ANÁL LISE EXE ERGÉTIC CA DE UM U SISTE EMA DE REFRIG GERAÇÃO O POR C COMPRE ESSÃO DE D VAPOR Tiago Mend des, tiagomen ndesmg@yah hoo.com.br1; Daniel Olivveira Mochizu uki, daniel.mochizuki@gm mail.com2; 2 Osvaldo José Venturini,, osvaldo@un nifei.edu.br ; Marcelo José Pirani, [email protected]. 1 Universidadde Federal de Itajubá, Av. BPS, B nº 1303, Brasil Universidaade Federal dee Itajubá, Av. BPS, nº 1303, Brasil 3 Universidadde Federal de Itajubá, Av. BPS, B nº 1303, Brasil 4 Universidadde Federal de Itajubá, Av. BPS, B nº 1303, Brasil 2 Resumo: Noos últimos anos, a mudançça de hábitos alimentares das d populaçõees causou um aumento na demanda porr alimentos prrontos para o consumo. Este Es fenômeno vem aumenta ando considerravelmente a utilização do os sistemas dee refrigeraçãoo para o acondicionamentoo de alimentoss através do frrio. É notório também que oos sistemas dee refrigeraçãoo por compresssão de vaporr são grandess consumidorres de energia a e, que nos últimos ú anos, modelos matemáticos vêm m sendo aplicaados a esses sistemas paraa analisar suaas condições de operação e melhorar ssua eficiência.. Sabe-se quee nestes sistem mas as perdass devem ser avvaliadas indivvidualmente para p cada com mponente, e quue a avaliação o das mesmass através da primeira p lei da d termodinâm mica, fornece conclusões liimitadas. Por outro lado, a análise exerrgética é umaa ferramenta de d suma impoortância, que fornece f inform mações complletas e realistaas sobre o usoo da energia e a destruiçãoo de exergia, identificandoo os locais onnde ocorrem e suas quanttidades. Assim m, este traballho apresenta a uma análisee energética e exergética de d um sistemaa de refrigeraação por com mpressão de vapor, v atravéss da utilização o de modeloss computacionnais, de modoo a avaliar o comportameento do sistem ma para váriaas condições dde temperaturra interna daa câmara e teemperatura am mbiente de opperação. Isto permite p identiificar e quanttificar as taxaas de destruiçã ão de exergiaa em todos os componentess do sistema. Palavras-chaave: Sistema de Refrigeraçção, Economiia de Energia a, Análise Eneergética, Anállise Exergéticca, Simulaçãoo Computacionnal. DUÇÃO 1. INTROD fí s de alguns alimentos, a torrna-se necessáário o uso dee Visando preservar o sabor e as prropriedades físico-química sistemas de refrigeração r p compressãão de vapor paara a sua armaazenagem. Esses sistemas dde refrigeração são grandess por consumidorees de energia e respondem por uma parrcela considerrável da demaanda, que vem m aumentando o nos últimoss anos. Dessa forma, no Brasil e no mundo, se vive v uma necessidade cadda vez maioor de reduzir o consumo,, principalmennte de energia elétrica, que é a modalidadde de energia mais nobre e que pode connsumir grandees quantidadess recursos prim mários para a sua s geração. Nas últim mas décadas, segundo Mooureh e Derenns (2000), houve um signiificativo aumeento no ritmo o de vida dass pessoas no mundo inteiiro. Tal fenôômeno levou a uma mud dança nos hábitos h alimenntares das populações p e,, consequentem mente, a um aumento a no coonsumo de alim mentos refrigeerados ou conngelados, por sserem mais fááceis e rápidoss de se preparaar do que outroos tipos de aliimentos. Segundoo Moureh e Derens D (2000), na França, o consumo de alimentos conngelados ou rrefrigerados attingiu valoress bastante conssideráveis com m crescimentoo médio alto ao a longo das ultimas u décadaas. O consumoo de alimentos refrigeradoss e congeladoss representou 45% do total das despesas relacionadas à alimentaçãoo, com um coonsumo médio o mássico porr pessoa de aprroximadamennte 30 [kg] porr ano. Neste coontexto, para se s obter reduçções no consum mo de energiaa em equipam mentos frigorífficos, é necesssária a análisee e posterior melhoria m doss sistemas, poor meio de avaliações a sob b ponto de vista v de prim meira e de seegunda lei daa termodinâmiica. O balançoo energético, ou o seja, a anállise de primeirra lei, largameente utilizada para avaliar a eficiência