1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA ADRIANA DE BRITO OLIVEIRA A INFLUÊNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS DE IDADE: UMA ANÁLISE BASEADA EM CONTOS INFANTIS FORTALEZA 2013 2 ADRIANA DE BRITO OLIVEIRA A INFLUÊNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS DE IDADE: UMA ANÁLISE BASEADA NOS CONTOS INFANTIS Monografia submetida à aprovação, Coordenação do curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura. FORTALEZA 2013 O48 Oliveira, Adriana de Brito A influência das histórias infantis no desenvolvimento social de crianças de 0 a 6 anos de idade: uma análise baseada em contos infantis / Adriana de Brito Oliveira. Fortaleza – 2013. 69f. Orientador: Prof.ª Dr.ª Joyce Carneiro de Oliveira. Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade Cearense, Curso de Pedagogia, 2013. 1. Família - criança. 2. Lúdico. 3. Educação - cidadania. I. Oliveira, Joyce Carneiro de. II. Título CDU 372 Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 3 ADRIANA DE BRITO OLIVEIRA A INFLUÊNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS DE IDADE: UMA ANÁLISE BASEADA NOS CONTOS INFANTIS Monografia submetida à aprovação do Curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura. Aprovada em:___/___/____ BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Joyce Carneiro de Oliveira ( Orientadora) Profa. Ms Patrícia Campelo do Amaral Prof. Ms Jefferson Falcão Sales 4 Esse trabalho é dedicado a Deus, que me usa para demonstrar sua presença. Nele pude encontrar motivação nas horas de desânimo, Aos escritores de literatura infantil pelas criações encantam que ultrapassam adultos possibilidades de e fazer gerações criança das e com situações imaginárias um aprendizado para situações reais. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, minha fortaleza, e conselheiro espiritual nas horas de aflição, guia nos caminhos difíceis, e luz que clareia a minha mente. A minha mãe Margarida que pelo nome já traz a força escondida entre as pétalas, e meu refúgio quando preciso de força pata vencer as maiores torrentes, e a mão que prontamente me ergue e me levanta quando tenho que aparecer. Ao meu esposo Jefferson de Oliveira que pela sua fidelidade pode compreender minhas angústias e aflições, e mesmo de longe me incentivou a não desistir, numa cumplicidade concedida por Deus para testemunhar a nossa união. Aos meus filhos Lucas e Júlia minha fonte de inspiração, cujas palavras docemente saiam sempre de sua boca “mamãe a senhora vai conseguir” e chegava aos meus ouvidos como melodia, me pedindo para que eu não desistisse mesmo depois de um dia exaustivo. A minha irmã Ana que tanto se esforçou compartilhando comigo materiais de estudos, a fim de que eu pudesse concluir minha pesquisa. A minha Sogra Edna de Oliveira que muitas vezes se posicionou como mãe, tentando me ajudar, compreendendo a minha ausência muitas vezes quando precisei estudar. Aos meus familiares Suzana, Juliana, Carlos Augusto, e André que com muito carinho torceram para que eu concluísse o meu curso. As minhas amigas, Suzana Sanches, Maria Simone, Luciana Alencar, Francisca Lucivanda, e Thalita, que percorreram os mesmos caminhos que eu, fortalecidas pela amizade que construímos ao longo do curso, cultivada através da sinceridade. Partilhando de muitas alegrias, respeitando as diferenças, descobrindo semelhanças, aprendendo através das trocas e experiências que fortaleciam ainda mais nossos laços afetivos. O meu agradecimento aos professores; Jefferson Salles , professor fantástico que sempre me incentivou , proporcionando leituras que enriqueceram meu conhecimento, professora Patrícia Campelo que pacientemente ensina o caminho que devemos trilhar para a realização da pesquisa, e a prof. Joyce minha 6 orientadora, que me ajudou e acreditou que eu seria capaz de produzir uma pesquisa, e me incentivando a continuar sempre quando eu já quase desistindo achava que não conseguiria, contagiada pela vontade e determinação que ela tem, me comprometi e acreditei que essa seria a primeira de muitas que eu poderia produzir. Meu muito obrigado à coordenação do curso de pedagogia, representada pela professora Luísa Simões, e todos os professores que fazem parte do curso de pedagogia que sempre tiveram uma preocupação com a formação dos alunos, fazendo-nos compreender e acreditar que o conhecimento é construído todos os dias criando possibilidade de acesso a esse mundo maravilhoso da leitura. Apaixonada, contaminei todos que me rodeavam e os fiz beber dessa água maravilhosa que alimenta o cérebro. Com uma pequena parcela deixo minha contribuição através da minha pesquisa, e que Deus permita e me ajude para que esse seja o primeiro de muitos momentos que irei partilhar conhecimentos através de práticas, cujas ações sejam um exercício para tornar a minha pessoa melhor, e todos aqueles que eu puder ajudar. Muito Obrigada! 7 “A natureza quer que os homens sejam crianças antes de serem homens. Se pervertemos esta ordem produzimos frutos precoces sem maturidade e sem sabor que não tardarão a recompensa, teremos jovens doutores e crianças velhas. A infância tem modos próprios de ver, pensar e sentir e não há de ser sensato querer substituí-los aos nossos”. (Jacques Rousseau). 8 RESUMO A pesquisa tem como objetivo investigar a influência das histórias infantis no desenvolvimento social de crianças de 0 a 6 anos de idade, bem como apresentar um breve histórico da vida da criança e seu desenvolvimento no meio familiar, cujas experiências construídas nesse meio favorecem a socialização, a linguagem e fortalecem os laços afetivos. O referencial teórico utilizado ajudou a construir um estudo que defende a contribuição das interações entre criança, familiares e instrumentos de ludicidade para o reconhecimento desse ser como um sujeito histórico, social e cultural. A contação de histórias foi considerada uma ferramenta capaz de criar possibilidades para a criança se desenvolver em meio da diversidade, implicando diretamente na constituição de uma maior autonomia. Nesse processo foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental embasada por diversos autores cujas obras direcionam esta pesquisa para responder aos questionamentos sobre a contação de histórias, na busca de materiais como artigos da área de educação, psicologia e da literatura. A segunda pesquisa documental com análise em dos livros infantis, o clássico “Cinderela” de Charles Perrault, e o livro “A árvore do Beto” obra da escritora Ruth Rocha. Na pesquisa percebemos a relação das histórias com o universo infantil e como esse poderá ser modificado a partir do contexto da narrativa, bem como exercer no meio escolar uma construção e formação da personalidade, quando sabemos que é no meio escolar que são formadas as identidades, a partir de uma aprendizagem significativa. Palavras-chave: Família, Criança, Lúdico, Educação, Cidadania. 9 ABSTRACT The research aims to investigate the influence of children's stories in the social development of children 0-6 years of age and present a brief history of the life of the child and its development in the family, whose experiences constructed in the middle favoring socialization, language and strengthen affective bonds. The theoretical framework helped build a study that supports the contribution of interactions between child, family and playfulness instruments for the recognition of being as a historical, social and cultural subject. The storytelling was considered a tool that can create opportunities for the child to develop in the midst of diversity, resulting directly in the formation of greater autonomy. In this process the bibliographic and documentary research based by several authors whose works direct this research to answer the questions about storytelling, in search of materials such as articles in the field of education, psychology and literature was used. The second documentary research with analysis of children's books, the classic "Cinderella" by Charles Perrault, and the book "The tree of Beto" work of writer Ruth Rocha. In the survey perceive the relationship with childhood stories and how this can be modified from the context of the narrative, as well as exercise at school a building and formation of personality, when we know it is at school that identities are formed, from a meaningful learning. Key-word: Family, Child, Playful, Education, Citizenship. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 2 A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA : UM OLHAR ATRAVÉS DA HISTÓRIA SOBRE O SENTIMENTO DE INFÂNCIA ................................................................... 15 2.1A família, como um espaço rico em aprendizagem .......................................... 15 2.2 A educação como um meio para compreensão e organização da sociedade .................................................................................................................................... 20 2.3 A criança numa sociedade lúdica ...................................................................... 26 3 A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS .................................................................................................................................... 31 3.1 A literatura, um caminho para compreender o mundo ................................... 31 3.2 A leitura e a educação envolvendo sentimentos .............................................. 37 3.3 Educar para a Cidadania..................................................................................... 40 4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 46 4.1Percursos metodológicos ................................................................................... 46 4.2 Aproximação com o objeto da pesquisa .......................................................... 48 4.3 O campo da pesquisa: Um olhar apreciador sobre as histórias infantis na contemporaneidade ............................................................................................. 49 5 ANÁLISE.................................................................................................................. 53 5.1Análises e reflexões sobre as leituras ............................................................... 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 62 ANEXOS ..................................................................................................................... 70 11 1 INTRODUÇÃO A sociedade atual aponta um leque de informações, cujas imagens são tão atrativas e capazes de encantar a todos, principalmente a criança, cujo universo é voltado para a fantasia, haja vista que a tecnologia tem sido aliada quando nos favorecem oportunidades de escolher que tipo de informação e quais delas podem contribuir para a construção de conhecimento, pois tudo é conhecimento. Então, é necessário fazer uso de uma memória seletiva para captar as mensagens que são bombardeadas a todo instante. A indústria de livros muito tem feito para permanecer no mercado, numa preocupação com a sociedade do consumo, desenvolve estratégias para captar em seus leitores o interesse pelos livros através da estética, e não se pode negar o encantamento de uma criança ao folhear um livro colorido, com imagens brilhantes, folhas que se desmontam ao se abrir, letras e imagens musicais, numa velocidade como se tentasse alcançar a imaginação de uma criança. Portanto, há uma enorme preocupação de como fazer uso desses recursos para formar pessoas. Tais mudanças poderão nos levar a entender como a globalização e os avanços tecnológicos influenciaram nos valores éticos e morais, numa sociedade composta por uma diversidade cultural. Nesse contexto, a educação tem papel fundamental na interpretação da história, é um meio para motivar todos os envolvidos a caminharem para a autonomia. Contudo, tem em seu enfoque uma parcela de responsabilidade para a formação da sociedade. Este trabalho baseia-se em uma pesquisa documental e bibliográfica de teóricos da área da educação, psicologia e literatura, buscando contextualizar as várias teorias de autores, cujos resultados de suas investigações ajudarão na compreensão dessas ações, alem de pensar na influência do lúdico no desenvolvimento social da criança desde o seu nascimento para formação de sua personalidade. Os livros de literatura infantil são meios que possibilitam a construção do conhecimento, com uma função social, mesmo rodeada de recursos tecnológicos em uma sociedade em constante mudança. As histórias trazem em seu contexto uma 12 forma particular de ensinar ao sujeito compreender que a ética se dá pela educação. Desse modo a literatura tem poder de permear sem preconceito no universo infantil. Convém lembrar que na procura por conceitos que tratam a mente complexa, e ao mesmo tempo com um infinito repertório, a contação de histórias faz-se necessária por aproximar a criança com o mundo a fim de organizar seus pensamentos. Essa é uma ótima oportunidade de construir valores éticos e morais, dada relevância a inclusão social através das leituras, assim fará de suas ações um exercício de cidadania. Através das leituras os valores que nelas estão implícitos permitem a criança uma boa convivência e atos solidários, o que a leva ter autonomia de suas ações. Portanto o conhecimento de obras de gênero na qual contextualizem em suas narrativas em relação com a realidade. Entende-se que a criança, quando estimulada em seu meio, em diferentes momentos encontra significados para seus questionamentos, facilitando a socialização que para ela é um momento desafiador. Um dos nossos propósitos é perceber as transformações da criança, e as influências adquiridas pelo meio em que vive nos dias atuais. A literatura é um caminho para o conhecimento em que o professor como mediador poderá trilhar num mundo compartilhando sentimentos, e as narrativas um guia para formar identidades Daí a importância das histórias infantis tornar esses momentos de aproximação permitindo a criança criar, imaginar a fim de conhecer suas emoções. Momentos de observações a partir da disciplina de estágio na educação infantil, em que histórias eram contadas aleatoriamente, cujo contexto continham valores, e que as mesmas não eram trabalhadas no sentido de construir conhecimento. Surgiram indagações a respeito do comportamento das