UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA - LICENCIATURA BRUNO SILVA SANTOS O CANTO CORAL NA EDUCAÇÃO MUSICAL: análise e catalogação a partir das publicações nos anais da ABEM e da ANPPOM, e na revista da ABEM e revista OPUS (2009 a 2013). NATAL - RN 2014 BRUNO SILVA SANTOS O CANTO CORAL NA EDUCAÇÃO MUSICAL: análise e catalogação a partir das publicações nos anais da ABEM e da ANPPOM, e na revista da ABEM e revista OPUS (2009 a 2013). Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado em música – Licenciatura. Orientador: Prof. Dr. Jean Joubert Freitas Mendes. NATAL/RN 2014 2 3 BRUNO SILVA SANTOS O CANTO CORAL NA EDUCAÇÃO MUSICAL: análise e catalogação a partir das publicações nos anais da ABEM e da ANPPOM, e na revista da ABEM e revista OPUS (2009 a 2013). Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado em música – Licenciatura. Aprovada em: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ PROFESSOR DR. JEAN JOUBERT FREITAS MENDES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (ORIENTADOR) ___________________________________________________ PROFESSORA DR. AMÉLIA MARTINS DIAS SANTA ROSA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (MEMBRO DA BANCA) ___________________________________________________ PROFESSORA DR. VALÉRIA LÁZARO DE CARVALHO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (MEMBRO DA BANCA) 4 AGRADECIMENTOS Primeiro, claro, agradeço a Deus, criador dos céus e da terra, pela oportunidade de poder concluir mais um curso superior, desta vez, este de Licenciatura em Musica, que me deu uma excelente base teórica e prática para estar em uma sala de aula ensinando algo tão sublime como a música. Agradeço também ao meu pai Santos, por tudo que me ensinou, pelo exemplo de homem, marido e pai que é, e por ser o meu melhor amigo nesta terra. Agradeço também a minha mãe Ana Maria, pelos seus ensinamentos, seu exemplo de determinação, força e fé ao enfrentar os obstáculos, como o que ocorreu neste ano de dois mil e quatorze, quando lutou e venceu uma enfermidade bastante agressiva. Hoje entendo de onde vem toda a minha garra e determinação. Agradeço também a Neide, minha esposa, pela sensibilidade em entender minhas escolhas profissionais e saber incentivar, orientar e aconselhar na medida certa. Para ela o meu amor. Ao meu filho Victor Bruno, pela alegria que me proporciona todos os dias, por ser meu amigo, companheiro e me fazer entender o que é amor incondicional. Quero agradecer também ao meu professor orientador, Jean Joubert de Freitas, pelo exemplo que passa do que é ser um excelente professor, se dedicando ao máximo, tendo um conhecimento profundo dos conteúdos que ministra e sempre se dispondo a tirar dúvidas de todos que o procuram, tudo isto com uma calma, serenidade e gentileza, o que o faz ser referência na Escola de Música da UFRN. Agradeço também a minha orientadora acadêmica, professora Valéria Lázaro de Carvalho, por estar sempre disponível para tirar minhas dúvidas nos processos de matrículas e me orientar no curso da melhor forma. Quero agradecer também a professora Elke Riedel, pela oportunidade de cursar uma disciplina complementar com ela e poder realizar um trabalho inédito e memorável. Também agradeço a Silas, colega de curso, que na aula da saudade da graduação em música – canto (2009) me incentivou e insistiu que eu fizesse o reingresso para este curso. Agradeço também aos funcionários da Escola de Música, em especial a Júnior da instrumentoteca, que sempre com uma alegria no rosto, se dispunha a resolver toda pendência que surgia. Agradeço também aos funcionários e estagiários da biblioteca, por serem prestativos nas minhas inúmeras idas para consultas acadêmicas. E também a todos os colegas músicos que convivi ao longo de todo este curso. Com vocês pude aprender, e claro, dar boas gargalhadas durante os intervalos e algumas vezes, durante as aulas. MUITO OBRIGADO! 5 RESUMO Sabendo da importância do canto coral na formação do ser humano, este trabalho tem por finalidade catalogar e analisar todos os artigos sobre canto coral na educação musical, encontrados nos Anais da ABEM e da ANPPOM, e na Revista da ABEM e Revista OPUS, no período entre 2009 e 2013. Para a realização desta pesquisa foi utilizado como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, que consiste em ler, analisar e interpretar as publicações com intuito de servir de base teórica do estudo proposto. No total foram encontradas 64 publicações sobre o tema, que contém conteúdos sobre socialização, técnica vocal, ritmo corporal, ensino aprendizagem, habilidades do profissional de regência, dentre outros, que foram devidamente resenhados e analisados, tendo seus resultados explicitados em gráficos, que levaram as conclusões descritas neste trabalho. Palavras-chave: Canto coral. Educação Musical. Ensino aprendizagem. Pesquisa bibliográfica. 6 ABSTRACT Knowing the importance of the choral singing in the formation of the human being, this work aims to catalog and analyze all the articles about choral singing in the musical education, found in the Annals of ABEM and of ANPPOM, and in the ABEM magazine and OPUS magazine, in the period between 2009 and 2013. For the realization of this research, the bibliography research was used as a methodological resource that consists in reading, analyzing and interpreting the publications with the intention of serving as a theoric base of the purposed study. In total, 64 publications were found about the theme, that contain contents about socialization, vocal technique, body rhythm, teaching and learning, skills of the conducting professional, among others, that were properly reviewed and analyzed, having its results explained in graphics, that brought the conclusions described on this work. Key-words: Choral singing. Musical Education. Teaching and Learning. Bibliography Research. 7 GRÁFICOS Gráfico 1 – ano de 2009 a 2013 - temas....................................................................... 92 Gráfico 2 – ano de 2009 - temas.................................................................................. 93 Gráfico 3 – ano de 2010 - temas.............................................................................. 94 Gráfico 4 – ano de 2011 - temas.............................................................................. 95 Gráfico 5 – ano de 2012 - temas.............................................................................. 96 Gráfico 6 – ano de 2013 - temas.............................................................................. 97 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................................................. 10 1.2 MOTIVAÇÃO PARA A PESQUISA.................................................................... 12 1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................... 12 1.4 OBJETIVO.............................................................................................................. 13 2. DESENVOLVIMENTO........................................................................................... 13 2.1 ÍNDICE DE TÍTULOS – RESENHAS................................................................. 13 2.2 GRÁFICO – ANO DE 2009 A 2013 – TEMAS ENCONTRADOS.................... 92 2.3 GRÁFICOS – POR ANO – TEMAS ENCONTRADOS..................................... 93 3. ANÁLISES................................................................................................................ 91 4. CONCLUSÃO........................................................................................................... 95 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 97 9 1 - INTRODUÇÃO 1.1 – APRESENTAÇÃO DO TEMA Desde os primórdios da civilização, a música sempre esteve presente na sociedade, buscando levar aos grupos sociais, momentos de catarse, reflexão, religiosidade, relaxamento, agitação e alegria. Na sociedade moderna, a música mais do que nunca, é vista como algo imprescindível ao ser humano, pelos enormes benefícios que levam aos indivíduos que a ela tem acesso, através das mais diversas formas que se tem hoje de se trabalhar com música. E uma das formas de se trabalhar música é através do canto coral, que hoje é visto em diversos setores da sociedade, como igrejas, escolas, ONG’s, repartições públicas e empresas particulares. O canto coral tem se perpetuado na sociedade por sua facilidade de aplicabilidade, onde o instrumento utilizado já vem com o indivíduo, que é a voz. Também, pela facilidade de se realizar ensaios e apresentações, visto que o regente, que é quem ensina ao coro o repertório e o conduz a atingir a metas estabelecidas, geralmente trabalha com um piano ou teclado, demonstrando aos coralistas, as melodias que devem ser cantadas. Porém, o canto coral não se limita somente a interpretação de um repertório feito especialmente para coro, mas vai muito mais além, trabalha a autoestima, a socialização, o “saber trabalhar em equipe”, além de proporcionar ao indivíduo a oportunidade de ampliar seus conhecimentos culturais, se tornando uma pessoa mais instruída culturalmente, ampliando sua forma de entendimento e apreciação da arte do canto em conjunto. Por perceber esta valorização do canto coral, e por já estar inserido neste universo há vinte anos como coralista e há dez anos como regente, resolvi investigar o que, em nosso país, foi publicado, nos anos de 2009 a 2013, sobre o canto coral, voltado para a educação musical. Os resultados encontrados estão explicitados em gráficos, que levam a conclusões descritas na parte final do trabalho. Ao longo de minha pesquisa, encontrei nos Anais da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Música – ANPPOM, do ano de 2011, realizado em Uberlândia – MG, três artigos sobre canto coral na subárea Performance. Como minha pesquisa se voltou na área de canto coral na educação musical, não os incluí nesta catalogação. Porém, descrevo aqui o título de cada um dos três, com um resumo do que trata cada artigo. 10 1 - A voz do maestro: um regente coral precisa saber cantar? Autora: Rita de Cássia Fucci Amato (USP). Um regente de coral pode ser analisado a partir de quatro categorias de competências: musical, vocal, pedagógica e administrativa. Este artigo explora a importância da competência vocal, qualificada e quantificada a partir da opinião de 187 (cento e oitenta e sete) cantores e 6 (seis) regentes de 7 (sete) dos principais coros da cidade de São Paulo. O texto utilizou como referência teórica ideias de Perrenoud (1999), Le Boterf (2010), além de citações da própria autora. Em suas conclusões, o artigo diz que o regente deve ter conhecimento vocal apropriado para o canto coral. E esta característica contribuiu para a desconstrução do mito de que reger se resume à técnica gestual. O conhecimento técnico vocal é consensual a todos os regentes corais que trabalham tanto com coros amadores tanto com coros profissionais, e que buscam resultados técnicos musicais como objetivo maior de suas atividades. 2 - Gestão de Organizações Musicais: do Maestro Tirano à Autogestão. Autora: Rita de Cássia Fucci Amato (USP). A forma autocrática de gerir organizações musicais enfrenta muitas críticas, por isto este artigo buscou analisar uma forma de gestão participativa e se esta forma tem sido positiva diante dos resultados apresentados. O objeto de estudo foi o coro amador Luther King, da cidade de São Paulo, onde foram respondidos questionários pelo regente e pelos cantores. Também foi realizada uma entrevista oral com o maestro, registrada em audiovisual e posteriormente transcrita para a coleta de dados. O texto utilizou com referência Henri Fayol (1841-1925), dentre outros. Em suas conclusões, o artigo descreve que o regente que utiliza somente suas ideias, acaba sendo um coro de um homem só. A forma autocrática de gestão tem recebido enorme rejeição junto a organizações, como exemplo o artigo cita as orquestras profissionais. No campo coral amador, apesar das limitações de infraestrutura que limitam o exercício das práticas de administração, soluções inovadoras devem ser descobertas, com intuito de construir grupos de melhor qualidade musical e robustez em suas relações humanas. 11 3 - A prática do canto coral juvenil como recurso integrador para o ensino técnico em música: um estudo de caso. Autores: Vinícius Inácio Carneiro. Ângelo Dias O artigo é um recorte de um mestrado defendido na UFG (2011). A investigação surgiu da experiência artística e pedagógica do autor enquanto professor da disciplina Canto Coral do Curso Técnico em Instrumento Musical do IFG, no ano de 2010. Foi analisado o conteúdo disciplinar do curso, e esta análise concluiu que a disciplina propiciou a integração entre disciplinas técnicas do curso, conferindo diferenciais positivos ao aprendizado do aluno. O trabalho utilizou referencial teórico de Fucci Amato (2008, p. 15). 1.2. MOTIVAÇÃO PARA A PESQUISA Por já ter cantado em diversos corais ao longo de vinte anos, e trabalhar como regente de coral há dez anos, pretendi neste trabalho aprofundar meus conhecimentos teóricos acerca das várias questões que cercam o canto coral, indo buscar nos diversos artigos publicados nos Anais da ABEM e ANPPOM, e revista da ABEM e revista OPUS, informações sobre experiências vivenciadas nas mais diferentes realidades, com o intuito de agregar mais conhecimento didático musical para proporcionar um fazer musical ainda mais eficaz e competente, nos objetivos pedagógicos que este trabalho busca em seus resultados. 1.3. METODOLOGIA DA PESQUISA Existem diversos corais em todas as regiões do Brasil, cada um com sua característica de ensaio e sendo influenciados pela cultura local e pelos seus participantes, que já tem seus conceitos musicais e sua carga cultural. Diante disto, o regente busca exercer sua atividade pautado no ambiente social que encontra. Assim, pela dificuldade geográfica de se coletar informações sobre o tema canto coral na educação musical in loco, estabeleci a pesquisa bibliográfica como forma de coletar tais informações sobre o tema. A pesquisa bibliográfica é definida como sendo uma busca de referências publicadas sobre um tema pesquisado, para analisá-los e discuti-los, buscando detectar suas contribuições culturais e científicas. A pesquisa bibliográfica possibilita um grande alcance de informações, além de permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo proposto. (GIL, 1994). Para Lima e Mioto (2007), a pesquisa bibliográfica consiste em 12 apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre um determinado tema, seja ele explicitado em livros revistas, internet, etc. A bibliografia básica do trabalho foram os artigos publicados nos anos de 2009 a 2013 nos Anais dos congressos da Associação Brasileira de Educação Musical, ABEM, e na Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Música, ANPPOM, e das revistas da ABEM e OPUS. Os artigos foram encontrados nos sites das referidas associações, que tem os seguintes endereços eletrônicos: www.abemeducacaomusical.com.br e www.anppom.com.br. As edições da revista da ABEM utilizadas foram encontradas no site da ABEM. As edições da revista OPUS utilizadas foram encontradas no site da ANPPOM. 1.4 – OBJETIVO Realizar um levantamento de conteúdos publicados em forma de artigos, nos Anais dos Congressos da ABEM e ANPPOM, e revistas da ABEM e OPUS, entre os anos de 2009 e 2013, dentro da temática de canto coral na educação musical, e deles fazer uma reflexão. 2 – DESENVOLVIMENTO O trabalho de pesquisa feito resultou na detecção de 64 artigos sobre canto coral na educação musical. Os referidos artigos foram lidos, analisados e resenhados. Abaixo se encontram as resenhas de todos os títulos encontrados. 2.1 – INDICE DE TÍTULOS - RESENHAS 01 Projeto “um canto em cada canto”: o social e o musical mediado pela atividade coral. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2009, p. 189-195). O artigo se inicia enfocando uma característica encontrada no trabalho de canto coral acerca do regente: o de educador musical e intérprete musical. Dito estas características como inseparáveis, principalmente na realidade de grupos vocais amadores. Também é descrito sobre a estrutura geralmente encontrada na realidade da educação básica, estrutura esta precária no que tange a aquisição de instrumentos, espaço adequado para ensaios, dentre outros gargalos, o que acaba levando a formação de corais, por se o instrumento, a voz, já própria do aluno. O artigo tem como objetivo relatar as experiência de um semestre, na disciplina Regência Coral e expressão vocal, do curso de pós-graduação lato sensu (especialização) em Educação Musical da Faculdade de Música Carlos Gomes (FMCG, São Paulo – SP). 13 Durante um semestre da disciplina, detectou-se a ausência de conhecimento dos regentes sobre a voz e sua correta utilização. Então, viu-se a necessidade de se incluir informações acerca da educação vocal, fisiologia da voz, técnica vocal e saúde vocal, tanto para o regente, para que ele possa cuidar bem do seu instrumento de trabalho, como para os coralistas, para que possam utilizar, em sua total condição, o seu aparelho vocal. A disciplina focou na elaboração de reflexões sobre regência e expressão vocal, para o crescimento técnico do aluno, preparando-o para atuar em grupos com as mais diversas características técnicas de repertório, além de mostrar a estrutura dos órgãos fonatórios periféricos e suas inter-relações, para a produção vocal de alto rendimento. E também orientar a prática da educação e saúde vocal. Como objetivo específico foi descrito que o canto coral pode ser desenvolvido nos mais diferentes níveis. Também, correção no repertório a ser trabalhado. Refinar e/ou buscar conhecimentos faltantes na formação musical. O autor, como base, utilizou o livro “Regência Coral, de Oscar Zander (2003) manual essencial para a aquisição da técnica da regência de grupos vocais”. Outros textos utilizados foram: regência coral: organização e administração do trabalho em corais (Fucci Amato e Amato, 2007) e O canto coral como prática sociocultural e educativo-musical (Fucci Amato, 2007). O primeiro texto trata da necessidade do regente em agregar as habilidades de gestor de um grupo de trabalho com recursos humanos, sabendo liderar, motivar e resolver problemas. O texto descreve como uma carência existente nos profissionais de regência, citando que estas questões são a rotina diária do trabalho do regente. O segundo texto aborda o canto coral como um espaço onde se desenvolve a inclusão social, integração social e a motivação. Cita sete ferramentas do trabalho educativo musical do regente: 1 – inteligência vocal, 2 – consciência respiratória, 3 – consciência auditiva, 4 – prática de interpretação, 5 – produção vocal em variadas formações, 6 – recursos audiovisuais, 7 – apresentação de pesquisas e debates. Durante a disciplina, a prática da regência foi executada, com as músicas Fulô, e a música Ay de mi. Foi formado um círculo onde cada regente pode reger uma parte da música. Posteriormente, através de recurso audiovisual, se pode corrigir possível problemas apresentados. Por fim, se percebeu que regência e técnica vocal devem fazer parte do conhecimento dos regentes. 14 02 A prática coral sob perspectiva de musicalização. (AGUAR, Frederico Neves de; FREIRE, Vanda Lima Bellard. 2009, p. 229-236). O artigo traz conclusões de uma pesquisa monográfica com o tema “A prática coral sob perspectiva de musicalização”. O texto explica que as pessoas são musicalizadas quando participam de canto coral, ampliando as conquistas musicais, não somente adquirindo competência em ouvir um som e reproduzi-lo. O texto pretende que as pessoas realizem outras atividades além do cantar. Se propõe também a apreciação, expressão vocal e/ou corporal, a criação e a improvisação. O texto pretende auxiliar os regentes na formação musical dos seus coralistas, não se limitando apenas a ensaio de repertório e apresentação. O texto aborda conceitos de musicalização de PENNA (1990), onde ele diz que musicalizar é desenvolver instrumentos de percepção necessários para que o indivíduo possa ser sensível à música, aprendê-la, recebendo o material sonoro/musical como significativo, este que precisa ser articulado com as experiências acumuladas, ou esquemas de percepção desenvolvidos. FERREIRA (2000), observa que é através da criação musical que o aluno experimenta com eficácia a linguagem musical. Para QUEIROZ (2005), a música transcende os aspectos estruturais e estéticos, se estabelecendo como essencial e significativo para o seu uso e a sua função no contexto que ocupa. Já SAVIANNI (1989), diz que os conceitos adotados se inserem em uma abordagem educacional mais ampla, como a concepção dialética da educação. Já FREIRE (1999) e MARQUES (1999), abordam a educação em uma perspectiva pós-moderna, perspectiva esta convergente com a concepção dialética da educação. Durante a pesquisa, foi percebido que nas práticas corais não profissionais os cantores geralmente assumem uma postura passiva, no que tange ao repertório e aos exercícios vocais e vocalizes. Segundo GREEN (1975, apud FIGUEREDO, 1990), comenta que aprendizagem ao nível da reflexão exige uma participação mais ativa que quem é educado, uma atitude mais crítica, fugindo do pensamento convencional, procurando ter mais imaginação e criatividade. O texto afirma que a prática coral como prática educativa, baseada em autores considerados, necessita de uma abordagem mais ampla, precisando de abordagens pedagógicas recentes, visando a formação total, e não somente a informação, é o objetivo no processo educacional. 15 A proposição que sugere uma maior abordagem do canto coral, além de preparação de repertório, foram baseadas em uma pesquisa bibliográfica, levantamento de alguns métodos formais de musicalização e entrevistas com os coralistas e regentes. A pesquisa buscou alternativas para os ensaios que vão além da escuta e reprodução, presente constantemente na prática coral. O artigo conclui que não se aborta conceitos estéticos mais amplos, não desenvolve o conhecimento do aluno através de atividades criativas, lúdicas, expressivas, não propiciando um domínio da linguagem musical. É certo que o conhecimento teórico em música ajudaria a resolver os problemas musicais recorrentes na prática coral. O que se percebeu também foi uma valorização muito grande por parte dos coralistas, de atividades extra-musicais, firmando o que MERRIAN (1964, apud FREIRE, 1992), em sua pesquisa, cita como uma das funções da música: a função de contribuição para a integração da sociedade, sendo um momento de congregamento. 03 A relação ritmo-movimento no fazer musical criativo: uma abordagem construtivista na prática de canto coral. (BÜNDCHEN, Denise Sant’Anna. 2009, p. 269-275). O texto acima procura associar a relação ritmo-movimento na construção musical. Utiliza como base teórica os conceitos construtivistas de Jean Piaget, em seu conceito de tomada de consciência, empregando o método Dialético-Didático. A pesquisa foi realizada em um coral, com meninas com idade entre 11 e 18 anos, integrando o movimento corporal para uma proposta construtivista de canto coral. A pesquisa realizou algumas atividades, onde as alunas eram motivadas a relacionar a consciência do movimento corporal à música no ato de cantar, acreditando a pesquisadora, baseada teoricamente, que se pode ampliar os esquemas musicais das alunas em níveis cada vez mais complexos. O principal objetivo é, a partir das atividade de composição, execução e representação gráfica, a interação entre movimento corporal e ritmo, facilitando a definição do conceito ritmo ante as descobertas das possibilidades em relação à música. A pesquisadora relata que em crianças, adolescentes e adultos na terceira idade em que o uso do movimento corporal se fez presente, gerou uma enorme motivação e dedicação no trabalho do canto coral. Concluiu-se que houve uma diversidade na forma de produção, compreensão e execução, mas, que se pode afirmar que é importante a aplicabilidade de tais elementos 16 rítmico-corporais, a fim de se chegar ao objetivo de ter o corpo como elo entre a música e a cognição. 04 Canto coral e inclusão social: um panorama atual de iniciativas brasileiras. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2009, 379-385). O artigo traz um olhar sobre a função inclusiva que os projetos de canto coral tem no terceiro setor: prefeituras, governos estaduais e setores empresariais. O texto cita, no seu início, que estes projetos socioculturais visa preencher uma lacuna pela ausência do ensino de música na educação básica. SANTOS (2005), afirma que os governos dos diferentes níveis apoiam estes projetos para livrar-se da “obrigação” de proporcionar educação musical de qualidade na escola regular. É objetivo do texto discutir o papel social do canto coral como ferramenta de inclusão, apresentando alguns casos de canto coral comunitário/inclusivo. O texto cita três exemplos de projetos socioculturais. O primeiro é o Instituto Baccarelli, que atende o público infantil e jovem de Heliópolis, São Paulo, que tem como objetivo formar com nível de excelência musical os alunos participantes, que tenham vulnerabilidade social, ajudando no desenvolvimento social, interpessoal e possibilitando uma profissionalização. E o segundo é o projeto Guri, de iniciativa da Secretaria de Cultura do estado de São Paulo, que desde 1995, visa à inclusão sociocultural de crianças e adolescentes. Este projeto visa desenvolver no aluno a concentração, a disciplina, o trabalhar em grupo, o respeito ao próximo e o desenvolvimento da sensibilidade. O terceiro é o Coral Santa Cecília, formado por detentas de uma penitenciária feminina em Teresina (PI). Os ensaios ocorrem duas vezes por semana, com técnicas de respiração, dicção, afinação, equalização, ritmo e saúde vocal. O principal objetivo do coral é a inclusão social e restauração do emocional. Proporciona também o surgimento de talentos musicais, que podem posteriormente obter trabalho com a música. Segundo Fernando Ferreira, o regente do coral, se está atingindo um triplo papel: evita a ociosidade, facilita a reinserção na sociedade e permite um vislumbre das atividades realizadas dentro da sociedade. Diante do que foi exposto, chega-se a conclusão que o canto coral ajuda sobremaneira a inclusão social do indivíduo, seja ele com qual idade tiver ou qual condição de separação da sociedade estiver. 