Ano XII – Nº 52 – Março a Julho de 2014 Uma realização iniciada em 1990, com 14 trabalhos técnicos e uma pequena Feira sob a marquise da Unidade da Sabesp, que hoje se tornou o maior evento técnico mercadológico em saneamento da América Latina. PPPs e SPEs: o equilíbrio entre o público e o privado Modelos estruturais das PPPs (Parcerias Público-Privadas) e SPEs (Sociedades de Propósito Específico) emergem como parceria necessárias para grandes obras de infraestrutura do País. Necessidade de água para suprir Sistema Cantareira O secretário Mauro Arce fala sobre a crise hídrica A chuva não veio, o nível do Sistema Cantareira despencou e ficou exposta a fragilidade do abastecimento na região mais rica do País. Como está o planejamento para suprir a escassez de água? Em meio a mais severa escassez de água num histórico de 84 anos, o Secretario de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Mauro Arce, fala sobre a situação e medidas para contê-la. ������������������������° r��������� fenasan 30 de Julho a 01 de agosto Tel�������17��33�1-�101�����bomba�leao�leao.com.br��������.leao.com.br ��a��eba����o���ore�e��400������o��e����l��a�l���a�-�������������14730-000 Editorial Prezados associados, congressistas, expositores e visitantes do 25º Encontro Técnico e Fenasan 2014, Comemoramos, nesta edição especial da Revista Saneas, um momento histórico: a celebração de 25 anos de realização do Encontro Técnico da Associação dos Engenheiros da Sabesp, em caráter simultâneo com a Fenasan - Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente. Como vocês poderão ver na matéria sobre a nossa história, em 1990, nosso 1º Encontro Técnico foi realizado no Auditório “Augusto Ruschi” da Cetesb e os estandes com os nossos primeiros expositores foram reunidos numa pequena feira, montada sob a marquise da sede da Sabesp, no Complexo Costa Carvalho, em Pinheiros. Apesar desse início modesto, a missão da AESabesp era grande e exigiu, a cada ano, espaços cada vez maiores para abrigar os objetivos de difundir novos estudos e conceitos, bem como promover a inovação tecnológica, o intercâmbio de conhecimentos e a abertura do mercado brasileiro. Dessa forma, tomamos novos rumos, levando a Feira e o Encontro para o Instituto de Engenharia de São Paulo; depois para o Centro de Convenções do Hotel Transamérica, para o prédio principal da Bienal do Ibirapuera e finalmente, em 2003, veio para o Expo-Center Norte, nos diversos e modernos pavilhões onde permanece até hoje, tornando este o maior evento técnico e mercadológico em saneamento ambiental da América Latina. E já adiantamos que, em 2015, estaremos no Pavilhão Vermelho desse Complexo, com mais de 17.000 m2, para mais uma pujante edição em 26, 27 e 28 de Agosto. Além da comemoração dos nossos 25 anos, a Saneas traz, nesta edição, assuntos que interessam a todos os agentes do setor, como a importância da fusão entre as empresas públicas e privadas, por meio das PPPs e SPEs, e o momento da crise hídrica no Estado de São Paulo, que vive sua maior estiagem dos últimos 84 anos, comprometendo todo o abastecimento metropolitano e, principalmente, o Sistema Cantareira. Agradecemos nesta oportunidade aos nossos expositores, entre os quais estão as maiores empresas brasileiras do setor de saneamento ambiental e muitas de outros países, que enxergam no Brasil um novo mercado. E da mesma forma, agradecemos aos nossos associados e dirigentes que compõem a Comissão Organizadora, aos congressistas e aos visitantes desse evento, público este formado pelos mais capacitados profissionais do setor. Muito obrigado, ótima leitura e um excelente evento a todos. Eng. Reynaldo E. Young Ribeiro Presidente da AESabesp Março a Julho de 2014 Saneas 3 Índice Expediente Saneas é uma publicação técnica da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 10.000 exemplares Diretoria Executiva Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro Vice-presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges 1º Secretário: João Augusto Poeta 2º Secretário: Aram Kemechiam 1º Diretor Financeiro: Walter Antonio Orsatti 2º Diretor Financeiro: Nelson Cesar Menetti Diretoria Adjunta Cultural: Sonia Maria Nogueira e Silva Esportes: Evandro Nunes de Oliveira Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Polos: Antônio Carlos Gianotti Projetos Socioambientais: Maria Aparecida Silva de Paula Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs 06 matéria Especial PPPs e SPEs: o equilíbrio entre o público e o privado 13 Matéria tema SOS Sistema Cantareira 18 Entrevista Para o secretário Mauro Arce, a atual crise exige medidas ininterruptas ponto de vista 22 Água: Bem Público de Valor Incerto 25 Água e guerra Hitórico 26 Anos de Encontro Técnico e Fenasan 30 A importância atual do Encontro Técnico e Fenasan 32 Regional Encontro Técnico Estadual de Saneamento Ambiental de Lins 36 Acontece no setor Artigo técnico 42 O aprimoramento da gestão para estabelecimento do sistema de tratamento de esgotos no município de Mogi Mirim (estudo de caso - sesamm) 49 Métodos alternativos de adsorção de metais pesados no chorume 58 O engenheiro Saturnino de Brito e o urbanismo sanitarista Conselho Deliberativo Antonio Carlos Gianotti, Benemar Movikawa Tarifa, Carlos Alberto de Carvalho, Carlos Augusto Pleul, Cid Barbosa Lima Junior, Dejair José Zampieri, Evandro Nunes de Oliveira, Gilberto Alves Martins, Iara Regina Soares Chao, Ivan Norberto Borghi, Luciomar Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Sonia Maria Nogueira e Silva Conselho Fiscal Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Nelson Luiz Stabile Conselho Editorial - Jornal AESabesp e Revista Saneas Coordenador: Luciomar Santos Werneck Colaboradores: Luiz Yukishigue Narimatsu, Nivaldo Rodrigues da Costa Jr e Paula Rosolino CoordenadorA de Assuntos Tecnológicos Marcia de Araújo Barbosa Nunes Comissão Organizadora do 25º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2014 Presidente da Comissão: Gilberto Alves Martins Coordenadora do Encontro Técnico AESabesp: Sonia Maria Nogueira e Silva Coordenador da Fenasan: Olavo Alberto Prates Sachs Membros da Comissão: João Augusto Poeta, Maria Aparecida Silva de Paula, Nélson César Menetti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, Sonia Maria Nogueira e Silva, Tarcisio Luis Nagatani, Walter Antonio Orsatti Equipe de apoio: Maria Flávia S. Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson POlos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos da RMSP: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Claudia Bittencourt Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Aurelindo Rosa dos Santos Polo AESabesp Ponte Pequena: Alisson Gomes de Moraes Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti POlos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Sidney Morgado da Costa Polo AESabesp Franca: Mizue Terada Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Lins: Marco Aurélio Saraiva Chakur Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira 63 Especial IFAT 2014 Participação da AESabesp na IFAT ENTSORGA 2014 Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Projetos Socioambientais 66 Projeto Ecoeventus AESabesp desenvolvido pela Diretoria de Projetos Socioambientais AESabesp 68 Novidades do Prêmio AESabesp aos expositores 68 Prêmio Jovem Profissional REDAÇÃO Ednaldo Sandim e Lúcia Andrade 69 Vivências Plínio Montoro - Na corrida que nos mantém sãos e salvos 4 Saneas Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade – MTb. 16081 PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Neopix Design [email protected] | www.neopixdesign.com.br Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 [email protected] www.aesabesp.org.br Março a Julho de 2014 matéria tema PPP s E SPEs: o equilíbrio entre o público e o privado Nessa edição especial da Saneas para a Fenasan 2014, trazemos um tema de extremo interesse, tanto aos leitores que são agentes da esfera pública, quanto dos setores privados, com foco nas grandes obras de infraestrutura do País, especialmente no setor de saneamento. Tratam-se dos modelos estruturais das PPPs (Parcerias PúblicoPrivadas) e SPEs (Sociedades de Propósito Específico). matéria tema PPPs para a otimização de infraestrutura usuários não são suficientes para equilibrar os investimentos realizados pelo parceiro privado. Ou seja, o poder público adiciona às tarifas cobradas dos usuários uma remuneração complementar por meio de aportes regulares de recursos orçamentários (contraprestações do poder público) ao parceiro privado. Segundo a legislação federal, a PPP é um contrato de prestação de obras ou serviços cujo montante não deve ser inferior a R$ 20 milhões e cuja duração deve ser de no mínimo 5 e no máximo de 35 anos. As PPPs diferem da lei de concessão comum pela forma de remuneração do parceiro privado. Na concessão comum, o pagamento é realizado com base nas tarifas cobradas dos usuários dos serviços concedidos. Já nas PPPs, o agente privado é remunerado exclusivamente pelo governo ou numa combinação de tarifas cobradas dos usuários dos serviços mais recursos públicos. Na esfera federal há um Comitê Gestor da PPP (CGP) formado por representantes dos Ministérios do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil. É o comitê quem ordena, autoriza e estabelece critérios para a seleção de projetos da PPP. Após essa etapa, o Ministério do Planejamento passa a coordenar as Parecerias Público-Privadas. O pagamento ao sócio privado só é feito quando as obras e serviços firmados pelo contrato estiverem prontos. Conforme o serviço é prestado, é realizada uma avaliação peri- As parcerias público-privadas, ou PPPs, como são mais conhecidas, são hoje uma das principais opções para realização de investimentos em infraestrutura. Em novembro de 2013, a Global Water Intelligence, empresa líder de mercado na análise da indústria internacional de saneamento, publicou um relatório no qual afirmava que um bilhão de pessoas no mundo têm os serviços de água e esgoto prestados pelo setor privado sob a forma de parcerias público-privadas, concessões e privatizações. De acordo com esse relatório, entre dezembro de 2012 e novembro de 2013, 102 novos contratos com o setor privado foram assinados no grupo dos países em desenvolvimento conhecido como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). No Brasil, a União, os Estados e os Municípios, por meio das PPPs, tem podido selecionar e contratar empresas privadas que ficam responsáveis pela execução de obras e prestação de serviços de interesse público por prazo determinado. Recentemente 13 novos contratos foram assinados, atendendo 8,5 milhões de pessoas, sendo 6,5 milhões delas somente nos serviços de esgotamento sanitário. Duas Leis Federais regem as PPPs, a lei nº 8.987/1995 e a lei nº 11.079/2004. A primeira dedica-se às chamadas concessões comuns. Já a lei de 2004 trata das concessões administrativas e patrocinadas. A concessão administrativa é aquela na qual, em função do contexto do serviço de interesse público a ser prestado pelo parceiro privado, não é factível ou apropriado que ocorra a cobrança de tarifas dos usuários de tais serviços. Nesse caso, a remuneração do parceiro privado provém integralmente de aportes regulares de recursos orçamentários do poder público com quem o parceiro privado tenha celebrado o contrato de concessão. Já na concessão patrociAs PPPs estão presentes em projetos de saneamento nada, as tarifas cobradas dos Março a Julho de 2014 Saneas 7 matéria tema ódica, geralmente mensal, do desempenho do prestador de serviço, comparativamente aos padrões de desempenho estabelecidos em contrato. Se observadas as regras, o governo remunera a contraprestação devida. Caso contrário, é realizada dedução no pagamento, nos termos também previstos no contrato. Nos contratos de Parceira Público-Privado devem constar algumas obrigações como: ■■ Penalidades aplicáveis ao governo e ao parceiro privado em caso de inadimplência, proporcional à gravidade cometida; ■■ Formas de remuneração e de atualização dos valores assumidos no contrato; ■■ Critérios para a avaliação do desempenho do parceiro privado; ■■ Apresentação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes para a realização da obra ou serviço. Há pouco tempo, no entanto, havia sérias restrições à utilização de recursos públicos para o saneamento. Somente em junho de 2013, foi que o Ministério das Cidades revogou uma medida que proibia o uso desses recursos em investimentos da área que estivessem a cargo de concessionárias privadas ou PPPs. Até então, recursos do Orçamento Geral da União (OGU) só podiam ser liberados para empresas públicas de água e esgoto. A decisão, constante da Portaria 280 da pasta, possibilita investimentos de peso, como por exemplo, um projeto de R$ 4,5 bilhões para universalização do serviço de esgoto na região metropolitana do Recife. O projeto será tocado por uma PPP formada pelo governo do Estado e pela Foz do Brasil, uma empresa do grupo Odebrecht e Lidermac Construções. Segundo especialistas, a restrição à participação privada no saneamento se justificava pelo fato de os peritos na área estarem no setor público. Agora, porém, já há conhecimento nas empresas, o que permite a abertura dada pelo ministério. As PPPs estaduais Os estados podem elaborar suas próprias leis de PPPs. Há diversos projetos pelo Brasil, desde ações nacionais até estaduais, como no Rio Grande Sul, Santa Catarina, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Pernambuco. Em São Paulo, o programa de Parcerias Público-Privadas do Estado foi instituído pela Lei nº 11.688, sancionada pelo governador Geraldo Alckmin em 19 de maio 2004. Para o governo paulista, o sucesso das concessões rodoviárias e da distribuição de gás natural criou um ambiente muito favorável para a implementação de Parcerias Público-Privadas. Atualmente são três contratos de PPP em operação: Linha 4 do Metrô, Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba (Sistema Alto Tietê) e trens dedicados à Linha 8 da CPTM. Nas áreas que desenvolvem projetos de PPP no Estado de São Paulo estão saneamento e transporte, sendo metropolitano, rodoviário, aéreo e ferroviário. Entre os setores que apresentam potencial para projetos de PPP destacam-se: saúde, habitação, energia, educação, presídios e governo eletrônico. A coordenação técnica do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas é exercida pela Unidade de PPP, criada pelaLei nº 11.688, de 19/05/2004, e vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento (atual Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional). Em agosto do ano passado, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, assinou o contrato da PPP do Sistema Produtor de Água São Lourenço. A obra ampliará a capacidade de produção de água tratada para a Região Metropolitana de São Paulo em 4.700 litros por segundo. Serão beneficiados diretamente 1,5 milhão de moradores de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A iniciativa também trará benefícios indiretos para toda a Região Metropolitana de São Paulo, já que o As PPPs tem sido consideradas um importante avanço para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, uma vez que liberam o Estado da necessidade de aporte de recursos para investimentos em infraestrutura. 8 Saneas Março a Julho de 2014 matéria tema Anúncio da PPP para o Sistema Produtor de Água São Lourenço, feito pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. novo sistema produtor aumentará a oferta de água e será interligado a outros sistemas existentes. As PPPs tem sido consideradas um importante avanço para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida, uma vez que liberam o Estado da necessidade de aporte de recursos para investimentos em infraestrutura, ficando este investimento a cargo de empresas privadas (“concessionárias”) o que pode significar ganhos no orçamento público e o direcionamento dos investimentos para outras áreas igualmente importantes. Apesar disso, alguma PPP tem como concessionárias empresas estatais, tal cenário tende, no entanto, a ser menos frequente. O fato de o Estado descentralizar a realização dos investimentos em infraestrutura para empresas privadas, entretanto, não o exime da responsabilidade de acompanhar e fiscalizar o modo como os serviços vem sendo prestados. As SPEs (Sociedades de Propósito Específico) derivadas das PPPs A Lei nº 11.079 que regulou as Parcerias Público-Privadas tratou, em seu artigo 9º, da constituição das Sociedades de Propósito Específico SPEs no âmbito das PPPs. Trata-se de um modelo de organização empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa que tanto pode ser limitada como também uma sociedade anônima com um objetivo específico. As SPEs podem ser definidas como sociedades de objeto exclusivo e geralmente, têm como principal objetivo desmembrar determinados ativos e riscos de Março a Julho de 2014 forma efetiva dentro de uma operação. Portanto, a eficiência de uma SPE depende, em grande parte, do seu grau de independência em relação às demais partes e atividades envolvidas em determinado projeto. Caso seja constituída sob a forma de companhia aberta (Sociedade Anônima), a SPE poderá colocar valores mobiliários no mercado. Com isso, a SPE poderia, por exemplo, emitir debêntures ou ações, visando captar recursos junto ao mercado para financiar a própria execução do projeto. Independentemente de ser constituída sob a forma de sociedade anônima ou limitada, a SPE deve seguir determinados padrões de governança corporativa, além de adotar contabilidade e demonstrações financeiras também padronizadas, na forma que vier a ser regulamentada. No que diz respeito às parcerias público-privadas, essas medidas servem para dar transparência e contribuem para o controle das atividades das SPEs. De acordo com a legislação brasileira, a Administração Pública não pode ser a titular da maioria do capital votante da SPE. Por outro lado, uma vez aprovado o grupo controlador da SPE, uma possível transferência de controle da SPE dependerá de autorização prévia da Administração Pública, o que contribui para conferir certa estabilidade para o parceiro público e os demais participantes do projeto. Dentro dos custos de uma PPP deve ser considerado que uma SPE é tributada como uma pessoa jurídica comum, o que representaria um custo importante para o projeto. Saneas 9 PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp AMPLIAÇÃO DO SISTEMA PRODUTOR ALTO TIETÊ 10 Capacidade de produção: 15.000 l/s (Ampliação da Capacidade do Sistema de 10 para 15.000 l/s) Região atendida: Zona Leste da capital e os municípios de Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mauá, Mogi das Cruzes, parte de Santo André e dois bairros de Guarulhos (Pimentas e Bonsucesso). SPE: CabSpat, empresa formada pela Galvão Engenharia S.A. e Companhia Águas do Brasil (CAB Ambiental). Cronograma: Junho de 2008: assinatura do contrato; fevereiro de 2009: Operação dos Serviços e início das obras; agosto 2011: início da operação da ampliação 15 m³/s. População beneficiada: Início contrato: 3,5 milhões / Final contrato: 5 milhões Investimento: R$ 300 milhões Obras envolvidas: Ampliação da ETA Taiaçupeba, construção de 17,7 km de adutoras de 400 a 1.800mm, quatro reservatórios com capacidade total de 70 milhões de litros, tratamento e disposição final de lodo dos decantadores e manutenção eletromecânica, de barragens e serviços auxiliares de adução e entrega. Controle Acionário: 95% CAB ambiental 5% Galvão Tipo de parceria: PPP administrativa Presidente: Mário de Queiroz Galvão Saneas Março a Julho de 2014 PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM Índice de Tratamento de Esgotos De Zero para 65% Município atendido Mogi Mirim SPE SESAMM - Serviços de Saneamento de Mogi Mirim S/A Cronograma Setembro de 2008: assinatura do contrato; maio de 2009: obtenção LI; abril de 2009: Início das Obras Coletores e Emissários; abril de 2010: início das obras da ETE; maio de 2012: liberação de LO; junho de 2012: inauguração do sistema; junho de 2012: início da operação. População beneficiada 56.550 habitantes Investimento R$ 53 milhões Obras envolvidas: Emissário por gravidade Mogi Mirim, Estação Elevatória de Esgotos, Linha de recalque, emissário final, Coletor Tronco Lavapés (SB07), Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua Antônio Ravagnani), Coletor Tronco Santo Antônio (SB-06), Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Rua Antônio Ravagnani até SP-147), Coletor Tronco do Boa (SB-16), Estação de Tratamento de Esgotos. Controle Acionário: 58% OHL Médio Ambiente, 36% Sabesp e 7% ETEP houve alteração de OHL para GS Inima Brasil e ETEP para ECS Operações Tipo de parceria: Concessão Dirigentes: Carlos Roberto Ferreira (Diretor Presidente) e Eliane Rodrigues de Almeida Florio (Diretora Técnica) Março a Julho de 2014 Saneas 11 PPPs e SPEs realizadas com a Sabesp SISTEMA PRODUTOR DE ÁGUA SÃO LOURENÇO 12 Capacidade de produção 4.700 l/s Região atendida Municípios diretamente atendidos: Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. SPE Sistema Produtor São Lourenço S.A (parceria entre as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa) Cronograma Abril 2018 (previsão contratual) População beneficiada 1,5 milhão de pessoas Investimento R$ 2,21 bilhões Obras envolvidas: Captação e elevatória de água bruta, adução de água bruta por recalque (2100 mm), chaminé de equilíbrio, adução de água bruta por gravidade, estação de tratamento, linhas de adução de água tratada, reservatório de compensação, interligações nos sistemas de abastecimento existentes (Alto Cotia, Baixo Cotia e Cantareira). Controle Acionário: 50% Andrade Gutierrez e 50% Camargo Corrêa Tipo de parceria: PPP administrativa Presidente da SPE: Roberto Carlos Deutsch Saneas Março a Julho de 2014 matéria tema matéria tema No primeiro semestre de 2014, a mídia divulgou a vertiginosa queda dos níveis do Sistema Produtor de Água Cantareira. Considerado um dos maiores do mundo, o Cantareira ocupa uma área total de 2.279,5 km2, abrange 12 municípios – quatro deles situados no Estado de Minas Gerais (Camanducaia, Extrema, Itapeva e Sapucaí-Mirim) e oito no Estado de São Paulo (Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem), cinco bacias hidrográficas e seis reservatórios. Os reservatórios que compõem esse Sistema situam-se em diferentes níveis sendo interligados por 48 km de túneis, fornecendo 33 m3/s de água para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Porém, se os números que descrevem a grandeza do Sistema impressionam, os números que foram noticiados entre os meses de janeiro e maio geraram um estado de alerta a toda população da RMSP. O nível despencou de 27,2% para preocupantes 10,5%. A escassez de chuvas (entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 choveu 36,3% do esperado) e Cronologia das ações O governo do Estado de São Paulo, por meio da Sabesp, adotou várias medidas na tentativa de evitar postergar o desabastecimento: 14 Saneas o atraso nas obras do Sistema São Lourenço expuseram a fragilidade do abastecimento de água na região mais rica do País. A imprensa questionou a falta de planejamento dos órgãos responsáveis e a demora na tomada de providências. O período atual é normalmente de pouca chuva, no entanto, o mês de junho na cidade de São Paulo foi bem mais seco do que o normal. Segundo os registros