UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL SANDRO JOSÉ GOMES A ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO - BA NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE COMO SUBSÍDIO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL. Recife 2011 SANDRO JOSÉ GOMES A ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO - BA NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE COMO SUBSÍDIO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL. Dissertação submetida à Universidade de Pernambuco - UPE, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável. Orientador: Assunção Recife 2011 Professor Dr. Luiz Márcio SANDRO JOSÉ GOMES A ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO - BA NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE COMO SUBSÍDIO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL. Dissertação submetida à Universidade de Pernambuco - UPE, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável. Aprovada em:05/07/2011. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Professor Dr. Fábio José de Araújo Pedrosa Universidade de Pernambuco - UPE _________________________________________ Professor Dr. Ivo Vasconcelos Pedrosa Universidade de Pernambuco - UPE __________________________________________ Professora Dra. Tâmara de Almeida e Silva Universidade do Estado da Bahia - UNEB Este trabalho é dedicado aos Vereadores de Paulo Afonso-BA. AGRADECIMENTOS A Deus, o Altíssimo, imanente e transcendente a toda existência, fonte da vida, energia e inspiração, do qual emanam os pensamentos mais sublimes; ao Prof. Dr. Luiz Marcio, pela orientação, sem a qual esta dissertação não seria viável; à coordenação deste Mestrado, na pessoa do Prof. Dr. Ivo Pedrosa pelo incondicional apoio moral e a todos os que proporcionaram a execução deste trabalho. [...] talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse feito [...] Não somos o que deveríamos ser[...] Mas graças a Deus, não somos o que éramos. Pastor Martin Luther King RESUMO GOMES, S.J. A atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso-Ba no fomento ao desenvolvimento local sustentável e sua participação nas políticas públicas de meio ambiente. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável) - Universidade de Pernambuco, Recife, 2011. A proposta deste trabalho foi analisar a atuação do Poder Legislativo Municipal no fomento ao desenvolvimento local sustentável, a partir da elaboração e avaliação de políticas públicas municipais de meio ambiente no Município de Paulo Afonso-BA. A justificativa desta pesquisa consistiu na necessidade de fornecer fundamentação técnico-científica para os vereadores e seus respectivos gabinetes, para o Prefeito e demais gestores municipais, e também para as instituições e cidadãos do município de Paulo Afonso-BA sobre o papel e atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso, no tocante ao desenvolvimento sustentável no município. A metodologia adotada neste trabalho foi baseada na análise documental e na pesquisa de campo exploratória, com entrevista, observação e aplicação de questionário. A entrevista com os vereadores e dirigentes partidários, a análise dos questionários aplicados aos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente e a análise documental identificaram a ausência de programas que viabilizassem uma eficiente gestão ambiental no município. Na entrevista foi evidenciada a gravidade da ausência de importantes políticas ambientais no município. No tocante a análise dos instrumentos de gestão como o Plano Plurianual (PPA 2010 - 2013 ) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) a conclusão foi que uma maior dotação orçamentária para áreas como saneamento ambiental, educação ambiental e proteção da biodiversidade local, poderia influenciar a efetivação das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável e, conseqüentemente, o Índice de Desenvolvimento Humano do Município. O resultado deste trabalho levou à conclusão que a atividade legislativa municipal no tocante as questões ambientais, assim como as políticas públicas respectivas, encontram-se em estágio, que pode ser considerado incipiente no município. Palavras-Chave: Políticas Públicas Ambientais. Desenvolvimento Local Sustentável. Paulo Afonso. Atuação Legislativa. ABSTRACT GOMES, S.J. A atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso-Ba no fomento ao desenvolvimento local sustentável e sua participação nas políticas públicas de meio ambiente. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável) - Universidade de Pernambuco, Recife, 2011. The proposal of this work was to analyze the performance of the Municipal Legislative in the Local Sustainable Development, from the elaboration and implementation of Municipal Public Politics of Environment in the City of Paulo Afonso-BA. The justification of this research was the need of politicians, institutions and citizens of the municipality of Paulo Afonso- BA had a better understanding of the role and performance of the Legislative of Paulo Afonso, regarding the promotion, formulation and evaluation of public policies based on real concern with the development of the city without, however, is unconcerned with environmental issues that are becoming increasingly apparent. The methodology adopted in this study was based on exploratory field research, with documentary analysis, interviews, observation and questionnaire. The interview with council members and political party leaders, analysis of questionnaires to members of the Municipal Environment Council and documentary research identified the lack of programs that ensure an efficient environmental management in the municipality. In the interview showed the seriousness of the absence of major environmental policies in the municipality. Regarding the analysis of management tools like the Multiyear Plan (Plano Plurianual - PPA 2010 - 2013) and the Annual Budget Law (Lei Orçamentária Annual- LOA) the conclusion was that a larger budget to areas such as environmental sanitation, education and environmental protection to local biodiversity, could influence the effectiveness of the policies public policies for sustainable development and, consequently, the Human Development Index of the county. The result of this work led to the conclusion that the City Council has had a lower than expected perfomace in environmental public policy. Keywords: Environmental Public Policy, Legislative Action, Local Sustainable Development. Paulo Afonso. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Nível de escolaridade dos membros do CMMA........................................78 Gráfico 2 - Tempo de residência dos membros do CMMA no Município de Paulo Afonso........................................................................................................................79 Gráfico 3 - Domicílio eleitoral dos membros do CMMA............................................80 Gráfico 4 - Participação dos membros do CMMA nas atividades da Câmara Municipal....................................................................................................................81 Gráfico 5 - Conhecimento dos membros do CMMA sobre os vereadores e seus partidos políticos.........................................................................................................83 Gráfico 6 - Percepção dos membros do CMMA quanto à gestão ambiental.............86 Gráfico 7 - Percepção dos membros do CMMA quanto à atuação da CMPA no fomento ao DLS..........................................................................................................87 Gráfico 8 - Percepção dos membros do CMMA quanto à articulação da CMPA com a sociedade...................................................................................................................89 Gráfico 9 - Percepção dos membros do CMMA quanto à articulação da CMPA com entes públicos.............................................................................................................91 Gráfico 10 - Percepção dos membros do CMMA quanto à gestão ambiental integrada.....................................................................................................................92 Gráfico 11.1 - Percepção dos membros do CMMA quanto à eficiência no recolhimento e destino do lixo domiciliar....................................................................96 Gráfico 11.2 - Percepção dos membros do CMMA quanto à eficiência do destino do lixo hospitalar........................................................................................................................97 Gráfico 11.3 - Percepção dos membros do CMMA quanto à eficiência dos aterros sanitários....................................................................................................................98 Gráfico 11.4 - Percepção dos membros do CMMA quanto à eficiência do esgotamento sanitário...........................................................................................................99 Gráfico 11.5 - Percepção dos membros do CMMA quanto a eficiência da água tratada e medidas mínimas de higiene.....................................................................101 Gráfico 12 - Conhecimento dos membros do CMMA sobre a legislação ambiental do município e sua eficiência........................................................................................105 Gráfico 13 - Importância das discussões do CMMA para política pública...............107 Gráfico 14 - Problema ambiental em logradouro onde os membros do CMMA tenham conhecimento..............................................................................................117 Gráfico15 - Percepção quanto à eficiência das instituições do CMMA................... 120 LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto 1 - Lagoa de estabilização do sangue.............................................................109 Foto 2 - Lagoa de filtragem (concentração de gás metano)............. ......................109 Foto 3 - Desprezo ósseo....................................................... ..................................110 Foto 4 - Material ósseo levado ao tanque de descartes através dos funcionários do matadouro......................................................... .......... .......... .......... .....................110 Foto 5 - O Lixão da Barroca é o destino final do lixo domiciliar e mesmo comercial e industrial...................................................... .......... .......... ......................................111 Foto 6 - O Lixão da Barroca já chega a atingir as margens do Rio São Francisco................................................ .................................................................111 Foto 7 - É comum nas proximidades do Lixão da Barroca a presença de animais se alimentando do lixo ................................ .......... .......... ...........................................112 Foto 8 - Os catadores de lixo utilizam sacos diversos para transportar o que selecionaram no lixão.......................... ....................................................................113 Foto 9 e 10 - A Usina de Reciclagem da Barroca........ ...........................................114 Foto 11 e 12 - No lixão aos fundos da usina de reciclagem a presença do lixo industrial é marcante..................................................... ..........................................115 Foto 13 e 14 - No lixão a presença de sucatas de veículos e eletro-eletrônicos ocupa um volume grandioso..................................................... .......... ..............................116 Foto 15 - No lixão da Barroca a queima do lixo é constante............ ......................117 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Povoados do Município de Paulo Afonso - BA........ ..............................26 Quadro 2 - Instituições com Assento no Conselho Municipal de Meio Ambiente......49 Quadro 3 - Orçamento 2010 do Município de Paulo Afonso em comparação com o orçamento total do quadriênio do PPA (2010 - 2013)... .......... .................................52 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADESG - Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ADAB - Agência de Defesa Agropecuária da Bahia AGENDHA - Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia ARPA - Associação de Reciclagem de Paulo Afonso ASCOPA - Associação Comercial de Paulo Afonso ASFA - Associação do Abatedouro Municipal São Francisco de Assis CAR - Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional CDHMA - Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente CEASA - Central de Abastecimento CEPRAM - Conselho Estadual de Meio Ambiente CTEPI - Centro Tecnológico de Educação Profissional de Itaparica CF - Constituição Federal CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco CMD - Conselho Municipal de Desenvolvimento CMMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CMPA - Câmara Municipal de Paulo Afonso CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura DAB - Documento Analítico Básico DEM - Democratas DLS - Desenvolvimento Local Sustentável EMBASA - Empresa Baiana de Saneamento FASETE - Faculdade Sete de Setembro GAC - Gestão Ambiental Compartilhada IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH - Índice de Desenvolvimento Humano IGH - Instituto Geográfico Histórico de Paulo Afonso IMA - Instituto de Meio Ambiente INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias LOA - Lei Orçamentária Anual ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio OMS - Organização Mundial de Saúde ONU - Organização das Nações Unidas PIB - Produto Interno Bruto PC do B - Partido Comunista do Brasil PDLO - Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias PDT - Partido Democrático Trabalhista PEA - Programa de Educação Ambiental PFL - Partido da Frente Liberal PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente PPA - Plano Plurianual PSB - Partido Socialista Brasileiro PSDB - Partido da Social democracia Brasileira PSC - Partido Social Cristão PTB - Partido Trabalhista Brasileiro PTN - Partido Trabalhista Nacional RIDE - Região integrada de desenvolvimento SAMMPA - Sociedade de Apoio a Meninos e Meninas de Paulo Afonso SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente SEPLAN - Secretaria Municipal de Planejamento SES - Sistema de Esgotamento Sanitário SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente TSE - Tribunal Superior Eleitoral UNEB - Universidade do Estado da Bahia SUMÁRIO 1 1.1 1.2 1.3 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 3 3.1 3.2 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.3.4 3.4 4 4.1 4.2 5 5.1 5.2 5.3 INTRODUÇÃO DELIMITAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ESTRUTURA DO TRABALHO 16 19 20 23 CARACTERIZANDO O AMBIENTE DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE 25 PAULO AFONSO CARACTERÍSTICAS TERRITORIAIS 25 CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS, PEDOLÓGICAS E 27 HIDROCLIMÁTICAS. CARACTERÍSTICAS DA BIODIVERSIDADE 29 CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS 30 33 CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E DEMOGRÁFICAS A CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO E A POLÍTICA AMBIENTAL NO MUNICÍPIO HISTÓRICO E PERFIL DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO FUNCIONAMENTO DA CÂMARA DOS VEREADORES A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL A Lei Orgânica do Município O Plano Diretor O Código de Meio Ambiente A Lei que Institui o Conselho Municipal de Meio Ambiente PROGRAMAS E PROJETOS AMBIENTAIS DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO APROVADOS NA LEGISLATURA ATUAL 34 34 38 41 41 44 47 48 50 ASPECTOS CONCEITUAIS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL 55 SUSTENTÁVEL E SUAS IMPLICAÇÕES NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS DO ECODESENVOLVIMENTO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL 55 SUSTENTÁVEL. A PRÁXIS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO E 63 A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE METODOLOGIA DO TRABALHO PESQUISA BIBLIOGRÁFICA PESQUISA EMPÍRICA PESQUISA DOCUMENTAL 69 69 69 71 5.4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS 73 5.4.1 5.4.2 Nível de Escolaridade dos Membros do CMMA Período de Residência, dos Membros do CMMA no Município de Paulo Afonso Domicílio Eleitoral dos Membros do Conselho de Meio Ambiente Participação dos Membros do CMMA nas Atividades da Câmara Municipal. Conhecimento que os Membros do Conselho de Meio Ambiente Possuem da Câmara Municipal de Paulo Afonso-BA Percepção da Atuação da Câmara Municipal na Fiscalização da Gestão Ambiental no Município Percepção Atuação da Câmara Municipal no Fomento ao Desenvolvimento Local Sustentável Percepção das Articulações da Câmara Municipal Com a Sociedade Civil. Percepção das Articulações da Câmara Municipal Com Outros Poderes, Órgãos e Esferas de Governo Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através da Gestão Integrada das Secretarias Municipais. Efetividade das Políticas de Meio Ambiente através da eficiência dos Programas e Ações de Saneamento Ambiental no Município Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através da Legislação Ambiental. Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através das Discussões do Conselho Municipal de Meio Ambiente Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através do Cuidado Com os Logradouros Públicos Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através da atuação individual das instituições com membresia no Conselho de Meio Ambiente 77 79 5.4.3 5.4.4 5.4.5 5.4.6 5.4.7 5.4.8 5.4.9 5.4.10 5.4.11 5.4.12 5.4.13 5.4.14 5.4.15 6 6.1 6.2 80 81 82 83 86 88 90 91 93 101 106 107 118 CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONCLUSÃO DA PESQUISA RECOMENDAÇÕES 121 121 124 REFERÊNCIAS 126 APÊNDICES 134 APÊNDICE-A: QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MEMBROS DO CONSELHO 134 MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE(CMMA) SOBRE A PERCEPÇÃO DA ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO NA ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS APÊNCIDE-B: ENTREVISTA COM OS VEREADORES E LÍDERES PARTIDÁRIOS 139 SOBRE A ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS PAULO AFONSO NA 16 1 INTRODUÇÃO O tema desta pesquisa “a atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso- BA na implementação de políticas públicas de meio ambiente como subsídio ao Desenvolvimento Local Sustentável” foi fundamentado partindo-se do pressuposto que na contemporaneidade as questões referentes ao desenvolvimento dos municípios remetem à sustentabilidade, e esta envolve a discussão e resolução de questões ambientais complexas1, tais como o problema de hiperurbanização2 que tem resultado em falta de qualidade de vida nos municípios; a perda da biodiversidade local, principalmente da flora, que dentre outras consequências indesejáveis tem prejudicado o paisagismo urbano; a degradação do meio ambiente para atender às demandas do mercado e o consequente indício de rarefação de recursos naturais, até mesmo recursos essenciais à vida humana como a água potável; as alterações climáticas com impacto local, as quais, em associação com a poluição, tem se constituído numa questão de saúde pública, principalmente nos grandes centros urbanos; a desertificação crescente de áreas agricultáveis da zona rural dos municípios; a morte de rios e lagos; o grave problema do saneamento básico, etc. Tais problemáticas refletem no desenvolvimento dos municípios e requerem a formulação e avaliação de políticas públicas específicas, pois, conforme Maglio (1995), os municípios brasileiros apresentam problemas ambientais urbanos baseados em duas diferentes ordens; a primeira está associada à pobreza nas cidades afetando milhões de pessoas que moram em áreas periféricas sem as 1 Sobre a complexidade das questões ambientais, consoante o pensamento de Dias (2003), pode ser mencionado que ela consiste dentre outras causas, no fato que parcela significativa da população dos municípios vive nas cidades e a modernização ocorreu e ainda ocorre principalmente nos centros urbanos, assim as cidades se constituem num indutor de alterações ambientais globais; pois, de acordo com este autor, ainda que somente ocupem 2% da superfície da terra, consomem 75% dos seus recursos. 2 O índice de urbanização cresceu de maneira vertiginosa nos últimos cinqüenta anos em todo o mundo. No Brasil, basta afirmar que cerca de 80% da população brasileira vive e trabalha no contexto urbano (Santos,1996; UNCHS, 1996; WHO, 1996). O índice de urbanização no Brasil era de 26,35% na década de 1950 e de 77,13% em 1991. Apesar dos atrativos da cidade, ela, por outro lado cria muitos problemas, especialmente quando ocorre a hiperurbanização a tal ponto que os recursos tornam-se insuficientes para o atendimento das necessidades, evidenciando-se problemas como violência, poluição do ar, solo e água, o que implica numa ameaça a qualidade de vida (NUNES, 1989). 17 mínimas condições sanitárias e a segunda refere-se aos problemas decorrentes da concentração de atividades econômicas, em especial as industriais nas áreas urbanas. Por outro lado, de acordo com Dias (2003), o Brasil é um dos primeiros países do mundo a elaborar uma política específica tratando da questão ambiental. Segundo Acserald (1999), nasce a partir dos anos 70, o discurso ambiental em nível governamental como objeto de políticas do governo brasileiro. Assim, em 30 de outubro de 1973, foi criada pelo Governo federal, a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, para atuar junto à opinião pública, discutindo a questão ambiental e evitando as depredações ao ambiente. Em 31 de agosto de 1981, a SEMA instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (lei federal 6.938), pela qual foi criado o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Na mesma lei, também, foi criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que tem poderes regulamentadores e é responsável pela publicação das resoluções mais importantes para o meio ambiente. Dias (2003) esclarece que iniciando com a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e se consolidando com a Constituição de 1988 que dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, dividindo entre o governo e a sociedade a responsabilidade pela sua preservação e conservação, que a sustentabilidade do meio ambiente passou a ser tratada com maior seriedade como uma questão de política pública no Brasil. Neste sentido a Política de Meio Ambiente praticada no Brasil saiu fortalecida com a Constituição Federal de 1988; mas, também tornou-se mais dependente dos municípios, pois, conforme Meirelles (1996), o mesmo constituinte conferiu aos municípios poderes para suplementar as normas (gerais) nacionais e as (suplementares) estaduais, quando estas se refiram à atividade administrativa municipal. Nesse sentido, a gestão ambientalmente integrada contida na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que criou o SISNAMA, foi posteriormente incorporada à Constituição de 1988, ao atribuir conjuntamente à União, aos Estados e Municípios, competência comum e concorrente para zelar pela qualidade do meio ambiente. Assim a Constituição Federal de 1988, outorga ao município o compartilhamento da competência da gestão urbana e ambiental local, visto que se encontra mais próximo das necessidades da cidade, garantindo aos cidadãos um 18 meio ambiente saudável e qualidade de vida, bem como a participação dos munícipes na formulação, controle e fiscalização das políticas públicas, amparadas nos princípios democráticos e na descentralização do poder político. Esta dependência da efetividade da Política Nacional do Meio Ambiente e da Política Estadual de Meio Ambiente à atuação do governo municipal é complexa, pois, torna o município o principal protagonista de serviços que refletem no seu desenvolvimento, na área de saúde e ambiental, pois estas áreas são indissociáveis quando se leva em consideração a qualidade de vida nos municípios, e, isto somado as assimetrias sociais, espaciais e econômicas acentuaram ainda mais a dependência das políticas públicas à atuação dos governos municipais. Embora Oliveira (2002) aponte dentre as explicações para falhas das políticas públicas nos países em desenvolvimento como o Brasil, os aspectos políticos institucionais, considerando que ainda não foi estabelecido um sistema político institucional efetivo no planejamento, havendo diversos conflitos quanto à jurisdição e distribuição de responsabilidades entre os diferentes níveis de governo e organizações; além da pouca capacidade de resposta institucional destas organizações; no tocante as políticas públicas de meio ambiente, Rocco e Coutinho (2004) ao analisarem as competências locais no tratamento das questões ambientais, consideram o poder municipal como a esfera mais apta para atender com eficácia as demandas por um meio ambiente que possa estar equilibrado ecologicamente. Nesta linha de pensamento é possível pressupor que sendo o município a menor unidade federativa, por estar mais próximo dos problemas de uma determinada área e deter os instrumentos legais para atuar de forma eficaz, ele mostra-se indispensável para uma atuação integrativa entre poder público, organizações e cidadãos na defesa do meio ambiente. Assim sendo, consoante Arretche (1999), considerando que a efetividade de uma política pública está condicionada à eficiência e eficácia da legislação, e a Constituição Federal de 1988 outorga ao Poder Legislativo Municipal o poder de criação e suplementação de leis, a funcionalidade da Política Nacional de Meio Ambiente dependerá da elaboração, implementação e avaliação da Política Municipal de Meio Ambiente, na qual o governo local, através das câmaras 19 municipais desempenha um papel vital, principalmente pelo fato de o vereador ser o político mais próximo do povo, portanto capaz de traduzir as demandas do povo em políticas públicas locais. Neste sentido, o governo local (Prefeitura Municipal e Câmara Municipal dos Vereadores) está mais apto a implementar as políticas públicas de meio ambiente, que o governo central, pois: [...] O governo local é melhor... em parte por ser ele espacialmente mais próximo de seus clientes-cidadãos, que o governo central. Esta maior proximidade torna o governo mais vulnerável às pressões dos cidadãos e facilita a estes ficarem mais bem informados e a partir daí reivindicam mais vigorosamente um bom serviço. A redução da área e o menor número de cidadãos atendidos pelo governo local permitem uma adaptação maior do serviço aos gostos e realidades sócio-econômicas particulares de cada localidade, em contraste com a padronização e a rigidez “excessiva” dos governos centrais (TENDLER, 1998, p. 196). Desta forma, nesta pesquisa foi tomado por referência o governo local do município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia, em especial o Poder Legislativo Municipal, no tocante a sua atuação na formulação e avaliação da Política Municipal de Meio Ambiente, e como esta atuação tem implicado no fomento ao desenvolvimento sustentável. Portanto, considerando-se que a compreensão do nível de eficiência da Câmara Municipal dos Vereadores tanto na elaboração, quanto na implementação de políticas públicas requer cuidadosa análise, torna-se como problema de pesquisa: qual a realidade e perspectivas da atuação do Poder Legislativo Municipal na implementação de políticas públicas voltadas para o meio ambiente que impacte o desenvolvimento sustentável no município? 1.1 DELIMITAÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA Quanto ao objetivo, esta pesquisa procurou avaliar a atuação do Poder Legislativo de Paulo Afonso-BA na formulação e implementação de Políticas Públicas Municipais de Meio Ambiente que fomentem o desenvolvimento sustentável no município. Este objetivo desdobrou-se em objetivos específicos norteadores da pesquisa, os quais foram: 20 a) investigar a participação individual e coletiva dos vereadores da atual legislatura na elaboração, validação e avaliação de legislação voltada ao meio ambiente; b) avaliar a atuação dos vereadores na aprovação (através de emendas e pareceres) ou na fiscalização da implementação dos instrumentos de planejamento de gestão no município (PPA-2010/2013, LOA -2010 e Plano Diretor) e no uso de instrumentos do Poder Legislativo Municipal que permitam a avaliação e monitoramento da gestão ambiental no tocante à ação governamental, da Prefeitura Municipal, na manutenção do equilíbrio ecológico, no saneamento ambiental, na racionalização do uso do solo, no planejamento e controle do uso dos recursos ambientais, no controle e zoneamento das atividades potencialmente ou efetivamente poluidoras e na promoção da educação ambiental; c) avaliar a percepção que o Conselho Municipal de Meio Ambiente possui sobre a atuação da atual legislatura da Câmara de Vereadores na formulação e avaliação de políticas públicas de meio ambiente; d) analisar os mecanismos de articulação da Câmara Municipal com a Prefeitura e outras esferas de governo ( Estado e União), partidos políticos e entidades que possibilitem à sociedade de Paulo Afonso exercer o controle social3 das políticas públicas de Meio Ambiente. 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA A justificativa desta pesquisa consistiu em sua relevância social e acadêmica. A relevância social diz respeito à necessidade de fornecer fundamentação técnicocientífica para os vereadores e seus respectivos gabinetes, para o Prefeito e demais 3 Controle social é a capacidade que a sociedade organizada tem de intervir nas políticas públicas, interagindo com o Estado na definição de prioridades e na elaboração dos planos de ação do Município, Estado ou União. O controle social também é exercido através da avaliação que a sociedade faz dos objetivos, processos e resultados das políticas públicas. Exercido através de Conselhos e também por fóruns, movimentos e outras organizações, o controle social é uma conquista da sociedade civil, que se constitui num instrumento de cidadania e democracia e representa no caso dos municípios num reforço a mais ao papel de fiscalizador e representante dos anseios dos munícipes, que os vereadores exercem. 