o
NUMERO 54
A N N O XVII
OUTUBRO
1939
PREÇO 3$000
S
S.x 1
e*v
-
Jllustmcõo
BCOSÍICÍCO
NUMERO
54
OUTUBRO
A N N O XVII
DE
M E N S A R I O
E D I T A D O
SOCIEDADE A N O N Y M A
"O
19 3 9
PELA
MALHO"
Director — Oswaldo de Souza e Silva
Redactor Chefe — Jorge Santos
Director Gerente: Antonio A . de Souza e Silva
Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34
Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419
Telephones 23-4422 e 22-8073
End. Tel. O M A L H O — Caixa Postal 880 —
RIO
PREÇO DAS ASSIGN A T U R A S
NO BRASIL
AN NO..
35$000
6 MEZES
18$000
SOB REGISTRO
N U M E R O
NO EXTERIOR
ANNO..
50$000
6. M E Z E S 2 6$ 000
SOB R E G I S T R O
A V U L S O
3 ( 0 0 0
RIUS E URANUS
RASILEIRA
SUMMARIO DOS
PRINCIP AES
ASSUMPTOS
DESTA EDIÇÃO
*
SÃO CHRISTOVÃO
COLOMBO ?
Chronica de Pedro Calmon
PALMACEAS DO BRASIL
Redacção
DIVINA TARDE
Poesia
de Aloysio
de Castro
SALÃO DE BELLAS ARTES
Redacção
sob a influencia deste signo e deste
planeta, as mulheres são calmas e de natureza
contemplativa... Intelligentes e dotadas de muito
raciocinio, vêm tudo sob um prisma de frio materialismo... N ã o são recolhidas e tão simples como
apparentam, pois amam os prazeres d o m u n d o e
gostam de apparecer... Fieis ás suas amizades, sabem ser tão bôas amigas como inimigas... A Saphira
é a pedra das mulheres de Aquarius... E Emeraude
— o perfume persistente e inebriante que melhor
i n t e r p r e t a o seu t e m p e r a m e n t o e q u i l i b r a d o . . .
Emeraude, de Coty — o perfume que tem a riqueza
da gemma de que traz o n o m e . . .
N
ASCIDAS
A LIÇÃO DO BISPO
Conto
de Cláudio
de Souza
O RIO DE HOJE E DE HA
30 ANNOS
Redacção
A VERDADE
EUCHARISTICA
Chronica de D. Aquino Corrêa
MARAVILHAS DA FLORA
BRASILEIRA
LES P A R F U M S
Redacção
DUAS PARABOLAS
Chronica
de Gustavo
Barroso
ROSALVO RIBEIRO
"Astros, Talismans • Perfumes" • Todos os Signos do Zodíaco t todos os Pertomes de Coty - num opúsculo gratis. Peça a Coty - Caixa 1t9 - Rio
Chronica de Fléxa Ribeiro
ARTES E ARTISTAS
Redacção
EM DEFESA DA LÍNGUA
MOBILIÁRIOS
DESENHOS
E
TAPEÇARIAS
— ORÇAMENTOS
Chronica de Julio Nogueira
GRÁTIS
SORTIMENTOS
MUNDANISMO
QUE
E
E
SUGESTÕES
SEM
COMPROMISSO
FACILITAM
A
ESCOLHA
Redacção
TRICHROMIAS, DESENHOS
E DOUBLÉS DE :
Edgar Parreiras, Lucilio de A l buquerque,
Leopoldo,
Barreto, Vand,
Gilberto
Calmon
Trom-
Rua 7 de Setembro, 82-Rio
{JUNTO
Á
AVENIDA)
PREÇOS QUE A N I M A M A C O M P R A R
A MAIOR O R G A N I S A Ç À O
TECIDOS,
TAPETES
E
D O BRASIL EM
PASSADEIRAS
powsky e Paulo Amaral.
Outubro
1939 1
ESPELHO/
g
m
ç
a
&
c
w
DUCO
A N N O
POLIDOR N.7
Afcuâ e sabSo %Ío Impotentes par*
r e m o v e r a c a m a d a de s u j o q u e *e
a c u m u l a nos o u t o m o v e l s , produzi*
da pela g r a x a c p o e i r a d a s e s t r a d a s .
E ' por Isto que a p e z a r de l a v a d o s
c o n s t a n t e m e n t e , m u i t o s c a r r o s a*
p r e s e n t a m , d e n t r o de pouco t e m po, a p i n t u r a s e m b r i l h o e d e s ç o *
corada. Para salvar esta sltuaçfio
foi c r e a d o o a f a m a d o líLCO
POLISM n 7 que contem dissolventes
capaz.es de a m o l e c e r a m a i s e s p e s sa e d u r a p e l í c u l a d e » u j o a c u m u l a do nas c a r r o c c r i a s de a u t o m o v c i s .
Dia
I
construir
qje
O
Sr.
de Guerra
Nery
Bandeira
um dirigível
requer
á Camara
permissão
de sua invenção, o
Dia 2 — N o S. Pedro representa-se o " M a î t r e
Claire de Beaulieu.
para
"Epiarregenery",
leme.
des f o r g e s " . Jane
Hading
faz a
Dia
3 — E ' instal'ado em Bello Horizonte o novo Quartel do 2.° Bat. da
cuja séde era em Uberaba.
Policia,
Dia 4 — Recebem ordem para deixar o Acre os 40.° e 27.° B. de Infantaria e o
27." B. de A r t i l h a r i a . A l i permanecerão o s I 5 . ° e 36.° sob o commando do Cel.
Cunha Mattos.
5 —
praa
Dia
Arthur
7 —
seu
sentada
Rio de
(Minas)
"Jurisprudência
Presidente
Reune-se
do
o C!ub
No
Recreio,
II
—
jóia
que o Dr. T i t o
hypothecaria
Estado do
Militar,
inestimável"
e
Nogueira,
Fulgêncio vae dar á
e formulários",
E ' publicada
E'
Peres,
no " D i á r i o O f f i c i a ! "
publicada
cognominado
por
da publicação
Duque de Caxias
Lucilia
a 2.°
Cilac " o
de
edição de
historiador
a
600
pags.
Ni!o
Rio.
para tratar
dacção do projecto de Codigo C i v i l " ,
Dia
"uma
Janeiro".
na guerra
sobe á scena a peça de
por 0 : y m p i o
Dia IO —
do
de Leopoldina
sobre o commando do
9 —
Copacabana
A cclcnia campista aqui residente prepara festiva recepção ao Dr.
8 —
Dia
denomina
mais bella
livro
Peçanha, eleito
histórica
"a
Informam
publicidade
Dia
Azevedo
do Arpoador
6 —
Dia
Só ha um Duco DUCO DUPONT
no Arsenal
—
1903
terá a forma de uma canoa virada e será desprovido de
Dia
OUTROS PROOUTOS
OUE O ARÃO AO
SEU AU TO MÓVEL
A APARÊNCIA
DE
NOVOOUÇO
WAX
(CERA
PARA
DAR BRILHO EM PINTURAS
NOVAS),
AUTO TOP PINISH (TINTA PRETA
PAPA PINTURAS
OE CAPOTAS).
TOUCHUP (TINTA
PARA
RETOQUES
EM
PAR AL AM AS). ETC.. ETC
(quinta-feira)
DE
Marco
He'ena
de
do
memoria
Paraguay.
Parga,
"Alléluia",
Cavalier,
repre-
etc.
a celebre "Replica
Ruy
uma
ás defesas da re-
Barbosa.
"Mares
e Campos",
da sua terra,
dos
de V i r g i l i o
Várzea,
usos e costumes
do
seu
Dunshee
do
oovo".
Dia
!2 —
O
Abranches :
Dia
13 —
"Paiz"
insere
em
rodapé
pagina,
na
o poema
de
"Colombo".
Na capital da Bahia, pavoroso incêndio destroe a ponte do
trapiche
Pi ar. de propriedade de Honorato José de Souza.
Dia
ca
14 —
E'
exhibida
na
Maison
Moderne
a fita
"Gata
Borralheira",
da
fabri-
Pathé.
Dia
15 —
No S. Pedro, realiza-se o festival do actor Silva
Dia
16 —
Em
Antonina,
prepara-se
festiva
recepção
que, no Senado,
replicou ao übello de A l f r e d o
Dia
em
17 —
Diz-se
Porto
Alegre
que
vae
ao
Pereira, o
Dr.
"Velhinho".
Vicente
Machado,
Varella contra a politiquice.
ser
adoptada
como
hymno
do
Grande uma composição do maestro M u r i l l o Furtado com lettra de Z e f e r i n o
Dia
18 —
O
Internacional
Dia
19 —
nambuco
Dia 21 —
da Republica
inaugura, á rua
Lavradio,
Brasil.
104, a Exposição
de apparelhos a álcool.
O general Bormann, sob o pseudonymo de " B . de M a r b o u n " , inicia na
"Republica",
Dia 20 —
Presidente
de Curvtiba.
uma serie de artigos sobre o duque de
Publica-se nesta capital o " M a n i f e s t o "
relativo
á revisão da
do Partido
Caxias.
Republicano de
Em Petropoüs, conferenciam com Rio Branco, sobre o accordo
chado,
São
reconhecidos
Bulhões
Dia 23 —
Marcial,
deputados
Ne'son
de
pelo
Districto
Vasconcellos
brasileo-
Fallece
em
Porto
proeminentes da campanha
Dia 25 —
Alegre
O PNEU DE QUALIDADE
Distribuidores em todos os Estâdos
PNEUMÁTICOS
CONTINENTAL
DO BRASIL
LTDA.
C. Postal 201
Godoy.
Dr.
perenne de
descontentamento,
Exercito".
Julio
e a quem
de
Castilhos,
uma
das
figuras
Deodoro deveu sua eleição á
Peixoto, viuva do
Marechal.
O Ath'etic C l u b levanta, em S. Paulo, o campeonato de foot-ball, ven-
Termina
2 x 0 .
o prazo para a substituição das estampilhas antigas
pelas do
padrão.
Dia 28 —
Dia 29 —
que
Ma-
A Camara dá parecer favoravel ao projecto Lauro Sodré. que concede
Por Droposta
um voto de profundo
Rua da Alfandega, 41 — 3 andar-Sala 310/12 — R i o
Phone: 23-0517
novo
Irineu
magistratura.
cendo o C ub Paulistano por
Dia 27 —
o
republicana
pensão do 4 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 á Sra. Josina
Dia 26 —
os Srs.
Brasil,
José do Patrocínio, em artigo no " P a i z " , opina que " o systema federa-
por ser uma caudal de injustiça contra o
suprema
Federal
e Oscar
tivo, tal como o estamos praticando, é uma fonte
Dia 24 —
Per-
Constituição.
boliviano. Os representantes da Bolivia, Srs. Pinilla e Guachalla, e o dr. A s s i s
Dia 22 —
R'o
de Lucio de Mendonça é lançado, no Supremo
pezar pelo trespasse de Castilhos.
E ' lido no Senado o parecer do Dr. Frederico
regula o funccionamento
Dia 30 —
que, em
Dia 31 —
Em
S.
Tribunal,
das sociedades
religiosas.
Paulo, é preso o chefe da famosa
1901, deixára esta
Borges sobre o projecto
"Quadrilha
dos
Subúrbios",
cidade.
A Camara de Nictheroy approva o contracto para o abastecimento de
carnes verces, celebrado com o Cel. Dias do
Menezes.
O
AS
O mais completo sortimento em artigos de qualidade
e bom gosto, para cavalheiros e viajantes
M
PRIMEIRAS
PARADAS
DAS
LINHAS
DE
TIRO
Na Avenida Tiradentes. da Paulicéa, és 2 horas da tarde do dia 26 de maio de
1910. desfilaram pela primeira vez, os novos defensores cfa Patria. Desde a estação da Luz até
ruas João Theodoro e Ribeiro de Lima. era incalcu'avel a
n u tidão. que desejava, ansiosa, assistir á passagem dos atiradores, apezar da chuva, miúda e insistente, que cahia.
Foram sete as linhas de tiro, que formaram, sob o commando do 2.° Tte. Guálter
Pereira Machado, e tinham os números 34, 3, I I , 35, 22, 66 e 2. Passou-as em regista o Presidente do Estado de S. Pauk>, Dr. Albuquerque Lins, que ia num Iandau, em companhia do general O s o r i o de Paiva, commandante da região. Em
outro landau viam-se o Dr. Washington Luis, secretario da Justiça e da Segurança
Pub ica, e o Cel. Elysio de Araujo, director da Confederação do T i r o , que foi
creada pelo decreto 1503, de 5 de Setembro de 1906.
Quatro sociedades de tiro destacaram-se pelo garbo, luzimento e correcção com
que se apresentaram: a de n.° 34. de São Pernardo: a de n.° I I , de Santos; a
de n.° 35, da Paulicéa, e a de n.° 3, da mesma capital. A cada uma coube
um valioso premio.
A segunda parada de atiradores» o a mais imponente, realisou-se na Avenida
Centra', actualmente Rio Branco, nesta cidade, a 7 de Setembro de 1910.
Quasi todas as sociedades de tiro existentes no Brasil particioaram desça mostra
militar. A tropa do São Paulo era constituid<a peias sociedades ns. 2, 3, I I , 20
22, 23, 34 e 35; a do R. G . do Sul pela sociedade n.° 4 ; a do Disfricto Federal
pelas de ns. b, 6, 7 e 77; a do Estado do Rio, pelas de ns. 12, 15, 24, 27 51.
56, 68 e 69; a de Pernambuco pela sociedade n.° 13; a de Minas pelas de ns. 17
e 52; a do Paraná pela sociedade n.° 19; e a do Espirito Santo pe'a sociedade n." 43.
A brigada de Atiradores era commandada pelo general Bellarmino de Mendonça.
Não poude ser passada em revista pelo Presidente da Republica, Dr. N i o Peçonha, devido ao mau tempo.
OS NOSSOS
i
PHAROES
Possuímos, do Amazonas aos Pampas, isto é, distribuídos pela costa norte, costa
léste e costa sul e oe'as lagoas dos Patos e M i r i m e pe'o rio Paraguay, 5 0 1
pharoes o 10 aero-pharoes, alguns dos ouaes gyratorios. O s últimos construido-.
datam de 1934 e são os de S. Migue!, Ilhéu Grande, Coroa Verme ha, Lage d?
Colombo, Lage da Figueira, Parcel dos Meros, Lage do Fundão, Itajahy, Ponto
(á margem do canal de Sta. Catharina), Coral, Ilha dos Lobos, Gambeta, Desafores (estes dois no R. G . do S u l ) e Ba'duino, no rio Paraguay. Na ilha do Mel
acha-se em construcção um oharol automatico, projectando-se outros nos Abrolho - .
(Bahia), na ilha Rasa (Guanabara), na Ponta do Boi (S. Paulo), em Santa Maria
(Santa Calharina) e Salinas (Pará).
Os pharoes de menor impor1*ancia alcançam a distancia de 8 milhas, e os de
maior importância attingem 6 extensão de 28 milhas, taes os de Santa Anna c
de Cabo Frio.
O Brasi! é, no Continente, o paiz que conta maior numero de pharoes. Na Argentina, são em numero de 6 4 ; no Uruguay, em numero de 14, e, no Chi'e, em numero de 94. Na Araenfina, o oharol aue alcança mais 'onge é o do Cabo Virgenes,
22 mihas, o, no Chile, o de Isla Santa Maria, 24 milhas. E ' o Uruguay que detem
o pharol mais possante : o de Cerro de Montevideu, que irradia luz a 32
•ff
A
BIBLIOTHECA
DE M A R C O
97, RUA I- OUVIDOR, 99
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c o K A e q u i i a
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a i w l a
' O A i d a
milhas.
