o NUMERO 54 A N N O XVII OUTUBRO 1939 PREÇO 3$000 S S.x 1 e*v - Jllustmcõo BCOSÍICÍCO NUMERO 54 OUTUBRO A N N O XVII DE M E N S A R I O E D I T A D O SOCIEDADE A N O N Y M A "O 19 3 9 PELA MALHO" Director — Oswaldo de Souza e Silva Redactor Chefe — Jorge Santos Director Gerente: Antonio A . de Souza e Silva Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34 Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419 Telephones 23-4422 e 22-8073 End. Tel. O M A L H O — Caixa Postal 880 — RIO PREÇO DAS ASSIGN A T U R A S NO BRASIL AN NO.. 35$000 6 MEZES 18$000 SOB REGISTRO N U M E R O NO EXTERIOR ANNO.. 50$000 6. M E Z E S 2 6$ 000 SOB R E G I S T R O A V U L S O 3 ( 0 0 0 RIUS E URANUS RASILEIRA SUMMARIO DOS PRINCIP AES ASSUMPTOS DESTA EDIÇÃO * SÃO CHRISTOVÃO COLOMBO ? Chronica de Pedro Calmon PALMACEAS DO BRASIL Redacção DIVINA TARDE Poesia de Aloysio de Castro SALÃO DE BELLAS ARTES Redacção sob a influencia deste signo e deste planeta, as mulheres são calmas e de natureza contemplativa... Intelligentes e dotadas de muito raciocinio, vêm tudo sob um prisma de frio materialismo... N ã o são recolhidas e tão simples como apparentam, pois amam os prazeres d o m u n d o e gostam de apparecer... Fieis ás suas amizades, sabem ser tão bôas amigas como inimigas... A Saphira é a pedra das mulheres de Aquarius... E Emeraude — o perfume persistente e inebriante que melhor i n t e r p r e t a o seu t e m p e r a m e n t o e q u i l i b r a d o . . . Emeraude, de Coty — o perfume que tem a riqueza da gemma de que traz o n o m e . . . N ASCIDAS A LIÇÃO DO BISPO Conto de Cláudio de Souza O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS Redacção A VERDADE EUCHARISTICA Chronica de D. Aquino Corrêa MARAVILHAS DA FLORA BRASILEIRA LES P A R F U M S Redacção DUAS PARABOLAS Chronica de Gustavo Barroso ROSALVO RIBEIRO "Astros, Talismans • Perfumes" • Todos os Signos do Zodíaco t todos os Pertomes de Coty - num opúsculo gratis. Peça a Coty - Caixa 1t9 - Rio Chronica de Fléxa Ribeiro ARTES E ARTISTAS Redacção EM DEFESA DA LÍNGUA MOBILIÁRIOS DESENHOS E TAPEÇARIAS — ORÇAMENTOS Chronica de Julio Nogueira GRÁTIS SORTIMENTOS MUNDANISMO QUE E E SUGESTÕES SEM COMPROMISSO FACILITAM A ESCOLHA Redacção TRICHROMIAS, DESENHOS E DOUBLÉS DE : Edgar Parreiras, Lucilio de A l buquerque, Leopoldo, Barreto, Vand, Gilberto Calmon Trom- Rua 7 de Setembro, 82-Rio {JUNTO Á AVENIDA) PREÇOS QUE A N I M A M A C O M P R A R A MAIOR O R G A N I S A Ç À O TECIDOS, TAPETES E D O BRASIL EM PASSADEIRAS powsky e Paulo Amaral. Outubro 1939 1 ESPELHO/ g m ç a & c w DUCO A N N O POLIDOR N.7 Afcuâ e sabSo %Ío Impotentes par* r e m o v e r a c a m a d a de s u j o q u e *e a c u m u l a nos o u t o m o v e l s , produzi* da pela g r a x a c p o e i r a d a s e s t r a d a s . E ' por Isto que a p e z a r de l a v a d o s c o n s t a n t e m e n t e , m u i t o s c a r r o s a* p r e s e n t a m , d e n t r o de pouco t e m po, a p i n t u r a s e m b r i l h o e d e s ç o * corada. Para salvar esta sltuaçfio foi c r e a d o o a f a m a d o líLCO POLISM n 7 que contem dissolventes capaz.es de a m o l e c e r a m a i s e s p e s sa e d u r a p e l í c u l a d e » u j o a c u m u l a do nas c a r r o c c r i a s de a u t o m o v c i s . Dia I construir qje O Sr. de Guerra Nery Bandeira um dirigível requer á Camara permissão de sua invenção, o Dia 2 — N o S. Pedro representa-se o " M a î t r e Claire de Beaulieu. para "Epiarregenery", leme. des f o r g e s " . Jane Hading faz a Dia 3 — E ' instal'ado em Bello Horizonte o novo Quartel do 2.° Bat. da cuja séde era em Uberaba. Policia, Dia 4 — Recebem ordem para deixar o Acre os 40.