Física Moderna – O modelo atômico Introdução O modelo de Thomson do átomo Em 1897 J.J. Thomson obteve raios catódicos em uma experiência e observou que o desvio o que dependia da massa, da velocidade e da carga elétrica. Concluiu que os raios são formados de partículas menores do que o átomo. A partícula dos raios catódicos foi chamado de elétron, por essa descoberta recebeu o prêmio Nobel de física em 1906. Thomson determinou que o átomo era feito de uma esfera positiva encrustada com várias pequenas esferas de cargas negativas; esse modelo recebeu o nome de "modelo do pudim de passas". A descoberta do elétron A existência do elétron foi postulada por G. Johnston e Stoney como uma unidade de carga no campo da eletroquímica. O elétron foi descoberto por Thomson em 1897 no Laboratório Cavendish, da Universidade de Cambridge, enquanto estudava o comportamento dos raios catódicos. Influenciado pelo trabalho de Maxwell e o descobrimento dos raios X, deduziu que no tubo de raios catódicos existiam partículas com carga negativa, que denominou de corpúsculos. Ainda que Stoney haja proposto a existência do elétron, foi Thomson quem descobriu seu caráter de partícula fundamental. Para confirmar a existência do elétron, era necessário medir suas propriedades, em especial a sua carga elétrica. Este objetivo foi alcançado por Millikan, através da célebre experiência da gota de óleo, realizada em 1909. George Paget Thomson, filho de J.J. Thomson, demonstrou a natureza ondulatória do elétron, provando a dualidade onda-partícula postulada pela mecâncica quântica. Esta descoberta lhe valeu o Prêmio Nobel de física de 1937. O spin do elétron foi observado pela primeira vez pela experiência de Stern-Gerlach. Sua carga elétrica pode ser medida diretamente através de um eletrômetro e a corrente gerada pelo seu movimento com um galvanômetro. Os raios catódicos são de elétrons que atravessam um tubo com gás em baixa pressão entre dois pólos, que produzem luminosidade de acordo com a pressão. Para chegar a conclusão de que os gases, quando submetidos a baixa pressão, podem conduzir eletricidade, Henrich Geissler (1859), Johann Hittorf (1896) e Willian Crookes (1886), utilizaram o chamado tubo de raios catódicos. Esse aparelho é formado por uma ampola de vidro ligada a uma bomba de vácuo que tem por utilidade diminuir a pressão interna. Nas duas pontas do tubo há extremidades metálicas (eletrodos) ligadas a uma bateria. Quando a pressão interna chega a um décimo da pressão ambiente, o gás que existe entre os eletrodos passa a emitir uma luminosidade. Quando a pressão diminui ainda mais (100 mil vezes menor que a pressão ambiente) a luminosidade desaparece, restando uma "mancha" luminosa atrás do pólo positivo. Cientistas atribuíram essa mancha a raios provenientes do pólo negativo (catodo). Então foram denominados raios catódicos. Os raios catódicos nada mais são do que feixes de elétrons que atravessam o tubo. São comumente encontrados em aparelhos de televisão e monitores de microcomputadores. Nas ruas podemos encontrá-los em alguns letreiros. As cores desses raios dependem do gás usado. Com algumas modificações nos tubos, os raios catódicos dão origem a outros tipos de luzes, como por exemplo: Luminosos de néon: o gás usado é o neônio. É usado em letreiros publicitários. Luminosos de sódio: o gás usado é o vapor de sódio. Confere uma luminosidade amarela característica. É usado em iluminações de vias públicas e túneis. Lampadas fluorescentes de mercúrio: o gás usado é vapor de mercúrio. Emite uma luz violeta e ultravileta (luz negra). É revestida com uma tinta fluorescente (a base de fósforo) que absorve a luz emitida e reemite como luz branca. São usadas em residências, vias públicas, escritórios, etc. Joseph John Thomson Origem: (Wikipédia, a enciclopédia livre). Físico britânico nascido em Manchester em 1856 e falecido em Cambridge em 1940. Formou-se em Cambridge em 1 Física Moderna – O modelo atômico 1884, onde foi professor de Física Experimental e diretor do Laboratório Cavendish até se jubilar em 1919. Mediu pela primeira vez a carga específica do elétron em 1897 e mostrou que o efeito termiônico é devido a elétrons. Pela ação de campos elétricos e magnéticos sobre um feixe de íons de néon, verificou em 1913 a existência de isótopos em elementos não radioactivos, descobrindo o "método das parábolas". Foi-lhe atribuído o Prêmio Nobel de Física em 1906 por investigações teóricas e experimentais sobre a passagem da eletricidade através dos gases. Figura 1 – a) J.J. Thomson el seu laboratório (a) utilizando o tubo de raios catódicos (b) onde constatou a deflexaão de raios catódicos após aplicar um campo elétrico entre as placas Q e E (c). a) Os elétrons são emitidos pelo catodo C, o qual possui um potencial negativo relativo às fendas A e B. Um campo elétrico E na direção de A para C acelera os elétrons, que passam pelas fendas A e B e atingem uma região livre de campos. Os elétrons penetram então uma região entre as placas do capacitor D e F, onde há um campo elétrico perpendicular às placas e à velocidade do elétron. O campo acelera os elétrons verticalmente durante um curto intervalo de tempo quando eles estão entre as placas. Os elétrons são defletidos e atingem a tela fosforecente S. A tela brilha quando os elétrons a atingem, indicando a localização do feixe. A velocidade inicial dos elétrons v0 é determinada introduzindo um campo magnético B entre as placas em uma direção perpendicular ao campo Elétrico E e à velocidade inicial dos elétrons v0 . A magnitude de B é ajustada de modo que o feixe não seja defletido: assim: F e E e v0 B e E e v0 B v0 E B b) Sendo x1 a distância horizontal percorrida pelos elétrons entre as placas D e F: x1 v0 e E vy ay t vy t me e E x1 vy me v0 x1 v0 t1 t1 c) A deflexão vertical nessa região, dada por: y1 , é 1 1 e E x1 y1 a y t12 y1 2 2 me v0 Experimento de Thomson para a medida da relação q/m do elétron Em 1897, Thomson mostrou que um feixe de raios catódicos era defletido por campos elétricos e magnéticos, indicando que eles consistiam de partículas com cargas elétricas. 2 O elétron atravessa a distância x2 numa região livre de campo. Como a velocidade do elétron é constante nessa região: x2 v0 t2 t2 x2 v0 2 Física Moderna – O modelo atômico Solução: y y1 y2 A deflexão vertical nessa região ;livre de campos, y2 , é dada por: x y2 v y t2 y2 v y 2 v0 e E x1 v y a y t1 v y me v0 2 1 q E x1 q E x1 x2 y 2 m v0 m v02 v0 y1 e E x1 x2 y2 v y t2 y2 me v0 v0 A deflexão total é dada por: Exemplo 1 - Num aparelho de Thomson, o feixe de elétrons não sofre desvio ao passar por um campo elétrico de 3000 V/m e um campo magnético cruzado de 1.40 G. O comprimento dos eletrodos defletores é de 4 cm e a tela está a 30 cm da borda mais avançada destes eletrodos. Determinar o desvio do feixe sobre a tela na ausência de campo magnético. 