Afranio Tavares da Silva Engenheiro e Consultor Titular da JAC3 Consultoria, Assessoria e Projetos Ltda. O POLO GESSEIRO DO ARARIPE (PGA) - PRODUÇÃO O PGA (Pólo Gesseiro do Araripe) minera e processa industrialmente a gipsita na região do Araripe pernambucano, produzindo gesso para construção civil, gipsita industrializada para a indústria do cimento, gesso agrícola, e outros produtos adicionais. Segundo informações do Sindusgesso, a produção de gesso na região é superior a 3.000.000 de toneladas anuais, e o destino da gipsita ocorre de acordo com o quadro abaixo: O CONSUMO DE LENHA A quantidade de lenha consumida neste processo, considerando que algumas empresas utilizam outros combustíveis, foi de, aproximadamente : 1.500.000 estéreos, que equivalem a 510.000 toneladas O CONSUMO DE LENHA O PGA responde pelo maior consumo de lenha entre as indústrias pernambucanas. Na cadeia produtiva do gesso, é usada exclusivamente no processo de calcinação da gipsita, representando 76,2% dos combustíveis aqui utilizados. Seu uso intensivo e sem controle, no entanto, está causando uma imensa degradação ambiental, comprometendo a fauna e a flora da região em uma velocidade assustadora, levando as autoridades ambientais e governamentais a organizarem projetos de defesa. O CONSUMO DE LENHA Em um estudo de 2005, a SECTMA-PE expôs de uma forma muito clara a situação atual deste quadro complexo em que vive o PGA, destacando os seguintes tópicos: O CONSUMO DE LENHA A produção de gesso é responsável por mais de 93% de todo o consumo de energéticos florestais na área do polo gesseiro. O estoque total de lenha remanescente é estimado em 111.650.130 st, em uma superfície de 607.685 ha. A participação de combustíveis lenhosos na matriz energética da produção de gesso, aparentemente, tende a aumentar. As consultas realizadas indicam uma escassa propagação e mesmo uma diminuição dos níveis de utilização do GLP, do BPF e do coque de petróleo. As razões para esta tendência tem fundamentos de ordem técnica, econômica e ambiental. Por outro lado, as possibilidades de aumento da participação da lenha, parecem ser bastante realistas ante os aumentos constantes dos preços dos combustíveis derivados de petróleo.¨ O CONSUMO DE LENHA Segundo o IBAMA (citado por CUNHA, 2008), mais de 90% da lenha utilizada na calcinação da gipsita vinha do extrativismo sem reposição, quadro que pouco foi alterado em 2009. Para atender a necessidade do consumo apenas do PGA (excluindo-se o uso domiciliar e comercial/serviços), é necessário o desmatamento anual de 10.000 hectares aproximadamente, constituindo-se em um grande ameaça ao bioma caatinga. Além desta agressão ao meio ambiente, a maior parte da lenha utilizada é de baixo poder calorífico, o que inviabiliza um mínimo planejamento e controle de qualidade. O CONSUMO DE LENHA Até 1999, o BPF era o combustível dominante na calcinação, mas perdeu sua importância em função dos preços e da insegurança no seu abastecimento. Outros combustíveis foram utilizados, mas com fornecimento instável, com preços variando de uma forma impossível de ser assimilada, como foi o caso do GLP. Desta forma, a lenha, e mais diretamente, a lenha clandestina, se tornou um elemento absolutamente chave no crescimento da produção do PGA. Sem este elemento, não existiriam as indústrias e os mais de 70.000 empregos que dão suporte a mais de 200.000 pessoas na região. O CONSUMO DE LENHA O custo de aquisição da lenha é menor que os demais combustíveis, o que explica sua disseminação. A facilidade na sua obtenção, com o envolvimento de uma ampla cadeia logística e social, associado ao fato de a maioria das calcinadoras serem de pequeno e médio porte não buscando a eficiência necessária, são fatores que contribuem para sua ampla