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NOTA DA REDACÇAO
BUROCRACIA, a praga do nosso tempo, não nos
poupa. E como diz um grande estadista, «cater a burocracia, 6 combater a ideia de
que os problemas se resolvem subjectivamente atrás de uma secretária». Neste
«dossier», sobre a burocracia, o leitor vai tomar consciência de como a sua
passagem por este mundo está indissolvalmente ligada a papéis. Papéis e selos, às
montanhas.
ASSEMBLEIA Geral da COOP. Outro episódio da
mais tumultuosa e prolongada assemb!eia dos anais de 15 anos de existência da
maior cooperativa portuguesa. E ainda ligada & COOP, desta vez ao seu bairro,
uma reportagem sobre «água». O bairro da COOP fornece água aos habitantes dos
subúrbios, o que está a 'tornar-se uma situação insustentável a pedir solução
urgente por parte da Câmara.
-UITO em especial para os nossos muitos leitores
da Zambézia, a verdade sobre Quelimane, a bela cidade que se atrofia se não for
liberta das suas actuais amarras. Quelimane tem um belo futuro à sua frente desde
que a sua população e os responsáveis pelo seu progressos .e empenhem em
construi-lo.
A leitora que compra fotonovelas vai decerto ler
o que sobre ela escrevemos neste número e talvez fique desapontada porque não
se faz aqui a sua apologia. Ou talvez modifique o seu ponto de vista e passe a
escolher outro género de literatura... O mesmo se pode dizer em relação ao Fado e
à Marrabenta a quem dedicamos outra reportagem, à base do espectáculo da
FACIM, no Restaurante Muimbeleli. Quem gosta de fado e admira Manuel de
Almeida, tem oportunidade de ler o que sobre o fado pensa um dos seus cultores.
ALÉM das nossas habituais secções, que os nossos
leitores assíduos não dispensam e têm acofipanhado desde o primeiro número,
oferecemos-lhe ainda uma entrevista corri Alçada Baptista, actualmente uma das
personalidades mais destacdas na vida politica e intelectual, em Portugal.
pr
Director: Eng.o Rogério F. de Moura. Director-Adlunto: Rui Cartaxana. Chefe da
Redacção: Mofa Lopes. Redacção:«Areose Pena, Ribeiro Pacheco, Miguéis
Lopes Jr., Maria de Lourdes Ferreira, Manuel Salvado, Augusto Carvalho
(Lisboa), Teresa S Nogueira (Brasil) EconomiaParcídio Costa; Automobilismo Carlos Caiano. Fotografia: Ricardo Range[ (chefe): Kok Num e Armindo Afonso.
Maquefisação: Lourenço de Carvalho. Delegado na Beira: Casimiro Nogueira.
Delegado em Joanesburgo; Brás Pereira. Oficinas: A. Gonçalves (chefe-geral).
Composição - Emídio Campos, José Gonçalves, Henrique Pais, C. Anene e
Isafas Vicente: Impressão - José Arede, Alexandre Fernandes e Américo
Oliveira: nOffsetw - Jaime Duarte, A. Sim6es, Joaquim Jesus, J. Rosário, Vftor
Manuel, José Matos, António S& e Nicolau Dias. Propriedade: Tempográfica, S.
A. R. L, Redacção, Administração e Oficinas: Avenida Afonso de Albuquerque,
1078 A e 8 <Prédio Invicta). Telefs.: 26191, 26192 e 26193. C. P. 2917. Lourenço
Marques.
L2ota .......... ..
Sumário
Reportageis:
CONTRA A BUROCRACIA 0 22 ÁGUA: A PEREGRINAÇÃO 0 31
QUELIMANE E OS FEUDOS 0 36 FOTONOVELAS... * 42 A PANACEIA
UNIVERSAL * 49 COOP: E AGORA? 53 FADO OU MARRABENTA? e 60
ALÇADA BAPTISTA: PEREGRINAÇÃO * 64
PALAVIU GUIA DO
FOT INT
OPINIÃO, DE RUI
A NOSSA CAPA
Contra a Burocracia, contra a cadeia de papéis em que se transforma uma vida...
(«slide» de R. R.)
VENDA DIRCTA:
DIstrt de I~ ~r
Ma ques, $0. Outros distritosi, 1O.
ASSINATURAS
çmbique - Distrito de Lourenço Marques - Trimestral (13 números). ; semestral
f26 nómeros), 10~0: anual (2 números), 3W$00. Oufeos distritos (via aérea) Trimestral, 120$00; semestral. 24~000: aenual, 4~0100. Ou'os territ6rios
portugueses e paties vIzinhos (via aérea) - Trimestral. 70$00: semestral, 240S00:
anual. 408 acrescidos das seguintes texes por exemplar: Metropole e Ilhas,
18$50; Angola, 9$ 0
Africa do Sul. Rodésia, Suaazlândia e Mala, W 0.
VISADO
PELA
COMISSAO
DE CENSURA
Tiragem desta edição: 20 000 exemplares SDiblioteca do
A REDACÇÃO *
SEMANA * PASSATEMPO * iS CRUZADAS * ESPECTADOR *
ALLEY OOP * OS E FACTOS * IERNACIONAL CARTAXANA
O1 12 LI2c
BAIRRISMO,
REGIONALISMO,
PATRIOTISMO
Exmos. Senhores:
Não restam dúvidas que o amor que os indivíduos votam ao local onde nasceram,
ou região onde vivem gera um sentimento de regionalismo que se traduz num
factor de progresso em face da competição que
se estabelece entre várias regiões, por vezes dimensionadas em paises, numa ánsia
de apresentar melhor, de ser o mais avançado e moderno.
9 um elemento bastante proveitoso ao desenvolvimento e aperfeiçoamento das
regiões e até das sociedades, mas como em todas as competições a ética não pode
estar ausente nem ser desassociada das acções e palavras dos individuos.
Isto vem a propósito de determinada afirmação que o sr. eng.* Jorge Jardim,
pessoa grada em Moçambique, e salvo erro com antigas responsabilidades no
Governo Centrai, fez a Imprensa logo após a eleição de «Miss» Portugal que, longe de ser
objectiva, terá de ser aceite como humor negro. . A coisa já teria sido esquecida se
não fora o caso do jornalista Rui Cartaxana vir glosar o ditoche dando-lhe feição
doutrinária a propósito da entrevista feita com o artista moçambicano
Malangatana.
Ora tendo-se como ancestralidade política e em parte familiar, a Metrópole, que
pode ser chamada também de Mãe-Pátria, e anaUsadas as coisas nestes dois
aspectos, achamos condenável que qualquer comentário seja proferido ao Jeito
depreciativo, como
A MOR FOTO DOS NOSSOS LEITORES
«Nascer do dia sobre o Luia» é o título desta interessante fotografia de Manuel da
Nõbrega Pontes, escolhida como «a melhor foto dos nossos leitores» desta
semana. O seu autor ficou deste modo a beneficiar de uma assinatura trimestral de
TEMPO.
Como nota curiosa a dedicatória aposta nas costas da prova recebida: numa pobre
homenagem do um grande admirador dos seus trabalhosn, e dirigida ao nosso
camarada Ricardo Rangel.
Toda a correspondência para esta secção deve ser endereçada para a Caixa Postal
2917 ou entregue em mão na nossa Redacção, Av. Afonso de Albuquerque. 1078.
PREFIRA
AG FA- GEVAERTff CNS:'O FILME DE CORES NATURAIS
1
aquele que proferiu o sr. eng.* Jorge Jardim.
Um filho digno desse nome jamais acusa ou maltrata a Mãe, por muitos defeitos
ou falta de virtudes que lhe note, e muito menos quando constate que muito dos
progressos e qualidades que possui são devidos à progenitora.
A irónica afirmação que deu lugar ao nosso reparo, só justificável num momento
de desalento pela não obtenção do primeiro posto, além de infeliz carece de
fundamentos sérios, pois tanto em desporto como em beleza a Metrópole pode
considerar-se em lugar de vanguarda em relação a Moçambiqué, e não serão os
casos isolados de uma eleição longe de ser real, e dos triunfos no basquete
ajudados grandemente por elementos estrangeiros, que provarão o contrário.
Em relação à mais bela há que contar com a ausência de milhares de lindas
raparigas vivendo na Metrópole às provas do concurso, e no tocante a desporto
haja em vista que alguns jogadores de futebol que: estes nascidos em
Moçambique, só com o aperfeiçoamento adquirido na Mãe-Pátria conseguiram a
sua elevação e promoção á categoria de vedetas, e sem essa possibilidade os
Eusébios teriam ficado a jogar as cartas na sua terra natal, parafraseando o
ironismo do sr. eng.° Jorge Jardim.
Aliás as informações do artista Malangatana provam a asserção no campo
artístico, porquanto se encontrasse, na sua terra as condições de que necessita para
o seu progresso técnico, não se disporia a arrostar com o frio que tanto o
incomoda e a suportar os encontrões da multidão de uma urbe de categoria
internacional. Foi para aprender e não para ensinar, o que é sintomático.
Há que, portanto, não exagerarmos valores, nem fazermos nascer feias
rivalidades, onde apenas deve existir competição leal e honesta com relevância
para o respeito que nos devem merecer os mais velhos, não incorrendo nas teorias
da juventude que ao alardearem o seu discutível aumento de capacidade se
esquecem que tudo devem ás gerações que os precederam.
Na beleza, como em desporto ou até politica, a derrota pode transformar-se numa
vitória quando se sabe perder, e o triunfo será mais belo quando for tomado de
modéstia e se reconheça o valor do adversário.
Caso contrário cairemos no cenário em nada edificante que os profissionais da
bola, fartinhos de marcar golos, nos apresentam ao darem pulos e mais pulos
quando introduzem a bola na baliza do adversário. Mas Isso faz parte de uma
táctica futebolstica...
LAURENTINO NESTAL
N. da R.-Este nosso leitor angolano, que por acaso se chama Laurentino de nome,
comete umas njustlçazinhas, Claro que o eng.- Jorge Jardim, felizmente pessoa
defendamos _ e não o vamos fazer. Como mais do que insuspeita, não precisa que
o não é menos evidente que ,ao citá-lo na entrevista com Malangatana, não
procurámos dar à referência qualquer feição doutrinária. Ora valha-nos Deus,
«seu» Laurentino Nestal não tem mesmo senso de humor.
ESTUDAR AQUI OU LA
Exmos Senhores:
O sr. José Silva, em carta dirigida a W. Exas. e publicada no último número dessa
Revista, pergunta por que razão pessoas residentes nesta Província mandam os
filhos frequentar cursos médios e superiores na Metrópole, cursos iguais aos aqui
existenteS. Não tenho presente o texto de tal carta. Parece-me porém não-ser outra
coisa o que o mesmo senhor pretende saber.
São muitos os casos em que tal se justifica, embora muitos possa haver cujos
motivos não sejam compreensíveis. Quem em Vila Cabral ou Porto Amélia tenha
um filho por educar, pode preferir mandá-lo para Lisboa ou Porto, onde vivam
parentes próximos ,a fazê-lo vir para Lourenço Marques onde não conheça
ninguém. Aliãs, a diferença das distâncias, em horas, não é muito grande. Se em
vez de um filho se trata de uma filha ,o caso tem ainda muito maior justificação.
Outro caso pode ser, por exemplo, o- de um homem pensar em regressar à
Metrópole ou necessitar de o
fazer, dentro de um reduzido número de anos, ter filho ou filhos já crescidotes e
tratar de os despachar para lã antes que eles comecem a namorar e a pensar em
aqui constituir família. Há pessoas que só aqui estão por aqui lhe terem nascido
netos...
Maior estranheza devia causar ao sr. José Silva haver aqui quem mande os filhos
tirar cursos, não só médios ou superiores como também e principalmente
secundários, na Africa do Sul ou na Rodésia. E não falta aqui quem, os façam ir
para Inglaterra tirar cursos secundários. Há muitos apelidos de origem estrangeira,
que se vêem nas listas telefónicas e nos anuários comerciais de Moçambique, de
estrangeiros e de portugueses, de pais com filhos portugueses, ,menores, que
certamente andam algures a estudar, mas que são rarissimos nos registos de
matricula nas nossas escolas técnicas e no nossos liceus.
Quando se trate de ir estudar fora da Província, o que preocupa o sr. José Silva é
que o local escolhido seja a Metrópole. Mas isso é lá com ele.
Valho-me do ensejo para apresentar a V. Ex., os protestos da minha elevada
consideração.
ANTÓNIO SILVA
PESSOAL, FOLGAS E TRABALHO EXTRA NOS C. F. M.:
TUDO RESOLVIDO...
Tudo se encontra resolvido nos C.F. M, no que respeita a más Informa~ies anuais,
ameaças ao pessoal, folgas e remuneração de trabalho extraordinário. Esta a
conclusão a tirar da informação prestada por aqueles serviços à Repartição cio
Gabinete do Governo-Geral que nos enviou há dias o oficio que a seguir
transcrevemos na integra. Destina-se a esclarecer diversas questêes levantadas por
uma carta publicada.nesta mesma secção há cerca de seis meses.
Exmo. Director:
Relativamente â carta de uma leitora «SOBRE OS C. F. M.», publicada na revista
de que V. Ex., é o digno Director, em 27 de Dezembro últImo, informam aqueles
serviços que não é verdade que os assuntos de pessoal sejam resolvidos neste
serviço com base em ameaças, comunicações e más Informações anuais, pois
nenhuma reclamação foi até hoje apresentada nesse sentido à Chefia do serviço,
sucedendo até não constar, nos últimos anos, que qualquer funcionário tenha
reclamado das suas Informações anuais, conforme lhe é facultado pelo art.* 127.'
do E. F. U.
Quanto às folgas, o assunto - que já vinha sendo estudado à data da publicação da
carta - está resolvido, com a entrada em vigor a partir do dia 1-5-71, do novo
sistema de horários, que estabelece folga semanal obrigatória e abrange o pessoal
maquinista de guindastes, permitindo-lhes maiores períodos de descanso diário.
Quanto à remuneração do trabalho extraordinárl, informa-se que vem sendo pago
o salário por trabalho aresclUd de 100% e, com a entrada em vigor do novo
horário que inaugurou o sisn de trabalho por turnos, são remunerados, como
extraordinários e nocturnos, os tempos que excederam as oito diárias
CUSTÕDIO AUGUSTO NUNES
A BEM DA NAÇAO
O CHEFE DE GABINETE,
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Crédito a médio ou longo prazo para: Investimento * Produção e venda a prazo de
bens de equipamentos nacionais
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COLABORAMOS
com as actividades econ6micas nacionais na realização de:
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E! Oiorec Geral em Mo mbique Lw~renço Marques
DelegaçO~e Lourero Marques e Bera
BANCO DE FOMENTO NACIONAL
IMPULSIONADOR DO CRESCAENTO ECONÓMICO NO ESPAÇO
PORTUGUÉS
O INVESTIMENTO QUE INTERESSA
E 0 QUE SE TRADUZ EM ACRÉSCIMO
DO APARELHO PRODUTIVO NACIONAL
-SALIENTOU O PROF. DANIEL BARBOSA
NO SEU IMPORTANTE DISCURSO
Sob a presidência do Sr. Dr. António Cândido Mouteira Guerreiro, director-geral
da Fazenda Pública em representação do Estado, reuniu-se a assembleia geral
ordinária do Banco de Fomento Nacional -,que apreciou o relatório e contas do
Conselho de Administração e o parecer do Conselho Fiscal relativos ao exercício
de 1970.
O Governador do Banco, Sr. Prof. Daniel Barbosa pronunciou, ao abrir a reunião,
um importante discurso.
Depois de cumprimentar o presidente da assembleia geral e os accionistas e de
prestar homenagem á memória do Prof. Oliveira Salazar, afirmou:
.E procuremos, aprendida a lição que nos deu, prestar-lhe uma outra homenagem,
que, por certo, lhe seria mais cara do que todas as palavras laudatórias e do que
todos os comovidos recolhimentos: a de, na continuidade dos princípios basilares
que estabeleceu e materializou, contribuirmos, renovando e alterando,
corajosamente, o que tiver de ser renovado e alterado, para o progresso acelerado
do País, tanto nas suas estruturas económicas, sociais e administrativas,
como na sua mentalidade, que se deseja aberta para as realidades de hoje e não
marasmada na contemplação de esquemas que a vida tenha ultrapassado.
Tal é, de resto, a inha de rumo em que se insere toda a vasta acção desenvolvida
pelo actual Presidente do Conselho.
E não será descabido sublinhar, a este propósito, o quanto a política do Prof.
Marcello Caetano se estrutura na base viril de uma síntese dialéctica de
conceitos aparentemente contrários, através da qual renovação e continuidade se
fundem harmoniosamz:-e, ousadia e sensatez administrativa se tornam uma única
palavra de ordem, liberdade e autoridade se co.,u,ia e reforçam, integração e
descentralização deixam de se contrapor, -e tudo conduzido por um homem
dinâmicamente sereno, que quer ir devagar para chegar depressa e que sabe
sobrepor a objectividade dos juízos realistas à euforia irresponsável das pronessas
RELATÓRIO DO CONSELHO DE ADMINI
O relatório e contas do Conselho de Administração e o parecer do Conselho
Fiscal foram aprovados por unanimidade.
Eis uma súmula do relatório do Conselho de Administração:
A actividade do Banco de Fomento Nacional, durante o ano de 1970, ficou
assinalada, de forma muito expressiva, pela evolução nitidamente favorável dos
vários factores que atestam uma presença cada vez mais viva e operante daquela
instituição no desenvolvimento económico do País. O relatório do Conselho de
Administração, agora vindo a público, dá conta dessa situação, ao evidenciar as
notas mais salientes do exercício findo. . Verifica-se, assim, que continuaram a
afluir ao Banco,
em ritmo crescente, as solicitações de financiamento, que atingiram, em 1970, um
valor global de 6 319 075 contos, o que representa um acréscimo de 22,8 por
cento em relação ao ano precedente. Por outro lado, as operações aprovadas, no
mesmo período, ascenderam a 4 817 812 contos, superando em 40 por cento o
montante de 3 437 258 contos, em 1969, que constituía o máximo até então
alcançado.
Por alguns outros números que atestam a firme expansão das actividades do
importante estabelecimento de crédito: as realizações elevaram-se a 2 365 150
contos (mais 19 por cento que no ano anterior); o saldo das operações de crédito
em vigor subiu, de 9 200 076 contos em 31 de Dezembro de 1969, para 10 784
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gratuitas ou precipitadas, à embriaguês das grandes e sediças palavras vazias, ao
sortilégio demagógico das atitudes «para a História, e ao temor reverencial do
«sempre se fez assim».
POLITICA DE INVESTIMENTO
Pois, meus Senhores, é neste contexto de metódico e desapaixonado repensar de
conceitos e de realidades
que o Governador do Banco de Fomento Nacional desejaria dizer alguma coisa
sobre a problemática especial e decisiva da poupança e do investimento, que a
todos nos preocupa tanto.
A milagrosa harmonia e o providencial sincronismo que, por se tratar de grandes
generalizações, caracterizam os esquemas simplificados da teoria pura estão longe
de corresponder ao modo como, no mundo real do dia-a-dia, a vida económica e
financeira efectivamente se desenrola.
Assim sucede com a tão conhecida e glosada identidade «ex-post» da poupança e
do investimento, em qualquer período que se considere, - identidade que, no
âmbito da teoria, redunda, em larga medida, numa pura tautología, visto
representar corolário í,ievitável de conceitos anteriores que a implicam. Com
efeito, num circuito fechado, definindo-se poupança como todo o rendimento que'
não é despendido em consumo e concebendo-se o investimento como todo o
aumento dos acti[RAÇÃO: ARGUMENTOS SIGNIFICATIVOS
contos em fins de 1970. O aumento verificado - que pela primeira vez na vida do
Banco excedeu o milhão de contos (precisamente 1 684 744) - traduz-se numa
taxa de crescimento de 17,2 por cento (contra 8,6 por cento no exercício
precedente). Os depósitos a prazo tiveram igualmente um aumento substancial: no
fim do exercício, o saldo era de 3 432 204 contos, o que significa mais 1 086 894
contos que em 1969 e corresponde à taxa de expansão de 46,3 por cento. O
número de contas abertas acusou ainda um incremento particularmente
significativo, na medida em que o respectivo ritmo de progressão (63,9 por cento)
mostra haver-se reduzido sensivelmente o valor médio de cada conta de depósito.
Este facto evidencia o peso crescente que
a pequena poupança vai assumindo no conjunto dos recursos obtidos pelo Banco.
O lucro líquido do exercício, revelando uma linha de progresso firme e constante,
em perfeita correlação com a regular expansão do crédito concedido, situou-se,
por seu turno, em 96 309 contos, o que representa, em relação ao exercício,
transacto, um aumento de 5,4 por cento.
