UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS ANTÔNIO HUOYA MARIANO HIDROGEOLOGIA: ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ Salvador 2005 ANTÔNIO HUOYA MARIANO HIDROGEOLOGIA: ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ Monografia apresentada ao Curso de graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: Prof. Dr.ª Joana Angélica Guimarães Luz. Salvador 2005 Errata: Folha Onde se lê Leia-se 21 Página 23 Página 21 25 Página 30 Página 25 27 Página 36 Página 27 Na folha 42, o mapa geológico está sem numeração de figura. Seu numero é 17. TERMO DE APROVAÇÃO ANTONIO HUOYA MARIANO HIDROGEOLOGIA: ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: Joana Angélica Guimarães da Luz --------------------------------------------------------------------------Doutora em. Engenharia Ambiental, pela Universidade Estadual de Nova York Arnaldo Correia Ribeiro.------------------------------------------------------------------------------------Geólogo, pela Universidade Federal da Bahia Godofredo Correia Lima Junior------------------------------------------------------------------------------Geólogo, pela Universidade Federal da Bahia Salvador, 09 de maio de 2005. Á Minha família, por todo amor Agradecimentos A elaboração desta monografia só foi possível devido a participação de professores, funcionários e colegas. Assim, agradeço a: Aos professores Luiz Rogério Leal, Angela Beatriz Leal e Joana Angélica Luz, pela oportunidade e confiança na realização deste trabalho. As bibliotecárias, Gisele e Isabel da CPRM, Luiza da CBPM e Joceane do IGEO, pela atenção e dedicação em encontrar as informações necessárias a elaboração desta monografia. As funcionárias, Ana, Alda e Rita do setor de gerenciamento de dados das CERB por cederem e ajudarem na coleta de dados sobre poços perfurados na Bacia Hidrográfica do Jequiriçá. Ao geólogo e amigo Cristovaldo Bispo pelos conselhos, sugestões e pelas informações fornecidas. A geóloga e amiga Angela Brito por ceder sua monografia. Ao meu pai, Antônio Ribeiro Mariano, e aos demais geólogos da Embasa, Luciano Viana e Antonio Carlos Lago passarem conhecimento, experiência e me cederem informações sobre os poços tubulares perfurados na Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá. Aos amigos do NEHMA, Henrique, Valéria, Barbára e Felipe por me ajudarem durante a elaboração dos mapas. “O que faz a Universidade elitista não é o fato de que alguns pobres não terão filhos médicos, mas o fato de que os pobres não terão médicos para seus filhos”. Cristóvam Buarque, Aventura da Universidade. Resumo A bacia hidrográfica do Rio Jequiriçá, localizada na porção centro-leste do Estado da Bahia, tem seu rio principal desaguando no município de Jaguaripe, depois de percorrer 200 km em uma área de 6.700 km2. A parte alta da bacia está implantada sobre rochas cristalinas de idade précambriana, inseridas no Complexo Jequié, abrangendo municípios como Maracás, Planaltino, Brejões, Jaguaquara, Irajuba e Itiruçú. O objetivo deste trabalho foi de determinar a potencialidade hidrogeológica no Alto da Bacia Hidrográfica do rio Jequiriçá, através da análise dos dados dos poços perfurados, como a espessura da cobertura, a profundidade de perfuração, as vazões e o nível estático, no qual se encontram os aqüíferos. Para tanto, foram feitos gráficos e tabelas a partir de tratamento estatístico de dados. Além disso, elaborou-se mapas de geologia, estruturas, vegetação e uso e solos. A apuração dos dados juntamente com a aplicação dos conceitos de hidrologia e hidrogeologia permitiu avaliar a situação hídrica, seja quantitativamente ou qualitativamente, do Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá e dos principais municípios que a compõem. Palavras-chave: Potencial Hidrogeológico- situação hídrica- dados dos poços perfurados Abstract The Jequiriçá River Hydrographic Basin, localized in the east-middle Bahia State, has your main river flow into the Jaguaripe city, after run though 200 Km in a area of 6700 km2. The high part of basin is situated on igneous and metamorphic rocks, which have more than 2 billion years, and are situated in Jequié Complex, that reaches these cities: Maracás, Planaltino, Jaguaquara, Brejões, Irajuba e Itiruçú. The objective of this work is to determine the Hydrographic potential of the high part of Jequiriçá River Hydrographic Basin, by the study of cover, profundity, flow and static level of bored wells. For reach the objective of this work, graphs and schedules were produced based of the statistic treatment of informations. Moreover a map of geology, map of structure, map of vegetation, and a map of soil were also produced. The examination informations and applied conceptions of hydrology and hydrogeology propitiated qualitative and quantitative valuation of the hydric situation on the high part of Jequiriçá River Hydrographic Basin and your main cities. Key-Words Hydrogeologic Pontential- Hydric situation- Bored wells’ information Lista de Tabelas Tabela 01- Volume de poros e tamanho de partículas em sedimentos. 32 Tabela 02- Disponibilidade Hídrica dos municípios do Alto Jequiriçá. 44 Tabela 03- Espessura da cobertura dos principais municípios do Alto Jequiriçá 45 Tabela 04-As dez maiores vazões do Alto Jequiriçá 48 Tabela 05- Serie Estatística de pluviometria no Alto Jequiriçá. 49 Tabela 06- Sumário Estatístico para toda a região 51 Tabela 07- Analise química média da água dos poços do Alto Jequiriçá. 62 Tabela 08- Analise química média da água dos poços do Alto Jequiriçá, por município 63 Tabela 09- Demanda Hídrica para o ano de 1991. 64 Lista de Figuras Figura 01- Foto da nascente do Rio Jequiriçá, em Maracás 16 Figura 02- Mapa de situação e localização do Alto da Bacia do Jequiriçá 17 Figura 03- Mapa Climático do Brasil 18 Figura 04- Mapa geológico da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá 21 Figura 05- Mapa de solos da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá 25 Figura 06- Mapa de vegetação e uso da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá 27 Figura 07- Ciclo Hidrológico 28 Figura 08- Disposição dos rios temporários e permanentes em relação ao lençol freático 30 Figura 09- Porosidade granular e porosidade fissural 32 Figura 10- Zona de aeração e zona de saturação 33 Figura 11- Posicionamento do aqüífero livre e do aqüífero confinado 34 Figura 12- Linhas Equipotenciais 35 Figura 13- Movimento das águas subterrâneas ao longo de meses, anos e milênios 36 Figura 14- Foto do Rio Jequiriçá próximo a Itaquara-vegetação árida 40 Figura 15- Foto do Rio Jequiriçá a leste de Santa Inês, limite entre o médio e Alto Jequiriçá - vegetação de clima subumido 40 Figura 16- Localização do Poligono da Seca. 41 Figura 17- Mapa Geológico do Alto Jequiriçá 42 Figura 18- Foto de Lajedo Granulitico em Lajedo do Tabocal 43 Figura 19- Foto do granulito com granadas em Lajedo do Tabocal 43 Figura 20- Foto de rocha gnaissica em Lajedo do Tabocal 43 Figura 21- Foto de Cobertura Tercio-Quaternária na estrada para Marcionilio Souza 43 Figura 22- Numero de poços perfurados pela Cerb nos municipios do Alto Jequiriçá. 46 Figura 23- Percentagem dos poços perfurados secos ou com vazões insuficientes 47 Figura 24- Frequencia de vazões em toda a região, em metros cúbicos por hora 48 Figura 25- Comportamento pluviometrico no Alto Jequiriçá De 1964-1999. 50 Figura 26- Evolução temporal da profundidade para toda a região 52 Figura 27- Evolução temporal do nível estatíco para toda a região 52 Figura 28- Evolução temporal da vazão para toda a região 52 Figura 29- Relação entre o numero de poços perfurados e a vazão média no Alto Jequiriçá 53 Figura 30- Percentagem das litologias perfuradas entre os períodos 1973-1977,1978-1982,1983-1987,1988-1992, 1993-1997,1998-2002 54 Figura 31- Profundidade média dos poços perfurados por município. 56 Figura 32- Nível Estático médio dos poços perfurados por município. 