CULTURA, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS LUGARES Isabel Andr é, Maio 2006 Câmara Municipal de Odivelas Ciclo de seminários “desafios do desenvolvimento sustentável” 2º seminário – “Políticas de 3ª geração – modelos de desenvolvimento e governança” 1. Cultura, inclusão e competitividade 2. Cultura e inovaç ão social 3. Meios criativos e desenvolvimento local 1. Cultura, inclusão e competitividade 2. Cultura e inovaç ão social 3. Meios criativos e desenvolvimento local A cultura como veículo privilegiado da inclusão social e da coesão territorial património colectivo: • bem comum • sentido de comunidade sentimentos de pertença estabelecimento de pontes com o exterior Estabelecimento de pontes Núcleo Museológico "Moinho da Laureana” Odivelas Kos, Grécia Estabelecimento de pontes Odivelas Mazagão – El Jadida, Marrocos A cultura como meio de afirmação das comunidades perante o exterior • Marca da diversidade num mundo crescentemente globalizado • Um contraponto à globalização – normalização • Uma resistência à integração (p.e. a música nas comunidades imigrantes) A cultura como instrumento de cidadania A cultura, aliada à educação: - consciência crítica - capacidade de intervenção Atitudes sociais pró-activas no sentido da transformação dos valores e das relações sociais A cultura enquanto factor de competitividade Componente relevante das estratégias de desenvolvimento regional e local Marketing territorial - grandes eventos, como as exposições universais e mundiais, ao nível das capitais globais, seja pela promoção da escola de dança ou do museu local, ao nível dos pequenos centros urbanos. Turismo – fluxos de pessoas e de capitais Indústrias culturais - os espectáculos, o audiovisual e multimédia, as artes plásticas, o restauro e conservação do património arquitectónico e documental, etc.. Significativo volume de emprego “nichos” de criatividade e de inovação Cities can hope to distinguish themselves from others only by finding creative solutions and in this way hope to beat their rivals...” (Hospers, 2003). Grandes ameaças transformadas em excepcionais oportunidades Bilbau 1. Cultura, inclusão e competitividade 2. Cultura e inovação social 3. Meios criativos e desenvolvimento local Inovação social – o conceito resposta nova e socialmente reconhecida que visa e gera mudan ça social, ligando simultaneamente 3 atributos: i) satisfação de necessidades humanas não satisfeitas por via do mercado ii) promoção da inclusão social iii) capacitação de agentes ou actores sujeitos, potencial ou efectivamente, a processos de exclusão/marginalização social, desencadeando, por essa via, uma mudan ça, mais ou menos intensa, das relações de poder Inovação social – o conceito n A inovação social transforma as relações sociais através da emergência de novos valores (éticos) e da adopção de novas práticas sócio-culturais n A inovação social ameaça a ordem estabelecida. “L’ innovation affronte l’institué, c’est-à dire qu’elle défait la tradition, elle dépasse la routine et elle défie les contraintes » (Yvan Comeau, 2004) n A inovação social pode ser um processo bottom-up. Implica admitir que os agentes/actores considerados fracos (não dominantes) têm capacidade inovadora Inovação social através da cultura/arte n A cultura, e especialmente a arte, tem sido um instrumento privilegiado das lutas pol íticas e das mudan ças sociais – atitudes de vanguarda n Contudo, nas últimas décadas, o potencial inovador/criativo dos artistas e dos agentes culturais tem sido progressivamente integrado na ordem dominante – arte-mercadoria, consumos culturais e produção de capital simb ólico n As culturas alternativas, os discursos e as obras provocadoras surgem, cada vez mais, como factores decisivos da ligação entre competitividade (das regiões, das cidades e das empresas) e coesão social (inclusão das diversas expressões de resistência/revolta) “There has been movement from festivals to festival markets, from cultural production to cultural economies, to an intensified economic colonisation of the cultural realm, to the representation of the creative city not as a means of redemption but as a means of economic accumulation.” (David Ley, 2003, p. 2542) B e r l i m, 2 0 0 3 Aldoar, Porto 2001 Aldoar, Porto 2001 Aldoar, Porto 2001 1. Cultura, inclusão e competitividade 2. Cultura e inovaç ão social 3. Meios criativos e desenvolvimento local Meios inovadores/criativos n O conceito de plasticidade sintetisa bem a natureza essencial dos meios criativos: « La plasticité désigne la capacité qu’ont certains composants à s’in-former (recevoir une forme) et à se dé-former, tout en gardant unité et cohérence. La plasticité est donc une condition nécessaire pour que la vie apparaisse, se maintienne et puisse évoluer. » (Interview to Dominique Lambert in Radio France Internationale, about the book Comment les pattes viennent au serpent. Essai sur l ’étonnante plasticité du vivant, Dominique Lambert, René Rezsöhazy, Editions FLAMMARION, 2004) n Para serem criativos, os meios devem ser suficientemente flexíveis para permitir a mudan ça e, ao mesmo tempo, razoavelmente estruturados para não perderem a sua coerência e identidade Os meios criativos parecem reunir 3 traços fundamentais: n Diversidade (valorizam a diferença e a alteridade, promovem a interculturalidade) n Tolerância (permitem o risco) n Participação (encorajam a mobilização, o diálogo e a negociação) os meios criativos são necessariamente transgressivos Meios inovadores/criativos Meios criativos Diversidade Adversidades Desafios Tolerância Plasticidade do lugar Participação CRIATIVIDADE INOVAÇÃO RAVAL - BCN Diversidade RAVAL - BCN Diversidade RAVAL - BCN Diversidade RAVAL - BCN Tolerância RAVAL - BCN Tolerância RAVAL - BCN A densidade do tempo RAVAL - BCN RAVAL - BCN Ravalejando…. E a seguir? A cultura no Horizonte 2007-2013 O ESPAÇO URBANO n As actividades culturais e artísticas são um uso adequado e valorizador de espaços obsoletos e devolutos das cidades e do campo n Os equipamentos culturais qualificam a intervenção no espaço urbano, ajudando a preencher espaços intersticiais (instalações industriais ou de transportes obsoletas, vias inacabadas, e áreas residenciais desordenadas, sobretudo suburbanas) e a ‘suturar’ tecidos urbanos rasgados n Os investimentos culturais permitem: – valorizar o património colectivo – potenciar a capacidade criativa – favorecer o debate intelectual e a reflexão humanística n A cultura e as artes são instrumentos cruciais para a reinvenção de um espaço público ameaçado na cidade contemporânea n A cultura é, quer no meio urbano quer no rural, um importante recurso turístico