crianças após ouvi-las. Tal experiência passou a ser o objeto de pesquisa cujo propósito era procurar responder esses questionamentos. É possível mudar o comportamento dessas crianças a partir das histórias contadas? Haverá um entendimento dessas 13 crianças sobre as histórias ouvidas? E que relações elas fazem com o seu cotidiano? Através de leituras cujas teorias sociointeracionistas reforçam o conhecimento sobre as trocas e experiências adquiridas no período da infância quando valorizadas, é que pode surgir a aprendizagem significativa, no entanto para o pesquisador criar situações como a contação de histórias podem gerar conhecimentos que serão lembrados pelo resto da vida Portanto, a pesquisa tem como objetivo geral pesquisar a influência das histórias infantis no desenvolvimento social de criança de 0 a 6 anos de idade, através de uma análise baseada nos contos infantis. Permitindo um olhar sobe a perspectiva contemporânea da autora Ruth Rocha, que fomenta nos pequenos leitores uma leitura num contexto atual, fazendo uma relação com situações reais, e o clássico da “Cinderela” que, nos dias atuais, permanece no universo infantil cujo contexto enfatiza beleza, cercada de magia, tendo em vista que o casamento era a maior das conquistas. No entanto é importante conhecer os diversos recursos oferecidos através da mídia, buscando compreender se há interação com a literatura infantil nesse universo rico em recursos oferecidos na sociedade, a fim de perceber qual a influência da literatura no processo ensino aprendizagem, com uma função social responsável pela formação de valores em situações reais. Portanto fazer um resgate dessas histórias numa construção envolvendo aspectos necessários como os valores para uma conviver na sociedade, é bem provável que a educação não pode apenas fazer uso do lúdico na contação de história um momento de leitura sem contexto, pois há uma preocupação sobre a formação da criança como cidadã, e a necessidade do entendimento do que é cidadania em meio a diversidade cultural. Atualmente na sociedade vigente diferentes formas de linguagens são utilizadas atingindo um grande número de massa através da mídia, mas não se pode negar que viajar através de uma história ao manusear um bom livro enriquece o seu vocabulário expandindo seu conhecimento, esse mesmo não tem fronteira, cujo conteúdo é alimento para o cérebro, e um meio para acontecer a aprendizagem. No 14 entanto valores éticos e morais exigidos pela sociedade vigente apontam uma aproximação do universo infantil e um ingresso para esse mundo cheio de pluralidade a fim de fazer acontecer o exercício de cidadania, num conceito de infância na contemporaneidade envolvendo valores éticos e morais. 15 2. A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA: UM OLHAR ATRAVÉS DA HISTÓRIA SOBRE O SENTIMENTO DE INFÂNCIA 2.1A família, como um espaço rico em aprendizagem. Neste capítulo, será apresentado o conceito de família como um espaço de interação, onde a comunicação é um fator determinante para torná-la um ser histórico. Assim entende-se a criança, cujas ações são aspectos importantes com características próprias do seu desenvolvimento cognitivo e social. Para tanto, a família é a primeira instituição social como núcleo de práticas responsável pelo desenvolvimento da criança, bem como um espaço desafiador e ao mesmo tempo rico em experiências que influenciam em seu aprendizado. Sendo assim é nesse sentido que pode se dizer que a contação de histórias como um elo de afetividade que surgem das práticas de interações entre pais e filhos. A família, nessa perspectiva, é uma das instituições responsáveis pelo processo de socialização, realizado mediante práticas exercidas por aqueles que têm o papel de transmissores – os pais – desenvolvidas junto aos que são os receptores – os filhos. Tais práticas se concretizam em ações contínuas e habituais, nas trocas interpessoais. Seu caráter educativo expressa- se na finalidade de transmissão de saberes, hábitos e conhecimentos, em procedimentos que garantam a sua aquisição e fixação e na constante avaliação dos membros receptores quanto ao seu grau de assimilação do que lhes foi transmitido.Há, também, a reconsideração de estratégias de transmissão da herança cultural,conforme os conhecimentos acumulados por uma cultura. Embora não se trate de conhecimento sistematizado, é o resultado de uma aprendizagem social transmitida de 1 geração em geração ( SZYMANSKI, 2000, p.16). 1 A família como um lócus educacional: perspectivas para um trabalho psicoeducacional Heloisa Szymanski doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) é professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia da Educação dessa Universidade.Disponível em: http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/153/152 acessado em 21/nov/2013. 16 Nossos antepassados transmitiam saberes e costumes através das histórias e assim tínhamos conhecimento da nossa própria origem. Tais histórias eram relatadas, também, em grandes volumes, divididos em capítulos que continham narrativas entusiasmadas de realidades fantásticas ou mesmo em tempo real. Isso comprova que a necessidade de transmitir algo a alguém é uma característica dos povos desde os tempos remotos, o ato de contar histórias é uma das mais antigas tradições praticadas pela humanidade. (ABRAMOVICH, 1989). Assim mediar recursos como a contação de histórias numa interação e interlocução entre os sujeitos podem implicar positivamente na construção de valores desde os seus primeiros anos de vida. . Atualmente vive-se em uma sociedade em que a mídia interage direto na vida social das pessoas e exerce uma forte influência na vida de crianças, cercadas de inúmeros recursos audiovisuais e tecnológicos, numa diversidade de mídias que cresce a todo o momento. Essa inserção acaba impedindo a interação com o outro e interferindo na necessidade que todo ser humano tem de se comunicar, compartilhar sentimentos, emoções bem como partilhar suas experiências com os grupos sociais. Entretanto essa modernidade não acabou com o encanto das crianças ao ouvir um conto infantil bem contado. (OTTE e KOVÀCS, 2013). [...]as práticas educativas realizadas com o intuito de trabalhar a literatura com as crianças da educação infantil não podem mais subestimar essas crianças e sua capacidade de entendimento, sob o risco de comprometer o desenvolvimento da imaginação e do sentido que elas constroem na interação com a literatura e desestimulá-la[...].(MANOLLA,2006,p.26) De acordo com Manolla (2006), “se olharmos atentamente para o cotidiano de uma criança, perceberemos que seu universo é constituído de múltiplas linguagens” que são transmitidas por emoções expressas de maneira singular. Portanto todo o esforço em oferecer um ambiente prazeroso em traduzir o encantamento das fantasias como estímulo para a leitura de crianças em idade de zero a seis anos implicará diretamente em seu convívio social. 17 A criança tem seu jeito próprio de agir e pensar, por isso devemos ofertá-las leituras que as propicie a percepção de sua realidade, assim a família deverá contribuir para essa prática. Segundo Caldeira (2013), ao longo da história os conceitos sobre a infância sofreram modificações e através das análises dessas transformações históricas se entende o conceito atual. Conforme Ariès (1973), as aspirações do que seria um sentimento de criança surgiu na Grécia com caracterizações arcaicas em suas artes esculturais que visualizavam um adulto com alguns traços e características de criança. Daí a infância comparada e vista como uma vaga lembrança retirada apenas de momentos simbólicos de passagens bíblicas. Ainda sobre esse pensamento, o autor afirma que dada a importância de seu tamanho cuja transposição estética era logo esquecida e ultrapassada, a criança era envolvida em atividades junto com os adultos. Sobre isso, vale salientar que por volta do século XVI as péssimas condições de higiene eram fator determinante para sua existência. O sentimento de infância correspondia apenas em diferenciá-los de adulto. [...] Pode-se apresentar um argumento contundente para demonstrar que a suposta indiferença com relação a infância nos períodos medieval e moderno resultou em uma postura insensível com relação a criação de filhos. Os bebês abaixo de 2 anos, em particular, sofriam descaso assustador, com os pais considerando pouco aconselhável investir muito tempo ou esforço em um “pobre animal suspirante” que tinha tantas probabilidades de morrer com pouca idade[..].(HEYWOOD, 2004, p.87 apud CALDEIRAS,2013.p.1). A partir do século XII iniciava uma nova concepção do ser criança, esse sentimento fez a sociedade da época compreender a criança como um ser angelical, mas com atividades de um adolescente, ensinada a ajudar, ser educada, destinada a receber ordens e preparada para servir a o clero, pois era a única forma de escola existente. (ARIÈS,1973, p.52). Na Idade, Média o período que caracteriza a infância era somente até os sete anos de idade, tiradas do convívio familiar para aprendem ensinamentos considerados essenciais para a época. A partir dessa leitura, pode se entender que os sobreviventes recebiam o mesmo tratamento que os adultos, e eram obrigados a desempenhar o mesmo papel sem serem capacitados. (ARIÈS, 1973) 18 Descartes (2005), famoso filósofo francês, traz um novo pensamento na Idade Moderna revolucionando a história da infância, a valorização do dualismo em que a alma comanda o corpo numa visão positivista no século XVII. O homem tem consciência do mundo por que tem raciocínio, são através do pensamento que explica as suas sensações como intuitivas. Desse modo a criança é vista como resultado do meio. A palavra infância passou a designar a primeira etapa da vida. De acordo com Levin (1997) apud Nascimento, Brancher e Oliveira, (2013) a concepção de infância passa a ser vista como uma fase em desenvolvimento, e que as mesmas necessitavam de cuidados. A partir daí as crianças saem do anonimato. Havia uma preocupação em discipliná-las, o que seria culturalmente importante para época. De fato: [...] Tratava-se de um sentimento inteiramente novo: os pais se interessavam pelos estudos dos seus filhos e os acompanhavam com uma solicitude habitual nos séculos XIX e XX, mas outrora desconhecida. (...)A família começou então a se organizar em torno da criança e a lhe dar uma tal importância, que a criança saiu do seu antigo anonimato, que se tornou impossível perde-a ou substituí-la sem uma enorme dor, que ela não pôde mais ser reproduzida muitas vezes, e que se tornou necessário limitar seu número para melhor cuidar dela[..].(ARIÈS,1981, p. 12). Desse modo, Caldeira (2013) ressalta que o pensar na infância e seu reconhecimento tardio nos levam a compreender o reflexo da história bem como as modificações que implicam em seu papel. Convém salientar que o conceito de infância é amplamente caracterizado. Etimologicamente, infância significa “etapa da vida humana que vais do nascimento à puberdade; puerícia, meninice” (AURÉLIO, 2010, p.424). Para Pamplona (2013), fica claro o pensamento de Rousseau quando afirma que a criança é um ser puro, ingênuo, que não consegue discernir entre o bem e mal. O que nos possibilita compreender que não se pode tratar ou ver uma criança como um adulto em miniatura. Com isso, atribuir à criança atividades tipicamente de adultos, e exigir que essa tenha um conceito pronto das coisas, faz com que se criem barreiras que impedem o desenvolvimento cognitivo e em sociedade, e que por vez limita suas ações cotidianas. 19 È provável que a criança necessita de um adulto para aprender, mas isso não a impede de continuar crescendo intelectualmente, pois são as vivências que facilitarão seu aprendizado. Assim um dos conceitos de Montessori (1966), traz à luz o desenvolvimento da liberdade que deve caminhar de mãos dadas com a disciplina e responsabilidade para ser bem sucedido. As crianças segundo a autora são dotadas de uma compreensão intuitiva arraigadas nas suas atividades independentes: sob o argumento: As crianças parecem ter sensação de seu crescimento interior, a consciência que fazem desenvolvendo-se a si mesmas. Elas manifestam exteriormente, por uma expressão de felicidade, o crescimento que se produziu nelas. (MONTESSORI,1976,p. 29,apud ROHRS, 2010, p.27). A partir dessa leitura entende-se a criança como um ser singular em meio à diversidade que a cerca. Soetard (2010) afirma que Pestalozzi traz o conceito de que a criança em lugar privilegiado como a família se fortalece e busca seus interesses numa sociedade dotada de exigências. É necessário fomentar na criança o conhecimento, favorecendo a liberdade autônoma, em cumplicidade com a escola, para o autor os pais seriam os primeiros educadores, como artesãos, assim em parceria com a escola. Ainda de acordo com Soetard (2010) Pestalozzi criticou a pedagogia tradicional, acreditando nas ideias práticas. Seu método traduzia a eficácia na ação, surtindo efeitos esperados em relação ao aprendizado até mesmo nas instruções dadas pela mãe. Eu creio que não posso pretender obter, em geral, um progresso na instrução do povo, até que se não tenha encontrado formas de ensino que, ao menos durante todo o período da instrução elementar, façam do professor um mero instrumento mecânico de um método, cujos resultados devem provir da natureza de seus processos e não da habilidade de quem o pratica. Eu sustento que um livro didático é um bom livro somente quando pode ser usado tanto por um mestre sem instrução quanto por um instruído. O livro deve ser essencialmente composto de tal modo que tanto o homem inculto quanto a mãe encontrem nele um guia para poder estar sempre um passo adiante da criança no caminho pelo qual devem, com sua arte conduzi-lo progressivamente. (PESTALOZZI, 1929,p.4 apud SOETARD, 2010, p.32) 20 Haja vista no início do século XIII o lúdico já existir, porém sem nem uma influência no ensino e aprendizado das crianças, apesar de estímulos oferecidos como; música, jogos, danças, teatro e histórias narradas, não havia nem uma relação com o desenvolvimento mental e físico de uma criança. De acordo com os autores, a aprendizagem dos adultos e crianças não havia diferenças, tendo em vista que ambos eram seres ativos capazes de aprender de acordo com situações e conflitos que surgissem com interesses pessoais, e que eram os problemas que geravam as soluções de acordo com a sabedoria já acumulada. Dewey afirmava que as crianças não chegavam à escola como lousa limpa na qual os professores poderiam escrever as lições sobre a civilização [...] Quando a criança inicia sua escolaridade, leva em si quatro “impulsos inatos - o de comunicar, o de construir, o de indagar e o de expressar-se de forma mais precisa”. (DEWEY,1829,p.25. apud WESTBROOK e TEIXEIRA,,2010, p.15). Desse modo, percebe-se que há uma forte influência dos pais, no aprendizado da criança. Para tanto oferecer entretenimento à criança como contar histórias fazendo uma relação com algo que se deseja ensinar, é uma ótima oportunidade de dialogar, o que deixa prazerosa a relação familiar, permitindo que aprendizagem aconteça de maneira informal, mais com o objetivo de ensinar regras de convivência na sociedade, nessa interação a família tem uma participação fundamental no desenvolvimento cognitivo e social, deixando a afetividade fluir nas relações posteriores. 