do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) foram 8 mm de chuvas desde o início do mês contra uma média histórica de 50mm. Com a falta de chuvas, o nível do reservatório continua a cair de 0,1% a 0,2% ao dia. Aproximadamente 50 dias depois, o volume útil e a reserva técnica somavam cerca de 20% do total da represa. Utilizar a reserva técnica foi o mesmo que sacar uma carta da manga. No entanto, trata-se de uma medida emergencial e, como sabido, de um estoque finito. Para utilização de 182,5 bilhões de litros dessa reserva composta por 400 bilhões de litros de água foram instaladas 17 bombas. De acordo com o Estado, essa medida será suficiente para abastecer as cidades servidas pelo reservatório até a próxima 1º de fevereiro 10 de março É lançado pela Sabesp o programa de desconto de 30% na conta para os clientes que reduzirem em 20% o consumo médio mensal, tendo como referência a média de consumo entre os meses de fevereiro de 2013 e janeiro de 2014;. A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) reduzem a vazão máxima de captação de água do Cantareira de 31 para 27,9 m³/s. 11 de março O Sistema Guarapiranga passa a abastecer cerca de 1,6 milhão de pessoas que eram originalmente abastecidas pela água do Cantareira. No dia 6 já havia sido anunciada medida semelhante para 1 milhão de pessoas que passaram a ser abastecidas pelo Sistema Alto Tietê. Março a Julho de 2014 matéria tema temporada de chuvas. Nem todos concordam com a avaliação otimista do governo. A solução mais efetiva deve vir com o Sistema São Lourenço, uma parceria público-privada (PPP) que deve acrescentar 4.700 litros por segundo ao que hoje é produzido e, segundo a Sabesp irá beneficiar diretamente 1,5 milhão de moradores de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. A iniciativa também trará benefícios indiretos para toda a Região Metropolitana de São Paulo, já que o novo sistema além de aumentar a oferta de água, será interligado a outros sistemas existentes. A previsão, porém, é de que suas obras somente estejam concluídas em abril de 2018 (previsão contratual). Com uma baixa disponibilidade hídrica por habitante, somente comparável às áreas mais secas, como as do Nordeste do Brasil e localizada em uma região de cabeceira com agravante de possuir o maior aglomerado urbano do país, a RMSP passa por uma estiagem que, segundo modelos estatísticos do Centro Tecnológico de Hidráulica e Recursos Hídricos da USP (Universidade de São Paulo), só acontece a cada 3378 anos. Fevereiro de 2014: Situação do Sistema Cantareira em,quando começou o desconto na conta para quem economizasse Em tempos normais os índices pluviométricos ficariam na faixa de 1.300 mm por ano, mas é preciso lembrar que grande parte de nossos cursos de água não são propícios ao tratamento. A RMSP, para se sustentar, depende da importação de água de bacias vizinhas, como é o caso do Sistema Cantareira. É o que os técnicos chamam de reversão, o melhor exemplo ocorre nas cabeceiras do Rio Piracicaba, ao norte da Bacia do Alto Tietê. A extensa ocupação 17 de março 21 de abril 15 de maio Iniciadas as obras nas represas de Nazaré Paulista e Joanópolis para a captação da reserva técnica. Ao custo de R$ 80 milhões, a obra ficou conhecida como a captação do volume morto, reserva de 400 milhões de m³ de água, localizados abaixo do nível usual de captação. O governador Geraldo Alckmin anuncia que os moradores da RMSP abastecidos pelo Cantareira, seriam multados caso excedessem seu consumo em 30% da média medida entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. A medida estava prevista para ocorrer entre os meses de maio e junho, porém, nenhuma multa foi aplicada e, aparentemente, não há previsão para o início dessa medida. É iniciado pela Sabesp o bombeamento de cerca de 180 bilhões de litros de água, provenientes da reserva técnica. O nível passa de 8,2% para 24,7%. A medida tem como prognóstico do governo, a garantia de água até o início do período de chuvas em novembro. 18 de março O Governo do Estado de São Paulo pede autorização federal para utilização das águas do Rio Paraíba do Sul. A obra é avaliada em R$ 500 milhões e tem previsão de até dois anos para ser concluída. O governo do Rio de Janeiro se posiciona contra o projeto, alegando que a utilização desta água interferiria no abastecimento de 11 milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro. 31 de março O governo anuncia a ampliação do bônus de 30%, antes destinado apenas aos 11 municípios abastecidos pelo Cantareira. Março a Julho de 2014 Saneas 15 matéria tema urbana da região também oferece altos riscos de poluição e de contaminação dos mananciais. Já as tentativas de expansão deste sistema irão requerer novas reversões e dependerão de negociação com as bacias vizinhas, já que a região, como um todo, apresenta fortes demandas de abastecimento, industrial e agrícola. A disputa pelo Paraíba do Sul A proposta do governo de captar água do Rio Paraíba do Sul para abastecer a RMSP abriu uma disputa entre São Paulo e o Rio. O governo paulista apresentou uma proposta pra usar o rio, que passa por três estados, em épocas de seca no Sistema Cantareira. O problema é que o Paraíba do Sul já atende a maior parte dos cariocas e a divisão, segundo a Cedae, Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro, poderia comprometer o abastecimento de 11 milhões de famílias. A Agência Nacional de Águas (ANA) ainda não se pronunciou sobre o assunto. Enquanto isso, o Sistema Cantareira, que abastece oito milhões de pessoas na Grande São Paulo vai perdendo água. Segundo o governo de São Paulo, a obra poderia ser iniciada em quatro meses e levaria outros 14 meses para ficar pronta. A estimativa é de que sejam gastos R$ 500 milhões. A Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro informou que estudos, ainda em elaboração, apontam que a disponibilidade hídrica atual já apresenta problemas no período de estiagem. E mesmo que São Paulo construa reservatórios, a proposta de captação de água pode agravar essa situação. Estudiosos são unânimes em dizer que a Região Metropolitana de São Paulo, que fica num planalto é muito seca e que os poucos rios que há na região, como o Tietê, estão completamente poluídos. As condições do Paraíba do Sul “As águas de onde surgiu a imagem da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, clamam hoje por misericórdia”. De acordo com dados levantados na região, a realidade do Rio Paraíba do Sul não é muito diferente da outros rios que cruzam o Estado. Com uma área de 56.500 km², a bacia do rio Paraíba do Sul abrange não só as regiões do Vale do Paraíba Paulista e Fluminense, mas também o No- 16 Saneas roeste Fluminense e grande parte da Zona da Mata Mineira, uma área que banha 88 municípios em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e 39 em São Paulo. Seu território é quase completamente antrópico, com pouca Mata Atlântica original. Várias represas, destinadas à provisão de água ou a produção de eletricidade para as populações da bacia e também da Região Metropolitana do Rio de Janeiro distribuem-se ao longo do curso do rio. Por esse motivo, o rio encontra-se hoje em estado ecológico crítico, com margens assoreadas e 40% da sua vazão desviada para o Rio Guandu. Além disso, suas águas também são utilizadas para abastecimento industrial, preservação da flora e fauna e disposição final de esgotos. Atualmente, o Rio Paraíba do Sul recebe esgotos da maioria dos municípios pelos quais passa. A Universidade de Taubaté (Unitau) em um estudo realizado a alguns anos, revelou que o rio possui um alto nível de poluentes, que podem oferecer riscos de danos genéticos e de câncer em organismos aquáticos e humanos. Para a pesquisa foi realizada a coleta e a análise de amostras de água, no período de três anos, nos municípios de Tremembé e Aparecida, que são as áreas mais poluídas do trecho paulista. Os resultados apontaram para a presença de substâncias que são tóxicas às células, como metais pesados (principalmente alumínio e ferro), inseticidas e herbicidas, substâncias danosas ao ecossistema. Seu efeito principal é a perda de diversidade biológica no rio. No homem, por meio da Magnificação trófica, pode causar patologias, chegando a casos de câncer. Os principais agentes poluidores distribuem-se entre: resíduos industriais, extrativistas, da pecuária e da agricultura. Há também os danos causados pela extração mineral de areia, que altera o curso do rio, derruba suas matas ciliares além de causar maior assoreamento, contribuindo para uma menor vazão de água o que dificulta a recuperação do rio em todo o seu curso, contudo, estudos apontam como sendo o problema mais preocupante o esgoto urbano. A escassez de chuvas em São Paulo não apenas reduz o nível de mananciais, mas traz a tona problemas estruturais e suscita importantes discussões como a conservação de nossos recursos hídricos e a seriedade com que o assunto vem sendo tratado nas últimas décadas. Março a Julho de 2014 matéria tema AESabesp faz visita técnica ao Sistema Cantareira Um grupo Diretores e Conselheiros da AESabesp, formado pelo presidente Reynaldo Young Ribeiro; diretores Olavo Prates Sachs (técnico), Sonia Nogueira e Silva (cultural) e Walter Orsatti (financeiro); coordenadores Rodrigo Pereira de Mendonça (Polos da RMSP) e Aurelindo Rosa Santos (RMSP Oeste), realizou na última sexta feira, 27.06, uma visita técnica ao Sistema Cantareira para conhecer mais detalhes sobre o funcionamento operacional da chamada Reserva Técnica, em funcionamento desde maio de 2014. A visita teve início na Barragem Atibainha, onde várias adequações funcionais foram realizadas, tais como: construções de barriletes para tubulações e canais para ampliação da vazão e a instalação de 14 bombas flutuantes - acopladas à tubulações flexíveis, que extrairão água da Reserva Técnica para permitir uma vazão de até 22.000 litros/s. O grupo esteve acompanhado naquele local pelo encarregado Marcos Geraldo Gomes, responsável pela manutenção do Sistema Atibainha, que destacou a questão da qualidade dos recursos hídricos do local (uma das grandes preocupações dos consumidores paulistanos) em todas as etapas deste sistema, informando também que em relação ao tema quantidade, existe ainda uma real incerteza quanto ao abastecimento. Esta garantia viria plenamente com o aumento da afluência de matéria prima, por meio de chuvas, em um período próximo entre 3 a 4 meses. Estas instalações emergenciais, que buscam água abaixo da linha de captação do sistema, foram integralmente concebidas e implantadas pelas equipes técnicas das áreas de Produção (MA); Empreendimentos da Metropolitana (ME) e Manutenção Estratégica (MM) da Sabesp e estão evitando o desabas- Março a Julho de 2014 tecimento durante este período de estiagem. Em seguida o grupo, dessa vez acompanhado pelo eng. Nilo Cruz, coordenador dessas obras emergenciais, deslocou-se até o Reservatório Jaguari/ Jacareí, cujo vertedor de saída da água está ligado ao chamado Túnel 7, conduto que encaminha o fluxo de água, por gravidade, às demais represas do Sistema. Nesse local, também estão sendo executadas adequações técnicas para aumentar a capacidade de transporte da água, com abertura de canais e rebaixamentos de níveis de passagem da água, otimizando o funcionamento das 12 bombas flutuantes já instaladas, alimentadas por potentes geradores de energia. Destacou o eng. Nilo que todos os equipamentos eletromecânicos e de bombeamento utilizados são 100% nacionais, o que veio a ampliar a rapidez da obra, bem como a confiabilidade operacional em relação ao funcionamento e manutenção dos mesmos. Na avaliação dos técnicos presentes todas as possibilidades possíveis são importantes para o Sistema Cantareira atender a RMSP e ainda complementar a contribuição hídrica para a bacia do PCJ, dadas as incertezas climáticas em relação à continuidade deste período de seca. Finalmente, o presidente da AESabesp, eng. Reynaldo Young agradeceu à Diretoria Metropolitana da Sabesp por esta oportunidade, que é fundamental para ampliar a conscientização dos associados para a economia de água, bem como destacou a competência técnica dos engenheiros da empresa que mais uma vez se superaram na busca de novas tecnologias e de soluções alternativas de abastecimento considerando a otimização dos recursos hídricos disponíveis. Saneas 17 entrevista Para o secretário Mauro Arce, a atual crise exige medidas ininterruptas Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo Em meio a mais severa escassez de água num histórico de 84 anos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, indicou, em 9 de abril, o engenheiro Mauro Arce para assumir a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado. Com vasta experiência no setor público e tido como detentor de alta bagagem técnica, Arce ocupava a presidência da Companhia Energética de São Paulo (CESP), desde 2011. Antes, ele foi secretário de Estado entre 1998 e 2010, comandando as pastas de Energia, Saneamento e Recursos Hídricos, de 1998 a 2006, e dos Transportes, de 2007 a 2010. Também ocupou a presidência da Sabesp entre novembro de 2002 e maio de 2003. Nessa edição de 25 anos de Encontro Técnico AESabesp e Fenasan, o secretário Mauro Arce concedeu esta especial entrevista para a Revista Saneas: Saneas: Em 2004 houve uma escassez de água semelhante a que vivemos atualmente, o que mudou daquela época para agora? Mauro Arce: A escassez atual não é semelhante à de 2004. A situação atual é muito mais severa do que há dez anos. Naquela ocasião, o reservatório chegou a um nível inferior ao mínimo operacional, mas posteriormente, em fevereiro, o quadro foi alterado em razão da grande intensidade de chuvas, o que não ocorreu agora. De janeiro a junho deste ano, em todos esses meses as precipitações foram inferiores ao mínimo do histórico registrado dos últimos 84 anos. Saneas: Naquele período, o senhor era secretário da pasta de Energia, Saneamento e Recursos Hídricos do Estado, acredita que a experiência daquele período auxilie no enfrentamento da crise atual? Mauro Arce: A vivência de um período crítico sempre é útil para situações similares. Hoje é muito mais grave, mas, desde àquela época, aprendemos a avaliar a exata gravidade da situação, os diferentes atores envolvidos no processo, como os órgãos reguladores, a concessionária que opera os serviços e a população. Também sabemos, pela experiência de outros eventos atípicos, da importância de monitorar o Sistema, no seu dia a dia, em termos de precipitações, vazão afluente e medidas operacionais para mitigar os efeitos da estiagem. E com as ações 18 Saneas de veiculação na mídia, como as campanhas de redução de consumo, também temos um retorno importante, que é a capacidade de resposta da população, que tem sido excepcional e nos ajudado a diminuir a produção de água na RMSP neste momento de estiagem severa. Saneas: Naquela ocasião uma intensa campanhacom o slogan “Olha o Nível”, junto a vários segmentos da sociedade, além de um bônus na conta dos clientes, reduziu significativamente o consumo. O que se espera da campanha atual? Mauro Arce: A população de São Paulo responde sempre de forma expressiva e precisamos aproveitar a participação dela para manter o hábito do uso racional da água. Só pra ter uma ideia desse consumo racional – que terá de ser permanente, porque a água é um bem absolutamente essencial e precioso e não podemos mais desperdiçar – nas três primeiras semanas de junho, 87% dos clientes atendidos pelo Sistema Cantareira aderiram à redução do consumo e 55% atingiram o bônus, válido para quem reduziu em pelo menos 20% o consumo médio e tiveram desconto de 30% na conta. Essa adesão é fundamental para o enfrentamento de uma crise hídrica jamais vista. Saneas: É sabido que a Sabesp e o DAEE não possuem ação de polícia no que diz respeito ao desperdício de água por parte da população Março a Julho de 2014 entrevista ou mesmo de órgãos da esfera pública, esse papel caberia às prefeituras. Neste sentido, não faltou articulação por parte do governo estadual junto ao poder público municipal para que leis fossem elaboradas e postas em prática? Mauro Arce: Sem dúvida, é importante a sensibilização dos governos municipais para o problema e, de forma não generalizada, foram tomadas medidas pelos municípios. Entretanto, o Estado tem que respeitar a autonomia municipal. Merece destaque a atitude do Comitê da Bacia do Alto Tietê (05/02/14), que aprovou uma moção dirigida a todos os segmentos integrantes do Plenário (Estado, Municípios e sociedade civil) sobre ações para mitigar a crise. No caso dos Prefeitos e Presidentes de Câmaras Municipais da área de atuação do Comitê foi recomendado‘adotarem medidas efetivas de redução de consumo, inclusive leis e fiscalização que permitam a aplicação de sanções para os casos de desperdícios’. Portanto, não faltou articulação do Governo. O interesse é de todos. Saneas: Um dos principais indicadores de eficiência da operação dos sistemas de abastecimento de água é o índice de perdas. Qual é a sua avaliação atual deste processo na região metropolitana de São Paulo? Mauro Arce: O índice de perdas da Sabesp, na RMSP, está em torno de 24,5%, que é um número inferior à média do Estado e dos demais municípios não operados pela empresa na RMSP. A meta para o final da década é que esse índice seja reduzido para 19%. As ações de controle de perdas em regiões com sistemas antigos, como a central de SP, exigem investimentos permanentes e implicam em dificuldades técnicas pelo porte das obras. Existe um amplo conjunto de medidas, que vão muito além do simples reparo de vazamentos visíveis, como a detecção de vazamentos não visíveis, e um refinado controle de pressões, dentre outros pontos. A diretriz permanente do Governo e da Sabesp é no sentido de manter os investimentos e um trabalho minucioso nessa área. Nesse sentido, existem ainda contratos firmados com a Japan International Cooperation Agency (JICA), de 2013 a 2017, no valor de R$ 2,9 bilhões e outro de 2017 a 2020, no valor de R$ 1,6 bilhão -específicos para a redução de perdas. Março a Julho de 2014 Saneas: Recentemente o Alto Tietê tornou-se a quarta bacia do Estado a adotar a cobrança pelo uso da água às empresas. A Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), segunda a iniciar a cobrança, já o faz desde janeiro de 2006. Qual a receita gerada por essa arrecadação? Para onde esses recursos têm sido destinados? Existe a possibilidade do repasse dessa cobrança para pessoa física? Mauro Arce: Na Bacia do Alto Tietê, o primeiro boleto de cobrança foi emitido com vencimento em abril de 2014, sendo a sexta região do Estado a iniciar a cobrança pelo uso da água. Antes, em 2007, o PCJ e o Paraíba do Sul deram início à cobrança estadual, visto que anteriormente já existia a federal. Depois, foi a vez da região do Sorocaba e Médio Tietê e, mais recentemente, a Baixada Santista. O Alto Tietê tem o maior percentual de arrecadação do Estado, com previsão de uma receita anual de R$ 32 milhões, recursos que serão aplicados na própria Bacia do Alto Tietê, em programas do Plano Estadual de Recursos Hídricos, mediante decisão do Comitê da Bacia, a partir de 2015. Ressaltamos que, nessa região, 50% dos recursos deverão ser aplicados nas áreas de proteção e recuperação de mananciais. Saneas: A utilização da reserva técnica do Cantareira é uma medida extrema. O esgotamento desse volume pode implicar em um colapso do próprio sistema, segundo alguns técnicos. Que medidas estão atualmente sendo tomadas para garantir os níveis de abastecimento em um futuro próximo? Mauro Arce: Em relação à atual crise, tomamos uma série de medidas para manter o abastecimento à população atendida pelo Cantareira, e fazemos o acompanhamento ininterrupto da situação das Bacias PCJ, que resultou, em duas ocasiões, no aumento das descargas do Sistema Cantareira para àquela região. Uma série de melhorias no sistema de abastecimento da RMSP foi estudada e está sendo progressivamente implementada, no sentido de aumentar a oferta de água, tais como o aumento da capacidade das Estações de Tratamento de Água (ETA) do Alto da Boa Vista (ABV) e do Rio Grande, que possibilitaram o aumento das transferências para a área do Sistema Cantareira. No conjunto, as ações de transferência de Saneas 19 entrevista vazões de outros sistemas ou aumento da oferta já permitiram uma redução na produção da ETA Guaraú de 11 m³/s. O que se faz atualmente, com essa redução, é usar com mais parcimônia a água do Sistema Cantareira. Ao mesmo tempo, intensificamos ações de melhoria de oferta por outros sistemas e reforçamos as campanhas para redução de consumo até que seja iniciado o próximo período chuvoso. Em 15 de maio iniciamos o bombeamento da reserva técnica – que passou a disponibilizar mais 182 mi /m³ de água para o Cantareira. Saneas: O Sistema São Lourenço já deveria estar em plena operação, o que na avaliação de muitos especialistas, poderia amenizar a crise enfrentada na RMSP. Faltou planejamento para sua implantação? Mauro Arce: A entrada do Sistema São Lourenço está plenamente compatível com o atendimento da curva de demanda do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Sabesp. O que vemos hoje é um período hidrológico extremamente atípico e, nessas circunstâncias, ficamos numa faixa de risco natural existente em todos os sistemas de abastecimento, no qual precisamos adotar medidas de contingência, como as que estão em curso. Saneas: Existe algum tipo de tensão no relacionamento entre a Sabesp e o Comitê PCJ pela disputa da administração de sistemas de abastecimento? Como a Secretaria media o interesse de ambos? Mauro Arce: Em todo o mundo, onde há reversões de bacias, existem tensões entre a região doadora e a receptora, no caso, a bacia do Piracicaba e a do Alto Tietê. Entretanto, a mediação é feita pelo próprio Governo, pelos órgãos reguladores e pelo sistema de gerenciamento de recursos hídricos, por meio de seus Comitês. Vale destacar que todos os órgãos envolvidos na gestão do Sistema Cantareira têm buscado, de forma permanente e criteriosa, garantir, ao mesmo tempo, o uso racional dos reservatórios e as condições mínimas de atendimento às necessidades da população. Saneas: Na renovação da outorga de 2004, foi sugerido a redução da dependência do Sistema Cantareira(PORTARIA DAEE nº 1.213/2004 – 20 Saneas artigo 16). Porque a Sabesp preferiu não acatar essa proposta? Mauro Arce: O que a portaria do DAEE estabeleceu é que a Sabesp deveria apresentar estudos para a redução de dependência, o que foi feito e, portanto, foi cumprida a exigência. Entretanto, o governo avaliou que as intervenções nos estudos apontados pela Sabesp - envolvendo transposição de bacias vizinhas - encerravam dificuldades político-institucionais, que extrapolam a governança da empresa. Por essa razão, foi editado o Decreto 52.748 (26/02/2008), estabelecendo a elaboração do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, no qual sob a gestão do Governo, seriam identificadas alternativas para o aumento da oferta hídrica e gestão de demanda, não só para atender o Sistema Cantareira e RMSP, mas as mais importantes regiões metropolitanas do Estado: São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Litoral Norte. É preciso notar que a chamada ‘redução de dependência’ do Sistema Cantareira foi uma demanda das Bacias do PCJ e que, em nosso entender, foi corretamente interpretada pelo