Parede Diafragma em Solo e Rocha com Contrafortes e Uso de
Hidrofresa
Eng. Luiz Callandrelli Neto – Gerente Técnico
Costa Fortuna Fundações e Construções Ltda., São Paulo, Brasil, [email protected]
RESUMO: Em Setembro de 2009 chega ao Brasil o primeiro equipamento de escavação de paredes
diafragma em solos de alta resistência e rochas, a Hidrofresa. Em 2010 iniciou a primeira obra no
Brasil em parede diafragma estrutural embutida em rocha sedimentar atingindo 51,0ml de
profundidade em aprox. 30.000m² de contenções e fundações em estacas barrete. Neste trabalho
será apresentada a metodologia construtiva utilizada na construção das contenções de quatro
viradores de vagões e galeria de acesso na região norte do Brasil. Contudo serão apresentados dados
pertinentes da evolução de sua execução como dados de precisão e verticalidade alcançada,
produtividade, problemáticas executivas, resoluções e lições aprendidas neste primeiro
empreendimento que utilizou a técnica em território nacional. Com concepções de projeto
inovadoras, vãos livres de 24,00ml de extensão este empreendimento, sem dúvida se torna um
marco de uma nova era para as grandes escavações no cenário brasileiro de fundações.
Palavras-Chave: Hidrofresa, Parede diafragma em rocha, Controle e registro eletrônico de
perfurações.
1
INTRODUÇÃO
Em grandes centros urbanos e na área
industrial, as dificuldades construtivas para
obras de porte crescente são evidenciadas e
majoradas. Os projetos concebem artifícios
executivos limitados ao que há de disponível
em seu cenário regional. Sendo assim, às vezes,
são idealizadas e utilizadas técnicas que nem
sempre atendem com plena satisfação todos os
envolvidos em cada empreendimento. A
Hidrofresa é uma ferramenta agora realista que
já está em plena utilização em projetos pelo
Brasil pode atender à demanda evolutiva dos
serviços de perfurações profundas com a
satisfação pretendida.
O objetivo principal deste trabalho é a
descrição e a aplicação desta nova técnica
executiva para estacas barrete e paredes
diafragma demonstrando da forma mais sucinta
e clara possível a metodologia executiva desta
tecnologia bem como a apresentação do
primeiro empreendimento concluído em parede
diafragma estrutural e estacas tipo barrete no
Brasil. O objetivo secundário é já abrir uma
linha de discussão quanto a parâmetros e
conceitos normativos hoje empregados no
Brasil em relação aos possíveis avanços que se
possa obter com esta nova tecnologia.
2
DESCRITIVO
TÉCNICO
X
CONCEITUAL DE PAREDE DIAFRAGMA E
ESTACAS BARRETE
2.1 Situação pré hidrofresa – NBR 6122/2010
As paredes diafragma são elementos estruturais
concebidos para contenção de grandes
escavações que auferem empuxos de terra, água
e sobrecargas de utilização nestas estruturas.
São construídas em segmentos tangentes de
forma a caracterizar um muro contínuo de
excelente desempenho estrutural a longo prazo.
Paredes diafragma convencionais em concreto
armado moldado in loco são projetadas com
limitação de fck de projeto em 20 MPa e fatores
de minoração de resistência altos, 1,9.
As estacas barrete são elementos ou lamelas
isoladas de parede diafragma projetadas para
receber grandes cargas axiais, horizontais e
momentos no seu topo. Assim como para os
estacões, são dimensionadas para absorver 80%
da carga em seu atrito lateral, impostos pelo seu
processo executivo convencional.
2.2 Situação hidrofresa - desenvolvimento
esenvolvimento
A técnica
nica executiva da hidrofresa, por suas
avançadas e conseqüentemente mais confiáveis
técnicas executivas na fabricação destes
produtos, como a introdução de juntas secantes,
uso de lama permanentemente reciclada e limpa
e alta precisão nas perfurações, aspiração ou
limpeza eficaz da ponta do furo, entre outros
benefícios, poderá quem sabe, criar avanços
importantes para tais premissas
issas conceituais de
projeto, tornando-as mais otimistas e arrojadas.