aplicação. Uma outra fonte também assevera que: ¨É inegável o fato de que a energia proveniente da biomassa tem baixo custo, o que associado à sua capacidade de renovação, contribui para aumentar a demanda sobre os produtos florestais. No entanto, no caso da Região do Araripe em Pernambuco, essas indústrias consomem a lenha sem se preocupar com a sustentabilidade e manutenção do estoque florestal. O fator decisivo que as leva à utilização do energético florestal é tão somente o seu baixo custo (FUPEF, 2007)¨ A tabela a seguir demonstra esta afirmação: O CONSUMO DE LENHA QUADRO 1 - NECESSIDADE E CUSTOS DE ENERGÉTICOS PARA A PRODUÇÃO DE 1,00 TON DE GESSO ENERGÉTICO QTDE UNIDADE CUSTO UNITÁRIO DE CUSTO PARA PRODUZIR 1,0 TON DE AQUISIÇÃO GESSO LENHA (1) 0,50 ST R$ 35,00 R$ 17,50 BPF 35,00 KG R$ 1,10 R$ 38,50 COQUE 35,00 KG R$ 0,40 R$ 14,00 (1) = O quantidade de st/ton gesso indicada é para lenha inteira . Se a lenha for picada, o consumo unitário cai para 0,30 st/ton de gesso. Embora já tenha um custo superior ao do coque, a lenha é acessível para os produtores de pequeno e médio porte e não demanda maiores controles operacionais, por isto é mais utilizada. O COQUE DE PETRÓLEO O coque de petróleo ("petroleum coke" ou "petcoke") e um combustível fóssil sólido, derivado do petróleo, de cor negra e forma aproximadamente granular ou tipo "agulha", e que se obtém como subproduto aquando da destilação do petróleo (no fundo da coluna de destilação), num processo designado "cracking" térmico. Este produto representa cerca de 5% a 10% do petróleo total que entra na refinaria. As suas características como combustível advém da sua fácil liberação de energia térmica no processo de combustão. Cerca de 40% da produção mundial é utilizada no craqueamento catalítico nas próprias refinarias de petróleo, 16% na indústria de cimento e 14% em geração de energia elétrica e cerca de 5% são utilizados como fonte de energia numa gama relativamente grande de indústrias. Os outros 25% são usados na produção de alumínio, eletrodos, pneus, peças de grafite. O COQUE DE PETRÓLEO Suas características principais são: O COQUE DE PETRÓLEO No Polo Gesseiro, uma sondagem que fizemos em 2009 com alguns produtores que usam o coque, apontou: O menor custo é determinante, mas também pesa significadamente o ¨fornecimento regular e confiável¨ não encontrado na biomassa. Em relação ao BPF, este tem um preço muito superior. O ÓLEO BPF Os óleos combustíveis são divididos em dois tipos: óleos combustíveis leves e óleos combustíveis pesados. Os óleos leves chamam-se óleo diesel e são empregados em motores de combustão por compressão de médias e altas rotações, enquanto que os óleos combustíveis pesados são os óleos APF (alto ponto de fluidez) e BPF (baixo ponto de fluidez), utilizados em motores de grande porte e de baixa rotação. A diferença que existe entre os óleos combustíveis pesados e leves é, sobretudo, sua viscosidade. O ÓLEO BPF A produção de ácidos derivados dos anidridos de enxofre aparece como sério problema na queima do óleo BPF, uma vez que o teor deste elemento no óleo combustível é da ordem de 2%, em massa. De acordo com cálculos estequiométricos, a queima de uma tonelada do óleo produz cerca de 64,925 kg de ácido sulfúrico. Sua utilização requer um sistema de lavagem da fumaça porque o óleo BPF apresenta em sua composição 2,12% de enxofre que é responsável pela formação dos compostos de enxofre durante o processo de combustão. Estes, por sua vez, podem reagir com o vapor d’água e produzir H2SO3 e H2SO4, causando problemas de poluição atmosférica. O ÓLEO BPF Até 1999, quase todas as empresas do PGA utilizavam o BPF como combustível na calcinação, mas o petróleo teve um aumento brutal de preço e o setor não conseguiu repassar para