Organização Documental da Acessibilidade de Percursos Gonçalo Filipe Cebolais de Moura Semedo Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Informática e de Computadores Júri: Presidente: Doutora Ana Maria Severino de Almeida e Paiva Orientador: Professor Doutor João Manuel Brisson Lopes Vogal: Professor Doutor Fernando Moreira da Silva Novembro 2009 Agradecimentos Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao meu orientador, Professor Doutor João Manuel Brisson Lopes, pela possibilidade de efectuar este trabalho sobre Acessibilidade. O seu papel foi fundamental na orientação ao trabalho, pela disponibilização de material que me permitiu melhorar a qualidade do mesmo, e pela sua inteira disponibilidade em esclarecer dúvidas e corrigir problemas. Gostaria de agradecer também aos meus pais, irmão e cunhada pelo constante incentivo para chegar à meta. Agradeço também, à minha namorada, pela paciência e apoio dados em todos os momentos. Agradeço aos meus colegas e amigos, particularmente ao Fernando pela assistência dada em várias etapas do projecto. Finalmente um obrigado a todos os utilizadores que participaram nos testes de usabilidade à aplicação criada. 2 Resumo Este trabalho teve por objectivo elaborar uma ferramenta facilitadora e potenciadora da criação, organização e utilização de documentos relativos a acessibilidade de percursos, ou seja, acessibilidade física. O objectivo advém da ineficácia e difícil realização das tarefas de levantamento e organização em papel. São tarefas confusas, bastante volumosas e facilmente geradoras de erros e omissões. Não se pretendeu apenas a construção de uma base de dados mas de uma ferramenta que permitisse um vasto leque de possibilidades como a documentação multimédia de um trajecto. São apresentados estudos anteriores e estes são correlacionados com o presente trabalho. São mostradas as metodologias geral, de teste, de avaliação e planeamento. Antes das conclusões são mostrados os resultados dos testes e inquéritos aos utilizadores e no final a conclusão sobre o trabalho desenvolvido. Através dos resultados pode afirmar-se que os objectivos foram cumpridos uma vez que a aplicação não só consegue resolver os problemas levantados como realizar tarefas de forma muito mais simples e rápida, e ainda desempenhar outras tarefas que não seriam possíveis com recurso ao papel. Palavras-Chave: acessibilidade, mobilidade, percurso, barreira Abstract This work aimed at developing a tool facilitating and empowering the creation, organization and use of documents relating to accessibility of pathways, that means, physical accessibility. The purpose comes from the inefficiency and difficulty to carry out on paper the tasks of survey and organization. Tasks are confusing, very bulky and easily generate errors and omissions. It was not intended just to build a database but a tool that allowed a wide range of possibilities such as multimedia documentation of a pathway. Previous studies are presented and these are correlated with this work. Will be shown the general methodology, testing methodology, evaluation methodology and planning. Before the conclusions are shown the results of tests and user surveys and in the final, the conclusion about the work. Through the results, it can be stated that the objectives have been achieved since the implementation not only solve the problems but also get things done much faster and simpler, and make other tasks that are not possible using the paper. Keywords: accessibility, mobility, pathway, barrier 3 Índice Lista de Figuras ..................................................................................................................................6 Lista de Tabelas ............................................................................................................................... 10 1 Introdução...................................................................................................................................... 11 1.1 Problema/Motivação ................................................................................................................ 11 1.1.1 Alguns Conceitos Base ..................................................................................................... 12 1.2 A Acessibilidade Física ............................................................................................................ 13 1.3 O Projecto “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior”....................................................... 17 1.4 Público-alvo ............................................................................................................................. 21 1.5 Objectivos do Trabalho ............................................................................................................ 21 1.6 Organização do documento ..................................................................................................... 22 2 Incapacidade em Portugal e a arquitectura portuguesa .................................................................. 24 2.1 A incapacidade no nosso país ................................................................................................. 24 2.2 Detecção de problemas Arquitectónicos .................................................................................. 29 3 Trabalho Relacionado .................................................................................................................... 35 3.1 Estudos e Documentos de Acessibilidade ................................................................................ 35 3.2 DL 163/2006 de 8 de Agosto e os formulários de verificação ................................................... 38 3.2.1 Via Pública ........................................................................................................................ 39 3.2.2 Edifícios e estabelecimentos em geral ............................................................................... 40 3.2.3 Edifícios, estabelecimentos e instalações com usos específicos ........................................ 41 3.2.4 Percursos Acessíveis ........................................................................................................ 43 3.2.5 Os formulários de verificação ............................................................................................ 45 3.3 KML e Navegação ................................................................................................................... 46 3.4 Análise Crítica ......................................................................................................................... 48 4 4 Metodologia ................................................................................................................................... 50 4.1 Metodologia Geral ................................................................................................................... 50 4.2 Metodologia de Avaliação ........................................................................................................ 51 4.3 Metodologia de Testes............................................................................................................. 51 4.4 Testes de usabilidade .............................................................................................................. 52 Testes de protótipos de baixa fidelidade..................................................................................... 53 4.5 Planeamento ........................................................................................................................... 54 5 Arquitectura da Solução ................................................................................................................. 58 6 Resultados e Análise ..................................................................................................................... 65 6.1 Amostra ................................................................................................................................... 65 6.2 Papel ....................................................................................................................................... 66 6.3 Aplicação................................................................................................................................. 67 6.4 Análise e comparação ............................................................................................................. 69 7 Conclusões .................................................................................................................................... 71 7.1 Trabalho Desenvolvido ............................................................................................................ 71 7.2 Resultados obtidos .................................................................................................................. 72 7.3 Trabalho Futuro ....................................................................................................................... 73 Referências ...................................................................................................................................... 75 Anexo A – Questionário de usabilidade da aplicação ........................................................................ 77 Anexo B – Formulário do Examinador ............................................................................................... 80 Anexo C – Esboço da aplicação (protótipo inicial) ............................................................................. 81 Anexo D – Guia Rápido da Aplicação................................................................................................ 84 Anexo E – Tabela de distribuição geográfica de incapacidade em Portugal ....................................... 89 Anexo F – Requisitos de hardware e software ................................................................................... 90 5 Lista de Figuras FIGURA 1.1. CADEIRA DE RODAS 14 FIGURA 1.2. PAR DE MULETAS (TIPO: CANADIANAS) 14 FIGURA 1.3. EXEMPLO DE NORMA DE ACESSIBILIDADE 14 FIGURA 1.4. PASSADEIRA SEM RAMPA DE ACESSO AO PASSEIO 15 FIGURA 1.5. BARCO SEM INFRA-ESTRUTURAS DE ACESSIBILIDADE 15 FIGURA 1.6. RAMPA SINALIZADA MAS COM OBSTÁCULO FÍSICO 15 FIGURA 1.7. PASSEIO OU ECOPONTO? 15 FIGURA 1.8. CORREIOS SEM ACESSO DA ESTRADA PARA O SEU INTERIOR 16 FIGURA 1.9. MULTIBANCO COM ESCADA DE METAL 16 FIGURA 1.10. EDIFÍCIO PÚBLICO COM ACESSO AO PISO SUPERIOR APENAS POR ESCADAS (NORMAIS OU ROLANTES), SEM ELEVADOR OU OUTRO DISPOSITIVO PARA SUBIDA COM CADEIRAS DE RODAS 16 FIGURA 1.11. FICHA DE SÍNTESE DE ANÁLISE DE PERCURSOS 19 FIGURA 1.12. RECOMENDAÇÃO SOBRE CABINES TELEFÓNICAS 20 FIGURA 1.13. RECOMENDAÇÃO SOBRE EDIFÍCIOS PÚBLICOS 20 FIGURA 2.1. PESSOAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA POR CADA MIL PESSOAS, POR TIPO DE DEFICIÊNCIA E POR SEXO 24 FIGURA 2.2. ORIGEM DAS DEFICIÊNCIAS FÍSICAS (EM PERCENTAGEM) 25 FIGURA 2.3. PESSOAS COM ALGUMA INCAPACIDADE, POR CADA MIL PESSOAS E POR SEXO 26 FIGURA 2.4. PESSOAS COM INCAPACIDADE PARA VER, POR MIL PESSOAS DE CADA GRUPO ETÁRIO 27 FIGURA 2.5. PESSOAS COM INCAPACIDADE NA LOCOMOÇÃO, POR MIL PESSOAS DE CADA GRUPO ETÁRIO 27 FIGURA 2.6. PERCENTAGEM DE PESSOAS CUJA INCAPACIDADE NA LOCOMOÇÃO É RESOLVIDA COM A AJUDA DE APARELHO, POR GRUPOS ETÁRIOS 28 6 FIGURA 2.7. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE PESSOAS COM ALGUMA INCAPACIDADE/DEFICIÊNCIA, POR DISTRITOS DO CONTINENTE E REGIÕES AUTÓNOMAS 28 FIGURA 3.1. MEDIDAS E INCLINAÇÕES IMPOSTAS PELA NORMA DE ACESSIBILIDADES EM PASSADEIRAS 39 FIGURA 3.2. EXEMPLO DE MÁ PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE EM PASSADEIRA 40 FIGURA 3.3. EXEMPLO DE BOA PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE EM PASSADEIRA 40 FIGURA 3.4. MEDIDAS E INCLINAÇÕES IMPOSTAS PELA NORMA DE ACESSIBILIDADES EM RAMPAS E ESCADAS 40 FIGURA 3.5. EXEMPLO DE MÁ PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE POR FALTA DE RAMPA DE ACESSO 41 FIGURA 3.6. EXEMPLO DE BOA PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE COM ESCADA ACOMPANHADA DE RAMPA DE ACESSO 41 FIGURA 3.7. MEDIDA IMPOSTA PELA NORMA DE ACESSIBILIDADES EM ZONAS DE MANOBRA 42 FIGURA 3.8. EXEMPLO DE MÁ PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE EM CASA DE BANHO PÚBLICA COM FALTA APOIOS E ESPAÇO PARA MANOBRAS 43 FIGURA 3.9. EXEMPLO DE BOA PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE EM CASA DE BANHO PÚBLICA COM APOIOS E ESPAÇO PARA MANOBRAS 43 FIGURA 3.10. MEDIDA IMPOSTA PELA NORMA DE ACESSIBILIDADES EM PERCURSOS ACESSÍVEIS 44 FIGURA 3.11. EXEMPLO DE MÁ PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE COM PASSEIO INACESSÍVEL 44 FIGURA 3.12. EXEMPLO DE BOA PRÁTICA DE ACESSIBILIDADE EM PASSEIO LARGO E SEM OBSTÁCULOS 44 FIGURA 3.13. EXEMPLO DE FORMULÁRIO ADA RELATIVO A ENTRADAS DE EDIFÍCIOS 45 FIGURA 3.14. SOFTWARE GOOGLE EARTH 46 FIGURA. 4.1. FICHA DE SÍNTESE DE ANÁLISE DE PERCURSOS 53 FIGURA 4.2. DIAGRAMA DE GANTT COM PLANEAMENTO PARA A DISCIPLINA DE DISSERTAÇÃO 55 FIGURA 4.3. DIAGRAMA DE GANTT COM OS TEMPOS DE EXECUÇÃO DAS TAREFAS PARA A DISCIPLINA DE DISSERTAÇÃO 57 FIGURA 5.1 DIAGRAMA DE BLOCOS DA APLICAÇÃO 61 FIGURA 5.2 DIAGRAMA DE ENTIDADES COM DESCRIÇÃO DE CADA TABELA 64 7 FIGURA 6.1. DISTRIBUIÇÃO DE IDADES PELOS UTILIZADORES QUE EFECTUARAM TESTES EM PAPEL E À APLICAÇÃO 65 FIGURA 6.2. TEMPO MÉDIO POR TAREFA EM PAPEL 66 FIGURA 6.3. CLASSIFICAÇÃO DE DIFICULDADE POR TAREFA EM PAPEL SEGUNDO OS UTILIZADORES (QUE JÁ TIVERAM CONTACTO COM ALGUM TRABALHO/PROJECTO SOBRE ACESSIBILIDADES) 67 FIGURA 6.4. CLASSIFICAÇÃO DE DIFICULDADE POR TAREFA EM PAPEL SEGUNDO OS UTILIZADORES (QUE NUNCA TIVERAM CONTACTO COM ALGUM TRABALHO/PROJECTO SOBRE ACESSIBILIDADES) 67 FIGURA 6.5. TEMPO MÉDIO POR TAREFA NA APLICAÇÃO 67 FIGURA 6.6. NÚMERO MÉDIO DE CLIQUES E ERROS POR TAREFA NA APLICAÇÃO 68 FIGURA 6.7. CLASSIFICAÇÃO DE DIFICULDADE POR TAREFA NA APLICAÇÃO SEGUNDO OS UTILIZADORES (QUE JÁ TIVERAM CONTACTO COM ALGUM TRABALHO/PROJECTO SOBRE ACESSIBILIDADES) 69 FIGURA 6.8. CLASSIFICAÇÃO DE DIFICULDADE POR TAREFA NA APLICAÇÃO SEGUNDO OS UTILIZADORES (QUE NUNCA TIVERAM CONTACTO COM ALGUM TRABALHO/PROJECTO SOBRE ACESSIBILIDADES) 69 FIGURA 6.9. CLASSIFICAÇÃO DE COMPARAÇÃO ENTRE PAPEL E APLICAÇÃO 70 FIGURA C.1. ECRÃ DE BOAS-VINDAS 82 FIGURA C.2. ECRÃ PRINCIPAL 82 FIGURA C.3. ECRÃ COM FORMULÁRIO DE INSERÇÃO DE NORMAS/REGRAS 83 FIGURA C.4. ECRÃ COM RELATÓRIO DE FICHA TÉCNICA DO MAPA ACTUAL 83 FIGURA D.1. APLICAÇÃO - ECRÃ DE BOAS VINDAS 84 FIGURA D.2. APLICAÇÃO – ECRÃ PRINCIPAL 84 FIGURA D.3. BARRA DE VISUALIZAÇÃO 85 FIGURA D.4. BARRA DE EDIÇÃO 85 FIGURA D.5. ECRÃ PRINCIPAL COM PLANTA, SUB-ÁREAS DEFINIDAS E INFORMAÇÃO MULTIMÉDIA ASSOCIADA 86 FIGURA D.6. ECRÃ COM JANELA DE SELECÇÃO DE OBSTÁCULOS 87 FIGURA D.7. ECRÃ COM JANELA PARA SELECÇÃO DE FORMULÁRIOS 87 8 FIGURA D.8. FORMULÁRIO DE PATAMARES, GALERIAS E CORREDORES 88 FIGURA D.9. FICHA TÉCNICA COM REQUISITES NÃO CUMPRIDOS ASSINALADOS A VERMELHO 88 9 Lista de Tabelas TABELA 1.1. PARTE DE FICHA BASEADA NO [DL06] PARA DOCUMENTAÇÃO DE LANÇOS, PATAMARES E DEGRAUS DE ESCADAS 17 TABELA 2.1. NÚMERO DE INCAPACIDADES DE UM DETERMINADO TIPO 26 TABELA 2.2. RESULTADOS DO PEDDY-PAPER EM VILA DO CONDE 30 TABELA 2.3. RESULTADOS DO PEDDY-PAPER NO FUNCHAL 31 TABELA 2.4. RESULTADOS DO PEDDY-PAPER EM SETÚBAL 31 TABELA 2.5. RESULTADOS GLOBAIS DE TODOS OS PEDDY-PAPERS 32 TABELA 5.1. TABELAS DEFINIDAS NA BASE DE DADOS 62 TABELA 5.2. CAMPOS E CHAVES PRIMÁRIAS DAS TABELAS DEFINIDAS NA BASE DE DADOS 62 TABELA 6.1. TEMPOS DE EXECUÇÃO DAS TAREFAS POR UTILIZADOR EM PAPEL (EM MINUTOS) 66 TABELA 6.2. TEMPOS DE EXECUÇÃO DAS TAREFAS POR UTILIZADOR NA APLICAÇÃO (EM MINUTOS) 68 TABELA E.1. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA INCAPACIDADE/DEFICIÊNCIA POR DISTRITOS DO CONTINENTE E REGIÕES AUTÓNOMAS 89 TABELA F.1. REQUISITOS DE HARDWARE E SOFTWARE 90 10 1 Introdução 1.1 Problema/Motivação A promoção da acessibilidade constitui um elemento fundamental na qualidade de vida das pessoas, sendo um meio imprescindível para o exercício dos direitos que são conferidos a qualquer membro de uma sociedade, contribuindo decisivamente para um maior reforço dos laços sociais, para uma maior participação cívica de todos aqueles que a integram e, consequentemente, para um crescente aprofundamento da solidariedade no Estado social de direito. Além disso, os avanços em acessibilidade conduzem geralmente a uma melhoria da própria acessibilidade das pessoas que dela não necessitam. Já em [CEA05]: hoje em dia se torna cada vez mais óbvio que a acessibilidade constitui o elemento básico e fundamental do direito à igualdade de participação de qualquer pessoa, quer tenha deficiência ou não. Sempre que uma actividade exclua alguém, meramente porque se torna impossível o acesso a um lugar ou a percepção do que lá ocorre, existe, de princípio, uma forma de exclusão e, consequentemente, de descriminação. Adelino Pais Fernandes, autor de várias obras, excombatente em Angola e deficiente das Forças Armadas da PSP, diz no seu livro [Fer04] que “Ignorar a deficiência é fugir à realidade e à responsabilidade”. Neste trabalho procura dar-se resposta aos problemas encontrados em várias tarefas relacionadas com acessibilidades. Assim, é necessário encontrar barreiras arquitectónicas impeditivas da livre circulação de qualquer indivíduo, com ou sem mobilidade total, com o objectivo de serem analisadas e corrigidas conforme as normas existentes para regular as acessibilidades. Actualmente existe em curso um projecto intitulado “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior” que tem por objectivo a organização de documentos relativos a acessibilidade física. Este projecto congrega intervenientes de várias faculdades. Assim, através de formulários de requisitos/normas e de fichas resumo, é feito um levantamento de áreas e percursos de uma determinada zona que posteriormente são organizados e analisados gerando no fim relatórios de problemas de acessibilidade na zona estudada. Ressalva-se que todo este processo é efectuado recorrendo ao papel. Este facto por si só é frequentemente gerador de certas incompatibilidades. Omissão ou troca de dados, folhas perdidas, dificuldade em encontrar o pretendido que aumenta com o volume de informação levantado/organizado. São apenas alguns problemas que se pretendem resolver com recurso a uma ferramenta digital que não só dá resposta aos problemas levantados pelo projecto em papel, mas também lhe acresce valor em vários aspectos através de mais funcionalidade além da permitida em papel. 