O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO
SOCIAL NO SETOR PÚBLICO, INSTITUIÇÕES
SOCIAIS E ONGS NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO DO
PINHAL - PR
ANA CAROLINA DE ALMEIDA
ANDRE ROBERTO DE MORAES
CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ
2012
ANA CAROLINA DE ALMEIDA
ANDRE ROBERTO DE MORAES
O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO
SOCIAL NO SETOR PÚBLICO, INSTITUIÇÕES
SOCIAIS E ONGS NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO DO
PINHAL - PR
Trabalho Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Bacharelado em Administração da
Universidade Estadual do Norte do Paraná,
Campus de Cornélio Procópio, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel, sob
orientação do professor Luiz Eduardo de
Araújo.
CORNÉLIO PROCÓPIO, PARANÁ
2012
O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO SETOR
PÚBLICO, INSTITUIÇÕES SOCIAIS E ONGS NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO DO
PINHAL - PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de
Administração.
Banca examinadora:
Prof. Luiz Eduardo de Araújo
UENP – Cornélio Procópio - PR
Prof. Priscila Terezinha Ap. Machado
UENP – Cornélio Procópio - PR
Prof. Sérgio Roberto Ferreira
UENP – Cornélio Procópio - PR
Cornélio Procópio, 23 de novembro de 2012.
Dedicamos este trabalho a todos aqueles que
acreditaram e estiveram conosco nestes anos
de aprendizado.
AGRADECIMENTO
Ao Professor Luiz Eduardo de Araújo, nosso orientador, que sempre
esteve à disposição, nos ajudando durante todo o trabalho, cobrando sempre com
incentivo e desenvolvendo conosco idéias importantíssimas para o desenvolvimento
e a conclusão deste.
Aos entrevistados, que buscaram da melhor forma relatar sua a
origem de seus projetos e sua forma de trabalho, nos mostrando a importância de
um trabalho social e fornecendo dados essenciais para o desenvolvimento do
trabalho.
Por fim, agradecemos às nossas famílias e aos nossos amigos, pelo
apoio e incentivo em todas as horas, e ajuda quando possível, para que fosse
possível o desenvolvimento do nosso instrumento de conclusão de curso.
“Não é a intenção que valida um ato, mas seu
resultado.”
Nicolau Maquiavel
ALMEIDA, Ana Carolina de, MORAES, Andre Roberto de. O Desenvolvimento do
Empreendedorismo Social no Município de Ribeirão do Pinhal - PR. 2012. Nº
páginas: 73. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual do Norte do
Paraná – UENP/Campus Cornélio Procópio, Cornélio Procópio, 2012.
RESUMO
Pode-se observar na realidade do desenvolvimento e inovação, que grande parte
dos dos empreendimentos são voltados para fins econômicos, por meio de
entidades privadas. Portanto, busca-se entender as questões que impedem que o
Empreendedorismo Social se desenvolva nas instituições sociais, nas ONGs e no
Setor Público, e sua importância em um município pequeno, levando em
consideração que em grande parte das vezes o trabalho voltado para o cidadão está
vinculado à um serviço administrativo municipal, o que muitas vezes sofre
dificuldade de adaptação devido à resitência a mudanças e os problemas
burocráticos do Setor Público. Com isso, surge a necessidade da visibilidade sobre o
Empreendedorismo Social no Município de Ribeirão do Pinhal - PR, com o objetivo
de mapear os trabalhos já apresentados e propor novas ações com base das
deficiências dos setores. Esta pesquisa foi realizada através de entrevistas abertas
nos locais levantados como objetos de estudo, com os coordenadores dos projetos
desenvolvidos em âmbito social dentro do município, buscando entender a a forma
em que os trabalhos são realizados, sua maneira de administrar, e a origem dos
recursos aplicados. Com isso, pode ser verificado o déficit de projetos sociais nas
áreas de Agricultura, Meio Ambiente e Cultura, salientando que nas demais áreas
como Educação, Saúde, Assitência Social e Esportes, são desenvolvidos trabalhos
importantíssimos para o bem estar social dos munícipes. Através dos resultados
encontrados com a pesquisa, é possível identificar artifícios que tragam propostas de
ações sociais voltadas para o desenvolvimento do Empreendedorismo Social em
Ribeirão do Pinhal – PR.
Palavras-chave: Empreendedorismo; Empreendedorismo Social; Projetos Sociais;
Ribeirão do Pinhal.
LISTA DE QUADROS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
De onde surgem as idéias de empreendimentos........................................
Fatores que impulsionam ou decrescem o potencial empreendedor.........
Comparação entre empreendedorismo privado e social.............................
Creche Cantinho da Amizade......................................................................
Casa da Criança..........................................................................................
EJA - Educação de Jovens e Adultos..........................................................
Casa Abrigo e Projeto Vida e Esperança....................................................
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde.............................
Programa de Combate à Endemias............................................................
SISAGUA – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade de Água
Para Consumo.............................................................................................
Incentivo ao Pequeno Produtor Rural – Merenda Escolar..........................
Coleta Seletiva............................................................................................
Assistência de Assuntos Previdenciários....................................................
Cursos Profissionalizantes..........................................................................
Atendimento Social......................................................................................
Projeto Melhor Idade...................................................................................
Projeto Segundo Tempo..............................................................................
Clube da 3ª Idade – Renascer de Bem Com a Vida...................................
Desenvolvimento Educacional e Cultural com a Associação de Pais e
Estudantes Universitários de Ribeirão do Pinhal – PR..........................
Orientação da Coleta Seletiva com o PACS...............................................
Restabelecimento da Secretaria Municipal de Cultura................................
21
22
30
47
48
48
48
49
50
50
51
51
52
53
53
54
54
55
60
61
61
LISTA DE SIGLAS
CCP
CO2
CRAS
EJA
EMATER
IBGE
IPARDES
ONG
PACS
PR
SEFA
SISÁGUA
UENP
– Campus de Cornélio Procópio
– Dióxido de Carbono (Química)
– Centro de Referência em Assistência Social
– Educação de Jovens e Adultos
– Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
– Organização Não Governamental
– Programa de Agentes Comunitários de Saúde
– Estado do Paraná
– Secretaria de Estado da Fazenda
– Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água
– Universidade Estadual do Norte do Paraná
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 12
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 12
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 13
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15
2.1 CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO ........................................... 15
2.1.1 O conceito de empreendedorismo na visão de vários teóricos ................ 15
2.1.2 O perfil do empreendedor............................................................................. 17
2.1.3 Fatores que influenciam o empreendedor .................................................. 19
2.1.4 O empreendedorismo voltado às necessidades humanas ........................ 24
2.2 EMPREENDEDORISMO SOCIAL ..................................................................... 15
2.2.1 Fatores motivacionais do Empreendedorismo Social ............................... 26
2.2.2 Tipos de Empreendedorismo Social............................................................ 28
2.2.3 Empreendedorismo Tradicional x Empreendedorismo Social.................. 29
2.2.4 Empreendedorismo Social versus Políticas Públicas ............................... 31
2.2.5 Empreendedorismo Social e Filântropia ..................................................... 32
2.2.6 Inovação versus Sustentabilidade ............................................................... 34
2.2.7 Empreendedorismo Social no Brasil e no mundo ...................................... 36
2.2.7.1 Exemplos de empresas ................................................................................ 36
2.2.7.1.1 Ashoka ...................................................................................................... 37
2.2.7.1.2 Fundação Schwab ..................................................................................... 38
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 40
3.1 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................... 40
3.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 40
3.3 POPULAÇÃO E LOCAL: ASPETOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS E
RIBEIRÃO DO PINHAL – PR ..................................................................................... 42
3.4 MÉTODO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS ............................................. 44
4 ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS ............................................ 47
4.1 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO ..................... 47
4.2 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE SAÚDE ............................. 49
4.3 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE AGRICULTURA E MEIO
AMBIENTE ................................................................................................................ 51
4.4 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL .... 52
4.5 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE ESPORTES ...................... 54
4.6 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE CULTURA ......................... 55
4.7 ANÁLISE DA POSIÇÃO DE ENTIDADES FILANTRÓPICAS NO MUNICÍPIO –
AÇÕES DA MAÇONARIA E DO LIONS CLUB .......................................................... 56
4.8 ANÁLISE DA POSIÇÃO EMPRESARIAL SOBRE OS PROJETOS SOCIAIS
ESTABELECIDOS .................................................................................................... 56
4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA .................................................. 58
4.10 PROPOSTA DE AÇÃO EMPREENDEDORA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO DO PINHAL ............................................................................................. 60
4.10.1 Desenvolvimento educacional e cultural com a Associação de Pais e
Estudantes Universitário de Ribeirão do Pinhal - PR .......................................... 60
4.10.2
Orientação da coleta seletiva com o PACS – Programa de Agentes
Comunitários de Saúde .......................................................................................... 61
4.10.3 Restabelecimento da Secretaria Municipal de Cultura ............................ 61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64
APÊNDICE ................................................................................................................ 69
11
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como objetivo descrever os pressupostos teóricos, a
fim de evidenciar a apresentação do tema e delimitação, justificativa, problema
(situação e formulação), objetivos, área de abrangência e tipo de estudo, as ideias
mestras ou centrais do desenvolvimento, por capítulo.
De forma estrutural, este trabalho apresenta além dessa introdução, um
levantamento de fundamentação teórica, onde são destacadas as teorias de
diversos autores sobre os assuntos relevantes para o desenvolvimento deste, a
metodologia, onde são abordadas as formas de levantamento de pesquisa, a
analise, desenvolvimento e resultados do trabalho conforme as pesquisas, e as
considerações finais a respeito do atendimento da problematização e dos objetivos,
além das referências e apêndices apresentados.
O
trabalho
de
conclusão
de
curso
abrange
variados
tópicos
do
empreendedorismo social, onde conceitos e definições entram em conflito com
situações verdadeiras e um possível projeto de melhoria no que diz respeito aos
trabalhos voltados para fins sociais no município de Ribeirão do Pinhal, onde ocorre
o estudo de caso.
Empreendedorismo social é um termo que se relaciona ao desenvolvimento
da à sociedade. As empresas sociais, diferentes das ONGs ou de empresas
comuns, utilizam mecanismos de mercado para, por meio da sua atividade principal,
buscar soluções de problemas sociais. Já os Empreendedores Sociais são
indivíduos visionários, que possuem capacidade empreendedora e criatividade para
promover mudanças sociais de longo alcance em seus campos de atividade. São
inovadores sociais que deixarão sua marca na história.
Sendo assim, o estudo de caso deste trabalho, objetiva conceituar o
Empreendedorismo e o Empreendedorismo Social, mapear as áreas onde seria
possível desenvolver o Empreendedorismo e propor ações empreendedoras para o
setor público, instituições sociais e ONGs no município de Ribeirão do Pinhal – PR.
Deste modo, questões relacionadas ao empreendedorismo social não se
desenvolvem no setor público e pelas ONGs como se desenvolve no setor privado,
principalmente em pequenos municípios serão respondidas ao termino deste
trabalho.
12
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
O tema – “O Desenvolvimento do Empreendedorismo no Município de
Ribeirão do Pinhal – PR” tenta esclarecer o seguinte problema de pesquisa:
Por que o empreendedorismo social não se desenvolve no setor público,
ONGs e instituições com objetivos sociais, como se desenvolve no setor
privado,
principalmente
em
pequenos
municípios,
especificamente
no
Município de Ribeirão do Pinhal – PR?
1.2 JUSTIFICATIVA
Este trabalho de conclusão de curso está sendo desenvolvido para que haja a
o conhecimento sobre o Empreendedorismo Social, e como pode ser feita sua
atuação no Município de Ribeirão do Pinhal – PR.
Segundo dados do Caderno do IPARDES – Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social, do ano de 2010, o município possui grande
parte da sua população residente na área urbana, mas possui quase metade da
população economicamente ativa trabalhando com agricultura e pecuária, ainda
destacando que são poucos os estabelecimentos industriais, ficando a economia do
município dependente do trabalho rural e do comercio varejista.
Ainda segundo dados do IPARDES 2010, os recursos do Município vêm de
receitas correntes, que segundo o Manual de Receitas Públicas do Ministério da
Fazenda, são as receitas provenientes de atividades operacionais, ou seja, geradas
de atividades de tributação ou compra e venda de mercadorias e serviços, ou
podendo ser geradas através de dotações orçamentárias, o que se encaixa no perfil
do município de Ribeirão do Pinhal. Esses recursos são destinados para as mais
diversas áreas de responsabilidade municipal, onde ficam dependentes da
organização desses valores e distribuição correta.
Visto isso, o trabalho desenvolvido busca entender como funciona a gestão
de recursos, e aonde o Empreendedorismo vem sendo utilizado como meio de
13
satisfazer as necessidades sociais, além de descobrir quais maneiras podem ser
usadas para a integração do Empreendedorismo no município. O trabalho também
buscará identificar como o Empreendedorismo Social pode ser importante para o
desenvolvimento do município.
O trabalho tem como objeto de estudo um Município com uma população
estimada em 2010 (segundo IPARDES 2010), de cerca de 13.461 habitantes, com
renda per – capita no valor de R$191,30. Pode-se observar também de acordo com
dados do IPARDES, que a geração de empregos no município é em sua maioria
feita pelo comércio varejista e administração pública, necessitando uma observação
sobre como é aplicado o empreendedorismo voltado para a profissionalização e
geração de empregos.