seu preço final esta diferença. Desta forma, os produtores começaram a queimar lenha, e chegamos na situação que estamos atualmente. A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO O gás natural é, incontestavelmente, o melhor combustível para a produção gesseira. Facilidade de manuseio, combustível ¨limpo¨, baixa poluição, queima direta, são fatores a destacar. Seu preço, no entanto, não será convidativo. Como não dispomos do valor sugerido pela Copergás, fizemos o seguinte raciocínio: A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO Consideramos o consumo unitário de GN como sendo 25% superior ao do GLP, segundo a própria Copergás; Como o consumo de GLP era de 17,00 m3 por tonelada de gesso, o de GN seria 21,25 m3. Considerando uma gesseira que produza 150 ton de gesso por dia, ela vai demandar 3.187,50 m3 diários de GN. No site da Copergás obtivemos a seguinte tabela de preços, que não incluem o frete (nosso caso): CLIENTES INDUSTRIAIS e COMERCIAIS – GRANDES USÚARIOS (a partir de 500m³/dia) FATURAMENTO SEMANAL – TABELA DE PREÇOS FAIXA DE CONSUMO PREÇO (R$/m3) PREÇO (R$/MMBTU) PREÇO (R$/m3) PREÇO (R$/MMBTU) (m3 / dia) S/Impostos S/Impostos C/Impostos C/Impostos 0 a 1.000 0,9126 24,48 1,2374 33,19 1.001 a 5.000 0,8984 24,1 1,2182 32,67 5.001 a 10.000 0,8907 23,89 1,2077 32,39 A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO Assim, o preço mínimo, sem frete, sem ICMS e sem PIS/COFINS (¨S/ Impostos¨), seria de R$ 0,8984/m3. Como a nossa gesseira vai consumir 3.187,50 m3 para produzir 150 toneladas de gesso, teremos: (3.187,50)m3 x (R$ 0,8984)/m3 = R$ 2.863,65 R$ 2.863,65/150 ton = R$ 19,09 por tonelada de gesso, sem impostos e sem transporte. A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO Podemos chegar à mesma conclusão se fizermos uma simulação: qual o preço necessário para o GN chegar ao mesmo custo final da lenha? Vejamos: QUADRO 2 - NECESSIDADE E CUSTOS DE ENERGÉTICOS PARA A PRODUÇÃO DE 1,00 TON DE GESSO - COM GNC ENERGÉTICO QTDE UNIDA CUSTO UNITÁRIO DE CUSTO PARA PRODUZIR 1,0 TON AQUISIÇÃO DE GESSO DE LENHA (1) 0,50 ST R$ 35,00 BPF 35,00 KG R$ 1,10 R$ 38,50 COQUE 35,00 KG R$ 0,40 R$ 14,00 22,25 m3 R$ 0,79 17,00 m3 R$ 2,01 SIMULAÇÃO: GNC COM CUSTO IGUAL AO DA LENHA (2) GLP (3) R$ 17,50 R$ 17,50 R$ 34,17 (1) = O quantidade de st/ton gesso indicada é para lenha inteira . Se a lenha for picada, o consumo unitário cai para 0,30 st/ton de gesso. (2) = O consumo unitário foi considerado como sendo 25% a maior que o GLP. (3) = Considerado o valor para utilização do GLP diretamente na gipsita. Na utilização indireta, o valor seria 23,00 m3/ton. A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO Vê-se, portanto, a dificuldade de o PGA receber o GN, que ainda teria uma fase de compressão (em Caruaru), depois teria um transporte ultra-especializado e, por fim, a descompressão, além dos investimentos de adaptação em cada fábrica. Se considerarmos a construção de um gasoduto Caruaru/Trindade, o custo seria de R$ 800 milhões, aproximadamente. Para efeito de comparação, o valor da duplicação da BR 232, de Recife a Caruaru, foi de R$ 335 milhões, e foi bancado com a verba resultante da venda de uma estatal, a Celpe. A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO PREÇO DO GÁS NO MUNDO País US$ por milhão de BTU Comparação com EUA Coréia do Sul 12,48 1,64 Brasil 12,46 1,64 Irlanda 11,74 1,54 Itália 11,45 1,50 Japão 10,97 1,44 Chile 10,71 1,41 França 10,39 1,37 Portugal 10,05 1,32 Reino Unido 9,67 1,27 Espanha 8,94 1,17 México 8,65 1,14 Colômbia 7,85 1,03 EUA 7,61 1,00 Canadá 6,86 0,90 Peru 5,03 0,66 A OPÇÃO PELO GÁS NATURAL COMPRIMIDO Preço do gás no país é dos mais altos do mundo. Indústria culpa a Petrobras pela desorganização no mercado de gás e cobra uma política