Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 O CONHECIMENTO DO HOMEM A RESPEITO DO AUTO-CUIDADO: POTENCIALIZANDO ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS À SAÚDE1 The man’s knowledge about the self care: powering strategies for prevention of diseases and health problems Grazieli da Silva CARDOSO2 Carmen Lucia ZUSE3 RESUMO O presente estudo parte do Princípio da Universalidade da Constituição Federal, que ressalta que a saúde é um direito de todos e que, conseqüentemente, qualquer pessoa independente de sexo, faixa etária ou nacionalidade possui o direito de usufruir os serviços de saúde. Porém, mesmo com esse direito garantido, a população do sexo masculino pouco adere ou possui resistência aos programas existentes; além disso, os estudos sobre a saúde do homem são temas freqüentemente discutidos entre os profissionais de saúde e pouco divulgados na mídia. O objetivo é identificar o conhecimento do homem acerca do auto-cuidado, auxiliando na prevenção de doenças e agravos, buscando a potencialização das estratégias de saúde coletiva, em uma unidade militar no interior do estado do Rio Grande do Sul. Para coleta de dados utilizou-se entrevista com perguntas abertas e uso de gravador. O público-alvo foi constituído por sete policiais bombeiros militares, com faixa etária entre 23 e 46 anos, atuantes numa Unidade do Corpo de Bombeiros em um município da região noroeste do RS. A análise dos resultados foi realizada através do discurso do sujeito coletivo. Por último são sugeridas algumas estratégias para a conscientização e posterior adesão ao autocuidado por parte da população do sexo masculino. Palavras-chave: Auto-cuidado; Saúde do homem; Educação em saúde. ABSTRACT The present study starts from the universality principle of the Federal Constitution which says that health is a right for all, therefore any person regardless of sex, age or nationality has the right to enjoy health services. But even with that right guaranteed to the male population does not adhere or have resistance to existing programs, in addition, studies on human health issues are frequently discussed between health professionals and little publicized in the media. The objective is to identify the man's knowledge about the self care care, assisting in the prevention of diseases and disorders, and seeking to maximize the public health strategies in a military unit in the state of Rio Grande do Sul. For data collection makes use of interview with open questions and use the recorder. The target audience were seven military police firefighters, aged between 23 and 46 years, working in a unit of the Fire Department in a municipality of northwestern region of RS. The analysis was performed by a Collective Subject's Discourse. Finally some strategies are suggested for further awareness and adherence to the self care from the male population. 1 Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus Santo Ângelo, Departamento de Ciências da Saúde, como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeiro. 2 Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus Santo Ângelo/RS; [email protected]. 3 Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; orientadora e professora do Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus Santo Ângelo/RS. Enfermeira da Fundação de Atendimento Sócio Educativo do RS – FASE; [email protected]. Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 42 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Key words: Self care; Men’s health; Health education. 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS No decorrer de seu aprendizado no curso de enfermagem a pesquisadora deparou-se com uma incômoda observação, na qual os homens eram excluídos dos programas de saúde devido a estratificação da população em camadas e conseqüentemente no cuidado, pois o Ministério da Saúde prevê cuidados com a saúde da mulher, idoso, criança, saúde bucal; mas e o homem? Nesse mesmo período, a pesquisadora também ingressou em uma unidade do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar e pôde observar a necessidade da promoção e adesão ao autocuidado por parte da população masculina, com intuito de prevenir doenças e agravos constantes. Sendo a saúde um direito de todos e dever do Estado assegurado pela Constituição Federal, o