dee ciclos, é um m método básico b para investigação termodinâmiica que podde ocultar oss pontos de geração dee irreversibiliddades. De form ma complemenntar, então, um ma análise de segunda lei torna-se necesssária de modo o a identificarr tais irreversibbilidades e obbter um retratoo mais profunddo de como ellas são geradaas. Segundoo Ahamed et al. a (2011), ao se realizar a análise de prrimeira lei, a mesma m apontaa para as posssibilidades dee melhorias noo processo, um m ponto iniciial para otimizzação do sistema, sendo a base para see desenvolver a análise em m VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão termos de exergia. Ainda segundo os autores, o desvio entre o estado do fluido de trabalho no sistema e o ambiente de referência, é definido como o potencial teórico total de geração de trabalho e pode identificar os locais onde as irreversibilidades estão presentes e as perdas ocorrem. Dessa forma, a análise com base na exergia (de segunda lei) permite uma avaliação mais realista da eficiência do ciclo que a análise com base na energia (de primeira lei), já que esta sempre se conserva, enquanto a exergia pode ser destruída pelas irreversibilidades. Assim, a análise exergética gera a oportunidade de melhorar os sistemas térmicos em geral, de forma complementar à análise de primeira lei. Taufiq et al. (2007), mencionaram em seu estudo que a quantificação da geração de entropia ou a análise exergética podem ser usadas como ferramentas confiáveis para avaliar o consumo de energia e o impacto ambiental gerados por sistemas de refrigeração e produção de frio. Neste trabalho, os autores fazem a análise exergética de um sistema de ar condicionado com acumulação de gelo, demonstrando-se a economia de energia possibilitada pela aplicação desta análise. As possibilidades de redução de perdas são também analisadas e discutidas no trabalho de Fang et al. (2005). Uma considerável fonte de irreversibilidades dos sistemas de refrigeração é a grande quantidade de calor rejeitado para o ambiente à sua volta, em decorrência da transferência de calor com diferença finita de temperatura, principalmente quanto à rejeição de calor no condensador. Essas irreversibilidades são as causas da degradação no desempenho do sistema. Para avaliar este efeito, Chen et al. (2001) modelaram um ciclo de refrigeração para analisar as irreversibilidades na transferência de calor com diferença de temperatura finita, determinando a taxa de destruição de exergia de um sistema de refrigeração multi-pressão. Alkan e Hosoz (2010) apresentam uma análise exergética de um sistema de refrigeração, tendo como foco principal o compressor, com base em dados coletados em um sistema experimental. Estes autores consideraram as variações de desempenho do sistema para as operações do compressor com rotação fixa e variável. Os resultados mostram que a operação com rotação variável geralmente produz um COP (coeficiente de performance) superior à operação com rotação fixa. Além disso, segundo os autores, a capacidade de resfriamento e a taxa de destruição de exergia total das operações com rotação variável permanecem quase constantes, depois que certa velocidade do compressor é alcançada. Dessa forma, o principal objetivo do presente estudo é avaliar um dado sistema de refrigeração, identificando o comportamento de suas eficiências para várias condições de operação, em termos de temperaturas internas e externas. Também será mapeada a destruição de exergia em cada componente da instalação, a fim de apontar os principais pontos para melhorias no desempenho destes equipamentos. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Modelagem Matemática e Análise Exergética do Sistema de Refrigeração Segundo Stoecker e Jabardo (2002), o comportamento de um sistema refrigeração depende da interação entre seus componentes: compressor, evaporador, condensador e dispositivo de expansão. Dessa forma, cada um desses componentes deve estar em equilíbrio com os demais, respeitando as características individuais de cada um. Ou seja, um determinado componente pode impor restrições à faixa de operação dos demais e, consequentemente, ser restringido por estes. Matematicamente, as equações que descrevem o funcionamento dos componentes devem ser solucionadas levando-se em conta tais restrições, por meio de métodos iterativos e critérios de convergência, de forma a garantir o equilíbrio entre os componentes. Assim, com o objetivo de prever o comportamento de sistemas de refrigeração operando em equilíbrio, modelos matemáticos e simulações computacionais fazem-se necessários. Através desses modelos podem ser determinadas as condições operacionais de cada componente, quando um dado parâmetro se altera (por exemplo, condições ambientais) e o sistema atinge um novo ponto de equilíbrio. Portanto podese analisar o impacto da variação desse parâmetro nas condições de carga do sistema, trabalho de compressão, coeficiente de performance (COP), etc. Assim como nas eficiências de primeira e segunda lei. Além disso, permite analisar a influência de cada componente sobre o comportamento do sistema e verificar seus desempenhos individuais, mesmo operando em conjunto. Assim, para efetuar a modelagem matemática do sistema de refrigeração foi idealizada uma instalação para o resfriamento e congelamento de 16 [ton/dia] de carne de cordeiro, com capacidade frigorífica de 27,5 [TR]. Levando-se em conta todos os parâmetros de dimensionamento para sistemas de refrigeração, a partir do cálculo de carga térmica, seleção de equipamentos, etc., efetua-se um projeto completo do sistema de refrigeração idealizado. Como parâmetros de projeto para cálculo de carga térmica e dimensionamento do sistema, são adotados: a temperaturas de bulbo seco de 32 [°C] para as condições ambientes e a temperatura de -2 [°C] para a condição de armazenagem do produto dentro da câmara. O fluido refrigerante utilizado é o HCFC-22 e a Fig. 1 mostra o sistema idealizado, com seus componentes básicos. Através de dados de catálogo de fabricantes dos componentes do sistema de refrigeração, foram obtidas as informações necessárias para a modelagem dos mesmos, tais como: • • • • Volume deslocado pelo compressor, Rendimento volumétrico do compressor em função da relação de pressão. Capacidade por diferença unitária de temperatura para o condensador e evaporador, Vazão mássica máxima fornecida pela válvula. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão Figura 1: Esquema do sistema de refrigeração. As informações mencionadas anteriormente são utilizadas com o objetivo de simular o funcionamento dos componentes do sistema em conjunto. O sistema de equações não lineares, obtido através da modelagem matemática do compressor, condensador, evaporador e dispositivo de expansão, foram resolvidas com o auxílio de um programa computacional desenvolvido no software EES (Engineering Equation Solver). A solução dessas equações foi obtida através do método de da bisseção, para as temperaturas de vaporização e condensação, superaquecimento e subresfriamento. Cada solução do sistema corresponde a uma condição de equilíbrio do sistema de refrigeração, ou seja, determina um ponto em regime permanente para uma dada condição operacional. Para as análises de primeira e segunda lei da termodinâmica são consideradas, então, as seguintes hipóteses: Operação em regime permanente. Perdas de carga no condensador e evaporador são desprezadas. Sistema não troca calor com a vizinhança, com exceção do condensador e do evaporador. Variações de energia cinética e potencial são negligenciados. Os subscritos “e” e “s” representam entrada e saída, respectivamente, de cada volume de controle, que é representado pelo subscrito “vc”. Os subscritos em forma de números relacionam as grandezas aos pontos da Fig. 1. Assim, tem-se o seguinte equacionamento: Balanço de exergia para volume de controle (regime permanente): E d To Q j W j 1 T j m e m e e f e s f s (1) Cálculo de exergia específica de fluxo (energia cinética e potencial