Publicação Trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Ano XI – Número 2 Abril a Junho de 2008 instituto ricardo Brennand, recife, pernambuco XXX congresso da sBHci apresenta a nova diretriz para intervenção coronária percutânea destaques, Homenagens e premiações do evento 2008 no recife 4entrevista eXclusiva com o presidente da associação médica Brasileira 4mec comenta as mudanças dos critérios para aBertura de escolas médicas valmir fontes rogério sarmento-leite, Jorge ilha, gilberto nunes, iran castro, Jorge pinto ribeiro e luiz alberto mattos em gramado, no Xviii congresso da sociedade de cardiologia do rs o sucesso das primeiras edições do pec e o que acontecerá no congresso da sBc 4pioneiro da cardiologia intervencionista pediátrica conversa com o Jornal da sBHci opinião AVANÇO CONSISTENTE opinião OS NOVOS HORIZONTES DA SBHCI V ocê acaba de receber mais uma edição do Jornal da SBHCI em sua nova fase, cujo grande diferencial é a possibilidade de circulação em toda a comunidade cardiológica brasileira, por intermédio da distribuição a todos os sócios da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Foi uma possibilidade que se tornou real graças ao apoio irrestrito da Direção da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), ao suporte dos patrocinadores e à competente coordenação de uma equipe profissional de editorialistas. Essa ampliação de horizontes nos dá mais visibilidade e, ao mesmo tempo, traz um grande desafio: tornar a pauta adequada às demandas da Cardiologia brasileira. Procuramos fazê-lo, novamente repercutindo nosso congresso anual, desta vez realizado no Recife.Tratamos das grandes discussões da Cardiologia Intervencionista, tanto no aspecto técnico quanto em suas peculiaridades como especialidade, conforme debatido no Fórum de Qualidade Profissional. Temos promovido, também, amplo debate sobre a formação de novos profissionais, sua área de atuação, e a interação com outras especialidades. Temos simultaneamente trabalhado para dar espaço a todas as partes interessadas, em todas as instâncias, para discutir os difíceis aspectos da fomentação financeira dos materiais e dos procedimentos intervencionistas. Enfim, o Jornal da SBHCI habilita-se a ser um canal de expressão de nossa Sociedade e reivindica interagir com os diversos segmentos da Cardiologia, para os quais, desde já, consigna espaço para ampla participação. Afinal nós, intervencionistas, devemos sempre nos lembrar de que temos uma grande qualidade para oferecer o melhor a nossos pacientes: também somos cardiologistas. Boa leitura. César Medeiros, editor ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Nova Diretriz Intervencionista da SBC-SBHCI está nas “bancas”: vamos divulgá-la! Prezados Colegas, Completamos dois anos de administração da nossa Sociedade. Das múltiplas ações propostas restava uma, talvez a mais representativa, elaborada meticulosamente, implementada e finalizada neste primeiro semestre de 2008. Desde a introdução dos stents farmacológicos em nossa prática clínica, um novo paradigma foi estabelecido. Falo do avanço consistente na oferta de uma revascularização coronária percutânea para maior número de pacientes portadores de maior complexidade morfológica relacionada à apresentação de doença arterial coronária, efetivando proce- dimentos com maiores taxas de durabilidade tardia. Essa movimentação foi extraordinariamente aguda e ampla, federativa, e promoveu reflexões em cardiologistas, cirurgiões, gestores de Saúde e até nos próprios pacientes, quando da inserção de notícias alarmantes na mídia leiga acerca da possibilidade da ocorrência de complicações tardias, não valorizadas até então. A primeira edição de uma diretriz brasileira dedicada à prática da intervenção coronária percutânea foi editada em 2003, porém preparada em 2002, sem a devida incorporação desses novos dispositivos. A Saiba mais sobre a nova Diretriz para Intervenção Coronária Percutânea U m dos destaques do XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), realizado no Recife, foi a apresentação da II Diretriz SBC-SBHCI de Intervenção Coronária Percutânea. Na oportunidade, coroou-se o trabalho de um grupo de mais de 60 renomados especialistas de ambas as entidades, que, durante meses, se dedicaram a sua preparação. É importante destacar que a nova Diretriz tem por finalidade servir à população de pacientes tratados no Brasil com medicamentos e dispositivos aprovados pelos órgãos reguladores de Saúde competentes. O objetivo é auxiliar e substanciar todos aqueles envolvidos com a realização da intervenção coronária percutânea (ICP) no Brasil, sejam eles médicos, profissionais da Saúde ou provedores de serviços médicos e os pacientes. O julgamento final para a aplicação de um procedimento terapêutico a um paciente deve ser efetivado pelo médico, amparado nas evidências reconhecidas e com o devido esclarecimento de todas as possibilidades existentes. Assim, a partir de agora, a Cardiologia brasileira ganha uma referência consistente, embasada, transparente e abrangente para responder de forma adequada às demandas de Saúde dos cidadãos no tocante à ICP, uma área extremamente importante e em plena expansão. Como bem observa o presidente futuro e coordenador nacional de diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Jorge Ilha, um dos envolvidos na produção do documento:“Foi uma tarefa árdua, porém muito gratificante. O grupo era unido e elaborou um trabalho absolutamente sério, jamais atuando de maneira corporativa”. “Quando a diretriz é bem feita, quando reflete o pensamento majoritário dos es- de Cardiologia (SBC), convocando todos aqueles com representação e aptos pelo seu passado acadêmico a exarar recomendações. Poucos recusaram a tarefa (apenas três colegas), demonstrando que nossos anseios e nossa motivação estavam corretamente direcionados. Da redação à reunião presencial obrigatória transcorreram quatro meses, e, após o encontro efetivado em final de outubro de 2007 na praia da Enseada, no Guarujá, em São Paulo, mais seis meses até a redação definitiva. Chegamos ao final, impulsionados que fomos por esses mais de 60 médicos, que reúnem 10 livres-docentes em medicina, 22 doutores em ciência em medicina, um ex-presidente e o futuro presidente da SBC, além do coordenador nacional de diretrizes da SBC. Esse documento agora exposto aos diversos profissionais da Saúde nasce robusto e consistente, transparente e abrangente, representativo como assim foi planejado. Sabemos que sempre existirão focos de controvérsia em determinados tópicos, mas o consenso foi obtido e melhorias futuras sempre estarão Renomados especialistas contribuíram para a produção da Diretriz pecialistas da área, tem chance muito maior de aceitação, podendo passar a receber o valor de uma verdadeira lei dentro do meio”, comenta.“Os valores impostos por diretrizes desse nível certamente orientaram a prática e as atitudes médicas.” Tendo já participado ativamente da elaboração de outras 58 diretrizes, Jorge Ilha é uma autoridade no assunto. Com base nesse conhecimento, comenta que geralmente uma diretriz perde atualidade em cerca de quatro anos, mas isso pode sofrer variações, dependendo do desenvolvimento da produção científica e clínica da área a que a ela se reserva. É necessário, portanto, sempre investir na atualização: “O pro- previstas, no próximo biênio. Agora cabe a todos nós, sócios da SBHCI, divulgá-las e permeá-las entre nossos pares, pois somente assim lograremos atingir o objetivo primeiro: elevação da qualidade dos serviços prestados aos pacientes, nosso bem maior. Uma diretriz jamais promoverá o enfoque comercial ou político, mas sim a compilação concentrada de inúmeras informações científicas, que sintetizam o estado da arte da prática médica realizada todos os dias, em mais de 500 hospitais e clínicas, por mais de 500 sócios habilitados em nosso País. Mais uma missão foi cumprida. Obrigado a todos e vamos em frente! palavra do presidente necessidade de redação de um novo documento era premente, visando ao balizamento das indicações clínicas e técnicas desse procedimento intervencionista, de longe o principal efetivado por nossos associados. Diante disso, quais os procedimentos adotados? Diretrizes representam um prisma complexo composto de muitos matizes, um grande conjunto de recomendações que mais consistentes serão se preparadas com base nos resultados de ensaios clínicos controlados e, mais que isso, se redigidas e discutidas por um grupamento representativo de especialistas.Vários de nós poderiam executar o mesmo documento sozinhos, porém suas conclusões, por mais que corretas, não seriam absorvidas, pois seriam o reflexo da unidade e não do grupamento. Assim iniciamos o arcabouço desse documento científico, agora finalizado, dividindo a tarefa entre mais de 60 médicos tanto da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) como cardiologistas clínicos da Sociedade Brasileira Luiz Alberto Mattos Presidente da SBHCI cesso é semelhante ao da produção de uma nova Diretriz”. Mas essa, obviamente, é uma etapa para um futuro ainda distante. Hoje, o que SBC e SBHCI têm em mãos é uma referência de excelência para a prática diária dos cardiologistas. Segundo o presidente da SBHCI, dr. Luiz Alberto Mattos, o documento apresentado no Recife reflete o sucesso de um trabalho dedicado e bem conduzido. Ele também ressalta outro ponto alto do Congresso: “Foi fundamental a liberação na Internet, no portal da Sociedade, dessa II Diretriz de Intervenção Coronária Percutânea, em associação com a Sociedade Brasileira de Cardiologia”. Segundo a dra. Amanda Guerra Moraes Rego Sousa, diretora da Divisão de Diagnóstico eTerapêutica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, a segunda edição das diretrizes é uma grande vitória. “Mais de 60 profissionais estiveram envolvidos e agora temos, como decorrência disso, esse documento importantíssimo para a prática da Cardiologia Intervencionista em nosso País e para obtermos das autoridades governamentais a subvenção dos instrumentais ainda não subvencionados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É um momento de festa”. Jornal da SBHCI Recife 2008 Na cerimônia de abertura, da esquerda para a direita, Alexandre Abizaid, Edgar G. Victor, Luiz Alberto Mattos e a enfermeira Simone Fantin. No púlpito, Jorge Ilha Guimarães Com começo sublime, XXX Congresso tem desfecho glorioso Em uma das paisagens medievais mais belas do País, evento da SBHCI fica para a história, inclusive batendo recorde de público Edgar Guimarães Victor. A seu lado, na mesa de abertura, estavam os drs. Luiz Alberto Mattos, presidente da SBHCI; Jorge Ilha, presidente futuro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Alexandre Abizaid, presidente da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), e Simone O Museu de Armas Castelo São João foi a primeira parada dos convidados para a cerimônia de abertura do XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), que aconteceu entre 17 e 20 de junho, em Pernambuco. Criado pelo colecionador pernambucano Ricardo Brennand, o espetacular Instituto Brennand, com suas peças provenientes da Europa, Ásia, América e África, evidenciava na entrada a certeza de que o Congresso seria especial. E assim o foi. Em meio a pinturas, armaria, tapeçaria e esculturas, os trabalhos foram instaurados pelo presidente do Congresso, dr. ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Museu de Armas Castelo São João Fantini, presidente do Departamento de Enfermagem da SBHCI. “Junto com os 30 anos do Congresso da SBHCI, comemoramos três décadas da angioplastia de Grumsik, um marco da medicina”, destacou o presidente do evento. Segundo o dr. Victor, o feito é comparável ao da radiografia ou da anestesia. Recife 2008 “A diferença é que a angioplastia chegou na era da Internet, da nanotecnologia, das células-tronco. E não foi tarefa fácil obter a consciência e a solidez que testemunhamos hoje. Isso é fruto de uma entidade ativa, profícua e competente.” Mesmo com tantas vitórias, a enfermeira Simone Fantini destacou algumas graves deficiências que levam os profissionais da área da Saúde a agregar esforços para levar atendimento a maior número de pessoas. “Hoje em dia, somente metade das vítimas de doenças cardiovasculares tem a oportunidade de receber assistência. É nosso dever disseminar o conhecimento e transpô-lo ao paciente.” Trabalho em equipe O sucesso de um evento do porte do XXX Congresso da SBHCI não pode ser atribuído a uma pessoa, mas a um grupo que junto trabalhou diuturnamente, pensando em todos os detalhes e tentando prever todo tipo de imprevisto para levar conforto e bem-estar aos visitantes do Centro de Convenções de Olinda, em Pernambuco. “Parabenizo a Diretoria pelo trabalho intenso realizado em conjunto no sentido de aprimorar os objetivos comuns”, registra o dr. Alexandre Abizaid. O sucesso pôde ser comprovado pela grande audiência nos auditórios Uma homenagem a Cícero Dias contou um pouco de sua rica produção artística O dr. Jorge Ilha lembra que a SBC é formada por importantes áreas de atuação, como a SBHCI, que devem seguir unidas para o crescimento e fortalecimento da especialidade. “A SBHCI é um modelo. Modelo de gestão, modelo de comunicação com seus sócios, e a Hemodinâmica, um modelo de desenvolvimento tecnológico. A Sociedade de Hemodinâmica é o que temos de mais pujante no País. As necessidades da Hemodinâmica são as necessidades da SBC. Vamos nos desenvolver e nos agregar para que estejamos juntos. E estaremos ombro a ombro em toda essa caminhada.” Agradecendo as mensagens de apoio e incentivo, o dr. Luiz Alberto Mattos teve a honra de encerrar a primeira parte da cerimônia citando todos os seus parceiros, companheiros de trabalho e colaboradores da entidade. “Caminhamos para o futuro e nunca mais seremos os mesmos. Procuramos oferecer uma administração transparente, justa e firme. Para balizar a educação continuada, seguimos com os congressos, renovando os eventos e procurando o diálogo com as instituições que regem a Saúde brasileira.Todos esses objetivos, ainda que parcialmente, vêm sendo alcançados. Temos a certeza de que isso só tem sido possível com ética, competência e dedicação, que são nossos maiores objetivos.” Lição de vida Muito mais que uma lição de cidadania, o dr. Ely Toscano Barbosa ofereceu à platéia uma lição de vida. “O Cidadão, seus Direitos e Deveres” era para ser uma palestra, mas contagiou os presentes com os exemplos de civilidade e cidadania dessa ilustre personalidade da Cardiologia brasileira. O presidente da SBC de 1981 discursou sobre a importância de defender os direitos dos cidadãos e também de fiscalizar os atos das autoridades e a aplicação das leis nos três poderes. “Nosso maior dever é exercer esses direitos”, comentou. Jornal da SBHCI Recife 2008 Participação recorde O mesmo sucesso da abertura oficial repetiu-se no decorrer do XXX Congresso. Foram quase 2 mil participantes durante os três dias de trabalhos. Congressistas, palestrantes e expositores garantiram a essa edição recorde de público e satisfação. Um destaque especial ficou por conta do crescimento da participação de enfermeiros e estudantes no Congresso de Enfermagem e com a sempre relevante presença de especialistas médicos. Conferência magna Com tantos ilustres convidados internacionais, a organização do Congresso preparou, logo na largada, uma conferência magna que foi calorosamente aplaudida. “30 anos de Cardiologia Intervencionista: como o sonho de Andreas Gruentzig se tornou realidade” foi o tema de Spencer B. King III, diretor executivo de assuntos acadêmicos do Saint Joseph Health System e professor emérito da Emory University. O especialista norte-americano fez uma viagem no tempo desde a primeira angioplastia, realizada por Gruentzig em Dolf Bachmann. Ele lembrou que, atualmente, milhares de pacientes vivem após atravessar doenças cardíacas que até pouco tempo atrás teriam sido fatais. ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Balanço do XXX C Avanços Consistente Luiz Alberto Mattos* N osso Congresso anual atingiu a maioridade. O evento foi realizado no Centro de Convenções de Pernambuco, com êxito. Mas foi um evento que exigiu forte demanda e interferência pessoal para sua finalização bem-sucedida. Nosso País é continental e a sede de nossa Sociedade está localizada em São Paulo. O fator “distância” elevou os custos e reduziu as expectativas, motivando uma dedicação hercúlea para que lográssemos êxito. A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) exibe sua fortaleza e enrijece sua musculatura, quanto mais exercitamos todos os nossos feixes e tendões, que são estimulados todos os dias, por nós, os sócios, cardiologistas intervencionistas. Nosso sucesso encontra ressonância e divulgação em nossos pacientes, que, diretamente, promovem mais e mais o crescimento de nossa área de atuação. Nesse ciclo integrado, os parceiros e fornecedores de materiais e equipamentos também se agigantam e nos retornam em investimentos positivos, que fomentam e sustentam nosso melhores e mais amplos serviços aos sócios. Mas um evento na Região Nordeste ainda é um enorme desafio.A começar pela arrecadação, 30% menor que em 2007 e com gastos 30% maiores, em decorrência da utilização de um centro de convenções público, desprovido de qualquer facilidade básica, que somente foi obtida mediante pagamento. Associado ao deslocamento e aos fornecedores societários, locados em São Paulo. Como o País ainda carece de estradas seguras e adequadas para atingir a Região Nordeste, a SBHCI despachou, por via aérea, um contêiner de 2,8 toneladas, contendo a alma do Congresso (bolsas, programas etc.), carga preciosa, que se perdida em alguma cratera no percurso de 3 mil quilômetros irrecuperável seria, podendo ferir o evento mortalmente. O custo final será penalizado. Mas não es- morecemos e envidamos dedicação única para obter o melhor para nosso associado e parceiros da entidade. Executado o esforço, o evento foi muito bem-sucedido e os números falam por si: 608 médicos, dos quais 433 sócios da SBHCI, adicionados a 374 profissionais da área da Saúde lá estiveram, compondo uma audiência de 982 pessoas. Excelente, direi eu, pois é maior que o de Brasília, palco do evento da SBHCI de 2007, respondendo àqueles que não acreditam em eventos nordestinos. Entre os médicos, estavam representantes de quase todos os Estados brasileiros, com exceção daqueles ainda sem serviço ativo de Cardiologia Intervencionista, localizados na Região Norte (Acre, Amapá e Roraima), denotando nossa representatividade federativa.A maior delegação, sempre marcante, foi a de São Paulo, com 343 médicos, e se existe receio quanto à realização de eventos na Região Nordeste o retorno é comprovado pela presença de recife 2008 Congresso da SBHCI: tes, Aprendizado Constante 295 residentes do Norte-Nordeste. Meu afeto ímpar pelo Estado que me adotou, Pernambuco, foi recompensado. Inegavelmente avançamos na gestão do evento, com consolidação dos parceiros que esta administração escolheu e agradece: ASCON Congressos, RCI Travel, Web Saúde, EXPOR e Gráfica IPSIS, que confeccionou um dos melhores e mais bonitos programas que já tivemos. O mais importante, nos movemos celeremente em direção ao resgate da seriedade científica, mais e mais ressaltando e convidando aqueles que têm a capacidade e o reconhecimento científico, congressos técnicos e não políticos. O grupamento é muito qualificado, mas alguns dotados e treinados para a pesquisa clínica e atividade acadêmica, compilando as atualizações mais recentes, para aqueles que têm uma atuação essencialmente assistencial. Cumprimos assim nosso objetivo, qual seja a constante educação continuada. Ressalto como aspectos relevantes do evento: II Fórum de Qualidade Profissional, realizado no primeiro dia, com audiência superior a 150 pessoas e debates intensos, que contou com a presença do dr. Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde , drs. Jorge Ilha Guimarães e Emilio Zilli, representando a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e representantes de seguradoras como UNIMED e UNIDAS e de importadores de materiais e dispositivos, como a ABRAIDI, finalizando com a presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), dra. Valéria Cardoso de Souza. Espaços como estes são fundamentais para nos fortalecer, demonstrar nossa transparência, e sintetizar nosso objetivo maior: ética com competência. • • Presença de 10 convidados internacionais, sem nenhuma ausência ines- perada, capitaneados pelo dr. Spencer King III, pioneiro na Cardiologia Intervencionista mundial e editor atual do JACC Intervention. • Discussão de casos clínicos editados e apresentação de intervenções em cardiopatias congênitas ao vivo, transmitidas a partir de hospitais do Recife (Maximagem e IMIP). • Valorização da apresentação dos temas livres, permeando a programação científica do evento e não mais apresentados isoladamente. • Outorga de 28 prêmios relevantes para os melhores temas livres em diversos formatos e categorias, mas todos focados em um objetivo apenas, tal seja a elaboração da pesquisa resumida apresentada no evento em um artigo original a ser submetido à Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI). proporcionando a criação arquitetônica de stands agradáveis, verdadeiros oásis de relaxamento para os congressistas efetuarem suas atualizações científicas e comerciais. Nosso Congresso sinaliza a obrigatoriedade de ser realizado em espaços amplos, que somente centros de convenção preparados podem nos proporcionar, ofertando o justo retorno a nossos parceiros. Vamos em frente, pois 2009 já se avista no horizonte com a realização de um evento conjunto internacional, em união com a SOLACI, presidida pelo nosso colega e sócio da SBHCI, dr. Alexandre Abizaid. * Presidente da SBHCI • Abertura oficial no Instituto Ricardo Brennand, momento mágico em que fomos premiados com uma noite fresca, estrelada, de lua quase cheia, uma pausa em pleno período de chuvas do inverno pernambucano. Destaque ainda para a consagração dos seis melhores temas livres ganhadores do prêmio eletrônico da SBHCI 2008. Por uma noite, a SBHCI teve seu castelo, o castelo que procuramos construir em nossa rotina diária, com nossos pacientes, colegas, amigos e familiares. Por fim, ensejo meus cumprimentos e a satisfação unânime dos 46 parceiros da SBHCI, que fornecem sustentação ao evento. Sem o crédito que depositam na entidade, nada seria possível. E um recorde de expositores, 893, o dobro em relação ao evento de Brasília de 2007. Um sucesso! Uma feira de exposição ampla, moderna, bem decorada, Jornal da SBHCI REPERCUSSÃO A OPINIÃO DA DIRETORIA, AUTORIDADES E PARTICIPANTES SOBRE O XXX CONGRESSO DA SBHCI “Vivemos nosso evento maior, que se iniciou com um Fórum de Qualidade Profissional de rendimento extraordinariamente profícuo. Foram abordadas questões da maior relevância para a atuação dos associados. A sessão inaugural aconteceu em um ambiente absolutamente marcante, o Instituto Brennand, seguida de programação científica de altíssimo nível. Foi uma combinação muito adequada de posições teóricas e vivência de casos de nossa realidade.” José Antonio Marin-Neto (SP), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI “O Congresso é fundamental para a nossa especialidade porque congrega todos os colegas e tem sido melhor a cada ano em virtude da qualidade das apresentações e organização excelente. Recife é uma cidade muito bonita e o Centro de Convenções esteve adequado, com excelente área física. O nível dos temas livres também foi ótimo, assim com as apresentações científicas. Foi uma satisfação participar de mais este Congresso Brasileiro e compartilhar o crescimento da Sociedade.” Alexandre S. Quadros (RS), editor do portal da SBHCI “Chamou a atenção a apresentação dos trabalhos científicos, especialmente dos candidatos aos prêmios. Foi uma iniciativa bem-sucedida de direcionar esses trabalhos para a Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva. Um dos pontos fortes do Congresso foi, portanto, a qualidade científica dos trabalhos apresentados, dos simpósios e apresentações em geral.” Áurea J. Chaves (SP), editora da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) “O trigésimo Congresso entra para a história da Sociedade por diversos aspectos. Foi um evento com padrão científico como sempre muito bom, mas com modificações de metodologia que o tornaram muito atrativo.Trouxe uma quantidade grande de informações científicas, mesclando pequenas conferências a temas livres, o que foi extremamente apreciado. O local era bastante adequado, permitindo que os participantes interagissem com os patrocinadores. Recife é uma cidade cada vez mais cosmopolita, com excelente infra-estrutura, mas sempre preservando a história.” Samuel Silva da Silva (PR), coordenador da Comissão Permanente de Certificação da SBHCI “A trigésima edição do Congresso de nossa Sociedade representa uma maturidade da instituição. Parabenizo o esforço de todo o grupo, de toda a Diretoria, por mais este evento de conciliação de todas as ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 regionais existentes no Brasil. Observo cada vez mais uma união e uma uniformidade de condutas, que fazem a marca da nossa Sociedade.” Marcelo de Freitas Santos (PR), editor do Jornal da SBHCI “O XXX Congresso da SBHCI se caracterizou pela feliz coincidência de ser também a comemoração dos 30 anos da angioplastia coronariana, uma marca histórica. Sobre isso, tivemos uma palestra fantástica com o dr. Spencer King, que, de maneira bastante feliz, apresentou o caminho percorrido até esta nossa era da Cardiologia Intervencionista, com novos dispositivos, novas tecnologias. Nesses 30 anos tão significativos, o Congresso tem conseguido trazer para os associados várias dessas novidades. O saldo final foi amplamente positivo. O Rio de Janeiro que nos aguarde!” Rogério Eduardo G. Sarmento-Leite (RS), diretor de Comunicação da SBHCI “Trinta anos após ter sido o presidente do primeiro Congresso da SBHCI só posso me sentir regozijado com o triunfo de nossa Sociedade com um Congresso desse nível, extremamente bem instalado, convidados do melhor nível, que enchem de orgulho a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.” J. Eduardo Sousa (SP), presidente do I Congresso da SBHCI “Ano a ano, ao longo da história, tenho notado que o Congresso evolui, congrega mais pessoas, discute assuntos de relevância cada vez mais expressiva e um aporte da indústria excepcional. Este ano foi marcante a atuação do Departamento de Enfermagem, que recebeu número de participantes enorme. Nesta edição, temas de grande relevância foram colocados em pauta, como os avanços dos stents farmacológicos e assuntos de fronteira que têm sido discutidos nesse âmbito.” Amanda Guerra Moraes Rego Sousa (SP), membro da Comissão Científica da SBHCI “O Congresso decorreu num ritmo muito bom, praticamente sem percalços. Isso é fruto da intensa colaboração de muitos e preparação muito bem cuidada, que foi seguida corretamente.” Edgar Guimarães Victor, presidente do XXX Congresso da SBHCI “A trigésima edição do Congresso da SBHCI sem dúvida representa um marco do amadurecimento desse evento, que vem trazendo os principais avanços da especialidade. As discussões com nossos especialistas e com os convidados internacionais foram todas de grande valor científico, fazendo com que cada dia a Sociedade se engrandeça.” Marcelo Antonio C. Queiroga Lopes (PB), diretor administrativo da SBHCI “O nível científico estava elevado. Chamou a atenção a presença maciça dos congressistas nas palestras, com as salas lotadas, muitas vezes com lugares disputados, demonstrando o grande interesse que a programação científica despertou em todos os participantes. Tivemos também a ampliação maciça dos temas livres.Além de entregar 28 prêmios, os temas livres foram distribuídos ao longo da programação científica, estando mais valorizados. Houve grande movimentação de pessoas assistindo aos pôsteres e participando das discussões, o que é um incentivo muito grande para os próximos anos.” Fernando S. Devito (SP), coordenador da Comissão Julgadora dos Temas Livres “O Congresso da SBHCI não atrai apenas intervencionistas, havia também clínicos interessados na área e o espaço tem sido aberto para outras especialidades, como diagnóstico por imagem não-invasivo. O nível científico foi excelente e a sensação é de que havia mais gente presente que no ano passado, o que mostra que os intervencionistas estão interessados em progredir conforme a ciência avança, aprendendo novas modalidades de diagnóstico, novas formas de avaliar o doente com doenças na artéria coronária.” Ibraim Masciarelli F. Pinto (SP), editor do Jornal da Sociedade Brasileira de Cardiologia “As discussões em torno da Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista no Sistema Único de Saúde são sempre de grande valia, porque acrescentam elementos ao Ministério para a formulação de suas políticas gerais de Saúde. Um congresso com essa natureza, com esse volume de participantes, com a qualidade dos temas que foram debatidos, é algo muito bem-vindo e o Ministério da Saúde saúda a realização de eventos dessa natureza.” Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde REPERCUSSÃO “Embora a Sociedade esteja crescendo constantemente, ainda mantém um caráter quase familiar. Aqui todo mundo ou foi estudante de alguém ou foi professor de alguém. Então somos todos amigos, e este é o momento do ano para nos reencontrar. É a hora de rever amigos antigos, o que é sempre muito gostoso. Outra parte importante, a exposição, foi bem atendida. Esteve bonita, com corredores amplos e estandes ‘customizados’.A parte científica foi o ponto alto. Com um Congresso mais condensado, as pessoas de fato compareceram às aulas e não se dispersaram ao longo dos dias, fazendo com que as salas estivessem sempre cheias.” Pedro Alves Lemos Neto (SP), diretor científico da SBHCI “O Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica cresceu muito em função da importância da Hemodinâmica na Cardiologia, que é hoje muito grande. Tem havido um desenvolvimento tecnológico espantoso nessa área, muitos artefatos e estudos novos. Paralelamente, há uma posição atual de desenvolvimento da clínica, o que gera um ‘mix’ interessante de discussão. É um momento muito rico. O pessoal da Hemodinâmica está muito preparado, tanto técnica como cientificamente. É um grupo que estuda muito, que tem conhecimento muito profundo, e o Congresso é a conseqüência dessa área que está muito forte, muito rica em experiência, muito rica cientificamente, muito rica tecnologicamente.” Jorge Ilha Guimarães (RS), presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia “A SBHCI tem importância inquestionável não apenas no cenário da Cardiologia como no cenário da Medicina brasileira.A Medicina Intervencionista vem ocupando um espaço gradativamente maior que em toda a história da Cardiologia. Uma sociedade de especialidade tem que estar plenamente voltada para a parte científica, para a parte técnica, para o aperfeiçoamento de seu associado. E eventos como esse, como o Fórum de Qualidade Profissional, são responsáveis por mudança de paradigmas na especialidade, pois questionam a qualidade que o mercado exige do atendimento. Hoje, a sociedade de especialidade, com seus complexos tratamentos, com suas variáveis, mais do que nunca, é o denominador comum dos anseios de seu especialista. Pudemos, aqui, discutir maneiras efetivas e problemas da vida real para que o profissional possa enfrentar seu dia-a-dia da melhor maneira possível.” Emílio César Zilli (RJ), diretor de Qualidade Profissional da Sociedade Brasileira de Cardiologia “Destaco a importância do Fórum de Qualidade Profissional. Foi uma reivindicação do próprio sócio, por sofrer restrições não só no mercado do serviço público como também no serviço privado. E são muitas as reivindicações, tanto em relação à atuação na prática médica como diante de restrições que não são do ato médico. Essa discussão é extremamente importante para que se normalizem e melhorem as negociações com o mercado de trabalho.” Maria do Rosário Britto Leite (PE), diretora Norte/Nordeste de Qualidade Profissional da SBHCI “Esse Congresso é sempre um marco na Cardiologia Intervencionista. Primeiro, porque dá o nível real do que se está fazendo no País, e mostra a importância, a força, a potência que é nossa especialidade. Depois, apresenta o crescimento cada vez maior do intervencionismo no País, que representa, não tenho nenhuma dúvida, um dos melhores centros de intervencionismo do mundo.” Costantino Costantini (PR), diretor geral do Hospital Cardiológico Costantini Jornal da SBHCI recife 2008 Excelente estrutura e novidades da área atraíram médicos para feira de exposições do XXX Congresso da SBHCI O Centro de Convenções de Olinda, em Pernambuco, foi uma boa escolha para a feira de exposições do XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). O local amplo e arejado permitiu que os expositores utilizassem toda sua criatividade em estandes modernos e personalizados. Os cerca de 50 expositores, entre estandes e salas, representaram um aumento de quase 20% em relação a 2007, comprovando o sucesso cada vez maior do evento. Equipamentos e medicamentos de última geração puderam ser conhecidos e manuseados nos intervalos das aulas, bem como novas terapias e campanhas, como a mundial de prevenção e combate ao diabetes, encampada pela Boston Scientific. “A Boston esteve no Congresso apresentando seu apoio à campanha, que visa a criar consciência da doença e como esta impacta a saúde das pessoas”, explica o diretor de vendas e marketing, Fernando Alfredo Gonzalez. A empresa também aproveitou o espaço para lançar o Registro Clínico (Polar), com a participação do Brasil e de vários países da América Latina, e que incluiu 2 mil pacientes. “O estudo tem o objetivo Boston Scientific de comprovar a segurança e a eficácia do Promus, nossa plataforma de stent farmacológico com everolimus”, completa. A captação de negócios e o contato com os maiores especialistas do País foram outros pontos fortes destacados por quem esteve por lá.“Foi um momento de encontro de renomados médicos intervencionistas e enfermeiros com as empresas. Tivemos a oportunidade de sair da rotina do dia-a-dia e promover maior aproximação entre a equipe”, comenta Camila Pereira Rodrigues, consultora de vendas da Abbott (Maxmedical, Porto Alegre, RS). Marcel Dalton Marcon, Medtronic ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Abbott gerente distrital da Bayer, comunga da opinião, afirmando ter solidificado ainda mais a marca Bayer entre os profissionais de Hemodinâmica presentes. Para a Cardiosystems, o contato direto com os especialistas também foi primordial.“É de suma importância a participação nesse Congresso para divulgar nossos produtos, trocar informações e experiências de mercado, além de manter contato direto com os médicos, que são nosso alvo principal”, pondera Fabiano Augusto de Oliveira, gerente comercial. O local do evento foi outro ponto forte, na opinião das empresas. “Para recife 2008 Shimadzu Terumo a XPRO, este Congresso é o melhor meio de divulgação de sua solução e serviços. Especialmente este, do Recife, foi estratégico, pois veio ao encontro dos investimentos e do reconhecimento que estamos tendo na região”, ressalta Emerson Silva, diretor comercial. Programação científica atrai empresas A qualidade da programação científica também foi lembrada entre os expositores. ”Destacamos o cunho científico, que é muito importante para ambas as partes”, avalia Zenilda Gil, supervisora de produtos da Medtronic. “A programação científica esteve bastante intensa, boa e objetiva. Os simpósios foram bastante atrativos para todos”, completa Adriana Victória, especialista de produtos da Terumo. O Congresso foi inclusive comparado a similares realizados fora do País. “A programação científica esteve à altura do alto nível dos médicos que atuam na área intervencionista, não perdendo em nada para outros congressos realizados no exterior”, parabeniza o gerente de vendas Dirceo Stona, da Biotronik. Enfim, não foram poucos os elogios ao evento e à organização. “A Shimadzu do Brasil comemorou seus 20 anos de atuação no mercado brasileiro também prestigiando o XXX Congresso da SBHCI, um dos mais importantes eventos de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista”, admite Ademar Okatani, supervisor de marketing. Mais elogios vêm de Benvenuto Somera, gerente de marketing e produtos Philips. “O Congresso da SBHCI é um dos mais importantes no segmento de Saúde. É o momento de acessar todas as importantes referências de mercado, estabelecendo relacionamento com toda a comunidade.” Estreantes e veteranos Diversos expositores estiveram mais uma vez participando e prestigiando a SBHCI, motivados pelo sucesso de participações anteriores. “Voltamos ao Congresso com muita satisfação. Parabenizamos a organização e a SBHCI por mais esta oportunidade e pelo trabalho”, frisa Andréa Aarão, gerente de sistemas vasculares da B. Braun. XPRO “A Scitech, com grande satisfação, tem participado ativamente deste evento. Agradecemos à Comissão Científica e à Diretoria da SBHCI por todos os esforços somados e resultados obtidos, juntos pela qualidade de vida dos nossos pacientes”, declara Octávio Ferraz, gerente de marketing. O Congresso também superou as expectativas de Marcus Vinícius, gerente comercial da Tecmedic: “O que mais nos chamou a atenção foi o grande número de participantes presentes inclusive no pré-congresso”. Estreando nesta edição estava a Medley. De acordo com sua gerente de produtos, Carolina Giroto Fabbris, “foi uma oportunidade de divulgar a marca do nosso antiagregante plaquetário Lopigrel e de alavancar nossa marca”. Também debutando no Recife estavam a Angiolux e a St Jude, além da Relisys, empresa indiana que veio representada por seu diretor de marketing, G. V. V. Sarma. Segundo ele, o interesse em ingressar no mercado brasileiro está no alto nível da Cardiologia Intervencionista praticada no País e nos excelentes profissionais brasileiros. B. Braun Jornal da SBHCI 11 recife 2008 SBHCI HOMOLOGA 28 PREMIAÇÕES INÉDITAS NO XXX CONGRESSO: FOMENTO CRESCENTE AO FORTALECIMENTO DA PESQUISA CLÍNICA BRASILEIRA 1º lugar: Ricardo Costa recebe os cumprimentos de Amanda G. M. R. Sousa P 2º lugar: Alexandre Quadros recebe homenagem de Amanda G. M. R. Sousa rezados colegas, parabéns! Na análise de 197 temas livres válidos submetidos na área médica, 71 autores obtiveram as maiores médias aritméticas na análise feita pelos pares (três sócios titulares), de modo cego. Segundo os critérios para a premiação, todos os temas livres apresentados foram avaliados pela comissão julgadora (três julgadores), recebendo notas de 1 a 10. Durante o evento, a Comissão Julgadora SBHCI, coordenada pelo dr. Rogério Sarmento-Leite, na presença dos drs. Fernando S. Devito e Wilson Pimentel Filho, e com assessoria editorial da dra. 0800 701 7789 ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Áurea J. Chaves, analisou a apresentação de todos os temas expostos, em formato oral ou como pôsteres, homologando a classificação final. No final do evento, o dr. Devito anunciou todos os vencedores no auditório principal. Um número inédito de prêmios foi distribuído para os diversos pesquisadores. Para usufruto e homologação de todos esses prêmios outorgados para as pesquisas submetidas ao XXX Congresso da SBHCI 2008, será necessário que os autores concordem em submetê-las sob o formato de artigo original completo, para publicação na www.medical.philips.com/br Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (www.rbci.org.br), de acordo com suas regras editoriais e no prazo estipulado (até 31 de julho de 2008). No caso de negativa, será convidado o autor de pesquisa com média final subseqüente, em ordem decrescente, sendo os classificados prévios promovidos ao usufruto da premiação. 