profissional de enfermagem deve buscar estratégias para proporcionar um atendimento de qualidade fundamentado nos princípios do sistema de saúde vigente (Sistema Único de Saúde - SUS), o qual nos traz a universalidade, integralidade, eqüidade, hierarquização e regionalização e a participação da comunidade (BRASIL, 2005). O princípio da universalidade ressalta que a saúde é um direito de todos e, conseqüentemente qualquer pessoa independente de sexo, faixa etária ou nacionalidade possui o direito de usufruir dos serviços de saúde. Porém, segundo Gomes (2008), mesmo com esse direito garantido, a população do sexo masculino não adere ou possui resistência aos poucos programas existentes. Os estudos sobre a saúde do homem são temas freqüentemente discutidos entre os profissionais de saúde e pouco divulgados na mídia. Percebe-se que vem sendo implementada a Política Estadual de Saúde do Homem, mas os programas existentes ainda são muito tímidos (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL, 2009). Na perspectiva de potencializar estratégias que fortaleçam a adesão do homem aos programas de saúde, busca-se descobrir o Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 conhecimento do homem acerca do autocuidado. Sem esse entendimento, a eficácia dos programas de saúde elaborados pode não resultar positivamente. Pode-se perceber, assim, que as informações de saúde repassadas não estão sendo assimiladas por este grupo e isso é extremamente preocupante. Schraiber, Gomes e Couto (2005) ressaltam que o homem em sua natureza possui diversos tipos de “masculinidades”, dentro delas destaca-se a masculinidade hegemônica, a qual gera comportamentos danosos à saúde. Essa questão sendo estudada posteriormente pode vir a ser uma maneira de intervenção eficaz. Inserida neste contexto está a relevância deste estudo, o qual provocou grande interesse da pesquisadora em tentar descobrir o que o homem conhece sobre o auto-cuidado e quão importante seria o papel da enfermagem manejando ações conforme as necessidades dos sujeitos. Neste estudo busca-se obter uma possível resposta dos informantes e a partir das respostas propor estratégias de saúde para o sexo masculino. Sendo assim, entende-se por auto-cuidado o comportamento do indivíduo que atua de maneira autônoma para estabelecer e manter a própria saúde, prevenir e lidar com as doenças. O auto-cuidado inclui cuidados com a higiene (geral e pessoal), a alimentação (tipo e qualidade dos alimentos ingeridos), estilos de vida (atividades desportivas, lazer, etc.), fatores ambientais (condições de vida, hábitos sociais, etc.), fatores sócio-econômicos (níveis de renda, níveis culturais, etc.). Assim, se houvesse a internalização do auto-cuidado por parte do sexo masculino, a promoção da saúde seria efetiva e conseqüentemente reduziria os índices altíssimos de morbimortalidade neste sexo (SCHRAIBER, GOMES E COUTO, 2005). Na questão da competência profissional do enfermeiro destaca-se a necessidade de que este conheça profundamente sua área de atuação profissional e que deva ter interesse pelo ser humano e pelos aspectos sociais, numa abordagem holística, atuando de forma a gerar 43 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 novos conhecimentos, os quais devem contribuir para a qualificação das ações e do cuidado de enfermagem (VANZYN & NERY, 1996). Compreender essa realidade e entender seus desdobramentos específicos para o trabalho e para a educação, no e para o setor saúde, é um desafio para a conformação de papéis e ações no espaço de trabalho e de capacitação profissional do setor, que transcende saídas normativas ou mesmo processos de auto-regulação profissional. A enfermagem humanística vai viabilizar o encontro, possibilitar o diálogo que vai proporcionar o encontrar-se, o relacionar-se, e o bem-estar, o estar melhor no mundo, colocando o enfermeiro numa posição de agente transformador, comprometendo-se em alterar fatores sociais que têm gerado uma sociedade de excluídos. Seguindo a Teoria Humanística de Paterson & Zderad, os seres humanos são capazes de escolhas responsáveis que vão lhe proporcionar vir-a-ser, e a interdependência, ou seja, a troca com outros seres humanos é própria à condição do ser humano (GEORGE, 1993). As articulações entre o processo de formação de profissionais e trabalhadores de saúde e a necessidade de produção de serviços do setor expressam particularidades entre educação e trabalho na sociedade. Enfim, equipes transdisciplinares de saúde devem estar qualificadas para proporcionar consciência em saúde, resultando em uma sociedade comprometida com seu próprio bem-estar. A educação em saúde é dirigida para atuar sobre o conhecimento dos envolvidos, para que eles desenvolvam juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual interagem e assim criarem condições para se apropriarem de sua própria existência (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1982). 