Plano da Macrometrópole, não como uma simples redução de transferência da Bacia do Piracicaba para a RMSP, mas muito mais que isso, o interesse é por aumento da oferta para as Bacias PCJ. Nesse sentido, o Governador Geraldo Alckmin tomou a decisão, em julho de 2012, de construir dois reservatórios na região das Bacias PCJ, com Barragens em Pedreira (nos municípios de Campinas e Pedreira) e Duas Pontes (em Amparo), que devem acrescentar quase 7m³/s de oferta de água à região. Mais recentemente, em razão da estiagem, tomou-se a decisão de viabilizar a interligação do Sistema Cantareira com o reservatório Igaratá, na Bacia do Paraíba do Sul, para aumentar a garantia de oferta de água do Sistema Cantareira, beneficiando as três regiões envolvidas: a RMSP, as Bacias do PCJ e a própria Bacia do Rio Paraíba. Saneas: Ainda com relação a outorga de 2004, previa-se que a Sabesp elaborasse um plano de contingência para situações de emergência no prazo de 12 meses (PORTARIA DAEE nº 1.213/2004 – artigo Março a Julho de 2014 entrevista 11). No entanto, parece que a empresa foi pega de surpresa. A existência de um plano não permitiria um melhor enfrentamento da crise atual? Mauro Arce: Não é isso que diz o artigo 11 da portaria. A exigência se referia à estação de cheias e o plano de contingência foi apresentado, após levantamentos de campo, para as calhas dos rios Jaguari, Cachoeira e Atibaia, resultando no posterior estabelecimento do volume de espera para situação de cheias nos reservatórios do Sistema Cantareira. Saneas: Qual é a população e a extensão previstas para o crescimento da macrometropole nessa década? Ela alcança quais cidades? Existem mecanismos de atendimento de recursos hídricos para todo este universo? Mauro Arce: Quando foi iniciado o estudo, a população em 2008 era de 31 milhões e a projeção, para 2035, é de mais de 37 milhões de habitantes, em um universo de 180 municípios, das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Litoral Norte, mais as aglomerações urbanas de Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba. Entre os desafios estão a implementação de novos sistemas de captação e reservas de água bruta, mas temos nos esforçado no sentido de acelerar vários projetos relacionados ao aumento na produção de ETAs e estamos nos empenhando, ao máximo, no controle de perdas, no uso racional da água e de reúso, medidas que poderão contribuir para a redução da demanda de água para o futuro. Saneas: Entre 2007 e 2010 a Sabesp posicionou-se como uma empresa de Soluções Ambientais. Esse discurso fortaleceu outras facetas da empresa que inclusive chegou a apresentar um portfólio de produtos e serviços que incluía desde a venda de água de reuso até o tratamento de esgotos não domésticos. Essa carteira de produtos e serviços ainda existe e qual a importância para a gestão da crise atual? Mauro Arce: Os produtos permanecem no portfólio da Sabesp e fazem parte das iniciativas da Companhia focadas na sustentabilidade. São medidas importantes para preservar os recursos hídricos e garantir mais qualidade de vida para a população Março a Julho de 2014 das áreas em que ela atua. Atualmente, a Sabesp fornece, para a Grande São Paulo, 750 litros por segundo de água de reúso. Esse volume substitui a água tratada em usos não potáveis, como resfriamento de caldeiras, tingimento de fios, lavagem de ruas de feira e desobstrução de galerias. A água tratada que deixa de ser consumida por indústrias, comércios, órgãos públicos e prestadores de serviço passa a ser direcionada para o abastecimento da população. A empresa tem estrutura preparada para aumentar imediatamente esse fornecimento e negocia com empresas privadas e prefeituras a ampliação do serviço. Grandes clientes também têm aderido ao tratamento dos esgotos não domésticos, uma solução que preserva os rios e represas e dá destino adequado aos efluentes, especialmente da indústria. Outra vantagem é a redução de custos para os clientes da Sabesp, já que o tratamento desses rejeitos tem peso considerável no orçamento. O processo adotado nas estações de tratamento da Companhia atende a todos os critérios da legislação ambiental. Saneas: Recentemente a Sabesp afirmou, baseada na declaração do pesquisador Paulo Nobre (INPE), que essa é a maior seca da história e um evento imprevisível. Se houver, num período curto, um verão tão seco quanto este, quais serão as medidas da SSRH para não causar danos à sociedade? Mauro Arce: Em relação à atual crise, tomamos uma série de medidas de curto prazo, já referidas anteriormente. Também temos o projeto de interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul. A ideia é que ele seja de mão dupla: quando um estiver escasso, interliga com o que está cheio. Futuramente, devemos criar condições para dar maior flexibilidade aos sistemas produtores, mediante maior interligação e ajustável às demandas de abastecimento público. Nosso planejamento também prevê a ampliação de ETAs, porque temos água em outros reservatórios. Em resumo, estamos trabalhando para buscar uma maior integração dos sistemas de abastecimento, do aumento da oferta, da ampliação da capacidade de produção e da antecipação de investimentos. Todos nossos esforços serão no sentido de, sempre que possível, tirar gente do sistema Cantareira. Saneas 21 Ponto de Vista Água: Bem Público de Valor Incerto Stela Goldenstein é geógrafa e desenvolveu sua carreira fundamentalmente na área pública, trabalhando em planejamento urbano, ambiental e de recursos hídricos. Desenvolveu programas de sustentabilidade regional e setorial, coordenou a implantação dos Comitês de Bacia Hidrográfica no Estado de São Paulo. Foi secretária Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, secretária Municipal de Meio Ambiente da cidade de São Paulo e assessora dos governadores Mario Covas e José Serra. 22 Por Stela Goldenstein Com chuvas muito abaixo da média, os rios que alimentam as usinas hidroelétricas, cidades, indústrias e agricultura do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil com níveis muito baixos, chegamos ao inverno, nossa estação seca, em situação de criticidade. Num país, em que a população e a atividade econômica são concentradas em grandes cidades e a matriz energética é fortemente pautada pela energia hidrelétrica, este quadro é grave. Não sabemos se a redução de precipitações tem origem em mudanças climáticas, agravadas pela atividade humana, ou se estamos diante de uma variação meteorológica eventual. As causas da crise são várias, mas a insuficiência das chuvas agravou a situação de stress causada pela forte pressão que exercemos a cada ano sobre os recursos hídricos, e que já é apontada há muitos anos nos meios técnicos. Vimos usando até o limite as águas aparentemente disponíveis, trazendo água de locais cada vez mais distantes, para atividades que são de uso intensivo e que têm níveis duvidosos de eficiência no uso. O fato é que a oferta, ainda que abundante em grande parte do país, não é elástica como nossa cultura parece sugerir. Em face de demandas crescentes e irrealistas, nossos esforços têm se orientado fundamentalmente para tentar manter e ampliar as captações. Em diversas regiões do país, empresas que nas suas escolhas locacionais subestimaram a hipótese de redução da oferta, nesta estiagem já tiveram que reduzir sua produção. Outras foram obrigadas a substituir as captações que exploravam há anos e passaram a trazer água de longas distancias, agravando custos. E as cidades enfrentam o risco de desabastecimento com base em esforços dramáticos das suas empresas de serviços de saneamento. Saneas A tremenda crise hídrica que vivemos neste momento trouxe à baila discussões de toda ordem. Um dos componentes dessas discussões é, necessariamente, a definição de qual o papel da esfera pública para a gestão dos recursos hídricos e qual o espaço dos usuários da água (aqueles que usam a água como insumo de atividade ou processo industrial ou agrícola), sejam privados, sejam públicos. A discussão não é simples, especialmente porque a distinção entre o que é público e o que é privado no setor das águas ganhou recentemente contornos mais complexos, na medida em que passamos a ter, ao lado das figuras públicas tradicionais, empresas totalmente privadas e empresas públicas de capital aberto, investindo para garantir o uso público da água (o abastecimento público). A água é um bem público, dotado de valor econômico, e isso está bastante bem caracterizado na nossa legislação. Mas, sendo, como é, objeto de relações comerciais, um bem transacionado permanentemente, qual o seu status jurídico? A água é uma commodity? A questão ganha importância na medida em que o bem é disputado, sua oferta é insuficiente para todos os usos e as decisões a serem tomadas para dirimir os conflitos instalados podem ter custos econômicos, sociais e políticos para os diferentes interessados. A alocação de água bruta entre os diferentes setores de usuários e os segmentos de território que a disputam ainda não conta com um braço suficientemente forte. A gestão das águas se reveste de peculiaridades ainda não de todo bem equacionadas. Muitos buscam entender a água como uma commodity, ou seja, um bem de qualidades claramente definidas e parametrizadas (como a soja ou o aço), pertencente a um mercado global, com preços definidos pela dinâmica Março a Julho de 2014 Ponto de Vista própria do mercado, que pode ser transportado para onde seja necessário e comercializado em bolsas de mercadorias e futuros. De fato, em algumas circunstancias e para alguns usos, a água se comporta de forma similar. Mas há aspectos relativos à oferta, à demanda e à gestão das águas que a diferenciam fortemente de qualquer mercado de commodity. A primeira grande distinção entre a água e os bens ou produtos classificados como commodities é que, ainda que a água seja um bem finito, alocado de forma desigual, dotado de valor econômico, definir seu preço não é fácil. E este preço não será definido por mecanismos estritamente de mercado, como é o caso das commodities. Conseguimos precificar o valor dos serviços de tratamento e distribuição da água, mas com mais dificuldade o valor do direito à sua captação pelos usuários interessados. Até poucos anos atrás, os preços associados à água eram exclusivamente aqueles relativos aos serviços das empresas de saneamento. Desde fins dos anos 80, a legislação do Estado de São Paulo, e a seguir a do Brasil, passou a considerar a necessidade de pagamento pelo direito de captar e usar esse bem público. Ou seja, é preciso que os usuários paguem pelo direito de uso, dado que o bem é escasso, tem valor econômico, e dado que são necessários investimentos e ações que garantam sua disponibilidade e qualidade. Avança no Brasil a implantação da cobrança pelo uso da água por toda sorte de usuários, o que não se confunde com os valores dos serviços das empresas de saneamento. Em São Paulo, os usuários da água na Bacia do Alto Tietê passaram enfim a receber seus boletos de cobrança em 2014. Uma vez que todos paguem pelo direito ao uso da água, ela se tornará uma commodity? A fixação de preço pelo uso deste bem é feita em última instância pelos Comitês de Bacia Hidrográfica aonde, para garantir aderência à realidade de mercado e às políticas públicas, os valores a serem fixados para a cobrança são validados pelos vários segmentos de usuários, sociedade civil e poder público. Março a Julho de 2014 Não é matéria definida unicamente pelo mercado e vai depender de aspectos como os usos pretendidos, a disponibilidade de água naquele trecho do rio, as condições de devolução ou não devolução após o uso, assim como também de processos negociais entre os usuários e o poder público. Sendo um bem público, ainda que dotado de valor econômico, o direito à água como garantia da vida a diferencia de commodities e lhe confere uma posição diferente entre os ativos de uma sociedade. A água pode ser e é transportada para diferentes usos, em mercados relativamente afastados de seu local de produção, similarmente às commodities. Mas, na maior parte das vezes, é preciso conciliar usos múltiplos das águas, garantir sua apropriação parcial e condicional, o reuso, usos concomitantes, usos em sequência. Determinados usos implicam em conflitos irreconciliáveis e os critérios para a priorização são bem qualificados na legislação. Sua alocação não é livre decisão de mercado. Quando a oferta é insuficiente para todas as demandas, o abastecimento público será sempre priorizado, criando assim uma assimetria entre os usuários e na formatação desse mercado. Outra questão que distingue este bem é que a produção e acumulação de água é processo fortemente dependente tanto de condições meteorológicas, como da proteção de vastas áreas de florestas. A água não nasce em árvores, mas sem árvores, não há água, já se disse. O valor econômico das florestas (terra, árvores, biodiversidade de todo tipo) que garantem a presença de água, aonde nos organizamos para captar, é objeto de grandes discussões, ainda a amadurecer. Como incluir essa variável, a criação e manutenção de florestas, na definição do valor da água, de forma a melhor formar seu preço, como seria típico de uma commodity? Ainda são incipientes os mecanismos de pagamento/retribuição aos proprietários rurais pela proteção que podem fazer às florestas. Historicamente desconsideramos o valor monetário intrínseco às florestas como geradoras de água, não as incluímos nas equações financeiras dos usuários da água, dificultando o financiamento de sua proteção. Como as políticas de saneamento e os Saneas 23 Ponto de Vista contratos de concessão para empresas públicas e privadas podem considerar, em suas equações financeiras, a necessidade imperiosa de proteger as florestas localizadas em vastas áreas públicas, mas principalmente privadas, que são a garantia de fornecimento do insumo a ser tratado e comercializado? Mesmo os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água ainda são parcamente aplicados na aquisição e proteção de florestas, nos pactos e contratos com proprietários rurais que possam garantir oferta de água no futuro. No campo da gestão da oferta de água, portanto, ainda há muito por fazer, mas ainda não são claras as oportunidades de investimentos privados. Outra questão torna difícil entender a água meramente como commodity: diferentemente da soja, dos minérios, da eletricidade e outras tantas commodities, a água “disponível” não pode ser simplesmente captada e transportada para uso alhures. Isso porque um usuário fundamental 24 da água são os ecossistemas da bacia hidrográfica em que esta água se encontra originalmente. Isso implica em que uma parcela (quanta?) da água, chamada de vazão ecológica, não pode ser retirada de lá, não pode ter sua condição físico-química modificada e sua valoração e precificação é muito difícil. E mais: é justamente a sua permanência no local, com usos restritos para atividades produtivas, que mantem as florestas, as quais, por sua vez, garantem produtividade hídrica. Estranha mercadoria... ponto de vista Água e guerra Luiz Roberto Gravina Pladevall é engenheiro civil, diretor da CPS Engenharia, empresa de consultoria e projetos de infraestrutura urbana, e presidente da APECS Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente. Por Luiz Roberto Gravina Pladevall O recente debate, entre as autoridades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sobre o uso de recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul para abastecimento do sistema Cantareira, revela a urgente necessidade de uma discussão profunda sobre o uso sustentável da água. A disputa pela disponibilidade hídrica no planeta corre sérios riscos de ser a fonte de grandes conflitos neste século 21. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já apontou em estudo o crescimento de 55% da demanda mundial por água até 2050 diante de mais 2 bilhões de pessoas no planeta. Os desenvolvimentos econômico e social dos países podem ficar seriamente comprometidos com a possibilidade de estresse hídrico constante. A pesquisa da OCDE revela ainda que 240 milhões de pessoas no mundo não terão acesso a água potável e 1,4 bilhão não contarão com serviço de saneamento básico em 2050. No Brasil, as disputas por recursos hídricos atingiram recorde histórico em 2013 conforme recente pesquisa da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O estudo registrou aumento de 17% no número de disputa em relação a 2012. No período anterior, 2012 comparado com 2011, o aumento foi de 16%. Os conflitos vem sendo monitorados desde 2002 pelo órgão ligado à Igreja Católica. O estado da Bahia lidera o ranking de disputas, com 21 conflitos, seguido pelo Rio de Janeiro, com sete disputas. A briga pela água é reflexo da crescente preocupação de preservação ambiental, além da necessidade de garantir o recurso para desenvolvimento social e econômico das comunidades. Essas disputas têm muitas variantes Março a Julho de 2014 e passam desde a apropriação de recursos hídricos por empresas até conflitos contra a investida governamental de construir hidrelétricas na região amazônica, por exemplo. Nas regiões metropolitanas, os conflitos sociais por água ainda não floresceram, mas o atual estresse hídrico na Região Metropolitana de São Paulo indica que medidas urgentes precisam ser tomadas. Uma delas é reduzir o desperdício de água. Uma tarefa a ser cumprida tanto pela população como para as concessionárias e demais empresas do setor de abastecimento e tratamento de água. No Brasil, 40,7% da água tratada é perdida antes de chegar à casa do cidadão. A média paulista é de 24,7%, mas ainda distante de países desenvolvidos como a Alemanha (11%) e EUA (16%). Estamos em frente a grandes desafios para garantir o abastecimento de água para grandes populações nos próximos anos. A hora é agora. Caso contrário, os conflitos serão ampliados, trazendo prejuízos a todos. Saneas 25 histórico e d s o n n a s a n A e F 5 e o 2 c i n c é T o r t n nco E A Realizado nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 1990, o I Encontro Técnico da AESabesp teve a sua abertura no Auditório “Augusto Ruschi” da Cetesb, que também disponibilizou suas salas de treinamento para o desenvolvimento dos trabalhos técnicos. Os estandes de exposições dos nossos primeiros expositores foram montados sob a marquise do prédio principal da Sabesp na Costa Carvalho. primeira comissão organizadora contou com o então presidente da AESabesp (gestão 1989 – 1991), Plínio Montoro Filho, como coordenador, e com os membros Armando Mitsunobu Yamada, Gilberto Alves Martins, José Taniguti, Maurício Soutto Mayor Junior, Maximiniano Bizatto e Nizar Qbar. Esse primeiro encontro, que obteve de imediato 26 Saneas a aprovação dos integrantes do setor, se deu numa época em que a evasão do corpo técnico da Sabesp, motivada pela defasagem salarial e pela própria falta de incentivo à engenharia nacional, era preocupante. Mas mesmo assim, ele foi um sucesso, por promover o aprimoramento tecnológico e aumentar o nível de relacionamento entre os profissionais do Março a Julho de 2014 histórico Ao lado: Público da abertura do nosso I Encontro Técnico, em 1990, no Auditório da Cetesb. Abaixo: I Fenasan Os 14 trabalhos pioneiros do nosso I Encontro Técnico foram: Estudo particular sobre corrosão em ramais prediais Autores: Regina Mei Silveira Onofre, Magdalena Hoels, Carlos César de Oliveira e Nizar Qbar. Atividades de informática na Diretoria de Operação RMSP- DO Autores: Luiz Ernesto Suman e Pedro Costa Júnior Parâmetros brasileiros e Engenharia de Segurança Autor: José Roberto Guimarães de Almeida Ressetorização do sistema de abastecimento de água na RMSP, como atividade estratégica no Programa de Desenvolvimento Operacional e Controle de Perdas. Autores: Paulo Roberto Borges e Edson Almeida Torre Utilização de Ultrion na instalação de Tratamento de Água de Santos Autores: Roberto Ferreira, Mauro dos Reis e Fernando Beraldo Guimarães Júnior Manutenção corretiva e preventiva para Empresas de Saneamento Autores: Gilberto Berzin, Carlos Alberto da Silva Gomes e Takashi Fujii. setor, selando o seu comprometimento com a necessidade de se estabelecer um futuro que valesse à pena. E a partir dessa esperança, a AESabesp entendeu que o seu destino seria traçado com o compromisso de realizar esse evento religiosamente em todos os anos. Essa semente, plantada em 1990, se tornou uma frondosa árvore que precisava ocupar espaço cada vez maiores. Após apresentações da Cetesb, o Encontro Técnico rumou para o Instituto de Engenharia de São Paulo, o Centro de Convenções do Hotel Transamérica, o prédio da Bienal do Ibirapuera e, em 2003, para o Expo-Center Norte, onde permanece até hoje, tornando-se o maior evento técnico mercadológico em saneamento da América Latina. Esse mega-evento tem a finalidade de promover o intercâmbio e as tecnologias desenvolvidas para o saneamento e de discutir novos rumos para o setor, no âmbito das políticas públicas, por meio da apresentação de diversas palestras técnicas, cursos específicos e formação de mesas redondas, com a participação de conceituadas personalidades do universo científico. Março a Julho de 2014 Durabilidade de Interceptores de Esgotos Autor: Aldo Takahashi Modelo matemático para estudo de recebimento de efluentes industriais, contendo metais pesados em ETEs convencionais Autor: João Jorge da Costa Racionalização dos Serviços de Operação e Manutenção de Redes de Água e Esgotos Autor: João Baptista Comparini Lodo ativado por batelada Autor: Hissahi Kamiyama Algumas considerações sobre tensão trativa e velocidade crítica, utilizada para o dimensionamento dos Coletores de Esgotos Autores: Joaquim Gabriel de Oliveira Machado Neto, Milton Tomoyuki Tsutiya e Winston Hisasi Kanashiro Segurança do Trabalho em Serviços de Manutenção em Poços de Visita e Galria de Esgotos Autores: Plínio dos Santos e Orlando Trindade Faria Água Subterrânea – uma opção natural Autor: João Carlos Simanke de Souza Impermeabilização de fundo de Lagoa com Soda Cáustica e importância na mistura em Lagoas de Estabilização Autor: José Everaldo Vanzo Saneas 27 G s o t o f e d la eria os m a r a t n a h l i br a e u q s e d a d i na l o s r e o t p n e e m s a o e t n n e a s m o o em t n ve e r o Grand es m i a m do a i r ó t s i h e . d a n i t a L a c 25 anos i r mé A a d l a t n e ambi história A importância atual do Encontro Técnico e Fenasan Promovidos há 25 anos consecutivos pela AESabesp - Associação dos Engenheiros da Sabesp, o Encontro Técnico , o Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, junto à Fenasan - Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, é hoje consolidado e reconhecido como o maior evento técnico-mercadológico do setor na América Latina. A Fenasan é uma das principais ações para a abertura de mercado de obras, equipamentos, produtos e serviços para o setor de saneamento, além de promover a apresentação de novas tecnologias e o desenvolvimento tecnológico de sistemas empregados no tratamento e abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem das águas pluviais, análises laboratoriais, adução e abastecimento e sistemas de coleta, e disposição final e manejo de resíduos sólidos, reunindo os principais fabricantes e fornecedores de materiais e serviços para o setor de saneamento e de segmentos correlatos. As ações socioambientais também são prioritárias na constituição desse