Anais do 15O Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA – XV ENCITA / 2009 Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil, Outubro, 19 a 22, 2009. Monitoramento da radiação ionizante entre 50 KeV e 5 MeV no solo e até 5 Km de altura no Vale do Paraíba com detetor GM, detetor de nêutron térmico e detetor NaI(Tl) João Paulo Moradei de Gouvêa Santos Universidade de Taubaté – Taubaté, SP Bolsista PIBIC-CNPq [email protected] Inácio Malmonge Martin Instituto Tecnológico de Aeronáutica – São José dos Campos, SP [email protected] Resumo. Os estudos foram iniciados em julho de 2008 com a importação dos detectores de Nêutrons de He-3, Geiger Muller RM-60 e NaI(TI) e os softwares específicos para aquisição de dados(Aware Electronics Inc, USA). Foram feitas calibrações com o apoio do laboratório do IEAv no CTA e realizando medições diárias das radiações ionizantes presentes no ar em diversas condições climáticas entre 0,03 eV a 10 Mev para nêutron e 50 KeV a 10 MeV para gama e partículas carregadas. Com as comparações feitas através de gráficos, obteve-se os níveis de radiação no Vale do Paraíba, SP. Com os resultados observa-se que entre o mês de agosto até o mês de dezembro os níveis de nêutron (contagem/min), gama (contagem/10segundos) e partículas carregadas dose (microRöntgen/hora) em períodos de dias chuvosos e nublados possuem um aumento de ~15% em relação aos dias ensolarados. Com isso o sistema mostrou que em dias ensolarados ocorre uma queda das contagens e nos dias mais nublados e úmidos ficou demonstrado a sua elevação, os dias de chuvas intensas se conseguiu os maiores níveis de contagens, confirmando que a chuva acarreta maior massa local, e relâmpagos, assim produzindo maior radiação na baixa atmosfera. Palavras chave: monitoramento, clima, radiação ionizante, nêutrons, gama. 1. Introdução Radiações ionizante, por definição, são todas aquelas partículas e fótons com energia superior a 12,4 eV e que são capazes de ionizar átomos. Durante toda a vida, os seres humanos estão expostos diariamente aos efeitos das radiações ionizantes. Estas radiações podem ser de origem natural ou artificial. As fontes naturais representam cerca de 70% da exposição, sendo o restante, devido a fontes artificiais. Quanto à proteção radiológica, pouco pode fazer para reduzir os efeitos das radiações de origem natural. No entanto, no que diz respeito às fontes artificiais, todo esforço deve ser direcionado a fim de controlar seus efeitos nocivos. É neste aspecto, que a proteção radiológica pode ter um papel importante. Fontes Naturais: Na categoria de fontes naturais encontram-se os produtos de decaimento do urânio e tório, que são o radônio e o torônio. Estes elementos são encontrados em cidades e sítios através das rochas, solos, sedimentos e minérios que contém concentrações significativas destes elementos e que com o decaimento radioativo transformamse em radionuclídeos pertencentes à estas famílias radioativas. São gasosos e depositam-se nas partes mais baixas dos ambientes devido a seu alto peso atômico. São sensíveis a ventos e regimes de chuvas e umidade relativa do ar. Representam cerca de 80% da dose total recebida pelo homem devido a radiação natural. Outra fonte de origem natural é a radiação cósmica, proveniente do espaço sideral, como resultante de explosões solares e estelares. Grande parte dela é freada pela atmosfera da Terra, produzindo a radiação cósmica secundária onde uma porcentagem importante atinge os seres vivos e humanos. Fontes Artificiais: Pode-se observar que a maior contribuição deve-se às irradiações médicas e, dentro desta categoria, o radiodiagnóstico é o que detém a maior porcentagem. Devido a esta constatação, todo esforço deve ser direcionado no sentido de controlar e reduzir estes valores, o que pode ser atingido através da aplicação efetiva dos preceitos de proteção radiológica. Maiores detalhes sobre as radiações ionizantes e o conjunto experimental que se propõe neste trabalho para monitoramento dessa radiação, pode ser visto no projeto proposta. 