3º Congresso Nacional da UNISOL Brasil Desenvolvimento Sustentável da Economia Solidária Brasileira: Eixos Estratégicos 2012 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS S U M ÁR I O APRESENTAÇÃO .......................................................................... 3 EIXO1: A UNISOL BRASIL E SUA ESTRUTURA ................................ 4 Federalização .............................................................................. 4 Sustentabilidade das Federações .................................................... 5 Formação .................................................................................... 6 Assessoria Técnica ....................................................................... 7 Comunicação ............................................................................... 7 Setoriais ..................................................................................... 8 Estrutura e Organização dos Setoriais ........................................... 11 Juventude.................................................................................. 11 Gênero ...................................................................................... 12 EIXO 2: MARCO JURÍDICO PARA AS COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS DE E CONOMIA SOLIDÁRIA ........................... 14 EIXO 3: RELAÇÕES NAC IONAIS E INTERNACIONAIS ..................... 16 Relações Nacionais da UNISOL Brasil ........................................... 16 Internacional: Empreendimentos Solidários do Brasil para o mundo ... Atuação política ................................ ................................ ....... Cooperação técnica .................................................................. Cooperação para o desenvolvimento ........................................... 19 19 20 21 EIXO 4: SUSTENTABILI DADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DA UNISOL BRASIL ..................................................................................... 22 EIXO 5: ESTRATÉGIAS E PRIORIDADES DE AÇÕES (DIRETRIZES ESTRATÉGICAS) ........................................................................ 25 EIXO 6: INOVAÇÃO .................................................................... 27 2 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Ap r e s e n t a ç ã o O Congresso Nacional da UNISOL Brasil acontece a cada três anos e é realizado em um espaço democrático de debate político , em que acontece o balanço da gestão, análise e discussão da conjuntura, traça as estratégias de ação, além da eleição d a nova direção da UNISOL Brasil para o próximo período. Este Congresso será mais um momento de reflexão sobre questões e desafios relacionados às nossas vidas, a Economia Solidária e a definição das estratégias políticas internas e externas relacionados à UNISOL Brasil, a serem desenvolvidas e construídas para implementar u m p r o j e t o d e D e s e n vo l v i m e n t o S u s t e n t á v e l d a E c o n o m i a S o l i d á r i a Brasileira. Neste Congresso foi feita a opção de construir temas, denominadas de Eixos Estratégicos, que nortearão as políticas da UNISOL Brasil nos próximos anos. A partir destes Eixos Estratégicos , será construído plano de ação da próxima direção. Os presentes seis eixos estratégicos partem de uma reflexão sobre as crises atuais, o enfrentamento ao combate a miséria, o balanço organizativo do nosso projeto cooperativista , na perspectiva de subsidiar os empreendimentos de Economia Solidária para os atuais desafios políticos, sociais, econômicos, ambientais e organizativos. Dessa forma, consolidaremos uma instituição capaz de pautar transformações fundamentais e estruturantes para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Avançando em direção do fortalecimento do projeto político da UNISOL Brasil, mantendo-nos atuantes no cenário nacional e internacional como interlocutora dos Empreendimentos Autogestionários . É c o m e s s a g a r r a e f o r ç a d e v o n t a d e , a p a r t i r d e s s a b r e ve apresentação, que desejo a todos os delegados e delegadas ótimas discussões e que possam construir momentos de reflexão sobre questões relacionada s aos nossos desafios históricos, cotidianos e futuros. Bom trabalho a todos e todas! Ar i l d o M o t a L o p e s Presidente da UNISOL Brasil 3 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o1 : A UNI SO L Br a sil e s ua E str ut ura A UNISOL Brasil comemorará oito anos de existência durante a terceira edição do Congresso. Uma instituição de âmbito nacional que representa os anseios dos empreendimentos autogestionários e que age de forma moderna e democrática, visando sempre os interesses reais da classe trabalhadora. Uma entidade protagonista atuando junto com a sociedade, o poder público e os movimentos sociais. Por ser uma instituição a nível nacional, compartilhamos de culturas e crenças diferentes, política diversificada, distancia geográfica, diferentes climas, demandas das mais variadas, ações e prioridades diferentes em cada estado e região. Este cenário exige capacidade de d i r e ç ã o , o r g a n i za ç ã o e m o b i l i z a ç ã o . N ã o h á c o m o t r a n s f o r m a r e conquistar hegemonia espontaneamente se não houver apoio e representatividade ativa na base, ou seja, a UNISOL Brasil somente é forte se seus filiados estiverem alinhados em propósitos comuns e com autonomia política e econômica. Sempre houve esforço deste mandato em planejar uma gestão participativa e atuante. Apesar das dificuldades já relatadas, é importante destacar algumas ações que estão dando certo e outras que ainda são novas, mas podem contribuir na superação destes desafios e ajudar a construir uma estratégia que case com as propostas da UNISOL Brasil. Por exemplo: Federalização A f e d e r a l i za ç ã o s i g n i f i c a o c o n t a t o d i r e t o d a U N I S O L B r a s i l c o m a s filiadas nos estados. O objetivo é criar bases formalizadas de apoio aos filiados e estar próximo da realidade e das demandas locais, buscando aglutinar as atividades de interesse da UNISOL Brasil e dos filiados naquela região. As b a s e s d e a p o i o e s t a d u a i s t e r ã o a s s e g u i n t e s a t r i b u i ç õ e s : I. II. III. IV. V. VI. Implementar a política e as orientações da Central; Celebrará convênios e projetos que atendam as necessidades dos empreendimentos filiados; Construir parcerias locais, estaduais, nacionais e internacionais; Deverão filiar empreendimentos autogestionários que atendam a política e orientações da Central, os quais ao se filiarem a UNISOL do estado, automaticamente estarão filiados a UNISOL Brasil. Incentivar, desenvolver, acompanhar os empreendimentos filiados da UNISOL Brasil; Estabelecer relações de intercambio e cooperação com as bases de apoio de outros Estados; 4 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS VII. VIII. IX. X. XI. XII. XIII. XIV. Desenvolver táticas de atuação política para fortalecer a UNISOL Brasil, de acordo com a realidade de cada estado; Definir um plano de trabalho específico para seu Estado e apresentar para a Direção Executiva da UNISOL Brasil; Apoiar e fortalecer a Economia Solidária no seu Estado de acordo a política e as orientações da Central; O dirigente do estado deverá buscar formas de se reunir ao menos uma vez por mês e prestar contas das ações para os filiados e a UNISOL Brasil Nacional; O dirigente será indicado e eleito no congresso nacional da UNISOL Brasil a partir da indicação de seu próprio estado junto com o conselho administrativo; Os estados indicarão os delegados que irão participar do congresso nacional da UNISOL, proporcional a quantidade de empreendimentos filiados e em gozo de seus direitos estatutários, ou seja: 1 a 4 empreendimentos filiados – 1 delegado 5 a 15 empreendimentos