° e 27.° B. de Infantaria e o 27." B. de A r t i l h a r i a . A l i permanecerão o s I 5 . ° e 36.° sob o commando do Cel. Cunha Mattos. 5 — praa Dia Arthur 7 — seu sentada Rio de (Minas) "Jurisprudência Presidente Reune-se do o C!ub No Recreio, II — jóia que o Dr. T i t o hypothecaria Estado do Militar, inestimável" e Nogueira, Fulgêncio vae dar á e formulários", E ' publicada E' Peres, no " D i á r i o O f f i c i a ! " publicada cognominado por da publicação Duque de Caxias Lucilia a 2.° Cilac " o de edição de historiador a 600 pags. Ni!o Rio. para tratar dacção do projecto de Codigo C i v i l " , Dia "uma Janeiro". na guerra sobe á scena a peça de por 0 : y m p i o Dia IO — do de Leopoldina sobre o commando do 9 — Copacabana A cclcnia campista aqui residente prepara festiva recepção ao Dr. 8 — Dia denomina mais bella livro Peçanha, eleito histórica "a Informam publicidade Dia Azevedo do Arpoador 6 — Dia Só ha um Duco DUCO DUPONT no Arsenal — 1903 terá a forma de uma canoa virada e será desprovido de Dia OUTROS PROOUTOS OUE O ARÃO AO SEU AU TO MÓVEL A APARÊNCIA DE NOVOOUÇO WAX (CERA PARA DAR BRILHO EM PINTURAS NOVAS), AUTO TOP PINISH (TINTA PRETA PAPA PINTURAS OE CAPOTAS). TOUCHUP (TINTA PARA RETOQUES EM PAR AL AM AS). ETC.. ETC (quinta-feira) DE Marco He'ena de do memoria Paraguay. Parga, "Alléluia", Cavalier, repre- etc. a celebre "Replica Ruy uma ás defesas da re- Barbosa. "Mares e Campos", da sua terra, dos de V i r g i l i o Várzea, usos e costumes do seu Dunshee do oovo". Dia !2 — O Abranches : Dia 13 — "Paiz" insere em rodapé pagina, na o poema de "Colombo". Na capital da Bahia, pavoroso incêndio destroe a ponte do trapiche Pi ar. de propriedade de Honorato José de Souza. Dia ca 14 — E' exhibida na Maison Moderne a fita "Gata Borralheira", da fabri- Pathé. Dia 15 — No S. Pedro, realiza-se o festival do actor Silva Dia 16 — Em Antonina, prepara-se festiva recepção que, no Senado, replicou ao übello de A l f r e d o Dia em 17 — Diz-se Porto Alegre que vae ao Pereira, o Dr. "Velhinho". Vicente Machado, Varella contra a politiquice. ser adoptada como hymno do Grande uma composição do maestro M u r i l l o Furtado com lettra de Z e f e r i n o Dia 18 — O Internacional Dia 19 — nambuco Dia 21 — da Republica inaugura, á rua Lavradio, Brasil. 104, a Exposição de apparelhos a álcool. O general Bormann, sob o pseudonymo de " B . de M a r b o u n " , inicia na "Republica", Dia 20 — Presidente de Curvtiba. uma serie de artigos sobre o duque de Publica-se nesta capital o " M a n i f e s t o " relativo á revisão da do Partido Caxias. Republicano de Em Petropoüs, conferenciam com Rio Branco, sobre o accordo chado, São reconhecidos Bulhões Dia 23 — Marcial, deputados Ne'son de pelo Districto Vasconcellos brasileo- Fallece em Porto proeminentes da campanha Dia 25 — Alegre O PNEU DE QUALIDADE Distribuidores em todos os Estâdos PNEUMÁTICOS CONTINENTAL DO BRASIL LTDA. C. Postal 201 Godoy. Dr. perenne de descontentamento, Exercito". Julio e a quem de Castilhos, uma das figuras Deodoro deveu sua eleição á Peixoto, viuva do Marechal. O Ath'etic C l u b levanta, em S. Paulo, o campeonato de foot-ball, ven- Termina 2 x 0 . o prazo para a substituição das estampilhas antigas pelas do padrão. Dia 28 — Dia 29 — que Ma- A Camara dá parecer favoravel ao projecto Lauro Sodré. que concede Por Droposta um voto de profundo Rua da Alfandega, 41 — 3 andar-Sala 310/12 — R i o Phone: 23-0517 novo Irineu magistratura. cendo o C ub Paulistano por Dia 27 — o republicana pensão do 4 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 á Sra. Josina Dia 26 — os Srs. Brasil, José do Patrocínio, em