TROVADORISMO
Contexto histórico e características do Trovadorismo, uma “escola literária” que ocorreu
durante o feudalismo. |
Imagem: Reprodução
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
Introdução
Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação
literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena
Idade Média, período em que Portugal estava no processo de
formação nacional.

Marco inicial
O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha”
(conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por
Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura
portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o
Quinhentismo.
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
Trovadores

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas
de origem nobre, que compunham e cantavam, com
o acompanhamento de instrumentos musicais, as
cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram
manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como
Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três
Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”,
“Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da
Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galegoportuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio
Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires
Nunes e Meendinho.
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O trabalho camponês nos feudos – principal atividade durante o período trovadoresco
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TROVADORISMO

Trata-se
da
“escola
literária”
característica
dos
tempos
do
feudalismo, que aconteceu na Idade
Média – entre a queda do império
romano
e
o
surgimento
do
renascimento. O trovadorismo vem
nos mostrar todo o contexto
histórico, social, artístico e cultural
deste período que tanto marcou a
literatura.
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
Quanto ao contexto cultural e artístico,
podemos afirmar que toda a Idade Média
foi fortemente influenciada pela Igreja, a
qual detinha o poder político e
econômico, mantendo-se acima até de
toda a nobreza feudal. Nesse ínterim,
figurava uma visão de mundo baseada tão
somente
no
teocentrismo, cuja
ideologia afirmava que Deus era o centro
de todas as coisas. Assim, o homem
mantinha-se totalmente crédulo e
religioso, cujos posicionamentos estavam
sempre à mercê da vontade divina, assim
como todos os fenômenos naturais.
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Contexto histórico e social
O trovadorismo
desenvolveu-se dentro do
feudalismo, que era
um sistema econômico
onde praticamente não
havia comércio ou uso de
moeda. Existia o Senhor
Feudal, ou suserano, que
era dono de uma grande
quantidade de terras, e
então ele sedia alguns
metros quadrados para
homens que se tornavam
seus servos, ou vassalos.


Estes homens
trabalhavam nas terras
do suserano para
conseguir sustento
próprio e proteção
contra invasores
germânicos – que na
época invadiam a
Europa com muita
frequência – e em troca
prometiam dar uma
parte e suas produções
para o sustento do
senhor.
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Contexto cultural

Durante a Idade Média,
tudo era baseado no
teocentrismo, a teoria de
que Deus é o centro de
todas as coisas. Tendo isso
em vista, tudo era
controlado pela igreja
católica, que detinha todo
o poder tanto político,
como econômico. O clero
costumava ser
representado acima dos
senhores feudais nas
pirâmides sociais da época.

Consequentemente, toda
a cultura, literatura e arte
foram influenciadas e
inspiradas pela religião. Na
época, o homem
colocava-se totalmente à
mercê da vontade de
Deus, assim como todos
os outros fenômenos
naturais. Se algo acontecia,
fosse bom ou ruim, eles
acreditavam ser a decisão
de Deus.
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Contexto artístico

Na arquitetura, todas
as obras estavam
voltadas para
construção de igrejas,
catedrais, capelas e
mosteiros. Variava-se
entre o estilo gótico
e romântico.

Nas pinturas e
esculturas da época,
não podia ser
diferente, tudo
focava
a temática religiosa,
apresentando Jesus,
Maria ou algum
santo como o
centro da obra de
arte.
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
E na literatura as coisas não eram muito
diferentes. As únicas pessoas da época que
sabiam ler eram membros do clero, e por
isso, a maioria das obras literárias
produzidas nesta época eram cantigas para
exaltar e glorificar a Deus. Mas também foi
nessa época que aconteceram as cruzadas,
onde vários homens foram lutar em nome
da igreja no intuito de “recuperar a terra
santa”. Então foram feitas também muitas
cantigas de amor, inspiradas no sofrimento
dos cavaleiros que eram obrigados a deixar
suas mulheres.
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
Na arquitetura, toda a produção artística
esteve voltada para a construção de
igrejas, mosteiros, abadias e catedrais,
tanto na Alta Idade Média, na qual
predominou o estilo romântico, quanto na
Baixa Idade Média, predominando o estilo
gótico. No que tange às produções
literárias, todas elas eram feitas em
galego-português, denominadas de
cantigas.
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
No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes
portuguesas, as cantigas receberam influência de um
tipo de poesia originário da Provença – região sul da
França, daí o nome de poesia provençal –, como
também da poesia popular, ligada à música e à dança.
No que tange à temática elas estavam relacionadas a
determinados valores culturais e a certos tipos de
comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que
até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar
a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se,
portanto, que nas cantigas prevaleciam distintos
propósitos: havia aquelas em que se manifestavam
juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em
que predominava o sofrimento de amor da jovem
em razão de o namorado ter partido para as
Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era
descrever, de forma irônica, os costumes da
sociedade portuguesa, então vigente
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A obra literária do trovadorismo
pode ser subdividida em:
Cantigas líricas
De amor
De amigo