filiados – 3 delegados 16 a 30 empreendimentos filiados – 4 delegados 31 a 45 empreendimentos filiados – 5 delegados 46 a 60 empreendimentos filiados – 6 delegados 61 a 75 empreendimentos filiados – 7 delegados 76 a 100 empreendimentos filiados – 8 delegados 101 empreendimentos acima – 10 delegados As bases de apoio estaduais elegerão conselhos fiscais com o objetivo de fiscalizar as operações financeiras; Deverão arcar com as despesas/custos que a base de apoio tiver. Nesse sentido a base de apoio estadual garantirá uma Central de representação enraizada, profissional, devidamente representativa e com as características locais e te rritoriais. Nosso debate e atuação junto aos empreendimentos filiados são fundamentais para o fortalecimento da UNISOL Brasil. Aprofundar nossa atuação é imprescindível, para que estes sócios trabalhadores se sintam representados. Sustentabilidade das Fe derações Importante que a partir desta forma de organização, a UNISOL do estado passa a ser a responsável pelo recolhimento da contribuição das afiliadas. Sendo que 50% ficarão para a UNISOL local e outros 50% para a UNISOL Brasil, e este recolhimento ser á efetuado pela UNISOL do estado e repassado para a Nacional, que pela relação direta com os filiados garantirá com mais facilidade e eficiência sua execução. 5 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Formação A formação e a educação são alicerces para desenvolver uma sociedade mais justa, i gualitária, atuante e descentralizada da visão individualista. A UNISOL Brasil, desde sua criação, teve como pauta estratégica este tema, que é transversal no dialogo e nas demandas técnicas e políticas das suas filiadas e da sociedade. Assim a formação pr ecisa qualificar seus dirigentes, filiados e o corpo técnico. Estabelecer juntamente uma visão de emancipação ideológica e que interfira na realidade do mundo, do Brasil e do seu território. Sendo assim a formação precisa ser pensada em dois aspectos: Formação Política como ação a ser desenvolvida pela Central para os seus dirigentes e lideranças. Voltada para a pluralidade, envolvendo um conjunto de experiências formativas presentes na UNISOL Brasil, na Economia Solidária e na relação capital/trabalho, em que o participante tenha a concepção baseada na troca de saberes, advindo de conhecimento da pratica e da academia. Além da construção de conhecimento crítico voltado à transformação da realidade no empreendimento e na sociedade, em que o dirigente da UNISOL Brasil estará preparado para ocupar funções de destaque em favor da classe trabalhadora. Formação Técnica que contempla as demandas dos empreendimentos, por exemplo, na área de gestão, marco jurídico, contábil, produção e organização do trabalho. Fo rmação técnica voltada à realidade do filiado e do mercado. Tendo como objetivo estratégico a superação de desafios enfrentados em uma visão abrangente, envolvendo questões de competitividade, inovação tecnológica e qualificação profissional dos sócios trabalhadores. Estas ajudarão o empreendimento a superar algumas crises de mercado, econômica e política, que não está sobre seu controle, mas se adequará para as demandas do momento atual. Nestes dois aspectos deverão ser estimuladas as parcerias com universidades, intercâmbio nacional e internacional, seminários, oficinas e cursos desenvolvidos pelo Departamento de Formação da UNISOL Brasil. 6 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS As s e s s o r i a T é c n i c a A UNISOL Brasil sempre cont a com o apoio da assessoria técnica nos Estados e em sua sede nacional. A assessoria técnica tem o papel de oferecer suporte aos dirigentes no estado, para as filiadas e fazer a ponte com parceiros quando necessário. É preciso ter consciência de que o assessor é referencia institucional e política para os parceiro s locais, nacionais e internacionais. O assessor técnico mobiliza, articula, organiza e prioriza as demandas que surgem. Apoia e elabora projetos, auxilia na comunicação e faz a ponte com a coordenação técnica de projeto e com a direção no seu estado. O assessor técnico, dependendo do perfil, pode ser político, ciente de que o dirigente de qualquer instancia da UNISOL Brasil sempre terá a palavra final nos encaminhamentos e decisões que forem tomadas em nome da Central. O mesmo tem que se identificar com a missão e os valores da Central, ou seja, não ir contra os interesses e nem colocar em risco a imagem da instituição. Com isso, é importante construir uma estrutura que fortaleça sua organização através do papel de seus dirigentes. Investir na capacitação da direção com o objetivo estratégico de possibilitar uma compreensão maior da UNISOL Brasil, do movimento cooperativista e da Economia Solidária. Ter assessoria técnica pontual e dirigente liberado, parcialmente ou i n t e g r a l m e n t e , p a r a f a ze r o p a p e l d e c o o r d e n a ç ã o , a r t i c u l a ç ã o e representação. Papel que hoje, na maioria dos Estados, os técnicos fazem, porque estão liberados, enquanto o dirigente esta administrando seu empreendimento. Para ajudar nessa reflexão tomamos como exemplo a CUT (Central Única dos Tr abalhadores) e de outros movimentos sociais nacionais e internacionais. Dar este passo significa não afastar o dirigente do papel de coordenador para assumir o técnico, causando assim certo desconforto. Comunicação A comunicação da UNISOL Brasil passou por um processo de melhoria nos últimos anos. A direção da UNISOL Brasil compreende que a comunicação é um instrumento estratégico para avançar cada vez mais no projeto político. Passou -se a investir esforços nesta pasta. Foi contratado profissional para f ornecer assessoria não só de imprensa, mas de comunicação como um todo. Também ocorreu uma maior conscientização dos dirigentes sobre a importância de propagar as propostas e ações da UNISOL Brasil, suas filiadas e parceiros. O resultado foi à criação de d ois veículos de comunicação: página na internet com atualizações diárias e jornal impresso. Após a última reformulação do Portal da UNISOL Brasil via internet, o número de 7 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS acessos em todo o mundo quadriplicou, principalmente nas redes sociais. Já o jornal é publicado mensalmente com apoio de instituições parceiras, com grande visibilidade. Não podemos deixar de destacar a parceria com a TVT (TV dos Trabalhadores), jornal ABCD Maior e Tribuna Metalúrgica, que sempre nos apoiaram na publicação de noticias da UNISOL Brasil e Economia Solidária. Estes dois instrumentos veem sendo um espaço democrático que está ajudando a garantir à universalização do acesso a informação para a classe trabalhadora. Avançamos na comunicação institucional, mas precisamos melhorar para alcançar o modelo ideal. Nossos meios de comunicação precisam estar em consonância com os avanços tecnológicos e os sentimentos das filiadas. A UNISOL Brasil e seus dirigentes precisam estar mais inseridos nos meios de comunicação de massa, como jornai s, rádios e TVs comunitárias, até as grandes mídias. Setoriais A organização por setor tem acompanhado a UNISOL desde sua criação, com encontros de empresas recuperadas (presença forte do setor de metalurgia) confecção e têxtil, e artesanato. Porém, no congresso de 2009 ficou definido que as cooperativas seriam organizadas por setor, o que se tornou marco da UNISOL e uma referencia na Economia Solidária brasileira. Atualmente com 10 setoriais estruturados, já foi realizado neste período o encontro nacional de oito setores. Segue uma análise provocativa dos setoriais: Ag r i c u l t u r a F a m i l i a r - é u m s e t o r e m c r e s c i m e n t o e q u e g a n h a a c a d a ano legitimidade social. Responsável por 70% da produção de alimentos do País, mas ao mesmo tempo, sofre ainda as consequ ências de um