artigo no " P a i z " , opina que " o systema federa- por ser uma caudal de injustiça contra o suprema Federal e Oscar tivo, tal como o estamos praticando, é uma fonte Dia 24 — Per- Constituição. boliviano. Os representantes da Bolivia, Srs. Pinilla e Guachalla, e o dr. A s s i s Dia 22 — R'o de Lucio de Mendonça é lançado, no Supremo pezar pelo trespasse de Castilhos. E ' lido no Senado o parecer do Dr. Frederico regula o funccionamento Dia 30 — que, em Dia 31 — Em S. Tribunal, das sociedades religiosas. Paulo, é preso o chefe da famosa 1901, deixára esta Borges sobre o projecto "Quadrilha dos Subúrbios", cidade. A Camara de Nictheroy approva o contracto para o abastecimento de carnes verces, celebrado com o Cel. Dias do Menezes. O AS O mais completo sortimento em artigos de qualidade e bom gosto, para cavalheiros e viajantes M PRIMEIRAS PARADAS DAS LINHAS DE TIRO Na Avenida Tiradentes. da Paulicéa, és 2 horas da tarde do dia 26 de maio de 1910. desfilaram pela primeira vez, os novos defensores cfa Patria. Desde a estação da Luz até ruas João Theodoro e Ribeiro de Lima. era incalcu'avel a n u tidão. que desejava, ansiosa, assistir á passagem dos atiradores, apezar da chuva, miúda e insistente, que cahia. Foram sete as linhas de tiro, que formaram, sob o commando do 2.° Tte. Guálter Pereira Machado, e tinham os números 34, 3, I I , 35, 22, 66 e 2. Passou-as em regista o Presidente do Estado de S. Pauk>, Dr. Albuquerque Lins, que ia num Iandau, em companhia do general O s o r i o de Paiva, commandante da região. Em outro landau viam-se o Dr. Washington Luis, secretario da Justiça e da Segurança Pub ica, e o Cel. Elysio de Araujo, director da Confederação do T i r o , que foi creada pelo decreto 1503, de 5 de Setembro de 1906. Quatro sociedades de tiro destacaram-se pelo garbo, luzimento e correcção com que se apresentaram: a de n.° 34. de São Pernardo: a de n.° I I , de Santos; a de n.° 35, da Paulicéa, e a de n.° 3, da mesma capital. A cada uma coube um valioso premio. A segunda parada de atiradores» o a mais imponente, realisou-se na Avenida Centra', actualmente Rio Branco, nesta cidade, a 7 de Setembro de 1910. Quasi todas as sociedades de tiro existentes no Brasil particioaram desça mostra militar. A tropa do São Paulo era constituid<a peias sociedades ns. 2, 3, I I , 20 22, 23, 34 e 35; a do R. G . do Sul pela sociedade n.° 4 ; a do Disfricto Federal pelas de ns. b, 6, 7 e 77; a do Estado do Rio, pelas de ns. 12, 15, 24, 27 51. 56, 68 e 69; a de Pernambuco pela sociedade n.° 13; a de Minas pelas de ns. 17 e 52; a do Paraná pela sociedade n.° 19; e a do Espirito Santo pe'a sociedade n." 43. A brigada de Atiradores era commandada pelo general Bellarmino de Mendonça. Não poude ser passada em revista pelo Presidente da Republica, Dr. N i o Peçonha, devido ao mau tempo. OS NOSSOS i PHAROES Possuímos, do Amazonas aos Pampas, isto é, distribuídos pela costa norte, costa léste e costa sul e oe'as lagoas dos Patos e M i r i m e pe'o rio Paraguay, 5 0 1 pharoes o 10 aero-pharoes, alguns dos ouaes gyratorios. O s últimos construido-. datam de 1934 e são os de S. Migue!, Ilhéu Grande, Coroa Verme ha, Lage d? Colombo, Lage da Figueira, Parcel dos Meros, Lage do Fundão, Itajahy, Ponto (á margem do canal de Sta. Catharina), Coral, Ilha dos Lobos, Gambeta, Desafores (estes dois no R. G . do S u l ) e Ba'duino, no rio Paraguay. Na ilha do Mel acha-se em construcção um oharol automatico, projectando-se outros nos Abrolho - . (Bahia), na ilha Rasa (Guanabara), na Ponta do Boi (S. Paulo), em Santa Maria (Santa Calharina) e Salinas (Pará). Os pharoes de menor impor1*ancia alcançam a distancia