Estabilidade e dinâmica do crescimento físico, desempenho motor e saúde. Um estudo longitudinalmisto em adolescentes portugueses. Michele Caroline de Souza 2014 Estabilidade e dinâmica do crescimento físico, desempenho motor e saúde. Um estudo longitudinal-misto em adolescentes portugueses. Dissertação apresentada ao Programa Doutoral em Ciências do Desporto (Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março), com vista à obtenção do grau de Doutor em Ciências do Desporto, sob a orientação do Professor Doutor José António Ribeiro Maia e co-orientação dos Professores Doutor Joey Eisenmann e Doutora Cláudia Forjaz. Michele Caroline de Souza Porto, Novembro de 2014 Ficha de catalogação FICHA DE CATALOGAÇÃO Souza, M.C. (2014). Estabilidade e dinâmica do crescimento físico, desempenho motor e saúde. Um estudo longitudinal-misto em adolescentes portugueses. Porto: Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras-chave: CRESCIMENTO, DESEMPENHO MOTOR, SAÚDE CARDIOMETABÓLICA, INFORMAÇÃO LONGITUDINAL, ADOLESCENTES. Michele Caroline de Souza IV “…Para se aprender a pensar é preciso primeiro aprender a dançar. Quem dança com as ideias descobre que pensar é alegria. Se pensar lhe da tristeza é porque você só sabe marchar, como soldados em ordem unida. Saltar sobre o vazio, pular de pico em pico. Não ter medo da queda. Foi assim que se construiu a ciência: não pela prudência dos que marcham, mas pela ousadia dos que sonham. Todo conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra.” Rubem Alves 1 1 Alves, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. Michele Caroline de Souza V Dedicatórias DEDICATÓRIAS Aos meus pais Júlio e Sandra E à minha irmã Jeane Todas as minhas conquistas são fruto do vosso amor, cuidado e dedicação. O forte sentimento familiar que nos une, transcendeu o oceano e foi o alicerce para que este nosso lindo sonho se concretizasse. “Sou mais eu, porque sou vocês!” Ao meu namorado Roberto Nosso amor sobreviveu ao tempo, foi paciente, resignado e insistente. E na certeza de muitos reencontros, incitou-nos a continuar…juntos…pois não houve distância que nos fizesse ausentes. À minha amiga-irmã Raquel Um dos melhores presentes desta aventura além-mar… “Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro.” 1 1 Rubem Alves Michele Caroline de Souza VII Agradecimentos AGRADECIMENTOS Esta caminhada foi, e para sempre será, uma das melhores em minha vida. Marcada por um crescimento acadêmico e pessoal imensurável. De toda experiência, de todos os objetivos atingidos e desafios ultrapassados, fica a certeza de que nunca estive sozinha, foram muitas as pessoas e Instituições que “conspiraram” ao meu favor e trabalharam para a concretização desta tese e deste projeto. Portanto, gostaria de expressar todo o meu carinho e sentimento de gratidão a todos que foram luz, imprescindível, nesta minha trajetória. “Há gente que fica na histórida da história da gente!” Ao meu orientador Professor Doutor José António Ribeiro Maia, por idealizar e confiar a mim este lindo desafio, e acreditar que eu seria capaz de cumpri-lo. Agradeço imensamente pela sua primazia em orientar e, às vezes, até em “desorientar”, me fazendo crescer pessoal e academicamente. Seus ensinamentos e conhecimentos sabiamente partilhados, bem como o seu apoio constante e incansável, dedicação, entrega e rigor acadêmico-científico serão, para sempre, exímios exemplos a serem seguidos. Esses 6 anos deixarão saudades, mas parto com a certeza de muitos reencontros. Muito obrigada! À Professora Doutora Cláudia Forjaz, co-orientadora desta tese e tutora do meu processo de bolsa de Doutorado no exterior. Não obstante todo o seu enorme trabalho e ocupações acadêmicas, aceitou fazer parte de todas as etapadas desta trajetória, desde a conceção e escrita do projeto, recolha de dados, candidatura à bolsa, e desenvolvimento da tese. Agradeço pelo empenho, dedicação, tempo, ensinamento e apoio tão gentilmente partilhados e transmitidos. Durante este convívio, minha admiração por si só aumentou. Espero que possamos trabalhar juntas novamente! To Professor Joey Eisenmann, the co-supervisor of this thesis. It was a privilege having your knowledge and wisdom supporting and guiding this project. Thank you for this opportunity to work and learn with you, and for your Michele Caroline de Souza IX Agradecimentos kindness and sympathy. I hope that we continue to work together… we have a lot of data for this! À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADE-UP), na pessoa do respetivo Diretor, Professor Doutor Jorge Olímpio Bento, pelo acolhimento e apoio institucional. Estendo meu agradecimento a todos os professores da FADE-UP, pelos ensinamentos ministrados e enorme contribuição a minha formação acadêmica. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino SuperiorCapes, pela concessão da bolsa de Doutorado no exterior (processo de nº 621410-0), permitindo que eu me dedicasse plenamente à realização do Programa Doutoral e desenvolvimento desta tese. À Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal, pelo apoio ao projeto PTDC/DES/67569/2006. Ao Professor Doutor António Manuel Fonseca, Diretor do Programa Doutoral em Ciências do Desporto e Presidente do Conselho Científico da FADE-UP. Agradeço pelo apoio acadêmico, bem como pela enorme disponibilidade e prontidão em auxiliar nas questões mais burocráticas. Ao Professor Doutor Gaston Beunen, in memorian, pelo privilégio de o ter conhecido e participado de suas aulas, bem como pelo seu jeito gentil e terno de partilhar conosco suas experiências e ensinamentos. Ao Professor Doutor Rui Garganta, por ter sido, simultaneamente, mestre e amigo. Agradeço imensamente pelos ensinamentos transmitidos, pelas conversas informais (sempre regadas com muitos sorrisos), pela disponibilidade e cuidado constantemente demonstrados. Estendo meu agradecimento a sua esposa Olga Castela, sempre atenciosa e de alegria contagiante. Sentirei muitas saudades, mas vos levo no meu coração! Michele Caroline de Souza X Agradecimentos Ao Professor Doutor André Seabra pela contribuição em minha formação acadêmica, sempre disponível para ajudar e partilhar seus conhecimentos e experiências. À Professora Doutora Olga Vasconcelos, pelas contribuições no meu percurso acadêmico e ao desenvolvimento desta tese. Não posso deixar de agradecer a sua presença, sempre tão bem disposta, e suas palavras de carinho e incentivo durante os nossos Seminários do Programa Doutoral. Ao Professor Doutor Duarte Freitas, por todas as aulas ministradas e apoio concedido durante todo o processo do Programa Doutoral. Quero expressar a minha grande admiração por todos os seus trabalhos desenvolvidos na Região Autônoma da Madeira. Aos Professores Doutores Go Tani e António Prista, pela participação constante em vários projetos do nosso gabinete, bem como pelo cuidado e interesse em nosso percurso acadêmico. Vosso trabalho e dedicação são motivos de forte inspiração para mim. Ao Professor Doutor Luciano Basso, sempre tão solícito em ajudar no que fosse preciso. Muito obrigada por todos os ensinamentos transmitidos, desde o início do Mestrado, pela amizade construída e, sobretudo, pelo seu exemplo de responsabilidade, profissionalismo e competência acadêmica. À Professora Doutora Carol Leandro Góis, a quem tenho elevada admiração acadêmica e pessoal. Agradeço imenso suas contribuições e sugestões para o desenvolvimento deste estudo, aulas e seminários ministrados, bem como a partilha de momentos de muita descontração e sorrisos. Ao Professor Doutor Peter Katzmarzyk, do Pennington Biomedical Research Center, pelo exemplo de competência científica e colaboração em nossos projetos. Estendo meus agradecimentos ao Tiago Barreira e Emily Mire, pela disponibilidade em ajudar com as informações da acelerometria. Michele Caroline de Souza XI Agradecimentos Aos Professores Doutores Adam Baxter-Jones, Carla Rêgo, Denisa Mendoça, Huiqi Pan e Vincent Diego. Foi um privilégio ter aula convosco. Muito obrigada pelos conhecimentos partilhados! À Professora Doutora Adriana Berleze, minha eterna coordenadora, coorientadora e grande amiga. Muito obrigada pela atenção, cuidado e interesse, sempre demonstrados, por minha vida acadêmica e pessoal. Quero, também, expressar meu agradecimento a seu marido Renato Penna, sempre tão amável comigo. Vocês são especiais! Tenho muito apreço pela amizade que construímos ao longo desses anos. Ao Professor Doutor Ronei Silveira Pinto, pela disponibilidade constante em ajudar no que fosse preciso. Muito obrigada por, mesmo de longe, estimar o meu sucesso ao longo de todo o meu percurso acadêmico. À Professora Doutora Nádia Cristina Valentini, meu primeiro exemplo de competência e profissionalismo acadêmico-científico. Muito obrigada pelo incentivo inicial nesta caminhada em terras lusitanas. À minha querida Professora Teresa Marinho, pelas excelentes aulas de inglês, mas sobretudo, pelas primorosas “aulas de vida”. Muito obrigada por ter sido, além de mestre, minha amiga, confidente e “mãezona”, ternamente cuidando e amparando-me nesta difícil, porém inebriante, aventura em terras portuguesas. Estarás para sempre em meu coração! A todos os alunos portugueses que participaram do projeto “Oporto Growth, Health and Performance Study”. Muitíssimo obrigada pelo entusiasmo, colaboração e disponibilidade apresentados nas diversas avaliações durante esses três anos. Vocês são os personagens principais desta história! Às escolas que integraram o projeto. De um modo muito especial, agradeço a todos os professores de Educação Física e funcionários: - Escola Secundária D. Dinis (Santo Tirso) Michele Caroline de Souza XII Agradecimentos Professores de Educação Física e Grupo PES: Adelino Passadiço, Alda Garrido, Ana Gomes, Ana Pais Sousa, Ana Paula Carneiro, Carla Cruz, Cláudia Figueiredo, José Soares, Manuela Machado, Miguel Branco, Paulina Ferreira, Rosa Pereira e Sérgio Silva. Funcionária: D. Maria João. - Escola Secundária João Gonçalves Zarco (Matosinhos) Professores de Educação Física: Alfredo Calheiros, Amália Almeida, Audrey Pais, Aurélio Ribeiro, Joaquim Fontoura, Jorge Silva, José Manuel Ferreira, Luís Mortágua, Manuel Romão, Maria de Fátima Costa, Mariana Martins, Pedro Silva Pereira e Rosa Furriel. Funcionários: D. Eva e Sr. Carlos. - Escola EB2/3 de Paranhos (Porto) Professores de Educação Física: Raquel Eira, Paula Viana, Helena Dias, Ana Monteiro, Rita Areias. Funcionário: Sr. Vítor. - Escola EB2/3 de Leça da Palmeira (Matosinhos) Professores de Educação Física: Ana Cristina Morêda, António Gomes, Augusta Magalhães, Cláudia Malafaya, Madalena Oliveira, Manuel Ribeiro, Manuela Guimarães, Maria de Fátima Pinto, Mário Pereira, Teresa Assunção e Vanda Teixeira. - Escola EB2/3 de São Martinho do Campo (Santo Tirso) Professores de Educação Física: Ana Rito, António Figueiredo, Bento Miguel, Carlos Pereira, Eunice Figueiroa e Rui Silva. Funcionário: Sr. Joaquim Fernandes Escola EB2/3 de Nevogilde (Lousada) Professores de Educação Física: Alexandra Vergueiro, Ana Ribeiro, Bruno Leite, Bruno Maia, Cláudia Bastos, Fernando Caldeira, João Gama, Gil Castro, Luciano Caçador, Luisa Silva, Maria José Rocha, Miguel Ribeiro, Nuno Bessa, Pedro Vilaça, Vitor Sousa. Michele Caroline de Souza XIII Agradecimentos Escola Secundária de Fontes Pereira de Melo (Porto) Professores de Educação Física: Ana Paula Brito, Ana Sofia, José Mario Cachada, Laura Lopes, Manuel Araújo, Pedro Ferreira, Pedro Seco, Rosário Ferreira e Telmo Barbosa. Muito, muito obrigada! Sem vocês, com certeza, este projeto não “sairia do papel”! Quero manifestar um agradecimento especial aos Professores Paulina Ferreira, Amália Almeida, Ana Monteiro, Cristina Morêda, Cláudia Malafaya, António Figueiredo, Miguel Ribeiro e Pedro Seco. Serei sempre grata pela vossa disponibilidade e prontidão em ajudar a mim e à equipe da FADEUP no que fosse preciso. A todos os Funcionários da FADE-UP. Em especial à equipe da Biblioteca e da Informática, pelas assistências dedicadamente prestadas. Agradeço, também, ao Sr. Marinho, Nuno Conceição, Sr. Coimbra e Sr. Serafim, pela boa disposição, prontidão em ajudar e, sobretudo, pela apoio e amizade ao longo desses anos. À minha querida Maria Domingues, pelo enorme cuidado acadêmico e pessoal dispensado. Fico imensamente feliz ao olhar para trás e ver que criamos laços estreitos de carinho e amizade. Adoro-te! Aos colegas e amigos do gabinete de Cineantropometria e Estatística Aplicada: Alessandra Borges, Amanda Batista, Ana Carolina Reyes, Duke de Oliveira, Carla Santos, Fernando Garbeloto, João Paulo dos Anjos, Maria Sidônio Madanelo (Soni), Pedro Gil, Raquel Vasconcelos, Renata Cecília, Rojapon Buranarugsa, Sara Pereira e Tânia Amorim. Foi muito bom conhecer e conviver com cada um de vocês, partilhando sorrisos e angústias. Nosso apoio mútuo e diário tornou nossa caminhada menos cansativa e muito, muito mais divertida e agradável. Estarei sempre a desejar o vosso sucesso! À minha amiga Simonete Pereira da Silva, pela sua “alegria de viver” contagiante, bem como pela amizade e incentivo à concretização deste projeto. Michele Caroline de Souza XIV Agradecimentos Tenho uma admiração especial pelo seu estudo realizado na Região do Cariri Cearense, este foi e sempre será motivo de forte inspiração para mim. À minha amiga Mafalda Sofia Roriz, pela amizade construída ao longo desses anos e pela ajuda nos momentos de dificuldade. Estendo meus agradecimentos a todos os profissionais envolvidos nas Férias Desportivas da Câmara Municipal da Maia. Foi muito bom partilhar momentos de trabalho e de muita diversão convosco. Muito obrigada pela oportunidade e confiança! Ao meu querido amigo Alcibíades Bustamante, “hombre” de poucas palavras, sorriso sincero e coração puro. Muito obrigada pelo exemplo diário de dedicação e perseverança, bem como pela amizade, incentivo e apoio constante. Aguardo sua visita em Porto Alegre! À Sofia Sá Cachada, minha “portuga” predileta. Muito obrigada pelas ajudas incansáveis nas recolhas de dados, pela disponibilidade desinteressada e, principalmente, pela amizade e momentos de descontração, regados de muitos sorrisos. Gosto muito de ti e levo-te no meu coração! À minha querida amiga Fernanda Santos, com quem comecei e, agora, termino esta enobrecedora caminhada. Durante esses 6 anos, partilhamos muitos momentos, e tu sempre com este sorriso contagiante estampado no rosto. Muito obrigada pela nossa amizade, que cativou um lugar especial em meu coração, pela dedicação, cuidado, entusiasmo e parceria no desenvolvimento deste projeto que também foi seu. Espero que a vida te reserve sempre o melhor e nos conceda muitos reencontros! Amo! À minha amiga Thayse Gomes, pela amizade sólida e sincera que aos poucos fomos construindo. Admiro muito a competência e exímia dedicação que demonstras em tudo que fazes. Agradeço por todo o empenho e ajuda nas recolhas de dados, e por seres do jeitinho que és: séria e direta, mas ao mesmo tempo, meiga e benevolente. Estes “extremos” tornam-te única… a minha querida “BFF”! Tenho certeza que nossa amizade estará sempre bem guardada em nossos corações! Michele Caroline de Souza XV Agradecimentos Ao amigo e colega de gabinete, Daniel Santos, que mesmo com uma vida completa (família, trabalho e seu próprio doutoramento), sempre conseguiu doar uma parte substancial do seu tempo para que este projeto se concretizasse. Muito obrigada por tudo que fizeste, pela presença sempre bem disposta nas recolhas, pelas inúmeras boleias às escolas, por levar e trazer questionários e acelerômetros…enfim, por tudo! Agradeço, mais ainda, pela amizade e cumplicidade edificadas ao longo desses anos. Com certeza, tudo isso ficará na memória e no coração! Estendo meus agradecimentos a sua querida esposa Bárbara Lourenço, que tanto nos ajudou nas recolhas. Muito obrigada! À querida Sarita Bacciotti, meu “presente” neste último ano de doutoramento. Muito obrigada por todos os momentos que partilhamos, pela amizade sincera e cuidado constante. Estendo meus agradecimentos a sua linda família, Carlos e Sofia Bacciotti, que sempre foram tão amáveis comigo. Espero revê-los em breve! Ao meu amigo Marcelo Peduzzi de Castro, pelo sentimento fraterno que construímos. Obrigada por estar sempre presente, pelas palavras de conforto, pelas risadas, críticas, incentivos e até pelas consultas fisioterapêuticas! Estarei sempre sorrindo com tuas conquistas pessoais e acadêmicas. Saudades! À minha amiga Roseanne Autran, por me “reconhecer” neste último ano de doutoramento. Serei sempre grata por nossos laços estarem mais estreitos, por nossa amizade, que tornou esses últimos meses mais leves e alegres, e pelo simples prazer da tua companhia e parceria. Obrigada por seres tão especial para mim e, agora, para minha família. Gosto imenso de ti! Aos amigos Denise Soares e Luciano Silveira, por me receberem tão bem aqui em Portugal e por permanecerem presentes durante todo este percurso. Muito obrigada pelos churrascos, almoços, jantares e companhia familiar. Espero reencontrá-los brevemente em Porto Alegre. Michele Caroline de Souza XVI Agradecimentos À minha querida “irmã gêmea” Geise Nascimento, pela nossa linda amizade. Muito obrigada por todas as conversas, risadas e bons momentos que compartilhamos. Saudades! Aos amigos Jenny Carolina Tavares, Bruna Santos, Amanda Santos, Toni Bovolini, Renata Willig, Cristine Schmidt, César Agostinis, Jailton Pelarigo, Henrique Soares, Ítalo Ramos e Bruno Remígio, pelos bons momentos de convívio, pela preocupação, amizade e partilha. Desejo muito sucesso a cada um de vocês! Ao Bom Sucesso Health Club, especialmente ao André Oliveira e Susana Soares, pela oportunidade inicial de trabalho, pelos incentivos e amizade durante todos esses anos. Quero expressar, também, o meu carinho à “malta” da dança. Muito obrigada pelos finais de tarde mais felizes, pelo convívio, energia positiva e cuidado. Aos amigos dos tempos de escola e Licenciatura, que permanecem até hoje, Ana Paula Corrêa, Caroline Kummer, Daisy Sampaio, Franciele Anziliero, Jamile Schmelzer, Kátia Souza, Lisiane Ribeiro, Marcelo Borges, Marcelo Souza, Michele Bandinelli e Paula Kersche. Não obstante à distância, nossa amizade e carinho mativeram-nos sempre próximos. Sei o quanto vocês desejaram o meu sucesso. Por isso e por tudo, muito obrigada! Às minhas amadas famílias Silva e Souza. Vocês são minha raiz e minha história. É por vocês e com vocês que realizo mais este sonho, pois em cada passo dado, senti o amor e carinho que, ternamente, foi me transmitido. Quero agradecer, especialmente, aos grandes responsáveis por esta união familiar: “Vô” Algemiro Silva (in memorian), “Vó” Carlinda Silva (in memorian), “Vô” Nilton Souza (in memorian) e “Vó” Lourdes de Souza. Amo vocês! Às famílias Ribas e Bicca, pela crença nesta conquista. Serei sempre grata pelo carinho e amor sempre demonstrados. Em especial, agradeço aos meus queridos “sogrinhos”, Lúcia e Jorge Ribas, e aos meus amáveis tios, Clary e Elimar Bicca. Vocês são um presente que a vida, gentilmente, me deu! Michele Caroline de Souza XVII Agradecimentos À minha amiga-irmã Raquel Nichele de Chaves, por ter cuidado tão bem de mim ao longo desta nossa memorável caminhada. Agradeço por todos os momentos acadêmicos e pessoais ternamente partilhados, pela cumplicidade e respeito, pelas palavras de incentivo e consolo, bem como pelos sorrisos sinceros, que iluminaram e deram mais vida a esta aventura em Portugal. Mas, principalmente, obrigada pela possibilidade de conviver diariamente com tua amabilidade, sinceridade e benevolência, que fizeram de mim uma pessoa melhor. Quero estender meus agradecimentos a tua querida família: “Tio” Jair e “Tia” Dinalva, Fagner, Rafael e Eduardo Chaves, pelo carinho e amor que sempre demonstraram. Tenho certeza que os laços criados, entre “Souzas” e “Chaves”, perdurarão vivamente em nossos corações! À minha irmã Jeane de Souza da Silveira, pelo amor e cumplicidade incondicional. Agradeço por sempre estar ao meu lado, por me ajudar nos momentos de dificuldade e por acreditar no sucesso desta minha trajetória. Nosso companheirismo é nossa maior dádiva…irmãs de coração e, sobretudo, de alma! Agradeço também ao meu cunhado Vinícius Silveira pelo incentivo constante. Muito obrigada! Ao meu namorado Roberto Lampert Ribas, pelo amor e cuidado. Se outrora houve tropeços, hoje nossos passos são firmes e fortes, e nos conduzem a um lindo caminho, com a realização deste sonho, que idealizamos juntos há anos, e o começo de uma nova etapa. Muito obrigada por ser meu amado e amigo, por se fazer presente em todos os momentos e por, constantemente, dar-me a mão e fazer-me acreditar que sempre é possível seguir em frente. És encantadoramente especial… TEPS! Aos meus amados pais, Júlio César de Souza e Sandra Mercedes de Souza, por me amarem incondicionalmente. Não foram poucas as vezes em que a saudade não coube em meu peito e transbordou pelos olhos, e vocês, igualmente saudosos, guardaram vosso sentimento e sorrindo, encorajaramme a continuar. Serei eternamente grata pelo vosso esforço e dedicação para que essa história tivesse um lindo e próspero final. Obrigada por esses últimos Michele Caroline de Souza XVIII Agradecimentos meses de convívio, que enriqueceram e abrilhantaram os meus dias. É por vocês e com vocês que continuarei sempre. Amo! Ao Criador, por mais essa oportunidade de evolução acadêmica e pessoal. Obrigada por guiar e fortalecer os meus passos, consolar meu coração e ser presença constante em minha vida. Michele Caroline de Souza XIX Índice Geral ÍNDICE GERAL DEDICATÓRIAS ......................................................................................................................... VII AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... IX ÍNDICE GERAL ......................................................................................................................... XXI ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................. XXV ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................ XXVII RESUMO ................................................................................................................................. XXIX ABSTRACT ............................................................................................................................. XXXI LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. XXXIII CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL E ESTRUTURA DA TESE ............................................ 1 INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................................3 Necessidade de um olhar integrador .................................................................................... 3 Janelas de leitura e interpretação – modelos disponíveis .................................................... 6 Desafios e exigências da informação longitudinal. ............................................................. 11 Pilares da tese. .................................................................................................................... 12 ESTRUTURA DA TESE .......................................................................................................... 16 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 19 CAPÍTULO II – ESTUDOS METODOLÓGICOS ........................................................................ 27 ESTUDO I – THE OPORTO MIXED-LONGITUDINAL GROWTH, HEALTH AND PERFORMANCE STUDY. DESIGN, METHODS AND BASELINE RESULTS ................................................................................................. 29 ABSTRACT ......................................................................................................................... 31 INTRODUCTION ................................................................................................................. 33 METHODS ........................................................................................................................... 35 Design and sample .......................................................................................................... 35 Measurements ................................................................................................................. 36 Anthropometry ............................................................................................................. 36 Body Composition ....................................................................................................... 37 Biological Maturation ................................................................................................... 37 Physical Fitness............................................................................................................... 37 Cardio-metabolic risk factors ........................................................................................... 38 Lifestyle characteristics ................................................................................................... 39 Michele Caroline de Souza XXI Índice Geral Physical activity ........................................................................................................... 39 Behaviours and Eating Habits ..................................................................................... 40 Sleep Habits ................................................................................................................ 41 Health Status Perception ............................................................................................. 41 Family support for Physical Activity ............................................................................. 41 Gestational information ............................................................................................... 41 Socioeconomic status ................................................................................................. 41 Built Environment ........................................................................................................ 42 Data quality control .......................................................................................................... 42 Statistical analysis ........................................................................................................... 44 RESULTS ............................................................................................................................ 45 DISCUSSION ...................................................................................................................... 48 CONCLUSIONS .................................................................................................................. 52 REFERENCES .................................................................................................................... 53 ESTUDO II – A NOÇÃO DO TRACKING E A SUA APLICAÇÃO À EDUCAÇÃO FÍSICA E AO ESPORTE .................... 63 RESUMO ............................................................................................................................. 65 ABSTRACT ......................................................................................................................... 67 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 69 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 71 O conceito do Tracking ................................................................................................... 72 Tracking: estatísticas, resultados e significado ............................................................... 73 Autocorrelações........................................................................................................... 73 O γ de Foulkes & Davis ............................................................................................... 77 Estatística γ segundo sugestões de David Rogosa .................................................... 80 Índice de constância de crescimento de Goldstein ..................................................... 83 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 88 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 89 ESTUDO III – MODELAÇÃO MULTINÍVEL E DELINEAMNETO LONGITUDINAL-MISTO NA PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE ....................................................................................................... 93 RESUMO ............................................................................................................................. 95 ABSTRACT ......................................................................................................................... 97 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 99 MÉTODOS ........................................................................................................................ 101 Amostra ......................................................................................................................... 101 Controle da qualidade da informação ........................................................................... 103 Procedimentos estatísticos ........................................................................................... 103 Variáveis e problema em estudo ................................................................................... 106 Michele Caroline de Souza XXII Índice Geral RESULTADOS .................................................................................................................. 108 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 111 REFERÊNCIAS: ................................................................................................................ 116 Capítulo III – ESTUDOS ANALÍTICOS ................................................................................... 121 ESTUDO IV – SHORT-TERM TRACKING OF YOUTH PHYSICAL FITNESS: THE OPORTO GROWTH, HEALTH AND PERFORMANCE STUDY ................................................................................................................ 123 ABSTRACT ....................................................................................................................... 125 INTRODUCTION ............................................................................................................... 127 MATERIAL AND METHODS ............................................................................................. 129 Sample .......................................................................................................................... 129 Anthropometry ............................................................................................................... 129 Biological Maturation ..................................................................................................... 130 Physical fitness .............................................................................................................. 130 Physical activity ............................................................................................................. 130 Data quality control ........................................................................................................ 131 Statistical analysis ......................................................................................................... 131 RESULTS .......................................................................................................................... 134 DISCUSSION .................................................................................................................... 137 PERSPECTIVES ............................................................................................................... 143 REFERENCES .................................................................................................................. 144 ESTUDO V – MODELING THE DYNAMICS OF BMI CHANGES DURING ADOLESCENCE. THE OPORTO GROWTH, HEALTH AND PERFORMANCE STUDY.............................................................................................. 149 ABSTRACT ....................................................................................................................... 151 INTRODUCTION ............................................................................................................... 153 MATERIALS AND METHODS .......................................................................................... 154 Sample .......................................................................................................................... 154 Anthropometry ............................................................................................................... 155 Biological Maturation ..................................................................................................... 155 Physical fitness .............................................................................................................. 156 Physical activity ............................................................................................................. 156 Sleep Habits .................................................................................................................. 156 Dietary habits ................................................................................................................. 157 Data quality control ........................................................................................................ 157 Statistical analysis ......................................................................................................... 157 RESULTS .......................................................................................................................... 158 DISCUSSION .................................................................................................................... 162 REFERENCES .................................................................................................................. 166 Michele Caroline de Souza XXIII Índice Geral ESTUDO VI – MODELING LONGITUDINAL CHANGES IN HYPERTENSIVE AND WAIST PHENOTYPE. THE OPORTO GROWTH, HEALTH AND PERFORMANCE STUDY ............................................................................... 173 ABSTRACT ....................................................................................................................... 175 INTRODUCTION ............................................................................................................... 177 METHODS ......................................................................................................................... 179 Sample .......................................................................................................................... 179 Biological Maturation ..................................................................................................... 180 Physical activity ............................................................................................................. 180 Physical fitness .............................................................................................................. 180 Hypertensive and waist phenotype ............................................................................... 181 Data quality control ........................................................................................................ 181 Statistical analysis ......................................................................................................... 182 RESULTS .......................................................................................................................... 183 DISCUSSION .................................................................................................................... 186 REFERENCES .................................................................................................................. 192 Capítulo IV – SÍNTESE FINAL................................................................................................. 197 CONCLUSÕES FINAIS ......................................................................................................... 199 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................................... 208 DESAFIOS FUTUROS .......................................................................................................... 209 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 212 Michele Caroline de Souza XXIV Índice de Tabelas ÍNDICE DE TABELAS CAPÍTULO I Tabela 1. Principais pesquisas longitudinais conduzidos nos Estados Unidos e Europa ..................................................................................................................................... 5 Tabela 2. Estrutura básica do delineamento longitudinal-misto do OGHPS ............... 10 Tabela 3. Estrutura da tese ....................................................................................... 16 CAPÍTULO II Estudo I Table 1. Sample size per age and sex groups ........................................................... 35 Table 2. Summary overview of data collected ............................................................ 43 Table 3. Reliability estimates of key anthropometric and physical fitness measurements in the Oporto Growth and Health Study ...................................................................... 44 Table 4. Descriptive characteristics for several indicators of anthropometry, physical activity, muscular fitness and cardiorespiratory fitness among Portuguese boys and girls (ANCOVA F test and p-values)............................................................................ 46 Table 5. Prevalence (95% confidence interval, CI) of weight status, body fat status, physical activity, physical fitness and cardio-metabolic indicators in Portuguese boys and girls ..................................................................................................................... 47 Estudo II Tabela 1. Medidas descritivas do IMC das coortes 2 e 3 ........................................... 73 Tabela 2. Autocorrelações e respectivos intervalos de confiança (IC95%) entre as mensurações de IMC ao longo de 3 anos em cada uma das coortes ........................ 75 Estudo III Tabela 1. Estrutura básica do delineamento longitudinal-misto de acordo com as quatro coortes de idade ........................................................................................... 102 Tabela 2. Dimensão da amostra em função da idade, coorte e sexo ........................ 103 Michele Caroline de Souza XXV Índice de Tabelas Tabela 3. Parâmetros (±erro-padrão) dos modelos ajustados para o desempenho da força de preensão, com preditores variantes e invariantes no tempo........................ 110 CAPÍTULO III Estudo IV Table 1. Descriptive statistics for boys and girls of each age cohort ........................ 134 Table 2. Mean auto-correlations, estimated population tracking coefficients (β), and Cohen’s kappa (κ) for each PF test in each cohort separately for boys and girls ...... 136 Estudo V Table 1. Sample size by age, cohorts and sex ......................................................... 155 Table 2. Descriptive statistics for girls and boys in each annual time point (10 to 18 years of age) ............................................................................................................. 160 Table 3. Results summary for the three nested models of girls and boys ................ 161 Estudo VI Table 1. Sample size by age, sex, and cohort ......................................................... 179 Table 2. Descriptive statistics for girls and boys in each annual time point (T0-T8) .. 185 Table 3. Results summary for the three nested models ........................................... 186 CAPÍTULO IV Tabela 1. Resumo das principais conclusões do estudo I ....................................... 200 Tabela 2. Resumo das principais conclusões dos estudos II e III ............................ 201 Tabela 3. Resumo das principais conclusões do estudo IV ..................................... 