21 gestores municipais, e também para as instituições e cidadãos do município de Paulo Afonso - BA sobre o papel e atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso, no tocante a formulação e avaliação de políticas públicas de meio ambiente que fomentem o desenvolvimento do município, gerando emprego e renda, sem, no entanto, se despreocupar com as questões ambientais que são cada vez mais perceptíveis, de forma a assegurar uma melhor qualidade de vida aos munícipes. Neste sentido ao se examinar as principais contribuições da Câmara Municipal de Paulo Afonso ao fomento do desenvolvimento sustentável, através da elaboração e avaliação de políticas ambientais, foi possível compreender se questões como a contaminação de águas, ar, solo, e subsolo com resíduos sólidos e esgoto sanitário eram tratados pelo Poder Legislativo, nos limites de sua competência, com o devido cuidado, considerando-se ser este o principal problema ambiental dos municípios do Brasil. Outro aspecto relevante que justifica esta dissertação do ponto de vista social remetia ao papel da Câmara Municipal dos Vereadores no que dizia respeito à fiscalização da gestão do uso e ocupação do solo. Este pesquisa possibilitou identificar se as leis vigentes no município de Paulo Afonso eram eficientes ou obsoletas e legitimadoras de instrumentos gerenciais falhos. Ademais, ainda no tocante a ocupação do solo, sendo o Plano Diretor o instrumento orientador da ocupação do solo, caso este estivesse fora do prazo de vigência não poderia cumprir seu papel de organizar o espaço urbano de maneira que as águas, a vegetação, o solo, o subsolo e o ar estivessem protegidos; portanto o conhecimento da atuação da Câmara Municipal dos Vereadores na fiscalização de instrumentos de gestão para a ocupação do solo, dentre outros, sendo relevante para o desenvolvimento local sustentável, tornou-se necessário a esta pesquisa. Outro aspecto que justificou esta pesquisa na perspectiva social foi a necessidade de se conhecer como o Poder Legislativo Municipal fiscaliza a gestão ambiental que é exercida pelo Poder Executivo Municipal. Neste sentido esta investigação possibilitou conhecer se existia a gestão integrada entre as Secretarias de Infra-estrutura e Meio Ambiente, Secretaria de Serviços Públicos, Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e Secretaria de Desenvolvimento Social no sentido de integrar as políticas, programas e práticas ambientais. 22 A maneira como ocorria, ou não ocorria a gestão integrada entre estas secretarias implicavam diretamente no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano do Município, pois questões como o destino do lixo hospitalar produzido nos hospitais e unidades de saúde no município, o aterro sanitário cujas obras estavam paralisadas, a poluição provocada pela usina de reciclagem e compostagem de lixo, que tinha provocado doenças respiratórias crônicas nos moradores e animais do bairro onde ela foi instalada, o saneamento e esgotamento que não contemplava de forma satisfatória os bairros periféricos, o recolhimento de lixo que não contemplava uma coleta seletiva, o problema dos lixões e catadores de lixo sem as mínimas condições de higiene e segurança de trabalho, a insipiente prática pedagógica da educação ambiental praticada nas escolas do município eram questões que cobravam do poder público municipal a existência de uma gestão integrada e, portanto requeriam fiscalização da câmara municipal enquanto legitima representante dos interesses do povo de Paulo Afonso; portanto compreender a efetividade ou não efetividade da fiscalização da gestão integrada era de extrema importância para se avaliar a práxis das políticas públicas ambientais no Município de Paulo Afonso- BA. Estas ações uma vez que possibilitaram o diagnóstico da política ambiental do Município de Paulo Afonso, a partir da perspectiva das competências da Câmara Municipal de Paulo Afonso, justificam esta dissertação do ponto de vista social; pois os resultados da pesquisa nela apresentados, possibilitam a Câmara Municipal de Vereadores uma avaliação de sua atuação no que diz respeito à política ambiental de meio ambiente, corrigindo possíveis distorções, o que poderá implicar relevantes ganhos sociais para o município. A relevância acadêmica desta pesquisa, que está em sintonia com a linha de pesquisa Políticas Públicas para o Desenvolvimento Local Sustentável (DLS) do Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável da UPEUniversidade de Pernambuco, consistiu no interesse em pesquisar a realidade da Política Municipal de Meio Ambiente e seu impacto no fomento ao desenvolvimento sustentável local, tomando como “locus” o Poder Legislativo do Município de Paulo Afonso- BA; pois partidos políticos e vereadores desempenham um importante papel na elaboração e avaliação de políticas ambientais que favorecem o desenvolvimento sustentável a nível local. 23 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO Em sua estrutura, a presente dissertação é composta por seis capítulos descritos resumidamentes a seguir: esta introdução se constitui em um primeiro capítulo, que traz uma abordagem inicial ao tema “a atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso- BA na implementação de políticas públicas de meio ambiente como subsídio ao Desenvolvimento Local Sustentável”, o problema da pesquisa devidamente delimitado, o objetivo geral e os objetivos específicos para o desenvolvimento do estudo e uma justificativa social e acadêmica. O segundo capítulo, caracterizando o ambiente da pesquisa: o Município de Paulo Afonso, traz a descrição do ambiente da pesquisa, contextualizado com o tema, apresentando o Município de Paulo Afonso e as suas características sócioambientais e econômicas, essenciais à análise do desenvolvimento sustentável local. O terceiro capítulo, a Câmara Municipal dos Vereadores e a Legislação Ambiental no Município de Paulo Afonso- BA, descreve a câmara municipal no contexto da política do município, apresentando estrutura, perfil dos vereadores e sua história, funcionamento e partidos políticos; bem como é exposto a legislação ambiental vigente e os principais instrumentos de gestão do Município de Paulo Afonso, detalhando os respectivos programas e projetos ambientais. O quarto capítulo traz a revisão de literatura e a fundamentação teórica. Neste capítulo, aspectos conceituais do desenvolvimento local sustentável e suas implicações na implementação de políticas públicas ambientais, são retratados conceitos e pensamentos de autores acerca da área em questão, fundamentando os conhecimentos relativos ao tema, estruturando todo o embasamento teórico utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa. O quinto capítulo trata exclusivamente da Metodologia do Trabalho. Este capítulo traz a metodologia da pesquisa, que foi realizada por meio de uma pesquisa bibliográfica e pesquisas de campo com entrevista, observação e aplicação de questionário; apresentando o universo pesquisado, a definição e aplicação dos questionários para coleta de dados e entrevistas, além da descrição do lócus da pesquisa. Os resultados e análise de dados são, também, apresentados neste 24 capítulo, que esclarece como foi feita a análise dos dados conseguidos através da tabulação do questionário aplicado aos membros do CMMA- Conselho Municipal de Meio Ambiente, através das informações adquiridas por intermédio das entrevistas com os vereadores e dirigentes partidários, e também através da análise dos documentos e da observação. Os resultados obtidos na pesquisa são descritos simultaneamente à análise do dados. A Conclusão é apresentada no sexto capítulo, fazendo um arremate do quanto pesquisado, através de paralelos traçados entre o referencial teórico, os objetivos da pesquisa e o resultado dos dados tabulados, prestando contas dos objetivos a que se propôs a pesquisar, apresentando algumas recomendações sobre o problema enfocado. 25 2 CARACTERIZANDO O AMBIENTE DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO. A partir do pressuposto que a política pública municipal em sua formulação e implementação precisa incluir a questão ambiental no tocante ao desenvolvimento econômico, ao aproveitamento do espaço, a conscientização ambiental dos munícipes e ao desenvolvimento social, ou de outra forma o desenvolvimento sustentável não terá viabilidade, e considerando que Silva (2006), neste sentido, aborda que a viabilidade do desenvolvimento sustentável, no tocante a perspectiva ambiental acontece em 4 (quatro) dimensões que são a Dimensão Econômica Ambiental, a Dimensão Espacial Ambiental, a Dimensão Cultural Ambiental e a Dimensão Social Ambiental; o ambiente desta pesquisa, o município de Paulo Afonso, deve ser caracterizado segundo estes aspectos. Portanto, considerou-se que para compreender a importância da elaboração e implementação de políticas públicas de meio ambiente em Paulo Afonso é necessário, além da investigação de suas características políticas, uma análise de suas características econômicas, territoriais, geomorfológicas, pedológicas e hídricas, além das características de sua biodiversidade e dos aspectos sócioculturais. 2.1 CARACTERÍSTICAS TERRITORIAIS Paulo Afonso pertence à micro-região homogênea nº 147 – Sertão de Paulo Afonso – e ocupa uma área territorial de 1.700,40 quilômetros quadrados. Nessa área distribui-se a cidade, a zona rural e áreas não povoadas (REIS, 2004). A cidade de Paulo Afonso está organizada em 3 núcleos principais: o Acampamento CHESF que é formado por um conjunto de bairros (General Dutra, Oliveira Lopes, Alves de Souza, Vila Operária e Vila Nobre), a Vila Poty (centro comercial e administrativo da cidade) e o Bairro Tancredo Neves (BTN), que é o bairro mais populoso da cidade ( PAULO AFONSO, 2010). No entanto, existem outros núcleos de menor porte: Bairro Centenário, conjunto de bairros nas proximidades do cemitério municipal (Abel Barbosa, Caminho dos Lagos, Loteamento Tropical), Conjunto Habitacional BNH, Bairro 26 Panorama, conjunto de bairros nas proximidades do aeroporto (Cleriston Andrade, Jardim Bahia, Beira-Rio), Vila Moxotó e Bairro Rodoviário desenvolvido ao longo da BR-110 e da BA-210 ( REIS, 2004). Conforme Reis (2004), nos anos 70 e 80 formaram-se os bairros limítrofes ao aeroporto (Cleriston Andrade, Jardim Bahia e Beira-Rio), que ainda estão em processo de ocupação. Na última década surgiram as invasões da Rua da Brita, do Lixão, Siriema e Barroca. Os povoados, detalhados no quadro -1, foram organizados simultaneamente à Vila Poty (centro da cidade) e ao acampamento Chesf, sendo reconhecidos 74 povoados pela prefeitura. Existem povoados que estão a mais de 40 Km distante da cidade, muitos destes próximos a áreas não povoadas, principalmente na parte do Raso da Catarina que pertence ao município (REIS, 2004). Quadro 1- Povoados do Município de Paulo Afonso-BA. POVOADO Distância da Cidade (Km) POVOADO Distância da Cidade (Km) AÇUDE ALAGADIÇO ALTO DA ESPORA ALTO DO ARATICUM ANGICO ARRASTAPÉ ARUEIRA BAIXA DA ONÇA BAIXA DO BOI BAIXA DO CAMBÃO BAIXA FUNDA BAIXA VERDE 9 30 18.5 5 14 21.5 27 42 20 22.5 34.5 41 LUDOVICO LUIZ MACAMBIRA MALHADA DA CAIÇARA MALHADA GRANDE MANDU MÃO DIREITA MOSQUITO MUCUNÃ MURIÇOCA NAMBEBÉ OLHO D´AGUA DO PAULO 11.5 37.5 26 38 19.5 20 27 39.5 20.5 26 36.5 40.5 BARRIGA BARRINHA BARRO VERMELHO BATATINHA BOGÓ BONOMÃO CACIQUE CAIÇARA I CAIÇARA II CAMPOS NOVOS CASA DA PEDRA DUAS BARRAS FURNINHA 36 26 38 24.5 41.5 27 14 12 14 15 23 14.5 21.5 PAPAGAIO PEDREZINHA PICOS POÇO FUNDO POÇOS RIACHO RIACHO GRANDE RIBEIRO RIO DO SAL SABINA SALGADINHO SALINAS SALOBRO 41 25.5 31 26 41.5 25 24 31 16 16 15 11.5 34 27 GROSSOS IZIDIO JUÁ KM 50 LAGOA DA PEDRA LAGOA DO JUNCO LOGOA DO RANCHO LAGOA DO VICENTE LOGOA GRANDE LAGOA SECA LARGINHA LOGRADOR 39 15 25.5 32 21.5 29.5 37.5 30 40 40 15 28.5 SANTO ANTONIO SÃO DOMINGOS SÃO JOSÉ SERRA DO PADRE SERROTE SÍTIO DO LÚCIO SÍTIO DO TARÁ TABULEIRINHO TIGRE VÁRZEA VILA MATIAS XINGOZINHO 36 20.5 40 8 33 46 39 36.5 9.5 57 6 30 O Município de Paulo Afonso limita-se ao norte, com o município de Glória, de quem se emancipou em 1958; ao sul, com os municípios de Jeremoabo e Santa Brígida e o Estado de Sergipe; a leste, com o Rio São Francisco e o Estado de Alagoas e a oeste, com o município de Rodelas (REIS, 2004). A sede do Município de Paulo Afonso está a 243 metros de altitude e está distante 460 quilômetros de Salvador, 480 quilômetros de Recife, 380 quilômetros de Maceió e 280 quilômetros de Aracaju. A 6 km do centro da cidade encontra-se o aeroporto que possui pista asfaltada de 1.800 metros de comprimento e 45 metros de largura permitindo aterrissagem de grandes aeronaves inclusive Boing 737 / 727 / 707 – suportando até 151 toneladas ( PAULO AFONSO, 2010). 2.2 CARACTERÍSTICAS HIDROCLIMÁTICAS. GEOMORFOLÓGICAS, PEDOLÓGICAS E Em função de suas características orográficas os terrenos no Município de Paulo Afonso são formados por pediplanos, como exemplos dos incelbergs da chapada do Raso da Catarina, que são relevos residuais que se salientam em uma planície em paisagem árida ou semi-árida, como as de Paulo Afonso, tratando-se de imensas rochas que quando contempladas de longe formam um quebra-cabeça natural, semelhante a prédios de uma cidade (REIS, 2004). As paisagens geomorfológicas de maior expressão no município são conhecidas por abrigar um relevo com ondulações bastante uniformes, onde as colinas expõem encostas suaves e vales de largura considerável. Em Paulo Afonso 28 as cotas altimétricas variam entre 200 e 507 metros acima do nível do mar, sendo suas maiores altitudes na área urbana 243,3 metros (REIS, 2004). Reis (2004) aponta que no sítio urbano e nas áreas mais próximas Paulo Afonso apresenta altitudes que se destacam na topografia, a exemplo da Serra do Umbuzeiro no extremo sul do município, no Povoado Riacho, considerado o ponto mais elevado com 507 metros acima do nível do mar; encontrando-se ainda, entre os vários acidentes físicos do município, a Cachoeira4 de Paulo Afonso, com várias quedas (Croata, Véu da Noiva), o Cânion do Rio São Francisco (que começa na Cachoeira de Paulo Afonso, entalhado em solos magmáticos pré-cambrianos, arqueozóicos) e, a cerca de 40 quilômetros do centro de Paulo Afonso, o local conhecido como Baixa do Chico, na divisa com o Povoado Brejo do Burgo, Município de Glória, onde existe um cânion seco de cerca de 12 quilômetros, com curiosas formações de arenito. O Município de Paulo Afonso, do ponto de vista geográfico, é uma ilha artificial que abriga um sistema de lagos, riachos e barragens que tornam possível a geração de energia elétrica. Paulo Afonso é cortado pelo Rio São Francisco e ocupa sua margem direita. Além das barragens construídas pela CHESF o município possui os lagos Acalanto, Encanto, Capuxu e Boi e a Cobra dentre seus principais lagos ( REIS, 2004). Consoante Reis (2004), no tocante ao relevo, a área do município de Paulo Afonso é formada por planaltos e depressões, representada por solo cristalino e ainda tabuleiros elaborados nas camadas sedimentares da Bacia Tucano-Jatobá. No que diz respeito a sua pedologia o solo5 de Paulo Afonso é silicoso, quase sem húmus, pobre em azoto e com regular teor de potássio e de cálcio. Quanto ao 4 Em 1725 o sesmeiro Paulo Viveiros Afonso recebeu por alvará uma sesmaria situada na margem esquerda do Rio São Francisco, no lado alagoano e que abrangia as terras da cachoeira até então conhecida como Sumidouro, que passará a ser denominada de Cachoeira de Paulo Afonso. Em função desta cachoeira, visitada por Dom Pedro II e cantada por Castro Alves em seus versos, decorre o nome do município ( PAULO AFONSO, 2010). 5 Conforme a Prefeitura de Paulo Afonso, no município foram detectados solos tipos 2 e 3, especificados na Instrução Normativa nº 10 de 14 de junho de 2005 publicada no DOU de 16 de junho de 2005, Seção 1, página 12, alterada para Instrução Normativa nº 12, através de retificação publicada no DOU de 17 de junho de 2005, Seção 1, página 6. Os solos tipo 2 possuem teor de argila entre 15% e 35% e menos de 70% de areia, com profundidade igual ou superior a 50 cm. Os solos tipo 3 possuem um teor de argila maior que 35%, com profundidade igual ou superior a 50 cm (REIS, 2004). 29 clima, por estar situado na área do Sertão Nordestino, Paulo Afonso possui clima tipo BSh (Köppen) semi-árido, com pluviosidade média entre 500 e 600 milímetros anuais. A temperatura média do ar, em torno dos 30ºC, chega a 40 ºC nos períodos mais quentes (dezembro/janeiro).Os meses mais quentes são de outubro a janeiro e julho é o mais frio com temperatura em torno de 22 ºC (REIS, 2004). 2.3 CARACTERÍSTICAS DA BIODIVERSIDADE O Município de Paulo Afonso é um dos municípios em que se localiza o Raso da Catarina, uma das áreas tidas como prioritárias para conservação da biodiversidade caatinga (MARQUES, 2007). Sobre os aspectos florísticos da biodiversidade de Paulo Afonso pode ser dito que: Em decorrência de fatores climáticos, a vegetação da região semiárida não pode evoluir para o estado de mata ou floresta, porque falta-lhe o fator água durante a maior parte do seu ciclo vegetativo, e nem regridem para o estado de savana ou estepe, porque a luminosidade intensa, a elevada temperatura e a falta de chuva não facilitam a formação de campinas com aglomerados de gramíneas (DUQUE apud BRASIL,1991, op.cit., p.56). A caatinga (que na língua tupi significa “mata branca”) é uma vegetação de árvores baixas e arbustos com espinhos e folhas pontiagudas. Essa formação vegetal está adaptada às condições de pluviosidade rara e concentrada do sertão, perdendo as folhas na estiagem para diminuir a superfície de evaporação ou selecionando mecanismos de reserva de água, como as “barrigudas” (GIANSANTI, 1998). Marques (2007) estima que existem hoje cerca de 4.230 espécies vegetais conhecidas no Município de Paulo Afonso. Conforme este autor, estudos comprovam que do montante conhecido, cerca de 318 espécies vegetais são endêmicas do bioma caatinga, existindo árvores e arbustos baixos, muitas de galhos retorcidos e muitas espécies que armazenam água em seus caules e raízes como os cactos mandacarus, facheiros, xique-xique, coroas de frade, e o croata; sendo possível encontrar, mesmo na área urbana do município, umbuzeiro, baraúna, 30 jatobá, caraibeiras, bromeliáceas e cactáceas dentre outras espécies próprias da caatinga. Quanto aos aspectos faunísticos do Município de Paulo Afonso existem poucos estudos, os quais são desenvolvidos principalmente pelo Campus VIII da UNEB (Universidade do Estado da Bahia), estando baseados no levantamento do zooplâncton, da fauna de moluscos e crustáceos, da fauna de Aves, da entomofauna ( fauna de insetos), da herpetofauna ( fauna de anfíbios e répteis) e da ictiofauna ( fauna de peixes), havendo poucas informações sobre pesquisas para o grupo de mamíferos (MARQUES, 2007). 2.4 CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS A geração de riqueza e o desenvolvimento do Município de Paulo Afonso estão diretamente associados aos seus aspectos naturais; sendo a economia do município baseada na produção de energia elétrica, turismo, serviços, piscicultura, pecuária e agricultura (REIS, 2004). Conforme informações obtidas no site da Prefeitura de Paulo Afonso o município apresentou nos últimos anos, a partir de 2004, um PIB crescente e constante. O governo municipal levou em consideração que o PIB de R$ 1.002.943.000,00 em 2004 passou para R$ 1.256.387.000,00 em 2005 e para R$ 1.544.610.000,00 em 2006. O PIB per capita foi respectivamente R$ 9.875,00 em 2004 e R$ 12.235,00 em 2005. O PIB per capita do município em 2006 foi de R$ 14.884,00 ( IBGE, 2004,2005, 2006 apud PAULO AFONSO, 2010). Desta forma, o Plano Plurianual (2009-2013), tomando por base o PIB per capita de 2006, previu como um indicador do avanço econômico do Município de Paulo Afonso um aumento do PIB per capita para 2013 de R$ 15.103,47. Fundamentado em dados do IBGE foi considerado no PPA que o PIB do Município é alto, quando comparado com os municípios vizinhos. Um dos fatores que possibilita ao Município de Paulo Afonso um PIB mais elevado que os municípios vizinhos é a geração de energia elétrica; neste sentido, deve ser mencionado que Paulo Afonso é um dos 13 municípios da bacia do São Francisco com PIB acima de R$ 500 milhões e não pertencentes à região Metropolitana de Belo Horizonte e a 31 RIDE- Região Integrada de Desenvolvimento de Brasília (IBGE apud PAULO AFONSO, 2010). Embora a geração de energia seja a principal riqueza do município, seu turismo apresenta grande potencial. Vale ressaltar que a evolução do turismo em Paulo Afonso é marcada pela forte relação do município com a construção das usinas hidrelétricas da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), dos atrativos proporcionados pelas belezas naturais do Rio São Francisco e pelo potencial paisagístico da caatinga. Atualmente, a reserva ecológica do Raso da Catarina6, o cânion do São Francisco7, as usinas hidrelétricas e a ponte metálica8 são os locais que mais têm atraído os turistas, conforme informações da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte. Sendo pobre em elementos culturais próprios, o município para desenvolver o seu turismo passou a associar os encantos naturais com atividades culturais já consagradas. Desta forma o calendário de eventos do Município de Paulo Afonso associa festas culturais com eco esportes radicais, a exemplo do que ocorre no mês de junho, quando se comemora o São João Radical, cuja idéia é associar a tradicional festa brasileira aos esportes de ação; objetivando diferenciar Paulo Afonso das demais cidades nordestinas e de suas típicas e já consagradas festas juninas como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE). Também, no tocante ao eco esportes, em setembro, ocorre em Paulo Afonso a “Copa Paulo Afonso de Velas”, que atrai os velejadores do país, tendo características das micaretas baianas, acrescidas dos esportes náuticos que são praticados no lago formado pela barragem da usina hidrelétrica Paulo Afonso-4 (PAULO AFONSO, 2010). Paulo Afonso também oferece serviços, principalmente, nas áreas de saúde e educação, tendo o município inúmeras farmácias, consultórios odontológicos, consultórios médicos, centros de especialidades médicas e dois hospitais públicos. 6 7 A reserva ecológica do Raso da Catarina é considerada a maior reserva de caatinga do mundo. No Cânion do Velho Chico, considerado o maior cânion navegável do mundo, podem ser praticados os esportes náuticos e aéreos. 8 Um excelente atrativo para a prática dos Esportes de Aventura em Paulo Afonso é a ponte metálica, denominada de Dom Pedro II. Esse é um dos pontos mais conhecidos em Paulo Afonso, sendo considerada a ponte mais alta do Brasil com 86 metros de altura, estando acima de um braço do Rio São Francisco. 32 Na educação, existem várias escolas e faculdades, tanto públicas, quanto particulares, além de pólos e campi de universidades, sendo oferecidos vários cursos de graduação e pós-graduação. No tocante à educação superior as principais instituições atuantes no município são a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), que possui um campus no município, oferecendo cursos como Engenharia de Pesca, Direito, Biologia, Pedagogia e Matemática, além de várias especializações e um mestrado em Ecologia Humana; a Universidade de Santo Amaro (UNISA), que possui um pólo de educação à distância em Paulo Afonso, sendo oferecidos cursos como Engenharia de Produção e Engenharia Ambiental, dentre outros; a Universidade do Norte do Parána (UNOPAR), que oferece diversas licenciaturas e um Bacharelado em Serviço Social e a Faculdade Sete de Setembro, uma das maiores faculdades privadas de Paulo Afonso, que oferece além da Licenciatura em Letras, Bacharelados em áreas como Turismo, Sistemas de Informação, Administração e Direito (PAULO AFONSO, 2010). Também merece destaque a educação profissional do município, o qual possui dois centros de educação tecnológica públicos, sendo um estadual, o CTEPI ( Centro Territorial de Educação Profissional de Itaparica); e o outro federal, o IFBA (Instituto Federal da Bahia); além de várias escolas técnicas. Nestes centros e escolas técnicas são oferecidos cursos técnicos em Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Eletro-Eletrônica, Eletro-técnica, Contabilidade, Informática, Agropecuária, Bio-combustíveis, Edificações, Enfermagem, Radiologia, dentre vários outros (PAULO AFONSO, 2010). Outra relevante atividade econômica no Município de Paulo Afonso é a piscicultura. Há no município um dos maiores pólos de produção de tilápia do Brasil, com estimativa de produção de 50 mil toneladas de pescado por ano. A criação de tilápia ocorre em gaiolas implantadas no canyon do Rio São Francisco, e em tanques raceway. Na zona rural do município, embora predomine a agricultura familiar, que inclui a apicultura e o plantio de oleaginosas, existem projetos de irrigação, implantados numa área de 571 hectares, destinados à produção de hortifrutícolas onde também se encontra a cultura de flores subtropicais. Depois da agricultura, a pecuária é a principal atividade econômica da zona rural do Município de Paulo 33 Afonso. A principal atividade pecuária do município é a ovinocaprinocultura (PAULO AFONSO, 2010). 2.5 CARACTERÍSTICAS SOCIAIS E DEMOGRÁFICAS A população de Paulo Afonso foi formada por uma mescla de pessoas que vieram de vários Estados do País para trabalhar nas construções da CHESF. Desses pioneiros surgiu a nova geração que atualmente povoa a cidade (REIS, 2004). De acordo com estimativas da Câmara Municipal de Paulo Afonso, a cidade possui ainda uma população flutuante que é composta por pessoas vindas das cidades vizinhas, tanto do Estado da Bahia, quanto dos Estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, atingindo em determinados dias da semana cerca de 200 mil pessoas, muitas das quais vem trabalhar, buscar atendimento médico, fazer compras, estudar, retornando ao final do dia para suas cidades ( PAULO AFONSO, 2011). No entanto, a população residente da cidade, segundo as estimativas do IBGE no censo 2010, já está em 107.520 habitantes. Em 10 anos, a população de Paulo Afonso aumentou em 11.021 habitantes. Passando de 96.499 em 2000, para 107.520 em 2010 (IBGE, 2010 apud PAULO AFONSO, 2010). Com base nos dados da população em 1996 que foi de 93.609 habitantes, e em 2007 que foi de 101.952 habitantes, a variação foi de 8,91%. De acordo com os dados da Prefeitura Municipal a densidade do município é de 64,77 hab./km² (IBGE apud PAULO AFONSO, 2010). Quanto a suas características sociais, Paulo Afonso apresenta alguns problemas que parecem ser comuns a inúmeros municípios brasileiros. Dados fornecidos pela Câmara Municipal de Paulo Afonso mostraram que o desemprego no município, que chega a 53,6% da população economicamente ativa e o consumo de drogas e prostituição são os principais problemas sociais. No tocante à qualidade de vida dos seus habitantes, o Município de Paulo Afonso avançou de IDH 0, 625 PNUD/1991 para o IDH 0, 719 PNUD/2000 (IBGE, 2002 apud PAULO AFONSO, 2010). 34 3 A CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO E A POLÍTICA AMBIENTAL NO MUNICÍPIO Em Paulo Afonso, conforme anuncia o site oficial da Câmara Municipal dos Vereadores, a atuação do Poder Legislativo é tão perceptível ao cidadão; quanto a atuação do Poder Executivo, principalmente em função das expectativas que os munícipes possuem em relação à forma como os vereadores exercerão suas atribuições de legisladores e fiscais das ações do Poder Executivo. No tocante as políticas ambientais e o desenvolvimento sustentável, conforme expressa o site da Câmara Municipal, os vereadores se declaram protagonistas de importantes feitos tanto na elaboração da legislação ambiental, quanto na apreciação e votação de programas e projetos voltados às questões ambientais no município; como também na fiscalização da implementação da política ambiental pelo Poder Executivo (PAULO AFONSO, 2011). 3.1 HISTÓRICO E PERFIL DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO O site oficial da Câmara Municipal de Paulo Afonso informa que em 28 de julho de 1958, como resultado do Projeto de Lei proposto pelo Vereador Abel Barbosa e Silva, o Distrito de Paulo Afonso foi emancipado do Município de GlóriaBA, pela Lei 1.012 de 28/07/1958 sancionada pelo governador Antônio Balbino. Em 07 de Abril de 1959 são empossados o Prefeito Otaviano Leandro de Morais, ex-vereador no Município de Glória, e os vereadores da primeira legislatura paulafonsina: Dinalva Simões Tourinho, Diogo Andrade Brito, Lizete Alves dos Santos, José Rudival de Menezes, José Freire da Silva, Luiz Mendes Magalhães, Manoel Pereira Neto e Noé Pereira dos Santos (PAULO AFONSO, 2011). Conforme informações concedidas pela assessoria de comunicação da Câmara Municipal de Paulo Afonso, nessa época, além de não serem remunerados, os vereadores ainda contribuíam com seus recursos pessoais para manter o Poder Legislativo funcionando. No dia 14 de abril de 1959 foi aprovada a primeira Resolução de autoria da Mesa Diretora da Câmara que era presidida pela vereadora Dinalva Simões 35 Tourinho, sendo vice-presidente o vereador Luiz Mendes Magalhães e o primeiro secretário o vereador Diogo Andrade Brito. Por esta Resolução é criado o primeiro Regimento Interno da Câmara Municipal de Paulo Afonso. Antes de deixar a Câmara de Vereadores, a vereadora Dinalva Simões Tourinho apresentou o Projeto de Lei nº 08, de 7 de outubro de 1959, criando a Biblioteca Pública Municipal de Paulo Afonso. Nessa primeira legislatura surgiram leis das quais algumas ainda hoje estão em vigor no Município de Paulo Afonso. Entre abril e dezembro de 1959, foi marcante a atuação do vereador José Freire da Silva, conhecido como Zé Freire do Abrigo. Foi dele o Projeto de Lei nº 04/59, de 28 de maio de 1959, que cria o Feriado Municipal de 28 de Julho, data da emancipação política de Paulo Afonso e o Projeto de Lei nº 06/59, da mesma data, dando nome a Avenida Ministro Landulfo Alves, atualmente importante artéria comercial da cidade, onde estão bancos e importantes lojas comerciais, supermercados, hotéis e pousadas (PAULO AFONSO, 2011). Também no dia 28 de maio de 1959, o vereador Manoel Pereira Neto viu aprovado o Projeto de Lei nº 05/59, de sua autoria, criando9 o magistério primário em Paulo Afonso e o quadro de professores do município. Em 7 de outubro de 1960, pelo Projeto de Lei nº29/60, o vereador Diogo Andrade de Brito estabelece os dias de funcionamento da feira livre: sexta-feira e sábado, ainda hoje em vigor. Um ano depois este vereador apresenta o Projeto de Lei 29/61, que isenta do pagamento de IPTU todas as viúvas residentes no município e que sejam proprietárias de um só imóvel e nele residam. A primeira legislatura da Câmara Municipal de Paulo Afonso, de 7 de abril de 1959 a 7 de abril de 1963 foi a responsável pela elaboração das primeiras leis que tratavam de questões orçamentárias10 do Município. 