Intensificou-se extraordinàriamente o apoio financeiro ao Ultramar, que
beneficiou, em 1970, de 1 695 134 contos de financiamentos aprovados (o que
representa um acréscimo de 104,8 por cento em relação ao ano precedente).
vos físicos dos agentes não consumidores (incluindo as variações das suas
existências), a poupança formada traduz-se sempre em acréscimo correspondente
daqueles activos, seja pela via de aquisição de bens de capital, seja pela do
empolamento de «stocks», mesmo dos «stocks», de bens de consumo ou de
equipamento que o produtor não tenha conseguido transaccionar.
Quando se passa, todavia, desse geométrico sistema conceitual e do seu circuito
fechado para o domínio das realidades com impacto efectivo na vida económica,
algumas discrepâncias ou anomalias surgem e forçados nos vemos a distinguir
cuidadosamente entre coisas que, dando embora pelo mesmo nome, não têm
significação prática igual.
Antes de mais, o investimento que interessa, do ponto de vista do progresso
económico-social, não é o que se exprime por um desnecessário aumento de
existências (apenas indicador, aliás, de mau funcionamento da sconomia), mas o
que, referindo-se à
aquisição de bens de equipamento, se traduz em efectivo acréscimo de capacidade
do aparelho produtivo nacional.
Depois - e é esta também uma consideração qualitativa da maior importância não basta que o investimento se efective em bens de capital: importa que, pela sua
localização sectorial e geográfica, corresponda aos reais interesses do País,
inserindo-se na linha de prioridades que a estruturação racional da sua economia
imponha.
Em terceiro lugar - e trata-se, ainda aqui, de apontamento de natureza qualitativa , necessário se torna que o investimento se faça em empreendimentos válidos,
tanto do ponto de vista da sua consistência técnica e económica, como da sua
exequibilidade financeira e da capacidade empresarial de quem os lança e dirige.
Por último, dependendo o crescimento de uma economia essencialmente do ritmo
a que se processe a sua formação de capital fixo, cumprirá que o investimento correctamente orientado nos tetmos que referi - se
A TAXA
acelere e diversifique, aumentando em exponencial o volume e adensando a gama
de produção interna do País.
ESTRUTURA FINANCEIRA DO INVESTIMENTO
Eis, pois, algumas das coordenadas fundamentais em que tem de enquadrar-se
toda. a problemática do investimento e da sua cobertura financeira. E delas resulta
que, devendo, por um lado ,o investimento traduzir-se na formação de capital
fixo, em sectores e regiões que a estratégia do desenvolvimento imponha e em
projectos técnica, económica, financeira e administrativamente viáveis, - e
havendo, por outro lado, que intensificá-lo tanto quanto possível (sem prejuízo,
embora, dos limites que a própria dimensão,, estrutura e gestão da economia no
seu conjunto envolvam), - é absolutamente indispensável assegurar, pelos meios
apropriados, a canalização para o investimento de toda a poupança formada.
Sem recursos não é, óbviamente, possível investir. E os únicos meios cuja
natureza se compadece com o tipo e o prazo dos financiamentos que o
investimento reclama são, sem sombra de dúvida, os que integram o aforro
nacional. Permitir ou promover que este último se estérilise ou que se dirija a
outras aplicações susceptíveis de serem cobertas pelo mecanismo usual da criação
monetária, seria actuar contra os interesses vitais do País, que dependem cada vez
mais estreitamente da celeridade com que, num mundo evoluído e apressado,
consigamos industrializar-nos.
EVITAR A ESTERILIZAÇÃO DO AFORRO
Porque, Meus Senhores, se continuássemos a malbaratar levianamente a poupança
nos circuitos do consumo; se hesitássemos em adoptar as medidas, mais ou menos
drásticas, e os .squemas, mais ou menos inovatórios. que o saneamento dessa
situação naturalmente exigirá; se, por inércia ou
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Prof. Daniel Barbosa
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E POUCO SATISFATÕRIA !DIA DE FORMAÇÃO DE POUPANÇAS
comodismo, nos perdessemos num debate inútil, que serviria apenas para iludir
com palavras a nossa fundamental obrigação de actuar e de corrigir, - estéril e
ocioso se tornaria, então, todo este empenhamento de alguns e a meta basilar do
nosso acelerado desenvolvimento económico e social não passaria nunca do
domínio das aspirações irrealizáveis.
O problema desenvolve-se em vários momentos sucessivos: o da própria
formação da poupança; o da orientação do aforro constituído para o mercado
financeiro e o -da sua adequada aplicação e formalização nesse mercado; o da
efectiva canalização para o investimento da parcela que aflua às instituições de
crédito; e, por último, o da observância, na distribuição dos recursos em causa,
dos critérios de selectividade que, sectorial ou regionalmente e em função das
próprias características de cada projecto, a estrat jia do desenvolvimento impuser.
No que toca à formação da poupança, a percentagem de cerca de 17 % do
Rendimento nacional em que, segundo os números do Instituto Nacional de
Estatística, aquela se exprimiu nos últimos três anos - e que traduz a propensão
média ao aforro -, não pode considerar-se satisfatória, situando-se em nível
bastante inferior ao de países como a França, a Itália e a Bélgica e, até, a Espanha.
Certo é. porém, que as estimativas elaboradas no nosso Banco indicam que os
aforros se encontrarão subavaliados nos referidos números, sendo, assim, possível
que a propensão à poupahça se represente no nosso Pais, por taxa mais
significativa.
De qualquer modo, porém, o problema da necessidade de aumentar o volume do
aforro nacional subsistirá. E não me propondo analisá-lo aqui, até pela
complexidade que reveste, limitar-me-ei a referir a conveniência da instituição de
esquemas que incrementam a propensão à poupança, e de, sempre que necessário
e compatível com outros interesses a atender também, complementar esta última
com a importação de poupança externa, atra-
vês de operações de capital, emparticular das aligadas» à importação de
equipamentos.
A segunda questão que se suscita é a da efectiva orientação da poupança para o
mercado financeiro e da sua adequada aplicação e formalização nesse mercado. Já
mais de uma 4,ez tive oportunidade de me referir aos inconvenientes que
resultam, quer do entesouramento puro e simples do aforro, em espécies
monetárias, nas mãos dos seus detentores (fenómeno que, com a progressiva
elevação no nível cultural médio do nosso povo, julgo ter hoje uma incidência
extremamente limitada), -quer do entesouramento em sentido mais amplo de que
falam alguns autores ,traduzido na aplicação da poupança em formas de alto grau
de liquidez, como os depósitos à vista e de muito curto prazo. Num caso e noutro,
o aforro perde-se para o investimento: no primeiro, porque, de todo em todo, os
recursos são subtraídos à circulação; no segundo, porque, assimilados
formalmente às meras tesourarias, podem servir de base, através do crédito a curto
prazo, à criação de moeda, mas de maneira alguma se torna admissível a sua
«transformação» em financiamentos a médio e longo prazo, únicos susceptíveis
de apoiar adequadamente o investimento.
Significa isto que por ambas as formas a poupança nacional é, na prática,
amputada de parcelas mais ou menos
substanciais, reduzindo-se na mesma medida, para os agentes económicos, a
possibilidade real de investir.
INCREMENTAR A POUPANÇA
O problema adquire, como é óbvio, acuidade tanto maior quanto mais acentuado
for o desejo de liquidez do aforrador. E no mundo dos nossos dias, em que a
instabilidade monetária internacional, os movimentos generalizados de inflação,
as oscilações de comportamento das economias e a fenomenologia política se
conjugam para gerar um clima cada vez mais tenso de incerteza e de insegurança,
o desejo de liquidez tornou-se por toda a parte endémico, exigindo das
autoridades e das instituições monetárias e financeiras novos esforços e soluções
naturalmente complexas.
A resposta tem, como é manifesto. de desenvolver-se em duas frentes.
Antes de mais, há que combater directamente o desejo de liquidez do aforrador. E,
para tanto, impõe-se multiplicar os instrumentos de captação da poupança,
procurando diversificá-los, a fim de ter disponível para cada situação particular de
aforro a solução que lhe convém; impõ-se, ainda, rever os esquemas tradicionais
em que se integram os títulos correntemente emitidos, simplificando, na medida
do possível, o seu processamento e manuseio e vulgarizando, do mesmo
passo, fórmulas operacionais e acessíveis; impõe-se, também, acentuar, no tocante
à remuneração, o diferencial entre as formas mais líquidas de aplicação, que
traduzem uma verdadeira esterilização da poupança, e as formas menos líquidas,
que viabilizam a canalização directa dos recursos para o investimento; impõe-se,
por outro lado, repensar os condicionalismos usuais das várias modalidades de
aplicação que ao aforro se deparam, desde os títulos de rendimento fixo e
variável, até aos dte*ósitos a prazo, conferindo-lhes maior flexibilidade,
enriquecendo o seu regime, adensando, nos vários sentidos possíveis, as
vantagens que atribuem ao aforrador, etc.; impõe-se reestruturar e regulamentar
adequadamente o fun,-;nnamento das bolsas de valores; irr je-se trazer as
empresas, ainda as de média dimensão, ao mercado de títulos, através de soluções
apropriadas, como os consórcios de emissão; impõem-se, em suma, mil outras
coisas que levariam longo tempo a enumerar.,
Criar uma rede de esquemas que encaminhem seguramente a poupança no sentido
de aplicações susceptíveis de permitirem a sua canalização, directa e imediata para o investimento económicamente reprodutivo constitui
desiderato que, a meu ver, surge com anterioridade relativamente a todos os
objectivos de desenvolvimento que se possam fixar, já que da consecução daquele
depende, irremissivelmente, a efectiva consecução destes últimos. Reveste-se, por
isso, de alta prioridade. Ignorá-lo seria querer começar pelo fim, renunciando
antecipidamente a atingir quaisquer metas válidas. E muito nos congratulamos,
certamente, todos, por ver a clarividência com que, no Ministério das Finanças,
estes problemas funJamentais estão a ser encarados e o acerto de soluções que
têm vindo a lume, com reflexos imediatos no funcionamento do conjunto do
mercado de capitais.
O Banco de Fomento, por seu lado, consciente de que a sua natureza de promotor
do investimento português lhe exige uma colaboração efectiva com o Governo no
equacionamento e ponderação de todos os problemas que com o investimento se
prendem, não se tem, ainda neste domínio, mantido inactivo. Entendemos, aliás,
que as instituições e as empresas, quando as comanda, não apenas nas palavras (o
que é
vulgar), mas também nos actos (o que é bastante mais raro), o interesse
fundamental do País, devem prestar ao Governo, através dos seus serviços
técnicos, toda a colaboração que se encontre ao seu alcance, suscitando
problemas, detectando dificuldades, analisando situações estruturais ou
conjunturais, ideando novos esquemas, estudando e propondo soluções. ,
E. nessa linha de pensamento, o Banco ocupou-se da problemática das obrigações
convertíveis, acabando por apresentar ao Ministério das Finanças um exaustivo
estudo das questões envolvidas, bem como um projecto de diploma em cuja
elaboração participaram também os Serviços da Companhia Portuguesa de
Electricidade. Por outro lado, gizou e submeteu à apreciação do Governo um
esquema genérico para a emissão de obrigações a médio prazo, em termos que se
julgam adaptados às características actuais do aforro. Examinou ainda,
aprofundadamente, o problema dos «depósitos de poupança», que, estendidos
para além das concretizações dessa figura já consagradas na lei, constituirão uma
via extremamente eficaz de aliciamento do aforro. E serq%
2,2 MILHOES DE CONTOS
EM FINANCIAMENTOS A MEDIO E LONGO PRAZO
viço válido que se presta também ao Governo e ao Pais julgo que representará z,
ýxtensa Análise da Conjuntura que V. Ex.1 acabam de receber e que, para além
do exame da evolução anual da economia no conjunto do espaço potuguês,
contém numerosas informações de tipo estrutural, e um longo capítulo dedicado
aos mercados monetário e financeiro.
Uma outra forma de atacar o desejo de liquidez do aforrador é indirecta e consiste
na bem conhecida «transformação» de recursos.
TRANSFORMAÇÃO DE RECURSOS
Trata-se, afinal, de, onde a liquidez indevida apesar de tudo subsiste, proceder em termos particularmente cautelosos- como se a poupança houvesse sido
efectivamente aplicada em formas menos líquidas.
A «transformação» comporta, todavia, riscos graves.
Em primeiro lugar, torna-se impossível distinguir, na massa de recursos
depositados em formas de pronunciada liquidez, os que correspondem a
verdadeira poupança, podendo, por conseguinte, servir de base, em termos mais
ou menos latos, à pretendida «transformação», dos que representam simples
tesourarias e que, por isso mesmo. 5ó é, em princípio, legítimo aplicar em activos
também extremamente líquidos, ou seja, em crédito a curto -azo. E esta
dificuldade impõe que a «transformação. desde logo se limite a recursos dotados
de um mínimo de estabilidade, designadamente num País como o nosso, em que
os depósitos revelam preocupantes anomalias de comportamento. Não será ocioso
lembrar, a propósito, e a título de exemplo, a evolução dos depósitos a prazo nos
bancos comerciais, que 30 de Novembro de 1968 para 53,5 milhões de contos em
30 de Novembro de 1970, enquanto os depósitos à vista passavam, no mesmo
intervalo, de 46
subiram de 29,5 milhões de contos em milhões de contos para 52,5 milhões.
Como interessará observar que essa evolução - que elevou, os depósitos a mais de
180 dias na banca comercial para cerca de 51 milhões de contos no fecho de 1970
-se processa com movimentos nas duas variáveis claramente indiciadores de
transferências volumosas de recursos de uma para outra modalidade,
designadamente a partir de Abril do ano findo. Compreendem-se, assim, as
dúvidas que se suscitam quanto à verdadeira natureza e ao grau de estabilidade de
uma parcela, mais ou menos substancial, dos recursos em causa, - designadamente
quando se pondera que pareçe haver-se esbatido a vinculação teóricamente
exigível ao prazo por que os depósitos se convencionam.
EXCESSIVA LIQUIDEZ DOS RECURSOS
Tudo o que fica dito referiu-se apenas para servir de explicação e de
enquadramento às cautelas de que o legislador avisadamente entendeu dever
rodear o fenómeno da «transformação», através dos Decretos-Leis n.01 46 492,
48 948 e 48 950, o primeiro de 18 de Agosto de 1965 e os dois últimos de 3 de
Abril de 1969, com as modificações ,que lhes foram posteriormente introduzidas
e a regulamentação actual que resulta do Aviso da Inspecção-Geral de Crédito e
Seguros de 5 de Fevereiro de 1971. Com efeito, o Decreto-Lei n.° 46 492 abriu à
banca -em termos apertados no atinente ao prazo das operações activas, mas
amplos quanto ao seu montante global- o campo do médio prazo até 2 anos, para
aplicação dos depósitos a mais de 90 dias; os Decretos-Leis n.", 48 948 e 43 950
autorizaram-na a praticar, com base nos depósitos a mais de 180 dias, e dentro de
limites mais estreitos, o chamado crédito a médio prazo (até 7 anos, portanto) com
regime especial e o
crédito à exportação nacional por mais de 2 anos.
As, medidas assim tomadas representam, sem sombra de dúvida, uma tentativa
séria e bem concebida, tanto nas suas raízes teóricas como na sua contextura
operacional, para vencer a barreira da excessiva liquidez dos recursos.
Razões várias terão obstado â que a banca tivesse respondido até agora. em
termos significativos, a este implícito propósito do legislador, como claramente
resulta do confronto entre os números por que se exprimem os seus depósitos a
mais de 90 e de 180 dias e os que traduzem a sua carteira de operações activas a
mais de um ano.
Não significa isto, contudo, que os esquemas e os requisitos previstos nos já
mencionados Decretos-Leis para a «transformação» não sejam adequados. Sãono, sem sombra de dúvida, em nossa opinião, desde que se verifiquem duas
condições essenciais:, em primeiro lugar, que a realidade das operações passivas
em causa coincida com a sua aparência, - isto é, que os depósitos a mais de 90 e
de 180 dias, sobre que incida a «transformação.<, sejam, efec. tivamente,
depósitos a esse prazo, correspondendo, por conseguinte, a poupança ou quase
poupança; em segundo lugar, que a aplicação dos recursos, nuando se trate de
crédito comercial, se faça em operações de «auto liquidação,, garantida, e que,
quando esteja em causa crédito para investimento, se dirija a empreendimentos de
viabilidade técnica, económica e financeira devidamente investigada e
assegurada.
E a «transformação» de tais recur. sos, sejam quais forem as instituições que a
realizem, tem de considerar-se necessidade inelutável em face da excessiva
liquidez que a poupança procura. Só assim, com efeito, se conseguirá, por um
lado, alargar apropriadamente a base financeira de sustentação do investimento,
imprimindo-lhe um ritmo que acelere, como se deseja, a nossa industrialização, e se pop
derá, por outro lado, retirar do circuito do consumo, onde, naturalmente,
reforçando a procura, originam graves tensões inflacionistas, meios que deveriam,
de sua própria natureza, dirigir-se para o investimento reprodutivo, multiplicando
e diversificando a oferta e atenuando, desse modo, a pressão sobre 6s preços.
TRANSFORMAÇÕES IMPORTANTES
Nesta perspectiva, não pode deixar de destacar-se a importantíssima função de
«transformação» que a Caixa Geral de Depósitos vem exercendo cada vez mais
dinâmicamente, - como não "pode deixar de referir-se também, embora num outro
plano, a actividade de «transformação» que caracteriza o crédito do Banco de
Fomento Nacional, pelo menos sempre que ele se traduz na aplicação de fundos
obtidos através de depósitos a prazo.
E, assim - deixando de lado a magna questão da estrutura, das condições de
funcionamento e do papel a desempenhar pelos mercados primário e secundário
de títulos -, surge o problema da efectiva canalização para o investimento da
parcela de poupança que aflui às instituições de crédito. Trata-se, aliás, de aspecto
que, ao falar sobre a «transformação», já tive, em larga medida, oportunidade de
esclarecer. Restaria mencionar, se fosse possível determiná-lo, o montante que é
encaminhado para o investimento através das operações de curto prazo renovável,
-via sobre cuja essencial inadequação seria inútil repetir considerações já tantas
vezes alinhadas.
Acrescentar-se-á que o crédito facultado à economia em 1970 pela Caixa Geral de
Depósitos e pelo Banco de Fomento Nacional, no seu conjunto, ascendeu - e falo
de operações de financiamento a médio e longo prazo reali. zadas - a cerca de 8,5
milhões de contos, tendo ficado a dever-se aproximadamente 6,3 milhões à Caixa
e perto de 2,2 milhões ao Banco. Se ponderarmos que o acréscimo dos depósitos a
prazo na Caixa se limitou a 2,3 milhões de contos, ascendendo sômente a 5,2
milhões o aumento de todas as modalidades de depósitos nela constituídos, -e se
recordarmos, por outro lado, que os depósitos a prazo no Banco de Fomento
Nacional subiram,
durante o exercício, apenas de cerca de um milhão e cem mil contos, tem-se uma
ideia precisa dos termos em que as duas instituições aplicam no investimento
nacional os recursos que a elas afluem.
No caso do B;ýnco, pode ainda fornecer-se uma outra indicação igual mente
elucidativa. E é ela a de que, havendo o saldo dos nossos depósitos a prazo
crescido, entre 31 de Dezembro de 1969 e 31 de Dezembro de 1970, tão-sàmente
de 1 087 milhares de contos, o aumento do saldo das operações de financiamento
em vigor no fim do exercício situou-se nos 1 500 milhares de contos.
Amplamente demonstrados consideramos, portanto, dois factos: a capacidade do
Banco de Fomento como entidade veiculadora de recursos para o investimento; e
o dinamismo com que a referida canalização se processa, evitando toda a
esterilização, mesmo temporária, da poupança recolhida.
Assim tem, aliás, de ser. E enquanto procedimento igual se não verificar em
relação a todo o aforro que a economia gera, comprometida continuará a
consecução de metas de desenvolvimento. que, transcendendo as projecções dos
Planos, têm de situar-se em níveis cada dia mais ambiciosos.
CRITÉRIOS
DE SELECTIVIDADE .
Apenas para completar a análise do conjunto de problemas que de princípio
enumeramos, resta-nos, no domínio da poupança, fazer uma breve referência aos
critérios de selectividade a que a sua aplicação tem de subordinar-se.
Também neste ponto o Governo estabeleceu, mais de uma vez, princípios e reqras
claras. Fê-lo, desde logo, em relação ao Banco de Fomento e à Caixa Geral de
Depósitos, na legislação respeitante a cada uma destas instituições. Fê-lo,
igualmente, no que concerne à banca comercial, como o evidencíam, entre outros
diplomas, os Decretos-Leis n.o" 48 948 e 48 950, que já antes mencionei.
