CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA DE FÊMEA OVINA DA RAÇA RABO LARGO NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO José Augusto Carvalho 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA DE FÊMEA OVINA DA RAÇA RABO LARGO NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO Autor: José Augusto Carvalho Orientador: Prof. D.Sc. Márcio dos Santos Pedreira ITAPETINGA BAHIA - BRASIL Agosto – 2013 JOSÉ AUGUSTO CARVALHO CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA DE FÊMEA OVINA DA RAÇA RABO LARGO NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO Tese de Doutoramento apresentada como parte das exigências para obtenção do título de doutor em zootecnia, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Orientador: Prof. D.Sc. Márcio dos Santos Pedreira Co-orientadores: Prof. D.MV. Antonio Jorge Del Rei Prof. D.Sc. Jurandir Ferreira Cruz ITAPETINGA BAHIA - BRASIL Agosto – 2013 Ficha catalográfica UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Área de Concentração: Produção de Ruminantes DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO Título: “CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA DE FÊMEA OVINA DA RAÇA RABO LARGO NO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO ” Autor: José Augusto Carvalho Orientador: Prof. D.Sc. Márcio dos Santos Pedreira Co-orientadores: Prof. D.MV. Antonio Jorge Del Rei Prof. D.Sc. Jurandir Ferreira Cruz Aprovado como parte das exigências para obtenção do Título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PRODUÇÃO DE RUMINANTES, pela banca examinadora: __________________________________________ Prof. Dr. Márcio dos Santos Pedreira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB _________________________________________ Prof. Dr. Antonio Jorge Del Rei Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB __________________________________________ Prof. Dr. Manoel Luiz Ferreira Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC ___________________________________________ Prof. Dr. José Augusto Gomes Azevedo Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC _________________________________________ Prof. Dr. Dimas Oliveira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Data da realização: 01 de agosto de 2013. ii “Abençoados são aqueles que veem o invisível, através do olho interior”. Uma visão que cria um retrato, mesmo antes do pintor tocar o pincel na tela. Mas não há visão que dê tanto poder e iluminação como pertencer a Jesus. Muitos de nós conhecemos apenas dez por cento de nós mesmos, mas Deus sabe do que cada um é capaz. Ele ignora nossas fraquezas e erros e crê no uso dos votos positivos para nos fortalecer. Ele nos guia em direção à meta de um caráter perfeito. “Amados de Deus, nossa missão é salvar em Cristo Jesus” iii Dedico este trabalho à minha família: Meus pais, que foram o inicio de tudo; Minha amada esposa, por sua dedicação, compreensão e estímulo, companheira inseparável em todos os momentos; Meus queridos filhos, que dispensaram todo incentivo, apoio, e carinho; Meus irmãos, pelo apoio e afeto; Meus amados netos, por tranquilidade e muita luz. momentos de paz, descontração, iv AGRADECIMENTOS Ao nosso Deus, pelo dom da vida, por ter me dado forças para chegar até aqui, e, em todos os momentos, capacitou-me à superar minhas limitações; por estar sempre presente na minha vida, ajudando-me a transpor os obstáculos encontrados nesta caminhada; obrigado porque eu nasci; Ao ex-reitor da UESC, Prof. Joaquim Bastos Silva, pelo incentivo, apoio e por nossa amizade; À Reitora da UESC, na pessoa da Profª Dra. Adélia Maria Carvalho Pinheiro, que sempre esteve incentivando-me, apoiando-me e encorajando-me, para que pudesse concluir este meu sonho; À Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais – DCAA, por ter permitido e facilitado a realização deste meu sonho; À Coordenação do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da UESB, Área de Concentração: Produção de Ruminantes, pelo apoio e compreensão; Ao amigo e co-orientador, Prof. Dr. Jurandir Ferreira da Cruz, por sua amizade, credibilidade, paciência e compreensão face as minhas dificuldades enfrentadas no período, para concluir este meu sonho; Ao co-orientador e amigo, Prof. Dr. MV. Antonio Jorge Del Rei, pela paciência e apoio que me dispensou durante todo o período, dando-me força, coragem e valorosas orientações; Ao orientador e amigo, Prof. Dr. Márcio dos Santos Pedreira, pelo apoio e acolhida na hora mais precisa; Ao colega e amigo colaborador, Prof. Dr. José Augusto Gomes Azevedo (ZOO-UESC), pelo apoio, paciência e disposição em ajudar-me diante de minhas dificuldades na execução dos estudos para o desenvolvimento dessa tese; À colega Andrea D. Holanda Barbosa, da Estação Experimental da EBDA, que não se furtou com todo seu apoio e colaboração na execução das atividades na propriedade; Ao colega, amigo e irmão, com o qual enfrentamos muitas batalhas juntos, Abdias Vilar da Silva Campos, que foi minha direção, para que pudesse executar todas as atividades na propriedade do seu irmão Suetônio Vilar, na cidade de Taperoá – Paraíba – Brasil; Ao colega Tiago Vilar C. Silva, Zootecnista da cidade de Campina Grande – Paraíba Brasil, que colaborou fornecendo-nos informações preciosas sobre a raça Rabo Largo; v Ao Técnico Agrícola, Ariano Vilar, funcionando como meu braço direito no estudo realizado na propriedade Belo Horizonte, em Taperoá na Paraíba, cuja administração está sob sua responsabilidade; Ao colega e amigo, Suetônio Vilar Silva (Sué), Engenheiro Agrônomo, proprietário da Fazenda Belo Horizonte, localizada na cidade de Taperoá – Paraíba, que facilitou nosso trabalho, colocando à nossa disposição sua propriedade, os ovinos da raça Rabo Largo e veículo para nossos deslocamentos e deslocamento dos animais, dando-nos total apoio; Às colegas Veterinárias, Professoras Drª Melania Marinho e Drª Norma Lúcia de Souza Araújo da Universidade Federal de Campina Grande, campus de Patos na Paraíba, pelo apoio e pronto atendimento às nossas solicitações; Aos amigos e colegas do DCAA, Manoel Luiz Ferreira, Caio Tácito Gomes Álvares, Paulo Helmeister Filho, Agna Menezes, Kátia Moema Sampaio, Roberta Costa Dias, Jacques Hubert Charles Delabie, Sérgio Luiz Gama Nogueira Filho, Luiz Augusto Grimaldi Sampaio, José Olímpio de Souza Júnior, Dunezeu Campos Junior, Ana Maria Souza dos Santos Moreau, Mauricio Santos Moreau, Arlicelio Paiva, pela amizade, apoio e incentivo; Ao colega e amigo, Prof. Dr. Claudio Coutinho, pelo seu incentivo, apoio e orientações; Ao funcionário da Estação Experimental da EBDA do distrito de Pilar na cidade de Jaguarari, Sr. Rubinho, e os colegas do escritório central, que sempre atenderam cortesmente durante a execução dos nossos trabalhos naquela propriedade; A todos aqueles que, embora não tenham sido aqui citados, participaram direta ou indiretamente da realização desta tese, ajudando, trazendo alegrias e tornando menos árduo o trabalho. Meu muito obrigado! vi BIOGRAFIA DO AUTOR JOSÉ AUGUSTO CARVALHO, filho de João Fraga de Carvalho (in memorian) e de Maria de Lourdes Carvalho, nasceu em Salvador – Bahia - Brasil, no dia 17 de dezembro de 1945, residente e domiciliado à Rua Manoel Fontes Nabuco, 217, Alto da Boa Vista, 45.652-495 – Ilhéus – Bahia - Brasil. Em dezembro do ano de 1970, concluiu o Curso de Medicina Veterinária, na Universidade Federal da Bahia – UFBA. Em dezembro de 1970, foi aprovado em Seleção Pública para atuar na Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia no GERFAB – Grupo de Erradicação da Febre Aftosa no estado da Bahia com séde na cidade de Itapetinga, tendo exercido atividades como Médico-Veterinário - Coordenador de Grupo de pesquisa e implantação do programa nas regiões do sul e sudoeste da Bahia, Subchefe regional em Itajú do Colônia e Coarací, Chefia regional na sede instalada na cidade de Rui Barbosa – Bahia, permanecendo neste órgão até o ano de 1974. A partir de 1974, exerceu atividades na COOPARDO – Cooperativa Agropecuária do Rio Pardo na cidade de Itapetinga – Bahia como Veterinário de campo para atendimento dos cooperados até 1977. No mesmo período, criou a empresa SERVE – Serviços Veterinários Especializados com sede nessa cidade (1977 – 1985), trabalhando com assistência técnica no campo (Clinica médica, cirurgias e IA), elaboração de projetos agropecuários conveniado com o Banco do Brasil, Banco do Nordeste, BANEB e Banco Itaú e credenciado pelo Ministério da Agricultura para execução de Exames laboratoriais para detecção da Anemia Infecciosa Equina - AIE. Em 1982, foi aprovado em Seleção Pública para exercer a função de Professor Auxiliar na UESB, campus de Itapetinga, para o Curso de Zootecnia, para as disciplinas Anatomia e Fisiologia Animal e Equideocultura, tendo também exercido as funções de Coordenador do Curso de Zootecnia no DEBI, Diretor do DTRA e Superintendente do Campus de Itapetinga, permanecendo até o ano de 1999, sendo removido para a UESC, onde permanece até os dias de hoje como professor Adjunto B. vii Em 1982, realizou o curso de Especialização no ensino das Ciências Agrárias, promovido pela UESB, em convênio com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRJ. Na UESC, exerceu a função de colaborador do Colegiado do curso de Medicina Veterinária - COLVET, Diretor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais – DCAA, por dois períodos (04 anos), por eleição direta, dentre outras funções. É responsável na UESC, na qualidade de Prof. Adjunto B, pelas disciplinas: Anatomia Animal I, II e III para o curso de Medicina Veterinária; Anatomia e Fisiologia Animal para o curso de Agronomia; Equideocultura para os cursos de Medicina Veterinária e Agronomia. Membro da Loja Maçônica Vigilância e Resistência nº 70, filiada a GLEB, e detentor do Grau 33 dos Corpos Filosóficos; associado ao Lions Club Ilhéus Centro, exercendo a função de 3º Vice-presidente; membro da Academia Maçônica de Letras Ciências e Artes da Região Grapiuna – AMALCARG, ocupando a cadeira de nº 16, tendo como Patrono o Ir.`. Moysés Bohana de Oliveira Filho; membro da Academia Grapiuna de Letras – AGRAL, ocupando a cadeira 13, tendo como Patrono Djalma Eutimio de Carvalho. Em março de 2008, iniciou no Programa de Mestrado em Zootecnia, área de concentração: Produção de Ruminantes, na UESB, realizando estudos com a “Sincronização do estro e da ovulação em ovelhas da raça Santa Inês após tratamento com progestágeno novo e reutilizado associado a eCG ou FSHp”, concluindo em março de 2009. Em março de 2009, iniciou no Programa de Doutorado em Zootecnia, área de concentração: Produção de Ruminantes, na UESB, realizando estudos com a “Caracterização da atividade reprodutiva de fêmea ovina da raça Rabo Larga no semiárido do nordeste brasileiro”, concluindo com a defesa de Tese de Doutorado em agosto de 2013. viii SUMÁRIO Página PENSAMENTO ii DEDICATÓRIA iii AGRADECIMENTOS iv BIOGRAFIA DO AUTOR vi SUMÁRIO viii LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS x LISTA DE QUADROS, GRÁFICOS E FIGURAS xi LISTA DE TABELAS xii RESUMO GERAL xiii ABSTRACT xiv I- REFERENCIAL TEÓRICO 1. INTRODUÇÃO GERAL 1 1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1.1 Espécie Ovina e sua Genética 3 1.1.2 Características de Grupos Raciais de Ovino 4 1.1.3 Tipo Raça Rabo Largo 5 1.1.4 Características Reprodutivas em Ovinos 9 1.1.5 Puberdade 11 1.1.6 Ciclo Estral nos Ovinos 12 1.1.7 Fatores Responsáveis pela Ovulação e seus Genes 15 2. REFERÊNCIAS 17 ix II - CAPÍTULO ÚNICO RESUMO 23 ABSTRACT 25 1. INTRODUÇÃO 27 2. OBJETIVOS 31 2.1 Geral 2.1 Específicos 3. MATERIAL E METÓDOS 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 35 5. CONCLUSÕES 44 6. REFERÊNCIAS 45 ANEXOS 50 x LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS ANUALPEC ARCO CENARGEM Cº E2 EBDA eCG EMBRAPA FAO FSH G IBGE IEP IM INMET LH MAP MAS ng/mL P4 pq/mL PGF2α PPM OS PV QTL RIE RL SAS SG2a SG2b SNP SRD SS UNESP USG UESB UESC µL Anuário da Pecuária Brasileira (Yearbook of Brazilian Livestock) Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Brazilian Association of Sheep breeders) Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (National Research Center for Genetic Resources and Biotechnology) Grau Centígrado (Centigrade) Hormônio Estradiol - 17β (Estradiol Hormone – 17 β) Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (Bahia Agricultural development Company S. A.) Gonadotrofina Coriônica Equina (equine chorionic gonadotropin) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Brazilian Enterprise for Agricultural Research) Food and Agriculture Organization of the United Nations Hormônio Folículo Estimulante (Follicle Stimulating Hormone) Hormônio Liberador de Gonadotrofina (Gonadotrophin Releasing Hormone) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brazilian Insitute of Geography and Statistics) Intervalo entre Parto (Interval between childbirth) Intramuscular Instituto Nacional de Meteorologia (National Institute of Meteorology) Hormônio Luteinizante (Luteinizing Hormone) Acetato de Medroxiprogesterona (Medroxi progesterone acetate) Marker Assisted Selection Nanograma por mililitro (Nanogram per mililiter) Hormônio Progesterona (Progesterone) Picograma por mililitro (Picogram per mililiter) Prostaglandina F2α (Prostaglandin) Produção da Pecuária Municipal (Municipal livestock production) Período de Serviço (Service period) Peso vivo (Live weight) Locus para um caráter quantitativo (Quantitative trait lócus) Radioimunoensaio (Radioimmunoassay) Raça de ovino Rabo Largo do Brasil (Breed of sheep Fat-Talilled off of Brazil ) Análise Estatística (Statiscal Analysis) Sub-Grupo2a (Sub-Group2a) Sub-Grupo2b (Sub-Group2b) Single Nucleotide Polimorfism Sem raça definida (without defined race) Sem suplementação (without supplementation) Universidade Estadual Paulista (State University Paulista) Ultrasonografia (Ultrasonography) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (State Universityof Southwest Bahia) Universidade Estadual de Santa Cruz (State University Sanct Cruz) Microlitro xi LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E QUADROS PÁGINA Figura 1. Foto de rebanho ovino da raça Rabo Largo 6 Figura 2. Foto de reprodutor ovino da raça Rabo Largo 6 Figura 3. Dendograma obtido a partir da distância genética DA de Nei (1983) e o algoritmo de agrupamento Neighbor Joining, a partir de 19 loci de microssatélites, evidenciando as relações entre raças de ovinos naturalizadas e comerciais brasileiras 8 Figura 4. Protocolo de indução e sincronização do estro em marrãs ovina da raça Rabo Largo mediante a utilização de hormônios exógenos 31 Figura 5. Concentração média dos níveis hormonais de LH, P4 e E2 total no plasma sanguíneo de ovelhas primíparas (marrãs) da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil (2012) 37 Figura 6. Concentração média dos níveis hormonais de P4 e E2 no total no plasma de ovelhas pluríparas (adultas) da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil, 21 dias pós-parto até o estro e pós estro (2012) 37 xii LISTA DE TABELAS PÁGINA Tabela 1. Estatística descritiva do banco de dados que caracteriza fêmeas ovinas da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil 33 Tabela 2. Pesos médios (kg) de crias ovinas da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil, ao nascer, aos 15, 30, 45, 60, 75, 90, 105, 120, 135 e 150 dias de idade, conforme os sexos das crias e os tipos de parto (2012) 35 Tabela 3. Estatística descritiva do banco de dados que caracteriza as fêmeas ovinas (n=46) da raça Rabo Largo, quanto ao período de serviço (PS), gestação (G) e intervalo entre parto 38 Tabela 4. Período de Serviço (PS), Gestação (G), Intervalo entre partos (IEP) de fêmea ovina (n=46) da Raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil em relação ao tipo de parto 39 Tabela 5. Taxa de prolificidade do rebanho de fêmeas ovina da raça Rabo Largo nas propriedades em Taperoá (n=23) e EBDA (n=23) em função de dois períodos de avaliação, 2010 a 2011 39 Tabela 6. Estatística descritiva do banco de dados que caracteriza os ovinos da Raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil em relação ao peso (kg) do nascimento à puberdade 40 xiii RESUMO CARVALHO, J.A. Caracterização da atividade reprodutiva de fêmea ovina da raça Rabo Largo no semiárido do Nordeste brasileiro. Itapetinga-BA: UESB, 2013. 