UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” DINÂMICA POPULACIONAL, ACOPLAMENTO E VARIAÇÃO SAZONAL EM DÍPTEROS CALIFORÍDEOS Botucatu – SP 2007 João Alfredo Carrara DINÂMICA POPULACIONAL, ACOPLAMENTO E VARIAÇÃO SAZONAL EM DÍPTEROS CALIFORÍDEOS Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” como requisito à obtenção do título de doutor em Biologia Geral e Aplicada. Orientador: Dr. Wesley Augusto Conde Godoy BOTUCATU - SP 2007 2 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS Carrara, João Alfredo. Dinâmica populacional, acoplamento e variação sazonal em Dípteros califorideos / João Alfredo Carrara. – Botucatu : [s.n.], 2007. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu 2007. Orientador: Wesley Augusto Conde Godoy Assunto CAPES: 20400004 1.Mosca - População CDD 595.77 Palavras-chave: Abundância; Dinâmica populacional; Dípteros necrófagos; Diversidade; Migração local 3 AGRADECIMENTOS A Deus, que por estar em mim sustentou-me até o fim neste trabalho. Às minhas filhas, Beatriz e Helena e à minha esposa, Ana Claudia, que compreenderam a razão de minha ausência nesse período. Aos meus pais, Amaro e Maria Teresa, pela oportunidade e incentivo aos estudos. Aos meus amigos Aparecida de Fátima Grego, Marcelo Alvarez Dainesi, Runer Augusto Marson, Vera Mariza Regino Casério e Wagner Montanha, pelo apoio de todos os dias. À minha teacher Lúcia Regina de Paula Silva pelo aprendizado e apoio de sempre. À Anhanguera Educacional – Faculdade Fênix de Bauru, em especial, às técnicas do Laboratório de Biociências e aos meus alunos do Curso de Ciências Biológicas, grande motivadores deste trabalho. Aos colegas do Laboratório de Ecologia Populacional, do Departamento de Parasitologia, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista 4 “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Botucatu, pelo incentivo para a concretização deste trabalho. Ao Dr. Michel I. S. Costa do LNCC pela ajuda na implementação dos algorítmos para a realização das simulações À Dra. Cláudia P. Ferreira do Departamento de Bioestatística da UNESP, Botucatu, pela valiosa ajuda com programação e simulações computacionais, além da gentil leitura do manuscrito por ocasião da entrega da tese Aos membros da banca examinadora por se disporem a ler este trabalho Ao grande mestre, verdadeiro conselheiro, professor e amigo de todas as horas, meu orientador, Professor Dr. Wesley Augusto Conde Godoy, pela dedicação, compromisso e interesse em partilhar seus conhecimentos. 5 DEDICATÓRIA AOS AMANTES DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, AQUELES QUE ACREDITAM NA VIDA E, SOBRETUDO, QUE NELA RESIDE A CHAVE DA ESSÊNCIA HUMANA: A FELICIDADE. 6 “Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz até onde os outros foram” (Alexandre Graham Bell) 7 RESUMO A fauna de califorídeos no Brasil tem sido influenciada pela introdução das espécies exóticas do gênero Chrysomya, que obtiveram sucesso na invasão, dispersão e colonização há cerca de trinta anos atrás. A trajetória das populações de insetos, particularmente dípteros califorídeos, pode ser caracterizada por flutuações influenciadas por diferentes fatores, endógenos e exógenos. A investigação da variação em valores demográficos que governam o crescimento populacional é fundamental para a compreensão do equilíbrio de uma dada população, podendo resultar em transições no comportamento dinâmico, desde o equilíbrio estável, passando por oscilações periódicas até oscilações aperiódicas. Dentre os fatores essenciais para a compreensão dos mecanismos responsáveis pelo comportamento dinâmico de populações naturais, destaca-se a complexidade introduzida pela migração entre populações locais. A conexão entre populações locais pode esclarecer possíveis relações entre o nível de dispersão, a dependência da densidade e o papel estabilizador da dispersão em modelos potencialmente caóticos, com repercussão para a probabilidade de extinção local e global. Além da migração as interações interespecíficas e tróficas são também de importância fundamental, pois interferem na dinâmica de cada espécie. A finalidade deste estudo foi investigar, teórica e experimentalmente, a dinâmica populacional de espécies de dípteros califorídeos coletados em três localidades próximas, caracterizadas por diferentes perfis de urbanização. Coletas mensais foram feitas na área urbana 8 de três municípios do Estado de São Paulo: Bauru, Piratininga e Agudos, durante doze meses, utilizando-se armadilhas suspensas. A variação na abundância ao longo dos doze meses de estudo foi avaliada por meio de ANOVA. O coeficiente de correlação de Pearson também foi aplicado para estimar a correlação entre a temperatura ou precipitação (médias mensais) e a abundância no período compreendido entre maio de 2006 e abril de 2007. A análise de associação interespecífica foi baseada na presença e ausência de espécies nas unidades amostrais (armadilhas) com aplicações do modelo nulo. O modelo de populações acopladas aplicado foi estruturado para investigar a migração entre três populações locais, a fim de simular a dinâmica metapopulacional nas localidades propostas para o estudo. As espécies encontradas em todos os municípios foram C. albiceps, C. megacephala, C. putoria e L. eximia. A variação na diversidade de califorídeos foi devido ao encontro de exemplares de L. cuprina em Bauru e de L. sericata em Piratininga. Chrysomya megacephala foi a espécie mais abundante nas três localidades seguida por C. albiceps, C. putoria e L. eximia, exceto em Piratininga, onde L. eximia superou C. putoria. Lucilia cuprina e L. sericata foram as espécies menos abundantes em Bauru e Piratininga, respectivamente. Os dípteros califorídeos foram os mais abundantes dentre a comunidade de insetos necrófagos coletados. Contudo, a abundância entre espécies e a diversidade de famílias sofreram variações entre os três municípios. A função Pico de EdgeworthCramer foi ajustada aos dados obtidos indicando tendências oscilatórias para as espécies mais abundantes, C. megacephala e C. albiceps, com trajetórias 9 bimodais. As análises de correlação de Pearson para C. megacephala e C. albiceps sugeriram que as flutuações entre espécies estão correlacionadas nos três municípios. A análise de distribuição de freqüência revelou que as espécies C. megacephala, C. albiceps, C. putoria e L. eximia exibem um padrão agregado, descrito pela distribuição Binomial Negativa. Entretanto, diferentes níveis de agregação foram encontrados para as espécies. Os testes de coocorrência empregados pela aplicação da teoria de modelos nulos não revelaram comunidades estruturadas nas três localidades investigadas. A dinâmica populacional das duas espécies mais abundantes, C. megacephala e C. albiceps, foi investigada com modelagem, resultando em comportamentos populacionais fortemente influenciados pelos valores demográficos, decorrentes, provavelmente, da ação dos fatores endógenos das espécies combinados aos fatores exógenos e sazonais das localidades. A migração exerceu efeito estabilizador sobre as populações nas duas espécies. A estocasticidade demográfica influenciou a extinção local e os pontos de vulnerabilidade foram mostrados. A combinação de modelos e a inserção da dimensão interativa pela proposição de Lotka Volterra mostrou espaços paramétricos importantes sob o aspecto de exclusão competitiva e dinâmica de persistência. Os resultados do presente estudo levantam interessantes questões sobre a dinâmica de comunidades, sugerindo futuros estudos com ênfase em metacomunidades. Palavras-chave: Dípteros necrófagos. Abundância. Diversidade. Dinâmica Populacional. Migração Local. 10 ABSTRACT The fauna of calliforids in Brazil has been influenced by the introduction of the exotic species of genus Chrysomya, which have been successful in terms of invasion, dispersal and colonization about third years ago. The insect population trajectory, particularly blowflies, can be characterized by fluctuations influenced for different factors, endogenous and exogenous. The investigation of the variation in demographic values that govern the population growth is essential for the comprehension of population equilibrium, which frequently can be characterized by transitions in dynamic behavior, with stable equilibrium, periodic cycles and aperiodic oscillations. Among the essential factors for comprehension of mechanisms responsible for dynamics of natural populations, the complexity introduced for migration in local populations play an important role. The connection between local populations can explain relationships between the dispersal level, the density dependence and the stabilizing role of migration in potentially chaotic models, with implications for the local and global probability of extinction. The objective of this study was to investigate theoretical and empirically the population dynamics of calliphorid dipterous collected in three areas, characterized by different urbanization profiles. Monthly collecting were performed in three municipalities of São Paulo State: Agudos, Bauru and Piratininga for twelve months, employing traps. The variation in abundance over the twelve months was analised with ANOVA. The Pearson correlation was also 11 applied to estimate the correlation between species and between temperature or precipitation and the abundance from 2006 May to 2007 April. The interspecific association was based on presence and absence of species in the sample units (traps). A coupled populations model was structured to investigate the migration among three patches, in order to simulate the metapopulation dynamics in the three municipalities. The most common species found were C. albiceps, C. megacephala, C. putoria and L. eximia. The variation of diversity in blowflies was due to individuals of L. cuprina in Bauru and L. sericata in Piratininga. Chrysomya megacephala was the most abundant species in the three localities, followed by C. albiceps, C. putoria and L. eximia, except in Piratininga, the L. eximia exhibited higher numbers than C. putoria. Lucilia cuprina and L. sericata were the less abundant species in Bauru and Piratininga, respectively. The calliphorid dipterous were the most abundant among the necrophagous flies. Nevertheless, the abundance among species and the diversity of families suffered variations among the three municipalities. Curvilinear functions were fitted to the data indicating oscillatory trends for the most abundant species, C. megacephala and C. albiceps, with bimodal trajectories. Pearson correlation analysis applied to the two species suggested that the species are correlated in terms of oscillations in the three municipalities. Frequency distribution revealed that the species C. megacephala, C. albiceps, C. putoria and L. eximia exhibits a clumped pattern, described by the Binomial negative distribution. However, different levels of