ISSN:1517-8595 volume 8, número 1, janeiro - junho, 2006 Universidade Federal de Campina Grande Centro de Tecnologia e Recursos Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.8, n.1, p.1-92, 2006 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.8, n.1, (2006). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2006. Campina Grande, Volume 8, Número 1, Janeiro-Junho, 2006. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: café. plantio, produção, grão cereja. Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 8, Número 1, Janeiro - Junho, 2006 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página DRYING CHARACTERISTICS AND KINETICS OF COFFEE BERRY (Características e cinética de secagem do café cereja) Paulo César Corrêa, Osvaldo Resende Deise Menezes Ribeiro .................................................................................................. 1 DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UM “MIX” DE POLPA CONGELADA À BASE DE CAJÁ (Spondias mombim L.) E GRAVIOLA (Annona muricata L.) (Development and sensorial evaluation of a frozen pulp blended of yellow mombim (Spondias mombim L.) and soursoup (Annona muricata L.) ) Renata Cristina Ferreira Bonomo, Joel Camilo de Souza Carneiro, Soraya Alves Batista, Demétrio César Rocha Pirajá, Rafael da Costa Ilhéu Fontan, Bruna Mara Aparecida de Carvalho, Amália Michele Gomes Costa, Arienilmar Araújo Lopes da Silva............................................................................................................................................................................... 11 ÂNGULO DE REPOUSO, ATRITO INTERNO E EFETIVO DOS GRÃOS DE CAFÉ COM PERGAMINHO (Angle of rest, effective and internal attrition of the grain coffe with parchment) Fabrício Schwanz da Silva, Paulo Cesar Corrêa, Carlito Calil-Júnior, Francisco Carlos Gomes ............................................ 17 ANÁLISE COMPARATIVA DE POLPAS DE PITANGA INTEGRAL, FORMULADA E EM PÓ (Comparative analysis of whole and formulated pulps and surinam cherry powder) Francisca Marta Nascimento de Oliveira, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz ............. 25 CINÉTICA DA PRODUÇÃO DO FERMENTADO DO FRUTO DO MANDACARU (Kinetics of mandacaru fruit wine production ) Mércia Melo de Almeida, Daniela Passos Simões de Almeida Tavares, Líbia de Sousa Conrado Oliveira, Flávio Luiz Honorato da Silva 35 SECAGEM DE CASULOS DO BICHO-DA-SEDA EM FLUXOS CRUZADOS: MODELAGEM, SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (Silkworm cocoon drying in cross flow: modeling, Simulation and experimentation) Antonio Gilson Barbosa de Lima, Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Sandoval Farias da Mata ..................................... 43 ATIVIDADE DE ÁGUA DO CAJÁ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES MATERIAIS DE PAREDE (Water activity of powdered caja microencapsuled with different wall materials ) Yvson Costa e Silva, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti, Camila Carol Abuquerque Oliveira, Manuel Adalberto Guedes ........................................................................... 53 CARACTERIZAÇÃO DA FIBRA DIETÉTICA OBTIDA DA EXTRAÇÃO DO SUCO DE LARANJA (Characterization of dietary fiber from orange juice extraction Rodicler Cerezoli Bortoluzzi, Cristiane Marangoni 61 QUALIDADE FISSIOLÓGICA DE SEMENTES DE JATOBÁ SUBMETIDAS A DIFERENTES TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS (Physiologic quality of seeds of jatobá submitted to different cryogenic temperatures) Danielle C. de Farias, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita M. Duarte, Anny Kelly V. de O. Lima ................ 67 COMPONENTES DE PRODUÇÃO E RENDIMENTOS DE BATATA-DOCE, EM FUNÇÃO DE DOSES DE ESTERCO DE BOVINO ( Fertilization with cattle manure on sweet potato culture in brejo paraibano) João Felinto dos Santos, Luciano de Medeiros Pereira Brito, José Ivan Tavares Granjeiro, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Maria Ednalva C. de Oliveira ....................................................................................................................................... 75 PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DAS DIMENSÕES E CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO EM SILOS (Computational program for the calculation of the dimensions and capacity of storage in silos) Luis Antonio Dantas, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Manuel Adalberto Guedes 83 CORRÊA, Paulo César; RESENDE Osvaldo; RIBEIRO Deise Menezes. Drying characteristics and kinetics of coffee berry. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006. BONOMO, Renata Cristina Ferreira; CARNEIRO, Joel Camilo de Souza; BATISTA, Soraya Alves; PIRAJÁ, Demétrio César Rocha; FONTAN, Rafael da Costa Ilhéu; CARVALHO, Bruna Mara Aparecida de; COSTA, Amália Michele Gomes; SILVA, Arienilmar Araújo Lopes da. Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa congelada à base de cajá (Spondias mombim L.) e graviola (Annona muricata L.) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.11-16, 2006. SILVA, Fabrício Schwanz da; CORRÊA, Paulo Cesar; CALIL-JÚNIOR, Carlito, GOMES, Francisco Carlos. Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.17-23, 2006. OLIVEIRA, Francisca Marta Nascimento de; FIGUEIRÊDO, Rossana Maria Feitosa de QUEIROZ, Alexandre José de Melo. Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-34, 2006. ALMEIDA, Mércia Melo de; TAVARES, Daniela Passos Simões de Almeida; OLIVEIRA, Líbia de Sousa Conrado; SILVA, Flávio Luiz Honorato da. Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru (kinetics of mandacaru fruit wine production ). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006. LIMA, Antonio Gilson Barbosa de; HOLANDA, Pedro Ronaldo Herculano de; MATA, Sandoval Farias da. Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: modelagem, simulação e experimentação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006. Costa e Silva, Yvson;. CAVALCANTI MATA, Mario Eduardo R. M.; DUARTE, Maria Elita Martins; CAVALCANTI, Anna Sylvia R. de R. M.; OLIVEIRA, Camila Carol Abuquerque; Guedes, Manuel Adalberto. Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006. BORTOLUZZI, Rodicler Cerezoli; MARANGONI, Cristiane. Caracterização da fibra dietética obtida da extração do suco de laranja. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.61-66, 2006. FARIAS, Danielle C. de; CAVALCANTI MATA, Mario Eduardo R. M.; Maria Elita M. DUARTE, LIMA. Anny Kelly V. de O. Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006. SANTOS, João Felinto dos; BRITO, Luciano de Medeiros Pereira; GRANJEIRO, José Ivan Tavares; ALMEIDA, Francisco de Assis Cardoso; OLIVEIRA, Maria Ednalva C. de. Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco de bovino. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-81, 2006. DANTAS Luis Antonio, ALMEIDA, Francisco de Assis Cardoso; CAVALCANTI MATA, Mário Eduardo R. M.; DUARTE, Maria Elita Martins; GUEDES Manuel Adalberto. Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.83-89, 2006. DRYING CHARACTERISTICS AND KINETICS OF COFFEE BERRY (Características e cinética de secagem do café cereja) Paulo César Corrêa, Osvaldo Resende Deise Menezes Ribeiro DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UM “MIX” DE POLPA CONGELADA À BASE DE CAJÁ (Spondias mombim L.) E GRAVIOLA (Annona muricata L.) (Development and sensorial evaluation of a frozen pulp blended of yellow mombim (Spondias mombim L.) and soursoup (Annona muricata L.) ) Renata Cristina Ferreira Bonomo, Joel Camilo de Souza Carneiro, Soraya Alves Batista, Demétrio César Rocha Pirajá, Rafael da Costa Ilhéu Fontan, Bruna Mara Aparecida de Carvalho, Amália Michele Gomes Costa, Arienilmar Araújo Lopes da Silva ÂNGULO DE REPOUSO, ATRITO INTERNO E EFETIVO DOS GRÃOS DE CAFÉ COM PERGAMINHO (Angle of rest, effective and internal attrition of the grain coffe with parchment) Fabrício Schwanz da Silva, Paulo Cesar Corrêa, Carlito Calil-Júnior, Francisco Carlos Gomes ANÁLISE COMPARATIVA DE POLPAS DE PITANGA INTEGRAL, FORMULADA E EM PÓ (Comparative analysis of whole and formulated pulps and surinam cherry powder) Francisca Marta Nascimento de Oliveira, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz CINÉTICA DA PRODUÇÃO DO FERMENTADO DO FRUTO DO MANDACARU (Kinetics of mandacaru fruit wine production ) Mércia Melo de Almeida, Daniela Passos Simões de Almeida Tavares, Líbia de Sousa Conrado Oliveira, Flávio Luiz Honorato da Silva SECAGEM DE CASULOS DO BICHO-DA-SEDA EM FLUXOS CRUZADOS: MODELAGEM, SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (Silkworm cocoon drying in cross flow: modeling, Simulation and experimentation) Antonio Gilson Barbosa de Lima, Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Sandoval Farias da Mata ATIVIDADE DE ÁGUA DO CAJÁ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES MATERIAIS DE PAREDE (Water activity of powdered caja microencapsuled with different wall materials ) Yvson Costa e Silva, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti, Camila Carol Abuquerque Oliveira, Manuel Adalberto Guedes CARACTERIZAÇÃO DA FIBRA DIETÉTICA OBTIDA DA EXTRAÇÃO DO SUCO DE LARANJA (Characterization of dietary fiber from orange juice extraction Rodicler Cerezoli Bortoluzzi, Cristiane Marangoni QUALIDADE FISSIOLÓGICA DE SEMENTES DE JATOBÁ SUBMETIDAS A DIFERENTES TEMPERATURAS CRIOGÊNICAS (Physiologic quality of seeds of jatobá submitted to different cryogenic temperatures) Danielle C. de Farias, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita M. Duarte, Anny Kelly V. de O. Lima COMPONENTES DE PRODUÇÃO E RENDIMENTOS DE BATATA-DOCE, EM FUNÇÃO DE DOSES DE ESTERCO DE BOVINO ( Fertilization with cattle manure on sweet potato culture in brejo paraibano) João Felinto dos Santos, Luciano de Medeiros Pereira Brito, José Ivan Tavares Granjeiro, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Maria Ednalva C. de Oliveira PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DAS DIMENSÕES E CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO EM SILOS (Computational program for the calculation of the dimensions and capacity of storage in silos) Luis Antonio Dantas, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Manuel Adalberto Guedes Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 ISSN 1517-8595 1 DRYING CHARACTERISTICS AND KINETICS OF COFFEE BERRY Paulo César Corrêa1, Osvaldo Resende2, Deise Menezes Ribeiro3 ABSTRACT The objectives of this work were to verify the temperature effect on coffee berry drying and to determine the effective diffusivity coefficient of moisture transfer during their processing under different drying air conditions. The diffusivity coefficient was determined through the analytical solution according to Fick’s second law. It can be concluded that the Verna and Page models represented better the coffee fruit drying phenomenon. The effective diffusivity coefficient for the coffee fruits found were 2.91 x 10-10; 3.57 x 10-10 and 4.96 x 10-10 m s-1 for the drying air temperatures of 40°, 50° and 60°C, respectively. Keywords: Coffee berry drying, mathematical models, moisture diffusivity CARACTERÍSTICAS E CINÉTICA DE SECAGEM DO CAFÉ CEREJA RESUMO O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da temperatura na secagem do café cereja e determinar a difusividade efetiva de transferência de massa durante seu processo sob diferentes condições de secagem do ar. O coeficiente de difusividade foi determinado através da solução analítica que está de acordo com a segunda lei de Fick. Pode-se concluir que os modelos de Verna e de Page representam melhor o fenômeno de secagem do café cereja. O coeficiente de difusividade efetiva encontrado para o café cereja foi de 2.91x10-10; 3.57 x 10-10 e 4.96 x10-10 m s-1 para as temperaturas do ar de secagem de 40°, 50° e 60°C, respectivamente. Palavras-chave: Secagem do café cereja, modelos matemáticos, difusividade INTRODUCTION Drying operation is one of the most important steps in the coffee post harvesting processing. The use of natural sun drying process of coffee in terraces is still very common among the coffee producers However it requires high labor, it is a time requiring operation and on dependency on the climatic conditions. As the coffee production increases the sun drying operation in terraces happen to be problematic in terms of coffee production operation and the mechanical drying becomes a need due to the possibility of advancing the harvesting operation, allowing to harvest better coffee in terms of quality and quantity and make possible to destine usable areas for other activities. The agricultural product conservation through the drying process is based on the fact that the microorganisms or enzymes and all metabolic mechanism need water for their activities. Reducing the available water down to the safe storage level the water activities, the chemical reactions and the microorganism development are slowed down (Christensen and Kaufmann., 1974). ___________________ Protocolo 811 de 20/06/2006 1 Assoc. Prof., Agricultural Engineering Dept., Federal University of Viçosa, UFV, Viçosa, MG, Brazil, phone:55 31 3891 2Simal, et al., 19960, E-mail: [email protected] 2 Doctorate grad student in Agricultural Engineering., Scholarship from CAPES, Federal University of Viçosa, UFV, Viçosa, MG, Brazil, E-mail: [email protected] 3 Doctorate grad student in Agricultural Engineering., Scholarship from CAPES, Federal University of Viçosa, UFV, Viçosa, MG, Brazil E-mail: [email protected] 2 Drying characteristics and kinetics of coffee berry Drying process can be defined as simultaneous process of heat and mass transfer between the product to the drying air that consists on excess moisture content removal from the product by means of evaporation process, generally caused by heated air convection forces with the objective for maintain the product quality during the storage. Several factors affect the coffee drying process such as: the drying method, the drying air temperature and the relative humidity, the drying air velocity and the drying time. The study of the drying system, its design, optimization, its feasibility for an application for commercial use could be obtained through the mathematical simulations. For simulation, which is based on principle of successive thin layer drying, it is used a mathematical model that represents satisfactory the water loss during the drying process (Berbert et al., 1995); although the coffee thin layer drying curves vary with the specie, variety, environmental conditions and post harvest processing methods among others. In the literature, different mathematical models to describe the thin layer drying are proposed by several authors for different products are reported. Frequently the semi theoretical models are much easier to use but their applications are restricted and valid only in the range of drying air temperature, relative humidity, air velocity and moisture content of the product led during the experiment. Among the thin layer drying models the most frequently used are: Exponential, Henderson & Pabis, Two terms, Lewis, Page, Adapted Thompson, Wang and Sing (Mohapatra and Rao, 2005). Those models do not furnish indications of energy and water transport phenomena in the interior of the grains, however they generally are based on Cooling Newton’s Law for heat transfer by convection, assuming that, during the drying the process conditions are maintained isotherm and the moisture transfer occurs strictly on the surface of the product (Incropera and Dewitt, 1992). Recently several works have being done in order to describe the drying process Corrêa et. al. of different agricultural products by the use of mathematical models, such as: edible black beans (Afonso Júnior e Corrêa, 1999), wheat (Sun and Woods, 1994), parboiled wheat (Mohapatra and Rao, 2005), rough rice (Basunia and Abe, 2001), grape (Yaldiz et al., 2001; Ramos et al., 2004; Ramos et al., 2005), peper ( KaymakErtekin, 2002; Akpinar et al. 2003), peach (Madamba, et al., 1996), among others. Some authors could obtain satisfactory the correlation of the model’s parameters adjusted to the drying air temperature and relative humidity during the modeling and the simulation of agricultural products drying (Madamba, et al., 1996; Afonso Júnior e Corrêa, 1999; Ozdemir and Devres, 1999.; Mohapatra and Rao, 2005). The moisture movement within the solid can be explained through specific mechanisms. Several authors have being proposed that the main mechanism of moisture movement is the liquid diffusion (Fortes and Okos, 1980; Geankoplis, 1983). The diffusion occurs in solids with thin structures, in the capillary, in the pores and in small orifices full of vapor. However the diffusion theory do not consider the shrinkage or the skin hardening and the sorption isotherms (Barbosa-Cánovas and Veja-Mercado, 2000). Therefore the objective of this work was to verify the temperature effect on coffee fruit drying, to obtain and to model the thin layer drying, also for determining the effective diffusivity coefficient and the activation energy during the coffee drying under different drying air temperature and relative humidity conditions. MATERIAL AND METHODS This work was performed in the Laboratory of Physical Properties and Quality Evaluation of Agricultural Products of National Storage Training Center (CENTREINAR), located in the Federal University of Viçosa campus, Viçosa, MG, Brazil. It was used the “Mundo Novo” cultivar coffee fruits, harvested (hand picked) and pre-dried (sun drying) in Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 Drying characteristics and kinetics of coffee berry concrete covered terraces until de moisture content came down to approximately 20% d.b. Then the coffee fruits were dried in a laboratory scale mechanical drier under the drying air temperatures of 40°, 50° and 60°C and corresponding Relative Humidity of 22%, 14% and 7%. For monitoring the drying process, samples of 30g were taken after 0.5; 1; 2; 4; 6; 8 and 10 hours after the drying operation started. The moisture content was determined in air oven until constant weight was achieved. A Psicrometer was used for monitoring the Relative Humidity and the Drying Air Temperature calculated by the use the software “Umigrapsi” (Mello and Corrêa, 1993) through the dry-bulb and wet-bulb temperatures. For determining the Moisture Ratio of the coffee fruit drying under different air Designation of the model Exponential Page Adapted Thompson Newton conditions the following expression was used: X - Xe (1) MR Xi - X e where: MR : Moisture Ratio of the product, non dimensional; X : Moisture content of the product, decimal, (d.b.); Xi : Initial Moisture content, decimal, (d.b.); Xe : Equilibrium Moisture content, decimal, (d.b.) Coffee thin layer drying experimental data were adjusted to the most common mathematical models for representing the agricultural product drying (Afonso Júnior e Corrêa,1999; Akpinar et al., 2003; Ertekin and Yaldiz, 2004; Lahsasni, et al., 2004): Model Autor MR exp(k t) 0,5 MR = exp -a- a 2 4 b t (Akpinar et al. 2003) (Barbosa-Cánovas and Veja-Mercado, 2000) MR exp k t N MR exp k t 2 b (Basunia and Abe, 2001) (Berbert et al., 1995) Henderson & Pabis MR a exp k t Verna MR a exp k t 1 a exp k 1 t where: t: drying time, s; k and k1 : drying constant , s-1 ; a, b, N : model constants In order to adjust to the mathematical models a non-linear regression analysis was performed through Quasi-Newton method through a computational program named “Statistica 5.0”. The degree of the adjustment of the model it was considered the adjusted coefficient of determination (R2), the magnitude of the relative mean 3 Corrêa et. al. (Brooker et al., 1992) (Christensen and Kaufmann., 1974) error (P), the estimated mean error (SE) and by verification of the residues distribution behavior. The relative mean errors and the estimated errors, for each model, were calculated according to the following expressions: ˆ 100 Y-Y P= Y n (8) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 4 Drying characteristics and kinetics of coffee berry SE= Y-Yˆ 2 (9) DF Corrêa et. al. X 2 - Xe e2k Xo - Xe (11) For t = 8 hours: where: Y : experimental values observed Ŷ : value estimated through the model; n : number of experimental observations; DF: degree of freedom (number of observations minus the number of the parameters of the model). The effective diffusivity coefficient generally increases as the drying air temperature increases (Ramesh, 2003) and it was determined by analytical method according to the Fick’s Second Law assuming the coffee fruit geometric shape a sphere (Brooker et al., 1992), with eight terms approximation and the initial equivalent radius of the coffee grain adopted was 0.0115 m according to Afonso Júnior and Corrêa (1999) assuming it constant during the entire drying process. Also, the Arrhenius equation (Equation 10) was used for evaluating the temperature influence on the coefficient values. - Ea D = Do exp R Ta (10) where: X 2 Xe e6k X8 X e (13) For t = 4 hours: X 4 Xe e4k Xo Xe For t = 10 hours: X10 Xe e10k Xo Xe (14) (15) Dividing Equation 14 by Equation 15, the result is: X 4 Xe e6k X10 Xe (16) (17) Finally: the Due to the scarce information about equations and Equilibrium Moisture Content of coffee fruits an analytical method was chosen for calculating the Equilibrium Moisture Content from the drying curves obtained in this experiment: For t = 2 hours: Dividing Equation 11 by Equation 12, the result is: X 2 Xe X 4 Xe = X8 Xe X10 X e RESULTS AND DISCUSSION of (12) Making Equation 13 equal to Equation 16: Do : pre-exponential factor; Ea : Activation energy, kJ mol-1; R : Gas Constant, 0.008314 kJ mol-1 K-1; Ta : Absolute Temperature, K Analytical determination equilibrium moisture content X8 - X e e8k Xo - Xe X8 X 4 X 2 X10 (18) X8 X 4 X 2 X10 Then, analytically, the Equilibrium Moisture Content values obtained were 11.74, 8.Simal, et al., 1996 and 7.83 (% d.b.) for the drying air temperatures of de 40°, 50° and 60°C, respectively. Xe Drying curves The effect of the three thin drying conditions on the coffee berry drying curves Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 Drying characteristics and kinetics of coffee berry is presented in Figure 1. It can be observed that the constant drying rate period could not be detected under the tested conditions but only the increasing drying rate period was detected. This period occurs when the drying rate is not constant and it decreases due to the water activity reduction on the grain surface. So that, the drying rate is governed due to the intense internal water and vapor flow (Barbosa-Cánovas and Veja-Mercado, 2000). Mathematical modeling Moisture Ratio (decimal) . The values of Coefficient of Determination (R2), the mean relative error (P) and the estimated errors (SE) and the tendency of the residues distribution for the analyzed models, during the coffee berry drying, under different Temperature and Relative Humidity conditions, are presented in the Table 1 and 2, respectively. In the Table 1, it can be observed that for the three combinations of Temperature and Relative Humidity in thin drying coffee berry, the analyzed models presented low 5 Corrêa et. al. estimate mean errors (SE). The magnitude of the lower mean error (P) was close to 10% indicating that, according to (Mohapatra and Rao, 2005), a good experimental data adjustment. However only the Verna and Page models presented for all studied drying conditions, presented the Coefficient of Determination higher than 98% (Table 1), assumed satisfactory the phenomenon study according to (Mohapatra and Rao, 2005). Also it can be observed through the Table 2 that these models presented a random residues distribution for three drying conditions. So the selection and recommendation of the best model were based on its simplicity and the number of coefficients. Among these models, the Page model was selected for representing the coffee fruit thin-drying phenomenon due to its application simplicity and traditionally it is recommended and applied to predict the drying phenomenon of several agricultural products (Ramos et al., 1993/1994; Afonso Júnior e Corrêa, 1999). 1,0 40°C and 22% 50°C and 14% 0,8 60°C and 7% 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 Time (hours) 8 10 Figure 1: Moisture ratio during the coffee berry drying under different conditions of Temperature and Relative Humidity. In the Table 3 are presented the Page model coefficients adjusted for different coffee fruit drying air temperatures. It can be observed in the Table 3 that the drying constant “k” decreases exponentially as the drying air temperature increases in which the influence of this variable in the coffee fruit drying process can be described according to the Equation 19. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 6 Drying characteristics and kinetics of coffee berry k = 0.0075 exp(-0.0489 T) R2 = 99.96% (19) 2 R = 99.09% where: T: drying air temperature, °C. Also it can be verified that the coefficient “n” of the Page model increased linearly with the increase of the drying air temperature, which could be estimated through the following expression, within the drying temperature rage in this study. n = 0.4008 + 0,0069 T Corrêa et. al. (20) Therefore, using the Page model with its coefficients in function of the temperature, the moisture content of the coffee fruit during the thin drying process can be estimated through the following expression: 0.4008+0.069T X t =Xe + Xi - Xe exp 0.0075 exp -0.0489 T t (21) where: X t : Product moisture content at time t, (% d.b.); t : drying time, s. Table 1 - Coefficient of Determination (R2), relative mean error (P) and estimated mean error (SE), for the analyzed models during the coffee berry drying under different drying air temperatures Drying air temperature Model 40°C 50°C R2 (%) P (%) SE R2 (%) P (%) SE R2 (%) Exponencial 92,28 11,23 0,0751 97,46 8,51 0,0473 99,51 Page 98,03 4,00 0,0410 99,52 5,00 0,0221 99,00 Adapted 98,19 4,49 0,0392 99,25 5,13 0,027 99,56 Thompson Newton 92,28 11,07 0,0812 97,46 8,51 0,0511 99,53 Henderson 94,85 8,62 0,0663 98,76 5,15 0,0357 99,64 & Pabis Verna 98,39 3,83 0,0370 99,78 2,48 0,0148 99,75 60°C P (%) 6,29 11,27 SE 0,0244 0,0375 3,90 0,0248 5,32 0,0255 4,40 0,0222 3,68 0,0185 Table 2 – Residues distribution behavior, tendeciousness or randomness for the analyzed models during the coffee berry drying process under different drying conditions Models Exponential Page Adapted Thompson Newton Henderson & Pabis Verna 40°C Tendentious Random Random Tendentious Tendentious Random Residues Distribution 50°C Tendentious Random Tendentious Tendentious Tendentious Random 60°C Tendentious Random Random Random Random Random Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 Drying characteristics and kinetics of coffee berry 7 Corrêa et. al. Table 3 – Page model adjusted coefficients for coffee fruit thin drying under drying air temperatures of (40°, 50° and 60°C) Temperatura (°C) 40 50 60 k 0.00109 0.00061 0.00041 n 0.67701 0.74873 0.81522 In the Figure 2 are presented the observed values of the moisture content and the estimated moisture contents calculated through the Page model (Equation 21) for coffee fruit thin drying under different conditions. Moisture content (%d.b.) . 25 Experimental 40 ºC Experimental 50ºC Experimental 60ºC Estimated 20 15 10 5 0 2 4 6 8 10 12 Drying Time (hour) Fig. 2 – Observed moisture content and estimated moisture content calculated by Page model for coffee berry thin drying process for the temperatures of 40, 50 and 60°C. D x 10 -10 2 -1 (m s ) 6,0 5,0 4,0 R2 = 0.96 3,0 2,0 30 40 50 60 70 Temperature °C Figure 3 – Effective Diffusivity Coefficient of the coffee fruit during the thin drying under different drying air temperatures. Determination of the effective diffusivity coefficient and the activation energy. the coffee fruits under different thin drying conditions obtained through the following expression: In the Figure 3 are presented the effective diffusivity coefficient values of Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 9 MR Corrêa et. al. Drying characteristics and kinetics of coffee berry 6 1 n 2 π 2 D t 3 2 (22) 9 r n 2 exp π2 n 1 where: D : Effective Diffusivity Coefficient of the liquid, m2 s-1; r : initial equivalent radius, m; n : number of terms. Analyzing the results it can be observed that the Effective Diffusivity Coefficient for coffee fruit thin drying was 2.91 x 10-10; 3.57 x 10-10 e 4.96 x 10-10 m s-1 for the temperatures of 40°, 50° and 60°C, respectively. The calculated values of the Effective Diffusivity Coefficients are consistent to those found in the literature for agricultural product drying according to (Madamba, et al., 1996) which is in the magnitude of 10-11 to 10-9 m2 s-1. These values increased sensibly as the drying air temperature increased corroborating with the results obtained by (Doymaz, 2005b)) found for okra that varied between 4.Simal, et al., 1996 x 10-10 to 1.30 x 10-9 m s-1 in the temperature range of 50° to 70°C. The dependency of the Effective Diffusivity Coefficient in relation to the drying air temperature is satisfactorily described by Arrhenius relationship (Ramesh, 2003; Doymaz, 2005a; Doymaz, 2005b), represented in the Figure 4. The linearity illustrated in the Figure 4 becomes evident the uniformity and constancy of the drying rate variation within the range of the experiment. The equation 23 represents the coefficients of the Arrhenius adjusted for the Effective Diffusivity Coefficient of the coffee fruits. 