evento. A AESabesp possui o seu próprio projeto “Ecoeventus” de educação ambiental, que consiste na demonstração de benefícios alcançados pelas práticas de utilizar materiais 30 Saneas sustentáveis nas montagens de estandes, diminuir a distribuição de impressos, reduzir o uso de energia, consumir água com racionalidade, reciclar resíduos - com base no Programa 3Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar, além de estimular o não fornecimento de materiais descartáveis, como copos, talheres, pratos e demais recipientes, sempre que possível. Em sua finalização, após os cálculos de emissão e consumo, é feito o plantio das árvores necessárias para mitigação da emissão dos gases de efeito estufa. Desde 2010 o evento vem adquirindo projeção internacional e contou com a adesão e o apoio cada vez mais significativo de diversas entidades e empresas de todo o mundo. A participação e a visitação de outros países, como Alemanha, Argentina, Chile, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Israel, Itália, México e Portugal, tem sido uma constante, com o aumento de demanda a cada edição. As mais recentes edições da Fenasan mostram o crescimento do saneamento nacional, a confiança dos expoentes do mercado de saneamento em sua potencialização, bem como o interesse das empresas em investir, participar e criar parcerias. Março a Julho de 2014 história Uma edição especial comemora os seus 25 anos Sob o tema “25 Anos de Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”, e evento de 2014 comemorará o seu Jubileu de Prata com uma edição especial. Sua área de exposição conta com cerca de 250 expositores/investidores, com a estimativa de público em cerca de 17.000 visitantes, índice alcançado na edição de 2013. Aberta à visitação gratuita, a Feira tem como principal objetivo difundir as tecnologias em uso, as inovações tecnológicas e todas as ações importantes do saneamento ambiental, um dos setores mais importantes para o funcionamento da infraestrutura do País. Já o Congresso Técnico concentrará mesas redondas, minicursos de especialização e diversas palestras técnicas, de autorias de docentes de universidades, de técnicos de Companhias de Saneamento de todo o País e de grupos privados, geralmente com focos na eficiência operacional, recuperação de áreas degradadas, novas tecnologias, preservação ambiental e políticas públicas do setor. Frequentado por um público de alto nível técnico, o Congresso, além de cerca de 120 palestras técnicas, também conta com palestras magnas motivacionais, no encerramento do 1º e 2º dias, às 17 horas. Neste ano, Rolando Boldrin, conhecido ator e Março a Julho de 2014 divulgador da cultura brasileira, será palestrante no encerramento do 1º dia, na tarde de 30 de julho. E o conhecido navegador, campeão olímpico e exemplo de superação, Lars Grael, será palestrante no encerramento do 2º dia, na tarde de 31 de julho. Para o 3º e último dia do evento, em 1º de agosto, no encerramento do Congresso, às 17 horas, está prevista a solenidade de entrega do Troféu AESabesp às empresas que mais se destacaram na Fenasan. Os critérios de avaliação da premiação tem como base as ações socioambientais que as empresas empregarem tanto em seus estandes, como em suas atuações. As categorias contempladas serão Melhor Estande, Atendimento a Cliente, Inovação Tecnológica, que neste ano considerará o histórico de 25 anos de aplicação de tecnologia pelas empresas expositoras, e o tão esperado prêmio Destaque Fenasan, para o expositor que obtiver a maior pontuação em todos os critérios. Uma nova premiação AESabesp também está reservada para o encerramento da edição 2014: o Prêmio “Jovem Profissional”, com o propósito de estimular e ajudar a formar futuros profissionais transformadores das condições socioambientais do País, que poderão empreender, gerar emprego, inovar e promover a transformação do Brasil no cenário econômico e tecnológico. Saneas 31 Regional Encontro Técnico Estadual de Saneamento Ambiental de Lins (*) Colaboração de Raquel Braganholi (texto), Luiz Narimatsu e Saladino Cardoso (fotos) Nos dias 10 e 11 de junho, foi realizado o XIV Encontro Técnico Estadual de Saneamento Ambiental de Lins, promovido pela AESabesp - Polo Lins, que reuniu vários expoentes do setor, autoridades da esfera pública municipal e cerca de 1.500 pessoas na arena do “Blue Tree Park”, durante os dois dias, com palestras técnicas nas áreas de inovações tecnológicas e meio ambiente e a exposição de 26 estandes voltados à exposição de novas tecnologias para o setor. A solenidade de abertura do Encontro de Lins foi iniciada com as boas vindas do presidente da AESabesp, eng. Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, e do coordenador do Pólo AESabesp Lins, eng. Marco Aurélio Saraiva Chackur, a todos os presentes: expositores, visitantes e colaboradores. A mesa de abertura foi composta por Edgar de Souza, prefeito municipal de Lins; Luís Paulo de Almeida Neto, diretor de Sistemas Regionais da Sabesp; Antônio Rodrigues Da Grela Filho, superintendente da Sabesp na Unidade de Negócio Baixo Tietê; vereador Valdecir do Ponto Chic, (representando Marino Bovolenta, presidente da Câmara Minicipal de Lins); Francisco Yutaka Kurimori, presidente do CREA-SP; Pérsio Faulim de Menezes, presidente da Associação Sabesp e diretor da Mútua de SP; Keiko Obara Kurimori, presidente do Senag; Juliano Munhóz Beltani, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo - Delegacia de Lins; José Célio Sardi, diretor do Sintaema da Regional de Lins e Duarte Martins,coronel e subcomandante do 37º Batalhão do Exército, com sede em Lins. Em seu pronunciamento, o professor e prefeito de Lins, Edgar de Souza, disse se sentir orgulhoso em participar de um evento dessa magnitude em tecnologia em saneamento, uma área fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Enfatizou, ainda, que infelizmente no Brasil se investe muito pouco em novas tecnologias. “Temos que continuar lutando para que haja uma mudança, pois não é admissível, por exemplo, que tenhamos cerca de R$ 8 bilhões 32 Saneas reservados para pesquisas nas universidades e que não são investidos para cumprir o seu papel. Ficam depositados nos bancos que são os seus guardiões. É com esse tipo de coisa que a população não concorda e vem se colocando contra”. E nós temos de fazer nosso papel nessa luta”, concluiu. O diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luís Paulo de Almeida Neto, ressaltou a alegria em poder estar presente no Encontro de Lins de 2014 e destacou a relevância do evento que acontece há 14 anos seguidos e que tem conseguido driblar as dificuldades e se manter ativo. “Isso é muito importante, pois revitaliza os conhecimentos dos profissionais da empresa com a troca de experiências e intercâmbio de novas tecnologias que o evento proporciona”, afirmou. O superintendente da UN Sabesp Baixo Tietê, cuja sede é Lins, Antônio Rodrigues da Grela Filho, também abordou os desafios enfrentados pela empresa nessa crise de abastecimento de água do Cantareira e inclusive de municípios das regiões próximas onde também não tem chovido e destacou a importância do corpo técnico da empresa que vem trabalhando com muita competência para que possamos atravessar este período com a máxima Autoridades e expoentes do setor presentes nesse evento Março a Julho de 2014 Regional Entrevista com o diretor de Sistemas Regionais da Sabesp Na cobertura do “XVI Encontro Estadual de Saneamento Ambiental de Lins”, a Revista Saneas entrevistou o diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luís Paulo de Almeida Neto. Saneas: O senhor poderia nos falar um pouco de sua história e atual função na Sabesp? Luís Paulo de Almeida Neto: Eu tenho um pouco mais de 35 anos de Sabesp. Iniciei na SAR -SP, que cuidava de todo o interior do Estado, onde permaneci por 11 anos - fui engenheiro chefe do setor técnico. Destaco ainda a passagem pela Regional de Lins, onde fui superintendente Regional. E nos últimos 4 anos respondo pela diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp. tranquilidade possível. “É um trabalho incansável realizado pelas nossas equipes. O saneamento não para nunca, não fecha. Para que tudo funcione é necessário que várias pessoas estejam de plantão sempre. Este espaço é um momento de troca de troca de experiências e novos aprendizados muito importante para todos”, assegurou. Nesse ano, cerca de 70 crianças participaram da cerimônia de abertura com um coral formado por alunos de uma escola municipal e um grupo de dança formado por alunos da escola estadual da cidade. Foi um momento muito apreciado, pois além da descontração que as apresentações dos grupos proporcionaram, se destacou a iniciativa para despertar o interesse da população para o evento e levar consciência sobre a preservação do meio ambiente para o público ainda em formação - infantil e adolescente - um dos grandes propósitos dos organizadores desse Pólo. O vice-prefeito de Lins, Rogério Barros, junto a equipe da Sabesp, visitou a Feira de produ- Março a Julho de 2014 Saneas: Com toda essa experiência como o senhor vê o Encontro Técnico Estadual realizado na cidade de Lins anualmente? Luís Paulo de Almeida Neto: Eu o considero notável pela persistência e longevidade , pois é realizado por 14 anos seguidos e tem conseguido driblar todas as dificuldades e se manter ativo. Sua importância para o setor é muito grande, pois revitaliza os conhecimentos dos profissionais da empresa com a troca de experiências e intercâmbio de novas tecnologias que o evento proporciona. Saneas: O senhor ficou afastado do evento por 3 anos devido a agenda de compromissos de seu cargo atual. Como foi retornar? Teve algo que chamou a atenção em especial? Luís Paulo de Almeida Neto: Foi uma satisfação muito grande poder participar deste Encontro neste ano e ver de perto os resultados do voluntarismo em prol do conhecimento e da vontade de se renovar. Este evento foi criado pelo eng. Eugênio Stork, em 2001, para aproximar as inovações tecnológicas da região de Lins e de seu entorno. O fato de terem levado a iniciativa que nasceu como um ideal adiante é um feito muito especial. Esperamos que continue a perdurar e trazer bons frutos. Saneas: Em sua visão quais os principais benefícios proporcionados pelo evento? Luís Paulo de Almeida Neto: Esse Encontro é fundamental porque traz possibilidade de conhecer novas soluções para os problemas, de poder comparar as situações e discutir sobre as inovações que surgem e as aplicações possíveis no ambiente de trabalho. Saneas: Gostaria de acrescentar algo mais nesta entrevista? Luís Paulo de Almeida Neto: Sim. Quero parabenizar a todos os envolvidos que fazem este evento acontecer. É uma iniciativa agregadora e marcante para a cidade e que já se tornou parte do calendário de Lins. E para o futuro talvez fosse interessante investir neste foco agregador do evento com iniciativas para ampliar a participação dos municípios não operados pela Sabesp. Saneas 33 Regional À esquerda: Vice-prefeito de Lins, Rogério Barros, junto a equipe da Sabesp. Centro: Feira de produtos e serviços. À direita: Palestras técnicas. tos e serviços e se interessou bastante pelo funcionamento de equipamentos expostos. Na área externa, foram montados estandes de entidades ambientais,filantrópicas, exército, saúde e demonstração de equipamentos diversos. E nos auditórios ocorreram consistentes explanações em palestras técnicas que absorveram o interesse dos presentes. Outra novidade de 2014 foi a transmissão do evento ao vivo pela internet através de uma produtora local. O site da AESabesp participou da rede de transmissão “on-line” e transmitiu tudo em tempo real para o seu público. Em entrevista à imprensa lo- Entrevista com o superintendente da RT da Sabesp A Revista Saneas também ouviu o superintendente da Sabesp na Unidade de Negócio Baixo Tietê e Grande da Sabesp (RT), sediada em Lins, Antônio Rodrigues da Grela Filho. Saneas: Qual a colaboração que este Encontro traz para a empresa e para a região? Antonio da Grela Filho: Ele colabora para a integração dos funcionários, tanto daqui como de outras unidades e a interação com a comunidade para a qual a empresa presta serviços em todos os níveis. Não só de Lins, mas também de cidades vizinhas. Nesse momento, é importante que a população conheça os desafios enfrentados pela empresa nessa crise de abastecimento de água do Cantareira e de municípios das regiões próximas onde também não tem chovido. Estamos atravessando este período com a máxima tranquilidade possível graças ao corpo técnico da empresa que vem trabalhando com muita competência. É um trabalho incansável realizado pelas nossas equipes. O saneamento não para nunca, não fecha. Para que tudo funcione é necessário que várias pessoas estejam de plantão sempre. Este espaço é um momento de troca de experiências e novos aprendizados muito importante para todos. 34 Saneas Saneas: E para o ano que vem? Alguma novidade para a comemoração dos 15 anos? Antonio da Grela Filho: Nosso trabalho é constante. Já estamos trabalhando nesse desafio que é aumentar a participação da população. Este ano tivemos a participação de alunos de escolas municipal e estadual. Convidamos escolas técnicas e universidades. Temos interesse na participação de operadores de municípios nos quais a Sabesp não opera etc. Queremos estender o evento para a população em geral. Despertar cada vez mais o interesse de todos pelo saneamento e meio ambiente. É um trabalho no qual temos consciência de que os frutos virão a médio e a longo prazo. Isso faz com que tudo vá acontecendo de forma sólida e organizada. Para ajudar a cuidar é preciso conhecer, inclusive para que haja o reconhecimento também. Março a Julho de 2014 Regional cal o presidente da AESabesp, Reynaldo Young, ressaltou a importância que esta realização representa para a região com a troca de conhecimento e informações sobre as inovações tecnológicas do setor. A diretora cultural da entidade, Sonia Maria Nogueira, também concedeu entrevista ao vivo complementando o pensamento e iniciativas da entidade. Além do alto profissionalismo empregado nas palestra do Encontro e nos contatos da Feira, este evento ainda contou com momentos descontraídos de confraternização, organizados pelo Polo de Lins, tanto nas boas vindas aos visitantes na véspera da realização, quanto num jantar oferecido na noite do 1º dia, estreitando ainda mais a rede de contatos e o espírito de união entre os presentes. Entrevista com o coordenador do Polo AESabesp Lins Na oportunidade, a Saneas também entrevistou o engenheiro do Departamento de Gestão e Desenvolvimento da Operação RTO e responsável (gestor) pelo controle de perdas da Unidade, Marco Aurélio Saraiva Chakur, que também é coordenador do Polo AESabesp Lins. Saneas: No encontro do ano passado o senhor falou um pouco de sua trajetória profissional na Sabesp. Em 2014 já são 16 anos completos na empresa. Na abertura do evento aconteceram elogios aos resultadosà frente deste trabalho, na organização do Encontro Técnico. Como o senhor avalia o encontro de 2014? Marco Chakur: Eu participo da organização deste evento desde a primeira edição. Mas à frente, como coordenador, este é o sexto ano. Vejo com muita alegria a superação dos obstáculos encontrados durante o processo de organização do evento e o fato de conseguir manter este importante canal de intercâmbio de informações e inovações tecnológicas aberto e ativo aos profissionais da região e municípios vizinhos. Saneas: O senhor citou a responsabilidade de estar à frente do Polo AESabesp Lins como um desafio. Nos fale um pouco sobre isso. Marco Chakur O papel da empresa é retirar a água do Março a Julho de 2014 meio ambiente e distribui-la. Isso acontece dentro de um contexto. No momento, por exemplo, estamos vivendo a maior escassez de chuvas dos últimos 83 anos e estamos trabalhando constantemente na busca de alternativas para manter o abastecimento do Sistema e temos conseguido bom êxito. Mas isso depende do conhecimento técnico e experiência dos profissionais envolvidos no processo, mas também tem a outra ponta, que é a população. Cada vez mais teremos de investir em inovações tecnológicas e conscientização da população em relação à preservação do meio ambiente e ao uso racional da água como um recurso hídrico finito e que necessita de cuidado por parte de todos. Saneas: No ano que vem o Encontro Técnico de Lins completará 15 anos. Quais as expectativas para 2015? Marco Chakur: Queremos fazer um evento especial. Mas o principal é manter o foco sempre no meio ambiente e na água como produto, em como retirar a água com mais eficiência do meio ambiente, reduzir a carga poluidora, conscientizar a população sobre o uso racional e difundir as novas tecnologias que possam trazer avanço nesse sentido. Por isso este espaço é tão importante. É um ponto de encontro entre pessoas que transmite conhecimento aos profissionais do setor, representantes da indústria, fornecedores, universitários e entidades, democratizando e integrando a todos. Todos ganham com isso. E é este papel que queremos aprofundar e ampliar cada vez mais. Saneas 35 Acontece no setor Agru trará tecnologia alemã para Fenasan A empresa austríaca AGRU, fabricante de conexões em PEAD para termofusão e eletrofusão de 20 até 2250 milímetros de diâmetro, estabeleceu parceria com a empresa alemã HürnerSchweisstechnik, fabricante de máquinas de solda com tecnologia de ponta. O resultado desta ação está nos equipamentos a serem exibidos na Fenasan. Alfacomp trará novidades em telemetria A Alfacomp, fabricante de produtos eletrônicos para automação e telemetria com foco em segmentos específicos como o do saneamento, atesta que trará uma novidade para a Fenasan: a família de painéis de telemetria CCO Touch. Trata-se de três soluções de monitoração e controle para a telemetria de água e esgoto. São painéis de automação dotados de IHMs (Interface Homem Máquina), rádio modem e fonte de alimentação com bateria e podem centralizar a comunicação com todas as estações, além de inteligentes, pois permitem visualizar e controlar reservatórios e elevatórias de água. 36 Saneas Paques Brasil mostra ETE compacta A Paques Brasil apresentará sua estação compacta BIOPAQ®UBOX, que contempla, em um único tanque, reator anaeróbio, reator aeróbio, decantador e lavador biológico de biogás. Na parte anaeróbia, o efluente em contato com o lodo anaeróbio tem 75% de sua carga orgânica removida e convertida em biogás, que por sua vez é coletado no separador de fases e direcionado ao lavador biológico na parte superior do reator, onde o H2S é eliminado de sua composição. Após sua purificação, o biogás gerado é conduzido para posterior aproveitamento ou queima.O efluente continua o processo e passa para a parte aeróbia do reator onde, em contato com o ar introduzido, recebe tratamento da carga orgânica remanescente do tratamento anaeróbio. Após essa etapa, o efluente passa por um separador lamelar de alta taxa, inserido na parte superior do reator, onde a separação dos sólidos da fase líquida acontece, e segue para deixar o sistema por vertedores localizados acima desse decantador. Março a Julho de 2014 ACONTECE NO SETOR Fortlev apresentará seu Tanque Modular A Fortlev Engenharia apresentará o seu Tanque Modular, feito de placas de resina de poliéster reforçada com fibra de vidro, através do processo SMC (Sheet Moulding Compound – Moldagem de Composto em Lâmina). O equipamento pode ser montado, no formato que for necessário, pois as placas são prontas para serem encaixadas e parafusadas. Melhor relação “Peso Específico x Volume” se comparado com o concreto armado e o aço, painéis antichama e montagem em módulos, que permite o transporte das placas e a instalação do reservatório inclusive em situações complexas. GEA traz sistemas de resfriamento e integração Guarujá apresentará sua grade de produtos A GEA Sistemas de Resfriamento apresentará na Fenasan novos produtos de integração para tratamento de água, efluentes e transferência de massa. Os módulos de decantação TUBEdek são fornecidos prontos para instalar ou em lamelas soltas para montagem em obra. Possuem um ângulo interno que facilita o escoamento dos sólidos. Os perfis são produzidos com o comprimento e a ângulo requeridos para cada projeto, sem limitações. Os enchimentos estruturados BIOdek são blocos formados a partir de chapas corrugadas, possuindo um índice de vazios superior a 97% e pesos específicos variáveis. São fabricados com diversas áreas superficiais, e devido ao desenho e geometria próprios, não colmatam nem formam canais preferenciais. A Guarujá, fabricante de equipamentos para tratamento de água, esgoto e efluentes industriais, apresentará sua grade de produtos na Fenasan: ETA Compacta, ETE Compacta, Sistemas de Dosagem de Produtos Químicos para ETA e ETE, dosador de gás cloro, bombas dosadoras, extintores de cal, misturadores, floculadores, módulos tubulares, removedores de lodo, adensadores de lodo, prensa de saguadora, sistemas compactos de pré-tratamento de esgotos, grades mecanizadas, de sarenadores, sistema de aeração, difusores de bolhas fina e média, aeradores, sistemas de flotação, filtros para reúso, peneiras escalar, rotativa e de esteira. Conaut apresentará medidor de vazão Waterflux A Conaut preparou, para a Fenasan, a apresentação do medidor de vazão Waterflux, um equipamento que, segundo a empresa, possui dois grandes diferenciais em relação as opções tradicionais: a Rangeabilidade de 400:1 que possibilita quantificar a submedição; e a maior facilidade de instalação - que dispensa a necessidade de trecho reto, reduzindo, consideravelmente, custos com infraestrutura de adequação da tubulação ou construção de abrigo para o medidor. Março a Julho de 2014 Saneas 37 ACONTECE NO SETOR GWE, voltada ao tratamento de resíduos Itron lançará medidor ultrassônico A Global Water Engineering (GWE) e a Uni-Systems do Brasil aliaram-se em uma joint venture com o objetivo de reunir esforços em busca de novas oportunidades comerciais, otimização de recursos e produtividade para servir aos mercados brasileiro e latino-americano. O resultado desta fusão é a GWE do Brasil, empresa dedicada ao tratamento de resíduos industriais a partir do processamento aeróbio e anaeróbio e geração de bioenergia. A Itron é uma empresa de tecnologia que desenvolve produtos com tecnologias de controle e medição para eletricidade, gás, água e energia térmica; sistemas de comunicação; softwares e serviços especializados. Entre os lançamentos que serão apresentados durante a Fenasan, encontra-se o medidor ultrassônico Intelis. Sem partes móveis, o equipamento permite proteção contra custos de manutenção não planejados, fornece medição precisa durante toda a vida útil do produto, além de medir a temperatura, detectar vazamentos e ar na tubulação. O módulo AMR integrado oferece os benefícios de funcionalidades personalizadas em um sistema de coleta de dados móvel e fixo. FGS apresentará tubos de variadas extensões Kanaflex apresentará suas linhas de tubos A FGS Brasil apresentará sua linha de tubos de polietileno em diâmetros variados, com extensão entre 20 até 1.600 milímetros, além de sua futura produção de ‘fittings gomados’ com até 1.600mm em uma nova planta industrial, no interior de São Paulo, ao longo do segundo semestre de 2014. Bombas Leão lança novo motor MB4 A Bombas Leão lançará, durante a Fenasan, motor MB4-360, projetado para operação submersa em diâmetros a partir de 4” (polegadas), produzido em aço inox, para maior robustez e durabilidade.Rebobináveis e lubrificados à água, os novos motores da série MB4-360 apresentam, entre outras características, componentes internos com tratamento superficial de alta resistência à corrosão e corpo do motor fabricado em chapa com alto grau de polimento, o que dificulta o surgimento de incrustações. Além disso, de acordo com a empresa, “a montagem e manutenção dos motores está mais fácil de ser realizada”. 