação genética que permite que produtores de mandioca na África prevejam como suas mudas vão se desenvol- Gates: “Gostaria que os operadores de Wall Street fossem trabalhar com milho” Gates disse que o atual sistema da ONU de ajuda para a agricultura está ultrapassado e é ineficiente ver, diminuindo o tempo que leva para uma nova variedade crescer. Outro desenvolvimento-chave é o uso de tecnologia de satélite desenvolvida por departamentos de Defesa para documentar dados sobre terras, assim como vídeos informativos de agricultores discutindo as melhores práticas para ajudar os outros. “Se não fizermos isso, vamos ter uma exclusão digital na agricultura”, afirmou. Gates também defendeu a utilização de organismos modificados geneticamente (GMOs) no mundo em desenvolvimento e investimentos de longa-escala em terras cultiváveis realizados por estados estrangeiros no mundo em desenvolvimento ambos temas muito controversos na comunidade de ajuda. Quando perguntado sobre a necessidade de reformas mais amplas no capitalismo para aju- dar os pobres, Gates disse: “Como você se livra dos excessos, incluindo as pessoas de finanças que recebem estes enormes salários, sem ferir as coisas benéficas?” E acrescentou: “Gostaria que operadores de Wall Street fossem embora... e trabalhassem com milho e utilizassem seus modelos matemáticos para olhar para o fenótipo versus genótipo. É claramente imperfeito, mas é o melhor sistema que temos.” ■ Samantha Sin/AFP ARTE CHINESA OartistachinêsZhang Daqian(1899-1983),autor deA Fragrância da Flor de LotusapósaChuva,ocupou oprimeirolugarnalistade leilõesmundiaisdearteem 2011,destronandoPablo Picasso,relegadoaoquarto lugar,atrásdeoutrochinês, QiBaishi,edoamericano AndyWarhol,anunciou aArtprice.“AChina,que passouaocuparoprimeiro lugarnosleilõesdeobra dearteapartirde2010, colocouem2011doisde seusartistasnaliderança daclassificaçãoanualde artistaselaboradapela Artprice”,afirmouThierry Ehrmann,presidenteda empresaespecializada emdadossobreomercado mundialdearte. AFP 38 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 24, 25, e 26 de fevereiro, 2012 MUNDO Mohamad Torokman/Reuters “IMPUNIDADE” IMPASSE Irã responsabiliza Israel pelo assassinato de cientistas nucleares em Teerã Presidente palestino e Hamas adiam as negociações sobre um governo unificado O Irã “sofreu ações terroristas que incluíram a morte de vários cientistas nucleares com o apoio tácito, porém explícito, do regime israelense a grupos terroristas”, afirmou o embaixador iraniano na ONU, Mohammad Khazaee. Em uma declaração dirigida ao Conselho de Segurança da ONU, o diplomata afirmou que Israel “foi autorizado a cometer esses crimes com toda a impunidade.” AFP De acordo com um integrante do partido de Mahmud Abbas as negociações foram adiadas “porque o Hamas continua a impedir que a comissão eleitoral registre eleitores em Gaza”, o território palestino governado pelo grupo islâmico. Representantes dos dois grupos reuniram-se várias vezes para acabar com o impasse, depois que o Hamas expulsou violentamente o Fatah de Gaza em 2007. AFP Síria intensifica os ataques a rebeldes Bulent Kilic/AFP Morte de jornalistas foi assassinato, reage o presidente francês, Nicolas Sarkozy A morte da jornalista americana Marie Colvin e do francês Rémi Ochlik, na quarta-feira, vitimados por um bombardeio da cidade rebelde síria de Homs, é um “assassinato”, considerou o presidente francês, Nicolas Sarkozy durante uma viagem de campanha a Tourcoing. “Aqueles que fizeram isso deveriam prestar contas”, disse o presidente, acrescentando: “Graças à globalização, não podemos mais assassinar em silêncio absoluto”. “Eu vi as imagens (...) há uma disposição em bombardear um lugar onde há jornalistas”, ressaltou. Em Homs existe incerteza sobre o destino dos corpos dos dois jornalistas. Também há poucas informações sobre outros jornalistas feridos, como a francesa Edith Bouvier. A situa- ção no país piora a cada dia diante do impasse da comunidade internacional sobre os meios para resolver a crise. O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos anunciou que dispõe de uma lista confidencial de autoridades políticas e militares suspeitas de estarem ligadas a crimes contra a Humanidade. Pelo 20º dia consecutivo, bairros de Homs foram violentamente bombardeados, principalmente Baba Amr, que sofreu com explosões “aterrorizantes”, segundo os militantes. “Nós lançamos um último grito de angústia. As pessoas, se não forem mortas nos bombardeios, vão morrer de fome e sede”, afirmou à AFP Omar Chaker, um militante. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) tenta se comuni- Sírios carregam o corpo de jovem morto pelas forças de segurança em Idlib, nordeste do país O edifício onde estavam os jornalistas foi deliberadamente atingido, depois que os aviões captaram sinais de transmissão car com seus contatos em Homs, mas “como os bombardeios são particularmente intensos, ninguém consegue subir no telhado para utilizar telefones via satélite”, explicou um porta-voz. O regime sírio negou qual- quer responsabilidade no caso, justificando que os dois jornalistas assumiram os riscos ao entrarem clandestinamente no país. A violência já causou a morte de pelo menos 7.600 pessoas, a maioria civis, em pouco mais de 11 meses de contestação. ■ AFP Reuters Mais de 60 mortos no Iraque Os atentados visavam bairros xiitas e forças de segurança, alvos frequentes de insurgentes sunitas Bairros xiitas e agentes policiais são os alvos preferidos dos insurgentes Ataques simultâneos no início da manhã ontem em alvos predominantemente xiitas em todo o Iraque mataram ao menos 60 pessoas e feriram dezenas em um dos dias mais violentos desde que as tropas norte-americanas se retiraram do país em meados de dezembro. Os ataques, que aparentemente tinham de lados opostos insurgentes muçulmanos sunitas ligados à Al Qaeda contra xiitas, levantaram temores de um retorno da matança disseminada que custou milhares de vidas em 2006 e 2007. A violência pôs fim a semanas de relativa calma, quando o primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki, e os líderes sunitas buscaram resolver a crise política que ameaçava desfazer o acordo de divisão de forças no governo depois da retirada norte-americana. Pelo menos 32 pessoas morre- ram em explosões em Bagdá, onde 10 bombas foram detonadas em bairros de maioria xiita durante a hora do rush, enquanto outros ataques tiveram por alvo patrulhas policiais, trabalhadores e pessoas aglomeradas em áreas comerciais. Mais de uma dezena de explosões e ataques atingiram outras cidades do Iraque, de Mosul no norte até Hilla no sul, muitos atingindo policiais. A violência visava bairros xiitas e forças de segurança. ■ Kareem Raheem, Reuters Enrique Marcarian/Reuters Argentina debate transportes Oposição e central sindical pedem fim da concessão à Trens de Buenos Aires (TBA) A polêmica sobre a qualidade do serviço ferroviário começou a pegar fogo em uma Argentina comovida com a colisão de um trem que deixou 50 mortos e 703 feridos. “Realizamos um relatório em 2008 sobre deficiências da ferrovia Sarmiento. A situação era desastrosa e o sistema de freios, péssimo”, disse Leandro Despouy, chefe da Auditoria Geral da Nação (AGN), cargo público de controle reservado à oposição. “Desde então (2008) não mudou muito (o serviço). O Estado não agiu nem aplicou sanções graves. A Trens de Buenos Aires (TBA, empresa concessionária) já protagonizou vários incidentes”, disse Despouy. Em uma declaração que mereceu uma enxurrada de réplicas no Twitter, o secretário de Transportes do governo federal, Juan Pablo Schiavi, afirmou que, se o acidente “tivesse ocor- rido na terça-feira (feriado), teria sido uma coisa menor”. A opositora União Cívica Radical (UCR, social-democrata), segunda força parlamentar, pediu em um comunicado que Schiavi se explique imediatamente no Congresso para que responda pelo trágico acidente. Despouy, junto com outras forças da oposição e com a central trabalhista governista CGT, exigiram também que o governo ponha fim à concessão dada à TBA. ■ Daniel Merolla, AFP Acidente de trem em Buenos Aires deixou 50 mortos e 703 feridos Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de fevereiro, 2012 Brasil Econômico 39 PONTO FINAL Itália e Espanha descartam tensão social O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, concordaram ontem em Roma sobre a necessidade de adotar medidas que impulsionem o crescimento econômico após os duros cortes aplicados, e acreditam na “maturidade” e “sensatez” da população para evitar a tensão social. “Falamos de nossas respectivas experiências no campo das reformas para conseguir que a economia seja mais dinâmica", explicou Monti ao fim de uma reunião de mais de uma hora com o dirigente espanhol. AFP IDEIAS/DEBATES [email protected] Guilherme Abdalla Luiz Valle Advogado, mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP Presidente da Cavalo Marinho — criação e beneficiamento de frutos do mar O carnaval do pão e circo 190 anos depois,os mesmos erros Hoje, sexta-feira pós-carnaval, é fácil contabilizar nas ruas o sorriso reluzente dos brasileiros, o