PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAIANA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CAMPUS UNIVERSITÁRIO EM ITABAIANA-PB Itabaiana-PB Março de 2006 PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAIANA CAMPUS UNIVERSITÁRIO EM ITABAIANA-PB Eurídice Moreira da Silva Prefeita Constitucional Cristina Simone Ramos Barbosa Secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer João Batista da Silva Secretário de Meio Ambiente Itabaiana-PB Março de 2006 1 Lista de Figuras Figura 01 localização da área de estudo Figura 02 A ladeira do Alto dos Currais ao receber a denominação de “Rua Camilo de Holanda” – 1916 Figura 03 Praça Senador Álvaro Machado – 1920 Figura 04: A Antiga Rua do Comércio (Heráclito Cavalcante e Walfredo Leal), vista do alto da Matriz com a sua arborização de castanholas – 1914. (foto reproduzida de Maia, 1976). Figura 05 A mesma rua da foto 6 com sua arborização e Ficus benjamin, 1928. Foto reproduzida de Maia, 1976. Comparar com a foto 8 de 1987 Figura 06 Vista aérea da Feira de Itabaiana Figura 07 Perfil longitudinal do rio Paraíba, destaque para o modelo de diagrama Figura 08 Imagem mostrando as características colinosas do relevo do município de Itabaiana-PB. Figura 09 Imagem demonstrando a mancha urbana da cidade de Itabaiana com destaque para o rio Paraíba. Figura 10 Local de recreação para algumas pessoas. Figura 11 Ponte com destaque no trecho antigo. Figura 12 Faxeiro Figura 13 Juazeiro Figura 14 Planta da cidade de Itabaiana Figura 15 Pirâmide etária do município de Itabaiana com base no censo de 2000. Figura 16 Gráfico da distribuição etária da população do município de itabaiana Figura 17 Linha divisora de Estado nos Municípios de Pedras de Fogo e Itambé Figura 18 Mapa de distribuição da população com curso superior. 2 Figura 19 Mapa da área de influência do município de Itabaiana – PB para a possível implantação de um Campus Universitário Figura 20: Planta baixa do local de instalação Figura 21 Frente da edificação principal, com dois pisos e telefone público. Figura 22 Fotos de dois prédios com a entrada principal Figura 23 Foto do terceiro equipamento predial Figura 24 Foto com destaque para a instalação da quadra de esportes Figura 25 Visão de cima do ginásio de esportes para o prédio de dois pisos Figura 26/27/28 Diferentes pontos de visão do equipamento predial Figura 29 Visão interna do equipamento predial principal, segundo pavimento Figura 30 Sala de aula com 45 carteiras universitárias Figura 31 Visão de um dos banheiros Figura 32 Elevador para o andar superior para atendimento a deficientes Figura 33 Escadaria interna para o andar superior Figura 34 Escadaria externa para o andar superior Figura 35 Salão amplo para abrigar atividades diversas Figura 36/37/38 Infra-estrutura relativa à energia, abastecimento d’água e incêndio. Figura 39 Amplo espaço interno abrigando diversas salas Figura 40 Amplo espaço interno abrigando diversas salas Figura 41 Salão para abrigar a Biblioteca 3 Lista de Tabelas Tabela 1 – Produto Interno Bruto do município de Itabaiana Tabela 2 – Inventário dos estabelecimentos presentes no município de Itabaiana Tabela 3 - Perfil da economia referentes aos setores secundário e terciário no município de Itabaiana Lista de Quadros Quadro 1 Distribuição dos Imóveis rurais no Município de Itabaiana Quadro 2 Ensino médio – 2004 - 1.121 Matrículas Quadro 3 Relação de densidade entre e nº de alunos por docente no Ensino médio Quadro 4 Ensino médio como indicador de concentração de população 4 Sumário Apresentação 06 Objetivo Meta 08 08 A Cidade e parte do seu Histórico A feira e as melhorias urbanas em Itabaiana O espaço geográfico Condições naturais que envolvem o Município e seu entorno Meio rural Meio urbano Questões referentes à população do município de Itabaiana Distribuição etária por gênero da população A Economia de Itabaiana Ensino Necessidade de Escola de Terceiro Grau O Espaço Físico que pode Abrigar o Campus Universitário em Itabaiana 09 09 13 18 19 23 24 24 28 32 36 40 Anexos I - Álbum fotográfico das edificações II - Conjunto de plantas-baixa referentes à edificação que poderá abrigar o Campus Universitário em Itabaiana 41 52 5 Apresentação A cidade de Itabaiana – PB é permeada por uma história que pode ser considerada de fundamental interesse não apenas para a sociedade deste município, mas também para toda a sociedade paraibana. A partir dessa relevância histórica não há como deixar de verificar a importância geográfica polarizante da cidade e de seu entorno, pois segundo as informações contidas no site oficial do IBGE, a cidade de Itabaiana passa a ser o centro da microrregião que leva o seu nome. E fazem parte dessa microrregião os seguintes municípios: Caldas Brandão, Gurinhém, Ingá, Itabaiana, Itatuba, Juarez Távora, Mogeiro, Riachão do Bacamarte e Salgado de São Félix. 6 7 Objetivo O objetivo desse trabalho foi a elaboração de documento que denote a viabilidade ambiental para a implantação de um Campus Universitário na cidade de Itabaiana-PB que abrigue tanto o ensino presencial como também o ensino a distância assistido por sistema computacional e de hipermídia. Meta Diagnóstico Geográfico sobre o lugar que poderá abrigar o Campus Universitário na cidade de Itabaiana-PB 8 A Cidade e parte do seu Histórico A cidade foi emancipada em 1840, anunciando sua maturidade tanto na travessia de tempos de pujança econômica e cultural, bem como em momentos que podem ser considerados como situações de flagelos oriundas principalmente do rigor do clima tanto no que se refere a longas estiagens como também pela opulência do caudal do rio Paraíba. Abaixo segue a transcrição de parte da tese doutoral de Eduardo Pazera Jr (2003) que anuncia o processo evolutivo da cidade de Itabaiana, tendo como enfoque referencial a Feira como importante centro de negociações e que se mantém até aos dias atuais. A ocupação do atual município de Itabaiana teve sua origem na fundação da Missão do Pilar em 1670 pelos Jesuítas que, margeando o Rio Paraíba lá chegaram. Os missionários tinham por objetivo o estabelecimento dos indígenas. Esta missão afastou os índios Tupis da área, permanecendo os Cariris. No