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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina
ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS DA BACIA DO RIO SOROCABA-SP:
UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO TURISMO ECOLÓGICO.
Maria Alice Gaiotto
PRÓXIMA
Realização:
ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável
NISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP
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ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS NA
BACIA DO RIO SOROCABA-SP: UMA CONTRIBUIÇÃO AO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO TURISMO
ECOLÓGICO
Maria Alice Gaiotto(2)
RESUMO
Nesse século, com o novo paradigma ambiental, tem-se o turismo ecológico das
áreas rurais em franco desenvolvimento, aumentando a demanda nos setores de
comércio e serviços ligados à ele, como parte integrante da vocação determinada
pela existência de recursos naturais, de belezas exuberantes, remanescentes da
Mata Atlântica. Assim, esse artigo trata da situação atual dos recursos naturais na
Bacia do Rio Sorocaba, à Sudoeste do Estado de São Paulo-Brasil, principalmente
no que tange à poluição ambiental devido aos resíduos urbanos, cujas disposições
finais inadequadas vêm pressionando os corpos d’água dos seus dezoito
municípios, condicionantes que poderão impedir investimentos nesse ramo do
turismo, visivelmente em ascendência em âmbito nacional. Esta análise, posterior à
década de 70, marco do desenvolvimento econômico que tem levado ao
adensamento populacional, ao detrimento da qualidade de vida e ao desequilíbrio
ambiental dessa região, cuja situação dos mananciais continua se agravando
devido, também, à falta de tecnologia adequada aos tratamentos dos efluentes, ao
uso e à ocupação desordenada dos solos. O mais importante, dentre todos os
objetivos, seria a apresentação dos aspectos sociais e ambientais no sentido de
contribuir com as propostas e planejamentos locais e regionais voltados ao
desenvolvimento sustentável e ambientalmente correto das comunidades rurais,
além da valorização da “cultura caipira”, baseada no resgate histórico dos
assentamentos humanos, cujo esplendor deve-se ao período dos pousos para
tropeiros e campos de engorda de gado, que teve nas Feiras de Sorocaba, na
segunda metade do Século XVIII, significativa importância no desenvolvimento
econômico e social dessa região paulista.
PALAVRAS CHAVES
Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba, Poluição Ambiental, Resíduos Urbanos,
Turismo Ecológico.
(2) Arquiteta, Mestre em Filosofia Social (PUC-Campinas) e Doutora em Estruturas Ambientais
Urbanas (FAU-USP/SP). End.p/ correspondência - Rua Paulo Bettini, 79 – Cerquilho – SP - Brasil
– CEP 18520.000 – e-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO
Nesse século, com o novo paradigma ambiental, tem-se o turismo ecológico
das áreas rurais em franco desenvolvimento, aumentando a demanda nos setores
de comércio e serviços ligados à ele, como parte integrante de uma vocação
determinada pela existência de recursos naturais, de belezas exuberantes,
remanescentes da Mata Atlântica.
Interpreta-se, aqui, o conceito de turismo ecológico ligado ao do eco-turismo,
cujas atividades utilizam, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,
incentivando sua conservação, bem como a formação de uma consciência
ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das
populações. Entre os recursos e atrativos básicos para o desenvolvimento desta
atividade estão os ambientes naturais conservados, o patrimônio histórico-cultural e
modos de vidas peculiares. (1)
A Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê - UGRHI – 10 – abrange 34
municípios, à Sudoeste do Estado de São Paulo/Br, formada por cinco sub-bacias:
Médio Tietê Superior, Médio Tietê Inferior, situadas na Bacia do Médio Tietê, e SubBacia do Alto Sorocaba, do Médio Sorocaba/Pirajibu e do Baixo Sorocaba
Sarapuí/Tatuí/Pirapora, na Bacia do Sorocaba, cujo rio de mesmo nome, seu
principal corpo d’água, atualmente em vias de tornar-se mais um condenado à
morte, caso providências urgentes não forem tomadas de modo a impedir que sua
degradação atinja níveis que impeçam sua utilização, desde o abastecimento
doméstico e industrial, irrigação, dessedentação de animais, até a recreação e o
lazer. (2)
Assim, esse artigo trata da situação dos recursos naturais na região da Bacia
do Rio Sorocaba (5.269 Km2), principalmente no que tange à poluição ambiental
devido aos resíduos urbanos, cujas disposições finais inadequadas vêm
pressionando os corpos d’água dos seus municípios, tais como Ibiúna, Vargem
Grande Paulista, Alumínio, Araçoiaba da Serra, Iperó, Mairinque, Sorocaba,
Votorantim, Alambari, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Laranjal Paulista,
Piedade, Quadra, Salto de Pirapora, Sarapui e Tatuí. Condicionante que poderá
impedir investimentos no ramo do turismo ecológico, visivelmente em ascendência
em âmbito nacional.
