•Projecto Amplificador de potência para áudio Q-Watt Muita potência com baixa distorção Boas notícias para todos os entusiastas do áudio: orgulhamo-nos de apresentar mais outro circuito totalmente analógico, desenvolvido totalmente de raiz. Apesar do projecto simples deste amplificador de áudio de potência, com apenas um par de transístores no andar de saída, o Q-Watt consegue fornecer mais de 200 W sobre 4 Ω, com qualidade e com uma distorção excepcionalmente reduzida, devido à utilização de um circuito integrado controlador de áudio especial. Ton Giesberts (Elektor) A Elektor já tem um grande historial de amplificadores de áudio de potência. Alguns exemplos das nossas “relíquias douradas” são os amplificadores Edwin, Elkin e Crescendo, dos anos 70, que muitos entusiastas do áudio construíram. Nos anos mais recentes as coisas têm sido mais calmas nesta área, o que não indica falta de interesse. É exactamente o oposto – muitas pessoas estão a redescobrir o prazer de soldar circuitos e montar amplificadores de excelência com uma qualidade de som excepcional. Como é quase impossível inventar algo original no universo dos amplificadores de áudio de potência construídos com componentes discretos (excepto ligar em paralelo algumas dúzias de ampops NE5532…), foi decidido ir pelo caminho Medições de Desempenho do Q-Watt (Medições efectuadas com uma fonte de alimentação que consiste num transformador de potência de 500 VA com dois secundários de 40 V (tipo 0500P1-2-040 da Nuvotem) e quatro condensadores externos de 10000 µF/100 V) • Sensibilidade de entrada: • Impedância de entrada: • Potência de saída contínua: • Potência musical de pico: (Tensão de alimentação DC ±56,8 V) • Largura de banda de potência: • Taxa de subida: • Tempo de subida: • Relação sinal/ruído: (referência 1 W/8 Ω) • Distorção harmonica + ruído: (B = 80 kHz) 12 | Setembro 2013 | www.elektor-magazine.pt 0,88 V (137 W / 8 Ω, THD+N = 0,1%) 0,91 V (145 W / 8 Ω, THD+N = 1%) 15 kΩ 137 W sobre 8 Ω (THD+N = 0,1%) 145 W sobre 8 Ω (THD+N = 1%) 220 W sobre 4 Ω (THD+N = 0,1%) 233 W sobre 4 Ω (THD+N = 1%) 218 W sobre 8 Ω (THD+N = 10%) 175 W (8 Ω, THD + N = 1%) 165 W (8 Ω, THD + N = 0,1%) 395 W (4 Ω, THD + N = 10%) 316 W (4 Ω, THD + N = 1%) 299 W (4 Ω, THD + N = 0,1%) 2,1 Hz a 125 kHz (50 W / 8 Ω) 26,7 V/µs 2,4 µs > 94 dB (linear, B = 22 Hz a 22 kHz) > 97 dBA 0,0033% (1 kHz, 1 W / 8 Ω) 0,0006% (1 kHz, 50 W / 8 Ω) Amplificador de Áudio de Potência Q-Watt • Distorção de intermodulação: (50 Hz : 7 kHz = 4 : 1) • Distorção de IM dinâmica: ((Onda rectangular de 3,15 kHz) + Onda sinusoidal de 15 kHz:) • Factor de amortecimento: 0,006% (20 kHz, 50 W / 8 Ω) 0,0047% (1 kHz, 1 W / 4 Ω) 0,0009% (1 kHz, 100 W / 4 Ω) 0,009% (20 kHz, 100 W / 4 Ω) 0,002% (1 W / 8 Ω) 0,0009% (50 W / 8 Ω) 0,003% (1 W / 4 Ω) 0,0026% (100 W / 4 Ω) 0,0033% (1 W / 8 Ω) 0,0022% (50 W / 8 Ω) 0,0045% (1 W / 4 Ω) 0,0027% (100 W / 4 Ω) 560 (1 kHz / 8 Ω) 311 (20 kHz / 8 Ω) • Eficiência: (alimentação DC) • Protecção DC: • Tensão DC de desvio de saída: • Atraso de arranque: 70,6% (8 Ω, THD+N = 0,1%) 72,5% (8 Ω, THD+N = 1%) 68,5% (4 Ω, THD+N = 0,1%) 70,5% (4 Ω, THD+N = 1%) +0,55 V / -0,86 V 0,2 mV (máximo 0,6 mV) 6s www.elektor-magazine.pt | Setembro 2013 | 13 •Projecto Origem semi-discreto. Isto tem como vantagem a facilidade de construção, e tem como resultado um projecto muito compacto. Escolhendo cuidadosamente os componentes, com esta abordagem é possível criar um amplificador de potência com especificações e qualidade de som excepcionais. Tudo começou com o Filtro de Medição para Amplificadores classe D que foi publicado na edição de Julho/Agosto de 2012 [1]. Este filtro foi desenvolvido no laboratório da Elektor para que fosse possível medir as tensões de saída R4 15k 4700u 100V C3 1k2 13 0R2 R7 4u7 R11 100n 100R 10 C7 +15V +15V 8 7 4 -15V +V 2x 1N4004 R21 R23 IC3 5 C14 RE1=RT314048 T9 T10 1k2 4 2 T8 1u 250V R20 4N25 R22 R24 C15 220u 16V T6 ... T10 = C16 10u 100V 5 x 2N5550 RE1A D5 R26 T7 T6 6 27k R19 R29 R30 1N4148 1 D6 R25 1k D3 40V 