38 Saneas Uma das primeiras expositoras da Fenasan, a Kanaflex foi a pioneira no país na fabricação de tubos corrugados utilizando a matéria-prima PEAD (Poli Etileno de Alta Densidade), em 1984. Produz tubulações para o setor de energia, telecomunicação, saneamento, drenagem pluvial e subterrânea, agricultura, petróleo, entre outros. Em 2014, destacará na Fenasan os seus Tubos de Parede Lisa Kanaliso, e os Tubos Corrugados de Grande Diâmetro KNTS Super. Março a Julho de 2014 ACONTECE NO SETOR Mizumo apresentará suas ETEs customizadas A Mizumo destacará na Fenasan 2014 as suas ETEs customizadas para loteamentos e núcleos habitacionais de áreas periféricas, possibilitando o acesso ao tratamento de esgoto sanitário. Segundo a empresa, os produtos Mizumo são adequados para comunidades isoladas que muitas vezes exigem soluções simples e individualizadas. As ETEs são modulares e transportáveis (permitem ser ampliados ou removidos e remanejados para outros locais), tem baixos custos operacionais e garantias de desempenho no tratamento biológico do esgoto, além do atendimento especializado da área de serviços, feito com equipe própria. novidades o-tek A O-Tek, empresa que pertence ao grupo colombiano Orbis, trará para Fenasan produtos e serviços como sistemas de tubulação de PRFV (Poliéster Reforçado com Fibra de Vidro ou GRP, Glass fiber Reinforced Plastic Pipes, por sua sigla em inglês), soluções para reabilitação de tubulações por MND (Métodos Não Destrutivos), além da linha de tanques metálicos parafusados com revestimento epóxi. Entre os destaques da O-Tek na Fenasan estão os sistemas de tubulação de PRFV com diâmetro entre 300 a 3000 mm, com capacidade para suportar pressões nominais de até 32 kgf/cm2 e que são fabricados pela própria empresa. Saint-Gobain lança tampão articulado A Saint-Gobain Canalização, tradicional fabricante de sistemas em ferro fundido dúctil para transporte de fluidos, estará presente na Fenasan, com destaque para o PAM Serviços, que oferece suporte técnico em todas as fases do projeto, desde a sua elaboração até a conclusão da obra. Além disso, uma das novidades é o tampão PASSUS, especialmente desenvolvido na classe B125 conforme NBR 10160, que completa a oferta de tampões articulados DN600 para as mais diversas condições de tráfego. Grundfos apresentará gerenciamento para distribuição de água A Grundffos apresentará, na Fenasan, o seu Sistema de Distribuição Dependendo da Demanda D.D.D., que, segundo a empresa, reduz vazamentos, consumo de energia e aumenta a capacidade de distribuição de água potável. A tecnologia é aplicada para manter a pressão constante no ramal do consumidor, em vez de manter pressão constante na descarga da bomba. Por meio do seu controlador de bombas múltiplas (Grundfos Control MPC), a estação elevatória de bombeamento de água é automatizada. Março a Julho de 2014 Saneas 39 ACONTECE NO SETOR Tigre lança sistema de fixação de tubos A Tigre lança um sistema de fixação de tubos plásticos composto por abraçadeiras, que atenderá as linhas de esgoto, água fria e água quente, eletricidade, industrial e infraestrutura, para instalações aparentes nas posições verticais e horizontais. É um novo item no portfólio da empresa, a ser apresentado na Fenasan. A matéria-prima das abraçadeiras é poliamida e serão fornecidas em três tamanhos: P que se adapta a tubos com bitolas cujo DE (Diâmetro Externo) é de 15 mm a 35 mm; M para DE de 40 mm a 75 mm; e G para DE de 85 mm a 114mm. Unitubos mostrará sua linha de conexões UNIS apresenta elevatória de esgotos unifamiliar A UNIS apresentará na Fenasan a elevatória de esgotos unifamiliar UNIECO 120, que, segundo à empresa, possibilita o acesso aos serviços de saneamento básico de residências em condições adversas ao sistema de esgotamento sanitário, notadamente àquelas localizadas em cotas inferiores ao coletor público ou em terrenos com taxa de ocupação plena. Totalmente fabricada em PMED - Polietileno de Média Densidade, o produto é dotado de uma moto-bomba submersível com capacidade de atendimento a desníveis manométricos de até 9,00 metros. A Unitubos mostrará na Fenasan a sua linha de conexões de Irrigação (Soldáveis, Engate Rosca e Engate Metálico) e de Infraestrutura (Defofo, PBA, PBS, Esgoto Branco e Esgoto Ocre). Entre os destaques deste ano estão sendo lançados o Duto Corrugado de PVC VDI (versões leve e reforçado), desenvolvidos para abrigar fiações de telefone (voz), rede (dados) e TV (imagem): o Til de Ligação Predial com tampão totalmente injetados (com uma área interna livre de estrangulamento) e o Selim Universal Compacto “CLIC”, uma novidade que contribui para a evolução e agilidade das obras. 40 Saneas Março a Julho de 2014 ACONTECE NO SETOR Vermeer apresenta equipamento para perfuração guiada a laser WIKA mostrará sonda de nível de alto desempenho A nova sonda de nível WIKA modelo LH-20 é um instrumento fino, com apenas 22mm de diâmetro, mas de alto desempenho, segundo a empresa: tem precisão de até 0,1% FE. O modelo pode ser adequado a praticamente todas as aplicações de medição de nível. A sonda ainda apresenta coeficiente de erro muito baixo, em função da temperatura, sinal de saída de temperatura, comunicação HART® e rangeabilidade. Para os meios mais agressivos, a sonda de nível de alta performance está disponível nas versões com invólucro em aço inoxidável ou titânio e cabos em PUR (Poliuretano), PE (Polietileno) e FEP (Teflon). Novidades da Xylem para a Fenasan Durante a Fenasan, a Vermeer irá divulgar o seu sistema de perfuração guiada a laser AXIS™ Laser Guided Boring System, que já opera em obras de saneamento no Brasil. O equipamentio conta com flexibilidade e versatilidade na instalação de dutos subterrâneos, com extensão de até 150 metros e declividade exata em diversos tipos de solos. Ainda durante o evento, a empresa vai divulgar outras soluções em MND (Métodos Não Destrutivos), o que inclui os equipamentos como NAVIGATOR (Perfuratriz Direcional), perfuração pneumática, AUGER BORING, Localizador de Tubulação (Verifier G2), GeoRadar (GPR), bem como a sua linha de valetadeiras. Março a Julho de 2014 A Xylem trará as seguintes novidades para a Fenasan, contempladas pelas seguintes linhas: Transport (bomba submersível com baixo consumo de energia e alta eficiência em condições severas de operação/ Compit: estações elevatórias pré-fabricadas/Soluções para monitoramento e controle das bombas); Dewatering (Bomba Godwin CD 150 para by-pass e Bombas da série 2000); Treatment (Estações de Tratamento Biológico - ICEAS/ Blocos Leopold/ Ozônio/Ultra Violeta para desinfecção/ Misturadores/Sistemas de Membranas MBR) e Applied Water Solution (Bomba Lowara). Saneas 41 artigo técnico Carlos Roberto Ferreira(1) Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia Kennedy. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Consultora da COPASAMG. Doutorando em Hidráulica e Saneamento na EESC/USP. Gerente de Operação da Ambient Ribeirão Preto. Diretor Presidente da SESAMM S/A. Endereço(1): Rodovia Dr. Amador Jorge de Siqueira Franco km 4 – Mogi Mirim SP - CEP: 13800-973 – Caixa Postal 1090 Brasil - Tel: (19) 38049033- e-mail: carlos@ sesamm.com.br Eliane Rodrigues de Almeida Florio(2) Administradora de Empresas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Pós Graduada em Direito Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Analista de Gestão para Novos Negócios na Sabesp. Diretora Técnica na Sessam. 42 O APRIMORAMENTO DA GESTÃO PARA ESTABELECIMENTO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM (ESTUDO DE CASO - SESAMM) Por Carlos Roberto Ferreira(1) e Eliane Rodrigues de Almeida Florio(2) RESUMO A crescente demanda de atendimento das necessidades básicas no país impõe enorme desafio à administração pública que precisa encontrar alternativas para acelerar o desenvolvimento do setor de saneamento, que ficou em segundo plano durante décadas, e desde o início dos anos 2000 tornaram-se muito evidentes as desigualdades que vivemos em nosso país. O município de Mogi Mirim experimentou um crescimento de seu PIB em 47% entre os anos de 2003 e 2006, ampliando sua importância no crescimento da região, neste mesmo período o município apresenta um índice de coleta acima de 50% mas zero de tratamento de esgotos. Diante de um cenário de crescimento econômico é fundamental que se encontrem novos modelos que possam colocar o município no caminho do desenvolvimento, universalizando o serviço de tratamento de esgotos em curto período de tempo. Historicamente os investimentos em saneamento são escassos e apresentam baixo nível de eficiência, complementado por dificuldades na elaboração de projetos e gestão, conforme apresentado em relatório do Ministério do Planejamento(1). Diante desse cenário, a administração pública do município de Mogi Mirim desenvolveu em parceria com diversos agentes, um modelo que pudesse ser implementado no município complementando o sistema de coleta, construindo e operando a estação de tratamento de esgotos levando assim o Índice de Tratamento de Esgotos Coletados para níveis com- Saneas patíveis com seu crescimento, com o menor custo para sua população. Sendo assim, o presente trabalho vem relatar as etapas para execução do modelo aplicado e os resultados alcançados para o município e sua população, passando de zero para 65% de tratamento de esgotos no período de 4 anos, e com 100% dos investimentos privados, mais de R$ 53 milhões. PALAVRAS-CHAVE: SPE, Eficiência, Parceria, Gestão e Inovação INTRODUÇÃO Este trabalho analisa o modelo de gestão e contratação no setor de saneamento, apresentando os resultados da participação privada como parceiros do setor público na melhoria de projetos para implantação de estação de tratamento de esgotos no município de Mogi Mirim, atendendo aos requisitos legais, ambientais e sociais, permitindo a redução do tempo para cumprimento de um dos principais aspectos de cidadania e saúde da população: o Tratamento dos Esgotos. Este modelo de gestão implica em importante ferramenta para atendimento da universalização do acesso ao serviço de saneamento, especialmente abordado neste trabalho. Esperamos contribuir para identificação de novos modelos e alternativas para que o resultado final seja atendido dentro de um prazo minimamente adequado, sem postergação e descontrole orçamentário, ampliando os investimentos no setor. Março a Julho de 2014 artigo técnico Um dos principais aspectos da gestão pública é assegurar o “gasto ótimo” dos recursos, para isso, seus projetos precisam ter um nível de atendimento e acertos muito próximos do ideal. É necessário que haja uma ampla participação de diferentes atores que contribuam para elaboração e adequação de projetos, o que pretendemos apresentar neste trabalho. A visão pública do atendimento à população complementada pela visão privada da economia no alcance de seus resultados e maximização do lucro deverá ser bem aproveitada na modelação de projetos que levem à maximização do bem estar da população. O modelo foi executado em três etapas: Licitação, Construção e Operação. Visando a complementação do sistema de coleta, implantação e operação de estação de tratamento dos esgotos, atendendo as condições de serviço de utilidade pública e questões da universalidade, qualidade e equidade da prestação destes serviços como fundamentais para o desenvolvimento social e econômico. Para que o objetivo maior seja atendido, ou seja, a prestação do serviço no tempo, na qualidade e na condição de sua sustentabilidade econômica, as tarifas cobradas devem ser suficientes para cobrir os custos, garantir novos investimentos e a manutenção adequada, assegurando assim o atendimento a toda população. Neste momento o aprimoramento da Gestão é tema de extrema relevância, sendo ratificado em pesquisa recente realizada pela ABCON durante o 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental e da Fitabes - Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento Ambiental, em Goiânia, revelou que a gestão eficiente é, na opinião dos entrevistados, o fator mais importante para acelerar a universalização do saneamento. Esse fator também pode ser comprovado pelos resultados apresentados como principais entraves ao financiamento: LICITAÇÃO conflitos na decisão, apontam para um caminho alternativo, assim se dá o início para elaboração do modelo de licitação para Concessão do serviço de tratamento. Foi elaborado o Processo Licitatório nº 774/2008 na Modalidade de Concorrência Pública nº 003/2008, disponível aos licitantes a partir do dia 25 de janeiro de 2008 com entrega das propostas no dia 31 de março de 2008. A operação dos serviços de saneamento no município de Mogi Mirim estão sob a responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgotos – SAAE, que a partir de 2006 identifica a necessidade de acelerar os índices de tratamento de esgotos, que apesar do crescimento do município ainda não detém unidade eficiente para tratamento de seus esgotos. A escassez de investimentos e os constantes Março a Julho de 2014 Saneas 43 artigo técnico Objeto: Prestação dos serviços de complementação da implantação do Sistema de Afastamento de Esgotos e implantação e operação do Sistema de Tratamento de Esgotos, incluindo a disposição dos resíduos sólidos gerados. Prazo: 30 anos Projeto: 4 Fases Sistema de Esgotamento Sanitário do Município de Mogi Mirim Fases do Projeto PERÍODO EXECUÇÃO INVESTIMENTO (R$) 1ª Emissário por Gravidade Mogi Mirim Estação Elevatória de Esgotos Linha de Recalque Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) Emissário Final Coletor Tronco Lavapés (SB-07) MAR/09 a MAR/11 29,4 MILHÕES 2ª Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua Antonio Ravagnani) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) Coletor Tronco Santo Antonio (SB-06) JUN/13 a JUL/15 9,7 MILHÕES 3ª Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Rua Antonio Ravagnani até SP-147) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) JUN/21 a JUL/23 9,0 MILHÕES 4ª Coletor Tronco do Boa (SB-16) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) JUN/31 a JUL/33 5,2 MILHÕES ETAPA OBRAS A SEREM EXECUTADAS 53,3 MILHÕES Como previsto em edital, a formação do Consórcio entre a OHL, Sabesp e ETEP, estabelece um novo marco 44 Saneas Março a Julho de 2014 artigo técnico no setor de saneamento sendo a primeira associação de empresa de economia mista e setor privado participando de processo licitatório e vencendo a concorrência. A partir da homologação e assinatura do contrato em 09/09/2008, todas as responsabilidades e garantias passam para a empresa de propósito específico – SPE, formada para execução do objeto, nascendo assim a SESAMM – Serviços de Saneamento de Mogi Mirim S/A, empresa privada de sociedade anônima com a participação de seus acionistas conforme quadro abaixo: Acionista Participação OHL Médio Ambiente 58% Sabesp 36% ETEP 7% CONSTRUÇÃO Atendida todas as etapas administrativas, coube a direção da SESAMM a análise detalhada de todos os projetos para identificação de possíveis melhorias, sendo admitida a apresentação de alterações desde que comprovadamente vantajosas aos propósitos do projeto. Assim foi identificada a necessidade de antecipar a 2ª fase uma vez que os esgotos coletados no município eram muito superiores ao volume definido para a 1ª etapa de 75 l/s, sendo assim, os projetos foram alterados para atender 150l/s já em sua primeira fase. OBRAS A SEREM EXECUTADAS PERÍODO EXECUÇÃO INVESTIMENTO (R$) 1ª Emissário por Gravidade Mogi Mirim Estação Elevatória de Esgotos Linha de Recalque Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) Emissário Final Coletor Tronco Lavapés (SB-07) MAR/09 a MAR/11 29,4 MILHÕES 2ª Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Pça. Lions até Rua Antonio Ravagnani) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) JUN/13 a JUL/15 9,7 MILHÕES 3ª Coletor Tronco Santo Antonio (SB-06) Coletor Tronco Mogi Mirim (trecho Rua Antonio Ravagnani até SP-147) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) JUN/21 a JUL/23 9,0 MILHÕES 4ª Coletor Tronco do Boa (SB-16) Estação de Tratamento de Esgotos (1 módulo 75 l/s) JUN/31 a JUL/33 5,2 MILHÕES ETAPA 53,3 MILHÕES Contribuição Tecnológica para melhoria do projeto De acordo com o edital, houve a possibilidade de apresentação de projetos alternativos ao apresentado pelo município, o que permitiu a utilização de equipamento de última geração, único no Brasil , Março a Julho de 2014 mas de larga aplicação internacional, que proporcionou ganho na eficiência energética e segurança operacional. Saneas 45 artigo técnico - Inovação tecnológica – sistema de aeração “Orbal” - Implantação modulada de maneira a escalonar investimentos Com a conclusão da fase de análise e decisão final quanto aos aspectos técnicos, entramos na etapa para identificação do financiamento, sendo a SESAMM responsável por toda tramitação do processo. O modelo apresentado gera um grande atrativo, uma vez que envolve diversos atores que compartilham as decisões para minimizar os riscos. O financiamento do projeto foi realizado junto à Caixa Econômica Federal no valor de R$ 35 milhões, sendo dadas todas as garantias pelos acionistas. Abaixo apresentamos o cronograma podendo comprovar o alto grau de desempenho da gestão para obtenção dos resultados. Cronograma Assinatura Contrato: 09/09/2008 Obtenção LI: 14/05/2009 Início das Obras Coletores e Emissários: 30/04/2009 Início das Obras ETE: 29/04/2010 Liberação da LO: 10/05/2012 Inauguração do Sistema: 01/06/2012 Início da Operação: 15/06/2012 OPERAÇÂO A operação da estação se inicia em 15 de junho de 2012 e de acordo com o contrato, o período esta- 46 Saneas belecido para atendimento dos parâmetros qualitativos da estação é de 4 meses, sendo necessária uma operação assistida muito eficiente e coesa para atendimento dos requisitos ambientais. É importante salientar que o efluente tratado na ETE Mogi Mirim para lançamento no Rio Mogi Guaçu (Classe 2), deverá respeitar os limites e parâmetros de acordo com o Anexo XI do Edital, conforme quadro ao lado. Remuneração A remuneração como contraprestação dos serviços de tratamento dos esgotos sanitários é calculada pela soma das seguintes parcelas: a) Remuneração dos investimentos: através da aplicação da tarifa do componente de investimento expressa em R$/m³ de esgoto aplicada ao volume de tratamento dos esgotos ofertado em cada etapa da ETE, conforme previsto em Edital; b) Remuneração da operação e manutenção: através da aplicação de tarifa do componente operacional expressa em R$/m³ aplicada ao volume mensal medido na saída da estação. A SESAMM encaminha ao SAAE- Mogi Mirim, até o 5º dia útil, cálculo da remuneração mensal acompanhado do Relatório de Medição Mensal e laudo das análises laboratoriais. Março a Julho de 2014 artigo técnico Referência Fevereiro 2014 Parâmetros Und. Efluente of Anexo XI Efluente ETE Mogi Mirim Observações DBO mg/L 55 10 Atende N. Amoniacal mg/L 20 17 Atende Fósforo Total mg/L 1 0,83 Atende Coliformes TT NPM/100mL 1000 Ausente Atende Cloro Total (Miníma) mg/L 0,3 0.95 Atende *Cloro Residual (Miníma) mg/L 0,3 0,31 Atende *Exigência da Licença de Operação nº 65000783 RM = (TI x Volume Ofertado) + (TO x Volume Tratado) RM = Remuneração mensal TI = Tarifa Investimento TO – Tarifa Operação Resultados do efluente final Fevereiro/ 14 Parâmetros Und. AFLUENTE EFLUENTE pH - 7,19 7,38 DQO mg/L 428 43 DBO mg/L 229 10 Nitrogênio Total mg/L 32 22 Nitrogênio Amoniacal mg/L 19 17 ST mg/L 808 - SST mg/L 158 11 Turbidez mg/L - 1,5 Cor Aparente mgPtCo/L - 99 Fósforo Total mg/L 2,6 0,83 Cloro Total mg/L 0,14 0,95 Cloro Residual mg/L - 0,31 Coliformes Totais NMP/100ml 1,7x106 Ausente Coliformes Fecais NMP/100ml 7,0x105 Ausente Oxigênio Dissolvido Mg/L 0,5 5,5 Eficiência no Período (DBO) 96% Eficiência do Projeto 80% Março a Julho de 2014 Saneas 47 artigo técnico CONCLUSÕES O processo desenvolvido no município paulista apresentou todos os requisitos de sucesso para o projeto, o poder público alcançou o objetivo de implementar o sistema de coleta e tratamento dos esgotos no município contribuindo para a saúde da população e seu bem estar. Os recursos financeiros foram 100% suportados pela iniciativa privada, sendo 80% financiados e todas as garantias prestadas pelos acionistas. Desta forma o município pode centralizar seus recursos para outras necessidades que não podem ser atendidas pelo modelo de concessão e parceria. Conforme observamos os reajustes das tarifas aplicadas aos munícipes não implicaram em valores que aumentem a inadimplência e apresentam valores comparativos com demais preços de serviços abaixo da principal empresa no setor. Esta experiência mostra o quanto é imperativo para o desenvolvimento do setor o aprimoramento da gestão, para assim chegarmos à esperada universalização do saneamento no Brasil. Participação dos agentes no processo: Prefeitura Definição da área instalação Autorizações Legais Serviço Água Esgoto Projeto Básico Processo Licitatório Fiscalização e Controle Fundo Tratamento Esgotos Liberação Pagamento das Faturas GS INIMA Sabesp ECS SESAMM Aporte Recursos Garantias Formatação SPE Obtenção Licenças Obtenção de Financiamento Elaboração Projetos Contratação da Execução Operação ETE Caixa Econômica Federal Avaliação Projeto Controle Execução Liberação Recursos Cetesb Liberação Licenças Monitoramento Benefícios Trazidos pela Concessão ■■ Índice de Tratamento de Esgotos de Zero para 65% ■■ População Atendida 56.550 habitantes / 5.242.781m³ tratados ■■ Limpeza dos rios Mogi Mirim e Mogi Guaçu - Alteração da classificação do rio de acordo com relatório Cetesb 2012 ■■ Investimentos Privados: R$ 40 milhões / 4 anos ■■ Transferência de tecnologia ■■ Novo modelo de atuação no setor de Saneamento Básico no Brasil – Parceria Estado e Iniciativa Privada 48 Saneas Março a Julho de 2014 artigo técnico MÉTODOS ALTERNATIVOS DE ADSORÇÃO DE METAIS PESADOS NO CHORUME Por Marcos Vinicius Boaventura, Matheus Henrique de Oliveira, Ramon Oliveira de Souza, Reinaldo Souza de Sant’Ana Junior e Rodrigo Bernardo de Oliveira Sousa Os metais pesados são hoje uma das maiores preocupações quando se fala em poluição do solo por águas subterrâneas de aterros sanitários. São muitos os meios de se tratar esse chorume, mas em sua maioria eles acabam se tornando caros e de baixo rendimento. Este trabalho tem como objetivo comprovar a eficácia de métodos alternativos de adsorção de metais pesados, levando em consideração a viabilidade do projeto. Foi comparada a eficiência da quitosana obtida através da quitina proveniente do exoesqueleto de artrópodes; do descarte da serragem quimicamente modificada para formação de carboxilatos e da casca da banana também quimicamente modificada. A aplicação destes métodos foram executadas em meio estático (em filtro de decantação) e em meio dinâmico (com agitação constante em agitador magnético) respeitando sempre a proporção de 1:10, ou seja, 1 grama do adsorvente para 10 mL de chorume. O chorume tratado foi submetido a análises de ICP-AES, que consiste em um método instrumental de varredura de metais na amostra, o que possibilitou uma confiabilidade e garantia dos resultados obtidos. As maiorias dos métodos estáticos se mostraram mais eficientes que os dinâmicos como no caso da adsorção com quitosana de 53,63% e 53,19% e também o da casca de banana com 20,29% e 19,63%. Já no caso da serragem o método de aplicação dinâmico mostrou-se mais eficiente que o estático, com 11,27% e 7,08% de adsorção. E por fim, pode-se observar que cada método teve uma eficácia diferente com adsorção maior de metais diferentes, não podendo descartar nenhum resultado, mas por se tratar de um trabalho comparativo, observou-se que a maior eficiência foi a da quitosana em método estático. 