56 Figura 33- Vazão média dos poços perfurados por município 57 Figura 34- Evolução temporal, por município da profundidade 58 Figura 35- Evolução temporal, por município do nível estático 59 Figura 36- Evolução temporal, por município da vazão 60 Sumário 1.0-Introdução 14 2.0-Localização e acesso 16 3.0-Caracterização do Meio Físico 17 3.1-Clima 17 3.2-Geologia 18 3.2.1-Complexo Jequié 19 3.2.2-Coberturas Detriticas 19 3.3-Geomorfologia 22 3.4-Solos 23 3.5-Vegetação 26 4.0-Recursos Hídricos 28 4.1.0-Águas Superficiais 4.1.1-Tipos de cursos d’água 4.2.0-Águas Subterrâneas 29 29 30 4.2.1-Porosidade e Permeabilidade 31 4.2.2-Disposição da água em subsuperficie 33 4.2.3-Fluxo da água no subsolo 35 4.2.4-Parâmetros Hidrogeológicos 37 4.2.5-Perfuração de poços e seus parâmetros 37 5.0- Hidrogeologia no Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá 40 5.1-Aspectos Gerais 40 5.2-Os Aqüíferos 44 5.3-Poços Perfurados no Alto Jequiriçá 45 5.4-Precipitação no Alto Jequiriçá 49 5.5-Tratamento Estatístico dos dados dos poços da Bacia 50 5.6-Analise dos parâmetros por Município 55 6.0-Hidroquímica dos poços perfurados na Bacia 60 7.0-Conclusões e Recomendações 62 8.0-Referencias Bibliográficas 66 9.0-Anexos 67 14 Introdução Diversas ciências ocupam-se do estudo da água da Terra, dentre elas destacam-se a geologia, hidrologia, meteorologia e a oceanografia. A hidrologia das águas subterrâneas pode ser encarada como uma ciência que combina elementos de geologia, hidrologia e mecânica dos fluidos. A geologia governa a ocorrência e a distribuição das águas subterrâneas, a hidrologia se ocupa do estudo mais amplo, inter-relacionando a ocorrência de água nos vários compartimentos, rios, lagos, solo e subsuperficie, e a mecânica dos fluidos explica o seu movimento. Para Todd (1967), a hidrologia de águas subterrâneas pode ser definida como a ciência da ocorrência, distribuição e movimento da água abaixo da superfície da terra. O aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos antigos. O Velho Testamento contem numerosas referencias à águas subterrâneas, poços e nascentes. Tolman (1937) descreveu os grandes túneis de águas subterrâneas, ou “canats”, na Pérsia e no Egito datando de 800 A.C. As obras de filósofos gregos e romanos para explicar a origem das nascentes e das águas subterrâneas contem teorias que variam de fantasiosas a considerações quase corretas. Até o século dezessete, admitia-se geralmente que a água que brotava das nascentes não podia ser proveniente das chuvas, porque se acreditava que a quantidade era inadequada, e a terra, excessivamente impermeável para permitir a penetração de água de chuva muito abaixo da superfície. Assim, os antigos filósofos como Homero, Tales e Platão, formulavam hipóteses de que as nascentes fossem formadas por água do mar conduzida através de canais subterrâneos para baixo da montanha, depois purificada e levantada até a superfície por processo de vaporização e condensação dentro da terra. As teorias gregas persistiram ao longo da Idade Média, sem avanço até o fim da Renascença. Entretanto, o oleiro e filósofo francês Bernard Palissy (1510-1589) reiterou a teoria da infiltração em 1580, iniciada pelo romano Vitrúvio séculos atrás. Esta idéia só se confirmou no final do século dezessete quando o francês Edmé Mariotté (1620-1684) mediu a precipitação do rio Sena em Paris e verificou que a precipitação na bacia era seis vezes a descarga do rio. 15 No século dezoito foi introduzida os fundamentos da geologia nos estudos das águas subterrâneas. E na metade do século dezenove o francês Henry Darcy (1803-1858) definiu a relação, conhecida como Lei de Darcy, que governa o fluxo das águas subterrâneas na maioria das formações aluvionais e sedimentares, utilizada até os dias de hoje. Segundo Feitosa & Filho (1997), hidrologia é a ciência que estuda as águas em superfície e Hidrogeologia é a ciência que estuda a ocorrência, movimentação e distribuição da água em subsuperficie. O estudo da hidrogeologia constitui, hoje, uma grande importância para o abastecimento de água de populações, indústrias, propriedades rurais, entre outros. Isso porque as águas subterrâneas representam, segundo Teixeira et al. (2000), 97% da água doce líquida do planeta. As águas de subsuperficie são encontradas em reservatórios acumulando-se em fraturas ou em poros, proveniente da água precipitada e posteriormente infiltrada no solo. Estes reservatórios recebem o nome de aqüíferos, os quais podem ser granulares, cársticos ou fissurais. A unidade geográfica definida como a área de captação de água de precipitação, demarcada por divisores topográficos, onde toda a água captada converge para um único ponto de saída, o exutório recebe o nome de Bacia Hidrográfica. (Teixeira et al, 2000). A Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá está localizada no centro leste do Estado da Bahia e tem como geologia dominante rochas cristalinas. O estudo a se realizar nesta Bacia, em especial, na sua parte alta, tem como objetivo analisar e avaliar o potencial hídrico da região, bem como o comportamento dos aqüíferos e a qualidade da água extraída dos poços perfurados. Para tanto, serão desenvolvidos estudos e investigações geológicas, geofísicas e hidrogeologicas bem como estudos sobre a qualidade das águas. 16 2. 0- Localização/ Acesso O Rio Jequiriçá tem uma extensão de aproximadamente, 200Km, percorrendo a parte centro-leste do Estado da Bahia, desde sua nascente no município de Maracás (coordenadas 345187 E e 8513540 N) até desaguar no Oceano Atlântico no município de Jaguaripe. A área objeto deste estudo engloba apenas a parte alta da Bacia. Localizado na Região Econômica do Recôncavo Sul a parte alta da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá, conhecida como Alto Jequiriçá, nasce no município de Maracás e vai até aproximadamente, os municípios de Santa Inês e Brejões. Os municípios que são banhados pelo rio Jequiriça e que constituem o Alto de sua Bacia Hidrográfica são: Santa Inês, Brejões, Itaquara, Jaguaquara, Itiruçu, Cravolândia, Maracás, Nova Itarana, Lajedo do Tabocal, Planaltino, Irajuba, Iatim, Santa Terezinha, Iaçu e Milagres. Segundo o Plano Diretor do Recôncavo Sul, 1997, as principais vias de acesso são a BR-101, que corta a área no sentido N-S a leste; BR-420 que liga a primeira com a BR-116 a oeste. Esta última corta a área também no sentido N-S. Da Br-116 segue-se pela BA-250 até Maracás, no extremo oeste da área. Entretanto, o acesso local é feito por estradas carroçáveis em áreas de fazendas. Figura 01- Nascente do Rio Jequiriçá, em Maracás. 17 18 3.0- caracterização do Meio Físico 3.1- Clima O mapa de clima do Brasil (Figura 02) mostra que a Bahia apresenta uma grande variação de temperatura, variando de 20º até mais de 25º. O clima na parte Alta da Bacia do Jequiriçá varia de Semi-árido a Subúmido, predominando o primeiro tipo. Todos os 25 municípios, nesta parte da bacia estão inseridos no Polígono das Secas. Sendo que, a temperatura varia de 14ºC até 28ºC. A pluviosidade anual varia de 350mm até 2000mm, sendo o período de máxima pluviosidade de novembro a março. O período seco pode se estender a 5 meses no planalto de Jaguaquara e até 9 meses na região próxima a Milagres. (PDRH Recôncavo sul) Figura 02- Mapa climático do Brasil Fonte: INMET1 1 Instituito Nacional de Meteorologia 19 3.2- Geologia No Alto Jequiriça a geologia apresenta duas grandes feições: Rochas do Embasamento de idade Arqueana, constituído por rochas charnockiticas, gnaisses e granitóides presentes nos Complexos de Jequié e coberturas arenosas detríticas de idade Tercio Quaternária. Complexo Jequié O Complexo Jequié apresenta uma extensão contínua desde a região de Jequié, com prolongamento para sul até Poções, e para norte passando por Milagres, até cercanias de Feira de Santana. O Complexo Jequié é composto por diversos litotipos, sendo estes representados principalmente por rochas metamórficas de fácies granulito, metatexitos, diatexitos, gnaisses quartzo feldspáticos e granada biotita gnaisse. Formações ferríferas, mármores, rochas calcossilicáticas, gnaisses khondalíticos e anfibolitos ocorrem em quantidades subordinadas. As rochas granuliticas estão representadas por piriclasitos, gnaisses charnockíticos, charnoenenderbítico e gnaisses enderbiticos. Os Quartzitos ocorrem de forma subordinada, apresentando alguns afloramentos nas cercanias de Santa Inês e na serra do Cafungó. Todas as rochas foram afetadas por, pelo menos dois episódios de deformação dúctil e experimentaram o mesmo episódio metamórfico, com temperaturas da ordem de 840ºC e pressões de até 7 Kbar( Barbosa ,1990 apud Almeida et al., 2002) Estes processos tecto/metamórficos ocorreram durante o Ciclo Geotectônico Transamazônico( Ledrud et al.,1994 apud Barbosa e Dominguez, 1996). ( Tassinari et al,1981) Coberturas Detríticas Estas coberturas estão ligados ao ciclo de aplainamento do final do Fanerozóico, distribuindo-se nas superfícies elaboradas por estes ciclos. Segundo Ghignone (1979), os sedimentos fanerozóicos constituem as coberturas atuais que ocupam grandes áreas do interior do Estado da Bahia, tais como nos extensos planaltos terrígenos de Poções-Vitória da Conquista-Belo Campo e Jaguaquara-Maracás. 