CADERNO DO PROFESSOR 1
APRESENTAÇÃO
Onde existiu e onde ainda existe o que restou da Mata Atlântica, vivem 80 milhões de
brasileiros e centenas de espécies animais e vegetais. Tom Jobim foi um dos seus mais
apaixonados defensores.
Desse feliz casamento do mar e da montanha coberta de florestas tropicais veio a
inspiração para sua poesia, para sua canção. Juntando a obra musical e poética do maestro
Tom Jobim com um diagnóstico das questões ambientais da Mata Atlântica, e o que há de
mais inovador nas formas de aprender e atuar na sociedade — interdisciplinaridade, uso
de multimeios, metodologia de projetos, formação de parcerias, interatividade e avaliação
continuada —, o Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o
Instituto Antonio Carlos Jobim, a Fundação Roberto Marinho, Furnas Centrais Elétricas
S.A. e as Secretarias Estaduais de Educação e de Meio Ambiente estão colocando nas
mãos dos professores o projeto Tom da Mata.
Com este projeto, pretende-se que seja atendida demanda claramente expressa nos novos
Parâmetros Curriculares Nacionais, no que diz respeito ao tema transversal Educação
Ambiental. O projeto Tom da Mata oferece ao professor instrumentos didáticos para a
iniciação dos alunos de primeiro grau nos procedimentos da pesquisa científica –
observação, experimentação e registro – e mostra, com exemplos concretos e adaptáveis
às realidades locais, como planejar a implantação de projetos educativos e de alcance
social na comunidade em que a escola está inserida.
Para tanto, fazem parte deste conjunto de suportes: fitas de vídeos com fartas informações
sobre a Mata Atlântica e situações concretas de Educação Ambiental; fita de áudio com
músicas de Tom Jobim; Cancioneiro da Mata Atlântica com letras e partituras das
músicas da fita; sementes selecionadas de espécies da Mata Atlântica; jogo educativo,
com aventuras de RPG relacionadas à fauna, à flora, às cidades e às atividades
econômicas da região; caderno de dados e propostas de atividades dirigido ao professor,
com formulários para a avaliação da prática em sala de aula.
Além disso, as escolas envolvidas no projeto através de convênios assinados com as
Secretarias de Educação recebem apoio na capacitação para o uso do material. Mais que
repassar a necessidade de preservarmos nosso patrimônio, o projeto Tom da Mata espera
contribuir para despertar nos jovens alunos a responsabilidade individual em relação às
questões ambientais locais e mobilizar escolas e comunidades para ações sociais
relevantes.
Furnas Centrais Elétricas
Instituto Antonio Carlos Jobim
Fundação Roberto Marinho
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Educação Ambiental é hoje o instrumento mais eficaz para se conseguir criar e aplicar
formas sustentáveis de interação sociedade-natureza. Este é o caminho para que cada
indivíduo mude de hábitos e assuma novas atitudes que levem à diminuição da
degradação ambiental, promovam a melhoria da qualidade de vida e reduzam a pressão
sobre os recursos ambientais.
Educação Ambiental na prática
Caminhos para se mudar atitudes Cada vez mais, grande parte das soluções para os
problemas ambientais depende do investimento que fizermos em Educação. Por isso,
todas as recomendações, decisões e tratados internacionais colocam a Educação
Ambiental em primeiro lugar para se conseguir criar e aplicar formas sustentáveis de
interação sociedade-natureza. Por isso, os novos parâmetros curriculares nacionais
incluíram a Educação Ambiental como um dos temas transversais. Este é o caminho para,
por meio de ações individuais ou coletivas, se chegar a mudanças de hábitos e atitudes
que levem à diminuição da degradação ambiental, promovam a melhoria da qualidade de
vida e reduzam a pressão sobre os recursos ambientais.
Educação ambiental
O QUE É
A Educação Ambiental foi a forma encontrada internacionalmente para promover
mudanças de mentalidade, investindo na conscientização das pessoas para que adotem
novas posturas, tanto de proteção à vida no planeta em geral, quanto de melhoria do meio
ambiente e da qualidade de vida das comunidades.
Com o crescimento dos movimentos ambientalistas, a partir da década de 1970, a
expressão Educação Ambiental passou a ser usada para designar as iniciativas de
universidades, escolas, instituições governamentais e não-governamentais, que buscam
essa consciência para as questões ambientais.
Mas Educação Ambiental não se limita a organizar palestras e preleções, nem a passar
informações e conceitos. Para que ela se dê concretamente e possamos ter resultados
sociais mensuráveis, é preciso investir em atividades que levem a mudanças de atitudes, à
formação de valores, de habilidades e procedimentos conseqüentes dentro de um
determinado contexto.
A educação que parte da relação entre o aluno e seu meio, sua comunidade, é uma
proposta de ensino que está entre nós desde a década de 1960, quando Paulo Freire expôs
e experimentou com grande sucesso aquele que viria ser o método que leva seu nome. Ou
seja, o método em que o processo de ensino/aprendizagem se dá na própria relação com o
meio.
No entanto, somente na Constituição de 1988 os conteúdos e as metodologias do que
chamamos de Educação Ambiental passaram a fazer parte do nosso sistema de ensino nas
instâncias de governo federal, estadual e municipal (art. 225, § 1º , VI).
Uma boa Educação Ambiental
COMO FAZER
A Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em
Tbilisi (outubro/1977), foi promovida pela UNESCO e serviu de marco no
estabelecimento dos princípios e recomendações a serem desenvolvidos em Educação
Ambiental nas escolas.
As resoluções quanto ao que deva ser Educação Ambiental no Brasil – que constam do
documento do MEC, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), editado em 1997 e
distribuído a todas as escolas públicas do país – são, resumidamente, as seguintes:
considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos natural e construído,
tecnológicos e sociais (econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral e estético);
constituir um processo permanente e contínuo – desde o início da educação infantil –
durante todas as fases do ensino formal;
aplicar enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de
modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental;
examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e
internacional;
concentrar-se nas questões ambientais atuais e naquelas que podem surgir, levando em
conta uma perspectiva histórica;
insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para
prevenir os problemas ambientais;
considerar de maneira explícita os problemas ambientais nos planos de desenvolvimento
e crescimento;
promover a participação dos alunos na organização de suas experiências de
aprendizagem, dando-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas
conseqüências;
estabelecer, para os alunos de todas as idades, uma relação entre a sensibilização ao
meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a atitude para resolver os problemas e a
clarificação de valores, procurando, principalmente, sensibilizar os mais jovens para os
problemas ambientais existentes na sua própria comunidade;
ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;
ressaltar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade
de desenvolver o sentido crítico e as atitudes necessárias para resolvê-los;
utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e uma ampla gama de métodos
para transmitir e adquirir conhecimento sobre o meio ambiente, ressaltando
principalmente as atividades práticas e as experiências pessoais.
Aspectos Socioeconômicos, Políticos, Culturais e Históricos
QUAIS SÃO
O ser humano,
- ao interagir com os elementos físico e biológico * cria um espaço sociocultural;
- ao utilizar os elementos do seu ambiente * provoca modificações que se transformam
com o passar do tempo (história);
- ao transformar o ambiente * muda também sua própria visão a respeito da natureza e
do meio em que vive (cultura e economia).
A forma como as pessoas se relacionam com o espaço físico onde vivem – de respeito ou
dominação, de destruição ou preservação, de consumismo ou conservação – é
determinante dos aspectos econômicos, culturais e políticos.
As variedades dos modos de vida, de relações sociais e construções culturais se
transformam diversamente e, às vezes, grupos sociais criam soluções diferentes para
problemas semelhantes.
O que os caracteriza é a criatividade, ilimitada nos seres humanos, fomentadora de
diferentes formas de vida e de expressões culturais.
As experiências brasileiras em Educação Ambiental são tão diversas quanto as realidades
sócio-ambientais em que estão inseridas.
É justamente essa diversidade física, social, cultural e histórica que cria as condições para
que o trabalho seja rico e inovador.
Devido à sua grande extensão territorial, o Brasil possui recursos naturais fundamentais
para todo o planeta:
* grande parte da água doce disponível para o consumo humano;
* importantes ecossistemas – florestas equatorial e tropical, o pantanal, o cerrado, os
mangues e as restingas.
Além dessa diversidade, a interação entre os vários grupos étnicos que constituem a
população brasileira – americanos, africanos, europeus, asiáticos – constrói a riqueza
cultural.
Os problemas ambientais na escola
QUAIS SÃO
A escola não está isenta de problemas ambientais. O que, em geral, acontece é que as
pessoas não se dão conta dos problemas que estão a sua volta. O dia-a-dia e a
acomodação fazem com que se deixe de perceber fatos e situações que afetam a
qualidade do ambiente de trabalho e, por tabela, nossa qualidade de vida. Exemplo:
Barulho
Um barulho contínuo pode, por exemplo, a princípio, irritar as pessoas, mas acaba por ser
incorporado ao cotidiano e se torna praticamente imperceptível.
Dores de cabeça, irritações nervosas, náuseas... Será que nos damos conta das causas
desses sintomas desagradáveis? Os centros urbanos estão cada vez mais barulhentos
devido ao crescimento industrial e populacional mas, nosso aparelho auditivo, sem
grandes modificações nos últimos cinqüenta mil anos, responde a esses estímulos com
uma série de distúrbios não-adaptativos. “Vários estudos em todo o mundo têm
demonstrado que os ruídos interferem nas atividades normais do homem, como dormir,
descansar, ler, concentrar-se, comunicar-se etc. Ruídos elevados produzem constrição dos
vasos sangüíneos, dilatação das pupilas, contração dos músculos, aumento dos
batimentos cardíacos, estremecimento, espasmos estomacais, vertigens, redução da
capacidade de visão, tensão emocional, alergias, úlceras, dificuldades respiratórias,
estresse e surdez progressiva” (UNESCO/UNEP/IEEP EES 4, 1983, in Dias, Genebaldo
Freire. Educação Ambiental – princípios e práticas. Gaia/Global, 1993)
Toda a riqueza de soluções, de expressões culturais, de concepções de mundo, de vida em
sociedade presentes nos milhares de povos contemporâneos, bem como em suas histórias,
constitui-se igualmente num patrimônio que interessa a toda a humanidade conservar.
Não no sentido de congelar, estancar. Mas no sentido de valorizar, respeitar e permitir a
continuidade do processo histórico-cultural de cada povo, ao invés de aculturá-lo,
impondo-lhe condições de vida que exijam o abandono dos meios de subsistência e de
produção cultural que lhe são próprios. (PCN - Meio Ambiente / 1996)
ALERTA
O barulho no ambiente urbano é um dos fatores determinantes da qualidade de vida, por
interferir na saúde e no conforto de seus habitantes.
Botando a mão na massa
Para criar uma consciência sobre o barulho, podemos desenvolver uma atividade simples
para identificar, isolar e analisar ruídos do ambiente:
Pedir que os alunos façam o máximo de silêncio durante 1 minuto e que estejam atentos
para os ruídos que ouvem. Após esse tempo, relatam os sons que puderam identificar.
na cidade certamente listarão barulhos provocados por carros, sirenes, aviões...
na área rural, além de pássaros, insetos, também se pode ouvir máquinas da lavoura,
serras cortando árvores, carros nas estradas...
É, no mínimo, curioso perceber que, às vezes, o professor se desgasta com seus alunos
quando boa parte do barulho produzido não vem deles.
Em seguida, para que a observação tenha um sentido social efetivo:
Listar as fontes de poluição sonora que afetam a escola e levantar formas de amenizá-las
ou solucioná-las. Os alunos deverão ter acesso à legislação ambiental sobre o assunto.
Outros problemas ambientais
Além do barulho, outros fatores podem perturbar o ambiente escolar e, certamente, cada
escola saberá listar seus problemas e, dentre eles, priorizará aqueles que necessitam
solução urgente.
qualidade do ar (poeira, cigarro, pó de giz)
áreas cimentadas
poucas áreas verdes
ventilação e iluminação inadequadas
poluição visual
espaço individual restrito
má qualidade da água
más condições de higiene
má qualidade do recreio
problemas de relações humanas
ACERTANDO O TOM
A relação do homem com as aves, com os pássaros é diferente na terra e no mar: na terra
é a ave que teme o homem (...) no mar é diferente, a gaivota é amiga do pescador (...)
mostra para o pescador onde está o peixe.
Projeto escolar para o lazer
Quem já fez
Novo recreio
Esse projeto foi proposto numa escola onde o horário de recreio não estava sendo bem
utilizado pelos alunos. As crianças apenas lanchavam e o resto do tempo era usado para
correrias, o que fatalmente acarretava acidentes.
O objetivo do Projeto Recreio era fazer com que os alunos aproveitassem esse horário de
uma maneira mais agradável, com menos riscos de acidentes e que descobrissem novas
brincadeiras e atividades.
A primeira etapa para a implantação do projeto foi o levantamento de dados utilizando-se
um questionário básico.
1.
2.
3.
4.
5.
O que você tem achado do recreio?
De que você costuma brincar na hora do recreio?
Você tem brincado com colegas de outras turmas? Por quê?
Que brincadeiras ou jogos você gostaria que tivesse no recreio?
Você gostaria de aprender outras brincadeiras e jogos para a hora do recreio?
A etapa seguinte foi procurar enriquecer o projeto, ampliando a pesquisa com algumas
atividades bem simples.
1. Entrevista com pais ou avós levantando brincadeiras e jogos de outras épocas.
2. Levantamento (construção de tabelas) das brincadeiras mais conhecidas de outras
épocas.
3. Aprendendo a brincar com as brincadeiras levantadas pela pesquisa. Convidar pais ou
avós que possam estar presentes na hora do recreio para ensinar como se faz (confecção)
ou como se brinca (regras).
4. Organizando o novo recreio – distribuição de tarefas para melhor organização das
sugestões levantadas.
5. Registro oral e escrito de cantigas e refrões que por acaso façam parte das brincadeiras
resgatadas (fitas cassete e/ou fitas de vídeo).
6. Feira de brincadeiras.
Projeto escolar para o lixo
Combatendo o desperdício
A coleta seletiva de lixo é fundamental para o trabalho de reciclagem, promovendo
economia de dinheiro e diminuindo a pressão sobre os recursos ambientais.
Compreensão Já é comum encontrarmos escolas públicas e particulares que promovem,
com a ajuda de empresas privadas, uma coleta racional de lixo.
Essas empresas, em troca do lixo inorgânico – latas de cervejas, refrigerantes, papel –
fornecem computadores ou outros materiais que ajudam a melhorar a qualidade do
ensino. É preciso cuidar, no entanto, para que o aluno compreenda de fato o que está
fazendo, conheça os processos produtivos da reciclagem, que suas atitudes não se
transformem apenas em atos mecânicos.
Classificação O primeiro passo para um trabalho sobre o lixo produzido na escola é
descrever suas categorias, isto é, que tipo de lixo é encontrado, ao final de um período de
aula, dentro de uma lata de lixo.
Os grupos ficam encarregados de separar o lixo orgânico (sobras de alimentos, por
exemplo) do lixo inorgânico (papel, vidro, metais), relacionar o conteúdo encontrado e
determinar a sua quantidade.
A partir daí pode-se estimar o lixo produzido na escola em um dia, um mês ou ano.
O ideal é que a escola consiga dois recipientes de cores diferentes – um para o lixo
orgânico e outro para o lixo inorgânico.
Análise Identificar o montante do desperdício e de resíduos produzidos. Os dados
obtidos ajudam a formular propostas de redução da quantidade de lixo produzido. Por
exemplo, que se use as duas faces das folhas de papel ofício ou transforme o lixo
orgânico da merenda em adubo para a horta, vasos ou jardim.
Vale lembrar que os resíduos sólidos permanentes, como os plásticos e o isopor, são
capazes de permanecer por até 400 anos poluindo o ambiente.
Uma garrafa reciclada equivale a uma economia de energia suficiente para acender uma
lâmpada de 100 watts por quatro horas (The Earthworks Group, p. 23, in Genebaldo
Freire Dias, obra citada). Garrafas plásticas e objetos de isopor podem ser utilizados na
confecção de jogos e brinquedos.
Se possível, outra estratégia bastante rica seria a visita a uma unidade de reciclagem da
empresa coletora de lixo da cidade ou de indústrias que fazem reciclagem de materiais,
como alumínio, plástico ou papel.