de 8 milhas, e os de maior importância attingem 6 extensão de 28 milhas, taes os de Santa Anna c de Cabo Frio. O Brasi! é, no Continente, o paiz que conta maior numero de pharoes. Na Argentina, são em numero de 6 4 ; no Uruguay, em numero de 14, e, no Chi'e, em numero de 94. Na Araenfina, o oharol aue alcança mais 'onge é o do Cabo Virgenes, 22 mihas, o, no Chile, o de Isla Santa Maria, 24 milhas. E ' o Uruguay que detem o pharol mais possante : o de Cerro de Montevideu, que irradia luz a 32 •ff A BIBLIOTHECA DE M A R C O 97, RUA I- OUVIDOR, 99 f c o K A e q u i i a u / a i w l a ' O A i d a milhas. AURELIO de kifvtmxL a m a- usa (MM O Visconde de Taunay, grande amigo de D. Pedro II, revela em s eu livro " H o m e n s e cousas do Império" que a collecção de livros do immortal Monarcha se compunha de 0 0 . 0 0 0 volumes. Em quasi todos se ve exarana a assignatura de seu offertarte. o proprio autor do livro. Não ha exaggero em dizermos que nosso pranteado Soberano era conhecido em todos os Continentes. D. Pedro II legou á sua Patria esse archivo precioso com o maior desprendimento, a mais admirável largueza e espontaneidade, em signa! de seu acendrado amor ao Brasil, amor que se não extinguiu no tumulo, onde o augusto Varão pediu que se puzesse um pouco de terra da Patria. UM JORNAL ROGER GÀLLET CONDECORADO O Amazonas", fundado por Antonio da Cunha Mendes, a 9 de Julho de I86*> foi uma das primeiras gazetas do Norte, dada a sua importancia no s sectores po'iíicos e litterarios. A essa folha, onde collaboraram os gene^aes Pedro Ivo, T h s u rnaturgo d6 Azevedo e Torquato Tapajós, cabe a primazia de haver lançado edições em papel de cor, o que se verificou em 1871, por occasiao da data genethliaca de D. Pedro I I . No anno da Proclamação da Republica, " O Amazonas" feve a hor.ra do receber uma medalha de bronze, conferida pelo Syndicato FrancoErasileiro. em paga dos serviços, que prestou em pro! da Exposição Universal de Paris. O CARACTER DE 'ODErAQQOZ E X T R A C T O LO C A O BRJLWANTINA DEODORO Contam os que privaram com o Proclamador da Republica que, decorridos alguns mezes após a quéda da Monarchia, vários políticos entraram a perseguir Deodoro com pedidos de recompensas e posiçõe s elevadas. O Marechal, a quem repugnavam as paixões soezes, excamou, certo dia, perdendo a paciência. — Si os Senhores continuarem a aborrecer-me, deixo o perwacho de generalíssimo á porta do palacio e retiro-me para a minha casa do Campo de Sant'Anna, cujo aluguel ainda estou pagando... A casa, a que se referia o «Ilustre soldado, ainda existe. Acha-se situada proximo á rua Visconde de Itauna. Faz uma década, esteve neMa installado o Prytaneu Militar, creação do general Liberato Bittencourt. C R E U B S P A V O T S t T A M O U R . D A R . G E N T ROGER^GÀLLET Outubro 1989 3 M l\ A S. Excia. o Sr. O S W A L D O MINISTRO DAS E m b a i x a d o r ARAN RELAÇÕES HA EXTERIORES P E D R O DA . A C A D E M I A C A L M O N B R A S I L E I R A •"Trr-7 • - • / £ , t i t S / # I ão Cristovão Cocn.bo? Subirá aos altares, canonisado, porventura orago da America, novo santo da 4 * Igreja, o Descobridor? Processa-se em Roma, com * » o vagar solene dos processos a que o Pontificado sujeita a escolha dos veneráveis, dos bemaventurados, dos padroeiros que vão florir os nichos dos templos, esse prêmio supremo — ao homem que alterou os destinos da humanidade em 1492. A ' primeira vista a mercê é excessiva. Não é o misticismo de Colombo que lhe sobreleva na história tão impregnada de romance: é uma profunda convicção cientifica. Devéras — para o ciclo português das viagens marítimas — a de Colombo foi menos do