1 LAZER NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: Uma reflexão a partir de Animação Sociocultural para atuação do profissional de educação física. Moisés Teixeira Queiroz Aluno concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Profª Ms.Vera Fernandes Orientadora do CEDF/UEPA [email protected] RESUMO O artigo se concentra na área de estudos das políticas públicas de esportes e lazer, e está sob as bases da pesquisa documental na perspectiva crítico-dialético, e tem como proposta compreender e superar os questionamentos levantados sobre a Animação Sociocultural e a atuação do profissional de educação física no programa segundo tempo. Nessa perspectiva, se objetiva responder, com base na análise feita no site do Ministério do Esporte e os documentos produzidos (cadernos de fundamentos, diretrizes, etc.) pelo programa segundo tempo, as seguintes questões norteadoras: o que significa o lazer na perspectiva da animação sociocultural para atender as demandas sociais do Programa Segundo Tempo com a atuação do profissional de educação física? Qual é a concepção? Que planejamento é desenvolvido? Que perfil profissional é exigido? Problema: - Como desenvolver atuação do profissional de educação física para a ação social do lazer na perspectiva da animação social no Programa Segundo Tempo? Resultados: O lazer, sob uma abordagem da animação sócio cultural, educação para e pelo o lazer, tendo-se o esporte como meio e fim educacional. O planejamento e o perfil profissional – democratização da prática com qualidade, construção de espaços mais participativos, críticos e reflexivos e articulações entre o esporte e o lúdico para ampliar o acesso às diferentes linguagens/manifestações à formação cultural, um líder democrático com prática dialógica. Por fim, o programa ainda necessita superar e romper barreiras econômicas, políticas e socioculturais como a ação ideológica do uso do esporte e o esporte como meio de ascensão social, e assim, garanti-lo como desenvolvimento humano para o exercício pleno da cidadania, interagindo-se a escola, a família e a comunidade, a fim de promover a auto-organização comunitária. Palavras-chave: Lazer, Programa, Animação, Atuação e Educação Física. INTRODUÇÃO Este artigo foi construído a partir do trabalho de conclusão de curso (TCC) realizado como critério avaliativo da disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica no curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual do Pará-UEPA, no ano de 2013, no qual fomenta acerca do papel sociopolítico do lazer nos últimos tempos para o desenvolvimento da Nação, promoção da saúde, fortalecimento da identidade cultural e da cidadania, entre outros interesses pessoais ou institucionais 2 públicos, privados, ou público privado como também os interesses acadêmicos e científicos. Por isso, ele tem sido pauta de discussão por inúmeros pesquisadores das mais diversas áreas - Ciências Sociais, Ciências Políticas, Serviço Social, Turismo, Educação Física, entre outras (ISAYAMA, 2002) ocorrendo debates através dos estudos para a construção de um novo cenário à implantação e implementação de ações governamentais no âmbito federal, estadual e municipal à promoção de projetos sociais caracterizados como intervenções enquanto politicas públicas, no combate a exclusão social, a pobreza, uma vida de risco social, ou seja, a vulnerabilidade social, incluindo-se assim o profissional de Educação Física para o desenvolvimento dessas ações. Esses projetos retratam uma realidade mundial à preocupação do uso do tempo livre ou por tempo disponível (MARCELLINO, 2008), ajudando a cada dia amenizar a exposição de crianças e adolescentes aos riscos sociais (drogas, prostituição, gravidez precoce, criminalidade, trabalho infantil), pois quanto mais vulnerável socialmente for a área que estas estiverem inseridas, maiores são os riscos estes que se traduzirão em um menor aproveitamento escolar, e problemas de diversas ordens na relação com a sociedade trazendo implicações para o seu desenvolvimento social. Por outro lado, o lazer, relacionado ao processo de exclusão social, encontrase a situação de vulnerabilidade social, que assim compreendida traduz a situação em que o conjunto de características, recursos e habilidades inerentes a um dado grupo social se revelam insuficientes, inadequados ou difíceis para lidar com o sistema de “oportunidades” oferecido pela sociedade, de forma a ascender a maiores níveis de bem-estar ou diminuir probabilidades de deteriorização das condições de vida de determinados atores sociais (VIGNOLI, 2001, apud ABRAMOVAY, 2002). Neste contexto é de fundamental importância a intervenção do estado através de políticas públicas eficazes, pois sendo o Brasil um país com aproximadamente duzentos milhões de habitantes (IBGE, 2010), ainda se percebe de forma empírica uma carência de programas e projetos de inclusão social que atinjam uma parcela significativa da sua grande população, tendo o Ministério do Esporte a responsabilidade na criação e efetivação de programas que supram esta carência social. 