ALDINEI MARTINS ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO AO CALOR (TENSÃO TÉRMICA) E CONFORTO TÉRMICO EM AMBIENTES DE TRABALHO Criciúma (SC), 2005 ALDINEI MARTINS ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO AO CALOR (TENSÃO TÉRMICA) E CONFORTO TÉRMICO EM AMBIENTES DE TRABALHO Monografia apresentada a diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para obtenção do título de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Orientador: Prof. Hyppólito do Valle P. Filho Criciúma (SC), 2005 ANÁLISE DA EXPOSIÇÃO AO CALOR (TENSÃO TÉRMICA) E CONFORTO TÉRMICO EM AMBIENTES DE TRABALHO ALDINEI MARTINS ESTA MONOGRAFIA FOI JULGADA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO. APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO. Hyppolito do Valle Pereira Filho, Ph.D. Coordenação do Curso Euclides Magri Coordenador Local Banca Examinadora: _____________________________ Hyppolito do Valle Pereira Filho, Ph.D. Orientador _____________________________ Simone Sommer Biléssimo – Membro _____________________________ Waldemar Pacheco Jr. – Membro AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS, por ter me dado forças para chegar até aqui. Aos professores que me mostraram o caminho. Aos meus familiares, esposa e amigos, que não me deixaram desistir. RESUMO Este trabalho foi elaborado com intuito de avaliar as condições de trabalho, relativas a exposição ao calor (tensão térmica) e ao conforto térmico, através de uma metodologia sugerida pela FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho. Para o desenvolvimento desta monografia, foram executadas quatro etapas principais: Na primeira etapa, foram feitos o reconhecimento do ambiente de trabalho e a identificação das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores envolvidos durante a jornada de trabalho. Na segunda etapa foram levantadas as variáveis que influenciam no conforto térmico, ou seja, velocidade do ar, umidade relativa do ar, temperatura do ar, temperatura radiante média do ambiente e ainda vestimenta utilizada e o metabolismo desenvolvido pelos indivíduos. A seguir estas variáveis foram analisadas através do método de Ole Fanger que utiliza estes parâmetros para determinar a sensação térmica experimentada pelas pessoas. Na quarta e ultima etapa foram feitas comparações entre os resultados obtidos com a aplicação desta metodologia e o resultado da avaliação através do IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – conforme anexo 3 da NR 15. Palavras-chave: CONFORTO TÉRMICO. EXPOSIÇÃO AO CALOR. TENSÃO TÉRMICA. ABSTRACT This work was elaborated with intention to evaluate the work conditions, relative the exposition to the heat (thermal stress) and to the thermal comfort, through of a methodology suggested for the FUNDACENTRO - Foundation Jorge Duprat Figueiredo of Security and Medicine of the Work. For the development of this monograph, four main stages had been executed: In the first stage, they had been made recognition of the environment of work and the identification of the activities developed for the involved workers during the hours of working. In second stage had been raised the 0 variable that influence in the comfort thermal, or either, air speed, relative humidity of air, temperature of air, average of the environment and clothes still used radiating temperature and metabolism developed for the individuals. To follow these 0 variable they had been analyzed through the method of Ole Fanger that it uses these parameters stop to determine the thermal sensation tried by the people. In fourth and it finishes stage had been made comparisons between the results gotten with the application of this methodology and the result of the evaluation through the IBUTG - Index of Bulb Humid Globe Thermometer - as attached 3 of NR 15. Key Words: COMFORT THERMAL. EXPOSITION TO THE HEAT. THERMAL STRESS. LISTA DE TABELAS TABELA 01: Exemplos de Medidas Técnicas........................................................23 TABELA 02: Regime de Trabalho Intermitente com Descanso no Próprio Local de Trabalho...............................................................................................................25 TABELA 03: Limites de Tolerância.........................................................................26 TABELA 04: Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade..................................27 TABELA 05: Jornada de Trabalho dos Operadores de Forno (FUSIL)................38 TABELA 06: Tempo de Exposição dos Operadores de Forno (FUSIL)...............41 TABELA 07: Composição dos Itens dos Uniformes dos Operadores.................42 TABELA 08: Atividade Física Desenvolvida pelos Operadores de Forno (FUSIL).......................................................................................................................43 TABELA 09: Valores Obtidos para Umidade Relativa do Ar (FUSIL)..................45 TABELA 10: Variáveis Encontradas Durante as Atividades do Operador de Forno da Empresa FUSIL.........................................................................................48 TABELA 11: Composição dos Itens do Uniforme do Funcionário MODECRIL..51 TABELA 12: Atividade Física Desenvolvida pelo Funcionário (MODECRIL)......53 TABELA 13: Valores Obtidos para Umidade Relativa do Ar (MODECRIL)..........53 TABELA 14: Variáveis Encontradas Durante as Atividades do Auxiliar de Serviços Gerais da Empresa MODECRIL...............................................................55 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 1.1 Tema, Fenômeno e Problemática...................................................................... 8 1.1.1 Tema ................................................................................................................. 8 1.1.2 Fenômeno ........................................................................................................ 8 1.1.3 Problemática .................................................................................................... 8 1.2 Objetivos ............................................................................................................. 9 1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 9 1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 9 1.3 Declaração das variáveis estudadas ................................................................ 9 1.4 Relevância do trabalho a engenharia e segurança do trabalho ................... 10 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 11 2.1 Calor .................................................................................................................. 11 2.1.1 Definição ........................................................................................................ 11 2.1.2 Efeitos Indesejáveis ...................................................................................... 11 2.2 Conforto Térmico.............................................................................................. 13 2.3 Mecanismos de Troca de Calor ....................................................................... 14 2.3.1 Convecção / Condução ................................................................................. 14 2.3.2 Radiação Térmica .......................................................................................... 14 2.3.3 Evaporação .................................................................................................... 15 2.4 Variáveis que Influenciam no Conforto Térmico ........................................... 16 2.4.1 De Natureza Ambiental.................................................................................. 16 2.4.2 Variáveis de Natureza Pessoal ..................................................................... 20 2.5 Medidas de Controle ........................................................................................ 22 3 LEGISLAÇÃO ....................................................................................................... 24 3.1 Procedimentos de Medição (Conforme NHO – 6 Norma de Higiene Ocupacional – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor) ........................ 28 3.1.1 Aspectos Gerais ............................................................................................ 28 3.1.2 Posicionamento do Conjunto de Medição .................................................. 29 4 METODOLOGIA de OLE FANGER SUGERIDA PELA FUNDACENTRO ........... 31 4.1 Equipamentos Utilizados ................................................................................. 