2.2 A Educação como um meio para compreensão e organização da sociedade Sabemos que o discurso atual tem a leitura como um instrumento utilizado para libertação do homem, para encontrar na ciência suas respostas No entanto convém afirmar que a educação propõe “construir conhecimento” ensinando e aprendendo cidadania. Segundo Freire (2010), é possível definir a educação a partir 21 do momento em que as ações dos sujeitos inacabados, porém livres e conscientes buscam incessantemente a sua transformação bem como do meio em que vivem. É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como um processo permanente. Mulheres e homens se tornam educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade. (FREIRE, 2010, p.133) Desse modo, Freire (1987) afirma que é a partir da educação que surge a organização e a emancipação de uma sociedade. Muito embora seus pensamentos fossem mal interpretados e vistos como intenção política, suas ideias visionárias sobre educação trouxeram a luz um conhecimento sobre a importância dos sujeitos. O autor traz a educação numa perspectiva libertadora com práticas possíveis de transformar o sujeito e a sociedade, deixando um legado de conhecimento rico capaz de transformar a história. Seu pensamento é hoje referência para muitos educadores que acreditam na educação como prática libertadora. Nessa linha de raciocínio entende-se que a educação é um veículo pelo qual a sociedade se prolonga e se organiza. Assim, a contação de histórias fundamentada cujo objetivo é traduzir valores, abre o caminho para que conhecimento seja um processo de organização e reconstrução pautada nas vivências, levando em conta que a aprendizagem acontece em resposta às experiências dos próprios sujeitos ou através dos estímulos provocados no ambiente. Nessa perspectiva acontece a valorização do sujeito de forma singular em meio à diversidade. Segundo Teixeira (2010), para Dewey, a educação é “uma” reconstrução, sendo a escola o segundo meio social em que a criança se percebe como um ser atuante, é de suma importância que em suas relações as aprendizagens possam acontecer sucedendo as experiências antes não percebidas. Ainda na concepção de Dewey, um ambiente favorável é capaz de promover uma educação social, bem como um ambiente democrático que possibilite ações e hábitos de responsabilidade para viver em sociedade. O autor aposta na educação como capaz de formar e transformar uma sociedade e se cada educador desempenhar bem o seu papel em cada comunidade poderá surgir uma consciência democrática. Nesse sentido os autores confirmam 22 que a vida social é uma extensão da educação, os grupos sociais se organizam e a comunicação é responsável pela sua existência e as informações que regem uma sociedade. Nessa corrente caminha a comunicação e educação. (WESTBROOK e TEIXEIRA, 2010, p.21). [...] Nada se comunica sem que os dois agentes em comunicação- o que recebe e o que comunica- se mudem ou se transformem de certo modo. Quem recebe a comunicação tem uma nova experiência que lhe transforma no esforço para formular sua própria experiência. Há, assim, uma troca, um mútuo dar e receber. Neste sentido, toda relação social que lhe seja realmente vivida e participada é educativa para os que dela partilha [...] (TEIXEIRA, 2010, p.40) Trata-se da vida coletiva, ensinar e aprender, trocar experiências e informações, e obter conhecimento fazem parte da vida comum dos homens. Assim afirma Teixeira (2010) “educação não se dá de forma imprecisa e acidental”. As relações entre adultos acontecem de maneira complexa, por isso é necessário preocupar-se com a educação da criança. Para tanto, a infância na maior parte se desenvolveu pela participação coletiva em meio aos grupos sociais, como a família e a escola na medida em que as culturas se constituíam, houve uma exigência da educação como libertadora implicando diretamente no processo organizacional sistemático para subsidiar aquilo que não era possível ministrar naturalmente. (TEIXEIRA, 2010). Desde então uma forte relação entre a escola e a literatura, passando este a ser usado como um veículo para que a criança fosse alfabetizada, cabendo essa tarefa a escola cumprir, mas em uma sociedade capitalista há um segundo interesse para essa causa, viabilizar o comércio, cujo propósito é incentivar o consumo, aqui a criança é apenas o meio para esse processo de aquisição da leitura. Conforme Manolla (2006), durante muito tempo, a literatura foi compreendida apenas para ensinar a obediência, muitas vezes punitiva, ao invés de prazerosa. Portanto é pelo meio e condições que os estímulos inibem ou promovem a aprendizagem, ofertar uma literatura em diversos momentos como algo natural, propicia a contação ser aplicada em situações diversas, logo as transformações 23 refletirão através das atitudes, e nessa interação há uma reorganização da consciência. De acordo com Piaget, ao nascer, a criança já está sujeito a mudanças para adaptar o seu organismo de acordo com a necessidade para conservá-lo vivo, assim o desequilíbrio é a reação para buscar o equilíbrio e suprir suas exigências, o que o autor determina como “adaptação”. Com base nessas experiências nasce aquilo que chamamos de educação. A escola deverá convidar o aluno para experimentar o lúdico através de momentos com contação de histórias, e através dessas experiências reconstruir aquilo que é necessário para se desenvolver socialmente. Assim diz: Não se aprende a experimentar simplesmente vendo o professor experimentar, ou dedicando–se a exercícios já previamente organizados: só se aprende a experimentar, tateando, por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade e dispondo de todo o tempo necessário (PIAGET 1949 apud MUNARI, 2010, p.18). Nesse contexto, podemos compreender como a criança se desenvolve dada a importância aos sentimentos e a afetividade num processo de construção do meio. São os fatores externos somados as experiências individuais que permitem a percepção do objeto. Segundo Brauner (2011), Leme afirma que são pequenos espaços existentes entre o objeto e o sujeito que o motivam a aprender e investigar em razão de sua sobrevivência, faz-se necessário o uso das histórias contadas adequadas às diversas fases da vida, numa motivação a fim de valorizar a sua cultura e preservá-la num meio adaptativo como a escola, assim explica: [...] Atitude de criança de três anos, atenta a tudo que se passa, principalmente ao que muda, evidencia esse papel adaptativo, assim como o prejuízo intelectual causado por ambientes pouco variados com o de instituições. É justamente o aspecto da atividade que deveria ser explorada na escola, ao invés da passividade pouco natural esperada das crianças. Entretanto, a curiosidade não é o único motivo intrínseco para aprender. Adquirir competências, entendidas como habilidades- é outra razão que pose ser observada precocemente nas ações de pegar ou largar objetos efetuados por crianças [...] (LEME, 2011,p.42) As reflexões feitas por Leme (2011) afirmam que Brauner já apontava uma preocupação em suas pesquisas com educadores, pois a metodologia era um dos 24 fatores extremamente importantes quando se entendia que havia uma diversidade de conhecimentos, e que as emoções eram determinantes para a avaliação no processo de desenvolvimento cognitivo, tais fatores apontavam para o cuidado com as realidades existentes no meio escolar. Sabe- se do poder sedutor de uma boa leitura, e que essa mesma quando traz um contexto sobre as vivências, o autor propositalmente convida através das histórias a se fazer uma viagem, mergulhar sem medir as distâncias existentes entre as linhas imaginárias que cruzam os oceanos, viaja-se sem se preocupar com a volta, o que para uma criança é extremamente saudável. A linguagem é a mola propulsora para a fase do faz de conta, utilizando dos símbolos a criança sente uma grande satisfação ao manipular objetos, criar fantasias e conflitos nessa interação, motivados para essas situações concebem uma compreensão do lúdico, através da contação de histórias. Fazer uma reflexão sobre esses momentos, em que o prazer em ouvir contos, leva a ter compreensão de que o ser humano está em constante mudança e em busca de conhecimento, e que ao se apoderar do mesmo, elevará o seu pensamento verbalizando-o através da língua falada ou escrita. Portanto a partir dessas experiências o sujeito torna-se flexível para produzir significados e adaptarse ao meio em virtude das transformações. (LEME, 2011). Assim a literatura em seu caráter lúdico possibilita a criança dar significado a realidade, tornando as diferentes leituras como uma riqueza literária, permitindo a criação, fazendo uso de diferentes linguagens no universo infantil. Pensar num clima favorável torna o ambiente rico em aprendizado, a revista nova escola (2003), traz uma abordagem sobre o desenvolvimento da aprendizagem ligado a um clima emocionalmente acolhedor. Nesse clima o relacionamento professor e aluno fazem desse momento propício para interesses mútuos pelo conhecimento. Assim o filósofo chileno Juan Casassus, em suas pesquisas entre 1995 e 2000, numa entrevista para a revista nova escola, faz revelações, em suas pesquisas feitas em 14 países da América Latina, num programa para Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a partir de 25 uma análise dos currículos, cujo objetivo era compreender quais influenciam implicavam no desempenho dos alunos. Quando os estudantes se sentem aceitos os músculos se distendem e o corpo relaxa. O reflexo disso é que eles se tornam mais seguros. Assim, o medo se reduz, as crianças ficam mais espontâneas e participativas e sem temor de cometer erros [...] (CASASSUS 1995, apud NORONHA e SOARES, 1998,p.49) O pensamento aqui é relevante quando pensado no período da pré-escola, pois acontecem habitualmente até a criança completar os sete anos de idade, com o propósito de ensinar condições sociais e culturais nessa fase de desenvolvimento, um momento para introduzir atividades, envolvendo a contação de histórias para que a mesma se familiarize e socialize, tendo em vista que a escola é espaço de formação de identidade. Caberá à instituição incentivar a criança a desenvolver aspectos como linguagem, aprimorando o lado cognitivo, social e afetivo, dando possibilidades para alçar novos conhecimentos. Respeitando a fase de desenvolvimento, avançando de maneira efetiva e segura, fazendo uso dessas práticas como contação de histórias e de como essa deve proceder é de suma importância. Segundo Dantas (1992), Wallon diz que devemos considerar as fases como importantes para que o sujeito se desenvolva em sua totalidade. Com suas variações as narrativas serão aqui o objeto do conhecimento, esse processo é capaz de captar a sensibilidade e manter o cérebro em ação, pois ao ouvir um conto a criança logo fará uso da imaginação, algo benéfico para o seu organismo. Essa intervenção quando apresentada pelo professor como mediador, introduzido no meio escolar, faz do processo educacional e suas práticas um meio instrucional para fornecer informações elevando a um bom desempenho na vida social da criança. Tendo em vista que a educação deve ser tratada como uma construção e sabendo que a sociedade é constituída através de histórias, e que ter o conhecimento desses fatos possibilitará o sujeito migrar do passado se percebendo no presente como protagonista. É necessário que o professor se aproprie desse conhecimento, fazendo uso do lúdico como um meio para a continuação da história. É de suma responsabilidade apresentar narrativas de acordo com a fase em que a 26 criança compreenda que ao interpretar tais literaturas, um mundo se abrirá permitindo uma aprendizagem natural e significativa. 