1 1.6 1019 3000 0.04 2 9.11031 2.14 107 y1 9.2 104 m y2 y y1 y2 1 e E 2 e E x1 x2 y x1 2 2 me v02 me v0 1 e E 2 e E y x1 x2 x1 2 2 me v02 me v0 E 3000 m v0 v0 2.14 107 B 1.4 104 s 2 1.6 1019 3000 0.04 0.3 2 9.111031 2.14 107 y2 1.38 102 m y y1 y2 y 14.7mm A experiência da gota de óleo de Millikan A experiência de Millikan foi a primeira e direta medida experimental da carga de um elétron. Foi realizada em 1909 pelo físico americano Robert A. Millikan, que construiu um dispositivo capaz de medir a carga elétrica presente em gotas de óleo demonstrando a natureza discreta da carga do elétron e medindo-a pela primeira vez. A montagem de Millikan é mostrada na figura 2. Duas placas metálicas rigorosamente paralelas e horizontais, são isoladas e afastadas entre si por uma distância de alguns milímetros. f QE Q<0 m g vT Figura 2 –Aparato construído por Millikan para medida da carga elétrica. Espalhando as gotículas de óleo por um atomizador sobre a placa superior, algumas das gotículas caem através de um pequeno furo existente nessa placa. Um feixe de luz é dirigido horizontalmente entre as placas e uma luneta é 3 Física Moderna – O modelo atômico instalada com seu eixo perpendicular ao feixe. As gotículas de óleo, observadas pela luneta, quando iluminadas pelo feixe de luz, aparecem como pequeninas estrelas brilhantes caindo lentamente com velocidade terminal constante, dada pelo seu peso e pela força viscosa da resistência do ar, que se opões ao movimento: Verifica-se que algumas das gotículas de óleo se encontram eletrizadas, presumivelmente devido a efeitos de atrito. Podese também carregar as gotículas, ionizando-se o ar no interior da câmara por meio de raio X ou com ums pequena quantidade de material radioativo. Dessa maneira, alguns elétrons ou íons colidem com as gotículas de óleo e são por elas capturadas. As gotículas têm normalmente carga negativa, mas, ocasionalmente, pode-se encontrar uma ou outra gotícula com carga positiva. O método mais simples da medida da carga numa gota consiste em: supor que a gotícula possui uma carga negativa e que as placas sejam mantidas a uma diferença de potencial constante, tal que o campo elétrico é dirigido para baixo. Assim, a força elétrica sobre a gotícula é para cima. Ajustando-se o campo elétrico E, pode-se fazer com que a força elétrica se iguale ao peso, de modo a manter a gota em repouso (Figura 2 (b)). Assim: Q 18 3 vT3 l U 2 g Millikan e seus colaboradores mediram as cargas de alguns milhares de gotas e concluíram que, dentro dos limites de seus erros experimentais, cada gota possuía uma carga igual a um múltiplo inteiro de certa carga básica, e, isto é, haviam observadas gotas com cargas 2e, 3e, 4e. A conclusão que se chega é que a carga é múltipla da carga e. O melhor valor experimental já medido para e é: e 1,602192 10 19 C m g Fe P 0 Q E m g Q E {1} Como a massa da gota é a sua densidade multiplicada pelo volume: m 43 R {2} O Campo elétrico é dado pela diferença de potencial U dividida pela distância entre as 3 placas l: E U {3}. Substituindo {2} e {3} em l {1}, teremos: Q 3 4 R gl 3 U {4} Todas essas quantidades podem ser medidas, com exceção do raio da gota, que é muito pequeno para ser medido, da ordem de 10-5cm. Pode-se calculá-lo desligando-se o campo elétrico e medindo-se a velocidade terminal vT da gota quando esta cai por uma distância d. A velocidade terminal ocorre quando o peso é igual à força viscosa f sobre a gota, dada pela Lei de Stokes: f 6 v R Montando a segunda lei de Newton, teremos: f P 6 v R m g 6 vT R 43 R3 g R 3 vT 2 g {5} Substituindo {5} em {4}, teremos: O Modelo de Rutherford A demonstração conclusiva da inadequação do modelo de Thomson foi obtida em 1911 por Ernest Rutherford, ex-aluno de Thomson, a partir da análise de experiências sobre o espalhamento de partículas (átomos de He duplamente ionizados, He++). A análise de Rutherford mostrou que em vez de estar espalhada por todo o átomo, a carga positiva está concentrada numa região muito pequena, ou núcleo, no centro do átomo. Rutherford havia recebido o prêmio Nobel em 1908 por suas investigações a respeito do decaimento de elementos e à e química de elementos radioativos. Já sabia a natureza da partícula (núcleos de átomos de He) emitidos por vários materiais radiativos a grandes velocidades. 4 Física Moderna – O modelo atômico - Experimento de Rutherford As partículas alfa (núcleos de átomos de hélio 24) de uma fonte radioativa foram usadas para golpear uma folha fina do ouro. As partículas alfa produzem um pequeno flash minúsculo, mas visível de luz quando golpeiam uma tela fluorescente. Espantosamente, as partículas de alfa foram encontradas em ângulos grandes da deflexão e algumas foram encontradas para trás ao serem dispersas. Figura 3 – Aparato experimental do Experimento de Rutherford. Esta experiência mostrou que a matéria positiva nos átomos está concentrada em um volume muitíssimo pequeno e deu o nascimento à idéia do átomo nuclear. Assim, representou um dos maiores avanços na nossa compreensão da natureza. Se a folha do ouro possuir espessura de 1 micrômetro (1m), usando o diâmetro do átomo do ouro da tabela periódica, sugere que a folha é possui aproximadamente 2800 átomos. O tamanho do núcleo do átomo comparado ao tamanho do átomo em que reside é pequeno. Por exemplo, o espaço dentro de um átomo pode ser comparado ao espaço no sistema solar, em um modelo em escala, como mostrado na figura anterior. Escolhendo o núcleo de ouro, o raio atômico é 18000 vezes o tamanho do núcleo. Esta disparidade no tamanho foi descoberta primeiramente com o espalhamento de partículas alfa realizado por Rutherford em folhas finas do ouro. A extremidade desta comparação do espaço é destacada pelo fato que um átomo com números iguais dos nêutrons e dos prótons, o núcleo compreende aproximadamente 99,97% da massa do átomo! É interessante observar alguns aspectos como a ordem de grandeza do tamanho do átomo, que é em torno de Angstron: 0 1 A 10 10 m Já a ordem de grandeza do tamanho do núcleo é da ordem de fentômetro, usualmente chamado Fermi: 1 fm 10 15 m . As massas nucleares são medidas em termos da unidade de massa atômica com o núcleo de carbono 12 definido como tendo uma massa de exatamente 12 u.m.a.. 1 uma 1.66054 10 27 kg Para termos uma idéia das dimensões do sistema atômico comparada com o sistema Solar, mostramos alguns dados na tabela abaixo: Modelo de Escala Relativa de um átomo e o sistema solar. Nessa escala, a próxima estrela estaria a aproximadamente 10000 milhas distante. (Figura extraída de: http://hyperphysics.phyastr.gsu.edu) (a) Modelo de Thomson do átomo: uma partícula alfa sofreria um desvio muito pequeno. (b) Modelo de Rutherford do átomo: uma partícula alfa pode sofrer um desvio com um ângulo muito grande pela ação do núcleo denso e positivamente carregado. Figura 4 – Comparação do modelo atômico e sistema solar. 5 Física Moderna – O modelo atômico - dr 1 du d 2 dt u d dt Dados do Modelo Comparativo: Átomo de Ouro: Densidade nuclear: 2.1017 kg/m3. Densidade (material): 19.32 g/cm3. 1 uma = 1,66 . 