34 4.2 Critérios Utilizados ........................................................................................... 35 5 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 36 5.1 Empresa Fusil ................................................................................................... 36 5.1.1 Descrição do Ambiente................................................................................. 36 5.1.2 Jornada de Trabalho ..................................................................................... 38 5.1.3 Seqüência de Atividades .............................................................................. 38 5.1.4 Vestimenta Utilizada...................................................................................... 41 5.1.5 Variáveis encontradas................................................................................... 42 5.1.6 Análise dos Valores IBUTG e M, conforme NR 15 – ANEXO 03................. 48 5.1.7.Valores obtidos através do “software” conforto 2.2 para o voto médio estimado e a porcentagem estimada de insatisfeitos ......................................... 48 5.2 Empresa MODECRIL ........................................................................................ 50 5.2.1 Descrição do Ambiente................................................................................. 50 5.2.2 Jornada de Trabalho ..................................................................................... 50 5.2.3 Seqüência das Atividades ............................................................................ 51 5.2.4 Vestimenta Utilizada...................................................................................... 51 5.2.5 Variáveis Encontradas .................................................................................. 52 5.2.6 Análise dos Valores de IBUTG e M conforme NR 15 – Anexo 03 .............. 55 5.2.7 Valores obtidos através do Software Conforto 2.2..................................... 55 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................. 57 6.1 Sugestões ......................................................................................................... 58 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 59 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 60 7 1 INTRODUÇÃO O homem desde o início de sua existência tem sofrido mudanças de postura e alterações em seu comportamento por meio de um processo evolutivo, em função da necessidade de sua adaptação ao meio em que vive, procurando sempre satisfazer suas necessidades e atingir o bem estar. Dentro destas necessidades, o sentimento de satisfação está compreendido e possui características relacionadas às condições de temperatura a qual o mesmo é exposto. Em um ambiente de trabalho a satisfação térmica é tratada pelo conforto térmico, ou seja, sensação de bem estar experimentada por uma pessoa. No entanto, pode-se observar que estas sensações de conforto geram diferentes reações nas pessoas, pois as mesmas são subjetivas e nem sempre um ambiente confortável para uma pessoa, poderá o ser para outra, nestas condições, adota-se referências que atendam o maior número de pessoas. Observa-se que altas temperaturas exercem grande influência sobre a capacidade produtiva dos seres humanos, provocando principalmente cansaço prematuro e desvio da atenção sobre o objetivo principal da atividade desempenhada. Em função destes fatores, dentre outros, a preocupação científica do homem com o seu conforto térmico é muito antiga, um exemplo disso é a obra “History and Art of Warming and Ventilation Rooms and Buildings” escrita por Walter Bernan e publicada em 1845. Nela o autor prevê que a criação e o controle de ambientes climáticos artificiais assumirão a dimensão de uma ciência que contribuirá 8 para o desenvolvimento da humanidade, para a preservação da saúde e para a longevidade do ser humano. (RUAS, 1999). 1.1 Tema, Fenômeno e Problemática 1.1.1 Tema Análise da exposição ao calor (tensão térmica) e conforto térmico em ambientes de trabalho. 1.1.2 Fenômeno Em função das diversas situações térmicas encontradas em nossos ambientes de trabalho, pode-se concluir que nem todas são agradáveis termicamente e principalmente pelo fato de estas situações serem subjetivas, ou seja, diferentes para cada tipo de pessoa. A avaliação pelo método do IBUTG, normalmente aplicada, pode tornar implícita a real situação, no entanto serve como fator de caracterização para o ambiente analisado, porém teoricamente julga-se necessário amarrar esta situação a uma metodologia que permita melhor avaliação dos ambientes laborais. 1.1.3 Problemática Existe possibilidade de se analisar as condições de conforto aplicando-se o disposto na NR 15, anexo 03 ou existe a necessidade de uma outra forma de análise como complementação. 9 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral • Analisar as condições de trabalho em duas empresas distintas, com relação ao conforto térmico, através do método do Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo – IBUTG, sugerida pela NR 15, anexo 03 e compará-lo com a análise feita através de uma metodologia proposta pela FUNDACENTRO. 1.2.2 Objetivos Específicos • Fazer o reconhecimento dos ambientes de trabalho, assim como as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores envolvidos e que serão alvos deste estudo; • Realizar a medição das variáveis que influenciam no conforto térmico; • Analisar as variáveis obtidas e comparar os resultados obtidos através das duas metodologias aplicadas. 1.3 Declaração das variáveis estudadas Os valores obtidos e relatados são oriundos de medições diretas das variáveis que influenciam no conforto térmico ou de valores extraídos de tabelas onde estão relacionados índices que demonstram o resultado de análises feitas em laboratórios e que servem de referência para avaliação do conforto térmico. São elas: 10 ♣ de natureza ambiental: ♣ Temperatura radiante média, velocidade, umidade e temperatura do ar. ♣ de natureza pessoal: ♣ Metabolismo e vestimenta utilizada. 1.4 Relevância do trabalho a engenharia e segurança do trabalho Este trabalho possui relevância do ponto de vista da saúde e higiene ocupacional, pois o mesmo apresenta uma metodologia que contribui na classificação dos ambientes de trabalho e contrasta com os índices alcançados através da análise do IBUTG, onde se pode observar que mesmo para um ambiente taxado como salubre para o desenvolvimento de atividades laborais, este pode apresentar certo desconforto aos trabalhadores e requer medidas de ordem operacional ou até mesmo administrativas para torná-lo mais agradável e com menor probabilidade de provocar acidentes ou doenças do trabalho, além de fornecer aos trabalhadores tornando-os mais dispostos para suas atividades. 11 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Calor 2.1.1 Definição O calor pode ser definido como uma forma de energia que provoca a evaporação dos líquidos, que funde os sólidos e dilata os corpos. Esta força pode ser produzida pela combustão ou ser originada pelo atrito de corpos, entre outros. É ainda uma forma de energia que pode estar presente nos mais diversos ambientes, como no ar livre, onde podem ocorrer exposições superiores aos limites de tolerância em função das condições climáticas e do tipo de atividade desenvolvida, ou ainda nos ambientes de trabalho, tais como: siderúrgicas, indústrias do vidro, cerâmicas, etc... Esta forma de energia pode ser transmitida de um corpo para outro através de várias formas que serão descritas posteriormente, porém cabe salientar que a quantidade desta energia que é entregue ou recebida, é determinada pela variação da temperatura do corpo que cedeu ou recebeu calor, bem como da natureza e da quantidade de matéria presente. 2.1.2 Efeitos Indesejáveis Ao ser exposto a altas temperaturas o homem sofre conseqüências explicitas principalmente em seu rendimento, quando a velocidade de seu trabalho 12 diminui e as pausas se tornam maiores e mais freqüentes, provocando também um aumento na possibilidade de ocorrer erros e acidentes na execução de suas atividades. As características físicas das pessoas expostas têm influência direta na capacidade de resistir ao calor, sendo que homens magros e musculosos são os que melhores se adaptam ao trabalho sob calor intenso, diferente das mulheres em geral e pessoas obesas que sofrem mais quando expostas a altas temperaturas. O corpo humano quando submetido a quantidades excessivas de calor (sobrecarga térmica), pode sofrer efeitos indesejáveis e alguns deles serão descritos a seguir: ♣ Golpe de Calor: ocorrem quando se realizam tarefas pesadas em ambientes muito quentes. Quando a fonte de calor é o sol, o golpe de calor é chamado de insolação. São sintomas: o colapso, convulsões, delírio, alucinações e coma sem aviso prévio. ♣ Prostação Térmica por queda do Teor de Água (desidratação): ocorre quando a água eliminada por sudorese não é reposta através do consumo de líquidos. É caracterizada pelo aumento da pulsação e da temperatura do corpo. A ingestão de líquidos de forma racional durante a jornada de trabalho é a medida preventiva adequada. ♣ Prostação Térmica pelo decréscimo do Teor de Sal: é produzida quando o consumo de sal é insuficiente para substituir as perdas de cloreto de sódio, causadas pela sudorese. Ocorre, principalmente com as pessoas que bebem água em abundância, sem a devida reposição de sal. São sintomas: a fadiga, tonturas, náusea, vômitos e cãibras musculares. 