9 Após a Constituição de 1988, a autoria de uma proposição que isente de tributações municipais ou crie cargos e carreiras tornou-se prerrogativa do Chefe do Executivo; não dos vereadores. 10 Não confundir com a LDO- Lei de Diretrizes Orçamentárias; pois a LDO, como primeira etapa do processo legislativo orçamentário anual, foi uma criação da Constituição de 1988. 36 Da primeira legislatura até a oitava, destacaram-se a atuação dos vereadores individualmente e da mesa diretora da Câmara Municipal. Cerca de 40 anos depois, em função da autonomia concedida pela Constituição Federal de 1988, em 21 de julho de 1990, foi aprovada a Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso. A citada Constituinte fora composta pelos Vereadores: Luiz Carlos de Carvalho, Luiz Vicente Ferreira, Regivaldo Coriolano da Silva, Marcondes Francisco dos Santos, Nélia Correia da Silva Souza, Manoel Josefino Teixeira, Altino Gomes Ribeiro, Arsênio Pereira de Azevedo, Arnaldo Aderino Conceição, Ivaldo Sales Nascimento, José de Oliveira Sá, Petrônio Barbosa e Roque Manoel de Oliveira (PAULO AFONSO, 2011). Nas legislaturas seguintes à promulgação da Lei Orgânica, as Comissões Permanentes se evidenciaram, principalmente em função das atribuições que lhes foram conferidas pela Lei Orgânica. Outro fato peculiar na política do Município de Paulo Afonso é que durante 11 legislaturas, com raras exceções, os prefeitos detinham o apoio da maioria dos vereadores na Câmara Municipal. A partir da 12º Legislatura os prefeitos tem governado tendo apenas a minoria. Nas últimas legislaturas os dirigentes dos partidos políticos passaram a exercer uma razoável influência na Câmara Municipal através dos vereadores eleitos pelos seus partidos. A fidelidade partidária e o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerar que o mandato dos parlamentares pertencia aos partidos levou os líderes políticos do município a assumirem a direção dos partidos, o que implicou também na influência destes na orientação da ação parlamentar dos vereadores. Embora a influência dos partidos políticos seja perceptível, na atual legislatura a Câmara Municipal está dividida em dois blocos: os vereadores que apóiam o prefeito e os vereadores que fazem oposição ao prefeito, que são maioria. Além do prefeito, a Câmara Municipal também recebe influência de outras esferas de governo. Atualmente Paulo Afonso possui um deputado estadual do PT (Partido dos Trabalhadores), Paulo Rangel e um deputado federal do PP (Partido Progressista), Mário Negromonte, atual Ministro das Cidades, com domicílio eleitoral no município, ambos re-eleitos. O ex-prefeito e atual deputado estadual Luiz de 37 Deus do DEM (Democratas), que também tem domicílio eleitoral em Paulo Afonso não foi re-eleito. Estes deputados, os dirigentes partidários e o atual prefeito do DEM (Democratas), o médico Anilton Bastos Pereira, exercem grande influência entre os vereadores da atual legislatura; tendo esta influência implicações diretas nas decisões da Câmara Municipal de Paulo Afonso. Em 2009, cinqüentenário da Câmara Municipal de Paulo Afonso a 13ª legislatura foi empossada, sendo composta por 11 vereadores. Destes 11 vereadores eleitos para legislatura atual (2009-2012), 06 foram eleitos vereadores pela primeira vez, enquanto que 02 foram reeleitos e 03 já tinham sido vereadores em legislaturas anteriores a 2004-2008. Os 02 vereadores reeleitos já estão na Câmara de Vereadores há mais de 03 legislaturas, tendo participado da votação das leis ambientais mais importantes de Paulo Afonso. Esta atual legislatura é também a que apresenta, proporcionalmente, o maior número de vereadores com nível superior em relação as legislaturas anteriores; pois destes 11 vereadores 07 possuem formação superior completa e 01 vereador curso superior incompleto. Quanto a área de formação destes vereadores 04 são graduados em cursos de licenciatura em letras e história, 01 vereador graduado em Direito, 01 vereador graduado em Odontologia, 01 vereador graduado em Engenharia e 01 vereador graduado em Administração. Nesta 13ª legislatura os partidos políticos com representação na Câmara Municipal dos Vereadores são: Democratas (DEM), com 02 vereadores eleitos e empossados; Partido Socialista Brasileiro (PSB), com 02 vereadores eleitos e empossados; Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 01 vereador eleito e empossado; Partido Progressista (PP), com 01 vereador eleito e empossado, tendo perdido11 o mandato em 2010; Partido Social Cristão (PSC), com 01 suplente da coligação PP/PSC empossado vereador em 2010; Partido Democrático Trabalhista (PDT), com 01 vereador eleito e empossado; Partido Republicano Progressista (PRP), com 01 vereador eleito e empossado; Partido Trabalhista Nacional (PTN), com 01 vereador eleito e empossado; Partido 11 O vereador eleito pelo PP perdeu o mandato por decisão da justiça federal. 38 Comunista do Brasil (PC do B), com 01 vereador eleito e empossado; Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 01 vereador eleito e empossado. 3.2 FUNCIONAMENTO DA CÂMARA DOS VEREADORES Conforme Maurano (2008), com a Constituição Federal de 1988 a Câmara Municipal saiu fortalecida em relação às constituições anteriores, no que diz respeito a suas três funções básicas: legislativa, fiscalizadora e administrativa. A função legislativa é o que caracteriza a Câmara de Vereadores como uma Casa de Leis e está inserto na Constituição Federal de 1988 que no seu art. 30 diz que compete ao Município, através da Câmara, legislar sobre assuntos de interesse local; e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. Neste sentido, a Lei Orgânica, passou a exercer o papel de constituição local. A função fiscalizadora, mediante controle externo, foi conferida pela Constituição Federal de 1988, no artigo 31, estando também definida na Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso. Já a função administrativa restringe-se à organização interna da Câmara Municipal via Regimento Interno. Enfim, por intermédio da função legislativa e da função fiscalizadora a Câmara participa do governo do município e através da ação coletiva dos vereadores, o funcionamento da Câmara de Vereadores é assegurado. Maurano (2008) esclarece que o conhecimento a respeito dos vereadores e seus respectivos partidos é muito importante; pois a votação de matéria de competência da Câmara dos Vereadores é ato coletivo. Geralmente, as matérias de competência da Câmara dos Vereadores são precedidas de estudos e pareceres de suas comissões permanentes ou temporárias e debates no plenário. No entanto, suas decisões, aprovação ou rejeição de matéria são tomadas por maioria de votos. Assim, a maioria simples (ou relativa) é aquela representada pela maioria dos presentes na sessão e tem por finalidade a aprovação de leis ordinárias e requerimentos. Quanto à maioria absoluta, trata-se daquela em que há necessidade da aprovação de 50% + 1(um) de todos os membros da Câmara e objetiva a aprovação de matérias importantes ao município, a exemplo das leis orçamentárias. A maioria qualificada, por sua vez, consiste na aprovação de 2/3 dos seus membros 39 e tem por finalidade a aprovação de matérias imprescindíveis ao município, como a Lei Orgânica, Plano Diretor e Códigos (de Obras, de Postura, de Conduta etc). A Câmara Municipal dos Vereadores, de acordo com Silva (1997), também se divide em maioria e minoria em função dos vereadores de situação e dos vereadores de oposição ao Prefeito Municipal. Este fato merece destaque; pois a proposta orçamentária (PPA, LDO, LOA) e outros instrumentos de gestão como o Plano Diretor, que são de iniciativa do Prefeito Municipal, podem ser emendados, aprovados ou não votados, dependendo do apoio que este possua na Câmara. O próprio subsídio do prefeito é determinado pela Câmara dos Vereadores. Caso o prefeito possua maioria da Câmara de Vereadores, esta pode desqualificar os processos de cassação mediante atos de responsabilidade; mas por outro lado, caso contrário, o veto de interesse do prefeito não será mantido. Além do agrupamento dos vereadores em situação e oposição, cada legislatura apresenta alguma peculiaridade, sendo necessário analisar os aspectos ideológicos que influenciarão os vereadores no Plenário. Sobre o aspecto ideológico, no contexto político atual os partidos políticos influenciam bastante as decisões dos vereadores. A ideologia de um vereador, a priori, é a ideologia de seu partido; portanto quanto maior o compromisso de um partido político com as políticas ambientais, pressupõe-se que maior é o interesse de seu vereador na efetividade de tais políticas (MAURANO, 2008). Torna-se importante também, conhecer, além dos vereadores individualmente e seus partidos a mesa diretora da Câmara, que é composta por Presidente, VicePresidente, 1º Secretário e 2º Secretário; pois é esta que além de tomar as medidas necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos, promulga a Lei Orgânica e suas emendas. Além da mesa, as Comissões, em função de suas competências, são muito importantes no processo legislativo. O artigo 26 da Lei Orgânica determina que: “ A Câmara terá Comissões permanentes e especiais”. § 1º- As comissões permanentes em razão das matérias de sua competência cabe: I- Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; 40 II- Convocar os Secretários Municipais para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; III- Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; IV- Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; V- Exercer no âmbito da sua competência, a fiscalização dos atos Executivos e da Administração Indireta. Por intermédio do artigo 28 a Lei Orgânica determina que as comissões permanentes sejam definidas no Regimento Interno da Câmara. Desta forma, atualmente existem 5 Comissões Permanentes: a) Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final b) Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente c) Comissão de Educação, Cultura, Saúde e Assistência Social d) Comissão de Finanças, Orçamentos, Fiscalização e Contas e) Comissão de Obras e Serviços Públicos Cada Comissão Permanente é compostas por 3 vereadores, um presidente, um relator e outro membro, sendo necessário a assinatura de 2 vereadores para que o parecer possa ser aceito em plenário. No Plenário, sob a direção da mesa, ocorrem os debates e é onde as proposições, depois de terem recebido parecer das comissões, conforme o caso, são votadas. Tais proposições12 são de iniciativa da própria Câmara de Vereadores ou de iniciativa do Prefeito Municipal. (PAULO AFONSO, 2010). Neste sentido, deve-se mencionar que as proposições que tratam dos programas e projetos necessários à implementação das políticas ambientais, dentre outras, chegam à Câmara de Vereadores na condição de Projeto de Lei de iniciativa 12 Consideram-se proposições ou matérias os projetos de lei, os requerimentos, as indicações e as moções, no entanto, apenas os projetos de lei, necessitam de sanção do Prefeito Municipal para serem promulgados. Nos casos em que o prefeito não sancionar um projeto de lei aprovado pela Câmara no prazo legal, ou quando este vetar e tiver seu veto derrubado na Câmara, o Presidente da Câmara Municipal deverá sancionar o projeto de lei e promulgá-lo como Lei (SILVA, 1997). 41 do Chefe do Executivo; por meio dos chamados instrumentos de gestão, por exemplo (SILVA, 1997). 3.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL A assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Paulo Afonso transcreveu no site oficial da Câmara, em 2010, um discurso do vereador Presidente da CDHMAComissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente, na qual este afirma que a política ambiental no município de Paulo Afonso somente era possível em função de quatro leis: a) A Lei Orgânica, b) O Plano Diretor, c) O Código de Meio Ambiente, e d) A Lei que institui o Conselho Municipal de Meio Ambiente. Este vereador apresentou alguns pontos pelos quais estas leis eram tão importantes na política ambiental do município, citando partes destas leis. Das observações deste vereador foi feita uma síntese destas leis, a qual é apresentada nos parágrafos abaixo, representando, conforme informações fornecidas pela Assessoria de Comunicação da Câmara de Vereadores, o posicionamento da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente ( PAULO AFONSO, 2010). 3.3.1 A Lei Orgânica do Município Conforme o site oficial da Câmara de Vereadores a Lei Orgânica trata da Política Ambiental em diversos artigos. Por exemplo, sobre o Meio Ambiente a Lei Orgânica do Município afirma no Capítulo VIII: Art. 183- Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º-Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I- Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistema; 42 Preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético do País e II- fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente III- protegidos, sendo a alteração e a supressão permitida somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade IV- potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, e que se dará publicidade; Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, V- métodos e substâncias que comportem riscos para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a VI- conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que VII- coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldades; VIII- O Município poderá colaborar com o órgão competente visando evitar a pesca predatória; IX- Criar, com a participação e apoio dos Municípios da região, instrumentos de proteção à pesca, com vistas à garantia de alimentação à população. § 2º- Compete ao Poder Municipal, proibir: I- A implantação no Município de indústrias que agridem o meio ambiente sem o tratamento devido dos efluentes poluidores; II- O depósito de lixo atômico no território do Município; III- Queimadas e o uso indevido ou abusivo de agrotóxicos. § 3º- Aquele que explorar os recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 4º- As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 43 Além dos artigos deste Capítulo VIII, as questões ambientais também são tratadas em outros capítulos da Lei Orgânica. Por exemplo, sobre a política de saneamento básico, que de forma alguma poderia está dissociada das questões ambientais, a Lei Orgânica no Capítulo III, artigo 145 afirma: “todos tem direito aos serviços de saneamento básico, entendidos fundamentalmente como de saúde pública, compreendendo abastecimento de água, coleta e disposição adequadas dos esgotos e do lixo, drenagem urbana de águas fluviais, controle de vetores transmissores de doenças e atividades relevantes para a promoção de qualidade de vida.” A Lei Orgânica do Município também procurou interligar ao meio ambiente e ao saneamento as políticas de saúde. O artigo 147 estabelece que “dentre outras competências a política de saneamento básico ficará a cargo do Conselho Municipal de Saúde e Saneamento Básico”. Já ao tratar da Política Urbana, o capítulo VI diz: Art. 175- O Município implantará sistema de coleta, transporte, tratamento e ou disposição final do lixo, utilizando processos que envolvam sua reciclagem. A política agrícola, tratada no Capítulo VII, faz a seguinte referência sobre o meio ambiente: Art. 177- O Município participará, com a União e o Estado, da formulação e execução de políticas voltadas ao desenvolvimento agrícola e agrário, quando sua área for abrangida. § 6º- O Município deverá cooperar na implantação de obras que tenham como objetivo o desenvolvimento agro-industrial e bem estar da comunidade, especificando-se entre outras: III- preservação do meio ambiente, destacando-se a conservação do solo e dos mananciais e a proteção à flora e à fauna. Art. 178- O Poder Público deverá fiscalizar, em todo território do Município, para que o abate de animais, com vistas ao consumo humano, bem como a comercialização de alimentos, se deem dentro das normas de higiene necessárias à saúde pública. § 2º- A fiscalização complementar, quanto ao uso dos recursos naturais e do meio ambiente, será praticada em todo território municipal, denunciando, de 44 imediato, e cobrando as devidas penalizações aos órgãos responsáveis, em face das irregularidades que sejam identificadas. Ao tratar de educação, a Lei Orgânica, no seu artigo 162, parágrafo único determina: “Introduzir no currículo regular das escolas públicas municipais: II- o estudo do meio ambiente municipal”. 3.3.2 O Plano Diretor Além da Lei Orgânica, o Plano Diretor é fundamental para efetividade das Políticas Ambientais de Paulo Afonso. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Municipal de Paulo Afonso foi aprovado na forma da Lei nº905, de 29 de dezembro de 2000, e compreende as seguintes partes articuladas entre si, que integram a Lei: a) O Sistema Municipal de Informações, integrado pelo Banco Municipal de Dados e pelo Documento Analítico Básico e suas atualizações periódicas; b) O Termo de Referência das Políticas Urbanas de Paulo Afonso, com os mapas e plantas temáticas, baseado nas informações contidas no Sistema Municipal de Informações; c) O instrumental jurídico, integrado pela Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, Código de Obras e Código de Meio Ambiente de Paulo Afonso, incluindo-se os dispositivos tributários pertinentes. Quanto aos Relatórios de Elaboração do Plano Diretor este possui 4 relatórios: a) 1º Relatório Técnico de Atividades (relata o andamento dos serviços para a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Paulo Afonso; datado de dezembro de 1998); b) 2º Relatório (apresenta as atividades concluídas, em andamento e programadas, além de uma síntese preliminar dos estudos diagnósticos sobre Paulo Afonso – Documento Analítico Básico (DAB); datado de março de 1999; c) 3º Relatório (refere-se à Proposta Preliminar do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Paulo Afonso, datado de agosto de 1999); 45 d) 4º Relatório (apresenta: o Documento Analítico Básico – DAB, agora revisado e atualizado; o Termo de Referências; o Instrumental Jurídico, contendo as minutas da Lei do Plano, da Lei Orgânica do Municípiorevisada; do Código de Obras do Município-revisado; datado de dezembro de 1999); A documentação relativa ao Plano Diretor de Paulo Afonso foi obtida da forma seguinte: os relatórios de elaboração do Plano foram disponibilizados pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Lei nº 905/2000 foi enviada pela Prefeitura. O Plano Diretor foi elaborado entre os anos de 1998 e 1999, na gestão do Prefeito Paulo Barbosa de Deus (eleito para a gestão 1997-2000, pelo então PFL (DEM), sem coligação), e aprovado em 2000, na gestão deste mesmo Prefeito (PAULO AFONSO, 2010). O Plano propôs a criação da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento para atuar como o órgão central do Sistema de Planejamento Municipal, cujo órgão consultivo é o Conselho Municipal de Desenvolvimento (CMD). O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental passou a possui vigência indeterminada, “sem prejuízo das revisões decorrentes de sua atualização permanente.” (Art. 90 da Lei 905/2000). Por ocasião da elaboração do Plano Diretor 2000, estava em vigor a Lei 152/69, que instituiu o Plano Diretor anterior ( PAULO AFONSO, 2000). Além dela, o Município de Paulo Afonso dispunha da seguinte legislação urbanística e afim: a) Lei de Criação do Município - Lei nº 1.012, datada de 29 de agosto de 1958; b) Lei sobre alienação de terrenos do patrimônio municipal (Lei nº 92, de 17 de outubro de 1965, com a redação dada pela lei 342, de 24 de maio de 1977); c) Lei do Perímetro Urbano - Lei nº 318/76; d) Código de Urbanismo e de Obras - Lei nº 364/77; e) Código de Posturas - Lei nº 363/77; f) Lei Orgânica - datada de 21 de junho de 1990; g) Código Tributário - Lei nº 673/92; 46 Não existia, naquela época, a Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo em vigor atualmente; portanto as normas de ordenamento, ocupação e parcelamento do solo estavam incluídas no código de urbanismo e de obras, instituído pela Lei n° 364 de 9/12/1977. Também não havia Código Ambiental em vigor (PAULO AFONSO, 2000). A Lei Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Municipal de Paulo Afonso, Lei N°. 905/2000, está organizada na forma de 7 (sete) capítulos e 100 (cem) artigos, estando constituída também pelos seguintes documentos, que lhe são integrantes: Banco Municipal de Dados; Documento Analítico Básico e suas atualizações periódicas; Termo de Referência das Políticas Urbanas de Paulo Afonso, com os mapas e plantas temáticas, baseado nas informações contidas no Sistema Municipal de Informações; do instrumental jurídico, integrado pela Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, Código de Obras e Código de Meio Ambiente de Paulo Afonso. Embora hajam críticas que o Plano Diretor de Paulo Afonso está defasado em função de este não ser totalmente compatível com o Estatuto das Cidades. O Plano de Paulo Afonso foi elaborado anteriormente à aprovação do Estatuto da Cidade, não tendo, portanto, a obrigação legal de, naquele momento, incorporar os instrumentos urbanísticos estabelecidos neste Estatuto (PAULO AFONSO, 2000). O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Municipal de Paulo Afonso não cria uma Política de Meio Ambiente, assim denominada, porém, dá bastante ênfase à questão ambiental, tendo entre os seus objetivos gerais: “II. elevar a qualidade do meio ambiente no território municipal: a noção de qualidade de vida compreende a qualidade ambiental como referência fundamental dos objetivos de toda política de Desenvolvimento Urbano do Município;” (Art. 2º). Desse objetivo geral, advêm os seguintes objetivos específicos: “I. as intervenções ambientais em escala macro, pela intervenção do Município nas condições naturais do clima e da paisagem para elevar a qualidade ambiental nas suas dimensões de conforto térmico e de proteção ambiental, compreendendo: a) a implantação da agricultura e piscicultura urbana intensivas na periferia da cidade; 47 b) a efetivação de um amplo programa de proteção ao meio ambiente que inclui a consolidação e expansão do sistema de lagos para amenizar o micro-clima da cidade; c) a arborização intensiva das ruas, avenidas e outros espaços públicos; e d) a criação de uma franja de proteção em torno da interface entre a cidade e a represa, para resguardar a qualidade da água e dos solos por meio de áreas arborizadas, praias e instalações públicas de turismo e lazer. II. as intervenções ambientais em escala micro, pela organização do uso do espaço urbano e do desenho de estruturas destinadas a satisfazer as necessidades produtivas e habitacionais da população na escala das comunidades territoriais, compreendendo: a) controle do uso do solo, que corresponde às ações de agentes privados em relação à ocupação, construção e utilização da propriedade imóvel sujeita a alvará municipal; b) melhoramento ambiental de bairros da cidade e, c) melhoramento do sistema viário. III. a adoção do critério da qualidade ambiental como orientador de todas as atividades administrativas, por meio da criação do Sistema Municipal de Gestão Ambiental – SMGA” (Art. 5º). 3.3.3 O Código de Meio Ambiente Além da Lei Orgânica e do Plano Diretor a efetividade das políticas ambientais depende de outra lei municipal, o Código de Meio Ambiente. A Lei nº 906, de 29 de dezembro de 2000, institui o Código de Meio Ambiente de Paulo Afonso, dispõe sobre o Sistema Municipal de Gestão Ambiental e dá outras providências. O Código de Meio Ambiente está dividido em nove capítulos que tratam das disposições gerais, dos instrumentos da política municipal do meio ambiente, da proteção ambiental, da qualidade ambiental, das infrações e penalidades e das disposições finais. O Código de Meio Ambiente no artigo 5º, na seção III, do Capítulo I estabelece que o Sistema Municipal de Gestão Ambiental compreende a Secretaria de Infra-estrutura e Meio Ambiente, órgão executor da 48 política municipal de meio ambiente e o CMMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente), órgão colegiado, normativo e deliberativo sobre a política municipal de meio ambiente. No artigo 7º da seção IV do Capítulo-I é criado o Fundo Municipal de Meio Ambiente. Embora o Código de Meio Ambiente tenha incluído no sistema de Gestão Ambiental do Município o Conselho Municipal de Meio Ambiente, este será instituído por uma lei municipal (PAULO AFONSO, 2010). 3.3.4 A Lei que Institui o Conselho Municipal de Meio Ambiente A Lei Municipal n° 916, de 08 de junho de 2001, institui o CMMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente) e a sua finalidade é de planejar, controlar, e fiscalizar, a política do meio ambiente e atividades relativas no município de Paulo Afonso. Esta Lei determinou que em sua composição o CMMA teria, no segmento setor Público Federal/Estadual, 06 instituições, cada uma detendo uma cadeira; do Setor Público Municipal 06 órgãos da Prefeitura Municipal, ligados ao Meio Ambiente; e no segmento da Sociedade Civil 06 instituições participando na condição de sociedade civil organizada e outras 06 como instituições de interesse privado. Totalizando assim um total de 24 cadeiras (PAULO AFONSO, 2000 apud PAULO AFONSO, 2010). A Resolução nº 53/2010, de 31 de março de 2010 - aprovou alterações no Regimento Interno do Conselho Municipal do Meio Ambiente - CMMA, de Paulo Afonso – Bahia; dentre elas uma modificação foi a inclusão da cadeira nº 25 para o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura. Participam do CMMA nas cadeiras nº 1, nº 2, nº 3, nº 4, nº 5 e nº 6 instituições federais e estaduais com representação no Município de Paulo Afonso; nas cadeiras nº 7, nº 8, nº 9, nº 10, nº 11 e nº 12 órgãos do Executivo Municipal; nas cadeiras nº 13, nº 14, nº 15, nº 16, nº17, nº 18 e nº 25 a sociedade civil organizada; nas cadeiras nº 19, nº 20, nº 21, nº 22, nº 23 e nº 24 instituições locais de interesse privado. Desta forma, considerando-se que em cada cadeira existem dois representantes, o titular e o suplente, são contempladas cinqüenta (50) pessoas. No entanto, considerando ainda que todas as cadeiras possuem instituições suplentes, existe um total de cem (100) pessoas que estão envolvidas diretamente com o 49 Conselho Municipal de Meio Ambiente, representando as instituições do Município de Paulo Afonso que estão envolvidas com a questão ambiental, suas políticas e implicações na qualidade de vida dos munícipes (PAULO AFONSO, 2010). Com a Lei n° 916/2001 foram estabelecidas ainda as condições para as instituições possuírem membresia no CMMA; assim fazem parte do Conselho de Meio Ambiente, com mandato encerrando no ano de 2010, as instituições apresentadas na quadro-2 a seguir (PAULO AFONSO, 2001 apud PAULO AFONSO, 2010). Quadro 2- Instituições com Assento no Conselho Municipal de Meio Ambiente. Nº da INSTITUIÇÕES COM ASSENTO NO CONSELHO MUNICIPAL DE Cadeira MEIO AMBIENTE 1 Sala Verde (Órgão Federal) 2 UNEB - Universidade do Estado da Bahia 3 IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente /SEMA - Secretaria Estadual de Meio Ambiente 4 CHESF - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco 5 EMBASA - Empresa Baiana de Saneamento 6 CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba 7 Secretaria Municipal de Educação - Núcleo de Educação Ambiental/ Secretaria Municipal de Serviços Públicos 8 9 10 Secretaria Municipal de Infra-estrutura e Meio Ambiente Departamento de Meio Ambiente Secretaria Municipal de Saúde- Vigilância Sanitária Secretaria de Turismo Cultura e Esporte/ Gabinete do Prefeito 11 Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico 12 13 SEPLAN - Secretaria Municipal de Planejamento AGENDHA - Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia 14 Tribo Pankararé (Representante das Comunidades Indígenas) 15 SAMMPA - Sociedade de Apoio a Meninos e Meninas de Paulo Afonso 16 OAB - Ordem dos Advogados do Brasil/Subseção de Paulo Afonso 50 17 Pastoral Social (Diocese Católica de Paulo Afonso) 18 IGH - Instituto Geográfico Histórico de Paulo Afonso 19 FASETE - Faculdade Sete de Setembro 20 ASCOPA - Associação Comercial de Paulo Afonso 21 ARPA - Associação de Reciclagem de Paulo Afonso 22 AAT Internacional (empresa privada para beneficiamento de pesca) 23 24 Light Design (empresa de arquitetura e design) COINF (empresa de construção civil) 25 CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura 3.4 PROGRAMAS E PROJETOS AMBIENTAIS DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO APROVADOS NA LEGISLATURA ATUAL A Câmara dos Vereadores, de acordo com Maurano ( 2008) aprecia e vota os programas e projetos detalhados em instrumentos de gestão como o PPA - Plano Plurianual e a LOA - Lei Orçamentária Anual. A atuação da Câmara de Vereadores na votação destes instrumentos de gestão traz profundas implicações na implementação das políticas públicas no município. No caso do Município de Paulo Afonso-BA o PPA foi enviado à Câmara em 31 de agosto de 2009, e a LOA, enviada em 31 de setembro de 2009, ambos de autoria do Chefe do Executivo e incluíam dentre seus vários programas alguns programas que representavam uma tentativa de sanar parte dos problemas ambientais através de políticas públicas. O Projeto de Lei n.° 026/09, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício de 2010, foi encaminhado pelo Prefeito Municipal, por intermédio da Mensagem n.