A observância desses critérios de selectividade pela Caixa e pelo Banco de
Fomento constitui um dado indiscutível, verdadeiro axioma de toda a sua
actuação: sendo o que são, não podem, porque não devem, proceder de outro
modo.
E, para além do absoluto acatamento das prioridades explicitamente fixadas nos
Planos de Fomento, nos respectivos programas anuais de execução e em
deliberações do Conselho de Ministros para os Assuntos Económicos, procura o
Banco articular sempre a sua actividade com a dos diversos departamentos
governamentais orientadores e executores da política financeira e económica das
diferentes parcelas do espaço português, e inserir o restante da sua intervenção
creditícia no quadro amplo da estratégia que porventura resulte dos elementos de
base que referi.
Só assim, de resto, se tornará possivel caminhar com segurança e eficácia,e com o
m'nimo de custos, na construção de uma economia coesa, dotada de uma teia de
relações intra e inter-sectoriais racional e progressivamente adensada, que lhe
permita tirar o máximo partido dos efeitos de multiplicação de cada investimento
ou «bloce de investimentos» que realize.
E a análise da distribuição sectorial e geográfica das operações aprovadas e
realizadas pelo Banco de Fomento, feita no Relatório do exercício que V. Exas.
vão apreciar, ilustra, de maneira flagrante, o quanto a actividade creditícia da
nossa instituição se filia nesse conjunto de motivações, Fui mais longo do que
desejaria nas considerações - apesar de tudo, muito incompletas- que entendi
dever alinhar à volta do problema da poupança Não me sobra, assim, tempo que
chegue para abordar, com o aprofundamento mínimo indispensável, certas
questões que o panorama do investimento nacional suscita, algumas delas
enunciadas no início desta exposição.
Deixarei, por isso, de lado tudo o que se refere à planificação plurianual e à
programação anual do investimento, tanto na Metrópole como em cada uma das
Províncias Ultramarinas, e limitar-me-ei a alguns apontamentos sobre promoção
industrial e assistência técnica às empresas.
PROMOÇÃO INDUSTRIAL E ASSISTÊNCIA ÀS EMPRESAS
O comportamento do investimento metropolitano em 1970, segundo as primeiras
estimativas do INE, continua a não se apresentar alentador. Mais preocupante será
o facto de a formação
êAGIN A 18
AS METAS DO DESENVOLVIMENTO EM
L4
NIVEIS CADA, 1 DIA MAIS AMBICIOSOS
bruta de capital fixo nas indústrias transformadoras haver aumentado a
ritmomanifestamente reduzido em face das necessidades do desenvolvimento
português.
E, sendo assim, não haverá dúvida de que -ns cumpre envidar todos os esforços
no sentido de estimular o investimento e de orientar racionalmente, em ordem a
uma expansão coerente e equilibrada da economia portuguesa.
Para o efeito, além de incentivos da mais diversa natureza (nomeadamente fiscais
e financeiros) que só o Governo pode manipular e a cuja revisão tem vindo a
proceder-se, dois instrumentos se destacam, susceptíveis de contribuir, de forma
extremamente eficaz, para o arranque industrial que se deseja. Refiro-me
exactamente à promoção e à assistência técnica às empresas.
Uma e outra coisa se encontra, como é do conhecimento público, na primeira
linha das preocupações do Governo, ao nivel do Ministério da Economia.
E o Banco de Fomento, «instrumento simétrico do desenvolvimento do País»,
como se lhe chama no preâmbulo do Decreto-Lei, n.° 41 957, tendo exacta. mente
por-missão apoiar, de todos os modos, o investimento nacional, seja qual for a
parcela em 'causa do espaço económico português, não podia nem devia alhear-se
dos problemas fundamentais a que a promoção industrial e a assistência, técnica
visam responder.
Daí que já em 1969 - aliás, verdadeiramente, em 1968- houvesse começado a
preparar, no País e no Estrangeiro, pessoal destinado a constituir a base de um
centro de promoção convenientemente equipado em meios humanos e em técnicas
de trabalho. O núcleo transformou-se e estruturou-se, no âmbito dos nossos
Serviços de Estudos Económicos, em fins de 1969, e, como no Relatório do
exercício se mencio¤na, já em 1970 começou a dar os seus frutos, com o
alinhamento de esquemas de acção em determinados sectores da indústria
metropolitana, designadamente os da extracção e transformação de mármores, da
sapataria, da metalurgia e fundição, das peças e acessórios para automóveis e da
indústria quimico-farmacêutica. Acresce. que, relativamente a sectores diversos e
de grande: importância no contexto da ecornomia portuguesa, ou já se
equacionaram perante o Governo, com vista às orientações indispensáveis, os pro;
blemas de fundo que se ,nos suscitavam, ou estão a ser objecto de exame
exploratório ,oportunidades potenciais detectadas com base em estudos de
carácter mais geral. As numerosas empresas visitadas ou contactadas por esses
Serviços do Banco e os organismos de classe com que os nossos técnicos
trabalharam sabem da amplitude do esforço empreendido e das perspectivas que
ele rasga no domínio, sempre delicado, das opções de investimento a fazer.
Mas nem só na Metrópole o nosso centro de promoção actuará. Para além da sua
oportuna extensão às Pro. víncias de Angola e de Moçambique,. já o Banco
propôs a Sua Excelência o Ministro do Ultramar a realização, através dos
referidos Serviços, de umestudo promocional sobre as potencialidades
económicas de Cabo Verde, em ordem à definição das linhas fundamentais de um
plano de desenvolvimento para o Arquipélago.
Não ficam, todavia, por aqui os nossos propósitos de estimulação do
investimento. Sabendose que a reduzida preparação de muitos dos nossos
empresários os inabílita frequentemente para estruturarem, quer do ponto de vista
económico, quer do financeiro e administrativo, ou para gerirem em termos
adequados, os empreendimentos válidos que concebem ou que realizam, resolveu
o Banco começar a preparar a criação, no âmbito dos seus Serviços de Controlo,
de um sector de assistência técnica às empresas, destinado, precisamente, a contribuir para o suprimento
de tão importante deficiência do nosso panorama industrial. Depositamos nessa
nova frente de acção esperanças idênticas às que, justilicadamente, se depositaram
e depositam na promoção. E de uma e de outra. forma estará, sem dúvida, o
Banco a realizar-se a si próprio, na mais inteira fidelidade à sua natureza de banco
de investimentos e no mais absoluto respeito pelos vínculos que o ligam à política
económica e financeira do Governo.
Meus Senhores:
Outras coisas desejaria dizer-lhes, todas directa ou indirectamente ligadas à vida
da nossa instituição.
Já abusei, todavia, do tempo e da paciência de V. Exas. , Deixem-me, pois, Só,
que, para terminar, lhes recorde que 1970 foi, para o Banco e de longe, o melhor
de tpdos os exercícios.
Com efeito, as operações de crédito aprovadas, atingindo o mais elevado
montante de sempre (mais 40% que o máximo anterior), totaliZaram 4817812
contos, respeitando 2 628 923 contos à Metrópole, 1 161 333 a Angola, 1 002 556
a Moçambique e 25 000 às restantes Províncias.
As realizações, por seu lado, ascenram a 2 365 150 contos, referindo-se 164 375 a
empréstimos, 12 986 a rticipações financeiras e 187 789 a erações de garantia. E a
propósito reduzido valor das participações fi-. nceiras torna-se necessária uma
inrmação que considero importante. A ,litica seguida pelo Banco tem sido mpre,
não a de procurar ou exigir rticipações no capital das empresas, m ou sem intuitos
de índole capitata, mas sim, o de aceitar essa parti. pação quando lhe é solicitada
pela iciedade em causa e, além disso, se julga indispensável para a execução o
êxito do projecto. Fora deste eniadramento, as intervenções do Banco têm surgido
quando se trata de nissõesde capital destinadas à exeição de grandes
empreendimentos, >mo os do sector energético. É possíil que, no futuro, e com o
fim de poiar projectos emergentes das suas
-tividades de promoção, as intervenôes do Banco no capital das empreas se
tornem mais frequentes. Estare-á, porém, sempre no domínio da exepção,
limitando-se o Banco a partiipar quando de tal dependa a própria abilidade ou o
equilíbrio financeiro o empreendimento em causa ou a sua oncretização nos
termos mais ajustaos aos superiores interesses do País.
Dois outros números gostaria de fornecer ainda a V. Exas.: o do saldo das
operações de crédito em vigor, que passou de 9200076 contos em 31 de
Dezembro de 1969 para 10 784 820 contos no fecho do ano findo, acusando um
acréscimo que, com 1 584 744 contos, se situou, pela primeira vez, acima do
milhão de contos; e o saldo global das contas de depósitos a prazo, que se elevou
de 2 345 310 contos no termo de 1969 para 3 432 204 contos em 31 de Dezembro
de 1970, registando, por conseguinte e co.mo já anteriormente disse, um aumento
de 1086894 contos.
São, estes, números que evidenciam a fase de acelerada expansão em que o nosso
Banco se encontra. Traduzem, por outro lado, o dinamismo e - perdoem-me que o
diga, porque quero referir-me apenas ao magnífico pessoal de que dispomos nos
nossos quadroso entusiasmo e a inteira devoção com que se trabalha nesta casa. E
dizem-nos do muito que o País e o Governo têm a esperar da instituição em que
me honro de servir.
A magna tarefa do nosso desenvolvimento económico e social exige que todas as
instituições de crédito se empenhem em assegurar a melhor aplicação da
poupança formada e em contribuir para o incentivo e a mais adequada orientação
do investimento.
Vivi eu, durante logos anos, ligado à banca comercial. Conheço as suas
potencialidades, como reconheço o muito que,- em tantos domínios, a economia
nacional lhe deve. Creio, por isso, firmemente, que uma interligação apropriada
entre a banca e as instituições do mercado financeiro, aproveitando racionalmente
a vocação, a experiência e a mentalidade específica de uma e de outras poderá ser
de extrema utilidade para o País. No que toca ao Banco de Fomento, já uma vez
tive oportunidade de afirmar o quanto desejamos essa colaboração, no quadro
rigoroso dos superiores interesses nacionais.
AGRADECIMENTO
E permitam-me que, formulados estes votos, termine, meus Senhores,
sublinhando muito nitidamente o quanto, na expansão registada, se está a dever a
Sua Excelência o Ministro das Finanças e da Economia e aos seus mais directos
colaboradores. E por isso quereria reforçar aqui, çom um agradecimento muito
particular e uma palavra de muito especial apreço, o que, a esse respeito e com
toda a justiça, se consignou no nosso Relatório.
Farinha, ZAMBEZE para o seu, pã'
um produto da Me eira
Q7e~
i ! i!¸¸ ii( i
IA NINGUFM E ANONIMO
Não damos o mais pequeno passo na nossa vida sem originarmos um movimento
de papéis. Pode ser simples e pequeno (o recibo da renda, o bilhete do cinema) ou
complexo e gigante (a candidatura a um lugar público, a partilha de vultosa
herança) mas a presença do papel impresso e selado é inevitável.
Ao explorarmos os quês ç porquês da burocracia buscávamos encontrar terreno
sólido, firme, onde nos pudéssemos apoiar, para partir e caminhar até a uma
plataforma equilibrada de entendimento: «há papéis a mais, uns necessários,
outros inúteis, mas com vontade simplificam-se as coisas». Equivocámo-nos.
Não encontramos senão sargaços, limos e poldras escorregadias a tolher-nos os
movimentos, a frustrar-nos as intenções. Atascámo-nos num verdadeiro pântano
de proibições, escusas,
silêncios, informações incompletas, inverdades.
A burocracia defendia-se com as suas próprias armas. Complicação. Estagnação.
É que muito embora todos os dias e a todos os níveis, seja a burocracia
denominada de «hidra» e proclamada a necessidade de a liquidar, a verdade é que
mercê de um substracto mental (estamos em crer que inconsciente) dos que a
servem, ela se torna cada vez mais poderosa, mais asfixiante, aniquilando quem se
lhe opõe.
Não pretende esta introdução a uma reportagem virar ensaio filosófico e especular
sobre qual o destino do homem
- já quase tão dependente do papel (no pior sentido do termo) como do ar que
respira- se se mantiver assim manietado pela burocracia ou se se libertar da sua
influência, mas confessamos ter procurado exaustivamente uma
boa justificação em favor da «papirocracia». Encontramos finalmente uma. Nem a
pior nem a melhor, mas a única. Ei-la.
Segundo alguns cientistas, se a Terra se envolver num conflito nuclear que vara
toda a vida da sua superfície, apenas uma classe de pessoas escapa à morte pelas
radiações. Os burocratas, aqueles que rodeados por muralhas de papel (em
duplicado, triplicado, quadruplicado....) ciosamente mantido em arquivos,
estiverem a coberto e fora do alcance das radiações, esses salvam-se.
Eles (os burocratas) viriam a ser os Adões e Evas desse amanhã depois.do
cataclismo atómico e à burocracia es taria destinada a suprema glória de preservar
a humanidade da extinção. Ou por outra, morreria o Homo Sapiens mas cá ficaria
o Homo Papyricus.
FODos TIM FICHA
Este o argumento em defesa da burocracia.
Têm a palavra os factos. Os factos que constituem o libelo acusatório.
DO NASCIMENTO ATÉ A MORTE
É o Leitor um indivíduo normal, nem rico nem mendigo, casado, ganhando o
sustento dos seus, levando uma vida pacata igual á de todos nós?
Então é o «Homem da Rua», o -Cidedão Anónimo-.
Prazer em conhecê-lo!
Mas diga-nos, está mesmo convencido de que é «anónimo»? já alguma vez se
deteve a enumerar os locais onde existem fichas suas, fotografias, impressões
digitais, que não são meis do que outros tantos atentados ao anonimato que be é
tão caro?
O seu anonimato nunca existiu. Q ue braram-no logo que nasceu. E a partir
daí, o seu nome multiplicou-se e continuará a multiplicar-se em centenas de
papéis arquivados por dezenas de entidades diferentes.
Se não, vejamos.
A parteira preenche um boletim (estístico) após trazer criança ao mundo. Antes
de passados trinta dias, é necessário ir alguém da família ao Registo Civil
acompanhado de duas
-testemunhas e respectivos bilhetes de identidade para preencher mais um boletim
e assinar o livro de registos onde fica, para todo o sempre, o nome do neófito.
1 E desde então, esse nome repetir.
-s-á em fichas médicas, certificados de vacinas (e são tantas), boletim de admissão
ao jardim-escola. Isto até à idade dos seis anos.
Ao entrar para a escola primária, o nome da criança, sexo, idade, filiação são
registados em algumas fichas mais.
ensino secundário e a cria çé i gada, pela primeira vez, a imprim suas impress6es
digitais: tirar o bilhete de identidade.
E depois vêm mais fichas, mu mais: escolares, profissionais, cub cas, políticas,
Judiciais, constituind seu todo uma engrenagem de que na mais ninguém se
consegue liberta, Leitor tem assim a sua identifica completa, (com foto,
impressões < tais e assinatura reconhecida) oui simplesmente referenciado em
todoi estabelecimentos * de ensino que quentou e onde prestou exames,
Co~sèrat¿ria dos Registo&, na Co, são Técnica de Automobilismo, no ( selho
Superior de Viação, na Admi tração Civil, na Polícia de Segura Pública, na
Direcção Geral de Si ranç,, em todas as repartições esta onde prestou serviço ou
onde foi a tido, nas Forças Armadas, em te as empresas onde trabalhou e nos
dicatos de que foi obrigado a ser só na Administração do Concelho, na mara
Municipal, na biblioteca púb onde alguma vez consultou um li, no seu médico
assistente, no denti no oftalmologista e também nas F sões, hotéis, gares
marítimas e aéri nos Correios, na Fazenda, no banc até no merceeiro e no pároco.
Onde está então esse seu pro, modo anonimato?
INCOERI.NCIA
O que se torna dramático -s risível se não fosse tão acabrunhant4 é o facto de,
apesar de todos nós tarmos mais que identificados e ri renciados, sempre sermos
obrigado provar a nossa própria existêr quando pretendemos alguma coisa não
raro, prová-lo até em duplicado
É este por exemplo o caso de adr são a exame do ensino liceal de aluno externo.
Tem de apresentar a c tidão de idade e o bilhete de ide dado, além do boletim de
exame, nm um impresso (que custam 2$50 -tý autorizada não se sabe por quem e
que ninguém passa recibo), uma ce dão de habilitações e a prova de pa mento de
isenção do imposto dom liário.
É ainda o caso .da celebração con'-ato matrimonial: cada um' c nubentes tem de
apresentar (se não natural de Moçambique) o bilhete identidade e certidão de
nascnen narrativa completa, mais o atestado residência, declaração de casamen
verbete de estatística e escritura re gida em notário da dotação dos be caso os
nubentes optem por ou,
'IOVR *E
X EXIGENC
ma que nãoa de comunhão de bens juiridos.
IAL A UTILIDADE DO B. .?
0 Bilhete de Identidade tem por misinformar qualquer autoridade ou rertição do
nome do portador, da naalidade, da data- de nascimento, do Lado civil, da
residência, da profiso, da altura, da côr dos olhos, dos iais particulares, do
desenho da sua pressão digital~e da aparência das as feições.
O Arquivo de Identificação Civil não ,ssa o documento de ânimo leve. jem o
pretende. se não for natural de oçambique, tem de apresentar uma rtidão -de
nascimento «para efeitos concessão de bilhete de identidade», ais um boletim com
todos os dados entificativos (confirmados por duas stemunhas e conferidos pela
certidão
nascimento) mais três impressos ,stinados a registo dactiloscópico; do isto
acompanhado do recibo do iposto Domiciliário.
NOTA BREVE: A funcionária do ,arquivo prescinde da apresentação do Imposto
Domiciliário se o requerente lhe fizer ver da ilegalidade da exigência ....
Ora como se vê, um bilhete de idenidade só é conseguido após se terem mado
todas as precauções para vitar qualquer tentativa de fraude e epois de muitas
horas, selos e dinheiro esýpendidos.
Po- que se obriga e ntão em cer:os 9rviços a apresentar o bilhete de idendadeé
uma certidão de idade, ao fim ao cabo igual à que serviu de base ,ara concessão
daquele? Qual a utilidade prática do Bilhete Je Identidade?
_UGARES PIBLICOS
Os lugares ei organismos públicos sempre foram muito ambicionados. São
>rcferkdos por quem deseja vencimento
M DUPLICADO A IA DESCABIDA
e reforma certos, assistência médica, férias pagas e outras ,regalias inerentes.
De esperar, portanto, que a admissão seja feita segundo um *critério rigoroso:
entra apenas quem deve, quem é competente.
Vejamos então o edital publicado pela Câmara Municipal de Montepuez no
Boletim Oficial de 29 de Outubro de 1970, oferecendo um lugar de mecânico de
2.8 classe.
Além de exigir o bilhete de identidade e a certidão de nascimento completa, o
edital faz saber que o candidato'deverá fazer acompanhar o seu pedido de
admissão com certidão de habilitações literárias, atestado de bom comportamento
moral e civil, documento comprovativo de haver satisfeito a Lei do Serviço
Militar; declaração a que se refere o decreto lei n.° 27 003, declaroção a que se
refere a lei n.o 1901. certificado do registo criminal, mapa da junta de saúde,
certificado da vacina contra a varíola, atestado de vacina antitetânica.
Não é exigido nem um único papel a atestar que o homem já tivesse sido
mecânico alguma vez na vida. Presta provas teóricas e práticas para mostrar a sua
competência só depois de ter gasto umas largas centenas de escudos em papéis
cuja utilidade em alguns dos casos nos parece duvidosa.
Os Serviços de Radiofusão e Cinema Educativo e informativo caem no mesmo
erro ao abrir concurso para a vaga de redactor de 2.1 classe.
Os candidatos primeiro gastaram o seu dinheiro a provar quem são, que são
portugueses, que têm menos de 35 anos e mais de 18, que fizeram o quinto ano do
Liceu e que estão sujeitos à Lei Militar e só depois é que vão mostrar os'seus
conhecimentos «sobre várias formas de redacção em língua portuguesa».
Esta frase só, por si já carece de
sentido, pois quanto a nós existe uma única forma de redacção emlíngLua por.
tuguesa: a gramaticalmente correcta.'
Onde portanto as <várias formas»?
Depois disto, parece-nos conveniente
atentar na possibilidade de, no futuro, qualquer pessoa ser admitida. a provas
práticas meiante simples requerimento e *apresentação de bilhete de identidade.
Depois de bem classificada que se lhe exigisse então, para a admitirem, ao
serviço, a apresentação dos documentos considerados imprescindveis.