13 2.2 Conforto Térmico A primeira condição para se obter conforto térmico, é que o corpo esteja em equilíbrio térmico, ou seja, a quantidade de calor ganho (metabolismo + calor recebido do ambiente) deve ser igual à quantidade de calor cedido para o ambiente. Com o aumento da temperatura ambiente ou com o esforço físico desenvolvido para execução de determinadas atividades, o organismo tende a se aquecer, também a temperatura dos objetos e superfícies próximas ao corpo, a velocidade e a umidade do ar, tem influência direta na determinação de um ambiente térmico podendo provocar sensações desagradáveis de desconforto. Em função da não capacidade de armazenar calor, o corpo humano libera o excesso através da pele, e sendo o homem um ser homotérmico, seu organismo tende a manter-se com uma temperatura média e constante em torno de 36,5ºC. Este controle da temperatura corporal é realizado por um sistema chamado de termorregulador que atua sobre as glândulas sudoríparas e promove a produção de suor, que ao evaporar provoca resfriamento da superfície da pele. Este sistema termorregulador atua também na circulação sanguínea, através de vasodilatação e vasoconstrição controlando assim a quantidade de sangue em circulação, possibilitando maior ou menor troca de calor com o meio. Estes fenômenos naturais no homem tendem a gerar melhores condições de satisfação ao ser humano, no entanto, em determinadas situações não são suficientes e outras alternativas podem ser sugeridas, além de serem mais facilmente manipuladas, visando gerar maior conforto térmico para um ambiente laboral como, por exemplo, o aumento da velocidade do ar, que visa facilitar a troca de calor do corpo com o meio. 14 2.3 Mecanismos de Troca de Calor 2.3.1 Convecção / Condução O processo de remoção de calor por convecção ocorre quando o ar apresenta temperatura inferior à do corpo e este transfere calor pelo contato com o ar frio circundante em movimento. O aquecimento do ar provoca seu movimento ascensional. À medida que o ar quente sobe, o ar frio ocupa seu lugar, completandose, assim, o ciclo de convecção. Se a temperatura do ar for exatamente igual a temperatura da superfície do corpo, não haverá troca térmica por esse processo. Se a temperatura do ar for mais elevada do que a da superfície do corpo, o ar cederá calor para o corpo, invertendo-se o mecanismo. CONDUÇÃO - O calor é transmitido entre os sólidos, por contato direto. 2.3.2 Radiação Térmica É o processo pelo qual a energia radiante é transmitida da superfície quente para a fria por meio de ondas eletromagnéticas que, ao atingirem a superfície fria, transformam-se em calor. A energia radiante é emitida continuamente por todos os corpos que estão a uma temperatura superior a zero absoluto. Isso equivale dizer que uma pessoa num ambiente está continuamente emitindo e recebendo energia radiante, e o diferencial entre a energia recebida e emitida é que define se o corpo é aquecido ou resfriado por radiação. Dessa forma, se a temperatura das paredes de um 15 ambiente for inferior à da pele de um homem, este perderá calor por radiação. Se as paredes estiverem mais quentes que a pele, a temperatura do corpo aumentará por efeito da radiação. A radiação térmica não depende do ar ou de qualquer outro meio para se propagar, e a quantidade de energia radiante emitida por um corpo depende de sua temperatura superficial. 2.3.3 Evaporação Quando as condições ambientais fazem com que as perdas de calor do corpo humano por convecção e radiação não sejam suficientes para regular a sua temperatura interna, o organismo intensifica a atividade das glândulas sudoríparas e perde calor pela evaporação da umidade (suor) que se forma na pele. A explicação é simples: simultaneamente a transpiração ocorre a evaporação do suor, esse é um fenômeno endotérmico, isto é, para ocorrer precisa de calor cedido pelo corpo. De forma simplificada, pode-se dizer que um líquido evaporando sobre uma superfície quente extrai calor desta, resfriando-a. A resultante originada deste conjunto de mecanismos de troca de calor definirá se o organismo encontra-se ou não em equilíbrio térmico, conforme equação: S=M + C + R - E Onde: S = Equilíbrio térmico. M = Calor recebido através do metabolismo. C = Calor recebido ou cedido através de convecção/condução. R = Calor recebido ou cedido através da radiação. E = Calor cedido ao ambiente através da evaporação. 16 Para que o organismo esteja em equilíbrio térmico, é preciso que o resultado da equação seja S = 0. 2.4 Variáveis que Influenciam no Conforto Térmico Essas variáveis encontram-se divididas em dois grupos, somente para efeito de classificação, sendo as de natureza ambiental, relativas as variações do ambiente e as de natureza pessoal, relativas ao comportamento humano ou fisiológico dos envolvidos, no entanto, o efeito combinado de todas essas variáveis é o que determina a sensação de conforto ou desconforto térmico. 2.4.1 De Natureza Ambiental Serão descritas a seguir as variáveis que tem relação direta com fatores ambientais: 2.4.1.1 Temperatura do Ar Quando a temperatura do ambiente é inferior à da pele, a remoção de calor por convecção será tanto maior quanto menor for a temperatura do ar. Se o ar estiver a uma temperatura superior à da pele, ele cederá calor para o corpo por convecção. Quanto à evaporação, a influência da temperatura do ar dependerá da umidade relativa e da velocidade do ar, assim criando condições que possibilitem ou favoreçam este mecanismo de troca de energia. 17 2.4.1.2 Temperatura Radiante Média O organismo normalmente ganha calor, quando se encontra próximo de fontes que emitem grande quantidade de radiação infravermelha. A temperatura radiante média (trm) em um ambiente em relação a uma pessoa é determinada valendo-se dos valores de temperatura de glogo (tg), da velocidade do ar, na altura do globo (v) e da temperatura do ar (ta). A tg pode ser definida como a temperatura de equilíbrio medida no centro de uma esfera oca de cobre, pintada externamente de preto fosco. [...] O princípio do cálculo da trm é o de que estando o globo em equilíbrio térmico com o ambiente, então o calor trocado por radiação entre o globo e as superfícies circundantes é igual ao calor trocado por convecção entre o globo e o ar. Como a espessura do globo é pequena, a temperatura do ar confinado nele é aproximadamente igual à temperatura da superfície do globo. Conhecendo-se a temperatura superficial do globo é possível determinar a trm. Como pode-se ver a tg está relacionada com o calor trocado por convecção, que, por sua vez, depende da velocidade do ar que incide sobre o globo. Essa dependência é contabilizada pelo coeficiente de troca de calor por convecção (hc) [...]. Ruas (1999, 80-82p.) Que corresponde a: (6) Convecção Natural: Hc = 1,4 .Tg – Ta d 0,25 (7) Convecção Forçada Hc = 6,3 . v0,6 d0,4 Onde: hc – Coeficiente de troca por convecção, (W / M2 . ºC) tg – Temperatura do Globo, (ºC) ta – Temperatura do ar, (ºC) d – Diâmetro do globo, (m) v – Velocidade do ar na altura do globo, (m/s) 18 Dessa forma, quando v>0, o cálculo da trm só pode iniciar após conhecerse a real participação da velocidade do ar na troca por convecção. Isso é feito determinando-se hc para a convecção natural e a forçada. O maior valor de hc definirá se a trm deve ser calculada para a convecção natural ou para a forçada. Ruas (1999, 80-82p.) 8) A equação geral para o cálculo da trm com convecção natural é: trm = (tg + 273)4 + 0,25 . 108 . tg - ta å d 0,25 0,25 . (tg – ta) – 273 Onde: trm = temperatura radiante média (ºC) tg – temperatura do termômetro de globo (ºC) ta – temperatura do bulbo seco do ambiente (ºC) v – velocidade do ar na altura do globo (m/s) e – emissividade do globo d – diâmetro do globo (m) 9) Quando um globo com d = 0,15m e å = 0,95 for us ado, a equação 8 fica assim Ruas (1999, 80-82p.): trm = (tg + 273)4 + 0,4 . 