AURELIO
de
kifvtmxL
a
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usa
(MM
O Visconde de Taunay, grande amigo de D. Pedro II, revela em s eu livro " H o m e n s
e cousas do Império" que a collecção de livros do immortal Monarcha se compunha de 0 0 . 0 0 0 volumes. Em quasi todos se ve exarana a assignatura de seu offertarte. o proprio autor do livro. Não ha exaggero em dizermos que nosso pranteado Soberano era conhecido em todos os Continentes. D. Pedro II legou á sua
Patria esse archivo precioso com o maior desprendimento, a mais admirável largueza e espontaneidade, em signa! de seu acendrado amor ao Brasil, amor que se
não extinguiu no tumulo, onde o augusto Varão pediu que se puzesse um pouco
de terra da Patria.
UM
JORNAL
ROGER
GÀLLET
CONDECORADO
O Amazonas", fundado por Antonio da Cunha Mendes, a 9 de Julho de I86*>
foi uma das primeiras gazetas do Norte, dada a sua importancia no s sectores po'iíicos e litterarios. A essa folha, onde collaboraram os gene^aes Pedro Ivo, T h s u rnaturgo d6 Azevedo e Torquato Tapajós, cabe a primazia de haver lançado edições em papel de cor, o que se verificou em 1871, por occasiao da data genethliaca de D. Pedro I I . No anno da Proclamação da Republica, " O Amazonas"
feve a hor.ra do receber uma medalha de bronze, conferida pelo Syndicato FrancoErasileiro. em paga dos serviços, que prestou em pro! da Exposição Universal de
Paris.
O CARACTER
DE
'ODErAQQOZ
E X T R A C T O
LO C A O
BRJLWANTINA
DEODORO
Contam os que privaram com o Proclamador da Republica que, decorridos alguns
mezes após a quéda da Monarchia, vários políticos entraram a perseguir Deodoro
com pedidos de recompensas e posiçõe s elevadas. O Marechal, a quem repugnavam as paixões soezes, excamou, certo dia, perdendo a paciência.
— Si os Senhores continuarem a aborrecer-me, deixo o perwacho de generalíssimo
á porta do palacio e retiro-me para a minha casa do Campo de Sant'Anna, cujo
aluguel ainda estou pagando...
A casa, a que se referia o «Ilustre soldado, ainda existe. Acha-se situada proximo
á rua Visconde de Itauna. Faz uma década, esteve neMa installado o Prytaneu
Militar, creação do general Liberato Bittencourt.
C R E U B S
P A V O T S
t T A M O U R .
D A R . G E N T
ROGER^GÀLLET
Outubro
1989
3
M
l\
A
S.
Excia.
o
Sr.
O S W A L D O
MINISTRO
DAS
E m b a i x a d o r
ARAN
RELAÇÕES
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EXTERIORES
P E D R O
DA
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A C A D E M I A
C A L M O N
B R A S I L E I R A
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I
ão Cristovão Cocn.bo?
Subirá aos altares, canonisado, porventura orago da
America,
novo santo da
4 *
Igreja, o Descobridor?
Processa-se em Roma, com
*
»
o vagar solene dos processos a que o Pontificado sujeita a escolha dos veneráveis, dos bemaventurados, dos
padroeiros que vão florir os nichos dos templos, esse prêmio
supremo — ao homem que alterou os destinos da humanidade em 1492.
A ' primeira vista a mercê é excessiva.
Não é o misticismo de Colombo que lhe sobreleva na história tão impregnada de romance: é uma profunda convicção
cientifica.
Devéras — para o ciclo português das viagens marítimas —
a de Colombo foi menos do que uma revelação: foi uma
antecipação. Essa pressa de chegar, em contraste com a
calma de D. João II, é o traço distintivo da psicologia do
beato italiano: ardor no empreendimento, fé irredutivel, vontade heróica, estoicismo pio e doce. Não sabia mais que os
pilotos do porto de Lagos em cuja companhia visitou a Guiné.
Foi aprendiz na boa escola nautica do Infante de Sagres.
Discípulo da marinha lusitana. A ilha de Porto Santo foi para
ele um seminário. Estudou os segredos do oceano na experiencia daqueles cosmografos discrétos e daqueles navegantes
silenciosos. E lêra Marco Polo. E entendera Toscanelli. O
erro matematico de Toscanelli tarnsformou-se no argumento
ágil com que convenceu a corte de Castella e Aragão. Erro
de avaliação; argumento fulgurante. Segundo a medida da
esféra proposta pelo físico florentino quinhentas legoas apenas
separavam a Europa da ponta asiatica de Cipango. Essa
distancia podia ser vencida pelas caravelas que iam á Islandia
(e Colombo fora á Islandia) e iam ao Niger (Colombo fora
ao Niger). Tres mezes de proa apontada para oéste — e de
repente avultaria no horizonte aquele continente ilustre. A
Catai das torres de porcelana e jade, o Indostão dos elefantes
xairelados de purpura, a vaga Trapobana dos textos clássicos. . . D. João II preferia tentar por conta própria. Inglaterra
e França tinham mais que fazer. Os príncipes italianos contentavam-se com o comercio mediterrâneo. Isabel a Católica
foi a alma irmã que o visionário encontrou numa Espanha
preparada para altas conquistas. Unificada após a quéda de
11 / / / / /
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Granada, estimulada para as façanhas guerreiras, faminta de
impérios distantes. Colombo era então um pedinte. Vivia de
esmolas com os arrábidos. Tinha na fisionomia envelhecida
algo de Pedro Eremita. Falava uma linguagem quente e
delirante de quem se familiarizou com as visagens, as sombras,
o irreal. Pedia pão e . . . navios. Alternava uma queixa —
de sua miséria — com uma súplica — de sua crença. A
escudéla da sopa e uma armada — eis o que solicitava na
portaria do palacio. Isabel ouviu-o. Mandou servir-lhe a ceia
e chamou o judeu que empenharia as suas jóias. Tres navios
com urgência. — Senhora, bastam esses tres barcos. E eu
vos darei uma imensidade, um hemisfério, metade do universo! — A rainha acreditou. Que seria de nós se em todos
os graves momentos da história dos póvos não houvésse um
crente — e uma grande mulher capaz de compreendê-lo?
Isabel ficou sem as suas jóias, mas Colombo teve os seus
navios. Mesquinhos galeões de noventa toneladas. Achou-os
excelentes. E' um detalhe da iluminação interior, o desprezo
dos meios pelos quais a Providencia atinge os seus fins. . .
Sentindo-se instrumento de Deus não olhava pormenores.
Descobriria as índias no fundo do Atlântico e restituiria á
rainha crédula com o seu pêso em ouro os tres navios bemditos! Foi, descobriu, voltou: e a rainha piedosa, e os descendentes de Isabel e Fernando tiverám em ouro e prata
muitas vezes o pêso da "Santa Maria", da "Pinta" e da " N i n a " .
O genovês não tirou de sua gloria nenhum proveito diréto.
Negaram-lhe em breve tudo. O seu almirantado, os titulos
sonoros que lhe recompensavam os trabalhos, não puderam
afastar dos seus lábios o cálice das amarguras. Arrastou
grilhões nos pulsos, conheceu a tréva do cárcere e a ingratidão ainda mais negra. Por ultimo lhe arrebataram o direito
de ligar o seu nome ao mundo novo: chamaram-lhe — em
honra de Américo Vespucci — America. . . Abraçou-se mais
com a sua religião e morreu pezaroso. Morte de santo. Quasi
martirio. Digna dos agiológios, onde cintilam analogas aureolas de resignação, de serenidade, de placidez sobrehumana.
Um tanto por isto, um tanto por aquilo, Cristovão Colombo
se tornou um símbolo de virtudes cristãs: proféta, paladino,
exemplo. Nem lhe faltou o milagre. O milagre histórico da
viagem que transferiu o eixo da civilização, do oriente para
o ocidente, através das aguas azúes. Tudo como se tora um
prodígio, uma alegoria, a marcha dos reis maqos conduzidos
pelo raio de sua estréia vespertina, cousa da infinita bondade
de Deus!
ç
em a flora que guarnece os valles,
^
enfeita as ilhas, preserva as mon-
tanhas, aformoseia as praias e as planicies, a terra
pareceria uma desola-
ção sem fim, em cujo seio o homem não
poderia viver, porque das verdes folhagens, vêm a sombra amiga e todos
os germens da vida. A flora desperta
os sentidos e faz a inspiração do poeta, nas horas felizes da existencia.
E entre todas as creações botanicas da
natureza, nenhuma mais pittoresca do
que
a
familia das palmaceas.
cujos
leques balouçam ao vento e soltam
agradaveis
sussurros.
Os
seus
feitios
variam e também as suas cores, ricas
de mil matizes
e
de
mil suggestões
polychromicas, que vão desde
o
par-
do ao azul, desde as tonalidades cinzentas
ás escarlates, sem esquecer as
claras e luminosas.
Distribuídas
por
uma immensa região
selvagem, aos grupos ou solitarias, perdidas aqui e dominando em massa mais
além, visíveis no Juruá, no Madeira, no
Solimões, no Javary, no Tocantins,
ri-
sonhas e festivas tanto na planicie do
Amazonas, como
no
Pará, Maranhão,
Ceará, Pernambuco, Bahia, as palmeiras
mostram-se úteis e bellas.
Como utilidade, servem para a confecção de utensílios, os mais profusos e os mais
contradictorios.
Das suas insinuantes ventarolas fazem-se cordas, viradores, cabos, escovas, linhas, fios, barbantes, pannos,
vassouras,
espanadores,
abanos,
redes,
toda
uma variedade de cousas úteis, que provocam a
actividade humana
de
milhares
de
creaturas.
O
indigena o o civilizado recorrem a ellas para satisfazer innu.neraveis
necessidades. Do seu tronco e
das suas substancias, extrahem-se
e
manipulam-se
cremes, olec», vinhos, ceras, botões, palmitos, chapéos, telhado», tecidos, amidos, fibras, toxicos, farinhas, tintas, taite, canoas e jóias. Brotando de terrenos alagadiços ou arenosos, germinando nas planícies húmidas € nos solos que recebem o sol, parece
acompanhar as migrações humanas e favorecer todas as industrias.
Ha a "bacayuba" de espique cylindrico e de folhas
crespas, a "catoíé", que cresce pouco e dá fructos
comestíveis, o "cigano" de espique flexuoso e que
floresce tanto no Rio de Janeiro, como no Espirito
Santo,
Goyaz
e Amazonas.
Vemos
a
"jacytara",
de exterior espinhoso e de fibra flexível, o " m i r i t y "
e o " b u r i t y " que apparecem em massas compactas,
o "quaresma"
de espique solitário
e
cujas folhas
se apresentam arqueadas. Ha a "cayané", que se
arrasta
ás
vezes
pela
terra,
alteando-se
pouco,
vegetando no sole húmido e sombreado, nos valles
do Madeira, Purús e Manés. Encontramos palmaceas
solidas e ondulantes, lisas e enrugadas, altaneiras e corcoveadas, que multiplicam as impressões das paízagens.
H e r í s e pittorescas, encantam as florestas virgens e os parques arborizados das cidades. Elegantes, sóbrias ou altivas,
erguem os seus dorsos farfalhantes ao espaço azul e recebem,
joviaes, a luz do sol. Nas mattas dominam os topos verdes
das arvores
e nas metropoles quebram
a monotonia dos
aspectos urbanos, dando-íhes suavidade e formosura plásticas.
Outubro
1939 7
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Uns cáem sobre as palhoças humildes ou sobre os matos ressequidos e lhes atêam fogo. Outros cambalêam no espaço, ba-
estejando São João, para o negro céu das frias noites de
junho sobem pequenos globos de papel de côr com a
chama que lhes dá luz, calor e força para subir. Ascendem.
Vão muito alto. O vento sutil devagarinho os tange pelas
alturas. Lá se vão! La se vão!
Depois, sua luz diminúe, seu calor fenece, sua força se extingue.
Rodopiam tontos. Descrevem longas curvas e se aproximam
da terra de onde partiram.
F
tendo nas fachadas das casas e nos fios eletricos, enquanto
os garotos os perseguem com pedradas e apupos:
— Tasca! Tasca!
—
Cái, cái, balão!
Dir-se-ia o destino cruel dos homens.
A
mocidade dá-lhes o
alento inflamado que os eleva á amplidão. Brilham rapidamente
como estrelas fugazes. Percorrem as alluras rápidos e luzentes.
•Aí
Depois, o tempo lhes abranda o vigor
e começam a descer
macábro, havia um papel amarelado pelo tempo que dizia assim:
para o fim fatal.
" N e m sempre
eu e este
meu irmão que está junto comigo
Uns, ao cair, causam ma!es sem conta, incendiando, destruindo
fomos o que somos agora. Antes, grande diferença nos sepa-
o que ó alheio. Outros sofrem pedradas e injurias da multidão.
rava. Êle andava de carro, escoltado por lanceiros, e eu só e
Outros semente caem tascados por eia. Dir-se-ia o destino cruel
a pé. Êle habitava riquíssimo palacio e eu mísera choupana.
Toda a gente falava a seu respeito e era uma honra tirar-lhe
dos homens.
A' pcnla de varas, os balões venezianos iluminam as marchas
festivas. Pendurados de arames, enfeitam as noites de gala.
Tão lindes! A vela que lhes dá viço nunca deve encostar nas
frágeis paredes de papel pregueado, senão os consumirá. Se
o vento seprar com força, sua luz se apaga ou sua chama os
cresta. Sempre a mão a'heia os conduz, porque sozinhos não
podem sair do lugar. E, quando acabam de ser usados, se nada
lhes aconteceu, poderão ser dobrados e guardados para ser-
o chapéu. De mim ninguém nunca se lembrou e falar comigo
equivalia
a rebaixar-se.
O
nome dê'e aparecia diariamente
nos jornais com elogios. O meu nunca foi publicado. Tudo para
ele era opulência, gloria e felicidade. Tudo para m : m pobreza,
aviltamento e desgraça.
Quando adoeceu, foi recolhido a uma casa de saúde de primeira ordem, teve dez sábios á cabeceira, milhões de pessoas
fôram visitá-lo, a policia impôs silencio a um quarteirão inteiro
e o mundo se alarmou. Rezaram-se missas pontificais pe!o seu
virem outra vez.
restabelecimento.
Êsses pequeninos g!cbos de papel chinês lembram as mulheres.
Quando adoeci, caí em plena rua, a Assistência Pública me
São lindas e frágeis. Qualquer cousa as cresta e só pela mão
levou para o hospital do Pronto Socorro e fui dar com os ossos
de outrem podem ser levadas a um destino certo. A luz da
na Santa Casa. Tomei o famigerado chá da me:a-noite e não
juventude empresta-lhes por pouco tempo bri'ho e vida. E,
morri. Ninguém soube disso.
se forem conservadas com todas as delicadezas sutis que me-
Êle morreu,
recem, poderão servir mais duma vez. . .
meio páu na cidade, no país, nos outros continentes. Espaçadas
Ligeiras e várias como os balões de São João, frágeis e lindas
salvas de artilharia
como cs balões venezianos são as criaturas que rapidamente
formidável enterro! Regimentos e regimentos. Uniformes e uni-
passam no paico do mundo. Nenhuma delas sabe por que tem
formes. Corporações e corporações. Magnates e magnates. O
essa luz, por
povo. A gente graúda. A s mitras. Musicas fúnebres. Latinorios.
que
gosa
desse
calor,
por que ornamenta o
negrume noturno. Nenhuma delas conhece a misteriosa mão
que lhes acendeu a mécha
ou
a vela
e as
impeliu para o
espaço ou as amarrou em um arame. E todas, sem excepção,
ignoram a hora triste em que se hão de queimar ou apagar
ao sopro da ventania, á pedrada do moleque ou nas mãos
de alguém . . .