2.3 A criança numa sociedade lúdica Segundo a teoria de Piaget, o sujeito desenvolve-se através de estímulos formando as estruturas cognitivas na busca pela resposta sobre o objeto que quer conhecer. Em seus estudos afirma que as ações se exprimem através das práticas significativas de experiências. Desse modo, o lúdico poderá ser trabalhado através da contação de histórias. Um momento apropriado para perceber que o relacionamento entre os sujeitos é compreendido como o mais alto nível do ser visto como social (LA TAILLE e OLIVEIRA,1992, p.14,15). As diferentes formas de comunicação tornam-se uma porta aberta e uma grande oportunidade para entrar no mundo do outro através das histórias infantis. Esse acesso livre faz desse recurso um mecanismo para mudar comportamentos e atitudes, o que poderá comprometer as ações dos sujeitos que as recebem. Portanto modelos de sociedades nos levam a refletir o que caracterizam valores e atitudes, bem como esses são apresentados, pois os eles variam de acordo com hábitos e costumes de uma determinada cultura. Atualmente um leque de informações chega a todos os espaços onde é possível haver comunicação, a internet apresenta uma ludicidade, permitindo um vasto campo de literatura envolvendo cores e movimentos que são capazes de encantar qualquer público, se levar em conta a vida atual das famílias. Logo se compreende que há uma comodidade ao receber tais informações. Esses conhecimentos nem sempre trazem um benefício para aprendizagem, e quando utilizado em excesso, além de se tornar em um vício, comprometem os relacionamentos tornando as pessoas individualistas. O lúdico é interpretado na atualidade como um meio para a criança se desenvolver integralmente. Teorias contemporâneas demonstram que esta possui propriedades nas suas ações ligadas à afetividade, a o motor e a o cognitivo dando sentido ao seu estar no mundo num dado momento histórico-cultural. Atividades que as crianças desenvolvem como natação, inglês, ginástica, vistas pelos pais como necessárias, a fim de suprirem a ausência destes, 27 sobrecarregam as crianças, distanciando dos momentos em que a leitura seria uma atividade que envolve afetividade e percepção, fazendo uma relação com o mundo ao seu redor. É na educação infantil que o caráter lúdico passa a ser um instrumento importantíssimo nessa etapa da simbologia, e explorar a linguagem é extremamente necessário, as histórias, são momentos oportunos para que ocorra o desenvolvimento cognitivo e o equilíbrio emocional da criança. Ainda nessa linha de pensamento interacionista, é possível afirmar que as estruturas cognitivas se organizam de acordo com a interação no ambiente, oportunidade para que o mediador se utilize dessa informação para introduzir uma atividade lúdica através de literaturas percebendo que essa organização quando acontece envolve relações múltiplas entre ações e conceitos na busca de seus significados referentes às ações que as exprimem. A literatura, usada como ferramenta, viabiliza uma quebra de paradigma. Essa ruptura constrói um mecanismo capaz de compreender como o desenvolvimento de uma criança e sua evolução a partir de estímulos ofertados no meio muda o seu comportamento. Observando como comportamentos naturais de uma criança e esses quando valorizados em suas atitudes espontâneas, auxiliam como benefício da construção de conhecimento. Oportunidades assim nos remetem ao mestre Piaget que sabiamente descreve em sua teoria, que através das etapas do desenvolvimento o sujeito se desenvolverá em contato com o objeto, esse contexto nortearão qualquer pessoa que queira compreender de fato de como a criança se desenvolve cognitivamente, ficando claro que as circunstâncias exteriores são responsáveis pelo seu desenvolvimento e aprendizagem. Assim manusear livros com gravuras e cores, estimula a criança a gostar de histórias. Desde então, sobre a motivação através do lúdico, pode se perceber um grau de interesse das crianças de zero a seis anos ao serem desenvolvidas atividades como contação de histórias, por que nessa fase os estímulos oferecidos através das narrativas, possibilitam o processo da aprendizagem, considerando que o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, acontece numa interação através do lúdico, podendo ser um recurso didático rico que envolve razão, emoção e ação. 28 Seria oportuno deixar que os interesses despertados através do diálogo, aconteçam num processo em que os adultos se utilizem de narrativas para a criança se construir a partir dessa vivência e que eles deem possibilidades para que a criança viabilize ações com lucidez na tomada de atitude a partir da reflexão de um texto ou conto apresentado, incluindo em suas práticas uma oportunidade de relacionar-se com o outro, favorecendo a socialização. Desse modo, observa-se como o lúdico associado a atividades espontâneas revela a necessidade de expressar uma compreensão sobre o seu mundo, facilitando o convívio no meio social, fazendo uso de fantasias, do “faz de contas” centrada em si mesma, e que essa mesma vivencia situações possibilitando produzir e reproduzir ações já observadas, expressando emoções e desejos, em situações individuais. O desenvolvimento cognitivo e social para Piaget está relacionado ao surgimento da linguagem, na fase em que o autor descreve sobre o egocentrismo, processo em que a criança desenvolve a fala, para ele é o momento para iniciar a idade escolar, espaço para socialização, assumindo e organizando a consciência de si mesmo. Segundo Pozzas (2011), a concepção walloniana estreita seu pensamento com a teoria de Vygotsky quando eles se referem a afetividade e socialização, para eles o sujeito se desenvolve em meio as diferenças. Através das emoções adapta-se e estabelece relações com o mundo. Essa comunicação passa a ser a porta de entrada no mundo do outro. Segundo Piaget o desenvolvimento intelectual é comparável ao orgânico, na direção de um equilíbrio contínuo e progressivo, adaptando-se, através de estágios, mediante as situações novas através de assimilação e acomodação. O autor entende que ao utilizar as ações na interação com movimentos externos, é logo assimilado, enquanto à acomodação está relacionado às modificações internas, organizando as atividades possíveis das ações (PIAGET, 1973 apud POZAS, p. 22). Portanto, a inteligência é construída a partir de uma adaptação. Para aprendermos as suas relações com a vida, em geral, é preciso, pois definir que relações existem entre o organismo e o meio ambiente. Com efeito, a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e o estabelecimento de um 29 equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio ambiente constituem as ações do sujeito. (POZAS, p.22, 2011). No entanto, a escola deverá criar condições favoráveis para que a contação de histórias esteja sempre disponível por ser o livro de histórias o meio de aproximação da criança na educação infantil, e fazendo uso dele que se estreitam os laços de amizades e afetivos. Na teoria de Vygotsky, a interação entre os elementos é o que gera novos fenômenos. Esse processo integra o homem, corpo, pensamento, biológico e social num processo histórico. Nessa perspectiva descreve o homem em três ideias centrais, cuja sua teoria afirma. A primeira tem o cérebro com uma plasticidade em que suas estruturas se modificam ao longo do tempo. A segunda eleva o homem biológico para ser social e histórico, cujo psicológico se desenvolve das relações com o mundo exterior. Desse modo finaliza a ideia de que é nas relações do homem com o mundo, cuja interação se dá através das mediações com elementos simbólicos, esses são mecanismos que desenvolvem as funções psicológicas superiores. (POZZAS, 2011 p, 23). Ainda Pozzas (2011) diz que a teoria de Wallon sugere que o amadurecimento das funções mentais ocorre com as ações espontâneas, mas com significado, e o desenvolvimento das funções psicológicas acontece no processo motor e afetivo progressivamente, no universo das representações coletivas, surgindo a inteligência a partir da afetividade e motricidade. Com base nessa leitura a contação de histórias é um fio condutor para que a criança saia da zona de desenvolvimento proximal para real que é o ponto principal da teoria de Vygotsky. Tendo em vista que o imaginário possibilita a criança fazer relação com situações reais projetando nas atividades atitudes de valores e hábitos comportamentais. Portanto a busca pala autonomia e a valorização do outro possibilita a compreensão da diversidade humana. A capacidade que o se humano tem de lidar com representações substituindo o mundo real, através de contos, possibilita o mesmo fazer relações mentais na ausência do objeto concreto, imaginar situações vividas, fazer planos, transcender entre o tempo e o espaço, saindo dos limites do mundo físico. 30 [...] se por um lado a ideia de mediação remete a processo de representação mental, por outro lado refere-se ao fato de que os sistemas simbólicos que se interpõem entre sujeito o objeto de conhecimento têm origem social. Isto é, é a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade e, por meio deles, o universo de significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação, dos dados do mundo real. Ao longo do seu desenvolvimento o indivíduo internaliza formas culturalmente dadas de comportamento, num processo em que as atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas. As funções psicológicas superiores, baseadas na operação com sistemas simbólicos, são, pois, construídas de fora para dentro do indivíduo. “O processo de internalização é assim, fundamental no desenvolvimento do funcionamento psicológico humano” (OLIVEIRA, 1991 apud KOHL, 1992, p,27). Desse modo, a contação de histórias passa a representar o objeto de socialização, que possibilita a criança a conhecer o mundo a qual está inserida, construindo laços de afetividade. Compreende-se que a primeira a infância é a base de formação de um ser no seu desenvolvimento físico e psíquico. Descobrindo o mundo ao seu redor, fazendo e refazendo descobertas. Por isso através da literatura, com diferentes tipos de contos, é possível tornar o sujeito capaz de formar estruturas cognitivas com informações complexas no que consiste a aprendizagem. 31 3. IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS 3.1 Um caminho para compreender o mundo Neste capítulo, iremos apontar os diferentes caminhos percorridos pelas histórias, bem como sua contribuição na vida social e as suas influências no campo afetivo e psicomotor, além de auxiliar no amadurecimento cognitivo das crianças quando suscitadas a participarem dessa interação, e a abrangência desse recurso como fonte de transformação. Os próprios pais já desde cedo podem oferecer momentos de contação de histórias estreitando um vínculo de aproximação. É essencial, quando os mesmos ainda estão numa fase de adaptação e esse novo ambiente precisa de estímulos para se desenvolver de forma consolidada. Não é preciso dar um livro de presente, mas ao ouvir a voz de quem estará contando o bebê vai aos poucos se familiarizando. No entanto, é importante respeitar as etapas do desenvolvimento da criança para que ela possa vivenciar as atividades ofertadas e é de suma importância apresentar histórias de acordo com a sua faixa-etária compreendendo que há um processo de maturidade. Atividades como essa causam equilíbrio, logo se percebe pelos gestos os efeitos que provocam e a aceitação quando oferecidas adequadamente. É importante o entendimento de quem irá conduzi-la, e que de acordo com a entonação a história poderá agir na mente acarretando uma descarga emocional negativa ou positiva. Para Freire (1981), “a leitura é um caminho para compreender o mundo”, é na infância que a criança vive essa leitura através das percepções em seu meio familiar rodeado por crenças e valores, em que a leitura é feita a partir de suas vivências, do contato e das descobertas. Ao chegar à escola, a criança já traz um leque de palavras, repertório suficiente para uma interação satisfatória com as outras crianças, bem como com os adultos. As formas de apresentar as histórias fazendo uso do lúdico, embasado por uma teoria nos dá condição de optar por estilos e modalidades que facilitam a sua associação com a psicomotricidade. As estruturas cerebrais se organizam de acordo com os movimentos. Através de atividades musculares, fica caracterizada uma 32 compreensão significativa psicológica o que é comum ao fazer uso dessas atividades na educação infantil. Desse modo convém salientar que com a imitação, expressão e imaginação levam a criança a desenvolver também as habilidades. A Motricidade humana segundo a teoria começa pela atuação sobre o meio social, antes de poder modificar o meio físico. O contato com este, na espécie humana, nunca é direto: é sempre intermediado pelo social, tanto em sua dimensão interpessoal quanto cultural (DANTAS, 1992, p.38). Aqui o autor apresenta uma contribuição para fazer uso de forma descontraída da história também através da música, fazendo um arranjo da contação com instrumentos musicais, o que na infância é muito utilizado, ajuda a criança a ter domínio corporal, fazendo uso dos órgãos dos sentidos, e movimentos bem elaborados. Desse modo essa atividade poderá ajudar na aquisição da escrita, observando que a mesma já requer maturidade, por está ligada ao sistema nervoso, exige certo domínio e harmonia com todos os órgãos dos sentidos. Envolver a criança através da contação de história, num processo de transformação, requer um domínio sobre as influências de quem a oferta, exigindo consciência de quem a pratica, atitudes como essa terá um peso de responsabilidade sobre quem a conduz. Daí a importância de a criança participar de atividades em grupo onde a cooperação e a consciência de si o levarão a compreender o sentimento de coletividade, essas influências aprimoram o seu conhecimento. Haja vista que a criança ao sentir-se tocada através das narrativas, logo perceberá que as emoções são liberadas, conhecendo um pouco de si, automaticamente visualiza as situações imaginárias, liberando reações de autonomia. Ao perceber no outro como parte integrante das suas transformações, viabiliza nesse processo através de fatos ocorridos momentos que lhe proporcionarão a leitura como um meio para mudança de atitudes, tendo em vista sua capacidade de se constituir como sujeito. Para Abramovch (1989), escutar histórias é importante para a formação de qualquer criança bem como na aprendizagem da leitura, seus primeiros contatos são oralmente, através da fala da mãe e familiares, estreitando laços afetivos através de 33 narrações como: contos de fadas, trechos bíblicos, assim como criações do próprio narrador como personagem e até a criança como ouvinte. Possibilidades como essa, suscitam o imaginário infantil, despertando às suas curiosidades e ajudando-a a encontrar respostas para questões que ainda se encontram sem solução, as situações vivenciadas pelos personagens em conflito, podem levá-la a identificar relações correspondentes à situação que a criança está vivenciando e, quem sabe, encontrar um caminho para a solução de seus conflitos pessoais. Abravomivh (1989) nos informa que, ouvindo histórias a criança sente emoções vivenciando experiências que essas narrativas podem provocar, é enxergar com os olhos do imaginário podem descobrir outros lugares, outros tempos, outro maneira de ser e agir como sujeito. Muitas práticas estão sendo repensadas para introduzir de maneira consciente os livros de histórias no meio escolar. A busca pelo conhecimento através de implantação projetos envolvendo a literatura, considerando em suas especificidades que o processo ensino aprendizagem se constrói a partir das vivências e reflexões quando o assunto é contação de histórias, por estar presente nas diferentes situações no cotidiano. A escola busca aprimorar o uso das literaturas para uma organização social, cujo objetivo é