° 001/09 e remetido à Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente, para análise, conforme estabelece os arts. 34, §1° e 36, 43 e 44 do Regimento Interno da Câmara Municipal (PAULO AFONSO, 2009). Várias propostas relativas ao meio ambiente constam no projeto de lei de diretrizes para 2010, ressaltadas na macroação: Paulo Afonso Verde, Limpo e Seguro, correspondentes aos códigos: F “15”, SF “452”, Código “2109”, relativo à ação de manutenção de usina de compostagem de lixo, com objetivo de manter a 51 usina municipal de separação e compostagem do lixo. Igualmente, ainda na macroação: Paulo Afonso Verde, Limpo e Seguro, previstos nos códigos: F “15”, SF “452”, Código “2110”, relativa à ação de manutenção do aterro sanitário, o município deverá manter o aterro sanitário em funcionamento (PAULO AFONSO, 2009). Quanto ao PPA, este é um instrumento de gestão que reflete as prioridades, demandas e necessidades do município, reproduzindo as políticas públicas municipais em sintonia com o planejamento financeiro, permitindo maior transparência dos programas, ações e metas que serão desenvolvidos e executados no quadriênio de 2010 a 2013. O Projeto de Lei nº 31/ 2009 que Institui o Plano Plurianual da Administração Pública Municipal para o período de 2010/2013 e dá outras providências, teve por base legal o Artigo 165 da Constituição Federal, artigos 62 e 159, § 1º da Constituição do Estado da Bahia, combinado com disposições da Lei Orgânica do Município. O total de recursos orçamentários para o quadriênio de 2010 a 2013 foi de R$ 633.953.412,00. A receita estimada foi em 2010-R$ 150.879.412,00; em 2011-R$ 154.515.624,00; em 2012-R$ 160.935.748,00 e em 2013-R$ 167.622.628,00. O Orçamento Anual 2010 foi R$ 150.879.412,00 (Cento e Cinquenta milhões, oitocentos e setenta e nove mil e quatrocentos e doze reais), cujos recursos destinados contemplavam 14 programas, que são o 001 Atendimento e Desenvolvimento da Gestão Legislativa, o 002 Fala, que Eu te Escuto, o 003 Gestão da Procuradoria Geral do Município, o 004 Implantar Programa de Auditoria Interna Permanente, o 005 Gestão das Diretrizes Municipais, o 006 Atendimento e Desenvolvimento da Gestão Administrativa e Financeira, o 007 Construindo o Futuro, o 008 Paulo Afonso Verde, Limpo e Seguro, o 009 Desenvolvimento e Potencialidades Econômicas do Município, o 010 Administrar, Crescer e Desenvolver o Bairro, o 011 Turismo como Principal Fator de Desenvolvimento Econômico, Social e Cultural do Município, o 012-Sociedade Saudável, o 013Educar para a Cidadania e o 014-Gestão Social com Qualidade. O orçamento destes programas está distribuído conforme o quadro-3 que se segue (PAULO AFONSO, 2009). 52 Quadro 3- Orçamento 2010 do Município de Paulo Afonso em comparação com o orçamento total do quadriênio do PPA (2010-2013). Nº do Programa TOTAL ORÇAMENTO 2010 (R$) PARA O QUADRIÊNIO-2010, 2011, 2112 e 2013 (R$) 001 4.572.168,63 19.807.165,44 002 2.550.000,00 10.434.731,27 003 450.000,00 1.892.180, 27 004 220.000,00 1.211.000,00 005 865.000,00 3.637.191,02 006 3.477.700,56 15.176.273,93 007 15.993.189,00 68.648.408,51 008 10.000.000,00 44.105.718,65 009 4.351.000,00 21.375.301,58 010 450.000,00 1.892.180,29 011 3.478.000,00 14.624.451,27 012 45.882.250,44 195.947.222,85 013 36.012.928,48 151.180.297,32 014 20.069.174,89 73.299.566,69 Dentre estes programas, dois remetiam diretamente às questões ambientais através das políticas de saneamento básico: a) código-007 “Construindo o Futuro” e b) código-008 “Paulo Afonso, Verde Limpo e Seguro”. O objetivo do programa “Construindo o Futuro” é possibilitar a implementação das ações desenvolvidas na Secretaria de Infra Estrutura e Meio Ambiente promovendo o desenvolvimento do município, melhorando a qualidade ambiental e por consequência a qualidade de vida dos munícipes. A secretaria responsável é a Secretaria Municipal de Infra Estrutura e Meio Ambiente e o orçamento previsto para o programa foi: em 2010- R$ 15.993.189,00; em 2011- R$ 16.804.907, 22; em 2012- R$17.542.903,56 e em 2013- R$18.307.408, 73. O total destinado a este programa foi de R$ 68.648.408, 51. São ações do Programa a construção, 53 ampliação e manutenção de rede do esgoto, construção e reforma de canal emissário, manutenção de estações de tratamento, revitalização de lagos etc. O objetivo do programa “Paulo Afonso, Verde Limpo e Seguro” é coletar o lixo domiciliar, proceder à varrição dos logradouros, dar destinação final ao lixo, manter os jardins e as árvores, tornando o município cada vez mais limpo e mais verde, preservando a qualidade do meio ambiente e a saúde da população. A secretaria responsável pelo programa é a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e o orçamento previsto para o programa foi: em 2010- R$ 10.000.000,00; em 2011- R$ 10.338.637,70; em 2012- R$ 11.578.455,56 e em 2013- R$ 12.188.625, 40. Foi destinado para este programa um total de R$ 44.105.718,65. Dentre ações do programa estão a coleta de lixo domiciliar, reprodução de árvores e plantas ornamentais, conservação e manutenção de jardins, manutenção da usina de compostagem de lixo, manutenção do aterro sanitário etc. Conforme a justificativa do Projeto de Lei nº 31 / 2009, o orçamento contemplou os dois maiores problemas de saneamento no município, o aterro sanitário e o esgotamento sanitário (PAULO AFONSO, 2009). Por exemplo, o programa “Paulo Afonso, Verde Limpo e Seguro”, procurou tratar do problema do destino final do lixo investindo em aterros sanitários, através da ação nº 2110 (Manutenção do Aterro Sanitário). Esta ação cujo produto é o aterro sanitário mantido, objetiva manter o aterro sanitário em funcionamento. Sua meta é a manutenção de 4 aterros, tendo início em 2010 e término em 2013. Foram destinados para esta ação recursos de R$ 2.103.729,79; sendo em 2010- R$ 500.000,00; em 2011- R$ 510.000, 00; em 2012- R$ 535.735,00 e em 2013- R$ 557.994,79. No programa “Construindo o Futuro” o esgotamento sanitário foi contemplado no orçamento através da ação 1107(Construção da Rede de Esgoto). O objetivo desta ação é sanear áreas que não foram contempladas com saneamento básico, sendo seu produto a rede de esgoto construída. Com início em 2010 e término em 2013, esta ação tem por meta ampliar a rede de esgoto do município em 140%. Foram destinados para tal ação recursos de R$ 420.484,51, sendo em 2010- R$ 100.000,00 em 2011- R$ 102.509,89 em 2012111.205,44. R$ 106.769,18 e em 2013- R$ 54 Em função de parcela significativa dos esgotos serem despejados diretamente no Rio São Francisco, o programa “Construindo o Futuro” procurou revitalizar, as margens do Rio que estão nos domínios do município. A ação 1131 (Revitalização das Margens do Rio São Francisco) objetivava promover a revitalização dos trechos do Rio São Francisco inserido no Município de Paulo Afonso, tendo por produto um trecho da margem revitalizado. A meta desta ação que iniciou em 2010 e tem término previsto para 2013 é de 100%. Um total de R$ 84.096,90 foi destinado para esta ação; sendo em 2010-R$ 20.000,00; em 2011- R$ 20.501, 98; em 2012- R$ 21.353,84 e em 2013- R$ 22.241,09. No programa “Construindo o Futuro” incluíam-se outras ações importantes no tocante ao problema do esgotamento sanitário tais como ampliação da rede de esgoto (R$ 388.948,17), manutenção da rede de esgoto (R$ 388.948,17), manutenção de estações de tratamento (R$ 41.024, 23). Além dos programas 007-“Construindo o Futuro” e 008-“Paulo Afonso, Verde Limpo e Seguro”; as questões ambientais também são tratadas pelos programas 010-Administrar, Crescer e Desenvolver o Bairro e 014-Gestão Social com Qualidade. O programa: 010-Administrar, Crescer e Desenvolver o Bairro tem dentre suas ações administrar serviços de Infra e Meio Ambiente no BTN, bairro mais populoso do município. Para esta ação foram destinados em 2010- R$ 450.000,00; em 2011- R$ 461.294,52; em 2012- R$ 480.461,30 e em 2013- R$ 500.424,47. Este programa foi administrado pela Secretaria: Administração do BTN. Outro programa importante para o desenvolvimento sustentável local é o 014Gestão Social com Qualidade, considerando que este programa tem como indicador de resultado elevar o IDH13 do município que era 0,719 em 2000 para 0,800 em 2013. Este programa gerenciado pela Secretaria de Desenvolvimento Social tem dentre suas ações, uma ação que objetiva a construção e reforma de unidades sanitárias nas áreas mais carentes do município. Para esta ação foram destinados em 2010- R$ 500.000,00; em 2011- R$ 506.709,42; em 2012- R$ 527.763,19 e em 2013- R$ 549.691,76. 13 Embora não haja cálculo de IDH para anos entre os censos, o texto do Projeto de Lei do PPA (2010-2013) trouxe este dado, o qual não recebeu ressalva de nenhum dos vereadores. 55 4 ASPECTOS CONCEITUAIS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL E SUAS IMPLICAÇÕES NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS. Do conceito à práxis o termo desenvolvimento sustentável parece indissociável de uma perspectiva política. Assim, dos muitos esforços de reconceptualização do conceito de desenvolvimento, abalado pela crise ambiental e social que se avultou desde meados do século XX, emerge de uma perspectiva multidimensional, o conceito de desenvolvimento sustentável, sinalizando uma alternativa às teorias e aos modelos tradicionais do desenvolvimento ( BIANCHI, 2005). Desta forma, de acordo com Brüseke (2003), o desenvolvimento que é concebido como modernização, não acompanhado da intervenção do Estado através de políticas eficientes e das correções partindo da sociedade civil, desestrutura a composição social, a economia territorial, e seu contexto ecológico; portanto, para Cavalcanti (2003), adotar a noção de desenvolvimento sustentável corresponde a seguir uma prescrição de política. Em síntese, nesta linha de pensamento, alguns teóricos consideram que: Na prática, para viabilizar qualquer conceito de desenvolvimento sustentável, será necessária uma mudança de comportamento pessoal e social, além de transformações nos processos de produção e de consumo. Para isso, se faz necessário o desencadeamento de um processo de discussões entre sociedade, empresários e governos, para a geração de políticas que garantam o equilíbrio entre o meio social, o econômico e o ecológico, ou pelo menos diminuam o desequilíbrio entre eles (BIANCHI, 2005, p. 23). Nesta perspectiva, consoante Moisés (1999), o conceito de desenvolvimento sustentável fornece uma estrutura que possibilita a integração das políticas ambientais com as estratégias de desenvolvimento. 4.1 DO ECODESENVOLVIMENTO AO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL. É inconcebível que se chegue a um conceito de desenvolvimento sustentável que contemple as várias dimensões do atual estágio da humanidade, sem que 56 primeiramente seja conceituado meio ambiente em seu sentido mais amplo; pois ao longo de sua evolução em direção a sustentabilidade o termo “desenvolvimento ”, aos poucos foi incorporando uma conceituação associada ao meio ambiente, em um sentido que transcende a concepção de ambiente natural. No Brasil, uma conceituação básica do termo meio ambiente é apresentada no artigo 3° da Lei Federal 6.938 (Política Nacional de Meio Ambiente), de 31 de agosto de 1981, como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Dias (2003) critica este conceito de ambiente reduzido exclusivamente aos aspectos naturais; para ele o meio ambiente é o espaço construído historicamente tecido nas relações sociais cotidianas, permeadas por atividades econômicas, políticas e culturais. Isto significa que ele inclui o mundo natural, mas não como realidade autônoma independente, sem sujeito social. Portanto, ao tratar-se de sustentabilidade o conceito de meio ambiente não se limita à concepção de ambiente natural; ele é acima de tudo um meio social. Assim sendo, consoante Leff (2002), é preciso considerar que os princípios de sustentabilidade ambiental transcendem a mera idéia da sustentabilidade do ambiente natural; pois a sustentabilidade ambiental refere-se diretamente à sustentabilidade do meio ambiente, o qual também engloba o social. Numa concepção complementar a esta idéia é possível afirmar que a “noção de meio ambiente engloba, ao mesmo tempo, o meio cósmico, geográfico, físico e o meio social com suas instituições, sua cultura e seus valores” (REIGOTA, 1991, p.13). Para Silva (1995, p. 2) o “meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. Partindo desse conceito, Silva (1995) trabalha com a existência de três aspectos do meio ambiente: o meio ambiente artificial (espaço urbano); o meio ambiente cultural (patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico); 57 e o meio ambiente natural ou físico (constituído pela interação dos seres vivos com seu meio). Em outra classificação Rocha (1997) apresenta quatro aspectos do meio ambiente, que são o meio ambiente natural, o meio ambiente artificial, o meio ambiente cultural e o meio ambiente do trabalho. Assim, conforme esta definição, o meio ambiente natural é tido como “aquele constituído pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela fauna e pela flora”; o meio ambiente artificial como o “espaço físico transformado pela ação continuada e persistente do homem com o objetivo de estabelecer relações sociais, viver em sociedade”, que pode ser dividido em urbano, periférico e rural; o meio ambiente cultural como o ambiente “constituído por bens, valores e tradições aos quais as comunidades emprestam relevância, porque atuam diretamente na sua identidade e formação” e o meio ambiente do trabalho que é o ambiente no qual as atividades laborais se desenvolvem ( ROCHA, 1997, p. 25-27). Estes conceitos de meio ambiente viabilizam a concepção de desenvolvimento sustentável, a qual a partir do conceito de ecodesenvolvimento foi se consolidando na literatura científica. De acordo com Dias (2003) em 1973 o canadense Maurice Strong lançou o conceito de ecodesenvolvimento, cujos princípios foram formulados por Ignacy Sachs. Neste conceito os caminhos do desenvolvimento seriam seis: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da população envolvida; preservação dos recursos naturais e do meio ambiente; elaboração de um sistema social que garantisse emprego, segurança social e respeito a outras culturas; além de programas de educação ambiental. Assim o ecodesenvolvimento pode ser conceituado como o “desenvolvimento que, em cada ecorregião, consiste nas soluções específicas de seus problemas particulares, levando em conta os dados ecológicos da mesma forma que os culturais, as necessidades imediatas, como também aquelas a longo prazo” (KRIEGER et al,1998, p. 146). O ecodesenvolvimento ainda pode ser definido : 58 [...] como um processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades deste meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação da necessidade de todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais (MILARÉ, 2001, p. 725). Conforme Milaré (2001), atualmente, é comum ver autores citando o ecodesenvolvimento como sinônimo de desenvolvimento sustentável; todavia o ecodesenvolvimento e o desenvolvimento sustentável são conceitos distintos, principalmente em virtude da importância histórica e influência do primeiro conceito como fundamento de formulação do segundo conceito. Os vários debates em torno do ecodesenvolvimento, conforme Giansanti (1998), abriram caminho ao conceito de desenvolvimento sustentável, o qual foi se construindo nas décadas seguintes. Em 1983 foi criada pela Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, presidida por Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega, com o propósito de reexaminar as questões críticas do meio ambiente e de desenvolvimento (GIANSANTI, 1998). Esta Comissão deveria elaborar uma nova compreensão do problema em questão. Do trabalho surgido dessa Comissão, apareceu pela primeira vez de forma clara, o conceito de "Desenvolvimento Sustentável”. Neste documento denominado “Nosso Futuro Comum” também conhecido como Relatório Brundtland, os governos signatários se comprometiam a promover o desenvolvimento econômico e social em conformidade com a preservação ambiental (WCED, 1991). Nesse relatório foi elaborada a definição mais difundida do conceito de desenvolvimento sustentável conceituando-o como aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (BRUNDTLAND apud GIANSANTI, op.cit., p.10). Neste sentido conforme o relatório “Nosso desenvolvimento sustentável deve ser entendido como: Futuro Comum”, o 59 [...] Um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas (WCED, 1991, p.49). Neste conceito, exposto no Relatório Brundtland, se encerra pelo menos dois importantes princípios: o de necessidades e o da noção de limitação. Assim o desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental. Tanto em Dias (2003), quanto em Giansanti (1998) é evidenciado que o Relatório Brundtland foi um documento bastante criticado por creditar a situação de insustentabilidade do planeta, evidenciando que o desenvolvimento econômico não representava mais uma opção aberta, com possibilidades amplas para o mundo. De certa forma, o Relatório Brundtland evidenciava a idéia que crescimento econômico não é necessariamente desenvolvimento. No entanto, mais que evidenciar a situação de insustentabilidade do planeta era preciso harmonizar as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras; firmando o comprometimento entre governos e os setores da sociedade civil, na defesa dos interesses comuns, o que somente foi alcançado, em partes na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como Conferência da Terra, na qual representantes dos governos, incluindo 108 chefes de Estado e de Governo, aprovaram acordos que deveriam erigir a Agenda 2114, a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que define os direitos e as obrigações dos Estados sobre os princípios básicos do meio ambiente e desenvolvimento (DIAS, 2003). Com base no conceito do Relatório Brundtland outras conceituações serão formuladas. 14 A Agenda 21 estabelece um pacto pela mudança do padrão de desenvolvimento global para o século 21, sintetizando um programa de ações conjuntas firmado pelos Governos, com o objetivo de implementar um novo modelo de desenvolvimento sustentável onde busca-se equilibrar as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Outro importante documento que embora tenha sido deixado de lado pela conferência oficial, após revisões e ratificação da UNESCO foi aprovado pela ONU, 10 anos após, em 2002, foi a Carta da Terra, a qual é um documento importante que retoma as idéias do Relatório Brundtland e reforça o compromisso de governos e pessoas com a sustentabilidade do planeta. 60 Mota (2001, p.42), na mesma linha do Relatório Brundtland, conceitua desenvolvimento sustentável como sendo “o desenvolvimento com o uso dos recursos naturais do presente, sem comprometer esses mesmos recursos para o desenvolvimento futuro”. Este autor ressalta que a sustentabilidade do desenvolvimento tem limites impostos pelo atual estágio da tecnologia, pelo uso coletivo dos recursos naturais e também pela capacidade da biosfera em absorver os impactos das atividades humanas e econômicas. Neste sentido, somente é sustentável aquilo que consegue sobreviver às intempéries da natureza e as atividades humanas. Por sua vez, Krieger (1998, p. 137 e 138), mantendo a mesma linha de pensamento, denomina como desenvolvimento sustentável a “exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras”. O foco destes conceitos de desenvolvimento é a sustentabilidade; por outro lado, a crítica ao desenvolvimento está associada ao modo de sua sustentação; pois, “a noção de sustentabilidade implica uma necessária inter-relação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com capacidade de suporte” (JACOBI, 1999, p.180). Neste sentido o Relatório Brundtland traz uma dimensão de sustentabilidade planetária inerente ao conceito de desenvolvimento que implica na ultrapassagem do econômico, não pela rejeição da eficiência econômica, nem tampouco, pela abdicação do crescimento econômico; todavia no reconhecimento que o desenvolvimento inclui além do econômico, o político-social e o ambiental. Esta dimensão de sustentabilidade, conforme aponta Mota (2001), possibilita duas perspectivas de desenvolvimento. Ao tratar destas perspectivas de desenvolvimento Mota (2001) esclarece que muitos teóricos entendem que a sustentabilidade é possível somente se a economia estiver em estado estacionário, enquanto que outros defendem que a sustentabilidade não implica condicionar a atividade econômica ao estado estacionário; ao contrário, deve discuti-la considerando os aspectos do crescimento e do desenvolvimento econômicos. 61 Desta forma, enquanto que Neimam (2005) considera perfeitamente possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação do meio ambiente; para Buarque (2002, p. 62), “a proposta de desenvolvimento sustentável é generosa, mas difícil e complexa por envolver mudanças estruturais e contar com resistências sociais e políticas fortes, decorrentes de privilégios e hábitos consolidados”. A síntese destes dois pensamentos possibilitará um conceito de desenvolvimento de dimensão mais utilitária que os desenvolvidos nas décadas de 70 e 80. Por exemplo, no conceito de Binswanger (2000) o desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente. Para Binswanger (2000) mudar o curso da economia rumo à sustentabilidade requer que se exponha que na economia de mercado existe um problema ambiental, às vezes, fomentado pelas próprias políticas públicas. Conforme Binswanger (2000) a inclusão da sustentabilidade na política econômica é necessária. Numa perspectiva diferente de Binswanger (2000), mas que também possibilita a inclusão da política no conceito de desenvolvimento, Becker (apud Bianchi, 2005, p.23 ) entende que o “desenvolvimento sustentável não se resume meramente à harmonização da relação economia e ecologia; todavia inclui um mecanismo de regulação do uso do território que procura ordenar a desordem no planeta, sendo, portanto um instrumento político”. A partir de pressupostos diferenciados estes autores demonstram que as políticas públicas são inerentes ao conceito de desenvolvimento sustentável; sendo obscura a compreensão crítica do desenvolvimento sustentável fora de uma perspectiva política. Em função desta perspectiva política o conceito de desenvolvimento sustentável ganha maior significação como desenvolvimento local. Neste sentido, admite-se que: “a compreensão e a crítica em torno do Desenvolvimento Local supõem a compreensão e crítica em torno de desenvolvimento” portanto, “a definição de desenvolvimento o indicará como um processo que causa ou promove mudanças” (JESUS, 2006, p.30). 62 Desta forma, conforme Jesus (2006) somente há desenvolvimento quando a mudança contempla a totalidade de uma sociedade ou pelo menos traz benefícios para uma maioria. Neste sentido, é mais fácil que as mudanças do desenvolvimento contemplem a totalidade de um município, do que de um país inteiro; portanto em sua práxis o desenvolvimento sustentável é mais viável localmente que a nível global. Assim, Nascimento (2001), ao investigar a perspectiva de Desenvolvimento Sustentável em três municípios do Estado do Rio Grande do Sul afirma que: “o conceito de Desenvolvimento Sustentável para os municípios propõe a implementação de políticas, planos, programas e ações que promovam a qualidade de vida e o desenvolvimento social e econômico de forma mais equitativa”. Neste conceito de desenvolvimento sustentável incluem-se aspectos econômicos, político-sociais e ambientais. As questões que influenciam na qualidade de vida como saneamento básico, educação e proteção ambiental são refletidas neste conceito de desenvolvimento sustentável através das políticas públicas constituídas. Portanto, tais conceituações implicam numa concepção de desenvolvimento local sustentável que se refere principalmente às conseqüências da relação entre qualidade de vida e bem-estar da sociedade, tanto presente como futura, sendo o tripé básico do seu conceito formado por atividade econômica, meio ambiente e bem-estar social. Quando formuladas e implementadas com base neste tripé, é conferida às políticas públicas uma dimensão sustentável. Assim, as políticas de saneamento; as políticas de saúde, as políticas de educação e as políticas de desenvolvimento territorial, fundamentais ao desenvolvimento local sustentável, e que tem no poder público municipal seu principal protagonista, tornam-se fator de sustentabilidade quando efetivamente implementadas. Neste sentido, Moisés (1999, p. 315) afirma que o poder público municipal é também o responsável “por serviços públicos da maior relevância para a saúde 63 ambiental e a qualidade de vida, como a coleta, o tratamento e a disposição de resíduos, o abastecimento de água e o esgotamento sanitário”. Portanto, o poder público municipal: Realiza obras de drenagem e de abertura e conservação de vias públicas e estradas vicinais. E pode realizar o licenciamento ambiental de empreendimentos de impacto local e desenvolver (ou não) programas de combate à erosão, proteção de mananciais, controle do uso de agrotóxicos, educação ambiental etc. Quanto ao desenvolvimento territorial é ao Poder Público municipal que compete à elaboração, implementação e fiscalização de códigos e planos locais de organização territorial, de uso dos espaços públicos e de proteção ambiental, como a lei de zoneamento, o código ambiental, de obras, de posturas etc... Aos municípios cumpre, ainda, assim como às demais esferas do Poder Público, manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, implantar unidades de conservação, manter o controle das atividades poluidoras e monitorar a qualidade ambiental de áreas críticas (MOISÉS, 1999, p 315). Todavia, ainda que tais políticas sejam imprescindíveis para concretizar o desenvolvimento sustentável; por outro lado, a mera existência destas políticas num município não assegura o desenvolvimento numa perspectiva sustentável; pois a inclusão do município na esfera da sustentabilidade implica numa transformação paradigmática, a qual segundo Rees (apud Jacobi, 1999) se caracteriza em mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais nos quais se sustentam as comunidades. Portanto o conceito de desenvolvimento sustentável para um município abrange uma concepção de mudança sócio-política, e esta concepção de mudança poderá trazer importantes implicações às políticas públicas municipais, especialmente as políticas de meio ambiente. 4.2 A PRÁXIS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO E A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE. A literatura técnica e científica considera que as políticas públicas em seu desenvolvimento, para que possam se concretizar, necessitam envolver cinco fases bem definidas, nas quais em seu decorrer, no âmbito do Município, deve haver o monitoramento e a fiscalização da Câmara Municipal. São elas: 64 a) identificação de uma questão a ser resolvida ou um conjunto de direitos a serem efetivados, a partir de um diagnóstico do problema, b) a formulação de um plano de ação para o enfrentamento do problema; c) a decisão e escolha das ações prioritárias; d) a implementação (através de leis e procedimentos jurídicos e administrativos); e e) a avaliação dos resultados alcançados. Para Howlett e Ramesh (2003), em sua definição, a formulação de uma política pública constitui proposição de meios para a resolução de determinadas necessidades sociais, envolvendo a identificação e exploração de possíveis soluções para os problemas da política pública em análise, em um processo de definir, considerar, aceitar ou rejeitar opções. Nesta perspectiva, deve-se considerar que as políticas públicas são um espaço de tomada de decisão dos atores governamentais, que são responsáveis pela execução das ações (COSTA, 1998). Neste sentido, para Mota (2001), uma política ambiental é uma tomada de decisão sobre a gestão dos recursos naturais, que combina ações e compromissos, nos quais se envolvem os poderes legalmente constituídos e a sociedade em geral. Desta forma, quanto à elaboração destas políticas: [...] A formulação de uma política pública ambiental é mais problemática do que outras questões. Primeiro, porque os impactos ambientais não respeitam os direitos de propriedade, nem as divisões territoriais. Segundo porque a formulação de uma política deve envolver órgãos do governo- nos níveis de gerência e regulação- e organizações civis. Terceiro, porque na formulação de uma política sempre há debates acalorados sobre a questão de julgamento de valor (DALE & ENGLISH apud MOTA, 2001, p. 88). Uma vez formulada a política ambiental, como toda política pública, deve ser implementada, para alcançar efetividade, ou seja: Implementação é os eventos e atividades que ocorrem depois da emissão de autorizações e de diretrizes de políticas públicas, que incluem os esforços para administrá-las e gestionar seus impactos em pessoas e eventos (MAZMANIAN & SABATIER apud Oliveira, 2006, p. 277). 