são negligenciados): e f h ho To ( s so ) (2) Onde: E d : exergia destruída; e f : exergia física; T j : temperatura na fronteira (superfície de troca de calor); To : temperatura de referência; s : entropia. A condição de referência é definida pela temperatura To=20 [°C] e pela pressão Po= 100 [kPa], que são utilizadas para o cálculo das propriedades ho e so. Segundo Ahamed et al. (2011), a rejeição e adição de calor são grandes fontes de irreversibilidades, e as taxas de destruição de exergia nos vários componentes do ciclo de refrigeração possuem magnitudes bastante diferentes. Ainda VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão segundo os autores, a análise exergética tem o objetivo de maximizar o uso da energia, permitindo avaliar os locais onde as perdas ocorrem, qualificando e quantificando a degradação da exergia. A partir das suposições mencionadas anteriormente, e da Eq. 1 em conjunto com o princípio de conservação de massa e com a primeira lei da termodinâmica, a exergia destruída é calculada para cada um dos componentes do sistema de refrigeração em análise. Assim: Para o evaporador, tem-se: Q evap m h1 h4 (3) T E d ,evap m e f 4 e f 1 1 o Tevap Q evap (4) Onde: Q evap : calor adicionado no evaporador; E d ,evap : exergia destruída no evaporador; : vazão mássica de fluido frigorífico; m Tevap : temperatura de vaporização; h : entalpia. Para uma vazão constante de ar no evaporador, o calor trocado com o fluido refrigerante é função direta da diferença entre a temperatura de entrada de ar no evaporador e a temperatura de vaporização. Assim, para modelar o evaporador, é satisfatório utilizar uma metodologia mais simplificada, por meio do fator de troca de calor do evaporador (Fevap), que representa a sua capacidade por diferença unitária de temperatura. Esta grandeza pode ser calculada a partir de dados fornecidos nos catálogos dos fabricantes (Stoecker e Jabardo, 2002). Portando, a capacidade de refrigeração é dada pela Eq. 5: Q evap Fevap TAEE Tevap (5) Onde: Fevap : capacidade por diferença unitária de temperatura; TAEE : temperatura do ar na entrada do evaporador. Aplicando-se a 1ª Lei da Termodinâmica, bem como a Eq. 1, ao volume de controle formado pelo compressor, pode-se determinar o seu trabalho teórico de compressão e a exergia destruída no mesmo, respectivamente. W12 m f h2 h1 (6) E d ,comp Welet m e f 1 e f 2 (7) Onde: W12 : trabalho de compressão; : exergia destruída no compressor. E d ,comp Para o rendimento volumétrico real (VR ) foram utilizados os dados de catálogo desse componente, e para o rendimento isentrópico ( isent ) foi utilizado uma curva típica para essa máquina térmica segundo Stoecker e Jabardo (2002). Ainda, podem-se adotar os rendimentos mecânico e elétrico, como respectivamente mec 0,90 e elet 0,90 . Assim: VR a RP2 b RP c (8) isent d RP 2 e RP f (9) VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão RP Pcond Pevap (10) W12 Welet (11) mec elet isent Onde: a, b, c, d , e, f : coeficientes dos polinômios de segundo grau; RP : relação de pressão; Pevap : pressão de evaporação; Pcond : pressão de condensação. Para o condensador, pode-se usar a mesma metodologia do evaporador (Stoecker e Jabardo, 2002). Assim tem-se: Q cond m h3 h2 (12) T E d ,cond m e f 2 e f 3 1 o Q cond Tcond Q F T T cond cond cond AEC (13) (14) Onde: Q cond : calor rejeitado no condensador; E d ,cond : exergia destruída no condensador; Tcond : temperatura de condensação; Fcond : capacidade por diferença unitária de temperatura; TAEC : temperatura do ar na entrada do condensador. E finalmente, para o dispositivo de expansão aplicando a Eq. 1, tem-se: E d ,disp m e f 3 e f 4 ou E d , disp T0 ( s3 s4 ) devido a h3 h4 (15) Onde: E d , disp : exergia destruída no dispositivo de expansão. A exergia destruída total é dada pela soma de exergia destruída em cada componente, como mostra a Eq. 16: E d ,total E d ,evap E d ,comp E d ,cond E d ,disp (16) O Coeficiente de Performance (COP) do sistema, que expressa a sua eficiência