A S
emfim.
Luto
e consternação gerais. Bandeiras a
o dia
inteiro, em terra
e
no mar. Que
Discursos. Flores. Ceremonias. Todas as consagrações.
Quando eu morri, levou-me sozinho, sem uma flôr, sem uma
oração, sem um amigo, o rabecão do Necroterio.
A ' sua memoria erigiram mausoléus
e
estatuas, inaugurados
com espetaculoso proioco'o. A' minha, nada: fui para a vala
ccmum. Êle teve o nome em praças e ruas de muitas cidades.
Eu não tive nome.
O Tempo, o Grande Mestre, passou e o Destino, outro Grande
C A V E I R A S
Mestre, reuniu o cráneo dele ao meu cráneo nêste embrulho.
Um homem encontrou certa vez duas caveiras enroladas num
E agora eu te pergunto — homem que lês êste papel — quai
ve.ho oleado,
é a minha caveira e qual é a dele?"
nas ruinas duma igreja.
Dentro dêsse pacote
GUSTAVO
DA
BARROSO
A C A D E M I A
BRASILEIRA
• ^ S B f c - :- •
K.
C / f t M O N
V
'
A GRANDE PARADA
DA I N D E P E N D E N C i A
A
S
PHOTOGRAPHIAS
PAGINA DIZEM
ELOQUENTE-
M E N T E O Q U E F O I EM
E MOVIMENTO
DA M I L I T A R
DESTA
ESPLENDOR
A GRANDE
REALIZADA
PARA-
ESTE
AN-
NO, N O
D I A 7 DE S E T E M B R O ,
CAPITAL
FEDERAL
NELLA
TOMARAM
DAS N O S S A S
E
MAR,
PARTE,
FORÇAS
ALÉM
DE
CONTINGENTES
NA
TERRA
NAVAES
DOS C R U Z A D O R E S " R I V A D A V I A "
"MORENO",
DA
E
REPUBLICA
AR-
GENTINA
E O S C A D E T E S DO
PAIZ
VIZINHO
QUE
VIERAM
ESPECIAL-
FESTEJAR
COMNOS-
MENTE
PARA
CO
A
D A T A DA
DO
BRASIL
INDEPENDENCIA
PARADA DA MOCIDADE, REALIZADA, COMO NOS ÚLTI-
NELLA SE REPRESENTARAM OS CORPOS DISCENTES DOS ESTA-
MOS ANNOS, NA SEMANA DA INDEPENDENCIA, FOI UMA
BELECIMENTOS DE ENSINO DA CAPITAL FEDERAL, NUMA OR-
EXHIBIÇÃO DE SAÚDE, FORÇA, ALEGRIA E DISCIPLINA DA
DEM ADMIRAVEL, O QUE PROVOCOU OS MAIS VIVOS APPLAU-
JUVENTUDE DO BRASIL
SOS DO NUMEROSO PUBLICO PRESENTE.
A
NA
TARDE
Vae pela tarde a vida e a luz agora
De uma nova doçura envolve tudo:
Ha nas cousas caricias de velludo
E a saudade é uma voz que canta e chora.
Passou, nâo se perdeu, isso que outrora
N a s manhans claras me encantava. E o mudo
Recordar, com que em sonho inda me iIludo,
Abre-me em flores o caminho em fora.
Coração, que entardeces como o dia !
Lento o velario de ouro se descerra,
Descobrindo o horizonte no arrebol:
Outra esperança, em preces, se annuncia,
Outro céo, de mil cores sobre a terra,
Outro, occulto no poente, o mesmo sol I
ALOYSIO
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M
Edson
Motta
(Premio de viagem ao Estrangeiro)
Despertar
Honorio
remio
de viagem
ao
paiz)
SALÃO NACIONAL
"Palmares" —
baixo relevo de Calmon
Barreto
Ç o m o
costuma succeder todos os annos,
a inauguração do Salão Nacional de
Bellas Artes marcou o momento culminante
da nossa temporada de Bellas Artes. Pensando nelle, na alegria fugaz
de
alguns
dias de evidencia, os nossos artistas plásticos trabalham com enthusiasmo, fazem sacrifícios e expõem. Sonham todos com uma
referencia
gentil
dos
que
passam, com
uma phrase amavel dos collegas sinceros,
com a esperança illusoria e torturante de
um premio, que quasi nunca vem. . .
Vicente
Leite
—
"Natureza
em
festa"
DE BELLAS ARTES
J.
E' o Salão, emfim,
o instante dourado do
movimento das artes em nosso meio. E' claro
que a concessão dos prêmios nunca poude
nem nunca poderá agradar a todos os que
concorrem. Porque Tbem poucos são os que
sabem perder. Mas como este anno, parece
que nunca a desorientação do jury foi tão
grande, nunca a justiça tão mal distribuída!
Nestas linhas queremos apenas registrar os
nomes dos que foram aquinhoados com os
prêmios ao lado de alguns dos trabalhos
expostos:
Rescála —
"Bolinhos de cariman"
—
Medalha de prata
Hernâni
Armando
Pacheco —
"Praça
de Irajá —
"Scena
tropical"
Tiradentes"
P R E M I O DE V I A G E M A O E S T R A N G E I R O — Edson Motta. P R E M I O
DE V I A G E M A O P A I Z — Honorio Peçanha. M E D A L H A DE H O N R A
—
Pedro Alexandrino.
S E C Ç Ã O DE P I N T U R A : M E D A L H A DE O U R O — Manoel Santiago.
MEDALHA
DE P R A T A — João
Alberto da Veiga Guignard,
José
Ado
Rescala,
Malagoli,
Theodoro
Ruy
de Bona,
Campello e José
Pancetti. M E D A L H A DE B R O N Z E — Emidio Magalhães, Jorge Mattos
e Yuzi Tamaki. M E N Ç Ã O H O N R O S A —
Liberalli,
Paula Fonseca Júnior,
Edgard Oehlmeyer, Regina
Randolpho Barbosa, José Maria Al-
meida, Roque Chiaro, Hernâni Bruno, Maria Luiza Gomide Staffa e
Miguel Loureiro.
S E C Ç Ã O DE E S C U L P T U R A : M E D A L H A DE P R A T A — Calmon Barreto. M E D A L H A DE B R O N Z E — Newton Sá. M E N Ç Ã O
Fernando Martins — "Recanto
Ricardo Cipicchia — "Sacy na cavalhada"
—
Colorido"
Maria Brito, Marcos B. Salles e Armando Schnoor.
SECÇÃO
OURO
Gastão
Formenti
-
HONROSA
—
"Cantigas
DE D E S E N H O S
E
ARTES
GRAPHICAS:
Calmon Barreto. M E D A L H A
de
lui"
MEDALHA
DE P R A T A —
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DE
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Manuel
Faria —
"Juruiuba"
(D.) e Hans Steiner. M E D A L H A DE B R O N Z E — Alexandre cTAImeida,
Godofredo Egger, Hans Etz, Paulina Kaz, Fernando Lamarca e Sal-
Manuel Santiago —
"Passeio matinal" —
Medalha de ouro
vador Pujais Sabaté. M E N Ç Ã O H O N R O S A — Regina Liberalli.
S E C Ç Ã O DE G R A V U R A : M E D A L H A DE O U R O — Calmon Barreto
MENÇÃO
HONROSA
—
Yara Ferreira
Leite.
S E C Ç Ã O DE A R T E D E C O R A T I V A : M E D A L H A DE O U R O — Manoel Pastana. M E D A L H A DE B R O N Z E — Dolores Angela Rodriguez.
M E N Ç Ã O H O N R O S A — José Jardim de Araujo, Sylvio Bretas Araujo,
Franco Cenni e Hugo Moriani.
PREMIO " I L L U S T R A Ç Ã O
B R A S I L E I R A " : S E C Ç Ã O DE P I N T U R A
—
Salvador Pujais Sabaté. S E C Ç Ã O DE E S C U L P T U R A — João Baptista
Ferri. S E C Ç Ã O DE D E S E N H O — Maria Delfino. S E C Ç Ã O DE A R T E
D E C O R A T I V A — Camila T . Alvares de Azevedo. S E C Ç Ã O DE G R A V U R A — Yara Ferreira Leite.
PREMIO
CASA
MINERVA:
SECÇÃO
DE P I N T U R A —
Jayme Pe-
reira Ramos.
Luiz Almeida Junior —
"Na
barreira"
Armando
vV- - Pau ! o Gagarin —
"Serra
do
Carranca"
Vianna
'Minha
Filha"
LUCA
CLAUDIO
DE
SOUZA
— O sacerdote é de carne e osso como qualquer de nós. E nem todos
podem dominar a carne.
Como me pareceu sincera e experimentada esta conclusão, sorri.
— Por que sorri ? disse e'a, já encristada para a polemica.
— Porque lhe acho razão. De fato, nem todos podem dominar a carne.
— Soja sircero ! Sorriu porque em seu cerebro se esboçou um comentário que não \eve coragem de atravessar o curto espaço da laringe aos
lábios.
— Juro-lhe...
— Nunca se jura a uma mulher de 50 anos que tem ouvido tantos juramentos falsos do$ homens. — Quando eu disse que nem todos podem
dominar a carne, você pensou : — Ela sabe porque o d i z . . .
— De modo algum ! — protestei, com vivacidade.
— Ora ! — ora ! Tenho sido o assunto saboroso da maledicência.
Sou duas vezes apetitosa. O s que me não podem obter os favores, gozam-mo moralmente, com sadismo, estrangulando-me a reputação. E sou,
assim, gostosa física e moralmente.
— T e r r í v e l . . . T e r r í v e l . . . — disse eu.
— Acaba de engulir outro comentário. Acha-me cínica.
— Não diga i s s o . . .
— Fala-se muito em engulidores de ar, cujos sofrimentos físicos são devidos á compressão, ou á deslocação cía massa de ar nas viceras. Pois os
engulidores de opinião devem sofrer os mesmos incomodos no cerebro. E i s
porque f i z da franquer.a minha saúde moral.
— E porisso conserva a alegria. Conte-me essa aventura.
A no : te era quente. Subiam do asfalto baforadas infernais que, misturando-se com os perfumes aquecidos das flores do jardim, entrava pelas janelas do apartamento. Eu recebia aquele influxo pesado no sangue, na
respiração. Esther Rivadavia prosseguiu :
— Era um padre lindo e novo, desses que os bispos não deviam permitir
que frequentassem os salões e que confessassem as mulheres de menos
de setenta anos. Conheci-o quando eu completava trinta e cinco anos e
afirmava ter apenas vinte e cinco incompletos.
— Como agora declara ter 50 e não tem mais do que 4 0 incompletos ?
— Não venha com essas to'ices c o m i g o . . . Você me está dando cíncoenta
e cinco, pelo menos.
— Que creatura é você, Esther ! . . .
— A beleza do padre impressionava a todas as mulheres — continuou
ela. Algumas que só se confessavam na quaresma, começaram a abusar
desse alimento espiritual, ajoelhando-se aos pés daquele padre de voz
abemolada e olhos tão suaves como os de Christo. O padre moço, porém, estava na primave r a florescente da fé, raio de luz em peno f u l gor — como me disse o Bispo, quando lhe fiz vêr os perigos daquela
juventude exuberante no meio de tantas enfermas da alma.
— Você teve coragem de dizer isso ao Bispo ?
— Conheço-o desde pequena. Quando seminarista passava as ferias como
nosso hospede. Gostava de pregar-me partidas, e ria-se muito quando
conseguia vencer-me.
— E que ihe respondeu ele ?
— Respondeu-me que para a fé sincera, a exuberancia do corpo não constitue perigo. E\ ao contrario, motivo de exaltação, pois exercita-se o
espirito em domina-lo. Repliquei-lne que essa vigilancia podia fatigarse e adormecer.
E
sther Rivadavia, riquíssima desde o berço, nada tendo que fazer na vida, escolhera duas diversões para ocupa-'a : a conversação e o amor. Na conversação esgrimia com os paracíoxos,
afetando cinismo. E em amor nunca passara dos caprichos extravagantes.
Naquela tarde, em seu jardim d'inverno, disse-me ela :
—
—
Sabe que por minha causa um sacerdote se ia suicidando ?
Não diga ! — exclamei, curioso.
Ele treplicou-me : — Minha filha, pela virtude desse padre, respondo.
Ha. de fato mulheres que, tomadas pe'o furor diabolico, tentam desviar os eleitos do Senhor do bom caminho. Nenhuma delas, porém,
poderá vencer a virtude desse padre, que todas as noiles exorto ha
muitos anos.
— Essa especie de desafio, i r r i t o u - a . . .
— Você o disse. Ele mo supunha ainda aquela criança fácil de vencer. Senti-me picada em meu amor proprio. Se andavam tantos a fazerrno declarações, porque me resistiria aquele padrezinho insignificante ?
O creado chegou com refrescos. Ligeira interrupção da conversa.
— Pode deixar. Emilio. Sirvo eu mesma.
O creado retirou-se. Esther poz de lado a palhinha que viera na sua
laranjada, e absorveu-a quasi de um só folego, como se necessitasse
acalmar a febre daquela noite de verão. Enxugou os lábios, e continuou a historia.
— A luta f o i desigualissima, disse ela. — Eu, você me conhece...
— Guerreira experimentada, com todos os artifícios da fascinação !
— E ele, o pobrezinho. . . tão ingénuo ! Nem sequer me lançou os
olhos na primeira confissão. Se eu aproximava a boca da grade do
confessionário, afastava-se. Ouvia-me com a cabeça inclinada para os
joelhos. Quando eu me punha a contar pecadinhos de amor, inventando-os segundo as necessidades do ataque, ordenava-me : Basta dizer
aue pecou contra a castidade por pensamentos, palavras ou atos. São
desnecessários os pormenores, e não deve repeti-los porque pecará de
novo, com isso.
Da Academia Brasileira. Do P. E. N. Clube do Brasil
uma cadeira para dar a ilusão de que o padre se precipitara para o
pateo da casa, emqunto este saía tranquilamente. Boa lição deu-me o
Bispo com aquole susto !
— E você corrigiu-se, Esther ?
— Não sei. Quer fazer uma experiencia ?
— Façamo-la disse-lhe eu sorrindo.
Nossas bocas encontraram-se. A
lição em nada lhe aproveitara. . .
— A luta anunciava-se mal — cJis$e eu.
— Procurei vence-lo pelo perfume. Reproduzi algumas combinações que
me haviam dado resultado com temperamentos sanguíneos. Nada.
— Ha, então, dessas combinações ?
— Naturalmente. Ha uma parte química no amor. Um perfume excitante e quente não convém a pletorico, mas é tiro e quéda para o
apatico. O homem que gosta de animais, adora o perfume do couro
cia Rússia. Não ha o Tabac Blond para os que gostam de sentir o
cheiro do fumo na boca da mulher ?
— E' exato.
— Pois com o padre usei de todos os perfumes. Havia alguns que
lhe deviam fazer dor de cabeça, porque ele suava em camarinhas e
ficava muito pòÜdo.
— Que barbaridade ! Você se condenava ao inferno.
— t ' a luta dos sexos. E era mero capricho que eu não pretendia
realizar inteiramente.
— Como acabou isso ?
— Certo dia quando fui á confissão, deram-mo outro padre, dizendo-me
que o Bispo tomara meu confessor ptora secretario. Aborrecidíssima, subornei o sacristão e soube a verdade. — O Bispo aconselhou o padre que
não continuasse a confessar-mo.
— Era um começo de vitoria para você. O Bispo perdera a confiança
na fortaleza do píadre. Você devia ter-se contentado com isso.
— tra já ta^de. O duelo que começara por movimento de amor proprio.
me fizera perder pela primeira vez na vida o domínio de mim mesma. De
inicio, não pretendera conquistado. Bastava-me que ele désse qualquer
mostra de capitulação para que eu o deixasse, satisfeita com a vitoria.