Abri-se, para tanto, uma linha de discussão
entre projetistas e executores sobre as melhorias
qualitativas e as conseqüentes resultados
econômicos que podem ser atingidos com esta
técnica. O avanço qualitativo no uso desta
ferramenta é realista e palpável, assim este será
amplamente discutido neste trabalho inclusive
com a apresentação de um estudo de caso.
3
EQUIPAMENTOS QUE COM
COMPÕEM
UMA FRENTE DE ESCAVAÇÃO COM
HIDROFRESA
Uma frente de serviço de parede diafragma ou
estacas barrete com uso de hidrofresa concebe
os mesmos ferramentais já utilizados nas
paredes diafragma convencionais agregando
ainda novos e cruciais componentes de reforço.
3.1
picos de tungstênio e/ou
ou vídea) capazes de
desagregar e escarificar materiais de alta
resistência, terrosos ou rochosos. Estas
extremidades de corte podem ser substituídas de
acordo com o material a ser escavado e para as
demandas de projeto.
Solo e rocha são triturados pelas
p
rodas de
corte e correntes, ficam em suspensão no fluido
estabilizante da perfuração e são imediatamente
e continuamente direcionados até a abertura
central do equipamento ondee são aspirados
a
à
altíssimaa velocidade pela bomba hidráulica.
Ao
contrário
das
metodologias
convencionais esta ferramenta só é retirada do
furo quando é atingida a cota de ponta
estipulada em projeto. Isto devido ao seu
princípio de funcionamento, conhecido como
circulação reversa. Para tanto o maquinário
convencional, clam shell, é utilizado para
realizar a perfuração introdutória prévia a
escavação via hidrofresa. Esta perfuração é
necessária, pois propicia a condição de
submersão da ferramenta principal para o
funcionamento da circulação
rculação reversa.
Os detritos da escavação em suspensão ao
fluido estabilizante são transportados à central
de tratamento de fluidos. Nesta etapa, os
detritos são separados do fluido estabilizante,
que por sua vez, retorna ao furo reciclado e
limpo via conjunto
junto de bombas e se inicia um
novo ciclo.
Hidrofresa
O equipamento consiste em uma estrutura de
aço rígido, dois motores hidráulicos instalados
na parte inferior da estrutura que giram
alinhados no sentido horizontal e em direções
opostas e uma bomba hidráulica de alta
capacidade de sucção (≥ 400m³/h).
400m³/h) A
ferramenta é montada em guindaste sobre
esteiras de grande porte e com propulsor
movido a diesel de potência adequada
adequada. Pode
também ser acionada por unidade hidráulica
instalada na parte anterior do guindaste
ndaste aferindo
maior versatilidade em sua utilização.
Os motores hidráulicos acionam as
ferramentas de corte rotativas da extremidade
inferior da ferramenta
ta com auxílio do
movimento de correntes à alta velocidade. As
ferramentas de corte, bem como as correntes,
são dotadass de extremidades de corte (bits ou
Figura 1. Esquemático da Circulação da L
Lama.
Figura 2. Detalhes da composição da ferramenta e
descritivo.
A estação de tratamento utilizada na técnica
da Hidrofresa é similar à utilizada em
tratamentos de rejeitos e desassoreamentos de
canais e rios. Conta com diversas etapas de
separação dos detritos em suspensão no fluido
estabilizante até torná-lo totalmente reciclado e
apto ao uso. Primeiramente o produto da
escavação
lançado
numa
caixa
de
amortecimento cinético e cai na peneira de
malha grossa com inclinação negativa ao fluxo
e vibratória de separação de material de
granulometria grossa como pedregulhos de até
5cm de diâmetro a pedriscos (brita 0).
Figuras 10 e 11. Material rochoso separado do fluido pela
primeira fase do processo de limpeza.
Figuras 3, 4, 5 e 6. Conjuntos de clam shell mecânico de
alta precisão, hidráulico compacto, hidrofresa acoplada
à guindaste de alta potência e vista frontal do
equipamento principal.
3.3
Central de Tratamento de Fluidos
A central de tratamento de fluidos é dotada de
desarenador de alta capacidade de vazão. Vazão
esta compatível com a bomba da hidrofresa para
se obtenha a circulação contínua dos fluidos.
Caixas de reservatório de fluidos dimensionadas
para atender a demanda das escavações da obra
com “sobre-reserva” de 50% dos volumes
teóricos dos furos em escavação, bombas,
pulmões e tubulações semi-rígidas para
circulação de fluido também compões esta
central.