204 Tabela 4. Resumo das principais conclusões do estudo V ...................................... 205 Tabela 5. Resumo das principais conclusões do estudo VI ..................................... 206 Michele Caroline de Souza XXVI Índice de Figuras ÍNDICE DE FIGURAS CAPÍTULO I Figura 1. Níveis de influência no desenvolvimento de comportamentos de saúde segundo o modelo ecológico ....................................................................................... 7 Figura 2. Estrutura básica do delineamento longitudinal-misto do OGHPS ................. 8 Figura 3. Quadro relacional entre atividade física, aptidão física e saúde na infância e adolescência e suas associações na vida adulta ......................................................... 9 Figura 4. Modelo relacional das diferentes variáveis estudadas nas três janelas do tempo do OGHPS ...................................................................................................... 10 CAPÍTULO II Estudo II Figura 1. Exemplo de partes (muito reduzidas, mas importantes) do output do LDA para o γ de Foulkes & Davis da coorte 2 ..................................................................... 79 Figura 2. Exemplo de output do TIMEPATH para o γ segundo as sugestões de Rogosa da coorte 3 .................................................................................................... 82 Figura 3. Exemplo de partes muito reduzidas, mas importantes, do output do LDA para o modelo I e II do índice de constância de crescimento de Goldstein das meninas da coorte 2.................................................................................................................. 87 Estudo III Figura 1. Representação do desempenho da força de preensão das quatro coortes de adolescentes em função do tempo .......................................................................... 108 Figura 2. Representação das trajetórias médias dos sujeitos dos dois sexos em função do tempo e, também, do Percentil 25 e 75 da %GTotal ............................... 110 Michele Caroline de Souza XXVII Índice de Figuras CAPÍTULO III Estudo IV Figure 1. Examples of all possible trajectories of positive and negative instability as previously defined .................................................................................................... 133 Figure 2. Example of trajectories of 30 random girls (left) and boys (right) from cohort 2 in the 1-mile run/walk, 50-yard dash, standing long jump, handgrip strength and agility shuttle run ................................................................................................................ 140 Estudo VI Figure 1. Average trajectories of HWP as function of time (time 0=10 years, time 1=11 years, …, time 8=18 years) and sex (no other covariates are included in the model that produced these mean trajectories) ............................................................................ 183 Michele Caroline de Souza XXVIII Resumo RESUMO O principal propósito desta tese foi investigar, longitudinalmente, a rede de inter-relações entre características individuais, fatores ambientais e do estilo de vida que afetam a estabilidade e o dinamismo da mudança no crescimento físico, desempenho motor e saúde de adolescentes portugueses com idades entre os 10 e os 18 anos. A amostra total foi constituída por 6894 jovens de ambos os sexos, divididos em 4 coortes etárias (10, 12, 14 e 16 anos), acompanhados durante 3 anos. Os participantes são provenientes de escolas da Região do Grande Porto, Portugal. Procedimentos estandardizados foram utilizados para medir e estimar indicadores do crescimento físico, maturação biológica, composição corporal, desempenho motor, atividade física, risco cardiometabólico, hábitos alimentares e tempo de sono. As análises estatísticas univariadas e multivariadas foram realizadas no SPSS, WinPepi, LDA, TIMEPATH e HLM. Distintos procedimentos de análise do tracking mostraram estabilidade moderada a elevada do índice de massa corporal (IMC) de meninas das coortes 2 e 3; e estabilidade baixa a moderada da aptidão física de adolescentes das coortes 1 e 2. Na análise da força muscular estática, as meninas são mais fortes aos 10 anos, mas os meninos apresentam maiores ganhos anuais; a percentagem de gordura corporal tem uma associação positiva com as mudanças da força. Na análise do IMC, meninos e meninas apresentam um aumento linear com a idade; a aptidão física evidencia associação negativa com a mudança do IMC; o tempo de sono e consumo de frutas e vegetais não foram significativos. Na análise do fenótipo conjunto da tensão arterial e perímetro da cintura, os valores de meninos e meninas aumentam de forma não-linear; os meninos e adolescentes avançados maturacionalmente têm valores de risco mais elevados; a atividade física e aptidão física têm associações negativas com as mudanças longitudinais deste fenótipo. Das principais conclusões destacamos: (1) a importância da abordagem multidisciplinar utilizada, o seu delineamento longitudinal-misto e a vasta gama de informação; (2) a validade do estudo do tracking e análise multinível para descrever e interpretar as mudanças longitudinais; (3) a reduzida estabilidade dos componentes da aptidão física quando analisados por técnicas estatísticas distintas; (4) a importância da aptidão física e atividade física como fatores de proteção ao aumento longitudinal do IMC e dos indicadores cardiometabólicos. Palavras-chave: crescimento, desempenho motor, saúde cardiometabólica, informação longitudinal, adolescentes. Michele Caroline de Souza XXIX Abstract ABSTRACT The main purpose of this thesis was to interpret the net of multiple relationships among biological, environmental and lifestyle indicators affecting growth, development, health and performance of Portuguese adolescents aged 10 to 18 years old. The sample comprises 6894 adolescents of both sexes, divided into 4 age cohorts (10, 12, 14 and 16 years old) followed for 3 consecutive years. Participants are from schools located in Porto, Portugal. Standardized procedures were used to measure growth, biological maturation, body composition, physical fitness, physical activity, cardio-metabolic risk, eating habits and sleep duration indicators. SPSS, WinPepi, LDA, TIMEPATH and HLM were used in the univariate and multivariate statistical analysis. Distinct procedures to analyse tracking showed moderate-to-high stability in girls’ body mass index (BMI) from cohorts 2 and 3; and low-to-moderate stability of adolescents’ physical fitness from cohorts 1 and 2. In the analysis of static strength, girls are stronger at 10 years of age, but boys have higher annual increases; the percentage of total body fat is positively associated with static strength. In the analysis of BMI, boys and girls show linear increments with age; physical fitness is negatively associated with BMI changes; sleep duration and fruit/vegetables intake were not significant. In the analysis of the hypertensive and waist phenotype, boys’ and girls’ values increase in a nonlinear fashion; boys and adolescents who were more mature have higher risk values across adolescence; physical activity and physical fitness are negatively associated to the longitudinal changes in this complex phenotype. Main conclusions: (1) the relevance of using a multidisciplinary approach, a mixed-longitudinal design and the broad array of variables; (2) the validity of the tracking and multilevel analysis to describe and interpret the longitudinal changes; (3) the reduced stability of physical fitness components when analysed with different statistical procedures; (4) the relevance of physical fitness and physical activity as protector factors of longitudinal increases in BMI and cardio-metabolic indicators. Key-words: growth, motor performance, cardio-metabolic health, longitudinal information, adolescents. Michele Caroline de Souza XXXI Lista de abreviaturas e siglas LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAHPERD American Alliance for Health, Physical Educations, Recreation and Dance Achat Coeficiente de Achatamento Ampl Amplitude Total ANCOVA Análise de Covariância / Analysis of Covariance ANOVA Análise de Variância / Analysis of Variance Assi Coeficiente de Assimetria BMI Body Mass Index BP Blood Pressure CI Confidence Interval C1 Coorte etária 1 C2 Coorte etária 2 C3 Coorte etária 3 C4 Coorte etária 4 CA Califórnia CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CDC 2 CIFI D Centers for Disease Control and Prevention Centro de Investigação, Formação, Intervenção e Inovação em Desporto cm Centímetros / Centimeters CRF Cardiorespiratory Fitness CVD Cardiovascular Diseases DBP Diastolic Blood Pressure DF Distrito Federal DP Desvio Padrão e.g. For exemple EUA Estados Unidos da América FADE-UP Faculdade do Desporto da Universidade do Porto Michele Caroline de Souza XXXIII Lista de abreviaturas e siglas FCT Fundação para Ciência e Tecnologia FD Foulkes & Davis GLU Glucose H Hour H0 Hipótese Nula HBSC Health Behaviour in School Aged Children HDL-C High Density Lipoprotein-Cholesterol HGr Relative Handgrip Strength HWP Hypertensive and Waist Phenotype i.e. isto é IBM SPSS International Business Machines - Statistical Package for Social Sciences IMC Índice de Massa Corporal INE Instituto Nacional de Estatística de Portugal IPAQ-SF International Physical Activity Questionnaire - Short Form ISCOLE International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment kg Quilograma / Kilometer kgf Quilograma Força LDA Longitudinal Data Analysis M Média m2 Metros quadrado M1 Momento Um M2 Momento Dois M3 Momento Três MAP Mean Arterial Pressure min Minutos mm milimeter mmHg Milímetros de mercúrio/ Milimeters of mercury MMN Modelação Multinível MPA Moderate Physical Activity MVPA Moderate to Vigorous Physical Activity Michele Caroline de Souza XXXIV Lista de abreviaturas e siglas N/n Amostra / Sample size OGHPS Oporto Growth, Health and Performance Study P5 Percentil 5 P25 Percentil 25 P50 Percentil 50 P75 Percentil 75 PA Physical Activity PF Physical Fitness PHV Peak Height Velocity R Coeficiente de correlação / Correlation Coefficient r Coeficiente de Correlação / Correlation Coefficient reps Repetitions rm Correlação média s Segundos / Seconds SBP Systolic Blood Pressure SD Standard Deviations SES Socioeconimic Status SHR Shuttle Run SLJ Standing Long Jump SP São Paulo t time TEM Technical Error of the Measurement TG Triglycerides TPA Total Physical Activity UK United Kingdon VPA Vigorous Physical Activity vs Versus WC Waist Circumference WHO World Health Organization yrs years 50yd 50 yards dash % Percentual Michele Caroline de Souza XXXV Lista de abreviaturas e siglas %GTOTAL Percentual de Gordura Total κ Kappa ξ Índice de Constância de Goldstein ξ* Índice de Constância de Goldstein modificado γ Gama - Negativo / Negative ~/≈ Aproximadamente + Positivo / Positive < Menor = Igual > Maior ± Mais ou menos ≤ Menor ou Igual ≥ Maior ou Igual ♀ Meninas ♂ Meninos Michele Caroline de Souza XXXVI CAPÍTULO I Introdução Geral e Estrutura da Tese Introdução Geral e Estrutura da Dissertação INTRODUÇÃO GERAL 1. Necessidade de um olhar integrador O dinamismo do crescimento e desenvolvimento do ser humano reflete, em larga escala, o longo processo de evolução biocultural da espécie, dado serem fenômenos dinamicamente moldados por um vasto conjunto de fatores biológicos e do envolvimento (Bogin, 1999; Rogol, Clark et al., 2000; Ulijaszek, 2006; Malina, Bouchard et al., 2009). Esta complexidade inter-relacional genes e ambiente - atua de múltiplas formas para condicionar a plasticidade fenotípica numa ampla gama de variabilidade intra e interindividual no crescimento e desenvolvimento (Bogin, 1999; Malina, Bouchard et al., 2009). Há também quem considere os estados de crescimento e desenvolvimento, à escala populacional, indicadores sensíveis na aferição das condições gerais de saúde e qualidade de vida (Guedes & Guedes, 1997; Bogin, 1999; Ulijaszek, 2006; Hills, King et al., 2007). A adolescência é entendida como uma janela temporal ímpar para mergulhar o olhar na pluralidade de mudanças do foro biológico, cognitivo e psicossocial; acresce a aquisição e desenvolvimento de hábitos e estilos de vida, cuja persistência podem ter implicações significativas na saúde (Ulijaszek, 2006; Malina, Bouchard et al., 2009; Alberga, Sigal et al., 2012). O estudo da população adolescente reveste-se, ainda, de maior importância devido à modernização tecnológica atual e a consequente fruição de novos “gadgets”, que têm conduzido à promoção de estilos de vida nunca antes presenciados, essencialmente marcados pela aquisição de hábitos alimentares não saudáveis, comportamentos sedentários, diminuição dos níveis de atividade física, redução da exercitação física plena de sentido, i.e., da prática desportiva (Elgar, Roberts et al., 2005; Must, Bandini et al., 2007). A emergência de novos “ambientes”, frequentemente designados de obesogênicos, conduziu às duas das maiores epidemias à escala global (Elgar, Roberts et al., 2005; Hallal, Andersen et al., 2012; Spruijt, 2012; Ng, Fleming et al., 2014) - a obesidade e do sedentarismo - intimamente relacionados com o Michele Caroline de Souza 3 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação desenvolvimento exponencial de distúrbios cardiometabólicos em crianças e jovens (Weiss, Bremer et al., 2013), e que conduzem ao aumento do risco de doenças cardiovasculares na vida adulta (Kemper, Post et al., 1999; Twisk, Kemper et al., 2002). Daqui a necessidade, sempre presente, de informação cada vez mais precisa e atual acerca do modo como os jovens crescem e se desenvolvem no contexto da realidade do seu espaço habitacional, educativo e recreacional. A saúde do adolescente é hoje associada a um vasto manancial de indicadores do seu crescimento físico (Bogin, 1999; de Onis, Onyyango et al., 2007), maturação biológica (Malina, 2014), aptidão física (Ortega, Ruiz et al., 2008), composição corporal (Guedes & Guedes, 1997; Malina, Bouchard et al., 2009) e estilos de vida (Spruijt, 2012). Acresce a necessidade, sempre renovada, (1) da descrição modal e da variação do desempenho motor dos adolescentes; (2) da monitorização da mudança ocorrida ao longo do tempo (intraindividual e das diferenças interindividuais), bem como (3) da oferta de oportunidades de exercício físico/prática desportiva sintonizadas com as necessidades e prioridades dos jovens . O desafio interpretativo acerca do significado da variabilidade dos efeitos contextuais no crescimento físico, desenvolvimento e saúde de crianças e adolescentes é “eterno”, não deixando nunca de nos surpreender. O seu fascínio percorre uma vastidão de disciplinas da Antropologia Física e Biologia Humana, à Pediatria, Saúde Pública e Epidemiologia. Mais recentemente deslocou-se para o território das Ciências do Desporto e Educação Física pela importação de preocupações emergentes da nova disciplina designada de Epidemiologia da Atividade Física. O vasto espaço da Educação na escola é, também, educação para a saúde, bem como o alcance polissêmico do Desporto. Historicamente, alguns dos estudos longitudinais mais emblemáticos realizados nos Estados Unidos e na Europa centraram a sua atenção somente no crescimento físico e maturação biológica (Matton, Beunen et al., 2007; Malina, Bouchard et al., 2009). Posteriormente, incluíram inovações do foro do Michele Caroline de Souza 4 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação desempenho motor e atividade física (Matton, Beunen et al., 2007; Malina, Bouchard et al., 2009; da Silva, Beunen et al., 2013). Mais recentemente, o olhar tem sido mais abrangente em virtude dos desafios populacionais associados ao desenvolvimento de doenças cardiometabólicas no adulto e às evidências crescentes que a infância e adolescência são janelas importantes da sua emergência. Daqui que tenha havido uma mudança de foco para a avaliação de indicadores de risco já em contexto pediátrico (Matton, Beunen et al., 2007; Malina, Bouchard et al., 2009). Não obstante a inegável importância do corpo de conhecimento adquirido, a extensão e variedade dos indicadores pesquisados (ver Tabela 1), a que se agrega a latitude e profundidade dos seus problemas e metodologias, a complexidade relacional da dinâmica da mudança no crescimento, desenvolvimento e indicadores de saúde está longe de ser completamente fechada. Em nosso entender, exige uma compreensão mais interativa por parte dos pesquisadores das Ciências do Desporto e Educação Física dos países lusófonos. Sobretudo, quando os delineamentos longitudinais escasseiam e as abordagens interdisciplinares não abundam (da Silva, Beunen et al., 2013). Tabela 1. Principais pesquisas longitudinais conduzidos nos Estados Unidos e Europa. Pesquisa Cidade/País/Ano de início Fels Longitudinal Study Yellow Springs, EUA (1929) Principais indicadores estudados Medidas somáticas, Maturação biológica, Composição corporal, Em fases mais recentes: Aptidão Física, Atividade Física, Fatores de risco de doenças cardiometabólicas, Marcadores genéticos, Aspectos nutricionais. Saskatchewan Child Growth and Development Study Saskatoon, Canadá (1964) Medidas somáticas, Maturação biológica, Composição corporal, Atividade física, Aptidão física, Conteúdo e densidade mineral óssea. Leuven Longitudinal Study on Lifstyle, Fitness and Health Lovaina, Bélgica (1968) Medidas somáticas, Maturação biológica, Composição corporal, Somatótipo, Aptidão física, Michele Caroline de Souza 5 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Em fases mais recentes: Fatores genéticos, Fatores de risco para doenças cardiometabólicas. Muscatine Heart Study Iowa, EUA (1970) Medidas somáticas, maturação biológica, Aptidão Física, Atividade física, Fatores de risco de doenças cardiometabólicas. Bogalusa Heart Study Lousiana, EUA (1972) Medidas somáticas, maturação biológica, Aptidão Física, Atividade física, Fatores de risco de doenças cardiometabólicas. Amsterdam Growth Study Amsterdão, Holanda (1977) Medidas somáticas, maturação biológica, Aptidão Física, Atividade física, Fatores de risco para doenças cardiometabólicas, Densidade óssea, Parâmetros fisiológicos. The Northern Ireland Young Hearts Project Irlanda do Norte, Irlanda (1989) Medidas somáticas, maturação biológica, Aptidão Física, Atividade física, Fatores de risco de doenças cardiometabólicas. European Youth Heart Study Estudo multi-centro: Dinamarca, Noruega, Estônia e Portugal (1997) Medidas somáticas, maturação biológica, Aptidão Física, Atividade física, Fatores de risco de doenças cardiometabólicas. 2. Janelas de leitura e interpretação – modelos disponíveis Uma janela de leitura abrangente e integrada do lato território do crescimento físico, desempenho motor e estado de saúde de adolescentes requer, num certo sentido, um alicerce conceitual que considere não só a interrelação entre os seus diversos indicadores, mas também o dinamismo da sua mudança. Uma proposta, suficientemente abrangente e genérica, é a perspetiva ecológica do desenvolvimento humano centrada na díade indivíduo e ambiente, inicialmente proposta por Bronfenbrenner (1979), cuja extensa divulgação e aplicação no espaço lusófono se deve ao esforço do Professor Ruy Krebs (1995). Este modelo investiga as relações entre as mudanças que ocorrem no sujeito em desenvolvimento e todos os sistemas onde decorrem, direta ou indiretamente (Krebs, 1995). Mais recentemente, a sua abordagem dinâmica e interacionista foi incorporada no domínio da Epidemiologia da Atividade Física (Figura 1), face ao reconhecimento que múltiplos níveis de influência (individual, sociocultural, físico-ambiental e contexto político) atuam Michele Caroline de Souza 6 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação na adoção de estilos de vida ativos e saudáveis (Sallis & Owen, 1997; Sallis, Cervero et al., 2006; Sallis, Owen et al., 2008). Figura 1. Níveis de influência no desenvolvimento de comportamentos de saúde segundo o modelo ecológico (adaptado de Sallis & Owen, 1997). Bouchard e Shephard (1994) apresentam um modelo relativamente complexo de associações recíprocas entre a atividade física, aptidão física e a saúde sob a influência de fatores biológicos (hereditariedade), do envolvimento (físico e social) e do estilo de vida (Figura 2). Este modelo tem recebido elevada visibilidade internacional (Matton, Beunen et al., 2007) em grande parte por causa da ampliação do conceito de aptidão física - de um foco primário centrado na componente motora para a maior ênfase na saúde, descrita em cinco componentes: morfológica, muscular, motora, cardiorespiratória e metabólica (Bouchard & Shepard, 1994; Malina, Bouchard et al., 2009; Pate, Oria et al., 2012). Num outro plano, os renomados projetos de pesquisa - HERITAGE Family Study (Bouchard, Leon et al., 1995) e Québec Family Study (Katzmarzyk, Malina et al., 1999) - são exemplos de aplicações deste modelo com base nos fatores hereditários. Michele Caroline de Souza 7 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Figura 2. Especificação gráfica das relações entre atividade física, aptidão física e saúde (adaptado de Bouchard & Shephard, 1994 ). Um último modelo a ser citado, sugerido por Blair, Clark et al. (1989), descreve o efeito benéfico da manutenção de comportamentos ativos (atividade e aptidão física) durante a infância e adolescência e a sua transferência para a saúde do adulto (Figura 3). Essas relações interativas e de “longo prazo” noutras fases da vida têm sido exploradas em estudos epidemiológicos de renome internacional, nomeadamente o European Youth Heart Study (Riddoch, Edwards et al., 2005), Bogalusa Heart Study (Nicklas, von Duvillard et al., 2002), Muscatine Heart Study (Janz, Dawson et al., 2002), sobretudo no que se refere à saúde cardiometabólica. Michele Caroline de Souza 8 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Figura 3. Quadro relacional entre atividade física, aptidão física e saúde na infância e adolescência e suas associações na vida adulta (adaptado de Blair, Clark et al. 1989). Inspirados nas abordagens destes três modelos, bem como em pesquisas anteriores com uma estrutura longitudinal-mista realizadas nos arquipélagos da Madeira (Freitas, Maia et al., 2002) e Açores (Maia & Lopes, 2007), no Cariri Cearense (Silva, 2010) e em Muzambinho (Basso, Meira et al., 2009) foi possível delinear o projeto designado de Oporto Growth, Health and Performance Study (OGHPS). Nasceu no ano letivo de 2010/2011, e o seu grande propósito é investigar, longitudinalmente, a interação entre características individuais e fatores ambientais no crescimento físico, desempenho motor e marcadores da saúde de adolescentes portugueses com idades entre os 10 e os 18 anos. A partir de um delineamento longitudinal-misto (ver Tabela 2), e uma estrutura flexível, centrada nos domínios da Ciências do Desporto, Epidemiologia e Auxologia, o esforço interpretativo do OGHPS está direcionado para a estabilidade e dinâmica da mudança de um vasto conjunto de variáveis descritoras das categorias centrais da pesquisa. A abrangência desta leitura implicou, também, que se conhecesse a importância de aspectos tão distintos como os que se referem ao período gestacional, comprimento e peso à nascença, bem como nos primeiros anos de vida, estatuto socioeconômico da família, perceção do suporte parental relativamente à prática de atividade física; associamos, também, comportamentos alimentares, tempo de sono, perceção do estado de saúde e aspectos do ambiente construído. A Figura 4 ilustra o modelo relacional das diferentes variáveis estudadas nas três janelas do tempo. Michele Caroline de Souza 9 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Tabela 2. Estrutura básica do delineamento longitudinal-misto do OGHPS. Idades Coortes C1 10 11 C2 12 12 13 C3 14 14 C4 15 16 16 17 18 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Figura 4. Modelo relacional das diferentes variáveis estudadas nas três janelas do tempo do OGHPS. Michele Caroline de Souza 10 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação 3. Desafios e exigências da informação longitudinal. A grande “aventura” de uma qualquer pesquisa desenvolvimentista é marcada, sempre, por desafios situados nos planos concetual, metodológico e analítico, que podem ser sumariados em três etapas sequencialmente articuladas: (1) o recurso a um modelo teórico bem estruturado para interpretar a magnitude e sinal da mudança; (2) a utilização de um delineamento temporal que favoreça uma visão clara e detalhada dos processos em estudo; e (3) o recurso a modelos estatísticos flexíveis e eficientes para tratar adequadamente a informação disponível (Collins, 2006). Muito genericamente, os principais desafios interpretativos de dados seriados são os seguintes: (i) identificação direta da mudança intraindividual; (ii) identificação das diferenças ou similaridades interindividuais na mudança intraindividual; e (iii) análise sobre classes de preditores responsáveis pelas diferenças ou similaridades interindividuais na mudança intraindividual (Baltes & Nesselroade, 1979). O delineamento longitudinal puro é considerado a melhor estratégia para responder aos desafios anteriormente referidos, uma vez que a análise estatística se debruça sobre as mesmas variáveis colhidas nos mesmos sujeitos em intervalos de tempo regularmente espaçados (Bell, 1954; Duncan & Duncan, 2012). O que se obtém nada mais é do que uma espécie de relato da “história natural” das mudanças ocorridas nos indivíduos estudados, bem como uma interpretação da variação interindividual. Contudo, neste delineamento, o tempo de recolha da informação é relativamente longo, a que se associam desafios metodológicos/práticos de “monta” de que destacamos: (i) financiamento e investimento continuados; (ii) necessidade de uma logística bem organizada do processo de recolha da informação; (iii) dimensão amostral relativamente elevada, a que se ligam problemas de drop-out; e (iv) manutenção ou substituição adequada da equipe de avaliadores/pesquisadores (van Mechelen & Mellenbergh, 1997; Matton, Beunen et al., 2007; Malina, Bouchard et al., 2009). Uma alternativa viável, flexível, de menor custo mas igualmente eficiente é o delineamento longitudinal-misto em que múltiplas Michele Caroline de Souza 11 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação coortes de sujeitos, temporariamente sobrepostas, são observadas. Uma das suas principais vantagens é o período relativamente curto de acompanhamento dos sujeitos, reduzindo drasticamente os custos, bem como os sérios problemas cumulativos de drop out amostral (Duncan & Duncan, 2012). A análise multivariada da informação longitudinal não é tarefa simples (Hedeker & Gibbons, 2006; Fitzmaurice, Laird et al., 2011). A sua complexa estrutura organizacional reclama o recurso a modelos matemáticos-estatísticos modernos, elegantes, flexíveis e eficientes. Algumas avenidas de análise situam-se, por exemplo, no estudo da estabilidade de trajetórias (do inglês tracking) (Kowalski & Schneiderman, 1992); no uso da modelação multinível para interpretar a mudança intraindividual e as diferenças interindividuais (Bryk & Raudenbush, 1987); na identificação de grupos ou clusters de sujeitos com trajetórias temporais distintas, através dos modelos de equações estruturais (Diggle, Heagerty et al., 2013); bem como na análise de classes latentes (Collins & Lanza, 2010). 4. Pilares da tese. Esta tese de doutorado, parte do projeto OGHPS, apresenta um olhar multifacetado sobre a dinâmica relacional entre características individuais, fatores ambientais e do estilo de vida, bem como o seu efeito no crescimento físico, desempenho motor e marcadores da saúde de adolescentes. A estrutura dos seus estudos parcelares, detalhados mais adiante, está alicerçada num conjunto de pilares, assim referidos: - O primeiro assenta na relevância incontestável de retratar, de modo preciso, como é que os jovens se desenvolvem do ponto de vista do seu crescimento físico (Bogin, 1999). Medições longitudinais acerca dos indicadores do crescimento dos adolescentes são descritores dinâmicos da sua biologia, bem como de condições gerais de saúde e estado nutricional (Bogin, 1999; Rogol, Clark et al., 2000). Tradicionalmente, a estatura e o peso são comumente utilizadas para monitorizar o crescimento (Malina, Bouchard et al., 2009). Não obstante a importância da informação específica de cada um Michele Caroline de Souza 12 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação desses indicadores, o crescimento pode ser visualizado em termos de alguns “clusters” de variáveis, conhecidos como índices ou rácios, que fornecem informações adicionais, de considerável relevo, sobre o físico e as proporções corporais (Guedes & Guedes, 1997; Freitas, Maia et al., 2002; Malina, Bouchard et al., 2009). A relação entre a estatura e o peso é mais classicamente expressa no índice de massa corporal (IMC), com um longo trajeto histórico em Auxologia Epidemiológica sobre crescimento, composição corporal, subnutrição sobrepeso e obesidade (Malina, Bouchard et al., 2009). Sobrepeso e obesidade têm sofrido uma proliferação inimaginável em todo o mundo (Ng, Fleming et al., 2014). Portugal não está incólume a esta tendência, uma vez que a prevalência de sobrepeso/obesidade está entre 21.6% e 32.7% (Sardinha, Santos et al., 2011). Decorre daqui a obrigatoriedade de leituras mais abrangentes sobre as trajetórias de mudança do IMC ao longo da adolescência, bem como as suas interações com fatores biológicos e do estilo de vida, de que destacamos a aptidão física, atividade física, hábitos nutricionais e de tempo de sono. Esta análise/interpretação permitirá um conhecimento mais amplo sobre a variabilidade intra e interindividual na estrutura da mudança do IMC. - O segundo está fundado na importância do desempenho motor na expressão da saúde e bem-estar das populações, convenientemente reportada na literatura atual (Ortega, Ruiz et al., 2008; Pate, Oria et al., 2012). Níveis moderados a elevados de aptidão física, na infância e adolescência, estão associados a menor incidência dos fatores de risco cardiometabólico, redução da adiposidade total e abdominal, melhoria da saúde mental e óssea, bem como no aumento do desempenho acadêmico (Ortega, Ruiz et al., 2008). Ao considerar a adolescência como um período “crítico” para o desenvolvimento da proficiência motora (Guedes & Guedes, 1997; Freitas, Maia et al., 2002; Ortega, Ruiz et al., 2008; Malina, Bouchard et al., 2009), e potencialmente sensível à influência de fatores ambientais, de natureza positiva ou negativa, a monitorização de padrões de estabilidade e mudança do desempenho motor, neste período etário, pode contribuir de forma significativa para a promoção da Michele Caroline de Souza 13 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação saúde ao longo da vida (Janz, Dawson et al., 2000; Malina, 2001; da Silva, Beunen et al., 2013). - O terceiro assenta nas preocupações crescentes do impacto de fatores de risco cardiometabólico na saúde de populações pediátricas (Weiss, Bremer et al., 2013). Evidências epidemiológicas sugerem que o processo patológico dos distúrbios e doenças cardiometabólicas têm sua origem na infância e adolescência (Steele, Brage et al., 2008; Artero, Ruiz et al., 2011; Weiss, Bremer et al., 2013), estando associado a um conjunto de fatores etiológicos agregados, como por exemplo a hipertensão (Sorof & Daniels, 2002) e a obesidade central (Zimmet, Alberti et al., 2007). A presença precoce de anomalias nesses indicadores exige uma atenção redobrada, devido à probabilidade da sua continuidade na idade adulta, aumentando assim o risco de morbidade e mortalidade (Weiss, Bremer et al., 2013). Decorre daqui a necessidade de estudar, de modo mais abrangente, a dinâmica da mudança destes fatores de risco ao longo da adolescência, bem como a sua variação associada a fatores como a idade, o sexo, a maturação biológica, níveis de atividade física e aptidão física. A interpretação acerca do dinamismo relacional destes preditores, com base num pensamento e análise multinível, pode contribuir para atuações preventivas mais eficientes, i.e., convincentes e otimizadas. Em decorrência do anteriormente exposto, os propósitos desta tese são os seguintes: 1. Apresentar as principais ideias, linhas de força e domínios metodológicos do OGHPS, bem como referir sumariamente os resultados do primeiro ano da pesquisa, i.e., no seu baseline. 2. Inventariar e descrever importantes técnicas de análise do tracking (i.e., estabilidade e previsibilidade) associadas à pesquisa da estabilidade e mudança do IMC. Este propósito tem uma dupla finalidade: por um lado apresenta um modo de pensar e respetivos procedimentos analíticos numa importante faceta da pesquisa Michele Caroline de Souza 14 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação longitudinal; por outro, segue uma via didática no auxílio a investigadores principiantes interessados na investigação de caráter longitudinal. 3. Dada a estrutura longitudinal-mista do OGHPS, foi nosso propósito mostrar a elegância e flexibilidade da modelação multinível, i.e., do seu pensamento e método de análise estatística a partir de um exemplo centrado no desenvolvimento da força estática de adolescentes. 4. Analisar e atribuir significado aos resultados do tracking da aptidão física de adolescentes a partir de três abordagens estatísticas distintas: autocorrelações, modelação multinível e de Cohen. 5. Descrever e interpretar as mudanças no IMC em função do dinamismo relacional de um conjunto de preditores - atividade física total, aptidão física, tempo de sono e consumo de frutas e vegetais. 6. Analisar e interpretar o significado do desenvolvimento de um fenótipo complexo - adição da tensão arterial com o perímetro da cintura - ao mesmo tempo que se pesquisa o efeito dinâmico das variáveis sexo, maturação biológica, atividade física e aptidão física ao longo da adolescência. Michele Caroline de Souza 15 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação ESTRUTURA DA TESE Esta tese foi estruturada de acordo com o modelo habitualmente designado de “Escandinavo”. Os capítulos seguintes referem-se aos artigos escritos em função dos objetivos delineados. Os artigos foram submetidos para publicação em diferentes periódicos, e estão de acordo com as respetivas normas de publicação. O capítulo I trata a introdução e a estrutura geral da tese, onde é justificada a tese a que se juntam os principais propósitos. O capítulo II é constituído de três estudos de cunho metodológico. O capítulo III é composto por três estudos analíticos. As conclusões finais e limitações desta tese, bem como perspetivas de trabalho futuro estão apresentadas no capítulo IV. As referências bibliográficas estão descritas no final de cada texto de acordo com as normas do periódico a que o artigo foi submetido; os capítulos de introdução e síntese final da tese apresentam as referências bibliográficas de acordo com as normas da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Na Tabela 3 encontram-se descritas as sínteses do conteúdo de cada capítulo. Tabela 3. Estrutura da tese. Capítulo I Apresenta a introdução geral, sua relevância, os principais propósitos e a estrutura da tese. Estudo I The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study. Design, methods and baseline results. Capítulo II Objetivos: Apresentar as principais ideias e metodologias do projeto Oporto growth, health and performance study (OGHPS), bem como resultados do primeiro ano do estudo no crescimento físico, aptidão física e estilo de vida. Artigo submetido: BMC Public Health (Reino Unido) Autores: Michele Souza, Raquel Chaves, Fernanda Santos, Thayse Gomes, Daniel Santos, Alessandra Borges, Sara Pereira, Cláudia Forjaz, Joey Eisenmann, José Maia. Michele Caroline de Souza 16 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Estudo II A noção de tracking e sua aplicação à Educação Física e ao Esporte. Objetivo: Apresentar diversas técnicas de estudo e análise do tracking (estabilidade e previsibilidade). Artigo aceito para publicação: Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano (Brasil). Autores: Michele Souza, Cláudia Forjaz, Joey Eisenmann, José Maia. Estudo III Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte. Objetivo: Apresentar o uso da modelação multinível com informação oriunda de um estudo longitudinal-misto sobre o crescimento, desenvolvimento e saúde de adolescentes portugueses. Artigo aceito para publicação: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (Brasil). Autores: Michele Souza, Cláudia Forjaz, Thayse Gomes, Fernanda Santos, Joey Eisenmann, José Maia. Estudo IV Short-term tracking of youth physical fitness: The Oporto Growth, Health and Performance Study. Objetivo: Descrever e interpretar o tracking da aptidão cardiorespiratória e aptidão física relacionada à performance de adolescentes através de três técnicas de análise: autocorrelação, modelação multinível e de Cohen. Capitulo III Artigo submetido: Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports (Dinamarca). Autores: Michele Souza, Joey Eisenmann, Raquel Chaves, Daniel Santos, Sara Pereira, Cláudia Forjaz, José Maia. Estudo V Modeling the dynamics of BMI changes during adolescence. The Oporto Growth, Health and Performance Study. Objetivos: (1) Analisar as trajetórias de mudança no IMC de adolescentes dos 10 aos 18 anos de idade; (2) Investigar os efeitos dinâmicos da aptidão física, atividade física, tempo de sono e consumo de frutas/vegetais nas trajetórias interindividuais do IMC. Michele Caroline de Souza 17 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação Artigo submetido: International Journal of Obesity (EUA) Autores: Michele Souza, Joey Eisenmann, Daniel Santos, Raquel Chaves, Cláudia Forjaz, José Maia. Estudo VI Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype. The Oporto growth, health and performance study. Objetivos: (1) Modelar a mudança num score cardiometabólico em adolescentes; (2) Investigar os efeitos dinâmicos de um conjunto de preditores: sexo, maturação biológica, atividade física e aptidão física. Artigo submetido: Journal of Adolescent Health (EUA) Autores: Michele Souza, Joey Eisenmann, Fernanda Santos, Thayse Gomes, Sara Pereira, Cláudia Forjaz, José Maia. Capítulo IV Apresenta a síntese final, destacando as principais conclusões de cada estudo, bem como limitações e perspetivas futuras de pesquisa. Michele Caroline de Souza 18 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação REFERÊNCIAS Alberga, A. S., R. J. Sigal, G. Goldfield, D. Prud'homme and G. P. Kenny (2012). "Overweight and obese teenagers: why is adolescence a critical period?" Pediatr Obes 7(4): 261-273. Artero, E. G., J. R. Ruiz, F. B. Ortega, et al. (2011). "Muscular and cardiorespiratory fitness are independently associated with metabolic risk in adolescents: the HELENA study." Pediatr Diabetes 12(8): 704-712. 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Michele Caroline de Souza1,2, Raquel Nichele de Chaves3, Fernanda Karina dos Santos1,2, Thayse Natacha Queiroz Ferreira Gomes1, Daniel Vilhena e Santos1, Alessandra Silva Borges1, Sara Isabel Sampaio Teixeira1, Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz4, Joey Eisenmann5, José António Ribeiro Maia1 Artigo submetido à BMC Public Health (Reino Unido) 1 CIFI2D, Kinanthropometry Lab, Faculty of Sport, University of Porto-Porto, Portugal. 2 CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil, Brasília - DF, Brazil. 3 4 Federal University of Technology of Paraná-PR, Brazil. Exercise Hemodynamic Laboratory, School of Physical Education and Sport, University of São Paulo-SP, Brazil. 