entanto, a fase de colonização começou de fato no século XVIII, quando novas sesmarias foram concedidas tornando-se fazendas de gado. A primeira sesmaria naquele espaço foi concedida em 4 de agosto de 1663 para Francisco Camelo Valcasser e Francisco do Rego Barros. Foi ocupada em 1665, antes, portanto da chegada dos Jesuítas em 1670. (MAIA, 1976, p. 27). Nos seus “Apontamentos para a História Territorial da Parahyba”, Lyra Tavares refere-se à criação de gado na área no ano de 1726 (TAVARES, 1982, p.127). À sua volta várias outras fazendas se estabeleceram e Itabaiana logo se tornou um aglomerado humano. Entre 1780 e 1800, as transações entre sesmeiros já aconteciam nesta área onde atualmente ergue-se a cidade de Itabaiana. A feira e as melhorias urbanas em Itabaiana Itabaiana, enquanto se mantinha como povoado do Município de Pilar evoluía lentamente, bem como a maioria dos povoados nordestinos e da Paraíba. Seu progresso acentuou-se em fins do século XIX, quando passou à categoria de Vila e finalmente de Município em 1890. Em meados do século XX Mogeiro e Salgado de São Félix emanciparam-se de Itabaiana, tornando-se municípios autônomos. Para o progresso de Itabaiana dois fatores contribuíram determinantemente: a criação da Feira de Gado em 1864 e a chegada do trem. Com o trem, o comércio dinamizou-se, e com este, a cidade. Foram inaugurados cinema, telefone e luz elétrica, e esta chegou à cidade em 17 de Março de 1912, seis dias antes da inauguração do sistema elétrico da Capital. Aliás, acrescentam vários historiadores, que esta primazia estendera-se sobre todo o Estado da Paraíba (MAIA, 1976). 9 O abastecimento de água em Itabaiana foi uma conquista junto a Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas. Após análises e perfurações, concluíram os engenheiros que o local mais indicado para as instalações seria a Ilha existente no Rio Paraíba. A cidade e o Rio sempre viveram em simbiose, portanto o rio era sempre motivo de preocupação pela secura do leito no verão ou pelo represamento nas cheias do inverno. A prova disto é encontrada na Lei Orçamentária de 1914 em que o prefeito temendo a devastação do leito pelo primitivismo dos rurícolas, decretava medidas acauteladoras, proibindo derrubadas de matas e árvores à sua margem, pagando os infratores uma multa por árvore derrubada. No entanto, tais precauções não tiveram continuidade, e “a cidade vivia entre cheias arrasadoras e secas incendiárias” (SILVA, 1990, p.18). Em 1924, a cidade se viu ilhada entre o rio Paraíba e o riacho das Pedras. O escritor José Lins do Rego deixou uma descrição candente dessas cheias no seu romance “Usina”: “O Paraíba inchava de cheio, roncando. As suas águas cresciam (....) Um ronco sinistro com as águas que comiam as ribanceiras, que ruíam com estrépito” (REGO, 1973, p.257). Casas foram derrubadas assim como a ilha de abastecimento de água. Esta enchente marcou época de tal forma que a cidade ficou conhecida como antes e depois da cheia. Com a calamidade a Feira de Cavalos ficou suspensa por um longo tempo. Foi também carregada pela cheia a ilha de abastecimento d’água, inaugurada em 1911, pioneira no estado, pois o abastecimento de água da Capital só chegou um ano depois. Itabaiana foi, portanto, a primeira cidade no Estado a ter água encanada e luz elétrica o que mostra a sua importância econômica e política no cenário estadual no início do século XX. De fato, por volta de 1910 Itabaiana foi talvez a cidade mais importante do interior paraibano, equipada com carruagens, uma linha de bonde puxado a burros, assim como eletricidade, vias pavimentadas, abastecimento de água, belas avenidas e parques. Os bondes puxados a burro circularam de 1914 a 1929 segundo dados da ANTP (Associação Nacional do Transporte Público). A feira certamente foi um dos fatores econômicos que contribuíram substancialmente para este desenvolvimento. No romance (“Doidinho”) de José Lins do Rego, cujo personagem vivencia esse período, temos a seguinte imagem: [...]Era uma cousa grandiosa a feira de Itabaiana. Nunca vira tanto povo junto, num rebuliço de festa, nessa confusão, nesse bate-boca dos que vendem e trocam. Havia de tudo: o lado do queijo, da carne-de-sol, do açúcar bruto, do açúcar purgado, do feijão, ruas inteiras de gêneros, gente falando alto, cheiro de bacalhau, de peixe em salmoura, de frutas passadas. (REGO, 1989, p. 19). Pazera Jr. (2003) ainda traz uma riqueza de imagens da década de setenta e atuais, das quais destacamos algumas para ilustrar melhor as características do Município (Figuras 02, 03, 04, 05 e 06). 10 Figura 02: A ladeira do Alto dos Currais ao receber a denominação de “Rua Camilo de Holanda” – 1916 Foto reproduzida de Maia, 1976. Figura 03: Praça Senador Álvaro Machado – 1920 Foto reproduzida de Maia, 1976. 11 Figura 04: A Antiga Rua do Comércio (Heráclito Cavalcante e Walfredo Leal), vista do alto da Matriz com a sua arborização de castanholas – 1914. (foto reproduzida de Maia, 1976). Figura 05: A mesma rua da foto 6 com sua arborização e Ficus benjamin, benjamin, 1928. Foto reproduzida de Maia, 1976. Comparar com a foto 8 de 1987 12 Figura 06: Vista aérea da Feira de Itabaiana Foto: Conrad Rosa. Data:16-04-2002 Fonte: Tese doutoral de Eduardo Pazera Jr. O espaço geográfico O município de Itabaiana está localizado regionalmente na mesorregião do Agreste paraibano. Lugar em que o leito do Rio Paraíba inicia sua meandrificação junto ao relevo colinoso, porém com declividades bem suaves, denotando assim que é uma área deposicional em relação aos sedimentos oriundos de áreas elevadas no Planalto da Borborema, à montante do lugar onde se encontra assentada a cidade (Figuras 07, 08). 13 FIGURA 4 PERFIL LONGITUDINAL EM DIAGRAMA - RIO PARAÍBA MUNICÍPIO NATUBA AO ESTUÁRIO tu ba o Ri a A R R io de S lg Sa a It Rio Ingá em s oi do S a alg lix nd íb ra B ag D s ho Fé Gu C a a ri m ta po Gr a Pa 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 r ar ã cu c ia ão e Na a n ia ba a C l ar Pi do z ru do E . sp Sa nt o i ta a R ux t n e S a Bay Rio Par aíba LEGENDA CIDADE FONTE: DISTRITO FOLHA: SB.25-Y-C MIR - 235 CARTA IMAGEM RADAR PRELIMINAR DSG - 5ª DL 1975 - 76 1ª IMPRESSÃO 1985 RIO PERMANENTE RIO TEMPORÁRIO Figura 07: Perfil longitudinal do rio Paraíba, destaque para o modelo de diagrama. 