1. INTRODUÇÃO A procura por novas tecnologias e serviços vem au- Março a Julho de 2014 mentando a cada dia. Com isso, a exploração dos recursos naturais nunca foi tão grande quanto é atualmente. E com o crescimento da população mundial, a tendência é o crescimento do consumo e dos processos industriais. Isso consequentemente tem devastado cada vez mais o meio ambiente e os recursos naturais, produzindo resíduos sólidos. Estes não são produzidos somente pelas indústrias, mas também por casas, hospitais, plantios, comércios etc. Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em termos tanto de composição como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção (KRAEMER, 2005). De acordo com a NBR 10004 (2004) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), resíduo é: [...] sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor tecnologia disponível. De acordo com Lerípio (2004) apud KRAEMER (2005), “somos a sociedade do lixo, cercados totalmente por ele, mas só recentemente acordamos para este triste aspecto de nossa realidade. Nos últimos 20 anos, a população mundial cresceu menos que o volume de lixo por ela produzido. Enquanto de 1970 a 1990, a população do planeta aumentou em 18%, a quantidade de lixo sobre a Terra passou a ser 25% maior.” A Figura 1 ilustra as toneladas de lixo recolhidas pela prefeitura de São Paulo no ano de 2009 Os resíduos domésticos compõe a maior parte da porcentagem citada abaixo. Porém, os resíduos in- Saneas 49 artigo técnico dustriais justificam uma atenção especial pelo fato de que são muito mais nocivos, visto que afetam o meio ambiente e o ser humano drasticamente. Porém, nem sempre esse lixo recebe um tratamento especial ou destino correto, sendo que o aterro sanitário em meio a tantos processos acaba se tornando a opção mais usual e econômica das indústrias, o que não significa que seja a mais correta, devido a um grave problema: a formação do chorume. 1.1 Aterros Sanitários Os aterros sanitários são sistemas adequados comumente adotados para disposição de lixo que é intercalado por coberturas de solo, onde ocorre o processo degradativo de fermentação anaeróbia. (LINS, 2005.) Esse tipo de fermentação ocorre quando o oxigênio das bactérias se esgota tornando-se necessária a decomposição da matéria orgânica para suprir suas necessidades, quebrando as moléculas em compostos simples como o metano (CASSINI, 2003). Os aterros recebem todos os tipos de resíduos procedentes das residências, hospitais, entre outros e principalmente da indústria. Segundo dados da SABESP -Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - (2011), são recebidos em média 150 m³ por dia de resíduos industriais de aterros sanitários, que geram 70m³ de chorume. Então esse chorume é tratado e transformado em torta, que é encaminhada novamente ao aterro de origem, formando um ciclo vicioso. Porém, estes dados variam levando em consideração a estação do ano ou épocas mais chuvosas. Por último, este tratamento realizado pela SABESP tem um custo muito alto. 1.2 Chorume e metais pesados Na maioria dos aterros, o chorume é composto pelo líquido que adentra a massa aterrada oriundo de fontes externas, tais como a chuva e sistemas de drenagem. Dois processos são responsáveis por sua formação: a lixiviação e a decomposição. A lixiviação ocorre quando os constituintes químicos de um material sólido são extraídos ou solubilizados pela ação de um fluído percolante (água na maioria das vezes). A decomposição é o processo de transformação que ocorre em moléculas orgânicas, transformando-as em compostos mais simples. 50 Saneas Ambos são processos naturais que conduzem à formação de um líquido denso, de cor escura e odor desagradável conhecido popularmente como chorume (TAVARES, 2011). Tavares (2011) diz também que o chorume possui uma composição extremamente complexa e que varia desde a idade do aterro até os eventos que ocorreram antes da amostragem. Contamina o solo e possivelmente os corpos d’agua e os mananciais subterrâneos. Além disso, aterros que recebem o lodo de indústrias que não recebeu tratamento, produzirão um chorume com um alto teor de metais pesados e agentes patogênicos. Metal pesado é todo aquele que tem um alto peso específico (TAVARES, 1992). Este termo foi usado pela primeira vez em 1936, no livro de química inorgânica escrito pelo dinamarquês Niels Bjerrum, que definiu esta classe de elementos em função da densidade. Segundo este autor, para ser metal pesado o elemento deveria ter densidade superior a >4g/ cm-3. Atualmente, a designação para metal pesado é muito variável, sendo possível encontrar diversas definições para o termo. Alguns metais pesados como cobalto, cobre manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio e zinco são essenciais á vida e atuam como micronutrientes. Porém, outros metais como mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma fração aparente nos seres vivos e em altas concentrações são extremamente nocivos a natureza e aos seres vivos, por isso sua toxicologia se mostra tão importante. O que difere o chorume de um aterro a outro é justamente a concentração de metais pesados, pois há aterros que recebem mais lixo industrial que outros. Isso significa que nem todo chorume apresenta quantidades significantes de metais pesados. 1.3 Floculante O pré-tratamento mais realizado atualmente pelas indústrias é com floculantes, que consistem em uma solução viscosa que pode ser feita a partir de vários elementos. É um processo simples onde ocorre nada mais do que uma junção de tudo o que for sólido, cátions e ânions livres na água é misturado ao líquido viscoso e decanta. Após isto uma filtragem comum os separa em fase líquida e fase sólida, a fase Março a Julho de 2014 artigo técnico sólida é prensada e se torna a torta rica em matéria orgânica e a fase liquida passa por mais uma filtragem com alguns fatores desodorizantes e se torna água de reuso, apta a ser despejada nos afluentes do Rio Tietê. De 1970 até hoje, muitos outros tratamentos e métodos alternativos foram estudados e experimentados. Porém a ineficácia ou o alto custo em relação ao benefício surgiram como barreiras intransponíveis, até que estudos da biomassa começaram a ser realizados visando sanar esse problema sócio-ambiental. 1.4 Métodos alternativos para adsorção de metais Foram realizadas pesquisas que possibilitaram compreender o valor da biomassa e seus recursos como uma possível solução às consequências da formação do chorume. O conceito de biomassa pode ser definido como a massa de matéria orgânica presente nos organismos, nos ecossistemas ou em determinada população animal ou vegetal. Sua composição varia ocasionalmente por diversos fatores, como temperatura, espécies consideradas etc. A biomassa pode ser usada como fonte de energia e matéria-prima, fonte de reaproveitamento de descartes de resíduos, substituição de combustíveis fósseis por outras fontes alternativas de energia, por exemplo. Nesse sentido, desde 1970 tem-se notado um crescimento no interesse do reaproveitamento da biomassa como alternativa de desenvolvimento de novos produtos em diversas áreas, reaproveitando macromoléculas presentes nos resíduos da agroindústria (bagaços, folhas, caules), das indústrias de processamento alimentício (farelos, tortas) ou da indústria pesqueira (cascas de camarão, carapaças de caranguejos). A palavra-chave é o reaproveitamento destes resíduos, consumado pelo fato de ser uma fonte de matéria-prima relativamente barata. No entanto, este aproveitamento da biomassa se caracteriza também pelas dificuldades de extração, conversão e processamento da matéria-prima que necessita de processos físicos e químicos rigorosos, resultando na geração de resíduos que podem contaminar o meio ambiente. Além disso, por estes resíduos serem extraídos da natureza, pode-se ocorrer variações em função de muitos fatores, e se forem usados de ma- Março a Julho de 2014 neira desenfreada, podem causar um impacto ambiental (CARDOSO, 2008). 1.5 Quitina e quitosana A quitina é um biopolímero degradável de baixa toxidade e alta biocompatibilidade. Foi descoberta por Henri Braconnot, em 1811, que estava pesquisando cogumelos. É a segunda substância mais encontrada na biomassa, atrás apenas da celulose, porém, possui uma taxa de reposição que chega a ser quase o dobro da anterior. Pode ser encontrada no exoesqueleto de crustáceos e insetos, na parede celular de fungos, e outros materiais biológicos. A quitina é insolúvel em água, solventes orgânicos, ácidos diluídos e álcalis, e se apresenta em forma de sólido cristalino ou amorfo (BEPPU, 2004). A quitina apresenta também três diferentes formas polimórficas, descritas como α-quitina, β-quitina e γ-quitina, dependendo de sua estrutura cristalina, da disposição de suas cadeias e da presença de moléculas de água. A sua fórmula é β-(1-4)-N-acetil-D-glucosamina, e sua ocorrência está associada a outras substâncias, como proteínas, sais de cálcio etc, sendo que apenas em algas diatomáceas é comprovada a existência de quitina pura. A quitina pode ser utilizada como adsorvente na clarificação de óleos, tratamentos de efluentes, mas principalmente na produção de quitosana. A quitosana pode ser obtida a partir da desacetilação da quitina a qual apresenta um grande número de características e propriedades, dentre as quais se destacam: biocompatibilidade, biodegradabilidade, propriedades bactericidas, emulsificante e quelante. Essas propriedades fazem com que a indústria pesqueira tenha um interesse maior em seus resíduos, visto que a maior concentração de quitina na biomassa é encontrada em crustáceos. Na medida em que a geração de resíduos de camarão e siri é bastante significativa, que tais resíduos são constituídos por quitina, e que a mesma possui grande versatilidade, tem havido grande interesse em seu reaproveitamento, buscando uma alternativa à sua disposição final, com vistas ao desenvolvimento de produtos de valor agregado. Ainda faltam pesquisas e estudos suficientes sobre o tema, mas existem hoje teses relacionadas à quitosana com o intuito de usá-la no tratamento de efluentes (MOURA, 2006). Saneas 51 artigo técnico Como já dito antes, esse aproveitamento da biomassa caracteriza-se também pelas dificuldades de extração, conversão e processamento da matéria-prima que necessitam de processos físicos e químicos rigorosos resultando na geração de resíduos que podem contaminar o meio ambiente. Além disso, por ser extraída da natureza, podem-se ocorrer variações em função de muitos fatores, e se for usada de maneira desenfreada, pode causar um impacto ambiental. Em vista disso, decidiu-se usar o exoesqueleto de caranguejo como matéria-prima da quitina para produção de quitosana, devido ao alto descarte das carapaças pela indústria pesqueira brasileira e por restaurantes. Conforme o restaurante Empório do Caranguejo, localizado no Espírito Santo, são descartadas mais de 35 dúzias de carapaças por final de semana, número que é duplicado no verão. Segundo a direção do local, existem restaurantes da mesma região que descartam aproximadamente 200 dúzias que teriam como destino o lixo. Desse modo, o reaproveitamento deste material é uma alternativa viável visto que o Brasil possui uma costa litorânea de aproximadamente 7.367 mil quilômetros onde são facilmente encontrados os caranguejos. Atualmente, como o método de utilização da quitosana no tratamento de efluentes ainda não foi aprimorado e não é utilizado em escala industrial, as grandes empresas como SABESP e SEMAE, estão utilizando os recursos cabíveis para que não sejam depositados metais pesados nos afluentes de grandes rios e bacias hidrográficas. 1.6 Casca de banana Outra forma já conhecida e pouco utilizada para a extração de metais pesados é o uso da fibra da casca da banana, que consiste em uma técnica simples e de fácil acesso à população. A banana é picada, lavada e secada ao sol, após isto é tratada com ácido acético (4 a 6 %) e já esta pronta para servir de filtro para metais pesados (ANNADURAI, 2002). Apesar de ser uma técnica simples e de baixo custo, a utilização da fibra da banana para extrair metais pesados ainda não vem sendo explorada nas últimas décadas. A banana é a fruta tropical mais produzida no mundo, 71 milhões de toneladas produzidas mundial- 52 Saneas mente em 2006. O Brasil é o segundo maior produtor mundial, sendo superado pela Índia com 12 milhões de toneladas. A sua utilização evita impactos ambientais, já que sua casca é descartada e normalmente não tem nenhuma utilização (MARTINS, 2008). 1.7 Serragem Serragem é o resíduo formado quando se divide qualquer tipo de madeira em partes menores com uma serra ou material que causa a trituração da mesma. A quantidade de serragem gerada está ligada diretamente com a espessura e formato da serra ou equipamento que foi utilizado no corte. Atualmente marcenarias, serralherias e muitas indústrias produzem grande quantidade desse resíduo e a maior parte tem como destino o lixo. Porém, existem muitas pesquisas para a reutilização deste descarte. Dentre as pesquisas existem algumas na área de adsorção de metais pesados com serragem (RODRIGUES, 2006). A serragem contém uma grande quantidade de celulose, que tem a habilidade de adsorver metais, com o devido tratamento com acido cítrico, induzindo a formação de grupos carboxilato na sua estrutura, que aumentam a capacidade da serragem de adsorver metais (RODRIGUES, 2006). O consumo de madeira vem crescendo mais a cada ano, tendo em vista que a indústria moveleira brasileira também cresce, de acordo com a exigência dos consumidores em ter móveis mais sofisticados e bem trabalhados (Tabela 3). A madeira usada para a fabricação destes móveis gera uma certa porcentagem de serragem, que varia de acordo com o que se deseja fabricar e até mesmo com o tipo de madeira usado. Com base em todas as pesquisas realizadas em teses e projetos científicos foi decidido executar o trabalho cujo intuito é testar a eficiência de métodos alternativos para adsorção de metais pesados no lixiviado, para que este possa ser descartado com um nível de toxicidade menor do que já é proveniente do mesmo. MATERIAL E MÉTODOS Chorume Feita a coleta do chorume ( Figura 1), o mesmo foi levado ao Laboratório de Análises Instrumentais de Março a Julho de 2014 artigo técnico terceiros e foi submetido à análise por ICP-AES. O instrumento de ICP-AES (Espectroscopia de Emissão Atômica com Plasma Indutivelmente Acoplado) consiste em um aparelho que usa do princípio de emissão atômica para quantificar e qualificar sob agitação magnética com auxílio de uma barra magnética, por três horas e em seguida foi feita uma filtragem a vácuo e lavagens com água destilada para a neutralização do pH. Serragem Figura 1: Amostra de chorume coletada metais em uma amostra. É uma técnica analítica que se baseia na radiação eletromagnética nas regiões do visível e UV do eletromagnético por átomos neutros ou excitados. A fonte de emissão deste aparelho consiste em uma tocha de plasma que nada mais é que uma mistura gasosa em altíssima temperatura condutora de eletricidade e que contém nela cátions e elétrons e a partir da emissão destes e absorção do metal a ser analisado, pode-se fazer a leitura dos resultados (RATTI, 2011; KRUG, 2011). Preparo dos materiais alternativos para utilização na adsorção de metais do chorume Casca de banana Para o processo de higienização as cascas de banana foram lavadas com água destilada e para a obtenção de um particulado menor, foram picadas, proporcionando uma maior superfície de contato. Posteriormente, as cascas foram colocadas em cadinhos de alumínio e aquecidas em estufa por 24 horas na temperatura de 100°C para a secagem. Após a secagem as cascas foram trituradas e peneiradas em malha de 200 mesh/cm² e pesadas em balança analítica 16,1523g de casca seca em um vidro de relógio. Em seguida, as cascas foram transferidas para um frasco Erlenmeyer de capacidade de 250 mL, adicionando-se 300 mL de solução de ácido nítrico 0,4 mol/L. Em seguida, a mistura foi colocada Março a Julho de 2014 Para uma melhor superfície de contato e preenchimento de volume, a serragem foi peneirada com uma peneira de malha de 200 mesh/cm² até atingir a massa de 16,0371g deste peneirado. Após a pesagem a serragem foi transferida para um frasco Erlenmeyer de 250 mL, e para cada grama de serragem foram adicionados 20 mL uma solução 0,1 mol/L de hidróxido de sódio. A mistura foi submetida à agitação magnética por duas horas. Após, a amostra foi lavada com água destilada e em seguida levada à estufa de secagem sobre uma placa de Petri, por 24 horas a 55°C. Após a retirada da estufa já com a serragem totalmente seca e o recipiente resfriado no dessecador foi feita a transferência da serragem para um Erlenmeyer com capacidade de 250 mL e foi adicionada uma solução de ácido cítrico de concentração 1,2 mol/L. Posteriormente, o conteúdo foi submetido à agitação constante por duas horas e ao término deste período, a serragem foi lavada novamente e levada à estufa de secagem por 24 horas à 55 °C e mais 3 horas à 120 °C (RODRIGUES et al., 2006) Quitosana Para o preparo do adsorvente foi necessário dar início pelo processo de extração da quitina através do exoesqueleto dos caranguejos. Foram executadas as etapas de desmineralização, desproteinização, desodorização e secagem (MOURA et al., 2006), como apresentado na Figura 2 Esta etapa foi realizada com os caranguejos previamente lavados com água destilada e triturados em almofariz de porcelana com auxilio de um pistilo. Saneas 53 artigo técnico extração e a preparo da quitosana. Para produção da quitosana através da quitina foi executado o processo de desacetilação. Matéria prima Desmineralização HCl 2,5% Quitina Desproteinização NaOH 5% Desacetilação Desodorização NaClO 0,36% 54 Quitosana com pH básico Secagem Lavagens Obtenção da quitina Quitosana pronta para aplicação Com a matéria prima lavada e triturada, pôde-se dar início ao processo de desmineralização, onde em um béquer de material plástico, com capacidade máxima de 1000 mL, foram adicionadas as cascas trituradas a 500 mL de solução de ácido clorídrico 2,5% v/v contidos no recipiente e a mistura foi submetida a agitação constante com agitador confeccionado pela equipe, por 30 minutos. Em seguida foi executado o processo de desproteinização, onde em um segundo béquer de 1000 mL contendo 500 mL de solução de hidróxido de sódio 5% m/v, as carapaças desmineralizadas foram submetidas à agitação por 30 minutos. A etapa de desodorização foi executada a seguir, com uma lavagem com 500 mL de solução de hipoclorito de sódio a 0,36% v/v sob agitação constante em um béquer de 1000 mL de material plástico. E por fim, a quitina obtida foi colocada em estufa a 80°C até que se pudesse obter menor umidade da quitina. Com a quitina em mãos, foi possível iniciar-se à Saneas NaOH 42,3% a 130°C Água destilada No processo de desacetilação a quitina obtida anteriormente foi posta em reator de vidro de três saídas de 2000 mL, que continha uma solução de hidróxido de sódio 42,3% v/v cujo apresentava na saída lateral esquerda um termômetro de 200 Figura 4: Obtenção da °C enquanto na lateral quitosana pelo processo de direita havia uma rolha desacetilação n° 14 e na saída central uma rolha acoplada ao agitador. Este reator foi colocado em uma manta aquecedora até atingir temperatura de 130°C e a partir daí foi submetido à agitação por duas horas (Figura 5). No fim do processo, a quitosana produzida foi submetida à filtração a vácuo e, nesta filtração, o adsorvente foi submetido a diversas lavagens com Março a Julho de 2014 artigo técnico água destilada até que as águas das lavagens tivessem pH neutro. por duas horas (Figura 6b). E por fim, filtrou-se e armazenou-se o filtrado (RODRIGUES, 2006). Aplicação dos adsorventes na remoção de metais pesados do chorume Casca de banana Iniciou-se o processo pesando10,0036 g de casca de banana para a filtragem no funil de separação de 250 mL, e ao mesmo, foram adicionados 100 mL de chorume. Procurando manter um padrão em nossos testes, utilizou-se sempre a proporção de 1 para 10, sendo um grama de sólido para dez mL de chorume. Por fim, aguardou-se todo o chorume escoar pelo filtro (BEPPU, 2006) (Figura 5a). Em um frasco Erlenmeyer de 250 mL foram pesados 5,0023 g de casca de banana e adicionou-se com auxílio de uma proveta, 50 mL de chorume. Com isso, o chorume foi submetido à agitação com auxílio de barra magnética e agitador magnéticodurante 2 horas (Figura 5b). E encerrando o processo, foi executada filtração e armazenamento do filtrado (BEPPU, 2006). Figura 5: (a)aplicação da casca da banana para adsorção estática (b) aplicação da casca da banana para adsorção dinâmica. Figura 6: (a) aplicação da serragem para adsorção estática e (b) aplicação da serragem para adsorção dinâmica. Aplicação da quitosana Após a obtenção da quitosana, iniciou-se o processo de adsorção estática. Inicialmente, pesou-se 10,0017g de quitosana não purificada e foi montado um esquema de filtração com um funil de separação de 250 mL. Adicionou-se 100 ml da amostra de chorume que foi filtrado sobre a quitosana depositada no funil de separação (VIEIRA, 2009). Aguardou-se o tempo necessário para que toda a amostra passasse pelo filtro de quitosana. (Figura 7a) E por fim, pesou-se 5,0026 g de quitosana não purificada, adicionou-se 50 mL de chorume em um erlenmeyer de 250 mL. Com o auxílio de um agitador magnético FANEM (modelo 258)foi realizada agitação por 2 horas (Figura 7b) (VIEIRA, 2009). Posteriormente, filtrou-se a mistura, obtendo-se assim apenas o chorume filtrado. Serragem Foram pesados 10,0074g de serragem e colocados em um funil de separação de 250 mL, em seguida, no mesmo recipiente foram adicionados 100 mL de chorume. Aguardou-se a passagem do líquido por toda a serragem finalizando assim este procedimento (Figura 6a). Para a adsorção em agitação, foram pesados 5,0013 de serragem em um frasco Erlenmeyer de 250 mL e neste recipiente foram adicionados 50 mL de chorume. Com o auxílio de uma barra magnética e um agitador magnético foi realizada agitação Março a Julho de 2014 Figura 7: (a) aplicação da quitosana para adsorção estática e (b) aplicação da quitosana para adsorção dinâmica. Saneas 55 artigo técnico Análise das amostras de chorume póstratadas As amostras de chorume tratadas foram enviadas ao Laboratório de Química Instrumental e foram submetidas outra à análise de ICP-AES. RESULTADOS E DISCUSSÃO Análise do chorume Depois de realizada a primeira análise de ICP-AES Tabela 1, iniciou-se o trabalho de desenvolvimento dos métodos. Tabela 1: Quantidade de metais no chorume Metal analisado Amostra de chorume (mg/Kg) Ag 11 As 9,5 Cd 20 Co 21 Cr 9,1 Cu 7,4 Fe 55 Hg 6,0 Mn 22 Mo 14 Ni 21 Pb 9,4 Se 16 Sn 7,8 Sr 22 Zn 20 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o término do trabalho e com os resultados dos ensaios em mãos a equipe pode concluir que o método alternativo mais eficaz para adsorção de metais pesados no chorume foi a quitosana em meio estático, pois ela foi responsável pela maior adsorção destes contaminantes presentes no chorume, mostrando assim seu alto poder adsortivo e sua ótima aplicabilidade. Por outro lado, a serragem mesmo mostrando um baixo grau de adsorção seria eficaz em uma amostra com uma menor quantidade de espécies de metais. A casca de banana se encaixa neste mesmo caso, devido a variedade de metais presentes na amostra, ela não consegue adsorver todos, pois há uma competição dos metais. Contudo, não se pode menosprezar nenhum resultado mesmo tendo uma pequena adsorção, mas para isso, deve-se direcionar o foco do trabalho para outros meios, como empresas de galvanoplastia, que necessitam de tratamentos nos seus efluentes, tendo em vista que esses são descartados com uma quantidade considerável de metais pesados. Como confirma o gráfico de comparação dos métodos através da media de metaisadsorvidos (Figura 8). * Nota: nd significa “nada maior que”. Aplicação dos métodos de remoção de metais pesados do chorume Após a aplicação dos métodos estáticos e dinâmicos de remoção dos metais pesados no chorume, foi realizada uma nova análise por ICP-AES para verificar a eficiência de cada método (Tabela 2) e assim, discutir os resultados com maior precisão. 