A luta, porém, fez-me admirar mais demoradamente o adversario. E
aoaixonei-me por e!e. Amor-proprio e amor juntaram-se. A í começou
o drama.
— Feoomeno naturalíssimo em psicologia.
— Escrevi-lhe uma carta longa pedindo-lhe que me viesse ver, pois me
achava doente e necessitava de conforto espiritual, que só suas palavras
até então me tinham trazido. Não tinha muita esperança nesse recurso,
mas com surpreza vi-o aparecer, no mesmo dia.
— O caso para ele, também, se complicava ao que parece.
— Não prevendo tão imediata visita, não tinha preparado minha enfermidade. O creado deixara aberta a porta do vestibulo, e eu passava por
ali quando o padre ia bater. Fui obrigada a recebe-lo como estava, isto
é, em penteador, entreaberto. Acompanhava-o um padre velho, que disse
que espertaria no vestibulo pois tinham que ir juntos visitar um doente.
Deixei-o ali á vontade e entrei com meu confessor. Ele não quiz i r além
deste jardim d'inverno, onde não me agradava ficar, pois o outro padre. se trepasse numa cadeira podia ver-nos através da grvade por onde
sobem as trepadeiras. A noite era como esta, quentíssima. Comecei a contar-lhe meus padecimentos morais. Só no mundo, viuva, sem nenhum afeto,
procurava na religião refrigério para a alma. Apaixonada como eu estava, ou como supunha estar, a astúcia insinuou em minhas palavras certa
veemencia de ternura que desarmou a vigilancia do padre. Falamos do
amor misiico, do consolo da ternura f.em pecado, e detivemo-nos na
beleza dessas flores dos jardins ce'estiaís. Tão enlevado estava o padre
que aceitou um "cock-tail".
— Eva. . . sempre Eva ! . . . Em vez de maçan, uma batida ! . . .
— Do apartamento superior vinham os sons de uma valsa vienense. Era
ainda o tempo em que a valsa, como a brisa sonora, fazia fremir as pétalas da sensibilidade amorosa. O pladre parecia perturbado, fóra de
s i . . . Não se atrevia, porém. Lancei-lhe um golpe decisivo. Tomei-lhe a
mão e b e i j e i - a . . .
— Oh ! exc'emei, tão excitado como quem toma partido num jogo
esportivo.
— Sua mão tremia, e nos seus olhos se acendeu certo reflexo de pecado, que nenhuma mulher desconhece. Aproximei-me do sua b o c a . . . Sentilhe o haüto aquecido. Mas nesse momento a luz apagou-se. O padre
levantou-se, como tomado de súbito remorso. A b r i u a janela violentamente, e logo em seguida ouvi a quéda de um corpo nas pedras do pateo
da casa. . . Compreendi a abominação de meu ato sacrílego ! Levara ao
suicid»o aquela candida alma, num momento de remorso delirante. G r i fei por soccorro, mas faltaram-me as forças e caí quasi sem sentidos.
— E o padre ?
— Alguns momentos depois, quando acordei do rápido desmaio, fiz essa
mesma pergunta, com a mesma ansiedade. " E l e está em boa paz —
respondeu-me o outro padre. Sirva-lhe esse susto para que se arrependa
e se corrija, minha f i l h a " .
— Era, então, uma nova partida do Bispo ? — perguntei surpreso.
— O Bispo .achava-se em casa do padre quando chegou minha carta.
Ordenou-lhe que acudisse ao chamado, instruiu-o, e fe-lo acompanhar
pelo padre mais velho; como ele conhecia bem a casa, determinou que
este ultimo ficasse no vestibulo, onde estava o registro da luz. Foi-lhe
fácil, pois, cortar a luz no momento oportuno, entrar, atirar pela janela
Outubro —
1939
19
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DE HOJE E DE HA
2 0
a n
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lia vinte annos, Copacabana era apenas um pequeno bairro praieiro
da metropole, com alguns prédios residenciaes bonitos para a época,
porém com muito mais terrenos devolutos do que eonstrueções.
A praia era, certamente, magnifica;, mas estava muito longe de revelar
a maravilhosa avenida que haveria de surgir ali, algum dia, tal qual
se vê hoje, com os seus arranha-céos em série, seu movimento, suas
curvas admiraveis e o esplendido collar de luzes, de tão extraordinário
elTeito, á noite.
As illustrações desta pagina, mais do que qualquer commentario verbal,
demonstram a estupenda transformação deste pedaço do Itio de
Janeiro-trecho que é, hoje, um dos seus motivos de orgulho e que lia
Ires décadas não passava de um bairro a mais que nascia á beira-mar.
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R E T R A T O
LU C I I I O
DE
•-
ALBUQUERQUE
O I I I Congresso Eucharistico Nacional, celebrado em Recife, foi um
acto esplendido de fé christã e de fidelidade á Igreja Catholica. A
elle compareceram cerca de 50.000 peregrinos, vindos dos mais différentes pontos do Brasil, c todas as solemnidades cercaram-se de
grande pompa. Eis aqui o altar-monumento erguido no Parque 13
de Maio, onde tiveram logar as imponentes ceremonias religiosas
Congresso
Eucharistico
ffî a c t o n a l
Flagrante especialmente tomado para a "Iilustraçfi^
Brasileira 0 , no saláo nobre do Pa'acio governamental de Pernambuco, quando da recepção offerecida
pelo Interventor Agamemnon Magalhães ao Cardeal
Legado, arcebispos, b : spos e delegados officiaes que
tomaram parte no I I I Congresso Eucharistico Nacional
üfr 1»•
rc **^
,
4i
IX o
Q( Derdade Qfucharístíca
S>. Hquíno Corrêa
DA
A C A D E M I A
B R A S I L E I R A
S
onhou a antiguidade pagã milhentas
e
estapafúrdias
mctamor-
presentes o corpo
e
phoses operadas pelos seus deuses, n ã o só nos outros, mas lam-
que bem merecia
as
bem em si proprios, a ponto de darem cilas matéria e titulo a
Mestre o cercou, e bem justifica as expressões íortes e cruas, com q u e
um dos mais alentados e famosos poemas das musas do Lacio.
o declarou, levando os judeus a cogitarem até de u m repasto material
Eram, porem, todas cilas, ademais de fabulosas, indignas da
divindade,
maxime em seus fins, como a celebre chuva de ouro, o cysne e o touro,
em que se teria transformado a própria majestade olympica de Júpiter.
Q u e contraste entre essas grosseiras phantasias e a verdade divina da
conversão eucharisticaí N ã o
e vinho, mas que,
é abi u m
pelo contrario,
D e u s q u e se converta em
converte as substancias
do p ã o
do vinho nas do seu corpo e sangue adorável, conservando
apenas as espccies
corpo,,. Accipite,
ou
apparencias:
et comedite:
hoc
"Iomae
e
est corpus
pão
e
daquelles
comei: este é o meu
tneum.
O u esta conversão é u m a realidade, conforme, ha vinte séculos, ensina
o
sangue
de ( hristo, por u m milagre
circumstancias
solemnissimas,
de
estupendo,
que o
Divino
c cruento.
Jesus corrigiu essa idea bronca e falsa, dizendo q u e as suas palavras
são espirito e v i d a :
Verba
quae
ego
loculus
sum
vobis,
spiritus
et
vila
sunl.
N ã o se tratava, por certo,
de
uma scena
de
anthropophagia. Elie ia
dar a comer a sua carne, e beber o seu sangue, em refeição immaterial
e mysteriosa. mas, nem por isso. menos verdadeira.
Fóra desta interpretação natural e simples, t u d o o mais n ã o passa de
u m amontoar absurdos
sobre
absurdos,
com
fito
único
de
lugir ao
a Egreja Catbolica. por entre os esplendores a pino das catbcdraes, das
mysterio.
universidades e das praças publicas; ou então, os evangelhos n ã o tem
Mas
sentido,
phal, a vencer os séculos e conquistar a homenagem racional dos sábios
e
o
capitulo sexto de S. João
é
um
mero
agglomerado de
e santos
palavras escandalosas e insensatas.
Magrante
é
o
absurdo desta
outro, que seria
a
o mysterio ahi está, insophismavel,
ultima
hypothese,
accrescido ainda
crença catbolica de grande parte da
de
humanidade,
de tantos séculos.
Corporis
algumas
seitas,
losse
o
mundo,
ao
vibrar harmonioso da poesia litúrgica
dos sábios:
Pange,
pretendem
todo
luminoso e trium-
daqucllc, que já foi c h a m a d o o mais sábio dos santos e o mais santo
exactamente a mais culta e nobre, em tantas nações diversas, ao longo
Se a Eucharistia. como
de
intangível,
língua,
gloriosi
mysterium!
apenas u m
symbolo, seria a coisa mais banal deste m u n d o , nem excederia
talvez
E
q u e os verdadeiros gênios pensam com D a n t e Alighieri, para
cuja
em belleza e expressão, a tantos outros symbolos adoptados pelos povos,
fé nos mysterios da divindade, bastava o facto authentico da revelação,
desde as mais remotas éras da historia.
como se evidencia do conselho, que a todos nos dá neste curioso verso:
E, neste caso,
a
solemnidade incomparável,
de
que
Jesus revestiu a
sua instituição, teria sido exagerada e ridicula, como exageradas e im-
State
contenti,
umana
gente,
al
quia.
próprias da sua infinita sabedoria, teriam sido as palavras com que a
evangelizou, escandalizando os judeus c i n d u z i n d o em erro os homens
c capaz
de todos os tempos.
Ninguém
diz que o symbolo é verdadeiramente a coisa
symbolizada
a bandeira nacional n ã o é verdadeiramente a Patria, nem o retrato é
verdadeiramente a pessoa.
Ora Jesus disse que a sua carne é verdadeiramente comida, e o seu
sangue é verdadeiramente
sanguis
A
meus,
Eucharistia,
vere est
E deante dos assomos
bebida.
Caro
enim
rnea,
ucre
est cibas,
et
polus.
portanto,
deve
de
ser entendida,
tal
como
sôam
as
palavras do Evangelho: na hóstia e no cálix consagrados, estão realmente
de
julgar
da
só
razão
pelos
humana,
sentidos,
que
tão impotente como é,
pretende, no emtanto, descobrir
absurdos nas operações divinas, que transcendem, de todo em todo, o
nosso raio de alcance, o mesmo poeta se limitava a perguntar-lhe:
Or
tu
chi
Per giudicar
Con
E
sei, che
da
la ueduta
uuoi
sedere
lungi
rnille
corta
d una
a
scranna,
miglia,
spanna?
o divo Alighieri n ã o é autoridade somenos em assumptos de intelli-
gencia e philosophia.
Rosalvo
A
Ribeiro
Submissão
(Da coll. de D. Laura Vasconcellos de
Moraes)
FLÉXA
RIBEIRO
prof. cathedratico na Escola Nacional de Bellas Artes, Director
do Curso de A r t e Decorativa.
ROSALVO RIBEIRO - (í868 -1915 )
D
e longa data que conheço o nome de
Rosalvo
Ribeiro,
como sendo de
pintor do evidente destaque. Quase todo$ se referiam e lamentavam
Rosalvo
Ribeiro era um pintor que não penetrava a realidade viva da
natureza.
o
!ndo. directamente, as coisas, querendo copial-as materialmente, deTas se afastava
seu desconhecimento nos meios artísticos do Rio. Outros, mais afeitos ao
como quem caminha em sentido contrario do ponto visado. Convencido de que
lovor
fácil,
garantiam
que era
nome
de alto accento,
e que
figurava
entre os mestres mais eloquentes que tem o Brasil offerecido á pintura.
Sem conhecer obra alguma de va!ia, nada poderia declarar sobre tão solidos méritos. Peio pintor alagoano, no entanto, sentia sympathia e certa attracção. Só não
era mais vivaz porque conhecia o habito pouco elegante que se tem, entre nós,
era o pormenor na sua mediocridade que dá a segurança á composição, teimava em
copiai-o com zelos e attenções esfremas.
Evidentemente
que
a physionomia
coisas e dos seres resulta do pormenor. Não nel!e mesmo, mas no conjuncto onde
elle exerce sua acção. O
movimento nasce, e/actamente. da serie de
de tudo elogiar com excesso. No meio artístico, então, quem lê o que se escreve
que a luz decompõe e faz viver
logo fica certo de vivermos
nada é. Só o conjuncto é factor esthetico; é fim, e não meio.
num
paiz saturado
de génios,
plethorico
de
obras-
das
pela vibração.
Mas a minudência,
pormenores
nel!a mesma,
primas. . .
Nesta
Como acredite que só vale escrever para dizer a verdade, e que as relações so-
na Europa. Em
claes de amizade ou afecto, nada têm a vêr com a critica de arte, -fico sempre
demia Julien, sob a direcção de Jules Lefebvre, um dos mestres do desenho.
na duvida quando se louv a um artista : será pela obra ou por que elle faz annos ?
De seguido estudo, ouve os conselhos de Edouard Detaílle, e, finalmente, poz ter-
As
primeiras
pinturas
que vi,
pequenos quadros,
um artista dotado de capacidade
indicavam,
em
Rosalvo
para compor. Suas creações eram
Ribeiro
distribuídas,
com sciencia dos eixos, das massas, do sentimento de equilíbrio.
Vendo em coüecção particular uma de suas obras capitaes —
em Alagoas —
24
attingi, de súbito, á significação de seu mérito
Illustraçao Brasileira
pois outras existem
real.
altura,
precisamos
verificar
as
influencias
recebidas
pelo
pintor
brasileiro
1885 Rosa vo Ribeiro transfere-se para Paris. Matricula-se na Aca-
mo ao aprendisado fríancês —
Leon
escoa
bastará a citação desses nomes para ver-se, com
franceza de pintu/a —
Bonnat.
Para quem conhece a evolução da
excepção de Lefebvre que o nosso Rosalvo Ribeiro nada poderia fazer que fugisse
de uma arte convencional, de uma copia enumerativa,
ou de uma realidade
medíocre,
repetindo falsamente
como executava
a natureza,
como
Detaílle,
realizava
Leon Bonnai. Quando Rosalvo Ribeiro chegou a Paris
o que ainda
dominava
era
o
thema
historlco-
mÜitar, se antigo, sob o prestigio de uma archeoloçia
que
David
impuséra,
e,
se
moderno,
na
pes-
quisa do pormenor esteril, isolado, como se a natureza se apanhasse em minúcias, e a frio.
•>or verdadeira desgraça para seu temperamento, não
entrou
em
communhão
Chavannes,
Laurens.
Cormon,
Ficou
com
Besnart,
fechado
no
um
e
Rochegrosse,
mesmo
ciclo
com
daquella
um
J.
P.
medio-
cridade celebre.
Em Rosalvo Ribeiro havia certamente um artista que
o ensino inadequado fez mirrar. E para complemento
dessa afirmativa, bastará o exame de dua$ de suas
obras mais importantes, e que pertencem á collecção
da ex. sra. D. Laura Vasconcelíos de Moraes : a " S u b missão"
a
—
'Bretã '
episodio
da
guerra
franco-prussiana,
e
(retrato typico). O primeiro, que foi ex-
posto no Salon, é uma composição no genero
mi f i-
tar, como a entendia Detaílle : primeiro a exactidão,
depois a natureza. Como nem tudo que é exacto é
verdadeiro, logo se poderá verificar como as figuras
deste drama estão paradas, como presas ao solo, na
attitude de manequins. A
arte
de compor,
no en-
tanto, reve'a um artista : os grupos plásticos se articulam
no
sentido
de
serem
movidos
optica-
mente pe'os dois figurantes que estão destacados e
isolados. A s massas, dentro das cores,
também
prestam
á
equilibrio,
e
certa
realidade
coral da composição.
