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Turquia
Oportunidades e Dificuldades do Mercado
Março 2015
aicep Portugal Global
Turquia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (março 2015)
Índice
1. Oportunidades
3
1.1. Comércio
3
1.2. Investimento de Portugal na Turquia
5
1.3. Investimento da Turquia em Portugal
6
1.4. Turismo
6
2. Dificuldades
2.1. Comércio
7
7
2.2. Investimento de Portugal na Turquia
11
2.3. Investimento da Turquia em Portugal
12
2.4. Turismo
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3. “Cultura de Negócios” do Mercado
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Turquia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (março 2015)
1. Oportunidades
1.1. Comércio
O significado geopolítico da Turquia faz com que, como país transcontinental e recetor de uma série de
culturas e civilizações, seja considerada uma peça chave no mecanismo da diplomacia internacional.
Membro fundador das Nações Unidas, aliado da NATO desde 1952, membro do G20 e membro
associado da União Europeia, sendo um país predominantemente muçulmano, com uma área territorial
2
de 783 562 km e população de cerca de 77 milhões, a Turquia apresenta-se naturalmente como o
principal elo de ligação entre o ocidente e o oriente.
Na última década, as linhas mestras da política económica turca têm sido marcadas pelo processo de
adesão à União Europeia e pelas reformas estruturais efetuadas no país. Tem-se verificado uma maior
disciplina fiscal e maior transparência no que diz respeito à despesa pública e o crescimento da coleta de
impostos, aumentando a base fiscal e combatendo a fraude. No âmbito do processo de liberalização do
mercado, a Turquia tem vindo a efetuar diversas reformas económicas, com o apoio da União Europeia,
tais como a privatização de antigos monopólios estatais, a abertura do mercado a empresas
estrangeiras, a melhoria na legislação sobre investimento estrangeiro e programas de incentivo ao
investimento (tanto local como estrangeiro).
De acordo com o “Centre for Economics & Business Research” (CEBR), em 2014, a Turquia deverá ter
sido a 19ª maior economia mundial com um PIB de cerca de 767 mil milhões de USD (face a 827 mil
milhões de USD em 2013) e a 7ª maior da região da Europa e Ásia Central. As perspetivas para a
economia turca continuam a ser favoráveis. Em 2013, a economia turca cresceu 4,1% mas estima-se
que em 2014 tenha crescido no máximo 3%.
Em 1996, a Turquia assinou com a União Europeia um “Acordo de União Aduaneira” do qual resultou um
aumento significativo das suas exportações. Em 2014 a Turquia exportou cerca de 169 mil milhões de
USD com um crescimento em termos homólogo de 4% relativamente a 2013 (161,8 mil milhões de
USD). No entanto, a meta do Governo turco para 2023 (500 mil milhões de USD), ano em que se
completa o centésimo aniversário da República Turca, parece ser muito difícil de alcançar. Para esse
efeito, o Governo turco tem estado a fazer um esforço de modernização da indústria de forma a exportar
mais produtos de capital intensivo e com maior valor acrescentado, o que permitirá não só aumentar o
valor das exportações, como defender a sua indústria exportadora da forte concorrência vinda da Índia e
da China.
A importância do comércio externo para a Turquia tem vindo a aumentar. O grau de desenvolvimento
económico do país obriga a uma contínua importação de bens de equipamento e tecnologia que é
compensada, em parte, pelo aumento da exportação de bens mais intensivos em mão de obra de
setores mais tradicionais como a siderurgia, os têxteis e a agroindústria e outros bens de consumo.
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A depreciação da lira turca, que começou a verificar-se em 2014, tem afetado as importações turcas que
passaram de 241,7 mil milhões de USD em 2013 para 232,6 mil milhões de USD em 2014 (um
decréscimo de 4%). Esta diminuição das importações conjuga-se paralelamente com os esforços de
protecionismo do Governo a fim de fazer decrescer o défice da conta corrente.
Os principais capítulos de importação turca em 2014 são o capítulo 27 - petróleo e seus derivados que
representa cerca de 23% do total, seguido do capítulo 84 - maquinaria, reatores, motores (11% do total),
do capítulo 85 - máquinas elétricas (7% do total), do capítulo 72 - ferro e aço (7% do total), do capítulo 87
- veículos automóveis (6% do total) e do capítulo 39 - plásticos e suas obras (6% do total). É ainda de
destacar o forte crescimento da importação dos produtos referentes aos capítulos 71 (pedras preciosas e
ouro), 29 (produtos químicos orgânicos), 90 (instrumentos de ótica e fotografia) e 30 (produtos
farmacêuticos) (Ministério da Economia da Turquia/Instituto de Estatística da Turquia).
Alguns setores de oportunidade de negócio que consideramos de grande potencial para as empresas
portuguesas na Turquia são os seguintes:
Setor da construção – Como país candidato para adesão à UE, a Turquia tem recebido fundos europeus