aggregation were found for different species. The co-occurrence tests employing by using the null model theory revealed no structured communities in the three 12 investigated areas. The population dynamics of the two most abundant species, C. megacephala and C. albiceps, was investigated with modelling, resulting in population behaviors strongly influenced by demographic values originary probably from endogenous factors combined to exogenous factors in the localities. Migration exerted stabilizing effect on the populations of the two species. Demographic stochasticity influenced the local extinction showing the populations more susceptible. The results found in this study rise interesting questions about communities dynamics, suggesting future studies emphasizing metacomunities. Key words: Necrophagous Diptera, Abundance, Diversity, Population dynamics, Local migration 13 ÍNDICE Introdução 15 Material e métodos 24 Análise estatística 25 Modelos matemáticos 27 Estimativa dos parâmetros dos 31 modelos Resultados 33 Levantamento populacional 33 ANOVA 33 Trajetórias temporais 38 Correlação 40 Distribuição de freqüência 41 Co-ocorrência 42 Modelagem ecológica 42 Discussão 60 Conclusões 74 Referências 76 14 INTRODUÇÃO Os Dípteros da família Calliphoridae são espécies de moscas pertencentes à Subordem Muscomorpha (= Cyclorrhapha), de importância ecológica, médico-veterinária e sanitária, forense e terapêutica. No que tange à importância ecológica destacam-se por serem agentes facilitadores do processo de decomposição de matéria orgânica na fase imatura (SMITH, 1986). No que diz respeito à importância médico-veterinária os dípteros da família Calliphoridae são potenciais vetores mecânicos de agentes etiológicos (CHOW, 1940; GREENBERG, 1971) e algumas espécies causadoras de miíase obrigatória e outras de miíase facultativa (GUIMARÃES; PAPAVERO, 1999). Assim, são de especial interesse médico-sanitário e sua ocorrência, distribuição e predominância nas áreas metropolitanas são fatores de grande importância em saúde pública (D’ALMEIDA; LOPES, 1983). Além disso, a abundância, bem como a distribuição dos dípteros necrófagos, são fatores essenciais a serem considerados nos estudos da entomologia forense, uma vez que são úteis para investigações criminais (SMITH, 1986; CARVALHO et al. 2004), sobretudo na estimativa do intervalo pós-morte e associação com crimes envolvendo o tráfico de drogas. Mais recentemente, os dípteros califorídeos vem sendo empregados na bioterapia ou terapia larval, que consiste da utilização de larvas vivas de moscas para tratamento de lesões epidérmicas crônicas ou infectadas, visando a remoção do 15 tecido necrosado para diminuir o risco de infecção e restaurar os tecidos (THOMAS et al.,1996). Dentre os grupos taxonômicos de dípteros muscóides, o gênero Chrysomya (Robineau-Desvoidy), com espécies originárias da Australásia e África, tem sido objeto de muitos estudos, uma vez que está envolvido no processo de invasão biológica ocorrida nas Américas há, aproximadamente, 30 anos (GUIMARÃES et al., 1978, 1979). A introdução dessas espécies, muito provavelmente, deu-se por navios que traziam refugiados de Angola e Moçambique (GUIMARÃES et al., 1979; LAURENCE, 1981). Apesar da expressiva diversidade e abundância na fauna de califorídeos no Brasil, a comunidade de dípteros necrófagos tem sido influenciada pela introdução das espécies exóticas do gênero Chrysomya, que obtiveram sucesso na invasão, dispersão e colonização (GUIMARÃES et al., 1978, 1979; BAUMGARTNER; GREENBERG, 1984, 1988). As espécies introduzidas foram C. megacephala (F.), C. putoria (Wiedemann), C. albiceps (Wiedemann) e C. rufifacies (GUIMARÃES et al., 1978, 1979). Destas, apenas C. rufifacies não colonizou o território brasileiro. Nos primeiros anos da introdução, C. megacephala foi localizada em 86 dos 139 municípios paulistas pesquisados (GUIMARÃES et al., 1979), sendo encontrada especialmente nos depósitos de lixo urbano (LINHARES, 1981; PRADO; GUIMARÃES, 1982; GUIMARÃES, 1984; D’ALMEIDA et al., 1991) e estando associada à matéria orgânica em decomposição em áreas urbanas 16 (D’ALMEIDA; LOPES, 1983; MENDES; LINHARES, 1993) e de florestas (D’ALMEIDA, 1994). As espécies Chrysomya albiceps e C. rufifacies destacam-se por serem canibais e predadoras facultativas durante o estágio larval (FULLER, 1934; ULLYETT, 1950; COE, 1978; GAGNÉ, 1981; ERZINÇLIOGLU; WHITCOMBE, 1983) e, inegavelmente, influenciam a dinâmica populacional das espécies integrantes da fauna de dípteros necrófagos (ULLYETT, 1950; HANSKI, 1977; WELLS; GREENBERG, 1992a, b, c; GOODBROOD; GOFF, 1990; FARIA et al., 1999; FARIA; GODOY, 2001). Faria et al. (1999) e Faria & Godoy (2001) investigaram a predação larval interespecífica em C. albiceps por meio de experimentos, estudando a preferência da espécie por diferentes presas e concluíram que a espécie ataca preferencialmente as espécies nativas. A trajetória das populações de insetos pode ser caracterizada por flutuações influenciadas por diferentes fatores, endógenos e exógenos (LEVIN, 1999). As flutuações populacionais e a regulação populacional têm sido convencionalmente associadas à dependência da densidade (ROYAMA, 1996). Densidades suficientemente altas evidenciam que a mortalidade per capita excede a natalidade, levando a população ao declínio. No entanto, sabe-se que outros fatores limitantes do crescimento populacional fazem parte dos processos reguladores naturais, tais como predação e parasitismo (ROUGHGARDEN, 1998). A investigação da variação em valores demográficos que governam o crescimento populacional é fundamental para a compreensão do equilíbrio de 17 uma dada população, podendo resultar em transições no comportamento dinâmico, desde o equilíbrio estável, passando por oscilações periódicas até oscilações aperiódicas (MAY; OSTER, 1976). O significado desses resultados torna-se maior quando no contexto demográfico, enfatizado por Cavalieri & Koçak (1995), Constantino et al. (1995) e Dennis et al. (1995, 2001). Eles observaram a transição de ciclos estáveis para o caos contínuo por meio da variação das taxas de natalidade e mortalidade em populações de insetos. Estas variações parecem estar relacionadas com a extinção local das espécies, uma vez que a estabilidade populacional pode influenciar a probabilidade de persistência de populações (ALLEN et al., 1993; PULLIAM, 1996; HASTINGS, 1997). Estudos voltados para análise das propriedades dinâmicas de um modelo matemático que investigou o comportamento de moscas-varejeiras revelaram que a estabilidade do equilíbrio populacional depende essencialmente da sobrevivência e da fecundidade dos indivíduos (GODOY et al., 1996a; REIS et al., 1996; TEIXEIRA et al., 1998). Godoy et al. (1996) também observaram que as variações dos parâmetros demográficos de sobrevivência e fecundidade geram alterações qualitativas e quantitativas na dinâmica populacional de três espécies do gênero Chrysomya. A identificação dos fatores responsáveis pelo crescimento de uma população biológica constitui um requisito básico para a compreensão dos mecanismos reguladores da dinâmica de populações e comunidades (BEGON; MORTIMER, 1989; RODRIGUES, 1989; ROUBHGARDEN, 1998). Comunidades 18 com complexas interações, como ocorre em dípteros necrófagos, carecem de análises pormenorizadas, exibindo inicialmente moderado grau de complexidade e envolvendo apenas uma ou duas espécies, como salientou Hastings (1997) em seu livro texto. Porém, para facilitar o entendimento dos processos populacionais, de modo que seja possível a realização de análises capazes de incorporar maior número de interações e fatores essenciais, há que se pensar na introdução gradual da complexidade nos sistemas alvo de estudo (HASTINGS, 1997). Dentre os fatores essenciais para a compreensão dos mecanismos responsáveis pelo comportamento dinâmico de populações naturais, destaca-se a complexidade introduzida pela migração entre populações locais (VANCE, 1984; HASTINGS et al., 1993; RUXTON, 1995; HANSKI; GILPIN, 1997; HANSKI, 1999). A conexão entre populações locais pode esclarecer possíveis relações entre o nível de dispersão, a dependência da densidade e o papel estabilizador da dispersão em modelos potencialmente caóticos, com repercussão para a probabilidade de extinção local e global (VANCE, 1984; HASTINGS, 1993; BASCOMPTE; SOLÉ, 1994; HANSKI; GILPIN, 1997). O estudo quantitativo dos efeitos resultantes da distribuição espaçotemporal de espécies em seus habitats, tem se tornado foco de interesse por diversos autores (DURRET, 1988; HASTINGS, 1990; KAREIVA, 1994; DURRETT; LEVIN, 1994; TILMAN; KAREIVA, 1996; DIEKMANN et al., 1999; KEELING, 1999; KOT, 2001). A modelagem, considerando a dimensão espaçotemporal é, portanto a descrição de um sistema que considera a posição e 19 distribuição dos diversos componentes populacionais, quantificados ao longo do tempo (Keeling, 1999). Assim, ao invés de uma análise que considera apenas as densidades populacionais em função do tempo, a estrutura espacial também é levada em conta. O conceito de estrutura espacial em modelos populacionais é relativamente recente, já que somente após o acesso a uma tecnologia computacional adequada, foi possível quantificar sistematicamente os efeitos gerados pela dimensão espacial sobre as populações (HUSTON et al., 1988; MCGLADE, 1993; LEVIN et al., 1999; GURNEY; NISBET, 1998). A estrutura espacial tem importantes implicações para a coexistência competitiva (LEVIN, 1974; IWASA; ROUGHGARDEN, 1986; KISHIMOTO, 1990; NEE; MAY, 1992), a persistência de interações hospedeiro-parasitóide e predador-presa (HUFFAKER, 1958; ALLEN, 1975; HILBORN, 1975; GURNEY; NISBET, 1998; NACHMAN, 1981; FUJITA, 1983; REEVE, 1988; SABELIS; DIEKMANN, 1988; COMINS et al., 1992) e a persistência regional de pequenas populações sujeitas à extinção local (DEN BOER, 1981; DAY; POSSINGHAM, 1995). Portanto a estrutura espacial é a característica dominante de modelos de metapopulações (GILPIN; HANSKI, 1991; HANSKI; GILPIN, 1997; HANSKI, 1999; TANEYHILL, 2000). Em populações locais isoladas, a dinâmica de persistência é completamente diferente da dinâmica encontrada em populações acopladas (KAREIVA, 1991; HASTINGS, 1993; RAY et al., 1998). A migração de indivíduos entre populações pode favorecer a persistência de cada população local ou ainda permitir a recolonização de habitats onde tenha ocorrido extinção local 20 (VANCE, 1984; FAHRIG; PALOHEIMO, 1988; GODOY et al., 1997). Ray et al. (1998) observaram que baixas taxas de migração entre ambientes iguais possibilitam um retardo no tempo de extinção de populações experimentais de Tribolium. Dessa forma, populações acopladas por migração entre ambientes homogêneos podem persistir por mais tempo que populações isoladas. É no âmbito da biologia populacional que se pode compreender e analisar padrões populacionais no contexto de ecologia e genética