UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
ANTÔNIO HUOYA MARIANO
HIDROGEOLOGIA:
ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ
Salvador
2005
ANTÔNIO HUOYA MARIANO
HIDROGEOLOGIA:
ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ
Monografia apresentada ao Curso de graduação
em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientadora: Prof. Dr.ª Joana Angélica Guimarães Luz.
Salvador
2005
Errata:
Folha
Onde se lê
Leia-se
21
Página 23
Página 21
25
Página 30
Página 25
27
Página 36
Página 27
Na folha 42, o mapa geológico está sem numeração de figura. Seu numero é 17.
TERMO DE APROVAÇÃO
ANTONIO HUOYA MARIANO
HIDROGEOLOGIA:
ALTO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JEQUIRIÇÁ
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia,
Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
Joana Angélica Guimarães da Luz --------------------------------------------------------------------------Doutora em. Engenharia Ambiental, pela Universidade Estadual de Nova York
Arnaldo Correia Ribeiro.------------------------------------------------------------------------------------Geólogo, pela Universidade Federal da Bahia
Godofredo Correia Lima Junior------------------------------------------------------------------------------Geólogo, pela Universidade Federal da Bahia
Salvador, 09 de maio de 2005.
Á
Minha família, por todo amor
Agradecimentos
A elaboração desta monografia só foi possível devido a participação de professores, funcionários
e colegas. Assim, agradeço a:
Aos professores Luiz Rogério Leal, Angela Beatriz Leal e Joana Angélica Luz, pela oportunidade
e confiança na realização deste trabalho.
As bibliotecárias, Gisele e Isabel da CPRM, Luiza da CBPM e Joceane do IGEO, pela atenção e
dedicação em encontrar as informações necessárias a elaboração desta monografia.
As funcionárias, Ana, Alda e Rita do setor de gerenciamento de dados das CERB por cederem e
ajudarem na coleta de dados sobre poços perfurados na Bacia Hidrográfica do Jequiriçá.
Ao geólogo e amigo Cristovaldo Bispo pelos conselhos, sugestões e pelas informações
fornecidas.
A geóloga e amiga Angela Brito por ceder sua monografia.
Ao meu pai, Antônio Ribeiro Mariano, e aos demais geólogos da Embasa, Luciano Viana e
Antonio Carlos Lago passarem conhecimento, experiência e me cederem informações sobre os
poços tubulares perfurados na Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá.
Aos amigos do NEHMA, Henrique, Valéria, Barbára e Felipe por me ajudarem durante a
elaboração dos mapas.
“O que faz a Universidade elitista não é
o fato de que alguns pobres não terão
filhos médicos, mas o fato de que os
pobres não terão médicos para seus filhos”.
Cristóvam Buarque, Aventura da Universidade.
Resumo
A bacia hidrográfica do Rio Jequiriçá, localizada na porção centro-leste do Estado da Bahia, tem
seu rio principal desaguando no município de Jaguaripe, depois de percorrer 200 km em uma área
de 6.700 km2. A parte alta da bacia está implantada sobre rochas cristalinas de idade précambriana, inseridas no Complexo Jequié, abrangendo municípios como Maracás, Planaltino,
Brejões, Jaguaquara, Irajuba e Itiruçú. O objetivo deste trabalho foi de determinar a
potencialidade hidrogeológica no Alto da Bacia Hidrográfica do rio Jequiriçá, através da análise
dos dados dos poços perfurados, como a espessura da cobertura, a profundidade de perfuração, as
vazões e o nível estático, no qual se encontram os aqüíferos. Para tanto, foram feitos gráficos e
tabelas a partir de tratamento estatístico de dados. Além disso, elaborou-se mapas de geologia,
estruturas, vegetação e uso e solos. A apuração dos dados juntamente com a aplicação dos
conceitos de hidrologia e hidrogeologia permitiu avaliar a situação hídrica, seja quantitativamente
ou qualitativamente, do Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá e dos principais municípios que
a compõem.
Palavras-chave:
Potencial Hidrogeológico- situação hídrica- dados dos poços perfurados
Abstract
The Jequiriçá River Hydrographic Basin, localized in the east-middle Bahia State, has your main
river flow into the Jaguaripe city, after run though 200 Km in a area of 6700 km2. The high part
of basin is situated on igneous and metamorphic rocks, which have more than 2 billion years, and
are situated in Jequié Complex, that reaches these cities: Maracás, Planaltino, Jaguaquara,
Brejões, Irajuba e Itiruçú. The objective of this work is to determine the Hydrographic potential
of the high part of Jequiriçá River Hydrographic Basin, by the study of cover, profundity, flow
and static level of bored wells. For reach the objective of this work, graphs and schedules were
produced based of the statistic treatment of informations. Moreover a map of geology, map of
structure, map of vegetation, and a map of soil were also produced. The examination
informations and applied conceptions of hydrology and hydrogeology propitiated qualitative and
quantitative valuation of the hydric situation on the high part of Jequiriçá River Hydrographic
Basin and your main cities.
Key-Words
Hydrogeologic Pontential- Hydric situation- Bored wells’ information
Lista de Tabelas
Tabela 01- Volume de poros e tamanho de partículas em sedimentos.
32
Tabela 02- Disponibilidade Hídrica dos municípios do Alto Jequiriçá.
44
Tabela 03- Espessura da cobertura dos principais municípios do Alto Jequiriçá
45
Tabela 04-As dez maiores vazões do Alto Jequiriçá
48
Tabela 05- Serie Estatística de pluviometria no Alto Jequiriçá.
49
Tabela 06- Sumário Estatístico para toda a região
51
Tabela 07- Analise química média da água dos poços do Alto Jequiriçá.
62
Tabela 08- Analise química média da água dos poços do Alto Jequiriçá, por município 63
Tabela 09- Demanda Hídrica para o ano de 1991.
64
Lista de Figuras
Figura 01- Foto da nascente do Rio Jequiriçá, em Maracás
16
Figura 02- Mapa de situação e localização do Alto da Bacia do Jequiriçá
17
Figura 03- Mapa Climático do Brasil
18
Figura 04- Mapa geológico da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá
21
Figura 05- Mapa de solos da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá
25
Figura 06- Mapa de vegetação e uso da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá
27
Figura 07- Ciclo Hidrológico
28
Figura 08- Disposição dos rios temporários e permanentes em relação
ao lençol freático
30
Figura 09- Porosidade granular e porosidade fissural
32
Figura 10- Zona de aeração e zona de saturação
33
Figura 11- Posicionamento do aqüífero livre e do aqüífero confinado
34
Figura 12- Linhas Equipotenciais
35
Figura 13- Movimento das águas subterrâneas ao longo de meses, anos e milênios
36
Figura 14- Foto do Rio Jequiriçá próximo a Itaquara-vegetação árida
40
Figura 15- Foto do Rio Jequiriçá a leste de Santa Inês, limite entre o
médio e Alto Jequiriçá - vegetação de clima subumido
40
Figura 16- Localização do Poligono da Seca.
41
Figura 17- Mapa Geológico do Alto Jequiriçá
42
Figura 18- Foto de Lajedo Granulitico em Lajedo do Tabocal
43
Figura 19- Foto do granulito com granadas em Lajedo do Tabocal
43
Figura 20- Foto de rocha gnaissica em Lajedo do Tabocal
43
Figura 21- Foto de Cobertura Tercio-Quaternária na estrada para Marcionilio
Souza
43
Figura 22- Numero de poços perfurados pela Cerb nos municipios
do Alto Jequiriçá.
46
Figura 23- Percentagem dos poços perfurados secos ou com
vazões insuficientes
47
Figura 24- Frequencia de vazões em toda a região, em metros
cúbicos por hora
48
Figura 25- Comportamento pluviometrico no Alto Jequiriçá
De 1964-1999.
50
Figura 26- Evolução temporal da profundidade para toda a região
52
Figura 27- Evolução temporal do nível estatíco para toda a região
52
Figura 28- Evolução temporal da vazão para toda a região
52
Figura 29- Relação entre o numero de poços perfurados e a
vazão média no Alto Jequiriçá
53
Figura 30- Percentagem das litologias perfuradas entre os
períodos 1973-1977,1978-1982,1983-1987,1988-1992,
1993-1997,1998-2002
54
Figura 31- Profundidade média dos poços perfurados por
município.
56
Figura 32- Nível Estático médio dos poços perfurados por
município.
56
Figura 33- Vazão média dos poços perfurados por município
57
Figura 34- Evolução temporal, por município da profundidade
58
Figura 35- Evolução temporal, por município do nível estático
59
Figura 36- Evolução temporal, por município da vazão
60
Sumário
1.0-Introdução
14
2.0-Localização e acesso
16
3.0-Caracterização do Meio Físico
17
3.1-Clima
17
3.2-Geologia
18
3.2.1-Complexo Jequié
19
3.2.2-Coberturas Detriticas
19
3.3-Geomorfologia
22
3.4-Solos
23
3.5-Vegetação
26
4.0-Recursos Hídricos
28
4.1.0-Águas Superficiais
4.1.1-Tipos de cursos d’água
4.2.0-Águas Subterrâneas
29
29
30
4.2.1-Porosidade e Permeabilidade
31
4.2.2-Disposição da água em subsuperficie
33
4.2.3-Fluxo da água no subsolo
35
4.2.4-Parâmetros Hidrogeológicos
37
4.2.5-Perfuração de poços e seus parâmetros
37
5.0- Hidrogeologia no Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá
40
5.1-Aspectos Gerais
40
5.2-Os Aqüíferos
44
5.3-Poços Perfurados no Alto Jequiriçá
45
5.4-Precipitação no Alto Jequiriçá
49
5.5-Tratamento Estatístico dos dados dos poços da Bacia
50
5.6-Analise dos parâmetros por Município
55
6.0-Hidroquímica dos poços perfurados na Bacia
60
7.0-Conclusões e Recomendações
62
8.0-Referencias Bibliográficas
66
9.0-Anexos
67
14
Introdução
Diversas ciências ocupam-se do estudo da água da Terra, dentre elas destacam-se a geologia,
hidrologia, meteorologia e a oceanografia. A hidrologia das águas subterrâneas pode ser encarada
como uma ciência que combina elementos de geologia, hidrologia e mecânica dos fluidos. A
geologia governa a ocorrência e a distribuição das águas subterrâneas, a hidrologia se ocupa do
estudo mais amplo, inter-relacionando a ocorrência de água nos vários compartimentos, rios,
lagos, solo e subsuperficie, e a mecânica dos fluidos explica o seu movimento. Para Todd (1967),
a hidrologia de águas subterrâneas pode ser definida como a ciência da ocorrência, distribuição e
movimento da água abaixo da superfície da terra.
O aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos antigos. O Velho Testamento contem
numerosas referencias à águas subterrâneas, poços e nascentes. Tolman (1937) descreveu os
grandes túneis de águas subterrâneas, ou “canats”, na Pérsia e no Egito datando de 800 A.C. As
obras de filósofos gregos e romanos para explicar a origem das nascentes e das águas
subterrâneas contem teorias que variam de fantasiosas a considerações quase corretas. Até o
século dezessete, admitia-se geralmente que a água que brotava das nascentes não podia ser
proveniente das chuvas, porque se acreditava que a quantidade era inadequada, e a terra,
excessivamente impermeável para permitir a penetração de água de chuva muito abaixo da
superfície. Assim, os antigos filósofos como Homero, Tales e Platão, formulavam hipóteses de
que as nascentes fossem formadas por água do mar conduzida através de canais subterrâneos para
baixo da montanha, depois purificada e levantada até a superfície por processo de vaporização e
condensação dentro da terra.
As teorias gregas persistiram ao longo da Idade Média, sem avanço até o fim da Renascença.
Entretanto, o oleiro e filósofo francês Bernard Palissy (1510-1589) reiterou a teoria da infiltração
em 1580, iniciada pelo romano Vitrúvio séculos atrás. Esta idéia só se confirmou no final do
século dezessete quando o francês Edmé Mariotté (1620-1684) mediu a precipitação do rio Sena
em Paris e verificou que a precipitação na bacia era seis vezes a descarga do rio.
15
No século dezoito foi introduzida os fundamentos da geologia nos estudos das águas
subterrâneas. E na metade do século dezenove o francês Henry Darcy (1803-1858) definiu a
relação, conhecida como Lei de Darcy, que governa o fluxo das águas subterrâneas na maioria
das formações aluvionais e sedimentares, utilizada até os dias de hoje.
Segundo Feitosa & Filho (1997), hidrologia é a ciência que estuda as águas em superfície e
Hidrogeologia é a ciência que estuda a ocorrência, movimentação e distribuição da água em
subsuperficie. O estudo da hidrogeologia constitui, hoje, uma grande importância para o
abastecimento de água de populações, indústrias, propriedades rurais, entre outros. Isso porque as
águas subterrâneas representam, segundo Teixeira et al. (2000), 97% da água doce líquida do
planeta.
As águas de subsuperficie são encontradas em reservatórios acumulando-se em fraturas ou em
poros, proveniente da água precipitada e posteriormente infiltrada no solo. Estes reservatórios
recebem o nome de aqüíferos, os quais podem ser granulares, cársticos ou fissurais. A unidade
geográfica definida como a área de captação de água de precipitação, demarcada por divisores
topográficos, onde toda a água captada converge para um único ponto de saída, o exutório recebe
o nome de Bacia Hidrográfica. (Teixeira et al, 2000).
A Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá está localizada no centro leste do Estado da Bahia e tem
como geologia dominante rochas cristalinas. O estudo a se realizar nesta Bacia, em especial, na
sua parte alta, tem como objetivo analisar e avaliar o potencial hídrico da região, bem como o
comportamento dos aqüíferos e a qualidade da água extraída dos poços perfurados. Para tanto,
serão desenvolvidos estudos e investigações geológicas, geofísicas e hidrogeologicas bem como
estudos sobre a qualidade das águas.
16
2. 0- Localização/ Acesso
O Rio Jequiriçá tem uma extensão de aproximadamente, 200Km, percorrendo a parte centro-leste
do Estado da Bahia, desde sua nascente no município de Maracás (coordenadas 345187 E e
8513540 N) até desaguar no Oceano Atlântico no município de Jaguaripe. A área objeto deste
estudo engloba apenas a parte alta da Bacia.
Localizado na Região Econômica do Recôncavo Sul a parte alta da Bacia Hidrográfica do
Jequiriçá, conhecida como Alto Jequiriçá, nasce no município de Maracás e vai até
aproximadamente, os municípios de Santa Inês e Brejões.
Os municípios que são banhados pelo rio Jequiriça e que constituem o Alto de sua Bacia
Hidrográfica são: Santa Inês, Brejões, Itaquara, Jaguaquara, Itiruçu, Cravolândia, Maracás, Nova
Itarana, Lajedo do Tabocal, Planaltino, Irajuba, Iatim, Santa Terezinha, Iaçu e Milagres.
Segundo o Plano Diretor do Recôncavo Sul, 1997, as principais vias de acesso são a BR-101, que
corta a área no sentido N-S a leste; BR-420 que liga a primeira com a BR-116 a oeste. Esta
última corta a área também no sentido N-S. Da Br-116 segue-se pela BA-250 até Maracás, no
extremo oeste da área. Entretanto, o acesso local é feito por estradas carroçáveis em áreas de
fazendas.
Figura 01- Nascente do Rio Jequiriçá, em Maracás.
17
18
3.0- caracterização do Meio Físico
3.1- Clima
O mapa de clima do Brasil (Figura 02) mostra que a Bahia apresenta uma grande variação de
temperatura, variando de 20º até mais de 25º.
O clima na parte Alta da Bacia do Jequiriçá varia de Semi-árido a Subúmido, predominando o
primeiro tipo. Todos os 25 municípios, nesta parte da bacia estão inseridos no Polígono das
Secas. Sendo que, a temperatura varia de 14ºC até 28ºC. A pluviosidade anual varia de 350mm
até 2000mm, sendo o período de máxima pluviosidade de novembro a março. O período seco
pode se estender a 5 meses no planalto de Jaguaquara e até 9 meses na região próxima a
Milagres. (PDRH Recôncavo sul)
Figura 02- Mapa climático do Brasil
Fonte: INMET1
1
Instituito Nacional de Meteorologia
19
3.2- Geologia
No Alto Jequiriça a geologia apresenta duas grandes feições: Rochas do Embasamento de idade
Arqueana, constituído por rochas charnockiticas, gnaisses e granitóides presentes nos Complexos
de Jequié e coberturas arenosas detríticas de idade Tercio Quaternária.
Complexo Jequié
O Complexo Jequié apresenta uma extensão contínua desde a região de Jequié, com
prolongamento para sul até Poções, e para norte passando por Milagres, até cercanias de Feira de
Santana. O Complexo Jequié é composto por diversos litotipos, sendo estes representados
principalmente por rochas metamórficas de fácies granulito, metatexitos, diatexitos, gnaisses
quartzo feldspáticos e granada biotita gnaisse. Formações ferríferas, mármores, rochas
calcossilicáticas, gnaisses khondalíticos e anfibolitos ocorrem em quantidades subordinadas. As
rochas granuliticas estão representadas por piriclasitos, gnaisses charnockíticos, charnoenenderbítico e gnaisses enderbiticos. Os Quartzitos ocorrem de forma subordinada,
apresentando alguns afloramentos nas cercanias de Santa Inês e na serra do Cafungó.
Todas as rochas foram afetadas por, pelo menos dois episódios de deformação dúctil e
experimentaram o mesmo episódio metamórfico, com temperaturas da ordem de 840ºC e
pressões de até 7 Kbar( Barbosa ,1990 apud Almeida et al., 2002)
Estes processos
tecto/metamórficos ocorreram durante o Ciclo Geotectônico Transamazônico( Ledrud et al.,1994
apud Barbosa e Dominguez, 1996). ( Tassinari et al,1981)
Coberturas Detríticas
Estas coberturas estão ligados ao ciclo de aplainamento do final do Fanerozóico, distribuindo-se
nas superfícies elaboradas por estes ciclos. Segundo Ghignone (1979), os sedimentos
fanerozóicos constituem as coberturas atuais que ocupam grandes áreas do interior do Estado da
Bahia, tais como nos extensos planaltos terrígenos de Poções-Vitória da Conquista-Belo Campo e
Jaguaquara-Maracás.
20
As coberturas presentes em cotas acima de 1000 metros são relacionadas ao Ciclo de
Aplainamento da América do Sul (TQd1), enquanto aquelas que se encontram abaixo desta
altitude estão relacionadas ás superfícies de aplainamento Velhas e/ou Paraguaçu( TQd2).
Na Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriça predominam as coberturas acima de 1000 metros de
altura, ou seja, TQd1. Esta unidade é composta por depósitos essencialmente arenosos, de
granulação média e em geral subarredondados. Encontra-se sobre o embasamento cristalino
representada por uma capa de material amarelado, conglomerático, detrítico, mal consolidado,
contendo lentes finas de arenito e conglomerados quartzozos, horizontalmente estratificados.
As coberturas TQd2 também ocorrem de forma subordinada. Esta é composta por um material de
origem residual, havendo em alguns casos evidências de deposição de conglomerados e camadas
argilosas. Na maior parte dos casos, a composição do material residual é síltico-argiloso, com
grãos de quartzo esparsos, angulosos, evidenciando a sua origem in situ. ( Tassinari et al, 1981)
21
22
3.3- Geomorfologia
A geomorfologia da área de estudo é composta basicamente por três unidades: (i) Planalto dos
Geraizinhos; (ii) Maciço Central; (iii) Serras Marginais.
(i)- Planalto dos Geraizinhos
Nesta unidade a altimetria é sempre superior a 500m, encontrando-se de um modo geral, entre
600m e 1000m. Se caracteriza por extensas áreas de topografia tabular, constituídas por depósitos
detríticos do Terciário e do Quaternário. As formas de relevo de ocorrência mais generalizada são
planos inclinados. As vertentes são ligeiramente convexo- côncavas com 5º de inclinação.