14 Leito maior Terraço abandonado Figura 08: Imagem mostrando as características colinosas do relevo do município de Itabaiana-PB. Fonte: Google Earth. 15 Cidade de Itabaiana Rio Paraíba Figura 09: Imagem demonstrando a mancha urbana da cidade de Itabaiana com destaque para o rio Paraíba. Fonte: Google Earth. 16 O rio Paraíba passa a ter uma função especial para a microrregião de Itabaiana, pois além da dessedentação de animais serve também como fonte fundamental para a irrigação das lavouras e outras atividades da população como recreação (Figura 10). O seu leito está divido em três pavimentos, ou seja, terraços fluviais, sendo que o primeiro é por onde o curso do rio se estabelece na atualidade; o segundo é por onde o rio se espraia quando ocorrem as cheias de pequena magnitude e o terceiro considerado abandonado, pois é por onde o rio se movimentou anteriormente e esse é um terraço que somente é ocupado quando há uma precipitação de alta magnitude, cuja densidade e intensidade pluvial está muito concentrado na área coberta pela bacia hidrográfica. Em 1947 houve uma precipitação de alta magnitude, que ocasionou uma grande cheia, cuja conseqüência foi bastante drástica, pois carregou mais da metade da ponte que liga a cidade à margem esquerda do rio, cuja metragem total é de 180 metros. Essa situação deixou a cidade em estado de flagelo no que refere à comunicação. A ponte foi recuperada posteriormente (Figura 11) e esse leito foi ocupado pela última vez na cheia de 1985. Figura 10: Local de recreação para algumas Figura 11: Ponte com destaque no trecho pessoas. antigo. Foto: Maria José V. de Barros. Fev/2006 Foto: Maria José V. de Barros. Fev/2006 17 Condições naturais que envolvem o Município e seu entorno O Município de Itabaiana encontra-se situado entre o piemonte do Planalto da Borborema e a Depressão Sub-litorânea, cuja condição climática é abrangida pelas situações tanto relativas à zona da Mata como ao Agreste. Apesar do clima regional apresentar as características classificadas como As’, isto é, quente e úmido segundo a classificação de Köppen, a vegetação é um dos elementos que acaba sendo o indicador da questão água no solo. Nesse sentido a obra de referência Levantamento Exploratório – Reconhecimento de solos do Estado da Paraíba indica que o solo do lugar sustenta uma vegetação com característica de floresta caducifólia e formações florestais secundárias como juazeiro e outros indivíduos da Caatinga como as cactáceas (Figuras 12 e 13). Figura 12: Faxeiro Foto: Maria José V. de Barros Data: 26/03/2003 Figura 13: Juazeiro Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 26/03/2003 18 Meio rural Toma-se que toda sociedade ocupa um determinado espaço, cujas características dependem dos elementos naturais e, sobretudo, do nível tecnológico. Este último componente é diretamente proporcional aos fatores de ordem econômica e social, decorrentes do processo histórico estabelecido a partir de questões que se referem ao crescimento e desenvolvimento de uma sociedade. Assim, a ocupação do território é feita de maneiras diversas, ou seja, com diferentes finalidades, uma delas é a produção animal ou vegetal nesse sentido essa finalidade está diretamente ligada ao que é considerado como atividades produtivas do meio agrário. Como os principais elementos naturais e fatores socioeconômicos ditam as normas para a produção agrária, podem então contribuir para que haja uma produção eficiente e eficaz. Numa região em que há combinação adequada entre esses elementos e fatores, a produção acaba por reter o homem ao campo, e dele viver de maneira que a cidade contribui para melhorar a qualidade de vida no que se refere à saúde e ao ensino, assim como na circulação dos bens. A atividade agrária possui uma tipologia que lhe confere o título de sistemas de uso da terra, ou seja, agrícola. Assim sendo, para que essa produção aconteça é necessário os componentes: terra, capital e trabalho, sendo que esse último pode ser realizado por mecanização ou de forma manual. Sendo a terra o principal capital, a extensão das propriedades fica muito ligada ao sistema natural e também ao sentido social cujo enfoque está mais na ordem patrimonialista. No entanto é de se observar que a estrutura fundiária foi inicialmente marcada pela grande propriedade, essa oriunda ainda das sesmarias, porém, aos poucos, os herdeiros foram dividindo a terra e/ou vendendo. Entretanto, muitos são os problemas decorrentes dessas demarcações que muitas vezes considerava marcos de referências facilmente removíveis como é o caso de árvores citadas em vários memoriais. Atualmente com o advento das novas tecnologias, será necessária uma nova demarcação a partir de sistemas de georrefenciamentos, utilizando para tanto as tecnologias de Sistema de Posicionamento Geográfico. 19 Uma das relações dentro das condições naturais para que uma propriedade tenha boa produtividade é a combinação clima e solo. Entretanto, como essas condições nem sempre são favoráveis, se faz necessário grandes extensões de terras para que uma propriedade tenha uma produção mesmo com baixa eficiência. Uma peculiaridade em Itabaiana e municípios adjacentes ao rio Paraíba é que é possível em sua várzea a ocupação com algumas plantações. Antes da construção da barragem de Acauã, o rio quando enchia e transpassava seu leito, ocupando assim os terraços fluviais e esses eram humificados pelas águas oriundas dos níveis mais elevados, deixando o solo mais rico em nutrientes o que favorecia a lavoura mesmo que fosse de subsistência. A estrutura fundiária no Brasil a partir da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, denominada como sendo o Estatuto da Terra, trás em seu capítulo um dos princípios e definições que deverão reger toda a concepção de propriedade rural e assim está definido por lei: Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: I - "imóvel rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada; II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva tôda a fôrça de trabalho, garantindolhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros; III - "Módulo Rural", a área fixada nos têrmos do inciso anterior; IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar; V - "latifúndio", o imóvel rural que: a) exceda à dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1º, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de emprêsa rural; 20 A partir dessas normatizações e concepções pode-se verificar o perfil da região abrangida pela cidade de Itabaiana, onde se nota que dentre outros elementos a região está com sua base econômica no setor primário da economia. Tomando-se que a terra passa a ser o principal capital para o trabalho no setor primário da economia, é conveniente lembrar que temos um território municipal com 219 km2, o que equivale a 21.900 ha de superfície. No Quadro 01 estão contidas informações sobre a distribuição dos imóveis rurais no Município e sua ocupação em termos de produção. Verifica-se que as informações do INCRA nos apontam que imóveis para a pecuária têm uma pequena superioridade em relação à área ocupada pela a cultura. Num outro sentido pode-se verificar que as áreas referentes às propriedades somam-se em um total de 15.681,1 ha ficando uma diferença significativa como patrimônio público, totalizando-se 6.218,9 ha. Como visto anteriormente na figura 9 estão realçadas as configurações das poligonais que abrigam a produção no entorno da cidade, onde existem propriedades ocupadas por cultura, pastagem e por ambas as atividades agrícolas. 21 Quadro 1 – Distribuição dos Imóveis rurais no Município de Itabaiana CLASSES DE ÁREA TOTAL (ha) CATEGORIA DE IMÓVEL E CLASSES DE NÚMERO DE MÓDULOS FISCAIS DE ÁREA TOTAL TOTAL GERAL............... MINIFÚNDIO................ PEQUENA TOTAL............. PEQUENA PRODUTIVA......... MÉDIA TOTAL............... MÉDIA PRODUTIVA........... GRANDE TOTAL.............. GRANDE PRODUTIVA.......... ATÉ 0,5.................. MAIS DE 0,5 A 1........... MAIS DE 1 A 4............. MAIS DE 4 A 10............ MAIS DE 10 A 15........... MAIS DE 15 A 20........... MAIS DE 20 A 50........... TOTAL CULTURA 316 249 33 21 25 10 9 5 ÁREA ÁREA TOTAL EXPLORADA IMÓVEIS ha ha 15.681,10 14.226,30 239 1.535,60 1.511,50 190 1.905,40 1.761,90 22 1.213,80 1.170,80 16 5.479,40 4.995,90 20 2.517,40 2.391,40 9 6.760,70 5.957,00 7 3.051,20 2.445,50 4 226 26 30 22 3 4 5 1.055,60 570 1.815,40 4.444,80 1.034,60 1.983,60 4.777,10 IMÓVEIS 1.038,50 556 1.678,90 4.039,30 956,6 1.787,90 4.169,10 Fonte: INCRA 22 175 18 19 17 3 4 3 ÁREA TOTAL ha 11.931,40 1.150,90 1.195,90 831,8 4.551,90 2.311,40 5.032,70 2.312,20 830,1 410,8 1.105,90 3.517,30 1.034,60 1.983,60 3.049,10 PASTAGEM 237 171 33 21 25 10 8 4 ÁREA TOTAL ha 14.982,70 1.321,50 1.905,40 1.213,80 5.479,40 2.517,40 6.276,40 2.566,90 150 24 30 22 3 3 5 881 530,5 1.815,40 4.444,80 1.034,60 1.499,30 4.777,10 IMÓVEIS Meio urbano O município contém uma área cuja unidade territorial é de 219 km². No tocante à cidade esta possui um número de 6.666 domicílios particulares e permanentes – conforme os resultados da amostra em 2001 do IBGE. A sede municipal se expande nas margens direita e esquerda do rio, possuindo esta última menor quantidade de domicílios (Figura 14). No que se refere às Instituições Financeiras no ano de 2003, a cidade possuía duas agências bancárias. Em se tratando de Finanças Públicas o ano de 2002 foi verificado que o Fundo de Participação dos Municípios – FPM chegou a R$ 4.549.159,00 e o Imposto Territorial Rural – ITR totalizou R$ 3.365,28. Para atender à população itabaianense, assim como aos municípios vizinhos, a cidade de Itabaiana possui Serviços de Saúde, que de acordo com o recenseamento do IBGE em 2002 estão assim distribuídos: um total de 20 estabelecimentos de Saúde, sendo 14 públicos e 06 privados. Um dos estabelecimentos públicos está equipado para receber internação e 03 privados estão equipados para o apoio à diagnose e terapia. Cinco desses estabelecimentos, além do SUS, também prestam serviços a plano de saúde de terceiros. Ainda no patamar de qualidade de vida da população diretamente ligada aos itabaianenses pode ser anunciado que há no município 75 postos de trabalho de nível superior. Sendo que 59 deles são da área de saúde, estando assim distribuídos: 34 postos de trabalho de médicos, 13 postos de trabalho de enfermeiros, 12 postos de trabalho de odontólogos. Esses dados têm o caráter amostral, pois nesse diagnóstico não é necessário apontar maiores detalhes referentes a esses quesitos, porém são importantes para verificação da importância da cidade em relação aos demais municípios circunvizinhos e que ultrapassam o que é determinado como microrregião. 23 Área em que está localizada a edificação que poderá abrigar o Campus Universitário Figura 14: Planta da cidade de Itabaiana. 24 Questões referentes à população do município de Itabaiana Neste quesito que se refere à população considera-se a partir do resultado do processo amostral elaborado em 2001 que o número de pessoas residentes consta de 25.207 habitantes, sendo que dessas, as que possuem 10 anos ou mais de idade - sem instrução ou com menos de 1 ano de estudo, ainda totalizam um grupo de 4.412 habitantes. Ainda de acordo com essa amostra, o tamanho da população que está apta ao exercício da prática da cidadania com relação às eleições é de 16.090 eleitores. Distribuição etária por gênero da população A estrutura etária de uma população consiste na sua distribuição por grupos de idades, que pode ser observada tendo como parâmetro os grupos etários. A partir desses agrupamentos pode-se gerar um gráfico denominado de pirâmide etária que é o resultados dos fatores relativos ao crescimento vegetativo e da expectativa de vida da população que está diretamente proporcional às condições de alimentação e médico-sanitárias. Tomam-se como parâmetros de que a população pode ser agrupada em: jovens, que corresponde às pessoas de até vinte anos de idade; adultos que corresponde à fase dos vinte e um aos cinqüenta e nove anos; e em fase de envelhecimento que agrupa os que possuem sessenta anos ou mais. Considera-se que a forma em que está estabelecida a pirâmide etária reflete as condições socioeconômicas, indicando assim a situação geral da população