3º lugar: Breno Oliveira Almeida é agraciado por Ricardo P. Miranda recife 2008 Prêmio melhor Tema livre – XXX Congresso da sBhCi 2008 1º Lugar – passagem aérea e hospedagem – TCT 2008 (Washington DC, Estados Unidos) auTor InSTITuIção CIdade/uf Perfil de Segurança dos Stents Farmacológicos nas Síndromes Coronárias Agudas: Análise de 900 Casos Consecutivos Carlos Augusto Homem de Magalhães Campos Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP São Paulo/SP 2º Lugar – passagem aérea e hospedagem – Euro PCR 2009 (Barcelona, Espanha) auTor InSTITuIção CIdade/uf Estudo de Segurança da Trombólise Intra-Arterial na Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Carlos Henrique Falcão UFF – Universidade Federal Fluminense Niterói/RJ 3º Lugar – passagem aérea e hospedagem – Congresso do AHA-2008 ou ACC-2009 auTor InSTITuIção CIdade/uf Baixos Níveis Séricos de Bilirrubina estão Associados à Detecção Angiográfica de Cardiopatia Isquêmica? Carine Ghem IC/FUC – Instituto de Cardiologia do RS Porto Alegre/RS 4º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile) auTor InSTITuIção CIdade/uf Complicações Vasculares em 4.595 Pacientes Submetidos a Implantes de Stents Coronarianos Alexandre Quadros IC/FUC – Instituto de Cardiologia do RS Porto Alegre/RS 5º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile) auTor InSTITuIção CIdade/uf Hiperplasia Neointimal Intra-Stent e Progressão de Placa no Vaso Alvo em Pacientes Tratados com Stents Eluídos com Zotarolimus: Uma Análise de Correlação com Ultrassom Intra-Coronário Seriado Andre Farinelli Lima Brito Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo/SP 6º Lugar – passagem aérea – TCT 2009 (Washington DC, Estados Unidos ) auTor InSTITuIção CIdade/uf Insuficência Renal Aguda pós Intervenção Coronária no Infarto Agudo do Miocárdio: Preditores e Evolução Clínica em 1 Ano Raphael Lanza E. Passos Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo/SP 7º Lugar – passagem aérea – EuroPCR 2009 (Barcelona, Espanha) auTor InSTITuIção CIdade/uf Segurança e Eficácia de um Novo Sistema de Stent com Rede de Proteção para Prevenção de Embolização Distal: Resultados Preliminares do Estudo Inspire Felipe Souza Maia da Silva Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo/SP 8º Lugar – passagem aérea e hospedagem – SBHCI/SOLACI 2009 (Rio de Janeiro, RJ) auTor InSTITuIção CIdade/uf Impacto dos Stents Farmacológicos no Tratamento Percutâneo de Lesões Coronárias em Bifurcação – Resultados Clínicos Tardios de Um Estudo Comparativo e Não Randomizado Alaor Mendes Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/Hospital do Coração – ASS São Paulo/SP Prêmio melhor Tema livre – CardioPaTias CongêniTas – XXX Congresso da sBhCi 2008 1º Lugar – passagem aérea e hospedagem – PICS 2008 (Las Vegas, Estados Unidos) auTor InSTITuIção CIdade/uf Implante de Stent no Canal Arterial Através de Via Carotídea em Crianças Graves Portadoras de Cardiopatias Congênitas com Hipofluxo Pulmonar Santiago Raul Arrieta IMIP – Instituto Materno Infantil Prof. F. Figueira Recife/PE 2º Lugar – passagem aérea e hospedagem – SBHCI/SOLACI 2009 (Rio de Janeiro, RJ) auTor InSTITuIção CIdade/uf Oclusão Percutânea de Comunicação Inter Atrial Tipo Ostium Primum (CIA OP) – Nova Opção Terapêutica ou Apenas um Golpe de Sorte? Francisco José Araújo Chamié de Queiroz Hospital dos Servidores do Estado – Min. Saúde Rio de Janeiro/RJ Prêmio aBBoTT vasCular inTervenCionisTa 2008 – insTiTuTo Crossroads Estágio e Viagem ao Instituto Crossroads – Abbott Vascular, Bélgica auTor InSTITuIção CIdade/uf 1º Lugar – Até que Ponto a Complexidade Clínica e Angiográfica Influi nos Resultados Imediatos e Tardios de Pacientes Tratados com Stents Farmacológicos? Uma Comparação entre Indicações “On Label” e “Off Label” no Registro DESIRE José de Ribamar Costa Junior Instituto de Ensino e Pesquisa – Hospital do Coração – ASS São Paulo/SP 2º Lugar – Impacto dos Fatores Clínicos e Anatômicos na Incidência de Eventos em Pacientes Tratados com Stents Farmacológicos Marco Aurélio de Magalhães Pereira Hospital Israelita Albert Einstein São Paulo/SP Jornal da SBHCI 1 recife 2008 Prêmio melhor Tema livre – JulgamenTo eleTrôniCo – XXX Congresso da sBhCi 2008 1º Lugar – passagem e hospedagem – TCT 2008 (Washington DC, Estados Unidos) auTor InSTITuIção CIdade/uf Incidência e Preditores de Trombose de Stent Após Implante de Stents Farmacológicos em Pacientes Não-Selecionados com Lesões Coronárias Complexas Tratadas no Mundo Real – Resultados do Registro DESIRE (drug-eluting stent in the real world) Ricardo Alves da Costa Instituto de Ensina e Pesquisa – Hospital do Coração – ASS São Paulo/SP 2º Lugar – passagem e hospedagem – EuroPCR 2009 (Barcelona, Espanha) auTor InSTITuIção CIdade/uf Risco de Reestenose em Pacientes Submetidos a Implantes de Stents Coronarianos Alexandre Quadros IC/FUC – Instituto de Cardiologia do RS Porto Alegre/RS 3º Lugar – passagem aérea e hospedagem – Congresso do AHA-2008 ou ACC – 2009 auTor InSTITuIção CIdade/uf Resultados Imediatos e Tardios das Bifurcações Coronárias Tratadas com Stents Farmacológicos: Comparação das Estratégias de 1 Stent Versus 2 Stents. Breno Oliveira Almeida Hospital Israelita Albert Einstein São Paulo/SP 4º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile) auTor InSTITuIção CIdade/uf Impacto dos Meios de Contraste Iodixanol e Ioxaglato na Reperfusão Miocárdica em Pacientes Submetidos à Angioplastia Primária no Infarto Agudo do Miocárdio José Klauber Roger Carneiro Hospital do Coração de Sobral Sobral/CE 5º Lugar – passagem aérea e 3 dias de hospedagem + 1 acompanhante (Argentina ou Chile) auTor InSTITuIção CIdade/uf Comparação entre Stent Farmacológico e Stent Convencional para o Tratamento do Infarto com Supradesnivelamento do Segmento ST Marco Aurélio de Magalhães Pereira Hospital Israelita Albert Einstein São Paulo/SP 6º Lugar – passagem aérea TCT 2009 (Washington DC, Estados Unidos) auTor InSTITuIção CIdade/uf 700 Casos de Angioplastia Coronária Primária no Infarto Agudo: Preditores de Mortalidade. Experiência de 10 anos Marcello Augustus de Sena Procordis Niterói Niterói/RJ Prêmio eXPressão CienTÍfiCa sBhCi 2008 Duas passagens aéreas para qualquer destino na América do Sul auTor InSTITuIção CIdade/uf Avaliação da Eficácia e Segurança de um Stent Recoberto com Celulose Biossintética em Modelo de Artéria Ilíaca de Coelhos Ronaldo da Rocha Lourdes Bueno Serviço de Hemodinâmica do Hospital Evangélico Curitiba/PR Tratando a Reestenose de Stents Farmacológicos com Implante de Outro Stent Farmacológico: Experiência Acumulada de 5 Anos do Registro Desire José de Ribamar Costa Junior Instituto de Ensino e Pesquisa – Hospital do Coração – ASS São Paulo/SP Uso de Stents Farmacológicos em Hospitais Públicos Brasileiros: Impacto de sua Disponibilidade na Seleção de Pacientes para Intervenção Percutânea no Mundo Real Luiz Fernando Leite Tanajura Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo/SP Complicações por Sangramento como Fator Preditor de Eventos Adversos após Intervenção Coronariana Percutânea Clarissa Campo Dall Orto Hospital Beneficência Portuguesa/Hospital Alemão Oswaldo Cruz São Paulo/SP Seguimento Tardio dos Stents Farmacologicos Implantados em Indicações “On” e “Off-Label” José Ary Boechat Clínica São Vicente/Hospital Cardiotrauma Rio de Janeiro/RJ Resultados do Registro SISC (Stent In Small Coronaries): Uma Análise Seriada com Angiografia e Ultra-Som Intracoronário Daniel Chamié Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia São Paulo/SP Seguimento Clínico de Portadores de Insuficiência Renal Submetidos à Intervenção Coronária Percutânea com os Stents Farmacológicos Adriana C. Moreira Instituto de Ensino e Pesquisa – Hospital do Coração – ASS São Paulo/SP Impacto do Ultrasom Intracoronario para Guiar o Implante de Stents Farmacológicos na Redução dos Eventos Clínicos a Longo Prazo Costantino Ortiz Costantini Hospital Cardiológico Costantini/Fundação Francisco Costantini Curitiba/PR Hidratação com Bicarbonato de Sódio na Prevenção de Nefropatia por Contraste: Estudo Clínico Multicêntrico Vitor Osório Gomes Hospital São Lucas – PUC/RS Porto Alegre/RS Resultados Tardios do Emprego Rotineiro dos Stents Farmacológicos nos Pacientes Diabéticos ano Xi - no 2 - abril a Junho - 2008 Breno Oliveira nonon nono nono nonHospital Israelita Albert Einstein Almeida São Paulo/SP recife 2008 Os resultados do II Fórum de Qualidade Profissional SBHCI Luiz Antônio Gubolino* O Fórum de Qualidade Profissional foi uma das importantes atividades preliminares do XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), em 18 de junho de 2008, na cidade do Recife, Pernambuco. Foi conduzido com foco em quatro tópicos relevantes para a atividade profissional da Cardiologia Intervencionista brasileira: Qualidade Profissional; Cardiologia Intervencionista e o Sistema Único de Saúde; Cardiologia Intervencionista e Saúde Suplementar; e Compartilhamento e Certificação em Radiologia Intervencionista. Sob a coordenação dos drs. Luiz Alberto Mattos, presidente da SBHCI, Luiz Antônio Gubolino, diretor de Qualidade Profissional, e Emílio César Zilli, diretor de Qualidade Assistencial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Fórum contou com a presença de vários representantes dos segmentos diretamente interessados, como Sistema Público de Saúde, Saúde Suplementar, Cardiologia e Radiologia Intervencionista. A Diretoria da SBHCI define o evento como um marco de progresso na interação com tais segmentos, os quais, aliás, têm relação direta no exercício da atividade profissional da Sociedade. Entre os convidados, o dr. Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, que discorreu sobre o tema “Perspectivas Atuais e Futuras da Cardiologia Intervencionista no SUS: Ampliação da Oferta de Serviços, Absorção de Novas Tecnologias, Auditagem e Renovação da Tabela de Reembolsos”. Ele esclareceu as condições do financiamento atual da Saúde no Brasil, em especial as limitações do orçamento mediante a suspensão da CPMF. Falou também das perspectivas futuras e deixou em aberto para a SBHCI a possibilidade de maior participação em debates a respeito de procedimentos e novas tecnologias, envolvendo ambas as partes. Também representando o Departamento da Atenção Especializada do Ministério da Saúde, o dr. Antonio Luiz Pinho Ribeiro, que atua como consultor, abordou o tema “Disparidades Regionais na Assistência Cardiovascular Brasileira: Uma Realidade Sem Solução?”. Outros destaques foram as participações da representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Karla Santa Cruz Coelho, do Rio de Janeiro, da chefe da Unidade de Tecnovigilância da ANVISA/MS, Maria da Graça Sant Anna Hofmeister, do Distrito Federal, e dos drs. Alexandre Pagnoncelli e Regina Ribeiro Parisi Carvalho, respectivamente coordenador da Câmara Técnica da Unimed-RS e vice-presidente do Grupo Unidas de Autogestão. Todos contribuíram com importantes conceitos e informações relacionadas ao Sistema de Saúde Suplementar no Brasil. O evento contou ainda com a relevante presença da dra. Valéria Cardoso de Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), que ministrou a palestra “Certificação Profissional Frente ao Compartilhamento: Como Proceder Mantendo a Soberania e Proficiência já Reconhecidas?”. Um assunto, diga-se de passagem, motivo de certa inquietação, já que se refere à questão do compartilhamento de procedimentos na área de intervenção vascular não-cardíaca praticados por profissionais de áreas de atuação diferentes, porém com proficiência técnica semelhante. A presença da dra. Valéria e suas colocações reforçaram a aproximação madura e inteligente dessas Sociedades, visando à maior interação profissional e, principalmente, à união científica, e buscando maior solidez no aprimoramento técnico de seus associados. Assim, a SBHCI agregou, em um evento de Qualidade Profissional, representantes de vários segmentos da Saúde, principalmente gestores e prestadores de serviços de alta complexidade, tendo como foco principal a melhor forma de exercer a Medicina com qualidade, ótimo resultado imediato e a longo prazo, buscando conciliar uma boa relação custobenefício-eficácia para os pacientes. * Diretor de Qualidade Profissional da SBHCI Jornal da SBHCI 15 serviço CONFIRA OS NOVOS SÓCIOS DA SBHCI Sócios homologados no Recife durante o XXX Congresso da SBHCI Aspirantes André Valentin da Cunha e Silva Antonio Fernandino de Castro Bahia Arnóbio Angelo de Mariz Jr. Carlos Augusto Homem de M. Campos Daniel Guilherme Arnoni Denilson Rodrigues de Oliveira Gustavo Eugênio Martins Marinho Gustavo Oliveira de Albuquerque Lucas Lodi Junqueira Marcílio Batista de Oliveira Nelson Fernando Eugenio Hurtado Paulo Roberto Ferreira Tartuce Filho Rafael Campos do Amaral Rodrigo Julio Cerci Sandro Marcondes Malavasi Faig Thenyson Pereira Leitão Thomas Borges Conforti Titulares Alexandre Soares dos Santos Antonio Donizetti de Sena Pereira Clarissa Campo Dall Orto Edilson Alvaro Roma Edmilson Yano Ishii Ely Maria Neves de Sousa Eduardo José Pereira Ferreira Emerson de Albuquerque Seixas Evandro Gomes de Matos Jr. Fernando Vivas Barreto Glauco Soares Maia Piassi Guilherme Ferragut Attizzani Gustavo Adolfo Bravo Rando Humberto Alencar de Araujo Sanchez Jorge Peregrino Braga Luciano Rodrigues e Silva Luiz Alberto Christiani Marcelo Sabedotti Marcio José Montenegro Costa Marcus Valério Cavalcanti Almeida Osney Marques Moure Paulo Renato Mércio Machado Ricardo Ueda Rodrigo Fernandes de Castro Tiago Porto Di Nucci ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 XIII Jornada Brasileira de em Hemodinâmica e Cardiologia Intervenc Simone de Souza Fantin* e Thaís Vasconcelos Amorim** H oje, passados poucos anos desde a primeira Jornada de Enfermagem da SBHCI, chegamos a sua 13a edição, destacando o número significativo de participantes em nosso evento. Percebemos, assim, que a procura por atualização e aprimoramento tanto técnico como científico está cada vez mais desperta em nossa classe profissional, pois é uma especialidade que evolui rapidamente no que se refere a novos materiais e alternativas terapêuticas. Por esses motivos, elaboramos para a XIII Jornada Brasileira de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista uma programação científica atual e cuidadosamente preparada, a fim de atender às expectativas desses profissionais. Em 19 de junho, durante o XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), tivemos o Pré-Congresso, com um programa focado em questões legislativas e de qualidade, certificadas para os nossos serviços, apontando para o profissional enfermeiro como figura de referência e divulgadora de idéias para a equipe multiprofissional do Laboratório de Hemodinâmica. O simpósio-satélite organizado pela Terumo, com o tema “Acesso Radial e Controle de Hemostasia: Novas Tecnologias;Aspectos Legais” confirmou o interesse e a participação dos enfermeiros na busca de alternativas voltadas à segurança e à qualidade assistencial. Durante a Jornada, foram proferidas palestras e apresentados trabalhos (sob as formas oral ou de pôster) que trouxeram destacada contribuição científica sobre os diversos aspectos da assistência da Enfermagem em Hemodinâmica. Sem dúvida, um ponto alto desse evento foi a participação da convidada internacional Mireille Simon Simone de Souza Fantin (França), que, à luz de sua experiência, nos mostrou rotinas e protocolos realizados em seu Serviço, bem como a participação e a assistência de Enfermagem no implante percutâneo de válvula aórtica. Os melhores trabalhos científicos apresentados (tanto na forma oral como de pôster) foram premiados, sob o patrocínio da Abbott Vascular, incentivando ainda mais o desempenho científico dos profissionais de Hemodinâmica. Sabemos que essa contribuição só será efetiva a partir do momento em que tomarmos plena consciência de que há muito trabalho a ser feito e de que Jornada de Enfermagem teve a maior participação de todos os tempos cionista Thaís Vasconcelos Amorim não há mais tempo a perder. Pensando dessa forma, e antes mesmo do findar dessa Jornada, iniciamos os preparativos para os próximos eventos científicos que contarão com a participação do Departamento de Enfermagem. As expectativas dos membros da Diretoria do Departamento de Enfermagem foram muitas e, apesar dos percalços, sentimo-nos honrados em fazer parte desse grande evento ocorrido no Recife. * Presidente do Departamento de Enfermagem da SBHCI ** Presidente da Comissão Científica PRÊMIO ABBOTT VASCULAR DE ENFERMAGEM Temas Livres – Oral 1º lugar : O Conhecimento e a Assistência de Enfermagem a Pacientes Submetidos a Angioplastia Coronária à Luz da Teoria do Autocuidado Autores: Fabiane Lima Parente; Fabiara Lima Parente; Keila Maria Azevedo Pontes Hospital do Coração de Sobral – Sobral, CE 2º lugar: Trajetória do Enfermeiro em Busca do Uso Único de Fios-Guia em Hemodinâmica Autores: Érika G. Gurgel R. Lima; José E. F. Barreto; Celiane M. Lopes Muniz; Sônia F. Bringel Franco; Viviane M. Pinto Bandeira; Sâmara da S.Vituriano Hospital Regional Unimed – Fortaleza, CE recife 2008 e Enfermagem Procedimentos Eletivos em Hemodinâmica Autores: Érika G. Gurgel R. Lima; José E. F. Barreto; Celiane M. Lopes Muniz; Sônia F. Bringel Franco; Viviane M. Pinto Bandeira; Sâmara da S.Vituriano Hospital Regional Unimed – Fortaleza, CE 3º lugar: Padronização de Medicamentos na Hemodinâmica como Processo de Melhoria para Prevenção de Erros