22.619 D 2.041 106 exp R Ta (23) It can be observed that the activation energy for water diffusion in the coffee fruits during their drying process was 22.619 kJ mol-1 for temperature range of 40° to 60°C. In the drying process, as low is the activation energy, higher will be the water diffusivity in the product. (Zogzas et. al., 1996.) reported that the activation energy for the agricultural products varied between 12.7 to 110 kJ.mol-1. In the Table 4 are presented the activation energy values found in the literature for different products. It can be observed that the activation energy for the water diffusion in the coffee fruits was lower than those found in the literature, in the range of the temperature worked. -21,0 R2 = 0.98 ln D -21,5 -22,0 -22,5 29 30 31 1/T x 104 (K-1) 32 33 Figure 4 – Arrhenius representation for the diffusion coefficient (D) during the coffee fruit thin drying. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 Drying characteristics and kinetics of coffee berry Table 4 – Activation energy for different products Product Activation Energy (kJ mol-1) Green peas 28.40 Green bean 39.47 Green bean 35.43 Soybean 28.80 Carrot 28.36 CONCLUSIONS Based on presented results it can be concluded that the Page and Verna models, within those tested, are that best represent the coffee fruit thin drying phenomenon but the traditional Page model was selected for describing the coffee fruit thin drying kinetics. The Effective diffusivity coefficients for coffee fruits are 2.91 x 10-10; 3.57 x 1010 and 4.96 x 10-10 m s-1, for the temperatures of 40°, 50° and 60°C respectively. The activation energy for the water diffusion in the coffee fruits during the drying process are 2.91 x 10-10; 3.57 x 10-10 and 4.96 x 10-10 m s-1, in the temperature range from 40° to 60°C. ACKNOWLEDGMENT The authors thank the CAPES, CNPq and FAPEMIG for the financing support essential for conducting the present work. BIBLIOGRAPHY Afonso Júnior, P.C.; Corrêa, P.C. Comparação de modelos matemáticos para descrição da cinética de secagem em camada fina de sementes de feijão. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, Brazil, v.3, n.3, p.349-353, 1999. Akpinar, E.K.; Bicer, Y.; Yildiz, C. 2003. Thin layer drying of red pepper. Journal of Food Engineering, v.59, p.99-104. Barbosa-Cánovas, G.V.; Veja-Mercado, H. 2000, Deshidratación de alimentos. Ed., Acribia S.A. 297p. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.1-10, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.11-15, 2006 ISSN 1517-8595 11 DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UM “MIX” DE POLPA CONGELADA À BASE DE CAJÁ (Spondias mombim L.) E GRAVIOLA (Annona muricata L.) Renata Cristina Ferreira Bonomo1, Joel Camilo de Souza Carneiro2, Soraya Alves Batista3, Demétrio César Rocha Pirajá4, Rafael da Costa Ilhéu Fontan5, Bruna Mara Aparecida de Carvalho6, Amália Michele Gomes Costa7, Arienilmar Araújo Lopes da Silva8 RESUMO Devido ao aumento no consumo de sucos processados e polpas de frutas congeladas, e a disponibilidade de frutas tropicais como a graviola e o cajá na região sudoeste da Bahia, elaborou-se neste trabalho, um “mix” de polpa congelada a partir dessas duas frutas. Foram elaboradas três formulações de polpa, com as seguintes proporções de polpa de graviola e cajá – 3:2, 1:1 e 2:3. Avaliou-se a preferência e aceitação dos diferentes “mix”, apresentados aos provadores na forma de suco pronto para consumo, observando-se que os consumidores não foram capazes de diferenciar (P > 0,05) as três formulações. Os escores médios de aceitação se situaram entre os termos hedônicos “gostei ligeiramente” e “gostei moderadamente”, indicando uma boa aceitação para os sucos das três formulações de polpa e demonstrando o seu potencial como novo produto no mercado. Além disso, a possibilidade de alterações na proporção de polpa de graviola e cajá sem perda de qualidade sensorial pode levar à redução de custos de produção, dada a sazonalidade que a matéria-prima apresenta. Palavras chaves: graviola, Annona muricata, cajá, Spondias mombim, polpa congelada, avaliação sensorial. DEVELOPMENT AND SENSORIAL EVALUATION OF A FROZEN PULP BLENDED OF YELLOW MOMBIM (Spondias mombim L.) AND SOURSOUP (Annona muricata L.) ABSTRACT Due to increase in the consumption of processed juices and frozen fruit pulps, and the facility in obtain tropical fruits as the soursoup and the yellow mombim in the southwest region of Bahia, it was developed in this work, a blend of frozen pulp from those two fruits. Three pulp formulations were developed, with the following proportions of soursoup and yellow mombim pulps 3:2, 1:1 and 2:3. The preference and acceptance of different blends were verified, been the samples presented in the form of sweetened juice. The panelists were not capable to differentiate (P > 0,05) the three formulations. The medium scores of acceptance located among the hedonic terms "liked lightly" and I "liked moderately", indicating a good acceptance for the juices of the three pulp formulations and demonstrating its potential as a new product in the market. Besides, the possibility of alterations in the proportion of soursoup and yellow mombim pulps without loss of sensorial quality can take to the reduction of production costs, given the seasonality that the raw material presents. Keywords: soursoup, Annona muricata, yellow mombim, Spondias mombim, frozen pulp, sensorial evaluation. ____________________ Protocolo 825 de 20/08/2005 1 Professora Doutora do Departamento de Tecnologia Rural e Animal, , Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 2 Professor Doutor do Departamento de Tecnologia Rural e Animal, , Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 3 Graduanda em Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 4 Graduando em Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: pirajá@ig.com 5 Professor Mestre do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais, , Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 6 Graduanda em Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 7 Graduanda em Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail: [email protected] 8 Professor Doutor do Departamento de Tecnologia Rural e Animal, , Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), CEP45700-000, Itapetinga-BA, Brasil. Fone (077) 3261-8659, e-mail:[email protected] 12 Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa congelada à base de cajá e graviola INTRODUÇÃO O consumo de sucos processados vem aumentando a cada dia, motivado pela falta de tempo da população em preparar suco das frutas in natura, pela praticidade que tais produtos oferecem e pela substituição ao consumo de bebidas carbonatadas devido ao seu valor nutritivo e preocupação com o consumo de alimentos mais saudáveis (Matsuura e Rolim, 2002). Com interesse de atender aos anseios da população em relação ao sabor, textura e valor nutricional de sucos, muitas vezes são utilizados “mix”, em que características de dois ou mais tipos de frutas são combinadas para se produzir um produto com características peculiares. É o caso do “mix” de suco de caju e extrato de guaraná produzido por SOARES et al. (2001) e do “mix” de sucos de abacaxi e acerola produzido por (Matsuura e Rolim (2002), sendo este último produzido com o interesse de unir a alta aceitação do suco de abacaxi com o elevado teor de vitamina C do suco de acerola. Segundo Jagtiani et al. (1988), os sucos de frutas tropicais, antes consumidos apenas nos países de origem, têm se tornado mais familiares em zonas temperadas. Dentre as opções de comercialização, a forma de polpa de fruta congelada vem ganhando grande popularidade, devido à facilidade de uso, e longo período de conservação (Oliveira et al., 1999). De acordo com Arkcoll (1990) algumas das espécies frutíferas tropicais com potencial comercial são a graviola (Annona muricata L.), o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), o cajá (Spondias mombim L.) e o araçá-boi (Eugenia stipitata). Dentre estas frutas, destacam-se com crescente produção no semi-árido da região sudoeste da Bahia, o cultivo da graviola e do cajá, dadas às condições climáticas e o crescente incremento de tecnologia agrícola que a região apresenta. A gravioleira (Annona muricata L.), da família Annonaceae, é uma das importantes frutíferas cultivadas no Nordeste brasileiro, sendo seus frutos utilizados na fabricação de suco, sorvetes, compotas, geléias e doces (Sacramento et al., 2003). Seu fruto, a graviola, é o maior do gênero Annona, com peso entre 1,5 e 10 kg dependendo da variedade. É recoberto de espinhos suaves possui coloração externa variando de verde escuro a verde claro brilhante, de acordo com o grau de maturação. A polpa é branca, macia, fibrosa, aromática, agradável ao paladar, doce, mas ligeiramente ácida. A colheita dos frutos se dá ao longo do ano inteiro, com Bonomo et al. picos de produção nos meses de junho a setembro (Bandeira et al., 2003). O cajá, como é conhecido na região Nordeste (também chamado de taperebá no Norte e cajá-mirim no Sul e Sudeste), é o fruto da cajazeira (Spondias mombim L.), árvore da família das Anacardiáceas amplamente disseminadas no Brasil. É um fruto tropical com crescente valor de mercado, principalmente no Nordeste brasileiro, onde ocupa lugar de destaque na produção e comercialização de polpa, dada a excelente qualidade sensorial que apresenta (Pinto et al., 2003). Os frutos, com maior produção nos meses de janeiro a abril, são pequenos, ovóides, com a casca lisa de cor amarela quando madura, sendo a polpa da mesma cor. É muito utilizado na produção geléias, compotas, refrescos, sorvetes e licores (Dias et al., 2003). O cajá é ainda uma excelente fonte de próvitamina A, apresentando um teor maior que o encontrado no caju, goiaba e alguns cultivares de mamão e manga (Rodriguez-Amaya e Kimura, 1988). No presente trabalho foram elaborados “mix”, em três proporções, de polpa congelada de graviola e cajá, verificando-se a aceitação do produto na forma de suco. A escolha de tais frutas foi baseada na disponibilidade de matéria-prima na região sudoeste do Estado da Bahia, buscando-se uma alternativa para a produção agroindustrial da região. MATERIAL E MÉTODOS Produção do “mix” de polpa Para a produção do “mix” de polpa congelada, foram utilizados frutos de cajá da variedade mirim e de graviola da variedade “blanca”, colhidos na região sudoeste da Bahia e adquiridos no mercado livre de Itapetinga-BA. Para tanto, foram selecionados os frutos maduros, sadios e não danificados. Os frutos foram lavados em água corrente, submetidos à sanitização da superfície externa por imersão em solução de cloro ativo a 25 mg.kg-1 durante 10 minutos, seguido de novo de enxágüe em água corrente devidamente tratada. Em seguida procedeu-se à extração da polpa, fazendo-se a remoção da casca e sementes, e uniformizando a polpa em um multiprocessador de alimentos doméstico, sem adição de água. O produto resultante foi então peneirado para a remoção de partes grosseiras e impurezas, obtendo-se as polpas dos frutos em questão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.11-15, 2006 Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa congelada à base de cajá e graviola Obtidas as polpas puras de cajá e graviola, foram elaboradas então três formulações diferentes de polpa “mix”, nas seguintes proporções de graviola:cajá – 3:2 (formulação A); 2:3 (B) e 1:1 (C). Os “mix” produzidos foram então embalados e congelados para posterior preparo dos sucos e avaliação sensorial dos mesmos. Avaliação sensorial Preparo das amostras Para a avaliação sensorial dos “mix” produzidos foram preparados três diferentes sucos, a partir das formulações congeladas. Cada suco foi formulado com uma parte de polpa para cada três partes de água, sendo todas as formulações igualmente adoçadas com açúcar cristal e imediatamente refrigeradas a 8ºC para posterior avaliação. Avaliação sensorial Foram realizados os testes afetivos de ordenação e aceitação, no Laboratório de Análise Sensorial da UESB, campus Itapetinga. Para os dois testes, realizados em seqüência, foram utilizados 37 provadores, não-treinados, que analisaram as diferentes amostras em cabines individuais, sob luz branca. Em ambos os testes as amostras foram apresentadas em uma única seção, de maneira aleatorizada, em copos plásticos de 25 mL. No teste de ordenação, foi pedido aos provadores que ordenassem as amostras de acordo com a sua preferência, atribuindo o valor 1 (um) para a amostra menos preferida e o valor 3 (três) para a amostra mais preferida. As amostras foram codificadas com números aleatórios de três dígitos, sendo o número 135 cor- Bonomo et al. 13 respondente à formulação A, 403 para a formulação B e 671 para a formulação C. Para o teste de aceitação, foi utilizada uma escala hedônica de nove pontos, com extremos em (1) “desgostei extremamente” e (9) “gostei extremamente”, com a qual os provadores expressavam o quanto gostaram/desgostaram das amostras. A codificação das amostras foi feita com algarismos de três dígitos aleatorizados, diferentes dos utilizados no teste de ordenação. Foi atribuído o código 571 para a formulação A, 643 para a formulação B e 110 para a formulação C. Análise estatística Os resultados obtidos no teste de ordenação foram tratados pelo Método de Friedman, a 5% de probabilidade (P < 0,05) utilizando-se o software SAEG® (Ribeiro Júnior, 2001), sendo o valor da diferença mínima significativa (dms) para a soma de ordens igual a 21. Para o teste de aceitação, os dados obtidos foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA), com um nível de signifcância, , igual a 5% utilizando-se o software SAEG® (Ribeiro Júnior, 2001), além de se determinar a distribuição de freqüência dos escores de aceitação. RESULTADOS E DISCUSSÃO No teste de ordenação, as somas de ordens obtidas para os diferentes “mix”, bem como o resultado obtido a partir do Teste de Friedman, são apresentados na Tabela 1. Verificou-se que não houve diferença entre as formulações a 5% de probabilidade, sendo os provadores incapazes de distinguir entre as diferentes formulações nas amostras apresentadas qual foi a preferida. Tabela 1 - Resultados obtidos para o teste de ordenação dos “mix” de cajá-graviola. Código Formulação Soma 671 C 77 a 403 B 75 a 135 A 71 a Somas seguidas de uma mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Friedman a 5% de probabilidade. E para o teste de aceitação, o teste de ANOVA (Tabela 2) dos dados obtidos mostrou que não houve diferença significativa (P > 0,05) entre as três formulações de suco de graviola e cajá, demonstrando igual aceitação entre diferentes amostras por parte dos provadores. Observa-se na Tabela 3, que as médias obtidas para as diferentes formulações dos “mix” os colocam em um nível de aceitação entre “gostei ligeiramente” e “gostei moderadamente” na escala hedônica, o que demonstra boa aceitação de todas as amostras. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.11-15, 2006 Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa congelada à base de cajá e graviola 14 Tabela 2 - ANOVA para o teste de aceitação para os diferentes “mix” de polpas de graviola e cajá. FV GL QM F P (F > f) Formulações 2 3,595 1,856 0,1638ns Provadores 36 4,516 2,331 0,0011* Resíduo 72 1,938 Total 110 ns não significativo a 5 % de probabilidade pelo teste F. * significativo a 5 % de probabilidade pelo teste F. Tabela 3 - Médias obtidas para os “mix” de polpa de graviola e cajá. Formulação A C B Proporção graviola:cajá 3:2 1:1 2:3 Média 6,89 6,54 6,27 Na Figura 1, é apresentada a aceitação das três formulações de “mix”. Verifica-se que Bonomo et al. cerca de 76,6% dos escores de aceitação estão situados entre as notas 6 e 9. O fato dos provadores não conseguirem distinguir as diferentes formulações testadas e demonstrarem boa aceitação por todas as amostras pode ser de grande interesse para as agroindústrias produtoras de sucos e polpas congeladas de frutas. Além de uma nova opção de produto a ser lançado no mercado, a composição do “mix” de polpa de fruta congelada de graviola e cajá poderia ser alterada ao longo do ano, dentro de padrões permitidos na legislação vigente, sem perdas na qualidade sensorial do produto. Haveria também a possibilidade de redução de custos operacionais, uma vez que o custo da principal matéria-prima na produção de polpa de fruta congelada está diretamente ligado à sazonalidade da mesma. Ou seja, no estudo em questão, o “mix” formulado poderia ter um maior teor de graviola no seu período de pico de produção, assim como o cajá entraria com uma maior contribuição na mistura, quando da sua estação de colheita. Figura 1 - Distribuição de freqüência dos escores de aceitação para as três formulações de suco elaboradas com os “mix” de polpa de graviola e cajá. CONCLUSÃO Não houve diferença significativa (P > 0,05) entre as formulações de suco elaboradas com diferentes “mix” de polpa congelada de graviola e cajá, nos testes de ordenação e aceitação, sendo que todas apresentaram boa aceitação por parte dos consumidores. Esse fato é de grande interesse para as agroindústrias, uma vez que abre uma nova possibilidade de produto a ser lançado no mercado consumidor, além de possibilitar alterações na proporção de polpa de graviola e cajá sem perda de qualidade sensorial, com redução de custos operacionais. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.11-15, 2006 Desenvolvimento e avaliação sensorial de um “mix” de polpa congelada à base de cajá e graviola REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arkcoll, D. New crops from Brazil. In: Janick, J., Simon, J. E. (eds.), Advances in new crops, Timber Press, Portland, v.1, p.367371, 1990. Bandeira, C. T.; Lima, R. N.; Braga Sobrinho, R.; Souza Neto, J.; Badu, F. O. 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Este corresponderia, portanto, ao ângulo de atrito interno para o caso de pressões de confinamento praticamente nulas, ou ainda, ao ângulo de atrito interno do produto depositado em um estado completamente solto. O ângulo de repouso do produto difere do ângulo de atrito interno em função das pressões impostas, referentes às condições internas da massa de grãos, dependendo do nível de pressões médias aplicadas a todos os grãos. O objetivo deste trabalho foi de determinar, avaliar e comparar os ângulos de atrito interno e de repouso dos grãos de café com pergaminho de duas variedades, em função do teor de umidade. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que: os ângulos de atrito interno e de repouso dos grãos de café de ambas as variedades, aumentam linearmente com o incremento do teor de umidade e o ângulo de atrito interno é superior estatisticamente ao de repouso em praticamente todos os teores de umidade, exceto para o menor, para ambas espécies. Palavras-chave: café, ângulo de atrito e ângulo de repouso ANGLE OF REST, EFFECTIVE AND INTERNAL ATTRITION OF THE GRAIN COFFE WITH PARCHMENT ABSTRACT The angle formed for the surface free with the horizontal plan is the angle of rest of the product, defined for the next situated not confined grains less unstable and or in the surface. This would correspond, therefore, to the angle of internal attrition for the case of practically null pressures of confinement, or still, to the angle of internal attrition of the product deposited in an untied state completely. The angle of rest of the product differs from the angle of internal attrition in function of the imposed pressures, referring to the internal conditions of the mass of grains, depending on the level of average pressures applied to all the grains. The objective of this work was to determine, to evaluate and to compare the physical properties angles of internal attrition and of rest of the grains of coffee with two parchment of variety, in function of the humidity text. With the gotten results, it can be concluded that: the angles of internal attrition and of rest of the grains of coffee with parchment, of both the varieties, increase linearly with the increment of the text of humidity inside of the band of analyzed humidity and the angle of internal attrition is superior statistically to the one of rest in practically all the humidity texts, for both species. Keywords: coffee, friction angle e rest angle _____________________ Protocolo 831 de 17/10/2004 (1) Eng. Agrícola, D.S., Professor Visitante, Depto. de Engenharia de Produção Agroindustrial, Faculdade de Ciências Exatas. UNEMAT, Barra do Bugres – MT, (0XX65) 3611413 – R. 218, e-mail: [email protected] (2) Eng. Agrônomo, D.S., Professor Adjunto no DEA-UFV, Viçosa - MG (3) Eng. Civil, PhD, Professor Titular na EESC-USP, São Carlos - SP (4) Eng. Agrícola, D.S., Professor Adjunto DEG-UFLA, Lavras - MG 17 18 Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho INTRODUÇÃO O atrito é a fricção entre dois corpos, designação comum aos fenômenos em que o movimento relativo entre duas superfícies em contato é freado pelas forças de adesão existentes entre as superfícies (força de atrito), qualquer força que resiste ao movimento relativo de substâncias que estão em contato mútuo. Este atrito pode ser de escorregamento, que ocorre entre duas superfícies sólidas em contato e que deslizam uma sobre a outra; de rolamento, entre uma superfície sólida e outra superfície que rola sobre ela; e atrito interno de um fluido, ou seja, viscosidade. De acordo com a citação de Mohsenin (1986), as leis básicas que descrevem o fenômeno de atrito foram enunciadas primeiramente por Amonstons e posteriormente verificadas por Coulomb, e estes declaram que a força de atrito é: proporcional a carga normal; independente da área da superfície de deslizamento; completamente independente da velocidade de deslizamento; depende da natureza dos materiais em contato. Posteriormente Sherwood, citado pelo mesmo autor, sumarizou os conceitos mais comuns aceitos sobre atrito. Sherwood utilizou métodos e equipamentos considerados mais “modernos” e “precisos” determinando que: a força de atrito pode ser definida como a força que atua no plano que contém o ponto ou pontos de contato e pode ser tal que resista ao movimento relativo das superfícies em contato; a força de atrito pode ser considerada como sendo composta por dois componentes principais, uma força necessária para deformar e cisalhar as “asperezas” das superfícies em contato e uma outra força necessária para superar a adesão ou coesão entre as superfícies; a força de atrito é diretamente proporcional a real área de contato; a força de atrito depende da velocidade de deslizamento das superfícies de contato, devido ao efeito da velocidade na temperatura dos materiais em contato; a força de atrito depende da natureza dos materiais em contato; e a força de atrito não depende da aspereza das superfícies, exceto para casos extremos de superfícies muito lisas (polidas) ou muito ásperas (rugosas). Como conclusão final, Sherwood declara que, apesar das novas descobertas, as de Couloumb’s sobre atrito continuavam sendo úteis, embora estas não expliquem completamente muitos dos eventos observados, como o mecanismo de atrito e a influência de vários fatores nos coeficientes de atrito. Silva et al. Segundo Boumans (1985), dois tipos de atrito podem ser distinguidos, que são: o externo, que é o atrito do produto armazenado (ex.: grão) contra o material da parede do silo ou equipamento, e o interno, que é o atrito do produto armazenado contra outro, ou seja, atrito grão contra grão. O atrito interno (ex.: grão/grão) é diferente para cada produto, sendo muito dependente do tipo e da superfície do produto, da pressão na superfície do produto (compressão) e da umidade do mesmo. Para o atrito externo, outro fator deve também ser considerado, o material da superfície que simula a parede do silo. O ângulo de repouso (R) pode ser medido pelo amontoado de produto granular ou pulverulento formado pelo seu basculamento sobre uma superfície plana. Este somente estará em equilíbrio se os grãos menos estáveis situados na superfície estiverem em equilíbrio estático. Desta forma, o ângulo formado pela superfície livre com o plano horizontal é o ângulo de repouso do produto, definido pelos grãos menos instáveis e não confinados situados próximos ou na superfície. Este corresponderia, portanto, ao ângulo de atrito interno para o caso de pressões de confinamento praticamente nulas, ou ainda, ao ângulo de atrito interno do produto depositado em um estado completamente solto. De acordo com Gomes (2001), o ângulo de repouso do produto difere do ângulo de atrito interno em função das pressões impostas, referentes às condições internas da massa de grãos, dependendo do nível de pressões médias aplicadas a todos os grãos. O aumento das pressões de confinamento irá tornar a massa de grãos mais densa com menor índice de vazios, aumentando assim, o ângulo de atrito interno, sendo este normalmente maior que o ângulo de repouso. Já Gaylord & Gaylord (1984), afirmam que para produtos granulares, o ângulo de repouso equivale ao ângulo de atrito interno. O objetivo deste trabalho foi de determinar, avaliar e comparar as propriedades físicas ângulos de atrito interno e de repouso dos grãos de café com pergaminho de duas variedades, em função do teor de umidade. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Pré-Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) e no Laboratório de Propriedades Físicas e Avaliação de Qualidade de Produtos Agrícolas do Centro Nacional de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.17-23, 2006 Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR), ambos localizados no Campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Foram utilizados grãos de café com pergaminho, das espécies Coffea arabica L. e Coffea canephora, variedades Catuaí Vermelho e Conillon, respectivamente, provenientes do município de Viçosa, MG. O produto foi homogeneizado e colocado para secar em um secador experimental de camada fina com ventilação forçada de ar à temperatura de 40 1ºC. No processo de secagem, foram obtidos os seguintes teores de umidade: 13,10; 15,53; 18,09; 20,66 e 25,91 % b.s. e 11,98; 14,82; 17,72; 20,11 e 22,82 % b.s., para as variedades conillon e catuaí vermelho, respectivamente, os quais foram determinados pelo método da estufa (105 3ºC) em um período de 24 horas (Brasil, 1992). A determinação das propriedades físicas ângulo de atrito interno e efetivo ângulo de atrito interno, foi feita utilizando-se um equipamento de cisalhamento direto com movimento de translação modelo TSG 70-140, construído com base no aparelho de cisalhamento de Jenike. A metodologia empregada para os testes foi a proposta por Milani (1993), sendo que, para a execução dos ensaios, foram utilizadas as recomendações da norma inglesa – BMHB (1985) e Jenike & Johanson (1979). Para determinar o ângulo de repouso foi utilizada uma plataforma cilíndrica circular de diâmetro conhecido contendo, em seu centro, uma haste graduada onde o produto foi depositado, proveniente de um funil de recepção de amostra de grãos a uma altura de 0,60 m. Em seguida, foi medida a altura do talude formado pelo produto e a plataforma. De posse destas informações, foi calculado o ângulo de repouso. As análises de variância e regressão foram realizadas empregando-se o programa computacional Sistema de Análise Estatística e Genética (SAEG). Foram estimados os valores dos parâmetros dos modelos em função da variável independente, ou seja, teor de umidade. O grau de ajuste do modelo aos dados experimentais foi baseado na magnitude e significância do coeficiente de determinação ajustado, na significância dos coeficientes de Silva et al. 19 regressão, na magnitude do coeficiente de variação, na verificação do ajuste do modelo estatístico aos dados experimentais e no erro médio relativo. Com o objetivo de comparar os resultados obtidos, para cada variedade (conillon e catuaí vermelho), as análises estatísticas dos resultados dos testes de atrito foram feitas em delineamento inteiramente casualizado, seguindo um esquema fatorial 2 x 5 com três níveis de ângulos (interno e repouso) e cinco níveis de umidade dos grãos (11, 13, 15, 17 e 20% b.u). Foram feitas nove repetições para a determinação de cada propriedade. Os dados foram interpretados estatisticamente, utilizando-se o programa estatístico SANEST, por análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tuckey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os valores médios com os respectivos desvios padrões (DP) das propriedades físicas: ângulo de atrito interno (i) determinado pelo equipamento de cisalhamento de Jenike, e o ângulo de repouso (R) dos grãos de café das variedades catuaí vermelho e conillon para diferentes teores de umidade. Pode-se verificar na Tabela 1 que o ângulo de atrito interno foi superior estatisticamente ao de repouso em, praticamente, todos os teores de umidade analisados, não sendo superior somente para a variedade catuaí vermelho, no menor teor e para a conillon, nos dois menores teores. Este resultado concorda parcialmente com Gomes (2001), que afirma ser o ângulo de atrito interno normalmente maior que o de repouso. Analisando para o menor teor de umidade, ou seja, umidade de armazenamento, os resultados também concordam com Gaylord & Gaylord (1984), que afirmam não haver diferença entre estas propriedades. Resultado semelhante foi encontrado por Chaves et al. (2005), que trabalhando com grãos de soja, arroz e alpiste encontraram valores equivalentes entre os ângulos de atrito interno e de repouso para arroz e alpiste e diferentes para a soja. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.17-23, 2006 Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho 20 Silva et al. Tabela 1 - Comparação dos valores médios das propriedades físicas de atrito interno e ângulo de repouso dos grãos de café das espécies arábica e robusta, em função do teor de umidade. Teor de Ângulo de Ângulo de Umidade Atrito Interno Repouso (% b.s.) (º) DP (º) DP Catuaí Vermelho 11,98 14,82 17,72 20,11 22,82 35,45 A 37,55 A 37,59 A 38,91 A 39,08 A 1,44 2,15 1,97 1,73 1,65 34,14 A 34,84 B 35,16 B 35,32 B 35,45 B 0,51 0,40 0,33 0,31 0,54 13,10 15,53 18,09 20,66 25,91 32,32 A 32,71 A 33,68 A 34,25 A 34,46 A 0,65 0,81 0,84 0,77 0,72 31,36 A 31,59 A 31,65 B 32,39 B 32,86 B 0,67 0,16 0,49 0,31 0,24 Conillon Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. De acordo com Mohsenin (1986), as propriedades físicas dos produtos agrícolas variam de acordo com a mudança do seu teor de umidade, e isto pode ser verificado na tabela acima para as propriedades físicas dos grãos de café das duas variedades, pois observa-se, com os resultados obtidos e apresentados, que existe uma tendência de acréscimo dos valores dos ângulos de atrito interno e de repouso com o aumento do teor de umidade, em ambas variedades avaliadas nas análises. Este resultado concorda com Silva & Corrêa (2000) que afirmam ser o ângulo de repouso altamente influenciado pelo teor de umidade do produto, confirmado tal afirmação através da apresentação de resultados de pesquisas com vários produtos, entre eles, trigo, cevada e milho. Concordando com os resultados obtidos neste experimento, vários autores, trabalhando com os mais diversos tipos de produtos, observaram esta tendência de aumento do ângulo de repouso com a elevação do teor de umidade da massa de grãos, dentre eles: Jha (1999); Dalbello et al. (1994); Kaleemullah (1992); Shepherd & Bhardwaj (1986), os quais trabalharam com os seguintes produtos, respectivamente: amêndoas; amendoim e aveia preta; amendoim; castanha de caju. Este aumento do ângulo de repouso de ambas variedades com o incremento do teor de umidade deve-se, possivelmente, ao fato de que produtos com maior teor de umidade apresentam uma maior força de coesão entre as partículas ou componentes individuais que compõem a massa, tendendo a agregar estas partículas e, conseqüentemente, aumentando o atrito interno. Outro fator sugerido por diversos autores é o de que, com um maior teor de umidade, certos produtos aumentam a rugosidade de sua superfície, impondo, assim, uma maior resistência ao deslizamento de uma partícula da massa de produto contra a outra, conseqüentemente, aumentando o ângulo de repouso do material (Baryeh 2001; Jha 1999; Gupta & Das 1997; Singh & Goswami 1996; Joshi 1993; Kaleemullah 1992). Para o ângulo de atrito interno dos grãos de café de ambas variedades, observa-se na Tabela 1 a mesma tendência verificada para o ângulo de repouso, ou seja, o aumento dos ângulos com o incremento do teor de umidade, fato este comprovado para outros produtos em pesquisas anteriores. Kamath et al. (1994), trabalhando com farinha de trigo, Lima et al. (1997) trabalhando com grãos de milho, Duffy & Puri (1999), para sementes de soja, algodão e milho. A tendência verificada acima concorda parcialmente com os resultados deste experimento, ou seja, o aumento do ângulo de atrito interno de atrito interno com o aumento do teor de umidade deve-se, possivelmente, às mesmas razões já mencionadas para o ângulo de repouso. Os coeficientes das equações lineares ajustadas, acompanhados dos respectivos coeficientes de determinação (R2) e erro médio relativo (P), encontram-se na Tabela 2. Nas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.17-23, 2006 Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho Figuras 1 e 2 são apresentadas as médias dos valores experimentais e estimados dos ângulos de atrito interno e de repouso dos grãos de café, em função do teor de umidade do produto. Observa-se na Tabela 2 e na Figura 1, a existência de uma correlação linear positiva entre os valores médios do ângulo de repouso para ambas variedades estudadas dos grãos de café e o teor de umidade, ou seja, a redução dos valores de umidade está associado à diminuição das propriedades físicas do produto. Isto significa que esta característica física aumenta linearmente com o aumento do teor de umidade, sendo esta tendência também verificada por Silva et al. 21 diversos autores para vários produtos agrícolas (Baryeh 2002; Kaleemullah & Gunasekar 2002; Nimkar & Chattopadhyay 2001; Gupta & Das 1997; Singh & Goswami 1996; Suthar & Das 1996; Visvanathan et al. 1996; Benedetti 1987). Para o caso do ângulo de atrito interno, os resultados médios apresentam a mesma correlação positiva com o teor de umidade para ambas variedades dos grãos de café com pergaminho, ou seja, estas propriedades físicas aumentam linearmente com o aumento do teor de umidade. Tabela 2 - Coeficientes das equações ajustadas para se calcular as propriedades físicas instantâneas dos grãos de café com pergaminho das variedades catuaí vermelho e conillon, em função do teor de umidade do produto (U), com os respectivos coeficientes de determinação (R2) e erro médio relativo (P) Ângulo de R2 P Catuaí Vermelho * 32,0356x10-2 * 0,1163 0,8806 0,0112 0,8942 0,0410 Conillon * 17,7445x10-2 * 0,1235 0,8749 0,0084 0,9388 0,0032 Coeficientes de Regressão 0 Atrito Interno 32,1170 Repouso 32,9560 Interno 30,1812 Repouso 29,6720 * Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste T. 42 40 Angulos (º) 38 Ângulo Interno CV Ângulo Repouso CV 36 Ângulo Interno CO Ângulo Repouso CO Valores Estimados 34 32 30 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 Teor de Umidade (b.s.) Figura 1 - Valores experimentais e estimados dos ângulos de atrito interno e de repouso das variedades catuaí vermelho (CV) e conillon (CO), em função do teor de umidade do produto (U) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.17-23, 2006 22 Ângulo de repouso, atrito interno e efetivo dos grãos de café com pergaminho CONCLUSÕES Com os resultados obtidos, pode-se concluir que: os ângulos de atrito interno e de repouso dos grãos de café com pergaminho de ambas as variedades aumentam linearmente com o incremento do teor de umidade dentro da faixa de umidade analisada, o ângulo de atrito interno é superior estatisticamente ao de repouso em praticamente todos os teores de umidade, não diferindo somente no menor teor de umidade, para ambas espécies. Silva et al. coeficiente de atrito para amendoim (Arachis hipogea L.) e aveia preta (Avena strigosa L.) em diferentes teores de umidade. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, XXIII, 1994, Campinas. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.24, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 ISSN 1517-8595 25 ANÁLISE COMPARATIVA DE POLPAS DE PITANGA INTEGRAL, FORMULADA E EM PÓ Francisca Marta Nascimento de Oliveira1, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2, Alexandre José de Melo Queiroz2 RESUMO Neste trabalho avaliou-se as características físico-químicas da polpa integral de pitanga, da polpa de pitanga com adição de maltodextrina (polpa formulada) e da pitanga em pó. A pitanga em pó foi obtida pela desidratação da polpa formulada em secador por aspersão. Na polpa de pitanga integral e formulada foram determinados os teores de sólidos solúveis totais (ºBrix), pH, umidade/sólidos totais, proteínas, extrato alcoólico, acidez total titulável, açúcares redutores, cinzas, ácido ascórbico e cor representada pelos parâmetros luminosidade (L*), intensidade de vermelho (+a*) e intensidade de amarelo (+b*). As amostras em pó foram avaliadas quanto ao teor de umidade, proteínas, extrato alcoólico, acidez total titulável, açúcares redutores, ácido ascórbico, densidade e tempo de escoamento. O teste de Tukey revelou que a polpa de pitanga integral e a polpa formulada são estatisticamente diferentes com relação a todos os parâmetros avaliados. O pó coletado na câmara de secagem (Tipo A) e o pó coletado no ciclone (Tipo B) apresentaram valores significativamente diferentes de umidade, açúcares redutores, extrato alcoólico, densidade e tempo de escoamento; e estatisticamente iguais em relação aos valores médios de ácido ascórbico, acidez total titulável e proteínas. Palavras-chave: Eugenia uniflora, spray dryer, propriedades físico-químicas. COMPARATIVE ANALYSIS OF WHOLE AND FORMULATED PULPS AND SURINAM CHERRY POWDER ABSTRACT The physiochemical characteristics of whole surinam cherry pulp, surinam cherry pulp added of maltodextrin (formulated pulp) and surinam cherry powder was evaluated. The surinam cherry powder was obtained by the drying of the formulated pulp in spray dryer. In the whole surinam cherry pulp and formulated pulp the total soluble solids (ºBrix), pH, total moisture, soluble solids, proteins, alcoholic extract, total titratable acidity, reducers sugars, ash, ascorbic acid and color parameters brightness (L*), redness (+a*) and yellowness (+b*) were determined. The powder samples were appraised as for the moisture content, protein, alcoholic extract, total titratable acidity, reducers sugars, ascorbic acid, density and time of drainage. The Tukey test revealed that the whole surinam cherry pulp and the formulated pulp are statistically different regarding all the appraised parameters. The powder collected in the drying chamber (type A) and the powder collected in the cyclone (type B) presented significantly different values of moisture, reducers sugars, alcoholic extract, density and time of drainage; and statistically same to the average values of ascorbic acid, total titratable acidity and protein. Keywords: Eugenia uniflora, spray dryer, physical-chemicals properties. ____________________ Protocolo 842 de 20/11/2005 1 Enga Agrícola, Mestrando em Engenharia Agrícola, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande - PB. 2 Eng. Agrícola, Prof. Adjunto, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande -PB, Caixa Postal 10.087, Campina Grande - PB. E-mail: [email protected] 26 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó INTRODUÇÃO A flora brasileira é dotada de uma enorme diversidade de frutas que pouco a pouco vem sendo explorada economicamente. A maior parte dessas frutas apresenta qualidade sensorial excepcional despertando o interesse do mercado pelo apelo exótico e nutricional. Conhecer a composição dessas frutas tem sido alvo de pesquisas ao longo dos anos e é ponto fundamental para que o aproveitamento tecnológico das mesmas seja realizado de maneira otimizada (Mattietto et al., 2003). A pitangueira é um arbusto originário do Brasil, mas também cultivada na América Central, nas Antilhas, na Flórida, na Califórnia, nas ilhas Havaí, na China Meridional, no Ceilão, na Argélia, na Tunísia e até no Sul da França, apresentando boa capacidade de adaptação e fácil cultivo. Conforme Furtado et al. (2003) a pitanga é vermelha, suculenta, macia, doce ou agridoce; os frutos são consumidos in natura ou sob a forma de refrescos e sucos; a polpa processada entra na composição de sucos engarrafados, sorvetes, doces, licores, vinho e geléias. As pitangas, quando maduras, são vulneráveis à depreciação, representando grande problema na conservação e armazenamento in natura dificultando, assim, o seu transporte e comercialização a grandes distâncias (Lederman et al., 1992). O índice de perdas de frutas, em algumas regiões do Brasil, chega a 60%. Uma alternativa para reduzir essas perdas é o emprego da desidratação, um dos processos mais antigos utilizados para preservação de produtos com alto teor de água (Fioreze, 2004). A desidratação por meio de secadores por aspersão é o modo mais conveniente de secar soluções que contêm sólidos em suspensão, especialmente de origem orgânica (Langrish & Fletcher, 2001). A secagem por aspersão consiste, basicamente, na atomização do líquido em um compartimento que recebe um fluxo de ar quente. A rápida evaporação da água permite manter baixa a temperatura das partículas, de maneira que a alta temperatura do ar de secagem não afete demasiadamente o produto (Daiúto & Cereda, 2003). Conforme Baruffaldi & Oliveira (1998) os secadores por aspersão são empregados na desidratação de alimentos como leite, ovos, frutas, extratos de café e de tomate. Os alimentos líquidos são atomizados em gotículas microscópicas (10 a 200nm) que entram em contato com fluxo de ar quente (120 Oliveira et al. a 230 ºC), sendo a desidratação muito rápida, da ordem de 15 a 45 segundos e a qualidade do produto é excelente, visto que as partículas atingem no máximo cerca de 80 ºC. As características do pó produzido em secadores por aspersão dependem principalmente das variáveis operacionais do secador (temperaturas de entrada e saída do ar do secador), da composição do suco de frutas, da concentração de sólidos no suco e também do tipo de aditivo utilizado na formulação. O uso de aditivos promotores de secagem é um procedimento indispensável na secagem por aspersão da maioria das polpas de frutas, visto que esses materiais, por conter alto teor de açúcares, são propícios a caramelização, inviabilizando o processo. A maltodextrina é um dos aditivos mais utilizados porque, além do baixo custo, apresenta baixa higroscopicidade, evita a aglomeração das partículas; possui efeito antioxidante e retém os voláteis na faixa de 65 a 80% (Reineccius, 1991; Shahidi & Han, 1993). Este trabalho foi realizado com o objetivo de se desidratar polpa de pitanga com adição de maltodextrina em secador por aspersão e caracterizar quanto às propriedades físico-químicas a polpa integral, a polpa formulada com maltodextrina e a pitanga em pó. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas – LAPPA, pertencente à Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande. A matéria-prima utilizada foi polpa de pitanga (Eugenia uniflora L.) congelada comercial, adquirida em supermercado. Após a aquisição as polpas foram transportadas para o laboratório, homogeneizadas e reembaladas em sacos de polietileno de baixa densidade, congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas em freezer a –22 ºC, até o momento de utilização nos experimentos. Realizou-se inicialmente a caracterização físico-química da polpa de pitanga integral. A seguir, elaborou-se uma polpa formulada composta de polpa integral com adição de 15% de maltodextrina e 30% de água destilada (p/p), realizando-se a caracterização desse novo material, que foi então submetido a secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó Após a secagem da polpa formulada o pó resultante também foi analisado quanto a sua composição. A desidratação foi realizada em secador por aspersão (spray dryer – Figura 1), modelo LM MSD 1.0 da marca Labmaq do Brasil, utilizando-se um bico pneumático de 1,00mm, vazão do bombeamento da polpa de Oliveira et al. 27 0,5 l/h e temperaturas de entrada e saída igual a 140 ºC e 80 ºC, respectivamente. Após a secagem da formulação dois tipos de amostra foram coletados no secador: o pó coletado na câmara de secagem, denominado pitanga em pó do tipo A, e o pó coletado no ciclone, denominado pitanga em pó do tipo B. Alimentação Bomba Controle de temperatura Câmara de secagem Ciclone Coletor Coletor Figura 1 – Secador por aspersão (spray dryer) modelo LM MSD 1.0. marca Labmaq As avaliações realizadas segundo as metodologias do Instituto Adolfo Lutz (1985) foram pH (método potenciométrico), sólidos solúveis totais (método refratométrico), umidade/sólidos totais, proteínas (método de Kjeldahl) e extrato alcoólico. Segundo as metodologias descritas pela AOAC (1997) foram determinados a acidez total titulável (% ácido cítrico), açúcares redutores (% glicose), cinzas e ácido ascórbico (este último com metodologia modificada por Benassi & Antunes, 1998). As amostras foram caracterizadas ainda quanto a cor, cujas medidas foram determinadas em colorímetro experimental (Motta, 2005), com leituras convertidas para o sistema de cor CieLab (L*, a* e b*), onde L* é a luminosidade, a* a transição da cor verde (-a*) para o vermelho (+a*) e b* a transição da cor azul (-b*) para a cor amarela (+b*). Nas amostras em pó foram determinadas, ainda, a densidade, utilizando-se picnômetro de 25 ml a temperatura de 25 ºC, e o tempo de escoamento do pó de pitanga. Para determinação do tempo de escoamento foi utilizado um funil, inicialmente com abertura inferior fechada, acoplado a um sistema de vibração. Após a colocação da amostra retiravase a vedação inferior do funil e com um cronômetro media-se o tempo de escoamento. O funil utilizado possuía diâmetros maior e menor de 9,1 e1,0 cm, respectivamente. Os dados experimentais obtidos na caracterização físico-química da polpa de pitanga integral e formulada e das amostras em pó foram analisados estatisticamente através do programa computacional Assistat, versão 7.2 (Silva & Azevedo, 2002). A comparação entre médias foi realizada por meio do teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, estão apresentados os valores da caracterização físico-química das polpas de pitanga formuladas. Observa-se que os coeficientes de variação de todos os parâmetros avaliados foram inferiores a 4%, podendo ser considerados baixos (< 5%) segundo classificação de Santos et al. (2003), indicando boa precisão experimental nas análises realizadas. O valor médio dos sólidos totais para a polpa de pitanga integral e formulada diferiu Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 28 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com os valores obtidos para as polpas integral e formulada 43,6% inferiores e 18,8% superiores, respectivamente, em relação ao valor encontrado por Lopes et al. (2005) no estudo da polpa de pitanga (12,29 ± 0,14%) oriunda da cidade de Valinhos, SP. A polpa formulada apresentou teor de sólidos totais 110,7% maior que a polpa integral. Observando-se o valor da umidade, verifica-se que as amostras estudadas apresentaram diferença significativa a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. A umidade da polpa de pitanga integral foi próxima ao percentual determinado por Salgado et al. (1999) que reportou um valor de 90,47%. Os sólidos solúveis totais para as polpas integral e formulada são estatisticamente diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. O valor médio dos sólidos solúveis totais para a polpa integral encontra-se dentro da faixa determinada por Lederman et al. (1992) para os frutos, que foi entre 6,1 e 9,5ºBrix, e inferior aos valores determinados por Gouveia et al. (2004) para a pitanga roxa (9,85 a 11,88 ºBrix) e vermelha (9,93 a 11,91 ºBrix). Os valores médios dos sólidos solúveis totais para a polpa de pitanga formulada apresentaram um aumento percentual em relação à polpa integral de 119%. Os valores médios do pH da polpa de pitanga integral e formulada são estatisticamente diferentes a 5% de probabilidade. Os valores do pH das polpas estão abaixo de 3,7 unidades de pH, sendo classificadas como alimentos muito ácidos de acordo com Baruffaldi & Oliveira (1998); esses valores foram semelhantes aos obtidos por Lima et al. (1995a) avaliando frutos de pitanga, onde constataram um valor de 3,3. A acidez total titulável das polpas integral e formulada é estatisticamente diferente; constatando-se um decréscimo de aproximadamente 32% na acidez total titulável da polpa formulada em relação à polpa integral; comportamento semelhante ao observado por Silva (2005) ao adicionar 15% de maltodextrina à polpa de cajá. Este resultado era esperado em razão da maltodextrina e da água destilada reduzirem, na polpa formulada, a concentração dos ácidos orgânicos presentes. Analisando o valor encontrado para polpa integral vê-se que esta amostra apresentou valor superior ao determinado por Salgado et al. (1999) para polpa de pitanga, que foi de 1,69 %. Oliveira et al. Os valores médios do ácido ascórbico das polpas integral e formulada são estatisticamente diferentes e, como ocorrido com a acidez, o teor de ácido ascórbico na polpa formulada foi inferior ao da polpa integral. Os valores de ácido ascórbico foram inferiores aos determinados em pitangas maduras por Mélo et al. (2000), de 42,9 mg/100g e próximos aos valores encontrados por Cavalcante (1991), de 16 mg/100g, onde o autor não cita o estádio de maturação, o qual, segundo Harris (1977), pode justificar diferenças de composição, assim como clima e solo, entre outros. Aldrigue (2003) também afirma que variações do conteúdo de vitamina C entre os mesmos tipos de produto ocorrem devido à origem, condições edafoclimáticas, manuseio na colheita, transporte e armazenamento. As cinzas da polpa de pitanga integral e formulada diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O acréscimo de maltodextrina e água destilada provocaram redução de 27,3% no teor de minerais na polpa formulada. O teor de cinzas na polpa integral é inferior ao valor citado por Gomes (1975) para pitanga, de 0,34%. No parâmetro açúcares redutores verifica-se que existe diferença significativa a 5% de probabilidade entre as amostras. Na polpa integral o valor dos açúcares redutores foi inferior ao determinado por Salgado et al. (1999) de 4,88% de glicose para a polpa de pitanga. Na polpa formulada ocorreu redução no percentual dos açúcares redutores, justificada em razão da incorporação da maltodextrina e da água destilada, que contribuem para a redução percentual dos açúcares redutores no volume total da amostra. Pode-se observar que existe diferença significativa a 5% de probabilidade entre os valores das proteínas das amostras, além da ocorrência de um decréscimo de 78,6% nas proteínas da polpa formulada em relação à polpa integral. O valor médio das proteínas da polpa integral está abaixo do valor citado por Gomes (1975) para pitanga, que foi de 1,01%. Os teores do extrato alcoólico da polpa de pitanga integral e formulada diferiram estatisticamente a nível de 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey; da mesma forma que os outros parâmetros avaliados na polpa formulada este teor também foi inferior ao da polpa integral. Os parâmetros da cor (luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó amarelo) das amostras em estudo diferiram estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Observando-se os valores da luminosidade (L*), intensidade de vermelho (+a*) e intensidade de amarelo (+b*) das Oliveira et al. 29 amostras verifica-se que os maiores valores foram da amostra integral e que houve predominância da intensidade de vermelho sobre a intensidade de amarelo. Tabela 1 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos da polpa de pitanga integral e formulada (15% de maltodextrina + 30% de água destilada) Média Parâmetro Polpa integral Polpa formulada DMS C.V. (%) geral Sólidos totais (%) 6,93 ± 0,17 b 14,60 ± 0,04 a 10,76 0,16 1,16 Umidade (%) 93,07 ± 0,17 a 85,40 ± 0,04 b 89,24 0,16 0,14 Sólidos solúveis totais (ºBrix) 7,00 ± 0,01 b 15,33 ± 0,10 a 11,17 0,09 0,65 pH 3,052 ± 0,008 a 3,042 ± 0,008 b 3,047 0,0096 0,25 Acidez total títulavel (%ac. cítrico) 2,23 ± 0,06 a 1,52 ± 0,01 b 1,88 0,05 2,12 Ácido ascórbico (mg/ 100g) 13,42 ± 0,29 a 10,75 ± 0,40 b 12,09 0,45 2,90 Cinzas (%) 0,22 ± 0,01 a 0,16 ± 0,004 b 0,19 0,01 3,10 Açúcares redutores (% glicose) 3,82 ± 0,03 a 3,39 ± 0,01 b 3,61 0,04 0,81 Proteínas (%) 0,56 ± 0,01 a 0,12 ± 0,01 b 0,34 0,01 2,44 Extrato alcoólico (%) 6,32 ± 0,21 a 5,73 ± 0,26 b 6,01 0,03 3,90 Luminosidade (L*) 28,69 ± 0,12 a 26,38 ± 0,28 b 27,54 0,28 0,79 Intensidade de vermelho (+a*) 25,81 ± 0,19 a 21,46 ± 0,32 b 23,63 0,34 1,12 Intensidade de amarelo (+b*) 23,00 ± 0,41 a 19,52 ± 0,55 b 21,26 0,62 2,27 DMS: Desvio mínimo significativo; C.V.: Coeficiente de variação Obs: As médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a nível de 5% de probabilidade Na Tabela 2, estão expostos os valores médios da caracterização física da pitanga em pó. Constata-se que os valores médios da densidade das duas amostras de pitanga em pó, diferem estatisticamente a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Para densidade do pó tipo A nota-se que esses valores são superiores aos obtidos por Francisoni et al. (2002) ao estudarem as propriedades físicas do suco de maracujá com adição de maltodextrina, desidratado em secador por aspersão, que variou de 0,38 a 0,57 g/cm3, e por Domingues et al. (2002) para o suco de abacaxi com adição de maltodextrina, também desidratado em secador por aspersão, que variou de 0,55 a 0,62 g/cm3. Para o pó tipo B os valores são semelhantes aos encontrados por Gomes (2002) ao determinar a densidade da acerola em pó desidratada em leite jorro (1,313 g/cm3). Com relação ao tempo de escoamento, vê-se que o pó do tipo B apresentou um tempo muito superior ao da amostra do tipo A. Esta dificuldade de escoamento se deve ao fato de que a amostra do tipo B apresentou higroscopicidade maior que a do tipo A, ocasionando também maior aderência das partículas do material nas paredes do funil, com conseqüente diminuição da fluidez. Gomes et al. (2002) observaram comportamento semelhante na determinação do tempo de escoamento do pó de acerola, cujo material absorveu rapidamente a umidade no momento dos ensaios, apresentando aderência entre as partículas e entre as partículas e a parede do funil, aumentando o tempo de escoamento pela redução da fluidez. Tabela 2 – Caracterização física da pitanga em pó dos tipos A e B Parâmetro Tipo A Tipo B DMS Densidade (g/cm3) 1,1923 b 1,3806 a 0,0277 Tempo de escoamento (s) 61,26 239,82 - MG 1,2864 - CV (%) 1,47 - Obs: As médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a nível de 5% de probabilidade. Na Tabela 3 estão apresentados os valores médios da caracterização físico-química da pitanga em pó dos tipos A e B. Verifica-se que não existe diferença estatisticamente significativa entre as amostras dos tipos A e B com relação aos valores médios dos parâmetros Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 30 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó ácido ascórbico, acidez e proteínas, mas para os parâmetros umidade, açúcares redutores e extrato alcoólico constatam-se diferenças significativas entre as amostras a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. O valor médio de umidade do pó tipo A foi de 8,12%, nível semelhante ao encontrado por Nogueira (1991) para o pó de acerola liofilizada (8%). A umidade inicial do pó do tipo B foi de 7,64%, superior ao obtido por Silva (2005) no estudo do cajá em pó (2,34%) obtido também em secador por aspersão com adição de 15% de maltodextrina. Observa-se que a média geral da umidade das amostras foi igual a 7,88%, valor aproximadamente 100% inferior ao encontrado por Lima et al. (1995b), que reportou 15,79% de umidade em acerola em pó desidratada em leite de jorro com adição de 10% de maltodextrina e temperatura do ar de secagem de 70 ºC. Tem-se ainda que, em média, a umidade da pitanga em pó foi reduzida em cerca de 90,8% em relação à umidade da polpa formulada, apresentada na Tabela 1. A média geral do ácido ascórbico da pitanga em pó foi de 36,14 mg/100g, valor superior ao determinado por Medeiros (2004) para o umbu em pó (6,5 mg/100g) desidratado em secador por aspersão com adição de 15% de maltodextrina. Comparando-se o teor de ácido ascórbico da polpa formulada (Tabela 1) com a média geral da pitanga em pó, constata-se que o processo de secagem concentrou o ácido ascórbico no pó, resultando em um teor 236,2% superior. O processo de secagem reduziu a acidez total titulável da pitanga em pó (0,737% ácido cítrico) em relação à acidez da polpa formulada (1,52% ácido cítrico - Tabela 1). Este Oliveira et al. comportamento era esperado em razão da temperatura ser responsável pelo aumento do pH da amostra e, conseqüentemente, diminuição da acidez. Di Paula et al. (2004) estudando tomates secos obtiveram teor de acidez total titulável de 2,63% de ácido cítrico, valor, portanto, muito superior a média geral para a pitanga em pó. Observa-se que os açúcares redutores da pitanga em pó do tipo A foram inferiores aos do tipo B, diferença esta relacionada com a umidade, uma vez que na amostra do tipo A a umidade foi maior, resultando em uma menor proporção de açúcares redutores na massa da amostra. A média geral dos açúcares redutores foi 12,94% de glicose, inferior à da pitanga em pó desidratada pelo método de secagem em camada de espuma determinada por Alexandre (2005), que obteve um valor de 24,79% de glicose. Esta diferença pode ser atribuída ao fato da concentração e do tipo de aditivo utilizados nas formulações serem diferentes, bem como o método de secagem e as temperaturas empregadas. Vê-se que a média geral das proteínas da pitanga em pó foi de 2,18%, valor muito superior ao da polpa formulada, o que se previa, visto que, de acordo com Fioreze & Madruga (2003), com a retirada de água provocada pelo processo de secagem ocorre concentração de sólidos na massa restante, ou seja, proteínas, lipídios, carboidratos, etc., resultando em maior quantidade por unidade de peso nos produtos secos que nos produtos similares frescos. O teor de proteínas da pitanga em pó apresentou valor inferior ao encontrado por Soares et al. (2001) para a acerola em pó (9,05%) desidratada pelo processo de secagem em camada de espuma. Tabela 3 – Caracterização físico-química da pitanga em pó dos tipos A e B Parâmetro Umidade (% b.u.) Acido ascórbico (mg/100g) Acidez total titulável (% ác. cítrico) Açúcares redutores (% glicose) Proteínas (%) Extrato alcoólico (%) Pitanga em pó Tipo A 8,12 a 36,09 a 0,73 a 11,48 b 2,17 a 4,48 b Tipo B 7,64 b 36,19 a 0,74 a 14,40 a 2,18 a 8,71 a Media geral DMS CV (%) 7,88 36,14 0,737 12,94 2,18 6,60 0,37 0,74 0,014 0,06 0,02 0,20 3,68 1,59 0,82 0,34 0,80 2,38 DMS - Desvio mínimo significativo; CV - Coeficiente de variação Obs: Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a nível de 5% de probabilidade Quanto ao extrato alcoólico, observa-se que os valores para as amostras tipo A e B são inferiores ao valor determinado por Pereira et al. (2006) para o tomate em pó, que foi de 37,17%. Constata-se ainda diferença significativa entre os valores médios dos pós do Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.25-33, 2006 Análise comparativa de polpas de pitanga integral, formulada e em pó tipo A e B, com superioridade para o tipo B. Este resultado ocorreu em razão do pó no ciclone ficar exposto a temperaturas inferiores às do pó na câmara de secagem. Comparandose o teor do extrato alcoólico da polpa formulada com o pó do tipo B verifica-se uma concentração deste parâmetro, entretanto, com relação ao pó do tipo A tem-se um valor menor, provocado pela exposição a temperaturas mais altas. CONCLUSÕES As polpas de pitanga integral e formulada apresentaram características físico-químicas diferentes. A polpa integral apresentou maiores valores de umidade, pH, acidez total titulável, ácido ascórbico, cinzas, açúcares redutores, proteínas, extrato alcoólico, luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo em relação à polpa formulada. A polpa formulada apresentou maiores valores de sólidos totais e sólidos solúveis totais. Os valores de umidade, açúcares redutores, extrato alcoólico, densidade e tempo de escoamento dos pós do tipo A e B, diferiram entre si. Não houve diferença estatística entre os valores médios de ácido ascórbico, acidez total titulável e proteínas das amostras em pó dos tipos A e B. AGRADECIMENTOS À Corn Products, pela doação da maltodextrina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alexandre, H. F. Secagem da polpa de pitanga e armazenamento do pó. 2005. 