11 1.1.1 Alguns Conceitos Base Importa então, quanto antes definir alguns conceitos para que consigamos mais facilmente compreender o conteúdo deste documento. Acessibilidade [INR08]: é um conceito lato que significa a possibilidade de acesso das pessoas com deficiência ao meio edificado público e privado, aos transportes e às tecnologias da informação e da comunicação, com o máximo possível de autonomia e de usabilidade. Pessoa com deficiência: é a pessoa que, em resultado da conjugação de uma anomalia ou perda das funções ou estruturas do corpo, incluindo as psicológicas, com o meio envolvente, enfrenta dificuldades específicas susceptíveis de lhe limitar a actividade ou restringir a participação na vida social, económica e cultural. Percurso Acessível: Os espaços interiores e exteriores devem ser servidos por uma rede de percursos pedonais, designados de acessíveis, que proporcionem o acesso seguro e confortável das pessoas com mobilidade condicionada a todos os pontos relevantes da sua estrutura activa. A rede de percursos pedonais acessíveis deve ser contínua e coerente, abranger toda a área urbanizada (interior ou exterior) e estar articulada com as actividades e funções urbanas realizadas tanto em espaços públicos como privados. Barreiras Físicas [FG08]: obstáculos, impedimentos que complicam, limitam, afrouxam ou impedem a autonomia de movimento das pessoas com incapacidade, a sua livre circulação em locais públicos ou privados, exteriores ou interiores. Podem considerar-se quatro tipos de barreiras: Urbanísticas: são as que existem nas vias públicas assim como nos espaços de uso público; Arquitectónicas: são as existentes nos acessos e no interior dos edifícios, tanto públicos como privados; Sensoriais: são todos os impedimentos que impossibilitam ou dificultam a expressão ou recepção de mensagens através dos meios de comunicação, sejam ou não de massas; De transportes: são aquelas existentes nos meios de transporte. Norma [IPQ08]: é uma referência do mercado a que se destina, sendo por isso usada em processos: de legislação, de acreditação, de certificação, de metrologia, de informação técnica, e nas relações comerciais Cliente – Fornecedor. De referir ainda que o objectivo final da acessibilidade física é que todos os utilizadores de espaços públicos acedam a esses espaços e por eles transitem seguindo os mesmos percursos independentemente de terem ou não deficiência e de esta ser leve ou profunda. 12 1.2 A Acessibilidade Física O meio que nos rodeia está pensado de acordo com as capacidades da pessoa em idade adulta, não contemplando as restantes faixas etárias e a deficiência. Em Portugal, as normas de acessibilidade estão definidas no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto [DL06]. Este decreto-lei tem por objecto a definição das condições de acessibilidade a satisfazer no projecto e na construção de espaços públicos, equipamentos colectivos e edifícios públicos e habitacionais. As normas técnicas sobre acessibilidades aplicam-se às instalações e respectivos espaços circundantes da administração pública central, regional e local, bem como dos institutos públicos que revistam a natureza de serviços personalizados ou de fundos públicos. Estas normas técnicas aplicam-se também aos edifícios, estabelecimentos e equipamentos de utilização pública e via pública, e ainda edifícios habitacionais. Este decreto é analisado no subcapítulo 3.2 desde documento. Sendo Portugal um dos países desenvolvidos, ainda contém legislação desadequada e inadaptada à realidade dos dias de hoje. Cachadinha [Cach06] faz na sua dissertação um estudo sobre as diferentes legislações em países europeus. São comparadas algumas secções semelhantes das legislações de Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Áustria onde são colocadas a descoberto as diferenças existentes em termos de cultura dos países quanto a este assunto. Com base nesse estudo, prevê-se que as actualizações sobre a legislação portuguesa possam ser céleres e produzam normas e exigências que proporcionem não apenas a independência das pessoas com mobilidade condicionada, mas também que essas pessoas se possam sentir confortáveis na utilização que dão aos espaços comuns. O termo acessibilidade significa, como vimos acima, o acesso a todas pessoas (com ou sem deficiência) a todos os locais públicos e privados em igualdade de circunstâncias. Significa pois, autonomia. Um dos principais dispositivos existentes que permitem a um indivíduo com mobilidade limitada ter maior autonomia é a cadeira de rodas. A cadeira de rodas [CRM00] pode ser considerada como uma extensão do corpo do seu utilizador, na medida em que lhe possibilita efectuar tarefas que de outra forma lhe estariam vedadas. A cadeira de rodas não é um dispositivo único para facilitar a mobilidade de um deficiente físico. Existem também as muletas que são dispositivos de apoio mais pequenos, que podem ser em madeira, metal, etc. Existem vários tipos de muletas, sendo as mais conhecidas as canadianas, feitas de metal, reguláveis em altura, com argola para o braço e apoio para a mão feitos em plástico. As figuras 1.1 e 1.2 mostram um exemplo de cadeira de rodas e muletas respectivamente. 13 Fig. 1.1. Cadeira de Rodas 1 Fig. 1.2. Par de muletas (tipo: canadianas)2 Uma vez que as cadeiras de rodas, são o dispositivo de ajuda à locomoção com maiores dimensões, será aquele que mais vezes será usado como referência em trajectos e percursos por esse mesmo motivo (dimensão), pois se este dispositivo passar em determinado local, por ser maior, também todos os outros passarão. Por exemplo, se um deficiente em cadeira de rodas quiser efectuar alguma manobra, a norma de acessibilidade da secção de zonas de manobra, impõe que as zonas de manobra devam ter dimensões que satisfaçam o definido na Figura 1.3 se nos percursos pedonais forem necessárias mudanças de direcção de uma pessoa em cadeira de rodas sem deslocamento3. Fig. 1.3. Exemplo de norma de acessibilidade4 1 – Mais que cuidar – Serviços de Apoio ao Domicílio 2 – Blog - 3 bp 3 - No capítulo 2 é apresentada uma análise estatística à realidade portuguesa em termos de pessoas com menor mobilidade. 4 - Acessibilidade e Mobilidade para Todos – Apontamentos para uma melhor interpretação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, P. Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa 14 Existem actualmente muitas barreiras urbanísticas ou arquitectónicas que não permitem a toda a população a livre circulação para a utilização de objectos e serviços. Vamos considerar apenas estes dois tipos pois são aqueles que serão usados no âmbito do trabalho. As figuras 1.4 a 1.7 apresentam alguns exemplos de barreiras urbanísticas. Fig.1.4. Passadeira sem rampa de acesso ao passeio1 Fig. 1.5. Barco sem infra-estruturas de 2 acessibilidade Fig. 1.6. Rampa sinalizada mas com obstáculo físico3 Fig. 1.7. Passeio ou Ecoponto?4 As figuras 1.8 a 1.10 apresentam exemplos de barreiras arquitectónicas. 1, 2, 3, 4 – Euroacessibilidade – Acessibilidade em Estado de Sítio 15 Fig. 1.8. Correios sem acesso da Estrada para o 1 seu interior Fig. 1.9. Multibanco com escada de metal 2 Fig. 1.10. Edifício público com acesso ao piso superior apenas por escadas (normais ou rolantes), sem elevador ou outro dispositivo para subida com cadeiras de rodas3 Mais adiante neste documento, são apresentados uma análise à legislação portuguesa (capítulo 3) e aos problemas arquitectónicos no nosso país, e ainda uma referência estatística às pessoas com mobilidade condicionada (capítulo 2). 1 – Euroacessibilidade – Acessibilidade em Estado de Sítio 2 – Blog – O blog alternativo 3 – National Scrabble Association 16 1.3 O Projecto “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior” O projecto Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior, com uma equipa multidisciplinar congregando a Faculdade de Arquitectura, a Faculdade de Motricidade Humana e o Instituto Superior Técnico, teve como um dos objectivos a determinação e emissão de recomendações sobre acessibilidade ao nível arquitectónico. Este trabalho incluiu a elaboração de fichas de verificação de espaços exteriores e interiores que assentam no [DL06]. As fichas contemplam todo o tipo de normas, medidas e demais exigências do decreto-lei. De seguida, apresenta-se um excerto de uma ficha como exemplo ilustrativo na tabela 1.1. Tab. 1.1. Parte de ficha baseada no [DL06] para documentação de lanços, patamares e degraus de escadas Item Descrição Observações Largura A largura dos lanços, patins e patamares das escadas é superior dos lanços ou igual a 1,2m? Patamares Os das especificações? escadas 1 Patamares superiores e inferiores com uma profundidade, patamares das escadas respeitam as Sim Não seguintes medida no sentido do movimento, não inferior a 1,2m; 2 Patins intermédios com uma profundidade, medida no sentido do movimento, não inferior a 0,7m, se os desníveis a vencer, medidos na vertical entre o pavimento imediatamente anterior ao primeiro degrau e o cobertor do degrau superior, forem superiores a 2,4m; Degraus Os degraus das escadas respeitam as seguintes especificações? 1 Uma profundidade (cobertor) não inferior a 0,28m; 2 Uma altura (espelho) não superior a 0,18m; 3 As dimensões do cobertor e do espelho constantes ao longo de cada lanço; 4 A aresta do focinho boleada com um raio de curvatura compreendido entre 0,005m e 0,01m; 5 Faixas antiderrapantes e de sinalização visual com uma largura não inferior a 0,04m e encastradas junto ao focinho do degrau; Degraus No caso do degrau de arranque ter dimensões do cobertor e do espelho diferentes das dimensões dos restantes degraus do 17 lanço, a relação de duas vezes a altura do espelho mais uma vez a profundidade do cobertor mantém-se constante? Degraus Sendo a profundidade do degrau (cobertor) medida pela superfície que excede a projecção vertical do degrau superior, no caso de as escadas terem troços curvos, é garantida uma profundidade do degrau não inferior a 0,28m em pelo menos dois terços da largura da escada? Degraus Os degraus da escada não possuem elementos salientes nos planos de concordância entre o espelho e o cobertor? O objectivo da elaboração destas fichas é o levantamento e a documentação de percursos a estudar para posterior análise e emissão de relatórios de recomendações de melhoria. As fichas são organizadas por secções distintas, com um índice no início. Por exemplo, ao querer efectuar um percurso, teriam de ser documentados todos os espaços que esse percurso atravessa. Assim, tendo documentado espaços como uma porta, uma janela, um lance de escadas e um elevador, o observador teria de procurar no índice as fichas que continham os questionários relativos a estes elementos. Com as fichas seleccionadas ter-se-ia de dar resposta a cada questão colocada anexando sempre que achasse necessário as devidas observações, para complemento ou justificação da resposta. Após cada levantamento, os resultados são organizados em fichas síntese. Estas fichas não são uma análise de um percurso, são sim uma síntese de todos os locais levantados num dado espaço. Uma ficha de síntese é apresentada na figura 1.11. 18 Fig. 1.11. Ficha de síntese de análise de percursos1 Em cima do lado direito temos uma planta com o percurso traçado e com alguns símbolos que identificam algumas zonas. Do lado esquerdo temos a lista dos locais documentados com referência dos formulários utilizados através do índice de fichas. Já por baixo da planta, temos diversas fotografias que ilustram o local documentado. Depois destas fases, extrair a informação relevante para corrigir e adaptar os erros e obstáculos a alterar é uma tarefa difícil. Primeiro, este levantamento é todo ele realizado em papel, e portanto, grandes áreas dão origem a grande volume de informação, o que o torna um problema logístico. Com o grande volume de informação em papel, a procura dos documentos necessários aumenta em termos de tempo e de complexidade e está sujeito a falhas como a não recolha ou a recolha incompleta de informação. Além disso, e como problema semelhante de procura, se houver erros de levantamento, a tarefa de procura e correcção dos mesmos poderá ser bastante penosa e demorada. O projecto realizado de organização documental digital da acessibilidade de percursos vem dar resposta aos problemas atrás evidenciados. Este projecto resultou numa ferramenta digital que congrega a documentação de áreas e percursos, de organização de multimédia e, no final, da emissão de relatórios de anomalias e correcções a efectuar nos locais documentados. No final dessa documentação, serão gerados relatórios de erros/problemas que servirão de motivação para a alteração e adaptação dos locais com problemas, e posterior emissão de recomendações para a adaptação às boas práticas. 1 – Projecto “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior” 19 O [DL06] determina as regras “mínimas” exigidas para que a acessibilidade para todos seja uma realidade. No entanto, não podemos simplesmente aceitar o mínimo necessário, pois assim como queremos conforto para nós mesmos, também teremos de dar todo o conforto possível a quem não tem iguais condições físicas. É por isso que esta ferramenta além do descrito, poderá ser uma maisvalia para a melhoria de vida das pessoas. Além de receber as normas impostas pela lei portuguesa, poderá receber outras normas mais exigentes para incentivar não só ao cumprimento do estipulado como um incentivo à procura pela constante melhoria. No trabalho relacionado é abordado um estudo sobre acessibilidades por Cachadinha [Cach06] que estudou a legislação de vários países europeus (Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Áustria). Alguns têm leis mais exigentes, outros menos, podendo a legislação de cada um ser usada na melhoria da aplicação construída. Um bom exemplo das boas práticas é um folheto emitido pela Câmara Municipal da Amadora que [ACT95] mostra de forma ilustrada, simples e perceptível a todos, algumas das normas e requisitos mínimos a cumprir em espaços públicos interiores ou exteriores. O folheto surge como resultado de uma deliberação sobre a postura municipal a adoptar sobre a eliminação de barreiras arquitectónicas. As figuras 1.12 e 1.13 são um exemplo do folheto. Fig. 1.12. Recomendação sobre cabines 1 telefónicas Fig. 1.13. Recomendação sobre edifícios 2 públicos 1, 2 – Amadora Cidade para todos – Eliminação de Barreiras Arquitectónicas para deficientes, SEPARATA, Edição da C.M. Amadora, 1995, Amadora 20 1.4 Público-alvo O projecto “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior” tem um público-alvo igual ou semelhante ao projecto digital desenvolvido e estudado nesta dissertação e que originou uma aplicação. Assim sendo, esta ferramenta é virada para a resolução de problemas de acessibilidades e, estando os arquitectos incumbidos da tarefa de desenho para a remodelação ou construção, faz todo o sentido que a mesma ferramenta esteja adaptada à sua forma de trabalhar, facilitando-lhes o trabalho de análise do terreno. Assim, os públicos-alvo deste trabalho são os arquitectos e técnicos de acessibilidades. Mais concretamente são os levantadores de terreno e analisadores de documentos. 1.5 Objectivos do Trabalho O projecto de Organização Documental de Acessibilidade de Percursos surge da necessidade de organização de locais de forma fácil, de modo a criar, alterar ou conhecer locais que se desejam acessíveis a todos, independentemente da condição física/motora. Um dos objectivos principais deste trabalho é trazer um valor acrescentado na promoção da acessibilidade para todos através da consulta de relatórios de problemas e de boas práticas fomentando a mobilização para a mudança. Actualmente a tarefa de levantamento não é trivial. É necessário documentar correctamente cada local, ou seja, sem erros e com precisão. Efectuar o levantamento de um local, implica guardar todo o tipo de informações possível da área a documentar. Tirar medidas, tirar fotografias, fazer observações, e até mesmo fazer simulações de percursos para detecção de anomalias. Se esta tarefa não é fácil, muito mais complicada será a tarefa posterior de análise de informação extraída. Nos moldes em que o projecto de Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior decorreu, existiam vários problemas anexos aos passos de levantamento e análise. No primeiro, relativamente às fichas construídas, temos inquéritos de itens com conjunto de questões pré-definidas. Pode acontecer que para documentar um local sejam necessárias e aplicáveis apenas metade das perguntas do questionário. Além disso, por vezes, encontrar um determinado questionário não é tarefa fácil pois os índices ou não existem ou em outros casos, têm itens repetidos em fichas diferentes. As fichas estão baseadas no [DL06]. Havendo lugar a alguma alteração, não sendo impossível, o trabalho de remodelação das mesmas é bastante complexo, sendo que partir do início seria sempre uma opção a colocar. Já na tarefa de análise o problema que se põe é idêntico. E neste caso não há índice, ou seja, a documentação, apesar de referenciar a zona a documentar, não possui uma indicação de onde se 21 encontra ao longo dos volumes, o que torna a sua procura deveras complicada e morosa. A ferramenta digital veio suprir estes problemas. O trabalho foi avaliado com base em testes efectuados em papel e à aplicação. Foram registadas métricas de desempenho na utilização da aplicação (como a contagem de erros, cliques necessários, tempo necessário para execução de tarefas e se estas foram ou não cumpridas na sua totalidade). Estes resultados foram registados numa ficha de examinador. Além disso, foram efectuados no final dos testes, inquéritos aos utilizadores que aceitaram efectuar os testes, com o objectivo de aferir a sua opinião quanto à vantagem/desvantagem de utilizar a aplicação vs papel. 