20 As coberturas presentes em cotas acima de 1000 metros são relacionadas ao Ciclo de Aplainamento da América do Sul (TQd1), enquanto aquelas que se encontram abaixo desta altitude estão relacionadas ás superfícies de aplainamento Velhas e/ou Paraguaçu( TQd2). Na Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriça predominam as coberturas acima de 1000 metros de altura, ou seja, TQd1. Esta unidade é composta por depósitos essencialmente arenosos, de granulação média e em geral subarredondados. Encontra-se sobre o embasamento cristalino representada por uma capa de material amarelado, conglomerático, detrítico, mal consolidado, contendo lentes finas de arenito e conglomerados quartzozos, horizontalmente estratificados. As coberturas TQd2 também ocorrem de forma subordinada. Esta é composta por um material de origem residual, havendo em alguns casos evidências de deposição de conglomerados e camadas argilosas. Na maior parte dos casos, a composição do material residual é síltico-argiloso, com grãos de quartzo esparsos, angulosos, evidenciando a sua origem in situ. ( Tassinari et al, 1981) 21 22 3.3- Geomorfologia A geomorfologia da área de estudo é composta basicamente por três unidades: (i) Planalto dos Geraizinhos; (ii) Maciço Central; (iii) Serras Marginais. (i)- Planalto dos Geraizinhos Nesta unidade a altimetria é sempre superior a 500m, encontrando-se de um modo geral, entre 600m e 1000m. Se caracteriza por extensas áreas de topografia tabular, constituídas por depósitos detríticos do Terciário e do Quaternário. As formas de relevo de ocorrência mais generalizada são planos inclinados. As vertentes são ligeiramente convexo- côncavas com 5º de inclinação. (ii)- Maciço Central Nesta unidade predominam altitudes que variam de 300 a 700m, mas ocorrem topos residuais de até 1200m e no fundo dos vales as cotas atingem 120m. Esta unidade, caracteriza-se por um modelado bastante uniforme, com a reocorrência de formas convexizadas de grande porte, que corresponde a uma dissecação estrutural levada a efeito por canais de drenagem controladas por tectônica. O intenso fraturamento é o traço mais marcante deste compartimento geomorfologico e representa seu principal fator de individualização. Os interflúvios constituem morros alongados, de vertentes arredondadas e topos assemelhando-se por vezes a barras residuais ligeiramente aplainadas. (iii)- Serras Marginais Esta unidade encontra-se, de modo geral, acima de 400m de altitude, principalmente, entre 600 e 1000m. Ocorrem, no entanto, áreas mais deprimidas localizadas em torno de 100 m, e elevações residuais com até 1200m de altitude. A intensa dissecação do relevo e seu alinhamento ao longo de sulcos profundos orientados aproximadamente no sentido SSO-NNE e NO-SE dão a esta unidade seu aspecto mais peculiar no conjunto dos relevos dos planaltos cristalinos. 23 Os interflúvios apresentam-se sempre alongados, acompanhando a rede de drenagem, que por sua vez é em grande parte controlado por estrutura. As vertentes apresentam-se convexas e até retilíneas, passando por feições irregulares e mistas, como a combinação dada por perfis convexo-côncavos ou convexos retilíneos. Tais relevos constituem desde colinas com elevações menores que 50m, até morros com mais de 150 metros. ( Tassinari et al, 1981) 3.4- Solos Os solos constituem a camada superior da superfície. São formados através da ação de um ou de todos os cinco fatores de formação: Geologia, clima, organismos, relevo e tempo. No alto Jequiriça foram identificados, pelo menos cinco tipos de solos: Argisolos, Cambisolos, Espodosolos, Latosolos e Planosolos. ( Tassinari et al, 1981) Argisolos São solos minerais com horizonte B textural, imediatamente abaixo dos horizontes A e E. A textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte B, onde o teor de argila é mais concentrado. Possuem profundidades variadas, coloração variando de avermelhada a amarelada sendo forte a imperfeitamente drenada. Cambisolos Compreendem solos minerais não hidromórficos, com horizonte B incipiente ou cambico. Apresenta profundidade mediana e drenagem moderada a forte. Morfologicamente, apresenta seqüência de horizontes A, B e C. São solos moderadamente desenvolvidos, com granulometria variando de média à fina, estrutura fracamente desenvolvida e coloração variando de bruno amarelado a escuro e bruno escuro 24 Espodosolos São solos minerais hidromórficos, com horizonte B espódico, imediatamente abaixo do horizonte eluvial (E ou A). Apresentam granulometria fração areia grossa, profundidade e drenagem bastante variáveis, e nítida diferenciação dos horizontes A ou E, B e C. Latossolos Compreendem solos minerais não hidromórficos, com horizonte A fraco a moderado e horizonte B latossolico. São constituídos de quartzo e óxidos de ferro e alumínio, argila de baixa mobilidade e minerais resistentes ao intemperismo. Tem seqüência A, B e C com pouca diferenciação de horizontes, e transições graduais. São solos altamente intemperizados, profundos e evoluídos, variando de fortemente a bem drenados. No Alto da Bacia do Jequiriça predomina a ocorrência de Latossolos Vermelho-Amarelado. Planosolos Compreendem solos hidromórficos ou não, podzoliados, caracterizados pela mudança textural abrupta entre o horizonte A, arenoso e extremamente lavado e o horizonte B, com um elevado teor de argila e com alto grau de compactação; o que confere a esta classe de solo uma drenagem deficiente. 25 26 3.5- vegetação e uso do solo A Bacia Hidrográfica do Jequiriçá apresenta uma grande diversidade vegetal condicionada por vários fatores, tais como: geologia, geomorfologia, altimetria, solos e clima. A figura 6 apresenta um mapa com a distribuição dos principais tipos de vegetação e uso do solo. Na zona costeira ocorre a vegetação do tipo restinga, herbácea-arbustiva e resticios de Mata Atlântica. No trecho médio da bacia predomina a vegetação do tipo Sub-caducifólia e Caducifólia, dependendo da extensão do período seco (Oliveira et al., 1997). A Caatinga ocorre no trecho médio/superior da bacia, onde se encontra bastante alterada, com a substituição de espécies vegetais nativas por pastagens e plantações, principalmente de maracujá. Destaca-se na parte alta da bacia o município de Maracás pela produção flores, sendo conhecida à cidade das flores. 27 28 4.0- Recursos Hídricos Na compreensão dos recursos hídricos, inicialmente, é necessário conhecer o funcionamento do ciclo das águas ou ciclo hidrológico e seus possíveis destinos. As informações retiradas por Teixeira et al. (2000), apontam para o seguinte caminho das águas: Inicia-se com o fenômeno da precipitação meteórica, que representa a condensação de gotículas a partir do vapor de água presente na atmosfera, dando origem à chuva. Parte da precipitação retorna à atmosfera por evaporação direta durante seu percurso em direção à superfície terrestre. Esta fração evaporada junta-se ao vapor de água formado sobre o solo e liberado pelos organismos (evapotranspiração). Uma vez atingindo o solo, as gotículas de água podem infiltrar ou escoar. No primeiro caso, depende do material da cobertura de superfície. A água de infiltração, guiada pela força gravitacional, tende a preencher os vazios no subsolo, seguindo em profundidade, onde abastece o corpo de água subterrânea. O segundo caso ocorre quando a capacidade de absorção da água pela superfície é superada pelo excesso de água, impulsionada pela gravidade para zonas mais baixas. O ciclo hidrológico pode ser visualizado na figura 07 abaixo. Fonte: Teixeira et al. (2000) Figura 07- Ciclo das águas 29 4.1.0- Águas superficiais Segundo Chiossi (1983), no estudo das águas superficiais, dos rios e das bacias hidrográficas, é importante compreender o problema da precipitação pluviométrica. A quantidade de água precipitada sobre a superfície da Terra é influenciada essencialmente por condições climatológicas, uma vez que os ventos podem carregar o vapor d’água dos locais de evaporação para regiões onde a temperatura favoreça sua condensação e precipitação. Dessa maneira, a quantidade de chuvas é distribuída desigualmente pela superfície da Terra. No Brasil, por exemplo, os índices máximos estão localizados na Serra do Mar (Via Anchieta) com 4m/ano, enquanto no Nordeste os índices são inferiores a 500mm/ano. É importante lembrar que a quantidade de chuva necessária para a existência de uma rede hidrográfica, com escoamento contínuo, varia com o clima. Assim, na Rússia,com clima frio, são necessárias precipitações anuais de apenas 300mm, enquanto em climas tropicais, com valores menores do que 600mm a 700mm, não é possível a existência de uma rede fluvial perene. A água que escoa pela superfície da Terra, como conseqüência das chuvas, das geadas ou das fontes, normalmente constitui filetes e enxurradas, que, por uma associação sucessiva com outros, formam os córregos, riachos, ribeirões e rios. Chiosse (1983) ainda diz, que quando se pretende estudar a hidrologia ou geologia da área de um determinado curso d’água, é comum esses estudos se referirem à bacia de drenagem deste curso. Uma bacia de drenagem representa a área total drenada por um curso d’ água e seus tributários. De tal maneira que, toda água que atinge a área de drenagem na forma de precipitação não é devolvida à atmosfera pelos processos de transpiração e evaporação e não escapa subterraneamente às bacias vizinhas ou ao oceano, é escoada através do curso d’água principal da bacia. 