2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA TEÓRICO- O início desta pesquisa partiu da aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-SAN), do Campus de Santo Ângelo, pelo consentimento livre e esclarecido, conforme normativa federal, envolvendo Cardoso, G.S. e Zuse, C.L. pesquisa com seres humanos, regido pela Portaria 196/96. Previamente, os participantes receberam esclarecimentos a respeito da metodologia, conteúdo, garantia do sigilo e anonimato do estudo a ser desenvolvido, bem como sobre a livre opção de participar ou cancelar sua permissão sem penalidade alguma, autorizando transcrições literais dos diálogos gravados, observando a privacidade individual e coletiva quanto aos dados confidenciais envolvidos no estudo. Além de proporcionarlhes as condições de acompanhamento pela certificação do retorno dos resultados obtidos em todas as etapas do estudo (BRASIL, 1996). O estudo teve uma abordagem qualitativa, conforme Flick (2004), pois buscou observar de diferentes perspectivas o objeto, sua singularidade e sua subjetividade. Este tipo de pesquisa não se deteve apenas em um conceito teórico e sim, requereu variadas abordagens para a devida caracterização das discussões e fundamentação da prática da pesquisa. As entrevistas exigiram um envolvimento maior e ampliaram os laços entre entrevistado e pesquisador. O desenvolvimento humano é assinalado pelas aproximações e conflitos entre os diversos modos de organizações sociais, das formas de assimilação e modificação de bens naturais, da compreensão e modo de expressar a realidade (GARRETT, 1991) A população em estudo foi composta por 07 indivíduos do sexo masculino, com faixa etária entre 23 e 48 anos, bombeiros da Brigada Militar de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. Para a seleção dos participantes, após a aprovação do projeto pelo Comandante do Corpo de Bombeiros, foi realizado um levantamento do contingente de todo o efetivo da referida Unidade Militar e suas respectivas datas de nascimento. Foram então, estabelecidos sete grupos (Apêndice-D), formando, aproximadamente a cada quatro anos, um grupo. De cada grupo formado realizou-se um sorteio com a participação do Comandante do Socorro (pessoa idônea) e a Guarnição de Serviço do dia (testemunhas), onde foi extraído um nome de cada grupo totalizando sete participantes. No decorrer da mesma semana foi realizado contato com cada participante, fornecido informações e disponibilizada uma 44 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 reprodução do presente projeto de pesquisa na Unidade Militar. Após a confirmação ocorreu o agendamento das entrevistas. Houve duas desistências, sendo refeito o sorteio dos respectivos grupos com o mesmo efetivo de serviço. Assim, posterior ao agendamento, as entrevistas foram realizadas entre os dias 05 e 14 do mês de abril do presente ano, com utilização de gravador. Verificou-se a apreensão da maioria dos participantes quanto a qualidade das respostas, pois desejavam fornecer explicações científicas e ressaltavam não ter estudado o tema. Após o esclarecimento da pesquisadora, adquiriram confiança e tranqüilidade. No que diz respeito à gravação de conversas o grau de revelação está ligado diretamente, devido à perda do controle antecipado relacionado ao relato da própria vida cotidiana (FLICK, 2004). Para garantia do sigilo e anonimato dos participantes, conforme a normativa federal explicitada acima, a cada integrante do efetivo do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar foi denominado um codinome. 