populacional (GURNEY; NISBET, 1998), necessitando para tal, de tratamento formal dada a sua natureza quantitativa (SCHNEIDER, 1994) a qual só pode ser tratada por meio de modelos expressos em linguagem matemática (HASTINGS, 1997). O comportamento dinâmico de populações biológicas tem sido analisado com maior grau de profundidade, em função do uso de ferramentas analíticas, tais como as simulações numéricas e os modelos matemáticos (HASTINGS; POWELL, 1991; HASTINGS, et al., 1993; ROUGHGARDEN, 1998; GODOY et al., 1997, 2001; SILVA et al., 2003). Os modelos matemáticos utilizados até hoje para analisar o equilíbrio populacional das espécies de moscas-varejeiras, apesar de já incorporarem, em alguns casos, a estrutura espacial através de mapas acoplados em reticulados, têm analisado os sistemas apenas com dimensão determinística (Godoy et al. 2001). Nesse tipo de abordagem, o exato tamanho populacional na geração futura pode ser predito a partir do tamanho populacional da geração atual (Gotelli, 1995; Hastings, 1997). A aleatoriedade é importante para sistemas dinâmicos em ecologia por duas razões. Primeira, não há ambientes naturais 21 absolutamente previsíveis no que diz respeito aos recursos disponíveis para seus habitantes; segunda, os organismos provavelmente não respondem aos estímulos ambientais de forma homogênea (Gurney & Nisbet, 1998). Dessa forma, a introdução da dimensão probabilística em modelos determinísticos pode representar importante ferramenta para avaliar a probabilidade de extinção populacional em nível local e global, além de obter informações sobre o tamanho mínimo viável para a persistência de uma população sujeita à estocasticidade ambiental e/ou demográfica (Renshaw, 1991). Há parâmetros demográficos que podem exibir variações em seus valores, em função de influencias ambientais ou de natureza intra e interespecífica (Gotelli, 1995; Gurney & Nisbet, 1998). Dentre eles, destacam-se a taxa de sobrevivência e a fecundidade, parâmetros essenciais para análise do crescimento populacional (Prout & McChesney, 1985; Hastings, 1997). Entretanto, a taxa de migração pode não ser constante e flutuar de acordo com a disponibilidade de recursos entre os habitats (Turchin, 1998). Recentemente, Serra et al. (2007) desenvolveram um estudo introduzindo estocasticidade em modelos de crescimento populacional aplicados a populações de moscasvarejeiras. O trabalho resultou na comparação entre a persistência populacional de espécies exóticas e nativas, levantando importantes questões no contexto de demografia e invasão biológica (Serra et al. 2007). Nesse sentido, é relevante para o estudo aqui apresentado, uma análise limites pré-determinados, nos parâmetros permitindo demográficos flutuações entre dos modelos matemáticos utilizados. 22 A finalidade deste estudo foi investigar com simulações computacionais e experimentalmente a dinâmica populacional de espécies de dípteros califorídeos coletados em três localidades próximas, caracterizadas por diferentes perfis de urbanização. Assim, os objetivos específicos do presente estudo foram: 1. Analisar a abundância de espécies de dípteros califorídeos coletados durante 12 meses em três diferentes municípios com características urbanas diferenciadas. 2. Avaliar a relação intra e interespecífica das principais espécies encontradas e a correlação da abundância populacional com variáveis ambientais. 3. Investigar padrões determinísticos e estocásticos inerentes das principais espécies coletadas no contexto individual e metapopulacional, com o auxílio da modelagem ecológica. 4. Combinar modelos matemáticos de forma a poder analisar espaços paramétricos importantes para a dinâmica intra e interespecífica, considerando a migração local 23 MATERIAL E MÉTODOS Parte experimental Estimativa da abundância populacional de dípteros califorídeos em três municípios Coletas mensais foram feitas na área urbana de três municípios do Estado de São Paulo: Bauru (48°50’00’’ de Longitude Oeste e 21°30’23’’ de Latitude Sul), Piratininga (49°08’00’’ de Longitude Oeste e 22°24’00’’ de Latitude Sul) e Agudos (47°04’39’’ de Longitude Oeste e 22°53’20’’ de Latitude Sul), durante 12 meses. As armadilhas foram confeccionadas com recipientes plásticos com fundo perfurado, medindo 9 cm de diâmetro por 30 cm de comprimento (vasilhames de refrigerantes). Na extremidade afilada do recipiente foi fixada uma isca, consistindo de fígado de frango e cabeça de peixe. Acima da isca foi fixada outra garrafa para a captura dos insetos (Fig. 1). Garrafa de captura isca Garrafa de acesso Entrada dos insetos Figura 1. Armadilha para captura de moscas 24 Três armadilhas foram colocadas suspensas em árvores em cada localidade urbana, sendo que uma foi instalada em local sombreado durante todo o dia, outra em local parcialmente sombreado e a restante com sol o dia todo, nas três localidades. Durante a primeira semana de cada mês, os insetos eram removidos e levados ao laboratório para a identificação, separação e contagem dos exemplares obtidos, por família e espécie. Em cada dia de coleta as iscas foram substituídas. A temperatura e a precipitação de cada local em estudo foram fornecidas pelo Instituto de Pesquisas Metereológicas da UNESP, campus de Bauru (IPEMET/Bauru). A homogeneidade dos resultados entre os diferentes locais, sombreado, parcialmente sombreado e ensolarado, foi confirmada pelo teste G (ZAR, 1996). Assim, os resultados oriundos destes locais foram agrupados e analisados em conjunto. Análise estatística de dados Análise de variância e correlação A variação na abundância ao longo dos 12 meses de estudo foi avaliada por meio de ANOVA, comparando mensalmente os tamanhos populacionais de cada espécie. A hipótese nula (Ho) pressupõe igualdade entre os valores de abundância (A) entre os meses (m), ou seja, Ho: Am1 = Am2 = Am3 = Am4, tanto para famílias quanto para espécies. O coeficiente de correlação de Pearson foi aplicado para estimar a correlação entre a presença das duas 25 espécies de califorídeos mais abundantes e também entre temperatura ou precipitação (médias mensais) e a abundância no período compreendido entre maio de 2006 e abril de 2007 (ZAR, 1996). Análise de associação interespecífica A análise de associação interespecífica foi baseada na presença e ausência de espécies nas unidades amostrais (armadilhas). Em comunidades de insetos há fatores bióticos e abióticos capazes de influenciar a distribuição, a abundância e conseqüentemente as interações entre espécies. A atração ou repulsão pode resultar na seleção ou não do mesmo habitat por diferentes espécies. Assim, a associação pode ser positiva, negativa ou ausente. Se positiva ou negativa interessa saber o grau de associação. Testes de coocorrência interespecífica foram aplicados com base na teoria de modelos nulos para investigar a estruturação das populações no tocante às interações entre espécies do mesmo guilda (GOTELLI; GRAVES, 1996). 26 Modelos matemáticos Modelo de crescimento populacional dependente da densidade O crescimento dependente da densidade é geralmente descrito por modelos em tempo contínuo ou discreto. Os modelos em tempo contínuo descrevem populações com sobreposição de gerações. As moscas-varejeiras apresentam crescimento em tempo discreto, já que os substratos onde as larvas se desenvolvem são efêmeros, impedindo a convivência entre indivíduos de diferentes gerações. Em tempo discreto, o modelo dependente da densidade empregado nesse estudo pode ser escrito conforme a proposição de Ricker (1952): [( N t +1 = N t exp r 1 − N (t ) K )], (1) onde r e K são respectivamente a taxa de crescimento e o tamanho populacional em equilíbrio ou a capacidade suporte. Dessa forma, o tamanho populacional no tempo Nt+1 é o reflexo da população no tempo Nt, governada por uma taxa de crescimento (r), com resultados influenciados pela capacidade suporte (K) do ambiente, sob a ação de uma função exponencial. O objetivo de analisar as populações de moscas-varejeiras com este modelo, foi conhecer o comportamento dinâmico teórico das espécies mais abundantes coletadas ao longo de sucessivas gerações, com base no padrão de flutuação sazonal. 27 Análise de sensibilidade com diagrama de bifurcação Para uma avaliação global do sistema, descrevendo os possíveis comportamentos para diferentes valores do parâmetro, foi recorrida à análise de sensibilidade com diagramas de bifurcação. A análise de sensibilidade foi conduzida empregando a teoria de bifurcação (May & Oster, 1976). O comportamento dinâmico da equação de Ricker depende essencialmente da magnitude dos valores de r (taxa de crescimento) e K (capacidade suporte). Quando se introduz a dimensão espacial (m) em modelos de crescimento como o de Ricker, a migração também pode influenciar o comportamento da população. Dessa forma, o aumento nos valores destes parâmetros gera usualmente modificações qualitativas no comportamento dinâmico da população, desde equilíbrio estável de um ponto, passando por ciclos até o regime caótico. Assim, os valores dos parâmetros definem as regiões onde os pontos fixos podem ser atratores ou repulsores. O ponto fixo é, por definição, o estado de equilíbrio onde o tamanho da população não varia de uma geração para outra. A capacidade de atração ou repulsão do ponto depende da magnitude do valor do parâmetro. Com o aumento dos valores dos parâmetros o processo de iteração se repete até o ponto de equilíbrio tornar-se instável. Neste momento, o ponto do período bifurca-se em pares de pontos fixos com período 2. A evolução deste processo pode ser visualizada por um diagrama de bifurcação para os valores dos pontos 28 fixos que representam o tamanho populacional em equilíbrio para r, K e m. O diagrama produz uma hierarquia de pontos fixos estáveis que resultam da variação nos parâmetros demográficos. Modelo de populações acopladas O modelo de populações acopladas aplicado foi estruturado para investigar a migração entre três populações locais, para simular a dinâmica metapopulacional nas localidades propostas para o estudo. Um modelo geral de metapopulações em tempo contínuo para duas populações conectadas por migração (HANSKI, 1999) pode ser escrito como: dN1 = g ( N 1 ) N1 - γ 12 ( N1 ) N1 + γ 21 ( N 2 )(1 − δ 1 ) N 2 dt dN 2 = g ( N 2 ) N 2 - γ 21 ( N 2 ) N 2 + γ 12 ( N 1 )(1 − δ 2 ) N 1 dt (2) , (3) , onde g(Ni) representa a taxa per capita de variação da população i em função dos nascimentos e mortes, γij (Ni) é a taxa per capita de emigração da população i para a população j e δi a fração de migrantes que morrem durante a migração. Pressupondo que a dinâmica local de cada população é governada pelo modelo logístico e que a emigração é independente da densidade, as equações acima poderiam ser escritas como: 29 dN1 dt dN 2 dt ( KN ) - mN1 m(1 - δ )N2 r1 N1 1 - 1 1 ( KN ) - mN2 m(1 - δ )N1 r2 N 2 1 - (4), 2 2 onde ri e Ki são, respectivamente, a taxa intrínseca