QUANDO A BUROCRACIA SE COMPLICA AINDA MAIS
Se a burocracia se torna tão desencorajante para os comuns anseios de cada
indivíduo, calcule o Leitor como não se complica quando estão em jogo coisas
mais importantes.
Suponhamos que se lhe meteu na cabeça abrir uma indústria. Comece a tratar dos
papéis. A meio da tarefa e volvidos meses de corridas de guiché para guichê, já
estará arrependido do passo que deu.
Além do requerimento a pedir autorização para montar a indústria e do que se
propõe produzir terá de provar as suas possibilidades económicas, o custo da
montagem das máquinas, o consumo do mercado (mas quase sempre faltam dados
estatísticos concretos) da viabilidade de dar emprego a determinado número de
mão de obra e de que o seu fabrico não vai colidir com outro semelhante já
existente.
A documentasão que atesta estes factos é necessàriamente volumosa e os Serviços
de Economia terão sobre o assunto a última palavra.
Depois vem o problema 'da importação das máquinas que raramente existem no
mercado local. E aí começa a roda viva dos Serviços de Economia para a
Inspeccão de Crédito e desta para o banco e para a Alfândega. Pode então
importar as már'uinas de que necessita.
Quando desembarcadas, recomeçarão os problemas junto da Alfândega: terá de
apresentar o conhecimento de dêsembarque, a factura do fornecedor, a licença de
importação (passado pelos Serviços de Economia), o despacho de importação constituído pelos impressos estatísticos e boletim de contribuição industrial - tudo
com a enumeração de quntitativos, qualitativos, valores totais e parciaisA perplexidade perante quais os selos a aplicar
num boletim de casamento
6 bem patente no noivo
(em primeiro plano) que deve dizer 1 para og seus botões
que sempre se complicam coisas
bom simples nat .
1 documentos
ira dizer
Bem 6e
liDem Dâo e
es papéis andarão de mio em dentro das Alfândegas e do porto, ndo as atençôes de
um número ncionários superior a uma ddzena. depois, obterá a autorização para ar
a mercadoria.
ntadas as máquinas e antes de r a laboração, um grupo de técnisubmeterá a sua
fábrica a uma ia que controlará, ponto por , se a montagem seguiu à risca o
-to inicialmente apresentado nos ;os de Economia. oduzirá então. Finalmente. is
dos papéis não se livrou" Não rará jamais. Eles encherão as paslue no seu
escritório se alinharão ndo cada vez maior número de leiras e escondendo a
superfície )das as paredes,à sua volta. Conrã a enfileirar, nas bichas e a xr
funcionários malcriados. Atas vezes dará consigo, não a
-upar-se em aumentar os seus ín; de produção, mas sim como pre. er os inúmeros
impressos que inaelmente tÊm de dar entrada nas rtições respectivas. ívez um dia
se queira ver livre de > papel e pense em reformar-se. tis certo é desistir, pois o
trese representará mais montanhas de ,i a vencer e então acomOdar-se-á. otadol
burocracia terá levado uma vez a melhor.
O Liceu Salazar
vende estes dois impressos
(um foi policopiado) por 2$50.
Destinam-se a acompanhar a papelada
pra exame do 1.' e do 2.* ciclo.
O dinheiro é arrecadado
sem se passar qualquer recibo e nos impressos não consta a taxa.
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ME
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CmIýC0w' AGU A nem, AG
~~~ LjUVU v ÁILUI.14 Ig
alguns pos mais prementes prc mas que afectam os moradores nossos bairros
suburbanos. Con teza que teve já oportunidade observar, ali para os bairros do
niço lourenço-marquinos, comi vida é feita de novo tipo de e ç5es. Ali, cada
homem repres( uma conquista sobre si própri sobre a natureza que, inex or mente
e cada dia que passa, ca cha em fazer valer a sua fo Todo este grande mundo pal
leitor, muito para além do ri diabólico dos seus passos de e dino.
E todavia, se quiser apercebe dele, não necessita sequer de da sua cidade: venha
connosco um curto salto até ao Bairro COOP, o, dos grandes prédios a e
encontrará o que decerto lhe parecer insólito.
COMO NASCEU A «TRADIÇA
«O nosso bairro fica para
-o indicador da mulher perd, na paisagem verde-cinza do ca e do caniço- «e não
temos áã Um dia a gente lembrou-se de aqui pedir a estas pessoas um cadinho de
água e foram boas i soas, deram-nos água. Agora é< tume virmos aqui, a esta
parte Bairro da COOP, alguns as semana, para enchermos as lat" os baldes....»
Esta é uma das muitas mulhE (cerca de centena e meia) que 1 correm as ruas do
Bairro da COi de porta em porta, solicitando o lagre de um balde de água potá em
dias certos da semana. Ei três ou quatro, inicialmente. guém lhes abriu as portas, a
trí ção enraizou-se, estabeleceran horários de recolha de água, def ram-se normas
(não invadir qi tais, não fazer algazarra, não r turbar quem está, pedir as coi com
educação), e hoje nasceu pleno seio da cidade, uma so, dade em «sossego
provisório».
As pessoas (algumas) habit ram-se.ý «Na Metrópole - diz u residente, satisfeita na
sua coý meira generosidade - desperta pela manhã, com a surpresa de u neve
atrevida, cobrindo copas, p durando-se em telhados, escondei a rua no seu lençol
de triste2 Aqui, acordamos pela manhã E janela descobre estas mulheres,
deiramente sentadas, e nós já bemos o que querem». - conciü
A MENOS
:'AfIZ:
SOLUCAO
iossa interlocutora, certa de pos;uir, na sua linguagem «poética», a lefinição de
todos os problemas.
OMOS «CORRIDOS» !,LOS CRIADOS.:.. »
Sim, não foi sempre assim, que o bairro novo, o hábito recente. Primeiro havia a
possibilidade de se comprar água na cantina. Tudo se resolvia, a trinta centavos
por lata cheia. Mas o bairro apareceu. O cantineiro («persogna non gata», para
aquela gente....) duplicou num ápice o preço da água, e a solução para a sede e
demais necessidades quotidianas dos homens transferiu-se em definitivo para o
Bairro da Coop. Ali, há torneiras que funcionam doze horas por dia e onde as
almas caridosas põem em prática o princípio cristão de «os que podem, aos que precisam».
«A princípio, a afluência destas mulheres era reduzida. Actualmente porém,
chegam a juntar-se aqui cerca de cento e cinquenta, de uma só vez. H um dia por
semana em que a mangueira do jardim enche baldes e latas desde as sete da
manhã até à noite, qualquer coisa como mil latas semanais.» - diz-nos uma
residente da Rua B.
Mas a caridade em demasia começa a cansar quem a pratica, pois caridade não é
solução. E assim, lamenta-se uma das mulheres com quem contactámos:
«Nem todas as pessoas nos recebem bem, não sabemos porquê, a gente não
«chateia». As vezes mandam os criados correr connosco, só porque esperamos à
porta. Não vimos faier mal, só vimos pedir.... »
Assim explorámos consigo, leitor, um dos aspectos insólitos da sua cidade. Mas a
vida- urbana, socialmente organizada, repele este tipo de «pitoresco». Tanto os
que dão como os que aceitam a dádiva da água, não a :consideram como solução.
A solução é apenas a instalação de um mais chafarizes, tarefa que cabe à câmara
municipal. Eles resolveriam um dos muitos problemas dos moradores do caniço,
que agora são forçados a este deambular incerto e de resultados tduvidosos.
E os moradores da Coop verão com alívio o fim da estranha «peregrinação»
semanal que - segundo afirmam- começa a perturbar-lhes o sossego que lhes
custa caro....
. 4,,
Zuelimane: TERRA DE FEUDOS E COQUEI
Quelimane,
a sossegada cidade ribeirinha cuja expansão se encontra seriamente comprometida
por falta de fora].
(Fotografia gentilmente cedida por Foto Lusitana- Quelimanè)
Quelimane
cresce em altura, como se estivesse impedida de o fazer em extensão.
O FORAI ONDE O
IACABA FUTURO
COMEÇA
Quelimane, terra de feudos e coqueiros, cidade sem foral,
vive angustiosamente o problema do seu próprio alargamento.
Comprometida a sua expansão por uma cintura de terrenos particulares,
obtidos em boa hora e hoje na posse de meia dúzia de empresas em regime de
propriedade perfeita, a Camara e o Estado tiveram de adquirir há sete anos uma
larga faixa
a fim de poderem dotar a capital do distrito da Zambézia de uma Escola Técnica e
de um Liceu. Ali, onde começa ou acaba o naior palmar do Mundo, o Municipio
não poderá, em boa verdade, dizer-se possuidor de um só coqueiro.
CÃMARA
DO MAI
O foral da Câmara de Quelimane, concedido por portaria régia de 1908 e cujos
limites foram geogràficamente definidos há aproximadamente duas décadas,
termina hoje onde a cidade continua ou onde pretende continuar. Inúmeras
construções, algumas delas de interesse público, foram já e estão agora a ser
levantadas em zonas que escapam à alçada municipal, estando a urbanização da
capital zambeziana dependente, de certo modo, de duas entidades diferentes: a
Câmara, quando a área em foco se situa dentro dos estreitos- domínios foralengos;
e a Administração do Concelho, quando tal não sucede. Claro que o embaraço que
daí resulta é evidente, tanto mais que a segunda entidade nem tem, nem alarma
que não tenha, algum especialista nos seus quadros.
O «PUZZLEDA URBANIZAÇÃO
As consequências das generosas concessões passadas, da exiguidade do próprio
foral e da facilidade e desordenação com que se verificou o atalhoamento de
muitos terrenos citadinos sofre-as actualmente a municipalidade e sujeitam ao
malabarismo técnico os urbanistas que pretendem tornar aproveitáveis parcelas
estranguladas no seio de Quelimane. O «puzzle-' que a estes cabe resolver ressalta
mesmo para o leigo do simpIes relancear de uma planta da sossegada ribeirinnha.
A indisciplinada distribuição das propriedades aparece na carta em retalhos da
configuração mais inesperada. «Tem sido necessário desenvolver, ao longo dos
anos - diz-nos o eng., Vasconcelos, do gabinete municipal de urbanizaçãouma
autêntica campanha de mentalização junto dos proprietários particulares, para que
estes se compenetrem das vantagens da regularização do parcelamento, com o
frequente recurso a trocas de terrenos que, isoladamente, pouco préstimo teriam.»
O alargamento da zona do foral de
Quelimane está em estudo. Espera-se mesmo que não esteja longe o dia do seu
sancionamento. Os prejuízos que as condições (ou melhor: os condiNEM UM SO COQUEIRO
PALMAR DO MUNDO
ciohalismos) actuais têm causado no perfil citadino, se serão, em alguns casos
ainda, reparáveis, não o poderão ser noutros. É exemplo do irremediável o que se
passa em relação à implantação de um bairro para a chamada classe de
econômicamente débeis, metafórica expressão que deixa por en-. tender, no seu ar
de generalidade inofensiva, muito do que seria para entender.
O FORAL ACABA
ONDE O FUTURO COMEÇA
O referido bairro, na realidade (composto por modestíssimas casas térreas na parte
já concluída) foi erguido no único local possível e, ao mesmo tempo, no que mais
flagrantemente contundiria com o airoso traçado da cidade. Está implantado nos
limites da area de foral, junto da linha paralela à fronteira natural da linha da
costa. É precisamente nesse ponto, ou nesse sentido, que a capital do tão rico
quanto mártir distrito da Zambézia
Ali, onde
começa ou acaba
(estão ainda por reparar os graves
o maior palmar
do Mundo,
danos da depressão «Felice», prinnão possuem
um só coqueiro...
cipalmente no tocante às vias de comunicação) forçadamente se confina. Será
precisamente a partir daí, no entanto, que a sua expansão mais se acentuará no
futuro, como já está a acentuar-se, de resto.
Ora, a apertada cilha de um foral avaramente atribuído em terra de concessões
pródigas, ao impor soluções deste tipo, não 'deixará de vincar uma
descontinuidade chocante na silhueta gentil da cidade da costa. Que o que está em
causa, como é evidente, não .é a acertada (e louvável) construção do bairro, mas a
sua inadequada localização. Digamos. mesmo: a sua localização
«obrigatóriamente» inadequada, em face da luta travada pela Câmara Municipal,
pobre de um elemento que a alguns particulares sobeja: terreno, por um foral
necessàriamente mais
amplo.
A ESTRANHA GEOMETRIA
Quelmane,
DO ATALHOAMENTO
terra de
feudos.
Tão notória se tornou a questão aos olhos dos urbanistas, que o reDAS ANTIGAS CONCESSÕES AOS ACTUAIS PROBLEMAS
médio se não fez esperar. Numa segunda fase de construção, já adiantada, a ala
principal do referido bairro foi ornada com um tipo difèrente de moradias. Foram
levantados blocos de três pisos, face à via principal, na evergonhada atitude de
encobrir as rasteiras habitações que lhes ficam coladas. Tentativa de alindamento,
sem dúvida (ainda que não possa transcender a condição de remedeio que lhe está
na origem), mas que, como reflexo mais próximo, teve apenas o inevitável
agravamento das rendas a cobrar junto de uma classe para quem estas nunca serão
suficientemente modestas.
Na questão de terrenos, porém, sejam quais forem os problemas sus. citados à
urbanização, nem a Câmara local nem o Estado terão muito por
onde escolher enquanto os actuais limites foralengos da cidade de Quelimano não
forem consideràvalmente dilatados. E o plano urbanístico refeito de acordo com
'novas e urgentes disponibilidad de espaço. Já bastará para mobilizar o saber e a
paciência dos técnicos a estranha geometria do atalhoamento.
Que daquele lado não será menos importante a questão. Nem menos urgente.
O sr. Avelino da Costa Ferreira com mais uma dúzia de familias construiram as
suas habitações em terrenos próprios, contíguos. Pois não foi que, há cerca de
cinco meses, e sem mais nem menos, o proprietário de uma enorme parcela
adjacente decidiu vedar sólidamente a sua propriedade, encurralando pura e
simplesmente aquelas
famílias? Pois não é que estas se vêem obrigadas a deixar as viaturas na estrada
próxima, abandonadas, e a bater, em corta-mato, a propriedade alheia para
chegarem a suas casas?
Tudo isso acontece numa terra- de feudos, numa cidade sem foral, que se chama
Quelimane e vive angustiosamente o problema do seu próprio alargamento.
Cidade ribeirinha (que dessa privilegiada situação pouco ou nada aproveita,
anote-se), capitaneia uma região, a Bambézia, que dela pretende fazer o natural
entreposto para os seus produtos. Mas também nesse aspecto, como no da
urbanização citadina, Quelimane está tolhida. E vê-lo-emos em nova reportagem,
a inserir em próxima edição.
...índices
deprOgrsso
dó um povo e de um pas!
COMPANHIA DE CIMENTOS Escritórios
DE MOÇAMBIQUE, S.A.R.L. Av. Fernãó de Magalhães
Instalacões Fabris MATOLA DONDO
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O
as a ilusão é fácil
Em Moçambique. a revista feminina à base de fotonovela vende-se em quam
todas as tabacarias e livrarias. Representa um sector importantíssimo no comércio
de revistas; vende.e um pouco manos que os magazines nademais Ilustrados de
maior tiragem, mas muito mais que os livros, mesmo em ições de bolse.
Através das tnformaçes que nos deram empregadas de balcão de linaras e
tabacaras, soubemos quem ompra esse tipo de Imprensa. São as Jovem solteiras,
empregadas ou estudantes do ensino secundário; e as senberas idosas, aporque é
uma leitura leve» -diz.o a empregada; e em menor número, as mulheres camada
domésticas ou empregadas. Tnmbém as donas de salões de cabeleireiro de bairro as compram em quantidade, para
distracção das clientes. É de resto curioso como o género de revistas que se
podem encontrar no cabeleireiro é indico da categoria do mesmo: o «Paris-Match, ou a «Elie», nos cabeleireiros selectos, «Capricho» ou «Ilusão», nas cabeleireiras
mais ou menos clandestinas.
E OS HOMENS?
Os homens só muito raramente as compram, o que não significa que não leiam as
que a, mulher ou a irmã levam para casa, tal como seguem interessadamente os
folhetins radiofónicos em Lisboa... Os africanos alfabetizados são grandes
consumidores deste género de leitura, comprada em segunda mão em certos
estabelecimentos e por vendedores ambulantes. Com ela preenchem a sua avidez pela
letra ímpressa.
A fotonovela, história contada em quadradinhos, tem algumas remotas
semelhanças com a banda desenhada e não apenas porque a fotografia substitui o
desenho. A mais flagrante é que o diálogo é inserido com a forma de legenda
breve, dentro do quadrado.
O género nasceu na Itália, quando as grandes firmas cinematográficas em crise,
tiveram necessidade de inventar trabalho que ocupasse as centenas de actores
secundários que sobravam das super-produções históricas que começavam a
passar de moda. A Espanha descobriu a técnica e tendo já tradição e mercado
certo, na cional e estrangeiro, para a sua «literatura cor-de-rosa», diversificou o
género e desenvolveu o negócio.
Em Portugal, a Agência Portuguesa de Revistas, editora especializada na literatura
popular, desde a «Crónica Feminina» às
séries de livrinhos de amor e -cow-bays», deu inicio à produção de fotonovela.
Mas o seu principal comércio é o de tradução das publicações espanholas, «Corin
Tellado», por exemplo, ouitalianas. Têm mais aceitação do público e ficam mais
baratas ao editor.
Em Moçambique, pràticamente todasas publicações do géïero são editadas no
Brasil, de onde nos vem também a maioria das histórias em quadradinhõs para
crianças e adolescentes. Através do inquérito que fizemos averiguámos que as
mais conhecidas e lidas revistas femilinas do tipo sentimental são «Grande Hotel-,
eCapricho" e «Romance Moderno-. Estes três nomes chegam-nos para fazer uma
anãlise do baixo nível e conteúdo deste tipo de leitura.
CORAÇÃO, AMOR, FELICIDADE
Felicidade é uma palavra abstracta, um conceito indefinível e um tema
inesgotável. Por isso mesmo é titulo frequente de fotonovela, juntamente com o
Amor, condição necessária para a felicidade. Coração também entra muitas vezes,
reforçando a ingénua e falsa ideia de que o coração é importante como sede dos
sentimentos.
,Os títulos e temas da fotonsove são pràticamente imutáveis e falhos de espírito
inventivo. 0 amor entre jovens e os conflitos entre pais e filhos, mais ou menos
relacionados com o primeiro, são temas necessários e suficientes para construir a
intriga .Os problemas econ6micos, a difildade em arranjar emprego, ou habitação,
o acidente, a crime ou a doença, São os acessórios que reforçam a intriga. São
sempre resolvidos, ou pela coragem e persistência do herói, ou pela intervenção
de um 'deus ex-máquina»: altruismo de uma personagem boa, herança inesperada,
reviravolta do negócio. O final é tome feliz, os maus ou são castigados ou se
regeneram. As autoridades sao emp justas, os pobres são mais lelizes que os ricos
porque se contentam com o amer e a fortuna é um prámio 4 boa conduta.
Sendo os leitores, ou mais pròpríamente as leitoras da imprensa sentimental,
quase sempre pessoas de modestas posses e posição social, os heróis da
fotonovela pertencem sempre à categoria dos privilegiados. A rapariga ou o rapaz
modesto, empregado médio ou mais raramente operário, ao ,constituírem-se
figuras centrais da história, são sempre seres de excepção que reunem beleza,
inteligência e sobretudo muito bons sentimentos. E não serão medianos por muito
tempo: as suas qualidades físicas e, morais guindá-los-ão, lá para fim da história,
a um lugar de destoque na sociedade. E o amor será a estrela que os guiará até aolugar na «alta roda".
EROTISMO BARATO
A revista especializada na fotonovela nao é nunca totalmente preenchida por ela.
Inclui contos, às vezes modas, culinária, conselhos de beleza e sentimentais,
correio, fotos de estrelas de cinema e bisbilhotices sobre as suas vidas privadas.
É curioso observar no conteúdo, destas publicações a evolução dos c'stumoss, Ela
está patente no teor das cartas do, leitores (brasileiros, dada o proveniência das
revistas) e também, mais camuflada e dando sempre um passo na direcção do
conservadorismo, nos contos e nos artigos.
As rapariguinhas que escrevem à re-
O erotismo barato da revista sentimental
vista falam abertalxente das suas relações intimas com os nalhorados e nos seus
romances com homens casados. Mas as heroinas preservam ciosamente, mesmo
nas condições mais adversas, a sua virgindade até à noite do casamento. E
encontram sempre a coragem moral para trocar o sedutor casado pelo rapaz
honesto e com boas intenções.