4.1.1- Tipos de Cursos D’Agua Segundo Chiosse (1983), os cursos d’água podem ser efêmeros ou perenes, dependendo da constância do seu escoamento. Esta classificação pode ser aplicada a certos trechos do curso, uma vez que o mesmo pode ser perene na sua parte inferior e efêmero na superior. Um curso d’água 30 efêmero contém água durante e imediatamente após os períodos de chuva, e se for o caso, quando há fusão de neve acumulada na bacia. O lençol freático encontra-se a um nível inferior ao do leito fluvial. Nas regiões úmidas, somente os riachos das cabeceiras são efêmeros, enquanto nas áreas áridas, muitas bacias são drenadas por cursos d’água que se infiltram nos períodos de chuva e não chegam a ser suficientes para elevar o lençol freático até o nível do leito do rio. Um curso d’água perene, em geral, transporta todos os tipos de deflúvio durante a estação chuvosa do ano, quando o lençol freático se encontra acima do nível do leito do rio, cessando seu escoamento após um período de estiagem, de duração suficiente para esgotar o armazenamento subterrâneo, adquirido durante a época chuvosa. Em anos muitos secos, o lençol freático pode não atingir o nível necessário para haver uma descarga de água subterrânea no leito do rio. No caso oposto, de anos muito úmidos, o armazenamento de água, na zona de saturação acima do nível do leito do rio, pode ser suficiente para manter um escoamento fluvial durante um ou mais períodos de estiagem. Fonte: Mestrinho, 2004 Figura 08- Disposição dos rios temporário e permanente em relação ao lençol freático 4.2- Águas subterrâneas Segundo Teixeira et al (2000), constitui-se água subterrânea toda água que ocupa vazios em formações rochosas ou no sedimento. Para estes vazios serem preenchidos deve predominar na superfície o processo de infiltração, para realizar a recarga da água no subsolo. Todavia, existem cinco fatores que influem na infiltração das águas superficiais: cobertura vegetal, topografia, precipitação, ocupação do solo e o substrato rochoso. 31 A Cobertura Vegetal favorece a infiltração pelas raízes que abrem caminho para a água descendente no solo, retarda a chegada da água no solo, através da interceptação, sendo o excesso lentamente liberado para a superfície por gotejamento e em ambientes densamente florestados, cerca de 1/3 da precipitação evapora antes de atingir o solo. A Topografia precisa ser suavemente ondulada ou plana, tornando o escoamento superficial pouco veloz ou nulo, favorecendo a infiltração. A Precipitação é fator decisivo no volume de recarga da água subterrânea. Distribuída ao longo do ano possibilita uma infiltração maior, sendo que a velocidade de infiltração acompanha o volume precipitado. Caso contrario, chuvas torrenciais favorecem o escoamento superficial direto, pois a taxa de infiltração é inferior ao grande volume de água precipitada em curto intervalo de tempo. A Ocupação do solo através da urbanização e desmatamento constitui um grande problema no processo de recarga das águas subterrâneas. Nas áreas urbanas, as construções e pavimentações impedem a infiltração, enquanto nas áreas rurais a exposição de vertentes, através de plantações sem terraceamento e a compactação dos solos causada pelo pisoteamento dos animais constituem as grandes barreiras à infiltração. O tipo de material rochoso também é um fator importante no processo de infiltração da água. Materiais porosos e permeáveis como sedimentos arenosos e rochas cristalinas muito fraturadas ou porosas favorecem o processo de infiltração. Em contrapartida, rochas argilosas e rochas cristalinas pouco fraturadas dificultam o referido processo. 4.2.2- Porosidade e Permeabilidade A porosidade é uma propriedade física definida pela relação entre o volume dos poros e o volume total de certo material. Esta pode ser classificada em primaria e secundária. A porosidade primaria é gerada juntamente com o sedimento ou rocha, sendo caracterizada nas rochas sedimentares pelos espaços entre clastos e grãos (porosidade intergranular - figura 09.1). A 32 porosidade secundaria se desenvolve após a formação de rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares, por fraturamento ou falhamento durante sua deformação (porosidade de fraturas Figura 09.2). Um tipo especial de fraturas secundárias se desenvolve em rochas solúveis como calcários e mármores através de vazios por dissolução, caracterizando a porosidade cárstica. Fonte: Mestrinho,2004 Figura 09- 1.Porosidade granular e 2. porosidade em rochas cristalinas A permeabilidade constitui-se o principal fator que determina a disponibilidade de água subterrânea devido a sua capacidade em permitir o fluxo de água através dos poros. Para que haja permeabilidade é preciso que os poros tenham tamanho de até 0,3 mm (vide tabela abaixo) e que haja conexão entre eles. Tabela 01- Volume de poros e tamanho de partículas em sedimentos. Material Tamanho das Porosidade em % Permeabilidade Partículas em mm Cascalho 7 a 20 35,2 Muito alta Areia Grossa 1a2 37,4 Alta 0,3 42 Alta à média 0,04 a 0,006 50 a 80 Baixa a muito Baixa Areia fina Silte e argila Fonte: Teixeira et al (2000) 33 4.2.3 Disposição da água em subsuperficie. Para Feitosa & Filho (1997), as águas subterrâneas são o fruto do processo de infiltração das águas de chuva no solo e nas rochas. Estas águas têm sua distribuição vertical dividida em duas regiões: A zona não saturada ou de aeração e a zona saturada. A primeira situa-se entre a superfície freática e a superfície do terreno (fig 10) e nela os poros estão parcialmente preenchidos por gases (ar e vapor d’água) e por água. O segundo fica situado abaixo da superfície freática2 e nela todos os vazios existentes no terreno estão preenchidos por água. Fonte: Feitosa & Filho (1997) Figura 10- Zona de aeração e zona de saturação A natureza e distribuição da água no subsolo são controladas pela litologia, Estratigrafia e estruturas das formações geológicas. A Litologia está relacionada com a composição mineralógica, distribuição e tamanho dos grãos e com a compactação dos sedimentos. A Estratigrafia usa relações geométricas e cronológicas entre os vários elementos estratigráficos (Camadas, formações, lentes, discordâncias e etc.). E as estruturas são características geométricas produzidas por deformação (Falhas, fraturas, dobras, etc.). Após a infiltração a água é armazenada em unidades rochosas ou de sedimentos, porosos e permeáveis que transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada 2 Lugar onde a água é submetida à pressão atmosférica em uma superfície real na qual a pressão de referencia é p= 0. 34 pela sociedade, chamados de aqüíferos (Teixeira et al, 2000). Os aqüíferos segundo Feitosa & Filho (1997), são classificados em Livres e Confinados. Fonte: Rebouças, 1996. Figura 11- Posicionamento do aqüífero Livre e do aqüífero confinado. O aqüífero Livre é aquele cuja superfície hidrostática no interior do aqüífero coincide com o topo da camada saturada. E todos os pontos da superfície Hidrostática estão unicamente, sob pressão atmosférica. O aqüífero confinado é aquele cuja superfície hidrostática está acima da camada saturada em água. A pressão hidrostática do topo da camada saturada será sempre maior que a pressão atmosférica, decorrente do confinamento a que está submetido o aqüífero. Quanto a litologia os aqüíferos podem ser classificados em sedimentares, cársticos e fissurais. O aqüífero sedimentar ou granular está associado a rochas sedimentares de porosidade intergranular como, por exemplo, os arenitos e quartzitos; O aqüífero cárstico está associado às rochas solúveis como calcários e dolomitos; e o aqüífero fissural está associado a rochas duras com porosidade formada por fraturas como granitos e gnaisses. 35 4.2.4- Fluxo da água no subsolo Além da força gravitacional, o movimento da água subterrânea também é guiado pela diferença de pressão entre dois pontos, exercida pela coluna de água sobrejacente aos pontos e pelas rochas adjacentes. Esta diferença de pressão é chamada de potencial da água (potencial hidráulico) e promove o movimento da água subterrânea de pontos com alto potencial, como nas cristas do nível freático, para zonas de baixo potencial, como em fundos de vales. Esta pressão exercida pela coluna de água pode causar fluxos ascendentes de água subterrânea, contrariando a gravidade, como no caso de porções profundas abaixo de cristas, onde a água tende a subir para zonas de baixo potencial, junto a leitos de rios e lagos. A união de pontos com o mesmo potencial hidráulico em subsuperficie define as linhas equipotenciais do nível freático, semelhantes a curvas de nível topográficas. O fluxo de água partindo de um potencial maior para outro menor, define uma linha de fluxo, que segue o caminho mais curto entre dois potenciais diferentes, num traçado perpendicular às linhas equipotenciais (fig 12). (Teixeira et al, 2000). Fonte: Teixeira et al, 2000 Figura 12- linhas equipotenciais Para o fluxo da água subterrânea, necessita-se considerar a inclinação do nível d’ água, a permeabilidade do subsolo e a viscosidade da água. A influencia destes três parâmetros sobre o fluxo da água subterrânea foi investigada e quantificada em laboratório pelo francês Henry Darcy, em 1856, resultando na formulação da lei de Darcy, base da hidrologia de meios porosos. 