14 | Setembro 2013 | www.elektor-magazine.pt OPA177 33n D4 Figura 1. Esquemático do amplificador de áudio de potência Q-Watt da Elektor. Apesar da simplicidade do projecto, as especificações deste amplificador são verdadeiramente excelentes. R14 220k 3 C11 10u 100V 2 6 15k 0 IC2 R27 1k2 K7 -V 820k -V 40V R15 10M 470k 56V 10u 100V C13 R18 15V 0W5 15k 1 2 MJE15033 1 15V 0W5 D2 K6 MG9410-R 15k 1 2 R16 C12 1M K5 1 2 2u2 D1 LS+ LS1 47n C10 R17 15k 10M 56V 1 2 15k K4 4700u 100V K2 C5 T5 T3 C9 100n +V R9 LME49811 1 2 R13 820k 1n 8k2 390R 15k C2 R5 3 470R R3 RE1B L1 BD 139 C4 P1 2 R2 R12 3R9 3R9 4 R10 0R2 R1 390R T1 68k 1 14 T4 R8 220R 6 15 2 5 C1 T2 R6 5-57p MG6330-R 100R 100n K1 MJE15032 C8 C6 IC1 +V R28 110656 - 11 K3 LS- Amplificador de Áudio de Potência Q-Watt de amplificadores de classe D até 70 Vrms. Contudo, este filtro nunca foi testado com estas tensões devido à falta de amplificadores de potência adequados. Quando há um problema, podemos confiar sempre nos projectistas da Elektor para encontrar uma solução, pelo que eles começaram a projectar um amplificador de alta tensão com 23 transístores de alta tensão (MJE340, MJE350, MPSA42 e MPSA92), que se pretendia que funcionasse com uma alimentação simétrica de ±110 V. O projecto revelou-se extremamente complicado, e as coisas descontrolaram-se um pouco. Embora tivesse sido construída uma placa de circuito impresso para um protótipo inicial, perguntou-se se valia a pena despender tanto esforço apenas para testar um filtro. As especificações do projecto para o amplificador eram verdadeiramente impressionantes. Este tinha de fornecer um sinal de saída de 70 Vrms até 20 kHz, com uma distorção extremamente reduzida. A impedância mínima do filtro de medição é de 1 kΩ, o que resulta numa especificação de 100 mA (de preferência até mais) para a corrente de pico de saída. De acordo com isto decidiu-se utilizar uma alternativa mais simples, tal como um circuito integrado que conseguisse fornecer uma tensão de saída dessa magnitude e com uma potência suficiente. A pesquisa revelou o LME49811 da Texas Instruments. O título da folha de características, “Série de Amplificadores de Áudio de Potência – Andar de Saída de um Amplificador de Potência de Alta-fidelidade, de 200 V, com Desligamento”, pareceu promissor. As especificações eram excelentes, mas não era claro se as figuras de desempenho medidas foram obtidas com ou sem o andar de potência externo. No entanto, pareceu valer a pena desenvolver um amplificador baseado neste circuito integrado. Escolher os transístores correctos O passo seguinte foi seleccionar os transístores de potência (T4 e T5) para o amplificador de potência. Uma das características principais dos transístores de potência utilizados em amplificadores de áudio é a grande área de funcionamento seguro (SOA). Existem uns dispositivos muito interessantes na Semelab: o MG6330-R (NPN) e o seu complementar MG9410-R. Estes dispositivos conseguem suportar uma corrente de colector de mais de 600 mA, com uma tensão colector-emissor de 200 V. Esta condição ocorre quando o amplificador, sem carga, fornece a máxima amplitude na saída. Isto permite configurar o amplificador para um funcionamento em classe AB com uma região em classe A relativamente grande. O ganho DC destes transístores de potência é relativamente linear até alguns A (ligeiramente menos com a versão PNP), o que se traduz num bom ponto de partida para um andar de saída linear. Aplicam-se especificações semelhantes aos transístores de controlo (T2 e T3). Foram seleccionados os MJE15032 (NPN) e MJE15033 (PNP), que são adequados para tensões até 250 V, sendo a característica de ganho DC relativamente linear. Os transístores de controlo e de potência têm frequências de transição relativamente elevadas: 30 MHz para os dispositivos MJE, 60 MHz para o MG6330-R e 35 MHz para o MG9410-R. Um simples BD139 encarrega-se da corrente do ponto de funcionamento em repouso. Versão de áudio Quando um dos editores estrangeiros viu o projecto, questionou-se