país que não viveu uma reforma agrária ampla e depende ainda do apoio do Estado. Embora tenha conseguido construir programas e políticas públicas de inclusão e crescimento como a Merenda Escolar, Pronaf, PAA. É o setor que mais cresce dentro d a própria UNISOL Brasil. Está em todo o território nacional e é um setor fundamental na organização de várias cadeias produtivas, além de garantir a segurança e soberania alimentar com o aumento da oferta e o consumo de produtos orgânicos. O povo brasileiro, comparado a outros países, podem se orgulhar da fartura, qualidade, quantidade e variedade de frutas que chegam à mesa. O setorial de Fruticultura é responsável por isso, da mesma forma que a Agricultura Familiar, tem experimentado o crescimento. É um setor que não é constituído só pelo meio rural, mas se une ao meio urbano. Desempenha importante papel no fortalecimento das cadeias produtivas, agregando valor e melhorando a qualidade do produto final, diminuindo as perdas ao longo do processo, ajustando o canal de comercialização com linguagem de mercado e permitindo maior ganho 8 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS para os produtores em épocas de preços baixos. Produtos que extrapolam as fronteiras nacionais e chegam à mesa de outras famílias em outros países. Confecção e Têxtil - também é um dos setores presentes em quase todos os estados, mas tem muita dificuldade de obter mercado direto. A maior parte das cooperativas e associações têm suas produções terceirizadas e, portanto, não conseguem agregar valor. Poucas têm produtos próprios e f alta infraestrutura, qualificação e equipamentos. É um setor essencialmente composto por mulheres e merece atenção especial, mesmo porque as importações, legais ou não, desvalorizam o produto brasileiro. Um grande desafio é a construção de cadeias com produtos orgânicos como a Justa trama, Cadeia do PET, a bananeira e o bambu. O m a i o r d e s a f i o d o s e t o r d e Ar t e s a n a t o e s t á n a s d i f e r e n t e s e antagônicas visões sobre a necessidade de renovação de produtos, dinamizar as relações comerciais entre os artesãos e o mercado, além de confeccionar produtos com a cara do nosso País e que sejam utilitários de qualidade, buscando, sobretudo, os detalhes e as matérias primas da terra. Obtemos produtos de boa qualidade, mas temos que avançar no design e também na qualificaçã o. Teremos grandes eventos no Brasil que, para este setor, é um desafio direto. O artesanato brasileiro fascina por sua miscigenação de raízes indígenas, europeias, asiáticas e africanas, e suas várias facetas refletidas na cultura nacional e que ultrapass am as fronteiras do território nacional. Ap i c u l t u r a - e s t á o r g a n i z a d a e m r e d e , p r i n c i p a l m e n t e n o N o r d e s t e . O mel brasileiro tem boa procura no exterior. Os importadores compram de outros países, como na Argentina e China, onde o mel pode conter uma pequena presença de antibióticos. O mel do setorial de apicultura da UNISOL Brasil é livre dessas substâncias. O mel brasileiro está entre os produtos da agricultura familiar que podem ser comercializados por meio de relações éticas e solidárias. É um setor muito articulado com a agricultura familiar e que cresce muito, pois é comum os agricultores familiares serem também apicultores. Há um nicho de mercado a partir da criação de programas, como o das compras públicas, o mercado interno e externo. Sua ampliação e xige qualificação e adaptação nas infraestruturas, nas formas de manejo e na certificação do produto e do processo. O s e t o r d a Al i m e n t a ç ã o t e m u m a p r o d u ç ã o p r ó p r i a e u r b a n a . P a r a a UNISOL Brasil, a exemplo da Confecção, há desafios na infraestrutura, na qualificação e diversificação de produtos. Temos um nicho de mercado e, sobretudo, um diferencial na produção orgânica, mas faltam ainda investimentos. O setor está no foco do que acreditamos que agrega valor e melhora a vida dos trabalhadores. No entanto, ainda existe o grande desafio de estar diretamente articulada com agricultura familiar, fruticultura e apicultura, para eliminar os atravessadores. 9 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Reciclagem - é um setor ameaçado, sobretudo pela incineração. Contudo, com a Lei Nacional dos Resíduos Sóli dos, que prioriza a coleta seletiva nos municípios, a prática se tornará cada vez mais presente. É importante para o meio ambiente, mas também para o crescimento deste setor, que se amplia cada vez mais. Ainda precisamos avançar para agregar valor a este s etor, pois as condições de trabalho são bastante precárias. Ainda surgem embriões de cadeia, como os varais e a cadeia Binacional do Pet. Assim, precisamos desenvolver tecnologias para transformar essas matérias primas recicladas em produtos, pois nossos e mpreendimentos estão mais situados nas coletas e na reciclagem. Desta forma, os atravessadores é que transformam as matérias primas nos produtos que agregam valor. Construção Civil - está mais localizado em algumas regiões do Brasil e vem desenvolvendo processos de construção de moradias, especialmente com tecnologias que respeitem o meio ambiente e que utilizem produtos e matérias primas alternativas. É um dos setores econômicos com maior crescimento no País, em função do déficit habitacional e de program as como o Minha Casa, Minha Vida. Ao mesmo tempo, existe uma disputa de mercado com as grandes construtoras. O chamamento é fortalecer este setor com as cooperativas habitacionais se filiando a UNISOL. No encontro do setorial, foi colocado como grande desa fio desenvolver moradia com qualidade para os trabalhadores a preços mais justos. Cooperativas Sociais - necessita de maior aprofundamento e entendimento sobre a natureza de sua ação. São os empreendimentos que têm a população mais discriminada da socied ade ou atua junto a ela, mas ao mesmo tempo, faz interface com os demais setores, seja na Confecção, na Alimentação, na Reciclagem ou no Artesanato. Temos um grande desafio que é a lei para regulamentar as cooperativas sociais. É um setor que precisa do ap oio dos demais para fazer com que o Estado construa políticas públicas e se comprometa cada vez mais com esta população atingida e em desvantagem social. Metalurgia e Polímeros - é o setor organizado há mais tempo na U N I S O L B r a s i l e j á d e s e n v o l v e u vá r i o s e n c o n t r o s a o l o n g o d o s a n o s . Depois de um longo período de estagnação, a indústria brasileira voltou a dar sinais de um crescimento mais forte. Entretanto, não se pode dizer que um desenvolvimento econômico mais sustentável associado a um desenvolvimento industrial robusto está assegurado para os empreendimentos ligados a Economia Solidária. Pelo contrário, p e r s i s t e m d e s a f i o s e n o r m e s , q u e h i s t o r i c a m e n t e s e m p r e e s t i ve r a m presentes no processo de desenvolvimento industrial brasileiro. Dentre eles a competitividade internacional, o padrão de financiamento dos investimentos, o processo de concentração através de fusões e a q u i s i ç õ e s , e a s t e n d ê n c i a s d a r e g u l a ç ã o d a a t i vi d a d e e c o n ô m i c a . Pensando nisso, é necessário fazer análise maior sobre nossa estratégia para este segmento econômico, pois quase todos os empreendimentos estão fazendo parte da cadeia terciária, a qual que 10 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS prestam serviços aos consumidores e outros setores da indústria. Assim, como vamos nos impor no novo modelo econômico que aí está? Por outro lado, a discussão sobre a saúde e a segurança do trabalhador, as tecnologias limpas e o compromisso com o meio ambiente é um debate importante, bem como a questão de como criar s e r v i ç o s e p r o d u t o s a l t e r n a