Esta análise, realizada para elaboração de nossa tese de doutorado(2),
posterior à década de 70, marco do desenvolvimento econômico que tem levado ao
adensamento populacional, ao detrimento da qualidade de vida e ao desequilíbrio
ambiental dessa região, cuja situação dos mananciais visivelmente continua se
agravando devido, também, à falta de tecnologia adequada aos tratamentos dos
efluentes, ao uso e à ocupação desordenada dos solos.
Segundo o Censo 2000 do IBGE, a Bacia do Rio Sorocaba possui uma
população de 1.052.224 habitantes.
No período de 1970 a 2000, data principal de delimitação dessa pesquisa, os
municípios pertencentes às Sub-Bacias do Rio Sorocaba, bem como suas
respectivas populações, encontram-se relacionados na TABELA 1, a seguir.
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TABELA 1 – População da Bacia do Rio Sorocaba – 1970 a 2000
SUB-BACIA
MUNICÍPIO
1970
Alto Sorocaba
Ibiúna
24.391
Vargem Gde. Pta.
Sub-total
24.391
Alumínio
Araçoiaba da Serra
6.557
Médio Sorocaba/Pirajibú Iperó
6.439
Mairinque
18.858
Sorocaba
175.677
Votorantim
26.932
Sub-total
234.463
Alambari
Capela do Alto
5.023
Cerquilho
6.960
Cesário Lange
5.755
Baixo Sorocaba
Laranjal Paulista
13.107
Sarapuí/Tatuí/Pirapora Piedade
27.640
Quadra
Salto de Pirapora
9.001
Sarapuí
5.013
Tatuí
39.760
Sub-total
112.259
Total
371.113
POPULAÇÃO TOTAL
1980
1991
1996
2000
31.616 48.770 55.920
64.160
19.061 23.700 26.689
32.548
50.677 72.470 82.609
96.708
12.334 17.256 13.260
15.249
8.469 14.436 17.125
19.767
6.558 10.480 14.283
19.183
30.669 42.917 32.345
39.688
268.396 376.513 431.561
494.649
52.801 80.190 87.191
95.940
379.227 541.792 595.765
684.476
2.859
3.450
3.444
3.668
7.345 10.711 12.603
13.980
12.251 19.938 24.977
29.508
7.815 11.102 12.755
12.840
15.115 19.047 20.718
22.081
35.786 43.415 41.232
50.119
2.151
2.656
14.562 25.136 30.480
35.088
3.422
6.481
7.005
7.801
55.207 76.303 84.716
93299
154.362 215.583 240.081
271.040
584.266 829.845 918.455 1.052.224
Fontes: IBGE (1970 e 1980); DAEE (1993); de 1991 e 1996: CBH/SMT (1997): de 2000: Jornal
Diário Popular – edição de 22/Dez./2000.
