FEX 1001 5 - DINÂMICA DA ROTAÇÃO 1 Objetivo Determinar a aceleração da gravidade a partir do movimento de rolamento de um volante. 2 Teoria Quando um corpo extenso e rígido está sujeito a ação de várias forças o seu movimento dependerá, além da intensidade e da direção das forças aplicadas, do ponto de aplicação dessas forças. Considere duas forças de mesma intensidade sendo aplicadas a um corpo plano, ambas na mesma direção mas com sentidos contrários, e ao longo da mesma reta. Verica-se experimentalmente que o corpo permanece em repouso (equilíbrio). No entanto, se as forças, ainda com mesma intensidade, mesma direção e sentidos contrários, forem aplicadas ao longo de retas não coincidentes, o corpo ainda continuará em repouso mas apresentará um movimento de rotação. No caso geral de forças com intensidades e direções diferentes, sendo todas aplicadas a pontos diferentes, o corpo apresenta um movimento combinado de rotação e translação. A gura 1 abaixo ilustra estes fatos. F F F F equilibrio Figura 1: rotacao e tranlacao rotacao Placa rígida submetida a ação de diferentes forças e de diferentes maneiras. A dinâmica do movimento pode ser obtida também com a aplicação da 2ª Lei de Newton, considerando a translação do centro de massa e uma rotação em torno do centro de massa. No caso do presente experimento considera-se um volante como um corpo rígido que rola por um plano inclinado, sem deslizar, apresentando o movimento combinado de translação e rotação. Se considerarmos um volante rígido que rola sobre um plano inclinado formando um ângulo θ com a horizontal, como na gura 2, a aceleração angular (α) é dada pelo torque resultante sobre o volante, ou seja, (1) Στ = Iα , onde I é o momento de inércia do volante em torno do eixo de rotação. Como o volante desce o plano inclinado sem deslizar, seu movimento é um movimento de rolamento, podendo ser descrito como uma rotação seguida de uma translação. Assim, podemos conceber o ponto de contato do volante com o plano inclinado como sendo o centro instantâneo de rotação, ou seja, imaginemos um eixo perpendicular ao plano da gura 2, passando pelo ponto de contato do volante com o plano inclinado. A cada instante o volante está girando em torno deste eixo (que se desloca plano abaixo). Pelo teorema dos eixos paralelos, I = ICM + mr2 , onde r é o raio do eixo do volante e ICM é seu momento de inércia em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa. Vamos considerar que o momento de inércia do volante seja simplesmente o momento de inércia de um disco. Neste caso ICM = 21 mR2 e a equação 1 toma a forma (2) Στ = ICM + mr2 α . Observe que, ao considerarmos o centro instantâneo de rotação como o ponto de contato do volante com o plano inclinado, apenas a componente da força peso ao longo do plano contribuirá para o torque resultante. Além disso, existe uma relação de vínculo entre a distância percorrida pelo centro de massa do volante e o ângulo descrito pelo volante, a saber, a = rα. Com estas informações, a equação 2 assume a forma rmgsenθ = 1 mR2 + mr2 2 a , r ou seja, a aceleração do centro de massa do volante ao descer pelo plano inclinado é a= g R2 1 + 2r 2 1 ! senθ . (3) N R r fat mg (a) Diagrama θ (b) de corpo livre para um volante que rola Aparato experimental. sobre uma calha inclinada. Figura 2 3 Descrição do Experimento Neste experimento você soltará um volante num plano inclinado para que ele role plano abaixo, sem deslizar. 4 Equipamento/Material 1. Apoio para plano inclinado de madeira. 2. Plano inclinado com régua centimetrada. 3. Transferidor. 4. Paquímetro. 5. Cronômetro. 6. Roda (volante). 5 Procedimento Experimental (a) Meça, com o auxílio de um paquímetro, os diâmetros do cilindro maior e menor do volante e anote os correspondentes raios na Tabela da folha de questões. Escolha uma distância d a ser percorrida ao longo do plano inclinado e anote o seu valor na mesma Tabela. (b) Regule a inclinação do plano de maneira a obter, inicialmente, um ângulo inicial de 5o a 7o em relação a horizontal através de medidas da base e a altura do plano inclinado. Se preferir, use o transferidor. Anote na Tabela da folha de questões. (c) Meça três vezes o tempo gasto pelo volante para percorrer a distância escolhida e determine o tempo médio para isto, anotando-o na Tabela da folha de questões. Cuide para que o volante seja solto e role, sem deslizar. (d) Repita as medidas com outros valores de ângulo de inclinação não superiores a 30o , para evitar que o volante deslize. É importante apenas o movimento de rolamento, sem deslizamento. (e) Repita o procedimento (c) acima para cada inclinação escolhida. Se o volante começar a deslizar, utilizar ângulos menores. Responda as questões. 2 FEX 1001 5 - DINÂMICA DA ROTAÇÃO r(mm)= R(mm)= θ d(mm)= t( senθ ) a( ) 1. Pode-se armar que o centro do volante executa um MRUV? Justique. 2. Determine, para cada ângulo de inclinação do plano, a aceleração do volante utilizando o tempo de rolamento e a distância percorrida, completando a Tabela acima. 3. Linearize a eq.(3) mostrando claramente os coecientes linear e angular da reta. Após, trace um gráco linear em papel adequado usando os dados de sua tabela. 4. Calcule, a partir do seu gráco, o valor da aceleração da gravidade, g , e compare com o valor de referência 9, 81m/s2 , calculando o erro percentual. Mostre todos os cálculos com clareza e indique no gráco os pontos utilizados. 5. É possível obter o momento de inércia do volante com os dados? Justique qualitativamente e quantitativamente. 3 6. Deduza uma expressão para o erro propagado em g , a partir da eq. (3). Quais os valores de ∆r, ∆R, ∆θ e ∆a? 7. Utilize os dados da questão acima e calcule o erro propagado no valor de g . Expresse o valor de g na forma correta. Para resolver em casa: Usando a eq. (3) e os dados de sua tabela calcule, para cada ângulo de inclinação do plano, o valor de g . Após, calcule o valor mais provável juntamente com os desvios médio e padrão. Expresse o valor de g na forma correta. 4