36 Segundo Fetter (1994), Darcy estudou o movimento da água através de colchões de areia usados para filtrar água. Ele achou que a medida proporcional da vazão da água através do colchão de um dado caráter (natureza, qualidade) é proporcional à diferença da altura da água entre dois pontos finais dos filtros e inversamente proporcional ao comprimento do caminho da vazão (escoamento). Também foi determinado que a quantidade de vazão por escoamento é proporcional ao coeficiente K, que é dependente da natureza do meio poroso. De maneira geral, o movimento da água subterrânea é muito lento quando comparado ao escoamento superficial. Em materiais permeáveis, como areia mal selecionada, a velocidade varia entre 0,5 e 15 cm/ dia, atingindo máximos de até 100 m/ dia em cascalhos bem selecionados sem cimentação. No caso de granitos e gnaisses pouco fraturados, o fluxo chega a alguma dezenas de centímetros por ano. (Teixeira et al, 2000). Lopez Vera, 2005. Fonte: Lopez Vera, 2005. Figura 13- Movimento das águas subterrâneas ao longo de meses, anos e milênios. 37 4.2.5- Parâmetros Hidrogeologicos Para Oliveira & Campos (2004), a potencialidade de um aqüífero no que tange a sua reserva explotável e sua vazão de segurança está relacionada aos seus parâmetros hidrogeologicos, onde os mais representativos são a transmissividade, condutividade hidráulica, coeficiente de armazenamento, porosidade total. Os conceitos destes parâmetros são descritos a seguir segundo Fetter (1994). Transmissividade é a medida da quantidade de água que pode ser transmitida horizontalmente através da unidade de largura pela viscosidade do aqüífero mais baixa que o gradiente hidráulico 1. A transmissividade é o produto da condutividade hidráulica e a espessura do aqüífero (T=K.B). Condutividade Hidráulica é um coeficiente (K) que tem as dimensões de comprimento sobre tempo (L/T) ou velocidade que também pode ser chamado de coeficiente de permeabilidade. Um exemplo que facilita a compreensão da Condutividade hidráulica é dado por Hubbert (1956), ao afirmar que é intuitivamente obvio que um líquido viscoso (espesso), como o óleo, irá se mover mais lentamente que a água que é mais fina e tem uma viscosidade menor. Coeficiente de Armazenamento é o volume de água que pode ser absorvido ou expelido em uma unidade de área igual a camada saturada. Porosidade Total é a percentagem de espaços vazios existentes na rocha sobre o volume total da mesma. 4.2.6- Perfuração de poços e seus parâmetros. Para Todd (1967), um poço d’água é um furo ou cava, geralmente, vertical, escavado no terreno para trazer a água subterrânea até a superfície. O processo de perfuração é composto por uma serie de etapas que se inicia com a fase de locação de poço. Para tanto, faz-se levantamentos bibliográficos, aerofotogrametria, observações em mapas geológicos, hidrogeologicos topográficos e estudos geofísicos. Com isso, determina-se a litologia da rocha a ser perfurada 38 (sedimentar, cristalino, metasedimentar ou calcário) e as áreas mais favoráveis ao armazenamento da água. Posteriormente, desloca-se a sonda ao local locado e começa a perfuração. A depender do tipo de rocha em que se localiza o aqüífero tem-se procedimentos diferenciados de perfuração. Estas diferenças vão desde a profundidade dos poços, passando pela escolha da sonda, espessura dos tubos e o tipo de revestimento. Os geólogos da Embasa3 relataram algumas características dos procedimentos utilizados durante a perfuração de rochas sedimentares e cristalinas: As sondas utilizadas para perfurações em rochas sedimentares são as rotativas, principalmente, e percussoras. Sendo as rotativas utilizadas para perfuração de poços profundos, variando em torno de 100 a 500 metros de profundidade, ou mais a depender do projeto. Caso a vazão do projeto seja alta (acima de 100m3/h), o poço deverá ter uma câmara de bombeamento de 12” e uma zona de captação de 8” sendo todo revestido com tubo de aço e filtro galvanizado. Um exemplo deste tipo de perfuração é observado na cidade de Luis Eduardo Magalhães, onde foi perfurado um poço tubular profundo de 315 m na Formação Urucuia. As sondas percussoras são utilizadas em perfurações de poços mais rasos de até 150m de profundidade. Nas rochas metassedimentares, cristalinas e calcarias são utilizadas sondas rotopneumaticas, principalmente e percussoras. As rotopneumaticas são mais utilizadas, pois podem perfurar um poço em até um dia, enquanto as percussoras levam de 15 a 30 dias. Nestes tipos de rochas as partes alteradas são revestidas com tubos geomecanicos ou com tubos de aço, caso haja água, nesta, usa-se filtro no contato da rocha alterada com a rocha sã, colocando-se e prefiltro. Após a completação da parte alterada, fura-se na rocha sã de 70 a 150m de profundidade, até atingir fraturas. Como exemplo, poços perfurados nos quartzitos em Brotas de Macaúbas e Palmas de Monte Alto, atingiuse130 metros e vazão superior a 30 mil litros/h. Os principais parâmetros analisados ao se construir a situação de um poço são: O Nível Estático, que é o nível de equilíbrio da água no interior do poço, com o aqüífero em repouso, ou seja, antes do bombeamento; o Nível Dinâmico que é o nível da água no interior do poço, em um tempo qualquer, durante um bombeamento; o Rebaixamento, que é a diferença entre o NE e o ND; o Cone de depressão, que é a zona de descompressão em forma de cone invertido, que se forma ao redor de um poço em bombeamento; e a vazão, que é a relação entre o volume de água e o tempo que ela é bombeada. 3 Geólogos Antonio Ribeiro, Antonio Carlos Lago e Luciano Viana da Empresa Baiana de Água e Saneamento. 39 Segundo os geólogos da Embasa, todos os parâmetros vistos acima são obtidos após teste de bombeamento com duração média de 24 horas. A partir deste bombeamento pode-se definir com exatidão a vazão de explotação do poço e o local onde a bomba será posicionada. Assim, o poço entra em funcionamento. 40 5.0- Hidrogeologia do Alto da Bacia do Rio Jequiriça. 5.1- Aspectos Gerais A Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá4 abrange uma área de 6900 Km2, com 25 municípios, sendo 15 na parte alta da Bacia. Dentre estes estão, Planaltino, Santa Inês, Lajedo do Tabocal, Maracás, Jaguaquara, Itaquara, Itiruçú, Brejões e Nova Itarana. Na área total da Bacia, as precipitações atingem uma média anual de 800mm, com uma media de 600mm na parte do Alto Jequiriçá e 1000mm no médio e baixo curso. Esta variação pluviométrica evidencia a diferença climática existente ao longo desta Bacia. No alto curso, o período chuvoso vai de novembro a janeiro, e o clima varia de semi-árido a sub-úmido, predominando o semi-árido, inclusive com todos municípios incluídos no Polígono da Seca (figura 16). A Temperatura média anual atinge 21,28ºC. Figura 14- Rio Jequiriçá, próximo a Itaquara, vegetação mais Figura 15- Rio Jequiriçá, a leste de Santa Inês, limite entre o árida. Alto e médio Jequiriçá, vegetação de clima mais úmido. A climatologia de caráter árido reflete no potencial hídrico no alto curso da Bacia. Nesta área, mais da metade dos poços perfurados são secos (53%). Os poços com água geralmente apresentam baixas vazões com médias de 4m3/h e a análise laboratorial revela uma alta salinidade. 4 Dados retirados do Consórcio Jequiriçá e da CEI (Centro de Estatística e Informação). 41 A água de superfície é restrita a alguns rios permanentes como o Jequiriçá. Os aqüíferos da região são controlados por estruturas, falhas e fraturas, dominando assim, o meio fissural. Este tipo de aqüífero é reflexo da geologia predominante - rochas cristalinas. Os aqüíferos de meio poroso (granular/fissural) são raros, haja vista, a espessura da cobertura atingir em média 10,23 metros. Entretanto, os poços perfurados neste domínio apresentam uma alto percentual produtivo, em decorrência da maior permeabilidade e conseqüente capacidade de infiltração de água que as coberturas arenosas possuem. Figura 16- Localização do Polígono da Seca A figura 17 mostra o mapa geológico do Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá. O mapa aponta para três litologias dominantes: Charnokitos, Augen Charnokitos e as coberturas TercioQuaternárias. Também se verifica a presença dos poços perfurados pela CERB5 na região, principalmente na parte sul, e de linhas estruturais. 5 Companhia de Engenharia Rural da Bahia 42 43 As figuras de 18 a 21 mostram alguns afloramentos de rochas observados na região. Figura 18- Lajedo de Granulito atrás de uma lagoa em Figura 19- Granulito com granadas, localizada no mesmo Lajedo do Tabocal nas coordenadas 366807 e 8510366. Lajedo, nas mesmas coordenadas em Lajedo do Tabocal. Figura 20- Rocha gnáissica, localizada em Lajedo do Figura 21- Cobertura Tercio-Quaternária localizada na Tabocal, nas coordenadas 389959 e 8523658. estrada para Marcionilio Souza, nas coordenadas 339269 e 8522024. Os reservatórios de água que predominam nas cidades e principalmente na zona rural são barragens, açudes e aguadas que se concentram no fundo dos vales. Aliado à situação de seca, às condições sócias econômicas com PIB per capita inferior a R$ 1800, 00 e ao crescente aumento da população na região, segundo o IBGE, torna-se necessário um melhor aproveitamento da água de subsuperfície. 