As mulheres casadas e também os homens falam das suas dificuldades conjugais e
dos seus amores adúlteros que os levam ou não ao divórcio e à separação. Mas os
protagonistas das histórias reconciliam-se sempre por amor dos filhos ou respeito
pelo casamento. E o adultério, se for do homem, termina sempre pelo
arrependimento e constatação das inigualáveis' qualidades da esposa legitima. Se
for da mulher, tem o seu desfecho no momento crucial da decisão e náo chega a
consumar-se. E no fim, marido e mulher encontram a felicidade nos braços um do
outro.
De resto, SEXO é o tema central das novelas não ilustradas, da revista «Romance
Moderno» por exemplo. As personalidades destes contos não têm qualquer oçutro
tipo de preocupação. Não se fala
do modo como ganham o pão de cada dia, nem das suas relações familiares ou
sociais, mas exclusivamente de como se processa a sua vida sexual.
Anseios eróticos de raparigas solteiras; frustrações 'de mulheres casadas com
homens demasiado ocupados com a profissão, maridos insatisfeitos com a rotina
conjugal; frigidez, impotência, fetichismo e até homosexualidade, são tratados
não pelo nome, demasiado «cru» para a sensibilidade romântica das leitoras, mas
por eufemismos e artifícios de linguagem. São estes os temas mais
frequentemente tratados, mostrando assim que este tipo de Imprensa não despreza
o valor comercial do sexo, sem no entanto deixar de atender que o seu sucesso
depende muito também da não infracção das normas convencionais.
Deste modo se familiarizam as jovens de pouca instruçõo com o mundo proibido
do erotismo, através da sua expressão romanesca e falsa -,a única que vai preen
cher o lugar da educação sexual que lhes 4
(N
não é facultada.
-a
~~~~deedinaismo e aiera
~Os comutvi o ritm dseaco
er
.
-7
- Milhares de kms de fios produzidos pela Celmoque
/
para: Transmiséão de luz e energia
Sinalização, comando e campainhas
Telégrafo, T. S. F. e telefones
.411 Automóveis e térmicos
~~.- 4 .. Reclamos luminosos
/./ .. estendem a sua teia por Moçambique, ligando os
homens ao caminho do progresso.
MANGA--BEA
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Representantes da CELUAT lctricos, . l L.
awzEIA D
PROGRESSO
Fábrica Nacional de Condutores
Hl
A PANACEIA UNIVERSAL
Por Lucien Barnier
Parec tio f*tistlco como a pedra filosofal dos antigos. Um medicamento que cura
tudo: úlceras estomacais, do..,çs dos olbos, tenso arterial, complicaç es
metabólicas devidas a falta de amimas, dificuldades respiratérlas como a
bronquite e a asma, que podem provocar fortes dores de parto, restablecer a
regularidade dos pernedos menstruais funcionando ao mesmo tempo como plula
anticoncsptíva.
Parece demasiado bom para ser verdade. No entanto, aparentemente esse
medicamento existe, e é formado por um grupo de substâncias descobertas no
organismo humano e designado por aprostaglandinas». Diversos laboratórios
mundiais estão procurando produzir sintéticamente as 15 prostaglandinas que
talvez venham a ser o medicameto primordial nos anos de 1975 a 1980.
Presentemente, algumas prostaglandinas foram já clinicamente experimentadas,
mas a relativa facilidade com que elas podem ser sintèticamente produzidas
possibilitam a sua produção em larga escala e a sua venda em farmácias.
fis,6 .5
¶5 ~ ft
AS GA
As prostaglandinas -PGA- en. contram-se em quase todas as células humanas.
Uma foi já isolada nos rins e diversas outras no liquido seminal dos homens e dos
animais. De facto, desde o dia, em 1935, em que dois investigadores descobriram
o papel das prostaglandinas, temos passado de surpresa em surpresa. Para
começar, as prostaglandinas são notàvelmente efectivas. Um simples miligrama é
suficiente. Todas as aplicações da PGA estão ainda longe de serem colhecidas:
parece que elas podem também ser
iNAW ã- -"PROSTAGLANDI-NAS"
usadas nas desordens nervosas, doenças cardíacas, diabetes, deficiências
cerebrais, esterilidade masculina, etc. Verificou-se já que a prostaglandína pode
evitar a trombose.
PRODUÇAO
A produção sintética de prostaglandinas é relativamente recente, datando de há
mais de 7 anos. Até então, as próstaglandinas eram isoladas de glândulas de
carneiro, o que significava que milhares daqueles animais tinham de ser
sacrificados todos os anos. Além disso, o custo muito elevado da produção fazia
com que as prostaglandinas fossem durante muito tempo consideradas apenas
como curiosidades médicas. Em 1957, os cientistas conseguiram
finalmente isolar diversas prostaglandinas de uma forma muito rara, e definir a
sua estrutura e composição. As 'PGA são substâncias constituídas por 20 átomos
de carbono. A produção sintética de prostaglandinas deve-se em grande parte ao
Professor Corey, da Universidade de Harvard, Estados Unidos, e ao Professor Ulf
von Euler, Prémio Nobel sueco.
Depois de haver beneficiado de plantas medicinais, e depois de descobrir
medicamentos extraídos de produtos químicos, e de produzir seguidamente
antibióticos e esteroides, o homem lançou-se agora numa quarta era médica: a que
lhe permitirá corrigir certos «defeitos» de saúde sem receio dos «efeitos
secundários* de alguns dos medicamentos actuais.
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SE VEM PROCESSANDO AO LONGO DE CINCO SESSÕES. NA OLTIMA
DAS QUAIS FORAM APROVADAS. COM 65 % DE VOTOS DE PESSOAS
PRESENTESý AS CONTAS DE 1970.
AS REUNIõES PROCESSARAM-SE SEMPRE COM O CALOR QUE
CARACTERIZOU A PRIMEIRA.
ANIMADAS PELO TOM VIVO DE RÉPLICAS E TRÉPLICAS. NAO SE
ASSISTIU A UMA «REVIRAVOLTA COMPLETA NOS QUADROS
DIRECTIVOS DA COOP, CONFORME ALGUNS SóCIOS ESPERAVAM,
IMAS FORMOU-SE UM NÚCLEO OPOSICIONISTA QUE. EMBORA
PEQUENO. DESPERTOU A CONSCIENCIA DA ASSEMBLEIA.
CONQUISTANDO UM NÚMERO APRECIÁVEL DE ADEPTOS.
A FORMA COMO ESSE PEQUENO BLOCO 1GANHOU COESÃO E
INCUTIU NOS OUTROS CONSõCIOS A CRENÇA DA VIABILIDADE DE
FISCALIZAÇAO AOS ACTOS DIRECTIVOS POR PARTE DE UMA
OPOSIÇAO UNIDA E ACTIVA É O ASPECTO MAIS MARCANTE DAS
CINCO REUNIÕES DA COOP QUE PASSAMOS A RELATAR.
Texto de AREOSA PENA o MENDES DE OLIVEIRA
O Fotos DE KOK
NAM
Corpos dirígentes da COOP: cada cabeça... vários votos de
poder
1
PROBABILI
Depois da primeira sessão a assem bleia geral da COOP e até est momento á se
realizaram mais quatr reuniões.
O número de socios presente em cada uma loi progressvamente maior alterandose, com a sequência das reuniões,, o volume da facção afecta aos corpos
dirigentes.
Na verdade e enquanto na primeira reunião, conforme demos notlc a, a maioria
esmagadora era constituída por sócios que criticavam abertamente a Direcção e o
directoi-permanente, dr. 01 ve ra Nunes, e só uma pequena parcela o apoiava,
com a realização de mais sessões, esta pequena parcela foi crescendo até que, na
quarta reunião -aquela em que se votaram as contas - detinha o poder de decisão
por maioria de votos.
i de Oliveira: ,a discordância
pertinaz
11 REUNIAO
O eng.' Wilson Tavares Martins levantou-se, logo no início da segunda sessão.
para prevenir a mesa da assembleia geral de que a sala, com número limitado de
cadeiras e uma única porta visível, nãoreunia condições de conforto e segurança
para alojar as 170 pessoas presentes. Pediu para que a sessão fosse adiada e
marcada para local mais adequado.
O presidente da mesa não deu andamento à sua proposta.
Minutos decorridos, faltava a luz e deixavam de trabalhar os aparelhos de ar
condicionado, Os trabalhos foram interrompidos de cerca de uma hora, tendo
continuado sem ar condicionado Mais uma vez o eng.' Wilson Martins lembrou à
Assembleia que a sala não oferecia condições.
A DIRECÇÃO
ESCLARECE AS CONTAS
Um dos membros da direcção leu, depois, um esclarecimento de cerca de 2600
palavras às dúvidas suscitadas pelo sócio ol. Doutor Barreiros Martins:
Rui Oliveira, durante a reunião anterior,
matemática. como testemunha
acerca das contas.
:80 ANOS PARA UI
O preâmbulo deste esclarecimento, que demorou cprca de 90 minutos a ser lido,
apelidava secundária a natureza das dúvidas e admitia a hipótese de estas terem
sido originadas por «deficiente informação pessoal sobre técnica de contabilidade'
Posteriormente e antes da reunião ser interrompida devido ao adiantado da hora,
Rui Oliveira falou de improviso e acusou a direcção de estar a 'atirar areia aos
olhos da assembleia-, com esclarecimento que intitulou de «fraude'.
Entretanto, usou da palavra o prof. Barreiros Martins que principiou por pedir
maior publicidade prévia em redor das assembleias gerais e que fossem
publicados os relatos integrais das mesmas no jornal «O Cooperador», órgão
daquela agremiação.
A propósito do computador, que durante a FACIM esteve em exposição ao
público, com a informação de vir a ser adquirido pela COOP, aquele professor
universitorio demonstrou não ter o mesmo utilidade prática para o montante de
trabalho que a COOP apresenta.
EM CAUSA
A ESSÊNCIA DA COOP
O prof Brreiros Martins ps,* então, em causa a própria essência da COOP ao
provar que, «nas condições actuais e sem haver mais admissões, a probabilidade
matemática de qualquer sócio vir a ter casa é de 80 anos'
Condenou ainda o sistema de sorteio que preside à concessão de mnuitas cdsas,
processo que considerou em desacordo com a seriedade de que se deve revestir
toda a vida cooperativista, e acusou os dirigentes de utilizarem tal rmétodo, que
chamou de 'Totobola das casas', corno um artifício tendente a 'explorar o gosto
popular pela lotaria' e a atrair maior número de sócios.
Terminou frizando que «quanto mais
sócios forem admitidos menores serão as possibilidades de receberem casas»
Iii REUNIAO
A terceira reunião teve início uma semana mais tarde, com o eng.' Wilson Tavares
Martins fazendo notar uma vez mais à assembleia, que a sala não tinha condições
para acolher tão grande número de. pessoas -cerca de 190.
O seu protesto, tal como nas vezes anteriores, não mereceu qualquer resolução
por-Rcarte da Mesa.
O COMPUTADOR
E OS HORÓSCOPOS
Subiu então à tribuna o eng.' Eugénio Lisboa que criticou a gestão da «Nossa
Livraria-, denunciando o facto de a me-ma ser a última a apresentar novidades
literárias na cidade.
Analisou as contas da -Nossa Livraria'
- as únicas sobre que lhe era permitido falar por ser sócio «auxiliar»- e estranhou
que só tivesse havido um lucro de mil escudos.
Prosseguiu a sua intervenção dando aos circunstantes a ideia de como funcionava
um computador e explicando que o mesmo não 'pensa» e se. limita- únicamentea responder em função dos dados prèviamente fornecidos. Assim glosou o tema
de que se a «COOP lá funciona mal sem computador, com este funcionará pior a
maior velocidade'.
Suscitaram-lhe estupefacção, portanto, os 'anúncios, espectaculares para não dizer
histéricos» que tinham vindo a lume no «Noticias» e sido distribuidos pelas
cadeiras da sala, antes do inicio daquela reunião. Ironizou com o facto de 'se
anunciar que o computador servia para determinar o horóscopo e achar a chave do
Totobola', dizendo que tais indicações denunciavam na redacção do texto, o 'dedo
invasor do directçr-permanente que não reteve a sua obcessáo astrol6gica».
Houve nova intervenção do Prof. Barreiros Martins que, ainda a propósito computador, disse ser necessário expli, à
assembleia «se havia uma lista de t balhos destinada ao aparelho>, pois t tando-se
de uma máquina altamente so ticada e díspendiosa não se «justificc a aquisição
para trabalhar apenas di ou três horas por mês>.
O DR. CAPUCHO PAULO RECEIA QUE LHE DETURPEM AS PALAVRAS
Levantou-se então o presidente da recção, dr. Capucho Paulo, com o inti de
esclarecer não estar ainda nada d dido quanto à compra do computado confessar
ter-se exagerado certos aspe do anúncio com a mira de se conse< sócios para um
centro de informática, que a COOP viria a ser apenas um membros.
A isto, diversos assistentes inquirir qual i razão por que no anúncio COOP se
falava em «nosso» computa, Uma vez mais o dr. Capucho Paulo se nitenciou, em
nome da direcção, do em que a redacção do anúncio podE ter induzido os sócios.
.Frizou qu, estava a ser bem cl
-para que o TEMPO não lhe deturpo as palavras e não lhe pusesse na b o que não
havia dito. Supunha ficar as arrumado o probleir.i do computador p na se
«sujeitarem mais a ouvir o ei Eugênio Lisboa a dar-lhes uma lição c sativa sobre
computadores, que eles sabiam há muito»
UMA ESTÁTUA
PARA O DR. OLIVEIRA NUNES
Usou depois da palavra o sr. Lei dos Santos que vituperou a ,ida do di torpermanente ao Brasil a gastar o nheio dos sócios, em vez de ir à ME pole tratar do
problema referente esgotos dos prédios da Avenida Aug de Castilho'
UI
Nas últimas sssões da assem. biela geral da COOP, nenhum dos elementos da
actual Direcção, nem mesmo o director-permanente, usou da palavra. A sua
defesa, ou a defesa dos seus pontos de vista. ¿foi assumida inteiramente pelo dr.
Ney Ferreiro, que é presidente do Conselho Fiscal a conhecido advogado do Foro
de Lourenço Marques, apesar de se ter, que se iba, um cliente. Especialista em
contestações, recursos, licenciamentos dificeis e outras hOblidados burocráticas,
tais como rela. tórlos de , contas e* dificuldades com o Fisco, aquele douto
causidico justificou inteiramente a sua reputação.
O dr. Ney Ferreira sou par çem todos os seus contraditores
-todos associados da COOPa estafada corriqueira estratégia da interrupção
sistemática, da pergunta e da reviravolta, com gestos teatrais pelomeio,* tão ao
goste dos advogados dos tribunais de pelícia do princípio deste século, que
reduziam a estilhas- as pobres' testemunhas que representassem qualquer ameaça
para os seus honestos clientes.
A interrupção sistemática e a
contestação imediata de tudo quanto alguém díz,. não sé perturba e faz 'erder a
fuêncda das palavras e das ideias a quem fala, como quebra todo o impacto da.
quilo que se diz. Qulquer aprendiz de feiticeiro sabe isso, mas a razão não precisa
de tais habilidad s para se impor e as boa causas dispensam a utilização de
taIs processes.
Admitimos que es seus resultados imediatos são, às vezes, espectacularos. As
pessoas mpos+ Oentas têm tendência pata se Im. pressionar com estas manobras
dispersivas. perder a atençã ao
que realmente so diz, para ficarem presas ao belo gesto, ao aliciamento da
controvérsia, ao disfarce humorístico, que apenas visa esconder uma verdade. A
maior parte das pessoas não está, do facto, preparada para resistir a este tipo de
confrontações e perturba-se ou perde o fio das ideias, até parecer que perdeu a
razão o os argumentes e acaba por, como diz o povo, meter os pés pelas mãos.
Mas esta táctica que o dr. Ney Ferreira usou tão brilhantemente não resiste a uma
análise mais objectiva. Nem demonstra nada. Como não prova nada aqueloutra
que ele ,aqui há uns anos atrás, utilizou, em pleno café da baixa, para um passivo
jornalista que fizera uma inofensiva notícia sobre a sua pessoa: a agressão fisica
-essa tanto mais, 'reprovável quanto é certo que toda a gente sabia que o visado
fora recentemente objecto da uma melindrosa operação ao coração e os médicos
nem lhe permitiam que ele subisse uma escada.
As espectaculares intervenções do dr. Ney Ferreiro, o maior advogado de
Mocimbo da Praia, nas assembleias da COOP podem ter reduzido ao siléncio
quem levantava problemas.
Mas o que elas não explicaram foi questões como esta: qual o futuro e o interesse
de uma Cooperativa em que as probabilidades de um sócio obter uma casa são já
hoje, e sem admitir mais nenhum associado, da ordem dos 80 anos, como o
demonstrou aquele sócio que é professor universitário? Como se explica que
t9dos os membros da actual Direcção tenham já casa - alguns mais do que uma,
como o *r. dr. Ney For. reira, que tem três?
COOPERAT
Destacou o facto de -não terem sido publicados anúncios na Imprensa para
aquisição de materiais- e exig;u que fosse nomeada «uma comissão de inquérito».
Um sócio vindo expressamente da Beira - o sr. Macedo- falou depois para
protestar contra o tacto de «a direcção, de acordo com os estatutos, lhe ter
entregue, no ano passado, uma casa, pelo preço de 350 contos, e de, este ano, lhe
fazer saber que o preço da casa éra de 479 contos e de lhe exigir o pagamento, a
pronto, de 79 contos, quantia que ele não possui, por não ser rico». Terminou
inquirindo se os presentes pertenciam a «uma Cooperativa de pobres ou de ricos».
O sr. João Riscado Costeira tomou a seguir lugar na tribuna para, em tom calmo e
de conversa, condenar «os ataques pessoais feitos ao director-permanente» e pedir
que lhe «erigissem uma estátua em homenagem ao trabalho grandioso efectuado».
WILLY WADINGTON CONTRA O «TEMPO»
Causou certa sensação entre a assistência o facto de um vogal da direcção, sr.
Willy Wadington, ter pedido para usar da palavra.
Falou de 'forma veemente em defesa das normas que têm regido a direcção da
COOP. Insurgiu-se contra o facto de alguns sócios, nomeadamente Rui Oliveira,
se negarem a dar o tratamento de «doutor', ao director-permanente e de não
regatearem tal distinção ao dr. Cansado Gonçalves. Acusou a revista «Tempo»
de" «parcialidade» e de «.ropositadamente ter reunido, numa só, as reportagens
sobre a Sociedade de Lotarias - uma empresa capitalista- e sobre a primeira
reunião da assembleia geral da COOPN, facto este que considerou insultuoso para
esta última.
Garantiu ainda não ganhar o .dr. Oliveira Nunes 45 contos, mas apenas 40 e só do
principio do ano para cá, tendo declarado achar tal remuneração insuficiente para
um cargo tão trabalhoso como é, o do director-permanente. Imputou ao eng.'
Eugénio Lisboa despeito por ter sido. preterido, no fornecimento de gasolina ao
posto de serviço existente no bairro da COOP, e acabou tecendo um complicado
«calembour»:
-Quanto ao TEMPO. vamos dar tempo ao tempo que o tempo dará conta do
TEMPO.
ENG.° EUGÉNIO LISBOA CONTRA WILLY WADINGTON
Alguns momentos depois e ainda na sequência da discussão, quanto à utilidade de
um posto de abastecimento de gasolina no bairro da COOP, o eng.' Eugénio
Lisboa quis esclarecer a assembleia de que ý'não era movido por qualqt:er ciúme»
pois a «sua companhia- gasolineira - Total South Africa- não vendia carburante
para Moçambique».
Respondeu o sr. Willy Wadington: -Se não vende, pode vir a venderl
Eng.° Eugênio Lisboa:
-Não me julgue a mim por ali
Sr. Willy Wadington:
-Todos -sabem que 6 o despeito que
o faz falqr
1U1I
Eng.* Eugénio Lisoa:
-J lhe disse para nio mo julgar a mim por si. Fui funcionário p<Íblico muitos anos
. nunc« fui corrido. tal como o correram a l dos C. F. M1
Sr. Willy Wadington (aos gritos):
-0 que o ir. eng.° Eugénio Lisboa está a dizer 6 monüraL., £ mentiral
Eng.' Eugénio'Lisboa <em tom solene): -Invoco o testemunho do eng. Pinto
Teixeira aqui presoe.
Esta cena foi interrompida pelo presidente da mesa que, ao microfone, pedia
repetidamente aos intermenientes par manterem a calma.
-VENCER
SEM CONVENCER
Aaté ao fim desta terceira reunião, esteve no uso da palavra o presidente do
conselho fiscal, dr. Ney Ferreira, que em diálogo com Rui *Oliveira (a quem
interrompia sistemàticamente, não dando a oportunidade de formular
integralmente as ideias) tentou convencer a assembleia de que as dúvidas,
levantadas por aquele sócio em relação às contas, não tinham razão de ser.