que uma revelação: foi uma antecipação. Essa pressa de chegar, em contraste com a calma de D. João II, é o traço distintivo da psicologia do beato italiano: ardor no empreendimento, fé irredutivel, vontade heróica, estoicismo pio e doce. Não sabia mais que os pilotos do porto de Lagos em cuja companhia visitou a Guiné. Foi aprendiz na boa escola nautica do Infante de Sagres. Discípulo da marinha lusitana. A ilha de Porto Santo foi para ele um seminário. Estudou os segredos do oceano na experiencia daqueles cosmografos discrétos e daqueles navegantes silenciosos. E lêra Marco Polo. E entendera Toscanelli. O erro matematico de Toscanelli tarnsformou-se no argumento ágil com que convenceu a corte de Castella e Aragão. Erro de avaliação; argumento fulgurante. Segundo a medida da esféra proposta pelo físico florentino quinhentas legoas apenas separavam a Europa da ponta asiatica de Cipango. Essa distancia podia ser vencida pelas caravelas que iam á Islandia (e Colombo fora á Islandia) e iam ao Niger (Colombo fora ao Niger). Tres mezes de proa apontada para oéste — e de repente avultaria no horizonte aquele continente ilustre. A Catai das torres de porcelana e jade, o Indostão dos elefantes xairelados de purpura, a vaga Trapobana dos textos clássicos. . . D. João II preferia tentar por conta própria. Inglaterra e França tinham mais que fazer. Os príncipes italianos contentavam-se com o comercio mediterrâneo. Isabel a Católica foi a alma irmã que o visionário encontrou numa Espanha preparada para altas conquistas. Unificada após a quéda de 11 / / / / / #1/" / > # ' f l / f f / ^ ? Granada, estimulada para as façanhas guerreiras, faminta de impérios distantes. Colombo era então um pedinte. Vivia de esmolas com os arrábidos. Tinha na fisionomia envelhecida algo de Pedro Eremita. Falava uma linguagem quente e delirante de quem se familiarizou com as visagens, as sombras, o irreal. Pedia pão e . . . navios. Alternava uma queixa — de sua miséria — com uma súplica — de sua crença. A escudéla da sopa e uma armada — eis o que solicitava na portaria do palacio. Isabel ouviu-o. Mandou servir-lhe a ceia e chamou o judeu que empenharia as suas jóias. Tres navios com urgência. — Senhora, bastam esses tres barcos. E eu vos darei uma imensidade, um hemisfério, metade do universo! — A rainha acreditou. Que seria de nós se em todos os graves momentos da história dos póvos não houvésse um crente — e uma grande mulher capaz de compreendê-lo? Isabel ficou sem as suas jóias, mas Colombo teve os seus navios. Mesquinhos galeões de noventa toneladas. Achou-os excelentes. E' um detalhe da iluminação interior, o desprezo dos meios pelos quais a Providencia atinge os seus fins. . . Sentindo-se instrumento de Deus não olhava pormenores. Descobriria as índias no fundo do Atlântico e restituiria á rainha crédula com o seu pêso em ouro os tres navios bemditos! Foi, descobriu, voltou: e a rainha piedosa, e os descendentes de Isabel e Fernando tiverám em ouro e prata muitas vezes o pêso da "Santa Maria", da "Pinta" e da " N i n a " . O genovês não tirou de sua gloria nenhum proveito diréto. Negaram-lhe em breve tudo. O seu almirantado, os titulos sonoros que lhe recompensavam os trabalhos, não puderam afastar dos seus lábios o cálice das amarguras. Arrastou grilhões nos pulsos, conheceu a tréva do cárcere e a ingratidão ainda mais negra. Por ultimo lhe arrebataram o direito de ligar o seu nome ao mundo novo: chamaram-lhe — em honra de Américo Vespucci — America. . . Abraçou-se mais com a sua religião e morreu pezaroso. Morte de santo. Quasi martirio. Digna dos agiológios, onde cintilam analogas aureolas de