se este podia ser adaptado para ser utilizado como um amplificador “normal”. Isto iria atrair uma maior audiência do que um amplificador de medida para tensões de saída elevadas. A resposta foi que era possível, e não eram necessárias muitas alterações ao projecto inicial. Tinham de ser ajustados os valores de alguns componentes, e a tensão de alimentação teria de ser reduzida. O resultado final é o diagrama esquemático apresentado na Figura 1. Com uma tensão de alimentação mais baixa (±56 V, fornecidos por um transformador com dois enrolamentos secundários de 40 V AC), o amplificador de potência consegue fornecer bastante potência com apenas um par de transístores de saída complementares – mais de 300 W de potência musical sobre 4 Ω. Em conjunto com o LME49811 (IC1), o amplificador de potência consiste em quatro transístores (T2-T5), uma malha de controlo da corrente no ponto de funcionamento em repouso com um transístor (T1), e outros componentes discretos. A malha de realimentação negativa R4/R3 foi dimensionada para fornecer uma sensibilidade de entrada de aproximadamente 1 Vrms para uma amplitude máxima de saída de ±55 V, com uma tensão de alimentação de ±60 V. Esta tensão de entrada pode facilmente ser fornecida por qualquer pré-amplificador moderno. Os valores das resistências foram escolhidos para assegurar que a dissipação de potência de R4 permaneça imediatamente abaixo 0,25 W à máxima potência de saída. Os valores das resistências R1 e R2 são www.elektor-magazine.pt | Setembro 2013 | 15 •Projecto iguais aos das resistências R3 e R4, para manter o melhor factor de rejeição em modo comum possível na entrada do LME49811. A impedância de entrada resultante é de aproximadamente 15 kΩ. A largura de banda do sinal de entrada está limitada na frequência de corte inferior pelo condensador C1 (com uma frequência teórica de 2,2 Hz) e na frequência de corte superior por C2. Para além de eliminar qualquer ruído de HF que esteja presente, isto limita a taxa de subida para prevenir que o amplificador tenha problemas com sinais de entrada demasiado abruptos. É apenas necessário um condensador (C3) para a compensação de frequência do circuito integrado. Para facilitar as experiências dos utilizadores, foi utilizado um condensador variável com dieléctrico de PTFE (Teflon) para este propósito (o Teflon é uma excelente escolha para circuitos de áudio). A placa de circuito impresso também é adequada para condensadores de mica prateada com um passo de 5,9 mm. Durante os testes, os melhores resultados de medição foram obtidos regulando o condensador para um terço do valor máximo (aproximadamente 18 pF). A malha de realimentação construída em torno de IC2 estabiliza a tensão de saída DC do amplificador. Esta compara a tensão de saída com o valor de referência (terra) e corrige-a injectando uma corrente muita baixa na entrada não inversora do LME49811 (pino 4). A entrada não inversora é utilizada para esta correcção, porque a impedância neste ponto é mais elevada do que a da entrada inversora, que é largamente dependente do valor de R3 (apenas 390 Ω). O tempo de resposta é de algumas centenas de ms. Foi escolhido um OPA177 para o amplificador de controlo devido às suas especificações DC (corrente de polarização máxima de 1,8 nA, tensão de desvio máxima de 0,6 µV). A tensão de desvio teórica máxima resultante na saída do amplificador de potência é de 0,6 mV, que é desprezável para os altifalantes utilizados. A tensão de desvio de saída do protótipo foi de apenas 0,2 mV. O ampop pertencente ao circuito de correcção DC tem as suas próprias tensões de alimentação de ±15 V, produzidas a partir dos barramentos de alimentação principais com a ajuda de alguns díodos Zener e resistências (R17, R18, D1 e D2). Os valores de R17 e de R18 têm de ser ajustados se for utilizada uma fonte de alimentação com valores mais baixos. Nesta ligação tem de se ter em conta a corrente adicional de 1,5 mA retirada do barramento de +15 V pelo pino 2 de IC1. É incluída uma rede de Zobel (R13-C5) na saída do amplificador. Esta assegura a estabilidade do amplificador com cargas indutivas, ou sem carga. A bobina L1 fornece uma protecção adicional contra cargas capacitivas, e a resistência R12 atenua quaisquer oscilações ou tensões excessivas. Na placa de circuito impresso, R12 é montada no interior de L1 para poupar espaço. A placa de circuito impresso também está equipada com dois grandes condensadores (4700 µF cada) com a função de reservatório, tendo estes Linhas de alimentação Nos amplificadores de potência ocorrem picos de corrente de amplitude muito elevada. Para filtrar a tensão de alimentação, são montados dois condensadores com uma baixa ESR junto aos transístores de saída, na placa de circuito impresso, para além dos condensadores externos da fonte de alimentação. Num amplificador de áudio é essencial que as linhas de alimentação para e na placa de circuito impresso não causem interferências electromagnéticas, que podem aumentar a distorção ao induzir correntes na malha de realimentação negativa, e em outras partes do amplificador. Uma forma de suprimir este efeito indesejável é colocar as linhas de alimentação o mais juntas possível e desacoplá-las o mais perto possível do andar de saída. Devido à configuração em classe AB deste amplificador, só há circulação de correntes unidireccionais nas linhas de alimentação da placa de circuito impresso. Juntar o mais possível as pistas das linhas de alimentação positiva e negativa, faz com que o campo magnético resultante seja quase sinusoidal, causando menos distorção. Com uma placa de dupla face, estas duas pistas podem ser colocadas em lados opostos, alinhadas exactamente uma com a outra. Estas considerações de projecto são muito importantes para amplificadores de potência com figuras de distorção muito reduzidas. Fazer a ligação de massa em apenas um ponto também é muito importante para este aspecto. Aqui o ponto de massa está localizado perto de C5. As linhas de massa da entrada, da realimentação negativa, da rede de Zobel, da saída para o altifalante, e da fonte de alimentação juntam-se todas neste ponto. A placa de circuito impresso foi especialmente desenhada para ser utilizada como um amplificador mono. Para um amplificador estéreo pode simplesmente construir dois destes módulos e montá-los numa caixa juntamente com a fonte de alimentação. Preferencialmente deve utilizar duas fontes de alimentação separadas (uma para cada canal). 16 | Setembro 2013 | www.elektor-magazine.pt Amplificador de Áudio de Potência Q-Watt uma baixa resistência série equivalente (ESR). Este circuito também necessita de uma fonte de alimentação externa, de um rectificador em ponte, e quatro condensadores para a fonte de alimentação com 10000 µF/100 V, cada. Foi escolhido um transformador com dois enrolamentos secundários de 40 V. Para o protótipo construído no laboratório da Elektor foi utilizado um transformador de 500 W de baixo custo, tendo como resultado a grande diminuição da tensão de saída com cargas elevadas. É possível obter uma maior potência na saída do que referido nas especificações se for utilizado um transformador com uma melhor estabilidade de tensão. Protecção É esperado que o amplificador funcione sempre correctamente, mas qualquer circuito electrónico pode falhar (especialmente os amplificadores de áudio, como a nossa experiência nos diz). Quando a saída está à potência máxima, a temperatura dos transístores de saída pode subir abruptamente (acima de 70 ºC), o que pode reduzir dramaticamente o tempo de vida destes dispositivos semicondutores. A nossa experiência diz-nos que quando um transístor falha, fá-lo com um curto-circuito. Neste caso, se um fusível não actuar algures, vai aparecer uma grande tensão DC na saída do amplificador, o que não é a forma mais correcta de tratar os nossos preciosos altifalantes. Por esta razão, a protecção DC é actu- almente indispensável em qualquer amplificador de áudio de potência. Depois de ser ligado, o amplificador necessita de alguns