108 . tg - ta0,25 . (tg – ta) 0,25 – 273 10) A equação geral para o cálculo da trm com convecção forçada é: trm = (tg + 273)4 + 1,1 . 108 . v0,6 . (tg - ta) å. d0,4 0,25 – 273 19 11) Quando um globo com d = 0,15m e å = 0,95 for usado, a equação 10 fica assim: trm = (tg + 273)4 + 2,5 . 10 8 . v 0,6 . (tg - ta) 0,25 – 273 Ruas (1999, 80-82p.) 2.4.1.3 Umidade Relativa do Ar A umidade relativa do ar, numa determinada temperatura e pressão, é a razão entre o número de gramas de vapor d’água existente em 1m3 (um metro cúbico) de ar seco e a quantidade máxima de gramas de vapor d’água que 1m3 de ar seco pode conter, no estado de saturação naquelas condições. A umidade relativa varia com a temperatura do ar. Com o aumento da temperatura, a quantidade máxima de vapor d’água que 1m3 de ar pode conter também diminui. Isso significa que quando se deseja umidade relativa menor num ambiente, deve-se reduzir a quantidade de vapor d’água no ar ou aumentar a temperatura do ar ambiente. Por outro lado, quando se deseja umidade relativa maior, deve-se aumentar a quantidade de vapor d’água no ar ou reduzir a temperatura do ar desse ambiente. A umidade relativa do ar tem grande influência na remoção de calor por evaporação, na medida em que a baixa umidade relativa permite ao ar relativamente seco absorver a umidade da pele rapidamente, e, com isso, promover também de forma rápida a remoção de calor do corpo. A alta umidade relativa produz efeito inverso. 20 2.4.1.4 Velocidade do Ar É necessário conhecer a temperatura e a umidade relativa do ar, para se analisar a capacidade de contribuição da ventilação na remoção de calor do corpo humano. Para a condição de ar não saturado e com a temperatura inferior à da pele, pode-se afirmar que: • Quando a ventilação aumenta: O processo de evaporação aumenta, porque a umidade do corpo é retirada mais rapidamente. O processo de convecção aumenta, porque a velocidade de troca do ar que rodeia o corpo é maior. • Quando a ventilação diminui: Os processo de convecção e evaporação também diminuem. 2.4.2 Variáveis de Natureza Pessoal Serão descritas a seguir as variáveis que se relacionam com fatores pessoais. 2.4.2.1 Vestimenta Utilizada A roupa é um elemento que dificulta a remoção de calor do corpo. • Diminui a troca térmica por convecção porque é um obstáculo ao movimento do ar junto a pele; • Diminui o processo de evaporação do suor num grau que varia conforme a permeabilidade da roupa ao vapor d’água. Quanto menor a permeabilidade da roupa, menor será a remoção de calor por evaporação. 21 • A interferência da vestimenta por troca térmica por radiação depende principalmente da emissividade e absortância de radiação da roupa e do cumprimento de onda da radiação. A resistência térmica da vestimenta depende principalmente do tecido e do modelo de fabricação da roupa; uma roupa longa, justa e de lã oferece maior resistência que uma curta, folgada e de algodão. A tabela I - Resistência térmica dos itens do vestuário (ANEXO 01), apresenta vários itens do vestuário com os respectivos isolamentos térmicos. A equação abaixo permite calcular o isolamento térmico da roupa usando-se os dados da tabela 1 onde a unidade adotada é o clo (1clo= 0,155 m2.ºC/W). ICL = Σ• ICLU Onde: ICL – Isolamento térmico básico da vestimenta ICLU - Isolamento térmico efetivo dos itens do vestuário 2.4.2.2 Metabolismo No processo metabólico o homem produz energia interna a partir da transformação dos alimentos. Essa energia é consumida na manutenção das funções fisiológicas vitais, na realização de trabalhos mecânicos externos (atividade muscular) e o restante é liberado na forma de calor. A produção de calor é contínua e aumenta com o esforço físico executado. A tabela 2 – Metabolismo para as diferentes atividades (ANEXO 02) apresenta a energia produzida pelo metabolismo pelas diferentes atividades. Nela os valores são dados na unidade Met: 1 Met = 58,2 W / m2 ou 50 Kcal / m2. h. Esta unidade representa a energia produzida no tempo 22 por unidade de área superficial do corpo, sendo assim varia com as características físicas das pessoas. 2.5 Medidas de Controle As medidas de controle devem obedecer aos mesmos critérios utilizados para outros riscos, ou seja, primeiramente serão adotadas ações sobre a fonte geradora, em seguida medidas sobre o ambiente e por último sobre o trabalhador. O manual do perito judicial, elaborado pela editora mestra, sugere que sejam consideradas como medidas de controle os seguintes procedimentos. A) Eliminação do risco o Mudança de processo produtivo. o Instalação dos equipamentos quentes no exterior. o Substituição dos equipamentos por outros com menor liberação calorífica. o Extremo: automatização total do posto de trabalho. B) Sobre o ambiente o Eliminar a radiação solar direta. o Evitar superfícies externas transparentes. o Usar barreiras externas e internas. o Orientar corretamente a construção. o Diminuir ganho por radiação. o Isolar a cobertura. o Isolar paredes e equipamentos o Molhar ou sombrear a cobertura. 23 o Diminuir o ganho por convecção. o Diminuir a temperatura do ar. o Refrigeração. C) Sobre os trabalhadores o Seleção adequada sobre o ponto de vista médico. o Aclimatização. o Pausas na atividade. o Roupas adequadas. o Óculos infravermelhos. o Controle de saúde ocupacional (periódico). o Entre outros. Este manual do perito judicial também apresenta medidas técnicas que podem ser tomadas alterando-se as variáveis que influenciam no conforto térmico, como mostra a tabela 03: TABELA 01: EXEMPLOS DE MEDIDAS TÉCNICAS MEDIDA FATOR ALTERADO Insuflação de ar fresco no local onde permanece o trabalhador. Temperatura do ar. Maior circulação do ar existente no local de trabalho. Velocidade do ar. Exaustão dos vapores de água emanados de um processo. Umidade relativa do ar. Utilização de barreiras refletoras (metal polido) ou absorvente (ferro) de radiação infravermelha. Calor radiante EPI – Lentes. Calor radiante –Deve reter mais que 95% Automatização do processo. Calor produzido pelo metabolismo. Fonte: FUNDACENTRO – Riscos Físicos 1994. 24 3 LEGISLAÇÃO No Brasil, não existe uma legislação específica para tratar sobre conforto térmico nos ambientes de trabalho, existe, porém, normas que caracterizam avaliações de exposição ao calor, sendo uma delas a NR 15 – Atividades e operações insalubres, em seu anexo 03 – Limites de tolerância para exposição ao calor, utilizada amplamente neste trabalho, e ainda a NHO 6 Norma de Higiene Ocupacional – Avaliação da exposição Ocupacional ao calor e que serão descritas a seguir: - NR 15 – Atividades e Operações Insalubres. - Anexo 03 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR. 1. A exposição ao calor, deve ser avaliada através do “Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo” (IBUTG) definido pelas equações que seguem. (C=115.0065/l=4). Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg Onde: tbn = temperatura do bulbo úmido natural tb = temperatura do globo tbs = temperatura do bulbo seco 25 2. Os aparelhos que devem ser usados nessa avaliação são: termômetros de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. (C = 115.007-3l = 4). 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. (C = 115.008-1l = 4). Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço. 1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro nº 1. TABELA 02: REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO REGIME DE TRABALHO TIPO DE ATIVIDADE INTERMITENTE COM DESCANSO LEVE MODERADA PESADA NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO (POR HORA) ATÉ 30,0 Trabalho contínuo Até 26,7 Até 25,0 45 min trabalho – 15 min descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 min trabalho – 30 min descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 min trabalho – 45 min descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Acima de 31,1 Acima e 30,0 NÃO É PERMITIDO O TRABALHO Acima de 32,2 SEM A ADOÇÃO DE MEDIDAS ADEQUADAS DE CONTROLE 2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 3. A determinação do tipo de atividade (leve, moderada ou pesada) é feita consultando-se o Quadro nº 3. 26 Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (local de descanso). 1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso, ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. 