Projeto Escolar sobre energia
Compreensão Boa parte dos povos do mundo depende hoje das fontes de energia. Se as
diferentes formas de energia não forem usadas de maneira sustentada, utilizando-se – de
forma racional – os recursos ambientais de que dispomos, viveremos momentos críticos
de crise de energia, que poderão levar ao caos social.
Exemplo do que poderá ocorrer em proporções maiores ainda é quando, por algum
motivo, o fornecimento de energia elétrica é interrompido nas grandes cidades: trânsito
caótico, hospitais afetados, pessoas presas em elevadores, praticamente todas as
atividades suspensas.
Diagnóstico Pedir que os alunos verifiquem os aparelhos domésticos de suas casas e
façam duas listas: uma com os aparelhos que utilizam eletricidade para funcionar e outra
daqueles que não precisam.
Objetivo: identificar o nível de dependência em relação à energia elétrica.
Outro diagnóstico que os alunos podem fazer em casa é identificar as formas de consumo
e as atitudes que revertem em economia de eletricidade em suas residências.
Objetivo: elaborar propostas de ampliação das formas econômicas do uso de energia.
O diagnóstico pode ser enriquecido verificando-se, na escola ou em casa, mês a mês,
lendo os dados da conta de luz: consumo em KWH e o preço pago no total e por unidade
de energia.
Aplicação Fazer um diagnóstico já é interessante em si mesmo, pois coloca os alunos em
contato com dados concretos da realidade que, no cotidiano, passam despercebidos. Mas
esse tipo de excercício escolar pode crescer para um interessante exercício de cidadania
se, a partir dos dados, eles puderem elaborar propostas de mudanças em procedimentos,
na sala de aula ou na esocla como um todo, visando à economia de energia.
Por exemplo, eles podem propor que se apague as lâmpadas das salas de aula quando não
estiverem sendo usadas.
Projeto escolar sobre a água
Compreensão O hábito de deixar a torneira aberta quando não estamos utilizando a água,
por exemplo no banho, ensaboando roupa ou louça ou escovando os dentes, causa um
aumento razoável de consumo.
Um banho demorado pode consumir (e desperdiçar) de 95 a 180 litros de água potável.
Experimentação Pedir que os alunos deixem uma torneira pingando – na escola ou em
casa – e determinem o tempo gasto para encher um litro d’água (ou o volume ocupado
depois de uma hora de goteira pingando).
A partir daí pode-se extrapolar o desperdício que ocorre com uma goteira durante um dia
ou um mês.
ALERTA
Todos que manipulam algum tipo de lixo devem usar luvas protetoras e pequenas
máscaras – dessas que se usa nos hospitais.
Bate-bola pedagógico
O papel do elemento lúdico nas atividades
de Educação Ambiental
A Educação Ambiental busca a construção da consciência de que precisamos viver em
um mundo diferente, transformador, harmônico, eqüitativo. As informações, os dados, as
análises são importantes, mas na prática de sala de aula, o trabalho não deve se limitar ao
puro raciocínio lógico formal, nem à transmissão dos conteúdos programáticos.
Experiências, observações, pesquisas, todos esses instrumentos podem ser – sem perder o
rigor – muito melhor recebidos pelos alunos se estiverem mergulhados em um clima
lúdico. O trabalho não precisa ser feito de forma sisuda e normativa para ser levado a
sério. Todas as qualidades que se agrupam em redor da seriedade – trabalho, zelo,
esforço, aplicação – podem ser encontradas no lúdico.
“A seriedade procura excluir o jogo, ao passo que o jogo pode muito bem incluir a
seriedade.” (Huizinga)
A brincadeira
Alguns teóricos vêm se dedicando ao estudo da atividade lúdica e é consenso afirmar que
não só a criança, mas também o adulto precisa da brincadeira e de alguma forma de jogo
para viver. No adulto, criatividade e humor expressam a forma lúdica de lidar com seus
próprios pensamentos; nas crianças, a brincadeira expressa a forma como elas interagem
com o mundo que as cerca, organizando, destruindo e reconstruindo, buscando
compreender o mundo dos adultos e construindo seus conhecimentos a partir das
experiências que vive. Também pelo jogo é capaz de expressar suas fantasias, desejos,
sentimentos e medos. Geralmente se relaciona o brincar apenas à obtenção de prazer; mas
as atividades lúdicas não se restringem a isso. Brincar pressupõe imaginação e regras. A
imaginação é uma atividade mental que propicia a interação entre a realidade e os
interesses e as necessidades da criança. Nenhuma brincadeira prescinde de regras e elas
são levadas muito a sério. As regras desempenham o papel de determinar aquilo que vale
no faz-de-conta.
Brincando a criança representa o que lhe é externo e interioriza, construindo seu próprio
pensamento.
O estético
Assim como o lúdico, o estético também merece ser incorporado às atividades. A música,
por exemplo, possui as mesmas características formais do jogo propriamente dito: é uma
atividade que se inicia e termina dentro dos limites estipulados de tempo e de lugar; é
passível de repetição, possui regras próprias (ordem, ritmo e alternância); transporta tanto
o público como os intérpretes para fora da vida cotidiana, para uma região de alegria,
serenidade e prazer. (Huizinga)
As sugestões
As sugestões apresentadas no projeto Tom da Mata procuram associar a leveza do lúdico
a informações corretas, evitando tanto a superficialidade como o excesso de informações.
Nos capítulos seguintes, são apresentados os temas centrais sobre o meio ambiente e, em
cada um deles, há sugestões de atividades que, tanto sensibilizam a turma para o tema,
como dão oportunidade de construir os conceitos e definir as atitudes que se quer
consolidar com a Educação Ambiental.
Algumas dessas atividades exigem materiais concretos para que possam ser realizadas.
Mas as possibilidades de trabalho com Educação Ambiental, na escola, são inúmeras e a
matéria-prima essencial a todas elas é a criatividade e o espírito empreendedor.
Em seguida, indicamos algumas atividades lúdicas que podem ser adaptadas a cada
projeto específico. E, depois, apresentamos algumas atividades-modelo em detalhes:
exposições
maquetes
júris simulados
jogos
dramatizações
oficinas experimentais
fabricação de instrumentos musicais com materiais da natureza
gravação de sons do ambiente
criação de uma bandinha com sucatas
concurso culinário com aproveitamento de sobras
concurso de músicas
concurso de poesias com o tema meio ambiente
Atividades-modelo
Melhorando a escola
Propor a construção de uma maquete da escola. Através dela será diagnosticada a
qualidade ambiental, constatando-se o que existe e o que falta: áreas verdes, horta
escolar, espaço físico individual, quadra esportiva, poluição visual, o ar ...
Espaço físico individual
Numa determinada escola, o refeitório não comportava o número de alunos na hora da
merenda. Com auxílio do professor de matemática, os alunos determinaram a área do
refeitório, dividiram pelo número de alunos e determinaram o espaço físico individual.
Foi constatado que os 30 centímetros eram insuficientes e levantaram soluções para a
questão. Uma das soluções propostas – a que foi adotada – foi o rodízio no horário de
utilização do refeitório.
Poluição visual
Os murais escolares muitas vezes pecam pela falta ou excesso. Se um mural vazio nada
acrescenta, um mural entupido de gravuras, pesquisas, mapas, calendários e tudo o mais
que o professor insiste em colocar, acreditando no benefício pelo acúmulo de
informações, pode estar sendo desperdiçado. Nosso aparato perceptivo é limitado. Temos
de estar convencidos disto, propondo atividades que levantem a questão da limitação da
nossa capacidade perceptiva.
Para tanto, pedir – por exemplo – que cada aluno recorte de revistas ou jornais três
gravuras de objetos.
No mural é afixada uma folha grande e é feita uma montagem com tudo que foi
recortado. Depois de pronto o material, solicitar que se encontre, por exemplo, três
relógios que estavam no meio dos recortes. Eles certamente terão dificuldade em achálos.
O entorno escolar
Mobilização da escola e comunidade para a criação de uma área de proteção ambiental.
(Proposta de projeto)
Sugerir uma excursão ao local que gostariam de ver protegido.
Fazer, em grupos, um levantamento de dados sobre a área: sua história, animais que lá
vivem, variedades da flora, se existe alguma nascente e em que condições ela se encontra.
Divulgar na escola as informações obtidas.
Promover com a comunidade visitas guiadas ao local – os alunos servindo de guias e
divulgando as informações levantadas.
Organizar todo o material, anexar as assinaturas de todas as pessoas da comunidade que
tenham se envolvido com o projeto. Encaminhar o material às autoridades competentes
solicitando a proteção da área.
Outras atividades relacionadas:
Mutirão de limpeza da área selecionada.
Estabelecer parceria com a prefeitura para manter os alunos como guias do local.
Visita a indústrias limpas
Identificar as indústrias e empresas que apresentam, em sua linha de produção, cuidados
com o meio ambiente.
Agendar visitas com os proprietários (não restringir a atividade aos alunos da escola,
ampliá-la à comunidade).
Propor atividades que registrem o que foi visto (relatórios, fotos, desenhos,
jornalzinho...).
Divulgar amplamente as soluções adotadas, em atendimento à legislação ambiental, para
que outras empresas da comunidade possam seguir o exemplo.
Convocando e informando os poluidores
Identificar na localidade as fontes poluidoras da natureza: indústrias, matadouros,
extração de minerais com uso de mercúrio, agricultura com uso abusivo de agrotóxicos;
Promover na escola debates e pesquisas sobre formas alternativas que poderiam evitar a
poluição dos rios, do ar ou do solo;
Convidar os proprietários ou responsáveis pelos setores de produção que estão agredindo
o ambiente, juntamente com representantes do governo, para participarem dos debates e
conhecerem as sugestões da comunidade.
Conversa com o professor
Professor,
Mesmo antes da Educação Ambiental se tornar um dos temas transversais incluídos nos
Parâmetros Curriculares Nacionais distribuídos às escolas públicas em 97/98, muitas
organizações não-governamentais, escolas e Secretarias de Educação estabeleceram
parcerias mais ou menos formais e puseram em prática projetos pioneiros que têm
servido de inspiração para trabalhos que se renovam a cada ano.
A partir dos anos 60, a questão ambiental provocou debates mundiais: naquele momento,
povos e governos se deram conta da gravidade dos problemas que enfrentavam e que só
aumentariam se nada fosse feito.
Vários encontros mundiais trataram do tema e se constatou a necessidade de um trabalho
de esclarecimento à opinião pública, apontando para a “responsabilidade com relação à
proteção e à melhoria do ambiente, em toda sua dimensão humana.” (Conferência da
ONU sobre o Ambiente Humano – 1972).
De início, essas recomendações vieram de forma vaga, mas logo depois indicavam o
caminho: a educação. Não encarada como a solução suficiente para as mudanças de
rumo do planeta, mas como agente transformador das mentalidades.
Em 1975, o documento da conferência de Estocolmo, a UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) registrava:
...devem ser lançadas bases para um programa mundial de Educação Ambiental que
possa tornar possível o desenvolvimento de nossos conhecimentos e habilidades, valores
e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, à elevação da
qualidade de vida para as gerações futuras.
A partir dessa data, alguns países passaram a adotar programas de Educação Ambiental e
essa prática se difunde ainda mais depois da Primeira Conferência Intergovernamental
sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO e pelo Programa da ONU para o
ambiente (PNUMA).
No Brasil, a Educação Ambiental foi assumida como obrigação nacional pela
Constituição de 1988:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (...)
1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...) VI - promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente...
Durante a Conferência Internacional Rio/92, o comprometimento internacional com a
educação se deu por meio de documentos firmados entre mais de 170 países,
reconhecendo seu papel para a construção de um mundo socialmente justo e
ecologicamente equilibrado, que implica a responsabilidade individual e coletiva em
níveis local, nacional e planetário.
A atual lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996), no Capítulo II, que trata da Educação Básica, orienta:
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes
diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos
cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática.
Mais direcionada ainda é a inclusão do meio ambiente nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, elaborados pela Secretaria do Ensino Fundamental-SEF/Ministério da
Educação e do Desporto (1996).
Portanto, as leis brasileiras e os pressupostos da educação estão em sintonia com as
proposições assumidas internacionalmente no que diz respeito ao investimento numa
nova mentalidade que gere novas posturas frente aos dilemas colocados em todas aquelas
reuniões.
O que se espera com a Educação Ambiental?
1. Rever hábitos e atitudes adotando comportamentos que promovam melhoria na
qualidade de vida.
2. Adotar comportamentos que contribuam para diminuir a degradação ambiental.
3. Buscar soluções individuais ou coletivas para reduzir a pressão sobre os recursos
ambientais.
Glossário básico
PROTEÇÃO
Defesa do que está ameaçado. Preservação e conservação seriam formas de proteção.
PRESERVAÇÃO
É a ação de proteger contra a destruição, e qualquer forma de dano ou degradação, um
ecossistema, uma área geográfica, espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção,
adotando-se medidas preventivas e de vigilância.
Na legislação ambiental, significa não permitir a intervenção humana.
CONSERVAÇÃO
É a utilização racional de um recurso qualquer, de modo a se obter rendimento e garantir,
ao mesmo tempo, sua renovação. Para a legislação ambiental, conservar implica manejar,
usar com cuidado, manter.
RECUPERAÇÃO
É o ato de recobrar o perdido. Em meio ambiente é restabelecer as características do
ambiente original.
REABILITAÇÃO
É o ato de recobrar parte do que foi perdido, quando é impossível se voltar à condição
original. O ambiente pode ser reabilitado para diversos fins.
DEGRADAÇÃO
É o ato de alterar e desequilibrar de tal forma o meio ambiente a ponto de atingir os
processos vitais ali existentes. A degradação pode se dar por causas naturais ou pela
intervenção do homem – o que os ambientalistas chamam de ação antrópica.
CAPACITAÇÃO
Breve histórico da Educação Ambiental nas escolas Quando a Primeira Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) recomendou que as escolas
passassem a cuidar também da Educação Ambiental, a primera impressão foi que seria
criada mais uma disciplina. Ou, quando muito, que fosse absorvida como uma tarefa dos
professores de Ciências – afinal, não seria uma disciplina para tratar da salvação dos
bichos e das plantas? Ou dos professores de Geografia – caso fôssemos pensar nos rios,
nos mares e nas montanhas.
No início, é verdade, a escola oscilou entre dois extremos:
– ignorar a proposta, deixando a responsabilidade de abordar as questões do meio
ambiente por conta dos professores de Ciências ou Geografia;
– investir esporadicamente em atividades de sensibilização para as questões ambientais
como hortas, por exemplo – algumas com muito sucesso de público –, mas sem garantias
de acompanhamento e avaliação dos resultados em termos daquilo que é fundamental – a
mudança de atitudes.
Levou um bom tempo para que se entendesse que a idéia de educar para o meio ambiente
deveria ir além, mas muito além mesmo, das campanhas e movimentos sociais em favor
desta ou daquela questão.
Desde 1977 já se discutia a necessidade do tema ser tratado interdisciplinarmente. Mas as
escolas não estavam habituadas, em sua maioria, a lidar com essa questão metodológica.
Até que, vinte anos depois de Tbilisi, o MEC apresentou formalmente o que entendia e o
que esperava da Educação Ambiental, consolidando nos Parâmetros Curriculares
Nacionais tudo que já havia sido experimentado com sucesso nas redes de ensino, mesmo
que não tivesse se caracterizado como uma política pedagógica.
O quadro que resultou dessa breve história não podia ser outro:
• a visão que se tem do que seja Educação Ambiental ainda é pouco definida entre a
maioria dos professores;
• faltam projetos escolares de Educação Ambiental;
• falta uma prática maior do que chamamos de interdisciplinaridade;
• falta integração da escola com a comunidade a que atende;
Mas, ao mesmo tempo:
• já existe uma tradição do que seja Educação Ambiental entre as organizações não-governamentais;
• algumas escolas, isoladamente, desenvolvem trabalhos sistemáticos nesse sentido;
• algumas redes de ensino têm propostas avançadas de Educação Ambiental.
A Pedagogia da Eduçação Ambiental
Questões básicas
Diante do quadro heterogêneo das práticas de Educação Ambiental, ao colocar nas mãos
do professor o material do Tom da Mata, sentimos a necessidade de organizar algumas
questões. Elas são fundamentais para que tiremos o máximo destes textos, canções e
imagens, qualquer que seja o projeto de Educação Ambiental no qual a escola esteja
envolvida.