de crescimento e a capacidade suporte da população i e m a taxa constante de emigração. Em tempo discreto, o modelo dependente da densidade que poderia ser incorporado às equações de migração pode ser escrito conforme a proposição de Ricker (1952), equação (1). Note que a equação (1) não apresenta ainda o acoplamento por migração, ela descreve apenas o modelo de Ricker para uma população isolada. Especificamente nesse estudo, o modelo em tempo discreto é o mais adequado já que as populações de moscas procriam-se em tempo discreto, situação em que não há sobreposição de gerações. O propósito deste estudo foi também fundir modelos matemáticos em tempo discreto para modelar a migração entre populações locais, tendo a dependência da densidade inserida no processo. Roughgarden (1998) propôs um modelo para populações acopladas em tempo discreto mais flexível que o logístico ou o de Ricker (1952), por não ter ainda incorporada a dependência da densidade. O modelo é escrito como: N 1,t +1 = r1,t [(1 − m) N 1,t + mN 2,t ] N 2,t +1 = r2,t [mN 1,t + (1 − m) N 2,t ] (5), 30 onde m é a probabilidade de migração de indivíduos da população 1 para a população 2 e vice-versa. Assim, (1-m) é a probabilidade de permanência dos indivíduos no seu ambiente. Nx t é o número de indivíduos no tempo t da população na localização x, onde x é 1 ou 2. A taxa de crescimento geométrico é representada por r na localização x, no tempo t. Se m é zero, as equações descrevem duas populações não-acopladas e se m é ½, as duas populações estão completamente conectadas por migração (Roughgarden, 1998). As simulações em computador foram feitas utilizando o software de manipulação algébrica MATLAB versão 7.0.1 (HANSELMAN; LITTLEFIELD, 1997), para três subpopulações, segundo o delineamento que consideram os três municípios, Agudos, Bauru e Piratininga. Estimativa dos parâmetros incorporados aos modelos matemáticos A taxa de crescimento populacional (r) foi estimada a partir dos sucessivos tamanhos populacionais obtidos nas coletas e aplicados ao modelo como a média geométrica das taxas de crescimento entre os meses de coleta, visto ser esta a estimativa mais adequada para analisar o crescimento em populações naturais (ROUGHGARDEN, 1998). O número máximo de indivíduos coletados em cada espécie foi utilizado para descrever a capacidade suporte em cada área de estudo. A variação estocástica foi aplicada ao parâmetro K (capacidade suporte), com flutuações entre os valores máximos e mínimos obtidos pelas estimativas mencionadas acima, com distribuição uniforme, 31 permitindo assim que todos os valores compreendidos no espectro de cada parâmetro tivessem a mesma chance de sorteio. Os sorteios foram realizados com o gerador de números aleatórios do comando “rand” do software de manipulação algébrica MATLAB 7.0.1 (HANSELMAN; LITTLEFIELD, 1997). Em todos os casos, 100 simulações estocásticas foram realizadas para a confirmação dos padrões de susceptibilidade à extinção local e global. 32 RESULTADOS Levantamentos populacionais A diversidade de espécies da família Calliphoridae variou entre os municípios estudados (Tabs. 1, 2 e 3). As espécies encontradas em todos os municípios foram C. megacephala, C. albiceps, C. putoria e L. eximia. A variação na diversidade de califorídeos foi caracterizada pelo encontro de exemplares de L. cuprina em Bauru e de L. sericata em Piratininga. Chrysomya megacephala foi a espécie mais abundante nas três localidades seguida por C. albiceps, C. putoria e L. eximia, exceto em Piratininga, onde L. eximia superou C. putoria. Lucilia cuprina e L. sericata foram as espécies menos abundantes em Bauru e Piratininga, respectivamente (Tabs. 1, 2 e 3). Análise I: ANOVA fator único (abundância) A despeito do objetivo inicial do projeto ser voltado apenas para a análise da variação na abundância de dípteros califorídeos, a abundância de outras famílias foi também registrada. Assim, os resultados foram comparados estatisticamente em dois níveis taxonômicos, ou seja, abundância entre espécies e abundância entre famílias. Comparando a abundância de indivíduos entre espécies coletadas em Agudos notou-se que a diferença entre os valores para cada espécie foi significativa (F = 5.27, p < 0.01). O mesmo resultado também foi encontrado 33 quando se analisou o número de indivíduos por família (F = 12.18, p < 0.01). Em Bauru, a comparação da abundância de indivíduos coletados também indicou diferença significativa tanto para espécies (F = 4.39, p < 0.01), como para família (F = 6.91, p < 0.01). A abundância de indivíduos coletados em Piratininga também diferiu significativamente tanto para espécie (F = 3.16, p < 0.01), como para Família (F = 5.22, p < 0.01). Análise II: ANOVA fator duplo (abundância e mês) A comparação da abundância de indivíduos coletados em Agudos (Tab. 1) indicou diferença significativa entre espécies (F = 7.94, p < 0.05), mas não entre meses (F = 1.69, p > 0.05), quando analisada por fator duplo. Já para o município de Bauru a diferença foi significativa (Tab. 2) tanto entre espécies (F = 6.59, p < 0.05) como entre meses (F = 2.13, p < 0.05). Para Piratininga a diferença também foi significativa (Tab. 3) tanto entre espécies (F = 4.95, p < 0.05) como entre meses (F = 2.67, p < 0.05). 34 Tabela 1 - Levantamento de Califorídeos na região urbana de Agudos/SP C. putoria L. eximia Σ MESES C. megacephala C. albiceps MAI 0 0 0 0 0 JUN 0 0 0 0 0 JUL 8 3 3 0 15 AGO 0 0 0 0 0 SET 18 14 1 0 33 OUT 23 8 0 0 31 NOV 18 2 0 0 20 DEZ 3 4 1 2 10 JAN 3 13 3 2 21 FEV 15 5 0 0 20 MAR 8 3 0 0 11 ABR 2 0 0 1 3 Σ 98 52 8 5 163 Tabela 2 - Levantamento de Califorídeos na região urbana de Bauru/SP MESES C. megacephala C. albiceps C. putoria L. eximia L. cuprina MAI 0 0 0 0 0 0 JUN 1 0 0 0 0 1 JUL 32 25 1 1 0 59 AGO 11 2 0 0 0 13 SET 3 1 1 0 0 5 OUT 156 70 0 7 0 233 NOV 158 77 0 0 0 235 DEZ 33 63 15 3 2 116 JAN 103 23 1 0 0 127 FEV 35 5 0 0 0 40 MAR 10 1 0 0 0 11 ABR 6 0 0 0 0 6 Σ 548 267 18 11 2 846 Σ 35 Tabela 3 - Levantamento de Califorídeos na região urbana de Piratininga/SP MESES C. megacephala C. albiceps C. putoria L. eximia L. sericata MAI 0 0 0 1 0 1 JUN 0 0 0 2 0 2 JUL 37 54 4 11 0 106 AGO 2 1 0 5 0 8 SET 0 6 0 0 0 6 OUT 119 78 0 11 0 208 NOV 125 106 0 0 0 231 DEZ 5 12 0 0 0 17 JAN 21 28 5 6 0 60 FEV 20 3 0 4 0 27 MAR 9 2 0 0 0 11 ABR 19 3 0 0 1 23 Σ 357 293 9 40 1 700 Σ A comparação da abundância entre famílias coletadas em Agudos (Tab. 4), resultou em diferença significativa (F = 13.41, p < 0.05). Contudo, a comparação entre meses não revelou diferença significativa entre os valores de abundância para as famílias (F = 1.5, p > 0.05). No entanto, comparando a abundância entre as famílias sem considerar califorídeos o resultado foi alterado, indicando diferença significativa tanto entre famílias (F = 3.68, p < 0.05) como entre meses (F = 4.17, p < 0.05). A abundância em nível de família para Bauru (Tab. 5) resultou em diferença significativa entre as cinco famílias (F = 7.91, p < 0.05). Entretanto, a comparação entre meses não revelou diferença significativa para valores de abundância considerando as famílias (F = 1.71, p > 0.05). A comparação da 36 abundância sem considerar califorídeos resultou em diferença significativa tanto entre famílias (F = 7.17, p < 0.05) como entre meses (F = 2.89, p < 0.05). A comparação da abundância para espécimes coletados em Piratininga (Tab. 6), em nível de família resultou em diferença significativa entre as cinco famílias (F = 5.67, p < 0.05). Contudo, a comparação entre meses não revelou diferença significativa entre os valores de abundância (F = 1.43, p > 0.05). O mesmo resultado acima foi encontrado sem considerar califorídeos, ou seja, a diferença foi significativa entre famílias (F = 5.52, p < 0.05), mas não entre meses (F = 1.95, p > 0.05). Tabela 4 - Levantamento de Muscóides na região urbana de Agudos/SP FAMÍLIAS MA JU I N JU L AG O SE T OU T NO V DE Z JA N FE V MA R AB R Σ Calliphoridae 0 0 14 0 33 31 20 10 21 20 11 3 163 Sarcophagida e 0 0 6 0 0 4 4 0 0 1 1 2 18 Muscidae 0 0 8 7 0 3 7 0 1 0 1 0 27 Anthomyidae 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 Faniidae 0 0 2 0 0 5 0 0 0 0 0 0 7 Σ 0 0 34 7 33 43 31 10 22 21 13 5 219 Tabela 5 - Levantamento de Muscóides na região urbana de Bauru/SP FAMÍLIAS MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR Σ Calliphoridae 0 1 59 13 5 233 235 163 127 40 11 6 692 Sarcophagidae 0 0 2 1 0 17 15 15 7 0 4 0 61 Muscidae 0 0 30 0 0 37 22 30 29 0 3 0 151 Foridae 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 6 Faniidae 0 0 1 0 0 14 0 0 0 0 0 0 15 Σ 0 1 92 14 5 301 272 40 18 6 925 214 163 37 Tabela 6 - Levantamento de Muscóides na região urbana de Piratininga/SP MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR Σ FAMÍLIAS Calliphoridae 1 2 106 8 6 212 231 17 60 27 7 23 700 Sarcophagidae 1 0 6 1 3 12 15 7 31 7 9 0 92 Muscidae 2 0 16 1 4 12 25 6 12 0 0 7 85 Tephritidae 2 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 5 Faniidae 1 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 15 Σ 7 2 130 10 13 250 271 41 103 34 16 30 897 Análise III: trajetórias temporais As séries temporais analisadas para as duas espécies mais abundantes, C. megacephala e C. albiceps, foram modeladas pela função Pico de Edgeworth-Cramer (ECS), resultando em ajustes de curva apresentados em oito figuras. As séries indicam padrões de oscilação temporal semelhantes para as duas espécies, nas três áreas de estudo. O ajuste da função foi satisfatório na maioria dos casos, evidenciando uma tendência bimodal na maioria dos casos (Figs. 1-4). Smega 400 350 Data: Data1_Salbi Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 150 Chi^2/DoF = 886.159 R^2 = 0.9579 300 y0 xc A w a3 a4 22.22645 7.82299 611.72333 1.29579 2.10063 0.85026 200 150 100 Chi^2/DoF = 806.07578 R^2 = 0.8927 y0 xc A w a3 a4 ±11.35014 ±0.09558 ±104.14271 ±0.06558 ±0.22052 ±0.4753 Y Axis Title 250 Y Axis Title Salbi 200 Data: Data1_Smega Model: ECS Equation: W eighting: y No weighting 26.29163 4.83141 435.09535 1.81053 -2.12426 -1.63334 ±13.13101 ±0.19824 ±117.01466 ±0.15509 ±0.33665 ±0.70164 100 50 50 0 0 0 2 4 6 8 X Axis Title (a) 10 12 0 2 4 6 8 10 12 X Axis Title (b) Fig. 1. Série temporal com ajuste da função ECS para abundâncias de C. megacephala (a) e C. albiceps (b), nas três localidades. (ANEXO 1) 38 megaAgu albiAgu 30 28 26 24 Chi^2/DoF = 16.62567 R^2 = 0.86729 22 y0 xc A w a3 a4 20 18 Data: Data1_albiAgu Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 14 Chi^2/DoF = 28.20449 R^2 = 0.3654 12 2.74852 ±1.9065 8.07947 ±0.20569 50.77535 ±18.99603 1.89683 ±0.16338 2.4062 ±0.48672 1.06765 ±0.99574 y0 xc A w a3 a4 10 16 Y Axis Title Y Axis Title 16 Data: Data1_megaAgu Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 14 12 10 8 6 -1333.35676 -158.5557 6549.10127 52.07764 -47.85525 -1717.88446 ±234628.52849 ±24187.81686 ±319227314.63664 ±5930.80641 ±1155837.6883 ±81936345.72087 8 6 4 2 