para melhorar as infraestruturas e os serviços públicos. Existem inúmeros projetos para a melhoria da
rede de transportes e do saneamento básico e para a construção residencial (estima-se ser necessária a
construção de 700 000 novas casas por ano), podendo existir oportunidades para as empresas
portuguesas venderem maquinaria e materiais de construção.
Transportes / ferrovias e metro – O Ministério dos Transportes, conjuntamnte com as municipalidades,
tem apostado fortemente na construção de linhas de alta velocidade e de metro em todo o país. Muitos
concursos serão lançados ainda durante 2015.
Construção de hospitais em regime de parcerias públicas ou privadas (PPP) - O Governo turco emitiu um
programa muito extenso de projetos para a construção de hospitais neste regime nos quais as empresas
portuguesas de engenharia e arquitetura poderão participar.
Setor têxtil – Este setor chave na economia turca conta com mais de 35 000 empresas e as suas
exportações representam mais de 15% do total das suas vendas de bens ao exterior. Este setor tem
grande interesse a nível de investimento, em termos de venda de equipamento industrial necessário à
modernização que esta indústria atravessa (de forma a fazer face à crescente concorrência do exterior) e
a nível da venda de produtos químicos e outras matérias-primas.
Setor automóvel – Este setor registou um desenvolvimento muito importante nos últimos anos e hoje tem
capacidade para produzir mais de 1,4 milhões de veículos por ano. O forte crescimento desta indústria
faz com que existam grandes oportunidades no setor dos componentes automóveis, nomeadamente no
que respeita aos moldes, aliás um dos principais produtos das importações turcas.
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Setor das tecnologias de informação – Devido ao forte crescimento e modernização da economia turca
(ao nível da banca, indústria, telecomunicações, serviços, etc.) existem amplas oportunidades de venda
de soluções informáticas específicas e de alto valor acrescentado.
Turismo – Este setor é muito forte na Turquia que se classifica como 6º destino mundial. O negócio da
hotelaria (construção e gestão hoteleira) tanto em Istambul como nas zonas de turismo podem ser uma
grande oportunidade para os nossos empresários desta área.
Bens de luxo – Devido à forte concentração de riqueza e poder de compra nas principais metrópoles,
existe um nicho de mercado para os bens de luxo onde alguns bens portugueses poderão ter
oportunidade. No entanto, devido à falta de notoriedade das marcas portuguesas, em certos casos as
empresas poderão ter que estar dispostas a vender sob regime de “private label”.
1.2. Investimento de Portugal na Turquia
Historicamente, a Turquia nunca foi um país recetor de grandes fluxos de investimento estrangeiro.
Apesar de se tratar de um mercado com enorme potencial, a instabilidade política e macroeconómica e
os vários custos de contexto sempre dissuadiram os investidores estrangeiros.
No entanto, a estabilidade económica verificada nos últimos anos, a melhoria nas garantias ao
investidor, a simplificação administrativa e a política de aproximação à UE, são as razões que levaram a
que, desde 2001, a Turquia tenha adquirido maior relevância enquanto mercado recetor de IDE,
existindo mais de 39 mil empresas com capital estrangeiro. Este facto leva a que a Turquia seja hoje um
dos maiores produtores de veículos automóveis e autocarros na Europa, o quarto maior produtor de
camiões e o segundo maior produtor de vidro. Dada a crise financeira mundial o volume de IDE registado
pela Turquia em 2009 sofreu uma redução considerável para 8,4 mil milhões de USD. No entanto, em
2010 o fluxo de IDE para a Turquia voltou a crescer para os 9,1 mil milhões de USD, valor que foi
ultrapassado em 2014 (12,5 mil milhões de USD) (Agência de Investimento da Turquia).
O investimento português na Turquia traduz-se na presença de mais de duas dezenas de empresas no
mercado, sendo as principais: Sonae SR (retalho), Sonae Sierra, Grupo Onyria (hotel/turismo), Tim We
(conteúdos digitais para telemóveis), Cefocus, Mota Ceramics (materiais de construção), Emparque
(gestão de parques de estacionamento), Grupo Ascendum (máquinas industriais – Volvo), Sparks
(componentes elétricos), Sistrade (software) Portucel, Inapa, Any Wind, ISQ, Diamantino Malho, Pyxis,
Megajoule, Inegi, Cenor, CIN Coatings, Addon+, entre outras.
Embora existam oportunidades de investimento em vários setores da economia turca, gostaríamos de
realçar alguns com elevado potencial para as empresas portuguesas:
Setor dos transportes – Vão ser lançados muitos projetos na área dos transportes, nomeadamente
ferrovias, metro, portos e aeroportos.
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Setor do turismo – Este setor está em franca expansão e a Turquia tendo recebido, em 2013,
33,8 milhões de turistas (Ministério da Cultura e Turismo da Turquia) o que a torna num dos principais