dentro da região. As regiões cuja pirâmide etária tem sua base maior que as demais partes da pirâmide indicam que o crescimento vegetativo está elevado, o que inevitavelmente impõe ao governo local maiores investimentos principalmente nas questões relativas à Saúde, onde merece destaque o sanitarismo, visto que a higiene é um dos elementos fundamentais para que a saúde da população esteja de melhor qualidade. Por outro lado, considera-se que este elemento da saúde está muito bem trabalhado a partir do momento em que a sociedade está com maior nível de qualificação, ou seja, o investimento na Educação irá refletir na Saúde e conseqüentemente na qualidade de vida. 25 De acordo com o que se observa na Figura 15, o município de Itabaiana apresenta uma pirâmide etária que denota uma base bem ampla, ou seja, o número de crianças na idade entre 0 e 9 anos é bastante significativo, entretanto, a faixa de 10 aos 14 e dos 15 aos 19 supera os valores da base. População esta que atualmente deve estar na faixa seguinte, ou seja, dos 20 aos 24 e dos 25 aos 29 anos. O destaque para essa faixa etária é o fato de que as maiorias dos estudantes terminam o ensino médio com aproximadamente 20 anos em média, o que efetivamente lhes remete para assumir outras responsabilidades quando não conseguem dar seqüências aos estudos em nível superior. 80 ou mais anos 270 219 70-74 anos 223 293 60-64 anos 376 385 50-54 anos 40-44 anos 495 548 602 858 683 800 917 1 007 1119 1 147 1320 1 275 1421 1 404 1203 0-4 anos Mulheres Homens 377 558 926 10-14 anos 334 455 767 20-24 anos 234 497 577 30-34 anos 319 1 283 1152 1 163 Figura 15: Pirâmide etária do município de Itabaiana com base no censo de 2000. Fonte: IBGE. 26 Somente há duas formas nítidas para uma diminuição populacional que é vista de maneira acentuada na faixa etária imediatamente após aos 20 anos: óbitos ou migração. A segunda categoria é a concernente ao lugar, haja vista, o comportamento dos demais grupos continuarem o seu ritmo normal, assim sendo se o lugar não for atrativo para a retenção da população esta irá procurar outros lugares para continuar sua vida, assim sendo o nível migratório na cidade torna-se elevado. Numa outra leitura do contingente populacional divido em grupos efetivos podemos ver na figura 16 se observa que a população itabaianense é jovem com maior predomínio de adultos, mas num outro sentido podemos ver também que há mais mulheres do que homens. O grupo feminino jovem apresenta-se com um efetivo de menos de 1% maior que o dos homens. No grupo de adultos o percentual feminino supera o masculino em quase 10%, na população que se encontra em envelhecimento há uma supremacia também para as mulheres de aproximadamente 37%. Como podemos ver, esse fato pode conotar que houve sempre uma migração maior do efetivo de homens que das mulheres. Distribuição etária da população de Itabaiana por gênero e grupos 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 - Jovens Adultos Envelhecidos Homens 5 096 5 584 1 381 Mulheres 5 125 6 262 1 759 Figura 16: Gráfico da distribuição etária da população do município de itabaiana. 27 A Economia de Itabaiana A partir de uma leitura não muito aprofundada pode-se perceber que a zona urbana é o elemento que dá maior sustentação à economia, não apenas na geração de receita, pois a população do município é predominantemente urbana, haja vista que o PIB gerado pelo setor de serviços é o que comanda, seguido da indústria e, posteriormente, da agropecuária (Tabela 1) Tabela 1 – Produto Interno Bruto do município de Itabaiana Descrição 2001 Mil R$ 48.513,00 3.867,00 11.777,00 32.443,00 1.496,00 1.922,00 PIB a Preço de mercado corrente Valor adicionado na agropecuária Valor adicionado na Industria Valor adicionado no Serviço Dummy Impostos 2002 Mil R$ 53.984,00 3.527,00 13.148,00 37.715,00 2.704,00 2.297,00 É necessário um breve comentário sobre questões relativas aos setores econômicos em que se pautam os movimentos referentes ao desenvolvimento e crescimento da renda de um lugar. Toma-se como um postulado que o setor primário e o secundário são aqueles mais diretamente voltados para a produção de riquezas, enquanto que as atividades terciárias estão mais ligadas ao consumo de riquezas como os bens e serviços. A estrutura setorial sobre a produção em Itabaiana nos aponta que a movimentação financeira é muito maior no setor de serviços, denotando que o volume contido no setor terciário não significa efetividade de produção industrial (setor secundário) nem a presença de um setor quaternário relativo aos serviços de alta qualificação tecnológica. A partir dessas concepções, nota-se que a situação denota uma anomalia, pois acaba por dificultar o desenvolvimento dos setores ligados à produção de riqueza. A evolução setorial requer atitudes revolucionárias tanto no setor primário como no secundário, pode-se notar que as propriedades no meio rural em Itabaiana são predominantemente minifúndios, tendo suas áreas ocupadas praticamente em quase sua totalidade. No entanto, aproximadamente 22% dessas propriedades não são exploradas com cultura e no caso da pecuária 33% não têm esse tipo de exploração como foi apresentado no quadro 1, ora partindo do 28 pressuposto que a base que pode impulsionar a economia de um lugar são esses setores estarem com seu sistema produtivo preparado para as necessárias revoluções tecnológicas, assim a indústria conteúdo do setor secundário ser o elemento que poderá dar o start para a mudança, no entanto o status desse setor em Itabaiana não se apresenta com o perfil revolucionário, estando ainda com timidez de fazer uma ruptura com o sistema agrário ainda tradicional (Tabela 2). Tabela 2 – Inventário dos estabelecimentos presentes no município de Itabaiana Razão Social BRILHO IND. E COM.DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA BRILMAX IND. E COM.DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA INDÚSTRIA DE SABÃO E VELAS RIASE LTDA CACINA BRÍGIDA BORBA DOS SANTOS - ME CONSTRUTORA MENDONÇA LTDA CURTUME NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO LTDA XAVIER PLÁSTICO LTDA INDESCOL IND. DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA CONCEIÇÃO LTDA