A
na distancia,
atmosphera
gerando
igreja
esfumada,
sensível,
em-
andadura
funde-se
embora
Rosalvo Ribeiro —
"Bretã 1 1 . (Da coll. de D. Laura Ribeiro de Moraes)
Rosalvo Ribeiro
num
retrato tirado em Paris
convenciona1.
das
as -suas
rável.
Os
areiado.
sabão,
Mas
especificações,
soldados
sem
ora
"Bretã",
à epiderme
é
andam
em que
pobre,
ora
como
Rosalvo
matéria,
sobre
consistência,
vapo r oso
da
em
senão
deplo-
solo
limpo,
um
escorregadio
nuvens.
estava
No
fóra
to-
como
entanto,
da
na
influencia
dos seus mestres para a composição e para a copia
minuciosa,
photographica
da s
'Vistas",
de-se que seja mais pessoa'. O
com
mais
naturalidade;
comprehen-
modelo foi
apossou-se
delle;
sentindo
extraiu
o
subjectivo das formas, sua vida latente, o sentimento que ellas exprimem.
vida interior. A
bra
longe, coheu
até sua
intenção da physionomia se desdo-
no enrrugado
faces.
Mais
E a maior
da
pelle,
evidencia
no
de
pergaminhento
das
suas qualidades
de
pintor, que se liberta do thema, vive nas mãos, do
modelo,
dade
que
alta.
A
bretã —
fal-a
E
um
basta
foram
tratadas
construcção
com
interna
espirito
que
e
elle
realideu
á
"viver".
retrato
desse
teor
méritos de um artista e justificar
para
legitimar
os
a homenagem da
herma que seus admiradores vão erigir,
á sua lem-
brança, em Alagoas.
Outubro —
1939
25
P
H
PETKIt
ò*ftf
à
* o0
y***sJ
C) T O
K.
S
SCFIEIEK
Sonoridade bonita, a sua musica
M U S I C A
é sempre deliciosa,
pelo
ilah de Moura Brito é um nome que vi-
pessoal que ella lhe dá.
mos acompanhando desde os tempos de
O
publico foi
sabor
prodigo em ap-
alumna no curso de J. Octaviano, na Escola
plausos e Zilah de Moura
Nacional de Musica. Curso brilhante, foi elle
registrou mais uma victoria pa-
rematado
ra sua carreira.
com a conquista
da meda'ha de
Brito
ouro, entrando a joven pianista na sua carreira
de professora, sem, entretanto — como acontece frequentemente — dar todo o seu tempo
aos discipulos,
a ponto de se esquecer
de
si mesma. A o contrario disso, Zilab de Moura
Brito, continuou estudando,
para
dar prazer
O Conservatorio do Districto Federal realisou duas aulas de alumnas, dos cursos primário e médio, de piano, violino e canto.
ao seu proprio espirito e para gáudio dos que
Taes aulas, pelo
lhe admiram o talento
arte pianistica.
tam, como estimulo, para os alu-
Porque a artista que nos occupa é das que
mnos, causaram a melhor das im-
levam muito a sério a sua arte, que é a sua
pressões, merecendo todos os in-
profissão, razão pela qual é das que dispõem
terpretes dos programmas os ap-
de maiores applausos e de maiores sympathias
plausos
do meio.
queremos
e
a
que
que
represenA
pianista Z i l a h de Moura
lhes foram conferidos. Todavia,
consagrar
um
registro
especial á
Brito
applausos e ao respeito do nosso meio musical. Bastou, para isso, o seu uliimo
recital,
menina Lais Prado Vasconcellos, caso typico
desempenhado com a segurança de quem con-
excedente opportunidade que teve o publico
de creança prodígio, cujo extraordinário
ta com os seus proprios recursos de technica
para apreciar os seus dotes de virtuose. Sua
lento musical está confiado á orientação da
e
technica evoluiu extraordinariamente.
Sua in-
professora Suzana de Figueiredo. Com os seus
possue
terpretação ganhou em refinamento de sensi-
oito annos de edade e o seu physico mignon,
tístico.
bilidade e em arroubos de bravura. Sua faci-
essa menina
Senhora de um jogo de pedaes perfeito e
lidade de execução é cada dia mais admiravel.
publico, que rende; dessa forma,
O recital
que
A
w
:
V'
realisou,
brilhante
dias
pianista
atraz,
Maria
foi uma
Antonieta
começa
a vida
ta-
arrebatando o
interpretado
um
com as subtilezas
de quem
temperamento refinadamente ar-
irresistivel-
de uns dedos maravilhosos, para os quaes já
mente, uma justa homenagem á sua precoci-
foram desvendados todos os segredos e ven-
dade. Depois de acompanhar, ao piano, alguns
cidas todas as difficuidades do teclado, Maria
collegas solistas, e depois de executar os nú-
Antonieta
meros que lhe cabiam, eil-a que interpreta a
sonoridade,
l. a parte do Concerto em ré maior, de Mo-
esmorecimentos,
zart, com acompanhamento de orchestra com
nos execuções primorosas. Pela orientação que
o desembaraço, a segurança, a confiança em
deu ao programma, dír-se-á que a artista pre-
si mesma, a limpidez de technica e os enthu-
fere a musica dos nossos dias, que interpreta,
siasmos de execução, dos grandes
aiiás, com absoluta justeza de caracter, ntre-
pianistas!
apresenta
mercê
um
de
raro
uma
equilíbrio
resistencia
que lhe permitte
offerecer-
tanto,
pestuosas,
em dó maior de Bach-Busoni, para se verificar
sala,
e
continuou,
sorridente
a
sem
A o final, recebeu uma dessas acclamações temda
bastará ouvil-a executar
de
"Toccata"
como se aquillo fosse uma brincadeira!
a solidez de sua educação artística eclectica,
Lais Prado Vasconcellos, chama-se essa men l-
que lhe permitte dar-nos, como nos deu, essa
na. Vamos acompanhal-a.
obra classica, com toda a sua impressionante
grandiosidade, ao mesmo tempo que nos offereceu
Maria Antonieta. Ahi está uma pianista cuja
arte se impoz com extraordinário
brilho aos
a subtileza
da
musica de Debussy,
Ravel e Itiberê da Cunha, ao lado da graça
radiosa das paginas de Granados e Aibeniz.
Artista de sensibilidade communicativa, cujas
execuções inicressam sempre, pelo que possuem de
empolgante
grandioso
ou
de
ou
subtil,
de
suggestivo, de
Maria Antonieta é
uma dessas creaturas que fazem da arte um
motivo de meditação e com ella despertam
o enthusiasmo e o encantamento alheios.
B E L L A S
A R T E S
O mez de Bellas Artes, afóra o Salão officia!,
inaugurado no dia 2 de Setembro, e sobre o
qual nos referimos em outra local, foi occupado pelo apparecimento de duas pintoras: Maria Meyer Marschner e Edith de Aguiar Theil,
brasileiras ambas, apesar dos nomes.
Aiumna da Escola Nacional de Bellas Artes e
da Academia Ingleza, de Roma, discipula de
Wadere, em Munich e Vogelsander, de Hildebrand, Maria Marschner é um pouco pintora
e um
pouco
esculptora.
A
cabeça "Minha
Mãe" colloca-a na relação dos que caminham
na vanguarda, na esculptura brasileira. E bastará fixar
o
"Casarão Velho" ou as " T o r r e s
da Matriz do Rosario", de Ouro Preto, para
se verificar que a pintora não fica em plano
inferior, e, ao contrairo,
merece o conceito
em que é tida no meio de Bel'as Artes.
Resta-nos falar, agora, da Sra. Edith Aguiar
Theil. Para os que consideram os prémios de
viagem
um
luxo dispensável —
e não são
poucos — recommendamos o caso da pintora
que
ora
nos
occupa. Brasileira
foi, aiumna,
"Hcspanhola",
de
Edith
Aguiar
" T o r r e s da matriz de Rosario", de Ouro Preto, tela
de Maria Meyer Marschner
Theil
primeiro, da nossa Escola de Bellas Artes; e
depois de estudar em Roma e em Paris, residiu em Madrid e em Frankfort. Durante todo
esse lapso de tempo, visitou museus, ateliers,
observou e trabalhou. E como é muito intelli-
" M i n h a Mãe", de
Meyer Marschner
Maria
gente e muito artista, evoluiu brilhantemente,
attingindo uma situação de extraordinário destaque.
Tudo
isso
resultou,
naturalmente, da
sua vida de constantes viagens. Porque viajar
é arejar o espirito, é aprender, é aperfeiçoarse. Só não pensam assim os que não são capazes de viajar intelligentemente. A pintura da senhora Edith Aguiar
pujante
de
um
Theil
é a demonstração
talento artístico de primeira
ordem. Cada quadro seu attesta o seu forte
senso esthetico
e
demonstra
o
seu grande
gosto pela arte. Luz, cór, planos, desenho, volumes,
tudo,
atravéz
de seu
pincel tem um
esplendido realce e produz a mais funda das
impressões. Sua obra impõe-se pela solidez e
pela escolha dos motivos. Uma grande exposição, emfim, de uma grande artista!
Outubro —
1939
2 9
T
canções aliás graciosas, uma letra sistematicamente
ôda a ciência nasço de conveniências práticas.
As
matemáticas,
por
mais altas e
JL*v>
abstratas que pareçam, surgiram, como os
demais
estudos,
das
necessidades
de
aplicação
nais ou menos remota. O direito constituiu-se para
traçar os limites da vida em sociedade, equilibran-
bastarda do ponto de vista moral e linguístico ? E '
d&frlACL
cultura
DALineuA
falar
continuamente
em orgia,
malandra-
gem, cabrochas, ligações ilícitas ? É cultura abusar
da válvula do regionalismo para errar em pronúncia, em estrutura vocabular, em sintaxe ?
do os indivíduos, afim de que cada um tenha pre-
Êstes sertanistas que nunca foram ao sertão, êstes
cisamente aquilo que deve ter pela tradição ou
regionalistas
oela sua capacidade
dos meios rurais só pe'o fato de errar de meio a
própria.
Com este exórdio, em que não há novidade alguma,
queremos dizer que o ensino da linguagem, mais que
os outros, é de finalidade
e escreve
Mas
para
aconteceu
imediata. O
homem fala
entender-se
com o seu
semelhante.
à linguagem
o mesmo
que às ou-
J U L I O
N O G U E I R A
Do Instituto de Educação o do P E N C L U B DO
BRASIL
que julgam
apresentar a fala exata
meio. como se esta linguagem não tivesse a$ suas leis
naturais,
estão causando o maior
prejuízo ao nosso
progresso, prejuízo tanto mais formidável quanto poderoso é o meio de propaganda de que se servem. E '
se hão de reve'ar mais tarde. A s mais das vezes, essas
preciso reprimi-los, indicar-lhes o bom caminho, apro-
qualidades
vida
veitar a sua capacidade musical, que ninguém con-
agradavel. Quando começou a fazer desenhos ou re-
afasta-os desse caminho luminoso e eles se estiolam,
testa, sem ofensas à moral e à boa linguagem. Por que
cortes no cabo do seu machado de si'ex, ele já cedia
como planta levada para terreno sáfaro. Mas, enquan-
não se estabelece a censura dessas letras inconvenien-
aos impulsos da arte. Também na linguagem, depois
to se acham sob a nossa tutela espiritua 1 , temos de
tes ? Por que não estancar essa fonte perniciosa de
de saber dizer o que queria, depois de assegurar pela
provê-los a todos do material necessário para o exer-
palavra as necessidades de comunicação, começou a
cício da palavra,
tras artes "
depois do necessário,
o homem quis o
enfeitar esta matéria prima admirável, onde se reúnem
a riieza fria da pedra e a coloração quente do iris,
n fraoor da tormenta e a doçura sutil do canto dos
o ímooto das bata'ha«; e a poes»a suave cia
oar. todos os
rumores,
todos os siêncios.
todas as
coros e mais tçdos os sentimentos humanos,
tudo ela
vel. A
pinta e modela
pena do escritor
com propriedade
se"a
morrem
matéria
à
míngua
seja
prima
instrumento
da arte.
língua deve ser prezada,
menos
pe'a
de
cultivo.
A
de comunicação,
De qualquer
modo, a
senão pela sua beleza, ao
necessidade
que
dela
pelo disco e pelo rádio ? Haverá vantagem em fazer
convence das vantagens de uma linguagem suficiente
supor aos que nos visitam ou nos ouvem que aqui vi-
apropriada,
vemos em orgias, que a nossa sociedade é composta
limpa,
que
tão favorável
impressão
dá
admirá-
rituosos e, como lhes faltam recursos naturais de es-
levos.
p í r i t o apelam para a gíria,
para o p'ebeísmo,
para
acêrto e precisão. Ésse$ insultos brutais à pureza in-
quis filmar cenas de escravidão, mas somos nós mesmos
temerata
que nos desmoralizamos, apresentando macumbas aos
do idioma
muitas vezes correm
por conta
ra apatia, com os vossos nervos em repouso e os sen-
em que se agitam os agressores; às vezes, porém, eles
timento-; adormecidos. Ao vosso 'ado está um
vêm por imitação, por moda. A s mocinhas que já fu-
Tomai-o
obieto.
que
olhais
indiferentemente.
lêde-o e se o seu autor é realmente um ar-
tista, don+ro em pouco ireis saindo daquele torpor em
que estáveis. A vossa atenção desperta e se intensi-
social, do meio
mam, como os rapazes, querem fa'ar como os rapazes e, assim, vão proferindo enormidades verbais, expressões
suspeitas,
muitas
vezes
ligadas
a .anedotas
de
vós
mesmo :
tornou-vos
o
escritor
agitou-vos.
solidário
com os
seus
senhor
sacudiu-vos,
sentimentos
verda-
um fi!m nacional que teve grandes aplausos da imprensa e não pudemos calar a nossa revolta por ver como
Os próprios brasileiros nos diminuímos. Do comêço ao
de um Brasil colonial já morto, ante o esplêndido pro-
desinfeção,
gresso a que chegamos, quer apurando a nossa raça,
porém, não se deve limitar aos livros propostos às es-
quer pondo-nos ao íado das nações mais civilizadas do
coas para leituras infantis. Deve ir além : fazer dili-
mundo.
da
gíria,
às
interjeições
plebéias.
Essa
gências pelas livrarias e bancas de jornais; examinar
a chamada literatura de cordel, onde há folhetos ma'
escritos, de linguagem errada e licenciosa e de tudo
deiros ou fictícios.
H á pouco assistimos a
ces, em suma o reflexo de um Brasil dos primeiros dias,
que da guarida a expressões grosseiras, aos dichotes
mais
pressão da arte brasileira ! . . .
Uma das fontes que alimentavam tal estado de cou-
vos fará r i r ou chorar; fará coar-se pelo vosso cora-
da indignação. Já não sois
que nos visitam, como se aquilo fosse a mais alta ex-
fim eram danças lascivas de pretos, alusões a crendi-
sas já está sendo saneada : é o livro mau, o livro
da revo'ta.
cinematografica
sórdidas que desconhecem.
fica; os vossos sentimentos começam a agitar-se. Êle
ção o bálsamo da piedade ou nele semeará o germe
corretamente ?
