ANO 4 - Nº 12 ANO 4 - Nº 12 Tomie Ohtake Uma homenagem aos cem anos da artista plástica que dá nome ao famoso instituto que ilustra esta capa VIVER BEM NUNCA S A I D E M O DA A. I M A G E M I L U S T R AT I VA PISCINA OÁSIS 2, 3 OU 4 QUARTOS NO CONDOMÍNIO MAIS EXCLUSIVO DO RECREIO - RJ A Queiroz Galvão traz para o Rio de Janeiro um condomínio para quem m tem mente personalidade, exatamente como você. Com uma área de lazer especialmente desenvolvida para quem tem estilo. Perto da Av. das Américas, uma das mais o, importantes avenidas da região e, ao mesmo tempo, longe do barulho, com toda a estrutura que o Recreio oferece. Rua Aldemir Martins, 1.740 - Bairro do Recreio - RJ w w w.livresidence.com.br Ligue: (21) 3 5 2 7 - 0 7 7 7 www.qgdi.com.br QUALIDADE - SOLIDEZ - CREDIBILIDADE Todas as perspectivas e plantas contidas neste material são meramente ilustrativas, podendo sofrer alteração de cor, formato, textura, posição, acabamento, metragem. A vegetação será entregue conforme especificado no projeto do empreendimento, sendo as suas imagens meramente representações da futura fase adulta das espécies. As especificações estão contidas no memorial descritivo. Os instrumentos posteriores a serem firmados pelos clientes prevalecerão sobre quaisquer especificações constantes deste material. Projeto legal aprovado sob o nº 24/0900/2013 A. PREO: Pedro Gomes da Cunha – CREA: RJ 162545-D. PRPA: Afonso Kuenerz CREA 43397-D. O empreendimento só será comercializado após o registro do Memorial de Incorporação no Cartório de Registro de Imóveis na forma da Lei nº 4.591/64. PARA MORAR. PARA VIVER. CRECI/1195 Expeditente Queiroz Galvão Diretor-presidente: Diretores Corporativos: Regionais: Frederico Pereira Administrativo: Arno Stupp Engenharia: Henrique Suassuna Fernandes Financeiro: Fernando Roberto Bitu Moreno Produtos / Projetos: Ricardo Costa Carvalho de Gusmão Regional PE: Múcio Pires de Souto Regional SP: Carlos Roberto Morais Coimbra Regional BA: Luiz Pimentel Regional RJ e DF: Pedro Gomes da Cunha Editora JB Pátria Editora Ltda. Presidente: Diretor: Administrativo / Financeiro: Circulação: Jaime Benutte Iberê Benutte Gabriela S. Nascimento Patricia Torre Premium Magazine Publisher: Conselho editorial: Jaime Benutte Carol Boxwell, Carol Neves, Cintia Carneiro, Germana Monte, Natália Di Pietro, Michaella Baratz e Ricardo Leal Editora: Estagiário da redação: Kelly Souza Matheus Jacob Barreto Projeto gráfico e arte: Diretor de arte: Designer: Belatrix Ltda. Marcelo Paton Sandro Silva Colaboradores: Impressão: Amanda Sampaio, Manoela Ferreira, Mauro Nakata, Monalisa Vasconcelos e Vanessa Kiyan Gráfica Santa Marta Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações, Anatec. A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma publicação trimestral da JB Pátria Editora Ltda. www.patriaeditora.com.br Fale Conosco: Queremos fazer uma revista cada vez melhor para você. Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail [email protected] Os textos assinados são responsabilidade dos seus autores, que não estão autorizados a falar pela revista. 4 Editorial ma das inúmeras definições para a palavra arte diz respeito à habilidade de executar algo prático, de forma consciente e racional - outra possibilidade designa o talento, a contribuição própria da inteligência de um artista. Podemos, então, dizer que esta edição da revista Premium está permeada de arte. A começar pela participação do renomado designer Zanini de Zanine, que indica quais objetos ele considera mais interessantes no mundo do Design. Em Brasileiros Ilustres, temos um bate-papo com Antonio Nóbrega, multiartista nascido em Pernambuco na década de 50, que mostra sua versatilidade por meio do canto, da dança e da interpretação. A chamada primeira arte também aparece: a música é tema das matérias sobre os grandes musicais estrangeiros que passaram pelo Brasil e de filmes que possuem trilha sonora inesquecível. Para coroar esta edição, escrevemos pinceladas sobre a vida e a rotina da artista plástica japonesa Tomie Ohtake, que fará cem anos em novembro. Tomie é naturalizada brasileira desde a década de 1960 e, com seu trabalho, ajudou a difundir a arte abstrata por aqui. E como viver bem também é uma arte, incluímos uma matéria especial sobre cidadania, com dicas do que podemos fazer para melhorar a convivência urbana. Espero que aproveitem. Frederico Pereira Diretor-presidente Premium 5 Sumário Brasileiros Ilustres 14 A pluralidade de Antonio Nóbrega, multiartista seduzido pela cultura popular brasileira Decor 26 Decore a casa sem sair do sofá: e-commerces de decoração estão cada vez mais populares Paisagismo 30 Despertar os cinco sentidos em diferentes pessoas é o objetivo dos jardins sensoriais Capa: Tomie Othake Foto: Divulgação e ainda... 6 8 Spot 12 Top 5 20 Arte ContemporâNea 24 Luxo 44 Guia do viajante Poltronas assinadas por designers renomados e objetos com material bem trabalhado Zanini de Zanine prioriza designers brasileiros ao indicar os cinco objetos que ele mais gosta A admiração de Carlos Ferreirinha, especialista no marketing para a classe A, fala sobre o desejo de consumo Especialistas ensinam a montar a mala de forma prática e com itens básicos profissionais da arquitetura e do design pelas cidades que colaboram com seus trabalhos Capa Destino 36 Arquitetura 40 58 Coimbra democrática: agrada casais, jovens animados, amantes de história e do paladar adocicado A vida dela renderia infinitas conversas, mas foi necessário resumir em apenas uma matéria: confira pinceladas dos cem anos de vida de Tomie Ohtake Conheça cinco dos 12 estádios brasileiros que sediarão jogos na Copa do Mundo de 2014 52 Gourmet 56 Bem viver 62 Queiroz Galvão 74 Art Cinema 78 Art Cultura 82 Habitar Aniversários pelo mundo: nativos de diferentes países contam o que costumam beber e comer na data Você é um cidadão exemplar? Veja como melhorar o convívio coletivo em grandes cidades Empreendimentos de alto-padrão e da linha Slim da construtora Trilha sonora para cinema exige um conjunto de ações para ficar na memória dos espectadores O Brasil no circuito dos grandes musicais: célebres peças internacionais que chegaram aos palcos brasileiros Estamos descobrindo os prazeres de partir. O que, graciosa e gratuitamente, nos devolve a aconchegante sensação de voltar são lançados em cinco cidades Premium 7 Spot Octogenária A poltrona Cité foi criada em 1930 em uma competição para equipar a residência estudantil da Cité Universitaire de Nancy e, oito décadas depois, ainda tem ares modernos. É uma das obras-primas do início da carreira do designer francês Jean Prouvé. O próprio teve uma dessas poltronas na sala de sua casa. A peça é formada por uma moldura de chapa de aço, encosto e assento de tecido ou couro, e tem 83 centímetros de altura, 68 de largura e 95 de profundidade. À venda na Riccó. Preço sob consulta. Peças únicas Os produtos da Dinosaur Designs, empresa australiana na vanguarda criativa desde 1985, costumam intrigar, seja pela beleza, seja pela inovação. No caso dos novos produtos da marca, as duas coisas: uma coleção de vasos que mistura resinas e se caracteriza por linhas irregulares e suaves impressões de dedos – o que os torna peças únicas. A coleção tem a direção artística assinada por Louise Olsen e Stephen Ormandy. À venda na Benedixt. Preço sob consulta. Raiz de Aço Famoso desde os anos 90 por trabalhar com grandes marcas, como Louis Vuitton, Apple, Nike e Bic, o celebrado designer francês Ora-Ïto se uniu à marca Christofle para criar itens para o lar. O resultado é a coleção Arborescence, que contempla diferentes itens para a casa, como mesa, candelabro e pedestal. Prima pela elegância e harmonia dos objetos, que formam uma bonita composição no ambiente. À venda na Christofle. Preço sob consulta. 8 PARA VOAR MAS PODE SENTAR O banco Bird é um exercício para a imaginação: a peça é plana e rígida em seu centro, mas à medida que se chega às suas extremidades, o visual minimalista dá lugar ao caótico. Essa transição gradual nos remete à busca pela liberdade, aos voos da imaginação – daí o nome da peça, “pássaro”. Projetada pelo paranaense Henrique Serbena. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta. Reinvenção O sofá K2, do designer italiano Alessandro Mendini, é uma nova interpretação do sofá Kandissi (1979), feito pelo mesmo autor, mas concebido com formas diferentes. O K2 tem revestimento contemporâneo, de laca, e utiliza madeira amazônica e polietileno. Somados às cores e formas, resultam num sofá moderno, chamativo e belo. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta. Abrasileirado O italiano Paolo Ullian criou o banco Row pensando nos brasileiros e na concepção que o designer tem deles: um povo otimista, que sempre agrega pessoas e valores novos, e acolhe quem pode e não pode. Assim, a peça foi feita para ser maleável, que pode se alongar e encurtar dependendo da necessidade, e que acolhe cada vez mais gente à medida que é esticado. A peça até rendeu ao designer uma menção honrosa no prêmio italiano Compasso d’Oro, que tem grande autoridade no país. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta. Premium 9 Spot Charles Eames mirim Referência no mundo do design, o casal Charles e Ray Eames deixou um legado criativo que, felizmente, parece não ter fim. A Mesa Torre Infantil é a versão kids da Mesa do Casal, projetada pela dupla. Simples, a peça tem base de inox e tampo de madeira, com acabamento de fórmica. São 60 centímetros de diâmetro e 49 de altura. O tampo tem como opções de cor o azul, o amarelo e o rosa. À venda na Le Design. Preço sob consulta. Vrumm... Para as crianças que adoram automobilismo – ou os pais que dão um empurrãozinho -, as prateleiras em alusão a carros podem agradar. São parachoques de autos clássicos para lá de estilosos, como o Shelby (foto), que emolduram tábuas e trazem diversão para o quarto dos pequenos; e, além disso, brinca com a imaginação da criançada. À venda na Hits Kids’n’Teens. Preço: R$ 858,00. Biblioteca móvel A biblioteca Matt promete tardes e tardes de estudo. A peça tem um recorte circular acolchoado, desenhado para acolher em seu interior uma criança de forma confortável em seus momentos de leitura e lição de casa. Ao redor do círculo, há espaços que servem como estante, onde é possível guardar os livros que a criança lerá. Além de útil, a peça tem um visual clean, feita de MDF na cor branca – a cor da moldura pode variar. À venda na Bododo. Preço sob consulta. 10 Retrô O bom e velho vinil é a matéria-prima destes produtos. Ele é repensado de diferentes modos e funções, que vão desde o relógio ao peso de livro para estante, em peças divertidas e inovadoras. Porta-livro (R$ 64,90, na foto), relógio de parede, porta-copo e kit pizza são algumas sugestões de produtos com a temática. À venda na Imaginarium. Janela sem vento Feita de ferro com acabamento de verniz, esta escultura artesanal faz alusão a uma janela com galhos de árvore e pássaros pousados. Outros objetos podem ser integrados à peça, como velas. Uma forma simples e lúdica de trazer charme ao ambiente. Está à venda na Ilumi Design, loja que só trabalha com designers e produtos brasileiros. Preço sob consulta. Móbile verde A peça Assanga foi produzida artesanalmente pelos designers Alessandra Clark e Nuno FS. O nome da peça veio do tupi-guarani e significa “rechonchudo”. Com 13 centímetros de altura, serve para o cultivo de plantas que não precisam estar fincadas no solo para se desenvolver, como as orquídeas, já que esta espécie tem raízes aéreas. O material utilizado pode variar, o que influi no preço: laminado de bambu (R$ 450,00) ou de compensado naval (R$ 250,00). Elástico de cor vermelha e manta de PVC arrematam o visual leve da peça. À venda na Mameluca. Serpente Em formato de ondas, a Wiggle Stool (1972), alcança uma façanha: a de parecer delicada e simples, mas ter firmeza. Papelão ondulado e longarinas feitas de compensado, natural ou laçado compõem a banqueta. A peça, da série de móveis Edges Easy, do designer Frank Gehry, lembra um pouco assentos africanos. Pela simplicidade e elegância do design, pode ser posta em todo tipo de ambiente. À venda na Riccó. Preço sob consulta. Premium 11 To p 5 Zanini de Zanine O designer carioca que desponta no cenário nacional como um dos profissionais mais significantes de sua geração Com 34 de idade e dez de carreira, o designer Zanini de Zanine já venceu prêmios importantes na área na qual atua, como IF Awards Hannover (Alemanha), em 2012, e Museu da Casa Brasileira, o mais tradicional do Brasil, em 2010. Formado em Dese- Poltrona Moeda nho Industrial pela PUC-Rio, foi estagiário no estúdio do ícone Sergio Rodrigues e já expôs peças em cidades como Nova Iorque, Milão e Londres. Filho de José Zanine Caldas, chamado de “mestre da madeira”, ele herdou do pai o amor pelo material, e, em 2003, passou a produzir móveis de madeira maciça, com peças de demolição. “O interesse surgiu no começo da minha adolescência, vendo meu pai desenhar”, conta. Materiais industrializados passaram a fazer parte de sua produção em 2005 e, desde então, ele mostra que gosta mesmo de inovar, como na criação da poltrona Moeda, feita com chapas de moedas de dez centavos usadas pela Casa da Moeda. A pedido da revista Premium, Zanini de Zanine topou apontar quais são as cinco peças de design das quais ele mais gosta. Confira! Namoradeira, José Zanine Caldas (Brasil) “Por ser simples, sofisticada e com grande brasilidade. Foi a peça que despertou meu olhar para o design.” 