17 05 Coral Vivo Canto: aplicabilidade de metodologias de educação musical no contexto atual – Dalcroze, Willems, Kodály e Schafer. (DIAS, Caio Vinicios Cerzósimo de Souza; SANTOS, Jane Borges de Oliveira. 2009, p. 461-467). O presente artigo tem como tema central verificar a aplicabilidade de interrelacionamento entre as metodologias ativas de educação musical de Émile-Jacques Dalcroze, Edgar Willems, Zoltán Kodály e Murray Schafer e também, como é a rotina de ensaios do coral vivo canto. O Coral Vivo Canto teve seu início em 2007, na UFSCar, como atividade de extensão vinculada ao programa Qualidade de Vida. O coral tem como objetivo trabalhar a saúde e higiene vocal dos participantes, e trabalhar o fazer música de forma coletiva. Durante o acompanhamento da rotina de ensaios, se observou uma sequência préestabelecida de sete etapas no início do ensaio: acolhimento, relaxamento, respiração, aquecimento vocal, repertório extra, repertório musical e desaquecimento. Há um planejamento individual de atividade, que são discutidas em reuniões semanais da equipe que faz a avaliação anterior e planeja ensaio seguinte. Baseado em Dias; Leme (2008, p. 5), “através dessas observações pode-se refletir e encaminhar, para os próximos ensaios, sugestões que visam ampliar o desenvolvimento de todas as esferas que circundam os processos educativos do coral”. O acolhimento tem como finalidade criar um ambiente descontraído que faça com que os coristas se integrem e também serve para dar as boas vindas aos novos integrantes, executando-se atividades lúdicas e musicais. Estes estratégias estão ligadas aos pensamentos de Dalcroze, onde visa o movimento corporal. Também se percebe uma ligação com o que diz Kodály, que diz que canção e movimento devem estar juntos. O texto também explica a ligação da etapa do relaxamento com o que diz CARNASSALE, 1995, P. 98. “É natural que durante o desenvolvimento de nossas atividades diárias acumulemos pontos de tensão em todo o corpo. Além disso, é possível que durante aulas de canto os alunos, pretendendo esforçar-se para a produção do som almejado, tencionem músculos que na verdade impedirão um ótimo funcionamento do seu mecanismo vocal”. Na etapa da respiração se busca um controle da emissão do ar, fundamental para o canto coral. No aquecimento vocal são realizados vocalizes, que buscam desenvolver a ressonância, a afinação, a dicção e o controle da emissão. Esta etapa se encontra em ligação 18 com o pensador Willems, com suas preocupações com os intervamos e também, com o saber ouvir. O texto segue na etapa do repertório extra, que traz os ensinamentos de Kodály. Esta etapa tem por objetivo utilizar músicas que fazem sentido aos coralistas, ou que tenham marcado suas vidas de alguma forma, criando também um ambiente de troca cultural. O repertório musical é definido pelo regente, que neste caso, conta com monitores para o auxílio na regência de algumas músicas. Neste caso, há liberdade para os coralistas continuarem ou não com o repertório ou trazer sugestões. A última etapa do ensaio consiste no desaquecimento vocal, que fortalece a manutenção da saúde vocal dos coralistas. São realizados exercícios vocais para levar as vozes ao ajuste da voz falada. É nessa hora que, também, se orienta sobre saúde vocal falada e cantada. Nas considerações finais, o texto esclarece que a intenção foi de abordar algumas possibilidades de utilização de metodologias da educação musical e sua aplicabilidade em corais amadores. 06 Coro “Brienza Canta”: Como La afectividadad incide em El desempeño vocal. (LOPARDO, Carla Eugênia. 2009, p. 468-474). O presente artigo procura descrever o trabalho sócio afetivo de um grupo de pessoas que tinham como objetivo criar um coral em uma associação italiana com sede em Buenos Aires/Argentina. A faixa etária destas pessoas era de 55 a 60 anos, que tinham experiência musical que permitia refazer músicas tradicionais italianas. O texto aborda o fato de que cantar é uma das atividades musicais mais completas, pois além de trabalhar melodia, ritmo, percepção auditiva, também se trabalha o lado sócioafetivo, e isto é o que foi proposto observar neste trabalho, o de qual o desafio que o diretor musical (regente) iria enfrentar no que diz respeito a condução do trabalho, como também, detectar quais as relações intra pessoais influentes no grupo. Os trabalhos se iniciaram em abril de 2006, já com imensos desafios a transpor. Logo no início se percebeu que anteriormente não havia acontecido atividades culturais. Também se percebeu que nenhum dos cantores haviam cantado antes e não tinham formação musical, além do fato de terem que encarar o desconhecido, o que gerava grande temor na maioria dos participantes. O texto segue dizendo que a Associação Italiana Brienza tem como objetivo reunir a todos os brienzanos e descendentes residentes na Argentina. Com sede em Villa Madero 19 (província de Bueno Aires), sendo realizado atividades recreativas aos italianos e comunidade em geral. Brienza é um pequeno povo do sul da Itália, pertencente a província de Potenza. A ideia do coro surgiu através do seu presidente, que viu a possibilidade de criar um coral formado por brienzanos, para os próprios e para a comunidade em geral. O coro inicialmente se apresentava em festejos na comunidade brienza. Com o decorrer dos trabalhos, surgiram oportunidades de se apresentarem também fora da associação. Com o passar dos ensaios, tanto os integrantes como o público percebiam o crescimento técnico musical do grupo, que a cada apresentação demonstravam mais harmonia e desenvoltura musical. Os coralistas sempre demonstraram um grau de interesse elevado no repertório que era proposto, e isto determinou muitas vezes no grau de êxito dos ensaios. Quem está à frente de um trabalho como este, deve estar atento as oportunidades de se trabalhar aspectos técnicos musicais, como entonação, respiração correta, fraseado, emissão vocal, percebendo as dificuldades e buscando solucioná-las. A duração do ensaio era de uma hora e meia. Eram realizados exercícios de respiração e relaxamento. Foi trabalhado a relação tônica sol fa e também se utilizou métodos do pensador Dalcroze na relação corpo-movimento. A conclusão deste trabalho se mostrou altamente positiva. Ao longo de três anos, se pode realizar diferentes concertos e a vontade de melhorar ia crescendo a medida que desafios mais importantes ia aparecendo. Se aprendeu a conviver com as diferenças e limitações, e a enfrentar os desafios, como a saída do regente. 07 Coro infanto-juvenil Os Curumins: construindo referências para a prática musical contextualizada. (CHRISPIN, Juliana. 2009, p. 475-481). O presente artigo traz as questões que foram abordadas na prática, como educação musical contextualizada, do coral Os Curumins. O texto mostra que o canto coral é uma alternativa como prática e educação musical, principalmente na faixa etária infanto-juvenil. Afirma-se que estas escolhas sejam devido ao baixo custo em sua implementação (o cantor já possui seu instrumento, a voz), e ao fato de também se trabalhar a socialização, de suma importância também. O texto busca referências em SAVIANI (2006), citando três categorias de teorias educacionais. A primeira categoria projeta a educação como meio de superação, tornando a sociedade homogênea e harmônica. O segundo grupo se contrapõe, vendo na educação um forte elemento afirmador das diferenças. O terceiro grupo não afirma que a 20 educação seja responsável pelas mudanças sociais, mas acredita que estas tais mudanças devem passar por ela. É claro no texto que o projeto proposto utiliza os preceitos educativos da terceira categoria exposta por Saviani. 40 estudantes de 8 a 13 anos foram selecionados para participarem do projeto, tendo as aulas uma hora de duração cada, por semana. Na seleção, foi priorizado o interesse e a chance de frequentar regularmente as aulas. Durante as aulas se buscou contextualizar o conteúdo educacional musical, no objetivo de aumentar os diálogos musicais dos alunos, ampliando seus horizontes e possibilidades musicais. Segundo o texto, o aluno teve olhar para dentro do mundo musical não como um forasteiro, mas como um nativo desta terra. O texto afirma que a música vista como um mero lazer e integração social, não seja valorizada como deveria, principalmente sem uma proposta educacional inserida. O texto diz que a proposta do projeto é que o aluno seja o início, o meio e o fim, sabendo que se deve utilizar o que ele traz de bagagem musical da sua realidade social. O texto baseia-se no que disse Subtil (2007), citando Vigotsky, que uma criança adquire cultura através da cãoialização, ou seja, do contato com adultos e crianças mais desenvolvidas, sendo acrescido também, neste processo, a mídia. A autora afirma no texto que a mídia televisiva, o rádio e o computador tem forte influência no conceito destas crianças. E destas três, o que tem maior força é a televisão. Os alunos afirmaram que as referências musicais vêm geralmente de novelas e programas de auditório. O canto coral não se apresenta, ou não se apresentava para a criança, como uma possibilidade musical. A música coral não é divulgada em meios televisivos, nem em rádios, sendo a melodia acompanha, a principal forma musical executada neste veículos de comunicação, que por sua vez, são amplamente vistos pelos alunos, o que faz com que seja a principal forma musical que eles conhecem. Com base nisto, a imensa maioria dos alunos participou do coral sem ter nenhuma referência anterior. Poucos associaram a coros de igrejas. O texto traz a discussão a seguinte problemática: se a valorização da música está associada à ideia de música que eles têm, como inserir algo completamente novo, e que seja valorizada pela criança em seu cotidiano? O trabalho foi facilitado, para que os alunos tivessem uma participação mais ativa, o que ainda sim, gerou algumas dificuldades. O coral conta com regente e pianista, o que, em alguns momentos, levou a questionamentos de quantos mais instrumentos iriam acompanhar o coral. Este questionamento está ligado intimamente a carga cultural já citada anteriormente, que cada aluno traz. 21 A pesquisa será contínua, sendo utilizado um questionário com questões a serem respondidas pelos alunos no início do trabalho e outro a ser respondido ao final de um processo, para se tentar perceber novas relações com o canto coral. Houve um estranhamento e desconforto durante os exercícios vocais no início do processo, logo superado com a continuidade do trabalho. Se percebeu, durante o processo, relatos positivos trazidos pelo alunos de colegas e familiares que que ouviram o repertorio ensaiado. Finalizando, o texto chega a conclusão que o contato com o novo desperta estranhamento e curiosidade, porém, leva aos alunos a oportunidade de abrir horizontes e mudar do discurso do “eu adoro esta música’, para o discurso “eu adoro cantar esta música”. 08 Criação coletiva no teatro musical: uma educação para a autonomia. (SANTA ROSA, Amélia Martins Dias. 2009, p. 482-489). O presente artigo traz uma pesquisa no Coral Juvenil da UFBA, com o objetivo de descobrir novas opções metodológicas para o ensino e construção do teatro musical, além de permitir o estímulo de valores como responsabilidade, criatividade, iniciativa para o trabalho em grupo e valorização das individualidades. O texto traz como referência o que diz Zygmunt Bauman, que explica que hoje vemos uma desfragmentação da ética, o enfraquecimento do estado, o que torna as pessoas cada vez mais individualistas. Assim, várias pessoas influentes em várias áreas da humanidade, além de órgãos como UNESCO, UNICEF, ISME, esperam da educação muito mais do que letramento, mas, que se seja capaz de trabalhar em seus educandos questões intrínsecas, sua subjetividade, com a do mundo que os cerca. Também traz referência de Edgar Morin (2000), que propõe que a educação seja transdisciplinar e rejunte ciências e humanidade, rompendo com a oposição entre natureza e cultura. No processo de criação do musical, o texto aborda que deve haver uma grande interação entre educador e educando. E também foi desenvolvido a autonomia. Tanto que tema musical foi criado pelos próprios alunos, o que fez com que os professores tivessem que se adaptar aquela nova situação. O que se percebeu, foi que quando há liberdade de criação, de experimentação, se atinge um grau de crescimento e a motivação para a realização do trabalho é atingida plenamente. O texto relata algumas dificuldades encontradas, como a rotatividade do grupo, a falta de compromisso de alguns componentes, dificuldade como a escola ou a família, carência de 22 recursos, pauta do teatro, confecção de cenário e figurino. Estas dificuldades e outras encontradas acabaram por incentivar o grupo e uni-lo ainda mais. Nas considerações finais, a autora relata a experiência extremamente diferente de todas as outras a que tinha passado. Preocupou-se em não perder o fio condutor do trabalho, mas deu liberdade para a criatividade ser bem desenvolvida, o que também levou a elevar a motivação na realização do musical e que por fim, proporcionou um ganho social e humano. 09 O canto coral e a relação corpo-voz na profissionalização musical. (BRAGA, Simone Marques; CONTREIRAS, Clarice. 2009, p. 837-843). O presente artigo apresenta uma visão acerca do perfil que o profissional de música deve ter. Perfil este que converge para habilidades diversificadas, mas com cada vez maior qualificação. Deve este profissional sempre fazer uma ligação entre o teórico e o prático, além também de estar ligado a outras áreas da arte, sempre preocupado com a educação geral, ao invés da especializada. O texto se apoia em Braga (2007), quando este diz que ensinar teorias sem conexão com a realidade já não corresponde ao que o aluno de hoje precisa saber. O professor deve realizar a ligação com o que o aluno sabe, ou está motivado a saber, e o assunto que se está ensinando. Este texto relata a experiência, visando esta formação, abordando interdisciplinarmente em duas disciplinas: Canto Coral e Expressão Cênica. Os objetivos foram investigar e explorar a relação corpo-voz. Preparar para a performance musical, desenvolver uma formação holística, se utilizando de outras linguagens. Com a execução de um projeto das disciplinas Canto Coral e Expressão Cênica. Após oficinas criativas, que desenvolveram os conteúdos das disciplinas, chegou-se a uma apresentação chamada Canto do Povo de Algum Lugar. E através da abordagem interdisciplinar, se promoveu a integração de conhecimentos. O texto conclui afirmando, com base no pensamento de BRAGA; PEDERIVA, 2008, p. 210), que alunos de canto geralmente se preocupam excessivamente com a técnica vocal. O se expressar com o corpo é algo difícil de aliar com a técnica vocal. Porém, seguindo o que Braga (BRAGA; PEDERIVA, 2008, p. 210), pensa, é possível sim trabalhar buscando unir três elementos: mente-físico-emoção, e com isto, se chegar ao objetivo que se deseja, a pessoa integral. 23 10 O ensino-aprendizagem da notação musical em uma experiência com o Coral Escola Comunicantus. (SILVA, Caiti Hauck da. 2009, p. 857-862). O presente artigo traz um trabalho de ensino-aprendizagem de notação musical realizado com os coralistas do Coral Escola Cominicantus. O Coral Comunicantus é formado por leigos em música, com o objetivo de fazer com que se aprenda a cantar em grupo. O trabalho foi realizado em forma de curso de fundamentos da leitura musical. Foram realizadas 12 aulas de 30 minutos cada, focando no aprendizado das figuras musicais, suas durações, seu emprego no pentagrama, isto tudo aliado as peças que o coro ensaiava. As aulas tinham um plano de aula, que seguia os preceitos dos livros de teoria musical de Abromont & Montalembert (2005), Lacerda (1961). O conteúdo que foi ministrado foi: introdução à notação musical, figuras de duração, compasso simples e composto, fórmulas de compasso, quiálteras, contratempo; sincopa, anacruse, andamentos; sinais de dinâmica, tom e semitom; sinais de alteração, escala maior; noção de tonalidade, escalas menores, escalas relativas; acordes. O que motivou a se realizar este trabalho foi o fato de que, com os conhecimentos teóricos musicais desenvolvidos, o desempenho dos alunos melhoraria significativamente, dando inclusive, autonomia no aprender e entender os procedimentos técnicos da peça ensaiada. Utilizando-se o método da pesquisa-ação (metodologia de pesquisa com a finalidade de melhorar uma prática pedagógica). A notação musical utilizada foi a ocidental, que tem como característica descrever objetivamente as propriedades de altura e duração. Também existem outros tipos de notação musical. O texto afirma que é impossível existir uma única notação musical que sirva para todos os tipos de músicas existentes. O texto afirma que houve um grande sucesso nos resultados alcançados, pois, os coralistas, com a aquisição dos conhecimentos musicais, puderam render mais no processo de ensaio do coral, resultados estes que puderam ser conferidos e confirmados pela banca examinadora da pesquisa. 24 11 O processo de ensino-aprendizagem no canto coral, do ensaio ao concerto: dimensões educativomusical, historicomusicológica e performática. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2009, p. 909-915). Este artigo foi feito com base nas informações coletadas nas atividades desenvolvidas na disciplina Prática Coral, com alunos de bacharelado e licenciatura em música da Faculdade de Música Carlos Gomes (FMCG), em São Paulo-SP. O texto nos traz a informação de que o canto coral é uma prática de muita importância na formação do músico na universidade. O aluno, ao participar do canto coral, tem a oportunidade de desenvolver a integração interpessoal, o auto conhecer sua voz e que potencialidades ela possui, além de usufruir do prazer estético e da execução de um peça coral. Segundo pesquisa realizada na universidade, os alunos calouros do bacharelado e licenciatura esperam com grande expectativa poder participar desta disciplina, com grande interesse em aliar o conhecimento teórico à prática musical. O presente artigo tem por finalidade explorar o processo de ensino-aprendizagem do canto coral no ensino superior, destacando os recursos musicais – pedagógicos, historicomusicológicos e interpretativos, desenvolvidos por essa atividade educacional nos discentes. O repertório desenvolvido durante o projeto foi composto de músicas de diferentes estilos e períodos da história da música, o que foi visto como extremamente positivo pelos alunos, visto que se pôde conhecer e vivenciar na prática todos os estilos musicais ensaiados. Os alunos também relataram que o fato de saberem a origem das músicas, o que o texto diz, enriqueceu seus conhecimentos. Também relataram que a regência foi muito competente, com as entradas corretas, as dinâmicas bem realizadas e principalmente, a segurança passada pelo regente. A maior dificuldade encontrada pelos alunos foi a afinação, percebendo eles que é uma questão que deve ser mais trabalhada no processo musical. A conclusão que se chegou o texto é que é possível a integração das dimensões historicomusicológica, performática e educacional no processo de ensino aprendizagem do canto coral. Por fim, também se percebeu a importância na formação do músico e do educador musical, sendo descrita como extremamente relevante em sua bagagem musical. 25 12 Para além da afinação: compreendendo as experiências do canto a partir de investigações em canto individual e coletivo. (SOUZA, Jussamara; SCHMELING, Agnes; DIAS, Leila; TEIXEIRA, Lúcia. 2009, p. 985-992). O presente artigo versa sobre as práticas músico-vocais, repertório e sociabilidade que lidam com o canto, seja individual ou coletivo indo além da afinação, buscando também analizar três aspectos: as diferentes maneiras de cantar e ouvir para os jovens, o que espera os cantores na seleção do repertório e os aspectos sócio-educativos na prática coral. O texto, se referenciando nos autores Green (1986), Adamek (1997), e Potter (2000), descreve o canto como qualquer forma de cantarolar, explorando sons graves, médios e agudos. O canto pode ser vivenciado por qualquer pessoa, independente de se cantar ou cantarolar, e este ato leva ao prazer, sendo canal de se externar seus sentimentos. Também baseando-se em Adamek (1997), o texto diz que cantar independe da forma. A voz pode ser entoada, cantarolada, balbuciada, sussurrada, seja improvisada e livre ou guiada por um texto, de forma amadora ou profissional. Para Potter (2000, p. 1), o canto excita e move as pessoas. Sendo assim, não precisa de virtuosismo na expressão das emoções. O texto descreve acerca do repertório, trazendo o relato de dois regentes, que consideram que o repertório seja interessante. Inclusive, que seja dentro da realidade musical do grupo e do público musical imediato, ou seja, os funcionários das empresas. Um dos regentes relata que adotou a forma de utilizar arranjos ainda por finalizar, para que o processo de finalização seja feita pelo grupo. Evitando-se assim, os arranjos já prontos. O texto também descreve sobre a prática vocal dos corais, descrevendo que, na maioria dos casos hoje, não se faz seleção dos participantes, fazendo com que o regente/professor se dedique um pouco mais no melhoramento vocal, além também dos aspectos rítmicos, melódicos e harmônicos. Ainda acerca do canto coral atual, se percebe que há, além do trabalho musical, o ganho nos aspectos sócio-educativos, de socialização através do melhor conhecimento do eu musical. 13 Projeto “um canto em cada canto”: o social e o musical mediado pela atividade coral. (LELIS, Oleide; SCHIMITI, Lucy; GARCIA, Klesia. 2009. p. 1045-1051). O texto diz sobre o projeto de educação musical desenvolvido em escola públicas da rede municipal de ensino de regiões periféricas de Londrina. Os resultados foram os melhores possíveis, modificando o universo cultural dos alunos, fazendo com que estes, pela ótima 26 experiência vivida no canto coletivo – coral, leve os benefícios a todos os ambientes em que frequente. O trabalho traz relatos eufóricos de alunos que queriam mostrar e ensinar aos seus pais as músicas que aprenderam no canto coral. Houve também um grande entusiasmo dos alunos no descobrimento da própria voz, percebendo possibilidades que seu instrumento, a voz, é capaz de realizar. O texto nos relata que este projeto ajudou aos alunos a terem uma relação mais próxima com seus pais, além também, de proporcionar vivência da atividade musical dentro do ambiente escolar, procurando utilizar a bagagem cultural musical dos alunos, mas também, oferecer novas possibilidades musicais com o intuito de ampliar o universo musical deles. Foi possível perceber, após um pequeno período de trabalho, mudanças positivas com relação a afinação, o correto uso da voz, o saber ouvir, e também um melhor gosto musical, além também, de mudanças na auto estima e no comportamento social destas crianças. 14 Relações com o cantar e com o “Coral do AFRID”, estabelecidas por nove participantes: um estudo. (MARQUES, Jaqueline Soares. 2009, p. 1104-1110). O presente texto traz uma pesquisa com um grupo de idosas participantes de um coral, dentro do projeto desenvolvido na Faculdade de Educação Física, da Universidade Federal de Uberlância, denominado “AFRID” (atividades físicas e recreativas para idosos). O projeto engloba várias atividades, como hidroginástica, musculação, dança, entre outras. O texto inicia descrevendo que há certa despreocupação da população em relação à velhice, achando que ainda se está bem distante. Logo se percebe que existem vários idosos andando para todos os lugares, e o desafio não é o rejuvenescimento, mas sim proporcionar condições para que os idosos continuem inseridos na sociedade, participando ativamente de suas atividades diárias. O texto traz como base Motta (2003), onde ele diz que é difícil definir velhice, principalmente no que se refere ao biológico. Segundo Nery (2007), nos dias atuais, é bem difícil caracterizar uma pessoa idosa. Conhecendo o projeto, a autora percebeu que a única atividade ligada a artes no projeto era a dança. Então, percebeu-se que ali seria uma ótima oportunidade de realizar as coletas de informações para o trabalho de conclusão de curso. No primeiro semestre de 2007, iniciou-se o coral. Sem ter objetivo de ser e nem característica, logo foi chamado de “Coral da AFRID”. 