10-27kg Massa Atômica: 196 uma (1 mole = 196.97 g) Número de Avogadro: 6,02.1023 átomos/mole Raio nuclear: 7,3.10-15 m. Raio atômico: 1,3.10 -10m. Sistema Solar Raio do Sol: 695000 km Distância Sol-Terra: 150.10 6 km. Raio da Terra: 6376 km. Distância Sol-Plutão: 5900.106km Alguns experimentos realizados (espalhamento) sugerem que o núcleo tem a forma aproximadamente esférica e possui essencialmente a mesma densidade. Mantém-se unido devido a existência da chamada força nuclear forte, existente entre quaisquer pares de partículas nucleares (prótons ou nêutrons) ou núcleons. O número de prótons é chamado de número atômico (Z) e determina o elemento químico. Rutherford fez um cálculo detalhado da distribuição angular que seria esperada para o espalhamento de partículas por átomos do tipo por ele proposto em seu modelo. O espalhamento ocorre devido à força repulsiva coulombiana que age entre a partícula carregada positivamente e o núcleo carregado positivamente. Considerou elementos pesados de forma que era desprezível o recuo do núcleo pela partícula . Como a força que atua na partícula está sempre na direção radial, o seu momento angular L é constante: d d L dt dt M r 2 d L 2 u dt M dr 1 du L 2 2 u dt u d M dr L du dt M d L M r2 d 2 r d dr d L d 2u L u 2 dt 2 d dt dt M d 2 M d 2r L2 u 2 d 2u dt 2 M 2 d 2 2 d 2r z Z e2 1 d M r 2 4 0 r 2 dt dt 2 L2 u 2 d 2u 1 L u 2 z Z e2 u 2 M 2 d 2 u M 4 0 M d 2u z Z e2 M u d 2 4 0 L2 Como L m v b , onde v é a velocidade inicial da partícula e b seu parâmetro de impacto: d 2u z Z e2 M u d 2 4 0 M 2 v 2 b2 d 2u D u 2 2 d 2b z Z e2 D 4 0 Usando a segunda Lei de Newton em coordenadas polares: 2 d 2r z Z e2 1 d F M a M 2 r 4 0 r 2 dt dt A solução da equação diferencial acima fica mais simples fazendo a mudança de variável: r Logo: 1 u dr dr d dr du d dt d dt du d dt A solução geral de Mv 2 2 d 2u D u 2 é: 2 d 2b D 2b2 1 D A cos B sen 2 r 2b u A cos B sen Exemplo 1 - Uma partícula alfa é direcionada para atingir um núcleo de ouro. Uma partícula alfa possui dois prótons e uma carga de módulo 2e = 2.1.6.10-19C, enquanto um núcleo de Au possui 79 prótons (79 e) = 79.1.6.10-19C. Qual é a energia cinética mínima que essa partícula alfa deve ter a fim de aproximar até uma distância de 5.0.10-14m do centro do núcleo de ouro? Suponha 6 Física Moderna – O modelo atômico que o núcleo seja de Au, cuja massa de repouso é 50 vezes maior que a massa de repouso da partícula alfa, permaneça em repouso. Logo, para o ponto mais próximo do núcleo, a energia cinética inicial da partícula alfa é transformada em energia potencial elétrica. Solução: Inicialmente, calculamos a energia potencial elétrica do sistema quando a distância entre a partícula alfa e o centro do átomo de Au é 5.0.10-14m: k 9109 N m2 2 C U U 9 109 1 q q0 4 0 r 2 79 1.6 1019 2 5 1014 U 7.3 1013 J 1 U 7.3 1013 eV 1.6 1019 U 4.6 106 eV U 4.6 MeV Para que uma partícula alfa possa se aproximar até 5.0.10-14m do centro do núcleo antes de parar, ela deve possuir uma energia maior do que 4.6 MeV quando estiver a uma distância grande do núcleo. De fato, uma partícula alfa emitida por um elemento com radioatividade natural possui uma energia cinética típica de 4 a 6 MeV. Por exemplo, o isótopo do rádio, 226Ra, emite uma partícula alfa com energia igual a 4.78 MeV. Espectro de linhas e Níveis de energia Como vimos nos capítulos anteriores, podemos obter o espectro de um feixe de luz usando um prisma ou uma rede de difração para separar os diversos comprimentos de onda para a luz analisada. Quando a fonte luminosa é um sólido com temperatura elevada (tal como o filamento de uma lâmpada incandescente), obtemos um espectro contínuo, todos os comprimentos de onda da luz visível estão presentes (Figura 5 (a)). Figura 5 – Espectros contínuos e discretos. Quando a fonte é um gás ou uma descarga elétrica (anúncio luminoso de neônio, por exemplo), ou quando existe um sal volátil aquecido numa chama, verificamos somente linhas brilhantes e paralelas isoladas que se tornam visíveis. Cada linha espectral resulta do desvio produzido pela difração e o ângulo desse desvio depende do comprimento de onda da luz. Esse tipo de espectro (b) é conhecido como espectro de raias. Cada linha corresponde a um dado comprimento de onda e frequência correspondente. Foi descoberto no início do século XIX que cada elemento na sua forma gasosa possui um espectro de linha com um conjunto de comprimentos de onda que caracteriza o respectivo elemento. O espectro do hidrogênio sempre contém um certo número de comprimentos de onda, o ferro, outro, e assim por diante. Os cientistas verificaram que a análise dos espectros é uma ferramenta de grande valor para a identificação de elementos e compostos. Por exemplo, analisando espectros, os astrônomos identificaram mais de 100 moléculas diferentes no espaço interestelar, incluindo algumas que não existem aqui na Terra. Os conceitos de fótons e o de níveis de energia de um átomo foram combinados pelo físico dinamarquês Niels Bohr, em 1913, cuja hipótese representou uma ideia decisiva no século XX. O espectro de linhas de um elemento consiste de fótons com energias específicas emitidos pelos átomos desse elemento. Durante a emissão de um fóton, a energia de um átomo varia de uma quantidade igual à energia do fóton. Bohr imaginou que as energias de um átomo devem existir somente com certos valores específicos de sua energia interna. Cada átomo possui um conjunto possível de níveis de energia. Um átomo pode apresentar qualquer quantidade de energia pertencente a esses níveis de energia, porém ele não pode ter nenhuma energia com valor intermediário entre dois níveis de energia consecutivos. Todos os átomos isolados de um elemento possuem os mesmos níveis de energia, mas átomos de outros elementos apresentam conjuntos diferentes. Nos tubos de descarga elétrica, os átomos são excitados para níveis de energia mais elevados, principalmente por meio de colisões inelásticas entre elétrons. De acordo com Bohr, um átomo pode fazer uma transição de um nível de energia para outro nível mais baixo emitindo um fóton com energia igual à diferença de energia entre o nível inicial e o nível final. 7 Física Moderna – O modelo atômico Figura 7 – Transições no átomo de H. Série de Balmer. Figura 6 - Transições. A linha visível com maior comprimento de onda, ou menor frequência, está na região vermelha e é chamada de linha Hα; a linha seguinte, na região entre o azul e o verde é chamada de linha H; e assim por diante. Em 1885, o professor suíço Johann Balmer (1825-1898) achou (pelos método das tentativas) uma fórmula que fornece os comprimentos de onda dessas linhas, hoje denominada série de Balmer. Podemos escrever: 1 1 R 2 2 2 n 1 R: constante de Rydberg, escolhida de forma a fazer com que a equação acima concorde com os valores medidos e n = 3,4,5,.... Quando é dado em metros, o valor numérico de R é dado por: R 1.097 107 m1 Outras séries espectrais para o hidrogênio foram descobertas, como as séries de Lyman (contidas na região do Ultra-violeta), Paschen, Brackett e Pfund (região do infravermelho): Série de Lyman: Sendo Ei a energia inicial do átomo e Ef a energia final depois da transição e a energia do fóton é dada por: hf = h c/ . h f hc Ei E f (Energia do fóton emitido.) Por exemplo, quando um átomo de criptônio emite um fóton de luz amarela com um comprimento de onda = 606 nm, a energia do fóton correspondente é: 6.63 1034 3 108 E E 606 109 E 3.28 1019 J E 2.05 eV hc Esse fóton é emitido durante uma transição tal como a que vemos na figura 6 entre dois níveis do átomo com uma diferença de energia igual a 2.05 eV. Por volta de 1913, o espectro do átomo de hidrogênio, já havia sido estudado exaustivamente. Em um tubo de descarga elétrica o hidrogênio atômico emite uma série de linhas. 1 1 R 2 2 n 2,3, 4,... 1 n 1 Série de Paschen: 1 1 R 2 2 n 4,5, 6,... 3 n 1 Série de Brackett: 1 1 R 2 2 n 5, 6, 7,... 4 n 1 Série de Pfund: 1 1 R 2 2 n 6, 7,8,... 