58 p. (Tese – Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes). No Nordeste do Brasil, em decorrência do sistema ultraextensivo de criação, em associação às condições adversas do semiárido, os ovinos sofreram uma seleção natural ao longo dos séculos, sendo responsável por grande parte da produção pecuária, proporcionando desenvolvimento produtivo do setor, nas mais distintas regiões semiáridas do mundo, não sendo diferente na região Nordeste do Brasil, onde as condições edafoclimáticas dificultam a exploração agrícola. O objetivo deste estudo foi efetuar a caracterização da atividade reprodutiva de fêmea ovina da raça Rabo Largo, criada sob sistema extensivo, quanto à puberdade das nulíparas (borregas), o perfil hormonal das marrãs (dosagem de P4, E2, e LH) e das pluríparas (adultas), a dosagem de P4, e E2, bem como a eficiência reprodutiva dos rebanhos. Os estudos foram desenvolvidos na Estação Experimental da EBDA, localizada na cidade de Jaguararí, no distrito de Pilar, no Estado da Bahia, na latitude (S) 10º 15’ 50” e longitude (O) 40º 11’ 45”, na altitude de 662m e na fazenda Belo Horizonte situada na cidade de Taperoá, no estado da Paraíba, na latitude (S) 7º 12’ 27” e longitude (O) 36º 49’ 36”, na altitude de 532m acima do nível do mar. Foram utilizadas 49 fêmeas ovinas, com idades variando do nascimento até 38 meses de idade. A alimentação foi com pastagem nativa. Os procedimentos estatísticos foram realizados com auxilio do programa Statiscal Analysis – SAS Institute. Palavras-chave: eficiência reprodutiva, perfil hormonal, puberdade, ovino Rabo Largo. Orientador: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc.,UESB; Co-orientadores: Antonio Jorge Del Rei, D.MV; Jurandir Ferreira Cruz, D.Sc., UESB. xiv ABSTRACT CARVALHO, J.A. Characterization of reproductive activity in ovine breed female race Rabo Largo in the semi-arid northeast of Brazil. Itapetinga-BA: UESB, 2013. 58 p. (PhD Thesis in animal science, concentration in production Area of Ruminants). In northeastern Brazil, due to the ultra extensive system of creation, in association to the adverse conditions of the semi-arid sheep suffered a natural selection over the centuries, being responsible for much of the livestock production, providing productive development of the sector, in different semi-arid regions of the world, being different in the northeastern region of Brazil where the soil and climate conditions make it difficult to farm. The objective of this study was to characterize the reproductive activity of ovine breed female ass off created under extensive system, about the puberty of nulliparous (gilts), hormonal profile of gilts (dosage of P4, E2, and LH) and of pluríparas (adults) the dosage of P4 and E2, as well as the reproductive efficiency of herds. The studies were carried out at the Experimental Station of the EBDA, located in the town of Jaguararí in the District of Pilar, in the State of Bahia, at latitude (S) 10 15 ' 50 "and longitude (the) 40° 11 ' 45", on altitude of 662m and in Belo Horizonte farm situated in the city of Taperoá in the State of Paraíba, at latitude (S) 7 of 12 ' 27 "and longitude (the) 36 49 ' 36"at the altitude of 532m above sea level. 63 female fat-tailed sheep were used with ages ranging from birth Key words: reproductive efficiency, hormone profile, puberty, female race Rabo Largo sheep. Advisor: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB; Co-advisers: Antonio Jorge Del Rei, D.MV; Jurandir Ferreira Cruz, D.Sc., UESB 1 I – REFERENCIAL TEÓRICO 1. INTRODUÇÃO GERAL A espécie ovina é uma das mais difundidas no mundo, tendo sido uma das primeiras a serem domesticadas pelo homem. Apresentam como características a fecundidade e produtividade, que, juntas, possibilitam a oferta de carne, leite e lã. Sua rusticidade tem permitido adaptação a diversos ambientes, desde as regiões montanhosas frias até as regiões áridas e semidesérticas. Aproximadamente um quinto da população ovina mundial está localizado em regiões tropicais e subtropicais, cujo efetivo é constituído por raças puras tropicais, raças de regiões de clima temperado e por animais resultantes de cruzamentos entre os dois grupos raciais (CAMBELLAS, 1993a). A ovinocultura é uma das atividades pecuárias que tem apresentado maior evolução tecnológica no Brasil, nos últimos anos, certamente, devido à oportunidade de mercado favorável. Essa realidade tem levado à crescente demanda, especialmente pelos animais produtores de carne, cujo consumo tem experimentado aumento gradual em função das suas características organolépticas. No Nordeste do Brasil, a ovinocultura é uma atividade de relevada importância econômica e social, graças às mudanças nas relações comerciais que propiciaram uma maior participação da atividade agropecuária frente aos diversos setores da economia brasileira. A ovinocultura, como parte integrante do setor agropecuário, inseriu-se como uma aliada no processo de desenvolvimento de várias regiões, especialmente no Nordeste, localizada geograficamente entre as latitudes 1° e 18° S. Esta região caracteriza-se por apresentar um período chuvoso, no qual o alimento é abundante e de qualidade nutritiva. Todavia, à medida que a seca progride, ocorre uma diminuição na capacidade de suporte das pastagens, em virtude não só da redução na disponibilidade, mas, também, da qualidade da forragem, decorrente de sua lignificação (ARAÚJO FILHO et al, 1998). O efetivo mundial de ovinos já ultrapassa um bilhão de cabeças, sendo que os maiores rebanhos estão localizados na China, Índia, Austrália, Irã, Sudão e Nova Zelândia, 2 enquanto que 1,6% ocupam o solo brasileiro (FAO, 2009a; NOGUEIRA FILHO, 2003; VIANA, 2008). A produção mundial de carne ovina atinge mais de 12 milhões de toneladas, comercializadas mundialmente, tendo a China como o país a ocupar a primeira posição, com três milhões de toneladas, e o Brasil com 117 toneladas, que corresponde a 25% e 0,93%, respectivamente (FAO, 2009b). O consumo da carne de ovinos per capita (kg/habitante), em alguns países desenvolvidos, chega a 20 kg/ano (SOUZA, 2006a), e países como a Mongólia, Nova Zelândia e Islândia apresentam o maior consumo de carne ovina mundial, com 39 kg, 24 kg e 22 kg per capta/ano, respectivamente (VIANA, 2008). No Brasil, o consumo per capita/ano gira em torno de 0,7 a 1,5 kg/habitante/ano (SOUZA, 2006b). Países como Austrália e Nova Zelândia são reconhecidos por terem a capacidade de desenvolverem sistemas de produção com elevada produtividade. Suas criações, com tecnificação, visam à produção de carne e lã, fazendo com que esses países venham a controlar o mercado internacional desses produtos, sendo responsável pelo impulso à exploração econômica mundial da ovinocultura. No Brasil, de acordo com o último censo agropecuário, a criação de ovinos é realizada em todo o país, sendo o efetivo nacional de 17,6 milhões de cabeças, com a maior parte concentrada nas regiões Nordeste e Sul, (57,2% e 28,0%, respectivamente) (IBGE/PPM, 2011a). A Região Nordeste concentra 10,11 milhões de ovinos, correspondendo a 76% do rebanho do país. A região Sul representa 22,0% dos ovinos e ainda a região Sudeste é responsável por 2% do rebanho de ovinos. O estado da Bahia possui o segundo maior rebanho de ovinos do Brasil, contando atualmente com 3,07 milhões cabeças, sendo que o Rio Grande do Sul detém o maior efetivo de ovinos, com quatro milhões de cabeças, representando 18,7% e 28,1%, respectivamente (IBGE/PPM, 2011b), seguido de perto pelo Ceará, com 2,14 milhões de cabeças, demonstrando o potencial produtivo dessa espécie nesses Estados. O rebanho ovino baiano é constituído essencialmente por animais deslanados ou com pouca lã, pertencentes às raças locais Santa Inês, Morada Nova, Cariri, Rabo Largo e, ainda, o tipo sem raça definida (SRD). Os animais Rabo Largo guardam estreita relação com a raça Dâmara, originária da Namíbia, embora apresentem diferenças fenotípicas. Contudo, o rebanho ovino nordestino é constituído principalmente por animais do tipo SRD e das raças Rabo Largo, Somalis, Morada Nova e Santa Inês, embora existam outros ecotipos além da presença de animais de raças exóticas, ainda que em menor número. 3 A produção mundial também tem procurado atender a este nicho mercadológico, que é o consumo da carne ovina em todas as classes sociais, em especial, para as classes A e B, com uma amplitude um pouco maior para a classe B, evidenciando-se um forte apelo ao incremento da produtividade a campo, para atender essa tendência de mercado consumidor, no qual se pode observar a importância social, especialmente no Nordeste do país, na viabilização da manutenção dos pequenos e médios produtores rurais, com geração de emprego e fixação do trabalhador no campo. Salienta-se que já existem diversos estudos experimentais, voltados para o aumento da produção dessa espécie animal, evidenciando-se a necessidade de mais investigações, além de estudos voltados para a preservação das raças em vias de extinção. O emprego de tecnologia utilizada poderá trazer reflexos negativos futuros, impedindo a manutenção de sua rusticidade, e no aumento produtivo, bem como o melhoramento contínuo com a possibilidade de diversos cruzamentos na produção de animais puros e cruzados. 1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1.1 ESPÉCIE OVINA E SUA GENÉTICA No Brasil são encontrados diversos grupos genéticos de animais domésticos, oriundos a partir dos genótipos trazidos pelos colonizadores portugueses, durante o descobrimento. Este material genético foi submetido à seleção natural em diferentes ambientes, para os quais tiveram que desenvolver características específicas de adaptação às condições locais (EGITO et al., 2002). Segundo Paiva et al., (2005a), os grupos genéticos naturalizados de ovinos criados no Brasil são constituídos, geralmente, por animais de pequeno porte, submetidos a baixas taxas de seleção artificial e melhoramento genético, sendo pouco especializadas na produção de carne e pele, porém, apresentam alta resistência a Linfoadneite Caseosa e a endoparasitas. Para que este material genético não se perca, tornam-se necessários estudos para que possam ser preservados estes genótipos ou grupos raciais adaptados às características 4 ambientais da caatinga, onde se encontra grande parte dos ovinos deslanados de várias raças, o que vem sendo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). A baixa produtividade brasileira na ovinocultura deve-se, ao menos em parte, ao baixo potencial genético do rebanho nacional. Os programas de melhoramento genético da espécie ovina são, de certa forma, recentes e, ainda, não são bem definidas quais características considerar na avaliação de ovinos de corte. Características de crescimento (peso ao nascimento, ao desmame, ao ano de idade, peso adulto), de habilidade materna (kg de crias desmamadas por fêmea), reprodutivas (idade ao primeiro parto, intervalo entre partos, período de gestação) e de resistência contra os nematódeos gastrintestinais são sugeridas para serem utilizadas na avaliação genética dos ovinos de corte. Os ovinos vêm sendo alvo de diversos estudos moleculares com a finalidade de se localizar regiões cromossômicas, responsáveis pelo controle de características importantes economicamente, principalmente relacionadas com resistência a parasitas gastrintestinais (GOUVEIA et al, 2008). O isolamento geográfico, ao longo do tempo, associado aos efetivos populacionais pouco numerosos e às seleções natural e artificial, contribuíram para que se formasse uma grande variedade de tipos genéticos dentro de uma espécie e até mesmo dentro de uma raça. Esse modelo é ainda mais complexo, quando vários eventos de cruzamentos interespecíficos ou interraciais ocorreram ao longo do tempo evolutivo de determinado grupo (HALL e BRADLEY, 1995a; BRUFORD et al., 2003). 1.1.2 CARACTERÍSTICAS DE GRUPOS RACIAIS DE OVINOS A raça é a unidade fundamental dos recursos genéticos de animais domésticos (DOMINGUES, 1968; HALL e BRADLEY, 1995b), seja para conservação, produção ou melhoramento. No entanto, para que essa unidade seja corretamente utilizada em cada uma das áreas citadas, é necessário, inicialmente, conhecimento dos aspectos biológicos, demográficos e, até mesmo, culturais dos locais onde estas populações estejam inseridas. Em vista disso, a caracterização dos grupos genéticos animais para a FAO pode ser considerada, de uma maneira 5 geral, como todas as atividades que descrevem, de alguma forma, estes grupos e o ambiente nos quais estes estejam inseridos (HAMOND, 1996). A caracterização genética racial pode ser compreendida como um critério adicional, dentre vários outros, para priorizar as raças que devem ser incluídas em um programa de conservação (EDING e LAVAL, 1998). Existem diversas maneiras ou procedimentos que são utilizados para caracterização de raças, destacando-se, nesse caso, os marcadores bioquímicos (aloenzimas e tipos sanguíneos) e moleculares (DNA e RNA), sendo estas últimas as mais utilizadas. Recentemente, tem sido utilizados marcadores microssatélites para realização dos estudos de variabilidade genética (ARRANZ et al., 2001; GUTIERREZ-ESPELETA et al., 2000), estrutura de populações (PARISET et al., 2003; TAPIO et al., 2003; ALVAREZ et al., 2004; TAPIO et al., 2005), certificação racial (FARID et al., 2000) e exclusão de paternidade. Os grupos genéticos ovinos de clima tropical são caracterizados por animais bastante rústicos de “pêlo” curto e adaptados às condições ambientais. No entanto, em termos de produtividade, são mais tardios, quando comparados aos grupos genéticos ovinos oriundos de regiões de clima temperado (CAMBELLAS, 1993b). Gonzáles-Stagnaro (1993a) afirma que os ovinos de grupos genéticos tropicais combinam seus atributos de rusticidade e adaptação com maior produção numérica, apesar de parecerem pequenos e descarnados, são constituídos por animais compacto e, com adequado desenvolvimento corporal. 1.1.3 Tipo raça Rabo Largo Os primeiros exemplares de ovinos da raça Rabo Largo (RL) chegaram ao Brasil em 1868, procedentes do Cabo da Boa Esperança - África do Sul. Os exemplares adquiridos foram levados para o estado da Bahia, que, a partir daí, começaram a povoar o nordeste brasileiro. Existem relatos que esta raça teve sua origem no Egito e nas regiões áridas da Ásia Ocidental 3.000 a.C., mais precisamente, no Afeganistão e regiões. Hoje podemos encontrar grandes rebanhos dessa raça na Austrália (região árida), África do Sul e demais países africanos (MASON, 1945 e 1996). 