para o combustível; estatal não se pronuncia . Petrobras tem feito leilões com as sobras do gás, o que reduziu parte do problema do preço e da oferta, mas ainda assim o país transformou em fumaça, em média, neste ano, 9,88 milhões de metros cúbicos por dia nas plataformas, segundo o último relatório de acompanhamento do Ministério de Minas e Energia. O volume é espantoso - equivale 86,5% do que diariamente foi fornecido pela Comgás, a maior distribuidora do país. A Nadir Figueiredo, uma das gigantes do setor, alega que os ganhos na exportação para 120 países foram zerados diante da atual política interna de preços. A Abividro, grande consumidora de gás, critica a política pendular da estatal. "No primeiro momento, estimulou o consumo para justificar os investimentos na Bolívia e agora trata os mercados industrial, veicular e residencial como questão secundária“. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Algumas das características principais do PGA - Pólo Gesseiro do Araripe, como: • imensa reserva de gipsita, com perspectiva de produção por dezenas (ou centenas) de anos; • grande distância dos centros abastecedores de insumos e combustíveis; • afastamento geográfico dos centros de decisão política; • existência de áreas de florestas nativas junto com áreas degradadas, onde ambas podem ser usadas economicamente; • preço baixo do hectare de terra; podem (e devem) nos levar a pensar uma matriz energética sustentável e autônoma. O histórico do uso de combustíveis no Pólo aponta para algumas frustrações com impactos econômicos e financeiros de expressão, como o uso do BPF e do GLP. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS • A imensa reserva de gipsita aponta para a necessidade de termos uma alternativa sustentável, duradoura, equilibrada com o meio ambiente e com o conjunto da sociedade. Daqui a 50 anos vai continuar a existir produção de gesso no Araripe e podemos definir seus paradigmas desde hoje; • A biomassa pode vir a ser a grande alternativa de combustível. Vir a ser não, porque já é (a lenha), mas tornar-se uma alternativa legalizada, rentável, com possibilidade ilimitada de uso e expansão; • Vejamos estas alternativas que hoje se colocam: ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PLANOS DE MANEJO DA LENHA NA CAATINGA Diversos estudos já foram realizados mostrando a possibilidade de uso da lenha da caatinga, desde que com um plano de manejo adequado. No entanto, não tiveram a conseqüência prática necessária para ocupar um espaço de destaque no fornecimento de combustível para as calcinadoras. A SECTMA-PE, no seu ¨Região do Araripe: diagnóstico florestal¨ de 2007, inventaria os estoques remanescentes da caatinga, com resultados fundamentais para o planejamento de qualquer política para a região. Veja-se o Quadro abaixo: ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS QUADRO 8 - ESTOQUE VOLUMÉTRICO FLORESTAL NA REGIÃO DO ARARIPE EM 2004, QUE PODERÁ SER INCLUÍDA EM ÁREA DE MANEJO MUNICÍPIOS ARARIPINA ESTOQUE VOLUMÉTRICO (mst) TIPO 2 TIPO 3 VOLUME TOTAL TIPO 4 EM 2004 (mst) 1.658.033,09 3.558.445,62 2.001.955,57 7.218.434,28 BODOCÓ 828.754,51 2.947.334,06 1.288.494,50 5.064.583,07 IPUBI 152.634,96 2.427.030,19 788.931,92 3.368.597,07 OURICURI 4.088.621,25 6.552.141,88 2.735.364,95 13.376.128,08 TRINDADE 228.456,75 347.799,30 164.819,66 741.075,71 6.956.500,56 15.832.751,05 6.979.566,60 29.768.818,21 SUB-TOTAL 1 CEDRO 27.343,41 110.522,14 327.118,80 464.984,35 DORMENTES 927.097,12 5.872.171,67 2.023.541,79 8.822.810,58 EXU 568.902,74 2.714.482,57 6.492.190,10 9.775.575,41 GRANITO 722.833,69 1.446.522,12 598.564,00 2.767.919,81 MOREILÂNDIA 383.903,14 2.248.642,38 1.650.734,34 4.283.279,86 PARNAMIRIM 10.587.254,76 9.096.889,65 2.120.773,67 21.804.918,08 SANTA