t i vo s c o m i n o v a ç ã o t e c n o l ó g i c a n e s t a perspectiva. O setor tem um peso muito grande na economia do País. Com o crescimento econômico, ele parou de crescer internamente na UNISOL Brasil. Hoje devemos aguardar que as empresas entrem em processo de falência para transformá -las em cooperativas ou devemos criá-las a partir de um modelo em que acreditamos? Além da importância de construir uma pauta que aponte o fortalecimento e o desenvolvimento deste setor. Estrutura e Organização dos Setoriais A organização por setores é uma estratégia para construir e chegar às redes e cadeias da Economia Solidária. A orientação é que nos estados também se construa uma organização a partir da realidade local e setores de atuação. O conselho da UNISOL Brasil será a representação horizontal e vertical de nossa organização. Portan to será composto por um coordenador de cada estado e um coordenador do setorial. Na perspectiva de fortalecer essa organização, é importante que os coordenadores tenham maior dedicação. Com isso, há um forte esforço em buscar recurso a essa liberação tempo rária para ambos os coordenadores. Entretanto, é importante e necessário manter nossos coordenadores com o pé no empreendimento e em suas raízes, com intuito de não perder suas referencias e ajudar a fortalecer nossa organização de baixo para cima. Outro aspecto importante é garantir os intercâmbios, sejam eles dentro dos estados, bem como no País ou mesmo internacionalmente falando. Esta ação amplia a visão dos trabalhadores, bem como ajuda a construir a organização da UNISOL Brasil e a levar experiências de que é possível construir uma sociedade mais justa e solidária. Juventude A participação da juventude é de fundamental importância no âmbito da UNISOL Brasil. Qualquer projeto de transformação social precisa levar em conta esse fator e olhar com espe cial atenção os jovens e suas necessidades. Ser jovem é um estado de espírito. Alguns entendem equivocadamente o conceito de juventude quando se olha apenas pelo viés da idade. Sabe-se que a juventude tem desejos, concepções, gêneros, etnias e 11 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS classes sociais. Precisa aprofundar o debate sobre esses temas como forma de instrumentalização a defesa das políticas públicas para a juventude que abrange o direito à educação, saúde, lazer, trabalho, cultura e etc. A UNISOL Brasil em relação à juventude destaca do is pontos importantes a serem discutidos e tratados: a luta pelo trabalho decente (defesa do trabalho e direito para todos) e a luta pelo direito de estudar. É necessário combater a precariedade do trabalho no meio urbano e rural, e garantir o ensino para todos. O atual sistema explora e introduz, cada vez mais cedo, jovens, adolescentes e crianças no mercado de trabalho, em sua absoluta maioria submetida à ausência de proteção do Estado ou de qualquer tipo de programa e política que o favoreça. A agenda da UNISOL Brasil deve incorporar a reivindicação por p o l í t i c a s p ú b l i c a s u n i ve r s a i s q u e g a r a n t a m o a c e s s o e a p e r m a n ê n c i a da juventude no sistema educacional e de qualidade. E denunciar aos órgãos competentes os maus tratos que possa encontrar e existir ent re crianças, jovens e adolescentes. Também é preciso apresentar estes sistemas aos jovens que ainda não fazem parte da Economia Solidária, pois essa pode ser uma porta de entrada para a geração de trabalho e renda, mas também de inserção do jovem nos meio s de produção, de forma que possa autogerir o seu empreendimento e ter acesso ao primeiro emprego e a espaços na sociedade e no mundo. Gênero As mulheres sempre desempenharam de forma considerável um papel de extrema importância na sociedade, mas é cons tatado que ao lado dessa importância no cenário econômico e social, ainda permanece um grave desequilíbrio, muitos de seus direitos são desrespeitados. As diferenças essenciais entre homens e mulheres, típicas da própria constituição de cada sexo, são inte rpretadas com desigualdades em direitos. A UNISOL Brasil ao longo de sua história deixa clara a importância estratégica de organizar e ap oiar as mulheres trabalhadoras. Entretanto, nunca havia pautado como estratégia, da forma que está sendo feito agora. É constatação óbvia que a classe trabalhadora tem diferentes sexos e reconhecer isso é fortalecer a unidade frente à diferença, reforçando a campanha de igualdade de oportunidades e tratamento, a igualdade na diversidade. O capitalismo continua a explorar muito bem as diferenças de sexo e raça, as pesquisas revelam que a pobreza no Brasil tem cor e gênero. A UNISOL Brasil e a Economia Solidária tem uma importante responsabilidade em ajudar a 12 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS reverter estes dados e pautar a equidade de gênero, raça, orientaçã o sexual, pessoas portadoras de necessidades especiais. A atuação da UNISOL Brasil prioritários e estratégicos: deve -se pautar por alguns eixos 1. Criação da Secretaria das Mulheres da UNISOL Brasil; 2. Participação das mulheres nos espaços de decisão e comuni cação – garantir e ampliar política de cotas. Lembrando que cota é o mínimo e não o máximo; 3. Definir no congresso a cota mínima de mulheres na direção e nos atos de representação, bem como nas mesas organizadas pela UNISOL Brasil; 4. Campanha pela igualdade de oportunidades, na vida, na Economia Solidária e na sociedade; 5. Combate a todas as formas de discriminação e violência que ainda afetam a mulher na sociedade, no mundo do trabalho, no movimento cooperativista e na Economia Solidária. 13 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o 2 : M arc o J urí dic o para as Cooper ati va s e E m pre e ndim e nt os de E c onomi a S oli dári a Sabemos que tanto as associações como as cooperativas se constituem nos tipos de empreendimentos mais comumente utilizados para estruturar grupos interessados em exercer atividades profissionais, tendo como base os princípios da Economia Solidária. Mas juridicamente são as sociedades cooperativas as formas mais adequadas para o exercício de atividades de natureza econômica. A legislação pode dificultar a atuaçã o de tais sociedades como pode contribuir ou estimular o desenvolvimento destas organizações. Desde o primeiro mandato do Presidente Lula, foram conquistadas importantes vitórias na aprovação dos marcos jurídicos que interessam à Economia Solidária, a sab er: Lei de Resíduos Sólidos (12.305/2010) L e i d e C o o p e r a t i va s d e C r é d i t o ( L C 1 3 0 / 2 0 0 9 ) Estatuto da Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte (LC 123/2006) Lei de Recuperação e Falência (11.101/2005) Decreto sobre Comércio Justo (7.358/2010) L e i d e C o o p e r a t i va s d e T r a b a l h o Merece destaque a recente aprovação da Lei de Cooperativas de Trabalho, cujo texto é resultado de amplos debates no meio social e no âmbito do Governo Federal e do Congresso Nacional. Foram mais de oito anos de tramitação nas duas casas l egislativas. A Unisol Brasil teve participação ativa na construção do conteúdo dessa lei, que prevê contornos mais claros e assegura condições mais adequadas para o funcionamento deste tipo de cooperativa. Além destas, temos inúmeras leis estaduais e munic ipais que, de igual modo, autorizam os poderes públicos a apoiar os empreendimentos de economia solidária. Mas é preciso reconhecer que isso ainda não é suficiente, já que faltam ser aprovadas as seguintes normas: Nova Lei Geral do Cooperativismo (para su bstituir a Lei 5764/71): defendemos um instrumento legal mais moderno e compatível com as demandas atuais, que exigem mais apoio e fomento ao cooperativismo em geral. Além disso, a nova lei deve assegurar a liberdade de representação do movimento e manter sob o exclusivo controle do