formar pequenos leitores e bons escritores apaixonados pela leitura. Em consequência disso, esse benefício fortalece a formação da personalidade, o que na idade de pré-escola implica num campo minado de possibilidades para desenvolver habilidades. Desse modo, o uso da criatividade é um caminho sem limites, para fazer uso da contação de histórias é necessário que quando utilizada busque objetivar ou aprimorar as ações das crianças, que a partir do nascimento é feito oralmente, permitindo alternar de acordo com a idade da criança, um recurso de suma importância com trânsito livre no universo infantil. Segundo Abramovich (1989), ao se contar uma história para uma criança, têm-se a possibilidade de desenvolver o seu senso crítico, discutindo a história e investigando se a criança envolveu-se ou não, para assim ter a capacidade de formar uma opinião e formular seus próprios conceitos sobre a vida e seus valores, 34 posteriormente então, levá-la a perceber o começo e o fim da história, dando a possibilidade de ser modificada e fazendo uma análise sobre as ideias do autor. Discutir sobre situações de conflitos entre os personagens, os que tinham vida e agem de modo verdadeiro, se era bicho ou fada, frases sem importância, que mereciam ser discutidas e passaram despercebidas pelo autor e narrador. É nesta relação entre o individual e o coletivo que se estabelece o que fala e quando falar é este emaranhado de circunstâncias, necessidades e interesses do falante que vai gradativamente instituindo o jogo oral de pergunta e resposta, uma das principais formas de uso da palavra, que consolida a interação (TAKEMOTO,2005, p. 24. apud MANOLA, 2006,p.28). Um dos aspectos que pode ser de grande relevância, segundo a autora, é tratar o livro de histórias como um objeto de estudo fazendo algumas observações: a letra, as gravuras, o formato do livro, o número de páginas. Enfim, é preciso que a criança enxergue o livro para trocar opiniões. Entendendo o indivíduo como um ser singular, cada um pode ter amado ou detestado o livro por razões diferentes. Abramovich (1989) critica a maneira como as histórias infantis foram incorporadas à sala de aula na educação infantil, como imposição, acompanhadas de tarefas a cumprir. A autora ainda refere-se a essa atitude de obrigatoriedade, como uma limitação de tempo e data marcada, sem respeitar o ritmo, a vontade do leitor e o conhecimento do narrador sobre a obra, sem respeito a o gosto literário de cada um. Até mesmo as escolas democráticas restringem essas atividades, pois ainda é estreito o seu leque de alternativas sobre a literatura infantil. Convém lembrar que Bruner (1997) diz que a pedagogia comum tem como uma de suas concepções importantes e valorativa uma parcela que busca compreender os caminhos percorridos quando há aprendizagem, e essa depende das mudanças internas ou externas que estarão pautadas nas diferenças, e nos relacionamentos existentes num processo de socialização. A contação poderá fornecer subsídio para ocorrer a aprendizagem. “ [...] A linguagem é uma tecnologia poderosa porque é capaz de comunicar e codificar a realidade, libertando-nos da experiência imediata.” (LEME, 2011. p.45). O poder da oralidade é sedutor, e perpassa por um mundo imaginário existente em cada um de nós, aqui são geradas inúmeras formas de introduzir 35 valores, condutas, esse forma de compreender o mundo através das leituras considerando uma arte. Um pensamento de Ana Mae Barbosa, utilizado nas palavras de Castanho, ao afirmar que a literatura vista como arte significa fazer a criança “ver, ler e contextualizar”. O que poderá permitir a criança conhecer melhor o seu universo através da contação de histórias permitindo-lhe um jeito particular de valorizar o pensamento da criança possibilitando ter uma compreensão de mundo. (CASTANHO, 1978 apud MORAIS 1992, p.88). Introduzir uma criança no mundo do faz de conta possibilita o descobrimento de como lidar com a realidade, evoluindo assim o seu pensamento a partir de suas ações. Daí a importância de propor atividades de leitura na educação infantil. Proporcionar um ambiente prazeroso com hábitos de leitura aproxima a criança dos livros. (MARTINEZ, 1990). Há uma grande influência da escrita a partir da aquisição da linguagem, pois o que se aborda na escrita, é notável que é fruto do conhecimento já adquirido da língua oral, passando a ser compreendido como língua materna. O ensino tradicional se apodera dessas informações para sistematicamente reproduzir os sons da fala. Ferreiro e Teberosky (1999) fazem uma crítica sobre essas concepções. Para as autoras a escrita não acontece como uma transcrição da linguagem oral e nos levam a compreender que o uso de escrita e pronuncia de palavras corretas são frutos de uma boa leitura habitual que enriquecem o vocabulário. Para Maria Ângela Dupas (1999), é possível perceber diferenças significativas entre crianças que recebem estímulos das que não os recebem, limitando seu repertório de palavras e narrativas, narrando apenas fatos do seu cotidiano, frases repetitivas sem substituição de palavras novas. Enquanto as crianças estimuladas a ler e escrever acrescentam fatos novos, têm repertório variado, texto oral bem estruturado, com capacidade de criar e narrar histórias com começo, meio e fim, tendo capacidade de fazer um bom uso de sua criatividade. De acordo com os autores Silveira e Machado, (2003); Fonseca (2003); Pontes (2003) e Malba e Tahan (1996) as histórias infantis tem sua importância e valor educativo. Para esses autores guardamos na memória todas ou uma boa parte do que ouvimos na infância como histórias contadas por nossos familiares, cantigas 36 de roda e canções de ninar, e cada uma delas tinha uma intenção de advertência ou instrução. Haja vista que a história pode enveredar por muitos caminhos, usada como instrumento de pesquisa. E destaca que Julio Verne apresentam informações no âmbito geográfico, Monteiro Lobato transforma em realidades atitudes narradas em suas estórias. (SALOMÃO, MARTINI e MARTINEZ, 2007, p. 10). Com base nas leituras que aqui foram apresentadas, citam-se alguns objetivos atrelados à literatura, que são: provocar, seduzir e proporcionar ao ouvinte, bem como ao leitor descobrir o mundo e suas culturas com uma vasta riqueza de recursos naturais e tecnológicos, observar com intensidade de onde vem sua existência e fazendo uma relação com fatos ocorridos na sua história, percorrer caminhos que os levam a um encontro pessoal, e variação de linguagens. O poder sedutor de silenciar sobre algo e percorrer lugares em que ninguém poderá penetrar encontrar soluções práticas de aperfeiçoar seus conhecimentos, melhor aquisição de vocabulários, com metodologias flexíveis numa relação com a ciência. De acordo com Morais (1992), quando os mitos são transformados em conceitos deixam o sentimento humano relacionar-se de maneira calculista e fria, abandonando alguns valores esquecidos no coração do homem para fluir o que a sociedade dita como regra, dando a impressão de que a crítica predomina no meio em que cada sujeito está inserido, despreza o encanto de seus próprios instintos. O pensamento do autor faz uma relação com o sujeito atual. Há um grande desafio para abordar a literatura na época contemporânea. O que predomina “o estilo é homem”, essa fútil vaidade leva o sujeito a esquecer de seus próprios talentos e vencer seus medos, sentir-se maior do que suas neuroses. Aqui percebemos que o autor se refere ao preconceito, quando a sociedade impõe sobre o homem a responsabilidade de não sentir emoções. Na atualidade já existe uma quebra desse paradigma, pois a necessidade dos sujeitos atuais os obriga a se apropriarem do conhecimento em busca da liberdade de expressão. Ao narrar histórias ou através de leituras a interação acontece, numa ação estimuladora dando significado ao que é traduzido, o que parece não ser tão simples. É um momento que requer interesse, esforço, que envolve na narrativa uma interpretação da fantasia e imaginação num processo delicado e lento. Esse discurso poderá ajudar na compreensão de conflitos interiores quando houver uma 37 parceria entre a escola e a família em que o sujeito desenvolve suas habilidades linguísticas aprimorando as competências de acordo com a interação. Portanto, envolver-se num clima de felicidade através da contação de histórias amplia a dimensão do equilíbrio, tais estímulos propiciam a criança no seu intelecto, possibilidades de uma construção de conhecimentos, despertando a mesma para atitudes cordiais. 3.2 A leitura e a educação envolvendo sentimentos Entender como o desenvolvimento afetivo e social acontece, é compartilhar ações através da contação de histórias ajuda na socialização da criança, e essa interação facilita a criança a compreender e conciliar suas emoções, através do contato com o outro. A contação passa a ser um veículo usado para aproximar as crianças mesmo que ainda que tudo lhe pareça confuso. A capacidade de uma criança de se comunicar através de gestos e sons faz representar ou imitar aquilo que ela traz na sua imaginação, amadurecendo as suas capacidades de se socializar e experimentar através da interação a troca de conhecimento nos papéis representativos com significado social. A diferenciação de papéis se faz presente, sobre tudo no faz- de- conta, quando as crianças brincam como se fossem pai , mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões, etc.imitando e recriando personagens observados ou imaginados nas suas vivências. “A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais para que a criança aprenda mais sobre a relação entre as pessoas, sobre o seu e o outro”. “[...] No faz deconta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e situações que não estão imediatamente presentes e perceptíveis para elas no momento e evocam emoções, sentimentos significativos vivenciados em outras circunstâncias (SALOMÃO, MARTINI & MARTINE,2007 p.12). Podemos entender que os livros de literatura são caminhos para uma construção do conhecimento, com uma função social mesmo rodeada de recursos tecnológicos, em uma sociedade em constante mudança, contudo esse ainda é um instrumento didático presente em nossas vidas. Quando utilizado no meio escolar recai sobre o professor a responsabilidade da escolha, cujo objetivo é formar 38 cidadãos. Haja vista que a escolha terá uma forte influência no processo de ensino aprendizagem. A prática e o pensamento pedagógico criaram um mecanismo contra aquilo que não seja dominável, quando se refere ao sentimento caracterizado por sua irracionalidade. As escolas entendem que educar é desenvolver habilidades ordenadas pela sociedade, pois o que importa é expandir o pensamento racionalcientífico, aproximando-se do concreto, para que esse resulte em forma de domínio do lado misterioso, fantasioso do ser humano. Na percepção de Morais (1992) uma sociedade tecnocientífica, assim se refere buscando compreender o desprezo e ações que não valorizam o poder da arte, os deixando cada vez menos conscientes de si. A literatura, vista como arte, não é apenas um adorno na sociedade: é um mergulho no autoconhecimento. Apresentar contos desde cedo familiariza a criança com o mundo, essa intimidade com a leitura praticada a aproxima dos seus familiares dando segurança para enfrentar com tranquilidade a vida social que será apresentada na escola. O querer saber é um processo natural que acontece na vida da criança quando a mesma se percebe no mundo ao redor, as suas inquietações, questionamentos sobre sua existência, seus conflitos, perguntando coisas que consideramos fáceis e difíceis, sobre sua estrutura familiar numa sociedade que consistem em vários modelos de família. O relato sobre conflitos interiores, emoções, dúvidas, faz parte do crescimento de qualquer ser humano. Assim é a literatura. [...] Portanto, não se trata de livros didáticos, de não ficção, onde se disserta se dá uma explicação, se dá uma explicação objetiva, seca, dura... Não é a demonstração dum teorema (a vida não é bem assim...),nem a explanação dum fenômeno cientifico distante, que acontece num laboratório de ciências e onde se busca provocar algo que não está exigindo nenhuma emoção ou envolvimento pessoal (ABRAMOVICH, 1989,p,98,99). O envolvimento com a literatura auxilia na construção da identidade, ajudando a desenvolver uma relação de tranquilidade com os que o cercam, as narrativas passam a ser um guia para o fortalecimento e amadurecimento no processo de socialização da criança em idade de zero a seis anos. É importante contar com o apoio dos familiares e professores para que as histórias infantis e contos fortaleçam o processo de autonomia de acordo com as etapas de desenvolvimento da criança. 39 Abramovich (1989) afirma que não se deve contar uma história de maneira superficial, deixando o autor sem expressar o que verdadeiramente viveu no momento de sua intimidade com sua criação. Qualquer assunto tem sua importância, poderá a criança envolver-se no momento ou não sentir atração pela história, apenas observar fatos e contradições existentes que podem tratar de relações familiares, conflitos, mortes e crescimento pessoal. Na procura por conceitos que tratam a mente como um poder de complexidade e ao mesmo tempo infinita repertório, convém lembrar que a mediação feita através da contação de histórias se faz necessária para organização do conhecimento. Segundo Wertsch (1998, apud Smolka e Mortimer, 2011), é possível analisar a cultura como uma influência no meio social. Afirma ainda que uma história oficial narrada na escola, nem sempre tem o mesmo poder que uma história entendida como não oficial narrada por familiares que supostamente sendo narrada por eles serão entendidas como verdades. Seguindo essa linha de raciocínio, fazer uma relação com a vida é de suma importância quando entendemos que o sujeito se desenvolve cognitivamente e em sua totalidade, histórias que tratam de assuntos como a morte, ou separação, “por exemplo”, fazem parte desse percurso, embora não costumemos tocar nesse assunto distanciando da realidade, esquecemos de observar que esse tema está relacionado a questões sociais, culturais e familiares, embora na pré-escola tais temas são apresentados em contos. Desse modo, a contação traz em seu contexto uma forte influência sobre aqueles que poderão associar no seu conteúdo informações contidas, a fim de encontrar respostas que caracterizam atitudes dependendo do momento e de suas experiências. Aqui caberá ao leitor compreender que o ouvinte não precisa recebê-la de maneira grosseira. Há, portanto uma maneira de direcionar histórias relacionadas a fatos rotineiros no cotidiano e fazer uso de uma linguagem poética em se tratando dos contos, ou assuntos ligados a separação, a morte, crescimento pessoal, política, o que conta é a curiosidade do ouvinte. A psicóloga Frinéa Psicoterapias (RJ) explica: Brandão, coordenadora do Grupo Neurofocus 40 [...] histórias também minimizam aspectos de solidão, já ampliam várias conexões cerebrais que despertam hormônios do prazer e do relaxamento, quase como uma meditação. “ se você olhar para os olhos de uma criança quando está contando histórias, vai perceber que eles são ora de admiração, ora de medo e excitação. Isso acontece porque elas estão também aprendendo realidades internas emocionais.”