6 Acredita-se que os representantes mais importantes de ovinos das raças de “cauda larga” são o Karakul, Tartarian, Africânder, Somalis e Rabo Largo (RL), também conhecido como “Cinco Quartos”, “Rabada Larga”, que pode ser considerado como o tipo encontrado no nordeste brasileiro (SANTOS, 2003a). Acredita-se ainda que os ovinos da raça RL brasileiro são provenientes do cruzamento de ovinos africanos de cauda bem volumosa, terminando em forma de “S” com ovinos crioulos. Os ovinos da raça RL (Figuras 1 e 2) caracteriza-se por apresentar animais de porte médio, com cauda curta, larga na base, e ponta de lança, daí o seu nome, deslanados ou com pouca lã, aspados ou mochos, bem adaptados às regiões do semiárido nordestino, com aptidão para produção de carne e pele (Associação Brasileira de Ovinos - ARCO, 2009). São animais de pureza genética, vivendo sempre em grupos pelas caatingas, considerada uma das raças mais rústicas, e, por este motivo, um dos esteios dos nordestinos, sendo um pouco diferente de suas congêneres do mundo, especialmente, por possuírem estas características (SANTOS, 2003b), além de serem bastante resistentes à Linfoadenite Caseosa (Corynobacterium Pseudotuberculosis). Figura 1. Rebanho da Raça Rabo Largo Figura 1. Livestock race Rabo Largo sheep Figura 2. Reprodutor da Raça Rabo Largo Figura 2. Breed Reproducer race Rabo Largo sheep Atualmente existem poucos exemplares desta raça de ovinos nos estados da Bahia, Paraíba, Sergipe, Pernambuco e Ceará, em pequenos núcleos, sendo que os maiores núcleos encontram-se na Bahia, Paraíba e Ceará, pertencentes ao poder público, além de criadores, que vêm procurando manter estes animais de pureza racial, utilizando em cruzamentos com outras raças. Segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos – ARCO (2011), os primeiros registros de animais pertencentes à RL acontecera no ano de 1990, e atualmente 7 encontram-se registrados 91 machos e 152 fêmeas puros de origem (PO), e 89 machos e 543 fêmeas, considerados animais base. Em estudo realizado com a utilização de 19 marcadores micro satélites com 10 raças de ovinos do Brasil, Paiva et al (2005b) demonstraram que 11,76% desses animais da variação total (P<0,001) foi devido à existência de diferenças interraciais, sendo possível identificar diferenças genéticas entre as raças suficientes para compor três grupos principais. Um grupo formado pelas raças naturalizadas brasileiras, outro pelas raças lanadas comerciais e um terceiro grupo formado pelas raças africanas, recentemente introduzidas no Brasil (Figura 3). Observa-se que a raça Santa Inês ficou bem próxima da Bergamácia, enquanto, que as raças Morada Nova e Rabo Largo sugerem um grau de similaridade entre elas, que não foi completamente resolvido com o conjunto de microssatélites. Segundo Paiva et al (2005c), com a raça Rabo Largo, foram efetuadas coletas em duas localidades distintas no estado da Bahia e não apresentou subestruturação aparente, apesar de pertencer a alguns indivíduos cruzados com influência maior da raça Morada Nova. Trata-se de uma raça de ovinos que apresenta poucos efetivos com dois núcleos localizados na Bahia e outro na Paraíba. Havia uma hipótese que esta raça poderia ter sido originada da raça africana Dâmara, porém, suas frequências gênicas foram extremamente diferentes. No entanto, Villela (2011) afirma que a raça Rabo largo tem origem na raça Dâmara, que, por sua vez, é originária da Ásia Oriental e Egito, e de lá foi levada para Angola e Namíbia. A raça Dâmara é encontrada, principalmente, no Noroeste da Namíbia (Kaokoland) e ao Sul de Angola, local onde foi mantida livre da influência de outras raças. O nome da raça (Dâmara) é derivado da região onde originalmente foi encontrada: Gross Damaraland. No Brasil, onde popularmente é conhecida como Rabo Largo, esta raça foi introduzida no Nordeste - Estado da Bahia, onde, provavelmente, ocorreram vários cruzamentos dela entre os animais do Sul da África com aqueles descendentes dos animais introduzidos pelos colonizadores (VILLELA, 2011). As principais raças de ovinos de corte que são encontradas na região Nordeste, segundo estudos do CNPTIA-EMBRAPA, sendo, por isso, indicadas para sua utilização, são Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira, Dorper, Rabo Largo, Dâmara, Cariri e o tipo sem raça definida (SRD) 8 Figura 3. Dendograma obtido a partir da distância genética DA de Nei (1983) e o algoritmo de agrupamento Neighbor Joining, a partir de 19 loci de microssatélite, evidenciando as relações entre raças de ovinos naturalizadas e comerciais brasileira. Os grupamentos genéticos que possuem cauda gorda Somalis Brasileira e Rabo Largo foram incluídos entre as de menor necessidades nutricionais, são mais rústicas devido à existência de uma reserva de gordura, localizada na base da cauda. 9 1.1.4 CARACTRERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM OVINOS Nas explorações ovinas, o fator reprodutivo, junto com a nutrição e sanidade dos animais, é fundamental. O comportamento reprodutivo dos ovinos das raças tropicais difere, em muitos casos, daqueles apresentados pelos animais de regiões de clima temperado e a pertinência do manejo desses animais. Fêmeas que apresentam estado nutricional deficiente podem ter prejuízos, principalmente, na reprodução, como por exemplo, aumento da idade e primeira cobrição e, consequentemente, ao primeiro parto, além disso, pode haver perdas embrionárias e repetição de cio, e no pós-parto, fêmeas desnutridas não produzem quantidade de leite suficiente para suas crias, desmamando cordeiros com pesos reduzidos, elevando, dessa maneira, as taxas de mortalidade (GORDON, 1999). Devido a isso, torna-se necessário os cuidados nutricionais com as fêmeas, visto que, no período pré-parto, no parto e pós-parto, são imprescindíveis. Ovinos são animais de dias curtos, pois o que induz a atividade reprodutiva é a diminuição de luz do dia. Raças formadas em regiões tropicais apresentam maior amplitude de estação de monta em relação àquelas formadas no hemisfério norte. Observa-se cio mais precoce em raças próprias para lã, a seguir na de dupla aptidão, sendo a de corte as mais tardias. Nas fêmeas ovinas, quando comparadas com fêmeas de outras espécies, como a vaca e a cabra, os sinais de cio são muito discretos, o que, por vezes, acaba dificultado ao tratador diferenciar as matrizes que estão receptivas ao macho e as que não estão. Por este motivo, na ovinocultura, lança-se mão de algumas técnicas para detecção do cio, como o uso de rufiões, fêmeas androgenizadas e a manipulação do cio (IWAMURA, 2008). Se as ovelhas estiverem pré-condicionadas a um período de isolamento, seguido da introdução dos carneiros, ocorrerá a indução de respostas neuroendócrinas, as quais resultarão na ovulação, estro e concepção (SILVA SOBRINHO, 2001a). A sazonalidade reprodutiva representa uma adaptação natural dos animais para que as épocas de parto coincidam com os períodos de melhor clima e maior disponibilidade de alimentação, condições fundamentais para uma melhor taxa de sobrevivência da descendência. Contudo, esta sazonalidade representa uma importante barreira na exploração comercial dos 10 pequenos ruminantes, quando se tem, em atenção, exigências de mercado e econômicas (HORTA & GONÇALVES, 2006). Segundo Otto de Sá (2002), a origem geográfica dos animais e a latitude na qual se encontram são importantes fatores que condicionam o efeito da luz sobre a atividade reprodutiva dos ovinos. Aqueles que estão localizados em região próxima à linha do equador, a estacionalidade reprodutiva não é tão evidente. A influência do fotoperíodo é maior quanto maior for a latitude. Os efeitos do meio ambiente repercutem sobre o potencial genético dos indivíduos, determinando, durante o ano, os períodos de reprodução, assim como sua intensidade. Nas zonas tropicais, os pequenos ruminantes têm desenvolvido a estratégia reprodutiva de permitir iniciar suas atividades sexuais, quando os fatores ambientais são propícios: alimentação, temperatura, presença de indivíduos do sexo oposto, entre outros. Ao contrário, nas zonas temperadas, é necessário criar os animais jovens na época mais favorável do ano, limitando o período de nascimentos ao final do inverno e inicio do verão, quando o clima é menos rígido e a disponibilidade de alimentos é abundante (CHEMINEAU, 2004). Os ovinos iniciam a estação reprodutiva à medida que a luminosidade diária diminui, obedecendo ao fotoperíodo decrescente. Os animais são bem mais sensíveis às variações de luz existentes no ambiente. Assim sendo, após o solstício de verão (21 de dezembro), considerado o dia com o maior número de horas de luz do ano, já começam a perceber a diminuição de luz, iniciando então as primeiras mudanças endócrinas (SILVA SOBRINHO, 2001b). A presença de um macho ovino no lote das ovelhas, durante a passagem do anestro para a estação de monta, estimula a ovulação dentro de 3 a 6 dias, ocorrendo a atividade estral em 17 a 24 dias após. O comportamento do carneiro também é importante para iniciar a atividade ovariana do ciclo estral. O Corpo Lúteo (CL) da primeira ovulação regride prematuramente em cerca de metade das ovelhas e é seguida por uma segunda ovulação, associada à atividade luteínica normal. A resposta das ovelhas anovulares ao macho é devida a um ferormônio andrógeno-dependente, secretado pelas glândulas sebáceas do carneiro (SILVA SOBRINHO, 2001c). A existência de algumas linhagens de ovinos com alta prolificidade, as quais apresentam mutações em genes específicos, levanta o questionamento de que outras raças prolíficas possam apresentar uma proximidade genética, até então desconhecida. Essa 11 constatação poderá criar a possibilidade de identificação de linhagens brasileiras portadoras dessa característica, o que abre novos caminhos para pesquisas, e a utilização efetiva deste conhecimento poderá colocar a ovinocultura brasileira, de forma competitiva, nesse emergente segmento da economia (HOLANDA, et al, 2006). 1.1.5 PUBERDADE O começo da atividade reprodutiva está diretamente ligado ao aparecimento da puberdade, e este momento tem grande repercussão na produção animal de qualquer espécie, em especial, com os ovinos. Para que se expresse a capacidade reprodutiva, é necessário atingir primeiramente a puberdade, posteriormente, a adolescência e a maturidade sexual (GONZALEZ, 2002). Nas raças originárias do clima temperado, a puberdade apresenta-se entre os 6 e 18 meses de idade, quando os animais atingem, ao mesmo tempo, entre 50% – 70% do seu peso adulto (DYRMUNDSSON, 1973). Nas raças tropicais, os ovinos atingem a puberdade entre 6 e 8 meses de idade, quando são manejados em condições intensivas (CAMBELLAS, 1980), porém, pode ser um pouco mais tardia em outras condições não muito favoráveis, podendo atingir até 420 dias de idade e pesos variando entre 13 kg e 25 kg (GONZÁLEZ-STAGNARO et al, 1980; DEVENDRA, et al, 1986; VALENCIA, et al., 1983). Segundo Gonzalez-Bulnes et al ( 2010), ovelhas de rabada gorda, nos sistemas mais tradicionais na região do Oriente Médio, entram para reprodução aos 18 meses de idade, produzindo seu primeiro borrego aos dois anos de idade. A puberdade nas fêmeas é definida como sendo a manifestação clínica do primeiro estro, designando o início da atividade reprodutiva. Porém, na maioria das vezes, apresenta-se com fertilidade baixa, pois a taxa de hormônios gonadotróficos ainda não é suficiente para que possa desencadear uma ovulação (SASA et al., 2002a; DELGADILLO et al., 2007) e, sob o ponto de vista fisiológico, quando, além da manifestação do estro, a fêmea é capaz de liberar óvulos (FREITAS et al., 2004). Apesar desses animais, ao chegarem a puberdade, estarem aptos à reprodução, ainda não apresentam o desenvolvimento corporal e fisiológico compatível para assumir e 12 exercer a vida reprodutiva em sua plenitude, sendo, por este motivo, recomendado a não utilização de fêmeas para a reprodução, assim que atinjam a puberdade, salvo se alcançarem o peso entre 50% e 70% do peso vivo da fêmea adulta (CUNHA et al, 2002). A puberdade pode ser desencadeada em algumas raças no quarto mês de idade. A gestação é de apenas cinco meses e o puerpério entre 35 e 60 dias. A puberdade fica dependente da interação entre o hipotálamo juvenil, pituitária anterior e ovário. O Estradiol secretado pelos folículos atua como feedback negativo à secreção do hormônio LH. Quando a puberdade aproxima-se, essa influência inibitória torna-se menos importante e os pulsos de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), originado do hipotálamo, e os pulsos pituitários seguintes de LH tornam-se mais frequentes. Este estímulo vem favorecer o desenvolvimento folicular (PUGH, 2005a). 1.1.6 CICLO ESTRAL NOS OVINOS Fase que se caracteriza pelo início das funções dos órgãos reprodutivos. A antecipação ou retardamento desta fase está estreitamente ligado ao manejo nutricional destes animais, com a raça, idade e estação do ano, influenciando diretamente no desenvolvimento da maturidade sexual dos ovinos (CUNHA et al., 2001; PUGH, 2005b). A foliculogênese na ovelha tem inicio já na vida fetal, tendo, no seu nascimento, determinado o número de folículos primordiais nas gônadas. Grande parte desses folículos tende a degenerar-se durante o seu crescimento, pelo processo de atresia folicular, e uma pequena parte destes folículos passará pelo processo de maturação e, consequentemente, irá ovular (MORAES, et al., 2002a). Podemos definir um ciclo estral como sendo um conjunto de alterações endócrinas, comportamentais e morfológicas, observadas entre dois estros sucessivos. Todas estas mudanças ocorridas durante o ciclo estral são reguladas pela interação entre os hormônios sintetizados e secretados no hipotálamo, na hipófise, nas gônadas (ovários) e no útero, formando o eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal-uterino. Esse controle ocorre através do sistema de regulação, no qual um hormônio ou produto de secreção pode inibir a liberação de outro hormônio (retro-alimentação negativa) ou, ainda, estimulando a síntese e liberação de 13 uma maior quantidade de outro hormônio (retro-alimentação positiva) (ANTONIOLLI, 2002; MORAES et al, 2002b). A duração média do ciclo estral nos ovinos é de 17 dias, podendo observar-se uma variação de 14 a 19 dias considerada normal. Contudo, as ovelhas deslanadas, encontradas no nordeste brasileiro, apresentam um ciclo estral com uma duração média de 18,2 dias, sendo de 17,4 dias na raça Morada Nova, 18,4 dias na raça Santa Inês e 18,9 dias com a raça Somalis Brasileira. É interessante verificar, segundo Simplicio et al (1981), que o ano e a época chuvosa ou seca não influenciam na duração do ciclo estral. A ovelha é considerada uma espécie placenta-dependente, pois depende da placenta para o fornecimento de P4. Os eventos que ocorrem durante o ciclo estral são provenientes da interação dos principais hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), oriundo do hipotálamo; hormônio folículo estimulante; e hormônio luteinizante (FSH e LH), provenientes da adeno-hipófise, Estradiol (E2), Progesterona (P4) e Inibina, sintetizados nos ovários, e a Prostaglandina (PgF2α), procedente do útero (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2008). A ovulação e o início da atividade do corpo lúteo são fenômenos que vêm precedidos da liberação hipofisária e do aumento plasmático de LH e FSH, sendo que as suas liberações podem ser atribuídas à ação do 17β estradiol, o qual atinge o seu nível mais elevado no momento do estro. A prostaglandina F2α (PgF2α) é o hormônio luteolítico uterino que controla a vida útil do corpo lúteo, que, em contrapartida, regula a extensão do ciclo. Ocorrendo a gestação, a influência luteolítica é anulada, pois a progesterona secretada pelo corpo lúteo é necessária para a manutenção da gestação. Nas ovelhas, essa fase dura de 14 a 15 dias. A fase folicular, desde a regressão do corpo lúteo até a ovulação, em ovelhas e cabras, é de 2 a 3 dias. Portanto, a duração do ciclo estral está relacionada com a duração da fase luteínica. A regressão do corpo lúteo é causada pela ação do fator luteolítico, PgF2. O ciclo estral dos ovinos ocorre com os animais tipicamente monoestrais, até os que apresentam vários ciclos sexuais (poliestrais). Existem ovinos de ciclo estacional (ocorrem em determinadas estações do ano), enquanto outros ovinos ovulam durante todo o ano. Esta variação ocorre em função da raça, do ambiente e da alimentação (CUNHA et al., 2001c). Silva et al (1987) relataram que a atividade ovariana varia em relação à idade, ao fotoperíodo (mudanças estacionais na duração dos dias) e à linhagem, além dos fatores já mencionados por Cunha et al. (2001d). 