RevoUámo-nos quando uma emprêsa
de defeitos de educação, do nível
insignificante
de malandros, exploradores e que ninguém sabe falar
o racoete verbal. Alguns têm vergonha de falar com
Estais em calma, num dêsses momentos de verdadei-
livro
não se proíbe que indivíduos ignorantes componham
Infelizmente, porém, uma parte da juventude não so
de quem a pratica. Querem alguns joven s ser espi-
porque melhor que êstes apresenta as tintas e os re-
exercendo sobre o livro de leituras escolares? Por que
essas letras ou, pe'o menos, que elas sejam divulgadas
temos.
porque
excede o pincel e o buril,
corrução, que anuía a ação que o govêrno já está
Em todos os recantos da atividade nacional há tantos
motivos para as criações da arte. tantos motivos de
fazer um auto da fé em p'eno dia, na praça pública,
orgulho pelo que conseguimos com o nosso esforço e
Irresistível sugestão da palavra, maga excelsa, capaz
afim
pelo que Deus, na sua imensa magnanimidade para co-
de todas as maravilhas !
benefício da decência e da correção.
de matar de vez êsse comércio impudico, em
Outras fontes perniciosas são o rádio e o disco, de
Dentre
cs discípulos
que orientamos em
linguagem,
muitos possuem qualidades potenciais de espírito que
30
Illustra çào Brasileira
que já tratámos aqui. Quem ousará dizer que o rádio, entre nós seja apenas um fator de cultura ? E '
promover a cultura divulgar com as novas toadas e
nosco, quiz doar-nos ! Mas tudo isso não existe para os
pretensos propagandistas das cousas brasileiras,
para
quem o Brasil há de ser eternamente a terra das macumbas e dos sambas. . .
O
s Barões de Saavedra offeree eram aos Condes de Paris uma linda festa,
que
decorreu
elegantíssima,
num
ambiente
"raffiné"
onde
esplendiam
grandes ramos de flores, arrumadas com a arte e o reconhecido
bom
No salão de jantar, auturiuns, orchidéas, folhagens diversas e tinhorões,
um conjuncto muito bollo, desafiavam a palheta do$ pintores de
formando
naturezas-mortas.
Nos outro$ salões rosas, gravatés e lyrios sempre arrumados com um gosto especial.
Um immenso toldo branco cobria o pateo, e esteiras pintadas de verde atapetavam-
gosto da Sra. Carmen de Saavedra.
Angelicas, còm grandes folhagens verdes, aveludadas, perfumavam o grande "bali 11 ,
no completamente; em voita do lago —
decorando-o.
ctamente, não cessavam de cantar —
onde os jactos d'agua, illuminados indire-
mesas com candelabros de crystal e velas.
Das jardineiras pendiam grandes " g e r b e s " de "bougainvílle". Eis num rápido
quis"
"cro-
o "décor" da linda festa.
Trajanao um modelo de Balenciags de fustão branco trabalhado, blusa de "taffetí a s " verde e apanhado do pequenas fructas nos cabellos, a Sra. Baroneza de Saavedra, no " h a l l "
principal,
recebia os convidados que chegavam.
A Sra. Darcy Vargas —
vestido branco bordado a ouro — estava presente, sendo
alvo de grandes attençoes.
O s principes de Orléans e Bragança e seus filhos : D. Maria Thereza, D. Francisca,
Dom
Pedro Gastão e Dom João.
S r . M i n i s t r o Oswaldo Aranha, S r . M i n i s t r o A r t h u r Souza Costa, S r . Prefeito do Districto Federal, Sra. Henrique Dodsworth, vestido preto, de fundo opaco com listras brilhantes; Sr. e Sra. Ernesto G. Fontes, S r . e Sra. Carlos Delgado de Carvalho,
baixador A f r â n i o de Mello
Franco.
lamé prata; conde e condessa
Di
Marquez e Marqueza
de
Em-
Pombal, vestido de
Robilant, vestido de "mousseline"
azul e roxo;
Sr. Octávio Guinle, S r . Embaixador de Portugal, S r . Embaixador da Grã
Bretanha
e Lady Gurney, vestido cinza, plissado, com enfeites de prata; Srta. Priscilla
ney, vestido de setim azul, Sr. e Sra. Cezar Proença; Sr. e Srta. Joaquim
Gur-
Proença,
a Sra. J . Proença com amplo vestido preto, larga faixa de "mtôiré" azul guarnecida
com rosas de íom secco; Sra. Ady Monteiro de Barros, fino vestido preto e longas
luvas; Sr. e Sra. João Proença, a Sra. João Proença, vestido preto e ouro.
Mrs.
Dorothy
Sperber,
da alta
sociedade de
New Yorlc,
parecia
um modelo de
Goya com seu fino vestido de rendas e mantilha presa com camélias nos seus caSra. Getúlio Vargas, Senhora Condessa de Paris e Sra. Henrique
Dodsworth
bellos louros.
A linda Sra. Emilio Niemeyer, de branco e ouro e penteado de cachos, lembrando
a Grécia.
Sra.
Douglas
Olyntho,
Assis
Calver,
vestido
Sr. e Sra. Octávio
Chateaubriand,
Sr.
de
"mousseline"
Simonsen,
Carlos
rosa
"imprimé";
Sr. e Sra. Carlos
Guinle.
Sr.
Fritz
de
Sr.
e Sra.
Bandeira
de
Souza Queiroz,
Mello,
Sr.
Xanthaky,
Sr.
Ministro
da China e sua filha
Srta. Christina
S r . e Sra.
Young,
Franco,
Thedore
Sra.
Antonio
Alves de Lima, modelo em vários tons de tulle, Sra. Lenah Alves de Lima,
vestido
do
rendas
trabalhadas
branco e ouro; Sra.
cente
Galliez,
"en
May
vert"
com
Reidy
prata;
Sna.
Baby
Cerquinho
Uchôa, amplo vestido de " t u l l e "
e joi»as moderníssimas;
Sra.
Julio
Prado,
lindo
vestido
preto; Sra.
Monteiro,
Sr.
George
Eduardo Guinie, Sr. Alberto de Faria, Sr. e Sra. M i n i s t r o Cafo de Mello
Sr. Embaixador dos Estados Unidos e Mrs. Jefferson Caffery;
Décio
de
Vi-
branco
com um lindo ramo de orchidéas, Sr. e Sra. José Willemsens Junior. Srtas. Adelayde Ludolf, vestido de rendas com "fourreau"
melho,
Luiz
Libenal, em branco;
Lilly
cor de rosa, Souza Dajntas, em ver-
Castro
Maya, em setim
azul,
Betty
Maya em setim rosa, Perla Lucena em preto e azul, Beatriz e Maria
Lia
Castro
Elisa
Dutra,
Monteiro e muitas outras.
Srs. : Jorge
Ludolf,
João Augusto
Jorge de Mello e Sabugosa,
Penido, J u l i o
Senna,
Renato Palmeira, W a l t e r
Carlos
de
Laet, José e
Quadros.
Foi uma linda festa cheia de bellesa e encantamentos.
Sra. Antonio Alves Lima, Sra. Ady Monteiro de Barros,
Srs. : Carlos Guinle, Fritz de Souza Queiroz e George Guinle
A fina artista Sra. Lúcia de Noronha
obteve com o seu concerto de canto na Es-
cola Nacicnal de Musica, mais um grande successo para a sua carreira
artística.
Nascida Lúcia Lopes de Almeida, portanto de uma família de artistas, mais uma
vez faz brilhar esse nome tão conhecido no Brasil e no estrangeiro.
A sua voz, rica de inflexões e de grande extensão, agradou plenamente tendo sido
muito applaudida. O s seus progressos cada vez maiores vieram demonstrar a artista conscienciosa, que não se contenta com os louros já obtidos, querendo sempre
aprimorar a sua arte
Varias "corbeiües"
foram offerecidas á jovem cantote
concurso do cantor
No
salão da
com estudo methodico e persistente.
Sr. De
Escola
ires artistas finíssimos
cujo concerto teve ainda o
Marco.
Nacional
realisam
de
Musica,
um lindo
illuminado
por
um
grande
abat-jour,
concerto.
Na semi obscuridade da saía reina um silencio profundo. A bellesa e a finura das
musicas
escolhidas impõem esse
recolhimento.
Arnaldo Estrella, piano, Oscar Borghert, v?o'ino, e Iberê Gomes Grosso, violoncello,
executam, com a maestria de sempre,
Rameau,
A execução primorosa valeu aos jovens artistas
culta que applaudiu,
Sra.
Baroneza
Frantz
Menge,
Eeethoven e Villa
Lobos.
mais uma consagração da platéa
ca'orosamente.
de Saavedra,
Sra. Jorge
maestro Jean
Murtinho.
Morel,
S r . e Sra.
maestro Villa-Lobos,
Luiz
Heitor,
Sr. e Sra.
Muricy, Sr. Bevilacqua. Sra. Bebê Lima Castro, Sra. Leandro Martins,
ira.
32
IHustraçáo Ibrasileira
Baroneza de Saavedra, Sr. Alberto de Faria
Rebelío.
Sr. e Sra.
Sr.
Andrade
Arnaldo
Não é possível registar todos os nomes das pessoas que enchiam o salão do antigo
Instituto de Musica, e que tanto se deliciaram com a linda noite de arte.
*
O
coronel Jean
Gueriot
*
recebeu do governo
condecoração da Ordem
do Mérito
brasileiro,
muito
merecidamente, a
Militar.
Para commemorar o acontecimento o S r . e Sra. Gueriot offereceram, na sua residência, na Urca, um cock-tail as pessoas de suas relações de amisade.
Sr. Encarregado dos Neçocios da França; Sr.
M i n i s t r o da Guerra, General
Goes
Monteiro, General Reguera, General Chefe da Missão M i l i t a r Franceza Chaudebec
de Lava iade e Sra.; Almirante Castro e Silva, M i n i s t r o Ataulpho de Paiva, Coronel Fernando
Melgar e Sra.; Sra. Gervásio Seabra, Srta. Odette
Oswaldo
Lyrio;
Schwartz
e Sra.,
Commandante
Sra.
Singery,
França e Sra.; Srta. Olga
Eenac.
da
Embaixada
Sra. João
Fellippe,
franceza,
Sra.
Gasparoni;
e
Sra.;
Traincard.
Sr.
Rey, e muitos officiaes da Missão M i l i t a r
Sra.
Coronel
Cônsul
da
Franceza.
A Sra. Guonoi. que trazia um longo vestido azul com bolero de lamé, ajudada por
sua irmã, a encantadora
Sra. A t t i l i o
Bianchini,
foi, como sempre,
amabilissima.
*
A alta sociedade carioca foi convidada para ir á embaixoda ingleza " T o meet Lord
Atkin,
Lord of Appeal,
Mr.
Philip Guedalla,
Mr. A. J.
S. W h i t e ,
of the
British
•IH
wOuncil .
Todo o Rio desfilou ante o S r . Embaixador da Ingfaterra e de Lady
Gurney.
S r . e Sra. Santos Lobo, a Sra. Laurinda Santos Lobo, vestido de velludo preto, com
"agrafes"
de prata e espelhos, e pequeno "toque"
Sr. e Sra. Marcos de Mendonça,
de " r e n a r d s " ,
S r . e Sra. académico Pedro
S r . e Sra. Jayme Chermont, S r . e Sra. Garcia de Miranda
e'egantissim«a^.
Calmon.
Netto...
a lista
seria
enorme.
"Tout
R i o " , emfim, recebeu gentilezas e attenções deste casal de diplomatas que
sabe ser tão distincto e tão encantador.
as figuras do nosso grand-monde desfilaram, —
—
se renovando em belleza e "raffinement"
"Vogue"
*
D
extraordinário,
rado o trabalhado em ouro velho, viveu horas de emoção o grande
numa rara e linda : Parada de
*
austeridade do conjuncto; o altar e a grande mesia onde se realisou a cerimonia
do casamento — da Srta. Maria Leticia de Salles com o Sr. Olavo Redig de Camlindamente
decorados.
e mademoiselles d'honneur",
O
ções modernas da sua sala de musica, ria aprazível residencla em Santa Thereaa.
Artistas,
diplomatas,
Houve
académicos,
á confortável
e Sra. Santos
os padrinhos, o noivo, e ao lado de seu
*
Sr. e Sra. Santos Lobo inauguraram, com uma estupenda recepção, as instalía
acorreram
O cortejo se formou.
"Garçons
Eiegancias.
•
belleza.
Immensos ramos de "watson^as" e lyrios alegravam com as suas cores brancas a
estavam
como se fossem paginas vivas de um
*
Mosteiro de São Bonto, com o seu maravilhoso trabalho de talha, todo esculptu-
bos —
para cumprimentar o jovem casal
jornalistas
e acolhedora
e figuras do nosso
casa para apresentar
alto
mundanismo
cumprimentos ao
Lobo.
números
de musica
de camera,
canto,
piano,
violino,
musica
moderna
pae, o S r . Joaquim de Salles, a noiva entrou na Igreja ao som da Marcha Nupcial.
declamação; notas de arte que, como sempre, marcam as recepções da Sra.
O seu amplo vestido de setim branco era muito elegante na sua simplicidade en-
rinda
cantadora
artes e os artistas brasileiros e estrangeiros.
A igreja literalmente povoada por um mundo elegantíssimo, apresentava o pspecto
de um cosamento principesco, e " r e n a r d s " ,
"paradis",
"aigrettes",
longos vestidos
que se arrastavam, finas jóias que brilhavam, davam um aspecto invulgar e
f i n é " á cerimonia muito bonita, que foi officiada por M r . Benedito
Após a benção, os noivos se dirigiram
"raf-
Santos
Sr.
Lobo;
esse espirito
de luz que
sabe,
como
ninguém,
e
Lau-
incentivar
as
Com um longo vestido de velludo azul-arroxeado com reflexos de prfata que lhe
ia maravilhosamente
bem, e com o seu encantador
sorriso,
a Sra.
Santos
Lobo
marcou, mais uma vez, com um tento de ouro a vida mundana e artística do Rio.
Marinho.
para a entrada do maravilhoso templo e
G. de A .
Outubro —
1939
33
O VALLE DO RIO IGUASSU
MARAVILHA D O
PARANA
valle do Iguassú constitue, no Paraná, um
O
dos elementos de maior realce na geo-
graphia e economia do Estado. Com um curso
de mais de mil
kilometros,
o Iguassu
serve
a zonas de uma fertilidade sem par, gosando
de um clima ameno e saluberrimo. Na parte
superior da bacia, localizam-se colonos de varas
procedências,
especialmente
polonezes,
além dos elementos nacionaes, em maioria absoluta, todos trabalhando na agricultura
e nas
mais variadas industrias, das quaes a extractiva
constitue o elemento principal de sua actividade.
Nasce esse
rio
esplendido nas proximidades
de Curytiba, e, seguindo a direcção geral sudoeste, vae ao encontro da florescente cidade
de União da Victoria, de onde envereda, com
pequeno desvio
do
parallelo "ierrestre, rumo
á foz, no caudaloso Paraná.
O vapor " L e ã o " , da firma hervateira Leão Júnior & Cia.
A sua parte superior, mais povoada e explorada, está dividida em dois trechos, separados por uma zona de corredeiras, A primeira
é toda margeada pela Estrada de Ferro e tem
uma extensão de, approximadamente, cento e
vinte kilometros, parte dos quaes navegaveis,
porém, ainda não navegados; e a segunda,
com cerca de trezentos e cincoenta kilometros
de extensão e ligada a uma vasta rêde de
communicações fluviaes, é toda navegada por
"gaiolas"
das
de porte regular, que,
chuvas,
trabalham
transporte de madeiras
são os dois
productos
na
época
incessantemente
e
r.o
herva-matte, que
básicos da economia
paranaense. Essa navegação vem se fazendo
desde fins do século passado.
Como affluentes navegaveis, servindo a zonas
de terras ubérrimas, o Iguassú recebe o Negro,
com seu affluente Canoinhas, também naveUma das centenas de arvores retiradas do fundo do rio
pela Commissão
gavel, o Timbó, o Turvo e o Potinga.
Ás margens do Iguassú, florescem vários centros de colonisação, destacando-se União da
Victoria
e
S.