destinos turísticos a nível mundial. Existem imensas oportunidades de investimento (principalmente
ligadas ao setor imobiliário – compra de segunda residência e na hotelaria) relacionadas com este setor.
Setor automóvel – Este setor, atualmente o mais dinâmico da economia turca, apresenta várias
oportunidades de investimento na área dos componentes automóveis dado que existe uma grande
pressão por parte das principais OEMs para atrair fornecedores para perto de si e assim aumentar a
percentagem de incorporação de componentes nacionais/locais nos veículos fabricados no país.
Setor do meio ambiente – Dado que a Turquia se encontra no processo de adesão à UE, existem várias
diretivas relacionadas com a proteção do meio ambiente e combate à poluição industrial que têm vindo a
ser implementadas, criando inúmeras oportunidades nesta área.
Tecnologias de informação – como já foi acima mencionado, a Turquia apresenta interessantes
oportunidades de negócios para as empresas das TIC, também ao nível do investimento.
1.3. Investimento da Turquia em Portugal
Existem dois importantes investimentos turcos em Portugal:
 Setor dos serviços: tem a ver com a privatização do terminal de cruzeiros em Lisboa, tendo a
concessão sido dada a um consórcio cujo parceiro maioritário é uma empresa turca;
 Setor farmacêutico: respeita a um investimento da empresa turca “Abdi Ibrahim”.
Devido à dimensão do mercado português, as oportunidades de investimento turco em Portugal terão
que ser sempre analisadas do ponto de vista de parcerias entre empresas de ambos os países para
abordagem de mercados externos que interessem às empresas turcas e onde Portugal está bem
implementado (ex. Brasil e Angola).
1.4. Turismo
A Turquia é o 6º principal destino turístico a nível mundial, tendo recebido em 2014 36,8 milhões de
turistas, sendo quase 52,9 mil portugueses (Ministério da Cultura e Turismo da Turquia). Em 2013,
estima-se que a Turquia tenha recebido 34,9 milhões de turistas. Os produtos turísticos oferecidos pela
Turquia (turismo cultural, turismo sol e praia, turismo de saúde, etc.) são em grande parte equiparáveis
aos oferecidos por Portugal, o que torna este país num dos principais destinos europeus concorrentes do
nosso país. Durante 2014 a tendência de crescimento – 5,5% - do setor do turismo na Turquia mantevese, não obstante a um ritmo menos acelerado que em 2013. No entanto, o número de portugueses que
visitaram a Turquia em 2014 aumentou 15,1% em relação período homólogo de 2013, cujo número de
visitantes portugueses foi de 45,9 mil.
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Relativamente ao turismo emissor, desde que o Governo turco levantou várias restrições às saídas do
país nos anos 90 e com a contínua melhoria da economia e subsequentemente maior poder de compra
da população, a Turquia tem-se tornado uma importante fonte emissora de turistas para a Europa. Se
em 1980 somente 1,7 milhões de turcos viajaram para fora da Turquia, este número aumentou
consideravelmente para os 12,8 milhões em 2014, estimando-se que em 2015 mais de 16 milhões de
turistas turcos irão viajar para o estrangeiro. Os turistas turcos que viajam para a Europa gastam entre
700 e 800 Euros (excluindo os custos com transporte e estadia). Os destinos preferenciais dos turistas
turcos na Europa são as principais cidades europeias (Londres, Paris, Milão, Roma, Madrid, Barcelona,
Berlim, etc). Em 2013, o número de dormidas de turistas turcos em Portugal foi de 46.985 com um
crescimento de cerca de 31% face a 2012.
Embora Portugal seja ainda um destino relativamente desconhecido para os turcos, este setor poderá
ser potenciado pelas seguintes razões:
 Destino ainda “relativamente” barato quando comparado com as principais cidades europeias;
 Riqueza histórico-cultural;
 Ligação aérea direta diária que vai aumentar para dois vôos/dia para Lisboa e 4 vezes semanais para
o Porto a partir de maio 2015;
 Hospitalidade do povo português em relação aos estrangeiros;
 País moderno, mas preservando os seus costumes e tradições;
 Oferta hoteleira de luxo e pousadas;
 Rica gastronomia e excelentes vinhos;
 Comércio mais barato que nos outros países europeus (vestuário, calçado, bijuteria, ourivesaria,
entre outros produtos).
2. Dificuldades
2.1. Comércio
A desvalorização da lira penalizou as importações turcas em 2014, mas espera-se uma pequena
melhoria para 2015. Note-se que a Turquia deixou de ter elevadas taxas de crescimento como
aconteceu em anos anteriores.
O investimento por parte do setor corporativo local tem decrescido devido às elevadas taxas de juro, que
por sua vez são devidas a uma alta inflação e à falta de confiança dos empresários que esperam o
período pós-eleições (previstas para junho de 2015) para definirem as suas estratégias de negócios.
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As principais dificuldades que a Turquia apresenta para os exportadores portugueses são as seguintes:

Portugal não tem imagem de país fornecedor de produtos de qualidade no mercado turco,
especialmente junto do consumidor, com exceção de situações pontuais. A maioria dos
consumidores desconhece Portugal e os seus produtos/marcas;

Elevada concorrência das empresas locais e estrangeiras provenientes de países com mão de obra
barata;

A barreira linguistica pois existem ainda poucos empresários turcos a falar inglês.
Para além destas dificuldades, existem várias barreiras/restrições ao comércio externo impostas pelo
Governo turco, tais como:

Atestados de conformidade para bens em livre circulação – A partir de 1 de janeiro de 2009, todos os
importadores turcos têm de declarar a origem dos produtos oriundos/em livre circulação do espaço
europeu. Embora em livre circulação dentro da UE, todos os produtos produzidos fora da União
Europeia e que não se encontrem incluidos no “Based Trade Control System in Foreign Trade –
TAREKS” deverão apresentar previamente uma licença ou registar-se no Ministério competente ou
um
certificado
de
controlo.
Existem
1907
tipos
de
produtos
(ex.:
resíduos,
produtos
psicotrópicos/narcóticos, animais e derivados sujeitos a controlo veterinário, etc.) processados sob o
regime de controlo das importações (no geral, resíduos e produtos sujeitos a controlo do Ministério
da Agricultura, Produtos Alimentares e Pecuária) e 145 produtos que estão banidos das importações
turcas.