108 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. Aldrigue, M. L. Vitamina C. In: Aldrigue, M. L.; Madruga, M. S.; Fioreze, R.; Soares, J. 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A produção de fermentado (vinho) de mandacaru é uma forma de minimizar as perdas pós-colheita desses frutos. Tendo em vista que o fruto apresenta características químicas adequadas para a produção de etanol, observou-se a necessidade de fazer um estudo cinético da fermentação alcoólica na produção da bebida fermentada. O fermentado de mandacaru foi produzido em reator batelada (duplicata), na temperatura de 30 ± 2ºC. Os parâmetros cinéticos obtidos foram: YP/S, rendimento e produtividade de 0,461, 90,2 % e 1,75 g/L.h, respectivamente. Os resultados das análises físico-químicas: açúcar residual, acidez total, ºGL (%v/v) e pH do fermentado mostraram que seus valores estão de acordo com a legislação brasileira acerca de vinho de frutas. Palavras-chave: Cereus jamacaru, vinho, fermentação alcoólica, caracterização físico-química KINETICS OF MANDACARU FRUIT WINE PRODUCTION ABSTRACT Cereus jamacaru P. DC. is a typical fruit of Northeast Brazilian region. The production of mandacaru wine is a way to minimize the post-harvest fruits losses. From the point of view that the fruit presents adequate chemical characteristics for the ethanol production, the necessity to make a kinetic study of the alcoholic fermentation in the production of the wine was observed. The wine was produced in a stirred batch reactor, at the temperature of 30 ± 2 ºC. The following kinetic parameters were obtained: YP/S, yield and the productivity were 0.461, 90.2% and 1.75 g/Lh respectively. The results of physical-chemical analyses: residual sugars, total acidity, ºGL (%v/v) and pH of wine showed that their valeus were within the standard limits established by the Brazilian legislation for fruit wines. Keywords: Cereus jamacaru, wine, alcoholic fermentation, physical-chemical characterization INTRODUÇÃO O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) é uma cactácea típica da região Nordeste do Brasil (Caatinga). De acordo com Rocha & Agra (2002), o tamanho do fruto varia de 10-13 x 5-9 cm, ovóide, sucosa; epicarpos glabros, róseos a vermelho; polpa funicular, mucilaginosa, branca; sementes pretas variando de 1,5 – 2,5 mm de comprimento. Estudos realizados por Almeida et al. (2005) verificaram que esta fruta apresenta grande potencial de aproveitamento industrial, por apresentar teores relativamente elevados de sólidos solúveis totais (SST) e açúcares redutores (AR), constituintes importantes em processos biotecnológicos (p.ex. fermentação alcoólica). _____________________ Protocolo 862 de 12/06/2006 1 Aluna de Doutorado em Engenharia de Processos, UFCG, E-mail: [email protected] Aluna de Graduação em Engenharia Química , UFPB, E-mail: [email protected] 3 Professores Dr. do Departamento de Engenharia Química, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, Email: [email protected] e [email protected] 2 36 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru Não há relatos de aproveitamento desses frutos, ocorrendo assim, grande desperdício dos mesmos em sua safra (fevereiro a setembro). Araújo & Silva (1995) comentam que os índices de perdas pós-colheita são preocupantes e refletem negativamente na economia de algumas regiões do Brasil, e ainda acrescentam que cerca de 50% da produção de frutos tropicais não são aproveitados. Portanto, a aplicação de processos biotecnológicos na produção de fermentado (vinho) do fruto de mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) é uma forma alternativa de minimizar essas perdas, e tem como finalidade principal reduzir o desperdício do fruto através de um aproveitamento racional, uma vez que não se encontram na literatura estudos com este propósito. De acordo com a legislação brasileira (Brasil, 1997; Torres Neto et al., 2006), o fermentado de fruta é uma bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida da fermentação alcoólica do mosto de fruta sã, fresca e madura. Pelo fato do mandacaru apresentar características químicas adequadas para a produção de etanol, surgiu à necessidade de fazer um estudo cinético da fermentação alcoólica dessa produção. A análise de componentes como etanol, acidez total, açúcares residuais e pH são de vital importância para verificar se as características do produto estão dentro das especificações estabelecidas pela legislação brasileira (Garruti, 2001). De acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 1997), a concentração máxima de metanol permitida nos vinhos de mesa é de 0,5 g/100mL de álcool anidro, visto que o metanol é tóxico aos seres humanos, e pode provocar, quando consumido com concentrações acima do permitido, a queda do pH do sangue do consumidor afetando o sistema respiratório, e conseqüentemente levar a cegueira e/ou até a morte. Os vinhos ou fermentados de frutas são divididos em três classes no que se refere à quantidade de açúcares residuais. A primeira classe apresenta os vinhos do tipo seco, com até 5 g/L de açúcares totais, a segunda entre 5,1 e 20 g/L são do tipo meio seco e a terceira e última é a classe dos vinhos suaves ou doces com mais de 20,1 g/L (Rizzon et al., 1994). A acidez total expressa em ácido acético, é a acidez titulável que determina a quantidade das funções ácidas livres presentes no suco ou no vinho, e é a soma da acidez volátil e acidez fixa. A legislação brasileira (BRASIL, 1997) Almeida et al. exige que, para os fermentados de frutas, os teores de acidez total estejam compreendidos na faixa de 3,3 a 7,8g/L (55 a 130 meq/L). O ácido acético é o principal ácido orgânico excretado no meio em fermentação, sendo expresso em acidez volátil (Rizzon, 1994). Geralmente, o fermentado de fruta apresenta pH variando entre 3,0 e 4,0. A análise de pH facilita na avaliação da resistência do produto à infecção bacteriana. O pH igual a 3,4 é o ideal para que o produto aumente a resistência às infecções (Hashizume, 2001). Este trabalho teve o objetivo de realizar o estudo cinético da fermentação alcoólica na produção do fermentado de fruto do mandacaru. MATERIAIS E MÉTODOS Matéria-prima e caracterização Os frutos do mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.) foram provenientes de plantações extensivas localizadas às margens da BR-104 que dá acesso a cidade de Queimadas, a 19Km de Campina Grande. Foram utilizados frutos no estádio maduro, onde passaram por uma seleção visando eliminar os frutos defeituosos e machucados, para não comprometer o processo fermentativo. Os frutos foram imersos em água clorada na concentração de 20ppm durante 15 minutos, e em seguida foi feita uma nova lavagem em água corrente visando eliminar os resíduos de cloro. Depois de cortados, a polpa e as sementes foram separadas por meio de filtragem em tecido de algodão bastante limpo, obtendo-se a polpa livre de fibras e sementes. Após a filtragem, a polpa foi acondicionada em sacos plásticos e estocados a -18°C. Para a caracterização e preparo do mosto, a polpa foi descongelada e caracterizada (em triplicata), quanto ao teor de açúcares redutores totais, pelo método de DNS (ácido 3,5-dinitro salicílico), segundo Miller modificado (1959); Umidade, cinzas, pH, sólidos solúveis totais (°Brix) e acidez titulável segundo as metodologias descritas pelas Normas do Instituto Adolfo Lutz (1985). Etapas da elaboração da bebida fermentada Clarificação e filtração do suco Após o descongelamento da polpa, fez-se a clarificação da mesma com solução de gelatina a 10% (comercial, incolor e inodora), Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru Almeida et al. 37 numa proporção de 10 mL/litro de suco, adicionando-a ao suco e homogeneizando. Em seguida, o mosto foi colocado em geladeira por um período de 12 horas. Posteriormente, fez-se uma nova filtração através de tecidos de algodão, obtendo-se um mosto clarificado e com um aspecto mais límpido. A clarificação consiste na remoção da pectina que é um polissacarídeo presente em vários frutos de origem tropical, que durante o processo fermentativo pode dar origem ao metanol que é uma substância altamente tóxica. até que o °Brix chegasse próximo de zero. Posteriormente, adicionaram-se os 70g/L restantes de sacarose (segunda chaptalização) iniciando a segunda etapa da fermentação, fazendo-se novamente o controle de todas as variáveis observadas na primeira etapa até que o valor do °Brix ficasse constante. A finalidade de produzir um fermentado do tipo seco é pelo fato de sua utilização posteriormente na produção de vinagre (fermentação acética). Sulfitação Terminada a segunda etapa de fermentação alcoólica, iniciou-se a clarificação gradativa do vinho, através de trasfegas. A primeira trasfega foi realizada logo após o final da fermentação. Depois de 30 dias fez-se uma segunda trasfega. A trasfega consiste na remoção das partículas sólidas em suspensão, que caso não sejam removidas, podem dar origem a produtos de odor desagradável, como H2S ou mercaptana, os quais depreciam o vinho (Borzani et al., 1983). Engarrafou-se o fermentado em garrafas de 1L apropriadas para vinhos, de vidro verde escuro e rolhas de cortiça e em seguida pasteurizou-se as garrafas. A pasteurização foi realizada em água previamente aquecida a uma temperatura de 65ºC durante 30 minutos. Seguido de choque térmico, em água corrente. Terminado o processo de pasteurização, as garrafas foram armazenadas em ambiente fresco. Utilizou-se o metabissulfito de potássio (K2S2O5), numa concentração de 3 gramas para cada 10 litros de suco clarificado, tendo a finalidade de fazer a desinfecção do suco e conseqüentemente evitar a proliferação de microrganismos indesejáveis. Chaptalização A chaptalização, com uma concentração de 100g de sacarose/L de suco, foi dividida em duas etapas: 30g/L no início da fermentação e 70g/L na segunda etapa. Consiste em adicionar sacarose ao mosto para atingir uma graduação alcoólica desejada. Microrganismo utilizado O microrganismo utilizado no processo fermentativo foi a levedura Saccharomyces cerevisiae (fermento biológico comercial, marca Fleischmann, 70% de umidade), onde foi adicionado inicialmente ao mosto uma concentração de 3 g/L (massa seca). Fermentação alcoólica Terminada a preparação do mosto, iniciou-se a primeira etapa da fermentação alcoólica que foi conduzida em reator batelada, em duas repetições, em recipientes de plástico com capacidade de 10L. O volume de mosto a fermentar foi de 5 litros, a temperatura de 30 ± 2ºC. Durante a primeira fase da fermentação alcoólica realizou-se a cada 2 horas o controle das seguintes variáveis: concentração de açúcares redutores totais (ART) pelo método de DNS (ácido 3,5-dinitro salicílico), segundo Miller modificado (1959); sólidos solúveis totais por refratometria, temperatura; pH, por potenciometria; teor alcoólico (ebuliômetro) e acidez total, por titulometria com NaOH 0,1N, Trasfega, engarrafamento e pasteurização Cálculo do rendimento, produtividade e dos parâmetros cinéticos da fermentação alcoólica O rendimento (%) e a produtividade (g/L.h) para a produção de bebida fermentada do fruto do mandacaru, foram calculados pelas Equações 1 e 2. Q EXP x 100(%) Q TEO Q Produtivid ade (g/L.h) EXP t Rendimento (%) (1) (2) onde: QEXP = Concentração de etanol experimental = 0,7895(g/mL)×(°GL/100)×1000(mL/L); QTEO =Concentração de etanol teórico = Quantidade de açúcares consumidos×0,511; t = Tempo de fermentação (h); Através da Equação 3 foi calculado o parâmetro cinético Yp/s: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru 38 YP/S P P0 S0 S distintas, onde foi adicionado 30g/L de sacarose no início da fermentação (primeira etapa) e 70g/L na segunda etapa. Analisando a Figura 1 verifica-se que houve uma redução lenta na concentração de ART nas primeiras 4 horas da fermentação alcoólica, tornando-se mais rápida ao longo do tempo, atingindo um nível de 0,21% de ART com 16 horas de fermentação em decorrência do consumo do substrato pelo microrganismo, em paralelo houve um aumento na concentração de etanol chegando a 61,27 g/L (7,76% v/v). O teor de sólidos solúveis totais, constituído em sua maioria por açúcares redutores totais, decresceu em função do consumo dos açúcares pelos microrganismos, apresentando um perfil semelhante ao decréscimo dos açúcares redutores totais. Nesta fase da fermentação (16h) verificou-se que o teor de sólidos solúveis totais estava constante (Tabela 1) e a fermentação tinha cessado, logo foi adicionado os 70g/L de sacarose ao mosto (segunda chaptalização) o que ocasionou um aumento na concentração de ART. Silva (1998) comenta que a chaptalização feita em duas etapas é uma prática realizada para minimizar a inibição do microrganismo pelo substrato. A concentração de ART começou novamente a decrescer com o tempo de fermentação, fato este ocasionado pela ação da levedura, verificando-se uma redução de 94% de ART ao completar 27 horas de fermentação. Nesta fase da fermentação, a concentração de etanol já atingia o pico máximo, 82,11 g/L, que corresponde a 10,4 % em volume, a 20 ºC. Constata-se ainda, que no final da fermentação o °Brix permaneceu constante (5,5), provavelmente, pela presença de açúcares infermentescíveis no suco de mandacaru. (3) onde: S = concentração final de substrato (g/L); S0 = concentração inicial de substrato (g/L); P = concentração final de produto (g/L); P0 = concentração inicial de produto (g/L); Yp/s (rendimento em produto) = quantidade de produto formado em relação à quantidade de substrato limitante consumido. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização da polpa do mandacaru A polpa in natura apresentou uma concentração de sólidos solúveis totais de 11ºBrix, que correspondente a 9,82g/L de açúcares redutores totais. No entanto, foi necessário adicionar sacarose ao mosto para que a bebida fermentada obtida apresentasse uma graduação alcoólica mais elevada. O pH de 4,1 apresentado pela polpa é adequado para a fermentação alcoólica e está de acordo com a faixa de pH ótimo que deve está entre 4 a 4,5 para conduzir uma boa fermentação (Lopes et al., 2006), não sendo necessário fazer a correção do mesmo. Fermentação alcoólica Durante o processo fermentativo foi observado o comportamento cinético das concentrações de açúcares redutores totais (substrato), sólidos solúveis totais (SST) e produto (etanol) em função do tempo de fermentação (Figura 1). Pode-se observar que a fermentação alcoólica ocorreu em duas etapas 14 Etanol, ART, SST (%, g/L, °Brix) Almeida et al. Etanol (g/L) Açúcares redutores totais (g/L) Sólidos solúveis totais (°Brix) 12 10 8 6 4 2 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (h) Figura 1 – Perfil cinético da produção de etanol, consumo de açúcares redutores totais e sólidos solúveis totais durante a fermentação alcoólica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru A Figura 2 mostra as variações de pH e acidez total durante o processo fermentativo. Pode-se constatar que o pH decresceu de 4,57 para 3,85 nas primeiras 12 horas, tornando-se praticamente constante até o final da Almeida et al. 39 fermentação, em contrapartida, a formação de ácidos foi crescente até o final da fermentação, mas ficou estável das 8 às 20 horas de fermentação. Tabela 1 – Resultados das determinações analíticas realizadas durante o processo fermentativo T Acidez Etanol (h) pH (%) °Brix (%) ART(g/L) 0 4,57 0,17 13,00 0,00 11,98 2 4,45 0,19 12,90 0,51 11,50 4 4,36 0,21 12,00 1,60 11,06 6 4,27 0,23 11,25 2,65 9,56 8 4,09 0,27 10,00 3,88 7,19 10 3,97 0,26 8,00 6,25 4,96 12 3,85 0,26 6,00 8,14 2,33 14 3,89 0,27 4,00 7,76 0,52 16 3,95 0,23 4,00 7,76 0,21 18 3,85 0,27 10,5 7,76 6,33 20 3,84 0,27 9,25 7,76 4,62 23 3,86 0,33 7,00 7,76 2,68 27 3,82 0,30 5,55 10,40 0,38 31 3,89 0,29 5,55 10,40 0,33 47 3,89 0,30 5,55 10,40 0,27 indesejáveis. Comportamentos semelhantes na acidez e pH durante o processo fermentativo também foram verificadas por Bortolini et al. (2001), Andrade et al. (2003) e Torres Neto et al. (2006). É importante ressaltar que a variação na acidez durante a fermentação tem grande influência na estabilidade e coloração das bebidas fermentadas (Rizzon et al., 1994). 4,6 0,34 4,5 0,32 0,30 4,4 0,28 pH 4,3 0,26 pH Acidez 4,2 0,24 4,1 0,22 4,0 Acidez total (g/100mL) O aumento da acidez total e conseqüentemente a redução no pH ao longo do processo fermentativo (Figura 2) são decorrentes da produção de ácidos orgânicos, como ácido lático, acético e succínico, Borzani et al. (1983). Verificando-se ainda que a faixa de pH (3,89 a 4,57) durante o processo de fermentação foi suficiente para permitir uma rápida fermentação alcoólica e inibir bactérias 0,20 3,9 0,18 3,8 0,16 0 10 20 30 40 50 Tempo (h) Figura 2 - Variação do pH e da concentração de acidez total (g/100mL de ácido acético), em função do tempo de fermentação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006 40 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru Os resultados do rendimento, produtividade da bebida fermentada (vinho) do fruto do mandacaru e o parâmetro cinético Yp/s podem ser observados na Tabela 2. Analisando os dados obtidos, pode-se constatar que o rendimento (90,2%) e a produtividade (1,75 g/L.h) apresentaram valores bem próximos aos encontrados por Bortolini et al. (2001) que obtiveram rendimentos de 75,6-92,4% e produtividades de 0,74-2 g/L.h quando estudaram a fermentação alcoólica do kiwi. Silva (2004) verificou rendimento e produtividade de Almeida et al. 55,67% e 0,78g/L.h, respectivamente, quando produziram fermentado de caju. O rendimento em produto deste trabalho foi de 0,461g/g, sendo este valor superior ao encontrado por Silva (2004) que obteve 0,3 e bem próximo ao de Andrietta & Stupiello (1990) que verificaram valores de Yp/s = 0,445 ao estudarem a fermentação alcoólica do caldo de cana. As variações observadas nos parâmetros cinéticos por várias pesquisas podem ser atribuídas a vários fatores como: cepa de levedura, operação do reator, temperatura e substrato. Tabela 2 - Valores experimentais da produção da bebida fermentada (vinho) do fruto do mandacaru Valores Parâmetros experimentais Rendimento (%) 90,2 Produtividade (g/L.h) 1,75 Yp/s (g/g) 0,461 Caracterização físico-química fermentada de mandacaru da bebida A composição química da bebida fermentada de mandacaru pode ser observada na Tabela 3. O teor residual de açúcares redutores totais e a graduação alcoólica de 82,11g/L (10,4% v/v) classificam a bebida como vinho seco. O teor alcoólico da bebida fermentada de mandacaru está de acordo com as especificações exigidas pela legislação brasileira de bebidas (Brasil, 1997). A bebida fermentada apresentou valores de açúcares redutores totais, sólidos solúveis, etanol e acidez total inferiores à bebida do fruto da pupunha obtida por Andrade et al. (2003) que foi de 1,01g/L; 7,25°Brix; 95,2g/L e 6,4g/L, respectivamente. No entanto, Lopes et al. (2005) estudando a produção do fermentado do fruto da palma forrageira obtiveram um valor médio de etanol de 6,05% (v/v), valor inferior ao obtido nesse trabalho. O pH de 3,91, observado no fermentado de mandacaru, confere a bebida uma maior resistência às infecções bacterianas. A acidez total da bebida teve seu valor duplicado, quando comparado ao início da fermentação, o que revela que não houve produção excessiva de ácidos orgânicos. Tabela 3 – Resultados das análises físico-químicas da bebida fermentada Parâmetros analisados Açúcares redutores totais (g/L) Sólidos solúveis (°Brix) Etanol (g/L); ºGL (%v/v) pH Acidez total (%ácido acético) Média 0,04 5,5 82,11; 10,4 3,91 0,24 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.35-42, 2006 Cinética da produção do fermentado do fruto do mandacaru CONCLUSÕES A levedura comercial (Saccharomyces cerevisiae) utilizada como inóculo foi eficiente na conversão da sacarose em etanol. O processo de fermentação alcoólica operou numa ótima faixa de pH. Os parâmetros de rendimento, produtividade e YP/S obtidos confirmam que a levedura de panificação utilizada apresentou bom desempenho no processo de fermentação alcoólica. A bebida fermentada produzida apresentou uma concentração de etanol dentro da faixa determinada pela legislação brasileira. Almeida et al. 41 Borzani, W.; Aquaroni, E.; Lima, U.A. Engenharia Bioquímica, v.3 São Paulo. 1983. Brasil, Decreto n0 2314, 4 set. 1997, Diário Oficial da União, Brasilia, 05 de set., 1997. Garruti, D.S. Compostos voláteis e qualidade de aroma do vinho de caju. Campinas: UNICAMP/FEA, 2001. (Tese de Doutorado). Hashimure, T. In: Biotecnologia na Produção de Alimentos; Aquarone, E.; Borzani, W.; Schimidell, W.; Lima, U.A., eds.; Cap. 2. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 2001. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas: Métodos químicoas e físicos para análise de alimentos. São Paulo-SP, v. 1, 3ªed. 1985, 317p. Almeida, M. M.; Oliveira, A. S.; Amorim, B. C.; Freire, R. M. M.; Oliveira, L. S. C.; Silva, F. L. H. Características físicas e físico-químicas do fruto do mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.). In: I Simpósio Brasileiro de Pós-Colheita De Frutos Tropicais, 2005, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Hotel Ouro Branco, 2005. p.1-6. ou (Cd Rom). Lopes, R.V.V.; Rocha, A.S.; Silva, F.L.H.; Gouveia, J. P. G. 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Para isto, foram realizados experimentos de secagem em fluxos cruzados em secadores industriais. Utilizando-se dos resultados disponíveis na literatura, foi proposto um modelo matemático para descrever a perda do teor de umidade do produto durante a secagem e comparou-se os resultados preditos pelo modelo proposto com dados experimentais. Concluiu-se que os desvios entre os valores do teor de umidade na saída do secador predito pelo modelo e os experimentais foram considerados satisfatórios, devido ao elevado número de variáveis envolvidas, e que é possível secar toda a massa de casulos com teor de umidade inicial de 2,125 (b.s.) até o nível de 0,210 (b.s.), necessitando para isto, uma área de secagem de 4,7x1,0 m2, temperaturas de 105, 90 e 60oC e velocidade do ar de secagem através da massa de casulos de 0,3 m/s, nas três câmaras de secagem que compõem o secador. Palavras-chave: Secadores industriais, numérico, experimental, casulo do bicho-da-seda SILKWORM COCOON DRYING IN CROSS FLOW: MODELING, SIMULATION AND EXPERIMENTATION ABSTRACT This work presents a theoretical and experimental study of silkworm cocoon drying in cross flow. Drying experiments were performed in industrial dryers. From the literature, a mathematical model to describe the loss of moisture of the product during the drying it was proposed. The drying kinetics was simulated and the experimental and predicted average moisture content were compared. From the results it can be conclude that the deviations among the values of moisture content in the exit of the dryer predicted by the model and the experimental ones were considered satisfactory, due to the high number of drying parameters involved in the drying process, and that it is possible to dry the whole mass of cocoons with initial moisture content from 2.125 (b.s.) to 0.210 (b.s.), using one drying area of 4.7x1.0 m2, air-temperatures 105, 90 and 60oC and air-drying velocity of 0.3 m/s through the mass of cocoons, in the three drying chambers that compose the dryer. Keywords: Industrial driers, numerical, experimental, silkworm cocoon ____________________ Protocolo 883 de 15/03/2005 1. Professor Doutor do Departamento de Engenharia Mecânica, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), CEP 58109-970, Cx. Postal 10069, Campina Grande-PB, Brasil. Fone (083) 310-1317, e-mail: [email protected] 2. Doutorando em Engenharia de Processos, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil. 3. Pesquisador Sênior Doutor, SICTCT, Governo do Estado da Paraíba 44 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação Lima et al. INTRODUÇÃO O casulo produzido pelo bicho-da-seda Bombix mori L. (Figura 1), material de forma variável, porém definida, é atualmente comercializado com o objetivo de se gerar fio de seda e conseqüentemente produtos de alto valor agregado, a partir de sua industrialização. O casulo comercial é resultante de um conjunto de operações tecnológicas na cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda. Estas operações têm por finalidade modificar as características físicas e químicas, qualitativa e/ou quantitativamente dos casulos verdes, características estas que são indispensáveis para o seu melhor aproveitamento e comercialização futura. Na época de colheita, o casulo possui em média, de sua massa, 17,0 à 24,4% para a casca, 75,0 à 82,3% para a crisálida e 0,6 à 0,7% para o espólio (Fonseca e Fonseca, 1988); dos quais 68,2% é água; 14,3% é de seda grege, 16,8% é crisálida e 0,7% são materiais gomosos solúveis em água (Biachi, 1945). Deste total de água, 93% está contido na crisálida (que se encontra no interior do casulo), e o restante na casca. A casca do casulo, depois de retirada a anafaia, é constituída unicamente do fio de seda, que por sua vez é composto basicamente de sericina (20 à 30%) e fibroina (70 à 80%), (Hanada e Watanabe, 1986). Figura 1 - Casulo do bicho da seda, incluindo a casca, a crisálida e o espólio. Devido ao alto teor de umidade, baixo ciclo de vida da crisálida e dada a sua grande importância, para fins de comercialização, torna-se necessária a secagem dos casulos do bicho-da-seda para posterior armazenagem e utilização como matéria-prima para indústria de fiação, com conseqüente exportação do fio de seda. Sendo assim, o fio de seda desempenha relevante papel na economia de divisas, pelo seu caráter de exportação. Existe uma gama de secadores que atendem às necessidades específicas de determinados processos, alguns são sofisticados, outros são muito simples, atendendo somente a algumas peculiaridades do processo de secagem. A adoção de uma determinada técnica de secagem depende de fatores tão diversificados quanto o valor do investimento, escala de produção, custo de energia, área disponível, qualidade final do produto, tipo de operação (contínua ou intermitente); nível adequado de automatização, segurança contra acidentes, nível de poluição tolerável no local de produção, sazonalidade no suprimento de matéria prima, dificuldade de treinamento de operadores, dependência ou independência da tecnologia de terceiros, dificuldades na reposição das peças e muitos outros (Bernauer e Rocha, 1984). Os secadores de fluxos cruzados são hoje os mais utilizados em todo o mundo, por serem de simples construção e operação, e por apresentarem menor custo inicial do que outros tipos de secadores. Os modelos existentes geralmente trabalham de forma intermitente, processando um lote de produto de cada vez, o que proporciona uma baixa capacidade de secagem. O secador de fluxos cruzados convencional apresenta a desvantagem da formação de gradientes de temperatura e de teor de umidade ao longo da massa de sólido. Para reduzir as desvantagens apresentadas pelos secadores de fluxos cruzados convencionais, várias modificações têm sido feitas no seu projeto visando principalmente reduzir os gradientes de teor de umidade e melhorar a eficiência energética de secagem. A configuração do secador de fluxos cruzados resulta em