Figuras 7, 8 e 9. Vistas de uma central de tratamento para
três frentes de serviço concomitantes
O material passante nesta peneira (fluido
estabilizante + solo (areias, siltes e argilas)) é
transferido ao primeiro tanque de decantação
por gravidade e localizado logo abaixo da
peneira grossa.
Com auxílio de bomba de circulação interna
o material inserido neste tanque, é lançado
diretamente no ciclone desarenador principal da
estação de tratamento. Pelo auxílio da força
centrífuga, neste ciclone as partículas de areia
mais pesadas (areias grossas e médias) são
separados do fluido estabilizante que por sua
vez é transferido a um novo tanque de
decantação. O rejeito deste processo é
despejado numa segunda trama de peneiras
vibratórias e é descartado de maneira análoga à
anterior.
O fluido estabilizante com areia fina, siltes e
argilas que está inserido no segundo tanque de
decantação, é novamente succionado e
encaminhado ao grupo de ciclones secundários.
Nesta etapa toda a areia remanescente, os siltes
e as argilas incorporados ao fluido são
separados e descartados.
3.4
Instrumentação e Controle Eletrônico
Em complemento ao ferramental descrito, a
hidrofresa conta com completo sistema de
instrumentação informativa de bordo. Sensores
eletrônicos incorporados ao corpo da ferramenta
registram todas as informações pertinentes à
escavação que está sendo realizada como:
3.4.1 Torque do Motor e Velocidade de Avanço
Figuras 12, 13, 14 e 15. Ciclone desarenador primário e
material médio de descarte, conjunto de ciclones
secundários e material de descarte fino.
O
fluido
estabilizante
remanescente,
totalmente reciclado e livre de impurezas é
bombeado novamente à perfuração que está
sendo realizada num ciclo contínuo.
O material de descarte, tanto solo quanto
rocha, é rejeitado pela central de tratamento
através das rampas de descarte. Este material
pode ser descartado tanto ao chão para posterior
retirada por retro-escavadeiras pequenas e
caminhões basculantes quanto diretamente
sobre caminhões basculantes.
Com este registro é possível identificar, com
base em sondagens existentes, a natureza e
dureza do material atravessado em tempo real.
Com isso a paralisação ou continuidade das
perfurações podem ser re-avaliadas à medida
que as lamelas ou estacas vão sendo executadas.
3.4.2 Registro e Controle de Verticalidade
É utilizado o sistema TARALOG® da marca
Jean Lutz, ferramenta esta de extrema valia em
paredes diafragma e estaqueamentos. Com esta
tecnologia é possível avaliar, controlar e
corrigir possíveis desaprumos ou perdas de
verticalidade da escavação em tempo real.
Área Coberta para
Estoque de Bentonita
em Sacos
C ap. 40m³
Reservatório 2 de Hidratação de Lama Nova
Reservatório 1 de Hidratação de Lama Nova
C ap. 40m³
Cap. 40m³
Reservatório Água 2
C ap. 40m³
Reservatório Água 1
Tubulação de Retorn o
Concretagen s
Alimentação Água Potável
Misturador de Lama
cap. 2500 l
Agit ador
Compressor de Ar
C ap. 75 0pcm à 8 Ba r
Concreto Magro Esp. 15cm
Reservatório Lama 1
C ap. 40m³
Tubu lação de Co municação
Tub ulação de Re to rno FD30
Tubulação para Fe ch amento
d e Micro-C ircu lação
(segu ra nça)
Alim entaçã o Fresa FD 30
~35,0m
Válvu la Abre x Fecha - Fle xibilidade de U so
Alime ntação - Fresas x De sare nadore s
Agitador
Reservatório Lama 2
Cap . 40m³
Bomb a Alimen taçã o 1
150m ³/h
A gita dor
i = 45 °
Pla tafo rma d e De scarte 1
Desarenador 1 - D300
Reservatório Lama 3
C ap. 40 m³
Cap. 300m³/h
Alim entação L ama R eciclad a
Ponto de Subida da Tubu lação
V álvu la A bre x Fecha - Flexibilid ade de Uso
Re torn o - Fre sa s x D esarenad ores
Bomb a Alimen taçã o 2
150m ³/h
Válvula de Se paração de Fluxos
Fre sa s 1 e 2
A gitad or
i = 45°
P lata form a de Desca rte 2
Desarenador 2 - D250
Reservatório Lama 4
Cap. 250m³/h
C ap. 4 0m³
Bomb a Alimen taçã o 3
150m ³/h
Mu reta de C oncreto
Iso la ment o do M ateria l de D escarte
Agit ador
i = 45 °
Pla taforma de Descarte 3
Desarenador 3 - D250
Cap . 250m ³/h
Reservatório Lama 5
Cap . 40m³
Bomb a Alimen taçã o 4
150m ³/h
5
Agitador
Reservatório Lama 6
C ap. 40 m³
Bomb a Alimen taçã o 5
150m ³/h
Coletor e Distribuidor de Fluido Ø 10"
~11,0m
Plataforma de Manobra de
Caminhões Basculante e
BobCat
Válvu la A bre x Fecha - Flexibilidade de U so
Fresas x D esare nado res
Alimen tação Fre sa FD 60
Figuras 17, 18, 19 e 20. Display multifuncional
“touchscreen”,
cabine
de
operação,
display
multifuncional do controle e registro da perfuração “on
time”.