de Medicação Autores: Célia Fátima Anhesini Benetti; Fernanda Jacques Calçado de Oliveira Hospital do Coração (HCor) – Associação do Sanatório Sírio – São Paulo, SP Glaís Palumbo Rolim Ribeiro Coordenadora de Temas Livres 3º lugar: Notificação de Eventos Adversos como Indicador de Qualidade Assistencial na Hemodinâmica Autores: Simone de S. Fantin; Aline Britzke; Lenira L. Anselmo; Márcia F. Casco; Erica R. M. Duarte; Rose C. Lagemann; Marta G. O. Góes Hospital de Clínicas de Porto Alegre – Porto Alegre, RS Temas Livres – Pôster 1º lugar: Humanização no Laboratório de Cardiologia Intervencionista Autores: Maria Helena de Almeida; Edna Valéria da Silva; Andréa Cotait Ayoub Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – São Paulo, SP Todas as imagens são ilustrações artísticas. Fotos e especificações representam o desenho atual (2007). As informações aqui contidas destinam-se à distribuição fora dos EUA e Japão apenas. © 2008 Abbott Laboratories. LA-3011C-07 04/2008 www.xiencev.com 2º lugar: A Atuação do Enfermeiro no Atendimento Pré-Operatório de ABBOTT CENTER - Central de Relacionamento com o Cliente 0800 7031050 e-mail: [email protected] www.abbottbrasil.com.br Jornal da SBHCI ANU 1520.indd 1 17 7/5/2008 13:00:58 Programa de Educação Continuada 2008 PEC-SBHCI: reflexões e resultados imediatos Luiz Alberto Mattos* A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) elaborou um projeto inédito, de caráter amplo e federativo, focado na abertura e no fortalecimento de fóruns de debate e análise crítica direcionados à prática da Cardiologia Intervencionista inserida na clínica cardiológica. A ouvidoria para com os nossos sócios e cardiologistas reconhecidos sinalizou nessa direção. Foram adquiridas inserções de 110 minutos, em média, nos mais representativos congressos das Sociedades de Cardiologia regionais, abonados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e efetivados ao longo do primeiro semestre de 2008. Reflexões Seis eventos já foram realizados, de Belém, no Pará, até Gramado, no Rio Grande do Sul. A temática foi sempre a mesma: uma tríade de aulas de revisão, atuais e vibrantes, ministradas por só- Especialistas encheram o auditório do PEC-SOCESP ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Luiz Alberto Mattos, no PEC-SOCESP cios reconhecidos da SBHCI. Os temas versaram desde a valorização adequada da cinecoronariografia, ainda o método padrão de referência para o diagnóstico e a confirmação da doença arterial coronária obstrutiva, à prescrição da angioplastia coronária nas diversas síndromes clínicas, da estabilidade ao infarto do miocárdio, e à dissecção de focos de controvérsia, como os ensaios clínicos COURAGE e a utilização de stents farmacológicos. As sessões eram encerradas com a discussão de um caso clínico entre eminentes cardiologistas e a platéia dos eventos. Confira o balanço desses seis eventos e as reflexões para 2009: Expedito Ribeiro, no PEC-SOCERJ Programa de Educação Continuada 2008 1. PEC-SOCESP (XXIX Congresso da SOCESP), São Paulo, 1º de maio – Um sucesso retumbante! Os 250 assentos da sala foram rapidamente tomados, com mais de 100 colegas não tendo acesso ao recinto por razões de segurança! A dra. Amanda Guerra Moraes Rego Sousa gerenciou o evento, que contou com a presença dos drs. Luiz Antonio Machado César e Álvaro Avezum e com as apresentações dos drs. José Antonio Marin-Neto, Luiz A. Mattos e Pedro Lemos. Para 2009, uma sala maior deverá ser incorporada. 2. PEC-RS (XVIII Congresso de Cardiologia do Rio Grande do Sul), Gramado, 13 de junho – Realizado na vigência do XVIII Congresso da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, o evento esteve a cargo do dr. Jorge Ilha Guimarães, amparado pelos debatedores drs. Iran Castro e Jorge Pinto Ribeiro. Eles aqueceram a platéia em manhã fria e chuvosa em pleno inverno gaúcho, embalados pelos drs. Alexandre Quadros, Gilberto Nunes, Luiz A. Mattos e Rogério Sarmento-Leite. O comentário inicial do ex-presidente da SBC, dr. Iran Castro, foi ouvido por 110 colegas presentes ao evento: “É a primeira vez em minha carreira, participando de um semnúmero de eventos prévios, que poderei me expressar livremente, sem me preocupar com patrocinadores ou conflitos de interesse”. Objetivos também atingidos! Da esquerda para a direita, Luiz Antonio Machado César, Amanda G. M. R. Sousa e Álvaro Avezum, no PEC-SOCESP Audiência magnífica no PEC-RS PEC-SOCERJ foi muito prestigiado Jornal da SBHCI 19 Programa de Educação Continuada 2008 No PEC-MG, a casa também estava cheia Da esquerda para a direita, Francisco Rezende, Roberto Marino, José Antonio Marin-Neto, Jamil Abdalla Saad, Roberto Botelho e José Armando Mangione, no PEC-MG 3. PEC-SOCERJ (XXV Congresso de Cardiologia da SOCERJ), Rio de Janeiro, 13 de junho – O Congresso da SOCERJ, de realização anual, foi transferido para o Centro de Convenções SulAmérica, e tanto as diversas modificações de última hora, feitas pela assessoria de eventos, assim como a concorrência com o evento dedicado à Cardiologia Intervencionista da regional da SBHCI-RJ reduziram o impacto ambicionado, refletido pelo público abaixo do esperado. O diretor científico da SBC, Luiz Antonio Campos, comandou os debates relacionados à apresentação de casos clínicos pelo dr. Cyro Vargues Rodrigues, com os drs. José Esporcatte e José Geraldo Amino amparados pelas apresentações dos drs. Expedito Ribeiro, Hélio Roque Figueira e Miguel Rati Jr. 4. PEC-DF (XV Congresso de Cardiologia de Brasília), Brasília, 12 de junho – A Sociedade Regional de Cardiologia do Distrito Federal efetuou um convite oficial à participação do PEC & SBHCI, por meio do dr. Paulo Marra Mota, de Brasília, compondo uma das sessões oficiais do referido evento e não apenas um evento satélite. Outro sucesso! O auditório principal, de cerca de 400 assentos, do Complexo Hoteleiro do Alvorada estava tomado em quase toda a sua plenitude. Os drs. José Antonio Marin-Neto e Vicente Mota lideraram os trabalhos científicos, com apresentações dos drs. Fábio Sândoli de Brito ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Júnior e Fernando Devito, ladeados pelo debate entusiasmado que o caso clínico selecionado pelo dr.Fausto Feres ensejou nos debatedores, drs. Lázaro Fernandes de Miranda e Pedro Nery Ferreira Júnior. Esse modelo realizado em Brasília, inédito, com a inserção na programação científica do evento, foi considerado o mais adequado para aqueles eventos com menor afluência de público (abaixo de 2 mil congressistas). 5. PEC-MG (XIX Congresso da Sociedade Mineira de Cardiologia), Belo Horizonte, 13 de junho – A Sociedade Mineira de Cardiologia engalanou-se no EXPOMINAS e recebeu com entusiasmo esse novo projeto da atual administração da SBHCI. Pouco mais de 150 colegas ouviram com interesse os debates e controvérsias estimuladas pelos drs. Roberto Marino, Francisco Rezende, Jamil Saad, José Antonio MarinNeto, José Armando Mangione e Roberto Botelho. Algumas correções merecem ressalva por parte da assessoria de eventos responsável pela organização, mas nenhuma evidência de que tenham promovido nódoa ou de que reduzissem o impacto observado. Parabéns à nova administração dessa regional, que deu novo ritmo à sucursal mineira da SBC. 6. PEC-Norte/Nordeste (XXVIII Congresso Norte-Nordeste de Cardiologia), Belém, 13 de junho – A realização do congresso que reúne as diversas sociedades dessas regiões federativas brasileiras é sempre desafiante, principalmente quando de sua localização na Região Norte. A integração aérea entre as duas regiões não é simples, dificultando afluxo de público mais expressivo. Além disso, atualmente, todos os Estados nordestinos realizam seus próprios eventos regionais dedicados à Cardiologia. Esses fatores, associados à concorrência com um evento similar de Cardiologia Intervencionista apresentado no dia anterior, gerenciado pela Regional Norte/Nordeste da SBHCI, reduziram em muito o público presente para mais essa sessão do PEC. Seus resultados promovem ensinamentos e reflexões para a renovação do projeto em 2009. No entanto, o menor número de colegas presentes à sessão não arrefeceu a disposição dos responsáveis pelo evento, drs. Paulo Roberto Toscano e Marcelo Queiroga Lopes, e tampouco retirou o brilho das apresentações dos drs. Pedro Lemos, Itamar Oliveira e José Klauber R. Carneiro e dos debatedores drs. Luiz Fernando Salazar e Antonio Carlos Sobral Sousa. Conclusões Agora resta somente mais uma edição do PEC-SBHCI a ser efetivada na vigência do próximo Congresso da SBC, em Curitiba, Paraná, no dia 7 de setembro, Programa de Educação Continuada 2008 Da esquerda para a direita, Pedro Nery, Paulo Mota, Vicente Mota, Fausto Feres, José Antonio Marin-Neto e Fernando S. Devito, no PEC-DF logo após o meio-dia. Compareça a essa apresentação de impacto nacional. Os objetivos iniciais foram plenamente atingidos e os resultados esperados devem ser observados a médio prazo, principalmente com a repetição, em 2009, dos eventos de maior receptividade, e a busca de inserções no conteúdo programático dos eventos de portes menor e médio. Associado à divulgação da segunda edição das Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea SBC-SBHCI 2008, acreditamos estar resgatando nossas origens, tradições e fundamentos, alicerçados na Cardiologia e, assim, semeando um futuro mais integrado e transparente, dotado de maior eficácia para a prática da Cardiologia Intervencionista, tanto para os médicos como para nossos pacientes. Fausto Feres debate caso clínico com os participantes no PEC-DF * Presidente da SBHCI Jornal da SBHCI 21 fique por dentro As atribuições e os limites do Conselho Deliberativo da SBHCI Ricardo César Cavalcanti, coordenador do Conselho Deliberativo, mostra como é o funcionamento do órgão e como pode ajudar no fortalecimento da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) Qual a importância do Conselho Deliberativo da SBHCI no contexto societário? O Conselho Deliberativo é de extrema importância para a SBHCI. Além de ser o responsável pelo ingresso de novos sócios ou pela mudança de categoria de seus associados, exerce papel de fiscalizador das ações da Diretoria, delibera sobre normas propostas para mudanças regimentais e ainda toma decisões sobre sugestões ou denúncias encaminhadas pelos associados ou demais órgãos da Sociedade. Na última reforma do Estatuto, o papel do Conselho Deliberativo foi realçado, conferindo-se a ele prerrogativas legislativas. Como vem sendo desenvolvida tal atribuição? Sem dúvida, a SBHCI tem evoluído muito com as mudanças implementadas, o que reflete o caráter altamente democrático de sua Diretoria. Com isso, ganhou em credibilidade, transparência e eficiência.A ampliação das ações das instâncias moderadoras e fiscalizadoras dá solidez à instituição e diminui os riscos de má gestão. Nesse contexto mais amplo, o Conselho Deliberativo pode contribuir mais e está fazendo isso. Há grande interesse por parte dos jovens cardiologistas em ingressar na área de atuação e, por conseguinte, na SBHCI. Como vê esse fenômeno? A grande procura pela área intervencionista da Cardiologia é, sem dúvida, fruto do grande destaque nacional e internacional que a especialidade alcançou ao longo dos anos, como conseqüência de dois fatores igualmente importantes: as inúmeras e relevantes contribuições de nossos “âncoras” e suas instituições altamente ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 viabilize o ensino médico de alto nível. O primeiro desafio já foi vencido: a elaboração cuidadosa e criteriosa dos requisitos necessários à qualificação desses centros, finalizada com competência pela SBHCI e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em novembro último e referendada pelo Conselho Deliberativo. O próximo passo será uma tarefa hercúlea, que exigirá muito da atual Diretoria, ou seja, identificar e credenciar ou recredenciar as instituições qualificadas para esse fim. eficientes; e o elevado nível de nossos hemodinamicistas, que em todas as partes do País reproduzem os bons resultados relatados pelos grandes centros. O impressionante ritmo do desenvolvimento tecnológico e a maciça produção científica nessa área fecham a equação. A SBHCI torna-se mais forte ao mesmo tempo em que aumenta o número de associados. Recentemente, o Conselho Deliberativo aprovou uma série de medidas em relação à qualificação e ao recredenciamento dos centros de treinamento da SBHCI. O que pensa sobre a formação dos futuros cardiologistas intervencionistas brasileiros? A formação de especialistas que atuam em áreas críticas como a Cardiologia Intervencionista, em que usualmente lidamos com doenças de elevada mortalidade, exige centros que não apenas realizem uma boa Medicina, mas que tenham estrutura tanto física como operacional que Como analisa o atual estágio da Cardiologia Intervencionista no País? Do ponto de vista científico, é muito boa e o desafio para as novas gerações é a manutenção da percepção, por parte das comunidades médica e leiga, do hemodinamicista como um especialista de visão ampla, de decisões ponderadas e com atuação humanizada. Do ponto de vista mais global, infelizmente, não há perspectiva a curto prazo ou mesmo a médio prazo para nosso maior problema, que é a utilização em larga escala, para as populações mais carentes, de todo esse fantástico arsenal diagnóstico e terapêutico de que dispomos na atualidade. A Diretoria da SBHCI tem envidado esforços para viabilizar o compartilhamento de atuação nos ditos procedimentos extracardíacos com radiologistas intervencionistas. Qual é sua opinião? A história nos é muito favorável quando analisamos o cenário da intervenção extracardíaca por via percutânea e refletimos sobre quais profissionais poderiam atuar de forma segura e eficaz nessa área. Acredito que a questão não se prende Entre as várias atribuições do Conselho Deliberativo está a de analisar o comportamento ético dos associados. Como avalia a questão e os potenciais conflitos de interesses que permeiam a atuação de nossos especialistas? A questão ética é hoje um grande desafio para o conjunto da humanidade e a pequena contribuição que poderemos dar, como instituição, é a de zelar de forma intransigente pela boa prática médica, que deve estar acima e além de qualquer interesse marginal. É importante ter em mente que, da mesma forma que o saber científico é constantemente revisto à luz dos novos conhecimentos, também os nossos atos devem sê-lo. Como vê as restrições impostas pelos planos de saúde à autorização de procedimentos médicos de alto custo, como os stents farmacológicos? Em um país de recursos limitados como o nosso, há de ocorrer um esforço de todos os setores na otimização desses recursos.Acontece que algumas vezes um custo inicial mais elevado pode representar diminuição no custo global a longo prazo. Esse parece ser o caso dos ditos stents farmacológicos. Por outro lado, o sistema não pode absorver uma elevação súbita de custos iniciais, daí decorrendo a necessidade imperiosa de critérios bem elaborados para sua utilização.A diretriz proposta pela SBHCI deve nortear essa prática. Recentemente, a SBHCI finalizou, em parceria com a SBC, a II Diretriz de Intervenção Coronariana Percutânea e Métodos Adjuntos. Como esse documento pode balizar a prática de nossa especialidade? Essa diretriz é de fundamental importância. Primeiro, porque em uma área de tantas inovações tecnológicas há necessidade de um instrumento que norteie a prática médica à luz do melhor saber da atualidade. Segundo, porque fortalece a SBHCI ao apontar para seu alto nível de organização e para a competência de seus associados. fique por dentro à área básica da formação profissional (Cardiologia, Radiologia, Neurorradiologia ou Cirurgia Vascular), mas sim à formação específica exigida para o domínio dessas técnicas. A adequada qualificação já está sendo definida e será exigida pela SBHCI e pela Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE). Graças a uma visão muito madura dessas atuais diretorias, diga-se, o processo caminha nessa direção. Na especialidade, há grande incorporação de tecnologia avançada. Apesar desse fato, o médico tem papel preponderante. Como conciliar Medicina de alto custo e relação médico-paciente ajustada com padrões sociais aceitáveis? A inovação tecnológica só representa avanço real se utilizada em benefício do ser humano. É nosso papel adaptar ao meio, melhorando-o quando possível, a aplicação do mais recente conhecimento científico disponível, através da melhor tecnologia, da forma mais abrangente e humanizada possível. Isso é o que define a dimensão de nossos atos e de nossa profissão. Conselho Deliberativo se reúne para avaliar propostas da Diretoria da SBHCI Marcelo Freitas* Durante o XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), os membros do Conselho Deliberativo se reuniram para avaliar as pautas sugeridas para discussão em Assembléia.A pauta da parceria SBHCI/SOBRICE foi um dos assuntos mais debatidos:a intenção é fortalecer a união científica entre as sociedades,além de regularizar a certificação na área de atuação dos procedimentos extracardíacos. O Conselho Deliberativo referendou o empenho da Diretoria da SBHCI, aprovando por unanimidade a proposta sem objeção para ser discutida em Assembléia. Outra pauta foi o interesse de cardiologistas não-intervencionistas em se associar à SBHCI. Os sócios colaboradores, hoje já existentes como membros atuantes em nossos congressos,formam,no entendimento do Conselho Deliberativo, uma categoria fundamental para o crescimento tanto científico como societário da SBHCI.A divulgação das regras estatutárias para o ingresso de novos colegas deve ser estimulada. O crescimento de nossa Sociedade, com o ingresso dos novos membros aspirantes e a elevação de categoria dos antigos aspirantes a membros titulares, esteve em debate. Todos esses novos colegas foram avaliados pelos membros do Conselho Deliberativo quanto ao cumprimento das exigências estatutárias.A lista de apresentação desses novos sócios está disponível no website da SBHCI e neste jornal. Parabéns a todos. Ao fim da reunião, o Conselho agradeceu a participação atuante do colega Luiz Antônio Ferreira Carvalho, representante da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro, que notificou sua substituição no Conselho Deliberativo pelo novo representante eleito na Regional. Ao colega Esmeralci Ferreira, as nossas felicitações. * Editor do Jornal da SBHCI EXCEPTIONAL IMAGE QUALITY SPEED, RESPONSE & FLEXIBILITY INTERVENTIONAL FUNCTIONALITY ERGONOMIC EFFICIENCY DOSE REDUCTION TECHNOLOGIES SEAMLESS WORKFLOW TOSHIBA MEDICAL DO BRASIL LTDA. Av. Ceci, 328, Tamboré 1 - Barueri - SP CEP: 06460 -120 - Tel.: (11) 4134.0000 www.toshibamedical.com.br Jornal da SBHCI 23 Pílulas do coração Missão Científica da SBC: Renovação e Desafio Constantes O diretor Luiz Antonio Campos faz uma síntese dos primeiros meses de gestão na Sociedade Brasileira de Cardiologia D iretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para o biênio 2008/2009, o dr. Luiz Antonio Campos acumula a prática médica com a acadêmica. Atualmente, é coordenador geral da UTI Cirúrgica do