27 O Objetivo da pesquisa era entender as relações que as participantes estabelecem com o cantar e com o coral. Foi utilizado como forma de coletar dados, a entrevista com nove senhoras participantes do coral, com idade entre 64 e 78 anos. Através da coleta de dados, percebeu-se que em relação à música, as participantes cantam, pois o canto alegra as pessoas. Percebeu-se também que o repertório realizado eram músicas do “tempo delas”. Outra participante disse que desde menina queria cantar, e aproveitou a oportunidade para realizar este sonho. Outro motivo de participar do coral é o fato de conhecer novas pessoas e fazer novas amizades, acabando com a solidão. Conclui-se que o projeto do Coral proporcionou as participantes uma melhor qualidade de vida, onde puderam criar novos laços de amizade, puderam também, realizar o sonho de cantar (tarefa difícil na juventude delas), e aumentaram o prazer em viver, com a alegria e satisfação que o coral levou a vida de cada uma delas. 15 Movimento Coral Feevale. (SPECHT, Ana Claudia; BÜNDCHEN, Denise Sant’Anna; TEIXEIRA, Lucia Helena Pereira. 2009, p. 1471-1475). O presente artigo relata as atividades do projeto Movimento Coral Feevale, que realiza atividades voltadas ao aprimoramento artístico e cultural dos acadêmicos, funcionários, professores e comunidade. O projeto tem como objetivo promover o desenvolvimento das capacidades expressivas através do fazer musical em grupo, focando o processo de educação musical por meio da voz, promovendo inclusão, socialização e humanização. Existe desde fevereiro de 2008. O projeto é formado pelo coro Feevale, coro Canto e Vida da terceira idade, laboratório de sensibilização musical, laboratório de canto (para os iniciantes). O projeto também busca proporcionar uma relação entre universidade e sociedade. A base teórica é feita segundo Becker, desenvolvendo atividades de apreciação, execução, criação e reflexão desenvolvidas em grupo. Também se utilizou os pensamentos de Bündchen, onde ele diz que o sujeito que canta é ativo, criativo e participante. A metodologia do projeto visa à experimentação vocal para se agir de forma ativa, reflexiva e criativa. Todo semestre são abertos inscrições, onde o candidato é entrevistado e avaliado vocalmente pelo preparador vocal e pelo regente, que o direcionam para o grupo mais adequado ao seu perfil. 28 Se percebeu que os objetivos buscados foram alcançados, percebendo que o canto coral vai muito além da performance, levando o canto para todos e aprendizagem musical. E também, trouxe à luz o fato de uma constante avaliação e reflexão sobre as ações desenvolvidas, para possíveis reestruturações no projeto. 16 A motivação no canto coral: perspectivas para a gestão de recursos humanos em música. (AMATO, Rita de Cássia Fucci; NETO, João Amato. 2009, p. 87-96). O texto trás uma análise sobre o papel do regente de coral na habilidade de motivador de seu grupo, com base em dados empíricos e literatura multidisciplinar. O texto segue dizendo que o regente deve ter habilidade na gestão de pessoas e uma formação psicológica e pedagógica básica. O texto aborda Zander (2003, p. 147), que diz que é do regente a responsabilidade pela vida coral e pelo ambiente humano. Max Rudolf fortalece a questão, dizendo que o regente deve conhecer como trabalhar em equipe. O objetivo deste artigo é refletir e apresentar propostas para uma ótima gestão dos recursos humanos, centrado em um sucesso na motivação dos coralistas. Sendo dividido em duas etapas, uma referente a coleta de dados e outra na coleta empírica de dados. A bibliografia seguiu as áreas de administração, engenharia de produção, psicologia, música (regência coral). A estas informações foi incluído uma pesquisa de opinião, realizada no segundo semestre de 2007, com 19 alunos de bacharelado e licenciatura em música, da Faculdade de Música Carlos Gomes (FMCG), em São Paulo. Esta pesquisa foi realizada no final de um semestre e os pesquisados também tinham experiência em canto e regência, o que deu mais credibilidade a pesquisa acerca da importância da motivação para um grupo coral e quais tipos de motivações poderiam ser realizadas. O texto também aborda que existem vários tipos de corais, com os mais diversos tipos de motivação para se realizar o trabalho. Mas o que é de comum se perceber é o fator de se motivar sempre o grupo em que se trabalha. Isto é fator primordial. A motivação é um estado psicológico favorável de se realizar uma determinada ação, em qualquer circunstância de sua vida. O texto aborda o que diz Maslow, e sua evolução das necessidades – escala da hierarquia das necessidades (básicas, segurança, participação, estima/ego, auto realização). O estudo concluiu que a eficácia na motivação de um grupo depende da liderança que o regente, munido de habilidades na gestão de pessoas, consegue desenvolver um ambiente 29 humano propício à criação artística coletiva. A partir do primeiro impulso, com o passar do tempo a tendência é que os próprios coralistas passem a se auto motivar. Por fim, procura-se chegar a resultados sócio educativos e musicais satisfatórios. 17 Análise acústica e percepto-auditiva do canto de meninos coralistas. (FERREIRA, Marilene M. C; OLIVEIRA, Domingos Sávio Ferreira de. 2009, p. 34-42). O presente artigo descreve um experimento visando verificar a influência de exercícios específicos de ressonância no melhoramento da qualidade vocal. A voz é o meio de maior expressão do homem. A voz cantada consegue ser ainda mais, pois através do canto se explora todas as possibilidades do aparelho fonador. A voz cantada necessita de ajustes necessários para o canto. A respiração deve ser mais profunda para as cordas vocais vibrem, e a caixa de ressonância se expande para maior amplificação do som glótico. O texto aborda o que disse Sundberg (1987), e Aspaas et AL (2004), que no canto coral é importante que os cantores se escutem. Smith e Sataloff (2001), afirma que grande parte dos corais é composta por cantores amadores, em geral afiliados a escolas, grupos religiosos, comunidades e outras participações. Já Ford (2003), fala da importância da ressonância da voz, afirmando que a boa ressonância confere beleza e intensidade a voz. A ressonância no canto coral é fundamental. A ressonância é sentida na face. Quando isto acontece, é a confirmação de que acontece a conversão de energia aerodinâmica em energia acústica. Neste estudo foram selecionados doze coralistas, entre 10 e 12 anos, do sexo masculino, todos integrantes do coral Canarinhos, da cidade de Petrópolis, estado do RJ. Os resultados apresentados foram de mudanças pouco expressivas na frequência vocal, mas um aumento significativo da intensidade, fato este que se justifica por se tratar de vozes bem treinadas, nos aspectos musicais e fisiológicos. Se percebeu que houve uma melhora significativa na qualidade vocal dos meninos cantores. Concluiu-se, então, que o profissional de fonoaudiologia contribuiu para o melhoramento artístico e estético da voz, e sua representação vocal-corporal homogênea, necessária no canto coral. 30 18 Aspectos vocais de regentes de corais adultos amadores. (GONÇALVES, Lílian Sobreira; SILVÉRIO, Kelly Cristina. 2009, p. 66-69). O presente texto traz um estudo sobre os aspectos vocais de 20 regentes de corais amadores adultos, com idade entre 20 e 50 anos, com periodicidade de ensaios semanais, com ou sem formação acadêmica, que responderam um questionário onde se detectou queixas vocais, sintomas laríngeos e saúde geral. Se percebeu que estes sintomas descritos apareceram na maioria dos pesquisados, o que indica que estes profissionais precisam de acompanhamento fonoaudiológico para recuperarem a função vocal. Trabalhar com coros vai muito mais além do que apenas o aprendizado musical. O texto traz o pensamento de Zander (2003), que diz que quando um cantor não sabe ler música, o aprendizado se dá por imitação, ou seja, alguém canta para os cantores aprenderem. Nesta situação, geralmente quem canta é o regente. O uso excessivo da voz, aliado ao fato do regente ter que cantar todas as vozes, indo muitas vezes além da sua tessitura vocal, contribuem para o surgimento de disfonias. Diversos autores já descreveram da necessidade de se ter prevenção e cuidado com o aparelho fonador. O texto diz, com referência teórica de Behlau & Rehder, que hoje a Otorrinolaringologia e a Fonoaudiologia têm focado em profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho. É preciso que haja um trabalho de prevenção para que problemas na voz não apareçam e prejudiquem estes profissionais na rotina do seu trabalho. O texto segue explicando que existe dois tipos de voz profissional: a falada e a cantada, e que no trabalho de canto coral amador, o regente utiliza as duas de forma intensa. Também é explicado que muitas vezes por questões financeiras, a função de pianista e preparador vocal recaiam sobre o regente, o que eleva ainda mais sua carga de trabalho, já bem puxada como regente. O texto diz que existem dois tipos de corais: os profissionais e os amadores. Os profissionais geralmente são compostos por cantores que tem conhecimento musical e entram no coral através de concurso público. Os corais amadores geralmente o único contratado é o regente, e os coralistas participam do coral como voluntários, e nestes corais a rotatividade é grande, o que dificulta sobremaneira apresentar um resultado satisfatório em curtos períodos de tempo. Outro fator que prejudica os ensaios é o ambiente onde ele ocorre, que muitas vezes não favorece acusticamente e também apresenta muito barulho, o que força o regente a falar mais alto para ser compreendido. 31 Os regentes avaliados tinham de 1 a 32 anos de regência, sendo a média destes de 10,55 anos. Os corais regidos por cada um variou de 1 a 4, com média de 1,8 corais. O número de coralistas variou de 16 a 40, com média de 24 a 40 coralistas. Os dias de ensaios variou de 1 a 4, com média de 1,8 dias e 1,9 horas de trabalho por dia. 75% dos regentes estão satisfeitos com suas próprias vozes, apesar dos sintomas laríngeos e vocais descritos. 60% percebem que ficam roucos com a atividade. Em relação aos hábitos de saúde vocal, 70% disseram que possuem algum hábito que prejudicam a voz, como ingerir bebida gelada e falar em voz alta. Também foi descrito como prejudicial problemas alérgicos (rinite, sinusite) problemas no sono (ronco e baba noturna) além de refluxo gastroesofágico. A presente pesquisa concluiu que os regentes estão satisfeitos com sua voz, apesar dos sintomas vocais relatados, e apresenta a necessidade de atitudes de prevenção vocal para não virem a sofrer com problemas mais sérios no médio e longo prazo de atividade coral. 19 Canto coral: saberes musicais e as suas influências no processo avaliativo. (BRAGA, Simone Marques. 2009, p. 103-105). Este artigo apresenta uma pesquisa aplicada em jovens e adultos do 1º e 2º anos do curso profissionalizante de música, em Salvador – BA, que tem como objetivo central o processo avaliativo do desenvolvimento individual em uma atividade performática coletiva. O texto explica, em seu início, que um dos objetivos do processo ensino aprendizagem de um coral é o de alcançar uma unidade nos aspector musicais, sociais e humanos, entre seus participantes (regente e coralistas). Os objetivos da pesquisa foi elaborar atividades para avaliar o desenvolvimento individual. Estar coerente com a proposta de ensino aprendizagem da educação profissional. Desenvolver ou potencializar competências e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho popular atual e definir conteúdos a serem desenvolvidos. O texto diz que a avaliação é uma temática abrangente e polêmica por estar relacionada a diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagm, como postura e filosofia do educador, contexto sócio-cultural, realidade do aluno, proposta de ensino, metodologia, seleção de conteúdos, identificação de habilidades e competências a serem desenvolvidas, planejamento, entre outros. O texto se referencia em Hentschke; Souza, (2003, p. 08), quando ele diz que a avaliação é hoje entendida como um processo contínuo, sistemático e complexo que deve envolver toda a comunidade escolar e não somente professores e alunos. Oliveira, Tourinho, (2003, p. 27), diz que o papel de avaliação do trabalho do professor adquire uma 32 grande importância, não somente ao aluno, mas na construção e manutenção de instituições sociedades pedagogicamente saudáveis. Qualquer modelo avaliativo tem que se basear em dois pilares: o que os alunos estão fazendo e o que eles estão aprendendo. O texto também descreve o grande desafio que é hoje preparar profissionais críticos e reflexivos para uma sociedade que está em constante mutação. Levando em consideração a vontade dos alunos em dominar a voz enquanto instrumento musical, a pesquisa se baseou em três aspectos: 1 - O indivíduo, que precisa deter conhecimento sobre fisiologia da voz, emissão, produção, higiene vocal, tipos de vozes, tessituras e classificações, ressonadores e utilização adequada, dentre outras. 2 - O grupo, buscando a resposta para a questão: o que é preciso para se fazer música coletivamente? 3 - Saberes musicais já adquiridos (experiências musicais já adquiridos). Foi aplicado um questionário para se verificar o nível de conhecimento dos alunos antes do contexto acadêmico, para se avaliar o processo evolutivo do aprendizado neste contexto. O texto finaliza explicando que, baseado nos dados coletados, é importante o conhecimento prévio, sua integração inclusive com outros, como teoria musical e técnica vocal, necessários a profissionalização musical no processo ensino aprendizagem. 20 Música e políticas socioculturais: a contribuição do canto coral para a inclusão social. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2009, p. 91-109). O presente artigo versa sobre a importância do canto coral para projetos de inclusão social. O trabalho também apresenta e analisa filosófica e historicamente o papel social do canto em conjunto, descrevendo os pensamentos de Platão, Aristóteles e Rousseau. Apresenta conceitos e reflexões de Bourdieu, Domenico de Masi e Paulo Freire e estuda vários casos de projetos bem sucedidos de canto coral inclusivo pelo Brasil e também apresenta propostamodelo de um projeto que pode se adaptar a diversas realidades sociais no Brasil, além de concluir que existe ainda um grande potencial social do canto coral a ser explorado. O artigo inicia dizendo que projetos socioculturais começam a ocupar, cada vez mais, papel de destaque dentre as iniciativas educativo-musicais. Isto ocorre para se tentar amenizar a lacuna aberta pela falta de ensino de música no ensino básico em nosso país. Os governos 33 em suas esferas municipais, estaduais e federais, apoiam estes projetos, geralmente como o intuito de livrar-se da obrigatoriedade de disponibilizar uma educação musical de qualidade na escola regular. São destinadas pequenas verbas para estes projetos, geralmente administradas por ONG’S. O texto aborda a questão histórica, mencionando a música na Grécia antiga, que tinha como objetivo o louvor, mas que também servia à política e à justiça. Os jovens participavam de canto coral como parte do trabalho de amadurecimento para a vida adulta, pois a educação àquela época firmava-se na reflexão filosófica e estética, segundo Cambi (1999). O texto também aborda o pensador Grego Platão, que descreveu a educação como principal meio para o equilíbrio político. Ganza (2002, p. 20). Platão também descreve que antes de exercitar o corpo, fazia-se necessário modelar a alma e o caráter através da música. Aristóteles (384-322 a. C.), que foi discípulo de Platão, também concluiu que a música se fazia importante, tendo ela o poder de produzir um efeito moral na alma e no caráter, e deveria sim ser incentivada e trabalhada em jovens, com intuito destes usufruírem dos tais benefícios. Outros filósofos também explanaram a respeito dos benefícios sociais da música. Comênio (1592-1670), incluiu no seu modelo de educação e conhecimento, a música. Rousseau propôs que crianças, de 2 a 12 anos, uma educação sensorial musical. No século XX, Kodaly e Villa Lobos, fortificaram o poder benéfico que a música coral possui no desenvolvimento social. O texto afirma também que o coro deve ser encarado como uma ferramenta de inclusão social. O regente educador deve estabelecer critérios, motivar cada um dos integrantes, liderá-los e levá-los a uma meta estabelecida. O texto cita Paulo Freire, que por ótica do que ele disse, desenvolve a capacidade do indivíduo de pensar criticamente, tendo um novo olhar sobre conceitos firmados pela sociedade. A autora também relata diversas experiências próprias com canto coral, como sendo eficaz na inclusão social. Também, a autora apresenta uma proposta de projeto, intitulado O Pró-inCanto, como objetivo inicial mapear a produção vocal/coral de dadas populações, e também exploratório, identificando suas deficiências musicais, educacionais e vocais, e se buscaria uma melhoria em todos os processos de produção vocal nos corais abarcados com tal projeto. Em suas considerações finais, o texto confirma que realmente há uma relação íntima dos objetivos socioculturais e educativo musicais, por meio do respeito às relações interpessoais, tanto do regente como dos coralistas. A história da humanidade sempre mostra 34 a importância do canto em conjunto para o fortalecimento das relações sociais, e isto deveria ser de conhecimento dos poderes públicos, para compreenderem e incentivarem mais e mais as iniciativas musicais aqui descritas. 21 “Saudade do Nordeste”: práticas musicais em um espetáculo de coro infantil. (SILVA, Alessandra Araújo da. 2010, p. 14-22). O artigo aborda as principais práticas musicais desenvolvidas na formação do espetáculo de coro infantil do Coral Cantar Criança, da empresa EIM – instalações industriais. O texto inicia relatando o início da empresa EIM – Instalações Industriais, no ano de 1956, com o objetivo de oferecer serviços especializados de instalações e montagens industriais. O texto também descreve sobre a diretoria, que é composta pelo Sr. Francisco Baltazar Neto e Nivaldo Teixeira Filho. Esta diretoria acredita na contribuição do ensino da música no processo de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e socioafetivo da criança. Proporcionou a montagem de tal espetáculo musical, visando à prática de uma atividade artística às crianças de baixa renda, com os ganhos acima relatados. O texto diz que o trabalho de canto coral na empresa teve início em 2002, com um determinado maestro. Este regente deixou o coral em 2007, e o autor deste artigo assumiu o coral a partir de então, juntamente com um regente assistente/instrumentista. O texto diz que o novo regente, por acreditar que é função do regente de coral também o papel de educador musical, inseriu no coral novas possibilidades expressivas, teatrais e coreógrafas, estando a musicalização nesta situação também inserida. O artigo versa sobre a cultura do desinteresse do canto coral na sociedade. E, como forma de diminuir tal preconceito, faz referência teórica ao que disse Marcos Leite e Samuel Kerr, que se diminui tal preconceito buscando uma renovação constante. O trabalho Foi realizado com 26 crianças, entre 9 e 14 anos. Os ensaios se dão três vezes por semana, com duração de duas horas e meia. Foram utilizados: violão, aparelho de som, televisão e DVD. Os principais trabalhos desenvolvidos foram o trabalho vocal, atividades corporais, oficinas de teatro, dança e apreciação musical. Foi desenvolvido de forma gradual e em nível crescente. A parte vocal foi trabalha relacionando-se a fala com o canto, apoio respiratório, articulação, ressonância. Foram feitos canções conhecidas, jogos cantados e vocalizes criados a partir das dificuldades apresentadas no repertório. As dificuldades encontradas no processo foram: os fatores internos, por parte dos funcionários, de não deixarem as crianças entrarem 35 na hora marcada, mesmo sendo liberadas pela direção. Marcar duas apresentações, no dia do ensaio geral. E fatores externos, como exemplo dos pais, que proíbem de ir aos ensaios ou as tiram do coral, seja por não terem feito os afazeres domésticos ou tiraram notas baixas. Também se percebeu o caso de pais de alunos se desentenderem, e não quererem que seus filhos brinquem com os filhos dos seus desafetos. Apesar das dificuldades, o texto conclui que foi de extrema eficácia o alcance social e musical proposto no trabalho. 22 A aprendizagem musical na prática coral e o conceito de comunidade de prática. (COSTA, Lucila Prestes de Souza Pires da; FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira de. 2010, p. 33-40). O artigo procura compreender a aprendizagem musical dentro do coro através do conceito de Wenger (1998), utilizando três conceitos chaves: compromisso mútuo, empreendimento conjunto e repertório compartilhado, sendo exemplificados no cotidiano do coro. O texto inicia conceituando as comunidades de prática, quando destaca a proposta de Wenger, que diz que “prática são conjunto de pessoas que compartilham um interesse ou uma paixão por algo que eles fazem e aprendem como fazer isto melhor enquanto interagem regularmente”. Isco acontece desde que nascemos, na nossa família, até no ambiente de trabalho buscando um melhor processo de produção. Existem vários tipos de comunidade de prática. O interesse aqui é descobrir se existe alguma onde a paixão seja a música. A primeira vista parece que existe sim. O texto vai mais além, questionando se existe algum grupo de execução, como um coral. O texto ainda investiga se o conceito de prática contribui para o entendimento da interação entre os membros do coro e a aprendizagem musical que acontece no espaço coral. Sendo esta a motivação para o presente artigo, busca-se compreender este processo. Baseando-se Russel, o texto traz estudos realizados e publicados na revisa ABEM, o termo comunidade de prática é usado para descrever três grupos distintos, que utilizam o canto como prática comum em seu ambiente. Wenger utiliza três dimensões par associar prática à comunidade: compromisso mútuo, empreendimento conjunto e repertório compartilhado. 36 O texto diz que levando ao canto coral, este apresenta elementos que podem classificálo como comunidade de prática. Um é o domínio, um grupo de pessoas reunidas com o propósito de cantar. O segundo é a identidade. Deixam de ser um grupo de pessoas para serem um coral de escola, de uma empresa, de uma universidade. A terceira característica é a prática, esta sendo um atributo da existência do coral. O texto descreve o que leva as pessoas a participarem de um coral. As possibilidades são diversas. Aprender música e técnica vocal. Contato com novos lugares ou novos tipos de músicas. Já outros, participam para relaxar, desopilar, descansar. O repertório ajuda sobremaneira na caracterização do coral como uma comunidade de prática coral. Não somente o repertório em si, mas todas as informações que cercam um conteúdo musical. O texto conclui que se pode utilizar o conceito de comunidade de prática pode ser utilizado para a compreensão dos processos de aprendizagem na prática coral. Claro que cada coral é uma comunidade única, com características próprias, mas que pode se utilizar perfeitamente do conceito investigado. 23 A competência da regência: o maestro músico, o maestro educador e o maestro administrador. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2010, p. 72-81). O artigo inicia dizendo que o conceito de habilidade e competência, embora muito descrito em vários setores sociais, ainda não apresenta uma definição unânime. Teoricamente, encontramos vários autores que versam sobre o tema, como Fleury (2000, 2004), Dutra (2001), Vieira e Garcia (2004), Zacharias (2008), Garcia (2008). Conceituar competência não é de hoje, mas, ainda hoje, não se chegou a um conceito fechado. O texto explica que a noção de habilidade aproxima da ação de saber agir sobre determinada situação. Também, se percebe que se pode inserir a capacidade de trabalhar em equipes, lidar com incertezas e ambiguidades, tomar atitudes de ação e decisão, criar, comunicar-se e relacionar-se com os outros. Este artigo se propõe em buscar uma definição das várias competências e habilidades em que se funda a prática da regência coral, partindo de uma revisão bibliográfica, envolvendo as áreas de música (regência e canto), educação musical, fonoaudiologia (fisiologia e saúde vocal), administração e engenharia da produção. 