12 Poltrona Mole, Sergio Rodrigues (Brasil) “É imponente e confortável, e aplica materiais bem típicos do nosso país.” Estante, Marc Newson (Austrália) Peças de materiais e aparência high-tech ou inusitada são marcas de Marc Newson. Esta estante de mármore e formato orgânico chamou a atenção de Zanini “pela textura criada e pela complexidade da produção”, diz. Poltrona Favela, Irmãos Campana (Brasil) “Tem um rico resultado de textura.” Feita de madeira, foi elaborada em 1991 e é fabricada pela italiana Edra. Ventilador, Maarten Baas (Alemanha) Peça à qual pouca gente presta atenção, um ventilador ganhou formas inusitadas por meio do trabalho de Baas. Zanine define a obra com uma palavra: “organicidade”. Premium 13 Brasileiros Ilustres um brincante, muito prazer Ele canta, dança, toca, cria e reinventa: Antonio Nóbrega e sua pluralidade artística 14 Foto: Richer Allan le não aparece em programas dominicais, não estampa capas de revistas de celebridades, tampouco sua vida pessoal poderia render manchetes em veículos sensacionalistas. Estudou em colégios tradicionais, fez escola de idiomas, foi neto de intelectual e filho de médico. Mistura de um cearense com uma paulista, nasceu pernambucano. Tem dois filhos, de 29 e 25 anos, frutos do casamento de três décadas. O que poderia ser o resumo da vida de muitos brasileiros da classe média alta, no caso dele é apenas o começo da história. Ele, instrumentista, dançarino e pesquisador, iniciou sua trajetória musical aos oito anos, tocando música clássica no violino. Mas foi seu encontro com a cultura de raiz, por meio de Ariano Suassuna, que mostrou os elementos que o inspiram a criar seus mais de 20 espetáculos de música, teatro, dança e aula espetáculo – que mistura números de dança com uma conversa sobre o que apresenta. Ele, Antonio Nóbrega, mergulhou no universo da cultura brasileira em meados da década de 70, para estudar as manifestações e os artistas populares. Aprendeu cantorias, toques, danças e o modo de representar dos brincantes e folgazões. A partir disso criou um estilo próprio de conceber arte, apresentado em suas obras. Seus 40 anos de trabalho também resultaram na idealização do Instituto Brincante, um local de cursos, oficinas, mostras e encontros, que dirige junto com sua mulher, Rosane Almeida; além da Companhia Antonio Nóbrega de Dança, ambos em São Paulo. Para 2013 está previsto o lançamento do filme Brincante, uma viagem por sua obra, em um misto de ficção e documentário. O multiartista, como é conhecido, transformou o gosto pelo folclore brasileiro em seu alimento profissional. Influenciou a carreira dos filhos. Mas ainda corre à margem da chamada “grande mídia”: “A imprensa brasileira não mostra a diversidade cultural do país”, diz. Quais são seus projetos atuais? Como está a produção do filme Brincante? Dar continuidade à companhia por meio de espetáculos e concluir o filme. Estamos fazendo esforços para que o Brincante saia este ano. Na verdade, há três anos cultivo estes projetos, além da Ocupação Nóbrega [mostra que ocorreu em São Paulo e apresentou ao público os processos criativos do artista e um pouco da história dele]. No caminho, surgiu um quarto projePremium 15 Brasileiros Ilustres to, o Lua [espetáculo musical] dedicado a Luiz Gonzaga. O patrocínio da Companhia de Dança termina em breve e não sei o que vai acontecer. É um espetáculo que depende de um conjunto de pessoas para funcionar, são 13 bailarinos. Estou pensando em caminhos para trilhar. E tenho uma nova rodada de trabalho, que é escrever sobre a minha experiência com a dança, a codificação que eu faço, essa procura, investigação em torno da linguagem brasileira de dança. Como você decide os componentes do seu próximo show? O coração que manda, mas pretendo focar na música nas próximas performances. Tenho duas ideias de show musical: um de canções autorais, absolutamente originais, e outro dedicado a músicas de Caymmi [Dorival Caymmi, cantor e compositor]. Por que homenagear Gonzaga e Caymmi? São dois compositores com os quais eu me identifico muito. Eles têm um conjunto de obras muito diversificado, com frevos e baiões, por exemplo. E isso tem a ver com o meu trabalho, com meu gosto. Nas minhas performances, já canto Caymmi aqui e acolá. E, em 2014, será o centenário de nascimento dele, por isso pensei em fazer a homenagem e, ao mesmo tempo, me dar o prazer de cantar músicas deles. O projeto com novas canções pode ficar para depois, já que pretendo curtir vagarosamente, degustar cada canção ao máximo. Como se deu a sua parceria com Walter Carvalho, um nome de peso? Trabalhamos juntos em um especial para a TV Globo, uns 15 anos atrás, por aí. Surgiu uma empatia muito grande e celebramos isso por meio de sucessivos trabalhos em conjunto. O filme Brincante coroa essa trajetória de parceria. Você acha que falta qualidade para os músicos brasileiros? 16 Não. Temos muitos músicos bons. Talvez a gente não conheça todos, mas eles existem, sim. Quando se deu seu encontro com a rabeca? Comecei aos oito anos, com o violino. A rabeca, na verdade, é um nome popular para o violino. Uma espécie de violino rústico. Quem me apresentou foi o Ariano Suassuna, que me convidou para integrar o grupo Quinteto Armorial. Mas, na verdade, eu sempre toquei o violino – a rabeca, por ser um instrumento rústico, não dá para tocar com facilidade. Você já disse que todo brasileiro deveria carregar consigo um pandeiro. Por quê? Somos um povo musical, dotados de música. E o pandeiro é um instrumento fácil de tocar, de brincar com os ritmos. Seria algo prazeroso e bom para batucar quando estivermos com raiva. Além de não fazer tanto barulho quanto o tambor, por exemplo. Quem é o seu público atualmente? Você tem influências populares, mas ao mesmo tempo o seu trabalho não é conhecido pela grande massa. Heterogêneo. Nas apresentações feitas no Auditório do Ibirapuera [em maio, em São Paulo], vi crianças, jovens e idosos. E não é só etariamente falando, mas também é um público socialmente diversificado, com rendas socioeconômicas variadas. Já havia feito apresentações no CEU [Centro Educacional Unificado, complexo caracterizado como espaço público educacional, esportivo e cultural, em São Paulo] e tive uma recepção calorosa de pessoas com renda baixa. Meu show atende ao gosto erudito e ao popular. O fato de o seu trabalho não estar nos grandes meios de comunicação é por que você não tem interesse ou não tem público para isso? Por que você não vai para a televisão, por exemplo? De fato, meu trabalho não aparece em programas como o do Faustão ou do Gugu, por exemplo. Mas existem programas de grande audiência nos quais eu gostaria de me apresentar. O do Serginho Groisman [Altas Horas, misto de entretenimento e jornalismo], por exemplo. Mas ele não me deu trela, parece não me querer no programa dele [risos]. Mas eu não iria em programas em que eu teria de condicionar a minha apresentação ao ibope, como ter de encerrar a minha participação porque a audiência caiu. Você acha que a imprensa brasileira mostra a diversidade cultural do país? Não mostra. Está atrelada ao senso comum midiático, o mainstream. A imprensa se tornou uma entidade corporativa, oligopólios. Quase cartéis. Você refuta o título de artista popular, embora tenha como referência a cultura popular... Refuto completamente. O artista popular que conheço é aquele que nasceu dentro do universo que ele pratica. Nasci dentro de uma classe economicamente privilegiada, mas culturalmente desprovido desse universo cultural que trabalho. Tive de estudar, sair do meu universo para entrar no do outro. Como você exprime seu temperamento musical? Não tenho domínio... Inspiração é algo abstrato. Tenho uma visão física e espiritual. As coisas têm uma razão, a inspiração não baixa, está na gente. Talvez a gente crie certas situações para que esse momento venha à tona. Por exemplo: eu sei que, quando meu corpo está duro para dançar, se eu fizer um determinado tipo de exercício o meu corpo solta e posso até compor uma coreografia. Foto: Walter Carvalho Você se considera um multiartista? Este título também te incomoda? É um termo meio invocado, mas pode pôr. Deixa para lá [risos]. Acho que é um termo meio presunçoso, grandiloquente. Mas não encontro outro, então, deixa para lá. Pode ser esse, mesmo. “Tive de sair do meu universo para entrar no do outro” Premium 17 Foto: Walter Carvalho Brasileiros Ilustres “O entretenimento dificulta o discernimento do que é importante” Você põe o seu corpo em uma situação de criação. No meu entender, não é mais do que uma figuração neurológica que ocorre em certos momentos. Os neurônios trazem uma situação emocional e a gente compõe. Você carrega o patrimônio genético. Como é sua rotina? Tenho um estúdio dentro de casa, então pratico dança quando acordo, um alongamento, vou para a Companhia e no fim da tarde pratico a dança novamente. Me identifico com algumas técnicas do pilates, também. 18 Seu trabalho exige cuidados com a alimentação... Bastante. Sou absolutamente careta nesse sentido. Meu trabalho me cobra rigor. Tenho 61 anos, preciso seguir uma disciplina para que a máquina continue a trabalhar bem. Você é religioso? Não, não tenho credo. Tenho uma briga entre a “finitude” e a “infinitude”, e ainda não tomei partido nem para um lado, nem para o outro. O dia que eu souber de um deus que seja macho e Considerando-se que a maior parte da população brasileira não tem poder aquisitivo para estudar música, podemos dizer que ter conhecimento musical é um luxo por aqui? Não sei se é luxo, mas a cultura popular é tudo menos popular. Quando dou palestras espetáculos e pergunto a qualquer pessoa sobre o estilo Galope à beira-mar, ninguém sabe falar a respeito. Mas se eu falar sobre soneto, que é mais erudito, eles sabem. Algumas informações da cultura popular se tornam tão eruditas quanto a própria dita erudita. Infelizmente, não acessamos o suficiente os meios de comunicação. É preciso ler, estudar, conversar com pessoas que sabem sobre o assunto. Que futuro você visualiza para a música popular? Eu espero que a partir das medidas tomadas em relação ao ensino de música nas escolas haja preocupação em entender a função da música. É entretenimento? Ou é para acordar na gente mecanismos de percepção? O caldeirão rítmico brasileiro oferece recursos para exercitarmos o lado musical, mas esta questão deveria ser colocada em um debate, em um fórum. Acho que o Brasil deveria abrir o debate nas escolas. Um país tão musical, tão rico de ritmos, deveria discutir melhor nossos projetos culturais. fêmea ao mesmo tempo, quem sabe eu me decida. Como você passa a admiração pela cultura brasileira para os seus filhos? Eles gostam e já se apresentaram comigo. Quando eram mais novos, passei para eles esse sabor, esse interesse, colocando na mão deles um pandeiro. Hoje eles ainda tocam pandeiro e se beneficiaram das informações. A Maria Eugenia se dedica à dança e o Gabriel é publicitário. Você acha que se a indústria cultural se apoderasse das manifestações populares, seria uma forma de difundir a cultura brasileira ou não seria benéfico, pois poderia distorcer o objetivo principal, como aconteceu com o Carnaval? O Rio de Janeiro tem marchinhas carnavalescas, um bom sinal, pelo que vi pela TV. Pode ser que traga algum componente cultural interessante. Já os sambas-enredo eram mais bonitos, hoje estão vulgarizados. Pernambuco não consegue dinamizar os ritmos locais, que estão em banho-maria. A gente sabe que, na Bahia, a indústria cultural se apoderou do Carnaval, tem o bom e tem o ruim. Fica difícil passar um diagnóstico. A tendência é, sobretudo, tirar dinheiro fácil das mãos das pessoas. Premium 19 destaques Arte contemporânea Luiz Vieira “No Recife, faria um sistema de parques, integrando rios, riachos e canais resultando numa renovação urbana e uma nova visão das águas” 20 Formado nos Estados Unidos na década de 80, Luiz Vieira soube, desde o início, unir o que aprendeu na faculdade à sua paixão pela natureza. Assim tornou-se um respeitado arquiteto paisagista, com obras espalhadas pelo Brasil, principalmente no nordeste, mas também em Portugal e Angola. Após o curso de arquitetura paisagística, de cinco anos, nos Estados Unidos, terminou o curso de arquitetura e urbanismo na Universidade Federal de Pernambuco, a fim de obter a licença para atuar no Brasil e resolveu trabalhar exclusivamente na área de arquitetura paisagística, “a arte da intervenção na paisagem”, como ele define. Entre os projetos, são famosos os seus jardins produzidos em grandes resorts. “Tenho muitos trabalhos no ramo de hotelaria e condomínios: tem mais procura, é uma necessidade do mercado”, explica. Seu paisagismo tem características bem marcantes e alinhadas à preocupação global pela sustentabilidade e a boa interação entre o homem e o meio-ambiente em que vive. “Buscamos valorizar a vegetação nativa e a paisagem local a exemplo de jardins de areia, na região litorânea. Estudamos também os elementos naturais, pois os terrenos mostram potenciais, mas também restrições ambientais.” Perguntado sobre qual lugar gostaria de modificar por meio do paisagismo, ele responde com a cidade do Recife, aonde vive, e onde criaria belas paisagens por meio da integração de sistemas de parques e águas. O projeto, apesar de ainda não passar de um sonho, seria muito bem-vindo. Rogério Menezes Com um estilo que ele próprio define como eclético, Rogério Menezes traz na bagagem muitas inspirações sempre que faz uma viagem pelo Brasil ou mundo afora. Isso o ajuda a compor uma linguagem própria, a partir da mistura de diferentes referências arquitetônicas que encontra e aprecia. Lugares como Chicago, Brasília e Barcelona são seus prediletos. “As viagens fornecem momentos de tranquilidade para reflexão e imagens para inspiração” diz. Segundo ele, o ecletismo enriquece seu trabalho e, mesmo existindo um abismo entre o estilo e as datas de fabricação de peças diferentes, quando há semelhanças entre dois produtos, eles podem ser integrados em um mesmo projeto. “A harmonia vai surgir da percepção destes traços e da exploração deles na ambientação”, diz. Com 17 anos de trajetória profissional, o baiano também utiliza a multiplicidade na hora de compor as cores de seus projetos, para que as pessoas percebam sua assinatura. Seus trabalhos comerciais, residenciais e promocionais não estão restritos ao estado da Bahia. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília também têm mostras de sua criatividade, além de Estados Unidos e Alemanha. “Não há um projeto preferido, todos são lembrados com a mesma satisfação”, afirma. E quando se fala em sonhos? O baiano afirma que já concretizou um deles. “Tinha muita vontade de realizar projetos no exterior e já pude concretizá-los”, conclui. “Em Barcelona, vi o pavilhão projetado por Mies Van der Rohe [Pavilhão de Barcelona]. Foi intrigante e uma grande satisfação perceber que aquela obra de tamanho arrojo e sofisticação foi idealizada em 1929” Premium 21 Arte contemporânea Foto: Alex Pires Janaína Leibovitch “Se eu pudesse mudar algo em uma cidade por meio do meu trabalho, seria valor izar a entrada principal de Embu das Artes com escult uras e trabalhos dos diferentes art istas de lá,remetendo à cult ura local” 22 A então adolescente Janaína Leibovitch gostava de pegar os panfletos de lançamentos imobiliários entregues nos faróis de São Paulo quando passeava de carro. O pai, ao volante, ouvia a menina tecer comentários e sugerir melhorias para o projeto exposto no papelzinho. Ela queria ser veterinária. O pai dizia que ela levaria jeito como arquiteta. A mãe achava que ela se daria bem como publicitária. Reprovada em Medicina Veterinária, resolveu seguir o caminho aconselhado pela mãe, mas, após um semestre de estudos, largou o curso de Publicidade e deu uma chance às recomendações do pai: Arquitetura. Anos mais tarde, a já adulta e arquiteta Janaína desenvolve projetos cada vez mais reconhecidos e, ironia do destino, tem esses trabalhos divulgados em panfletos, já que, além de designers de interiores, a profissional cria decorados. Suas criações despertam expectativas tão grandes nos compradores que é comum o cliente que visitou o decorado recorrer a ela para decorar a casa na hora que pega as chaves do apartamento. Profissionalmente estabelecida, o sonho de ser veterinária virou hobby: atualmente ela é criadora e tem vários cães em seu canil, na chácara onde mora. Questionada sobre o que seu pai achou do caminho profissional que ela seguiu, Janaína responde que ele ficou satisfeito: “Ele gerenciava obras, é administrador e, hoje, ele cuida do departamento financeiro do meu escritório. E me incentivou desde o início a ser arquiteta”, diz. Ma r ke t i n g d e L u xo A Classe O marketing de luxo por Carlos Ferreirinha, especialista no assunto ormado em Administração, Carlos Ferreirinha