Muitos sócios confessaram-se-nos cansados, vencidos por uma argumentação
longa de horas, mas não convencidos, pois não lhes foi dito das razões de uma
verba de dezenas de contos (para pagar uma passagem e outras despesas a uma,
pessoa cuja identidade a Direcção se recusou ali revelar).
O dr. Ney Ferreira disse, entre muitas outras coisas (de menor interesse), ter-se
posto «em risco o crédito da Cooperativa com falsos alarmes». Acusou alguns dos
presentes de se proporem «destruir a íistituição, na intenção de destruir um
homem» e Rui Oliveira de não desejar esclarecimentos ao apontar dúvidas acerca
das contas, mas sim «criar o lelt-motlv que servisse aos desígnios daqueles que
foram à assembleia, apenas para condenar a direcção».
O dr. Ney Ferreira, a dado passo da sua exortação cooperativista, disse que, «na
verdade, a possibilidade de obtenção de uma casa é cada vez mais remota, mas
que o primeiro dever de um cooperativista era dar e não receber, e solidarizar-se
para dar casa aos outros».
Os sócios, exaustos com a longa exposição contabiUstica levada a cabo pelo dr.
Ney Ferreira, com o fito de provar que as contas constituíam um acto sério,
pediram que fosse considerado alcançado este objectivo, o que a assembleia
aprovou.
Logo os trabalhos foram interrompidos e marcada a sua continuação para o dia
imediato.
IV REUNIÃO
Na quarta reunião, foram votados os actos directivos e diversas moções enviadas
para a mesa da Assembleia geral, mas antes da votação falaram o eng.* Wilson
Tavares Martins, o Prof. Barreiros Martins e o dr. Correia Pinto.
Disse o primeiro orador, depois de declarar «ser impossível reunir uma
assembleia geral extr<xordindria»:
1
rborreia tribuna
5% DOS súcios
Dr. Correla Pinto: a defesa do cooperativismo
.SSERAM NÃO À DIREC-ÇAI
Contesto a teoria de que quantos sócios forem admitidos melhor para cperativa. O
aumento anual de sócios 15 %. Em 11 de Dezembro de 1970. :OP tinha o
compromisso de conscasas para 26 mil pessoas, ou seja ,r uma cidade igual à da
Beira. Man>-Se, na proporção actual o aumento úímero de sócios. daqui a S anos.
a a associativa dulicará e existirá. sito, o Compromisso de se construir s para 52
mil pessoas - o equivalente a cidade de betão igual à de Lou> Marques.
eng." Wilson Tavares Martins, a terr a sua intervenção, comentou que relação às
outras actividades estava lado com a irresponsabilidade com foram tratadas».
1oOP
RISCOS DE SE TORNAR ,PITLISTA»
aglou, com notável segurança, o prof. eiros Martins. Depois de insistir que,
eítuando o «sistema de totobola para ear as casas», a possibilidade actual qualquer
sócio receber uma casa «é }O anos de espera', avisou:
-Vejo um perigoso auto-isolamento da e administrativa da COOP. Mais do a não
admissão de novos sócios este í-isolamento será o responsável pela sformação da
COOP numa sociedade italista. Náo será *xemplo único. pois istória do
cooperativismo tem demonstrado que, tarde ou cedo, todas as cooperativas de produção acabam por se tomar
em sociedades capitalistas. Há que evitar este perigo.
O Prof. Barreiros Martins apresentou sugestões no sentido da COOP evitar. a
transformação numa empresa capitalista, e garantiu ser «seu desejo não acabar
com a COOP mas sim fazer dela uma verdadeira cooperativa»:
- Pois o que falta na COOP é a cooperação da Direcção em relaçáo aos sócios
MAIS CASAS
PARA OS NEGROS
Falou ainda, a terminar a lista de oradores inscritos para a quarta reunião, o dr.
Correia Pinto, que garantiu estar ali para defender a COOP e condenar atitudes
anti-cooperativistas. Opinou que se havia coisas que não estavam bem e
indivíduos descontentes a melhor atitude a tomar seria a de se organizarem, de
forma a auxiliar a direcção na prossecução dos seus esforços.
Condenou a «atitude demagógica» que. se desculpa com o facto de mais não se
poder fazer devido à inércia: «da maioria silenciosa», pois os factos têm provado
à saciedade que quem muda as coisas «são as minorias activistas».
Notou apenas, como falha da direcção em relação a uma política cooperativista,
«o facto de não se ter erguido mais casas para os negros».
A VOTAÇÃO
Passou-se depois à votação que demonstrou haver cerca de 35 % dos sócios
presentes que não aprovaram os actos dos conselhos de administração e fiscal.
Os relatórios e as contas da «Nossa Livraria», do «Mealheiro Cooperativo» e das
restantes actividades da COOP (construção de casas, super-mercado, bomba
degasolina e administração) foram aprovados por uma maioria de votos sempre
inferior à média de 65 %. Esta percentagem manteve-se na aprovação de um
louvor à' direcção e ao conselho fiscal.
Foi aprovado por aclamação uma moção de louvor à Mesa da Assembleia ! Geral
e uma moção de louvor à Informação (apenas representada pelo TEMPO) por
«denunciar o interesse das reuniões».
Outra das moções apresentadas visava a formação de uma comissão de sócios,
encarregada de rever os estatutos e de estudar a reestruturação da COOP, de.
forma a esta poder cabalmente atingir os fins .para que foi criada.
Surgiram discrepâncias quanto à forma como os nomes mencionados pelo prol.
Barreiros Martins deviam ser eleitos
- falta de tempo para se indagar da idoneidade das pessoas sugeridas- e resolveuse adiar os trabalhos para terça-feira, dia 15, reunião que está a decorrer no
momento em que acabamos de escrever esta reportagem.
Durante esta sessão discutem-se mais algumas moções, noticiando nós, oportuna
mente, o rescaldo desta e de possíveis futuras reuniões.
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Av. %ffieim Chalm, M48-C. %st<ú, ZM-Telef. 73=, Teleç7, «F'<Igoráffi=» Lo~nço ~,eg
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.~r -"-'¶
BAIRRO
ALTO
ido e Marrabenta, expressão de culturas não só diferentes como ;ónicas. Serão
realmente dois )s de transmitir o que um povo
kdo: a canção que exprime saudoo, tristeza, lamentação, tudo caristicas atribuídas
ao temperao português. E, resultado para1 e único, um espectáculo em que >aga
para chorar. 86 os portues podem apreciar o fado, pois :e que só em Portugal s
cultivam
o se vive de recordações de coisas passadas. Acerca do Fado, a que chamam
canção nacional portuguesa, o que se pode dizer? Pouco ou hada. Os seus
próprios fanáticos afirmam que Fado é para sentir, na escuridão e no silêncio.
Marrabenta, expressão musical do Sul de Moçambique surge assim como o
oposto do fado. Em gestos o através do seu ritmo ele transmite o desejo de
afirmação de um povo. A marrabenta vivo e faz viver, obriga a participar. Dificilmente se pode escutar, na indiferença da cadeira. Ele exige, implica
colaboração. É verdadeiramente um espectáculo que passa do palco para a
assistência. E sente-se que o palco não é o seu local próprio: ele nasceu e só é
pleno nos terreiros, ao ar livro, nas mornas noites de África. Por isso, pelo que
exprime, diz, significa e faz viver, marrabenta é também folclore.
O espectáculo que a cidade presenciou no Pavilhão Muimbeloi, na Faim,
)O
A
i¸'
*
"4
~i.
BAIRRO
representou assim e realmente o confronto de duas culturas.
O SUMO DOS RITMOS MOÇAMBICANOS
O eco veio de longe, aproximou-se com o tam-tam até chegar aos subúrbios.
Primeiro era o Zukuta. Depois, a Marrabenta. João Domingos define-a como «o
sumo dos ritmos moçwnbicanos.
Na Facim actuaram dois conjuntos: o de João Domingos e o de Samuel Dabula, o
«Diambu». Ambos os grupos são muito bons e é difícil achar um melhor que
outro.
DO
Têm aliás sido convidados para actuar em diversos espectáculos citadinos, mas o
seu grande público é o da Associação Africana. João Domingos disse-nos, com
orgulho, que já actuou nas principais cidades moçambicanas, em Luanda, na
Suazilândia e em Bulavaio. Considera que o seu grupo tem qualidades para poder
*fazer a apresentação deste importante ritmo moçambicano na Europa, se para tal
for convidado. E d Metr6pole merece ter a oportunidade de conheóer q nosso rico
e espectacular folclore.
No entanto, mesmo entre nós ele não é suficientemente conhecido. E um dos
grandes méritos de Norberto Barroca ao encenar
CAN IÇ C
a peça africana -Lobolo», que foi um inesperado êxito nas salas de espectáculo
citalinas da Baixa e dos subúrbios, f i o de mostrar a muita gente que a viu pela
primeira vez, essa extraordinária música e dança moçambicanas. Quem não se
maravilhou, com a espantosa dançarina que é Muchina fazendo vibrar o público
çom o calor e a sensualidade do seu ritmo?
A marrabenta dànça-se a dois ou a solo. Os pares põem-se frente a frente e
rodeiam-se executando passos e mimica Os movimentos e geqtos têm sempre um
significado. E nem sempre aludem à fertilidade, como com facilidade por vezes se
afirma, porque podem abarcar toda ia
- - -- ý ýi
'ADO:
LAMENTO
DE UM'
RECUPI
COMERC
gama de sentimentos, amor ou ódio, esperança ou desespero. São também, muitas
vezes, críticos: o resultado é uma dança de libertação interior e uma expressão de
vivências humanas.
FADO: CANÇÃO POPULAR?
«O Fado é do Povo e é para ele que eu canto» - diz-nos Manuel de Almeida, um
dos fadistas presentes no espectáculo da Facim. «Mas como - perguntámos nós
- se ele é hoje um espectáculo de ricos boémios lisboetas que enchem os
restaurantes típicos da capital, e dos turistas que para eles são encaminhados pela
propaganda?»
Manuel de Almeida faz uma pausa e mostra compreender perfeitamente a nossa
objecção.
«Realmente nem sempre foi assim. Nos meus tempos de garoto, quando eu já
tinha a paixão do fado, ouvia-* na rua, nas esquinas dos bairros populares onde
toscos cartazes informavam que o sr. Fulano e o sr. Cicrano iam cantar. E o povo
e a criançada juntavam-se para os ouvir. Ou então nos clubes, nas sociedades
recreativas operárias, onde nem sempre os nomes anunciados nos cartazes
compareciam. porque a Policia os retinha na esquadra durante o espectáculo. Era
naqueles tempos da República. das revoluções na rua... Eu sei que naquele tempo
o fado era o equivalen.te das «canções de protesto» de hoje e das baladas que
estao agora na moda. O Fado, esse nunca passa de mqda. mas comercializou-se.
Nós hoje somos profissionais. Temos muitas vantagens sociais em relação a esses
«cantadores» de antigamente. mas temos também outras regras a que
obedecer.Manuel de Almeida, um homem que gosta de falar das suas origens
populares, que foi operário antes de ser fadista, ,. um homem extraordinàriamente
simpático, que irradia calor humano. Explica-nos a nós,
POVO
RADO
ALMENTE
que nada sabemos de fado, a sua trajectória de canção popular e de ex.ressão
livre, que já foi, até à sua actual forma de canção de tortura e de amores falhados.
Mas ele ama o Fado e não permite que se diga mal dele. Insiste em afirmar: O
Fado 6 do Povo. E defende-o dizendo que as próprias letras estáo a evoluir, falanos de um fado seu cuja letra se inspira no livro de Fernando Namora «A Casa da
Malta», que o próprio escritor elogiou
porque canta ,a fraternidade.
O povo português, o que gosta de fado,
aprecia o seu ritual, a escuridao e o silêncio em que é cantado. Gosta de se
massacrar, de se torturar e cõm isso cria a sua imagem de povo triste e
adormecido.
O fado tem por vezes letras tocantes em que as pessoas se sentem atingidas, pois
todos na vida tivemos já um passado com um grande desgosto ou alegria. E por
isso revive nwna canção que se chama «Volta Atrás Vida Vivida» ou «Se
voltasse ao
Começo, Tornava a Gostar de Ti».
Quando perguntámos a Manuel de Almeida se achava que a juventude portuguesa
gostava de fado, respondeu-nos peremp riamente que através da sua experiência
como fadista, acha que sim.
Desde que ele seja de boa qualidade, acrescentou. «Talvez a&o os jovens de
cabelos compridos, mas esses sabem, o que
querem?»
Manuel de Almeida acredita no Fado,
no seu carácter popular e eterno, que sobrevive a modas, que pode ultrapassar o
clrculo decadente e restrito dos marialvas saudosistas, para voItar a ser do povo,
para chegar aos jovens, vencidos os seus actuais condicionalismos e feita .a
separação do trigo e do joioý Acreditamos nas suas qualidades humanas e
artísticas para ser um obreiro desse progresso. Compartilhamos sinceramente do
seu entusiasmo.
Mas, alguma vez se concretizará esse sua
bela esperança?
VAÃGINA 64
1
0"9
PEREbRINAÇÃO INTERIOR
IEFLEXÕES SOEE DEUS
| a propósito do lançamento no mer cado de Moçambique de REFLEXI ES
SOBRE DEUS volume pri' meiro de PEREGRINAÇÃO INTERIOR
Estará o ensa.smo português a vollar-so, finalmente, para a realidade? A
0adnar as sues terras de marfim, a cu-o o dominou com mão de ferro ao loIgo das
últimas décadas?
Oualquer resposta será, sem dúvida, prematura. Mas apetece formulár estas r
a,e'tas, transÍormá-las quase em
afirmações, ao ler este, volume, primiro, do PEREGRINAÇÃO INTERIOR
que
Ant ón!o Alçada Baptista acaba de lan-. çar nos escaparates limitados das nós-. ss
livrarias com a chancela da Moraes Editores. Duma honestidade que as cir.
cunstâncias transmudam em agressividdeè, com uma lucidez rara e corajosa,
Alçada Baptista escolhe aqui a luta corpo a corpo com o quotidiano, troca o
catecismo cómodo das esperanças desenraizadas pela procura da verdade deste
momento histórico e daquilo que ê6 define. E diz tudo: «tanto pior se me , ,
icularizo», para parafrasear Violeta Lèduc que o autor cita nas primeiras Páginas.,
REFLEkõXÕES SOBRE DEUS ou Fragmèntos do memorial que Jacob Alçada
,Baptista vem travando com o anjo que lhe foi atríbuido, assim se chama e subtitula este primeiro tomo da «Peregrinação». Mas, atenção, ele próprio nos afirma
que esta é «a história de uma relação»que o. autor teve e está tendo « com aquilo a
que chamou Deus - por não encontrar nome melhor». Com efeito, mais do que
isso, essa «história
ANI
PEREGRINAÇÃO
de uma relação» surgenos como um depoimento, £omo um muito importante
testemunho sobr este tempo português que vivemos. E toda aý>çsre9rinação se
desenrolaatravés de u |tmtnerário que desde já nos leva -tal como leva o seu autora uma melhor compreensão deste confuso momerr6 histórico e daquilo que são e
querq ser os portugueses - dentro o t Irda Igrejadeste começo da década de 70.
Numa óptica cristã, c i, sen dúvida, que nada abdica deýíá'rcunstncialidade. Mas
que por isso não deixa do ser transiúcida e cristaliqa, profundamente
comprometida cortaV4alidad que enfrenta. Uma re4jide a que A. Baptista chama,
Deu~s ou educação tradicional, ou esco'ha, o0ulenação our futuro ou present',oU
Igreja. A nossa realidade, em su:. (Escreve o autor: «acho que temos de enfrentar
esta realidacle .quie, quer ao nível intelectual, quer mor;l. qujer espiritíal, quer da
própria sensibilidade, há muita gente que anda pelo rés-do-chão das coisas e não
está dispostaa sair de lá».
Em colaboração special de Lisboa, TEMPO referir-se-á em breve e criticamente a
esta importante (e, quiça, incômoda) obra de Alçada Baptista. As linhas acima
esboçadas destinam-se apenas a chamar a atenção dos nossos leitores para o seu
lançamento no
f
f
7
I-~
nosso mercado. Tal como a entrevista que nestas páginas a seguir transcrevemos e
que há dias foi publicada no suplemento «Literatura e Arte» de «A Capital»,
(assinada por Maria Teresa Horta). , :
-Este primeiro volume da -Peregrlaça o Interior- não está a ser apreciado como
uma estreia literária. No entanto é este o seu primeiro livro. Como explica esse
facto?
-Dei-me conta na verdade que, não obstante ser este o meu primeiro livro, as
pessoas que dele me têm, falado ou sobre ele *têm escrito, nao o têm tratado
como uma estreia literária....
- Sim, mas porquê?
- Creio que as pessoas que me conhe cem, não s6 pessoalmente, mas através da
pequena repercussão pública que a minha* actividade tenha tido sabem que se não
trata de um livro 4e alguém que tenha feito a sua vida em actividade estranha à
lite ratura e que agora, aos 44 anos vem fazer a sua entrada serôdia na Vida
literária. Tenho que reconhecer que a literatura tem motivado essencialmente a
minha vida e eu próprio não gostaria que ele fosse tratado como um livro dum
estreante. Tenho consciência que me tenho sempre preocupado com a criação
literária e não me agradaria muito que este livro fosse julgado com a benevolência
natural+ que é costume usar para os primeiros livros, onde se+pode ou não
adivinhar uma ,pometedora esperança». Estou numa idade em que as
«esperançosas promessas» se naó justificam. Se quem, como eu, que. há tontos
anos tem procurado viver motivado pela literatura, não consegue fazer alguma
coisa, não creio que o possa vir a fazer. Gostaria portanto que ele fosse apreciado
9NIO ALÇADA BAPTISTA: NO TEMPO PRESENTE
como um livro de maturidade, destacado do autor, como o que,, objectivamente,
de bom ou de mau possa ter.
- Vejo alguma dificuldade em enquadrar o seu livro num género literário habituaL
Diria que em certo sentido se trata dum depoimento. Porquê essa necessidade de
depor?
-Porque reveste este livro as características dum depoimento é uma reflexão que
quero fazer e não se admire que a faça pela primeira vez. Acho que a minha
actividade de escritor tinha que começar por ali mas não pensei exactamente a
razão porquê. Creio que o meu processo literário se poderá exprimir em duas
linhas diforantes. As coisas que fazem parte da nossa experiência e sobre as quais
temos necessidade de reflectir e as coisas que temos necessidade de criar a partir
dessa expcriência. Numa -rImeira linha damos conta das nossas experiência
pessoais aquelas que temos necessidade de «esconjurar» comunicando,
comunicação que é análise, descoberta e revelação. Esta função foi durante muito
tempo resolvida por certo romance e por certa poesia e ainda hoje assim é.
Algumas pessoas veriam a minha experiência pessoal capaz de ser expressa em
romance: o romancezinho da inf'incia e da adolescência do burguezinho médio
nacional, com a denúncia das grandes opressões que o condicionaram, com a
revelaç&o das pequenas-grandes ternuras que ele simultâneamente também foi
capaz de viver.
-Ma voCê nao o fez....
- A razão porque não o fiz é porque não creio ser essa a função do romance de
hoje. Quem de certo modo quer fazer um ajuste de cotas terá que ter a coragem de
o fazer em seu próprio nome. Não me sentiria bem a ler que inventar quem
dissesse em meu nome aquilo que eu próprio tenho necessidade de o dizer. Talvez
isso tenha alguma coisa que ver com a rea8c:, a que sou especialmente sensível, a
uma sociedade em que falamos «por entreposa pesoa» que é a outra face do
fenómeno -te exigirmos sempre que alguém fale por nóe. A nossa vida cívica é
neste ponto, um reflexo da nossa vida pessoal e do hábito perdido de falarmos por
nós próprios. Em nenhuma sociedade como esta as pessoas se propõem falar -em
nome de outrem., que, normalmente, não é para ali tido nem chamado. Lembrame um velho exilado político, natural do Porto, que há muitos anos vivia em
Paris. Acontecia tratar-se de um homem que foi capaz de se empenhar efectiva e
capazmente na acção: fez a resistência .e de tal modo que o governo francês o
considerou nos quadros do seu exército. Tinha todas as condições para falar por si
próprio mas, apesar disso, em qualquer reunião em que era chamado a pronunciarse começava sem- «A opinião do Norte é que.... «Acho que em grandes zonas da nossa literatura se
passa um pouco isso: «0 Povo entende que....», «a burguesia acha que....-. Creio
que temos necessidade que uma ou outra pessoa com alguma experiência para, o
fazer, venha dizer exactamente aquilo que entende e julga. Aquilo que digo na
«Peregrinação Interior» são coisas que eu próprio tenho a dizer e sobre as quais eú
próprio quero assumir a responsabi.lidade.