Tub ulação d e Micro-C irculaçã o
(se gurança)
Tub ulação de Re to rno FD60
~18,50m
~20,50m
Figura 16. Planta de uma central de tratamento
compatível com três frentes de perfuração simultâneas.
Detectado o desvio da ferramenta, ajusta-se a
velocidade de rotação dos motores, controlando
um isoladamente ao outro e assim retoma-se ou
afere-se a verticalidade sempre almejada. Uma
outra inovação nos equipamentos mais recentes
de origem italiana, é a existência de um
dispositivo hidráulico (pistões suplementares
com esquis ou “flaps”) no próprio corpo da
Hidrofresa, que podem ser acionados ao longo
da perfuração, escorando o corpo da ferramenta
no furo e retomando o prumo da perfuração.
As amaduras de painéis podem ser projetadas
com menores distâncias da face de escavação,
15cm ante os 30cm típicos atuais, aferindo
melhor desempenho estrutural aos elementos.
Assim, projetos em parede diafragma com
uso de hidrofresa concebem painéis apenas de
abertura e fechamento (primários e secundários)
eliminando os painéis seqüentes utilizados
quando de metodologias convencionais.
5
ESTUDO DE CASO – CONTENÇÕES
DE ESTRUTURA MINERALEIRA
Figuras 21 e 22. Imagem geral e detalhe dos dispositivos
de escoramentos e retomada de prumo.
4
AVANÇOS METODOLÓGICOS
Outro grande diferencial deste equipamento
para projeto, em relação ao que se tem hoje no
Brasil, é a confecção de juntas secantes entre
painéis sem a necessidade de instalação de
chapas juntas totais entre painéis ou lamelas
adjacentes. Sendo assim, o concreto da lamela
adjacente é escarificado tendo como produto
uma superfície rugosa conferindo excelente
qualidade no contato concreto fresco e
endurecido entre painéis minimizando possíveis
percolações de água entre juntas e melhorando
o desempenho estrutural da contenção, pois ao
escarificar o concreto todo resíduo de solo
aderido à junta é eliminado pelo processo.
Além disto, as hidrofresas italianas utilizadas
no Brasil, contam ainda com outro diferencial
para confecção de juntas. Trata-se da confecção
de um trilho longitudinal de concreto
escarificado aos painéis adjacentes préexecutados,
auferido
pelo
afastamento
longitudinal das correntes do corte.
Figuras 23, 24 e 25. Detalhe das correntes alargadas e
guias, junta secante plana e dotada de trilho.
Entre 2010 e 2011 fora executada e concluída a
obra de contenção dos quatro novos viradores
de vagões da Ampliação do Terminal Marítimo
de Ponta da Madeira em São Luis/MA.
A estrutura dos quatro novos viradores de
São
Luis/MA
trata-se
do
primeiro
empreendimento brasileiro a conceber em
projeto uma parede diafragma estrutural
penetrando
em
horizontes de
rochas
sedimentares com uso da tecnologia concebida
pela Hidrofresa. Esta obra contemplou ainda
peças estruturais não convencionais e arrojadas
em relação à nossa rotina brasileira como
lamelas em forma de T com 1,00m de espessura
e até 51,ml de profundidade e gaiolas de aço em
único elemento atingindo 43,0 ton de massa.