65 A compreensão social da importância da questão ambiental, adquirida nos últimos anos, aumenta, ainda mais a responsabilidade do poder público, principalmente o municipal; pois as relações políticas, econômicas e sociais se dão com maior proximidade e intensidade nos municípios, requerendo das autoridades constituídas políticas ambientais eficientes. Portanto, apesar da complexidade de tais políticas, as autoridades legislativas e executivas nos municípios já não podem relegar a política ambiental a um segundo plano, considerando o avanço das problemáticas ambientais e seus impactos na qualidade de vida dos cidadãos. Desta forma, em função da importância das questões ambientais, do poder público deverão emanar políticas públicas locais que respeitem a realidade local, mas guardem a compatibilidade necessária com a PNMA- Política Nacional de Meio Ambiente, o que evidencia ainda mais a responsabilidade dos legisladores municipais; pois desde a Constituição Federal de 1969 que equiparou o Município à União, aos Estados e ao Distrito Federal, comportando o Município na repartição federal de competências à Constituição subseqüente, a Constituição de 1988, quando houve a ampliação da autonomia municipal, outorgando-se aos Municípios o poder de elaborar sua própria Lei Orgânica, que a efetividade das políticas públicas nacionais adquiriu maior dependência dos municípios e o papel dos vereadores nas políticas públicas foi ampliado. Neste sentido: Com a outorga constitucional (CF, art. 29) de capacidade de autoorganização aos Municípios, os Vereadores adquiriram uma nova função, que não tinham antes, qual seja: a de elaboradores das normas de organização local (SILVA, 1997, p. 104/105). Assim sendo as questões ambientais deixam nas mãos dos vereadores uma grande responsabilidade, pois para Jacobi (1999) o grande desafio das cidades dos dias atuais, independente do seu porte, é criarem as condições para assegurar uma qualidade de vida que possa ser considerada aceitável, a qual não pode interferir negativamente no meio ambiente do seu entorno; todavia deve agir preventivamente para evitar a continuidade do nível de degradação, principalmente nas regiões onde os setores mais carentes habitam. Conforme Jacobi (1999) temas urbanos que por excelência estão relacionados com o da sustentabilidade, a exemplo da má gestão dos resíduos sólidos, as opções de transportes, o planejamento e uso do solo e o acesso aos 66 serviços de saneamento e infra-estrutura básica, todos eles estão vinculados com a potencialização de riscos ambientais. No entanto Jacobi (1999) dirá que havendo vontade política é possível viabilizar ações governamentais fundamentadas na adoção dos princípios de sustentabilidade ambiental conjugada a resultados no âmbito do desenvolvimento econômico e social. Neste aspecto, não se pode, portanto, excluir a questão ambiental do rol dos temas a serem legislados pelo município, pois na lei se encontram os dispositivos para o desenvolvimento das políticas públicas. Mota (2001) dirá que o sucesso ou o fracasso na decisão de políticas públicas ambientais depende da relação entre os fatores como vontade política, arcabouço institucional, instrumentos de regulação ambiental e instrumentos econômicos. É possível afirmar com base no pensamento de Mota (2001) e Jacobi (1999) que a formulação e implementação de políticas públicas ambientais devem levar em consideração que: a) as políticas ambientais promovem saneamento, proteção a biodiversidade e educação ambiental, portanto são um direito humano próprio da conquista da cidadania, e não um bem de mercado; b) as políticas públicas ambientais devem ser coerentes com o contexto sócio-político-econômico; c) as políticas públicas ambientais devem nortear-se por princípios, relacionados aos seus fins (universalidade, eqüidade, integralidade, qualidade, acesso, sustentabilidade ambiental) e ao meio de atingi-los (fortalecimento do poder local); d) deve-se buscar novos modelos de gestão para alcançar com a maior efetividade e eficiência os fins das políticas públicas ambientais. Também a avaliação de políticas públicas em âmbito local é importante na verificação dos resultados de políticas ambientais, pois possibilita mensurar a relação custo/benefício e as causas e consequências da efetividade ou não das políticas. Nesta linha, Arretche (1999) apresenta a efetividade como um dos três critérios de avaliação de políticas públicas, de maior abrangência que os outros dois, que são eficácia e eficiência. 67 Para esta autora a efetividade de uma política pública está ligada a relação dos objetivos de sua implementação e aos resultados, ou seja, quando a política pública atinge os objetivos definidos em sua implementação e os seus impactos causam uma efetiva mudança nas condições sociais da vida das populações a qual tal política fora destinada (ARRETCHE, 1999). Desta forma, a política ambiental implementada pelo município deve favorecer, além da proteção do ambiente natural, a produção econômica e a qualidade de vida do cidadão, ou de outra maneira o desenvolvimento sustentável local será inviável. No tocante a este aspecto, conforme expressa o pensamento de Binswanger (2000), é preciso considerar a natureza como fator de produção e qualidade de vida. Alguns autores afirmam que no sistema capitalista de produção apenas o Estado, através das políticas públicas, e sob o controle social, leva estes fatores em consideração. Neste sentido, Quintas (2001) afirma que o poder público estabelece padrões de qualidade ambiental, avalia impactos ambientais, licencia e revisa atividades efetivas e potencialmente poluidoras, disciplina a ocupação do território e o uso de recursos naturais, cria e gerencia áreas protegidas, obriga a recuperação do dano ambiental pelo agente causador, promove o monitoramento, a fiscalização, a pesquisa, a educação ambiental e outras ações necessárias ao cumprimento da sua função mediadora. Entretanto, por outro lado, este autor alerta sobre a necessária avaliação das políticas de desenvolvimento fomentadas pelo próprio poder público, pois mesmo políticas como estas podem representar benefícios para uns e prejuízos para outros. Por exemplo, conforme o pensamento de Quintas (2001), a política de desenvolvimento pode fomentar um empreendimento em um município; e este empreendimento pode representar lucro para empresários, emprego para trabalhadores, conforto pessoal para moradores de certas áreas, votos para os vereadores e outros políticos, aumento de arrecadação para a prefeitura, melhoria da qualidade de vida para parte da população e, ao mesmo tempo, implicar prejuízo para outros empresários, desemprego para outros trabalhadores, perda de propriedade, empobrecimento dos habitantes da região, ameaça à biodiversidade, 68 erosão, poluição atmosférica e hídrica, desagregação social e outros problemas que caracterizam a degradação ambiental. Conforme Quintas (2001) as ações políticas voltadas ao desenvolvimento são positivas; entretanto, salienta este autor, é preciso considerar que a percepção dos diferentes sujeitos é mediada por interesses econômicos e políticos que estabelecem sua posição ideológica e ocorre num determinado contexto social, político, espacial e temporal; contrariando, por vezes o objetivo das políticas públicas que é o bem comum. Nesta linha de pensamento, para Acselrad e Leroy (1999), no processo de efetividade de políticas públicas para o desenvolvimento no município, dentre as quais se destacam as políticas ambientais, o compromisso dos beneficiários (cidadão em particular), do terceiro setor, do Poder Legislativo e Poder Executivo é de extrema importância para que a implementação de ações se efetive e possa ter sustentabilidade. Acselrad e Leroy (1999) também compreendem que o controle social é de extrema importância para a formulação e implementação das políticas públicas, o que torna manifesta a importância dos Conselhos Municipais, e de certa forma realça o papel dos vereadores por ser este o político mais próximo do cidadão e, portanto, mais apto a sofrer pressão popular, evidenciando a necessária interação entre os vereadores e os membros dos conselhos municipais. Portanto, em função da importância de avaliar as políticas públicas, considerando que a avaliação externa da política pública em âmbito local é atributo da Câmara Municipal dos Vereadores, conforme aborda Silva (1997), também em função de ser o político mais próximo do cidadão e mais suscetível ao controle social; a Política Municipal de Meio Ambiente, no tocante ao papel dos poderes constituídos, dependerá muito dos vereadores, tanto em sua formulação, quanto em sua implementação. 69 5 METODOLOGIA DO TRABALHO Nesta dissertação, além da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma análise documental e uma pesquisa empírica com entrevista, observação e aplicação de questionário; pois desta maneira pode-se elucidar de forma objetiva o problema que se pretendia pesquisar (LAKATOS e MARCONI, 2001, p. 189). 5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Anteriormente à pesquisa empírica foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para o conhecimento das teorias pertinentes ao tema. Na pesquisa bibliográfica os conceitos apreendidos serviram de base para a construção do referencial teórico e para interpretação dos dados obtidos na pesquisa empírica, além de contribuírem para o melhor entendimento do tema desta pesquisa, tornando-se um instrumento necessário para o êxito da dissertação. Portanto, considerando a necessidade de embasamento quanto ao desenvolvimento sustentável local, já que a pesquisa se propôs a analisar a atuação do Poder Legislativo Municipal no tocante à formulação e avaliação da Política Municipal de Meio Ambiente; considerando ainda a abordagem que permeou a pesquisa, que parte do pressuposto que é impossível separar a questão ambiental e a qualidade de vida do desenvolvimento sustentável no município, foi necessária a consulta de obras (teses, livros, dissertações e webscience) que abordem temáticas como a política pública nos municípios, a política de meio ambiente, as funções do Poder Legislativo Municipal e seus respectivos instrumentos de ação e o desenvolvimento sustentável. Portanto a pesquisa bibliográfica serviu de base à pesquisa empírica e documental, tratada neste capítulo. 5.2 PESQUISA EMPÍRICA Para analisar a atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso, na atual legislatura, com relação às políticas públicas voltadas para o meio ambiente foram consultados os 11 vereadores, os presidentes (ou vices, no impedimento desses) dos dez partidos políticos com representação na Câmara Municipal de Paulo Afonso 70 na atual legislatura, os 100 membros ( os 50 ativos e os 50 suplentes) que atualmente fazem parte do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) e documentos existentes nos arquivos da Câmara Municipal. Foram realizadas também observações no recinto da Câmara dos Vereadores, no núcleo urbano de Paulo Afonso e seus arredores. Assim a pesquisa empírica consistiu em entrevista, aplicação de questionário e observação: a) Entrevista Com cada um dos vereadores e presidentes de partido foi feita uma entrevista com perguntas abertas para saber o nível de percepção de cada um com relação aos problemas ambientais do município, com relação à atuação da Câmara Municipal com referência a esses problemas para conhecer o seu nível de atuação. b) Questionário Com os 100 membros do CMMA, foi aplicado um questionário com questões abertas e fechadas com finalidade de captar a percepção deles com relação à atuação da câmara municipal. Este questionário apresentou em sua composição informações gerais sobre o respondente, pertinentes ao objeto de estudo, tal qual identificação do domicílio eleitoral, tempo de residência no município, problemas ambientais no logradouro onde reside ou frequenta, grau de escolaridade e a percepção quanto à atuação da Câmara Municipal no tocante as questões ambientais, além da percepção quanto à efetividade da Política Municipal de Meio Ambiente. Alguns dias antes da pesquisa foi aplicado um pré-teste dos questionários, seguindo orientação de Gil (1999), para que, antes de sua aplicação definitiva, fosse submetido a uma prova preliminar, com o objetivo de identificar falhas de redação ou questões que levem ao constrangimento do respondente. Somente após o pré-teste os questionários foram aplicados, confeccionados com base em um roteiro que atendesse os objetivos propostos na pesquisa. Os questionários foram aplicados no início do mês de outubro e recolhidos até a semana seguinte. 71 c) Observação A experiência e vivência do autor como líder partidário no município lhe permitiram também fazer uma série de observações, realizadas de forma assistemática e não estruturada no próprio recinto da Câmara Municipal, nos lugares onde se registram os problemas ambientais locais, em companhia dos vereadores membros da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente, notadamente no Bairro Barroca, onde se situa o maior lixão da cidade, considerado como a área do município que mais sofre impacto ambiental negativo. As anotações foram registradas concomitantemente com as observações, de forma a apreender todo o contexto que envolveu as circunstâncias percebidas. O registro das observações foi complementado com fotografias. A observação, além de procurar registrar a área mais afetada pela degradação ambiental no município, também procurou complementar os dados obtidos na entrevista no tocante a análise dos instrumentos utilizados pela Câmara de Vereadores para avaliar e monitorar a gestão ambiental do município. 5.3 PESQUISA DOCUMENTAL Nos arquivos da Câmara Municipal foram examinados documentos produzidos na atual legislatura, ou seja, nos anos 2009 e 2010, que tivessem relação com políticas de fomento à educação ambiental, de saneamento básico, de proteção e conservação ambiental e de regulamentação dos recursos naturais, formados por: a) as proposições da autoria dos vereadores compostas por projetos de lei, pareceres, requerimentos, indicações e moções; b) as proposições do chefe do executivo; os instrumentos de gestão como o PPA, a LOA e a LDO. Dentre as proposições sem força de lei, no período compreendido entre janeiro de 2009 a outubro de 2010 foram analisados cerca de 500 documentos. Destes quase 500 documentos, apenas 49 atenderam as especificações acima mencionadas. Quanto aos Projetos de Lei a Presidência da Câmara disponibilizou para esta pesquisa 79 Projetos de Lei, entre os aprovados e em tramitação, no período compreendido entre janeiro de 2009 a outubro de 2010. A análise destes documentos possibilitou, principalmente, avaliar a atuação dos vereadores da atual 72 legislatura na formulação, validação e avaliação de legislação voltada ao meio ambiente, um dos objetivos desta pesquisa. Também a análise destes documentos, principalmente os pareceres e as proposições que tratem de emendas, possibilita compreender a atuação dos vereadores na aprovação da LOA- 2010 e PPA (20102013) e fiscalização da implementação destes instrumentos de gestão, bem como a fiscalização da aplicabilidade do Plano Diretor, outro objetivo deste trabalho, sendo, desta forma, a análise destes documentos indispensável para o alcance dos objetivos da pesquisa. Foram também alvo de exame nos arquivos da Câmara de Vereadores o Plano Diretor do Município, a Lei Orgânica, o Regimento Interno da Câmara Municipal, o Código do Meio Ambiente e o Código de Obras e Posturas. A análise destes documentos forneceu embasamento para a análise das proposições dos vereadores e análise do PPA (2010- 2013) e LOA- 2010. A pesquisa com instrumentos como o PPA - Plano Plurianual (2010-2013) e a Lei Orçamentária Anual ocorreu em duas etapas. A primeira levantou aspectos referentes às problemáticas do saneamento básico no município, educação ambiental, proteção e conservação dos recursos ambientais etc. A segunda parte apresenta a descrição de cada política a ser implementada através dos programas e suas ações detalhadas na LOA- 2010 e no PPA (2010 - 2013). Tendo por base estas informações os dados foram comparados e foram feitas a interpretação, a discussão e a conclusão do estudo. Tanto a discussão, quanto a conclusão centraram-se principalmente no conteúdo dos programas “Construindo o Futuro” e “Paulo Afonso, Verde Limpo e Seguro”. Esta pesquisa buscou contemplar as políticas de saneamento ambiental relacionadas à água, esgoto, resíduos sólidos, drenagem, controle de vetores, dentre outros abordados nos programas. A análise documental teve início no mês de julho e foram inicialmente analisados os documentos que estão acessíveis ao cidadão no site do governo municipal ou na Prefeitura de Paulo Afonso-BA. Os demais documentos somente foram analisados após a anuência do Presidente da Câmara Municipal de Paulo Afonso-BA. As proposições dos vereadores e os respectivos pareceres da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente foram analisados após a análise dos instrumentos de gestão, tendo início a partir de setembro. 73 5.4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS Este tópico discorre sobre o resultado da pesquisa empírica e a respectiva análise de dados, realizada em 2010, no período discutido na metodologia, com os membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Paulo Afonso, Estado da Bahia e com os vereadores e dirigentes dos partidos políticos com representação na Câmara Municipal de Paulo Afonso. Diante da análise das informações coletadas, mediante aplicação da metodologia proposta, em cotejo com os conceitos dos autores mencionados nos capítulos anteriores, apresenta-se a discussão dos dados desta pesquisa, com a exposição dos resultados obtidos. A pesquisa realizada referia-se à atuação do Poder Legislativo Municipal na elaboração e implementação das políticas públicas de meio ambiente no Município de Paulo Afonso. A entrevista com os vereadores e dirigentes partidários e a análise documental foram fundamentais para a compreensão dos resultados obtidos por meio de outros instrumentos de pesquisa; principalmente o questionário aplicado com representantes das instituições com assento no Conselho Municipal de Meio Ambiente. Por intermédio da entrevista procurou-se compreender como os vereadores e seus partidos avaliavam a atuação do Poder Legislativo Municipal na elaboração e implementação das políticas de meio ambiente. A entrevista possibilitou ainda a auto-avaliação de cada vereador no tocante à sua atuação na elaboração e avaliação de tais políticas. O questionário que foi aplicado aos membros do CMMA possibilitou compreender como este Conselho avaliava a atuação da Câmara Municipal dos Vereadores na efetividade das políticas públicas ambientais. Assim, esta análise se deu confrontando os dados obtidos na entrevista com os vereadores e dirigentes partidários; com os dados obtidos mediante os questionários respondidos pelos membros do CMMA; além de acrescer a estes os dados obtidos na análise documental e observações, o que conferiu um maior rigor 74 aos dados obtidos e possibilitou uma maior compreensão da atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso em relação as políticas estudadas. Portanto, a análise que se segue representa o confronto de perspectivas da política ambiental, estando de um lado os vereadores e seus partidos políticos, descrevendo a percepção que eles têm da atuação do Legislativo Municipal no tocante às políticas ambientais e do outro o Conselho Municipal de Meio Ambiente expondo a percepção que seus membros possuem desta atuação da Câmara de Vereadores de Paulo Afonso. A análise dos dados ocorreu sobre três aspectos: a) características do CMMA e as implicações destas características no julgamento que fazem da política municipal de meio ambiente, sendo estes dados analisados, através das questões de nº 01 a nº 05 do questionário; b) percepção da atuação da câmara municipal no tocante as políticas de meio ambiente,cuja análise de dados aconteceu com base nas questões de nº 06 a nº 09 do questionário, em contexto com a entrevista (baseada principalmente nas 05 primeiras questões do roteiro de entrevista); e c) percepção quanto à efetividade das políticas públicas de meio ambiente no município, ocorrendo a análise de tais dados, tomando como base as questões de nº 10 a nº 15 do questionário, sendo analisada cada questão em contexto com a entrevista (baseada principalmente nas 05 últimas questões do roteiro de entrevista), com os documentos e com os dados conseguidos na observação. No primeiro aspecto analisado, que tratou das características do CMMA e as implicações destas características no julgamento que fazem da política municipal de meio ambiente, embora os dados obtidos nas questões de nº 01, 02 e 03 do questionário aplicado ao CMMA mostrem um Conselho de Meio Ambiente apto para tratar das questões sócio-ambientais do município, no entanto, os dados obtidos nas questões nº 04 e 05 deste questionário, são uma evidência negativa no tocante à efetivação das políticas ambientais do Município de Paulo Afonso, pois, mostram o desinteresse do CMMA pela Câmara de Vereadores. Neste sentido, embora caiba ao CMMA planejar, controlar e fiscalizar a política de meio ambiente, este órgão não pode legislar, o que implica dizer que não pode elaborar a política ambiental, posto ser esta uma prerrogativa do Poder 75 Legislativo; dependendo, portanto, a elaboração da política de meio ambiente da Câmara Municipal. Desta forma, uma vez que cabe ao CMMA planejar a política ambiental e à Câmara Municipal, transformar este planejamento em Lei, cabendo também a Câmara fiscalizar a política ambiental, dentre outras, os membros do CMMA e os vereadores devem manter-se articulados no sentido de assegurar a efetividade da Política Municipal de Meio Ambiente, o que implica a necessidade de um maior interesse do CMMA pela Câmara Municipal dos Vereadores; todavia; o desinteresse do CMMA, conforme os dados analisados, é evidente. Este desinteresse do CMMA pela Câmara dos Vereadores já constitui-se num primeiro diagnóstico de deficiência na política ambiental no Município de Paulo Afonso. No segundo aspecto analisado, percepção da atuação da Câmara Municipal dos Vereadores no tocante às políticas de meio ambiente, foi possível chegar a resultados que mostram que a fiscalização da gestão ambiental que os vereadores exercem sobre a Prefeitura no tocante à ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, no saneamento ambiental, na racionalização do uso do solo, no planejamento e controle do uso dos recursos ambientais etc., é deficiente. Ainda como resultado do segundo aspecto é possível afirmar que o Sistema de Gestão Ambiental do Município, preconizado na Lei Orgânica e no Código de Meio Ambiente, encontra-se em estágio de funcionalidade bastante precário. Neste caso, foi apontado que o Município não integra o Programa Gestão Ambiental Compartilhada - GAC da SEMA, que viabilizaria a gestão ambiental compartilhada com o governo estadual, fortalecendo, assim, a gestão ambiental. O motivo da não existência desta gestão compartilhada consiste no fato que o município não atende satisfatoriamente o artigo 15 7º da Resolução CEPRAM 3.925/2009, não existindo 15 O Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado da Bahia através da Resolução CEPRAM 3.925/2009 em seu artigo 7º, define que para a realização do licenciamento ambiental das atividades consideradas de impacto ambiental local, deverá o Município, nos termos da lei: I - possuir legislação própria que disponha sobre a política de meio ambiente e sobre a polícia ambiental administrativa, que discipline as normas e procedimentos do licenciamento e da fiscalização de empreendimentos ou atividades de impacto local, de acordo com respectivo nível de complexidade da sua opção; II possuir em sua estrutura administrativa órgão responsável com capacidade administrativa e técnica interdisciplinar para o licenciamento, controle e fiscalização das infrações ambientais das atividades e empreendimentos, de acordo com o nível de complexidade da sua opção; III - ter implementado e em funcionamento o Conselho Municipal de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social, recomendando-se a proporcionalidade entre governo, organizações da sociedade civil e do 76 pressão do Legislativo Municipal no sentido de o município se adequar a esta Resolução. Também está evidenciado, como resultado, que existem, por parte de alguns vereadores, ações legislativas que buscam viabilizar o desenvolvimento sustentável no município; no entanto, a percepção da importância destas ações na sociedade civil é pequena. Neste sentido o Conselho Municipal de Meio Ambiente avalia a atuação da Câmara Municipal de Vereadores no fomento ao desenvolvimento sustentável através de políticas públicas como insuficiente, mostrando que é negativa a percepção da sociedade civil sobre a atuação da Câmara de Vereadores na elaboração de políticas que viabilizem o desenvolvimento sustentável, principalmente as políticas ambientais. A pesquisa ainda apresentou como resultado que, no tocante às questões ambientais o principal mecanismo de articulação da Câmara Municipal dos Vereadores com outras esferas de governo e sociedade civil, a Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente, apesar das prerrogativas conferidas pela Lei Orgânica do Município e de sua importância no processo legislativo, possui uma atuação deficiente no que diz respeito a estas articulações, limitando-se a conceder pareceres aos projetos de lei e autorizar algumas proposições de sua competência. No terceiro aspecto analisado, a percepção quanto à efetividade das políticas públicas de meio ambiente no município, como resultado a pesquisa apresentou que a atuação dos vereadores da atual legislatura na formulação, validação e avaliação de legislação voltada ao meio ambiente atende as demandas do município, embora as discussões do CMMA não cheguem à Câmara dos Vereadores. Por outro lado a pesquisa mostrou que a aplicabilidade desta legislação não possui efetividade. Um resultado ainda mais grave diz respeito a atuação dos vereadores na compatibilização da Política Municipal de Meio Ambiente no PPA (2010-2013) e LOA-2010 que foi de insipiente; tal fato pode inviabilizar o desenvolvimento sustentável do município, pois, na formulação de uma política pública, consoante Giacomoni (2001), as questões referentes ao orçamento são imprescindíveis; por isto instrumentos de gestão como o Plano Plurianual-PPA e a Lei Orçamentária setor econômico; IV - ter legalmente constituído o Fundo Municipal de Meio Ambiente; V - ter implementado seu Plano Diretor, quando obrigatório. 77 Anual-LOA refletem as prioridades, demandas e necessidades do município, reproduzindo as políticas públicas municipais em sintonia com o planejamento financeiro, permitindo maior transparência dos Programas, Ações e Metas que serão desenvolvidos e executados num quadriênio (PPA) ou no exercício de um ano (LOA), requerendo assim dos vereadores uma análise aprofundada de cada Programa ao votar tais instrumentos de gestão e ao fiscalizar a gestão de tais Programas pelo Poder Executivo. Neste sentido a pesquisa apresentou como resultado que não existe gestão integrada satisfatória, no que se refere aos programas e práticas ambientais, entre as Secretarias Municipais; tampouco a Câmara dos Vereadores tem procurado fiscalizar esta gestão. No tocante a eficiência das políticas ambientais, embora as precárias condições de higiene da feira-livre, que ocorre num espaço a céu aberto, sujo e enlameado; as preocupantes condições sanitárias do matadouro municipal e a poluição nas lagoas do bairro Centenário sejam problemas ambientais sobre os quais já foram adotadas medidas como a construção do mercado municipal, a reforma do matadouro municipal e o início da limpeza dos lagos; ainda falta ao município a adoção de muitas medidas para que as políticas ambientais do município possam ser consideradas eficientes, sendo a atuação dos vereadores, neste sentido muito pequena. Também o destino do lixo é uma grande evidência das falhas destas políticas, havendo no município um lixão no Bairro Barroca com mais de 13 anos, a espera pela conclusão das obras do aterro sanitário, e um lixão mais recente, surgido há cerca de três anos, no Bairro Benone Rezende, que se tornou no destino do lixo dos bairros BTN I e BTN III. 5.4.1 Nível de Escolaridade dos Membros do Conselho de Meio Ambiente. Na primeira questão do questionário aplicado ao Conselho de Meio Ambiente o objetivo era saber se o nível de escolaridade e a formação acadêmica dos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente influenciavam no processo de 78 percepção da realidade das políticas públicas de meio ambiente no Município de Paulo Afonso. Esta questão foi elaborada partindo partindo do pressuposto que um maior nível de escolaridade e a formação acadêmica, acadêmica, em áreas correlatas ao tema enfocado, implicam uma percepção cepção maior das questões socioambientais socioambientais do município e também uma maior capacidade de interpretação da legislação ambiental do município. Os dados obtidos mostram que dentre os 100 membros do CMMA 92 pessoas possuíam nível superior, tendo, mais de 70% destas pessoas formação em áreas correlatas a gestão ambiental e política e legislação ambiental, a exemplo das engenharias, ciências ncias biológicas, administração e direito. A formação em pedagogia, licenciaturas diversas e outras ciências humanas aplicadas correspondem a cerca de 30% da formação dos membros do CMMA com nível superior, gráfico 1.. Dentre as 92 pessoas com nível superior superi 42% possuíam pós-graduação. Tais dados evidenciam que o CMMA possui conhecimento técnico-científico técnico suficiente para tratar de forma responsável das questões socioambientais socio do Município de Paulo Afonso. NÍVEL DE ESCOLARIDADE 8% Não possuem nível superior 50% Possuem nível superior com pós-graduação graduação 42% Possuem nível superior sem pós-graduação graduação Gráfico 1- Nível de escolaridade scolaridade dos membros do d CMMA. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 79 5.4.2 Período de Residência, dos Membros do Conselho de Meio Ambiente, no Município de Paulo Afonso. A segunda questão inquiria ao pesquisado pesquisado se ele residia no município há mais de 5 anos ou há menos,, ou se trabalhava trabalhava no município de Paulo Afonso, mas residia em outro. A importância rtância desta pergunta consiste no fato que ela possibilitou conhecer se o entrevistado residia no município de Paulo Afonso ou se apenas trabalhava em m Paulo Afonso, porém residia em outro município. Nesta questão partiu-se partiu se do pressuposto que as pessoas que residem num município possuem maior comprometimento com o município que pessoas cujas relações com o município são simplesmente de trabalho ou estudo, estu residindo em outro município. Esta questão procurava saber se o pesquisado, no caso daquele que residia em Paulo Afonso, residia há tempo suficiente te para conhecer os problemas socioambientais ambientais e a política ambiental do município. Também foi considerado que o período de 5 anos, representou o final da gestão municipal passada e metade da gestão atual, o que implica em menor parcialidade política partidária. Considerando que 98 pessoas ligadas ao CMMA residem no Município de Paulo Afonso há mais de 5 anos, gráfico 2, e apenas 01 pessoas residia em outro município, isto levou a crer que os membros do Conselho de Meio Ambiente supostamente possuem tanto conhecimento empírico sobre as questões questõe sócioambientais do município, quanto comprometimento com o município. TEMPO DE RESIDÊNCIA NO MUNICÍPIO 1% 1% Mais de 5 anos Menos que 5 anos Trabalho em Paulo Afonso; mas resido em outro Município 98% Gráfico 2- Tempo de residência dos membros do CMMA no Município de Paulo Afonso. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 80 5.4.3 Domicílio Eleitoral dos Membros do Conselho de Meio Ambiente. Na questão nº 3 era perguntado sobre o domicílio eleitoral do respondente do questionário. A relevância desta pergunta está associada ao pressuposto que o domicílio eleitoral implica num maior comprometimento político do cidadão com o município na qual está residindo. Este Este pressuposto é reforçado pelo fato das formas de participação popular no governo municipal se darem dar através do pertencimento ao eleitorado local, conforme expressa o Manual do Prefeito (IBAM, IBAM, 1996). Esta questão procurava saber se o domicílio eleitoral estava estava no município de Paulo Afonso, em outro município no Estado Estado da Bahia ou um município em outro Estado. stado. Nesta questão, partiu-se partiu se do pressuposto que pessoas que residem no mesmo município onde possuem domicílio eleitoral são mais comprometidas com este município que pessoas que possuam um domicílio eleitoral eleitoral em outro município no mesmo Estado, stado, ou em outro. O fato de o Conselho de Meio Ambiente possuir possui maioria absoluta de seus membros, 86%, pertencendo ao eleitorado do Município de Paulo Afonso, havendo apenas 13% de pessoas com domicílio eleitoral em outro município da Bahia, e apenas 1% com domicílio eleitoral em um município de outro Estado, conforme gráfico 3, isto implica na suposição suposição de maior comprometimento do CMMA. CMMA DOMICÍLIO ELEITORAL 13% Município de Paulo Afonso 1% Outro Município no Estado da Bahia 86% Outro Município em outro Estado. Gráfico 3 - Domicílio eleitoral ral dos membros do CMMA. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 81 5.4.4 Participação dos Membros do CMMA nas as Atividades da Câmara Municipal. A questão de nº 4 do questionário aplicado ao ao Conselho de Meio Ambiente, inquiria: “o (a) Senhor (a) costuma participar de sessões, ou audiências públicas realizadas na Câmara Municipal de Paulo Afonso?” (QUESTIONÁRIO APLICADO AO CMMA). Havia três possibilidades de resposta: Sim, frequentemente; Sim, Raramente e Não, nunca fui. Esta questão possibilitou saber o nível de interesse do pesquisado quanto ao o conhecimento das atividades da Câmara Municipal de Paulo Afonso. Neste sentido é possível afirmar que quanto mais interessado for o cidadão pelas atividades e ações da Câmara Câmara Municipal, maiores as possibilidades dele conhecer as políticas públicas elaboradas e implementadas com o apoio desta Casa de Leis. A pesquisa apontou que o interesse dos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente pelas atividades da Câmara Municipal Municipa corresponde a 47% que participam das sessões ordinárias raramente e 13% que participam das sessões ordinárias frequentemente, havendo 40 membros do CMMA que declaram nunca terem participado de uma sessão ordinária na Câmara Municipal de Paulo Afonso, Afonso gráfico 4. Desta forma,, se for levado em consideração que é necessário uma razoável frequência às sessões ordinárias para um conhecimento mais aprofundado das atividades da Câmara Municipal, Muni o CMMA não detém um conhecimento satisfatório sobre as ações da Câmara Câmara Municipal no tocante a sua atuação no governo do município. PARTICIPAÇÃO DOS MEMBROS DO CMMA NAS ATIVIDADES DA CÂMARA MUNICIPAL. 13% Sim. Frequentemente 40% Sim. Raramente 47% Não. Nunca fui Gráfico 4 - Participação doss membros do CMMA nas atividades da Câmara Municipal. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 82 5.4.5 Conhecimento que os Membros do Conselho de Meio Ambiente Possuem da Câmara Municipal de Paulo Afonso-BA. No questionário aplicado ao Conselho de Meio Ambiente, a questão nº 5 interrogava: Considerando que a votação de matérias importantes, a exemplo de mudanças na Lei Orgânica do Município exige voto favorável da maioria qualificada (2/3) dos vereadores, e considerando ainda que a ação parlamentar é orientada pelos Partidos Políticos; o(a) Senhor(a) conhece o nome de pelo menos 08 (oito) dos 11(onze) vereadores da atual legislatura e os partidos políticos pela qual estes foram eleitos? (QUESTIONÁRIO APLICADO AO CMMA). Esta questão complementa o sentido da questão de número 4 do mesmo questionário. Dentre os 60% que responderam sim, citando o nome de pelo menos 3 vereadores, com seus respectivos partidos, houve um equilíbrio razoável entre os nomes citados, aparecendo o nome de todos os vereadores da atual legislatura. Esta questão procurava saber se os membros do CMMA associavam os vereadores aos seus respectivos partidos; todavia, ao recolher os questionários, foi possível constatar que 35% das pessoas ligadas ao Conselho de Meio Ambiente não conheciam nem ao menos o nome de 3 vereadores da atual legislatura, ou seus partidos políticos e 5% não conheciam nem os vereadores, nem os partidos políticos com representação na atual legislatura, gráfico 5. Nesta questão, partiu-se do pressuposto que a interação entre partido político e vereador é fundamental tanto na elaboração, quanto na avaliação das políticas públicas municipais; sendo possível compreender o posicionamento de um vereador a partir da ideologia de seu partido. Desta forma, considerando estes dados obtidos, está evidenciado que mais de um terço dos membros do CMMA possuem dificuldades em compreender o posicionamento dos vereadores na elaboração e avaliação das políticas ambientais no município. 83 CONHECIMENTO DOS MEMBROS DO CMMA SOBRE OS VEREADORES E SEUS PARTIDOS POLÍTICOS 5% Sim.Conheço o nome dos Vereadores e seus respectivos Partidos Não. Conheço apenas os nomes dos Vereadores ou dos Partidos 35% 60% Não. Não conheço nem os nomes dos Vereadores, nem dos Partidos pela qual estes foram eleitos Gráfico 5- Conhecimento dos membros do CMMA sobre os vereadores e seus partidos p políticos. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 5.4.6 Percepção da Atuação da Câmara Municipal na Fiscalização da Gestão Ambiental no Município. A questão nº 6 do questionário aplicado ao Conselho de Meio Ambiente procurava saber: O (a) Senhor (a) sabe o que é gestão ambiental? Caso afirmativo, o Senhor(a) considera que a Câmara Municipal de Paulo Afonso exerce a fiscalização da Gestão Ambiental no o Município de forma eficiente? (QUESTIONÁRIO APLICADO AO CMMA ). Esta questão também dava ao respondente respondente 3 opções: Sim, é eficiente; Não, não é eficiente e Não sei o que é gestão ambiental ou desconheço a atuação da Câmara Municipal neste assunto. Nos questionários, embora 40 pessoas tenham admitido que a fiscalização da gestão ambiental é eficiente, 11 pessoas demonstraram desconhecer o que era gestão ambiental, ou qual a atuação da Câmara dos Vereadores neste assunto; caso sejam levados em consideração os dados obtidos obtidos nas questões de nº 01 a nº 05 do questionário, possivelmente estas 11 pessoas estivessem estivessem apenas admitindo desconhecer qual a atuação da Câmara dos Vereadores neste assunto, já que a escolaridade e convivência dos membros do CMMA possibilita a todos o conhecimento do que é gestão ambiental. Nesta questão, de acordo com o gráfico 6, um total de 49 pessoas afirmaram que a fiscalização da gestão ambiental no município de Paulo Afonso é deficiente. 84 No caso do setor público municipal, a gestão ambiental16 apresenta algumas características peculiares. Embora seja implementada pelo Poder Executivo a participação do Poder Legislativo é fundamental para a eficiência da gestão ambiental. O governo municipal, através da Câmara de Vereadores, tem papel fundamental na consolidação do desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que assegurarão a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. A Câmara de Vereadores, através de seus mecanismos de articulação com a sociedade civil, pode ainda conscientizar o setor privado que a gestão ambiental dever ser encarada como um assunto estratégico, pois, além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais). A Câmara de Vereadores também fiscaliza a gestão ambiental exercida pela Prefeitura Municipal no tocante à ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, no saneamento ambiental, na racionalização do uso do solo, no planejamento e controle do uso dos recursos ambientais, no controle e zoneamento das atividades potencialmente ou efetivamente poluidoras e na promoção da educação ambiental. Os dados obtidos evidenciam que a percepção do Conselho de Meio Ambiente sobre a atuação da Câmara de Vereadores na fiscalização da gestão ambiental não tem sido positiva. Na entrevista, um dos vereadores membros da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente esclareceu que a fiscalização do Sistema de Gestão Ambiental é um dos principais mecanismos que a Câmara possui para avaliação das políticas ambientais no município. Este vereador explicou que a SEMA- Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia possui através do 16 Gestão ambiental será aqui entendida como “as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam” (BARBIERI, 2007). 85 Programa Gestão Ambiental Compartilhada - GAC, uma diretriz do Governo do Estado da Bahia para descentralizar a gestão pública, fortalecendo os órgãos municipais de meio ambiente para o exercício de sua competência para a gestão ambiental. O GAC tem como principal objetivo principal a ampliação da capacidade dos municípios baianos para a gestão ambiental. No entanto, este vereador esclareceu que dentre os 53 municípios reconhecidos nos termos do artigo 7º da Resolução CEPRAM 3.925/2009, que dispõe sobre o GAC Paulo Afonso não está incluído, enquanto que municípios que possuem menor dependência de seus recursos naturais estão inseridos, o que sugere, de acordo com este vereador, uma questão de ausência de vontade política dos órgãos que constituem o Sistema de Gestão Ambiental do Município. Para este vereador isto é uma evidência do não funcionamento do Sistema de Gestão Ambiental do Município; no entanto este vereador esclarece que a Câmara dos Vereadores já tem apresentado tímidas evidências de fiscalização neste sentido; embora esclareça que seria mais fácil a Câmara fiscalizar a gestão ambiental caso o Município de Paulo Afonso atendesse rigorosamente a Resolução CEPRAM 3.925/2009. Um dirigente partidário que durante a entrevista também se declarou membro do CMMA, através da representação de uma entidade da sociedade civil, numa linha de raciocínio similar, esclarece que a Câmara dos Vereadores pouco fiscaliza as ações da Prefeitura no tocante as questões ambientais. Desta forma, a deficiência da gestão ambiental no município é, principalmente, uma questão de deficiência de fiscalização, pois no tocante às atividades relativas ao Meio Ambiente em Paulo Afonso, “enquanto a Câmara de Vereadores se omite do seu papel de fiscalizar os gestores municipais responsáveis pelo Sistema de Gestão Ambiental nem Prefeitura, nem o CMMA exercem suas atribuições de fiscais do meio ambiente” ( DIRIGENTE PARTIDÁRIO). Conforme este dirigente partidário: A Câmara de Vereadores falha em papel de fiscal da Prefeitura e dos interesses do município; todavia a culpa pela deficiente gestão ambiental não é dela apenas; a Prefeitura e o CMMA são mais responsáveis por esta deficiência que a Câmara. A incapacidade da Prefeitura de fiscalizar as atividades potencialmente causadoras de 86 impacto ambiental é a principal deficiência ficiência na gestão ambiental do município, a exemplo do que ocorre com a Fábrica de Reciclagem, as Empresas Netuno e AAT Internacional (empresas privadas para beneficiamento de pesca), das quais, duas possuem assento no Conselho Municipal de Meio Ambiente, e, o que também dificulta, a fiscalização do CMMA... O controle ambiental em Paulo Afonso é falho; pois é de conhecimento público que existem empreendimentos que com base na Resolução do CONAMA nº 01 de 23 de janeiro de 1986 deveriam apresentar EIA/RIMA; no entanto tais empreendimentos funcionam sem o licenciamento...( licenciamento... DIRIGENTE PARTIDÁRIO). Embora este líder partidário não tenha apresentado os motivos da deficiência da fiscalização que a Câmara de Vereadores deveria exercer sobre os gestores responsáveis pelo Sistema de Gestão Ambiental no município, este dirigente de partido político aponta alguns motivos para a deficiência da gestão ambiental, ambiental sendo o principal a baixa capacidade de resposta do órgão ambiental no município. Este líder partidário também afirma que outro impedimento à fiscalização do uso dos recursos naturais e ocupação do solo, refere-se refere se ao fato que “o município ainda carece de um Plano Diretor, criado nos moldes do Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01) e que atenda as demandas atuais do município” (DIRIGENTE PARTIDÁRIO). 11% PERCEPÇÃO QUANTO A GESTÃO AMBIENTAL 40% Sim, é eficiente Não, não é eficiente 49% Não sei o que é Gestão Ambiental/ ou desconheço a atuação da Câmara Municipal neste assunto Gráfico 6 - Percepção dos membros do CMMA quanto a gestão ambiental. Fonte: Pesquisa sa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 5.4.7 Análise Quanto a Percepção da Atuação da Câmara Municipal no Fomento ao Desenvolvimento Local Sustentável A questão nº 7 do questionário procurava saber se a atuação do Poder Legislativo Municipal era eficiente ou não no que diz respeito ao fomento fome do 87 Desenvolvimento Local Sustentável. A percepção do Conselho Municipal de Meio Ambiente apontou numa direção desfavorável à Câmara dos Vereadores, Vereadores apresentando do um índice de 60% de ineficiência da Câmara Municipal no fomento ao Desenvolvimento Local Sustentável, Sustentável gráfico 7. Por outro lado, na entrevista, os dados obtidos contradizem a percepção do CMMA. Os vereadores entenderam que quando estes exercem suas atribuições de legisladores do interesse local contribuem com a sustentabilidade local; bem como quando fiscalizam a ação do Poder Executivo no tocante a programas que impliquem em desenvolvimento econômico e social, sendo desta maneira a atuação da Câmara Municipal eficiente efic no fomento ao Desenvolvimento senvolvimento Local Sustentável. Neste sentido, o vereador relator da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente afirmou: Em função de suas atribuições constitucionais a Câmara Municipal pode atuar no fomento ao desenvolvimento sustentável sus definindo estratégias e linhas orientadoras para o Desenvolvimento Econômico e Social do Município, contribuindo para a afirmação da importância e competitividade municipal, através da execução de medidas e programas nas diferentes áreas da sua competência mpetência e promovendo a qualidade de vida dos seus munícipes, em diálogo constante com as instituições e os diferentes agentes públicos úblicos instalados no município; ou seja, na própria elaboração de determinadas políticas públicas, a exemplo das políticas de meio ambiente, a Câmara fomenta o desenvolvimento sustentável (VEREADOR). PERCEPÇÃO QUANTO ATUAÇÃO NO FOMENTO AO DLS 7% Sim, é eficiente 40% Não, não é eficiente 60% Não sei responder Gráfico 7 – Percepção dos membros do CMMA quanto a atuação da CMPA no fomento ao DLS. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 88 5.4.8 Análise Quanto à Percepção das Articulações da Câmara Municipal Com a Sociedade Civil. A questão de nº 8 do questionário inquiria: “na sua avaliação, no tocante às questões ambientais as articulações da Câmara Municipal com a sociedade civil são satisfatórias?” (QUESTIONÁRIO, 2010). Embora, conforme o gráfico 8, apenas 12 % dos pesquisados tenham considerado que a Câmara Municipal tem buscado articular-se com a sociedade civil para tratar de questões ambientais, este baixo índice tornou-se compreensivel após a entrevista com os vereadores. Um dos vereadores admite, na entrevista, que: A maneira mais eficiente de ampliar as articulações da Câmara Municipal com a sociedade civil seria implementar a Agenda 21 do Município; pois a Agenda 21 local traça objetivos e motiva políticas para a promoção do desenvolvimento local sustentável, demandando esforços dos governos locais, agências de desenvolvimento, ONGs, grupos setoriais independentes cuja atividade afeta o meio ambiente, empresas e sociedade como um todo (VEREADOR). A Agenda 21 constitui-se; conforme mencionaram alguns vereadores, num guia para a formulação de políticas públicas com vistas ao desenvolvimento sustentável que não recebeu a merecida atenção da Câmara Municipal. Na entrevista, apenas 3 vereadores abordaram sobre sua participação na formulação da Agenda 21 Local e os demais vereadores asseguraram que no Município de Paulo Afonso o processo de implementação da Agenda 21 encontra-se estagnado. Os vereadores admitem a deficiência na articulação com a sociedade civil e reconhecem que a implementação da Agenda 21 poderia ter ampliado a pouca articulação existente entre a Câmara Municipal e a sociedade civil; no entanto, nenhum dos vereadores se reconheceu como responsável por esta deficiência. Por outro lado o que justificou que 12% das pessoas do Conselho de Meio Ambiente admitissem que a articulação da Câmara com a sociedade civil pode ser considerada eficiente é a existência de certas parcerias, ainda que tímidas entre a Câmara dos Vereadores e algumas instituições. 89 Conforme esclareceu um dos vereadores membros da CDHMA: [...] A Câmara Municipal de Paulo Afonso tem se articulado com instituições voltadas ao Desenvolvimento Sustentável no Município, a exemplo do Fórum de Fomento a Políticas Públicas de Desenvolvimento Sustentável do Município de Paulo Afonso, mantido pela Representação da ADESG- Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, Delegacia da Bahia, instituição de utilidade pública que mantém parcerias em projetos culturais e de fomento ao Desenvolvimento Sustentável e Paz Social com o Campus VIII da Universidade de do Estado da Bahia; também o centro estadual de educação o tecnológica do município, o CTEPIC Centro Tecnológico de Educação Profissional de Itaparica; através de seu curso de Meio Ambiente, tem estabelecido parcerias diversas em projetos ambientais com a Câmara Municipal. Neste sentido, ainda pode ser citado que parte dos vereadores da atual legislatura se articularam com a ONG AGENDHA- Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia, a ONG RAÍZES entre outros, com o propósito ósito de encontrarem uma solução para o problema dos quebradores de pedra no sítio arqueológico do Povoado Malhada Grande; todavia, sendo esta ação isolada por parte de alguns vereadores ela não teve repercussão ” (VEREADOR). ( Na entrevista, tanto os vereadores vere quanto os líderess partidários admitem que a CDHMA é, em função de suas atribuições legais, o principal mecanismo da Câmara Municipal de Paulo Afonso no tocante à articulação entre a Câmara dos Vereadores e a sociedade civil. PERCEPÇÃO QUANTO A ARTICULAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL COM A SOCIEDADE 12% Sim, é satisfatória Não, não é satisfatória 88% Não sei responder Gráfico 8 - Percepção dos membros do CMMA quanto à articulação da CMPA com a sociedade. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 90 5.4.9 Análise Quanto a Percepção das Articulações da Câmara Municipal Com Outros Poderes, Órgãos e Esferas de Governo. A nona questão procurou saber sobre a articulação da Câmara Municipal com outros poderes, órgãos e esferas de governo para tratar da busca de soluções para os problemas ambientais no Município de Paulo Afonso. O baixo índice de pessoas do Conselho de Meio Ambiente, apenas 7% de acordo com o gráfico 9, que responderam positivamente, afirmando que existe articulação da Câmara Municipal com outros entes públicos e esferas de governo, possivelmente se explique pelo fato que as parcerias do Município com outras esferas de governo no intuito de assegurar a proteção ambiental no município tem se tornado cada vez mais comprometidas. Durante a entrevista os dados obtidos nos questionários ganharam maior clareza. Conforme um dos líderes partidários entrevistados: [...] A percepção que os cidadãos de Paulo Afonso possuem da articulação da Câmara com outros entes públicos não é boa, pois o órgão do IBAMA em Paulo Afonso, por falta de incentivo, de acordo com o que notificaram os meios de comunicação do município, encontra-se fechando suas portas e até agora nenhum vereador se posicionou sobre o assunto. Também as relações do Município com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente-SEMA é mínima, tendo esta secretaria de Estado uma representação precária no município, numa sala emprestada pela ADAB; também o Instituto de Meio Ambiente17 IMA que é responsável pelo licenciamento ambiental funciona sem a mínima estrutura numa sala emprestada pelo Campus VIII da UNEB e as relações do governo local com o Ministério Público e Poder Judiciário no tocante às questões ambientais somente ocorre quando o município é notificado por omissão no que diz respeito aos seus deveres com o Meio Ambiente...Diante de todos estes fatos a Câmara dos Vereadores se cala; não busca o diálogo com estes órgãos governamentais” (DIRIGENTE PARTIDÁRIO ). Todavia, conforme esclarece um vereador, as articulações da Câmara dos Vereadores com o Executivo Municipal, no tocante às questões socioambientais podem ser consideradas suficientes. Este vereador aponta que a CDHMA é o principal mecanismo da Câmara dos Vereadores para viabilizar esta articulação; embora este parlamentar reconheça que esta Comissão não tenha atuado com a eficiência, estando suas ações praticamente limitadas a conceder parecer a alguns 17 Na Bahia, o órgão responsável pelo licenciamento ambiental é o Instituto do Meio Ambiente (IMA), órgão da administração indireta ligado à Secretaria do Meio Ambiente (SEMA). 91 projetos de lei, conceder moções e autorizar indicações; havendo raríssimas convocações de autoridades para prestar esclarecimentos na Câmara. Os vereadores também mencionam que na articulação com outros entes públicos e esferas de governo o papel deles é de autorizar o prefeito p a firmar convênios com entes públicos e fiscalizar os mesmos. Desta forma, forma os vereadores salientam que a percepção dos munícipes quanto a esta articulação da Câmara dos Vereadores é mínima. PERCEPÇÃO QUANTO A ARTICULAÇÃO COM ENTES PÚBLICOS 7% Sim Não Não sei responder 93% Gráfico 09 - Percepção do CMMA quanto à articulação da CMPA com entes públicos. públicos Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. O terceiro aspecto da análise de dados abrange as questão nº 10 a questão nº 15, analisando a efetividade das políticas públicas de meio ambiente no município de Paulo Afonso, levando em consideração a atuação do Poder Executivo, Entes Públicos e Sociedade Civil em contexto com a atuação da Câmara Municipal. 5.4.10 Análise da Efetividade das Políticas Políticas de Meio Ambiente Através da Gestão Integrada das Secretarias Municipais. A questão nº 10 do questionário aplicado ao Conselho Conselho de Meio Ambiente indagava o membro do Conselho: Na percepção do (a) Senhor (a) existe a gestão integrada entre as Secretarias de Saúde, Serviços Públicos, Infra-estrutura Infra e Meio Ambiente e Educação no sentido de integrar as políticas, programas pr e práticas ambientais? (QUESTIONÁRIO QUESTIONÁRIO APLICADO AO CMMA ). 92 No tocante a esta pergunta, a maioria dos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente,, 59% conforme o gráfico 10, respondeu negativamente; alguns vereadores,, na entrevista, seguiram a mesma linha de pensamento quando afirmaram que a gestão integrada não existe no município de forma efetiva. De acordo com um dos vereadores de oposição: O trabalho entre as Secretarias Municipais deveria primeiramente integrar a Educação Ambiental nas suas tarefas e funções levando a uma verdadeira conscientização e mudança de paradigmas e de concepções arraigadas na cultura do cidadão de Paulo Afonso, o que permitiria alcançar as condições necessárias para que o governo municipal assumisse um papel ativo na gestão das questões ambientais do município, tais como saneamento neamento básico, proteção da biodiversidade etc... Todavia odavia é fato notório a todos os vereadores que isto não acontece... falta por parte da Câmara Municipal mais empenho em cobrar do prefeito a gestão ambiental integrada, pois a Prefeitura nunca foi cobrada pela Câmara de Vereadores em relação a isto (VEREADOR). Neste sentido outro vereador entrevistado reconheceu a ineficiência da Câmara Municipal em cobrar do Poder Executivo a gestão ambiental integrada; porém este vereador ressalta que a gestão ambiental amb al do município é função da Prefeitura Municipal; a Câmara C dos Vereadores apenas fiscaliza. Assim, na entrevista restou a conclusão que as Secretarias Municipais, principalmente as a Secretarias de Saúde, Serviços Públicos, Infra-estrutura Infra estrutura e Meio Ambiente e Educação precisam ceder espaço nos seus projetos objetivando integrar as políticas, programas e práticas ambientais. PERCEPÇÃO QUANTO A GESTÃO AMBIENTAL INTEGRADA 10% Sim, existe existe. Neste caso, como a Câmara de Vereadores fiscaliza esta gestão? 31% Não, não existe Não sei responder 59% Gráfico 10 - Percepção do CMMA quanto à gestão ambiental integrada. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 93 5.4.11 Análise da Efetividade das Políticas de Meio Ambiente através da eficiência dos Programas e Ações de Saneamento Ambiental no Município. A questão nº 11 do questionário analisa a eficiência das políticas de saneamento básico no Município de Paulo Afonso, as quais foram desdobradas em recolhimento e destino do lixo domiciliar, destino do lixo hospitalar, aterros sanitários, esgotamento sanitário, água tratada e outras medidas de saneamento básico. Na entrevista com os vereadores e dirigentes de partidos políticos foi questionado qual seria o problema ambiental mais grave do município, sendo obtido por todos a resposta que o problema ambiental mais grave do Município de Paulo Afonso remetia a questões de saneamento ambiental. Um dos vereadores explicou que: Em Paulo Afonso, a Prefeitura é responsável pelos sistemas de drenagem pluvial, esgotamento sanitário, coleta e destino final dos resíduos sólidos. O sistema de abastecimento de água é operado pela EMBASA- Empresa Baiana de Saneamento, estatal do governo da Bahia e, em parte, pela prefeitura e a CHESF, que antes do Plano Diretor de 2000 operava todos os serviços de saneamento nas áreas sob a sua jurisdição. O Plano Diretor previa que nessas áreas haveria a transferência do sistema de abastecimento de água da CHESF para a EMBASA, e os demais sistemas seriam transferidos para a prefeitura, o que de fato ocorreu. Desta forma, as questões de saneamento no município de Paulo Afonso remetem a percepção de duas instituições responsáveis: a EMBASA e a Prefeitura (VEREADOR ). Este vereador cita que a EMBASA por várias vezes foi convocada à Câmara Municipal para dar explicações sobre abastecimento de água e esgotamento sanitário. Segundo este vereador a prefeitura é frequentemente cobrada no que diz respeito às questões de saneamento ambiental. Ao falar da prefeitura este vereador afirma que: A problemática do saneamento diz respeito aos seus gastos e a pouca percepção política que estas obras ainda apresentam em municípios do interior como Paulo Afonso, pois muitos gestores encaram as obras de saneamento como muito dispendiosas; no entanto, estudos comprovam que para, aproximadamente, cada 1 real investido em saneamento básico têm-se uma economia de 4 reais com assistência médica; pois o simples acesso a água potável e condições mínimas de higiene evitariam inúmeras doenças... Assim, tomando por base as decisões dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, completados na cúpula de Joanesburgo, em que foi acordada a redução pela metade da proporção da população sem acesso à água potável e ao esgotamento sanitário até 2015, o saneamento é 94 uma questão de política pública, que é indissociável desenvolvimento sustentável de um município (VEREADOR). do Todos os vereadores afirmaram que o saneamento básico18 é importante no Município de Paulo Afonso e mereceria mais atenção do poder público, quando perguntados se as questões ambientais foram contempladas no PPA (2010-2013) e na LOA (2010); todavia a análise do PPA e da LOA evidenciou que as questões ambientais são tratadas em termos de orçamento, de uma forma tíbia, considerando que não houve emendas, nem tentativas de conferir maior dotação orçamentária às questões em análise. Na LDO, conforme mencionam os vereadores membros da CDHMA, a principal contribuição da Câmara Municipal foi a sugestão que o Município de Paulo Afonso deve criar e implementar mais aterros sanitários, nos moldes das Leis ambientais. Conforme um dos dirigentes partidários: Diversos fatores justificariam uma maior dotação orçamentária destinada às políticas de saneamento básico, no município de Paulo Afonso, pois tais políticas atendem as diversas necessidades que são subjacentes ao principal objetivo do Desenvolvimento Sustentável do município; pois os recursos financeiros que atendem as demandas das políticas de saneamento são um dos elementos mais importantes na gestão do saneamento (DIRIGENTE PARTIDÁRIO). Como complementações ao pensamento deste dirigente partidário podem ser apresentadas as idéias de Lindqvist, Narain e Turton (2001) que defendem que embora aspectos técnicos e financeiros sejam importantes, na ausência de uma abordagem política onde se privilegiem as condições sociais e as relações entre o sistema sócio-econômico, a água e o ambiente, os problemas socioambientais decorrentes do saneamento básico não serão resolvidos; pois, na gestão do saneamento o grande desafio é o de traçar metas da política pública a ser aplicada, com base em princípios que orientem tais metas, e o de identificar os mais 18 O saneamento básico, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua, é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social. Neste gerenciamento, se faz necessária a adoção de um conjunto de procedimentos. Entre os procedimentos do saneamento básico, pode-se citar: tratamento da água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas etc. Estas medidas de saneamento básico garantem melhores condições de saúde para as pessoas, evitando a contaminação e proliferação de doenças; assegurando também a preservação do meio ambiente. Na própria definição que pode ser extraída dos princípios norteadores da Política Federal de Saneamento Básico ( Lei nº 11.445 de 08 de Janeiro de 2007), está evidente que saneamento abrange as diversas maneiras de modificar as condições do meio ambiente, para permitir ao homem manter e melhorar sua saúde evitando doenças. 