14 Até aproximadamente o ano de 1993, as mudanças observadas nos ovários dos ovinos, durante o ciclo estral, eram realizadas mediante abordagens cirúrgicas ou com materiais coletados em matadouros frigoríficos (DRIANCOURT, et al, 1985; NOEL, et al, 1993a), porém, estas informações obtidas apresentavam muitas contradições. Segundo alguns trabalhos, os folículos antrais que estavam em repouso surgiam de modo contínuo, enquanto que a presença dos folículos grandes durante a fase luteal era produzida vagarosamente, chegando alguns folículos a medir de 4 a 6 mm, para, logo a seguir, regredirem (DRIANCOURT, et al, 1991). Contudo, outros estudos mostravam que a dinâmica folicular nos ovinos era bastante similar àquela observada nos bovinos, ou seja, em forma de ondas de desenvolvimento (NOEL, et al, 1993b). Entretanto, com os estudos recentes e com o aporte tecnológico existente, introduzindo-se a ultra-sonografia transretal como técnica não invasiva e repetitiva, para estudar a fisiologia ovariana em pequenos ruminantes, encontrou-se evidências de que o desenvolvimento folicular na ovelha apresenta-se em ondas. Baseados nos estudos de Ghinter, et al (1995) e Evans, et al (2000), essas ondas acontecem com o surgimento de folículos, que crescem desde três milímetros, e são em número de três a cinco ondas foliculares em cada ciclo interovulatório, sendo a predominância de três ondas que emergem, respectivamente, por volta dos dias 0, 6 e 11 do ciclo estral ovino. Algumas observações têm sido efetuadas por pesquisadores, afirmando que o crescimento de folículos tem proporcionado o entendimento sobre o padrão de crescimento de ondas foliculares que ocorrem durante o ciclo estral, apresentando duas a quatro ondas por ciclo, relatadas por Evans (2003). Por outro lado, nos trabalhos desenvolvidos por Sasa et al. (2002a) e Robinson et al. (2006) constata-se que o número de ondas foliculares em ovinos apresenta uma variabilidade de duas a três ondas por ciclo, sendo o modelo predominante do ciclo interovulatório normal, entre 14-19 dias, e que no período de anestro sazonal, o ciclo interovulatório e o número de ondas são mais variáveis. A taxa de ovulação, a qual se define como sendo o número de oócitos liberados em cada fase da ovulação, está intimamente associada à taxa de prolificidade (PINEDA, 1989). Esta tende a elevar-se conforme a idade da ovelha, registrando-se um declínio após os seis anos de idade, sendo que fatores genéticos, peso, condição corporal e tamanho, podem interferir nesta taxa (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 15 1.1.7 FATORES RESPONSÁVEIS PELA OVULAÇÃO E SEUS GENES Uma forma de estudar os fatores que regulam o número de ovulações passou a ser observado em 2001a, com os experimentos realizados por McNatty e colaboradores, que buscaram mutações que influenciam o fenótipo alvo Single Nucleotide Polimorfism (SNP) e, neste contexto, os ovinos têm sido um excelente modelo para essa nova perspectiva na reprodução. Os marcadores genéticos podem ser usados para identificação de regiões específicas de cromossomos, nos quais os genes que afetam as características quantitativas estão localizados. A MAS emprega informações sobre essas regiões nos programas de seleção de rebanhos para identificar indivíduos que possuam combinações favoráveis (desejadas) de QTL. Os marcadores usados nos programas estão geralmente associados aos QTL (DAVIS e DENISE, 1998). A localização desses genes conhecidos é mais fácil porque a sua presença ou ausência está intimamente associada à informação do marcador. Os estudos sobre a detecção de QTL por meio de marcador são baseados na segregação de indivíduos heterozigotos. Existem três linhagens de ovelhas prolíficas, denominadas de Inverdale, Hanna e Booroola, nas quais foi mapeada uma herança mutante na região do cromossomo X (Inverdale, Hanna; FecX) ou no cromossomo 6 (Booroola - FecB). Nesses cromossomos, foi identificado um ponto de mutação no gene da proteína morfogenética do osso (BMP), relativo à superfamília do fator transformador de crescimento beta (TGF-b) ou seus receptores (MCNATTY, et al., 2001b). O número de ovulações em mamíferos depende de um conjunto de fatores genéticos e ambientais, especialmente da linhagem familiar. A raça de ovino Merino australiana, Booroola, é uma das linhagens prolíficas caracterizada por excepcional fertilidade. O gene Booroola (FecB) existe em um único lócus autossômico do cromossomo 6, que é análogo ao cromossomo 4 humano, sendo o maior gene da prolíficidade identificado em ovinos, resultante de uma mutação no receptor BMP-1B (WILSON et al., 2001). A mutação do FecB foi encontrada no domínio altamente conservado do sinalizador intracelular serina treonina quinase do receptor BMP-1B, presente nos oócitos, em folículos primordiais e pré-antrais e nas células da granulosa dos folículos nos estágios primário e de crescimento, bem como no corpo lúteo. Estudos dessas mutações demonstram que o ovócito 16 tem um papel ativo com respeito às células somáticas adjacentes, durante o desenvolvimento folicular, e suportam a hipótese que o ovócito tem uma influência significante no número de folículos que chegam à ovulação (MULSANT, et al, 2001). As ovelhas que carreiam o gene Booroola têm maior número de ovulação porque mobilizam maior número de folículos primordiais para a ovulação ou porque têm um menor número de atresia. Os estudos da dinâmica folicular, em fêmeas que carreavam, ou não, o gene da prolificidade, demonstraram que o número de folículos em desenvolvimento nas fêmeas de idade mais avançada, de ambos os genótipos, era similar ao número encontrado em ovelhas mais jovens, sugerindo que a maior taxa de ovulação em fêmeas com a mutação Booroola está relacionada a uma menor taxa de atresia (GONZÁLEZ-BULNES, et al, 2004). Os estudos de Xia et al (2003) apontaram que a concentração de folistatina não é regulada pelo gene Booroola (FecB). Contudo, o mesmo parece afetar efetivamente tanto a progesterona quanto o FSH, durante o ciclo estral e, ao longo da prenhez, sugerindo que a BMP exerça um importante papel na regulação de ambos os hormônios. Campbell et al (2003) evidenciaram, em experimentos in vivo, que esse gene atua nas gônadas femininas, aumentando a sensibilidade para os estímulos gonadotróficos. A mutação Booroola exerce ação principalmente no ovário, ao invés de alterar a secreção de gonadotrofina. Os receptores da BMP parecem envolvidos com a regulação parácrina da ação do FSH. Se a mutação estiver causando uma redução nos receptores da BMP1B, pode resultar em uma inibição da diferenciação folicular. Portanto, as pesquisas nessa área deverão concentrar-se na elucidação das ligações naturais para BMP-1B em diferentes estágios de desenvolvimento folicular (SOUZA, et al, 2003). 17 2 REFERÊNCIAS ANTONIOLLI, C. B. Seminário apresentado na disciplina de Endocrinologia da reprodução (VET00169) do programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS, 2002. ARAUJO FILHO, J. A.; LEITE, E. R.; SILVA, N. L. Contribution of woody species to the diet composition of goat and sheep in caatinga vegetation. Pasture Tropicalis, v. 20, p. 41-45, 1998. ARRANZ, J. J.; BAYÓN, Y.; SAN PRIMITIVO, F. Differentiation among Spanish sheep breeds using microsatellites. Genetics Selection Evolution. 33: 529-542. 2001. BRUFORD, M. W.; BRADLEY, D. G.; LUIKART, G. DNA Markers reveal the complexity of livestock domestication. Nature Reviews Genetics, 4:900-910, 2003. CAMBELLAS, J. B. de. Parámetros productivos y reproductivos de ovejas tropicales em sistemas de producción mejorados. Produccion Animal Tropical 5:290. 1980. CAMBELLAS, J. B. de. Comportamiento reproductivo em ovinos tropicales. Revista Científica, FCV/LUZ. v. III, n. 2, 1993. CAMPBELL, B. K.; BAIRD, D. T.; SOUZA, C. J. H. The FecB (Booroola) gene acts at the ovary: in vivo evidence. Reproduction, Cambridge, v.126, n.1, p.101-11, 2003. CHEMINEAU, P., DAVEAU, A., COGNIÉ, Y., AUMONT, G.,CHESNEAU, D. Seasonal ovulatory activity exists in tropical Creole female goats and Black Belly ewes subjected to a temperate photperiod. BMC Physiology 4:12-23. 2004. CUNHA, E. A. da; BUENO, M. S.; SANTOS, L. E. dos; RODA, D. S.; OTSUK, I. P. Desempenho e características de carcaça de cordeiros Suffolk alimentados com diferentes volumosos. Ciência Rural; Santa Maria-RS, v. 31, n.4, p. 671-676; 2001. DAVIS, G. H.; DENISE, S. K. The impact of genetic markers on selection. Journal of Animal Science, Champaign (III), v. 76, n.9, p. 2331-2339, 1998. DELGADILLO, J.A.; SANTIAGO-MIRAMONTES, M.A.; CARRILLO, E. Season of birth modifies puberty in female and male goats raised under subtropical conditions. Animal, v.1, n.6, p.858-864, 2007. DEVENDRA, C. ; MCLEROY, G. B. Producción de Cabras y Ovejas em los trópicos. Ed. El Manual Moderno, S.A. de C.V., México, 1986, 295p. DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3 ed. Série Didática 5, Rio de 386p. Janeiro, 1968, 18 DRIANCOURT, M. A.; GIBSON, W. R.; CAHILL, L. P Follicular dynamics throughout the oestrus cycle in sheep. A review. Reproduction Nutrition Development. v. 25, n 1A, p. 1-15. 1985. DRIANCOURT, M. A.; WEBB, R.; FRY, R. C. Does follicular dominance occur in ewe?. Journal of Reproduction and Fertility. n. 93, p. 63-70. 1991. DYRMUNDSSON, Ó. R. Puberty and early reproductive performance in sheep. Animal Breeding Abs. 41: 173. 1973. EDING, J. H.; LAVAL, G. Mesuring genetic uniqueness in livestock. In: Genebanks and the conservation farm animal genetic resources. Oldenbroek J.K., (Ed), p. 33-58. ID-DLO, The Netherlands, 119 p. 1998. EGITO, A. A.; MARIANTE, A. S.; ALBUQUERQUE, M. S. Programa Brasileiro de Conservação de Recursos Genéticos Animais. Arquivo de Zootecnia. v. 51. p. 39-52, 2002. EVANS, A.O.C.; DUFFY, P.; QUINN, K.M.; KNIGHT, P.G.; BOLAND, M.P. Follicular waves are associated with transient fluctuations in FSH but not oestradiol or inhibin-A concentrations in anoestrous ewes. Animal Science, v. 72, n. 3, p. 547-554, 2001. FAO – Food and Agriculture Organization the United Nations. Brasil. 2009. FARID, A.; O′REILLY, E.; DOLLARD, C.; KELSEY, C.R. Genetic analysis of ten sheep breeds using microsatellite markers. Canadian Journal of Animal Science, 80(1):9-17, 2000. FREITAS, V.J.R.; RONDINA, D.; LOPES JUNIOR, E.S.; TEIXEIRA, D.I.A. and PAULA, N.R.O. Hormonal treatments for the synchronization of oestrus in dairy goats raised in the tropics. Reproduction Fertility and Development. n. 16, p. 415-420. 2004. GHINTER, O. J.; KOT, K.; WILTBANK, M. C. Associations between emergence of follicular waves and fluctuations in FSH concentrations during the estrus cyclo in ewes. Theriogenology, Gainsville, v., 43, n. 3, p. 689-703, 1995. GONZÁLES-BULNES, A.; SOUZA, C.J.; CAMPBELL, B. K. Effect of ageing on hormone secretion and follicular dynamics in sheep with and without the Booroola gene. Endocrinology, Bethesda, v. 145, n. 6, p. 2858-2864, 2004. GONZALES-BULNES, A; MEZA-HERRERA, C. A.; REKIK, M.; BEN SALEM, H. and KRIDLI R.T. Limiting factors and strategies for improving reproductive out puts of small ruminants reared in semi-arid environments. In: Semi-arid environments: Agriculture, water supply and vegetation. Ed: K.M. Degenovine. Nova Science Publishers Inc. Hauppauge, NY, USA, 2010. GONZÁLEZ, F. H. D. Introdução a Endocrinologia Reprodutiva Veterinária. Laboratório de Bioquímica e Clínica Animal. Porto Alegre-RS, 2002. 19 GONZÁLES-STAGNARO, C. Comportamiento reproductivo de ovejas y cabras tropicales. Revista Científica, v. 3, n. 3, p. 173-196, 1993. GORDON, I. Controlled Reproduction in sheep and goats – volume 2. Dublin:Ed. Cab International, 450 p., 1999. GREYLING, J. P. C. Reproduction traits in the Boer goat does. Small Ruminant Research. v 36, p. 171-177, 2000. GUTIERREZ-ESPELETA, G. A., S. T. KALINOWSKI, W. M.; BOYCE, and P. W. HEDRICK. Genetic variation and population structure in desert bighorn sheep: implications for conservation. Conservation Genetics 1:3–15, 2000. HAFEZ, E. S. E.; HAFEZ, B. Reprodução animal. 7 ed. Editora Manole, 513 p.2004. HALL, S. J. G e BRADLEY, D. G. Conserving livestock breed biodiversity. Trends in Ecology and Evolution (TREE) 10 (7):267-270. 1995. HAMOND, K. FAO′s global programme for the management of farm animal genetic resources. In: Procedings of IGA/FAO Round Table on the Global Manegement of Small Ruminant Genetic Resources, Beijing, p. 4-13, 1996. HERRERA, H. L.; FELDMAN, S. D.; ZARCO, Q. L. Evaluacion del efecto luteolítico de la prostaglandina F2α em diferentes dias del ciclo estral de La borrega. Veterinária México. V. 21, p. 143-147, 1990. HOLANDA, G. M. L.; ADRIÃO, M.; WISCHRAL, A. O Gene da Prolificidade em Ovinos. Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 9, nºs 2-3, p. 45 – 53 2006. HORTA, A. E. M.; & GONÇALVES, S. C. Bioestimulação pelo efeito machona, indução e sincronização da atividade ovárica em pequenos ruminantes. In: Anais do XVI Congresso de Zootecnia Saber produzir, saber transformar. Escola Superior Agrária de Castelo Branco, 2006. IBGE/PPM - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. 2011. IWAMURA, J. Avaliação dos protocolos de sincronização de estro em ovelhas, com diferentes tempos de exposição aos prostágenos e distintas doses de eCG. Dissertação (mestrado em medicina veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Botucatu, 2008. MASON, I. L. The Classification of West African Livestock, Edimburgh, 1945. MASON, I. L. A World Dictionary of Livestock Breeds, Types and Variettes – 4th CAB publishingInternational, Berkshire, UK, 1996. 20 MCNATTY, K. P.; JUENGEL, J. L.; WILSON, T. et al. Genetic mutations influencing ovulation rate in sheep. Reproduction, Fertility and Development, Melbourne, v. 13, n.7-8, p. 549-55, 2001. MORAES, J. C. F., SOUZA, C. J. H., GONÇALVES, P. B. D. Controle do estro e da ovulação em bovinos e ovinos. IN: GONÇALVES, P. B. D., FIGUEIREDO, J. R., FREITAS, V. J. F. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. Varela, São Paulo, p.25-55, 2002. MULSANT, P.; LECERF, F.; FABRE, S. et al. Mutation in bone morphogenetic protein receptor-IB is associated with increased ovulation rate in Booroola Merino ewes. In: Proceedings of The National Academy of Sciences of The United States of America, Washington, v. 98, n.9, p. 5104-5109, 2001. NEI, M. F. TAJIMA and Y TATENO, Accuracy of Estimated Phylogenetic tree from molecular data. Journal of Molecular Evolution. 19: 153-170, 1983. NOEL, B. BISTER, J. L.; PAQUAY, R.; Ovarian follicular dynamics in Suffolk ewes at different periods of the year. Journal of Reproduction and Fertility. n. 99, p. 695-700. 1993. NOGUEIRA FILHO, A. Ações de fomento do Banco do Nordeste e potencialidades da caprino-ovinocultura. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 2, 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa/PB: EMEPA, CD ROM, 2003. OTTO DE SÁ, C. Manejo Reprodutivo para intervalo entre partos de oito meses. VI Simpósio Paulista de Ovinocultura. Anais... Botucatu-SP; novembro; p. 8-20, 2002. OLIVEIRA, R. P. M.; OLIVEIRA, F. F. Manipulação do ciclo estral em ovinos. PUBVET, v.2, n.7, 2008. PAIVA, S. R.; SILVÉRIO, C. V.; EGITO, A. A.; MCMANUS, C.; de FARIA, D. A.; MARIANTE, A. S.; CASTRO, S. R.; ALBUQUERQUE, M. S. M.; DERGAN, J. A. Genetic variability of the Brazilian hair sheep breeds. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.40, n.9, p.887-893, 2005. PARISET, L.; SAVARESE, M. C.; CAPUCCIO, I.; VALENTINI, A. Use of microsatellites for genetic variation and inbreeding analysis in Sarda sheep flock of central Italy. Journal Animal Breeding Genetics 120:425-432, 2003. PINEDA, M.H. Reproductive Patterns of Sheep and Goat. In: Mc DONALD, L.E. (Ed) Veterinary Endocrinology and Reproduction. 4ª ed. Philadelphia: Lea & Fabiger, p. 428447, 1989. PUGH, D. G. Clinica de Ovinos e Caprinos. São Paulo: Roca, 511p. 2005. ROBINSON, J. J.; ASHWORTH, C. J.; ROOKE, J. A.; MITCHELL, L. M.; MCEVOY, T. G. Nutrition and fertility in ruminant livestock. Animal Feed Science and Technology, v. 126, p. 259-276, 2006. 21 SASA, A.; TESTON, D. C.; RODRIGUES, P. A.; COELHO, L. A.; SCHALCH, E. Concentrações plasmáticas de progesterona em borregas lanadas e deslanadas no período de abril a novembro, no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 3, p. 1150-1156, 2002. SANTOS, R. A cabra & A Ovelha no Brasil. Editôra Agropecuária Tropical/Revista o Berro. 500 p. 2003 SILVA, A. E. D. F.; FOOTE, W. C.; RIERA, S. G.; UNANIAN, M. M. Efeito do Manejo Nutricional sobre a taxa de ovulação e de folículos no decorrer do ano, em ovinos deslanados no nordeste do Brasil; Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, junho; 22(6): 635-645 1987. SILVA SOBRINHO, A. G. S.; Produção de cordeiros em pastagem. In: Simpósio Mineiro de Ovinocultura, Lavras, MG, de 30 de agosto a 01 de setembro de 2001. Anais... Lavras, MG, p.63-97. 2001. SIMPLÍCIO, A. A.; RIERA, G. S.; NUNES, J. F. Ciclo estral e estro de ovelhas das raças Morada Nova, Santa Inês e Somalis. In: Simpósio Nacional de Reprodução Animal... Belo Horizonte/MG: Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, p. 30, 1981. SOUZA, C. J. H.; CAMPBELL, B. K.; MCNEILLY, A. S. Bone morfogenetic proteins and folliculogenesis: lessons from the Booroola mutation. Reproduction in domestic ruminants. In: V Proceedings of the sixth International Symposium on Reproduction in Domestic Ruminants. Crieff Scotland, UK, p. 361-370, 2003. SOUZA, E. Q. Análise e segmentação de mercado na ovinocultura no Distrito federal. Brasilia: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília-UNB, 103 p. Dissertação de Mestrado. 2006. SOUSA, W. H. de; LÔBO, R. N. B.; MORAIS, O. R. Ovinos Santa Inês: estado de arte e perspectivas. In: Simpósio Internacional sobre o Agronegócio da Caprinocultura Leiteira=International Symposium on the Agribusiness of the Goat Milk Industry, 1.; Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte=International Symposium on Sheep and Goat Production, 2.; Espaço Aprisco Nordeste, 1., 2003, João Pessoa. Anais...