[...] (BRANDÃO, 2013). Desse modo poderemos entender que a história também é utilizada com fins terapêuticos, e que as mesmas provocam reações, esses sentimentos aqui apresentados promovem inquietações que permearão por muito tempo na nossa vida. Quem não se lembra das histórias contadas na infância, por nossos familiares em grandes rodas, após o jantar. Quando entusiasmados ouvíamos como se fosse a última vez. Esse momento nos proporcionava um grande prazer, ao mesmo tempo nos inquietava para compreender como tudo acontecia de maneira rápida, em um curto período, soluções eram logo apresentadas pelo narrador, dando um final triste ou feliz, podendo ser mudado se assim os ouvintes pedissem. Era uma maneira simples de olhar o mundo de forma diferente da realidade em que vivíamos. 3.3 Educar para a Cidadania Compreende-se que através de leituras pode se discutir sobre os conceitos de Ética e Cidadania fazendo uma relação com a educação e a sociedade. Essa educação pode acontecer também de maneira informal considerando que há interesses no âmbito nacional pautados nas necessidades de diferentes grupos. Segundo Freire (2010) “A cidadania é compreendida como apropriação da realidade para nela atuar” entendendo que todo sujeito deve se apropriar do conhecimento da sua realidade para buscar a consciência a fim de conquistar seus direitos e também seus deveres de cidadão. A escola tem em seus princípios o respeito ao sujeito na busca dos direitos e deveres. Pautada na ética superando os desafios entre pluralidades culturais. No campo social e cultural a dialética entre ética e moral faz se necessária para que haja compreensão dos valores. Portanto a contação de histórias aproxima os sujeitos da realidade, cujas características pessoais já trazem enraizados em seus modos de agir e pensar, e experiências vividas no meio familiar. 41 Ainda conforme Freire (2010), não se pode falar de cidadania sem falar em ética numa visão que perpassa a relação humana. É a partir da ética universal do ser, que deve se pensar em todas as relações dos humanos entre si e destes com a natureza e com a vida [...] sem ética é impossível efetivar um projeto de educação libertador e humanizante. (FREIRE, 2010, p.166, 167). Para além da cidadania e da ética, a moral esta inerente a esses conceitos, que fazem parte da conduta humana. Sobre a moral e a ética é descrita por um pesquisador da área de psicologia que diz “moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos referindo-se a um conjunto de regras de conduta consideradas como obrigatórias” (LA TAILLE, 2006, p. 25). Segundo Piaget essa prática está ligada a um sentimento de justiça numa evolução da consciência, são as regras que determinam como devemos agir, crianças até cinco ou seis anos de idade seguem as regras de um jogo sem entenderem a sua legitimidade, embora a liberdade de escolha não seja instrumento para medir a sua conduta. Assim define: “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras” (JM,1977,p.2, Apud La Taille,2006 p. 49). Assim, a contação de história tem função social, considerando que os textos podem carregar uma intenção afim de provocar na criança um meio de conhecer o mundo e através das leituras, buscar afinidade com as crianças Puig (1998, p.15) diz que a ética e a moral em suas especificidades nortearão no campo da educação, meios que possibilitarão os sujeitos construírem o conhecimento, serem capazes de fazerem uma análise crítica da realidade, compreendendo as normas existentes na sociedade vigente, a fim de proporcionarem aos sujeitos uma convivência mais justa e consciente Ainda conforme Puig (1988, p.08) “a sociedade contemporânea vive uma crise de valores”. Um grande desafio para a educação atual, que se estende a um sistema não formal de educação capaz de impactar em seus sujeitos conhecer a vida na sociedade, com novos espaços de formação, preocupada em ensinar cidadania. A sociedade vive carente de formação, com sujeitos atraídos pelo superficial, preocupada com o agora. Portanto há um convite a reflexão sobre a ética na formação de cidadãos viabilizando uma transformação. Através da prática como 42 a contação de histórias, é possível obter um ingresso através das leituras para participar da modernidade, e dessa forma permitir ao sujeito ser capaz de fazer escolhas, expor suas ideias, expressar seu entendimento sobre as leituras, fazendo de suas ações uma prática significativa. Exercitando a cidadania. Nesse contexto compreender o que é consciência moral é o que determina uma boa convivência social. Em muitas ocasiões ficamos contentes e emocionados diante de uma pessoa cujas palavras e ações manifestam honestidade, [...] Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumento para seus interesses [...] Todos esses sentimentos manifestam nosso senso moral. (CHAUÍ, 2000, p. 429). Assim numa preocupação com os sujeitos no espaço escolar usado como uma extensão das práticas adquiridas num contexto familiar, acredita que se faz necessário que os valores se perpetuem nesse meio. Desse modo os conteúdos a serem ensinados na educação infantil são revestidos de forma lúdica para seduzirem a criança. O adulto é que detém o domínio da situação, e a contação de histórias é um meio pelo qual acontece a aprendizagem. (POZAS, 2011. p.34). A escola é vista como um espaço que busca construir cidadãos através de ações democráticas tendo em suas práticas de convivência, oportunidades de construir valores éticos e moral dada relevância a ações de inclusão na atualidade. A literatura aguça a imaginação, sensibilizando a criança a desenvolver de forma ordenada seu pensamento sobre as relações existentes em meio à diversidade e o respeito ao próximo. Haja vista que nas salas de aula principalmente da educação infantil a contação de histórias deve ser uma atividade permanente, é preciso que isso seja feito de forma consciente. Em que o professor não apenas proporcione esse momento, mas que seja capaz de explorá-lo, trabalhando as questões vinculadas na linguagem e também ao desenvolvimento do ser humano em seus princípios éticos e morais. Acredita-se que um trabalho desenvolvido através da contação de histórias pode auxiliar no processo de criação do desenvolvimento imaginativo, permitindo 43 diferentes linguagens, favorecendo o conhecimento através das leituras, e assim oportunizando ao sujeito ampliar o senso crítico. Pois esse recurso carrega implicitamente os valores e esses mesmos são entendidos de acordo com o que se acredita por ser “bom ou ruim” quando nos apresentados. Henri Wallon diz que a linguagem, capaz de conduzir o pensamento, é também capaz de nutri-lo e alimentá-lo; estruturam –se reciprocamente: produto da razão humana, ela acaba, no curso da história, por se tornar sua fabricante. Razão constituinte é razão constituída, conclusão inevitável que resulta de vê-la em perspectiva histórica (DANTAS, 1992 p. 44). Se a ética se dá a partir da percepção do outro como sujeito, logo existe prédisposição para praticar atitudes ligadas as “leis” e regras. Essa aceitação se dá pela liberdade de escolha, tornando-se hábitos que são praticados através das virtudes. O conhecimento leva o sujeito a identificar a sua vontade, essa mesma o coloca na condição de sujeito autônomo, haja vista que ao reconhecer a ética, passa a conhecer o que se chama de moral. Portanto existe assim uma preocupação com a ética, e que a mesma se dá pela educação da vontade, essas práticas nos foram passados de geração em geração, legitimadas através de histórias e culturas dos nossos antepassados. Desse modo o conhecimento nos é apresentado de várias maneiras, uma delas é através da educação. Para Chauí (2000) o senso e a consciência moral dizem respeito à convivências e relações que mantemos com os outros. Sentimentos, decisões, e intenções fazem parte da nossa vida como intersubjetividades. Compreendemos que a ética é “normativa”, é isso que determina o nosso comportamento na sociedade. Sobre isso, Piaget descreve em seu livro “Juizo Moral da criança”, traduzido em (1977) através de histórias informações de como a criança ingressa no universo moral, e como faz uso deste quando ocorre a aprendizagem. Estratégias associadas a narrativas de contos são utilizada pelos pais a fim de apresentarem regras de conduta, a exemplo disso apresenta uma pequena história em que seu contexto é a mentira, o roubo, palavrão. Regras de boa convivência são apresentadas, e logo são 44 desconsideradas na prática pelo desconhecimento das sanções imposta pela sociedade. Continua seu pensamento sobre a justiça que ele o considera a mais racional de todas as noções morais, essa é vista como algo a ser conquistado. Logo faz uso da história para ilustrar como acontece nas relações sociais. Assim o autor enfatiza a justiça e a moral através da citação. Uma criança pequena julga mais culpado alguém que tenha distorcido a verdade de forma flagrante embora sem querer enganar o próximo( dizer por exemplo, que viu um “cachorro grande como um boi”, para expressar um susto levado) de que alguém que tenha algo falso, mas verossímil, para levar algum proveito pessoal (por exemplo alegar que está com dor de cabeça para fugir de alguma tarefa caseira). Neste caso também se verifica que é “ao pé da letra” que o dever moral “não mentir” é compreendido: a mentira é vista como pura distorção da realidade, e não como intenção de obter benefício próprio ao enganar o outro. (PIAGET ,1977 apud LA TAILLE, 1992, p.52) Nesse sentido o autor adverte que a educação moral se dá pelo desejo e participação social da criança interagindo com o adulto, logo a autonomia é conquistada pelas relações de cooperação espontânea, com isso acontece o respeito mútuo. Desse modo a contação de história deverá favorecer a aprendizagem e suas narrativas deverão estar presentes no meio familiar, bem como em meio às atividades pedagógicas oferecidas para as crianças. As histórias trazem em seu contexto uma forma particular de ensinar ao sujeito compreender que a ética se dá pela educação. Desse modo a literatura tem o poder de permear sem preconceito, permitindo que os sujeitos aprendam uns com os outros, atos de solidariedade, cujos valores são promovidos através de leituras, e essa desenvolve nos sujeitos uma compreensão democrática para viver em sociedade. A literatura infantil permite que os sujeitos desde pequeninos promovam ações solidárias, pautadas no respeito mútuo. Portanto alimentar esses sujeitos a partir de uma cultura cuja leitura represente para seus leitores em todos os níveis educativos assegure e garanta que tais leituras os levem a prática do exercício da cidadania. Aqui há uma reflexão para compreender as ações evidentes de convivência na sociedade. 45 Nossos sentimentos, nossas condutas, nossas ações e nossos comportamentos são modelados pelas condições em que vivemos (família, classe e grupo social, escola, religião trabalho circunstâncias políticas, etc.). Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e maneiras parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde o nosso nascimento. (CHAUÍ, 2000, p.437) Sabe-se que toda e qualquer informação a partir de suas práticas muda atitudes e constrói valores, logo suas ações passam a ser usada de modo consciente, essa emancipação de si leva o sujeito a se reconhecer em meio a diversidade, e que possibilidades como essas consolidam aquilo que recebe o nome de cidadania. 46 4.METODOLOGIA 4.1 Percursos metodológicos Entende-se por metodologia o caminho realizado entre o pensamento e as ações do sujeito com o objeto que quer pesquisar. Para tanto, utilizou-se um método de abordagem, aqui caracterizado pela pesquisa bibliográfica e documental. Conforme Bagno (1998), pesquisa é uma palavra que veio do espanhol, que herdou do latim cujo significado é “procurar, buscar com cuidado” o mesmo afirma que sem pesquisa não é possível ter ciência. (p.17) De acordo com Minayo (2010), as pesquisas surgem a partir de dúvidas, de problemas que necessitam de uma aproximação para responder aos questionamentos do pesquisador. Dada a importância da pesquisa à autora afirma: É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente a realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da investigação estão, portanto relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção na vida real, nela encontrando suas razões e seus objetivos. (MINAYO, 2010, p.16) Minayo (2010) afirma que do ponto de vista antropológico sempre minaram na humanidade a busca pelo conhecimento, nesse processo as curiosidades permearam nas dimensões e esferas históricas para compreender a história do homo sapiens. Enveredando para um caminho onde diferenças e semelhanças apontassem para uma ideia geral sobre os conceitos. Assim, a ciência é o mecanismo utilizado para compreender o processo que constitui o homem na sociedade, e se utiliza de uma linguagem coerente fundamentada em conceitos, fenômenos e métodos para uma compreensão de mundo. Para que o pesquisador tenha bons resultados é importante considerar os recursos de que ele dispõe para assim chegar a um desenvolvimento com qualidade de seus resultados, tendo em vista que a organização dos recursos é o primeiro passo para uma pesquisa eficiente. 