passou a ter interesse pelo mercado focado no público de alto poder aquisitivo quando virou executivo da grife Louis Vuitton na América do Sul. Antes disso, ele já havia passado oito anos em uma multinacional, entre trabalhos no exterior e em São Paulo. Atualmente está na área de negócios de luxo, à frente da empresa MCF Consultoria. Confira uma entrevista com o especialista a respeito do mundo dos negócios classe A. Qual o objetivo do marketing de luxo? Exercer uma comunicação com o consumidor, que o leve a perceber produtos e serviços extraordinários e que geram um diálogo emocional. É preciso emocionar o indivíduo por meio de diversos atributos. Produtos de luxo são consumidos pela vontade, não pela necessidade. Desde que você começou a atuar neste segmento, você notou alguma mudança no perfil do consumidor? O consumo brasileiro é [de uma faixa etária] jovem, diferente do que ocorre em outros países. Isso é muito positivo porque você gera perspectiva de futuro. O público é educado a ser consumidor desde cedo, o que sugere que ele vai consumir por muito tempo. Outra característica do mercado de luxo brasileiro é a possibilidade de crescimento em diferentes regiões do país. Algumas grifes possuem divisões de marca: uma linha 24 de produção mais exclusiva e cara, e outra mais básica e ‘menos cara’. Uma espécie de luxo intermediário, como faz a Armani. O marketing, neste caso, também não para caminhos fáceis e trabalhar com códigos que não estão disponíveis para todo mundo – o que é acessível a todos não é exclusivo, e sim, popular. é segmentado? Algumas marcas criam patamares diversos de acessibilidade, e a Armani é um ótimo exemplo, pois ela dialoga com consumidores de diferentes possibilidades financeiras: o que alcança o topo, e pode navegar por todas as categorias da grife, e o que navega dentro da mesma marca sem acessar o topo. O marketing, em casos assim, normalmente é específico [para cada público]. Qual a importância da tradição no mercado de luxo? De uma forma geral, para ser tradicional, não é necessário ser antigo. Você pode criar um diferencial, produtos que alcancem o patamar da excepcionalidade. A tradição é um dos códigos deste mercado. Uma marca que está começando pode se pautar por outros elementos e mostrar para que veio, de que forma veio, qual o diferencial que a destaca, e o que tem de especial e singular em questão de matéria-prima, mão de obra ou design, por exemplo. Contar uma história. O que leva uma empresa a ter sucesso no mercado de luxo? Comprometimento com a excelência, sem abrir exceções. Isso não é fácil, nem simples. O mercado de luxo no Brasil ainda perde para o mercado internacional, ou essa distância está mais tênue? O Brasil sempre perderá. Não é China, não é França. Dentro da nossa região, nos destacamos como o principal mercado latino americano, mas não é justo comparar ao mercado norte-americano, por exemplo. Quais os próximos desafios do mercado de luxo no Brasil? Dialogar com um Brasil eloquente. O luxo não é mais só São Paulo, embora a cidade ainda seja a grande locomotiva deste mercado. As marcas precisam dialogar com um mundo de possibilidades com as quais eles não estão acostumados, em regiões onde os negócios de luxo não são tradicionais. Como marcas de luxo famosas conseguem manter a tradição do status que causa o desejo do consumidor, Para você, o que é luxo? ao mesmo tempo em que se reinventam para não ficar É o patamar absoluto do excepcional. Produtos e serviços que alcançam o especial em todos os níveis. para trás? Marcas assim mantêm a inovação contínua alterando lojas, ou trazendo ousadia para seus produtos, por exemplo. Trazer códigos atuais – como convidar artistas plásticos e designers contemporâneos para assinar a estampa de uma bolsa clássica. Mesclam o novo e o antigo, têm fôlego contínuo de surpreender o cliente. O produto é parte disso. Quando alguma empresa contrata os seus serviços, em geral, qual o principal objetivo dela? São dois: conseguir acessar um cliente naturalmente de alta renda e impregnar seu serviço ou produto de forma emocional, para estimular o consumo. E a maior dificuldade é querer resultados imediatos. O luxo toma tempo de maturação do mercado. Outros pontos difíceis são: manter a capacidade de investimento frequente e o comprometimento com a qualidade, dizer Dados divulgados pela pesquisa O Mercado de Luxo no Brasil – ano VI, feita pela MCF Consultoria em parceria com o grupo GFK em 2011 • 44,7% dos brasileiros compram artigos de luxo fora do país; que consome o luxo está na faixa etária de 25 a 45 anos (57%); • Entre as empresas do mercado de luxo que fazem divulgação em redes sociais, a maioria utiliza o Facebook (98%), seguido do Twitter (64%); • A divisão de consumo do luxo é quase simétrica: 52% homens e 48% mulheres; deste público, 77% é atraído pelo glamour, pela tradição da marca e pela exclusividade. • A maior parte do público Premium 25 Decor Os produtos que ilustram esta matéria estão à venda nas lojas virtuais citadas no texto 26 E-consumidores .com Por Manoela Ferreira Lojas virtuais investem em layout atraente, serviços personalizados e produtos criativos para atrair internautas ojas online de decoração e design com serviços diferenciados ganham força, seja pela praticidade, economia ou benefícios, como simulação de ambiente mobiliado. Sites neste estilo configuram o que é chamado e-commerce, e atraem inclusive profissionais já renomados, como a arquiteta Fernanda Marques. Ela aderiu a esse mercado em 2011, quando se juntou às empresárias Renata Marques Ruhman e Alessandra Campiglia para lançar a loja virtual SD+Fernanda Marques, visando se aproximar de seus consumidores e admiradores. Com a curadoria da própria Fernanda, os itens à venda seguem o estilo contemporâneo e minimalista da arquiteta. – Sites são os modelos mais eficientes de divulgação e os mais modernos e econômicos de vendas. Vendemos muitas peças de design para todas as regiões, até para cidades que nem conhecíamos –, conta Fernanda. Como diferencial, as arquitetas fazem um esboço personalizado do ambiente do cliente. “O internauta pode nos enviar uma planta da casa e nós enviamos a sugestão de layout utilizando nossos produtos”, diz Renata Marques Ruhman. Inicialmente um blog, o Casa de Valentina ganhou repercussão, cresceu e incorporou ferramentas que auxiliam a navegação. Atualmente são mais de 130 lojas com 17 mil itens expostos. A Fotos: Divulgação Planejamento que deu frutos Premium 27 Decor Alguns sites de decoração mostram o produto nas opções avulso e ambientado Conheça outras lojas virtuais que vendem pro dutos de decoração Desmobília Boa opção para garimpar móveis restaurados e acessórios com estilo vintage. www.desmobilia.com.br Gift Express Tem objetos desenvolvidos por empresas de design da Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Quando solicitado, os presentes chegam embalados em um pacote caprichado. www.giftexpress.com.br Meu Móvel de Madeira Começou em 2006 e segue firme vendendo móveis sustentáveis. Tem opção de Vale Presente. www.meumoveldemadeira.com.br Fotos: Divulgação Enjoei O internauta pode comprar ou pôr itens à venda – paga-se uma porcentagem do lucro ao site. www.enjoei.com.br 28 interação com os internautas fez papel de termômetro ao indicar o alcance que o site poderia ter se passasse a comercializar os objetos que mostrava. – A área de produtos surgiu da demanda dos leitores, que nos solicitavam informações, queriam saber onde comprar e quais os valores. Percebemos, então, que existia uma lacuna no mercado online de objetos de decoração e móveis –, explica Lucila Zahran Turqueto, partner da marca. O planejamento foi essencial: para entender o perfil do leitor com quem interagiam e falar a um público definido, o Casa de Valentina instalou um programa que mapeia a navegação. “O retorno que tivemos superou todas as nossas expectativas em relação ao potencial que enxergávamos no mercado nacional”, diz Lucila. Bruno Berezaga, diretor de marketing do Maria Presenteira, também acredita que a compra feita sem sair de casa é tendência: “Ocorrerá cada vez mais, pois a vida está acelerada e a rua caótica. É clichê, porém verdadeiro: para o consumidor o grande diferencial é a comodidade”, opina. Com segmentos que vão da papelaria a produtos infantis e para pets, o Maria Presenteira faz sucesso mesmo é com os objetos decorativos. “Cerca de 60% do faturamento é oriundo de decoração”, afirma Berezaga. Boom de e-commerce de decoração Criação recente, desde 2012, o site iBacana também aproveita a onda de vendas pela internet para oferecer produtos de diferentes segmentos, que vão de biscoitos importados a itens esportivos. Para decorar a casa, há estantes, luminárias, canecas, almofadas, esculturas e enfeites, por exemplo. Com layout atraente e moderno, o site tem atraído público. “Nós nos preocupamos com as fotos e o descritivo de cada item. Já temos uma aceitação excelente pelo pouco tempo de atuação”, afirma Guilherme Marques da Costa, diretor da empresa. A trajetória do Westwing Home and Living corrobora este pensamento: apesar de ter começado a atuar no Brasil somente em 2011, o site é considerado o primeiro clube de decoração e design online no Brasil, o que sugere que a guinada do conceito e-commerce voltado para decoração é atual por aqui. Presente em mais oito países, o site tem recebido retornos animadores do público brasileiro, o que fez a administração repen- Premium 29 Decor sar sua logística. “Mudamos o centro de distribuição para um lugar quatro vezes maior que o anterior, com o intuito de melhorar o serviço, como diminuir o prazo de entrega ao cliente”, diz o CEO da marca no Brasil, Antony Martins. Além de ficar de olho no prazo de entrega dos produtos, o consumidor deve prestar atenção a informações como peso, material e dimensões dos itens, para reduzir a chance de frustração. Pesquisar frequentemente e em diferentes lojas também ajuda a achar lançamentos interessantes, já que muitos sites trabalham com ofertas limitadas em relação a tempo e quantidade. Internet possibilita popularizar o conceito de design O slogan “Design para todos”, da Oppa Design, já indica que encontrar produtos acessíveis é uma das vantagens de fazer compras no site da empresa. A gerente de relacionamento da loja virtual, Ana Carparelli, confirma a ideia: “Não temos os mesmos custos que as lojas físicas. Produzimos em escala e não agregamos preços aos produtos por não trabalhar com intermediários, já que nossas peças são enviadas direto do produtor para o consumidor final”, explica. Mas nem tudo é benefício no mercado digital: a Oppa Design sentiu necessidade de inaugurar showrooms, mesmo após o sucesso da venda online. “A loja física melhora a experiência de compra dos clientes, pois é onde eles podem interagir, tocar, sentir e conhecer melhor os produtos. É a alternativa para os consumidores que não possuem o hábito da compra digital”, diz Ana. Segurança na compra pela internet Se livrar de filas na hora das compras parece ótimo, porém, ter uma compra tranquila significa pesquisar se o site é seguro, checar a opinião de outros compradores nas redes sociais e testar o atendimento ao consumidor. Para Marcos Junior, especialista em marketing digital e responsável por casos de e-commerce bem sucedidos no país, também é importante “que o cliente ache o 30 produto sem grandes dificuldades e que o processo de finalização da compra e pagamento seja rápido e com o mínimo de cliques possível”. Ele alerta para os cuidados que o consumidor deve ter ao optar por comprar pela internet: “Não existe um método de verificação 100% eficiente, mas existem vários meios para minimizar o risco. A divulgação de um telefone fixo junto com endereço, o CNPJ e o domínio hospedado no Brasil (.br) é um excelente indício. Em geral, no rodapé desses sites costuma haver alguns selos contendo certificações expedidas por empresas que avaliam a reputação das lojas. Quando clicados, estes Fotos: Divulgação Alguns sites de decoração mostram o produto nas opções avulso e ambientado selos devem exibir alguma espécie de certificado contendo o nome da loja junto com a empresa que o atesta”. Marco Junior afirma que não existe razão para se temer as compras online, uma vez que se o titular do cartão não reconhecer a compra o valor pode ser devolvido pelo banco emissor integralmente. Além disso, muitas lojas virtuais contratam empresas como B-Cash e PagSeguro para intermediar as vendas. Nesse caso, elas garantem o produto entregue ou seu dinheiro de volta. O melhor a fazer é ler com cautela as políticas de cada empresa e usufruir dos benefícios da venda online. A arquiteta Fernanda Marques, por exemplo, acredita que a nova legislação do e-commerce é muito mais favorável ao consumidor do que ao fornecedor. “A compra pode ser devolvida em até sete dias. Para troca de peças, os produtos deverão estar intactos, sem uso e em sua embalagem original. Caso a peça chegue com alguma avaria, o consumidor deverá recusar o recebimento e negociar uma nova entrega. Não deve haver multa para devolução dentro desse período e o dinheiro é devolvido ao cliente. O risco grande é do fornecedor, mas quem ficar fora do e-commerce perderá muito mercado. Temos que correr este risco”, conclui. Premium 31 Pa i s a g i s m o Playground projetado por Katya Francisco para a Casa Cor SP 2013 tem iluminação trabalhada Jardim Eles vão além de uma bela paisagem: os espaços sensoriais despertam sentidos e também emoções 30 para se m lugar lúdico, com cores e sons estimulantes, cheiros notáveis, texturas diversas e sabores ao alcance de qualquer um. Onde crianças brincam, e adultos também. Seu usufruto é possível não só para diferentes idades, mas também para pessoas em diferentes condições: de cadeirantes a deficientes visuais ou auditivos. De acordo com o paisagista Benedito Abbud, o que caracteriza os jardins sensoriais é exatamente esta capacidade de ser percebido a partir dos sentidos do corpo humano no contato com a natureza: “O paladar e o tato pela textura das plantas; a audição pela presença da água com seus sons e vegetação que atrai pássaros, por exemplo; a visão, pelas cores, e o olfato pelo aroma das plantas”, enumera. Na hora de compor uma paisagem como esta, é fundamental trabalhar a organização do espaço para que o visitante tenha melhor compreensão e estímulo de sentidos. Para que cadeirantes possam circular, por exemplo, deve haver distância mínima de 90 centímetros de largura entre os elementos utilizados. “Esta medida serve para linhas retas. Em curvas, isso varia um pouco”, informa a paisagista Katya Francisco, responsável pelo Playground da Casa Cor SP 2013, que utilizou elementos sensoriais. No ambiente, Katya incluiu um piso que simula um tabuleiro de jogo da velha, e esculturas lúdico-interativas para cadeirantes. Além de labirintos e um espaço cheio de elásticos, onde o visitante é convidado a atravessar. “São instigantes e desafiantes, obrigando as pessoas a lidarem com o desconhecido e a descoberta até encontrarem a saída. Num paralelo com a vida, ensina brincando que primeiro devemos enfrentar o desconhecido e trabalhar as dificuldades. Espaços democráticos