37 O texto mostra o que seria habilidades e competências. Moretto (citado por Zacharias, 2008, s/p.) define que: “As habilidades estão associadas ao saber fazer”. Já as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica. Segue o texto se propondo entender a competência da regência coral (categoria mais ampla; gênero) como sendo composta pelas competências (específicas) musical, pedagógica/educacional e administrativo-organizacional/gerencial. Cada competência dessa expressa uma dimensão do trabalho do regente coral, partindo de suas especificações em habilidades. O texto explica, com base teórica, que o trabalho do regente se assemelha a de um gerente, que exige um alto grau de habilidade de comunicação para o exercício da liderança, da motivação, da delegação, da orientação dos músicos e avaliação do desempenho do grupo (Maximiano, 2006). Especificamente descrevendo as habilidades que o regente deve ter, a literatura específica de regência (Rudolf, 1950; McELHERAN, 1966; Zander, 2003, Rocha, 2004; Oliveira, 2005, diz que o regente deve ter conhecimento teórico e prático musical, dominar pedagogia musical e metodologias de ensino, conceitos filosóficos (estéticos), psicológicos e sociológicos, ter profundo saber histótico-musicológico (para a escolha de repertório, por exemplo) e dos aspectos anatômico-fisiológicos do corpo e da voz (incluindo conhecimento de fonoaudiologia e de outras áreas da saúde). Do regente músico, se espera as habilidades com piano, e com outros instrumentos (eventualmente) e saber cantar. Saber reger nos padrões de regência, saber promover a afinação. Saber marcar o ritmo. E saber interpretar uma peça musical com o seu coral seguindo o estilo musical da peça, e o que intencionava o autor. Do regente educador, se espera explicar aos seus coralistas, noções de fisiologia da voz, hábitos de saúde vocal e incentivar ao desenvolvimento vocal. Saber aprender com os coralistas, saber corrigir as falhas musicais e vocais, saber transmitir os conhecimentos musicais e vocais de forma clara e eficaz. O regente administrador dever ter a habilidade de saber se comunicar, sempre buscando o feedback das informações enviadas, saber liderar, saber assumir responsabilidades, saber solucionar distúrbios. Saber representar os grupos em que trabalha. Na conclusão, o texto diz que o ofício de reger é uma arte não facilmente definida. Ao seu praticante, este ofício requer um conjunto de habilidades inter-relacionadas ao preparo 38 técnico musical, à gestão e condução de um grupo de pessoas ao alcance dos objetivos comuns e específicos. 24 A função da regência na formação do professor de música: um estudo com os cursos de licenciatura em música da região sul do Brasil. (GRINGS, Bernardo; FIGUEIREDO, Sérgio L. F. de. 2010, p. 231-241). O presente artigo realiza uma pesquisa com o objetivo de se refletir sobre a presença da regência nos cursos de licenciatura em música e sua função na formação do professor em música. O estudo foi realizado nos três estados da região sul do Brasil, totalizando 20 instituições. O estudo prevê duas etapas: a primeira, um levantamento dos cursos de licenciatura em música e a segunda um estudo de casos múltiplos. Os cursos de licenciatura em música no Brasil oferecem diferentes currículos, que são regidos, dentre outros documentos, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Curso de Graduação em Música (BRASIL, 2004). O artigo 5º das referidas diretrizes, indica que a regência é parte integrante dos conteúdos específicos a serem desenvolvidos durante a formação dos profissionais da música. O texto informa que a literatura acerca da regência na formação do professor ainda é bem escassa no Brasil. Poucos trabalhos se dedicam a este tema (Figueiredo, 1990). O que geralmente se encontra é uma associação da atividade da regência com a de professor de música, por acreditar que este, ensina música de alguma forma. A presente pesquisa propõe a seguinte questão: de que forma a regência está incluída nos cursos de licenciatura em música e quais as suas funções na formação do professor de música? Com esta indagação, pretendemos desvendar as seguintes questões: a) compreender as funções de regência na formação do professor em música; b) detectar quais são os cursos de licenciatura em música da região sul do Brasil e como a regência está organizada no currículo destes cursos; c) ter conhecimento da concepção dos professores de regência sobre as funções da regência na formação do professor de música; d) Fazer uma análise sobre o que pensam os alunos de licenciatura em música acerca do ensino da regência em sua formação. O texto traz uma base teórica, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’), onde o texto diz que “as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas ao longo da escolaridade” (BRASIL, 1997ª, p. 47). Nos PCN-Arte para 1ª e 4ª séries do ensino fundamental, há menção de serem desenvolvidas “interpretações de músicas 39 existentes vivenciando um processo de expressão individual ou grupal, dentro e fora da escola” (BRASIL, 1997b, p. 54). Reforçando a prática coletiva em grupo, recomenda-se a “utilização do sistema moda/tonal na prática de canto a uma ou mais vozes” (ibid. p. 55). Nos PCN-Arte – 5ª a 8ª séries – dentro dos conteúdos de música a serem desenvolvidos nas escolas, a prática de canto coral, é assim explicitada “[...] participando de conjuntos instrumentais e/ou vocais [...]”. E também “[...] tocando e/ou cantando individualmente e/ou em grupo (banda, canto coral e outros), construindo relações de respeito e diálogo [...]” (BRASIL, 1998, p. 81). As Diretrizes Curriculares Nacionais também descrevem conteúdo específico a ser desenvolvido nos cursos de música, especificamente no artigo 5º, nos conteúdos específicos, discrimina claramente o estudo da regência. Os documentos norteadores dizem com bastante clareza que é importante o professor de música ter habilidade em regência, para utilizá-la nas suas atividades musicais em grupo, cantadas ou tocadas. O texto aborda o referencial teórico de Figueiredo (2006), onde ele diz que, em sua pesquisa com os alunos de licenciatura em música, foi detectado que a disciplina é importante na formação deles. Também afirma o autor, que o objetivo geral das disciplinas é preparar o aluno para a utilização da regência em sua prática pedagógica. O estudo concluiu que os cursos que formam professores em música contém a disciplina regência em sua grade de disciplinas. Mas, a carga horária aparece muito irregular, o que ocasiona várias perspectivas acerca da disciplina. Concluiu-se também que os cursos entendem a importância desta formação para aqueles que trabalharão com música nos mais diferentes contextos da sociedade. 25 ‘Bru o quê? Vocaliza para quê? (SLILVA, Alexsandra Mendes; SOUZA, Anélita Dayana Nunes Danna de. 2010, p. 516-522). O presente trabalho mostra relatos de um estágio realizado em dois corais de uma universidade federal. Um coral formado por iniciantes e o outro de efetivos. O coral de iniciantes tem seus ensaios realizados as terças feiras, no horário de 19:00 as 19:50. O de efetivos ensaiam terças e quintas feiras, das 20:00 as 22:00 h. No coral de iniciantes foi realizado atividades de preparação vocal e ensaio de repertório e no coral de efetivos foram realizadas atividades de preparação vocal. O objetivo do estágio foi auxiliar o trabalho no coral, fortalecendo a preparação vocal. O autor do texto entende que é importante este trabalho, pois proporciona o desenvolvimento 40 vocal do coralistas, além de desenvolver a musicalidade do grupo, também a prática coletiva e individual, o auto conhecimento do seu corpo através das sensações percebidas. O objetivo do artigo é discutir sobre a preparação vocal para coros, pautados em embasamento teórico. O texto aborda Zander (2003, p. 198), quando ele diz que a preparação vocal do coro é imprescindível, definindo como educação da voz do coro. Zander também explica que é importante uma educação vocal para se poder unificar as diferenças vocais dos cantores. Coelho (1956), Marsola e Baê (2000) e Pacheco e Baê (1959), diz que no preparo vocal também seja realizado exercícios de relaxamento corporal, exercícios de respiração e exercícios d ressonância. O Aquecimento descrito por Scarpel (1999), ajuda nos ajustes funcionais, para que o corpo se prepare para trabalhar em maior capacidade. O texto descreve que foi possível realizar o trabalho vocal, e que houve uma ótima aceitação e interesse dos alunos em realizar tais exercícios. Se Percebeu também que à medida que os cantores iam executando, melhorando e acertando sua postura, a sonoridade emitida ia melhorando. As dificuldades encontradas foram a pouca prática como educadoras, e a insegurança em realizar algumas atividades. Os autores deste artigo acharam de fundamental importância o estágio na preparação da profissão de educador musical. O texto conclui que é de fundamental importância a preparação vocal em um coro, pois um trabalho deste leva benefícios como sonoridade, ressonância e saúde vocal aos cantores participantes, e ao coral de forma geral. 26 Canto coletivo: brincando e cantando – uma proposta de Educação Musical. (GOIS, Micheline Prais de Aguiar Marim; OLIVEIRA, Andréia Pires Chinaglia de. 2010, p. 543550). Este artigo teve como objetivo relatar uma proposta de ensino de música que foi realizado com um grupo de 40 crianças entre 7 e 12 anos, por meio do canto coletivo. Esta prática está vinculada ao curso de extensão “Canto coletivo: brincando e cantando”, oferecido pelo departamento de Música da Universidade Estadual de Maringá. O período de realização foi de abril a dezembro de 2010. Os ensaios se davam todas as quintas feiras, com duração de uma hora cada. O repertório era composto de músicas em uníssono, duas ou mais vozes, cânone. A sala onde eram realizados os ensaios era ampla e arejada. Tinha-se à disposição instrumentos musicais, objetos sonoros cadeiras para a criançada, mantendo um ambiente organizado durante as aulas. 41 Também se contou com uma equipe de professores e alunas do curso de música, que acompanharam o trabalho prático como também os estudos dirigidos do planejamento, reflexão e fundamentação da proposta. Como fundamento teórico, o texto traz o que descreve Figueiredo, onde cantar em coro deveria ser uma experiência de desenvolvimento e crescimento, individual e coletivo. O trabalho realizado esclarece o texto, não é o de ensinar notação musical, mas sim o de musicalizar, realizar processos práticos para a sensibilização da pessoa para a música. O texto conclui que ao longo do trabalho, se percebeu uma grande melhora nas crianças, visto que elas chegaram com problemas de afinação, de emissão vocal e execução rítmica. O texto finaliza dizendo que o trabalho é importante não somente pela inclusão social e pela socialização que ela promove, mas também pela oportunidade de ensino-aprendizagem que proporciona a todos os envolvidos. 27 Canto coral: um levantamento sobre os trabalhos apresentados nos Encontros Nacionais e Congressos da ABEM entre 1992 e 2009. (CHIARELLI, Lígia Karina Meneghetti; FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira de. 2010, p. 551-560). Este artigo traz um levantamento sobre os trabalhos apresentados sobre canto coral nos Encontros Nacionais e Congressos da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) entre 1992 e 2009. O objetivo deste trabalho é apresentar uma listagem das produções sobre canto coral e realizar uma análise quantitativa dos temas abordados. Outros trabalhos envolvendo a pesquisa nas publicações da ABEM têm sido produzidos. Isto reforça a importância que a produção desta associação tem na divulgação de resultados de pesquisa sobre vários tipos de temas sobe educação musical. O trabalho foi realizado em caráter quantitativo e as informações foram agrupadas por temas. O canto coral é uma atividade musical que acontece em diferentes espaços sociais, como escolas, igrejas, associações, empresas, universidades, ONGs, dentre outros. Os objetivos em participar de um coral são diversos. Vão desde a vontade de adquirir conhecimento teórico musical, de técnica vocal, a possibilidade de se apresentar em público, a integração social ou somente por gostar de cantar. O texto traz a referência teórica de Robinson e Winold (1976). Eles apontam que o canto coral é uma atividade musical acessível aos não profissionais, sendo popular entre as pessoas de todas as classes e idades. Por todos estes aspectos o canto coral tem sido tema de várias produções discentes nos cursos de pós graduação stricto sensu no Brasil. 42 A metodologia para a coleta de dados foi a pesquisa nos anais impressos no período de 1992 a 2000 e CD-ROM dos eventos de 2001 a 2009. Foram selecionados os trabalhos que fizessem menção direta ao tema canto coral ou coro, palavras-chave ou resumo. Posteriormente, os trabalhos foram organizados em temas. O texto descreve que foram realizados 18 encontros nacionais e congressos da ABEM, tendo sido publicados 1557 trabalhos nos anais destes eventos. Desta quantidade, 66 foram sobre canto coral. No período de 1992 a 2000 foram apresentados apenas seis trabalhos sobre canto coral. Em 2002 o tema aparece em todos os anos, tendo um grande aumento no ano de 2009, no congresso realizado em Londrina. Dos 66 trabalhos encontrados 48 são relatos de experiência e descrições de projetos onde se utiliza o canto coral para proporcionar educação musical e/ou inclusão social. Em relação à faixa etária, 22 Trabalhos são sobre corais infantis ou infanto-juvenis. E 6 trabalhos abordam o canto coral na terceira idade. Se encontrou também os seguintes temas: repertório, formação do regente e sua atuação, técnica vocal. Também se observou um número grande de trabalhos sobre a relação corpo-voz no desenvolvimento musical, e também se viu que existem artigos que veem o canto coral como um momento de educação musical. Nas considerações finais, o texto afirma que o tema canto coral tem se tornado frequente nos trabalhos apresentados nos encontros nacionais e congressos da ABEM. Ainda se encontra muitos relatos de experiências, mas outros temas menos comum, como psicologia e sociologia, já começam a surgir em alguns trabalhos apresentados, o que reforça o canto coral como uma atividade de legítima aprendizagem musical. 28 Cooperação e integração no canto coral. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2010, p. 618625). Este artigo traz um estudo que visa desenvolver a análise de aspectos organizacionais e administrativos em relação à estruturação e ao trabalho de coros, com também as atribuições e atividades desempenhadas pelos regentes destes coros. O trabalho com canto coral pode ser vislumbrado por duas perspectivas. Uma é que o canto coral é encarado como uma atividade de lazer, como uma ferramenta motivacional, muitas vezes inserido no programa de qualidade de vida das empresas. Este processo teve início após 1968, quando começaram as preocupações com a saúde mental do trabalhador. A 43 outra é que o canto coral também é visto como um trabalho, embora o conceito de trabalho esteja ligado apenas a atividade obrigatória, o que pode até classificar o coral profissional, mas nunca o coro amador. Porém, para Dejours (2008, p. 38), trabalhar seria um ato orientado para um objetivo de produzir algo. Sendo assim, se poderia classificar qualquer manifestação de canto coral como trabalho, já que coros fornecem serviços ou produtos culturais, como apresentações, concertos e gravações, além do trabalho coletivo que envolve a noção de trabalho. O canto coral é descrito como uma prática musical exercida e difundida em muitas etnias e culturas. Como sendo um grupo de aprendizagem musical, desenvolvimento vocal, integração social e inclusão social, o coro é um espaço constituído por diferentes relações interpessoais e de ensino aprendizagem, fatores estes que exigem do regente habilidades não somente sobe música e técnica vocal, mas também no gerir pessoas que precisam estar motivadas, aprendendo e convivendo em um grupo social. O texto também remete à Grécia antiga, dizendo que nesta época as funções do canto em conjunto são apreciadas. A autora cita VILLA LOBOS (1987, p. 87), que afirmou que o canto coletivo, com seu poder de socialização, faz com que o indivíduo perca a individualidade excessiva, integrando-se na comunidade, e com isto sendo apenas mais um na participação de ideais das grandes nacionalidades. Ao dedicar-se ao aprendizado das músicas nos ensaios e horas extras, o cantor se integra ao grupo na busca de metas comuns, se percebendo assim um carisma grupal, onde todos os sentimentos e obstáculos são transpostos. A estrutura organizacional menos hierárquica e rígida do coro facilita o aparecimento de relações intersubjetivos, ora harmoniosos, ora dissonantes. O texto também explica que o ato de cantar em coro também acrescenta ao coralista conhecimentos artísticos e estéticos que podem provocar mudanças de mentalidade dos coralistas e os auxiliar no desenvolvimento estético e crítico. O texto conclui dizendo que um coro pode despertar no homem uma auto-atualização, o uso e exploração de talentos, capacidades e potencialidades, sendo estas características não acrescentadas, mas sim despertadas através da situação musical favorável a este despertar. Também descreve os elos que são construídos com as configurações socioculturais, da própria individualidade e a individualidade do outro, das relações interpessoais, com solidariedade e cooperação. 44 29 Educação musical com idosos: concepções e práticas de regentes no canto coral. (FIGUERÊDO, Michal Siviero. 2010, p. 679-690). Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa de campo realizada durante um festival de corais da terceira idade, na cidade de Salvador, Bahia. As informações foram coletadas utilizando-se questionários respondidos pelos regentes e a observação direta das apresentações dos corais. A pesquisa procurou conhecer algumas práticas destes regentes no processo de ensino aprendizagem. Detectou-se que era recorrente a seleção não excludente e a presença de música popular brasileira no repertório. O texto inicia dizendo que a educação musical ao redor do mundo tem incluído educação em música e educação através da música, devendo englobar todas as idades. ISME (1998). O texto afirma que a experiência educativo musical contribui para a qualidade de vida das pessoas idosas, e afirmam que o envelhecimento não atrapalha o sucesso deste processo de ensino. Em relação ao equilíbrio entre o potencial e os limites, sabe-se que a performance é um dos principais objetivos do canto coral. Se utilizando da referência teórica de Araújo (2006, p. 68), o texto diz que o regente de coro da terceira idade deve conscientizar-se de que nem sempre o som conseguido é o ideal musical, mas precisa ser o melhor que eles possam alcançar. A pesquisa já citada acima foi realizada com 13 dos 14 regentes participantes do evento. Buscava-se as informações sobre sua formação e experiência, sobre seus conhecimentos na atuação nos corais, suas concepções e práticas. As respostas foram colocadas em um gráfico, que procuro descrever aqui em palavras. Formação: 38% sem curso superior ( cinco regentes). 23% com licenciatura (três regentes). 23% com curso de regência (três regentes). 08% com formação em canto (um regente). 08% com licenciatura e regência (um regente). Em relação a gestão do grupo, somente um regente afirmou centralizar as decisões sobre repertório e metodologia sem ouvir a opinião dos coralistas. 45 Em relação à gestão, a pesquisa mostrou que: 92% é participativa (onze regentes). 08% sem resposta (um regente). 08% centralizadora (um regente). O tipo de gestão adotado pelos regentes pode ser enquadrado na liderança situacional, onde os líderes procuram atuar ora dando ênfase nas tarefas, ora nos relacionamentos. Em relação aos objetivos de participar do coral, vemos o seguinte: Três regentes disseram que o objetivo era a promoção do prazer. Três regentes disseram que era o treinamento do repertório. Quatro disseram que era aprendizagem. Dois disseram que era socialização. Em relação ao foco dos cantores na visão do regente, vemos o seguinte: Sete regentes disseram que o foco era lazer e prazer. E cinco regentes disseram que era socialização. De todos os regentes, apenas três realizavam seleção excludente para admissão dos coralistas. Dez classificavam as vozes em naipes. Onze não usavam nenhum método específico e dois utilizavam atividades de Dalcroze e Kodály. Todos realizavam aquecimento vocal (vocalizes). Apenas um não realizavam exercícios respiratórios e nove faziam exercícios de articulação vocal. O repertório era baseado em música brasileira, utilizada por todos os corais, e em seis corais também se ensaiavam músicas eruditas e/ou religiosas. O processo de escolha do repertório era baseado em extensão vocal, facilidade da música, músicas alegres e bonitas. Também se modulavam alguns arranjos para adequação vocal do coro. A expressão corporal era pouco desenvolvida na maioria dos corais. O texto também diz que o ritmo de aprendizado dos idoso é mais lento, o que é condizente com a economia de recursos do organismo na velhice. 46 Nas considerações finais, o texto esclarece que embora a velhice traga algumas limitações orgânicas que podem limitar a produção musical, os regentes não devem se contentar com resultados razoáveis. Deve-se detectar as limitações e utilizar ferramentas e estratégias para vencê-las, buscando descobrir também o ritmo do grupo onde se trabalha e com isto, estabelecer metas e objetivos alcançáveis. 30 Estágio em canto coral: uma experiência com participantes leigos. (BRITO, Mikely Pereira. 2010, p. 968-973). Este artigo descreve um estágio em grupo corais por participantes sem nenhuma experiência em educação musical, sendo as atividades desenvolvidas requisitos para a aprovação na disciplina Estágio Curricular IV do curso de licenciatura em música da Faculdade de Música do Espírito Santo – FAMES, sendo dividida em duas etapas, uma etapa de observação e outra de prática. O artigo se inicia afirmando que hoje em dia os corais são formados em diferentes lugares, como igrejas, projetos sociais, empresas, instituições de ensino, além de outros mais. Por isto, aparecem grandes desafios aos regentes no que diz respeito ao critério de seleção das vozes. O regente acaba tendo que realizar um trabalho prévio de desenvolvimento perceptivo musical com os coralistas. O texto aborda a teoria de Figueiredo (2006) dizendo que neste caso o regente se coloca como um professor, desenvolvendo não somente atividades da regência, mas também atividades didático-pedagógicas. O artigo traz também informações sobre o repertório, dizendo que neste caso a definição dele se baseia na referência teórica de Torres e colaboradores (2003), de acordo com a experiência de Agnes Schmeling, que são aspectos relacionados à frequência, duração e o horário dos ensaios, infraestrutura, capacidade dos participantes, vozes disponíveis. Também é importante ouvir os participantes e aceitar suas sugestões. Para um grupo iniciante, deve-se iniciar os ensaios com um repertório de fácil execução. Posteriormente, com o grupo tendo uma evolução musical significativa, pode-se incluir músicas com um grau de dificuldade maior, criando um pequeno desafio, para que eles possam vencer. Estas O músico que decide ingressar na regência coral deve ter consciência do seu papel de formador de cantores. Fernandes, Kayama e Östergren (2006) descrevem uma estimativa do ano de 1992, em que se percebeu que 95% dos cantores de coral em todo o mundo não estudavam canto individualmente, deixando assim a sua evolução e preparo vocal sob a responsabilidade do regente. É prudente ao regente saber se terá capacidade de trabalhar com 47 vozes leigas. Ele terá que adaptar arranjos, ter formação musical, tocar um instrumento harmônico. Isto o texto aborda referenciado em Teixeira (2005). Sendo a disciplina de Estágio Supervisionado IV, e sendo esta dividida nas etapas de observação e prática, o autor decidiu estagiar em dois lugares diferentes, onde em um, realizaria a observação, e em outro grupo, realizaria a prática. Na fase de observação, a autora percebeu que como os cantores do coral eram formados por pessoas leigas em música, houve uma certa dificuldade em desenvolver o trabalho. O regente teve que passar nota por nota com os cantores, para que memorizassem. Se pôde perceber uma certa insegurança em determinados momentos. Mas, com o desenvolver dos ensaios, os cantores foram melhorando gradualmente e conseguiram um pouco de autonomia. O repertório era bem básico, sem grandes dificuldades técnicas. Também é disponibilizado aos alunos aulas de teoria musical com flauta, o que estimulou os alunos a aprenderem a teoria musical. A autora relata que a observação influenciou o seu estágio prático. Teve como desafio a montagem de um musical com o tema do Natal. Para a autora, caberia escolher o repertório, ensaiar com os adultos e auxiliar nos ensaios e apresentações. Onze canções compunham o repertório, com divisão de duas vozes e partes em uníssono. Foram convidados alguns cantores experientes para os solos e auxílio aos coralistas menos experientes. Fora realizados durante os ensaios, vários exercícios respiratórios, articulatórios e vocalizes. A parte cênica foi um grande desafio, pois os cantores não tinham experiência com teatro. Ao final, o musical foi apresentado e aprovado pelo público. Concluindo, o texto diz que o papel do regente não é apenas o de ensaiar e reger, mas também o de desempenhar atividades didático pedagógicas, sendo versátil e competente para gerir, e saiba escolher um repertório que estimule os participantes a evoluírem musicalmente. 31 Investigando a prática coral: dificuldades e aprendizagens da pesquisa de campo. (DIAS, Leila Miralva Martins. 