• interdisciplinaridade
• inovações pedagógicas
• participação
• metodologia de projetos
Interdisciplinaridade
A Educação Ambiental tem o propósito fundamental de mostrar as interdependências
entre os aspectos biológicos e físicos – por se constituírem a base do meio onde vivemos
– e as dimensões socioculturais, econômicas e éticas da nossa vida. E, em linhas gerais,
busca abrir caminho para que o homem possa utilizar melhor – e de forma menos
predatória – os recursos da natureza.
Mas, para que a Educação Ambiental ocorra realmente, é necessária “uma reorientação e
articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitem a percepção
integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz de
responder às necessidades sociais”. (Genebaldo Freire Dias)
Embora as temáticas da Educação Ambiental sejam mais facilmente reconhecíveis nas
disciplinas de Ciências, Geografia ou História, elas podem ser tratadas nas várias
disciplinas sob diferentes perspectivas.
Como a abordagem das questões ambientais se pretende globalizante, a Educação
Ambiental não deve constituir uma disciplina – ela entrará no currículo tecendo uma rede
de relações entre todas as disciplinas: ela é interdisciplinar. Essa inte-ração se fará na
forma de tema transversal, estabelecendo uma visão abrangente da questão ambiental.
Exemplo
Para que a noção de interdisciplinaridade seja melhor compreendida e possamos ver
como ela pode ser posta em prática, utilizando-se o material educativo que compõe o
projeto Tom da Mata, tomaremos, como exemplo, o tema água, apresentado nos vídeos.
Ciências
O currículo prevê que se trabalhe a água como fonte de vida ou como disseminadora de
doenças; a distribuição da água nas cidades e as estações de tratamento.
Artes
Nas artes plásticas, poderá ser incentivada a criação de maquetes de estações de
tratamento. Em música, o trabalho pode ser desenvolvido com a utilização de canções
que se refiram ao tema, ou aos diversos sons que a água é capaz de produzir (água da
chuva, do rio, da cachoeira...)
Língua portuguesa
Notícias de jornal, interpretações ou produção de textos podem versar sobre o assunto,
assim como pode ser explorada a redação de documentos, projetos, abaixo-assinados,
cartas aos jornais, enfim – textos que tenham uma função social efetiva.
ambiente
o entorno físico e também os aspectos sociais, cultu-rais, econômicos e políticos interrelacionados
temas transversais
são os temas atuais que perpassam as diversas áreas de conhecimento, integrando
disciplinas e práticas.
Professor
Repare que em cada vídeo e a cada capítulo deste caderno são sugeridos trabalhos que
podem ser desenvolvidos com os alunos. Algumas sugestões são, inclusive, bastante
detalhadas, quase um passo a passo. Mas nenhuma delas deve ser tomada como receita
universal e sim como inspiração ou exemplo.
Você – mais do que ninguém – terá condições de avaliar o que deve ou não ser utilizado
e/ou as adaptações que precisam ser feitas. Planeje, juntamente com seus colegas, a
melhor forma de abordagem, já que cada professor conhece o perfil ambiental da
comunidade onde vocês atuam.
ACERTANDO O TOM
Já está na hora da gente plantar mato, reconstruir um pouco da nossa floresta Atlântica,
que é a coisa mais linda do mundo, o lugar que tem mais variedade de bicho, de planta,
de remédio, de tudo
Inovações pedagógicas
A grande inovação pedagógica trazida pela Educação Ambiental é a ênfase na ação e na
busca de soluções para os problemas que afetam o meio ambiente. A Educação
Ambiental é uma área recente no ensino, mas a divulgação de trabalhos realizados em
determinadas escolas tem fornecido subsídios para novos projetos em outras escolas.
De posse dos princípios que orientam a Educação Ambiental, estabelecendo parcerias
com os alunos, outros professores, funcionários, responsáveis, a comunidade, órgãos do
governo e da sociedade civil, podemos ampliar estudos e práticas.
Os vídeos temáticos que constam do projeto Tom da Mata não substituem a atuação do
professor. O material deve funcionar como instrumento facilitador de sua prática.
Para que se atinja o nível da participação almejado – estabelecido pelo professor de
acordo com o que conhece da turma – quatro etapas precisam ser percorridas:
• Apropriação dos conteúdos
• Construção dos conceitos
• Mudanças de atitudes
• Práticas de cidadania
O material pedagógico do projeto permite que todas essas etapas sejam vivenciadas.
Ao final de um determinado período, espera-se que o aluno:
adquira consciência do meio ambiente global e esteja sensível para tais questões;
adquira conhecimento em uma diversidade de experiências que permitam a
compreensão do meio ambiente e dos problemas a ele relacionados;
comprometa-se com a melhoria e a proteção do meio ambiente;
adquira habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais;
participe ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas ambientais.
Nas sugestões de trabalhos para os alunos (e professores) foram utilizadas diversas
estratégias de ensino buscando a real participação dos envolvidos e a leveza sempre
encontrada no espírito lúdico. Algumas dessas estratégias – sugeridas pela
UNESCO/UNEP/IEEP para a prática da Educação Ambiental – são bem conhecidas do
professorado.
Estratégias didáticas
Discussão toda a turma é envolvida e cada aluno contribui informalmente (grupão).
Discussão em grupo envolve toda a turma, organizada em pequenos grupos e o professor
atua como supervisor.
Brainstorm envolve todo o grupo e se pede para apresentar soluções possíveis para um
dado problema, sem se preocupar com análises críticas. Todas as sugestões são anotadas.
(O tempo limite é de 10-15 minutos). O termo importado do inglês é do jargão dos
núcleos de criação da publicidade e quer dizer ao pé da letra tempestade de cérebro.
Trabalho em grupo envolve a participação de grupos de 4-8 componentes que se tornam
responsáveis pela execução de uma tarefa.
Júri simulado requer a participação de dois grupos de 3-4 componentes para apresentar
idéias e argumentos de pontos de vista opostos aos demais colegas de classe, que podem
formar um grupo de avaliação.
Questionário desenvolvimento de um conjunto de questões ordenadas a ser submetido a
um determinado público para coleta de amostragem de opinião. Esse instrumento ajuda a
definir a extensão de um problema ou o impacto de uma questão.
Oficina de mídia produzir campanhas publicitárias, dos jornais, dos programas de rádio e
TV, e filmes.
Solução de problemas busca de soluções para problemas identificados na realidade e
apresentação de propostas concretas na escola e na comunidade.
Jogos de simulação os participantes vivenciam com jogos, as diversas situações de um
tema, sempre ligados a sua realidade.
Exploração do ambiente local prevê a utilização/exploração dos recursos locais próximos
para estudos, observações etc.
Participação
As questões ambientais induzem a que se tenha posturas e valores perante a vida. Não é à
toa que se fala tanto em ética e cidadania toda vez que se fala de Educação Ambiental.
Uma das suas finalidades, como já vimos, é que os indivíduos, nos grupos sociais e na
sociedade em seu conjunto, assumam novas formas de conduta a respeito do meio
ambiente. É praticamente consenso, hoje, nos meios educacionais, que não interessa
somente formar pessoas preocupadas em conhecer o seu ambiente, mas também torná-las
cidadãs conscientes, sabedoras de que sua prática pode interferir em seu meio. Espera-se
que ocorram mudanças de atitude e que as decisões e ações dos indivíduos, no futuro
imediato, estejam de acordo com essa nova ética. Essas mudanças devem ocorrer,
inclusive, nas atitudes dos governantes, de maneira que reorientem as políticas públicas
no mesmo rumo da Educação Ambiental.
Nesse sentido, todo professor comprometido com este tipo de questões, seja de que
disciplina for, estará apto para trabalhar com Educação Ambiental.
Quantas vezes ouvimos críticas de que os programas de ensino estão desvinculados da
realidade do aluno? E que esta seria uma das causas da evasão escolar. Por que, então,
não partimos de um levantamento das necessidades da comunidade onde a escola está
inserida?
Conhecendo o ambiente é possível interpretá-lo e atuar sobre ele
Existe água canalizada na sua escola? Os alunos e suas famílias sabem que
procedimentos devem adotar para que a água possa ser usada de maneira saudável?
Como divulgar para a comunidade o que foi aprendido de importante? Como os
moradores da região podem ser incluídos nesse trabalho? A que órgão de governo devem
se dirigir e cobrar a melhoria do sistema de abastecimento local?
Essas e outras questões são pertinentes ao trabalho que se pretende desenvolver, tendo a
crença no aluno como multiplicador de valores e atitudes.
Por esta razão, as atividades propostas têm firmes pés na realidade. Os textos têm função
social e as pesquisas são feitas em cima da realidade social em que a escola está situada.
Dessa forma, pretende-se que o aluno – ao mesmo tempo em que se apropria de
conteúdos e constrói conceitos – experimente, nas ações de cidadania, o papel de sujeito
real dessas ações, não se limitando a ensaios, simulações ou simulacros, embora estes
também sejam uma estratégia num determinado momento do aprendizado.
Metodologia de Projetos
O material pedagógico do projeto Tom da Mata pode ser explorado com o uso da
metodologia de projetos.
Etapas da metodologia de projetos
Primeiro passo definir o tema a ser trabalhado.
Essa definição deverá ser feita entre alunos e professores, partindo de necessidades
reais da comunidade, que podem ser aferidas por questionários e por amostragens de
respostas. Certamente, nesse momento, surgirão muitas dúvidas e perguntas,
fundamentais para o desenvolvimento do mesmo.
Segundo passo estabelecer objetivos, elaborar as atividades que farão parte do projeto
e providenciar a distribuição das tarefas.
Terceiro passo verificar se é possível integrar as diversas disciplinas e práticas nas
atividades escolhidas.
Quarto passo definir, no universo interdisciplinar, no conjunto de professores que
participarão do projeto, quais serão os mecanismos e instrumentos de acompanhamento e
avaliação.
Registro deve-se registrar tudo o que for feito, pois é importante para, ao final, além do
prazer de ver resultados concretos, poder avaliar e reformular o que for preciso. Há o
registro que deve acompanhar todo o desenrolar do tema por vários meios (jornais,
dramatizações, músicas, fotografias, filmes etc) e linguagens (escrita, plástica, corporal,
rítmica, fotográfica etc...). E há o registro que sistematiza o que foi feito, definindo a
relação entre os objetivos, as etapas, enumerando as dificuldades e os resultados. A esse
registro se dá o nome de relatório, diário ou memorial do projeto e deve ser documentado
com a produção dos alunos.
Professor
Com relação ao planejamento do projeto, vale notar que é no seu desenrolar que ele vai
tomando forma, se ampliando ou mesmo se desviando do que foi previamente traçado, na
busca do que é mais significativo para as pessoas envolvidas no trabalho.
A escolha dos temas
COMO FAZER
Os grandes temas ambientais enfocam questões de caráter local, regional e global.
Reconhecíveis ou não com facilidade, geram graus diferenciados de preocupação.
Que relação imediata pode estabelecer um morador da cidade entre o mal aproveitamento
dos recursos pesqueiros do planeta e o seu modo de vida?
Como fazer essa ponte, ligando coisas aparentemente distantes, se ele nem sempre é
capaz de perceber a poluição sonora que está presente no seu cotidiano?
Como fazê-lo perceber que a pesca predatória, assim como o barulho excessivo não são
inevitáveis?
Uma das finalidades da Educação Ambiental é, justamente, como se viu, sensibilizar o
indivíduo para que identifique, no ambiente onde vive, potenciais, riquezas e problemas
que requeiram soluções, e saber atuar sobre eles – primeiramente no contexto local, para
que perceba e reconheça sua importância e, em seguida, no contexto global. Este
princípio abre bastante o leque das possibilidades de trabalho em sala de aula.
O enfoque do trabalho de Educação Ambiental que adotamos é, portanto, o enfoque
ambiental total, que considera todos os aspectos ligados à vida: desde a falta de saúde da
população provocada pela falta de saneamento básico à preservação de espécies.
Evitando-se a linguagem catastrófica, é preciso abordar essas questões para que o aluno
construa uma visão integrada de mundo e adote posturas construtivas para consigo e com
seu meio, colaborando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e
socialmente justa.
No conjunto dos vídeos são abordadas algumas dessas temáticas, sempre integradas ao
tema gerador que é a Mata Atlântica.
No caderno do professor, as temáticas recebem outro tratamento, trazendo dados de
conteúdo, informações para enriquecer as discussões, indicações de fontes.
Temas locais ou globais?
Pense globalmente, aja localmente é um dos famosos lemas da Educação Ambiental.
A Educação Ambiental por tratar de questões sociais, econômicas e políticas, aponta
tanto para o que é próximo quanto para o macro, já que, por mais localizada que seja uma
questão, ela interessa direta ou indiretamente ao planeta como um todo. A escola pode
trabalhar com seus alunos tanto a questão da higiene pessoal como problemas específicos
daquela comunidade. Ambos são significativos por estarem próximos da realidade do
aluno. Mas existem, também, questões globais, que afetam todo o planeta e, é claro, os
alunos desta escola.
Todos sabemos a importância de se trabalhar conteúdos significativos para o aluno, isto
é, trabalhar conteúdos que permitam ao aluno reconhecer e valorizar o seu cotidiano e
estabelecer vínculos com o que a escola lhe apresenta. Essas ligações facilitam que se
faça a aplicação desse conhecimento para outras situações, ampliando-o.
Temas ambientais regionais
Durante a preparação da Conferência ECO 92 – que estabeleceu a Agenda 21 –, foi
elaborado um documento chamado Nossa Própria Agenda sobre o Desenvolvimento e o
Meio Ambiente. Ele trata dos problemas ambientais específicos da América Latina e
Caribe, resultantes da sua forma de colonização e de todo o processo histórico que se
sucedeu.
Nossa realidade ambiental não é conseqüência do desenvolvimento, mas da forma
descontrolada com que foram e ainda são extraídos os recursos renováveis ou não, que se
tornam cada vez mais escassos.
Com base nesse documento, foram escolhidos alguns temas de caráter regional presentes
no material do Tom da Mata:
Uso da terra
Ambiente urbano
Recursos hídricos
Ecossistemas e patrimônio biológico
Recursos florestais
Recursos marítimos e costeiros
Energia
Recursos minerais
Questões ambientais de âmbito global
Há temas ambientais que afetam a todos os povos, em qualquer parte do planeta. Eles são
denominados na Nossa Própria Agenda de Temas Ambientais Internacionais. Eles não se
restringem aos limites geopolíticos das fronteiras, têm efeitos globalizados e afetam toda
a humanidade.
São problemas ambientais globais:
Educação
Áreas públicas de lazer
Pobreza
Desnutrição
Aumento populacional
Escassez de recursos
Desmatamento
Bacias e ecossistemas compartilhados
Chuvas ácidas
Destino dos resíduos sólidos
Segurança ecológica
Extinção de espécies vegetais e animais
Alterações do clima
Má utilização dos recursos não-renováveis
Produção de armas nucleares
Usinas atômicas
Saúde pública
Guerras
Como trabalhar
Ligando o local e o global no Tom da Mata
O fio condutor do projeto Tom da Mata é a Mata Atlântica, enfocada sob a perspectiva da
sustentabilidade ecológica, isto é, “melhorar a qualidade da vida humana dentro dos
limites da capacidade de suporte dos ecossistemas” (PNUMA – Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente). Ela inclui o elemento humano, as dimensões geográficas,
históricas, sociais, políticas, econômicas, culturais e estéticas. Na grade temática estão
listados os conteúdos que foram desenvolvidos em cada vídeo. Eles procuram estar de
acordo com os conteúdos trabalhados no segundo segmento da educação básica – ensino
fundamental de 5a. à 8a. série – sem que estejam presos ao modelo serial.
Cada vídeo, por explorar um tema, pode concentrar conteúdos de uma determinada
disciplina, mas sua utilização não precisará se limitar a ela – o projeto ambiental se
propõe a ser interdisciplinar. Neles também serão reconhecíveis, pela forma de
abordagem, os princípios que norteiam a Educação Ambiental.
Os temas foram orientados para:
A perspectiva do desenvolvimento sustentável.
Enfocar o homem como um animal que faz parte dos ecossistemas e que é o prin-cipal
agente transformador destes ecossistemas.