95 apropriados instrumentos para a sua consecução. De acordo com este dirigente partidário: [...] Além dos poucos recursos destinados às questões de saneamento, falta por parte dos vereadores a fiscalização da aplicação de tais recursos, cabendo à Câmara Municipal, cotidianamente, fiscalizar o Executivo Municipal no tocante ao recolhimento do lixo, do esgotamento sanitário, limpeza dos logradouros e extensão dos serviços de água tratada, tendo sempre um olhar que tais problemas requerem medidas políticas que são maiores que o município” (DIRIGENTE PARTIDÁRIO). Ao serem indagados sobre o Plano Diretor de Paulo Afonso os vereadores admitem que não há neste a definição de uma política específica de Saneamento. Entretanto, dois vereadores esclarecem que o Plano traz uma série de determinações que buscam atingir a melhoria das condições de saneamento do município, envolvendo indicações específicas de intervenções em cada bairro (PAULO AFONSO, 2000). O Plano prevê, para a sua execução, uma série de atividades, entre as quais se colocam a criação da Carteira Permanente de Projetos e o melhoramento ambiental de bairros (Art. 7º). E estabelece que, dentre os planos, projetos e programas que deveriam ser desenvolvidos prioritariamente estejam a reurbanização de bairros e o sistema de coleta e tratamento de esgotos (Art. 9º). Ao tratar do lixo, tanto os vereadores quanto os dirigentes partidários entrevistados esclarecem que no Estado da Bahia, mesmo em municípios que são atendidos no tocante a coleta de lixo em domicílios em situação urbana, como é o caso de Paulo Afonso-BA, que segundo o IBGE (2002) apresenta uma média superior a média do Estado, o destino final do lixo do município é o lixão, pois as obras dos aterros sanitários estão paradas. Conforme o vereador relator da CDHMA: [...] Um problema de saneamento ambiental no que diz respeito ao lixo, refere-se ao recolhimento do lixo comercial junto com o lixo domiciliar. Quanto ao lixo industrial existe um completo desconhecimento da Câmara dos Vereadores quanto ao recolhimento e destino deste...a coleta de lixo no município não tem sido realizada com os critérios necessários, e desta forma Paulo Afonso está longe de se adequar à Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010. Por outro lado, a sociedade também não tem cooperado neste sentido, pois as obras privadas no município não respeitam as 96 diretrizes do Código de Obras, Código de Meio Ambiente, Plano Diretor e Código de Postura. Os entulhos se constituem no grande problema que a construção civil causa ao município; também o não recolhimento do lixo na zona rural, vem se constituído num problema de saneamento da zona z rural (VEREADOR). Outro vereador esclarece que: que O recolhimento e destino do lixo devem deve estar de acordo com a nova Lei de resíduos sólidos, idos, a Lei nº 12.305 de 02 de agosto gosto de 2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos e classifica o lixo em Residencial; Comercial; Industrial, Hospitalar, Especial, ial, a exemplo da limpeza urbana e Outros, como o lixo nuclear. O lixo também é classificado quanto a inflamabilidade, corrosivi vidade, patogenicidade, reatividade e toxicidade (VEREADOR). ). No questionário aplicado aos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente, 58% deles,, conforme o gráfico 11.1, consideraram que o recolhimento e destino do lixo domiciliar em Paulo Afonso podem ser considerados como eficientes. eficiente 32% 11.1-EFICIÊNCIA EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAISAMBIENTAIS- LIXO DOMICILIAR Sim Não Não sei responder 58% Gráfico 11.1 - Percepção do CMMA quanto à eficiência ficiência no recolhimento e destino do lixo domiciliar. domiciliar Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. Quanto ao lixo hospitalar, este, conforme pode ser analisado na entrevista não se constitui num motivo de preocupação nem para os vereadores, nem para os dirigentes de partidos. Oss vereadores mencionam que o lixo hospitalar em Paulo Afonso nunca se constituiu num problema ambiental ambienta que merecesse maior atenção, apesar de algumas denúncias ncias que determinadas det farmácias e drogarias e consultórios médicos 97 e dentários não respeitavam as Resoluções do Conama. Conforme o vereador presidente do CDHMA: A coleta, e disposição final dos resíduos sólidos infectantes é regulamentado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que através da Resolução n° 5 do Conama, de 5 e agosto de 1993, classificou como "grupo A" resíduos sólidos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente. Entre eles estão o sangue, excreções, secreções e líquidos orgânicos, além de todo material que entrou em contato com essas substâncias... ... No Município de Paulo Afonso, o descumprimento desta resolução limita-se limita a alguns casos isolados, quase sempre de difícil constatação (VEREADOR ( ). No questionário 69% dos membros do CMMA, CMMA de acordo com o gráfico 11.2, consideraram que o município possui políticas eficientes para tratar do destino do lixo hospitalar. AMBIENTAIS DESTINO DO 11.2- EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS-DESTINO LIXO HOSPITALAR 31% Sim Não 69% Não sei responder Gráfico 11.2 - Percepção doss membros do CMMA quanto à eficiência do destino do lixo hospitalar. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. Já o aterro sanitário, constituiu-se constituiu se num motivo de grande preocupação tanto para os entrevistados, quanto para 55% dos conselheiros conselheiros do CMMA, conforme o gráfico 11.3 apresenta.. Embora os entrevistados admitam que a não existência de aterros sanitários no município seja um problema nacional, eles consideram injustificável que um município no porte de Paulo Paulo Afonso ainda não tenha um aterro sanitário funcionando. O IBGE,, na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico apontava que dos 5.507 municípios do Brasil 63,6% 63,6% utilizavam lixões a céu aberto, 18,4% aterros controlados ados e 13,8% aterros sanitários (IBGE, ( 2000 apud Paulo Afonso, 2010). 2010 Esta 98 pesquisa, portanto, apontava que somente cerca de 14% dos municípios dispunham adequadamente seu resíduo; enquanto que na maioria dos municípios prevalecia os lixões a céu aberto, sendo este, ainda, o caso do Município de Paulo Afonso, onde os aterros sanitários não funcionam com eficiência, pois as obras para construção dos mesmos estavam paradas, conforme esclarecem na entrevista os vereadores. AMBIENTAIS-ATERROS 11.3- EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAISSANITÁRIOS Sim Não 55% 45% Não sei responder Gráfico da Questão Nº 11.3 - Percepção do CMMA quanto à eficiência ficiência dos aterros ater sanitários. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. Outro problema de saneamento no município de Paulo Afonso diz respeito ao esgotamento sanitário. Compreende-se Compreende se por sistemas de esgotos sanitários o conjunto de condutos utos e obras destinadas a coletar, transportar e dar destino final adequado àss vazões de esgoto sanitário. De acordo com um dos vereadores: Atualmente no município de Paulo Afonso, cerca de 85% do esgoto da cidade é coletado e despejado diretamente no rio sem qualquer tipo de tratamento e 4% tem sua coleta e tratamento feito pela EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento, com abrangência em parte do acampamento Chesf, onde fica localizada a estação de tratamento, já em atividade há 05 (cinco) anos coletando c e tratando o esgoto dentro das normas exigidas pelo Ministério da Saúde (VEREADOR). Em função da maioria do esgoto ainda ser lançada diretamente no rio sem tratamento, é ocasionado frequentemente a degradação dos mananciais e o Rio São Francisco é poluído. Na visão do governo do Estado da Bahia a situação do esgotamento sanitário em Paulo Afonso é bastante grave, pois somente atende a 1% da população, conforme aponta o Diário Oficial do Estado do dia 04 de março: 99 O Governo do Estado, por meio da Embasa, basa, investe R$59 milhões na construção do sistema de esgotamento sanitário no município de Paulo Afonso, no semi-árido, árido, com o objetivo de solucionar o grave e antigo problema de saneamento básico. A rede atual está praticamente inoperante, por quebra ou obstrução, com o esgoto em estado bruto desaguando nos canais e lagoas da cidade, e, sobretudo, no Rio São Francisco, contribuindo para o seu processo de degradação. O município possui mais de 100 mil habitantes, sendo que 1% da população é atendida com o serviço de saneamento. As obras já foram iniciadas e compreendem 184 km de tubulações em diâmetros diversos e uma estrutura de tratamento dos esgotos que envolvem gradeamento, caixas de areia, seis módulos de Dafa, dez elevatórias, leito de secagem e emissário. ário. O destino final dos efluentes tratados será o São Francisco (BAHIA, BAHIA, Diário Oficial, de 4 de março de 2010). Os vereadores da situação, no entanto, entanto contestam estes dados, informando que apesar da gravidade da situação do esgotamento sanitário, os dados apresentados pelo governo do Estado da Bahia são exagerados e motivados por inimizade política. Estes,, por sua vez, não souberam precisar quantos quanto por cento da população eram atendidas atendida por este serviço. Os dados obtidos com o questionário aplicado ao Conselho de Meio Ambiente apontaram evidências mais brandas que as do Governo do Estado no tocante ao esgotamento sanitário io no Município de Paulo Afonso, para para eles 47% das problemáticas do esgotamento sanitário, gráfico 11.4, de uma forma geral, estão sanadas. 11.4- EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS AMBIENTAISESGOTAMENTO SANITÁRIO 47% Sim Não 53% Não sei responder Gráfico 11.4 - Percepção do CMMA quanto à eficiência ficiência do esgotamento sanitário. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 100 Por fim, o saneamento ambiental foi tratado no tocante à água tratada e condições mínimas de higiene no município. Conforme o vereador líder do governo explica: No Município de Paulo Afonso o Acampamento CHESF, Vila Poty (Centro), o conjunto de bairros nas proximidades do cemitério, o Conjunto Habitacional BNH e os bairros Panorama e Centenário, que localizam-se na ilha que foi criada no ano de 1980 com a construção do canal de desvio e da bacia de acumulação para alimentar a usina PA IV, são abastecidos por água tratada em quase sua totalidade, excetuando as invasões. Os demais núcleos situam-se no continente, distantes uns dos outros e dispersos, não havendo em todos eles água encanada tratada, principalmente nos povoados na zona rural do município (VEREADOR). Este mesmo vereador afirmou: Já iniciaram as obras de construção da adutora que levará água tratada para 500 famílias na zona rural, num total de 2.500 pessoas beneficiadas. A obra se estende por 26 km contemplando os povoados da Caiçara, Arrasta pé, Campos Novos, Nambebé e Olho D'água do Paulo e está sendo realizada através de um convênio da Prefeitura de Paulo Afonso com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) - Projeto de Abastecimento de Águas Caiçaras - por meio das secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Infra-estrutura e Meio Ambiente. Este vereador se queixa dos colegas de oposição que não apóiam iniciativas como esta pelo fato de ser desenvolvida por um grupo político diferente do deles (VEREADOR). No tocante às questões voltadas às condições mínimas de higiene, o vereador líder da oposição esclareceu que é necessária a integração entre a Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Município e os vários órgãos da Secretaria de Serviços Públicos para assegurar as condições mínimas de higiene no município. Conforme este vereador, em função deste fato, dentre vários outros, os Secretários de Serviço Público e Saúde foram convocados para prestar esclarecimentos na Câmara dos Vereadores. Todavia, no que diz respeito a propiciar ao município as condições mínimas de higiene, os vereadores de situação apontaram diversas iniciativas do poder executivo local, citando, por exemplo, o Mercado Público Municipal, realizado pela Prefeitura de Paulo Afonso, cujas obras estão em fase de finalização. 101 Construído com recursos próprios, de acordo com os vereadores da situação, o mercado público é um lugar adequado e com higiene para para realizar compras de hortifrutícolas. Conforme estes vereadores este projeto deu novo rumo à realidade da feira feir livre, pois contará com mais de 600 espaços padronizados para o comércio, sanitários, praça de alimentação e principalmente mais conforto e comodidade para a população e feirantes; tendo resolvido o problema da lama e poças de água suja da feira nos períodos odos chuvosos. Para estes vereadores estas ações são medidas de saneamento ambiental, que causam causa um profundo impacto na qualidade de vida dos munícipes. A percepção destes vereadores é também a percepção de 52% dos membros do Conselho Municipal ao responderem respond o questionário, gráfico 11.5. 11.5 11.5-EFICIÊNCIA EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS-ÁGUA AMBIENTAIS TRATADA E MEDIDAS MÍNIMAS DE HIGIENE Sim 48% 52% Não Não sei responder Gráfico 11.5 - Percepção dos membros do CMMA quanto à eficiência ficiência da água tratada e medidas mínimas de higiene. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 5.4.12 Análise da Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através da Legislação Ambiental. Os membros do CMMA, através da questão nº 12, consideraram que a legislação ambiental existente no município é deficiente. De acordo com o gráfico 102 12, apenas 33% dos membros do CMMA consideraram a legislação ambiental suficiente e 13% não souberam se posicionar soube este assunto. Na entrevista com os vereadores e líderes partidários os dados obtidos mostram concordância com os 33% dos membros do CMMA que afirmam ser a legislação ambiental eficiente. Um dos dirigentes partidários durante a entrevista comentou que a não eficiência da legislação ambiental no município de Paulo Afonso não decorre da inexistência desta; porém é fruto da não aplicação e fiscalização da legislação existente. Durante cerca de 50 anos de existência a Câmara dos Vereadores de Paulo Afonso produziu alguns projetos de lei, que se tornaram as leis ambientais mais importantes do município, diversos requerimentos e indicações tratando das questões ambientais e moções para instituições que desenvolveram ações que favoreceram a política ambiental no município. O vereador relator da CDHMA esclarece que ao se abordar a legislação ambiental no município de Paulo Afonso, considerando a importância da atual legislatura para esta legislação, deve se analisar as proposições anteriores a atual legislatura. Em termos de legislação voltada para o meio ambiente, o que existe de mais eficiente é a própria Lei Orgânica Municipal aprovada em 21 de julho de 1990, embora esta careça de uma legislação complementar. A Lei Orgânica do Município de Paulo Afonso dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente; embora os capítulos que tratem de saneamento básico, da política de saúde, da política urbana e da política agrícola estejam interligados a este, considerando o entendimento do Constituinte que o meio ambiente era um fator indissociável do desenvolvimento humano... A segunda lei mais importante foi a Lei nº 906/2000, que dispõe sobre o Código de Meio Ambiente e o Sistema de Gestão Ambiental no Município de Paulo Afonso, no entanto a Lei Estadual nº 10.431 de 20 de dezembro de 2006 que dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e a Lei Estadual nº 7.799 de 07 de fevereiro de 2001 que institui a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais, não foram devidamente suplementadas no Município de Paulo Afonso, sendo portanto necessária uma adequação do Código de Meio Ambiente (VEREADOR). Além destas duas importantes leis este vereador apresenta outras: 103 O Plano Diretor também é uma das Leis Ambientais mais importantes do município, no entanto este é um instrumento defasado... A Lei n° 916, de 08 de junho de 2001, institui o CMMA- Conselho Municipal de Meio Ambiente cuja finalidade é planejar, controlar e fiscalizar, a política do meio ambiente no município de Paulo Afonso; o Código de Obras e o Código de Posturas são leis ambientais importantes no município... Além destas, existe uma Lei Ambiental que ficou famosa no município por ter sido o estopim do conflito entre os quebradores de Pedra do Povoado Malhada Grande e o IBAMA do Município de Paulo Afonso; foi a Lei 926/2002, sancionada em 11 de abril de 2002, a qual em seu artigo 1º declara como Área de Preservação Ambiental a região compreendida entre os Povoados Rio do Sal, Malhada Grande, Mão Direta e Lagoa das Pedras (VEREADOR). Dos vereadores eleitos na atual legislatura, todos admitem conhecer a Lei Orgânica do município; quanto ao Código de Meio ambiente 5 vereadores declararam que não o examinaram até o momento. Também 4 vereadores mencionaram que nunca consultaram o Plano Diretor, desconhecendo o mesmo, embora todos reconheçam sua importância. Sobre o Código de Obras e o Código de Postura, 3 vereadores admitiram que nunca o consultaram. Na atual legislatura também houve produção de legislação ambiental. Conforme outro vereador membro da CDHMA: Foram produzidas nesta legislatura, até a presente data, mais de 500 proposições dentre Requerimentos, indicações e moções. No tocante às questões ambientais, o principal assunto dos requerimentos e indicações foram solicitações de limpeza de barragens na zona rural, limpeza de lagoas na área urbana da cidade, solicitação de instalação da rede de esgoto, providências quanto problemas de poluição na usina de reciclagem e de poluição causada pelos lixões; além de solicitação de pavimentação e outras obras de saneamento. No entanto merece destaque um requerimento encaminhado pela Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente que solicita a criação no município de uma Secretária Municipal Ambiental independente, responsável para tratar de assuntos relativos ao Meio Ambiente, e que seja capaz de atrair investimentos junto aos governos federal e estadual, bem como junto aos órgãos internacionais, como é caso da ONU. O requerimento justifica a solicitação alegando que no município é reservado apenas uma diretoria, atrelada à Secretaria de Obras ( infra-estrutura), para tratar de assunto da magnitude do meio ambiente... Infelizmente os requerimentos, que são direcionados ao prefeito e as indicações, que são direcionadas para as autoridades de instituições privadas ou públicas pertencentes à outra esfera do governo, na maioria dos casos não são atendidos (VEREADOR). Quanto aos projetos de lei desta legislatura este vereador comenta: 104 Os Projetos mais relevantes para a Política Ambiental em Paulo Afonso-BA, produzidos nesta legislatura, podem ser agrupados em dois blocos: Projetos que criam uma consciência ambiental e Projetos que viabilizam que Paulo Afonso seja um município saudável. Encabeçando o primeiro bloco está o Projeto de Lei nº 03/2010 que “Institui na Rede Municipal de Ensino a obrigatoriedade do ensino de noções, atividades e programas de educação ambiental e dá outras providências” tramita na Câmara Municipal de Paulo Afonso, tendo recebido aprovação da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente...Outro Projeto que a CDHMA concedeu parecer favorável e enquadrou nesta categoria foi o Projeto de Lei nº 36 de 13/08/2010 que “Institui a Campanha Permanente de Incentivo à Arborização de Ruas, Praças e Jardins de Paulo Afonso, e dá outras providências.” Ambos os Projetos procuram tratar das questões ambientais através da mobilização da sociedade de Paulo Afonso via a educação; pois torna-se urgente no município de Paulo Afonso a concepção de educação e formação para a sustentabilidade (VEREADOR). Com base nos comentários deste Vereador e na análise documental, percebe-se que já floresce entre os parlamentares desta legislatura uma preocupação em educar para a sustentabilidade, ou seja, alfabetizar ecologicamente, numa perspectiva que inclua o estudo do metabolismo social (sociedade) com a natureza, as repercussões dos impactos dos ecossistemas nas próprias relações sociais e suas transformações nas estruturas de classe e poder político e econômico. Ainda sobre a legislação ambiental produzida nesta legislatura este vereador comenta: Quanto aos Projetos de Lei, aprovados ou em tramitação, que propiciam ao Município de Paulo Afonso se constituir num município saudável existe um projeto que procura elevar Paulo Afonso a condição de Município Saudável. O Projeto de Lei nº 43/2010 que “Institui o Programa de Políticas Públicas Saudáveis no Município de Paulo Afonso” que chegou à Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente, recebendo parecer favorável desta... Também merece destaque o Projeto de Lei nº 20 de 26/04/2010 que “dispõe sobre medidas auxiliares ao saneamento básico do município e dá outras providências”, tal projeto traz medidas que viabilizariam o projeto que trata do Município Saudável. Este projeto ainda aguarda parecer das Comissões. Outra lei já aprovada que a Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente julgou como relevante para que Paulo Afonso pudesse se constituir num Município Saudável, é a Lei nº 18 de 14/04/2009 que “dispõe sobre a instalação de recipientes para a coleta de produtos potencialmente perigosos à saúde e ao meio ambiente como baterias de telefones celulares usadas e outros”. Esta Lei teve seu projeto apresentado e lido na sessão de 14/04/2009. Após receber parecer favorável de todas as comissões a qual o projeto de lei foi submetido, a lei foi aprovada e sancionada pelo prefeito municipal (VEREADOR). 105 As ponderações deste vereador, associadas com o que pode ser constatado na análise documental, mostram um despertar dos vereadores desta legislatura no sentido de tornar Paulo Afonso um município saudável19. Este despertar trará significativos avanços na política ambiental do município, pois um dos fatores mais importantes da saúde são as condições ambientais; portanto, para Paulo Afonso se tornar um Município Saudável, na perspectiva da OMS, significa assegurar ao município melhores condições ambientais. Alguns vereadores e dirigentes partidários, durante a entrevista, entendem que somente através da gestão integrada entre as Secretaria de Serviços Públicos, Secretaria de Infra-Estrutura Estrutura e Meio Ambiente e Secretaria de Saúde seria possível o Município de Paulo Afonso atender ate os requisitos necessários para este fim; fim todavia conforme rme foi evidenciado nas questões anteriores do questionário, principalmente na questão nº 10, a gestão integrada no Município ainda é ineficiente, sendo suas ações pouco articuladas. CONHECIMENTO SOBRE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO E SUA EFICIÊNCIA 13% Sim, é satisfatória 33% Não, não é satisfatória 54% Não sei Gráfico 12 - Conhecimento do CMMA sobre a legislação ambiental do município e sua eficiência. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 19 O Município Saudável é um conceito definido pela Organização Mundial de Saúde – OMS (2005), como "aquele que coloca em prática prática de modo contínuo a melhoria de seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade". comunidade" 106 5.4.13 Análise da Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através das Discussões do CMMA com a Câmara dos Vereadores Através da questão nº 13, foi feita uma pergunta aos próprios membros do Conselho sobre a relevância de suas discussões na interação do CMMA com a Câmara dos Vereadores no contexto da Política Municipal de Meio Ambiente, sendo obtido um resultado de 98% de resposta afirmativa, gráfico 13. Quando perguntados na entrevista sobre a possibilidade das discussões dos conselhos de governo e gestão, a exemplo do Conselho Municipal de Meio Ambiente, com a Câmara dos Vereadores, poder se tornar uma alternativa viável para a formulação e implementação das políticas ambientais no Município de Paulo Afonso, inclusive possibilitando o trabalho articulado na formulação e implementação de políticas públicas ambientais, os vereadores responderam afirmativamente. Todavia a maioria dos vereadores e dirigentes partidários demonstraram não conhecer os membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente, como também demonstraram desconhecimento das atribuições do Conselho. Desta forma, na entrevista, dos 11 vereadores entrevistados apenas 6 afirmaram conhecer as atribuições do Conselho Municipal e apenas 2 declararam já ter se reunidos, uma única vez, com alguns membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente para tratarem de assuntos referentes às problemáticas ambientais do Município; todavia, todos declararam que nunca se fizeram presentes, tampouco foram convidados, a uma reunião do CMMA. Assim sendo, conforme a entrevista com os vereadores e dirigentes partidários, as discussões do CMMA, embora importantes, não tem chegado à Câmara Municipal. O vereador presidente da CDHMA esclarece: De acordo com um dos membros do CMMA, quanto a sua funcionalidade, as reuniões ordinárias do CMMA realizam-se uma a cada mês, em dia útil e em horário a ser fixado por Resolução do CMMA, ocorrendo geralmente na última quarta-feira de cada mês. Suas reuniões ocorrem preferencialmente no Auditório Edson Teixeira, espaço pertencente à Prefeitura de Paulo Afonso; mas havendo motivo relevante ou de força maior, o CMMA poderá reunirse em qualquer outro local, situado no Município de Paulo Afonso, por 107 deliberação do Plenário. As reuniões extraordinárias poderão ser convocadas pela Assembléia do CMMA pelo Prefeito Municipal Munic ou pelo Presidente do CMMA; todavia, nunca houve um u convite a nenhum membro da CDHMA para participar destas reuniões (VEREADOR). Portanto, através desta questão nº 13, e das questões já analisadas (nº 04 e nº 05) do questionário aplicado ao CMMA e com base na entrevista com os vereadores e dirigentes partidários foi possível chegar à conclusão que não existe um trabalho articulado entre a Câmara Municipal e o Conselho Conselho Municipal de Meio Ambiente, e da mesma forma que existe o desinteresse dos membros do CMMA pela Câmara de Vereadores, também os vereadores não se interessam pelo CMMA e suas discussões. IMPORTÂNCIA DO CONSELHO DE MEIO AMBIENTE NA FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Sim 1% 1% Não 98% Não sei responder; pois desconheço as atribuições do Conselho Municipal de Meio Ambiente Ambiente. Gráfico 13 - Importância das discussões do CMMA para política pública. pública Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 5.4.14- Análise da Efetividade Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através do Cuidado Com os Logradouros Públicos. o questionário aplicado aos membros do CMMA,, ao responderem a questão No nº 14, de acordo com o gráfico 14, um total de 78% dos membros do CMMA afirmaram sim. O Bairro Barroco foi indicado por 66% 66% dos pesquisados como um dos logradouros municipais onde existem inúmeros problemas ambientais que não estão sendo tratados pelo poder público p com o devido cuidado. O problema da poluição 108 das lagoas no Bairro Centenário e do lixão que se formara no Bairro Benone Resende foram indicados por 12% dos pesquisados. Ao serem perguntados sobre o principal problema ambiental de Paulo Afonso, na entrevista, os vereadores apontaram o saneamento ambiental; apresentando o Bairro Barroca como o lócus dos principais problemas ambientais de Paulo Afonso. Os vereadores membros da CDHMA apresentaram o problema dos resíduos do Matadouro, a fuligem da Usina de Reciclagem e o lixão como os principais problemas ambientais do Bairro Barroca. 5.4.14.1 O matadouro O vereador presidente da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente explicou que os vereadores, em visita técnica ao Matadouro de Paulo Afonso, trouxeram informações importantes sobre as condições de higiene e os resíduos que são liberados após a matança de caprinos, bovinos, suínos e bufalinos e também identificaram quais os impactos ambientais que são causados à população, considerando que os moradores do Bairro Barroca haviam se queixado que os resíduos do Matadouro estavam contaminado as águas do Bairro e provocando doenças. Conforme este vereador: O Matadouro de Paulo Afonso que funciona desde sua inauguração no ano de 1998, com razão social de Associação do Abatedouro Municipal São Francisco de Assis - ASFA prescrita no ano de 2001, está localizado na Estrada da Barroca s/n Vila Barroca. O Matadouro é a instalação industrial destinada ao abate, sendo a inspeção deste realizada pela ADAB - Agência de Defesa Agropecuária da Bahia. O funcionamento da instituição é de terça a sábado no horário de 4h da manhã até as 13h, dependendo da quantidade de animal a ser abatido... O Matadouro passou por algumas reformas recentemente, no entanto, a Câmara ainda não sabe se a problemática apresentada pelos moradores do bairro onde o Matadouro está instalado fora resolvida (VEREADOR). Outro vereador membro do CMMA afirmou que segundo moradores do Bairro Barroca os problemas sócio-ambientais trazidos pelo matadouro começam na 109 própria lagoa de estabilização do sangue, foto 1, que tem se constituído num vetor de doenças. Foto 1 - Lagoa de estabilização do sangue. Fonte: Foto cedida pela CDHMA ( 2010 ) Conforme os vereadores a lagoa de filtragem, foto 2, devido a concentração de metano e à proximidade do Rio São Francisco tem poluído as margens do rio, provocando odores desagradáveis. Foto 2 - Lagoa de filtragem (concentração de gás metano). Fonte: Foto cedida pela CDHMA ( 2010 ) Consoante os vereadores, o desprezo ósseo, foto 3, trata-se de um material despejado, segundo denúncias, nas margens do Rio São Francisco. 110 Foto 3 - Desprezo ósseo. Fonte: Foto cedida pela CDHMA (2010) Embora o destino deste material ósseo seja o tanque de descartes, foto 4. Foto 4 - Material ósseo levado ao tanque de descartes através dos funcionários do matadouro. Foto cedida pela CDHMA (2010) Conforme um dos vereadores da CDHMA “os impactos produzidos pelos processos produtivos do matadouro do Município de Paulo Afonso não trazem tantos danos ambientais a Barroca quanto o lixão” (VEREADOR). 