56 Saneas Março a Julho de 2014 artigo técnico Tabela 2: Concentração (em porcentagem) de metais pesados adsorvidos pelos métodos estáticos e dinâmicos Casca de banana Serragem Quitosana Estático Dinâmico Estático Dinâmico Estático Dinâmico Ag 40,9 42,7 9 11 58,1 61 As 37 43 3,1 12,6 56,8 58,9 Cd 40 52,5 5 15 53,5 57 Co 33,3 31,9 4,7 14,2 47,6 52,3 Cr 57,1 54,9 1 13 66 52,3 Cu 0 0 5,4 14,8 60,8 58,10 Fe 9 14,5 3,6 0 41,8 38,1 Hg 18,3 28,3 16,6 20 80 78,3 Mn 9 13,6 9 4,5 54,5 45,4 Mo 0 0 7,1 21,4 49,2 53,5 Ni 0 0 9,5 0 55,7 54,7 Pb 19,14 1,0 3,1 12,7 72,3 74,4 Se 12,5 0 6,25 18,7 55 58,1 Sn 16,6 8,9 6,4 3,8 70,5 71,7 Sr 31,8 22,7 13,6 13,6 36,3 27,2 Zn 0 0 10 5 0 10 Figura 8: Média de metais pesados adsorvidos por cada método, em porcentagem. Março a Julho de 2014 Saneas 57 artigo técnico André Luís Borges Lopes é doutorando em História pela PUC RS. Este artigo é uma versão preliminar dos estudos para a realização de sua tese intitulada provisoriamente de “Sanear, prever e embelezar: o engenheiro Saturnino de Brito e o urbanismo sanitarista no Rio Grande do Sul (1908 1929)”. O engenheiro Saturnino de Brito e o urbanismo sanitarista Por André Luís Borges Lopes A carência de trabalhos sobre história da engenharia no Brasil e sobre a atuação dos engenheiros na construção do Estado Brasileiro é notória, a demonstrar que um largo campo de pesquisa continua em aberto, permitindo que a atuação dos engenheiros se torne conhecida para além dos nomes emblemáticos da engenharia nacional, como André Rebouças, Paulo de Frontin, Teodoro Sampaio, Aarão Reis, Pereira Passos, entre outros. Francisco Saturnino Rodrigues de Brito é um desses nomes que merecem ter a sua atuação analisada com maiores detalhes. Figura 1: Engº. Francisco Saturnino R. de Brito Fonte: BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XXI. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. XII. Francisco Saturnino Rodrigues de Brito nasceu no dia 14 de julho de 1864, em Campos, estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 10 de março de 1929, aos 65 anos de idade, em Pelotas, enquanto vistoriava obras de saneamento que ele projetara para a cidade. Formou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1886 e é considerado por muitos como o mais notável engenheiro sanitarista brasileiro, sendo o pioneiro nesta especialidade no país. Mas antes de conhecermos um pouco mais o nosso personagem e a sua trajetória de atuação, devemos entender melhor o processo de construção do campo da engenharia ao longo da história. O surgimento da engenharia moderna se dá a partir dos séculos XVII e XVIII e dentro de condições históricas específicas. Como consequência, de um lado, da Revolução Industrial e, de outro, do Iluminismo. O surgimento do maquinário a vapor e de outras inovações tecnológicas impulsionou o desenvolvimento de novas tecnologias e a busca de soluções para os problemas de transporte e de produção. Estimulando desta forma, o estudo e a pesquisa das 58 Saneas ciências físicas e matemáticas e sua aplicação prática. Ao mesmo tempo, desde meados do século XVI, na Europa vivia-se a chamada “Querela entre os Antigos e os Modernos” que opunha os filósofos e artistas defensores da imitação dos modelos clássicos - os Antigos àqueles que acreditavam no potencial singular de seu próprio tempo de criar novas e melhores formas de arte e filosofia. A disputa representa um marco na história das ideias, pois ela assinala o início do conflito entre o classicismo e o modernismo, entre a tradição e o progresso. No século XVIII, a corrente dos Modernos foi ganhando cada vez mais força, levando a que as realizações da Antiguidade já não fossem mais consideradas superiores e insuperáveis, ao contrário, eram os feitos da civilização moderna que ganhavam os maiores elogios. Nesse contexto, as técnicas aplicadas ao campo científico e tecnológico e os inventos resultantes dessas intervenções, também chamados na Idade Média de “artes mecânicas”, se valorizavam juntamente com o estudo das ciências físicas e naturais e também passam a ser concebidos como algo que sucessivas gerações Março a Julho de 2014 artigo técnico de experimentadores irão aperfeiçoar. O reconhecimento dos resultados sempre novos apresentados por estas “artes” levava à afirmação de que o horizonte cultural dos Antigos era limitado e ressaltava o caráter provisório e historicamente localizado de suas verdades e descobertas. Essa argumentação apoiava-se na “superioridade dos modernos” e estava associada assim às artes mecânicas, à ciência e à progressividade do saber, em contraposição a cultura tradicional, caracterizada pelo imobilismo dos exercícios retóricos e filosóficos do passado. É nesse contexto que tem suas raízes a engenharia contemporânea, voltada desde as origens para a aplicação da técnica a questões concretas e, associada à modernidade. A engenharia moderna - e a preparação para o exercício dessa função - surge no ambiente militar, em face das novas necessidades de defesa, de transporte e de comunicação dos Estados. Os oficiais-engenheiros irão se aplicar na construção de armamentos, fortificações e pontes e na abertura de estradas, entre outras atividades. Conforme explica TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil (Séculos XVI a XIX): “... a engenharia moderna nasce dentro dos exércitos; a descoberta da pólvora e depois o progresso da artilharia, obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, principalmente a partir do século XVII, passaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execução. A necessidade de realizar obras que fossem ao mesmo tempo sólidas e econômicas e, também estradas, pontes e portos para fins militares forçou o surgimento dos oficiais-engenheiros e a criação de corpos especializados de engenharia nos exércitos. Tal se deu em França em 1716, por iniciativa de Vauban e, em Portugal, em 1763, no reinado de José I, como parte da reorganização do exército português levada a cabo pelo Marquês de Pombal. “. Segundo esse autor, o termo “engenheiro”, já usado desde o século XVII, designava “tanto em português como em outras línguas, quem é capaz de fazer fortificações e engenhos bélicos”, um pro- Março a Julho de 2014 fissional polivalente desde suas origens, pois suas funções se confundiam com as do arquiteto e as do construtor, “sendo às vezes difícil distinguir-se o artista do projetista e do empreiteiro de obras”. A característica militar presente, portanto, no nascedouro dessa profissão será a ela associada e perdurará por mais de um século. Será a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808 que propiciará a instalação do ensino regular da engenharia no país, uma vez que sua presença passará a requerer obras militares e urbanas destinadas a melhor defendê-la e acomodá-la. Assim, em 1810, o Príncipe Regente, futuro D. João VI, cria a Academia Real Militar no Rio de Janeiro que visava, além da formação de oficiais de engenharia e artilharia, também a de “engenheiros geógrafos e topógrafos que também possam ter o útil emprego de dirigir objetos administrativos de minas, caminhos, portos, canais, pontes, fontes e calçadas”. Para tanto se dedicava ao ensino das ciências exatas e da engenharia em geral, sob forte influência francesa, seja no que diz respeito à estruturação do curso, ao currículo e aos livros adotados. O caráter militar dos cursos de engenharia permanecerá ainda por várias décadas. Em 1823 passa-se a aceitar a matrícula de alunos civis, não mais obrigados a servir o exército, mas apenas em 1842, numa reforma nos currículos dos cursos, criam-se disciplinas pertinentes à engenharia civil e são criados os títulos de Bacharel e Doutor em Matemática e Ciências Físicas e Naturais, primeiros títulos de nível superior em engenharia totalmente desvinculados das características militares. Em 1858 dá-se a criação da Escola Central e, apesar de ser dedicada exclusivamente ao ensino da engenharia, tendo sido o ensino militar transferido para escola específica (Escola Militar e de Aplicação do Exército), ela continuava a ser um estabelecimento militar subordinado ao Ministério da Guerra. Apenas em 1874, a Escola Central se desvinculará totalmente das suas origens militares e passará a ser denominada Escola Politécnica. Segundo o Decreto nº. 5529 de 17 de janeiro de 1873 que consta do Relatório do Ministério da Guerra do mesmo ano, a transferência da Escola Central deste ministério para o Ministério do Império não se limitou às responsabilidades burocráticas e às pedagógicas. Assim, o pessoal docente Saneas 59 artigo técnico é transferido, o próprio prédio é cedido e uma verba complementar é solicitada pelo Ministério da Guerra para ser transferida ao Ministério do Império a fim de viabilizar o funcionamento da escola. A Politécnica do Rio de Janeiro, a primeira do país, nasce com um curso estruturado em duas partes: geral (2 anos) e específica (3 anos), com as seguintes especializações: Ciências Físicas e Naturais; Ciências Físicas e Matemáticas; Engenheiro Geógrafo; Engenheiro Civil; Engenheiro de Minas; e Artes e Manufaturas. De acordo com o decreto de criação da escola e seus estatutos, a distribuição das disciplinas pelos diversos cursos e anos era a seguinte: Curso Geral: 1º ano 1ª cadeira: Álgebra (teoria geral das equações, teorias e usos dos logaritmos), Geometria no Espaço, Trigonometria Retilínea, Geometria Analítica; 2ª cadeira: Física Experimental e Meteorologia. Aula: Desenho Geométrico e Topográfico. 2º ano 1ª cadeira: Calculo Diferencial e Integral, Mecânica Racional e Aplicada às Máquinas; 2ª cadeira: Geometria Descritiva; 3ª cadeira: Química Inorgânica, Noções de Mineralogia, Botânica e Zoologia. Curso de Engenheiros Civis: 1º ano 1ª cadeira: Estudo dos Materiais de Construção e sua Resistência, Tecnologia das Profissões Elementares, Arquitetura Civil; 2ª cadeira: Geometria Descritiva Aplicada (perspectiva, sombras, estereotomia). Aula: Trabalhos Gráficos. 2º ano 1ª cadeira: Estradas Ordinárias, Estradas de Ferro, Pontes e Viadutos; 2ª cadeira: Mecânica Aplicada, Máquinas em Geral, Máquinas a Vapor. Aula: Trabalhos Gráficos. 3º ano 1ª cadeira: Hidrodinâmica Aplicada, Canais, Navegação, Rios e Portos de Mar, Hidráulica Agrícola e Motores Hidráulicos. 2ª cadeira: Economia Política, Direito Administrativo, Estatística. Aula: Trabalhos Gráficos. Foi essa sólida formação matemática básica, aliada a um currículo “generalista”, que permitiu a muitos dos seus engenheiros uma atuação quase “enciclopédica”, em vários ramos da engenharia: ferrovias, portos, obras públicas e indústrias, e principalmente, permitiu que grandes avanços técnicos fossem feitos mais tarde por engenheiros, em grande 60 Saneas parte “autodidatas”. Francisco Saturnino de Brito foi um desses engenheiros de formação “enciclopédica” e de habilidade de um “autodidata”. Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica (1881-1886) e no Curso de Artes e Manufaturas no mesmo ano e na mesma instituição (1883-1886), se destacou pelo seu pioneirismo em idealizar novos elementos e materiais destinados ao saneamento das cidades, as redes de esgoto e ao abastecimento dágua. Inaugurando no Brasil uma nova especialidade dentro do campo da engenharia, a ser conhecida como engenharia sanitária. Saturnino de Brito fazia parte do que Ferreira definiu como “os politécnicos” categoria intelectual que incluía tanto os bacharéis em ciências, quanto os engenheiros formados na antiga Escola Central e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Os politécnicos se reconheceriam a partir de uma matriz ideológica comum, fundada no positivismo e pautada na relação entre a modernização do país e o desenvolvimento científico. Estes grupos eram conhecidos como “missionários do progresso”, homens de ciência que iriam salvar a nação. Eles eram vistos como portadores de um saber objetivo, oposto ao saber livresco baseado na retórica, característico dos bacharéis. Influenciados pelo positivismo, consideravam-se eles próprios responsáveis pela direção e encaminhamento das reformas necessárias ao progresso e à civilização do país. Segundo Luiz Otávio Ferreira (Obra: “Os politécnicos: ciência e reorganização social segundo o pensamento positivista da Escola Politécnica do Rio de Janeiro” / 1862-1922), a história da tradição positivista no meio científico brasileiro está intimamente relacionada ao ensino da engenharia civil e militar. Por mais que as outras instituições de ensino superior, então existentes tenham também funcionado como foco de irradiação do positivismo, as escolas de engenharia foram, de fato, o ambiente institucional onde professores e alunos tiveram experiência mais intensa de uma cultura positivista que se manifestava não apenas no ensinamento de alguns professores, mas, sobretudo, na agitada vida extra-escolar dos alunos organizada em torno de grêmios, associações e jornais de cunho científico e literário. Não é difícil entender o interesse despertado pela doutrina positivista entre os alunos. Primeiro Março a Julho de 2014 artigo técnico em função da importância que atribuía à matemática e às ciências. Segundo, devido à oposição tenaz ao espírito legalista encarnado idealmente pelos bacharéis em Direito, a elite da burocracia imperial. E, finalmente, o lugar de destaque reservado à nova elite técnico-científica na nova sociedade que se avizinhava. Do início de sua atuação profissional, em 1887, até o ano de 1892, Saturnino de Brito traçou e construiu ferrovias pelo interior do Brasil, entre elas a estrada de ferro Leopoldina (MG), estrada de ferro de Tamandaré (PE), e a estrada de ferro de Baturité (CE). Foi a partir dessa experiência, em construção de ferrovias, que os serviços de levantamento topográfico tornaram-se ferramentas fundamentais para execução de suas obras sanitaristas. Mais tarde, esses conhecimentos forneceriam as bases para a formulação dos seus planos de conjunto para as cidades. Em Piracicaba (SP), em 1893, que Saturnino de Brito encerrou sua fase de engenheiro ferroviário e iniciou sua carreira de engenheiro sanitário. Na ocasião estava incumbido de fazer os serviços de levantamento topográfico da cidade para a instalação de uma rede de esgotos. No mesmo ano, interrompeu sua carreira para se alistar como voluntário no “Batalhão Benjamim Constant”, em apoio ao Marechal Floriano Peixoto e a República, para lutar contra os revoltosos da Armada. A partir de 1894, Saturnino restabeleceu sua carreira de engenheiro, e passou a trabalhar junto à Comissão da Carta Cadastral do Rio de Janeiro. Em 1896, trabalhou como engenheiro da Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo. No ano de 1898, organizou trabalhos de esgoto sanitário na cidade de Petrópolis (RJ); saneamento da cidade de Paraíba do Sul (RJ) em 1899; saneamento de Itaocara (RJ) em 1900; levantamento da planta e projetos de saneamento da cidade de Campos (RJ) em 1901, saneamento de Santos (SP) de 1905 a 1909, parecer sobre o abastecimento de água da cidade de Campinas (SP) em 1906; saneamento da cidade do Rio Grande (RS) em 1909; saneamento de Recife (PE) de 1909 a 1918; esgotos da cidade de Paraíba do Norte (PB) em 1913, parecer sobre as obras de saneamento de Belém do Pará em 1914; saneamento da cidade de Curitiba em 1920; saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) em 1921-1923; regularização do Rio Tietê (SP) em 1923, e inúmeras outras obras em di- Março a Julho de 2014 versas cidades do Brasil durante a República Velha. Com profunda influência do pensamento positivista, Saturnino de Brito formulava uma visão holística do meio urbano e representava a cidade como um organismo em expansão. Segundo Andrade, Brito dividia o crescimento das cidades em três fases, correspondentes, até certo ponto, aos três estágios da evolução intelectual da humanidade, fixados pela filosofia Comtiana (ANDRADE, Carlos R. M. D. Camillo Sitte, Camille Martin e Saturnino de Brito: traduções e transferências de idéias urbanísticas. In: RIBEIRO, Luís César de Queiroz & PECHMAN, Robert - Orgs. Cidade, Povo e Nação: gênese do urbanismo moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, p. 294). A primeira delas é dominada pelo acaso e parece corresponder ao lento processo de expansão das cidades coloniais brasileiras, onde o capricho dos proprietários não resultara, segundo Brito, num traçado artístico. Na segunda fase de crescimento das cidades, já esta consolidada a situação fundiária, vigorando os interesses particulares, que promovem uma especulação do solo urbano, sobre tudo nas áreas centrais, e detêm o controle sobre as decisões das administrações locais. Esta etapa corresponde, de certo modo, as condições urbanas descritas por médicos e higienistas, nas primeiras décadas do século XIX, ao estudarem cidades como o Rio de Janeiro, Recife e Santos, em que o rápido aumento e adensamento populacionais criaram condições de insalubridade urbana, favorecendo a proliferação de doenças epidêmicas. Após essas fases viciosas do crescimento das cidades, a realização de um vasto programa de obras de saneamento, segundo um plano geral, garantido por uma legislação adequada, possibilitaria a cidade atingir a última fase de seu crescimento, a cidade ideal da utopia sanitarista a cidade como “um corpo são e belo”. A expansão urbana imprevisível, bem como o predomínio dos interesses particulares que constituem, para Brito, as características principais das duas primeiras fases do crescimento do organismo citadino eram considerados os fatores responsáveis por cidades insalubres e desordenadas. Contra o acaso, Saturnino de Brito propunha o plano de conjunto da cidade, o qual prevê sua expansão e projeta as obras de saneamento, bem como outros melhoramentos urbanos. Saneas 61 artigo técnico Sempre pensados em conjunto, esses planos de expansão possuíam programas previamente estabelecidos, onde normalmente se fazia a divisão das cidades em zonas, a fim de facilitar a execução dos trabalhos e possibilitar a previsão das necessidades futuras. Neles, as ruas eram traçadas de acordo com a topografia do terreno, adequada às condições locais de cada região, e com as necessidades do trânsito. Como regra, os cemitérios não eram colocados em pontos altos da cidade, ocupando esses lugares os reservatórios de distribuição de água, entre outras obras. Dentro de sua visão organicista, pensava em todos os detalhes do projeto levando sempre em consideração a expansão da cidade. Um desses exemplos é a solução que Saturnino de Brito propunha em relação à necessidade futura de ampliação das ruas. Para evitar maiores transtornos, planejava tabuleiros gramados e arborizados, laterais ou centrais, vislumbrando um alargamento posterior sem grandes gastos. Para Saturnino de Brito, as obras para o saneamento de uma cidade compreendiam, conforme a necessidade e realidade social, no enxugamento de águas superficiais estagnadas; drenagem (valas e condutos subterrâneos) para o enxugo do subsolo das regiões pantanosas circunvizinhas; retificação dos cursos de água; dessecamento de pântanos, arrasamento de morros, arborização do solo, aterro, suprimento de água potável, esgotos pluviais e sanitários; habitações salubres (familiares, coletivas, fábricas, hospitais etc.); calçamentos, iluminação artificial, jardins e remoção e incineração do lixo. Ainda a respeito do saneamento de uma cidade, afirmava o engenheiro, que este não dependia unicamente das modificações saneadoras do meio físico, mas seria resultado da “atmosfera moral” que envolve o meio social. Na sua concepção, o urbanismo era a arte de projetar e construir as cidades primeiramente do ponto de vista da salubridade, seguido pela circulação, sem se descuidar da estética. Por isso, denominava de urbanismo sanitarista aquele que adapta o desenho urbano à lógica dos fluidos e das circulações, ou seja, traça as primeiras linhas do desenho levando em conta o sanitário, através do esquema de escoamento das águas, circulação do ar e penetração da luz solar, deixando os demais aspectos subordinados 62 Saneas a esses. Em se tratando da salubridade das habitações, condenava as construções em lotes estreitos e profundos, carentes da penetração de luz solar, o que em sua opinião contribuía para a criação de quarteirões compactos, sombrios e insalubres. Dessa forma, afirmava: “A casa doentia faz moradores doentes, e não há drogas que curem estes sem que seja aquela previamente curada, isto é, saneada”. Todos os projetos de Francisco Saturnino de Brito iniciavam-se por um estudo detalhado da área de intervenção, considerando-se aspectos físicos; localização dos rios, canais, lagoas, pântanos, serras, morros, aspectos urbanos; localização de cemitérios, matadouros, mercados, cais, além de condições climáticas, serviços urbanos, possibilidades de expansão da malha, cálculos de estatística demográfica, ou seja, ele realizava um levantamento preciso dos diversos vetores que envolviam a cidade. Algo inédito para sua época, e que nos permite equiparar aos diagnósticos típicos do planejamento urbano moderno. Rigoroso na racionalidade funcional, na técnica e na economia, publicou diversos artigos no Brasil e no exterior todos envolvendo a consciência sanitária. Através de suas obras procurou inserir na nascente ordem republicana, uma nova concepção de higiene, esclarecendo dúvidas no que diz respeito às novas práticas sociais e ao uso das novas instalações sanitárias. Desta forma, o urbanismo sanitarista brasileiro tem no engenheiro Saturnino de Brito o seu pioneiro. A grande ressonância e a influência de suas obras e idéias possibilitaram a criação de uma forma urbana original, cujo elemento norteador e de maior destaque era o saneamento. Estabelece-se a partir de seus trabalhos, então, uma nova