segundos para que a tensão DC presente na saída estabilize. Como habitualmente, o altifalante é ligado à saída através de um relé. Este relé pode ser ligado quando estiver presente a tensão de alimentação do amplificador, e quando não existir uma tensão DC na saída do amplificador. Neste projecto, é apenas monitorizada a tensão de alimentação positiva, utilizando-a para alimentar o circuito de protecção construído em torno dos transístores T6-T10. Se não estiver presente nenhuma tensão de alimentação, é simplesmente impossível ligar o relé. A protecção DC é fornecida por um par de transístores e por um filtro passa-baixo (R23/C15) com uma constante de tempo de 3,3 s. Pode parecer muito tempo, mas o tempo necessário para que T7 e T8 comecem a conduzir e descarreguem C16 diminui com a diminuição da tensão DC presente na saída. Se estiver presente um desvio de tensão DC positivo maior do que 0,55 V na saída, T8 vai conduzir e faz desligar o relé através dos transístores T9/T10. O transístor T7 responde de forma semelhante se o desvio de tensão DC for negativo e menor que -0,85 V. Mais, ambas as tensões dos secundários do transformador são monitorizadas para que o relé possa ser desligado imediatamente quando o transformador de potência for desligado, ou quando um fusível actua. Para evitar anéis de massa, as tensões dos secundários do transformador são Arrefecimento Deve ser fornecido um arrefecimento adequado aos transístores de controlo, aos transístores de saída e a IC1. Para IC1 isto consiste numa chapa de alumínio de 2 mm de espessura, com 2,5x8 mm, que é montada em IC1 com um par de parafusos e porcas. Este dissipador de calor é suficiente para que o circuito integrado suporte aproximadamente 2 W, com uma tensão de alimentação de aproximadamente ±56 V. Escolher o dissipador de calor para os transístores de saída envolve um compromisso entre as dimensões do dissipador e a potência de saída média estimada do amplificador. Vai ser necessário um dissipador de grandes dimensões ou arrefecimento forçado para suportar uma potência de saída máxima em contínuo, mas isto raramente ocorre na prática. Foi então decidido utilizar um dissipador de calor que é suficientemente grande para suportar uma potência de saída máxima durante pouco tempo (alguns minutos). Foi encontrado um dissipador adequado na Fischer Elektronik, na Alemanha. Não é pequeno, mas não há como contornar uma baixa resistência térmica se quiser evitar sobreaquecimentos com uma potência de saída elevada. O dissipador seleccionado tem 10 cm de altura e uma resistência térmica de 0,7 ºK/W. Para ter uma ideia: com uma fonte de alimentação regulada de ±56,8 V, o amplificador consegue fornecer quase 300 W a uma carga de 4 Ω, com 0,1% de distorção. Com uma eficiência de 68,5% dissipa cerca de 137 W. Com um sinal sinusoidal contínuo, à potência de saída máxima, a temperatura sobe mais de 90 ºC acima da temperatura ambiente. As resistências de emissor R10 e R11 (de 5 W) estão mesmo no limite neste ponto. Contudo, como foi mencionado, isto nunca acontece numa utilização normal com sinais de música. Já agora, não há virtualmente nenhum fabricante de amplificadores de áudio que dimensione os seus dissipadores de calor para uma potência máxima contínua. www.elektor-magazine.pt | Setembro 2013 | 17 •Projecto LISTA DE COMPONENTES Resistências (5%, 0,25W, a não ser que seja indicado o contrário) R1,R3 = 390 Ω R2,R4,R17,R18,R22,R23,R30 = 15 kΩ R5 = 8,2 kΩ R6,R20,R28 = 1,2 kΩ R7 = 220 Ω R8,R9 = 100 Ω R10,R11 = 0,2 Ω/5 W, 1%, baixa indutância (LVR05R2000FE73 da Vishay Dale) R12,R13 = 3,9 Ω/5 W, 5% R14 = 220 kΩ R15,R16 = 10 MΩ R19 = 27 kΩ R21 = 470 kΩ R24 = 1 MΩ R25,R26 = 820 kΩ R27 = 68 kΩ R29 = 1 kΩ P1 = potenciómetro 470 Ω, horizontal Condensadores Semicondutores D1,D2 = díodo zener 15 V/0,5 W D3,D4 = 1N4004 D5 = 1N4148 D6 = LED vermelho, 3mm T1 = BD139 T2 = MJE15032 T3 = MJE15033 T4 = MG6330-R T5 = MG9410-R T6–T10 = 2N5550 IC1 = LME49811TB/NOPB IC2 = OPA177GPG4 IC3 = 4N25 Diversos K1 = barra de terminais 2 