2010, p. 1143-1149). Este artigo traz dois estudos de caso, com dois coros de duas instituições da cidade de Porto Alegre, RS. Aborda-se a educação musical nos coros tomados como objeto de estudo, utilizando-se a pesquisa participante. O campo empírico são dois corais. Um coral é formado por pessoas da comunidade, com vozes mistas, em um colégio particular que funciona como uma cooperativa de pais e funcionários. O outro coral é formado somente por mulheres, em um hospital particular da 48 cidade. O interesse dessa pesquisa se volta para as práticas pedagógicas musicais vocais, sendo um grupo regido por uma maestrina formada em piano e a outra maestrina formada em regência. Durante três semestres letivos foram feitas avaliações da proximidade que poderia acontecer entre as pessoas envolvidas nesses dois coros, pedagogicamente relacionadas, em situação não escolar. A autora realizou uma pesquisa qualitativa procedendo a observação participante. A pesquisadora participou como corista dos ensaios, apresentações públicas, viagens e encontros fora do ambiente de ensaio. Com a produção de 57 diários dos ensaios, apresentações e eventos, foi formada a base de dados. Também se realizou entrevistas, gravações e filmagens de ensaios e apresentações. Em um coral se pode investigar aspectos estético-musical como a sonoridade da emissão vocal do coro, a qualidade da afinação dos coristas e como o coro interpreta um arranjo de um determinado compositor. Mas o que se queria investigar ali era o aspecto músico-educacional, e quais interações pedagógico-musicais e sócio-musicais permeavam essas duas práticas corais. Foi observado pela pesquisadora que no coro A, com cerca de trinta coristas, que os coristas entravam e saíam do coral muitas vezes sem serem notadas, e que a motivação de estar no coral variava bastante. Isto levou inquietação à pesquisadora, visto que, segundo o referencial teórico de Teixeira (2005), os regentes têm a estabilidade dos seus grupos como um dos desafios a ser enfrentado. Ao entrevistar a regente do coro A, a pesquisadora pôde compreender que a liberdade é parte da filosofia do seu trabalho, ficando apenas os que se identificassem com o trabalho. No coro B, era o inverso. Por ter o compromisso de se apresentar semanalmente, o controle era rígido. E este foi o primeiro aprendizado, saber entender a lógica do outro (DIAS, 2007). A autora, durante a pesquisa, teve que quebrar seus pré conceitos sobre como proceder em um coral. A pesquisadora se sentia uma estranha no coro A. Por ser nordestina, o sotaque já trazia grande diferença dos demais corista, e isto a inibia de falar algo como também de ser compreendida, chegando ao ponto de ela ter que reformular algumas frases nos diálogos para que a entendessem. Também não sabia onde se sentar no coro, devido ao regente não classificar as vozes dos novatos, nem indicar onde ficar. Até que conversando, descobriu o lugar certo. A pesquisadora tinha duas preocupações: o de coletar dados como pesquisadora e a outra era, como coralista, aprender novos arranjos, ensaiar em casa e com o grupo e se 49 apresentar. Isto foi uma nova situação, pois estava no coro como coralista aprendiz, o que trazia grande desconforto. A pesquisadora tinha muita preocupação em não desapontar as regentes, pelo fato de ser professora e também regente de coral. Os dados coletados eram agrupados em ordem cronológica. Depois, se faziam reflexões das atividades e destacava o que serviria para a pesquisa. As informações do coral B eram mais extensas devido aos ensaios e apresentações nos corredores do hospital, com um lanche entre os dois. Nestes momentos, durante as caminhadas pelos corredores, conversávamos sobre a reação dos pacientes, funcionários e acompanhantes tinham ao verem e ouvirem o coral. Ao descrever os conflitos dos corais, a pesquisadora tomou bastante cuidado, para que as informações descritas não fossem analisadas como fofocas. Concluindo, a autora descreve que o primeiro grande desafio foi deixar acontecer a emersão do objeto. Inserido no ambiente de coleta de dados, a autora se surpreendeu com as novas perspectivas que surgiram, o que a fizeram reformular o roteiro já pré-definido do estudo (epistemologia do inesperado). 32 O processo criativo no canto coral articulado com outras linguagens artísticas. (SOUZA, Ana Maria de Castro. 2010, p. 1630-1636). O objetivo deste artigo é investigar quais são as pontes de articulação entre o canto coral e outras linguagens cênicas e como elas agem enquanto ferramentas de aprendizagem e facilitação para a interpretação musical em grupos nos diferentes espaços, faixas etárias, nacionalidades ou conhecimentos. As atividades de canto coral da Escola de música da Universidade Federal do Pará (UFPA), tiveram início por volta de 1987/88, em estilo tradicional, e não apresentavam resultados satisfatórios, mesmo harmonicamente prontos. Isto inquietando a pesquisadora, durante um Painel de Regência Coral em Resende (RJ), assistindo coros com uma grande maturidade interpretativa e cênica, a autora resolveu convidar a maestrina Mara Campos para ministrar um curso de regência em Belém envolvendo o trabalho do coral que a pesquisadora regia, o Coral Helena Coelho Cardoso. Com as novas experiências e os novos arranjos corais, o coral se integrou com profissionais de áreas cênicas (teatro e dança), praticando a expressão corporal para despertar a espontaneidade de movimentos, postura e posição corporal em cena, além de interpretação das letras, integração, gestual e expressão facial baseado no período e estilo do repertório, que 50 era composto por música nacional, estrangeira, erudita, profana e religiosa, MPB e regional, contemporânea e infantil, com estudo interdisciplinar. Este trabalho cênico realizado com o coral visava saber até onde o coro poderia se desenvolver cenicamente em prol de uma interpretação mais completa. Foram utilizadas as ideias dos pensadores Dalcroze (1869-1950), Orff (1895-1982), Willems (1890-1978) e Laban (1879-1958). Várias experiências em outros coros vivenciadas pela pesquisadora reforçaram a convicção de que o ritmo é um caminho para a interpretação dos coralistas, e que as ligações como outras linguagens artísticas facilitam o desenvolvimento de potenciais artísticos, cognitivos e motores dos envolvidos. 33 Organização e Sistemática de coros amadores aplicável a diferentes grupos vocais: comunicação de pesquisa concluída. (DIAS, Caio Vinícios Cerzósimo de Souza. 2010, p. 1734-1741). O presente artigo descreve metodologias utilizadas e apresenta as conclusões da pesquisa realizada no Grupo Coral Vivo Canto, com o objetivo de sugerir uma proposta de organização de coros amadores e um sistema de ensaio coral, e obtenção do diploma de graduação em Licenciatura em Música, com habilitação em Educação Musical do autor. O método utilizado na pesquisa foi de Pesquisa Ação, pelo fato de estar presente nos ensaios, e com a equipe no planejamento e avaliação. Um diário de campo foi utilizado para o registro de dados. Posteriormente, foi realizado uma filtragem do material coletado, buscando intensificar o estudo nas informações que tiveram melhor desempenho na prática. Depois, foi feito uma revisão do conteúdo juntamente com o referencial teórico. Foi solicitado por escrito aos participantes do grupo, autorização para utilização das informações, como também de imagens, para fins acadêmicos. O texto salienta que devido à ausência de material teórico, muitos profissionais da regência ficam limitados no melhoramento dos seus conhecimentos. O objetivo principal foi investigar uma metodologia de ensaio para coros amadores baseado nos métodos ativos de Kokály, Dalcroze, Orff, Willems. Foi constatado que os métodos ativos são de grande importância no desenvolvimento de propostas para a educação musical no canto coral amador. Ao final da pesquisa, chegou-se a um material sugestivo de trabalho com grupos corais amadores, que consiste no cuidado e organização do trabalho, atentando-se para o produto 51 musical artístico (ensaio e apresentação), como também o planejamento de todo o processo, com avaliação dos resultados propostos. 34 Painéis Funarte de Regência Coral: ente política cultural e política curricular. (RASSLAN, Manoel Câmara. 2010, p. 1753-1762). O artigo tem a finalidade de divulgar o processo de estudo, pesquisa e doutoramento, realizados com base em relatórios de três Painéis de Regência Coral, promovidos pela INM/FUNARTE. Estes painéis foram realizados da década de 80, como o intuito de desenvolver a música coral no Brasil, focando nas instituições públicas e privadas do país, além de escolas, universidades, associações, empresas e igrejas. As informações buscadas foram a de implantação de uma política cultural em que considerava o coro um espaço de prática, ensino e difusão musical. O texto aborda resultados do II, III e V Painéis, realizados nos anos de 1982, 1983, em Brasília, e 1985, em Nova Friburgo, RJ. Estes estudos detectaram que se fazia necessário um intercâmbio maior entre os regentes, além de aprimoramento dos profissionais regentes. Após as discussões e sugestões, para selecionar prioridades de ações, foi decidido no II Painel os seguintes objetivos: discussão setorial e regional de um temário de livre escolha. Apresentação de proposta teórica e/ou prática, para a prática coral naquela década. Na terceira edição do Painel, foram realizados oficinas de regência, de criação musical, grupos de discussão com regentes de coros universitários, corais infantis, corais de empresas e de outros corais. No quinto Painel, o relatório descreve uma experiência vivenciada com regentes de coros infantis, com quatro escolas da cidade de Nova Petrópolis, RJ, onde se pôde realizar uma comparação das quatro escolas e sua postura no processo de ensino do canto coral. Cada escola contava com sua realidade, e isto também refletia no processo de ensaio do coral, visto que, em uma escola, os alunos tinham uma dificuldade vocal enorme. Já outra, contava com crianças dispostas a cantar. E outra, disponibilizou sala com piano e as crianças bem dispostas para a aula. O texto aborta como referencial teórico Certeau (1995), onde diz que política cultural é um conjunto mais ou menos coerente de objetivos, de meios e de ações que procuram mudar comportamentos, segundo critérios explícitos. 52 O texto traz em sua conclusão, que com os objetivos de fortalecimento dos coros e suas funções de ensinar, difundir a música e formar ouvintes, os Painéis pretendem estimular o gosto pela música coral, unindo também o popular com o erudito. 35 Articulações pedagógicas no coro das Ganhadeiras de Itapuã: mulheres em cena (pesquisa em andamento). (SORRENTINO, Harue Tanaka. 2010, p. 2344-2349). O artigo traz um estudo etnográfico que analisou o processo educativo musical desenvolvido pelo coro das Ganhadeiras de Itapuã. Foi proposto identificar, documentar, analisar e interpretar as articulações pedagógicas encontradas no trabalho desenvolvido com os participantes do coral. Estas informações serão confrontadas, não necessariamente aqui, com outros estudos que tiveram como referencial teórico PONTES (OLIVEIRA, 2005, 2006, 2007; OLIVEIRA; HARDER, 2008). O trabalho consistiu num estudo de caso qualitativo, colhendo as informações num trabalho de campo, realizando entrevistas com as pesquisadas, e também com observação participante, conforme afirma André (2008, p. 49). O idealizador do grupo, Sr. Amadeu Alves, teve esta iniciativa, pois queria reavivar a memória da comunidade, que estavam sendo esquecida, e também, valorizar as defensoras da cultura local, como Dona Francisquinha, dentre outras. Esta foi a forma principal de manter viva a cultura desta comunidade. 36 Vocal CE-Canta: um relato de desafios musicais e pedagógico-musicais na formação de acadêmicos do curso de Música. (SALA, Helena Dóris de. 2010, p. 2414-2419). O texto traz o relato de experiências de alunos de licenciatura em música que participaram como regentes do Grupo Vocal CE-Canta. O coral tem como objetivo desenvolver atividades de cunho musical a fim de potencializar práticas de canto coral. O texto relata os desafios musicais e pedagógicos musicais enfrentados e os resultados surgiram da reflexão sobre o ensino aprendizagem, contribuindo com a formação acadêmica profissional dos alunos. O coral existe há oito anos. É um projeto extensão vinculado ao Laboratório de Educação Musical. Tem como uma de suas características a rotatividade semestral dos seus coralistas. O texto informa que o coral conta com três regentes, um preparador vocal e um tecladista, e conta com aproximadamente 25 integrantes dos cursos de pedagogia, educação 53 especial, licenciatura em música, engenharia elétrica, geografia, fonoaudiologia, funcionários da instituição e pessoas da comunidade, sendo a faixa etária de 18 a 50 anos. No início dos ensaios em 2010, a maioria dos coralistas disseram que não tinham nenhuma experiência com canto coral e que não sabiam ler partitura. Esta situação é bastante comum nos coros brasileiros. Porém, com o entusiasmo dos coralistas, dispostos a agregarem aos seus conhecimentos a experiência estética e expressiva se conseguiram realizar o trabalho. O trabalho foi realizado com o objetivo de facilitar o aprendizado dos cantores, que não tinham formação musical. Por isso, o repertório foi composto de músicas condizente com a capacidade vocal do grupo e também do gosto deles. Eram realizados dois encontros semanais, com duração de uma hora, e se realizada atividades de relaxamento, técnica e aquecimento vocal. Em dois meses de ensaios, já se percebeu a evolução do grupo em afinação e qualidade vocal. A técnica vocal aplicada favoreceu a amplitude da tessitura vocal, favorecendo também a afinação e impostação vocal. O texto cita a referência de Teixeira (2003), dizendo que cantar em coro significa encontrar o outro, partilhar experiências, ideias, costumes e valores. Os ensaios acabavam chamando atenção de pessoas que, em uma lanchonete próxima, se alimentavam. O texto relata ainda que a experiência de trabalhar com um coral misto fez com que os estudantes crescessem como educadores, ampliando a vivência pedagógico musical, e a competência como regentes. Foi percebido que ao regente não cabe apenas ter habilidade musical, e preocupação com afinação, mas também em se integrar com o grupo, buscar oportunizar aos cantores o aprimoramento do gosto musical e o prazer pela atividade vocal em grupo. 37 A preparação vocal no ensaio coral: uma oportunidade para aquecer ensinando e aprendendo. (SILVA, Caiti Hauck da; RAMOS, Marco Antonio da Siva; IGAYARA, Susana Cecília. 2010, p. 268-273). O artigo traz uma pesquisa de mestrado sobre a importância do aquecimento vocal adulto como oportunidade de ensino-aprendizagem da técnica vocal e desenvolvimento musical. Segundo o texto, o aquecimento vocal é importante tanto no canto solo como em canto coral, pois além de aquecer, aumenta o fluxo sanguíneo no local, irrigando o aparelho fonador, levando a uma maior flexibilidade e menor possibilidade de lesões. O texto traz a 54 referência de ROBINSON & WINOLD, que afirmam que o regente em sua vida profissional irá trabalhar com não profissionais, e para isso o regente deve ser um educador competente. E também, os regentes devem vislumbrar o trabalho de aquecimento como uma aula de técnica vocal coletiva. No trabalho de técnica vocal, também se trabalha a respiração, postura, ressonância com ajuda das vogais nos vocalizes. O texto traz também o pensamento de THOMAS (1979: 74), onde ele diz que uma formação vocal intensiva é pré-requisito absoluto para o regente coral, pois o ensaio exige tanto conhecimento do mecanismo da voz quanto uma aula de canto, e afirma que “cada coro canta e fala como seu regente”. O texto traz opiniões divergentes sobre Kurt Thomas, que foi compositor, regente de coral e pedagogo. E Richard Miller, um dos principais autores na área de pedagogia vocal, sobre o formato da boca no canto. Miller aborda a escola alemã, que diz que é através do formato fixo da boca que se equaliza as vogais (1997: 48). Já a escola italiana, parte do princípio que se deve cantar como se fala, ajustando a boca e a faringe para a correta formação das vogais. O texto finaliza dizendo que, apesar das divergências, os exercícios que propõem os dois autores citados neste artigos podem se complementar, podendo ser utilizado tanto em coros amadores como em coros profissionais. 38 Aspectos psicossociais na prática coral: dois estudos de caso. (DIAS, Leila Miralva Martins. 2010, p. 375-379). O presente artigo traz uma pesquisa de doutorado em fase de conclusão, que trata de dois estudos de caso a duas instituições de Porto Alegre, RS. Com observação participante, são destacadas as interações pela prática coral e seus desdobramentos psicossociais nas relações entre os coralistas. Os objetos da pesquisa empírica são dois corais adultos. O coral A, de vozes mistas, formado pela comunidade, se reúne em um colégio particular de uma cooperativa de pais e funcionários. O coral B, de vozes femininas, pertence a um hospital particular da cidade. Tem ensaios de cento e cinquenta minutos por semana e logo após os ensaios, realiza apresentações públicas, se locomovendo pelos corredores do hospital. A autora quis detectar neste estudo de caso o que aproxima as pessoas destes dois coros, nesta prática pedagógico musicais nos contextos extraescolares. No coro A, existem pessoas de idade, classes sociais e níveis de formação diferentes, que se encontram para cantarem juntos. Além do prazer em desenvolver a voz, eles relatam 55 que também existe o fator, social, ou seja, sair da solidão, fazer novos amigos e conhecer novas pessoas. No início do ensaio, a maestrina, buscando a sintonia entre os coralistas, realiza um trabalho chamado de “pulso do grupo”. Durante o aquecimento, são realizadas brincadeiras de roda, batimentos corporais, trabalhos de criações individuais e coletivas, dentre outras. O coro conta com uma coreógrafa, o que facilita o deslocamento corporal. Ainda durante o aquecimento, o texto relata que o aquecimento vocal buscava sair do som coletivo para uma única massa sonora. Esta sintonia é descrita por Schutz (1974), onde diz que cada um deve sair de si para encontrar o outro através da sua voz, buscando uma unidade sonora, alcançando um objetivo comum. No ensaio do repertório, o coro tinha, eventualmente, liberdade de construir seus arranjos coletivamente. Porém, devido à sempre terem apresentações a serem realizadas, os ensaios eram voltados para um resultado musical mais elaborado, com todos convergindo para um único objetivo. Outro aspecto importante é que a formação do coral nos ensaio era em círculo. O texto traz a referência teórica de WHITE (1999, p. 55) onde diz que o círculo é a formação democrática ideal, pois assim, cada pessoa se torna tão importante quanto seu vizinho, sem hierarquias. As relações tinham um fortalecimento não somente durante os ensaios, mas também depois dele, com situações de convívio durante uma carona, ou um programa de lazer, o que reforçavam os laços de compromisso com o coral. O coro B, segundo o artigo, é formado por vozes selecionadas, com intuito de se ter uma ótima afinação no coro, e que este mesmos cantores já dispunham de conhecimentos técnicos musicais, inclusive alguns já cantando em outros grupos corais. Há uma boa interação dos coristas, tanto nos ensaios, quanto nas viagens organizadas pelo coral. Durante a apresentação, pelos corredores do hospital, percebe-se certa surpresa nas pessoas. O público geralmente formado por pacientes, familiares e acompanhantes se deleitam com as músicas, demonstrando grande satisfação. A convivência da autora com os corais trouxe, no campo empírico, uma riqueza de dados onde além dos aspectos músico estéticos, trouxe compreensão das práticas pedagógicas no resultado das relações sociais desenvolvidas. 56 39 Canto Coral que encanta: um estudo do processo de educação musical com idosos em Madre de Deus, região metropolitana de Salvador, Bahia. (FIGUERÊDO, Michal Siviero. 2010, p. 421-425). O presente artigo discorre sobre uma pesquisa de Mestrado que estudou o processo de educação musical com idosos no Coral Canto que Encanta no município de Madre de Deus, Bahia. Esta pesquisa ocorreu entre 2007 e 2009, e os resultados encontrados revelaram que aspectos fisiológicos (presbifonia e presbicusia) e psicossociais impactam no processo de ensino aprendizagem dos idosos. A autora acredita que a facilidade em realizar este estudo se deu ao fato de ser morador do município e de ter conquistado a confiança do grupo. A autora procurou realizar a educação musical com canções e vocalizes, utilizando como referencial teórico CHAN (2001), e também brincadeiras de roda, jogos de mão, todas no intuito de contribuir tanto no melhoramento do desempenho musical como n bem estar e socialização do grupo. Também a autora buscou referências sobre liderança e sobre envelhecimento, o que ajudou no processo musical como um todo. O coral contava com 25 a 30 componentes. Onze eram casadas e 14 não tinham marido (por motivo de viuvez, divórcio, abandono). Somente duas tinham completado o ensino médio. Muitas tinham um renda baixa, o que fazia com que ainda hoje realizassem pequenas atividades para complementação da renda. Algumas disseram ter tido alguém na família que era músico. Algumas também gostariam de aprender um instrumento musical, e definiam música como sendo algo alegre, que trazia descontração e melhorava o humor, e o fato de gostarem de cantar é o principal motivo de estarem no coral. Todas afirmavam estarem satisfeitas com a metodologia empregada nos ensaios e a atuação da professora melhorou, pois tinha aprendido a lidar com os idosos. Criou-se a rotina de se ensaiar mesmo quando a maioria faltava, de participar da escolha do repertório, postura mais otimista nas apresentações e compreensão do que melhorar quando os resultados não eram tão favoráveis. As dificuldades apresentadas foram: dificuldade em decorar as letras das músicas, realizar exercícios vocais, cantar em vozes, cantar e movimentar-se e ter fôlego suficiente para as frases musicais. Houve uma avaliação das coralistas com uma fonoaudióloga, que detectou existir pequenas alterações vocais, embora mínimas. A memória de trabalho e a memória recente afetavam a maioria das coralistas, o que causou preocupação. Apenas três senhoras tinham problemas de afinação. 57 Apesar de declararem o gosto por cantar, a frequência não foi assídua por boa parte do grupo. Problemas de saúde, e cuidados com parentes foram as principais causas das ausências, além também de questões econômicas. Os fatores fisiológicos também foram percebidos, como a presbiacusia (perda da audição com a velhice), que prejudicou para uma melhor afinação nas execuções musicais. A Presbifonia (processo de envelhecimento da voz, tornando-a áspera e soprosa) também limitou o trabalho musical. A desaceleração do organismo, diminuindo o tempo de reação, também contribuiu para tornar mais difícil a memorização. Em suas considerações finais, o texto conclui que o educador regente deve conhecer, individual e coletivamente, fatores impactantes em seus grupos de idosos. O ritmo de aprendizagem e interesses deles dever ser respeitado. O conhecimento que o idoso adquiriu durante toda a vida é mantido. Mas, conhecimentos novos podem sofrer impactos por questões fisiológicas e psicossociais. A velhice não deve impedir os idosos de participação em ações musicais, e as dificuldades encontradas devem ser contornadas ações pedagógicas eficientes, e o canto coral, por se trabalhar em grupo, favorece muito qualquer trabalho voltado a esta parcela da população. 40 As múltiplas dimensões do canto coral amador: lazer, trabalho e cooperação. (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2010, p. 442-446). O artigo faz parte de uma pesquisa de pó doutorado que discute questões como a configuração do coro amador como atividade de lazer e/ou de trabalho e as densas redes de relações subjetivas que são formadas no espírito de cooperação que propulsiona a atividade de coros amadores. O texto inicia dizendo que a visão tradicional de coro amador como um espaço de lazer, integração interpessoal e inclusão social não impede que se analise o coro com uma visão perspectiva interdisciplinar, envolvendo a interface música-administração. As relações entre coral e trabalho podem ser vislumbradas de duas perspectivas. Uma é o coro como espaço de lazer, trabalhando a autoestima e a motivação das pessoas, principalmente em empresas, onde o período pós 1968 se buscou melhorar a saúde mental do trabalhador. A outra perspectiva é de que o canto coral pode ser visto como um trabalho, embora seja difícil defini-lo assim, sendo o trabalho ligado a atividade obrigatória e inserida no circuito monetário. O coro profissional pode ser claramente definido como trabalho. O canto coral é uma prática musical exercida e difundida nas mais diferentes etnias e culturas. É claramente um espaço de aprendizagem musical, desenvolvimento vocal, 58 integração interpessoal e inclusão social, e isto exige do regente uma série de habilidades não somente musicais, mas também de liderança e gestão de pessoas, que buscam motivação, aprendizagem e convivência em um grupo social. O texto conclui dizendo que em um coro pode-se desenvolver o que Abraham Maslow (1908-1970) chamou de auto atualização. Segundo Maslow, ao homem nada é acrescentado. O homem comum é um ser humano completo, com poderes e capacidades amortecidos e inibidos. 