Estado os registros públicos destas sociedades. Legislação para disciplinar o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo: a tributação é um dos maiores entraves ao progresso do cooperativismo brasileiro na atualidade. Exi stem 14 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS muitas dúvidas e pouca segurança na atuação destas sociedades. Sequer existe consenso em relação ao ato cooperativo. Portanto, é urgente aprovar uma legislação que garanta a justiça tributária entre o movimento e as esferas públicas envolvidas. Lei sobre Economia Solidária: fundamental para definir mais claramente os conceitos e as políticas públicas essenciais para a s s e g u r a r n a p r á t i c a o s m e i o s n e c e s s á r i o s a o d e s e n vo l v i m e n t o d a Economia Solidária. Regulamentação da Lei sobre Cooperativas Sociais: a l ei atual é muito sucinta e pouco esclarece sobre este importante ramo do cooperativismo. Nossa proposta é sua regulamentação por decreto presidencial, em que seja possível explicitar os meios hábeis para c o n c r e t i za r s u a a p l i c a ç ã o p r á t i c a . Portanto, a UNISOL Brasil deverá empenhar -se nos próximos anos para a aprovação destes diplomas jurídicos, a fim de concluir o arcabouço legal necessário ao adequado desenvolvimento das cooperativas no Brasil. 15 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o 3 : Rela ç õe s Naci onais e I nter naci onais Relações Nacionais da UNISOL Brasil O 3º Congresso da UNISOL Brasil é realizado em um momento especial. Curiosamente, há dez anos, o Brasil elegia pela primeira vez em sua história um operário para a Presidência da República, oriundo do sertão nordestino e das greves e mobilizações do ABC Paulista. Nessa época, comemorávamos a vitória de Lula, da classe trabalhadora e da esquerda. Lembramos -nos também dos companheiros que não conseguiram presenciar essa data, mas que lutaram e nunca dei xaram de acreditar em “outro mundo possível”. Quem se lembra do primeiro discurso de Lula no momento da posse, em Brasília? Nesse momento o País parou, pois todos estavam atentos às palavras do novo presidente, fazendo reacender a salvação da justiça social, do sonho socialista. O Brasil de Lula é também o Brasil do MST, da CUT, da UNISOL, do Fórum Social Mundial, da RIO+20, da Amazônia, de homens, mulheres e crianças. Sabíamos que desafios estavam por vir. Recuperamos um País que estava à margem da pobre za e o substituímos por um contexto que sempre esteve ao alcance de nós. Um exemplo é a Economia Solidária, que é um resgate da luta da classe operária. Nesse sentido, destaca -se a Secretaria Nacional de Economia Solidária – Senaes criada em 2003 com a finalidade de promover o fortalecimento e a divulgação de uma nova economia mediante políticas integradas, visando o desenvolvimento por meio da geração de trabalho e renda com inclusão social. Hoje, além da UNISOL Brasil, há outras instituições de representaç ão que aprenderam a negociar e compor forças quando necessário, com o objetivo de conquistar benefícios e direitos em prol das cooperativas e dos empreendimentos autogestionários. A UNISOL Brasil busca parcerias com a Unicafes e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR. A UNISOL respeita a autonomia de ambas e sabe o papel e a importância destas entidades na sociedade. Levamos anos para atingir um grau de amadurecimento e também para alcançarmos parcerias importantes em âmbito n acional e internacional, que valorize a nossa história, os princípios históricos do cooperativismo, em que a tradição jamais coloca em risco os direitos já conquistados pela Economia Solidária. 16 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS A UNISOL Brasil tem história democrática, sempre buscou prop ostas inovadoras para os desafios apresentados à Economia Solidária no Brasil. Construiu e apresentou propostas através do dialogo e da negociação, consultando suas filiadas e parceiros. Exemplo são os congressos da UNISOL que acontecem de três em três ano s, espaço fundamental para a realização do debate político, análise e discussão da conjuntura, traçar estratégias de ação, além da eleição da nova direção para o próximo período. É com essa visão que entendemos que as parcerias nacionais podem ser estabelecidas entre sujeito público ou privado, individual ou coletivo, para a realização de intervenções finalizadas, sobretudo, ao desenvolvimento econômico e social de determinado grupo ou território. Neste sentido, é necessário criar instrumentos e ferramenta s de apoio e fomento à Economia Solidária em âmbito local, estadual e nacional, com parceiros que tem a sensibilidade de olhar a questão como estratégica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental a partir da inclusão produtiva de milhares de tra balhadores organizados em cooperativas. A Economia Solidária constitui -se em toda forma de organizar a produção de bens e serviços, a distribuição, o consumo e o crédito, que tenha por base os princípios da autogestão, cooperação e s o l i d a r i e d a d e , v i s a n d o à g e s t ã o d e m o c r á t i c a , a d i s t r i b u i ç ã o e q u i t a t i va das riquezas produzidas coletivamente, o desenvolvimento local integrado e sustentável, o respeito ao equilíbrio dos ecossistemas, a valorização do ser humano, do trabalho e o estabelecimento de relações igualitárias entre homens e mulheres, trabalhando as dimensões econômico, social e ambiental. No campo sindical nosso vínculo histórico é com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que, em meados de 1990, na região do ABC P a u l i s t a , b u s c a va a v i a b i l i z a ç ã o d e e m p r e e n d i m e n t o s d a E c o n o m i a Solidária a partir do cooperativismo praticado nos princípios da autogestão. Essa foi à forma encontrada na época para a grande crise capitalista que assolava o País e a região. Além dos Metalúrgicos do ABC, também ajudaram neste processo o Sindicato dos Químicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos de Salto e Sorocaba. Dessa forma, a Central Única dos Trabalhadores – CUT teve papel fundamental para levar a diante as experiências que, naquele momento, ainda eram muito embrioná rias. Mas, era necessário levar o que estava dando certo no ABC para outras regiões do País, que também necessitava de apoio de formação, gestão fabril, jurídico, assessoria técnica, plano de negócios, viabilidade econômica para os trabalhadores se organizarem em cooperativas e preservarem os postos de trabalho, além de orientar às empresas em situação pré -falimentar. Hoje a situação é bem diferente. A UNISOL Brasil busca consolidar as parcerias na esfera institucional com várias entidades de representaçã o 17 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS nacional no campo do cooperativismo e Economia Solidária, que comungam com os princípios da solidariedade, da autogestão, da participação coletiva nas tomadas de decisões, na promoção da igualdade, da justiça social, na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Reafirmamos nosso compromisso e bandeiras de luta com a CUT, Sindicatos, Federações e Confederações Cutistas que defendam a temática da Economia Solidária, Concrab, Unicafes, ADS/CUT, MNCR. No campo das instituições de apoio, destacamos alguma s que tem papel fundamental no fomento à Economia Solidária, como a Fundação Banco do Brasil – FBB, SEBRAE, Petrobras, Unitrabalho, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Agencia Brasileira de Cooperação/Ministério das Relações Exteriores - ABC/MRE. Também compartilharmos apoio e sinergia com várias entidades de âmbito estadual em todo territór io nacional. Vale resaltar que cada instituição atua dentro de suas estratégias de fortalecimento da Economia Solidária. Em nossa opinião, é fundamental neste momento a