vias K2–K6 = conector do tipo Faston (lâmina), PCI, passo 5,08 mm K7 = bloco de terminais de aperto de 3 vias para PCI, passo 5 mm RE1 = relé, PCI, SPCO, 16 A, bobina de 4 8V, 5,52 kΩ (tipo RT314048 da TE Connectivity/Schrack) Isolador TO-220 para T1, T2, T3, película Kapton MT, 0,15 mm, 6 kV Isolador TO-3P para T4,T5, película Kapton MT, 0,15 mm, 6 kV Isolador TO-220 3-mm para T2,T3 Dissipador de calor, 0,7 K/W (por exemplo SK 47/100 SA da Fischer) Dissipador para IC1, 25x80 mm, alumínio com 2 mm de espessura Placa de circuito impresso # 110656-1, ver www.elektor.com.pt/110656 C1 = 4,7 μF/63 V, MKT (metal/polyester), passo 5mm ou 7,5mm C2 = 1 nF/400 V, MKT (metal/polyester), passo 5mm ou 7,5mm C3 = condensador variável 5-57 pF/250 V, horizontal (BFC280908003 da Vishay BCcomponents) C4,C6,C7 = 100 nF/100 V, passo 5 mm ou 7,5 mm C5 = 47 nF/400 V, passo 5 mm ou 7,5 mm C8,C9 = 4700 µF/100 V, passo 10 mm, snap-in, 30 mm diâmetro (ECOS2AP472DA da Panasonic) C10 = 2,2 µFC/63 V, passo 5 mm ou 7,5 mm C11 = 33 nF/63 V, passo 5 mm ou 7,5 mm Fonte de Alimentação (para um amplificador) C12,C13,C16 = 10 µF/100 V, passo 2,5 mm, 6,3 mm Transformador de potência: secundário 2x40 V, 500 diâmetro VA (por exemplo 0500P1-2-040 para 230 VAC da C14 = 1 µF/250 V, passo 2, 5mm, 6,3 mm diâmetro Nuvotem) C15 = 22 0µF/16 V bipolar, passo 5 mm, 10 mm diâmetro Ponte rectificadora: 200 V/35 A (por exemplo Bobinas GBPC3502) (Fairchild) L1 = 450 nH: 13 espiras fio de cobre envernizado Quatro condensadores electrolíticos de 10000 μF/100 V 14AWG (1,5 mm), diâmetro interior 7 mm (2 em paralelo com cada barramento de alimentação) Figura 2. A placa de circuito impresso contém todo o amplificador de potência, incluindo os condensadores de reservatório e circuitos de protecção. 18 | Setembro 2013 | www.elektor-magazine.pt Amplificador de Áudio de Potência Q-Watt monitorizadas utilizando o optoacoplador IC3, que injecta o seu sinal de saída em T6, no circuito de protecção. Os díodos D3 e D4, em combinação com o condensador C14, actuam como um rectificador de onda completa para o LED presente no optoacoplador. O divisor de tensão R4/R3 foi dimensionado para que o LED se apague imediatamente se qualquer das tensões do transformador cair. O condensador C16, em conjunto com as resistências R25 e R26, determina o atraso temporal para ligar o relé depois de a tensão de alimentação ser ligada (aproximadamente 6 s). O relé aqui utilizado tem uma bobina de 48 V. É ligada ao barramento de alimentação de 56 V através de uma resistência de 1 kΩ em série (R29). Se tiver dificuldades em encontrar um relé de 48 V, pode utilizar um relé de 24 V. Nesse caso, R29 tem de ser de 2,2 kΩ/1 W. O circuito de protecção foi dimensionado para uma fonte de alimentação de ±56 V. Se utilizar uma fonte de alimentação de menor valor, têm de ser alterados os valores de algumas resistências. Isto também se aplica às resistências na malha de realimentação negativa, se pretender manter uma sensibilidade de entrada de cerca de 1 V. Tenha em conta que o ganho do LME49811 tem de ser de 20 (26 dB), pelo menos. Construção A Figura 2 apresenta a placa de circuito impresso desenhada para este amplificador. Como prometido no título deste artigo, tudo foi mantido bastante compacto. Construir este amplificador não é difícil, mas existem alguns pontos que requerem mais atenção. A maior parte dos componentes podem ser soldados directamente na placa, com a excepção de T1-T5, IC1 e os condensadores de fonte de alimentação C8 e C9. São soldados conectores em lâmina (6,3x0,8 mm do tipo Faston) à placa de circuito impresso para ligar a tensão de alimentação e o altifalante. A bobina L1 consiste em 13 espiras de fio de cobre envernizado 14AWG (aproximadamente 1,5 mm), enroladas em torno de uma broca de 7 mm. Deixe os terminais suficientemente compridos para permitir montar a bobina a uma pequena distância da placa. Os terminais da bobina devem ser dobrados para apontar para fora directamente do meio da bobina. Coloque a resistência R12 