41 Canto Coral na escola: a prática pedagógica como objeto de pesquisa. (BRAGA, Simone Marques. 2010, p. 459-464). O presente artigo descreve sobre uma pesquisa desenvolvida no Mestrado em Educação Musical, que foi aplicada na disciplina Canto Coral, em escola profissionalizante de música, que tinha como objetivo investigar o processo avaliativo do desenvolvimento individual dos alunos em atividade performática coletiva. A pesquisadora, que oportunamente assumiu as turmas que eram formadas por jovens e adultos, com turmas entre 20 e 25 alunos, músicos que geralmente já atuavam profissionalmente, pôde aplicar instrumentos avaliativos eficazes para conferir o desempenho individual dos alunos. O artigo se inicia citando a crescente preocupação com a prática pedagógica dos educadores musicais. Porém, existe uma dicotomia presente no processo teórico prático pedagógico. O texto cita Conde (2003, p. 83), onde ele diz que o próprio professor é excluído, deixando ele de receber de volta, na maioria dos casos, os resultados de suas pesquisas. O texto diz que apesar das várias pesquisas já realizadas ao longo do século vinte e um, a literatura sobre performance musical de corais escolares ainda é escassa. Esta escassez pode ser explicada pelo fato do canto coral quase não ser oferecido como disciplina nos currículos escolares brasileiros. Geralmente o canto coral é uma atividade extracurricular. O canto coral foi instituído como disciplina nas décadas de 30 e 40, e era denominado canto orfeônico. Para o músico profissional, o canto coral desenvolve a percepção auditiva, consciência corporal, além de contextualizar conteúdos teóricos musicais. Mathias (1986) diz que o canto coral desenvolve valores como atitude, disciplina e concentração. A lei 11.769/2008 estabelece a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica como componente curricular. O canto coral, por ser de fácil aplicabilidade e de ótimos resultados, pode vir a ser uma excelente opção de musicalização. Mas, para isto acontecer de maneira concreta, é necessário que os professores estejam pedagogicamente bem preparados 59 para esta situação. O grande desafio ainda para implementação da disciplina canto coral, é encontrar uma forma de avaliar o individual em um ambiente coletivo. Uma avaliação foi proposta pela autora, baseada em um modelo desenvolvido por Keith Swanwick (1979). Consiste no desenvolvimento musical, com atividades musicais sobre conhecimentos acerca da voz. Ao final da pesquisa, chegou-se a conclusão que a avaliação cumpriu com o seu objetivo. 42 A educação musical em ONGS: a prática do coral infantil na ADOTE-RN. (SILVA, Janieri Luiz da. 2011, p. 61-71). O artigo se inicia explicando que a educação musical entra no cenário da educação brasileira e para cada setor terá objetivos, metodologias e didáticas específicas, em escola básica, em empresas, com finalidades terapêuticas e em ONGs, onde os objetivos variam entre educacionais, terapêuticos e musicais. Se utilizando do referencial teórico de FICHER (2002, p. 45) o texto descreve ONGs como sendo organizações públicas, sem fins lucrativos, com o objetivos coletivos ou públicos. O canto coral ainda é uma prática nova nas ONGs, ligada principalmente a fatores educativos, e de fácil implantação, também por seu baixo custo. O texto cita BRÉSCIA (2003, p. 84), quando ele diz que o canto coral incentiva a socialização, proporcionando um conhecimento cultural, e ajuda na formação social da criança e adolescente. As escolas devem considerar isto. Este trabalho foi realizado na ADOTE (Associação de Orientação aos Deficientes), (com duração de oito meses), que é uma instituição sem fins lucrativos que desenvolve um trabalho de inclusão de pessoas com necessidades especiais na sociedade. O coral foi criado como parte de um projeto denominado “Atelier de Talentos”, sendo autorizado pelo CONSEC. O coral formou-se com vinte crianças entre oito e dez anos, com deficiência física, intelectual e crianças com déficit de atenção e diversas dificuldades de aprendizagens. Os objetivos com o coral eram de desenvolver a percepção musical, concepção de ritmo, melodia, musicalidade, a interação sociocultural, a apreciação, e a tudo isto também o fortalecimento da família com a participação dos pais em palestras de incentivo no desenvolvimento do trabalho. Na seleção para ingresso no coral foram realizados entrevistas, com a coordenação geral e o professor, além de um teste de vocalize, para se perceber a afinação, o ritmo, acompanhamento e andamento dos candidatos. O texto aborda a teoria de BRITO (2001, p. 31), que diz que a educação de qualidade é aquela voltada às necessidades da sociedade. As 60 aulas foram de forma inclusiva, onde alunos com e sem deficiência aprendiam juntas. Os ensaios aconteciam nas sextas feiras, no horário de 13:30 h. até 17:30 h. O texto descreve que se procurou desenvolver ganhos sociais como relacionamento social, interação, desenvolvimento motor, além de conteúdos específicos musicais como percepção sonora, percepção rítmica, afinação, cuidados com o aparelho fonador e também conceitos básicos de teoria musical. O trabalho que foi desenvolvido se baseou teoricamente em Villa Lobos, que diz que o canto coletivo, com seu poder de socialização, desprende o indivíduo do egoísmo e despertando o coletivo, com valorização da disciplina. Também, se utilizando dos conceitos de Fucci Amato, se procurou desenvolver a inteligência vocal, a consciência corporal, consciência auditiva, prática de interpretação, produção vocal em variadas formações. As dificuldades encontradas ainda são o preconceito que existe com o deficiente, fato este que dificulta muito a inserção deste em atividades rotineiras nos mais diversos ambientes sociais. Outra dificuldade, esta no trabalho realizado, foi o de altura sonora (grave e agudo), onde surgiram dificuldades na identificação do som, que foi solucionado com atividades extra sala de aula. Também se trabalhou o ritmo e movimento corporal Em suas considerações finais, o texto discorre que o trabalho das ONGs, que antes eram iniciados com poucos recursos e quase sem nenhum apoio institucional, hoje recebe apoio do estado, que reconhece o papel social fundamental, cedendo não somente recursos financeiros, mas também profissionais para realizarem trabalhos específicos. 43 Corpo, voz e ensino do canto: vivências corporais no canto coral. (SOUZA, Simone Santos. 2011, p. 195-204). O artigo tem por finalidade investigar a relação corpo voz segundo a prática pedagógica existente na preparação das vozes dos coros. A autora inicia o artigo contando um pouco sua história musical, o seu encantamento depois de assistir a uma apresentação do coral da CAGECE. Posteriormente, a autora relata que ingressou na graduação em música na UECE, e a partir de então começou a cantar em diversos corais. Então, no despertar do canto, resolveu desenvolver uma nova maneira de fazer música coral, juntando corpo e movimento ao ato de cantar. O ato de cantar envolve muito mais do corpo do que se imagina. O texto diz que a sobrecarga de informações sobre respiração, ressonância, postura e musculatura gera uma grande pressão nos alunos cantores. O texto traz a referência de MATHIAS (1986), que diz 61 que o cantor precisa desenvolver um senso de consciência corporal, uma vez que o corpo (seu instrumento) não se resume ao local onde se localiza a laringe. A fragmentação do aparelho fonador dificulta a dimensão cognitiva, física e emocional do ser humano. As publicações também não ajudam muito, pois a maioria das publicações em língua portuguesa fala sobre anatomo-fisiologia da voz, laringe e aparelho respiratório, não abordando que o ato de cantar requer uma energia de todo o corpo. A autora explica que em Fortaleza, cidade que não tem tradição forte de cantores líricos, os corais acabam sendo a principal forma das pessoas aprenderem e desenvolverem suas habilidades vocais. E os regentes acabam por serem formadores de vários cantores. O texto traz como exemplo do trabalho corpo voz, o coral da UFC, onde, em 1981, se decidiu fazer um repertório voltado para o cancioneiro popular, o que mudou a característica vocal do coro, que deixou de lado o modelo tradicional europeu. O coral também trabalhava a parte cênica. Seus recitais aliavam à preparação vocal ao trabalho corporal, pesquisa de repertório e confecção de figurinos. O texto explica que o estudo, por estar em fase de coleta de dados e análise destas coletas, não apresenta uma conclusão ainda, e tem como base teórica norteadora destas análises, o que MORAES (1999, p. 9) explana, dizendo que a análise de conteúdo, em sua vertente qualitativa, parte de uma série pressupostos, servem de suporte para captar seu sentido simbólico. E estes sentidos podem ser enfocados de diferentes perspectivas. 44 Formação e fazer musical no coral da UFC: ações multiplicadoras nos anos 1980. (SILVA, Eduardo Teixeira da. 2011, p. 341-349). Este artigo, utilizando o método da história oral, traça a trajetória do Coral da Universidade Federal do Ceará na década de 80. Da formação dos ex-participantes nas questões musicais e humanas, além de histórias individuais e do grupo, e a relação do coral com a sociedade. O texto descreve que o coral da UFC foi muito importante na formação de muitos que hoje trabalham com música na cidade de fortaleza. O autor relata que hoje consegue sobreviver somente com música, pois procurou estudar e se qualificar para isto. E esta vontade de se profissionalizar foi despertada a partir da participação no coral da UFC. O artigo aborda a história da educação musical brasileira do século XX e XXI, onde sempre houve dificuldade do conhecimento musical em atingir a educação formal nacional, da qual poderia ser propagado um movimento de democratização de tal conhecimento. Os 62 registros descrevem o canto orfeônico como uma prática idealizada e implementada por Villa Lobos na década de 40, e que seria substituída pela Educação Musical durante a década de 1960. No início da década de 70, foi substituída a educação musical pela educação artística, o que enfraqueceu o ensino de música nas escolas públicas e privadas. O texto cita FONTERRADA (2008, p. 217-218), descrevendo que foi a partir da mudança de educação musical para educação artística, que se iniciou um processo de regressão, devido ao fato de tirar-lhe a condição de disciplina e transformá-la em atividade. Com a promulgação da LDBEN nº 9.394, em dezembro de 1996, volta a condição de disciplina o ensino das artes. Foi a lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que novamente incluiu o ensino de música com o status de componente curricular. Essa lei altera a LDBEN nº 9.394/96, acrescentando em seu artigo 26 um sexto parágrafo (§6º), que traz o seguinte texto “A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo”. Apesar disto, ainda há uma enorme dificuldade de implementação nas escolas públicas e privadas. Verificamos assim o quanto é difícil o acesso ao conhecimento musical em nossa sociedade, pois o ensino formal de música é precário nas instituições de ensino. Espaços não formais de música acabam por terem um papel fundamental de democratização do ensino de música, e esta característica também se aplica ao coral da UFC. 45 Quem canta seus males espanta: o canto coral no Programa Mais Educação em escolas municipais da cidade de João Pessoa. (BRITO, Alan de Araújo de. 2011, p. 779-785). O artigo investiga como ministra o ensino de canto coral no Programa Mais Educação. O projeto abarca 82 escolas, e que as aulas estão a cargo de monitores, que muitas vezes não possuem experiência na docência, o que acaba por variar muito a forma de ensino. O programa Mais Educação (ME) é uma ação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). É uma ação do governo federal para induzir a expansão da jornada escolar na perspectiva da Educação Integral. O programa busca juntar os saberes escolares com os saberes locais, valorizando a aprendizagem atrelada à vida e a realidade dos alunos. O estudo foi feito em duas escolas do município de João Pessoa. O critério para definir as escolas foi a distinção na formação dos regentes que trabalhavam nas referidas escolas. Um tinha experiência acadêmica em música. O outro, não tinha formação em música, nem experiência específica com o canto coral. A coleta das informações foi feita durante dois meses, durante oito aulas em sequência. 63 O texto aborda uma característica do canto coral que aparece em praticamente todos os educadores desta área. A de que o canto coral é uma ferramenta de ação social e de relevante manifestação educativo musical. O texto também diz que o canto coral muitas vezes se torna uma escola de música para os coralistas, onde se pode trabalhar técnica vocal, solfejo, leitura musical e dinâmicas, como andamento, intensidade e outros, sendo possível, de forma prazerosa, promover a vivência musical, e para isso o regente deve estar atento para desenvolver estas possibilidades. O texto descreve que a seleção dos monitores das oficinas fica a cargo de professores comunitários, o que nem sempre garante uma seleção adequada, e que acaba surgindo práticas educacionais bem diferenciadas. O programa mais educação prevê ensino em tempo integral, e o texto questiona se a forma como ele vem sendo implementado está coerente com esta perspectiva. O texto finaliza concluindo que a proposta do programa Mais Educação é válida, e pode solidificar a presença de música nas escolas. Mas, o texto alerta que a implementação não deve ser feita de qualquer forma, para que se garanta os resultados esperados tanto nos objetivos do programa, como na eficácia e solidificação do ensino de música nas escolas. 46 A técnica vocal no coral infantil da UFRJ e sua influência no padrão técnico do cantor lírico procedente deste grupo. (LIMA, Maria José de Souza; LISBOA, Hélida. 2011, p. 492498). Este artigo tem como objetivo realizar uma reflexão sobre a técnica vocal utilizada no Coral Infantil da Universidade Federal do Rio de Janeiro e quais as consequências para aqueles que estudam canto com o objetivo de seguir a carreira de cantor(a) lírico(a), nos conceitos de postura, relaxamento, respiração, ressonância, e ataque vocal. Esta pesquisa foi realizada na forma de observação participante, mas também foram realizadas entrevistas com três alunas e com o professor de canto. O texto descreve em seu início que as vozes infantis sempre estiveram presentes em coros de diversas formações. Na idade média, pelo fato das mulheres não poderem cantar, os meninos cantavam as vozes agudas (soprano) e a parte dos contraltos eram cantados por homens de vozes agudas ou em falsete. Isto se deve aos Portugueses, que trouxeram consigo no período colonial e imperial (KIEFER, 1997). Coros de meninos cresceram no Brasil, e também coros de meninas e mistos, com uma variedade de timbres, devido as várias técnica vocais empregadas. 64 Em 1932, Villa Lobos implementa o canto orfeônico, criando o Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico. No ano de 1976, Marcos Leite cria o coro adulto, de vozes mistas, denominado de “Cobra Coral”, criando uma nova tendência no Brasil, tanto de canto coral quanto de sonoridade, aproximando-se do canto popular, o que permitia uma interpretação dos arranjos de música popular para coros. Mas, o coral que tinha em sua proposta interpretar outro tipo de repertório, teve o Projeto Villa Lobos da Fundação Nacional de Arte – FUNARTE uma oportunidade de participar de inúmeros cursos de regência, dinâmica de ensaio e técnica vocal por todo o interior do país. Esteve à frente da ministração da técnica vocal a professora Lúcia Passos, que tinha o seu trabalho baseado na tradição alemã de canto, técnica esta que foi a base do trabalho desenvolvido no coral. O trabalho do coral visa a inclusão de todas as crianças que se interessem pela atividade coral. A faixa etária é formada pro crianças entre 8 e 15 anos, e as condições sociais são bastante diversificadas, sendo que 70% destas são vindas da rede pública de ensino. O repertório é formado por músicas de câmara para coro infantil, e também repertório sinfônico e operístico para a faixa etária. O ensino técnico vocal é baseado na consciência corporal. A respiração utilizada é a costo-diafragmática. A ressonância que se pretendia buscar se originava na parte superior do trato vocal. A ressonância torácica não é incentivada. O texto descreve, nas considerações finais, que o trabalho técnico vocal no coral forneceu uma boa base para a continuidade da formação das cantoras entrevistadas, e que este assunto é muito complexo, o que necessita de mais pesquisas para se obter mais informações sobre o trabalho vocal com crianças em coros infantis. 47 Forma de organização de trabalho e uma nova ferramenta pedagógica para o canto coral? (AMATO, Rita de Cássia Fucci. 2011, p. 526-532). O artigo relata a experiência de um grupo vocal amador que se utilizou de um software de transmissão de som e imagem em tempo real para a realização de ensaios à distância, buscando perceber as vantagens e desvantagens desta nova ferramenta. Sob uma perspectiva interdisciplinar se desenvolveu o trabalho, verificando o seu potencial educativo musical. O texto aborda que o desenvolvimento de tecnologias, em especial a internet, tem permitido aplicações em educação, e também no campo da educação musical. O texto tem como base LOPES (2004: 3), que diz que “os avanços tecnológicos permitem que hoje se construam ambientes de aprendizagem e treinamento”. A experiência é observada e analisada no grupo Madrigal InCanto, grupo vocal a capella, amador e independente, que iniciou alguns 65 ensaios à distância, com o recurso Skype, que é uma ferramenta de comunicação que permite a transmissão de áudio e vídeo em tempo real. Buscou-se perceber as vantagens e dificuldades encontradas na utilização desta ferramenta, além do potencial pedagógico de tele-ensaio coral ou ensaio coral à distância (ECaD). Também se colheu opiniões dos nove coralistas do grupo em ensaio presencial, que foram usadas na avaliação realizada. O regente e um coralista residem em São Paulo e os demais em São Carlos e Araraquara. São realizados dois ensaios gerais mensais presenciais, com duração de seis horas, e eventuais ensaios esporádicos (gerais ou de naipe), conduzidos pela assistente do grupo. No início, para sanar as dificuldades dos poucos ensaios, foi gravado digitalmente as vozes referentes a cada naipe, para que estes pudessem escutar em algum aparelho que reproduzissem esses áudios. O texto continua descrevendo que os meios digitais de comunicação de informações tem ajudado bastante na divulgação do trabalho do grupo. O grupo tem seguido o pensamento da glocalidade, teoria de Porter, que diz que um mundo glocal incorpora uma perspectiva global com ação local, e isto é viabilizado pela internet. Nesta pesquisa, se percebeu os seguintes pontos positivos e as restrições. Positivos: - permite maior frequência de ensaios - mantém o padrão de motivação do grupo. - Induz os cantores à solução de problemas que são criados no momento de ensaio via skype. - dentre outros. As restrições são: - O tempo de transmissão de imagem apresenta uma não sincronia, que dificulta harmonizar o gesto e o canto do regente com o canto dos cantores. - Necessidade de equipamento adequado. - a limitação da qualidade de vídeo e som, o que dificulta um refinamento no que se está emitindo para os coralistas. 66 Concluindo, o texto diz que ainda não se pode substituir os ensaios presenciais pelos ensaios com recursos de áudio e vídeo atualmente disponíveis. Porém, estes recursos podem ser utilizados como ferramenta em ensaios complementares, na maior interação entre os membros do grupo, além de também poderem dirimir qualquer dúvida acerca do conteúdo dos ensaios do grupo. 48 Interação pedagógico-musicais da prática coral. (DIAS, Leila Miralva Martins. 2012 p. 131-140). O artigo aborda as interações psicossociais que são promovidas na prática coral e seus desdobramentos nas relações entre os cantores. Estes dados foram coletados através de observação participante em dois corais adultos, onde a autora foi coralista e participante. O texto inicia dizendo que hoje em dia existe uma demanda de ordem social e psíquica, e que as pessoas necessitam de práticas coletivas, e nisto se insere o canto coral. A vida hoje nas grandes cidades está fazendo com que as pessoas se tornem cada vez mais isoladas. O texto traz o que diz BAUMAN (2003), dizendo que os indivíduos buscam se libertar do isolamento, buscando acolhimento em comunidades que se organizem em torno de objetivos em comum. Com o aumento de coros voluntários nas mais diversas regiões do Brasil, se deve buscar ampliar o olhar para a prática coral na área de educação musical, observando as diferentes maneiras de cantar, assim como os aspectos socioeducativos inseridos nesta atividade. O foco central da autora ao desenvolver esta pesquisa era perceber como se davam as interações da prática pedagógica em dois coros da cidade de Porto Alegre – RS, e como estas interações ser reproduziam na vida dos coralistas, e se elas dariam origem a novas sociabilidades além da prática coral, e também, tentando responder as seguintes questões: por que as pessoas foram procurar o coro? O que assegura a sua permanência? Que relações são construídas na prática coral? Como estas relações se dão? As pessoas geralmente procuram participar de corais por diversos motivos, mas também para satisfazer suas necessidades pessoais, terapêuticas e sociais. Portanto, alguns regentes estão percebendo que o canto coral, além do desempenho musical, precisam estar atentos ao que os coralistas estão trazendo de bagagem cultural, e também, que o coral contribui para a formação integral do indivíduo, sendo isto realizado de forma prazerosa e significativa entre os indivíduos. 67 O texto traz a constatação de que a prática coral traz uma interação de cuidado com o fazer, de respeitar o outro, de entender o modo de ser do outro, e isto acaba sendo transportado para outras áreas da vida dos indivíduos envolvidos. Assim, a atividade coral cumpre uma função agregadora, onde as pessoas o buscam não somente porque gostam de música, mas para fazer amigos, sair da solidão, e, sobretudo, para se sentirem parte de um grupo. Não se aprende apenas música, mas também sobre a vida e o estabelecimento de relações de compreensão e respeito aos outros, promovendo a expressão das subjetividades no acolhimento oferecido pela força do grupo. 49 O ensino do canto coral no Programa Mais Educação em escolas municipais de João Pessoa. (BRITO, Alan de Araújo. 2012, p. 1504-1511). O artigo traz um estudo para compreender como se dá o processo de ensino e aprendizado do canto coral no Programa Mais Educação, na cidade de João Pessoa, que tem como objetivo ampliar a jornada escolar na perspectiva da Educação Integral. O texto irá investigar as práticas musicais pedagógicas musicais em duas escolas municipais de João Pessoa. O texto inicia dizendo que a música, historicamente, sempre esteve presente na educação brasileira. Primeiros indícios de música no Brasil são com os Jesuítas no Brasil colonial, com fins religiosos. Na década de 30 e 40, o canto orfeônico, idealizado por Villa Lobos, buscava o civismo, a disciplina e a educação artística. A LDB de 1996, onde o ensino de artes foi incluído como disciplina obrigatória no currículo nacional. Até a lei 11.769/08, que insere a música como disciplina obrigatória no currículo escolar brasileiro. A música atualmente tem ocupado vários espaços educativos, como ONGs, projetos sociais, igrejas, sendo bastante valorizada e idealizada, e idealizada como uma disciplina capaz de “salvar” ou prevenir o indivíduo dos perigos da sociedade. E um destes espaços é o Programa Mais Educação. Os principais objetivos desta pesquisa são: compreender o processo de ensino e aprendizagem do canto coral no Programa. Analisar a prática pedagógica desenvolvida em duas turmas de canto coral. Caracterizar a formação e experiência musical dos monitores. Verificar o desempenho e participação dos alunos durante as aulas. E também foram realizadas entrevistas com os professores monitores e com duas professoras responsáveis pelas atividades do ME nas escolas. 