5 n 1 8 Física Moderna – O modelo atômico - 9 Exemplo 2 - Um átomo hipotético possui três níveis de energia: o nível fundamental e níveis de 1.00 eV e de 3.00 eV acima do nível fundamental. (a) Determine as frequências e os comprimentos de onda das linhas espectrais que esse átomo pode emitir ao ser excitado. (b) Quais são os comprimentos de onda que esse átomo pode absorver quando ele está inicialmente em seu nível fundamental? Solução: h 4.136 1015 eV s f E 1.00eV f h 4.136 1015 eV s f 2.42 1014 Hz Física Moderna – O modelo atômico dos níveis são negativas porque escolhemos para o nível 0 da energia potencial o estado no qual a distância entre o elétron e o núcleo é igual a infinito. hc hc R hc R 22 n2 As séries de Balmer e outras sugerem que o átomo de hidrogênio possui uma série de níveis de energia, que chamaremos de En , dada por: En hc R n 1, 2,3, 4, n2 Onde: 10 h c R 6.626 1034 J .s 2.998 108 m s 1.097 107 m1 h c R 2.179 1018 J h c R 13.60eV Assim: En f 2.42 1014 Hz c 3.00 108 f 2.42 1014 1.24 106 m 1240nm Para 2.00 eV: f 4.84 1014 Hz 620nm Para 3.00 eV: f 7.25 1014 Hz 414nm Região do infravermelho do espectro. (b) A partir do nível fundamental, apenas os fótons com energias de 1.00 eV e 3.00 eV podem ser absorvidos; o fóton com energia 2.00 eV não pode ser absorvido porque não existe nenhum nível de energia igual a 2.00 eV acima do nível fundamental. Se a luz proveniente de um sólido quente passar por um gás frio com esse mesmo tipo de átomo, obteremos um espectro contínuo com linhas negras de absorção correspondentes a 1240 nm e 414 nm. As equações correspondentes h f hc Ei E f hc 1 1 hc R 2 2 2 n para as energias dos fótons concordam de modo direto se identificarmos hc R como a energia 22 final E f do átomo para uma transição na qual um fóton com energia Ei E f é emitido. As energias 13.60 (eV ) n 1, 2,3, 4, n2 A experiência de Frank-Hertz Em 1914, James Franck e Gustav Hertz forneceram novas evidências a favor da existência de níveis de energia dos átomos. Frank e Hertz estudaram o movimento dos elétrons através de uma lâmpada de mercúrio (Hg) sob ação de um campo elétrico. Eles verificaram que quando a energia cinética era maior que 4.9 eV ou igual a esse valor, o vapor emitia luz ultravioleta com um comprimento de onda de 0.25 µm. Um átomo pode ser elevado até esse nível mediante colisão com um elétron: um decaimento posterior o faz retornar a seu nível de energia mais baixo com a emissão de um fóton. Física Moderna – O modelo atômico Esquema de circuito experiência de Frank e Hertz. utilizado na A figura ilustra o tipo de equipamento utilizado pelos pesquisadores. Elétrons de baixa energia do catodo C aquecido são emitidos termicamente e acelerados ao anodo A por um potencial V aplicado entre os dois eletrodos. Alguns dos elétrons passam através de buracos em A e vão até a placa P(desde que suas energias cinéticas ao deixarem A sejam suficientes para vencerem o potencial retardador Vr aplicado entre P e A). O tubo está cheio de gás ou vapor a baixa pressão (com o gás que se deseja investigar). A experiência envolve a medida da corrente elétrica que atinge P (indicada pela corrente I passando pelo medidor) como função da voltagem aceleradora V. A primeira experiência foi realizada com um tubo contendo vapor de Hg. A natureza dos resultados está indicada abaixo. O Modelo de Bohr No mesmo ano (1913) em que se estabeleceu entre níveis de energia e comprimentos de onda dos espectros, Bohr também propôs um modelo para o átomo de hidrogênio. Ele desenvolveu suas idéias na época que trabalhava no laboratório de Rutherford. Usando esse modelo, hoje conhecido como modelo de Bohr, ele era capaz de calcular os níveis de energia do átomo de hidrogênio, obtendo medidas que concordavam com os valores determinados a partir de espectros. A descoberta do núcleo feita por Rutherford questionou o que poderia manter um elétron a uma distância (da ordem de 10-10m) muito maior do que o diâmetro do núcleo (da ordem de 10-14m) apesar da mútua atração eletrostática? Rutherford sugeriu que eles deveriam descrever uma órbita circular em torno do núcleo, do mesmo modo que os planetas descrevem uma órbita em torno do Sol. Porém, de acordo com a teoria eletromagnética clássica, qualquer carga elétrica acelerada (oscilando ou descrevendo um movimento circular) irradia ondas eletromagnéticas. Um exemplo é o dipolo elétrico oscilante. Assim, a energia de um elétron deveria diminuir continuamente o raio de sua órbita, descrevendo assim uma trajetória espiral até atingir o núcleo. Além disso, de acordo com a teoria clássica, a freqüência dessas ondas eletromagnéticas deve ser igual à freqüência da revolução. À medida que os elétrons irradiam energia, suas velocidades angulares variam continuamente e eles emitiriam um espectro contínuo (a mistura de todos os comprimentos de onda) e não o espectro de linhas observado. Para resolver esse problema, Bohr fez uma hipótese revolucionária: postulou que um elétron em um átomo pode circular em um núcleo 11 Física Moderna – O modelo atômico descrevendo órbitas estacionárias sem emitir nenhuma radiação, contrariando as previsões que a teoria eletromagnética clássica indicava. De acordo com Bohr, existe uma energia definida associada com cada órbita estacionária e o átomo só irradia energia ao fazer uma transição de uma dessas órbitas para outra. A energia é irradiada na forma de um fóton com energia e freqüência dada por: h f hc 6.626 10 9.109 10 1.6 10 34 2 a0 8.854 1012 31 a0 5.29 1011 m Ei E f Como resultado de um argumento que relacionava a freqüência angular da luz emitida com as velocidades angulares do elétron em níveis de energia altamente excitados, Bohr verificou que o módulo do momento angular do elétron é quantizado, ou seja, esse módulo para o elétron deve ser múltiplo de h/2. O módulo do momento angular é: 12 L mv r Assim, de acordo com a quantização de Bohr para o momento angular: mvr n h n 1, 2,3, 2 O valor de n para cada órbita é chamado de número quântico principal para a referida órbita. m vn rn n h n 1, 2,3, 2 De acordo com a Lei de Coulomb: 1 e2 F 4 0 rn2 De acordo com a segunda Lei de Newton: vn2 1 e2 m 4 0 rn2 rn Assim: rn 0 n2 h2 m e2 (raios orbitais para o modelo de Bohr) e2 vn 0 2 n h 1 (velocidades orbitais para o modelo de Bohr) O menor raio orbital corresponde para n = 1: 12 h2 h2 rn 0 a 0 0 m e2 m e2 Assim: rn n2 a0 O valor de a0 é conhecido como o raio de Bohr: 19 2 Níveis de Energia Energia cinética: 1 1 m e4 K n m vn2 K n 2 2 0 8 n2 h2 Energia potencial: Un 1 e2 1 m e4 Un 2 4 0 rn 0 4 n2 h2 Física Moderna – O modelo atômico A energia potencial possui sinal negativo porque consideramo-la igual a zero quando o elétron está a uma distância infinita do núcleo. Energia Total: En U n K n En m e4 02 8 n2 h2 1 A energia do fóton emitido é: hc E2 E1 4.135 10 15 hc E2 E1 eV s 3 108 m s 10.2eV 1.22 10 m 122nm 7 En hc R hc R n2 1 me me 13.6eV R 2 3 2 2 0 8 h 8 0 h c 4 4 R 1.097 107 m1 Exemplo 3 – Determine a energia cinética, a energia potencial e a energia total do átomo de hidrogênio em seu primeiro estado excitado e calcule o comprimento de onda do fóton emitido na transição do primeiro estado excitado até o nível fundamental. Solução: m e4 h c R 13.6eV 8 02 h 2 m e4 02 8 n2 h2 13.60 En 2 eV n 13.60 Kn 2 n 2 1 e 1 m e4 Un Un 2 4 0 rn 0 4 n2 h2 En U n K n 1 m e4 1 U n 2 8 02 h2 n2 27.2 U n 2 eV n O primeiro estado excitado corresponde a n = 2; 13.60 K 2 3.40eV 22 27.2 U 2 2 eV U 2 6.80eV 2 13.60 E2 2 eV E2 3.40eV 2 K2 O nível fundamental corresponde a n = 1: E1 13.60eV O resultado corresponde ao comprimento de onda da linha “Lyman alpha” o comprimento de onda mais longo situado na série de Lyman do espectro do átomo de hidrogênio. 13 Física Moderna – O modelo atômico - O Laser Introdução O Laser é uma fonte de luz que produz um feixe altamente coerente e quase totalmente monocromático em virtude da emissão conjunta de diversos átomos. Laser significa light amplification by stimulated emission of radiation (“amplificação da luz pela emissão estimulada da radiação”). Características 1. Radiação altamente monocromática. A luz de uma lâmpada normal contém um espectro contínuo de comprimentos de onda; a radiação de uma lâmpada fluorescente de neon é monocromática (1 parte em 106); já a laser pode atingir 1 parte em 1015. 