Registo de produtos têxteis e calçado – Todos os exportadores de produtos têxteis, vestuário e
calçado têm de se registar junto do Associação de Exportadores de Têxteis e Vestuário da Turquia –
ITKIB - através do preenchimento de um formulário eletrónico antes de poder exportar para a
Turquia. Estes formulários contêm informação sensível sobre as empresas e o processo de registo é
burocrático e demorado.

Imposto sobre importações de produtos têxteis – Em junho de 2011 entrou em vigor um imposto de
importação até 30% para produtos têxteis e vestuário oriundos de todos os países com exceção dos
países da União Europeia (ou de outros países que têm acordos de livre comércio com a Turquia).
Embora estes impostos não afetem diretamente os produtos fabricados em Portugal, afetam as
empresas portuguesas que reexportam vestuário e outros produtos têxteis provenientes de países
como a China, a Índia, entre outros.

Imposto sobre importações de calçado – Em 1 de agosto de 2012 entrou em vigor um imposto de
importação que pode ir de 30 a 50% para certos tipos de calçado oriundos de todos os países com
exceção dos países da UE (ou de outros países que têm acordos de livre comércio com a Turquia).
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Embora estes impostos não afetem diretamente os produtos fabricados em Portugal, afetam as
empresas portuguesas que reexportam vestuário e outros produtos têxteis provenientes de países
como a China, a Índia, entre outros.
Por outro lado, no início de fevereiro 2015 a ITKIB começou a bloquear o registo do calçado tanto
proveniente da UE como de terceiros países obrigando os importadores de calçado a aumentar o
preço unitário (até 65%) do calçado. Em termos de valor, o preço unitário mínimo de calçado para
homem será, de acordo com a imposição da ITKIB, de 20 USD/par para modelos de adulto.
Note-se que não existe qualquer documento oficial sobre este assunto tratando-se de uma mera
barreira contra as importações deste produto.

Investigação de salvaguarda do papel e cartão – Em 21 de junho de 2014 foi instituída uma
investigação de salvaguarda sobre a importação de certos tipos de papel fino (ex: papel para
fotocópia, impressão e para escrita). Esta investigação que deveria acabar em março 2015 foi
prolongada por mais 6 meses.
Note-se que se alguma medida for implementada, ou seja, uma taxa adicional, esta irá afetar
muito as nossas exportações de papel para a Turquia, que constituem o produto de maior
exportação para este país.

Imposto sobre importação de ácido “theraphtalic” (PTA) – Em 30 de junho de 2014 foi publicada
legislação relativa ao imposto sobre importação de PTA por 2 anos da seguinte forma:
1º ano: imposto de 4% para o PTA;
2º ano: imposto de 3,75% para o PTA.
A medida entrou em vigor 45 dias após a sua publicação.
Note-se que devido à grande pressão dos fabricantes locais de polyester e de “pet” onde o PTA
é utilizado como matéria-prima, foi implementado um sistema de Quotas Tarifárias que os
importadores poderão utilizar anualmente (300 000 ton./ano no total) e que substitui os impostos
adicionais.

Fraca fiscalização de direitos de propriedade intelectual – O sistema ineficiente de fiscalização e
aplicação das leis de proteção de propriedade intelectual na Turquia tem prejudicado muitas
empresas europeias que têm tido os seus produtos copiados por empresas turcas.
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
Setor de bebidas alcoólicas – Em janeiro de 2002 os poderes do antigo monopólio de importação de
bebidas alcoólicas TEKEL, foram transferidos para um novo organismo independente o Conselho
Regulador do Tabaco e do Álcool. Esta organização desenvolveu em janeiro de 2003 a Lei do Álcool
que estabeleceu um sistema de licenciamento, quantidades mínimas e preços que dificultam a
importação. Recentemente, em 2009, a Turquia aboliu as licenças de importação de bebidas
alcoólicas e estimulantes. No entanto, o sistema ainda exige aos importadores de bebidas alcoólicas,
o pedido de certificado de inspeção, um certificado do Ministério da Agricultura, e fazer uma
notificação ao Conselho Regulador do Tabaco e do Álcool. Atualmente são necessárias, em média,
cerca de duas a quatro semanas para obter os certificados de inspeção e de conformidade do
Ministério da Agricultura. Por outro lado, os exportadores de vinho para a Turquia têm de apresentar
uma série de documentação incluindo o Certificado de Saúde emitido pela autoridade competente
em Portugal. Muitas vezes esta autoridade não é reconhecida na Turquia pelo que a respetiva
embaixada tem de emitir um documento a dizer que a Autoridade que emitiu o respetivo Certificado é
a devida.
Em meados de 2013 o Governo turco promulgou uma legislação a impor uma série de restrições
incluindo:
Proibição de fazer publicidade e promoção de bebidas alcoólicas e restringir lojas destas
bebidas perto de escolas e de lugares de culto.
Obrigar todas as bebidas alcoólicas a terem uma mensagem de advertência à saúde.
A legislação requer que todas as bebidas alcoólicas tenham 3 logos para grávidas, crianças
e condutores com a mensagem adicional “o álcool não é teu amigo”.