1.6 Organização do documento Esta dissertação está dividida em 7 capítulos, conforme indicado abaixo. 1 Introdução È apresentado o problema e justificada a sua importância e oportunidade, são apresentadas algumas definições importantes, bem como os objectivos do trabalho e o público-alvo. 2 Incapacidade em Portugal e a arquitectura portuguesa Neste capítulo é apresentada uma análise estatística dos indivíduos com incapacidade em Portugal e respectivas dificuldades. São abordados em termos estatísticos o número e tipo de incapacidades de cada pessoa com base num inquérito nacional sobre incapacidade pelo Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração da Pessoa com Deficiência. Ainda neste capítulo são apresentadas algumas tabelas relativas aos resultados de um peddy-paper realizado em 2008 em várias cidades do país que revelam um pouco o estado da arquitectura em Portugal. 3 Trabalho Relacionado O trabalho relacionado apresenta trabalhos, estudos, livros ou artigos que de uma forma ou de outra contribuíram para o desenvolvimento do projecto de organização documental digital. 4 Metodologia O capítulo de metodologia apresenta uma visão geral de como o trabalho foi planeado e como realmente foi realizado, de que forma foi avaliado, sendo apresentados diagramas do planeamento inicial e do tempo dispendido na execução das tarefas respectivamente. Ainda no mesmo capítulo são definidos os testes de usabilidade feitos aos utilizadores para verificar a existência de erros e perceber a dificuldade ou facilidade em usar a aplicação ao invés do papel. 5 Arquitectura da Solução 22 Nesta secção é explicado como foi construída a solução. São apresentados os módulos lógicos em que se divide o programa e quais as suas funções, e são apresentados em detalhe os aspectos técnicos mais relevantes. 6 Resultados e Análise Os resultados dos testes efectuados aos utilizadores são aqui apresentados. Seguidamente é efectuada uma análise aos mesmos dados. 7 Conclusões Neste capítulo é apresentada uma síntese das actividades realizadas, sendo identificados os aspectos mais importantes. São apresentadas as conclusões tiradas na realização deste trabalho e são ainda sugeridas propostas de futura melhoria do projecto de organização documental digital da acessibilidade de percursos. 23 2 Incapacidade em Portugal e a arquitectura portuguesa No presente capítulo é apresentada uma análise estatística dos indivíduos e respectivas dificuldades. Apresenta-se de seguida uma perspectiva sobre a arquitectura actual com base em alguns relatórios de um peddy-paper realizado em 2008. Este capítulo apresenta a quantidade e percentagem de pessoas com incapacidades ou dificuldades que de um modo ou de outro lhes tiram independência em igualdade de circunstâncias com outros indivíduos em Portugal. Por outro lado, apresenta ainda os problemas existentes no nosso país a nível de acessibilidades. Justifica-se assim a necessidade de dar mais atenção a quem por motivos de saúde, não tem as capacidades que um indivíduo normal, e dar mais atenção aos espaços e edifícios públicos conjugando assim estas duas preocupações de melhoria. 2.1 A incapacidade no nosso país Com base num inquérito realizado em Portugal em 1998 [IDD98] publicado pelo Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (hoje chamado Instituto Nacional para a Reabilitação), comecemos por analisar os 4 grandes grupos de deficiências que causam incapacidade. O gráfico 2.1. mostra o número de pessoas por tipo de deficiência, por sexo e por cada mil. Fig. 2.1. – Pessoas com alguma deficiência por cada mil pessoas, por tipo de deficiência e por sexo 1 1 - Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa 24 Estas deficiências têm as mais diversas origens, desde hereditariedade a acidentes de trabalho. Para o caso iremos apenas analisar as deficiências físicas pois são essas que englobam a fatia principal de pessoas que têm interesse para o trabalho desenvolvido. A figura 2.2. apresenta uma distribuição da origem das deficiências físicas. Fig. 2.2. – Origem das deficiências físicas (em percentagem)1 Assim, estas deficiências provocam diversos tipos de incapacidades e vários graus de incapacidade por cada tipo. Vamos dividir estes tipos em 9 grandes grupos: ver, ouvir, falar, outras de comunicação, cuidado pessoal, locomoção, tarefas diárias, face a situações e comportamento. Segundo o mesmo inquérito [IDD98], existiam em Portugal 905488 incapacitados, isto é, que têm pelo menos uma incapacidade. A realidade dos dias de hoje não há-de ser muito diferente pelo que poderemos considerar que, sabendo que temos cerca de 10 milhões de habitantes, serão cerca de 9 a 10% do total de habitantes os incapacitados no nosso país. É um número bastante significativo e que merece bastante atenção. Esta incapacidade é tanto mais frequente quanto mais idoso for o indivíduo como é natural a partir de uma certa idade. Aliado a outro tipo de incapacidades, este processo acelera significativamente. Assim, na tabela 2.1 são apresentados os números relativos às incapacidades de determinado tipo por referência ao número total de incapacidades encontradas (1.618.515). De salientar que o número anterior não corresponde ao número de pessoas com incapacidade. Na realidade, uma pessoa pode sofrer de mais do que uma incapacidade, facto pelo qual este número total supera o número de pessoas, já atrás referido (905.488). 1 - Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa 25 Tab. 2.1. – Número de incapacidades de um determinado tipo Incapacidade Total Permilagem Ver 135.430 83.67 Ouvir 115.067 71.09 Falar 66.778 41.26 Outras de Comunicação 87.665 54.16 Cuidado Pessoal 130.800 80.81 Locomoção 357.492 220.86 Tarefas Diárias 106.870 66.02 Face a Situações 418.889 258.79 Comportamento 199.524 123.27 Do número de incapacidades referidas na tabela 2.1, as que interessam para o estudo em questão são principalmente as de locomoção e também as de visão. Assim, poderíamos afirmar que do total de incapacidades existentes em Portugal, cerca de 30% (visão e locomoção) são os casos que se pretendem para o âmbito deste projecto, ou seja, 492.922 casos de incapacidades. A figura 2.3 apresenta um gráfico com a permilagem de casos de incapacidade de visão e locomoção entre homens e mulheres. Fig. 2.3. – Pessoas com alguma incapacidade, por cada mil pessoas e por sexo1 A figura 2.4. por seu turno, apresenta o número de casos por cada mil, de pessoas com incapacidade para ver e por grupo etário. 1 - Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa 26 Fig. 2.4. – Pessoas com incapacidade para ver, por mil pessoas de cada grupo etário1 Quanto á incapacidade de locomoção, os números são apresentados na figura 2.5. Fig. 2.5. – Pessoas com incapacidade na locomoção, por mil pessoas de cada grupo etário 2 Para os casos referidos no gráfico 2.5., existem alguns, cuja incapacidade na locomoção é resolvida com a ajuda de um aparelho, no caso, cadeira de rodas ou canadianas. Assim, no gráfico da figura 2.6. é apresentado por grupo etário, a percentagem de pessoas cuja incapacidade na locomoção é resolvida com a ajuda de aparelho. 1, 2 - Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa 27 Fig. 2.6. – Percentagem de pessoas cuja incapacidade na locomoção é resolvida com a ajuda de 1 aparelho, por grupos etários Voltando-nos agora para uma distribuição geográfica, é mostrado através da figura 3.7. um gráfico com a percentagem de pessoas com alguma incapacidade/deficiência, por distritos e regiões autónomas. Fig. 2.7. – Distribuição percentual de pessoas com alguma incapacidade/deficiência, por distritos do continente e regiões autónomas2 1, 2 - Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa 28 Pelo gráfico podemos ver que Aveiro e Viana do Castelo são respectivamente os distritos onde a taxa de incapacitados é inferior e superior. Como referência, é mostrada no Anexo E a tabela E.1. que quantifica a distribuição geográfica por distritos e por regiões autónomas. Em jeito de conclusão final a este subcapítulo, percebe-se que o número de cidadãos e as suas características físicas ou psicológicas que determinam algum grau de incapacidade, são um número relativamente grande em relação ao total de indivíduos do nosso país. Assim, é explicado com este capítulo mais um factor determinante para a aplicação criada. Se não houvesse pessoas com incapacidades, não haveria tanta necessidade de preocupação com os espaços, pelo menos a este nível, por parte de todos os intervenientes. 2.2 Detecção de problemas Arquitectónicos O presente subcapítulo destina-se a evidenciar os problemas comuns encontrados em edifícios e espaços de utilização pública. É mais uma justificação para necessidade da realização deste projecto. Com o objectivo de evidenciar os problemas detectados na arquitectura portuguesa, recorreu-se aos dados resultantes de uma prova cujo objectivo era esse mesmo, detectar problemas arquitectónicos, emitindo relatórios para a resolução dos problemas. Assim, no ano passado (2008), a Ordem dos Enfermeiros decidiu realizar um Peddy-Paper sobre o tema “Mobilidade, Acessibilidade, Cidadania” [OE09]. Este evento realizado no dia 3 de Dezembro surgiu para comemorar o dia internacional da pessoa com deficiência. O principal objectivo do Peddy-Paper consistiu em efectuar de forma lúdica a identificação de barreiras arquitectónicas e/ou outros obstáculos em espaços de utilização pública que coloquem em causa o exercício pleno da cidadania. Assim, durante os meses de Novembro e Dezembro de 2008, realizou-se a referida actividade em 8 cidades: Funchal, Bragança, Lisboa, Leiria, Vila do Conde, Ponta Delgada, Coimbra e Setúbal. Esta iniciativa foi da responsabilidade da Comissão de Especialidade de Enfermagem e Reabilitação tendo sido efectuados protocolos de cooperação e parceria com: - Autarquias - Outros órgãos ou entidades públicas regionais ou nacionais (hospitais, Escolas de Saúde, APEEER) - Associações de pessoas com deficiência de âmbito nacional ou regional - Associações/Instituições de apoio/educação a pessoas com deficiência - Comunicação Social regional e nacional - Outras 29 Esta actividade foi realizada em edifícios públicos e espaços de utilização comunitária. As tarefas a cumprir baseavam-se em entrar nos edifícios, deambular no seu interior e utilizar os recursos disponíveis nos espaços e edifícios. Foram formadas equipas que eram compostas por pessoas com vários tipos de deficiência acompanhadas por um enfermeiro responsável, que tinha por tarefa anotar numa checklist as dificuldades encontradas pelos intervenientes e a forma como as mesmas foram ultrapassadas. Concluídas todas as provas nas 8 cidades, os resultados foram claros e não deixam margem para dúvidas. Muito há a fazer no edificado nacional a nível de acessibilidade e mobilidade. Abaixo apresentamos alguns dos resultados obtidos nas mesmas provas para mais facilmente percebermos as dificuldades com que se deparam no dia-a-dia os indivíduos deficientes motores e visuais. A classificação da checklist foi agrupada por: Total – acesso autónomo Condicionada – ajuda de 1 pessoa Ausente – ajuda de 2 ou mais pessoas ou impossibilidade de entrar e/ou utilizar o serviço Das cidades onde se realizaram Peddy-Papers, embora os resultados não tenham sido animadores, há cidades cujo grau de acessibilidade já pode ser visto como exemplo para outras. Não é possível no entanto, estabelecer uma classificação por cidades pois as estruturas analisadas foram diferentes tanto em tipo como em quantidade. Abaixo segue a tabela 2.2 com os resultados referentes aos pontos visitados pelos participantes e a respectiva classificação: Tab. 2.2. Resultados do Peddy-Paper em Vila do Conde Acessibilidade/Mobilidade Vila do Conde Total Instituições Públicas Condicionada Registo Civil de Vila do Conde x Escola Secundária Afonso Sanches x Escola Secundária José Régio x Câmara Municipal de Vila do Conde x Correios x Serviços Caixa Geral de Depósitos x Espaços Urbanos Via pública x Ausente Funchal e Setúbal foram das cidades com mais problemas em termos de acessibilidade. Seguem-se duas tabelas com os resultados destas duas cidades. 30 Tab. 2.3. Resultados do Peddy-Paper no Funchal Acessibilidade/Mobilidade Funchal total Instituições Públicas Finanças condicionada ausente x Segurança Social x Correios x Câmara Municipal x x Tribunal Serviços Centro Radiológico x Clínica da Carreira x Farmácia do Carmo x x Banif Millenium x x Banco Totta Centro Comercial Tavira x Act. Sócio-Cult. Museu Arte Sacra x Outros Igreja do Carmo x Igreja do Colégio x Sé Catedral Espaços Urbanos x Multibanco x Via pública x Tab. 2.4. Resultados do Peddy-Paper em Setúbal Acessibilidade/Mobilidade Setúbal total Instituições Públicas Serviços condicionada Hospital - Consulta Externa x Loja do Cidadão x Centro de Formação Profissional x Centro de Saúde x Câmara Municipal x ausente PSP x Governo Civil x Clínica do Coração x Centro Comercial x Zara x Farmácia Sália x x Montepio Geral McDonalds x 31 Outros x Estação da C.P. Espaços Urbanos WC da Estação x Cabine telefónica da Estação x Igreja x x Via pública Jardim Bonfim x W.C. para deficientes x Os resultados globais não foram animadores. Muito há a fazer nos edifícios e espaços públicos tal como demonstra a tabela 2.5 com os resultados globais de todas as provas. Tab. 2.5. Resultados globais de todos os Peddy-papers Resultados Globais Instituições Públicas Correios Autarquias Governo Civil Serviços Públicos Escolas Serviços Saúde Serviços Lojas comerciais Cafés / Pastelarias Farmácias /Ortopedias/Clínicas Bancos Monumentos e Instalações para Act. Sócio-Cult Outros Teatros Museus/Centros Culturais Monumentos Transportes Públicos Igrejas W.C. públicos Espaços Urbanos Cabines Telefónicas Multibanco Ecopontos / Contentores de Lixo Via Pública Total Nº Acessibilidade/Mobilidade total condicionada ausente 7 2 3 2 7 3 3 1 3 0 2 1 27 3 11 13 4 0 4 0 4 0 4 0 12 1 11 0 12 3 8 1 12 0 10 2 16 2 8 6 2 1 1 0 4 0 2 2 3 1 1 1 8 0 6 2 5 1 0 4 5 2 1 2 2 0 1 1 4 0 2 2 3 0 3 3 8 0 8 0 148 19 89 40 12,8% 60,1% 27,1% 32 Em suma, os principais problemas detectados foram: Via pública: o Passeios degradados (ausência de pedras, grandes irregularidades); o Obstáculos permanentes nos passeios (sinalização, abrigos de paragens de autocarro, pilaretes); o Estacionamento irregular (por vezes obriga a descer para a via de trânsito); o Passadeiras de peões sem piso rebaixado; o Passadeiras de peões com rampas mas demasiado inclinadas; o Ausência de sinalização sonora; o Telefones públicos, caixas multibanco e outros equipamentos não estão adequados á utilização do deficiente motor em cadeira de rodas e em muitos casos, ao deficiente visual; o Ecopontos e caixotes de lixo sem indicações para deficientes visuais e demasiado elevados para utilizadores de cadeira de rodas; Acesso aos edifícios: o Ausência de rampas de acesso (degraus ou escadas); o Ausência de plataformas elevatórias e quando existem não tem intercomunicador ou botão de chamada; o Rampas demasiado inclinadas e por vezes sem corrimão; o Portas estreitas, pesadas e a abrir para o exterior (impossibilita a abertura por pessoas em cadeira de rodas) ou com puxadores ou botões de abertura demasiado elevados; Interior dos edifícios: o Espaços diminutos e com variados obstáculos (mobiliário, expositores) não permitindo rotação de 180º em cadeira de rodas; o Portas interiores estreitas; o Balcões de atendimento demasiado elevados; o Dispensadores de senhas de atendimento demasiado elevados; o Indicadores do número para atendimento não adaptados a deficientes visuais; o Elevadores entre pisos sem tamanho regulamentar e com portas de abrir para o exterior; 33 o Ausência de casas de banho adaptadas; o Ausência de sinalética adaptada para deficientes visuais; o Máquinas automáticas sem possibilidade de aproximação frontal em cadeira de rodas, demasiado altas e/ou sem indicações (relevo ou Braille) para deficientes visuais; Estes resultados revelam a importância de olhar a acessibilidade com outros olhos. De pensar a legislação de acessibilidades no seu todo e não só em alguns pormenores. Esta actividade já foi desenvolvida em anos anteriores e irá ser continuada para perceber o impacto que a mesma tem nas instituições e no pensamento em melhorar acessibilidade nos locais públicos. Os resultados obtidos e referidos em parte neste capítulo, foram entregues às entidades responsáveis pelas estruturas analisadas, com o objectivo de a sua arquitectura ser revista e rectificada. Ainda muito há a fazer nos espaços públicos, no entanto já se vai notando o esforço da mudança, por exemplo em Lisboa, muitos passeios construídos há anos, estão a ser rebaixados nas zonas das passadeiras ao nível do asfalto para permitir o atravessamento da rua a peões em cadeira de rodas. 34 3 Trabalho Relacionado Nesta secção vão ser apresentados alguns estudos e trabalhos relacionados e explicar a relação destes com o trabalho desenvolvido. Estes trabalhos permitiram retirar ideias que, articuladas entre si, permitiram criar uma aplicação que respondesse aos objectivos propostos. Cada trabalho e aplicação estudados tiveram a sua função particular, dando resposta apenas à área em que estão inseridos. No entanto, não existia nem existe ainda nenhuma ferramenta no mercado capaz de dar resposta ao problema enunciado. Assim, as ideias retiradas serviram como base para a construção de uma ferramenta que reunisse todos estes aspectos em falta e que unificasse as tarefas desempenhadas por cada ferramenta específica, tendo assim uma aplicação robusta, capaz de responder a todos os problemas de forma simples e rápida. 