No censo de 1970, a população da Bacia do Rio Sorocaba era de 371.113
habitantes. Desse total, já nessa época, a maioria (63,18%) concentrava-se na SubBacia do Médio Sorocaba Pirajibú, na qual se localiza o município de Sorocaba, com
a maior densidade demográfica da bacia (47,33%); a seguir, Votorantim (7,25%) e
Mairinque (5,08%). Na Sub-Bacia do Baixo Sorocaba Sarapuí/Tatuí/Pirapora, com
30,34% habitantes do total da bacia, destacava-se Tatuí (10,70%), seguido de
Piedade (7,44%), e Laranjal Paulista (3,53%). Na Bacia do Alto Sorocaba, onde se
localiza a Represa de Itupararanga, 6,48% do total de habitantes.
Em 1980, a população da bacia aumentou 57,43% em relação a 1970 e a SubBacia do Sorocaba/Pirajibu manteve-se a mais populosa (64,90%), seguida da SubBacia do Baixo Sorocaba Sarapuí/Tatuí/Pirapora (26,41%).
Nesse período, nota-se crescimento populacional em todos os municípios e
Sorocaba continua mantendo a maior densidade, até o ano 2000, no qual,
praticamente, duplica a sua população em relação a 1980 (47% do total da bacia).
Na Sub-Bacia do Baixo Sorocaba Sarapuí/Tatuí/Pirapora, cabe destacar o
município de Tatuí, em 2000 (25,75% do total da bacia); seguido de Piedade
(4,76%) e Salto de Pirapora (3,33%).
Do desenvolvimento industrial decorre o aumento da densidade demográfica,
ambos nem sempre acompanhados de melhoria e do provimento da infra-estrutura
urbana e de outras necessidades ligadas à qualidade de vida do ser humano. (3)
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Assim, mais importante dentre todos os objetivos seria a levantamento e
apresentação dos aspectos sociais e ambientais no sentido de contribuir com as
propostas e planejamentos locais e regionais voltados ao desenvolvimento
sustentável e ambientalmente correto, também, das comunidades rurais, além da
valorização da “cultura caipira”, baseada no resgate histórico dos assentamentos
humanos, cujo esplendor deve-se ao período dos pousos para tropeiros e campos
de engorda de gado, que teve nas Feiras de Sorocaba, na segunda metade do
Século XVIII, significativa importância no desenvolvimento econômico e social dessa
região paulista.
Dados sobre os recursos hídricos e saneamento básico, foram pesquisados
junto à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP, nos
municípios de sua competência e, nos demais, nas autarquias municipais
responsáveis por esse setor. Para quantificar a disponibilidade hídrica em termos de
águas superficiais da região, utilizamos os dados publicados no Relatório de
Situação dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio Sorocaba, 1995, (4) e o Plano
Integrado de Aproveitamento e Gerenciamento dos Recursos Hídricos da Bacia do
Rio Sorocaba (5).
RECURSOS HÍDRICOS NA BACIA DO RIO SOROCABA
O Rio Sorocaba, formado pelos rios Sorocabuçu e Sorocamirim, cujas
cabeceiras se encontram nos municípios de Ibiúna, Cotia, Vargem Grande Paulista e
São Roque, é o afluente mais importante na margem esquerda do Médio Tietê, em
seu curso médio, e também principal fonte de abastecimento hídrico da região, que
compreende 5.269 Km2, do leste para o oeste, desde as nascentes no Planalto
Atlântico. O rio inicia-se na “região serrana elevada”, passa por uma pequena área
de “escarpas de falhas da Serra do Mar” e segue em direção às “áreas cristalinas de
topografia mamelonar” até encontrar, em linha transversal norte/sul, na altura da
cidade de Sorocaba, a “depressão periférica”, nos afloramentos de terrenos do
Grupo Tubarão, percorrendo áreas rurais até encontrar a sua foz, no rio Tietê. (5)
No represamento das águas do Rio Sorocaba, uma barragem forma o
reservatório de Itupararanga, constituindo-se em importante manancial para a
região, drenando os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio, Piedade, São
Roque, Cotia, Vargem Grande Paulista e Votorantim.
Depois
desse
barramento,
o
rio
atravessa as cidades de
Votorantim e Sorocaba,
com significativo parque
industrial, e percorre
80Km em zona rural,
antes de desembocar no
Rio Tietê, no trecho
médio superior, já no
município de Laranjal
Paulista.