CRUZ 1.573.625,63 5.948.515,10 1.965.604,48 9.487.745,21 395.638,91 2.621.421,30 3.757.271,85 6.774.332,06 SERRITA 1.021.564,08 7.089.363,27 6.606.925,32 14.717.852,67 TERRA NOVA 1.283.238,74 1.173.309,85 525.346,07 2.981.894,66 17.491.402,22 38.321.840,05 26.068.070,42 81.881.312,69 24.447.903 54.154.591 33.047.637 111.650.131 SANTA FILOMENA SUB-TOTAL 2 TOTAL OBS.: 1) TIPO 1, TIPO 2, TIPO 3 = CLASSES DE VEGETAÇÃO ASSOCIADAS 2) OUTROS = ÁREAS DE VEGETAÇÃO EM REGENERAÇÃO, AFLORAMENTOS ROCHOSOS, SUPERFÍCIES COM ÁGUA, ÁREAS URBANAS. FONTE: SECTMA-2007, Região do Araripe: Diagnóstico Florestal ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS • Temos, então, na Região do Araripe, um volume florestal de 111.650.131 estéreos de lenha que podem ser manejados. • Indo mais adiante e inventariando o estoque florestal da APA do Araripe, excluindo os territórios cearenses e piauienses, e usando os mesmos critérios aplicados até agora, como a exclusão das áreas de uso restrito e de reserva legal, chega-se aos números abaixo: QUADRO 9 - ESTOQUE VOLUMÉTRICO FLORESTAL APROXIMADO DA APA DO ARARIPE EM 2004 TIPOLOGIA ÁREA (ha) VOLUME (st) Tipologia 2 15.020,92 1.894.588,38 Tipologia 3 101.110,72 18.313.174,01 Tipologia 4 80.459,64 23.150.653,05 196.591,28 43.358.415,44 TOTAL ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS • Somando os números anteriores (Região do Araripe) com os da APA, e excluindo as áreas de Tipologia 2 (áreas de caatinga arbustiva e de regeneração serão utilizadas no futuro) teremos: QUADRO 10 - ESTOQUE VOLUMÉTRICO FLORESTAL APROXIMADO : REGIÃO ARARIPE + APA (em hectares) TIPOLOGIA R. ARARIPE APA Tipologia 3 298.998,41 101.110,72 Tipologia 4 114.856,42 80.459,64 413.854,83 181.570,36 TOTAL TOTAL GERAL 595.425,19 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS • Ainda de acordo com o estudo da SECTMA, esta área total de 595.425,19 hectares corresponde a um estoque volumétrico aproximado de 128.666.055 st de lenha. No entanto, se apenas os espaços com áreas mínimas de 300 ha forem consideradas, subtraindo-se as áreas menores, chega-se assim aos números abaixo: • 388.397,79 hectares com potencial de manejo na Região do Araripe. • Esta área corresponde a um volume de 83.929.332 estéreos de lenha manejada, mais do que suficientes para abastecer o consumo atual e um aumento na produção de gesso na ordem de 70%, sem considerarmos ainda outros volumes de diversas origens, como de renovação de lavouras de fruteiras (cajueiros), obras (Transposição do São Francisco), e outra. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Produção de Biomassa – Plantio Industrial EUCALIPTO O manejo da biomassa nativa da caatinga pode ser combinado com outras fontes exóticas, como o eucalipto. Alguns estudos sobre o plantio de florestas de eucalipto no Nordeste já vem sendo realizados há algumas décadas. Quer para celulose, quer para carvão (usado na produção de ferro gusa), o eucalipto tem aparecido com força na região. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Em 2002 e 2003, foram instalados clones de eucaliptos desenvolvidos pela empresa Suzano na E. E. Araripina do IPA – Empresas Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, que vem sendo avaliados pelo Prof. José Antonio Aleixo, da UFRPE, e pelo Agr. João Luís B. Coutinho, atualmente Gerente da SDEC. Após 7 (sete) anos de diversos estudos e aplicações industriais, estes experimentos evoluíram e já apontam uma tendência que o PGA pode – e deve – utilizar. ¨Cálculos volumétricos recentes indicam que os melhores clones (de eucalipto) apresentaram um IMA em torno de 28 m3/há. As essências nativas e exóticas ainda não apresentaram o diâmetro mínimo considerado para se fazer simulações volumétricas. Vale salientar que estudos em áreas semelhantes mostram que o IMA da vegetação nativa do Araripe está em torno de 9,14 st/há/ano. Observe-se que, transformando os valores de m3/há/ano em st/há/ano considerando o fator de 2,00 (3,40 é usado na região), se obtém (para o eucalipto) um valor de 56 st/há/ano.