Setor alimentar: proibição da exportação de carne para a Turquia.

Contratação Pública:
A preferência no preço de 15% a favor das empresas locais é altamente prejudicial às
empresas portuguesas. Caso haja um consórcio de empresas locais com estrangeiras este é
considerado um consórcio estrangeiro pelo que não usufrui desta preferência no preço.
Experiência para o pessoal técnico: o número total de anos de experiência para o pessoal
técnico é calculado através da data de registo na ordem profissional e não pela data em que
é obtido o diploma. No entanto, na maior parte dos países europeus, como em Portugal, não
existe qualquer obrigatoriedade de estarem registados numa ordem profissional.
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
Setor farmacêutico:
GMP (Inspeção de Boas Práticas de Fabrico): no seguimento da circular do Ministério da
Saúde da Turquia emitida em 31 de dezembro de 2009, os fabricantes de produtos
farmacêuticos que pretendem exportar para a Turquia deverão apresentar um certificado de
“Good Manufacturing Practice” (GMP) emitido pelo Ministério de Saúde da Turquia ou pela
autoridade de um outro país que tenha um acordo recíproco de certificação. Desde 1 de
março de 2010 que a Turquia não aprova os certificados GMP da UE como acontecia
anteriormente. Os fabricantes são agora obrigados a apresentar uma série de documentação
(em turco) e estão sujeitos a uma inspeção “on-site” pelas autoridades turcas. A introdução
desta medida leva a atrasos substanciais (podem ir até 3 anos) no registo de novos produtos
farmacêuticos na Turquia.
Preço: a Turquia estabelece preços para produtos farmacêuticos baseados nos preços de
referência em euros de certos países da UE. Os preços de referência são em seguida
convertidos para liras turcas baseados numa taxa de câmbio especial só para os produtos
farmacêuticos. Não obstante uma significativa depreciação da lira não foi realizado qualquer
ajustamento à taxa de câmbio desde 2009. Este procedimento impõe uma penalidade nos
preços dos fabricantes da UE exportadores para a Turquia.