5 Department of Radiology, Michigan State University- East Lansing , United States. The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study ABSTRACT The main aim of this paper was to address the key ideas, methodology and design of the Oporto Growth, Health and Performance Study (OGHPS). This is a multidisciplinary mixed-longitudinal study whose main purpose is to interpret the multiple interactions among biological, environmental and lifestyle indicators that affect growth, development, health and performance of Portuguese adolescents aged 10 to 18 years old. We briefly present baseline results for growth, physical fitness and lifestyle behaviors for those participating in the cross-sectional sample (n≈8000). Results show that ≈30% were overfat or obese. On average, boys are more physically fit and active than girls. Few adolescents meet the guidelines for sleep duration (≈10%) and eating habits (16.2 to 24.8%), while 76-85% meet the recommended levels of moderate to vigorous physical activity. The OGHPS has an innovative approach due to its mixed-longitudinal design and the broad array of variables. Furthermore, subsequences analyses of the longitudinal data will enable a detailed exploration of important factors affecting youth health and performance trajectories and will help to identify some of the most opportune times for interventions in terms of their health behaviors. Keywords: Growth, Development, Health, Adolescents, Longitudinal studies. Michele Caroline de Souza 31 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study INTRODUCTION There is considerable global public health concern about physical activity (PA), dietary habits, obesity, and physical fitness (PF) in children and adolescents (Malina, Bouchard and Bar-Or 2004, Ahrens et al. 2011, Katzmarzyk et al. 2013). Further, this systemic co-occurrence is closely connected to the development of metabolic risk and cardiovascular diseases (CVD) during adolescence (Malina, Bouchard et al. 2004, Ahrens et al. 2006, Ahrens, Bammann et al. 2011, Katzmarzyk, Barreira et al. 2013, Wijnstok et al. 2013) and tracks into adulthood (Dietz 1997, Riddoch et al. 2005, Moreno et al. 2008, Wijnstok, Hoekstra et al. 2013), and ultimately threatening general public health and the global economy (Pigeot et al. 2009, Ahrens, Bammann et al. 2011, Katzmarzyk, Barreira et al. 2013). Adolescence is a highly plastic and dynamic life period often viewed as an important time frame or “critical window” in terms of acquisition and development of lifestyle behaviors which are linked to health problems in adulthood (Moreno, De Henauw et al. 2008, Ortega et al. 2008, Wijnstok, Hoekstra et al. 2013). Within the scope of primary prevention, it is important to monitor behaviors and lifestyle characteristics in order to identify markers, peer influences, and environmental conditions that increase the likelihood of developing adverse CVD risk profiles (Riddoch, Edwards et al. 2005, Moreno et al. 2008, Basso et al. 2009, Wijnstok, Hoekstra et al. 2013). Only a few longitudinal studies from Europe and North America [i.e., Leuven Longitudinal Study on Lifestyle and Health (Matton et al. 2007), the Amsterdam Growth and Health Study (Wijnstok, Hoekstra et al. 2013), the Fels Longitudinal Study (Roche 1992), and the Saskatchewan Growth and Development Study (Mirwald 1980)] have highlighted the impact of contextual influences in body growth, physical fitness, motor performance and lifestyle characteristics during childhood and adolescence. However, these landmark studies described the adolescent period in the historical context of the 1970’s and 1980’s. Further, longitudinal studies concerning children and adolescents’ Michele Caroline de Souza 33 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study growth, development and health aimed at studying the multiple interactions amongst these complex set of variables are not common in the Portuguese speaking countries (Freitas et al. 2002, Maia and Lopes 2007, Basso, Meira et al. 2009, da Silva et al. 2013, Silva et al. 2013). However, these studies did not address the complex dynamics that arise when describing not only changes in individual variables or sets of variables, but mainly the behaviors that predict these changes as well as interactions of factors that influence the mutual dynamic process of physical growth, development and adolescent health. This aforementioned aspect is the focus of the “Oporto Growth, Health and Performance Study” (OGHPS), a mixed-longitudinal study addressing the stability and dynamics of change in physical growth, development and health. As such, the primary aim of OGHPS is to investigate, longitudinally, the interaction among individual characteristics, environmental factors, and lifestyle predictors that affect growth, development, health aspects and performance of Portuguese adolescents. The OGHPS used the ecological model proposed by Sallis and Owen (1997) as a general template, and included a wide range of information about growth, maturation, physical fitness, cardio-metabolic health, lifestyle, the built environment, and family. The OGHPS has an innovative approach regarding (i) the broad array of variables, (ii) its mixed-longitudinal design covering late childhood and adolescence, and (iii) the statistical methods such as tracking (Kowalski and Schneiderman 1992), multilevel modeling (Bryk and Raudenbush 1987), generalized estimating equations (Diggle et al. 2013), latent class and transitional analysis (Collins and Lanza 2010), and mixed-models with random location and scale (Hedeker, Mermelstein and Demirtas 2012). The results are expected to contribute to a better understanding of the complex interplay among individual characteristics, environmental factors and lifestyle predictors that influence adolescents’ growth, development and health. This will enable us to provide more precise informed judgments of the more important factors affecting the adolescent trajectory, and how they vary between and within subjects. Michele Caroline de Souza 34 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study The purpose of this paper is two-fold: (1) to address the key ideas and methodological domains of the OGHPS; (2) to briefly present baseline results for physical growth, physical fitness and lifestyle behaviors and identify possible sex-differences. METHODS Design and sample This study presents a mixed-longitudinal design involving Portuguese adolescents from 10 to 18 years old divided into four age cohorts. The first cohort was followed from 10 to 12 years; the second from 12 to 14 years; the third from 14 to 16 years, and the fourth from 16 to 18 years. Cohorts’ temporal overlap was taken at 12, 14 and 16 years old. Seven schools from the Porto educational area (north of Portugal) were randomly selected, and the participants were randomly assigned in each school. Measurements were conducted annually during November to April for three consecutive years (2011-2013). Approximately 250 in each cohort had three years of repeated information representing the mixed-longitudinal study sample. Due to the extensive information derived from this mixed-longitudinal study, we also derived a cross-sectional sample (n≈8000) consisting only of students who entered the study in the beginning of each academic year. Table 1. Sample size per age and sex groups. Age 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Total Girls 697 502 589 436 460 487 323 238 165 3897 Boys 705 555 667 477 434 499 344 261 182 4124 Total 1402 1057 1256 913 894 986 667 499 347 8021 Michele Caroline de Souza 35 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study The present report will only consider the cross-sectional sample (n≈8000) which comprises adolescents aged 10 to 18 years (Table 1). Legal authorization to conduct the study was obtained from school directors. Further, informed consent was obtained from all parents and the Ethics Committee of the University of Porto approved the project. Measurements As previously mentioned, a wide range of information was collected on physical growth, biological maturation, body composition, physical activity, physical fitness, cardio-metabolic risk factors, lifestyle characteristics, demographics, and neighborhood environment. When sibling pairs were identified in the same school (n≈280 sibling pairs which amounts to a total of 600 subjects), a more detailed assessment of physical growth, gestational information, blood analysis of metabolic risk, as well as physical activity monitored with daily use of pedometers and accelerometers was undertaken. Table 2 shows a summary of the collected data. Anthropometry A battery of anthropometric measurements was made by trained staff following standardized protocols established by the International Society for the Advancement of Kinanthropometry (Ross and Ward 1986). Height and sitting height were measured to the nearest 0.1 centimeter with a portable stadiometer (Holtain, UK). Body mass (kg) was measured with a portable bioelectrical impedance scale (TANITA BC-418 MA Segmental Body Composition Analyser; Tanita, Corporation, Tokyo, Japan) with a 0.1 kg precision. Body mass index (BMI) was computed using the standard formula BMI=[body mass (kg)/height (m)2], and all adolescents were classified as normal weight, overweight and obese according to the cut points defined by the International Obesity Task Force (Cole et al. 2000). Triceps, subscapular, iliac, abdominal and medial calf skinfolds were measured with a Holtain caliper (0.2 mm precision). The waist circumference (WC) was anatomically identified as the smallest circumference between the lowest rib and the superior border of the iliac crest and measured to the nearest 1cm with non-elastic tape (Sanny, American Medical of Brazil, Michele Caroline de Souza 36 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study São Paulo, Brazil). Relaxed and contracted arm circumference and calf circumference were also measured with the non-elastic tape. Bone breadths (biacromial, biiliocristal, bi-epicondyle humerus and bi-epicondyle femur) were measured with a Holtain round tips compass with a precision of 0.1 cm. Body Composition Fat mass and fat-free mass were estimated using the portable bioimpedance scale (Tanita BC-418 MA Segmental Body Composition Analyzer; Tanita, Corporation, Tokyo, Japan) after removing heavy clothing, shoes and socks. Body fat status (underfat, normal, overfat and obesity) was computed according to the sex-specific cut points suggested by McCarthy et al. (2006). Biological Maturation Biological maturation was indirectly assessed by the maturity offset regression procedure (Mirwald et al. 2002) which estimates the timing of occurrence of peak height velocity (PHV) based on age, sex, height, sitting height and weight (specific formulas are available for each sex). The maturity offset estimates how many years the subject is from PHV. A positive (+) maturity offset represents the number of years the participant is beyond PHV, whereas a negative (–) maturity offset represents the number of years the subject is before from PHV. Physical Fitness PF was assessed in two complimentary ways, i.e. using norm and criterion referenced test batteries (Baumgartner et al. 2006). Criterion referenced assessments were made via the Fitnessgram test battery (Fitnessgram 1994), including:. (a) Aerobic capacity - one-mile run/walk test: all participants ran/walked this distance (1609 m) in the shortest time possible; (b) Abdominal muscular strength and endurance - curl-up test: correctly performed as many curl-ups as possible; (c) Trunk extensor strength - trunk lift test: lying in a prone position, lifted the trunk as much as he/she could; and (d) Upper body muscular strength and endurance - push-up test: all participants correctly Michele Caroline de Souza 37 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study performed as many push-ups as possible. PF cut points (i.e., “Healthy Fitness Zone”) were determined by Fitnessgram protocol. The 1988 AAHPERD (1976) youth fitness test battery was used as a normative PF assessment and comprises the following tests: (a) Speed - 50 yard dash test: all participants ran this distance in the shortest time possible; (b) Explosive leg power - standing long jump test: all participants jumped as far as possible from a standing position; (c) Static strength - grip strength test: all participants gripped the dynamometer (Takei Physical Fitness Test GRIP-D) with maximum force during 5 to 10 s; and (d) Agility - shuttle-run test: all participants ran as fast as possible from the starting line to a line 9 m away where two small wooden blocks were placed, picked-up one of the blocks, returned to the starting line, placed the block on the line, and then repeated route. Cardio-metabolic risk factors Cardio-metabolic risk factors included those variables used to classify for metabolic syndrome: WC, systolic blood pressure (SBP), diastolic blood pressure (DBP), fasting glucose (GLU), triglycerides (TG) and high-density lipoprotein-cholesterol (HDL-C). Individual cutoff points suggested by Cook et al. (2003) were used for each variable to determine the adolescents at risk. All measurements were made by the research team. All participants were assessed for WC (as previously described) and for blood pressure, while a subsample (≈400) was submitted to blood analyses. Blood pressure was measured with an automated recorder (Omrom M6 hem7001-E, Omron Healthcare) previously validated by The International Protocol of the European Society of Hypertension (Topouchian et al. 2006). Three different cuff sizes were available for use according to the best fit to participant’s arm circumference. All adolescents rested five minutes prior to the first measurement. They remained seated with the back relaxed against the chair, legs uncrossed and feet flat on the floor. The right upper limb was positioned with support at the heart level and palm turned upwards. Three consecutive Michele Caroline de Souza 38 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study measures with at least two minutes interval were obtained, and the averaged value was used in the analysis. The blood analyses were collected after an overnight fast of at least 1012 hours. GLU, HDL-C and TG were analysed with the Cholestech LDX point of care analyser (Cholestech Corporation, Hayward, CA 94545, USA). This method has been previously validated against a laboratory reference method (LDX 2003), and daily optical equipment checks were made according to manufacturer instructions. Lifestyle characteristics Physical activity PA was assessed via a multimodal approach including subjective and objective procedures. The subjective methods comprised the Baecke PA questionnaire (Baecke, Burema and Frijters 1982) and the International Physical Activity Questionnaire, short version (IPAQ-SF) (IPAQ 2005). The Baecke questionnaire maps three basic domains of PA, namely school PA, leisure time PA and sport participation PA. It comprises a total of 16 questions divided into these three domains and each domain is scored from 1 (minimal PA) to 5 (maximal PA). A total PA score is obtained from the unweighted sum of all three domains. The IPAQ-SF maps three specific types of PA: walking, moderate intensity PA and vigorous intensity PA. Computation of the scores requires multiplication of the duration (minutes) and frequency (days) of each PA. Scores can also be expressed in MET-minutes/week by multiplying each score by its specific equivalent MET value (Walking = 3.3 METs, Moderate PA = 4.0 METs and Vigorous PA = 8.0 METs). A total PA score is obtained from the unweighted sum of all three types of PA. The questionnaires were answered during physical education classes under the supervision of the physical education teachers who were previously trained by the research team. A subsample of participants (n=325) was objectively monitored with an accelerometer (Actigraph, GT3X, Pensacola, USA) and a pedometer (OMRON, walking style II, Hoofddorp, Netherlands). Adolescents were encouraged to use Michele Caroline de Souza 39 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study both devices simultaneously during 5 consecutive days (3 week days and 2 weekend days); only removing them during water activities (i.e., showering, swimming) and sleep. These devices were worn around the waist with an elastic belt and adjustable clip. The accelerometer and pedometer were placed together in line with the mid-axillary line and lying on the iliac crest (i.e., hip location). The minimal amount of accelerometer data that was considered acceptable was 4 days with at least 10 hours of wear time per day, including at least one weekend day. PA variables were derived using activity counts as advocated by Evenson et al. (2008). The recommendation of 60 min/day of moderate and vigorous PA (MVPA) as proposed by the World Health Organization was adopted to identify physically active adolescents. Behaviours and Eating Habits Students’ nutritional behaviours were reported by their mothers using the Children's Eating Behaviour Questionnaire validated for the Portuguese population (Viana and Sinde 2003). This questionnaire comprises eight dimensions: response to food, enjoy eating, response to satiety, slow intake, selectivity, emotional eating, emotional sub-intake and desire to drink. Further, two questionnaires about dietary habits were also used and answered by the student. The first is from the World Health Organization and asks about usual and customary food intake in the past 30 days (WHO 2009). The second is adapted from the food frequency questionnaire used in the International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE) (Katzmarzyk, Barreira et al. 2013) and The Health Behaviour in School - Aged Children Study (HBSC) (Currie et al. 2012). This questionnaire consists of questions about the different types of foods (23 types) consumed in a typical week, as well as the consumption of snacks when watching television. There is also an additional set of questions concerning the frequency of breakfast intake. For this paper, only the information related to fruits and vegetables was analysed and adolescents’ responses were divided in two groups - those who consumed fruits and vegetables every day of the week and those who did not. Michele Caroline de Souza 40 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study Sleep Habits All participants answered a questionnaire concerning their sleeping habits, namely how many hours they usually slept in each of 7 days of the week. For this paper, sleep time was estimated from average weekly time (expressed in hours) and adolescents were categorized in two groups (<10h/day; ≥10h/day) based on National Sleep Foundation recommendations (2013). Health Status Perception Subjective health status was assessed with the SF-36 health survey questionnaire described and validated to the Portuguese population (Ribeiro 2005). The questionnaire considers 36 items mapping the following dimensions: physical functioning, social function, role limitations due to physical problems, role limitations due to emotional problems, mental health, vitality, pain, general health perception and health change. All adolescents answered the questionnaires during physical education class under the supervision of their teachers who were trained by the research team. Family support for Physical Activity All participants answered a questionnaire concerning the level of support for PA they felt they receive from their family (parents and siblings). This questionnaire was based on Sallis et al. (1987), and considers a list of items that family might do or say to someone who is trying to exercise regularly. Gestational information Mothers were interviewed to provide information about birth weight and length, mother’s gestational age, presence of complications in pre-natal, perinatal and post-natal periods, sports practice and main occupation during pregnancy, as well as the age that the baby began to speak, crawl and walk. Socioeconomic status Socioeconomic status (SES) was determined by the Portuguese schools’ social support system which is based on Ministry of Education directives. This Michele Caroline de Souza 41 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study support is divided in three levels according to familial annual income: level A (≤ 2.934 Euros/year), with feeding (lunch at the school) and books supports; level B (from 2.934 to 5.869 Euros/year), half of level A reimbursement value; and level C comprises all students who receive no support (≥5.870 Euros/year). We have also used the Portuguese National Classification of Occupations from the Portuguese National Statistics Institute (INE 2010). Each occupation was classified from 0 to a 9 point ordinal scale, where 0 means higher SES and 9 is the lowest. Built Environment Information on the built environment was obtained by questions about the traffic system, accessibility to public transport, housing density and perceived safety of the neighborhood where they lived during the period of evaluations. The questionnaire is a Portuguese version of the Environmental Module (environmental perception of the residential area) of the International Physical Activity Study, previously applied in the Portuguese population (Delgado 2005). Data quality control Data quality control was assessed in five different steps: (1) training of all team members by experienced researchers of the Kinanthropometry Laboratory of the Sports Faculty, University of Porto, Portugal; (2) conducting random retests (intra-rater reliability) on each assessment day; (3) control of the computerized data entry; (4) exploratory data analysis to identify possible errors and/or the presence of outliers; and (5) reliability calculations using the ANOVAbased intraclass correlation coefficients (R), as well as the technical error of the measurement (TEM) as shown in Table 3. Michele Caroline de Souza 42 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study Table 2. Summary overview of data collected. Domain Anthropometry (growth, body composition and maturation) Physical fitness Cardio-metabolic risk factors Lifestyle Demographic and neighborhood environment Measurements -Anthropometry: Height, sitting height, body mass, waist circumference, body mass index Muscle girths, bone breadths and folds of subcutaneous adiposity -Body composition by Bioimpedance: Fat mass and fat free mass -Biological maturation: Maturity Offset Participation All sample Sub sample All sample All sample -Criterion assessment: Fitnessgram battery -Normative assessment: AHHPERD battery All sample All sample -Fasting Blood analysis: Fasting glucose, triglycerides, HDL-Cholesterol -Waist circumference and blood pressure - Physical activity: QuestionnairesBacke and IPAQ-SF Accelerometers and Pedometers -Behavioral and Eating Habits Children's Eating Behaviour Questionnaire Food frequency Questionnaires -Sleep habits: Questionnaire about sleep duration -Health status: Questionnaire SF-36 - Family support to PA participation: Social Support for Exercise Questionnaire - Gestational information -Socioeconomic status -Built environment: Questionnaire Sub sample All sample All sample Sub sample All sample All sample All sample Sub sample All sample All sample All sample Michele Caroline de Souza 43 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study Table 3. Reliability estimates of key anthropometric and physical fitness measurements in the Oporto Growth and Health Study. Measurements Height Seating Height Body mass Bioimpedance Total Body fat Total trunk fat Skinfolds Triceps Subscapular Iliac Abdominal Calf Muscular circumference Waist Contracted arm Relaxed arm Medial calf Bone breadths Biacromial Biiliocristal Bi-epicondyle humerus umeral Bi-epicondyle femur Physical fitness One mile walk/run Curl-up Push-up Trunk-lift Standing long jump 50 yard dash Shuttle-run Handgrip R 0.99 0.99 0.99 95%CI 0.99-0.99 0.99-0.99 0.99-0.99 TEM 0.1 cm 0.2 cm 0.1 kg 0.99 0.99 0.99-0.99 0.99-0.99 0.4% 0.6% 0.99 0.99 0.99 0.98 0.99 0.99-0.99 0.98-0.99 0.98-0.99 0.98-0.99 0.99-0.99 0.2 mm 0.1 mm 0.3 mm 0.2 mm 0.1 mm 0.99 0.99 0.99 0.99 0.98-0.99 0.99-0.99 0.99-0.99 0.99-0.99 0.1 cm 0.1 cm 0.1 cm 0.1 cm 0.99 0.99 0.98 0.99 0.99-0.99 0.99-0.99 0.97-0.99 0.99-0.99 0.1 cm 0.2 cm 0.1 cm 0.1 cm 0.93 0.98 0.93 0.94 0.95 0.95 0.95 0.97 0.91-0.94 0.98-0.98 0.92-0.94 0.94-0.95 0.94-0.95 0.94-0.95 0.95-0.96 0.97-0.97 - Statistical analysis Exploratory data analyses were conducted to check for the presence of outliers and univariate distributions’ normality, as well as to obtain descriptive statistics [means and standard deviations (SD)]. For the purposes of this paper, the following analyses were undertaken. Analysis of covariance (ANCOVA), adjusted for chronological age and maturity offset, was used to examine sex Michele Caroline de Souza 44 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study differences on several indicators of the various domains. A Chi-square test was used to compare prevalence in all indicators between boys and girls. All computations were done in IBM SPSS 20.0 and WinPepi softwares. Significance level was set at 5%. RESULTS Descriptive statistics for anthropometry, PA, sleep, and muscular and cardiorespiratory fitness components are shown in Table 4. On average, boys were significantly (p<0.05) taller and heavier than girls. Boys had significantly (p<0.05) lower % total body and trunk fat, but WC was higher. Boys showed significantly (p<0.05) higher values for muscular fitness than girls, except in the trunk lift test. With regards to cardiorespiratory fitness, boys completed the run/walk test faster, and possessed lower DBP, but higher SBP than girls. Boys were more active (p<0.05) than girls in all types of PA, but slept less than girls. Table 5 shows the prevalence of weight status, body fat status, PA, PF and cardio-metabolic indicators. There were no differences between girls’ and boys’ weight status (nearly 30% of them were overweight (23%) or obese (7%) according to BMI). Body fat status (combined overfat and obesity) showed similar results for both sexes. Boys were more physically fit than girls (43.4% of them were fit in all tests compared to 29.6% of girls). Boys had higher prevalence of elevated WC and SBP. More boys (85%) met the 60 min/day of MVPA recommendation when compared to girls (75%). With regards to meeting the sleep recommendation, there were no differences between girls and boys with approximately 10% meeting the recommendation of 10h/day. More girls (24.8%) reported consuming fruits and vegetables every day of the week when compared to boys (16.2%). Michele Caroline de Souza 45 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study Table 4. Descriptive characteristics for several indicators of anthropometry, physical activity, muscular fitness and cardiorespiratory fitness among Portuguese boys and girls (ANCOVA F test and p-values). Girls Mean SD n Boys Mean SD F p-value 3750 3730 3722 3219 3717 3265 154.6 51.4 27.4 21.6 21.3 66.9 9.2 12.4 5.9 6.6 3.9 8.0 3992 3933 3915 3457 3923 3525 158.9 53.7 20.3 16.5 20.9 70.3 13.5 14.9 6.4 6.4 3.7 8.9 879.48 162.40 2459.26 857.74 0.243 811.618 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 0.622 <0.001 3601 2740 2754 2681 22.9 10.3 40.8 32.1 5.7 10.8 28.3 8.3 3793 2865 2899 2815 28.1 16.6 46.0 30.1 10.0 13.5 29.6 7.7 3158.823 370.950 46.210 72.262 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 2569 11.1 2.4 2748 9.1 2.2 997.349 <0.001 2949 2949 112.5 64.7 11.2 7.8 3145 3145 116.7 63.3 13.6 7.8 410.256 30.004 <0.001 <0.001 303.263 122.157 6.250 187.011 <0.001 <0.001 0.012 <0.001 5.375 0.020 n Anthropometry Height (cm) Weight (kg) Total Body Fat (%) Trunk Fat (%) BMI (kg/m2) Waist Circumference (cm) Muscular fitness Handgrip (kg) Push-up (reps) Curl-up (reps) Trunk Lift (cm) Cardiorespiratory fitness 1 mile run/walk (min) Blood Pressure SBP (mm/Hg) DBP (mm/Hg) Physical activity VPA (METs-min/Week) MPA (METs-min/Week) Walking (METs-min/Week) TPA (METs-min/Week) Sleep Habits Average weekly time (h) 2340 1534.3 1938 910.0 2452 912.7 1545 3687.4 2284 8.6 1978.6 937.9 959.8 3029.6 2559 2665.0 2538.2 2193 1274.2 1167.5 2428 979.1 1025.2 1768 5320.7 3840.5 1.1 2389 8.5 1.1 % =Percentage; BMI= Body mass index; cm= centimeters; kg= kilograms; reps= number of repetitions; SBP= systolic blood pressure; DBP=diastolic blood pressure; VPA= vigorous physical activity; MPA= moderate physical activity; TPA= total physical activity; Min= minutes; h= Hour Michele Caroline de Souza 46 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study Table 5. Prevalence (95% confidence interval, CI) of weight status, body fat status, physical activity, physical fitness and cardio-metabolic indicators in Portuguese boys and girls. N Weight status (BMI) Normal weight Overweight Obesity Body fat status Underfat Normal Overfat Obesity Physical fitness Fit in at least 1 test Fit in at least 2 tests Fit in at least 3 tests Fit in all tests Cardio-metabolic Indicators WC Risk SBP Risk MVPA <60min/day ≥60min/day Average weekly sleep time <10h/day ≥10h/day Eating habits: Fruits/vegetables Not every day Every day Girls % 95%CI N Boys % 95%CI χ2 p-value 2590 875 263 69.5 23.5 7.1 68.0-70.9 22.1-24.9 6.3-7.9 2746 69.7 68.3-71.1 892 22.6 21.3-24.0 301 7.6 6.8-8.5 0.051 0.735 0.967 0.821 0.391 0.325 30 2486 648 569 0.8 66.6 17.4 15.2 0.5-1.1 65.1-68.1 16.2-18.6 14.1-16.4 43 1.1 0.8-1.5 2637 67.2 65.7-68.6 628 16.0 14.9-17.2 617 15.7 15.6-16.9 1.727 0.300 2.544 0.333 0.189 0.584 0.111 0.564 165 627 948 748 6.5 24.8 39.0 29.6 5.6-7.6 23.2-26.6 35.7-39.5 27.9-31.5 147 5.5 4.6-6.4 477 17.6 16.2-19.1 907 33.5 31.8-35.4 1173 43.4 41.5-45.3 2.819 40.638 9.200 106.106 0.093 <0.001 <0.002 <0.001 142 594 4.3 20.1 3.6-5.1 18.6-21.5 198 816 5.5 4.8-6.3 25.6 24.1-27.1 5.366 26.477 0.021 <0.001 347 1090 24.1 75.9 21.9-26.4 73.5-78.5 286 15.0 13.4-16.7 1618 85.0 83.3-86.6 44.418 44.418 <0.001 <0.001 2015 269 88.2 11.8 86.8-89.5 10.5-13.2 2149 90.0 88.7-91.1 240 10.0 8.9-11.3 3.607 3.607 0.058 0.058 1364 450 75.2 24.8 73.1-77.2 22.8-26.9 1649 83.8 82.1-85.4 318 16.2 14.6-17.9 43.526 43.526 <0.001 <0.001 BMI= Body mass index; WC= Waist circumference; SBP= Systolic blood pressure; MVPA= Moderate to vigorous physical activity. Michele Caroline de Souza 47 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study DISCUSSION This paper provides background, key ideas and methodology of the OGHPS. The OGHPS utilized a multidisciplinary approach, linking knowledge from complementary scientific fields with an integrated vision that is seen in recent international studies (Basso, Meira et al. 2009, Ahrens, Bammann et al. 2011, Katzmarzyk, Barreira et al. 2013). Furthermore, the methodology is sufficiently extensive and robust in exploring important factors affecting health trajectories during adolescence which will assist in the interpretation of intraindividual change and interindividual differences in growth, development and health. The methodology of the OGHPS, specifically the design and measurements, deserves to be highlighted. The use of the mixed-longitudinal design will permit a link between adjacent segments of each cohort given the known advantages of this study design including: (i) the relatively short followup period of the subject, thereby reducing the cumulative problems of re-testing effect and sampling drop out; (ii) research results can be presented more quickly (on a timely subject); (iii) the use of different cohorts increases the reliability of the results’ generalization, and (iv) the possibility to estimate, when necessary, the magnitude of the effect of age, cohort and measuring periods in the analysis of change (Bell 1953, Bell 1954, Duncan and Duncan 2012). A major strength is that we included a comprehensive range of biological, environmental and lifestyle information that potentially influences growth, development and health during adolescence. The instruments and procedures are aligned with other international studies and were suitable, practically feasible, and justifiable for such a large sample. Finally, the adequate integration of the theoretical model, temporal design and statistical methods will enable OGHPS to provide valuable longitudinal data to parents, education, clinical, and public health professionals for future prevention efforts, to identify some of the most opportune times for interventions, as well as to identify children and adolescents at risk. Michele Caroline de Souza 48 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study The second aim of this paper was to present baseline results for physical growth, PA, and PF and identify possible sex-differences. The findings for body size and composition are consistent with existing knowledge (Malina, Bouchard et al. 2004) which suggests that, on average, during the growth process boys tend to be taller and heavier than girls, except in the beginning of girls’ growth spurt. The slight girls’ advantage during adolescence ends when boys start their growth spurt (Malina, Bouchard et al. 2004). The sex differences on %total body fat and trunk fat were already expected as this trend occurs in all human populations due to hormonal factors. On average, boys have lower values in all ages, even prior to puberty (Malina, Bouchard et al. 2004, Alberga et al. 2012). With regards to sexual dimorphism, WC follows previous values as the tendency of a centralized fat deposition in boys is more visible after the pubertal period (McCarthy and Ashwell 2006, WHO 2008, Alberga, Sigal et al. 2012). Nearly 30% of OGHPS boys and girls were overweight or obese, which is higher than that found in another sample of Portuguese youth (Sardinha et al. 2011) (21.8% for girls and 25.2% for boys from north of Portugal). Janssen et al. (2005) compared weight status estimates in school-aged youth from 34 countries and reported that the two countries with the highest prevalence of overweight and obese were Malta (33.3%) and the United States (31.9%). Although BMI has been widely used and its limitations are well known (Malina, Bouchard et al. 2004, Rodriguez et al. 2004), we also chose to identify the body fat status using BIA-determined % body fat, and results showed that the percentage of adolescents who were overfat and obese was close to 30% which is similar to BMI classifications. These results agree with the global trend characterized by the increase in adiposity among contemporary adolescents (Janssen, Katzmarzyk et al. 2005). The results that boys are more physically fit than girls, mainly for strength, endurance and aerobic performance but not in flexibility is also widely accepted (Malina, Bouchard et al. 2004). Boys had higher passing rates in Fitnessgram than girls (43.4% and 26.9%, respectively, for passing all 4 tests). Similarly, Kim et al. (2005) reported that US boys’ passing rates in all tests were Michele Caroline de Souza 49 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study higher than girls even when divided by weight status [Boys: 8.9% (overweight) to 42.7% (healthy weight); Girls: 8.0% (overweight) to 39.9% (healthy weight)]. On the contrary, DiNapoli & Lewis (2008) using a large data set of US children and adolescents aged 6-14 years found a weak association between gender and fitness levels. Independent of the sex-differences found in OGHPS, the passing rates are low-to-moderate and highlight the need to implement measures to improve PF in Portuguese adolescents, especially since PF has been shown to be as powerful health marker (Ortega, Ruiz et al. 2008). Baseline results showed that boys had lower DBP, but higher SBP as compared to girls. The sex-difference in SBP is well documented. For example, data from two longitudinal studies in the UK (Wills et al. 2011) and USA (Labarthe et al. 2009) have shown that boys tend to have greater SBP rises during adolescence. Shankar et al. (2005) assessed blood pressure (BP) changes as a function of pubertal growth and concluded that pubertal growth was associated with increases in SBP, with greater increments in males than females. These authors suggested that during sexual maturation gonadal hormones considerably affect the BP, mainly SPB, with possible preponderant effect of testosterone (Shankar, Eckert et al. 2005). These suggestions may explain boys’ higher SBP found at the baseline. In this paper we chose to present three of the adolescents’ lifestyle markers - PA, sleeping habits and fruits/vegetables eating habits. Boys were consistently more physically active, namely in moderate-to-vigorous PA (MPVA, than girls, which is well-known (Bungum et al. 2000, Sallis, Prochaska and Taylor 2000, Alberga, Sigal et al. 2012, Bauman et al. 2012). We found a higher frequency of boys meeting the 60 min/day of MVPA recommendations as compared to girls (85% and 75%, respectively). In comparison, Butcher et al. (2008) studied 6125 adolescents aged 14-17 years and found that approximately 57% of the males and 40% of the females complied with the guideline. Data from 32 countries participating in the HBSC survey in 2001/2002 showed that none of the countries averaged enough MVPA to meet the recommendation, and girls were significantly less active than boys (mean Michele Caroline de Souza 50 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study hours/week of MVPA 3.52 ±1.88 vs 4.13 ±1.95) and were more likely to not meet the guidelines (Borraccino et al. 2009). It is important to highlight that in the OGHPS baseline levels of MVPA were estimated by questionnaire. Therefore, it is likely that this prevalence of meeting guidelines is lower than the figures reported here. Although we collected objective PA, it was in a subsample (n=325). Boys’ average weekly sleep time was slightly lower than girls. When boys and girls from OGHPS were analyzed for meeting the sleep guidelines, no differences between them were found; approximately only 10% met the recommendation of 10h/day. A study of German adolescents found 9.4% met the guideline (Loessl et al. 2008); however, the authors presented data as week-day and week-end sleep duration and assumed 9h/day as the guideline, making it problematic to compare the result. This finding warrants attention, since short sleep duration has been associated with several unhealthy consequences (e.g., impaired ability to concentrate and academic performance, depression, impaired motor skills, poorer immune function), and it increases the risk of obesity by decreasing circulation levels of leptin and increasing ghrelin which are hormones associated with increased BMI (Alberga, Sigal et al. 2012). Regarding eating habits, a higher prevalence of girls (24.8%) compared to boys (16.2%) reported consuming fruits and vegetables every day of the week. Rasmussen et al. (2006) reviewed the determinants of fruit and vegetables consumption among children and adolescents and found that in 27 of 49 papers reviewed (mostly European) girls tend to have a higher or more frequent intake of fruit and/or vegetables compared to boys, and only four studies observed the highest or most frequent intake among boys. In a schoolbased study in US (Videon and Manning 2003), over 70% and 55% of the adolescents reported they did not eat at least two vegetables and two fruits, respectively, in the previous day, and girls were more likely than boys to have not eaten the vegetables and fruit. Despite the discrepancies in these results, boys and girls from OGHPS showed poor eating habits. These patterns may Michele Caroline de Souza 51 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study result in nutritional problems that can impair their growth, development and health. The main strengths of the OGHPS, namely the broad array of measured variables, the multidisciplinary approach and the mixed-longitudinal design, have already been discussed throughout this paper. Despite these strong points, the OGHPS has some limitations. First, if budget and available resources to collect and process the data would allow, it would be of great importance to have data on metabolic syndrome traits and objective measures of PA on all 8000 subjects. This is, of course, unrealistic in many research settings. Although PA was estimated via questionnaires, we used a multimode approach to have more precise measures of the complexities of this trait. Further, an individualized approach was used in all subjects to be consistent with the high reliability values reported with the same questionnaires in children and adolescents of different Portuguese geographical regions (Vasconcelos and Maia 2001, Ferreira, Marques and Maia 2002). Second, although it is not expected that adolescents from Porto are different from those of other Portugal areas, the generalization of the results should be done with caution. Subtle differences in lifestyle, environments and other factors may influence the processes of growth, development and health. CONCLUSIONS This paper described the methodology and design of the OGHPS, as well as some its baseline results that demonstrated a high prevalence (≈30%) of overweight and obese adolescents; sexual dimorphism in PA levels and PF tests with boys’ advantages; and few adolescents meeting the guidelines for sleep duration (≈10%) and eating habits (16.2 to 24.8%), but higher meeting the recommended level of moderate to vigorous physical activity (76 to 85%). Forthcoming publications will present more detailed results focusing on the complex and dynamic interactions amongst biological traits, environmental factors, and lifestyle characteristics that affect growth, development, health and performance of Portuguese adolescents. Michele Caroline de Souza 52 The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study REFERENCES (AAHPER), A. A. f. H. P. E. a. R. (1976). Youth Fitness Test Manual. Washington, DC, AAHPER. Ahrens, W., Bammann, K., de Henauw, S., Halford, J., Palou, A., Pigeot, I., et al. (2006). Understanding and preventing childhood obesity and related disorders--IDEFICS: a European multilevel epidemiological approach. Nutr Metab Cardiovasc Dis 16(4): 302-308. Ahrens, W., Bammann, K., Siani, A., Buchecker, K., De Henauw, S., Iacoviello, L., et al. (2011). The IDEFICS cohort: design, characteristics and participation in the baseline survey. Int J Obes (Lond) 35 Suppl 1: S3-15. Alberga, A. S., Sigal, R. 