3.1 Estudos e Documentos de Acessibilidade Neste subcapítulo serão apresentados vários trabalhos e estudos desenvolvidos no âmbito da acessibilidade. Como explicado na introdução, o trabalho desenvolvido no projecto Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior abriu o tema deste trabalho. Uma vez que tanto o levantamento de percursos como a análise de resultados são trabalhos morosos e que denotam muita dificuldade logística e organizativa, vamos partir daí para solução. O grande problema que é posto prende-se com a difícil extracção de informação após o levantamento, pois grandes volumes de documentação para avaliar obrigam a uma complicada tarefa de recolha de problemas para resolução. A dificuldade será tanto maior quanto maior for o volume de informação a analisar. Cachadinha [Cach06] desenvolveu uma dissertação sobre a acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada em edifícios de habitação. Este estudo caracteriza a população e a acessibilidade do parque habitacional português e descreve a evolução do sector de habitação, identificando também os problemas em termos de acessibilidade da regulamentação da construção de habitação portuguesa. Por fim, esta regulamentação é comparada com a legislação de 5 países da Europa (Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Áustria). O objectivo principal deste estudo visou definir um conjunto de especificações de acessibilidade por pessoas com mobilidade condicionada em edifícios multifamiliares de habitação ajustado à situação social e económica portuguesa e à realidade da construção de habitação em Portugal. Este estudo contemplava a classificação da acessibilidade por níveis de exigência sendo o nível 0 a lei portuguesa, e os dois níveis seguintes, níveis de acessibilidade superior que poderão também corresponder a regulamentações de outros países. 35 Do estudo realizado resultaram especificações de acessibilidade aplicáveis a edifícios de habitação organizadas por níveis de exigência. Tratou-se de um sistema original ao nível da redacção das especificações e ao nível da sua estruturação. Além disso, os níveis resultantes tiveram como base a legislação e normalização de acessibilidade de países europeus com proximidade geográfica de Portugal e com nível de desenvolvimento económico e social semelhante ao português. Deste estudo resulta não uma classificação simples e única mas, como foi dito, uma classificação por níveis que foi pensada para o trabalho desenvolvido. Havendo um relatório final com anotações sobre anomalias e correcções, é mais simples a alteração das mesmas pois a informação contida no relatório já facilita a determinação da melhor solução para o local. Já Lorena [Lore08], desenvolveu um projecto de pós-graduação em Design para a Diversidade, que tem algumas semelhanças com o projecto anteriormente descrito [Cach06]. O Selo de Acesso, como o projecto assim foi designado, tinha como objectivo definir para avaliação e classificação 3 níveis de acessibilidade. Embora semelhante ao anterior, a principal diferença reside na natureza dos níveis de exigência considerados. O primeiro nível é igualmente o mínimo, ou seja, a legislação em vigor, mas os níveis seguintes, são cada vez mais rigorosos e, têm neste caso como base o conforto, segurança e autonomia superior das pessoas com mobilidade reduzida. O objectivo foi conseguir através da criação de um regulamento e da realização de grelhas que serviriam de instrumento de avaliação com base na lei existente e ainda completada pelos itens mais exigentes (considerados necessários para uma adequada, maior e melhor utilização dos espaços classificados). Este objectivo contemplava identificar e divulgar as condições e características da acessibilidade em determinados espaços, permitir aos utilizadores o acesso à informação sobre as condições dos espaços, e, por fim, identificar, distinguir e multiplicar as “boas práticas”. Após a classificação dos locais, os resultados obtidos seriam reunidos em relatório, permanecendo no âmbito público para consulta, com o objectivo de ser uma mais-valia a incitar às boas práticas de acessibilidade e promoção de bem-estar a todos. A consequência esperada destes objectivos a longo termo seria garantir as condições de mobilidade e acessibilidade para utilização e a compreensão do ambiente, pelo maior número de pessoas, garantir uma melhor informação sobre barreiras sentidas por todos e de forma mais acentuada, e, garantir o acesso com iguais oportunidades à participação em todo o tipo de actividades. A ideia retirada destes dois trabalhos é semelhante. A inserção de normas por níveis de exigência permite ao utilizador definir à partida qual o grau de exigência que deseja para a construção de raiz ou a correcção a efectuar em determinado local. O utilizador não terá necessariamente que seguir como nível base a lei portuguesa, poderá ser ainda um pouco mais exigente e aplicar critérios mais exigentes e os níveis seguintes serem ainda superiores em termos de imposições. Em locais a rectificar há que perceber as condições do local e as possibilidades de alteração do mesmo. O Decreto-Lei 163/2006 [DL06] salvaguarda que há locais cuja remodelação obriga à perda do objectivo que o mesmo tem (exemplo, monumentos nacionais). Sendo assim, ainda que podendo de uma forma ou de outra minimizar a falta de acessibilidade, não há obrigação dos mesmos em cumprir o 36 estipulado. Após um relatório final dado com as correcções feitas e transpondo a situação para a aplicação concretizada, poder-se-ia concluir que este local (monumento) não está apto a sofrer remodelações para os níveis 2 e 3, mas conseguiria atingir o nível 1. Dos trabalhos que foram alvo de estudo, alguns utilizam a lei portuguesa como referência, nomeadamente o decreto que visa criação de melhores condições gerais de mobilidade e acessibilidade que é bastante complexa. Para facilitar a sua compreensão, Teles elaborou um trabalho [Teles07] que consiste num conjunto de apontamentos para melhor interpretação do decreto. De acordo com a autora, as leis devem estar, também elas, acessíveis ao maior número possível de cidadãos interessados em conhecê-las, daí a elaboração do trabalho referido. Deste trabalho, os elementos relevantes retirados são a descodificação facilitada das normas técnicas apresentadas no [DL06]. Este livro foi importante pois também foi usado como referência para um dos níveis, as normas que nele constam. Trabalho semelhante foi desenvolvido por Falorca e Gonçalves [FG08] que possui recomendações para projectar e construir com acessibilidade e que contém comentários e ilustrações e anotações ao mesmo decreto. Estes documentos foram importantes na organização dos formulários construídos para a aplicação criada no projecto digital de organização documental. Um outro estudo sobre acessibilidade de Simões está disponível em publicação digital [Sim08]. O estudo fala de Acessibilidade e Mobilidade e descreve a fundo as normas técnicas para a melhoria de acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada. Este documento tem bastante informação sobre o DL 163/2006 e sobre a Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2007 de 17 de Janeiro. Estes dois diplomas estabelecem as condições de acessibilidade a satisfazer no projecto e na construção de espaços públicos, equipamentos colectivos, edifícios públicos e habitacionais, no primeiro documento e, no segundo, o plano nacional de promoção de acessibilidade. O objectivo do trabalho desenvolvido visou principalmente facilitar a interpretação da lei recorrendo a exemplos concretos de boas práticas e práticas a evitar mostrando várias imagens da cidade de Coimbra. Este trabalho resultou num documento que, complementado pelo [CEA05], deu algumas luzes sobre como se pode actuar para evitar que a acessibilidade se deteriore ou mesmo desapareça, ajudando a alertar para os problemas existentes e que necessitam de rápida resolução por parte das autoridades competentes. A par de [Teles07], este estudo facilitou o trabalho de transposição da lei para a ferramenta digital de organização documental da acessibilidade de percursos realizada, simplificando a tarefa de tradução do DL 163/2006 para a sua posterior utilização no trabalho. Tem todas as normas técnicas actualizadas sobre acessibilidade e permitiu à ferramenta “conhecer” os espaços que preenchem ou não todos os requisitos de utilização para todo e qualquer tipo de pessoa, seja ela com mobilidade condicionada ou não. 37 3.2 DL 163/2006 de 8 de Agosto e os formulários de verificação Para que se compreenda a complexidade e multiplicidade dos itens a recolher num levantamento, será apresentado neste subcapítulo o decreto-lei português que regula as acessibilidades em Portugal. O Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto [DL06] alterou as normas impostas pelo Decreto-Lei 123/97 que eram bastante reduzidas e pouco exigentes. A nova versão não é ainda composta de normas estáveis, isto é, que proporcionem o bem-estar e o conforto a quem tem de um ou de outro modo, diferenças a nível físico. No entanto, é uma versão muito mais exigente e que aproxima muito mais os espaços públicos das pessoas com mais ou menos mobilidade e que dele usufruem. A actual lei em comparação com as correspondentes em outros países, apenas contempla os mínimos admissíveis à utilização de espaços e percursos da parte de quem necessita de outras condições de mobilidade e acessibilidade. Assim, é provável que a mesma seja revista, pelo que se espera que a aplicação que resultou deste trabalho ajude neste aspecto a concluir que este mesmo decreto-lei, apesar de muito ter melhorado em relação ao último, ainda está muito longe de satisfazer as pretensões dos principais visados. Este decreto-lei parte do princípio que é dever do estado promover as definições de acessibilidade a satisfazer no projecto e na construção de espaços e equipamentos públicos e habitacionais. Mas é também dever do estado promover as definições para conforto e bem-estar de cada indivíduo, e não apenas os mínimos que permitam que quem está em desigualdade de circunstâncias possa com total liberdade e independência desempenhar as mesmas tarefas sem a necessidade de intervenção de outros. Os formulários criados pelo Projecto de Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior têm por base, entre outros, o Decreto-Lei 163/2006 [DL06] e o ADA1. Assim, estes formulários são criados partindo das normas impostas pelo decreto (algumas delas são exemplificadas nas subsecções seguintes). No capítulo da introdução foi mostrado um exemplo de um excerto de um desses formulários na tabela 1.1. Também no final deste documento, no Anexo D, a figura D.8 mostra um formulário na aplicação criada. Os formulários em papel e na aplicação são no essencial idênticos, contendo perguntas/requisitos onde se pode responder se o requisito é ou não cumprido no levantamento efectuado, bem como fazer alguns apontamentos nas observações como, por exemplo, uma medida. O [DL06] divide-se em 4 grandes grupos de normas técnicas, a saber: - Via pública; - Edifícios e estabelecimentos em geral; - Edifícios, estabelecimentos e instalações com usos específicos; - Percurso Acessível. 1 – “Americans with Disabilities Act” 38 3.2.1 Via Pública Relativamente ao primeiro grupo, existem alguns subgrupos que são alvo de detalhe em termos de normas técnicas. Assim, para a via pública, são determinadas regras para percursos acessíveis, passeios e caminhos para peões, escadarias na via pública, escadarias em rampa na via pública, rampas na via pública, passagens de peões de superfície, passagens de peões desniveladas bem como outros espaços de circulação e permanência de peões. Um elemento bastante usual na via pública é a passagem para peões, vulgarmente designada por passadeira. A figura 3.1 apresenta o exemplo de algumas regras de construção de passadeiras. Fig. 3.1. Medidas e inclinações impostas pela norma de acessibilidades em passadeiras1 Um exemplo de má prática no que concerne a passadeiras é apresentado na figura 3.2. Não só não respeita as normas de acessibilidade como ainda possui obstáculos que inibem a sua utilização nos extremos. Já no sentido oposto, um exemplo de boas práticas é mostrado pela figura 3.3, onde o passeio tem uma rampa pouco inclinada para a passadeira com desnível para o piso inferior a 0.02m tal como estipulado por lei. 1 - Acessibilidade e Mobilidade para Todos – Apontamentos para uma melhor interpretação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, P. Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa 39 Fig. 3.2. Exemplo de má prática de 1 acessibilidade em passadeira Fig. 3.3. Exemplo de boa prática de 2 acessibilidade em passadeira 3.2.2 Edifícios e estabelecimentos em geral O grupo de edifícios e estabelecimentos em geral tem definidas várias regras para diversos elementos e obstáculos. Assim, para este grupo, o decreto-lei aplica exigências em percursos acessíveis, átrios, patamares, galerias e corredores, escadas, rampas, ascensores e plataformas elevatórias, espaços para estacionamento de viaturas, instalações sanitárias, vestiários e cabinas de provas, equipamentos de auto-atendimento, telefones de uso público e baterias de receptáculos postais. Um dos elementos mais importantes em edifícios públicos é sem dúvida a rampa. Estas permitem o acesso a quem não consiga circular através de escadas e são um exemplo a cumprir para a promoção da acessibilidade. A figura 3.4. apresenta um exemplo de algumas regras para a construção de rampas. Fig. 3.4. Medidas e inclinações impostas pela norma de acessibilidades em rampas e escadas3 1 – Blog – Blog Notas 2 – Imagem retirada da ferramenta mw-panoramio do servidor da Google 3 - Acessibilidade e Mobilidade para Todos – Apontamentos para uma melhor interpretação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, P. Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa 40 A figura 3.5 é um exemplo de má prática, em que para acesso a uma caixa automática apenas existe um lance de escadas sem que haja a uma alternativa a elas, como uma rampa ou uma plataforma elevatória mecânica. Um exemplo em contrário é dado na figura 3.6 onde se demonstra que é possível adaptar estruturas independentemente da sua idade ou estilo, de uma forma que não desvirtue a sua imagem e objectivo iniciais. Fig. 3.5. Exemplo de má prática de acessibilidade por falta de rampa de acesso1 Fig. 3.6. Exemplo de boa prática de acessibilidade com escada acompanhada de rampa de acesso2 O cepticismo é inimigo da mudança, no entanto como demonstrado na figura 3.6. mesmo em monumentos antigos e com o seu simbolismo, consegue-se de uma forma ou de outra adaptar o espaço para possibilitar a todos o seu acesso. 3.2.3 Edifícios, estabelecimentos e instalações com usos específicos Para o grupo de edifícios, estabelecimentos e instalações de uso específico são definidas regras a nível de edifícios de habitação com espaços comuns, recintos e instalações desportivas, edifícios e instalações escolares e de formação, salas de espectáculos e outras instalações para actividades socioculturais e postos de abastecimento de combustível. 1 – Blog – Acessibilidade das Caixas Multibando em Vila Real 2 – Câmara Municipal de Évora 41 Nos edifícios públicos em geral ou de uso específico um elemento importante é a casa de banho pública. Estas devem estar providas de compartimentos que possuam apoios para deficiente, e devem sempre ter espaço de manobra suficiente para quem circule em cadeira de rodas, como por exemplo, locais de passagem com largura nunca inferior a 1,10m e espaços de manobra (inversão de sentido por exemplo) com diâmetro nunca inferior a 1,50m como mostrado na figura 3.7. Fig. 3.7. Medida imposta pela norma de acessibilidades em zonas de manobra1 Exemplo a não seguir num local público é demonstrado na figura 3.8, num caso onde não existe sequer espaço para entrar uma cadeira de rodas na casa de banho. Este espaço não tem divisão adaptada a um deficiente em alternativa ao demonstrado. Em sentido inverso há espaços públicos que dão atenção às necessidades das pessoas com dificuldades na mobilidade. A imagem da figura 3.9, mostra uma casa de banho pública onde além dos apoios em abundância, tem bastante espaço para acesso a qualquer ponto da mesma. 1 - Acessibilidade e Mobilidade para Todos – Apontamentos para uma melhor interpretação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, P. Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa 42 Fig. 3.9. Exemplo de boa prática de acessibilidade em casa de banho pública com apoios e espaço para manobras2 Fig. 3.8. Exemplo de má prática de acessibilidade em casa de banho pública com 1 falta apoios e espaço para manobras 3.2.4 Percursos Acessíveis Finalmente e para o último grupo, relativo a percursos acessíveis, são definidas regras para zonas de permanência, alcance, largura livre, zonas de manobra, altura livre, objectos salientes, pisos e seus revestimentos, ressaltos no piso, portas, portas de movimento automático, corrimãos e barras de apoio, comandos e controlos, elementos vegetais, sinalização e orientação. Em espaços abertos, os passeios e locais de acesso devem ter largura não inferior a 1,20m para que todo o tipo de pessoas independentemente da condição física possam circular livremente como demonstrado na figura 3.10. 