2. Atividades Realizadas Com o auxilio dos computadores portáteis Dell D620 acoplamos três detectores (Nêutrons Térmicos He-3, raios gama NaI(TI) e radiação geral Geiger Muller RM-60) com saída de dados através da porta serial e com softwares específicos. O detector de raios X e gama foi calibrado para coletar fótons com energia entre 30 KeV até 10 MeV. A calibração dos detectores e eletrônica foi realizada no Laboratório de Medidas Ambientais da Divisão de Física Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , Aplicada (EFA) do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do CTA (SP). Foram utilizadas as seguintes fontes de radiação para a calibração: 60 Co para energias de 1,17 e 1,33 MeV com resolução em energia nesses picos de energia, 1. 137 Ce na energia de 661 KeV com resolução em energia nesse pico de energia, 2. 3. 241 Am na energia de 59 KeV com resolução em energia nesse pico de energia,Na energia de 511 KeV e 1,274 MeV resolução em energia nesses picos de energia. O detector de nêutrons térmicos também foi calibrado no ENU na janela de energia de 0,03 eV a 10 MeV. Para isso foi utilizada uma fonte Am-Be com espectro médio de energia em 4,45 MeV. Foram utilizados moderadores de parafina com várias dimensões para atenuar os nêutrons e aumentar a eficiência de detecção dos mesmos. Para facilitar o processo de medidas tanto dos nêutrons térmicos como da radiação X e gama ambiental na interface solo-ar foram usadas somente contagens/unidade de tempo. Após as calibrações iniciamos as medidas diárias a partir de setembro de 2008, onde os aparelhos eram posicionados em locais idênticos, isto, para dias ensolarados, chuvosos e nublados realizando medidas em intervalo de tempo específico de cada detetor, em geral variando 36 horas ininterruptas. Na Figura 1 mostra-se os detectores acoplados ao computador portátil através do cabo serial. Figura 1. Tubo de nêutrons (a), detector de raios gama e raios X (b), e sistema de aquisição de dados (c). Note que os computadores registram contagens reais. Os resultados obtidos foram analisados e armazenados no banco de dados, subdividindo em dias ensolarados, nublados e chuvosos. Com os resultados obtidos das medidas, foram feitos gráficos dos dados dos três detectores, para assim facilitar nossos estudos. Na Figura 2 mostra-se a localização de São José dos Campos (23° 11′ 11″S, 45° 52′ 43″ W) a 600m do nível do mar onde foram adquiridos os dados. A Tabela 1 mostra todas as datas e os tipos de radiações medidas no período do relatório. Figura 2. Localização de São José dos Campos (SJC), Brasil. Nesta Tabela inserimos algumas datas aleatórias e tipo de radiação que foram realizadas durante o ano de 2008 e 2009 e que devido a lista ser extensa não foi possível demonstra-la completamente. De todos os dias de contagens apresentados na Tabela foi feito gráfico para cada radiação. Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , Data Radiação Data Radiação Data Rad(dose) 6/9/2008 5/10/2008 6/11/2008 9/12/2008 05/01/2009 02/02/2009 12/03/2009 06/04/2009 05/05/2009 11/06/2009 Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron Nêutron 7/9/2008 1/10/2008 7/11/2008 26/12/2008 25/01/2009 26/02/2009 31/03/2009 29/04/2009 30/05/2009 30/06/2009 Gama Gama Gama Gama Gama Gama Gama Gama Gama Gama 9/10/2008 6/11/2008 22/11/2008 5/12/2008 14/01/2009 17/02/2009 28/03/2009 18/04/2009 01/05/2009 22/06/2009 µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h µR/h Tabela 1. Data e tipo de radiação medida. 