2. Os limites de tolerância são dados segundo o quadro nº 2. TABELA 03: LIMITES DE TOLERÂNCIA M (kcal/h) MÁXIMO IBUTG 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,0 450 25,5 500 25,0 __ Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte formula: __ M = Mt . Tt + Md . Td 60 Sendo: Mt – taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt – soma de tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho. Md – taxa de metabolismo no local de descanso Td – soma de tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso _____ IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora determinado pela seguinte fórmula: 27 _____ IBUTG = IBUTGt . Tt + IBUTGd . Td 60 Sendo: IBUTGt – valor do IBUTG no local de trabalho. IBUTGd – valor do IBUTG no local de descanso. Tt e Td – como anteriormente definidos. Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro nº3. 4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos efeitos legais. TABELA 04: TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE TIPOS DE ATIVIDADE SENTADO EM REPOUSO TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex: datilografia) Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex: dirigir) De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com braços TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas De pé, trabalho leve em máquina ou bancada com alguma movimentação Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex: remoção com pá) Trabalho fatigante Kcal/h 100 125 150 150 180 175 300 440 550 28 3.1 Procedimentos de Medição (Conforme NHO – 6 Norma de Higiene Ocupacional – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor) 3.1.1 Aspectos Gerais Antes de serem iniciadas as medições para determinação do IBUTG, deve ser observado o que segue: a) Quanto aos conjuntos convencionais: ♣ Verificar se os termômetros estão inseridos em um programa de calibração periódica; ♣ Verificar a não-existência de descontinuidade nas colunas de mercúrio (bolhas ou vazios); ♣ Verificar a integridade física de todos os seus componentes; ♣ Verificar a limpeza e a contaminação do pavio e da água destilada; ♣ Proceder a umidificação prévia do pavio. b) Quanto aos equipamentos eletrônicos de medição: ♣ Verificar a integridade eletromecânica e a coerência no comportamento de resposta do instrumento; ♣ Verificar a suficiência de carga das baterias para o tempo de medição previsto; ♣ Efetuar a calibração de acordo com as instruções do fabricante; ♣ Verificar a necessidade da utilização de cabo de extensão para eliminar a influência de interferências inaceitáveis; ♣ Proceder a umidificação prévia do pavio. 29 c) Quanto à conduta do avaliador: ♣ Evitar que seu posicionamento e conduta interfiram na condição de exposição sob avaliação, para não falsear os resultados obtidos. Se necessário, utilizar avaliação remota por meio do uso de cabo de extensão, para permitir leitura à distância; ♣ Adotar as medidas necessárias para impedir que o usuário, ou qualquer terceiro possa fazer alterações na programação do equipamento, comprometendo os resultados obtidos; ♣ Informar o trabalhador a ser avaliado que: • A medição não deve interferir com suas atividades habituais, devendo manter a sua rotina de trabalho, a não ser nas exceções; • O equipamento de medição só pode ser removido pelo avaliador; • O equipamento de medição não pode ser tocado ou obstruído. Os dados obtidos deverão ser invalidados sempre que: ♣ Houver qualquer prejuízo à integridade do equipamento; ♣ Os termômetros de mercúrio apresentarem descontinuidade na coluna de mercúrio; ♣ A calibração do equipamento eletrônico estiver fora da faixa de tolerância estabelecida pelo fabricante; ♣ Houver indicação de insuficiência de carga da bateria. 3.1.2 Posicionamento do Conjunto de Medição 30 O conjunto de medição deverá sempre ser posicionado no local de medição, de maneira que os sensores fiquem todos alinhados segundo um plano horizontal. Quando houver uma fonte principal de calor, os termômetros deverão estar contidos num mesmo plano vertical e colocados próximos uns dos outros, sem, no entanto, se tocarem. A posição do conjunto no ponto de medição deve ser tal que a normal ao referido plano vertical esteja na direção da fonte supracitada. Caso não haja uma fonte principal de calor, este cuidado torna-se desnecessário. A altura de montagem dos equipamentos deve coincidir com a região mais atingida do corpo. Quando esta não for definida, o conjunto deve ser montado à altura do tórax do trabalhador exposto. No caso do conjunto convencional, os termômetros devem ser posicionados de maneira que as escalas de leitura fiquem na face oposta àquela voltada para a fonte. 31 4 METODOLOGIA DE OLE FANGER SUGERIDA PELA FUNDACENTRO A metodologia aplicada neste trabalho foi extraída do livro Conforto térmico nos ambientes de trabalho (RUAS, 1999) e esta fundamentada nos estudos realizados pelo pesquisador Dinamarquês OLE FANGER, onde baseado na premissa de que para haver conforto térmico em uma determinada atividade física o corpo deve estar em equilíbrio térmico com certa temperatura média da pele e perdendo certa quantidade de calor por evaporação, o mesmo elaborou a equação que permite calcular a combinação das variáveis ambientais e pessoais que produzem o conforto térmico. No entanto em função da complexidade desta equação denominada de EQUAÇÃO DE CONFORTO, Fanger gerou com a ajuda de um computador uma série de combinações das variáveis dando origem a representações gráficas chamadas de DIAGRAMAS DE CONFORTO. (ANEXO 03). Para obtenção destes diagramas Fanger simplificou as variáveis da seguinte forma: NÍVEIS DE ATIVIDADE Sedentária – 58,2 W/m2 Média – 116,4 W/m 2 Pesada – 174,6 W/m = 1MET = 2MET 2 = 3MET POSSIBILIDADE DE VESTIMENTA (1 clo = 0,155 m2.0C/W) Sem roupa – Isolamento térmico 0 clo Roupa leve – Isolamento térmico 0,5 clo Roupa média - Isolamento térmico 1,0 clo Roupa pesada - Isolamento térmico 1,5 clo 32 TRM - TEMPERATURA RADIANTE MÉDIA igual a temperatura de bulbo seco, ou seja, desconsiderou a existência de fontes importantes de radiação. UMIDADE RELATIVA DO AR IGUAL A 50%, quando a TRM não puder ser considerada igual a temperatura do ambiente. Isto só é valido para temperaturas próximas as de conforto já que para altas temperaturas a umidade exerce grande influência. Ainda para definir o grau de desconforto experimentado pelas pessoas que se encontravam em situações que não apresentavam estas combinações, Fanger definiu um critério, relacionando as variáveis com uma escala de sensação térmica definida por ele e chamada de VME - VOTO MÉDIO ESTIMADO. Escala de sensação térmica -3 – muito frio -2 – frio -1 – leve sensação de frio 0 – neutralidade térmica 1 – leve sensação de calor 2 – calor 3 – muito calor Com isso, o pesquisador expôs mais de 1300 pessoas as diversas combinações das variáveis durante 3 horas. Para cada combinação e a cada 30 minutos cada pessoa expressava por voto a sua sensação. A partir daí foi determinada a equação de sensação térmica denominada VME – VOTO MÉDIO ESTIMADO. 33 Em função da dificuldade de aplicação da equação fanger elaborou uma tabela que fornece o VME (ANEXO 04) com as seguintes variáveis: ♣ Oito níveis de atividade; ♣ Sete possibilidades de vestimenta; ♣ Nove velocidades relativas do ar; ♣ Oito valores de temperatura do ambiente. Convém ressaltar a necessidade de se corrigir o VME, em função de Fanger ter considerado a umidade relativa do ar igual a 50% e a TRM - temperatura radiante média igual a temperatura do ar ambiente. Para isso o mesmo preparou os gráficos apresentados no ANEXO 05 e que permitem quantificar a influência da variação da TRM e da umidade do ar no Voto Médio Estimado. Para efetuar os cálculos relativos aos valores de escala de sensação térmica e voto médio estimado, foi utilizado o software conforto 2.2 (ANEXO 06), disponibilizado pela FUNDACENTRO. Este software foi desenvolvido pelo engenheiro Álvaro César Ruas dentro de seu trabalho de doutorado, em conjunto com a FUNDACENTRO, sob orientação da Dra. Lucila Chebel Labaki, da Faculdade de Engenharia Civil da UNICAMP, com base nas normas ISO 7730 (1994), ISO 8996 (1990), ISO 9920 (1995), ISO 7726 (1998) e ASHRAE 41.6 (1994), objetiva possibilitar a avaliação do conforto térmico nos ambientes edificados a partir dos principais fatores intervenientes na sensação térmica das pessoas (taxa de metabolismo, isolamento térmico da roupa, temperatura radiante média, temperatura, umidade relativa e velocidade relativa do ar). A meta também é possibilitar a simulação de interferências nos ambientes de forma a colaborar no processo de tomada de decisão para melhoria da sensação 34 térmica, principalmente nos locais de trabalho. Uma outra aplicação é como ferramenta para estimativa “instantânea” da sensação térmica em pesquisas brasileiras sobre conforto térmico. 