44 A tabela 02 mostra a disponibilidade hídrica para a região, destacando-se os municípios de Brejões pela maior média pluviométrica, Maracás pela maior extensão territorial, Nova Itarana pela maior vazão média e Itiruçu por apresentar maior espessura de cobertura, segundo os poços perfurados. Tabela 02- Disponibilidade Hídrica dos municípios do Alto Jequiriçá Área (Km2) Precipitação media(mm) Vazão média (m3/h) Cobertura (m) 416 1018 2,61 9,31 1,99 1,63 1,61 8,4 Itiruçú 5,06 38,64 Jaguaquara 2,39 13,17 Lajedo do Tabocal 2,16 11,2 Municípios Brejões Irajuba Itaquara 176 582 Maracás 2560 897 4,38 2,35 Nova Itarana 309 548 5,11 9 Planaltino 1137 700 3,27 5,55 Santa Inês 289 628 1,57 3,0 5.2- Os aqüíferos Na parte alta da Bacia do Rio Jequiriçá o aqüífero fissural abrange, aproximadamente, 86,3% dos aqüíferos da região, o granular 7,5%, dos aqüíferos da região e o aqüífero granular/fissural compreende 6,3 %. O aqüífero fissural é característico, pois, a geologia da região é constituída por rochas cristalinas como gnaisses e charnokiticos e portanto a água de subsuperfície encontra-se inserida nas fraturas destas rochas. Segundo dados de campo, as principais direções de fraturas são N45 e N350. O mapa geológico do Alto Jequiriça (figura 17), mostra que a região engloba uma área altamente deformada apresentado dobras abertas e fechadas, caracterizando fases deformacionais diferenciadas, cujas principais drenagens ocorrem acompanhando as estruturas no flanco, perpendicular ao flanco e principalmente nas charneiras das dobras. 45 O aqüífero sedimentar ocorre apenas, em alguns municípios, cuja espessura da cobertura é mais espessa, como por exemplo no município de Itiruçú. De forma geral, a cobertura constituída de sedimentos arenosos e eventualmente, argilosos é fina atingindo em média 8,5 metros, assim como os solos que atigem no máximo 3 metros de espessura. È importante salientar, que estas espessuras foram medidas a partir dos perfis dos poços perfurados (vide tabela abaixo). Tabela 03- Espessura da cobertura dos principais municípios do Alto Jequiriçá. Município Cobertura Solo Sedimentos Espessura total da areno-argilosos cobertura Brejões 2,15 m 7,15 m 9,31 m Irajuba 1,3 m 0,5 m 1,63 m Itaquara 1,2 m 7,2 m 8,4 m Itiruçú 1,5 m 37,14 m 38,64 m Jaguaquara 0,83 m 12,33 m 13,17 m Lajedo do Tabocal 1,6 m 9,6 m 11,2 m Maracás 1,87 m 0,48 m 2,35 m 4m 5m 9m Planaltino 1,73 m 3,82 m 5,55 m Santa Inês 1,5 m 1,5 m 3,0 m 1,77 m 8,47 m 10,23 m Nova Itarana MÈDIA 5.3- Poços Perfurados no Alto Jequiriçá A perfuração de poços nesta região se dá, principalmente, através de perfuradora tipo Rotopneumática6, devido a geologia cristalina predominante. Segundo dados da CERB, os municípios onde mais foram perfurados poços, no Alto do Jequiriça, foram em Maracás, principal cidade da região e Itiruçu, município com maior cobertura sedimentar. Em 6 Sonda com BIT de perfuração acionada por um compressor. 46 contrapartida, em Amargosa e Nova Itarana só existem dois e quatro poços perfurados, respectivamente. 57 60 50 Nº poços 40 29 30 20 28 25 19 15 13 7 10 21 18 12 10 5 7 4 9 5 2 0 Amargosa S. miguel Sta terezinha Sta ines Planaltino N. Itarana Mutuípe Milagres Maracás Lajedo Tab L.Couti Jaguaquara Itiruçu Iatim Itaquara Irajuba Iaçu Brejoes municípios Figura 22- Numero de poços perfurados pela Cerb nos municípios do Alto Jequiriça. Estas e outras cidades da região sofrem com o problema de abastecimento de água, principalmente, devido à baixa precipitação que ocorre na região. Tal fato é observado nos povoados e cidades que compõem o Alto Jequiriça, com o baixo aproveitamento dos poços perfurados, predominando poços secos e/ou com vazões insuficientes, conforme pode ser observado na figura 23. 47 percentual 60 80 69 80 67 47 52 40 29 40 46 53 42 29 28 16 20 56 48 40 0 0 0 Amargosa S. miguel Sta terezinha Sta ines Planaltino N. Itarana Mutuípe Milagres Maracás Lajedo Taboc. L.Couti Itiruçu Jaguaquara Iatim Itaquara Irajuba Iaçu Brejoes municípios Figura 23- Percentagem de poços perfurados secos ou com vazões insuficientes Os poços aproveitáveis, geralmente possuem baixas vazões. A metade dos poços que não são secos possui uma vazão entre 0 e 2 metros cúbicos por hora, como pode ser visto na figura 24. Observa-se também o baixíssimo número de poços com vazões acima de 10 metros cúbicos. De modo geral, pelas informações da Cerb, dos dez poços com maiores vazões na região três estão localizados em Itiruçú e quatro em Maracás, sendo que, a vazão máxima alcançada é de 15,22 m3/h, como visto na tabela 04. Entretanto, segundo a Embasa foram perfurados em Maracás, no ano de 2003, dois poços tubulares na localidade da Baixa Funda, cuja vazão foi superior a 30m3/h. 48 50 45 45 38 40 Frequência (N) 35 30 25 18 18 20 15 10 10 9 3 4 8- 9m 5 7- 8m 6 2 3 2 3 3 2 0 14- 15m 13- 14m 12- 13m 11- 12m 10- 11m 9- 10m 6- 7m 5- 6m 4-5m 3- 4m 2- 3m 1- 2m 0- 1m Intervalo de vazões em m3/h Figura 24- Freqüência de vazões, em toda região, em metros cúbicos por hora. Tabela 04- As 10 maiores vazões do Alto Jequiriça. Município Localidade Coord Eo Coord Ns Vazão(m³/h) ITIRUÇU SEDE 400756 133121 10,72 ITIRUÇU SEDE 400816 133105 12,16 ITIRUÇU SEDE 400755 133155 13,39 MARACÁS AGUA BRANCA 404020 134324 12,38 MARACÁS CACHOEIRINHA 403118 134546 13,17 MARACÁS CIRIGADO 402802 131649 15,22 MARACÁS FAZ. SANTO ANTÔNIO (JOSÉ) * 401704 132032 14,11 MUTUÍPE FAZ. CAPELINHA DE SÃO JOSÉ (JOSÉ) * 392714 131605 11,98 MUTUÍPE SERRA DO RATO 393155 131259 12,74 401114 131643 14,94 PLANALTINO ASSENT.SÃO DIOGO UM OU (ANGÉLICA) Fonte: CERB 49 5.4- Precipitação no Alto Jequiriçá. Segundo Holtz (1965), entende-se por precipitação a água proveniente do vapor d’água da atmosfera depositada na superfície terrestre de qualquer forma como chuva, granizo, orvalho, neblina, neve ou geada. Esta também constitui o fator mais importante para as vazões de poços, haja vista, sua importância como recarregadora dos reservatórios subterrâneos - os aqüíferos. No Alto da Bacia do Jequiriçá, já se informou que a precipitação é baixa, atingindo em média 600mm por ano. As medidas se dão em estações pluviométricas através de aparelhos chamados de pluviográfos. Na parte alta da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá existem poucas estações e a maioria está inativa. Os dados estatísticos abaixo listados são de uma estação desativada desde 1983, localizada no município de Maracás. Com estes dados foi possível projetar valores para os anos subseqüentes e criar um gráfico de pluviosidade. Esta projeção foi elaborada a partir da media da taxa de crescimento do das precipitações entre os anos de 1964 e 1983. Esta média foi de aproximadamente, 2% ao ano. Tabela 05- Serie Estatística de pluviometria no Alto da Bacia do Jequiriçá. Anos Pluviosidade (mm) Anos Pluviosidade (mm) 1964 1207,8 1976 395,7 1965 451,4 1977 721,3 1966 818,4 1978 924,3 1967 461,8 1979 622,1 1968 928,9 1980 950 1969 826,7 1981 560,5 1970 767,2 1982 444,1 1971 1983 564,1 1972 1987* 575,4 1991* 586,9 1995* 598,6 1999* 610,6 1973 530 1974 1975 589 Fonte: Superintendência de Recursos Hídricos * - Dados projetados 50 1400 Precipitação (mm) 1200 1000 800 600 400 200 0 1998 1996 1994 1992 1990 1988 1986 1984 1982 1980 1978 1976 1974 1972 1970 1968 1966 1964 Anos Figura 25- Comportamento pluviométrico no Alto Jequiriçá de 1964-1999. 5.5- Tratamento Estatístico dos dados dos poços do Alto da Bacia do Jequiriçá. Com base nos dados disponíveis, foi realizada uma avaliação preliminar das características do aqüífero considerando-se toda a região. A tabela 06 mostra um sumário estatístico dos parâmetros físicos disponíveis (profundidade, nível estático e vazão). É observado que a distribuição estatística é dada em intervalos de períodos de cinco anos. Existem seis períodos, totalizando 30 anos. Ou seja, os dados utilizados sobre os poços da região variam entre 1973 a 2002. Esta distribuição foi feita com objetivo de diminuir a dispersão do resultado e o conseqüente erro padrão. Este último é definido como a razão entre o desvio padrão e a raiz quadrada do número de dados. A análise dos dados mostrou uma variação muito grande no erro padrão. Curiosamente, o fator N (número de dados) em determinados períodos, apontaram baixos erros para os parâmetros nível estático e vazão, mesmo com o baixo numero de amostras, como é o caso dos períodos de 88-92 e 93-97,. Entretanto, o parâmetro profundidade apresentou erro padrão significativo em quase todos os períodos, atingindo inclusive, no período de 78-82 um erro de 14,25 m. Neste caso, o baixo número de amostragem (8) deve ter influenciado no resultado. O 51 período de 83-87 foi aquele em que se realizaram mais perfurações e, portanto que tem mais dados. Entretanto, seu erro padrão aparece alto nos três parâmetros. Isso mostra que estes dados apresentam uma grande variabilidade. Outro fato relevante na determinação do erro padrão está na diferença de amostras coletadas entre os parâmetros de perfuração e os de nível estático e vazão. Normalmente, há muito mais amostras