3 Sendo assim, passamos a nos interessar pela pauta social das políticas públicas de esporte e lazer. A participação como monitor do Programa Segundo Tempo – 2011-2013, especificamente na oficina de futsal, em um bairro periférico de Belém, aflorou a sensibilidade de um olhar crítico para o quadro de vulnerabilidade social que são expostas crianças e adolescentes. Por isso, esclareço que o interesse da pesquisa no acervo do Programa Segundo Tempo, sobre o “Lazer na perspectiva da Animação Sociocultural”, quando depara-se através de estudos científicos que o lazer ainda precisa ser compreendido de forma ampliada (MARCELLINO, 2007). Enfim, o lazer enquanto direito social são assegurados a todos, apresenta-se com um tema periférico e popularizado pela massa e não para o individuo, e assim, confundido como divertimento ou entretenimento. E por diversos motivos o lazer tem sido assegurado nas políticas governamentais, e o profissional de educação física é um dos principais sujeitos destas ações. Embora se perceba um considerável avanço em relação a ações que privilegiem o lazer como tema importante, vê-se também, uma carência de programas e ações governamentais que sigam esta direção. Todavia, entende-se que somos amparados por uma base jurídica como Estado de Direito ou governo, logo surgem algumas questões científicas norteadoras: - o que significa o lazer na perspectiva da animação sociocultural para atender as demandas sociais do Programa Segundo Tempo com a atuação do profissional de educação física? Qual é a concepção? Que planejamento é desenvolvido? Que perfil profissional é exigido? Enfatiza-se, portanto o seguinte problema: - Como desenvolver atuação do profissional de educação física para a ação social do lazer na perspectiva da animação social no Programa Segundo Tempo? Finalizando-se, enfatiza-se a relevância da pesquisa dado aos fatos e acontecimentos descritos acima acerca de uma prática politica educacional de projetos governamentais, e, aqui, na perspectiva da articulação Esporte e Lazer com uma abordagem da Animação Sociocultural, um desafio aos profissionais da área de educação física e áreas afins por conta de uma historicidade do Esporte e Lazer sob as bases de um capitalismo selvagem. 4 1 EPISTEMOLOGIA DO LAZER E DA ANIMAÇÃO SÓCIO CULTURAL. As preocupações com lazer no Brasil, “surgem no final do século XIX, estando presente nos discursos dos mais diversos profissionais responsáveis pelas novas reformas típicas da organização urbano-industrial” (MELO, 2005, apud MARCELINO, 2007, p.11). O lazer é fruto da revolução industrial, nascendo um homem que passa a ser regido por normas e valores veiculados por meios de comunicação de massa e pelos pares (MARCELINO, 2007). Havendo neste sentido uma considerável influência de outros países que estavam em processo mais avançado da revolução industrial. Tendo como instituição pioneira no debate do lazer no Brasil, o Sesc Serviço Social do Comercio, nas décadas de 60 e 70, que cria ações de difusão da área, consolidando a mesma através do intercâmbio com a França por intermédio do sociólogo Joffre Dumadizier, e com a sistematização do conhecimento (Centro de Estudos do Lazer) (IBIDEM). No entanto o Sesc sempre se destacou por sua ação social de cunho assistencialista, pretendendo assumir o papel complementar ao do estado, através de suas propostas de introduzir no “tempo livre” dos trabalhadores os valores necessários para o aumento da produtividade e o cultivo da sociedade organizada (SANT’ANNA, 1994 apud MARCELLINO, 2007). A partir de 1969, o termo lazer se torna cada vez mais frequente nos discurso dos políticos, conforme vemos em Marcelino (2007, p.12). O lazer se constituiu, aos poucos, como um instrumento de disciplina e organização da sociedade, voltado ao ajustamento e a educação social, fato que pode ser observado através da análise das formas de controle dos usos diversificados do “tempo livre”, que na época passaram a ser substituídos por formas de lazer institucionalizadas. É neste contexto que surge a aproximação do lazer com a educação física, em virtude dos valores e interesses relacionados a saúde, moral e higiene, o que justifica a presença maciça deste profissional na área do lazer. 5 No século XIX o lazer se conceitua apenas como tempo livre depois das ocupações, sendo esta definição reproduzida, segundo Dumadizier (1973) apud Werneck e Isayama (2004), por diversos autores. Sendo acrescentado apenas em 1930 pelo Dictionnaire de Claude Agé um novo significado ao mesmo: o lazer é então concebido como distrações, ocupações, às quais o indivíduo poderia se entregar de espontânea vontade, durante o tempo não ocupado pelo trabalho comum. E neste contexto, Werneck e Isayama (2004) contribui dizendo que o tempo passa a ser visto como determinante para ocorrência do lazer na modernidade urbano industrial, estimulando a classe operaria a lutar pela diminuição da carga horaria de trabalho, pelo descanso remunerado nos fins de semana e férias pagas, entre outras conquistas sociais. Com o inevitável aumento do “tempo livre”, empresários e políticos preocuparam-se com que forma os trabalhadores ocupariam as suas horas de folga, havendo o temor de que elas fossem ocupadas com atividades que pudessem degradar moralmente a sociedade e frear a modernização do trabalho produtivo. Ficando claro que as intervenções não tinham como finalidade a educação politica do cidadão, o que nos faz refletir, que até certo ponto, as práticas de lazer programadas pelo Estado podiam se tornar elementos poderosos de alienação e docilização da população. Tendo a educação física uma participação importante neste processo. Enquanto que a Animação sóciocultural também conhecida como Animação Comunitária surge do seguimento desses fatores sociais com o aumento do tempo livre e a preocupação de como estaria sendo preenchido de forma criativa o lazer e o ócio, uma discussão milenar, que ao longo da história chega a uma compreensão do tempo de não se fazer nada, mas no viés da educação e de formação permanente ao longo da vida em uma sociedade que desponta no domínio do conhecimento e na inovação técnica, como também, o aumento do fosso cultural entre as classes sociais promove outro perfil de atuação profissional de educação física na área do lazer e áreas afins. Por isso, vem se tornando uma estratégia educacional de mobilização dos atores sociais para uma participação autônoma, voluntária, criativa e corresponsável, imbuída de fundamentos e técnicas oriundos das ciências sociais (antropologia, sociologia, psicologia, economia, entre outras) para contribuir numa 6 ação sociopedagógica pela busca e intencionalidade de gerar processos de participação de pessoas para a superação das problemáticas e consequências das diferentes condições de acesso aos bens culturais, o surgimento das indústrias culturais, através de um processo de fabrico, reprodução, difusão e venda em grande escala de bens e serviços. 1.1 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM LAZER E ANIMAÇÃO CULTURAL. A preocupação com a formação do profissional de lazer se deu a partir da difusão da área através do dialogo entre o Sesc e Estado, pois desde o inicio foi essencial refletir sobre a formação destes profissionais dessa área que começava a emergir. E pelas características veiculadas ao lazer o profissional da educação física foi o que mais se aproximou dessa área. Como analisa-se em Marcellino (2007, p.15) Dar condições para que a população faça uso “adequado” de seu “tempo livre”, falar do prazer de dispor o corpo de outra forma, de cuidar dele, contê-lo, exercitá-lo, torneá-lo e adestrá-lo; na busca de um corpo veloz, produtivo, saudável que combate ao ócio, a doença, a moleza. Tal discurso, logo encontrou ressonância com os ideais defendidos pela Educação Física da época, o que culminou com o oferecimento de disciplinas de Recreação nos cursos de nível superior da área. O profissional de Educação Física foi considerado o mais apto a atuar no campo do lazer. Atualmente quando falamos em formação em Lazer é possível identificar seis categorias: cursos livres com curta duração, cursos específicos de nível superior, inserção de habilidades em curso superior, e pós-graduação strictu-senso e latusenso e MBA. (MARCELLINO, 2007). Os cursos de curta duração, em sua maioria, reforçam a ideia simplista do lazer, pois vão de encontro à perspectiva de divertimento que se consolida cada vez mais na sociedade a chamada “indústria do entretenimento” Marcellino (2001) apud (IBIDEM, 2007, p.17 e 23), “visa “desviar a atenção de” o que nos parece bem similar à política do “Pão e Circo” da antiga Roma. No entanto, tal perspectiva não se limita, quando o autor, faz algumas considerações sobre a formação nas universidades principalmente ligadas ao turismo, esporte e a cultura que estão aquém mediante os conteúdos culturais abordados sob o enfoque de “Artes e 7 Espetáculos”, empobrecendo as questões da administração no área da gestão, entre outras ações recreacionais, vinculados aos interesses físico-esportivos. Logo, há necessidade de desenvolver competências essenciais aos profissionais que irão atuar na área de lazer, Isayama (2009, p. 408) Essa formação para o lazer se dá por meio da construção de saberes e competências que devem estar relacionados ao comprometimento com os valores alicerçados em uma sociedade democrática; à compreensão do nosso papel social na educação para o lazer; ao domínio de conteúdos que devem ser socializados, a partir do entendimento de seus significados em diferentes contextos e articulações interdisciplinares; e por fim, ao conhecimento de processos de investigação que auxiliem no aperfeiçoamento da prática pedagógica e ao gerenciamento do próprio desenvolvimento de ações educativas lúdicas. E neste contexto surge a Animação Sociocultural como estratégica politica do lazer, que se inserem recursos da área da cultura, cinema, teatros, música, esportes e etc., e ainda contemplada com uma ação educativa que possibilita os sujeitos ao processo da emancipação com perspectivas da transformação social, tendo-se como primícias o exercício a cidadania para a melhoria de vida e assim mudanças nos planos cultural e social (IBIDEM). Ao ampliarmos o acesso às mais diversas linguagens/manifestações, também estaríamos contribuindo para estimular outros olhares, novas perspectivas de vida, para propagar outros valores e compreensões sobre o mundo. Nessa perspectiva, o fundamental é entender que o objetivo central da animação sociocultural é fomentar nas pessoas, grupos ou comunidades atitudes abertas e orientadas para a o envolvimento nas dinâmicas e nos processos sociais e culturais que os constituem, sendo todos responsáveis pela construção dos princípios norteadores da vida cotidiana (BERNET, 1997 apud ISAYAMA, 2009). Contudo existem vários fatores problematizadores que dificultam as discursões na área da animação sociocultural (MELO, 2007): a) A forte tradição disciplinar que dificulta a construção de práticas acadêmicas com as características multi e interdisciplinar; b) Resistências ao termo “animador”, por ele estar, na tradição brasileira relacionado a algo pouco sério, pois há um certo desconhecimento da etimologia da palavra (do grego anima ou animus); 8 c) Não possuir a formação especifica do profissional animador, e por a formação do profissional de lazer ter se mostrado parcial e deficiente, assim dificultando a formulação do campo acadêmico que possa alavancar a discussão no Brasil. Além desses fatores temos que considerar outras questões como, a tradição histórica que confunde a atuação deste profissional com o simples oferecimento de atividades recreativas; a compreensão de que qualquer um pode atuar na área do lazer bastando ser carismático e saber muitas brincadeiras; as características multifacetadas do mercado de atuação do profissional; a desvalorização do profissional; e o perfil do profissional exigido (MELO, 2007). Portanto, é necessário pensar em uma ação diferente da tradicional, sendo necessário buscar subsídios que fundamentem uma ação profissional mais abrangente e transformadora, logo o profissional de animação sociocultural deve desenvolver ações a partir de uma perspectiva de resistência e de contra hegemonia, no processo de luta emancipatória por parte dos segmentos populares e marginalizados da sociedade (ISAYAMA, 2002). O que na verdade acontece é que a indústria da cultura acaba “educando” para um gosto restrito e limitado através dos meios de comunicação em massa e a maioria da população por não ser educada a ter um olhar critico a estas vinculações acaba se tornando uma grande consumidora do que é vendido por esta indústria. Ao ampliarmos o acesso às diferentes linguagens/manifestações, também estaríamos contribuindo para estimular outros olhares, difundir outros valores e compreensões sobre o mundo. É neste contexto que a animação sociocultural pode contribuir na tentativa de transformar a sociedade e assumir o papel de agente de mudança social como prever os fundamentos pedagógicos do programa segundo tempo. Pois desta forma ao desenvolver o seu trabalho com as crianças, jovens do programa, ao conscientiza-los, e incentivar sua participação ativa na sociedade ajudando a tornalos protagonistas e atores principais de seu desenvolvimento pessoal e cultural, a animação sociocultural (ASC) estará realizando sua função e o animador seu papel de agente de mudança e transformação social. 9 1.2 O LAZER E A ANIMAÇÃO SÓCIOCULTURAL NA AMÉRICA LATINA. O lazer é um tema que ao longo do tempo desperta significativo interesse na área da Educação Física amplamente difundido pela mídia como um dos fatores fundamentais para a promoção da qualidade de vida – é anunciado como uma das possibilidades multiprofissional mais “promissoras” do século XXI, apresentando a Animação Sóciocultural como oportunidade de intervenção para formação pedagógica nas diversas áreas do conhecimento (WERNECK; ISAYAMA, 2004). Porém, Melo (2006) afirma em seus estudos que a animação sociocultural ainda é um campo em construção no Brasil, pois existe um grande número de experiências que dialogam com as reflexões dos autores ligados à temática, porém o termo ainda é pouco utilizado. As referências são pouco conhecidas e o campo acadêmico praticamente inexistente, onde segundo o autor podemos destacar alguns fatores problematizadores, como já citamos anteriormente. Para entendermos melhor esta construção vamos começar a dialogar com os conceitos de animação sociocultural existente no continente europeu Ventosa (apud Melo, 2007) classificada em três modalidades: 1. Modalidade cultural - promove a dinamização cultural, o desenvolvimento da expressão e da criatividade e a formação cultural; sua metodologia é centrada na atividade; seus espaços principais são casas e centros de cultura; 2. Modalidade social - promoção da participação, associativismo e desenvolvimento comunitário; a metodologia é centrada no grupo ou na comunidade e seus espaços principais são as associações e movimentos coletivos; 3. Modalidade educativa - desenvolvimento da motivação para a formação permanente e a educação para o tempo livre; a metodologia é centrada nos indivíduos. Melo (2007) nos diz que o conceito trabalhado no Brasil de animação é o que contempla as três perspectivas, pois para o autor parece ser restritivo pensar de forma separada as suas intencionalidades e seus enfoques, no entanto, a Europa evolui com políticas e concepções culturais com três momentos distintos: a) A cultura como saber: centrada no conjunto de saberes e conhecimentos, na conservação do patrimônio cultural; b) a cultura como possuir, a democratização cultural: centrada no conjunto de produtos que estão acessíveis, para a facilitação do acesso; c) a cultura como ser, a democracia cultural: centrada no âmbito do autodesenvolvimento, na facilitação para que todos produzam cultura. 10 Analisa-se que grande parte dos países latino-americanos sofre uma grande dependência da produção internacional, mesmo que ainda existam iniciativas de resistência, pois a partir de 1960 cresce a difusão desenfreada de produtos advindos de outros países principalmente os Estados Unidos, a incitação ao consumo, e a valorização de certas formas de como ser e se portar. Pois era uma época em que a maioria de nossos países encontrava-se dominados por ditaduras onde os norteamericanos tiveram certo grau de influência. O período redemocratização destes países a partir de 1980 é marcado pela “perda” de poder do Estado perante as empresas/corporações, principalmente multinacionais, e pelo aumento do desemprego, empobrecimento cultural e pela exacerbação do valor de consumo (MELO, 2007). A partir do século XX passamos a sofrer uma forte influência dos Estados Unidos, sendo os vínculos de dependência não mais linearmente coloniais, mais passam pela ideia de nos tornar em mercados consumidores de produtos inicialmente alheios a nossa formação cultural (IBIDEM). O repensar à construção de uma nova América-latina vai ter que enfrentar as peculiaridades de nossa construção histórica, e nesse sentido perspectiva de concepção de intervenção que englobe as três modalidades proposta por Ventosa, considerando-se o conceito de “animação cultural” ser o mais adequado para definir essa possibilidade em nossa realidade. 2 ANÁLISE E DISCUSSÃO: O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO. O documento inicial a ser analisado relata a criação em 2003 do Programa Segundo Tempo (PST), com o objetivo de “[...] Democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida.” (MINISTERIO DO ESPORTE, 2013). Este por sua vez, apresenta-se com os seguintes objetivos específicos: (a) Oferecer práticas esportivas educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva que contribua para o seu desenvolvimento integral; (b) Oferecer condições adequadas para a prática esportiva educacional de qualidade. Ele tem como estratégia operacional estabelecer parcerias institucionais com entidades Publica e Privadas, sem fins lucrativos, que tenham mais de três anos de 11 atuação na área de abrangência do programa e que disponham de condições técnicas para executá-lo através de convênios com o Ministério do Esporte, visando a implantação de Núcleos de Esporte Educacional (NED).(DIRETRIZES DO PST, 2011). As atividades esportivas desenvolvidas nos NEDs devem ser de caráter educacional e com os seguintes objetivos conforme prega os Fundamentos Pedagógicos do PST 2008: desenvolvimento integral da criança e adolescente desenvolvendo a consciência sobre o seu corpo, solidariedade, cooperação mutua e respeito pelo coletivo, valores sociais e melhorias das qualidades físicas e habilidades motoras, propiciando melhor qualidade de vida e desenvolvimento social, diminuindo a exposição aos riscos sociais (drogas, prostituição, gravidez precoce, criminalidade, trabalho infantil). Para alcançar tais perspectivas o programa vem passando por reformulações e atualizações desde sua criação, esta qualificação do programa fica a cargo das estratégias desenvolvidas pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional (SNEED). E uma dessas estratégias é a qualificação de todo material humano (gestores, coordenadores, professores e monitores) envolvido no programa, logo umas das consequências destas ações foi que a partir de 2007 foi exigido graduação em Educação Física para todos os profissionais que coordenem os núcleos e para os monitores das atividades (OLVEIRA E PERIM, 2009). 2.1 A POLÍTICA ENQUANTO PROJETO SOCIAL DE GOVERNO. Para melhor se compreender as politicas publicas sociais implantadas por um governo é fundamental termos clareza sobre a concepção de Estado e Governo, nos quais se diferenciam sendo o primeiro constituído com as ações de “instituições permanentes - órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do governo”; e o segundo, “conjunto de programas e projetos oriundos da sociedade - políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros”, propostas que servem de orientação política de um determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado por certo período. (HOFLING, 2001, p.30). 12 Outro, as politicas de Estado e politicas de Governo pelas contribuições de Suassuna e Almeida (2007, p.6) nos orienta que é: A política pública tem direta correlação com a questão da política de governo, desta forma, acaba por se definir de modo focal, sem, todavia, se dar conta da necessidade de continuidade das políticas. Enquanto isso, a política de Estado tem um caráter de continuidade, não pertence a aquele ou a este governo, pertence ao Estado e, portanto, contempla uma dimensão mais ampliada e que se relaciona com interesses sociais gerais. Sendo assim, para que as ações e programas tenham continuidade são necessárias que sejam implantadas politicas de Estado, sendo imprescindível a adoção de um planejamento para que estas politicas contemplem os diferentes setores, para não se tornarem politicas focais e terem continuidade. No Brasil é notório os Governos não darem continuidade a politicas desenvolvidas por seus antecessores, prejudicando assim a população atendida por estas ações. A partir da análise documental, muitos destes programas e ações desenvolvidos são com objetivo de assegurar e dar acesso há muitos direitos sociais previstos na constituição brasileira e diminuir as desigualdades estabelecidas, pois o art. 6º da Constituição Federal de 1988, que assim estabelece: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. Direitos estes que deviam ser distribuídos de maneira igualitária na sociedade, todavia grande parte destes não é exercida plenamente por todos os brasileiros, sendo o nosso país marcado por desigualdades sociais profundas das mais diversas ordens, contribuindo para a exclusão social de grande parcela da sociedade brasileira. Exclusão esta criada pelo próprio sistema vigente do Estado capitalista, pois concordamos com Taffarel (2004, p.4) que nos diz que Pertencer ou não, estar incluído ou não, estar excluído ou não, na escola, nas atividades culturais, sejam quais forem elas, em uma sociedade organizada em classes sociais requer sabermos a que classe social estamos nos referindo. Estamos nos referindo aos detentores dos meios de produção ou aos que vendem sua força de trabalho para poderem sobreviver? Estamos falando dos 20% da sociedade que detém mais de 70% dos bens, ou dos demais 80% que detém menos de 30% dos bens e dependem para sobreviver de 13 um forte protagonismo do Estado na implementação de políticas públicas universalistas? Sendo fundamental desta forma que os mais diversos membros da sociedade estejam envolvidos na elaboração, planejamento e implantação das politicas sociais, pois assim pode ser possível a sociedade criar mecanismos de assegurar seus direitos. Pois a exclusão é reflexo de como o sistema capitalista organiza a produção e distribuição dos bens produzidos pela sociedade, onde grande parte da sociedade não tem acesso ao produzido por ela mesma. Elas visam não à solução das desigualdades por ele criada, e sim apenas a mediação dos problemas surgidos, pois os Estado capitalista cuida não apenas de qualificar a mão de obra para o mercado, mais também através de politicas e programas sociais, procura manter sobre controle a grande parcela da sociedade não inserida no processo (HOFLING, 2001). Sendo o Esporte e o Lazer utilizados como ferramentas para esta manutenção e controle do sistema capitalista, através de inúmeras politicas e programas implantados sem o devido planejamento e envolvimento dos mais diversos atores da sociedade na sua elaboração e acompanhamento. Ficando claro o caráter assistencialista e utilitarista atribuído ao Esporte e Lazer, recurso para dissimular ou resolver mazelas sociais como fome, desemprego e violência, ou como forma de privilegiar determinados indivíduos ou grupos através desta politica (STAREPRAVO E MARCHI JUNIOR, 2009). Se configurando desta forma um cenário preocupante, principalmente, quando observamos que os governos tratam o esporte e lazer como um direito sem tanta importância, tendo em vista a carência de outros direitos tratados como mais importantes. Pois conforme Suassuna e Almeida (2007, p.17) “Embora se perceba um considerável avanço em relação ao início de uma discussão que privilegie o lazer enquanto um tema significativo tem-se, de outra parte uma carência de programas e ações governamentais que sigam nesta direção”. No aprofundamento da análise, dentro do atual governo quem tem esta missão é o Ministério do Esporte através da Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e inclusão social, que tem como propósito, implantar diretrizes ao Plano Nacional de Esporte e aos programas esportivos-educacionais, de Lazer e de Inclusão Social; planejar, supervisionar, coordenar e realizar estudos 14 compreendendo: o desenvolvimento das politicas, programas e projetos esportivos educacionais de lazer e de inclusão social. Estas ações visam responder as demandas sociais geradas em determinado contexto histórico, e garantir e ampliar um direito constitucional, o Esporte e o Lazer. Logo o esporte e o lazer devem ser vistos como politicas de Estado com vista o desenvolvimento da nação e o fortalecimento da identidade cultural e da cidadania e superação da realidade vivida. 2.2 A CONCEPÇÃO DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL NO PST. A partir da intersetorialidade do Ministério do Esporte e da Educação, em 2009, houve a integração do Programa Segundo Tempo ao Programa Mais Educação por se entender que os direitos constitucionais Educação e Esporte devem ser garantidos a população, e também para ser disponibilizado um tempo escolar ampliado de forma qualificada, acrescentando-se na segunda edição dos Fundamentos Pedagógicos um capítulo sobre os Fundamentos do Lazer e da Animação Cultural (OLIVEIRA E PERIM, 2009). Os objetivos específicos do programa promove a inclusão, minimizando as desigualdades, discriminação por condições físicas, sociais, de raça, de cor ou de qualquer natureza que limitem o acesso à prática esportiva; Oferece aos alunos conhecimentos e vivências da prática esportiva nas dimensões lúdica e inclusiva; Amplia o tempo de permanência na escola; Fortalece hábitos e valores que incrementem a formação da cidadania; Amplia o conhecimento sobre a prática esportiva e suas relações com a cultura, educação, saúde e vida ativa e por fim, contribui para a melhoria da qualidade da Educação Básica. (OLIVEIRA E PERIM, 2009). Quanto às atividades, trará possibilidades de vivenciar o esporte não de maneira restrita, e sim, buscam-se diálogos com as diversas áreas do conhecimento – físico, artísticos, intelectuais, sociais e manuais, entendendo- o como manifestação cultural. Ressalta, portanto, três questões a serem consideradas no planejamento e desenvolvimento - desenvolver atividades prazerosas que envolvam o público sem abandonar a perspectiva de formação e evitar reproduzir a lógica de esporte de rendimento (IBIDEM). 