muitos parâmetros de projeto e de operação os quais podem ser ajustados para atingir o desempenho máximo do secador. Uma vez que existe uma simetria no perfil de temperatura e de teor de umidade do produto ao longo da largura do secador, esta dimensão afeta somente a capacidade total do secador. A altura da camada de secagem e o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação fluxo de produto são escolhidos de tal forma a encontrar o tempo de residência apropriado do produto no secador. Dessa forma, a espessura da camada e o tempo de residência do produto no secador são os principais parâmetros de projeto, juntamente com os parâmetros operacionais, temperatura, umidade relativa e fluxo de ar (Hawk et al., citados por Meloni e Queiroz, 1991). No processo de secagem dos casulos verdes, em fluxos contínuos, geralmente adotase o aquecimento com ar quente, sendo que muitas experiências foram feitas anteriormente neste processo de secagem, mas a máxima temperatura de ar quente usada sempre foi menor ou igual a 373 K. Após uma série de pesquisas, opiniões muito diversas e confusas, sustentam que a máxima temperatura de secagem de casulos não deverá ser maior que 388 K (Shiruo, 1986). De acordo com o mesmo autor, a velocidade ótima de secagem é de 0,5m/s. De acordo com a Fiação de Seda Bratac S/A, faz-se necessário um controle muito rigoroso de temperatura para os diversos tipos de casulos, principalmente quando se quer escolher a faixa ideal de temperatura para cada tipo de casulo verde. Segundo essa mesma empresa, o uso de uma temperatura de 120oC, provocará a morte da crisálida e uma dificuldade em se fiar esses casulos, com um número acentuado de emendas. Para o caso de se secar os casulos em temperaturas baixas, haverá dificuldades no cozimento e na manufaturação do fio, provocados pelas emendas e paradas sucessivas das máquinas. Em ambos os casos se acentuam uma enorme redução da produção. Fonseca e Fonseca (1988), demonstraram que a secagem, é realizada fazendo-se atravessar uma corrente de ar quente, sobre a massa de casulos verdes, com uma temperatura de aproximadamente 100 à 110oC; terminando a secagem com a temperatura entre 40 e 50oC. A regressão progressiva da temperatura se faz necessária a medida em que se vai completando a secagem do casulo. Shiruo (1986) afirma que uma das formas, amplamente usada na China, de se reduzir as influências das temperaturas e umidade do ar quente sobre os casulos, é utilizar um processo duplo de secagem, que consiste em submeter os casulos verdes à duas câmaras de ar quente à temperaturas diferentes em ordem decrescente. Este procedimento Lima et al. 45 permite a obtenção de casulos secos de qualidade aceitável para comercialização. O autor sugere as seguintes condições favoráveis de secagem, para o referido processo: secagem primária T = 373 à 383 K e UR = 10%; secagem secundária T = 353 à 363 K e UR= 10 à 20%. Dados técnicos fornecidos pela Yamato Sanko MFG. Co., LTD., do secador de fluxos cruzados "Yamato" Cocoon Drying Machine, modelo 65-13P-25W-BL-K são os seguintes: temperaturas alta 120oC ~ 100oC e média à baixa: 95oC ~ 50oC. Nestas condições, a massa do casulo após secagem varia, com relação a massa inicial, de 42 à 40%, o que corresponde a uma variação na quantidade final de água de 11,2 à 8,2%. Do exposto, pode-se, portanto afirmar, que a análise do mecanismo de secagem para casulos do bicho-da-seda é muito complicado e um tanto difícil, e exige estrutura e tecnologias especiais. No Brasil, a tecnologia de secagem dos casulos verdes é detida pelas grandes empresas de fiação, tais como a Fiação de Seda Bratac S.A. e a Cooperativa dos Cafeicultores e agropecuarista do Maringá Ltda. (Cocamar), que absorvem quase toda a produção de casulos do país, disto resulta que a produção de casulos verdes obtidos pelos produtores é repassada para as empresas a preços relativamente baixos baseados no câmbio comercial. Devido ao fato de que a secagem defeituosa de casulos produz uma enorme dificuldade em se manufaturar os mesmos (que é detectada em exames pré-estocagem, que visa principalmente a análise do lote quanto à sua qualidade de fio e fiabilidade), e que os secadores de fluxos cruzados, com processo de secagem contínua ou intermitente, são empregados na secagem artificial de casulos do bicho-da-seda (e são, de um modo geral, antieconômicos, dificultando a sua aquisição generalizada por parte dos produtores de casulos, mesmo em nível de associação). Desta forma esta pesquisa tem por objetivo dar uma contribuição à secagem de materiais porosos de granulometria e composição química variadas, em particular a secagem de casulos produzidos pelo bicho-da-seda Bombix mori L., e apresentar dados experimentais e teóricos da secagem de casulos em secador industrial de esteira, de secagem contínua e de fluxos cruzados. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 46 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação MATERIAIS E MÉTODOS Métodos experimentais A determinação experimental do teor de umidade do produto em função do tempo de secagem foi realizado em um secador industrial de propriedade da COCAMAR (Maringá-PR), esquematizado na Figura 2 conforme o procedimento descrito a seguir: a) Colocou-se uma amostra de casulos verdes, de massa “m”, em um recipiente de tela de arame; b) A amostra foi depositada para secar, a partir do início da primeira esteira transportadora, na borda de entrada do secador; c) A amostra, juntamente com o recipiente, foram retiradas quando a mesma atingiu a extremidade oposta da esteira; d) A massa da amostra foi aferida, mediu-se a temperatura da casca e efetuou-se o registro da temperatura média da câmara de secagem, recolocando a amostra na próxima esteira. O procedimento se repete, até que a amostra atinja a saída da última esteira (saída do secador). As pesagens foram realizadas em uma balança de pratos, com precisão de leitura de 0,1g. Retirar o recipiente (com a amostra), pesálo, medir a temperatura da casca, anotar a temperatura da câmara de secagem e recolocálo na esteira transportadora. O tempo de duração desta operação durava em média 1 minuto. O acesso as esteiras transportadoras, no total de oito, se deu através da abertura de uma porta corrediça fabricada em perfil laminado e vidro, existente em cada extremidade do secador. As temperaturas média das câmaras de secagem, as correntes e tensões elétricas dos ventiladores, e pressões de vapor d´água (no trocador de calor) foram medidas através de termômetros, amperímetro, voltímetro e manômetro, respectivamente instalados em um painel de leitura, situado nas proximidades do secador. As temperaturas ambientes e da casca do casulo foram medidas por intermédio de um termômetro digital marca PRAZIS. A umidade relativa foi obtida a partir do uso de um psicrômetro, o somatório das medições dividido pelo numero de observações obteve-se a média diária das condições ambiente. Verificou Lima et al. também, detalhes de projeto do referido secador, tais como: velocidade da esteira, estrutura metálica e acesso ao interior do mesmo. Procedimento idêntico ao descrito anteriormente foi adotado para a determinação da cinética de secagem de casulos do bicho-daseda, no secador da EMPARN (Canguaretama RN). O secador utilizado está esquematizado na Figura 1, com exceção da quantidade de esteira, que neste caso, passa a ter um total de seis. A umidade relativa do ar ambiente, não foi medida, em virtude da indisponibilidade de instrumento de medida. O equipamento de secagem de casulos verdes é de construção tal que, de acordo com o uso de circulação de ar quente, seca os casulos num processo contínuo em que estes se deslocam da parte superior da mesma para a inferior, através das esteiras transportadoras, localizadas duas a duas, em cada câmara de aquecimento distinta e sobreposta. A última esteira é responsável pelo fluxo de casulos no secador onde, uma vez fora do mesmo, os casulos são resfriados à temperatura ambiente. As câmaras estão separadas entre si por chapas metálicas de zinco, dividindo o interior do equipamento horizontalmente, segundo a capacidade de secagem. Cada câmara é equipada com ventilador, aquecedor de ar, duto de entrada de ar quente e duto de circulação, situados na parte externa do secador. A partir dos experimentos realizados, comparou-se os processos de secagem em leito fixo e fluxos cruzados, a fim de verificar qual das técnicas é a mais viável e sob que condições deve ser executado o processo de secagem de casulos do bicho-da-seda. Modelo teórico Lima (1995), realizou experimentos de secagem em leito fixo, e a partir da forma da curva de secagem e dos dados obtidos experimentalmente, propôs equações empíricas para descrever a cinética de secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo, utilizando o modelo de Newmann modificado, e obteve por regressão não-linear, as constantes de secagem do produto para cada experimento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação Lima et al. 47 Trocador de calor Exaustã o de ar Ventilador Ar quente Esteira transportadora Ventilador Vapor d'á gua Ar de retorno Injeç ã o de ar frio Condensado Caldeira Figura 2 – Esquemática do secador de fluxos cruzados industrial existente na COCAMAR (MaringáPR) O modelo de Newmann modificado tem a forma: X Ae k t (1) onde X é o teor de umidade, t é o tempo, A e k são constantes a serem determinadas. Lima (1995) a partir de uma análise do comportamento do parâmetro “k”, constatou a sua dependência com os parâmetros temperatura, vazão do ar e espessura do leito, e verificou uma tendência linear deste parâmetro com relação as variáveis citadas. O autor sugeriu uma equação utilizando as três variáveis a fim de predizer o processo de secagem do produto para diversas condições operacionais pré-estabelecidas. A equação proposta por Lima (1995) foi: k = C1 + C2 Q + C3 T +C4 E (2) onde Q é a vazão de ar [m3/(h.m2)]; T é a temperatura do ar ( C); E é a espessura do leito (cm) e C1, C2, C3 e C4 são parâmetros da equação. Com um programa em linguagem Fortran, que utiliza o algoritmo de Levenberger-Marquardt, o autor fez regressão desta equação a fim de obter os valores das constantes da mesma. Os resultados obtidos foram: C1 = -0,13674098 10-1 ( min-1 ) C2 = -0,23600697. 10-7 { min-1/[m3/(h.m2)] } C3 = 0,24547899 10-3 min-1/oC C4 = -0,17120603 10-3 min-1/cm O erro médio e o desvio padrão da equação (2) é de 1,28027% e 0,00010, respectivamente para as seguintes condições de trabalho: 1986,9 Q 8345,3 m3/(h.m2); 70 < T < 90 C 2,0 < E < 5,5cm Na equação (2) não foi incorporada o efeito da umidade relativa, tendo em vista que em todos os experimentos realizados por Lima (1995), este parâmetro apresentou valores entre 3,67% e 6,50%. A fim de que os resultados obtidos neste trabalho pudessem ser de maior aplicação, procurou-se simular o processo de secagem de casulos, em um secador de operação contínua, de fluxos cruzados. Com base na literatura consultada, de experimentos realizados em condições ambientais da cidade de Campina Grande-PB e teor de umidade final do produto, após ser submetido à secagem, propôs-se as condições de secagem de casulos em um secador de operação contínua, de fluxos cruzados. A partir destas novas condições de secagem, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 48 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação determinou-se o parâmetro k apropriado, utilizando a equação (1). Uma vez conhecidos os resultados do parâmetro mencionado e, admitindo que a secagem em fluxos cruzados à baixa velocidade se comporta como secagem em leito fixo, ajustou-se o modelo de Newmann modificado, permitindo a simulação da cinética de secagem de casulos do bicho-daseda. A partir daí, comparou-se os resultados preditos com os experimentais (que foram realizados em secadores industriais em plena atividade), viabilizando desta forma as condições de secagem pré-estabelecidas. RESULTADOS E DISCUSSÕES *Experimentais Os três experimentos que foram realizados com diferentes amostras em um secador de operação contínua e fluxos cruzados na Cocamar, situada em Maringá-PR, e um Lima et al. experimento em um secador similar na EMPARN, situada em Canguaretama-RN encontram-se nas Tabelas de 1 a 3. Os resultados dos ensaios realizados na Cocamar estão nas Tabelas 1 e 2, e diz respeito a uma produção nominal de casulos verdes de 4,8 ton/dia (1dia = 24horas), para uma velocidade da esteira de 40 cm/min, em condições ambientais externas ao secador de 28,3°C e umidade relativa do ar de 71%. Os dados da Tabela 3 correspondem ao experimento feito na EMPARN. A espessura da camada de casulos em todos os experimentos, tanto na Cocamar quanto na EMPARN foi de 4,0 cm. Os dados da Tabela 1 representam a média diária das condições operacionais do secador, enquanto que os dados da Tabela 2 representam a média de três experimentos realizados, para cada tempo de processo. O teor de umidade inicial foi considerado igual para todas as amostras, sendo de 68 % (b.u.). Tabela 1 - Valores da corrente e das tensões elétricas, dos ventiladores de insuflamento e exaustão de ar, pressão do vapor d’água nos trocadores de calor e da temperatura média das câmaras de secagem (secador de fluxos cruzados-Cocamar-PR) Câmara de T (° C) Corrente elétrica Pressão do vapor no trocador de Tensão (V) Secagem do ventilador (A) calor (kgf/cm2) 1 124,3 22 3,6 390 2 115,0 22; 16 3,6; 4,8 390 3 103,9 22; 16 3,6; 4,8 390 4 97,9 --------------------5 92,5 16 4,8 390 6 89,9 7 2,8 390 7 63,0 2 ---------390 8 59,3 2 ---------390 Exaustão --5 ---------390 --3 ---------390 Pela Tabela 1, observa-se que no secador existem 8 ventiladores, dos quais 2, são destinados a exaustão de ar úmido. Os 4 restantes sopram ar quente para as câmaras de secagem. Observa-se ainda que os ventiladores com correntes de 22, 16 e 2 A, sopram ar para as câmaras 1, 2 e 3; 2, 3 e 5; 7 e 8, respectivamente. As pressões do vapor d`água nos trocadores de calor dadas, são aquelas existentes nos tubos de calor que aquecem o ar de secagem. Os dados da Tabela 3 apesar de referirem-se ao único experimento realizado, com exceção da cinética de secagem, os outros valores são confiáveis, uma vez que correspondem às condições operacionais reais do secador. Este secador tem uma produção nominal de 1300 kg/24h de operação contínua, para uma espessura de casulos de 6,0 cm. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação Lima et al. 50 Tabela 2 - Evolução do teor de umidade e das temperaturas da casca, da câmara e ambiente externo, em função do tempo de secagem (secador de fluxos cruzados -Cocamar-PR) Tempo (min) 0 47 94 141 188 235 282 329 376 Massa da amostra (g) 132,7 103,0 80,1 65,5 58,5 52,9 51,0 50,8 50,6 Teor de Umidade (b.s. decimal) 2,125 1,426 0,886 0,543 0,378 0,246 0,201 0,196 0,191 Câmara ----125 112 104 100 98 92 64 62 Temperatura (°C) Casca Ambiente 28,2 28,2 48 27,0 53 28,6 60 29,7 56 28,8 42 28,8 37 27,7 32 27,6 31 26,4 Tabela 3 - Evolução do teor de umidade de casulos do bicho-da-seda, das temperaturas da câmara e ambiente externo, pressão do vapor d’água nos trocadores de calor, em função do tempo de secagem (secador de fluxos cruzados -EMPARN-RN) Câmara de Secagem 1 2 3 Tempo (h) 0 1 2 3 -----4 5 -----6 Massa da amostra (g) 500,0 385,5 298,5 251,5 ------226,1 215,0 ------214,2 Teor de umidade (b.s.) 2,125 1,410 0,866 0,572 -----0,412 0,344 ------0,339 Simulados Procurou-se simular a cinética de secagem dos casulos considerando-se a secagem de fluxo cruzado, como a secagem de um produto em leito fixo se deslocando a baixa velocidade (Queiroz et al., 1982), Para isto, utilizou-se experimentos realizados sob as condições ambientais em Campina Grande-PB, teor de umidade final do produto, e experimentos realizados em secadores industriais, Utilizou-se as temperaturas do ar Tabela 4 - Valores do parâmetro “k” Câmara T (C) 01 105 02 90 03 60 Pressão do vapor (kgf/cm2) 4,5 a 5,0 Temperatura (°C) Controle 105 a 112 90 a 102 70 a 77 Termopar Ambiente 105 95 30 a 35 60 de secagem nas três câmaras de 105, 90 e 60oC, velocidade do ar de secagem de 0,3 m/s (área de fluxo de massa de ar perpendicular de 4,7x1,0 m2) em todas as câmaras, em virtude deste parâmetro praticamente não afetar a cinética de secagem (Lima,1995). Com a vazão e temperatura do ar propostas, e uma espessura de 4,0 cm de casulos, estimou-se o valor do parâmetro k, a partir do uso da equação (2), para cada câmara de secagem, dando como resultado os valores apresentados na Tabela 4 . 3 2 Q (m /h.m ) 1080 1080 1080 k (min-1) 0,011390883 0,007708698 0,000344329 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 50 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação Admitindo-se que o parâmetro k, não varia com o teor de umidade inicial do produto para cada condição de secagem, desprezandose o efeito da temperatura sobre o fluxo de ar, e utilizando o valor do teor de umidade inicial (b.s.) do casulo (considerado neste trabalho), determinou-se a equação de X = f1(t) para a primeira câmara de secagem. De posse do teor de umidade do produto na entrada da segunda câmara de secagem (t = 2h), obtido a partir da equação anterior e com o valor do parâmetro k, para as novas condições de secagem, obteve-se Lima et al. uma nova função, X= f2(t), aplicada a segunda câmara. Conhecido o valor do teor de umidade do produto na entrada da terceira câmara de secagem (t = 4h), utilizando a segunda equação determinada, e com o novo valor de k, determinou-se a nova função, X=f3(t), válida para a terceira câmara. Os resultados deste procedimento estão resumidos na Tabela 5. Nesta tabela, o parâmetro A corresponde ao teor de umidade do produto no início da 1a esteira em cada câmara de secagem. Nas equações, o tempo é dado em minutos. Tabela 5 - Resultado dos parâmetros da equação (2), aplicada à secagem de casulos, no secador de fluxos cruzados nas condições propostas. Câmara A Equação Intervalo de validade 01 2,1250000 U = 2,1250000 e-0,011336651 t 0 t 2h -0,007654466 t 02 1,3766172 U = 1,3660313 e 2 t 4h 03 0,2424544 U = 0,2332744 e-0,000290096 t 4 t 6h Na Tabela 6 encontra-se uma comparação entre as cinéticas de secagem de casulos do bicho-da-seda determinadas experimentalmente nos secadores industriais e a proposta. Percebe-se, após análise da Tabela 6, que a secagem de casulos, nas condições operacionais preestabelecidas, atende as necessidades do produto pós-secagem, apresentando um erro no teor de umidade final de 0,66%, quando comparado com o teor de umidade final do produto, nos experimentos realizados em Maringá-PR e um erro de +7,4%, quando comparado com o experimento realizado em Canguaretama-RN. Os resultados obtidos, nesta última cidade, referem-se apenas a um experimento realizado, o que pode explicar o valor maior do erro, já que com um número maior de repetições esse erro tendem a diminuir. Verifica-se que o material perde em média 61% de sua massa inicial, pela evaporação da água contida no mesmo, assumindo como uniforme, a distribuição do teor de umidade na massa de casulos. Na Figura 3 ilustram-se os dados do teor de umidade durante o processo de secagem, contidos na Tabela 6. Verifica-se que o teor de umidade apresenta um curto período de taxa constante e todo o restante do processo ocorre a taxa de secagem decrescente. Observa-se ainda que os teores de umidade estão muito próximos, no final da secagem, constatando-se uma validade maior do método utilizado nesta etapa da secagem. Supõe-se que as discrepâncias existentes, nos pontos do gráfico, referente principalmente à primeira fase de secagem (0 t 120 min), seja devido às diferenças de umidade relativa do ar de secagem. Uma vez que o aumento desta propriedade psicrométrica retarda o processo, portanto para umidades relativas altas é importante o estudo da influência deste parâmetro, no processo de secagem. Combinando-se as propriedades psicrométricas temperatura e umidade relativa, tem-se qualidade de casulos diferentes, após serem submetidos à secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação Lima et al. 51 Tabela 6 - Comparação da cinética de secagem de casulos do bicho-da-seda em secadores de fluxos cruzados, obtidas experimentalmente e proposta Canguaretama-RN (min) U (decimal, Massa perdida b.s.) acumulada (%) 2,125 0,00 1,410 22,90 0,866 40,30 0,572 49,70 0,412 54,78 0,344 57,00 0,339 57,16 _ 0 47 60 94 120 141 180 188 235 240 282 300 329 360 376 M (kg água/kg matéria seca) Tempo SECADOR Maringá-PR U (decimal, b.s.) 2,125 1,426 0,886 0,543 0,378 0,246 0,201 0,196 0,191 Proposto para Campina Grande-PB Massa perdida U (decimal, Massa perdida acumulada (%) b.s.) acumulada (%) 0,00 2,125 0,00 22,41 1,244 28,19 1,073 33,67 39,55 0,728 44,69 0,542 50,66 50,57 0,461 53,25 0,341 57,03 55,85 0,321 57,73 60,07 0,223 60,85 0,215 61,12 61,57 0,211 61,22 0,210 61,26 61,66 0,208 61,33 0,206 61,40 61,81 2.40 Canguaretama-RN Maringá-PR Este trabalho 2.00 1.60 1.20 0.80 0.40 0.00 0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 t (min) Figura 3 - Comparação entre os resultados numéricos e experimentais do teor de umidade de casulos do bicho-da-seda em secadores industriais de fluxos cruzados CONCLUSÕES A partir das informações obtidas da literatura consultada, dos secadores existentes, dos experimentos realizados e dos resultados obtidos por simulação, pode-se concluir que: O teor de umidade dos casulos, durante o processo de secagem decresce com o aumento do tempo, apresentando no início do processo, um pequeno período à taxa constante, e o restante do processo a uma taxa decrescente. A secagem em fluxos cruzados, em que o material desloca-se à baixa velocidade, comporta-se de forma semelhante à secagem em leito fixo. As condições T=105, 90 e 60oC e v=0,3 m/s para a secagem de casulos do bichoda-seda em Campina Grande-PB são satisfatórias. Os desvios entre os valores do teor de umidade na saída do secador, preditos pelo modelo e os resultados experimentais obtidos na EMPARN-RN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.43-52, 2006 52 Secagem de casulos do bicho-da-seda em fluxos cruzados: Modelagem, simulação e experimentação é de 7,4% e de 0,66%, para os obtidos na COCAMAR-PR. Valores estes satisfatórios, devido ao elevado número de variáveis envolvidas no processo de secagem. É possível secar toda a massa de casulo com teor de umidade inicial de 2,125 (b.s.) até o nível de 0,210 (b.s.), necessitando para isto, uma área de secagem por esteira, de 4,7 x 1,0m2 e uma velocidade do ar através da massa de casulos de 0,30m/s, nas três câmaras de secagem. AGRADECIMENTOS Os autores expressam seus agradecimentos a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo suporte financeiro concedido a esta pesquisa, e aos pesquisadores referenciados que suas pesquisas ajudaram no melhoramento deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bernauer, W.; Rocha, M. A. Secadores: dos clássicos aos não convencionais. Revista Máquinas e Metais, n.223, p.20-24, 1984. Bianchi, C. Dante. Fibras têxteis. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1945. p.175-196. FIAÇÃO DE SEDA BRATAC S.A. Instruções sobre funcionamento do secador de casulos. São Paulo. 198-. 11p. Fonseca, A. S.; Fonseca, T. C. 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Cavalcanti Mata2, Maria Elita Martins Duarte2, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti3 Camila Carol Abuquerque Oliveira4, Manoel Adalberto Guedes5 RESUMO O objetivo deste trabalho foi obter isotermas de atividade de água do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina; 10% de maltodextrina e 5% de amido modificado; e 7,5% de maltodextrina e 7,5% de amido modificado, nas temperaturas de 10 a 50ºC e sua modelagem matemática. Para obter as isotermas de equilíbrio higroscópico do cajá em pó, foi utilizado o método dinâmico. Os modelos utilizados neste trabalho foram os de Oswin modificado, Henderson modificado por Thompson, Henderson modificado por Cavalcanti-Mata e o modelo de G.A.B. No estudo das isotermas de atividade de água, o modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata foi o que melhor representou os dados experimentais para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina e microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, enquanto que o modelo de Oswin modificado foi o que melhor representou os dados experimentais do cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado. Palavras-chave: Secagem, isotermas, higroscopicidade, microencapsulamento. WATER ACTIVITY OF POWDERED CAJA MICROENCAPSULED WITH DIFFERENT WALL MATERIALS ABSTRACT The objective of this work went obtain isotherms of activity of water of the cajá powdered microencapsulated with 15% of maltodextrine; 10% of maltodextrine and 5% of modified starch and 7,5% of maltodextrine and 7,5% of modified starch., in the temperatures from 10 to 50ºC and its mathematical modeling. To obtain the isotherms of hygroscopic balance of the powdered cajá, the dynamic method was used. The models used in this work were the one of modified Oswin, Henderson modified by Thompson, Henderson modified by Cavalcanti-Mata and the model of G.A.B. In the study of the isotherms of activity of water, the model of Henderson modified by Cavalcanti-Mata was what best represented the experimental data for the cajá powdered microencapsulated with 15% of maltodextrine and microencapsulated with 7,5% of maltodextrine + 7,5% of modified starch, while the model of modified Oswin was what best represented the experimental data of the cajá powdered microencapsulated with 10% of maltodextrine + 5% of modified starch. Keywords: drying, isotherms, hygroscopic, microencapsulated ____________________ Protocolo 865 de 30/04/2005 1 Químico Industrial Mestre em Engenharia Agrícola, Doutorando em Engenharia Química (UFRN), 2 Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil Email: [email protected] e [email protected] 3 Estudante de Desenho Industrial, Universidade Federal de Campina Grande Email: [email protected] 4 Desenhista Industrial, Universidade Federal de Campina Grande Email: [email protected] 5 Físico, Núcleo de Energia, Universidade Federal de Campina Grande Email:[email protected] 53 54 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Silva et al. INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS Uma das fruteiras com grande potencial econômico para o Nordeste é a cajazeira, que encontra-se disseminada em quase todos os ecossistemas dessa região. Essa fruteira ocorre espontaneamente de forma isolada ou aleatória em quintais e sítios. O fruto desta espécie é aromático, ácido e de sabor bastante agradável, razão pela qual é amplamente consumido sob forma de suco, sorvete, vinhos, licores ou doces (Souza et al., 2001). A secagem por atomização é uma alternativa bastante viável para transformação de frutas, visto que gera um produto na forma de pó, com maior valor agregado e de fácil manipulação, o qual, devido à redução da quantidade de água para próximo de 2%, tornase bastante estável, podendo ser estocado na temperatura ambiente por um período prolongado. A fim de viabilizar o processo de secagem por atomização, faz-se necessário o uso do material de parede, cuja função principal é envolver a partícula seca, evitando a sua adesão nas paredes do secador, devido a caramelização dos açúcares, além de conservar componentes voláteis constituintes do aroma. Contudo, devido a alta higroscopicidade da fruta em pó, mesmo microencapsulada, esta deve ser armazenada em embalagens especiais que evitam a transferência de vapor de água do ambiente para o produto. As equações de isotermas de sorção são úteis para prever as propriedades de sorção de água em alimentos. No entanto, vários modelos existem para descrever este fenômeno e nenhum deles fornece resultados precisos em toda a faixa de atividade de água e para todos os tipos de alimento. Labuza (1975) atribui isto ao fato de que a água está associada diferentemente aos alimentos por diferentes mecanismos em diferentes regiões de atividade de água (Al-Muhtaseb et al., 2004). A fim de avaliar a estabilidade do produto, prever seu comportamento higroscópico e definir o tipo de embalagem mais adequada para seu armazenamento, se faz necessário o estudo das isotermas de sorção de água e sua modelagem matemática. O objetivo deste trabalho foi determinar as isotermas de equilíbrio higroscópico do cajá em pó microencapsulado com três formulações de material de parede. O desenvolvimento da etapa experimental do trabalho foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas – LAPPA, do Departamento de Engenharia Agrícola, do Centro de Ciências e Tecnologia da UFCG, Campus I, em Campina Grande – PB. As frutas utilizadas para o processamento foram adquiridas junto a produtores da região de Campina Grande. As isotermas de atividade de água foram obtidas no Laboratório de Transferência em Meios Porosos, do Departamento de Engenharia Química do Centro de Ciências e Tecnologia da UFCG, Campus I, em Campina Grande – PB, utilizando o método dinâmico com o equipamento Thermoconstanter Novasina TH-2. Aos dados experimentais foram ajustados quatro modelos matemáticos usados comumente na predição de isotermas de equilíbrio higroscópico: Equação de Oswin modificada: Ue a b t 1 aw aw Equação de Thompson: (1) 1 c Henderson modificada por 1 ln 1 aw c Ue a t b Equação de Henderson Cavalcanti-Mata: (2) modificada por 1 ln 1 aw c Ue b a t (3) Equação de G.A.B.: Ue C K M 0 aw (1 K aw ) (1 K aw C K aw ) (4) em que, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Ue aw T M0 a, c, K RESULTADOS E