consolidação da chamada “Economia Solidária no Brasil”. Destacamos que é necessário av ançar em parcerias com o FINEP, Emater, Sistema “S”, Embrapa e também com o Centro de Excelência e Pesquisa em Inovação Tecnológica. Resaltamos que a partir do PPA 2012/2015 e com a Segunda Conferência Nacional de Economia Solidária, tivemos a oportunidad e de colocar nossas demandas estratégicas para a execução da política pública via entes federativos. Neste sentido, esperamos maior operacionalidade das políticas e que os EES possam atender e respeitar as vocações territoriais. Destacamos alguns ministér ios como Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Trabalho e Emprego , Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Educação, Ministério da Integração Nacional e Secretaria Geral da Presidência da República, como ministérios que poderão trabalhar eixos estruturantes e estratégicos para o fortalecimento da Economia Solidária. Outras estratégias passam pelo Executivo, Legislativo e Judiciário. Nesse sentido, é necessário fortalecer o dialogo, apresentando experiência de sucesso dentro do tema Economia Solidária, além de trabalhar o fomento de leis em prol dos EES e desburocratizar par a avançar. Participação em Conselhos deliberativos, c o n s u l t i vo s , tripartite (Conselho de Desenvolvimento Econ ômico e Social – CDES, Conselho Nacional de Economia Solid ária – CNES, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA, Reunião Especializada de Cooperativas do MERCOSUL – RECM), entre outros espaços democráticos para a construção das estratégias que desenvolvam a 18 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Economia Solidária. Faz-se necessária, contribuições e acúmulos e m um processo de aprendizagem constante das lideranças dos EES. R e c e n t e m e n t e t i ve m o s a e l e i ç ã o d o s e n h o r J o s é G r a z i a n o d a S i l va como diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Com isso, a Economia Solidária tem pa uta positiva para apresentar os índices de superação a desnutrição e a erradicação da pobreza. Números que poderão servir de inspiração a outros países que sofrem com a desnutrição. Podemos citar como exemplo os programas Bolsa família, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Trata-se de alguns instrumentos que devem ser aperfeiçoados constantemente e se mostraram eficazes no combate à extrema pobreza. Internacional: Empreendimentos Solidários do Brasil para o mundo O intercâmbio oriundo do estreitamento de laços solidários com outros países é presente na UNISOL Brasil mesmo antes de sua fundação. Em 1997, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Central Única dos Trabalhadores - CUT enviaram comitiva composta por líderes sindicais para a Itália e Espanha, com o objetivo de capacitar técnicos e dirigentes para a Economia Solidária. Foi com base nessa troca de experiências que dois anos depois foi fundada a UNISOL São Paulo e cinco anos mais tarde, a UNI SOL Brasil, sendo que neste intermédio a cooperação internacional fomentou o projeto institucional para fortalecer muitos empreendimentos filiados. Mesmo com o advento da crise econômica europeia, laços foram fortalecidos e readequados conforme a transfor mação da Economia Solidária no Brasil e no mundo, o que impulsionou a UNISOL Brasil a ampliar sua atuação no cenário internacional e a pensar novas estratégias, agindo em três níveis: político, cooperação técnica e para o desenvolvimento. At u a ç ã o p o l í t i c a A UNISOL Brasil representa a economia solidária nacional e promove sua integração internacional em diferentes instituições. Em termos mundiais, debate ativamente o cooperativismo na Aliança Cooperativa Internacional (ACI) desde 2009 e reúne 267 entidades de representação de cooperativas, de 96 países diferentes. 19 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Outro espaço que a UNISOL Brasil participa desde 2008 é a Reunião Especializada de Cooperativas do MERCOSUL, órgão que existe desde 1991 e reúne entidades governamentais e da sociedade civil. A par ticipação nesse espaço possibilitou a aproximação de federações e confederações de cooperativas no MERCOSUL e ONGs parceiras italianas, formando a Rede do Sul. Articulada dentro dessa rede, a instituição atuou na Cicopa (organização setorial para o coopera tivismo de trabalho da ACI), procurando eleger representante no Conselho Executivo em 2009, e Arildo Mota Lopes à vice -presidência em 2011, além de revitalizar a Cicopa Américas, organização presidida por Arildo. Atualmente, a Cicopa reúne 57 organizações de 39 países. Cooperação técnica Em parceria com organizações sociais internacionais em países como Itália, Espanha, Canadá e Países Baixos, a UNISOL Brasil compartilha esforços para o fortalecimento de projetos produtivos da economia solidária no Brasil, potencializando as ações de seus empreendimentos filiados. Diretamente da Itália, ONGs como a Cospe (Cooperazione per lo S v i l u p p o d e i P a e s i E m e r g e n t i ) , N e xu s e I s c o s , p a r t i c i p a m d a R e d Del Sur, desenvolvem projetos de apoio e fomentam empreendimentos de d iferentes regiões do Brasil. Além disso, apoiaram a UNISOL Finanças e a formação do Programa Investimento Solidário. Da Espanha, a ONG Conosud (Associació de Cooperació Internacional Nord -Sud) também apoiou o fortalecimento da UNISOL Finanças e diversos pr ojetos pelo Brasil. Outra cooperante do mesmo país foi a Fundació Pau i Solidaritat. Outro parceiro que proporcionou bons momentos de intercâmbio e capacitação foi a MCC (Mondragón Corporacíon Cooperativa). A CSN (Confédération des Syndicats Nationaux), a Caísse d’économie solidaire Desjardins e a DSI (Développement Solidaire International), parcerias históricas de Quebec, no Canadá, se reuniram à UNISOL e a outros parceiros nacionais para o desenvolvimento do Fundo de Investimento Solidário, compartilhando as práticas de sucesso da província neste setor. O apoio dos Países Baixos por meio da Icco (Fundação Organização Intereclesiástica para a Cooperação ao Desenvolvimento) também fortaleceu empreendimentos da região norte do País e abriu novas possibilidade s de uma relação justa com empresas sociais instaladas nestes territórios. 20 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Não podemos esquecer o poder do intercâmbio com nossos parceiros do MERCOSUL: CNCT (Confederación Nacional de Cooperativas de Trabajo de Argentina), da Argentina, FCPU (Federación de Cooperativas de Producción del Uruguay), do Uruguai, e Conpacoop (Confederación Paraguaya de Cooperativas), do Paraguai. O compartilhamento de experiências e de boas práticas por meio dos empreendimentos desses países a b r i u i n ú m e r a s o p o r t u n i d a d e s , i n c l u s i ve d e e n c a d e a m e n t o s produtivos internacionais. Cooperação para o desenvolvimento A UNISOL Brasil leva desde 2010 suas experiências para Cabo Verde, na África, por meio de parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exterio res. A ideia é fortalecer os setores de reciclagem e artesanato em Praia, capital do país. Trata-se de projeto pioneiro para a economia solidária e para o Brasil de forma geral, demonstrando que laços de solidariedade e cooperação ultrapassam fronteiras. E ssa também é a primeira experiência para a UNISOL e que pretende ser multiplicada para outros países africanos e latino -americanos. O sexto princípio do cooperativismo fala sobre a cooperação entre cooperativas. Nesses últimos três anos, a UNISOL Brasil e seus parceiros internacionais demonstraram que, juntos, são mais eficazes no fortalecimento do movimento cooperativo, seja em âmbito local, nacional, regional ou internacional. 