=Proceedings... João Pessoa: EMEPA, p. 501-522, 2003. TAPIO, M.; KANTANEN, J.; MICEIKIENE, I.; VIKKI, J.; Comparision of microsatellite and blood protein diversity in sheep: inconsistencies in fragmented breeds. Molecular Ecology, 12, 2045-2056, 2003. TAPIO, I.; TAPIO, M.; GRISLIS, Z.; HOLM, L-E.; JEPSSON, S.; KANTANEN, J.; MICEIKIENE, I.; OLSAKER, I.; VIINALASS, H.; EYTHORSDOTTIR, E. Unfolding of population structure in Baltic sheep breeds using microsatellite analysis. Heredity, 1-9, 2005. VALENCIA, M.; GONZÁLEZ, E. Pelibuey Sheep in México. En: Hair Sheep of Westeern Africa and the Americas. Westview Press, U.S.A. 55 p. 1983. 22 VIANA, J. G. A. Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil. Revista Ovinos, Porto Alegre-RS. Ano 4, n.12. 2008. VILLELA, L.C.V. Raças Naturalizadas. Agência de Informações da Embrapa. 2011. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/ovinos_de_corte/ Acesso em dez. 2011. WILSON, T.; WU, X.Y.; JUENGEL, J. L.; ROSS, J. K. Highly prolific Booroola sheep have a mutation in the intracellular Kinase domain of bone morphogenetic protein IB receptor (ALK6) that is expressed in both oocytes and granulose cells. Biology of Reproduction, Champaign, v. 64, n.4, p. 1225-35, 2001. XIA, Y.; O’SHEA, T; MURISON, R. Concentrations of progesterone, follistatin, and folliclestimulating hormone in peripheral plasma across the estrous cycle and pregnancy in merino ewes that are homozygous or noncarriers of the Booroola gene.Biology of Reproduction, Madison, v. 69, n. 3, p. 1079-84, 2003. 23 II - CAPÍTULO ÚNICO CARVALHO, J.A. Caracterização da Atividade Reprodutiva de Fêmea Ovina da Raça Rabo Largo no Semiárido do Nordeste Brasileiro. Itapetinga-BAHIA-BRASIL: UESB, 2013. 58 p. (Tese – Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes). RESUMO – Objetivou-se com este estudo caracterizar a atividade reprodutiva da fêmea ovina da raça Rabo Largo, com relação à puberdade, ao perfil hormonal de Progesterona (P4), 17β Estradiol (E2) e ao hormônio Luteinizante (LH), durante o ciclo estral em fêmeas na puberdade, e P4 e E2 das adultas; o comportamento reprodutivo da fêmea ovina quanto à duração do estro, do ciclo estral, tempo de retorno ao estro após o parto; e a eficiência reprodutiva, com relação às taxas de fertilidade, prolifícidade, duração da gestação (G), intervalo entre partos (IEP), duração do estro e período de serviço (PS) das ovelhas. Os estudos foram desenvolvidos no período compreendido entre 2010 a 2012, na Estação Experimental da EBDA, em Jaguarari, no estado da Bahia, e na Fazenda Belo Horizonte, em Taperoá, no estado da Paraíba. Para avaliação do efeito do tipo de parto (simples ou duplo) e do sexo dos animais (macho ou fêmea) sobre as características de desempenho (peso dos animais), realizou-se análise de variância, utilizando DIC em esquema fatorial 2 x 2 (tipo de parto x sexo dos animais) e, para demonstração da eficiência reprodutiva, realizou-se análise de variância utilizando o DIC em função do tipo de parto. Para todos os procedimentos estatísticos, fixou-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo I. Utilizou-se 49 fêmeas ovinas, sendo: Grupo 1 (n=35) nulíparas (borregas), nascidas no período, cujo banco de dados foi levantado a campo, com acompanhamento desde o nascimento, pesando-as a cada 15 dias até atingir o primeiro estro, significando a entrada na puberdade, cuja idade variou entre 4 – 6 meses, com peso médio 25,32kg ± 2,2kg, e idade média ao primeiro estro (dias) ficou em 154,43 ± 6,27 dias, com uma variação mínima de 141,00 dias e máxima de 168,00 dias, registrando-se a duração do estro média de 39,40 ± 8,93 horas, o mínimo de 24 horas, e o máximo de 48 horas. Houve interferência (P<0,05) do sexo para as características de peso do nascimento até 75 dias de idade, independente do tipo de parto, e interação (P>0,05) para os pesos dos 90 aos 150 dias de idade, observando-se maior peso (P>0,05) para os machos em ambos os casos, e para característica de peso aos 15 dias de idade, notou-se interferência do tipo de parto, sendo maior peso para os animais de parto simples, independente de sexo; Grupo 2 (n=14), sendo SG2a 24 (n=7) pluríparas (adultas) para determinar o perfil hormonal de P4 e E2, a partir de D21 dias pós parto; verificou-se uma queda de P4 até D28, seguido de uma elevação do pico até D49, o que indicou a fase luteínica, decresceu em D56, demonstrando a fase estral, elevou-se em D63, podendo indicar ou não uma gestação. Quanto aos níveis de E2, apresentou-se baixo entre D21 e D49, elevando-se rapidamente até D56, que correspondeu à fase folicular, e SG2b (n=7) nulíparas (borregas), após sincronizadas com emprego de esponja com MAP + eCG, traçando o perfil hormonal de P4, E2 e LH; registrou-se o pico de LH no primeiro estro de 24ng/mL, manteve-se basal entre 24-36 horas no pós estro até D13, variou em 30ng/mL ao atingir D15, o que indicou o segundo estro; com relação a P4, durante os primeiros dias do ciclo, manteve-se abaixo de 0,5ng/mL, elevou-se entre 36-72 horas pós-estro até D14 atingiu 2,0ng/mL, com posterior decréscimo até o patamar inicial abaixo de 0,5ng/mL, tendo, por outro lado, o E2 apresentou-se num patamar de 650pg/mL, no primeiro estro, correspondeu à fase folicular, decresceu 48 no pós-estro, com picos em D2 e D6, respectivamente, 280 – 290pg/mL bem semelhantes, tendo o pico mais elevado em D14, com 600pg/mL, indicou a fase estral, diminuiu em D15 para 100pg/mL. Na eficiência reprodutiva, registrou-se um período de serviço médio de 53,33 ± 6,47 dias, com variação mínima de 41 dias e o máximo de 68 dias; a duração da gestação (G) atingiu média de 152,24 ± 4,66 dias, com variação mínima de 144 dias e máxima de 162 dias, apresentou IEP médio de 206,72 ± 9,75 dias, com o mínimo de 185 dias e máximo de 231 dias. Não houve diferença estatística entre os índices de PS, G e IEP, considerando partos múltiplos ou não para P>0,05. Conclui-se, sob as condições climáticas do Nordeste do Brasil, que o desempenho reprodutivo de ovelhas da raça RL não sofreu influência da época do ano em que foram realizados os estudos, diante dos índices reprodutivos apresentados pelas ovelhas em ambos os períodos, sugerindo boa adaptação à região, manifestando fenotipicamente potencial genético produtivo e reprodutivo. O tratamento hormonal utilizado com MAP, associado ao eCG, mostraram-se eficientes para induzir a atrezia folicular, e posterior emergência de uma nova onda de crescimento folicular, simulando fisiologicamente um ciclo. Logo, percebe-se que há uma necessidade de estudos mais aprofundados a respeito desta raça de ovinos, que poderá contribuir sobremaneira com o desenvolvimento econômico da região, favorecendo os pequenos produtores. Palavras-chave: estro, idade à puberdade, eficiência reprodutiva, ovis Áries, peso. Orientador: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc. UESB, Co-orientadores: Antonio Jorge Del Rei, D. MV. UESB; Jurandir Ferreira Cruz, D.Sc. UESB. 25 II-CHAPTER ONE CARVALHO, J.A. Characterization of reproductive activity in ovine breed female FatTailed of in the Brazilian northeastern semi-arid region. Itapetinga-BAHIA-BRAZIL: UESB, 2011. 58 p. (Thesis - Doctor of Animal Science, Area of Concentration in Production of Ruminants). ABSTRACT.- The objective of this study to characterize the reproductive activity of ovine breed female Fat-Tailled, with about puberty, hormonal profile of Progesterone (P4), 17β Estradiol (E2) and luteinizing hormone (LH) during the estrous cycle in females at puberty, and P4 and E2 of adults; the reproductive behavior of female sheep as the duration of oestrus, the estrous cycle, time of return to estrus after childbirth; and reproductive efficiency in connection with fertility rates, prolifícidade, duration of gestation (G), interval between births (IEP), duration of oestrus and period of service (PS) of the sheep. The studies were developed during the period from 2010 to 2012 at the Experimental Station of the EBDA in Jaguarari in the State of Bahia, and in Belo Horizonte farm in Taperoá in the State of Paraíba. To evaluate the effect of type of birth (single or double) and animal sex (male or female) on the performance characteristics (weight of animals) analysis of variance was performed using DIC in factorial scheme 2 x 2 (type of childbirth x animal sex), and to demonstrate the reproductive efficiency analysis of variance was performed using the DIC depending on the type of delivery. For all statistical procedures settled at the 0.05 critical level of type I error probability. 49 used sheep females being: 1 Group (n=35) nulliparous (ewe lambs) born in the period, whose database was lifted into the field, with accompaniment from birth, weighing them every 15 days until you reach the first estrus, meaning the entry into puberty, whose age ranged between 4-6 months, with an average weight 25.32kg ± 2.2kg, and average age at first estrus (days) was 6.27 ± 154.43 days, with a minimum variation of 141.00 days and maximum of 168.00 days, registering an average of 39.40 ± 8.93 hours, a minimum of 24 hours, and a maximum of 48 hours the duration of oestrus. There was interference (P<0.05) of sex for the characteristics of birth weight until 75 days of age, regardless of the type of delivery, and interaction (P>0.05) for the weights of 90 to 150 days of age, noting greater weight (P>0.05) for males in both cases, and characteristic of weight to 15 days of age observed the delivery type interference, being greater weight for animals simple labor regardless of sex; Group 2 (n=14) being SG2a (n=7) pluríparas (adults) to determine the hormonal profile of P4 and E2 from D21 days postpartum; There has been a fall of P4 until D28 followed by a peak elevation to D49, which indicated the luteal phase, decreased in D56 demonstrating the estrous phase, amounted in D63 and may indicate whether or not a pregnancy. E2 levels performed between D21 and D49, rising rapidly to D56, which corresponded to follicular phase, and SG2b (n=7) nulliparous (ewe lambs) after synchronized with sponge job with MAP + eCG, plotting the hormonal profile of E2, P4 and LH; LH peak on the first estrus of 24ng/mL, has remained between basal between 24-36 hours in estrus until powders D13, ranged in 30ng/mL to achieve what the second indicated D15 estrus; about P4 during the early days of the cycle remained below 0.5ng/mL, increased 26 between 36-72 hours until pós-estro reached .2.0ng/mL, D14 with posterior decrease until the initial level below 0.5ng/mL having; on the other hand, the E2 presented a level of 650pg/mL on the first oestrus, follicular phase corresponded to decreased 48 in pós-estro with peaks in D2 and D6, respectively 280-290pg/mL very similar, having the highest peak in D14 with 600pg/mL, indicated the estrous phase, decreased in D15 to 100pg/mL. Reproductive efficiency, registered an average service period of 53.33 ± 6.47 days with minimum variation of 41 days and maximum of 68 days; the duration of gestation (G) reached average 152.24 ± 4.66 days with minimum variation of 144 days and maximum of 162 days, presented IEP 206.72 ± 9.75 days average, with a minimum of 185 days and maximum of 231 days. There was no statistical difference between the indexes of PS, G and IEP, considering multiple births or not (P>0.05). Concluded under the conditions climàticas in the northeast of Brazil, the reproductive performance of ewes of breed Fat-Tailled, didn't suffer influence of time of year in which it was conducted, studies on reproductive indices presented by sheep in both periods suggesting good adaptation to the region, manifesting phenotypically productive and reproductive genetic potential. The hormone treatment used with MAP associated with the eCG proved efficient to induce follicular atrezia, and subsequent emergence of a new wave of follicular growth, simulating physiologically a cycle. Requires deeper studies about this breed of sheep, which could contribute greatly to the economic development of the region, favouring small producers; Keywords: estrus, weight, age at puberty, reproductive efficiency. Advisor: Márcio dos Santos Pedreira, D.Sc., UESB, Co-advisors: Antonio Jorge Del Rei, D.MV. UESB; Jurandir Ferreira Cruz, D. Sc., UESB. 27 1. INTRODUÇÃO A puberdade na fêmea é definida como sendo a manifestação clínica do primeiro estro, designando o início da atividade reprodutiva. Porém, na maioria das vezes, apresenta-se com fertilidade baixa, pois a taxa de hormônios gonadotróficos ainda não é suficiente para que possa desencadear uma ovulação (SASA et al, 2002a; DELGADILLO et al, 2007) e, sob o ponto de vista fisiológico, quando, além da manifestação do estro, a fêmea é capaz de liberar óvulos (FREITAS et al., 2004). A puberdade na fêmea ovina está influenciada por fatores genéticos e ambientais, tais como: as diferenças de raças e linhagens, idade, nutrição e época do nascimento, além de uma série de eventos fisiológico sempre sequenciado e gradual, durante o período peripuberal (GREYLING, 2000; PUGH, 2005). Pode ser observado que, nas épocas das chuvas, a melhora dos pastos tem um efeito positivo no aparecimento da puberdade nas cordeiras, existindo uma correlação positiva entre o peso ao nascimento e o peso ao desmame das marrãs, nas condições tropicais, idade em que alcançam a puberdade (RAMON, 1993). Nas raças tropicais, os ovinos atingem a puberdade entre os 6 e 8 meses de idade, quando são manejados em condições intensivas (CAMBELLAS, 1980), porém, pode ser um pouco mais tardias em outras condições não muito favoráveis, podendo atingir até 420 dias de idade e pesos variando entre 13 kg e 25 kg (GONZÁLEZ-STAGNARO et al, 1980; DEVENDRA, et al.; 1986; VALENCIA, et al, 1983). Segundo Gonzalez-Bulnes et al ( 2010), ovelhas de rabada gorda, nos sistemas mais tradicionais na região do Oriente Médio, entram para reprodução aos 18 meses de idade, produzindo seu primeiro borrego aos dois anos de idade. A puberdade da fêmea, desencadeada pelos efeitos hormonais, é dada pelo crescimento dos folículos e pela ovulação (SOUZA et al, 2008). A puberdade, ou seja, a idade da primeira ovulação ocorre de 6 a 9 meses, quando estas atingem de 50 a 70% do peso do animal adulto (MORAES, et al, 2002a). O conhecimento dos mecanismos que regulam a dinâmica folicular na fêmea ovina tem recebido especial atenção, principalmente por duas razões: o interesse do melhoramento da fertilidade, sincronização do estro com maior precisão e aumento da resposta super ovulatória, 28 mediante administração de gonadotrofinas exógenas; e o fato da fêmea ovina ser um excelente modelo experimental para o estudo do recrutamento, seleção e dominância folicular, com uma multiplicidade de raças e variedades genéticas com taxas de ovulação bastante variadas e altos índices de prolificidade (FABRE et al, 2006; LIU et al, 2007) O perfil hormonal na fêmea ovina envolve diferentes hormônios (proteico-GnRH, glicoproteico - LH - FSH e esteroides P4 – E2 e luteolisina – PgF2α). Os hormônios esteroides são derivados da estrutura ciclopentanoperidrofenantreno, tendo como esteroide de maior prevalência no organismo o colesterol, sendo o precursor de sete classes de esteroides, dentre elas os estrógenos e as progestinas, classificados como os principais hormônios esteroides sexuais femininos (NORMAN et al, 1997a; LITWACK et al, 1998). Dentre os estrógenos, o principal deles é o estradiol 17β, produzido pelas células da teca e da granulosa do folículo ovariano (NORMAN et al, 1997b; ROSENFELD et al, 2001; SANGHA et al, 2002a; LANGE et al, 2003). O hormônio LH estimula a síntese dos andrógenos nas células da teca. Estes, por sua vez, passam para as células da granulosa, nas quais serão transformados em estrógenos, mediante um processo denominado de aromatização, através do complexo enzimático P-450 aromatase, sendo estes estrógenos sintetizados nos ovários e no feto-placenta (na gestação) (MACKIE, 2001; SANGHA et al, 2002b). Durante o desenvolvimento folicular, a síntese do estradiol alcança um limiar, provocando estímulo positivo à secreção de LH (KINDER et al., 1995). A progesterona (P4) é o principal hormônio esteroide da família das progestinas. A transformação do colesterol para pregnenolona e depois para P4 ocorre em virtude das atividades enzimáticas, tendo como