Segundo Abbud, os primeiros jardins foram intencionalmente ntir feitos para deficientes visuais. Eram canteiros na altura da mão, para que estas pessoas pudessem, por meio do tato, perceber as diferentes texturas e, ocasionalmente, aromas. “Isso nos inspirou a ampliar esse conceito, uma vez que o paisagismo é uma das poucas formas de arte que nos oferecem os cinco sentidos. Desta maneira, praticamente qualquer jardim pode ser sensorial. É uma questão de escolha das espécies certas nos lugares corretos”, diz. Premium 31 Pa i s a g i s m o A Praça dos Sons (abaixo) projetada por Eduardo Mera para a Casa Kids 2010 ganhou uma versão residencial no playground do Aquarela Paulistana (ao lado), empreendimento da QGDI em São Paulo Um dos pioneiros em projetos de jardins para deficientes visuais, o Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro contempla plantas com características medicinais, um pequeno chafariz para estímulo auditivo com espécies aquáticas, placas em braile e pisos direcionais. O número de visitantes não é estimado. Atualmente aguarda uma grande obra que visa reformar pisos, verificar leis de acessibilidade e revitalizar o espaço como um todo. – Teve o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e, em seguida, o Parque Ibirapuera trouxe esta experiência para São Paulo. Outros também copiaram. Em alguns locais, estes espaços ficaram totalmente abandonados, pois de alguma forma eles eram segregacionistas. Acreditamos que ele deva ser para todos, de forma mais democrática –, opina Abbud. Exposto em 2010 no evento Casa Kids (Casa Cor SP), o Jardim dos Sons, projetado por Eduardo e Beatriz Mera, saiu da mostra direto para o Parque Ibirapuera, onde tornou-se atração fixa. Na mostra, tubos de PVC de diferentes tamanhos e alumínio formavam brinquedos sonoros, e dividia o espaço de 350 metros quadrados com um piso em formato de teclas de piano. “A intenção era dar uso para as sobras dos materiais de construção, princi- Veja alguns elementos que compõem um jardim sensorial Labirinto e espaço de convivência no Playground de Katya Francisco 32 • Para estimular a visão, a vegetação deve ser composta tirando partido da sua floração intensa, texturas diferenciadas e principalmente cores de folhas contrastantes. Uso de materiais com tons variados e tam- Espaço sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro passará por reforma palmente aos canos de PVC. Tivemos de fazer algumas adaptações para o parque, como reforçar a estrutura dos brinquedos, já que lá as peças têm muito mais circulação e uso do que na exposição”, explica Eduardo Mera. Jardins sensoriais em residências O projeto passou ainda por uma terceira adaptação, onde a área sensorial foi reduzida com relação à inicial, desta vez para compor o playground do empreendimento localizado no centro de São Paulo Aquarela Paulistana, da Queiroz Galvão. “Pais e filhos podem se divertir juntos na área dos canos sonoros. Sabe aquela brincadeira antiga, de passar um barbante entre duas latas, que ficam em dois extremos e as crianças se comunicam como se fosse um telefone? É esse o efeito”, explica Mera. A manutenção, segundo Abbud, se resume à rega e à retirada de ervas daninhas. Katya Francisco faz coro, mas alerta sobre os gastos gerais do projeto: “É viável, com certeza, projetar um jardim destes em casa. Serve como o fundo do quintal, onde é possível almoçar ao ar livre. Mas os gastos com ilumina- Aroma de canela e esculturas interativas compõem o projeto de Katya ção trabalhada, piso e grama, por exemplo, são bem caros” diz ela. bém do mesmo material em tamanhos e composições variadas; Jardim projetado por Benedito Abbud tem espelho d’água para massagear os pés • Para o olfato, espécies de flores ou folhas perfumadas; • Para o tato, diferentes texturas, tanto das espécies vegetais quanto dos materiais de revestimento; • Para o paladar, uso de frutíferas, temperos e chás; • Para a audição, o murmúrio das águas em fontes, repuxos e cascatas. As frutíferas vão trazer os pássaros que comporão a trilha sonora do jardim. Premium 33 Capa Do n a To m i e Prestes a fazer cem anos, a japonesa Tomie Ohtake tem trajetória de sucesso no restrito cenário de mulheres no mundo das artes plásticas abstratas Por Kelly Souza 36 uando era criança, Ricardo Ohtake, filho caçula da artista plástica japonesa Tomie Ohtake, divertia-se com um costume nipônico muito peculiar: sempre que saía de casa, em São Paulo, para ir à escola, a mãe ficava no portão esperando que o filho alcançasse a esquina. Lá chegando, ele deveria virar-se e dar tchau. Só então ela entrava em casa. – É um gesto de carinho, feito pela dona da casa a quem sai –, explica Ricardo, que atendeu à revista Premium e falou sobre a rotina e os hábitos de dona Tomie. Hoje em dia, quase oito décadas depois, quando Ricardo se despede de sua mãe após uma visita, vê o hábito do “tchauzinho” perseverar, mesmo após tantos anos de convívio diário da artista com a cultura brasileira. A forte presença da cultura oriental na casa de Tomie Ohtake vai além das tradições. Há 77 anos morando no Brasil – 60 deles dedicado à arte –, ela ainda não consegue falar português com fluência. Costuma dizer que se não aprendeu até agora, não aprenderá mais. Mas isso não é um obstáculo para a artista plástica, que não precisa de palavras para se fazer entender. A maior parte de suas obras, por exemplo, não tem títulos. Fachada (acima) e interior (ao lado) do Instituto Tomie Ohtake O início Tomie veio ao Brasil no ano em que completou 23 anos de idade, para visitar um irmão que aqui morava. No ano seguinte, casou-se com Ushio Ohtake (colega de seu irmão) Tomie Ohtake entre os filhos Ruy (à esquerda) e Ricardo e acabou ficando em São Paulo. O pincel passou a ser seu instrumento de trabalho somente aos 39 anos, quando um artista plástico japonês a incentivou. “Ela começou em 1952 e, em 54, já fazia obras abstratas. Deste período em diante, ela se manteve uma artista abstrata”, diz Ricardo. Aos quase cem anos, já não faz diferença ela ter iniciado seu trabalho artístico somente próximo aos 40, já casada e com os dois filhos – além de Ricardo, ela é mãe de Ruy Ohtake, ambos arquitetos. Por aqui, Tomie construiu uma carreira trabalhos abstratos que variam entre pinturas, gravuras e esculturas, com diferentes fases e composições. De tanto ser convidada para representar o Brasil em eventos no exterior, ela naturalizou-se brasileira no final da década de Fotos: divulgação sólida, como poucos artistas nacionais conseguiram, com Premium 37 Capa Sem título (1961). Óleo sobre tela Painel de tapeçaria feito a convite de Oscar Niemeyer integra o cenário do auditório do Memorial da América Latina, em São Paulo 60, período que coincidiu com a maturação de seu trabalho Sem título (1988). Água-tinta e água-forte originário da pintura abstrata informal. “Ela estava na primeira linha da arte abstrata. Para o artista, o importante é ser original, e você tem de ser inédito também na forma de ver o mundo. No caso dela, o abstracionismo”, conta Ricardo. – O trabalho de Tomie é uma grande contribuição para a arte brasileira: é coeso, contínuo e variado acerca das possibilidades da pintura abstrata não geométrica. Ela tem a rara combinação do desejo de superação com a calma e a paciência Sem título (2012). Óleo sobre tela –, define Paulo Myiada, curador de arte contemporânea. As tonalidades de Tomie Sempre vestida de preto, ela guarda as cores para suas obras, frequentemente monocromáticas. Para esculturas em espaços públicos, prefere utilizar o vermelho; se for para espaços fechados, o branco. E, quando chegou em Santos, em São Paulo, vinda do Japão após uma longa jornada de 45 dias em uma viagem de navio, a primeira impressão que teve do país foi referente a uma cor: achou o Brasil amarelo. – Trabalhos monocromáticos permitem a transparência, a luz por trás. E ela quer qualificar um determinado tipo de luz, e se você colocar muita cor, essa luz desaparece. O uso da cor não é por gosto, é uma escolha extremamente racional e objetiva –, explica Ricardo. 38 Filha caçula Nascida em 1913, Tomie foi criada entre as duas grandes guerras mundiais, como irmã caçula de cinco homens. “A mãe dela era uma pequenininha enérgica, que tocava a casa. E a Tomie é mandona, embora não assuma [risos]”, conta Ricardo, que não chegou a conhecer a avó. A matriarca morreu em 1951, durante uma visita de Tomie a sua terra natal, Kyoto. “Elas estavam conversando quando minha avó teve algo no coração. Provavelmente ela esperou minha mãe voltar, então, ficou mais tranquila e morreu”, sugere Ricardo. Rotina inclui “almoço de domingo” Escultura de aço, homenagem da artista aos 100 anos da imigração japonesa no Brasil, localizada no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, SP (2008) Tomie acorda por volta das 6h30 e fica na cama por um tempo, enquanto faz um pequeno alongamento e organiza o dia e os pensamentos. Até o ano passado, conta Ricardo, mesmo beirando os 99 anos, ela gostava de andar com as próprias pernas. “Independente como ela sempre foi, como iria andar de cadeiras de rodas? Não usava!”, diz ele. Mas seus passinhos vagarosos viram mais vantagem na rapidez do Escultura de aço com 60 toneladas, no Parque do Emissário Submarino, praia José Menino, em Santos, SP (2008) acessório, e a cadeira de rodas passou a fazer parte da rotina Escultura de concreto armado, no Parque de Esculturas do Museu Metropolitano de Arte de Curitiba (1996) Fotos: divulgação Escultura de aço com 20 toneladas, no Parque Industrial da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, em Araxá, MG (1999) Premium 39 Capa Escultura de aço com 10 metros de altura e 8,5 toneladas no Hotel Blue Tree Alvorada, Brasília (2001) A arte no Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto, SP, foi feita com duas cúpulas de gesso estrutural, uma delas recortada para vazar a luz das lâmpadas afixadas (1996) da artista, que tem também a ajuda de uma “cuidadora”. Escultura de concreto armado feita em comemoração aos 80 anos de imigração japonesa ao Brasil, na avenida 23 de Maio, em São Paulo (1988) Seu dia segue tranquilo, porém ativo: toma banho, toma o café da manhã e só depois das 9 horas começa a pensar em trabalho. As telas e maquetes de esculturas são feitas no ateliê de Tomie, espaço projetado pelo primogênito Ruy Ohtake na residência da artista, no Campo Belo, bairro na zona sul de São Paulo. “Todos os dias ela vai ao ateliê. Nem sempre ela pinta, mas faz outras coisas ligadas à arte”, diz Ricardo. Painel com 1.500 metros de ferro pintado, no salão da piscina do Sesc Vila Mariana, em São Paulo (1997) 40 As Quatro Estações (1991), quatro painéis de pastilhas vitrificadas na estação de metrô Consolação, em São Paulo Fotos: divulgação A artista plástica na juventude, ao lado da mãe Tomie com Ricardo e Ruy Ohtake adolescentes Ela finaliza o trabalho por volta das 17 horas, descansa um pouco e faz uma refeição bem leve. Tomie não faz dieta, embora coma pouco durante a semana. O apetite fica para os domingos, quando os parentes estão todos perto dela no tradicional almoço familiar, e Tomie acaba “comendo um pouquinho com cada um de nós”, conta o caçula. O cardápio é nacional: embora o idioma português não esteja cem por cento, o paladar de Tomie foi totalmente adaptado. “Ela conta que adorou comer bife a cavalo quando chegou ao Brasil. No dia a dia ela só come comida O primogênito Ruy ainda bebê, no colo da mãe brasileira”, diz Ricardo. A mãe Tomie Ohtake coisas da vida –, diz Ricardo. – Todo arquiteto tem grande contato com as manifesta- Quando completou 90 anos, Tomie Ohtake pintou em um ções de arte. Seja pintura, fotografia, escultura, música quadro uma sequência de noves traços fortes e mais al- ou literatura. A expressão humana se concretiza. Assim guns bem fracos. Depois dos 90, disse ela, não se sabe também é na arquitetura. Convivendo familiarmente com mais quantos anos virão. “A gente acha que vai durar para Tomie, a arte participou no ambiente da minha infância. sempre”, diz Ricardo, afastando de si a ideia. Isso me foi muito importante, por exemplo, para cultivar a O sorriso discreto de sempre, os trajes negros e o cabe- intuição –, descreve Ruy Ohtake. lo há anos cortado religiosamente na altura do pescoço Para comemorar o centenário da artista, três exposições e pintado de preto são alguns traços do minimalismo do foram planejadas para 2013: duas já ocorreram, e a ter- lado pessoal da artista. ceira será em novembro, mês de aniversário de Tomie. O – Para pintar, Tomie é mais razão. Na vida, é uma mis- local é o Instituto Tomie Ohtake, do qual Ricardo é diretor. tura de razão e emoção. A verdade é que sempre há Para quem estiver em São Paulo no período, será uma boa assunto para conversar com ela, seja profissional ou oportunidade para conferir parte do talento da artista. Premium 41 Destino Internacional Surpreenda-se com em posicionada no centro do território lusitano está Coimbra, capital do distrito co Serenatas e tragédia romântica homônimo que congrega o maior núcleo 42 urbano do país. A cidade é um convite ao No alto da colina onde viveram seus primeiros reis, no paladar requintado e à História, com cenários que ins- Paço das Escolas, está a tradicional Universidade de piraram a obra de artistas em diferentes épocas. Coimbra, uma das mais antigas em atividade na Europa. Localizada entre os distritos de Aveiro e Viseu, a cida- Fundada em Lisboa, ela foi transferida para a cidade em de está no centro da espinha dorsal de Portugal, às 1537. Entre seus corredores circulam atualmente cerca margens do encantador rio Mondego. Fica a apenas de 22 mil estudantes, sempre em trajes acadêmicos (a 208 quilômetros da capital, Lisboa, e a 110 quilôme- habitual capa preta). Somados a eles, estudantes de ou- tros de Porto. tras instituições públicas e privadas de ensino superior É berço e túmulo do amor proibido entre Dom Pedro e formam um número aproximado de 35 mil jovens que Dona Inês de Castro, dos milagres de Santa Isabel – a perpetuam um repertório de rituais intimamente ligados rainha que dedicou sua vida à caridade –, e da forma- à tradição das serenatas de Fado. ção cultural e intelectual de Portugal. À mesa, a cidade A Biblioteca Joanina, construída no século 13 por ordem de nos adoça, graças à influência de importantes conven- D. João V, é uma grande riqueza da Universidade, em acer- tos, que deram origem a doces típicos inigualáveis. vo e arquitetura. Anuncie sua chegada tocando a campai- No ar do clima mediterrâneo que se respira por suas nha que fica na entrada. A porta abre a cada vinte minutos. ruas, as palavras da canção batizada com seu nome Ao entrar, prepare os olhos para a inspiração barroca e para e eternizada por Caetano Veloso no álbum Omaggio A as pinturas trompe l’oeil – técnica artística que cria ilusão Federico e Giulietta, definem com maestria seu legado ótica –, que dão a impressão de que o teto é arredondado. singular: “Coimbra é uma lição de sonho e tradição”. Nas estantes, dispostas em dois andares, estão mais de O Mondego é um dos mais belos rios a cruzar uma cidade imbra Se o destino é Portugal, um roteiro com história, gastronomia e diversão