Destacar a relação necessária e transformadora do homem com a natureza e a sociedade.
Partir do já conhecido para a posterior ampliação do tema abordado.
Utilizar uma perspectiva de abordagem multidisciplinar, facilitadora da
interdisciplinaridade.
Cabe ao professor papel fundamental na utilização do material audiovisual.
Sua metodologia pode seguir as seguintes diretrizes:
* Instigar seus alunos para o estabelecimento das articulações entre os conceitos já
construídos e as novas informações.
* Favorecer o movimento de dar um novo significado ao que eles sabem intuitivamente.
* Fazer o levantamento das dúvidas e questões que merecem ser pesquisadas e
aprofundadas.
* Sensibilizar para a realização de um projeto ambiental que envolva professores de
outras disciplinas, profissionais que trabalhem na escola ou outros, que possam, com a
sua participação, vir a enriquecer o trabalho.
* Envolver a família e a comunidade no planejamento de ações voltadas para a melhoria
da realidade sócio-ambiental onde a escola esteja inserida.
* Registrar as etapas do projeto.
* Avaliar e propor alterações para a melhoria do desenvolvimento do projeto.
* Divulgar a experiência.
Sugestões para atividades
Local preferido: cada pessoa se identifica positivamente com certos locais do seu
ambiente. Cada professor identifica o seu.
Estratégia: visualizar esse local e representá-lo utilizando a linguagem plástica. Para
promover o relaxamento que facilite a criatividade, deve ser usada música de fundo.
Qualidade de vida: perceber o que é para si e para os outros; despertar para o significado
que possui na comunidade; sugerir formas de atuação para a melhoria da qualidade de
vida na comunidade.
Estratégia: brainstorm e discussão. O dinamizador pedirá que cada professor diga o que é
para ele qualidade de vida. O que for dito deverá ser anotado e servirá de apoio para uma
reflexão sobre as diferentes concepções que se possa ter. O que se pretende é que esta
seja uma das maneiras de sensibilizar os professores na busca de um mundo melhor para
se viver.
Professor
Na utilização do material pedagógico é preciso levar em conta, além do enfoque
interdisciplinar, as diferenças socioeconômicas, culturais e a faixa etária do grupo de
alunos com que se vai trabalhar.
Ficha de Identificação
. Quantas turmas, de que séries e quantos alunos participaram das atividades?
professores e de que disciplinas?
Quantos
. Quantos alunos freqüentam sua escola?
. Onde sua escola está situada e qual é o perfil social dos alunos?
. Você já havia participado de algum projeto de Educação Ambiental? Qual?
Avaliação do projeto
O material colocado à disposição dos professores pelo Tom da Mata:
. Atendeu às necessidades da Educação Ambiental?
Sim
Não Por que?
. Os suportes estão adequados?
Sim
Não Por que?
. A linguagem está adequada?
Sim
Não Por que?
. As atividades estão bem explicadas?
Sim
Não Por que?
. A seu ver, o que faltou no projeto para atender melhor sua escola e sua
comunidade?
Avaliação das Atividades
Assinale a unidade que está sendo avaliada:
água
mata
solo
fauna
usos da mata
o homem e a mata
flora
cidades
biodiversidade
parques e reservas
1. Enumere os conteúdos curriculares efetivamente trabalhados com a (s) turma (s).
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.........................................................................................................................................
2. Enumere os conceitos que despertaram mais a atenção dos alunos.
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.........................................................................................................................................
3. Enumere os conceitos que ofereceram as maiores dificuldades de entendimento.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
4. Observando o comportamento de todos que participaram da atividade proposta nesta
unidade, enumere mudanças de atitude que já podem ser percebidas.
.........................................................................................................................................
.........................................................................................................................................
6. Resuma em no máximo dez linhas qual foi o projeto, adaptado ou não, desenvolvido
nesta unidade, suas principais dificuldades e que ganhos ele trouxe para a comunidade
(professores, alunos, funcionários, familiares e vizinhos).
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Professor
Sua avaliação sobre o material pedagógico do Tom da Mata é muito importante para
todos que estão empenhados na Educação Ambiental e na preservação do nosso
patrimônio natural e cultural.
Por favor, responda às questões do quadro ao lado, reúna as avaliações de cada uma das
dez unidades de conteúdo (Mata Atlântica, Solo, Água, Fauna, Flora, Usos da Mata, O
Homem e a Mata, Cidades, Parques e Reservas, e Biodiversidade), os diários dos projetos
desenvolvidos e outros materiais produzidos por seus alunos durante as atividades, e
envie para:
Fundação Roberto Marinho
Projeto Tom da Mata
Gerência de Ciência e Ecologia
Av. Paulo de Frontin, 568
CEP 20 261- 243
Rio de Janeiro – RJ
Professor
Tire dez cópias da ficha ao lado, uma para cada unidade e não esqueça de anexar os
relatórios e materiais produzidos pelos alunos.
O JOGO
O que é Role Playing Game? RPG é a sigla de Role Playing Game e significa Jogo de
Representação. Surgiu nos Estados Unidos, em 1974, e espalhou-se pelo mundo muito
rapidamente. Criado originalmente para diversão, logo despertou o interesse de
educadores, por ser um instrumento capaz de simular a realidade, tendo a imaginação
como meio, a partir da leitura de misteriosos e cativantes textos de aventura.
De uma sessão de RPG participam o mestre e os jogadores.
A função do mestre é apresentar ao grupo de jogadores uma história, uma aventura, que
contenha enigmas, charadas, situações que exigirão escolhas por parte dos jogadores.
Estes, por sua vez, controlam personagens que viverão a aventura, discutindo entre si as
escolhas que farão e as soluções que darão aos enigmas que surgirem.
As características principais do RPG
QUAIS SÃO
Toda a ação da aventura se passa na imaginação Pode-se usar mapas, tabuleiros, tabelas,
dependendo da aventura escolhida, mas freqüentemente nenhum material é necessário.
Como não há limites para a imaginação, podem ser criadas histórias em que os
personagens sejam super-heróis, políticos, artistas ou até seres de outros planetas, com
características e poderes diferentes de um ser humano. A aventura pode acontecer no
passado remoto, na época dos dinossauros, por exemplo, ou num futuro imaginário, daqui
a 3.000 anos. Pode ainda desenvolver-se num universo fantástico, mágico, com fadas,
gnomos ou seres incorpóreos.
O jogador é um participante ativo Como ator, o jogador representa um papel e, como
roteirista, escolhe caminhos e toma decisões nem sempre previstas pelo mestre,
contribuindo na recriação da aventura.
A base do RPG é a criatividade Ao preparar uma aventura, o mestre pode basear-se em
aventuras já prontas ou criar novas, usando sua imaginação e pesquisas em livros de
ficção, filmes, peças de teatro. O jogador elabora seu personagem a partir de regras
adequadas ao tipo de aventura a ser vivida e dirige suas ações durante o jogo. Esta
flexibilidade traz possibilidades ilimitadas à história.
O RPG não é competitivo A diversão não está em vencer ou derrotar os outros
jogadores, mas em utilizar a inteligência e a imaginação para, em cooperação com os
demais participantes, buscar alternativas que permitam encontrar as melhores respostas
para as situações propostas pela aventura. É um exercício de diálogo, de decisão em
grupo, de consenso.
O RPG desperta o interesse pela leitura e pesquisa Após participar de algumas
aventuras, a maioria dos jogadores sente o desejo de criar suas próprias histórias,
ocupando o papel de mestre do jogo. Para isso, deverá pesquisar sistemas de jogos,
roteiros e informações que complementem sua história. É comum os mestres estarem às
voltas com livros e endereços eletrônicos em busca de dados da história, geografia ou
ficção, buscando dados para suas próximas aventuras. Mesmo o jogador, nas aventuras
pedagógicas, pode ser incentivado a fazer pesquisas para se municiar de informações e
aumentar suas chances de trazer contribuições para a próxima aventura.
O RPG pode ser usado como um método para criar histórias Nos EUA, freqüentemente,
os jogadores escrevem a aventura vivida e a transformam em livro de ficção. Uma das
dificuldades que o professor enfrenta com seus alunos é despertar o interesse por
conteúdos que não parecem ter aplicação imediata em suas vidas. O aluno, então, estuda
por estudar, para atender a uma obrigação, para ser aprovado ao final do ano letivo e não
para desenvolver seus conhecimentos e capacidades que permitirão maior liberdade de
escolha e satisfação em sua vida. O RPG, nesses casos, permite evidenciar a
aplicabilidade do conteúdo, de forma imediata e simples, no ambiente da sala de aula. É
necessário apenas usar a imaginação.
O professor não precisa necessariamente criar material especial "Mestrar" uma aventura
é bem mais fácil do que pode parecer à primeira vista. O professor não precisa ser artista
para atrair a atenção e o interesse dos alunos. Isso passa a ser tarefa da aventura, da
história. Quanto mais envolvente, enigmática, misteriosa, mais a imaginação e a
criatividade serão despertadas.
ACERTANDO O TOM
Tico marcou bem o lugar e desceu o espigão (...) e logo chegou no rancho das uricanas.
Convocou os companheiros, o cozinheiro, o mateiro e lá se foram serra acima (...) o
espanto foi geral, onça morta no pio do macuco ...
O jogo na sala de aula
COMO USAR
As aventuras que acompanham o projeto Tom da Mata são adequadas para mestres
iniciantes e podem ser jogadas por até 40 alunos simultaneamente. É fundamental que,
antes da aplicação, se considere a necessidade de adequar termos e situações às
características culturais, idade e nível de compreensão dos alunos.
É importante também considerar a região em que vivem, fazendo com que a aventura se
desenrole num ambiente familiar ao grupo. Se algumas aventuras apresentarem
problemas que não ocorram necessariamente no ambiente dos alunos como, por exemplo,
poluição sonora, será melhor modificar ou mesmo retirar o problema da aventura.
As aventuras foram desenhadas para serem jogadas num tempo normal de aula, mas
algumas podem ser estendidas conforme o desejo e a disponibilidade do professor.
O RPG é, por natureza, multidisciplinar. Em geral as aventuras envolvem várias áreas do
conhecimento humano e poderão ser utilizadas, eficazmente, por professores de diversas
disciplinas. Aventuras que envolvem cálculos podem ser aproveitadas pelo professor de
Matemática. Aventuras que envolvem elaboração de relatórios podem ser usadas pelo
professor de Língua Portuguesa. Em cada aventura o professor terá elementos para, se
desejar, incluir a participação de outros professores, de outras turmas e até da escola toda.
As aventuras propostas pelo projeto Tom da Mata contêm todas as informações
necessárias para serem aplicadas e possibilitam que sejam abordados os conteúdos do
currículo.
Sem fugir do planejamento, sem se tornar um intervalo ou uma interrupção forçada das
aulas, o jogo pode ser um facilitador na escolha das atividades.
Um jogo de RPG
COMO COMEÇAR
O conteúdo do item HISTÓRIA deverá ser lido para os alunos, iniciando assim a
aventura. O item INFORMAÇÕES PRIVATIVAS DO MESTRE não deverá ser lido para
os alunos e traz referências exclusivas para o mestre.
O item ALTERNATIVAS, existente em algumas aventuras, apresenta modificações que
permitem enriquecê-las ou adequá-las a situações específicas.
Algumas aventuras possuem uma relação de EVENTOS, que poderão ser apresentados
aos jogadores durante o desenrolar da ação.
O professor poderá incluir novos eventos ou até mesmo não utilizá-los.
A aventura O RPG na Sala de Aula - A Cidade se Mobiliza, que consta do livro, é voltada
para a preparação de professores para a utilização do material educativo do projeto e
deverá ser aplicada aos educadores que participarão do projeto Tom da Mata em sua
escola. Como, provavelmente, será a primeira aventura que o professor irá mestrar, ela
traz informações mais detalhadas.
Vejamos um exemplo:
O mestre inicia o jogo contando uma história aos personagens.
Vocês estavam num cruzeiro marítimo, mas uma tempestade afundou o navio. Vocês
conseguiram alcançar uma ilha e descobriram que está deserta. Não puderam salvar nada
do navio e estão apenas com a roupa do corpo. A ilha é tropical e tem cerca de 20
quilômetros de diâmetro. Não há nenhuma outra terra à vista.
Esta simples introdução já é suficiente para situar a aventura. Os participantes assumem
seus personagens. Serão "náufragos numa ilha deserta", e deverão usar seus
conhecimentos e criatividade para conseguir sobreviver e até sair dela. O desenrolar da
história dependerá dos objetivos do mestre com a aventura.
O professor de Biologia poderia desejar que seus alunos fossem capazes de encontrar
alimento e ervas medicinais. Ele diria:
Vocês estão com fome.
Os personagens tentariam resolver este problema usando os recursos de uma ilha tropical.
Após algum debate diriam algo como:
Vamos procurar frutas na mata.
O mestre responderia:
Vocês encontram frutas e comem, mas descobrem que não há tanta variedade nem
quantidade na ilha. Se tiverem que permanecer aqui por muito tempo, terão que encontrar
alternativas.
E, assim, levaria o grupo a pescar, a caçar e até mesmo a começar uma plantação.
O professor de Educação Artística teria objetivos diferentes e poderia dizer, de início,
que a ilha tem alimento e água à vontade. Os personagens não precisariam buscar
soluções para isso.
Mas na ilha chove muito e há necessidade urgente de abrigo.
Os personagens deveriam dizer como construiriam o abrigo e, depois, reproduzi-lo em
maquetes reais.
Quando desejassem construir um barco para saírem da ilha, deveriam reproduzi-lo com
desenhos ou modelos em madeira.
Se um personagem quisesse construir um planador e sair voando da ilha, caberia ao
mestre avaliar se essa hipótese seria viável, baseando-se no desenho que fizera da
situação.
Como numa ilha real não há material adequado para isto, provavelmente o mestre diria
que é impossível.
Os personagens teriam que buscar outras soluções.
Muitos mestres iniciantes temem não encontrar respostas adequadas para as alternativas
imprevisíveis, geradas pelos personagens.
Isto, em geral, não é problema.
O mestre conhece o universo que desenhou e é fácil para ele saber se tal alternativa é
coerente e válida ou não.
De frente para o imprevisto
Há também a possibilidade de deixar a sorte definir a validade da alternativa.
Mais que um simples jogo de dados, a sorte aqui faz a vez do imprevisto e testa a
capacidade dos participantes em tomar decisões.
Justamente uma das habilidades mais requisitadas para o mercado de trabalho que se
desenha para o século XXI.
No RPG são usados dados, como o de 6 faces, para avaliar alternativas. Há dados com
variado número de faces.
Os de 4, 6, 8, 10, 12 e 20 são os mais usados.
No início do jogo, o mestre pode estabelecer que se estiver em dúvida jogará uma vez o
dado de 10 faces.
Se o resultado for 5 ou mais, a alternativa é válida e pode ser usada.
Dizemos que ele jogará 1D10 (uma vez um dado de 10 faces).
O mestre ficou em dúvida quanto à possibilidade de construção de um planador.
Joga 1D10. O resultado é 7. O planador foi construído.
Um personagem decide pilotar um avião.
O mestre joga 1D10 para saber se conseguiu decolar. O resultado é 3. Não conseguiu.
O mestre joga 1D4 para saber o dano que o aparelho sofreu. O resultado é 3 que, no seu
critério, impede novos vôos.
Poderá jogar 1D4 para saber quais danos foram sofridos pelo piloto. 4 pode significar sua
morte. O resultado 2 significa que ele quebrou as pernas.
O grupo terá que encontrar soluções para curar o piloto.
Não é necessário, é até impossível, prever antecipadamente todas as situações que podem
surgir.
O mestre decide na hora o que não foi previsto.
Como, por exemplo, que o resultado igual a 2 significa "pernas quebradas".
O mestre poderá permitir ou não que o planador seja novamente construído e estabelecer
que podem ser feitas 3 tentativas, por exemplo.