2. Radiação altamente coerente. As ondas da luz laser podem se propagar por centenas de kilômetros.Quando dois feixes de luz laser percorrem separados grandes distâncias e em seguida são recombinados, eles “lembram” sua origem comum de forma a produzir um padrão de interferência. Já para uma lâmpada comum, o comprimento de coerência (para que se formem um padrão de interferência) é da ordem de metros... 3. Direcionalidade. 4. Focalização. 5. Comprimento de onda. Depende do material que emite luz, do sistema óptico e da forma de energizá-lo. A luz emitida pelo laser é sempre monocromática. A luz laser provem predominantemente de uma transição determinada entre níveis de energia e é portanto quase monocromática. (a vibração térmica dos átomos e a presença de impurezas faz com que estejam presentes outros comprimentos de onda); Exemplos: Fluoreto de argônio (UV) 193 nm; Fluoreto de criptônio (UV) 248 nm; Cloreto de xenônio (UV) 308 nm; Nitrogênio (UV) 337 nm; Argônio (azul) 488 nm; Argônio (verde) 514 nm; Hélio-neônio (verde) 543 nm; Hélio-neônio (vermelho) 633 nm; Corante Rodamina 6G (ajustável) 570-650 nm; Rubi (CrAlO3) (vermelho) 694 nm; Nd:Yag (NIR) 1.064 nm; Dióxido de carbono (FIR) 10.600 nm Potência de Saída: o Gás Hélio-Neônio (dezenas de "mW") o Dióxido de carbono (centenas de "kW" em feixe contínuo) Os lasers de operação continua podem ter potências de saída entre 0.5mW a 100W ou mais. Os lasers pulsados têm níveis de potencia até terawatts, mas apenas para impulsos de muito pouca duração - de microssegundos ou mesmo nanosegundos. Coerência o Feixe coerente / Estão em fase. o Devem ter o mesmo sinal. o A coerência é necessária para algumas aplicações. A luz laser é coerente quando emerge do espelho de saída e continua até certa distância do laser que se chama a distância de coerência. (Pequenas variações na fase, induzida por vibrações térmicas e outros efeitos, fazem com que o feixe eventualmente perca coerência). Eficiência o De 20% a 0,001%. o A eficiência é importante para sistemas com grande potência. Intensidade de Potência o Da ordem de 1016 W/cm² (baixa divergência). Como a luz do laser emerge perpendicularmente ao espelho de saída, o feixe tem uma divergência muito pequena, são típicas divergências de 0.001radianos. Em 1953, Charles Hard Townes, James P. Gordon e Herbert J. Zeiger produziam o primeiro maser (microwave amplification through stimulated emission of radiation), um dispositivo similar ao laser, que produz microondas, em vez de luz visível. O maser de Townes não tinha capacidade de emitir as ondas de forma continua. Nikolai Basov e Aleksander Prokhorov, da União Soviética, ganhadores do Prêmio Nobel em 1964, trabalharam de forma independente, em um oscilador quantum e resolveram o problema da emissão continua, utilizando duas fontes de energia, com níveis diferentes. Mais tarde, o maser foi adaptado para emitir luz visível, então batizado de laser. (Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Laser ) Tipos de laser A descoberta do laser, no final da década de 50, é um marco na história da humanidade. Essa fonte de luz, que permite associar características como: coerência, a elevada intensidade e o grande direcionamento do feixe emitido, possibilitou avanços nas telecomunicações, na indústria, na medicina, nas operações militares e na pesquisa científica das mais diversas áreas do conhecimento humano. 14 Física Moderna – O modelo atômico Laser de Rubi Theodore Maiman, em 1960, quem construiu o primeiro maser óptico. Maiman sugeriu o nome “Loser” (“Light Oscillattion by Stimulated Emission of Radiation), mas “loser” significa “perdedor”, e o nome foi trocado para “Laser” (“Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation”). Em julho de 1960, Maiman anunciou o funcionamento do primeiro laser cujo meio ativo era um cristal de rubi. No laser de rubi de Maiman o feixe de luz sai na forma de pulsos de luz muito rápidos. Pouco tempo depois outros lasers foram construídos, usando outros meios ativos, produzindo um feixe contínuo de luz (Bromberg, 1991; Shen, 2005). Um laser de rubi consiste de um tubo de flash, um bastão de rubi e dois espelhos (um deles semiprateado). O bastão de rubi é o material gerador do laser, e o tubo de flash é o que o "bombeia". 1. Laser no estado que não gera emissões: 2. O tubo de flash dispara e injeta luz no tubo excitando os átomos. 3. Alguns desses átomos emitem fótons. 4. Alguns desses fótons percorrem em uma direção paralela ao eixo do rubi, constantemente refletindo nos espelhos. Enquanto eles passam pelo cristal, estimulam a emissão em outros átomos. 5. Luz monocromática, monofásica e alinhada sai do rubi através do semi-espelho: luz do laser! 15 Física Moderna – O modelo atômico Lasers a gás (hélio e hélio-neônio, HeNe, são os lasers a gás mais comuns) têm como principal resultado uma luz vermelha visível. Lasers de CO2 emitem energia no infravermelho com comprimento de onda longo e são utilizados para cortar materiais resistentes. Laser de CO2: O laser de dióxido de carbono (CO 2 laser) foi um dos primeiros lasers de gás a ser desenvolvido (inventado por Kumar Patel do Bell Labs em 1964). São de alta potência e bastante eficientes. O laser de CO 2 produz um feixe de luz infravermelha com os principais de comprimento de onda centrado em torno de bandas de 9,4 e 10,6 micrometros . Em 1964, Kunmar Patel empregou o laser de CO2 em cirurgia. Em 1987, Steven Trukel realizou a primeira cirurgia oftalmológica com laser. Em 1995, cem anos após a invenção do raio X, o FDA aprova o uso do laser de diodo para a remoção de pêlos. Em 1998 Carlos Bonné, cria dispositivos que tornaram possível levar o feixe de luz do laser de diodo para o interior dos vasos sanguíneos, tornando viável o tratamento endovenoso de varizes de médio e grosso calibre, evitando-se, dessa forma, atravessar a derme com o feixe de luz, minimizando ou anulando por completo o risco de se produzir lesões dérmicas induzidas pelo laser. Este procedimento só foi aprovado para tratamento endovenoso de varizes pelo FDA, em meados de 2001. As aplicações para o laser de CO2 de alta potência são para cortes e soldas, enquanto os de baixa potência utilizam-se para cirurgias. O meio laser ativo (laser ganho / amplificação médio) é uma descarga de gás que é refrigerado a ar (refrigerados a água em aplicações de maior potência). O gás de enchimento dentro do tubo de descarga consiste essencialmente em: Dióxido de carbono (CO2) (cerca de 1020%) O nitrogênio (N 2) (em torno de 10-20%) Hidrogênio (H 2) e / ou xênon (Xe) (alguns por cento, geralmente utilizado num tubo selado.) O hélio (He) (O restante da mistura de gás) Lasers Excimer (É uma abreviação do termo “excited dimer” ou seja, o nome deriva dos termos excitado e dímeros) usam gases reagentes, tais como o cloro e o flúor, misturados com gases nobres como o argônio, criptônio ou xenônio. Quando estimulados eletricamente, uma pseudomolécula (dímero) é produzida. Quando usado como material gerador, o dímero produz luz na faixa ultravioleta. Foi criado em 1970, por Nicolai Basov V. A. Danilychev e Yu. M. Popov, No Instituto de Física de Lebedev, em Moscou, usando o dimer Xe2 excitado por um feixe de elétrons para dar uma emissão estimulada no comprimento de onda de 172 nm. Dimer Ar2 Kr2 Xe2 ArF KrF XeBr XeCl XeF KrCl (nm) 126 146 172 & 175 193 248 282 308 351 222 P(mW) 60 100 50 45 25 A ação laser em uma molécula tipo excimer ocorre porque ela possui uma ligação (associativa) num estado excitado, mas uma repulsiva no estado fundamental. Isto ocorre porque nos gases nobres como o Xenônio e o Criptônio são altamente inertes e geralmente não formam compostos químicos. Porém, quando no estado excitado (induzidos por uma descarga elétrica ou choque de um feixe de elétrons de alta energia, os quais são produzidos por pulsos de altas energias), eles podem formam temporariamente moléculas ligadas com elas mesmas (dimers) ou com halogênios (complexas) como fluorine e clorine. Os compostos excitados fornecer um excesso de energia por meio de emissão espontânea ou estimulada, resultando em um estado molecular fundamental fortemente repulsivo o qual muito rapidamente (da ordem de picossegundos 10-12s) dissociam novamente em dois átomos não ligados. Isto forma a inversão de população desse laser. 