no interior da bobina L1 e dobre os seus terminais para que estes se alinhem com as correspon- dentes ilhas da placa de circuito impresso. Monte estes dois componentes na placa ao mesmo tempo e, quando os soldar, assegure-se que a bobina fica um pouco levantada em relação à placa, e que a resistência fica localizada no centro da bobina (Figura 3). Antes de avançar mais, necessita de saber que tipo de caixa vai utilizar para que possa determinar como fixar nesta o dissipador de calor e a placa de circuito impresso. A solução mais conveniente é utilizar dois pedaços de alumínio em C para fixar a placa de circuito impresso. Desta forma ainda consegue manipular a placa de circuito impresso depois de montar os transístores no dissipador de calor. A placa de circuito impresso tem de ser montada no dissipador de calor para que os terminais dos transístores estejam o mais perto possível das correspondentes ilhas na placa. Utilizando um alicate de pontas, dobre os terminais dos transístores T1-T5 em forma de S para que enfiem nas ilhas da placa sem stress mecânico. Faça a primeira dobra o mais perto possível do encapsulamento. Nunca dobre os terminais directamente; coloque sempre uma pequena chapa metálica contra os pinos, perto do encapsulamento, para prevenir a formação de micro-fissuras no encapsulamento. Faça a segunda dobra ao nível das ilhas da placa. A Figura 4 apresenta o resultado final desejado. Os isoladores podem ser colocados temporariamente entre os transístores e o dissipador de calor para determinar a posição exacta da segunda dobra. Isto não é crítico a não ser que utilize isoladores cerâmicos. Fixe bem os transístores ao dissipador de calor (com os isoladores no lugar) antes de soldar os terminais destes à placa. A seguir vem IC1. Comece por fixar uma chapa dis- Figura 3. Detalhe da bobina de saída L1 com a resistência de potência R12 montada coaxialmente. Figura 4. Os terminais de todos os transístores montados no dissipador de calor sofrem duas dobragens para que caibam precisamente nas ilhas correspondentes da placa de circuito impresso sem stress mecânico. www.elektor-magazine.pt | Setembro 2013 | 19 •Projecto Figura 5. O dissipador de calor a montar em IC1 cabe mesmo à conta na placa de circuito impresso. sipadora de calor, que consiste numa chapa de alumínio com 2,5x8 mm, ao circuito integrado com um par de parafusos e porcas. Monte o dissipador de calor para que esteja um pouco acima da placa quando o circuito integrado for montado, para evitar que faça contacto com R1, R4 e R5. Cuidado: a superfície metálica traseira deste componente está ligada à tensão de alimentação negativa. Isto significa que se não utilizar um isolador, o dissipador de calor vai estar ao potencial negativo da fonte de alimentação. Por segurança, recomenda-se a utilização de um isolador neste caso. Depois solde o circuito integrado à placa de circuito impresso com espaço suficiente para que o dissipador não toque em nada na placa (Figura 5). Afaste ligeiramente L1 do dissipador. A última tarefa é montar os dois grandes condensadores C8 e C9. Assim não atrapalham as operações anteriores. Ajustar o Q-Watt Antes de ligar o seu amplificador Q-Watt directamente à fonte de alimentação, tem de ajustar a corrente de funcionamento em repouso do andar de saída. Para isto, em primeiro lugar, ligue duas resistências de potência de 47 Ω/5 W, em série com os terminais positivo e negativo da fonte de alimentação. Isto previne que o circuito seja danificado se algo correr mal, como por exemplo um curto-circuito algures. O pior que pode acontecer é as resistências de potência se queimarem. Outra opção é utilizar uma fonte de alimentação regulada com limite de corrente, mas nem todos 20 | Setembro 2013 | www.elektor-magazine.pt têm uma fonte de alimentação deste tipo para ±56 V. Ligue um amperímetro em série com o terminal positivo da fonte de alimentação. Antes de ligar a alimentação, regule P1 completamente no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, e lembre-se