(ii)- Maciço Central
Nesta unidade predominam altitudes que variam de 300 a 700m, mas ocorrem topos residuais de
até 1200m e no fundo dos vales as cotas atingem 120m. Esta unidade, caracteriza-se por um
modelado bastante uniforme, com a reocorrência de formas convexizadas de grande porte, que
corresponde a uma dissecação estrutural levada a efeito por canais de drenagem controladas por
tectônica. O intenso fraturamento é o traço mais marcante deste compartimento geomorfologico e
representa seu principal fator de individualização. Os interflúvios constituem morros alongados,
de vertentes arredondadas e topos assemelhando-se por vezes a barras residuais ligeiramente
aplainadas.
(iii)- Serras Marginais
Esta unidade encontra-se, de modo geral, acima de 400m de altitude, principalmente, entre 600 e
1000m. Ocorrem, no entanto, áreas mais deprimidas localizadas em torno de 100 m, e elevações
residuais com até 1200m de altitude. A intensa dissecação do relevo e seu alinhamento ao longo
de sulcos profundos orientados aproximadamente no sentido SSO-NNE e NO-SE dão a esta
unidade seu aspecto mais peculiar no conjunto dos relevos dos planaltos cristalinos.
23
Os interflúvios apresentam-se sempre alongados, acompanhando a rede de drenagem, que por sua
vez é em grande parte controlado por estrutura. As vertentes apresentam-se convexas e até
retilíneas, passando por feições irregulares e mistas, como a combinação dada por perfis
convexo-côncavos ou convexos retilíneos. Tais relevos constituem desde colinas com elevações
menores que 50m, até morros com mais de 150 metros. ( Tassinari et al, 1981)
3.4- Solos
Os solos constituem a camada superior da superfície. São formados através da ação de um ou de
todos os cinco fatores de formação: Geologia, clima, organismos, relevo e tempo.
No alto Jequiriça foram identificados, pelo menos cinco tipos de solos: Argisolos, Cambisolos,
Espodosolos, Latosolos e Planosolos. ( Tassinari et al, 1981)
Argisolos
São solos minerais com horizonte B textural, imediatamente abaixo dos horizontes A e E. A
textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte B,
onde o teor de argila é mais concentrado. Possuem profundidades variadas, coloração variando de
avermelhada a amarelada sendo forte a imperfeitamente drenada.
Cambisolos
Compreendem solos minerais não hidromórficos, com horizonte B incipiente ou cambico.
Apresenta profundidade mediana e drenagem moderada a forte. Morfologicamente, apresenta
seqüência de horizontes A, B e C. São solos moderadamente desenvolvidos, com granulometria
variando de média à fina, estrutura fracamente desenvolvida e coloração variando de bruno
amarelado a escuro e bruno escuro
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Espodosolos
São solos minerais hidromórficos, com horizonte B espódico, imediatamente abaixo do horizonte
eluvial (E ou A). Apresentam granulometria fração areia grossa, profundidade e drenagem
bastante variáveis, e nítida diferenciação dos horizontes A ou E, B e C.
Latossolos
Compreendem solos minerais não hidromórficos, com horizonte A fraco a moderado e horizonte
B latossolico. São constituídos de quartzo e óxidos de ferro e alumínio, argila de baixa
mobilidade e minerais resistentes ao intemperismo. Tem seqüência A, B e C com pouca
diferenciação de horizontes, e transições graduais. São solos altamente intemperizados, profundos
e evoluídos, variando de fortemente a bem drenados. No Alto da Bacia do Jequiriça predomina a
ocorrência de Latossolos Vermelho-Amarelado.
Planosolos
Compreendem solos hidromórficos ou não, podzoliados, caracterizados pela mudança textural
abrupta entre o horizonte A, arenoso e extremamente lavado e o horizonte B, com um elevado
teor de argila e com alto grau de compactação; o que confere a esta classe de solo uma drenagem
deficiente.
25
26
3.5- vegetação e uso do solo
A Bacia Hidrográfica do Jequiriçá apresenta uma grande diversidade vegetal condicionada por
vários fatores, tais como: geologia, geomorfologia, altimetria, solos e clima. A figura 6 apresenta
um mapa com a distribuição dos principais tipos de vegetação e uso do solo.
Na zona costeira ocorre a vegetação do tipo restinga, herbácea-arbustiva e resticios de Mata
Atlântica. No trecho médio da bacia predomina a vegetação do tipo Sub-caducifólia e
Caducifólia, dependendo da extensão do período seco (Oliveira et al., 1997). A Caatinga ocorre
no trecho médio/superior da bacia, onde se encontra bastante alterada, com a substituição de
espécies vegetais nativas por pastagens e plantações, principalmente de maracujá. Destaca-se na
parte alta da bacia o município de Maracás pela produção flores, sendo conhecida à cidade das
flores.
27
28
4.0- Recursos Hídricos
Na compreensão dos recursos hídricos, inicialmente, é necessário conhecer o funcionamento do
ciclo das águas ou ciclo hidrológico e seus possíveis destinos. As informações retiradas por
Teixeira et al. (2000), apontam para o seguinte caminho das águas: Inicia-se com o fenômeno da
precipitação meteórica, que representa a condensação de gotículas a partir do vapor de água
presente na atmosfera, dando origem à chuva. Parte da precipitação retorna à atmosfera por
evaporação direta durante seu percurso em direção à superfície terrestre. Esta fração evaporada
junta-se ao vapor de água formado sobre o solo e liberado pelos organismos (evapotranspiração).
Uma vez atingindo o solo, as gotículas de água podem infiltrar ou escoar. No primeiro caso,
depende do material da cobertura de superfície. A água de infiltração, guiada pela força
gravitacional, tende a preencher os vazios no subsolo, seguindo em profundidade, onde abastece
o corpo de água subterrânea. O segundo caso ocorre quando a capacidade de absorção da água
pela superfície é superada pelo excesso de água, impulsionada pela gravidade para zonas mais
baixas. O ciclo hidrológico pode ser visualizado na figura 07 abaixo.
Fonte: Teixeira et al. (2000)
Figura 07- Ciclo das águas
29
4.1.0- Águas superficiais
Segundo Chiossi (1983), no estudo das águas superficiais, dos rios e das bacias hidrográficas, é
importante compreender o problema da precipitação pluviométrica. A quantidade de água
precipitada sobre a superfície da Terra é influenciada essencialmente por condições
climatológicas, uma vez que os ventos podem carregar o vapor d’água dos locais de evaporação
para regiões onde a temperatura favoreça sua condensação e precipitação.
Dessa maneira, a quantidade de chuvas é distribuída desigualmente pela superfície da Terra. No
Brasil, por exemplo, os índices máximos estão localizados na Serra do Mar (Via Anchieta) com
4m/ano, enquanto no Nordeste os índices são inferiores a 500mm/ano. É importante lembrar que
a quantidade de chuva necessária para a existência de uma rede hidrográfica, com escoamento
contínuo, varia com o clima. Assim, na Rússia,com clima frio, são necessárias precipitações
anuais de apenas 300mm, enquanto em climas tropicais, com valores menores do que 600mm a
700mm, não é possível a existência de uma rede fluvial perene.
A água que escoa pela superfície da Terra, como conseqüência das chuvas, das geadas ou das
fontes, normalmente constitui filetes e enxurradas, que, por uma associação sucessiva com
outros, formam os córregos, riachos, ribeirões e rios. Chiosse (1983) ainda diz, que quando se
pretende estudar a hidrologia ou geologia da área de um determinado curso d’água, é comum
esses estudos se referirem à bacia de drenagem deste curso. Uma bacia de drenagem representa a
área total drenada por um curso d’ água e seus tributários. De tal maneira que, toda água que
atinge a área de drenagem na forma de precipitação não é devolvida à atmosfera pelos processos
de transpiração e evaporação e não escapa subterraneamente às bacias vizinhas ou ao oceano, é
escoada através do curso d’água principal da bacia.
4.1.1- Tipos de Cursos D’Agua
Segundo Chiosse (1983), os cursos d’água podem ser efêmeros ou perenes, dependendo da
constância do seu escoamento. Esta classificação pode ser aplicada a certos trechos do curso, uma
vez que o mesmo pode ser perene na sua parte inferior e efêmero na superior. Um curso d’água
30
efêmero contém água durante e imediatamente após os períodos de chuva, e se for o caso, quando
há fusão de neve acumulada na bacia. O lençol freático encontra-se a um nível inferior ao do
leito fluvial. Nas regiões úmidas, somente os riachos das cabeceiras são efêmeros, enquanto nas
áreas áridas, muitas bacias são drenadas por cursos d’água que se infiltram nos períodos de chuva
e não chegam a ser suficientes para elevar o lençol freático até o nível do leito do rio.
Um curso d’água perene, em geral, transporta todos os tipos de deflúvio durante a estação
chuvosa do ano, quando o lençol freático se encontra acima do nível do leito do rio, cessando seu
escoamento após um período de estiagem, de duração suficiente para esgotar o armazenamento
subterrâneo, adquirido durante a época chuvosa. Em anos muitos secos, o lençol freático pode
não atingir o nível necessário para haver uma descarga de água subterrânea no leito do rio. No
caso oposto, de anos muito úmidos, o armazenamento de água, na zona de saturação acima do
nível do leito do rio, pode ser suficiente para manter um escoamento fluvial durante um ou mais
períodos de estiagem.
Fonte: Mestrinho, 2004
Figura 08- Disposição dos rios temporário e permanente em relação ao lençol freático
4.2- Águas subterrâneas
Segundo Teixeira et al (2000), constitui-se água subterrânea toda água que ocupa vazios em
formações rochosas ou no sedimento. Para estes vazios serem preenchidos deve predominar na
superfície o processo de infiltração, para realizar a recarga da água no subsolo. Todavia, existem
cinco fatores que influem na infiltração das águas superficiais: cobertura vegetal, topografia,
precipitação, ocupação do solo e o substrato rochoso.
31
A Cobertura Vegetal favorece a infiltração pelas raízes que abrem caminho para a água
descendente no solo, retarda a chegada da água no solo, através da interceptação, sendo o excesso
lentamente liberado para a superfície por gotejamento e em ambientes densamente florestados,
cerca de 1/3 da precipitação evapora antes de atingir o solo.