5.1 Características Geológico x Geotécnicas da
obra:
O subsolo local é formado basicamente por uma
camada superficial de solo granular composto
predominantemente por areia fina e média
pouco argilosa que se estende até
medianamente 4,0m da superfície do terreno.
Nesta camada encontra-se o nível d’água
freático. Abaixo desta camada encontra-se
espessa camada de argila dura, intercalada por
formações rochosas compostas por argilitos
vermelhos e acinzentados extremamente
expansivos.
Assim
o
uso
da
Hidrofresa
e
conseqüentemente a parede diafragma ou
estrutura de contenção permanente, recém
introduzida no mercado brasileiro, foi sugerida,
posteriormente aprovada e tomada como
solução para o empreendimento.
Após diversas análises técnicas e econômicas
bem como de avanços físicos, a Costa Fortuna
juntamente com a Engenharia da Aliança,
formada por Camargo Corrêa e Vale, e
contando com o corpo técnico da empresa
projetista Progen representada pelo corpo
geotécnico da MG&A, fora concebida a solução
em parede diafragma com uso de contrafortes
com 1,0m de espessura para a contenção dos
viradores e os túneis de transporte de minério.
Os apoios intermediários da estrutura, onde são
descarregados os trens de minérios foram
confeccionados em estacas/pilares barrete em
cruz atingindo 51,0m de profundidade e
horizontes de rochas duras.
As dimensões internas das contenções dos
quatro viradores são de 71,85m x 47,85m,
totalizando 3.438m² de área de escavação
contida por 85 lamelas de diafragma com
contrafortes e 4 cantos em L. O túnel ou galeria
dos transportadores é contido por duas paredes
paralelas de 144,50ml cada composta por 104
lamelas de diafragma com e sem contrafortes.
Ambas estruturas possuem travamentos de topo
com estroncas e vão livres até a laje de fundo.
Figuras 26, 27 e 28. Sondagem mista característica da
área da parede diafragma.
5.2 Concepção Alternativa de Projeto
Fora elaborada pela empresa executora de
fundações juntamente com empreiteira de mão
de obra e projetista geotécnico, uma alternativa
de projeto em paredes diafragma com uso da
hidrofresa ante a uma solução já consagrada de
contenções provisórias em estacões justapostos
e parede interna moldada “in loco”.
Figura 29. Planta e corte da solução de projeto em
diafragma em rocha com contrafortes.
Os vãos livres da estrutura atingem mais de
24,00m, sendo as peças estruturais de diafragma
dimensionadas para absorverem por si só tais
empuxos e resultantes de momentos fletores.
5.4 Características e Instalação das Armaduras
Pelo controle do processo de escavação desta
tecnologia
executiva
pode-se
ter
a
confiabilidade necessária para se garantir a
verticalidade precisa do furo. Para tanto as
gaiolas de aço foram montadas num único
elemento, ou seja, face e contraforte unidos em
T. Nesta obra as gaiolas de aço atingiram até
43,20m de extensão e chegaram a pesar até 43,0
toneladas, sendo quase 30% deste peso devido a
reforços para sua manipulação. A taxa de
armação desta obra girou em torno de
180kg/m³, composta esta por até 4 camadas de
barras de aço ф 32mm nos pontos onde
ocorreram os maiores vão livres e
conseqüentemente os momentos máximos de
cálculo da estrutura.
Assim, foram utilizados na obra dois
guindastes de alta capacidade para a operação
de içamento e posicionamento da ferragem no
furo, um principal “cargueiro” de 250 ton e um
auxiliar “leve” para 110 ton.
Painel Secundário
Painel Primário
Dimensions in centimeters
315
315
245
88
100
S
6
6
88
100
6
6
6
295
P
35
10
6
6
250
250
10
6
6
88
100
88
100
Figuras 30 e 31. Corte típico da situação e seção
transversal típica dos painéis primários e secundários.