de poços perfurados do que amostras das medidas de níveis estáticos e vazões. Isso ocorre devido ao baixo aproveitamento dos poços na região, pois apesar de um poço ser perfurado, caso seja seco, não se determinam os parâmetros de nível estático e vazão. Tabela 06- Sumário Estatístico para toda a região Período 73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 98-2002 Parâmetros N Média Des. Padrão Erro Padrão Profundidade 32 50,13 12,82 2,27 Nív. Estático 25 5,32 13,92 2,78 Vazão 22 3,44 13,12 2,8 Profundidade 8 65 40,31 14,25 Nív. Estático 8 9 0,71 0,25 Vazão 7 2,56 3,12 1,2 Profundidade 142 63 55,86 4,68 Nív. Estático 80 5,7 52,54 5,87 Vazão 79 3,37 53,48 6,02 Profundidade 16 61,12 31,90 7,98 Nív. Estático 8 4,19 2,69 0,95 Vazão 8 5,45 1,80 0,64 Profundidade 23 73,23 35,52 7,41 Nív. Estático 9 6,68 1,64 0,55 Vazão 10 2,91 5,01 1,59 Profundidade 58 76,72 13,24 1,74 Nív. Estático 40 3,74 25,64 4,05 Vazão 40 3,28 25,96 4,11 Nos parâmetros analisados verifica-se que entre 1978 a 1992 há um aumento de 106% na vazão dos poços perfurados, saindo de 2,56 m3/h para 5,45m3/h. No período seguinte, houve uma queda significativa e, no último período, um pequeno crescimento alcançando uma vazão média de 52 3,28m3/h. O nível estático apresentou uma queda de 1978 até 1992, saindo de 9m até 4,19m. Nos períodos seguintes, o nível oscilou, subindo entre 1993-1997 e caindo outra vez no ultimo período, de 6,68m para 3,28m. Todavia, com exceção do segundo período, o nível estático se mantém entre três e seis metros. A profundidade apresenta um comportamento quase linear, sempre crescente, alcançando um furo vertical de 53,3m em 1973 e de 76,72m em 2002. Ou seja, houve um acréscimo de aproximadamente, 23 metros de profundidade. (vide figuras abaixo). 80 60 40 20 0 16 14 73,23 76,7212 65 63 10 61,12 50,13 7,98 8 7,41 6 4,68 4 2,27 1,74 2 0 73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002 14,25 erro padrão Profundidade 100 Período 10 7 Nível Estatíco(m) 8 6 5,87 7 4 4,054 5,7 5,32 3 3,74 2 4,19 2,78 3 2 1 0 0,95 0,25 0,55 1 0 73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002 5,45 6,02 6 5 4 3 2 1 3,44 2,8 3,37 2,91 2,56 4,11 3,284 1,59 1,2 0,64 0 3 2 1 0 73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002 Período Periodo Nivel estatico 7 5 5 6,68 6 6 Vazão m3/h 9 erro padrão 9 5 erro erro padrão profundidade erro padrão Vazão erro padrão Figuras 26, 27 e 28- Evolução Temporal da Profundidade, Nível Estático e da Vazão para toda a região. 53 No regime hidrogeológico fissural, o número de poços perfurados pode ter ou não, relação com a vazão. Isto vai depender de como estão arrumadas as fratura ou falhas, de forma independente ou conectadas. Já no domínio granular, os poços perfurados podem retirar a água de um mesmo aqüífero. Entretanto, a figura 29 mostra a variação da vazão pela profundidade, durante os períodos de cinco anos, a fim de fazer uma avaliação mais ampla, uma vez que, com mais poços perfurados têm-se uma avaliação mais precisa das vazões. Sendo assim, o período entre 19831987 constitui-se como a medida de vazão média mais precisa com 3,37m3/h para 142 poços perfurados. Em contrapartida, o período entre 1978-1982 constitui-se como a medida de vazão média menos precisa com 2,56m3/h para 8 poços perfurados, conforme visto na figura 29 abaixo. 160 6 142 140 5,45 5 120 100 80 4 3,44 20 2,91 2,56 60 40 3,37 58 32 8 0 3,28 16 23 3 2 1 0 1973-1977 1978-1982 1983-1987 1988-1992 1993-1997 1998-2002 Poços Perfurados Vazão média em m3/h Figura 29- Relação entre numero de poços perfurados e vazão média no Alto Jequiriçá. Ao se realizar a análise interpretativa dos parâmetros físicos supracitados, a geologia dos poços perfurados tem sua relevância. Por exemplo, poços em rochas sedimentares, normalmente, apresentam maiores vazões do que em rochas cristalinas. Sendo assim, os gráficos abaixo mostram em que tipo de rocha (cristalina, sedimentar ou sedimentar/cristalina) foram perfurados os poços nos períodos estabelecidos. 100% 6% 54 90% 100% 90% 80% 70% 60% 6% 7% 80% 70% 60% 50% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 94% 40% 87% 30% 20% 10% 0% cristalino sedimentar 100% sedim/cristal 100% 9% 90% 70% 60% 60% 50% 50% 40% 40% 75% 30% 30% 20% 20% 10% 10% 0% 0% cristalino 100% sedimentar 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 80% 70% 60% 50% 91,3% 40% 30% 20% 10% 0% cristalino sedimentar sedim/cristal 75% cristalino sedim/cristal 4,3% 4,3% 90% 12,50% 80% 70% sedim/cristal 12,50% 90% 16% 80% cristalino sedimentar sedim/cristal 5% 95% cristalino sedimentar Figura 30- Percentagens das litologias perfuradas entre os períodos 1973-1977, 1978-1982,1983-1987, 1988-1992, 1993-1997 e 19982002, respectivamente. 55 5.5- Análise de parâmetros por município. O maior número de poços perfurados nos municípios de Maracás, Itiruçu e Planaltino, fazem com que os dados destes municípios sejam mais precisos. Os gráficos abaixo mostram o comportamento dos parâmetros profundidade, nível estático e vazão, nas principais cidades que compõem o Alto do Jequiriçá. Os poços com maiores profundidades estão localizados nos municípios de Santa Inês e Itaquara, apresentando 84,3m e 79m, respectivamente. Em contrapartida, estas cidades são as que apresentam as menores vazões, que estão em torno de 1,57m3/h em Santa Inês e 1,67 m3/h em Itaquara. Do outro lado, o município de Nova Itarana, que tem a maior média de vazão da região, com 5,11m3/h, é quem possui a menor profundidade média de poços perfurados, atingindo somente, 52 metros. Supõe-se que, pela necessidade de alcançar uma melhor vazão, precisa-se procurar uma maior fratura ou falha em profundidade nos municípios com maior dificuldade na captação de água. O município de Itiruçú possui a segunda maior vazão da região com 5,06 m3/h. Tem um nível estático de apenas 2,56m e a profundidade média de seus poços é a segunda menor, atingindo em média 60 metros. Possivelmente, o fato deste município ter a maior cobertura da região, com 38,64 metros em media, possibilita a extração de água de um aqüífero granular, sem a necessidade de grandes perfurações para se encontrar fraturas em profundidade. O baixo nível estático também contribui. 56 Profundidade (m) 100,0 90,0 84,3 79,0 80,0 70,0 61,6 62,8 60,4 65,3 69,7 68,3 60,0 64,6 52,5 50,0 Santa Inês Planaltino Nova Itarana Maracás Laj. do Tabocal Jaguaquara Itiruçu Itaquara Irajuba Brejões Municipios Figura 31- Profundidade media dos poços perfurados por município. 18 15,15 Nível Estatico (m) 15 12 10,25 9 5,32 6 3,62 4,46 0,48 1,58 1,55 Planaltino 3 Nova Itarana 2,69 0 Maracás Lajedo do Tabocal Jaguaquara Itiruçú Itaquara Irajuba Brejões Municipios Figura 32- Nível Estático médio dos poços perfurados por município. 57 vazão em Qm3/h 6 5,2 5,06 5 4,38 3,91 4 5,11 4,56 4,26 3,27 3 2,61 2,39 1,99 1,66 1,61 2 2,16 2,14 1,57 1,96 2,35 1 0 Amargosa S. miguel Sta terezinha Sta ines Planaltino N. Itarana Mutuípe Milagres Maracás Lage/lajedo L.Couti Jaguaquara Itiruçu Iatim Itaquara Irajuba Iaçu Brejoes município Figura 33- Vazões médias dos poços perfurados por município. A figura 33 mostra a profundidade média dos poços perfurados durante os períodos. Verifica-se uma homogeneidade nos períodos de 1973-1977 e 1998-2002. A profundidade média máxima alcançada foi de 90 metros, tendo ocorrido em Planaltino entre 1988 e 1992. De forma geral, os municípios apresentam um aumento da profundidade máxima alcançada, haja vista, as linhas de tendência abaixo. 58 100 90 Profundidade(m) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1973-1977 1978-1982 1983-1987 1988-1992 1993-1997 1998-2002 Periodo em anos Planaltino Maracás Brejões Itiruçú Jaguaquara Laj Tabocal Expon. (Planaltino) Expon. (Maracás) Expon. (Itiruçú) Expon. (Brejões) Figura 34- Evolução temporal por município da profundidade A figura 34 mostra o nível estático médio dos poços perfurados no alto jequiriçá, por município. Verifica-se um aumento significativo do nível estático nos municípios de Jaguaquara e Itiruçú, de 1992 para 2002, e uma estagnação nos municípios de Maracás, Brejões e Planaltino. Possivelmente, o baixo aproveitamento dos poços perfurados e a ausência de perfurações, como visto nos períodos de 1978-1982 e 1993-1997, em Jaguaquara, contribuem para a recuperação do nível piezométrico, haja vista a ausência de descarga. Além disso, a topografia, em que se localiza cada município, a ausência de dados em determinados períodos e a imprecisão de outros podem comprometer a análise do nível estático por município. 