principais enzimas a P-450scc e a 3β-hidroxiesteroide dehidrogenase (3βHSD). A P4 é produzida principalmente pelos corpos lúteos, ovários e placenta (NORMAN et al, 1997), sendo de grande interesse no estudo em fêmeas gestantes, bem como parâmetro de monitoramento da atividade ovariana pós-parto. A concentração deste hormônio é um dos indicativos da ocorrência da ovulação e a presença do corpo lúteo, encontrando-se acima de 1,0 ng/ml (OLIVEIRA et al, 1992; MAIA et al, 1998; SASA et al, 2002b). Segundo Thimonier (2000), a elevação do nível sérico de P4 no tempo médio corresponde a um ciclo estral, após cobertura ou Inseminação Artificial (IA), fornecendo condições para saber se a fêmea está ou não vazia, ou ainda, suscetível de estar prenha. Enquanto que a queda da P4 permite o aumento dos pulsos de GnRH e LH, estimulando a secreção de estradiol pelo ovário, a rápida elevação da concentração do estradiol 29 estimula o comportamento estral e as elevações pré-ovulatórias de GnRH e LH. A elevação dos níveis sérios de LH induz à ovulação e luteinização, o que diminui a secreção de estradiol, iniciando-se, assim, um novo ciclo (SÁ, 2002). Segundo Evans e Maxwell (1980), fêmeas ovinas podem ter sincronizado o estro eficientemente com a utilização de várias técnicas: com o emprego de produtos farmacológico ou natural (efeito macho). A eficácia da administração de PgF2α, mesmo na forma de análogos sintéticos, como o D-cloprostnol, fica dependente da funcionalidade do CL, funcionando como fator luteolítico, induzindo sua regressão prematura, interrompendo a fase progestacional do ciclo estral, dando início a um novo ciclo (HERRERA et al, 1990; MORAES et al, 2002a). A utilização da Gonadotrofina Coriônica Equina (eCG) é fundamental para indução da atividade ovariana, simulando a atividade dos hormônios Folículo Estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH). O corpo lúteo começa a se organizar logo após a ovulação, mas, segundo Moraes et al. (2002), nos ruminantes, o corpo lúteo só começa a exercer seu papel após 1 ou 2 dias da ovulação, com função plena após 5 dias. As variações das concentrações de P4, durante a fase luteínica, refletem os sucessivos estágios de crescimento, manutenção e regressão do corpo lúteo. A eficiência reprodutiva é um dos principais fatores que interferem na eficiência produtiva dos ovinos, a exemplo do que ocorre também com bovinos e bubalinos. Considerando que as condições sanitárias nutricionais e de bem-estar animal sejam adequadas ao sistema de produção e estejam sendo aplicado, o principal fator limitante do sistema produtivo será a eficiência reprodutiva do rebanho (FONSECA, 2002). A fertilidade dos animais apresenta diversos componentes e estágios, requerendo que machos e fêmeas sejam funcionalmente capazes de conduzirem todas as fases críticas para que cada ciclo reprodutivo seja completado (FOOTE, 2003). A fertilidade é o conjunto de condições que apresentam os elementos geradores possíveis de fecundarem (espermatozoides) e de serem fecundados (óvulos), isto é, capacidade de produzir seus descendentes (VIEIRA, 1995). Ela é avaliada pela porcentagem de fêmeas prenhes e pelo número de crias produzidas (HAFEZ, 1995). Os fenômenos reprodutivos em caprinos e ovinos apresentam três características marcantes: estacionalidade reprodutiva, prolificidade e período de gestação curto. 30 Eficiência reprodutiva é o somatório da fertilidade, da prolificidade e da taxa de sobrevivência dos cordeiros ao desmame. O número de cordeiros nascidos por ovelha acasalada é resultado da fertilidade e da prolificidade (COUTINHO e SILVA, 1989; SIQUEIRA, 1990; AZZARINI, 1999; RIBEIRO et al, 2003; SILVA SOBRINHO, 2006). A eficiência reprodutiva é o fator que mais contribui para o aumento da produtividade (SIMPLÍCIO e SANTOS, 2005a), encontrando-se diretamente relacionada com a fertilidade ao parto, com o número de cordeiros nascidos por parto e com a taxa de sobrevivência das crias (MACHADO et al., 2000; SIMPLÍCIO e SANTOS, 2005b; FIGUEIREDO et al, 2007). Um dos fatores mais importantes para se avaliar a eficiência reprodutiva dos ruminantes é o intervalo entre partos (IEP). Este parâmetro está diretamente relacionado com o período de serviço, haja vista que, quanto mais curto, menor será o intervalo entre partos e, consequentemente, observa-se o aumento da produção de cordeiros por ovelha ao ano, melhorando a eficiência do sistema produtivo (SIMPLÍCIO, 2008a). O IEP é composto pela soma do período de serviço com a duração da gestação. Por outro lado, o período de serviço (PS) é definido como o intervalo entre o parto e a nova concepção. Este intervalo é influenciado pela estação do ano, temperatura ambiente, ordem de parto, tipo de nascimento, idade, raça, sistema de produção, regime de amamentação das crias, escore corporal e nutrição das matrizes (NOGUEIRA e FREITAS, 2000). A duração média da gestação na ovelha varia entre 146 a 155 dias (LEAL, 2007). No sistema de exploração extensivo, quando os animais são mantidos em pastagem nativa, verifica-se que a época de maior atividade sexual coincide com o período chuvoso, este fato está correlacionado, principalmente, com a maior oferta quanti-qualitativa de forragem (SIMPLÍCIO, 2008b). Estudos mostraram que a taxa de prenhez em um rebanho está relacionada à taxa de ovulação, concepção e mortalidade embrionária (PLANT, 1981; GUNN et al, 1991). Tais fatores são de certa forma, influenciados pelo manejo e, principalmente, pelo nível nutricional. Conforme sugerido por Silva (1992), os problemas sanitários, em particular as verminoses gastrointestinais, podem agravar ainda mais o quadro, por comprometerem a condição nutricional do rebanho. Nos sistemas extensivos de criação, a alimentação é influenciada por um grande número de variáveis, que escapam ao controle do criador como, por exemplo, ocorrência de chuvas, qualidade dos volumosos, dentre outros. 31 Objetivou-se com este estudo caracterizar a puberdade, o perfil hormonal e a eficiência reprodutiva de fêmea ovina da raça Rabo Largo no semiárido do Nordeste brasileiro. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Este estudo teve como objetivo caracterizar a atividade reprodutiva de fêmea ovina da raça Rabo Largo, criadas sob o sistema extensivo, encontradas no Nordeste do Brasil. 2.2 Objetivos Específicos Caracterizar a puberdade, com relação à idade, peso vivo, ganho de peso, ocorrência do estro e intervalo entre o 1º e 2º estro; Comparar o perfil hormonal de Progesterona (P4), Estradiol (E2) e hormônio Luteinizante (LH) durante o ciclo estral em fêmeas na puberdade, e P4 e E2 das adultas; Determinar o comportamento reprodutivo da fêmea ovina quanto à duração do estro, do ciclo estral, tempo de retorno ao estro após o parto; Definir a eficiência reprodutiva, com relação às taxas fertilidade, prolifícidade, duração da gestação (G), intervalo entre partos (IEP), duração do estro e período de serviço (PS) das ovelhas; 3 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Experimental da EBDA, na cidade de Jaguarari, no distrito de Pilar, estado da Bahia, na latitude (S) 10º 15’ 50” e longitude (O) 40º 11’ 45”, na altitude de 662m, que apresentou precipitação pluviométrica máxima de 133,4mm, temperatura máxima de 34,5ºC e umidade relativa do ar média de 59%, e na Fazenda Belo Horizonte, situada na cidade de Taperoá, no estado da Paraíba, na latitude (S) 7º 32 12’ 27” e longitude (O) 36º 49’ 36”, na altitude de 532m acima do nível do mar, que registrou uma precipitação pluviométrica máxima de 132,6mm, temperatura máxima de 38,1ºC e umidade relativa do ar média de 57%, no período compreendido entre o ano de 2010 e 2012 (INMET, 2013). Para o desenvolvimento do experimento, foram utilizadas no total 49 fêmeas ovinas da raça RL, com idade compreendida entre zero a trinta e oito meses, com pesos entre 2,5kg a 43,3kg, distribuídas em 14 pluríparas (adultas) e 35 nulíparas (borregas), mantidas em regime extensivo com alimentação de pastagens constituídas por gramíneas, leguminosas e espécies de arbustos – arbóreos com várias espécies de valor forrageiro, constando de Brachiaria humidicola, capim bufeelgrass (Cenchrus ciliares), capim pangolão (Digitaria pentzii stent – Taiwan 24), jurema preta (Mimosa hostilis), favela (Cnidosculus phyllacanthus), enxerco – erva-de-passarinho (Struthantus flexicaulis), angico (Anadenanthera colubrina), algaroba (Prosopis juliflora), vagem da algaroba (Leucaena leucoccephala), guandu (Cajanus cajan), palma forrageira (Opuntia ficus indica), napier (Penisetum purpureum), feno natural, capim corrente (Urochloa mosabicensis), catingueira (Caesealpina pyramidalis), Marmeleiro (Cróton sonnderiamus), Pereiro (Aspidosperma pyrifolium), dentre outros, nos horários das 07:00h às 17:00h, sendo oferecida uma suplementação mineral e água ad libitum. Verificou-se a sanidade dos animais, com relação à vermifugação e vacinações obrigatórias. Quarenta e nove animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: Grupo 1 (n=35), Puberdade. Grupo 2 (n=14), perfil hormonal. Grupo 3 (n=49), eficiência reprodutiva. No Grupo 1, acompanhou-se o desenvolvimento das borregas, desde o seu nascimento até atingir o primeiro estro. Todos os animais foram identificados, utilizando-se brinco auricular colorido; os pesos foram mensurados ao nascimento e, posteriormente, a cada 15 dias. O Grupo 2 foi subdividido em Subgrupo 2a (SG2a) n=7, contendo sete fêmeas adultas com idade entre 24 e 38 meses; e Subgrupo 2b (SG2b) n=7), composto por sete borregas entre seis e oito meses de idade, escolhidas aleatoriamente. No SG2a, foram coletadas amostras de sangue dos animais, a partir do vigésimo primeiro dia pós-parto, e a cada sete dias, até o estro, e no pós-estro, por venopunção na veia jugular externa, com os cuidados de antissepsia, através de agulhas para tubos vacutainers heparinizados, sendo posteriormente centrifugado a 3000 RPM por 10 minutos e transferido o plasma sanguíneo para microtubos eppendorf em alíquota com capacidade de 2,0ml, 33 devidamente identificados e armazenados, inicialmente em freezer, a -20ºC, até serem encaminhadas ao laboratório para as análises, para dosagens da Progesterona (P4) e Estradiol (E2). A metodologia utilizada para realização das análises hormonais das coletas séricas foi através da técnica de radioimunoensaio (RIE), tendo sido utilizado o kit COAT-A-COUNT. As análises realizaram-se em duplicata, com coeficiente de variação aceitável menor que 5%. A concentração mínima detectável para o exame progesterona é 0,02 ng/mL e, para o exame estrógenos totais, é 0,1 pg/mL, executada pelo BET Reproductive Laboratories (Laboratório de Endocrinologia Veterinária), localizado na cidade do Rio de Janeiro. No SG2b, todas as borregas foram submetidas ao diagnóstico de gestação por via transretal e/ou transabdominal, com o emprego da Ultrassonografia, tendo sido usado o equipamento da marca CHISON MEDICAL IMAGING DCZ – D 600 VET. Posteriormente, foram tratadas com 250mg de PGF2α, por via intramuscular (IM), para lisar um possível corpo lúteo (CL) presente, com o intuito de reduzir o nível sérico de P 4, além de indução e sincronização do estro através de esponja com 60mg de Acetato de Medroxiprogesterona (MAP), que foram inseridas na porção cranial da vagina por 14 dias. Após este período, receberam 400UI de gonadotrofina coriônica equina (eCG) por via IM. Além da observação visual do estro, nos Grupos 1 e 2 foram utilizados dois carneiros machos vasectomizados, untado com óleo de cozinha e tinta xadrez avermelhada na região peitoral destes, quando atingiram 90 dias de idade, fim de ter a certeza na inspeção, que as fêmeas identificadas estivessem na fase estral. As fêmeas foram consideradas em estro, quando se deixavam montar pelos rufiões, e o fim do período do estro, quando não mais aceitavam a monta executadas pelos rufiões. A partir da identificação do estro, as coletas de amostras de sangue foram semelhantes ao SGa, porém, foram efetuadas a cada 30 minutos, por um período de até 96 horas, pós retirada da esponja de MAP e aplicação do eCG (Figura 4), utilizando-se a fixação de cateter intravenoso G/Ø/L=20,1.1,32, reduzindo a possibilidade do stress com uma nova punção. PGF2α (D-3) MAP RETIRADA MAP +eCG D0 D14 COLETA SANGUE D15 D16 D17 D18 Figura 4. Protocolo de indução e sincronização do estro em marrãs ovina da raça Rabo Largo, mediante a utilização de hormônios exógenos. 34 Esta colheita de sangue destinou-se à dosagem dos hormônios (P4, E2 e LH) das borregas com idades variando entre 6 e 8 meses, pesos oscilando de 26,4 a 27,6 kg e, após cada colheita, injetava-se heparina diluída (1:500) no cateter, para evitar-se a coagulação sanguínea. Posteriormente, o sangue foi colhido em tubos de ensaio heparinizados, com capacidade de 5,0ml, sendo, posteriormente, centrifugados 4500 RPM, por 25 minutos, em função da dosagem do LH necessitar de uma maior purificação, e o plasma transferido para micro tubos eppendorf com capacidade de 2,0ml, devidamente identificados e armazenados, inicialmente em freezer, a -20ºC, até serem encaminhadas para o laboratório de endocrinologia da UNESP, em Araçatuba, São Paulo (SP), para proceder as dosagens hormonais, cuja técnica executada foi por radioimunoensaio (RIE), utilizando-se conjuntos de diagnósticos kit comerciais (COAT-A-COUNT/DPC MEDLAB). Para os ensaios dos esteroides, todas as amostras foram processadas em um único ensaio, com um coeficiente de variação de 1,8% e concentração mínima detectável de 0,04ng/mL em 100µL da amostra, em duplicata, de acordo com as recomendações do fabricante. Para os ensaios de LH, as concentrações plasmáticas foram determinadas por radioimunoensaio com duplo anticorpo (bLHAFP11743B e anti-oLHAFP192279Rb). As amostras foram processadas apresentando coeficientes de variação inter-ensaio (alto=13%; baixo=15%) e intra-ensaio (alto=5,6%; baixo=10,35%), e concentração mínima detectável de 0,06ng/mL. Na análise estatística, utilizou-se do histórico dos dados individuais, coletados nas duas propriedades que criavam ovinos da raça Rabo Largo, que deu origem ao banco de dados. Utilizou-se das informações do banco de dados sobre peso ao nascimento, 15, 30, 45, 60, 75, 90, 105, 120, 135 e 150 dias de idade do primeiro estro, duração do estro (horas), peso na puberdade, data do parto, tipo de parto e dias de gestação. Para caracterização racial, realizouse estatística descritiva de cada variável. Visando identificar o efeito do tipo de parto (simples ou duplo) e do sexo dos animais (macho ou fêmea) sobre as características de desempenho (peso dos animais), realizouse análise de variância, utilizando delineamento inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial 2 x 2 (tipo de parto x sexo dos animais), cujo modelo experimental adotado foi: Yijk = µ + Si + Pj + SPij + Eijk, em que: 35 Yijk = efeito do sexo i, tipo de parto j em repetições k; µ = média geral do experimento; Si = efeito do sexo, sendo i = macho, fêmea; Pj = efeito do tipo de parto, sendo j = simples, duplo; SPij = efeito da interação entre sexo i e o tipo de parto j; Eijk = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto NID (0, σ2) Para demonstração da eficiência reprodutiva dos ovinos da raça RL, tendo por base os índices de natalidade (N), fecundidade (F), intervalo entre partos (IEP), duração do estro (DE) e período de serviço (PS), realizou-se análise de variância utilizando o DIC, cujo modelo experimental adotado foi: Yjk = µ + Pj + Ejk Yjk = efeito do tipo de parto i em repetições k; µ = média geral do experimento Pj == efeito do tipo de parto, sendo j = simples, duplo; Ejk = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto NID (0, σ2). As ovelhas dos rebanhos que participaram dos estudos no período citado foram analisadas após a parição, observando-se o número de cordeiros nascidos em relação ao número de ovelhas paridas e, assim, determinando a prolificidade. Para todos os procedimentos estatísticos, fixou-se em 0,05 o nível crítico de probabilidade para o erro tipo I. Os procedimentos estatísticos foram realizados com auxílio do programa Statistical Analysis System (SAS Institute, 2008). 