resignação, de serenidade, de placidez sobrehumana. Um tanto por isto, um tanto por aquilo, Cristovão Colombo se tornou um símbolo de virtudes cristãs: proféta, paladino, exemplo. Nem lhe faltou o milagre. O milagre histórico da viagem que transferiu o eixo da civilização, do oriente para o ocidente, através das aguas azúes. Tudo como se tora um prodígio, uma alegoria, a marcha dos reis maqos conduzidos pelo raio de sua estréia vespertina, cousa da infinita bondade de Deus! ç em a flora que guarnece os valles, ^ enfeita as ilhas, preserva as mon- tanhas, aformoseia as praias e as planicies, a terra pareceria uma desola- ção sem fim, em cujo seio o homem não poderia viver, porque das verdes folhagens, vêm a sombra amiga e todos os germens da vida. A flora desperta os sentidos e faz a inspiração do poeta, nas horas felizes da existencia. E entre todas as creações botanicas da natureza, nenhuma mais pittoresca do que a familia das palmaceas. cujos leques balouçam ao vento e soltam agradaveis sussurros. Os seus feitios variam e também as suas cores, ricas de mil matizes e de mil suggestões polychromicas, que vão desde o par- do ao azul, desde as tonalidades cinzentas ás escarlates, sem esquecer as claras e luminosas. Distribuídas por uma immensa região selvagem, aos grupos ou solitarias, perdidas aqui e dominando em massa mais além, visíveis no Juruá, no Madeira, no Solimões, no Javary, no Tocantins, ri- sonhas e festivas tanto na planicie do Amazonas, como no Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, as palmeiras mostram-se úteis e bellas. Como utilidade, servem para a confecção de utensílios, os mais profusos e os mais contradictorios. Das suas insinuantes ventarolas fazem-se cordas, viradores, cabos, escovas, linhas, fios, barbantes, pannos, vassouras, espanadores, abanos, redes, toda uma variedade de cousas úteis, que provocam a actividade humana de milhares de creaturas. O indigena o o civilizado recorrem a ellas para satisfazer innu.neraveis necessidades. Do seu tronco e das suas substancias, extrahem-se e manipulam-se cremes, olec», vinhos, ceras, botões, palmitos, chapéos, telhado», tecidos, amidos, fibras, toxicos, farinhas, tintas, taite, canoas e jóias. Brotando de terrenos alagadiços ou arenosos, germinando nas planícies húmidas € nos solos que recebem o sol, parece acompanhar as migrações humanas e favorecer todas as industrias. Ha a "bacayuba" de espique cylindrico e de folhas crespas, a "catoíé", que cresce pouco e dá fructos comestíveis, o "cigano" de espique flexuoso e que floresce tanto no Rio de Janeiro, como no Espirito Santo, Goyaz e Amazonas. Vemos a "jacytara", de exterior espinhoso e de fibra flexível, o " m i r i t y " e o " b u r i t y " que apparecem em massas compactas, o "quaresma" de espique solitário e cujas folhas se apresentam arqueadas. Ha a "cayané", que se arrasta ás vezes pela terra, alteando-se pouco, vegetando no sole húmido e sombreado, nos valles do Madeira, Purús e Manés. Encontramos palmaceas solidas e ondulantes, lisas e enrugadas, altaneiras e corcoveadas, que multiplicam as impressões das paízagens. H e r í s e pittorescas, encantam as florestas virgens e os parques arborizados das cidades. Elegantes, sóbrias ou altivas, erguem os seus dorsos farfalhantes ao espaço azul e recebem, joviaes, a luz do sol. Nas mattas dominam os topos verdes das arvores e nas metropoles quebram a monotonia dos aspectos urbanos, dando-íhes suavidade e formosura plásticas. Outubro 1939 7 - •'•'-'•ÍCTT "4 riT • : , / *• 'v*. ^ - «> -v- - ri» O S . > •• a • % SHHfc«.