16 Física Moderna – O modelo atômico Lasers de corantes (dye-laser) utilizam corantes orgânicos complexos, tais como a rodamina 6G, em solução líquida ou suspensão, como material de geração do laser. Podem ser ajustados em uma ampla faixa de comprimentos de onda. Um corante laser é uma substância química corante que é capaz de produzir por excitação laser, logo, um laser de corante.É o unico tipo de laser em que o meio ativo é líquido. Geralmente é excitado por outros lasers ou lâmpadas tipo flash podendo alguns trabalhar no modo contínuo (cw),mas a maioria trabalha no modo pulsado. Substâncias utilizadas: Alguns dos corantes usados são rodamina 6G, fluoresceína, cumarina, estilbeno, umbeliferona, tetracena, verde malaquita. Nas versões caseiras, alem dos corantes mencionados eles também funcionan com corantes de alguns marcadores fluorescentes e até alguns tipos de branqueadores óticos usados na lavagem de roupas. Uma cavidade do laser de Fabry-Perot é normalmente utilizada para lasers bombeados por lâmpadas de flash, que consiste em dois espelhos, podendo ser plano ou curvo, montados em paralelo uns com os outros com o meio do laser entre eles. A célula de corante é geralmente bombeado no lado, com um ou mais flashlamps paralelo à célula corante numa cavidade refletora. A cavidade é muitas vezes arrefecida a água, para evitar um choque térmico em que o corante causado pelas grandes quantidades de radiação infravermelha próxima qual o flashlamp produz. Lasers axiais bombeados têm uma cavidade ôca, e uma lâmpada de flash anelar que envolve a célula corante, com menor indutância em flash curto, e eficiência de transferência melhorada. Lasers coaxiais bombeados têm uma célula corante anular que circunda a lâmpada de flash, para a eficiência de transferência ainda melhor, mas tem um ganho menor, devido a perdas de difração. Lasers bombeados a flash só podem ser usados para a saída pulsada. Funcionamento: Um dye laser consiste portanto em um composto mixado com um solvente, o qual pode circular através de uma célula (dye cell) ou através da transmissão pelo ar isando um jato (dye jet). Uma rápida descarga de uma lâmpada flsh ou um laser externo é usado para este propósito. Espelhos também são necessários para oscilar a luz produizida pela fluorescência do dye, a qual é amplificada em cada passagem através do líquido. O espelho na saída possui refletância de 80 % enquanto todos os outros espelhos possuem refletância de 99 %. A solução dye circula usualmente a altas velocidades para ajudar no limite do laseamento (lasing threshold) da absorção do estado tripleto e Diminuir a degradação do dye. Um prisma ou uma rede de difração é usualmente montada no caminho do feixe, para permitir seu ajuste. Devido ao meio líquido de um laser de corante poder adaptar a qualquer forma, há uma multiplicidade de configurações diferentes que podem ser utilizados. Um laser de corante em anel: P-bomba raio laser; G ganho de jet corante; A-saturável jet corante absorvedor; M0, M1, M2-planares espelhos; OC saída de acoplador; CM1 para CM4-curvos espelhos. Um desenho de laser em anel é muitas vezes escolhido para operação contínua, embora o desenho de Fabry-Perot é muitas vezes utilizado. Em um laser em anel, os espelhos do laser são posicionados para permitir que o feixe viaja em um caminho cíclico. A célula de corante, ou cuvete, é geralmente muito pequena. Às vezes, um jato de tinta é usado para ajudar a evitar perdas por reflexão. O corante é geralmente bombeado com um laser externo, tal como um azoto, excimer, ou com a frequência duplicada laser Nd: YAG. O líquido é feito circular a velocidades muito altas, para evitar a absorção do estado de tripleto e assim, cortando o feixe. [6] Ao contrário das cavidades Fabry-Perot, um laser em anel não gera 17 Física Moderna – O modelo atômico ondas estacionárias que causam um fenómeno em que a energia torna-se presa, não utilizando porções do meio entre as cristas de onda. Isto leva a um maior ganho a partir do meio do laser. Operação: Os corantes utilizados nestes lasers contém grandes moléculas orgânicas que fluorescem. A luz recebida estimula as moléculas de corante para o estado pronto para emitir radiação estimulada, o estado singleto. Neste estado, as moléculas passam a emitir luz através de fluorescência, e o corante é transparente para o comprimento de onda de laser. Dentro de um microssegundo, ou menos, as moléculas mudarão para o seu estado tripleto. No estado tripleto, a luz é emitida através de fosforescência, e as moléculas absorvem o comprimento de onda de laser, fazendo com que o corante fique opaco. Corantes líquidos têm também um limiar laser extremamente elevado. Laser excitados por lâmpadas de flash precisam de um flash com uma duração muito curta, para entregar os grandes quantidades de energia necessárias para aumentar o limiar de corante passado antes que a absorção do estado tripleto supere a emissão do estado singleto da molécula. Os lasers de corante bombeados por um laser externo pode dirigir energia suficiente do comprimento de onda adequado para o corante com uma quantidade relativamente pequena de energia de entrada, mas o corante deve ser distribuído a altas velocidades para manter o estado tripleto moléculas, a partir do caminho do feixe. Uma vez que os corantes orgânicos tendem a decompor-se, sob a influência da luz, a solução de corante é normalmente distribuída a partir de um grande reservatório. A solução corante pode estar fluindo através de uma cuvete, isto é, um recipiente de vidro, ou seja como um jacto de corante, isto é , como um fluxo do tipo folha, ao ar livre a partir de um bico especial. Com um jacto de corante, evitase perdas de reflexão das superfícies de vidro e da contaminação das paredes da cuvete. Estas vantagens levam a um alinhamento mais complicado. Corantes líquidos têm ganho muito elevado, como meios de comunicação a laser. O feixe de precisa apenas fazer algumas passagens através do líquido para a uma boa eficiência e, portanto, possuir transmitância elevada no acoplador de saída. O ganho elevado também conduz a perdas elevadas, porque a reflexão das paredes das células de corantes, irá reduzir drasticamente a quantidade de energia disponível para o feixe. Cavidades da bomba são frequentemente revestidas, anodizada, ou de outro modo feita de um material que não irá refletir no comprimento de onda de laser. Elementos Químicos utilizados: Rodamina 6G em pó Cloreto; misturada com metanol; é um emissor de luz amarela sob a influência de um laser verde Alguns dos corantes de laser são rodamina, fluoresceína, cumarina, estilbeno, umbeliferona, tetraceno, verde