GMI/030 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil GRUPO XII GRUPO DE ESTUDO DE ASPECTOS TÉCNICOS E GERENCIAIS DE MANUTENÇÃO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LABORATÓRIO DE ENSAIOS DE BOMBAS DA UNIDADE DE PRODUÇÃO ILHA SOLTEIRA / TRÊS IRMÃOS Roberto Toyofumi Kagesawa* Marcelo Bine Moni CESP CESP RESUMO Devido a grande quantidade e variedade de bombas hidráulicas existentes nas UHEs Ilha Solteira e Três Irmãos e da responsabilidade destas com o sistema interligado, houve a necessidade de otimizar o processo de manutenção dos conjuntos moto-bombas. O objetivo deste trabalho é apresentar a construção e utilização do laboratório de ensaio de bombas hidráulicas da Unidade de Produção Ilha Solteira / Três Irmãos. PALAVRAS-CHAVE: Bombas hidráulicas, ensaios, válvulas, calibração. mancais, comportas de emergência, entre outros). Esta condição colocava em risco o sistema hidráulico, uma vez que se instalavam bombas reservas estocadas por longos períodos e nunca testadas ou bombas recuperadas (mancais, vedações), não havendo portanto garantia de um perfeito funcionamento. Tais fatos justificavam a construção de uma estrutura para ensaios de bombas, onde pudessem ser verificados todos os parâmetros que garantissem suas perfeitas condições de funcionamento, antes que estas fossem instaladas em seu circuito de trabalho. 2.0 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS O laboratório foi construído na UHE Ilha Solteira e consiste em um reservatório com capacidade para 7.500 litros de óleo, dividido em 3 câmaras iguais.(ver FIGURA 1-ANEXO 1) 1.0 INTRODUÇÃO A Unidade de Produção Ilha Solteira / Três Irmãos é composta pela UHE Ilha Solteira, localizada no Rio Paraná, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, possuindo 20 Unidades Geradoras (UGs), e pela UHE Três Irmãos no rio Tietê, com 5 UGs em operação, perfazendo uma potência total instalada de 4.251,5 MW. As bombas hidráulicas representam papel fundamental no funcionamento das UGs, existindo em nosso caso, em média, 14 conjuntos moto bombas para cada UG; dos mais variados tipos e capacidades. Nas intervenções para manutenção, tanto programadas como em substituições por emergência (falha), as bombas eram “testadas” diretamente no seu circuito de trabalho (reguladores de velocidade, Estas câmaras são interligadas por um circuito composto por bomba reversível, registros de esfera e filtro absoluto (5µm), destinados exclusivamente à movimentação e tratamento do óleo. O equipamento possui dois circuitos hidráulicos distintos, sendo um para ensaios de bombas verticais de alta vazão e sucção direta (encontradas nos reguladores de velocidade das UGs) e outro circuito para ensaios de bombas horizontais de baixa vazão e alta pressão (bombas de injeção, circulação, das centrais hidráulicas das comportas, etc.). Cada circuito possui válvula de segurança, válvula para ajuste de pressão, medidor digital de vazão, pressostato e manômetro digitais. (*) Passeio Batalha,406 – Ilha Solteira - SP – CEP 15385-000 – Fone: (018) 762 3101 Fax: (018) 762 2494 - e-mail: [email protected] 2 Os circuitos descarregam o óleo em uma das câmaras, dotada de um trocador de calor tipo serpentina, alimentado através de uma válvula solenóide comandada por um termostato digital. Com isso é possível realizar os ensaios dentro de uma faixa pré determinada de temperatura do óleo. O circuito de testes de bombas verticais para reguladores de velocidade é dotado ainda de uma válvula de esfera com acionamento pneumático, comandada por um relê cíclico temporizado ajustável, ligada a uma linha de pressão da bomba. Esta válvula quando operada, alivia a pressão da bomba até um valor pré ajustado, sendo possível desta maneira a simulação do ciclo de trabalho executado no equipamento de origem (intermitência do regulador de velocidade). ! Corrente de alimentação Até 350 A 3.2 Instrumentação ! Manômetros digitais Precisão 0,25% f.e (fundo de escala) ! Amperímetros digitais Precisão 