segundo a 1ª Lei da Termodinâmica, é dado por: . COP Q evap (17) . W comp E a eficiência exergética pode ser determinada por: m ef 4 ef 1 . Welet (18) VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão 2.2. Resultado e Discussões Efetua-se então a simulação do sistema para o ponto de projeto. Dessa forma, para efeito de validação do modelo, a Tab. 1 traz os resultados da simulação para o ponto de projeto, bem como seu desvio percentual em relação à condição real para o qual os componentes foram selecionados. No funcionamento real do sistema no ponto mencionado, esperase que as grandezas descritas da Tab.1 fiquem o mais próximo das estabelecidas em seu projeto, por isso foi feito menção ao desvio das mesmas. Tabela 1: Ponto de equilíbrio do sistema para a condição de projeto. Ponto de Projeto Ponto de Projeto Grandezas Desvio em % (Real) (Simulado) Temperatura da câmara [°C] -2,00 -2,00 Temperatura externa [°C] 32,00 32,00 Temperatura de condensação [°C] 42,00 42,13 0,30 Temperatura de vaporização [°C] -7,50 -7,27 3,00 Superaquecimento [°C] 8,00 7,90 1,30 Subresfriamento [°C] 6,00 6,00 0,10 Vazão mássica de refrigerante [kg/s] 0.580 0,579 0,03 Coeficiente de performance [1] 3,500 3,497 0,30 O comportamento dos componentes do sistema pode ser observado através de diversos pontos de equilíbrio obtidos através da simulação. Estes pontos de equilíbrio são considerados de regime permanente, sendo calculados para várias condições de temperatura da câmara e temperatura ambiente. Dessa forma, primeiramente observa-se o comportamento do coeficiente de performance do sistema ( COP ) para diferentes temperaturas internas da câmara frigorífica, fixando-se a temperatura ambiente de projeto (32°C). Observa-se na Figura 2 que existe uma redução do COP com a redução da temperatura interna da câmara. Por outro lado, a Figura 3 mostra que a capacidade frigorífica, o calor rejeitado no condensador e o trabalho de compressão também caem com a redução da temperatura interna da câmara. Considerando-se que a queda na capacidade frigorífica é muito mais acentuada com relação à queda no trabalho de compressão, e que conforme a Eq.12 o COP é a razão entre estas duas grandezas, justifica-se a queda do COP na Fig. 2 e mostra-se que o modelo está coerente com os resultados esperados. Figura 2: Coeficiente de performance em função da temperatura da câmara. Na Figura 4 pode-se observar a redução da vazão mássica de refrigerante, devido ao aumento do volume específico e a redução do rendimento volumétrico do compressor para menores temperaturas da câmara. Efeitos estes que contribuem para a redução da capacidade frigorífica e do trabalho de compressão. Em contraponto à análise das condições de operação com variação da temperatura interna da câmara para condições ambientais constantes, outra análise foi efetuada, mantendo a temperatura interna constante e variando as condições ambientais. Assim, com as condições internas mantidas à temperatura de projeto de -2 °C são simuladas variações nas condições operacionais do sistema devido às mudanças nas condições ambientais. Esta análise aproxima-se das condições operacionais a que os sistemas de refrigeração reais são submetidos durante seu funcionamento em campo. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão Figura 3: Calor trocado no evaporador e condensador e potência de compressão em função da temperatura da câmara. Figura 4: Vazão mássica de fluído refrigerante em função da temperatura da câmara. Figura 5: Coeficiente de performance em função da temperatura ambiente. Assim a Figura 5 mostra o comportamento do coeficiente de performance para uma faixa de condições ambientais compreendida entre 0 °C e 50 °C. Vale frisar que dificilmente um sistema real estaria sujeito a estas temperaturas, VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão porém esta larga faixa foi adotada justamente para estudar o comportamento do sistema quando submetido a condições extremas de funcionamento. Observa-se na Fig. 5 que existe