47 Para Gil (2002), um dos caminhos considerados para a elaboração da pesquisa é a disposição para buscar conhecimento no material existente e a utilização de fontes que podem ser úteis auxiliando na descoberta de novos conceitos, como a observação, reflexão e análise, essas etapas serão desenvolvidas mediante a utilização de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos, cujo objetivo é obter uma visão sobre o assunto que se quer investigar. O pesquisador compreende que para chegar ao seu objetivo é necessário um planejamento a partir da escolha do seu objeto, e da pergunta que se quer responder, para essa realização exige-se etapas que facilitarão o trabalho do pesquisador, que é se apoderar da teoria fazendo uma relação com a observação e a prática. Diante da certeza do que quer investigar o pesquisador definirá que tipo de pesquisa irá utilizar, ficando a cargo do tema a que mais lhe fornecerá informações. Desse modo para realização dessa pesquisa utilizou-se de pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica consiste na busca das respostas fomentadas pela pesquisa em material já existente. Dentre os materiais citamos os utilizados nesse estudo, que foram dicionários, livros e artigos científicos publicados nos últimos anos. Para o mesmo autor, “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.” (GIL, 2002 p.45) Já a pesquisa documental é feita baseada em fontes primárias, livres de análise anterior, como o caso dos dois livros utilizados no estudo: o conto “Cinderela” e “A árvore do Beto” (ANEXOS). De posse de todo o material que foi pesquisado cabe ao pesquisador selecionar o que irá responder a suas indagações a partir de classificações, seguindo com rigor a leitura dos textos, mas permitindo que as suas interpretações façam parte da análise. A pesquisa escolhida não exigiu contato com os sujeitos, porém foi de suma importância a observação dos mesmos a fim de fazer uma reflexão a cerca das teorias relacionadas à prática. Para dar continuidade ao processo que vai da escolha 48 da pesquisa à análise, utilizou-se de teorias empíricas do próprio pesquisador, pesquisa bibliográfica bem como a documental. Gil (2002) afirma que para uma boa análise faz-se necessário uma associação dos dados recolhidos antes nas pesquisas documental e bibliográfica, para embasar a teoria nas narrativas que foram analisadas, só assim foi possível observar se há veracidade entre a teoria proposta pelo pesquisador e os dados coletados. A análise da pesquisa foi feita a partir da leitura dos livros “A história do Beto” de Ruth Rocha e o Clássico “Cinderela”. Respeitando o que Gil (2002) chama de leitura analítica, que foi realizada de forma seletiva, relacionando-a aos conceitos propostos na pesquisa. 4.2 Aproximações com o objeto de pesquisa A pesquisa partiu de inquietações construídas ao longo do tempo sobre sentimentos guardados na memória desde a infância, momentos esses que foram proporcionados através das histórias contadas em meio à família, cuja prática era comum à época. Trazer na memória histórias que foram marcantes e que influenciaram diretamente na personalidade, no caráter, foram de suma importância para compreender que o universo infantil quando alimentado por momentos lúdicos como a contação podem ser responsáveis pelo desenvolvimento da percepção do sujeito em meio a uma sociedade com as suas diferentes formas de opiniões. O objeto de pesquisa passou a ser pertinente a partir da iniciação no curso de pedagogia, no momento em que se iniciou o estágio em escolas de educação infantil no qual se observava na prática a contação como entretenimento para as crianças, ao mesmo tempo foi possível perceber que não havia relação com as teorias apresentadas durante o curso. Através da disciplina de estágio cujo objetivo era a observação das crianças na educação infantil, a partir de atividades desenvolvidas com elas, tais indagações só aumentavam em relação ao entendimento dessas crianças ao ouvir as histórias. A partir de então a curiosidade sobre as fases do desenvolvimento infantil, vivenciadas na escola bem como na família, suscitava mais ainda o interesse pelo 49 objeto pesquisado. Vivendo em meio aos livros infantis com diversas histórias e contos, livros coloridos com ilustrações fizeram com que o pesquisador percebesse a influencia desse material no desenvolvimento social da criança. O contato com crianças, em diversas situações em que a contação pode estar presente, permite a vivência de momentos inesquecíveis, através de olhares curiosos quando se atribui a esse momento a descoberta de suas próprias identidades, a formação de opiniões e respeito pelo o outro, percebendo que atitudes como essas propiciam o exercício de cidadania. 4.3 Campos da pesquisa: Um olhar apreciador sobre as histórias infantis na contemporaneidade A escritora Ruth Machado Lousada Rocha (São Paulo-1931) é autora da literatura infanto-juvenil, também tradutora, morou no Bairro de Vila Mariana, onde passou parte de sua infância e juventude. Estudou na Pontifícia Universidade católica de São Paulo (PUC/SP), onde se formou com pós-graduação em Orientação Educacional. Iniciando seu trabalho nessa área nos anos de 1956 a 1972 como Orientadora, no colégio Rio Branco. No ano de 1968 contribuiu com um trabalho na seção de educação da revista Claúdia, do grupo Abril, tão logo começa a atuar como colaboradora de outra revista do grupo, a revista Recreio. Desde então inicia a sua produção de histórias e livros para crianças, assumindo no ano de 1972, a direção editorial da Divisão Infanto-Juvenil da Editora Abril e participa das coleções Conte um Conto, Beija-flor e Histórias de Recreio. Em 1974, especializa-se em editoração na Westem Publishng Co, nos EUA. No ano de 1976, estreia o livro infantil cujo título é Palavras, Muitas palavras, poesia infantil, o primeiro entre os mais de 130 títulos publicados. No mesmo ano lança o seu livro mais conhecido Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias. Em 1989, a escritora assina a versão infantil da Declaração Universal dos Direitos Humanos na Organização das Nações Unidas (ONU), intitulada Iguais e Livres, publicada em nove línguas em 1991, o mesmo livro passa a ser considerado também pela ONU, e a mesma assina a declaração sobre ecologia para crianças, Cujo título é Azul e Lindo Planeta terra, Nossa Casa em (1990). 50 A Escritora faz parte da Academia Paulista de Letras desde 2007. Sua obra é atualmente conhecida em diversos países, sendo traduzida em mais de 25 idiomas, atua como membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta. No decorrer das décadas de 1960 e 1970 muitas instituições e programas são criados com o objetivo de fomentar a leitura e a discussão sobre a leitura infantojuvenil. Ruth Rocha começa a escrever para crianças e jovens dentro desse contexto de renovação do gênero no Brasil. A autora é chamada, no fim da década de 1960, para trabalhar na revista Recreio, importante veículo nessa renovação. Começa, então, sua extensa 2 produção . Nessa perspectiva de introduzir a literatura no universo infantil, faz-se necessário o conhecimento de obras do gênero em que contextualizam em suas narrativas uma relação com a realidade para entender a influência das histórias infantis no desenvolvimento cognitivo e social de crianças de 0 a 6 anos de idade contribuem para uma construção de uma consciência cidadã. Para tanto, falaremos da autora Ruth Rocha que escreve o livro “A árvore do Beto” nessa perspectiva entre o real e imaginário. Tem como personagem principal um garoto chamado Beto de cor negra, e uma relação afetiva com todas as pessoas de bairro e um olhar peculiar sobre as coisas a seu redor. Beto tinha um sonho o de possuir uma árvore de natal, para ele isso era sinônimo de alegria. Por questões financeiras esse sonho não era possível. Lembrou-se de um terreno baldio e logo teve a ideia de plantar uma árvore, passou a cuidar da plantinha todos os dias, até que a árvore cresceu, com galhos grandes, agora ela poderia ser a sua árvore de natal, mas precisaria levá-la para casa, resolveu pedir ajuda para seu Nicolau, que logo trouxe um serrote e uma lata para colocá-la, ao perceber que teria que cortar a árvore, Beto sentiu pena da árvore e pensou o quanto havia trabalhado para que ela chegasse aquele tamanho, e imaginou que cortar a árvore seria um crime. Voltou para casa triste e, desapontado. 2 http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5344 < acesso em 25/11/2013 51 A mãe de Beto resolveu fazer um bolo de chocolate para animá-lo, mas não tinha jeito. Até que percebeu certa movimentação na rua, seus amigos estavam todos ocupados, não podiam brincar. Até que, ao anoitecer, sua mãe manda ele se arrumar, ansioso Beto fica pronto rapidinho, inquieto fica perguntando onde é a festa. Foi quando chegaram ao terreno baldio, todos os seus amigos estavam lá. Sua árvore estava enfeitada. Assim sentiu que era uma verdadeira festa de natal. Nesse clima de festa a autora convida o leitor a uma reflexão sobre amizade. Agora falaremos do outro autor cuja história foi analisada: Charles Perrault (1628-1703) nasceu e viveu sempre na França, onde morreu aos 75 anos de vida. Filho de um advogado, e poeta, exerceu também a função de ministro do Rei Luís XIV. Apesar de burguês, foi imortalizado por criar uma literatura popular que agradou o público infantil, bem como os adultos. Já com 50 anos de idade iniciou os registros sobre as histórias que ouvira desde criança pela mãe. Em 1697 sua obra ficou conhecida por todo o mundo, o que deu o título de “Histórias ou contos do tempo passado com moralidades”, com a moral da história ao fim de cada texto. Possibilidades como essa trazem uma perspectiva pedagógica para fazer do lúdico uma construção de conhecimento a partir da literatura infantil. Os contos produzidos pelo autor que falam de princesas estão até hoje no universo infantil em diferentes linguagens, diferentes autores, dentre eles está o clássico “Cinderela”. O conto Cinderela é narrado a partir da morte da mãe de uma menina que fica órfã muito jovem, e seu sofrimento começa a partir do segundo casamento de seu pai, cuja sua madrasta era muito má, e suas duas irmãs que eram muito invejosas. A menina logo foi designada a fazer serviços domésticos, sem ter descanso e sobrando apenas um pequeno espaço para dormir. Apesar da situação, Cinderela era generosa, bondosa, além de muito bonita, isso incomodava suas irmãs. A notícia de que havia um baile deixou todas as moças ouriçadas, o príncipe procurava uma esposa e que essa seria escolhida na festa. Cinderela só poderia ir ao baile se houvesse uma mágica que realizasse tal desejo, e foi assim que aconteceu. Uma fada transformou uma abóbora numa carruagem, que levaria uma linda moça com sapatinhos de cristal iria ao baile, mas com uma condição. A meia noite todo o encanto acabaria e a moça deveria voltar a sua realidade. Ao chegar ao baile, sua beleza encantou a todos inclusive o príncipe e dançou somente com ela, a 52 meia noite Cinderela teve que deixar a festa, e ao sair correndo perdeu um de seus sapatos. No dia seguinte a procura pela dona do sapato o príncipe percorreu toda a cidade experimentando aquele sapato em todas as moças, até que encontrou Cinderela, quando a mesma calçou, para surpresa de todos e de suas irmãs coube direitinho. O príncipe a levou para morar no castelo, casaram-se, mas ainda faltava uma coisa, e por ser generosa perdoou sua madrasta e suas irmãs. Assim foram felizes para sempre. 53 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS: UM DIÁLOGO DIRETO COM A LITERATURA INFANTIL 5.1 Análises e reflexões sobre as leituras As histórias infantis, nesse contexto social e cultural, são pensadas como lugar de desenvolvimento cognitivo e social. As partir das narrativas da escritora Ruth Rocha, e do autor Charles Perrrault, serão analisados sob esse ponto de vista, os livros: A árvore do Beto e o Conto Cinderela. A análise foi feita com o objetivo de buscar compreender como esses livros podem influenciar na construção de valores sociais de crianças pequenas. Para tanto, apresentaremos aqui uma análise sobre a postura do educador como mediador na prática de contação de histórias vivenciadas na educação infantil, e a possível influência que essas histórias podem levar à extensão do convívio familiar, apontando características peculiares na construção de atitudes e valores morais, resignificando ações que alcancem a autonomia intelectual do sujeito, uma vez que a infância tem suas particularidades que precisam ser entendidas e respeitadas. Nessa perspectiva de introduzir a literatura no universo infantil, faz-se necessário o conhecimento de obras do gênero no qual contextualizem em suas narrativas uma relação com a realidade. Desse modo se percebe que através das trocas e experiências o sujeito se constrói. Na busca pelas informações que aqui nos interessam viajaremos nessas obras literárias, a fim de descobrir características que se assemelham e/ou interferem na vida real. Considerando que a autora Ruth Rocha através de seus temas, tem como objetivo fomentar nos pequenos leitores o gosto pela leitura, a análise passa a ser um instrumento utilizado para criar nos sujeitos um mecanismo para desenvolver uma consciência individual, ampliando a capacidade de refletir sobre relações sociais de acordo com suas vivências atuais. Contudo o encantamento repaginado das histórias e contos modernos, estreita laços afetivos, com uma preocupação de enfatizar preceitos morais cujos valores estão pautados nas atitudes. 