O índice citado ainda nos informa sobre 2.298 matriculados na rede de
educação, seja ela pública ou privada, na faixa etária referente ao Ensino
Fundamental. Para nível comparativo, temos uma população de 2.306 pessoas com
faixa etária entre 5 e 14 anos, o que mostra um déficit estatístico de apenas cerca de
8 alunos não matriculados, nos levando a um estudo sobre quais as condições que
favorecem o empreendedorismo social voltado para a educação.
1.3 OBJETIVOS
Neste item são apresentados os objetivos definidos para a solução do
problema de pesquisa, referente ao desenvolvimento do empreendedorismo social
pelo setor público, ONGs e entidades com fins sociais no Município de Ribeirão do
Pinhal – PR, com o intuito de tomar, com base no objetivo geral do trabalho,
objetivos específicos que ajudem a solucionar o problema desta pesquisa.
1.3.1 Objetivo Geral
 Analisar a situação atual e o desenvolvimento do Empreendedorismo Social na
no Setor Público, ONGs e Instituições Sociais no Município de Ribeirão do Pinhal –
PR.
14
1.3.2 Objetivos Específicos
 Conceituar o Empreendedorismo e o Empreendedorismo Social;
 Mapear as áreas do serviço público onde seria possível desenvolver o
Empreendedorismo;

Propor ações empreendedoras para o setor público ou instituições com fins
sociais no município de Ribeirão do Pinhal – PR.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo visa dar embasamento teórico à pesquisa sobre a exploração do
Empreendedorismo Social, utilizando de artifícios concretos e sustentáveis para o
desenvolvimento dos objetivos do trabalho.
2.1 CARACTERÍSITICAS DO EMPREENDEDORISMO
Neste item serão abordadas as características do empreendedorismo e do
empreendedor, seus pontos motivacionais e suas bases de iniciativas, para a
compreensão do tema e para que seja fundamentada uma abordagem mais
específica do empreendedorismo social.
2.1.1 O conceito de empreendedorismo na visão de vários teóricos
Ao apresentar o tema do empreendedorismo, será conceituado a fim do
entendimento de suas características, do perfil do empreendedor, e as razões que
influenciam o empreendedor a inovar e iniciar um novo projeto.
Segundo Dornelas (2003, apud OLIVEIRA, 2004), o empreendedor é aquele
que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ele,
assumindo riscos calculados. Em qualquer definição de empreendedorismo
encontram-se, pelo menos, os seguintes aspectos referentes aos empreendedores:
1) iniciativa para criar um negócio e paixão pelo que faz;
2) utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e
econômico onde vive;
3) aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar.
16
Na visão de Dornelas (2010), o empreendedor consegue encontrar
oportunidades de negócio e em cima delas criar capital, sempre levando em
consideração os riscos apresentados. Para o autor, qualquer definição apresentada
para
o
empreendedorismo
traz
consigo
três
itens
fundamentais
para
o
empreendedor: “Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz Utilizar
recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico
onde vive, e aceitar assumir os riscos e a probabilidade de fracassar.”.
Para
Schumpeter
(1983,
apud
SILVA
E
MACHADO
2008),
o
empreendedorismo é algo que busca a inovação como oportunidade para as idéias
do empreendedor, o que possivelmente pode resultar em cópias futuras.
Schumpeter (1983, apud SILVA E MACHADO 2008), ainda relaciona o
empreendedorismo ao desenvolvimento econômico, contrariando o sistema
econômico já existente, adaptando o mercado para si. Já Hisrich (2004, apud SILVA
E MACHADO 2008) menciona o empreendedorismo como uma geração de novas
empresas com conteúdo inovador, o que movimenta o mercado e auxilia no
desenvolvimento local das empresas.
Pereira (2011) diferencia o empreendedorismo de um comportamento, o
classificando como um movimento para o desenvolvimento de novos negócios,
visando resultados positivos, se baseando na idéia de que o empreendedorismo não
existe somente em empresas privadas, mas também no mercado autônomo e nas
instituições públicas.
As idéias dos autores se complementam, mostrando que a insatisfação por
determinada situação gera inovação para que se melhorem as condições de
determinado bem ou serviço destinado ao público-alvo, o que pode trazer incentivo a
outros indivíduos para que sigam o exemplo e desenvolvam novas ideias, auxiliando
no fortalecimento da comunidade e das empresas ali existentes.
O empreendedorismo na visão de Melo Neto e Froes (2002, p.9):
É um processo dinâmico pelo qual indivíduos identificam ideias e
oportunidades econômicas e atuam desenvolvendo-as, transformando-as
em empreendimentos e, portanto, reunindo capital, trabalho e outros
recursos para a produção de bens e serviços.
17
Para o autor, além de boas ideias, é necessária a capacidade de reunião de
recursos básicos para a execução dessas ideias. Isso leva a toda ideia deve ter um
planejamento a fim de organizar os recursos e desenvolver o projeto.
Dornelas (2010) define o empreendedorismo como opção de vida como
“altamente admirado, respeitado e buscado pelos jovens de todo o mundo”, ao
discorrer sobre o impacto da inclusão do empreendedorismo no campo acadêmico.
Para o autor, o empreendedorismo se tornou mais acessível aos jovens, e foi sendo
agregado às mais diversas disciplinas. O autor ainda salienta que sua expansão se
deu inclusive em países em que não há grande influência da cultura econômica
ocidental, como China, Índia e Vietnã.
Para
diferenciar
os
empreendedores
de
empresários,
executivos
e
empregados, Degen (1989) cita o exemplo das viagens dos venezianos à China no
século XIII. Para que os mercadores, desempenhando o papel dos empreendedores,
conseguissem executar suas viagens, era preciso que os banqueiros financiassem
os custos, e consequentemente assumiam os riscos, assim como um empresário. O
papel dos executivos era desempenhado pelos tenentes, que auxiliavam nas
viagens em troca de recompensas, ficando isento dos riscos financeiros da viagem.
Por fim, os auxiliares, tropeiros e soldados desempenhavam o papel de
empregados, executando os serviços mediante remuneração.
Para Drucker (2003) os empreendimentos surgem da inovação, e é a
inovação que faz com que haja a transformação de recursos em riquezas, o que leva
ao entendimento que o empreendedor deve trazer para si a responsabilidade de
agregar valor a determinado recurso necessário para o desenvolvimento do negócio.
Conceituado o empreendedorismo, sendo entendida sua função de mercado
e como se inicia e as diferenças de empreendedores, empresários e executivos,
pode-se buscar o entendimento sobre o perfil do empreendedor, a fim de detectar os
motivos que levam a empreender.
2.1.2
O perfil do empreendedor
Para
que
sejam
entendidas
as
razões
do
desenvolvimento
do
empreendedorismo, serão salientadas as características de quem empreende e de
onde surge seu potencial.
18
Para Drucker (2002, apud. PEREIRA 2011, P. 06).
Os empreendedores são pessoas que inovam. A inovação é o instrumento
específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança
como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. O
empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explora
como sendo uma oportunidade.
O autor traz uma importante definição da inovação, que aliada à
oportunidade, auxilia no desenvolvimento do empreendedorismo voltado para a
adaptação às mudanças que ocorrem no mercado, e até na sociedade em geral.
Para Pereira (2011), os empreendedores buscam sempre a inovação, com
base na ética e na criação de novos empregos. Esses inovadores se baseiam em
exemplos familiares ou grandes líderes para tomarem suas iniciativas de trabalho.
Portanto, é possível a formação de novos empreendedores em escolas
especializadas, mas é mais comum que surjam quando a base de criação seja
empreendedora, na convivência com outros empreendedores.
Com relação às influências, Pereira as classifica em três níveis, sendo o
primeiro nível de influências familiares, com maior força e convivência, o segundo
nível de influências de atividade, como no exercício do trabalho e nos estudos, e a
terceira força de influências criadas por cursos, feiras, congressos e demais
atividades extracurriculares voltadas para o campo do empreendedorismo.
Em concordância com essa teoria de influências, Lordkipanidze, Han e
Backman (2005, apud PADILHA et al. 2009) defendem que o empreendedor é
influenciado diretamente pelo meio em que vive ou pela cultura, ou seja, a influência
familiar em conjunto com o status social afeta diretamente de forma favorável ao
potencial empreendedor.
É possível compreender com este item que o empreendedor é aquele que
busca inovar, quase sempre tendo como base uma experiência anterior, influências
familiares ou de líderes anteriores, mas em todo caso, pela cultura vivenciada,
buscando encontrar oportunidades em meio às experiências. Com isso, o
empreendedor tende a ser motivado por fatores externos, que buscar-se-a entender
no item a seguir.
19
2.1.3
Fatores que influenciam o empreendedor
Como visto, o empreendedor moderno consegue identificar oportunidades, e
com elas, inovar e criar novos negócios. Porém, para que o potencial empreendedor
surja, é preciso certificar dos motivos que levam o indivíduo a se inovar e se
sobressair perante o mercado.
Degen (1989) traz como motivo para iniciar um empreendimento o fato de o
indivíduo almejar ganhar mais dinheiro que conseguiria sendo subordinado, a
vontade de transformar suas ideias em ações, a independência dos atos, a auto
realização e a filantropia. Em contrapartida, as responsabilidades do empreendedor
custam muito de sua vida pessoal, o que não aconteceria sendo um empregado.
Portanto, o preço do empreendedorismo pode ser muito alto, mas no fim, altamente
gratificante.
O mesmo autor ainda diz que o empreendedor de sucesso é aquele adepto
do inconformismo, sempre buscando inovar e melhorar o que já existe, além de
dispor do seu tempo e conhecimento para alcançar o sucesso.
Para Dornelas (2010), o empreendedorismo está sendo implantada nas
instituições para além da Administração e das Engenharias, se tornando peça
fundamental na formação de qualquer área, fazendo inclusive com que haja grandes
doações para o desenvolvimento no currículo das faculdades. Com esse
desenvolvimento do aprendizado, inicia-se a geração de uma grande quantidade de
jovens empreendedores de sucesso no mundo, principalmente nas áreas de
tecnologia. Essa grande participação dos jovens empreendedores no mercado se
relaciona com a teoria de Degen (1989) para a disponibilidade dos novos
empreendedores para assumirem riscos. Devido à facilidade de capital e o grande
potencial vindo das escolas de empreendedorismo, muitos jovens se arriscam, mas
tem autoconfiança para investirem em suas ideias, e com grandes chances de
obterem sucesso. Portanto é de entendimento que o mais importante fator de
desenvolvimento do empreendedorismo vem do interesse dos jovens, influenciados
pelo aprendizado teórico do empreendedorismo, contrariando a ideia que seu
potencial vem apenas de influências familiares. Na observação de Degen, chega-se
a conclusão de que o empreendedor tem influência principal de forças de tradição
familiar ou do ensino do empreendedorismo nas escolas. Porém, Chér (2008)
20
salienta que muitos empreendedores surgem de experiências anteriores, e que isso
motiva para que o indivíduo siga seu próprio negócio, inovando sobre o que já
domina e está presente no mercado. Chér defende que todo empreendedor tem um
campo de trabalho seguro chamado Zona de Conforto, que é o campo de atuação
voltado para o mesmo ramo que o indivíduo já trabalhou e teve toda sua
experiência. O autor explica que o empreendedor tende a querer “mudar de ares” ao
começar um novo negócio, o que pode ser visto de outra forma. O autor defende
que o empreendedor deve buscar atuar na sua Zona de Conforto, pois toda
experiência deve ser usada como ponto favorável para um novo negócio, o que
contraria a idéia de que a inovação ocorre somente em mudança total de ramo. O
autor busca transmitir a idéia de que o novo empreendedor deve pensar em como
inovar dentro de toda sua experiência, antes de se arriscar num campo de trabalho
desconhecido.
Para Chér (2008), para o empreendedor quiser se arriscar fora da Zona de
Conforto existem métodos mais seguros de atuação:
 Franquia
 Sociedade por complementaridade
 Novo emprego no ramo-alvo
 Atuar como consultor para o ramo-alvo
 Permuta de serviços.
Em complemento à teoria de Chér, Degen (1989) defende que um novo
negócio pode se basear em uma experiência mal sucedida de outros, visando
atender às vontades do público-alvo, ou seja, podem ser usados dados negativos de
empreendimentos frustrados, como base para a minimização de erros, e até mesmo
a adaptação de uma mesma idéia antes mal elaborada, para um grande projeto de
sucesso.
Conclui-se que os empreendimentos podem surgir de diversas maneiras, e
sob diversas influências. Porém, como ocorre o surgimento de atividades antes
nunca presenciadas, e que se destacam pela total singularidade e sem bases de
influências, Chér (2008) define como “Descobertas ao Acaso” as inovações que
acontecem em virtude de ideias às vezes sem sentido, mas que com o desejo de
transformar um sonho ou mesmo um trabalho temporário em realidade, pode acabar
se tornando um novo ramo de mercado. O autor, em sua pesquisa, classificou o
21
surgimento de ideias empreendedoras como pode ser observado no Quadro 1 a
seguir.