5.3 Metodologia e Seqüência Executiva da Obra
O sistema Hidrofresa de confecção de paredes
diafragma estruturais em solo e rocha demanda
uma série de atividades prévias e maquinário
específico para cada processo que envolve a
confecção de um painel propriamente dito. É
importante o preparo do terreno para receber
sobrecargas de operação da ordem 1,5 kgf/cm²,
confecção de mureta guia adequada às
condições locais e planejamento e montagem
das redes hidráulicas entre central de tratamento
e furos. A escavação é iniciada pelas aberturas
ou painéis primários de acordo com o plano de
ação para posteriormente serem fechados de
forma secante pelos painéis secundários.
Figuras 32, 33, 34 e 35. Balancim especial montado,
esquema do içamento e gaiola verticalizada.
5.5 Concretagem
O sistema de concretagem utilizado na
execução da parede diafragma é o submerso, ou
seja, aquele executado de baixo para cima de
modo contínuo e uniforme. Tal processo
consiste na aplicação de concreto por gravidade
através de um tubo (tremie), central ao furo,
munido de uma tremonha de alimentação (funil)
cuja extremidade, durante a concretagem deve
estar conveniente imersa no concreto ao menos
1,5m.
No caso da obra em questão, como os
elementos a serem preenchidos tem formato de
T foram utilizadas duas tubulações tremie e
duas tremonhas, conforme esquema abaixo:
Painel 80P - Contraforte
Precisão Componente - HIP
0,000%
0,050%
0,100%
0,150%
0,200%
0,250%
0,300%
0
5
10
15
20
25
30
35
Precisão Componente - HIP
Figuras 39, 40 e 41. Registro dos dados de verticalidade e
rotação das perfurações e gráfico de análise.
Figuras 37 e 38. Esquema da montagem das tubulações e
painel sendo concretado.
As concretagens deste empreendimento
atingiram volumes de até 235m³ e se
estenderam
por
um
período
de
aproximadamente 5,0 horas, necessitando de
alta tecnologia no concreto fornecido. O
concreto utilizado em projeto tem resistência à
compressão simples aos 28 dias, fck de
inovadores 30,0 MPa.
6
ANÁLISE DOS RESULTADOS DE
CAMPO DISPONIBILIZADOS
Todas as perfurações da obra foram
integralmente monitoradas eletronicamente em
todas as suas etapas construtivas. Assim,
perfurações de contrafortes, faces, retíficas e
limpezas foram monitoradas quanto à
verticalidade e prumo nos eixos longitudinais,
transversais e giro das ferramentas durante o
atravessamento das camadas terrosas e rochosas
da obra.
Contudo vasto banco de dados fora
disponibilizado
pelas
escavações
deste
empreendimento. Abaixo se demonstra registro
de saída do software utilizado e os gráficos de
análise das resultantes de excentricidade a cada
metro de perfuração. Assim os desvios
assinalados nos gráficos referem-se sempre à
profundidade correspondente do painel.
Pelo exemplo citado acima, pode-se verificar
a eficácia do sistema de “auto-correção” ou
retomada da vertical proporcionada pelo
equipamento Hidrofresa com operações de
manipulação da rotação dos motores hidráulicos
bem como o uso dos “flaps” laterais de escora
do corpo da ferramenta é possível até inverter a
tendência de um desvio da ferramenta em
avanço de perfuração. Abaixo se relacionam as
médias globais atingidas de precisão no
empreendimento, antes e após as retíficas de
furo.
Tabela 1. Médias dos Desvios Percentuais da Hidrofresa.
Médias dos Desvios Percentuais da Obra Global
Escavação
Desvios
Média Global
Face
Contraforte
Máximos
0,212%
0,217%
0,214%
Mínimos
0,031%
0,036%
0,033%
Médios
0,091%
0,102%
0,096%
Em resumo a precisão média da obra fora de
0,1%, ou seja, a cada metro escavado a
ferramenta desviava 1,0mm. Marca esta muito
expressiva e de avanço realmente notório.
6.1 Problemática Encontrada
Deparou-se nas primeiras escavações que os
sedimentos argilosos da região eram
extremamente expansivos e ocasionava grande
viscosidade à lama de perfuração. Neste sentido
os equipamentos de tratamento de fluido
inicialmente utilizados não conseguiam obter
satisfatoriedade, no prazo necessário e tiveram
de ser substituídos ao longo da obra por
equipamentos mais adequados à esta condição
especial local. Contudo fora utilizado ainda
dosagens especiais de mistura e aditivos
químicos diferenciados homogeneizados ao
fluido estabilizante bentonítico de forma a
tornar sua limpeza mais fácil e rápida
proporcionando as condições de concretagem
necessárias. Felizmente o resultado se mostrou
satisfatório e a problemática fora solucionada.