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se, com os resultados na Tabela 1, a estatística descritiva que caracteriza fêmea ovina da raça RL, tendo como base o banco de dados levantado a campo, quando foi efetuado o peso dos animais ao nascimento e, daí em diante, a cada 15 dias, até a chegada da 36 puberdade, quando ficou patente que a média de peso das fêmeas ovinas nascidas chegou a 3,58 ± 0,82kg, tendo como peso mínimo 2,20kg e peso máximo 5,80kg, em partos duplos ou simples, sendo que as marrãs atingiram a puberdade, quando o peso médio alcançou 25,14kg ± 2,11kg, tendo como peso mínimo 20,00kg e peso máximo 29,70kg e a mediana 25,70kg, correspondendo entre 50% - 70% do peso vivo do animal adulto, dentre 35 (n) observações nas propriedades pesquisadas (EBDA na Bahia e Fazenda Belo Horizonte na Paraíba). Com relação à idade ao primeiro estro (dias), a média observada ficou em 154,11 ± 6,37 dias, com uma variação mínima de 141,00 dias e máximo de 168,00 dias. No que diz respeito à duração do estro, encontrou-se uma média de 39,40 ± 8,93 horas, para um mínimo de 24 horas, mediana de 36 horas e o máximo de 48 horas. Tabela 1 – Estatística descritiva do banco de dados que caracteriza fêmea ovina da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil. Variação Peso Nasc Pesos P15 P45 P60 P75 P90 (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) Idade 1º Estro (dias) (kg) (kg) Média 3,58 55,52 8,08 10,16 12,14 14,32 16,51 18,8 20,42 21,84 23,26 154,11 39,40 25,14 Mediana 3,55 5,45 Moda Desvio Padrão (±) 3,10 5,40 8,25 10,15 11,95 14,25 16,60 18,50 20,10 21,80 23,50 155,00 36,00 25,70 8,60 10,20 10,50 12,00 18,00 20,20 20,10 20,50 22,00 155,00 48,00 23,60 0,82 Mínimo 2,20 1,14 1,56 1,61 1,56 1,66 2,12 2,06 2,26 6,37 8,93 2,11 3,10 4,80 6,80 9,20 11,40 13,50 15,60 17,00 18,00 19,00 141,00 24,00 20,00 Máximo Contagem (n) * 5,80 7,60 11,40 13,80 15,40 18,00 19,50 23,60 25,20 26,60 27,80 168,00 48,00 29,70 40 40 40 38 38 38 37 37 P30 40 40 40 1,72 40 P105 1,99 38 P120 38 P135 P150 Duração Peso (kg) a Estro (h) Puberdade * três animais não foram avaliados completamente, por não terem chegado até o final do processo de avaliação. Em recentes relatos por estudos efetivados por Budisatria et al. (2011), os quais afirmaram que em ovelhas de rabada gorda estudadas na Indonésia foi efetuada a primeira monta, com idade entre 12,2 a 13,5 meses, enquanto que Yulianto (2007a) registrou a idade de 7,7 meses para a primeira monta, deste Tipo zootécnico de ovelhas, não deixando claro se a primeira monta correspondeu ao primeiro estro. Com relação ao ganho de peso, observou-se no banco de dados que as borregas apresentaram ganho médio de 141 (g dia-1), enquanto que Yulianto (2007b) afirmou que as ovelhas de rabada gorda ganharam 97(g dia-1), na idade de 0–3 meses; 78(g dia-1), na idade de 3–6 meses; 53(g dia1), na idade de 6–12 meses; e 35(g dia-1) com idade >12 meses. Vale 37 ressaltar que, para estes autores, os ovinos classificados Tipo Rabada Gorda engloba todas as raças desse Tipo zootécnico encontradas na Indonésia e regiões do Oriente Médio, norte da África, Paquistão, norte da Índia, Oeste da China e Ásia central. Kridli et al (2006) identificaram a Idade à puberdade de ovelhas Awassi e dos produtos F1 resultado do cruzamento de ovelhas Charollais X Awassi e Romanov X Awassi, em intervalos de 4 a 15 meses, com uma média de 7,5 meses (225 d), idades semelhantes identificado por Hunter (1982). Por outro lado, Al-Molla e Kridli (2003) demonstraram que borregas (marrãs) Awassi atingem a puberdade por volta de nove meses de idade. Observa-se na Tabela 2 que houve interação (P<0,05) para peso aos 90, 105, 120, 135 e 150 dias de idade, sendo que, dentro das ovelhas com parto duplo, os animais machos tiveram (P<0,05) maiores peso em relação às fêmeas. Verifica-se que houve interferência (P<0,05) do sexo para as características de peso ao nascimento, aos 30, 45, 60 e 75 dias de idade, independente do tipo de parto. Em todos os casos, observou-se maior peso (P<0,05) para os machos. Apenas para a característica de peso aos 15 dias, notou-se interferência do tipo de parto (P<0,05), sendo maior peso para os animais de parto simples independente do sexo. Pode-se observar que as crias provenientes de partos simples foram mais pesadas (P<0,05) que aquelas oriundas de parto duplo ao nascer, aos 15, 30, 45, 60, 75, 90, 105, 120, 135 e 150 dias de idade. Estes resultados não diferem dos dados encontrados por Muniz et al. (1997) e por Silva e Araujo (2000), trabalhando com ovinos mestiços da raça Santa Inês e Somalis. O fato das crias oriundas de parto simples apresentarem peso mais elevado ao nascer que os partos duplos podem estar relacionados a um maior aporte nutricional oferecido para o feto durante o período gestacional e, posteriormente, à inexistência de competição nutricional durante a amamentação, que também contribuíram para um maior desenvolvimento das crias de parto simples. 38 Tabela 2- Pesos médios (kg) de crias ovinas da raça Rabo Largo, ao nascer, aos 15, 30, 45, 60, 75, 90, 105, 120, 135 e 150 dias de idade, conforme o sexo das crias e os tipos de parto. Dias F Nasc M Média F 15 M Média F 30 M Media F 45 M Media F M 60 Media F 75 M Media F 90 M Media F 105 M Media F 120 M Media F 135 M Média F 150 Tipo de part Sexo M Media Valor P D 3,24 ±0,23 4,23 ±0,43 3,74 ±0,24 5,23 ±0,35 5,13 ±0,68 5,18 b ±0,38 7,80 ±0,47 10,19 ±0,90 8,98 ±0,50 9,67 ±0,48 12,23 ±0,93 10,95 ±0,52 11,55 ±0,47 14,20 ±0,89 12,88 ±0,50 S 3,70 ±0,14 4,25 ±0,27 3,98 ±0,15 5,63 ±0,22 6,61 ±0,41 6,12 a ±0,23 8,19 ±0,29 9,07 ±0,55 8,63 ±0,31 10,34 ±0,30 11,20 ±0,57 10,77 ±0,32 12,36 ±0,29 13,34 ±0,55 12,85 ±0,31 Média 3,47 B ±0,13 4,24 A ±0,25 3,72 ±0,11 5,43 ±0,21 5,87 ±0,40 5,67 ±0,17 7,99 B ±0,27 9,62 A ±0,52 8,36 ±0,23 10,01 B ±0,28 11,72 A ±0,54 10,45 ±0,24 11,96 B ±0,27 13,77 A ±0,52 12,45 ±0,23 13,55 ±0,49 16,80 ±0,94 15,18 ±0,53 15,55 B ±0,50 18,90 A ±0,95 17,22 ±0,54 17,58 B ±0,56 21,60 A ±1,07 19,60 ±0,60 19,19 B ±0,61 23,67 A ±1,17 21,43 ±0,66 20,75 B ±0,60 25,47 A ±1,16 23,11 ±0,65 22,14 B ±0,70 27,60 A ±1,34 24,87 ±0,76 14,60 ±0,30 15,56 ±0,58 15,08 ±0,33 16,87 ±0,91 17,64 ±0,58 17,25 ±0,33 19,20 ±0,36 19,64 ±0,66 19,47 ±0,37 20,92 ±0,39 21,92 ±0,72 21,42 ±0,41 22,29 ±0,39 23,39 ±0,71 22,84 ±0,40 23,71 ±0,45 25,34 ±0,82 24,52 ±0,47 14,08 B ±0,29 16,18 A ±0,55 14,66 ±0,25 16,21 ±0,29 18,27 ±0,56 16,83 ±0,25 18,44 ±0,33 20,62 ±0,63 19,11 ±0,29 20,06 ±0,36 22,79 ±0,69 20,87 ±0,32 21,52 ±0,36 24,43 ±0,68 22,32 ±0,32 22,93 ±0,42 26,47 ±0,79 23,86 ±0,38 CV Sexo Parto Interação 0,0103 0,4122 0,4456 20,17 0,3277 0,0402 0,2364 20,63 0,0085 0,5562 0,2173 18,54 0,0077 0,7715 0,1695 15,34 0,0037 0,9655 0,1639 12,44 0,0015 0,8802 0,0725 30,28 0,0020 0,9650 0,0454 9,76 0,0037 0,8623 0,0130 9,71 0,0010 0,9902 0,0295 9,71 0,0004 0,7306 0,0226 8,98 0,0003 0,6977 0,0372 9,75 Letras minúsculas (a, b) diferenças na média entre parto nas linhas; Letras maiúsculas nas colunas diferenças entre sexos no parto duplo; (P<0,05); S = parto simples; D = parto duplo; 39 Conforme resultado apresentado na Figura 5 observou-se que a resposta da sincronização de estro variou entre as marrãs (n=7), correspondendo a 24, 72 e 96 horas pósretirada da esponja MAP. A indução e a sincronização do estro em ovinos e caprinos vêm sendo bastante utilizadas, por proporcionarem atividade reprodutiva (SAFDARIAN et al, 2006), mesmo durante os períodos de anestro sazonal e lactacional (AMORIM et al, 2007; GDENICOLO et al, 2007). Os métodos mais utilizados para a sincronização do estro e estimulação do crescimento folicular em pequenos ruminantes envolvem prostaglandinas (WEEMS et al., 2006; URIBE-VELÁSQUEZ et al., 2008a), progesterona e/ou progestágenos e a administração intramuscular de eCG (LÓPEZ-SEBASTIAN et al, 2007; HOLTZ et al, 2008; URIBEVELÁSQUEZ et al, 2008b). Ao analisar o resultado contido na Figura 6, podemos verificar que o comportamento hormonal das fêmeas ovinas da raça RL no Nordeste do Brasil apresentou resultado para a presença do pico do LH no primeiro estro, atingindo 24 ng/mL, mantendo-se basal após as primeiras 24 – 36 horas no pós-estro até D13, quando começou a elevar-se, dando início ao novo pico do LH, com uma variação no segundo estro em D15, quando atingiu 30 ng/mL. Em relação a P4, observa-se que, durante os primeiros dias do ciclo, mantiveram-se abaixo de 0,5 ng/mL, e entre 36 e 72 horas pós-estro, começou a elevar-se num crescente até D14, atingindo 2,0 ng/mL, vindo a decrescer rapidamente, chegando ao patamar inicial, ficando abaixo de 0,5 ng/ml em função do início de um novo estro. Por outro lado, o E2 apresentou-se inicialmente no patamar de 650 pg/mL, no primeiro estro, que corresponde à fase folicular, decrescendo vertiginosamente nas primeiras 48 horas pós-estro, registrando-se picos em D2 com 280 pg/mL e D6 com 290 pg/mL, portanto, bem semelhantes, tendo o pico mais elevado em D14, quando atingiu 600 pg/mL, caindo em D15 e atingindo os níveis abaixo de 100 pg/mL. O pico de LH que inicia em sincronia com o começo do estro, resultando em dois fenômenos independentes: a luteinização das camadas celulares da parede folicular e a ruptura do folículo ovulatório, culminando com a ovulação e, posteriormente, a formação do corpo lúteo (MORAES et al., 2002c), estando de acordo com o achado no presente trabalho. 40 Figura 5 – Média das concentrações dos níveis hormonais de LH, P4 e E2 total no plasma sanguíneo de ovelhas primíparas (borregas) da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil (2012). Analisando a Figura 6, verifica-se que os níveis de P4 encontram-se num patamar baixo em D21, D28, elevando-se até D49, o que corresponde à fase luteinica, decrescendo em seguida no D56, quando a fêmea apresenta-se em estro com a formação do CL, enquanto os níveis de E2 apresenta-se baixo, entre D21 e D42, elevando-se rapidamente entre D49 até o ápice em D56, correspondendo à fase folicular em sincronismo com o LH, o qual não efetuamos sua dosagem, pois não era o objetivo deste estudo com as fêmeas adultas. Figura 6– Média da concentração dos níveis hormonais de P4 e E2 total no plasma sanguíneo de ovelhas adultas da Raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil, 21 dias pós-parto até o estro e pós-estro (2012). 41 Observou-se na Tabela 3, que as ovelhas (n=46) adultas da raça Rabo Largo apresentou um período de serviço (PS) médio de 53,33 ± 6,47 dias, registrando-se uma variação mínima de 41,00 dias e um máximo de 68,00 dias,.com uma mediana de 52,50 dias. Para a duração da gestação (G), verificou-se a média de 152,24 ± 4,66 dias, com uma variação mínima de 144,00 dias e um máximo de 162,00 dias, com a mediana de 153,00 dias. Quanto ao intervalo entre partos (IEP), registrou-se a média de 206,72 ± 9,75 dias, observando-se o mínimo de 185,00 dias para o máximo de 231,00 dias, com uma mediana de 205,00 dias. Tabela 3 – Estatística descritiva do período de serviço (PS), gestação (G) e intervalo entre parto (IEP) que caracteriza a fêmea ovina da raça Rabo Larga no Nordeste do Brasil. Variação (n=47) P. Serviço (PS) dias Gestação (G) dias Int. Partos (IEP) dias Média 53,33 152,24 206,72 Mínimo 41,00 144,00 185,00 Máximo 68,00 162,00 231,00 Mediana 52,50 153,00 205,00 Moda 50,00 153,00 200,00 ± 6,47 ± 4,66 ± 9,75 Desv. Padrão Ali, et al (2009) estudando a performance reprodutiva de ovelha da raça Farafa de rabada gorda, no sub trópico em Mallawi, registraram o período de gestação média de 149,17 ± 0,5 dias, não tendo nenhuma influência sobre a duração da gestação, a idade, paridade e intervalo pós-parto. Na Tabela 4, não houve registro de diferença (P>0,05) entre os valores de período de serviço (PS), gestação (G) e intervalo entre partos (IEP), levando-se em consideração o tipo de parto duplo ou simples para P>0,05, apesar de numericamente apresentar pequenas variações. 42 Tabela 4 – Período de serviço (PS), gestação (G) e intervalo entre parto (IEP) de fêmea ovina da Raça Rabo Larga (n=36) no Nordeste do Brasil, em relação ao tipo de parto. Tipode parto PS (dias) G (dias) IEP (dias) Gest. Atual (dias) Duplo 54,78 152,44 207,22 148,30 Simples 52,97 152,19 206,59 153,33 Valor de P 0,4597 0,8848 0,8648 0,0017 Coef. Variação 12,21 3,10 4,77 2,77 Os resultados constantes deste estudo, em comparação com os obtidos por Barbosa et al. (2005), apresentam certa similaridade relacionada com a raça Santa Inês no semiárido baiano, quando observaram um PS médio de 86,53 dias e um IEP de 236,55 dias. De forma semelhante, Afonso et al. (2008), com animais da mesma raça, registraram PS de 45,2 dias. Do mesmo modo, Loiola et al. (2009), trabalhando com a raça Santa Inês localizada no semiárido de Pernambuco, cujo clima assemelha-se ao observado nas regiões do estudo, encontraram um PS médio de 57,8 ± 18,2 dias, Gestação média de 151,9 ± 2,4 dias e o IEP de 209,8 ± 18,0 dias. A prolificidade, de acordo com o levantamento do banco de dados de ambas as propriedades, objeto do estudo, mostram uma diferença numérica (Tabela 5). Tabela 5. Taxa de prolificidade do rebanho de ovinos da raça Rabo Largo nas propriedades em Taperoá (n=23) e EBDA (n=23), em função dos períodos de avaliação 2010 e 2011. Fazenda Taperoá EBDA Média Primeira avaliação 2010 1.22 1.17 1.20 Segunda avaliação 2011 1.26 1.17 1.22 Média 1.24 1.17 1.21 A Tabela 6 fornece os pesos dos ovinos (fêmeas e machos), nascidos no período do estudo que foram acompanhados, e montado um banco de dados, sendo observado o peso médio ao nascimento 4,3 kg ± 0,45kg, com mínimo de 3,4kg e o máximo de 3,8kg, atingido a 43 puberdade com 26,8kg ± 2,82kg como média, tendo o mínimo de 20,0kg e o máximo em 32,0kg, ficando caracterizados os ovinos da RL em nosso estudo com os dados ora analisados. Tabela 6. Estatística descritiva do banco de dados que caracteriza os ovinos da Raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil em relação ao peso (kg) do nascimento à puberdade. Variação Média Mediana Moda Desvio padrão ± Mínimo Máximo Contagem (n) * Peso Nasc. Kg P15 Kg P30 Kg P45 Kg P60 Kg P75 Kg P90 P105 P120 P135 P150 Peso (kg) Kg Kg Kg Kg Kg Puberdade 4,3 6,2 9,4 11,5 13,6 15,9 18,0 20,2 22,4 24,0 26,0 26,8 4,2 6,0 8,6 10,7 12,9 15,6 18,4 20,1 22,5 24,4 27,0 29,2 3,4 6,0 8,6 12,0 15,0 16,0 18,0 21,0 20,0 22,5 22,0 22,0 0,45 1,42 1,5 1,6 1,57 1,71 1,7 2,01 2,2 2,28 2,9 2,82 3,4 3,7 7,5 9,7 11,0 13,5 14,8 16,5 18,0 19,0 19,3 20,0 4,8 8,5 12,0 14,0 16,0 18,5 20,2 23,2 25,5 26,6 29,1 32,0 49 49 49 49 49 49 49 47 47 47 46 46 * três animais não foram avaliados completamente, por não ter chegado até o final do processo de avaliação. O maior peso dos machos em relação às fêmeas contribuiu para apresentar um maior desenvolvimento, tendo como característica as ações diferenciadas dos esteroides que predominam nos respectivos sexos. Neste caso, a testosterona apresenta uma ação anabólica, contribuindo para um crescimento ósseo bem mais acentuado que o estradiol, explicando por este motivo as diferenças observadas de pesos entre os sexos. Por outro lado, os resultados experimentais estão diretamente dependentes de diversos outros fatores, tais como padrão racial, sistemas de alimentação das crias, manejo, dentre outros, e estes parâmetros certamente interferem nos efeitos dos esteroides sobre o desenvolvimento dos animais. 44 5. CONCLUSÕES Nas condições de realização da presente investigação, foi possível concluir que, sob as condições climáticas do Nordeste do Brasil, o desempenho reprodutivo de ovelhas da raça Rabo Largo parece não ter sofrido influência da época do ano em que foram realizados os estudos. O bom índice reprodutivo apresentados pelas ovelhas Rabo Largo, em ambos os períodos, sugerirem boa adaptação à região por essa espécie animal. Observou-se que o grupamento genético RL estudado, dentro das condições de manejo no semiárido brasileiro, manifesta fenotipicamente potencial genético produtivo e reprodutivo, podendo ser considerado como uma raça que apresenta época de reprodução longa, com uma ótima atividade estral em todo ano. O tratamento hormonal utilizado com MAP, associado ao eCG, mostraram-se eficientes para induzir a atrezia folicular, e posterior emergência de uma nova onda de crescimento folicular, simulando fisiologicamente um ciclo. Porém, novas avaliações são necessárias no estudo do perfil hormonal em associação e protocolos de progestágenos associados a eCG em ovelhas da raça Rabo Largo no Nordeste do Brasil. As ovelhas envolvidas neste estudo mostraram uma importante variação entre ovelhas. Ficou demonstrado que o peso tem uma relação direta com a habilidade maternal e que esta espécie animal apresenta um PS, IEP e Gestação de períodos relativamente curtos ou similares às raças criadas na mesma região. Nota-se que há uma necessidade de estudos mais aprofundados a respeito desta raça de ovinos, que poderá contribuir sobremaneira com o desenvolvimento econômico da região, favorecendo os pequenos produtores. 