4 2 0 0 -2 0 2 4 6 8 10 -2 12 0 2 4 6 8 X Axis Title X Axis Title (a) (b) 10 12 Fig. 2. Série temporal com ajuste da função ECS para abundâncias de C. megacephala (a) e C. albiceps (b), na cidade de Agudos. (ANEXO 2) AlbiBau 90 200 Data: Data1_megaBau Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 160 140 120 70 y0 xc A w a3 a4 60 11.68458 7.67941 377.16779 1.22375 1.92915 0.33986 Data: Data1_AlbiBau Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 80 Chi^2/DoF = 131.86686 R^2 = 0.97944 ±4.29386 ±0.06749 ±37.04202 ±0.04919 ±0.1303 ±0.25019 100 80 60 Y Axis Title 180 Y Axis Title 100 megaBau 220 Chi^2/DoF = 97.61435 R^2 = 0.94168 y0 xc A w a3 a4 50 5.25437 7.12628 213.50376 0.95676 0.98875 -0.17906 ±4.17635 ±0.70648 ±44.47024 ±0.12152 ±1.20661 ±1.09063 40 30 20 40 10 20 0 0 -20 -10 0 2 4 6 8 10 0 12 2 4 6 8 10 12 X Axis Title X Axis Title (a) (b) Fig. 3. Série temporal com ajuste da função ECS para abundâncias de C. megacephala (a) e C. albiceps (b), na cidade de Bauru. (ANEXO 3) 160 120 Data: Data1_megaPir Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 120 Data: Data1_albiPir Model: ECS Equation: Weighting: y No weighting 100 Chi^2/DoF = 294.57801 R^2 = 0.87437 Chi^2/DoF = 427.80878 R^2 = 0.8825 y0 xc A w a3 a4 100 7.47042 7.97584 193.95036 1.31894 2.46291 1.57434 80 ±7.97362 ±0.15203 ±75.38567 ±0.10712 ±0.52093 ±1.26962 60 40 y0 xc A w a3 a4 80 Y Axis Title Y Axis Title albiPir megaPir 140 12.89629 4.87915 194.79379 1.60219 -2.45166 -1.23588 ±7.3158 ±0.15174 ±59.14006 ±0.12234 ±0.42495 ±0.74829 60 40 20 20 0 0 0 2 4 6 X Axis Title (a) 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 X Axis Title (b) Fig. 4. Série temporal com ajuste da função ECS para abundâncias de C. megacephala (a) e C. albiceps (b), na cidade de Piratininga. (ANEXO 4) 39 Análise IV: testes de correlação Análises de correlação de Pearson foram aplicadas para investigar se os padrões de flutuações entre as espécies mais abundantes, C. megacephala e C. albiceps estavam correlacionados. Os resultados sugerem que as flutuações entre espécies estão correlacionadas nos três municípios. Os coeficientes de correlação obtidos foram r = 0.49, r = 0.83 e r = 0.94 para os testes realizados com as populações das duas espécies, respectivamente, para Agudos, Bauru e Piratininga (p < 0.05). Avaliando a correlação entre abundância de C. megacephala e temperatura para Agudos, constatou-se correlação positiva entre os fatores (r = 0.30, p < 0.05). Já, entre a abundância da espécie e a precipitação a correlação não foi significativa. Em C. albiceps a correlação com a temperatura foi baixa (r = 0.19, p < 0.05) e moderada com a precipitação (r = 0.54, p < 0.05). Para os resultados obtidos em Bauru a correlação entre abundância de C. megacephala e temperatura, foi positiva entre os fatores (r = 0.38, p < 0.05). Entre a abundância da espécie e a precipitação a correlação também foi significativa (r = 0.28, p < 0.05). Em C. albiceps a correlação com a temperatura foi significativa tanto para esse fator (r = 0.36, p < 0.05) quanto para a precipitação (r = 0.27, p < 0.05). A correlação entre a abundância de C. megacephala e a temperatura em Piratininga também foi significativa (r = 0.28, p < 0.05), mas a análise envolvendo a precipitação não foi significativa. Para C. 40 albiceps a correlação com a temperatura foi significativa também (r = 0.19, p < 0.05) e com a precipitação não significativa. Análise V: distribuição de freqüência A análise de distribuição de freqüência revelou que as espécies C. megacephala, C. albiceps, C. putoria e L. eximia exibem um padrão agregado de distribuição, descrito pela distribuição Binomial Negativa. Entretanto, diferentes níveis de agregação foram encontrados para as espécies (Tab. 7). Tabela 7. Distribuição de freqüência para número de espécimes capturados no total de armadilhas com ajuste significativo (p < 0.05) para a função Binomial Negativa Estatística C. megacephala C. albiceps C. putoria L. eximia x 42.58 35.16 2.91 5.09 s2 1006 1295 27.53 31.89 χ2 61.79 26.71 16.65 22.04 g. l. 59 47 14 17 k 0.57 0.39 0.12 0.89 41 Análise VI: co-ocorrência Os testes de co-ocorrência empregados pela aplicação da teoria de modelos nulos, visando a análise de possíveis associações interespecíficas, não revelaram comunidades estruturadas nas três localidades investigadas (p > 0.2). Modelagem: dinâmica determinística e migração local O acoplamento do modelo de Ricker ao modelo metapopulacional, com dimensão para migração entre três populações locais, descritas neste estudo como Agudos (n1), Bauru (n2) e Piratininga (n3), resultou na formulação de três equações de diferença finita para a descrição do comportamento dinâmico em C. albiceps e C. megacephala. As equações que descrevem a dinâmica das duas espécies em três localidades podem ser escritas como: n1,t n2 ,t n3,t 1 1 1 (1 - m12 - m13 )n1,t e r1 (1- (1 - m 21 - m 23 )n2,t e (1 - m 31 - m 32 )n3,t e n 1,t K1 r2 (1- r3 (1- ) n 2,t K2 n 3,t K3 m 21n2,t e ) ) r2 (1- m12n1,t e m13n1,t e n 2,t K2 r1 (1- r1 (1- n 1,t K1 n 1,t K1 ) ) ) m31n3,t e r3 (1- m32n3,t e m23n2 ,t e n 3,t K3 r3 (1- r2 (1- n 3,t K3 n 2,t K2 ) ) (6), ) 42 onde, mij descreve a migração entre os fragmentos 1, 2 e 3, respectivamente Agudos, Bauru e Piratininga e as letras subscritas I e j representam os sítios para os quais os indivíduos se movem (i, j = 1, 2 e 3). O parâmetro ri é a taxa de crescimento populacional e Ki é a capacidade suporte do ambiente, sendo I = 1, 2 e 3, com estimativas obtidas das séries temporais apresentadas na Tabela 8. Tabela 8. Estimativas da taxa média de crescimento e capacidade suporte anual e sazonal Agudos C. megacephala C. albiceps r k r k Média anual 1,61 23 1 14 Inverno e primavera 4,7 23 3,8 14 Verão e Outono 0,64 18 0,34 13 Bauru Média anual C. megacephala C. albiceps r k r k 1,78 158 1 77 43 Inverno Primavera 6,89 156 5,87 70 Verão e Outono 0,52 158 0,17 77 Piratininga C. megacephala C. albiceps r k r k Média anual 1,98 125 1,67 106 Inverno e Primavera 6,53 119 6 78 Verão e Outono 0,68 125 0,49 106 44 Na figura 5, a evolução do tamanho populacional aparece representada por um diagrama de bifurcação, que descreve a evolução do comportamento dinâmico em C. albiceps expressa pela variação do tamanho da população em função do crescimento populacional (r), a princípio ainda sem considerar a migração. O espaço paramétrico para r, de zero à 1.9, descreve o equilíbrio estável de um ponto, com prevalência durante o outono para C. albiceps. Com r variando de 2 à 2.5 a representação gráfica indica uma primeira bifurcação, exibindo ciclo limite de dois pontos (Fig. 5). A partir de 2.5 nova bifurcação pode ser notada, sugerindo um ciclo limite de quatro pontos, o que caracteriza valores associados ao verão. Valores acima de 2.7 indicam novas bifurcações, levando a população a variações imprevisíveis em termos de flutuação populacional, o que sugere comportamento aperiódico (Fig. 5). Para este espaço paramétrico de r associa-se o inverno e a primavera. 45 Figura 5. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C.albiceps com associação às diferentes estações do ano 46 Figura 6. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C. megacephala com associação às diferentes estações do ano A evolução do comportamento dinâmico em C. megacephala indica similaridade com a figura anterior, exceto pelo valor de equilíbrio, expresso pelo intercepto no eixo do tamanho populacional e pela associação das estações aos valores da taxa de crescimento. Neste caso específico o equilíbrio de um ponto está associado às estações verão e outono e os comportamentos cíclicos e imprevisíveis associados ao inverno e primavera (Fig. 6). Figura 7. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C. albiceps com associação às diferentes estações do ano 47 Para as simulações realizadas com os valores de taxa de crescimento populacional estimadas dos municípios de Bauru e Piratininga, o padrão sazonal dos comportamentos dinâmicos foi o mesmo para C. albiceps e C. megacephala, exceto pelos valores de equilíbrio visíveis como intercepto do eixo do tamanho populacional (Figs. 7 à 10). Figura 8. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C. megacephala com associação às diferentes estações do ano 48 Figura 9. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C. albicveps com associação às diferentes estações do ano Figura 10. Bifurcação para diferentes valores de taxa de crescimento em C. megacephala com associação às diferentes estações do ano 49 As figuras 11 e 12 apresentam a variação do tamanho populacional em função dos valores crescentes de migração local em C. albiceps e C. megacephala, respectivamente. As simulações foram feitas tendo como origem populações de Agudos com migração direcionada para Bauru. Em ambas as espécies os diagramas de bifurcação mostram o papel estabilizador da migração local sobre os comportamentos imprevisíveis, quando se observa o espaço paramétrico entre 0 e 0.5 (Figs. 11 e 12). Em ambos os casos, o comportamento dinâmico caracterizado por oscilações complexas dá lugar às janelas de estabilidade à medida que os valores de m aumentam. Contudo, as janelas observadas nas simulações realizadas para C. albiceps exibem maior amplitude que as janelas encontradas em C. megacephala (Figs. 11 e 12). 50 Figura 11. Gráficos de bifurcação mostrando a variação do tamanho populacional de C. albiceps em Agudos, Bauru e Piratininga, com taxa de crescimento média para inverno e primavera, em função da migração local Simulações foram realizadas também considerando outros direcionamentos migratórios com as duas espécies, ou seja, de Bauru para Agudos, de Bauru para Piratininga, de Piratininga para Agudos e de Piratininga para Bauru. Os resultados encontrados foram bastante similares aos apresentados nas figuras 11 e 12, razão pela qual não foram aqui exibidos graficamente. 51 Figura 12. Gráficos de bifurcação mostrando a variação do tamanho populacional de C. megacephala em Agudos, Bauru e Piratininga, com taxa de crescimento média para inverno e primavera, em função da migração local Modelagem: dinâmica estocástica e migração local A dinâmica estocástica de C. megacephala e C. albiceps foi analisada inicialmente com capacidade suporte estocástica e ausência de migração local (Fig. 13). 