1 – Blog - 2 bp 2 – Casa dos Olivais – Residência Gerierártrica 43 Fig. 3.10. Medida imposta pela norma de acessibilidades em percursos acessíveis1 Através da figura 3.11. é dado um mau exemplo de acessibilidade numa rua onde nem passeio existe e onde os veículos estacionam praticamente em cima do espaço pertencente às habitações. Já um bom exemplo de percurso acessível é apresentado na figura 3.12 onde os passeios são largos e os obstáculos são colocados junto à parede dos edifícios ou junto á extremidade do passeio. Fig. 3.12. Exemplo de boa prática de acessibilidade 3 em passeio largo e sem obstáculos Fig. 3.11. Exemplo de má prática de 2 acessibilidade com passeio inacessível 1 – Acessibilidade e Mobilidade para Todos – Apontamentos para uma melhor interpretação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, P. Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa 2 – Blog – 3 bp 3 – Blog – Estacionamento Selvagem em Lisboa 44 3.2.5 Os formulários de verificação Como dito acima, os formulários são necessários neste trabalho para preenchimento de normas de verificação que em comparação com os valores de documentação introduzidos, dão o resultado de cumprimento/incumprimento da norma imposta. Assim, importa ter alguma organização na criação desses mesmos formulários. O ADA – Americans with Disabilities Act é supervisionado pela Disabilities Rights Section, uma divisão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América que, entre outros, presta informação e assistência técnica a cidadãos americanos portadores de deficiência. Produziu também fichas de verificação [ADA08] para espaços públicos de alojamento que deram uma ajuda importante na organização dos formulários criados. Um exemplo desses formulários pode ser visto na figura 3.13. Fig. 3.13. Exemplo de formulário ADA relativo a entradas de edifícios1 Estes formulários incidem sobre a maior parte da legislação para as acessibilidades nos Estados Unidos. Um outro exemplo de formulários já foi atrás referenciado na tabela 1.1 do capítulo 1, Introdução. Este é o exemplo para os formulários que seriam o principal ponto de apoio no trabalho desenvolvido. Em ambos os casos, os objectivos dos formulários são muito semelhantes, embora as normas estabelecidas nos Estados Unidos sejam também mais exigentes que as normas em Portugal. 45 1 – Americans with Disabilities Act Assim sendo, com os formulários de verificação criados pelos intervenientes do projecto de Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior, com os formulários criados pela ADA, com o [DL06] e com, pontualmente, outras leis de outros países, existiu uma base de apoio para a criação destes formulários de verificação. 3.3 KML e Navegação Nesta secção é abordada uma linguagem de onde foram retirados alguns apontamentos importantes para a organização da base de dados e do relacionamento entre áreas e objectos multimédia, apesar de não ter sido directamente usada no trabalho desenvolvido. Além disso são dados exemplos de ferramentas que possuem navegação de mapas, das quais foram retiradas algumas ideias sobre a escala e requisitos que podem no futuro ser implementados na aplicação. A ideia da utilização do KML surgiu da dúvida existente acerca da criação de “índices” na tarefa de organização após a tarefa de levantamento de dados de um espaço. O KML é uma linguagem que permite entre outras coisas, estabelecer relações entre elementos, isto é, marcá-los como referenciando outro elemento. Assim, independentemente de não ter sido usada a linguagem directamente, houve ideias que dela foram retiradas. O programa Google Earth [GE08] é uma aplicação que serve para consulta detalhada de fotomapas tendo acesso às mais diversas informações sobre serviços em determinados locais. Esta aplicação usa uma linguagem que é o KML. Abaixo é apresentada a figura 3.14. que apresenta o Google Earth, um software de navegação de mapas que permite entre outros, pesquisar pontos de interesse e obter fotos aéreas de determinados locais. Através da linguagem usada pelo Google Earth é possível associar objectos de vários tipos a um ponto referencial no mapa, princípio usado no trabalho desenvolvido. Fig. 3.14. Software Google Earth1 46 1 – Aplicação Google Earth - www.google.pt/earth O KML [Go08], Keyhole Markup La nguage, é um formato de arquivo e uma gramática XML (linguagem para descrição de tipos de dados para facilitar a troca de informação através da Internet) que serve para, entre outros, a descrição de espaços, áreas e percursos. O processamento de um arquivo KML no Google Earth é semelhante ao de arquivos HTML e XML em navegadores Web. Este trabalho inicialmente tinha no seu planeamento o uso de algumas marcas e seus atributos disponibilizadas pela linguagem KML. No entanto, após análise às tecnologias disponíveis, optou-se pela utilização de uma base de dados ao invés da escrita de ficheiros (opção esta, que teria por base o KML). Como o HTML, o KML tem uma estrutura de marcas com nomes e atributos usados para finalidades de exibição específicas. O Google Earth funciona como navegador de arquivos KML, permitindo a exploração de conteúdos complexos, como por exemplo, voar até imagens panorâmicas de cidades seleccionadas para fazer visita completa. Este é apenas um pormenor que não sendo adoptado na ferramenta construída, além da adaptação de algumas partes do KML, pode ser importante numa visão de integração em trabalho futuro. Como dito atrás, apesar de o KML não ter sido usado directamente na aplicação, foram retiradas algumas ideias para organização da ferramenta. Das ideias retiradas, as mais importantes e relevantes prendem-se com as descrições e relações de áreas com elementos multimédia. O KML tem uma estrutura de marcas montada que permite associar pontos de um mapa a um objecto. Assim, foi retirado o conceito da marca placemark desta linguagem, cujos atributos são exactamente a description e point, este último definido pelas coordinates. Esta marca permite definir um ponto no mapa. Na aplicação este conceito é usado na aplicação e na base de dados usada pela aplicação. No capítulo da Arquitectura da Solução é dada uma explicação mais detalhada sobre a persistência de dados na aplicação (temporária) e na base de dados (permanente). Além da marca anterior, é usado também o conceito da marca polygon que permite definir polígonos. Este conceito é a 3 dimensões, e a aplicação apenas usa a duas dimensões para a definição de áreas na planta. Relacionando estas duas marcas entre si, permite testar se um determinado ponto pertence a uma área. Assim, clicando numa área de um mapa, se houver determinadas áreas (polígonos) definidas no mapa, é testado se o ponto dado pelo clique do rato pertence ou não a uma área definida. Após alguns problemas técnicos neste aspecto, os mesmos foram ultrapassados recorrendo à organização destes conceitos disponibilizada pelo KML. Assim, após algumas dificuldades encontradas na realização da tarefa de desenho de áreas, recorrendo aos conceitos de placemark (marca) e de polygon (polígono, no sentido de área), conseguiu-se resolver estes problemas. Existem ainda ferramentas semelhantes e com usos semelhantes como o GoogleMaps [GM08], o ViaMichelin [VM08], o Sapo Mapas [SM08], o Live Search Maps [LSM08] ou o Transporlis [TP08] que têm funcionalidades em tudo semelhantes à do Google Earth e das quais foram retiradas algumas sugestões para o trabalho, como o zoom/pan ou definição de escalas de mapas/plantas por exemplo. 47 Estas ferramentas permitem pesquisar um percurso, partindo da anotação dos pontos de partida e chegada. É devolvida a informação necessária ao utilizador sobre o percurso, como os locais onde há mudança de direcção ou pormenores do trajecto a percorrer. Estes navegadores de mapas apresentam semelhanças com certas necessidades da ferramenta. Assim, no que concerne aos percursos, estes navegadores dão a possibilidade de navegar através de um mapa onde um determinado percurso está traçado, podendo ampliar e reduzir esse mapa. Dão uma descrição do percurso, semelhante ao que se pensou implementar, não tanto numa óptica de percurso completo mas de partes e zonas desse percurso. Assim, as ideias retiradas para o trabalho em termos de navegadores são as escalas entre a planta e a realidade, o cálculo e suas medidas, a possibilidade de fazer zoom e pan, e ainda o traçar de percursos. No trabalho a ideia não seria muito o traçar um percurso, mas ao invés disso, procurar através da documentação de cada espaço e da ligação entre diferentes áreas, percursos acessíveis por cada tipo de indivíduo. 3.4 Análise Crítica Não existe ainda no mercado uma ferramenta capaz de responder às necessidades do problema proposto no seu todo. Como conclusão a este capítulo, os trabalhos analisados evidenciam a lacuna que foi resolvida com o projecto de organização documental digital. Existem ferramentas que fazem algo muito pouco parecido pois só dão a ideia de funcionalidades de pormenor, mas não sobre documentação digital de acessibilidade de percursos. Há algumas funcionalidades parecidas a determinadas partes da aplicação desenvolvida. No caso do GoogleMaps ou do GoogleEarth referidos anteriormente, estes permitem relacionar área com objectos multimédia ou outro tipo de informações. No entanto, não há uma solução integrada que faça o trabalho todo com um fio condutor, desde o levantamento, passando pela organização e análise da documentação, até à geração de relatório. Não há nada que o faça nem sequer parecido ao pretendido que possa satisfazer todas as necessidades. Existem descritores de espaços (GoogleEarth), navegadores de Mapas (ViaMichelin), bases de dados enormes de documentação, existem geradores de relatórios (Crystal Reports) e de formulários (Web Form Factory), mas todos eles com a sua função específica e funcionando de modo independente uns dos outros em forma digital. Nem todos foram analisados ao pormenor, uns porque serviriam para resolver uma parte muito básica da aplicação e por isso o extraído ser muito pouco, outros porque tinham princípios de utilização muito semelhantes aos analisados anteriormente, tornando-se assim análises repetitivas. Era necessário então suprir esta lacuna, uma vez que uma solução integrada de simples utilização facilitaria a vida dos técnicos e analistas de acessibilidades. Assim sendo, no âmbito desta dissertação foi criada uma ferramenta que responde ao problema colocado. Será representado um esboço da solução inicial no capítulo Arquitectura da Solução (5), bem como algumas considerações sobre o que foi realmente realizado. 48 Não foi tentada uma solução de integração entre as ferramentas existentes porque essa solução de integração teria várias desvantagens. Primeiro seria uma solução bastante mais complexa e que levaria muito mais tempo do que aquele que foi gasto na execução da aplicação criada. Depois a solução criada é de utilização simples e tem o estritamente necessário para a execução das tarefas pretendidas não contendo outro tipo de funcionalidades que poderiam causar alguma confusão ao utilizador. Assim, segundo o descrito em todo o documento, a realização da aplicação de raiz, integrando pontualmente com algumas ferramentas (leitor de vídeo, editor de texto e imagem) é vantajosa relativamente à integração inicial de ferramentas já existentes no mercado. Poderá posteriormente pensar-se em integrar a aplicação criada com o GoogleMaps para georeferenciação, maior facilidade de anotação de percursos e relação entre elementos multimédia e pontos numa área. 49 4 Metodologia Este capítulo apresenta uma visão geral do modo como o trabalho foi planeado e de como realmente foi executado, de que forma se previa avaliar e como foi efectivamente, sendo apresentado no fim, um plano do trabalho inicial bem como a justificação a desvios. São apresentados ainda os testes de usabilidade feitos pelos utilizadores à aplicação. 4.1 Metodologia Geral Sendo o projecto actual um trabalho de parceria, o mesmo iniciou-se com uma percepção do projecto semelhante existente no formato em papel. Em conjunto com os intervenientes no Projecto Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior foram debatidas ideias e tiradas conclusões sobre a abordagem a adoptar. Após as ideias terem sido melhoradas, passou-se à fase de investigação e pesquisa lietrária, tudo o que de uma forma ou de outra pudesse ajudar na construção da aplicação. Foram analisadas ideias com os colegas e o orientador partindo depois para a decisão da forma como a aplicação iria ser construída, definição de requisitos e fases de execução da mesma. Partiu-se entretanto para a realização da aplicação em três fases, testando no final de cada fase as funcionalidades até aí implementadas para despistar problemas, ambiguidades e melhorias a efectuar. A primeira fase é a das operações básicas de abrir, fechar, guardar e sair de uma aplicação. Na segunda fase foram definidas as operações principais de edição como inserção de mapas, definição de áreas, adição de obstáculos por área, adição de elementos multimédia descritores de área. Na terceira e última fase executaram-se as tarefas relacionadas com os formulários e relatórios. Foram tiradas dúvidas nas diversas fases junto dos colegas da Faculdade de Arquitectura à medida que a aplicação avançava. Durante a realização da aplicação e sempre que possível, estabeleceu-se um paralelismo com a escrita da dissertação. Foi na recta final do mesmo que se realizaram os inquéritos para aferir sobre a utilidade da ferramenta. Estes decorreram a seguir à realização de testes à aplicação para determinar a usabilidade e se havia acertos a efectuar na mesma para a sua melhoria. Por fim, teve lugar a conclusão da escrita da dissertação com o complemento dos resultados obtidos. Na última secção deste capítulo é apresentada uma figura com o planeamento em termos de tempo que se pensou cumprir na realização da dissertação, seguido da justificação aos desvios. 50 4.2 Metodologia de Avaliação Nesta secção enumeram-se os resultados definidos a atingir inicialmente bem como a sua verificação final. Quanto ao primeiro ponto, relativamente aos resultados a atingir, pretendeu-se que esta ferramenta pudesse no final ter bastante utilidade na tarefa a desempenhar. Assim, para que estes resultados fossem obtidos era necessário que os objectivos propostos fossem cumpridos. Por isso, tornou-se necessário que o programa desempenhasse a sua função de organização documental de uma forma simples, rápida e de fácil compreensão, bem como de simples extracção de conclusões e resultados. Os resultados obtidos serviram como base para a emissão de relatórios de correcção, e posteriormente para consulta e conclusões sobre recomendações de boas práticas. Foram realizados testes à aplicação, bem como inquéritos a utilizadores. Os resultados inicialmente previstos seriam atingidos se fosse revelada pelos inquiridos a utilidade que se pretendia que a aplicação tivesse. Mais, nas tarefas a desempenhar, seriam por exemplo estabelecidos limites de tempo e número de passos suficientes para as concretizar. Caso estes limites fossem ultrapassados, poderia haver lugar a uma reformulação da execução da tarefa na aplicação para a tornar mais simples, sob pena de os resultados não serem os esperados. No entanto, derivado à diversidade de utilizadores optou-se por não definir tempos máximos mas apenas por contabilizar número de cliques, número de erros e tempo gasto a realizar uma tarefa. Uma vez que a aplicação é muito directa no que ao objectivo concerne, desde que não houvesse demasiada discrepância de tempo entre utilizadores, nunca haveria lugar a um limite do mesmo. O objectivo da aplicação foi provado segundo os resultados que são apresentados no capítulo 6, que a mesma aplicação tem vantagens em um ou mais aspectos na sua utilização, face ao levantamento e análise em papel como é praticado actualmente. Por motivos de adaptação ao desenrolar do projecto/tese, esta metodologia foi alvo de reparo como acima descrito de acordo com as necessidades que houve durante a evolução do mesmo. 4.3 Metodologia de Testes Os testes efectuados incidiram principalmente na usabilidade da aplicação sendo usados nos protótipos iniciais bem como numa versão final. Os testes de usabilidade tiveram em conta vários aspectos, como eficácia de utilização, satisfação do utilizador, facilidade de aprendizagem, possibilidade de erros, entre outros. O desempenho foi medido com base no tempo, número de erros e número de cliques necessários até concluir cada tarefa. Os testes de usabilidade foram efectuados a partir do momento que houve possibilidade de efectuar uma tarefa principal do programa como 51 definir uma área colocando-lhe já informação para a descrever, ou seja, assim que houve uma versão de protótipo base, em que já permitisse perceber o seu aspecto geral e que permitisse efectuar alguma tarefa, ainda que muito básica. Os testes finais tentaram contemplar o máximo de opções possíveis da aplicação para assim despistar mais facilmente o que seria para melhorar ou corrigir. Quanto aos inquéritos a utilizadores, o objectivo inicial era avaliar a opinião destes acerca da facilidade e da mais-valia trazida pela aplicação e a resolução dos problemas a solucionar. Seriam feitas perguntas sobre facilidade de aprendizagem, facilidade de utilização da aplicação, utilidade da mesma, entre outras. No entanto, uma vez que se definiu a alteração da ordem de execução dos inquéritos para durante o período de testes, ou seja, um utilizador realizava os testes e em seguida respondia ao questionário, o objectivo dos mesmos foram alterados, adicionando aos objectivos traçados, uma linha de comparação com os moldes actuais de levantamento e análise. O Anexo A apresenta o questionário preenchido pelos utilizadores após efectuarem os testes à aplicação. 