A Topografia precisa ser suavemente ondulada ou plana, tornando o escoamento superficial
pouco veloz ou nulo, favorecendo a infiltração.
A Precipitação é fator decisivo no volume de recarga da água subterrânea. Distribuída ao longo
do ano possibilita uma infiltração maior, sendo que a velocidade de infiltração acompanha o
volume precipitado. Caso contrario, chuvas torrenciais favorecem o escoamento superficial
direto, pois a taxa de infiltração é inferior ao grande volume de água precipitada em curto
intervalo de tempo.
A Ocupação do solo através da urbanização e desmatamento constitui um grande problema no
processo de recarga das águas subterrâneas. Nas áreas urbanas, as construções e pavimentações
impedem a infiltração, enquanto nas áreas rurais a exposição de vertentes, através de plantações
sem terraceamento e a compactação dos solos causada pelo pisoteamento dos animais constituem
as grandes barreiras à infiltração.
O tipo de material rochoso também é um fator importante no processo de infiltração da água.
Materiais porosos e permeáveis como sedimentos arenosos e rochas cristalinas muito fraturadas
ou porosas favorecem o processo de infiltração. Em contrapartida, rochas argilosas e rochas
cristalinas pouco fraturadas dificultam o referido processo.
4.2.2- Porosidade e Permeabilidade
A porosidade é uma propriedade física definida pela relação entre o volume dos poros e o volume
total de certo material. Esta pode ser classificada em primaria e secundária. A porosidade
primaria é gerada juntamente com o sedimento ou rocha, sendo caracterizada nas rochas
sedimentares pelos espaços entre clastos e grãos (porosidade intergranular - figura 09.1). A
32
porosidade secundaria se desenvolve após a formação de rochas ígneas, metamórficas ou
sedimentares, por fraturamento ou falhamento durante sua deformação (porosidade de fraturas Figura 09.2). Um tipo especial de fraturas secundárias se desenvolve em rochas solúveis como
calcários e mármores através de vazios por dissolução, caracterizando a porosidade cárstica.
Fonte: Mestrinho,2004
Figura 09- 1.Porosidade granular e 2. porosidade em rochas cristalinas
A permeabilidade constitui-se o principal fator que determina a disponibilidade de água
subterrânea devido a sua capacidade em permitir o fluxo de água através dos poros. Para que haja
permeabilidade é preciso que os poros tenham tamanho de até 0,3 mm (vide tabela abaixo) e que
haja conexão entre eles.
Tabela 01- Volume de poros e tamanho de partículas em sedimentos.
Material
Tamanho das
Porosidade em %
Permeabilidade
Partículas em mm
Cascalho
7 a 20
35,2
Muito alta
Areia Grossa
1a2
37,4
Alta
0,3
42
Alta à média
0,04 a 0,006
50 a 80
Baixa a muito Baixa
Areia fina
Silte e argila
Fonte: Teixeira et al (2000)
33
4.2.3 Disposição da água em subsuperficie.
Para Feitosa & Filho (1997), as águas subterrâneas são o fruto do processo de infiltração das
águas de chuva no solo e nas rochas. Estas águas têm sua distribuição vertical dividida em duas
regiões: A zona não saturada ou de aeração e a zona saturada. A primeira situa-se entre a
superfície freática e a superfície do terreno (fig 10) e nela os poros estão parcialmente
preenchidos por gases (ar e vapor d’água) e por água. O segundo fica situado abaixo da superfície
freática2 e nela todos os vazios existentes no terreno estão preenchidos por água.
Fonte: Feitosa & Filho (1997)
Figura 10- Zona de aeração e zona de saturação
A natureza e distribuição da água no subsolo são controladas pela litologia, Estratigrafia e
estruturas das formações geológicas. A Litologia está relacionada com a composição
mineralógica, distribuição e tamanho dos grãos e com a compactação dos sedimentos. A
Estratigrafia usa relações geométricas e cronológicas entre os vários elementos estratigráficos
(Camadas, formações, lentes, discordâncias e etc.). E as estruturas são características geométricas
produzidas por deformação (Falhas, fraturas, dobras, etc.).
Após a infiltração a água é armazenada em unidades rochosas ou de sedimentos, porosos e
permeáveis que transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada
2
Lugar onde a água é submetida à pressão atmosférica em uma superfície real na qual a pressão de referencia é p= 0.
34
pela sociedade, chamados de aqüíferos (Teixeira et al, 2000). Os aqüíferos segundo Feitosa &
Filho (1997), são classificados em Livres e Confinados.
Fonte: Rebouças, 1996.
Figura 11- Posicionamento do aqüífero Livre e do aqüífero confinado.
O aqüífero Livre é aquele cuja superfície hidrostática no interior do aqüífero coincide com o topo
da camada saturada. E todos os pontos da superfície Hidrostática estão unicamente, sob pressão
atmosférica. O aqüífero confinado é aquele cuja superfície hidrostática está acima da camada
saturada em água. A pressão hidrostática do topo da camada saturada será sempre maior que a
pressão atmosférica, decorrente do confinamento a que está submetido o aqüífero.
Quanto a litologia os aqüíferos podem ser classificados em sedimentares, cársticos e fissurais. O
aqüífero sedimentar ou granular está associado a rochas sedimentares de porosidade intergranular
como, por exemplo, os arenitos e quartzitos; O aqüífero cárstico está associado às rochas solúveis
como calcários e dolomitos; e o aqüífero fissural está associado a rochas duras com porosidade
formada por fraturas como granitos e gnaisses.
35
4.2.4- Fluxo da água no subsolo
Além da força gravitacional, o movimento da água subterrânea também é guiado pela diferença
de pressão entre dois pontos, exercida pela coluna de água sobrejacente aos pontos e pelas rochas
adjacentes. Esta diferença de pressão é chamada de potencial da água (potencial hidráulico) e
promove o movimento da água subterrânea de pontos com alto potencial, como nas cristas do
nível freático, para zonas de baixo potencial, como em fundos de vales. Esta pressão exercida
pela coluna de água pode causar fluxos ascendentes de água subterrânea, contrariando a
gravidade, como no caso de porções profundas abaixo de cristas, onde a água tende a subir para
zonas de baixo potencial, junto a leitos de rios e lagos. A união de pontos com o mesmo potencial
hidráulico em subsuperficie define as linhas equipotenciais do nível freático, semelhantes a
curvas de nível topográficas. O fluxo de água partindo de um potencial maior para outro menor,
define uma linha de fluxo, que segue o caminho mais curto entre dois potenciais diferentes, num
traçado perpendicular às linhas equipotenciais (fig 12). (Teixeira et al, 2000).
Fonte: Teixeira et al, 2000
Figura 12- linhas equipotenciais
Para o fluxo da água subterrânea, necessita-se considerar a inclinação do nível d’ água, a
permeabilidade do subsolo e a viscosidade da água. A influencia destes três parâmetros sobre o
fluxo da água subterrânea foi investigada e quantificada em laboratório pelo francês Henry
Darcy, em 1856, resultando na formulação da lei de Darcy, base da hidrologia de meios porosos.
36
Segundo Fetter (1994), Darcy estudou o movimento da água através de colchões de areia usados
para filtrar água. Ele achou que a medida proporcional da vazão da água através do colchão de
um dado caráter (natureza, qualidade) é proporcional à diferença da altura da água entre dois
pontos finais dos filtros e inversamente proporcional ao comprimento do caminho da vazão
(escoamento). Também foi determinado que a quantidade de vazão por escoamento é
proporcional ao coeficiente K, que é dependente da natureza do meio poroso.
De maneira geral, o movimento da água subterrânea é muito lento quando comparado ao
escoamento superficial. Em materiais permeáveis, como areia mal selecionada, a velocidade varia
entre 0,5 e 15 cm/ dia, atingindo máximos de até 100 m/ dia em cascalhos bem selecionados sem
cimentação. No caso de granitos e gnaisses pouco fraturados, o fluxo chega a alguma dezenas de
centímetros por ano. (Teixeira et al, 2000).
Lopez Vera, 2005.
Fonte: Lopez Vera, 2005.
Figura 13- Movimento das águas subterrâneas ao longo de meses, anos e milênios.
37
4.2.5- Parâmetros Hidrogeologicos
Para Oliveira & Campos (2004), a potencialidade de um aqüífero no que tange a sua reserva
explotável e sua vazão de segurança está relacionada aos seus parâmetros hidrogeologicos, onde
os mais representativos são a transmissividade, condutividade hidráulica,
coeficiente de
armazenamento, porosidade total. Os conceitos destes parâmetros são descritos a seguir segundo
Fetter (1994).
Transmissividade é a medida da quantidade de água que pode ser transmitida horizontalmente
através da unidade de largura pela viscosidade do aqüífero mais baixa que o gradiente hidráulico
1. A transmissividade é o produto da condutividade hidráulica e a espessura do aqüífero (T=K.B).
Condutividade Hidráulica é um coeficiente (K) que tem as dimensões de comprimento sobre
tempo (L/T) ou velocidade que também pode ser chamado de coeficiente de permeabilidade. Um
exemplo que facilita a compreensão da Condutividade hidráulica é dado por Hubbert (1956), ao
afirmar que é intuitivamente obvio que um líquido viscoso (espesso), como o óleo, irá se mover
mais lentamente que a água que é mais fina e tem uma viscosidade menor.
Coeficiente de Armazenamento é o volume de água que pode ser absorvido ou expelido em uma
unidade de área igual a camada saturada.
Porosidade Total é a percentagem de espaços vazios existentes na rocha sobre o volume total da
mesma.
4.2.6- Perfuração de poços e seus parâmetros.
Para Todd (1967), um poço d’água é um furo ou cava, geralmente, vertical, escavado no terreno
para trazer a água subterrânea até a superfície. O processo de perfuração é composto por uma
serie de etapas que se inicia com a fase de locação de poço. Para tanto, faz-se levantamentos
bibliográficos,
aerofotogrametria,
observações
em
mapas
geológicos,
hidrogeologicos
topográficos e estudos geofísicos. Com isso, determina-se a litologia da rocha a ser perfurada
38
(sedimentar, cristalino, metasedimentar ou calcário) e as áreas mais favoráveis ao armazenamento
da água. Posteriormente, desloca-se a sonda ao local locado e começa a perfuração.