Hospital Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro, além de assistente da Disciplina/Serviço de Cardiologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde também coordena o Curso Anual de Atualização em Cardiologia. Recém-empossado na SBC, integrando a Diretoria presidida pelo prof. dr. Antonio Carlos Palandri Chagas, considera ser esse o grande desafio de sua vida societária. Isso a despeito de já ter exercido inúmeras responsabilidades no mundo associativo. O dr. Campos já foi presidente, diretor científico e diretor financeiro da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro (SOCERJ), tendo participado ainda da Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ). A seguir, em entrevista exclusiva, ele analisa os primeiros meses de gestão na SBC. A Diretoria Científica da SBC é responsável pelo pilar educação/ensino. O que faz exatamente? Nossa Diretoria cuida, por exemplo, da elaboração da programação científica do Congresso Brasileiro de Cardiologia em suas edições de 2008 e 2009, que ocorrerão, respectivamente, nas cidades de Curitiba e Salvador, com a participação ativa dos Departamentos e das Sociedades Estaduais e Regionais da SBC. Isso além da coordenação do Programa de Educação Permanente da SBC, que a partir de julho de 2008 apresentará incremento em sua periodicidade. Qual o principal projeto da Diretoria Científica? O principal projeto de nossa Diretoria é elevar ainda mais o padrão científico do cardiologista brasileiro, pois da associação de ensino e pesquisa e da extensão do conhecimento temos como resultante final a melhoria da prática assistencial e o conseqüente benefício para a população. Para tanto, o Congresso Brasileiro anual, o Programa de Educação Permanente, e as Diretrizes e os Registros nacionais são as ferramentas que melhor podemos utilizar. Quais os programas existentes e os planejados para a Diretoria Científica na administração do dr. Chagas? Além dos já citados, tratamos da elaboração e, sobretudo, da divulgação intensiva de diretrizes e de registros nacionais que ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 expressem a realidade assistencial, embasadas em evidências científicas. O objetivo é a qualificação ainda maior do cardiologista brasileiro no seu dia-a-dia. O Congresso Brasileiro caminha para sua 63a edição: como vai a organização? Após quatro reuniões de imersão realizadas nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril do corrente ano, estamos em fase de finalização não só da grade científica mas também da definição dos palestrantes nacionais e internacionais, que, em número de 440 docentes, certamente dotarão o 63o Congresso Brasileiro de Cardiologia de qualidade técnica e científica primorosa. Quem são os membros de sua comissão científica e quais os critérios de escolha? A composição completa tem os seguintes nomes: Andréa Araújo Brandão, Antonio Carlos Palandri Chagas, Arnaldo Lemos Porto, Brivaldo Markman Filho, Carlos Costa Magalhães, Carlos Eduardo Suaide Silva, Cláudio Pereira da Cunha, Fernando Oswaldo Dias Rangel, Francisco Rafael M. Laurindo, José Carlos Raimundo Brito, José Rocha Faria Neto, Luiz Antônio de Almeida Campos e Paulo Roberto Ferreira Rossi. Os Na preparação do Congresso, são efetivadas reuniões presenciais? Em caso afirmativo, quantas são necessárias? São quatro reuniões, seguidas por circulares. A primeira foi distribuída em dezembro de 2007; a segunda estava prevista para maio de 2008, junto com o programa preliminar; e a terceira e a quarta devem ser distribuídas entre julho e agosto de 2008, junto com o programa final, incluindo os palestrantes. A SBC cresce com seus Departamentos e grupos de estudo especializados. Como é feita a divisão entre os diversos Departamentos para inclusão no conteúdo programático do evento científico anual? A SBC é composta por doze Departamentos de Especialidades, que atuam ombro a ombro com a Comissão Científica na elaboração e na definição das atividades que compõem a programação científica dos congressos nacionais. Este ano, em particular, a integração foi bastante intensa e sem dúvida isso se refletirá na qualidade de nosso evento maior. Os Departamentos recebem as solicitações formais, por parte da SBC, em pedidos muito mais amplos que aqueles efetivados ao final. Considera isso correto ou dispersão de energia? Em virtude da grandiosidade dos congressos da SBC, é crescente a participação departamental no porcentual das atividades científi- cas. Neste ano de 2008 praticamente não há excedentes das sugestões departamentais. Quais serão os critérios para inclusão como palestrante no Congresso da SBC? Os critérios constam das normatizações de nosso Estatuto, a saber: Título de Especialista em Cardiologia, adimplência societária, produção científica na área do conhecimento, e recomendações dos Departamentos e das Sociedades Estaduais e Regionais. em quatro sessões), após julgamento efetuado pelas comissões, no dia das apresentações, um para cada sessão. Nos Certificados Especiais constarão os nomes de cardiologistas ilustres que contribuíram de forma significativa para o engrandecimento da Cardiologia brasileira. São eles: Domingos Edgardo Junqueira de Moraes (RJ) – Categoria: Cirúrgico/Intervenção; Eduardo Moacyr Krieger (SP) – Categoria: Pesquisa Básica/Experimental; Gastão Pereira da Cunha (PR) – Categoria: Clínica/Epidemiologia; e João Tranchesi (SP) – Categoria: Método Diagnóstico. Pílulas do coração critérios de escolha estão baseados no Estatuto da SBC, que prevê representatividade nos âmbitos da Presidência (SBC, Congresso atual e Congresso futuro), da Diretoria de Departamentos, da Diretoria de Estaduais e Regionais, da Diretoria Financeira e da Comissão Executiva Local. Como é feita a seleção dos temas livres aprovados? Qual a média de corte e quais são suas considerações sobre a ficha de avaliação dos mesmos, que sofre críticas pelo excesso de fracionamento e complexidade? Os temas livres em 2008 bateram recorde, tendo sido enviados para julgamento, no total, 1.019 resumos.A Comissão Julgadora Nacional é composta por 193 nomes escolhidos pela Comissão Científica da SBC. As avaliações estão em fase final e o nível científico dos temas foi considerado acima das médias obtidas em anos anteriores. A complexidade e a evolução do conhecimento científico exigem constante revisão das formas de avaliação. Estão previstos prêmios para os melhores temas livres em 2008? Os 32 resumos que obtiverem as maiores notas após julgamento pela Comissão Nacional Julgadora deTemas Livres estarão automaticamente concorrendo a um Certificado Especial do Congresso e a uma premiação em dinheiro. Sob o patrocínio da Schering-Plough, os prêmios serão entregues ao primeiro colocado de cada uma das sessões especialmente criadas para essa finalidade (os temas serão divididos Jornal da SBHCI 25 retrato Valmir Fontes Uma Vida Dedicada à Cardiologia Intervencionista Pediátrica A pós concluir o curso colegial em Aracaju, Sergipe, o então adolescente Valmir Fontes prestou vestibular para a Escola Bahiana de Medicina, em Salvador, Bahia, graduando-se em 1958. Como acadêmico, freqüentou o Serviço de Cardiologia da Santa Casa de Salvador, dirigido pelo prof. Euvaldo Melo. Recebeu bolsa de estudos para aprimoramento em Cardiologia no então Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo, órgão da Secretaria de Estado da Saúde. O Instituto de Cardiologia, à época dirigido pelo dr. Dante Pazzanese, tinha a residência médica em Cardiologia coordenada pelo prof. Cantídio de Moura Campos Filho. O dr. Fontes fez parte da primeira turma de residentes em um programa cuja duração era de dois anos (1959 e 1960). Em 1961, foi contratado como médico assistente dessa instituição e em 1962 passou a fazer parte de seu corpo clínico. Desde então o Instituto passou a ser a nova casa do dr. Fontes. Em sua carreira de cardiologista, com especial interesse pelas cardiopatias congênitas, foi chefe do Setor de Cardiopatias Congênitas, diretor da Fundação Adib Jatene, e diretor da Divisão de Diagnóstico e Terapêutica, além de ter sido o introdutor de novas técnicas hemodinâmicas, em especial o cateterismo terapêutico. Recebeu diversos títulos, entre eles o de especialista em Cardiologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), membro fundador e título de especialista da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), e membro fundador da Sociedade Brasileira de Cardiopediatria, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), da Sociedade Latina de Cardiologia Pediátrica, e da Sociedade Latino Americana de Cardiologia Intervencionista. ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 lhos como autor e co-autor em revistas nacionais e cerca de 40 trabalhos em revistas internacionais. Recebeu inúmeros prêmios e honrarias, placas e títulos de entidades leigas e científicas no exterior, além do prêmio, em 2005, do Pediatric Interventional Cardiac Symposium (PICS) (“In recognition of his innovative contributions in the field of Pediatric Interventional Cardiology”). Ao lado de sua atuação como médico, o Instituto lhe proporcionou conhecer sua companheira, Meily Rolim Fontes. Casados desde 1962, têm quatro filhos: Marcelo, Simone, Ricardo e Marcos. Confira, a seguir, entrevista exclusiva com o dr. Valmir Fontes. Participou de dezenas de congressos médicos no Brasil e no exterior como apresentador de trabalhos, conferencista, e coordenador de mesas e simpósios. Publicou cerca de 170 traba- Como conheceu o dr. Dante Pazzanese? Foi curioso, porque conheci o dr. Pazzanese no dia 31 de dezembro de Primeira Turma de Residentes, ao lado de diretores e professores do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em 1959: em pé, da esquerda para a direita, os ex-residentes Hélio Germiniani, Lincoln M. Fernandes, Valmir Fontes, João Bezerra Neto e José Eduardo M. R. Sousa. Sentados, da esquerda para a direita, a ex-residente Maria Regina R. Florido e diretores e professores da Instituição: Cantídio de Moura Campos Filho, Leovegildo Mendonça de Barros, Dante Pazzanese, Oscar P. Portugal e Morris Chansky retrato 1958, na comemoração de seu aniversário, no próprio Instituto. Foi uma maravilha de festa e de confraternização. Fiquei à vontade entre os futuros mestres, mas nunca havia pensado em participar de uma reunião com tanta gente ilustre. O dr. Pazzanese, como diretor do Instituto, homem forte e com grande prestígio social e político, imprimiu uma administração fecunda, humana, sempre valorizando a assistência médica, o ensino e a pesquisa. Seus sucessores colheram frutos generosos e plantaram novas árvores, culminando no que hoje é o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. O dr. Pazzanese aposentou-se em 1970, passando o cargo ao dr. Leovegildo Mendonça de Barros, outro membro fundador do Instituto, que deu continuidade à grande obra sem solução de continuidade. Com o falecimento do dr. Pazzanese, em 1975, a instituição, em sua homenagem, passou a se denominar Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, carinhosamente chamado pelos ex-residentes de “Casa de Dante”. Quantos colegas compunham sua turma de residência médica? Éramos seis: José Eduardo Moraes Rego Sousa, ex-diretor do Instituto, João Bezerra Neto, Hélio Germiniani, Lincoln Fernandes Mendes, Maria Regina Ribeiro Florido e eu. Eduardo e eu ficamos no Instituto; os outros partiram para outros centros e se tornaram cardiologistas de destaque. Quem era o professor de cardiopatias congênitas na ocasião? O prof. Cantídio de Moura Campos Filho era o coordenador da residência médica. Homem de grande cultura cardiológica, com treinamento no México e nos Estados Unidos, nos ensinou não só cardiopatias congênitas, mas toda a Cardiologia, inclusive os primeiros passos na área do cateterismo cardíaco. Como se explica sua inclinação pelo estudo e pela compreensão das cardiopatias congênitas? Após a residência médica, o dr. J. Eduardo Sousa e eu passamos a fazer parte do corpo clínico do Instituto.Ambos Visita do prof. Mason Sones, dos Estados Unidos, ao Instituto, em 1980. Da esquerda para a direita: Valmir Fontes, Adib Domingos Jatene, Mason Sones, José Antonio Jatene, Ieda Bosisio Jatene e Sérgio L. N. Braga tínhamos grande inclinação tanto para o cateterismo cardíaco como para o estudo das crianças. O dr. J. Eduardo Sousa, como Fellow do Children’s Hospital de Boston, Estados Unidos, trouxe novas técnicas de cateterismo e passamos a trabalhar juntos. Com o advento da cinecoronariografia, também introduzida pelo dr. J. Eduardo Sousa em nosso País, em 1966, o movimento de cateterismo aumentou muito. E com a implantação, no Instituto, da cirurgia de ponte de safena pelo dr.Adib Jatene, os estudos cinecoronariográficos passaram a dominar. A partir de 1970 decidimos dividir os estudos hemodinâmicos em dois grupos: o grupo de adultos, sob responsabilidade do dr. Sousa, e o grupo de crianças, sob minha responsabilidade. Como é trabalhar com crianças? É maravilhoso, não tem preço, é uma fonte permanente de ensinamentos, tanto que Madre Tereza de Calcutá dizia que as crianças são os melhores professores. Aprende-se a ser humano, a amar a vida, a sorrir com o sucesso e a ter humildade para aceitar o tropeço. Quais eram os métodos diagnósticos existentes na época? Nas décadas de 60 e 70 cultivava-se muito a clínica, sempre soberana, a semiologia bem disciplinada, a radiografia, o eletrocardiograma e o fonocardiograma, que formavam o arsenal diagnóstico. Com esses dados chegava-se, na maioria das vezes, bem perto do diagnóstico. O cateterismo cardíaco era indicado para confirmação diagnóstica, selecionando casos para o tratamento cirúrgico. Com a introdução da ecocardiografia, método simples e não-invasivo, o diagnóstico ficou mais fácil e preciso, dispensando o cateterismo como procedimento diagnóstico. Por outro lado, a partir da década de 80, o cateterismo passou a ser também terapêutico, dando início a uma nova era. Hoje, cerca de 30% das cardiopatias congênitas podem ser tratadas na sala de cateterismo cardíaco. Como surgiu o cateterismo cardíaco em crianças e neonatos? Como eram realizados os primeiros exames? A partir da década de 60, o cateterismo já era rotina na idade pediátrica. Não tínhamos Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos moldes modernos de hoje; no entanto, embora não fossem intensivistas pediátricos, os plantonistas eram preparados para atender crianças e adultos. Com o acúmulo da experiência do hemodinamicista e do plantonista da UTI, o cateterismo foi levado aos lactentes e neonatos. Jornal da SBHCI 27 retrato Já é possível tratar por cateter a maioria dos problemas congênitos do coração? Não digo a maioria, acredito que cerca de 30% das cardiopatias congênitas podem ser tratadas na sala de cateterismo cardíaco, utilizando balões, próteses oclusoras, stents, radiofreqüência para perfurações valvares e de septo interatrial, etc. As lesões estenóticas são tratadas com balões e/ou stents e os defeitos septais são tratados com próteses, destacando-se comunicação interatrial, comunicação interventricular, forâmen oval patente com passado de acidente vascular cerebral isquêmico de repetição, criptogênico, e canal arterial persistente entre os mais freqüentes. Da esquerda para a direita, Fernando A. Lucchese, do Rio Grande do Sul, e Valmir Fontes, em 1982 Qual o grande salto tecnológico no diagnóstico das afecções congênitas do coração? O avanço da tecnologia sempre foi incorporado à Medicina e, em especial, à Cardiologia. Os métodos diagnósticos por imagem tiveram progresso extraordinário, desde os novos equipamentos radiológicos utilizados na sala de cateterismo cardíaco à ecocardiografia bidimensional e tridimensional, à angiorressonância e à angiotomografia, assim como à Medicina Nuclear. No Brasil, o doutor foi pioneiro na Cardiologia Intervencionista em cardiopatias congênitas? Ninguém faz nada sozinho. Iniciamos a dilatação da estenose pulmonar valvar com cateter-balão em 1983, no Instituto, obedecendo à técnica descrita por Kan, nos Estados Unidos, em 1982. Com a conquista da técnica, o método foi rapidamente estendido para outras doenças congênitas, como estenose aórtica, coartação da aorta e estenose das artérias pulmonares, na década de 80. A partir da década de 90, o uso de próteses oclusoras para defeitos septais e de stents para sustentar lesões estenóticas dilatadas passou a ser rotina em nossa instituição.Atualmente, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia tem liderança inequívoca na área de cateterismo intervencionista. ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Quando foi realizado seu primeiro procedimento intervencionista? Nossa primeira intervenção de cateterismo terapêutico foi realizada em 1972 em um bebê de três dias de vida, portador de transposição das grandes artérias com comunicação interatrial restritiva, em que o septo interatrial foi ampliado com cateter-balão utilizando a técnica da atriosseptostomia descrita por Rashkind. O procedimento permitiu a sobrevida do neonato, sendo posteriormente indicado o tratamento cirúrgico adequado da época. Quem foram os principais colegas estrangeiros que participaram de sua formação como intervencionista? Foram muitos. Recebi lições de anatomia e morfologia das cardiopatias congênitas dos drs. Robert Anderson, de Londres, Inglaterra, e Manuel Quero Jimenez, da Espanha. Na área propriamente de intervenção, destaco a participação, entre outros, da dra. Jean Kan, de Baltimore, Estados Unidos, e dos drs. Charles Mullins, de Houston, Estados Unidos, e Ziyad Hijazi, de Chicago, Estados Unidos. Os últimos dois introduziram no Instituto o fechamento do canal arterial com a prótese de Rashkind e o emprego de stents na circulação pulmonar, e o fechamento da comunicação interatrial e do canal arterial com a prótese Amplatzer. Quais os principais centros brasileiros dedicados a essa área de atuação? A Cardiologia Intervencionista para tratamento de cardiopatias congênitas está inteiramente difundida em todo o País. Ninguém é dono da ciência. Ela está ao alcance de todos, desde que preparados para tal. Os maiores serviços encontram- Charles E. Mullins, dos Estados Unidos, e Valmir Fontes, em 1995 retrato Visita do prof. Charles Mullins, dos Estados Unidos, ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em 1995. Da esquerda para a direita: Carlos A. C. Pedra, Sérgio L. N. Braga, Valmir Fontes, José Klauber Carneiro, César A. Esteves, de preto, e Charles Mullins se nas regiões Sul e Sudeste, e merecem destaque alguns serviços do Nordeste, em particular de Salvador e Recife. Como membro fundador, qual sua análise da SBHCI de ontem e de hoje? Tudo começou como Departamento de Hemodinâmica e Angiocardiografia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, para abrigar o progresso da intervenção, passando a se chamar Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. As administrações anteriores sempre foram fecundas e os congressos cada vez mais esmerados, tanto em organização como em qualidade científica. Os convidados internacionais trazem ensinamentos e também troca de experiências.A Sociedade hoje é robusta e conta com cerca de mil sócios, entre titulares e aspirantes. A atual administração, composta por um presidente e oito diretores em áreas estratégicas, trabalha dedicadamente e com competência, proporcionando cunho profissional.Anualmente os congressos se destacam não só pela qualidade científica, como por sua organização. Uma extraordinária conquista foi a reformulação da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), hoje publicada trimestralmente, com forte conteúdo científico, comparável a revistas internacionais. Foi um salto de qualidade. Quais as perspectivas do intervencionismo pediátrico cardíaco? Com o avanço tecnológico cada vez maior na área diagnóstica por imagens, com o avanço terapêutico, com o emprego de novas técnicas, com o uso de balão, stents, próteses oclusoras, radiofreqüência, etc., a Cardiologia Pediátrica Intervencionista está sob nosso domínio, inclusive na idade neonatal. Já se avança inclusive na terapêutica fetal. Algumas intervenções já são praticadas no feto, inclusive em nosso meio, entre elas dilatação de forâmen oval restritivo, dilatação de valvas estenóticas ou perfuração valvar seguida de dilatação, sendo necessário uma equipe multidisciplinar composta por obstetra, neonatologista, anestesiologista, ecocardiografista fetal e intervencionista. Estão em franco progresso os procedimentos híbridos, em que as crianças são submetidas a tratamento na sala de cirurgia conjugada a equipamento radiológico, com o cirurgião e o intervencionista trabalhando juntos, cada um com sua tarefa predeterminada. Nos defeitos septais de baixa idade e de baixo peso em situação de alto risco cirúrgico, representada por comunicações intera- triais com pneumopatia, comunicações interventriculares grandes musculares isoladas ou associadas a outros defeitos, como coartação da aorta, o coração é exposto por toracotomia mediana e por via peratrial ou periventricular e os defeitos são ocluídos com próteses guiadas por ecocardiografia transesofágica, de modo que a figura do ecocardiografista se torna indispensável. Ganha-se tempo e segurança dispensando-se a circulação extracorpórea, minimizando, assim, os riscos conhecidos. Os stents atuais deverão ser substituídos por stents biodegradáveis, e as próteses oclusoras cederão seu revestimento de tecido sintético ao de tecido biológico reabsorvível. A terapêutica gênica, que corresponde ao tratamento ou à prevenção de doenças cardíacas por meio da transferência de genes, será uma realidade em duas ou três décadas. Geneticistas, fisiologistas e biologistas moleculares trabalham intensamente no assunto. Qual seu maior desafio no momento? É acompanhar toda a evolução das novas técnicas. Sinto-me na obrigação de conhecê-las e de estar sempre atualizado para informar e discutir com os mais jovens. Qual é sua maior alegria com a Medicina e sua especialidade? Tratar o próximo é humano e uma obrigação de todo médico. Recebemos gratidões estampadas no sorriso de uma criança ou de seus familiares.A alegria do médico é o sucesso, é o reconhecimento de seus colegas, é o agradecimento de seus pacientes. Sinto-me reconfortado porque meu trabalho tem seguidores em todo o País, mais gratificante ainda é ver meus filhos, Simone Fontes Pedra e Carlos Pedra, envolvidos na especialidade. Estão fazendo o que eu não pude fazer, e o pai coruja se envaidece diante do sucesso deles. Qual é sua maior tristeza? Nenhuma. Toda a vida dedicada à Medicina só me deu alegrias.A profissão tem que ser um sacerdócio: ou você ama ou muda de profissão. Jornal da SBHCI 29 dupla face As semelhanças e as diferenças da Cardiologia Intervencionista no Brasil e em Portugal Como os cardiologistas intervencionistas se organizam em seu país? Existe a Sociedade de Cardiologia, que tem um grupo de estudos de Cardiologia de Intervenção, e também contamos com uma subespecialidade de Cardiologia de Intervenção na Ordem dos Médicos. São órgãos que se articulam. Lino Patrício, um dos mais renomados hemodinamicistas da Europa, aponta como os dois países podem caminhar juntos em busca de uma prática melhor, da qualificação do atendimento e da valorização dos especialistas R esponsável pelo Laboratório de Hemodinâmica do Hospital de Santa Marta, em Lisboa, Portugal, um dos laboratórios com maior volume de casos da Península Ibérica, o cardiologista intervencionista dr. Lino Patrício também se dedica intensamente ao associativismo. Já foi, inclusive, presidente do Grupo de Estudos de Cardiologia de Intervenção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Nesta entrevista para o Jornal da SBHCI, ele fala um pouco de seu dia-a-dia profissional, das semelhanças e diferenças da Hemodinâmica no Brasil e em Portugal, além de analisar os avanços e as perspectivas da especialidade. Considerando a atual realidade européia e latino-americana, há muitas diferenças entre a prática intervencionista brasileira e a portuguesa? Quando coordenei a Sociedade Portuguesa de Cardiologia de Intervenção, investimos numa relação mais estreita com o Brasil para conhecer melhor as realidades de nossos países.Atualmente, com base nessa aprendizagem, penso que não há grande diferença entre o intervencionismo brasileiro e o português. Existem ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Quem é o atual presidente da entidade máxima da Cardiologia Intervencionista? É o dr. Pedro Caras da Silva, do Hospital Santa Maria. Há vínculo oficial com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia? Exatamente, há uma ligação com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia. centros de excelência no Brasil, centros de nível internacional. São realidades próximas, em especial culturalmente, na língua e nos hábitos. Assim, do ponto de vista médico e do ponto de vista técnico e cultural há muitas semelhanças. Os cardiologistas intervencionistas brasileiros já são mais de mil, com distribuição no território nacional e nível de satisfação heterogêneo. Qual é o cenário em Portugal? Somos um país pequeno. O acesso à Medicina, às faculdades de Medicina, é restrito. De forma que neste momento há um déficit de médicos. No âmbito da Cardiologia, o acesso aos internatos é também difícil. Isso desestimula a formação de novos cardiologistas intervencionistas. Em Portugal não temos universidades privadas e são poucos os hospitais privados, portanto atuamos basicamente com o serviço público. Mas buscamos manter o volume de intervenção apropriado, padronizado por diretrizes. Seria interessante ter alguns médicos brasileiros trabalhando em nosso país. Como avalia a parceria entre as comunidades de cardiologistas intervencionistas brasileiros e portugueses que vem sendo construída nos últimos tempos? Sou suspeito, já que eu e o dr. Luiz Alberto Mattos iniciamos esse trabalho. Fiz assim por considerar importante. Temos linguagem, certos costumes e cultura comuns. Há grande benefício nessa ligação: Portugal ganha com o conhecimento científico do Brasil e, do outro lado, o Brasil conquista uma dimensão européia. É frutífero para ambas as partes.Tenho trabalhado para isso, e o dr. Luiz Alberto Mattos também. Almejo que esse elo seja fortalecido continuamente. Existe a possibilidade de inserir um evento conjunto do intervencionismo de seu país com a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) no congresso anual da Sociedade Portuguesa de Cardiologia? Promovi, em 2007, uma reunião denominada Diálogo Transatlântico, em Lisboa, que No Brasil, o senhor já participou de várias conferências e eventos científicos da SBHCI. Qual sua impressão sobre nossa organização, conhecimento e especialização? É o fruto do bom investimento. É a única idéia que me ocorre. A SBHCI tem uma página na Internet que é um exemplo de conteúdo e de atualização, que, aliás, muitas vezes acompanho para minha atualização. Do ponto de vista da organização, a Cardiologia Intervencionista brasileira é excelente. Cito, por exemplo, o Simpósio de Alta Complexidade, realizado em março, um marco de capacidade de organização. Foram apresentados casos complexos de Cardiologia Intervencionista e isso é importante para o conhecimento. É um caminho para alargar os tratamentos coronarianos por intermédio da Cardiologia de Intervenção. De forma que a palavra única que me ocorre é que a SBHCI tem magistral organização, resultado do trabalho importante realizado pelo meu amigo Luiz Alberto Mattos. obrigação de chamar para si a disseminação da informação, deixando de fora qualquer interesse comercial. Como disse, sou otimista, não creio que médico algum venda suas idéias. Não posso acreditar. O que acha da integração das equipes multidisciplinares nos procedimentos endovasculares? É possível que cardiologistas intervencionistas, cirurgiões vasculares e radiologistas trabalhem integrados? Sempre há alguma dificuldade no trabalho em equipe. No entanto, temos de pensar que o paciente é um só, devendo, portanto, ser tratado de forma global. Por outro lado, cada um deve fazer o que sabe. Se existir um neurorradiologista capacitado,com currículo de Cardiologia e com prática de realizar angioplastia coronária, pode e deve fazê-lo. Se um cardiologista sabe fazer angioplastia carotídea,também deve fazê-lo.O ideal é trabalhar em conjunto e cada especialidade contribuir para o tratamento. Estou convencido de que em cinco a seis anos existirão grandes laboratórios de intervenção vascular,e não só de Cardiologia Intervencionista. Serão laboratórios em que o paciente terá tratamento em suas múltiplas facetas,nas áreas coronária, vascular periférica, carotídea, etc. Vê essa mudança como a ordem Acredita ser possível, nos dias de natural dos acontecimentos? hoje, promover eventos com forte O que acontecerá é a centralização das áreimpacto científico e mínima influas da Hemodinâmica, creio. Criar grandes ência comercial ou da indústria? laboratórios com múltiplas salas em que Não creio que houve conflito de interesses todos possam trabalhar, com geografia de nos eventos que estive ou ajudei a organizar intervenção vascular múltipla. E não laboem Portugal e em outras partes do mundo. ratórios separados, em que os pacientes Sou otimista e confiante. No entanto, penso sejam tratados de forma fracionada por AD XPRO 122x58mm APROVADO.pdf 19.04.08 19:52:26 que os hospitais e as universidades têm a médicos de diferentes especialidades. Como funciona o reembolso dos procedimentos hemodinâmicos em Portugal? Em Portugal, como disse, a realidade é fundamentalmente pública. Os doentes recorrem ao Serviço Nacional de Saúde e é feita a intervenção. O reembolso ao hospital acontece por grupos de diagnóstico e não por intervenção. Assim, no caso de um paciente com infarto do miocárdio, o pagamento é feito pelo tratamento e não pela intervenção. Em relação ao privado, que é quase inexistente em Portugal, temos seguradoras que promovem o reembolso por intervenção. Mas estamos falando de, provavelmente, 5% ou 10% das intervenções feitas no país. dupla face contou com a participação dos mais importantes cardiologistas de intervenção brasileiros e espanhóis, além dos especialistas portugueses. Foi um sucesso. Portanto, até pelo excelente resultado da iniciativa, penso que deve haver um evento conjunto. O que pensa da polêmica sobre a segurança dos stents farmacológicos? Os stents farmacológicos entusiasmaram. Aliás, houve superentusiasmo na utilização. No entanto, os stents farmacológicos surgiram para solucionar casos de pacientes que não eram tratados anteriormente em virtude da alta reestenose. Ou seja, esses stents modificaram o paradigma da Cardiologia de Intervenção. A polêmica atual não deve esquecer esse fato e necessita mais informação sobre o tema. Os cardiologistas intervencionistas devem ser mais restritivos na utilização desses stents? Não, os mais graves doentes devem ser tratados com os melhores tratamentos e instrumentos que temos. Hoje, sem dúvida, os stents são os melhores instrumentos para tratar casos complicados. Não vamos abandonar os pacientes com medo da falta de segurança.Acho que não devemos ser mais restritivos. Enfim, jamais podemos deixar de tratar pessoas com medo da trombose. C M Y CM MY CY CMY K Qual sua impressão sobre o futuro da Cardiologia Intervencionista? Há um campo na Cardiologia Intervencionista não-coronária que ainda pode crescer, que é o tratamento percutâneo da doença valvular com implantação de próteses valvulares. Estou convencido de que temos de evoluir e buscar tratamentos novos para os diversos grupos de pacientes, como os idosos, que aumentarão muito nos próximos anos. Jornal da SBHCI 31 Giro pelos Estados Regional Rio de Janeiro SOHCIERJ: um caminho para a integração entre os especialistas A Sociedade de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Estado do Rio de Janeiro (SOHCIERJ) foi fundada há onze anos e conta com mais de 100 membros. Atualmente é presidida pelo cardiologista intervencionista dr. Esmeralci Ferreira. A SOHCIERJ promove reuniões científicas e cursos de atualização bimestrais e gratuitos para todos os sócios, viabilizados, em geral, por meio de parcerias com as indústrias. Os encontros se apóiam na discussão de casos clínicos e têm a intenção de promover o desenvolvimento profissional, além da interação social entre os especialistas. Promove ainda, anualmente , um Da esquerda para a direita, Ricardo P. Pontes. José Maria Gomes, Esmeralci Ferreira, Cyro V. Rodrigues e Hélio Roque Figueira tradicional Simpósio de Cardiologia Intervencionista, que já está em sua nona edição. Esse evento ocorre sempre no primeiro dia de atividades do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (SOCERJ). “Por meio dessa parceria, somos responsáveis por um dos maiores simpósios de Cardiologia Intervencionista voltado ao público clínico. Em 2007, contamos com uma audiência de 450 pessoas”, afirma dr. Luiz Antônio Carvalho, membro do Conselho Fiscal da entidade. A SOHCIERJ não tem por objetivo cumprir papel sindical em lutas de caráter profissional nem fazer intermediação com os planos de saúde. De acordo com o dr. Carvalho, a missão da Sociedade é predominantemente científica, a despeito de ela também dar todo o respaldo às questões referentes à defesa dos interesses de seus associados: Como não tem sede própria, cada presidente em exercício faz de seu consultório um espaço dedicado às atividades da ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 SOHCIERJ. “O que nós temos é uma sede virtual no portal www.sohcierj.org.br, que entrou no ar em abril.” Planos para o futuro Uma das prioridades da SOHCIERJ hoje é a consolidação dessa sede virtual, uma vez que o website permitirá contato permanente com sócios, disponibilizando, ao mesmo tempo, links para a Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, entre outras. Outra meta é trabalhar pelo fortalecimento do simpósio anual. Até então, o evento era destinado, sobretudo, aos cardiologistas do Rio de Janeiro. A idéia da SOHCIERJ, no entanto, é ampliá-lo para que conte com a participação progressiva de profissionais de todo o Brasil.“Não existe um simpósio nacional com essas características. Por isso, nosso projeto, ambicioso, confesso, é trabalhar para a nacionalização desse evento”, conclui o dr. Carvalho. A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (ABRAIDI) representa as empresas do setor desde 1993. Para gerar maior interação das empresas da área e maior conhecimento no setor, a ABRAIDI ampliou a participação dos associados, agindo decisivamente em dois flancos: primeiro, para ajudar a definir e a implementar novos rumos do setor da saúde, por meio de forte atuação política, que já resultou em conquistas significativas; e segundo, implementando amplo espectro de ações e serviços para apoiar a atuação das empresas associadas no mercado. O Código de Conduta da ABRAIDI é composto por quatro vertentes: Código de Ética; Programa de Implementação dos Requisitos Essenciais de Boas Práticas de Armazenamento e Distribuição de Produtos para Saúde; Programa Valorização do Associado; e Programa Recomendações de Ações de Mercado. Para obter e manter o Selo ABRAIDI, a empresa tem que obedecer a todo esse conjunto de requisitos e valores. Adotar práticas que garantam a segurança dos pacientes, repelir e denunciar procedimentos antiéticos e ilegais, trabalhar apenas com produtos que estejam de acordo com as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e assegurar a livre concorrência, atuando de forma responsável diante de concorrentes e de seus clientes, são alguns dos procedimentos imprescindíveis para que cada empresa associada ganhe o Selo ABRAIDI – Empresa Boa Cidadã. Nesta entrevista exclusiva, Roberto Rodrigues, presidente da ABRAIDI desde 2003, esclarece o papel da entidade, faz um apanhado dos principais problemas do setor e aponta caminhos para a democratização da alta complexidade. Confira. Quando a ABRAIDI foi criada e quais são suas responsabilidades? A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (ABRAIDI) mercado O QUE A ABRAIDI PENSA DA CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA Na área de Cardiologia Intervencionista, 58 empresas estão ligadas à ABRAIDI, sem exceções, atendendo a todos os requerimentos regulatórios. foi fundada em 1992. Com sede na cidade de São Paulo, é uma entidade sem fins lucrativos. Seu foco principal é a defesa dos interesses de seus associados nas questões de natureza regulatória, de dinâmica de negócios e de comportamento de mercado. Quem foram as personalidades que deram vida à ABRAIDI e de que forma é escolhido o presidente? Osvaldo Coelho deVasconcellos e Cid Navas foram seus condutores iniciais. Sua Diretoria e seus Conselhos são eleitos porAssembléias Gerais, por um período de dois anos. Quais os grupos que ela representa? Seu quadro de associados é composto por distribuidores, importadores e fabricantes, no total de 212 empresas, sendo 38 com Certificação ANVISA em Boas Práticas, na linha da RDC 59, e 162 em processo de Certificação, além das 200 adesões ao Código de Conduta da associação, que se fundamenta nos aspectos de Boa Cidadania e estrita observância a padrões de correção moral e ética. Quais empresas estão abrigadas na ABRAIDI? Basicamente,todos os segmentos de implantes estão representados pela ABRAIDI, com predominância dos setores de Ortopedia e Traumatologia, Cardiologia e Neurologia. Em relação à Cardiologia Intervencionista, quais empresas estão sob a chancela da ABRAIDI? Como a ABRAIDI aborda o segmento da Cardiologia Intervencionista? No segmento Cardiologia Intervencionista, a abordagem de mercado compreende a utilização de Canais Alternativos de Distribuição em complemento à ação direta da indústria. O marketing de relacionamento é a tônica mais praticada, o que demanda ter centros de decisão sempre muito próximos dos centros de ação. Os requerimentos de capital de giro para atender regimes de consignação em praticamente 486 CATH LABS (+ R$ 170 M), ao que se adiciona a prática de inadimplência de significativo número de instituições hospitalares (em média superior a 200 dias para materialização de suas contas a pagar), o atendimento às reivindicações dos profissionais médicos (mais de 