Otimização do Código Convolucional Turbo do WiMAX em Ponto Fixo Ailton Akira Shinoda 1 1 Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Ilha Solteira, SP, [email protected] Resumo: Este artigo descreve a implementação otimizada do código convolucional turbo, em ponto fixo, de um sistema OFDM baseado no controle adaptativo da taxa de dados da camada física do WiMAX de acordo com o padrão IEEE 802.16. Keywords: WiMAX. otimização, código convolucional turbo, 2. ARQUITETURA E TOPOLOGIA DA REDE A topologia e a arquitetura de rede especificada pelo IEEE 802.16 está ilustrada na Figura 1. 1. INTRODUÇÃO A predição feita pelo ITU (International Telecommunication Union) mostra que a demanda dos usuários por serviços de banda larga, mobilidade do terminal e disponibilidade de roaming está tornando-se cada vez mais intensivo. A tendência de operação das novas redes está se concentrando cada vez mais em acesso e coberturas sem fio. E as redes locais sem fio (WLAN) têm alcançando um grande sucesso nesse setor. Mas no momento, a WLAN apresenta várias limitações como pequenas áreas de cobertura (alcance de transmissão) e problemas de interferência devido ao emprego da faixa de freqüência ISM (Industrial, Scientific and Medical). Para superar essas limitações, o comitê do IEEE desenvolveu os padrões 802.16x adotada pelo fórum Worldwide Interoperability for Microwave Access (WiMAX) [1], que especifica o acesso banda larga sem fio (WBA). O padrão define a camada física e o MAC (Medium Access Control) do sistema WBA na faixa 2-66 GHz. Pode operar com uma taxa máxima de dados de 75 Mbps e cobertura celular de até 50 km. Os padrões IEEE 802.16x consiste de vários subpadrões 802.16, 802.16a, 802.16d e 802.16e [2-4]. O IEEE 802.16 define o acesso banda larga sem fio fixo (FWBA) na faixa 10-66 GHz em linha de visada; IEEE 802.16a estende para 2-11 GHz sem linha de visada. O IEEE 802.16d é a revisão dos dois com algumas melhorias no enlace reverso; o IEEE 802.16e suporta mobilidade até uma velocidade de 120 km/h e uma estrutura de enlace assimétrica. A seção 2 apresenta a arquitetura e topologia de rede do WiMAX. A seção 3 descreve os principais elementos da camada física (PHY) e a modulação adaptativa do WiMAX no simulador. A seção 4 apresenta o funcionamento da codificação convolucional turbo empregado no WiMAX. A seção 5 mostra os resultados e validação do código convolucional turbo otimizada em ponto fixo. Figura 1 Topologia e arquitetura da rede WiMAX São definidos os elementos Base Station (BS) e Subscriber Station (SS). A BS realiza a interface entre a rede sem fio e uma rede-núcleo (Core Network), suportando interfaces IP, ATM, Ethernet ou E1/T1 [2]. A SS permite ao usuário acessar a rede, por intermédio do estabelecimento de enlaces com a BS, em uma topologia Ponto-Multiponto. Como alternativa à topologia Ponto-Multiponto, o padrão especifica a topologia Mesh (opcional), na qual uma SS pode se conectar a uma ou mais SS intermediárias, até atingir a BS. Nesse caso, trata-se de uma rede multihop, que representa uma estratégia interessante para expandir a área de cobertura total da rede sem a necessidade de um aumento proporcional do número de BSs, o que representa uma economia significativa nos custos de implantação, já que as SSs deverão ter custo bem inferior ao das BSs. 3. CAMADA FÍSICA O padrão 802.16a/d define sete combinações de modulação e taxa de codificação que pode ser empregada para alcançar a taxa de dados mais conveniente, baseada nas 1 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 905 Titulo do Trabalho Autor 1, Autor 2, Autor 3, etc. condições do canal e interferência. A Tabela 1 ilustra essas possíveis combinações. Tabela 1 Esquemas de modulação e codificação para o WiMAX. Taxa (ID) Modulação Taxa de Código Inf. bits/ Inf. Bits/ Taxa de pico em 5 MHz Símbolo símbolo OFDM (Mbps) 0 BPSK 1/2 0,5 88 1,89 1 QPSK 1/2 1 184 3,95 2 QPSK 3/4 1,5 280 6,00 3 16QAM 1/2 2 376 8,06 4 16QAM 3/4 3 568 12,18 5 64QAM 2/3 4 760 16,30 6 64QAM 3/4 4,5 856 18,36 Figura 3 Esquema da modulação adaptativa Trata-se da seleção