68 Durante dois meses o pesquisador estudou duas escolas participantes do projeto, que serão chamadas de escola A e escola B. A escola A, fundada em 1992, está inserida em um bairro cercado de favelas, com alto índice de violência e tráfico de drogas. Entrevistando a professora, se percebeu que a seleção dos alunos se dá de acordo com a faixa etária, com prioridade aos alunos de 4º e 5º anos. O monitor não é graduado nem graduando em música, mas tem mais de vinte anos de experiência com banda fanfarra. Na entrevista, quando perguntado sobre o principal objetivo do ME, ele respondeu que é trabalhar a interdisciplinaridade, integrando as matérias com as atividades oferecidas no programa. O pesquisador descreve que as aulas que observou na escola A, os ensinamentos eram praticamente os mesmos, que consistiam em aconselhamento sobre prevenção dos perigos da sociedade e a importância dos estudos, além de aulas de teoria musical abordando unicamente a escrita musical. A escola B, fundada em 1973, atende aos moradores de um bairro tradicional de João Pessoa. Em entrevista, o processo de seleção dos alunos é feito com base na maior quantidade de tempo que estes ficam na ociosidade. Então, por precisarem estar com a mente ocupada, são encaminhados para as aulas de canto coral. O texto diz que o monitor está cursando bacharelado em instrumento na UFPB, tendo ele experiência com bandas e música de fanfarra. Para o planejamento das aulas, o monitor referencia datas festivas, como dia das mães, natal, São João. Na observação realizada, o pesquisador percebeu que há evidências de planejamento e empenho do monitor, mas percebeu problemas básicos que não eram trabalhados, como afinação, dinâmica e ritmo. E o monitor apresentava problemas sérios de afinação. As considerações finais do texto descrevem que o ensino de canto coral nas duas escolas pesquisadas tem sido realizado de forma tradicional, com o objetivo de transmissão de conhecimentos, sem espaços para o desenvolvimento da criatividade, da improvisação e reflexão do que se está fazendo ou aprendendo, e que o principal objetivo observado nas duas escolas são os aspectos sociais. 69 50 Por uma prática coral educativa: uma proposta de utilização do guia prático, de Heitor Villa Lobos. (NASCIMENTO, Jeter M. da S; SILVA, Vladimir A. P. 2012, p. 1824-1831). O artigo aborda os pressupostos metodológicos do ensaio coral à luz da educação contemporânea, contribuindo para o desenvolvimento desta prática pedagógico musical e o aprimoramento de ensino aprendizagem em música. Foi utilizado o guia prático de Heitor Villa Lobos, para demonstrar como o regente/educador musical pode trabalhar diferentes conceitos musicais por meio do repertório coral, substituindo o treinamento pela aprendizagem procedimental, conforme descreve o referencial teórico de SLOBODA (2008). O canto coral, sendo um instrumento de grande importância na educação musical, a escolha do repertório é um fator que irá determinar o sucesso ou não do trabalho pedagógico. Assim, o repertório tem que abordar conteúdos diferentes. O presente artigo busca discutir os pressupostos metodológicos do ensaio coral, à luz da educação contemporânea, contribuindo para o desenvolvimento desta prática pedagógico musical e também, aprimoramento do processo de ensino aprendizagem em música, tendo como metas subsidiar a ação do regente coral com referenciais teóricos ancorados nos estudos desenvolvidos pela psicologia da aprendizagem e da música. Também, de propor estratégias metodológicas para a aprendizagem do solfejo e teoria musical, por meio do guia prático, de Heitor Villa Lobos. A pesquisa tem caráter teórico, e foi dividida em três etapas. Na primeira etapa, foi discutido os fundamentos da aprendizagem musical. Na segunda etapa, foi analisado o guia prático, e dele foram retiradas obras de diferentes características. A última etapa, foi proposto uma metodologia de ensaio, baseada no repertório selecionado, com o objetivo de desenvolver um programa de educação musical por meio da prática coral. Em sua conclusão, o texto afirma que vários conteúdos musicais podem ser trabalhados pelo regente educador, reforçando o aspecto educativo da prática coral. O modelo aqui mencionado pode ser adaptado a outros repertórios. Uma das contribuições esperadas é a de que esta proposta possa ser utilizada no processo de ensino aprendizagem, substituindo a ineficiente prática do treinamento baseado na imitação, por uma forma mais eficiente de aquisição do conhecimento, fazendo com que o coralista passe a agir proativamente, enumerando compassos, marcando respirações, entendendo e interpretando as informações do repertório, deixando da condição bancária (Freiriana) para uma ação inteligente, baseada na construção de conhecimentos musicais significativos. 70 51 Vivências corporais no canto coral. (SOUZA, Simone Santos. 2012, p. 2309-2316). O artigo investigou o processo corpo voz como um único instrumento vocal, e entender como se vivencia o processo ensino aprendizagem do canto, investigando o coral da UFC. O texto inicia explicando que o corpo está afastado das salas de aula onde se ensina a cantar, como se ainda não tivessem descoberto os seus benefícios em sua totalidade, por isso a dificuldade em incluir na prática vocal. O autor focou sua pesquisa baseado nas seguintes questões: a - que tipos de procedimentos os regentes e preparadores utilizam ao lidar com os corpo do cantor no processo de aprendizagem da voz cantada? b – quais as dificuldades corporais encontradas neste processo? Os cantores buscam nas aulas de canto, um som vocal de qualidade, preocupando-se unicamente com a técnica vocal, com muito conhecimento e treinamento físico e emissão vocal. Mas, o cantor precisa desenvolver consciência corporal plena, saber que a voz faz parte de um corpo que precisa ser vivenciado integralmente. O referencial teórico de COELHO (1994), RUBIM (2000), QUINTEIRO (2000), diz que o ensino de canto deveria necessariamente enfocar um trabalho que integrasse treinamento vocal e corporal, ideia essa presente em várias propostas de ensino. Apesar de saber da necessidade desta integração (corpo e voz), pouco se publicou sobre como acontece essa integração. O coral da UFC foi criado em 1963. Em 1981, a regente Izaíra Silvino, adotou um repertório voltado para o cancioneiro popular brasileiro, procurando seguir o lema da universidade, que era chegar ao universal pelo regional. O trabalho que se iniciara pretendia buscar uma sonoridade mais próxima da nordestina. Para tanto, a regente convidou a professora Leilah Carvalho para orientar vocalmente os cantores do coral. No decorrer do trabalho, além do ganho de sonoridade que se pretendia alcançar, também foi trabalhado o equilíbrio entre corpo e voz. O artigo finaliza dizendo que a busca pela plenitude do processo corpo voz deve passar pelo equilíbrio entre o racional e o intuitivo, e foi isto o que o autor encontrou no trabalho com o coral da UFC. 71 52 A comunicação não-verbal do regente coral durante a execução musical. (BRANCO, Heloiza. 2012, p. 2495-2502). O presente artigo trata da comunicação não verbal entre regente e cantores, esclarecendo quais caminhos que são usado pelo regente para comunicar-se com seus coralistas. O texto se inicia dizendo que o regente em um coral é quem escolhe, analisa e e prepara um repertório musical, mas não o executa. Ele dever concebê-lo em mente e passar tudo o que imagina através de gestos eficazes para um perfeito entendimento dos cantores. O regente ao longo de sua carreira musical vai solidificando uma postura em seus ensaios e apresentações, que o grupo, com o passar dos anos, consegue interpretar e responder com precisão ao que ele está pedindo. Toda esta postura corporal ampliam uma comunicação muito maior com os cantores do que os gráficos gestuais acadêmicos das marcações básicas da regência. O texto apresenta o referencial teórico de Corraze (1980, p. 13) onde ele diz que as comunicações não verbais (CNV), são “o conjunto dos meios de comunicação existentes entre os indivíduos vivos que não utilizam a linguagem humana ou os seus derivados não sonoros (escritos, linguagem dos surdos-mudos, etc...)”. Segundo DAVIS (1979, p. 178) o CNV vai direto ao ponto. O regente é o remetente da informação e o cantor o destinatário da mesma. O regente coral tem o benefício de bastam somente alguns ensaios para que os coralistas entendam o seu código CNV. A postura no texto é definida por Corraze (1980, p. 90) como a posição do corpo em relação a um sistema de referências determinadas. A comunicação não verbal também pode ser entendida através das expressões da face. Segundo Kurtz (1989, p. 104), “de todas as partes do corpo, nenhuma é tão diretamente expressiva como essa complexa unidade de estrutura que denominamos de rosto”. O olhar também é abordado neste texto, trazendo a referência teórica de Yarbrough e Price (1981) concluíram que os regentes com extenso contato visual com seu grupo conseguem que os componentes deste grupo permaneçam mais tempo ativos na tarefa em curso. Ao finalizar, o texto afirma que é de suma importância o regente conhecer cada uma das várias comunicações não verbais e através deles se fazer entender pelos seus coralistas. Ao professor de regência, cabe a explicar ao aluno da importância da consciência de sua postura, expressões faciais, contato visual e movimentos de regência, para evitar qualquer interpretação equivocada dos cantores e sim, buscar respostas musicais claras e rápidas. 72 53 A construção de uma cultura coral: práticas pedagógico-musicais e formações musicais no âmbito dos Festivais de Coros no Rio Grande do Sul (1963-1978). (TEIXEIRA, Lúcia Helena Pereira. 2012, p. 2503-2510). O presente artigo refere-se à apresentação de um projeto de pesquisa de doutorado, que tem como objetivo compreender as práticas pedagógicas musicais e formações culturais e musicais impulsionadas pela dinâmica dos Festivais de Coros no RS entre 63 e 78. O texto traz os estudos de FIGUERÊDO (2009), que estudou os impactos do envelhecimento no processo de ensino aprendizagem musical de cantoras idosas. Já ANDRADE (2011) buscou compreender como a interação social pode contribuir no desenvolvimento da aprendizagem musical em um coral jovem. E GRINGS (2011), pesquisou sobre o ensino da regência em cursos de licenciatura e as funções desse conhecimento na formação do professor de música. Este estudo buscou investigar, nos Festivais de coros citados, como essas redes de trocas se estabelecem entre os participantes (regentes, cantores e público), e qual capital cultural subjaz às práticas educativo-corais. O pesquisador procurou coletar dados da seguinte forma: oral, escrita, iconográfica (conhecimento e descrição de imagens antigas) e sonoras. O autor coletou diversos materiais e ainda encontra-se em faze de análise destes dados, o que ainda não traz no texto nenhuma conclusão final. O artigo finaliza dizendo que os resultados que serão vislumbrados poderão ajudar a compreender como os festivais de coros contribuíram para a formação de uma cultura coral no estado e também em outros lugares, visto que ainda não havia finalizados sua pesquisa com as conclusões que buscava descrever. 54 O canto coral e a terceira idade – o ensaio como momento de grandes possibilidades. (ALMEIDA, Matheus Cruz Paes de. 2013, p. 119-133). O presente artigo traz uma pesquisa que tinha como objetivo verificar as possibilidades pedagógicas de afinação vocal e ritmo em uma atividade de canto coral com cantores da terceira idade. A pesquisa de campo foi realizada no coral “Jovens de Ontem”, criado em 1998, com faixa etária entre 54 a 93 anos. O texto diz que ao longo da pesquisa, se percebeu um ótimo avanço técnico vocal e perceptivo dos coralistas. O texto inicia dizendo que um dos locais mais acessíveis para a musicalização é dentro de um coral. O texto aborda o referencial teórico de PENNA (1990), que diz que o canto em 73 conjunto é um instrumento privilegiado de musicalização. Nesta conjectura, o ato de musicalizar vem sendo cada vez mais adotado pelos educadores/regentes em suas atividades. O trabalho no coral, Jovens de Ontem, foi pautado em descobrir possibilidades pedagógicas de afinação vocal e ritmo em uma atividade de canto coral com pessoas idosas, tendo como objetivo específico descobrir quais atividades rítmicas auxiliariam na aprendizagem e melhorariam o ritmo do coral, para interpretar corretamente o repertório proposto. O coral, na época da investigação contava com 28 componentes, entre54 e 93 anos. O coral tem como objetivo o de integrar o idoso na arte musical. A prática da educação musical por meio do canto coral vem sendo gradativamente mais utilizada por regentes, professores e educadores como um meio eficaz e amplo de musicalização, e esta educação tem enfatizado a aproximação com a realidade do idoso. A formação do regente vem em auxílio em sua caminhada rumo a um resultado sonoro que lhe agrade, além de ter uma boa gestão de recursos humanos. O texto aborda o que disse GAINZA (1988 apud Souza, 2006) que em um coral a memória pode ser uma grande deficiência apresentada. Já SOUZA (2006), salienta dificuldades rítmicas decorrentes de um desequilíbrio emocional, relacionado a uma patologia. A autora, baseada em Gainza, sugere a utilização de atividades pedagógicomusicais que trabalhem bastante a relação corpo e som, para melhor apurar os seus sentidos, em percepção rítmica, auditiva e de concentração. O ensaio do coral Jovens de Ontem é dividido em duas partes, onde a primeira referese a preparação vocal e a segunda o vocalize. Também é realizado trabalhos de respiração, ressonância, articulação. Foram percebidas algumas dificuldades em determinados trechos do repertório o que fez o regente criar alguns vocalizes baseados nestes trechos musicais, para sanar os problemas apresentados. O artigo, em suas considerações finais, descreve que foi extremamente positivo todo o processo que foi realizado no ensaio do coral, trazendo melhorias de afinação e rítmicas que contribuíram com uma melhor interpretação do repertório apresentado pelo coral. 74 55 Preparação vocal em coros comunitários: o percurso de uma pesquisa-ação. (SILVA, Caiti Hauck; RAMOS, Marco Antônio da Silva; IGAYARA, Susana Cecília. 2013, p. 01-08). O presente artigo discute as escolhas metodológicas e os resultados alcançados em uma pesquisa de mestrado focada na preparação vocal, que foi descrita como o período de aquecimento vocal no ensaio coral que tem como objetivo o ensino-aprendizagem coletivo dos fundamentos de uma técnica vocal eficiente e saudável. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2010 e 2012 no coral Comunicantus, laboratório coral do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Os objetivos eram dois. Um, o preparador vocal voltado para o desenvolvimento das habilidades envolvidas em sua atuação e o segundo era o preparador vendo o desenvolvimento do coro com os exercícios de preparação vocal. Foram utilizadas amostragens coletadas nos ensaios e também nos arquivos do coral. Esta pesquisa buscou relacionar a discussão teórica à prática coral, unindo a pesquisa bibliográfica às atividades educativas e de performance, onde o aprendizado geralmente é transmitido oralmente. O texto conclui que um exercício vocal em si não tem valor algum, pois, para ser eficaz, ele precisa ser realizado de uma forma que se atinja os objetivos que levaram à sua escolha. Foi detectado que o regente tinha que dar um retorno dos resultados para o preparador vocal, para que ele pudesse melhorar e trabalhar os exercícios corretos para as situações específicas. Para o preparador vocal não basta somente saber fazer, mas saber ensinar a fazer. Este estudo percebeu então, que não basta somente ter uma lista de exercícios vocais e conhecer a técnica vocal, é preciso efetivar o processo de ensino aprendizagem encolhendo exercícios vocais que resolvessem problemas de produção vocal do coralista, e, de forma consciente, poder corrigi-lo e orientá-lo. E também, as duas perspectivas que motivaram esta pesquisa, a do olhar do preparador vocal para sua formação e para o desenvolvimento do coro por meio dos exercícios, não estão nem opostas nem juntas, formando uma estrutura cíclica e espiral. 56 O perfil do idoso participante do coral da terceira idade. (AMATO, Daniel Chris; MENDES, Adriana. 2013, p. 01-09). Este artigo apresenta uma revisão de um estudo realizado em 2004, comparando-o aos dados coletados em 2013 do coral da 3ª idade, que neste ano de 2013 completa 17 anos de atividades ininterruptas. O texto afirma a necessidade de conhecimento do perfil dos cantores para elaborar estratégias da manutenção do coral, e para a coleta de dados foi utilizado um 75 questionário qualitativo sobre aspectos pessoais e da saúde dos cantores. Os resultados mostram que a atividade coral colabora com a integração social e melhoria na qualidade de vida do idoso, além da aprendizagem musical. O grupo tem como característica ser independente, e a maioria dos coralistas não lê partitura. O regente trabalha com inclusão social, onde os novatos fazem somente uma classificação vocal para ingresso no coral. O objetivo deste estudo foi atualizar o perfil dos integrantes e investigar se o trabalho realizado estava atingindo os objetivos desejados, no que tange ao desenvolvimento musical, físico e de integração social dos cantores dos dezessete anos de atividade do coral de terceira idade. O artigo traz como referencial teórico BARRY e EATHORNE (1994), que diz que muitas alterações fisiológicas e funcionais são atribuídas mais a falta de estímulos do que de alterações atribuídas ao envelhecimento. Também traz a referência de AMATO (2007) que diz que o canto coral pode ser um cenário de qualidade de vida e equilíbrio social. O texto descreve que foi elaborado um questionário qualitativo com oito questões fechadas com múltiplas escolhas como instrumento de coleta de dados nos anos de 2004 e 2013. No ano de 2004, a coleta de dados foi complementada com entrevistas individuais que contribuíram para o entendimento completo do questionário preenchido pelos cantores, mas isso não foi preciso na segunda etapa, em 2013. As conclusões que se chegou com a pesquisa foi que a atividade coral contribui para o aprendizado musical, estimula a memória, favorece uma aquisição maior de conhecimento musical, nas questões rítmicas, técnico vocal e, principalmente, pelo convívio entre os participantes, em um espaço onde eles podem trocar experiências e compartilhar seus valores e realidades. Ao regente que pretende trabalhar com grupos com esta característica, o texto diz que é necessário traçar um perfil dos integrantes para uma boa escolha do repertório, além de atuar além da função de músico, procurando ser um agente de integração social do coral. 57 Canto coral e terceira idade: um relato de experiência. (SANTOS, Hamilton de Oliveira. 2013, p. 603-612). O artigo descreve uma experiência de um projeto que está sendo realizado na ACM (Associação Cristã de Moços) uma instituição ecumênica da cidade se Sorocaba – SP, que tem como objetivo promover a educação musical a um público formado por homens e mulheres da terceira idade por meio da expressão vocal. Este projeto está voltado ao estudo do desenvolvimento, preparação e exercícios vocais, para o melhoramento do desempenho 76 antes e depois do ensaio de um coral da terceira idade, abordando a questão da voz e do canto, além de prevenção para uma boa saúde do aparelho fonador. Os fundamentos teóricos foram coletados com uma entrevista com a fonoaudióloga Mara Behlau. O presente trabalho é justificado também por trazer uma experiência de educação musical não formal. O texto diz que com o avanço da idade, gradativamente uma calcificação e ossificação das cartilagens da laringe, o que ocasiona uma redução da sua mobilidade. O aquecimento vocal acaba sendo de suma importância na preparação do coro para a coordenação e resistência que o corpo precisará para o canto. O texto aborda a referência teórica de BEHLAU e PONTES (1995), que diz que é possível retardar o processo de envelhecimento vocal ou atenuar o impacto deste na qualidade da voz do idoso. Segundo Maria Ignez de Lima Pedroso (1997), o professor de canto é o profissional que precisa ter conhecimentos de fisiologia da voz para que não utilize técnicas que possam ser prejudiciais ou inadequadas. Em suas considerações finais, o texto deixa claro que com os diversos exercícios vocais que foram captados nos referenciais teóricos, houve uma melhora significativa na qualidade vocal dos integrantes, o que contribuiu para que as músicas cantadas durante os ensaios e apresentações fossem interpretadas com mais facilidade. 58 Compartilhando saberes: a “oficina de Canto em Grupo” na formação de educadores musicais em Sobral. (SOUZA, Simone Santos; NASCIMENTO, Jéssica Cisne do; COSTA, Tátila Michele Pereira. 2013, p. 624-632). O texto em questão traz um relato da experiência na condução de uma oficina de extensão como prática de formação docente para estudantes do curso de Licenciatura em Música na Universidade Federal do Ceará. O curso de música / licenciatura em Sobral, criado em 2010, tem como objetivo formar educadores musicais atentos à realidade social, capazes de atuar de maneira crítica e reflexiva, interagindo com o meio e consciente de seu papel acerca da democratização do ensino de música. A extensão universitária acaba servindo como um canal para conectar a Universidade à sociedade através de projetos, eventos e cursos. A música é uma destas áreas, e possibilita à comunidade participar de vivências artísticas através da musicalização e a partir de então, aprofundar seus conhecimentos na área, permitindo que o aluno tenha uma maior sensibilidade e conheça através da vivência do ensino/aprendizagem todas as possibilidades que a música traz e como ela pode ser um agente transformador. 77 A oficina acontece toda quarta feira, no horário entre 16:00 h. e 18:00 h. Nos ensaios é feito um trabalho de técnica vocal e consciência corporal, esclarecendo temas como saúde vocal, respiração, percussão corporal e ressonância. No início de cada semestre é feita a classificação das vozes para ingresso no coral. O repertório é composto de músicas populares e regionais, arranjadas para coro a duas, três ou quatro vozes, além de cânones simples. A oficina já realizou diversas apresentações públicas com o repertório estudado em sala. O texto descreve que tendo como referência as reuniões de planejamento, (realizadas mensalmente), algumas disciplinas como técnica vocal, canto coral, percepção e solfejo e percussão deram base para a prática docente dos alunos/professores, e que foi possível aliar a teoria vista em sala de aula com a prática docente de forma interdisciplinar e complementar. Em suas considerações finais, o texto afirma que a prática dentro da ação de extensão possibilitou aos estudantes a interação teoria e prática dentro do curso de Licenciatura em Música, tendo contribuindo para a formação dos estudantes engajados neste processo. 59 Coral Nova Sinfonia: uma análise da formação por meio do canto coral num projeto social. (CARVALHO, João Gabriel Santana; BATISTA, Leonardo Moraes. 2013, p. 714722). Este artigo descreve um estudo que relata uma experiência de observação dos ensaios de um coral de adolescentes vinculado à ONG Agência do Bem, que tem como foco de atuação regiões carentes da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Tem como objetivo analisar o processo de Educação Musical que se desenvolve nos ensaios do Coral Nova Sinfonia. Foram feitas entrevista-teste com os integrantes do coral no início e no fim do período de observação para avaliar o seu progresso vocal e musical. A agência do Bem é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos e sem finalidade religiosa, que iniciou seus trabalhos em 2005 na Comunidade Beira Rio, localizada no bairro de vargem grande, Rio de Janeiro. A sua missão é melhorar a qualidade de vida dos moradores das comunidades onde atua por meio da geração de oportunidade com o desenvolvimento pleno individual e coletivo. O texto traz o referencial teórico de LAKSCHEVITZ (2011, p. 39), que diz que as crianças que tem um contado constante com a partitura, acabam por ficarem curiosas para aprenderem o significado dos símbolos que estão escritos ali. Também temos o referencial de FUCCI-AMATO (2009) onde ela diz que o coral tem um papel inclusivo em projetos sociais, inclusive abordando uma proposta modelo de um projeto inclusivo, que é o Pro-InCanto. 78 O texto descreve em sua conclusão que há diversas maneiras de se trabalhar o ensino coletivo de música. E o ensino de música em um projeto social assume uma característica própria, pois, além de oportunizar o acesso ao conhecimento musical e artístico, também faz com que os jovens aprendam valores sociais que poderão contribuir com oportunidades de um futuro melhor para eles. 60 “Corpo-voz-movimento”: a educação musical no canto coral. (FRITZEN, Jéssica Franciéli; GUSMÃO, Pablo da Silva; BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro. 2013, p. 735-743). O presente artigo traz uma proposta de educação musical no Grupo Vocal CE Canta da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que é um projeto de extensão vinculado ao Programa LEM. O coral realiza ensaios semanais de uma hora e quarenta e cinco minutos e é integrado por pessoas de diferentes idades, religiões, classes sociais e culturais, dos cursos de pedagogia, artes cênicas, técnico em alimentos, medicina, letras, sociologia, entre outros. O objetivo deste trabalho é descrever experiências musicais no canto coral que utilizem o corpo, a voz e o movimento na potencialização do conhecimento musical e da interpretação do repertório coral. O texto descreve que a proposta de educação musical deste artigo teve seu fundamento teórico na Euritmia de Dalcroze, na abordagem construtivista na prática coral de Bündchen, nas ideias de diferenciações e integrações de Maffioletti e nas pesquisas sobre a importância do gesto para o desenvolvimento de habilidades vocais e da compreensão musical de Wis. O ato de cantar pode parecer estar ligado somente à voz e à técnica vocal. Porém, o texto descreve que a voz faz parte do nosso corpo e que ambos estão interligados e relacionados. O instrumento do cantor não é somente a voz, mas sim o seu corpo inteiro, pois é através do corpo que o indivíduo pode cantar e expressar-se musicalmente, vivenciar a música e compreender características musicais. A autora, ao realizar o seu trabalho no coral, propôs atividades lúdicas musicais, tais como andar pela sala e movimentar-se de acordo com a música. Também foram trabalhados Cânones com o coral, e que em um determinado momento foi possível abrir portas para a criação dos próprios cantores. A autora também pôde trabalhar aspectos de dinâmicas com o coral durante o movimento corporal. O texto conclui que os alunos foram instigados a compreender o que eles estavam fazendo, buscando compreensão da estrutura da música através das frases musicais, marcações de tempo forte, compasso, expressão musical e da melodia das canções. Também 79 foi destacado a importância de exercícios de técnica vocal para o bom desenvolvimento vocal musical, buscando com tudo isto despertar uma maior musicalidade no aluno. 