pode estar além de Lisboa Por Monalisa Vasconcelos 250 mil obras, que curiosamente são conservadas com a ajuda de uma colônia de morcegos que habita a biblioteca e se alimenta dos insetos durante a noite. Antes de visitar o Paço das Escolas, é preciso adquirir o seu bilhete na Loja da Universidade, no átrio da Biblioteca Geral (Largo da Porta Férrea, em frente à Faculdade de Letras). Os preços variam de 5,50 a 10 euros. A ligação da Alta à Baixa da cidade, onde se concentra o Biblioteca Joanina, construída no século 13: riqueza de acervo e de arquitetura Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção Turística de Portugal centro histórico, tem declives, mas vale conhecer a Quebra Costas, uma longa escadaria entre as duas partes e que se tornou por si só numa atração turística. No caminho encontramos ruas animadas, recheadas de restaurantes típicos, bares e charmosos cafés. O amor proibido entre D. Pedro e Inês de Castro, que culminou na trágica morte dela, morta a mando do pai do príncipe, foi eternizado na literatura, na poesia e na música como um dos maiores mitos da Língua Portuguesa. O Mosteiro de Alcobaça guarda duas monumentais arcas tumulares de seus corpos, construídas por ordem de D. Pedro. Lenda e história se fundiram, dando origem a um dos pontos turísticos mais românticos de Coimbra, na Quinta das Lágrimas. A área é composta por um palácio do século Premium 43 Destino Internacional Mosteiro Santa Clara: hoje ruínas, foi um dos primeiros a ter arquitetura gótica no país 19 – restaurado a partir da década de 1980 e requalificado Coimbra foi habitada pela primeira vez durante os séculos como hotel de luxo –, por um jardim de espécies raras e 8 e 9 a.C., tendo emergido como uma sociedade próspe- valiosas, e pelas Fonte dos Amores e Fonte das Lágrimas. ra apenas durante a ocupação romana na segunda meta- Os jardins da Quinta das Lágrimas são abertos ao público, de do século 2 a.C. Na visita ao museu é possível contem- com visitas de uma hora. plar as muralhas da cidade, os mosaicos, exemplares de Outra atração que revela a beleza típica da região é a modernos sistemas fluviais e vários edifícios. Mata Nacional do Choupal, plantada durante o século Na margem sul do rio está o museu Portugal dos Pe- 18 para deter o rio Mondego. Hoje, os visitantes podem quenitos, onde visitantes de todas as idades podem ex- desfrutar da sua tranquila localização à beira-rio, praticar plorar as réplicas de aldeias tipicamente portuguesas, esportes e passear a cavalo. A duração média das visitas monumentos nacionais e construções em miniatura é de duas horas. que representam os países colonizados por Portugal. Aproveite o passeio nas redondezas para conhecer as Origem histórica e arquitetônica intrigantes ruínas do Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha, que apresenta os primeiros exemplares da arquitetura gótica do país. Sua história remonta diretamente à Uma rede de 15 museus abrange todo o contexto his- emblemática figura de Santa Isabel. Após a morte de tórico e cultural da cidade. Famoso, o Museu de Co- seu marido, o rei D. Dinis, a rainha Isabel de Aragão nimbriga constitui um dos maiores complexos de ruínas dedicou o resto da sua vida à religião, foi canonizada romanas de Portugal. após a sua morte e tornou-se uma das santas mais Os artefatos descobertos nas escavações indicam que veneradas de Portugal. No Parque Verde Mondego é possível utilizar as bicicletas disponibilizadas pela Câmara Municipal 44 cidade podem ser visitados a pé. Os parques e jardins da Pastéis de Santa Clara margem do rio Mondego são também locais muito agra- A gastronomia portuguesa é tão rica e variada dáveis para uma caminhada. Para quem gosta de pedalar, quanto as especificidades geográficas do país. a dica é pegar uma das bicicletas disponibilizadas pela No município de Coimbra a especialidade nos res- Câmara Municipal no Parque Verde do Mondego, aos taurantes e tabernas é a “Chanfana”, conhecida fins de semana. Se a opção for pegar um ônibus, é válido como “Carne de Casamento”. O segredo de seu comprar em hotéis, postos de turismo ou mesmo a bordo sabor está no cozimento, sempre em caçoilas de os bilhetes diários para turistas, que custam três euros. barro tampadas com folhas de couve. A Praça da Com o mesmo bilhete é possível pegar um dos “Pantufi- Portagem, agitada pelos bares, restaurantes e ca- nhas”, uma linha de transporte elétrico que percorre o nú- fés é um ótimo destino para um jantar delicioso e cleo medieval da cidade. Para conhecer de uma só vez os uma visitinha às doçarias. principais pontos turísticos de Coimbra, você pode subir a As principais raízes da culinária de Coimbra estão em bordo do Funtastic, um ônibus panorâmico. seus tradicionais doces conventuais, que abarcam Mas dois meios de transporte podem dar um toque di- uma grande variedade de massas folhadas e recheios ferente ao seu dia. O primeiro é o Elevador do Mercado com doce de ovos. Entre os mais procurados estão Municipal Dom Pedro V., que também pode ser utilizado os pastéis assados de Tentugal e de Santa Clara, o com o bilhete pré-comprado. E o segundo, o Basófias, Barriga de Freira, com um recheio cremoso de amên- que oferece percursos fluviais no Mondego. Há também a doas, e a Queijada, que une o queijo fresco à base possibilidade de alugar canoas para um passeio pelo rio. original de gema e açúcar. Os principais pontos de interesse do Centro Histórico da Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção Turística de Portugal Cidade vista a partir da torre do relógio da Universidade de Coimbra Pátio da Universidade de Coimbra, uma das mais tradicionais Premium 45 Foto: Divulgação/ TUMI Guia do Viajante 46 De mala pronta Confira dicas de roupas e acessórios básicos para levar em uma viagem e, de quebra, aprenda a organizar a bagagem primeira coisa a fazer na “Não adianta levar uma blusa que só hora de montar a mala é fica boa com um determinado sutiã levar em consideração ou pôr vestidos na mala quando se a duração da viagem – está acostumada a só andar de cal- o que ajuda a deduzir a quantidade ça”, exemplifica a também personal de roupa necessária –, e o clima da stylist Maria Heloisa Porcel. cidade de destino. Se bater a vontade de levar metade Pensar em looks para as diferen- do guarda-roupa na viagem, é bom tes ocasiões das quais o viajante lembrar: um dos benefícios de uma irá usufruir também é importante: mala enxuta é a possibilidade de fa- resorts e navios, por exemplo, têm zer compras durante a viagem sem programações específicas, algumas pagar excesso na volta. com dress code que exige roupa de Reunimos as dicas das stylists e da gala. “Separe peças mais sofistica- grife de luxo Louis Vuitton e mon- das, para eventos sociais, jantares tamos um guia prático para quem e passeios noturnos elegantes, e quer aprender a arrumar a própria outras mais confortáveis e práticas, bagagem. para os passeios diurnos de turismo”, resume a consultora de moda e personal stylist Bia Kawasaki. Sapatos Grosso modo, a dica é levar poucas O que levar: um bom look casu- peças, que combinem entre si, com al para passeios turísticos começa o estilo da pessoa e que possam ser pelos pés. Escolha calçados con- utilizadas em diferentes ocasiões. fortáveis, como sapatilhas, ou, em Premium 47 Guia do Viajante Camisas e camisetas podem ser empilhadas entrelaçadas, abotoadas e com as golas levantadas. Acessórios que amassam ou quebram devem ir em suportes como porta gravata ou necéssaire levar sempre o dobro de partes de cima em relação às de baixo (seis blusas para cada três calças, bermudas ou saias, por exemplo). “Calças chamam menos atenção e são mais difíceis de sujar”, explica. Como organizar: podem ser empilhadas por tipo e cor, entrelaçadas, com as golas levantadas, os botões abotoados e as mangas dobradas para trás. a viagem ocorrer em dias frios, vale montaria. Não leve sapatos novos, usar segunda pele ou roupas térmi- que podem machucar, e evite sal- cas por baixo. O que levar: mesmo em época de tos pesados. “Prefira o preto bási- Como organizar: na mala, as cal- calor, é bom levar cardigã, suéter ou co, que vai com tudo”, indica Maria ças vão esticadas e com as pernas blazer. No inverno, blusas térmicas Heloisa. para fora. Ponha outras peças por podem salvar o passeio: além de Como organizar: coloque-os no cima e só então dobre as pernas serem quentes, não fazem volume. fundo da mala, recheados com pa- das calças, com cuidado para não Ternos só são necessários se o ro- pel de seda. gerar vincos. teiro contemplar reuniões ou pas- Calças O que levar: ao menos uma opção mais clara e outra mais escura. E se 48 Casacos e terno temporadas mais frias, botas de Camisas e camisetas O que levar: Maria Heloisa indica seios formais. Como organizar: ternos ficam em uma capa, dobrados. Já um casaco mais pesado deve ser posto aberto na mala, com gola ou capuz levan- Peças de malha e casacos leves, como suéter, devem ser enrolados. Acessórios como lenços e luvas podem ficar dispostos nos espaços vazios da mala tado. Sobre ele, coloque as calças esticadas e empilhe as blusas sem dobrá-las, com as golas levantadas. Dobre as pernas das calças e, em seguida, as laterais e mangas do caFotos: divulgação/ Louis Vuitton saco. Preencha os espaços vazios com os cardigãs, suéteres e malhas enrolados e, se a mala tiver faixas de proteção, prenda as roupas. Vestidos Acessórios xadas nos espaços vazios. Itens mais turno mais formal, Bia indica levar o O que levar: cintos, lenços e biju- dos, dentro da nécessaire. tradicional tubinho preto elegante. terias têm a vantagem de não gerar “É versátil: pode ser utilizado com muito volume na mala e dar origina- um scarpin e uma bela joia, para lidade às composições. Para o frio, uma combinação social, ou com sa- cachecol, gorrinho e luvas. Porta gra- O que levar: duas calcinhas ou cuecas patilha e bolsa, para um almoço”, vata ajuda a manter o acessório im- por dia, e sutiãs nas cores bege, preto exemplifica. pecável. Óculos devem ir na caixa e e branco – esta dica não vale para via- Como organizar: disponha o vesti- na bagagem de mão. gens de lua de mel. Os tipos e quanti- do de maneira reta, deixando a parte Como organizar: objetos pesados, dades de meias devem ser escolhidos inferior suspensa. Ponha a saia por como caixa de joias, devem ir no fun- de acordo com o estilo dos sapatos. cima (se for levar a peça) e só então do da mala. Os cintos – enrolados –, Como organizar: ocupe os lugares dobre a parte inferior do vestido. as meias e as luvas podem ser encai- vazios da mala com estas peças. O que levar: peças discretas. Se a programação incluir um evento no- leves também devem ir bem embala- Roupa íntima Premium 49 Gourmet Festa Cultural Confira curiosidades gastronômicas sobre a comemoração de aniversários em diferentes países uuum, brigadeiro! Invariavelmente é este o doce que vem à mente de muitos brasileiros quando se pensa em aniversário. Soprar velinhas enfileiradas no topo de um bolo cheio de cobertura e recheio, distribuir bebidas, coxinhas e canapés entre os convidados parece ser a coisa mais natural do mundo quando se trata de festa de aniversário. Pode até ser, mas só em alguns lugares. Em cada país, as pessoas celebram a data de uma forma diferente. Reunimos entrevistas exclusivas com nativos de seis países, que contam as peculiaridades de cada cultura na hora de comemorar mais um ano de vida. 50 China África do Sul Em geral, os aniversariantes ingerem um macarrão chinês bem comprido, que simboliza a longevidade. Não há, necessariamente, comemoração com muitos amigos e parentes. “Chinês não costuma fazer festas de aniversário, com exceção para crianças de um ano e idosos”, explica Enny Wu, nascida em Taiwan e professora de mandarim da escola brasileira Nin Hao. O prato, diz a professora, não é igual às tradicionais macarronadas brasileiras, cheias de molho e ingredientes. “O preparo deve variar de acordo com a região”, diz. O cardápio das festas infantis lembra o brasileiro: tem bolo de aniversário, cachorro-quente, sanduíches, balas, pirulitos, chocolates, biscoitos, marshmallow, sorvetes, salgadinhos, batatinha frita, suco e refrigerante. De acordo com a cônsul de política Salome Masuku, do Consulado da África do Sul, os adultos comemoram com bolo, saladas, arroz, suco, cerveja e vinho. Pratos típicos prevalecem: tem o mielie pap (uma polenta branca), o chakalaka (cozido de legumes ao molho de chilli beans), braai (churrasco sul-africano), samosas (uma espécie de pastel indiano), melktert (torta de leite), um brownie com creme de baunilha, chamado de malva pudding, e a cerveja mqomboti, à base de milho. Japão Antigamente, na ilha, quando a criança completava um ano exato de vida, isso era comemorado com um bolinho de arroz chamado mochi, mas depois desse primeiro ano os japoneses consideravam que todos ficavam um ano mais velho juntos, no primeiro dia de cada ano, e não havia festa. Mas quando a criança completava certa idade, os pais a levavam a um templo budista ou santuário xintoísta para comemorar seu crescimento. Isso acontecia, por exemplo, quando elas faziam três, cinco ou sete anos. Nesses casos, elas iam para um santuário no mês de novembro para celebrar comendo um doce especial chamado chitose ame, que simboliza longevidade. De acordo com informações do Consulado do Japão, depois da Segunda Guerra Mundial, devido à influência do Ocidente, a comemoração passou a ter um bolo com velinhas para o aniversariante. Geralmente é uma massa de pão de ló comprado em confeitaria, enfeitado com creme e frutas, e uma mensagem escrita com chocolate. A festinha geralmente é realizada em casa, ou, no caso de crianças menores, em lojas de fast food. Diferenças geracionais existem: os idosos costumam comemorar o aniversário preparando peixes e sekihan (um prato tradicional feito com arroz e feijão azuki) ao invés de bolo. Acredita-se que os aniversários de 60, 70, 77 e 88 anos são especiais, por isso a família toda se reúne para comemorar. Premium 51 Gourmet Pavlova com frutas vermelhas A marca Santo Grão ensina a fazer o doce que está presente nas festas neozelandesas Foto: Divulgação Ingredientes • 240 g de clara de ovo • 2 g de sal • 500 g de açúcar refinado • 5 ml de vinagre branco • 60 g de amido de milho Modo de preparar Na batedeira, em velocidade baixa, bater as claras com uma pitada de sal até que espume. Aumente a velocidade e continue batendo. Quando estiver firme, junte gradualmente o açúcar, batendo após cada adição, até o merengue ficar espesso e brilhante. Com uma espátula, misture ao merengue delicadamente o amido e o vinagre. Com o auxílio de um saco de confeiteiro e um bico perlê 1A faça as pavlovas com cerca de 100 gramas cada. Leve ao forno preaquecido, a 130 graus por 40 minutos. Ingredientes do coulis de frutas vermelhas • 200 g de framboesa • 200 g de amora • 120 g de açúcar Modo de preparar Leve ao fogo todos os ingredientes até reduzir e ficar uma calda grossa. Ingredientes do chantili • 300 ml de creme de leite fresco • 50 g de açúcar • 1 fava de baunilha Nova Zelândia Bolo, balas, sucos e refrigerantes compõem a mesa do aniversário infantil no país. Um doce parecido com merengue também faz sucesso nas festas. Trata-se da pavlova, que intercala fatias de suspiro com chantili e frutas como morango e kiwi. Outro doce característico é o hokey pokey, uma espécie de sorvete de baunilha com favos de mel. Salsichas – no formato “enroladinho” ou com molho –, gelatina e sucos completam o cardápio. 