52 300 250 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica sem migração r1=1.61;r2=1.78;r3=1.98 K1max=23;K1min=0;K2max=158;K2min=0; K3max=125;K3min=0 200 150 100 Chrysomya albiceps 180 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica sem migração r1=1;r2=1;r3=1.67 K1max=14;K1min=0;K2max=77;K2min=0; K3max=106;K3min=0 160 Tamanhos populacionais Tamanhos populacionais 200 Chrysomya megacephala 140 120 100 80 60 40 50 20 0 1 2 3 4 5 6 Gerações (a) 7 8 9 10 11 0 1 2 3 4 5 6 Gerações 7 8 9 10 (b) Figura 13. Iterações recorrentes com capacidade suporte estocástica e ausência de migração local para C. megacephala (a) e C. albiceps (b). Os padrões das séries temporais geradas foram ligeiramente similares para as duas espécies, mostrando que, em ambos os casos as populações com menor espectro de oscilação e mais próximas à zero são oriundas de Agudos (Fig. 13). As populações de C. megacephala e C. albiceps, com origem em Piratininga exibiram flutuações similares (Fig. 13). A principal diferença foi encontrada entre as espécies com populações originadas em Bauru, situação em que C. megacephala exibiu praticamente o mesmo espectro oscilatório para os dois municípios, Bauru e Piratininga, porém C. albiceps apresentou oscilações em Bauru com menor espectro que em Piratininga (Fig. 13). 53 300 250 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica com 1% de migração multidirecional r1=1.61;r2=1.78;r3=1.98 K1max=23;K1min=0;K2max=158;K2min=0; K3max=125;K3min=0 200 150 100 Chrysomya albiceps 180 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica com 1% de migração multidirecional r1=1;r2=1;r3=1.67 K1max=14;K1min=0;K2max=77;K2min=0; K3max=106;K3min=0 160 Tamanhos populacionais Tamanhos populacionais 200 Chrysomya megacephala 140 120 100 80 60 40 50 20 0 1 2 3 4 5 6 Gerações 7 8 9 0 10 1 22 33 4 4 5 5 6 6 7 Gerações (a) 7 8 89 910 11 10 (b) Figura 14. Iterações recorrentes com capacidade suporte estocástica e 1% de migração local para C. megacephala (a) e C. albiceps (b). 250 Agudos Bauru Piratininga 150 100 50 Chrysomya albiceps 180 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica com 10% de migração multidirecional r1=1;r2=1;r3=1.67 K1max=14;K1min=0;K2max=77;K2min=0; K3max=106;K3min=0 160 Tamanhos populacionais Capacidade suporte estocástica com 10% de migração multidirecional r1=1.61;r2=1.78;r3=1.98 K1max=23;K1min=0;K2max=158;K2min=0; K3max=125;K3min=0 200 Tamanhos populacionais 200 Chrysomya megacephala 140 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 Gerações 7 8 9 10 0 1 2 3 (a) 4 5 6 Gerações 7 8 9 10 11 (b) Figura 15. Iterações recorrentes com capacidade suporte estocástica e 10% de migração local para C. megacephala (a) e C. albiceps (b). As figuras 14 e 15 mostraram que taxas de migração de 1% e 10% gradativamente elevam os patamares populacionais para as duas espécies, descrevendo assim o efeito resgaste, sobretudo nas populações com estimativas obtidas a partir de Agudos. Aumentando a migração para 30% nota-se uma elevação em todas as séries temporais, contudo, o efeito de sincronia espacial se faz presente para ambas as espécies (Fig. 16). 54 200 Agudos Bauru Piratininga 140 120 80 60 140 120 100 80 60 40 40 20 20 1 2 3 4 5 6 Gerações 7 8 9 0 10 Agudos Bauru Piratininga Capacidade suporte estocástica com 30% de migração multidirecional r1=1;r2=1;r3=1.67 K1max=14;K1min=0;K2max=77;K2min=0; K3max=106;K3min=0 160 100 0 Chrysomya albiceps 180 Tamanhos populacionais Capacidade suporte estocástica com 30% de migração multidirecional r1=1.61;r2=1.78;r3=1.98 K1max=23;K1min=0;K2max=158;K2min=0; K3max=125;K3min=0 160 Tamanhos populacionais 200 Chrysomya megacephala 180 1 2 3 4 5 6 Gerações (a) 7 8 9 10 (b) Figura 16. Iterações recorrentes com capacidade suporte estocástica e 30% de migração local para C. megacephala (a) e C. albiceps (b). Modelagem: dinâmica determinística, migração local e competição O formalismo de Lotka-Volterra para modelos de competição foi introduzido nas equações integrantes da expressão (5) visando a adição da dimensão interativa no sistema. Dessa forma, o sistema de equações que descreve a dinâmica metapopulacional com competição interespecífica pode ser escrito como: n1, a , t n1, b, t (1 - m12 - m13 ) n1, a , t e 1 (1 - m12 - m13 )n1, b , t e 1 n 2 , a ,t n2,b ,t n3, a ,t n3,b ,t 1 1 1 1 r1,a (1- r1,b (1- (1 - m21 - m23 )n2,a ,t e (1 - m21 - m23 )n2,b ,t e (1 - m31 - m32 )n3, a ,t e (1 - m31 - m32 )n3, b, t e n 1,a,t α n1,b ,t K 1,a n 1,b, t β n1,a ,t K 1,b r2 , a (1- r2 ,b (1- r3, a (1- r3 ,b (1- ) ) n 2, a, t α n2 , b , t K 2, a n 2,b, t β n 2 , a ,t K 2,b n 3,a, t α n3,b ,t K 3,a n 3,b, t β n3 ,a ,t K 3,b m21n2, a ,t e m21n2, b , t e ) ) ) ) r2 ,a (1- m12 n1,b ,t e m13n1, a ,t e m13n1,b ,t e r1,b (1- r1,b (1- ) K 2,b r1, a (1- r1,a (1- ) K 2,a n 2,b,t β n 2 ,a ,t r2 ,b (1- m12 n1,a ,t e n 2,a,t α n 2 ,b ,t n1, a, t α n1, b , t ) K1, a n 1,b, t β n1, a ,t K 1,b n 1,a, t α n1,b ,t K 1,a n 1,b, t β n1, a ,t K 1,b ) ) ) m31n3, a , t e m31n3, b, t e m32 n3,a ,t e m32 n3,b ,t e m23n2, a , t e m23n2, b, t e r3 ,a (1- r3 ,b (1- r3, a (1- r3 ,b (1- r2 , a (1- r2 ,b (1- n 3,a,t α n3 ,b ,t K 3,a n 3,b,t β n3 ,a ,t K 3,b n 3, a, t α n3, b , t K 3, a ) ) ) (7) n 3,b, t β n3 ,a ,t K 3,b n 2,a, t α n 2 ,b ,t K 2,a n 2,b, t β n 2 , a ,t K 2,b ) ) ) 55 A estrutura das equações acima (7) é a mesma das equações anteriores (6), diferindo apenas na introdução dos coeficientes de competição, representados pelos símbolos α e β, que descrevem respectivamente a influência da espécie b sobre a performance competitiva da espécie a e viceversa. O conjunto de seis equações descreve então a dinâmica competitiva entre duas espécies, a e b, neste estudo aplicada à C. albiceps e C. megacephala respectivamente, em três localidades, Agudos, Bauru e Piratininga, com simulações combinando o crescimento populacional para cada espécie associado à competição interespecífica e migração local. A figura 17 mostra a dinâmica das duas espécies sem ainda considerar a competição e a migração local. 56 Simulações sem competição e migração local N 40 20 0 0 300 N C. megacephala C. albiceps Agudos 10 20 30 40 50 60 80 90 C. megacephala C. albiceps Bauru 200 70 100 0 0 10 20 30 40 50 60 300 80 90 C. megacephala C. albiceps Piratininga N 200 70 100 0 0 10 20 30 40 50 Gerações 60 70 80 90 Figura 17. Iterações recorrentes descrevendo a dinâmica sem competição e migração local de C. megacephala e C. albiceps a partir da taxa média de crescimento anual estimada para os três municípios 57 Fig. 18. Diagrama de bifurcação comparando o efeito da competição simétrica sobre tamanhos e persistência populacional em C. megacephala e C. albiceps, para simulações com e sem migração local e taxa média de crescimento annual estimada para os três municípios Fig. 19. Diagrama de bifurcação comparando o efeito da migração sobre tamanhos e persistência populacional em C. megacephala e C. albiceps, para simulações com competição (α = β = 0.55) e taxa média de crescimento anual estimada para os três municípios 58 As simulações apresentadas na figura 18 mostram inicialmente que a competição simétrica entre as duas espécies promove exclusão competitiva de C. albiceps por C. megacephala nos três municípios. Contudo, a migração local de 30% dos invidíduos de Piratininga para Bauru interfere na dinâmica de persistência de C. albiceps em Bauru, aumentando a demanda para sua exclusão de 0.5 para 0.8. Ou seja, sem migração populações de C. albiceps são eliminadas com coeficiente de competição igual a 0.5, mas com migração o valor do coeficiente deve ser 0.8 para causar o mesmo impacto (Fig. 18). Já para C. megacephala há apenas um ganho quantitativo em Bauru, fruto da migração dos indivíduos de Piratininga. Em Piratininga, o efeito da migração, pela doação de invidíduos, pode ser notado pela ligeira queda nos tamanhos populacionais (Fig. 18). Já em Agudos, nenhuma mudança se vê já que a população somente sofreu efeito da competição (Fig. 18). A figura 19 mostra as regiões do espaço paramétrico da migração em que a exclusão de C. albiceps se dá. Os resultados sugerem que para Bauru, a ausência e o excesso de migração podem levar a espécie à exclusão (Fig. 19). Porém em Piratininga, o excesso de migração leva as duas espécies à exclusão (Fig. 19). 59 DISCUSSÃO As espécies mais freqüentemente encontradas nas três áreas de estudo foram C. albiceps, C. megacephala, C. putoria e L. eximia. Este resultado já era esperado, uma vez que espécies da família Calliphoridae têm ampla distribuição zoogeográfica (SMITH, 1986) e são atraídas por matéria orgânica em decomposição. Entretanto, há de se considerar que a espécie mais freqüente em Agudos, Bauru e Piratininga foi C. megacephala, seguida por C. albiceps durante todo o período considerado. Isto pode ser atribuído à maneira pela qual C. megacephala explora os recursos do meio, sendo mais eficaz do que C. albiceps que, por outro lado, parece investir mais nos hábitos de predação larval (FARIA et al., 1999; ROSA et al., 2004). Resultados similares foram observados em outras regiões urbanas do Brasil, como em Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), algumas cidades do estado de Goiás e Curitiba (PR) (SOUZA, et al., 1997 e CARVALHO et al., 2004), mas diferem de estudos realizados em outros países como Argentina, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Península Ibérica, Espanha, Áustria, Egito e Índia, onde outras espécies necrófagas exploram os mesmos recursos que C. megacephala e C. albiceps (CENTENO et al., 2002). Outras espécies foram observadas nas três localidades, C. putoria, L. eximia, L. cuprina e L. sericata, porém em apenas algumas coletas. Isso se deve, provavelmente, a influência sazonal. Contudo, é interessante notar que, em outras localidades brasileiras, as espécies do gênero Lucilia, e C. putoria, 60 tem sido bem mais abundantes e freqüentes (MOURA et al., 1997; SERBINO; GODOY, 2007). Faz-se importante salientar que desde que as espécies C. megacephala, C. albiceps e C. putoria foram introduzidas no Brasil, há aproximadamente 30 anos (GUIMARÃES et al., 1978), a estrutura da fauna necrófaga brasileira, particularmente de califorídeos, tem sofrido alterações. Cochliomyia macellaria e L. eximia são espécies que tiveram suas abundâncias influenciadas (PRADO; GUIMARÃES, 1982; SILVA, et al., 2003). Além da família Calliphoridae, representantes de outras famílias puderam ser capturados ao longo do período estudado. Sarcophagidae, Muscidae e Faniidae estiveram presentes nas três regiões consideradas. Anthomyidae foi encontrada apenas em Agudos; Foridae apenas em Bauru e Tephritidae apenas em Piratininga. A variação na diversidade de famílias encontradas sugere particularidades no modo de vida dos diferentes grupos. Espécimes da família Sarcophagidae são atraídos por diferentes substratos, dentre eles, alimentos expostos tanto ao sol quanto à sombra (SMITH, 1986 e WOLFF et al., 2001). Algumas espécies pode ainda ser hiperparasitas e procurando insetos para ovipor (FERRAR, 1987), além de possuírem distribuição cosmopolita (SMITH, 1986). A alta densidade demográfica urbana da cidade de Bauru, e em conseqüência a alta produção de lixo doméstico, justifica a maior abundância de representantes da família Muscidae no município do que nas outras duas áreas de estudo (DAJOZ, 1983). Contudo, a abundância desta família em Piratininga merece atenção, já que se trata de um município menor que Agudos. 