Matheus, esta ultima, cidade-
colonia,
pólo de toda a actividade agricola
e industrial da região.
Offerecendo um aspecto economico de primeira ordem, ahi poderá o Estado encontrar
um centro de abastecimento inexhaurivel, de
primeiros productos para a Capital e cidades
visinhas, além de matérias primas para suas
manufacturas
cincoenta
e
para
serrarias
exportação.
estão
Mais
de
estabelecidas
ás
margens do Iguassu e, pelo menos, cem mil
pessoas trabalham em todos os ramos de activ r daaes agrícolas e industriaes, com especialidade em madeiras e herva-matte.
Vapor com duas chatas lateraes, navegando rio acima, na
zona melhorada pelos espigões, que se vêem á esquerda
3 4
Il ustração Iírasileira
O rythmo desse trabalho, entretanto, depende
quasi
que exclusivamente
navegabilidade
quarenta
do
das condições
de
rio, que, no período
de
e oito mezes, que vae de
1932 a
1935, somente permittiu a navegação em trinta
e quatro
mezes.
Apesar
pelo porto de S. Matheus,
disso,
foram
somente
movimen-
tadas quasi duzentas mil toneladas de mercadorias.
Esse movimento é assignalado principalmente
rio acima, isto é, no sentido da exportaçáo,
Polir* rO
e, só no anno de 1938, foram registradas em
Porto Amazonas,
fainiro
ção, ligado á rede ferroviaria do Estado, quasi
>rolo >0
rto/rtoJict
mil entradas de vapores procedentes de todos
os portos de todo o conjuncto de communica-
U ao Vl/or,
X IMi/C
ções fluviaes. Em face da pequena frota do
é bastante
An/onino
P. Arn02K>r>0<r
ponto terminal da navega-
Iguassu, a estatística
Curitiba
,fo//ivUff
animadora.
Somente na estação chuvosa é que a nevegação se faz com successo, apresentando o rio,
na estiagem,
uma
série
de
baixios, que o
tornam impraticável. Após um período
mais
ou menos longo de seccas, quando sobrevem
uma chuva, os vapores retidos em S. Matheus
e outros portos sobem
o
rio a toda pressa,
com o seu carregamento de madeira e hervamatte, e, então, é interessante observar o afan
com que procuram desobrigar-se das operações de carga e descarga, para poderem regressar aos portos de origem, para uma segunda e uma terceira viagem. De tal fôrma
esse
phenomeno
local, que
tem
a zona
influído
parece
na
ter
economíõ
attingido um
estado de equilíbrio, entre a producção e a
capacidade média de transporte de seu único
escoadouro natural,
de
modo que qualquer
augmento da producção resulta ruinoso, quasi
sempre.
A
região sente-se, dessa fôrma, amordaçada
em seu
desenvolvimento,
pelo mais
economico
apesar
de
servida
de todos os meios de
Madeira serrada, transportada rio acima, aguardando embarque ferroviário, em Porto Amazonas
transporte — o que se faz sobre agua.
no da União resolveu enfrentar
Foi comprehendendo esse facto que o Gover-
da navegação do Iguassu, por íntermedio do
Mercadorias movimentadas- peio porto
São Ma/Aeas, cm milhares
fluvial
o
problema
Departamento Nacional de Portos e Navegação, que,
em
1935,
designou
uma pequena
commissão de estudos, para colher os primei-
dc
ros subsídios para a sua solução. Verificando,
dc toneladas-.
porém, a importancía
da
questão,
e com a
attenção que dedica a todos os assumptos de
interesse
nacional, o illustre engenheiro
Fre-
derico Cezar Burlamaqui, Director do Departamento citado, em breve, transformava aqueiie modesto emprehendimento em uma Commissão de Estudos e Melhoramentos,
dotada
de todos os requisitos proprios para attingir
a sua
Note-se a completa ausência de transpo-tes, de
A b r i l
a Setembro de
1933, He Maio * Satemb ' o He 1934, e em Maio
de 1935. Isso corresponde
á completa
paralysação
do trafeqo f u v i a l , proveniente da estianem
finalidade,
entregando
a chefia
dos
serviços ao engenheiro Eduardo de Magalhães
Gama, tc-chnico dos mais dedicados entre os
seus collegas de Repartição.
Atacaram-se,
primeiramente,
os
serviços
de
desobstrucção do leito, crivado de troncos de
arvores submersas, que constituíam um perigo
Outubro
193!'
3 5
Garantir o escoamento das aguas das cheias,
que, no Iguassu, têm uma propagação muito
rapida, com caracter de enxurrada; c) — Fixar
o leito menor do rio, fazendo com que a areia
trazida pela corrente, se deposite em pontos
adrede escolhidos, e reduzir as proporções da
erosão nas margens.
O s espigões são construidos, preferentemente,
de madeira,
por
meio de estacaria
enfaixi-
nada, havendo casos de enrocamentos e mesmo de espigões mixtos, de pedra e madeira.
A largura média do rio foi reduzida de cerca
de 20 % , sendo os espigões locados, ora unilateralmente, ora symetricamente, em relação
ao eixo da corrente liquida. O s do primeiro
typo são declinados de 30° a 40° graus, e os
Casa fluctuante construída pela Commi:são, para moradia da turma do ievantamon-to
do segundo, inclinados de 75° a 90° graus,
longitudinal
para a navegação, e, simultaneamente, como
tensão das aguas pluviaes, no trecho a mon-
preventivo, foi sendo feita a desmattação de
tante das cachoeiras de Caiacanga, onde o
uma faixa de terreno
rio corre serpenteante por um trecho baixo e
"talweg".
Quasi
marginal,
trinta
proximo ao
kilometros
estão compietamente livres, com
de
a
rio já
retirada
de alguns milhares de troncos de arvores do
fundo,
e a navegação
já se faz sem óbices
nesse trecho.
Uma turma de topographia estaciona hoje cerca de cento e cincoenta kilometros abaixo de
Porto Amazonas, com um levantamento completo de todo o curso navegavel, a montante.
Após os trabalhos preliminares de sondagens,
alagadiço,
para
a
creação
de
verdadeiros
lagos artificiaes, offerecendo vasta superfície
volume
de
agua,
para
a
construcções
portuarias
mente dito, que, com raras excepções, onde
tuarias e das eclusas e barragens moveis dos
apparecem affloramentos
trechos canalisados.
regularização do leito
de
rocha que está
sendo destruida, é todo construido de areia.
A solução total apresentada pela actual administração,
calcada
do quadro
condições
real,
locaes,
sobre
após
elementos
tirados
meticuloso exame das
com exhaustivos
trabalhos
de topo-hydrographia, estudos de velocidades
do escoamento, oscillações de nivel e mais uma
julgar; mas, já se pode dizer que a maior parte
dos objectivos, visados com a construcção dos
e
cessária á movimentação das installações por-
a
para
braços secundários, canalisações, etc., e, com-
propria-
iniciou-se
ainda,
diques, espigões, guias-correntes, eliminação de
aproveitamento de energia hydro-electrica ne-
das
porém,
leito do curso navegavel, pela construcção de
obras,
projecto
cedo,
Para o segundo caso, procura-se regularisar o
de barragens no trecho encachoeirado, para o
ao
E'
vasão do trecho navegavel.
e a determinação perfeita
necessários
regularisados.
regularisação da
plementarmente,
mentos
Dois kilometros de rio já estão por essa fôrma
de evaporação, e capazes de armazenar grande
para o traçado das curvas de profundidade
de todos os ele-
sobre o eixo geometrico da corrente.
Sem duvida,
a realisação de taes objectivos
exige tempo e o emprego de capitaes de certa
monta, apesar da solução apontada ser a mais
economica. Mas a elaboração de um programma de construcções a serem realisadas paulatinamente, permittindo a applicação do capital
Espigões construídos pe'a Commissão,
na margem
esquerda
espigões,
foi
alcançada com successo pleno,
restando agora esperar
prazo para
as
pela
observações,
terminação do
afim de se dar
um caracter mais decisivo ás obras.
Dessa fôrma, mais uma vez, o actual Governo
da Republica evidencia o seu interesse pe'a
multidão de dados de menos valor, por um
por quotas distribuídas racionalmente é o meio
defesa economica do paiz, apoiando as aspi-
lado, e por outro, sobre os memoráveis tra-
mais efficaz de resolver a questão, sem que o
rações legitimas
balhos de Fargue, Girardon em rios europeus,
erário da Nação se veja desfalcado, abrupta-
credor de gratidão e de applausos unanimes.
Thomas e W a t t , H . C. Ripley em rios ameri-
mente, de parcellas de valor.
canos
mais outros autores, objectivar-se-á
Como etapa inicial dos trabalhos, está sendo
em duas etapas, correspondentes a dois aspe-
atacada a construcção dos espigões transver-
ctos do problema: restabelecimento do equi-
saes. Foram ideados dois typos de obras, a
líbrio pluviometrico das cabeceiras, destruído
titulo de
e
em consequência da activa desmattação que
se vem operando, ha muitos annos, na região,
assim como da agricultura intensiva, e melhoramentos
do
curso
navegavel
propriamente
Para o primeiro caso,
o
remedio apontado
consiste na construcção de barragens de re-
e,
do
seu
povo
e
fazendo-se
estudo comparativo
dos resultados obtidos, vae decorrer a adopção
do mais indicado.
Com a construcção desses espigões, pretendese: a) —
dito.
ensaio,
do
Estabilisar o leito, pela fixação de
um cana! regular, com uma profundidade mínima de
l,50m,
em estiagem
média; b)
—
Trechos do rio Iguassú, desmattado pela Commissão
MEZ
DE
O
grande acontecimento
do
MEZ
A
mez
de
setembro, cuja influencia
domina, não apenas os seus trinta dias, mas todos os dias deste
anno e dos annos seguintes, é a eclosão da guerra européa, tantas
vezes conjurada e tão temida pela Humanidade inteira. Facto de
um continente longínquo, sua importancia é tamanha, que influenciou
a vida de todos
os
povos, com profundas repercussões de
caracter economico, politico e diplomático.
®
Além de varias medidas
de
caracter economico tomadas em
razão da guerra européa, a mais importante reacção determinada
pelos acontecimentos do Velho Mundo em nossa terra foi a declaração
de
neutralidade
brasileiro, seguida,
formulada
immediatamente
pelo
governo
logo depois, da nossa adhesão á Ccnferenca
Panamericana do Panamá, onde nos fizemos representar pelo nosso
embaixador em Washington,
sr. Carlos
Martins
Pereira de Souza.
O objectivo desse Congresso diplomático foi affirmar, uma vez, o
sentimento pacifista da America
e os
laços de solidariedade que
unem cs povcs deste continente, na defesa de sua tranquilidade e
de sua integridade territorial.
•
Outra medida tomada pelo Brasil, em collaboração com os go-
vernos de Buenos Aires e Montevidéo, foi ordenar o patrulhamento
das nossas costas, por unidades de guerra, para que este lado do
Atlântico
seja
inteiramente
resguardado
pelas actividades
bellicas
que se estão verificando cm différentes rotas marítimas. Deste modo,
a neutralidade do Brasil, da Argentina e do Uruguay assume uma
feição decisiva e eminentemente pratica.
®
Em setembro, o governo brasileiro sanecionou o novo Codigo
do Processo Civil, que estabelece a unidade do Direito
Dr. Pedro Martins, autor do projecto
do novo Codigo do Processo C i v i l
adjectivo
em nosso paiz. A Constituição de 1934 já havia instituído a unidade
do processo civil, mas o projecto de Codigo não chegou sequer a
ser examinado
pelo
Poder
Legislativo.
A
Carta
Politica de 1937
insistiu nessa determinação, e o projecto respectivo foi organizado
pelo eminente jurista, dr. Pedro Baptista Martins, sob as vistas do
Ministro da Justiça, sr. Francisco Campos. Sanccionado este trabalho,
o novo Codigo entrará em vigor a partir do inicio do proximo anno.
•
A Marinha de Guerra do Brasil foi augmentada, no mez passado,
de très novas unidades. No dia 16, com a presença de altas autoridades civis e militares, foram lançados ao mar os navios mineiros
"Caravellas",
"Cabedello"
Arsenal de Marinha,
na
e
Ilha
"Camacuan",
no estaleiro
das
Prosegue, assim, nosso
Cobras.
programma de construcções navaes, com a decidida
do
novo
collaboração
do ministro Aristides Guilhem.
Na exposição de mesas floridas, a apresentada
pe'o embaixador Guerra
Duval
•
Com a viagem do escriptor Augusto de Lima Junior
para Portugal, entram em nova phase os trabalhos para
a representação do Brasil nas grandes festas com que
aquelle paiz commemorará mais um centenário de seu
resurgimento no concerto dos povos livres. A
ração do
Brasil
nessas commemorações une,
collabouma vez
mais, no presente, as duas nações historicamente ligadas
no passado.
®
Uma das mais curiosas notas do mundanismo artístico
do Rio, durante o mez que passou, foi a exposição de
mesas floridas, realizada no Pa'ace Hotel, com a participação
de
illustres damas
da
sociedade carioca. Tal
como se verificou nos annos anteriores, esse certamen,
que despertou grande interesse, foi organizado sob o
patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiro.
Outubro —
1939
3 7
O NOVO
BAIRRO
DE
LONDRES
Em Hammersmith, no oeste da grande
metropoie, acaba de ser inaugurada a " W h i t e City Estate 0 . E ' um conjuncto de vários arranha - céos matcnif.cos, que dispõem de 2.000
appartament03 confortáveis.
O CLERO AMERICANO
S. Excia. o
.Arcebispo de New York, D. Francis Jobeph Spel'man, num flagrante após a sua
enthronisaçao na Cathedral de St. Patrick
N A S V E S P E R A S DA G U E R R A . . .
— Incalcuavel multidão aKfflomerouse na praça principal de Dantziff para ouvir a palavra de Foerster, !eader nazista ali. "Breve, prometteu
elle. a cidade livre de Dantzig será
annexada pacificamente ã Allemanha"
Kerningui
;„ „hologva-
c>m„anW»
A S P E C T O S DO BRASIL
mm
P O R T O D E J O A Z E I R O , vendo -se ao fundo a cidade de Petrolina, em Pernambuco. Photographia que
obteve o 2.° Jogar no "Concurso Photographico A S P E C T O S D O B R A S I L " promovido pelo " O MAL H O " , àe autoria de A . Xavier, residente em Bello Horizonte — Minas.
1
•
'V.-V
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''-íl
I
WÊmÈÈÊm
f-
SFPEM
S A U N A S D E M A C A U — 3.° Ipgar no "Concurso Photographico Aspectos do Brasil11, de autoria de
Emilio do Valle, residente em Macau.