3. OS OBJETIVOS O objetivo geral da pesquisa era identificar o conhecimento do homem acerca do auto-cuidado, auxiliando na prevenção de doenças e agravos, buscando a potencialização das estratégias de saúde coletiva em uma Unidade Militar no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Dentre os objetivos específicos, destacamse: • Definir a faixa etária da população em estudo; • descrever o conhecimento do informante a respeito do auto-cuidado; • identificar se o informante realiza ações preventivas de saúde; • definir as possíveis ações preventivas realizadas pelos informantes para a promoção do auto-cuidado; • propor estratégias para programar ações quanto à saúde da população em estudo; Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 • listar a ocorrência de doenças ou agravos mais incidentes na população em estudo. 4. CENÁRIOS DA PESQUISA O Local A Instituição escolhida para concretização da referida pesquisa é uma Unidade do Corpo de Bombeiros da Brigada Militar, localizada em uma cidade no interior do Estado do Rio Grande do Sul. A Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, instituição permanente e regular, tem sua missão, valores e deveres descritos de acordo com o que dispõem o inciso V e os parágrafos 5º e 6º do artigo 144 da Constituição Federal e dos artigos 129 a 132 da Constituição do Estado. Além de ser organizada com base na hierarquia e na disciplina, nos termos da Lei 10.991, de 18 de agosto de 1997, e possuir um rigoroso Regimento Interno. Cabe à autora da pesquisa ressaltar o art. 130 o qual dispõe que as atividades de prevenção e combate de incêndios, as buscas e salvamento, e a execução de atividades de defesa civil competem à Brigada Militar através do Corpo de Bombeiros que a integra. Apenas cinco Estados no Brasil mantém essa dependência entre Corpo de Bombeiros e Brigada Militar, enquanto vinte e dois possuem missão, valores, características, inclusive remuneração, independentes. O desenvolvimento humano é assinalado pelas aproximações e conflitos entre os diversos modos de organizações sociais, das formas de assimilação e modificação de bens naturais, da compreensão e modo de expressar a realidade. Sujeitos da Pesquisa Para ingressar na Corporação, o Policial Bombeiro deve preencher todos os requisitos necessários: ter no mínimo dezoito anos, exames de saúde, testes físicos e psicológicos e investigação da vida pregressa. Após a aprovação no concurso público é transferido para a região para qual se inscreveu, podendo sofrer alterações. Ocupa a graduação de soldado 45 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 ou soldado temporário, aquele que realizou o concurso no nível de Ensino Médio, dependendo do edital. Oficial de Saúde é o sujeito habilitado com registro na respectiva área em que se graduou, geralmente é designado para trabalhar nos hospitais da Brigada Militar. Também pode obter o cargo de Oficial o graduado em direito aprovado por processo seletivo no nível de Ensino Superior. Além dos processos seletivos para progredir na carreira militar é válido o tempo de serviço e a aprovação em concursos internos. A hierarquia militar é exercida através de postos (oficiais) e graduações (praças) em 6 níveis de funções composta respectivamente por: aluno soldado, soldado, 3º, 2º e 1º sargento (praças), aspirante, 2º e 1º tenente; Capitão, Major, TenenteCoronel e Coronel (oficiais). O Comandante Geral da Polícia ou do Corpo de Bombeiros Militar é escolhido pelo Governador do Estado ou do Distrito Federal, dentre os oficiais do posto de Coronel. A função de Subcomandante Geral também é exercida por um oficial do posto de Coronel e a ele incumbe mais outra tarefa, a de exercer a função de Chefe do Estado Maior Geral, órgão superior na hierarquia da instituição responsável por assessorar o Comandante Geral. Outra função importante exercida pelo posto de Coronel é a do Chefe de Gabinete Militar, que além de responsável direto pela segurança do governador, é de grande influência política para a instituição, pois auxilia o governador na tomada de decisões sobre o destino da corporação. Na Unidade Militar em estudo, o Comando Regional do Corpo de Bombeiros (CRB) é de responsabilidade de um Major e o Comando do Corpo de Bombeiros (CCB), desta unidade, é de responsabilidade de um Capitão. Sendo que a cada dia, pela escala de 12 horas de serviço por 36 horas de folga, permanece no Quartel de Bombeiros a Guarnição de Serviço (GU). A GU é composta