LUCAS WILCHES
FIAM FAAM - CENTRO UNIVERSITÁRIO
JORNALISMO
ARTIGO CIENTÍFICO
“Cantos da Vitória – As músicas que transformam o
futebol em espetáculo”
SÃO PAULO
2012
Lucas Henrique Wilches*
RESUMO
Incentivar. Verbo transitivo que significa “estimular”. Em um estádio de futebol, o
estímulo nasce nas arquibancadas. Torcedores fanáticos se reúnem em um espaço
reservado exclusivamente a eles para torcer pelo time do coração. A forma com que
eles torcem? Cantando. Cantando músicas criadas pelos próprios torcedores, que
buscam as melhores palavras para “inflamar” os atletas em campo. E a música de
incentivo age como uma via de duas mãos, já que ao demonstrar o amor aos
jogadores, e estimular os atletas a darem o melhor em campo, os torcedores
esperam que haja uma resposta: a vitória do time querido. Neste artigo, o foco é
mostrar que os gritos da arquibancada são músicas, na definição do conceito, e
essas músicas, além de dar um ritmo de festa ao esporte, influenciam, e muito, no
ofício dos atletas.
Palavras chave: Torcida, música, futebol.
ABSTRACT
To encourage. Transitive verb that means "stimulate". Inside a soccer stadium the
encouragement is born on the stands. Fanatic fans meet to cheer for their favorite team. The
way they cheer? By singing. They shout songs and look for the best words to support the
athletes on the field. The cheering works on two ways. It demonstrates the audience's love for
the athletes and it encourages them to give their best, but the fans also wait for a result: that
their favorite team wins. This article focuses on showing that the cheering is a melody, and the
songs, besides going along with the sport, encourage the athletes.
Key words: Supporter, music, soccer.
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*Jornalista formado pela FIAM FAAM. Editor de texto de matérias especiais da TV Record.
Redator de chamadas do canal esportivo SKY Sports Plus
1.
INTRODUÇÃO
Música e futebol. Assuntos que podem parecer distintos, até pelas áreas
diferentes que ocupam perante a sociedade. No entanto, quando futebol e música se
unem, o esporte deixa de ser apenas uma disputa entre profissionais e torcedores,
passando a constituir um espetáculo, que no dicionário carrega um significado de
uma representação pública que impressiona ou é destinada a impressionar, a vista
por sua grandeza, cores ou outras qualidades.
O espetáculo criado pela união de música e futebol pode ser vista nos
estádios. Nos primórdios do futebol no Brasil, início do século XX, havia apenas os
famosos gritos de guerra. Vozes entoadas nas arquibancadas de estádios que
serviam para incentivar os atletas. O fato é que mesmo ainda como grito de guerra e
não música, as vozes da torcida davam força aos jogadores.
Esses cantos refletem uma das dez funções sociais da música segundo
Merriam (1964 apud Hemes, 2004), ou seja, a de reação física.
A música entoada nos estádios tem a função de encorajar uma resposta física
dos jogadores.
Daga (2008), sócio da torcida maior torcida organizada do Corinthians, a
Gaviões da Fiel, revela em um documento publicado no site da torcida: “todo
corintiano tem a função de gritar os 90 minutos em prol de nossa ideologia
mosqueteira. Ser gavião é amar e lutar pelas cores do coringão”.
O exemplo corintiano serve para qualquer outra torcida organizada que se
propõe ir ao estádio para gritar com intuito de ajudar os atletas.
Os gritos de guerra do começo do século começaram a ficar mais densos e
ganharam letras um pouco mais trabalhadas. A TUSP – torcida uniformizada do São
Paulo – foi a primeira torcida a se reunir para defender um time do Brasil, e ficou
conhecida pelo entusiasmo durante os jogos, já que comemorava os gols e saudava
os atletas com confetes e serpentinas.
As letras de incentivo ainda não tinham o ritmo, as estrofes e a sequência
temporal de uma música. Mas, as torcidas iam surgindo e a música futebolística,
com a mesma velocidade da evolução do futebol, crescia.