59 18 15 Nível Estatíco (m) 12 9 6 3 0 1973-1977 1978-1982 1983-1987 1988-1992 1993-1997 1998-2002 Periodo em anos Planaltino Itiruçú Expon. (Itiruçú) Expon. (Maracás) Maracás Jaguaquara Expon. (Jaguaquara) Brejões Laj Tabocal Expon. (Planaltino) Figura 35- Evolução Temporal do Nível estático por município. A figura 35 mostra a vazão média dos poços perfurados no Alto Jequiriçá, por município. Verifica-se a diminuição significativa da vazão, principalmente, no município que possui a maior cobertura, Itiruçú. Nos outros municípios há um aumento gradativo da vazão, segundo a linha de tendência. Observa-se ainda que, com exceção dos municípios de Itiruçú e Brejões que apresentam vazões iguais ou superiores a 5m3/h, a vazão raramente, ultrapassa o registro de 4m3/h. 60 12 Vazão em m3/h 10 8 6 4 2 0 1973-1977 1978-1982 1983-1987 1988-1992 1993-1997 1998-2002 Periodo em anos Maracás Brejões Expon. (Brejões) Expon. (Jaguaquara) Planaltino Jaguaquara Expon. (Maracás) Itiruçú Expon. (Planaltino) Expon. (Itiruçú) Figura 36- Evolução Temporal vazão por município. 6.0- Hidroquimica O estudo hidrogeoquímico tem como finalidade à caracterização da composição química das águas do sistema de aqüífero e conseqüentemente a avaliação de sua potabilidade. Para tanto, são utilizados fatores físicos tais como, cor, turbidez, ph, condutividade elétrica e dureza, e químicos como cloretos, ferro, magnésio, sílica, flúor, sulfatos e nitratos. Os parâmetros supracitados são definidos por Feitosa & Filho (1997) da seguinte maneira: Cor - É resultado das substancias dissolvidas na água, provenientes principalmente da lixiviação da matéria orgânica. Turbidez - É a dificuldade da água para transmitir a luz, provocada por sólidos em suspensão (silte, argila, matéria orgânica) que sujam a água dificultando a passagem da luz. 61 Condutividade Elétrica- É a medida da facilidade de uma água conduzir a corrente elétrica, estando diretamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma de íons. Dureza - É definida como o poder de consumo de sabão por determinada área ou capacidade da água neutralizar o sabão pelo efeito do cálcio, magnésio ou outros elementos como Fe, Mn, Cu, Ba e etc. Ph- É a medida da concentração hidrogeniônica da água ou solução, sendo controlado pelas reações químicas e pelo equilíbrio dos ions presentes. É essencialmente uma função do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade da água. Varia de 1 a 14, sendo neutro com valor 7, ácido com valores inferiores a 7 e alcalino ou básico com valores superiores a 7. Cálcio (Ca)- É o elemento mais abundante existente na maioria das águas e rochas do planeta Terra. Os sais de cálcio possuem moderada a elevada solubilidade, sendo muito comum precipitar como carbonato de cálcio. Magnésio (Mg)- Possui propriedades similares ao cálcio, porém é mais solúvel e difícil de precipitar. Ferro (Fe)- Pode estar presente em baixos teores (< 0,3 mg/L) em quase todas as águas e ocorre sob diversas formas químicas e, freqüentemente, aparece associado ao manganês. Geralmente, o ferro analisado é expresso em termos de ferro total em mg/L. Cloreto (Cl)- Está presente em todas as águas naturais, com valores situados entre 10 e 250 mg/L nas águas doces. O cloreto, em geral, é muito solúvel e muito estável em solução, logo, dificilmente precipita. Não oxida nem reduz em águas naturais. Sulfato (SO4)- São sais moderadamente solúveis a muito solúveis. Bicarbonato (HCO3) – Este íon não se oxida nem se reduz em águas naturais, porem pode precipitar com muita facilidade como carbonato de cálcio. 62 Nitrato (NO3)- Ocorre em geral com pequeno teor. È muito móvel e pode ser removido das camadas superiores do solo para água (Bower, 1978). Representa o estágio final da oxidação da matéria orgânica e teores acima de 10 mg/l podem ser indicativos de contaminação da água subterrânea. A análise media destes parâmetros, para a água dos poços do Alto Jequiriçá, aponta para uma água imprópria ao consumo humano, tendo em vista os valores muito acima do permitido, principalmente, do cloreto e da dureza. (Em anexo a tabela dos valores máximos permitidos). Tabela 07- Analise Química média da água dos poços do Alto Jequiriçá. Alc. (HCO3-) 105,82 mg/l CaCo3 Flúor 0,68 mg/l F Cálcio 608,39 mg/l CaCo3 Sílica 22,4 mg/ SiO2 Cloreto 1730,35 mg/l Cl Ferro 1,46 mg/l Fe Condu. Elétrica 5224,53 µmho/cm Dureza 1303,62 mg/l CaCo3 Cor 9,29 mg/l Pt Magnésio 335,99 mg/l Mg Ph 7,65 N. Nitroso 0,02 mg/l N-NO2 58,79 NTU N.Nítrico 1,12 mg/l N-NO3 Sulfato 80,36 mg/l SO4 Turbidez Resíduo Total 3980,18 mg/l A tabela 08 mostra que a analise hidroquimica por município apresenta as mesmas características da analise geral. Todos os municípios apresentam altos índices de cloreto e dureza, o que compromete a água para o consumo humano. O diagrama de Piper que classifica as águas, não pode ser elaborado pela ausência de dados dos cátions de Potássio e Sódio nas fichas dos poços. 63 Tabela 08- Analise Química média da água dos poços do Alto Jequiriçá por município. Parâmetros* Municípios Brejões - Irajuba Itaquara Itiruçú Jaguaquara Tabocal Maracás Planaltino Alc. (HCO3 ) 46,34 34,89 91,52 62 88,87 68,15 274,56 151,25 Cálcio 707,39 1302,61 360,65 56,63 324,33 213,335 529,61 393,04 Cloreto 2358,56 3335,93 1000,42 1214,12 807 546,37 1471,33 849,8 10192,43 8386,67 3173,1 510,41 2815,67 1847,5 3782 5216 Cor 3,75 18 2 14,5 13 4,5 8,6 4,5 Ph 7,87 6,46 7,825 8,28 7,9 8,1 7,79 8,595 Turbidez 55,26 24,05 4,625 596,84 9,72 7,75 4,31 1,155 Resíduo Total 5946,5 6209,33 2780,5 3363 2003 1480 3858,8 2146 Flúor 0,55 0,64 0,195 0,6 0,83 0,09 0,59 2,7 Sílica 25,48 9,62 23,29 13,29 15,84 24,98 34,56 38,8 Ferro 3,5 1,32 0,39 2,74 1,47 1,615 0,8 0,18 11,68 1981,8 992,49 1493,84 762,33 362,4 1594,01 999,22 Magnésio 1390,45 165,82 104,03 75,57 102 36,37 154,39 566,49 N. Nitroso 0,01 0,03 0,00225 0,001 0,01 0,137 0,008 0,0015 N.Nítrico 1,43 2,44 0,59 0,944 0 0,097 1,31 0 Sulfato 124 64,71 39,69 13,8 67,67 15,27 170,74 46,1 Condutividade Elétrica Dureza *- As unidades de medida dos parâmetros são as mesmas da tabela anterior. 64 7- Conclusões e Recomendações A Bacia Hidrográfica do Jequiriçá se encontra em uma região de clima árido, está inserida no Polígono das Secas, com baixíssima pluviosidade e geologicamente, está sobre as rochas cristalinas do Complexo Jequié, associadas as coberturas Tércio-Quaternárias. Superficialmente, a região é caracterizada pela presença de rios efêmeros, exceto o rio Jequiriçá. Em subsuperficie os aqüíferos dominantes são os fissurais. A perfuração dos poços, pela Cerb, nos últimos 30 anos aponta para uma região de difícil aproveitamento de água. Dos poços perfurados 53% são secos ou possuem vazões insuficientes. Dos poços aproveitáveis apenas dez, tem vazões acima de 10m3/h. O município que tem os poços com maiores vazões é Itiruçu. Nele existe a maior cobertura média, nos poços perfurados, com aproximadamente, 35 metros. Entretanto, o município com maior media de vazão por ano é Nova Itarana, com 5,11m3/h. A qualidade da água também é um problema. A maioria das analises determina que a água é imprópria ao consumo humano, principalmente, pela alta quantidade de cloreto e a alta dureza. A tabela 09, de demanda hídrica, apresenta uma relação entre o número de população de alguns municípios, como Maracás e Planaltino, e a capacidade de vazão dos mesmos. Supondo que cada ser humano em média, beba dois litros de água por dia, e que a água seja de boa qualidade, os habitantes desta região teriam o suficiente, apenas para sobreviver. Tabela 09- Demanda Hídrica, para o ano de 1991. População Residente Vazão em m3/h Litro/pessoa Itaquara 7168 1,61 5,39 Brejões 13175 2,61 4,75 Maracás 27006 4,38 3,89 Planaltino 10347 3,27 7,58 Nova Itarana 6624 5,11 18,51 Santa Inês 10016 1,57 3,76 Município Fonte: IBGE e CEI 65 Levando-se em consideração que os dados de vazão foram tirados de poços até o ano de 2002, que a população residente já cresceu 5% desde 1991 e que a água é, normalmente, de má qualidade, os municípios do Alto Jequiriçá, em especial, Santa Inês e Maracás, merecem uma atenção especial por parte dos órgãos competentes sobre o problema de abastecimento de água. 66 8.0- Referências Bibliográficas ALMEIDA, A.B., Modelagem da Produção de Sedimentos na Bacia Hidrográfica do Jequiriçá. 2004 . Trabalho de Conclusão de curso (Bacharelado em Geologia)- Faculdade de Geologia, UFBA, Salvador,2005. BAHIA, Governo do Estado, Plano Diretor do Recôncavo Sul. Salvador: 1994. BARBOSA, J. S. F; DOMINGUEZ, J. M.L.1996 – Texto explicativo do Mapa Geológico do Estado da Bahia SME/UFBA Secretaria da Indústria e Comércio e Mineração. Superintendência de Geologia e Recursos Minerais,400 p il. Salvador CHIOSSI, N.J. Geologia Aplicada a Engenharia. 3ª ed. São Paulo: Grêmio Politécnico, 1983, 427P. FEITOSA, F. e FILHO J. Hidrogeologia das Correntes. Fortaleza: CPRM, 1997. 412 P. - FETTER, C.W. Apllied Hydrogeology, 3ª ed. New Jersey: Prentice Hall,1994. 691P. GOMIDE, F.L.S et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Ed. Edgard Blucher,1976,279 P. OLIVEIRA. L. A & CAMPOS. J. G, Parâmetros Hidrogeológicos do Sistema Aqüífero Bauru Na Região Araguaí/MG- Fundamentos Para Gestão do Sistema de abastecimento de Aqüífero. 2004: Revista Brasileira de Geociências, V. 34. SÃO PAULO, Secretária de Obras e do Meio Ambiente. Estudo de Águas Subterrâneas: Região de São José, salvador, 1976,V3. SPÍNOLA,N.D. Projetos Empresariais e Planejamento de Negócios. Salvador: 2000,396P. 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