A depender do tipo de rocha em que se localiza o aqüífero tem-se procedimentos diferenciados de
perfuração. Estas diferenças vão desde a profundidade dos poços, passando pela escolha da
sonda, espessura dos tubos e o tipo de revestimento. Os geólogos da Embasa3 relataram algumas
características dos procedimentos utilizados durante a perfuração de rochas sedimentares e
cristalinas:
As sondas utilizadas para perfurações em rochas sedimentares são as rotativas, principalmente, e percussoras. Sendo
as rotativas utilizadas para perfuração de poços profundos, variando em torno de 100 a 500 metros de profundidade,
ou mais a depender do projeto. Caso a vazão do projeto seja alta (acima de 100m3/h), o poço deverá ter uma câmara
de bombeamento de 12” e uma zona de captação de 8” sendo todo revestido com tubo de aço e filtro galvanizado.
Um exemplo deste tipo de perfuração é observado na cidade de Luis Eduardo Magalhães, onde foi perfurado um
poço tubular profundo de 315 m na Formação Urucuia. As sondas percussoras são utilizadas em perfurações de
poços mais rasos de até 150m de profundidade.
Nas rochas metassedimentares, cristalinas e calcarias são utilizadas sondas rotopneumaticas, principalmente e
percussoras. As rotopneumaticas são mais utilizadas, pois podem perfurar um poço em até um dia, enquanto as
percussoras levam de 15 a 30 dias. Nestes tipos de rochas as partes alteradas são revestidas com tubos geomecanicos
ou com tubos de aço, caso haja água, nesta, usa-se filtro no contato da rocha alterada com a rocha sã, colocando-se e
prefiltro. Após a completação da parte alterada, fura-se na rocha sã de 70 a 150m de profundidade, até atingir
fraturas. Como exemplo, poços perfurados nos quartzitos em Brotas de Macaúbas e Palmas de Monte Alto, atingiuse130 metros e vazão superior a 30 mil litros/h.
Os principais parâmetros analisados ao se construir a situação de um poço são: O Nível Estático,
que é o nível de equilíbrio da água no interior do poço, com o aqüífero em repouso, ou seja, antes
do bombeamento; o Nível Dinâmico que é o nível da água no interior do poço, em um tempo
qualquer, durante um bombeamento; o Rebaixamento, que é a diferença entre o NE e o ND; o
Cone de depressão, que é a zona de descompressão em forma de cone invertido, que se forma ao
redor de um poço em bombeamento; e a vazão, que é a relação entre o volume de água e o tempo
que ela é bombeada.
3
Geólogos Antonio Ribeiro, Antonio Carlos Lago e Luciano Viana da Empresa Baiana de Água e Saneamento.
39
Segundo os geólogos da Embasa, todos os parâmetros vistos acima são obtidos após teste de
bombeamento com duração média de 24 horas. A partir deste bombeamento pode-se definir com
exatidão a vazão de explotação do poço e o local onde a bomba será posicionada. Assim, o poço
entra em funcionamento.
40
5.0- Hidrogeologia do Alto da Bacia do Rio Jequiriça.
5.1- Aspectos Gerais
A Bacia Hidrográfica do Rio Jequiriçá4 abrange uma área de 6900 Km2, com 25 municípios,
sendo 15 na parte alta da Bacia. Dentre estes estão, Planaltino, Santa Inês, Lajedo do Tabocal,
Maracás, Jaguaquara, Itaquara, Itiruçú, Brejões e Nova Itarana. Na área total da Bacia, as
precipitações atingem uma média anual de 800mm, com uma media de 600mm na parte do Alto
Jequiriçá e 1000mm no médio e baixo curso. Esta variação pluviométrica evidencia a diferença
climática existente ao longo desta Bacia. No alto curso, o período chuvoso vai de novembro a
janeiro, e o clima varia de semi-árido a sub-úmido, predominando o semi-árido, inclusive com
todos municípios incluídos no Polígono da Seca (figura 16). A Temperatura média anual atinge
21,28ºC.
Figura 14- Rio Jequiriçá, próximo a Itaquara, vegetação mais Figura 15- Rio Jequiriçá, a leste de Santa Inês, limite entre o
árida.
Alto e médio Jequiriçá, vegetação de clima mais úmido.
A climatologia de caráter árido reflete no potencial hídrico no alto curso da Bacia. Nesta área,
mais da metade dos poços perfurados são secos (53%). Os poços com água geralmente
apresentam baixas vazões com médias de 4m3/h e a análise laboratorial revela uma alta
salinidade.
4
Dados retirados do Consórcio Jequiriçá e da CEI (Centro de Estatística e Informação).
41
A água de superfície é restrita a alguns rios permanentes como o Jequiriçá. Os aqüíferos da região
são controlados por estruturas, falhas e fraturas, dominando assim, o meio fissural. Este tipo de
aqüífero é reflexo da geologia predominante - rochas cristalinas. Os aqüíferos de meio poroso
(granular/fissural) são raros, haja vista, a espessura da cobertura atingir em média 10,23 metros.
Entretanto, os poços perfurados neste domínio apresentam uma alto percentual produtivo, em
decorrência da maior permeabilidade e conseqüente capacidade de infiltração de água que as
coberturas arenosas possuem.
Figura 16- Localização do Polígono da Seca
A figura 17 mostra o mapa geológico do Alto da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá. O mapa aponta
para três litologias dominantes: Charnokitos, Augen Charnokitos e as coberturas TercioQuaternárias. Também se verifica a presença dos poços perfurados pela CERB5 na região,
principalmente na parte sul, e de linhas estruturais.
5
Companhia de Engenharia Rural da Bahia
42
43
As figuras de 18 a 21 mostram alguns afloramentos de rochas observados na região.
Figura 18- Lajedo de Granulito atrás de uma lagoa em Figura 19- Granulito com granadas, localizada no mesmo
Lajedo do Tabocal nas coordenadas 366807 e 8510366.
Lajedo, nas mesmas coordenadas em Lajedo do Tabocal.
Figura 20- Rocha gnáissica, localizada em Lajedo do Figura 21- Cobertura Tercio-Quaternária localizada na
Tabocal, nas coordenadas 389959 e 8523658.
estrada para Marcionilio Souza, nas coordenadas
339269 e 8522024.
Os reservatórios de água que predominam nas cidades e principalmente na zona rural são
barragens, açudes e aguadas que se concentram no fundo dos vales. Aliado à situação de seca, às
condições sócias econômicas com PIB per capita inferior a R$ 1800, 00 e ao crescente aumento
da população na região, segundo o IBGE, torna-se necessário um melhor aproveitamento da água
de subsuperfície.
44
A tabela 02 mostra a disponibilidade hídrica para a região, destacando-se os municípios de
Brejões pela maior média pluviométrica, Maracás pela maior extensão territorial, Nova Itarana
pela maior vazão média e Itiruçu por apresentar maior espessura de cobertura, segundo os poços
perfurados.
Tabela 02- Disponibilidade Hídrica dos municípios do Alto Jequiriçá
Área (Km2)
Precipitação media(mm)
Vazão média (m3/h)
Cobertura (m)
416
1018
2,61
9,31
1,99
1,63
1,61
8,4
Itiruçú
5,06
38,64
Jaguaquara
2,39
13,17
Lajedo do Tabocal
2,16
11,2
Municípios
Brejões
Irajuba
Itaquara
176
582
Maracás
2560
897
4,38
2,35
Nova Itarana
309
548
5,11
9
Planaltino
1137
700
3,27
5,55
Santa Inês
289
628
1,57
3,0
5.2- Os aqüíferos
Na parte alta da Bacia do Rio Jequiriçá o aqüífero fissural abrange, aproximadamente, 86,3% dos
aqüíferos da região, o granular 7,5%, dos aqüíferos da região e o aqüífero granular/fissural
compreende 6,3 %.
O aqüífero fissural é característico, pois, a geologia da região é constituída por rochas cristalinas
como gnaisses e charnokiticos e portanto a água de subsuperfície encontra-se inserida nas fraturas
destas rochas. Segundo dados de campo, as principais direções de fraturas são N45 e N350. O
mapa geológico do Alto Jequiriça (figura 17), mostra que a região engloba uma área altamente
deformada apresentado dobras abertas e fechadas, caracterizando fases deformacionais
diferenciadas, cujas principais drenagens ocorrem acompanhando as estruturas no flanco,
perpendicular ao flanco e principalmente nas charneiras das dobras.
45
O aqüífero sedimentar ocorre apenas, em alguns municípios, cuja espessura da cobertura é mais
espessa, como por exemplo no município de Itiruçú. De forma geral, a cobertura constituída de
sedimentos arenosos e eventualmente, argilosos é fina atingindo em média 8,5 metros, assim
como os solos que atigem no máximo 3 metros de espessura. È importante salientar, que estas
espessuras foram medidas a partir dos perfis dos poços perfurados (vide tabela abaixo).
Tabela 03- Espessura da cobertura dos principais municípios do Alto Jequiriçá.
Município
Cobertura
Solo
Sedimentos
Espessura total da
areno-argilosos
cobertura
Brejões
2,15 m
7,15 m
9,31 m
Irajuba
1,3 m
0,5 m
1,63 m
Itaquara
1,2 m
7,2 m
8,4 m
Itiruçú
1,5 m
37,14 m
38,64 m
Jaguaquara
0,83 m
12,33 m
13,17 m
Lajedo do Tabocal
1,6 m
9,6 m
11,2 m
Maracás
1,87 m
0,48 m
2,35 m
4m
5m
9m
Planaltino
1,73 m
3,82 m
5,55 m
Santa Inês
1,5 m
1,5 m
3,0 m
1,77 m
8,47 m
10,23 m
Nova Itarana
MÈDIA
5.3- Poços Perfurados no Alto Jequiriçá
A perfuração de poços nesta região se dá, principalmente, através de perfuradora tipo
Rotopneumática6, devido a geologia cristalina predominante. Segundo dados da CERB, os
municípios onde mais foram perfurados poços, no Alto do Jequiriça, foram em Maracás,
principal cidade da região e Itiruçu, município com maior cobertura sedimentar. Em
6
Sonda com BIT de perfuração acionada por um compressor.