uma redução do COP com o aumento da temperatura ambiente. Por outro lado, a Fig. 6 mostra que a capacidade frigorífica e o calor rejeitado no condensador caem, enquanto o trabalho de compressão sobe com o aumento da temperatura ambiente. Considerando-se que a queda na capacidade frigorífica e o aumento no trabalho de compressão, justifica-se a queda no COP na Fig. 5, sendo também demonstrado que o modelo está coerente com os resultados esperados e conhecidos sobre os sistemas de refrigeração por compressão de vapor. Figura 6: Calor trocado no evaporador e condensador e potência de compressão em função da temperatura ambiente. Na Fig. 7 a redução da vazão mássica de refrigerante, devido à redução do rendimento volumétrico do compressor para aumento da temperatura ambiente (maior relação de pressão), pode ser visualizada. As menores vazões mássicas de refrigerante contribuem para a redução da capacidade frigorífica, embora exista aumento do efeito frigorífico. Enquanto a maior relação de pressão (RP) contribui para o aumento da potência de compressão, devido ao menor rendimento volumétrico e isentrópico do compressor. Figura 7: Vazão mássica de refrigerante em função da temperatura ambiente. A análise exergética no sistema de refrigeração pode ser realizada de forma individual, isto é para cada um de seus componentes, podendo assim identificar os principais locais de destruição de exergia, exibindo os potenciais de melhoria do mesmo. Com isso uma avaliação em cada um dos principais componentes é efetuada nesse item, com o objetivo de identificar o que ocorre no sistema em termos de destruição de exergia. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão Primeiramente observa-se na Figura 8 a destruição de exergia em cada componente para uma dada condição de funcionamento do sistema, para a qual foram mantidas constantes as temperaturas ambiente e interna da câmara, 32 °C e -2 °C respectivamente (ponto de projeto do sistema de refrigeração). Observam-se parcelas maiores de destruição de exergia no evaporador 51,2 %, responsável pelo produto do sistema, e compressor 27,6 % sendo esse o elemento responsável pela utilização dos recursos externos da instalação em forma de potência elétrica. O condensador vem logo em seguida com 13,0 %. E embora seja um componente dissipativo, o dispositivo de expansão é responsável pela menor parcela da exergia destruída, 8,2 %. Sendo todos esses valores com relação à exergia destruída total, para a condição operacional mencionada. Figura 8: Exergia destruída nos componentes. As perdas de exergia relacionadas ao compressor são devido ao atrito mecânico, dissipação de energia elétrica e térmica e atrito com o fluido refrigerante, portanto estando associadas com as eficiências mecânica, elétrica e isentrópica. A diferença de temperatura finita do meio refrigerado é uma grande fonte de irreversibilidades em condensadores e evaporadores, e a destruição de exergia nesses componentes é proporcional à diferença de temperatura nos mesmos como poderá ser observado na sequência. O comportamento da eficiência de segunda lei ( ) para diferentes temperaturas interna da câmara frigorífica é mostrado na Figura 9. Figura 9: Eficiência exergética do sistema em função da temperatura da câmara. Na Tab. 2 pode observar que para menores temperaturas interna da câmara, ocorre menor destruição de exergia no sistema, além da menor potência elétrica consumida no compressor, contribuindo assim para maiores eficiências exergética. Na Fig. 10 observar-se o aumento da exergia destruída total com o aumento da temperatura interna da câmara, possuindo maior contribuição do componente compressor e condensador respectivamente. A exergia destruída no VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão compressor sofre aumento para maiores valores de potência elétrica consumida no mesmo (Tab. 2). A exergia destruída no condensador sofre aumento para maiores diferença de temperatura nesse componente, fato esse observado na simulação do sistema