4.1 Equipamentos Utilizados o Anemômetro: Utilizado para medir a velocidade do ar: Marca – KRON Modelo – TESTOVENT 4300 Campo de Medição – 0 à 40m/s Resolução – 0,1m/s Sensor – Hélice Visor – Digital o IBUTG: Equipamento utilizado para obtenção do índice de bulbo úmido – termômetro de Globo. Fornece leitura do termômetro de globo, termômetro de bulbo seco e termômetro de bulbo úmido. Marca – INSTRUTHERM Modelo – TED 200 Resolução – 0,1o C Visor – Digital o Psicrômetro Utilizado para determinação da umidade relativa do ar, com auxílio da carta Psicométrica (ANEXO 07). 35 Marca – IOPE Modelo – SPG 5 Variação – 0,5o C Visor – Analógico 4.2 Critérios Utilizados Antes de serem executadas as medições propriamente ditas, foi feito um acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores envolvidos, com intuito de determinar suas rotinas de trabalho, ou seja, qual a seqüência de tarefas que eram executadas, inclusive com o controle do tempo e grau de dificuldade das mesmas. Essas observações foram feitas durante toda a jornada de trabalho, podendo-se assim obter uma média do tempo de exposição as diferentes situações térmicas. A partir da determinação desta seqüência de atividades foram feitas as medições com os aparelhos instalados, sempre a altura do peito do empregado nos locais pré-determinados. Os tempos de medição foram feitos de forma a se respeitar a estabilização dos aparelhos, ou seja, no momento em que não houvesse mais variação da leitura. Foram feitos para cada ponto um número de 03 (três) leituras, por dia, durante 02 (dois) dias, adotando-se assim os valores médios para determinação do conforto térmico. 36 5 ESTUDO DE CASO Neste item serão tratados os aspectos principais deste trabalho e que foram desenvolvidos quase que sua totalidade nas empresas FUSIL (Fundição USIPE Ltda) e MODECRIL (Modelação Criciúma Ltda), possibilitando a conciliação das pesquisas realizadas e medições executadas “in loco” com os funcionários diretamente envolvidos. Na primeira empresa foi analisada a atividade laboral de um operador de forno, enquanto na MODECRIL, foi escolhido um auxiliar de serviços gerais, responsável pelo acabamento das peças. 5.1 Empresa Fusil Fundição USIPE Ltda, possui 80 funcionários divididos nos setores de administração, preparação, produção e acabamento. Produz peças fundidas como: carcaças de motores e de bombas, engrenagens, mancais entre outros produtos em diferentes ligas, atendendo os mais diversos segmentos. 5.1.1 Descrição do Ambiente Os fornos encontram-se instalados em um pavilhão industrial construídos em alvenaria de tijolos à vista, com piso regular cimentado, pé direito de 6 metros, coberto com telhas de Aluzink, a iluminação e a ventilação são feitas de forma natural através de amplos portões nas extremidades do galpão e iluminação complementar, através de lâmpadas fluorescentes. A edificação dispõe de redes de 37 hidrantes e extintores adequados ao risco devidamente inspecionados além de água potável refrigerada por bebedouros industrial. Neste pavilhão funcionam simultaneamente os setores de: moldagem, modelagem, macharia, laboratório e fundição. O setor de fundição que é alvo deste estudo ocupa a maior parte deste pavilhão, sendo dividido em duas áreas, onde em uma delas são distribuídos os moldes, ou seja, caixas de areia gabaritadas com o formato das peças a serem fundidas e que aguardam o carregamento com as ligas em fusão oriundas dos fornos. A outra área que compõe o setor de fundição é formado por uma plataforma onde estão distribuídos os fornos, sendo neste local o ponto de maior permanência dos operadores dos fornos. Esta plataforma encontra-se com um desnível de 40 cm acima do piso do galpão, construída em concreto armado, com largura de 4 metros e comprimento de 8 metros, possui piso regular cimentado e sobre ela estão instalados 05 (cinco) fornos com capacidades diferentes, variando entre 400 kg à 1000 kg, os mesmos funcionam com o mesmo princípio, ou seja, fusão do material através da indução de calor gerado por energia elétrica, trabalhado no máximo 02 (dois) fornos por turno. Ainda sobre as plataformas encontram-se instalados os painéis de controle e operação dos fornos e aparelhos dotados de termômetros especiais para medir a temperatura de fusão que gira em torno de 1600oC. Os materiais que irão alimentar os fornos, ou seja, sucatas e outros componentes que irão formar as ligas determinadas são dispostos ordenadamente sobre a plataforma, ocupando quase que a totalidade do piso. 38 5.1.2 Jornada de Trabalho A jornada de trabalho dos operadores de forno é disposta em 03 turnos obedecendo os seguintes horários: TABELA 05: JORNADA DE TRABALHO DOS OPERADORES DE FORNO (FUSIL) Nº de Entrada Saída OBSERVAÇÃO Funcionários (H) De segunda a 01 7:00h 17:00 sexta-feira com intervalo de uma hora para o almoço De segunda sexta 01 8:30 18:30 feira com intervalo de uma hora para o almoço De segunda a sexta 02 21:30 6:30 feira com intervalo de uma hora para refeição No período compreendido entre 18:30 hs. e 21:30 hs. os fornos são desligados em função do horário de pico e visando-se minimizar o consumo de energia. 5.1.3 Seqüência de Atividades O início das atividades do operador de forno se dá através da alimentação do forno com os materiais determinados em função da liga exigida no momento, esta determinação vem do setor de planejamento da produção e é disposto em um quadro próximo aos fornos. Este carregamento é realizado manualmente de forma contínua, ou seja, o material é colocado no forno aos poucos e a medida que é derretido, o operador controla o nível do material fundido, visando atingir a capacidade máxima do forno, ou quantidade pré-estabelecida. 39 A primeira remessa de carga colocada no forno, após cada fundição, será sempre a maior, além de levar mais tempo para derreter e representar uma menor sobrecarga térmica para o operador, no entanto exige maior tempo de exposição e um maior esforço físico por parte do mesmo. As remessas seguintes de carga são colocadas gradativamente e exigem menores esforços e menores tempos de exposição, porém a temperatura nas proximidades do forno é maior. Após cada remessa de carga, e enquanto aguarda o material carregado derreter, o operador executa a organização dos materiais dispostos sobre a plataforma e a retirada da escória. Esta escória é formada por impurezas como material oxidado ou outros produtos que flutuam no forno sobre o material derretido. O operador também é responsável pela retirada de uma amostra do material contido no forno, a qual é encaminhada para o laboratório e analisada visando à determinação da liga, comparando a mesma com os parâmetros exigidos. Em função do resultado desta análise, novos componentes são acrescidos no forno, para que possa ser atingida a liga pré-determinada, assim novas amostras são retiradas e analisadas até se obter os valores padrão da liga e com isso encaminhar o material derretido para a fundição. Além destas atividades o operador auxilia no processo de fundição, que se resume na vazagem do material derretido para os moldes distribuídos no piso do pavilhão. Durante esta etapa o operador opera a ponte rolante que auxilia no transporte do material e ainda controla a distribuição e enchimento dos moldes. Estas seqüências de atividades repetem-se várias vezes em um turno durando entre 40 e 60 minutos cada ciclo e estão dispostas no fluxograma a seguir: 40 FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES DO OPERADOR DE FORNO Estes ciclos foram observados durante dois turnos e cronometrados visando-se estabelecer tempos médios e que possibilitarão uma melhor análise das condições de exposição e/ou conforto térmico sofridas pelo operador conforme tabela a baixo: 41 TABELA 06: TEMPO DE EXPOSIÇÃO DOS OPERADORES DE FORNO (FUSIL) TAREFA DURAÇÃO ATIVIDADE FÍSICA (min) Alimenta o forno 6 Pesada Aguarda 5 Médio Alimenta forno 2 Pesada Aguarda 2 Leve Retira escória 1 Leve Confere a temperatura 1 Leve Retira a amostra 1 Leve Aguarda 5 Leve Alimenta forno 1 Leve Aguarda 2 Leve Retira escória 1 Leve Retira amostra 1 Leve Aguarda 5 Leve Vira o forno 1 Leve Auxilia na fundição 15 Leve 49 5.1.4 Vestimenta Utilizada A vestimenta utilizada pelo operador é formada por um uniforme que é fornecido pela empresa, composto pelos seguintes itens: 42 TABELA 07: COMPOSIÇÃO DOS ITENS DOS UNIFORMES DOS OPERADORES (FUSIL) ITEM MATERIAL ICLU Calça de trabalho Algodão 0,24 Camisa com gola manga curta Algodão 0,24 Sapato sola dura vinil - 0,03 Meia altura do tornozelo - 0,02 Couro 0,08 - 0,12 Mangas braço retardante de chama Algodão 0,05 Cueca Algodão 0,03 TOTAL 0,81 Luva grossa Avental, retardante de chamas 5.1.5 Variáveis encontradas A seguir serão dispostas as variáveis encontradas durante a execução das atividades do operador de forno da empresa FUSIL. 