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No dia 11/10/1942, em um jogo entre Flamengo e Fluminense, válido pela
final do Campeonato Carioca daquele ano, a música e o futebol se uniram
definitivamente. Nesta partida, um grupo de pessoas se reuniu no estádio do
Maracanã para incentivar o Flamengo. Para tal fim, os torcedores reuniram alguns
instrumentos musicais e começaram a tocar e cantar para os jogadores. A música,
no entanto, era, segundo torcedores da época, bem desafinada. E, justamente por
essa desafinação que veio o nome da torcida: Charanga. Ary Barroso, locutor da
Rádio Tupi na época, comentou em um dos seus programas: “Me desculpem, mas
isso não é banda nem aqui nem na caixa-prego”. A qualidade sonora duvidosa deu
origem, então, ao apelido que depois virou nome: Charanga do Flamengo.
1.1 JUSTIFICATIVA
Com tanta base histórica, com tanta fundamentação teórica, falta, agora,
entender se realmente na prática, nos dias de hoje, funciona dessa mesma forma.
Cabe, também, compreender se há realmente influência da torcida no trabalho dos
jogadores, pois temos sempre de reforçar que por mais entretenimento que pareça,
o futebol é a profissão daqueles que praticam, e, portanto, eles, também, têm o
direito de apenas o fazer por causa do vínculo empregatício. E é justamente aí que
entra o objetivo deste artigo. Descobrir por meio de entrevistas, por meio de
conversas, qual a verdadeira relação entre os cantos que emanam da arquibancada
e o trabalho daqueles que estão em campo. Além disso, é necessário descobrir se
estamos mesmo lidando com música, ou se há alguma outra classificação para os
gritos das torcidas. E os torcedores? Como eles lidam com essa paixão?
Assim, justifica-se o projeto científico, no objetivo de mostrar que em uma
partida de futebol existe o lado poético das músicas elaboradas e cantadas pelas
torcidas, além do que muitos caracterizam apenas como “gritos da arquibancada”.
1.2 METODOLOGIA
Para concluir todas as questões apresentadas sem que possa deixar lacunas
no desenvolvimento do artigo, serão entrevistados músicos, jogadores, torcedores e
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autores dos principais cantos das torcidas dos quatro grandes times de São Paulo:
Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos. Pesquisar em livros, jornais e sites, a
história das torcidas em estádios. Além disso, entrevistar jogadores, jornalistas,
músicos, cujo tem como objetivo principal mostrar os cantos das torcidas.
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2.
DESENVOLVIMENTO TEXTUAL
A primeira discussão acerca das músicas da arquibancada é o objetivo que os
criadores têm no momento em que as desenvolvem. Gordo, presidente da principal
torcida do Santos Futebol Clube, Torcida Jovem, explica que o objetivo é
simplesmente incentivar e transmitir uma vibração extremamente positiva aos atletas
em campo, e que normalmente as canções nascem de forma natural, não há
pedidos ou instruções para criar uma ou outra música.
A máxima indicada por Gordo é seguida a risca pelos membros da torcida.
Dênis Jovem, torcedor membro da Torcida Jovem, explica que realmente não pode
parar de cantar um minuto sequer, não por ordem ou obrigação, mas por acreditar
que a potência da voz e a força da música criada podem mudar o destino do jogo.
Ele se lembra de um jogo do Santos, no estádio Urbano Caldeira – a Vila Belmiro, no
qual o Santos estava perdendo por um a zero, e a torcida estava desanimada. Sem
recordar qual o adversário, ele puxa na memória e conta que depois do intervalo
entre o primeiro e segundo tempos, a torcida voltou a ficar inflamada. Votou a cantar.
Dênis se empolga ao lembrar que tem certeza que os jogadores sentiram aquele
incentivo vindo da arquibancada. Ele tem essa certeza, pois o Santos, mesmo numa
partida que aparentemente estava perdida, empatou o jogo.
Não há explicação científica que comprove que os cantos da arquibancada
influenciem no resultado de uma partida, mas é notório que os torcedores alimentam
a paixão que têm, justamente por se basearem em acontecimentos como o descrito
por Dênis. Estudos psicológicos indicam certa influência em uma pessoa quando
esta é incentivada a fazer algo. Mas, por se tratarem de opiniões que divergem entre
os profissionais, não cabe aqui retratá-los, já que a resposta que buscamos é muito
mais objetiva no sentimento específico de torcedores e jogadores, do que em um
âmbito geral retratado por estudos que abrangem um público geral.
Willian Siqueira, conhecido apenas como Willian, é atacante do time do
Corinthians. O atleta dá ainda mais força à influência dos cantos. Para ele, a torcida
exerce uma influência tão grande sobre os jogadores, que quando a partida de
futebol é em casa, ou seja, no estádio onde o Corinthians sedia os jogos, o estádio
do Pacaembú, os jogadores se sentem mais à vontade e conseguem colocar em
prática tudo o que sabem.
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Zé Elias, ex-jogador do Corinthians, também, vai ao encontro do que foi
explanado por Willian. Zé se lembra de uma partida do Campeonato Paulista de
1995, na qual o Corinthians enfrentou a Portuguesa. Com a expressão “me senti
sendo levitado”, Zé explica que a vibração da arquibancada era tão grande que
parecia que o futebol acontecia de forma automática, na verdade, “automatizada”
pelos torcedores que cantavam no Pacaembú. Presença constante nos estádios,
Robinho, diretor da torcida Gaviões da Fiel, do Corinthians, conta que são
depoimentos como o de Zé Elias, que fazem os torcedores continuarem a inovar e
criar novas músicas, novos incentivos, novas demonstrações de amor, que possam,
cada vez mais, impulsionar os jogadores dentro de campo.
Conseguimos, assim, chegar à segunda discussão que envolve os cantos de
arquibancada: são eles músicas? Ou cabem em algum outro tipo de classificação?
O músico e maestro, Léo Nicolosi, afirma que a discussão para concluir o que
é música é muito abrangente. Não importa o estilo, não interessa se é boa ou ruim o
que forma a música, na explicação literal do conceito, é uma espécie de tripé
formado por melodia, harmonia e ritmo. Para termos uma música é necessário que
existam os três pontos citados pelo maestro. Em um estádio de futebol, durante o
canto de uma torcida, segundo Nicolosi, encontram-se os três „pés‟. O ritmo nasce
nas batidas da bateria. A melodia aparece no desenvolvimento entre o ritmo da
bateria e a letra ritmada, são os famosos “pararará” – ritmo de um som. Assim
sendo, o casamento de ritmo e melodia faz com que nasça a harmonia. O tripé está
completo.
E a música na arquibancada ganha uma função essencial quando
relacionada ao incentivo que os torcedores desejam passar. Ricardo Buka, o
Bukinha, também, é músico, e explica que as torcidas buscam desenvolver mantras
na arquibancada. Ele exemplifica a teoria usando a torcida do Santos, que canta,
quando o time está perdendo, uma música com a letra “o Santos é o time da virada,
o Santos é o time do amor”. Para Buka, as repetidas vezes cantadas pelos
torcedores produzem o apoio aos atletas, e essa canção ritmada e repetida chega a
ganhar a função deum mantra e leva todos a um estado de êxtase, um clima
diferenciado.
A bateria é um elemento importante para embalar o canto da torcida
organizada.
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A bateria, diversamente das demais marcas que sustentam os símbolos,
distintivos e nomes essencialmente visuais e gráficos, pode ser considerada
o suporte sonoro que imprime ritmos específicos na realização das
manifestações nas arquibancadas. Faz a marcação dos cantos, gritos de
guerra, dos hinos, dos xingamentos e é responsável pela manutenção e
sintonia dos movimentos e coreografias, pelo tremular das bandeiras e
entusiasmo dos integrantes. (TOLEDO, 1996, p. 60)
Para TOLEDO (1996), os cantos e hinos podem ser divididos nas seguintes
categorias: de incentivo, de protesto, intimidadores e de autoafirmação. Segundo o
autor, em todos os tipos, o uso de palavrões se faz presente, mas em cada categoria
expressa ideias diferentes. No caso da autoafirmação e incentivo expressam a
virilidade, masculinidade. Nos de intimidação e protesto os palavrões são em forma
de piadas e expressam a passividade sexual. Ainda assim, TOLEDO (1996) defende
a prática.
E tais atributos, ou seja, levantar, xingar, gritar, são verificados, sobretudo,
no comportamento dos torcedores organizados. Este dado permite definir e
diferenciar mais claramente o padrão de comportamento daqueles que
participam das Torcidas Organizadas dos torcedores comuns que
frequentam as arquibancadas e, principalmente, outras acomodações do
estádio. (TOLEDO, 1996, p. 72)
André Guerra, presidente da torcida do Palmeiras, Mancha Alviverde, explica
que os palavrões existem em algumas música por causa do sentimento que é
extravasado de forma intensa. Guerra conta que, como presidente, é o responsável
por escolher as músicas cantadas dentro do estádio. Ele prefere aquelas que têm
letras apaixonadas e incentivadoras, ou seja, sem palavras de baixo calão.