¨ (ALEIXO, 2005) ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Na referencia acima, (ALEIXO, 2005) destaca uma produtividade bastante superior do eucalipto diante das espécies nativas. Ele também observava, naquela data: ¨Segundo Ribaski (1994), em condições semi-áridas, algumas espécies deste gênero (do eucalipto) podem alcançar uma produtividade quatro vezes maior que a vegetação nativa¨. (ALEIXO, 2005) O eucalipto, por ser uma espécie que tem rápido crescimento e manejo florestal sustentado, tem se mostrado como uma excelente alternativa (não a única, evidentemente) para a criação de florestas de produção, visando o abastecimento do PGA e reduzindo drasticamente a pressão predatória sobre a caatinga sertaneja. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS O uso do plantio adensado do eucalipto, visando especificamente a produção de biomassa para energia, tem se mostrado bem sucedido. A principal finalidade do sistema de plantações adensadas de eucaliptos clonais é produzir em curta rotação, biomassa florestal para ser utilizada na produção de cavacos para geração de vapor para indústrias diversas, para a produção de pellets e briquetes para exportação e outros usos ligados à produção de energia. A principal vantagem do sistema adensado em relação ao sistema tradicional é a possibilidade de obter uma grande produção de biomassa por hectare, em um espaço de tempo ou rotação três a cinco vezes menor do que a rotação tradicional. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS De uma maneira geral, no Brasil, os plantadores de eucalipto, sejam eles produtores rurais ou empresas, utilizam o espaçamento inicial de 3m x 2m, no caso de mudas originárias de sementes, e 3m x 3m no caso de clones, mudas originárias de propagação vegetativa. Neste caso, a rotação ou idade de corte da plantação gira em torno de 5 a 7 anos, quando a madeira pode ser usada para lenha, para produção de carvão vegetal, celulose e papel e outros usos que não requeiram árvores de grandes diâmetros. O plantio adensado é uma técnica de se plantar com um espaçamento inicial mais denso, ou seja, com um número maior de mudas por hectare (6 mil mudas no 3m x 0,5m contra 1.667 mudas no 3m x 2m e contra 1.111 mudas no 3m x 3m). O objetivo, neste caso, é maximizar a produção de biomassa de madeira por hectare, em uma rotação mais curta, 1 a 2 anos contra 5 a 7 anos do plantio tradicional. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Uma floresta plantada, de de eucalipto, juntamente com o uso de manejo da lenha da caatinga, seria suficiente para balancear o fornecimento de biomassa necessária para todo o Pólo, e ainda por cima abastecer uma Termoelétrica de 10.000 kw (10 MW), que poderá trazer uma faturamento de R$ 12 milhões anuais, como veremos adiante. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS CAPIM ELEFANTE O capim elefante só recentemente despertou o interesse dos grandes consumidores e empresários de energia, após décadas de pesquisa científica. Trata-se de uma gramínea semelhante à cana, trazida da África há pelo menos um século e usada como alimento para o gado. O interesse energético por está espécie foi despertado por sua alta produtividade. Enquanto o eucalipto, árvore mais utilizada no Brasil para produzir celulose e carvão vegetal, fornece 7,5 toneladas de biomassa seca por hectare ao ano, em média, e até 20 toneladas nas melhores condições, o capim alcança de 30 a 40 toneladas, afirmou o técnico Vicente Mazzarella, que estuda esta espécie desde 1991 no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do governo do Estado de São Paulo. Além disso, o eucalipto necessita de sete anos para atingir um tamanho conveniente para o corte, enquanto o capim oferece duas a quatro colheitas anuais, devido ao seu rápido crescimento. ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS VANTAGENS DO CAPIM-ELEFANTE •Produtividade elevada (30 a 40 t m.s./ha/a) •Crescimento rápido (ciclo curto: dois cortes/ano << eucalipto-7anos) •Menores áreas, menor investimento em terras •Possível mecanização •Possível melhoramento genético futuro •Maior assimilação de C (C:N>100); melhor reforma nos projetos MDL DESVANTAGENS DO CAPIM ELEFANTE •Elevado teor de água (até80%) : necessidade de secar no campo ou por processamento •Baixa densidade natural (seco ~100 kg/m3): necessidade de compactação para viabilizar estocagem e transporte •Custo logístico pode ser elevado: água(umidade) e ar(baixa densidade) •Teores de K e cinzas mais altos (em estudos) TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Transporte de Capim Elefante na Inglaterra - 1 TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS POTENCIAL DO CAPIM-ELEFANTE : QUEM O PROCURA? •–Grandes consumidores de energia elétrica (uso próprio) •–Grandes grupos interessados na geração (venda) •–Grandes consumidores de carvão vegetal (gusa e aço verdes) •–Grandes consumidores de vapor e calor (processamento de alimentos, química, secagem de grãos, etc.) •–Grandes exportadores (calefação residencial, institucional, termogeração – países frios) •–Pequenos e médios usuários de energia térmica• TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS A SYKUÉ BIOENERGYA • São Desidério, Bahia, a 1.000 km de Salvador e 570 km de Brasilia • Potência Instalada de 30.000 Kw = 30 Mw • 4.000 hectares plantados com capim elefante • Energia gerada e vendida = 192.000 mwh anuais (faturamento aproximado de R$ 28,8 milhões anuais) • O Grupo Pão de Açúcar vai construir mais 10. TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 CONCLUSÃO - O ESTADO DA ARTE O ESTADO DA ARTE: COMBINAR A LENHA NATIVA (COM MANEJO) COM O EUCALIPTO OU CAPIM ELEFANTE, ABASTECENDO OS FORNOS DE CALCINAÇÃO DO PÓLO E PRODUZINDO ENERGIA ELÉTRICA EM UMA TERMOELÉTRICA DE 10,00 MW. •Vimos que é plenamente possível utilizar a lenha nativa, desde que com um plano de manejo coordenado pelas agencias governamentais; •Vimos também a possibilidade de utilizarmos os recursos de espécies exóticas, tipo EUCALIPTO e CAPIM ELEFANTE, que tem comprovado sua viabilidade em projetos já em operação. TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS •A implantação de uma UTE (unidade termoelétrica) de 10,00 MW permitirá uma alternativa de consumo de biomassa. Este consumo mais o das calcinadoras, viabilizarão um mercado consumidor estável e flexível ao mesmo tempo, de acordo com o contrato de venda de energia que for estabelecido. 5.000 hectares de eucalipto ou 1.500 hectares de capim elefante (referencias, apenas), podem ser suficientes para esta UTE. Acrescente-se a isto, as áreas necessárias produzir para o Pólo Gesseiro. •A UTE demandaria investimentos da ordem de 50 milhões de reais, para um faturamento anual de 12 milhões, com financiamento do BNB de 10 anos. •Alem das vantagens citadas, o fornecimento local faria que com que a energia na região passasse a ter uma estabilidade que hoje não tem. TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS Os estudos já realizados por diversas entidades em vários momentos, já são suficientes para um Projeto objetivo que viabilize uma alternativa sustentável e duradoura para o Pólo Gesseiro do Araripe. OBRIGADO ! AFRANIO TAVARES DA SILVA 81.9606-6624 [email protected] WWW.jac3.com.br