-. acha que ho o pod. L certa p6cie do oxibidon~ ?
- A certa espécie, talvez, mas r parece que esta espécie de exibici seja condenável
e que, ao contrárJ haja necessidade de contar assim experiência pessoais. A linha
que uma certa forma de generosidade do exibicionismo patológico está mi
sensibilidade de quem escreve e est< também na sensibilidade de quem li
/ . A BAPTISTA: ENTRE.... DEUS E A REALIDADE
sidero qu e Simone de Beauvoir, com a sua crutobiografia, prestou um enorme
serviço a todas as mulheres oferecendo a sua própria experiência, oferecendo-se a
si própria, quase como holocausto nesta grande denúncia da angustiante situação
do ser humano, nomeadamente da mulher, face ao condicionalismo farisaico dos
modelos de comportamento que nos são dados para nosso bom uso. Da leitura
daqueles livros não sei exactamente o que mais me tocou: se uma grande
admiração pela sua força literária, se um grande respeito pela sua generosidade.
- Claro que tudo* iso tem muito a ver com um determinado processo de
literatura....
-] evidente que, como disse, tudo isto tem muito que ver com-a sensibilidade ou
com a grosseria de quem lê. A obra literária de Henry Mifler merece-mo muito
respeito mas sei que, para muita gente, Miller é um escritor pornográfico.' A
representação da peça de Õscar Panizzã, começava exactamente com a frase do
meu querido amigo Pepe Bergamln: «Ceux qui, en ce texte, ne
voient que dos ordures, c'est qu'ils ont de rordure dans leurs yeux.«Está claro que
me não estou a comparar com qualquer daqueles escritores nem com o que
escreveram. O que conto no meu livro e-a experiência pessoal que exponho faz
parte daquelas, coisas absolutamente «confessáveis» mas não me admiro que,
apesar disso, dê a algumas- pessoas a sensação de impudor. Espero que isso seja
compensado por aquelas que possam ser tocadas pela sinceridade que naquele
meu livro possam encontrar.»
- Porque começou com reflexões sobre Deus?
- Exactamente porque nesta linha de reflexão sobre mim próprio, sou obrigado a
reconhecer que à volta da ideia de Deus e do fenómeno religioso se passou aquilo
que na minha experiência pessoal considero mais importante e que condicionou
todas as minhas outras aproximações com pessoas, coisas e ideias.
- Como encara você o futuro de escritor?
- Gostaria de levar a minha vida de escritor muito a sério, exactamente como a
À
'li
tenho levado. Não tenho de modo nenhum uma concepção lúcida da criação
literária e escrever não é a mesma coisa que ir passar um fim de semana ao
Algarv'e....
- Então?
- Então, gostaria de ser um escritor profissional ao menos naquela metade que a
palavra «profissão» exprime: aquilo em que essencialmente ocupamos a nossa
vida. Quanto à outra metade - aquilo donde tiramos os nossos meios de
subsistência - tenho bem consciência que vivo numa sociedade onde isso não é
possível. No entanto, faço tençãp de me organizar de maneira que, assegurando a
minha vida se possível em qualquer actividade ligada à cultura
-actividade que fundamentalmente me interessa e onde posso prestar alguns
serviços- possa, simultâneamente, dar atenção à criação literária com exigência e
com rigor.
- Nesse sentido quais são os seus projectos literários?
- Preocupam-me as duas linhas de trabalho que a principio referi. Na primeira,
quero terminar os outros dois volumes da «Peregrinação Interior» No 2.' volume:
«Dos homens, das mulheres e das crianças» ou «Escrava ou Rainha?l», pretendo
analisar os quadros do nosso comportamento na nossa relação mais próxima:
Relação homem-outro: homem-homem, homem-mulher, homem-filho, dando
especial atenção à situação da mulher nia sociedade que vivemos. No 3.° volume:
«Das pessoas, dos bens e dos poderes» ou «Os filhos de Maquiavel» procuro dar
conta da minha experiência com as diversas formas de poderes que nos
condicionam: político, económico, religioso, social, etc.,
'Na segunda linha quero terminar o primeiro volume das «Histórias de Maus»
uma espécie de «Flos .Malorum» em que conto algumas vidas de homens que
ficaram conhecidos pela sua «maldade» procurando analisar a integração daquilo
que chamamos «o mal» na grande dialéctica da existência. Finalmente, mas parac
isso só tenho ainda algumas notas, gostaria de escrever um «Pequeno Manual da
Economia do Amor». É uma tentativa de aproximação deste fenómeno através da
análise da Pfodução, da Circulação, da Repartição e do Consumo do amor. Creio
que a situação dos proletários de Freud é tão respeitável como a dos proletários de
Marx e talvez o. último capitulo se chame exactamente: «Subamados de todo o
mundo uni-vos»
(-Reflexões Sobre Deus» é distribuído
em Moçambique pela Livaria Texto).
m
PÁGINA 67
-RICARDO RANGEL
OBJECTIVA
1D
REFLEXOS
E
A CONDIÇÃO MASCULINA
E A EMANCIPAÇÃO
DA MULHER
Por CATHERINE VALABRÈGUE
Livros de formação para jovens casais ou candidatos ao casamento, aparecem
agora às dezenas, nas montras das livrarias. A maior parte deles tem um valor
nulo, quando não são mesmo mistificadore, e puramente comerciais.
Este livro de Catherine Valabrègue, cujo titulo pode não seduzir por não conter os
elementos que costumam caracterizar esse género de obras, é no entanto uma das
poucas que tem verdadeiro interesse como estudo n 'divulgação, para todos os que
se interessam pela sociologia do casal na nossa época. Interessa verdadeiramente
a psicólogos, médicos, professores e muito em especial a técnicos de
departamentos de pessoal em empresas.
Mas é sobretudo recomendável para raparigas e rapazes, solteiros ou casados, que
desejem conhecer algo sobre a sua situação individual e mútua, face aos
condicionamentos da sociedade moderna.
A obra analisa detalhadamente aquilo que a autora chama a condição masculina,
em tudo semelhante à já analisada condição feminina e que é o conjunto de
normas e preconceitos sociais que formam a personalidade do homem e da mulher
A partir dai, desenvolve o tema das implicações em relação ao trabalho, à vida
sexual, ao casamento e à família, tal como se observam na sociedade de hoje onde
a emancipação da mulher entra em choque com o conservadorismo do
companheiro e o seu próprio,
(Distribuído pela Livraria Texto)
Ouvimos:
"Z" DE THEODORAKIS
POR BELA JARDIM
Verdadeiro insulto à inteligência do ou- de circunstâncias politico-sociais em que
vinte, à música grega contemporânea e ela inegàvelmente se insere,
compreenderá ao grande compositor que é Mikis Theo- de certo que nada está
mais longe do seu dorakis. a versão portuguesa de «Z» nas- verdadeiro teor do
que a letra de canceu em Joanesburgo, da pena luso-boer tilena medíocre que
Bela Jardim lhe aplide Bela Jardim. Techa, cuja voz poderia cou. Que diz ela?
Apenas que «passo os ser muito melhor aproveitada numa escolha dias, passo os
dias, passo os dias a sorrir, judiciosa de reportório, trouxe-a infeliz- passo os dias,
passo os dias, passo os mente até nós. Lançou-a aos quatro ventos dias a chorar,,
e pouco mais. Não é isto no Restaurante Muimbeleli e através do um autêntico
atentado à decência e ao Rádio Clube de Moçambique que nessa
bom gosto?
noite transmitiu o programa em directo «Z», que significa ele vive e que é uma
da Facim. Ouvimo-la com profundo des- homenagem ao grande democrata
grego gosto, com o sentimento estranho de quem Lambrakis, morto pela paz no
seu país. está sendo enganado. que sabe que está é, pelo contrário, umcr daquelas
obras que sendo enganado. mas que nada pode fazer testemunham a verdade de
um povo e que. para o evitar. Um parêntesis, no entanto: por conseguinte passam
a fazer parte do a versão de «Z» por Bela Jardim não foi, seu património cultural.
Adulterá-la, transcom toda a certeza, autorizada por aquele formá-la tao
despudoradamente como o grande compositor grego. Não somos nós, faz esta
versâo (versâo?) de Bela Jardim portanto, os únicos enganados.
é insultar
esse povo, as suas verdades e
Para quem conhece o original dessa as suas tão legitimas aspirações.
canção, para quem a «viu» sublinhando Resta-nos a consolação de que, apesar
as imagens do extraordinário filme do de todas as B. J. do Mundo, «Z» continua
mesmo nome de Costa Gravas, para quem a viver... conhece ainda que
vagamente o conjunto
AT
FILME
«Tragédia na Mina», de George Carns «Doze mais Uma» «O Meu Tio
Benjamim», de Eduardo Molinaro «O Espião que veio de Férias» «Sombras na
Noite» «0 Tesouro dos'lncéas» «Camões», de Leitão de Barros «Que Canta
Espanha?», de Saez de Heredia «Amantes e Est:'anhos», de Cy Howard «0 Às
Vale Mais» «Quintana»
«As Donzelas de Rochefort», de Jacques Demmy «0 Sétimo Selo», de Ingmar
Bergman
guia do espeotadoi
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Seala
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O iJ - O O O O O M o. 0. bS 0 -Oo
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Cine-Machava 4 - - - - 3 4 - - - Dicca
Estúdio 222 Gil Vicente Gil Vicente Infante
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3
3
2
2 2- 2- 1 2- 2
- 4
6
8 688
Manuel Rodrigues - - - ~
Seala
7 - - 7
S. Gabriel
5
S. Miguel
5
Gil Vicente
&6 - 6
5 5 6Estúdio 222 ' 8 8 - 9 a 9 - 8
Cotações: 9 - Obra-prima; 8 - Excepcional; 7 - Não perca; 6 - Com muito
interesse; 5- Com algum iaterese; 4/3 - Passatempo; 2- Sem in.eresse;1- Não vá; 0
- Um insulto à inteligência do espectador.
R - Viu o filme mas recusa-se a classificá-lo por não se tratar da versão integral.
-5 - 6 - 6
PÁGINA 69
1 CAMPEONATO "TEMPO" DE PALAVRAS CRUZADAS
Hoje é o dia do 20.° problema que, como todos os cruzadistas sabem, não é fácil.
Também o prémio para o vencedor sere de mnta, constituído pelos excelentes
livros oferecidos pela Livraria Texto - 6.0 andar do Prédio Lusitana - que fazem
parte da «História de Hoje-:
«Saida de Emergência-, de Ignázio Silone; <Vida e Pensamento de Kennedy-;
.Crónica do Ghetto de Varsóvia-, de Emmanuel RIngelblum; aPio XIl o a
Alemanha Nazi», de Saul Friediander; -Os Alemães contra Hitler», de Terence
Prittie.
Estamos certos de que os «feras» das palavras cruzadas não deixarão de marcar
pontuação em mais este problema e de se habilitar aos cinco livros de prémio.
PROBLEMA N., 20
1 2 3 4 5 6 7 9 10 AT 12 13
TmPO»
DE PL
C aAS
N . .
PROBLEMA N.° 20
1 CAMPEONATO «cTEMPO» DE PALAVRAS CRUZADAS
N O M E ................................................
MORADA
...........................................
LOCALIDADE
....................................
........... ........
............. ...............................................
....................
............................................ . ..............
HORIZONTAIS: 1 - Matança, morticínio; espécie de víbora adorada por povos
africanos. 2 - Algoz; letra grega. 3 - Nome que, na tradução dos Setenta do livro
de David, se atribui ao pai do Rei-Profeta no inicio do capitulo XIV (Hist. Bibil);
clamor; meditar demoradamente em. 4 - Barcos de fundo chato para navegação
fluvial; agomia. 5 - Suf, de ajuntamento; conjunto de coisas eriçadas ou densas;
suf. que liga ao radical a ideia de aumento, intensidade, apartamento, desvio... 6 Rio da Nova Escócia. 7 - Designação abreviada de um processo de localização de
submarinos, depois aplicado à pesca; derramado. 8 - diz-se de um ácido que se
encontra no ruibarbo, no sene e muitas outras espécies dos géneros Rumex,
Rheum e Ramnus. 9 - Americio (s. q.); estudo desenvolvido acerca de una
ciência, arte, etc.; bismuto (s. q.). 10 - Messe; o m, q. apara. 11 - Cobertura azul
com barra branca e destinada a cobrir o assento da popa nas embarcações que
conduzem oficial ou pessoas de categoria oficial; lírio; antigo nome do rio
Guadiana. 12 - Ciéncia da moral; fruto de uma árvore anonácea do México. 13 Arvore leguminosa, o m. q. árvore de Judas; peta, trapaça (Prov.).
VERTICAIS: 1 - Salto de uma cavalgadura para sacudir o cavaleiro; pedra dura e
opaca da natureza da ágat. 2 - Suposto animal asiático (Java), a cujos ossos se
atribulam virtudes milagrosas (Ant.); intersticio entre várias células vegetais. 3 Moeda que correspondia a 10 réis, no tempo de D. João I; festa das lanternas, no
Japão, em honra dos antepassados; anileira. 4 - Para outro lado (adv. ant.);
permutação.
5 - Nota musical; padre (deprec.); adv. de hlgar. 6 - Gênero de algas rodoflceas,
da fam. das toreáceas, que compreende seis espécies das águas do mar e rios. 7 Nome de homem; metal das terras raras. 8 .- Lugar de tormento eterno pelo fogo.
9 - Pref. que designa direcção, movimento; porção de comida que um garfo leva:
de cada vez; distar. 10 - Sinal ou acidente musical indicativo de que a nota deve
baixar meio tom; pedra preciosa de côr azulada ou leitosa. 11 - Certa casta de chá;
donativo que o marido fazia à mulher no dia seguinte ao das núpcias e que
consistia ordinàriamente numa espécie de calçado; relativo ao ano. 12 - Impla;
palavra sãnscrita que significa a alma universal ou suprema. 13 - Carro de duas
rodas, que se usa no N. de Africa; zelosa, cuidadosa.
SOLUÇÁO DO N.- 18
HORIZONTAIS: 1 - Âmago; úbere. 2 - Amok; mate. 3 - Coral; gaipo. 4 - Ira;
açaná; mór. 5 - Obra; Ava; neta. 6 - Sé; farófia; az. 7 - Saga; reco. 8 - Tu;
gaivina; Ac. 9 - Erro; Bic; rina. 10 - Ida; sabor; mel. 11 - Múmia; abalo. 12 Poma; Aben. 13 - Canal; homem.
VERTICAIS: 1 - ócios; teima. 2 -> Orbe; Urdu. 3 - Marar; rampa. 4 - Amã;
afago; ion. 5 - Gola; agá; sarna. 6
0. K.; caralba; AI. 7 - Cavo; viba. 8 -Um; náfrico; ah! 9 - Baga; ien; rabo. 10 Eta; nácar; bem. 11 --Reima; imane. 12 - Pota; anel. 13 - Goraz; calor.
REGULAMENTO
1) Cada solução exacta aos problemas de palavras cruzadas publicados
semanalmente por TEMPO será pontuado com 1 ponto:
2) O prémio semanal e especial será sorteado pelos concorrentes que
apresentarem soluções certas em cada semana;
3) O prémio linal será atribuido a quem estiver mais classificado. Em caso de
igualdade de dois ou mais concorrentes será publicado um novo problema
especial. de maior dificuldade de resolução, destinado especialmente a esses
concorrentes. Em caso de novo empate o prémio final será sorteado.
4) As soluções - com o cupao correspondente que será publicado junto aos
problemas ou cópia em papel separado- devem ser entregues na Livraria Texto.
Prédio Lusitana, .*, andar, sala 603 ou enviadas pelo correio para a Caixa Postal
4030. Lourenço Marques. Só serão aceites sê entregues dentro do prazo de dez
dias sobre a data da capa da revista, em que lorem publicados os problemas a que
se referem;
5) A classificação geral do campeonato será publicada mensalmente.
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actividade em Lourenço Marques: 14797 430$00
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PAGINA 72
00 4S
CARNEIRO
(21 de Março a 20 de Abril)
AMOR - Ttrá de intervir enèrgicamente para preservar a paz e os interesses da
família, no dia 20. Procure manter-se calmo, e analise cuidadosamente a situação.
Verificará que terá de medir as suas palavras para não magoar ninguém. No fim
de semana terá considerável influência sobre as pessoas que o cercam. Certifiquese de que não tira proveito dessa influência em seu favor.
TRABALHO - A Lua Nova no dia 22 poderá exercer considerável importância
para o futuro. Defina claramente as suas intenções. Seja cuidadoso e realista. No
dia 25, descobrirá a sua verdadeira linha de acção por forma a poder vencer um
difícil obstáculo Preste atenção.
SAÜDE - Satisfatória. Cuidado com acidentes no dia 26.
TOURO
(21 de Abril a 21 de Maio)
AMOR - Viagens ou saldas em companhia agradável no dia 20 far-lhe-ão bem e
melhorarão a atmosfera. Um encontro inesperado poderá ser o prelúdio de uma
duradoura amizade. No dia 24ý veja se escolhe cuidadosamente os seus amigos.
No fim da semana não procure impôr o seu ponto de vista a pessoas que lhe sejam
queridas. Seja amistoso:
TRABALHO - Medite na sua situação no principio da semana e olhe para o
futuro, tendo em atenção a experiência do passado. -A Lua Nova, no dia 22,
deverá incitá-lo a adoptar uma prudente linha de acção. Cuidado com decisões
precipitadas. No dia 25, não ceda a sugestões duvidosas que o conduzirão a
desafortunadas aventuras.
SAÚDE - Boa.
GÉMEOS
(22 de Maio a 21 de Junho)
AMOR - Os assuntos de coração trar.lhe-ão grande satisfação no dia 20. Os seus
sonhos e esperanças encontrarão realização. No entanto, terá de manter a opinião
que os outros fazem de si. Não desaponte ninguém. Uma atracção romântica que
julga estar a desvanecer-se tomará repentinamente nova vida. Pense nisso no dia
23. Surgirá um problema material. No fim da semana procure conservar-se em
ambientes harmoniosos.
TRABALHO - A Lua Nova no dia 22
deverá incitá-lo a fazer preciosos contactos com pessoas que o poderão ajudar.
Concentre-se em perspectivas fufuras que possam surgir, mas não espere
resultados
positivos, principalmente no dia 25.
. SAÚDE - Perigo de acidentes, principaliente nos dias 20 e 26. Tenha muito
~cuidado.
CARANGUEJO
(22 de Junho a 22 de Julho)
AMOR - Terá de combater a tendência de levantar problemas que provâvelmente
provocariam tensão no ambiente que lhe é caro. No dia 25 poderá esquecer algo o
que trará desafortuna das consequências. Cumpra com as suas obrigações e
verifique que atendeu a todas. No dia 26 procure ser particularmente amistoso
para com as pessoas que lhe são queridas.
TRABALHO - No dia 21, estará a caminho de solução um negócio em que está
muito interessado. As aptidões artísticas, se as houver, serão favorecidas esta
semana. No dia 23, desaparecerão repentinamente certos obstáculos, e poderá tirar
partido da sua Aiberdade de acção. Alargue os seus horizontes e estabeleça
contactos úteis.
SAÚDE - Tome cuidado consigo. Perigo de acidentes no dia 26.
LEÃO
(23 de. Julho a 23 de Agosto)
AMOR - Estabelecerá provãvelmente laços de amizade ou afeição que lhe trarão
grande satisfação no dia 20. Associações ou uniões tornar-se-ão mais fortes.
Qualquer desentendimento com as pessoas que lhe são queridas, no dia 26, poderá
destruir a harmonia que de momento lhe é tão preciosa. Observe-se.
TRABALHO - Se se opuzer teimosamente às ideias de outros no dia 22, meter-seá em complicações. A influência da Lua Cheia deverá ajudá-lo a encontrar o
caminho a seguir. No dia 23 é possível que consiga tirar o melhor partido possível
de assuntos que pareciam destinados á estagnação. As circunstâncias estão a seu
favor. Elabore planos por forma a conciliar as perspecticas futuras com as
realidades presentes.
SAÚDE - Perigo de acidentes, principalmente pelo fogo, no dia 20. Tenha muito
cuidado também no dia 26.
VIRGEM
(24 de Agostb a 23 de Setembro)
AMOR - Poderá ficar desapontado se se afastar do ambiente familiar no dia 20.
Uma atmosfera harmoniosa dar-lhe-á oportunidade de delinear as suas ideias.
As pessoas escutá-lo-ão. No dia 26, precavenha-se contra atritos que podem
acontecer com pessoas que ama. Controle os seus impulsos em todos os campos.