Fig. 1 – Vista parcial da cidade de Sorocaba – 2000
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul – ed.15/05/1999 – p. 10
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Os mais importantes afluentes do Rio Sorocaba são os rios: Ipanema, Pirajibu,
Pirapora, Tatuí e Sarapuí.
Devido à extensão e às peculiaridades intra-regionais a Bacia do Sorocaba foi
subdividida nas seguintes Sub-Bacias:
1. Alto Sorocaba: com área drenada de 851 km2, inicia-se nas cabeceiras dos
formadores do Rio Sorocaba, Rio Sorocabuçú e Sorocamirim, incluindo a
Represa de Itupararanga. Engloba os seguintes municípios: Ibiúna e Vargem
Grande Paulista.
2. Médio Sorocaba/Pirajibu: com 1.309 km2, de área drenada, inicia-se no final da
barragem de Itupararanga, prolonga-se até a foz do Rio Sarapuí, englobando os
seguintes municípios: Alumínio, Araçoiaba da Serra, Iperó, Mairinque, Sorocaba
e Votorantim. Seus principais afluentes são: Rio Ipanema e Rio Pirajibu.
3. Baixo Sorocaba Sarapuí/Tatuí/Pirapora: com 3.109 km2 de área de drenagem,
inicia-se no trecho da bacia que vai da nascente do Rio Sarapuí até a
desembocadura do Rio Sorocaba no Tietê. Engloba total ou parcialmente, os
seguintes municípios: Piedade, Salto de Pirapora, Sarapuí, Alambarí, Capela do
Alto, Tatuí, Quadra, Cesário Lange, Cerquilho e Laranjal Paulista.
RIO SOROCABA – PRINCIPAIS TIPOS DE POLUIÇÃO
Aqui, trataremos da situação dos recursos hídricos da região da Bacia do Rio
Sorocaba, principalmente no que se refere aos principais tipos de poluição ambiental
que a atinge, tanto pela exploração da agroindústria canavieira e outras culturas,
como das atividades minerarias, ou pelas indústrias urbanas, nem todas tratando
seus efluentes que despejados “in natura” e somados aos esgotos domésticos
lançados aos corpos d’água sem qualquer tratamento na maioria dos municípios da
Bacia do Rio Sorocaba, exercem pressão em praticamente todos os mananciais que
a compõem.
Quanto às condições ambientais, repete-se na região o que acontece em todo
o Estado de São Paulo, as cidades e as áreas com maiores índices de
desenvolvimento econômico se situam nas regiões onde tais condições apresentam
o pior estado, conseqüência desse desenvolvimento que tem provocado maior
adensamento populacional nessas últimas décadas, principalmente na Sub-Bacia do
Médio Sorocaba/Pirajibu, com relação às cidades de Sorocaba, Votorantim e
Mairinque, e também na Sub-Bacia do Baixo Sorocaba Sarapui/Tatuí/Pirapora, em
Tatui, Boituva e Cerquilho.
O Decreto n.º 10755/77, que dispõe sobre o enquadramento dos corpos de
água receptores do Estado de São Paulo, classifica o Rio Sorocaba como Classe 2;
com exceção feita ao Ribeirão Varjão, afluente do Ribeirão Pirajibu, no município de
Mairinque, enquadrado na Classe 3; ao Córrego do Matadouro Velho até a
confluência com o Rio Tatuí; ao próprio Rio Tatuí, a jusante da captação de água de
abastecimento de Tatuí até a confluência com o Rio Sorocaba, ambos no município
de Tatuí. (6)
Assim, na região da Sub-Bacia do Alto Sorocaba, incluindo a Represa de
Itupararanga, a qualidade das águas do Rio Sorocaba é ótima e boa; passando a
seguir, até chegar às cidades de Votorantim e Sorocaba, à aceitável; depois que
atravessa por esses grandes centros urbanos, se torna ruim. Desse ponto em
diante, segundo monitoramento da CETESB, a poluição se faz sentir devido,
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principalmente, à quantidade de efluentes domésticos e industriais, tratados
parcialmente, fazendo dos mananciais receptores dessa carga orgânica, associada
à falta de planejamento do uso e ocupação dos solos tanto urbanos quanto rurais.