*-* Wz B A L Õ E S Uns cáem sobre as palhoças humildes ou sobre os matos ressequidos e lhes atêam fogo. Outros cambalêam no espaço, ba- estejando São João, para o negro céu das frias noites de junho sobem pequenos globos de papel de côr com a chama que lhes dá luz, calor e força para subir. Ascendem. Vão muito alto. O vento sutil devagarinho os tange pelas alturas. Lá se vão! La se vão! Depois, sua luz diminúe, seu calor fenece, sua força se extingue. Rodopiam tontos. Descrevem longas curvas e se aproximam da terra de onde partiram. F tendo nas fachadas das casas e nos fios eletricos, enquanto os garotos os perseguem com pedradas e apupos: — Tasca! Tasca! — Cái, cái, balão! Dir-se-ia o destino cruel dos homens. A mocidade dá-lhes o alento inflamado que os eleva á amplidão. Brilham rapidamente como estrelas fugazes. Percorrem as alluras rápidos e luzentes. •Aí Depois, o tempo lhes abranda o vigor e começam a descer macábro, havia um papel amarelado pelo tempo que dizia assim: para o fim fatal. " N e m sempre eu e este meu irmão que está junto comigo Uns, ao cair, causam ma!es sem conta, incendiando, destruindo fomos o que somos agora. Antes, grande diferença nos sepa- o que ó alheio. Outros sofrem pedradas e injurias da multidão. rava. Êle andava de carro, escoltado por lanceiros, e eu só e Outros semente caem tascados por eia. Dir-se-ia o destino cruel a pé. Êle habitava riquíssimo palacio e eu mísera choupana. Toda a gente falava a seu respeito e era uma honra tirar-lhe dos homens. A' pcnla de varas, os balões venezianos iluminam as marchas festivas. Pendurados de arames, enfeitam as noites de gala. Tão lindes! A vela que lhes dá viço nunca deve encostar nas frágeis paredes de papel pregueado, senão os consumirá. Se o vento seprar com força, sua luz se apaga ou sua chama os cresta. Sempre a mão a'heia os conduz, porque sozinhos não podem sair do lugar. E, quando acabam de ser usados, se nada lhes aconteceu, poderão ser dobrados e guardados para ser- o chapéu. De mim ninguém nunca se lembrou e falar comigo equivalia a rebaixar-se. O nome dê'e aparecia diariamente nos jornais com elogios. O meu nunca foi publicado. Tudo para ele era opulência, gloria e felicidade. Tudo para m : m pobreza, aviltamento e desgraça. Quando adoeceu, foi recolhido a uma casa de saúde de primeira ordem, teve dez sábios á cabeceira, milhões de pessoas fôram visitá-lo, a policia impôs silencio a um quarteirão inteiro e o mundo se alarmou. Rezaram-se missas pontificais pe!o seu virem outra vez. restabelecimento. Êsses pequeninos g!cbos de papel chinês lembram as mulheres. Quando adoeci, caí em plena rua, a Assistência Pública me São lindas e frágeis. Qualquer cousa as cresta e só pela mão levou para o hospital do Pronto Socorro e fui dar com os ossos de outrem podem ser levadas a um destino certo. A luz da na Santa Casa. Tomei o famigerado chá da me:a-noite e não juventude empresta-lhes por pouco tempo bri'ho e vida. E, morri. Ninguém soube disso. se forem conservadas com todas as delicadezas sutis que me- Êle morreu, recem, poderão servir mais duma vez. . . meio páu na cidade, no país, nos outros continentes. Espaçadas Ligeiras e várias como os balões de São João, frágeis e lindas salvas de artilharia como cs balões venezianos são as criaturas que rapidamente formidável enterro! Regimentos e regimentos. Uniformes e uni- passam no paico do mundo. Nenhuma delas sabe por que tem formes. Corporações e corporações. Magnates e magnates. O essa luz, por povo. A gente graúda. A s mitras. Musicas fúnebres. Latinorios. que gosa desse calor, por que ornamenta o negrume noturno. Nenhuma delas conhece a misteriosa mão que lhes acendeu a mécha ou a vela e as impeliu para o espaço ou as