0,2% f.e ! Voltímetro digital Precisão 0,2% f.e ! Medidor vazão digital Precisão 0,5% f.e ! Termômetro digital precisão 0,25% f.e 4.0 APLICAÇÕES FIGURA 1 – Vista do Laboratório de Teste de Bombas 3.0 PARÂMETROS DE UTILIZAÇÃO 3.1 Características eletro mecânicas ! Pressão de trabalho - Ajustável de 0 à 50 kg/cm² (alta vazão) - Ajustável de 0 à 350 kg/cm² (alta pressão) ! Vazão nominal Após a construção e montagem do laboratório, a filosofia de manutenção de Bombas da Unidade de Produção Ilha Solteira / Três Irmãos, estabelece que todas as bombas hidráulicas revisadas pela manutenção devem ser ensaiadas no laboratório antes de sua utilização. Nestes ensaios são avaliadas: ! a eficiência volumétrica (que indica o estado interno de ajustagem dos elementos de bombeamento); ! a eficiência do sistema de vedação (gaxetas, selos mecânicos ou retentores); ! ocorrência de sobreaquecimento dos mancais; ! avaliação dos níveis de vibração do conjunto (referencia para a Manutenção Preditiva); ! presença de ruídos anormais; ! medição de tensão e corrente dos motores de acionamento. - Até 3.000 l/min (alta vazão) - Até 300 l/min (alta pressão) ! Temperatura do óleo - Ajustável, da temperatura ambiente até 100º C ! Tensão de alimentação - Trifásica até 440 Vac As bombas novas recém adquiridas são também comissionadas no laboratório, para comprovação dos valores garantidos pelo fabricante. O laboratório de bombas é utilizado para análise de falhas crônicas em bombas, pois permite que o problema seja exaustivamente analisado sem o risco de danos aos demais componentes do sistema (contaminação do circuito hidráulico dos equipamentos, bloqueio da UG, etc.). 3 Além dos ensaios envolvendo moto-bombas, também são executados ensaios e calibrações em todos os componentes auxiliares aos circuitos hidráulicos, tais como: válvulas de segurança, válvulas de intermitência dos reguladores de velocidade e pressostatos. Citando um exemplo prático, o laboratório foi utilizado para diagnóstico e detecção dos fatores que causaram o desgaste prematuro do anel de escora axial do mancal principal de uma bomba de fusos vertical. Esta bomba, de marca SCAN IMO modelo VNP 80-4-L, acionada por motor de 75cv, é utilizada no sistema hidráulico dos reguladores de velocidade (RV) das UGs da UHE Três Irmãos, num total de duas unidades por UG. Tal desgaste provocou a contaminação de todo o óleo do RV (5800 litros), fato que provocou a parada da UG, gerando indisponibilidade de geração, além do custo de Hxh na substituição da bomba e limpeza de todo o sistema e tratamento do óleo. O conjunto moto-bomba foi montado no laboratório onde foi simulado o regime de operação da bomba, ou 2 seja, num tempo de 30s em recalque a 40 Kg/cm e 2 1:30h em alívio a 6 Kg/cm . Após 48 horas de operação o conjunto foi desmontado, sendo comprovado o inicio do desgaste no anel de escora. Ficou concluído que, durante o período de funcionamento em alívio, o sistema de equilíbrio hidráulico dos fusos não apresentava a eficiência desejada aumentando a carga axial sobre o anel de escora do mancal. Após essa conclusão foi substituído o anel por um rolamento axial de esferas com modificações simples na carcaça da bomba, obtendo-se assim um aumento significativo da capacidade de carga do mancal. Novamente, após a modificação, foi realizado ensaio de durabilidade do novo mancal, em regime de trabalho forçado (160h), constatando-se a perfeita condição do rolamento, ficando assim aprovada a modificação. 5.0 CONCLUSÃO O laboratório de bombas é uma excelente ferramenta para ensaio, análise de falhas, controle de qualidade da manutenção e principalmente para melhoria de projeto. Com sua utilização obtivemos aumentos significativos da confiabilidade bem como diminuição de custos com homens/horas e tempo perdido de geração. 6.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SOUZA, H.R. – “Hidráulica” – Centro de Comunicação da Escola “PRO TEC”, 1985. 4 ANEXO 1 Figura 1 – Esquema hidráulico do laboratório de bombas