21 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o 4 : S us te nta bili da de E c onômi c a e Fi na nce ira da UNIS O L Bra sil No 2º Congresso da UNISOL Brasil foi aprovado por ampla maioria que a contribuição mínima dos empreendimentos filiados seria de 1% (um por cento) da folha total da retirada mensal dos sócios trabalhadores. Na reunião do Conselho Geral da UNISOL Brasil, em maio de 2011, foi aprovado que o empreendimento que não pudesse pagar esta porcentagem contribuiria com a taxa mínima anual de R $120,00 (cento e vinte reais). Todos esses mecanismos foram criados e pensados em manter a sustentabilidade econômica e financeira da UNISOL Brasil. Infelizmente, mesmo com estas ações adotadas, não houve retorno como o esperado e a UNISOL ainda depende d e projetos para manter sua estrutura e pagar suas despesas. Do seu quadro de filiados apenas 05% (cinco por cento) contribuem em dia com a UNISOL Brasil. A UNISOL tem várias despesas mensais para manter, por exemplo: os salários dos assessores, equipe do escritório, logística para os dirigentes em reuniões nos estados e gastos administrativos. Muitos empreendimentos que não contribuem alegam que não rece bem o boleto em seus endereços, porém , o setor administrativo/financeiro envia as faturas na data correta para o endereço cadastrado. Buscando algumas soluções para viabilizar a sustentabilidade econômica e financeira da UNISOL Brasil, segue algumas propostas p a r a s e r e m a p r o va d a s e d i s c u t i d a s n o 3 º C o n g r e s s o d a U N I S O L B r a s i l : Implantação de um sistema integrado de arrecadação capaz de atender a todos os filiados e que o empreendimento tenha condições de imprimir o boleto na internet; O empreendimento que não tiver acesso à internet solicitará o envio do boleto via correio; A UNISOL Brasil junto com a su a direção e filiados , através de mobilização e articulação política, se reunirá com parceiros e parlamentares em seus respectivos estados na busca de ter acesso à parte do recurso do S escoop. Para entender melhor qual o posicionamento da UNISOL perante o Sescoop, segue abaixo a composição, seus objetivos, missão e visão: O Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo ) é integrante do Sistema Cooperativista Nacional. Foi criado pela Medida 22 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Provisória nº 1.715, de 3 de setembro de 1998, regulamentado pelo Decreto nº 3.017, de 6 de abril de 1999. Art. 3o O Sescoop é composto pelo Conselho Nacional e pelos Conselhos Regionais e organizado conforme regimento interno aprovado em reunião do Conselho Nacional. Art. 4o O Sescoop é presidido pelo presidente da OCB e tem órgãos de direção, de execução e de fiscalização: I. II. III. IV. o Conselho Nacional; a Diretoria Executiva; o Conselho Fiscal; e os Conselhos Regionais. Art. 5o O membros: I. II. III. Conselho Nacional é composto pelos seguintes O presidente da OCB, que será o seu presidente nato; um representante do Ministério do Trabalho e Emprego; um representante do Ministério da Previdência Social; (Redação dada pelo Decreto nº 5.315, de 2004) um representante do Ministério da Fazenda; um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; (Redação dada pelo Decreto nº 5.315, de 2004) um representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; (Redação dada pelo Decreto nº 5.315, de 2004) quatro representantes da OCB; (Redação dada pelo Decreto nº 5.315, de 2004) um representante dos trabalhadores em sociedades cooperativas IV. V. VI. VII. VIII. Seus objetivos são: Organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional, a promoção social dos empregados de cooperativas, cooperados e de seus familiares, e o monitoramento das cooperativas em todo o território nacional; Operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle em cooperativas; Assistir as sociedades cooperativas empregadoras na elaboração e execução de programas de treiname nto e na realização de aprendizagem metódica e contínua; Estabelecer e difundir metodologias adequadas à formação profissional e promoção social do empregado de cooperativa, do dirigente de cooperativa, do cooperado e de seus familiares; Exercer a coordenação, supervisão e a realização de programas e de projetos de formação profissional e de gestão em cooperativas, para empregados, associados e seus familiares; 23 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS Colaborar com o poder público em assuntos relacionados à formação profissional e à gestão coop erativista e outras atividades correlatas; Divulgar a doutrina e a filosofia cooperativistas como forma de desenvolvimento integral das pessoas; P r o m o v e r e r e a l i za r e s t u d o s , p e s q u i s a s e p r o j e t o s r e l a c i o n a d o s a o desenvolvimento humano, ao monitoramento e à promoção social, de acordo com os interesses das sociedades cooperativas e de seus integrantes. Missão Promover o desenvolvimento do cooperativismo de forma integrada e sustentável, por meio da formação profissional, da promoção social e do monitoramento das cooperativas, respeitando sua diversidade, contribuindo para sua competitividade e melhorando a qual idade de vida dos cooperados, empregados e familiares. Visão Ser reconhecido por sua excelência em formação profissional cooperativista, como promotor da sustentabilidade e da autogestão das cooperativas e como indutor da qualidade de vida e bem-estar de cooperados, empregados. Avaliando o texto disponível é notável que os objetivos não sejam cumpridos, já que, os empreendimentos filiados á UNISOL em nenhum momento são beneficiados com recursos do Sescoop . As cooperativas que possuem funcionários contratad os sob a forma de CLT recolhem compulsoriamente valores ao Sescoop, porém não tem acesso aos recursos repassados ao sistema. E m u m p r i m e i r o m o m e n t o a p r o p o s t a é d o l e va n t a m e n t o d o s valores recolhidos por estes empreendimentos filiados a UNISOL Brasil (processo em andamento) e com tais dados iniciar uma série de agendas com lideranças governamentais, parlamentares e representantes do Sescoop e outras entidades de representação do cooperativismo, a fim de exigir o acesso aos recursos distribuídos, que no ano de 2011 foi de R$ 161.950.450,78 (dado recolhido no site: www.brasilcooperativo.coop.br). 24 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o 5 : Es tr at égi as e pri ori dade s de a ç õe s (Dir etriz es E s tra té gi ca s) N o m u n d o e m q u e v i v e m o s f a ze r p r e v i s õ e s e c o n s t r u i r e s t r a t é g i a s n ã o é nada fácil. Se uma pessoa viajasse no tempo e voltasse a 1999, ano de fundação da UNISOL São Paulo , observaria que ao longo dos anos a conjuntura do Brasil mudou muito comparada a outros países desenvolvidos. Verá o quanto avançamos e crescemos no campo político, social e econômico, elegendo um operário e uma mulher para assumir a presidência da republica . Além disso, sediarem os a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas e Paraolimpíadas em 2016. Este cenário otimista pode não parecer, mas hoje somos a sexta economia do mundo e , até 2015, chegaremos à quinta colocação, após ultrapassar a França. E m um mundo com ritmo lento de recuperação, nosso potencial mercado interno tem sido um oásis, disputado por chineses, norte americanos e europeus. Mas qual plano e estratégia devem ser traçados pela UNISOL Brasil olhando este contexto ? Sem perder de vista que há muito a ser feito , que não podemos esquecer que ainda existe miséria em nosso País e que não podemos deixar de lado nossos princípios, valores e identidade de classe. A transição de um novo paradigma de desenvolvimento está no cerne das discussões de instituições políticas, publicas e privadas que prosperaram e se mantém atuali zadas conforme o tempo. A UNISOL desde sua constituição vem inovando e construindo soluções em benefício de suas