5.1.5.1 Isolamento Térmico da Vestimenta Os dados foram obtidos com base na tabela 1 – resistência térmica dos itens do vestuário e reflete o valor total ou somatório dos componentes da vestimenta do operador do forno. ICL = 0,81 CLO 5.1.5.2 Tipo de Atividade Física O tipo de atividade física representa o metabolismo. Estes dados foram extraídos da tabela 2 – metabolismo para diferentes atividades e relacionados com o quadro 3 – Taxas de metabolismo por tipo de atividade, do NR15 – (ANEXO 03), 43 juntos eles representam os esforços desprendidos pelo operador durante a execução de cada tarefa. Desta forma o tipo de atividade está relacionada com o local e as condições que são executadas as tarefas. TABELA 08: ATIVIDADE FÍSICA DESENVOLVIDA PELOS OPERADORES DE FORNO (FUSIL) TAREFA Duração Ativ. Física METABOLISMO (min) FUNDACENTRO ANEXO 03 (MET) NR15 (Kcal/h) Alimenta forno 6 Pesada 3,6 440 Aguarda 5 Médio 2,4 220 Alimenta forno 2 Pesada 3,6 440 Aguarda 2 Leve 1,7 150 Retira escória 1 Leve 1,7 150 Confere a temperatura 1 Leve 1,7 150 Retira a amostra 1 Leve 1,7 150 Aguarda 5 Leve 1,7 150 Alimenta forno 1 Leve 1,7 150 Aguarda 2 Leve 1,7 150 Retira escória 1 Leve 1,7 150 Retira amostra 1 Leve 1,7 150 Aguarda 5 Leve 1,7 150 Vira o forno 1 Leve 1,7 150 Auxilia na fundição 15 Leve 1,7 150 19 150 5.1.5.3 Temperatura do Ar A temperatura do ar foi obtida com base nos valores indicados no termômetro de bulbo seco e estão relacionadas às atividades executadas pelo operador, ou seja, foram medidas nos pontos onde são realizadas essas atividades. O posicionamento dos fornos, painéis e os pontos de medição das variáveis estão dispostos em croqui (ANEXO 08). 44 1º ponto – próximo ao forno durante o primeiro carregamento quando o mesmo encontra-se com baixa temperatura. TS = 31,7ºC 2º ponto – próximo aos painéis de operação e controle, local onde o operador executa os comandos de operação e organiza os materiais que serão alimentados no forno. (Durante o primeiro carregamento). TS = 30,5ºC 3º ponto – próximo ao forno, após o mesmo atingir a temperatura superior a 1300ºC, necessária para derreter o material. TS = 37ºC 4º ponto – próximo aos painéis de controle após o forno atingir a temperatura de 1300ºC, necessária para derreter o material. TS = 31,8ºC 5º ponto – no setor da fundição onde o operador auxilia nos trabalhos de enchimento dos moldes com o material fundido. TS = 30,5ºC 5.1.5.4 Velocidade do Ar A ventilação do galpão onde foram feitas as análises é realizada de forma natural através de portões nas extremidades do mesmo. Como as medições foram feitas em um único dia sem vento no interior do galpão, a velocidade do ar é de quase zero, portanto para este trabalho será adotado o seguinte valor: VAR<= 0,1m/s 45 5.1.5.5 Umidade Relativa do Ar A umidade relativa é medida através da relação entre as temperaturas de bulbo úmido e de bulbo seco extraídas dos termômetros montados em um aparelho denominado Psicrômetro. Estes valores são interpolados em uma carta psicométrica conforme ANEXO 05 e determinam o valor da umidade relativa. TABELA 09: VALORES OBTIDOS PARA UMIDADE RELATIVA DO AR (FUSIL) UMIDADE PONTO Ts (ºC) Tb (ºC) 1º 2º 3º 4º 5º 31,7 30,5 37,0 31,8 30,5 28,3 26,1 32,0 26,8 27,1 78 70 70 68 76 5.1.5.6 Temperatura Radiante Média Esta temperatura é determinada valendo-se dos valores da temperatura de globo (TG), da velocidade do ar na altura do globo (V) e da temperatura do ar (TAR). Os pontos de medição expostos abaixo são os mesmos utilizados para determinar a temperatura do ar e descritos anteriormente. LOGO, 1º ponto HC = Coeficiente de Convecção TG = 44,4ºC TS = 31,7ºC VAR = 0,1m/s Convencção natural Hc = 4,2 W/m2 .ºC Convecção forçada Hc = 3,38 W/m2. º C 46 TRM = [(TG + 273)4 + 0,4.108.TG - TS0,25. (TG – TS)]0,25 – 273 TRM = [(44,4 + 273)4 + 0,4.108. |44,4 – 31,7|0,25 . (44,4 – 31,7)]0,25 – 273 TRM = 51,61ºC 2º ponto HC = Coeficiente de convecção TG = 32,8ºC Convecção natural TS = 30,5ºC Hc = 2,77W/m2.º C VAR = 0,1m/s Convecção forçada Hc = 3,38W/m2.ºC Logo, TRM = [(TG + 273)4 + 2,5.108.V0,6. (TG – TS)]0,25 – 273 TRM = [(32,8 + 273)4 + 2,5.108 . 0,10,6 . (32,8 – 30,5)]0,25 – 273 TRM = 34º C 3º PONTO HC = COEFICIENTE DE CONVECÇÃO TG = 62º C Convecção natural TS = 37º C Hc = 5,03W/m2º C VAR = 0,1m/s Convecção forçada Hc = 3,38W/m2º C Logo, TRM = [(TG + 273)4 + 0,4.108 . |TG - TS|0,25.(TG – TS)]0,25 – 273 TRM = [(62 + 273)4 + 0,4.108 . |62 - 37|0,25 . (62 – 37)]0,25 – 273 TRM = 76ºC 47 4º ponto HC = Coeficiente de convecção TG = 32,4º C Convecção natural TS = 31,8º C Hc = 1,98W/m2.º C VAR = 0,1m/s Convecção forçada Hc = 3,38 W/m2.º C Logo, TRM = [(TG + 273)4 + 2,5 – 108 . V0,6.(TG – TS)]0,25 – 273 TRM = [(32,4 + 273)4 + 2,5.108 . 0,10,6 . (32,4 – 31,8)]0,25 – 273 TRM = 32,7º C 5º ponto HC = Coeficiente de convecção TG = 37,0º C Convecção natural TS = 30,5º C Hc = 3,59W/m2.ºC VAR = 0,1m/s Convecção forçada Hc = 3,38W/m2.ºC LOGO, TRM = [(TG + 293)4 + 0,4.108 . |TG - TS|0,25 . (TG – TS)]0,25 – 273 TRM = [(37 + 273)4 + 0,4.108 . |37 – 30,5|0,25 . (37 – 30,5)]0,25 – 273 TRM = 40,4ºC 5.1.5.7 Tabela Fundição 48 TABELA 10: VARIÁVEIS ENCONTRADAS DURANTE AS ATIVIDADES DO OPERADOR DE FORNO DA EMPRESA FUSIL Ponto TG TS TB Tempo Metabolismo Umidade TRM ICLO IBUTG (ºC) (ºC) (ºC) Exp. Fundacentro Anexo Relativa ºC (min) (%) (Met) 03 1º 44,4 31,7 28,3 6 3,6 (kcal/h) 440 78 51,6 0,81 33,4 2º 32,8 30,5 26,1 5 2,4 220 70 34,0 0,81 28,2 3º 62,0 37,0 32,0 8 2,4 220 70 76,0 0,81 41,3 4º 32,4 31,8 26,8 15 2,4 220 68 32,7 0,81 28,6 5º 37,0 30,5 27,1 15 1,7 150 76 40,4 0,81 30,1 _____ __ 5.1.6 Análise dos Valores IBUTG e M, conforme NR 15 – ANEXO 03 ______ IBUTG = 12 x 33,13 + 10 x 28,11 + 8,41 + 15 x 28,48 + 15 x 30,7 60 _____ IBUTG = 31,4 __ M = 12 x 440 + 10 x 220 + 8 x 220 + 15 x 220 + 15 x 150 60 __ M = 246,5 kcal/h Obs: Ao analisarmos os valores obtidos para um regime de trabalho contínuo, podemos classificar o ambiente como insalubre e que requer prática de medidas adequadas de controle. 5.1.7.Valores obtidos através do “software” conforto 2.2 para o voto médio estimado e a porcentagem estimada de insatisfeitos Aplicando-se neste programa os valores das variáveis levantadas e que influenciam no conforto térmico, temos: 49 ¬ 1º Ponto Essa avaliação resultou em condição mais desfavorável que a de VME = +3 (muito calor). A sensação térmica estimada e de extremo desconforto devido ao calor. Sugere-se verificar risco de sobrecarga térmica. ¬ 2º Ponto Voto médio estimado – 2,86 (muito calor) Estimativa da insatisfação – 98% ¬ 3º Ponto Essa avaliação resultou em condição mais desfavorável que a de VME = +3 (muito calor). A sensação térmica estimada e de extremo desconforto devido ao calor. Sugere-se verificar risco de sobrecarga térmica. ¬ 4º Ponto Voto médio estimado – 2,88 (muito calor). Estimativa de Insatisfação – 98% ¬ 5º Ponto Essa avaliação resultou em condição mais desfavorável que a de VME = +3 (muito calor). A sensação térmica estimada e de extremo desconforto devido ao calor. Sugere-se verificar risco de sobrecarga térmica. 50 Obs: Todos os pontos apresentam condições desfavoráveis a prática de atividades laborais, ou seja, sensação de muito calor, conforme a escala de conforto sugerida por Ole Fanger. 5.2 Empresa MODECRIL Esta empresa fabrica modelos de madeira e que são utilizados como moldes para fundição de peças para qualquer tipo de aplicação. 5.2.1 Descrição do Ambiente A confecção dos modelos é realizada em um galpão construído em alvenaria com paredes rebocadas e pintadas, possui piso regular com revestimento cerâmico e área construída de 50m2, coberto com telhas de cerâmica sem forro e com armação de madeira aparente. A iluminação e a ventilação são feitas de forma natural, através de uma porta e janelas de vidro basculante, além de iluminação complementar através de lâmpadas fluorescentes, não possui paredes divisórias e encontra-se equipada com extintores de incêndio adequados ao risco. O “layout” das máquinas possibilita uma circulação fácil e os trabalhos são executados em bancadas apropriadas. 5.2.2 Jornada de Trabalho Segunda à sexta-feira 8:00 às 12:00 hs. 13:30 às 17:30 hs. Sábado 8:00 às 12:00 hs. 51 5.2.3 Seqüência das Atividades Não existe uma seqüência seguida de forma rotineira, pois as tarefas surgem em função da demanda de trabalho e são específicas para cada modelo a ser construído. No entanto é possível descrever as tarefas executadas diariamente como segue: ♣ Aplicação de massa plástica nas peças prontas, visando obter-se superfícies lisas ou arredondadas, conforme solicitação dos clientes. ♣ Lixar as peças prontas; ♣ Colar madeiras para serem torneadas; ♣ Pintura de peças prontas; ♣ Limpeza e organização da empresa e das ferramentas. 5.2.4 Vestimenta Utilizada As variáveis foram medidas em dois dias diferentes, em função da temperatura externa, ou seja, em um dia de calor e outro com temperaturas mais amenas, o que proporcionou dois tipos de vestimenta diferente: TABELA 11: COMPOSIÇÃO DOS ITENS DO UNIFORME DO FUNCIONÁRIO (MODECRIL) 1º Dia TEMPERATURA EXTERNA AMENA (± 20ºC) ITEM MATERIAL ICLU (CLO) ALGODÃO Cueca 0,04 Camisa Esporte manga curta Algodão 0,18 Calça Folgada Algodão 0,22 Meia esportiva altura tornozelo Algodão 0,02 Tênis sola leve Lona 0,02 TOTAL 0,48 52 2º Dia TEMPERATURA EXTERNA ALTA (CALOR) (± 33ºC) ITEM MATERIAL ICLU (CLO) ALGODÃO Cueca 0,04 Camiseta sem manga Algodão 0,18 Bermuda até o joelho Algodão 0,08 Vinil 0,02 Sandálias TOTAL 0,32 5.2.5 Variáveis Encontradas 5.2.5.1 Isolamento Térmico da Vestimenta Os dados foram obtidos na tabela 1 – resistência térmica dos itens do vestuário e refletem o valor total ou somatório dos componentes das vestimentas do empregado. 1º Dia – ICL = 0,48 CLO 2º Dia - ICL = 0,32 CLO 5.2.5.2 Tipo de Atividade Física Representa o metabolismo e foi baseado na tabela 2 – Metabolismo para as Diferentes Atividades, e relacionados com o quadro 03 – Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade da NR 15 – Anexo 03 e juntos eles representam os esforços desprendidos pelo empregado durante a execução de suas tarefas. 53 TABELA 12: ATIVIDADE FÍSICA DESENVOLVIDA PELO FUNCIONÁRIO (MODECRIL) TAREFA DURAÇÃO ATIVIDADE METABOLISMO FÍSICA FUNDACENTRO NR 15 ANEXO 3 (kcal / h) Trabalho com Contínuo médio 2,4 220 máquinas e ferramentas 5.2.5.3 Temperatura do Ar Os valores expostos foram obtidos através da média aritmética de 3 observações para cada dia. 1º dia – TS = 23,0o C 2º dia – TS = 36,9o C 5.2.5.4 Velocidade do Ar Valor encontrado nos dois dias: Var = 0,1 m/s 5.2.5.5 Umidade Relativa do Ar TABELA 13: VALORES OBTIDOS PARA UMIDADE RELATIVA DO AR (MODECRIL) 1º Dia 2º Dia TEMPERATURA DE BULBO 21,4 SECO Temperatura de Bulbo Úmido 22,8 36,0 UR = 86% 70% 31,0 54 5.2.5.6 Temperatura Radiante Média Conforme descrito no item 5.1.5.6 a TRM é determinada valendo-se dos valores da temperatura de globo (TG), da velocidade do ar na altura do globo (Var) e da temperatura do ar (Tar). 1º dia HC = Coeficiente de convecção TG = 23,1o C TS = 23,0o C VAR = 0,1 m/s Convecção Natural Hc = 5,24 W/m2o C Convecção Forçada Hc = 3,38 W/m2.o C TRM = [(TG + 273)4 + 0,4.108.||TG-TS|0,25.(TG-TS)]]0,25 – 273 TRM = [(23,1 + 273)4 + 0,4.108.|23,1-23|0,25.(23,1-23)]0,25 – 273 TRM = 23,1o C 2º dia TG = 30,2o C TS = 36,9o C VAR = 0,1 m/s HC = Coeficiente de convecção Convecção Natural Hc = 3,61 W/m2o C Convecção Forçada Hc = 3,38 W/m2.o C 4 8 0,25 TRM = [(TG + 273) + 0,4.10 .||TG-TS| .(TG-TS)]]0,25 – 273 TRM = [(30,2 + 273)4 + 0,4.108.|30,2-36,9|0,25.(30,2-36,9+)]0,25 – 273 TRM = 26,2o C 5.2.5.7 Tabela MODECRIL 55 TABELA 14: VARIÁVEIS ENCONTRADAS DURANTE AS ATIVIDADES DO AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS DA EMPRESA MODECRIL Dia TG ºC TS ºC TB Tempo de Fundacentro NR 15 Umidade TRM IBUTG ICLO ºC Exposição Anexo Relat. % (min) 3 Met kcal/h 23,1 23,0 20,7 60 2,4 86% 23,1 21,4 0,48 1º TEMP. interna amena 2º 30,2 36,9 31,4 Temp. Externa alta - 2,4 70% 26,2 31,0 ______ __ 5.2.6 Análise dos Valores de IBUTG e M conforme NR 15 – Anexo 03 Os valores obtidos, analisados para um regime de trabalho contínuo demonstram para o primeiro dia, um ambiente salubre com IBUTG = 21,4 e atividade moderada, porém para o segundo dia o ambiente é considerado como insalubre com IBUTG = 31 e atividade moderada onde requer a prática de medidas adequadas de controle. 5.2.7 Valores obtidos através do Software Conforto 2.2 Aplicando-se neste software os valores obtidos para as variáveis que influenciam no conforto térmico, temos: Voto médio estimado e a porcentagem estimada de insatisfeitos ¬ 1º dia Voto médio estimado – 1,21 (leve calor) Estimativa de insatisfação – 35% 0,32 56 ¬ 2º dia Voto médio estimado – 2,91 (muito calor) Estimativa de insatisfação – 98%. 57 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS As duas metodologias apresentam características técnicas diferentes, sendo que o método do IBUTG, é suficiente para atender a legislação pertinente, no entanto serve apenas para caracterizar o ambiente como salubre ou insalubre. Já a metodologia sugerida pela fundacentro, apesar de trabalhar situações que podem ser consideradas como subjetivas, ou seja, relacionadas a características pessoais, nos permite identificar melhor as condições térmicas em um ambiente de trabalho. Esta diferença não fica totalmente clara nos resultados deste trabalho, em função dos ambientes analisados encontrarem-se próximos ou acima dos limites de desconforto, porém pode ser claramente identificada em outras situações como mostra a simulação abaixo: Em uma empresa X, levantou-se as seguintes variáveis: TB = 26,1ºC TG = 27,8ºC TS = 27,5ºC V = 0,2 m/s ICL = 0,35 CLO IBTUG = 0,7 TB + 0,3 TG = IBUTG = 0,7 . 26,14 + 0,3 . 27,8 IBUTG = 26,54 ATIVIDADE MODERADA = 2,4 MET Trabalho Contínuo – limite de tolerância até 26,7 Portanto o IBUTG está dentro do limite e a atividade é considerada como salubre, no entanto, estas variáveis analisadas através da metodologia proposta, obtem-se o seguinte resultado: Voto médio estimado = 2,00 (sensação de calor) Estimativa de insatisfação = 76% 58 As vantagens e desvantagens de cada metodologia, ficam por conta do objetivo a ser alcançado. A metodologia de Fanger, possibilita conhecermos as condições de conforto térmico em um ambiente de trabalho, no entanto não atende a legislação no que se refere a determinação de insalubridade deste mesmo ambiente e por tanto deve ser empregada com intuito de promovermos melhores condições laborais aos nossos trabalhadores. 6.1 Sugestões Este assunto deveria ser abordado e discutido no meio técnico, para que possamos classificar melhor nossos ambientes de trabalho, além de proporcionar melhores condições aos trabalhadores. Ainda outros estudos deverão ser realizados para definir a real efetividade destes procedimentos e da metodologia sugerida pela FUNDACENTRO. 59 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise de conforto térmico nos ambientes de trabalho, não é uma prática comum nas empresas brasileiras, principalmente pelo fato de não ser exigido na forma de lei, no entanto, os estudos realizados demonstram resultados que nos permitem obter maiores informações sobre as condições destes ambientes. A NR 15 em seu anexo 3 – limites de tolerância para exposição de calor, ao ser aplicada sozinha, analisa a exposição ao calor (tensão térmica) sofrida pelos trabalhadores, caracterizando o ambiente com salubre ou insalubre, como se apenas existissem situações extremas, sem classificar os meios termos. A metodologia sugerida pela FUNDACENTRO, para análise do conforto térmico, fornece possibilidade de se conhecer melhor as reais condições do ambiente, além de com a ajuda do software conforto 2.2, poder-se realizar simulações visando encontrar quais variáveis podem ser alteradas para se obter um ambiente mais confortável termicamente. 60 REFERÊNCIAS EQUIPE ATLAS. (coord). Ministério do Trabalho e Emprego. Segurança e Medicina do Trabalho: Lei n 6514 de 22 de dezembro de 1977. 52.ed. São Paulo: Atlas, 2003, 715p. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma de Higiene Ocupacional – NHO 06: Avaliação da Exposição ao Calor. São Paulo: FUNDACENTRO, 2002. RUAS, Álvaro César. Conforto Térmico nos Ambientes de Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 1999. _____. Avaliação de Conforto Térmico Contribuição à Aplicação Prática das Normas Internacionais. São Paulo: FUNDACENTRO, 2001. VIEIRA, Sebastião Ivone. (coord). Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 18.ed.. Florianópolis: Mestra, v2, 2002. _____. Manual do Perito Florianópolis: Mestra, 2002. Judicial: Insalubridade, Periculosidade. [s.ed.] 61 ANEXOS 62 ANEXO 01 Tabela 01 – Resistência térmica dos itens do vestuário 63 64 65 66 67 68 69 ANEXO 02 Tabela 02 – Metabolismo para as diferentes atividades 70 71 72 73 ANEXO 03 Diagramas de conforto 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 ANEXO 04 Voto Médio Estimado 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 ANEXO 05 Diagramas de conforto para correção da TRM e Umidade do ar 102 103 104 105 ANEXO 06 Demonstrativo do software Conforto 2.2 106 107 108 109 ANEXO 07 Carta Psicrométrica 110 111 ANEXO 08 Croqui do posicionamento dos fornos e pontos de medição 112