71% - cópia ou modificação de uma ideia encontrada em um emprego anterior
20% - descobertas ao acaso
5% - descobertas na onda da revolução de TI
4% - pesquisa sistemática em busca de oportunidade
Dos 20% de descobertas ao acaso:
7% - transformou um trabalho casual ou temporário em uma empresa
6% - desejou essa idéia como um cliente individual
4% - por acaso leu sobre o setor
2% -desenvolveu a idéia de um membro da família
1% - pensou no assunto durante a lua-de-mel na Itália
Quadro 1: De onde surgem as idéias de empreendimentos
Fonte: Chér (2008) p.39
Pode-se observar pelo Quadro 1, que a grande maioria dos novos negócios
surge de inovações do que já existe no mercado, levando a entender que as
oportunidades de negócios são encontradas na sua maioria de falhas ou melhorias
que podem ocorrer em um trabalho já executado. Por já ter certa experiência do
trabalho anterior, o empreendedor utiliza de seu conhecimento e sua rede de
contatos para iniciar um trabalho com grandes chances de sucesso. São expostos
também os casos de descobertas de ideias inovadoras ao acaso, que surgem de
sua própria necessidade ou desejo de certo produto ou serviço, do desenvolvimento
de algum trabalho próprio ou de um membro da família, ou simples leitura do tema e
decisão de explorá-lo. Os demais empreendedores buscam por meio de pesquisa,
identificar oportunidades de trabalho ou desenvolver novos projetos na área de
tecnologia da informação.
Em linhas gerais, pode-se destacar a importância das influências familiares e
de trabalho na criação de empreendedores, mas é importante salientar que o ensino
do empreendedorismo nas mais diversas áreas vem tornando cada vez maior o
interesse pelos estudos e projetos relacionados à inovação, buscando explorar
falhas nos sistemas existentes, e criar oportunidades em meio às necessidades
22
humanas. É possível destacar também os fatores que decrescem o potencial
empreendedor, para que possamos utilizar de argumento visando seu estímulo.
Por fim, é entendido que o empreendedor deve buscar atuar primeiramente
em sua Zona de Conforto, utilizando de todas as ferramentas conhecidas a seu
favor, e se aproveitando de falhas que tenham ocorrido em projetos anteriores para
que a experiência adquirida e o estudo estimulem a criação de um grande plano de
trabalho.
Em meio às diversas influências que compõem a formação do empreendedor,
podem existir vários fatores que incidem negativamente na formação daquele que
deseja ingressar no mercado da inovação. A força de comodidade vinda da vida
pessoal do indivíduo pode atrapalhar no desenvolvimento do empreendedorismo
como forma de trabalho. Como foi visto anteriormente, muitos dos novos negócios
surgem de experiências anteriores, e até são indicadas formas de trabalho com base
no conhecimento adquirido ao longo do tempo e nos contatos feitos durante a
carreira. E justamente esse fator pode ser crucial para que o empreendedor se sinta
inibido a desenvolver uma nova forma de trabalho, na qual ele será o responsável
pelo sucesso ou fracasso do movimento, conforme Quadro 2.
FATORES QUE IMPULSIONAM O
POTENCIAL EMPREENDEDOR
FATORES QUE DECRESCEM O
POTENCIAL EMPREENDEDOR
Acúmulo de conhecimento
Obrigações familiares
Domínio de tarefas complexas
Obrigações financeiras
Desenvolvimento da capacidade gerencial
Sucesso no emprego
Domínio da complexidade do negócio
Satisfação no trabalho
Acúmulo de experiência
Outros interesses
Quadro 2: Fatores que impulsionam ou decrescem o potencial empreendedor
Fonte: Adaptado de Degen (2009), elaborado pelos autores.
Observa-se pelo Quadro 2 que os fatores de impulsão do empreendedorismo
são diretamente ligados à muito estudo e trabalho, o que significa que para
empreender, além de vontade, deve-se ter um grande conhecimento das áreas de
atuação, e ter destreza para lidar com as mais diversas situações, domínio de
liderança e de controles financeiros da empresa.
23
Em
contrapartida,
o
que
decresce
o
potencial
empreendedor
são
características comuns, como problemas familiares ou uma situação cômoda no
trabalho atual. Degen ainda descreve que as duas características devem ser
encontradas em um empreendedor para identificar as oportunidades: predisposição
e criatividade. A predisposição é necessária para que o indivíduo busque o máximo
de conhecimento do campo a ser explorado, da estratégia a ser seguida, e das
diversas possibilidades de resultados. Já a criatividade é necessária para que sejam
transformadas as oportunidades em grandes resultados, pois muitas vezes a mesma
ideia toma proporções muito diferentes dependendo de quem a executa. Além disso,
o foco no negócio é imprescindível para o sucesso.
Pode-se entender com a teoria dos autores supracitados que alguns fatores
que impulsionam o empreendedorismo podem em contrapartida decrescê-lo,
principalmente no que se relaciona ao sucesso no trabalho. Muitas vezes o
conhecimento acumulado e o sucesso no trabalho são motivações para tentar novas
experiências com bases positivas. Porém, esses mesmos fatores trazem motivações
contrárias para se evitar o risco, levando ao entendimento que os outros fatores
também devem influenciar para o surgimento do empreendedorismo.
Drucker (2003) diz que “a necessidade é a mãe da invenção”. O autor vê as
forças de necessidades como fontes de progresso, pois o empreendedor utiliza esse
argumento como base para o sucesso. O autor ainda menciona o fato de que muitas
mudanças acontecem por necessidades. Mas apesar de necessitarem de inovação
para acontecerem, acabam se tornando padrões, por acabar demonstrando sua
obviedade.
Segundo Padilha et al. (2009), o empreendedorismo está ao alcance de
todos, podendo ser desenvolvido em qualquer área que necessite de inovação,
desde que tudo seja feito com força de vontade. Com foco no plano de trabalho, e
coordenação, pode-se levar uma ideia a se transformar num grande negócio,
independentemente da área de atuação.
Analisando as teorias de Degen, Drucker e Padilha, entende-se que as novas
ideias que impulsionam o empreendedor vêm das necessidades que surgem na
sociedade e no mercado em geral. Para solucionar os problemas e aproveitá-los
como uma oportunidade de desenvolvimento, os empreendedores usam as mais
diversas ferramentas como força para o crescimento de um novo produto, serviço,
ou até mesmo ramo ou mercado, sempre com planejamento e dedicações
24
exclusivas. Porém, a base dessas necessidades vem da força humana. E para
entender onde se podem identificar melhores oportunidades, devemos entender
sobre as necessidades humanas.
2.1.4
O Empreendedorismo voltado às necessidades humanas.
As necessidades humanas foram relacionadas de certa forma, como descreve
Chiavenato (2004), que diz que o comportamento das organizações é baseado no
comportamento individual das pessoas, e para que esse comportamento seja
decifrado e transformado em ações, é preciso entender as necessidades humanas
são regidas por uma hierarquia. Essa hierarquia foi criada por um dos maiores
especialistas em motivação humana: Abraham Maslow.
Conforme sua importância, essas necessidades se dispõem na chamada
Pirâmide das Hierarquias de Maslow, sendo as necessidades primárias, como as
necessidades fisiológicas e de segurança, ocupantes da base da pirâmide, e as
necessidades secundárias, ou seja, necessidades sociais, de estima e autorealização, ocupantes do topo da pirâmide, conforme Figura 1 abaixo:
Figura 1. - A Pirâmide das hierarquias de Maslow
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004), p.145, elaborado pelos autores.
25
Pode-se observar, segundo a Figura 1, que as necessidades humanas partem
de um pressuposto em que sua importância vital deve ser baseada nas
necessidades fisiológicas do ser humano, ou seja, toda a necessidade de saúde,
alimentação, higiene e demais itens que forneçam a condição básica necessária
para a sobrevivência. Em seguida tem-se as necessidades de segurança, em que
são precisas condições de habitação, de segurança à integridade e de adaptação
para quaisquer funções que fora desempenhar. Acima da segurança, existem as
necessidades de afeto, em que o ser humano pode focar tendo a base da pirâmide
em harmonia.
O homem necessita o convívio com outros de sua espécie para seu
desenvolvimento pessoal e intelectual. Na continuação, as necessidades de autoestima, que normalmente são financiadas pelas condições de afeto do ser humano,
e consequentemente levando ao topo da pirâmide, para as necessidades de autorealização, completando a hierarquia das necessidades humanas, o que é
necessário para o desenvolvimento da busca pelas deficiências e fatores que
necessitam de empreender socialmente.
Figura 2. - Ciclo do comportamento empreendedor
Fonte: David (2004), p. 32.
26
Conforme é perceptível na Figura 2, o empreendedor se baseia nas
necessidades humanas para a análise da ação a ser aplicada. Com isso, temos o
comportamento do empreendedor perante a necessidade, ocasionando sua ação, e
consequentemente a solucionando o problema de necessidade humana, fechando o
ciclo de comportamento do empreendedor.
Concluem-se assim as bases do empreendedorismo, em sua estrutura
motivacional e nas necessidades que influenciam no seu desenvolvimento. Portanto,
se tem o entendimento necessário para que seja explorado o Empreendedorismo
Social, objeto de estudo desse trabalho.
2.2 EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Vistas as características do empreendedor, bem como seus pontos
motivacionais e suas bases de iniciativas, deve-se analisar o Empreendedorismo
Social, com suas peculiaridades e fatores motivacionais, para que haja um
entendimento efetivo do tema, levantando a base fundamental para a resolução dos
objetivos do trabalho.
2.2.1 Fatores motivacionais do Empreendedorismo Social
O
empreendedorismo
em
seu
âmbito
social,
assim
como
no
empreendedorismo tradicional, apresenta suas características que servem como
base para o início do trabalho.
Drucker (2003) defende que o empreendedorismo deve estar em todas as
áreas e instituições públicas ou privadas, ciências e organizações diversas. Não
importando qual campo de exploração, são sempre necessárias inovações para a
constante evolução. O que difere na aplicação do empreendedorismo é a dificuldade
das empresas já existentes para implantar novas ideias em meio a forma
convencional utilizada pelo sistema anterior e a resistência de colaboradores.
27
Ainda para Drucker (2003), as instituições de Setor Público, ONGs, e demais
órgãos que visam o bem estar social, necessitam de ideias empreendedoras tanto
quanto uma empresa comum, visto que a evolução da demanda social é tão
constante ou até maior que a evolução de mercado.
Para Landim (1993 apud SOARES 2004 p. 09), o terceiro setor surgiu como
responsável principal pelo fim da pobreza e da fome, utilizando de suas forças e
artifícios como ferramentas gerenciadas através das teorias administrativas e de
forma empresarial.
Analisando as colocações de Drucker e Landim, entende-se que o
empreendedorismo social surge em meio a necessidades sociais, necessitando da
utilização de parâmetros de estudo semelhantes aos do empreendedorismo
convencional, sendo que a base administrativa deve ser ligada da mesma forma que
a inovação empresarial.
Segundo David (2004) o empreendedor social visa à expansão do seu
trabalho causando impacto social necessário para que estabilize seu projeto, tal
como ocorreu no Brasil com os programas de bolsa escola, soro caseiro, pastoral da
família, entre outros. O autor levanta o importante tópico do impacto social que o
projeto deve ter para sua consolidação.
Para Melo Neto e Froes (2002), o empreendedorismo social visa solucionar
problemas sociais e é voltado para casos de risco social, sendo que os problemas
existentes fomentam as pesquisas em busca de soluções novas para a resolução de
casos existentes ou que venham a acontecer. Causa impacto social positivo é o que
busca o empreendedor social.
Pode-se entender, conforme a teoria de David e Melo Neto e Froes, que no
empreendedorismo social o foco principal é a solução dos problemas humanos e
com base nisto, expandir o trabalho voltado na importância dele para a sociedade.
Para causar esse impacto, o trabalho deve buscar se relacionar com a teoria das
necessidades humanas, citada no item 2.1.4, onde temos as bases necessárias para
a criação de planos em prol da solução de problemas sociais relacionados à
Pirâmide Das Necessidades de Maslow (Chiavenato, 2004), utilizando o método de
embasamento do empreendedor, conforme Figura 2.
Identificados as bases de surgimento do empreendedorismo social,
precisamos entender quais são os tipos apresentados e quais são suas funções
econômicas e sociais para o impacto nas comunidades humanas.
28
2.2.2
Tipos de Empreendedorismo Social
Segundo Dornelas (2010), o empreendedorismo social pode ser classificado
de acordo com sua missão e o impacto que deseja causar. Quando os objetivos do
empreendimento são totalmente ligados a fins econômicos, o empreendedorismo se
classifica como tradicional. Se o empreendimento visa resolver um problema social,
ainda que esteja visando o lucro, o empreendedorismo se classifica como
Empreendimento com Objetivo Social. Se o empreendimento visa somente o
desenvolvimento econômico, mas consegue auxiliar em um problema social, é
possível classificá-lo como Empreendimento com Consequência Social. Por fim, se o
empreendedor busca por meio de seu trabalho em todos os aspectos resolver um
problema social sem lucratividade, dizemos que está sendo criando uma
Organização Sem Fins Lucrativos Empreendedora.