filiadas, para que fossem vistas como modelo de cooperativismo no mundo. O modelo atual já deu largas demonstrações de insuficiência e inviabilidade, não só no que se refere ao meio ambiente, mas também para as economias e sociedades, o que nos obriga a buscar novas respostas e até mesmo a pensar em novas perguntas. Nesse sentido, a UNISOL desponta e apresenta como estratégia para a próxima gestão os seguintes temas: desafio e Fortalecer o Programa de Investimento Solidário – PIS e seu financiador, o Fundo de Investimento Solidário – FIS com o intuito de fortalecer e investir nas filiadas da UNISOL Brasil: visa através da mobilização e articulação de investidores parceiros identificarem projetos de empreendimentos filiados a UNISOL Brasil e apoiá-los em sua implementação. Trata-se de buscar uma estratégia em que possamos dialogar com os parceiros a fim de 25 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS criar fontes de investimentos complementares que possam se c o m p l e t a r n o f i n a n c i a m e n t o r e t o r n á v e l e n ã o r e t o r n á ve l d e projetos com o foco na sustentabilidade ambiental, econômico e social; Ampliação do Programa Sementes da Inovação e da marca ECOUNI, criação e valorização de outras marcas que registrem n o s s a s i n i c i a t i v a s i n o v a d o r a s e s u s t e n t á v e i s , va l o r i z a n d o a articulação de redes de empreendimentos de economia solidária em seus aspectos ambientais, econômicos e sociais. Visa também facilitar o acesso a mercados e a destacar esses conceitos sustentáveis e de relações de redes e autogestionárias que nos diferenciam e nos fortale çam frente à sociedade e aos parceiros comerciais, institucionais e sociais. Cria assim uma ação de comercialização em prol dos empreendimentos filiados e seus parceiros. Apoiar a criação de um Escritório de Projetos voltado a Economia Solidária e seus empreendimentos econômicos. Visa transformar as demandas de gestão dos empreendimentos e suas ideias inovadoras e criativas em projetos que possam acessar recursos financeiros e econômicos . Parte da utilização de R e f e r e n c i a l d e An á l i s e d a E c o n o m i a S o l i d á r i a , j á d e s e n v o l v i d o com base na experiência de parceiros estratégicos do QUEBEC/Canadá (DSI), garante uma análise sólida que leva em consideração dois aspectos de nossos empreendimentos: a vitalidade econômica com a vitalidade associativa , ou seja, analisar o empreendimento levando em consideração sua vertente de mercado com sua vertente social organizacional, sua gestão e autogestão bem como enraizamento na comunidade e relação com o desenvolvimento local de sua comunidade e região. Para isso é preciso criar uma estrutura com técnicos especialistas que tenham conhecimento, vocação e se identifiquem em apoiar os empreendimentos de Economia Solidária e ajude m a buscar novas estratégias, práticas de gestão, incorporação de tecnologias limpa, sustentável e renovável. Neste sentido , a UNISOL Brasil tem buscado diálogo e parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ), entre outros parceiros institucionais . Parcerias que já vem ocorrendo e dando certo, mas que precisam ser ampliadas. O que se espera com es sas novas estratégias é que façamos uma transição para um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, que crie oportunidades, inclua e preserve. Esse é o verdadeiro norte para se falar em sustentabi lidade. 26 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS E ix o 6 : I NOV AÇÃO A UNISOL Brasil é uma instituição que visa elevar o nível de inovação tecnológica dos empreendimentos da Economia Solidária, de modo a torná-los aptos e competitivos nos mercados interno e externo. Além disso, é importante buscar novas tecnologia s e dispositivos que ajudem a agregar valor ao produto, à marca, ao processo, a gestão, melhorar as condições de trabalho e buscar parcerias que fortaleçam as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Entretanto, para falarmos de inovação precisamos defi nir tal conceito. O Manual de Oslo, criado pela Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), é considerada a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras na indústria. O documento r essalva que inovação nada mais é que a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou s i g n i f i c a t i v a m e n t e m e l h o r a d o , u m n o v o m é t o d o d e m a r k e t i n g , u m n o vo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relaçõ es externas. Portanto, inovar não é usado para designar somente um produto, mas também para um novo método organizacional. A criação da UNISOL é uma proposta inovadora, já que apresentou nova proposta organizacional dos empreendimentos. Os empreendimentos têm como desafio inovar e manter este processo de forma contínua. Não basta lançar um produto diferenciado e, após alguns anos, mantê -lo como o exemplo de inovação do empreendimento. Novas tecnologias surgirão, os concorrentes criarão novos produtos que, n a maioria das vezes, são melhores e mais b a r a t o s . L o g o , é n e c e s s á r i a a g e s t ã o d e s s a e vo l u ç ã o d e f o r m a c o n t í n u a e não como um processo isolado. Os empreendimentos precisam buscar recursos internos ou externos para manter o ciclo inovador. Devem buscar insti tuições que trabalham c o m P e s q u i s a e D e s e n vo l v i m e n t o d e P r o j e t o s q u e i n c e n t i v e m , a p o i e m e d i s p o n i b i l i ze m r e c u r s o s . A U N I S O L e n t e n d e q u e , p a r a e n f r e n t a r o s d e s a f i o s d a s o c i e d a d e , d e ve investir constantemente em inovação, sem perder as características dos empreendimentos e preserva -los, porém com um olhar para o presente e futuro. Desta forma, foi desenvolvida a ECOUNI, marca que objetiva a criação de ações e produtos inovadores e sustentáveis. Criada em 2012, a linha é composta por itens que são pensados e produzidos para gerar o menor impacto possível ao meio ambiente. Atualmente, um dos produtos da linha é a grelha de plástico reciclável, que substituiu a grelha de concreto, popularmente conhecida como 27 CENTRAL DE COOPERATIVAS E EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS boca de lobo. O produto, utilizado pelo poder público, tem durabilidade e resistência maior que as de concreto e semelhante às grelhas de ferro, porém menos sujeita a furtos em razão do seu menor valor de venda para “sucateiros”. Em paralelo, criou -se a linha de mobiliário urbano, com o mesmo perfil plástico, que contempla bancos, vasos, lixeiras e tampa de bueiros, entre outros produtos. A linha ECOUNI engloba os seguintes conceitos: Orgânicos (incentivo à produção e consumo de alimentos orgânicos); Recursos Minerais (exploração de recurso mineral de forma co ntrolada, racionalizada e planejada); Recursos Vegetais (exploração de recurso vegetal de forma controlada); Energia Limpa (uso de fontes de energia limpa e renovável para diminuir o consumo de combustíveis fósseis); Reciclagem (criação de atitudes pessoai s e empreendedoras voltadas à reciclagem de resíduos sólidos); Gestão Sustentável (desenvolvimento de produtos com menor consumo de energia) e Recursos Hídricos (atitudes voltadas para o consumo controlado de água e não poluição dos recursos hídricos). A participação dos empreendimentos nesta marca possibilita uma rede de inovação para criação de mais produtos, gerando maior divulgação e renda para a marca e para o próprio empreendimento. Entende-se que esse assunto toma tamanha relevância e, por isso, a sugestão da criação de uma Diretoria de Inovação seja necessária, no sentido de tratar do tema, buscar projetos e recursos, através da valorização da marca ECOUNI e dos conceitos inovadores que a própria UNISOL carrega intrinsecamente. 28