para a variação da temperatura interna da câmara, sendo mantida a temperatura ambiente (Tab. 2). Tcam [°C] 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 -2,0 -4,0 -6,0 -8,0 -10,0 -12,0 Tabela 2: Parâmetros observados para temperatura ambiente constante (32 °C). Ψ [-] Edes,TOTAL[kW] Edes,comp [kW] Welet [kW] Edes,cond [kW] Tcond-TAEC [°C] 0,2099 42,540 13,010 41,250 9,062 14,780 0,2247 42,180 12,630 40,150 8,360 14,090 0,2390 41,700 12,260 39,020 7,683 13,400 0,2526 41,160 11,900 37,890 7,053 12,720 0,2653 40,550 11,550 36,770 6,470 12,060 0,2771 39,890 11,220 35,660 5,931 11,420 0,2880 39,170 10,900 34,560 5,435 10,800 0,2978 38,390 10,600 33,470 4,980 10,190 0,3066 37,570 10,320 32,390 4,565 9,601 0,3142 36,710 10,070 31,330 4,189 9,031 0,3205 35,810 9,829 30,280 3,850 8,478 0,3167 34,660 9,593 29,240 3,485 7,792 0,3198 33,680 9,397 28,230 3,221 7,279 Figura 10: Exergia destruída nos componentes em função da temperatura da câmara. O comportamento da eficiência de segunda lei para diferentes temperaturas ambiente, sendo mantida a temperatura interna da câmara também foi analisado na Figura 11. Figura 11: Eficiência exergética do sistema em função da temperatura ambiente. VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão Tabela 3: Parâmetros observados para temperatura interna da câmara constante (-2 °C). Text [°C] Ψ [-] Edes,TOTAL[kW] Welet [kW] Edes,comp [kW] Edes,evap [kW] Δevap [°C] 48 0,1940 38,540 40,520 13,660 15,500 4,285 44 0,2170 38,300 38,730 12,780 16,530 4,528 40 0,2410 38,190 36,950 11,980 17,570 4,769 36 0,2680 38,210 35,190 11,250 18,620 5,009 32 0,2980 38,350 33,440 10,590 19,670 5,246 28 0,3310 38,610 31,690 10,010 20,720 5,480 24 0,3680 38,970 29,920 9,482 21,780 5,711 20 0,4110 39,400 28,110 8,993 22,840 5,938 16 0,4600 39,900 26,250 8,524 23,880 6,160 12 0,5180 40,420 24,290 8,055 24,920 6,379 8 0,5890 40,940 22,230 7,561 25,950 6,592 4 0,6780 41,440 20,040 7,017 26,950 6,800 0 0,7950 41,860 17,680 6,397 27,940 7,279 Na tab. 3 observa-se para maiores valores de temperatura ambiente, uma redução da exergia destruída total pelo sistema, mas em contrapartida uma maior utilização de potência elétrica pelo compressor, contribuindo assim para menores eficiências exergéticas. Os maiores valores de potência elétrica consumida pelo compressor implicam em maior destruição de exergia por parte desse componente (Tab. 3). Na Fig. 12 observa-se a redução da exergia destruída total com o aumento da temperatura ambiente, possuindo maior contribuição do componente evaporador. A exergia destruída no evaporador sofre redução para maiores valores de temperatura ambiente, devido às diferenças de temperaturas nesse componente serem menores, fato esse observado na simulação do sistema para a variação da temperatura ambiente, sendo mantida a temperatura interna da câmara (Tab. 3). Figura 12: Exergia destruída nos componentes em função da temperatura ambiente. 3. CONCLUSÃO O modelo mostrou resultados consistentes com o comportamento esperado de sistemas de refrigeração por compressão de vapor, largamente descritos na literatura. Num primeiro momento, o estudo avaliou os parâmetros operacionais do sistema para a condição ambiente de projeto. Em seguida, o sistema foi avaliado para a temperatura interna de projeto, para diferentes condições de temperaturas externas. Essa abordagem aproxima-se das condições operacionais da instalação frigorífica analisada, encontradas em campo. Assim, pôde-se observar a influência que cada componente exerce sobre os demais e foi possível obter dados operacionais para diversas condições de equilíbrio em regime permanente. Como já se havia mencionado, a análise de primeira lei informa o desempenho do sistema sem apontar onde as irreversibilidades estão afetando o sistema com mais intensidade. Por outro lado, do ponto de vista da segunda lei, obtém-se um mapeamento completo dos locais de geração dessas irreversibilidades. Assim, com o aumento da temperatura externa, é evidente a diminuição da eficiência