De acordo com a visão do autor, é perceptível que existem formas de mesclar
o Empreendedorismo Tradicional com o Empreendedorismo Social, o que gera os
chamados Modelos Híbridos de Empreendedorismo Social (DORNELAS 2010, p.
164). Muitos empreendedores têm sua organização voltada para fins econômicos e
sociais, o que mostra que a responsabilidade social está em foco em grande parte
dos negócios.
Durante o trabalho apresentado, busca-se observar essas características nos
projetos sociais encontrados no estudo de caso, e com isso, analisar a situação atual
e formar a proposição com base nas deficiências, podendo inclusive ser utilizadas as
classificações e características que podem ser observadas conforme a Figura 3 a
seguir.
29
Figura 3. – Tipologia dos Empreendimentos
Fonte: Adaptado de Dornelas (2010), p. 161, elaborado pelos autores.
Observa-se conforme a Figura 3, que o empreendedorismo pode ter diversos
caminhos relacionados aos seus impactos ou objetivos, sendo eles relacionados à
missão e ao impacto do empreendimento no mercado. Com isso, o projeto
empreendedor pode ser lucrativo, porém resultando em lucro para o inovador, e o
mesmo pode acontecer ao contrário, ou o projeto sendo hibrido, o que traz a melhor
definição da tipologia do empreendedorismo social para este trabalho.
2.2.3
Empreendedorismo Tradicional x Empreendedorismo Social
O empreendedorismo tradicional, com base na atividade empresarial privada,
apresenta, na sua totalidade, semelhanças e diferenças do empreendedorismo
social, a ser estudado. Para tal comparação, serão exploradas suas características
principais e quais suas diferenças significativas.
30
Brinckerhoff (2000, p.1 apud DAVID 2004, p. 48), difere o empreendedorismo
tradicional de empreendedorismo social da seguinte forma: “Empreendedores
tradicionais correm riscos em benefício próprio ou da organização, a característica
chave dos empreendedores sociais é que eles correm riscos em benefício das
pessoas a quem a sua organização serve”.
Já para Melo Neto e Froes (2002, p. 09) “Os empreendedores têm ideias ao
identificarem
oportunidades.
Os
empreendedores
sociais
buscam
soluções
inovadoras para os problemas sociais existentes e potenciais”. O autor ainda diz
empreendedor social deve ter a mesma dedicação e imaginação que os demais
empreendedores possuem para produzir métodos de aumento de riquezas.
Conforme quadro 3 a seguir:
EMPREENDEDORISMO PRIVADO
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
É individual
É coletivo
Produz bens e serviços para o mercado
Produz bens e serviços para a Comunidade
Foco no mercado
Foco na busca de soluções para os problemas
sociais
Sua medida de desempenho é o lucro
Sua medida de desempenho é o impacto Social
Visa satisfazer as necessidades dos clientes
Visa resgatar pessoas da situação de risco social e
e ampliar as potencialidades do negócio
promovê-las
Quadro 3: Comparação entre empreendedorismo privado e social
Fonte: Melo Neto e Froes (2002, p.11)
Observa-se pelo quadro que em todos os aspectos, o empreendedorismo
social está voltado para o bem comum, na ideia de resolver problemas e melhorar as
condições de vida de toda a sociedade. No empreendedorismo tradicional, em
primeiro lugar, o foco deve ser o mercado. Todos os esforços para o
desenvolvimento do negócio são voltados para satisfazer o mercado e mantê-lo
ligado pelo vínculo econômico. Porém, em relação aos resultados de todo seu
trabalho, a importância é voltada para o lucro obtido, diferindo do sistema linear
utilizado pelo empreendedorismo social.
Os empreendedores comerciais buscam garantir sua clientela lhe oferecendo
algo que satisfaça as necessidades, assim como o empreendedorismo social exige
pesquisa e dedicação para a solução de problemas sociais. Porém ao idenficar os
resultados, os dois empreendedorismos se diferem na maneira em que um se faz
31
completo pela resolução dos problemas, e sua consolidação na sociedade, enquanto
o outro necessita além da consolidação de mercado, o lucro sobre todo o trabalho
apresentado.
Mencionadas as diferenças do empreendedorismo tradicional para o social,
estudaremos as dificuldades encontradas na atitude empreendedora perante as
políticas públicas, permitindo o desenvolvimento dos planos sociais de inovação.
2.2.4
Empreendedorismo Social versus Políticas Públicas
O empreendedorismo social, por visar o bem estar da sociedade, está muitas
vezes vinculado ao Setor Público. Para tal entendimento, será feito o estudo da
relação entre os empreendedores e as políticas públicas.
Drucker (2003) traz como maior problema para o desenvolvimento de ideias
empreendedoras no campo social a resistência às mudanças e os problemas
burocráticos do Setor Público. Dificilmente há inovações vindas de dentro da própria
organização. Problemas de máxima necessidade ou sugestões externas constituem
a base da grande maioria das ações inovadoras.
Ainda para o autor, existem três problemas principais para a implantação da
inovação em empresas públicas que as diferem de empresas privadas:
 Primeiramente, uma instituição pública vive de orçamentos e doações,
portanto, quanto maior o número de atividades em que a instituição pública se
envolve, maior seu orçamento de trabalho.
 Em segundo lugar, é necessário criar uma política de trabalho que
satisfaça a todos os beneficiados, sem que seja pressionada por qualquer indício de
rejeição. Sendo assim, qualquer nova atividade implantada sofrerá rejeição, devendo
ser forte, e ganhar novos adeptos, a fim de adquirir força e se estabilizar.
 Por fim, é preciso salientar que num trabalho que visa o bem estar
comum, manter a moral é um fator crucial de sobrevivência, sendo que os fatores
antagônicos serão muitos, podendo apenas ser combatido com mais esforço e
dedicação, sem levar em consideração a análise de custo-benefício.
Melo Neto e Froes (2002) salienta a diferença da natureza dos problemas
comparados ao empreendedorismo comum, que enfrenta as adversidades internas e
32
de mercado, enquanto o fator social enfrenta diversos fatores demográficos,
políticos, de cultura e ambientais. Necessita engajar as pessoas ao projeto,
respeitando as culturas e incentivando o empreendedorismo comum também.
Com base na teoria dos autores, fica evidenciado que a disposição em seguir
em frente e defender a idéia, é a principal maneira de um empreendedor conseguir
êxito nos trabalhos sociais. Porém, muitos são os problemas que atrapalham o
andamento dos projetos, o que leva o empreendedor social a necessidade de ter
uma idéia alternativa ou um plano paralelo de ação, até porque como foi visto, um
setor que recebe verbas para desenvolver seus trabalhos, e que essa quantia de
recursos aumenta proporcionalmente à quantidade de serviços prestados, é
necessário sempre criar novas formas de angariar renda e evolução.
Em um contexto geral, um trabalho social deve agradar a todos os
beneficiados, o que dificulta ainda mais a prática, pois a rejeição a mudanças e os
fatores sociais podem atrapalhar um trabalho, mesmo que seu objetivo seja em prol
dos cidadãos. Para tal aplicação da inovação na sociedade, podemos salientar a
força da filantropia relacionada ao empreendedorismo, portanto, levantaremos a
relação dessas duas forças sociais.
2.2.5
Empreendedorismo Social e Filantropia
Atividades filantrópicas podem ser relacionadas ao Empreendedorismo
Social. O fato de ajudar a sociedade com recursos privados muitas vezes possuem
destaque em meio a verbas assistenciais. Porém, é identificado de onde surgem
esses
movimentos
filantrópicos
e
qual
a
importância
em
relação
ao
empreendedorismo.
Melo Neto e Froes (2002) defendem que grande parcela dos empreendedores
sociais surge dos chamados “não-cidadãos”, que são pessoas desprovidas de
oportunidades, embora tenham algum potencial empreendedor. Para que sejam
transformados em cidadãos, e posteriormente empreendedores sociais, deve-se
estender o alcance dos serviços públicos, condicionando as pessoas à também
buscarem formas de transformar a realidade, gerando um efeito de progressão
motivacional, seja para criarem negócios próprios, ou trabalharem pelo bem da
33
sociedade. Em concordância, Dornelas (2010), salienta que o empreendedor depois
do sucesso, tende a retribuir à sociedade e à instituição que lhe formou. Portanto,
em muitas oportunidades, pode-se observar grandes obras feitas por meio de
doações, ou até mesmo instituições criadas a fim de explorar o potencial
empreendedor dos novos estudantes. Com base nisso, o empreendedorismo foi
integrado às novas atividades filantrópicas, buscando sempre a inovação e a
satisfação de algo com necessidade não explorada. Isso se relaciona com a
Pirâmide das Necessidades de Maslow, citada anteriormente, pois muitas atividades
filantrópicas surgem de idéias voltadas para a solução de problemas básicos ligados
à realidade humana.
É
de
entendimento
que
o
empreendedor
surge
muitas vezes
de
oportunidades recebidas, e que depois de agregar conhecimento e recursos, tende a
ajudar a sociedade ou quem um dia lhe ajudou a crescer economicamente. Portanto,
muitas vezes o indivíduo desenvolve projetos sociais e financia outros projetos que
visam o bem estar dos cidadãos de sua Universidade, cidade, região, estado, país,
etc.
Dornelas (2010) considera que o empreendedor americano tem um papel
“menos conhecido e amplamente ignorado” como grandes filantropos. Segundo o
autor, diversos empresários de sucesso nos Estados Unidos têm financiado grande
parte das benfeitorias nas instituições de ensino, como construções de novas salas,
novos prédios, etc., bem como doações a hospitais, museus, igrejas, e demais
instituições locais onde começou a carreira. Além disso, a doação de conhecimento
e gestão também são grandes fatores que demonstram a importância desses
empreendedores bem sucedidos para com a sociedade. Dornelas ainda exemplifica
alguns tipos de ações filantrópicas voltadas especificamente para a arrecadação de
fundos para as instituições, e entre elas se destaca a Fundação Robin Hood,
fundada em 1998 por três executivos de Wall Street, e é considerada “uma engajada
fábrica de doações”, sendo que já forneceu cerca de US$ 175 milhões em doações
e mais de US$ 95 milhões em bens e serviços, dados esses do ano de 2009.
Conforme a visão dos autores, entende-se que a tendência do empreendedor
é devolver para a sociedade o investimento recebido, não importa a forma como foi
levantado. Com isso, a filantropia acontece por meio de investimentos dos próprios
empreendedores, trazendo melhores condições às entidades que lhe capacitaram
ou às comunidades que lhe desenvolveram socialmente.
34
Com o entendimento da força filantrópica aliada ao empreendedorismo, voltase ao fator da inovação para o confronto com a sustentabilidade, fator levantado na
sociedade com grande importância em relação ao desenvolvimento e inovação.
2.2.6
Inovação versus sustentabilidade
A sociedade atual está se conscientizando das formas sustentáveis de
trabalho e de manter a qualidade de vida do planeta. Com isso, é preciso entender o
que é a sustentabilidade e como ela está ligada à inovação, que muitas vezes exige
medidas inadequadas no ponto de vista ecológico, e ao empreendedorismo que
busca associar suas teorias com a força sustentável.
Alva (1997 apud MELO NETO E FROES, 2002, p. 105) define como conceito
de sustentabilidade.
“A sustentabilidade pode ser entendida como um conceito ecológico – isto
é, como a capacidade que tem um ecossistema de atender as necessidades
das populações que nele vivem – ou, como um conceito político que limita o
crescimento em função da dotação de recursos naturais, da tecnologia
aplicada no uso desses recursos e de nível efetivo de bem-estar da
coletividade.”
Furtado (1999 apud MELO NETO E FROES, 2002, p. 103) diz que a
sociedade chega à sustentabilidade através de inovação e racionalidade, sendo
esse pensamento ponderado com relação às teorias radicais de sustentabilidade e
inovação.
Entende-se assim que a sustentabilidade se realiza por meio da inovação, em
conjunto com idéias de conservação ambiental, e para tal fim, estudar maneiras de
ponderar o desenvolvimento e as tecnologias com a racionalidade de recurso e até
mesmo de idéias.
Segundo Martin e Kemper (2012), os novos empreendedores tendem a
analisar a viabilidade de seus negócios sempre salientando para o lado da
sustentabilidade. Porém, o mundo moderno necessita de cada vez mais inovações
para o desenvolvimento da humanidade. Visto isso, surgem duas teorias distintas,
que levam em consideração o pensamento de dois estudiosos de ambos os papéis:
o da sustentabilidade, por parte de Thomas Malthus, e o da inovação, por parte de
Robert Solow. Para Malthus, o mundo está caminhando em direção à um grande
35
colapso natural, devido ao esgotamento de recursos e o grande consumo da
humanidade. Segundo ele, “a população, quando não controlada, cresce em
progressão geométrica. Já os meios de subsistência crescem apenas em
progressão aritmética.” Essa teoria criada pelo pensador há mais de duzentos anos,
segue com argumentos muito coerentes já previstos antigamente, e com defensores
e instituições em prol da defesa dos recursos naturais. Portando, os três pilares da
teoria de Malthus para o bom cidadão sustentável são “Reduzir, Reciclar e
Reutilizar”.