Os participantes do RPG
QUAIS SÃO
* O PERSONAGEM JOGADOR (PC)
PC é sigla de Player Character – personagem jogador, em inglês. É a mais usada pelos
jogadores de RPG. Os PCs são os participantes da aventura. No exemplo anterior, serão
os náufragos. Os PCs podem ter características especiais, conhecimentos, habilidades,
recursos. O mestre pode determinar que dois PCs possuem conhecimento técnico para
construírem planadores. Outro PC traz consigo uma caixa de ferramentas com serras,
martelos e pregos. Os jogadores, com estas informações, diriam: "Vamos usar as
ferramentas e o conhecimento técnico disponível para construir um planador". O mestre
não precisaria jogar 1D10 para saber se foi construído. Os PCs somente podem usar
recursos que forem estabelecidos como parte do universo da aventura. Não podem criar
uma caixa de ferramentas do nada.
* O PERSONAGEM NÃO JOGADOR (NPC)
NPC é sigla de Non Player Character – personagem não jogador, em inglês. É a mais
usada pelos jogadores de RPG. Os NPCs são representados pelo mestre. O comandante
de um navio que passa próximo à ilha seria um NPC. O mestre, representando-o, faria o
resgate dos PCs. Numa aula de inglês, o comandante deixaria os PCs numa ilha habitada
por falantes desta língua. O mestre também representaria os habitantes da ilha (NPCs) e
os PCs deveriam comunicar-se com eles somente em inglês.
* O PAPEL DO MESTRE
O mestre de RPG detém poder total sobre a aventura. É um tipo de "deus", figura
onipresente, onisciente e onipotente. Sua palavra é lei. Longe de ser uma figura ditatorial,
o mestre é responsável por manter o clima lúdico do jogo e estabelecer limites para as
escolhas dos jogadores.
Na vida real, a própria realidade estabelece limites para nossas escolhas. Se estou diante
de uma parede sólida, as leis da física me impedem de atravessá-la.
Na imaginação, posso atravessá-la sem nenhuma dificuldade.
Se o personagem que represento for uma pessoa sem poderes especiais, cabe ao mestre
impedir que eu simplesmente atravesse a parede segundo minha vontade. Terei que
procurar uma porta que poderá, claro, estar trancada.
Terei que usar minha criatividade e conhecimentos para encontrar uma forma de sair.
Sem o mestre para estabelecer limites, a aventura se tornaria caótica porque tudo seria
possível.
Como o mestre tem conhecimento total sobre a aventura, ou até foi ele mesmo quem a
criou, ele domina as regras, os limites e, assim, pode manter a ação de forma coerente
durante o jogo.
Apesar de onipotente, o mestre não pode fugir das regras da aventura nem, em hipótese
alguma, agir com desonestidade.
Mesmo que quisesse – no exemplo acima – não poderia permitir que o personagem
atravessasse a parede. Todos esperamos contar com um "deus" caridoso, coerente e de
bom senso, até mesmo numa aventura de fantasia.
* MAIS INFORMAÇÕES
No Brasil há muito material disponível sobre o RPG, mas somente voltado para a
diversão.
Para a aplicação pedagógica há o livro Saindo do quadro, de Alfeu Marcatto, responsável
pela elaboração das aventuras do projeto Tom da Mata.
O livro mostra como transformar qualquer conteúdo didático em simulações baseadas no
RPG. É voltado para professores do 1º ao 3º. grau, professores de línguas e cursos de
atualização de professores.
Alfeu Marcatto
Av. São João Batista, 197 - conj. 22
CEP 09736-490 – São Bernardo do Campo – SP
Fone: (11) 7684-1065
E-mail: [email protected]
Site: http://www.hitnet.com.br/alfmarc
EDUCAÇÃO MUSICAL
Escuta o mato crescendo em paz
Escuta o mato crescendo
Escuta o mato,
Escuta,
Escuta,
Escuta o vento cantando no arvoredo ...
(Borzeguim)
O Tom da Mata
POR QUE
Harmonias irretocáveis e melodias eternas. Assim o compositor Toquinho sintetiza a obra
musical de Tom Jobim, o maestro considerado um dos maiores expoentes da MPB. Mas,
o que significam as músicas de Tom Jobim? O que significa a Bossa Nova na MPB?
No final da década de 1950, Tom e João Gilberto se encontraram e, misturando suas
raízes musicais – o jeito Pixinguinha, a bossa de Noel Rosa (que já unira o samba do
morro à poesia e ao humor da classe média), ao suingue do jazz, criaram uma bossa
diferente – uma bossa nova – que marcou para sempre a música popular brasileira.
A Bossa Nova mostrou uma nova poesia, nova harmonia e balanço e contribuiu para o
processo de construção da identidade brasileira.
A Bossa Nova abriu espaços no mercado da música norte-americana e se estabeleceu,
possibilitando uma nova visão da nossa música e, portanto, do Brasil, nos Estados Unidos
e, em conseqüência, em outros países, principalmente da Europa.
Em 1967, o disco Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim ganhou o prêmio
Grammy como melhor álbum vocal e foi sucesso de público, só perdendo para um álbum
dos Beatles.
No 3º Festival Internacional da Canção, o público fez de Caminhando (Pra não dizer que
não falei das Flores, de Geraldo Vandré) um hino de protesto, vaiando a música
vencedora da etapa brasileira, Sabiá (parceria com Chico Buarque de Holanda). A letra
foi julgada alienada, para a época. Mas Sabiá acabou se tornando a Canção do Exílio*
dos artistas brasileiros que, por causa do AI-5, tiveram que deixar o país.
Sucesso internacional, já na década de 1960, as músicas e o estilo de Tom Jobim foram
incentivo, inspiração e caminho a ser descoberto por toda uma geração de compositores
que lhe seguiram. Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Toquinho, João
Bosco, Djavan e muitos outros. Garota de Ipanema tem mais de 180 gravações diferentes,
e centenas de vozes já a interpretaram.
Antonio Carlos Jobim, como artista e homem ligado ao seu tempo, à sua cultura e às
questões sociais de sua época, não podia deixar de ser um defensor da Natureza. Se tantas
de suas música falam de amor, outras tantas exultam a beleza desta nossa natureza. As
praias, as montanhas, as matas, os sons que delas ressoam, estão presentes em suas
melodias, em suas letras, em suas harmonias.
Por isso, neste projeto, o professor vai encontrar o livro das canções de Tom Jobim, com
letras e pautas musicais e algumas dicas sobre teoria musical. Uma coleção de canções
em que a natureza está sempre presente, com suas cores e seu mundo de sons.
Viver num mundo sonoro
COMO É
Entre os gregos, o termo Sinfonia era usado para se referir a consonâncias perfeitas. O
termo sinfonia, em sentido figurado, significa, no senso comum, um conjunto variado e
harmônico de elementos. Por exemplo, quando falamos sinfonia de cores. Nesse sentido
– conjunto variado e harmônico –, podemos dizer que há uma sinfonia na Natureza.
Os sons da natureza
O canto tão afinado e diferenciado dos pássaros – pequenas melodias que podem
ser transcritas.
O eterno movimento das ondas, tal qual um cânone .
O ritmo marcado dos grilos e sapos – vozes do brejo com suas ressonâncias e
timbres variados.
O canto-lamento longo e agudo da cigarra com seus ciclos e conversas povoados de notas e sons harmônicos.
Os pios breves e graves da coruja.
Os ventos simultâneos com seus sons longos e brisas leves e breves – respirações
e suspiros do ar que nos cerca.
O farfalhar das árvores ao vento.
A paz ruidosa e forte em seus timbres, sons e cores do entardecer e do amanhecer, marcada pela beleza e força de seus diversos tibres, sons e cores.
As singelas melodias e contrapontos que acontecem entre galos, sapos, rãs, grilos e pássaros.
Os estranhos zumbidos dos insetos e o suave farfalhar individual de suas asas.
O piscar de vagalumes em seus pulsos regulares e, portanto, previsíveis.
Tudo isto acontece de forma espontânea, sem que nenhum dos personagens tenha cursado
escolas de música ou dança. Mas acontece de forma tão integrada!
Basta irmos para uma montanha, para o meio do mato, do campo, para uma praia ou à
beira de um pequeno riacho, para constatarmos e vivenciarmos o “silêncio” destes
espaços, repletos de sons que se articulam e se harmonizam neste todo a que chamamos
Natureza.
canône
forma de composição muito utilizada no século XVI, na qual o tema é iniciado por uma
voz e imitado por outras vozes sucessivas, em intervalos de tempo regulares
timbre
som que é próprio e de acordo com as características peculiares da estrutura mecânica,
acústica e anatômica de cada instrumento. Cada voz, cada som também tem o seu timbre.
É o timbre que nos permite identificar qual a fonte sonora.
Viver num universo rítmico
O ritmo se encontra na origem da própria vida.
Tudo tem ritmo:
A pulsação vital.
Os batimentos cardíacos (eletrocardiograma).
A respiração.
As ondas cerebrais (eletroencefalograma).
Os ciclos hormonais.
O andar.
A fala.
Os movimentos das águas dos rios e do mar, do vento nas campinas e no deserto.
O movimento do bater das asas, do arrastar-se, do andar ou correr dos animais.
As fases da lua.
Os movimentos da Terra (rotação e translação – os dias e as noites, as estações do ano).
Os movimentos dos planetas.
Tudo no universo possui uma pulsação.
Vida é movimento. O movimento obedece ao que lhe é inerente: o ritmo. Como diz um
ditado sânscrito, a tonalidade é a mãe da natureza, mas o ritmo é seu pai.
Em todas as culturas e em todos os grupos musicais, a “afinação no tempo” é
fundamental. Seja nos rituais e danças indígenas ou africanas, com o seu bater de pés e
com seus tambores, seja nas orquestras ou grupos de câmara, seja nos conjuntos de jazz
que contam o tempo indicando o compasso antes de começarem a tocar, todos os que
vivenciam a música sabem da importância de acertarem o andamento; sabem da
importância de se afinarem em relação ao pulso e, portanto, ao ciclo de base antes de
tocarem, dançarem ou participarem de uma vivência musical.
sânscrito
uma das mais antigas
línguas clássicas da Índia, da família indo-européia.
grupos musicais
bandas, corais, orquestras, conjuntos regionais, qualquer grupo de pessoas que toquem ou
cantem
juntas.
O que é ?
afinação no tempo
tocar ou cantar mantendo o pulso, o andamento da música.
andamento
velocidade em que a música será executada.
pulsos
intervalos regulares de tempo.
compasso
unidade métrica utilizada em música, constituído de tempos com a mesma duração.
compasso binário
quando o tempo é marcado de dois em dois, como nas marchas.
compasso ternário
quando é marcado de três em três, como nas valsas.
compasso quaternário
quando é marcado de quatro em quatro, como nos hinos.
A busca da interação rítmica, que acontece a partir do compartilhar o pulso, os tempos, os
ciclos, as frases rítmicas, é fundamental para qualquer execução musical da mais simples
à mais complexa, e põe em ação uma periodicidade que propicia os ritmos
compartilhados, o sincronismo das vozes, o entrelaçamento harmonioso dos
instrumentos, o entrosamento e a comunicação na dança, nas conversas, nos
relacionamentos, enfim, na vida. Nós somos seres rítmicos-sonoros.
É interessante como certos instrumentos, principalmente alguns de percussão, tanto pelo
seu timbre como por sua função na execução, atuam como pulsos quase que orgânicos. É
o caso do zabumba nas músicas do Nordeste e do surdo no samba.
sincronismo
das vozes
vozes cantando ao mesmo tempo em perfeita conjugação, em entrosamento umas com as
outras.
zabumba
tambor de grande diâmetro, mas não muito largo, comum nos conjuntos regionais
nordestinos.
surdo espécie de tambor grande, usado em escolas de samba.
Vamos ouvir
PARA QUE
O homem é uma interação pulsatória – batimentos cardíacos, respiração, fluxo sangüíneo,
movimentos corporais, ondas cerebrais. Cada uma de nossas partes vibra e, portanto,
produz um som. Som é vibração. O fato de não serem percebidas não significa que elas
não existam ou que não estejam atuando.
A nossa adaptação ecológica determina qual o sentido a ser mais utilizado. No nosso diaa-dia de cidade, dependemos muito da visão – para atravessar a rua, para ver televisão,
ler, escrever.
É claro que também ouvimos, mas nossa audição, nosso ouvir, não está acostumado, não
está atento para detalhes, até como uma defesa contra a poluição sonora. Isto, por
exemplo, não acontece com um homem que viva nas matas.
Precisamos ouvir para nos orientar, nos comunicar, para sobreviver. O quanto é
importante ouvir-se, ouvir o outro, ouvir o ambiente. Ouvir é enxergar no escuro.
Permitir este contato sonoro consigo, com o outro, com o meio ambiente é buscar a
harmonização, a tonalização – estar num mesmo tom, mesmo que sujeito a constantes
modulações. Esta prática nos conduz naturalmente a “lieds” (canções) de empatia e
ressonância.
Ouvir está relacionado à capacidade de entrega, recepção e cooperação.
Escutar com atenção uma fonte sonora promove a interação rítmica, a afinação e a
harmonia com o ambiente. Amplia, portanto, a consciência.
Vamos medir sons
COMO
Nosso vocabulário corrente para descrever sons, mesmo entre adultos com formação
universitária, é confuso. É comum as pessoas utilizarem os termos fino e grosso para se
referirem a sons agudos e graves.
Altura é um dos parâmetros sonoros, uma das qualidades dos sons que se refere à
definição da freqüência dos mesmos, podendo ser graves (com poucas vibrações por
segundo) ou agudos (com vibrações mais freqüentes).
É claro que, em instrumentos de cordas, por exemplo, as cordas mais grossas têm um
menor número de vibrações por segundo e, portanto, emitem sons mais graves. Acontece
o oposto com cordas mais finas.
Já que nos aparelhos de som existe o termo volume, somos levados a definir os sons
como altos e baixos – confundindo ainda mais o conceito de altura dos sons. Entretanto,
existe o parâmetro intensidade que é a qualidade do som que se refere à sua força de
emissão, podendo ser fortíssimo, forte, meio forte ou meio piano, piano, ou pianíssimo,
se referindo aos sons que são emitidos em diferentes intensidades.
O que é ?
altura
qualidade dos sons que se refere ao número de vibrações que um som tem por segundo.
Os sons podem ter altura aguda ou grave.
volume
termo comumente usado para se referir à intensidade dos sons.
fortíssimo, forte, meio forte, piano, pianíssimo
nomenclatura para as diferentes intensidades que um som pode ter.
Os sons e nós
Várias pesquisas comprovam que os sons e a música podem influir na pressão sangüínea,
no ritmo cardíaco (músicas com andamentos rápidos), podendo até mesmo modificar um
eletrocardiograma.
Os ruídos interferem em atividades como dormir, descansar, ler, concentrar-se,
comunicar-se. Ruídos elevados produzem constrição dos vasos sanguíneos, dilatação das
pupilas, contração dos músculos, aumento dos batimentos cardíacos, estremecimento,
espasmos estomacais, vertigens, redução da capacidade de visão, tensão emocional,
alergias, úlceras, dificuldades respiratórias, estresse, desequilíbrio psíquico e, como não
poderia deixar de ser, surdez progressiva.
Acima de 80 dB (decibéis), os sons provocam queda da produtividade, aumento do índice
de acidentes e doenças (dores de cabeça, náuseas), sem falar do estado de humor
(irritabilidade, cansaço, agitação). De forma imperceptível, mas cruel e profunda, a
poluição sonora altera nossos ritmos internos, influi nas ondas e processos cerebrais e no
nosso estado de ânimo e humor. Gerando tensão, nossas reações, a princípio
inconscientes, tendem para a irritação, a agressividade e o estresse.
A música na escola
Fazer música, não importa em que sociedade, é um acontecimento complexo. Os sons,
estruturados desta ou daquela forma, são uma parte integrante e importante de um todo.
Não é sem razão que a música está sempre presente em cerimônias religiosas e cívicas.
Todas as nações têm seu hino.
Se efetivamente quisermos analisar um evento musical, uma música, será preciso
analisarmos como um acontecimento total, perguntando não somente o que foi feito, mas
também, “onde”, “como”, “quando”, “por quem”, “para quem”, “por que”, “quais as
intenções” (conscientes e até, se possível, as inconscientes).
A música, seja ela folclórica, popular ou erudita é um dos instrumentos culturais que nos
mostra e pode nos ensinar sobre diferentes momentos históricos e realidades ambientais e
sociais.
Na nossa sociedade, vivemos uma contradição: embora as condições de comunicação e
de troca de informação tenham se desenvolvido tecnologicamente e nunca tenham sido
tão sofisticadas, os gostos tendem a ser impostos pelo mercado. Mais do que nunca,
portanto, o papel da escola se torna fundamental.