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O presente artigo apresenta diversas técnicas de estudo e análise do tracking (i.e., estabilidade e previsibilidade). Os dados utilizados provêm de um estudo longitudinal-misto da Região do Grande Porto, Portugal, compreendendo 486 meninas, divididas em duas coortes que abrangem as faixas etárias dos 12 aos 14 e dos 14 aos 16 anos. A variável eleita para as análises foi o índice de massa corporal (IMC). Os procedimentos estatísticos utilizados para descrever o tracking foram: autocorrelações, gama (γ) de Foulkes & Davis e índice de constância de Goldstein (ξ). Independentemente da estatística utilizada e face à curta duração do estudo, o tracking do IMC foi moderado a elevado em cada coorte. Contudo, cada procedimento de análise mostrou aspetos distintos das diferenças interindividuais nas mudanças intraindividuais do IMC das meninas. O uso parcimonioso de qualquer um dos procedimentos sugeridos para estudar aspetos da estabilidade e previsibilidade (i.e., do tracking) em estudos longitudinais exige o estabelecimento muito criterioso dos objetivos e hipóteses a serem testados. Palavras-chave: Crescimento e desenvolvimento; Estudos longitudinais; Índice de massa corporal; Monitoramento. Michele Caroline de Souza 65 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte ABSTRACT Tracking refers to the notion of maintenance of relative position in a given group of subjects as a function of time. This paper presents several techniques for the study and analysis of tracking (ie, stability and predictability). The data used in this study come from a mixed longitudinal study conducted in the city of Porto, Portugal, comprising 486 girls, divided into two ages cohorts: 12 to 14 and from 14 to 16 years. The variable chosen for analysis was the body mass index (BMI). The statistical procedures used to describe tracking were: autocorrelations, Foulkes & Davis gamma (γ) and Goldstein constancy index (ξ). Regardless of the statistical method used and due to the short duration of the study, tracking of BMI was moderate to high in each cohort. However, each analysis procedure showed different aspects of interindividual differences in intraindividual changes in girls’ BMI. The use of any of the suggested procedures to study aspects of stability and predictability (ie, tracking) in longitudinal studies requires a very careful inspection of goals and hypotheses to be tested. Key words: Body mass index; Growth and development; Longitudinal studies; Monitoring. Michele Caroline de Souza 67 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte INTRODUÇÃO De acordo com evidências epidemiológicas, a obesidade é considerada um dos maiores fatores de risco modificáveis para as doenças crônicas e seus efeitos deletérios na saúde são bem conhecidos 1, além dos aumentos substanciais nos custos financeiros que impõe aos sistemas de saúde. Por exemplo, entre 2008 e 2010 foi estimado um gasto anual de, aproximadamente, 2,1 bilhões de dólares com a obesidade, o que representa ~14% dos custos totais com cuidados de saúde do Sistema de Saúde Brasileiro2. A consequência nociva do excesso de peso corporal na saúde dos indivíduos, e consequentemente das populações, sobretudo na emergência de doenças cardiovasculares, complicações psicossociais, doenças osteoarticulares e dificuldades psicomotoras, entre outras, impele ao estabelecimento de estratégias para a sua prevenção já em contexto pediátrico1,3. Ademais, salienta-se na literatura que a infância e a adolescência são janelas críticas para o desenvolvimento da obesidade, havendo uma elevada probabilidade dos hábitos e estilos de vida formados neste período etário persistirem na vida adulta1,3. Nesse sentido, há evidência consistente que uma criança obesa tem 50 a 70% de chances de ser um adulto obeso devido, em parte, aos antecedentes familiares e, em parte, ao sedentarismo e estilos de vida não saudáveis4. Guo e Chumlea 19995, por exemplo, reportaram que aos 18 anos, jovens obesos têm até seis vezes mais chances de se tornarem adultos obesos do que jovens não obesos. Em Epidemiologia, e no domínio técnico da Bioestatística, a análise que lida com a tendência de manutenção ou persistência de um estado e/ou comportamento numa série de dados longitudinais é genericamente designada por tracking3,6. Apesar de não haver ainda uma definição universal do termo, o tracking refere-se à noção de estabilidade ou manutenção de posição relativa de valores de um dado grupo de sujeitos em função do tempo, estando ligado, também, à ideia de previsão3,6. Michele Caroline de Souza 69 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte O estudo do tracking em amostras de crianças e jovens, sobretudo em risco de sobrepeso e/ou obesidade, tem implicações diretas no planejamento estratégico de programas de intervenção mais eficazes, pois contribui para uma melhor compreensão da magnitude do efeito das variáveis correlatas da obesidade, bem como no conhecimento mais preciso da estabilidade dos distintos marcadores de sobrepeso e obesidade. É possível, também, predizer estados ponderais futuros e potencializar a identificação atempada de crianças e jovens em risco, antes que comportamentos não saudáveis sejam consistentemente adotados e, portanto, sejam mais resistentes a alterações comportamentais3,6. Estabilidade, mudança e previsão são, portanto, facetas do tracking, exigindo informação repetida no tempo, i.e., a que é obtida de delineamentos longitudinais puros, ou longitudinais-mistos. A análise estatística do tracking e a sua divulgação já têm alguma história em Portugal e no Brasil, sobretudo na Educação Física e nas Ciências do Esporte7,8. Há também algum esforço metodológico para tornar estes conteúdos mais acessíveis aos investigadores 9. Contudo, convém considerar que as diversas abordagens estatísticas disponíveis para ajuizar acerca da magnitude e significado interpretativo do tracking podem conduzir a conclusões diferentes, provocando alguma confusão. O presente estudo, uma espécie de percurso didático ao território do tracking, tem por objetivo central apresentar diversas técnicas de análise do tracking e ajudar o pesquisador na tarefa de sua interpretação. Tentaremos uma visita guiada, em termos metodológicos, sobretudo do conceito polifacetado de tracking, dos procedimentos estatísticos utilizados, bem como dos respetivos pressupostos que conduzirão a análises com níveis distintos de complexidade. O percurso que propomos ao leitor é o seguinte: em primeiro lugar, lidaremos com uma análise aparentemente simples para estudar o tracking, que implicará no estudo das autocorrelações10; em seguida, abordaremos o posicionamento de Foulkes & Davis e da sua estatística gama ()11; em terceiro lugar, recorreremos novamente à estatística , mas de uma Michele Caroline de Souza 70 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte forma mais detalhada, de acordo com as sugestões de Rogosa 12; finalmente, apresentaremos o pensamento de Goldstein13 e seu índice de constância de crescimento (do inglês growth consistency index), desenvolvido inicialmente no contexto da Auxologia, mas que pode e deve ser estendido a outros domínios e outras variáveis de interesse dos pesquisadores de Educação Física e Ciências do Desporto. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os dados utilizados para o nosso “passeio” são provenientes de um estudo longitudinal-misto da Região do Grande Porto, Portugal, que foi genericamente desenhado para investigar a interação entre características individuais, fatores ambientais e estilos de vida no crescimento, desenvolvimento e aspectos da saúde de adolescentes portugueses dos dois sexos, com idades compreendidas entre 10 e 18 anos. O Comitê de Ética da Universidade do Porto aprovou este projeto (processo número 15/CEUP/2012). Esta pesquisa, em fase praticamente terminal, pretende analisar um total de 1000 sujeitos amostrados aleatoriamente de modo estratificado, divididos em quatro coortes de 250 indivíduos cada, avaliados anualmente durante 3 anos consecutivos. A primeira coorte está sendo acompanhada dos 10 aos 12 anos; a segunda dos 12 aos 14 anos; a terceira dos 14 aos 16 anos, e a quarta dos 16 aos 18 anos. Para o presente estudo, foram considerados os dados obtidos de 486 meninas já avaliadas da segunda (nc2=215) e terceira (nc3=169) coortes. A variável eleita para todas as análises foi o Índice de Massa Corporal (IMC) obtido a partir da bem conhecida fórmula: razão do peso (kg)/altura (m 2). Este índice é um marcador amplamente utilizado, em estudos epidemiológicos, para precisar o estado nutricional e/ou ponderal por ser um indicador de fácil mensuração, obtido com grande precisão e que permite discriminar o excesso de gordura corporal em populações com idades distintas5,14. A opção por utilizar somente os dados das meninas centra-se no fato da sua composição corporal sofrer alterações marcantes no período pubertário resultando, geralmente, em maiores depósitos de gordura 15. O aumento da gordura corporal, aliado a outras consequências do processo maturacional, Michele Caroline de Souza 71 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte pode resultar num menor engajamento na prática de atividades físicas e esportes organizados8,15, bem como numa maior alteração, instabilidade e/ou aumento da sobrecarga ponderal15. Deste modo, estudar o tracking do IMC de meninas deste intervalo etário pode ter especial relevância para a elaboração de programas de intervenção e/ou de educação física escolar mais efetivos. O conceito do Tracking Tal como referimos anteriormente, o termo tracking é usado para descrever a consistência de uma série de mensurações de um indivíduo, ou de um grupo de indivíduos, ao longo do tempo, mostrando a existência, ou não, de um comportamento regular entre uma coleção de padrões de crescimento ou mudança6. Face ao fato de não haver uma definição única e universal do termo, têm sido utilizadas diferentes estratégias para definir tracking do ponto de vista estatístico6. Foulkes & Davis16, em 1991, foram os primeiros a sistematizar as duas principais correntes de “pensamento” metodológico acerca do tracking. A primeira centra-se no estudo das correlações entre mensurações sucessivas (autocorrelações) e em procedimentos de regressão linear ou nãolinear ao que se associa a possibilidade de efetuar predições com base em observações prévias, desde que os modelos se ajustem bem aos dados e não haja violações dos seus pressupostos17. Um número substancial de estudos epidemiológicos no contexto da Educação Física e Ciências do Esporte adotam alguns dos princípios desta corrente, porém nem sempre apresentam informação clara e precisa dos pressupostos da análise das autocorrelações10,18. A segunda corrente metodológica baseia-se no reconhecimento de que a distribuição dos valores se altera, naturalmente, em cada ponto do tempo e espera-se que os indivíduos mantenham a mesma posição relativa em cada uma dessas distribuições. Diversos procedimentos analíticos fundamentam-se neste pensamento, e a diferença entre os índices de tracking centra-se, exatamente, no modo como se define “posição relativa”. Kowalski e Schneiderman6 referem que as formas mais usuais de interpretar o significado Michele Caroline de Souza 72 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte de posição relativa são: recorrer a distribuições quantílicas, contar intersecções de trajetórias, ou calcular desvios em relação à média em função do tempo. Tracking: estatísticas, resultados e significado As estatísticas descritivas das amostras de cada uma das coortes estão na Tabela 1. Tal como esperado, os valores médios de IMC aumentaram ao longo do tempo. Demonstramos também os valores dos coeficientes de assimetria, sobretudo os do achatamento das distribuições dos valores do IMC. Tabela 1. Medidas descritivas do IMC das coortes 2 e 3. Coorte 2 (n=215) Coorte 3 (n=169) M±dp Ampl Assi Achat M±dp Ampl Assi Achat M1 20.68±3.80 13.40-38.30 1.39 5.67 22.30±3.50 16.60-32.10 0.66 2.83 M2 21.15±3.34 14.10-36.40 1.17 5.30 22.80±3.52 16.40-34.40 0.75 3.42 M3 21.57±3.16 14.80-37.10 1.12 5.66 22.97±3.48 17.00-34.30 0.86 3.63 M1: Primeiro ano de avaliação; M2: Segundo ano de avaliação; M3: Terceiro ano de avalição; M: média; dp: desvio-padrão; Ampl: amplitude total; Assi: coeficiente de assimetria; Achat: coeficiente de achatamento. Autocorrelações Uma parte importante dos estudos de tracking no domínio da Epidemiologia da Atividade Física e da Aptidão Física recorre ao cálculo de correlações entre as mesmas variáveis mensuradas sequencialmente no tempo, obtendo o que se designa por autocorrelações 18. Trata-se de uma estatística cujo cálculo e interpretação são bem simples. Como é sobejamente conhecido, o coeficiente de correlação (r) nada mais é do que uma estatística descritiva que informa a magnitude e o sentido da associação entre duas variáveis, sem definir qualquer relação de causa-efeito. Independente da interpretação dos valores de r com base num teste estatístico formal à hipótese nula (H0: = 0), Malina18 sugeriu em 2001, de um modo meramente subjetivo e Michele Caroline de Souza 73 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte sem qualquer fundamentação, pontos de corte para a interpretação dos resultados das autocorrelações enquanto estatísticas de tracking (r<0.3=baixo; 0.30≤r≤0.60=moderado; e r>0.60= moderado a elevado). Entretanto, como é bem conhecido, o uso de qualquer procedimento estatístico deve cumprir uma série de pressupostos para que os valores obtidos sejam considerados válidos. No cálculo de correlações simples, assume-se que: (i) existe uma relação linear entre as variáveis; (ii) ambas são aleatoriamente distribuídas; (iii) possuem homocedasticidade ou igualdade de variâncias, e (iv) têm distribuições de normalidade bivariada ou multivariada19. Ora na Tabela 1 é já sugerida a hipótese de violação de normalidade univariada dos valores do IMC em cada ponto do tempo (ver valores dos coeficientes de assimetria, sobretudo os do achatamento). A análise da normalidade univariada, bivariada e multivariada das distribuições do IMC nos diferentes pontos do tempo e em cada coorte foi efetuada no STATA 12 (os procedimentos utilizados foram os testes de Royston para normalidade univariada, Doornik-Hansen para normalidade bivariada e, na multivariada, os testes de Mardia multivariate kurtosis and skewness). Os resultados (não incluídos no texto) mostram, claramente a violação destes pressupostos. Entretanto, o STATA 12 possui uma opção bem interessante para se ter uma noção precisa sobre a melhor transformação para normalizar as distribuições em cada um dos pontos do tempo (ladder, ou somente a representação gráfica das transformações, gladder). Aplicando esta ferramenta e uma transformação para o inverso do IMC (1/IMC) como sugerido, a normalidade univariada foi conseguida, mas o problema da violação da normalidade bivariada e multivariada continuou. Para obviar este problema, alguns autores recorrem ao coeficiente de correlação por postos de Spearman (coeficiente menos eficiente que o de Pearson, mas não sensível a problemas de assimetria nas distribuições nem à presença de outliers19). Contudo, a nossa escolha foi diferente - optamos por uma análise robusta sugerida por Hadi20 e implementada no SYSTAT 13, à qual adicionamos a opção de um método de reamostragem (bootstrap) com 500 amostras de dimensão igual à Michele Caroline de Souza 74 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte das amostras de cada uma das coortes para se obter valores de erros-padrão que permitissem construir intervalos de confiança para os valores de r e, neste sentido, possibilitasse uma noção mais precisa dos coeficientes de tracking (ver Tabela 2). Tabela 2. Autocorrelações e respectivos intervalos de confiança (IC95%) entre as mensurações de IMC ao longo de 3 anos em cada uma das coortes. Ano IMC1 IMC2 IMC3 IMC1 1.00 0.94 (0.92-0.96) 0.85 (0.79-0.89) Ano IMC1 IMC2 IMC3 IMC1 1.00 0.95 (0.92-0.96) 0.89 (0.83-0.92) Coorte 2 IMC2 IMC3 1.00 0.93 (0.90-0.95) Coorte 3 IMC2 IMC3 1.00 0.93 (0.90-0.95) 1.00 1.00 IMC1: Índice de massa corporal-primeiro ano de avaliação; IMC2: Índice de massa corporalsegundo ano de avaliação; IMC3: Índice de massa corporal-terceiro ano de avaliação. Valores de autocorrelações dos coeficientes de Pearson. Considerando-se a sugestão de Malina 200118 exposta anteriormente, como as correlações são bem maiores que 0,6, estamos diante de uma forte estabilidade dos valores de IMC nas meninas dos 12 aos 14 anos e de 14 aos 16 anos. Além disso, a amplitude dos intervalos de confiança é extremamente reduzida, o que confirma a precisão das estimativas. Pode-se ainda verificar que em ambas as coortes os valores de autocorrelação são menores entre o IMC1 e IMC3, o que reflete o maior espaçamento temporal entre as medidas. Não obstante a simplicidade da interpretação dos valores de r, alguns autores18,21 chamam a atenção para a necessidade de se considerar alguns aspectos: (i) a idade da primeira observação (quanto mais baixa a idade da criança, menores serão os coeficientes de correlação); (ii) as características individuais face à variação biológica evidente entre sujeitos (timing e tempo maturacionais); (iii) as alterações ambientais significativas (adoção de Michele Caroline de Souza 75 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte comportamentos sedentários nos últimos anos, alteração nos hábitos alimentares). Ora nem neste estudo, nem na maior parte dos que estão disponíveis na literatura, é possível ajustar os valores de autocorrelação a este conjunto de covariáveis. Para fazer isso, teríamos que recorrer a uma estratégia bem mais complexa, que está para além do âmbito do presente artigo (ver, por exemplo, as sugestões em da Silva8). Em resumo, apesar das autocorrelações serem amplamente utilizadas nos estudos de tracking, e dos valores obtidos para o IMC das duas coortes serem muito elevados, Rogosa e colaboradores22, bem como Twisk e colaboradores23 referem alguns problemas metodológicos no seu uso: (i) nem sempre é reportado ou cumprido o pressuposto de normalidade bivariada e multivariada, e nem sempre são apresentadas alternativas para solucionar este problema; (ii) os pontos de corte referidos por Malina 18 são arbitrários, não havendo nenhuma hipótese formal ou substantiva que os suporte; (iii) não existe um valor único de estabilidade. No nosso exemplo, são reportados 3 autocorrelações, pois temos 3 mensurações repetidas; se tivéssemos 6 pontos no tempo, teríamos uma matriz de autocorrelações com 15 valores (a fórmula genérica para calcular o número de autocorrelações é K(K-1)/2, em que K=número de pontos no tempo). Uma forma rápida de solucionar o problema de termos 3 autocorrelações e não sabermos qual escolher para expressar a medida de tracking é a seguinte: primeiro transformamos cada valor de r num valor z de Fisher; em seguida, somamos os três valores z de Fisher e calculamos a sua média; finalmente, trasnformamos o valor médio de z de Fisher para um valor de correlação. Estes passos foram realizados no STATA 12 e os resultados finais do tracking do IMC expressos por um único valor passaram a ser 0.91 na segunda coorte e 0.93 na terceira coorte – resultados extremamente elevados de tracking que confirmam a estabilidade do comportamento do IMC em cada uma das coortes, abrindo um espaço de grande precisão em termos previsionais num espaço de 3 anos, ou seja, crianças com IMC alto tendem a continuar com IMC alto nos 3 anos seguintes. Michele Caroline de Souza 76 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte O de Foulkes & Davis O de Foulkes & Davis é uma estatística que examina a probabilidade de duas trajetórias de mudança não se intersectarem ao longo do tempo, baseando-se na noção de que quanto maior for o número de pares de indivíduos que mantém a sua posição relativa dentro de uma distribuição durante o tempo de estudo, maior é o tracking16. Contudo, uma das primeiras tarefas a se realizar neste procedimento é determinar a função (de natureza linear ou não linear) que melhor descreve o comportamento longitudinal das observações. Na proposta de Foulkes & Davis, o tracking será perfeito quando duas trajetórias de mudança forem paralelas, mantendo a sua posição relativa no seio da distribuição16. O só assume valores positivos, variando entre 0 e 1. Quanto maior o valor de , menor o número de cruzamentos entre as trajetórias (maior tracking). Nesse sentido, foram propostos valores de referência, sendo que 0.50 não se verifica tracking; se 0.50<<1.00 verifica-se tracking; e quando o =1.00, o tracking é perfeito16. O de Foulkes & Davis tem duas formulações: uma inicial e bem simples (FD1) e outra mais complexa (FD2)24. A formulação FD1 não exige qualquer definição a priori sobre a forma da trajetória da mudança (linear ou não linear), dado ser uma estatística não paramétrica que pressupõe que: 1) quanto mais simples for a trajetória que descreve o comportamento longitudinal dos dados, maior será o valor de e 2) o tracking dos extremos é bem mais elevado comparado ao dos que se situam próximo da trajetória média (pois são menos prováveis de se cruzarem)9,23,24. No nosso exemplo, optamos por utilizar a versão FD2, que implica, adicionalmente, num teste formal e sequencial da melhor função (limitada a um polinômio de 4º grau) que descreve as trajetórias individuais25,26. Esta análise foi efetuada no programa estatístico Longitudinal Data Analysis (LDA) desenvolvido por Schneiderman e Kowalski27 em 1993 e, ao contrário do que aconteceu na análise das autocorrelações optamos, a partir deste procedimento, em apresentar partes dos outputs dos softwares utilizados – neste primeiro caso do LDA (Figura 1). Michele Caroline de Souza 77 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte O output apresenta, em primeiro lugar, as estatísticas descritivas, seguidas dos resultados dos testes sequenciais de funções polinomiais de grau crescente de complexidade para identificar qual descreve melhor o comportamento dos dados repetidos, i.e., retas ou curvas (estatística F e os correspondentes valores de prova). No exemplo, a regressão linear foi adequada. Em seguida, são apresentados os coeficientes de regressão das trajetórias individuais, sendo que a primeira coluna representa o valor da ordenada na origem (ou seja, valor de IMC de cada menina no início do estudo, visto que consideramos o primeiro momento de avaliação como sendo o ponto zero em termos temporais) e a segunda coluna refere-se ao declive [velocidade de incremento ou decréscimo (basta ver o sinal do coeficiente) do valor de IMC ao longo do tempo]. Posteriormente, o output mostra uma matriz de cruzamentos da trajetória do IMC de cada menina relativamente às trajetórias das demais (no nosso caso, obtivemos uma matriz 215 por 215). O valor apresentado expressa o número de interseções da trajetória de cada uma das meninas com as restantes: quanto mais próximo de 0 for este valor, mais interceções há, ao passo que quanto mais próximo de 1, menos interceções ocorrem e, portanto o tracking é maior. Finalmente, o output expressa o valor de e seu respetivo erro-padrão, bem como o intervalo de confiança em 95%. Assim, o de Foulkes & Davis das meninas da coorte 2 tem um valor de 0.827±0.006 (IC95%=0.815-0.840) e, na coorte 3, o foi de 0.828±0.008 (IC95%=0.812-0.845). Pode-se concluir que as meninas dos 12 aos 14 anos bem como as de 14 aos 16 anos apresentam um tracking elevado no comportamento do IMC ao longo de 3 anos. Michele Caroline de Souza 78 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte Figura 1. Exemplo de partes (muito reduzidas, mas importantes) do output do LDA para o de Foulkes & Davis da coorte 2. Michele Caroline de Souza 79 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte Não obstante o de Foulkes & Davis possuir uma estrutura matemáticoestatística bem mais complexa do que a das autocorrelações e exigir um software especializado para seu cálculo, a sua formulação tem várias vantagens25,26: 1) os dados coletados não necessitam ser equidistantes no tempo; 2) não há necessidade de normalidade das distribuições; 3) permite o estabelecimento prévio da melhor função que descreve os dados e que pode ser do tipo linear ou não linear; 4) possui uma estatística única de tracking à qual se associa um intervalo de confiança em 95% e; 5) permite a identificação dos indivíduos que em suas trajetórias de mudança são mais ou menos estáveis e, portanto, mais ou menos previsíveis. Estatística segundo sugestões de David Rogosa O método proposto por David Rogosa22, sumariamente explicado e detalhado no software que ele desenvolveu com Ghassan Ghandour (TIMEPATH)12, baseia-se num texto magistral publicado conjuntamente com Sanner28, bem como no seu trabalho “clássico” reproduzido em 1995 29, em que a modelação de observações longitudinais é pensada em termos de coeficientes aleatórios (do inglês random coefficients). No contexto do nosso problema, bem mais simples, o que Rogosa propõe a partir do modo como elaborou os resultados obtidos no seu software é o seguinte: 1) modelamento das trajetórias de mudança com resultados individuais e globais; 2) cálculo de um individual, 3) estimativa populacional a que se associa, naturalmente, o respetivo erro padrão, o que permite o cálculo de um intervalo de confiança a 95%. Há ainda opções para realizar a técnica de bootstrap bem como outras possibilidades de análise que não são importantes para o nosso caso. Um exemplo de partes do output do TIMEPATH, que comentaremos detalhadamente, está na Figura 2. A primeira parte do output contém: a informação individual (ID); o valor do declive (Rate); a variância explicada pelo modelo utilizado – com ajuste de uma reta (R_sqr) e o aumento do R2 se porventura se utilizasse outra função mais complexa (D_Rsq), o que aqui não faz sentido dado que só há três pontos no tempo; finalmente os valores individuais de IMC de cada sujeito em cada um Michele Caroline de Souza 80 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte dos pontos do tempo (0, 1, 2). A segunda parte trata das estatísticas sumárias em cada um dos pontos do tempo: média, desvio-padrão, mínimo e máximo. Em seguida, observa-se uma informação muito importante, que se refere aos cinco casos com menor declive, ou seja, as meninas cuja alteração do IMC ao longo dos 3 anos foi uma redução (o declive é negativo). Isto faz todo o sentido, porque há jovens que crescem em altura bem mais rápido do que no peso e, portanto, é de esperar uma mudança negativa do seu IMC. A vantagem do software é a indicação precisa destes casos. Logo a seguir, observa-se exatamente o contrário, ou seja, a indicação das cinco jovens cujos valores de IMC sofreram maiores aumentos no tempo (os seus declives são positivos). Convém verificar que o valor de R2 para cada uma das retas é muito elevado, mostrando a elevada qualidade do ajuste. Como temos um individual e, portanto, 169 na coorte 3, o software por questão de economia apresenta estatísticas descritivas relevantes (média, desvio-padrão, mínimo e máximo), bem como os cinco números resumo (do inglês five-number summary): mínimo, P25 (Quartil 1), mediana (P50), P75 (Quartil 3) e máximo dos declives (Rate), R2 (R_sqr), D_Rsq, média quadrada dos resíduos (MS residuals) e estatística . Convém lembrar que o individual proposto por Rogosa se refere à probabilidade de uma trajetória individual intersectar outras trajetórias. Ora a informação disponibilizada pelo software é muito importante para se ter uma descrição detalhada do comportamento modal do IMC, bem como uma visão mais individualizada da estabilidade (dada pelo ) e da mudança (dada pelo declive). No final do output, temos uma estimativa populacional do tracking bem como seu respetivo erro padrão. Como se verifica no output, na coorte 3, o valor do desvio-padrão dos declives (Rate) foi bem maior do que a média (0.917 para 0.336). Isto mostra uma enorme variabilidade nas mudanças do IMC ao longo dos três anos. O valor mais baixo de foi 0.411 – ausência de tracking individual. A partir do P5 o seu valor sobe para 0.613 e, a partir da mediana, 0.839, o que já é elevado. O índice global é de 0.852±0.008 representando o elevado tracking do IMC nesta coorte. Na coorte 2, os resultados (não mostrados) foram similares. Michele Caroline de Souza 81 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte Figura 2. Exemplo de output do TIMEPATH para o segundo as sugestões de Rogosa da coorte 3. Michele Caroline de Souza 82 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte As sugestões de Rogosa, a versatilidade e riqueza do output do TIMEPATH são muito importantes para se ter uma visão muito detalhada do conteúdo do tracking: estabilidade, mudança e previsão, que permitem aos investigadores um exame exaustivo, em termos modais e individuais, na trajetória do IMC ao longo dos três anos. É evidente daqui a sinalização de casos que exijam uma atenção particular em termos de aconselhamento e intervenção. Índice de constância de crescimento de Goldstein O índice de constância de crescimento de Goldstein (do inglês growth consistency índex), representado como por Furey et al.13, é uma medida de tracking desenvolvida inicialmente para estudar a estabilidade e variabilidade das trajetórias individuais durante o período de crescimento físico humano, sobretudo o crescimento estatural. Segundo Goldstein 30, analisar os padrões das mudanças que ocorrem no crescimento físico de crianças e jovens poderia auxiliar na deteção de trajetórias estáveis (manutenção das posições relativas de uma mensuração para a outra) ou instáveis (interseção de trajetórias de crescimento em uma proporção relativamente elevada) de crescimento, sobretudo quando se cruzam percentis estabelecidos de uma carta percentílica de crescimento. A sua importância em termos Auxológicos é bastante evidente para identificar, atempadamente, crianças ou jovens com instabilidade no seu processo de crescimento físico. Desta forma Goldstein 30 propôs que, numa amostra aleatória de indivíduos, um sujeito que possui uma curva de crescimento físico que cruza uma proporção relativamente elevada de outros sujeitos, seja qualificado como tendo uma curva out of line, i.e. de tracking reduzido. Para calcular o , Goldstein propôs o seguinte conjunto de etapas: primeiramente há a necessidade de padronizar (i.e., estandardizar) os valores de cada mensuração, transformando-os em valores z (escores estandardizados obtidos da normal reduzida); ora os valores z e respetivos sinais para cada um dos indivíduos em cada ponto do tempo dão já uma ideia precisa da mudança da característica em causa se situar acima ou abaixo da média. Uma vez que Michele Caroline de Souza 83 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte temos três pontos no tempo do IMC e, na segunda coorte temos 215 sujeitos, temos uma matriz de valores z de 215 (linhas) por 3 (colunas). Esta matriz contém “distâncias” em termos de desvios da média de cada sujeito. A partir desta matriz, é calculado, para cada sujeito, uma estatística que o autor designa por D2, que revela a extensão do afastamento de tracking individual, sendo que um menor valor de D2 se refere a um maior tracking individual. Goldstein30 propôs duas alternativas para estimar o seu índice constância de crescimento ou, mais precisamente, uma medida de tracking. Na sua primeira formulação, temos o seu índice de constância (), bem como um intervalo de confiança construído a partir de um estimador Jackknife. Na segunda, utiliza-se a correlação intraclasse obtida da análise de variância (ANOVA). Estas duas opções podem ser formuladas, como bem salientou Furey et al. (1994)13, no contexto de dois modelos de ANOVA, tal como é sugerido por Goldstein30. Assim no modelo I ou II da ANOVA, o problema reside no modo como se entende o verdadeiro valor de cada indivíduo, sua estabilidade verdadeira (do inglês steady-state ou “true” value) e sua interpretação. No modelo I, este valor é considerado uma constante desconhecida, ao passo que no segundo, uma variável aleatória. A interpretação no caso da ANOVA I passa a ser a seguinte: as inferências do tracking só valem para os casos incluídos no estudo; já no modelo II (ANOVA II), as inferências são efetuadas para a população da qual fazem parte os indivíduos pertencentes à amostra colhida aleatoriamente. Decorre daqui que na ANOVA I, a estatística adequada é o , ao passo que na ANOVA II é o coeficiente de correlação intraclasse. Exemplos de parte do output destas análises estão na Figura 3. No output do modelo I, primeiramente aparece a matriz de autocorrelação dos valores de IMC nos três pontos do tempo. Em seguida, é descrita a matriz dos valores z, expressão das distâncias de cada sujeito, em termos de desvios da média, em cada ponto do tempo. Os valores z positivos referem-se a uma “distância” superior à média do IMC e os valores negativos, a uma distância inferior, i.e., valores menores do que a média. Na continuação Michele Caroline de Souza 84 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte do output, a medida de afastamento de tracking individual é reportada pela estatística D2 (D squared), na qual valores menores de D2 refletem valores mais elevados de tracking do IMC de cada menina. Em seguida, observa-se uma tabela habitual de ANOVA e, finalmente, é calculado o (growth constance index), cujo valor varia entre 0 e 1, sendo 1 o tracking perfeito. De acordo com Furey e colaboradores13, este índice pode superestimar a magnitude da estabilidade e assumir valores positivos mesmo quando não se evidencia tracking, ou seja, quando as correlações entre sucessivos valores z são iguais a 0. Neste caso, é necessário considerar o seu valor modificado ou corrigido (*), que continua com valor máximo de 1, mas que assumirá valor nulo caso haja correlações iguais a zero em valores sucessivos da distribuição. A última parte do output mostra as estimativas do intervalo de confiança obtido pelo método de reamostragem de Jackknife. No output do modelo II, também são representados a matriz de autocorrelações entre os diferentes momentos de avaliação do IMC, a matriz dos valores z, medidas de afastamento de tracking individual (D2) e a tabela da ANOVA. Contudo, tal como foi mencionado anteriormente, a magnitude do tracking é expressa, aqui, pelo coeficiente de correlação intraclasse. Adicionalmente, é calculado o valor do seu intervalo de confiança em 95%13. No nosso exemplo, recorremos ao modelo I (o nosso objetivo é somente calcular o tracking das meninas das coortes 2 e 3, sem qualquer propósito de generalização); os resultados de foram elevados em ambas as coortes, mostrando uma forte estabilidade dos valores de IMC (c2=0.918 e c3=0.940). Tal como esperado, nos valores do índice corrigido, a magnitude de tracking diminuiu minimamente, porém permaneceu elevada (*c2=0.878 e *c3=0.910). As estimativas Jackknife e os correspondentes IC95% foram 0.916 (0.873, 0.946) e 0.874 (0.809, 0.919) para a coorte 2; 0.939 (0.915, 0.957) e 0.909 (0.873, 0.936) para a coorte 3. Quanto aos resultados do modelo II (havendo a possibilidade de inferência dos resultados para outras meninas da mesma população), o coeficiente de correlação intraclasse e respetivo IC95% foi de 0.878 (0.834, Michele Caroline de Souza 85 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte 0.912) para as meninas da coorte 2 e 0.910 (0.876, 0.935) para as da coorte 3. Esses resultados expressam, mais uma vez, a estabilidade dos valores de IMC de meninas com idades compreendidas entre os 12 e 14 anos, bem como dos 14 aos 16 anos. Em resumo, o índice de Goldstein foi pensado no contexto dos estudos de crescimento físico humano, com o intuito de comparar padrões de crescimento entre medições sucessivas e inspecionar a sua trajetória relativamente às trajetórias de outras crianças. Contudo, a riqueza de sua conceção e metodologia podem ser estendidas, sem qualquer problema, a estudos de tracking de outras variáveis expressas de modo contínuo. Para além de se obter uma única medida de tracking, de não ser exigido que o espaçamento das observações seja equidistante, não ser necessaria uma distribuição gaussiana (uma vez que o procedimento lida somente com variabilidades relativas), uma das suas enormes vantagens é a identificação de indivíduos com maior ou menor “distanciamento” relativamente aos valores médios da distribuição, tornando possível um acompanhamento e intervenção mais eficiente dos casos sinalizados. Michele Caroline de Souza 86 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte Figura 3. Exemplo de partes muito reduzidas, mas importantes, do output do LDA para o modelo I e II do índice de constância de crescimento de Goldstein das meninas da coorte 2. Michele Caroline de Souza 87 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte CONCLUSÃO O presente estudo abordou distintos procedimentos estatísticos de análise do conceito de tracking auxiliando, deste modo, o investigador principiante nesta matéria. A importância do conceito, sua análise e atribuição de significado aos resultados obtidos dos diferentes procedimentos estatísticos são matérias importantes nos territórios da Educação Física e das Ciências do Desporto, sobretudo quando se lida com informação longitudinal oriunda de delineamentos observacionais e/ou de intervenção. Apesar da variabilidade da expressão do tracking em termos estatísticos, da simplicidade das autocorrelações à complexidade do de Foulkes & Davies e índice de constância de Goldstein, é importante que o pesquisador conheça bem a versatilidade de cada procedimento, sua implementação em distintos softwares e o uso que fará das diferentes estatísticas obtidas. No exemplo utilizado neste artigo, face à sua curta duração, 3 anos, era esperado um tracking moderado a elevado qualquer que fosse o procedimento estatístico utilizado. Ficou demonstrado que as diferenças interindividuais nas mudanças intraindividuais do IMC são relativamente pequenas e, desta forma, obtivemos valores elevados nas autocorrelações, de Foulkes & Davies e índice de constância de Goldstein. Contudo, quando se exploram as versatilidades dos outputs dos softwares LDA ou TIMEPATH fica bem evidente uma visão muito mais individualizada de cada sujeito, permitindo sinalizar jovens que podem exigir atitudes e intervenções bem mais esclarecidas e eficazes por parte dos professores de Educação Física, por exemplo. Michele Caroline de Souza 88 Tracking e sua aplicação à Educação Física e Esporte REFERÊNCIAS 1. Gonzalez A, Boyle MH, Georgiades K, Duncan L, Atkinson LR, MacMillan HL. Childhood and family influences on body mass index in early adulthood: findings from the Ontario Child Health Study. BMC Public Health. 