46
contrapartida, em Amargosa e Nova Itarana só existem dois e quatro poços perfurados,
respectivamente.
57
60
50
Nº poços
40
29
30
20
28
25
19
15
13
7
10
21
18
12
10
5
7
4
9
5
2
0
Amargosa
S. miguel
Sta terezinha
Sta ines
Planaltino
N. Itarana
Mutuípe
Milagres
Maracás
Lajedo Tab
L.Couti
Jaguaquara
Itiruçu
Iatim
Itaquara
Irajuba
Iaçu
Brejoes
municípios
Figura 22- Numero de poços perfurados pela Cerb nos municípios do Alto Jequiriça.
Estas e outras cidades da região sofrem com o problema de abastecimento de água,
principalmente, devido à baixa precipitação que ocorre na região. Tal fato é observado nos
povoados e cidades que compõem o Alto Jequiriça, com o baixo aproveitamento dos poços
perfurados, predominando poços secos e/ou com vazões insuficientes, conforme pode ser
observado na figura 23.
47
percentual
60
80
69
80
67
47 52
40
29
40
46
53
42
29
28
16
20
56
48
40
0
0
0
Amargosa
S. miguel
Sta
terezinha
Sta ines
Planaltino
N. Itarana
Mutuípe
Milagres
Maracás
Lajedo
Taboc.
L.Couti
Itiruçu
Jaguaquara
Iatim
Itaquara
Irajuba
Iaçu
Brejoes
municípios
Figura 23- Percentagem de poços perfurados secos ou com vazões insuficientes
Os poços aproveitáveis, geralmente possuem baixas vazões. A metade dos poços que não são
secos possui uma vazão entre 0 e 2 metros cúbicos por hora, como pode ser visto na figura 24.
Observa-se também o baixíssimo número de poços com vazões acima de 10 metros cúbicos. De
modo geral, pelas informações da Cerb, dos dez poços com maiores vazões na região três estão
localizados em Itiruçú e quatro em Maracás, sendo que, a vazão máxima alcançada é de 15,22
m3/h, como visto na tabela 04. Entretanto, segundo a Embasa foram perfurados em Maracás, no
ano de 2003, dois poços tubulares na localidade da Baixa Funda, cuja vazão foi superior a
30m3/h.
48
50
45
45
38
40
Frequência (N)
35
30
25
18 18
20
15
10
10
9
3
4
8- 9m
5
7- 8m
6
2
3
2
3
3
2
0
14- 15m
13- 14m
12- 13m
11- 12m
10- 11m
9- 10m
6- 7m
5- 6m
4-5m
3- 4m
2- 3m
1- 2m
0- 1m
Intervalo de vazões em m3/h
Figura 24- Freqüência de vazões, em toda região, em metros cúbicos por hora.
Tabela 04- As 10 maiores vazões do Alto Jequiriça.
Município
Localidade
Coord Eo
Coord Ns
Vazão(m³/h)
ITIRUÇU
SEDE
400756
133121
10,72
ITIRUÇU
SEDE
400816
133105
12,16
ITIRUÇU
SEDE
400755
133155
13,39
MARACÁS
AGUA BRANCA
404020
134324
12,38
MARACÁS
CACHOEIRINHA
403118
134546
13,17
MARACÁS
CIRIGADO
402802
131649
15,22
MARACÁS
FAZ. SANTO ANTÔNIO (JOSÉ) *
401704
132032
14,11
MUTUÍPE
FAZ. CAPELINHA DE SÃO JOSÉ (JOSÉ) *
392714
131605
11,98
MUTUÍPE
SERRA DO RATO
393155
131259
12,74
401114
131643
14,94
PLANALTINO ASSENT.SÃO DIOGO UM OU (ANGÉLICA)
Fonte: CERB
49
5.4- Precipitação no Alto Jequiriçá.
Segundo Holtz (1965), entende-se por precipitação a água proveniente do vapor d’água da
atmosfera depositada na superfície terrestre de qualquer forma como chuva, granizo, orvalho,
neblina, neve ou geada. Esta também constitui o fator mais importante para as vazões de poços,
haja vista, sua importância como recarregadora dos reservatórios subterrâneos - os aqüíferos.
No Alto da Bacia do Jequiriçá, já se informou que a precipitação é baixa, atingindo em média
600mm por ano. As medidas se dão em estações pluviométricas através de aparelhos chamados
de pluviográfos. Na parte alta da Bacia Hidrográfica do Jequiriçá existem poucas estações e a
maioria está inativa. Os dados estatísticos abaixo listados são de uma estação desativada desde
1983, localizada no município de Maracás. Com estes dados foi possível projetar valores para os
anos subseqüentes e criar um gráfico de pluviosidade. Esta projeção foi elaborada a partir da
media da taxa de crescimento do das precipitações entre os anos de 1964 e 1983. Esta média foi
de aproximadamente, 2% ao ano.
Tabela 05- Serie Estatística de pluviometria no Alto da Bacia do Jequiriçá.
Anos
Pluviosidade (mm)
Anos
Pluviosidade (mm)
1964
1207,8
1976
395,7
1965
451,4
1977
721,3
1966
818,4
1978
924,3
1967
461,8
1979
622,1
1968
928,9
1980
950
1969
826,7
1981
560,5
1970
767,2
1982
444,1
1971
1983
564,1
1972
1987*
575,4
1991*
586,9
1995*
598,6
1999*
610,6
1973
530
1974
1975
589
Fonte: Superintendência de Recursos Hídricos
* - Dados projetados
50
1400
Precipitação (mm)
1200
1000
800
600
400
200
0
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
1976
1974
1972
1970
1968
1966
1964
Anos
Figura 25- Comportamento pluviométrico no Alto Jequiriçá de 1964-1999.
5.5- Tratamento Estatístico dos dados dos poços do Alto da Bacia do Jequiriçá.
Com base nos dados disponíveis, foi realizada uma avaliação preliminar das características do
aqüífero considerando-se toda a região. A tabela 06 mostra um sumário estatístico dos parâmetros
físicos disponíveis (profundidade, nível estático e vazão).
É observado que a distribuição
estatística é dada em intervalos de períodos de cinco anos. Existem seis períodos, totalizando 30
anos. Ou seja, os dados utilizados sobre os poços da região variam entre 1973 a 2002. Esta
distribuição foi feita com objetivo de diminuir a dispersão do resultado e o conseqüente erro
padrão. Este último é definido como a razão entre o desvio padrão e a raiz quadrada do número
de dados. A análise dos dados mostrou uma variação muito grande no erro padrão. Curiosamente,
o fator N (número de dados) em determinados períodos, apontaram baixos erros para os
parâmetros nível estático e vazão, mesmo com o baixo numero de amostras, como é o caso dos
períodos de 88-92 e 93-97,. Entretanto, o parâmetro profundidade apresentou erro padrão
significativo em quase todos os períodos, atingindo inclusive, no período de 78-82 um erro de
14,25 m. Neste caso, o baixo número de amostragem (8) deve ter influenciado no resultado. O
51
período de 83-87 foi aquele em que se realizaram mais perfurações e, portanto que tem mais
dados. Entretanto, seu erro padrão aparece alto nos três parâmetros. Isso mostra que estes dados
apresentam uma grande variabilidade. Outro fato relevante na determinação do erro padrão está
na diferença de amostras coletadas entre os parâmetros de perfuração e os de nível estático e
vazão. Normalmente, há muito mais amostras de poços perfurados do que amostras das medidas
de níveis estáticos e vazões. Isso ocorre devido ao baixo aproveitamento dos poços na região,
pois apesar de um poço ser perfurado, caso seja seco, não se determinam os parâmetros de nível
estático e vazão.
Tabela 06- Sumário Estatístico para toda a região
Período
73-77
78-82
83-87
88-92
93-97
98-2002
Parâmetros
N
Média
Des. Padrão
Erro Padrão
Profundidade
32
50,13
12,82
2,27
Nív. Estático
25
5,32
13,92
2,78
Vazão
22
3,44
13,12
2,8
Profundidade
8
65
40,31
14,25
Nív. Estático
8
9
0,71
0,25
Vazão
7
2,56
3,12
1,2
Profundidade
142
63
55,86
4,68
Nív. Estático
80
5,7
52,54
5,87
Vazão
79
3,37
53,48
6,02
Profundidade
16
61,12
31,90
7,98
Nív. Estático
8
4,19
2,69
0,95
Vazão
8
5,45
1,80
0,64
Profundidade
23
73,23
35,52
7,41
Nív. Estático
9
6,68
1,64
0,55
Vazão
10
2,91
5,01
1,59
Profundidade
58
76,72
13,24
1,74
Nív. Estático
40
3,74
25,64
4,05
Vazão
40
3,28
25,96
4,11
Nos parâmetros analisados verifica-se que entre 1978 a 1992 há um aumento de 106% na vazão
dos poços perfurados, saindo de 2,56 m3/h para 5,45m3/h. No período seguinte, houve uma queda
significativa e, no último período, um pequeno crescimento alcançando uma vazão média de
52
3,28m3/h. O nível estático apresentou uma queda de 1978 até 1992, saindo de 9m até 4,19m. Nos
períodos seguintes, o nível oscilou, subindo entre 1993-1997 e caindo outra vez no ultimo
período, de 6,68m para 3,28m. Todavia, com exceção do segundo período, o nível estático se
mantém entre três e seis metros. A profundidade apresenta um comportamento quase linear,
sempre crescente, alcançando um furo vertical de 53,3m em 1973 e de 76,72m em 2002. Ou seja,
houve um acréscimo de aproximadamente, 23 metros de profundidade. (vide figuras abaixo).