M
PAGINAS DE UM DIÁRIO JAPONEZ
DÓRIS
DREYER
1 RAGUZlDO FOR M. L
DA MOTTA
FREIRE
Subindo sempre, fiz a laboriosa ascensão da íngreme e larqa escadaria de pedras
que conduz ao sanctuario, no qual o Imperador Ojin (270-3 IO A . D.) é venerado
como Deus da Guerra. Lá em cima, no ultimo degráu, deante do portão de entrada, maritinha-se sereno e immovel, um sacerdote em suas vestes de kimono
branco e de hakama (calças que se assemelham a saias) azu ado em seda pregueada. Seu olhar fixava, atravez da cidade, dos templos e do mar, o ponto,
onde, envolvTda em leve neblina, jazia a i ha de E N O S H I M A , reino de Benten,
Deusa da Belleza e padroeira das artes. — Um pé de " I c h o " (salisburia adiantifolia) secu ar, ao qual se affi ia uma lenda sinistra de assassinato, erguia-se em todo
o esplendor de sua áurea folhagem de outono, emquanto bem perto, uma velha
estructura de madeira cinzenta, de aspecto insignificante, abrigando um palco
para dansas, — só chamaria a attenção do poeta ou do historiador. Sim, este
tosco theatro de madeira tem sua historia emocionante : — Yoritimo, primeiro
"shogun" ("general avassalador dos barbaros"), que, em I 133. fundou Kamakura
e ahi estabe eceu a séde do seu qoverno militar, possuía um irmão mais moço,
Yoritomo consistia n um espirito sempre desconfiado e ciumento; com ansiedade
adorado e amado por todos. Acontecia porém que a única fraqueza do grande
Yoriromo consislia n um espirito sempre desconfiado e ciumento; com ansiedade
e temor via elle o augmento constante da popularidade de seu irmão, até que
enfim, conseguiu persegui-o, aprisional-o e matal-o sob accusação de alta trahição. Yoshitsune possui* uma linda e devotada amante, Shizuka, reputada por sua
belleza, e suas prendas, acima de tudo, pela sua graça ao dansar. Emquanto
Yoshitsune, seu amado senhor, se achava escondido deante dos perseguidores, foi
e la presa e trazida para Kamakura. Ahi, perante uma assembléa de centenas de
cortezãos e samuráis, recebeu ordem de dansar ara Yoritomo e sua esposa. Assim
o fez; com perfeição inegua avel; e audaciosamente cantou um hymno, por ella
composto em louvor de Yoshitsune, o amado do seu coração, até cahir no chão
dcsfallecida, (pois estava para ser mãe). — Será que o velho palco de madeira
cinzenta ainda guarda um fugitivo reflexo das pungentes, altivas ertoções d aque!la hora ? . . .
O crepusculo baixava, quando, reverente, me encontrei na presença de D A I B U T S U ,
a imagem de A M I D A da crença buddhista de além-mar. Quão grande era a serenidade do "Bem Dito, sentado em meditação profunda de encontro ás negras collinas ! No recinto deserto, a gumas crianças apenas brincavam ainda. Quietude e
paz reinavam soberanas. A s lanternas de pedra já se achavam accesas, derramando uma luz suave sobre as lages e os pinheiros tortuosos. O s sons maviosos e melancholicos de uma fauta japoneza ("shakuhachi") pairavam no ar, misturando-se
com a fumaça aromatica de incenso. A minha a ma foi se dilatando num delicioso sentimento de plenitude ef involuntariamente, associei-me á prece : " N a m u
Amida Butsu"
O
GRANDE
DAIBUTSU
DE
KAMAKURA
T O K Y O , 17-11-1936. Novombro. Um ceu azul claro, sem nuvens. Gansos selvagens
seguiam rumo ao sul. Atravez de arrozaes ceifados desenhava-se meu caminho ao
longo do cabanas cobertas por tectos de colmo. Sobre mais de umí desses tectos
crescia capim e musgo, e por cima de frágeis grades de jardim, feitas de bambú,
sorria a flor de cosmos (compositae candatus). Contra um fundo de um verde
immutavel, formado por bosques de pinheiros e bambus, bri.hava esquecido, aqui
e ali, em galhos desnudados e sem folhas, o dourado fruto kaki, — reminiscencid
de abundante e festiva colheita.
Passando por logarejos disseminados, — onde em Icimonos multicores e acolchoados, — pois o ar já estava invernal, — crianças riam e brncavam, o caminho continuava até que, sempre mais a miúdo, appareciam as brancas muralhas que cercam os templos, seus terrenos e suas dependencias, annunoiando a approximação
de K A M A K U R A , fim e alvo de minha jornada.
Kamalcura, nome que traz consigo o som de brados guerreiros e d© espadas que
se chocam, — assim como o rythmo monotono do tambor de rezas de São Nichiren, o claro tilintar das campainhas dos sanctuarios shintoistas e a voz grossa e
sonora dos gongos dos templos buddhistas ! Não foi para a gigantesca imagem de
bronze representando Amida, e sim para o sanctuario sagrado de H A C H I M A N ,
que primeiro d i r i g i meus passos, — seguindo uma »arga alameda de pinheiros e
cerejeiras.
íatKle^
OS
MAIS
CHAPÉOS
MULHERES
DO
L I N D O S
PARA
AS
O Ò pela casa cm que mora, pelo conO
forto c pelas facilidades que desfructa, ninguém pode julgar da condição
de felicidade de uma fan.lia. Porque,
na verdade, a felicidade nào é só uma
questão do Presente, mas tombem do
Futuro.
O Sr. já pensou, por exemplo, na situação lamentavel em que se encontra»n
hoje muitas viuvas e orphãos. que já
viveram com conforto e des-
ELEGANTES
Denejo rerelper — nem qualquer
rompromiifto de minha parte
— o folheto etplicatiio
nobre
"Sefuro
de Vidu%\
RIO
A V . RIO B R A N C O , 180 - TEL.
A* S U L A M E R I C A
C^l«« l-o.nl *?l • Hio
9
42-3322
. IC K K K •
Hun
.
Ltdnde
preoccupados ? E porque, então, não estuda a realização de um seguro para garantir a subsistência da familia, na
eventualidade de sua falta ? Não pense
que um seguro de vida é difficil. Chame á sua casa um Agente da " S u l
America 0 . Exponha, francamente, todas
as suas duvidas, e o Sr. verá que a
"Sul America" tem planos de seguro
ajustaveis a todas as bolsas. Decidase logo. emquanto ha tempo. Não protele esse seu gesto de carinho e previdencia. Peça, hoje mesmo, com o coupon ao. lado. o folheto explicativo sobre Seguro de Vida
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F* tZZD
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H c
UMA GRANDE OPPORTUNIDADE
INDUSTRIA MANUFACTUREIRA
O M ICO
PARA A
A guerra européa, envolvendo as maiores potencias industriaes daqueiie continenTe, abre uma opportunidade excepcional para os paizes
que disponham de um parque de industrias capazes de supprir os
fornecimentos que cabiam, em épocas normaes, áquellas porencias.
O Bras.l possue o maior parque industrial da America do Sul. Antes
da guerra, já fornecia pequenas quantidades de mercadorias manufacturadas a diversos paizes do nosso continente, sobretudo tecidos,
drogas, doces. Pode vaugmentar a producção desses artigos e fornecer
outros. Ainda este anno, os industriaes textis pediam ao governo
reduzisse as horas de trabalho para diminuir a producção por elles
julgada excessiva. Deste modo, fácil, será ao Brasil encaminhar para
os paizes vizinhos e outros mais distantes do continente os excessos
de sua producção têxtil, como concurrente aos mercados consumidores que a Europa não pode supprir neste momento.
O que é necesario para issò é, além de organização commercial e
propaganda, transporte — transporte rápido e barato, sem o que
todo commercio está fadado a fracassar.
A PRODUCÇÃO
NACIONAL
DE M A T É R I A S
PRIMAS
O COMMERCIO
NO
BRASIL
São Paulo
D.stricto Federal . . .
Rio Grande do Sul .
Minas Geraes
Paraná
Santa Catharina . . . .
Pernambuco
Ceará
Bahia
Rio de Janeiro
Matto Grosso
Gazolina
Gazolina
Gazolina
Estados
para aviaçãc
commum
com alcool
89.820.787
35.752.954
17.962.418
12.845.058
9.031.306
5.025.999
4.843.890
4.669.250
4.213.747
4.101.536
2.435.460
21 . 1 8 1 . 2 0 1
22 6 4 8 . 1 1 2
622.398
8 701.372
798
3 267.321
•
•
•
2 233.968
6 345.362
1.055.887
2.800.026
502.796
192.28"
192.70?
126.267
1 1 1 . 132
220.181
409.355
293.376
266.682
A L G O D Ã O
Se o valor de nossas exportações cafeeiras baixam, em compensação
sobem as vendas de algodão para o estrangeiro.
QUEM BEBE GIN, TEM GOSTO,
E QUEM TEM GOSTO PEDE sempre
«
FOCKINK
O gin
preferido
por 26 casas reaes!
/Minna:
BRASIL
O plano de valorização do café previa a eliminação dos excessos
de safra, afim de manter o equilíbrio estatístico do producto. Se
bem que o Brasil não persiga mais a valorização artificial do café,
é do nosso interesse não permíttir a accumulação de "stocks" que
viria a influir, fatalmente, no mercado, provocando a baixa súbita do
producto.
Quantas saccas de café o D. N. C. já eliminou?
Varias dezenas de milhões! Para fazer-se uma idéa dessa tarefa heróica,
basta ver os números referentes aos oito últimos annos:
Annos
1931
1932
1933
1934
1935
DE G A Z O L I N A
Sobre a venda de gazolina no Brasil, o Conselho Nacional do Petroleo
organizou interessantes estatísticas, pela qual se vê que, no primeiro
semestre do corrente anno, a venda de gazolina attingiu, no territorío
nacional a 1 9 9 . 4 8 3 . 2 0 7 litros, sendo que a de gazolina com alcoo'
ascendeu a 6 9 . 7 3 7 . 168 litros e a de gazolina para aviação a 7 . 7 6 9 . 9 4 7 ,
Eis aqui, discriminadamente, a estatística dessas vendas, no período
referido, segundo a estatística do Conselho Nacional de Petroleo:
O
Quanto á producção de matérias primas, o Brasil tem feito um grande
progresso nestes últimos annos. Basta olhar para estes números: em
1932, produzíamos 2 . 1 6 3 . 0 0 0 toneladas de matérias no valor de
8 9 6 . 0 0 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 ; em 1937, nossa producção de matérias primas
elevou-se a 4 . 8 4 8 . 0 0 0 toneladas, no valor de 3 . 2 4 4 . 0 0 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 .
Nestes últimos annos, nosso progresso industrial não tem sido pequeno.
Augmentou, por toda parte, o numero de fabricas e cresceu o numero
de braços operários. E na mesma proporção subiu o valor da nossa
producção industrial. Se examinarmos os dados estatísticos referentes
a nossas importações, veremos, entretanto, que as nossas compras
de matérias primas no exterior não têm crescido na mesma medida.
Isso quer dizer que nossas industrias se libertam, pouco a poco, da
matéria prima estrangeira, substituindo-a por matéria prima nacional.
Nos sete primeiros mezes do corrente anno, por exemplo, importamos
1 . 7 2 8 . 2 7 8 toneladas de matérias primas, valendo 5 . 3 4 5 . 0 0 0 librasouro. Nos sete primeiros mezes do anno passado, importamos
1 . 7 9 9 . 9 5 3 toneladas de matérias primas, no valor de 6 . 2 4 5 . 0 0 0
libras-ouro, o que evidencia que, no período de 1939, importamos
menos de I milhão de libras-ouro.
O CAFÉ QUEIMADO NO
Nos sete primeiros mezes de 1938, nossa exportação attingiu a
9 . 9 6 2 . 0 2 1 . Observa-se, portanto, uma reducção bem sensível no
mercado, neste anno, em relação ao anno passado. Mas só em relação
ao anno passado, porque em relação aos annos anteriores, até 1932
inclusive, nossas vendas para o exterior, nos sete primeiros mezes do
anno, jámais alcançaram a cifra de 9 milhões de saccas, embora attingissem até o duplo do valor.
Saccas
2.825.784
9.329.633
13.687.012
8.265.791
I .693.112
Annos
í936
1937
1938
VffltfAND
HOILANO
lTUw
t
-n*issiMo r. AI.joiLfWMrt.it isinto 1*1''"?
Graduado e ctv9af»*««<*o fC .1
cBÊBÍDÃs)
f O t KINK DO tf^l ;
Saccas
3 . 7 3 1 .154
17.196.428
8.004.000
Total
Sessenta e quatro milhões de saccas de 60 kilos —
diluvio de café que chegaria para inundar o mundo.
64.732.914
um verdadeiro
N O S S A S VENDAS DE C A F É
E por falar em café, parece-nos interessante examinar o mercado actual.
Nos sete primeiros mezes de 1939 exportamos 9 . 0 3 2 . 9 3 4 saccas.
Dry
Gin
FOCKINK
é o
melhor
Outubro —
1939
43
ai irai in
CO/TUD6IDO
Nos sete primeiros mezes do anno
passado, exportamos 140.240 toneladas de algodão no valor de
3 . 7 4 4 . 0 0 0 libras.
Nos sete primeiros mezes do anno
cm curso, nossa exportação algodoeira subiu a 232 .819 toneladas, valendo 5 . 5 4 9 . 0 0 0 de libras-ouro.
Verificamos, assim, que o algodão
se approxima rapidamente do café.
Devemos levar em conta que também se exportam os sub-produetos
do algodão.
Só de oleo de caroço dessa preciosa
malvacea, produzimos, annualmente,
cerca de 100.000 toneladas, o que
nos vae libertando da importação
de oleos comestiveis. No commercio
mundial de " l i n t e r " , o Brasil occupa
actualmente o segundo logar.
Como se vê, o progresso da producção algodoeira é, sem duvida um
dos mais importantes acontecimentos
da economia brasileira, nos últimos
tempos.
A BALANÇA COMMERCIAL
P O R T O DE S A N T O S
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A . 8 - 2 5 . 0 0 0 Watts
DO
Segundo os dados agora divulgados
pela Secretaria do Conselho de Expansão Economica de São Paulo, a
balança commercial do porto de
Santos assignalou no primeiro trimestre deste anno, em confronto com
idêntico período do anno passado,
reacção digna de nota, de cerca de
um milhão de libras-ouro.
A exportação do principal porto do
paiz foi, de janeiro a abril deste
anno, de 4 8 3 . 3 3 4 toneladas de produetos, no valor de 73 I .587 contos
de réis ou 5. 120.036 libras-ouro;
contra 4 4 5 . 6 6 1 toneladas, no valor
de 6 9 5 . 6 5 7 contos de réis, ou. . . .
4 . 8 9 4 . 9 9 9 I7bras. de idêntico período do anno passado. A s importações pelo referido porto reqistraram
no primeiro trimestre deste anno,
5 3 5 . 9 7 2 tone'adas, no valor de. . . .
6 3 4 . 4 6 9 contos ou 4 . 3 2 6 . 0 4 6 librasouro, também sobre idêntico período de I938.
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NOME
ENDEREÇO
CIDADE
ESTADO
PROCURE 0 NOME
E
"DURYEA"
0 ACAMPAMENTO
E M CADA
ÍNDIO
PACOTE
Do exposto não só se verifica o desapparecimento do "deficit" registrado no primeiro trimestre de I 9 3 8 ( 3 I 6 . 6 2 I libras), bem como foi
conseguido realizar um "superavit" em idêntico periodo de 1939, de
7 9 3 . 9 7 0 libras-ouro.
0 COMMERCIO EXTERNO
MEZES DO A N N O
DO
BRASIL
NOS
SETE
PRIMEIROS
De janeiro a julho do anno corrente, o Brasil exportou mercadorias
no valor total de 2 2 . 0 5 8 . 0 0 0 libras-ouro. No mesmo periodo do anno
passado, nossas exprtações ascenderam á cifra de 2 0 . 6 8 3 . 0 0 0 , verificando-se, este anno, uma differença para mais na importancia de
1 . 3 7 5 . 0 0 0 libras.
No mesmo periodo de I 9 3 9 nossas importações attingiram á cifra de
1 9 . 0 2 8 . 0 0 0 libras-ouro contra 2 1 . 6 1 2 . 0 0 0 nos sete primeiros mezes
de I 9 3 8 .
Assim vendemos mais e compramos menos ao estrangeiro, este anno,
do que no anno passado, donde a convicção de que I 9 3 9 fechará com
um saldo mais substancial na balança mercantil do que I938 e I937.
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OïrecçâQ e [scriploiio
Travessa do Oovidor, 34
Redaccào e Offfcinas
I Visconde de Hayna, 419
RIO
DE
JANEIRO
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OUTUBRO 1939 (com OCR)