4.4 Testes de usabilidade Com o objectivo de testar a aplicação, foram efectuados testes a utilizadores comparando a utilização da ferramenta com o uso de papel. Assim, foram definidas 3 tarefas que são descritas de seguida para aferir a facilidade de utilização e probabilidade de erros das funcionalidades principais da aplicação. É mais fácil partir em três tarefas por motivo de teste pois reunindo tudo numa só tarefa, seria mais confuso para o utilizador perceber o pretendido e mesmo para o avaliador conseguir captar todos os aspectos relevantes. Para estes testes consideraram-se duas fases distintas no local de levantamento. A primeira fase foi de levantamento de elementos multimédia e não estava directamente ligada à utilização do papel ou da aplicação pois nesta fase recorreu-se a outros aparelhos para captação de fotografia e vídeo. Estes elementos multimédia serviram para posterior organização na aplicação. A segunda fase foi de levantamento de dados relativos às áreas estudadas. Esta fase sim, já estava incluída directamente nos testes efectuados. Foram retirados apontamentos e medidas às áreas estudadas após o seu levantamento em termos de multimédia. Foram por outro lado estabelecidas tarefas alvo para teste que consagram testes em papel e na aplicação, sendo que as tarefas definidas foram aproximadas o máximo possível em papel e na aplicação. 52 Testes de protótipos de baixa fidelidade Através das fichas usadas pelos colegas intervenientes no projecto Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior, definiram-se as seguintes tarefas semelhantes às da aplicação. Assim, foram definidas as tarefas a realizar em papel: Tarefa 1 – Através do exemplo esquemático da Figura 4.1. que é a ficha síntese de análise de percursos, foi pedido ao utilizador que organizasse uma folha branca de acordo com a ficha. Assim foi recortada e colada uma imagem da planta usada três vezes e colada em três folhas diferentes. Depois foi pedido que desenhasse na folha em cada página, um rectângulo que definisse a área a documentar nessa folha. Foi também pedido que tentasse não sobrepor as áreas definidas, ou seja, que não houvesse espaços da planta que fossem comuns a áreas diferentes nas diferentes folhas. Fig. 4.1. Ficha de síntese de análise de percursos 1 Tarefa 2 – Analogamente à tarefa 1, foi posteriormente pedido ao utilizador que colasse numa das folhas, as imagens e os apontamentos sobre os elementos levantados na primeira área que definiu na tarefa anterior. 1 – Projecto “Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior” 53 Tarefa 3 – Nesta última tarefa foi pedido que em uma das folhas que continha uma área definida na planta, o utilizador escolhesse um elemento presente na área definida com o objectivo de preencher os formulários respectivos desse elemento. Depois, deveria o utilizador apontar na folha, uma referência unívoca para o formulário respectivo. De seguida, foi pedido que preenchesse o mesmo formulário no acto de levantamento e que no final fizesse uma análise rápida e sucinta ao levantamento. Após a abertura da aplicação e desempenhando as tarefas sequencialmente pela ordem indicada: Tarefa 1 – Inserção de uma planta digitalizada. Definição de 3 áreas na planta para posterior inserção de elementos multimédia relacionados a cada área. Tarefa 2 – Adicionar 1 elemento multimédia de texto, outro de imagem e outro de vídeo a uma área proveniente do levantamento. Tarefa 3 – Associar 1 obstáculo a uma área, preencher o formulário disponível e gerar relatório final. Posteriormente, foi pedido ao mesmo que respondesse ao questionário que o Anexo A apresenta. Durante a realização dos testes à aplicação pelo utilizador, foram tirados alguns apontamentos sobre enganos ou erros, cliques ou tempo de tarefa, dúvidas do utilizador e se este cumpriu ou não as tarefas que lhe eram pedidas. No Anexo B apresenta-se o formulário do examinador usado nesta análise. Uma caracterização de utilizadores que realizaram os testes á aplicação encontra-se no Capítulo 6 de resultados. 4.5 Planeamento De seguida, é mostrado o planeamento inicial para a evolução do projecto/tese na disciplina de dissertação na Figura 4.2. Este planeamento sofreu alterações ou acertos pois estimar carga de trabalho não é tarefa simples sem experiência nesta área. 54 Fig. 4.2. Diagrama de Gantt com planeamento para a disciplina de Dissertação Após a entrega de um relatório intercalar relativo a este projecto, ficou a ideia de que o planeamento traçado era um pouco optimista, situação que se veio a revelar verdadeira na conclusão tanto da aplicação como da dissertação. Durante a construção da aplicação houve alguns problemas na realização da mesma acerca da forma mais correcta e eficiente de construir certas funcionalidades, bem como de arranjar uma forma de as implementar, situação que fez deslizar o tempo previsto por mais dois meses e alguns dias. Foram efectuados testes de usabilidade a vários utilizadores, uns relacionados a Acessibilidades outros não, uns com formação técnica sobre o tema (Arquitectura ou Eng. Civil), outros sem formação na área. 55 Durante os testes foi pedida a execução de 3 tarefas, primeiro nos moldes actuais, e após, com a utilização da aplicação construída. No final, o utilizador após concluir os testes, respondeu finalmente a um questionário de usabilidade e satisfação para responder a questões sobre a comparação entre a aplicação e os actuais moldes de análise e levantamento de áreas. Procederam-se posteriormente a correcções à ferramenta que estenderam o trabalho por mais um mês e foi solicitado a alguns utilizadores que testassem novamente a ferramenta, sendo estes testes finais, os que serão apresentados no capítulo de resultados. A conclusão da dissertação também sofreu alteração em termos de tempo utilizado para a sua escrita. Segue-se uma Figura (4.3.) com outro Diagrama de Gantt com o tempo que realmente foi dispendido na elaboração da dissertação assim como a ordenação correcta das tarefas executadas. 56 Fig. 4.3. Diagrama de Gantt com os tempos de execução das tarefas para a disciplina de Dissertação 57 5 Arquitectura da Solução De seguida vai ser apresentada a proposta inicial de solução para a ferramenta desenvolvida e concluir sobre o que se realizou. A solução conteria três módulos que teriam funções específicas de cada um. Estas tarefas vão ser descritas abaixo e também já foram listadas no capítulo de Metodologia Geral. O primeiro módulo, com as funcionalidades básicas de uma aplicação, ficaria responsável pelas tarefas de abertura, fecho e gravação da documentação de acessibilidade de um espaço. Os ficheiros a criar na gravação seriam baseados em XML usando também etiquetas de KML como explicado no trabalho relacionado. Esta gravação conteria um ficheiro de documentação com as referências para as áreas definidas na planta (ver módulo seguinte), a referência para a localização da planta e a referência para a ficha técnica do local. Além deste, por cada área definida, seria também criado um ficheiro XML que teria associado toda a informação multimédia dessa área. Quanto a este primeiro módulo, foi decidido por motivo de usabilidade, de facilidade de manuseamento e mesmo de construção, que a persistência de dados seria feita através de uma base de dados e não de escrita de ficheiros. A sua organização e estruturação através de uma base de dados seria muito mais simples do que a construção de raiz de ficheiros XML com conteúdo de KML embebido. Esta facilidade é tanto no acto de guardar como de abrir dados. Ainda assim, foram indirectamente usados alguns princípios inerentes ao KML como descrito no capítulo sobre ele para a relação entre áreas e elementos multimédia. O único ficheiro gerado é o ficheiro que guarda um projecto na aplicação. Este ficheiro apenas guarda uma referência para a entrada do mesmo na base de dados, ou seja, apenas contem um identificador que faz a correspondência na base de dados a todos os elementos pertencentes a esse projecto. Assim, toda a restante persistência de dados é introduzida na base de dados. O mesmo princípio da base de dados foi efectuado localmente à aplicação. Pode parecer estranho, mas tinha um objectivo muito concreto. Quando um utilizador utiliza a aplicação e começa um projecto de novo, pode fazer inserções e alterações sempre que o desejar, mas no final se não desejar guardar nada, então tudo o que fez deve ser perdido. Assim, todas estas tarefas foram feitas localmente à aplicação. Se o mesmo tivesse optado por guardar o projecto, este acto seria o envio da informação mantida localmente à aplicação para a base de dados montada noutro programa como é descrito nos requisitos de hardware e software no Anexo F. Há algumas tabelas que estão na base de dados pensadas para requisitos que estão como trabalho futuro no capítulo respectivo. Como referido atrás, por uma questão de organização, a estrutura de dados montada na aplicação é semelhante à da base de dados, e assim, foi dada primazia à estrutura da própria aplicação em detrimento da base de dados. No entanto, foi a base de dados o pontapé de saída para a estruturação do programa, pois a partir do seu desenho, as funcionalidades foram pensadas mais fácil e rapidamente. A tabela 5.1 apresenta uma listagem das tabelas montadas 58 na base de dados para persistência de dados. Esta tabela é apresentada no final do capítulo pois é mais simples de perceber o conteúdo depois de ler todo este capítulo antes. Um outro módulo ficaria responsável pela edição de plantas, como a inserção, alteração ou remoção de áreas, ou como a definição de multimédia associada a cada área. A definição de áreas seria feita em cima da planta através do desenho pelo rato de um rectângulo que definia a área pretendida. Além desta definição, existiria também a definição de ligações entre áreas distintas como divisões anexas ou andares. Essas ligações seriam, por exemplo, portas ou escadas. A janela destinada à planta permitiria fazer zoom e pan da mesma e daria informação da escala. A inserção de documentação vinda do levantamento seria feita através de formulário próprio para inserção de multimédia e de valores de itens a documentar (portas, janelas, rampas, escadas, etc.). Ao introduzir um determinado valor referente a um item, todas as normas referentes a esse item seriam activadas nos formulários de normas de verificação. Este pormenor, pouparia ao utilizador a tarefa de andar à procura de quais as normas referentes a cada item a documentar. A área de multimédia seria mostrada em três áreas distintas relativas a texto, imagem e vídeo. Seriam mostradas miniaturas das imagens, bem como dos ícones de texto e vídeo em cada uma destas áreas, sendo cada uma clicável o que abriria o ficheiro respectivo. Aqui cada barra (texto, imagem ou vídeo) poderia conter cinco miniaturas, e caso a área a documentar contivesse mais do que cinco miniaturas, em cada extremidade haveria uma seta para navegar até às próximas/anteriores 5 miniaturas. Quanto a este segundo módulo, foram implementadas algumas das propostas acima referidas. A aplicação permite assim inserir e remover mapas a documentar, inserção/remoção/selecção de áreas no mesmo mapa, inserção/remoção/selecção de itens de multimédia associados a cada área definida. Permite ainda definir obstáculos existentes numa determinada área que automaticamente a liga a um formulário correspondente a esse obstáculo, afim de quando o mesmo for preenchido, não ter de se seleccionar de uma lista de várias possibilidades que possam não ser contidas nas áreas. Foram implementadas as barras de multimédia, separadas por três tipos distintos (texto, imagem e vídeo). Na barra de texto são mostradas até 5 miniaturas de cada vez em que cada miniatura era composta por um ícone de texto bem como o nome do ficheiro associado. Na barra de Imagens, existia o mesmo limite de 5 miniaturas mostradas de cada vez, em que a miniatura era composta pela própria imagem na resolução da miniatura acompanhada do nome do ficheiro associado. Na barra de vídeos, o princípio é o mesmo, com 5 miniaturas visíveis em que cada uma é a primeira imagem obtida do vídeo e por baixo o nome do ficheiro associado. Em qualquer uma das três barras, caso haja mais de 5 miniaturas, são activadas teclas de “deslize” que fazem aparecer as mesmas de 5 em 5. Clicando em cima de cada miniatura, a mesma é aberta através de uma aplicação do Windows. O texto é aberto recorrendo ao “notepad”, as imagens são abertas no “paint”, e finalmente os vídeos no “windows media player”. 1 A funcionalidade de zoom e pan não foi implementada em detrimento de outras mais importantes pois não era essencial, ficando assim como proposta de trabalho futuro. 59 O módulo final de formulários e relatórios seria responsável pela escrita dos formulários de normas onde seriam introduzidos valores limite para teste se a informação multimédia respeita ou não as normas impostas pelo utilizador. Estes formulários estariam organizados de acordo com as normas a inserir, como dito atrás. Cada norma de verificação seria activada se os valores da documentação respectivos forem inseridos. Por exemplo, se numa área existisse uma porta, ao inserir a informação referente a essa porta, os itens de verificação relativos a portas seriam automaticamente activos para a análise de cumprimento/incumprimento de normas. Dentro de cada formulário, os campos que não fossem preenchidos, seriam omissos. Este módulo ficaria também responsável pela escrita de relatório de erros apresentado através de um editor de texto. Neste último módulo, não foram definidos limites mínimos e máximos mas apenas mínimos, pois os formulários de exemplo utilizados, foram baseados no [DL06]. Como dito no módulo anterior, assim que um utilizador define que obstáculos estão associados a determinada área, este evento automaticamente selecciona os formulários existentes correspondentes a esses obstáculos para mais tarde na altura do levantamento, quando os valores do formulário forem preenchidos não haver necessidade de procurar os mesmos. No mesmo módulo, no final é possível gerar uma ficha técnica do local para verificação dos erros existentes em cada área. Isto permite fazer um resumo de todo o levantamento efectuado, se há erros de medida nos obstáculos que necessitem de rectificação, ou se a área analisada é considerada acessível. Um exemplo deste sumário final de erros da planta pode ser visto na figura D.9 do Anexo D (Guia Rápido da Aplicação). De seguida vamos definir os requisitos funcionais (principais) indicando os que foram cumpridos e os que não foram cumpridos. A aplicação deve permitir: - Abrir, fechar e guardar projectos - Inserir e/ou remover uma planta alvo de análise - Definir e mostrar uma escala para a planta em metros (largura x altura) - Inserir, seleccionar e remover uma ou mais áreas a levantar na planta que não se podem sobrepor - Inserir, seleccionar e remover elementos multimédia (texto, imagem e vídeo) associados a cada área numa lista de miniaturas - Inserir obstáculos associados a cada área - Preencher um ou mais formulários associados a cada obstáculo - Ver relatórios de erros/ficha técnica no final do processo de levantamento - Verificar áreas acessíveis por utilizador 60 - Verificar percursos acessíveis por utilizador - Efectuar classificação de áreas por níveis no relatório de erros/ficha técnica De referir que as imagens, texto e vídeo são editadas com recurso a programas de edição dos mesmos sendo posteriormente inseridas na aplicação. Assim, a tarefa de anotação digital (por exemplo, marcação de medidas numa imagem) pode ser efectuada antes ou durante a inserção de um elemento pois como a aplicação guarda apenas a referência para o ficheiro correspondente, alterando o mesmo, quando for posteriormente aberto, reflectirá as alterações e anotações feitas em qualquer altura. Além disso, para saber se uma área já está levantada ou não, apesar de não haver uma indicação clara de que o levantamento já foi feito, há formas fáceis de perceber isso. Assim, se partirmos de um projecto iniciado e aberto podemos verificar através de uma lista na barra de ferramentas inferior se existem áreas definidas para a planta. Se houver áreas, podemos seleccionar uma para verificar se existem elementos multimédia associados. Além disso podemos ver a ficha técnica, fazendo o mesmo processo de selecção de uma área e verificando se há formulários preenchidos para a área seleccionada. Verificar se o levantamento já foi concluído é outra situação distinta. Aqui não se pode dizer que o levantamento esteja concluído pois pode ser sempre alvo de edição. No entanto, guardando um projecto depois do levantamento total efectuado e inserido na aplicação, ao abrir novamente a aplicação abrindo esse projecto, temos acesso a todas as informações que tínhamos previamente inserido pelo que é uma forma de marcar como finalizado o levantamento. A Figura 5.1 mostra um diagrama de blocos da aplicação. Fig. 5.1 – Diagrama de blocos da aplicação 61 O anexo C apresenta o esboço inicial da ferramenta, ou seja, aquilo que se pensou inicialmente para este projecto. Aquilo que se concretizou está reunido no anexo D onde é apresentado um guia rápido da aplicação no qual se podem ver algumas instruções de utilização bem como figuras descritivas da mesma onde se consegue mais facilmente visualizar a ferramenta construída. Tab. 5.1. – Tabelas Definidas na Base de Dados Tabela Descrição projecto Com identificador unívoco do projecto actual, identificador das áreas que contém a planta e localização da imagem relativa à planta. area Com o identificador da área, coordenadas da área, identificador para elementos multimédia associados e identificador de obstáculo associado conexao_area Com área de origem, área de destino, identificador da conexão entre áreas e identificador do formulário ou formulários respectivos à conexão (apesar de tabela à parte, conexão é semelhante ao tratamento dado a um obstáculo de uma área). conexao Com identificador da conexão e respectiva descrição multimedia Com identificador de multimédia, descrição, local do ficheiro, local do ficheiro mapeado na miniatura e tipo de leitor do ficheiro tipo_multi Com identificador do tipo de multimédia e a respectiva descrição formulário Com identificador do formulário, a sua localização e respectiva descrição. tipo_obstaculo Obstaculo tipo_pessoa Com identificador do tipo de obstáculo, nome do tipo e identificador de formulário associado Com identificador do obstáculo, tipo de obstáculo e descrição Com identificador para o tipo de pessoa (pela condição física) e respectiva descrição Tab. 5.2. – Campos e chaves primárias das tabelas definidas na base de dados Tabela projecto area conexao_area conexao Campos id_projecto (chave), mapa_filename Id_area (chave), id_projecto, area_Name, id_tipoobs, xDown, yDown, xUp, yUp,id_multi source_area, destination_area, id_conn (chave), id_form id_conn (chave), descrição 62 multimedia Id_multi (chave), descrição, tipo_multi, id_area, path, path_image, tipo_reader tipo_multi id_tipomulti (chave), descrição formulário id_formulario (chave), form_filename, descrição tipo_obstaculo obstaculo tipo_pessoa id_tipoobs (chave), nome_tipo, id_form Id_obs(chave), tipo_obs, descrição id_pessoa (chave), descrição A relação entre tabelas não é muito complexa. Um projecto pode ter um nome de ficheiro (da planta levantada) e várias áreas. Cada área tem um identificador de projecto associado assim como um nome, tipo de obstáculo, tipo de multimédia associado e coordenadas da mesma área. Cada multimédia tem um identificador, uma descrição, o tipo de multimédia a que pertence, o identificador da área a que pertence, a localização do ficheiro, a localização do ficheiro mapeado na miniatura e o leitor do mesmo ficheiro. Esta estrutura da base de dados está montada e preparada para receber novas funcionalidades não implementadas como a ligação entre áreas. As tabelas “conexao_area” e “conexao” existem na base de dados mas estão inactivas pelo facto de esta funcionalidade não ter sido implementada. A figura 5.2 contém um diagrama de entidades onde são descritas as tabelas da base de dados e as suas relações. 