54 A autora envolve o leitor estreitando o caminho entre as narrativas e situações criadas para cada personagem, possibilitando uma aproximação de situações de vida real, fazendo uma relação das histórias com o cotidiano do leitor. Desse modo é proposto pela autora fazer uma leitura de mundo através de suas fábulas e contos atualizados envolvendo questões sociais e culturais. Contudo aspectos relevantes como: a família, a amizade, classe social, preconceito, tempo, respeito, solidariedade, consciência, paciência, diálogo e cidadania são abordados. O autor de literatura infantil Charles Perrault nos mostra um conto rodeado por situações de conflitos, questões de poder, tempo, família, classe social, numa luta de interesses, mas que em seu personagem principal, traz uma figura feminina. Cinderela uma linda moça, cuja beleza é indescritível, cheia de virtudes, e que a maior está pautada no perdão. O universo infantil é fascinante, assim como a literatura, portanto faz se necessário viajar nesse universo a fim de compreender as influências das histórias infantis no desenvolvimento social de crianças de o 0 a 6 anos de idade. Deter-nosemos em alguns conceitos para obter uma maior compreensão da análise sobre as histórias que tivemos acesso. A família é constituída por um padrão cultural ocidental cujos membros devem permanecer juntos, convivendo no mesmo lar. No entanto a autora afirma que o desenvolvimento cognitivo e social do ser humano acontece em interação com o ambiente e que os vínculos afetivos dependem dessa relação familiar. (COLLADO, 2011, p.43). Desse modo se percebe que as narrativas seguem padrões de família diferentes. Atualmente podemos definir diversos modelos familiares que podem incorporar mudanças. Tais situações podem gerar conflitos quando o diálogo é quase inexistente, passando assim seus membros a buscarem por interesses próprios. Podemos compreender no conto de Charles Perrault uma atitude de poder, essa aparece quando a madrasta coloca Cinderela numa situação de submissão. Desse modo, para maior compreensão o autor traduz essa atitude no domínio que a madrasta tem sobre a Cinderela a fim de conquistar sua riqueza. É importante salientar que as histórias aconteceram em momentos diferentes, o conto Cinderela foi escrito no século XVII, em que a sociedade passava por 55 mudanças, bem como as escolas da época, cujas fadas eram símbolos de bondade, e que era travada uma batalha entre “o bem e o mal”. Apesar da época em que foi escrita permanece nos dias atuais no universo infantil. Enquanto a “A árvore do Beto” foi publicada no ano de 2010, pela escritora Ruth Rocha abordando aspectos que estão relacionados a situações reais. A sociedade atual exige de seus participantes uma negociação para melhor convivência pautada no diálogo. Os diferentes momentos em que o personagem principal foi analisado no livro “A árvore do Beto” mostram que é através do diálogo que as situações de anseios e desejos vividos pelo personagem principal poderão se concretizar, através de uma desconstrução de conceito sobre o natal. Se percebe que a partir do conhecimento, uma tomada de atitude do próprio personagem surge ao criar um novo conceito sobre um sentimento do que é natal pautado numa consciência cidadã. Já no conto de Cinderela a mudança só acontecerá por meio de magia. Assim compreendemos que o tempo para que aconteça uma mudança está presente nas duas narrativas, embora tenham características distintas. As velocidades de como os acontecimentos são descritos nas histórias, faz com que percebamos que os fatos não acontecem na mesma proporção, mas buscam um final feliz. Assim também é na vida real. Desse modo os contos estabelecem uma relação de consciência, e que essa nos remete a fazer uma releitura sobre situações do passado, que permanecem no presente, quando há parcela significativa nas atitudes dos pequenos leitores, e que esses mesmos se utilizam de fatos ocorridos nas histórias num processo que internalizarão dos conceitos apresentados através das narrativas, e esses poderão implicar na formação do caráter dos mesmos pautada nos valores contidos nas histórias. Podemos atribuir esse contexto à transmissão dos valores que podem ser implícitos ou explícitos e, que os mesmos regem o comportamento cultural de um determinado grupo. As narrativas falam de valores implicitamente no que se refere às atitudes tomadas pelos personagens. Desse modo caberá explicitar alguns valores como indicadores externos de atitudes, tais como: preservar o meio ambiente, respeitar o outro e a si mesmo, 56 desenvolver senso de responsabilidade por interesse pessoal ou questão de subsistência. Esses valores aparecem na história “A árvore do Beto”. Dada importância aos valores éticos e morais, pode-se assim fazer uso das condutas, bem como gerar uma satisfação pessoal ao ouvir um conto. Portanto a construção do universo infantil pautado nas histórias infantis através de narrativas que valorizem o ser humano acolhendo suas diferenças, possibilita transformá-los em cidadãos. Desse modo é preciso compreender que a convivência com as diferenças também poderá gerar grandes conflitos na modernidade. Uma oportunidade para a contação de histórias quando apresentada criar situações semelhantes a realidade, estreitando barreiras com a tecnologia, cuja essa interação só é possível quando há comunicação. Enveredar pelo caminho da literatura inclui deixar fluir as emoções, estreitando laços afetivos entre os interlocutores, podendo gerar em situação de conflito uma opção de apaziguamento. Por isso é que a contação de histórias tem sua importância para fazer uso do lúdico num universo que ainda esta em formação. Para maior entendimento vejamos alguns conceitos: Comunicação é toda e qualquer compreensão existente entre o emissor e receptor usada de forma caracterizada, pela linguagem verbal, não verbal e tecnológica na modernidade. A multiplicidade de códigos e a identificação da comunicação mais a conduta do que com a linguagem oral levam-nos a complexidade da comunicação no que alguns teóricos consideram como premissa de partida da teoria de que “a não comunicação é impossível”- mesmo no silêncio ou na fuga, onde se poderia falar de “Ausência de comunicação” existe uma mensagem evidente em função do contexto, das experiências prévias e dos elementos não verbais que possuem um conteúdo específico e relacional que continuam a manter e a enriquecer o seu significado. (COLLADO, 2001,p.214). Para a autora se entendemos as influencias da comunicação, que é explicitamente passada através de mensagens interativas cujas informações são responsáveis por formam sujeitos, saberemos que a contação é um meio para esses interlocutores se perceberem como atuantes e capazes de refazerem o percurso da sua história. Tais mudanças acontecem quando há uma tomada de consciência: no livro A árvore do Beto isso acontece quando ele descobre que um grande prejuízo poderá 57 acontecer ao meio ambiente se ele arrancar à árvore. Aqui a autora convida os pequenos leitores a fazerem uma reflexão, podendo de forma interdisciplinar falar sobre a ecologia. O termo ecologia é contextualizado na história permitindo uma compreensão harmoniosa dos seres vivos num mesmo planeta. Há uma afirmação de que “a ecologia ganha uma importância fundamental – ela deve estar presente em qualquer prática educativa de caráter social, crítico e libertador”. (FREIRE, 2010, p.32). As histórias que aqui são apresentadas trazem personagens com características diferenciadas, sinalizadas pela ética e estética. Esses dois termos não se separam, mas se confundem em meios às histórias. No conto da Cinderela a princesa é sempre loura, cabelos lisos e longos, magra, olhos azuis, o que poderá influenciar nas meninas. Portanto é preciso o cuidado em cultuar a beleza seguindo padrões de beleza, esse estereótipo não deve ser enfatizado numa narrativa quando se tratar de crianças em uma fase de formação de identidades. Enquanto “Beto” o personagem da escritora Ruth Rocha, é negro, de família simples, cabelos encaracolados, simpático, cuja sua maior riqueza está em suas ações. Assim percebemos que as características dos personagens criados por Ruth Rocha e Charles Perrault não se assemelham em aspectos físicos, embora as circunstâncias sejam desfavoráveis para ambos. O personagem Beto sonhava com um natal, e seus amigos o proporcionaram, enquanto Cinderela sonhava em ter de volta a vida de princesa que fora arrancada pela madrasta, cuja situação só foi possível através da magia. Para Freire (2010), a criação do conceito individual de estética está relacionada também à liberdade de pensamento: Tenho certeza de que uma das doenças mais trágicas de nossa sociedade é a burocratização da mente. Se você vai mais além dos padrões previamente estabelecidos, considerando como inevitáveis, você perde a credibilidade. No entanto, não há criatividade sem ruptura, sem rompimento com o passado, sem um conflito no qual é preciso tomar uma decisão. Eu diria que não há existência humana sem ruptura. (HORTON, 2005, p.62 apud REDIN, 2010 p. 165). Para o autor, a estética seria uma postura ingênua, traduzida nas ações de dos sujeitos fragilizados, e alienados na sociedade a qual fazem parte. Desse modo 58 a contação de história permeando os espaços de educação infantil assume uma postura de trazer em suas narrativas um compromisso para semear a ética com uma preocupação com a formação humana. Haja vista que é pelo outro que a criança se desenvolve e se percebe, assim afirma Vigotsky em sua teoria. Portanto destacamos aqui Declaração dos Direitos Humanos. “Artigo 1º todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direito. Dotados de razão e de consciência, devem agir para com os outros em espírito de fraternidade” A solidariedade também se apresenta nas narrativas, no livro “A árvore do Beto”, essa é a ação de todos os amigos de Beto num ato de solidariedade ao se organizarem para proporcionar-lhe uma festa de Natal,quando que para ele parecia ter acabado, e para sua surpresa todos fizeram uma festa compartilhando a felicidade coletiva. Para Chauí (2000), numa visão filosófica, o homem por natureza busca a felicidade como perfeição. Esta é pautada nos valores éticos e morais, em que este homem pode harmonizar seus impulsos, para viver em sociedade. Isso também é chamado pela autora de domínio da vontade. Experiência, quando compartilhada, contribui para disseminação dos preconceitos, e diferentes pontos de vista fortalece a relação de um grupo em meio à comunidade. No conto da Cinderela, essa ação aparece quando, ao se ver em um castelo rodeada de riquezas, Cinderela com um coração virtuoso se compadece da madrasta e de suas irmãs que tanto lutaram para conquistar um patrimônio, assim usa de ato solidário para perdoá-las. Portanto as histórias na contemporaneidade trazem em seu contexto situações que poderão ser abordadas para uma compreensão do termo e sua função muito embora seja ainda de difícil interpretação. Assim, todas as características importantes da democracia têm um caráter dialógico que une de modo complementar termos antagônicos:conselho/conflito, liberdade/igualdade/fraternidade, comunidade nacional/antagonismos sociais e ideológicos. Enfim, a democracia depende das condições que dependem de seu exercício (espírito cívico, aceitação de regra do jogo democrático. (MORIN,2006,p.109). 59 Portanto faz-se necessário que a contação de histórias seja feitas através de uma comunicação clara, contextualizada e positiva, cujas práticas habituais sejam repensadas quando narradas, a fim de criar possibilidades para desenvolver um espírito crítico na criança que a escuta. A história vista como um instrumento capaz de formar e informar alguns preceitos formadores de valores, tendo em vista um contexto que favoreça uma formação significativa, construindo conhecimento, num processo de exercício para a cidadania, e não apenas um momento de entretenimento. 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS A literatura na contemporaneidade é produzida como uma avalanche, o que parece maravilhoso, mas devemos nos preocupar com a seleção desse material, se a intenção é formação, quando falamos em literatura é possível introduzir nesse universo questões ética e morais nos pequenos leitores. O surgimento de muitos recursos tecnológicos sinalizou um novo desafio exigindo das pessoas uma forma de criar estratégia para conviver nesse universo. Trava-se aqui uma batalha entre os pais que tiveram que migrar na mesma velocidade aos avanços. Mas há aqui uma grande preocupação de como devemos fazer uso desses avanços de maneira consciente. Para os pais cuja rotina é sobrecarregada, tais recursos parecem ótimos, conseguem entreter uma criança por mais tempo do que qualquer outra atividade. Para os educadores uma porta aberta para tornar as crianças seres individualistas, com prejuízos psicológicos alterando a sua personalidade se são forem mediados. As teorias interacionistas já comprovaram que atividades lúdicas envolvendo o sujeito desenvolvem no mesmo uma capacidade de experimentarem diferentes maneiras para adquirir conhecimento numa interação com o outro, desse modo desenvolvem um raciocínio lógico, criatividade e reflexão de suas ações, já que são sinestésicos. A educação busca criar subsídios para fomentar nas crianças o desejo para utilizar recursos bem como a contação de histórias considerando que a criança em fase de desenvolvimento, pois são os estímulos que impulsionam as ações. Quando isso acontece há uma desconstrução para construir novos conceitos e atitudes. Através da literatura as experiências criam um mecanismo capaz de construir o conhecimento aproximando o imaginário das situações reais. Graças a uma vasta contribuição da literatura poderemos penetrar no universo infantil com um leque de possibilidades para desenvolver valores éticos e morais sem uma imposição exigida pela sociedade vigente. Sabemos da necessidade desses valores, mas haveremos de compreender que a contação de histórias é uma maneira prazerosa de ensinar. Esta poderá trazer em seu contexto um exercício de cidadania envolvendo a criança, para que a 61 mesma possa se apoderar das regras de convivência com mais tranquilidade respeitando o mundo em que vive. A educação infantil vista como um espaço de socialização poderá fazer do lúdico um mecanismo para permear de forma interdisciplinar a contação de histórias nas diversas áreas contidas nos currículos, tendo em vista que essa fase é a que mais trabalha a fantasia, e que as crianças precisam de encantamento para compreender a linguagem do mundo. E que apesar das pesquisas feitas pelas ciências ela muito vezes não é respeitada em sua fase. Caberá aos pais e professores dar continuidade a esse caminho natural e espontâneo, cujos laços afetivos se inicia nos primeiros anos de vida da criança. Compreendendo a importância de oferecer contação de histórias através do lúdico na educação infantil, fomentando os pequenos leitores cujo objetivo é aproximá-los das histórias infantis, percebendo que os valores poderão ser ensinados dentro desse contexto. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Paris: LTC, 1973. ABRAMOVICH, Fanny. 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