Não obstante isso, a população depende diretamente deste rio e de seus afluentes,
dos quais faz a captação e tratamento até o estado potável da água para o seu
abastecimento.
Devido à capacidade de autodepuração do rio, a alguns quilômetros antes da
captação de água bruta para o município de Cerquilho, torna-se novamente
aceitável e segue nessas condições até a sua foz com o Rio Tietê.
Desse modo, essa região engloba, hoje, os mais sérios problemas ambientais
de natureza orgânica e inorgânica, inclusive nuclear, tais como:
¾ A poluição orgânica e inorgânica dos resíduos sólidos (depositados em “lixões” a
céu aberto) e do esgoto doméstico da área urbana e das indústrias, despejados,
“in natura”, nos mananciais e no Rio Sorocaba, Além dos municípios,
pertencentes à Sub-Bacia do Baixo Sorocaba Sarapuí/Tatuí/Pirapora, os demais,
que compõem a Bacia do Sorocaba, e outros, do Médio Tietê, também lançam
seus resíduos domésticos e industriais, sem qualquer tratamento, nos afluentes
do Sorocaba, ou diretamente nesse rio;
¾ A poluição inorgânica de inúmeras indústrias, que ainda não possuem qualquer
tratamento de seus efluentes;
¾ A poluição orgânica e inorgânica do vinhoto, adubos e defensivos agrícolas,
principalmente da produção canavieira, que domina a agroindústria local;
¾ As perspectivas de poluição nuclear, dada à instalação da base de pesquisas da
Marinha em ARAMAR, município de Iperó, desde 1988;
¾ Ocorrência de processos erosivos: boçorocas (ou voçorocas) que assumem alto
grau de criticidade.
Fig. 02 – Ocupação desordenada do solo e “lixo” urbano
Margens do Rio Sorocaba
Fonte: fotos do arquivo da autora – nov. 2000
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TURISMO ECOLÓGICO E A QUESTÃO AMBIENTAL
O Rio Sorocaba, após atravessar a malha urbana dos municípios de Sorocaba
e Votorantim, torna-se extremamente poluído, devido à descarga orgânica “in
natura” dos esgotos domésticos e industriais, tanto nos seus afluentes, como em si
próprio, não sendo recomendado ao turismo dessa região. No entanto, devido à sua
autodepuração, quando passa pelos municípios de Cerquilho, Jumirim e Laranjal
Paulista, ainda presta-se à pesca esportiva e, no primeiro, aos campeonatos de
canoagem, executados em suas corredeiras.
Fig 3 - CAMPEONATO DE CANOAGEM – CERQUILHO/SP
Fonte: fotos do arquivo da autora – nov. 2000
Cabe ressaltar o potencial turístico da Represa de Itupararanga, embora
propriedade particular da Cia. Brasileira de Alumínio, do Grupo Votorantim, que
serve também de controle da vazão do Rio Sorocaba, e de ponto de captação de
água para o abastecimento da população da cidade de Sorocaba na qual está
instalada a Usina Hidrelétrica Itupararanga, antiga LIGHT & POWER, que iniciou
suas atividades em 1912, e atualmente, opera com uma potência de 55.000 KW. No
entanto, desde a década de 20, os desmatamentos e as ocupações dos solos vêm
comprometendo seriamente as condições ambientais das áreas ribeirinhas em
degradação.