61 Assim como as espécies de Calliphoridae, espécimes da família Foridae procuram material em decomposição, sobretudo os fermentados, para se reproduzirem (SMITH, 1986). Esse fator justifica a presença dessa família nas coletas realizadas em Bauru. A não ocorrência nas demais localidades, provavelmente, deve-se à influência de remanescentes vegetais muito próximos à zona urbana onde foram realizadas as coletas. Embora a família Faniidae tenha sido observada nas três áreas de coleta, tanto a freqüência quanto a abundância foram baixas se comparadas às outras duas famílias também presentes nestas localidades. Ao se comparar a abundância entre as famílias que estiveram presentes em cada localidade, observou-se significativa diferença entre elas, justificada pelo grande número de espécimes da família Calliphoridae contrapondo ao baixo número de espécimes coletados, pertencentes às outras famílias. Porém, o mesmo não ocorreu ao se comparar a abundância em relação ao período considerado. A presença de Calliphoridae em alta abundância influenciou a análise da distribuição de freqüência das outras famílias. Ao analisar a correlação entre as espécies de Calliphoridae mais abundantes, C. megacephala e C. albiceps, nos três municípios estudados, notou-se que o coeficiente de correlação foi mais alto para Bauru e Piratininga do que Agudos. Isto se deve, provavelmente, à maior abundância das duas espécies no município. Pode-se sugerir ainda que as características regionais influenciam. Bauru e Piratininga possuem uma considerável densidade de vegetação que, parcialmente, margeia a zona urbana, caracterizada por 62 cerradão e remanescente de mata mesófila em Bauru e fragmento de mata atlântica em Piratininga (FABRICANTE, 2003). Já Agudos possui por um lado alta incidência de Pinus sp e Eucaliptus sp e, por outro, área descampada (PASCHOAL, 2004). Possivelmente estes fatores estariam influenciando a distribuição de freqüência dos insetos. Cabe lembrar aqui que a correlação entre a abundância das duas espécies é, provavelmente, decorrente da natureza dos recursos alimentares explorados por ambas e também da interação interespecífica ocorrida entre elas (FARIA et al., 1999; ROSA et al., 2004). Ao correlacionar a presença de C. megacephala e C. albiceps, em cada localidade, com fatores climáticos como a temperatura e a precipitação, constatou-se uma correlação de moderada a fraca para ambos os casos, muito embora maior para a precipitação do que para a temperatura. Esses resultados sugerem que os fatores que regem a exploração dos recursos e a própria biologia destas espécies de califorídeos sejam realmente os que exercem maior influência direta sobre elas. Estes resultados também foram observados em estudos de correlação entre as médias mensais de temperatura e precipitação, realizados em outras áreas geográficas, como na Malásia, com outras espécies de califorídeos (MAHON et al., 2004). Os dados de coleta para as espécies C. megacephala e C. albiceps de cada localidade foram também somados e a abundância obtida comparada com as médias de temperatura e precipitação. O resultado indicou claramente, que C. megacephala e C. albiceps não sofrem influência desses fatores ambientais, a 63 não ser exibindo uma fraca correlação em relação à precipitação. A correlação entre fatores climáticos e parâmetros demográficos e/ou variáveis que descrevem o tamanho do corpo em populações de dípteros califorídeos não têm sido expressiva para os resultados encontrados no município de Botucatu, cidade distante dos municípios avaliados neste estudo, cerca de 90 km (REIGADA; GODOY, 2005; GIÃO; GODOY, 2006; RICACK; GODOY, 2007). Acredita-se assim, que a influência destes fatores sobre as populações do Centro-oeste Paulista não é tão expressiva quanto em outras localidades em que a relação entre os fatores foi avaliada. No que diz respeito à análise de distribuição de freqüência, os resultados encontrados sugerem que o padrão de distribuição de moscas nas armadilhas instaladas nos três municípios é agregado. Estudos recentes realizados na cidade de Botucatu, aplicando testes de distribuição de freqüência também indicaram resultados similares (SERBINO; GODOY, 2007). Contudo, os resultados encontrados em Botucatu revelaram dois padrões de distribuição de freqüência, agregado e aleatório, descritos, respectivamente, pelas distribuições Binomial negativa e de Poisson (SERBINO; GODOY, 2007). No presente estudo apenas a distribuição agregada foi a que descreveu o padrão de distribuição de freqüência encontrado nos resultados obtidos a partir das coletas. Esse resultado poderia ser explicado pela alta abundância das espécies analisadas em Agudos, Bauru e Piratininga. A agregação em moscas adultas tem sido freqüentemente documentada (CRUICKSHANK; WALL, 2002), e este comportamento tem sido uma estratégia tanto para aumentar a agregação 64 de imaturos, promovendo a produção de enzimas proteolíticas pelas larvas, após a eclosão (SMITH, 1986). A produção destas enzimas é importante para viabilizar a sobrevivência populacional até a fase pupal (GOODBROOD; GOFF, 1990). Densidades muito baixas de larvas decrescem geralmente a viabilidade populacional. Os trabalhos realizados para analisar a distribuição da freqüência de moscas têm sido embasados nos estudos para investigar distribuições de padrões espaciais em invertebrados, particularmente, parasitas e insetos (SRÉTER et al., 1994; REIGADA; GODOY et al., 2005; FONSECA et al. 2007). Outros estudos têm investigado o efeito dos padrões de distribuição de ovos e larvas em fragmentos discretos na coexistência de competição entre as espécies (IVES, 1989). Estas análises também têm sido utilizadas para investigar os padrões de agregação como conseqüência da dispersão larval pós-alimentar em três espécies de moscas: C. macellaria, C. megacephala e C. putoria, e recentemente para analisar a influência da predação larval sobre a dispersão das larvas de moscas (REIGADA; GODOY et al., 2005). A análise dos resultados obtidos na aplicação da teoria dos modelos nulos mostrou não haver estruturação nas comunidades de dípteros califorídeos das três localidades investigadas. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que a presença constante (expressa pela constatação de valores 1 na matriz), de forma relativamente homogênea dessas espécies nas diferentes áreas tenha levado a uma distribuição também homogênea dos componentes binomiais do teste de co-ocorrência, resultando na ausência de comunidades estruturadas. 65 Acredita-se que a proximidade entre as áreas de estudo seja a razão da homogeneidade em termos de distribuição de espécies de moscas que possam estar interagindo por meio da competição interespecífica. Recentemente, Rodriguez-Fernandes et al. (2006) analisaram com modelos nulos a estrutura de assembléias de Muscidae no Estado do Paraná e constataram que a assembléia analisada, sob o aspecto taxonômico, exibe falsa estrutura enquanto que sob a ótica ecológica a estrutura pode ser considerada real. Estudos futuros, envolvendo maior número de localidades e novas distâncias geográficas poderão esclarecer se as comunidades são estruturadas e em que níveis o efeito é registrado. A dinâmica populacional de C. albiceps e C. megacephala, modelada pela equação de Ricker com taxa média de crescimento anual estimada a partir dos municípios estudados, sugere que o comportamento dinâmico prevalente é o equilíbrio estável de um ponto, conforme observados nos diagramas de bifurcação. Contudo, a análise separada por estações do ano, revela que o padrão geral difere em termos de comportamento qualitativo para as duas espécies. Nas estações verão e outono o comportamento prevalente é o equilíbrio estável, mas nas estações inverno e primavera predominam os comportamentos cíclicos e também as flutuações imprevisíveis. Este resultado é provavelmente decorrente das estimativas da taxa de crescimento. No verão e no outono as abundâncias entre os meses são mais estáveis, com valores mais próximos entre si. Já nas outras estações as oscilações são mais frequentes, o que leva à 66 uma maior variação em termos de abundância, fazendo com que os valores de taxa de crescimento sejam maiores e consequentemente produzindo taxas mais altas. Com estes resultados pode-se concluir que fatores exógenos característicos de diferentes ambientes e estações influenciaram discretamente a resposta em termos de crescimento populacional, diferenciadamente para as duas espécies C. megacephala e C. albiceps. Ou seja, a taxa de crescimento populacional é naturalmente influenciada pelo ambiente, mas advém, principalmente, das diferentes formas de exploração de recursos alimentares em cada espécie. Historicamente, as moscas-varejeiras têm estado entre os principais exemplos de organismos adequados para estudos com aplicações em análises quantitativas, sobretudo envolvendo modelagem matemática (DESHARNAIS, 2005; GODOY, 2007). Nicholson (1954, 1957) desenvolveu estudos de longo prazo com L. cuprina focando nos efeitos da limitação de recursos alimentares sobre a dinâmica populacional dos insetos, em diferentes estágios de vida. O trabalho de Nicholson (1954, 1957) resultou em séries temporais mostrando oscilações cíclicas a partir de culturas obtidas em laboratório. Estes resultados vêm sendo analisados sob diferentes aspectos, porém com ênfase na dinâmica populacional, dentre os quais se destaca o artigo clássico publicado por Gurney et al. (1980) intitulado “Nicholson´s blowflies revisited”. O comportamento cíclico e imprevisível observado deterministicamente nas simulações realizadas, sobretudo nas estações inverno e primavera parece 67 estar presente em diversos grupos taxonômicos, sobretudo em insetos. Com estudos centrados na complexidade e evolução para sistemas hospedeiroparasitóide, Tuda; Shimada (2005) detectaram oscilações caóticas em populações de parasitóides de besouros do gênero Callosobruchus. A dinâmica populacional com estrutura etária investigada em Drosophila, envolvendo parâmetros importantes para a bionomia e demografia foi analisada por Mueller et al. (2005) encontrando também oscilações complexas que sugerem imprevisibilidade sob o ponto de vista teórico e empírico, seguindo, pelo menos em parte, o enfoque apresentado por Prout; McChesney (1985). O sistema Tribolium tem sido intensamente investigado em função das tendências populacionais, caracterizadas pelas oscilações caóticas, com metodologia sofisticada, empregando análises determinísticas e estocásticas (COSTANTINO et al. 1995). As simulações aqui realizadas trazem informações importantes à luz da teoria populacional clássica, demonstrando que há evidências empíricas para reconhecer a natureza cíclica e aperiódica de algumas espécies, sob diferentes estações. A migração entre populações locais, expressa neste estudo como populações de Agudos, Bauru e Piratininga, exerceu de maneira geral um efeito estabilizante sobre as duas