80
60
40
20
0
16
14
73,23 76,7212
65
63
10
61,12
50,13
7,98
8
7,41
6
4,68
4
2,27
1,74 2
0
73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002
14,25
erro padrão
Profundidade
100
Período
10
7
Nível Estatíco(m)
8
6
5,87
7
4
4,054
5,7
5,32
3
3,74
2
4,19
2,78
3
2
1
0
0,95
0,25
0,55
1
0
73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002
5,45
6,02
6
5
4
3
2
1
3,44
2,8
3,37
2,91
2,56
4,11
3,284
1,59
1,2
0,64
0
3
2
1
0
73-77 78-82 83-87 88-92 93-97 982002
Período
Periodo
Nivel estatico
7
5
5
6,68
6
6
Vazão m3/h
9
erro padrão
9
5
erro
erro padrão
profundidade
erro padrão
Vazão
erro padrão
Figuras 26, 27 e 28- Evolução Temporal da Profundidade, Nível Estático e da Vazão para toda a região.
53
No regime hidrogeológico fissural, o número de poços perfurados pode ter ou não, relação com a
vazão. Isto vai depender de como estão arrumadas as fratura ou falhas, de forma independente ou
conectadas. Já no domínio granular, os poços perfurados podem retirar a água de um mesmo
aqüífero. Entretanto, a figura 29 mostra a variação da vazão pela profundidade, durante os
períodos de cinco anos, a fim de fazer uma avaliação mais ampla, uma vez que, com mais poços
perfurados têm-se uma avaliação mais precisa das vazões. Sendo assim, o período entre 19831987 constitui-se como a medida de vazão média mais precisa com 3,37m3/h para 142 poços
perfurados. Em contrapartida, o período entre 1978-1982 constitui-se como a medida de vazão
média menos precisa com 2,56m3/h para 8 poços perfurados, conforme visto na figura 29 abaixo.
160
6
142
140
5,45
5
120
100
80
4
3,44
20
2,91
2,56
60
40
3,37
58
32
8
0
3,28
16
23
3
2
1
0
1973-1977 1978-1982 1983-1987 1988-1992 1993-1997 1998-2002
Poços Perfurados
Vazão média em m3/h
Figura 29- Relação entre numero de poços perfurados e vazão média no Alto Jequiriçá.
Ao se realizar a análise interpretativa dos parâmetros físicos supracitados, a geologia dos poços
perfurados tem sua relevância. Por exemplo, poços em rochas sedimentares, normalmente,
apresentam maiores vazões do que em rochas cristalinas. Sendo assim, os gráficos abaixo
mostram em que tipo de rocha (cristalina, sedimentar ou sedimentar/cristalina) foram perfurados
os poços nos períodos estabelecidos.
100%
6%
54
90%
100%
90%
80%
70%
60%
6%
7%
80%
70%
60%
50%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
94%
40%
87%
30%
20%
10%
0%
cristalino
sedimentar
100%
sedim/cristal
100%
9%
90%
70%
60%
60%
50%
50%
40%
40%
75%
30%
30%
20%
20%
10%
10%
0%
0%
cristalino
100%
sedimentar
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
80%
70%
60%
50%
91,3%
40%
30%
20%
10%
0%
cristalino
sedimentar
sedim/cristal
75%
cristalino
sedim/cristal
4,3%
4,3%
90%
12,50%
80%
70%
sedim/cristal
12,50%
90%
16%
80%
cristalino
sedimentar
sedim/cristal
5%
95%
cristalino
sedimentar
Figura 30- Percentagens das litologias perfuradas entre os períodos 1973-1977, 1978-1982,1983-1987, 1988-1992, 1993-1997 e 19982002, respectivamente.
55
5.5- Análise de parâmetros por município.
O maior número de poços perfurados nos municípios de Maracás, Itiruçu e Planaltino, fazem com
que os dados destes municípios sejam mais precisos. Os gráficos abaixo mostram o
comportamento dos parâmetros profundidade, nível estático e vazão, nas principais cidades que
compõem o Alto do Jequiriçá.
Os poços com maiores profundidades estão localizados nos municípios de Santa Inês e Itaquara,
apresentando 84,3m e 79m, respectivamente. Em contrapartida, estas cidades são as que
apresentam as menores vazões, que estão em torno de 1,57m3/h em Santa Inês e 1,67 m3/h em
Itaquara. Do outro lado, o município de Nova Itarana, que tem a maior média de vazão da região,
com 5,11m3/h, é quem possui a menor profundidade média de poços perfurados, atingindo
somente, 52 metros. Supõe-se que, pela necessidade de alcançar uma melhor vazão, precisa-se
procurar uma maior fratura ou falha em profundidade nos municípios com maior dificuldade na
captação de água.
O município de Itiruçú possui a segunda maior vazão da região com 5,06 m3/h. Tem um nível
estático de apenas 2,56m e a profundidade média de seus poços é a segunda menor, atingindo em
média 60 metros. Possivelmente, o fato deste município ter a maior cobertura da região, com
38,64 metros em media, possibilita a extração de água de um aqüífero granular, sem a
necessidade de grandes perfurações para se encontrar fraturas em profundidade. O baixo nível
estático também contribui.
56
Profundidade (m)
100,0
90,0
84,3
79,0
80,0
70,0
61,6
62,8
60,4
65,3
69,7
68,3
60,0
64,6
52,5
50,0
Santa Inês
Planaltino
Nova
Itarana
Maracás
Laj. do
Tabocal
Jaguaquara
Itiruçu
Itaquara
Irajuba
Brejões
Municipios
Figura 31- Profundidade media dos poços perfurados por município.
18
15,15
Nível Estatico (m)
15
12
10,25
9
5,32
6
3,62
4,46
0,48
1,58
1,55
Planaltino
3
Nova
Itarana
2,69
0
Maracás
Lajedo do
Tabocal
Jaguaquara
Itiruçú
Itaquara
Irajuba
Brejões
Municipios
Figura 32- Nível Estático médio dos poços perfurados por município.
57
vazão em Qm3/h
6
5,2 5,06
5
4,38
3,91
4
5,11
4,56
4,26
3,27
3 2,61
2,39
1,99
1,66 1,61
2
2,16
2,14
1,57
1,96
2,35
1
0
Amargosa
S. miguel
Sta
terezinha
Sta ines
Planaltino
N. Itarana
Mutuípe
Milagres
Maracás
Lage/lajedo
L.Couti
Jaguaquara
Itiruçu
Iatim
Itaquara
Irajuba
Iaçu
Brejoes
município
Figura 33- Vazões médias dos poços perfurados por município.
A figura 33 mostra a profundidade média dos poços perfurados durante os períodos. Verifica-se
uma homogeneidade nos períodos de 1973-1977 e 1998-2002. A profundidade média máxima
alcançada foi de 90 metros, tendo ocorrido em Planaltino entre 1988 e 1992. De forma geral, os
municípios apresentam um aumento da profundidade máxima alcançada, haja vista, as linhas de
tendência abaixo.
58
100
90
Profundidade(m)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1973-1977
1978-1982
1983-1987
1988-1992
1993-1997
1998-2002
Periodo em anos
Planaltino
Maracás
Brejões
Itiruçú
Jaguaquara
Laj Tabocal
Expon. (Planaltino)
Expon. (Maracás)
Expon. (Itiruçú)
Expon. (Brejões)
Figura 34- Evolução temporal por município da profundidade
A figura 34 mostra o nível estático médio dos poços perfurados no alto jequiriçá, por município.
Verifica-se um aumento significativo do nível estático nos municípios de Jaguaquara e Itiruçú, de
1992 para 2002, e uma estagnação nos municípios de Maracás, Brejões e Planaltino.
Possivelmente, o baixo aproveitamento dos poços perfurados e a ausência de perfurações, como
visto nos períodos de 1978-1982 e 1993-1997, em Jaguaquara, contribuem para a recuperação do
nível piezométrico, haja vista a ausência de descarga. Além disso, a topografia, em que se
localiza cada município, a ausência de dados em determinados períodos e a imprecisão de outros
podem comprometer a análise do nível estático por município.
59
18
15
Nível Estatíco (m)
12
9
6
3
0
1973-1977
1978-1982
1983-1987
1988-1992
1993-1997
1998-2002
Periodo em anos
Planaltino
Itiruçú
Expon. (Itiruçú)
Expon. (Maracás)
Maracás
Jaguaquara
Expon. (Jaguaquara)
Brejões
Laj Tabocal
Expon. (Planaltino)
Figura 35- Evolução Temporal do Nível estático por município.
A figura 35 mostra a vazão média dos poços perfurados no Alto Jequiriçá, por município.
Verifica-se a diminuição significativa da vazão, principalmente, no município que possui a maior
cobertura, Itiruçú. Nos outros municípios há um aumento gradativo da vazão, segundo a linha de
tendência. Observa-se ainda que, com exceção dos municípios de Itiruçú e Brejões que
apresentam vazões iguais ou superiores a 5m3/h, a vazão raramente, ultrapassa o registro de
4m3/h.
60
12
Vazão em m3/h
10
8
6
4
2
0
1973-1977
1978-1982
1983-1987
1988-1992
1993-1997
1998-2002
Periodo em anos
Maracás
Brejões
Expon. (Brejões)
Expon. (Jaguaquara)
Planaltino
Jaguaquara
Expon. (Maracás)
Itiruçú
Expon. (Planaltino)
Expon. (Itiruçú)
Figura 36- Evolução Temporal vazão por município.
6.0- Hidroquimica
O estudo hidrogeoquímico tem como finalidade à caracterização da composição química das
águas do sistema de aqüífero e conseqüentemente a avaliação de sua potabilidade. Para tanto, são
utilizados fatores físicos tais como, cor, turbidez, ph, condutividade elétrica e dureza, e químicos
como cloretos, ferro, magnésio, sílica, flúor, sulfatos e nitratos.
Os parâmetros supracitados são definidos por Feitosa & Filho (1997) da seguinte maneira:
Cor - É resultado das substancias dissolvidas na água, provenientes principalmente da lixiviação
da matéria orgânica.
Turbidez - É a dificuldade da água para transmitir a luz, provocada por sólidos em suspensão
(silte, argila, matéria orgânica) que sujam a água dificultando a passagem da luz.
61
Condutividade Elétrica- É a medida da facilidade de uma água conduzir a corrente elétrica,
estando diretamente ligada com o teor de sais dissolvidos sob a forma de íons.