de malaquite, e outros. Enquanto alguns corantes que são realmente utilizados na coloração do alimento, a maioria dos corantes são muito tóxicos. Muitos corantes, tais como rodamina 6G, (na sua forma de cloreto), podem ser muito corrosiva para os metais exceptuando o aço inoxidável. Uma grande variedade de solventes podem ser utilizados, apesar de alguns corantes dissolverem melhor em alguns solventes que em outros. Alguns dos solventes usados são água, glicol, metanol, etanol, hexano, ciclohexano, ciclodextrina, e muitos outros. Os solventes são muitas vezes altamente tóxicos, e pode por vezes ser absorvido directamente através da pele, ou através de vapores inalados. Muitos solventes também são extremamente inflamável. Adamantano é adicionado a algumas tinturas para rolongar sua vida. Cycloheptatriene e ciclooctatetraeno (COT) podem ser adicionados como supressores do estado de tripletos da rodamina G, aumentando a potência de saída do laser. Potência de saída de 1,4 kW a 585 nm foram realizadas com Rodamina 6G com COT em metanol e água solução. Prismas múltiplos são muitas vezes utilizados para ajustar a saída de um laser de corante. Dye lasers de emissão é inerentemente amplo. No entanto, uma largura de linha de emissão estreita estreita tem sido fundamental para o sucesso do laser de corante. A fim de produzir o ajuste de largura de banda estreita, esses lasers utilizar muitos tipos de cavidades e ressonadores que incluem grades, prismas. A primeira largura de linha laser de corante, introduzido pela Hänsch, usaram um telescópio de Galileu como expansor de feixe para iluminar a grade de difração. Em seguida foram os projetos de incidência, e as configurações de prismas múltiplos. Os ressonadores e vários desenhos de osciladores desenvolvidos para lasers de corante foram adaptadas com sucesso para outros tipos de laser tais como o laser de diodo. A física da largura de linha estreita e lasers utilizando múltiplos prismas foram explicados por Duarte e Piper. 18 Física Moderna – O modelo atômico Lasers semicondutores, também chamados de lasers de diodo, não são lasers no estado sólido. Esses dispositivos eletrônicos costumam ser muito pequenos e utilizam baixa energia. Podem ser construídos em estruturas maiores, tais como o dispositivo de impressão de algumas impressoras a laser ou aparelhos de CD. No laser semicondutor, o meio ativo é um material semicondutor. O mais comum é um material formado por uma junção pn. A primeira demonstração de emissão de luz coerente por parte de um díodo foi feita no centro de pesquisa da general Electric por Robert N. Hall e pela sua equipe. O primeiro laser visível foi construído por Nick Holonyak nos finais do mesmo ano. Como qualquer tipo de laser, o laser semicondutor produz luz fortemente monocromática, coerente, com polarização e direção bem definidas. O funcionamento do laser semicondutor é similar ao funcionamento do díodo. A diferença está na geração de fótons que, para o caso do díodo, tem origem na emissão espontânea enquanto que no laser semicondutor tem origem na emissão estimulada. Daí se utilizar muito o termo laser díodo para descrever o laser semicondutor. Em vez de meios ativos sólidos ou gasosos, o laser díodo utiliza uma junção p-n para este efeito. As junções p-n podem ser por sua vez junções do tipo 'p-p-n' chamadas de heterojunções. Este novo tipo de junções confina a zona ativa do laser numa região muito pequena. Uma outra diferença entre o laser díodo e os lasers do estado sólido e gasosos reside na fonte de energia. Os laseres do estado sólido e gasosos utilizam luz como fonte de energia (lâmpadas com espectro de emissão largo). O laser díodo utiliza por sua vez corrente elétrica através de junções p-n para injetar elétrons na zona de condução e lacunas na zona de valência. O coeficiente de ganho deste tipo de laser situa-se entre os 5000 e 10000 m-1. O método de produção mais utilizado na industria semicondutora para a produção destas junções p-n é o MBE (molecular beam epitaxy). As cavidades utilizadas no laser semicondutor são tipicamente cavidades de Fabry-Perot. Estas características gerais deste tipo de laser faz com que seja um dispositivo extremamente pequeno (pode atingir dimensões da ordem dos 0.1 mm) para o implementar na tecnologia eletrônica. É de referir com algum destaque que a maioria dos dispositivos eletrônicos que utilizam luz, por exemplo para transmissão de informação, funcionam com base neste tipo de laser. Observação: A cavidade de Fabry-Perot é um arranjo de espelhos visando formar uma região ressonante estacionária para o comprimento de onda da radiação utilizada. Tipo de Laser (Região do espectro (EM) Fluoreto de argônio (UV) Fluoreto de criptônio (UV) Cloreto de xenônio (UV) Nitrogênio (UV) Argônio (azul) Argônio (verde) Hélio-neônio (verde) Hélio-neônio (vermelho) Corante Rodamina 6G (ajustável) Rubi (CrAlO3) (vermelho) Nd:Yag (NIR) Dióxido de carbono (FIR) (nm) 193 248 308 337 488 514 543 633 570-650 694 1064 10600 (Adaptado de: http://ciencia.hsw.uol.com.br/laser7.htm http://www.clinicaviarengo.com.br/A-Historia-doLaser.html ) 19 Física Moderna – O modelo atômico Princípios de operação de um laser. Pode-se entender os princípios de operação de um laser pelo conceito do fóton e dos níveis de energia. Quando um átomo possui um nível de energia E acima do nível fundamental, ele pode absorver um fóton com energia E = h = h f. O processo está indicado na figura a seguir. Esse tipo de processo está indicado na figura acima (a) que mostra um gás em um recipiente transparente. Cada um dos três átomos absorvem um fóton, atingindo um estado excitado indicado por A*. Algum tempo depois, cada átomo excitado retorna ao nível fundamental emitindo um fóton com a mesma frequência que a do fóton inicialmente absorvido. Esse processo é chamado de emissão espontânea. As direções e as fases dos fótons emitidos são aleatórias (b). Na emissão estimulada (c) cada fóton incidente encontra um átomo previamente excitado. Por meio de um efeito de ressonância, pode-se induzir cada átomo a emitir um segundo fóton com a mesma direção, fase, frequência e polarização do fóton incidente, que não se altera no processo; daí deriva a expressão amplificação da luz. Como os dois fótons possuem a mesma fase, eles emergem simultaneamente como radiação coerente. O laser utiliza a emissão estimulada para produzir um feixe composto por um grande número de fótons coerentes. Para discutir a emissão estimulada de átomos em níveis excitados, deve-se saber como é o comportamento dos átomos em cada um dos níveis de energia. Inicialmente, há uma diferença entre o termo nível de energia e estado. Um sistema pode ter diversas maneiras de atingir um dado nível de energia; cada maneira diferente caracteriza um estado diferente. Por exemplo, existe dois modos de fazer uma mola não comprimida atingir um nível de energia. Lembrando que U = kx2/2, podemos comprimir a mola de uma distância x = b ou esticá-la desta quantidade. No modelo de Bohr cada nível de energia possui apenas um estado, porém, na verdade há dois estados em seu nível fundamental de -13.6eV, e assim por diante. O número de átomos em um dado estado de um gás é dado por uma distribuição denominada de distribuição de MaxwellBoltzmann. Essa distribuição diz que quando um gás está em equilíbrio a uma temperatura T,o número n1 de átomos em um dado estado com energia E1 é dado por: n1 A e E1 k T k = 1.38.10-23J/K: constante de Boltzmann A: constante determinada pelo número