Fig. 2 - Vista da REPRESA DE ITUPARARANGA
SUB-BACIA DO ALTO RIO SOROCABA
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul – ed. 09/03/1997 – p. 12
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Outra questão importante é a acelerada ocupação das áreas vizinhanças à
Represa de Itupararanga por culturas agrícolas e, ultimamente, pelo lazer e turismo,
bem como a industrialização de Vargem Grande Paulista que acarretara novos
problemas, tais como: a ameaça aos formadores do rio Sorocaba e o despejo, na
própria represa, de resíduos de agrotóxicos e efluentes domésticos, lançados “in
natura” pelas chácaras de recreio e condomínios ali instalados. Desse modo, a água
que chegava sem contaminação na Barragem de Itupararanga, servindo à captação
para o tratamento e abastecimento de Sorocaba e Votorantim, está condenada à
poluição ambiental a médio prazo, se não forem tomadas as devidas providências
para a proteção desse importante manancial. (7)
Fig. 3 - Vista da REPRESA DE ITUPARARANGA – 2003
Fonte: http://www.teotonio.org/sitioslagos/documentos/fotos2.html - acesso em 03/Junho/2004
Os demais afluentes do Rio Sorocaba, também estão comprometidos devido à
poluição ambiental pelos despejos de efluentes, porém muitas pessoas arriscam
suas vidas, tanto os utilizando para a natação, como para a pesca esportiva.
O Rio Sorocaba, que já serviu ao tropeirismo, e foi muito utilizado como área
de lazer da população das cidades da região, hoje, é um recurso para o lazer,
bastante restrito, devido a atual conjuntura do uso e ocupação dos solos, tanto
urbano, quanto rural, que poderia ser aproveitado para o ecoturismo regional, não
fosse a poluição e a degradação ambiental, inclusive de seus afluentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preservação dos recursos hídricos da Bacia do Rio Sorocaba é condição
essencial para a qualidade de vida e o desenvolvimento de todo um conjunto de
cidades, cujas dificuldades se tornaram geograficamente mais amplas, e
tecnicamente mais complexas.
A utilização dos recursos hídricos para o lazer vem se intensificando. A
Represa de Itupararanga, criada para a barragem das águas do Rio Sorocaba, com
finalidade de geração de energia, vem atraindo a população para a recreação local.
Nos
diversos
mananciais
da
Sub-Bacia
do
Baixo
Rio
Sorocaba
Sarapui/Tatuí/Pirapora, ainda é possível a pesca esportiva, e na divisa física
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geográfica, entre os municípios de Cerquilho e Jumirim, na represa do Rio
Sorocaba, além dessa atividade, acontecem os campeonatos de canoagem, que
fazem parte do calendário oficial brasileiro das provas de “slalon”.
Desse modo, ao se planejar a ocupação da região, há que se considerar o
quadro físico que a envolve, pois na medida que se evitem depredações ambientais
causadas pela ocupação desordenada dos solos, se garante o desenvolvimento
econômico urbano e social.
Planejar a região significa minimizar os conflitos com relação aos recursos
hídricos existentes e maximizar a sua complementaridade. Para isso, será
necessário assegurar um regime hidrológico favorável ao controle e aproveitamento
dos recursos hídricos existentes com a manutenção e recuperação da mata ciliar
aos mananciais e de outras formas de vegetação primitivas, principalmente nas
áreas de cabeceiras e nascentes. Também se faz necessário, manter a estrutura
superficial do solo, através do planejamento físico territorial urbano e rural para
garantir a utilização dos recursos hídricos, visando o abastecimento e o lazer da
população envolvida, no sentido de garantir o controle dos processos erosivos; a
retenção e o retardamento do escoamento à superfície do solo e a redução de
materiais carreados das enxurradas.
Quanto à Bacia do Sorocaba, com disponibilidade hídrica servindo aos seus
dezoito municípios, possui suas peculiaridades e vem sentindo, desde a década de
70, degradação ambiental, também, devido à alta descarga orgânica e inorgânica “in
natura” nos seus diversos corpos d’águas, tanto dos afluentes, como do próprio Rio
Sorocaba.