Cabe à escola propiciar a ampliação do horizonte musical dos alunos, para que possam
descobrir outros sons, outras ressonâncias, outras harmonias, outros ritmos e, portanto,
ampliar sua visão e audição, seu senso crítico, seu conceito de cultura e do ser humano.
E quem sabe, descobrir novos gostos musicais, tanto de forma mais crítica e objetiva,
como também de forma mais emocional e subjetiva.
ACERTANDO O TOM
Ouvindo as obras de Villa Lobos sou capaz de dizer que passarinho ele está imitando
com a orquestra. Ele, como eu, usava muito o matita-perê, um cuco listrado, rabudo,
grandinho, que bota o ovo no ninho do outro, que é pro outro criar o filhote.
ANTES DE OUVIR AS CANÇÕES
Entrar em contato com diferentes estilos de música pressupõe abrir ouvidos e mentes para
o novo, para o nem sempre perceptível. Requer curiosidade e coragem. Por isso, requer
uma certa afinidade com os sons. Antes de ouvir a fita com as canções de Tom Jobim, o
professor pode fazer alguns exercícios com os seus alunos.
Os objetivos dessa aula podem se resumir a:
. Aprender a escutar os sons da natureza
. Ampliar o universo musical
. Ampliar a consciência da poluição sonora em que vivemos
Inicialmente o professor pode sugerir os seguintes exercícios:
Ouvir um som desaparecer
Soar uma batida no triângulo ou em outro objeto de metal, ou numa taça de cristal.
Exercitar o estar atento ao som. O objetivo é levar o aluno a perceber que os sons – por
serem ondas – duram muito mais tempo do que supomos e vão muito mais longe do que
imaginamos.
Ouvindo o que não se ouve
Bater o diapasão no osso da mão e colocá-lo no osso do lado de fora do pavilhão
auditivo. Esperar o som desaparecer. Depois, colocá-lo no ouvido. Bater novamente e
colocar no osso do cotovelo. As ondas que formam o som atravessam o corpo e podem
ser sentidas. Converse com os alunos sobre essas sensações e explore a relação deste fato
com a poluição sonora.
APÓS A AUDIÇÃO DAS CANÇÕES
Botando a mão na massa
Na temática musical, além do professor de Música, que se deterá sobre o conteúdo
curricular de acordo com o projeto e o planejamento escolar, podem trabalhar também os
outros professores – inclusive porque há escolas que não oferecem esta disciplina.
Todos, porém, podem explorar exercícios que
apuram o ouvido para os sons ambientes
apuram a percepção do que pode afetar nossa qualidade de vida
abrem a sensibilidade para o que é diferente
incentivam a produção musical
E ainda, valendo-se do caderno de canções e da fita cassete que fazem parte do projeto
Tom da Mata, as turmas poderão organizar atividades musicais criativas. Como nos
demais segmentos do projeto, também na Educação Musical é importante que os alunos
passem pela etapa de observação e, depois, pela experimentação.
Observação
Ouvir a natureza
A turma aproveita um dos passeios na floresta, campo, plantação, rio, praia. Em alguns
momentos o professor pode sugerir que se coloquem abertos e receptivos para ouvir os
sons do ambiente. Depois de um tempo, devem escolher um dos sons e procurar imitá-lo
e/ou interagir com o mesmo. Se quiserem, podem levar lápis para escrever ou para
desenhar. Peça aos alunos que registrem, depois de algum tempo, o que sentiram, que
emoções o som provocou.
Ouvir a própria voz
A turma pode ser convidada a ouvir a própria voz, que é o principal som do instrumento
humano. Sentados em suas carteiras, os alunos podem falar para si mesmos e pensar no
que ouvem quando falam. Também podem emitir sons, como o balbuciar de bebês, sons
graves, sons agudos, mais longos, mais curtos. Este exercício resgata um pouco a
caminhada da criança até a fala completa. Se houver um gravador, é importante que as
crianças gravem e ouçam a própria voz.
Ouvir os sons ambientes
Propor à turma que exercite essa atividade fora da escola, individualmente. Em silêncio,
prestar atenção aos sons do ambiente no ônibus, na sala de aula, no recreio, em casa (de
manhã, à tarde, à noite, depois de deitar-se), na rua, numa festa, durante um jogo. Por um
minuto, o aluno deve colocar-se nesta atitude: postura de entrega / recebimento destes
sons. Na escola, anotar no caderno:
Quais os sons que lhe fazem bem? Quais os que lhe provocam tensão?
Experimentação
Depois destes exercícios, a turma já pode incluir a música propriamente dita nas suas
atividades. O professor deve escolher cinco tipos de músicas: pode ser um rock, um
samba, uma música de Tom Jobim, uma música regional de sua preferência e uma música
orquestral (pode ser de um filme – a do ET, ou do Caçador de Andróides, ou de algum
compositor como Villa-Lobos, Bach, Vivaldi, Mozart). Pedir que a turma fique em
silêncio e tocar cada dia uma das músicas escolhidas, começando com a intensidade bem
forte (volume no máximo!). Aos poucos, ir reduzindo, abaixando o volume do aparelho
de som, até que fique quase no mínimo. Os alunos não devem acompanhar com qualquer
tipo de som. Depois de ouvir, devem registrar no caderno o que pareceu semelhante, o
que é diferente, enfim, todas as sensações.
Emitindo as vogais
Pedir que a turma inspire o ar (cuidado, não é para encher o peito de ar; neste tipo de
inspiração, na verdade você não aproveita toda a capacidade de seus pulmões. Oriente-os
para que façam uma respiração, onde o diafragma se estenda – um sinal é quando as
costelas flutuantes se ampliam). Inspirar lentamente, prender um pouquinho e soltar
devagar, procurando soltar num tempo maior do que o que foi utilizado para inspirar.
Repetir, mas quando soltar o ar, emitir o som de uma das vogais.
Oriente os alunos para que procurem perceber onde ressoa o som dentro deles. Por
exemplo, a vogal i, geralmente é mais aguda e vai ressoar na cabeça.
O exercício deve ser feito em grupo e gravado. Depois, a turma pode improvisar sons e
melodias com as vogais.
Caminhando no tempo
Marcar um tempo e começar a caminhar, podendo ser no mesmo lugar. Procurar uma
afinação do tempo, das respirações. Primeiro em dois tempos. Direito-
esquerdo (acentuando o direito), depois em 4 tempos, DIREITO-esquerdo-direitoesquerdo (sendo que o DIREITO será mais marcado). Depois em 3 tempos (ora o acento
cai no pé direito, ora no esquerdo).
Uma proposta de trabalho
O professor de Música ou os professores envolvidos no projeto de Educação Ambiental
podem propor que os alunos desenvolvam um projeto de
Coleta e registro de músicas
que falem da natureza.
Podem ser músicas folclóricas ou da MPB. Pedir sugestões aos pais e avós sobre músicas
mais antigas. A seguir, damos um modelo de projeto e alguns exemplos práticos.
ETAPAS DO PROJETO
1. Organização do material necessário
- caderno de notas
- gravador cassete e fitas
2. Divisão da turma em grupos
De acordo com o material disponível. Se a escola só tiver um gravador, os alunos devem
se organizar em rodízio para coletar as gravações.
3. Pesquisa e coleta
4. Organização e catalogação do acervo gravado
5. Pesquisa complementar sobre origem e variação das canções coletadas.
Obs.: Podem ser feitas pesquisas com a mesma metodologia gravando sons ambientes nas
cidades, na mata, nas feiras.
Gravações desse tipo podem servir para uma brincadeira de adivinhar.
Professor
Não deixe de registrar o andamento de cada projeto no diário e selecionar as produções
dos alunos.
Cada escola deve decidir se enviará apenas um relatório ou um de cada turma, junto com
as fichas de avaliação.
A MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica cobre a região onde mais chove no Brasil.
Lá estão os mananciais que abastecem as cidades, irrigam as plantações e sustentam as
hidroelétricas.
Lá também vivem espécies animais e vegetais, muitas delas ameaçadas de extinção.
Lá estão os solos que sustentaram a nossa agricultura.
Lá está a biodiversidade cantada pelo maestro Tom Jobim.
Faça-se as flores é primavera,
faça-se amores sonhos e quimera,
faça-se o dia pro passarinho cantar
deixa a mata verde se espalhar...
Cadê a floresta,a Serra do Mar
O paraíso pra gente se amar
Vamos tentar
nossa terra salvar...(Sempre verde)
A Mata Atlântica
• sua história
• seus problemas
• suas riquezas
áreas afins
• colonização (História do Brasil)
• industrialização/urbanização(Geografia/História)
• populações indígenas (História do Brasil)
• biodiversidade/poluição (Ciências/Educação Ambiental)
A Mata Atlântica
ERA UMA VEZ...
Em 1500, quando uma árvore foi cortada para montar a cruz da primeira missa rezada no
Brasil, começou também o processo de destruição da Mata Atlântica.
Os colonizadores, a princípio, se estabeleceram na faixa litorânea, mas logo – seduzidos
pelos relatos muitas vezes fantasiosos das expedições ao interior –, penetraram a mata,
expandindo as fronteiras da colônia.
Desmataram em busca de ouro, pedras preciosas e do valioso pau-brasil, que fornecia
matéria-prima para fabricação de tinta para escrever, além de pigmento usado para tingir
tecidos. Ergueram vilas e, para atender a própria subsistência, introduziram a criação de
gado e uma lavoura ainda incipiente.
Para melhor administrar a terra recém-descoberta e tranquilizar o governo da colônia, a
Coroa portuguesa implantou o sistema de sesmarias.
Essas glebas nunca tiveram um limite rígido e os sesmeiros perceberam a oportunidade
de aumentar seus domínios. As propriedades, então, avançaram sobre as matas.
sesmarias
lotes que eram doados a colonizadores para cultivo ou criação de animais
A ação do homem
O desmatamento para a formação de pastos e o empobrecimento dos solos pela
sistemática prática de queimadas na agricultura foram terrivelmente destrutivos. Nos
primeiros 100 anos de colonização, uma grande parte da Mata Atlântica já tinha sido
desfigurada. A cultura do café, da cana-de-açúcar e do algodão, assim como a extração
do ouro – os famosos ciclos econômicos do Brasil Colônia – continuaram a devastação,
poluindo rios, lagos e mananciais.
Na metade do século XX, o cerco à Mata Atlântica se fechara. Produtivas áreas agrícolas,
grandes criatórios e os maiores centros urbanos do país ocupam hoje o que ontem foi
Mata Atlântica. Além disso, a mineração do ouro, granito, calcário e areia também deram
e continuam dando sua contribuição à degradação da Mata Atlântica: poluem grandes
áreas, provocam desmoronamentos, assoreiam os rios, canais e estuários.
Durante 20 anos, entre as décadas de 1940 e 1960, 75% do parque industrial brasileiro foi
alimentado com lenha, produzida pela mata. O mundo vivia o racionamento do petróleo,
em consequência da Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que o Brasil investia
na industrialização, para substituir as importações, já que os outros produtores estavam
concentrados no esforço de guerra e na recuperação do pós-guerra.
A produção de aço, no estado do Rio de Janeiro (Volta Redonda) e de papel e celulose,
no Espírito Santo e São Paulo, ainda se vale da madeira para fazer carvão e papel. Para
isso, reflorestam com espécies únicas grandes extensões, sem respeitar a biodiversidade.
Apesar de sofrer todo tipo de agressão, ainda restam alguns remanescentes da Mata
Atlântica, que conferem ao Brasil o título de país de maior biodiversidade do planeta.
É tão crucial para a saúde do nosso planeta preservar o que sobrou, que o Brasil, na
Constituição de 1988, declarou a Mata Atlântica, Patrimônio Nacional e a Unesco, em
1993, a reconheceu como Reserva da Biosfera, dentro do Programa Homem/Biosfera. O
êxito do Programa Homem/Biosfera, no que se refere à Mata Atlântica, depende da
preservação dos seus remanescentes e ecossistemas associados.
As quase trezentas Unidades de Conservação criadas abrangem uma área de 2 milhões de
hectares e têm como objetivo a conservação da biodiversidade do ecossistema,
preservando a flora e a fauna, recuperando as áreas destruídas, implementando técnicas e
pesquisas adequadas ao desenvolvimento sustentado da região e ao melhor
aproveitamento dos recursos naturais. As Unidades de Conservação abrigam uma
pequena parcela dos remanescentes da Mata Atlântica que, em sua maior parte, estão em
propriedades particulares.
O homem e a mata
Quando uma área é desmatada pelo homem, desequilibra todas as outras áreas a ela
associadas. Os animais e os insetos que ali viviam, sem alimento e sem seus predadores
naturais, atacam as lavouras e a criação. O solo destruído retém menos água, diminuindo
a quantidade de água dos rios, lagos e riachos que formam as bacias hidrográficas
essenciais à vida. O mesmo acontece quando se agride qualquer outro ecossistema, como
os mangues, por exemplo, responsáveis pela sobrevivência de milhares de animais
marinhos e que, muitas vezes, são aterrados e transformados em loteamentos ilegais.
A agressão ao meio ambiente está destruindo a biodiversidade e a diversidade genética.
Ecossistemas Urbanos
Poucas cidades no mundo foram planejadas para absorver o aumento constante da
população urbana. Apesar dos investimentos para a melhoria dos serviços básicos e
moradia, é quase impossível para os governos reverterem completamente essa situação.
O gigantismo das cidades interfere no ecossistema local e na biosfera como um todo. Por
exemplo, podemos pensar que, onde havia uma casa antes, com uma família, hoje, há um
prédio abrigando dezenas de famílias.
A população brasileira em 1970 era de 90 milhões.
Hoje, passados menos de 30 anos, quase duplicou – já somos 160 milhões – dos quais
mais de 50% vivem nas cidades.
A concentração humana nos centros urbanos traz graves problemas ao meio ambiente e
aumenta perigosamente a demanda pelos serviços básicos como água, esgoto,
alimentação, saúde, educação, transporte e habitação. Mas as cidades, apesar de todos os
problemas, não param de crescer.
Segundo a ONU, a população do planeta chegará, em 2050, a 7,8 bilhões, sendo que mais
da metade estará concentrada nas cidades.
biosfera
porção da Terra onde se encontram os seres vivos
O laboratório paulista
No Brasil, a cidade de São Paulo pode ser vista como um imenso laboratório, onde os
limites da adaptabilidade humana estão sendo duramente testados.
Uma das maiores cidades do mundo, e que abriga, em sua periferia, o mais poderoso
complexo industrial da América Latina, São Paulo tem, também, nada menos que 1.257
favelas.
São milhares de famílias que sobrevivem precariamente, expostas a toda sorte de fatores
ambientais adversos, desde a falta de saneamento até a violência.
Uma densa neblina amarelada envolve a cidade. É o resultado dos 4 milhões de veículos
circulando, emitindo gases, poluindo a atmosfera.
Mas se a cidade é o laboratório do que de pior pode nos acontecer em grandes centros
urbanos, também é o espaço onde as medidas saneadoras e preventivas podem ser
testadas.
A gravidade do problema do ar em São Paulo – traduzido pelo alto índice de doenças
pulmonares, sobretudo em crianças e, principalmente, nos meses de inverno – levou as
autoridades a adotarem medidas extremas.
1. A Cetesb – Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico decreta anualmente o
rodízio de automóveis, por número da placa, de maio a setembro, das 7 às 20 horas – 13
horas por dia, em toda a cidade. Exceto aos sábados, domingos e feriados.
O rodízio atinge também os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, Mauá, Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Taboão da Serra, Guarulhos e
Osasco.
2. No restante do ano, a prefeitura se encarrega de fiscalizar outro rodízio, diário, também
pelos finais de placas, em dois horários considerados de pico de movimento – das 7 às 10
horas e das 17 às 20 horas – para as áreas conhecidas como centro expandido – o antigo
centro da cidade mais as áreas circunvizinhas, até o encontro das marginais do Tietê e do
Pinheiros.
Esse esquema funciona de fevereiro a dezembro, exceto no período do rodízio da Cetesb
e nos fins de semana e feriados. Mas os caminhões que circulam nas avenidas Marginais
e no Mini Anel Viário, que delimitam o centro expandido, estão liberados.