61 Estratégias didáticas na prática do canto coral universitário. (CLEMENTE, Louise; FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira. 2013, p. 1050-1060). Este artigo investiga quais as estratégias didáticas utilizadas pelos regentes em três coros universitários da região do Vale do Itajaí. A pesquisa situa-se no âmbito da pesquisa qualitativa sob o desenho de um estudo multicaso e as técnicas de coleta de dados utilizadas são: entrevista semiestruturada, observações sistemáticas e entrevista por estimulação de recordação. Mas, o presente artigo traz resultados finais apenas em um coral. Os autores deste artigo em princípio fizeram um levantamento de referenciais teóricos que iriam servir de base para a pesquisa, no banco de teses do Portal da Capes, do ano de 1987 até 2011. Foram encontrados 88 trabalhos sobre o tema canto coral, com as palavraschave: educação musical, ensaio coral e regência coral. Também foram verificadas publicações da ABEM, de 1992 até 2011, totalizando 91 trabalhos. Os primeiros resultados mostram a percepção musical como principal conteúdo a ser desenvolvido nesta atividade. E com a constante observação, se pôde organizar as informações em categorias para a análise. Elas são: Aquecimento. O regente prioriza exercícios que aqueçam o trato vocal, fortificando toda a musculatura para a atividade que irá realizar. Algumas vezes também realiza exercícios de respiração e exercícios que estejam ligados as melodias presentes no repertório. Ensaio de músicas novas. O regente demonstra como são as melodias e os cantores repetem. Esta etapa geralmente é realizada no início do ensaio. O regente tenta estimular os cantores a pensar como será a música. Ensaio de músicas conhecidas. O regente geralmente pede aos cantores que pensem como seria a música no aspecto da dinâmica, geralmente já ensaiados em ensaios anteriores. 80 A organização do tempo. O ensaio tem duração de uma hora e dez minutos, duas vezes por semana. Dez minutos são utilizados para o aquecimento e o restante se destina a um objetivo principal, que ou é ensaio de música nova ou manutenção do repertório do coral. Os últimos minutos geralmente são usados para alguns avisos. Organização do espaço. O regente tem o hábito de durante o ensaio, mudar os coralistas de lugar, com o objetivo de preparar o coral para toda e qualquer situação que possa ocorrer em relação a espaço de apresentação. Materiais didáticos. É utilizado um teclado eletrônico e é distribuída a letra da música. O regente não entrega a partitura, pois, segundo ele, atrasaria o processo de aprendizado da música, visto que o objetivo não é o ensino de teoria musical, mas sim o desenvolvimento perceptivo musical. Preparação para a execução musical. O regente tem o hábito de se afastar afetivamente do grupo, posicionando-se mais neutro. Segundo ele, esta postura prepara o coral para qualquer situação de plateia que venham a enfrentar. Antes da apresentação, o regente realiza um breve aquecimento e passa o início de cada música, na sequência que serão apresentadas, fazendo algumas observações que achar conveniente. Em suas considerações finais, o texto descreve que por ser um espaço de muita rotatividade de cantores, o trabalho musical precisa ser constantemente reiniciado. Isto acaba focando o trabalho a curto e médio prazo, e mais focado na melhoria da percepção musical dos cantores. O regente percebeu que alguns conteúdos só podem ser aplicados no coral como forma de despertar o interesse para serem exercitados em outra situação. O desenvolvimento da percepção musical, já mencionado, acaba sendo o melhor caminho para um resultado musical bem sucedido. 81 62 Os Festivais de Coros do Rio Grande do Sul (1963-1978) e o engendramento de práticas músico-educativas. (TEIXEIRA, Lúcia Helena Pereira. 2013, p. 1881-1890). Este artigo visa apresentar resultados parciais de uma pesquisa que buscou compreender as práticas músico-educativas geradas pelos Festivais de Coros do Rio Grande do Sul, no período de 1963 a 1978. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e utiliza também a história oral temática, além de entrevistas, matérias em jornais e revistas. O Festival de Coros do Rio Grande do Sul no ano de 1963 teve caráter regional. Em 68, 69 e 71, teve dimensão nacional. Em 1973, aconteceu o primeiro Festival Internacional de Coros, tendo seguido com essa designação até 1978. O primeiro festival nasceu como necessidade de levantamento de fundos para a compra de um novo órgão para uma igreja da cidade de Porto Alegre-RS, e não tinha a ambição de se tornar um movimento cultural. O festival teve bastante apoio na confeção de cartazes do festival. Também recebeu o apoio da Reitoria da UFRGS, que cedeu seu salão de Atos para apresentações musicais, e para as refeições dos participantes. Uma drogaria auxiliava na venda antecipada de ingressos para o festival. O serviço estadual de turismo, a partir de 1964, também passou a se responsabilizar pela confecção dos cartazes do festival. A associação procurava manter uma relação bem próxima com a imprensa. Buscava também a cooperação de governantes para angariar auxílio financeiro. Tornou-se uma tradição dos festivais as “serenatas de agradecimento”, onde os coros eram levados para cantar nas redações de jornais apoiadores e no Palácio Piratini. Os organizadores buscavam envolver a população, pedindo para esta receber calorosamente os coros que chegavam à cidade para participarem do festival. Todos estes movimentos ajudaram sobremaneira a manutenção e o envolvimento de todos os participantes, impulsionando as práticas músico educativas durante os festivais de coros, e estas práticas geraram vínculos de longo prazo que fortaleceram ainda mais o movimento músico educativo. 63 Os saberes docentes e o canto coral com adolescentes. (FRANCHINI, Rogéria Tatiane Soares. 2013, p. 1908-1916). Este texto busca realizar uma pesquisa para identificar os saberes necessários à prática do canto coral juvenil, com o olhar de três regentes que atuam em corais juvenis na cidade de Curitiba e Maringá – PR, analisando a interface da atividade regente-educador, verificar em que instância a atividade coral para adolescentes se configura como educação musical e 82 verificar nas práticas dos regentes elementos que possam ser utilizados como proposta de educação musical e discutir as possibilidades metodológicas para o trabalho com coros juvenis. Para isto foi utilizado como método de pesquisa o estudo multicaso com abordagem qualitativa. O texto inicia descrevendo que o regente é o profissional habilitado a trabalhar com os mais diversos grupos vocais ou instrumentais, conduzindo-os de acordo com seus objetivos e propostas e contribuindo no desenvolvimento musical e social de seus cantores ou instrumentistas. O texto aborda o referencial de FIGUEIREDO (1990), onde ele diz que é fundamental que os regentes reflitam sobre a atividade coral, não esquecendo a função educacional. O conhecimento técnico do regente decorre do conhecimento e habilidade musical que o indivíduo adquire e desenvolve através de suas experiências. Mas, em sua formação não pode faltar o domínio técnico e musical de forma ampla, para este poder atender à demanda dos diversos setores da sociedade, como universidades, empresas, escolas e outras instituições, que buscam profissionais capacitados para desenvolverem um trabalho de qualidade em seus coros. O trabalho com coro juvenil requer uma habilidade maior do que a musical. Ele também deve ser um educador musical, e servir de exemplo para seus coralistas, e também conter a habilidade de liderar grupos e motivar cada um de seus componentes, levando a uma vivência musical plena, nos aspectos pessoal e comunitário. O texto enfatiza que é importante uma reflexão a respeito da formação do profissional que irá trabalhar com coro juvenil, visto que os cursos de graduação em regência coral nas universidades brasileiras é voltado para a regência de coro adulto. Em sua conclusão, o texto descreve que dever realmente haver uma discussão acerca da habilidade do regente de coro juvenil no que diz respeito a sua formação e prática pedagógica, fazendo com que busquem desenvolver um trabalho que atende as características fisiológica, emocionais e musicais do seu grupo. 64 Repertório para coro infanto-juvenil nos grupos corais do Projeto Guri. (PAZIANI, Juliana Damaris de Santana. 2013, p. 2215-2225). O presente artigo pretende fazer um levantamento do repertório coral executado por coros infanto-juvenis do Projeto Guri da Regional Ribeirão Preto. Foram selecionados cinco 83 corais das vinte e cinco cidades que possuem coros, onde foram realizadas visitas a estes coros e entrevistas com os regentes-educadores, e com isto fazer uma reflexão do conteúdo coletado e compreender se existe algum processo de musicalização neste repertório. O texto descreve que há uma informalidade na escolha do repertório, que buscam arranjos de canções populares e de cancioneiro infantil, e isto acaba inibindo uma autonomia que deveria existir para composição de repertório específico para a faixa etária. Em sua fundamentação teórica, foi adotado as ideias de Murray Schafer,que se dá pel adequação de seus princípios extremamente cabíveis a diversas realidades culturais ou sociais, pois trabalha com a sensibilização musical através da importância do ouvir. Como a pesquisa ainda não havia sido concluída, o texto não traz uma conclusão, mas pode-se perceber que existe a necessidade de repertório próprio para grupos corais infantojuvenis, devido as peculiaridades destes grupos corais. A seguir, encontram-se gráficos que explicam, qualitativamente, os temas encontrados nesta pesquisa (2009 a 2013) e ano a ano (2009, 2010, 2011, 2012, 1013) 84 3.3 – GRÁFICOS GRÁFICO 01 – 2009 a 2013 – TEMAS ENCONTRADOS. 2009 a 2013 1 - Socialização 4 - Expressão vocal corporal 7 - Regência coral 10 - Canto orfeônico 13 - Legislação sobre música 16 - Teoria musical 2 - Técnica vocal 5 - Repertório 8 -Coral infanto juvenil 11 - Coral infantil 14 - Motivação 3 - Musicalização 6 - Coral de idosos 9 - Métodos ativos 12 - Gestão de pessoas 15 - Ensaio à distância 16 -1% 15-2% 14 - 2% 13 - 3% 12 - 3% 10 - 4% 11 - 4% 1 - 15% 9 - 5% 8 - 5% 7 - 5% 2 - 15% 6 - 6% 3 - 13% 5 - 8% 4 - 8% 85 GRÁFICOS DOS TEMAS - POR ANO 2009 1 - Musicalização 2 - Socialização 3 - Técnica vocal 4 - Expressão vocal e corporal 5 - Repertório 6 - Socialização 7 - Regência coral 8 - Coral infanto juvenil 9 - Coral de idosos 10 - Gestão de pessoas 11 - Métodos ativos 12 - Teoria musical 10 = 3% 11 = 6% 12 - 3% 9 = 6% 8 = 6% 1 = 17% 7 = 6% 6 = 6% 5 = 8% 4 = 11% 2 = 17% 3 - 17% 86 2010 1 - Socialização 2 - Técnica vocal 3 - Repertório 4 - Regência coral 5 - Expressão vocal e corporal 6 - Musicalização 7 - Motivação 8 - Gestão de pessoas 9 - Regência coral 10 - coral de idosos 11- Coral infantil 12 - Legislação sobre música 13 - Métodos ativos 13 = 8% 11=2% 12 = 2% 10 =4% 1 = 19% 9 = 6% 2 = 4% 8 = 4% 7 = 2% 6 = 15% 3 = 4% 5 = 6% 4 = 13% 87 2011 1 = Técnica vocal 2 - Inclusão social 3 - Musicalização 4 - Socialização 5 -Expressão vocal e corporal 6 - Repertório 7 - Gestão de pessoas 8 - Regência coral 9 - Coral infanto juvenil 10 - Coral infantil 11 - Coral de idosos 12 -Métodos ativos 13 - Teoria musical 12 = 3% 13 = 3% 1 = 17% 2 - 6% 11 = 6% 10 = 6% 3 = 21% 9 = 6% 8 = 3% 7 = 9% 4 = 17% 6 = 8% 5 = 11% 88 2012 1 = Socialização 2 - Musicalização 3 - Expressão vocal corporal 4 - Métodos ativos 5 -Expressão vocal e corporal 6 - Canto orfeônico 7 - Legislação sobre música 7 = 7% 1 = 17% 6 = 8% 5 = 11% 2 - 6% 4 = 17% 3 = 13% 89 2013 1 = Técnica vocal 2 - Musicalização 3 - Coral de idosos 4 - Socialização 5 -Regência coral 6 - Coral infanto juvenil 7 - Coral infantil 7 = 4% 6 = 8% 1 = 17% 5 = 11% 2 - 6% 4 = 17% 3 = 17% 90 3.4 ANÁLISES Ao longo desta catalogação, percebi temas recorrentes nos artigos. Estes temas descreviam atividades, características, aptidões ou finalidades a que serviam o canto coral. Abaixo, descrevo-os. Técnica vocal A técnica vocal consiste em realizar atividades de relaxamento, aquecimento e vocalizes que desenvolvam o aparelho fonador para um melhor resultado musical sonoro. Em boa parte dos artigos lidos durante o processo de coleta de dados, se pôde perceber que a técnica vocal tem sido tema recorrente. Os regentes têm dado uma enorme importância à técnica vocal, pelo fato de estas, além de aquecerem a corda vocal, fortalecem toda a musculatura do aparelho fonador, tonificando, ativando uma melhor irrigação em toda a região, o que prepara os cantores para as seguidas horas de ensaio e previne contra danos ao aparelho fonador. Musicalização A musicalização é definida como a construção do conhecimento musical, e o despertar do gosto pela música. Os textos descrevem a importância em se agregar o ensino do repertório a musicalização, que já está inserida indiretamente no processo de ensino, porém requer habilidades e estratégias didáticas do regente na utilização correta de estratégias para se alcançar os objetivos propostos. Socialização É o ato de integrar alguém a algum grupo ou sociedade e fazê-lo sentir acolhido, despertando no sujeito o espírito coletivo. Em diversos textos, a socialização é algo descrito como característica presente nos grupos corais. Sejam eles para qual propósito foram criados, sempre se percebe que ocorre esta manifestação essencial ao ser humano, e completamente visível em grande parte dos projetos de canto coral investigados. 91 Expressão vocal corporal É o ato de se aliar o canto com movimentos corporais definidos, com intuito de melhor interpretação e pleno uso do corpo musical. Alguns trabalhos relatam o processo de ensino visando aliar o canto com a expressão corporal, auxiliando o processo de formação sonora do grupo que pretende trabalhar com voz e movimento. Repertório São as músicas um cantor ou grupo coral irá cantar. As diversas informações colhidas sugerem que o repertório para coral deve ser decidido pelo regente. Porém, alguns trabalhos relatam que este procedimento foi feito em conjunto com os coralistas, ativando assim o trabalho em equipe e a motivação do grupo. Em um trabalho a maestrina percebeu que poderia deixar livre a decisão acerca do repertório, buscando com isto estimular a criatividade dos envolvidos, o que acabou ocorrendo de forma bastante satisfatória. Motivação É o impulso que faz com que as pessoas ajam em busca de um objetivo. Os textos que abordaram a motivação levaram em conta o processo de interpretação de uma determinada peça musical, como também o fato de se poder sugerir um repertório de gosto consensual. Também se percebeu em nível de motivação, os desafios pessoais que cada indivíduo do coro enfrentaria, sejam estes de melhora da afinação, melhora da memorização ou diminuição da inibição ao se cantar em conjunto. Gestão de pessoas É um conjunto de habilidades que o sujeito líder deve ter para administrar os diversos comportamentos internos e potencializar as qualidades dos liderados. O regente de coral, segundo alguns textos, precisa ter habilidade não somente musical, mas também pedagógica e também, de gerir pessoas, pois trabalhar com coral é basicamente administrar vários interesses e convergê-los em um único objetivo. 92 Regência coral Os textos abordam que o regente tem que ter conhecimentos teóricos musicais, gestuais e vocais suficientes para uma melhor realização das suas atividades musicais, além também de ser dotado de habilidade administrativa, com competência na gestão de pessoas, detectando suas motivações e expectativas em buscando caminhos para a realização destas metas. Habilidade em se fazer entender somente com o gestual, pois esta é a principal forma de comunicação entre o regente e seus coralistas. Ensaio à distância É o ato de se realizar os ensaios de um grupo coral de forma não presencial, com ajuda de alguma ferramenta para tal. Um trabalho abordou o ensaio à distância como uma possibilidade em coros onde os participantes morem longe uns dos outros. A ferramenta utilizada para os ensaios foi o software Skype, onde os participantes podem se ver e se escutar durante os ensaios. Apesar de bastante prático, esta ferramenta, segundo o texto, só deve ser utilizada para ensaios complementares, visto que a melhor forma de ensaio ainda é o presencial. Coral Infanto-Juvenil Os trabalhos enfocando coro infanto-juvenil versam principalmente sobre o repertório que dever ser bem escolhidos, devido a muda vocal ocorrida nesta idade. Também abordam, no caso de projetos sociais, a inclusão do jovem na sociedade, utilizando a ferramenta canto coral para proporcionar oportunidades de cidadania ao jovem. Coral Infantil Os textos abordam a musicalização como atividade principal a ser realizada em coros infantis, além de oportunidades sonoras para o desenvolvimento musical e social da criança na sua formação infantil, com o objetivo de alicerçar todos os benefícios que esta atividade musical proporciona. 93 Coral de idosos O trabalho com canto coral na melhor idade, segundo os textos encontrados, deve ser bem planejado, com um olhar cuidadoso para o repertório, e para as limitações que a própria idade leva ao ser humano, como o desgaste vocal e a perda visual e auditiva, que podem influenciar negativamente no rendimento dos ensaios e apresentações. O coral também é uma oportunidade que o idoso tem de socialização, e esta oportunidade deve ser bem compreendida pelo regente na busca pelos resultados sonoros buscados. Legislação sobre o ensino de música Alguns artigos que tratam desta questão trazem um resumo histórico das leis que nortearam o ensino de música no Brasil, iniciando no canto orfeônico, até a atual lei nº 11.769/18-08-08, que torna o ensino de música obrigatório nas escolas públicas brasileiras. Métodos ativos de ensino São métodos de ensino onde o aluno participa diretamente, com uma vivência de diversos elementos musicais. Os trabalhos trazem conteúdos de referência teórica dos métodos ativos de Dalcroze, Willems, Kodály, Carl Orff, baseando com isto as aplicações de atividades musicais nos diversos espaços de ensino que surgiram. Teoria musical É o conjunto de conhecimentos que pretende analizar, classificar, compor, compreender e se comunicar a respeito da música. Um texto aborda que tinha como didática o aprendizado da teoria musical dos seus cantores, para com a aquisição destes conhecimentos, os ensaios passassem a ter um rendimento muito maior, se produzindo muito mais música. 94 Canto orfeônico Sistema de ensino de música aplicado coletivamente, com intuito de musicalizar os participantes. Os textos que abordam o Canto Orfeônico destacam o trabalho de Heitor Villa Lobos nas escolas brasileiras, mas apenas para introduzir algo acerca do canto coral, e também trazem informações sobre o guia prático que existe para aplicação em coros. 4 -CONCLUSÃO A conclusão que cheguei é que o canto coral tem uma imensa importância em uma sociedade cada vez mais carente de processos sociais que melhorem a saúde mental do ser humano, isto associado ao prazer de se fazer algo rotineiro que estimule a coletividade em busca de um objetivo em comum. Nos muitos projetos sociais que vemos em nosso país, o canto coral está sempre tendo grande aceitação, por inúmeros motivos: o fato de ser relativamente fácil de implementar, pois o instrumento musical utilizado já vem com o indivíduo, que é a voz. Também, os materiais para sua implantação, que são as vozes, ou seja, os cantores coralistas. O regente, que geralmente trabalha com um piano ou teclado, materiais estes que podem facilmente serem disponibilizados. As partituras, letras e áudios das músicas, que facilitam o aprendizado do repertório, além do espaço físico para os ensaios, com tamanho e temperatura adequada. Mas, tudo isto não é mais importante do que a vontade de se trabalhar e principalmente, a capacitação do regente de coral, que deve ter habilidade musical suficiente para realizar os ensaios, ensinar todas as vozes com a devida preparação técnica vocal, resolvendo problemas rotineiros como afinação, andamento e respiração. Também cabe ao regente ter habilidade de trabalho em equipe, sabendo motivar, traçar objetivos com o grupo e orientá-los a atingirem estes objetivos. Também, o regente deve ter habilidade pedagógica, estabelecendo um planejamento dos ensaios coerente, com o intuito de atingir os objetivos buscados, e se portar como um profissional prestativo, tirando todas as dúvidas que surgirem, e procurar passar segurança e confiança no que faz, além, também, de ser colega dos seus coralistas, incentivando a socialização e o espírito de equipe. Aos cursos de licenciatura em música em nosso país, cabe oferecer disciplinas teóricas bem fundamentadas no processo de ensinar, e também, oferecer oportunidades práticas, pois estas sim proporcionam o deslanchar do aluno na prática rotineira de ensino que este terá ao longo de sua carreira como docente. 95 Pude perceber na leitura destes artigos que o canto coral tem papel fundamental em sua atividade: o papel socializador, que ajuda na conquista de novas amizades, na fuga da solidão e na necessidade de se sentir útil em alguma atividade, elevando também a autoestima dos envolvidos a cada desafio imposto e alcançado. Na educação musical, levando o conhecimento de forma não formal, o que acaba fazendo com que o conteúdo seja assimilado de forma imperceptível. O conhecimento vocal e tudo que trata de fisiologia da voz e saúde vocal, com o intuito de melhor aproveitamento de todo o aparelho fonador para uma melhor produção sonora. Também da relação que há entre o corpo, o ritmo e a voz, que estão fisiologicamente ligados e se descobertos e utilizados corretamente, potencializam a produção vocal e musical do indivíduo. Os artigos também descrevem o crescimento do conhecimento cultural dos coralistas, fazendo com que estes ampliem seu entendimento sobre música e cultura, tornando-se mais crítico e despertando a apreciação do fazer musical. No que tange ao regente, os artigos descrevem as seguintes características que este deve ter: ciência do seu papel de músico, tendo pleno conhecimento musical e capacidade técnica para, através de seus gestos, se fazer entender. Conhecimento técnico vocal para o trabalho de vocalize do coro e correta interpretação vocal do repertório. E habilidade de educador, estando sempre cuidadoso com a didática pedagógica que irá aplicar e se esta fará com que se atinjam os objetivos previamente planejados. Habilidade em administrar grupos, pois estando à frente de pessoas que se dispõem a alcançar um objetivo musical em comum, deverá orientá-los, capacitá-los e motivá-los a alcançar estes objetivos. Os artigos também discorrem sobre a saúde do regente, afirmando que estes devem sempre se auto avaliar, não somente nas referidas características já citadas acima, mas também em relação a sua saúde vocal, procurando apoio fonoaudiólogo ou de médico otorrino, de forma preventiva, se precavendo assim de qualquer alteração ou dificuldade que venha a apresentar na condição vocal do seu trabalho. Apesar de inúmeros temas encontrados, percebi que nenhum artigo tratou de temas como conflitos nos grupos de canto coral, que pela vivência já de vinte anos, percebo que é algo a se investigar. Também não apareceram estudos sobre os benefícios cognitivos da música, ou estímulos cerebrais, que a música coral leva ao ser humano. Este tema também merece um estudo contextualizado, para agregar ainda mais riqueza ao universo do canto coral. 96 REFERÊNCIAS ABROMONT, Claude; MONTALEMBERT, Eugène de. Teoria de la Musica: Una Guia. México: Ed. Fondo de Cultura Economica, 2005. AGUIAR, Frederico Neves de. FREIRE, Vanda Lima Bellard. A prática coral sob perspectiva de musicalização. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇAÕ MUSICAL, 18, 2009, Londrina. Anais... Londrina: ABEM, p. 229-236. ALMEIDA, Matheus Cruz Paes de. O canto coral e a terceira idade – o ensaio como momento de grandes possibilidades. Revista da ABEM, v. 21, n. 31, jul.– dez.2013, p. 119-133. ADAMEK, Karl. Singen als Alltagsbewältigung - Ergebnisse eines empirischpsychologischen Forschungsprojektes als Argumente für eine “Erneuerte Kultur des Singens”. In: GEMBRIS, Heiner; KRAEMER, Rudolf-Dieter; MAAS, Georg (Hrsg.). Musikpädagogische Forschungenberichte. Augsburg: Bernd Wissner, 1997. p. 85-107. AMATO, Daniel Chris. MENDES, Adriana. 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