2012;12:755. 2. Bahia L, Coutinho ES, Barufaldi LA, Abreu Gde A, Malhao TA, de Souza CP, et al. 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Michele Caroline de Souza 92 Estudo III Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte. Michele Caroline de Souza 1,2, Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz 3, Thayse Natacha Gomes 1, Fernanda Karina dos Santos 1,2, Joey Eisenmann 4, José António Ribeiro Maia 1. Artigo aceito: Revista Brasileira de Educação Física Esporte (Brasil). 1 2 Universidade do Porto, Faculdade de Desporto. Porto, Portugal. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasília-DF, Brasil. 3 Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte. São Paulo-SP, Brasil. 4 Michigan State University. Michigan, Estados Unidos. Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto RESUMO O grande propósito deste estudo é apresentar o uso da modelação multinível (MMN) com informação oriunda de um estudo longitudinal-misto sobre o crescimento, desenvolvimento e saúde de adolescentes portugueses. A amostra compreende 5155 indivíduos divididos em 4 coortes que abrangem as faixas etárias dos 10 aos 12, 12 aos 14, 14 aos 16 e 16 aos 18 anos. As variáveis de estudo foram a força de preensão manual e o percentual de gordura total (%GTotal). A análise mostrou trajetórias curvilíneas do desempenho de força de preensão, com maiores incrementos anuais nos meninos. O %GTtotal apresentou associação positiva com o desempenho da força estática; constatou-se uma forte variabilidade interindividual. O recurso ao delineamento longitudinal-misto permitiu a recolha mais célere da informação; e a metodologia MMN mostrou-se suficientemente flexível e robusta para acomodar, num modelo único, aspectos da mudança individual e das diferenças interindividuais do desempenho da força estática condicionados à ação do tempo. Palavras-chave: Estudos longitudinais, Modelação hierárquica, Mudança, Desempenho motor. Michele Caroline de Souza 95 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto ABSTRACT The main aim of this study was to present the use of multilevel modeling in the data from a mixed longitudinal study concerning growth, development and health of Portuguese adolescents. The sample comprises 5155 subjects from 4 age cohorts: 10 to 12, 12 to 14, 14 to 16 and 16 to 18 years. Variables chosen for analysis were handgrip strength and percentage of total body fat. Multilevel modeling analysis showed a quadratic trajectory of adolescents’ handgrip strength performance, with higher annual increasing in boys. The percentage of total body fat was positively associated with the static strength and there were marked interindividual differences. The use of a mixed longitudinal design allowed a faster data collection process; in addition, multilevel modeling analysis was sufficiently flexible and robust to accommodate, in a single model, aspects of individual and interindividual changes in static strength development over the time. Key-words: Longitudinal studies, Hierarchical Modeling, Change, Motor performance. Michele Caroline de Souza 97 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto INTRODUÇÃO Essencialmente, a pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte centrada num delineamento longitudinal pretende responder a dois aspetos importantes de uma característica qualquer condicionada à ação do tempo – sua mudança e estabilidade. Este delineamento envolve, basicamente, a monitorização, descrição, análise e interpretação do processo de mudança de uma variável representada de modo contínuo ou discreto ao longo do tempo 1-4. Para esta análise, exigem-se observações repetidas e ordenadas no tempo, nem sempre equidistantes e balanceadas, de um indivíduo ou grupo de indivíduos, cujos intentos são: (i) identificar diretamente a mudança intraindividual; (ii) marcar as diferenças ou similaridades (heterogeneidade versus homogeneidade) interindividuais no curso da mudança intraindividual; (iii) analisar as inter-relações entre classes de comportamentos intraindividuais observados durante a mudança; (iv) analisar possíveis determinantes/”causas” da mudança intraindividual, e (v) analisar as possíveis determinantes/”causas” das diferenças interindividuais na mudança intraindividual1. O delineamento longitudinal puro (i.e., concebido para registar e analisar as mesmas variáveis, sempre nos mesmos indivíduos em intervalos de tempo específicos e equidistantes, por um período de tempo considerado aceitável5-8) tem um vastíssimo potencial. É habitualmente considerado o mais eficiente para o estudo de diferentes aspectos do crescimento físico humano e do desenvolvimento motor e cognitivo5-8. Não obstante a riqueza interpretativa do enorme manancial de dados que este delineamento gera, contém um conjunto de problemas que limitam, de algum modo, o seu uso corrente na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte, nomeadamente: restrições temporais (tempo prolongado de recolha da informação que se estende por vários anos); perda ou drop out amostral, muitas vezes seletivo; custos associados às medições contínuas e sistemáticas; dificuldade em manter uma equipe de investigadores/avaliadores por um longo período de tempo; entre outros fatores reportados na literatura9. Uma alternativa viável a este tipo de delineamento é Michele Caroline de Souza 99 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto designando de longitudinal-misto que mantém intactas as virtualidades do delineamento longitudinal puro e minimiza as suas desvantagens 5,9. O delineamento longitudinal-misto, também designado de recolha acelerada da informação longitudinal, parece ter sido inicialmente proposto por Bell (1953)6,7. Caracteriza-se pela informação longitudinal de múltiplas coortes independentes de sujeitos temporariamente sobrepostas9, ou seja, este delineamento liga segmentos adjacentes de dados longitudinais de curta duração provenientes das diferentes coortes. Dentre as suas vantagens constam: (i) o período relativamente curto de acompanhamento dos sujeitos, reduzindo os problemas cumulativos de efeito de re-testagem e drop out amostral; (ii) os resultados da pesquisa podem ser produzidos mais celeremente; (iii) a utilização de diferentes coortes aumenta a confiança na generalização dos resultados, e (iv) a possibilidade em estimar, sempre que necessário, a magnitude dos efeitos da idade, coorte e período de medição na análise da mudança6,7,9. A utilidade e versatilidade do delineamento longitudinal-misto na investigação da mudança intraindividual e das diferenças interindividuais tem sido bastante fértil em diferentes áreas do desenvolvimento humano - da Psicologia à Auxologia, da Epidemiologia até à Saúde Pública5,8,9. Não obstante a sua relevância, o seu uso não parece estar muito difundido no espaço da lusofonia, principalmente no domínio da pesquisa em Educação Física e Desporto. Tal como referido por Silva e colaboradores (2013)2, só foi possível localizar dois estudos realizados em Portugal 10,11 e outros dois no Brasil12,13 que recorreram a este delineamento. Nunca será demais mencionar os desafios conceituais, metodológicos e analíticos que enfrentam os pesquisadores da “coisa desenvolvimentista” muito bem descritos por Collins (2006)14. A sua posição pode ser sumariada em três etapas sequenciais: (i) o recurso a um modelo teórico bem articulado para interpretar a mudança, (ii) servido por um delineamento temporal que permita uma visão clara e detalhada do fenômeno em estudo, a que se associa (iii) um modelo estatístico suficientemente elegante, flexível, eficiente e robusto para Michele Caroline de Souza 100 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto tratar a informação disponível. Tal como bem referem Bryk e Raudenbush 15, a Modelação Multinível (MMN) apresenta-se como forte candidata para responder aos desafios enunciados por Collins, em 2006, face à sua versatilidade em permitir analisar e interpretar, de modo sólido e coerente, a dinâmica da mudança intraindividual e das diferenças interindividuais, bem como a possibilidade de incluir variáveis mediadoras e preditores fixos e/ou dinâmicos a que se associa um modo adequado de lidar com os missings by design gerados pelo delineamento longitudinal-misto3,14,16,17. Não obstante a divulgação no espaço da língua Portuguesa da MMN em variados domínios, bem como a existência de vários tutoriais 3,17,18, a sua utilização não é ainda corrente na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte, sobretudo a que decorre do uso de delineamentos longitudinaismistos. Daqui que o grande propósito deste texto seja o de apresentar um estudo longitudinal-misto no vasto domínio de confluências entre Educação Física/Auxologia/Ciências do Esporte/Epidemiologia/Saúde Pública em curso em Portugal, bem como o uso esclarecido da MMN para analisar a informação decorrente da sua aplicação. Trata-se, em suma, de uma visita guiada com um “manual de instruções”. MÉTODOS Amostra Os dados utilizados são provenientes de um estudo longitudinal-misto em curso na Região do Grande Porto, Portugal, que foi genericamente desenhado para investigar a interação entre características individuais, fatores ambientais e estilos de vida no crescimento físico, desempenho motor, estilos de vida e indicadores da saúde de adolescentes portugueses com idades compreendidas entre 10 e 18 anos. Esta pesquisa, em fase de conclusão, pretende analisar adolescentes amostrados aleatoriamente de modo estratificado, divididos em quatro coortes, avaliados anualmente durante 3 anos consecutivos. A primeira coorte foi acompanhada dos 10 aos 12 anos; a segunda dos 12 aos 14 anos; a terceira dos 14 aos 16 anos, e a quarta dos 16 aos 18 anos. A sobreposição temporal das coortes é feita aos 12, 14 e 16 anos Michele Caroline de Souza 101 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto de idade (Tabela 1). Para o presente estudo foram considerados os dados obtidos de um total de 5155 indivíduos (Tabela 2), e as variáveis eleitas em todas as análises foram a força de preensão manual (avaliada através de um dinamômetro portátil da marca Takei Physical Fitness Test GRIP-D) seguindo os critérios da bateria de testes da AAHPER Youth Fitness Test 19, e o percentual de gordura corporal total (avaliado com um aparelho de impedância bioeléctrica, TANITA BC-418 MA, com precisão de 0,1%). O projeto e os protocolos de avaliação foram aprovados pelo Conselho Científico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal. As avaliações foram realizadas somente após a assinatura do consentimento livre e esclarecido pelos pais e/ou encarregados de educação dos adolescentes. Tabela 1. Estrutura básica do delineamento longitudinal-misto de acordo com as quatro coortes de idade. Coorte 1 Coorte 2 10 11 12 12 13 Coorte 3 14 14 Coorte 4 15 16 16 17 18 Michele Caroline de Souza 102 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto Tabela 2. Dimensão da amostra em função da idade, coorte (C1 a C4) e sexo. Coorte Idades Meninos- Meninas Total C1 10-12 532-533 1065 C2 12-14 806-703 1509 C3 14-16 639-705 1344 C4 16-18 573-664 1237 Total 2550-2605 5155 Controle da qualidade da informação A eficiência e o alcance dos resultados de uma pesquisa qualquer repousam, em certa medida, nos distintos processos de controle da qualidade da informação. No presente estudo este processo foi realizado em diferentes etapas: (1) treino da equipe de “campo” por avaliadores experientes do Laboratório de Cineantropometria e Estatística Aplicada da FADE-UP, Portugal; (2) realização de retestes em subconjuntos aleatórios de sujeitos em cada dia de avaliação ao longo de todo o processo de coleta dos dados; (3) controle da entrada informatizada da informação e análise exploratória para identificar possíveis erros e/ou a presença de outliers; e (4) cálculo de estimativas de fiabilidade baseado no coeficiente de correlação intraclasse (R), sendo os valores obtidos: teste de força de preensão manual, R=0,97; percentual de gordura corporal total, R=0,99. Procedimentos estatísticos Tal como referido anteriormente, a análise exploratória (gráfica e numérica) da informação foi realizada no software SPSS 20.0. A modelação das mudanças na força de preensão foi efetuada no software HLM 7.0120, através da técnica da MMN15,21. A MMN é, simultaneamente, um modo de pensar22 e uma metodologia elegante, robusta e extremamente flexível na análise de informação com uma estrutura designada de multinível23. Quando aplicada a dados longitudinais, Michele Caroline de Souza 103 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto permite integrar de modo coerente, num modelo estatístico relativamente complexo, a análise da mudança e variação intraindividual, à estimação da trajetória média do grupo (de sujeitos), a que se associa a inclusão da análise de variáveis preditoras ou correlatas (fixas e/ou dinâmicas) das diferenças interindividuais na mudança da(s) variável(eis) em estudo15. De fato, não há necessidade de haver uma única variável dependente, bem pelo contrário, é possível incluir várias em simultâneo. Essencialmente, a estrutura analítica da MMN encontra-se distribuída por níveis ou estratos organizacionais da informação. Qualquer número de níveis pode ser apresentado, embora a utilização mais frequente em delineamentos longitudinais seja de dois níveis – medidas repetidas e sujeitos (do inglês repeated observations nested within subjects)15,24,25. No primeiro nível informacional de um delineamento longitudinal-misto formula-se um modelo para descrever a mudança, linear ou não, definido por um conjunto de parâmetros que descrevem as trajetórias individuais (submodelo intraindividual ou de medidas repetidas). No segundo nível assume-se que as estimativas desses parâmetros individuais variam em função de um conjunto de preditores dos sujeitos (submodelo interindividual)15,24,25. Essa interdependência entre os parâmetros do primeiro e do segundo nível é, precisamente, o coração da estrutura hierárquica, a que se associa, essencialmente, a estimação com métodos estatísticos robustos de uma parte fixa e aleatória da MMN24,26. No submodelo intraindividual, ou de medidas repetidas (1º nível), a trajetória da mudança pode ser escrita, por exemplo, por uma função polinomial do tempo: Yti = β0i + β1iTti + β2iT2ti + … + βpiTgti + eti (1) Em que Yti representa a variável dependente para o indivíduo “i” na ocasião “t”; os βs são coeficientes da função polinomial de grau p (β0i é o valor no intercept ou baseline – cuja métrica temporal é habitualmente centrada no início do estudo, e daqui a atribuição de significado ao valor 0; os β 1i, β2i, …, βpi são os parâmetros descritores da trajetória de mudança indivíduo “i”); o e ti é o Michele Caroline de Souza 104 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto erro aleatório. A variável preditora do nível 1 é o tempo (do inglês time as a predictor), representado na equação por Tti, podendo, por exemplo, ser descrito pela idade do indivíduo “i” no tempo “t”. A potência T gti (onde g=1, 2, …, p) representa a ordem da função polinomial, especificamente linear, quadrática, cúbica, ou de maior complexidade. Por exemplo, na trajetória de mudança intraindividual do sujeito i, descrita por um polinômio de segundo grau, teríamos 3 parâmetros: o valor no baseline (β0i), a velocidade (β1i) e a aceleração (β2i)15,17,24-26. Tal como anteriormente referido na equação (1) os valores dos parâmetros descritores das trajetórias de mudança (i.e. os βs) variam entre os indivíduos15-17,24-26. Ora no submodelo do 2º nível, há que modelar a heterogeneidade das trajetórias, sendo que os parâmetros do primeiro nível passam a ser as variáveis dependentes (do inglês intercepts and slopes as outcomes): β0i = γ00 + ս0i β1i = γ10 + ս1i ⁞ (2) βpi = γp0 + սpi . Na equação (2), o valor do baseline (β0i) e os coeficientes de regressão associados à trajetória do sujeito “i” (β1i, …, βpi) podem ser decompostos em duas partes: uma que representa a trajetória média da mudança de todos os indivíduos (a parte de efeitos fixos do modelo – do inglês fixed effect: γ00= média no baseline, e γ10, …, γp0 representam as componentes da trajetória média que pode ser o declive ou curva em função da complexidade do polimônio); a outra parte, designada de aleatória (do inglês random effects: ս0i, ս1i, …, սpi) expressam variabilidade no baseline, bem como heterogeneidade no trajeto de mudança, i.e., os desvios dos parâmetros do indivíduo “i” relativamente à trajetória média. Michele Caroline de Souza 105 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto No exemplo que apresentaremos de seguida, descreveremos as etapas mais importantes do uso da MMN na análise e interpretação dos dados do nosso delineamento. Variáveis e problema em estudo No nosso exemplo, um total de 5155 adolescentes, divididos em quatro coortes, foram avaliados anualmente, durante três anos consecutivos (20112013) no teste de força estática de preensão manual e percentual de gordura corporal total (%GTotal). Trata-se de um delineamento relativamente complexo na sua organização e análise, pois além de descrever o comportamento do desempenho na prova de preensão manual em função do tempo (i.e. mudança intraindividual e diferenças interindividuais), também interpreta a influência de dois tipos de preditores das mudanças observadas na performance dos adolescentes: (i) um preditor dinâmico no tempo – a informação anualmente obtida da %GTotal, e (ii) um preditor fixo no tempo – o gênero dos adolescentes (meninas codificadas com o número 0, meninos com o 1). Mediante a estrutura organizacional da informação foram colocadas quatro perguntas que reputamos de relevantes: 1. Será possível modelar a mudança no desempenho da força estática de preensão manual das 4 coortes de adolescentes seguidas de modo longitudinal-misto dos 10 aos 18 anos? A resposta positiva implica uma ligação das coortes numa trajetória típica, refletindo o comportamento médio do desenvolvimento da força estática dos músculos da preensão manual. 2. Qual o efeito do %GTotal na performance do teste de preensão manual desses adolescentes, independentemente do seu gênero? Trata-se, aqui, de modelar o efeito de um preditor dinâmico no desenvolvimento da força. 3. Existem diferenças acentuadas entre gêneros no desempenho da força estática manual? Se sim, devem ser marcadas por trajetórias médias diferenciadas ao longo da idade. Michele Caroline de Souza 106 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto 4. Haverá uma forte variabilidade nas trajetórias de desenvolvimento da força estática manual nos adolescentes? Se ocorrer, deve ser referido pela expressão estatisticamente significativa da variância interindividual e intraindividual. No sentido de responder às perguntas colocadas, o ajustamento dos modelos foi realizado no software HLM 7.0120 através da técnica de estimação de máxima verossimilhança (do inglês full information maximum likelihood), suficientemente flexível para uso num delineamento longitudinal-misto. O processo de estimação simultânea de todos os parâmetros dos vários modelos utiliza toda a informação disponível, assumindo que o padrão de casos omissos é at random (aleatório), uma consideração muito plausível, mas não tão exigente quanto a missing completely at random27-29. Para melhor descrever as trajetórias longitudinais individuais, trajetórias médias e respetivos preditores, foi adotado um procedimento stepwise. Primeiramente, foi definido o submodelo do 1º nível, utilizando-se uma função polinomial do tempo com complexidade crescente. Para ter uma primeira impressão do comportamento das medidas repetidas da preensão manual, os valores foram inicialmente representados num spaghetti plot providenciado pelo HLM (ver Figura 1, parte esquerda). Em seguida, baseado em sugestões da literatura 30,31 foram ajustados numa série de modelos polinomiais até o 3º grau. A decisão final sobre o melhor modelo foi realizada de acordo com a Deviance (estatística que expressa a qualidade do modelo) e as correspondentes alterações no valor de Qui-quadrado; o modelo mais complexo, i.e., com mais parâmetros, será melhor que o anterior se o valor da Deviance diminuir e esse decréscimo for estatisticamente significativo. Essa hipótese é testada pela estatística do Quiquadrado e seus respetivos graus de liberdade, que são iguais à diferença entre o número de parâmetros estimados em cada modelo. Michele Caroline de Souza 107 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto Figura 1. Representação do desempenho da força de preensão das quatro coortes de adolescentes em função do tempo (outputs do HLM 7.01). Parte esquerda: dados originais; parte direita: dados ajustados com uma nova métrica temporal. O passo seguinte foi testar a importância da covariável dinâmica no tempo (%GTotal), que é necessariamente incluída no submodelo do 1º nível. Finalmente, foi incluído, no submodelo do 2º nível o preditor fixo no tempo (gênero). Todos os parâmetros foram simultaneamente estimados e foi testada a sua significância em termos estatísticos. Para facilitar a interpretação dos resultados, sobretudo da dimensão temporal, é necessário efetuar uma alteração da métrica temporal. Como cada coorte tem três avaliações no tempo (C1: avaliação 1, 2 e 3; C2: avaliação 3, 4 e 5; C3: avaliação 5, 6 e 7; C4: avaliação 7, 8 e 9), com um registro temporal em sobreposição, começamos a “contar o tempo do desenvolvimento da força estática” no início do estudo, i.e., na primeira avaliação da C1=10 anos. Deste modo o momento 0 corresponde aos 10 anos de idade. A métrica temporal do eixo X passou a ser: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, que corresponde aos 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 anos de idade. RESULTADOS Passamos, agora, a responder à primeira pergunta deste tutorial sobre a possibilidade de modelar a mudança no desempenho da força estática de preensão manual das 4 coortes de adolescentes. Na parte direita da Figura 1 e Michele Caroline de Souza 108 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto no Modelo 1 da Tabela 3 temos a resposta positiva. Com base na redução significativa (χ2=53,412, p<0.001) da Deviance verificamos que um polinômio do 2º grau se ajusta bem às trajetórias individuais. A interpretação dos resultados é a seguinte: (i) o valor médio do desempenho da força de preensão manual de todos os adolescentes no Baseline, i.e. aos 10 anos, é 15,660±0,148 kgf; (ii) o incremento médio anual de força estática manual é de 3,358±0,086 kgf/ano; (iii) há uma tendência para a estabilização dos ganhos, uma vez que a aceleração é negativa (β=-0,089±0,012 kgf/ano2). A segunda pergunta de estudo procurava esclarecer acerca do efeito do %GTotal na performance do teste de preensão manual dos adolescentes, independente do seu gênero. Os resultados deste segundo modelo estão na Tabela 3, mostrando um efeito negativo do %GTotal no desempenho dos adolescentes (β=-0,131±0,011 kgf/ano). Isto significa que os adolescentes com percentual de gordura mais elevada têm, em média, menores incrementos anuais de força estática manual. A terceira pergunta de estudo a ser respondida relacionava-se com a possível presença de diferenças entre gêneros no desempenho da força estática manual. A resposta está não só na Figura 2, que evidencia trajetórias médias distintas ao longo das idades, mas também nos resultados do Modelo 3 (ver Tabela 3), no qual se constata que: (i) o valor médio de preensão manual das meninas no Baseline (i.e., aos 10 anos) é 16,392±0,188 kgf, sendo os meninos, em média, 2,370±0,252 kgf mais fracos; (ii) a média de velocidade de ganhos anuais de força das meninas é de 2,563±0.090 kgf/ano; no entanto, os meninos têm ganhos superiores em 4,680 kgf/ano (2,563+2,117); (iii) parece haver uma tendência para a estabilização dos incrementos de força estática manual (β=-0,117±0,011kgf/ano2). Chamamos a atenção do leitor que não apresentamos um efeito aleatório na aceleração (i.e., diferenças interindividuais na aceleração) por dois motivos: primeiro porque não há informação na literatura sobre esta matéria que justifique a sua inclusão (ver Malina et al, 200430); segundo porque a sua inclusão não representava um ganho Michele Caroline de Souza 109 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto interpretativo – esta variância não era significativa, o algoritmo precisava de muitas interações para convergir e a Deviance não era significativa. Tabela 3. Parâmetros (±erro-padrão) dos modelos ajustados para o desempenho da força de preensão, com preditores variantes e invariantes no tempo. Parâmetros Modelo1 (polinômio de 2ºgrau) Modelo 2 (Modelo 1 + efeito do %GTotal) Modelo 3 (Modelo 2 + efeito do gênero) Efeitos Fixos Baseline Sexo Velocidade Sexo Aceleração Efeito do %GTotal 15,660±0,148* 15,585±0,153* 3,358±0,086* 3,429±0,086* -0,089±0,012* -0,099±0,012* -0,131±0,011* 16,392±0,188* -2,370±0,252* 2,563±0,090* 2,117±0,061* -0,117±0,011* 0,025±0,012** 9,511* 0,950* 8,858 7 58042,370 12,118* 0,820* 8,852 8 57478,232 14,205* 0,087* 8,883 10 55897,346 Efeitos Aleatórios Variância no Baseline Variância nas velocidades Variância residual Número de parâmetros Deviance *p<0,001; **p=0,031 Figura 2. Representação das trajetórias médias dos sujeitos dos dois sexos em função do tempo na parte esquerda da Figura. Na parte direita, temos as trajetórias em função, também, do Percentil 25 e 75 da %GTotal (output do HLM 7.01). Michele Caroline de Souza 110 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto Finalmente, a quarta pergunta tratava da identificação da forte variabilidade (i.e., variância estatisticamente significativa) nas trajetórias intraindividuais e nas diferenças entre sujeitos no desenvolvimento da sua força estática manual. Nos três modelos a componente aleatória mostra isso mesmo: variância significativa entre sujeitos (no Baseline e na velocidade), e intraindividual (variância residual) (Tabela 3). DISCUSSÃO Este texto apresenta, na sua essência, um elucidativo ainda que breve sobre o uso esclarecido da MMN com informação proveniente de um delineamento longitudinal-misto. Para tanto servimo-nos da prova da força de preensão manual cujos dados foram colhidos sucessivamente durante 3 anos em diferentes coortes de adolescentes dos 10 aos 18 anos. O recurso do delineamento em apreço permitiu a recolha mais célere da informação. Do mesmo modo, a metodologia impressa na MMN mostrou-se suficientemente elegante e flexível para acomodar num modelo único, aspetos da mudança individual e das diferenças interindividuais do desempenho da força estática condicionado à ação do tempo. As vantagens e utilidade do delineamento longitudinal-misto estão bem expressas na literatura internacional5,7-9,25,31,32. Um excelente exemplo do valor deste delineamento em produzir resultados estatísticos semelhantes ao de um delineamento longitudinal puro foi apresentado por Duncan e colaboradores em 19968. Os autores compararam as trajetórias de mudança do uso de álcool de adolescentes dos 12 aos 17 anos, provenientes de dois processos de delineamentos - longitudinal puro e misto. No estudo longitudinal puro, uma coorte única de 81 adolescentes foi acompanhada durante 6 avaliações anuais consecutivas; no delineamento misto, 4 coortes de diferentes sujeitos (n=461) foram avaliadas anualmente, durante 3 anos. Os modelos não diferiram significativamente nos resultados nem nas representações gráficas. Adicionalmente, as análises mostraram efeitos similares das covariáveis utilizadas para predizer aspectos da mudança intraindividual e diferenças entre sujeitos. Num outro estudo longitudinal-misto de 4 anos, os mesmos autores32 Michele Caroline de Souza 111 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto examinaram a mudança nos níveis de atividade física de adolescentes, dos 12 aos 17 anos de idade, condicionados a fatores pessoais, familiares e dos pares de amigos. Os resultados mostraram um declínio significativo nos níveis de atividade física; adicionalmente ressaltaram a importância e o valor do delineamento utilizado para modelar a trajetória dos sujeitos em um menor espaço de tempo, minimizando algumas desvantagens do delineamento longitudinal puro. Tal como referido anteriormente, para além da implementação de um design temporal que favoreça uma visão detalhada da mudança do fenômeno em estudo, é indispensável um modelo estatístico que possibilite a análise multivariada do processo de mudança14. O delineamento longitudinal-misto permite inúmeras possibilidades de análise de dados. Usualmente, há alguma tendência para recorrer a métodos analíticos tradicionais de efeitos fixos, como a regressão múltipla e análise de variância, que são limitados e restritivos no seu tratamento das medidas repetidas9,16,24, sobretudo por utilizarem somente informação completa, o que pode limitar o poder estatístico bem como a generalização das conclusões. A MMN considera, simultaneamente efeitos fixos e aleatórios, é muito mais versátil, sendo ajustável à estrutura de dados provenientes de delineamentos longitudinais-mistos9: (i) é suficientemente flexível para permitir a presença de informação omissa gerada pelo design misto (missing by design); (ii) os parâmetros estimados pelos modelos testados são mais precisos, visto que toda a informação disponível é considerada; (iii) permite o uso de preditores discretos e contínuos para modelar a mudança; (iv) o espaçamento temporal pode variar entre os sujeitos; (v) permite a estimação direta da correlação entre mudança e status inicial, e (vi) exibe um elevado potencial interpretativo da mudança intraindividual e das diferenças interindividuais associadas à influência de diferentes preditores 3,9,15,20,24. No nosso exemplo, a MMN foi utilizada para ajustar modelos hierárquicos de natureza expansiva (i.e, com aumento no número de parâmetros) para modelar a mudança no desempenho de força de preensão manual. Na Tabela 3, de acordo com as diferenças significativas nas Michele Caroline de Souza 112 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto Deviances (χ2=1580,885, p<0.001), fica evidente que cada modelo foi melhor que o anterior para descrever a complexidade dos dados. Os resultados do último modelo mostraram que no início do estudo as meninas tinham, em média, mais força estática que os meninos; no entanto, estes apresentaram maiores ganhos anuais de desempenho, superando as meninas ao longo do tempo. Adolescentes intraindividuais de de ambos mudança os sexos curvilíneas, apresentaram havendo uma trajetórias tendência de estabilização dos ganhos, uma vez que a aceleração foi negativa. A associação do %GTotal com a força de preensão foi positiva ao longo de toda a trajetória de mudança da preensão. Informações longitudinais sobre o desempenho motor de adolescentes são em sua maioria datadas; contudo, apresentam descrições e interpretações importantes acerca da mudança condicionada pelo tempo (i.e., pela idade cronológica). Tal como salientado no nosso exemplo, Malina e colaboradores 30 relatam a existência de diferenças significativas entre sexos no desempenho da força estática entre os 6 e os 18 anos. Os dados apresentados por estes autores retratam um aumento linear de força de acordo com a idade até os 13 ou 14 anos nos meninos, momento em que há uma aceleração no desenvolvimento da força; nas meninas o aumento é linear até cerca dos 16 ou 17 anos, sem evidências claras de um estirão. Embora pequena, a diferença entre sexos é significativa durante a infância, favorecendo sempre os rapazes. As diferenças mais expressivas ocorrem sobretudo após o período pubertário, com a marcada aceleração no desenvolvimento de força dos meninos. Esta vantagem de desempenho dos meninos não foi observada no baseline do nosso estudo, podendo estar relacionada com o período pré-pubertário das meninas, que geralmente começa aos 10 anos30. Nesse mesmo sentido, a análise cuidadosa da informação recentemente disponibilizada por Silva e colaboradores31, de crianças e jovens da região norte do Brasil, mostra um quadro semelhante, meninas com maturação avançada apresentam valores de preensão manual superiores a meninos com maturação on time, entre aproximadamente os 10 e 13 anos de idade; as meninas com maturação on time têm valores semelhantes aos meninos entre os 10 e 12 anos. Michele Caroline de Souza 113 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto O %GTtotal foi um preditor dinâmico positivo da força de preensão. Apesar do valor da estimativa do parâmetro ser muito reduzido (β=0,025±0,012 kgf/ano), é significativo indicando que adolescentes com maior percentual de gordura têm, em termos absolutos, melhores desempenhos de força de preensão manual. Mais uma vez, o estudo de Silva e colaboradores 31 vai ao encontro desses resultados, ao referir que a massa gorda corporal (mensurada pela soma de pregas subcutâneas) é um preditor positivo no desempenho da força estática manual. Este efeito positivo faz sentido, uma vez que estamos tratando de valores absolutos de força isométrica, que dependem do tamanho corporal dos sujeitos, como é bem conhecido na literatura30. Para além da interpretação dos efeitos fixos, os efeitos aleatórios do nosso modelo merecem interpretação. O leitor verificou que a variância na velocidade de ganhos diminuiu do Modelo 1 para o Modelo 3 (ver Tabela 3), o que permite interpretar o “poder explicativo” do %GTotal e do gênero nas diferenças de desempenho entre sujeitos. Uma forma de interpretar a relevância desses preditores é contrastar a magnitude das variâncias. Deste modo, do modelo não condicionado (i.e, sem preditores) para o modelo condicionado pelo %Gtotal, temos o seguinte cálculo: [(0,950- 0,820)/0,950]=0,136. Isso significa que o preditor dinâmico explicou 13,6% da variabilidade nos ganhos de força estática dos adolescentes. Ao inserirmos o preditor fixo (sexo) no modelo final, temos: [(0,820-0,087)/0,820]=0,894; uma explicação de 89,4% da variância na velocidade. A diferença entre 89,4% e 13,6% é de 75,8%, e indica, essencialmente, a grande relevância desses dois preditores na identificação das diferenças de ganhos entre os sujeitos. De modo contrário, a variância no baseline não diminiu, apesar dos modelos condicionados serem significativos. Com a inclusão dos preditores (%GTotal e gênero), os adolescentes se tornaram ainda mais diferentes em seus valores iniciais. Esse fato, seguramente, reflete a urgência em incluir outras variáveis correlatas da mudança do desempenho de força estática, como por exemplo, o status maturacional. Adicionalmente, a presença de variabilidade residual remanescente reforça a necessidade de maior esforço na Michele Caroline de Souza 114 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto modelação das trajetórias para explicar a heterogeneidade intraindividual da mudança. Em conclusão, este estudo reforçou a validade e flexibilidade do uso do delineamento longitudinal-misto em pesquisas com informação repetida no tempo, sobretudo quando associado a técnicas robustas de análise, como a MMN. Esta metodologia analítica foi suficientemente flexível e altamente versátil na interpretação de aspectos da mudança individual e das diferenças interindividuais do desempenho da força estática ao longo do tempo. É claro que este é apenas um exemplo da enorme aplicabilidade deste modelo, que pode e deve ser estendido a diferentes domínios da Educação Física e Ciências do Esporte. Agradecimentos: A todos os profissionais de Educação Física e Desporto envolvidos no estudo; à Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal (financiamento ao projeto de referência PTDC/DES/67569/2006) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (bolsa de Doutorado pleno no exterior). Um agradecimento especial a todos os adolescentes participantes do estudo. Conflito de interesses: Os autores do artigo intitulado “Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte.”, declaram não ter nenhum potencial de conflito de interesse em relação ao presente, submetido à Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. Michele Caroline de Souza 115 Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto REFERÊNCIAS: 1. 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Michele Caroline de Souza 119 CAPÍTULO III Estudos Analíticos Estudo IV Short-term tracking of youth physical fitness: The Oporto Growth, Health and Performance Study Michele Souza 1,2, Joey Eisenmann 3, Raquel Chaves 4, Daniel Santos 1, Sara Pereira1, Cláudia Forjaz5, José Maia 1. Artigo submetido à Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports (Dinamarca) 1 CIFI2D, Faculty of Sport, University of Porto. Porto- Portugal. 