Outros focos
• A cidade de Cubatão, na Baixada Santista, o mais importante pólo petroquímico do
país, já foi considerada a mais poluída do mundo. As indústrias da região contaminaram
as águas, o solo e o ar. A população sofre de anemia, bronquite e pneumonia. E são
registradas graves alterações genéticas nas crianças geradas nas favelas e alagados.
• A cidade do Rio de Janeiro, espremida entre o mar e a serra, não tendo para onde
crescer, teve suas encostas desmatadas para atender à ambiciosa especulação imobiliária
e, mais recentemente, dar lugar a 500 favelas, onde vivem 1 milhão e 200 mil pessoas.
Somente na Rocinha são 170 mil, mais ou menos a população do estado de Roraima.
As pontes, os viadutos e os loteamentos irregulares cariocas são moradia para 1 milhão
de marginalizados.
• Todos os anos, em conseqüência das chuvas de verão, a população de nossas cidades,
principalmente do Rio, São Paulo e Belo Horizonte, sofre perdas irreparáveis ocasionadas
por enchentes e desabamentos.
Povos da Mata Atlântica
No século XVI, quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia cerca de 5 milhões de
índios. Hoje, segundo a Funai, são apenas 250 mil. As tribos que habitavam o litoral
foram as primeiras a sofrerem com a chegada dos colonizadores. Os brancos, além de
disseminarem doenças, usaram os índios nas guerras contra os invasores e como
escravos. No interior, os indígenas foram vítimas das entradas, principalmente onde é
hoje o estado de São Paulo.
No processo de catequese e aculturação, muito da cultura indígena se perdeu, embora os
missionários muitas vezes defendessem os índios, como aconteceu na colônia de
Sacramento. Em 1550, já havia 13 missões instaladas pelos jesuítas.
O contato entre o colono e o índio deixou como herança o caiçara, que em língua tupi
quer dizer “armadilha de galhos”. O caiçara vive entre o mar e a floresta, ocupa os
mangues e as restingas.Vive da pesca e do plantio da mandioca. Assim como as florestas
e os índios que foram dizimados, também a população caiçara está perdendo sua
identidade e sua cultura, sendo explorada pelo turismo predatório e pela especulação
imobiliária.
entradas
grupos armados que saíam de vários pontos da costa e penetravam a mata em busca de
índios para trabalho escravo, do séc. XVI ao séc. XIX.
ACERTANDO O TOM
O nome do Brasil é o nome de uma madeira, o pau-brasil, madeira cor de brasa
vermelha.(...) Mas é preciso ter pau-brasil, porque o sujeito pergunta: Brasil, o que é que
é?
É o nome de uma madeira que não existe mais.
BANCO DE DADOS
Poluição mata
A poluição do ar matou 4 mil pessoas em Londres, em 1952.
As águas poluídas são responsáveis, anualmente, por 3 milhões de mortos e 1 bilhão de
doentes em todo o mundo.
Tribos
Tamoios, na região da baía de Guanabara; Temininós, no Espírito Santo; Tupiniquins, na
Bahia; Caetés, na região entre o rio São Francisco e Itamaracá; Tabajaras, no rio Paraíba
de Norte e Potiguaras, nos arredores do rio Jaguaribe; Patachós, no Monte Pascoal, são
algumas das tribos indígenas da região da Mata Atlântica.
Erosão
A erosão pode levar à perda de 10 toneladas de solo por hectare. A recuperação do solo é
feita ao ritmo de 1 tonelada/ano por hectare.
Notícias muito boas
força do mercado De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), há 50
empresas no Brasil que já conquistaram o ISO 14.000 – o certificado que atesta a
segurança para o ambiente. Essas empresas investirão US$ 108 milhões em tecnologia
ambiental. A corrida tem uma explicação forte: os importadores estrangeiros estão
exigindo o ISO para fechar negócios com os empresários brasileiros.
nada de inseticidas Uma vespa de meio milímetro chegou ao Brasil em 1998 com uma
missão: eliminar o cancro cítrico. A Ageniaspis citricola, como é conhecida a vespa
australiana, põe ovos microscópicos dentro dos ovos do inseto – uma lagarta – que
destrói os laranjais abrindo caminho para a bactéria do cancro cítrico. A heróica vespinha
foi aclimatada e reproduzida pela Embrapa e pode substituir – como já fez em outros
países – os inseticidas contra pragas.
mil e uma utilidades Segundo o Instituto Agronômico de Campinas, o bambu – planta
existente em todo o mundo – pode ser um grande aliado para conter erosão do terreno.
Ele também tem a vantagem de se dar bem em qualquer lugar, não ser vulnerável nem a
pragas, nem a doenças. Dele podem ser retirados álcool, papel e celulose, além de
material para cestos, móveis e artesanatos. Além disso, o broto do bambu serve de
alimento e no Brasil ele dá duas safras por ano.
ANTES DE EXIBIR A FITA
A partir deste item, estaremos mergulhando
na questão das atividades curriculares e dos
dados de realidade sobre a Mata Atlântica.
Nesta caminhada, cujas portas nos foram abertas
pela paixão e pelas palavras do maestro Tom Jobim, vamos conhecer de perto os
problemas que temos que enfrentar se quisermos preservar esse tesouro.
Para tanto, precisamos conhecer esse tesouro.
Por isso, antes mesmo de seguir passo a passo desvendando a mata e seus habitantes,
podemos passar os olhos pelos capítulos seguintes, deixando que a vista pare aqui e ali,
estabelecendo esse primeiro contato – pelos sentidos – com as riquezas da Mata
Atlântica.
Depois, podemos ir colecionando materiais: livros, revistas, artigos, jornais, referências
enfim, que possam ser úteis nessa descoberta. O mesmo pode ser sugerido aos alunos.
Sem estabelecer nenhum tema fechado, nem indicar procedimentos, deixar que os
estudantes sigam a intuição, procurando formar um acervo, mesmo desorganizado, de
referências à Mata Atlântica, ou mesmo às matas em geral e ao maestro Tom Jobim.
Essa atividade, por parte dos professores e dos alunos, faz com que – no momento de
exibição da fita – estejam todos impregnados pelo tema.
APÓS EXIBIÇÃO DA FITA
As atividades que podem ser propostas à turma buscam fazer com que os alunos
vivenciem algumas situações mencionadas na aula ou vistas nas fitas.
Tanto podem estar relacionadas à observação
como à experimentação. Seguindo este modelo,
ou adaptando-o à sua forma de trabalhar,
o professor deve direcioná-lo
para os seguintes objetivos:
• Apropriação de conteúdos
• Construção dos conceitos
• Mudanças de atitudes
• Práticas de cidadania
Observação
Neste item – a Mata Atlântica – e idéia seria trabalhar, de início, apenas com a
observação. Podemos organizar com a turma uma excursão de curta distância,
procurando uma primeira aproximação com áreas florestais. Isso pode ser feito num
parque próximo à escola, um jardim botânico, uma fazenda, uma chácara, ou mesmo um
bosque. Mesmo em cidades muito grandes há áreas assim. Em São Paulo, por exemplo,
há o bosque da Universidade de São Paulo, o Horto Florestal, o Parque do Morumbi, o
Parque da Aclimação, o Parque da Água Funda, a Serra da Cantareira, as matas de
Parelheiros etc. No Rio de Janeiro, há o Jardim Botânico, a Floresta da Tijuca, o Parque
da Cidade. E nas cidades menores as oportunidades são ainda melhores. Nessas
caminhadas, o professor deve incentivar os alunos a perceberem tudo que os cerca, mas
sem exigir nenhum trabalho sistemático de registro. Nos itens seguintes, as tarefas
crescerão em complexidade e serão percorridos os passos da investigação, registro e
análise a seu tempo.
Botando a mão na massa
Na temática mata, além dos conteúdos curriculares
história da colonização, da industrialização,
o professor tem a oportunidade de trabalhar a construção dos conceitos de:
urbanismo, crescimento demográfico
E, ainda, buscar motivação para a questão e a impregnação pelo tema, visando a
uma maior consciência dos problemas que o homem causou à mata e
ao equilíbrio dos ecossistemas.
Uma proposta de trabalho
O professor pode propor que os alunos se organizem em grupos e elaborem um Projeto
de Acervo sobre o Meio Ambiente e a Mata Atlântica,
reunindo livros, revistas, artigos, fotos, filmes, referências, endereços, tudo enfim que
puder trazer informações sobre meio ambiente, ecologia, recursos naturais, poluição e a
mata.
A seguir, damos um modelo de projeto e exemplos práticos.
Etapas do projeto
1. Definir a área de interesse
O professor e os alunos, em conjunto, devem estabelecer os itens e sub-itens de acervo.
Por exemplo:
1. Meio Ambiente
a. Denúncias de danos
b. Problemas e soluções
c. Informações úteis
2. As florestas
a. As matas no mundo
b. As matas brasileiras
c. A Mata Atlântica
2. Divisão de tarefa
O professor pode dividir a turma em grupos e cada grupo se encarregar de reunir os
dados, materiais, recortes, livros de cada tema. Um grupo pode ficar encarregado de
definir a área de armazenagem e como os materiais serão arquivados: caixas, pastas com
etiquetas, fichas de referências. Este grupo, em especial, estará desempenhando
uma tarefa de arquivista, para a qual deverá consultar a bibliotecária da escola ou da
biblioteca do bairro. Tudo que o grupo aprender sobre essa atividade deverá ser
registrado e, depois, transformado em um pequeno manual ou ficha de orientação para os
futuros usuários do acervo. Dependendo da turma e das condições de segurança da
escola, o próprio material do Tom da Mata pode fazer parte do acervo.
3. Classificação dos materiais
Ainda sob a orientação da pessoa de biblioteca, os alunos passarão a classificar os
materiais, etiquetando e registrando em um fichário central, seguindo as normas
internacionais de referências bibliográficas. Este exercício, embora pareça mecânico, é
essencial para que eles aprendam a lidar com os arquivos das grandes bibliotecas e até
mesmo a fazer buscas na internet, porque mostra o caminho inverso das chaves de busca.
4. Inauguração
A turma pode se mobilizar para produzir uma cerimônia ou festa de inauguração do
acervo com tudo que é de praxe: descerramento de placa, cortar a fita, discursos, redação
e distribuição de um panfleto ou pequeno boletim, cartazes.
A festa pode culminar com a exibição da fita da Mata Atlântica, e todo o evento pode ser
embalado pelo som da fita das músicas do Tom Jobim.
O acervo, dependendo da escola, poderá ficar na própria sala ou ser abrigado no espaço
da biblioteca ou da sala de leitura.
Avaliando
Todas as etapas do projeto – definição das áreas, distribuição de tarefas, classificação,
inauguração – devem ser registradas. Um diário ou caderno de notas, individual ou em
grupo, facilitará a avaliação do projeto, não só como produto final, mas como
acompanhamento de todo o processo. Esse registro poderá servir de base para novas
propostas de trabalho. O envolvimento do aluno, sua participação e mesmo a do professor
podem ser discutidos em vários momentos, servindo para a reformulação do que não for
satisfatório.
Professor
Não deixe de registrar o andamento de cada projeto no diário e selecionar as produções
dos alunos.
Cada escola deve decidir se enviará apenas um relatório ou um de cada turma, junto com
as fichas de avaliação.
SOLOS
Na barranceira do rio,
o ingá se debruçou
e a fruta que era madura
a correnteza levou... (Correnteza)
O solo e a Mata Atlântica
• sua formação
• sua riqueza
• sua importância
áreas afins
• colonização (História do Brasil)
• relevo/flora (Geografia)
• minerais (Ciências/Física)
O ciclo vital do solo
COMO É
Folhas, galhos, plantas que encerraram seu ciclo vital, ao se depositarem sobre o solo e se
decomporem, ano após ano, formam uma camada de material orgânico, rica em
nutrientes e microorganismos.
É desse material – chamado serapilheira – que a mata se alimenta.
Se a serapilheira for – por qualquer motivo – removida, ou deixarem de existir os
microorganismos que entram na decomposição dos restos vegetais, a primeira camada do
solo se tornará cada vez mais estéril e a floresta, depois de um certo tempo, morrerá.
Quem olha de longe o que restou da Mata Atlântica tem a visão perfeita da abundância,
sobretudo nas regiões serranas. Mas a remoção da serapilheira deu origem a um solo
pobre e, por isso mesmo, infértil.
O desmoronamento das encostas
A cobertura vegetal protege o solo dos agentes erosivos de várias formas:
1) amortece o impacto da chuva, pois as folhas funcionam como dissipadores de energia
(ou seja, dispersam a força das águas), diminuindo a velocidade das torrentes;
2) as raízes dos vegetais dão estrutura e sustentação ao solo, principalmente, em encostas
íngremes;
3) a serapilheira diminui a velocidade da água que escorre pelas encostas.
As encostas das montanhas são as que mais sofrem com o desmatamento, porque a
declividade dessas áreas já facilita a tendência de perder sedimentos para as terras planas
e baixas.
Sem a cobertura vegetal, a perda se acentua, as encostas desmoronam, alterando o
ecossistema mais ainda e, muitas vezes, provocando desastres nas áreas vizinhas.
ALERTA
O processo de formação do elenco de espécies da Mata Atlântica está concluído.
Não surgirão novas espécies, nem haverá adaptações. Por isso, dizemos que ela é um
ecossistema em climax – ela está no último estágio da sucessão natural.
Em ambientes desse tipo o homem deve interferir o mínimo possível, para evitar os
desequilíbrios.
Desmatamentos aceleram a erosão
Quando o homem retira da floresta, de uma forma desordenada e predatória, a madeira
para construir – devemos lembrar que toda construção civil, no Brasil pelo menos,
começa com as estruturas em madeira, depois jogadas fora – ou abre espaço a fim de
expandir a fronteira pecuária ou agrícola, está retirando a vegetação que protege o solo
dos agentes erosivos, como as chuvas e os ventos.
Em ambos os casos, a interferência do homem sela o destino do solo – pois altera os
mecanismos naturais de renovação da vida – e, por tabela, sela o destino das matas – pois
ao alterar o mecanismo de renovação, o desmatamento resulta em falta de vegetação e,
portanto, dos restos vegetais que fertilizam o solo.
fronteira pecuária ou agrícola
é a expressão que se usa para designar os limites da área usada para o plantio ou criação
de gado.
Técnicas agrícolas matam microorganismos
As técnicas agrícolas, embora necessárias, em muitos casos, para que o homem produza
seus alimentos, também contribuem para o empobrecimento do solo, se forem
empregadas de forma inadequada.
* A utilização de máquinas pesadas de aragem aliada ao uso intensivo do solo acaba por
matar os microorganismos, porque não suportam o contato direto com o sol.
* As máquinas utilizadas na agricultura muitas vezes abrem veias na terra e, quando
chove, a água corre por esses sulcos criando ravinas ou vossorocas.
* Fertilizantes e agrotóxicos poluem o solo e os recursos hídricos, matando animais,
plantas e prejudicando a saúde humana.
* As queimadas, usadas para limpeza do solo antes do plantio e renovação de pastagens,
eliminam parte da biomassa que protege o solo, ocorrendo perda de nutrientes.
vossoroca
é a forma de erosão do solo em que se conjugam os efeitos da água subterrânea e da água
superficial. Os solos perdem a capacidade de reter a chuva e acumulam muita água nas
profundidades, provocando os deslocamentos de blocos que podem ter 30 metros de
profundidade e centenas de comprimento.\
Todas essas técnicas provocam impactos no meio ambiente, em especial no solo, fazendo
com que a sua produtividade diminua.
Impermeabilização dos solos nas cidades
O asfalto, que reveste as ruas das cidades, é um indicador de melhor qualidade de vida.
Mas ele impede que a terra absorva água e outros nutrientes. Quando cobre todo o espaço
urbano público, além de empobrecer o solo, essa impermeabilização provoca enchentes e
enxurradas, já que a água escorre com mais facilidade para as vias pluviais.
Deixam de ser alimentados, também, os poços e lençóis subterrâneos, de onde nascem os
mananciais que abastecem as cidades.
mananciais
nascentes das águas que alimentam os rios. Desmatar áreas de nascentes, também seca os
mananciais.
ALERTA
Para cuidar bem do solo
Não é aconselhável cimentar quintais e jardins.
Se você mora em casa, coloque grama ao invés de concreto.
Proteja o solo com vegetação, para que as chuvas não levem os nutrientes.