de ligar os enrolamentos secundários do transformador ao bloco de terminais K7, na placa de circuito impresso. Depois de ligar a alimentação, a corrente debitada pelo terminal positivo da fonte deve ser de aproximadamente 30 mA, quando o relé de saída estiver ligado. Regule lentamente P1 no sentido dos ponteiros do relógio até a corrente atingir os 60 mA. Esta relativamente pequena corrente de funcionamento em repouso é mais que adequada. Esta vai aumentar ligeiramente com o aumento da temperatura do dissipador de calor. No entanto, esta corrente permanece abaixo dos 90 mA. Com potências de saída muito elevadas, as temperaturas das junções dos dois transístores de saída vão subir mais rapidamente do que a temperatura do dissipador, pelo que o transístor que controla a corrente de funcionamento em repouso não vai conseguir compensar este aumento. Isto provoca um breve incremento na corrente de funcionamento em repouso para várias centenas de mA, mas quando a temperatura cai novamente a corrente cai rapidamente. Esta é uma característica extra interessante deste amplificador, porque a gama de classe A do amplificador de potência é efectivamente incrementada com o aumento do nível de potência de saída. (110656) Mais detalhes sobre este amplificador de potência em www.elektor-labs.com/node/3247 Internet [1] Filtro de Medição para Amplificadores classe D, Julho/Agosto 2012, www.elektor.com.pt/100540 Amplificador de Áudio de Potência Q-Watt Curvas Características Medidas no Q-Watt Equipamento de teste: Audio Precision System Two Cascade Plus 2722 Dual Domain Curva A THD+N a uma potência de saída de 1W/8Ω e 50W/8Ω, B=80kHz. A curva de 1 W consiste principalmente em ruído (THD+N=0,0034%). A distorção não é maior do que o ruído até cerca de 20 kHz (THD+N=0,0052%). A 50 W (que corresponde exactamente a 20 V, para que os resultados possam ser comparados directamente com as figuras de desempenho presentes na folha de características do LME49811) o nível de ruído é muito menor em relação à tensão de saída. Aqui pode ver que a distorção começa a aumentar mais cedo a frequências mais altas. A 1 W a distorção ainda está abaixo do ruído. A distorção acima de 10 kHz é semelhante à da curva de 1 W. a curva de 100 W não é apresentada aqui, porque é virtualmente igual à curva de 50 W. A distorção é muito baixa em todas as potências de saída até ao nível de saturação de amplitude. 1 0.5 0.2 0.1 0.05 % 0.02 0.01 0.005 0.002 0.001 0.0006 20 50 100 200 500 1k 2k 5k 10k Hz A 20k 110656 - 12 10 5 Curva B THD+N em ordem à potência de saída (1kHz/8Ω, B=22kHz). A largura de banda de medição foi aqui reduzida para melhorar a visibilidade no ponto onde a distorção aumenta. Aqui, novamente, pode ver que a distorção continua a ser muito baixa, enquanto o nível de ruído diminui com o aumento da tensão de saída. O ponto de saturação de amplitude é atingido a 127 W, e a distorção cresce rapidamente para além deste ponto. A 137 W a THD+N atinge 0,1%, o que ainda é um nível utilizável para uma boa qualidade sonora. Note que com o transformador de potência de baixo custo utilizado no protótipo, a tensão de alimentação cai significativamente à potência máxima (com uma THD de 10% cai para ±51,5 V). É possível obter ainda mais potência com um transformador que forneça uma tensão de alimentação mais estável. 2 1 0.5 0.2 0.1 % 0.05 0.02 0.01 0.005 0.002 0.001 0.0003 1m 2m 5m 10m 20m 50m 100m 200m 500m 1 2 5 10 20 W B 50 100 300 110656 - 13 +0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 d B r Curva C FFT de um sinal de 1 kHz a 50W/8Ω (20 V rms). Os níveis das harmónicas residuais da tensão de alimentação e as harmónicas do sinal de 1 kHz têm um nível muito baixo e, na prática, são inaudíveis. A terceira harmónica tem um nível de -113 dB, equivalente a apenas 0,0002%. A THD+N a este nível de potência é de 0,0006% (B=80kHz). A -70 -80 -90 -100 -110 -120 -130 -140 -150 C -160 10 20 50 100 200 500 1k Hz 2k 5k 10k 20k 50k 100k 110656 - 14 www.elektor-magazine.pt | Setembro 2013 | 21