R.S.RAMOS IND. E COM. DE CALÇADOS SANTA LUZIA LTDA NIUSKA IND. E COM. DE CONFECÇÕES LTDA PEDRO MATIAS MÁQUINAS AGRICOLAS LTDA J J DE LIMA JOÃO SEVERINO RODRIGUES JOSÉ BERNARDINO DE ARAÚJO FILHO JOSÉ PEREIRA DE SOUSA & CIA LTDA JOSEFA SANTOS DE LIRA EDILENE MUNIZ DE MEDEIROS CORREIA NUTRIBEM IND E COM. DE ALIMENTOS LTDA PURAFRUTA SORVETES LTDA PADARIA E PASTELARIA LINS LTDA PADARIA E LANCHONETE ITABAIANENSE LTDA JOÃO BATISTA FERREIRA SILVA & BEZERRA LTDA 29 Fantasia BRILHO RILMAX PROD.DE LIMPEZA SANTA CLARA INDESCOL GRÁFICA BEIRA RIO PERNAMBUQUINHO NIUSKA MÁQUINAS COMETA PANIFICADORA SÃO JOÃO PANIFICADORA SÃO FRANCISCO Ainda sobre os setores secundário e terciário verifica-se que são também muito tímidos em termos de produção, pois na indústria a predominância é de produção relativa ao beneficiamento, poucas se destinam à transformação e nenhuma atividade de base. O município, apesar de estar na maturidade, enquanto tempo de vida como cidade e de sua importância regional, é um município que ainda está incipiente diante da economia, como pode ser visualizado com maior detalhamento na Tabela 3. Para que haja uma evolução setorial, é necessário que haja uma qualificação do pessoal, pois o conhecimento passa a ser um bem que permite a sustentabilidade. Para isso se faz necessário o investimento nessa qualificação, considerando para tanto a vocação do lugar, o que inevitavelmente dará novos rumos ao desenvolvimento da microrregião e seu entorno. Tabela 3 - Perfil da economia referentes aos setores secundário e terciário no município de Itabaiana Descrição Valor Unidade gás e água - número de Produção e distribuição de eletricidade unidades locais 1 unidade Indústrias de transformação - número de unidades locais Indústrias de transformação - pessoal ocupado total Indústrias de transformação - pessoal ocupado assalariado Indústrias de transformação - salários 09 unidade 62 pessoa 49 450 pessoa mil reais Construção - número de unidades locais Construção - pessoal ocupado total 3 4 unidade pessoa Comércio; reparação de veículos automotores Comércio; reparação de veículos automotores Comércio; reparação de veículos automotores Comércio; reparação de veículos automotores Alojamento e alimentação - número de unidades locais objetos pessoais e domésticos número de unidades locais objetos pessoais e domésticos pessoal ocupado total objetos pessoais e domésticos pessoal ocupado assalariado objetos pessoais e domésticos salário 2 unidade Transporte armazenagem e comunicações 5 30 182 unidade 328 pessoa 134 pessoa 488 mil reais unidade Transporte Transporte Transporte Atividades imobiliárias Atividades imobiliárias Atividades imobiliárias Atividades imobiliárias Administração pública Administração pública Administração pública Administração pública - número de unidades locais armazenagem e comunicações - pessoal ocupado total armazenagem e comunicações - pessoal ocupado assalariado armazenagem e comunicações - salário aluguéis e serviços prestados às empresas - número de unidades locais aluguéis e serviços prestados às empresas - pessoal ocupado total aluguéis e serviços prestados às empresas - pessoal ocupado assalariado aluguéis e serviços prestados às empresas - salário defesa e seguridade social número de unidades locais defesa e seguridade social pessoal ocupado total defesa e seguridade social pessoal ocupado assalariado defesa e seguridade social salário Educação - número de unidades locais Educação - pessoal ocupado total Educação - pessoal ocupado assalariado Educação - salário Saúde e serviços sociais - número de unidades locais Saúde e serviços sociais - pessoal ocupado total Saúde e serviços sociais - pessoal ocupado assalariado Saúde e serviços sociais - salário Outros serviços coletivos Outros serviços coletivos Outros serviços coletivos pessoa 5 pessoa 51 mil reais 12 unidade 16 pessoa 4 pessoa 30 mil reais 3 unidade 764 pessoa 764 pessoa 2511 mil reais 5 10 7 14 unidade pessoa pessoa mil reais 7 unidade 107 pessoa 101 493 pessoa mil reais sociais e pessoais - número de unidades locais sociais e pessoais - pessoal ocupado total sociais e pessoais - pessoal 31 7 37 unidade 42 33 pessoa pessoa Outros serviços coletivos ocupado assalariado sociais e pessoais - salário 56 mil reais Ensino A ruptura do isolamento do indivíduo para com o exercício efetivo da cidadania somente será possível se os níveis de conhecimento o permitirem a comunicação não apenas no campo da oralidade, mas fundamentalmente no campo da leitura de mensagens escritas. Nesse sentido, falar e ler deverá ter mais qualidade se o indivíduo transcender o conteúdo apreendido, ou seja, conseguir interpretar a representação de diversos signos e ícones compreendendo seus significados. Assim, haverá uma transformação do indivíduo em sujeito de ação civil, logo, pessoa cidadã. É fato que a partir do momento em que ele (sujeito), já como pessoa capaz de tomar as decisões mais coerentes para o bem coletivo será capaz não apenas de compreender, mas também de interpretar. Nesse caso a escrita juntamente com a leitura permitem a pessoa ser sujeita de realização de algo que venha a contribuir direta ou indiretamente para o fortalecimento do lugar público. Para se escrever e conseqüentemente ler é necessário uma série de técnicas que em muitos casos requer a redundância. Nesse exercício se é possível repetir o fato diversas vezes, para que assim se possa corrigir e autocorrigir os equívocos, diminuindo a probabilidade do erro. Esse exercício somente é possível em duas instituições sociais distintas ou concomitantes: na família e na escola. A velocidade das transformações a que se passa no meio sócio-econômico é notório, pois com o advento da comunicação eletrônica – internet, que cada vez mais diminui o isolamento das pessoas que falam e pensam da mesma maneira, a sociedade em rede já é uma realidade presente em muitos lugares. A evolução das formas de comunicação, em todos os níveis, permite que não haja mais isolamento e isso fortalece a concepção de vida republicana, diminuindo cada vez mais o analfabetismo funcional, pois a cada dia que passa, mais se tem percebido a necessidade da extrapolação do indivíduo alienado para sujeito de