Do outro lado do conflito teórico está Solow, que defende o uso coerente dos
recursos, sem a necessidade de desespero pelo uso destes. Segundo a teoria
solowiana, o mundo necessita de inovação, de saber trabalhar os recursos,
produzindo mais com menos e procurando novas formas de suprir a necessidade
humana, mas nunca deixando de evoluir. Os malthusianos acreditam ser utópica a
idéia de evoluir sem acreditar que um colapso global está próximo. Por outro lado, os
solowianos radicais não conseguem aceitar a forma lúdica dos defensores de
Malthus encararem a evolução.
Martin e Kemper ainda citam que várias foram as tentativas de se entrar num
acordo sobre as duas teorias, mas o maior exemplo de divergência foi o Protocolo
de Kyoto. Ao invés de decidir o destino e o custo da emissão de CO2 na atmosfera,
houve um grande aumento nos investimentos de empresas ligadas ao estudo da
capacidade de absorção do CO2 pelas florestas, além da destinação do gás às
minas de petróleo esgotadas, recipiente compatível com a contenção do dióxido de
carbono. Com isso, consumidores, empresas e até os governos ficaram sem ação
em meio a teorias controversas.
Como solução coerente para ambos os problemas, o autor sugere uma
melhor exploração de ambas as teorias, evitando o radicalismo, e ponderando a
estratégia em longo prazo dos solowianos com a estratégia a curto prazo dos
malthusianos. Com isso, pode-se entender a teoria do autor como algo ponderado e
de fácil entendimento, pois segundo o estudo, ambas as teorias citadas
anteriormente possuem fatores positivos e negativos agravantes que devem ser
equilibrados para que o desenvolvimento e a inovação ocorram, sendo eles fatores
essenciais nesse trabalho.
Condicionando fatores de desenvolvimento deste trabalho, é possível explorar
os exemplos atuais de Empreendedorismo Social, com destaque para os principais
36
trabalhos no Brasil e no mundo voltados para a inovação em prol da sociedade,
como será visto no item a seguir.
2.2.7
Empreendedorismo Social no Brasil e no mundo
Com o entendimento das bases do empreendedorismo social, pode-se buscar
analisar teoricamente a situação desse objeto de estudo no país em que procura-se
a aplicação e desenvolvimento deste trabalho, bem como no mundo atualmente para
obtermos um comparativo.
Temos uma sociedade que começa a se adaptar a necessidade de se
produzir serviços em prol do bem estar do próximo, buscando por seus meios,
realizar sonhos, transformar idéias em realidade, trazendo retorno social com seus
projetos. Para que seja possível entender essa maneira de trabalho, voltado apenas
para a realização dos objetivos sociais, sem busca de retorno financeiro, pode-se
observar alguns exemplos de instituições que buscam o desenvolvimento e a
sustentação do empreendedorismo social.
2.2.7.1 Exemplos de empresas
Com o estudo do empreendedorismo social, busca-se entender como
funcionam as instituições, o pensamento dos empreendedores e os resultados
esperados por aqueles que dedicam seu tempo em prol da sociedade. No entanto, é
preciso ter como exemplo instituições com destaque considerável para que seja
possível trazer ao trabalho propostas favoráveis de aplicação, baseando-se também
em atitudes inovadores que são destaque no Brasil e no Mundo. Para inicio de
estudo, é levantado como maior exemplo a Ashoka.
37
2.2.7.1.1
Ashoka
A Ashoka é uma ONG - organização não governamental, com origem em
1980, criada pela idéia de Bill Drayton, que também é um dos responsáveis pela
criação e expansão do termo “Empreendedorismo Social” pelo mundo. Esta
instituição está presente em mais de 60 países, inclusive no Brasil, a partir do ano de
1986.
O trabalho da Ashoka é realizado por meio de intercâmbio de informações e
projetos sociais entre cerca de 2.700 empreendedores sociais situados em várias
regiões do mundo, sendo que no Brasil estão dispostos 320 deles. Sua seleção de
empreendedores é extremamente rigorosa e sempre voltada para a inovação, com o
trabalho de desenvolvimento de idéias em níveis.
O nome “Ashoka” surgiu de um termo em linguagem sânscrito, de origem
indo-européia, e significa “ausência de sofrimento”, também sendo o nome de um
imperador indiano que promoveu o a inovação social no século III a.C, conquistando
poder com a conclusão de uma guerra e promovendo o bem-estar social.
A forma de atuação da Ashoka se faz pela seleção dos empreendedores
sociais, e após isso, investe nesse individuo para seu desenvolvimento pessoal e
estimulando suas criações de soluções sociais. Estão este empreendedor é
integrado a rede de empreendedores, e desenvolve seus trabalhos para a
sociedade. Este trabalho também é desenvolvido por grupos de empreendedores
sociais, com trabalhos diferenciados, utilizando toda a infra-estrutura disponível para
suas atitudes inovadoras, além de parcerias necessárias para dar suporte financeiro
e viabilizar seus projetos.
De acordo com definição de seu site oficial, a Ashoka escolhe e desenvolve
projetos de seus empreendedores sociais conforme o grau de impacto social
causado, ou seja, os trabalhos normalmente acontecem após muito estudo e
embasamento de seus próprios empreendedores sociais, preparados para lançar
idéias que venham a ser aplicadas. Possuem como exemplo os projetos: “Cidadania
e
Economia
Plena”,“
Iniciativa
Changemakers”, entre outros.
Justiça
Para
Todos”,
“Revista
Eletrônica
38
2.2.7.1.2 Fundação Schwab
A Fundação Schwab é uma ONG com destaque mundial, situada sua sede na
Suíça. A entidade busca, por meio de trabalhos de integração, promover o
conhecimento de causa de seus empreendedores sociais, incluindo-os no Fórum
Econômico Mundial, entidade voltada para a melhora da situação mundial como um
todo, e na qual pertencem grandes líderes de governo, de negócios, acadêmicos,
entre outros. O fundador da instituição, Klaus Schwab, foi o criador do Fórum
Econômico Mundial, tornando a Fundação uma extensão de seu trabalho voltado ao
bem social.
No Brasil, a Fundação Schwab é representada pelo jornal Folha de São
Paulo, organizador do Prêmio Empreendedor Social, que promove os trabalhos de
inovação voltados ao bem-estar social no país.
A organização traz uma base mundial de apoio aos empreendedores sociais,
promovendo seus trabalhos e levando às grandes forças do mundo para seu devido
reconhecimento e apoio. Presente em 55 países, já selecionou 214 empreendedores
sociais, e entre eles, 16 brasileiros.
A importância de seus trabalhos se faz pela função de promover o
empreendedorismo social com base no apoio e na divulgação de trabalhos
independentes, propondo uma situação mundial cada vez melhor.
Com a abordagem de todos os aspectos teóricos do trabalho concluídas,
trazendo as conceituações gerais e seus complementos, estabelecidos no segundo
objetivo específico deste trabalho, torna-se necessário o estudo sobre a metodologia
aplicada a este trabalho de conclusão de curso, para fim de entendimento sobre as
ações executadas e a forma de aplicação dos questionamentos para responder o
problema de pesquisa.
39
3 METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta a metodologia utilizada neste trabalho para que
se realize o estudo de caso proposto, e, com base nisto, embasar a discussão dos
problemas e objetivos propostos, e assim, conseguir lhes atender e responder a
pergunta de pesquisa. Sendo assim, torna-se importante a escolha da metodologia
correta a ser aplicada à essa espécie de pesquisa, levantando qual sua origem, a
forma de avaliação dos dados agregados, e sendo feita o enquadramento e o estudo
desses dados. Com isso, tem-se o estudo da metodologia utilizada a fim de garantir
maior eficiência no estudo de caso na qual esse trabalho se relaciona.
Para Oliveira (1999), um método de uma pesquisa se define como um
conjunto de procedimentos para que seja viável conhecer uma realidade, produzir
um objeto ou desenvolver normas, procedimentos ou comportamentos peculiares.
Segundo Bruyne (1991), “a metodologia é a lógica dos procedimentos
científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento. Não se reduz, portanto, a uma
„metrologia‟ ou tecnologia da medida dos fatos científicos.” Bruyne ainda defende
que a metodologia deve explicar mais do que os produtos finais como objetos de
pesquisa, e sim, evidenciar todo o procedimento utilizado em sua criação, pois
muitas vezes a questão mais importante passa pela forma de origem de determinado
resultado, através de seu conhecimento e experiência.
Na visão de Minayo (1993, p.23), a pesquisa é considerada como “atividade
básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade”. Trata-se de uma
ação de aproximação com a situação real das coisas, combinando teorias de estudo
e dados levantados.
Pode-se então, definir a metodologia de pesquisa como algo que traz
embasamento à investigação do problema proposto, auxiliando com isso na
aplicação dos objetivos do trabalho para a orientação da pesquisa. Este trabalho
seguira uma pesquisa qualitativa, explicatória através do estudo de caso, que
abrangerá a análise dos programas sociais no Município de Ribeirão do Pinhal- PR,
bem como propostas de ações voltadas ao Empreendedorismo Social.
A pesquisa qualitativa, como foco da metodologia deste trabalho, se
apresenta da seguinte forma, conforme visão de Denzin e Lincoln (2000):
40
“apontam que a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa
e naturalista de seu objeto de estudo. Isso significa que pesquisadores
qualitativos estudam coisas em seu cenário natural, buscando compreender
e interpretar o fenômeno em termos de quais os significados que as
pessoas atribuem a ele” Denzin e Lincoln (2000, p.1).
Citados os dados que demonstram a importância da metodologia para o
trabalho, será levantado o problema de pesquisa, para que se justifique o uso da
metodologia correta.
3.1
PROBLEMA DE PESQUISA
O tema deste trabalho está relacionado com o desenvolvimento do
Empreendedorismo Social no Município de Ribeirão do Pinhal, buscando o
entendimento de quais as áreas e projetos implantados no local e sua forma de
atuação, recursos utilizados e sua importancia para com a comunidade. Perante os
fatos, foi levantado o questionamento: “Por que o empreendedorismo social não se
desenvolve no setor público, ONGs e instituições com objetivos sociais, como se
desenvolve
no
setor
privado,
principalmente
em
pequenos
municípios,
especificamente no Município de Ribeirão do Pinhal – PR?”.
Diante do problema de pesquisa, foram estipulados alguns objetivos
específicos, com o intuito de orientar as pesquisas e estruturar o trabalho, para que
fosse possível detectar os fatores de embasamento, identificação dos pontos
positivos e negativos do objeto de estudo, e conclusão com a proposta de trabalho
empreendedor na esfera social de Ribeirão do Pinhal - PR.
3.2 TIPO DE PESQUISA
A pesquisa utilizada neste trabalho se define como qualitativa, e teve inicio
com a visita, entrevista com os responsáveis e análise de projetos sociais na área da
educação, da saúde, da agricultura e meio ambiente, da assistência social, do
esporte e da cultura, a fim de apresentar ações concretas onde podem ser
41
empregadas medidas empreendedoras visando a melhoria e a qualidade de serviço
oferecidas assim como no meio privado.
Segundo Silva & Menezes (2000, p. 20) a pesquisa qualitativa apresenta a
seguinte definição:
“...um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos
fenômenos e atribuição de significados são básicos no processo qualitativo.
Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem”.
Para Miles & Huberman (1984), o uso da pesquisa qualitativa traz uma forma
de descrição de fatos qualitativos do objeto de estudo, tornando as descrições mais
bem estruturadas, auxiliando o pesquisador a deixar de se basear em concepções
demonstradas inicialmente, revisando a pesquisa estrutural feita anteriormente,
agora oferecendo base para descrever e explicar o objeto de estudo com dados
melhor fundamentados e específicos.
Para Strauss e Corbin (1998, p.10-11), a pesquisa qualitativa se define como:
“... qualquer tipo de pesquisa que produz descobertas não obtidas por
procedimentos estatísticos ou outros meios de quantificação. Pode se referir
à pesquisa sobre a vida das pessoas, experiências vividas,
comportamentos, emoções, sentimentos, assim como funcionamento
organizacional, fenômenos culturais e interações”.
De acordo com a visão dos autores, pode-se entender que a pesquisa
qualitativa nos oferece uma maior percepção da realidade, criando bases e
identificado oportunidades que possam ser oferecidas aos interessados no estudo
de caso desenvolvido, trazendo a eles uma forma de melhor utilização de recursos
utilizados, mesmo com as bases de trabalho já executadas, se tornando um
diferencial competitivo, seja para fins econômicos ou sociais, tornando o trabalho
melhor qualificado e com análise diferenciada. Com isso, tem-se a avaliação dos
dados coletados de forma singular, voltado para a qualificação dos processos,
utilizando toda a base de estudos pesquisada.
A pesquisa do trabalho também é bibliográfica, pela utilização de teses,
dissertações, artigos, livros, jornais e sites na internet para desenvolver e suportar os
objetivos propostos nesse estudo.
42
Com relação às entrevistas, Marconi e Lakatos (1991) defendem que a
entrevista se trata de uma conversa “face a face”, que busca captar informações do
entrevistado conforme assunto levantado, sendo que no presente trabalho esteve
presente em todas as fases da pesquisa de campo, levando em consideração que a
base do levantamento prático é a posição daqueles que promovem ações sociais no
município de Ribeirão do Pinhal, trazendo informações relevantes que embasassem
o objetivo de proposta de ação, ao final do estudo.
Mattar (2002) salienta que as pesquisas descritivas agregam em si vários
métodos de coleta de dados, compreendendo: entrevistas pessoais, entrevistas por
telefone, questionários pelo correio, questionários pessoais e observação.
A análise dos dados qualitativos obtidos durante as entrevistas em
profundidade foi feita através de leitura crítica e elaboração de quadros com grau
semelhante, para a facilidade de comparação. Por meio desta análise foram
identificados os pontos que mereciam uma maior atenção e que deveriam ser mais
valorizados, para o desenvolvimento de um projeto empreendedor.
3.3 POPULAÇÃO
E
LOCAL:
ASPECTOS
HISTÓRICOS,
SOCIAIS
E
ECONÔMICOS DE RIBEIRÃO DO PINHAL - PR.
A história de Ribeirão do Pinhal tem inicio por volta de 1880, quando Santo
Antônio da Platina, cidade vizinha, ainda era um pequeno povoado. Neste povoado,
morava o senhor João Francisco da Veiga, que aconselhado por um amigo boticário
e advogado, requereu a chamada “Posse de São Francisco”, uma faixa de terra
entre o Rio das Cinzas e o Rio Laranjinha, que hoje constitui as fronteiras do
Município.
Sem programação nem previsão, a povoação de Ribeirão do Pinhal se
desenvolveu decorrente da venda de glebas efetuadas pelo Sr. Erasmo Cordeiro,
corretor do maior proprietário de terras na região, Dr. Marins Alves de Camargo. Os
compradores iniciaram a construção de suas casas, ainda de forma rústica, como
sedes de suas glebas, o que consequentemente resultou no início a povoação.
No ano de 1926, foi construída a primeira casa comercial, pelo Sr. Armando
Silva, vulgo Mandico. O início do comércio no Município muito se deve à grande
43
quantidade de colonos trazidos por Dr. Marins Alves de Camargo para a fazenda aos
arredores do município, chamada Fazenda Yone. Nessa época havia somente uma
estrada que ligava Ribeirão do Pinhal a Santo Antônio da Platina, com extensão de
42 km, cujo meio de locomoção era uma jardineira, o que também impulsionou o
desenvolvimento do comércio na região. Com a demanda existente, o administrador
da referida fazenda, Sr. Erasmo Cordeiro, recebeu autorização para incentivar e
administrar o comércio local. Neste período, foi celebrada a primeira missa, pelo Frei
Angélico, onde hoje se localiza a Praça Erasmo Cordeiro, centro comercial do
município e ponto referencial.
A partir daí foram demarcados os primeiros quarteirões, sendo que o povoado
já alcançava o mesmo número de casas existentes em Abatiá e Jundiaí do Sul,
municípios vizinhos atualmente pertencentes à Comarca de Ribeirão do Pinhal, e
que na época eram povoados bem mais antigos.
Em 20 de outubro de 1936 foi criado o Distrito do Laranjinha, nome dado
devido ao Rio Laranjinha que banha a cidade. Posteriormente o distrito ficou
conhecido como Patrimônio de Pinhal. Em 1939, por ato do Interventor Federal
Manoel Ribas, o Patrimônio de Pinhal foi elevado à categoria de Vila, ocasião em
que chamada Vila do Pinhal foi mudada para Vila do Laranjinha.
Pela Lei Estadual nº 02 de 10/10/1947, foi criado o município que recebeu o
nome de Ribeirão do Pinhal. Por influência política e decreto do governador do
estado, o nome Vila do Laranjinha teve de ser trocado. O nome de Ribeirão do
Pinhal se refere à grande quantidade de pinheiros existentes no município na época,
sendo que muitos se concentravam as margens do ribeirão que leva o nome do
Município, cortando a cidade e desaguando no Rio Penacho, e posteriormente no
Rio Laranjinha. Administrativamente, Ribeirão do Pinhal teve seu início em 1947. Por
fim, o município foi elevado à categoria de Comarca, desmembrando-se de Santo
Antônio da Platina em 09 de junho de 1954.
Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), o
Município de Ribeirão do Pinhal possui uma população estimada de 13.461
habitantes. Localiza-se ao norte do estado do Paraná, abrangendo uma área
territorial de 354,853 Km², distanciando 125 Km de Londrina e 366 Km da capital do
Estado, Curitiba. O município pertence à mesorregião geográfica do Norte Pioneiro
Paranaense, e à microrregião geográfica de Cornélio Procópio, divisão adotada pelo
IBGE, sendo esta composta pelos municípios de Abatiá, Andirá, Bandeirantes,
44
Congoinhas, Cornélio Procópio, Itambaracá, Leópolis, Nova América da Colina,
Nova Fátima, Ribeirão do Pinhal, Santa Amélia, Santa Mariana, Santo Antônio do
Paraíso e Sertaneja.
Considerando que o grau de urbanização corresponde à quantidade de
pessoas que reside na área urbana, pode-se afirmar que o Município de Ribeirão do
Pinhal apresenta 81,91% de urbanização, atingindo um índice de 11.078 habitantes
residentes na área urbana.
Em contrapartida, a percentagem da população residente em área rural de
Ribeirão do Pinhal é 18,09%, referente a 2.446 habitantes.
Pode-se afirmar que a urbanização do município de Ribeirão do Pinhal está
relacionada com as atividades agrícolas, que incentivou a população a migrar para
as proximidades do Município, pelo fator empregatício, que consequentemente
incentivou o grau de urbanização.
A economia de Ribeirão do Pinhal é pouco diversificada, tendo por atividades
principais: a agricultura, comércio atacadista e varejista e serviços de reparação
associados a veículos de transporte e utensílios domésticos.
Em razão desse perfil, o emprego formal e a massa salarial são determinados
pelo complexo agrícola, pelo comércio varejista e pelo setor público em geral do
local (prefeitura, secretarias, entidades de ensino e saúde, etc.), que em conjunto
corresponderam, em média, por não menos que 70% dessa massa entre 1988 e
2002.
Neste item foram levantadas as características principais do município de
Ribeirão do Pinhal - PR, objeto de estudo deste trabalho. Com as definições feitas,
será descrito o método de pesquisa utilizado.
3.4 MÉTODO DE PESQUISA E COLETA DE DADOS
Segundo Marconi e Lakatos (1991), o método da pesquisa é um conjunto de
atividades sistematizadas e com racionalidade, que viabilizam a pesquisa em níveis
econômicos e de segurança, fornecendo dados que tragam bases válidas de
conhecimento do assunto, organizando a forma de trabalho da pesquisa e
minimizando erros, orientando o pesquisador.
45
O método é uma maneira de seleção de técnicas de pesquisa, buscando
avaliar as formas de ação do estudo aplicado. Portanto, mesmo que as técnicas de
pesquisa sejam propostas e acionadas por decisões próprias, as decisões de
aplicação são embasadas por regras orientadas. “Métodos são regras de escolha;
técnicas são as próprias escolhas” (HEGENBERG, 1976, p. 116).
Para Trujillo (1974), o método é a forma de procedimentos utilizados ao longo
da pesquisa. Para a ciência, são instrumentos básicos que tornam os pensamentos
sistemas organizados, traçando as formas a serem seguidas ao longo de um estudo
cientifico que busque atender um objetivo.
O Método do Estudo de Caso se classifica como pesquisa qualitativa, sendo
utilizado em coletas de dados, principalmente por estudos organizacionais, mesmo
que em alguns casos não aparente ter objetividade e rigor nos métodos de
investigação e aplicação.
O uso do Estudo de Caso pode trazer situações em que são estudados vários
casos ou apenas um único caso, como defende Yin (2001). Frequentemente o
problema de pesquisa busca estabelecer características semelhantes entre os
objetos de estudo, como forma de generalização, tornando-se algo freqüente para a
comparação de mais de um estudo de caso.
Yin propõe para o método:
(...) uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre
o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma
situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de
interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias
fontes de evidência (...) e beneficia-se do desenvolvimento prévio de
proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. (YIN,
2001, p. 32-33).
Ainda para Yin (2001), a utilização do Método do Estudo de Caso é adequada
quando são levantadas questões de tipo “como” e “por que”, sendo que o
pesquisador deve naturalmente apresentar baixo controle da situação estudada,
sendo ela referente a contextos sociais. O autor ainda defende que um projeto de
pesquisa com base no Método do Estudo de Caso, pode envolver três fases: a) a
escolha do referencial teórico sobre o qual se pretende trabalhar; b) a condução do
estudo de caso, com a coleta e análise de dados, culminando com o relatório do
46
caso; c) a análise dos dados obtidos à luz da teoria selecionada, interpretando os
resultados (YIN, 2001, p. 40-77).
Na visão de Goode e Hatt (1969), Yin (2001) e Bonoma (1985), é necessário
grande precaução na elaboração do plano de ação do estudo de caso, para que em
questionamentos sobre a eficiência do método, sejam apresentadas defesas
sustentáveis e objetivas quanto a qualidade da pesquisa.
Pode-se entender que o desenvolvimento da pesquisa do trabalho, por meio
da pesquisa qualitativa e exploratória, nos levou ao estudo dos programas sociais no
município de Ribeirão do Pinhal, tornando claras as proporções dos projetos
apresentados e suas importâncias para a comunidade.
Com os dados coletados e seu estudo, pode ser possível viabilizar a
proposição de ações de empreendedorismo social no Município de Ribeirão do
Pinhal, baseado nos resultados encontrados, e de acordo com sua análise em
acordo com os referenciais teóricos antes levantados.
47
4 ANÁLISE, DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS
O estudo de caso foi realizado no Município de Ribeirão do Pinhal, entre os
dias 17 e 27 de julho de 2012. Desta forma, será demonstrada a analise dos projetos
desenvolvidos, qual sua importância para os cidadãos e proposição de pequenos
projetos de sociais onde for detectada deficiência de inovação e empreendedorismo.
Esta análise busca identificar a motivação dos idealizadores dos projetos,
bem como a origem dos recursos aplicados e sua forma de administração. Para tal,
foram pesquisados os projetos sociais nas áreas de Educação, Saúde, Esporte,
Assistência Social, Agricultura, Meio Ambiente e Cultura, além de entrevistas com os
coordenadores dos projetos como pode ser observado no Apêndice A.
Para concluir o estudo, será abordada a opinião de empresários do município
em relação aos empreendimentos sociais detectados e ao desenvolvimento de
novos projetos, conforme roteiro de entrevista constante no Apêndice B.
4.1
ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO
O Município de Ribeirão conta com alguns projetos sociais na área de
Educação, sendo que parte deles é coordenada pelas secretarias de Educação e
Assistência Social da administração municipal, e parte é projeto de administração
não governamental e com o recebimento de recursos de doações, como será visto
no quadro 4, 5, 6 e 7 a seguir.
Administração:
Associação de Proteção e Amparo a Criança e ao Adolescente. Irmã
Josiane.
Descrição:
Projeto social de cuidado e educação (recreação, ensinos sociais,
alimentação e pré-escola) de crianças com idade entre 0 e 6 anos em
período integral.
Abrangência:
180 crianças da zona urbana.
Origem dos recursos:
Doações e fundo obrigatório do município
Importância social:
Educação gratuita e qualificada para crianças até 6 anos de idade.
Creche.
Quadro 4: Creche cantinho da Amizade
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
48
Administração:
Associação de Proteção e Amparo a Criança e ao Adolescente,
coordenado por Aparecida Gallina.
Descrição:
Projeto social de reforço educacional e aprendizado (musical, horticultura,
dança, esportes e informática) de crianças e adolescentes com idade
entre 7 e 12 anos.
Abrangência:
Crianças e adolescentes da zona urbana.
Origem dos recursos:
Doações e fundo obrigatório do município
Importância social:
Reforço educacional para crianças e adolescentes, além do aprendizado
cultural.
Quadro 5: Casa da Criança
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Secretaria Municipal de Educação.
Descrição:
Projeto de alfabetização de jovens e adultos, com abrangência dos
Ensinos Fundamental e Médio, além de aulas de costura, pintura e
crochê.
Abrangência:
70 jovens e adultos da zona urbana e rural.
Origem dos recursos:
Receitas
destinadas
à
Secretaria
Municipal
de
Educação,
pela
administração municipal.
Importância social:
Aumento da taxa de alfabetização do município, principalmente com
adultos que possuíam ensino incompleto.
Quadro 6: EJA – Educação de Jovens e Adultos
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Secretaria Municipal de Educação e Secretaria Municipal de Assistência
Social.
Descrição:
Abrigo de crianças e adolescentes que necessitam adoção, sendo
desenvolvidas aulas de reforço escolar e aprendizado (musical,
horticultura, dança, esportes e informática).
Abrangência:
Zonas urbana e rural do município.
Origem dos recursos:
Receitas destinadas à Secretaria Municipal de Educação e Secretaria
Municipal de Assistência Social, pela administração municipal.
Importância social:
Orientação
educacional
e
psicológica,
e
abrigo
de
crianças
e
adolescentes que não possuem lar ou condições favoráveis de se viver
em família.
Quadro 7: Casa Abrigo e Projeto Vida e Esperança
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
49
Observa-se com o levantamento dos projetos sociais da educação que
metade deles são desenvolvidos por instituições independentes e coordenadas entre
si. Com isso, a outra metade são projetos coordenados pela administração
municipal, salientando que um deles faz trabalho semelhante aos projetos
independentes, com destinação à crianças carentes, e o outro atende a educação de
jovens e adultos, abrangendo toda a população
Tem-se a observação da não existência de qualquer projeto voltado para os
estudantes universitários do município ou de reforço sobre o ensino médio das
escolas.
4.2 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE SAÚDE
Abordaremos aqui os projetos desenvolvidos no campo da Saúde no
Município, sendo que são todos de competência da administração municipal,
voltados principalmente para a análise da situação diretamente nas famílias da
cidade e para a qualidade de água das Zonas Urbana e Rural, conforme os quadros
8, 9 e 10.
Administração:
Secretaria Municipal de Saúde, pela enfermeira chefe Zeni de Campos.
Descrição:
Orientação e controle da saúde das famílias, com visitas em domicílios
pelos 12 agentes credenciados pelo município, contando com solução de
dúvidas e encaminhamento ao Centro de Saúde ou CRAS – Centro de
Referência em Assistência Social.
Abrangência:
Cerca de 2.300 famílias da zona urbana.
Origem dos recursos:
Receitas destinadas à Secretaria Municipal de Saúde e recursos
provenientes do Programa Federal de Agentes de Saúde Municipais.
Importância social:
Controle da saúde municipal pela administração, verificação das
necessidades, orientação quanto as patologias e melhora da qualidade
de vida e expectativa de vida da população.
Quadro 8: PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
50
Administração:
Vigilância Sanitária do município.
Descrição:
Orientação e controle de endemias na zona urbana do município,
realizado por 7 agentes credenciados pelo município, orientando quanto
a doenças como Dengue, Leptospirose, Esquistossomose e Doença de
Chagas.
Abrangência:
Cerca de 2.300 famílias da zona urbana.
Origem dos recursos:
Receitas destinadas à Secretaria Municipal de Saúde e recursos
provenientes do Programa Federal de Combate a Endemias.
Importância social:
Orientação sobre a importância da prevenção de doenças e controle de
agentes causadores, principalmente daquelas em que o foco se origina
na própria residência do município.
Quadro 9: Programa de Combate às Endemias
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Vigilância Sanitária do município e EMATER
Descrição:
Orientação sobre o tratamento e a captação de água através da
perfuração de poços, principalmente na zona rural do município realizada
pelos agricultores.
Abrangência:
Todo o município, conforme solicitações e visitas.
Origem dos recursos:
Receitas destinadas à Vigilância Sanitária Municipal e EMATER.
Importância social:
Prevenção de doenças geradas pela má captação de água, questões
ambientais de qualidade de água, e os benefícios da água na produção
orgânica dos agricultores, que produzem alimentos que são destinados a
alimentação da rede pública de educação no município.
Quadro 10: SISÁGUA – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade de Água Para Consumo
Humano.
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Observa-se que os projetos na área de saúde se destacam em questão da
utilização de agentes, que se direcionam às casas e buscam orientar e trazer as
questões para o centro de saúde, tornando assim o elo entre as famílias e a
secretaria municipal. Em outra abordagem, a vigilância da qualidade da água se
torna importante principalmente para os pequenos agricultores e beneficiados com
sua produção.
51
4.3 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE AGRICULTURA E MEIO
AMBIENTE
Identificaremos aqui os trabalhos em âmbito social realizados na Área de
Agricultura e Meio Ambiente. As duas áreas são aqui unidas, pois os projetos
desenvolvidos no Município são em sua maior parte realizados pela mesma
Secretaria, e em sua dimensão possuem características semelhantes, conforme os
quadros 11 e 12 a seguir.
Administração:
Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Agricultura e
Meio Ambiente e Administração Pública Municipal.
Descrição:
Compra de alimentos orgânicos produzidos pelos pequenos agricultores
do município, destinados a merenda escolar da rede municipal de
educação, contando com orientações sobre cuidados com o solo e
desenvolvimento do negócio.
Abrangência:
Zona rural do município.
Origem dos recursos:
Programa municipal, com uso de recursos estaduais, referentes à
merenda escolar, e recursos municipais de orientação agrícola.
Importância social:
Incentivo ao produtor rural, colaborando com sua fonte de renda,
trazendo oportunidade de trabalho, além de alimentos de qualidade aos
alunos da rede pública de educação.
Quadro 11: Incentivo ao Pequeno Produtor Rural – Merenda Escolar
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Serviço terceirizado pela Administração Municipal, executado pela
empresa Marco L. R. Leite – Reciclagem – ME.
Descrição:
Captação e processamento do material reciclável do município, em local
cedido pela administração municipal.
Abrangência:
Captação e processamento do material reciclável do município, em local
cedido pela administração municipal.
Origem dos recursos:
Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.
Importância social:
Preservação do meio ambiente, utilizando a reciclagem como forma de
aproveitamento do lixo.
Quadro 12: Coleta Seletiva
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
52
Neste caso, temos um exemplo de empreendedorismo com objetivo social,
conforme observado no item 2.2.2, Figura 3, onde temos a tipologia dos
empreendimentos, em especial os empreendimentos sociais. Com isso, observa-se
um empreendimento com um impacto econômico no mercado, porém com uma
missão social, de proteção ao meio ambiente e sustentabilidade, se diferindo dos
outros projetos aqui levantados por essa questão. Em paralelo há o trabalho de
orientação junto aos pequenos agricultores e a aquisição de alimentos orgânicos
produzidos, com destino a merenda escolar das escolas municipais e estaduais,
integrando os setores de agricultura, saúde e educação.
4.4 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Neste item poderemos verificar os trabalhos desenvolvidos pela Assistência
Social do Município, trazendo projetos de orientação psicológica, treinamentos
profissionalizantes e assistência em assuntos que os munícipes não tempo e
conhecimento, como naqueles relacionados à previdência. É possível observá-los
conforme os quadros 13, 14 e 15 a seguir:
Administração:
Administração Municipal.
Descrição:
Orientação
aos
que
necessitam
de
qualquer
tipo
de
auxílio
previdenciário, junto ao INSS – Instituto Nacional do Serviço Social,
contando com acompanhamento e revisão de pedidos.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Beneficiar quem necessita de auxílio previdenciário e não possui
disponibilidade financeira, de conhecimento e/ou de tempo para a
aquisição dos recursos de que lhe são direitos.
Quadro 13: Assistência de Assuntos Previdenciários
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
53
Administração:
Centro de Referência em Assistência Social – CRAS
Descrição:
Cursos de capacitação e desenvolvimento pessoal, disponibilizados nos
Centros de Qualificação Profissional, situados nas escolas municipais e
no CRAS, sendo que são oferecidos cursos básicos de pintura, corte e
costura informática e oficinas de artesanato, e cursos ocasionais em
várias áreas.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Traz educação profissional para aqueles que necessitam complementar
sua renda ou aprender uma profissão, além do ensino de questões
sustentáveis.
Quadro 14: Cursos Profissionalizantes
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Centro de Referência em Assistência Social – CRAS em conjunto com o
PACS.
Descrição:
Trabalho de aproximação das famílias com os profissionais da
Assistência Municipal do Município. Este serviço é disponibilizado
conforme suas especificidades, como os grupos de convivência, grupos
de família e cidadania, e grupo de fortalecimento de vínculos familiares.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Proporcionar aos participantes o uso consciente dos recursos recebidos,
trazerem diálogo e compreensão dentro das famílias, e propor a
conscientização da importância familiar.
Quadro 15: Atendimento Social
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Observa-se na análise dos projetos de assistência social que em sua maioria
são projetos desenvolvidos pelo CRAS, e neles são expostos trabalhos variados,
que vão desde a orientação de convívio familiar até a orientação previdenciária. Com
isso fica claro que serviços especializados à assistência social são de extrema
importância para o desenvolvimento social do município, e isso deve ser salientado
neste trabalho, pois a identificação das abordagens sociais parte dos princípios
instaurados pela comunidade.
54
4.5 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE ESPORTES
Serão identificados neste item os trabalhos sociais apresentados pela
Secretaria Municipal de Esportes, que trazem como foco a exploração da atividade
física junto aos idosos do município e os treinamentos de crianças e adolescentes
em diversas modalidades esportivas, como é visível nos quadros 16 e 17 a seguir.
Administração:
Secretaria Municipal de Esportes.
Descrição:
Série de atividades voltadas para o bem estar do idoso, contando com
alongamentos, caminhadas e educação alimentar, além da promoção de
eventos ocasionais voltados para a terceira idade.
Abrangência:
120 pessoas, com idade média acima de 60 anos.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Promover o bem estar e a qualidade de vida do idoso, adicionando a
prática da atividade física e a melhora da alimentação, aumentando assim
a expectativa de vida do município.
Quadro 16: Projeto Melhor Idade
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Administração:
Secretaria Municipal de Esportes.
Descrição:
Treinamento esportivo nas modalidades de Futebol, Futsal, Voleibol,
Handball, Xadrez e Ginástica Artística, voltado para crianças e
adolescentes matriculados nas redes municipal e estadual de educação.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Estimular a prática do esporte entre as crianças e jovens, com o intuito de
trazer uma atividade saudável para ocupar o tempo vago, e que pode,
futuramente, trazer uma profissão relacionada a prática esportiva, seja ela
de participação atlética ou auxiliar.
Quadro 17: Projeto Segundo Tempo
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Nos esportes, o município apresenta dois trabalhos sociais, sendo eles, um
voltado para os idosos e outro para crianças e adolescentes. Nesse caso, os jovens
são orientados à prática esportiva, e com isso, o projeto abrange boa parte dos
55
estudantes da rede pública municipal e estadual. Já o projeto Melhor Idade vem se
desenvolvendo cada vez mais, e com isso, melhorando a qualidade de vida da 3ª
idade, sendo um dos projetos mais conhecidos e freqüentados no município.
4.6 ANÁLISE DOS PROJETOS SOCIAIS NA ÁREA DE CULTURA
Neste item é possível ver o único trabalho social voltado para a área cultural
no município, sendo voltado para os idosos, que possuem destaque com referência
ao destino dos programas sociais em Ribeirão do Pinhal. Temos a identificação
conforme o quadro 18 a seguir.
Administração:
Presidência do Sr. Geraldo de Souza.
Descrição:
Promoção aos munícipes de todas as idades, em especial para os da 3ª
Idade, de atividades festivas conhecidas com “Bailes da Terceira Idade”,
além de excursões para cidades próximas.
Abrangência:
Todo o município e região.
Origem dos recursos:
Provenientes da arrecadação dos eventos organizados.
Importância social:
Traz aos idosos de Ribeirão do Pinhal a oportunidade de se divertirem
com baixo custo e regras voltadas exclusivamente para o bem estar dos
presentes, mostrando a importância da atividade recreativa à Terceira
Idade.
Quadro 18: Clube da 3ª Idade - Renascer de Bem com a Vida
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
O presente item tem destaque por sua forma de administração independente,
e no caso do âmbito explorado, sua existência é única, pois não foram detectados
quaisquer projetos sociais culturais no município, em que seja envolvida a inovação
e o empreendedorismo. Portanto o item em estudo deve ser considerado na
conclusão do trabalho e nas proposições apresentadas.
56
4.7
ANÁLISE DA POSIÇÃO DE ENTIDADES FILANTRÓPICAS NO MUNICÍPIO –
AÇÕES DA MAÇONARIA E DO LIONS CLUB.
A fim de concluir o mapeamento dos projetos sociais no em Ribeirão do
Pinhal, é possível fazer uma breve análise do papel desenvolvido pela Maçonaria e
pelo Lions, únicas entidades filantrópicas organizadas neste modelo no município.
O trabalho realizado pela Maçonaria é voltado ao bem estar social, e
desenvolvido há muitos anos no município. Porém, suas atividades são muito pouco
divulgadas, ficando o estudo restrito apenas ao conhecimento de sua ação, sem
mais detalhes. Em contrapartida, o Lions Club acaba de se restabelecer, iniciando
suas atividades com campanhas educacionais, principalmente no trânsito e com o
meio ambiente. Por meio de adesivos, cartazes e faixas, o Lions orienta os
munícipes quanto a consciência para a reciclagem do lixo eletrônico, o recolhimento
de pilhas e baterias usadas, a educação no trânsito, respeito à sinalização, não uso
do celular na direção, entre outros.
Temos, portanto, apresentada uma extensão dos trabalhos sociais, com certa
limitação de pesquisa, mas sendo possível observar que há no município atividades
independentes em âmbito social, auxiliando assim no seu desenvolvimento, mesmo
que em pequena proporção.
Visto os projetos sociais desenvolvidos em Ribeirão do Pinhal, nas mais
diversas áreas, fica como complemento a posição dos empresários do município
quanto ao desenvolvimento do empreendedorismo social, como poderá ser visto no
item a seguir.