exergética devido ao aumento da potência elétrica consumida no compressor, embora a exergia destruída total diminua, com grande contribuição nessa redução por parte do evaporador, devido as menores diferenças de temperatura nesse componente. Por outro lado, com o aumento da temperatura da câmara, ocorre o aumento da destruição de exergia nos componentes e, como conseqüência, no sistema como um todo. Essa degradação exergética possui como responsáveis em ordem crescente: dispositivo de expansão, condensador, evaporador e compressor. Mas embora a eficiência VII Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, 31 de julho a 03 de Agosto 2012, São Luis - Maranhão exergética seja maior para menores temperaturas da câmara, esse fato também se deve a menor potência elétrica consumida pelo compressor, devido ao menor fluxo mássico de fluido refrigerante para essas condições. Vale ressaltar que outros tipos de abordagem exergética adotadas em estudos similares podem influenciar nos resultados, porém algumas tendências gerais devem ser mantidas. Por exemplo, a exergia destruída no compressor é sempre diretamente proporcional à potência elétrica consumida nesse componente, assim como nos trocadores de calor (condensador e evaporador), a exergia destruída é sempre diretamente proporcional à diferença de temperatura em que ocorre a troca de calor. 4. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de expressar sua gratidão aos órgãos de fomento FAPEMIG, CAPES e CNPq pelo apoio financeiro a este trabalho e ao grupo de pesquisa NEST - Núcleo de Excelência em Geração Termoelétrica e Distribuída, situado na UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá. 5. REFERÊNCIAS Ahamed, J.; U.; Saidur, R.; Masjuki, H.; H., “A review on exergy analysis of vapor compression refrigeration system”, Renewable and Sustainable Energy Reviews, Vol. 15, pp. 1593–1600, 2011. 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Taufiq, B., N., Masjuki, H., H., Mahlia, T., M.,I., Amalina, M., A., Faizul, M., S., Saidur R., “Exergy analysis of evaporative cooling for reducing energy use in a Malaysian building”, The Ninth Arab International Conference on Solar Energy (AICSE-9), Kingdom of Bahrain Desalination, Vol. 209, pp. 238-243, 2007. EXERGY AND ENERGY ANALYSIS OF VAPOR COMPRESSION REFRIGERATION SYSTEM Tiago Mendes, [email protected]; Daniel Oliveira Mochizuki, [email protected]; Osvaldo José Venturini, [email protected]; Marcelo José Pirani, [email protected]. 1 Federal University of Itajubá, Av. BPS, nº 1303, Brazil Federal University of Itajubá, Av. BPS, nº 1303, Brazil 3 Federal University of Itajubá, Av. BPS, nº 1303, Brazil 4 Federal University of Itajubá, Av. BPS, nº 1303, Brazil 2 Abstract: The last years, eating habits change of population caused an increase demand for chilled or frozen prepared foods. This increased a high use of food refrigeration and conditioning through the cold. It is well known that cooling systems are major energy consumers, and in the last years mathematical models of these systems have been used to analyze its operation under various operational conditions and improve it efficiency. The losses on the system must be evaluated individually for each component, and the first law of thermodynamics, which considers only energy conservation, providing no more conclusive information. Furthermore, the exergetic analysis is a tool that provides complete and realists informations of the energy use and your destruction, identifying the locations and their quantities. Therefore, this work presents an energy and exergy analisis for a compression vapour refrigeration system, through the use of computer modeling, to evaluate the behavior of the system to various conditions of temperature of the chamber and ambient operating temperature. This allows identification and quantification of the rate of destruction of exergy in all system components. Keywords: Refrigeration system, energy savings, energy analisys , exergy analisys, computer simulation