tomada de decisões. Esse fato está cada vez 32 mais sendo visível no dia-a-dia do cidadão, partindo desde o uso de formulários simples em qualquer instituição financeira até as mais sofisticadas relações sócio-econômicas. A cada dia que se passa, mais os sistemas estão interligados e isso fortalece a república e enfraquece o indivíduo isolado. A cidade de Itabaiana nesse caso possui 34 Escolas Ensino fundamental (sendo 8 em nível estadual, 21 municipal e 5 privadas). Desses estabelecimentos, 5 possuem um número de 5.863 matrículas, contando com 246 docentes para o atendimento desse universo. No ensino médio são 03 escolas ao todo, sendo assim distribuída a responsabilidade: 1 estadual; 1 municipal e 1 privada. No tocante às matrículas para o ensino médio tem-se em 2004 1.121, com um total de 59 docentes dando cobertura para esse elenco estudantil (Quadros 2 e 3). Quadro 2 Escola pública estadual Escola pública municipal Escola privada Ensino médio – 2004 - 1.121 Matrículas 01 849 01 214 01 58 Quadro 3 Relação de densidade entre e nº de alunos por docente no Ensino médio Total de docentes no ensino do município - 59 Escola pública estadual 01 37 Escola pública municipal 01 12 Escola privada 01 10 Matrículas Matrículas Matrículas Densidade 19 alunos/1prof 22 / 01 17 / 01 5,8 / 01 A presença do Estado na vida cotidiana através de um dos pilares básicos da cidadania é de fundamental importância e de leitura nítida nesse quadro, pois o ensino médio que é o principal aporte para a melhor qualificação do sujeito para atuar dentro do desenvolvimento municipal está profundamente amparado pela presença pública. Observa-se que 95% dos alunos matriculados no ensino médio são da escola pública, ou seja, das 1121 matrículas no ensino médio, 1063 pertencem aos estabelecimentos de ensino público. Quanto à população docente que atende ao ensino médio, o município na sua preocupação em dividir com o Estado a responsabilidade contempla em seu orçamento uma Escola pública em nível médio, atendendo a 214 estudantes com amparo de doze docentes, perfazendo assim uma relação de densidade na ordem de 17 33 alunos por professor. Já o Estado, tem um amparo maior com atendimento a 849 estudantes e abrigando 37 docentes, perfazendo uma relação de densidade de 22 alunos por professor. No tocante a uma leitura mais ampla desses quadros pode-se verificar que os dados disponíveis pelo IBGE para o ano de 2004, mostram que a cidade tem a preocupação efetiva de preparar sua população para o ato da cidadania, pois está anunciado que há no ensino, matrículas que vão do ensino pré-escolar fundamental até ao médio. Tomando-se esses dados como parâmetro, nota-se que a sociedade itabaianense tem a preocupação em manter a sua população com formação qualificada. Num primeiro momento, esse elenco diz respeito ao município de Itabaiana, porém é necessário que seja observada a zona de influência dessa cidade sobre as demais diretamente ligadas ao seu entorno com divisas fronteiriças, como é o caso das cidades que estão na zona definida como microrregião ou mesmo aquelas que são próximas, mas não possuem fronteiras com o município, ou então aquelas que estão aparentemente mais distantes, mas com forte proximidade do Estado de Pernambuco como são os casos de Pedras de Fogo, Juripiranga, Natuba, Umbuzeiro, Camutanga, Ferreiros, dentre outras. Itabaiana adquiriu um perfil de cidade que polariza de maneira atratora, isso em um sentido, ou seja, dos serviços cuja capacidade está instalada. Noutro sentido é uma cidade que irradia influência, haja vista o magnífico trabalho que foi feito por parte da sua assembléia de vereadores no tocante ao disciplinamento do uso do mineral classe dois – areia, que é utilizada na indústria da construção civil, e que inicialmente era retirada para o Estado vizinho de Pernambuco sem nenhuma preocupação, danificando o meio ambiente e ferindo frontalmente a legislação ambiental, sem deixar nenhum benefício ao Município ou ao Estado. Nesse sentido a Câmara de Vereadores legislou sobre a matéria e a lei foi multiplicada para os municípios vizinhos com situações semelhantes. A preocupação é que essa atração exercida por Itabaiana venha a trazer benefícios para a cidade, ou seja, que a população advinda desses municípios atraídos, traga uma contrapartida para os itabaianenses, ao invés de virem apenas em busca do serviço ou produto, como foi o caso do 34 mineral que apenas deixou um déficit na área ambiental e nenhum retorno econômico para o município. 35 Essa concepção radial nos permite ainda visualizar as redes inter municipais não apenas no sentido das relações comerciais, ou de saúde, mas também na questão do ensino, pois como anunciado anteriormente, a educação passa a ser a base para uma boa qualidade de vida, tendo em vista que tendo a educação, o sujeito vai poder julgar os fatores importantes para exercer a sua cidadania, sabendo de seus direitos e deveres, bem como, trabalhar a questões relativas ao ambiente saudável, que vai conotar em uma melhor qualidade de vida para a população. É interessante ainda realçar a comparação entre Itabaiana enquanto um centro atrator e também de irradiação e os demais municípios de vizinhança mediata e imediata (Quadro 4), onde se nota que esse centro contém o maior volume de estudantes matriculados como também de docentes. Quadro 4 – Ensino médio como indicador de concentração de população Escola Ensino Médio Matriculas Cidades Docentes M Est Pública Privada Estadual Municipal Itabaiana 01 01 01 1.121 59 Gurinhém 01 483 14 Mogeiro 01 493 17 Pilar 01 487 22 Salgado de 01 01 60 421 27 Caldas B 01 51 04 São Miguel de Taipú Sobrado Juripiranga Pedras de 01 01 446 181 50 São José dos Ramos Ingá Itatuba 36 Densid 19 34,5 29 22 17 12 12 Necessidade de Escola de Terceiro Grau Com uma economia ainda incipiente, mas com idade madura, o município precisa sair do isolamento a que se encontra. Como foi visto em outros momentos a economia do município prosperou em torno dos negócios gerados pelo ciclo do algodão, fazendo com que a cidade viesse a abrigar um amplo parque ferroviário, cujos trens não apenas passavam, mas paravam para carregar, pois era um lugar que havia