espécies. Contudo, as simulações realizadas revelaram que C. albiceps exibiu maior número de janelas e amplitudes de periodicidade, sobretudo com taxas de migração mais altas. Estes resultados podem ser explicados a princípio, pela diferença entre os valores de taxa de 68 crescimento, obtidos das estimativas para cada espécie. Chrysomya albiceps, exibiu de maneira geral valores inferiores aos obtidos para C. megacephala, o que pode torná-la mais susceptível à estabilidade que C. megacephala. Estudos realizados com populações laboratoriais, combinando empiricismo com teoria populacional, revelam que C. albiceps é uma espécie que pode apresentar susceptibilidade à variação no comportamento dinâmico, exibindo tanto ciclo limite de dois pontos como equilíbrio estável monotônico (GODOY et al. 2001). Neste sentido, é importante salientar que as estimativas e as simulações obtidas a partir de populações naturais no presente estudo, confirmam resultados obtidos com simulações estruturadas a partir de populações laboratoriais. A migração de indivíduos entre populações pode favorecer a persistência de cada população local ou ainda permitir a recolonização de habitats onde tenham ocorrido extinções locais (VANCE, 1984; FAHRIG; PALOHEIMO, 1988; GODOY et al., 1997). RAY et al. (1998) observaram que baixas taxas de migração entre ambientes homogêneos possibilitam um retardo no tempo de extinção de populações experimentais de Tribolium. Dessa forma, populações acopladas por migração entre ambientes homogêneos podem persistir por mais tempo que populações isoladas. A migração espacial tem sido investigada utilizando a teoria de mapas acoplados em reticulados, revelando-se capaz de alterar qualitativamente o comportamento dinâmico em populações biológicas, induzindo uma população que exibe oscilação cíclica à estabilização (GODOY et al., 2001). A migração 69 entre duas populações acopladas, tendo a dinâmica de cada uma delas analisada pelo modelo de Ricker (MAY, 1974, 1976; MAY &OSTER, 1976) já foi investigada, revelando que o parâmetro pode exercer efeito estabilizador entre duas populações (HANSKI, 1999). O comportamento predito por mapas acoplados em reticulados tem sido também investigado em mais que uma espécie, registrando comportamento caótico e organização espacial definida como a correlação entre o comportamento de nós adjacentes em reticulado (HASSELL et al., 1991; SOLÉ; VALLS, 1992; RUXTON, 1995). No presente estudo a migração local foi simulada sob a perspectiva unidirecional, em função da estrutura das localidades e principalmente dos resultados encontrados, que sugeriam áreas específicas exercendo o papel de sorvedouro em termos de abundância. A estabilidade em sistemas metapopulacionais vem também sendo investigada em contextos teóricos e empíricos para uma diversidade de sistemas biológicos, com ênfase especial em demografia e dinâmica de populações (DEY et al., 2006; ZHANG et al., 2006; SUN; ZHAO, 2007; NIE; MEI, 2007). A teoria de metapopulações vem sendo intensamente utilizada nos últimos anos para analisar relações entre ocorrência espacial e padrões de abundância, incluindo populações de insetos (NOWICKI et al., 2007). O risco de extinção local e global também tem sido avaliado no tocante à configuração de fragmentos (VUILLEUMIER et al,. 2007) e também considerando sincronia metapopulacional e persistência (MÜNKEMÜLLER; JOHST, 2007). A coexistência em metacomunidades tem recebido atenção dos ecologistas preocupados com a 70 dimensão espaço-temporal, sobretudo em sistemas competitivos estruturados para análise de ecologia de fragmentos perturbados (MENA-LORCA et al., 2006). A introdução da dimensão estocástica no modelo de Ricker, pela geração de números aleatórios entre os limites da capacidade suporte mostrou que as populações de Agudos são as mais susceptíveis à extinção local, para as duas espécies. É provável que a composição da vegetação que circunda o município, caracterizada por monocultura de reflorestamento esteja associada ao resultado. Entretanto, apesar das crescentes taxas de migração incorporadas às simulações exercerem a princípio um efeito resgate, aumentando os tamanhos populacionais para as duas espécies, um claro efeito de sincronia espacial pode ser notada nos resultados da simulação. Isto se deve, provavelmente, à magnitude da taxa de migração, que está geralmente associada à sincronia de flutuações populacionais (EARN et al. 2000). A dinâmica estocástica de populações experimentais foi recentemente investigada por Serra et al. (2007) com resultados mostrando que a persistência varia entre as espécies de moscas. As espécies mais susceptíveis à extinção local foram L. eximia e C. albiceps, com C. macellaria, C. megacephala e C. putoria exibindo os mais baixos riscos de extinção (SERRA et al., 2007). No estudo desenvolvido por Serra et al. (2007) a análise simultânea da fecundidade e sobrevivência revelou aumento no risco de extinção para todas as espécies. Quando fecundidade, sobrevivência e migração foram analisadas em conjunto as populações acopladas exibiram sincronia em fase para as cinco espécies 71 (SERRA et al., 2007), indicando alto risco para extinção global. No presente estudo nenhuma relação sincrônica foi encontrada em nível intraespecífico para C. megacephala ou C. albiceps, porém a estocasticidade aplicada aos três parâmetros levou à extinção global. A introdução da dimensão interativa no modelo, pela inclusão do formalismo da competição de Lotka e Volterra nas equações permitiu conhecer o espaço paramétrico do coeficiente de competição e saber que mesmo pela simetria competitiva entre ambas as espécies, C. albiceps tende a ser excluída localmente, principalmente quando a migração não é levada em conta. A relação interativa entre as duas espécies vem sendo estudada após o processo de invasão biológica ocorrido nas Américas. Os resultados de diversos estudos mostram aspectos interativos interessantes, trazendo à tona discussões importantes no âmbito da ecologia de interações tróficas. Se por um lado, C. albiceps é predadora intraguilda, exercendo indubitavelmente forte influência sobre a fauna nativa das Américas (FARIA et al. 1999), por outro lado, sua performance como competidora nos primeiros instares larvais não é satisfatória, sobretudo quando o confinamento se dá com outras espécies do gênero Chrysomya, como por exemplo C. megacephala (ROSA et al. 2004). Os levantamentos faunísticos realizados, sobretudo no Brasil, mostram que C. megacephala é uma das mais abundantes espécies no território nacional, ultrapassando não raramente a abundância de C. albiceps (SOUZA et al. 1997; CARVALHO et al. 2004). 72 Talvez o que possa explicar a performance inferior de C. albiceps, principalmente quando comparada à C. megacephala, seja a sua fragilidade decorrente talvez do seu comportamento canibal, que faz a espécie, muitas vezes, apresentar melhor performance em termos de sobrevivência na presença de outras espécies do que intraespecificamente (ROSA et al. 2004). Assim, é possível que o comportamento predatório exibido por C. albiceps durante a fase larval, seja apenas uma forma de compensar a sua insatisfatória performance como competidora. Novos estudos, incluindo a dimensão da predação intraguilda em modelos matemáticos poderão mensurar com maior produndidade o efeito das interações tróficas sobre o sistema investigado. 73 CONCLUSÕES Este estudo confirmou que a família Calliphoridae é a mais abundante, bem como as espécies Chrysomya megacephala e Chrysomya albiceps. A sincronia interespecífica evidenciada nas séries temporais e confirmada pelo coeficiente de correlação sugere forte associação entre C. megacephala e C. albiceps. Esta associação pode ser explicada pela natureza da exploração de recursos e também dá suporte à hipótese da predação intraguilda. As fracas correlações encontradas entre a abundância das moscas e os dados meteorológicos indicam que nas populações das localidades investigadas, a trajetória temporal das espécies é, discretamente, independente dos fatores ambientais analisados. A natureza dos dados encontrados nas três áreas de estudo não permitiu evidenciar populações estruturadas segundo a teoria de modelos nulos. O modelo de distribuição binomial negativa mostrou-se adequado para descrever o padrão de distribuição de freqüência predominante nas armadilhas colocadas nas três localidades, sugerindo que os adultos distribuem-se de forma agregada. As taxas de crescimento populacional e os valores atribuídos à capacidade suporte resultaram em diferentes padrões de comportamento dinâmico nas simulações para C. megacephala e C. albiceps nos três municípios, sobretudo quando a média de taxa de crescimento foi semestral e não anual. 74 O efeito da migração local sobre as duas espécies foi estabilizante em todas as localidades. A estocasticidade introduzida na capacidade suporte sugere que as populações mais susceptíveis à extinção local são as originárias no município de Agudos. Crescentes taxas de migração em simulações estocásticas sugerem o aparecimento de sincronia espacial. A introdução da dimensão interativa no modelo tornou possível conhecer o espaço paramétrico dos coeficientes de competição, bem como sua ação sobre a dinâmica de C. albiceps e C. megacephala. A migração local pode atenuar o efeito da competição interespecífica entre C. albiceps e C. megacephala. Os resultados do presente estudo levantam interessantes questões sobre dinâmica de comunidades sugerindo futuros estudos com ênfase em metacomunidades, haja vista a estreita relação encontrada entre padrões de comportamento dinâmico populacional, condição urbana das áreas investigadas, sazonalidade e sincronia interespecífica. As ferramentas algébricas utilizadas propiciaram a visualização de cenários determinísticos e estocásticos advindos da condição demográfica das espécies envolvidas. A essência quantitativa e a natureza dos resultados encontrados projetam perspectivas analíticas no contexto de modelagem de comunidades, sujeitas a processos de invasão biológica como o ocorrido nas Américas com as espécies do gênero Chrysomya. 75 REFERÊNCIAS ALLEN, J. C. Mathematical models of species interactions in time and space. Am. Nat. 109: 319-42. 1975. ALLEN, J. C. SCHAFFER, W. M., ROSKO, D. Chaos reduces species extinction by amplifying local population noise. Nature, 364: 229-232. 1993. BASCOMPTE, J.; SOLÉ, R. V. Spatially induced bifurcations in single-species population dynamics. Journal of Animal Ecology, 63: 256-264. 1994. BAUMGARTNER, D. L.; GREENBERG, D. The genus Chrysomya (Diptera: Calliphoridae) in the New World. Journal of Medical Entomology, 21: 105-113. 1984. BATISTELLI, N. M.; GODOY, W. A. C. Seasonal abundance and distribution of necrophagous diptera in western of São Paulo State, Brazil. Forensic International Science. 2004 (submetido). 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