DISCUSSÃO Para calcular os parâmetros dos modelos, utilizou-se o programa de regressão não-linear, pelo método de Levenberg-Marquardt existente no programa computacional Statistica 6.0. O grau de ajuste dos modelos matemáticos aos dados experimentais baseou-se no coeficiente de correlação, na análise da distribuição dos resíduos e no erro médio relativo (P), calculado por: Ye Yp 100 n Ye 55 onde n é o número de observações, Ye é o valor observado experimentalmente e Yp é o valor predito pelo modelo. : teor de água de equilíbrio, % b.s. : atividade de água, decimal; : temperatura, °C; : teor de água da monocamada molecular; b, : coeficientes que dependem do C, produto. P Silva et al. Foram obtidas curvas de equilíbrio utilizando-se os modelos matemáticos: Oswin modificado, Henderson modificado por Thompson, Henderson modificado por Cavalcanti-Mata e G.A.B. As isotermas obtidas são, segundo classificação de B.E.T., do tipo II, estando de acordo com o que foi descrito por Radosta et al. (1989) em relação ao comportamento dos materiais contendo maltodextrinas e suas frações. Na Tabela 1, encontram-se os parâmetros dos modelos, os erros médios relativos e os coeficientes de correlação de cada ajuste, onde a temperatura variou de 10 a 50ºC na formulação do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina. (5) Tabela 1 – Parâmetros dos modelos de isotermas de atividade de água para o cajá em pó com 15% de maltodextrina, e seus respectivos coeficientes de determinação (R2), erros relativos (P) e tendência de distribuição dos resíduos. Modelos Parâmetros R2 (%) P (%) Tendência a = 0,007404 Oswin modificado b = -0,000055 98,85 9,57 Tendenciosa c = 0,061536 a = 0,011965 Henderson modificado b = 212,4022 99,15 7,72 Tendenciosa por Thompson n = 0,618975 a = 2,09916 Henderson modificado b = 0,102392 99,16 7,59 Tendenciosa por Cavalcanti-Mata n = 0,627305 C = 1,266791 G.A.B. M = 0,111624 96,32 10,32 Tendenciosa K = 0,948163 Observa-se nesta Tabela 1 que os modelos matemáticos utilizados tiveram coeficientes de determinação (R2), superiores a 96%. Com exceção do modelo de G.A.B., os demais modelos tiveram erro médio relativo abaixo de 10%, sendo adequados para descrever o fenômeno estudado. De acordo com a Figura 1, todos os modelos tiveram uma distribuição dos resíduos considerada tendenciosa. Nos modelos de Henderson modificado por Thompson e o de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata, os coeficientes de determinação foram superiores a 99% e os valores de erro médio relativo menores que 8%, sendo, neste caso, o modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata o mais adequado para a predição das isotermas de atividade de água do cajá em pó com 15% de maltodextrina por apresentar maior valor do coeficiente de determinação e menor valor de erro médio relativo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 56 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Na Figura 2 encontra-se as isotermas de atividade de água para o cajá em pó com 15% de maltodextrina e temperaturas variando entre Silva et al. 10 e 50ºC ajustadas pelo modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata. Figura 1 – Tendência de distribuição dos resíduos para os diversos modelos em função dos valores de equilíbrio higroscópico do cajá em pó com 15% de maltodextrina Figura 2 – Isotermas de atividade de água ajustadas pelo modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Na Tabela 2, encontram-se os parâmetros dos modelos, os erros médios relativos e os coeficientes de determinação de cada ajuste, onde a temperatura variou de 10 a 50ºC, na formulação de cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado. Constata-se por meio da Tabela 2 que os modelos matemáticos utilizados tiveram coeficientes de determinação (R2), superiores a 96%. No modelo de G.A.B., o erro médio relativo foi superior a 10%, sendo inadequado para descrever o fenômeno estudado. Embora o modelo de Henderson modificado por Thompson tenha apresentado coeficiente de determinação superior a 98%, assim como o de Oswin modificado, de acordo com a Figura 3, apenas o modelo Oswin modificado apresentou aleatoriedade dos resíduos e menor valor de erro médio relativo, sendo o mais adequado para a predição do Silva et al. 38 equilíbrio higroscópico do cajá em pó com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado. Na Figura 4 estão às isotermas de atividade de água para o cajá em pó com 10% de maltodextrina e 5% de amido modificado, com temperaturas variando entre 10 e 50ºC ajustadas pelo modelo de Oswin modificado. Na Tabela 3, encontram-se os parâmetros dos modelos, os erros médios relativos e os coeficientes de determinação de cada ajuste, onde a temperatura variou de 10 a 50ºC na formulação de cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. De acordo com a Tabela 3, observa-se que todos os modelos tiverram coeficientes de determinação superiores a 96% e apenas para os modelos de Henderson modificado por Thompson e de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata, os valores de erros médios relativos são inferiores a 10%, sendo os demais inadequados para descrever o processo. Tabela 2 – Parâmetros dos modelos de atividade de água para o cajá em pó com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado, e seus respectivos coeficientes de determinação (R2), erros relativos (P) e tendência de distribuição dos resíduos. Modelos Parâmetros R2 (%) P (%) Tendência a = 0,007801 Oswin modificado b = -0,000044 98,57 6,87 Aleatória c = 0,072929 a = 0,008867 Henderson modificado b = 293,2732 98,15 9,53 Tendenciosa por Thompson n = 0,571277 a = 2,280825 Henderson modificado b = 0,072742 97,95 9,19 Tendenciosa por Cavalcanti-Mata n = 0,577554 C = 1,18890 G.A.B. M = 0,093185 96,57 11,16 Tendenciosa K = 0,980714 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 58 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Silva et al. Figura 3 – Tendência de distribuição dos resíduos para os diversos modelos em função dos valores da atividade de água do cajá em pó com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado Figura 4 – Isotermas de atividade de água ajustadas pelo modelo de Oswin modificado para o cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede Silva et al. 39 Tabela 3 – Parâmetros dos modelos de atividade de água para o cajá em pó com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, e seus respectivos coeficientes de determinação (R2), erros relativos (P) e tendência de distribuição dos resíduos Modelos Parâmetros R2 (%) P (%) Tendência a = 0,006708 Oswin modificado b = -0,00003 96,88 10,51 Tendenciosa c = 0,077927 a = 0,009380 Henderson modificado b = 333,8733 98,79 8,32 Aleatória por Thompson n = 0,637085 a = 2,785965 Henderson modificado b = 0,064421 98,63 7,59 Aleatória por Cavalcanti-Mata n = 0,641695 C = 0,848545 G.A.B. M = 0,107319 97,47 13,06 Aleatória K = 0,933541 Observa-se, na Figura 5, que os modelos de Henderson modificado por Thompson o de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata e o de G.A.B. têm uma distribuição dos resíduos considerada aleatória, sendo que o modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata pode ser indicado como o que melhor representa a predição da atividade de água do cajá em pó com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, por apresentar menor erro médio relativo. Na Figura 6 estão as isotermas de atividade de água para o cajá em pó com 7,5% de maltodextrina e 7,5% de amido modificado, com temperaturas variando entre 10 e 50ºC ajustadas pelo modelo Henderson modificado por Cavalcanti-Mata. Figura 5 – Tendência de distribuição dos resíduos para os diversos modelos em função dos valores da atividade de água do cajá em pó com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 Atividade de água do cajá em pó microencapsulado com diferentes materiais de parede 39 Silva et al. Figura 6 – Isotermas de atividade de água ajustadas pelo modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata para o cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. maltodextrina modificado. CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos pôde-se concluir que: No estudo das isotermas de atividade de água, verificou-se que as isotermas obtidas são do tipo II, segundo classificação de B.E.T. O modelo de Henderson modificado por Cavalcanti-Mata é o que melhor expressa os dados experimentais de atividade de água do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina e microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, por ter um valor maior do coeficiente de determinação e um valor menor de erro relativo médio. O modelo Oswin modificado tem uma tendência aleatória na sua distribuição dos resíduos e um valor menor de seu erro relativo médio, sendo o mais adequado para a predição das isotermas de atividade de água do cajá em pó microencapsulado com 10% de + 5% de amido REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Al-Muhtaseb A.H., Mcminn W.A.M., Magee T.R.A., Water sorption isotherms of starch powders. Part 2: Thermodynamic characteristics. Journal of Food Engineering, v.62, p. 135–142, 2004. Labuza, T. P. Oxidative changes in foods at low and intermediate moisture levels. In: Duckworth, R. B. Water relations of foods. ed. New York: Academic Press, 1975, 455p. Radosta, S.; Schierbaum, F.; Reuther, F.; Anger, H. Polymer-water interaction of maltdextrins. Part I: water vapour sorption and desorption of maltodextrin. Starch/Starke, v. 41, n. 10, p. 395-401, Oct. 1989 Souza, V.A.B.; Araújo, E.C.E.; Vasconcelos, L.F L. Perspectivas do melhoramento de espécies nativas do Nordeste Brasileiro. In: Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, 1., 2001, Goiânia, GO. Anais... Goiânia: EMBRAPA-CNPAF/SBMP, 2001. (CD Rom). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.53-60, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.61-66, 2006 ISSN 1517-8595 61 CARACTERIZAÇÃO DA FIBRA DIETÉTICA OBTIDA DA EXTRAÇÃO DO SUCO DE LARANJA Rodicler Cerezoli Bortoluzzi1, Cristiane Marangoni2 RESUMO Resíduos da extração do suco de laranja são descartados diariamente em grandes quantidades ao meio ambiente. Apesar de o Brasil destacar-se como o maior produtor mundial de laranjas, existem poucos dados disponíveis sobre os subprodutos cítricos e o aproveitamento das cascas e da polpa da laranja, encontra-se atualmente restrito à produção de ração animal e de pectina comercial purificada. A polpa da laranja é potencialmente uma excelente fonte de fibras dietéticas insolúvel e solúveis, sendo a mais conhecida delas a pectina, muito utilizada na indústria de alimentos como espessante. Neste trabalho a fibra dietética desidratada foi obtida de laranja pêra e valência após a extração do suco, e apresentou um teor de umidade de 9,28%, pH de 3,47, 23,6 % de pectina, 47,9 % de fibras insolúveis e 20,7 % de fibras solúveis. A caracterização da fibra dietética de laranja foi realizada para granulometrias de 30 e 50 , as quais apresentaram capacidade de retenção de água de 6,63 e 8,95 g água/g fibra, respectivamente, demonstrando que quanto maior o tamanho das partículas, maior a capacidade de reter água. A capacidade de estabilidade da emulsão crua foi de 77,60 e 77,64%, para granulometria de 30 e 50 , respectivamente, e para a estabilidade da emulsão cozida foi de 36,52 para ambas as granulometrias. Estas características sugerem um grande potencial de aplicação como agente de geleificação, consistência, textura e rendimento, podendo reduzir calorias, como ingrediente em formulações de produtos alimentícios. Palavras-chave: laranja, fibra, pectina, alimentos. CHARACTERIZATION OF DIETARY FIBER FROM ORANGE JUICE EXTRACTION ABSTRACT Residues from orange juice extraction are discarded daily in hight quantity to environment. Dispede being the biggest world orange produter, in Brazil there are a litter available dates about the citricus subproducts and the orange pulp and few available data about the citricus subproducts and the use of orange peels and pulp, at the moment this is only used to animal ration and commercial purification pectin. The orange pulp is potentiallity a source of soluble and insoluble dietary fiber, the most acquaintance is the pectin, it is used a lot on food industry as thickener. In this work the dry dietary fiber was obtained from pear and Valencia orange kind after juice extraction, and showed 9,28% of moist, 3,47 of pH, 23,6% of pectin, 47,9% of insoluble fiber and 20,7% of soluble fiber. The orange fiber caracterization was made to 30 and 50 granulation, that resulted in water holding capacity (WHC) 6,63 and 8,95 g water /g fiber respective, showing that the bigger the granulation, the bigger is the WHC. The emulsion estabilization capacity was 77,60 and 77,64%, to 30 and 50 granulation, respective, to cooked emulsion estabilization capacity was 36,52% to both granulation. This caracterization suggested many potential to application to thckener, gelling, texturizer, yield agent and can be low calories as ingredient in food formulation. Keywords: orange, fiber, pectin, food. Protocolo 866 de 08/05/2005 1 2 Doutoranda em Ciência dos Alimentos/ Faculdade de Ciências Farmacêuticas /USP, E-mail: rodicler@usp. br Mestranda em Ciências Ambientais/UNOCHAPECÓ, E-mail: [email protected] 62 Caracterização da fibra dietética obtida da extração do suco de laranja INTRODUÇÃO A fibra dietética ou alimentar é composta de diferentes polissacarídeos interligados entre si formando uma rede tridimensional na presença de várias substâncias como proteínas de parede celular, lignina, compostos fenólicos, fitatos, oxalatos e outros (Filisetti, 2006). Existem muitos caminhos para definir fibras, um deles é pela solubilidade em água, onde, as cadeias laterais ou ramificações da estrutura básica da molécula são responsáveis pela solubilidade das Fibras Alimentares Totais (FAT) que podem ser divididas em: Fibras Alimentares Solúveis (FAS) e Fibras Alimentares Insolúveis (FAI) (Better, 2003). Esta classificação é muito útil para entendimento das propriedades fisiológicas das fibras alimentares, permitindo uma divisão simples entre aquelas que têm efeitos principalmente sobre a absorção de glicose e lipídios no intestino delgado, que são facilmente fermentadas por bactérias no cólon (solúveis) e aquelas que são fermentadas lenta e incompletamente, tendo efeitos mais pronunciados nos hábitos intestinais (insolúveis) (Reiser, 1997). O consumo regular de fibras alimentares tem sido uma das mais constantes recomendações feitas por nutricionistas e órgãos oficiais para a prevenção de doenças do trato gastrointestinal, cardiovasculares, prevenção ou tratamento de diabetes, hipercolesterolemia e obesidade. Estas recomendações estão baseadas na constatação de que as fibras alimentares possuem efeitos fisiológicos que são responsáveis por alterações significativas nas funções gastrointestinais humanas, como redução na absorção de nutrientes, aumento da massa fecal, redução nos níveis de colesterol do plasma sanguíneo e redução na resposta glicêmica (Lajolo et al., 2001; Botelho et al., 2002, Koller, 1994). Atualmente, relaciona-se a ausência de fibras na dieta a algumas enfermidades intestinais crônicas, como prisão de ventre, hemorróidas, diverticulite, câncer de cólon e de reto (Lajolo et al., 2001). De todas as árvores frutíferas, uma das mais conhecidas, cultivadas e estudadas em todo o mundo é a laranjeira. O Brasil é o maior produtor mundial de laranjas e de seu suco. Apesar de o suco ser o principal produto da laranja, vários subprodutos com valor comercial são obtidos durante o seu processo de Bortoluzzi & Marangoni fabricação. Entre esses subprodutos estão os óleos essenciais, d’limoneno e o farelo de polpa cítrica. Eles possuem diferentes aplicações no mercado interno e externo, incluindo a fabricação de produtos químicos e solventes, aromas e fragrâncias, tintas, cosméticos e complemento para ração animal (Gonçalvez, 2001; Hasse, 1987; Koller, 1994; Tocchini et al., 1995). De acordo com Fernández-Lopez et al., (2004), os subprodutos de processamento de frutas cítricas representam sérios problemas para a indústria, pois possuem limitadas aplicações de uso e baixo valor agregado, porém em seus estudos apresentaram alternativas para transformar os subprodutos em fontes promissoras de ingredientes para serem utilizados na indústria alimentícia por possuírem valor tecnológico e propriedades nutricionais. O objetivo deste estudo foi obter uma fibra dietética a partir do resíduo de extração do suco de laranjas pêra (Citrus sinensis L. Osbeck) e valência (Citrus aurantium L.) e conhecer as suas propriedades funcionais e composição fisico-quimica. MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizadas coletas de albedos e flavedos de laranjas pêra (Citrus sinensis L. Osbeck) e valência (Citrus aurantium L.) utilizadas para obtenção de suco em diferentes horas do dia na fábrica de Sucos Aurora, Localizada em Pinhalzinho – SC. As polpas de laranja obtida junto à extratora (NS. BR tipo Dora, FMC Corporation) continham grande quantidade de suco, acidez elevada (5,3 ° Dornic) e alto teor de açúcares (4,0 °Brix) e foram submetidas à lavagem em liquidificador industrial. Utilizouse polpa e água na proporção (2:4) respectivamente, e agitou-se durante 15 minutos. Após a lavagem, o bagaço foi peneirado para eliminação de água em peneira de alumínio com malha de 610 mesh sob agitação. Retirado o excesso de água, a polpa foi acondicionada em bandejas e seca em estufas com circulação de ar durante 8 horas à temperaturas crescentes de 35 a 65 °C como mostra a Figura 1. Após a secagem, a polpa foi moída em cutter industrial até granulometria de 30 e 50 . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.61-66, 2006 Caracterização da fibra dietética obtida da extração do suco de laranja Bortoluzzi & Marangoni 63 Evolução da temperatura na Estufa durante o processo de secagem da polpa de laranja 400 300 250 200 150 (min) Tempo (min) 350 100 50 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Temperatura (°C) Figura 1 - Processo de secagem da polpa de laranja. Análise de fibras Capacidade da estabilidade da emulsão crua e cozida A metodologia para determinação de fibras totais, solúveis e insolúveis foi a proposta pela AOAC (1990). A determinação de pectina seguiu as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz, descritas por Pregnolatto & Pregnolatto (1985). Análises físico-químicas Os teores de umidade e pH foram determinados segundo normas da Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 1990). A granulometria foi determinada pelo método do Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal-2005, (2004). Capacidade de retenção de água (CRA) Foram pesadas 10g de fibra (granulometria 30 e 50 ), adicionados de 100 ml de água e misturados com auxilio de agitador mecânico marca Tecnal, modelo TE-039 por 2 minutos com dispersão homogênea. Foram transferidas 30g de amostra para um tubo plástico de centrifuga de 50 ml previamente tarado. Centrifugou-se por 10 minutos a 8.000 rpm. Removeu-se o líquido sobrenadante e calculou-se o resultado por diferença de peso. A capacidade de reter água expressa a quantidade de água que pode ser retida por grama de fibra. A emulsão controle foi elaborada com água gelada (57,7%), carne suína (40%), cloreto de sódio (1,2%), tripolifosfato de sódio (0,35%), proteína isolada (0,5%) e carragena (0,25%). As emulsões teste foram elaboradas com 1,0 % de fibra de laranja com granulometria de 30 e 50 . Os ingredientes foram misturados por 2 minutos no sentido horário em um almofariz. Obteve-se uma emulsão, com temperatura controlada, não superior a 5oC. Transferiu-se 30 g de emulsão para copos de centrífuga previamente tarados, deixou-se em geladeira por 12 horas a 5°C. Centrifugou-se por 5 minutos a 5.000 rpm. Descartou-se o líquido sobrenadante, pesou-se a amostra para quantificar a percentagem de estabilidade, calculada com base no peso inicial e final. A estabilidade da emulsão cozida foi obtida a partir das emulsões elaboradas para análise de estabilidade a frio. Colocou-se 30g da mistura em tubos de centrífuga, levou-se ao banho-maria a 30°C, aumentando a temperatura a 10°C a cada 10 minutos até chegar a 60°C, depois, a temperatura foi aumentada em 15°C a cada 15 minutos até 75°C. Deixou-se esfriar por 15 minutos, descartou-se o sobrenadante e quantificou-se a percentagem de estabilidade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.61-66, 2006 64 Caracterização da fibra dietética obtida da extração do suco de laranja Bortoluzzi & Marangoni As fibras dietéticas insolúveis são importantes para regular o funcionamento do intestino, porém as fibras dietéticas solúveis, reduzem o colesterol no sangue e a absorção de glicose (Periago et al.,1993), pode-se observar que a fibra solúvel apresenta um resultado de 20,7%, que corresponde a 30,04% da fibra dietética total, semelhantes aos observados por Grigelmo-Miguel & Martín-Belloso (1998), que variaram de 30,6 a 36,2% e superiores a 21,3 %, observado em estudos de Aravantinus – Zafiris et al (1994). Estes valores são relativamente altos, quando comparados com os dados apresentados na Tabela 2 para cereais (0,40 a 3,60%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Fibra dietética As fibras totais, solúveis e insolúveis encontradas na fibra dietética desidratada da laranja encontram-se na Tabela 1. A fibra dietética insolúvel apresenta maior fração na fibra de laranja (47,9%), o que corresponde a 68,7% da fibra total. O teor de fibra insolúvel foi superior aos encontrados por Aravantinus– Zafiris et al., (1994) e Grigelmo-Miguel & Martín-Belloso, (1998), de 64,40, 63,78% e 62,9 % respectivamente. Tabela 1. Composição de fibra dietética desidratada de laranja. Análise Amostra Fibras insolúveis (%) Fibras solúveis (%) Fibra total (%) Granulometria ( ) Pectina(%) Ph Umidade (%) 47,9 20,7 68,6 30 e 50 23,6 3,47 9,28 Tabela 2. Conteúdo de fibra dietética desidratada em diferentes tipos de cereais (%). Fibra insolúvel Fibra solúvel Farelo de milho Farelo de trigo 87,47 41,10 0,40 2,90 Fibra dietética total 87,87 44,00 Farelo de aveia 20,2 3,60 23,80 Fonte de fibra O teor de pectina de 23,6 % ficou abaixo do encontrado por Gonçalves (2001) em albedo seco de laranja valência, que foi de 27,5 %, porém ficou superior ao teor encontrado por Grigelmo-Miguel et al.,(1999) que foi de 16,6 a 18,1 %, e por Fernández-Lopez et al., (2004) de 6,50 0,05. Capacidade de retenção de água Diversos autores têm concluído que a capacidade de retenção de água (CRA) da fibra depende de sua estrutura física e química e se alteram durante os seus processos de obtenção. Referência Prosky et al., 1988. Grigelmo-miguel & Martín-Belloso, 1998. Grigelmo-miguel & Martín-Belloso, 1998. A CRA da fibra concentrada da laranja obtida neste experimento apresentou-se alta, indicando que este material pode ser usado como um ingrediente funcional podendo reduzir calorias, evitar sinerese e modificar a textura dos embutidos cárneos. A CRA em estudos realizados por Grigelmo-Miguel & Martín-Belloso (1998) foi de 7,30 a 10,32g água/g fibra. A fibra obtida neste experimento, apresentou uma CRA de 6,63 e 8,95 g água / g fibra para 30 e 50 , respectivamente (Tabela 3). Barroto et al., (1995), estudou a capacidade de retenção de água da fibra da laranja em diferentes granulometrias (1000, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.61-66, 2006 Caracterização da fibra dietética obtida da extração do suco de laranja 500, 280, 200 e 110 ) e concluiu que a medida que reduz a granulometria, ocorre uma redução na capacidade de retenção de água, devido as alterações da estrutura matricial da fibra, pelo rompimento dos poros, causando uma compactação da fibra e retendo menos água. A fibra dietética de laranja quando comparada com outros tipos de fibras vegetais, como a de maçã (6,3g água/g fibra) e pêra (6,8g Bortoluzzi & Marangoni 65 água/g fibra) (Grigelmo-Miguel & MartínBelloso, 1998), aveia (5,5g água/g fibra) e trigo (6,6 g água/g fibra) (Adams et al., 1986), apresenta uma capacidade de retenção de água superior. Adams et al., (1986) e Grigelmo-Miguel & Martín-Belloso (1998), concluíram em seus estudos que quanto maior o teor de fibra dietética solúvel maior a capacidade de retenção de água da fibra. Tabela 3. Funcionalidade da fibra de laranja. Análise Capacidade de reter água (g fibra/g água) Capacidade de estabilidade do produto cru (%) Capacidade de estabilidade do produto cozido (%) Medida da estabilidade da emulsão Amostra (30 ) Amostra (50 ) 6,63 1,37 77,60 36,52 8,95 0,58 77,64 36,52 CONCLUSÕES A capacidade de estabilidade da emulsão crua, elaborada com fibra de laranja foi de 77,60 e 77,64%, para granulometria de 30 e 50 , respectivamente. Para o produto cozido a capacidade de estabilidade foi de 36,52 para ambas as granulometrias. De acordo com Grigelmo-Miguel et al., (1999), esta fibra dietética é considerada apropriada para estabilidade de alimentos com alta porcentagem de gordura e emulsão. Granulometria, umidade e pH A granulometria da fibra obtida neste experimento foi de 30 e 50 . De acordo com Larrauri (1994), o tamanho da partícula de fibra influi na textura, aspecto e qualidade dos alimentos onde são aplicados e se recomenda que estejam com 430 e 150 . Porém, a granulometria da fibra poderá ser definida de acordo com a aplicação. A umidade encontrada na polpa seca foi de 9,28 %, valor inferior ao obtido por Aravantinus–Zafiris et al., (1994) de 33 %, em base seca. O pH obtido foi de 3,47 (Tabela 1). Estudos realizados por Grigelmo-Miguel et al., (1999), apresentaram resultados de pH de 3,63 a 3,86 para a fibra dietética de laranja. O pH destas fibras pode variar de acordo com a cultivar, região, variedade e grau de maturação da fruta. Do ponto de vista de saúde, a fibra de laranja pode ser utilizada para enriquecer alimentos, pois possui alta quantidade de fibras dietéticas solúveis e insolúveis, podendo auxiliar na prevenção de diversas doenças. A capacidade de retenção de água e a capacidade de estabilizar emulsão da fibra de laranja, apresenta resultados importantes, possibilitando a aplicação na formulação de produtos alimentícios, mais especificamente os cárneos, com o objetivo de melhorar textura, suculência e rendimentos. O aumento da granulometria melhora a capacidade de retenção de água da fibra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adams, R.G.; Evans, A.J.; Oakenfull, D.G.; Sidhu, G.S. Fruit processing wastes as dietary fibre supplements. Proc. Nutr. Soc. Aust. v.11, p. 115, 1986. Association of Official Analytical Chemists AOAC. Official methods of analysis of AOAC international. 15ed. Washington: AOAC, 1990. p.1105-1106. Aravantinus–Zafiris G.; Oreopoulou, C.; Tzia V.; Thomopoulos, C. D. Fibre fraction from orange peel residues after pectin extraction. Lebensmittel–Wissenschaft uns Tecnologie. v. 27, p. 468-471. 1994. Barroto, B., Larrauri, J.A. Cribeiro, A. 