45 6. REFERÊNCIAS AFONSO, V. A. C.; COSTA, R. L. D.; FONTES, R. S.; CUNHA, E. A.; QUIRINO, C. R.; BUENO, M. S. Intervalo de partos em ovelhas da raça Santa Inês suplementadas com ácidos graxos. Veterinária zootecnia. v.15, n.2, supl.1, p.129, 2008. AL-MOLLA, M. M., KRIDLI, R. T. Effect of royal jelly on puberty of winter-Born Awassi ewe lambs. Page 325 in Proc. 54th Annual Meet. EAAP, Book of Abstracts, Roma, Italy, 2003. ALI, A.; HAYDER, M.; DERAR, R. Reproductive performance of Farafra ewes in the subtropics. Animal Reproduction Science 114 (2009) 356–361 AZZARINI, M. Algumas formas de potenciar La reproduccion de lós ovinos. Anais ... Simpósio Paulista de Ovinocultura e Encontro Internacional ovinocultores, Botucatú. s.n., p. 75-95, 1999. BARBOSA, J. A.; ABREU, R. D.; OLIVEIRA, G. J. C.de; ALMEIDA, A. M. L; SANTOS, J. C. dos; SANTANA, M. L. A. C.; LEITE, A. P. L. Avaliação de modelos de criação para animais da raça Santa Inês no Semi-Árido Baiano. Magistra, v.17, n.2, p.53-57, 2005. AMORIM, E. A. M.; TORRES, C. A. A.; AMORIM, L. S. et al. Dinâmica folicular em cabras da raça Toggenburg em lactação tratadas ou não com Somatotropina bovina recombinante. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 59, p. 1500 – 1508. 2007. BUDISATRIA, I. G. S., UDO, H. M. J.; EILERS, C.H.A.M., BALIARTI, E. e ZIJPP, J. VAN DER. Preferences for sheep or goats in Indonesia. Small ruminant Research, 88, 16–22, 2010. BUDISATRIA, I.G.S., UDO, H.M.J. Fat-tailed sheep in Indonesia; an essential resource for smallholders. Tropical Animal Health and Production, 43:1411-1418, 2011. CAMBELLAS, J. B. de. Parámetros productivos y reproductivos de ovejas tropicales em sistemas de producción mejorados. Produccion Animal Tropical 5:290. 1980. COUTINHO, G. C.; SILVA, L. H. V. Manejo reprodutivo dos ovinos: manual técnico. Florianópolis: CIDASC. 56 p. 1989. DEVENDRA, C. ; MCLEROY, G. B. Producción de Cabras y Ovejas en los Trópicos. Ed. El Manual Moderno, S.A. de C.V., México, 95p.1986. 46 DELGADILLO, J.A.; SANTIAGO-MIRAMONTES, M.A.; CARRILLO, E. Season of birth modifies puberty in female and male goats raised under subtropical conditions. Animal, v.1, n.6, p.858-864, 2007. FABRE, S.; PIERRE, A.; MULSANT, P. et al. Regulation of ovulation rate in mammals: contribution of sheep genetic models. Reproductive Biology and Endocrinology, v.4, p.1-12, 2006. FIGUEIREDO, C .L.; BALIEIRO, J. C. C.; DE MATTOS, E. C.; BALIEIRO, C. C.; ELER, J. P.; FERRAZ, J. B. S. Estimativa de parâmetros genéticos para fertilidade ao parto e número de cordeiros nascidos ao parto em ovinos da raça Santa Inês. In: 44ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 44., 2007, Jaboticabal, SP. Anais... Jaboticabal, SP: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2007. FONSECA, J. F. Controle e perfil hormonal do ciclo estral e performance reprodutiva de cabras Alpinas e Saanen. 2002. Thesis (PhD) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2002. FOOTE, R. H. Fertility estimation: a review of past experience and future prospects. Animal Reproducion Sciense., 75:119-139, 2003. FREITAS, V.J.R.; RONDINA, D.; LOPES JUNIOR, E.S.; TEIXEIRA, D.I.A. and PAULA, N.R.O. Hormonal treatments for the synchronization of oestrus in dairy goats raised in the tropics. Reproduction Fertility and Development. n. 16, p. 415-420. 2004. GUNN, R. G.; MAXWELL, T. J.; SIM, D. A.; JONES, J. R.; JAMES, M. E. The effect of level of nutrition prir to mating on the reproductive performace of ewes of two Welsh 44 breeds in different levels of body condition. Animal Production, v.52, p.157-163, 1991. GdeNICOLO, S. T.; MORRIS, S. T.; KENYON, P. R. et al. Induced seasonal reproductive performance in two breeds of sheep. Animal Reproduction Science, v. 103, p. 278 – 289, 2007. GONZÁLEZ-STAGNARO, C.; GOICOHEA, J.; MADRID, N. Comportamiento reproductivo de ovinos West African en uma zona tropical. In: Congresso International Reproduction Animal Inseminacion Artificial IX. Madrid, España IV, p. 161, 1980. GONZALES-BULNES, A; MEZA-HERRERA, C. A.; REKIK, M.; BEN SALEM, H. and KRIDLI R.T. Limiting factors and strategies for improving reproductive out puts of small ruminants reared in semi-arid environments. In: Semi-arid environments: Agriculture, water supply and vegetation. Ed: K.M. Degenovine. Nova Science Publishers Inc. Hauppauge, NY, USA, 2010. GREYLING, J. P. C. Reproduction traits in the Boer goat doe. Small Ruminant Research. V. 36, p. 171-177, 2000. HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal. 6ª Edição. São Paulo, Manole, 1988, 582p, 1995. 47 HOLTZ, W.; SOHNREY, B.; GERLAND, M. et al. Ovsynch synchronization and fixed-time insemination in goats. Theriogenology, v. 69, p. 785 – 792, 2008. HUNTER, H. F. Reproduction of Farms Animals. Longman Group Ltd., Burnt Mill, UK, 1982. KINDER, J. E.; BERGFELD, E. G.; WEHRMAN, M.E.; PETERS, K. E.; KOJIMA, F. N. Endocrine basis for puberty in heifers and ewes. Journal of Reproduction and Fertility, v. 49, suppl., p. 393-407, 1995. KRIDLI, R. T.; ABDULLAH, A. Y.; SHAKER, M. M.; AL-MOMANI, A. Q. Age at Puberty and Some Biological Parameters of Awassi and its First Crosses with Charollais and Romanov Rams. Ital. J. Animal Science, v. 5, p. 193-202, 2006. LANGE, I. G.; HARTEL, A.; MEYER, H. H. D. Evolution of estrogen functions in vertebrates. Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, v. 83, p. 219-226, 2003. LEAL, T. M. Retorno ao estro pós-parto em ovelhas da raça Santa Inês e desempenho ponderal dos cordeiros: influência do manejo da alimentação e da amamentação. Tese de Doutorado. Universidade Estadual do Ceará (UECE). Fortaleza-CE, 2007. LITWACK, G.; SCHIMIDT, T. J. Bioquímica de hormônios II: hormônios esteróides. In: DEVLIN, T. M. Manual de Bioquímica co correlações clínicas. São Paulo: Edgard Bliicher, p. 747-755, 1998. LIU, X.; DAI, Q.; HART, E.J. et al. Ultrasonographic characteristics of ovulatory follicles and associated endocrine changes in cyclic ewes treated with medroxyprogesterone acetate (MAP)releasing intravaginal sponges and equine chorionic gonadotrophin (eCG). Reproduction Domestic Animals, v.42, p.393-401, 2007. LOIOLA, J. B.; NASCIMENTO, T. V. C.; MACHADO, L. L. de.; NOGUEIRA, D. M. Período de Serviços e duração da gestação em ovelhas mestiças Santa Inês – Bergamácia criadas em Dormentes, região semiárida de Pernambuco. In ... Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 36, SBMV, 2009. LÓPEZ-SEBASTIAN, A.; GONZÁLEZ-BULNES, A.; CARRIZOSA, J. A. et al. New estrus syncronization and artificial insemination protocol for goats based on male exposure, progesterone and cloprostenol during the non-breeding season. Theriogenology. v. 68, p. 1081 – 1087, 2007. MACHADO, J. B. B.; FERNANDES, A. A. O.; VILLARROEL, A. B. S. Parâmetros produtivos de ovinos das raças Santa Inês e Morada Nova em pastagem cultivada no estado do Ceará. Revista Científica de Produção Animal, v.2, n.1, p.89-95, 2000. MACKIE, W. H. V. Transferencia de embriones en las especies ovina y caprina. In: PALMA, G. A. Biotecnologia de la reprodución. Balcarce, Argentina: Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), p. 603-633. 2001. 48 MAIA, M.; COSTA, A. N. Estro e atividade ovariana pós-parto em cabras Canindé, associados ao manejo da amamentação. Revista Brasileira de Reprodução Animal. V. 22, n. 1, p. 35-43, 1998. MORAES, J. C. F.; SOUZA, J. H.; GONÇALVES, P. B. D. Controle do estro e da ovulação em bovinos e ovinos. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGUEIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas aplicadas à reprodução Animal. São Paulo: Varela, p. 25-55, 2002. NOGUEIRA, D. M.; FREITAS, V. J. F. Anestro pós-parto em caprinos: uma revisão. Ciências e Tecnologia, v.2, n.2, p.33-40, Fortaleza. 2000. NORMAN, A. W.; LTWACK, G. Steroid hormones: chemistry, biosynthesis, and metabolism. In:________ Hormones. 2. Ed. San Diego: Academic Press, p. 49-85, 1997. OLIVEIRA, C. A.; BARNABE, V. H.; FERRARI, S.; ALVARENGA, J. Blood serum and whole milk progesterone levels during the oestrus cycle and early pregnancy in goats. In: Internacional Conferencie on Goats, 5, New Dehli. Procedings … New Dehli: International Goat Association, p. 363, 1992. PLANT, J. W. Infertility in the ewe. In: Refresher course for veterinarians: refresher 1981. PUGH, D. G. Clinica de Ovinos e Caprinos. São Paulo: Roca, 511p, 2005. RAMON, J. P. Response to ram effect in Pelibuey ewe lambs under grazing condition in a tropical environment. In: EUROPEAN ASSOCIATION ANIMAL PRODUCTION ANUAL MEETING, 41, 1990, Toulouse. Paper presented... Toulouse: European Association Animal Production, 1990. p. 145-146. ROSENFELD, C. S.; WAGNER, J.S.; ROBERTS, R. M.; LUBAHN, D. B. Intraovarian actions of oestrogen. Reproduction, v. 122. P. 215-226. 2001. SÁ, C. O. Manejo reprodutivo para intervalo entre partos de oito mesesw. In: Simpósio Paulista de Ovinocultura, 5., Botucatu.Anais ... Botucatu: (s.m.), p. 8-20, 2002. SAFDARIAN, M.; KAFI, M.; HASHEMI, M. Reproductive performance of Karakul ewes following different oestrous synchronization treatments outside the natural breeding season. South African Journal of Animal Science, v. 36, p. 229 – 234, 2006. SANGHA, G. K.; SHARMA, R. K.; GURAYA, S. S. Biology of corpus luteum in small ruminants. Small Ruminant Research. V. 43, p. 53-64, 2002. SASA, A. et al. Concentrações Plasmáticas de Progesterona em Ovelhas Lanadas e Deslanadas no estado de São Paulo. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 31, n. 3, p.1150-1156, 2002. SILVA, F. L. R.; ARAÚJO, A. M. Características de reprodução e de crescimento de ovinos mestiços Santa Inês, no Ceará. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, p. 1712-1720, 2000. SILVA, C. A. M. Reproductive wastage in sheep. Universidade Federal de Santa Maria – FAO – UNO: Santa Maria, p. 45, 1992. 49 SILVA SOBRINHO, A. G. Criação de ovinos. 3. ed. FUNEP: Jaboticabal. p. 302. 2006. SIMPLÍCIO, A. A.; SANTOS, D. O. Manejo reprodutivo de caprinos e ovinos em regiões tropicais. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS / REUNIÃO ANUAL DA ABZ, 42, 2005, Goiânia. Anais...SBZ. 2005, p. 136 – 148, 2005. SIMPLÍCIO, A. A. Estratégias de manejo reprodutivo como ferramenta para prolongar o período de oferta de carnes caprina e ovina no Brasil. Tecnologia & Ciência Agropecuária, João Pessoa, v.2, n.3, p.29-39, 2008. SOUSA, W. H. de; LÔBO, R. N. B.; MORAIS, O. R. Ovinos Santa Inês: estado de arte e perspectivas. In: Simpósio Internacional sobre o Agronegócio da Caprinocultura Leiteira=International Symposium on the Agribusiness of the Goat Milk Industry, 1.; Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte=International Symposium on Sheep and Goat Production, 2.; Espaço Aprisco Nordeste, 1., 2003, João Pessoa. Anais...=Proceedings... João Pessoa: EMEPA, p. 501-522, 2003. THIMONIER, J.. Détermination de l’etat physiologique des femelles par analyse des niveaux de progesterone. INRA Productions Animales. V. 13, n. 3, p. 177-183, 2000. URIBE-VELÁSQUEZ, L. F.; SOUZA, M. I. L; LOAIZA, A. M. E. Efecto de La sincronización del estro com prostaglandina-f2α vs CIDR + 500 UI de eCG em ovejas Bergamacia durante el inicio de La fase luteal. Revista Ciêntifica, v. 18, p. 368 – 373, 2008. VALENCIA, M.; GONZÁLEZ, E. Pelibuey Sheep in México. En: Hair Sheep of Westeern Africa and the Americas. Westview Press, U.S.A. 55 p. 1983. WEENS, C. W.; WEENS, Y. S.; RANDEL, R. D. Prostaglandins and reproduction in female farm animals. The Veterinary Journal, v. 171, p. 206 – 228, 2006. .YULIANTO, A. Natural increase estimation of thin and fat tailed sheep in Klaten district, Central Java, (Thesis, Fakultas Peternakan, Universitas Gadjah Mada, Yogyakarta), 2007. 50 ANEXOS Ovinos da raça Rabo Largo - EBDA – Pilar – Jaguarari-BA (2010 - 2012) 51 52 Ovinos da raça Rabo Largo - Fazenda Belo Horizonte – Taperoá-PB (2010 - 2012) 53 54 55 56 Valores numéricos das dosagens hormonais de ovelhas pluríparas (adultas) da raça Rabo Largo. PROGESTERONA (P4 - ng/mL) FEMEAS OVINA RAÇA RABO LARGO - 28 - 44 MESES MATRIZ D21 D 28 D 35 D 42 D 49 D 56 D 63 BR 153 0,53 0,46 0,57 0,78 0,97 0,72 0,66 VD 114 0,56 0,64 0,87 0.86 1,02 0,18 2,23 AM 355 1,20 0,85 0,94 1,02 1,14 0,58 0,63 VD 499 0,77 0,68 0,73 0,94 1,07 0,76 1,18 VD 89 1,03 0,77 0,84 0,98 1,01 0,66 1,04 AM 348 1,45 0,82 1,02 1,16 1,80 0,78 1,18 AM 424 0,66 0,84 0,98 1,10 1,22 0,80 2,12 MÉDIA 0,89 0,72 0,85 1,00 1,17 0,64 1,29 Desvio-Padrão 0,29 0,15 0,14 0,43 0,07 0,23 0,65 Mediana 0,77 0,68 0,84 0,96 1,02 0,66 1,04 ESTRÓGENOS (E2 - pg/mL) FEMEAS OVINA RAÇA RABO LARGO - 28 - 44 MESES MATRIZ D 21 D 28 D 35 D 42 D 49 D 56 D 63 BR 153 9,73 8,45 7,25 6,04 6,84 9,09 6,52 VD 114 7,71 9,20 11,00 5,23 4,65 5,33 2,20 AM 355 0,35 0,26 0,10 0,47 1,02 2,06 0,10 VD 499 0,40 0,28 0,10 1,44 2,28 3,64 0,93 VD 89 4,28 3,02 6,04 3,13 5,18 6,22 3,28 AM 348 9,86 8,12 7,46 6,10 7,01 9,14 7,12 AM 424 6,12 4,82 3,66 2,03 3,64 6,44 5,34 MÉDIA 5,49 4,88 5,09 3,49 3,70 5,03 3,64 Desvio-Padrão 4,23 4,34 4,75 2,38 2,33 2,67 2,50 Mediana 4,28 3,02 6,04 3,13 4,65 5,33 2,20 57 Valores numéricos das dosagens hormonais de ovelhas nulíparas (marrãs) raça Rabo Largo. PLASMA CONCENTRATION ESTRADIOL (E2) pg/mL IN RABO LARGO GILTS SHEEP ANIMAL D0 (cio) D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 270 A 620 84 87 279 280 73 76 307 297 88 73 51 33 51 690 667 98 65 50 272 B 630 78 76 311 300 78 77 311 289 101 88 48 38 49 585 488 100 74 47 276 C 615 98 95 269 263 77 78 274 266 96 78 47 40 53 590 514 75 53 38 278 D 650 75 71 254 254 76 81 293 272 96 91 43 39 46 620 508 63 51 41 279 E 640 86 82 278 272 73 71 282 276 72 65 33 34 46 600 507 87 57 40 423 F 620 88 85 286 283 73 82 231 283 79 73 47 33 45 663 592 74 49 37 426 G 650 70 67 293 291 71 69 303 287 74 68 44 39 46 607 587 81 62 42 Média 632,14 82,71 80,43 281,43 277,57 74,43 76,29 285,86 281,429 86,57 76,57 44,71 36,57 48,00 622,14 551,86 82,57 58,71 42,14 PLASMA CONCENTRATIONS OF LUTEINIZING HORMONE (LH) ng/mL IN RABO LARGO GILTS SHEEP ANIMAL D0 (cio) D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 270 A 23 1,5 0,9 0,9 0,7 0,9 0,8 1.1 0,9 0,9 0,9 0,8 0,9 2,8 1,9 31 26 2,2 0,8 272 B 21 2,3 1,0 0,7 0,8 0,6 0,6 0,8 0,5 0,6 0,8 0,9 0,7 2,2 1,7 29 25 2,1 0,9 276 C 22 1,6 0,8 0,8 0,6 0,6 0,5 0,6 0,7 0,7 0,6 0,7 0,9 2,6 2,1 31 24 1,8 1,1 278 D 27 2,5 1,1 0,9 0,7 0,9 0,8 0,8 0,7 0,8 0,7 0,8 0,7 2,6 2,4 30 20 2,1 1,3 279 E 25 2,8 1,2 0,6 0,8 0,8 0,8 1,0 0,9 0,7 0,7 0,8 0,6 2,7 2,3 29 22 2,3 0,8 423 F 20 1,4 0,9 0,7 0,9 0,9 0,7 0,9 0,8 0,6 0,7 0,7 0,8 2,4 1,8 28 19 2,2 0,9 426 G 28 2,3 1,4 0,9 0,6 0,8 0,9 0,8 0,6 0,9 0,8 0,8 0,7 1,9 2 28 23 1,9 1,2 Média 23,71 2,06 1,04 0,79 0,73 0,79 0,73 0,82 0,73 0,74 0,74 0,79 0,76 2,46 2,03 29,43 22,71 2,09 1,00 58 PLASMA PROGESTERONE CONCENTRATION (P4) ng/mL IN RABO LARGO GILTS SHEEP ANIMAL D0 (cio) D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 270 A 0,21 0,24 0,22 0,52 0,41 0,63 0,68 0,88 1,08 1,32 1,43 1,54 1,84 1,87 2,12 1,66 1,02 0,54 0,44 272 B 0,32 0,35 0,31 0,49 0,42 0,66 0,71 0,87 1,05 1,38 1,52 1,65 1,77 1,88 2,19 1,85 1,13 0,49 0,37 276 C 0,27 0,31 0,27 0,49 0,51 0,72 0,74 0,82 1,10 1,22 1,34 1,76 1,81 1,89 2,03 1,16 0,97 0,48 0,41 278 D 0,34 O,36 0,35 0,53 0,46 0,61 0,69 0,83 1,07 1,41 1,64 1,67 1,76 1,85 1,94 1,65 0,91 0,55 0,36 279 E 0,33 0,42 0,47 0,58 0,52 0,68 0,70 0,88 1,09 1,39 1,52 1,67 1,73 1,76 1,84 1,54 1,34 0,57 0,25 423 F 0,41 0,38 0,36 0,58 0,61 0,63 0,77 0,97 1,04 1,35 1,42 1,46 1,78 1,84 1,97 1,64 1,26 0,59 0,21 426 G 0,35 0,32 0,24 0,52 0,54 0,64 0,74 0,92 1,18 1,33 1,37 1,73 1,86 1,95 2,22 1,73 1,07 0,53 0,44 Média 0,32 0,34 0,32 0,53 0,50 0,65 0,72 0,88 1,09 1,34 1,46 1,64 1,79 1,86 2,04 1,60 1,10 0,54 MÉDIA DAS DOSAGENS HORMONAIS FEMEAS OVINA (MARRÃS) RABO LARGO D0 (cio) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 P4 0,32 0,34 0,32 0,53 0,50 0,65 0,72 0,88 1,09 1,34 1,46 1,64 1,79 1,86 2,04 1,60 1,10 0,54 0,35 E2 632,14 82,71 80,43 74,43 76,29 285,86 281,43 86,57 76,57 44,71 36,57 48,00 82,57 58,71 42,14 LH 23,71 2,06 1,04 0,79 0,73 0,82 0,73 0,74 0,74 0,79 0,76 2,46 22,71 2,09 1,00 281,43 277,57 0,79 0,73 622,14 551,86 2,03 29,43 0,35