Carga Específica do Elétron (Medidas em Tubo de Thomson) Tópicos relacionados Raios catódicos, força de Lorentz, elétrons em campos elétricos e magnéticos transversais, massa do elétron, carga do elétron. Princípio Elétrons são acelerados por uma DDP no interior de um bulbo evacuado e penetram em uma região, com campos, elétrico e magnético, perpendiculares à sua direção de movimento. A velocidade (v) e carga específica (e/m) do elétron são determinadas pelas medidas do potencial acelerador, do campo elétrico, do campo magnético e do raio da órbita eletrônica. Equipamento e material Tubo de Thomson tipo S, c/tela luminescente Suporte para tubos tipo S Fonte de alta tensão, 5 KV Par de bobinas de Helmholtz Fonte de tensão DC, 0...500V Multímetro digital Conjunto de cabos de 750mm U18555 1 U185001 U33010-115 U185051 U33000-115 07134.00 U138021 1 1 1 1 2 1 Fig. 1- Tubo de Thomson tipo S (U18555), fora do suporte. Descrição e funcionamento do tubo Cuidados Especiais Só use cabos de segurança isolados para conectar os circuitos. O tubo de Thomson é projetado para investigar a deflexão da trajetória de feixes de elétrons por campos elétricos e magnéticos. Permite, deste modo, estimar a carga específica de um elétron (e/m) e também determinar a sua velocidade (v). O tubo, esquematicamente apresentado na Fig. 2, possui um canhão de elétrons a catodo quente que emite uma fina lâmina de raios catódicos focalizados, no interior de um bulbo de vidro evacuado. O catodo é aquecido por um filamento de tungstênio alimentado por baixa tensão VAC, tendo o anodo a forma de um cilindro. A deflexão do feixe pode ser produzida eletrostaticamente por um capacitor (montado no interior do tubo) formado por um par de placas paralelas ou magneticamente, por um par de bobinas de Helmholtz (U185051) externas. O feixe (laminar) de elétrons é interceptado por uma folha plana de mica, que tem uma das faces coberta por uma camada fluorescente e a outra, duas escalas graduadas em milímetros (2 mm) que permitem rastrear facilmente a trajetória dos elétrons. A folha de mica é fixada nas placas do capacitor em um ângulo de 10º com relação ao eixo principal do tubo. Somente conecte ou refaça circuitos com a fonte de alimentação desligada. Montagem e procedimentos Somente substitua o tubo no suporte com a fonte de alimentação desligada. Tubos de catodo quente são produzidos com alto vácuo, em geral na forma de bulbo de paredes finas, conforme o de tipo S aqui usado, mostrado na Fig. 1. Deve-se por isso manuseá-los com extremo cuidado, devido ao risco de implosão. Evite submeter o tubo a estresse mecânico. Não submeta os terminais de conexão do tubo a tensões impróprias. Se submetidos a tensões e correntes demasiado altas ou se a temperatura do catodo estiver muito alta, isto poderá danificar o tubo permanentemente. Não ultrapasse os parâmetros de operação especificados. Quando o tubo estiver em operação, os terminais de conexão podem estar a altas tensões (KV) tornando-se perigoso tocá-los. Quando o tubo estiver em operação o soquete dos terminais de conexão podem estar quentes. Se necessário aguarde que o tubo esfrie para a sua substituição. Este tubo só pode ser usado com o suporte para tubos S (U185001). 1. Medidas por deflexão magnética: Determinação da carga específica do elétron (e/m) pela medida do raio da trajetória sob a ação de campos magnéticos de diferentes intensidades. As bobinas devem ser montadas no suporte tipo S (U185001) face a face, antes de se conectar o tubo. Com o tubo e bobinas montados, a separação entre elas deverá ser igual ao raio, na configuração de Helmholtz. A Fig. 3 mostra o esquema de ligações para a montagem do tubo utilizando apenas o campo magnético para deflexão do feixe. Instituto de Física – UFRJ / Máximo Ferreira da Silveira 1 Carga Específica do Elétron (Medidas em Tubo de Thomson) Fig. 4 – Esquema de conexões para as bobinas de Helmholtz. Conexão em série (esquerda). Conexão em paralelo (direita). 2. Fig. 2 - Tubo de Thomson e componentes: 1- pino guia, 2- pinos conectores, 3- catodo quente, 4- filamento, 5- anodo cilíndrico, 6- tela fluorescente, 7- placa defletora inf., 8- placa defletora sup. Como a corrente deve ser a mesma em ambas as bobinas, a conexão em série é preferível à paralela. A corrente contínua máxima utilizada não deve exceder o valor de 1,5 A. Veja o esquema de conexão em série ou paralela na Fig. 4. Medida por compensação de campos: Determinação da carga específica do elétron (e/m) pela medida de campos elétricos e magnéticos transversais que compensem a deflexão da trajetória. Monte as bobinas no suporte com o tubo na configuração de Helmholtz, da mesma forma como descrito anteriormente para o procedimento por deflexão magnética. A Fig. 5 mostra o esquema das ligações para a montagem do tubo utilizando os campos, elétrico e magnético transversais, para a deflexão do feixe. Fig. 3 – Esquema de ligações do tubo e bobinas para medidas por deflexão