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Palavras-chaves: Hymeneae courbaril Linn, germinação, vigor, ultra-baixas temperaturas PHYSIOLOGIC QUALITY OF SEEDS OF JATOBÁ SUBMITTED TO DIFFERENT CRYOGENIC TEMPERATURES ABSTRACT Being used extremity of the jatobá seeds and of the middle of the bean, the germination and vigor percentage’s were tested when these were submitted to different cryogenic temperatures. The used delineamento was it entirely casualizado. By means of the obtained results, it is ended that the crioconservação for –170ºC presented the more discharges germination rates and vigor, being, therefore the most suitable. Keywords: Hymeneae courbaril Linn, germination, vigor, ultra-low temperatures. INTRODUÇÃO O jatobá (Hymeneae courbaril Linn) Fabaceae - Caesalpinioideae) é uma árvore originalmente encontrada na Amazônia e Mata Atlântica brasileira, onde ocorre naturalmente desde o Piauí até o Norte do Paraná. A madeira do jatobá é utilizada na construção civil e na indústria de móveis; os frutos são empregados na indústria alimentícia e as folhas e sementes na indústria farmacêutica e cosmética. Segundo Drumond et al. (2000) a exploração dessa árvore, por parte das madeireiras, tem causado mais danos à vegetação lenhosa da caatinga do que a própria agricultura migratória. Para se evitar a extinção de diferentes espécies vegetais, muitos países com consciência da real importância da preservação da biodiversidade, como um mecanismo de sobrevivência da espécie humana, têm mantido bancos de germoplasma onde as sementes, embriões ou tecidos celulares são conservados e/ou armazenados para utilizações futuras. ____________________ Protocolo 811 de 25/02/2004 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor Mestre em Engenharia Agrícola. E-mail: [email protected] DEAg/CCT/UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, CEP 58100-970. Campina Grande, PB. Fone: (83) 3310-1286. E-mail: [email protected] 4 Aluna de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola. E-mail: [email protected] 2 3 68 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas O sistema convencional de bancos de germoplasma consiste na armazenagem das sementes em unidades controladas a uma temperatura de 10°C e 40% de umidade relativa. Nesses bancos, embora se conservem as sementes por um tempo razoável, não evitam a erosão genética das espécies, considerando-se que o metabolismo das sementes é praticamente paralisado somente a temperaturas inferiores a –130°C (Pita Villamil, 1997). O estudo das propriedades físicas de um produto agrícola justifica-se na medida em que se pretende desenvolver uma exploração baseada em meios mecânicos, nas quais as características físicas são de extrema importância (Mohsenin, 1978). Segundo Cavalcanti Mata et al. (1986), o conhecimento da forma e tamanho dos grãos, são características físicas que devem ser estudadas, pois muitos dos problemas estão associados a este conhecimento, principalmente quando se deseja projetar uma máquina especifica ou analisar o comportamento desse produto em relação a outros existentes no mercado. Mohsenin (1978), relata a questão do emprego de determinadas cartas para resolução de problemas de transferência de calor, onde nessas cartas três formas básicas são mencionadas: a) uma placa plana b) um cilindro e c) uma esfera. Portanto, para o uso dessas cartas, torna-se necessário considerar que o produto esteja próximo a uma dessas três formas. Segundo Cavalcanti Mata & Fernandes Filho, (1984) essas características físicas têm inúmeras variações que ocorrem nos produtos biológicos, em particular grãos e sementes, devido a estes dependerem de parâmetros variáveis na sua formação, tais como, variedades dos grãos e sementes, clima, fertilidade do solo e praticas agrícola, além de outros fatores. Em estudos desenvolvidos por Singh & Heldman (1998), foi relatado que a densidade é um indicativo de como a matéria esta organizada no corpo; assim os materiais com estrutura molecular mais compacta têm maior densidade. Os mesmos autores relataram que existem três tipos de densidades quando se trabalha com Farias et al. materiais biológicos: a densidade de sólido, a densidade de partícula e a densidade a granel. Seus valores dependem de como se considera a porosidade no interior do produto. Um dos métodos para a determinação da densidade é o método do deslocamento de água (Dutta et al., 1988). Essa técnica consiste em imergir uma determinada quantidade de sementes em um cilindro contendo água, fazendo assim que ocorra um deslocamento dessa água. Para evitar a erosão genética das espécies, nos últimos anos, vem sendo utilizada a técnica da crioconservação, que consiste em armazenar as sementes em botijões criogênicos onde essas são imersas em nitrogênio liquido (N2L) a uma temperatura de –196°C ou ficam no vapor do nitrogênio dentro dos botijões criogênicos a uma temperatura de -170°C. Essa técnica proporciona um potencial de preservação das sementes com alto valor genético sem limites de tempo, devido à redução do seu metabolismo a níveis muito baixos, de modo que os processos bioquímicos são reduzidos significativamente (Kartha, 1985; Roberts, 1973a). Segundo Pita Villamil (1997), quando se congelam as sementes a temperaturas inferiores a –130°, o metabolismo destas é paralisado, impedindo assim que ocorra a sua deterioração. Desta forma, as sementes crioconservadas não necessitariam ser periodicamente multiplicadas em campo. Para determinar se as sementes podem ou não ser crioconservadas, alguns fatores importantes devem ser levados em consideração como se a semente é ortodoxa, recalcitrante ou intermediária. Se ela for ortodoxa ou intermediária existe uma possibilidade de que ela possa ser crioconservada, já as recalcitrantes tem dificuldades fisiológicas a serem vencidas antes que se possa crioconservar. De acordo com Roberts (1973b) as sementes ortodoxas podem passar por um processo de secagem adequado antes serem conservadas a baixas temperaturas, sem que haja danos de sua qualidade fisiológica, no entanto as sementes recalcitrantes perdem sua viabilidade quando secas abaixo de um nível critico de umidade (12-13% b.u). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas Pence (1991) verificando a viabilidade das sementes de 237 plantas (incluindo gramíneas, leguminosas, arbóreas e arbustivas) em processo de extinção em Ohio (USA), observou que pelo menos 25% das espécies podem ser crioarmazenadas em nitrogênio líquido. Portanto, diante do acima exposto este trabalho teve como objetivo, determinar a variação da qualidade fisiológica (percen-tual de germinação e vigor) das sementes de jatobá com diferentes conformações (retira-das do meio da vagem e das extremidades da vagem), quando submetidas ao congelamento as temperaturas de –30, –150°C, –170°C e –196°C por um período de 7 dias. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi conduzido nos Laboratórios de Sementes e de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Unidade Acadêmica Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande. As vagens de jatobá para esta pesquisa foram coletadas juntos aos agricultores do Município de Pocinhos – PB. Das vagens do jatobá foram separadas as sementes contidas nas extremidades da vagem, das sementes que se localizam no meio das vagens. Antes dos trabalhos de congelamento das sementes de jatobá a diferentes temperaturas, essas sementes foram caracterizadas quanto as suas dimensões, volume, circularidade, esfericidade e massa específica. Farias et al. 69 . Figura 1 – Medições das sementes de jatobá correspondentes a comprimento (a) largura (b) e espessura (c) Volume O volume das sementes foi determinado utilizando-se o método do deslocamento da massa de água delineado por Moshenin (1978). Circularidade e Esfericidade A circularidade foi determinada com o auxilio de um retroprojetor, onde cada semente foi projetada na posição de repouso, tendo seus contornos desenhados em papel milimetrado formato A4, com uma escala pré-estabelecida para o tamanho real e o tamanho do objeto projetado. Entre a área projetada e a área do menor círculo que circunscreve a semente, foi determinada a circularidade da semente de jatobá. A esfericidade foi determinada a partir da projeção da semente na posição de repouso. Densidade (massa especifica) A densidade da semente ( semente ) foi determinada pela relação entre a massa da semente e o seu volume. Características físicas Dimensões das sementes As medições do tamanho das sementes foram realizadas com o auxilio de um paquímetro Mitutoyo de precisão de 0,01mm, em seus três eixos perpendiculares (Figura 1). Crioconservação As sementes de jatobá destinadas a crioconservação foram obtidas do meio e das extremidades da vagem, sendo colocadas dentro de canister para posterior inserção em botijões criogênicos por um período de 7 dias, para cada temperatura Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006 70 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas utilizou-se 200 sementes (100 sementes das extremidades e 100 sementes do meio das vagens), após esse período as sementes foram descongeladas a temperatura ambiente (25°C ± 3oC), por 24 horas e submetidas aos testes de germinação e vigor. Congelamento a –30°C Essa temperatura de congelamento das sementes foi obtida submetendo às sementes a temperatura média de –30°C em um congelador de placas. Crioconservação a –150°C Para esta temperatura foi elaborado um sistema (Figura 2) composto por duas caixas de isopor, onde a caixa 2 foi recoberta internamente com folha de zinco para evitar o contato direto do nitrogênio com o isopor. Nessa caixa foram feitos dois orifícios os quais estavam conectados por um tubo de cobre em formato de serpentina que passava pela caixa 1 que continha um recipiente com as sementes. A caixa 2 era constantemente abastecida com nitrogênio, e, esse nitrogênio ao passar pela caixa 1 fazia com que essa caixa atingisse a temperatura de –150ºC 5ºC. Caixa 1 Caixa 2 Figura 2 - Sistema para obtenção de uma temperatura controlada de – 150 °C Crioconservação a –170°C Para o congelamento das sementes a temperatura de –170°C foi utilizado o vapor Farias et al. do nitrogênio obtido na parte superior dos botijões criogênicos. Crioconservação a –196°C O congelamento das sementes de jatobá a –196°C foi realizada submetendoas a imersão em nitrogênio liquido dentro dos botijões criogênicos. Quebra de dormência As sementes após o seu descongelamento foram escarificadas com um esmeril mecânico por cerca de três segundos tendo-se o cuidado de evitar os danos no embrião e conseqüentemente na plântula. Desta forma, a escarificação foi realizada na parte oposta ao eixo do embrião. Depois da escarificação as sementes foram submetidas a um tratamento com fungicida. Em seguida a esse tratamento foram realizados os testes de germinação e vigor. Germinação e vigor As sementes foram semeadas em substrato de areia previamente passada por uma peneira de malha fina (N 16 ABNT) e esterilizada em estufa a 135°C por 12 horas. O substrato foi umedecido com água destilada, antes do plantio das sementes e durante todo o decorrer do teste de germinação. Para cada tratamento foram utilizadas 4 bandejas (repetições) contendo cada uma 50 sementes. Sendo 100 sementes da extremidade da vagem e 100 sementes do meio da vagem. Como não existem especificações nas Regras para análises de sementes (Brasil, 1992), para o jatobá o teste de germinação dessas sementes foi realizado considerando-se a 1ª contagem aos 14 dias e a contagem final aos 21 dias (Testes preliminares). Foram consideradas germinadas, as plântulas normais e sadias que emergiram do substrato. O vigor das sementes foi determinado pela contagem das plântulas sadias emergentes provenientes da primeira contagem do teste de germinação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas Análise estatística Para o teste de germinação e vigor o delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico Assistat 6.0 (Silva, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO Determinações das características físicas Na Tabela 1, se pode observar os valores médios dos diâmetros (comprimento, largura e espessura), circularidade, esfericidade, volume e densidade das Farias et al. 71 sementes de jatobá localizadas na extremidade e no meio da vagem. Ao analisar a Tabela 1, constata-se que a semente de jatobá da extremidade da vagem teve uma circularidade aproximada de 70,3 % e esfericidade de 80,8 %, e para as sementes do meio da vagem a circularidade foi de 58,5 % e a esfericidade de 76,1 %. Estes dados traduzem em números o que é observado visualmente de que as sementes de jatobá localizada nas extremidades da vagem são mais arredondadas quando comparadas com as sementes que estão localizadas no meio da vagem. Tabela 1 - Características físicas da semente de jatobá da extremidade e do meio da vagem Médias das sementes de jatobá da extremidade da vagem Média + Desvio padrão Erro padrão Diâmetro (a), mm 2,4454 ± 0,0615 0,0275 Diâmetro (b), mm 1,8058 ± 0,0183 0,0082 Diâmetro (c), mm 1,5498 ± 0,0861 0,0385 3444,76 ± 148,52 66,422 1,3328 ± 0,0052 0,0023 Esfericidade, % 80,82 ± 3,87 3,9674 Circularidade, % 70,33 ± 3,32 1,4851 Volume, mm 3 Massa específica g/cm 3 Médias das sementes de jatobá do meio da vagem Média + Desvio padrão Erro padrão Diâmetro (a), mm 2,5396 ± 0,3575 0,1599 Diâmetro (b), mm 2,0282 ± 0,1609 0,0719 Diâmetro (c), mm 1,3784 ± 0,0790 0,0353 3469,44 ± 393,67 176,0556 1,34522 ± 0,0188 0,0084 Esfericidade, % 76,12 ± 6,39 2,8596 Circularidade, % 58,5 ± 4,19 1,8748 Volume, mm 3 Massa específica g/cm 3 Pode-se observar também na Tabela 1, que a semente de jatobá tem uma massa específica de 1,33 g/cm3 para as sementes que estão localizadas na extremidade da vagem e de 1,344 g/cm3 para as sementes localizada do meio da vagem, o que implica em dizer que em ambos os casos a semente de jatobá é mais densa que a água. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006 72 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas Crioconservação Com relação a crioconservação, observa-se o mesmo fato que foi relatado por Lacerda (2001) onde praticamente 100% das sementes de jatobá, quando imersas em nitrogênio liquido a –196°C apresentaram rachaduras e conseqüentemente quebravam assim que eram retiradas Farias et al. do nitrogênio (Figura 3). Embora se tenha tentado resolver este problema, todas as tentativas foram frustradas, inviabilizando, até o momento, o sucesso de um processo de crioconservação a temperatura de –196oC. No entanto a crioconservação das sementes de jatobá nas temperaturas de –30, –150 e –170°C não apresentaram essas fissuras. Figura 3. Semente de jatobá da extremidade e do meio da vagem a –196°C Na Tabela 2 no que diz respeito a germinação das sementes de jatobá quando conservadas por 7 dias as temperaturas de –30, –150°C e –170°C, verifica-se que essas sementes extraídas da extremidade da vagem ou do meio da vagem, quando comparadas nas linhas, tem comportamento estatístico semelhante, pois elas não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de teste de Tukey. Quando as médias são comparadas nas colunas as sementes retiradas da extremidade da vagem, apresentam uma diferença significativa entre as sementes armazenadas as temperaturas de – 150 oC com as armazenadas as temperaturas de – 30 oC e – 170 oC, no entanto quando se analisa o seu vigor, essas diferenças significativas não ocorrem. Analisando-se ainda na Tabela 2, o vigor das sementes de jatobá, contata-se que as sementes extraídas do meio da vagem apresentam diferenças significativas de vigor quando submetidas as temperatura de –30 e –150oC quando comparadas com o vigor das sementes armazenadas a –170oC. Embora se possa considerar que as sêmentes de jatobá extraídas da extremidade das vagens e armazenagem por 7 dias à –30 e –170°C sejam equivalentes, no entanto também deve-se levar em conta o que afirma Pita Vilamill (1997), quando diz que o metabolismo das sementes é praticamente inalterado somente quando as sementes são crioconservação as temperaturas inferiores a –130 oC, Assim se considerarmos que a armazenagem das sementes a temperatura de – 30 oC não impede a erosão genética dessa espécie, deve-se portanto optar Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.67-74, 2006 Qualidade fissiológica de sementes de jatobá submetidas a diferentes temperaturas criogênicas quando da crioconservaçao das sementes de jatobá por longo prazo pela temperatura de Farias et al. 73 –170 oC. Tabela 2 - Comparação entre médias da germinação e do vigor e das sementes de jatobá extraídas da extremidade e do meio da vagem, submetidas às temperaturas de congelamento de –30 e de crioconservaçã de, –150 e –170°C. TRATAMENTOS Sementes da extremidade da vagem Vigor –30°C –150°C –170°C –196°C Germinação 68,0 A a 63,0 A a 72,0 A a 00,0 A b DMSLinha = 12,7 91,0 Aa 78,0 A b 91,0 Aa 00,0 A c Sementes do meio da vagem Vigor 53,0 B b 51,0 A b 76,0 A a 00,0 A c Germinação 95,0 Aa 83,0 Aa 93,0 Aa 00,0 A b DMSColuna = 14,7 *As médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade Armazenagem. v. I, n. 1, p. 3-31, 1984. CONCLUSÕES As sementes de jatobá extraídas das extremidades da vagem e do meio da vagem não podem ser crioconservação a temperatura de –196°C, pois apresentam rachaduras, inviabilizando o seu processo. As sementes de jatobá submetidas as temperaturas de –30, –150 e – 170°C, não apresentaram fissuras, sendo recomendada para a crioconservação por tempo indeterminado a temperatura de –170°C, a qual apresentou-se também nos testes de germinação e vigor, alta percentagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/ CLAN, 1992, 365p. Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Aragão, R. F.; Santana, E. F; Silva, R. A. S. Estudo da morfologia geométrica em grãos. Revista Nordestina de Armazenagem. v. III, n. 1, p 3-30, 1986. Cavalcanti Mata, M.E.R.M. & Fernandes Filho, J. G. Determinação da porosidade de sementes de mamona e algaroba. Revista Nordestina de Drumond, M. A; Kill, L. H. P; Lima, P. C. F; Oliveira, M. C; Oliveira, V.R; Albuquerque, S. G; Nascimento, C. E. de S; Cavalcanti, J. 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Os atributos avaliados foram firmeza e acidez, aceitação global e preferência. A análise sensorial mostrou que os iogurtes obtidos com adição de LPD foram mais bem aceitos pelos consumidores e tiveram aproximadamente 60% de preferência de escolha em relação aos demais iogurtes com adição de CPS e sem adição de sólidos. Palavras-chave: iogurte firme, adição de sólidos, avaliação sensorial EFFECT OF THE ADDITION OF DIFFERENT SOLIDS TYPES AND CONCENTRATION IN THE SENSORY CHARACTERISTICS OF SET YOGURT. ABSTRATCT The increase in the level of milk solids used in the manufacturing of yogurt is a common practice and it seeks to improve the firmness and to reduce product syneresis. This work evaluated the sensory characteristics of the set yogurts manufactured with the addition of skim milk powder (SMP) or whey protein concentrate (WPC) in different concentrations. The treatments were the following: without addition of solids and with addition of SMP or WPC in form order to increase the level of solids to 13 and 15%. The evaluated attribute were firmness and acidity, global accept and preference. The sensory analyses showed that the yogurts obtained with addition of SMP were better accepted by the consumers and it had 60% of choice preference approximately in relation to the other yogurts with addition of WPC and without addition of solids. Keywords: set yogurt, addition of solids, sensory analyses Protocolo 888 de 28/05/2005 1 Professora Msc., Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Rod. BR 316 Km 63 s/nº , Saudade, Castanhal /PA, CEP: 68740-970, Tel: 91 34121626. [email protected] 2 Professora Pós Doutorado, Faculdade de Engenharia de Alimentos.UNICAMP-SP, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, Campinas/SP, CEP: 13083-970, Tel: 19 37883993. [email protected] 3 Engenheira de Alimentos, Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Saúde, Rodovia D.Pedro, km 140, CEP:13012970 Campinas, SP. 76 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. avançaram rapidamente. Atualmente, a escolha desse produto, se impõe por seu sabor e suas qualidades refrescantes (Rasic & Kurmann, 1978; Veisseyre, 1980; Brandão, 1987). INTRODUÇÃO Aspectos gerais A origem exata dos leites fermentados não é conhecida, mas provavelmente data de milhares de anos atrás quando o homem mudou seus hábitos passando de “recolhedor de alimentos” para “produtor de alimentos”, quando também foram domesticados os primeiros animais. A fermentação do leite é um dos mais antigos métodos praticados pelo homem para preserválo da deterioração. A maioria dos leites fermentados teve sua origem no Oriente Médio e, desta forma, não é surpreendente que os microrganismos associados às suas produções sejam adaptados para crescimento em temperaturas elevadas (Tamime & Robinson, 1988) Diferentes leites fermentados e produtos contendo leite fermentado são atualmente produzidos em diferentes países, porém, o iogurte é provavelmente o leite fermentado mais popular. Embora não se disponha de documentos sobre sua origem, provavelmente é originário dos Balcãs e do Oriente Médio e durante muito tempo diversas civilizações acreditaram em suas qualidades nutritivas e terapêuticas (Tamime & Robinson, 1991) No início do século XX, a teoria de Metchnikoff, denominada “Teoria da Longevidade”, atribuiu ao iogurte vários efeitos benéficos à saúde humana. Para Metchnikoff , a longevidade dos povos dos Balcãs era resultado de uma dieta rica em leite fermentado, contendo um lactobacilo que por muito tempo foi considerado como L. bulgaricus. Posteriormente, verificou-se que o L. acidophilus deveria ser o microrganismo contido em tais produtos pela afinidade deste com o trato intestinal humano. Embora esta teoria tenha exagerado no valor do iogurte, influenciou de forma significativa na difusão do produto em muitos países da Europa (Rasic e Kurmann, 1978; Tamime & Robinson, 1991; Ferreira, 1997). Ainda que o iogurte tenha ocupado durante muito tempo um papel importante na dieta dos habitantes do Oriente Médio e da Europa Central, no ocidente era somente consumido ocasionalmente. Nos Estados Unidos a produção comercial do iogurte foi introduzida em 1942 e após a segunda guerra mundial, particularmente a partir de 1950, a tecnologia de fabricação do iogurte e a compreensão dos fatores que afetam suas propriedades sensoriais Definições e características do iogurte No Brasil, segundo a Resolução GMC 47/97 do Regulamento aprovado no subgrupo 3 do Mercosul, entende-se por “Leites Fermentados os produtos adicionados ou não de outras substâncias alimentícias, obtidos por coagulação e diminuição do pH do leite, ou leite reconstituído, adicionado ou não de outros produtos lácteos, por fermentação láctica mediante ação de cultivos de microrganismos específicos”, estes microrganismos devem ser viáveis e abundantes no produto final durante seu prazo de validade. Dentro dessa classificação geral de leites fermentados incluise o iogurte, leite fermentado ou cultivado, coalhada, kefir e kumys (Nova Legislação..., 1998). O mesmo Regulamento define o iogurte como “o produto incluído na definição acima cuja fermentação se realiza com cultivos protosimbióticos de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp bulgaricus, aos quais pode-se acompanhar, de forma complementar, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua atividade, contribuem para a determinação das características do produto final”. Quanto a matéria-prima, o iogurte deve conter como ingrediente obrigatório leite e/ou leite reconstituído padronizado em seu conteúdo de gordura e cultivo de bactérias lácticas específicas. Com relação aos ingredientes opcionais, pode conter leite concentrado, creme, manteiga, gordura anidra de leite ou butteroil, leite em pó, caseinatos alimentícios, proteínas lácteas, outros sólidos de origem láctea, soros lácteos, concentrados de soros lácteos, frutas, polpa, suco e outros preparados à base de frutas. Os ingredientes opcionais não lácteos, sós ou combinados, devem estar presentes em uma proporção máxima de 30% do produto final. Durante seu período de validade a contagem de bactérias lácticas totais deve ser de no mínimo 107 UFC/g e quanto aos critérios microbiológicos o produto deverá cumprir os seguintes requisitos: coliformes totais (máximo de 100 NMP/g), coliformes fecais (máximo de 10 NMP/g) e bolores e leveduras (máximo de 200 UFC/g) (Nova Legislação..., 1998). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Em termos de composição química, o iogurte é universalmente classificado em três tipos com base no seu conteúdo de gordura, isto é, integral, parcialmente desnatado e desnatado. Porém, a classificação mais utilizada refere-se à estrutura física do coágulo, podendo este ser firme, batido ou liquido (Tamime & Robinson, 1988;) O iogurte firme (set yoghurt) é embalado após a inoculação da cultura láctica e a fermentação/coagulação é realizada na própria embalagem de comercialização. O iogurte batido (stirred yoghurt) é fermentado/coagulado em um tanque, sendo posteriormente a estrutura do gel quebrada antes do resfriamento e embalagem. O iogurte liquido (drinking yoghurt) pode ser considerado como um leite fermentado batido de baixa viscosidade (Rasic & Kurmann, 1978; Kosikowski, 1978; Tamime e Deeth, 1980). Apesar desta classificação geral, outras mais detalhadas, englobando um número maior de características do produto também podem ser usadas, como por exemplo a apresentada por Moreno (1985), que classifica o produto quanto à gordura, viscosidade, tipos de adições ao produto e tipo de processo. O iogurte, tradicionalmente obtido pela fermentação termofílica de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus é caracterizado por um gel suave, viscoso e com delicado sabor característico (Kosikowiski, 1978). Os microrganismos da cultura láctica são os principais responsáveis pela produção dos compostos que caracterizam o sabor e o aroma do produto, que são basicamente o ácido láctico e o acetaldeído (Tamime & Robinson, 1991). Características de qualidade do iogurte Devido a existência de poucas especificações do padrão de qualidade do iogurte, torna-se difícil padronizar sua qualidade até mesmo devido às diversas formas, variedades, métodos de fabricação, ingredientes e preferências do consumidor (Penna , 1994). Entretanto, essa avaliação pode ser orientada tanto por determinações físico-químicas (pH e acidez) como por avaliações instrumentais, como firmeza por exemplo, ou avaliação sensorial de sabor, aparência e textura (Kroger, 1976) Géis de iogurte firme devem apresentar consistência semi sólida e suave sem soro na superfície, sem fendas, orifícios ou outros defeitos (Lucey e Singh, 1998). Schmidt et al. 77 (1980) relataram que iogurtes feitos de leites aquecidos a 90ºC/30 min apresentavam-se com aparência “granulosa”, enquanto iogurtes preparados de leites aquecidos a 80 ou 85ºC/30 min foram descritos como “ suaves e de corpo firme”. Géis ácidos preparados de leite aquecidos severamente com glucona-d-lactona (GDL) apresentam uma superfície “áspera” com visíveis fendas e alguma separação de soro (Lucey et al., 1997). Segundo os autores, a recomposição da rede após a formação do gel pode ser responsável por esses defeitos. A mais importante propriedade estrutural do iogurte firme é a força de seu coágulo e sua conseqüente habilidade para imobilizar água (Dannenberg e Kessler, 1988). A sinérese, é um defeito comum nos produtos fermentados de leite e é conseqüência da contração do gel com concomitante expulsão do soro (Lucey e Singh, 1998). Na prática, uma rápida acidificação do leite e uma temperatura de incubação alta podem ser as principais causas da separação do soro em géis ácidos como o iogurte. Outras possíveis causas para esse fenômeno são: tratamento térmico excessivo da mistura, baixo teor de sólidos totais ( proteína e/ou gordura) da mistura, movimento ou agitação durante ou logo após a formação do coágulo e baixa produção de ácido (pH 4,8) (Lucey e Singh, 1998). Para se evitar este tipo de defeito pode-se recorrer a algumas práticas como: homogeneização da gordura ou aumento do conteúdo de proteínas para cerca de 3,5%; diminuição do conteúdo de minerais; tratamento térmico adequado; abaixamento da temperatura de incubação; resfriamento lento do coágulo; uso de culturas produtoras de substâncias viscosas; uso de estabilizantes e cuidados na manipulação e no transporte (Kroger, 1976). A consistência do iogurte é um atributo tão importante quanto o sabor e o aroma. A firmeza adequada, sem separação de soro, é essencial para a máxima qualidade do produto (Penna, 1994). Uma textura excessivamente firme pode ser causada por fatores como um alto teor de sólidos totais na mistura, adição de estabilizantes ou uma temperatura de incubação muito baixa. Um coágulo “fraco” pode ser causado por fatores como baixo teor de sólidos na mistura, tratamento térmico do leite insuficiente, baixa acidez e altas temperaturas de incubação (Lucey e Singh, 1998). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 78 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Defeitos como “grumoso”, “granular” ou presença de “nódulos” são desagradáveis uma vez que os consumidores esperam produtos “suaves” e de “corpo fino” (Bodyfelt et al., 1988). “Grumoso” geralmente refere-se a presença de grandes agregados de proteína em iogurtes que podem muitas vezes atingirem tamanhos de 1-5 mm. Produção excessiva de ácido a altas temperaturas de incubação, uso excessivo de cultura para inoculação foram associados com esse tipo de defeito (Humphreys e Plunkett, 1969). Tratamento térmico excessivo do leite e adição de altos teores de proteínas do soro tem sido também associados com outros defeitos na textura. Em amostras de iogurtes, onde mais de 20% de sólidos desengordurados do leite foram substituídos por CPS, uma textura “granulosa” foi observada (Greig e Van Kan, 1984). MATERIAL E MÉTODOS Matérias-primas •Leite integral homogeneizado e esterilizado; •Leite em pó desnatado instantâneo Molico da marca NESTLÉ; •Concentrado protéico de soro 35% da MILKAUT; •Cultura láctica mista de Streptococcus thermophilus e LactobacilIus delbrueckii ssp bulgaricus da EZAL. Aumento do teor de sólidos O leite homogeneizado esterilizado utilizado na fabricação do iogurte foi adicionado de leite em pó desnatado (LPD) ou concentrado protéico de soro (CPS) de modo a obter-se misturas padronizadas para 13 e 15% de sólidos totais. Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp bulgaricus, liofilizada e congelada, da marca Ezal (Rhodia). Verificouse a aplicação indicada pelo fabricante. Efetuou-se uma diluição da cultura de modo a utilizar uma alíquota de 1 ml para cada litro de leite, que serviu como inóculo. O procedimento foi repetido a cada novo processamento. Processo de fabricação do iogurte. O fluxograma de processamento do iogurte firme utilizado nos experimentos é apresentado na Figura1. Em cada processamento foram fabricados 5 produtos diferentes. Um iogurte sem adição de LPD ou CPS utilizando-se leite com 11% de sólidos (Leite11%), 2 produtos adicionados de LPD para correção do teor de sólidos para 13 e 15%, denominados LPD13% e LPD15% respectivamente e 2 adicionados de CPS para correção do teor de sólidos para 13 e 15%, denominados CPS13% e CPS15%, respectivamente. O leite e as misturas preparadas a partir do leite homogeneizado esterilizado com diferentes teores de sólidos, obtidos por adição de LPD ou CPS, foram submetidos ao tratamento térmico (95°C/5 minutos), resfriados a 45°C e inoculados com 2,5% de cultura láctica à base de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp bulgaricus. Após a inoculação, as misturas foram agitadas com o objetivo de se promover a perfeita distribuição da cultura láctica. Em seguida, foram acondicionadas em copos plásticos que foram fechados com tampas de alumínio termossoldável e incubados em estufa a 45ºC. O tempo de fermentação do iogurte foi calculado a partir do início da inoculação até obter-se pH igual a 4,6. Após o final da fermentação o produto foi resfriado a 4°C em banho de gelo e armazenado em câmara fria, na mesma temperatura, para posterior análise. Preparo do inóculo Foi utilizada uma cultura láctica mista de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Leite 11% (sem adição de sólidos) 79 LEITE INTEGRAL HOMOGENEIZADO E ESTERILIZADO Adição de LPD ou CPS para padronização do teor de sólidos (13 e 15%) TRATAMENTO TÉRMICO (95ºC/5 Min) RESFRIAMENTO (45ºC) 2,5% de cultura láctica MISTURA INOCULADA AGITAÇÃO ACONDICIONAMENTO EM COPOS PLÁSTICOS INCUBAÇÃO (45ºC até pH 4,6) RESFRIAMENTO (4ºC) IOGURTE FIRME ARMAZENAMENTO (4ºC) Figura 1 – Fluxograma de processamento do iogurte Análise sensorial Realizou-se um teste sensorial com 50 consumidores não treinados de iogurte natural, para avaliar a aceitação dos produtos. Foram avaliados atributos considerados importantes para a aceitação do iogurte: “firmeza ao pegar o produto com a colher”, “firmeza na boca” e “acidez” usando-se a escala do ideal de 7 pontos, “aceitação global” usando-se escala hedônica de 9 pontos e preferência pela indicação do produto escolhido entre 5 amostras (Meilgaard et al., 1991). As amostras de aproximadamente 80g, foram servidas a aproximadamente 7ºC em copos plásticos de 100 ml, codificados com números aleatórios de 3 dígitos. A ordem de apresentação das amostras foi sorteada entre os provadores seguindo delineamento de Macfie et Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 80 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. al. (1989) para 5 amostras. O teste foi realizado em cabines individuais Os resultados das avaliações dos atributos foram analisados por histogramas de porcentagem de notas na escala do ideal. Os dados de aceitação global foram analisados estatisticamente por análise de variância (Anova) de 2 fatores (amostra, provador) e teste de média Tukey usando-se o programa SAS. Para os resultados de preferência, obtidos em %, foram computados o número de vezes em que cada produto foi escolhido. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 50 provadores que realizaram o teste 30% eram do sexo masculino e 70% do sexo feminino, dos quais 2% tinham idade entre 1520 anos, 28% entre 21-25 anos, 42% entre 26- 30 anos, 18% entre 31-40 anos e 10% entre 4150 anos. A freqüência de consumo do produto entre os provadores era: 14% consomem todos os dias, 24% uma vez por semana, 22% a cada 15 dias e 40% uma vez por mês. Os resultados da avaliação dos atributos sensoriais “firmeza ao pegar o produto com a colher”, “firmeza na boca” e “acidez” dos iogurtes obtidos nos processamentos estão apresentados nas Figuras 2, 3 e 4. Pelo histograma apresentado na Figura 2 observamos que os iogurtes adicionados de LPD ou CPS para aumentar o teor de sólidos para 13% (LPD13% e CPS13%) obtiveram uma maior porcentagem de notas 4 (está do jeito que eu gosto) na escala do ideal utilizada com relação ao atributo “firmeza ao pegar o produto com a colher”, indicando uma preferência do consumidor pela firmeza apresentada por esses produtos. Figura 2 - Freqüência de notas na avaliação sensorial para o atributo “firmeza ao pegar o produto com a colher”. (4- Está do jeito que eu gosto; 1- Muito menos firme do que eu gosto; 7- Muito mais firme do que eu gosto) O produto LPD15% apresentou maior freqüência de nota maior que 4, indicando um produto mais firme do que o consumidor gosta. O iogurte obtido sem adição de sólidos (Leite11%) apresentou uma maior porcentagem de notas tendendo para menos firme do que o consumidor gosta, enquanto o produto CPS13% obteve maior porcentagem de notas 3 e 4 dentro da escala do ideal, sendo também um produto bem aceito pelo consumidor no atributo “firmeza ao pegar com a colher”. Podemos observar uma estreita relação entre a análise instrumental da firmeza e a avaliação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. sensorial do produto quanto a “firmeza ao pegar com a colher”. O produto que apresentou uma maior porcentagem de notas que indicam uma firmeza menor do que o consumidor gosta (Leite11%) também apresentou a menor firmeza instrumental (128,6 g), o produto que foi 81 indicado como mais firme do que o consumidor gosta (LPD15%) apresentou também a maior firmeza instrumental (273,27 g). Os produtos preferidos pelo consumidor quanto a firmeza ao pegar com a colher (LPD13%, CPS13% e CPS15%) apresentam firmeza instrumental variando de 131,01 a 199,10 g. % d e n o tas n a e sc a la 30 25 20 L e ite 1 1 LP D 13 C P S 13 15 LP D 15 C P S 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 E s c a la d o id e a l % de n otas n a escala Figura 3 - Freqüência de notas da avaliação sensorial para o atributo “firmeza na boca”. (4- Está do jeito que eu gosto; 1- Muito menos firme do que eu gosto; 7- Muito mais firme do que eu gosto) 30 25 Leite 11 LP D 13 C P S 13 20 15 LP D 15 C P S 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 E scala d o id eal Figura 4 - Freqüência de notas na avaliação sensorial para o atributo “acidez”. (4- Está do jeito que eu gosto; 1- Muito menos firme do que eu gosto; 7- Muito mais firme do que eu gosto) Observa-se na Figura 3, que descreve a preferência do consumidor quanto a firmeza do produto na boca, que os produtos LPD13%, LPD15%, CPS13% e CPS15% estão dentro dos padrões de firmeza na boca que agradam o consumidor. Observa-se uma maior freqüência das notas em torno de 4 na escala para todos os produtos, tendo o produto LPD13% apresentado uma melhor aceitação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 82 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Semelhante ao que ocorreu no atributo tendência do consumidor a achá-los mais ácidos “firmeza ao pegar o produto com a colher” o do que gostam, entretanto a % de ácido láctico produto Leite11% mostrou-se menos firme do desses produtos não é superior à porcentagem que o consumidor gosta e o LPD15% também dos produtos preferidos pelo consumidor. Essa mostrou-se com uma porcentagem de notas que observação pode ser atribuída ao fato do CPS tende para um produto mais firme do que o ter interferido na percepção sensorial dos consumidor gosta. consumidores, realçando a acidez. Com relação a acidez dos produtos A Tabela 1 apresenta as médias obtidas para observamos que LPD13% e LPD15% aceitação global dos produtos, onde observa-se receberam maior porcentagem de notas 4 pelos que os produtos com maior aceitação foram o consumidores, indicando uma preferência do LPD13% e LPD15%. O LPD13% diferiu consumidor pela acidez desses produtos. O significativamente (p 0,05) dos produtos Leite11% mostrou-se bem aceito pelo Leite11%, CPS13% e CPS15%, porém não consumidor quando comparado com os diferiu do produto LPD15%, que por sua vez produtos CPS13% e CPS15%. não diferiu significativamente dos demais Com relação aos produtos adicionados de produtos (CPS13%, Leite11% e CPS15%). CPS, observou-se dentro da escala uma . Tabela 1 - Resultados obtidos na avaliação de aceitação global dos produtos Erro! Vínculo não válido.Os valores com a mesma letra, não diferem significativamente entre si (Teste de Tukey a 5% de significância) Este resultado confirma os resultados anteriormente apresentados onde observa-se que o produto LPD13% obteve o melhor desempenho em todos os atributos avaliados (firmeza ao pegar com a colher, firmeza na boca e acidez). A Figura 5 apresenta a distribuição das notas da avaliação sensorial para aceitação global dos iogurtes utilizando-se escala hedônica de 9 pontos. % de notas na escala 14 12 10 Leite11 8 LPD 13 CPS 13 6 LPD 15 4 CPS 15 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 ESCALA HEDÔNICA Figura 5 - Freqüência de notas da avaliação sensorial para aceitação global do produto.(1-desgostei extremamente; 5-nem gostei/nemdesgostei; 9-gostei extremamente) Na última questão da ficha de avaliação sensorial, perguntou-se “que amostra você preferiu? Indique uma” Os resultados mostraram que os produtos adicionados de LPD para aumento do EST da mistura utilizada para fabricação de iogurte tiveram maior % de escolha, ou seja, maior % de preferência pelos consumidores. Como mostra a Tabela 2. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Tabela 2- % de preferência dos produtos pelo consumidor. Produto % preferência LPD15% 35,41% LPD13% 29,17% CPS15% 12,5% Leite11% 12,5% CPS13% 10,42% De uma forma geral os comentários relativos aos produtos com adição de LPD foram do tipo “a textura das amostras, com exceção de Leite11%, em geral está muito parecida”, “todas as amostras estão muito boas”, “consistência e acidez das amostras estão boas” levando a crer que foram bem aceitos pelo consumidor. Para os produtos adicionados de CPS houveram comentários do tipo “ sabor residual estranho”, “sabor estranho” e “sabor forte de gordura”. Como pode ser observado pelos resultados acima conclui-se que os produtos adicionados de LPD tiveram melhor desempenho que os adicionados de CPS e Leite11%, tanto em relação aos atributos sensoriais de acidez e firmeza quanto a aceitação global e preferência dos produtos. Os resultados sugerem que sensorialmente o emprego de LPD a 13% seja o mais indicado para o aumento de EST da mistura para fabricação de iogurte, uma vez que a 15% o aumento da firmeza foi maior que o consumidor consideraria como firmeza ideal (nota 4 na escala sensorial). CONCLUSÕES Os produtos adicionados de LPD para aumento do teor de sólidos foram os mais aceitos pelos consumidores, tendo em torno de 60% da preferência de escolha entre os iogutes, sendo que o produto adicionado de LPD para aumento do teor de sólidos para 13% teve o melhor desempenho na avaliação dos atributos “firmeza ao pegar com a colher”, “firmeza na boca” e “acidez”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bodyfelt, F.W.; Tobias, J.; Trout, G.M. – The sensory evaluation of dairy products. Van 83 Nostrand Reinhold, New York, p.227-299, 1988. Brandão, S.C.C. -Tecnologia da fabricação de iogurte. Revista do Instituto de Laticínios “Cândido Tostes”, Juiz de Fora, v. 3, n. 250, p. 3-8, 1987. Dannenberg, F.; Kessler, H.G. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 84 Efeito da adição de diferentes tipos e concentrações de sólidos nas características sensoriais ..... Lima et al. Rasic, J.L.; Kurmann, J.A. Yoghurt: scientific grounds, technology, manufacture and preparation. Copenhagen: Tech. Dairy Publishing House, 1978, 427 p. Schmidt, R.H.; Sistrunk, C.P.; Richter, R.L.; Cornell, J.A. Heat treatment and storage effects on texture characteristics of milk and yogurt systems fortified with oil-seed proteins. Journal of Food Science.v.45, p.471-475, 1980. Tamime, A.Y.; Deeth, H.C. - Yoghurt technology and biochemestry. Journal of Food Protection. Ames, v. 43, n.12, p. 939977, 1980. Tamime, A.Y.; Robinson, R.K. Technology of manufacture of termophilic fermentes milk. Bulletin of the Institute of Dairy Federation, no 227, 1988 Tamime, A.Y.; Robinson, R.K. Yogur: ciencia y tecnologia, Zaragoza. Acribia, 1991. 368 p. Veysseire, R. Lactologia tecnica: composición, recogida, tratamiento y transformacion de la leche. Barcelona: Ed. Acribia, 1980. 629 p. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.75-84, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 ISSN 1517-8595 85 PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DAS DIMENSÕES E CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO EM SILOS Luis Antonio Dantas1, Francisco de Assis Cardoso Almeida2, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata2, Maria Elita Martins Duarte2, Manoel Adalberto Guedes3 RESUMO O software SILOS foi desenvolvido com o objetivo de atender as comunidades que atuam nas áreas de produção agropecuária: produção e armazenamento de produtos agrícolas; produção e armazenamento de forragem animal; construções rurais; suporte técnico extensionista e pedagógica. Tal abrangência se deve ao fato de possibilitar, de maneira prática e eficiente a determinação das dimensões de silos de superfície em forma de Retângulo, Cilindro, Cone, Pirâmide e de silo subterrâneo ou silo Trincheira, ao mesmo tempo em que associa às dimensões calculadas, a capacidade de armazenamento e o tempo necessário para a carga dos mesmos. Palavras Chave: dimensionamento de silos, armazenamento, silos COMPUTATIONAL PROGRAM FOR THE CALCULATION OF THE DIMENSIONS AND CAPACITY OF STORAGE IN SILOS ABSTRACT Software SILOS was developed with the objective to take care of the communities that act in the areas of farming production: production and storage of agricultural products; production and storage of animal fodder plant; agricultural constructions; support Agronomist and pedagogical technician. Such amplitude if must to the fact make possible, in practical and efficient way the determination them dimensions of silos of surface in form of Rectangle, Cylinder, Cone, Pyramid and of underground silo or silo Trench, at the same time where it associates with the calculated dimensions, the capacity of storage and the necessary time for the load of the same ones. Keywords: sizing of silos, storage, silos INTRODUÇÃO SILOS é mais um produto, software, que seguindo a orientação de metas do LAPPA, Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas, tem priorizado, desde o seu início ao ensino, a pesquisa e a extensão. Em consonância com estes objetivos a Coordenação de Tecnologia da Informação deste Laboratório, elaborou para disponibilizar à comunidade acadêmica e rural mais esta ferramenta de suporte à produção, aplicada à determinação das dimensões e capacidade de armazenamento de produtos agrícolas em silos de superfície e silos trincheira. _____________________ Protocolo 888 de 30/06/2006 1 Analista de Sistemas, Mestre em Engenharia Agrícola, LAPPA/UFGC, Email: [email protected] 2 Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil Email: [email protected] e [email protected] 5 Físico, Núcleo de Energia, Universidade Federal de Campina Grande Email:[email protected] 86 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos O programa computacional SILOS foi desenvolvido para ser utilizado em ambiente operacional gráfico, padrão Windows, e possibilita de maneira prática e intuitiva a operação ou utilização do mesmo, sem a necessidade de cursos ou treinamento adicionais. Esta versão, está disponível em Português e Inglês. onde: π = 3.141592653589; r = raio (m); Silo em forma de Cone V ( .r 2 .h) / 3 V (a.b.h) / 3 O programa SILOS foi desenvolvido e implementado no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA), da Unidade de Engenharia Agrícola (UEAg) do Centro de Tecnologia em Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Para a execução deste trabalho utilizou-se o software básico, linguagem de programação, (Borland Delphi Enterprise version 5.0), ferramenta computacional voltada à implementação de sistemas de informação para o ambiente operacional Windows (Microsoft Corporation). A preferência por esta ferramenta, deve-se aos recursos disponíveis na mesma, no que tange ao desenvolvimento, a implementação e a portabilidade distributiva da aplicação, internacionalmente utilizadas. O equipamento de hardware utilizado foi um microcomputador PC compatível baseado no sistema operacional Windows XP Professional. A interface operacional assim como a padronização de cores em tom pastel segue o padrão Windows. A operação dos módulos utiliza o método de botões associados às respectivas ações, quer de cálculos, de impressão, e de retorno. A formulação matemática utilizada nos cálculos de volume e dimensionamento da capacidade de armazenamento de silos, assim como a determinação do tempo necessário à carga dos mesmos, bem como as variáveis, símbolos e constantes utilizadas são descritos a seguir. Silo em forma de Retângulo: (3) Silo em forma de Pirâmide MATERIAL E MÉTODOS V a * b* h Dantas et al. (4) Determinação da capacidade de armazenagem do Silo: Capacidade do Silo em sacas Para sacas de 60 kg ou 50 kg usa-se os parâmetros 0,078 ou 0,065, respectivamente. Para sacas de peso diferente destes utiliza-se a conversão: (PS * 0.078)/60, onde PS = Peso da Saca. De modo geral podemos escrever que, Txo 0,078 p/ saca de 60 kg. (5) Txo 0,065 p/ saca de 50 kg. (6) Txo (Ps * 0,078)/60 (7) Assim, para se determinar a capacidade, em sacas, utiliza-se do seguinte modelo: Ns Txo /V. (8) onde: Ns = Nº de sacas; Txo = cte. Em relação ao peso da saca; V = volume do silo. A capacidade do Silo em kg, é dada pelo produto entre o número de sacas e o seu peso. Ton Ns * Ps (9) onde: (1) onde: V = volume (m3); a = comprimento (m); b = largura (m); h = altura (m) Ton = tonelagem (kg); Ns = Nº de sacas; Ps = Peso da Saca. Determinação do tempo para enchimento do silo: Silo em forma de Cilindro V .r 2 .h (2) A determinação do tempo necessário para o enchimento do Silo é dada pela razão direta Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos entre: Tonelagem total a ser carregada e a Capacidade do Elevador (kg/h). Logo pode-se escrever que: tkg Ton/Ce (10) onde: tkg = tempo necessário para o enchimento do silo, h; Ton = Tonelagem a ser carregada, (ton.); Ce = Capacidade do Elevador (kg/h) Para se dimensionar um silo trincheira, leva-se em consideração cinco parâmetros básicos: a.) Número de animais que se quer alimentar; (Nan) b.) Período de Alimentação; (Ndia) c.) Consumo diário por animal; (Cpc) d.) Fatia diária (0,10 a 0,20); (fatia) e.) Profundidade do silo: (h) A partir destes parâmetros é possível determinar: a.) Consumo diário do rebanho; (Cdpc) Cdpc Cpc.Nan Consumo 87 c.) Comprimento do Silo; (Cs) Cs Ndia.fatia (12) d.) Secção transversal do Silo; (St) St : Cdpc/(500* fatia) (13) e.) Largura da base do Silo; (b) Silo Trincheira b.) Dantas et al. total no Cpr Cdpc.Ndia período; b : ((2 * St - h))/(2* h) (14) f.) Largura do topo do Silo; (B) B b 1 (15) RESULTADOS E DISCUSSÃO O programa computacional SILOS, tanto na versão Português (Pt) quanto na versão em Inglês (Ing), é apresentado através de uma tela principal, que disponibiliza as opções funcionais, de cálculo, e de informações sobre a equipe de criação. No seu corpo principal está a identificação institucional e nominativa do mesmo, conforme figura abaixo. (Cpr) (11) Figura 1. Tela Inicial do Software Silos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 88 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos A operação, à exemplo das aplicações Windows, pode ser feita, tanto através do mouse quanto do teclado, concomitantemente, ou independentemente. As letras sublinhadas, letras de comando ou associadas a ação podem ser acionadas pela junção das teclas (Alt + letra sublinhada). A opção Cálculos, localizada imediatamente abaixo da primeira linha de texto de identificação do software, abre para as opções funcionais a que se destinam. Silo em forma de: Retângulo, Cilindro, Cone, Pirâmide e Trincheira, conforme Figura 2. A partir deste ponto, acionada a opção Cálculos, pode-se então selecionar a forma de silo com a qual se deseja trabalhar. Qualquer que seja a opção ou silo selecionado, a tela seguinte, de operação ou trabalho, segue um mesmo lay out ou disposição de dados, cujo objetivo é proporcionar uma rápida e produtiva interpretação dos mesmos. Tal padronização segue o seguinte formato: a.) Área de Dados, ocupa a área esquerda da tela; b.) Figura/Silo, ocupa a área direita da tela; c.) Dados de entrada, necessários aos cálculos são solicitados através de caixas de texto com fundo branco; Dantas et al. d.) Cálculo das dimensões, volume, capacidade de armazenamento e tempo para enchimento do silo, é disponibilizado pelo acionamento do botão de ação associado; e.) Dados resultantes dos cálculos são apresentados em uma caixa em relevo, imediatamente abaixo do botão de comando. O volume calculado é colocado e mostrado, logo abaixo da figura alusiva; f.) A Impressão, relatório associado aos dados, é disponibilizada por um botão de ação localizado no quadro em relevo destinado à mostra dos dados; g.) Sair de qualquer um destes módulos, tela, DEVE ser feita através do botão de ação VOLTAR. Evita-se sair, fechar uma aplicação utilizando-se da opção padrão Windows (X). Para melhor ilustrar os passos acima, veja as Figuras 2 a 7. Essas figuras a seguir mostram as telas associadas a cada uma das opções disponíveis. Figura 2. Tela Inicial do SILO, acionada a opção Cálculos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos Dantas et al. 89 Figura 3. Tela operacional do SILOS. Silo em forma de retângulo. Figura 4. Tela operacional do SILOS. Silo em forma de cilindro. Figura 5. Tela operacional do SILOS. Silo em forma de cone. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 90 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos Dantas et al. Figura 6. Tela operacional do SILOS. Silo em forma de pirâmide. Figura 7. Tela operacional do SILOS. Silo Trincheira. A seguir apresenta-se a forma através da qual os dados serão impressos. A exemplo dos módulos operacionais mostrados nas figuras acima, o(s) relatório(s) também segue(m) uma mesma padronização em consonância à operacional. De maneira que a identificação impressa é feita de maneira nominativa – Silo em forma de NOME DO SILO, acrescida de uma representação gráfica à semelhança da anteriormente utilizada. Dada a integração do programa SILOS com o ambiente Windows, os relatórios estão associadas as propriedades inerentes ao gerenciamento e formatação de impressão, assim como a possibilidade de exportação do conteúdo, em formato texto, para inserção em um outro meio de edição de dados. O programa SILOS foi desenvolvido com vistas a atender a uma das atividades críticas no processo de produção de produtos agropecuários – armazenamento de grãos e forragem animal. Investido desta objetividade, permiti a seleção, a análise, e o planejamento na construção de Silos, de maneira prática, rápida, precisa e segura, proporcionando economia de tempo a partir da possibilidade de simulação, que vai desde a identificação da forma do silo até suas dimensões ideais para o armazenamento. O programa SILOS foi elaborado com uma precisão numérico de 32 casas decimais para o processamento, conferindo aos resultados alta precisão matemática. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 Programa computacional para o cálculo das dimensões e capacidade de armazenamento em silos Dantas et al. 91 Figura 7. Tela representativa de relatório do Silos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cavalcanti-Mata, M. E. R. M., Dantas, L. A., Braga, M. E. D. Programa computacional para simulação de secagem de grãos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. Campina Grande: , v.1, n.1, p.33 - 55, 1999. Cavalcanti-Mata, M. E. R. M., Dantas, L. A. Modelo de simulação de secagem de cacau (Theobroma cacao L.) em camada fixa. Revista Brasileira de Armazenamento. , v.23, n.2, p.52 - 60, 1998. Cavalcanti-Mata, M. E. R. M., Dantas, L. A., Braga, M. E. D. Software aplicado a secagem de grãos, 1987 (Programa computacional, CD). Cavalcanti-Mata, M. E. R. M., Dantas, L. A., Braga, M. E. D. Software de simulação de secagem de produtos agrícolas, 2001. (Programa computacional, CD). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.85-91, 2006 92 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.92, 2006 NORMAS DE PUBLICAÇÃO NORMAS DE PUBLICACIÓN PUBLICATION NORMS Os textos deverão ser encaminhados ao Editor da Revista em disquete e 2 vias impressas, ou via e-mail [email protected]. Artigos Científicos: deverão ter a seguinte seqüência: Título, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos (facultativo) e Referências Bibliográficas. Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. 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No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. 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In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DRYING CHARACTERISTICS DE CALOR E MASSA AND KINETICS EM SÓLIDOS OF COFFEE HETEROGÊNEOS: BERRY (Características UM ESTUDO e cinética TEÓRICO de secagem VIA ANÁLISE do café CONCENTRADA (Heat and mass transfer in heterogeneous solids: A theoretical study by lumped analysis) cereja) Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Paulo César Corrêa, Osvaldo Resende Deise Menezes Ribeiro Antonio Gilson Barbosa de Lima DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UM “MIX” DE POLPA CONGELADA À BASE DE CAJÁ ATIVIDADE DE ÁGUA, MICROBIOLOGICO E PERDA DEand MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ (Spondias mombim L.) ECRESCIMENTO GRAVIOLA (Annona muricata L.) (Development sensorial evaluation of a frozen pulp (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Water activity, microbiological increase blended of yellow mombim (Spondias mombim L.) and soursoup (Annona muricata L.) ) and dryCristina matter loss of the Bonomo, coffee grains arabica in different storage Renata Ferreira Joel (Coffea Camilo de SouzaL.) Carneiro, Soraya Alvesconditions) Batista, Demétrio César Rocha Pirajá, Rafael Paulo César Afonso Júnior, Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro Araújo Lopes da Silva da Costa Ilhéu Fontan, Bruna Mara Aparecida de Carvalho, Amália Michele Gomes Costa, Arienilmar ÂNGULO DE REPOUSO, ATRITO INTERNO E EFETIVO DOS GRÃOS DE CAFÉ COM PERGAMINHO (Angle of rest, AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DEcoffe FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO effective and internal attrition of the grain with parchment) (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) Fabrício Schwanz da Silva, Paulo Cesar Corrêa, Carlito Calil-Júnior, Francisco Carlos Gomes Cândido José Ferreira Neto, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz ANÁLISE COMPARATIVA DE POLPAS DE PITANGA INTEGRAL, FORMULADA E EM PÓ (Comparative analysis of whole and formulated pulps and surinam cherry powder) EFEITO BENEFICIAMENTO NASRossana PROPRIEDADES E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE FranciscaDO Marta Nascimento de Oliveira, Maria FeitosaFÍSICAS de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the beneficiation in the mechanical and physical properties of the rice grains of different varieties) CINÉTICA DA PRODUÇÃO DO FERMENTADO DO FRUTO DO MANDACARU (Kinetics of mandacaru fruit wine Fabrício Schwanz da Silva, Paulo César Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso production ) Júnior Mércia Melo de Almeida, Daniela Passos Simões de Almeida Tavares, Líbia de Sousa Conrado Oliveira, Flávio Luiz Honorato da Silva COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA (Chemical SECAGEM DE CASULOS DO BICHO-DA-SEDA EM DE FLUXOS CRUZADOS: MODELAGEM, SIMULAÇÃO E components and study of the equilibrium in mesquite beans) EXPERIMENTAÇÃO (Silkworm cocoonmoisture drying incontent cross flow: modeling, Simulation and experimentation) Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de Antonio Gilson Barbosa de Lima,Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Sandoval Farias da Mata Gouveia, Silvana A. de Almeida ATIVIDADE DE ÁGUA DO CAJÁ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES MATERIAIS DE PAREDE (Water activity of powdered caja microencapsuled with different wall materials ) OBTENÇÃO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA (Prosopis Yvson Costa e DO Silva, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti, julifloraCarol (Sw.)Abuquerque DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE Camila Oliveira, Manuel Adalberto Guedes(The best process determination of extraction and fermentation of the mesquite (Prosopis juliflora (SW.) DC) broth to obtain liquor) Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata,DA Maria Elita Duarte Sousa Queiroz CARACTERIZAÇÃO DA FIBRA DIETÉTICA OBTIDA EXTRAÇÃO DOBraga, SUCOVital DE de LARANJA (Characterization of dietary fiber from orange juice extraction Rodicler Cerezoli Bortoluzzi, Cristiane Marangoni ESTUDO DA SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO (Analysis of whey and eggFISSIOLÓGICA white proteins solubility) QUALIDADE DE SEMENTES DE JATOBÁ SUBMETIDAS A DIFERENTES TEMPERATURAS Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto CRIOGÊNICAS (Physiologic quality of seeds of jatobá submitted to different cryogenic temperatures) Danielle C. de Farias, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita M. Duarte, Anny Kelly V. de O. Lima ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EM SECAGEM EM DE FUNÇÃO MANJERICÃO SOB DIFERENTES COMPONENTES DE PRODUÇÃO E RENDIMENTOS DE BATATA-DOCE, DE DOSES DE ESTERCO TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial basil drying under several kinds of air DE BOVINO ( Fertilization with cattle manure on sweet potato cultureanalysis in brejo of paraibano) treatment) João Felinto dos Santos, Luciano de Medeiros Pereira Brito, José Ivan Tavares Granjeiro, Francisco de Assis Cardoso AnamariaMaria CaldoEdnalva Tonzar, C. Vivaldo Silveira Júnior. Almeida, de Oliveira PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DAS DIMENSÕES E CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) EM SILOS (Computational program for theEM calculation of the dimensions and capacity of storage in silos) Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva Luis Antonio Dantas, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Manuel Adalberto Guedes AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp powder) Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata