ESCOLA NORMAL REGIONAL DE CRUZEIRO DO SUL: MODELO CATÓLICO
DE FORMAÇÃO DOCENTE
Maria Irinilda da Silva Bezerra/ Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
Heloísa de Oliveira Santos Villela/ Universidade Federal Fluminense- UFF
[email protected]
Resumo
O campo da pesquisa histórica vivenciou, nos últimos anos, um intenso processo de
renovação teórico-metodológica que aponta para a revalorização de estudos de caráter
localizado, o que possibilitou um maior investimento na construção da história das
instituições educativas espalhadas pelas várias regiões do país. A presente investigação
ancora-se neste campo re-oxigenado da história das instituições escolares, fundamentando-se
no referencial teórico de autores que reconhecem que toda instituição, por um lado, conserva
uma organização hierárquica própria e, por outro, mantém uma vinculação com a sociedade
mais ampla na qual está inserida. Neste movimento, interações e trocas culturais acontecem
entre as práticas e os fazeres escolares e sociais. Nossa investigação, pretendeu ampliar o
conhecimento sobre a história das instituições educativas tendo como objeto a Escola Normal
Regional criada em 1947 na cidade de Cruzeiro do Sul / Acre, no extremo ocidente da
Amazônia brasileira, tendo como propósito levantar questões a cerca do currículo utilizado
nessa instituição confessional de formação do professorado primário. A periodização
contempla o momento de criação da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul até o ano de
1965, quando a Instituição passou por um processo de reestruturação curricular, ampliou a
formação oferecida e incluiu o normal colegial. A análise de fontes documentais existentes
nos arquivos da Escola, tais como regimentos, estatutos, boletins, certificados e atas, além de
entrevistas semi-estruturada desencadeou a reflexão sobre a proposta de formação de
professoras desenvolvida pelas freiras “Dominicanas” alemãs na região acriana. Indagamonos como, no interior daquela Instituição, se estabeleceram as articulações curriculares entre o
ideário confessional católico e o projeto escolanovista em voga naquele contexto e de que
forma os dois projetos coadunaram-se na formação da mulher-educadora cruzeirense. Este
trabalho pretende demonstrar de que forma o currículo da Instituição mencionada privilegiava
a formação da mulher católica, contemplando, além da formação didática e geral, as aulas de
catecismo, prendas e economia doméstica. Ao mesmo tempo chama a atenção para a
especificidade de uma formação que, embora de orientação católica, ao mesmo tempo inseriase no âmbito das inovações pedagógicas que tinham como base as ideias irradiadas pelo
movimento escolanovista. Contrariando uma literatura muito difundida no campo da educação
que indicava que ideais liberais escolanovistas e movimento católico se antagonizavam,
pretendemos mostrar como essa escola normal traduziu esses dois vetores e os articulou em
sua prática cotidiana.
Palavras-chave: Escola Normal. Formação docente. Educação Católica.
Considerações Iniciais
O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados de uma investigação realizada
na Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul/Acre, se propondo a trazer para o campo do
debate questões relacionadas às práticas cotidianas e o currículo das escolas normais de
caráter confessional, dedicadas a educação feminina. Nossa periodização contempla o
momento de criação da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul, que data do ano de 1947
até o período de 1965, quando a Instituição, passando por um processo de reestruturação
curricular, ampliou a formação oferecida incluindo, a partir de então o curso normal colegial.
A Instituição estudada constituiu-se como um importante legado para a formação de
professores no Acre dada a inexistência de outras instituições semelhantes naquele contexto.
Por essa razão julgamos determinante sua compreensão para a história da educação e da
formação docente naquela região. Partimos da percepção das múltiplas possibilidades que o
campo da pesquisa histórica tem possibilitado aos pesquisadores que pretendem ampliar o
conhecimento sobre a cultura escolar. Durante muito tempo, a história da educação brasileira
tomou como parâmetro, estudos preferencialmente realizados nas regiões politica e
economicamente dominantes no cenário nacional, generalizando seus resultados, como se
todas as regiões do país tivessem vivenciado o mesmo processo. Hoje, esta realidade vem se
modificando e a pesquisa no campo da história da educação dialoga com pesquisadores e
temas diversificados, tanto no que diz respeito ao tempo, aos espaços estudados, bem como às
abordagens escolhidas.
A luz do referencial teórico de autores que dialogam com o campo da história das instituições
escolares e da cultura escolar, a presente pesquisa analisou fontes documentais localizadas nos
arquivos do Instituto Cultural Santa Teresinha procurando não perder de vista que que toda
instituição, por um lado, conserva uma organização hierárquica própria e, por outro, mantém
uma vinculação com a sociedade mais ampla na qual está inserida. Neste movimento,
interações e trocas culturais acontecem entre as práticas e os fazeres escolares e os sujeitos se
constituem nesta tessitura entre escola e sociedade.
Destacamos que os instrumentos de coleta de dados utilizados nesta pesquisa possibilitaram
reconstituir, pelo menos parte da história e da cultura desta Instituição de ensino e de
formação, revelando a complexidade que envolve os objetos culturais com seus valores,
representações e inserção social numa dada realidade. Estas técnicas, especialmente as
entrevistas, combinadas com o estudo e análise de artefatos produzidos e preservados pelos
próprios sujeitos que fizeram ou fazem parte desta história, nos revelaram aspectos
interessantes do cotidiano da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul o que desencadeou
um aprofundamento maior sobre nosso objeto de estudo.
Estudos nessa direção trazem a vantagem da interação direta entre o investigador e os sujeitos
participantes, bem como a possibilidade de valorização da memória no estudo do passado. O
trabalho de resgate da memória histórica tecida pelos diversos sujeitos que constituíram
modos paralelos ou oficiais de instrução escolarizada, permite encontrar, a partir dessas
memórias individuais e até dispersas, os aspectos que compõem a identidade e a cultura da
coletividade.
Segundo Demartini (2000), trabalhos recentes têm indicado que a exploração de fontes das
mais diversas, e até pouco comuns, pode resultar em estudos fundamentais e instigantes.
Nossa investigação, na esteira deste momento fértil e favorável à utilização de novas fontes,
apropriou-se de um corpus documental rico e inédito localizado nos arquivos da secretaria do
Instituto Cultural Santa Teresinha e nos acervos particulares das ex alunas do Curso Normal
Regional na tentativa de compreender como se estruturou o currículo deste Curso de formação
dos professores.
Por meio desta investigação teórico-empírica suscitamos reflexões sobre a seguinte
problemática: Como se estabeleceram as articulações curriculares entre o ideário confessional
católico e o projeto escolanovista nas práticas curriculares e pedagógicas da Escola Normal
Regional de Cruzeiro do Sul, e de que forma os dois projetos em voga naquele contexto
coadunaram-se na formação da mulher-educadora cruzeirense? Mais do que respostas para a
questão acima, pretendemos contribuir para futuras discussões sobre as semelhanças e
diferenças que marcaram a constituição das escolas normais espalhadas pelas várias regiões
do país, especialmente no que diz respeito às instituições de caráter confessional dedicadas a
educação feminina.
Partilhamos a convicção de que a educação escolarizada, por ser um campo permeado por
disputas e interesses diversos, possibilita trajetórias de ascensão, tanto individual quanto
coletiva. Assim, considerando a influência que a cultura escolar exerce na constituição de uma
sociedade é que nos propomos a discutir a organização e funcionamento da instituição
focalizada, destacando principalmente questões relativas ao currículo implementado e as
adaptações realizadas no interior do Curso.
Os resultados indicaram que o currículo na Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul
privilegiava a formação da mulher católica, contemplando, além da formação didática e geral,
as aulas de catecismo, prendas e economia doméstica. Demonstram também a busca por uma
formação católica, mas ao mesmo tempo inserida no âmbito das inovações pedagógicas e
políticas públicas pensadas para a educação no período. Assim foi possível percebermos
interlocuções entre a formação oferecida no âmbito da Instituição mencionada e a formação
oferecida em instituições congêneres em outras regiões do país.
O ideário católico na formação da mulher cruzeirense
A presença de religiosos da Igreja Católica nos rios da Amazônia está registrada desde o final
do século XIX. Todavia tais ações apresentavam caráter esporádico, uma vez que, de tempos
em tempos, grupos de padres e irmãos viajavam pelos rios e comunidades evangelizando e
catequizando a população ribeirinha. No ano de 1931, com a criação da Prelazia do Alto
Juruá, a Congregação do Espírito Santo estabeleceu-se definitivamente na região. Estes
missionários realizaram um intenso trabalho social, evangelizador e educacional junto à
população local, criando e dirigindo escolas, creches, seminários, oficinas de aprendizagem,
igrejas e conventos. No ano de 1937 chegaram também freiras da Congregação Dominicana
de Santa Maria Madalena, para endossar a missão iniciada pelos Espiritanos no espaço
amazônico. Esses padres e freiras de ambas as congregações eram de nacionalidade alemã.
As religiosas dominicanas atuaram predominantemente na educação feminina, criando e
dirigindo o Instituto Orfanológico Santa Teresinha. Foi nesta Instituição - orientada para uma
formação de cunho católico - que surgiu a Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul, onde
foram formados e constituídos como docentes os primeiros educadores primários daquele
municípioi. A Escola Normal funcionou do período de 1947 até a década de 1980 no Instituto
Orfanológico Santa Teresinha como uma “Instituição educativa, confessionalmante católica,
mantida pelas Irmãs Dominicanas de Santa Maria Madalena” (BEZERRA, 2010, p.). De
acordo com o Regimento Interno a Escola adotou, tanto no curso Primário quanto no Curso
Normal Regional, o plano geral estabelecido pelo Ministério da Educação e Cultura, mas
seguindo normas próprias às instituições confessionais. A formação oferecida deveria ser
solidamente cristã, “visando à formação integral da personalidade feminina, destinada a
desempenhar um papel benéfico na família e na sociedade, seja como dona de casa e
educadora dos próprios filhos, seja como dirigente de uma escola e educadora do povo”ii
Na opinião das entrevistadas, comparando-se a educação do seu tempo de normalistas com a
educação desenvolvida atualmente evidenciam-se muitas mudanças, uma vez que àquela
época os conteúdos preparavam as alunas para atuarem em sala de aula, a partir de um ensino
rígido onde havia cobrança de qualidade. A instrução transmitida no Curso Normal Regional
pretendia desenvolver o ser humano em todos os sentidos, destacando-se a capacidade
cognitiva, as habilidades manuais e os valores como a moral, o respeito e os bons costumes.
Conforme mencionado anteriormente, a Escola Normal Regional dirigia-se à formação de
professoras voltadas para princípios cristãos e familiares. Tal preceito é confirmado pelos
depoimentos das ex alunas, evidenciando que a Igreja, de modo geral, exercia uma grande
influência na sua formação espiritual e profissional, enfatizando a parte moral, ética, assim
como no tocante à obediência e cumprimento das obrigações estudantis e comunitárias. De
acordo com uma das entrevistadas “as professoras formadas naquela época saiam com uma
bagagem religiosa bem firme”. Em consequência dessa educação, “até hoje a gente vê elas
assim na Igreja, dando aulas de catequese, ajudando os pobres nas obras sociais”. E conclui
sua reflexão, afirmando: “Acredito que essas atitudes foram influência da educação
recebida”iii. Nesta declaração fica evidente que tal ênfase formativa no aspecto religioso se
constituía num dos aspectos mais priorizados na formação oferecida.
Outra entrevistada enfatiza que, pelo fato dos professores serem todos padres e religiosos de
congregações católicasiv, as alunas eram obrigadas a assistir aulas de religião três vezes por
semana, subdivididas em estudo da Bíblia, Catecismo e História Eclesiástica e da Igreja,
acrescentando que durante aqueles encontros recebiam também valores significativos para a
vida e para a profissão.
A forte influência das freiras dominicanas sobre a formação das professoras nesta parte da
Amazônia acriana se ampliava ainda mais em relação às alunas internas, visto que aquelas
permaneciam mais tempo sob o controle constante das mestras. Entretanto, na condição de
interna ou externa, a matrícula no Estabelecimento subjugava os pais e as alunas aos estatutos
da Escola, que se investia do poder de instruir e educar, inclusive se sobrepondo ao poder dos
próprios pais. Geraldo Filho (2002) ao estudar a educação feminina no triângulo mineiro
discorre a respeito do domínio da Igreja Católica sobre a formação feminina e nos oferece
importantes reflexões para pensarmos esta questão.
Fica evidente que as internas ficavam mais tempo sob a vigilância das
mestras, entretanto ao entrarem para o colégio as externas submetiam-se as
mesmas normas do estabelecimento, as quais pretendiam que o mundo
exterior ao colégio deixasse de influenciar as suas vidas. Desta forma, as
normas acabavam por se estender aos lares, ao espaço do convívio com a
família, realçando a obediência, a disciplina e o controle da sexualidade,
segundo a ideologia e a moralidade católicas (GERALDO FILHO, 2002, p.
59).
Tomando como parâmetro a Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul, podemos inferir que
muito embora fosse sobre as alunas internas que as dirigentes das escolas confessionais
estabeleciam maior domínio, as externas também eram objeto de forte controle. As evidencias
nas falas das nossas entrevistadas confirmam a consideração de Geraldo Filho de que as
normas impostas por estes colégios pretendiam minimizar a influência do mundo exterior
sobre as vidas destas alunas e, sobretudo, que tal ação disciplinadora se estendesse aos lares,
ao espaço do convívio com a família, realçando a obediência, a disciplina e o controle da
sexualidade.
Uma estrita relação se estabelecia entre a formação oferecida e o ideário católico, que não era
exclusivo da Igreja, mas impregnava a sociedade ao demandar uma mulher dócil, boa mãe e
esposa. Tais instituições cumpriam integralmente as exigências necessárias para tornar
aquelas moças educadoras primárias por excelência, responsáveis pela formação de crianças
com espirito de passividade e obediência à ordem posta, transferindo assim qualidades
“naturais” femininas para a sala de aula.
Discursos como o do educador católico Everardo Backhauser (1934), ao paraninfar uma
turma de normalistas, confirmam esse papel destinado à mulher-professora: “Vós queridas
afilhadas, [...] sereis professoras. Tendes, com isto, de desenvolver vossa atuação pedagógica
em uma atmosfera verdadeiramente maternal” (apud MAGALDI; NEVES, 2006, p. 106-7).
Nesse mesmo sentido advertia Alceu Amoroso Lima, quando afirmava: “Na obra educativa,
mais que em qualquer outra, só o amor é fecundo e criador. Por isso há tanta afinidade entre a
maternidade e a educação. As mulheres são professoras natas, em geral, porque têm por
natureza a vocação da maternidade” (LIMA, 1994, p. 296 apud MAGALDI; NEVES, 2006, p.
106-7).
Mesmo em contexto temporais e espaciais diferentes, observamos uma coerência entre os
discursos dos líderes do movimento católico nacional, como era o caso de Everardo
Backhauser e Alceu Amoroso Lima, e dos representantes católicos do município de Cruzeiro
do Sul. Em ambos, percebemos a nítida associação entre a formação da professora e a missão
da mulher no projeto católico, bem como a crença depositada no papel da professora como
missionária a um só tempo educadora e evangelizadora. O discurso de Dr. Abel Pinheiro,
paraninfo da primeira turma da Escola Normal Regional referenda esta percepção. “Os maus
hábitos podem fixar-se quando se descuida a educação da criança. Não esqueçais que no
tocante a educação, a escola é um prolongamento do lar. A vossa missão nobre, digo-vos mais
uma vez, é sublime, mas é extremamente delicada” (JORNAL O REBATE, 1º DE JAN, 1951,
p. 01)v.
Os interesses católicos projetaram, por meio de suas propostas curriculares e pedagógicas, a
figura de uma mulher ideal, ou seja, aquela que cumpriria rigorosamente suas atribuições
perante a Igreja e a sociedade, como catequista, mãe, mulher, educadora, tanto nas escolas
como na família, contribuindo, assim, para a propagação dos ideais cristãos. Ao mesmo tempo
em que a Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul atendia aos interesses da Igreja,
tornava-se espaço de ascensão social da mulher, que formada para atuar no magistério
primário poderia finalmente conseguir maior “autonomia” político-social ou contribuir no
sustento da família.
Uma professora primária formada era também símbolo de status e as famílias faziam qualquer
esforço possível para que suas filhas pudessem tornar-se “diplomadas”, até porque esse era o
mais alto grau de escolarização existente no local e uma das únicas possibilidades para a
mulher ingressar no mercado de trabalho. Essa importância social desempenhada pela mulher
na pequena sociedade cruzeirense é enfatizada, com riqueza de detalhe por uma ex aluna do
Curso quando ressalta: “Os professores naquela época eram hombridade. Nossa! Você nem
imagina o valor que nós tínhamos. Hoje o mercado está grande demais, mas naquele tempo
era escasso”.vi
Esta fala destaca aspectos relevantes da formação docente. Primeiro, o status que esta
profissão apresentava, onde os professores eram considerados autoridades e representavam o
Estado nas cerimonias oficiais realizadas em atividades cívicas, tais como: desfiles,
cerimonias e discursos. Segundo, a própria escassez de profissionais formados proporcionava
àquelas normalistas uma inserção social muito significativa, visto que podiam ocupar cargos
de destaque, como professoras, bancárias, etc mas também o diploma lhes credenciava para
falar em nome da população nos discursos públicos, representando os anseios do povo nas
reivindicações junto as autoridades do Estado.
O Curso Normal Regional e suas transformações curriculares
Segundo Azzi (2008), a partir da década de 1920, a Igreja empreendeu um esforço para
adequar os colégios de freiras às normas e diretrizes emanadas do Estado. Esse fenômeno se
deu por uma necessidade de conquistar novos adeptos ao catolicismo e ampliar o número de
matrículas em suas instituições. “A necessidade de atrair matrículas de novas alunas fez com
que as religiosas procurassem obter a equiparação de seus cursos aos colégios oficiais, que
eram apresentados à sociedade como padrões de ensino” (p. 106).
Na análise dos Boletins, acompanhamos a sequência de estudos da 4ª turma do Normal
Regional, compreendendo o período de 1950 a 1953, onde verificamos disciplinas variadas
dependendo das séries. Na 1ª série eram trabalhadas disciplinas como: Religião, Português,
Matemática: Aritmética e Geometria, Geografia, Ciências, Desenho, Caligrafia, Canto,
Trabalhos Manuais e Educação Física. Na 2ª série as disciplinas ministradas eram: Religião,
Português, Matemática: Aritmética e Geometria, Geografia, Ciências, Desenho, Caligrafia,
Canto, Trabalhos Manuais, Educação Física e História. Quanto à 3ª Série, podemos observar a
existência das seguintes disciplinas: Religião, Português, Matemática: Aritmética e
Geometria, Geografia, Ciências, Desenho, Caligrafia, Música e Canto, Trabalhos Manuais,
Educação Física e História. Por fim, no que se refere a 4ª série, verificamos disciplinas como:
Religião, Português, Biologia, Desenho, Música, Prendas, Ginástica, Pedagogia, Prática e
História. Numa análise comparativa, percebemos poucas alterações ocorridas na estrutura
curricular do 3º e 4º ano, sendo que suprime a Matemática, Geografia e Caligrafia e
acrescenta-se Pedagogia e Prática.
Notamos no currículo da Escola uma ênfase nas disciplinas como Trabalhos Manuais,
Educação Física, Religião e Canto, presentes em todas as séries do Curso em contraposição a
pouca relevância dada a formação pedagógica, sendo que apenas no 4º ano as alunas tinham
disciplinas voltadas para este aspecto, como Pedagogia e Didática. O caráter de ensino geral
característico da formação oferecida nos cursos normais é destacado por vários educadores do
período, como é o caso de Anísio Teixeira que traz uma importante contribuição para esta
reflexão ao denunciar o desvirtuamento dos objetivos do ensino normal em consequência da
publicação de tal Lei Orgânica.
[...] o curso estava descaracterizado como curso vocacional de habilitação ao
magistério primário na medida em que se operava a integração deste curso
ao sistema de educação secundária do país, fazendo das escolas normais uma
das formas de acesso ao ensino superior. Assim, as escolas normais ‘se
deixam levar pelo seu caráter de ensino preparatório e não pela formação
vocacional do mestre’ falhando em seu duplo objetivo, pois nem ofereciam a
formação cultural desejável ao ingresso em muitos cursos superiores, nem
cuidavam com esmero da profissionalização dos professores (TEIXEIRA,
1950, apud LOPES, 2006, p. 287-8).
No ano de 1958, observamos por meio do livro de atas dos exames de admissão uma
separação em: - Diplomas do Curso Normal Regional e Diplomas do Curso Normal Regional,
adaptado ao Ensino Ginasial. O currículo do Curso Normal Regional contemplava Português,
Matemática, Geografia Brasileira, Geografia Geral, História Geral, História do Brasil,
Ciências Naturais, Anatomia, Pedagogia e Psicologia, Prática de Ensino, Desenho, Canto,
Trabalhos Manuais e Ginástica. Quanto ao currículo do Curso Normal Regional adaptado ao
ensino Ginasial, este era muito similar, com pequenas alterações: inclusão do Latim e Francês,
supressão da Anatomia e substituição de Ginástica por Educação Física. Essa distinção foi
verificada também nos anos posteriores, até 1965, exceto nos anos de 1963 e 1964 que não
houve diplomados do Curso Normal Regional adaptado ao Ensino Ginasial.
Além do livro de Ata, encontramos apenas um Ofício enviado em 24 de abril de 1965, pela
direção da Escola Normal ao Diretor da Divisão do Ensino Médio, justificando que a
adaptação do Curso Normal ao ensino ginasial foi feita a pedido dos pais dos alunos, em
1954, visto que naquela época não existia ginásio cruzeirense. Ou seja, até então a Escola só
recebia o público feminino, excluindo os homens de adquirir uma formação ginasial visto que
na cidade não existia outra instituição que oferecesse tal formação.
No ano de 1965 o Curso Normal Regional passou por várias transformações com a
implantação do Ciclo Secundário, denominando-se, a partir de então de Escola Normal Padre
Anchieta. Mas as transformações não pararam na denominação, a titulação também foi
alterada. Enquanto o Curso Normal Regional conferia título de Regente do Ensino Primário,
conforme dispunha o art. 36 da Lei Orgânica do Ensino Normal baixada pelo Decreto-lei n.
8.530, de 2 de janeiro de 1946, o Diploma da Escola Normal Padre Anchieta, ou seja, do
Curso Pedagógico, conferia o título de Professor Primário, conforme rezava o artigo 54 da Lei
n. 4.024, de dezembro de 1961, que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
De acordo com o Certificado da Escola Normal Padre Anchieta, na 1ª série, as alunas
estudavam: Português e Literatura, Matemática, Estudos Sociais Brasileiro, Ciências Naturais,
Psicologia Educacional, Artes Infantil, Didática e Educação Musical. Na 2ª série, constam as
seguintes disciplinas: Biologia Educacional, Educação para a Saúde, Português e Literatura,
Matemática, Psicologia Educacional, Artes Infantil, Educação Musical, Sociologia, Educação
Moral e Cívica e Religião e Metodologia e Prática. Já na 3ª série, as alunas estudavam
disciplinas como: Estatística, Português e Literatura, Psicologia Educacional, Educação
Musical, Educação Moral e Cívica e Religião, Metodologia e Prática, Administração Escolar,
Filosofia da Educação e História da Educação.
A fala de uma ex aluna é ilustrativa das diferenças curriculares do primeiro ciclo do normal
em comparação como o segundo. Ela destaca que no Curso Pedagógico “eram priorizadas
mais as disciplinas científicas sim. [...] a gente tinha como prioridade a Filosofia, a Psicologia,
a Matemática. E no Normal Regional era dada mais ênfase aos cantos, trabalhos manuais. No
Normal a gente saia assim: prendada”vii.
Nas aulas de trabalhos manuais, ministradas no Curso Normal Regional, no turno da tarde, era
ensinado bordado, tricô, crochê e pintura. O material utilizado nas aulas era oferecido pela
Escola para as meninas órfãs e aquelas reconhecidamente pobres. As que podiam custear seus
estudos providenciavam o material necessário. A Escola realizava comumente exposição dos
trabalhos produzidos pelas alunas e convidava os pais e a comunidade para assistir. As obras
confeccionadas, quando feitas com o material da própria aluna pertencia a mesma, inclusive
há relatos de algumas que confeccionavam objetos para seu enxoval de casamento.
Os recursos eram limitados o que restringia o aprendizado prático das normalistas. Vidal
(2001) demonstra que algumas escolas do período dispunham de um acevo pedagógico
significativo. “Como recursos didáticos eram indicados jogos, dramatizações, livros de
leitura, cadernos, biblioteca de sala, e atividades extra-classe, como clubes de leitura”
(VIDAL, 2001, p. 108). Porém, boa parte dos recursos aqui referenciados não estava
disponível na Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul. Além disso, as metodologias
adotadas se limitavam ao espaço da sala de aula, não sendo verificada a execução de
atividades extra-classe. Muito embora seja possível constatar a ausência de muitos recursos
pedagógicos, pela fala das entrevistadas nota-se que, em relação as demais instituições da
cidade, a Escola Normal Regional possuía um acervo de materiais pedagógicos significativo.
No que diz respeito às aulas de Educação Física, estavam presentes no currículo, e as alunas
faziam as atividades inicialmente comandadas pela Madre Adelgundes. Entretanto, estas
aulas inicialmente não eram vistas com real importância. Depoimentos indicaram que,
algumas vezes, eram substituídas por uma caminhada carregando tijolos para a construção do
novo prédio do Instituto Santa Teresinha ou do aeroporto da cidade. Se por um lado, o
aprendizado não correspondia exatamente ao que era pretendido na educação física, não
deixava de ser percebido pelas ex-alunas como um trabalho de caráter cívico. Estas
relembraram tal acontecimento com orgulho pois acreditavam estar contribuindo com o
desenvolvimento da Escola e do próprio município, sendo essa uma das funções da escola da
época. Este fato foi verificado nos primeiros anos de existência no Curso. Posteriormente,
percebemos tal disciplina ganhando maior importância por meio da assistência de professores
com formação militar.
Com relação ao estágio de regência, não foi verificada nos boletins de notas das alunas
nenhuma referência ao mesmo, o que leva a concluir que este era trabalhado na disciplina de
Didática e Prática de Ensino. Segundo as entrevistadas, o estágio acontecia no último ano do
Curso Normal, sendo desenvolvido no curso primário da Escola. Era acompanhado e
orientado pelo professor de cada disciplina, que fazia um sorteio do tema a partir do qual as
alunas preparavam a aula, mas previamente recebiam orientação e supervisão quanto ao plano
de aula e as atividades a serem desenvolvidas. No dia da regência, costumavam assistir às
aulas a professora da disciplina, a professora da sala do primário, o diretor/a e todas as
colegas de turma. Havia ainda a possibilidade de contar com a presença do inspetor de ensino
que supervisionava e orientava o trabalho realizado.
Notamos que a formação desses professores tornava-se um acontecimento público, dada a
quantidade de pessoas que participavam dos exames finais e da regência. Esse destaque dado
ao referido Curso nos leva a perceber que a formação de normalistas permitiu novas
oportunidades educacionais, primordialmente às crianças que necessitavam de professor
formado, mas também ampliou as possibilidades de educação feminina e de participação na
vida pública por meio da inserção no magistério. Este Curso era bem conceituado em todo o
Estado sendo prestigiado por diversas visitas de autoridades, quando as Irmãs eram felicitadas
por seus esforços em mantê-lo em funcionamento [...]. Sendo este o primeiro curso de
formação de professores que funcionou nesta região, com certeza estão aqui os alicerces de
muitas das práticas e fazeres dos professores que atuam no município (BEZERRA, 2010).
Pelos sempre incompletos resultados a que chegamos, destacamos que escrever sobre a
história das instituições escolares no âmbito da história social e cultural é tentar entender os
meandros que tornaram possível sua construção como espaço nuclear da educação de crianças
e jovens. Mergulhar no seu cotidiano nos leva a compreender os espaços e grupos que estão
em disputa pelo controle dos processos de socialização. Essa percepção nos leva a afirmar que
estudar a história da instituição escolar significa mergulhar num contexto que permite
compreender a própria cultura de uma época, enraizada nos processos escolares que, por sua
vez, gera também ideias, práticas e hábitos que são culturais.
É exatamente em decorrência dessa complexidade que envolve as instituições escolares, que
somos obrigados a reconhecer que muito ainda precisamos saber sobre a cotidianidade da
escola: suas práticas, seus sujeitos, sua materialidade bem como as interações que produz com
a sociedade. Segundo Nunes (1992, p. 152). “[...] a ênfase recai sobre os usos diversos que
os agentes escolares fazem da própria instituição escolar, sobre a prática de apropriação de
práticas não escolares no espaço escolar e os múltiplos usos não escolares dos saberes
pedagógicos”, ou seja, cada grupo social que integra um espaço produz processos específicos
de escolarização que acabam deixando suas marcas na construção da sociedade como um
todo. Para Carvalho (2003), precisamos perspectivar nosso olhar e problematizar o
estabelecido, historicizando-o, para que o objeto “escola” possa ser desnaturalizado. É
importante reconhecer também que os tempos e espaços diversos ensejam modelos
educacionais próprios que precisam ser entendidos nas suas especificidades, sem
desconsiderar, no entanto, sua relação com o geral. Assim sendo, torna-se imperativo a
incorporação de vertentes historiográficas que possibilitem a compreensão de elementos da
cultura escolar, tais como os agentes escolares, suas práticas e instituições.
Considerações Finais
A Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul foi a responsável direta pela implantação da
formação docente escolarizada no município de Cruzeiro do Sul, deixando uma herança
importante para a história da educação naquela região. Tal Escola, idealizada pela Igreja
Católica, foi criada com o objetivo de oferecer formação adequada para os professores que
iriam atuar no ensino primário da própria Instituição. Mas nas circunstancias explicitadas ao
longo deste texto, sua atuação atendeu aos interesses da população em geral: do poder
público, que naquele momento histórico não possuía condições de oferecer formação pública
aos professores da localidade; da Igreja, que oferecia formação as professoras, educadoras das
crianças e jovens de acordo com os princípios católicos e cristãos; dos pais, que tinham
possibilidade de ver suas filhas com uma formação aceita socialmente sem ter que afastar-se
do âmbito familiar e local; da sociedade local, que era contemplada com professoras com
formação adequada, ampliando as oportunidades de escolarização.
Nessa direção, a Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul era bem prestigiada e
valorizada, pois cumpria sua função de formar as educadoras da sociedade cruzeirense. Aqui
encontramos a principal semelhança entre a formação oferecida pela Escola Normal Regional
de Cruzeiro do Sul e o ideário do projeto escolanovista católico que via a mulher como
formadora nata das crianças e jovens que se tornariam cidadãos patrióticos e ao mesmo
tempo, católicos fieis aos preceitos da Igreja. Assim, o currículo oferecia os conhecimentos
necessários a esta educação, oferecendo aulas de cantos orfeônicos, prendas e economia
doméstica, educação física, aulas de catecismo, além da formação geral e da específica do
professor. Esta última, mais direcionada aos anos finais da formação da normalista,
contemplava aulas de estágio supervisionado, didática e prática de ensino. O que ia ao
encontro da formação oferecida a nível nacional orientada por meio do projeto escolanovista
em voganos principais centros urbanos do país.
Percebemos que desde a fundação do Instituto Orfanológico Santa Teresinha, em 1938,
quando funcionava apenas o Curso primário, até os anos de 1965, quando a Instituição
colocou em funcionamento o Curso Secundário, a Instituição vivenciou um processo de
expansão considerável. Mas foi a opção por criar no ano de 1947, o Curso Normal Regional,
com a finalidade de formar professores que otimizou as ações educacionais da Escola
possibilitando que a mesma não só sobrevivesse às crises econômicas e doutrinárias por que
passou, bem como expandisse suas ações a ponto de hoje, 74 anos após sua fundação,
continuar sendo a Instituição de ensino mais tradicional no município e na região. Assim, a
criação do Curso Normal Regional e as necessidades reais de educação vividas pela
população fizeram com que a influência da Escola na formação local se expandisse cada dia
mais. Atendendo as necessidades dos pais de alunos, em 1955, a Escola abriu suas portas aos
meninos, tonando-se mista. Mas as mudanças continuariam e em 1965 o Curso Normal
Regional passaria a denominar-se Escola Normal Padre Anchieta, podendo dessa forma,
atender as determinações legais e continuar sua missão de formar professores. Mas este é um
tema para um próximo trabalho.
REFERÊNCIAS
AZZI, Riolando. A Igreja Católica na Formação da Sociedade Brasileira. Aparecida, SP:
Santuário, 2008.
BEZERRA, Maria Irinilda da Silva. Dissertação de mestrado. A Escola Normal Regional de
Cruzeiro do Sul: tecendo memórias e histórias sobre a formação religiosa católica alemã na
Amazônia acriana (1947-1965). Rio de Janeiro, 2010.
______. Memória, história e educação: a Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul. VIII
Congresso luso de História da Educação. São Luís/Maranhão, 2010.
______. A Interação na Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul: ideais católicos e valores
morais. In: AMPED SUL: Formação, ética e políticas: qual pesquisa? qual educação?".
Londrina, PR, 2010.
CARVALHO, Marta. A escola e a República e outros ensaios. Bragança Paulista: EDUSF,
2003.
DEMARTINI, Zeila. Algumas reflexões sobre a pesquisa histórico-sociológica tendo como
objeto de estudo a educação da população brasileira. In: SAVIANI, Dermeval. et. al. História
e História da Educação: O debate teórico-metodológico atual. 2 ed. - Campinas, SP: Autores
Associados/HISTEDBR, 2000.
FILHO, Geraldo Inácio. Escolas para mulheres no Triângulo Mineiro (1880-1960). In:
ARAÚJO, José Carlos Souza; GATTI JUNIOR, Décio (orgs). Novos temas em história da
educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa.- Campinas, SP: Autores
Associados/EDUFU, 2002.
LOPES, Sonia de Castro. Oficina de mestres: história, memória e silencio sobre a escola de
Professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932-1939).- Rio de Janeiro:
DP&A/FAPERJ, 2006.
MAGALDI, Ana Maria; NEVES, Carla Villanova. Valores católicos e profissão docente: um
estudo sobre representações em torno do magistério e do ser professora (1930-1950). Goiânia,
2006.
NUNES, Clarice. História da educação brasileira: novas abordagens de velhos objetos. In:
SILVA, Tomaz Tadeu. Teoria e Educação: dossiê: História da Educação vol. 6, 1992.
VIDAL, Diana; PAULILO, André Luiz. Projetos de implementação da Escola Nova na capital
do Brasil (1922-1935). In: MAGALDI, Ana Maria; Alves, Claudia; GONDRA, José (orgs).
Educação no Brasil: história, cultura e política. Bragança Paulista: EDUSF, 2003.
______. Práticas de Leitura na escola brasileira dos anos de 1920 e 1930. In: FARIA FILHO,
Luciano Mendes de (org). Modos de ler, formas de escrever: estudos de história da leitura e
da escrita no Brasil. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
VILLELA, Heloisa. O mestre-escola e a professora. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira. et al.
500 anos de educação no Brasil. 2 ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
i O Curso Normal Regional do Instituto Santa Teresinha foi fundado no município de Cruzeiro do Sul pela Prelazia do
Alto Juruá, em 1947 e homologado pelo ministro da educação, através do decreto nº 100 de 30 de julho de 1949,
registrado em 18 de março de 1959, com o nº2 de registro, no livro nº 1, embasado no direito de livre iniciativa e
associação, fundamento do pluralismo escolar (cf. BEZERRA, 2010).
ii Regimento Interno da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul. S. d.
iii Ir M. I., aluna da 11ª turma do Normal Regional. Cruzeiro do Sul/Acre. Entrevista concedida em 03 de setembro de
2009.
iv Nesta parte da região acriana, destacou-se a presença da Congregação do Espírito Santo e da Congregação
Dominicana de Santa Maria Madalena.
v Jornal publicado no município de Cruzeiro do Sul. A edição referida foi dedicada a relatar a Colação de Grau da
primeira turma de Normalista.
vi R. de S. Aluna da Escola Normal Regional de Cruzeiro do Sul. Entrevista concedida em 2010.
vii A. M. aluna do Curso Normal Regional e do Curso Pedagógico. Cruzeiro do Sul/Acre. Entrevista concedida em maio
de 2012.
Download

ESCOLA NORMAL REGIONAL DE CRUZEIRO DO SUL: MODELO