3. Descrição do Problema O objetivo do trabalho envolvendo as quatro estações (primavera, verão, outono e inverno) era de obter o nível médio para cada radiação, ou seja, nêutrons térmicos, gama e partículas carregadas em pressão atmosférica e temperaturas variadas. Porém os detectores ficaram no mesmo local (ITA-IEF) com interface solo-ar e mesmo processo de análise dos dados. O processo iniciava a partir do acoplamento dos detectores ao computador portátil através da porta serial, assim iniciando a contagem das medidas. No término das medições eram feitos gráficos com os dados e salvo no banco de dados subdivididos pelo clima (ensolarado, chuvoso e nublado). A Figura 3 mostra alguns dados recebidos enquanto que a Figura 4 seus respectivos gráficos. Estes últimos são guardados. Figura 3. Exemplo de dados colhidos após medição. Figura 4. Gráficos típicos feitos a partir dos dados da Figura 3. Baseado nesses dados diários no período de agosto de 2008 a julho de 2009 fez-se a média mensal e outros gráficos necessários para conseguirmos fazer comparações e estudos com eles. 4. Resultados Obtidos Baseado na descrição do problema os gráficos abaixo mostram-se os resultados das medidas realizadas no período de setembro de 2008 a junho de 2009 com os detetores colocados no campus do ITA (IEF) na região de São Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , José dos Campos. As Figuras 5,6 e 7 mostram os gráfico aleatórios feitos diariamente a partir da aquisição de dados durante o ano dos detectores Gama, Geiger e Nêutron. Destes gráficos são tiradas as médias diárias para assim conseguirmos a média mensal. Figura 5. Gráfico diário de nêutron do dia 01 de Janeiro de 2009. Figura 6. Gráfico diário do geiger do dia 07 de dezembro de 2008. Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , Figura 7. Gráfico diário de gama do dia 24 de Abril de 2009. As curvas dos gráficos mostram médias diárias durante os meses de medições e com elas obtivemos as médias dos meses. Os dados afetados ou contaminados pela rede elétrica foram excluídos da análise. Figura 8. Gráfico da Variação de Nêutrons no Período de Setembro/2008 a Junho/2009. Na Figura 8 mostra o nível de contagens de nêutrons. Nota-se claramente que os meses entre dezembro a março os níveis de radiação é maior em comparação com os meses anteriores e restantes, isto se deve ao fato das relações climáticas, pois com o clima mais úmido faz com que os níveis de radiação sejam maiores e com a diminuição das chuvas e da umidade faz-se o nível Diminuir. Este fato está sendo revelado experimentalmente neste projeto, para o caso das medidas de nêutrons térmicos na região. Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , Figura 9. Gráfico da Variação de dose µR/h no Período de Setembro/2008 a Junho/2009. A Figura 9 mostra-se os níveis de dose (microRöntgen/hora) durante os últimos dez meses. Nota-se que em todos os meses os níveis de dose são praticamente os mesmos. No entanto houve maior dispersão dos sinais no período de dezembro até fevereiro em razão da alta umidade e maior freqüência das chuvas neste período. Figura 10. Gráfico da Variação de Radiação Gama no Período de Setembro/2008 a Junho/2009. A Figura 10 mostra os níveis de variação da radiação gama dos meses de setembro/2008 a junho/2009 e como se pode observar, o gráfico segue as mesmas características dos gráficos anteriores, devido ao clima nos meses entre dezembro a fevereiro serem mais úmido e com maior freqüência das chuvas, oque explica o aumento das radiações ionizantes. Nota-se que no período de dezembro a março onde começou o período com maior umidade do ar e chuvas mais freqüentes ocorreu um aumento significativo de radiações. Os demais meses que foram com dias mais ensolarados e umidade baixa ocorreu uma diminuição de contagens. Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , Obtivemos nesse período, precisamente no dia 09 de janeiro de 2009 em São José dos Campos a detecção da presença de nêutrons durante fortes relâmpagos próximo a região do detector, esse evento durou cerca de 2 minutos e o valor de pico foi de 690 n/min, como mostra a Figura 11. Figura 11. Gráfico de nêutrons no instante do relâmpago. Com os detetores atuando simultaneamente, foi possível verificar nos três tipos de radiação que houve aumento da radiação devido à umidade do ar, demonstrando que as chuvas e tempestades trazem com elas radiações ionizantes. Os desvios de cada tipo de medidas estão relatados na conclusão.Uma grande quantidade de medidas continuará sendo processada e armazenada no banco de dados, para assim melhorar nossos estudos e posteriormente publicar os níveis de radiação ionizante na região de São José dos Campos/SP. 5. Conclusão No período de setembro/2008 a Junho/2009 foi elaborado um banco de dados constituído de medidas da radiação ionizante na região de São José dos Campos. Com isso conseguiu-se medir durante todo ano o nível médio das radiações gama, nêutrons térmicos e partículas carregadas(GM), nesta região. As medidas foram separadas conforme o clima local (ensolarado, chuvoso e nublado). Alguns dados contaminados ou afetados pela rede elétrica local (variações e interrupções) ou mesmo por trovoadas e relâmpagos foram eliminados para não danificar todo trabalho. Com estas medidas foram feitos gráficos de minuto em minuto, por hora e diários e obtidos as médias diárias, mostradas nas figuras anteriores. Pode-se notar nos gráficos mensais que no período de setembro a novembro e março a junho as contagens são menores e mais estáveis, no entanto nos meses de dezembro a fevereiro as contagens foram maiores e mais variáveis. Com a presença da umidade e chuvas mais freqüentes a média das contagens é aumentada de ~15%, mostrando-se que a radiação ionizante em baixa energia é muito dependente da pressão e da umidade relativa do ar e do volume de gotículas de água na baixa atmosfera. A média de contagem de nêutrons foi de 1.5 contagens/minuto, a de radiação gama foi de 8750 contagens/10segundos e o geiger foi dose de 30 µR/h, sendo maior a média em todas as radiações, durante o verão devido a freqüentes chuvas e relâmpagos na região. Durante esse período a densidade do ar por gotículas de água suspensa (vapor) é grande e provoca maior interação de raios cósmicos com a atmosfera produzindo a radiação que mediu-se na interface solo-ar. Os relâmpagos são outra possível fonte de produção de nêutrons térmicos nessa interface. Embora seja extremamente difícil detectá-los atribuiu-se a eles o pico de contagem observado. Este resultado embora preliminar, já foi apresentado em duas Conferencias Internacionais, este ano, sendo uma em Moscou na Rússia e outra em Pennsylvania State College (AGU) nos Estados Unidos em março e maio de 2009 respectivamente. Anais do XIV ENCITA 2009, ITA, Outubro, 19-22, 2009 , A contagem elevada atribuída aos relâmpagos abriram novas frentes de pesquisas sobre esse fenômeno que continuará sendo estudado, analisado em seus aspectos teóricos e publicado posteriormente. Atualmente nota-se que nuvens cumulunimbus atingem altitudes elevadas ~15 km, e os intensos relâmpagos indicam ser fontes importantes de radiação X e gama e neutrons que escapam para a ionosfera da Terra. Tanto a parte teórica como experimental desse fato é de interesse atual. 6. Agradecimentos Agradeço a Deus por me ajudar a seguir minha vida, a minha família que me ajuda em todos os momentos. Agradeço ao Prof. Dr. Inácio Malmonge Martin, pois me ajuda desde o início da minha faculdade me orientando nos estudos, agradeço ao IEAv (Dr. Odair Lélis Gonçales) que ajudou com as calibrações dos detetores, agradeço ao ITA/CTA pelo apoio as pesquisas e ao CNPq que tanto ajuda nós estudantes e que possam utilizar nossos trabalhos para algo benéfico a todos no Brasil. 7. Referências Agiletta, M., B. Alessandro, P.Antonioli, et al., Gamma-rays and ionizing component during thunderstorms at Gran Sasso, Proceedings of 26th ICRC, Salt Lake City, v.7, p351-354, 1999. Beck H. L., Gamma radiation from radon daughters in the atmosphere, Journal of Geophysical Research, v. 79, No.15, p. 2215-2221, 1974 Dwyer J. R., H.K. Rassoul, M. Al-Dayeh, L Caraway, B Wright, a. Chrest, M.A. Uman, V.A. Rakov, K.J. Rambo, D.M. Jordan, J. 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