Dureza - É definida como o poder de consumo de sabão por determinada área ou capacidade da
água neutralizar o sabão pelo efeito do cálcio, magnésio ou outros elementos como Fe, Mn, Cu,
Ba e etc.
Ph- É a medida da concentração hidrogeniônica da água ou solução, sendo controlado pelas
reações químicas e pelo equilíbrio dos ions presentes. É essencialmente uma função do gás
carbônico dissolvido e da alcalinidade da água. Varia de 1 a 14, sendo neutro com valor 7, ácido
com valores inferiores a 7 e alcalino ou básico com valores superiores a 7.
Cálcio (Ca)- É o elemento mais abundante existente na maioria das águas e rochas do planeta
Terra. Os sais de cálcio possuem moderada a elevada solubilidade, sendo muito comum precipitar
como carbonato de cálcio.
Magnésio (Mg)- Possui propriedades similares ao cálcio, porém é mais solúvel e difícil de
precipitar.
Ferro (Fe)- Pode estar presente em baixos teores (< 0,3 mg/L) em quase todas as águas e ocorre
sob diversas formas químicas e, freqüentemente, aparece associado ao manganês. Geralmente, o
ferro analisado é expresso em termos de ferro total em mg/L.
Cloreto (Cl)- Está presente em todas as águas naturais, com valores situados entre 10 e 250 mg/L
nas águas doces. O cloreto, em geral, é muito solúvel e muito estável em solução, logo,
dificilmente precipita. Não oxida nem reduz em águas naturais.
Sulfato (SO4)- São sais moderadamente solúveis a muito solúveis.
Bicarbonato (HCO3) – Este íon não se oxida nem se reduz em águas naturais, porem pode
precipitar com muita facilidade como carbonato de cálcio.
62
Nitrato (NO3)- Ocorre em geral com pequeno teor. È muito móvel e pode ser removido das
camadas superiores do solo para água (Bower, 1978). Representa o estágio final da oxidação da
matéria orgânica e teores acima de 10 mg/l podem ser indicativos de contaminação da água
subterrânea.
A análise media destes parâmetros, para a água dos poços do Alto Jequiriçá, aponta para uma
água imprópria ao consumo humano, tendo em vista os valores muito acima do permitido,
principalmente, do cloreto e da dureza. (Em anexo a tabela dos valores máximos permitidos).
Tabela 07- Analise Química média da água dos poços do Alto Jequiriçá.
Alc. (HCO3-)
105,82 mg/l CaCo3
Flúor
0,68 mg/l F
Cálcio
608,39 mg/l CaCo3
Sílica
22,4 mg/ SiO2
Cloreto
1730,35 mg/l Cl
Ferro
1,46 mg/l Fe
Condu. Elétrica
5224,53 µmho/cm
Dureza
1303,62 mg/l CaCo3
Cor
9,29 mg/l Pt
Magnésio
335,99 mg/l Mg
Ph
7,65
N. Nitroso
0,02 mg/l N-NO2
58,79 NTU
N.Nítrico
1,12 mg/l N-NO3
Sulfato
80,36 mg/l SO4
Turbidez
Resíduo Total
3980,18 mg/l
A tabela 08 mostra que a analise hidroquimica por município apresenta as mesmas características
da analise geral. Todos os municípios apresentam altos índices de cloreto e dureza, o que
compromete a água para o consumo humano. O diagrama de Piper que classifica as águas, não
pode ser elaborado pela ausência de dados dos cátions de Potássio e Sódio nas fichas dos poços.
63
Tabela 08- Analise Química média da água dos poços do Alto Jequiriçá por município.
Parâmetros*
Municípios
Brejões
-
Irajuba
Itaquara
Itiruçú
Jaguaquara Tabocal
Maracás
Planaltino
Alc. (HCO3 )
46,34
34,89
91,52
62
88,87
68,15
274,56
151,25
Cálcio
707,39
1302,61
360,65
56,63
324,33
213,335
529,61
393,04
Cloreto
2358,56
3335,93
1000,42
1214,12
807
546,37
1471,33
849,8
10192,43
8386,67
3173,1
510,41
2815,67
1847,5
3782
5216
Cor
3,75
18
2
14,5
13
4,5
8,6
4,5
Ph
7,87
6,46
7,825
8,28
7,9
8,1
7,79
8,595
Turbidez
55,26
24,05
4,625
596,84
9,72
7,75
4,31
1,155
Resíduo Total
5946,5
6209,33
2780,5
3363
2003
1480
3858,8
2146
Flúor
0,55
0,64
0,195
0,6
0,83
0,09
0,59
2,7
Sílica
25,48
9,62
23,29
13,29
15,84
24,98
34,56
38,8
Ferro
3,5
1,32
0,39
2,74
1,47
1,615
0,8
0,18
11,68
1981,8
992,49
1493,84
762,33
362,4
1594,01
999,22
Magnésio
1390,45
165,82
104,03
75,57
102
36,37
154,39
566,49
N. Nitroso
0,01
0,03
0,00225
0,001
0,01
0,137
0,008
0,0015
N.Nítrico
1,43
2,44
0,59
0,944
0
0,097
1,31
0
Sulfato
124
64,71
39,69
13,8
67,67
15,27
170,74
46,1
Condutividade
Elétrica
Dureza
*- As unidades de medida dos parâmetros são as mesmas da tabela anterior.
64
7- Conclusões e Recomendações
A Bacia Hidrográfica do Jequiriçá se encontra em uma região de clima árido, está inserida no
Polígono das Secas, com baixíssima pluviosidade e geologicamente, está sobre as rochas
cristalinas do Complexo Jequié, associadas as coberturas Tércio-Quaternárias. Superficialmente,
a região é caracterizada pela presença de rios efêmeros, exceto o rio Jequiriçá. Em subsuperficie
os aqüíferos dominantes são os fissurais.
A perfuração dos poços, pela Cerb, nos últimos 30 anos aponta para uma região de difícil
aproveitamento de água. Dos poços perfurados 53% são secos ou possuem vazões insuficientes.
Dos poços aproveitáveis apenas dez, tem vazões acima de 10m3/h. O município que tem os poços
com maiores vazões é Itiruçu. Nele existe a maior cobertura média, nos poços perfurados, com
aproximadamente, 35 metros. Entretanto, o município com maior media de vazão por ano é Nova
Itarana, com 5,11m3/h. A qualidade da água também é um problema. A maioria das analises
determina que a água é imprópria ao consumo humano, principalmente, pela alta quantidade de
cloreto e a alta dureza.
A tabela 09, de demanda hídrica, apresenta uma relação entre o número de população de alguns
municípios, como Maracás e Planaltino, e a capacidade de vazão dos mesmos. Supondo que cada
ser humano em média, beba dois litros de água por dia, e que a água seja de boa qualidade, os
habitantes desta região teriam o suficiente, apenas para sobreviver.
Tabela 09- Demanda Hídrica, para o ano de 1991.
População Residente
Vazão em m3/h
Litro/pessoa
Itaquara
7168
1,61
5,39
Brejões
13175
2,61
4,75
Maracás
27006
4,38
3,89
Planaltino
10347
3,27
7,58
Nova Itarana
6624
5,11
18,51
Santa Inês
10016
1,57
3,76
Município
Fonte: IBGE e CEI
65
Levando-se em consideração que os dados de vazão foram tirados de poços até o ano de 2002,
que a população residente já cresceu 5% desde 1991 e que a água é, normalmente, de má
qualidade, os municípios do Alto Jequiriçá, em especial, Santa Inês e Maracás, merecem uma
atenção especial por parte dos órgãos competentes sobre o problema de abastecimento de água.
66
8.0- Referências Bibliográficas
ALMEIDA, A.B., Modelagem da Produção de Sedimentos na Bacia Hidrográfica do
Jequiriçá. 2004 . Trabalho de Conclusão de curso (Bacharelado em Geologia)- Faculdade de
Geologia, UFBA, Salvador,2005.
BAHIA, Governo do Estado, Plano Diretor do Recôncavo Sul. Salvador: 1994.
BARBOSA, J. S. F; DOMINGUEZ, J. M.L.1996 – Texto explicativo do Mapa Geológico do
Estado da Bahia SME/UFBA Secretaria da Indústria e Comércio e Mineração. Superintendência
de Geologia e Recursos Minerais,400 p il. Salvador
CHIOSSI, N.J. Geologia Aplicada a Engenharia. 3ª ed. São Paulo: Grêmio Politécnico, 1983,
427P.
FEITOSA, F. e FILHO J. Hidrogeologia das Correntes. Fortaleza: CPRM, 1997. 412 P. - FETTER, C.W. Apllied Hydrogeology, 3ª ed. New Jersey: Prentice Hall,1994. 691P.
GOMIDE, F.L.S et al. Hidrologia Básica. São Paulo: Ed. Edgard Blucher,1976,279 P.
OLIVEIRA. L. A & CAMPOS. J. G, Parâmetros Hidrogeológicos do Sistema Aqüífero Bauru
Na Região Araguaí/MG- Fundamentos Para Gestão do Sistema de abastecimento de
Aqüífero. 2004: Revista Brasileira de Geociências, V. 34.
SÃO PAULO, Secretária de Obras e do Meio Ambiente. Estudo de Águas Subterrâneas:
Região de São José, salvador, 1976,V3.
SPÍNOLA,N.D. Projetos Empresariais e Planejamento de Negócios. Salvador: 2000,396P.
TASSINARI C.C. et al, Projeto Radam Brasil- V.24. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e
Energia, 1981, 620P.
TEIXEIRA, W. (org). et al. Decifrando a Terra. S. Paulo: Oficina de Texto, 2000. 568 P.
TODD, D.K. Hidrologia de Águas Subterrâneas. São Paulo: Ed. Edgard Blucher,1964.319P.
TOLMAN, C.F. Ground Water. New York: Mcgraw Hill, 1937, 593 P.
67
9.0 –Anexos
9.1- Ficha de poço cristalino em Maracás
9.2- Ficha de poço sedimentar em Itiruçu
9.3- resolução nº 357
68
69
70
71
72
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Antonio Huoya - HIDROGEOLOGIA