800) nos aspectos de educação continuada, e o suporte ao excessivo número de congressos locais, internacionais e programas de marketing pessoal dos profissionais são fatores que, quando diluídos entre os Canais Diretos e Canais Alternativos, viabilizam o processo de comercialização em todo o País e atenuam seus impactos financeiros. Como é a relação da indústria produtora de dispositivos de Cardiologia Intervencionista e dos distribuidores representados pela ABRAIDI? A convivência é profícua ou conflituosa? A convivência entre canais de distribuição não só é harmônica como profícua dos pontos de avaliação logística e finanças. Qual sua análise da Cardiologia Intervencionista no Brasil, no cenário público e na Saúde Suplementar? Analisando a Cardiologia Intervencionista no Brasil nos cenários do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Saúde Suplementar, Jornal da SBHCI 33 mercado seguramente há espaço para maior volume de procedimentos na área do SUS e para melhor atendimento na Saúde Suplementar.A consolidação de um sistema de saúde de natureza universal, equânime e integral para todos os brasileiros, no momento atual, é tarefa dantesca, que, entre outros tantos fatores relevantes, necessita de orçamento que contemple fontes de recursos compatíveis com a dimensão do objetivo de inclusão social citado. Estamos prestes a votar, na Câmara dos Deputados, a Emenda 29, que auxiliará, é certo, mas não resolverá o problema sozinha. Como ajustar os preços da alta complexidade para torná-la mais acessível? A Diretoria de Alta Complexidade do SUS administra o setor com perfeita isenção no que tange às distintas disciplinas envolvidas. Questiona, como maior cliente, os preços e as condições praticadas em órteses e próteses e mantém estática a tabela de reembolsos do SUS. No entendimento da ABRAIDI, é possível a aplicação de “moedas de troca” (cessão automática de crédito para o fornecedor, isenção de PIS/Cofins, regime especial de tratamento ICMS na administração de inventários consignados e/ou em demonstração, entre outras) para ajustes em preços que permitam maior volume de procedimentos e ampliação na relação de stents por procedimentos (1,2 para 1,5), o que implica redução de custos com internações, retorno de pacientes, bem como avaliação da inclusão de stents farmacológicos em sua tabela de reembolso. A polêmica dos stents farmacológicos e seu constante bloqueio por diversos órgãos que oferecem suporte à saúde, a seguradoras e cooperativas é uma realidade? Na Saúde Suplementar, a polêmica dos stents farmacológicos tem ocupado a cena. As operadoras de saúde, insistentemente, criam mecanismos na tentativa de bloquear a utilização de próteses que, segundo suas análises, comprometem sua rentabilidade. Várias são as ferramentas utilizadas para esse fim, invariavelmente mascaradas com argumentações supostamente de cunho científico.A mais recente, em voga, é a Medicina Baseada em Evidências. Estabelece-se o pressuposto de disano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 cutirmos Medicina, quando em realidade o que se quer discutir é business. O custo é o maior responsável pela polêmica ou de fato a segurança é tardia? É elementar. Não é necessário ser experto em Teoria de Argumentação para identificar a estrutura do racional das operadoras, quase um trívio franciscano: gramática, retórica, dialética. Basear raciocínio em premissas falsas é padrão questionável em ambientes que buscam zonas de concordância cujo trívio está assentado em lógica e filosofia de bem-estar comum. Medicina Baseada em Evidências é praticada pelo médico, não pela seguradora. Melhor fariam em se concentrar em auditar e corrigir os desvios de auto-antropofagia no seio das cooperativas, o que implicaria formidável redução em seus custos. Quais as soluções que o senhor vislumbra para esse conflito? Soluções para o conflito passam por tratar operadoras de saúde como aquilo que são, conforme explicitado na Lei no 9656/98: meras fontes pagadoras. É importante que fornecedores entendam que seu cliente é o ser fragilizado que denominamos paciente, a quem deve ser emitida a nota fiscal para posterior reembolso. Hospitais devem retomar sua capacidade de definir processos de gestão independente, focalizando no valor agregado que a instituição tem. Profissionais médicos devem, com o apoio de suas Sociedades, da Associação Médica Brasileira (AMB) e dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), com clara definição de procedimentos, repensar o estágio de submissão a interesses terceiros versus a inquestionável autoridade e competência em decidir o melhor para seu paciente. Tem uma análise crítica do papel do cardiologista intervencionista? A ABRAIDI é muito crítica quanto ao estágio atual de comportamento ético em Cardiologia Intervencionista. Sabe que o País é pobre, carente e pouco educado e que é responsabilidade e dever das classes mais privilegiadas zelar por preceitos morais e éticos que ajudem a reverter o quadro atual. Atuar no segmento Saúde é privilégio da elite. Que ela se comporte como tal. Como analisa o trabalho realizado pela atual gestão da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)? A SBHCI está desenvolvendo ações que entendo como de importância. O Programa para Implantação de Certificação Compartilhada, em fase de elaboração com a SOBRICE, é demonstração cabal de busca a soluções orientadas com visão estratégica que conciliam interesses e expandem áreas de oportunidades. Educação Continuada nos moldes propostos pelo PEC–SBHCI 2008 agrega valor e resulta em melhor avaliação dos inúmeros congressos regionais. Os Fóruns de Qualidade Profissional são eventos que permitem exercícios de julgamento dos vários elos da cadeia Saúde, transparentes, abertos ao debate e que sinalizam a disposição da SBHCI de, corajosamente, definir suas posições em áreas críticas. AABRAIDI e a SBHCI podem ser parceiras em uma cruzada pela ética? As empresas associadas à ABRAIDI estão “no estado da arte” nas áreas de Boa Cidadania e Boas Práticas; entretanto, continuam enfrentando dificuldades para avançar nas questões de natureza Ética. Vivemos ainda, neste País, instantes em que correção é sinônimo de perda de participação de mercado. Modificar o ambiente atual de negócios é objetivo tenaz, que exige parceiros dispostos a tomar decisões que contrariem o indefectível corporativismo que convive e aceita desvios condenáveis. Tenho certeza de que a SBHCI é parceira nessa quase quixotesca missão. ensino MEC abre guerra contra a proliferação irresponsável de faculdades de Medicina José Wellington A. dos Santos O Ministério da Educação (MEC) começou a fechar o cerco sobre os cursos de Medicina, após diversas denúncias e protestos da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do conjunto das sociedades de especialidades. Recentemente o MEC baixou um conjunto de regras rigorosas para a abertura de graduações, como a obrigatoriedade de ter hospital de ensino próprio ou conveniado por um período de dez anos, além de manter programas de residência. “Ao se olhar os resultados das diversas avaliações, podemos dizer que há indicadores, ainda que não definitivos, de que 30% dos cursos são de boa qualidade, 40% são de padrão médio e 30% apresentam deficiência, que, por isso, estão sendo monitorados pelo Ministério”, diz o diretor de Supervisão da Educação Superior/MEC, Dirceu Nascimento. Dentro dessa nova linha política, o MEC também anunciou que 17 faculdades de Medicina com conceitos 1 ou 2, simultaneamente, no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) serão supervisionadas. No total, 103 cursos foram avaliados, entre instituições públicas e privadas. “Esses números não significam que a maioria das 175 escolas médicas do País alcance qualificação mínima. Muitos cursos não foram avaliados, como os 52 que ainda não formaram a primeira turma”, afirma o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral. “O exame é apenas uma dimensão da avaliação do ensino.Também é preciso avaliar a instituição, a estrutura do curso, as instalações e a qualificação do corpo docente. Isso também está programado, é verdade. Com esses dados, é certo, será identificada uma enorme quantidade de insuficiências.” Aliás, as escolas cujos cursos apresentaram resultados insatisfatórios nos processos avaliativos terão de oferecer diagnóstico sobre o desempenho, com medidas para sanar as deficiências identificadas. O diagnóstico, conforme informa o portal da AMB, deve abordar: a organização didático-pedagógica; a integração do curso com os sistemas local e regional de saúde; o perfil do quadro discente; a oferta de vagas nos processos seletivos de 2008, com especificação daquelas ocupadas nos referidos processos e o número de concluintes em 2007; o perfil do quadro docente, incluindo titulação e regime de trabalho, composição e atuação do núcleo docente estruturante, colegiado e coordenação de curso; a infra-estrutura, com identificação das condições de oferta das disciplinas de práticas médicas, em especial Dirceu Nascimento estágio curricular, condições da biblioteca e produção científica. Caso a Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC) considere as medidas apresentadas suficientes para corrigir as deficiências, poderá celebrar termo de saneamento com a instituição de ensino. No entanto, se a instituição discordar do diagnóstico sobre os problemas identificados pela avaliação, o MEC poderá realizar visita ao curso e instaurar processo administrativo para aplicação de penalidades. As sanções incluem desativação dos cursos e habilitações, suspensão temporária de prerrogativas de autonomia e da abertura de processo seletivo de cursos de graduação ou cassação do reconhecimento de curso. Entre os 17 cursos de Medicina em supervisão, quatro são de instituições federais (Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Amazonas). Nesse caso, o MEC Jornal da SBHCI 35 ensino acompanhará o processo de saneamento e fornecerá os recursos adicionais, se necessários, para superação das deficiências, sem prejuízo da apuração de responsabilidade de seus dirigentes (veja a relação completa no website www.amb.org.br). A seguir, o MEC apresenta sua posição em relação a outros temas importantes sobre o ensino médico, como residência médica, pesquisas e recertificação de título de especialista, em entrevista com o prof. dr. José Wellington Alves dos Santos, diretor dos Hospitais Universitários Federais e Residências de Saúde do MEC. A residência médica não precisa de atenção especial do MEC? A Residência Médica, no Brasil, possui atenção especial do MEC, já que constitui um programa de pós-graduação específico para essa profissão, considerado ideal para a formação de especialistas. O MEC disponibiliza instalações, equipamentos e pessoal necessários para o funcionamento da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), no âmbito desse Ministério, com autonomia para coordenar todos os programas de Residência Médica oferecidos por instituições de Saúde da rede pública ou particular. Há um processo contínuo de expansão de programas e vagas. O que ainda está por ser criado é um mecanismo que dê suporte às comissões estaduais. Por que ainda temos déficit de vagas de Residência Médica? Atualmente, cerca de 70% dos egressos de cursos de Medicina poderiam ingressar em programas de Residência Médica credenciados pela CNMR. Entretanto, esse porcentual varia porque existem especialidades mais selecionadas pelos formandos que outras, o que determina a variação na procura dessas especialidades reconhecidas pela CNRM. O Ministério também entende que um profissional formado inadequadamente representa risco no atendimento à população? A formação de médicos encontra-se disciplinada pelas Diretrizes Curriculares ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 Nacionais para o Curso de Graduação em Medicina, Resolução CNE/CES no 4/2001, que estabelece o perfil do formando egresso/profissional como um médico, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. A Lei no 10.861/2004 (SINAES) prevê a avaliação de instituições, de cursos e de desempenho dos estudantes no sentido de assegurar a qualidade da formação oferecida aos alunos pelas Faculdades de Medicina existentes no País.Assim, a Residência Médica não deverá ser considerada um curso supletivo para suprir deficiências da graduação, mas um programa para a formação de especialistas. No que se refere a pesquisas médicas no Brasil, qual sua avaliação sobre a contribuição das universidades e escolas públicas de Medicina de nosso País? A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) tem fomentado, de forma significativa, programas de pós-graduação no exterior, especialmente o modelo de “doutorado sanduíche”. Muitos pós-graduados não retornam e outros são absorvidos por melhores propostas financeiras da iniciativa privada. A preservação da defesa do ato médico vem sendo uma das bandeiras do Conselho Federal de Medicina. Em um país com áreas tão carentes e necessitadas como o Brasil, como normatizar a educação de outros agentes de Saúde com formações distintas e egressos de outras áreas sem comprometer o legítimo exercício da Medicina? Todas as profissões da área da Saúde já estabeleceram o limite de suas respectivas competências. Assim, se cada agente de Saúde exercer suas atividades dentro do que foi estabelecido não haverá problemas éticos ou profissionais com relação ao exercício da Medicina. Os países desenvolvidos aplicam rigorosos exames de recertificação para avaliar o nível de conhecimento e qualidade assistencial de seus profissionais médicos. No Brasil, diversos modelos de certificação falharam e não existe um instrumento comum e possível de ser aplicado a todas as áreas. Esse é um problema mais cultural que técnico. Como resolver isso em nosso meio? A Resolução CFM no 1.772/2005 estabelece normas para certificado de atualização profissional. De acordo com a referida Resolução, os médicos que obtiverem Títulos de Especialista e Certificado de Área de Atuação a partir de janeiro de 2006 serão obrigados a participar do processo, renovando seu certificado de atualização a cada cinco anos. Existe, portanto, uma avaliação do desempenho dos médicos que exercem as especialidades e as áreas de atuação reconhecidas pela AMB/CFM/CNRM. Qual é a importância da regulamentação da Emenda 29? A Emenda 29 foi aprovada pelo Senado e agora precisa da aprovação da Câmara. A AMB, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (FENAM) estão mobilizados para garantir maior investimento em Saúde. É triste reconhecer que se vivêssemos num país onde a seriedade prevalecesse, a Emenda 29 seria totalmente desnecessária, pois não se cogitaria desviar os recursos da Saúde para outras áreas.Assim, a regulamentação do orçamento da Saúde é necessária nas circunstâncias em que vivemos. O presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, analisa alguns dos principais problemas da Saúde no País Como o senhor define o associativismo, hoje, no Brasil? O associativismo vive um momento de grande atividade. Vemos um crescente envolvimento das diferentes áreas da Medicina nas iniciativas da Associação Médica Brasileira (AMB). Sem uma ação enérgica e coordenada de todos os médicos não conseguiremos ultrapassar nossos principais problemas: número cada vez maior de faculdades de Medicina de péssima qualidade; as ameaças que pesam sobre a especialização médica no Brasil; as contínuas tentativas de deslocamento de responsabilidades médicas para profissionais estranhos ao exercício da Medicina; as tentativas de desfigurar a carreira médica no Sistema Único de Saúde (SUS); e a crescente transformação da Medicina em atividade informal.A intermediação em nossa relação com os pacientes tem se traduzido em interferência no exercício da profissão. Com tantos problemas gravíssimos, em contexto tão dinâmico, não é possível imaginar que seremos bem-sucedidos sem uma associação médica forte e sem a participação de todos. A CPMF foi extinta no final do ano passado. Que tipo de reflexo trouxe para a Saúde? A decisão de investir na Saúde é uma decisão política e administrativa. O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo e recolhe o suficiente para investir nessa área sem o auxílio da CPMF. Essa contribuição ja- associativismo “Sem uma ação coordenada de todos os médicos não conseguiremos ultrapassar nossos principais problemas” mais representou melhora no orçamento da Saúde, pois, ao ser introduzida, foram retiradas outras receitas, neutralizando-a. Esse foi o primeiro golpe dado em nome da CPMF. Vimos que, nos últimos anos, o orçamento da Saúde até aumentou, porém isso não resultou em melhor remuneração das áreas que prestam serviço de assistência. Continuamos com a mesma tabela do SUS e vemos várias dificuldades no repasse dessa tabela com a extinção do código 7, por exemplo. Os diversos mecanismos de aplicação da CPMF propostos não ofereciam garantia de elevação consistente no orçamento da Saúde. Dentro desse quadro, quando foi instalada a CPMF, mesmo com o aumento do orçamento, víamos que ele era desviado para outras áreas, que não a valorização dos serviços prestados em Saúde.Até porque no primeiro trimestre deste ano foram registrados sucessivos recordes de arrecadação. É mister aumentar os investimentos em Saúde, pois vivemos o caos, o que se pode constatar com a epidemia de dengue. Neste ano, a lei 9656 completa 10 anos. Como é hoje a relação entre médicos, planos de saúde e pacientes? A lei foi um avanço? Ainda há algum problema nela? A lei continua com a mesma lacuna que possuía no início: não toca na relação entre prestadores de serviços e pagadores. Entre os prestadores de serviço têm sido incluídos os médicos. Esse é um problema essencial. A proposta de lei que agora se encontra no Congresso coloca a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) como fator de referência a ser adotado na fixação da valorização dos médicos, sendo uma ferramenta importante. Certamente trará mais valor, transparência e consistência à lei 9656. O que os médicos, especialistas de todas as áreas, podem fazer para sensibilizar o Congresso a aprovar a CBHPM? Manter o diálogo com seus parlamentares. O Brasil vive momento muito positivo, em que a democracia ajuda a mudar a realidade. Temos hoje a possibilidade de votar para o Legislativo e para o Executivo em todos os Jornal da SBHCI 37 associativismo níveis: presidente da República, governadores e prefeitos. Quando elegemos nossos representantes, seja na Câmara ou no Senado, a responsabilidade de manter diálogo com eles é absolutamente essencial. Importante também é multiplicar a pressão de convencimento, compartilhando com a sociedade, a população que atendemos, nossos receios, expectativas e motivos, de tal sorte que eles também sejam aliados nessa campanha. Não acredito que o nosso parlamento não tenha peso, que seja irremediavelmente contaminado pela corrupção ou autoritarismo. Acredito que os parlamentares têm uma força considerável e, em sua maioria, são sensíveis aos anseios legítimos da sociedade. Creio na capacidade e na boa intenção de muitos parlamentares que nos