2 3 CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil. DF- Brazil. Department of Radiology, Michigan State University. East Lansing- USA. 4 5 Federal University of Technology of Paraná. Curitiba- Brazil. Exercise Hemodynamic Laboratory, School of Physical Education and Sport, University of São Paulo. São Paulo-Brazil. Short-term tracking of youth physical fitness ABSTRACT Purpose: This study aimed to investigate short-term tracking of cardiorespiratory and performance-related physical fitness among adolescents using distinct approaches. Methods: Data were obtained from the Oporto Growth, Health and Performance Study and comprised 1203 adolescents (549 girls) divided into two age cohorts (10 to 12 and 12 to 14 years) followed for three consecutive years, with annual assessment. Cardiorespiratory fitness was assessed with 1-mile run/walk test; 50 yard dash, standing long jump, handgrip and shuttle run test were used to rate performance-related physical fitness. Tracking was expressed in three different ways: auto-correlations, multilevel modelling with crude and adjusted model (for biological maturation, body mass index and physical activity) and Cohen’s Kappa computed in IBM SPSS 20.0, HLM 7.01 and LDA software, respectively. Results: Tracking of physical fitness components was (1) moderate-tohigh when described by auto-correlations; (2) low-to-moderate when crude and adjusted models were used; and (3) low according to Cohen’s Kappa. Conclusions: When describing tracking, different methods should be considered since they provide distinct and more comprehensive views about physical fitness stability patterns. Key-words: stability, change, fitness, adolescents. Michele Caroline de Souza 125 Short-term tracking of youth physical fitness INTRODUCTION Physical fitness (PF) is a complex and multi-faceted construct integrating a wide set of bodily functions - morphological, muscular, motor, cardiorespiratory and metabolic (Bouchard & Shepard, 1994; Malina, 2001; Ortega et al., 2008). Although there is no universal definition, PF is generally regarded as the capacity to perform daily physical activities without undue fatigue (Safrit, 1990; Bouchard & Shepard, 1994; Ortega, 2008; Ortega et al., 2013; Smith et al., 2014). Further, most of the available test batteries include components that are interchangeably applied to assess both performance and health-related PF (Safrit, 1990). There is a consistent body of evidence relating the favorable effects of moderate-to-high levels of PF to health-related outcomes, namely adiposity, cardio-metabolic risk factors, bone, and psychological traits in childhood and adolescence (Malina, 2001; Ortega, 2008; Moliner-Urdiales et al., 2010; Ortega et al., 2011; Ortega, 2013; Smith, 2014). The benefits of PF have also been reported among overweight children and adolescents giving rise to the “fat but fit” paradigm (Ortega, 2008; Brouwer et al., 2013; Ortega, 2013). Besides health benefits, one of the major reasons to target PF in children and adolescents relates to their developmental periods in terms of acquisition of health behaviors which are believed to persist later in life (Ortega, 2008; Pate et al., 2012; Ortega, 2013), i.e., they track over time. Further, children and adolescents need to develop fundamental and specialized motor skills in order to motivate themselves to participate in sports later in life (Malina et al., 2004). Additionally, improvements in these PF and motor skills may also make daily physical activity and exercise easier to perform and hence more enjoyable (Malina, 2004; Smith, 2014). Tracking studies are most often conducted to describe patterns of growth or change (Kowalski & Schneiderman, 1992). In epidemiology, tracking is mainly used to estimate the relative stability of factors related to chronic diseases (Kowalski & Schneiderman, 1992; Twisk, 2003) and to predict, to Michele Caroline de Souza 127 Short-term tracking of youth physical fitness some extent, later values (Kowalski & Schneiderman, 1992; Malina, 2001; Twisk, 2003). Tracking studies on PF generally suggest moderate to moderately high coefficients from childhood to adolescence (Malina, 2001; Da Silva et al., 2013; Pahkala et al., 2013) but inter-age auto-correlations can range from low to moderately high (e.g., 0.24 to 0.71 for muscular strength and 0.30 to 0.61 for cardiorespiratory fitness)(Malina, 2001). Despite recommendations about PF levels (Eisenmann et al., 2011; Welk et al., 2011), there has been an increase in the adoption of sedentary behaviors among children and adolescents which in turn compromises their PF with a negative impact on health-outcomes (Pahkala, 2013; Smith, 2014). From a health promotion perspective, information about the dynamics of short- and long-term changes in PF during childhood and adolescence provides reliable knowledge about the stability in PF allowing the early identification of subjects with an unfit profile, that may be useful in the implementation of preventive measures (Janz et al., 2000; Malina, 2001; Da Silva, 2013; Ortega, 2013). Methodologically, there are a wealth of statistical techniques to address tracking (Kowalski & Schneiderman, 1992; Twisk, 2003), but most PF studies are based on auto-correlations (Malina, 2001; Da Silva, 2013). Tracking is an important facet when describing longitudinal changes occurring in a certain variable, and in order to take full advantage of the available information, it is of great interest to jointly consider the influence of time-varying and/or timeinvariant covariates (Twisk, 2003; Maia et al., 2010; Da Silva, 2013; Rodrigues et al., 2013). The combined use of more adequate statistical techniques makes it possible to explore more challenging issues arising from the notion of (in)stability of longitudinal data that goes beyond the information provided by auto-correlations, namely about individual characteristics, dynamics of change of each subject in relation to his/her group over time, as well as inter-individual differences in intra-individual changes. Therefore, the aim of this study is to investigate short-term tracking of cardiorespiratory and performance-related PF among adolescents using three distinct approaches: (1) auto-correlations, (2) multilevel modeling based on a statistical approach suggested by Twisk (2003) Michele Caroline de Souza 128 Short-term tracking of youth physical fitness correcting tracking values for time-varying covariates, and (3) Cohen’s Kappa in order to identify group and individual tracking as well as individuals whose trajectories are instable across time. As such, discussing the interpretation of different ways to describe tracking of PF components will enhance our understanding about their (in)stability patterns or changes during the transition from childhood to adolescence. Further, this will provide more reliable information in targeting children at risk when developing more efficient interventions programs. MATERIAL AND METHODS Sample Data are from the Oporto Growth, Health and Performance Study (OGHPS) whose main aim is to investigate, longitudinally, the interaction among individual characteristics, environmental factors and lifestyle predictors that affect growth, development and health aspects of Portuguese adolescents. The OGHPS has a mixed-longitudinal design involving randomly selected adolescents from 10 to 18 years old divided into four cohorts. The first cohort was followed annually from 10 to 12 years; the second from 12 to 14 years; the third from 14 to 16, and the fourth from 16 to 18 years. For the present study we will only consider adolescents from the first and second cohorts (10-14 years) given they represent the pubertal period (i.e., mean age at peak height velocity 12 in girls and 14 in boys). To make maximum use of the data, all valid data on each PF test was included. Consequently, sample sizes vary in each PF test (see Table 2). All measurements were conducted annually during the same months. Legal authorization was obtained from school directors, and parents gave their informed consent; the Ethics Committee of the University of Porto approved the project. Anthropometry Anthropometric measurements were made by trained staff following the International Society for the Advancement of Kinanthropometry (Ross & Ward, 1986) standardized protocols. Height was measured to the nearest 0.1 Michele Caroline de Souza 129 Short-term tracking of youth physical fitness centimeter with a portable stadiometer (Holtain, UK). Body mass (kg) was measured with a portable bioelectrical impedance scale using the TANITA BC418 MA Segmental Body Composition Analyser (Tanita, Corporation, Tokyo, Japan) with a 0.1 kg precision. Body mass index (BMI) was computed using the standard formula BMI=[body mass (kg)/height (m)2]. Biological Maturation Biological maturation was indirectly assessed by the maturity offset regression procedure proposed by Mirwald et al. (2002) which estimates how many years a subject is from peak height velocity (PHV). A positive (+) maturity offset represents the number of years the participant is beyond PHV, whereas a negative (–) maturity offset represents the number of years the subject is before from PHV. Estimated age at peak height velocity is determined by chronological age minus maturity offset. Physical fitness Aerobic capacity was assessed via 1-mile run/walk test as described in the Fitnessgram battery (Fitnessgram, 1994). In brief, all subjects ran/walked a distance of 1609m in the shortest time possible. Performance-related fitness was assessed with several items from the AAHPERD youth fitness test (AAHPER, 1976) and included: (a) Running speed - 50 yard dash test: all subjects ran this distance in the shortest time possible; (b) Explosive leg power - standing long jump test: all subjects jumped as far as possible from a standing position; (c) Static strength - grip strength test: all subjects gripped the dynamometer (Takei Physical Fitness Test GRIP-D, Japan) with maximum force during 5 to 10 s; and (d) Agility - shuttle-run test: all subjects ran as fast as possible from the starting line to a line 9 m away where two small wooden blocks were placed, picked-up one of the blocks, returned to the starting line, placed the block on the line, and then repeated route. Physical activity Total physical activity (TPA) was estimated with the Baecke questionnaire (Baecke et al., 1982), a reliable and valid instrument (Miller et al., Michele Caroline de Souza 130 Short-term tracking of youth physical fitness 1994; Philippaerts et al., 1999) that describes three basic domains of PA, namely school PA, leisure time PA and sport participation PA. It comprises a total of 16 questions divided into these domains and each is scored from 1 (minimal PA) to 5 (maximal PA). TPA score is obtained from the unweighted sum of the three domains, and scores ranged from 3 (lowest) to 15 (highest). All adolescents answered the questionnaires during their physical education classes under the supervision of the physical education teachers who were trained by the research team. Data quality control Data quality control was assessed in three different steps: (1) training of all team members by experienced researchers of the Kinanthropometry Laboratory of the Sports Faculty, University of Porto, Portugal; (2) conducting random retests (intra-rater reliability) on each assessment day; (3) reliability calculations using the ANOVA-based intraclass correlation coefficient (R), as well as the technical error of the measurement (TEM): TEM=0.1cm for height and 0.1kg for body mass; for PF tests, R values ranged from 0.88 (shuttle run) to 0.95 (handgrip); for PA, R=0.75. Statistical analysis All analyses were stratified by gender. Exploratory and descriptive data analyses were conducted in IBM SPSS 20.0 software to check for the presence of outliers. Tracking was expressed in three different ways. Firstly, auto-correlations (r) were computed in IBM SPSS 20.0 software. Since we have three data points in each cohort, three auto-correlations are available within each cohort. In order to have a single auto-correlation within cohort to express tracking, each value was transformed to a Fisher’s z value; then, the three Fisher’s z values were added and the mean calculated; finally, the mean Fisher’s z value was transformed back into an auto-correlation value, labelled as mean r. Michele Caroline de Souza 131 Short-term tracking of youth physical fitness Secondly, crude and adjusted tracking coefficients were calculated in HLM 7.01 software following a statistical model suggested by Twisk (2003) and expressed by the following formula, 𝐽 𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1 𝑌𝑖𝑡1 + 𝛽2 𝑡 + ∑ 𝛽3𝑗 𝑋𝑖𝑗𝑡 + 𝜀𝑖𝑡 𝑗=1 For the sake of clarity, we will define its components by use of an example with the handgrip test. 𝑌𝑖𝑡 is the expected handgrip level for subject i at time t, 𝑌𝑖𝑡1 is the expected handgrip level at baseline for subject i, 𝛽1 is the regression coefficient used as a tracking coefficient, 𝛽2 is the regression coefficient for time (in our case a three-year period), 𝑋𝑖𝑗𝑡 is the time-varying covariate j of individual i (our time-varying variables are BMI, maturity offset, and PA), β3j is the regression coefficient for each time-varying covariate j, J is the number of time-varying covariates, and 𝜀𝑖𝑡 is the error for subject i at timepoint t. Based on this model, crude tracking coefficients were first calculated and the value of the initial measurement at t1 (𝑌𝑖𝑡1 ) was regressed on the entire longitudinal data available from t2 to t3. The relationships between the initial value at t1 and the values from t2 to t3 were simultaneously estimated, resulting in one single regression coefficient (𝛽1 ). Then, we calculated adjusted tracking coefficients where 𝑌𝑖𝑡1 value was also used as in crude model, and additionally the model was corrected for time-varying (𝑋𝑖𝑗𝑡 ) covariates (BMI, maturity offset and TPA). In order to account for scale differences, all continuous variables were transformed into subgroup specific z-scores before entering the model. The use of standardized variables in the longitudinal analyses makes the coefficients vary between -1 and +1, but since we assume that correlations among the repeated observations are positive, these tracking coefficients have values between 0 and 1, making the tracking coefficients interpretable as a longitudinal correlation coefficient (Twisk, 2003). Thirdly, PF tracking was also described following Cohen’s Kappa (κ) implemented in Longitudinal Data Analysis (LDA) software (Schneiderman & Kowalski, 1993). This approach is based on the notion that tracking exists if an Michele Caroline de Souza 132 Short-term tracking of youth physical fitness individual’s successive measurements remain in the same quantile of the distribution over time(Kowalski & Schneiderman, 1992). This is a descriptive and nonparametric statistic and following Landis and Koch (1977) (Landis & Koch, 1977) values of κ>0.75 represent excellent tracking, 0.40≤κ<0.75 moderate stability, and κ<0.40 poor tracking. Tracking expresses the number of times each subject is within his/her canal, i.e., the greater the number of times, the higher the κ. In this study we will consider that three distinct longitudinal canals (tertile division of the distribution at each time point) are possible trajectories for all subjects given the short duration of the repeated observations. Given that there are three time points and three canals, 3 3=27 individual possible trajectory combinations are possible. From the canals, we identified the percentage of subjects whose trajectories were highly instable in the extremes (see Figure 1). Positive instability means subjects that at the first measurement year were in the first canal and then improved their fitness levels reaching the third canal; these are identified as 123, 113, and 133. Negative instability refers to subjects that at the first measurement were in the third canal and with time decreased their fitness levels, cross canals and came down to the first canal and are identified as 311, 321, and 331. Figure 1. Examples of all possible trajectories of positive and negative instability as previously defined. Michele Caroline de Souza 133 Short-term tracking of youth physical fitness RESULTS Descriptive statistics are shown in Table 1. In general, girls and boys show mean improvements in their PF tests over time. The mean BMI is similar in both sexes. Girls’ maturity offset in cohort 1 was closer to PHV and in cohort 2 values were more similar, except at age 12. Girls’ and boys’ mean TPA values increased over time, but in cohort 2 mean values were more stable. Table1. Descriptive statistics for boys and girls of each age cohort. 1-mile run/walk (min) 50-yd dash (s) Standing long jump (cm) Handgrip strength (kg) Agility shuttle run (s) BMI (kg/m2) Maturity offset (years) Total Physical Activity ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ 10 years mean (SD) Cohort 1 11 years mean (SD) 12 years mean (SD) 10.98 (1.86) 9.57 (1.94) 9.26 (0.84) 8.82 (0.90) 126.37 (22.12) 137.01 (22.19) 17.57 (3.87) 18.29 (4.04) 12.63 (1.34) 12.04 (1.43) 20.08 (3.76) 20.09 (3.73) -1.54 (0.57) -2.24 (0.58) 7.05 (1.09) 7.75 (1.22) 10.41 (1.78) 8.91 (1.88) 8.85 (1.0) 8.52 (1.12) 134.67 (22.36) 148.57 (22.36) 21.20 (4.38) 20.95 (4.60) 11.87 (1.27) 11.23 (1.21) 20.37 (3.90) 20.14 (3.71) -0.72 (0.57) -1.40 (0.66) 7.56 (1.11) 8.31 (1.19) 10.57 (1.82) 9.04 (1.86) 8.51 (0.85) 8.01 (0.99) 139.12 (21.71) 158.26 (24.61) 23.31 (4.14) 25.13 (6.08) 11.72 (1.22) 11.02 (1.24) 20.29 (3.73) 20.15 (3.92) 0.05 (0.51) -0.52 (0.77) 8.33 (1.18) 9.00 (1.21) 12 years mean (SD) Cohort 2 13years mean (SD) 14 years mean (SD) 10.75 (1.69) 8.99 (1.76) 8.76 (0.97) 8.19 (0.82) 135.21 (21.79) 153.93 (23.37) 22.36 (4.57) 23.34 (5.52) 12.04 (1.20) 11.29 (1.12) 20.56 (3.75) 20.23 (3.65) -0.26 (0.59) -0.92 (0.74) 7.45 (1.33) 8.56 (1.38) 10.10 (1.58) 8.36 (1.75) 8.59 (0.87) 7.97 (0.91) 144.54 (23.42) 167.67 (27.80) 25.15 (4.53) 27.99 (6.68) 11.61 (1.21) 10.70 (1.24) 21.33 (3.71) 20.68 (3.53) 0.53 (0.54) 0.11 (0.82) 7.63 (1.20) 8.55 (1.32) 10.29 (1.76) 7.95 (1.53) 8.33 (0.80) 7.30 (0.75) 143.41 (23.67) 182.18 (28.60) 26.73 (4.49) 32.74 (7.01) 11.68 (1.24) 10.35 (1.01) 21.93 (3.62) 21.29 (3.42) 1.17 (0.49) 1.07 (0.85) 7.60 (1.21) 8.54 (1.22) SD= standard deviation; min= minutes; s= seconds; cm=centimetres; kg= kilograms; m= meters Table 2 shows the results for tracking. Following Malina (2001) cut points, auto-correlations show moderate-to-high tracking across cohorts (0.39<rm<0.79). Static strength had the highest stability in both cohorts and sexes (rm=0.70-0.79). On the other hand, cardiorespiratory fitness had the lowest stability in girls from cohort 2 (rm=0.39). In the second approach multilevel modelling was used to calculate crude and adjusted stability coefficients, which are, in fact, longitudinal correlations. Michele Caroline de Souza 134 Short-term tracking of youth physical fitness Using Malina’s cut-points, crude coefficients show moderate-to-high tracking and static strength showed more stability over time in boys and girls from both cohorts (β=0.61-0.72). However, when tracking was adjusted for dynamic changes in BMI, maturity offset and TPA, β values were lower. In cohort 1, low tracking is evident for cardiorespiratory fitness in both sexes (β=0.33 and 0.36 for girls and boys, respectively), and also in boys’ agility (β=0.30). Speed, explosive leg power and static strength show slightly higher β values. In cohort 2, cardiorespiratory fitness was less stable in girls (β=0.31), and speed in boys (β=0.34). Both sexes showed “moderate” tracking in the other components. Cohen’s Kappa showed the lowest PF tracking estimates. Following Landis and Koch (Landis & Koch, 1977), κ was poor for all PF components across the cohorts, except for static strength in both cohorts (0.41<κ<0.51). Further, the percentage of positive instability, as previously defined, ranged from 1.4% (girls’ velocity in cohort 2) to 7.2% (girls’ cardiorespiratory fitness in cohort 1); negative instability ranged from 0.9% (boys’ static strength in cohort 2) to 6.0% (girls’ cardiorespiratory fitness and boys’ agility both from cohort 1). Michele Caroline de Souza 135 Short-term tracking of youth physical fitness Table 2. Mean auto-correlations, estimated population tracking coefficients (β), and Cohen’s kappa (κ) for each PF test in each cohort separately for boys and girls. Cohort 1 ♀ ♂ ♀ 50-yd dash ♂ ♀ Standing long jump ♂ ♀ Handgrip strength ♂ ♀ Agility shuttle run ♂ Cohort 2 ♀ 1-mile run/walk ♂ ♀ 50-yd dash ♂ ♀ Standing long jump ♂ ♀ Handgrip strength ♂ ♀ Agility shuttle run ♂ 1-mile run/walk 252 257 240 255 253 270 291 295 258 266 Autocorrelation Mean r (rm) 0.53 0.62 0.64 0.57 0.66 0.68 0.73 0.74 0.53 0.48 258 359 216 321 249 348 246 344 228 327 0.39 0.53 0.63 0.53 0.61 0.63 0.70 0.79 0.44 0.54 n Cohen’s Kappa Multilevel modelling Crude β 95% CI Adjusted β 95% CI Κ 95% CI Instability + (%) Instability – (%) 0.46 0.54 0.60 0.61 0.58 0.63 0.61 0.71 0.51 0.37 0.37; 0.55 0.45; 0.63 0.52; 0.68 0.53; 0.69 0.50; 0.66 0.55; 0.71 0.55; 0.67 0.64; 0.78 0.42; 0.60 0.28; 0.46 0.33 0.36 0.49 0.46 0.49 0.48 0.48 0.48 0.44 0.30 0.24; 0.42 0.27; 0.45 0.40; 0.58 0.38; 0.54 0.41; 0.57 0.40; 0.56 0.42; 0.54 0.40; 0.56 0.35; 0.53 0.21; 0.39 0.29 0.37 0.40 0.41 0.35 0.37 0.42 0.42 0.33 0.30 0.24; 0.34 0.32; 0.42 0.35; 0.46 0.35; 0.46 0.30; 0.40 0.32; 0.42 0.37; 0.47 0.37; 0.47 0.28; 0.38 0.25; 0.35 7.2 2.4 2.9 3.2 3.2 2.5 1.6 5.4 5.4 5.7 6.0 2.0 2.5 2.0 2.8 3.4 2.0 3.0 5.8 6.0 0.39 0.54 0.61 0.46 0.60 0.60 0.69 0.72 0.48 0.49 0.30; 0.48 0.47; 0.61 0.51; 0.71 0.39; 0.53 0.52; 0.68 0.53; 0.67 0.62; 0.76 0.67; 0.78 0.39; 0.57 0.41; 0.57 0.31 0.43 0.49 0.34 0.54 0.51 0.57 0.48 0.43 0.43 0.22; 0.40 0.36; 0.50 0.40; 0.58 0.26; 0.42 0.46; 0.62 0.44; 0.58 0.48; 0.66 0.42; 0.54 0.34; 0.52 0.35; 0.51 0.22 0.32 0.36 0.31 0.31 0.44 0.41 0.51 0.27 0.31 0.17; 0.27 0.27; 0.36 0.31; 0.42 0.27; 0.36 0.25; 0.36 0.39; 0.48 0.36; 0.46 0.46; 0.55 0.21; 0.32 0.34; 0.45 4.3 2.5 1.4 3.8 2.0 2.6 2.4 1.5 3.1 3.0 5.0 3.6 3.2 3.8 3.6 2.5 1.6 0.9 3.9 3.9 Michele Caroline de Souza 136 Short-term tracking of youth physical fitness DISCUSSION This study used three different approaches to study short-term tracking in adolescents’ cardiorespiratory and performance-related PF. If a regular behavior (pattern) is kept over time, then prediction is possible (Kowalski & Schneiderman, 1992; Malina, 2001; Twisk, 2003). As such, tracking encapsulates two main ideas: stability and predictability (Kowalski & Schneiderman, 1992). Stability is a very embracing concept, such that available statistical techniques to quantify tracking vary and depend on the assumptions linked to the stability-instability concept which may lead to different conclusions, eventually causing confusion (Kowalski & Schneiderman, 1992). For example, in boys’ cardiorespiratory fitness of cohort 1 a moderate auto-correlation (rm=0.62) was found. When using the multilevel approach adjusted for timevarying covariates, the stability dramatically decreased (β=0.36), and remained poor when determined by Cohen’s Kappa (κ=0.37). Most of the available results concerning PA and PF tracking are based on auto-correlations (Malina, 2001). This is a quite simple statistic to calculate and relatively easy to interpret but has known limitations (Twisk et al., 1994; Malina, 2001; Twisk, 2003). Our results revealed a moderate-to-high PF tracking in the two cohorts. Previous studies reported different autocorrelation values, ranging from low to moderately high for health and performance-related PF. For example, the Muscatine Study (Janz, 2000) followed children and adolescents from 10 to 15 years and results were very similar to our findings with stability ranging from 0.39 to 0.44 in cardiorespiratory fitness and from 0.62 to 0.75 in static strength. On the contrary, the Ellisras Longitudinal Study (Monyeki et al., 2007) investigated one-year tracking in 228 boys and 189 girls aged from 11-15 years and reported poor stability for agility (r<0.07), low stability for cardiorespiratory fitness (0.29<r<0.36), and moderate for explosive leg power (0.53<r<0.57). More recently, 294 Brazilian girls from four age cohorts (8, 10, 12, and 14 years) were followed for three consecutive years (Da Silva, 2013), and compared to our tracking coefficients were similar in cardiorespiratory fitness (0.39<r<0.50) and agility (0.46<r<0.59), but slightly Michele Caroline de Souza 137 Short-term tracking of youth physical fitness higher for static strength (r=0.87), and explosive leg power (0.70<r<0.73). Methodological and biological factors may account for some discrepancy in PF tracking (Malina, 2001). Further, the auto-correlational approach does not provide a single tracking value if more than two time points are available [the number of possible auto-correlations is given by k(k-1)/2; for example, using 4 time points we have 4(4-1)2=6 auto-correlations]. To resolve this problem, we calculated a mean r, but previous studies only reported correlations between the follow-up and preceding years (Janz, 2000; Monyeki, 2007) or a weighted mean r (Da Silva, 2013). This, of course, may partly explain the disparity in auto-correlations. Additionally, the likelihood of obtaining higher stability values is very high with shorter follow-up periods (Malina, 2001). Moreover, tracking is likely to be low with younger subjects at baseline (Malina, 2001). However, our results did not provide this evidence. The lower stability in cohort 2, mainly in girls’ cardiorespiratory fitness, can be partially explained by the fact that, on average, they have already started the adolescent spurt and are closer to their PHV as compared to those from cohort 1. During this period, variability in timing and tempo of the growth spurt associated to maturation-related changes in body mass are likely to affect performance by increasing inter-individual variation in PF development which potentially influence tracking (Malina, 2001). The multilevel modeling tracking approach as suggested by Twisk (2003) is far more informative than auto-correlations. It also has more potential (Twisk et al., 2000; Twisk, 2003) given that (1) all available longitudinal data is used to estimate stability coefficients; (2) it is suitable for designs with unequally spaced time intervals; (3) it enables the study of inter-individual differences in intraindividual changes; and (4) the initial value of the outcome variable is incorporated as an independent predictor variable, and (5) relevant time-varying and/or invariant covariates are incorporated as confounder variables into the tracking analysis. As such, the resulting stability coefficient can be interpreted as a longitudinal (partial) correlation coefficient (Twisk, 2000; Twisk, 2003; Kristensen et al., 2008). Crude coefficients were moderate-to-high; however, when tracking was adjusted for dynamic covariates systematic decreases in all fitness components stabilities were found. It is somewhat difficult to compare Michele Caroline de Souza 138 Short-term tracking of youth physical fitness our results with previous publications because they are mostly analysed with auto-correlations and never include the effects of dynamic covariates in their reports. As reported, the calculation of a tracking index based only on the longitudinal development of a PF component, without considering confounding variables, can highly influence tracking estimates (Twisk, 2000), and may affect predictability of future values. PF is part genetically determined (Bouchard et al., 1997), however it has been shown that several other factors can also influence performance during childhood and adolescence, namely biological maturation (generally, positive association) (Malina, 2001; Freitas et al., 2002; Malina, 2004; Da Silva, 2013), BMI (negative association in motor tasks linked to jumping, running and lifting, but positive association with strength tasks) (Malina, 2004), and PA (positive association, although in lower magnitude and varying from study to study) (Malina, 2001; Malina, 2004; Parikh & Stratton, 2011; Da Silva, 2013). After controlling for time-varying covariates, boys’ cardiorespiratory fitness and static strength had a greater reduction in their stability. This may be due to the fact that variation in performance associated to maturation is more noticeable in boys than girls (Malina, 2004). Early maturing boys tend to perform systematically better, especially in motor tasks emphasizing strength, power, velocity and aerobic capacity as they are usually taller, heavier, stronger, and consequently they have higher absolute heart and muscle volumes (Malina, 2004). Additionally, they are more motivated to excel in physical exercises/sports as compared to less maturing boys (Malina, 2004). Low-to-moderate tracking in the others fitness components suggests that, even during this short-term follow-up period, PF is not as stable as reported by autocorrelations (see Figure 2). Michele Caroline de Souza 139 Short-term tracking of youth physical fitness Figure 2. Example of trajectories of 30 random girls (left) and boys (right) from cohort 2 in the 1-mile run/walk, 50-yard dash, standing long jump, handgrip strength and agility shuttle run. Michele Caroline de Souza 140 Short-term tracking of youth physical fitness Compared to the other statistical methods to determine tracking, Cohen's Kappa provides a distinct view. More specifically, Cohen’s Kappa allows to examine the notion of growth canals (or channels), widely used in auxology to better describe and monitor children and adolescents’ growth and development processes (Kuczmarski et al., 2000). The results showed the lowest stability estimates of the three tracking methodologies. Static strength was the only component with moderate tracking in both cohorts. These results indicate that change in almost all PF components does not occur in specific canals over the time, reflecting a strong instability of individual trajectories in these cohorts, and affecting the accuracy of the predictability for future values. In this sense, it is possible to suggest that adolescents with a fit profile can remain with these high performance levels or decrease their fitness over a short-term time period. From a health perspective, it is very important to follow not only those children/adolescents who have stable PF across time, but mainly those who are highly unstable (Twisk, 2003). Our approach to extreme PF pattern changes indicated that the percentage of positive instability was higher in girls’ cardiorespiratory fitness in cohort 1 (7.2%); and negative instability was higher for girls’ cardiorespiratory fitness, as well as boys’ agility (6.0%), both from cohort 1. Overall, these result from Cohen's Kappa suggest that: (1) girls from cohort 1 (10-12 years) were more susceptible to positive and negative short-term changes in cardiorespiratory fitness, and this extreme instability could be related to timing and tempo in their maturation process (Malina, 2004), and (2) some boys tended to decrease their performance more in agility compared to other fitness components over time, maybe because agility is a complex fitness task that combines speed, balance, power and coordination (Ortega, 2008). Regardless of the statistical approach used to describe tracking, static strength was the most stable PF component across the cohorts for both sexes. This may be due to the linear increase in strength that occurs during adolescent growth and mainly because handgrip is a quite simple test that does not require some level of motor skills like the other fitness components (Malina, 2004), Michele Caroline de Souza 141 Short-term tracking of youth physical fitness namely agility. On the other hand, aerobic capacity was the fitness component with lower tracking coefficients, mostly in girls. This instability indicates that aerobic component is not firmly rooted yet, which can be related to several factors, such as age, body size and maturity status (Malina, 2004). There are potential limitations in the present study. First, it would be appropriate to use direct laboratory measures to assess cardiorespiratory fitness. However, this would be very difficult to implement in large field studies not only for financial and technical reasons, but also for practicality. Second, PA estimates were based on a questionnaire which is prone to errors. However, all children and adolescents completed all questions in highly standardized conditions; further, high reliability estimates have been reported with this questionnaire in Portuguese children and adolescents from different geographical regions (Vasconcelos & Maia, 2001; Ferreira et al., 2002). Third, there was some difficulty of comparisons of present data with other studies due to the distinct approach to quantify tracking, as well as the shortage of available longitudinal data about adolescents’ physical fitness. Despite these limitations, the study has several strengths. First, short-term PF tracking was described in differential terms using distinct statistical approaches. Second, the use of a novel approach allowed for the effects of time-varying covariates. Third, the identification of individual tracking and unstable trajectories was also presented. Fourth, the PF reliability estimates of this study demonstrate the quality control of data collection. Fifth, the size of the sample and its representativeness in age and sex is warranted. Sixth, the age cohorts represent important transition periods from childhood to adolescence. In conclusion, PF was shown to have a moderate-to-high tracking when auto-correlations were used. However, when tracking was described by multilevel modelling and Cohen’s Kappa, tracking coefficients were low-tomoderate (see Figure 2). These results demonstrated that (1) PF tracking was influenced by confounders, namely biological maturation, BMI, and PA; (2) there was instability of individual trajectories and also inter-individual differences in PF intra-individual changes; (3) different methods should be considered when Michele Caroline de Souza 142 Short-term tracking of youth physical fitness describing tracking since they provide distinct and more comprehensive views about PF stability patterns that goes beyond the information provided by autocorrelations. PERSPECTIVES This study demonstrated that multilevel modelling and Cohen’s Kappa were better suited than auto-correlations to investigate tracking of PF components, and further showed that short-term tracking was low-to-moderate. Static strength is relatively stable during adolescence and tends to follow this pattern at later ages. On the contrary, cardiorespiratory fitness has a low tracking indicating that intervention opportunities should target behaviours not firmly entrenched yet that may positively enhance this PF component given its well-known associations to health. Furthermore, multilevel modelling demonstrated that the stability of several PF components was influenced by biological maturation, BMI and TPA. These covariates, among others, should be considered to provide a better understanding about distinct trajectories in order to provide more accurate information when developing efficient interventions programs at school and/or in sports clubs. Cohen’s kappa and its performance canals showed the existence of PF inter-individual instability that requires a diversified approach when designing pedagogical practices within the school system. This is of utmost importance to assist in the challenging task of promoting more efficient physical education classes, training or interventions, evidence based, that ensure PF improvements in all children and youth, regardless of their level of motor readiness. Michele Caroline de Souza 143 Short-term tracking of youth physical fitness REFERENCES AAHPER. Youth Fitness Test Manual. Washington, DC: AAHPER 1976. Baecke J, Burema J, Frijters J. A short questionnaire for the measurenment of habitual physical activity in epidemiological studies. . Am J Clin Nutr. 1982: 36: 936-942. Bouchard C, Malina R, Pérusse L. Genetics of fitness and physical performance. Champaign: Human Kinetics 1997. Bouchard C, Shepard K. Physical activity, fitness and health. The model and the key concepts. 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The Oporto Growth, Health and Performance Study Michele Souza 1,2, Joey Eisenmann 3, Daniel Santos 1, Raquel Chaves 4, Cláudia Forjaz5, José Maia 1. Artigo submetido à International Journal of Obesity (EUA) 1 CIFI2D, Faculty of Sport, University of Porto. Porto- Portugal. 2 3 CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil. DF- Brazil. Department of Radiology, Michigan State University. East Lansing- USA. 4 5 Federal University of Technology of Paraná. Curitiba- Brazil. Exercise Hemodynamic Laboratory, School of Physical Education and Sport, University of São Paulo. São Paulo-Brazil. Modeling the dynamics of BMI changes ABSTRACT Objectives: The aims of this study were twofold: (1) to model changes in body mass index (BMI) of 10 to 18 years old adolescents, and (2) to investigate the effects of total physical activity (TPA), physical fitness (PF), sleep duration and fruits/vegetables consumption in BMI trajectories across time. Methods: Data were obtained from the Oporto Growth, Health and Performance Study and comprised 6894 adolescents (3418 girls) divided into four age cohorts (10, 12, 14 and 16 years) measured annually for three years. BMI was computed using the standard formula (kg/m 2); TPA was estimated with the Baecke questionnaire; PF measures included 1-mile run/walk, 50 yard dash (50YD), standing long jump (SLJ), handgrip strength (HGr) and agility shuttle run. Longitudinal changes in BMI were analyzed using the multilevel modelling approach. Results: The average BMI at age of peak height velocity was 20.7±0.07 2 kg/m for girls (p<0.001), and 20.58±0.06 kg/m 2 for boys (p<0.001). The annual increment in BMI was 1.36±0.04 kg/m2, p<0.001 and 1.23±0.03 kg/m2, p<0.001 for girls and boys, respectively. PF were related to BMI trajectories in both sexes (Girls: β1mile=0.12±0.02, p<0.001; βSLJ=-0.01±0.00, p<0.001; β50YD=0.28±0.05, p<0.001; βHGr=-8.91±0.54, p<0.001; Boys: β1mile=0.18±0.02, p<0.001; βSLJ=-0.01±0.00, p<0.001; β50YD=0.26±0.04, p<0.001; and βHGr=8.15±0.45, p<0.001). TPA only showed significant, but positive, association with girls’ BMI trajectories (β=0.10±0.03, p=0.001). Sleep duration and fruits/vegetables intake did not show any significant association with BMI trajectories either sex. Conclusions: BMI increased linearly with age in both gender. Better PF levels reduced BMI across time in both boys and girls. Therefore, promotion of PF in the adolescent years seems to be effective in the early prevention of obesity. Key-words: longitudinal changes, body mass index, physical fitness, lifestyle behaviors, youth. Michele Caroline de Souza 151 Modeling the dynamics of BMI changes INTRODUCTION Childhood and adolescent obesity is a worldwide public health issue due to its increasing prevalence1, adverse immediate and long-term health consequences2 and elevated economic costs2. In Portugal, recent studies3,4 on nationally representative samples of 10 to 18 years old subjects showed that 17 to 33% were overweight or obese. These estimates are among the highest in the world and parallel those from United States, Canada, Greece, Spain, Italy and Malta youth5. Adolescence is a highly plastic and dynamic life period, often viewed as a “critical window” for the development of overweight and obesity6. There is a consistent evidence showing that excess weight in youth tends to track into adulthood6,7 leading to lifelong health problems and pathological conditions 2. It is widely acknowledged that the effectiveness of weight management programs in youth depends on the identification of risk factors. However, the development of overweight and obesity during the adolescent years is a complex process, with many interrelated contributing factors2,8. Apart from hereditary and other biological aspects8, a wide range of modifiable factors play significant roles in weight status2. For example, physical activity (PA), physical fitness (PF), sleep duration and dietary intake2. Although it is generally accepted that there is an inverse relationship between PA and overweight/obesity in youth, some cross-sectional studies show mixed results2,9,10. Few longitudinal reports have examined the role that PA plays in the rate of change in body mass index (BMI) during adolescence with some showing a substantial association9,11, while others have found no significant links10,12. Regarding the influence of PF levels on BMI changes, longitudinal data is scarce13. Yet, cross-sectional data shows consistent negative correlations between PF and BMI14,15; generally, adolescents who have low PF levels are overweight or obese. This is more evident on PF tests requiring the propulsion or lifting of body mass15-17. Michele Caroline de Souza 153 Modeling the dynamics of BMI changes There is growing attention and evidence that short sleep duration may also contribute to the rise in adolescent overweight and obesity2. In fact, the risk for obesity is nearly three times higher for those who sleep less than eight hours per night2. Furthermore, less sleep was more strongly associated with longitudinal increases in BMI18. Adolescents are also prone to modify their food choices from healthy foods, such as fruits and vegetables, to energy-dense and refined foods including fast-foods2,19. This pattern may result in nutritional problems2 given that fruits and vegetables consumption can help prevent obesity19. Although several studies have examined the independent associations of PA, PF, sleep duration, and nutrition with BMI, very few studies have examined the joint effect of these risk factors on longitudinal changes in BMI. As adolescent overweight and obesity involves multiple interactions, there is a need to investigate these relationships among its potential determinants using a multilevel approach. This comprehensive approach, using a sophisticated statistical analysis, makes it possible to explore more challenging issues about BMI growth trends; thus, enhancing our understanding about how obesityrelated factors unfold independently and when interacting with each other to influence obesity. Therefore, this study aims to: (1) model changes in BMI of 10 to 18 years old adolescents, and (2) investigate the effects of PA, PF, sleep duration and fruits/vegetables consumption in BMI trajectories across time. MATERIALS AND METHODS Sample The sample was selected from the Oporto Growth, Health and Performance Study (OGHPS) for