15 Animação Sociocultural é uma estratégia pedagógica que pode ser empregada em diferentes contextos e espaços sociais e que possui uma finalidade clara de intervenção - envolvimento da sociedade/comunidade interessada, deixando de administrar para eles e sim em conjunto com eles, pois para a efetivação de um projeto nesta perspectiva deve ser desenvolvido a partir do diálogo entre o profissional e o público participante. Instaura-se a partir do desejo de modificar a realidade e da compreensão de que uma atuação, no qual, dentro desta perspectiva pode ser grande conquista coletiva. Por isso, na visão do autor, o animador não pode querer controlar, “mas sim tematizar e estimular o descontrole” Assim, o processo de educação se dá não pela construção de ideias, mas pela “desconstrução de mentalidades e de olhares”. A missão do mesmo é a de despertar nos indivíduos novas formas de compreender a realidade, estimulando sua reflexão e possibilitando o questionamento do contexto no qual está inserido. Portanto, ressalta-se, “todos devem ser contemplados, respeitados e devem ter o direito de participar ativamente em todas as fases dos projetos - preparação, execução, avaliação. (OLIVEIRA E PERIM, 2009, p. 61 e 63). Porém, na continuidade da busca de analise nos documentos do programa e no site do Ministério do Esporte não encontramos nenhum relato na fase de implantação do projeto em que a sociedade tenha sido chamada para debater o mesmo. Analisa-se uma falha dos administradores do programa, pois ao desrespeitar o envolvimento da comunidade, corremos o risco de não se alcançar os objetivos esperados e de se tornar uma ação ineficiente, pois é imprescindível que as ações do programa sejam discutidas, planejadas, executadas e avaliadas por toda a comunidade envolvida no programa. Apesar de o programa propor que as atividades podem não ser necessariamente articuladas ao esporte, em todos os exemplos citados no caderno de fundamentos pedagógicos são relacionados ao esporte, entende-se que poderia apresentar outros exemplos de conteúdos culturais do lazer (os interesses) na busca de diversificar o programa, pois considerando que este é um material de apoio para o desenvolvimento das atividades, corremos o risco das mesmas serem desenvolvidas sempre em uma mesma direção, fragilizando desta forma o programa, pois não estaríamos levando ao conhecimento do publico alvo a variedade cultural de nosso país. 16 2.3 LAZER, ANIMAÇÃO SÓCIOCULTURAL E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO. O Programa Segundo Tempo faz referencia a postura do profissional “Animador Cultural”, ressaltando que este terá que estar disposto a romper os limites da sua formação acadêmica, tendo disposição para dialogar com profissionais de outras áreas. Apresenta algumas características exigidas como: liderança, comunicação, criatividade, organização, atualização e senso critico (OLIVEIRA E PERIM, 2009). Portanto o profissional deve estimular a participação crítica e ativa e dando condições para o desenvolvimento dessas potencialidades, tendo em vista uma superação qualitativa constante das propostas apresentadas, sendo assim a perspectiva de mediação. Sem dúvida, vai exigir que o animador seja um líder democrático e não autoritário, pois o mesmo deverá ter a capacidade de inovar, criar e recriar suas propostas através do dialogo com os participantes do programa, “buscando desta maneira uma pratica responsável de inclusão social e de contribuição para superação do status quo”. E para isso o caderno de fundamentos aponta os conteúdos que o profissional deve ter domínio: Linguagens (esporte, artes plásticas, músicas, cinema, teatro etc.); Lazer e cultura. (IBIDEM, p. 70). É necessário que ele entenda o lazer não apenas ocupação do tempo disponível, e sim como uma intervenção pedagógica, no âmbito da cultura, podendo proporcionar além de prazer e diversão, a contribuição significativa de melhora de vida do publico alvo. Desta forma, a cultura será entendida não somente como uma série de manifestações, e sim como um conjunto de valores e normas, compreendendo suas peculiaridades, importância e as diversas formas que se apresenta na sociedade. Logo, sob ponto de vista, um dos principais problemas para a consolidação da proposta de Animação Sociocultural no Programa Segundo Tempo é a formação deste profissional muito fragilizada, pois como vimos em Melo (2007) não se possui em nível de graduação, uma formação especifica do profissional animador, e por a formação do profissional de lazer ter se mostrado parcial e deficiente, que assim dificulta a formulação do campo acadêmico para que possa alavancar a discussão no Brasil. 17 Pinto (1995 apud Isayama, 2002) fala da necessidade de formação de profissionais para o campo do lazer, pautada em estudos mais aprofundados, o que pode levar a maior compreensão do nosso cotidiano, considerando os diferentes pontos de vista, interesses e conhecimentos que o englobam, sendo fundamental para uma atuação eficaz e competente, pois assim, é possível transformar a ideia limitada que as pessoas têm do lazer como simples divertimento e alcançar uma consciência crítica, tanto do profissional como do participante, e, por outro lado, caminhar para a reflexão (ALVES; MARCELLINO, 2008). Como já vimos anteriormente o animador sociocultural tem que ter determinadas características que o diferenciam dos demais profissionais, entre elas: ser expansivo, criativo, dinâmico, flexível, interagir facilmente com pessoas de todas as faixas etárias e níveis sociais, ser autêntico e natural no seu agir, e diplomático nas situações de confronto. Ele deve também dominar a expressão corporal, não só na teoria, mas igualmente na prática. Da mesma forma é imprescindível que ele detenha um amplo equilíbrio de suas emoções, já que irá trabalhar com os sentimentos alheios. Além de tudo, é muito importante que o animador cultural seja alguém com profundo desejo de mudança, com um alto senso de responsabilidade e critico. Os profissionais