representam em Brasília. É positivo o papel da ANS para solucionar conflitos na área de saúde suplementar ou pelo menos amenizá-los? A Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, tem trabalhado de maneira positiva em diversos pontos, mas deixa de lado intervenções em áreas essenciais, como o acompanhamento de nossa relação com os pagadores, o que é fundamental. A definição clara de integralidade da Saúde é outra posição que precisaria ser tomada. A ANS tem todas as condições, hoje, de adotar a CBHPM como referencial e participar de sua implementação. Ela tem condições de trabalhar com operadores e médicos na definição de parâmetros de prática clínica. Ou seja, juntar-se a nós no trabalho transformador das diretrizes. A ANS poderia se envolver com mais energia na valorização da qualificação dos serviços e da assistência. Claro que ela é um organismo que sofre pressão intensa, mas é função dos seus dirigentes resistir a ela. Como se resolve o problema da incorporação das novas tecnologias? Não se pode ignorar as novas tecnologias, ignorar o progresso. O que vemos, hoje, é o não reconhecimento de muitos procedimentos médicos.Temos a CBHPM, com cerca de 4 mil procedimentos, e um rol da ANS que não a usa na íntegra, tentando esconder o progresso debaixo do tapete. Esse não é o modo correto de tratar questão tão relevante. Quando surge uma nova tecnologia, tem-se de fazer uma análise técnica isenta dos benefícios, riscos e custos associados. Isso é absolutamente fundamental. Essa análise não ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 José Luiz Gomes do Amaral na mesa da Comissão Nacional Pró-SUS da AMB/CFM/Fenam em manifestação em Brasília pela regulamentação da Emenda 29 pode ser feita sob a ótica dos pagadores.Também é necessária discussão ampla entre os diversos setores da sociedade sobre a oportunidade de investir recursos nessa nova tecnologia. Nem tudo o que é eficaz é capaz de transformar a nossa realidade, e nem sempre têm-se recursos para tanto. A transparência é fundamental. Há tecnologias que, aplicadas a um número muito pequeno de pacientes, podem desequilibrar financeiramente todo o sistema de Saúde. A boa gestão exige aquilo que possa beneficiar mais expressivamente um número maior de pessoas. Esse assunto tem de ser tratado com firmeza. Há alguns anos a AMB reorganizou as especialidades médicas. Foi positivo? Muitas coisas notáveis aconteceram nos últimos anos, muito em função da intensificação da vida associativa. Vimos surgir: o rol hierarquizado de procedimentos médicos, que foi um grande passo; a consciência da necessidade da valorização ponderada do trabalho do médico; a necessidade de basear nossa conduta nas melhores evidências clínicas; e também a necessidade de definição do escopo das especialidades. Passamos a entender que as especialidades são partes obrigatórias no exercício da Medicina, pois é impossível um médico trabalhar sem sua especialização. Vivíamos um descalabro, o número de especialidades médicas era muito maior que o atual e elas não eram uniformemente reconhecidas. O encontro da AMB, do CFM e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e o desenvolvimento de uma sistemática conjunta para ordenar a especialização no País nos con- duziram a um sistema lógico, racional. Temos ainda programas muito atrasados em relação aos ministrados nos países desenvolvidos. Para se ter uma idéia, nossos programas de residência se desenvolvem em dois ou três anos. Num país bem-sucedido, os programas duram de quatro a sete anos, tendo, portanto, mais qualidade, e são muito mais valorizados. Nessas nações não se admite que o médico atue sem especialização. Hoje, com a reorganização das especialidades, encontramo-nos, ao menos, numa posição que permite caminhar para um futuro melhor. Na Medicina, vários procedimentos médicos são compartilhados. Como resolver a questão do conflito de interesses? Há muitas especialidades que compartilham algumas intervenções, como é o caso da cirurgia pediátrica, que compartilha várias coisas com a urologia, e da anestesia, que compartilha várias intervenções com a medicina intensiva, entre outras. O importante é que se respeitem os limites das competências de cada especialidade.As sociedades de especialidades têm definidas as suas competências. Não há inconveniência no compartilhamento, desde que ele permita melhor atender às necessidades dos pacientes. A AMB deve zelar para que sejam respeitados os interesses dos pacientes. Quais os principais projetos em curso na AMB? Um projeto recentemente implementado é o da Educação Médica Continuada. Estamos dicas do País alcance qualificação mínima. Muitos cursos não foram avaliados, como os 52 que ainda não formaram a primeira turma. O exame é apenas uma dimensão da avaliação do ensino. É preciso também avaliar a instituição, a estrutura do curso, as instalações e a qualificação do corpo docente. Isso também está programado. Com esses dados, será identificada uma enorme quantidade de outras insuficiências. Recentemente, o MEC anunciou que fechará o cerco sobre os cursos de Medicina. Até anunciou que pode tirar a licença de 17 escolas. O que a AMB pensa disso? Sempre lutamos contra a criação de escolas médicas de má qualidade. Do jeito que as coisas caminham, faculdades são abertas apenas para ganhar dinheiro ou votos, sem qualquer compromisso com a boa formação. Enfim, um atentado à Medicina e um risco à população. O que ocorre agora: dos 103 cursos de Medicina avaliados pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade, 17 serão supervisionados. Isso não significa que a maioria das 175 escolas mé- Quais as causas do mau desempenho desses cursos? A causa do mau desempenho é a péssima qualidade das faculdades. O ensino médio brasileiro é reconhecidamente fraco, mas a concorrência nos vestibulares de Medicina é tão grande que acaba selecionando candidatos com potencial satisfatório. Também não causa estranheza surgirem tantas faculdades públicas na lista dos reprovados.A degradação do ensino público tem ocorrido paralelamente à mercantilização do ensino privado. Os professores são mal remunerados, a carreira não é atrativa, as instalações estão degradadas e os laboratórios não têm equipamentos apropriados. Além disso, os hospitais do SUS constituem a arena de aprendizado do estudante de Medicina. A deterioração da estrutura física e organizacional do sistema público de atendimento afeta intensamente a formação do aluno de Medicina. associativismo iniciando uma etapa em que as diretrizes e a atualização devem se estender também aos pacientes. Pretendemos ampliar o Projeto Diretrizes e estamos abrindo novos intercâmbios do Brasil com outros países para troca de experiências e de processos de educação continuada. Também temos trabalhado em conjunto pelo desenvolvimento da Medicina em países culturalmente mais próximos do nosso, como os de língua portuguesa. Há relação entre a distribuição de médicos pelo País e o número de faculdades de Medicina? A distribuição desigual dos médicos entre as diferentes regiões do País e a concentração de escolas médicas não guardam relação de causa e efeito. São problemas com causa comum: o desenvolvimento econômico desigual. Nos Estados do Sul e Sudeste estão os candidatos com maior poder aquisitivo para enfrentar o desafio das caríssimas mensalidades das faculdades particulares. Coincidentemente, nessas regiões existe oportunidade de trabalho na Medicina privada. Dos 40 milhões de brasileiros que têm planos de saúde, a maioria vive nas grandes cidades das regiões Sul e Sudeste. Os brasileiros das regiões Norte e Nordeste, particularmente aqueles que residem em cidades do interior, são dependentes do serviço público e no SUS não há hoje perspectiva de carreira para o médico. Jornal da SBHCI 39 tUrismo e lazer DescuBra o paraNá carlos renato fernandes Estado de beleza ímpar e dezenas de praias paradisíacas receberá cardiologistas de todo o País no Congresso da SBC, de 6 a 10 de setembro pela litorina (acima) ou pelo portal da graciosa (abaixo), que dá acesso à estrada da graciosa, é possível sair de curitiba e atravessar trechos preservados da mata atlântica em direção a paranaguá Da redação C uritiba está de volta ao cenário dos congressos da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Os preparativos transcorrem em ritmo acelerado e a Comissão Executiva segue em plena atividade. Para quem pretende acompanhar o evento, um presente do Jornal da SBHCI. Nesta reportagem mostramos que, além de contar com programação científica de excelente qualidade, os congressistas desfrutarão das belezas naturais e das ótimas opções de lazer, turismo e gastroano Xi - no 2 - abril a Junho - 2008 nomia oferecidas pelo Estado do Paraná. Um roteiro de viagem quase que obrigatório é visitar a Ilha do Mel e fazer o passeio de litorina pela Serra da Graciosa, que contempla a descida de trem por trilhas inebriantes incrustadas na Mata Atlântica. Nessa autêntica aventura, há diversos túneis cavados em rochas e pontes de ferro entre abismos a centenas de metros de altura. A viagem, além de maravilhosa, é uma das formas mais seguras que o turista encontra para alcançar o litoral paranaense. Da litorina é possível avistar nascentes e cachoeiras, cobertas de flores o ano inteiro. O Oceano Atlântico também acompanha o traçado da Graciosa: ao olhar para baixo o turista se deparará com 17 quilômetros de lindas praias. Só o município de Matinhos possui 25 praias: algumas são movimentadas, com vários estabelecimentos comerciais e muita gente; outras são desertas e tranqüilas, além de boas para pesca, pois estão sempre limpas e mornas. A temperatura da região varia de 20oC a 27oC durante todo o ano. Aliás, o trecho da Serra do Mar compreendido pela Gra- ciosa é considerado pela UNESCO, desde 1993, “Reserva da Biosfera”. Trata-se do reconhecimento do valor dessas riquezas da natureza para o ecossistema e para a humanidade. Turismo e lazer A Ilha do Mel é um dos paraísos protegidos pelo Parque Estadual. Abaixo, o Farol das Conchas, de onde se tem o melhor ângulo da ilha Ilha do Mel Localizada na entrada da Baía de Paranaguá, no litoral norte do Paraná, a Ilha do Mel possui 2.762 hectares de mata preservada e um perímetro total de 35 quilômetros, formado principalmente por praias e manguezais. Situada entre um complexo de parques estaduais e federais, foi transformada em estação ecológica pela UNESCO. Atualmente é um Parque Estadual que preserva riquezas e belezas naturais únicas. A paisagem encantadora da Ilha do Mel proporciona ao visitante passeios inesquecíveis por suas praias, costões, trilhas, matas, morros, mangues e ilhas próximas. O local possui três monumentos históricos, tombados pelo Patrimônio Artístico e Histórico do Paraná: a Fortaleza, o Farol das Conchas, e a Gruta das Encantadas. Já os mais aventureiros têm outra opção de lazer: é a prática de esportes como surfe, bodyboarding, trekking, canoagem, vela, pesca esportiva e paragliding. O melhor referencial para chegar à Ilha do Mel é o Balneário Pontal do Sul, onde se encontra o Terminal de Embarque Marítimo. É importante lembrar que o cadastramento de visitantes e a venda de passagens são efetuados no próprio Terminal. • O Menor Perfil • A Menor Estrutura Metálica • Excelente Força Radial • Excelente Navegabilidade A certeza de obter excelentes resultados em suas mãos. MATSURI Mace - Diabéticos - 12,4% Mace - Pequenos Vasos - 9% (6 meses Follow-up) Total Mace - 12,6% (18+/-5 meses Follow-up) O Melhor Resultado! Jornal da SBHCI 41 passo a passo COMO OBTER O CERTIFICADO DE ÁREA DE ATUAÇÃO EM HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA Marcelo Queiroga* A liberdade do exercício de qualquer ofício ou profissão é uma garantia fundamental expressa na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o, inciso XIII: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A Lei no 3.268, de 30 de setembro de 1957, é a referência para a regulamentação da Medicina no Brasil, que, como é de amplo conhecimento, estabelece como condição fundamental para o exercício regular da profissão a inscrição do médico no Conselho Regional de Medicina (CRM) da jurisdição onde atua. Diante do ordenamento jurídico em vigor, não há como se estabelecer exclusividade ou primazia na realização de determinados atos médicos a especialistas, ou seja, em tese, o médico, ao efetuar sua inscrição no CRM, pode atuar livremente. Contudo, não poderá anunciar especialidade ou área de atuação que não possa comprovar, além de ser obrigado a efetuar o competente registro dos documentos comprobatórios no CRM da jurisdição onde trabalha.Acorde com as normas vigentes, marcadamente com o artigo 135 do Código de Ética Médica e a Resolução do Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM) no 1785/2006, itens “n”, “o” e “p” do Anexo II do convênio celebrado pelo CFM, pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Desde 2002, por meio da Resolução CFM no 1634/2002, passou a vigorar a disciplina que instituiu as áreas de atuação das especialidades médicas, contexto em que se insere a Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, uma nova ordem institucional para nortear o exercício da Medicina. O advento das áreas de atuação ano XI - No 2 - Abril a Junho - 2008 preencheu uma lacuna reclamada por grande contingente de especialistas que exerciam um ramo específico de uma especialidade médica. O Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista é exarado pela AMB/Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e constitui o competente documento para registro e comprovação da proficiência na área. Compete à Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) a coordenação e a elaboração do processo de avaliação para obtenção desse certificado, sob os auspícios da Comissão Permanente de Certificação. Atualmente, essa certificação é vital para o exercício de nossa atividade, pois tal Certificado é requerido, freqüentemente, pelas operadoras de planos de saúde em geral e pelo Ministério da Saúde para credenciamento de centros de alta complexidade em Cardiologia. Além dessas assertivas, pode-se, igualmente, enfatizar que a ausência desse documento fragiliza o médico em eventuais litígios na esfera do Judiciário. Com a instituição da Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, em 2003, todos os associados titulares da SBHCI à época, automaticamente, fazem jus a esse Certificado. Os associados enquadrados nessa categoria e que ainda não possuem o documento podem fazer sua solicitação diretamente na Secretaria da SBHCI ou por e-mail ([email protected]), a qual será encaminhada à SBC para emissão do Certificado de Área de Atuação. Aos novos cardiologistas, para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista é necessário preencher os seguintes requisitos: 1. Ser especialista em Cardiologia com título emitido pela AMB/SBC. 2. Submeter-se ao processo de avaliação para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, concurso que é composto por duas etapas: a. prova teórica e avaliação curricular; b. prova prática. 3. O processo de avaliação para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista ocorre todos os anos, em data previamente estabelecida, e é regido por edital próprio aprovado pela AMB/SBC. A SBHCI tem envidado grande esforço para aperfeiçoar o processo de avaliação para obtenção do Certificado de Área de Atuação, tornando-o justo e acessível, sem abrir mão do rigor científico imprescindível para a ocasião. Portanto, se você ainda não possui o Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, solicite já o seu. * Diretor Administrativo da SBHCI eventos Agosto E X PEDIENTE SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA — GESTÃO 2006-2009 Dr. Luiz Alberto Mattos Presidente Dr. Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes Diretor Administrativo Dr. Hélio Roque Figueira Diretor Financeiro Dr. Pedro Alves Lemos Neto Diretor Científico Dr. Rogério Sarmento-Leite Diretor de Comunicação Dr. Luiz Antônio Gubolino Diretor de Qualidade Profissional Dr. José Antonio Marin-Neto Diretor de Educação Médica Continuada Dr. Marcos Antônio Marino Diretor de Intervenções Extracardíacas Dr. César A. Esteves Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas Dr. César Rocha Medeiros Dra. Luciana Constant Daher Dr. Marcelo de Freitas Santos Dr. Marcelo José Cantarelli Editores Acontece Comunicação e Notícias Projeto Jornalístico Norma Cabral da Silva Gerência Administrativa Débora Valejo Natália Mariotto Secretaria de Comunicação Giselle de Aguiar Pires Edição de Arte Tiragem: 11.000 exemplares www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 - cjs. 71 e 74 Vila Olímpia - CEP 04548-050 São Paulo, SP - Fone: (11) 3849-5034 Espaço do leitor A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista ficará muito satisfeita em tê-lo como colaborador do Jornal da SBHCI. Ajudar a enriquecer nossa publicação é importante e simples. Basta enviar suas impressões e/ou sugestões para o e-mail [email protected] ou, por carta, para a Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia – São Paulo, SP – CEP 04548-050, aos cuidados da Diretoria de Comunicação. Desde já agradecemos seu apoio. 6a8 XIV Congreso SOLACI y Reunion Cientifica de SOCIME Moon Palace Resorts – Cancun, México Informações: www.solaci2008.com 14 a 16 XIII Congresso Paraibano de Cardiologia UNIPÊ – Centro Universitário de João Pessoa – João Pessoa, PB Informações: http://sociedades.cardiol.br/pb/ congresso.asp 14 a 17 XX Congresso de Cardiologia do Espírito Santo Hotel Eco da Floresta – Pedra Azul – Domingos Martins, ES Informações: http://sociedades.cardiol.br/es/ congresso.asp 15 e 16 CAAT 2008 – Curso Avançado de Aterotrombose Hotel Deville – Porto Alegre, RS Informações: www.caat2008.com.br 19 Grupo de Intervencionistas do Estado de São Paulo – Encontros Mensais 2008 Hotel Paulista Plaza – São Paulo, SP Informações: (11) 3849-5034 Setembro 6 a 10 63º Congresso Brasileiro de Cardiologia 36º Congresso Paranaense de Cardiologia Expo Trade Convention & Exhibition Center – Curitiba, PR Informações: http://congresso.cardiol.br/63/ Outubro 12 a 17 Transcatheter Cardiovascular Therapeutics Washington Convention Center – Washington, DC, Estados Unidos Informações: www.tctconference.com 21 Grupo de Intervencionistas do Estado de São Paulo – Encontros Mensais 2008 Hotel Paulista Plaza – São Paulo, SP Informações: (11) 3849-5034 Novembro 8 a 12 American Heart Association Scientific Sessions 2008 (AHA) Nova Orleans, Estados Unidos Informações: www.americanheart.org 18 Grupo de Intervencionistas do Estado de São Paulo – Encontros Mensais 2008 Hotel Paulista Plaza – São Paulo, SP Informações: (11) 3849-5034 19 a 22 Congresso da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular Costa do Sauípe Conventions – Salvador, BA Informações: www.congressosauipe2008.com.br Dezembro 3a6 International Course on Carotid Angioplasty (ICCA) Frankfurt, Alemanha Informações: www.iccaonline.org 7a9 Innovations in Cardiovascular Interventions (ICI) Hotel David InterContinental – Tel-Aviv, Israel Informações: www.congress.co.il/ici2008 Jornal da SBHCI 43