Em cada torcida há uma maneira das músicas nascerem. Um ponto comum entre
elas, é que a maioria deixa claro que as naturais e improvisadas que aparecem
durante o intervalo de um jogo, dentro de um ônibus em uma caravana, são as que
mais demonstram o amor dos torcedores. André Guerra, no entanto, conta que na
torcida Mancha Alviverde houve, em 2008, um duelo de músicas. O objetivo era
fazer com que os torcedores criassem canções e levassem à sede. A melhor,
escolhida pela diretoria, virou música de estádio.
O torcedor vencedor criou uma música em cima do ritmo e melodia da música
Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
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Asa Branca
1
Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação...
Asa Branca
Mancha Verde
2
Compositor desconhecido
Meu palmeiras minha vida
A razão do meu viver
Se jogasse lá no céu eu morreria só pra te ver...
Olee porco, olee porco
Olee porco, olee porco
Ole porco...
Ole porco...
Ole porco...
Ole porco.
Neste caso da torcida palmeirense é retratada uma paródia, estilo tão
presente nos estádios de futebol. No dicionário da língua portuguesa 3 , paródia
significa imitação burlesca, irônica, de obra literária ou de qualquer coisa. A paródia
busca modificar a estrutura do enredo, mas manter o ritmo, o estilo do produto. Em
muitos casos, as paródias são provocativas, cômicas, retratando os acontecimentos
atuais. As paródias podem ser formadas a partir de filmes, músicas ou obra literária.
E é através da música que as torcidas organizadas elaboram suas paródias para
serem entoadas nos jogos. Com canções conhecidas, as torcidas provocam as rivais
e declaram seu amor através das paródias.
1
Música extraída de http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/47081/
2
Música extraída de http://letras.terra.com.br/mancha-verde/1302825/
3
Dicionários consultados: Aulete e Michaelis, em versão online.
Página 9
A torcida do Corinthians, Gaviões da Fiel, elaborou uma paródia da música
“Não quero dinheiro, Só quero amar”, de Tim Maia.
Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar.
4
Compositor: Tim Maia
A semana inteira fiquei esperando
Pra te ver sorrindo
Pra te ver cantando
Quando a gente ama não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar
De jeito maneira
Não quero dinheiro
Eu quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar... [2x]
“Não quero Dinheiro”
Gaviões da Fiel
Compositor desconhecido
5
A semana inteira, fiquei esperando,
Pra te ver Corinthians, pra te ver jogando.
Quando a gente ama
Não mede esforço, pra te ver jogar
Te ver jogar, te ver jogar!
Não é brincadeira,
Vou vestir meu manto
Manto do alvinegro
Tem que ter respeito
Eu te amo, eu te adoro
Meu amor!
4
Música extraída de http://www.vagalume.com.br/tim-maia/nao-quero-dinheiro-so-queroamar.html#ixzz1NIc9oQY4
5
Música extraída de http://www.futebolinterior.com.br/clube/corinthianssp/46271+Nova_cancao_do_Timao_Agora_Tim_Maia_e_o_tema_da_Fiel
Página
10
3. CONCLUSÃO
As questões levantadas neste artigo buscavam algumas conclusões a
respeito das músicas e do espetáculo criados pelos torcedores em um estádio de
futebol. As respostas? Os jogadores, sim, se sentem incentivados. Eles retratam
uma espécie de transformação pessoal quando incentivados pelos torcedores. No
jargão futebolístico “jogar em casa” sempre se mostrou muito importante, agora,
quando nos deparamos com as declarações dos atletas é facilmente percebido que
realmente estar sob o apoio incondicional de torcedores, que cantam e proclamam
palavras de amor e incentivo, é fundamental para mudar o resultado de uma partida.
Os torcedores, por sua vez deixam claro que a música é a principal “arma” que eles
têm para incentivar e mostrar aquilo que sentem. E conclui-se que não se tratam de
gritos apenas. O que sai da arquibancada tem ritmo, harmonia e melodia, e,
portanto, é música. E as músicas são compostas de formas variadas, às vezes por
pedidos especiais, em outras oportunidades de forma espontânea, mas, sempre
com um objetivo comum: incentivar. E o incentivo que nasce na arquibancada se
torna tão fundamental no futebol, tanto para jogadores quanto para torcedores, que,
sim, a música e o ambiente formado na torcida, independente da bandeira a qual
defendem, transformam o futebol em espetáculo.
Página
11
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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http://www.gavioes.com.br/2009/gavioes.aspx?p=historia Acesso em 21/05
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