which the overall aim is to investigate, longitudinally, the interaction among individual characteristics, environmental factors and lifestyle predictors that affect growth, development and health aspects of Portuguese adolescents. The OGHPS was a mixed-longitudinal design involving randomly selected adolescents from four age cohorts: 10, 12, 14 and 16 years at baseline. For the present study, we considered data obtained from a total of 6894 subjects (Table 1). All measurements were Michele Caroline de Souza 154 Modeling the dynamics of BMI changes conducted annually during the same months (November to April) to avoid seasonal variations. The OGHPS protocols were approved by the Ethics Committee of the University of Porto; legal authorization was obtained from school directors and parents gave their informed consent. All information concerning the dataset can be requested from the corresponding author. Table 1. Sample size by age, cohorts and sex. Cohort Ages (yrs) Girls Boys Total C1 C2 C3 C4 10-12 12-14 14-16 16-18 1093 967 852 506 1152 1066 805 453 2245 2033 1657 959 Total 3418 3476 6894 Anthropometry Standard anthropometric procedures as described by Lohman et al. (1988)20 were used in the study. Height was measured to the nearest 0.1 centimeter with a portable stadiometer (Holtain, UK). Body mass (kg) was measured with a portable bioelectrical impedance scale (TANITA BC-418 MA Segmental Body Composition Analyser; Tanita, Corporation, Tokyo, Japan) with a 0.1 kg precision. BMI was computed using the standard formula BMI=[body mass (kg)/height (m)2]. Biological Maturation Biological maturation was indirectly assessed by the maturity offset regression procedure proposed by Mirwald et al. (2002)21 which estimates how many years a subject is from peak height velocity (PHV). A positive (+) maturity offset represents the number of years the participant is beyond PHV, whereas a negative (–) maturity offset represents the number of years the subject is before from PHV. Michele Caroline de Souza 155 Modeling the dynamics of BMI changes Physical fitness Several indicators of PF were measured. Cardiorespiratory fitness was estimated from the 1-mile run/walk test of Fitnessgram battery22, where subjects ran/walked a distance of 1609m in the shortest time possible. The other PF components were assessed with several items from the 1988 AAHPERD youth fitness test23: (a) speed - 50 yard dash test: run this distance in the shortest time possible; (b) explosive leg power - standing long jump test: jump as far as possible from a standing position; (c) agility - shuttle-run test: run as fast as possible from the starting line to a line 9 m away where two small wooden blocks were placed, pick-up one of the blocks, return to the starting line, place the block on the line, and then repeat route; and (d) static strength - handgrip strength test: grip the dynamometer (Takei Physical Fitness Test GRIP-D, Japan) with maximum force during 5 to 10s with dominant hand. Static strength (kg) was expressed relative to body mass (kg) given the high dependency of hang grip strength to body size24 (i.e., weight). Physical activity Total physical activity (TPA) was estimated with the Baecke questionnaire25, a reliable and valid instrument26,27 that describes three basic domains of PA, namely school PA, leisure time PA and sport participation. It comprises a total of 16 questions divided into these domains and each is scored from 1 (minimal PA) to 5 (maximal PA). TPA score is obtained from the unweighted sum of the three domains, and scores ranged from 3 (lowest) to 15 (highest). All adolescents answered the questionnaires during their physical education classes under the supervision of the physical education teachers who were trained by the research team. Sleep Habits All participants answered a questionnaire concerning their sleeping habits, namely how many hours they usually slept in each of 7 days of the week. For this paper, sleep duration was estimated from the average weekly time (expressed in hours). Michele Caroline de Souza 156 Modeling the dynamics of BMI changes Dietary habits A questionnaire about dietary habits was answered by the student. This questionnaire was adapted from the food frequency questionnaire used in the International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and Environment study (ISCOLE) 28 and The Health Behaviour in School -Aged Children Study (HBSC)29; it consists of a set of questions about the different types of foods (23 types) consumed in a typical week, as well as the consumption of snacks when watching television. There is also an additional set of questions concerning the frequency of breakfast intake. For this paper, only the information related to fruits and vegetables was considered and adolescents’ responses were divided in two groups - those who consumed fruits and vegetables every day of the week and those who did not. Data quality control Given the amount of data collected and the number of technicians, we employed robust quality control measures for data collection. This was assured in three different steps: (1) training of all team members by experienced researchers of the Kinanthropometry Laboratory of the Sports Faculty, University of Porto, Portugal; (2) conducting random retests (intra-rater reliability) on each assessment day; (3) reliability calculations using the ANOVA-based intraclass correlation coefficient (R), as well as the technical error of the measurement (TEM): TEM=0.1cm for height and 0.1kg for body mass; for PF tests, R values ranged from 0.88 (shuttle-run) to 0.94 (handgrip and standing long jump); for PA, R=0.82. Statistical analysis All analyses were stratified by gender given their age differences in maturity offset. Exploratory and descriptive data analyses were conducted in IBM SPSS 20.0 software to check for the presence of outliers. Modelling changes in BMI was performed in HLM 6.0 software within the framework of the multilevel approach30 using maximum likelihood estimation procedures31. In HLM analysis, the numbers and spacing of measurement observations may Michele Caroline de Souza 157 Modeling the dynamics of BMI changes vary across subjects and it can also accommodate data from mixed-longitudinal designs with missing data, under the assumption that missing is at random 32. In order to best describe individual longitudinal trajectories, average trajectories and respective predictors, a series of hierarchical nested models were fitted by using a stepwise approach. To facilitate interpretation of model parameters describing change, maturity offset was used as the metric of time. Thus, time 0 corresponds to age at peak height velocities in girls (on average around 12 years of age) and boys (on average around 14 years); negative values at X-axis represents the number of years before PHV and positive values represents the number of years after PHV. In the first step, a null model (M0) was fitted to define the level-1 sub-model, i.e., a model describing BMI change. In the next step, we fitted a new model (M1) that used dynamic covariates, namely all PF tests. In the final model (M2), dynamic correlates associated with lifestyle characteristics, namely TPA, sleep habits and fruits/vegetables intake were fitted. To facilitate the interpretation, all predictors but fruits/vegetables intake (those who did not consumed fruits and vegetables every day=0 and those who did=1) were centred around the grand mean as previously advocated 33. Deviance statistic was use as a measure of global fit. Differences in deviances are distributed as an approximate Chi-square (χ2) distribution with degrees of freedom determined by the difference in the number of estimated parameters between the models. It is expected that as model increases in complexity (i.e., adding parameters) a statistical significant decrease in deviance is expected showing a better fit to the data. RESULTS Descriptive statistics for girls and boys at each annual time point (10 to 18 years of age) are in Table 2. Both sexes had an average increase in BMI until 17 years of age, and then BMI tended to stabilize. On average, girls’ maturity offset was closer to PHV at age 12, while in boys it approximated 13 years. Girls’ and boys’ TPA mean values increased until age 13, and then stabilized/declined. Boys showed systematic mean improvements in all PF tests across time, except for the shuttle run test at age 18. Girls showed considerable Michele Caroline de Souza 158 Modeling the dynamics of BMI changes fluctuations in mean values for cardiorespiratory fitness (CRF), explosive leg power, agility and speed tests. Both sexes showed a decrease in average weekly sleep time over the adolescence years. Results of the multilevel modelling analysis are presented in Table 3. In the null model (M0), the average BMI at PHV was 20.76±0.06 kg/m 2 for girls, and 20.68±0.06 kg/m2 for boys. The annual increment in BMI was 0.94±0.02 kg/m2 and 0.62±0.01 kg/m2 for girls and boys, respectively. There are noteworthy inter-individual differences at the intercept and slope (random effects) as expressed by the statistically significant variances: 9.49, 0.27, for girls and 10.35, 0.09 for boys, respectively. In model 1 (M1), a series of PF components were added as time-varying predictors of changes in BMI. Conditional on the predictors, the intercept (β0) and slope (β1) values for girls are β0=20.60±0.05, β1=1.22±0.03 and for boys are β0=20.46±0.05; β1=1.16±0.02. Over time, all PF tests, except the shuttle run, were related to BMI trajectories; PF improvements significantly reduced BMI change across time for both sexes (Girls: β1mile=0.11±0.01; βSLJ=0.01±0.00; β50YD=0.24±0.04; βHGr=-8.03±0.42; Boys: β1mile=0.16±0.02; βSLJ=0.01±0.00; β50YD=0.26±0.03; and βHGr=-7.92±0.34). Note that the greater the time to cover the 1-mile run the worse the CRF, and that those who need more time to run the 50 YD the slower the running speed. Model 2 (M2) proved the best fitting model and included the addition of lifestyle characteristics, namely TPA, sleep habits and fruits/vegetables intake. Conditional on the new set of predictors, the intercept and slope values were β0=20.75±0.07 and β1=1.36±0.04 for girls and β0=20.58±0.06 and β1=1.23±0.03 for boys. Consistent with M1, PF were related to BMI trajectories in both sexes (Girls: β1mile=0.12±0.02; βSLJ=-0.01±0.00; β50YD=0.28±0.05; βHGr=-8.91±0.54; Boys: β1mile=0.18±0.02; βSLJ=-0.01±0.00; β50YD=0.26±0.04; and βHGr=- 8.15±0.45). TPA only showed significant, but positive, association with girls’ BMI trajectories (β=0.10±0.03). Sleep habits and fruits/vegetables intake did not show any significant association with either girls’ and boys’ BMI trajectories. Michele Caroline de Souza 159 Modeling the dynamics of BMI changes Table 2. Descriptive statistics for girls and boys in each annual time point (10 to 18 years of age). Height (cm) Weight (kg) BMI Maturity offset (years) TPA (units) 10 yrs mean (SD) 11 yrs mean (SD) 12 yrs mean (SD) 13 yrs mean (SD) 14 yrs mean (SD) 15 yrs mean (SD) 16 yrs mean (SD) 17 yrs mean (SD) 18 yrs mean (SD) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ 145.30 (7.28) 144.51 (7.32) 41.70 (9.89) 41.62 (10.31) 19.58 (3.65) 19.70 (3.69) -1.49 (0.63) -2.15 (0.64) 7.67 (1.23) 8.28 (1.33) 148.40 (7.69) 147.88 (7.99) 44.10 (10.70) 44.32 (11.04) 19.78 (3.59) 20.06 (3.75) -1.05 (0.75) -1.64 (0.77) 7.73 (1.31) 8.49 (1.33) 153.40 (7.91) 153.48 (9.45) 48.80 (11.03) 48.61 (12.08) 20.63 (3.69) 20.42 (3.78) -0.30 (0.86) -0.85 (1.01) 7.66 (1.29) 8.53 (1.35) 157.92 (5.99) 161.73 (9.19) 53.46 (10.39) 54.88 (12.43) 21.33 (3.58) 20.81 (3.66) 0.70 (0.60) 0.40 (0.94) 7.70 (1.22) 8.56 (1.32) 159.63 (5.83) 166.82 (8.02) 56.06 (9.97) 59.70 (12.15) 21.93 (3.45) 21.32 (3.51) 1.29 (0.52) 1.33 (0.88) 7.61 (1.29) 8.42 (1.32) 160.29 (5.84) 170.98 (6.58) 58.03 (10.14) 63.01 (10.85) 22.50 (3.47) 21.83 (3.30) 1.80 (0.50) 2.33 (0.75) 7.52 (1.33) 8.19 (1.31) 160.64 (5.97) 172.82 (6.77) 59.41 (10.26) 66.82 (11.71) 22.98 (3.58) 22.26 (3.29) 2.47 (0.52) 3.18 (0.83) 7.44 (1.21) 8.11 (1.35) 161.18 (5.85) 173.91 (6.97) 59.57 (10.49) 68.65 (11.80) 22.90 (3.67) 22.69 (3.42) 2.92 (0.47) 3.82 (0.76) 7.24 (1.05) 8.13 (1.29) 161.02 (6.21) 173.29 (6.70) 58.85 (9.06) 68.36 (12.32) 22.66 (3.33) 22.67 (3.25) 3.31 (0.49) 4.24 (0.75) 7.17 (1.23) 7.71 (1.36) ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ 11.22 (1.85) 9.84 (2.02) 127.76 (21.40) 137.62 (23.66) 12.72 (1.31) 12.10 (1.50) 9.28 (0.85) 8.89 (0.89) 0.48 (0.10) 10.44 (1.85) 9.31 (1.95) 131.06 (21.87) 143.22 (23.25) 12.20 (1.55) 11.66 (1.44) 9.03 (0.97) 8.69 (1.01) 0.47 (0.10) 10.87 (2.00) 9.28 (2.06) 135.15 (22.50) 153.16 (25.75) 12.14 (1.47) 11.38 (1.36) 8.76 (0.97) 8.30 (1.04) 0.46 (0.09) 10.03 (1.84) 8.25 (1.73) 143.41 (25.23) 170.26 (28.28) 11.77 (1.25) 10.41 (1.32) 8.45 (0.84) 7.72 (0.91) 0.48 (0.09) 10.58 (2.18) 8.28 (1.79) 142.40 (25.31) 173.33 (28.80) 11.93 (1.50) 10.72 (1.22) 8.45 (0.97) 7.43 (0.84) 0.48 (0.85) 10.28 (1.95) 7.68 (1.75) 140.45 (24.95) 192.95 (26.92) 11.98 (1.25) 10.31 (1.03) 8.35 (0.80) 7.06 (0.74) 0.47 (0.08) 11.02 (2.31) 8.17 (1.84) 142.34 (23.09) 195.96 (29.22) 12.36 (1.78) 10.50 (1.18) 8.55 (0.88) 7.06 (0.79) 0.47 (0.09) 10.72 (2.22) 7.53 (1.36) 141.31 (22.16) 204.18 (24.50) 12.21 (1.60) 10.24 (1.04) 8.52 (0.73) 6.88 (0.64) 0.47 (0.09) 9.65 (1.65) 7.40 (1.71) 147.28 (23.52) 206.15 (23.69) 12.37 (1.34) 11.23 (3.09) 8.30 (0.66) 6.78 (0.55) 0.49 (0.09) 0.46 (0.10) 9.02 (1.10) 8.88 (1.23) 0.47 (0.10) 8.79 (1.09) 8.65 (1.10) 0.50 (0.11) 8.69 (1.16) 8.61 (1.10) 0.54 (0.10) 8.47 (0.93) 8.39 (1.06) 0.56 (0.10) 8.23 (0.95) 8.32 (1.04) 0.59 (0.11) 8.17 (0.95) 8.08 (1.10) 0.60 (0.11) 7.98 (0.92) 8.02 (0.96) 0.61 (0.11) 7.94 (0.75) 7.93 (0.92) 0.63 (0.11) 8.09 (1.04) 7.84 (0.85) Physical Fitness 1-mile run (min) SLJ (cm) SHR (s) 50YD (s) HGr (kg·kg-1 body mass) Average weekly sleep time (h) Yrs= years; BMI= body mass index; TPA= total physical activity; SLJ= standing long jump; SHR= shuttle run; 50YD= 50 yard dash; HGr=relative handgrip; h= hour Michele Caroline de Souza 160 Modeling the dynamics of BMI changes Table 3. Results summary for the three nested models of girls and boys. Null Model (M0) Girls Model I (M1) Model II (M2) Null Model (M0) Boys Model I (M1) Regression coefficients (fixed effects) Intercept at PHV 20.761 (0.056)* 20.597 (0.052)* 20.753 (0.070)* 20.681 (0.057)* 20.456 (0.048)* Slope 0.945 (0.022)* 1.225 (0.026)* 1.363 (0.038)* 0.621 (0.015)* 1.158 (0.024)* 1-mile run (min) 0.114 (0.015)* 0.122 (0.021)* 0.161 (0.016)* SLJ (cm) -0.006 (0.001)* -0.008 (0.002)* -0.010 (0.001)* SHR (s) 0.027 (0.019) § 0.040 (0.026)§ 0.014 (0.019)§ 50YD (s) 0.239 (0.036)* 0.278 (0.052)* 0.257 (0.032)* HGr (kg·kg-1 body mass) -8.032 (0.417)* -8.911 (0.545)* -7.925 (0.343)* TPA 0.096 (0.028)** Average sleep (hours) 0.035 (0.029)§ Fruits/vegetables -0.044 (0.074)§ Variance components (random effects) Baseline 9.490* 6.566* 6.576* 10.347* 6.177* Slope 0.267* 0.149* 0.123* 0.094* 0.038* Residual 0.719 0.704 0.728 0.781 0.686 Model summary Deviance statistic 28281.448* 18519.622* 10798.594* 29353.190* 19490.062* Number of estimated parameters 6 11 14 6 11 Parameter estimates and standard errors listed in parentheses *p<0.001; **p<0.05; §=non-significant SLJ= standing long jump; SHR= shuttle run; 50YD= 50 yard dash; HGr= relative handgrip strength TPA= total physical activity; Model II (M2) 20.579 (0.064)* 1.231 (0.034)* 0.183 (0.024)* -0.013 (0.002)* 0.037 (0.024)§ 0.256 (0.045)* -8.149 (0.451)* 0.036 (0.026)§ -0.037 (0.024)§ -0.056 (0.084)§ 6.106* 0.024** 0.758 11467.860* 14 Michele Caroline de Souza 161 Modeling the dynamics of BMI changes DISCUSSION A series of multilevel nested models were sequentially fitted in order to model longitudinal changes in BMI of Portuguese youth, as well as to investigate the effects of PF, TPA, sleep duration, and fruits/vegetables consumption in average and individual BMI trajectories across time. Given the slight differences in the intercepts and slopes among models (M0 to M2), the present discussion will focus on the best fitting model (M2). In the present study, we chose a linear trend to depict changes in BMI following centile growth reference charts of Centers for Disease Control and Prevention (CDC)34 and World Health Organization (WHO)35, i.e., during adolescence BMI 50th centile increases almost linearly with age in both sexes. However, at PHV Portuguese youth tended to be heavier for their height than CDC or WHO 50th centile. Similar trends were found when BMI median values of children and adolescents from Vouzela, a city in central Portugal, were compared to the 50th centile of these reference charts (Study In press)36. This high BMI of these two Portuguese youth sample should not be simply interpreted as increases in adiposity, but also as changes in fat free mass that are associated with growth24. Physical fitness tests, as time-varying predictors, were longitudinally related to BMI trajectories suggesting that positive changes in PF, with the exception of the shuttle run, predicted annual decrease in inter-individual BMI values for both girls and boys. There is a wealth of cross-sectional data14-16,37 showing the inverse associations between PF tests and BMI. This relationship is particularly marked in tests in which the body is projected or moved through space, i.e., jumping and running (endurance and velocity), probably because fat represents an excess of weight that has to be moved during these tasks, as well as the lack of experience in such weight-bearing tests14,16,24. We were able to find only one prospective study17 investigating the influence of PF performance in BMI changes during childhood or adolescence. This study examined two cohorts of 5-13 yr old children and adolescents and combined them into a single Michele Caroline de Souza 162 Modeling the dynamics of BMI changes analytic cohort at only 1-year of follow-up. It was shown that among five PF domains, only CRF and upper body strength were inversely associated with the risk of becoming overweigh in both boys and girls; and after adjusting for baseline BMI, CRF remained a significant predictor of incidence of overweight only in girls. Further, it was reported that a 1-year of follow-up may have been too short an interval to examine the effects of PF on overweight changes. Similarly, our results provide relevant information indicating that consistent PF improvements, namely in CRF, speed, explosive power and static strength, during adolescence may play an important role in favorable BMI development across age in boys and girls. Among the lifestyle factors predicting BMI changes addressed in this manuscript, only TPA was associated with BMI trajectories, but only in girls. The finding that longitudinal changes in TPA have positive association in girls’ BMI trajectories was not expected. The main reason for this unexpected result may be sought in the fact that (1) PA was self-reported and girls with higher BMI values could have overestimated their PA behaviors38; or (2) adolescent girls with higher BMI, as age increases, become more concerned about their body image, therefore tend to increase their total daily PA levels 39, which does not mean that the important part of is of moderate-to-high intensity levels. The role of PA in attenuating BMI increases is not clearly understood given the controversial results found in the literature9-12. This is largely due to issues related to PA assessment, because measures vary with the activity specificity mode, frequency, amount and intensity9-12. As such, some have suggested that intensity (vigorous PA) rather than the amount (TPA) may be more important in preventing overweight/obesity in children and adolescents 40,41. Shortened sleep patterns have been associated with adolescent overweight and obesity2, but our results do not support this suggestion. This finding is consistent with a previous longitudinal study42 of 13,568 US adolescents, aged 12 to 18 years, which showed no significant association between short sleep duration (< 6 hours) and obesity, defined as BMI > 95 th Michele Caroline de Souza 163 Modeling the dynamics of BMI changes percentile for age. Despite the indication that short sleep duration may increase adolescents’ BMI as a consequence of fatigue and change in hormones that regulate energy intake (ghrelin and leptin)18,42, it has been recently suggested, from cross sectional data43,44, that late bedtimes and wake up times (sleep timing behavior) are associated with factors (poorer diet quality or reduced PA level) that place adolescents at a greater risk of being overweight or obese, independent of sleep duration. In the Oporto study fruit and vegetables intake was not associated with BMI trajectory during adolescence. This may occur because of fruits and vegetables have different characteristics; many fruits contain a higher amount of sugar than vegetables, and should probably be analyzed separately as relevant factors for weight management19,45. A report from the Amsterdam Growth and Health Longitudinal Study45 assessed whether fruit and vegetable intake were associated with changes in BMI and fat mass during adolescence and into adulthood and results demonstrated beneficial effects of vegetable consumption, but not fruit, in BMI and fat mass changes over time in females. Although there are many benefits in maintaining a rich diet composed of fruits and vegetables19 during adolescence, it is not yet clear why this type of diet would prevent excessive weight gain46. There are some potential limitations in the present study. First, the present sample is from only one Portuguese region (North of Portugal). Although it is not expected that adolescents from Porto differ from those of other areas of Portugal generalization of results should be made with caution. Subtle differences in lifestyle, physical and built environments as well as other factors may influence growth, development and health in varied ways. Second, lifestyle factors (PA, sleep duration and fruits/vegetables intake) were estimated via questionnaires that can be prone to error. However, we used an individualized approach within PE classes where students completed all questionnaires; and regarding PA, there is consistent evidence about the reliability of the Baecke questionnaire with Portuguese children and adolescents from different Michele Caroline de Souza 164 Modeling the dynamics of BMI changes geographical regions47,48. Further, given the sample size we could not think of any other feasible approach. Third, the use of BMI as a surrogate of adiposity rather than other body composition indicator, such as skinfold thickness or percentage of body fat, may be considered another limitation. However, BMI has been the most commonly used index to determine weight status, specifically overweight and obesity13. Further, BMI has shown high correlations with more direct measures of adiposity in children and adolescents12 and it has been recognized as a valid indicator of risk for overweight in adolescents 49. Notwithstanding these limitations, the study has also several important strengths. First, the mixed-longitudinal approach provides a better understanding of the dynamics of changes in all variables. Second, we used a highly flexible statistical procedure to fit BMI trajectories in both boys and girls. Third, the use of a set of time varying predictors of BMI, such as PF, PA, sleep duration and fruit/vegetables intake, which were considered together in the model. Fourth, the size of our sample may be considered representative in terms of both age and sex of the all adolescent period, an important life period in terms of acquisition and development of lifestyle behaviors that may track into adulthood. In conclusion, girls and boys had similar mean values for BMI at the age at PHV, and BMI increased linearly with age in both genders. Higher PF levels reduced BMI across time in both boys and girls; TPA showed positive association with girls’ BMI trajectories; and sleep habits as well as fruits/vegetables intake did not predict BMI longitudinal trajectories, regardless of sex. Given that PF is also related with different health outcomes (namely cardio-metabolic risk), these results reinforce its importance as a very important health marker. It also provides further support to the promotion of moderate-tovigorous physical activity and exercise programs designed to improve all PF components during childhood and adolescence. Additional longitudinal studies are required to more fully understand the effect of sleep time behaviour and duration, as well as fruits/vegetables intake in the weight maintenance over the adolescent years. 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Porto- Portugal. 2 3 4 CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil. DF- Brazil. Department of Radiology, Michigan State University. East Lansing- USA. Exercise Hemodynamic Laboratory, School of Physical Education and Sport, University of São Paulo. São Paulo-Brazil. Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype ABSTRACT Objectives: This study aimed: (1) to model changes in hypertensive and waist phenotype (HWP) in youth, and (2) to investigate the effects of sex, biological maturation, total physical activity (TPA) and physical fitness (PF) in HWP trajectories. Methods: Data was obtained from the Oporto Growth, Health and Performance Study and comprised 5549 adolescents (2732 girls) divided into four age cohorts (10, 12, 14 and 16 years) measured annually for three years. The HWP was computed as the sum of the standardized score of waist circumference and mean arterial pressure. Biological maturation was indirectly assessed by the maturity offset procedure; TPA was estimated with the Baecke questionnaire; PF measures included 1-mile run/walk, 50 yard dash (50YD), standing long jump (SLJ), handgrip strength (HGr) and agility shuttle run. Longitudinal changes in HWP were analysed using multilevel modelling approach. Results: HWP increased across time with a non-linear trend in girls and boys. However, when conditional on the set of predictors the trend reversed: girls and boys had a significant annual decrease on HWP of -0.202±0.032 and 0.147±0.032, respectively. Maturity offset was positively associated with HWP changes (β=0.913±0.023); TPA has a negative association (β=-0.027±0.011); and PF tests improvements (β1mile=0.081±0.009; significantly βSLJ=-0.003±0.00; reduced HWP β50YD=0.106±0.020; across and time βHGr=- 3.335±0.196). Conclusions: Boys showed higher HWP values compared to girls from 10 to 18 years of age. Adolescents who were more mature had a more adverse HWP. Longitudinal increases in TPA and PF provided a consistent protective effect in the development of HWP across the adolescence years. Key-words: longitudinal changes, cardio-metabolic risk, physical activity, physical fitness, youth. Michele Caroline de Souza 175 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype INTRODUCTION The contemporary lifestyle behaviours of poor diet, high amounts of screen time, and low levels of physical activity (PA) and physical fitness (PF) observed in developed countries are important factors contributing to the current epidemic of child and adolescent overweight and obesity worldwide 1,2. This phenomenon is of utmost clinical interest due to its association with the development of cardio-metabolic risk factors in youth, such as hyperglycemia, dyslipidemia and elevated blood pressure, that may increase the risk for adult cardiovascular disease2. In addition to the overall adiposity level, it has been shown that abdominal obesity, assessed by waist circumference (WC), has increased at a higher rate than total body obesity in children over the last two decades 3,4, and it tends to track into adolescence5,6 and adulthood7,8. Furthermore, it is well recognized that increasing abdominal adipose tissue has a unique role in the pathogenesis of cardio-metabolic diseases9, such as elevated blood pressure, independent of weight status10,11. Thus, it is not surprising that the prevalence of high BP has also increased in youth12. Indeed, children and adolescents with elevated WC have a five- to six-fold increased odds of having high BP13,14, which persists into adulthood15. WC is considered one of the best anthropometric measures in clinical and large-scale screening of cardio-metabolic risk factors in children and adults11,13,16, and its combined use with mean arterial pressure (MAP)18, as a cardio-metabolic risk marker, is highly useful to evaluate and prevent future cardio-metabolic health problems11,13. However, the dichotomous classification of BP and WC may be restrictive because their original values are continuously distributed and positively correlated with other cardio-metabolic risks across a wide range of values12,17. Additionally, as MAP and WC are correlated with each other in terms of their level and rate of change over time, it may be of interest to have a suitable sum of both represented by a continuous score 17, i.e., a hypertensive and waist phenotype (HWP). The HWP represents a feasible cardio-metabolic proxy measurement to epidemiological research in school Michele Caroline de Souza 177 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype context, in terms of staff training and access to the equipment, compared to blood chemistry markers assessment; so it can figure as an effective primary prevention measure. The growth-related changes in WC and BP during childhood and adolescence are manifested by biological, environment, genetic and lifestyle factors2. Regarding biological factors, puberty has an impact on fat distribution, generally with an android pattern for boys and gynoid for girls18. Systolic BP increases during pubertal growth with greater increments for boys due to the effect of gonadal hormones (testosterone)19. Furthermore, puberty is associated with a temporary decrease in insulin sensitivity, which can have a transitory effect on appetite regulation and obesity-related hypertension2,12. Compared to lifestyle factors, physical and built environment and genetic effects are very difficult to overcome. PA and PF are examples of modifiable factors that have been inversely associated with clustering of cardio-metabolic risk factors in youth20,21, i.e., moderate-to-high levels of PA and PF are protective factors of cardio-metabolic risk20-24. Despite the increasing number of studies investigating these associations between PA and/or PF with cardiometabolic risk factors in youth, there are some issues that are not wellelucidated. For example, (i) almost all previous studies are cross-sectional, which limits the ability to draw causal inferences as well as the ability to provide a robust understanding about the dynamic of change in cardio-metabolic risk through the effect of time- invariant and variant correlates; (ii) the inverse association between PA and cardio-metabolic risk still needs to be investigated in longitudinal studies, since cross-sectional studies are inconclusive20,21; and (iii) typically when studies report the association between PF and cardiometabolic risk, the term ‘fitness’ almost exclusively refers to cardiorespiratory fitness (CRF) and does not address other PF components, namely muscular, morphological, motor and metabolic25 in addition to CRF in the analysis. Indeed, PF is not a unitary but rather a multi-factorial construct. Given the above mentioned gaps and limitations in the literature, especially that no recent longitudinal studies has described the dynamics of Michele Caroline de Souza 178 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype change in cardio-metabolic risk factors, this study aims to: (1) longitudinally model changes of the HWP in adolescents, and (2) investigate the effects of time-invariant (sex), and time-varying correlates (biological maturation, PA and PF) in HWP trajectories across time. METHODS Sample Data are from the Oporto Growth, Health and Performance Study (OGHPS) whose overall aim is to investigate the interaction among individual characteristics, environmental and lifestyle factors that affect growth, development and health aspects of Portuguese adolescents. The OGHPS has a mixed-longitudinal design involving randomly selected adolescents from 10 to 18 years old divided into four cohorts. The first cohort was followed annually from 10 to 12 years; the second from 12 to 14 years; the third from 14 to 16 years, and the fourth from 16 to 18 years. For the present study, we considered data obtained from a total of 5549 subjects. Sex and age specific sample size information is given in Table 1. All measurements were conducted annually during the same months (November to April) to avoid seasonal variations. The OGHPS protocols were approved by the Ethics Committee of the University of Porto; legal authorization was obtained from school directors, and parents gave their informed consent. Table 1. Sample size by age, sex, and cohort. Cohort Ages (yrs) Girls Boys Total 10-12 1008 1042 2050 C1 12-14 795 890 1685 C2 14-16 648 619 1267 C3 16-18 281 266 547 C4 2732 2817 5549 Total Michele Caroline de Souza 179 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype Biological Maturation Biological maturation was indirectly assessed by the maturity offset regression procedure proposed by Mirwald et al. (2002)26 which estimates how many years a subject is from peak height velocity (PHV). A positive (+) maturity offset represents the number of years the participant is beyond PHV, whereas a negative (–) maturity offset represents the number of years the subject is before from PHV. Physical activity Total physical activity (TPA) was estimated with the Baecke questionnaire27, a reliable and valid instrument28,29 that describes three basic domains of PA (school PA, leisure time PA and sport participation PA). It comprises a total of 16 questions divided into these three domains and each is scored from 1 (minimal PA) to 5 (maximal PA). TPA score is obtained from the unweighted sum of the three domains, and scores ranged from 3 (lowest) to 15 (highest). All adolescents answered the questionnaires during their physical education classes under the supervision of the teachers who were trained by the research team. Physical fitness CRF was estimated from the 1-mile run/walk test of Fitnessgram battery30, where all subjects ran/walked a distance of 1609m in the shortest time possible. The other fitness components were assessed with several items from the 1988 AAHPERD youth fitness test31: (a) speed - 50 yard dash: all subjects ran this distance in the shortest time possible; (b) explosive leg power standing long jump: all subjects jumped as far as possible from a standing position; (c) agility - shuttle-run: all subjects ran as fast as possible from the starting line to a line 9 m away where two small wooden blocks were placed, picked-up one of the blocks, returned to the starting line, placed the block on the line, and then repeated route; and (d) static strength - handgrip strength: all subjects gripped the dynamometer (Takei Physical Fitness Test GRIP-D, Japan) with maximum force during 5 to 10 s. Static strength (kg) was expressed Michele Caroline de Souza 180 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype relative to body mass (kg) given the high dependency of hang grip strength to body size32 (i.e., weight). Hypertensive and waist phenotype The HWP included two of the more feasibly measured variables used to mark the metabolic syndrome: WC and BP. WC was anatomically identified as the smallest circumference between the lowest rib and the superior border of the iliac crest and measured to the nearest 1cm with non-elastic tape (Sanny, American Medical of Brazil, São Paulo, Brazil). BP was measured with an automated device (Omrom M6 hem-7001-E, Omron Healthcare) previously validated by The International Protocol of the European Society of Hypertension33. Three different cuff sizes were available and appropriate cuff size was determined according to the best fit to participant’s arm circumference. All adolescents rested five minutes prior to the first BP measurement. They remained seated with the back relaxed against the chair, legs uncrossed and feet flat on the floor. The right upper limb was positioned with support at the heart level and palm of the hand turned upwards. Three consecutive measures with at least two minutes interval were obtained. For the present study the average values of systolic and diastolic BP were used to compute MAP. Subjects’ MAP values (in mmHg) were calculated using the following formula: MAP=DBP+1/3(SBP-DBP). To compute the HWP, MAP and WC results were transformed into z-scores and then summed; increasing positive z-values are indicative of less favourable cardio-metabolic score. Data quality control Data quality control was assured in three different steps: (1) training of all team members by experienced researchers of the Kinanthropometry Laboratory of the Sports Faculty, University of Porto, Portugal; (2) conducting random retests (intra-rater reliability) on each assessment day; (3) reliability calculations using the ANOVA-based intraclass correlation coefficient (R), as well as the technical error of the measurement (TEM): TEM=0.1cm for WC; for PF tests, R Michele Caroline de Souza 181 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype values ranged from 0.93 (1-mile run/walk) to 0.97 (handgrip); and for PA, R=0.80. Statistical analysis Exploratory and descriptive data analyses were conducted in IBM SPSS 20.0 software to check for the presence of outliers. Modelling changes in HWP was done in HLM 6.0 software within the framework of the multilevel approach34 using maximum likelihood estimation procedures35. In HLM analysis, the numbers and spacing of measurement observations may vary across subjects and it can also accommodate data from mixed-longitudinal designs with missing data, under the assumption that missing is at random 36 . In order to best describe individual longitudinal trajectories, average trajectories and respective predictors, a series of hierarchical nested models were fitted by using a stepwise fashion. To facilitate interpretation of model parameters describing change, the time metric was centered at baseline, i.e., the first measurement of cohort 1. Thus the time 0 corresponds to 10 years of age, and the temporal metric of X-axis has become 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 and 8, which corresponds to 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 and 18 years of age. In the first step a null model (M0) was ran to define the level-1 sub model using up to a 2rd degree polynomial of time. So a series of hierarchically nested level-1 models were fitted, with increasing patterns of HWP change (linear and quadratic), and it was also tested the effect of gender (level-2 variable). The next step was to run a model (M1) that used time-varying covariates, namely maturity offset and TPA (level1). On the subsequent model (M2), PF-tests were also included. To facilitate the interpretation, all predictors but sex (female=0 and males=1) were centred around the grand mean as previously advocated37. Deviance statistics were used as a measure of global fit. Differences in Deviances are distributed as an approximate Chi-square (χ2) distribution with degrees of freedom determined by the difference in the number of estimated parameters between the models. It is expected that as model increases in complexity (i.e., adding parameters) a statistical significant decrease in Deviance is expected. Michele Caroline de Souza 182 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype RESULTS Descriptive statistics for girls and boys at each annual time point (T0-T8) are in Table 2. Both sexes had an average increase in the HWP from 10 to 18 years of age. On average, girls’ maturity offset was closer to PHV at age 12 years, while in boys was at age 13 years. Girls’ and boys’ TPA mean values increased until age 13 (T3), and then declined. Boys showed