geralmente por: um sargento, denominado Comandante de Socorro; um SOP (sala de operações-telefonista); dois Motoristas (viatura pesada – M1 e viatura de emergência - MR); Chefe de Linha (C1) e Auxiliar de Linha (A1) que acompanham o M1; Socorrista de Resgate e algumas vezes Auxiliar Cardoso, G.S. e Zuse, C.L. de Socorrista os quais acompanham o MR, totalizando de sete a oito militares por guarnição. Nesta corporação o efetivo totaliza em 42 militares, com idades que variam entre vinte e dois a cinqüenta anos, devido ao Comando Regional ser adstrito ao Corpo de Bombeiros. Assim, mesmo os militares que possuem funções e horários administrativos, auxiliam as guarnições em horas extras. 5. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS Para a coleta de dados foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas, gravadas com a devida autorização do informante. Segundo Flick (2004), a entrevista semi-estruturada é elaborada com um roteiro sem respostas prefixadas, assim o informante pode expressar livremente sua opinião sobre o assunto referido pelo pesquisador. O roteiro de entrevista é um instrumento orientador e não um questionário que pressupõe hipóteses, mas sim um facilitador da comunicação. 6. ANÁLISE E PROCESSAMENTO DOS DADOS Para interpretação dos resultados utilizouse a técnica de Análise de Discurso. Em análise de discurso (AD), o termo corpus define o modelo teórico escolhido para efetuá-la. Esta forma de análise nasceu com Michel Pêcheux na década de 60 na França, e tem por proposta realizar uma reflexão sobre as condições de produção e apreensão dos significados de textos produzidos nos mais distintos campos. (LEFRÈVE & LEFRÈVE, 2005). Nesse tipo de análise existem várias formas de condução ou modelos teóricos possíveis para desenvolver uma análise de discurso. O modelo adotado nesta pesquisa é o Discurso do Sujeito Coletivo- DSC. Entendendo o DSC 46 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 O DSC, enquanto técnica de pesquisa qualitativa, é um procedimento de tabulação de depoimentos verbais que consiste basicamente em analisar o material coletado de entrevistas ou documentos, extraindo-se deste material as Idéias Centrais, as Expressões-Chave, a Ancoragem e finalmente os Discursos Individuais. Estes serão a base dos discursos coletivos, ou discursos-síntese, que estarão na forma de enunciados os quais fornecerão através das palavras escritas ou depoimentos as respostas propostas nos objetivos. Os DSC – que podem ser tanto das Idéias Centrais quanto das Ancoragens - podem ser compostos de um ou mais depoimentos que apresentam um sentido singular que, sob uma forma discursiva, refletem os pensamentos e os valores associados a um dado tema, presentes numa formação sócio-cultural num dado momento histórico. Os instrumentos básicos do Discurso do Sujeito Coletivo são: Idéia Central, ExpressãoChave, Ancoragem e Discurso do Sujeito Coletivo (Apêndice-E). Estes podem ser definidos sinteticamente como: • A Idéia Central (IC): é um nome ou expressão lingüística que revela e descreve da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível o sentido das afirmações específicas presentes em cada um dos discursos analisados. É importante assinalar que a IC não é uma interpretação, mas uma descrição do sentido de um depoimento ou de um conjunto de depoimentos. • As Expressões-Chave (ECH) são pedaços, trechos ou transcrições literais do discurso, que devem ser sublinhados, iluminados, coloridos, pelo pesquisador, e que revelam a essência do depoimento ou a base que gerou o mesmo. A esta base denominamos de Ancoragem (AC). • O Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), enquanto figura metodológica é um discurso-síntese, redigido na primeira pessoa do singular e elaborado a partir das idéias centrais, expressões-chave e ancoragens, Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 compondo a soma das idéias e da base contextual do discurso elaborado. 