Cantigas satíricas
De escárnio
De maldizer

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Cantigas líricas
Cantigas de amor
 O sentimento oriundo da
submissão entre o servo e o
senhor feudal transformou-se no
que chamamos de vassalagem
amorosa, preconizando, assim, um
amor cortês. O amante vive
sempre em estado de sofrimento,
também chamado de coita, visto
que não é correspondido. Ainda
assim dedica à mulher amada
(senhor) fidelidade, respeito e
submissão. Nesse cenário, a
mulher é tida como um ser
inatingível, à qual o cavaleiro
deseja servir como vassalo.

Cantigas de amigo
 Surgidas na própria Península
Ibérica, as cantigas de amigo
eram inspiradas em cantigas
populares, fato que as concebe
como sendo mais ricas e mais
variadas no que diz respeito à
temática e à forma, além de
serem mais antigas.
Diferentemente da cantiga de
amor, na qual o sentimento
expresso é masculino, a cantiga
de amigo é expressa em uma voz
feminina, embora seja de autoria
masculina, em virtude de que
naquela época às mulheres não
era concedido o direito de
alfabetização.

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Principais obras e autores

De amor
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e – ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.

Paio Soares de Taveirós

De amigo
Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs
comigo,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há
jurado
ai deus, e u é?
(…)
D. Dinis
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Cantiga da Ribeirinha

Vocabulário:
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o
vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela
nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
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Cantigas satíricas

Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas
retratavam uma temática originária de
assuntos proferidos nas ruas, praças e
feiras. Tendo como suporte o mundo
boêmio e marginal dos jograis, fidalgos,
bailarinas, artistas da corte, aos quais se
misturavam até mesmo reis e religiosos,
tinham por finalidade retratar os usos e
costumes da época por meio de uma
crítica mordaz. Assim, havia duas
categorias: a de escárnio e a de maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser
sutil, as cantigas de escárnio eram
aquelas em que a crítica não era feita de
forma direta. Rebuscadas de uma
linguagem conotativa, não indicavam o
nome da pessoa satirizada.

Nas cantigas de maldizer,
como bem nos retrata o
nome, a crítica era feita
de maneira direta, e
mencionava o nome da
pessoa satirizada. Assim,
envolvidas por uma
linguagem chula,
destacavam-se palavrões,
geralmente envoltos por
um tom de obscenidade,
fazendo referência a
situações relacionadas a
adultério, prostituição,
imoralidade, entre outros
aspectos.
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De escárnio
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu
cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…

João Garcia de Guilhade
De maldizer
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta
Maria
por ua dona que gran bem
queria
e por se meter por mais
trovador
porque lhela non quis [o]
benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer
dia!…
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Pero Garcia Burgalês
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
Tais cantigas, atendendo ao intuito de
retratar a vida aristocrática nas cortes
portuguesas, receberam influência de um
tipo de poesia originário da Provença –
região do sul da França, daí o nome de
poesia provençal –, como também da poesia
popular, ligada à música e à dança. No que
se refere à temática, manifestavam-se
relacionadas a determinados valores
culturais e a certos tipos de
comportamento difundidos pela cavalaria
feudal.
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O trovadorismo compôs a primeira época medieval
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"Ecce Homo"
Pintura da Sagração de um Cavaleiro
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