4.8
ANÁLISE DA POSIÇÃO EMPRESARIAL SOBRE OS PROJETOS SOCIAIS
ESTABELECIDOS
Conforme estudo desenvolvido no município, foi possível detectar quais os
projetos sociais existentes em suas diversas áreas e quais as carências, pontos
fortes e fracos dos trabalhos. Porém, nota-se que não há qualquer projeto que tenha
sido elaborado ou administrado por algum empresário do município, o que leva ao
57
questionamento
da
ausência
de
iniciativa
empreendedora
daqueles
que
movimentam a economia do município. Então, conforme entrevista realizada com
oito empresários do município, com atividade com cinco anos ou mais, tem-se em
destaque as seguintes posições dos empresários quanto ao desenvolvimento social,
no parâmetro econômico, ou seja, da possibilidade de bases financeiras para o
desenvolvimento do empreendedorismo social:
 Falta de união da classe empresarial para com o empreendedorismo
social;
 Poucos recursos disponíveis para o desenvolvimento de atividade
filantrópica;
 Incapacidade da empresa de se adaptar a alguma iniciativa
sustentável;
 Já ajudam instituições com doações periódicas.
Com relação aos parâmetros administrativos e filantrópicos, ou seja, voltados
somente para a atividade, sem utilização de recursos financeiros, os empresários
entrevistados, em sua maioria, destacaram como características que impossibilitam
a atividade:
 Falta de interesse em comum;
 Falta de disponibilidade de tempo para o desenvolvimento de uma
segunda atividade em paralelo com a empresa;
 Falta de conhecimento para com atividades sustentáveis ou de
desenvolvimento social.
Observa-se que os empresários tradicionais do município, em sua grande
parte, não estão preocupados com o desenvolvimento sustentável nem com as
formas das ações sociais aplicadas no município, citando somente como forma de
colaboração as doações periódicas às entidades sociais, sem qualquer participação
ativa. Com isso, é possível analisar o baixo desenvolvimento do empreendedorismo
social do município, quando relacionado à participação da classe empresarial.
58
4.9
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Com base nos estudos realizados sobre os empreendimentos sociais no
município em questão, levando em consideração as bases do empreendedorismo e
do empreendedorismo social, pode-se observar que o município de Ribeirão do
Pinhal possui poucos projetos sociais desenvolvidos. Ainda é possível observar um
déficit maior de projetos sociais se comparadas as áreas de atuação e sua
disposição municipal. Com isso, temos a divisão deles, e com ela é possível
observar no Gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1: Número de Projetos Sociais conforme áreas de atuação.
Fonte: Elaborado pelos autores (2012).
Os projetos na área de Educação possuem destaque, visto que são os mais
desenvolvidos e recebem não só apoio da administração municipal, mas também de
entidades sociais independentes. Com isso, se tem no total quatro projetos, sendo a
área de destaque neste estudo. Em seguida, temos a Saúde e a Assistência Social,
ambas com três projetos. Esses projetos são todos desenvolvidos pelo setor público,
59
e parte deles por meio de programas já estabelecidos pelo Governo Estadual. Nas
áreas de Esportes e Meio Ambiente (juntamente com a Agricultura), são
disponibilizados dois projetos em cada área, com fins sociais. Por fim, temos a área
de Cultura, com apenas um projeto, independente e voltado para os idosos do
município.
Pode-se observar que os projetos desenvolvidos, em sua maioria, são
derivados de programas de governo ou já possuem certa tradição, o que evidencia o
pouco uso do potencial empreendedor, visto no capítulo 2 deste trabalho, através de
Dornelas (2010), Drucker (2003), Melo Neto e Froes (2002), entre outros, em que
temos como principal característica do empreendedor o espírito para inovar, e
buscar
soluções
em
meio
aos
problemas
enfrentados,
e
no
caso
do
empreendedorismo social, os problemas sociais. É possível observar também que
em nenhum caso há um investimento vindo através de filantropia baseada numa
retribuição à sociedade formadora, no caso de algum empreendedor de sucesso, o
que contraria em realidade à teoria de Dornelas (2010), que salienta essa situação
principalmente em solo americano. Por fim, é possível entender que o
empreendedorismo e a inovação no âmbito social acontecem na maior parte das
vezes quando há interesses econômicos relacionados, o que é possível relacionar
com a teoria do “modelo Timmons” de classificação do empreendedorismo, usado
por Dornelas (2010), o que possibilita um futuro estudo sobre o desenvolvimento de
ações empreendedoras com objetivos sociais e resultados econômicos, o que pode
facilitar a expansão do empreendedorismo social não só no município, mas também
em diversas regiões não estudadas, possibilitando assim também aos empresários
locais uma segunda análise sobre a participação sustentável de suas empresas,
visto que isso é item comum em qualquer planejamento de negócio moderno no
mundo, embasando um desenvolvimento econômico e com sustentabilidade,
ajudando no desenvolvimento sócio-econômico de uma cidade, região ou estado.
Ao fim da análise dos estudos desenvolvidos, é passado ao terceiro objetivo
deste trabalho, que busca propor ações sociais inovadoras para o Município de
Ribeirão do Pinhal, com base nas áreas mais carentes de projetos sociais.
60
4.10 PROPOSTA DE AÇÃO EMPREENDEDORA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO DO PINHAL - PR
O presente item busca atender ao último objetivo específico deste trabalho,
propondo ações inovadoras no município de Ribeirão do Pinhal, com base no
mapeamento de ações sociais já desenvolvidas, citadas anteriormente, e nas
carências analisadas no Município.
4.10.1 Desenvolvimento Educacional e Cultural com a Associação de Pais e
Estudantes Universitários de Ribeirão do Pinhal – PR.
Administração:
Associação de Pais e Estudantes Universitários
Descrição:
Promoção de palestras, aulas e dinâmicas nos centros municipais de
educação e demais trabalhos sociais desenvolvidos no município, com a
designação de estudantes universitários em suas diversas áreas.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Trabalho 100% Voluntário.
Trazer
aos
munícipes,
principalmente
crianças
e
adolescentes,
conhecimento e experiência educacional e cultural por meio de atividades
Importância social:
em diversas áreas, trazendo experiência e capacitação aos estudantes
universitários, e melhorando a capacidade intelectual e de qualidade de
vida dos cidadãos do município.
Quadro 19: Desenvolvimento Educacional e Cultural com a Associação de Pais e Estudantes
Universitários de Ribeirão do Pinhal – PR.
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
O projeto em questão busca solucionar uma conclusão tomada do trabalho
em que os projetos sociais na área de educação não possuem vertentes para a o
ensino superior. Mesmo com a impossibilidade de trazer projetos que acrescentem
em nível de ensino, o empreendedorismo pode ser desenvolvido utilizando o
conhecimento dos estudantes em prol da comunidade, trazendo assim uma nova
concepção da ação empreendedora ao município e experiência aos universitários.
61
4.10.2
Orientação da Coleta Seletiva com o PACS – Programa de Agentes
Comunitários de Saúde
Administração:
Secretaria Municipal de Saúde
Descrição:
Orientação sobre a coleta seletiva, separação do lixo e os benefícios
sustentáveis, diretamente nas famílias, com o trabalho dos agentes
comunitários de saúde, citados no estudo anterior da área de saúde.
Abrangência:
Toda a zona urbana do município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal.
Importância social:
Trazer aos munícipes, informações sobre a importância da reciclagem do
lixo, e tornando o trabalho mais eficiente, buscando a sustentabilidade
direto na casa das pessoas.
Quadro 20: Orientação da Coleta Seletiva com o PACS
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
Conforme explicação do quadro 20, a proposta de ação da coleta seletiva
junto com o PACS busca utilizar um projeto reconhecido e eficiente como base para
a orientação e desenvolvimento de um novo projeto sustentável, tornando a coleta
seletiva rotineira e eficiente no município.
4.10.3
Restabelecimento da Secretaria Municipal de Cultura
Administração:
Secretaria Municipal de Cultura
Descrição:
Desenvolvimento cultural do município com o restabelecimento de
uma secretaria especializada, utilizando juntamente com o item
4.10.1, o trabalho dos estudantes das áreas artísticas para o
desenvolvimento de atividades, com o aproveitamento do Centro
Cultural de Ribeirão do Pinhal, utilizado raramente.
Abrangência:
Todo o município.
Origem dos recursos:
Administração Municipal e Trabalho Voluntário.
Importância social:
Trazer aos munícipes, atividades culturais, desenvolvimento
corporal e demais formas de artes, atendendo uma área carente do
município, e consequentemente trazendo benefícios a pessoas de
todas as idades, mas especialmente crianças e adolescentes.
Quadro 21: Restabelecimento da Secretaria Municipal de Cultura
Fonte: elaborado pelos autores (2012).
62
O atendimento em geral à área da cultura no município pode ser iniciado com
a estruturação as secretaria municipal, sendo uma base de apoio para novas
propostas, com incentivo à inovação e ao empreendedorismo social voltado para
atividades culturais em Ribeirão do Pinhal, que possui uma estrutura de Centro
Cultural que pode ser utilizada, explorando sua capacidade e disponibilidade.
Com base nos projetos mapeados e nas carências, foram propostos os
projetos acima citados, visando utilizar áreas em que já há uma base de trabalho
para ser aplicada, e por outro lado, criando iniciativas inovadoras no município,
contribuindo com o desenvolvimento cultural, educacional e ambiental, atendendo
três áreas que merecem destaque e possuem grandes necessidades a serem
sanadas. Apesar de maior parte dos projetos serem voltados para a educação, é
possível utilizar ainda mais a área para a ampliação de seus projetos, e integrar com
a área cultural, e talvez com a conscientização ambiental posteriormente.
Idealizando os trabalhos propostos, pode-se tornar assim o empreendedorismo
social possível e estruturado, servindo como base para novas iniciativas e conseguir
chamar atenção para aqueles que viam a inovação somente como forma de
desenvolvimento econômico.
Com isso, foi alcançado o terceiro objetivo proposto neste trabalho, tornandose completo o estudo sobre o desenvolvimento do empreendedorismo social em
Ribeirão do Pinhal – PR, e estruturada a proposta de ação com base nos dados
coletados, o que leva a conclusão deste, necessitando as considerações finais sobre
o atendimento das propostas e a solução da problematização, que pode ser visto no
capítulo a seguir.
63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que os objetivos do trabalho foram atendidos, visto que
foram definidos os conceitos de empreendedorismo e empreendedorismo social,
conforme a visão de teóricos, respondendo ao primeiro objetivo; foi analisada a
situação atual do desenvolvimento social no município, sendo mapeadas as áreas
onde os projetos sociais são desenvolvidos, sendo estudado quais às áreas com
maior exigência de ações empreendedoras e as mais bem servidas, mostrando a
qualidade desenvolvida pela área educacional e o déficit de projetos na área de
cultura, atendendo ao segundo objetivo; por fim, foram propostas ações nas
deficiências detectadas em meio aos levantamentos feitos sobre os estudos
realizados, principalmente levando em consideração o mapeamento destacado no
segundo objetivo específico, tornando o terceiro e ultimo objetivo deste trabalho
atendido e necessitando assim a sua conclusão com a situação perante o problema
de pesquisa levantado. Com isso, é voltada a finalização do trabalho à pergunta de
pesquisa
feita
no
início
do
desenvolvimento,
e
pode-se
dizer
que
o
empreendedorismo social não é desenvolvido nas instituições sociais, ONGs e no
setor público como no setor privado porque a grande parte dos projetos sociais
realizados no município são executados pela administração municipal, com recursos
específicos provenientes de programas estaduais e federais, além de poucos
trabalhos antigos administrados de forma independente. Tem-se um ambiente em
que não há desenvolvimento e inovação na prática do empreendedorismo social,
visto que quase toda a capacidade intelectual que está sendo desenvolvida nos
estudantes do município pelo ensino superior da região, está sendo exportada para
grandes cidades próximas, após a conclusão de seus respectivos cursos,
aparentemente devido à falta de oportunidades de se empreender com o retorno
esperado, em conjunto com a falta de um estudo sobre a capacidade municipal, o
que poderia viabilizar o desenvolvimento municipal tanto economico quanto social,
tornando-se essa questão algo que podera ser abordado num estudo futuro.
Entende-se que a pergunta de pesquisa não foi totalmente respondida pois há a
necessidade de se estudar também a capacidade de desenvolvimento econômico do
município, levando em consideração que a inovação social surge muitas vezes com
o apoio econômico, que não é visível em Ribeirão do Pinhal.
64
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69
APÊNDICE
70
APÊNDICE A
Roteiro de Entrevista com os Coordenadores de Projetos Sociais.
Roteiro da Entrevista:
1 Qual o projeto social que você coordena?
2 Como é a forma de administração do projeto social?
3 Como se desenvolve esse projeto social?
4 Qual a origem dos recursos utilizados neste projeto?
5 Qual a importância, na sua opinião, deste projeto para o desenvolvimento do
município de Ribeirão do Pinhal?
6 Quais outros projetos sociais dentro do município você tem conhecimento?
7 Quais as maiores necessidades que o município tem em âmbito social?
8 Demais questionamentos
71
APÊNDICE B
Roteiro de Entrevista com os Empresários de Ribeirão do Pinhal.
Roteiro da Entrevista:
1 Qual o seu tipo de empresa?
2 Como é a forma de administração de sua empresa?
3 Você tem algum vínculo com alguma organização social ou desenvolve algum
projeto social?
4 De que forma você auxilia a algum projeto social no município?
5 Por que você não desenvolve ou tem a iniciativa de criar algo em âmbito social no
município?
6 Se tivesse oportunidade, qual área você gostaria de desenvolver um projeto
social?
7 Demais questionamentos
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o desenvolvimento do empreendedorismo social no setor