7. COMPREENSÃO DOS DADOS Os Discursos Os discursos foram construídos a partir da seleção e processamento das respostas de todos os participantes obtidas pelo roteiro de entrevista. Selecionando e categorizando as expressões-chave, as quais respondiam aos questionamentos. Como resultado final pôde-se construir o DSC, atendendo os objetivos da pesquisa. Descrevendo o conhecimento do homem a respeito do auto-cuidado Em relação ao conhecimento dos sujeitos do estudo a respeito do auto-cuidado pôde-se observar que existe uma idéia correta sobre o assunto embora não haja uma definição exata ou uma conceituação explícita. Conforme o DSC 1 abaixo apresentado. IDÉIA CENTRAL: Prevenção é Importante DSC 1: “... É mais fácil prevenir, é muito importante a questão do auto-cuidado pra manutenção da saúde. Todo mundo deveria fazer alguns exames, pra saber como que ta o seu organismo até evita fica doente, uma maneira de prevenir várias doenças novas e até muito graves e até letais, agravar o problema inicial. Muito melhor que futuramente acabar sofrendo de um mal maior...” O conceito de auto-cuidado incorpora um conjunto de medidas a serem tomadas diariamente e individualmente em busca de um bem-estar físico, emocional, cultural e sócioeconômico, a fim de manter a própria saúde, prevenir e lidar com as doenças. Conceito pode ser definido como algo concebido na mente, tanto de maneira empírica quanto abstrata. Assim de certo modo nesse discurso obtivemos o conceito coletivo de auto-cuidado (GEORGE, 2000). 47 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Ao utilizar a teoria humanística na prática de enfermagem verifica-se que as pessoas necessitam de informações e opções enfim, de oportunidades para fazerem suas próprias escolhas. Cabe a enfermagem auxiliar para que estas escolhas sejam feitas da maneira mais responsável possível e neste caso, orientar ações que visem o desenvolvimento do bem-estar e promoção da saúde. Este é compreendido como um processo que permite ao indivíduo e aos grupos assumirem o controle de sua própria saúde mediante ações educativas. (NERY, 1994). Sugestões de estratégias para adesão do homem ás ações preventivas Com intuito de realizar uma prática de enfermagem humanizada observando a perspectiva de mundo dos sujeitos em estudo, e em resposta a uma necessidade percebida relacionada ao perfil epidemiológico, que consta uma maior mortalidade masculina em todas as idades, o que confirma o descaso por parte deste sexo no que tange os assuntos sobre saúde, os participantes foram levados a refletir sobre quais estratégias atrairiam sua atenção para o comprometimento com a saúde. IDÉIA CENTRAL: Abordagem Direta DSC 2: “... Fazendo uma abordagem mais próxima, pelo homem, nos locais de trabalho, nos quartéis onde têm grandes concentrações masculinas, acho que vai tê o resultado desejado. Esclarecendo os benefícios de uma ação preventiva dentro do trabalho, porque é onde o pessoal vem se preocupar com a saúde...” Como resultado desta reflexão fica estabelecido a necessidade de realização de educação em saúde nos locais de trabalho, evidenciada pela expressão “abordagem direta”. Reconhecer no outro a qualidade de sujeito enquanto ser racional é reconhecer-lhe o direito a educação. Porque apenas a educação lhe permite evoluir. (CANIVEZ, 1991). Educação é a articulação de conhecimentos, atitudes, aptidões, Cardoso, G.S. e Zuse, C.L. comportamentos e práticas pessoais que possam ser aplicados e compartilhados com a sociedade em geral. Nessa perspectiva, o processo educativo favorece o desenvolvimento da autonomia e conseqüentemente à adesão ao auto-cuidado ao mesmo tempo em que atende a objetivos sociais (BRASIL, 2009). Naturalmente, a educação para a Saúde não cumpre o papel de substituir as mudanças estruturais da sociedade, necessárias para a garantia da qualidade de vida e saúde, mas pode contribuir decisivamente para sua efetivação. Pois a maioria das doenças é gerada de acordo com o tipo de vida que as pessoas levam. É importante conhecer sobre as doenças para saber modificar a maneira de viver. IDÉIA CENTRAL: Campanhas na Mídia no Horário de Esportes DSC 3: “... Na verdade eu não vejo na mídia, o Ministério da saúde deveria investir nas campanhas com o homem e a secretaria ter um tratamento mais próximo aos homens com palestras e campanhas. O ideal seria uma divulgação na rede televisada, em um dos horários nobres que é um dos horários que os homens geralmente assistem, tão mais acostumado, só assiste o futebol...” Comparando a população masculina com a feminina, a resposta aos programas e campanhas de câncer de colo de útero e mamas e quanto ao câncer de próstata, por exemplo, os homens não se