63 Fig. 5.2 – Diagrama de Entidades com descrição de cada tabela Finaliza-se este capítulo com um cenário de utilização da aplicação: “Um utilizador decidiu perceber quais os problemas de acessibilidade de um corredor onde existiam umas escadas e uma caixa automática multi-banco no edifício central do IST. Digirindo-se ao local, começou por inserir uma planta digital que tinha previamente adquirido nos serviços respectivos. De seguida definiu uma área sobre a planta correspondente à área que estava a levantar. Tirou alguns apontamentos que escreveu num ficheiro de texto. Tirou algumas fotografias que de seguida transferiu para o computador e inclusivé um vídeo filmado neste local. Recorrendo à aplicação, seleccionou a área previamente definida com o objectivo de inserir o material que tinha recolhido. Com base em algumas medidas retiradas no local, o utilizador editou as imagens num programa de desenho onde colocou algumas anotações nas mesmas, tendo posteriormente adicionado as mesmas à àrea definida. Abrindo depois a lista de obstáculos, seleccionou as escadas e a caixa multibanco. Depois, preencheu os formulários respectivos de cada um destes dois obstáculos tirando medidas e comprovando se os requisitos estavam ou não a ser cumpridos. Por fim, este utilizador decidiu ver a ficha técnica/relatório final de cada formulário afim de perceber qual a dimensão dos problemas existentes na área que levantou e analisou. Para terminar, foi guardada toda a informação recolhida referente ao projecto em curso na aplicação.” 64 6 Resultados e Análise As fontes deste capítulo são os inquéritos efectuados aos utilizadores após os testes efectuados e ainda o formulário de examinador onde foram recolhidos apontamentos de usabilidade na realização dos mesmos testes. A informação do formulário e dos inquéritos permite fazer uma análise e tirar algumas ilações sobre a aplicação. 6.1 Amostra Os testes foram realizados por sete indivíduos de ambos os sexos com idades compreendidas entre os 25 e os 36 anos. A figura 6.1 mostra a distribuição de idades pelos sete utilizadores que aceitaram efectuar teste à aplicação. Destes utilizadores, três são alunos e ex-alunos do Instituto Superior Técnico e quatro são alunos da Faculdade de Arquitectura. Dos três estudantes do IST, dois são estudantes finalistas (ambos de Engenharia Civil) e um licenciado em Arquitectura. Já da Faculdade de Arquitectura, todos os utilizadores são do curso de Arquitectura. Fig. 6.1. Distribuição de idades pelos utilizadores que efectuaram testes em papel e à aplicação Dos utilizadores que participaram nos testes, três afirmaram nunca ter estado envolvidos em trabalhos ou projectos relacionados com acessibilidades, ao invés dos restantes quatro que de uma ou de outra forma já participaram em algo relacionado com este tema. 65 6.2 Papel Os resultados em papel foram mais lentos em termos de tempo que os testes à aplicação, comparando as tarefas análogas. Assim: por cada tarefa definida no subcapítulo 4.4 em papel temos os tempos médios seguintes para os 7 utilizadores: Fig. 6.2. Tempo médio por tarefa em papel Este tempo médio foi calculado com base na média aritmética dos tempos por tarefa dos sete utilizadores de teste. Os tempos obtidos pelos utilizadores são apresentados na tabela 6.1. De referir que os três primeiros utilizadores são aqueles que segundo o inquérito nunca participaram em trabalhos relacionados com acessibilidades ao contrário dos restantes quatro que de uma forma ou de outra já tiveram uma participação em projecto deste tipo. Tab. 6.1. – Tempos de execução das tarefas por utilizador em papel (em minutos) Utilizador\Tempo por tarefa Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3 1 2,56m 1,85m 5,31m 2 3,59m 1,83m 4,49m 3 2,23m 2,01m 6,34m 4 2,15m 0,89m 2,87m 5 1,02m 1,22m 3,12m 6 1,25m 0,96m 2,99m 7 2,38m 1,56m 3,90m 66 Todas as tarefas foram cumpridas com apenas um erro a registar. Apenas num dos casos surgiu uma dúvida quanto às áreas a desenhar na primeira tarefa, mas de pronto ultrapassada com uma pequena explicação do pretendido. O erro ocorreu na tarefa um e teve a ver com a definição de áreas que não se sobrepusessem pois utilizando 3 mapas iguais para definir áreas que não se sobreponham, por vezes é complicado ou em certos casos impossível de detectar. Quanto ao grau de dificuldade de cada tarefa, os utilizadores classificaram cada uma no questionário com níveis de muito fácil, fácil, difícil e muito difícil como mostram as figura 6.3 e 6.4 que separam os utilizadores que já tiveram algum contacto com trabalhos/projectos sobre acessibilidade e os que nunca participaram em projectos do género. Fig. 6.3. Classificação de dificuldade por tarefa em papel segundo os utilizadores (que já tiveram contacto com algum trabalho/projecto sobre acessibilidades) Fig. 6.4. Classificação de dificuldade por tarefa em papel segundo os utilizadores (que nunca tiveram contacto com algum trabalho/projecto sobre acessibilidades) 6.3 Aplicação Quanto aos testes efectuados à aplicação, os tempos médios por tarefa foram mais baixos que os tempos médios em papel. O gráfico da figura 6.5. mostra os tempos médios por tarefa na aplicação. Fig. 6.5. Tempo médio por tarefa na aplicação 67 Os tempos obtidos pelos utilizadores nas tarefas efectuadas na aplicação são apresentados na tabela 6.2. Tal como referido para o papel, os três primeiros utilizadores são aqueles que segundo o inquérito nunca participaram em trabalhos relacionados com acessibilidades ao contrário dos restantes quatro que de uma forma ou de outra já tiveram uma participação em projecto deste tipo. Tab. 6.2. - Tempos de execução das tarefas por utilizador na aplicação (em minutos) Utilizador\Tempo por tarefa Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3 1 2,10m 1,43m 4,46m 2 1,43m 1,67m 3,30m 3 1,87m 1,25m 3,34m 4 0,93m 1,07m 2,86m 5 0,97m 0,77m 2,14m 6 1,28m 0,98m 1,71m 7 1,02m 1,43m 2,32m Também na aplicação todas as tarefas foram cumpridas. Aqui foram contabilizados os cliques necessários para a conclusão de cada tarefa, bem como os cliques desnecessários, ou seja considerados como erros. A Figura 6.6. mostra um gráfico com o número médio de cliques e de erros por tarefa. Fig. 6.6. Número médio de cliques e erros por tarefa na aplicação 68 O erro ocorrido na tarefa 1 tinha a ver com uma confusão com os dois botões de edição/visualização (em que um apenas serve para a definição de áreas e o outro geral a toda a aplicação). Na tarefa 3 foi detectado um erro na ordem a desempenhar a tarefa pois o utilizador não percebeu que para preencher um formulário, primeiro teria de atribuir um obstáculo a uma área. Uma dúvida que surgiu nos testes à aplicação referia-se ao aspecto visual. O problema é os botões não terem imagens relacionadas às suas funções que permitiam perceber de forma intuitiva qual o objectivo de cada botão. Outra dúvida que surgiu foi a funcionalidade do botão inferior direito para alternar entre modos de edição e visualização. Uma especificação da aplicação, pode ser encontrada no Anexo D deste documento. No questionário efectuado após a interacção com a aplicação, os utilizadores responderam também ao grau de dificuldade de cada tarefa, classificando-as com níveis de muito fácil, fácil, difícil e muito difícil como mostram as figuras 6.7 e 6.8 que separam os utilizadores que já tiveram contacto com projectos sobre acessibilidades e aqueles que nunca tiveram contacto com o tema. Fig. 6.7. Classificação de dificuldade por tarefa na aplicação segundo os utilizadores(que já tiveram contacto com algum trabalho/projecto sobre acessibilidades) Fig. 6.8. Classificação de dificuldade por tarefa na aplicação segundo os utilizadores(que nunca tiveram contacto com algum trabalho/projecto sobre acessibilidades) Já quanto a facilidade de utilização geral da aplicação, os utilizadores responderam à pergunta usando a mesma classificação do gráfico anterior. Assim, três consideraram como “muito fácil” a utilização da aplicação. Por seu lado, três utilizadores classificaram como “fácil” este aspecto e apenas um classificou como “difícil”. 6.4 Análise e comparação Aqui é pretendido perceber quais as vantagens e desvantagens em termos dos principais aspectos analisados nos testes entre a aplicação e o papel. 69 Comparando os tempos obtidos, pode-se verificar uma melhoria de tempo no uso da aplicação em relação ao papel, que apesar de não ser uma diferença muito grande, tanto os tempos médios como os tempos mínimos e máximos por tarefa são inferiores para a aplicação. Além disso, o grande ganho prende-se com a organização pois em papel para definir 3 áreas tem de se ter 3 folhas agrafadas para se poder associar cada área aos elementos multimédia de cada folha, enquanto que na aplicação pode definir-se as 3 áreas no mesmo mapa com relações para multimédia distintas. Quanto ao número de erros, não é possível estabelecer uma ligação directa entre o papel e a aplicação. No papel foram feitas colagens e agrafadas folhas, podendo haver erros de escrita, omissões e perda de folhas, enquanto que na aplicação são contabilizados os cliques necessários para terminar a tarefa e os cliques desnecessários (erros). No entanto, é de ressalvar que na aplicação, sendo grande parte da funcionalidade editável, um erro na aplicação em termos de clique errado ou acção errada numa tarefa tem muito menor impacto que um erro ou omissão de dados, pois neste caso, ou se corrige o erro rasurando ou tem de se efectuar a tarefa de novo do princípio. Por fim, foi questionado aos utilizadores que comparassem em termos genéricos a utilização da aplicação com o uso do papel sendo que o gráfico 6.9. mostra as respostas dos mesmos. Fig. 6.9. Classificação de comparação entre papel e aplicação Em jeito de conclusão neste capítulo, retornando à última questão sobre comentários e sugestões, bem como nas dúvidas e erros mais frequentes existentes nos testes, podemos concluir que há algumas questões a acertar no futuro com a aplicação. Os utilizadores detectaram como problema mais frequente o uso do botão de visualização/edição inferior direito (ver Anexo D - Guia Rápido da Aplicação) que induzia frequentemente em erro. Além disso, os ícones da aplicação não eram muito sugestivos, ou seja, não era fácil perceber qual a funcionalidade de cada botão pelo seu ícone. Poderão ser situações a rever num possível trabalho futuro. 70 7 Conclusões Este capítulo de conclusões apresenta uma síntese das principais actividades desenvolvidas e os resultados encontrados. Explica-se como foram atingidos os objectivos e as áreas de trabalho futuro que podem ser desenvolvidas em estudos próximos. 7.1 Trabalho Desenvolvido Nas reuniões tidas com elementos envolvidos no projecto Acessibilidade e Inclusão no Ensino Superior, foi possível perceber quais os problemas mais sentidos na documentação de locais, pelo que o volume imenso de informação seria o principal obstáculo a transpor. Além deste facto, seria muito positivo conseguir relacionar a informação de cada local com as regras/normas para ter acesso a relatórios de problemas de locais para resolução. A fase seguinte prendeu-se com a pesquisa bibliográfica para enquadramento do problema. Neste ponto, é de salientar a grande dificuldade encontrada na procura de literatura adequada. Sendo um assunto relativamente recente em Portugal, a literatura encontrada para Acessibilidade que se relacionasse directamente com o trabalho proposto é pouca e ou tem alguns aspectos que são bastante genéricos ou então é muito específica de aspectos que pouco interesse têm para o estudo efectuado. Um dos principais documentos analizados é o [DL06]. Sendo este documento o mínimo exigido em termos de acessibilidade em Portugal, o mesmo não proporciona conforto adicional além das normas que impõe. Assim, presumindo que a legislação de cada país não se pode nem deve basear no suficiente, mas aproximar-se da perfeição sempre que possível, concluí-se que as orientações e legislação vigente estão longe da sua estabilização. Assim como é necessário o aparecimento de literatura específica a este assunto, também as leis deverão ser alvo de renovação e sérias melhorias com o intuito de proporcionar sempre mais e melhor a todos os cidadãos independentemente da sua condição física. Isto tem consequências para qualquer aplicação informática que, portanto, deverá estar preparada para suportar tal evolução. Já na fase de construção da aplicação, foram aparecendo algumas dificuldades que se prenderam com pormenores técnicos, resolvidos ora com a ajuda do orientador, ora com a consulta de artigos técnicos da linguagem utilizada. Durante a apresentação intermédia deste projecto em meados de Fevereiro de 2009, foi sugerido que a ferramenta possibilidade duas vertentes: uma de fase de projecto, ou seja, utilização da ferramenta numa fase de desenho e anterior à construção, ou por outro lado, a que actualmente está implementada, numa fase posterior, virada para a resolução de 71 problemas em espaços e habitações já construídos. Actualmente a ferramenta está definida e virada para a segunda vertente de resolução. Esta decisão foi tomada porque desde o início do projecto que nunca foi pensada a vertente de desenho/projecto. Quando essa ideia surgiu já a aplicação ia numa fase avançada pelo que a alteração deste requisito resultaria na mudança de muitos outros requisitos que iriam por em causa os prazos a cumprir, bem como o objectivo final do trabalho. Assim, optou-se por seguir esta abordagem e traçar como trabalho futuro o requisito sugerido. 7.2 Resultados obtidos Com base nos resultados obtidos podemos afirmar que os objectivos do projecto foram alcançados. Analisando os resultados com algum detalhe facilmente percebemos que a afirmação anterior é verdadeira. Por exemplo, o ganho em termos de tempo, apesar de parecer não ser muito, na realidade acaba por ser um ganho bastante grande. Nas tarefas desempenhadas pelos utilizadores a diferença não é muito significativa também porque os testes efectuados foram de pouca dimensão em termos de espaço levantado e analisado. Assim se pensarmos na forma de organizar e posteriormente analisar um levantamento em papel vs aplicação em grande escala/volume, concluímos que o ganho neste aspecto é imensamente superior. Definir áreas mais pequenas de uma planta e relacioná-las com informação em papel só é possível através da estratégia usada, agrafando folhas e criando índices que ligam as diferentes folhas entre si para um mesmo espaço documentado. Durante a fase de análise, é necessária a consulta do índice e a procura das folhas respectivas ao que se pretende visualizar. Este processo é tanto mais demorado quanto maior for a documentação existente para determinado local, e a probabilidade de haver erros e omissões nos dados sobe exponencialmente. Para a aplicação, após uma tarefa de levantamento, a tarefa de organização é relativamente simples e eficaz. Isto porque após estas duas tarefas, passando à tarefa de análise dos dados recolhidos, toda a informação é apresentada num mesmo ecrã onde podemos seleccionar áreas pré-definidas que de imediato retornam a informação associada a essa área. Nas tarefas desempenhadas em papel surgiu um erro na definição de subáreas de uma planta. Devido ao facto da necessidade da definição ser em folhas diferentes para obter relação com a informação, este aspecto pode por si só ser gerador de confusões e de erros. Pode haver áreas que estão a ser sobrepostas e a ser documentadas e analisadas em duplicado. Este problema é ultrapassado na aplicação. A definição de subáreas de uma planta é feita na mesma planta através de diversos rectângulos definidos pelo utilizador e em caso de sobreposição, o utilizador é avisado de um erro de impossibilidade de criação da área porque a área que tentou definir intersecta outra já definida. Quanto ao grau de dificuldade em desempenhar as tarefas em papel e na aplicação, os utilizadores foram claros, sendo que a aplicação proporciona uma facilidade de organização e posterior análise do 72 material levantado superior ao papel. Apesar da possibilidade de ocorrência de erros tanto em papel como na aplicação, seja na recolha de dados, seja na organização dos mesmos, as consequências de um erro em papel são muito piores do que na aplicação. Um exemplo prático é o utilizador ao organizar elementos em papel relativos a 2 subáreas diferentes e no final detectar que um dos elementos está incorrectamente relacionado com uma das áreas ao invés da outra. A consequência mais provável é ter de recomeçar a organização dessas duas folhas de raiz, ou então fazer cortes e novas colagens e consequentes rasuras nas folhas organizadas. Já na aplicação, ocorrendo o mesmo erro, uma vez que tanto áreas como elementos multimédia associados são editáveis (podem ser inseridos, alterados ou removidos), a correcção deste erro é muito mais simples e rápida, além de que não é necessário começar de novo e não deixa marca alguma de que algum erro tenha ocorrido. Com base nas respostas dos utilizadores às perguntas sobre facilidade de utilização geral da aplicação versus utilização do papel, estes foram claros. Em todas as tarefas e mesmo em utilização geral a aplicação é superior ao papel. Para finalizar e com base também na opinião dos utilizadores, mais de 2/3 afirmou que a aplicação é “muito melhor” que a utilização do papel para as tarefas de organização e análise de documentação de percursos. Já os restantes afirmaram que a aplicação é “melhor” que a utilização do papel. Pelas razões apontadas nesta secção das conclusões pode afirmar-se portanto que os objectivos foram cumpridos. 