systematic mean improvements in all PF tests over time, except for CRF. Girls showed considerable variation in their mean values for CRF, explosive leg power, agility and speed tests; and a slight mean improvement in static strength over the time (T0-T8). Multilevel modelling results are presented in Table 3. A non-linear trend was the best HWP fitting trajectory across time. On average, 10 years old girls had a low HWP at baseline (β=-1.012±0.051), and no significant differences were found compared to boys (β=0.026±0.066) as shown in Figure 1. However, there are sex differences with increasing age. Specifically, girls increased HWP at the rate of 0.364 z-scores/year, while boys did so at a higher rate (0.497 zscores/year). There was a tendency for a stabilization in metabolic risk, since the acceleration was negative for both boys and girls (β=-0.022±0.003). There is noteworthy interindividual variation at baseline and the trend as expressed by the statistically significant variances. Figure 1. Average trajectories of HWP as function of time (time 0=10 years, time 1=11 years, …, time 8=18 years) and sex (no other covariates are included in the model that produced these mean trajectories). Michele Caroline de Souza 183 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype In model 1, a biological marker (maturity offset) and a lifestyle behavior (TPA) were included as time-varying predictors for HWP trajectories. Sex differences were present at baseline. On average, the HWP of 10 years old girls was 0.437 (±0.063), and for boys was 0.820 z-scores higher. It should be noted that the trend is negative, with HWP decreasing at the rate of -0.284 (±0.029) per year in girls, and -0.352 (±0.029)/year in boys. The non-linear trend is still evident (β=-0.015±0.003). The more mature youth have higher HWP values (β=0.883±0.022), whereas the higher the TPA the lower the HWP (β=0.053±0.010). Although interindividual differences are less pronounced given the reductions of baseline and slope variances, they are still statistically significant. In the final and best fitting model (M2), a series of PF components were added. Sex differences are evident at baseline, but girls show a more favourable HWP trend (β=-0.025±0.063) than boys (β=0.954±0.067). Conditional on the new set of predictors, girls and boys showed a significant annual decrease in HWP of -0.202±0.032 and -0.147±0.032, respectively. The non-linear trend is still present (β=-0.023±0.004) in both sexes. Consistent with M1, maturity offset has a positive longitudinal association with HWP changes (β=0.913±0.023) and TPA has a negative association (β=-0.027±0.011). With the exception of the shuttle run, improvements in PF significantly reduces HWP values across time (β1mile=0.081±0.009; βSLJ=-0.003±0.001; β50YD=0.106±0.020; and βHGr=-3.335±0.196). Note that the higher times for 1-mile run and 50 YD were related to poorer cardiorespiratory fitness and running speed, respectively. Michele Caroline de Souza 184 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype Table 2. Descriptive statistics for girls and boys in each annual time point (T0-T8). ♀ ♂ Maturity offset ♀ (years) ♂ ♀ TPA (units) ♂ Physical Fitness 1-mile run ♀ (min) ♂ ♀ SLJ (cm) ♂ ♀ SHR (s) ♂ ♀ 50YD (s) ♂ -1 ♀ HGr (kg·kg body mass) ♂ HWP T0 (10 yrs) mean (SD) T1 (11 yrs) mean (SD) T2 (12 yrs) mean (SD) T3 (13 yrs) mean (SD) T4 (14 yrs) mean (SD) T5 (15 yrs) mean (SD) T6 (16 yrs) mean (SD) T7 (17 yrs) mean (SD) T8 (18 yrs) mean (SD) -0.85 (1.56) -0.69 (1.69) -1.50 (0.62) -2.18 (0.61) 7.69 (1.21) 8.29 (1.32) -0.90 (1.54) -0.68 (1.58) -1.08 (0.75) -1.69 (0.76) 7.75 (1.32) 8.51 (1.35) -0.34 (1.57) -0.18 (1.65) -0.34 (0.88) -0.89 (1.03) 7.70 (1.30) 8.55 (1.35) -0.20 (1.48) 0.17 (1.59) 0.70 (0.61) 0.25 (0.72) 7.83 (1.23) 8.59 (1.37) 0.14 (1.45) 0.74 (1.54) 1.27 (0.51) 1.31 (0.88) 7.67 (1.33) 8.45 (1.34) 0.18 (1.44) 1.02 (1.49) 1.85 (0.51) 2.29 (0.72) 7.71 (1.38) 8.27 (1.38) 0.50 (1.46) 1.40 (1.56) 2.43 (0.54) 3.15 (0.85) 7.48 (1.25) 8.16 (1.36) 0.64 (1.31) 1.55 (1.55) 2.83 (0.50) 3.69 (0.78) 7.25 (1.32) 8.21 (1.54) 0.46 (1.25) 1.26 (1.51) 3.33 (0.52) 4.26 (0.82) 7.25 (1.17) 7.93 (1.21) 11.19 (1.84) 9.86 (2.02) 127.59 (21.40) 137.15 (23.41) 12.76 (1.40) 12.02 (1.61) 9.29 (0.85) 8.90 (0.91) 0.44 (0.09) 10.47 (1.83) 9.39 (2.04) 130.28 (21.76) 142.50 (22.97) 12.24 (1.58) 11.69 (1.47) 9.05 (0.99) 8.73 (1.03) 0.46 (0.09) 10.92 (1.99) 9.40 (2.09) 134.39 (22.65) 152.34 (25.89) 12.10 (1.33) 11.35 (1.31) 8.78 (1.03) 8.32 (1.05) 0.46 (0.09) 10.01 (1.92) 8.29 (1.80) 142.20 (25.35) 170.09 (28.20) 11.75 (1.33) 10.69 (1.36) 8.45 (0.90) 7.71 (0.99) 0.48 (0.09) 10.96 (2.25) 8.56 (1.84) 140.71 (25.05) 178.20 (28.72) 11.88 (1.28) 10.69 (1.18) 8.40 (0.99) 7.43 (0.94) 0.47 (0.09) 10.48 (2.22) 8.00 (2.05) 139.39 (24.78) 189.00 (28.50) 11.91 (1.33) 10.22 (1.02) 8.34 (0.79) 7.10 (0.92) 0.48 (0.08) 11.98 (2.66) 9.08 (2.43) 138.16 (23.24) 189.72 (31.03) 12.26 (1.23) 10.64 (1.23) 8.50 (0.95) 7.06 (0.87) 0.46 (0.09) 12.00 (1.99) 8.42 (1.32) 140.55 (27.36) 202.77 (22.74) 12.09 (1.41) 10.00 (0.90) 8.44 (1.22) 6.59 (0.47) 0.48 (0.09) 13.21 (3.32) 9.40 (4.38) 138.75 (18.22) 202.00 (34.39) 12.40 (1.34) 10.27 (0.13) 9.15 (0.92) 7.00 (0.25) 0.50 (0.08) 0.46 (0.10) 0.47 (0.10) 0.50 (0.10) 0.54 (0.10) 0.56 (0.10) 0.59 (0.11) 0.59 (0.12) 0.61 (0.11) 0.62 (0.11) T=time; HWP =hypertensive waist phenotype; TPA= total physical activity; SLJ= standing long jump; SHR= shuttle run; 50YD= 50 yard dash; HGr= relative handgrip Michele Caroline de Souza 185 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype Table 3. Results summary for the three nested models. Null Model (M0) Model I (M1) Model II (M2) Regression coefficients (fixed effects) Baseline (10 years) -1.012 (0.051)* 0.437 (0.063)* -0.025 (0.063)§ Sex 0.026 (0.066)§ 0.820 (0.067)* 0.979 (0.067)* Linear Slope 0.364 (0.022)* -0.284 (0.029)* -0.202 (0.032)* Sex 0.133 (0.016)* -0.068 (0.019)* 0.055 (0.020)* Quadratic Slope -0.022 (0.003)* -0.015 (0.003)* -0.023 (0.004)* Maturity Offset 0.883 (0.022)* 0.913 (0.023)* TPA (units) -0.053 (0.010)* -0.027 (0.011)** 1-mile run (min) 0.081 (0.009)* SLJ (cm) -0.003 (0.001)* SHR (s) 0.007 (0.012)§ 50YD (s) 0.106 (0.020)* -1 HGr (kg·kg body mass) -3.335 (0.196)* Variance components (random effects) Baseline 2.540* 1.470* 0.916* Slope 0.027* 0.004* 0.003** Residual 0.459 0.480 0.489 Model summary Deviance statistic 33839.333* 24122.208* 17648.352* Number of estimated parameters 9 11 16 Parameter estimate standard errors listed in parentheses *p<0.001; **p<0.05; §=non-significant TPA= total physical activity; SLJ= standing long jump; SHR= shuttle run; 50YD= 50 yard dash; HGr= relative handgrip strength DISCUSSION This study shows a series of multilevel nested models that were sequentially fitted in order to provide a better understanding of the longitudinal changes in the HWP of Portuguese youth, as well as to investigate the effects of sex, biological maturation, TPA and PF in HWP trajectories. As such, we will discuss each model in a stepwise fashion from model M 0 (predictors: time and sex) to model M2 (best fitting model, predictors: time, sex, and time-varying biological maturation, TPA and PF). Overall, M0 findings showed that HWP values increased across time with a non-linear trend in both girls and boys. Furthermore, boys showed a more unfavourable HWP trend. In the present study, HWP included only two key Michele Caroline de Souza 186 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype markers of metabolic syndrome, namely WC and BP, compared to other studies that incorporate blood chemistry markers such as glucose or insulin and blood lipid parameters (total cholesterol, high-density lipoprotein cholesterol, triglycerides). Unfortunately due to feasibility and cost, these blood markers were only included in a small sub-sample of this study. During adolescence and puberty, these indicators present distinct developmental changes in both sexes, although comparable in pattern. Until the growth spurt, both boys and girls tend to accumulate more adiposity in the trunk than in the limbs32. However, it is well recognized a tendency of a centralized fat deposition in boys after the pubertal period 1,18,32. Similarly, systolic BP increases from childhood to adolescence, but boys tend to have greater mean values than girls, especially after the pubertal period19. These general growth-related trends were confirmed in M0. Furthermore, previous data showed that males tend to have higher prevalences on a wide range of cardio-metabolic risk factors including not only WC and BP, but also hyperglycemia and dyslipidemia 1,21,38 . Although boys tend to show a decrease in their percentage of total body fat when contrasted to girls during adolescence, longitudinal data38 reported that adverse changes in insulin resistance, systolic BP and abdominal fat may possibly play a role in the greater cardio-metabolic risk in post-pubertal boys. The best fitting model (M2), which was conditional on a series of predictors, showed that boys have higher risk already at the onset of adolescence as compared to girls. This result may be counterintuitive since timing and tempo of the adolescent growth spurt generally occurs earlier in girls. As such, at 10 years of age, it would be reasonable that boys would be more “protected” than girls. Although we do not have a clear explanation why this higher risk appears earlier in males, it is possible that female sex hormones, namely estrogen, via multiple mechanisms reduces the cardio-metabolic risk in girls, and this effect first becomes apparent at the beginning of the adolescent growth spurt38. There was a positive relationship between maturity offset and HWP suggesting that those ahead in their biological maturation have a more adverse Michele Caroline de Souza 187 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype HWP. More specifically, a 1-unit change (i.e., 1 year) in the maturity offset was associated with a 0.913 z-score unit increase in the HWP. This unfavorable effect was anticipated due to weight gain18 and obesity-related hypertension2,12, as well as other adverse health outcomes such as elevated concentrations of triglycerides, low high-density lipoprotein cholesterol concentrations and temporary decreases in insulin sensitivity18. Indeed, pubertal timing is an independent predictor of adult cardio-metabolic risk as shown in a large prospective birth cohort study39, where earlier puberty was related with higher adult body mass index, waist and hip circumference, fasting insulin, diastolic BP, and decreased HDL cholesterol in both males and females. PA and PF, as time-varying predictors, were longitudinally associated with HWP suggesting that positive changes in TPA and PF (with the exception of the shuttle run) predicted annual decreases in HWP. The interpretation of coefficients of the predictors gives a clear indication of the amount of change in the HWP. For example, improving 1 TPA unit decreases HWP by -0.027 zscore units; increasing 1 second on 50 YD (those who do worst in the test) increases HWP by 0.106 z-score units; and, with every minute increase in the 1-mile run there was an increase in the HWP of 0.081 z-score units. These are important findings that highlight the preventive additive effect of higher PA and PF levels on the longitudinal development of cardio-metabolic risk factors during youth. There is a wealth of cross-sectional data23,40-43 showing the association between PA and cardio-metabolic risk factors in youth, but the results are inconsistent20,21. For example, Bailey et al.23 found no significant correlations between objectively measures of PA (accelerometer) with cardio-metabolic risk score (WC, diastolic BP, fasting blood glucose and triglycerides, and total cholesterol/HDL cholesterol ratio) in 100 10 to 14 year olds. On the other hand, a study41 of 417 Azorean adolescents aged 15 to 18 years indicated that those who were more active (measured by pedometers; steps per day) had lower odds for having one or more adverse cardio-metabolic risk factors. Some authors suggest that the inconsistent results can be linked to the method used Michele Caroline de Souza 188 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype to assess PA21 (objective versus self-reported), and also to the sample used in terms of diversity and sample size20. Compared to cross-sectional studies, very few longitudinal investigations have been conducted on this topic. considering longitudinal studies, the Muscatine Study 24 When did not find any significant association between self-reported PA changes from 10 to 13 years of age and cardio-metabolic health outcomes at 14 year. In contrast, results from the Amsterdam Growth and Health Study44 spanning from adolescence into young adulthood (12 to 27 years) demonstrated that the relationship between PA (assessed with a structured interview) and a clustering score of metabolic risk was present during the entire longitudinal period. Despite the difference in age, our results substantiate the longitudinal protective effect of higher TPA levels on cardio-metabolic risk factors. With regards to PF, several cross-sectional reports23,40,42,45-47 have shown an inverse association between PF and cardio-metabolic risk factors; however, direct comparison between studies is difficult due to methodological differences and because most studies mostly focus on CRF. However, recent studies have recognized the role of muscular fitness in the prevention of cardiometabolic risk factors among children and adolescents 22,41,48,49 concluding that those who have greater muscular fitness have lower cardio-metabolic score (including WC, BP, triglycerides, HDL-cholesterol and insulin resistance) independent of CRF. To our knowledge, the Muscatine Study24 was the only longitudinal report that examined the association between PF (marked by CRF and static strength) and cardio-metabolic health outcomes. Similarly to the present study, their results indicated that maintaining high levels of CRF and muscular strength from 10 to 13 years of age were associated with low levels of WC and more favorable systolic BP at 14 years. Since no recent longitudinal study has investigated the influence of other PF components on cardiometabolic risk factors trajectories, the current study provides relevant information indicating that being physically fit and consistently improving speed, explosive leg power and static strength during adolescence may confer additional benefits to cardio-metabolic health beyond those attributed to CRF. Michele Caroline de Souza 189 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype There are at least three limitations that should be recognized in the present study. First, the HWP is limited to BP and WC due to feasibility and financial restrictions. However, it is important to note that the WC-BP phenotype has great potential and utility for school-based screenings. Second, PA was estimated via questionnaire. However, the Baecke questionnaire is widely used in large-scale studies50,51. To minimize the well-known limitations with selfreport PA, we used an individualized approach within PE classes where students completed all questionnaires. There is also consistent evidence about the Baecke questionnaire is reliability with Portuguese children and adolescents from different geographical regions52,53. Third, we had difficulty comparing our results to other research due to the absence of longitudinal studies concerning cardio-metabolic risk factors changes during childhood and adolescence. Despite these limitations, the study has strengths that should be considered. First, the mixed-longitudinal approach provides a better understanding of the dynamics of changes in all variables. Second, we used a highly flexible statistical procedure to fit the complexities of HWP trajectories. Third, the sample size was large (n=5500) and spanned ages 10 to 18 years. Fourth, the age cohorts represent an important life period in terms of acquisition and development of lifestyle behaviors that are linked to health outcomes in adulthood. In conclusion, our major finding was that longitudinal improvements in TPA and PF provided a consistent protective effect in the development of the HWP across the adolescence years. From a public health perspective, these results support the importance of early recognition and treatment of cardiometabolic risk factors. In this sense, school-based health examinations should incorporate WC and BP as simple and effective primary prevention measures, since they are two important predictors in large-scale screening of cardiometabolic disorders in children and adolescents. Furthermore, it is important to address the relevance of school context and youth varsity sports programs to promote and encourage children and adolescents in a regular engagement in moderate-to-vigorous physical activities/physical exercises that ensure Michele Caroline de Souza 190 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype improvements in all PF components. In turn this will help to prevent cardiometabolic disorders associated with obesity and sedentary lifestyle later in life. Michele Caroline de Souza 191 Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype REFERENCES 1. Tailor AM, Peeters PH, Norat T, Vineis P, Romaguera D. An update on the prevalence of the metabolic syndrome in children and adolescents. Int J Pediatr Obes. 2010 May 3;5(3):202-13. 2. Weiss R, Bremer AA, Lustig RH. What is metabolic syndrome, and why are children getting it? Ann N Y Acad Sci. 2013 Apr;1281:123-40. 3. Garnett SP, Baur LA, Cowell CT. 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O efeito desta “anatomia” sistêmica em movimento é por demais evidente, também, na expressão da saúde dos jovens. Crescimento, desenvolvimento e saúde são marcados, de modo aberto, a partir de um conjunto variado de indicadores que expressam, também, elevada plasticidade em resposta a um conjunto variado de estímulos de natureza ambiental. Este complexo processo exprime-se, à escala individual, numa variedade de respostas entre sujeitos, fruto inequívoco das suas diferenças. Essencialmente, a rota desta tese foi percorrer, longitudinalmente, as redes de inter-relações que se instituem entre características individuais, fatores de natureza ambiental, e fatias do estilo de vida que afetam a estabilidade e o dinamismo da mudança nas trajetórias do crescimento físico, desempenho motor e saúde de adolescentes portugueses. A largura da leitura pretendida obrigou a “lançar mão” de modos de pensar e agir próprios de alguns domínios das Ciências do Desporto, da Epidemiologia e da Auxologia. O OGHPS, desenvolvido durante o Programa Doutoral, adotou uma perspetiva multivariada, em termos dos principais marcadores dos domínios em estudo, localizada, também, num modo de pensar que liga, classicamente, biologia e ambiente (Baltes & Nesselroade, 1979; Sallis & Owen, 1997). O seu delineamento longitudinal-misto permitiu, num período relativamente curto de tempo, investigar detalhadamente o “coração” da mudança intraindividual e das diferenças interindividuais (Bell, 1954). Como é óbvio, esta tese não esgota a extensão informacional do OGHPS. No tempo possível condicionado pelos constrangimentos legais, elaboramos seis artigos científicos originais – a “partitura” da presente dissertação. De seguida são apresentadas as principais conclusões de cada um. Michele Caroline de Souza 199 Síntese Final O primeiro estudo apresenta as principais ideias, linhas de força e os grandes domínios do OGHPS. Adicionalmente refere, sumariamente, os resultados do primeiro ano da pesquisa relativamente às diferenças entre sexos no crescimento, aptidão física e aspectos do estilo de vida. Os principais resultados estão na Tabela 1. Tabela 1: Resumo das principais conclusões do estudo I. Estudo I The Oporto mixed-longitudinal growth, health and performance study. Design, methods and baseline results. - O OGHPS adotou uma abordagem multidisciplinar e inovadora, devido ao seu delineamento longitudinal-misto, bem como à vasta gama de informação considerada: biológica, ambiental e do estilo de vida que influenciam o processo de crescimento, desenvolvimento e saúde dos adolescentes. - Os resultados do primeiro ano de estudo mostram o esperado em termos estatutoponderal: em média, os meninos são mais altos e mais pesados. - Aproximadamente 30% dos adolescentes têm sobrepeso ou obesidade. - Em média, os meninos são mais aptos fisicamente; contudo, as taxas de sucesso nas provas de aptidão física foram relativamente baixas para ambos os sexos. - Apenas 10% dos adolescentes cumprem as recomendações da quantidade mínima diária de horas de sono. - As meninas comem, com maior frequência, frutas e vegetais todos os dias da semana. - Cerca de 76 a 85% dos adolescentes cumprem as recomendações de 60 minutos de atividade física moderada-a-vigorosa diária. O OGHPS apresenta um delineamento multivariado e robusto, com abrangência temática, coincidente com conceitos e metodologias de estudos internacionais (Basso, Meira et al., 2009; Ahrens, Bammann et al., 2011; Katzmarzyk, Barreira et al., 2013). Os problemas e a sua íntima relação com o processo metodológico permitem destacar, desde já, três dos seus vetores Michele Caroline de Souza 200 Síntese Final fundacionais: (i) o que se refere ao delineamento utilizado, (ii) a flexibilidade e diversidade de procedimentos estatístico empregues, (iii) a leitura e interpretação mais largas do quadro relacional entre crescimento físico, desempenho motor e marcadores de saúde. De um modo geral os resultados do primeiro ano corroboram as tendências contemporâneas à escala global, i.e., valores elevados das prevalências de sobrepeso e obesidade, diminuição dos níveis de aptidão física, adoção de hábitos alimentares não saudáveis, bem como diminuição no tempo de sono (Alberga, Sigal et al., 2012; Spruijt, 2012). As teias relacionais formadas por estes fatores de risco induzem um impacto nefasto na expressão da saúde individual e populacional (Spruijt, 2012) e reforçam a necessidade, sempre constante, de investigações similares ao OGHPS de modo a identificar crianças e adolescentes em risco, bem como momentos mais oportunos para intervenções adequadas e mais eficientes. O segundo e terceiro estudos, de cariz metodológico, tratam de aspectos técnicos e aplicados da noção de tracking e do uso da modelação multinível (MMN) na pesquisa da estabilidade e mudança do IMC e força estática. Este exercício, também de cariz didático, procura salientar a riqueza do delineamento longitudinal-misto. As principais conclusões estão na Tabela 2. Tabela 2. Resumo das principais conclusões dos estudos II e III. Estudo II A noção de tracking e sua aplicação à Educação Física e ao Esporte. - São abordados distintos procedimentos estatísticos de análise do tracking: autocorrelações, γ de Foulkes & Davis e índice de constância de Goldstein. - O tracking do IMC é moderado a elevado em meninas com idades entre os 12 e 14 anos (coorte 2) e entre os 14 e os 16 anos (coorte 3) - Face à reduzida dimensão temporal e à variável em causa, as diferenças interindividuais na mudança intraindividual são reduzidas. - A versatilidade e a riqueza dos outputs dos softwares LDA ou TIMEPATH são de Michele Caroline de Souza 201 Síntese Final grande importância para o investigador. Estudo III Modelação multinível e delineamento longitudinal-misto na pesquisa em Educação Física e Ciências do Esporte. - Aos 10 anos as meninas têm, em média, mais força estática; no entanto, os meninos apresentam maiores ganhos anuais. - A %GTtotal é um preditor dinâmico positivo ao longo de toda a trajetória de mudança da força estática. - Há forte variabilidade nas trajetórias intraindividuais, bem como diferenças entre sujeitos no desenvolvimento da força estática manual. - O recurso ao delineamento longitudinal-misto permite a recolha mais célere da informação. A metodologia da MMN é suficientemente flexível para acomodar dados com diferentes estruturas temporais e elegante no seu processo de estimação de parâmetros. A análise da informação longitudinal representa um desafio constante ao investigador que pretende explorar, de forma mais esclarecida e adequada, a riqueza do conteúdo informacional contida nas séries de dados. Daqui que o estudo do tracking, bem como o uso da MMN, sejam muito pertinentes quando se pretende descrever, interpretar e atribuir significado à mudança intraindividual e às diferenças interindividuais no desenvolvimento (Twisk, 2003). O segundo estudo constitui um exemplo didático na investigação do tracking e sua aplicação na análise do desenvolvimento do IMC durante a adolescência. Os resultados apresentados são duplamente importantes. Por um lado salientam a estabilidade dos perfis de crescimento do IMC de meninas entre os 12 e 16 anos, permitindo predizer, de modo fiável, estados ponderais futuros, sobretudo, identificar atempadamente jovens com risco de sobrepeso e obesidade. Por outro evidenciam a pluralidade e versatilidade do estudo do tracking, principalmente quando analisado por técnicas mais flexíveis como o γ de Foulkes e Davies e Índice de Constância de Goldstein. Essas estatísticas Michele Caroline de Souza 202 Síntese Final robustas oferecem leituras mais extensas e diversificadas do fenômeno do tracking, com implicações no contexto pedagógico e no desenvolvimento de intervenções, dado viabilizarem uma visão mais individualizada das necessidades de cada sujeito. O terceiro estudo reforçou a flexibilidade e elegância do delineamento longitudinal-misto, dado permitir a modelação das trajetórias de força estática dos adolescentes num menor espaço de tempo, minimizando desvantagens do delineamento longitudinal puro. A associação entre este delineamento temporal e a técnica de anáilse da MMN autorizou o teste a um corpo variado de hipóteses, hierarquicamente imbricadas, para o mesmo conjunto de dados, considerando, em simultâneo, a interpretação de efeitos fixos e aleatórios. No que concerne à análise dos efeitos fixos, constatou-se (1) tendência de dimorfismo sexual na força estática (com marcada vantagem dos meninos) sobejamente demonstrada na literatura (Malina, Bouchard et al., 2004); (2) a associação positiva entre a gordura corporal e o desenvolvimento da força, de certo modo expectável, pois sujeitos com sobrepeso ou obesidade apresentam geralmente maior tamanho corporal (Malina, Bouchard et al., 2004). A interpretação dos efeitos aleatórios reforça a necessidade de maior esforço na modelação das trajetórias de força estática para interpretar, melhor, parâmetros da mudança individual e das diferenças interindividuais. A partir do exemplo proposto, a elegância da MMN é colocada à prova para extrair da grande massa de dados peças importantes para interpretar aspetos do “puzzle” do desenvolvimento da força, sobretudo na grande janela que é a adolescência. O quarto estudo centra seu olhar na análise do tracking da aptidão física dos adolescentes. Por questões de substância e de metodologia, abordamos este texto a partir de três procedimentos estatísticos: autocorrelações, modelação multinível e κ de Cohen. As principais conclusões estão na Tabela 3. Michele Caroline de Souza 203 Síntese Final Tabela 3. Resumo das principais conclusões do estudo IV. Estudo IV Short-term tracking of youth physical fitness: The Oporto Growth, Health and Performance Study - A análise das auto-correlações mostra tracking moderado a elevado da aptidão física nas quatro coortes (0.39<r<0.79). - O recurso à modelação hierárquica ou multinível permitiu estimar coeficientes brutos e ajustados às covariáveis dinâmicas (maturação biológica, IMC e atividade física total); nesta situação o tracking é baixo a moderado. - O γ de Cohen mostra valor de tracking muito baixo em todas as componentes da aptidão física, exceto para a força estática, em ambas as coortes. O estudo do tracking da aptidão física, através da combinação de diferentes procedimentos estatísticos, permite um exame exaustivo das trajetórias individuais e modais do desempenho, através de olhares mais claros e vastos acerca da variabilidade intra e interindividual. O seu significado e implicações podem ser aludidos em dois planos: epidemiológico e pedagógico. No plano epidemiológico, a aptidão física é já considerada um barômetro importante do estado de saúde individual (Ortega, Ruiz et al., 2008), dada a sua relação estreita com marcadores de adiposidade e outras co-morbilidades (Ortega, Ruiz et al., 2008; Ortega, Ruiz et al., 2013; Smith, Eather et al., 2014). Daqui que a monitorização e conhecimento acerca dos distintos padrões de estabilidade/instabilidade das suas componentes, durante o período de transição da infância para a adolescência, seja de extrema relevância em termos de Saúde Pública no sentido de identificar crianças e jovens com níveis insatisfatórios de aptidão, bem como prever comportamentos e estados futuros. No contexto pedagógico, os estudos do tracking da aptidão física trazem à luz a necessidade, sempre presente, em determinar, mais eficazmente, níveis de prontidão motora dos alunos atribuindo significado à sua variabilidade intra e interindividual. Cabe à escola e, sobretudo, aos professores de Educação Física, estruturar práticas pedagógicas diversificadas que atinjam e motivem, Michele Caroline de Souza 204 Síntese Final de modo duradouro, crianças e jovens com trajetórias diferenciadas de desenvolvimento. O quinto estudo abraça uma leitura mais “transversal” e integrada das mudanças no IMC ao longo da adolescência. Para tal, dedica a sua atenção aos efeitos de um conjunto de preditores dinâmicos - atividade física, aptidão física, tempo de sono e consumo de frutas e vegetais. As principais conclusões estão na Tabela 4. Tabela 4. Resumo das principais conclusões do estudo V. Estudo V Modeling the dynamics of BMI changes during adolescence. The Oporto Growth, Health and Performance Study - O IMC aumenta linearmente com a idade em meninos e meninas. - Há uma associação negativa, em termos longitudinais, dos níveis de aptidão física na mudança do IMC ao longo da idade. - Ao contrário do esperado, nas meninas, a atividade física total tem uma associação positiva com as trajetórias do IMC. - O tempo de sono, bem como o consumo de frutas e vegetais não são preditores de mudança do IMC de meninos e meninas. Este estudo sugere que mudanças longitudinais positivas em diversos componentes da aptidão física têm efeitos benéficos no desenvolvimento saudável do IMC dos adolescentes. O que aqui se destaca é a importância da aptidão cardiorespiratória, muscular e motora que podem atuar como medidas de prevenção primária do sobrepeso e obesidade (Ng, Fleming et al., 2014). A pertinência deste resultado em termos educativos é evidente, destacando o forte papel da escola e dos clubes desportivos na implementação de vivências motoras e desportivas mais consistentes e plenas de sentido, que estejam associadas ao desenvolvimento dos diferentes componentes da aptidão física. Muito embora este estudo não tenha replicado as evidências da associação Michele Caroline de Souza 205 Síntese Final negativa entre hábitos do estilo de vida (atividade física total, tempo de sono e consumo de frutas e vegetais) e o desenvolvimento saudável do IMC (Spruijt, 2012), os espaços de ensino escolar e clubes desportivos também devem ser locais de educação para a saúde, através de um forte envolvimento na promoção e adoção de estilos de vida mais saudáveis que perdurem para além da adolescência. O sexto estudo analisa o desenvolvimento de uma característica complexa – adição da tensão arterial com o perímetro da cintura. Ao mesmo tempo investiga os efeitos de preditores fixos (sexo) e dinâmicos (maturação biológica, atividade física e aptidão física) nas mudanças deste fenótipo ao longo da adolescência. As principais conclusões estão na Tabela 5. Tabela 5. Resumo das principais conclusões do estudo VI. Estudo VI Modeling longitudinal changes in hypertensive and waist phenotype. The Oporto growth, health and performance study. - Os valores do fenótipo conjunto de tensão arterial e perímetro da cintura aumentam de modo não-linear ao longo do tempo. - Os rapazes têm valores mais elevados nesta característica complexa ao longo da sua adolescência. - Adolescentes avançados no seu processo maturacional têm um maior score de risco. - Quanto maiores forem as mudanças na atividade física e aptidão física menores são as “chances” de ter valores elevados nesta característica. Os resultados apresentados sugerem que apesar do valor do fenótipo conjunto de tensão arterial e perímetro da cintura aumentar ao longo da adolescência (e este incremento ser mais acentuado nos meninos, bem como nos adolescentes avançados maturacionalmente), a atividade física e aptidão física desempenham um papel protetor no desenvolvimento longitudinal do Michele Caroline de Souza 206 Síntese Final risco cardiometabólico. A relação inversa entre atividade física e o desenvolvimento de desordens cardiometabólicas durante a infância e adolescência não é consensual (Froberg & Andersen, 2005; Steele, Brage et al., 2008). Não obstante a inconsistência de resultados e a carência de informação longitudinal, este estudo realça a importância da atividade física na atenuação do contínuo cardiometabólico. No que refere-se à aptidão física, os resultados, embora maioritariamente transversais, são mais marcados e em consonância com os do presente estudo sobrelevando a sua importância na saúde cardiometabólica (Steele, Brage et al., 2008; Steene-Johannessen, Anderssen et al., 2009; Artero, Ruiz et al., 2011). As implicações destes resultados situam-se na importância do reconhecimento atempado dos marcadores de risco cardiometabólico. Neste sentido, informações simples como o perímetro da cintura e tensão arterial, poderiam ser incorporadas nas avaliações escolares, em adição às tradicionais medidas de peso e altura. No contexto epidemiológico é essencial identificar e atribuir significado à dinâmica das relações etiológicas entre estas variáveis de modo a adotar estratégias mais eficientes de intervenção na redução da incidência de doenças associadas ao risco cardiometabólico na adolescência (van Mechelen & Mellenbergh, 1997; Kemper, 1999; Weiss, Bremer et al., 2013). Michele Caroline de Souza 207 Síntese Final LIMITAÇÕES DO ESTUDO Não obstante todo o labor conceitual, operacional e analítico esta pesquisa tem limitações. Conseguimos descortinar algumas que organizamos em quatro domínios: (1) metodológico e temporal, (2) financeiro e logístico, (3) generalização dos resultados. 1. Metodológico e temporal A pesquisa presente foi realizada durante 3 anos consecutivos com frequência anual de amostragem. É bem provável que o acréscimo de pelo menos mais dois anos de avaliações possibilitassem uma compreensão mais extensa da mudança intraindividual e das diferenças interindividuais. Não que alterassemos a substância dos procedimentos de análise, mas teríamos mais segurança, por exemplo, no estudo extenso de cada coorte. Contudo, o tempo do programa doutoral é finito, e a escassez de recursos limita tal opção. 2. Financeiro e logístico Este projeto não teve financiamento direto de nenhuma agência. Tãopouco teve à sua disposição uma equipa devidamente asalariada que pudesse estar envolvida no projeto durante os três anos consecutivos. Se as condições tivessem sido outras com certeza que a riqueza informacional seria de outra magnitude. Comvém lembrar que dada a dimensão amostral, não foi possível realizar medições mais objetivas sobre a atividade física dos 8000 sujeitos bem como avaliar os seus fatores de risco cardiometabólico. Isto só foi possível numa sub-amostra em que recorremos a uma abordagem multimodal da atividade física (pedômetros e acelerômetros) e análise sanguínea de indicadores cardiometabólicos. 3. Generalização dos resultados: Este é um problema recorrente em qualquer tese de doutoramento – a inferência ou generalização dos resultados em termos populacionais. A amostra do OGHPS considera apenas a região do Grande Porto, o que limita, Michele Caroline de Souza 208 Síntese Final de algum modo, o poder de generalização a outras áreas de Portugal. Embora, não seja esperado que os adolescentes participantes do OGHPS tenham características díspares comparativamente aos de outras regiões, a inferência dos resultados deve ser realizada com alguma cautela. Diferenças nos hábitos e estilos de vida, fatores ambientais (físico e construído), entre outros, podem influenciar o crescimento, desenvolvimento e saúde dos adolescentes. DESAFIOS FUTUROS O projeto OGHPS não se esgota nesta tese, tão-pouco tudo quanto era possível de ser analisado e escrito o foi. Tenho uma consciência clara acerca do que não foi feito, embora as grandes linhas de problemas da tese tenham abarcado o essencial. Para “memória futura” passo a listar um novo conjunto de “projetos” (apresentados às vezes na forma de perguntas) que o tempo e o engenho ajudarão a trazer à luz do dia, e que situo nos seguintes domínios: auxológico, desempenho motor e epidemiologia da atividade física. Domínio auxológico Construção de cartas centílicas locais (valores de referência) de diferentes marcadores do crescimento físico. Do mesmo modo, haverá uma preocupação essencial pela identificação e interpretação de diferenças interpopulacionais. Haverá estabilidade nos indicadores da composição corporal e padrão de adiposidade ao longo da adolescência? Quais são os efeitos do sexo, maturação biológica, níveis de atividade física e hábitos alimentares no tracking da composição corporal? Será possível identificar grupos de risco e saber da manutenção do seu estado durante a adolescência? Michele Caroline de Souza 209 Síntese Final Qual a distribuição do somatótipo dos adolescentes em cada coorte etária? Como migram no tempo? Que relações se estabelecem entre o somatótipo e o fatores de risco cardiometabólico? Domínio do desempenho motor Construção de cartas centílicas (valores de referência) do desempenho motor e exploração das diferenças interpopulacionais. Quais são os efeitos dos níveis diferenciados de atividade física, maturação biológica e estatuto socioeconômico no desempenho motor no decurso da adolescência? Quais são as características (físicas, maturacionais, cardiometabólicas e comportamentais) dos adolescentes cujo tracking da atividade física e aptidão física comparados tracking aos que têm baixo? são elevados Quais são os determinantes da sua estabilidade ou instabilidade? Domínio da epidemiologia da atividade física Haverá estabilidade ou mudanças significativas nos indicadores de risco cardiometabólico (perímetro da cintura, tensão arterial, níveis de glicose, triglicerídeos e HDL-Colesterol) ao longo da adolescência? Qual a influência dos níveis de atividade física e aptidão física na estabilidade/instabilidade desses componentes? Qual é o efeito dos aspectos gestacionais, sobretudo o peso ao nascer, na saúde cardiometabólica dos adolescentes? Como é que a atividade física e aptidão física interferem nessa relação? Qual é o “impacto” do estatuto socioeconômico e do ambiente construído nos níveis de atividade física e composição corporal? E quais são as suas repercussões nos indicadores de risco cardiometabólico? Michele Caroline de Souza 210 Síntese Final Quais são os hábitos nutricionais dos adolescentes das distintas coortes etárias? Esses hábitos são estáveis durante o curso da adolescência? Que relações se estabelecem com as categorias ponderais, níveis de atividade física e estatuto socioeconômico? Qual é o impacto do comportamento sedentário (tempo de ecrã) nas mudanças de natureza ponderal, bem como nos indicadores de risco cardiometabólico? As relações estabelecidas são independentes dos níveis de atividade física? Será possível identificar perfis de adolescentes em risco em função de indicadores biológicos e comportamentais? Michele Caroline de Souza 211 Síntese Final REFERÊNCIAS Ahrens, W., K. Bammann, A. Siani, et al. (2011). 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