A UNIVERSIDADE COMO MECANISMO DA CONSTRUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL Cogo, Edson Luiz1 Resumo O ensino superior e o desenvolvimento regional são áreas que se interpenetram, certamente pela experiência de cidades e/ou bairros universitários que se formaram respectivamente em municípios de grande e pequeno porte. O objetivo é caracterizar a estrutura das diferentes instituições de ensino superior e o impacto das universidades no desenvolvimento regional com ênfase no econômico e social. Palavras-Chave: Universidade; desenvolvimento regional, economia; educação. Abstract Higher education and regional development are areas which are, certainly the experience of cities and / or that the university's alumni respectively in big cities and small. The goal is to characterize the structure of various institutions of higher education and the impact of universities in regional development with emphasis on economic and social. Keywords: University, regional development, economy. Introdução As últimas duas décadas foram caracterizadas por uma expansão vertiginosa de instituições e vagas no ensino superior brasileiro, em sua maioria de natureza privada, conforme dados apresentados por Cavalcante (2000), embora as maiores universidades sejam mantidas pelo poder público estadual ou federal, do total de alunos matriculados na educação superior, somente 39% são de instituições públicas, enquanto 61% são de instituições privadas. O processo de implantação destas instituições parece ser a cada dia mais célere, promovendo mudanças de ordem social, cultural e econômica nos locais onde são instaladas, e gerando diversos questionamentos sobre o seu real impacto no desenvolvimento regional a curto, médio e longo prazo. 1 Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UNISINOS. Especialista em Direito do Trabalho. Mestre em Desenvolvimento Regional pela UnC (Universidade do Contestado, campus Canoinhas/SC). Professor universitário. Advogado. Neste sentido é importante destacar que esta mudança tem um caráter doutrinário global, e não diretamente relacionada à seara educacional: São muito intensas as inter-relações entre o quadro geral das políticas nacionais e as condições de desenvolvimento de regiões específicas de um país. No caso brasileiro, atualmente, vêm ocorrendo grandes transformações que irão afetar profundamente a questão regional e que resultam de cinco programas, interdependentes doutrinariamente: a privatização, a desregulamentação, a estabilização econômica, a abertura da economia nacional e a formação de blocos regionais de comércio (Haddad, 2001) A desestatização de algumas atividades que antes eram de exploração exclusiva ou predominante do poder público, acabaram por modificar gradualmente o panorama político e social em sentido amplo, e de algumas regiões em sentido estrito, especialmente quando se referencia a educação superior. Os objetivos da iniciativa privada são diferentes da iniciativa pública, este traço manifesta-se de diferentes maneiras nos variados setores, mas de maneira objetiva, pode-se afirmar que enquanto a iniciativa pública teoricamente busca o bem comum, a iniciativa privada busca essencialmente o lucro financeiro. Ao se adentrar especificamente a questão do desenvolvimento regional e sua relação com a educação superior é fundamental se diferenciar as naturezas das instituições de educação superior, pois para o sistema federal de ensino, as instituições de ensino superior podem estar organizadas em: universidades; universidades especializadas; centros universitários; centros universitários especializados; e, faculdades, faculdades integradas, institutos superiores ou escolas superiores (Brasil, 1997). Embora as exigências em termos legais para cada uma destas instituições sejam diferenciadas, para o objeto deste trabalho é de interesse somente as instituições organizadas como universidades, em razão da exigência constitucional de que estas promovam ações na seara do ensino, da pesquisa e da extensão, gerando uma maior proximidade com a comunidade local e circunvizinha. Para Barros, Henriques & Mendonça (2002) na sociedade brasileira contemporânea as defasagens na escolaridade da população explica de modo significativo a desigualdade de renda no país, logo, as instituições de ensino superior em sentido amplo fomentam o desenvolvimento econômico local, enquanto que as universidades especificamente através de suas ações podem fomentar o desenvolvimento social local. O presente trabalho apresentará inicialmente as diferentes espécies de instituições de educação superior existentes no Brasil e posteriormente discutirá os possíveis impactos das ações das universidades no desenvolvimento regional com ênfase nas áreas social e econômica. Organização e Expansão Universitária no Brasil A educação superior no Brasil está organizada por meio de legislação específica, qual seja a Lei 9.394/96 (Brasil, 1996) denominada de Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, que dispõe em seu artigo 45 que “a educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privada, com variados graus de abrangência ou especialização”. A abrangência está diretamente relacionada às ações desenvolvidas pela instituição (ensino, pesquisa e extensão) enquanto que a especialização diz respeito à área de ensino, pesquisa e extensão com que esta instituição se ocupa. As universidades e centros universitários, diferentemente das faculdades, não necessitam de autorização do poder público para a abertura de cursos superiores em virtude da sua autonomia (Lei 9.394, art. 53, I), porém, esta autonomia não se estende aos cursos e campus fora da sede das universidades, sendo esta também limitada em relação aos cursos de medicina, odontologia, psicologia e direito, onde os conselhos da categoria devem se manifestar e, a autorização provém do Ministério da Educação. Por fim, os centros universitários diferenciam-se das universidades pela dispensa de realização de atividades de pesquisa. A estratificação na organização das instituições de ensino superior acaba trazendo alguns problemas que são destacados por Ranieri (2000: 184): (...) o reconhecimento da efetiva existência de variados graus de abrangência e especialização nas instituições enfrenta duas questões recorrentes no ensino superior brasileiro: a) a associação ou a dissociação entre ensino e pesquisa, relacionada à diferenciação qualitativa entre ensino público e ensino privado; b) a identificação do modelo universitário à forma ideal para constituição de instituições de ensino superior. (...) A primeira questão suscitada pela autora consiste em problema real enfrentado pela grande maioria das universidades do país, havendo uma dificuldade de associação entre pesquisa e ensino, entretanto, é salutar destacar que a autora acabou omitindo-se da questão da extensão, que consiste no terceiro elemento presente obrigatoriamente em instituições universitárias. A Constituição Federal dispõe em seu artigo 207 que: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Essa tríade é o que caracteriza e diferencia a universidade das demais instituições de educação superior. Este princípio da indissociabilidade parece ser freqüentemente violado por parte das universidades, não sendo estas violações práticas recentes, conforme evidenciou Demo (1980: 118): “certamente o “primo pobre” jamais esteve à altura das outras (ensino e pesquisa), nunca obteve uma fundamentação teórica satisfatória ou uma prática realmente convincente. Conservada vigente aos trancos e barrancos e secundada por programas específicos, como o do Rondon, o do Crutac, permanece relegada ao voluntarismo e à emergência esporádica.” Em relação à segunda questão suscitada por Ranieri, parece não haver dúvida de que o modelo universitário é o modelo ideal para a constituição de uma instituição de ensino superior, uma vez que, sua atuação não pode ser restrita ou priorizar somente o ensino, pelo contrário, deve ocupar-se da pesquisa e extensão de maneira isonômica. Ao se tratar da situação organizacional das instituições de ensino superior, deve-se considerar outro fator especialmente quando se aborda a questão do desenvolvimento regional: o público e o privado. Conforme Cavalcante (2000) no ano de 1968 as universidades representavam aproximadamente 12% dos estabelecimentos de ensino superior, caindo em 1975 para 7% e, no censo de 1999 as universidades representavam 7%, sendo que, ao se somar o número de universidades ao número de centros universitários esse percentual gira em torno de 20%, sendo o restante, faculdades isoladas. Embora as universidades e centros universitários representassem aproximadamente 1/5 das instituições de educação superior nos pais, o corpo discente não apresentava distribuição similar, uma vez que, conforme dados do censo universitário de 1999, do total de alunos matriculados na educação superior somente 39% eram de instituições públicas, enquanto que 61% eram de instituições privadas, evidenciando o crescimento considerável do ensino superior privado no Brasil. Através da visualização do quadro 01, este crescimento do ensino superior privado no Brasil será melhor compreendido: Quadro 01 – Evolução da Matrícula do Ensino Superior Público e Privado (1990 – 2000) (Schwartzman, J. & Schwartzman, 2002) Certamente ao longo dos últimos anos houve grandes mudanças nesses dados, entretanto, acredita-se que estas diferenças devem ter se acentuado, uma vez que é visível o aumento do número de instituições privadas e dos respectivos números de vagas em todo o território nacional, embora estudos sobre os seus impactos imediatos sejam restritos na literatura. Muito embora, segundo Ranieri (2000) o modelo ideal de educação superior seja o universitário, a realidade evidencia que o maior número de vagas colocadas à disposição da população são provenientes de centros universitários e faculdades, o que gera dúvidas em relação ao impacto social e regional desses, uma vez que, embora haja uma elevação do nível de escolaridade da população regional, o que pode ou não modificar a média de salários na região, em médio prazo, em longo prazo os efeitos são duvidosos uma vez que a ausência da extensão, e conseqüentemente da interação com a comunidade local, e da pesquisa (produção de conhecimento) podem gerar estagnação e, a instituição ser vista (seus mantenedores) como uma intrusa, uma oportunista, pois arrecada dinheiro da região, mas não investe para o melhoramento desta. A Universidade e o Desenvolvimento Econômico Regional A realidade do sistema educacional brasileiro evidencia um atraso de aproximadamente uma década quando comparado a um país típico com padrão de desenvolvimento similar, logo a oferta de ensino de qualidade, além de evidenciar justiça social e cidadania, consiste em condição indispensável para o desenvolvimento socioeconômico sustentado do Brasil (Barros; Henriques & Mendonça, 2002). A expansão da educação superior no Brasil vem ao encontro desta busca contínua de um desenvolvimento socioeconômico sustentado, e, embora muito criticada, a saída encontrada em termos de política governamental foi a abertura gradual à iniciativa privada para investimentos nesse setor, o que, a curto prazo parece ter funcionado, mas a médio e longo prazo possui efeitos duvidosos, uma vez que grande parte dessas instituições não são universidades, mas simples faculdades ou centro universitários, logo, o impacto destas últimas devem ser estudados. A questão do impacto das universidades na economia das regiões onde foram instaladas pode ser abordada sob diferentes acepções, desde o impacto da instalação de uma universidade isolada utilizando técnicas de insumo-produto, até aquelas que utilizam funções de produção de conhecimento (Drucker & Goldstein, 2007). Conforme Rolim & Kureski (2004) para se determinar o impacto econômico direto de uma universidade, deve ser medido o volume de gastos de quatro grandes grupos de atores vinculados a esta: a) gastos com bens de consumo corrente e de investimento realizados pela instituição; b) gastos em consumo dos seus membros (professores e funcionários); c) gastos em consumo dos alunos provenientes de outra região; e, d) gastos dos visitantes residentes fora da região. No estudo desenvolvido pelos autores buscando avaliar o impacto econômico em curto prazo das Instituições de Ensino superior do Estado do Paraná sobre a economia do estado, apontaram para um multiplicador tipo II de renda de 2,34 e de emprego de 2,53, ou seja, para cada unidade de renda gerada em decorrência do fato das instituições existirem, outras 1,34 unidades de renda são geradas no estado. O multiplicador de emprego de 2,53 significa que para cada emprego existente em razão dos gastos decorrentes da existência da instituição de ensino, são gerados mais 1,53 empregos na economia do estado. Um estudo envolvendo quatro universidades (Manchester; Manchester Metropolitan; Salford e da grande Manchester UMIST) evidenciaram multiplicadores de renda na área de Manchester na ordem de 1,321; na área metropolitana de Manchester de 1,283; e, no Noroeste da Inglaterra 1,404 (Robson et al, apud Rolim e Kureski, 2004). Outro estudo desenvolvido por Harris (1997) buscou verificar o impacto da universidade de Portsmouth na economia local, chegando à estimativa de um multiplicador de renda de aproximadamente 1,66 e um multiplicador de emprego de 1,8. Conforme Barros, Henriques & Mendonça (2000) a relação entre educação e desigualdade possui dimensões sociais, econômicas e culturais, e ao estimarem os impactos da educação sobre o crescimento econômico, a redução no crescimento populacional, a queda na mortalidade infantil, os resultados mostraram-se positivos e significativos. Conforme pode ser observado em termos de desenvolvimento econômico regional, a universidade parece ser algo interessante, e parece ter efeito semelhante, uma vez que os estudos utilizaram diferentes metodologias o que certamente contribuiu para as diferenças nos resultados A Universidade e o Desenvolvimento Social Regional O desenvolvimento econômico fomentado pela instalação de estabelecimentos universitários em determinadas regiões, embora desperte grande interesse, ainda é precariamente estudado no Brasil, sendo ainda mais restritos os estudos, quando se referencia ao impacto social destas instituições sobre os atores locais e regionais. Conforme Pena Jr., Graciano & Valery (2005) existe uma real necessidade de que as universidades sejam transformadas em centros de empreendedorismo social, através do desenvolvimento de projetos sociais, estimulando e dando assistência aos já existentes e criando projetos de exeqüibilidade externa aos seus limites físicos, e ainda, fomentando a formação de organizações sociais e de empresas no regime de co-gestão, autogestão e cooperativas. Esta, infelizmente, não é uma realidade encontrada no Brasil, pelo contrário, parece haver um distanciamento cada vez maior entre as universidades e os atores sociais, o que prejudica sobremaneira o desenvolvimento local e regional, fazendo com que a instituição permaneça voltada – quase que exclusivamente – para o ensino, deixando em segundo plano a pesquisa e, em último plano a extensão. O processo desenvolvido de maneira equivocada acaba por prejudicar o desenvolvimento, uma vez que, a pesquisa (entendida como a produção do conhecimento) deveria subsidiar o ensino (entendido como a transmissão do conhecimento produzido) que, por sua vez, deveria subsidiar e nortear a extensão (entendida como a aplicação). É interessante destacar a afirmação de Vasquez (1968: 206): “A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para a sua transformação, mas para isso tem que sair de si mesma e em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformação”. Neste mesmo sentido destaca Priori (2007): Ampliar as fronteiras entre a universidade e a sociedade significa propor a abertura da universidade para a sociedade. Isso implica em estabelecer políticas para defender e compartilhar os bens comuns, que são os conhecimentos e os saberes. São funções tanto da sociedade como da universidade, colocar o conhecimento e o saber a serviço da democracia e da justiça social. Sabemos que, no Brasil, os elos entre as universidades e a sociedade sempre estiveram voltados para alguns segmentos específicos, sobretudo os setores produtivos e as elites econômicas. Em estudo desenvolvido por Silva et al (2005) buscando investigar entre professores, acadêmicos e comunidade a concepção que estes possuíam sobre a universidade, os resultados evidenciaram o predomínio da concepção de que a universidade possui como finalidade a formação para o mercado de trabalho. O estudo ao estratificar os resultados por categoria dos entrevistados, chegou às seguintes acepções: para os docentes abordados a universidade é responsável pela formação de pesquisadores, produção de conhecimentos e prestação de serviços; para acadêmicos a universidade visa a formação profissional para o mercado de trabalho; por fim, para a comunidade a universidade tem como responsabilidade a formação de profissionais e a prestação de serviços. Embora os resultados do estudo não despertem surpresa, há uma omissão em relação ao tipo de serviços a que a comunidade estava se referenciando, afinal, o papel da universidade nesta seara é de assessorar, nortear, instruir e não o de realizar papel assistencialista, fornecendo serviços gratuitos e, desta maneira prejudicando prestadores de serviços locais. Conforme Panizzi (2003) a universidade moderna é o resultado de uma longa construção histórica, que se consolidou e ganhou legitimidade como instituição por mostrar-se capaz de transmitir e de produzir conhecimentos, devendo necessariamente, associar às suas atividades-fim: ensino, pesquisa e extensão, atendendo dessa forma, ao princípio da indissociabilidade, preconizada no artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Em estudo desenvolvido por Bovo (1999) para investigar o impacto econômico e prestação de serviço da UNESP, por meio de seu Hospital Universitário – H.U., verificou-se que, caso as prefeituras municipais atendidas pelo H.U. tivessem que atender a demanda absorvida por este, seria necessária a criação de estruturas equivalentes nos respectivos municípios, o que demandaria investimentos de aproximadamente 40 milhões de reais, valor este que correspondia a 25% dos gastos do conjunto de municípios atendidos no ano de 2006. É importante destacar que estes seriam investimentos em instalações e equipamentos, devendo ser acrescidos nestes os gastos operacionais de custeio, pessoal, material de consumo, serviços de terceiros e encargos sociais. Considerações Finais O processo de desenvolvimento regional pode ser fomentado pela instalação de instituição(ões) de educação superior em determinada(s) área(s) geográfica(s), com maior ou menor impacto, dependendo este da natureza da instituição (pública ou privada) e da sua organização acadêmica (universidade; centro universitário; faculdade). A natureza da instituição pode influenciar em decorrência do fato que as privadas podem adquirir insumos de quem julgar conveniente, sem a necessidade de seguir todo um procedimento administrativo de licitação, logo, há uma tendência de que os insumos adquiridos por estas universidades sejam oriundos da região, enquanto que, as universidades públicas possuem todo o trâmite para a aquisição de insumos, logo, depende de um processo licitatório que via de regra é de acesso universal, e do qual participam fornecedores de diferentes regiões. Além disso, a oferta de cursos não segue um padrão mercadológico, ou seja, no momento de oferta dos cursos não se está pensando no aluno como um possível cliente, e sim, no aluno enquanto futuro profissional, ou seja, um profissional crítico, consciente e atuante politicamente, logo, existe normalmente uma oferta grande de cursos em período integral, o que acaba obrigando o aluno a residir no local e conseqüentemente a consumir no comércio local. As universidades ofertam um maior número de cursos, o que aumenta a possibilidade de procura, e que, gera o deslocamento do acadêmico e muitas vezes inclusive de seus familiares para o município ou regiões circunvizinhas, gerando assim maior circulação de valores nos arredores do local de sua instalação. As ações universitárias que, conforme imposição constitucional demandam intervenções locais através da tríade: ensino, pesquisa e extensão, são necessariamente desenvolvidas por estas instituições e, embora não se guarde uma relação isonômica entre estes três elementos como ordena o texto constitucional, estas instituições asseguram uma maior proximidade com a comunidade local através da extensão, o que, em muitos casos é o único recurso para municípios pobres e/ou de difícil acesso e para a comunidade local e regional. Embora ainda se tenha a respeito da universidade uma concepção restrita e equivocada por grande parte da comunidade acadêmica, esta concepção foi historicamente construída e está agregada à cultura popular, e esta visão encontra respaldo na própria criação dos cursos de doutorado no país, voltados para a formação de pesquisadores que possuem em sua maioria gênese recente. Embora grande parte dos estudos busquem avaliar o impacto no desenvolvimento econômico, não se pode deixar em segundo plano o impacto na seara social, representado pelo auxílio na implementação de programas voltados para a comunidade, a prestação de serviços, em especial na área de saúde, e a produção de novos conhecimentos, que acaba o eixo principal da universidade atualmente em determinadas regiões, e que, pouco reconhecimento recebe das autoridades governamentais e da comunidade local e regional. Referências BARROS, R. P. de; HENRIQUES, R. & MENDONÇA, R. 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