UM EXPERIMENTO EM LABORATÓRIO DE FÍSICA PARA ENSINAR CONCEITOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR BOHRER-ADORNES, Rosane/ LAE/Física/ UFSM; LUDKE, Everton/ LAE/ Física/ UFSM; GOMES, Cesar Augusto/ LAE/ Física/ UFSM; ADORNES, Alcides Gilberto da Rosa/ Física/ UFSM; ORIENTADOR:LUDKE, Everton/ LAE/ Física/ UFSM. Palavras-Chave: Experimento; transferência de calor; laboratório de física A necessidade dos docentes de implementar experimentos de termodinâmica, para estudantes das disciplinas de laboratórios de física, que possibilitem a interconexão dos conceitos fundamentais e relevantes em física de transporte de calor em sistemas simples e a solução da Lei de Fourier em coordenadas cilíndricas, justifica apresentamos um experimento simples e de baixo custo. Um cilindro de latão foi recortado de um vergalhão comercial, com 26 mm de raio na base e altura de 79 mm. Foi feito um furo central com 60 mm de profundidade onde foi inserido o resistor e esse espaço foi preenchido com óleo de cárter automotivo para melhorar a condução térmica do resistor com o cilindro. A tensão de rede de 60 Hz foi monitorada com o valor de pico AC de 217 V. Um orifício de 3 mm de diâmetro e 15 mm de profundidade foi feito para alojar a ponteira medidora de temperatura, a uma distância de 17 mm do eixo do cilindro. Todo o conjunto foi isolado termicamente em um tecido de algodão espesso e bem fechado. Um multímetro IMPAC IP-370TR com ponteira metálica medidora de temperatura TP-02 foi empregada para obter a temperatura no interior do cilindro e o software Data Logger que acompanha o aparelho foi empregado para a leitura automática do multímetro via porta RS232, em intervalos de tempo de 20 segundos. Os alunos deverão coletar: (a) os dados da curva de aquecimento e resfriamento. Os dados obtidos serão a temperatura em função do tempo, apresentados em tabelas no formato ASCII. O tempo será medido desde o ligamento do resistor até a temperatura atingir 95º. No resfriamento o tempo medido desde o desligamento do resistor até quando a temperatura estiver próxima a temperatura ambiente. (b) os valores de temperatura em função do raio T(r). A ponteira do termopar é retirada da cavidade e tocada em vários pontos na superfície do cilindro. Usando a ponteira com o termopar, pode-se obter a temperatura sobre a superfície superior do cilindro, entre R1 e R2 em intervalos de r de 3 mm e estimar T(r). A taxa de transferência de energia em uma amostra homogênea devido a um gradiente de temperatura é dada pela Lei de Fourier (PITTS e SISSOM, 1998): (1) onde a derivada parcial é o gradiente de temperatura na direção normal à área A e k é a condutividade térmica. Em coordenadas cilíndricas, a Lei de Fourier depende somente da coordenada radial (INCROPERA, DEWITT e BERGNAN et al., 2008). A capacidade térmica a volume constante é definida em termos da energia interna por unidade de massa do corpo, . (2) Para sólidos, a capacidade térmica é fracamente dependente da temperatura e muito pouco afetada pela pressão. A difusividade térmica é dada por: (3) Se o perfil de temperatura no meio for linear e se houver um regime estacionário de transferência de calor, pode-se substituir a derivada parcial pela seguinte expressão: (4) Se a temperatura muda com o tempo, energia é armazenada ou removida de um corpo de massa m e capacidade térmica cp a uma taxa de armazenamento dada por: (5) Perdas de energia ocorrem devido á convecção do ar, de acordo com a lei de Newton q=hA (Ts− Ta), onde h é o coeficiente de transferência de calor, e por condução térmica com outros sólidos na vizinhos. Para um cilindro homogêneo com raio interno R1 e raio externo R2 e comprimento L sendo T1 a temperatura na cavidade interna e T2 a temperatura na sua superfície externa, a distribuição de temperatura radial T(r) e a taxa de perda de calor qp e a definição da resistência térmica do cilindro são obtidas a partir da solução da Lei de Fourier com as condições de contorno apropriadas (ROHSENOV e HARTNETT, 1998), obtendo-se as seguintes expressões: (6) (7) (8) Os dados permitem obter o gradiente térmico entre os meios internos e externos pela equação (4), a taxa de perda de calor qp a difusividade térmica do material α, a resistência térmica Rt e comparar os valores de T(r), estimados pelas equações (6), (7) e (8), com os valores tabulados na literatura (KAVIANY, 2008). Pode-se tentar modelar as perdas por corpo negro e por convecção e comparar as previsões de resfriamento por esses mecanismos com o decréscimo de temperatura no ponto r = (R2 − R1)/2, permitindo estimar h na Lei de Newton. A relação custo/benefício e os resultados obtidos mostram que o aparato apresentado É uma excelente proposta para o ensino de transporte de calor em sólidos. REFERÊNCIAS: PITTS, D., SISSOM, L.E., Schaums Outline of Theory and Problems of Heat Transfer. 2 ed. McGraw-Hill, 1998. ROHSENOV W.M., HARTNETT, J.P., CHO, Y.I., Handbook of Heat Transfer. 3 ed. McGrawHill, 1998. INCROPERA, F.P., DEWITT, D.P., BERGNAN, T.L., LAVINE, A.S., Fundamentos da Transferência de Calor e Massa. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008. KAVIANY, M., Heat Transfer Physics, Cambridge University Press, 2008.