mostram sensíveis a tal trabalho educativo. Em contrapartida ao analisar o DSC 3, encontra-se a necessidade de elaborar campanhas direcionadas ao público masculino na mídia, porém em horário condizente com o estilo de vida da população masculina brasileira, por exemplo, no intervalo dos jogos futebolísticos. Listando doenças e agravos mais incidentes na população em estudo Este tópico está centrado em um exemplo, mostrando como foi sendo categorizadas e classificadas todas as falas dos informantes. Considerando o tipo de questionamento e as 48 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 respostas dadas, utilizaram-se as Expressõeschave. Muitas vezes os indivíduos relacionam as representações de doença com os usos sociais de seu corpo em estado normal. Assim, estar doente implica em qualquer alteração na qualidade de vida, como por exemplo, não conseguir trabalhar, dormir ou realizar qualquer outra atividade a que está acostumado normalmente a fazer (ALVES, 1994). Na população em estudo, observa-se conforme o quadro abaixo, que a incidência das doenças mais graves pode estar relacionada diretamente com a profissão exercida na qual utilizam força. Pois herniação é descrita como uma protusão anormal do tecido através de um defeito ou abertura natural a qual pode ser agravada por ações, no caso do disco lombar, que aumentem a pressão do líquido raquimedular, como por exemplo, o esforço e levantamento de peso (BRUNNER & SUDDARTH, 2005). Expressões chaves Já tive era mais um agravo, mas eu resisti fui ao médico e então diagnosticou uma hérnia de disco; já tive um agravo agudo, hérnia na virilha, surgiu e já tive que operar; um problema de resfriado, dor de cabeça, enxaqueca; Sim, resfriado; Só resfriados Eu tive gripe. Quadro 01 Fonte: autora (2009) Confirmando a existência da questão de gênero, no entendimento das barreiras culturais dos homens, refletir sobre gênero é uma questão muito complexa, contudo no que se refere à masculinidade o sentido é de um conjunto de atributos, valores, funções e condutas a serem seguidos pelo ser homem (GOMES, 2008). Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 Os DSCs 5 e 6 apontam o modelo de masculinidade hegemônica, na qual o homem deve ter valores como coragem, invulnerabilidade, resistência, potência, entre outras qualidades. O estudo da saúde do homem, mais profundamente, serve não só para discutir o perfil epidemiológico da morbimortalidade masculina, mas também para discutir aspectos culturais que comprometem sua saúde. IDÉIA CENTRAL: Negação DSC 5: “... Nunca tive um agravo. Só resfriados, mas ainda assim é difícil eu fica resfriado, esse tipo de coisa assim crônico, não...” IDÉIA CENTRAL: Resistência DSC 6: “... Eram apenas simples dores nas pernas demorei meses pra i ver, fui dexando me vi impossibilitado de fazer meu trabalho normalmente depois de dois meses é que eu fui ao médico. Tentei vive, mas daí vi que não tinha como. O homem tem esse lado super herói que não será afetado por nada, pra mim faze uma série de exames, só quando to doente mesmo. O homem, né, pela cultura dele tem uma certa resistência a aderir o cuidado, não dá muita bola pra essas coisas. Essa parte da saúde tem muita gente que não se interessa, principalmente os homens...” Muitos estudos demonstram que os homens cuidam pouco de sua saúde por diversos motivos, dentre eles o de que os homens costumam ser vistos como fortes e invencíveis por isso só buscam ajuda quando os problemas se agravam ou quando não conseguem mais trabalhar, o que foi confirmado no DSC 6. Identificando e definindo as ações preventivas e curativas realizadas pelos informantes para a promoção do auto-cuidado 49 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Expressões-chave: Medidas Preventivas x Medidas Curativas Quadro 02 Fonte: a autora (2009) Como se pôde observar através das expressões-chave, a questão da prevenção ainda gera dúvidas por parte da população em estudo, pois ao serem questionados quanto às medidas preventivas, muitos sugeriram a automedicação e a utilização da medicina popular. Embora as pesquisas demonstrem vários benefícios trazidos pelo uso de chás e ervas, deve-se possuir um conhecimento adequado para que não tenha efeito contrário (VASCONCELOS, 1998). Pelas ações preventivas citadas nas expressões-chave obtém-se o conceito de autocuidado intrínseco nos participantes. Com a realização de exercícios físicos, cuidados com a alimentação, com ergonometria e principalmente, o que não foi citado, mas é de fundamental importância, a realização de atividades de lazer. Assim a pessoa tende a melhorar sua qualidade de vida potencialmente. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acredita-se que através desta pesquisa significativas descobertas a respeito do conhecimento do homem sobre o auto-cuidado surgiram. Descobertas essas que surpreenderam Cardoso, G.S. e Zuse, C.L. a pesquisadora, como exemplo pode-se citar a verificação da necessidade de educação em saúde no local de trabalho por parte da população masculina e também as frustradas tentativas de demonstrar a invulnerabilidade masculina caracterizando o sentimento de negação frente à doença. Embora estivesse, na maioria das vezes, presente o medo e o receio por parte dos participantes em proferir as respostas, sendo esta a maior dificuldade encontrada pela pesquisadora, foi possível a identificação de todos os objetivos previamente designados e confirmou-se a necessidade de não haver uma conclusão para esta discussão. Pois se faz necessário a abertura de muito diálogo para escolher uma melhor ação para determinado momento, criando um processo contínuo de ação e reavaliação que nos permita ir reavaliando novas ações. Além das sugestões para adesão do homem ao auto-cuidado, como a educação em saúde no local de trabalho e o incentivo de programas direcionados à população masculina nos horários de esportes, a pesquisadora ressalta a importância da divulgação de orientações para a saúde via rádio. Pois segundo estudos, o rádio é um meio de comunicação em massa de grande penetração junto das famílias de regiões rurais e 50 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 das periferias das cidades. O qual tem a oportunidade de abordar de maneira profunda os diversos problemas enfrentados pela comunidade, suas causas e possíveis soluções. O que não se deve deixar acontecer é que essas ações sejam dirigidas de “cima para baixo”, mas sim executadas e planejadas em conjunto com os grupos populares. Assim como prevê a prática da enfermagem humanística, a qualidade de ser aberto, receptivo, pronto e disponível para outra pessoa de maneira recíproca é a presença. O homem necessita da presença de alguém que através do diálogo propicie a solução para os problemas a serem enfrentados. E a enfermagem implica neste tipo especial de encontro entre as pessoas, em resposta a uma necessidade percebida. Em contrapartida sabe-se que o significado de cada ação depende do momento em que ela é realizada. Podendo uma mesma ação causar alienação ou conscientização, libertação ou a criação de uma forte relação de dependência. Necessita-se urgente aprender a ler a realidade, pois o que parece ser solução em determinada situação pode não ser em outro momento. Por isso deve-se relembrar que a colaboração do profissional em saúde é ajudar a compreender as razões do que está acontecendo e fornecer auxilio para a modificação desta realidade. Contudo é desestimulante o fato de os profissionais de saúde serem trabalhadores assalariados os quais se submetem a normas e limites impostos pelas instituições na qual estão dependentes, além da dominação do poder econômico. Porém deve-se acreditar na educação popular que incentive a melhoria das condições de saúde, pois autoconhecimento é o alicerce e o caminho para a preocupação e aquisição de vontade para enfim obter a realização do auto-cuidado nos diversos segmentos populacionais, incluído a população masculina. REFERÊNCIAS ALVES, P.C. (org). Saúde e doença: um olhar antropológico/ organizadores: Paulo Vivências. Vol.5, N.8: p.42-52, Outubro/2009 César Alves; Maria Cecília de Souza Minayo. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1994. BRASIL. Constituição (1988). Lei Federal nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõem sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Constituição da república federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, Seção II, p. 131-132, 2005. BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento em Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Saúde – 249-284. 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