magnética. Fig. 5 – Esquema de ligações do tubo e bobinas para medidas por deflexão de campos elétricos e magnéticos. Ligue a fonte de alta tensão (U33010) mantendo o botão de sintonia de voltagem (UA) totalmente voltado para a esquerda (0 KV) e aguarde um minuto, para aquecimento estável do filamento. Ajustando a voltagem (UA) para valores a partir de 2,0 KV será possível observar, em uma sala parcialmente escurecida, o feixe colimado dos elétrons saindo do canhão em trajetória reta entre as placas do capacitor. Com o botão de sintonia de voltagem (UA) totalmente voltado para a esquerda (0 KV), ligue a fonte de alta tensão (U33010) e aguarde um minuto para aquecimento estável do filamento. Ajuste a voltagem (UA) para valores a partir de 2,0 KV e observe o feixe colimado dos elétrons em trajetória reta entre as placas do capacitor. Ligue a fonte de alimentação (U33000) das bobinas de Helmholtz e ajuste a voltagem (UH) de forma a observar a trajetória do feixe sendo curvada em um arco de círculo. Caso isso não ocorra, verifique se a polaridade das conexões nas bobinas não esteja invertida. Com o potencial do anodo (UA) fixo o raio da trajetória diminui quando a corrente das bobinas (IH) aumenta, indicando um aumento da força centrípeta sobre os elétrons. Com a corrente das bobinas (IH) fixa o raio da trajetória aumenta quando o potencial do anodo (UA) aumenta, indicando uma velocidade maior dos elétrons. Ligue a fonte de alimentação (U33000) das bobinas e das placas do capacitor e ajuste a voltagem (UP) nas placas de forma a observar o feixe sendo defletido verticalmente em uma trajetória parabólica. Cuide para que a voltagem (UP) não ultrapasse o máximo de 350 V. Controle a corrente das bobinas (IH), ajustando o botão da voltagem (UH), de modo a compensar com o campo magnético, a deflexão produzida pelo campo elétrico entre as placas do capacitor. Quando a compensação completa for alcançada o feixe voltará à trajetória reta entre as placas do capacitor. Caso isto não ocorra, verifique se as conexões das placas (ou bobinas) não estejam invertidas. Observe que a força elétrica sobre os elétrons do feixe, deve ter sentido oposto à magnética. Instituto de Física – UFRJ / Máximo Ferreira da Silveira 2 Carga Específica do Elétron (Medidas em Tubo de Thomson) Teria e desenvolvimento Para um elétron de massa m e carga e, acelerado por uma diferença de potencial UA, sua energia cinética é: 2 e.UA = m.v /2 (1) em que v é a velocidade do elétron Em um campo magnético de intensidade B, a força de Lorentz em um elétron com velocidade v é: F = e.v B (2) Se o campo magnético é uniforme, como no arranjo de Helmholtz, o elétron descreverá uma trajetória circular de raio r, sempre que a velocidade v for ortogonal a B. 2 Nessas condições, a força centrípeta (mv /r) responsável pela trajetória circular é dada pela força de Lorentz (2). De modo que: v = e.B.r/m Fig. 6 – Geometria da tela para determinação do raio (r). (3) r De modo que: onde B é o valor absoluto do vetor campo B. Levando (3) à eq. (1) temos a carga específica: c2 a2 2a (6) Por construção temos que: k = k’ = 80 mm. 2.U A e m ( B.r ) 2 (4) Assim: e Cálculos e Resultados 2 2 2 2 2 2 2 2 a = f = ½ g = ½ (k – e) Com essas últimas substituições em (6); pode-se calcular o raio pela medida (e) sobre a escala: 1. Para medidas por deflexão magnética: A medida de UA é obtida diretamente da leitura no mostrador da fonte de alta tensão (U33010), enquanto os valores de campo B e raio r podem ser determinados experimentalmente, como descritos a seguir: a) 2 c +a =d =k +e r (k 2 e 2 ) (7) 2 k e Cálculo de B Para a montagem de Helmholtz, duas bobinas idênticas com número de espiras n e raio R, o campo B no centro entre as bobinas é dado por: 4 B 5 3 2 0 .n R .I H (5) -6 n= 320 e R= 68mm, para as bobinas usadas. Ou: B(mT)= 4,233.IH(A), em boa aproximação. A corrente nas bobinas (IH) é obtida diretamente da leitura no amperímetro da montagem (Fig.3). O raio (r) da trajetória circular dos elétrons pode ser obtido pelo posicionamento do rastro do feixe (ponto A) sobre a escala da tela fluorescente, conforme indicado na Fig. 6. 2 2 v= E/B (8) Onde E = UP/h (h= 8mm é a separação entre as placas do capacitor) E B é obtido pela medida de IH, conforme eq. (5). 2 2 2 r = c + b = c + (r – a) = c + r - 2ar + a e 1 E m 2.U A B 2 (9) O valor de e/m, conhecido na literatura é: Usando o teorema de Pitágoras temos: 2 A velocidade é então obtida por: Levando (8) à eq. (1) obtemos a carga específica. Cálculo de r 2 Para medidas por compensação de campos: Com o potencial no anodo (UA) fixo, encontre os pares de valores de campo elétrico (E), entre as placas, e campo magnético (B), nas bobinas de Helmholtz, que compensem a deflexão do feixe. Nessas condições a força elétrica é equilibrada pela força magnética sobre os elétrons do feixe, tal que: e.E = e.v.B Onde: 0 = 1,257 10 V.s/A.m b) 2. 2 e/m = 1,759 10 11 Instituto de Física – UFRJ / Máximo Ferreira da Silveira A.s/Kg 3