total de átomos no gás; Designando por Eg a energia do estado fundamental e Eex a energia do estado excitado: Eex k T nexc A e nexc e Eg ng ng A e k T Por exemplo, suponha para: 19 Eex E g 2 eV 3.2 10 J , Eex Eg k T a energia correspondente a um fóton de luz visível de 620 nm. Para T = 3000K (temperatura do filamento de uma lâmpada incandescente: Eex Eg k T nexc e ng Eex Eg k T 3.21019 1.381023 3000 7.73 nexc e7.73 0.00044 ng Ou seja, a fração dos átomos no estado 2.0 eV acima do estado fundamental é extremamente pequena mesmo considerando essa temperatura elevada. O ponto básico é que para qualquer temperatura razoável não existe um número de átomos nos estados excitados suficiente para que ocorra uma emissão estimulada. Em vez disso, a absorção é muito mais provável. Podemos tentar aumentar o número de átomos nos estados excitados submetendo o gás do recipiente a um feixe de radiação com freqüência f = E/ h, com energia correspondente à diferença Eex – Eg. Alguns átomos absorvem fótons com energia E e são elevados para 20 Física Moderna – O modelo atômico estados excitados e a população nexc ng aumenta momentaneamente. Contudo, como ng era inicialmente muito maior que nex, seria necessário usar um feixe de luz com intensidade extremamente elevada para fazer a densidade nex aumentar momentaneamente até atingir um valor comparável a ng. A taxa com a qual a energia é absorvida do feixe pelos ng átomos no estado fundamental compensaria com larga margem a taxa com a qual a energia é adicionada ao feixe pela emissão estimulada pelos raros nex átomos excitados. Precisamos criar uma situação de não equilíbrio na qual o número de átomos no estado de energia com nível mais elevado seja maior do que o número de átomos no nível de energia mais baixo. Essa situação é chamada de inversão de população. Então a taxa de energia irradiada por emissão estimulada pode superar a taxa de energia absorvida e o sistema passa a funcionar como uma fonte que irradia fótons com energia E. Além disso, como os fótons são produzidos por emissão estimulada, todos possuem a mesma frequência, fase, polarização e direção de propagação. Portanto, a radiação resultante é muito mais coerente do que a radiação de uma fonte natural, na qual as emissões dos átomos individuais que ocorre de forma não organizada. Essa emissão coerente é exatamente o que se quer em um laser. A necessária inversão de população pode ser feita de diversos modos. Um exemplo mais comum é o laser de hélio-neônio, um laser barato disponível. Uma mistura de He e Ne, geralmente com pressões da ordem de 102Pa está contida em um recipiente de vidro que dispões de dois eletrodos. Quando se aplica uma voltagem suficientemente elevada, ocorre uma descarga elétrica. As colisões entre os átomos ionizados e elétrons na corrente de descarga excitam átomos para diversos níveis de energia. Alguns estados, ditos metaestáveis, possuem uma vida média longa e os átomos de He ficam empilhados nesses estados, criando uma inversão de população em relação aos estados fundamentais. Cada tipo de laser utiliza um mecanismo para obter a necessária inversão de população. 21 Tipos de Laser David Halliday, Robert Resnick, Jearl Walker, Fundamentals of Physics, Extended, fourth edition, John Wesley & Sons Inc., USA, 1993. A gás Meio de ganho HeNe Pico de Potência Pulso 1 mW cw 683nm Ar 10W cw 488nm CO2 CO2 TEA 200W 5MW cw 20ns 10.6µm 10.6µm GaAs 5mW 50mW AlGa As GaInA sP Uso Semicondutor cw 840 nm Ruby Nd: Yag 100 MW 50 W Modu 760 nm lado Modu 1.3 µm lado Estado Sólido 10 ns 694 nm cw 1.06 µm Nd: Yag (QS) ND: YAG (ML) ND: Glass 50 MW 20 ns 1.06 µm 2 kW 60 ps 1.06 µm 100 TW 11 ps 1.06 µm 20 mW Dye Laser Conti Tunable nuous 50 ns 3 µm Ring Dye Rh6G (ML) 100 mW HF 50 MW ArF 10 MW Químico 50 ns 193nm Excimer 20 ns 193 nm XeCl 50 kW 10 ns 10 kW 375 nm Scanner de supermercado s Entreteniment o Medicina Solda Tratamento térmico CD players Impressoras Lasers Comunicações em Fibras óticas Holografia Processamento de semicondutores Aplicações médicas Estudo de fenômenos ultra-curtos Fusão a laser Espectroscopia Estudos científicos Armas Processamento de materiais Aplicações médicas Física Moderna – O modelo atômico Raios X. Os raios X foram descobertos em 1895 por Willhelm Roentgen e são fótons com altas energias entre 1 a 100 keV. São produzidos quando bombardeamos um alvo com um feixe de elétrons de alta energia. h f Ki K f Os raios X são fótons emitidos por cargas elétricas desaceleradas. A energia, frequência e comprimento de onda dessa radiação eletromagnética se relacionam da mesma forma que as de outras regiões do espectro eletromagnético: E h f E h c A emissão de raios X é um fenômeno inverso ao que ocorre no efeito fotoelétrico. Na emissão fotoelétrica, há uma transformação de energia de um fóton na energia cinética de um elétron; na produção de raios X ocorre a transformação de energia cinética de um elétron na emissão de um fóton. As relações de energia são semelhantes. Na produção de raios X desprezamos geralmente a função trabalho do alvo. Dois processos distintos ocorrem na emissão de raios X: alguns elétrons são freados ou param pela ação do alvo e uma parte ou a totalidade da energia cinética do elétron é convertida diretamente em um espectro contínuo de fótons, incluindo os raios X, chamado de bremstrahlung (“freio de radiação”). Existe uma frequência fmax e um comprimento de onda mínimo min: um elétron de carga –e ganha uma energia cinética e.VAC quando acelerado através de uma diferença de potencial VAC. O fóton mais energético (maior frequência e menor comprimento de onda) é produzido quando toda a energia cinética do elétron é utilizada para produzir um fóton: e VAC h f max h c min O segundo processo fornece picos no espectro de raios X para frequências características e comprimento de onda que dependem do material do alvo. Exemplo 4 – Elétrons de um tubo de raios X são acelerados por uma diferença de potencial de 10.0 kV. Sabendo que um elétron produz um fóton na colisão com o alvo, qual é o comprimento de onda mínimo do raio X produzido? Solução: e VAC h f max h 6.62 10 1.6 10 c min 34 min min hc e VAC J .s 3 108 m s 19 C 10 103V min 1.24 1010 m 0.124nm min 4.136 10 15 eV .s 3 108 m s e 10 103V min 1.24 1010 m 0.124nm 22 Física Moderna – O modelo atômico Exercícios: 1. Determine o menor e o maior comprimento de onda para as séries de: (a) Lyman. (b) Paschen. Solução: (a) Série de Lyman 1 1 R 2 2 n 2,3, 4,... 1 n 1 n = 2 (menor) n (maior) 1 1 R 2 2 n 4,5, 6,... 3 n R 1.097 107 m1 1 2. A figura mostra os níveis de energia para o átomo de hidrogênio. Encontre a frequência e o comprimento de onda do fóton emitido numa transição: (a) Entre o nível n = 2 e o estado fundamental. (b) Entre o nível n = 3 e o estado fundamental. A energia do fóton emitido é: h f hc E2 E1 h 4.135 1015 eV s hc E2 E1 Temas para monografias do 20 Bimestre 1. A descoberta do elétron e o modelo Atômico de Thomson. 2. A experiência de Rutherford e o modelo atômico atual. 3. A experiência de Millikan (Quantização da carga elétrica) e a experiência de Frank e Hertz. 4. O modelo de Bohr para o átomo. 5. Laser (escolher um tipo: laser a gás, laser semicondutor, dye-laser, excimer laser, etc...) e suas aplicações. Apresentar na forma de uma monografia e na forma oral. Data Apresentação (1 hora) Grupo Tema Monografia Entregar dia 13/06 Tiago, André, Gelson, Vinícius 2 23/05 Danilo, Carlos, Vinícius, 5 Alexandre Ademir, Clóvis, Jean e Marcos 4 30/05 João Adauto, 3 23 Física Moderna – O modelo atômico - 24