brilho incólume dos que festejaram a ausência de regras temporária, o orgulho de tomar parte de um evento coletivo que transcende a própria individualidade. Nas ruas embriagadas do carnaval parece existir um vácuo de direitos e deveres, prevalecendo a suspensão de todos os preceitos morais e de conduta cumpridos à risca dia a dia. Títulos, cargos, rótulos e qualificações são deixados de lado, assim como a culpa moral por determinados atos — que seriam eticamente condenáveis em outros momentos — deixa de ser até mesmo uma possibilidade. O empregado, por quatro ou cinco dias, torna-se o efetivo patrão, e viceversa. Trata-se de um verdadeiro intervalo no tempo e no espaço. Não é por acaso, portanto, que vimos tantos esforços para sediar os grandes eventos esportivos mundiais, o primeiro deles em 2014, ano de (re)eleição presidencial. Salários inumanos? Pouco importa, eu verei meu ídolo em campo. Pão e água durante toda a semana? Oras, terei pipoca nos eventos. Investimentos bilionários em estádioselefantes brancos ao invés de encararmos a miséria que nos cerca à frente? Que preguiça. Saúde estatal? Não preciso, serei socorrido por elegantes hospitais móveis durante os jogos. Condenados pela corrupção? Deixa pra lá, o resultado valeu a pena, o Coliseu ainda está de pé. Estarei feliz, estaremos todos risonhos de tanta esperança renovada. O espetáculo é dos grandes. Diante da confusão que se implementou entre categorias éticas e jurídicas — a contaminação da ética pelo direito —, para muitos hoje não seria possível assumir uma culpa ou uma responsabilidade sem ingressar no campo do direito. Muito pelo contrário, essa distinção entre categorias ética e jurídica seria usada hoje somente na arrogância da absolvição nos Tribunais: um exemplo clássico é o julgamento de Nuremberg, em que não raro os acusados declaravam-se eventualmente culpados perante Deus, mas não perante a ordem jurídica, porquanto somente seguiam ordens de seu chefe — um dever funcional —, assim como este argumento foi igualmente utilizado no posterior julgamento de Adolf Eichmann, em Jerusalém, oportunamente retratado em obra específica por Hannah Arendt. Poucos dos nossos produtores de peixes e frutos do mar sabem disso: o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) firmou, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acordo de cooperação técnica para estimular ações de fomento que visem à ampliação e ao incremento da produção de pescados cultivados ou capturados em nosso país. O setor há muito vem reivindicando um olhar especial dos mecanismos governamentais de financiamento, na tentativa de corrigir o enorme atraso tecnológico, responsável pela pouca produtividade e pelos elevados custos operacionais da produção brasileira. O acordo deveria ter aberto as portas para o financiamento da produção de peixe em cativeiro, o aprimoramento genético, a aquisição de tecnologia e know-how modernizadores, a criação de novas espécies,a pesquisa científica e um sem-número de outras possibilidades. Pois bem, o mecanismo foi criado, mas não foi aproveitado. Pior que isso: o acordo, cujo texto segue abaixo, expirará em menos de um mês, sem que nenhum dos pouquíssimos projetos apresentados tenha sido contemplado. Neste clima pós-carnaval, prefácio das festanças pós-Copa, atentemo-nos, pois uma vez mais seremos hipnotizados pelo pão e circo Assim, haveria ilegalidade no uso do dinheiro público em espetáculos pré-moldados? Decerto não, dir-se-ia que a cultura, o desporto e a integração dos povos são deveres do Estado. Haveria violação jurídica no financiamento cruzado de interesses privados por meio de projetos de suposto interesse social? A princípio não, pois todos os contratos administrativos em teoria são públicos e celebrados mediante a mais ampla licitação. Mas, por outro lado, haveria culpa (aquela antiga culpa que não se confunde com a violação da lei) em prestigiar a criação de um grande circo em prejuízo de milhões de espectadores da Nação? Sim. Novamente, sim. Uma vez mais, sim. Protegidos pela separação da culpa advinda de violações morais (uma categoria ética) da culpa oriunda da transgressão da norma legal (uma categoria jurídica), representantes legitimamente eleitos insistem no abuso da psicologia humana para fazer valer suas pretensões. Neste clima pós-carnaval, prefácio das festanças pós-Copa, atentemo-nos, pois uma vez mais seremos hipnotizados pelo pão e circo. Já tarda para que a ética seja descontaminada do direito. ■ O Brasil, com 12% da reserva total de água doce do planeta, leva enorme vantagem sobre outros países, mas patina na hora de explorar seu potencial “Acordo de Cooperação Técnica nº 11.2.0235.1. Objetivo: Cooperação técnica visando à realização de estudos técnicos para avaliação da situação atual da pesca e aquicultura, o estímulo a ações de fomento, bem como o apoio ao planejamento, à elaboração, ao desenvolvimento, à execução, à gestão, ao monitoramento e à avaliação de políticas públicas econômicas para curto, médio e longo prazos. Vigência: 12 meses, a contar da data de sua assinatura, podendo ser prorrogado de acordo com o interesse comum das partes. Assinatura: 17 de março de 2011.” O Brasil, com 8.500km de costa marítima e 12% da reserva total de água doce do planeta, leva enorme vantagem sobre outros países produtores, mas patina na hora de explorar seu potencial. Aliás, esse é um erro que cometemos historicamente: já na época da Proclamação da Independência, estávamos à frente dos Estados Unidos nas exportações. Em alguns anos, nossas vendas chegaram mesmo a ultrapassar as da poderosa Inglaterra. Mas em pouco tempo, o mundo rendeuse aos benefícios das máquinas. Nós, não! Em Liverpool e em Manchester, uma máquina com um grupelho de operários logo produziria mil vezes mais que a gente com um mundo de escravos. Assim como o braço humano não poderia fazer frente aos equipamentos do mundo industrializado, não podemos, hoje, competir internacionalmente utilizando barcos velhos e obsoletos para capturar, ou, por exemplo, criar mexilhão com uso de canequinha para encher de semente as cordas de engorda. Verdade: canequinha! Em 1822 possuíamos mais ferro que qualquer outro país e importávamos máquinas e ferramentas. Esse equívoco se repete hoje no setor do peixe: temos mais água doce e salgada cultiváveis que a maioria dos países que exploram a aquicultura, contudo tecnológica e cientificamente estamos defasados, não exploramos o mecanismo criado pelo MPA e pelo BNDES para financiar a nossa inserção tecnológica e observamos investidores gregos, italianos, coreanos, chineses aportar em nossas terras (águas), como agora, sequiosos de aproveitar oportunidades que há 190 anos já desprezávamos. Muito produtor brasileiro não sabe dessas coisas?! Experimente perguntar se sabe quem venceu o desfile de carnaval... ■ Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo Publisher Ricardo Galuppo Diretor de Redação Joaquim Castanheira Diretor Adjunto (SP) Costábile Nicoletta Diretor Adjunto (RJ) Ramiro Alves Editores Executivos Gabriel de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. 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O governo protestou contra as licenças antecipadas de importação exigidas pela Argentina, cuja intenção é frear a saída de dólares do país e proteger seu superávit comercial, mas sustenta ainda ser cedo para determinar seus efeitos. “Detectamos uma perda de aproximadamente 400 carregamentos depois da implementação em relação ao mesmo mês de 2011”, disse Tadeu Campelo Filho, assessor jurídico da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI). “Calculamos que o valor pode chegar a até R$ 500 milhões”. A disputa pelos controles de importação é um novo episódio na turbulenta relação comercial entre os dois maiores membros do Mercosul, cuja balança comercial se inclinou em 2011 a favor do Brasil com superávit de US$ 5,8 bilhões. Segundo autoridades da Argentina, as licenças de importação seriam aprovadas em um prazo de cerca de 15 dias e não afetarão os exportadores brasileiros. Do lado brasileiro, o governo disse na semana passada que dispõe de uma série de recursos para responder aos prejuízos. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) calcula que cerca de 80% das exportações à Argentina podem ser afetadas. ■ Reuters O bom emprego Herminio Oliveira Analistas veem taxa de juros neutra em 5,5% Os analistas do mercado financeiro acreditam que a taxa de juros real de equilíbrio, ou neutra, é de 5,5%, segundo levantamento feito pelo Banco Central. Em tese, essa seria uma taxa que não produz pressão inflacionária. O valor divulgado ontem é inferior aos 6,75% de novembro de 2010, data da última pesquisa realizada pela autoridade monetária. Atualmente, a taxa básica de juros da economia está em 10,5% ao ano. Ainda de acordo com o levantamento, que é feito com os analistas que participam da pesquisa semanal Focus sobre perspectivas para a economia, 49% dos entrevistados supõem que a taxa de juro neutra continuará a cair nos próximos dois anos. Para 40% ela ficará estável e para os 11% restantes, cairá. Um dos objetivos desse levantamento, segundo o BC, é “reduzir a assimetria de informações entre os participantes do mercado”. ■ Ana Paula Ribeiro CVM nega questionamentos à reorganização da Oi Paulo Fridman/Bloomberg A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negou, nesta quinta-feira, a maioria das reclamações e pleitos de investidores a respeito da reorganização societária do grupo de telecomunicações Oi. Após algumas tentativas frustradas de simplificar sua complexa cadeia societária, a Oi anunciou em maio passado o plano de concentrar sua estrutura acionária dentro da Brasil Telecom, cuja compra foi concluída em 2009. Os acionistas da Oi votarão sobre a proposta em assembleia extraordinária prevista para segunda, dia 27. O colegiado da CVM indeferiu o pedido de direito de recesso aos donos de ações ordinárias da Brasil Telecom e recurso sobre direito de recesso para o empréstimo ou aluguel de ações, segundo informações disponíveis no site da autarquia. Entre os fundos que entraram com recurso na CVM sobre temas relacionados à reorganização da Oi estão fundos do Credit Suisse Hedging-Griffo, a Tempo Capital Principal Fundo de Investimentos em Ações e a gestora de recursos Dynamo. ■ Reuters Daqui a pouco vai ter gente considerando uma catástrofe o fato de o emprego com carteira assinada, em janeiro de 2012, ter crescido menos do que em janeiro de 2011. Isso realmente aconteceu, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho divulgados ontem. Em janeiro deste ano foram criados pouco menos de 120 mil empregos com carteira assinada, enquanto no primeiro mês do ano passado surgiram mais de 150 mil novos postos com as mesmas características. Se a comparação for feita com os números de 2010, então, a queda verificada é ainda mais vertiginosa. Em janeiro daquele ano, mais de 180 mil novas vagas foram preenchidas nas empresas. A diferença em relação a este ano, como se vê, é de 60 mil pessoas. A questão central é exatamente esta: números sempre crescentes na criação de empregos acabam reduzindo, em algum momento, o ritmo das contratações. O importante é perceber que, mesmo com a contratação de menos gente, o desemprego em janeiro deste ano (quando atingiu 5,5%) caiu em relação a janeiro do ano passado (quando foi de 6,1%). Esse é o xis da questão e mostra que, na vida real, a economia continua indo adiante — muito embora previsões de que o pior está por vir surjam a todo instante. Uma política industrial capaz de aumentar a competitividade da indústria brasileira teria como efeito a geração de empregos mais qualificados O grande trunfo dos analistas que passam o tempo todo a prever catástrofes na economia é que, mais cedo ou mais tarde, eles acabam acertando alguma coisa. E é justamente por saber disso que a importância de números como o do nível de emprego é fundamental para a compreensão do momento que o país está vivendo. Como se sabe, boa parte do momento favorável dos últimos anos deve-se ao fortalecimento do mercado interno — ou, em outras palavras, à expansão do emprego e do consumo. Nesse cenário, a redução da taxa de desemprego, mesmo após uma geração menor de postos de trabalho na comparação com o ano anterior (se forem considerados os números absolutos), mostra que não existe risco de uma piora súbita na situação. Até aqui, tudo bem. Tudo tranquilo, então? Não é bem assim. O principal receio por trás desse cenário é o de que números positivos como esses acabam gerando distorções que podem, no médio prazo, expor algumas feridas crônicas da economia. A entrada acelerada de dólares no país acaba gerando uma valorização excessiva no real, e a persistência dessa situação é extremamente nociva à indústria nacional. A ação do Banco Central — que ontem comprou dólares para evitar que a cotação da moeda despencasse — mostra que o governo está, sim, atento aos movimentos e disposto a agir para impedir o pior. Mas, por outro lado, também mostra a necessidade de uma política mais duradoura, capaz de impedir que ações emergenciais como essas sejam exigidas de vez em quando. O que os números do emprego têm a ver com isso? Tudo. A grande quantidade de empregos criados nos últimos anos tem atraído trabalhadores menos qualificados, que atuam na construção civil e na base dos serviços. Uma política industrial capaz de aumentar a competitividade da indústria brasileira teria como efeito colateral a geração de empregos mais qualificados, mais bem remunerados e com uma quantidade maior de benefícios. Que são os que garantirão que os números atuais sejam ainda mais duradouros. ■ www.brasileconomico.com.br