TRABALHO - Com a Lua Nova no dia 22 não espere que se resolva um
problema que o vem preocupando. Seja paciente. Certos assuntos que pensava ter
de abandonar, resultarão em êxito, no dia 23. No dia 25 poderá surgir um conflito
sobre interesses comuns. Tenha cuidado.
SAÚDE - Instável. Siga uma dieta equilibrada. Cuidado com acidentes no dia 26.
Existe um risco especial de fogo. Esteja em guarda.
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BALANÇA
<24 de Setembro a 23 de Outubro)
AMOR - Afaste as suas ocupações usuais no dia 20 e aproveite as agradáveis
oportunidades que lhe oferecem. Porém, em assuntos de coração, estude acoisa
segunda vez. A Lua Nova no dia
22 leválo-á provàvelmente a certas incertezas em questões românticas. Porém, as
circunstâncias ser-lhe-ão favoráveis no dia 23 o que lhe permitirá elaborar certo
projecto em que está interessado. No dia 26 faça por estabelecer uma atmosfera
harmoniosa à sua volta. Evite discussões.
TRABALHO - No dia 24, exercerá
boa' influência sobre outros. Mas tenha cuidado e tome nota de quaisquer
sugestões que lhe forem feitas. No dia 25 é provável que receba ajuda
estimulante.
SA0DE - Tome cuidado com os seus nervos. No dia 26, especialmente, todo o
cuidado é pouco.
ESCORPIÃO
(24 de Outubro a 22 de Novembro)
AMOR - Procure controlar quaisquer violentas reacções que possa ter no dia 20
em relação às pessoas que o cercam. Mantenha uma boa atmosfera de
compreensão. Procure melhorar as relações com outros e não desaponte as
pessoas que têm as melhores intenções para consigo. É possível que lhe escape
alguns aspectos de uma situação confusa. Procure obter uma imagem geral da
situação.
TRABALHO - Sentirá o desejo de explorar novos campos no dia 24. Existem
perspectivas interessantes, mas deve prosseguir em busca do seu objectivo e não
descure os seus negócios, perseguindo aventuras arriscadas.
SAÚDE - Não estará no melhor da sua forma. Risco de acidentes, principalmente
no dia 20.
SAGITARIO
(23 de Novembro a 21 de Dezembro)
AMOR - No dia 20, terá um encontro que o deixará abalado. Mas mais tarde
verificará que todo é cor de rosa. No dia 22, terá de combater a tendência de se
exprimir com demasiada franqueza, e magoar assim alguém. Tome\cuidado
consigo, porque a Lua Nova nesse dia incitá-lo-á a estabelecer relações amistosas
com outros. No dia 24, tome nota dos desejos expr.essos pelas pesoas que o
cercam, ainda mesmo que tenha de fazer, algumas concessões. Não espere
demasiado de uma atracção romântica no dia 25. Ficaria desapontado. Cuidado
com correntes contraditórias que estarão no ar durante o fim de semana.
TRABALHO - No dia 23, principalmente no princípio da manhã, poderá confiar
no seu julgamento. Aproveite o dia para se afastar de quaisquer assuntos
duvidosos.
SAÚDE - Tenha cuidado, principalmente nos dias 20 e 26.
1
pot Sophie Roin -0
-$emana de 20 a 26 de Junho
4
CAPRICÓRNIO
(22 de Dezembro a 20 de Janeiro)
AMOR - Sentir-se-á irritado e confuso o que o poderá levar a perder a boa
disposição. Agite as suas ideias e procure regressar à sua calma habitual.
Seja compreensivo e amistoso, principalmente no dia 20. Não se encolha na sua
concha. Saia e veja amigos. Troque ideias estimulantes No fim de semana deve
procurar dissimular a tensão que
apenas o faria sofrer mais.
TRABALHO - No dia 23, verificará
que as pessoas de quem nunca suspeitou que fossem mal intencionadas o porerão
levar a comete rum erro infeliz. No dia 24, por outro lado, abrir-se-lhe-á perante si
uma nova fase durante a qual as circunstâncias lhe serão particularmente
propicias.
SAÚDE - Terá de dominar os seus
nervos. Perigo de acidentes no dia 26.
AQUARIO
(21 de Janeiro a 18 de Fevereiro)
AMOR - No dia 20, faça por eliminar qualquer tensão que possa prejudicar a
atmosfera. Estreite os laços que lhe são caros e preserve, ao mesmo tempo, a sua
vida privada. Verificará que cstLrá inclinado, a ser leviano e impulsivo. Tenha
cuidado, principalmente no dia 23. Quererá que sejam harmoniosas as suas
relaçres com outros. Tenha cuidado com as correntes contraditórias que estão no
ar e que durante a semana poderão prejudicar as coisas.
TRABALHO - Estará de boa disposição de espírito no dia 24 para descobrir a
forma de atingir os objectivos que se estabeleceu. Preste atenção e estude
cuidádosamente os acontecimentos.'
SAÚDE - Tome cuidado consigo. O próximo fim de semana deverá, em
princípio, trazer-lhe o repouso de que necessita. Mas seja cuidadoso.
PEIXES
(19 de Fevereiro a 20 de t4arço)
AMOR - No dia 24, notará que outros terão intenções diferentes das suas. Vigie
as suas reacções, principalmente no princípio do dia. Mais tarde, a atmosfera
melhorará. No dia 21, as pessoas que lhe são afectas far-lhe-ão perguntas que não
poderá evitar. Veja o que diz. No dia 25, a sua intuição orientá-lo-á. Não atenda a
sugestões que o poderão deixar abalado.
TRABALHO - No dia 23, fará bem
em desempenhar o papel de observador imparcial. Não confie os seus prejectos a
ninguém. Actue por si próprio e vigie os seus passos no dia 24, se pretender
atingir resultados positivos. Provàvelmente, obterá ajuda.
SAÚDE - Razoávelmente satisfatória, mas no dia 26, terá de ter cuidado.
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MESA DE PREVENÇÃO
Mil escudos para o Leitor
Publicamos esta semana uma carta e uma foto enviadas por um leitor da cidade da
Beira. Trata-se do primeiro concorrente da Beira a ser premiado neste concurso.
Assim o sr. J. R. Gonçalves, Caixa Postal 1158- Beira, tem a haver 1000$00 que o
Instituto do Trabalho lhe entregará.
Este nosso concurso «Mil Escudos para o Leitor», iniciativa da Mesa de
Prevenção e Segurança, sob o patrocino do Instituto do Trabalho (Fundo de
Acção Social no Trabalho Rural de Moçambique) está ao alcance de todos os
leitores, bastando para tal mandar uma simples carta ou uma foto acompanhando
uma carta, à Caixa Postal 696 - Lourenço Marques, documentando falta de
seauranca no trabalho.
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Exmos. Srs.:
O facto registou-se quando alguns operários rasparam e pintaram a cobertura de
zinco da torre dos C. T. T. da Beira. O parapeito onde andam não tem mais que
uns 40 centímetros; a escada está presa por uma corda ao fosso que suporta o
«apára-raios»; alguns dos operários traziam de facto um cinturão de cabedal mas
servia-lhes para pendurar as latas da tinta, a fim de terem as mãos livres.
J. R. Gonçalves - C. P. 1158- Beira
PARA A
LOTARIA DE
PAGINA 75
Director do Banco -de Credito:,
- Pretendemos ser -os melhore
na actualizacão de métodos e servico
- Adquirido o. primeiro computador para serviço da banca em Moçambique
O Banco de Crédito será em Moçambique a primeira instituição bancária a utilizar
os serviços de um computador numa sequência lógica da sua expansão e política
de constante actualização de métodos e serviços. O contrato para a aquisição deste
computador foi assinado pelo Director-Geral daquele banco Dr. Afonso Costa e
pelo Director-Geral da Mecanodex que representa a NCR na Província, José
Miguel Sena
O computador adquirido é da 3.1 geração e portanto do que há de mais actual ao
nível de computadores comerciais. É de registar que em Angola o Banco de
Crédito adquiriu um computador similar.
SEMPRE ACTUAL E SE POSSIVEL
NA VANGUARDA
Após a assinatura do contrato disse-nos p Dr. Afonso Costa:
«Nada há de extraordinário nesta aquisição. Trata-se simplesmente de concretizar
os objectivos do Banco de Crédito dentro de um ritmo planificado de actualização
de métodos e serviços. Somos um banco com um espírito jovem consciente de
que a sua actuação. na panorámica da Província deve ter como base uma cons-
tante expansão apoiada numa gestão actual, procurando dinamizar a nossa
orgânica e consolidando estruturas que permitam servir sempre melhor os que a
nós recorrem.
Estamos pois dispostos a aproveitar ao máximo as vantagens conferidas pela
nossa juventude mantendo-nos sempre actuais e se possível na vanguarda.
Pretendemos ser de facto os melhores na actualização de métodos e serviços.»
Com efeito a integração do computador no Banco de Crédito que foi prevista com
a devida antecedência será muito facilitada pela experiência adquirida nesse
campo pelo Banco Borges & Irmão que há anos utiliza computadores em Lisboa e
no Porto.
Será pois pessoal especializado do banco nosso associado que em íntima
coordenação com a NCR virá para Moçambique
colaborar nesta nova fase de expansão do Banco de Crédito.
ALGUMAS CARACTERISTICAS DO COMPUTADOR ADQUIRIDO
O computador NCR Century 200 é o que no limiar da 4. geração se apresenta
como o mais actualizado no actual mercado de computadores, sendo dotado de
uma potente memória expansível até 512K-Bytes. Preparado para trabalhar
inicialmente no sistema «off line» será adaptado em fase posterior ao sistema «on
line» (acesso directo) permitindo ligação às várias agencias e dependências do
Banco, de forma a que estas fiquem directamente ligadas ao centro de
computação.
Imagem captada na passada quata-feira quando da assinatura do contrato de
aquisição do novo computador para o Banco de Crédito
PAGINA 16
Dois enviados do Vaticano
em Moçambique
Vindos da Beira, chegaram no passado dia 14 a Lourenço Marques, os enviados
do Vaticano Monsenhores Chiaurrí e Gasparý que se deslocam a esta Província.
Os referidos pPelados vajavam na companhia do Bispo de Quehmane.
A esperá-los encontrava-se no aeroporto o Arcebispo de Lourenço Marques, D.
Custódio Alvim Pereira
De salientar que de toda a Imprensa local apenas TEMPO se encontrava presente
no acontecimentos.
Promoção turistica
de Moçambique
A representação regional dos Transpori Aéreos Portugueses brindou com um jant
de recepção, no Hotel Polana, o grupo i agentes de viagens britânicos que se dE
locou a Moçambique numa digressão visan especialmente a promoção turística
do- ter tório.
Aquela viagem, a expensas da TA integra-se num plano de vasto alcance, plena
execução, para dar a conhecer a representantes das principais agências viagem de
diversos países os pontos de i teresse turístico de Moçambique.
Ao jantar, com os convidados estiverc elementos da delegação da TAP em Louren
Marques e representantes das agências viagens locais.
O Governador-Geral
visita o pavilhão
do "TEMPO" na FACIM
O Governador-Geral visitou por várias vezes e demoradamente os sectores oficial,
comercial, industrial e pecuário da FACIM, inteirando-se dos diversos aspectos
do certome.
O eng.' Arantes e Oliveira esteve também no pavilhão do «Tempo», onde lhe foi
oetecido um exemplar da nossa última edição que lhe mereceu palavras de apreço.
III Grande Prêmio Fagor
Terminou o III Grande Prémio Fagor, num percurso de cerca de setecentos
quilómetros, prova ciclista organizada pelo salão Elgin e que registou a
participação de trinta e dois corredores, distribuídos por seis equipas: Fagor,
Sporting Clube de Lourenço Marques, Clube Ferroviário de Moçambique, Clube
Desportivo da Matola, África do Sul «A» e ainda Africa do Sul «B».
Por equipas venceu esta prova a representação da Fagor, e o grande «camisola
amarela» foi o português Manuel da Costa, que comandou o III Grande Prémio
Fagor desde a segunda etapa.
Na nossa próxima edição referir-nos-emos detalhadamente a esta Importante
prova desportiva, através de reportagem realizada pelo nosso enviado especial,
Na imagem, um aspeco da partida dos ciclistas para o percurso do Sul do Save
Promoção do automobilismo
Vão ser instituídos novos prémios pela SONAP para promover o desporto
automobilístico em Moçambique, segundo .foi anunciado por aquela empresa,
num almoço com os representantes dos órgãos de Informação.
Assim foi anunciado que para os concorrentes residentes em Moçambique passam
a haver, no futuro, os seguintes prémios: melhor moçambicano no- "loli
Internacional do Beira». na «Volta ao Sul do Save», nos «1000 Quilómetros de
Nampula", no «Circuito de 24 de Julho» e nas "3 Horas de Lourenço 1Marques.
Novo computador IBM
No edifIcio-sede da SONAP, realizou-se uma sessão de apresentoçao de um novo
computador - modelo 360/20, da terceira geração, isto é, transistorizado e
dispondo da possibilidade de efectuar «programação interna - alugado pela IBM
àquela companhia gasolineira.
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Constituído por três unidades, de "entrada" e "saida» de dados, e ainda efectuação
de cálculos, o referido computador destina-se
* organizar todo o material de burocracia e contabilidade, nomeadamente a
impressão de facturas, folhas de vencimentos, estatísticas e contas correntes.
Após a sessão de apresentação a que estiveram presentes os 6rgãos da
Informação, teve lugar, num dos hotéis da cidade, uma c onferência destinada a
concretizar todas as potencialidades e. aplicações do computador IBM. Entre as
intervenções do vários oradores, destacou-se a alocução do sr. Guilherme Fonseca
que salientou, sob 0 capítulo «Custos», as possibilidades do computador da
terceira geração, no respeitantè a «materiais de construção",, «mão-de-obra»
salários de empregados) e ainda "máquinas" (o custo-hora de máquinas variadas,
em função do seu preço e produção geral).
Na imagem, um aspecto da sessão de apresentação e conferncia.
fotos & factos
Agnaldo Timóteo,
com hepatite
Agnaldo Timóteo estava muito doente nos
últimos dias da sua actuação na FACIM. De facto, o diagnóstico médico acusou
uma hepatite em estado agudo. As análises efectuadas num dos laboratórios da
cidade indícaram resultados anormalment- altos de
bilirrubina e ureia no sangue
Comentário de Agnaldo Timóteo do seu
aspecto amarelo da icterícia:
L
-Quando me vi ass aarelo ao es.
pelho cal duro para trás.
"Dia do Malawi" na FACIM
Teve lugar no pavilhão do Malawi, na FACIM, uma cerimónia assinalando o
«dia» daquele país expositor, a que estivŽ ram presentes o ministro Jo Comércio
do Malawi 1, D. Msonthi, o ministro das Comunicaçóes e Trabalho, 1. W.
Gwengwe e o secretário-geral de Moçambique dr Abrantes do Amaral. Usaram dc
palavra o ministro do Comércio do Malawi e o secretário-geral de Moçambique.
Na imagem, uni aspecto da recepção quando falava o ministro I- D. Msonthi.
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OPINIÃO
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Rui Cartaxana
ODOS os caminhos dos problemas
do homem e das sociedades humanas vão dar à cultura. Sem educação, não há
progresso económico e social, não há avanço técnico, nem desenvolvimento, não
há mesmo liberdade, porque só o obscurantismo e a ignorancia preservam certas
forças e servidões que impedem milhões de homens de ser#çn homens e de se
libertarem. Não é por acaso, enfím, .que os países mlis ricos e mais avançados são
aqueles que registam, precisamente, os melhores índices de culturização e,
simultaneamente, aqueles que maior prioridade dão à educação e mais investem
nela.
Neste ponto reside mesmo o grande drama dos mais atrasados: é que o esquema é
o de uma espiral condicionada por uma espécie de círculo vicioso em que os da
frente vão ficando cada vez mais à frente, porque a sua velocidade de marcha é
maior, e o fosso que os separa dos últimos tende, irremediàvelmente, a ser
também cada vez maior. Os Estados Unidos, por exemplo, onde mais de metade
da população em «idade universitária» já frequenta a Universidade, têm já hoje
seis vezes mais estudantes universitários do que a Inglaterra, a Alemanha
Ocidental, a França e a Itália juntas (que juntas têm sensivelmente a mcsma
população que os Estados Unidos: 220 milhões de habitantes).
FSTAS diferenças, que mesmo em relação aos países mais avançados da Europa
(em relação aos outros, nem se fala) começam a ser
aterradoras, tendem a acentuar-se em função geométrica, num processo de
crescimento imparável: mais gente preparada, mais produtividade, mais riqueza;
mais riqueza, mais dinheiro na educação e na pesquisa, mais gente ainda melhor
preparada, etc., etc.
0 esforço que nalguns países se começa a fazer no sentido de responder a este
terrível desafio dos mais avançados (a Espanha orçamentou em 100 milhões de
contos as suas despesas com a educação
para o quadriénio de 1968 a 1971) significa que o problema foi entendido, em
toda a sua dramática extensão, por quem se propõe fazer-lhe frente- e eu
cometeria aqui uma injustiça flagrante se não referisse os esforços que o actual
Ministro da Educação Nacional está a fazer para actualizar as nossas estruturas
educacionais.
O problema que se nos põe é o dos meios, até mais do que o dos processos.
SINDA há dias me caiu sob os olhos
um artigo assinado pela professora universitária Maria de Lourdes Belchior na
revista' «Análise Social» do 1. S. C. E. F., sobre o caso específico do professorado
do ensino liceal:
«Se meditarmos, ainda que ràpidamente, sobre o significado de certos números,
eles dír-nos-ão algo. Assim, por exemplo, no ensino liceal
há 934 professores do quadro (590 efectivos, 218 auxiliares e 126 contratados) e
1690 professores eventuais. Com diploma de curso superior e aprovação ou
exame de Estado no estágio pedagógico há apenas 890 ou seja só 1/3 do
professorado do ensino secundário. Dos 2/3 restantes há conhecimento de mais de
100 (124 ao que parece) professores tendo como habilitação apenas a frequência
de cursos superiores ou de algumas disciplinas de cursos superiores. Esta
percentagem tende a aumentar e acarretará graves consequências para o ensino.
0 caso dos professores dc 2.0 Grupo - Português e Francês é particularmente
grave: são eventuais 329 professores (para um total de 425, dos quais apenas 59
são efectivos). Quais as habilitações destes professores eventuais? Mas ter-se-á
acaso o direito de exigir «habilitações», quando a situação e os vencimentos do
professor não estão em correspondência com a «categoria» social em que devia
inserir-se? Mas talvez não valha a pena prosseguir neste sentido; só uma análise
pormenorizada da situação do ensino secundário em Portugal pode dar uma
imagem precisa da realidade. Entretanto, os números e certas informações, de
proveniência oficial ou não, são já suficientes para deixar entrever um estado de
cóisas que, a prolongar-se, representará algo de catastrófico no planoda cultura
nacional».
O problema empola-se em relação a Moçambique, onde os meios são ainda mais
exíguos para fazer face «à corrida às escolas» dos últimos anos e onde alguns
problemas, mais burocráticos do que de tesouraria, tendem a desencorajar os mais
bem intencionados dos nossos professores.
O S do ciclo preparatório, por exempio, continuam a receber a hora semanal
extraordinária por cerca de metade do valor da hora normal
-e isso por um simples pormenor burocrático ou administrativo, já rectificado, por
exemplo, em Angola, onde também se chegou a verificar. Pelos mesmos motivos,
a remuneração do serviço de exames, que fora fixada há mais de vinte anos e
carecia de revisão, foi baixada de quase cinquenta por cento. E, como se sabe, o
pagamento das horas extraordinárias não é executado há cinco meses, com
prejuízos e perturbações que afectam não só os interessados, mas o próprio
ensino.,
Precisam-se professores e professores querem-se bons. Mas sem meios e sem
condições mínimas, não teremos, sequer, professores.
PRATOS VARIADOS COM BACALHAU NORUEGUÊS
UM ALIMENTO BOM E SALUTAR
Proveniente de um dos mares mais limpos e mais frescos do mundo, o bacalhau
Norueguês é um alimento natural, sauddvel, de excepcionais qualidades
nutritivas.
O seu paladar, Inegualóvel, é assegurado através de um esmerado tratamento que
além de lhe conservar as suas qualidades vitamínicas, faz com que ele "cresça"
muito mais quando demolhado. Assim 1 Kg. de bacalhau Norueguês aumenta
meio quilo depois de demolhado. Torna-se, portanto, mais económico para a dona
de casa.
"Rende" mais.
O Bacalhau Norueguês-que não engorda-dd-lhe a Possibilidade de fazer
milhentos e variadissinos pratos. Aqui lhe deixamos hoje uma receita
confeccionada com Bacalhau Norueguês, mas à boa maneira Italiana.
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