52 Modo de preparar Bater todos os ingredientes até o ponto de chantili. Manter na geladeira. Montagem final Depois que a pavlova esfriar, montar em um prato desenhado com o coulis. Cobrir a pavlova com chantili e frutas frescas como morango, amora, framboesa e blueberry. Finalizar com folhas de hortelã e servir gelada. Rússia No país que ocupa a maior área do planeta, a comida exerce um papel fundamental nos aniversários, que são comemorados em um longo jantar com poucos convidados, “para que todos tenham lugar à mesa”, explica Elena Vássina, explica Elena Vássina, natural de Moscou e professora de Letras Russas na Universidade de São Paulo. Segundo Elena, o menu inclui muitos tipos de entradas típicas – cerca de dez –, todas bem caprichadas. Caviar vermelho, “por ser mais barato que o escuro”; salada; pasteis de forno; peixe defumado e legumes são alguns exemplos. Alimentos em conserva fazem parte da cultura russa e estão presentes na festa: “Os russos colhem cogumelos selvagens, diversos tipos deles. E preparam pepinos salgados durante todo o outono, para consumir no inverno”, explica. Para acompanhar os petiscos, fartura de bebida: “Para começar, muita vodca”, adianta. “A bebida serve para acompanhar os aperitivos, diferente do consumo no Brasil. E, para crianças, suco e refrigerantes”, explica. Vinho, conhaque e champanhe também são muito frequentes nas comemorações, principalmente a última, que é servida pura e serve para os muitos brindes que ocorrem ao longo do jantar. “É muito importante brindar, e inúmeras vezes. É um dos momentos de desejar coisas boas e ressaltar as virtudes do aniversariante”, conta Elena. Já o prato quente da noite costuma ser carne com batatas, feita de forma elaborada, normalmente assada. Pode ser porco, frango ou pato, por exemplo. Há exceções: de acordo com a professora, por motivos religiosos, muitos russos fazem quatro jejuns anuais com restrição a alimentos de origem animal. Desfecho do jantar, a sobremesa tem influência francesa: “Costuma ser uma torta grande, como a Torta Napoleão, de mil folhas”, diz. E quando todos acabam de comer, a festa chega ao fim. Mas, e o bolo? “Bolo é comida de café da manhã, seria muito simples para um aniversário”, finaliza graciosamente. Peru Fãs de abacate, os peruanos consomem a fruta nos aniversários em recheios de sanduíches como o Triplo, feito com três fatias de pão de forma e complementos variados – além do abacate, podem levar tomate, frango, queijo ou ovos, por exemplo. Segundo os cônsules adjuntos do Consulado Geral do Peru em São Paulo Eduardo Pérez Del Solar e Fernando Alvarez Gamboa, as Butifarras também são comuns nos aniversários. Trata-se de sanduíches com alface, salsa, cebola roxa, pimenta e um presunto típico do país. E se a festa for infantil, não pode faltar gelatina, garantem. Bolo também é essencial, e, segundo Gamboa, o importante é que ele seja bem confeitado, bonito e, às vezes, engraçado. Segundo o cônsul, muitas das bebidas servidas têm receitas típicas da região, como o Souer, com limão, açúcar e clara de ovo “para fazer espuma”, e a Chica, feita com milho dos Andes – um milho roxo –, água bem quente, pele de abacaxi e canela, que é servida gelada. “Tem também a Inca-Kola, que chama a atenção de muitos turistas, por ser um refrigerante amarelo”, diz Gamboa. A bebida lembra um caramelo líquido. Os adultos podem saborear também a alcoólica Pisco, uma espécie de aguardente de uva, muito comum no Peru. Premium 53 Bem Viver Gentileza Iluatração: Adrian Hilman/123rf.com Escolhas individuais, vitórias coletivas: viver bem em grandes cidades exige esforço de todos nós 54 urbana fim de tarde e crianças aglomeram-se na porta da escola à espera dos adultos que chegam para buscá-las. Os carros dos pais vêm vagarosamente, um veículo para por “cinco minutinhos”, o de trás para também e, em questão de tempo, uma fila dupla se forma em frente aos portões do colégio. Disputam espaço carros, pedestres, transporte coletivo e vans escolares. Se para alguns o resultado de situações como esta é estresse e atraso, para outros, ele vem em forma de multa. Para Ligia Marques, consultora de etiqueta, muitas medidas legais são elaboradas quando as pessoas não conseguem perceber que poderiam viver sem estas imposições se considerassem o bom senso. “Como exemplo temos as leis Seca e Antifumo, os radares para controlar excesso de velocidade, a proibição de uso de celular para motoristas etc.”, enumera a consultora. O ciclo não para. Mas o lado bom é que as boas ações também podem gerar boas ações. E para dar uma mãozinha à cidadania, a revista Premium pincelou dicas de atitudes simples que ajudam a melhorar a convivência em diferentes âmbitos: familiar, profissional e social. Comecemos já! Premium 55 Bem Viver Em casa • Dizer “bom dia”, “por favor” e “obrigado”. O cidadão que dá bom exemplo é aquele que tem atitudes positivas não só no trabalho e na rua, para que as pessoas vejam, mas também dentro de casa, sem esperar nenhum elogio; • Se preocupar com o meio ambiente e com o planeta no qual as pessoas viverão dentro de anos, mesmo que não esteja mais presente para conhecer as futuras gerações: apagar as luzes ao sair de casa, fechar bem as torneiras e separar o lixo para reciclagem; • Coisas “invisíveis” têm efeitos positivos, como estar de bom humor e receptivo às pessoas que nos cercam; • Levar em consideração que crianças e adolescentes estão em uma fase de descobrimento. Se forem tratados com carinho, esses jovens cidadãos passarão adiante todas as boas lições que aprenderem; • Evitar barulhos excessivos, para não incomodar os vizinhos. Se houver problemas, converse educadamente ao invés de iniciar uma discussão. *Fonte: Portal do Brasil 56 No trabalho • Respeitar as diferenças de credo, raça e idade de colegas, subordinados e superiores; • Respeitar também a privacidade dos colegas; • Não fazer fofocas e julgamentos e não tecer comentários negativos de colegas a terceiros; • Evitar discussões fora de hora; • Ajudar a manter a higiene dos ambientes compartilhados: cuide de seu lixo e não bagunce o banheiro. *Colaborou: Amanda Farisco, diretora executiva da Dornelles & Farisco Consultoria em RH Em público No trânsito • Não furar filas; • Jogar o lixo no lixo; • Ao ouvir música no carro, respeitar as pessoas ao redor: o rádio deve estar em um volume razoável. No transporte coletivo ou ambiente público, utilizar fones de ouvido; • No supermercado, respeitar as filas que restringem o volume de compras, bem como as filas preferenciais. Não violar embalagens de produtos; • Recolher a sujeira do animal de estimação feita em vias públicas; • Em bancos e transporte coletivo, respeitar os assentos reservados a idosos, pessoas com deficiência, gestantes e mães com criança de colo. Motoristas • Respeitar as regras do código de trânsito, regular os faróis, parar antes dos cruzamentos e não estacionar na faixa de pedestre; • Usar o celular ao dirigir um veículo pode distrair o motorista. Que tal ligar antes de sair, ou depois de estacionar? • Não se esqueça de acionar a seta antes de virar. Outros motoristas e pedestres precisam saber para que lado você vai; • Ao atravessar um cruzamento tenha certeza que você não vai bloquear a passagem de outros carros. • Oferecer carona a quem precisa. Assim você ajuda a diminuir o número de carros na rua e a poluição em sua cidade; • Ficar atento ao sair de garagens ou postos de gasolina. Calçada é área comum com pedestres e a preferência é sempre de quem está a pé. Pedestres • Esperar na calçada o momento certo para atravessar a rua, utilizar passarelas em locais sem sinalização e nunca atravessar em local proibido; • Ajudar idosos a atravessar a rua; • Fazer contato visual com o motorista antes de atravessar a rua – colabore para prevenir acidentes; • Os adultos devem zelar pela segurança das crianças no trânsito. Segurá-las pelo punho é mais prudente que pela mão. *Fonte: Portal do Brasil Premium 57 Arquitetura Toque brasileiro Estádios que receberão a Copa do Mundo em 2014 se preparam para manter a sustentabilidade ambiental como marca do evento Por Amanda Sampaio menos de um ano para a bola da Copa do Mundo rolar nos gramados brasileiros, a curiosidade sobre a construção dos estádios ainda parece ser maior que a ânsia por ver a seleção canarinho entrar em campo. Junto a isso, a comparação com a infraestrutura de outros países que já sediaram o evento é inevitável – em toda edição. Desta vez, o carro-chefe para montar arenas modernas, bonitas e dignas de Copa do Mundo será a sustentabilidade, pitada nacional que foi dada lá atrás, na aprovação dos projetos. O foco, além de preservar o meio-ambiente, é também financeiro, uma vez que, depois de prontas, construções deste tipo geram economia e retorno dos gastos depositados nas obras. – A sustentabilidade não se justifica por si só: a economia é sempre bem-vinda. Se um estádio, que tem consumo alto, diminuir os gastos ao longo dos anos, trará um retorno para a Receita –, opina Daniel Fernandes, arquiteto dos projetos do Maracanã e da Arena Pernambuco, ambos já inaugurados. Se comparados com estádios tradicionais, a redução de gastos anuais com as “ecoarenas” pode chegar à cifra dos milhões. Isso é possível graças a estra- 58 tégias como construir coberturas que captam água da chuva para reutilizá-la em banheiros, irrigação de gramados e limpeza; instalação de estruturas que convertem energia solar em elétrica, além de proteger os torcedores do excesso de calor e frio; ventilação natural, entre outras. A onda sustentável para o Mundial de 2014 se iniciou com o Estádio Mané Garrincha, projetado como uma “ecoarena” pelos arquitetos Eduardo e Vicente de Castro Mello. A partir disso, as 12 cidades-sede (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), tiveram de pensar em soluções Capacidade: 78.838 torcedores Arquitetos responsáveis (projeto executivo): Daniel Hopf Fernandes e Luis Henrique de Lima, do Fernandes Arquitetos Associados “verdes” e participaram de um processo de certificação para conquistar pelo menos o nível mais básico do Selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O BNDES também exigiu essa certificação para liberar os empréstimos para as obras. Para que esses empreendimentos gigantescos e caros não se tornem famosos “elefantes brancos” quando a euforia da festa terminar, alguns estádios foram projetados em forma de arenas multiúso, capazes de receber não somente espetáculos futebolísticos, mas também eventos diversos, como shows, feiras, exposições e muito entretenimento. Resta, então, aproveitar. Foto: Erica Ramalho Maracanã – Rio de Janeiro O mais tradicional estádio brasileiro, o Maracanã foi praticamente todo reformulado, mantendo apenas a estrutura da fachada – tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No quesito beleza, as arquibancadas chamam a atenção por terem assentos em tons de amarelo, azul e branco, que dão impressão de movimento. O gigante carioca também não deixou de se preocupar com a sustentabilidade, apresentando no teto uma membrana autolimpante e translúcida, que, além de possibilitar condições de luz uniforme, também segura calor para transformar em energia elétrica. Além disso, o estádio conta com captação de água da chuva para reutilização. Foram implantadas, ainda, 23,5 mil luminárias com lâmpadas de LED, que são mais econômicas, de baixa manutenção e elevada vida útil. Premium 59 Arquitetura Mineirão – Belo Horizonte Capacidade: 46 mil torcedores Arquitetos responsáveis: Daniel Hopf Fernandes, Luis Henrique de Lima e Paulo Eduardo Jr., do Fernandes Arquitetos Associados 60 A fachada do Mineirão não pode ser modificada por ter sido tombada pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte, mas a área interna teve mudanças para suprir algumas exigências da Fifa. Uma delas foi o rebaixamento do campo em quase quatro metros para melhorar a visibilidade. A terra retirada deste rebaixamento foi reutilizada – na pavimentação de ruas da cidade, por exemplo. Os entulhos provenientes da obra e a água da chuva também são reaproveitados. Os banheiros contam com torneiras inteligentes e automáticas, para evitar o desperdício de água. O Mineirão também produz uma quantidade suficiente de energia elétrica para abastecer 1,2 mil residências. A cidade de Recife conta com uma arena moderna e inteligente. A preocupação com o meio-ambiente existiu desde a fase de construção até o resultado final. O canteiro de obras contou com uma estação de tratamento de esgoto própria e coleta seletiva. O estádio também é dotado da capacidade de reutilizar água da chuva, promover ventilação natural e transformar energia solar em elétrica. Com a chamada “Usina Solar” ali presente, a energia não utilizada no abastecimento da arena é direcionada para a rede pública e consumida por cerca de 6 mil pessoas. Divulgação Arena Pernambuco – Recife Foto: Galuber Queiroz / Portal da Copa Capacidade: 65.960 torcedores Autores do projeto: Volking Marg, Hubert Nienhoff e Martin Glass, do Von Gerkan, Marg and Partners Estádio Nacional Mané Garrincha - Brasília Capacidade: 72 mil torcedores Arquitetos responsáveis: Eduardo e Vicente de Castro Mello, do Castro Mello Arquitetos Pioneiro na busca por saídas sustentáveis, o estádio da capital federal busca o selo LEED Platinum, maior patamar que pode ser atingido. Para isso, apresenta diversos benefícios. Entre os mais interessantes está a cobertura, revestida por uma membrana que a torna autolimpante. Além de refletir os raios ultravioletas e reter 15% da luz amarela, essa película isola o calor, melhorando a sensação térmica, o que reduz a necessidade do uso de ar refrigerado. A mesma co- bertura também captará a água da chuva, canalizando-a para cinco reservatórios, onde será filtrada e tratada com o objetivo de ser reutilizada nos vasos sanitários e na irrigação do campo. A película ainda consegue capturar a poluição referente a mil carros por dia. O primeiro projeto do estádio foi feito na década de 70 por Ícaro de Castro Mello, pai de Eduardo, que hoje é o arquiteto responsável pela reforma, junto com seu filho Vicente (neto de Ícaro). Arena Pantanal – Cuiabá Capacidade: 44 mil torcedores Autor do projeto: Sérgio Coelho, do GCP Arquitetos Localizada em uma rica área de fauna e flora, a Arena Cuiabá não poderia deixar de se preocupar com construção e manutenção sustentáveis. Toda a madeira usada no projeto é certificada e os resíduos de materiais são reciclados e reaproveitados na própria obra. Outro ponto positivo do estádio cuiabano é referente à preocupação com a qualidade do ar e do solo, constantemente monitorada. Após a realização da Copa do Mundo, a Arena poderá servir de espaço multiúso para receber eventos. Premium 61 Queiroz Galvão | São Paulo E Ilustração artística da fachada do Essence Residencial xpansão 62 Sucesso de empreendimentos da Queiroz Galvão