6.2 Ensaios de Compressão Simples Não
Confinada
Corpos de prova foram extraídos diretamente
das paredes diafragma e ensaiados à
compressão simples. A média simples dos
resultados atingiram fck ≈ 35,33MPa,
confirmando as premissas de projeto.
6.3 Volumes de sobre-consumo de concreto
O sistema hidrofresa se mostrou ainda mais
vantajoso que sistemas convencionais de
perfurações com fluido estabilizante. Por conta
do pequeno distúrbio causado às paredes da
escavação durante seu processo de perfuração
os sobre-consumos percentuais da obra ficaram
abaixo ainda dos esperados, obtendo médias
globais de 8,3%, para os mais de 30.000m²
escavados na obra.
6.4 Produtividade
Após conclusão da montagem dos conjuntos de
equipamentos disponibilizados a campo e
resolução das problemáticas do fluido já citadas
produtividades acima dos almejados puderam
ser conquistadas.
A média global da obra atingiu o recorde de
seis concretagens semanais de painéis com
contrafortes o que representou 1.288m²
escavados em uma semana. No mês fora obtida
marca de 5.600m² escavados totais ou 1.866m²
por conjunto de equipamentos.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra como um todo obteve bom resultado
quanto a produtividade e eficiência do sistema
de escavação em rochas sedimentares. A obra já
se encontra escavada em sua cota de fundo, com
o vão livre de 24,55m em plena atividade e
demonstra excelente desempenho estrutural.
A Hidrofresa dispõe ao mercado grandes
avanços qualitativos aos produtos de parede
diafragma e estacas barrete, tais como: Alta
precisão na verticalidade e prumo das
perfurações, menores volumes de sobreconsumo de concreto, juntas secantes de
superior estanqueidade, condições melhores
para concretagem,
Assim, o avanço que esta ferramenta
proporciona pode mudar alguns conceitos
normativos em vigência tais como: Pela
excelente limpeza do furo e principalmente do
fundo das escavações propicia contatos de
ponta entre concreto e substrato natural e não
deformado e assim pode se pensar em projetar
estacas barrete ou lamelas para absorção de
percentuais de carga superiores aos usuais 20%.
Planeja-se a execução de provas de carga
estáticas instrumentadas para aferição desta
suposição.
Sugere-se que se abra esta linha de discussão
para introdução de nova pasta em norma e
especificações para escavações com uso de
hidrofresa, o que já é realizado hoje na América
do Norte e Europa.
REFERÊNCIAS
ALPHAGEOS TECNOLOGIA APLICADA S.A. –
Relatório de análise de testemunhos de estrutura de
concreto (NBR-7680-2007)
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE
ENGENHARIA DE FUNDAÇÔES E GEOTECNIA ABEF - Manual de Especificações de Produtos e
Procedimentos. PINI, São Paulo 2004, 3° edição.
410p.
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA
DE
NORMAS
TÉCNICAS – ABNT – NBR6122; Projeto e
Execução de Fundações. Rio de Janeiro: ABNT,
2010. 90p
CONSTRUÇÕES
E
COMÉRCIO
CAMARGO
CORRÊA S.A. Relatórios de Ensaios de Concreto.
COSTA FORTUNA – Fundações e Construções Ltda.
Relatórios “As Built” Parede Diafragma. n°01 a
n°156
COSTA FORTUNA – Fundações e Construções Ltda.
Acervo técnico e fotográfico 2006 – 2011.
HACHICH, W. et al – Fundações Teoria e Prática. Ed.
Pini, São Paulo, 2° Edição - 1998.
MG&A CONSULTORES DE SOLOS S/S E PROGEN
PROJETOS, GERENCIAMENTO E ENGENHARIA
– Projetos e detalhamentos diversos. São Luis. 20092010
TEIXEIRA, A. H. – AHTE Consultoria e Projetos Relatórios geotécnicos preliminares. 2008. 8p.
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