armazéns. No entanto Itabaiana, estando localizada distante da BR 216, ficou conseqüentemente distante de diversos serviços fornecidos pela rede que liga a capital às cidades mais interiores do Estado. Nesse mesmo sentido isso é visto também para o ensino do terceiro grau no qual a cidade não é contemplada, pois sua proximidade com Pernambuco fortalece o escoamento da população estudantil par o Estado vizinho, como também acontece em outros municípios que ficam na fronteira do Estado, como é o caso de Pedras de Fogo que é geminada com a cidade de ItambéPE, onde a divisa dos dois Estados consiste em um meio fio numa das ruas principais das duas cidades (Figura 17). Itambé - PE Pedras de Fogo-PB Linha divisora Figura 17: Linha divisora de Estado nos Municípios de Pedras de Fogo e Itambé 37 Observando a Figura 18, nota-se que alguns municípios dessa borda sul da Paraíba possui um alto índice de pessoas com terceiro grau, entretanto, essa “qualificação” está sendo exercida por estabelecimentos privados do Estado vizinho, o que significa uma fuga de capital da Paraíba. Nesse sentido, é conveniente observar que está saindo divisas do Estado e a qualificação em alguns momentos deixa a desejar, como acontece em várias situações. A partir dessas premissas, ressaltamos a importância de implementação de um Campus Universitário em Itabaiana com cursos que contemplem a vocação regional do lugar, pois assim trará muitos benefícios para a microrregião e seu entorno, tanto na qualificação do pessoal que fará com os setores da economia se movimentem trazendo nova vitalidade econômica para o lugar. Concomitante, evitará a fuga de capital para o Estado vizinho e a migração tanto dos jovens que ao terminar o ensino médio tendem a ir embora do local em busca do ensino superior ou de trabalho, quanto dos adultos, que também acabam migrando para acompanhar os filhos na busca de maiores perspectivas. É conveniente lembrar que muitas vezes, embora essas pessoas não queiram deixar sua terra, acabam sendo praticamente expulsas do lugar por falta de opções que lhe permitam crescer enquanto cidadão. Essas pessoas acabam migrando geralmente para os grandes centros urbanos, que já não têm capacidade para absorver tamanha população que migram de todas as partes em busca de melhorias. Tomando essa ótica como parâmetro, entende-se que a Paraíba deve olhar melhor esse problema que vem crescendo a cada ano em toda parte do Estado. A instalação de um Campus Universitário em Itabaiana renovaria a microrregião, pois a cidade, ao invés de expulsar seus jovens que ao terminarem o ensino médio, levam consigo as divisas do capital trabalho que poderia circular no próprio município e, num outro campo ótico seria um elemento atrator de jovens de todo o entorno já influenciado pela força estabelecia por essa convergência, bem como, de municípios do Estado vizinho que trariam suas divisas para circular em Itabaiana. A possível influência que a cidade passará a ter com a implantação de um Campus pode ser visualizada na Figura 19. 38 Figura 18: Mapa de distribuição da população com curso superior. 39 40 O ESPAÇO FÍSICO QUE PODE ABRIGAR O CAMPUS UNIVERSITÁRIO No início da década de 1990 a cidade de Itabaiana foi contemplada com uma edificação para ensino médio e fundamental, no entanto, nos governos que se passaram essa edificação ficou com suas funções muito reduzidas, chegando mesmo a ficar comprometida a manutenção da mesma. A edificação (Figura 20) está sobre uma área de aproximadamente 4,0 ha, porém as edificações para ensino ocupam 2.748 m2 (2,7ha), mais a quadra de esportes, podendo ser ampliada posteriormente de acordo com o interesse, tendo em vista haver terreno disponível para esse fim. Área que está contida edificação para abrigar o Campus Figura 20: Planta baixa do local de instalação do Campus. O governo municipal atual tem procurado recompor as instalações prediais, para uma ocupação de forma mais efetiva, no entanto, uma escola de nível superior será a melhor forma de ocupação para esse equipamento. Atualmente são três prédios que abrigam salas e mais a quadra de esportes. Para uma melhor análise seguem em anexo algumas fotos das edificações. 41 Anexo I (álbum fotográfico das edificações) 42 Frente da edificação principal, com dois pisos e telefone público. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 Fotos de dois prédios com a entrada principal. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 43 Foto do terceiro equipamento predial. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 Foto com destaque para a instalação da Visão de cima do ginásio de esportes quadra de esportes. para o prédio de dois pisos. Foto: Maria José V. de Barros Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006 44 Diferentes pontos de visão do equipamento predial. Fotos: Maria José V. de Barros Data: 18/02/2006 Visão interna do equipamento predial principal, segundo pavimento. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 45 Sala de aula com 45 carteiras universitárias. Foto: Maria José V. de Barros Data: 18/02/2006 Visão de um dos banheiros. Foto: Maria José V. de Barros Data: 18/02/2006 46 Indicadores das salas especializadas (desativadas atualmente). Foto: Maria José V. de Barros Data: 18/02/2006 Elevador para o andar superior para Escadaria interna para o atendimento a deficientes. superior. Foto: Maria José V. de Barros Foto: Maria José V. de Barros Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006 47 andar Escadaria externa para o andar superior Salão amplo para abrigar atividades diversas Foto: Conrad Rodrigues Rosa Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006 Infra-estrutura relativa à energia, abastecimento d’água e incêndio. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 48 Amplo espaço interno abrigando diversas salas. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 Amplo espaço interno abrigando diversas salas. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 49 Salão para abrigar a Biblioteca. Foto: Conrad Rodrigues Rosa Data: 18/02/2006 50 Anexo II CONJUNTO DE PLANTAS-BAIXA REFERENTES À EDIFICAÇÃO QUE PODERÁ ABRIGAR O CAMPUS UNIVERSITÁRIO EM ITABAIANA 51 52 53 54 55