111 5.4.14.2- O lixão e a usina de reciclagem A má disposição do lixo compromete diretamente o meio ambiente, causando a poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos, afeta a condição sanitária da população. O Bairro Barroca é o ponto da cidade mais acometido por poluição de lixo. Um dos vereadores esclareceu que o lixão da Barroca, foto 5, é o destino final do lixo da sede do Município de Paulo Afonso-BA. Conforme o que foi constatado com a observação este lixão do Bairro Barroca, do qual o vereador fez referência; está localizado há apenas 400 metros próximo de um braço do Rio São Francisco, foto 6. Foto 5 - O Lixão da Barroca é o destino final do lixo domiciliar e mesmo comercial e industrial. Fonte: Foto cedida pela CDHMA (2010) Foto 6 - O Lixão da Barroca já chega a atingir as margens do Rio São Francisco. Fonte: Foto cedida pela CDHMA (2010) 112 Na Barroca este lixão não faz parte do cotidiano apenas dos moradores do bairro, mas também dos animais, foto 7, criados pelos moradores. Foto 7 - É comum nas proximidades do Lixão da Barroca a presença de animais se alimentando do lixo. Fonte: (2010) Foto cedida pela CDHMA Conforme um dos dirigentes partidários, este lixão degrada muito a região onde está localizado, porque os resíduos assim lançados a céu aberto acarretam problemas de saúde pública, como proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas e ratos, etc.), geração de maus odores e principalmente, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preto, mal cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos. Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das águas e ainda provocam poluição visual. O vereador Presidente do CDHMA afirma que: O chorume, que surge pela decomposição dos resíduos, acaba se infiltrando no solo causando sua poluição, devido à geração de líquidos percolados. Portanto se ocorrer a contaminação do lençol freático, pela infiltração desses líquidos, poderá resultar na poluição de poços alimentando endemias e desenvolvendo surtos epidêmicos...Acrescenta-se a esta situação o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos nestes locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados dos serviços de saúde principalmente dos hospitais, como também das indústrias. Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente indesejáveis, como a presença de animais e problemas sociais e econômicos com a existência de catadores, os quais retiram do lixo o seu sustento, e muitas vezes residindo no próprio local (VEREADOR). 113 A situação dos catadores é preocupante; pois conforme denuncia este vereador, não existe a mínima segurança de trabalho para os catadores, que catam lixo sem equipamentos e utilizam sacos, foto 8, onde levam vidros e metais, nos ombros. Foto 8 - Os catadores de lixo utilizam sacos diversos para transportar o que selecionaram no lixão. Fonte: Foto (2010) cedida pela CDHMA O lixão da Barroca é portanto um problema sócio-ambiental, cujas medidas mitigadoras de seu impacto não tem sido eficiente. De acordo com o que explica um dos vereadores: Com a criação de uma usina de reciclagem e compostagem de lixo idealizada pela ARPA (Associação de Reciclagem de Paulo Afonso) uma associação de 33 pessoas, fundada em dezembro de 1999, sendo esta de utilidade Pública Municipal e Estadual, que desenvolve atividades de recepção, triagem e comercialização de resíduos sólidos do Município de Paulo como (papel branco, plásticos, metais, vidros e outros) o problema do lixão parecia está em partes resolvido.... Diariamente a ARPA recebe aproximadamente 136 toneladas de lixo, recicla 3% e destina 60% de matéria orgânica para a produção de compostos que são utilizados na agricultura e jardinagem, sem ocasionar riscos ao meio ambiente, porém para acomodar os dejetos, o lixo que não é aproveitado na reciclagem, foi criado um lixão que fica aos fundos da usina ( VEREADOR ). Portanto, conforme este vereador a usina de reciclagem, foto 9 e foto 10, ao resolver partes do problema do lixão, criou uma extensão do lixão nos seus fundos. 114 Foto 9 - A Usina de Reciclagem da Barroca. Fonte: (2010) Foto cedida pela CDHMA Foto 10 - A Usina de Reciclagem da Barroca. Fonte: (2010) Foto cedida pela CDHMA Este lixão formado aos fundo da usina de reciclagem acabou por se transformar no destino final do lixo industrial, foto 11 e foto 12, proximidades da Barroca. produzido nas 115 Foto 11 - No lixão aos fundos da usina de reciclagem a presença do lixo industrial é marcante. Fonte: Foto (2010) cedida pela CDHMA Foto 12 - No lixão aos fundos da usina de reciclagem a presença do lixo industrial é marcante. Fonte: Foto (2010) cedida pela CDHMA É possível ainda encontrar neste lixão sucatas de veículos e eletroeletrônicos, foto 13 e foto 14, ocupando um grande volume. 116 Foto 13 - No lixão a presença de sucatas de veículos e eletro-eletrônicos ocupa um volume grandioso. Fonte: (2010) Foto cedida pela CDHMA Foto 14 - No lixão a presença de sucatas de veículos e eletro-eletrônicos ocupa um volume grandioso. Fonte: (2010) Foto cedida pela CDHMA Os vereadores também informam que, conforme denuncia os moradores, a queima do lixo, foto 15, vem provocando diversas doenças respiratórias nos moradores da Barroca. 117 Foto 15 - No lixão da Barroca a queima do lixo é constante. Fonte: Foto (2010) cedida pela CDHMA Por outro lado, conforme o vereador relator da CDHMA: Com 13 anos de existência e poluição este lixão está próximo de ser desativado, pois existe um projeto da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), no valor de aproximadamente R$ 200.000,00 que pretende transformar tr este lixão em uma área de reflorestamento. No entanto, en conforme este vereador, para que este projeto que já esta com orçamento aprovado saia do papel é necessário que a obra do aterro sanitário municipal que será localizado no Povoado Campos Novos Novo esteja totalmente pronta para receber os resíduos que deixarão de ir para este lixão (VEREADOR). PROBLEMA AMBIENTAL EM LOGRADOURO Sim Sim. Qual o problema e o lugar?Algum vereador já se posicionou sobre este problema? 22% Não existe 78% Caso exista, desconheço Gráfico 14 - Problema ambiental em logradouro logradouro onde o CMMA tenha conhecimento. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. eu 118 5.4.15 Análise da Efetividade das Políticas de Meio Ambiente Através da atuação individual das instituições com membresia no Conselho de Meio Ambiente. A questão de nº 15 do questionário aplicado ao Conselho de Meio Ambiente, através dos representantes das instituições acima mencionadas inquiria: Na percepção do (a) Senhor (a), a instituição a qual Vossa Senhoria pertence tem, de uma forma geral, atuado com eficiência no que diz respeito às questões ambientais do Município, cobrando do Poder Público Municipal medidas preventivas e corretivas para tais questões? (QUESTIONÁRIO, 2010). Responderam que sim 61% dos entrevistados, conforme o gráfico 15; todavia, considerando que as decisões do CMMA são tomadas de forma colegiada, através de votação durante suas reuniões, não é tarefa fácil deduzir quais as instituições estão mais empenhadas com as problemáticas ambientais do município. Desta forma, para se analisar a efetividade das Políticas de Meio Ambiente a partir da atuação das instituições com assento no Conselho de Meio Ambiente é preciso conhecer a composição deste Conselho. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é uma entidade colegiada; portanto nele o Plenário é o órgão deliberativo e soberano. O CMMA é constituído por 25 (vinte e cinco) Conselheiros, que representam as instituições eleitas. Cada cadeira do CMMA possui uma instituição suplente. Na entrevista os Vereadores mencionam algumas instituições que também pertencem ao Conselho como instituições que são ativas no que diz respeito à busca de soluções para as problemáticas ambientais no município; foram elas a UNEB - Universidade do Estado da Bahia, a ONG AGENDHA - Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia, a ARPAAssociação de Reciclagem de Paulo Afonso, o CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e a CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba. Estas instituições foram apontadas pela unanimidade dos entrevistados. 119 O IBAMA foi citado; todavia os entrevistados especularam que este órgão possivelmente estaria fechando suas portas no Município de Paulo Afonso. A CHESF foi citada por alguns vereadores e dirigentes partidários como uma empresa com compromisso com as questões sócio-ambientais no município de Paulo Afonso, outros entrevistados, no entanto, afirmaram que as realizações da Chesf não podem ser consideradas uma atuação em favor do Meio Ambiente de Paulo Afonso; pois constitui-se em nada mais que medidas de reparação em função dos danos ambientais que ela trouxe ao município. Por outro lado a EMBASA- Empresa Baiana de Saneamento foi denunciada pelos entrevistados como uma instituição omissa em relação aos problemas ambientais do município. Já a AAT Internacional (empresa privada para beneficiamento de pesca) foi citada, por mais da metade dos entrevistados, como uma empresa que está causando profundos impactos ambientais no Município de Paulo Afonso. As outras 16 (dezesseis) instituições que compõem o Conselho Municipal de Meio Ambiente não foram citadas na entrevista com os vereadores, que alegaram que a Câmara dos Vereadores, como Poder Legislativo, nunca foi cobrada pelo CMMA, enquanto órgão que compõe o Sistema de Gestão Ambiental do Município. Também não houve um único vereador que mostrou conhecer pelo menos metade dos membros do CMMA. Quanto aos dirigentes partidários, três deles citaram, na entrevista, o nome de 22 (vinte e duas) das 25 (vinte e cinco) instituições com assento no Conselho de Meio Ambiente, e esclareceram que o CMMA é conhecedor dos diversos crimes ambientais que são cometidos no município tanto por particulares, quanto pelo poder público; no entanto, este Conselho não denuncia os culpados às autoridades competentes. Desta forma, estes dirigentes consideram que o CMMA não pode ser considerado ativo; pois ainda que este órgão se reúna regulamente e conheça os problemas ambientais do município, este Conselho não toma as providências cabíveis em relação a tais problemas. Portanto, embora os dados obtidos no questionário aplicado aos membros do CMMA mostrem que as instituições com membresia no CMMA são ativas no sentido 120 de cobrar, do poder público, soluções para as questões ambientais do município; a entrevista apontou noutro sentido, mostrando que as instituições do CMMA não podem ser consideradas ativas. Percepção quanto a eficiência das instituições do CMMA 1% Sim Não 38% 61% Não sei responder Gráfico 15 - Percepção quanto à eficiência das instituições do CMMA. Fonte: Pesquisa realizada em outubro de 2010 no Município de Paulo Afonso. 121 6 CONCLUSÃO Esta pesquisa evidencia uma possível falha das políticas públicas ambientais no Município de Paulo Afonso em função da deficiente atuação do Poder Legislativo Municipal no tocante a tais políticas. Assim, com base na entrevista realizada na Câmara Municipal de Paulo Afonso com os vereadores e dirigentes dos partidos políticos, dos questionários aplicados com os membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente e dos documentos analisados foi possível chegar à conclusão que a atuação deficiente dos vereadores na elaboração e implementação de políticas ambientais no município está associada principalmente a legislação ambiental não aplicada ou incoerente com a realidade do município, desarticulação entre a Câmara dos Vereadores e os demais poderes municipais, outras esferas de governo e sociedade civil, desconhecimento dos problemas de impacto ambiental por parte dos vereadores, e deficiência na fiscalização da gestão ambiental. Esta conclusão leva em consideração que a Câmara Municipal participa da elaboração de uma política pública votando e criando leis, instrumentos de gestão, etc., e participa de sua implementação fiscalizando a condução destas leis e instrumentos de gestão pelo Poder Executivo, portanto, a eficiência das políticas públicas no município depende da eficiência da Câmara dos Vereadores. 6.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONCLUSÃO DA PESQUISA Assim, a conclusão desta pesquisa está baseada em algumas considerações sobre os fatores responsáveis pela atuação deficiente dos vereadores na implementação de políticas ambientais capazes de fomentar o desenvolvimento sustentável no município. No que se refere à legislação ambiental do município, de uma forma geral, esta é considerada suficiente para as demandas ambientais locais; todavia a pesquisa aponta que esta não é devidamente aplicada pela Prefeitura nem fiscalizada pela Câmara de Vereadores. Também existe a necessidade de ajustes no Código de Meio Ambiente do município em sintonia com o Plano Diretor. 122 Quanto à Lei Orgânica, esta como orientadora das políticas públicas, tem por um dos seus princípios a melhor qualidade de vida para a população, isto implica dizer que a Lei Orgânica Municipal mantém coerência com os preceitos constitucionais, o que possibilita ao município aproveitar os benefícios provenientes de programas nacionais, entretanto a aplicação local de tais programas dependerá da organização e das condições locais para sua implementação. Um exemplo disto é o que vem ocorrendo com o SES- Sistema de Esgotamento Sanitário que vem sendo implantado no Município de Paulo Afonso, gerenciado pelo governo do Estado da Bahia. Entretanto a efetivação de diretrizes legais que viabilize a efetividade das políticas ambientais no Município de Paulo Afonso dependerá, na prática, de facilidades econômicas e oportunidades sociais, no sentido de atingir um índice de desenvolvimento aceitável, e principalmente da articulação do poder público local com outras esferas de poder e sociedade civil, além de outros fatores políticos, dos quais a Câmara de Vereadores é em partes responsável. No tocante às questões orçamentárias foi possível constatar na pesquisa que o orçamento municipal estudado não prescinde da participação social para o acompanhamento da aplicação financeira e da avaliação das ações; o que é um entrave a efetividade das políticas de saneamento, dentre outras políticas ambientais, pois um maior controle social implica em maior cobrança aos vereadores, que possuem a prerrogativa de fiscalizar o orçamento municipal. Esta fiscalização é importante, pois as políticas públicas devem cumprir o seu papel de amenizar as distorções sociais, a partir da implementação das leis do orçamento municipal resgatando a função da Lei Orçamentária Anual de reduzir as desigualdades sociais entre distritos, bairros e povoados. Na pesquisa foi constatado que outros instrumentos de gestão, como o Plano Diretor, encontram-se relativamente defasados; faltando vontade política dos vereadores para cobrar do Executivo Municipal que encaminhe para votação na Câmara Municipal a atualização destes instrumentos de gestão. Através da pesquisa foi evidenciado que os vereadores não possuem um conhecimento aprofundado dos problemas ambientais do município. Quanto aos problemas de saneamento ambiental no município, considerado ser este, de acordo 123 com a entrevista realizada, o problema ambiental mais grave em Paulo Afonso, o agravante consiste nas desigualdades entre o centro da cidade e os bairros periféricos e a zona rural, principalmente no que diz respeito ao esgotamento sanitário. Embora este problema tenha sido contemplado no orçamento municipal, as desigualdades ainda continuarão gritantes. Outro problema no saneamento ambiental de Paulo Afonso-BA são os lixões. Nos lixões do município existem os catadores que obtêm o seu sustento através da catação de materiais recicláveis, presentes nos resíduos sólidos. Neste sentido, surge um problema sócio-ambiental com a lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e determina o fechamento do lixão em 4 anos, pois, em seu Art.54, determina que: “a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observando o disposto no §1º do art. 9º, deverá ser implantada em até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei.” Embora o lixo seja a única fonte de renda de muitos catadores; a Câmara Municipal dos Vereadores não pode ignorar o fato que os lixões poluem a água subterrânea e se constitui também num problema de saúde pública para a população residente em seu entorno. Assim, é cabível analisar que embora os lixões fiquem escondidos da população com maior acesso a educação e dos formadores de opinião, o que aparentemente ofusca sua importância política; dados as crescentes preocupações com a disposição final do lixo, a maneira como a gestão pública trata os lixões do município pode trazer benefício econômico e também político, em especial no que se refere à imagem política do governo local. Embora a usina de reciclagem e compostagem de lixo, faça um grande trabalho para amenizar o problema dos resíduos sólidos do Município de Paulo Afonso-BA, a Câmara Municipal não pode deixar de atentar a degradação que o lixão causa, na região, principalmente por está tão próximo de um braço do Rio São Francisco. Contudo, com a existência do projeto com orçamento já aprovado, para desativar e revitalizar a área que o lixão se encontra este problema está próximo de ser solucionado, ao menos em parte; caso haja o empenho dos vereadores locais em fiscalizar as obras, objetivando impedi desvios de recursos. 124 Sanar esta problemática requer ainda a construção do Aterro Sanitário Municipal, pois simultaneamente resolveria as questões sanitárias e ecológicas. Assim, caso as políticas ambientais voltadas a gestão de resíduos sólidos fossem eficientes, poderiam trazer resultados positivos no aumento do IDH do município. No entanto, na pesquisa documental foi identificado que os recursos destinados através dos programas analisados são insuficientes para a realidade do saneamento básico no Município de Paulo Afonso; também na entrevista com os vereadores e dirigentes partidários ficou claro que a gestão ambiental no que diz respeito ao saneamento não é devidamente fiscalizada pela Câmara Municipal, o que sugere que a atividade legislativa municipal nesse campo, assim como as políticas públicas respectivas se encontram em estágio, que pode ser considerado, incipiente no município. 6.2 RECOMENDAÇÕES Portanto, de acordo com o que foi concluído acima, recomenda-se ao Poder Legislativo Municipal, ao votar a LDO, o PPA e a LOA, maior acuidade com a dotação orçamentária para a área de saneamento básico, pois esta poderá influenciar a efetivação das políticas públicas neste setor e, consequentemente, o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano do município, ainda que essa influência não produza efeitos perceptíveis a curto prazo; todavia pode viabilizar medidas que trazem benefícios como conservação dos recursos naturais; melhoria das condições sanitárias locais; eliminação dos focos de poluição e contaminação; eliminação de problemas estéticos desagradáveis; redução das doenças ocasionadas pela água contaminada; redução das doenças ocasionadas pelo destino final inapropriado do lixo; etc. Ainda no tocante a dotação orçamentária, recomenda-se a inclusão de emendas que acrescentem programas e ações que tratem exclusivamente de Educação Ambiental, destinando recursos específicos para este fim. Também se recomenda aos vereadores mais empenho em fiscalizar a gestão ambiental exercida pelo Poder Executivo, principalmente no que diz respeito à gestão integrada entres as várias secretarias da Prefeitura Municipal. 125 Recomenda-se ainda que a Câmara Municipal mantenha uma maior integração com o Conselho Municipal de Meio Ambiente, a qual é quase que inexistente, para que ambas as instituições possam, conjuntamente dentro de suas atribuições, assegurarem a efetividade das políticas públicas ambientais no Município de Paulo Afonso. 126 REFERÊNCIAS ACKEL FILHO, Diomar. Município e prática municipal. São Paulo: RT, 1992. ACSELRAD, H. et al. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. _____________., organizador. A duração das cidades. Rio de Janeiro: DP&A; 2002. _____________. e LEROY, Jean-Pierre. Novas Premissas da Sustentabilidade Democraticamente. Caderno debate Brasil Sustentável e Democrático, n.1. Rio de Janeiro: FASE, P. 11-47, 1999. ANDRADE, R. O. 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São Paulo: Fundação Getulio Vargas, 2006. WCED. Our common Future. Oxford: Oxford University Press, 1991. 134 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MEMBROS DO CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE (CMMA) SOBRE A PERCEPÇÃO DA ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO NA ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO MESTRADO EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL Questionário Prezado (a) Senhor (a): Esta é uma pesquisa de cunho acadêmico que visa avaliar sua percepção quanto à atuação da Câmara Municipal de Paulo Afonso-BA na elaboração e avaliação de Políticas Ambientais voltadas ao Desenvolvimento Sustentável do município, bem como a articulação desta com órgãos públicos e sociedade civil no fomento de tais políticas e a efetividade das políticas ambientais no Município de Paulo Afonso. Agradecemos a sua participação, lembrando que não será necessário que V.Sa se identifique. DADOS DEMOGRÁFICOS : 1. Qual o nível de escolaridade do(a) Senhor(a)? ( ) Possui nível superior com pós-graduação. Qual a formação?______________________________________________ ( ) Possui nível superior sem pós-graduação. Qual a formação?______________________________________________ ( ) Não possui nível superior. 2. Qual a relação do(a) Senhor(a) com o Município de Paulo Afonso? ( ) Resido a mais de 05 anos. ( ) Resido a menos que 05 anos. 135 ( ) Trabalho em Paulo Afonso; mas resido em outro Município. 3. Qual o Domicílio Eleitoral do(a) Senhor(a)? ( ) Município de Paulo Afonso Bahia. ( ( ) Outro Município no Estado da ) Outro Município em outro Estado. CONHECIMENTO SOBRE O LEGISLATIVO MUNICIPAL: 4. O(a) Senhor(a) costuma participar de sessões, ou audiências públicas realizadas na Câmara Municipal de Paulo Afonso? ( ) Sim, frequentemente. ( ) Sim, Raramente. ( ) Não, nunca fui. 5. Considerando que a votação de matérias importantes, a exemplo de mudanças na Lei Orgânica do Município exige voto favorável da maioria qualificada (2/3) dos vereadores, e considerando ainda que a ação parlamentar é orientada pelos Partidos Políticos; o(a) Senhor(a) conhece o nome de pelo menos 08 (oito) dos 11 (onze) Vereadores da atual Legislatura e os Partidos Políticos pela qual estes foram eleitos? ( ) Sim.Conheço o nome dos Vereadores e seus respectivos Partidos. Cite ao menos 3 vereadores com seus respectivos partidos: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ( ) Não. Conheço apenas os nomes dos Vereadores ou dos Partidos. Quais vereadores?_________________________________________________________ Quais Partidos?______________________________________________________ ( ) Não. Não conheço nem os nomes dos Vereadores, nem dos Partidos pela qual estes foram eleitos. 136 PERCEPÇÃO QUANTO À ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL. 6. O(a) Senhor(a) sabe o que é gestão ambiental? Caso afirmativo, o Senhor(a) considera que a Câmara Municipal de Paulo Afonso exerce a fiscalização da Gestão Ambiental no Município de Paulo Afonso de forma eficiente? ( ) Sim, é eficiente. ( ) Não, não é eficiente. ( ) Não sei o que é Gestão Ambiental/Desconheço as atribuições da Câmara Municipal sobre este assunto. 7. O(a) Senhor(a) avalia a atuação do Legislativo Municipal, no âmbito de sua competência, no fomento ao Desenvolvimento Sustentável como satisfatória? ( ) Sim, é satisfatória. ( ) Não, não é satisfatória. ( ) Não sei responder. Porquê?__________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 8. Na sua avaliação, no tocante às questões ambientais as articulações da Câmara Municipal com a sociedade civil são satisfatórias? ( ) Sim, é satisfatória. 9. O(a) Senhor ( ) Não, não é satisfatória. ( ) Não sei responder. acredita que a Câmara de Vereadores tem buscado a articulação com outros poderes, órgãos e esferas de governo para tratar da busca de soluções para os problemas ambientais no Município de Paulo Afonso? ( ) Sim. ( ) Não. ( ) Não sei responder. PERCEPÇÃO QUANTO À EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS DE MEIO AMBIENTE. 10. Na percepção do(a) Senhor(a) existe a gestão integrada entre as Secretarias de Saúde, Serviços Públicos, Infra-estrutura e Meio Ambiente e Educação no sentido de integrar as políticas, programas e práticas ambientais? ( ) Sim, existe. Neste caso, como a Câmara de Vereadores fiscaliza esta gestão?__________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ ( ) Não, não existe. ( ) não sei responder. 137 11. Na percepção do(a) Senhor(a), no Município de Paulo Afonso existem políticas públicas eficientes, fiscalizadas pela Câmara Municipal de Vereadores, para tratar questões como: 11.1- Recolhimento e destino do Lixo ( das Residências ( ) Sim. ( ) Não. ) Não sei responder. 11.2- Destino do Lixo Hospitalar ( 11.3- Aterros Sanitários ( ) Sim. 11.4- Esgotamento Sanitário ( ) Sim. ( 11.5- Outras Medidas de Saneamento Básico (água mínimas de higiene etc.) ) Sim. ( ( ) Sim. ( ) Não ( ( ) Não sei responder. ) Não ( ) Não ( ) Não.( ) Não sei responder. ) Não sei responder. tratada, condições ) Não sei responder. 12. O(a) Senhor(a) tem conhecimento de uma Legislação Ambiental no Município de Paulo Afonso ? Caso afirmativo considera esta legislação satisfatória? ( ) Sim, satisfatória. ( ) Não, não é satisfatória. ( ) Não sei responder, pois não a conheço. 13. O(a) Senhor(a) considera que as discussões do Conselho Municipal de Meio Ambiente são, ou podem vir a ser uma alternativa viável para ajudar a Câmara de Vereadores na formulação e avaliação das Políticas Públicas Municipais voltadas ao Meio Ambiente? ( ) Sim. ( ) Não. ( ) Não sei responder; pois desconheço as atribuições do Conselho Municipal de Meio Ambiente. 14. Existe algum problema ambiental no logradouro ( Avenida, Rua etc.) onde o(a) Senhor(a) reside, ou alguém que o Senhor(a) conhece resida, que não vem sendo tratado com o devido cuidado pelo poder público? ( ) Sim. Qual o problema e o lugar? Algum vereador já se posicionou sobre este problema? ___________________________________________________________________ ( ) Não existe. ( ) Caso exista, eu desconheço. 138 15.Na percepção do(a) Senhor(a), a instituição a qual Vossa Senhoria pertence tem, de uma forma geral, atuado com eficiência no que diz respeito às questões ambientais do Município de Paulo Afonso, cobrando do Poder Público Municipal medidas preventivas e corretivas para tais questões? ( ) Sim. ( ) Não ( ) Não sei responder. Justifique.___________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 139 APÊNDICE B - ENTREVISTA COM OS VEREADORES E LÍDERES PARTIDÁRIOS SOBRE A ATUAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE PAULO AFONSO NA ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS AMBIENTAIS UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO MESTRADO EM GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL ROTEIRO DE ENTREVISTA 01 - Como Vossa Excelência/Vossa Senhoria avalia sua atuação individual como Vereador ou Presidente de Partido Político na formulação e avaliação da Política Municipal de Meio Ambiente de Paulo Afonso-BA? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 02 - Como Vossa Excelência/Vossa Senhoria avalia a atuação dos Partidos Políticos no fomento às Políticas Ambientais em Paulo Afonso? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 140 03 - Como Vossa Excelência/Vossa Senhoria avalia a articulação da Câmara Municipal dos Vereadores com os Poderes Executivo e Judiciário locais, Ministério Público e outras esferas de governo na busca de soluções no que diz respeito às Políticas de Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável do Município? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 04 - Como Vossa Excelência/Vossa Senhoria avalia a implementação da Agenda 21 Local? Qual a participação de Vossa Excelência/Vossa Senhoria na implementação desta? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 05 - Na avaliação de Vossa Excelência/Vossa Senhoria como a Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente tem desempenhado seu papel no tocante às questões ambientais e ao Desenvolvimento Sustentável no Município de Paulo Afonso? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 141 06 - Como Vossa Excelência/Vossa Senhoria avalia a atuação do Executivo Municipal na gestão ambiental? Existe a gestão participativa com a atuação do Conselho Municipal de Meio Ambiente e a sociedade civil? Qual a maior dificuldade para promover essa articulação com a sociedade civil? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 07 - Na avaliação de Vossa Excelência/Vossa Senhoria as questões ambientais foram contempladas no PPA (2010-2013) e na LOA (2010)? Existe compatibilidade entre estes instrumentos de gestão e as políticas ambientais trabalhadas no município? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 08 - A Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências é a Lei Federal mais importante no tocante às políticas ambientais no Estado da Bahia; a Lei nº 10.431 de 20 de dezembro de 2006 que dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras providências e a Lei nº 7.799 de 07 de Fevereiro de 2001 que institui a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e dá outras 142 providências são as duas leis, que tratam da política ambiental, mais importantes do Estado da Bahia. Considerando que a competência legislativa suplementar é a que dá a determinado ente o poder de suplementar a legislação produzida por outro, Vossa Excelência/Vossa Senhoria acredita que estas Leis foram devidamente suplementadas no Município de Paulo Afonso? Vossa Excelência/Vossa Senhoria acha que o Município de Paulo Afonso dispõe de uma legislação ambiental eficiente? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 09 - Qual o problema ambiental que Vossa Excelência/Vossa Senhoria elege como o mais grave no Município de Paulo Afonso? Por quê? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 143 10 - Vossa Excelência/Vossa Senhoria considera a possibilidade que as discussões dos conselhos de governo e gestão, a exemplo do Conselho Municipal de Meio Ambiente, pode vir a se tornar uma alternativa viável para a formulação e implementação das políticas ambientais no Município de Paulo Afonso? Caso afirmativo, Vossa Excelência/Vossa Senhoria acha que este Conselho Municipal pode levar a Câmara de Vereadores a um comodismo no tocante às discussões das questões ambientais do município ou possibilitará um trabalho articulado na formulação e implementação de políticas públicas ambientais? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________