Augusto (Espírito)
Clayton Levy
O H omem de Bem
2ª edição
CAMPINAS – SP
2005
S umá
O Bem do Homem
IX
O Homem de Bem
XIII
I. Propósito e Realização
19
II. Serena Atenção
23
III. Luz e Escuridão
25
IV. O Bem Possível
29
V. Ser Útil
33
VI. Reclamações
37
VII. A mar É Normal
41
VIII. Deus Interior
45
IX. Tua Essência
49
X. Aceitação
53
XI. A Melhor Recompensa
57
XII. Resposta Ideal
61
XIII. Felicidade
65
XIV. A Ilusão do Ego
69
rio
XV. Ser Humano
73
XVI. Teu Guia
77
XVII. Força Destruidora
81
XVIII. Terapia Libertadora
87
XIX. Olhar Compassivo
91
XX. Contaminação Verbal
95
XXI. Visão Ampliada
99
XXII. Sem Cessar
103
XXIII. A lguma Coisa
107
XXIV. A lém do Ego
111
XXV. Empréstimos
115
XXVI. Bom Senso
119
XXVII. Iguais
123
XXVIII. Autoridade ou Poder?
127
XXIX. Dever e Consciência
131
XXX. Ética Divina
135
XXXI. O Caminho
139
O B em do H omem
P
ode-se afirmar que todo o progresso humano
decorre da busca incessante pela promoção e
preservação do bem. Pensadores, cientistas, artistas e
religiosos de todos os tempos destacaram-se dissertando
sobre o tema, enriquecendo a inteligência e modelando
hábitos. Entretanto, é preciso admitir que, mesmo na
sociedade civilizada, o conceito de bem varia conforme
a cultura e os interesses imediatos de cada um.
Para o filósofo, o bem está no ato de refletir;
Para o cientista, será o desenvolvimento de fórmulas
e equações que agreguem conhecimentos novos;
Para o artista, será a inspiração materializada em obras
de valor estético;
Para o adepto das religiões oficiais, será a interpretação muito particular dessa ou daquela escritura sagrada.
Ninguém nega a importância dessas expressões no
processo de evolução sociocultural. Todavia, todas elas,
embora respeitáveis, quase sempre revelam uma visão
exclusivista, estando ainda muito ligadas ao ego. E toda
vez que o ego predomina na personalidade humana, o
bem jamais consegue expandir-se de forma integral. O
bem de cada um nem sempre significa o bem do Homem.
Para aquele, porém, cuja mente começa a despertar
para a realidade espiritual, o bem assume outra dimensão, traduzindo-se, revelando-se através de pensamentos,
atos e palavras em harmonia com as leis cósmicas. Nesse
caso, não há mais limites de ordem cultural, porque o
bem se torna um estado de consciência que transcende
X | Augusto (Espírito) – Clayton Levy
o ego. É então que o bem do Homem se torna um bem
para cada um.
Não é apenas ação externa. Constitui, sobretudo,
uma postura interna.
Não se limita a uma qualidade a ser admirada. Trata-se, também, de atitude a ser vivenciada no campo
mental e emocional.
Não é rótulo. É essência.
No presente trabalho, procuramos focalizar o tema
com base no texto “O Homem de Bem”, inserto no
capítulo XVII de O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec.*
Não trazemos conceitos novos ou receitas prontas.
Igualmente evitamos uma abordagem maniqueísta, por
considerarmos que essa postura, ao construir estereótipos, impede a análise mais profunda do todo. Nenhum
de nós é apenas luz ou apenas sombra. Somos, ainda,
um misto de sombra e luz, vitórias e fracassos, quedas e
conquistas, que nos tornam autores do próprio destino
em meio ao incessante processo que conduz à maturidade espiritual. E a consciência acerca da própria
realidade, despida de máscaras, é quesito indispensável
para alcançar a plenitude interior.
Dessa forma, o que apresentamos são apenas comentários ligeiros, sem a pretensão de ensinar, convencer
ou tomar posse da verdade. A proposta, aqui, é levar
* KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, 117a ed., cap. XVII,
item 3. Rio de Janeiro, 2001.
O H omem de B em
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à reflexão serena e amiga, usando o raciocínio como
farol indispensável na exploração honesta de si mesmo,
porque se o mal quase sempre surge da ignorância cristalizada nos recessos do ser, o bem que pretendemos para o
Homem também terá de nascer, crescer e se consolidar,
primeiro, no interior de cada um.
Agradecendo ao Mais Alto por esta oportunidade,
externamos nossos votos de paz e progresso espiritual,
agora e sempre.
Augusto
Campinas, 28 maio de 2004.
MM
XII | Augusto (Espírito) – Clayton Levy
O H omem de B em*
* KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, 117a ed., cap. XVII,
item 3. Rio de Janeiro, 2001.
O
verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei
de justiça, de amor e de caridade, na sua maior
pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios
atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não
praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou
voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém
tem nenhuma queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo
o que desejara lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça
e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada
acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores,
todas as decepções são provas ou expiações e as aceita
sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao
próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma;
retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra
o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos
serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos
aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros,
antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos
outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao
contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes
de toda ação generosa.
XIV | Augusto (Espírito) – Clayton Levy
O homem de bem é bom, humano e benevolente
para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças,
porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e
não lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade,
tendo como certo que aquele que prejudica a outrem
com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho
e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não
recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao
dever de amar o próximo e não merece a clemência
do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas
e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado
lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe
que também necessita de indulgência e tem presente
esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra
aquele que se achar sem pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios,
nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado,
procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega
para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz
em si de melhor do que na véspera.
O H omem de B em
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Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as
ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado
pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos,
porque sabe que é um depósito de que terá de prestar
contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode
dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros
homens, trata-os com bondade e benevolência, porque
são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para
lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu
orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa
a posição subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los
conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza,
como quer que sejam respeitados os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que
distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce
por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho
se acha que a todas as demais conduz.
MM
XVI | Augusto (Espírito) – Clayton Levy
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