É inaceitável que a esse processo dinâmico, que delineia perversamente a
paisagem e determina a destruição imediata e futura da vida biológica e social,
chamemos “desenvolvimento”. O meio ambiente e seus recursos naturais devem ser
interpretados como patrimônio coletivo e mundial. Portanto, devem estar ao desfrute
da coletividade para a melhoria da sua qualidade de vida.
A busca de um modelo de “desenvolvimento sustentável”, na medida em que
necessita do despertar da consciência dos cidadãos e de seu engajamento prático
na defesa de interesses coletivos, levando à políticas de prevenção e defesa
realmente aplicadas, pode ser promovida pelo reconhecimento da realidade
ecológica mais próxima, pelo entendimento das condições sociais que conformam
esse trecho da natureza, como forma de sustentar a organização de sua defesa pela
coletividade.
BIBLIOGRAFIA
(1) ESTADO DE SÃO PAULO - Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
Coordenadoria de Educação Ambiental. “Diretrizes para a Política Estadual
de Eco-turismo”. Versão preliminar, Campinas: UNICAMP, Núcleo de Estudos
e Pesquisas Ambientais. 1997.
(2) GAIOTTO, M. A. “Água Viva: Contribuição ao Diagnóstico das Tendências
Ambientais Atuais e ao Planejamento da Preservação dos Recursos Hídricos
da Sub-Bacia do Baixo Rio Sorocaba”. Tese de Doutorado. São Paulo: FAUUSP, 2002.
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(3) GAIOTTO, M. A. “Quadro Atual da Poluição dos Recursos Hídricos da Região
da Bacia do Rio Sorocaba/SP/BR, devido aos dejetos urbanos, após década
de 70.” In: Anais do XI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos e V Simpósio
de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
CD Rom e Resumo impresso. Aracaju – SE. 24-29/Novembro/2001.
(4) Comitê de Bacia Hidrográfica do Sorocaba/Médio Tietê - CBH/SMT –
“Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da Bacia do Rio Sorocaba –
1995”. 1997.
(5) ESTADO DE SÃO PAULO - Departamento de Água, Esgoto e Energia DAEE – “Plano Integrado de Aproveitamento e Gerenciamento dos Recursos
Hídricos da Bacia do Rio Sorocaba”, 1993.
(6) ESTADO DE SÃO PAULO - Secretaria do Meio Ambiente - Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB – “Relatório de Qualidade
das Águas Interiores do Estado de São Paulo”. 1996.
(7) ___________________________ . “Relatório de Qualidade das Águas
Interiores do Estado de São Paulo”. 1999.
ABSTRACT
In this century, with the new environmental paradigm, has the ecological tourism of
the agricultural areas in frank development, increasing demand in the commercial
fields and their correlated services, as integrant part of the vocation established by
the existence of the natural resources, of the exuberant, remaining beauties of the
Mata Atlântica. This article regards environmental issues about current situation of
Basin Sorocaba’s River natural resources, to the SO - São Paulo State - Brazil,
mainly when it refers to the ambient pollution due urban residues, which inadequate
final disposal in a way that has an unfavorable effect on the sources of the eighteen
cities, and so stopping investments in this branch of the tourism, visibly in the
national development. This analysis, posterior to the 1970s, landmark of the
economical development that has led to accumulate of the population, to the
detriment of quality life and to the ambient instability of this region, which situation of
that sources is under decay due the lack of adequate technology employed in the
treatments of the effluent ones, the use and the disordered occupation of the ground.
The most important, amongst all the objectives, it would be the presentation of the
social and ambient aspects in the direction to contribute with the local proposals and
the regional planning directed to the sustainable and the correct environmental
development of the agricultural communities, beyond the valuation of the "rustic
culture", based in the historical rescue of the human nesting, which glory due to a
period of the landings for the muleteer and the cattle fattening fields, that had in the
Sorocaba’s Fairs, in the second half of the XVIII Century, significant importance in
the economic and the social development of this region.
KEY-WORDS
Basin Sorocaba’s River, Ambient Pollution, Urban Residues, Ecological Tourism.
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aspectos sócio-ambientais dos resíduos na bacia do rio