7.3 Trabalho Futuro Apesar dos principais objectivos cumpridos, há algumas questões deste trabalho que podem ser melhoradas com base nas limitações da aplicação ou requisitos não definidos inicialmente que podem ser adicionados. A aplicação actualmente desempenha o seu papel principal, no entanto as potencialidades e possibilidades de expansão são muito diversificadas. A ferramenta poderá também ser adaptada para permitir não só a correcção e adaptação de locais existentes, mas também como ferramenta de estudo ainda em fase de projecto, facilitando assim a construção de raiz já com as exigências cumpridas. Com uma base de dados por trás da aplicação como tem actualmente, é possível definir uma infinidade de requisitos, como por exemplo, procurar trajectos acessíveis por tipo de utilizador (se em cadeira de rodas, se em canadianas, se invisual, etc.). Na aplicação não foi implementado o conceito de percurso pelo que a definição de requisitos envolvendo este conceito poderão ser explorados para uma melhoria significativa desta ferramenta. Por exemplo, integrando percurso e área, poderiamos definir um requisito em que um indíviduo gostaria de saber porque aréas passar para cada percurso acessível de acordo com a sua condição física. Além disso, não existem obstáculos entre áreas 73 (elementos de ligação), por isso este conceito poderá também ser explorado numa versão melhorada desta aplicação. Uma outra visão da aplicação que seria do interesse implementar, é a possibilidade de classificação de locais por níveis. Assim, possibilitando também a edição de formulários (construção do mesmo), poder-se-ão definir níveis de acessibilidade que, como estudado, proporcionem não apenas os mínimos admissíveis mas também algum conforto extra a quem tenha necessidade de utilizar espaços e edifícios públicos e de habitação. Este trabalho centrou-se principalmente na usabilidade e no objectivo de análise e organização documental descurando bastante o aspecto visual pelo que uma das melhorias a efectuar ao mesmo poderá ser o design da aplicação. O projecto poderá também ser adaptado para a utilização por pessoas com mobilidade reduzida, para facilitar o estudo de trajectos possíveis num local de acordo com um ponto de partida e um ponto de chegada. Isto é, em vez de ser uma ferramenta que detecta problemas de acessibilidades, pode ser convertida num navegador para pessoas com dificuldades de mobilidade. Finalmente, há requisitos que, não sendo menores apesar de simples, tornam mais rica a aplicação e facilitam a sua utilização e potenciam o seu desempenho. Apenas um exemplo de muitos possíveis é a possibilidade de fazer zoom e pan à planta. Todas estas possibilidades de melhoria terão maior sucesso quanto mais testadas forem, indo de encontro às pretensões dos utilizadores e resolvendo de forma simples e eficaz os problemas por eles detectados. 74 Referências [ACT95] – Amadora cidade para todos – Eliminação de barreiras arquitectónicas para deficientes, Câmara Municipal da Amadora, 1995, Amadora [ADA08] – http://www.ada.gov/hsurvey.htm, em 16/10/2008 [Cach06] – Acessibilidade de Pessoas com Mobilidade Condicionada em Edifícios de Habitação – Sistema de Classificação por níveis de Exigência, C. G. Cachadinha, SNRIPD, 2006, Lisboa [CEA05] – CEA – Conceito Europeu de Acessibilidade – Manual de Assistência Técnica, SNRIPD, 2005, Lisboa [Cas04] – Lazer sem Barreiras para pessoas com deficiência, Cipriano Luís Jiménez Casas, Projecto CAMI, 2004, Salamanca [CRM00] – Cadeiras de Rodas Manuais – SNRIPD, 2000, Lisboa [DL06] – Decreto-lei 163/2006 de 8 de Agosto, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, S. A., 2006, Lisboa [Fer04] – E nós? Pessoas com Deficiência, Adelino P. Fernandes, Delegação Distrital de Castelo Branco da Associação Portuguesa de Deficientes, 2004, Castelo Branco [FG08] – Projectar e construir com acessibilidade – Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de Agosto – Normas técnicas para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada, Jorge Falorca, Sílvia Gonçalves, 2008, Coimbra [GE08] – http://earth.google.com/intl/pt_pt/, em 02/10/2008 [GM08] – http://maps.google.com/, em 02/10/2008 [Go08] – http://earth.google.com/intl/pt/userguide/v4/ug_kml.html, em 23/10/2008 [IDD98] – Inquérito Nacional às Incapacidades, Deficiências e Desvantagens, SNRIPD, 1998, Lisboa [INR08] – http://www.inr.pt/category/1/6/acessibilidade, em 12/10/2008 [IPQ08] – http://www.ipq.pt/custompage.aspx?modid=15, em 18/11/2008 [JFM08] – http://www.jotform.com/, em 20/10/2008 [LL08] – http://www.combit.net/en/reporting-tool/report-generator-List-Label/, em 20/10/2008 [LSM08] – http://maps.live.com/, em 02/10/2008 75 [Lore08] – Selo Acesso, Um projecto para a caracterização dos ambientes, M. 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Teles, SNRIPD, 2007, Lisboa [TP08] – http://www.transporlis.sapo.pt/, em 02/10/2008 [VM08] – http://www.viamichelin.com/viamichelin/int/tpl/hme/MaHomePage.htm, em 02/10/2008 76 Anexo A – Questionário de usabilidade da aplicação Organização Documental da Acessibilidade de Percursos Mestrado em Engenharia Informática e de Computadores Gonçalo Filipe Cebolais de Moura Semedo QUESTIONÁRIO O presente questionário está inserido no âmbito de um trabalho de mestrado, em fase de testes, relacionado com a acessibilidade. Pretende-se que o trabalho facilite o estudo de análise e levantamento de percursos e áreas, interiores ou exteriores, possibilitando que as melhorias resultantes de alterações aos mesmos resultem na promoção da acessibilidade de todos e para todos. Este trabalho resulta na construção de uma aplicação que tem o objectivo acima definido. O que se pretende com o questionário é que relate a experiência após a interacção com a aplicação. Os dados são confidenciais e têm objectivo meramente estatístico para o trabalho em curso. Idade: _______ Sexo: M __ F __ Habilitações Literárias: ________________________ Curso: ___________________________ (Se aplicável) Participa/participou em algum trabalho/projecto relacionado com acessibilidades? S __ N __ APLICAÇÃO 1 – Durante a utilização da aplicação, teve dificuldades em executar alguma tarefa? S __ N __ (se a resposta foi N, passe à questão 2) 1.1 Em que tarefa/s teve dificuldades? Tarefa 1 __ Tarefa 2 __ Tarefa 3 __ 77 1.2 Qual/quais as dificuldades na execução de cada tarefa? Tarefa 1 ______________________________________________________ Tarefa 2 ______________________________________________________ Tarefa 3 ______________________________________________________ 2 O que alteraria em cada tarefa para melhorar a sua facilidade de utilização? Tarefa 1 ______________________________________________________ Tarefa 2 ______________________________________________________ Tarefa 3 ______________________________________________________ 3 Como considera o nível de dificuldade de execução de cada tarefa? Muito fácil Fácil Difícil Muito difícil Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 3 4 Como considera no geral, a facilidade em aprender a utilizar a aplicação? __ Muito fácil __ Fácil __ Difícil __ Muito difícil 5 Como considera no geral, a facilidade de utilização da aplicação? __ Muito fácil __ Fácil __ Difícil __ Muito difícil 78 APLICAÇÃO VS PAPEL 6 Como classifica a facilidade de utilização durante a: Muito fácil Fácil Difícil Muito difícil Tarefa 1 - Papel Tarefa 1 - Aplicação Tarefa 2 - Papel Tarefa 2 – Aplicação Tarefa 3 – Papel Tarefa 3 - Aplicação 7 Como classifica a aplicação de levantamento e análise, em comparação com a utilização de papel? __ Aplicação muito melhor __ Aplicação melhor __ Igual __ Papel melhor __ Papel muito melhor 8 Comentários/Sugestões _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ MUITO OBRIGADO! 79 Anexo B – Formulário do Examinador Organização Documental da Acessibilidade de Percursos Mestrado em Engenharia Informática e de Computadores Gonçalo Filipe Cebolais de Moura Semedo FORMULÁRIO DO EXAMINADOR EM PAPEL Tarefa Descrição 1 Inserir planta e 3 áreas 2 Inserir 1 multimédia tipo 3 Associar obst., Formulário, relat. Tempo Erros Cliques Duvidas Cumpriu? APLICAÇÃO Tarefa Descrição 1 Inserir planta e 3 áreas 2 Inserir 1 multimédia tipo 3 Associar obst., Formulário, relat. Tempo Erros Cliques Duvidas Cumpriu? 80 Anexo C – Esboço da aplicação (protótipo inicial) Nesta secção apresentam-se alguns esboços do que estava inicialmente pensado para a solução da aplicação. Comecemos por uma apresentação geral do programa. Neste anexo temos várias figuras que vão ilustrando a apresentação do protótipo. Ao iniciar, é-nos mostrado um ecrã de boas vindas (Figura C.1). Este ecrã, para já apenas permite entrar na área principal, tendo que posteriormente abrir um projecto existente ou iniciar um novo. Irá ser alterado para permitir desde logo a abertura de projectos já criados. No ecrã seguinte (Figura C.2), poderemos observar 3 áreas principais distintas. A primeira área tem duas barras para teclas de atalho com opções de suporte ao projecto em curso (desde as teclas básicas à inserção/remoção de mapas, escalas, inserção/remoção/alteração de ficheiros de texto, imagem e vídeo, inserção de formulários de regras/leis, geração de relatórios de problemas da área estudada, inserção/remoção/alteração de áreas a documentar, ficha técnica do local). Já a área seguinte é a área de multimédia que fica imediatamente abaixo da anterior descrita, onde teremos três subáreas de multimédia para visualização dos conteúdos documentais inseridos (os referidos textos, imagens e vídeos). A terceira e última área fica na direita onde se pode ver o quadrado branco, que é local de inserção de mapas, definição/alteração/selecção de áreas a descrever. Tem mais duas ferramentas abaixo, o zoom e a escala que na imagem não aparece pois só faz sentido após o carregamento de um mapa e a definição das suas coordenadas dos pontos extremos. Esta ideia foi captada através das fichas elaboradas em papel dos colegas de Arquitectura da FA também envolvidos no projecto e descritas na Introdução. A fase seguinte, a edição visualização de áreas e sua documentação, é a elaboração de formulários para inserção das normas de cada país ou por itens de exigência (Figura C.3). Esses formulários serão usados também na documentação dos locais produzindo a ficha técnica de cada projecto aberto. Servirão de dados de apoio à multimédia adicionada e para a detecção de problemas nos diferentes obstáculos que possam aparecer. Estes problemas serão reportados em relatório após o local ter sido devidamente documentado em comparação com as normas inseridas (Figura C.4). Esta solução foi desenvolvida no Microsoft Visual Studio 2005 com recurso a C#. Foram algumas ideias dos conceitos de KML para a organização do material multimédia em termos de relacionamento deste com as áreas definidas. 81 Fig. C.1. Ecrã de Boas-Vindas Fig. C.2. Ecrã principal 82 Fig. C.3. Ecrã com formulário de inserção de normas/regras Fig. C.4. Ecrã com relatório de ficha técnica do mapa actual 83 Anexo D – Guia Rápido da Aplicação Neste anexo, pretende-se dar uma visão geral da aplicação, para facilmente se aprender a trabalhar com ela. A figura seguinte é o ecrã de entrada da aplicação AccessTek (nome dado à mesma). Fig. D.1. Aplicação - Ecrã de boas vindas Clicando no botão central “ENTRAR”, segue-se o ecrã principal como mostra a figura abaixo, a qual tem um descritivo das áreas de funcionalidades disponíveis. Fig. D.2. Aplicação – Ecrã principal 84 As barras de visualização e edição contêm vários botões com funcionalidades, as quais se descrevem de seguida nas figuras D.3. e D.4. Fig. D.3. Barra de Visualização 1- Novo 2- Abrir 3- Guardar 4- Guardar como 5- Ver escala 6- Mostra rectângulos 7- Oculta rectângulos Fig. D.4. Barra de Edição 1- Inserir planta 2- Remover planta 3- Definir escala 4- Modo edição/visualização rectângulos 5- Apagar todos os rectângulos 6- Apagar rectângulo seleccionado 7- Inserir multimédia (ficheiro de texto, imagem ou vídeo) 8- Remover multimédia(s) seleccionado(s) 9- Associar obstáculo a área 85 Todas as opções anteriormente descritas se encontram inactivas até à inserção de uma planta. Assim sendo, o fluxo normal do programa será: 1- Inserção de uma planta; 2- Definição de subáreas correspondentes a divisões da planta (por exemplo uma casa de banho, uma cozinha, etc.); 3- atribuição de obstáculos a subáreas da planta; 4- preenchimento os formulários respectivos; 5- inserção de ficheiros multimédia atribuídos a cada subárea da planta; 6- visualização da ficha técnica da planta. A ordem do fluxo pode ser alterada desde que se cumpram os seguintes pressupostos: As tarefas 1 e 2 não podem trocar de ordem nem entre as duas nem entre as restantes, ou seja, serão sempre as duas primeiras tarefas de um novo projecto na aplicação; A tarefa 4 não pode ser efectuada antes da tarefa 3; A tarefa 6 não pode ser efectuada antes da tarefa 4; A imagem seguinte apresenta o ecrã principal com um mapa carregado, subáreas definidas e informação multimédia associada à subárea seleccionada. Fig. D.5. Ecrã Principal com planta, subáreas definidas e informação multimédia associada 86 Em cada barra de multimédia (texto, imagem ou vídeo) os botões de navegação laterais só se activam se existirem mais de 5 ficheiros por cada tipo. Seleccionando uma subárea e clicando no botão 9 da Figura D.4. de associação de obstáculo a subárea, irá aparecer um ecrã com uma janela de selecção de obstáculos como se apresenta a seguir: Fig. D.6. Ecrã com janela de selecção de obstáculos Ao abrir a janela por cima do botão OK, existirão vários obstáculos que poderão ser seleccionados. Ao adicionar um obstáculo a uma subárea, automaticamente é também seleccionado um formulário respectivo a esse obstáculo pelo que ao finalizar esta operação de associação de obstáculos, seguimos para a fase de preenchimento de formulários. Assim, clicando no botão Ver Formulários do Ecrã principal obtemos uma janela semelhante à anterior com o aspecto seguinte: Fig. D.7. Ecrã com janela para selecção de formulários Ao seleccionar um formulário, abrir-se-á um ecrã correspondente para preenchimento desse formulário. 87 Fig. D.8. Formulário de Patamares, Galerias e Corredores Após o preenchimento de cada formulário, ao seleccionar o botão ver ficha técnica, aparece uma janela de selecção do formulário preenchido a consultar. Seleccionando o formulário que se quer visualizar, aparece uma descrição geral dos requisitos não cumpridos do mesmo. Seguidamente, seleccionando o botão visualizar, aparece o respectivo formulário com os requisitos não cumpridos assinalados a vermelho. Fig. D.9. Ficha técnica com requisitos não cumpridos assinalados a vermelho 88 Anexo E – Tabela de distribuição geográfica de incapacidade em Portugal Tab. E.1. – Distribuição geográfica da incapacidade/deficiência por distritos do continente e regiões autónomas Distrito/Região autónoma População População com alguma Incapacidade/Deficiência Açores 239.190 14.778 Percentagem por distrito/região autónoma 6,18% Aveiro 663.350 32.085 4,84% 0,32% Beja 164.740 11.684 7,09% 0,12% Braga 761.560 68.798 9,03% 0,70% Bragança 153.750 15.696 10,21% 0,16% Castelo Branco 210.230 29.118 13,85% 0,29% Coimbra 425.290 33.923 7,98% 0,34% Évora 171.570 19.366 11,29% 0,20% Faro 343.850 32.170 9,36% 0,33% Guarda 184.310 21.722 11,79% 0,22% Leiria 427.730 57.785 13,51% 0,58% 2.048.040 137.071 6,69% 1,39% Madeira 255.330 20.601 8,07% 0,21% Portalegre 131.120 9.210 7,02% 0,09% 1.663.530 193.806 11,65% 1,96% Santarém 441.920 29.429 6,66% 0,30% Setúbal 720.851 47.107 6,53% 0,48% Viana do Castelo 249.260 52.086 20,90% 0,53% Vila Real 232.760 37.053 15,92% 0,37% Viseu 399.180 42.000 10,52% 0,42% Lisboa Porto Percentagem em relação ao total nacional 0,15% 89 Anexo F – Requisitos de hardware e software Para a correcta utilização é necessário que a máquina onde a aplicação vai ser executada cumpra os requisitos da tabela F.1. Tab. F.1. – Requisitos de hardware e software Computador e Processador Sistema Operativo Resolução do Monitor Componentes Adicionais Processador de 500 megahertz (MHz) ou superior; RAM de 256 megabytes (MB) RAM ou superior; drive de DVD; Windows Vista (mínimo) Mínimo: 800x600; Aconselhado: 1024x768 ou superior; .NET Framework 3.5; SQL Server 2005 ou superior; 90