da modulação a ser utilizada na camada física (QPSK, QAM-16, QAM-64) a partir do nível da relação sinal-ruído percebida no receptor. A partir da negociação entre as estações base e cliente, a modulação a ser adotada é dinamicamente adaptada às condições do enlace de rádio. Esta técnica a ser adotada é dinamicamente adaptada às condições do enlace de rádio. Esta técnica confere maior robustez e flexibilidade ao sistema, A Figura 2 ilustra os vários estágios funcionais do WiMAX PHY. empregada largarmente na tecnologia Wi-Fi [2]. Figura 2 Estágios funcionais do WiMAX PHY O primeiro conjunto de estágios está relacionado aos códigos corretores de erros (FEC), que inclui a codificação do canal (no caso desse trabalho empregou-se o código convolucional turbo) e o casamento da taxa de dados (puncturing ou repetição), interleaving e o mapeamento dos símbolos. O próximo conjunto de estágios funcionais trata da construção dos símbolos OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) no domínio da frequência. Durante esse estágio, os dados são mapeados em sub-canais e subportadoras mais apropriados. A seguir são inseridos os símbolos pilotos, responsáveis pela estimação e rastreamento das condições do canal na recepção. Esse estágio também é responsável por qualquer codificação temporal/espacial de diversidade na transmissão, caso seja requerido. O conjunto final de funções está relacionado à conversão dos símbolos OFDM no domínio da frequência para o domínio do tempo. Na tecnologia WiMAX, além do esquema de multiplexação OFDM, adota-se um esquema de modulação adaptativa, conforme a Figura 3. 4. CÓDIGO CONVOLUCIONAL TURBO A idéia básica dos códigos turbos é o emprego de dois códigos convolucionais em paralelo com interleaving entre eles. Códigos convolucionais são utilizados para codificar um fluxo contínuo de dados, mas nesse caso assume-se que os dados estão configurados em blocos fixos, associado ao tamanho do interleaver. A Figura 4 mostra um codificador turbo geral. Figura 4 Codificador Turbo 2 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 906 mais largo sob a mesma taxa de codificação (o bloco definido pela modulação 64-QAM). A Tabela 2 [4] especifica a concatenação das diversas alocações de subcanais e modulações. O código convolucional turbo (CTC) implementado em ponto fixo foi baseado na especificação do IEEE Std 802.16 [4] mostrado na Figura 5. Tabela 2 Canal CTC otimizado por modulação Modulação Dados (bytes) Figura 5 Código CTC Os bits são alternadamente enviados para A e B, iniciando-se com o bit mais significativo (MSB) do primeiro byte sendo transmitido por A. O codificador é alimentado por blocos de k bits ou N tuplas (k=2*N bits). Para qualquer tamanho de quadro, k é um múltiplo de 8 e N é um múltiplo de 4. Além disso, 8≤ N/4 ≤1024. Os polinômios que descrevem as conexões na notação simbólica são: • Ramo da realimentação: 1+D+D3 • Bit de paridade Y: 1+D2+D3 Bit de paridade W: 3 • 1+D Inicialmente, o codificador é alimentado por uma sequência natural (posição 1) com endereço incremental i=0...N-1. Esse primeiro codificador é denominado de código C1. A seguir o codificador é alimentado por uma sequência do interleaver (comutador na posição 2) com endereço incremental j=0,...N-1. Esse segundo codificador é denominado de código C2. A ordem em que o bit codificado é agrupado na saída é: A,B,Y1,Y2,W1,W2= A0,B0,..., AN-1,BN-1,Y1,0,Y1,1,…,Y1,N-1, Y2,0,Y2,1,…,Y2,N-1, W1,0,W1,1,…,W1,N-1, W2,0,W2,1,…,W2,N-1 Dado Codificado Taxa N P0 P1 P2 P3 (bytes) QPSK 6 12 1/2 24 5 0 0 0 QPSK 12 24 1/2 48 13 24 0 24 QPSK 18 36 1/2 72 11 6 0 6 QPSK 24 48 96 7 48 24 72 QPSK 30 60 1/2 120 13 60 0 60 QPSK 36 72 1/2 144 17 74 72 2 QPSK 48 96 1/2 192 11 96 48 144 QPSK 54 108 1/2 216 13 108 0 108 QPSK 60 120 1/2 240 13 120 60 180 QPSK 9 12 3/4 36 11 18 0 18 QPSK 18 24 3/4 72 11 6 0 6 QPSK 27 36 3/4 108 11 54 56 2 QPSK 36 48 3/4 144 17 74 72 2 QPSK 45 60 3/4 180 11 90 0 90 QPSK 54 72 3/4 216 13 108 0 108 16-QAM 12 24 1/2 48 13 24 0 24 16-QAM 24 48 1/2 96 7 48 24 72 16-QAM 36 72 1/2 144 17 74 72 2 16-QAM 48 96 1/2 192 11 96 48 144 16-QAM 60 120 1/2 240 13 120 60 180 1/2 5. RESULTADOS O tamanho do bloco codificado depende dos sub-canais alocados e da modulação. A concatenação de sub-canais deve ser feita à fim de aumentar os blocos de codificação onde isso seja possível, contanto que não exceda o bloco A implementação do CTC foi separado em 3 blocos, mostrado na Figura 6. 