Uso inapropriado de cláusulas de salvaguarda – Embora, de acordo com a OMC, as cláusulas de
salvaguarda devam ser somente utilizadas em circunstâncias excecionais a Turquia tem utilizado
frequentemente este instrumento para proteger a indústria local, muitas vezes prorrogando-as para
além dos 3 anos normalmente permitidos.
2.2. Investimento de Portugal na Turquia
Nos últimos anos, algumas empresas portuguesas investiram na Turquia, não obstante haver ainda
menos de 30 empresas investidoras neste mercado. Nota-se ainda, em muito casos, uma ausência de
interesse/aposta por parte das empresas portuguesas no mesmo, devido ao grande desconhecimento
das práticas e do potencial do mercado.
Sublinhe-se também a grande importância dada pelas empresas importadoras locais e pelas autoridades
públicas no que concerne às empresas investidoras neste mercado. É essencial para as empresas de
serviços, como construção e engenharia, terem pelo menos um escritório na Turquia para auferirem de
certas condições, ultrapassando algumas dificuldades ao comércio (a maioria dos distribuidores
preferem que as empresas exportadoras já tenham um investimento na Turquia e no caso das empresas
de serviços, como as de engenharia, irão usufruir do estatuto de empresa local pelo que terão a
preferência de 15% nos concursos no país).
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Por outro lado, uma vez que Portugal e os seus produtos são pouco conhecidos na Turquia, os
investimentos na área da distribuição de bens de consumo e, muitas vezes, na área dos bens de
equipamento (salvo algumas exceções) têm dificuldades acrescidas, dado que a identificação e interesse
de parceiros locais é, à partida, limitada. Neste domínio, Portugal necessita de apostar fortemente na
promoção da sua imagem e dos seus produtos de qualidade neste mercado.
A burocracia e dificuldades levantadas pelo Governo turco em atribuir vistos de trabalho/residência a
investidores também têm sido problemas recorrentes para quem investe no mercado.
2.3. Investimento da Turquia em Portugal
As principais dificuldades que o mercado português apresenta enquanto potencial recetor de
investimento e em relação aos nossos principais concorrentes europeus são:
 Desconhecimento do destino e insuficiente visibilidade do mesmo;
 Pequena dimensão do mercado;
 Taxas fiscais elevadas.
2.4. Turismo
Relativamente à captação de turistas turcos para Portugal existem duas grandes dificuldades:
 Desconhecimento do destino que está a melhorar com as linhas diretas da THY para Portugal (Lisboa
e Porto);
 Ausência de imagem;
 Ausência de ações para desenvolver o destino de Portugal.
3. “Cultura de Negócios” do Mercado

O ritmo e a dinâmica com que os negócios se desenvolvem na Turquia podem ser lentos. As
primeiras reuniões são habitualmente mantidas com responsáveis posicionados em níveis
intermédios na hierarquia da organização e à medida que se vão sucedendo as reuniões e
consolidando o relacionamento e a viabilidade do negócio, vai aumentando o nível de
responsabilidade e de importância do interlocutor turco. A decisão final é normalmente tomada pelo
presidente/dono da empresa.

As relações pessoais são muito importantes para aceder ao mercado turco. As primeiras reuniões
devem ser preparadas numa lógica de conhecimento pessoal e de relações de confiança.
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
As reuniões de negócios são normalmente precedidas de uma discussão sobre um tema geral
(futebol, turismo) podendo envolver perguntas sobre a família.

Durante as reuniões é servido chá e café que deverá ser aceite como sinal de respeito.

Três temas que devem ser evitados durante as conversações: Curdos, Chipre e religião.

O follow-up das reuniões deverá ser realizado continuamente e pessoalmente. A visita às empresas
é sempre muito melhor do que os e-mails a que a maior parte não responde.

Os turcos na comunicação privilegiam bastante o aspeto visual. Assim, é aconselhável preparar
apresentações apelativas sobre o produto/serviço/negócio em discussão.

Os turcos são homens de negócios muito astutos. As propostas de negócio e/ou parceria devem ser
muito claras e bem preparadas e devem mostrar quais os benefícios para ambas as partes.

Durante uma negociação devem apresentar-se argumentos para além dos benefícios financeiros.
Pode ser muito útil apresentar argumentos relacionados com “poder”, “influência”, “status”, “honra” e
outros aspetos não monetários.

Dever-se-á ter cuidado com as imitações dos produtos.

Sendo a Turquia um país laico trabalha-se às sextas-feiras sendo o domingo o dia de descanso.

Nos meses de julho e agosto muitos executivos encontram-se de férias pelo que o melhor é evitar
viagens de negócios à Turquia durante esses meses.

Na impossibilidade de comparecimento ou atrasos, avise sempre o seu anfitrião com antecedência.
Em geral, pequenos atrasos são tolerados (até 30 minutos), dada a situação caótica do trânsito nas
grandes cidades. Programe com antecedência as suas deslocações, levando em conta a distância e
o itinerário.

A Turquia é um país muito quente no verão e é normal tirar as gravatas e os casacos durante as
reuniões. Aconselha-se os empresários a vestir de modo formal.
13
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Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 [email protected] www.portugalglobal.pt
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