forma de pensar as cidades, criando-se um novo vocabulário, um novo método de observação e análises para resolverem os problemas da cidade moderna. Assim, através de seu urbanismo sanitarista as principais cidades brasileiras, das três primeiras décadas do século XX, adquiriram novas formas que marcaram de modo decisivo suas estruturas urbanas até os dias atuais. Sanear, prever e embelezar, tornar as cidades sadias, planejadas e formosas, eis, portanto, os objetivos principais das intervenções urbanísticas realizadas por Brito ao longo de sua trajetória. Março a Julho de 2014 Especial IFAT 2014 Participação da AESabesp na IFAT ENTSORGA 2014 Uma comissão da AESabesp, integrada pela sua vice-presidente e diretora social, eng. Viviana Marli Nogueira Aquino Borges; pelo seu diretor técnico, eng. Olavo Alberto Prates Sachs; pelos seus conselheiros eng. Carlos Alberto de Carvalho e eng. Sonia Maria Nogueira e Silva e o seu gerente de marketing Paulo Oliveira, esteve na “Ifat Entsorga2014”, a maior Feira Internacional de Água, Resíduos Líquidos e Sólidos e Reciclagem, realizada entre 5 e 9 de maio, na cidade de Munique, na Alemanha Por meio de um convite feito pelos organizadores da IFAT/2014 e que estiveram presentes na FENASAN 2013, a AESabesp também montou um estande na Feira, de frente para a entrada leste do pavilhão. Toda essa estrutura propiciou uma ampla divulgação dos produtos e serviços desenvolvidos na AESabesp e ainda projetou a realização da Fenasan 2014. De acordo com informações da organização da Feira, a edição da IFAT de 2014, foi “um espetáculo superlativo em Munique, com mais de 135 mil Março a Julho de 2014 visitantes de aproximadamente 170 países e 3.081 expositores de 59 nações, quebrando todos os recordes anteriores, principalmente com referência à intercionalização”. A Alemanha possui uma área de 357.021km² e uma população de 81,80 milhões de habitantes, sendo a maior economia da União Européia. É um pais que se preocupa muito com ações de sustentabilidade, pois a população tem um alto grau de conscientização e exige esta posição do governo. O maior exemplo é que 90% das usinas nucleares foram desativadas e substituídas por usinas eólicas sendo as solares e a oriunda da queima do biodiesel incentivadas pelo governo. Munique é uma das maiores cidades da Alemanha, capital do estado alemão da Baviera, no sudoeste do país. Conta atualmente cerca de 1,3 milhão de habitantes (censo de 2012), enquanto sua região metropolitana, que engloba diversas cidades vizinhas à Munique, abriga mais de 2,6 milhões de pes- Saneas 63 Especial IFAT 2014 soas. É assim a cidade mais populosa da Baviera e do sul da Alemanha, e a terceira cidade mais populosa do país, depois da capital, Berlim, e de Hamburgo. Na IFAT 2014, as maiores empresas do setor de saneamento ambiental estiveram presentes oferecendo soluções tecnológicas para: ■■ Gestão de resíduos sólidos e matérias-primas; ■■ Tratamento de água e de águas residuais; ■■ Distribuição de água e esgotos; ■■ Proteção costeira, contra enchentes e poluição em corpos hídricos; ■■ Resíduos Sólidos e Reciclagem; ■■ Energia a partir de resíduos; ■■ Limpeza de ruas, operação e serviços rodoviários; ■■ Tratamento Remediação do solo; ■■ Tratamento e purificação do ar; ■■ Proteção e redução de ruídos; ■■ Medição, controle e equipamentos de laboratório; ■■ Prestação de serviços variados; ■■ Ciência, pesquisa, transferência de tecnologia; ■■ Educação ambiental e apoio a jovens profissionais no setor. Além de fabricantes de tecnologias, também estavam presentes grandes comerciantes de matéria prima de todo o mundo e inúmeros representantes de empresas asiáticas buscando parcerias com empresas do mundo inteiro. A vice-presidente da AESabesp, eng. Viviana Aquino Borges, apresentou a palestra “Water/Sewage“ com o tema “Sanitation Technologies currently applied in Brazil”, com foco nas necessidades de desenvolvimento do país no setor de saneamento e também apresentando as tecnologias de ponta aplicadas no Brasil. A apresentação obteve bastante repercussão, tanto pela qualidade do saneamento desenvolvido em São Paulo, pela Sabesp, quanto pela proximidade com a realização da Copa do Mundo de Futebol em nosso País. A participação da AESabesp na Feira ainda possibilitou o acesso à informações e ao conhecimento de alguns equipamentos novos e desconhecidos aqui no Brasil. As instalações da feira impressionam pela qualidade e imensidão. Para atravessar da entrada leste para a oeste, existia no andar superior esteiras 64 Saneas rolantes e o percurso levava cerca de 20 minutos. Para se tornar mais produtiva a ação na divulgação da FENASAN/2014 e AESABESP, a delegação aproveitou-se da ocasião e optou em distribuir os folderes e fazer novas parcerias com empresas e instituições de pesquisa. O Brasil muito bem recebido na IFAT 2014 A AESabesp foi recebida pela Ms Ursula Dorna, Senior Manager International Customer Services e o Dr. Wolf Dietrich Muller Executive Director Capital Goods Shows, da Messe Munchen Internacional, que informou sobre o tamanho da Feira, quantos expositores estavam presentes e estimativa de visitantes entre outros dados de importância da IFAT/2014. A comitiva AESabesp percorreu diversos estandes de fornecedores da Sabesp e potenciais fornecedores. A equipe foi muito bem recepcionada e a comunicação fluiu muito fácil. Uma prática interessante, a qual o grupo sugere a adoção nas próximas edições da Fenasan, é a disposição de ilhas de informações espalhadas nos pavilhões. Informações importantes e contatos internacionais A tarifa do serviço de água e esgoto na Alemanha é alta: cerca de 25% maior do que a tarifa de energia elétrica. A população tem o hábito de economizar água pelo custo do serviço e não pela ausência ou escassez hídrica. A feira foi muito rica em tecnologias novas e adequadas à utilização no Brasil, como processos de instalação de redes através de MND – Método Não Destrutivo, para diâmetros de 272mm a 3200mm, como pode-se observar nos equipamentos da empresa Hobas. Também constatou-se uma nova tendência de mercado a utilização de hidrômetros de nova geração ultrassônicos como os da empresa o Neoflow da Kamstrup, empresa dinamarquesa que esta associada à Conaut no Brasil e que tem entre outras qualidades (baterias de longa duração, leitura a distancia através de ondas de radio e a possibilidade de se avaliar a vazão mínima noturna, importante ferramenta para detecção de vazamentos). As perdas dentro das instituições também podem ser combati- Março a Julho de 2014 Especial IFAT 2014 das através dos “sistemas economizadores de água”. Segundo informação dos expositores essas tecnologias já estão sendo aplicados em alguns estados do Brasil em grandes condomínios /clubes /estádios de futebol e outros. A AESabesp visitou a Egeplast, representante dos produtos e serviços nas questões técnicas sobre assentamentos de redes novas e também para serem remanejada de água e de esgotos sanitários pelo método não destrutivo – MND. Os produtos foram minuciosamente explicados. Chamou a atenção a forma de encaixe da tubulação que vem amassada e depois inflada. Revestimentos em tubos comprometidos também fazem parte dos produtos desta empresa. Houve interesse da mesma em participar da Fenasan e achar parceiros para entrarem no mercado brasileiro. A empresa Nivus que é fabricante de medidores para monitoramento e gestão de sistemas operacio- Nova Tecnologia do Lixo Tema de seis pavilhões da edição 2014 da IFAT Entsorga, a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos orgânicos e sólidos urbanos estão sendo alvo de estudos, pesquisas e financiamentos por parte de empresas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias ambientais. Empresas de várias partes do mundo estão investindo nessas áreas. Entre os exemplos vistos, foram destacados os de uma empresa italiana que trabalha com resíduos sólidos ev desenvolveu um sistema que utiliza energia solar para movimentar seus caminhões coletores. Outro, de uma empresa alemã, que recicla o material de embalagens de aerossol e o utiliza para criação de brinquedos. E ainda um terceiro, de origem italiana, que apresenta uma máquina capaz de separar fios de cobre do seu revestimento plástico de proteção. O resultado é impressionante: de um lado da máquina sai o cobre todo picotado; de outro, os resíduos plásticos triturados. O mote do reaproveitamento esse ano na IFAT é “resíduo gera energia”, que pode ser por meio anaeróbico (resíduos orgânicos) e termal (resíduo sólido). E os métodos de purificação e limpeza podem ser feitos por meio de água ou do ar. Março a Julho de 2014 nais também pronunciou claramente o interesse em negociar no Brasil, começando por participar da Fenasan ou nas manhãs de tecnologia da AESAbesp. Os engenheiros Olavo Sachs e Viviana Borges também visitaram a moderna fábrica de medidores de vazão e sensores de pressão da Siemens. Avaliações finais De acordo com os membros dessa missão, a experiência de representar uma entidade como a AESabesp é muito gratificante, em um evento tão relevante como a IFAT/2014. A Fenasan, em uma escala menor, já se destaca no cenário internacional e a AESabesp está no caminho certo ao promover o intercâmbio para crescer ainda mais, pois várias oportunidades existem além das nossas fronteiras. A AESabesp deve continuar se inserindo no mercado internacional. A partir dessa participação na IFAT, abriu-se mais uma porta para que se tenha facilidades futuras em trazer tecnologias e até obter financiamentos para o setor do saneamento básico e ambiental. A Lei 11.445/2007 vem corroborar com esta dinâmica visto que os Municípios de todo o País devem se adequar a uma legislação específica e regulatória. Tecnologias precisam ser utilizadas convergindo num resultado de custo/benefício associado às novas técnicas aplicadas para o setor do saneamento básico e ambiental. A AESABESP sabe qual é o caminho que se deve percorrer. E a sua participação na IFAT 2014 suscita uma pequena estrutura na Europa, por meio de um representante profissional e responsável. Saneas 65 Projetos Socioambientais Projeto Ecoeventus AESabesp desenvolvido pela Diretoria de Projetos Socioambientais AESabesp A AESabesp, desde 2008, vem adotando medidas para alinhar a FENASAN às políticas públicas de sustentabilidade, associadas à necessidade de mudança de hábitos e à redução de impactos ambientais identificada no universo de uma feira de negócios. Esta mudança é alcançada por meio da sensibilização, da educação e da conscientização dos atores do evento: fornecedores, associados, expositores, visitantes, congressistas e prestadores de serviços, que são motivados por meio de práticas sustentáveis redução da emissão de Gases de Efeito Estufa – GEEs adotadas durante o período da feira. As ações definidas em cada evento para reduzir a emissão dos GEEs são: ■■ A adoção da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo Decreto 7.404/2010 que trata do gerenciamento e da gestão integrada dos resíduos sólidos, onde (gestores, consumidores e comunidade em geral) tem responsabilidades no descarte, pela AESabesp, por meio do Projeto Ecoeventus que define ações de redução de resíduos na fonte geradora, tendo como base o Programa 4Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reeducar). Esta ação divide-se em duas outras: estabelecimento de parceria com a cooperativa responsável pela gestão dos resíduos (na coleta, separação e venda do material) e incentivo aos participantes do evento a mudarem seus hábitos ao disseminar por meio de palestra e instalação de coletores de resíduos para reciclagem. ■■ Otimização do consumo de água e energia incentivando os expositores da feira a planejarem a exposição de seus produtos e serviços considerando a redução ao máximo possível destes recursos. ■■ Alimentação saudável com base na pegada hídrica como indicador do uso da água que analisa seu uso de forma direta e indireta no processo 66 Saneas desde sua produção até o seu consumo, considerando também a possibilidade do seu descarte caso não seja consumida. ■■ No print com base no incentivo aos expositores e participantes do evento a não produzirem material impresso sem planejarem o público que deverá receber este material e os participantes do evento a não retirarem os impressos que não forem utilizar. ■■ Carona solidária - neste item são disponibilizados serviços de vans pela AESabesp que transportam todo o público que deseje se deslocar durante o evento em pontos próximo ao metrô e saída de uma das Unidades da Sabesp, além de incentivar a oferta de carona entre os funcionários e público da feira. ■■ Plantio de mudas - não tem o objetivo de contabilizar a emissão de GEEs como compensação, mas como uma forma de educação ambiental, ao estabelecer parcerias com a Sabesp, Terceiro Setor e escolas públicas ou particulares. Durante o plantio são dadas instruções de como plantar, como cuidar das mudas até atingirem seu estado adulto e da importância da ação para as gerações futuras. Março a Julho de 2014 Projetos Socioambientais Todas estas ações são geridas pelo Projeto Ecoeventus que além de incentivar a redução de GEEs promove entre as cooperativas de coleta de resíduo a geração de emprego e renda, o resgate da cidadania dos catadores/cooperados, a redução das despesas com programas de coleta seletiva na feira de negócio, além de outras ações que agregam valor social. As atividades do projeto Ecoeventus são realizadas por funcionários da Sabesp, voluntários (estagiários contratados para o período da feira para estimularem a desenvolver atividades voltadas a práticas de sustentabilidades e desenvolvê-los para atuarem no mercado de trabalho) e pessoas com deficiência como forma de favorecer também o seu desenvolvimento para atuarem no mercado, incentivando os empresários, público do evento, a repensarem as contratações de profissionais oferecendo emprego inclusivo, não só para um atendimento à legislação, mas como reconhecimento de suas competências. A motivação para implementação das ações, aos expositores participantes do evento, ocorre por meio de uma ação transversal: a outorga do Prêmio AESabesp, onde os critérios estabelecidos para concorrerem ao prêmio tem como referência as ações definidas no projeto Ecoeventus com base em referenciais normativos reconhecidos internacionalmente, ABNT NBR ISO 9001 – requisitos voltados ao cliente, no caso da Fenasan ao público do evento e 14001 – requisitos voltados ao meio ambiente, preocupação da AESabesp e expositores quanto a poluição gerada no evento, OHSAS – requisitos de saúde e segurança assegurados durante o evento para todo o público, entre outros. As empresas são pontuadas até 3000 pontos, somatória dos três critérios: Melhor Estande, Atendimento ao Cliente e Inovação Tecnológica, este ano o último requisito totalmente revisado para atender o tema do evento: “25 Anos de Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”. A premiação mais esperada é o Destaque Fenasan, conferido a empresa que obtém a maior pontuação para os três requisitos. Projetos Socioambientais Novidades do Prêmio AESabesp aos expositores Neste ano, para atender o tema: “25 Anos de Tecnologia a Serviço do Saneamento Ambiental”, foi totalmente revisado o critério Inovação Tecnológica. Há 25 anos, teve início na marquise da Sabesp a primeira feira de negócios denominada Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - Fenasan, com o intuito de apresentar aos empregados da Sabesp as inovações de produtos e serviços no mercado, contribuindo com o aprimoramento dos projetos. Neste clima de comemoração resgataremos, junto com os expositores, as tecnologias apresentadas na Fenasan. Esta ação tem por objetivo identificar as empresas que confiaram à AESabesp as apresentações ou lançamentos de seus produtos e serviços ao longo desse período. No processo de avaliação contaremos com uma equipe de ponta formada por profissionais experientes em prêmios do mercado: integrantes do Prêmio Polícia Militar da Qualidade, avaliadores de prêmio de qualidade reconhecidos em mercados internacionais e auditores de Sistema de Qualida- de. Segundo a coordenadora do Prêmio AESabesp e Diretora de Projetos Socioambientais, Maria Aparecida Silva de Paula, a cada ano aumentamos o desafio para tornar o prêmio mais instigante e aumentar o grau de competitividade. Prêmio Jovem Profissional Em seu primeiro ano de edição a quantidade de profissionais e estudantes que confiaram a AESabesp trabalhos para participarem desse prêmio foi surpreendente, resultando em 41 trabalhos. Após a avaliação realizada por profissionais especialistas da Sabesp e professores doutores e pós doutorados das Universidades do Estado de São Paulo tivemos 7 finalistas que irão apresentar seus trabalhos no próximo dia 01 de agosto no Pavilhão Azul do 25º Encontro Técnico da AESabesp no Expo Center Norte. A AESabesp recebeu trabalhos para o prêmio do Ceará, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Os 7 trabalhos selecionados para a próxima fase, com apresentação oral são: A vulnerabilidade socioambiental de catadores (as) de materiais recicláveis e/ou reutilizáveis; Avaliação comparativa da eficiência no tratamento de esgoto sanitário a partir da caracterização físico-química de dois sistemas utilizados no Oeste do Estado do Paraná; Caracterização de uma bacia hidrográfica urbana na Região Metropolitana de 68 Saneas Belém – PA; Modelagem e simulação dos processos de reciclagem e recuperação dos metais contidos nas placas eletrônicas; Remoção de contaminantes emergentes por processos convencionais de tratamento de esgoto; Bolsas de Resíduos no Brasil e na Alemanha: Oportunidades de Contribuição à Sustentabilidade e Degradação de efluente têxtil sintético por Aspergillus Niger na 400 em reator de bateladas sequenciais. Março a Julho de 2014 Vivências Plínio Montoro Na corrida que nos mantém sãos e salvos E m cada Revista Saneas, trazemos este espaço, denominado “Vivências”, para mostrar que muitos dos nossos associados técnicos também cultivam práticas e valores, fora da engenharia, que lhe trazem grande realização pessoal. Nessa edição especial de 25 anos de Encontro Técnico e Fenasan, destacamos uma personalidade especial dessa trajetória, o engenheiro Plínio Montoro, assessor da diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp e que também foi o presidente da AESabesp, na gestão 1989 – 1991, na qual foi realizado o nosso 1º Encontro Técnico, em agosto de 1990. Na gestão de Plínio também foi realizado o 1º Jantar Dançante, adquirida a 1ª linha telefônica da AESabesp, de número 284-6420, que até hoje atende a entidade com o novo número 3284-6420, e consolidadas várias ações em prol do fortalecimento da entidade em âmbito nacional. Mas além de toda sua bagagem como técnico e ativista do setor de saneamento, Plínio também é um atleta numa das modalidades mais democráticas do esporte: a corrida de rua. E foi essa condição de “engenheiro /corredor”, que ele nos deu esta entrevista repleta de sabedoria para se levar uma vida saudável. Saneas: O senhor sempre gostou de correr ou algo o motivou para praticar esse esporte? Plínio: O esporte sempre fez parte da minha vida. Como a grande maioria dos brasileiros dedicava-me, principalmente, ao futebol e por causa dele praticava corrida para melhorar minha condição aeróbica. Em 1996, a convite dos sabespianos Luiz Fernando Beraldo Guimarães e Cesar Soares fui participar da primeira corrida do Centro Histórico de São Paulo. Era, na época, uma corrida de 7 km e conclui a prova com o gosto de quero mais. A partir daí nunca mais parei de correr. Pouco tempo depois abandonei o futebol e passei a participar de provas mais longas, até maratona, que representa a distância de 42.195m. Saneas: Em sua concepção, existem pontos comuns Março a Julho de 2014 Plínio Montoro na Maratona de Chicago em 2012 nas trajetórias de um corredor e de um engenheiro? Plínio: Sim, principalmente na prática de corridas de fundo, como maratona ou meia maratona, há necessidade de planejamento, organização e disciplina, qualidades imprescindíveis para um engenheiro. Acredito que essas qualidades, adquiridas durante a minha vida, como engenheiro da Sabesp, facilitaram a minha evolução como corredor até chegar nas 11 maratonas e 23 meias maratonas já corridas. Por outro lado, a prática da corrida me fornece ingredientes importantes para a minha atividade profissional. Como corro sempre pela manhã, a endorfina liberada pelo meu organismo me oferece sempre disposição e aumento de concentração para o desempenho do meu trabalho. Saneas 69 Vivências Saneas: Qual é a importância pessoal que essas duas escolhas tiveram em seu desenvolvimento humano? Plínio: Ainda cursando engenharia, identifiquei-me com a disciplina Saneamento e antes da conclusão do curso optei em trabalhar nesse setor. No último ano da faculdade já estava estagiando na Sabesp e logo que me formei foi uma época em que a Sabesp estava assumindo os municípios no interior e fui trabalhar na implantação dos sistemas de abastecimento de água em diversas regiões do estado, quando tive a felicidade de ter como primeiro mestre o José Carlos Torrezan. Além de trabalhar em obras e projetos, também atuei na operação. A opção de trabalhar na Sabesp permitiu que eu compreendesse que o meu trabalho ia além da engenharia, tendo como maior objetivo a saúde pública. Sinto-me realizado como engenheiro e cidadão. A corrida, diferentemente de outros esportes, para você ganhar o outro não precisa perder. A minha disputa é contra o relógio. Procuro melhorar o meu tempo, independente do resultado dos demais corredores. Quando comecei a praticar corrida de forma sistêmica o que admirava nos corredores mais experientes era a solidariedade. O corredor está sempre disposto a ajudar no bem estar e desenvolvimento de outras pessoas como atletas. Eu diria que a corrida é mais que um esporte, é uma filosofia de vida. Saneas: O senhor corre por alguma entidade? Já ganhou títulos como atleta? Plínio: Hoje na Associação Sabesp temos uma equipe, o Clube da Corrida, através da qual participamos em média de uma prova por mês. Nunca tive a pretensão de ser corredor de ponta, sempre corri visando o lazer, a saúde e, como consequência, o bem estar para as minhas atividades. Entretanto, uma vez, em uma prova na cidade de Caraguatatuba, subi no pódio como segundo lugar na minha faixa etária. Saneas: Gostaríamos que o senhor falasse especialmente aos mais jovens sobre a importância de valores transmitidos pelo esporte, como coletividade, disciplina, resiliência, entre outros. Plínio: Independente da modalidade, o esporte propicia a melhoria da saúde física e mental. A atividade física é uma forma de reencontrarmos o equilíbrio que muitas vezes perdemos no dia a dia, em virtude de preocupações e pressões que acontecem no desenvolvimento do nosso trabalho. Com a prática do esporte fazemos uma introspecção e passamos a nos respeitar e conhecer os nossos limites. Além disso, na realização de um esporte e eu ressalto a corrida, assimilamos valores como disciplina, solidariedade, respeito ao próximo e perseverança. Mais que uMa revista, uM projeto socioaMbiental. conheça as oportunidades de participação na revista! anuncie na saneas! garanta seu espaço publicitário: 11 3263 0484 - 11 97515 4627 | [email protected] BAumiNAs Química. Da riqueza da terra à pureza da água. 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