Na hora de jogar o lixo fora, veja se ele está bem acondicionado para não contaminar o
solo.
BANCO DE DADOS
Erosão
No Estado de São Paulo são perdidos, anualmente, 200 milhões de toneladas de solo por
erosão agrícola.
Perdas
A produtividade agrícola média brasileira em 1952 era de 2,97 toneladas/hectare,
passando para 1,49 tonelada/hectare em 1992. Em 40 anos perdeu-se a metade da
produtividade.
Desmatamento
Entre 1985 e 1990, cortou-se cerca de 1 bilhão e 200 milhões de árvores na Mata
Atlântica.
Desabamentos
Durante as chuvas de verão de 1996, terra e restos vegetais desceram do maciço da
Tijuca, no Rio de Janeiro, e deixaram centenas de desabrigados.
Cicatrizes
Quando uma encosta sofre processos de deslizamentos, na época das chuvas, podem
aparecer fendas – verdadeiras cicatrizes – enormes. Calcula-se que as cicatrizes deixadas
no bairro de Jacarepaguá, em 1996, equivalham a 73 campos de futebol.
Causas
Depois da tragédia daquele verão, descobriu-se que cerca de 85% da área que deslizou
sobre as residências cariocas estava coberto apenas por capim ou uma floresta rala e já
muito degradada. E nada menos que 18 mil hectares em outras encostas estão carentes de
cobertura vegetal.
O que está sendo feito para recuperar o solo da Mata Atlântica
Conversa com o professor
Professor,
Você vai conhecer aqui alguns projetos de manejo de técnicas adequadas à preservação
do solo.
São projetos patrocinados pelo governo e organizações não-governamentais, que estão
em andamento em todo o país.
Estância Demétria Fundada em 1974, na cidade de Botucatu (SP), pode ser considerada
pioneira no manejo ecológico dos solos.
A estância é formada por uma fazenda, quatro sítios, uma chácara experimental, um
instituto de pesquisa, um centro de estudos e um laticínio. A chácara experimental possui
20 hectares de hortaliças, que abastecem Botucatu, Ribeirão Preto e a cidade de São
Paulo. E 20 hectares de ervas medicinais (matéria-prima para a indústria farmacêutica).
Toda a produção é realizada com esterco de gado e sem agrotóxicos.
A chácara e o instituto de pesquisa oferecem cursos e instruções básicas para técnicos,
professores e pequenos criadores, orientando-os sobre os métodos de cultivo sem química
e sobre agricultura ecológica.
Reflorestamento dos Morros da Cidade do Rio de Janeiro A Secretaria Municipal de
Meio Ambiente do Rio de Janeiro e o Instituto Estadual de Florestas vêm realizando,
desde 1987, o reflorestamento das áreas de encostas degradadas pela ocupação
desordenada. São plantadas mudas nativas da Mata Atlântica, cultivadas em viveiros, por
técnicos da própria prefeitura do Rio de Janeiro. Por ano, são produzidas em torno de 600
mil mudas.
Nesses dez anos de trabalho, foram reflorestados cerca de 660 hectares (cerca de 660
campos de futebol), protegendo 65 encostas de morros em todo o município. Os
resultados têm sido positivos: na primeira área reflorestada, o Morro do Salgueiro, no
bairro da Tijuca, zona norte da cidade, os deslizamentos foram controlados.
Recuperação da Serra do Mar O projeto, coordenado pela Cetesb (Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo), visa recuperar a região de Mata
Atlântica, destruída pela poluição, no trecho da Serra do Mar, em Cubatão. Foram
espalhadas nessa região sementes de espécies nativas da Mata Atlântica, abrangendo uma
área de 60km2.
A primeira semeadura aconteceu nos anos de 1988 e 1989. Foram lançados 750 milhões
de sementes em 15km2. O restante da área foi semeado em 1990, com 1,5 bilhão de
sementes de espécies nativas.
No momento, não existe uma avaliação quantitativa dos resultados. Mas pode-se
constatar que todas as áreas semeadas estão cobertas com vegetação arbórea densa, com
alturas superiores a 2 metros.
A estimativa é de que, no prazo de 50 anos, essa área se transforme numa floresta
recuperada, com estrutura e composição de espécies semelhantes às da floresta original.
Estação Experimental de Macaé Localizada no estado do Rio de Janeiro, a Estação
pertencente à Pesagro – Empresa de Pesquisa Agropecuária, possui uma área de 90
hectares, dos quais 15 são utilizados para experimentos.
Lá, são desenvolvidas pesquisas para o tratamento de pragas e doenças com produtos à
base de elementos naturais, que não poluam o meio ambiente. A proposta é diminuir a
utilização de produtos químicos (herbicidas, inseticidas e agrotóxicos). Para isso, além de
suas pesquisas, vende mudas e presta assistência aos interessados.
ANTES DE EXIBIR A FITA
Qualquer trabalho com a TV na sala de aula
deve ser precedido de uma preparação da turma
com pelo menos uma atividade de sensibilização
para o tema que será tratado na aula.
Os alunos podem, por exemplo,
pesquisar – até mesmo nos livros didáticos
que estão utilizando
ou indo à biblioteca – algumas informações básicas sobre o solo em geral
e a história da exploração da Mata Atlântica.
A seguir o texto sobre a nossa história
aponta algumas pistas para as pesquisas.
Como se formam os solos
A camada superficial do planeta é formada por rochas, que constituem o manto rochoso.
Quando elas sofrem a ação do intemperismo (ou meteorização), se desagregam e formam
o solo. Esse fenômeno ocorre a partir de processos físicos – nos quais as raízes das
plantas rompem e penetram as rochas – e químicos – em que ocorre a decomposição da
matéria orgânica, mudando a composição química do solo. Os organismos vivos atuam
tanto em um, quanto no outro.
É importante que os alunos percebam a interação solo-planta, já que o primeiro
define o tipo de vegetação e esta, por sua vez, altera as características do solo através da
incorporação de matéria orgânica.
intemperismo
destruição física e decomposição química dos mi-nerais da rocha, devido à ação de
agentes atmosféricos e biológicos.
Milhares de anos em camadas
O nome vai parecer estranho para os seus alunos – pedogênese, de pedo, solo e gênese,
formação – e designa um processo de milhões de anos. O processo pelo qual se formam
as distintas camadas, que são chamadas de horizontes. A seqüência de horizontes, da
superfície para baixo, é chamada de perfil do solo.
O solo – até o limite da rocha-mãe – é composto de quatro horizontes:
horizonte A – Conhecido como serapilheira, contém infiltração de húmus (matéria
orgânica decomposta) na matéria mineral e é onde ocorre intensa vida bacteriana. Ele está
sujeito à ação direta do clima. Como a maioria dos organismos decompositores
(saprófitos) vive nele, é fundamental que se conheçam suas relações com o meio
(ecologia) já que sua eliminação pode interromper o ciclo da matéria orgânica;
horizonte B – É a faixa mais compacta devido à acumulação de material, trazido do
horizonte A. Esse material inclui sais nutrientes, trazidos pela água percolante – a água
que se infiltra por gravidade para os horizontes inferiores;
horizonte C – Consiste na rocha alterada, mas ainda conserva sua estrutura original
(composição);
horizonte D – É a própria rocha matriz (rocha-mãe) que deu origem ao solo.
serapilheira
primeira camada do solo, rica em nutrientes e muito vulnerável à erosão.
História
O solo da Mata Atlântica foi o primeiro a sofrer os efeitos da empresa colonial. A mata
sofreu intenso processo de exploração, ocupação e conseqüente devastação. Os recursos
naturais, como o pau-brasil, eram retirados da mata sem nenhum critério senão o lucro
imediato obtido nas vendas no mercado da Europa. Depois da coleta pura e simples, os
colonizadores portugueses investiram na plantação da cana-de-açúcar e, com ela, se foi
boa parte da Mata Atlântica, deixando para trás o solo nu e vulnerável. Ao mesmo tempo,
desenvolvia-se uma cultura predatória e aparentemente contraditória: enquanto
enalteciam a riqueza e a exuberância da terra, os colonizadores não tinham consciência
da destruição que deixavam por onde passavam.
Pau-brasiL a primeira coleta
O primeiro recurso a ser explorado pelos portugueses foi o pau-brasil. Sua madeira, de
cor vermelha intensa, era utilizada para a construção e como tintura (corante vermelho
para tingir tecidos).
Cana-de açúcar a primeira cultura
Durante o ciclo da cana-de-açúcar, derrubava-se as matas para implantar os engenhos e as
lavouras. Como era necessário alimentar a população que ali trabalhava e cultivar pastos
para o gado de tração, foi preciso derrubar quilômetros de Mata Atlântica. Começava o
desmatamento que desnudou o solo e praticamente extingüiu a serapilheira.
CafÉ a grande marcha para o interior
O ciclo do ouro – simultâneo em parte à exploração da cana – e o do café interiorizaram
a ação do homem sobre as florestas nativas. Nas regiões do interior do Rio de Janeiro,
entrando pelo vale do Paraíba, em São Paulo, até as barrancas do Paraná, o café –
perseguindo os férteis solos de terra roxa do interior – deixou atrás de si os morros nus e
os solos esgotados.
A devastação continua
A exploração desordenada da Mata Atlântica e do solo da região, iniciada no Brasil
Colônia, continua até hoje. O modelo monocultor confirmou sua vocação predatória.
Vastas áreas se dedicaram à criação de gado e, posteriormente, ao novo ciclo da cana. A
retirada de carvão e de madeira para a indústria do aço no estado do Rio de Janeiro e a
exploração da mata na indústria de papel e celulose, no Espírito Santo e São Paulo,
também atingiram a mata. Em muitos lugares foram feitos plantios, mas quase sempre de
espécies únicas e de outras regiões, como o pinheiro, típico de climas mais frios.
ACERTANDO O TOM
O Rio de Janeiro é uma cidade feliz por ter uma jóia dessas, que jóia a floresta da Tijuca!
Essas cores, essa bruma linda, esse pastel que dá nas árvores. Esse bege, pau-linheiro,
pau de andrade, esse tom é fantástico!
APÓS EXIBIÇÃO DA FITA
As atividades que podem ser propostas à turma buscam fazer com que os alunos
vivenciem algumas situações mencionadas na aula ou vistas nas fitas. Tanto podem estar
relacionadas à observação como à experimentação. Seguindo este modelo, ou adaptando
à sua forma de trabalhar, o professor deve direcioná-lo para os seguintes objetivos:
• Apropriação dos conteúdos
• Construção dos conceitos
• Mudanças de atitudes
• Práticas de cidadania
Observação
Numa excursão, buscar em sua cidade ou bairro, um terreno baldio em que possa
observar o corte vertical da terra. Numa escavação de alicerces para a construção de
edifícios, por exemplo, ou às margens de um rio ou um barranco, os alunos podem
observar o perfil do solo com suas diferentes camadas e, principalmente, a pequena
camada serapilheira (matéria orgânica + microorganismos).
Experimentação
Fazer chuva artificial pode ser uma atividade simples e muito rica ao mesmo tempo.
Material necessário:
- uma mangueira ou esguicho de água
- bloco de notas e caneta/lápis
- e/ou máquina fotográfica.
Os alunos podem ajudar o professor a encontrar dois tipos de encostas, que podem ser
pequenos barrancos, no próprio terreno da escola ou nas vizinhanças: um totalmente sem
plantas, outro com vegetação rasteira. Mas que estejam a uma distância pequena de uma
torneira. Num primeiro momento, os alunos esguicham a água, num jato aberto e
constante, por cinco minutos, sobre o terreno sem cobertura vegetal. No segundo
momento, repetem o gesto no terreno coberto com plantas.
Eles devem anotar e/ou registrar fotograficamente o estado dos terrenos antes da “chuva”
e depois dela.
Mais tarde, na sala de aula, as mudanças devem ser discutidas, analisadas e as conclusões
apresentadas na forma de relatório, descrevendo os três momentos: antes, durante e
depois da “chuva”, e as implicações das mudanças causadas naquela paisagem.
O objetivo desta experimentação é fazer com que os alunos percebam claramente a
conseqüência do desmatamento sobre o solo, como as chuvas levam as primeiras
camadas, o que fica e o que acontece nos locais para onde a lama escorre. Tudo
comparado com os resultados da mesma chuva no terreno com vegetação.
Após realizar experimentos simples como estes, tarefas mais complexas podem ser
programadas para sistematizar o assunto.
Botando a mão na massa
Na temática solo, além dos conteúdos curriculares:
solo, ecologia, microorganismo, ciclos econômicos, técnicas agrícolas,
o professor tem a oportunidade de trabalhar a construção dos conceitos de:
solo fértil, desmatamento, impermeabilização e interação entre os seres vivos.
E, ainda, buscar sensibilizar as pessoas envolvidas, visando a um reexame de suas
atitudes e práticas sociais, levando
à noção de responsabilidade social de cada um de nós o valor da legislação e das
iniciativas individuais e comunitárias.
UMA PROPOSTA DE TRABALHO
O professor pode propor que os alunos se organizem em grupos e elaborem um
Plano de Preservação do Solo
da escola, da rua ou até mesmo do bairro onde a escola está situada. É importante que as
tarefas tenham uma função social concreta e não sejam apenas simulações.
Para tanto, a turma faz um levantamento de uma determinada área pré-escolhida e
identifica um terreno, uma praça, ou mesmo uma parte do pátio da escola que está sendo
destruída pelas chuvas, pelo desmatamento ou afins. A seguir, damos um exemplo de
projeto e exemplos práticos.
ETAPAS DO PROJETO:
1. Diagnóstico da situação
Cada grupo se encarrega de elaborar de 3 a 5 perguntas que permitam identificar o
quadro a ser estudado.
O resultado deve ser transformado em um relatório único, por grupo, entregue por escrito,
obedecendo-se a modelo de relatórios de pesquisa feito pelo professor.
2. Proposta de ação
Depois de avaliar e discutir os diferentes relatórios em reuniões plenárias, os grupos
elaboram propostas e colocam em votação. A proposta final deve cobrir as seguintes
questões:
• o que fazer
• como fazer
• material necessário
• custos
• tarefas de cada um
• prazos
• apresentação de resultados.
EXEMPLO
Os alunos de uma escola ou de uma única turma avaliam as condições de conservação do
solo do pátio da escola, com base no que viram na fita e leram nas pesquisas orientadas
pelo professor.
Com isso fazem o diagnóstico e o relatório.
A questão é como atuar naquele solo específico.
Valendo-se do diagnóstico, dos argumentos pró e contra impermeabilização do solo, os
grupos elaboram as propostas detalhadas de preservação auto-sustentável: hortas, jardins
ou terrários, por exemplo.
Cada grupo apresenta a sua forma de atuar, fundamentada com argumentos da pesquisa e,
numa plenária, é escolhida a proposta que melhor se encaixa naquela situação. Os alunos
discutem e votam.
A melhor proposta incorpora as sugestões da plenária e faz a redação final do projeto. Em
seguida, encaminham para a direção da escola e se responsabilizam pelo gerenciamento
do projeto escolhido, do qual todos os alunos participam.
Professores de todas as áreas devem se integrar ao projeto, funcionando como consultores
de conteúdos específicos, ou recorrendo a outras pessoas da comunidade – técnicos de
órgãos públicos, pessoas atuantes em ONGs etc. – que possam colaborar, orientando e
elucidando as questões que venham a surgir.
Deve-se estabelecer um tempo determinado para que o projeto se desenvolva (valendo-se
do tempo de maturação de sementes, por exemplo, ou levando em conta o destino dado
ao que for colhido, dependendo do projeto).
AVALIANDO
Todas as etapas do projeto – observações, acontecimentos, decisões – devem ser
registrados. Um diário ou caderno de notas, individual ou em grupo, facilitará a avaliação
do projeto, não só como produto final, mas como acompanhamento de todo o processo.
Esse registro poderá servir de base para novas propostas de trabalho.
O envolvimento do aluno, sua participação e mesmo a do professor podem ser discutidos
em vários momentos, servindo para a reformulação do que não for satisfatório.
Professor
Não deixe de registrar o andamento de cada projeto no diário e selecionar as produções
dos alunos.
Cada escola deve decidir se enviará apenas um relatório ou um de cada turma, junto com
as fichas de avaliação.
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CADERNO DO PROFESSOR 1 APRESENTAÇÃO