em Campinas confirma a assertividade da empresa ao estender sua atuação à cidade ma análise sobre o bem-estar nas principais Ciência e Tecnologia Observatório das Metrópoles, base- regiões metropolitanas do Brasil colocou ado no Censo de 2010 do IBGE e divulgado em agosto Campinas no topo do ranking, com a melhor de 2013, o estudo levou em consideração itens como in- avaliação. Feito pelo Instituto Nacional de fraestrutura, condições ambientais e mobilidade urbana. Tipologia dos apartamentos 2 torres acopladas com 19 pavimentos (térreo + 18) 4 apartamentos por andar (2 apartamentos no térreo) 3 ou 2 quartos (1 suíte) 72 apartamentos de 78 m² Garagem: 2 vagas 2 quartos (1 suíte) 72 apartamentos de 64 m² Garagem: 1 vaga Ilustrações artísticas do fitness e living do Essence Residencial Campinas tem mais de dez bosques, além de parques, praças, lagoas e reservas naturais. Entre as opções culturais, destacam-se museus, bibliotecas, monumentos e patrimônios que formam resquícios da antiga economia cafeeira responsável por parte da riqueza da cidade, como estações e complexos ferroviários e oficinas de locomotivas. Ilustrações: divulgação Neste agradável cenário da Região Metropolitana de Campinas estão os recentes lançamentos da Queiroz Galvão, o Essence Residencial e o Villa Matão Residencial. A empresa prepara outros dois lançamentos na cidade para 2014 e mais um em Paulínia para este ano. Essence Residencial O Essence está localizado no Jardim Aurélia, um bairro da zona norte de Campinas predominantemente residencial, Área de lazer mas com a infraestrutura necessária para uma vida confortá- Além de praças, terraços e pergolados, o paisagista vel. É uma região consolidada que tem recebido grandes in- Eduardo Mera, responsável pelo projeto do Essence, vestimentos e atualmente conta com shoppings, supermer- criou também no residencial espaços para os adep- cados, universidades e restaurantes, além de possuir fácil tos de esporte: “O terraço descoberto do fitness torna acesso a rodovias e demais regiões da cidade. Ou seja, con- possível fazer exercícios ao ar livre, e o bicicletário fica ta com a base necessária ao bem-estar. O empreendimento próximo ao estacionamento e aos vestiários, para faci- ocupa um terreno com mais de 4.400 metros quadrados e litar a chegada dos ciclistas”, diz. tem projeto diferenciado, com apartamentos que integram o Por causa da movimentação que a área social terá, a living à cozinha e à varanda grill. O Essence foi um sucesso e quadra gramada foi construída em um nível abaixo do encontra-se com 90% das unidades vendidas, 50% destas térreo, para evitar que o barulho incomode os mora- comercializadas no pré- lançamento, no início do ano. dores. Premium 63 Queiroz Galvão | São Paulo Villa Matão Residencial O Villa Matão é o primeiro empreendimento Slim da QGDI em São Paulo – trata-se da linha econômica da construtora Ilustração artística da fachada do Villa Matão 64 Está localizado no Bairro do Matão, um subdistrito do município de Sumaré, na Av. Emilio Bosco, principal via Tipologia dos apartamentos do distrito, a apenas 17 minutos do Centro de Campinas. 10 torres com 8 pavimentos (térreo + 7) Um bairro em constante desenvolvimento, está próximo 2 quartos de grandes universidades e possui fácil acesso as principais rodovias, Anhanguera, Bandeirantes e D. Pedro. O empreendimento conta com 640 unidades, 100% co- 8 apartamentos por andar 620 apartamentos de 45 m² mercializadas em apenas 4 meses. 20 apartamentos de 1 quarto – terraço jardim Devido ao sucesso de vendas do Villa Matão, a QGDI Garagem: 1 vaga por unidade antecipou o lançamento do Villa Matão 2, que ocupa um terreno com área de 34.783 mil metros e que, assim como o primeiro, integrará segurança, lazer e conforto. Área de Lazer No Villa Matão, a área social tem salão de festas, quadra poliesportiva, quiosques com churrasqueira e piscinas de adulto e crianças, além de áreas de contemplação. De acordo com a paisagista responsável pelo projeto, Nathália Vitachi, da Buriti Paisagismo, o diferencial dos ambientes de convívio é a preocupação com o bem-estar do morador: “O espaço disponível permitiu a arborização das ruas e distribuição de vagas de estacionamento de maneira eficiente. As áreas de estar e lazer, como as piscinas adulto e infantil e a quadra, dispõem de um bom espaço para árvores de grande porte, que externas”, explica. Ilustração artística do living do Villa Matão Ilustração artística da piscina do Villa Matão Ilustrações: divulgação permitem maior qualidade térmica para as atividades Premium 65 Queiroz Galvão | Pernambuco Maria Emília Residencial da Queiroz Galvão em bairro nobre de Recife segue o conceito Urban Living novo empreendimento da Queiroz Galvão em parceira com a Galvão Engenharia em Recife fica em Boa Viagem, local que agrega a praia urbana homônima e concentração de serviços de variados seguimentos. Batizado de Maria Emília, o residencial adere ao conceito Urban Living, para quem gosta de usufruir da infraestrutura que um local como Boa Viagem ofe- Ilustração artística da fachada do Maria Emília 66 rece, sem deixar de lado o conforto e a qualidade de vida. uma vez que o empreendimento contará com bicicletário e Logo na entrada, os futuros moradores serão recebidos por um espaço fitness com tatame para a prática de muay thai um boulevard de seis metros de largura em frente ao empre- e vista para uma imensa área verde do manguezal. Todos endimento, integrado ao projeto paisagístico do residencial esses ambientes – e as demais áreas comuns sociais do pré- assinado pelo renomado arquiteto Benedito Abbud. dio – terão Wi-Fi. Os apartamentos têm plantas versáteis, de 56 a 81 metros quadrados (ver detalhes no box Tipologia dos apartamentos), que se adaptam a diversos perfis, de jovens e recém-casa- Ganhe tempo para o lazer A mobilidade necessária em uma grande cidade também opções de tamanho de planta, número de quartos e disposi- é uma vantagem do Maria Emília: a rua em que está locali- ção dos espaços, de acordo com a sua necessidade. zado o empreendimento dará acesso à futura Via Mangue, As áreas de lazer também agradam diferentes perfis, com- sistema viário que permitirá rápido deslocamento entre os posta por piscina para adultos com borda infinita e spa na eixos norte e sul da cidade. Serão 4,5km de extensão, sem água, piscina infantil com deck molhado, playground, brin- semáforos e cruzamentos. quedoteca interligada ao salão de festas infantil e salão de Com a economia no deslocamento, sobrará mais tempo festas com dancing interligado ao espaço gourmet. Os adep- para aproveitar a praia, o shopping e tudo mais que fica tos de esportes serão muito bem-vindos ao Maria Emília, bem ali ao lado. Ilustrações e foto: divulgação dos a famílias. O futuro morador poderá escolher entre três Tipologia dos apartamentos Piscina do empreendimento – imagem sujeita a alterações 1 torre 29 pavimentos com seis apartamentos por andar Três quartos Apartamentos de 81,51 m² Garagem: duas vagas Dois quartos Apartamentos de 56,42 m² Apartamentos de 59,43 m² Garagem: uma vaga Obs.: as plantas permitem diferentes arranjos Boulevard com calçada de 6 metros de largura em frente ao empreendimento Premium 67 Queiroz Galvão Ilustração artística do Playground do Hemisphere Norte | Salvador H emisphere A sensação de estar em uma casa de veraneio todos os dias do ano cordar e, da janela, admirar o mar é privilé- com a segurança e a qualidade de vida de seus mo- gio de poucos. Ter um pouco de verde por radores. O Hemisphere 360º poderia muito bem ser perto, com um parque logo à porta de casa, descrito como a concretização de Shangri-La, criação também é. No Hemisphere 360º, novo resi- literária de James Hilton de título Lost Horizon (Horizonte dencial da Queiroz Galvão em Salvador, é possível ter Perdido): um lugar dito paradisíaco, situado nas mon- os dois: vista para a praia e para o parque de Pituaçu. tanhas do Himalaia, onde o ambiente é de felicidade e São dois condomínios: o Hemisphere Norte e o He- saúde, com a convivência harmoniosa entre as pessoas misphere Sul, com acessos independentes. Antonio das mais diversas procedências – descreve. Caramelo, arquiteto responsável pelo projeto, destaca funcional, o conforto e a economia, tendo o homem Bem-estar e diversão como escala em todos os sentidos”, diz. Se bater vontade de usufruir a natureza do lado de fora – Existiu uma verdadeira preocupação da Queiroz Gal- dos muros do empreendimento, opções não faltam: vão durante o processo de concepção deste projeto além das belas paisagens que o ladeiam, a região tem algumas características do empreendimento: “O ganho 68 Ilustração artística do Playground do Hemisphere Sul Ilustração artística da vista do apartamento de 165 m2 Ilustração artística da Praça de chegada do Hemisphere 360º vizinhos apreciáveis, como instituições de ensino renomadas, restaurantes, shoppings e, para os fãs de futebol, o Estádio Roberto Santos. Os moradores poderão também apreciar diariamente o grande cartão-postal do bairro de Pituaçu, o seu Parque Metropolitano, com 400 hectares de extensão. Nele há uma incrível lagoa cercada de diferentes espécies, algumas raríssimas, da flora e fauna brasileiras, e rodeada por 16 quilômetros de ciclovia. No Hemisphere 360º, chegar em casa pode ser sempre um momento prazeroso: os apartamentos são amplos, com tamanhos que vão de 140 a 200 metros quadrados, e todos possuem quatro quartos (ver detalhes no Box Tipologia dos apartamentos). É a integração da praticidade da vida urbana Tipologia dos apartamentos Todos os apartamentos possuem 4 quartos Torres com apartamentos de 140 e 142 m² 4 apartamentos por andar Garagem: 2 vagas Torres com apartamentos de 165 m² 2 apartamentos por andar 2 coberturas duplex Garagem: 3 vagas (apartamentos tipo) e 4 vagas (coberturas) Torre com partamentos de 200 m² 2 apartamentos por andar 2 coberturas duplex Garagem: 4 vagas (apartamentos tipo) e 5 vagas (coberturas) com o conforto de uma casa de veraneio. Premium 69 Queiroz Galvão | Distrito Federal C arpe Diem Moradia e comércio no mesmo lugar: residencial da Queiroz Galvão em Taguatinga capta a cultura da cidade Ilustração artística da churrasqueira com forno de pizza 70 Ilustração artística da piscina onsiderada a capital econômica do Distrito Federal, Taguatinga tem uma característica peculiar que a torna também o maior polo mercantil da região: a força do comércio de rua. Não à toa, uma das principais artérias da cidade, que concentra infraestrutura de lojas e serviços, tem o nome de avenida Comercial, coroando a Tipologia dos apartamentos endimentos de Taguatinga que 3 torres de 15 pavimentos cada pla área de lazer. 2 quartos Unidades que variam de 55 a 57 m² e o acesso se dá pelo hall social 3 quartos Unidades de 67 m² este, é necessária a setorização Espaços comerciais 36 lojas de 40 m² a 96 m² dores e comerciantes tenham cultura de lojas a céu aberto que mínio fechado aliada a uma amO residencial tem porte cochère com pé-direito duplo. “Em um empreendimento misto como dos acessos, para que moraconforto no seu ir e vir diário. O acesso aos apartamentos é tanto agrada os moradores. Ilustração artística do mall de lojas no térreo do Carpe Diem tem a segurança de um condo- exclusivo para moradores e a A cidade, a apenas 19 quilômetros de Brasília, é localização do mall de lojas é estratégico para o local escolhido pela Queiroz Galvão para lan- proporcionar privacidade e toda a conveniência çar seu primeiro empreendimento no Distrito Fe- necessária ao dia a dia”, ressalta Eduardo Estre- deral, o Carpe Diem, localizado especificamente la, arquiteto do projeto. em Taguatinga Norte. A construtora captou a es- Segundo ele, o condomínio reflete o estilo de sência do local e a solidificou em um edifício de vida da região: prático, para uma família jovem. uso misto, que integra o conforto da residência São três torres residenciais, com dois ou três à praticidade de ter serviços por perto, por meio quartos, suíte e varanda (ver detalhes no Box de lojas localizadas no térreo do prédio. Tipologia dos apartamentos). “Os apartamentos foram concebidos de modo a favorecer o con- Lazer, segurança e praticidade vívio familiar, com ambientes dimensionados para proporcionar o conforto essencial”, diz. A área social possui brinquedoteca, salão infantil, fitness, espaço gourmet, playground, sala de jo- seu próprio edifício, o futuro morador terá a ex- gos, salão de eventos, churrasqueira com forno clusividade de residir em um dos poucos empre- de pizza, street ball e piscinas, por exemplo. Ilustrações: divulgação Além do benefício de poder usufruir de lojas em Ilustração artística do Espaço Gourmet Ilustração artística da sala Premium 71 Queiroz Galvão | Rio de Janeiro Imagens ilustrativas da fachada (acima) e área de lazer (ao lado) do LIV Tipologia dos apartamentos Exclusividade: apenas 94 unidades em um terreno de 11.700 m2 Garden 2 e 3 quartos de 101 m2 a 121 m2 Tipo 2 e 3 quartos de 74 m2 a 86 m2 Coberturas 3 e 4 quartos de 150 m2 a 172 m2 72 Liv novo empreendimento da Queiroz Galvão reinventa o jeito de morar no Rio de Janeiro Queiroz Galvão escolheu para criar o empreendimento LIV – Lifestyle Residence. Plantas versáteis O condomínio, projetado pelo celebrado arquiteto Afonso Kuernerz, tem quatro prédios e somente 94 unidades, o que dá um caráter de exclusividade. São três opções de apartamentos (ver detalhes no Box Tipologia dos apartamentos), e áreas de lazer feitas para quem tem estilo, como a piscina “Oásis” – com raia de 25 metros –, fitness, casual lounge, SPA com sauna úmida, repouso e ducha com cromoterapia, churrasqueira e forno de pizza. Os apartamentos térreos, chamados de Garden, têm ada dia mais valorizado, o Recreio dos de estar em uma casa. No segundo andar, o destaque Bandeirantes deixou de ser apenas uma são as amplas varandas, com kit opcional de churras- alternativa à sonhada Barra da Tijuca, vi- queira gourmet. zinha cobiçada, e passou a ser reconheci- As coberturas são duplex e a área íntima fica reser- do como uma região com potencial qualidade de vida, vada: os quartos ficam no primeiro pavimento e sala com grandes marcas e serviços. e cozinha no segundo, garantindo mais privacidade, O Recreio conta ainda com umas das mais belas praias pois os elevadores dão acesso aos dois pavimentos, preservadas do Rio de Janeiro, sinônimo de tranquili- permitindo receber os convidados sem passar pela dade e exclusividade. E foi este o cenário único que a área íntima do apartamento. Imagem ilustrativa do SPA, com vista para a piscina Ilustrações: divulgação jardim privativo, que oferecem ao morador a sensação Premium 73 Art Cinema Trilha sonora Bonequinha de Luxo lançou a canção “Moon river” 74 A importância da música, dos efeitos sonoros e da voz no cinema arion Crane entra no banheiro e joga algo art will go on”, que embalou o romance dos protagonistas no vaso sanitário. O som da descarga Jack e Rose e a emoção de milhares de espectadores – e ecoa enquanto ela vai em direção ao enjoou o ouvido de tantos outros – na voz de Celine Dion. boxe. Liga o chuveiro e toma conta do ambiente o barulho da água caindo em abundância sobre seu corpo enquanto