comprometidos com essa visão precisam respeitar e compreender a diversidade cultural, buscando a reflexão e a ampliação do seu potencial crítico e criativo, tendo em vista a complexidade e o processo dinâmico de nossa sociedade. A partir daí, torna-se possível descobrir novas formas de enfrentar as barreiras socioeconômicas que dificultam a participação cultural no lazer (WERNECK, 2000 apud ISAYAMA, 2002). Então acredita-se que o Programa Segundo Tempo deveria oferecer um curso de formação especifico para a atuação deste profissional, pois na analise documental não se encontra nenhuma iniciativa para este fim, e sim, organização e desenvolvimento pedagógico, procedimentos metodológicos, planejamento do programa e por fim as planilhas de avaliações, auto avaliação e de fichas de acompanhamento do aprendizado. Nesse sentido, concorda-se com Isayama (2009, p.2) que uma formação “se dá por meio da construção de saberes e competências que devem estar relacionados ao comprometimento com os valores alicerçados em uma sociedade democrática”. Pois se não for desta forma não se muda o perfil dos profissionais que 18 atuam nessa área do conhecimento, fragilizando os projetos e programas que trabalham com perspectiva de superação do status quo. Reitera-se com Melo (2007) que o que vai diferenciar a animação, é sua preocupação com a organização comunitária, pois a educação para o lazer só pode efetivamente se dar se articulada com processos de mediação cultural, que contribuam para a formação de indivíduos mais críticos perante o poder da mídia de massa e o sistema politico vigente. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa, para a qualificação profissional se abriu novos horizontes e conhecimento sobre a animação sociocultural como estratégia pedagógica para atuação do profissional de educação física à compreensão das possibilidades de outras formas acerca das politicas públicas á sociedade, quando se tem o acesso há alguns dos direitos constitucionais que deviam ser assegurados, no qual, o profissional de educação física rompa com as barreiras de sua formação e com prática tecnicista ainda muito encontrada nos espaços de intervenção de suas ações. Porém, consegue-se ter a clareza que estes projetos devem ser bem planejados para que não se tornem politicas pontuais ou de governo, e que as mesmas sejam alicerçadas em princípios democráticos e com objetivos de transformação da realidade e não apenas assistencialistas. A pesquisa não é terminal, e sim o inicio para novos debates nessa área de animação sociocultural para uma atuação não apenas do profissional de educação física, mais para o demais profissionais envolvidos nos programas e projetos de politicas públicas. Diante das análises documentais, muito dos fundamentos pedagógicos do programa não são colocados em prática, fragilizando assim um programa de grande importância para sociedade. Diante deste problema propomos que o programa consiga alcançar seus objetivos através da animação sociocultural, o mesmo deve oferecer um curso de formação especifico para esta atuação e crie mecanismos mais eficazes de avaliação das ações do programa. Neste contexto tem fundamental importância o profissional de educação física nos projetos sociais de esporte e lazer, pois há uma associação histórica do lazer com as atividades físicas e esportivas. 19 RECREATION PROGRAM SECOND TIME: A reflection from Sociocultural Animation for the professional practice of physical education. Abstract The article focuses on the study area of public policy, sports and recreation, and is under the basis of documentary research in critical-dialectical perspective, and has the purpose to understand and overcome the concerns raised about the Sociocultural Animation and the role of professional education physics program in the second half, this perspective is objective answer based on the analysis on the website of the Ministry of Sport and the documents produced (notebooks fundamentals, guidelines, etc.). by the program second time the following questions: what does the leisure from the perspective of socio-cultural activities to meet the social demands program Time According to the professional practice of physical education? What is design? What planning is developed? What professional profile is required? Problem: - How to develop the professional practice of physical education for social action in the leisure perspective of social animation in Second Half Program? Result: The leisure, under an approach of socio cultural, education and leisure by taking up the sport as a means and end of education. The planning and professional profile - democratization of practice with quality building spaces more participatory, critical and reflective and joints between sport and playfulness to expand access to different language / cultural training events, one leading to democratic dialogical practice. Finally, the program still needs to overcome and break through economic barriers, political and sociocultural as the action of the ideological use of sport and sport as a means of social mobility, and thus guarantee you as human development for the exercise of citizenship, interacting-the school, the family and the community in order to promote self-organizing community. Keywords: Leisure, Program, Animation, Performance and Physical Education. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M. 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