3 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 907 Titulo do Trabalho Autor 1, Autor 2, Autor 3, etc. Figura 7 Diagrama de bloco do esquema do interleaving A plataforma utilizada para implementar os blocos foi o Simulink® [5], mostrada na Figura 8, e os parâmetros do CTC empregado nesse trabalho estão hachurados em vermelho na Tabela 2. Figura 6 Diagrama de bloco da geração de pacotes do CTC O esquema do interleaving utilizado, segundo a especificação [4], está ilustrado na Figura 7. Figura 8 Plataforma de desenvolvimento No ramo superior estão os blocos implementados no Simulink®, de acordo com o esquema da Figura 6, empregando o C MEX S-function [5]. Figura 9 Trecho do código sfun_encode_sequence A Figura 9 mostra uma parte do código do sfun_encode_sequence, referente ao primeiro bloco (rosa) da Figura 6. 4 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 908 O ramo inferior (Figura 8) ilustra os blocos correspondentes em ponto fixo, nesse trabalho foi assumido uma quantidade de 8 bits. Figura 12 Saída parcial do sfun_encode_sequence (Encode_Sequence) A Figura 12 mostra a saída parcial do bloco em ponto fixo Encode_Sequence e do bloco de validação sfun_encode_sequence. Figura 10 Trecho do código Encode_Sequence A Figura 13 mostra a saída parcial do bloco em ponto fixo Subblock_Interleaver além do bloco de validação sfun_subblock_interleaver. A Figura 10 mostra uma parte do código Encode_Sequence em ponto fixo implementado no Simulink® [5]. A Figura 11 mostra um frame aleatório de 96 bits como entrada do bloco sfun_encode_sequence e também do Encode_Sequence (Figura 8). Figura 13 Saída parcial do sfun_subblock_interleaver (Subblock_Interleaver) A Figura 14 mostra a saída do Puncturing, além do bloco de validação sfun_puncturing, quando o fluxo de dados é descrito pela Figura 11. Figura 11 Frame de 96 bits A Figura 15 mostra o fluxo de dados entre os blocos do CTC implementado em ponto fixo. 5 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 909 Titulo do Trabalho Autor 1, Autor 2, Autor 3, etc. Figura 14 Saída do sfun_puncturing (Puncturing) Figura 15 Fluxo de dados entre os blocos do CTC desenvolvido em ponto fixo O artigo descreveu a implementação otimizada do código convolucional turbo, em ponto fixo, de um sistema OFDM baseado no controle adaptativo da taxa de dados 6. CONCLUSÃO 6 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 910 da camada física do WiMAX de acordo com o padrão IEEE 802.16. Para validar o código gerado, também foi desenvolvido blocos do CTC em s-function [5] e os resultados obtidos foram idênticos para o mesmo fluxo de entrada de bits. Os próximos passos são a conversão do código CTC ponto fixo gerado em linguagem VHDL e a posterior implementação em um dispositivo FPGA. AGRADECIMENTO Ao CNPq pelo 472686/2008-9. suporte através do processo REFERÊNCIAS [1] A. Ghosh et al, “Broadband Wireless Access with WiMAX/802.16: Current Performance Benchmarks and Future Potencial,” IEEE Communication Mag., vol. 43, no.2, pp. 129-136, 2005. [2] IEEE 802.16-2001, “IEEE Standard for Local and Metropolitan Area Network – Part 16: Air Interface for Fixed Broadband Wireless Access Systems”, Apr. 8, 2002. [3] IEEE 802.16a, “IEEE Standard 802.16a, Amendment 2: Medium Access Control Modifications and Additional Physical Layer Specifications for 2-11 GHz”, 2003. [4] IEEE 802.16e, “IEEE 802.16e TGe Working Document, (Draft Standard) – Amendment for Physical and Medium Access Control Layers for Combined Fixed and Mobile Operation in Licenses Bands, 802.16e/D4”, 2004. [5] MathWorks Inc., “Simulink User Manual”, 2009. 7 Proceedings of the 9th Brazilian Conference on Dynamics Control and their Applications Serra Negra, SP - ISSN 2178-3667 911