ela se ensaboa. Surge um homem Qual é o segredo? segurando uma faca. Marion grita. Um som alto e sinis- Uma série de fatores pode ajudar a tornar célebre a trilha tro de violinos nasce, parecendo gritar junto com ela e a sonora de um longa-metragem. De acordo com Mauricio acompanha até o momento da morte na banheira, quando Esposito, docente do curso de Cinema e Audiovisual da atinge notas mais baixas e lentas, assim como os gritos da Universidade Anhembi Morumbi, um destes elementos é protagonista. a escolha de um compositor ou cantor consagrado. A cena clássica do filme Psicose (1960), de Alfred Hi- Caso dos brasileiros Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), tchcok, representa o assassinato mais famoso da histó- de Bruno Barreto, e Cidade de Deus (2002), de Fernan- ria do cinema. Sem ter um único diálogo e sem mostrar do Meirelles, que entre suas canções têm “O que será?”, nenhum golpe de faca, valeu-se da interpretação da atriz de Chico Buarque na voz de Simone, e “No caminho do Janet Leigh unida a uma trilha sonora marcante, composta bem”, de Tim Maia, respectivamente. “A qualidade geral por Bernard Herrmann. O resultado foi a cena fictícia de do filme, a adequação do som à narrativa e estratégias de terror mais inesquecível das telonas, com os chamados marketing são outros pontos”, diz o professor. “violinos gritantes”. O momento histórico na época em que o filme é lançado A lista de filmes que conseguiram causar grande comoção também é importante. “Blackboard Jungle (1955), de Ri- junto ao público por meio da união do som ao vídeo é ex- chards Brook, ajudou o rock a invadir o cinema. A estória tensa. Titanic (1997), de James Cameron, por exemplo, foi do professor de uma escola repleta de problemas com vencedor de muitas estatuetas do Oscar, entre elas duas a rebeldia dos alunos ao som de ‘Rock Around the Clo- pela trilha sonora: uma pelo score (música que é original- ck’, tema interpretado por Bill Hally, popularizou o tema mente composta para o filme) e outra pela canção “My he- rock’n’roll”, conta a pesquisadora sobre trilha sonora Márcia Carvalho. O casamento rítmico e visual convida o espectador a se deixar levar pelo clima das ações, por isso, é comum – mas não é regra – perceber o som de um piano ou músicas pop em romances, notas ligeiras para cenas de ação ou lúgubres para sinistras, por exemplo. Premium 75 Art Cinema Cidade de Deus teve música de Tim Maia Foto: César Charlone “My heart will go on” embalou o romance de Jack e Rose Música, efeitos de som e narração vidual inserida na história dos Estados Unidos, vivenciando a Guerra do Vietnã ou a morte do presidente Kennedy, reconstitui-se um pouco a história da canção americana, com a inserção de fonogramas de Elvis Presley, Joan Baez, Segundo Márcia, o áudio de um filme é composto por três Bob Dylan e The Doors”, explica a pesquisadora. elementos principais: música, efeitos sonoros (sons reco- A música apresenta o tom e o gênero da estória nos cré- nhecíveis e irreconhecíveis ou ruídos) e voz (falas e narra- ditos iniciais. Constrói a continuidade das cenas e pode ções). “Por isso que o cinema [mudo] não se tornou so- reforçar emoções do personagem e, por que não, do es- noro, e sim, falado, pois ele nunca foi silencioso”, explica. pectador. “Muitas vezes é difícil controlar o choro quando Forrest Gump, O Contador de Histórias (1994), de Robert a trilha domina uma cena de reconciliação, por exemplo, Zemeckis, é um bom exemplo de pesquisa sonora: “Na ou se acalmar quando os sons nos dão a entender que medida em que o protagonista narra a sua trajetória indi- o mistério está próximo”, opina o cinéfilo e professor de línguas estrangeiras modernas Thomas Castegnaro. E, no fim das contas, é a música que nos embala para casa nos créditos finais do filme. Forrest Gump é um bom exemplo de pesquisa sonora 76 O peso da trilha Relembre ou conheça alguns filmes com trilha sonora histórica • • • • Quando o cinema se tornou falado impulsionou uma febre de produção de filmes musicais, no Brasil e no mundo. “Um número musical inesquecível e belo é o de Carmen e Aurora Miranda cantando ‘Cantores do rádio’, em Alô, Alô Carnaval! (1936)”, cita a pesquisadora Márcia Carvalho. Casablanca (1942) imortalizou a canção “As time goes by” na voz de Dooley Wilson. Nos anos 60, o filme Bonequinha de Luxo (1961) lançou a canção “Moon River”, que rendeu prêmio e fama ao compositor Henry Mancini e ao letrista Johnny Mercer. As canções da tropicália marcam o filme Copacabana me Engana (1969. Ao som de “Baby”, de Caetano Veloso, com a interpretação de Gal • • • Costa, e “Bat Macumba”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Muitos dos personagens importantes na história cinematográfica não são lembrados pela sua caracterização sonora. Mas há casos como Tubarão (1975), de Steven Spielberg, em que o tema musical do peixe assassino dispensa sua presença na tela. Bete Balanço (1984), tem música homônima de Cazuza e Frejat, conhecida pelo público até hoje. Lisbela e o Prisioneiro (2003), dirigido por Guel Arraes, teve a voz de Caetano Veloso na consagrada “Você não me ensinou a te esquecer”. “Os elementos do Nordeste, principalmente a parte do cordel, me atraem muito”, diz o cinéfilo Thomas Castegnaro. Premium 77 Músic Art Cultura Cena de O Rei Leão 78 O Brasil ganha força no circuito de países que recebem célebres peças de teatro musical Por Matheus Jacob urante anos a imaginação do público brasileiro foi habitada por personagens fantásticos de grandes musicais americanos, em filme ou no teatro, como O Rei Leão, Hairspray e A Família Addams, para citar alguns. Quem não se lembra de “Somewhere over the rainbow”, cantada pela antológica Judy Garland no filme musical de O Mágico de Oz? Hoje em dia, no entanto, estas produções estão cada vez mais próximas do público nacional, não sendo preciso pegar um avião para assistir a uma peça instigante, divertida e bem feita. Ainda que os ingleses e americanos sejam hoje grandes expoentes do teatro musical, países como o Brasil têm conquistado seu espaço. – Acredito que o público brasileiro sempre esteve preparado [para receber grandes musicais], mas em dado momento não tinha escolhas. O Brasil tem diversidade cultural rica, miscigenada e eclética. Essa realidade faz com que aqui qualquer expressão cultural seja bem aceita e democratizada –, opina Anne Crunfli, diretora de espetáculos da XYZ Live, empresa que trouxe, entre outros musicais, Shrek. – O teatro musical já é uma realidade sólida –, faz coro Dan Rosseto, sócio-diretor da Applauzo Produções. – Há dez anos mais ou menos que o sonho de muitos artistas virou realidade e uma nova oportunidade se abriu para empregar músicos, atores, bailarinos e técnicos. É notório o crescimento deste mercado assim como a oferta de espetáculos, sejam eles franquias ou produções nacionais inéditas –, acrescenta. O interesse brasileiro pelos musicais é, em grande parte, causado pelo sucesso dos musicais dos Estados Unidos – não só entre os americanos, mas entre tanta gente e tantos países. “A força dos musicais da Broadway é impressionante. Nós crescemos diante da televisão e do cinema, vimos vários musicais virarem filmes e o contrário também aconteceu. Os americanos produzem musicais há mais de 60 anos e eles são impecáveis no acabamento e nos detalhes. Com isso o público é sempre beneficiado com grandes produções cheias de requintes e canções mundialmente conhecidas”, diz Rosseto. Peças famosas são mais visadas Foto: João Calda / Disney a para assistir Segundo Anne, da XYZ, na hora de ir em busca de uma peça que possa ser reproduzida no Brasil, a empresa leva em consideração três elementos: o gosto da população, chamada de zona de conforto cultural; a fama universal do espetáculo em questão, que ajuda a vender o produto sem muitas explicações; e a logística, que facilita ou limita. “Por mais que tenhamos o desejo de trazer determinado conteúdo, Premium 79 Art Cultura O musical Shrek, que até agosto passará por três capitais brasileiras Patrocínio é essencial Para valer a pena o investimento de tempo e dinheiro nos espetáculos, os números que se referem a público e turnê devem ser, preferencialmente, igualmente grandiosos. “Já trabalhamos em teatros com capacidade média de até duas mil pessoas”, diz Anne. “Geralmente tentamos trabalhar um período mínimo de três meses com cada peça, em, pelo menos, duas grandes capitais. A equipe fixa fica em torno de 30 pessoas como suporte em cada cidade pela qual passamos”, acrescenta. Felizmente para aos fãs de teatros musicais, a consciência do interesse que o brasileiro nutre por este tipo de conteúdo atrai incentivo financeiro público e privado para que espetáculos como estes possam ser trazidos ao Brasil. Alexandre Nogueira, diretor do Grupo Bradesco Seguros, que investe em musicais como Shrek, O Rei Leão e Cats, explica: “O Grupo recebe inúmeras solicitações de patrocínio durante todo o ano. Os investimentos são feitos a partir de verbas destinadas a patrocínios e pelas leis de incentivo à cultura, contemplando áreas como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de música, exposições”, diz. Seja como for, o deslocamento da rota dos grandes musicais é ótima notícia, e traz para a realidade o sonho de se tivermos que importar todos os instrumentos, toda a equi- tantos brasileiros de assistir às histórias que lhes ficaram pe e o cachê for altíssimo, vamos pensar duas vezes”, diz. na memória, com gostinho de infância. Nada melhor do Com os musicais estrangeiros fazendo tanto sucesso, dá que, pertinho de casa, mergulhar no mundo fantástico para imaginar o quão difícil é também conseguir os direitos da música e da dança, como se estivesse sentado numa autorais para produzir um deles. E, quando conseguem das famosas poltronas da Broadway. comprar esses direitos, os produtores chegam a ficar com eles anos a fio até que haja verba o suficiente para de fato produzir a peça, já que, na maioria dos casos, o espetáculo deve seguir um roteiro pré-estabelecido e figurinos a respeitar, de acordo com a obra original. A medida serve tanto para atender às expectativas do público quanto para controlar a qualidade do que será apresentado. – Em alguns casos, é possível negociar para que o musical sofra ajustes, como inclusão ou exclusão de canções, assim como adaptações no texto –, explica Rosseto. Para Anne, mesmo com imposições de fidelidade à obra original, toda apresentação é singular: “Arte é algo vivo e vive da manifestação de quem a interpreta, não tem como não ser particular e única em cada uma de suas versões”, diz. 80 O musical O Mágico de Oz Endereços A lot of Hits Kids’n’Teens Le design Oppa Design Al. Gabriel Monteiro da Silva, Al. Gabriel Monteiro da Silva, Rua Lauriano Fernando Rua Aspicuelta, 153 - São 256 – São Paulo (SP) 958 - São Paulo (SP) Junior, 225 – São Paulo (SP) Paulo (SP) Tel.: (11) 3068-8891/3068- Tel.: (11) 7806-3629 Tel.: (11) 2359-2788 Tel.: (11) 2738-0555 9370 www.hits.com.br www.ledesign.com.br http://www.oppa.com.br iBacana Marcelo Faisal Paula Almendra www.ibacana.com.br/ Av. São Gualter, 1889 - São Rua do Pilar, 40 - Salvador Paulo (SP) (BH) www.alotof.com.br Benedixt Rua Haddock Lobo, 1584 São Paulo (SP) Ilumni Tel.: (11) 3021-2665 Tel.: (71) 3113-1182 Tel.: (11) 3081-5606 Rua Roque Petrella, 305 – www.marcelofaisal.com.br www.almendrapaula.com www.benedixt.com.br São Paulo (SP) Tel.: (11) 3539-2931 Mameluca Pavlova www.ilumidesign.com.br Rua Teresa Guimarães, 35 – Rua Pereira da Costa, 56 – Rio de Janeiro (RJ) Recife (PE) Bia Kawasaki Tel.: (11) 98153-0136 ou (11) 97358-4814 Imaginarium Tel.: (21) 2531-8137 Tel.: (81) 3034-3344 / 3314- www.biakawasaki.com.br R. Dr. João Santos www.mameluca.com.br 5044 Filho, 255 - Recife (PE) www.pavlova.com.br Bododo Tel.: (81) 3268-3587 MCF Consultoria Rua Girassol, 231 - São www.imaginarium.com.br/ Alameda Jaú, 1717, casa 2 - Riccó São Paulo (SP) Av. Rio Branco, 26, 12º andar Paulo (SP) Tel.: (11) 2337-0707 Jardim Botânico do Rio Tel.: (11) 3088-7258 - Rio de Janeiro (RJ) www.bododo.com.br de Janeiro www.mcfconsultoria.com.br/ Tel.: (21) 2223-2450 Rua Jardim website www.ricco.com.br Christofle Botânico, 1008 - Rio de SAC Brasil: (11) 3864-4288 Janeiro – RJ Mera Paisagismo Rogério Menezes www.christofle.com Tel.: (21) 2294-6619 Rua Gomes de Carvalho, 921 Av. 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Estamos descobrindo novas possibilidades e os eternos prazeres de partir. O que, graciosa e gratuitamente, nos devolve a precisa e aconchegante sensação de voltar. Em férias de julho, dezembro ou feriados possíveis, lá em casa a gente sempre ia pra praia mais próxima ou casa de parente quando podia viajar. Isso sempre foi uma certeza. A outra é que fosse qual fosse o destino, ou a duração da temporada, bastaria por os pés pra fora do carro, anunciando a nossa chegada de volta, que a minha mãe diria: “Ir é muito bom. Mas voltar é melhor ainda!”. 82 Tudo bem que Dona Monica repete alguns bordões mais do notas exclusivas e uma quase ansiedade. É quando você se que Esqueceram de Mim em véspera de Natal. Mas, como ouve dizer “cheguei” pela primeira vez. A segunda vem de- sempre, tinha lá suas razões pra estar certa. Mesmo pra pois de abrir as janelas, por a roupa pra lavar e comer alguma aqueles que carregam um repertório de viagens mais colo- coisa: quando, feito isso, você entra no banho. Eu não sei rido que o da minha infância, tem três coisas no mundo que o que colocam na nossa água, mas definitivamente tomar só existem na casa da gente: o cheiro dela, o chuveiro dela banho no nosso chuveiro, depois de uma temporada sob ou- e a nossa cama. Sabores que a rotina tende a apagar. E que tros, é algo único. Posto o pijaminha e programado o retorno só o regresso ilumina. às atividades normais no dia seguinte, dormir na nossa cama Cada casa tem um cheiro. A nossa tem o nosso. Anfitrião é como baixar uma versão horizontal do colo materno. E, por como poucos, ele abraça a gente bem na porta, com suas fim, sonhar ao som da inconfundível voz do ninho. Imagem Ilustrativa O primeiro lançamento da Queiroz Galvão em Brasília. E já é um sucesso. Fachada 2 e 3 quartos com suíte, varanda e lazer completo. Além de um mall com 36 lojas. Tudo isso em Taguatinga, uma região com crescente valorização no DF. Carpe Diem Mall Piscina Churrasqueira e Forno de Pizza Informações: Espaço Gourmet Incorporação e Construção 61 3354 -1009 | condominiocarpediem.com.br Em atenção às Leis Federais nº 4.591/64 e nº 8.078/90, informamos que todas as imagens apresentadas neste material publicitário são meramente ilustrativas do imóvel a ser construído pela Queiroz Galvão DF1 Desenvolvimento Imobiliário Ltda. (CNPJ n°13.636.752/0001-95), cujas especificações detalhadas constam do Memorial de Incorporação registrado sob o nº R6 - 329118 do 3º Oficial do Registro de Imóveis do Distrito Federal. Os móveis são de dimensões comerciais e os objetos de decoração, os acabamentos e alguns pontos de iluminação são meramente ilustrativos e constituem sugestão de decoração, não fazendo parte integrante da promessa de compra e venda das unidades, as quais serão entregues conforme o Memorial de Incorporação.