amarrou em um arame. E todas, sem excepção, ignoram a hora triste em que se hão de queimar ou apagar ao sopro da ventania, á pedrada do moleque ou nas mãos de alguém . . . A S emfim. Luto e consternação gerais. Bandeiras a o dia inteiro, em terra e no mar. Que Discursos. Flores. Ceremonias. Todas as consagrações. Quando eu morri, levou-me sozinho, sem uma flôr, sem uma oração, sem um amigo, o rabecão do Necroterio. A ' sua memoria erigiram mausoléus e estatuas, inaugurados com espetaculoso proioco'o. A' minha, nada: fui para a vala ccmum. Êle teve o nome em praças e ruas de muitas cidades. Eu não tive nome. O Tempo, o Grande Mestre, passou e o Destino, outro Grande C A V E I R A S Mestre, reuniu o cráneo dele ao meu cráneo nêste embrulho. Um homem encontrou certa vez duas caveiras enroladas num E agora eu te pergunto — homem que lês êste papel — quai ve.ho oleado, é a minha caveira e qual é a dele?" nas ruinas duma igreja. Dentro dêsse pacote GUSTAVO DA BARROSO A C A D E M I A BRASILEIRA • ^ S B f c - :- • K. C / f t M O N V ' A GRANDE PARADA DA I N D E P E N D E N C i A A S PHOTOGRAPHIAS PAGINA DIZEM ELOQUENTE- M E N T E O Q U E F O I EM E MOVIMENTO DA M I L I T A R DESTA ESPLENDOR A GRANDE REALIZADA PARA- ESTE AN- NO, N O D I A 7 DE S E T E M B R O , CAPITAL FEDERAL NELLA TOMARAM DAS N O S S A S E MAR, PARTE, FORÇAS ALÉM DE CONTINGENTES NA TERRA NAVAES DOS C R U Z A D O R E S " R I V A D A V I A " "MORENO", DA E REPUBLICA AR- GENTINA E O S C A D E T E S DO PAIZ VIZINHO QUE VIERAM ESPECIAL- FESTEJAR COMNOS- MENTE PARA CO A D A T A DA DO BRASIL INDEPENDENCIA PARADA DA MOCIDADE, REALIZADA, COMO NOS ÚLTI- NELLA SE REPRESENTARAM OS CORPOS DISCENTES DOS ESTA- MOS ANNOS, NA SEMANA DA INDEPENDENCIA, FOI UMA BELECIMENTOS DE ENSINO DA CAPITAL FEDERAL, NUMA OR- EXHIBIÇÃO DE SAÚDE, FORÇA, ALEGRIA E DISCIPLINA DA DEM ADMIRAVEL, O QUE PROVOCOU OS MAIS VIVOS APPLAU- JUVENTUDE DO BRASIL SOS DO NUMEROSO PUBLICO PRESENTE. A NA TARDE Vae pela tarde a vida e a luz agora De uma nova doçura envolve tudo: Ha nas cousas caricias de velludo E a saudade é uma voz que canta e chora. Passou, nâo se perdeu, isso que outrora N a s manhans claras me encantava. E o mudo Recordar, com que em sonho inda me iIludo, Abre-me em flores o caminho em fora. Coração, que entardeces como o dia ! Lento o velario de ouro se descerra, Descobrindo o horizonte no arrebol: Outra esperança, em preces, se annuncia, Outro céo, de mil cores sobre a terra, Outro, occulto no poente, o mesmo sol I ALOYSIO D a A c a d e DE m i a CASTRO B r a s i l e i r a \tiU\f.\ f* . • . . . , • • • K» ff* iífêlS ^JiiM .1 « » K g 4: ? k» • ö u w • •**« - I \ • •• • f •~n M1« FM tu ír-iKl MMillI • »HHI.II , • •> I> —4. «.« n«.j í^ i ^ WWV/M i K Í•• j DTtu;! iüükj » ilIU Mt t • • « IV i#t * !I! iMi r>u I • f »4 » * • I 1 MMM » % «Inf H r 4• « t/•-IMM 4 t4 % 4 fvi • M # > t4 J M • » •V # % 4» *-»44 «i * fA% 4Ui 41l u •41' <-• » » •fi '# M M» • •'•V • « ,« > *» # H1 JC14Y' *i nf l tr ' » » |l 4» #4 • • I »• • I • I M I • • If » » • ^ f^lWl .ttsn» I Míon rrtttXt: IM ** I <4 •M * t| i|l|lér. iiAxax lÜUZlt h •'•VA/Ä ••MH * - i . .« • v. '«••«»nil '»^•hmh 1 f • f • •• • • • • »Mf» • • . Ni V- «H | • « ******* p« • MlMlf . • - ; r rrtt ti: ä K ä l i scina Jîluiîih » WM »% i l« f . . , , . « • .« >••.«>• 4 * • • • • • 4« . t' ^ , m il « • • W . V>» •> / U M* H'MHM r4/ t : « « * « I l(lM* M ,» 1 • f »4 * MVfO»^ , •• » • • » t l i l Ä4 • Wêf >i » f* I « r * '» ' uvn ni>t »H«« I H*' W • ^ Ii I t M « fl (* • »I • I IM*»* «I» m é » M«Mif*4»|M • Mm* «M»<. Mf^lMM • 1 « à i TéèéiJ IÍUIHM t • • •• à I • . mm , \ »4 «4. • • • • • • • M, y » J ft • 4• ^ .M » • « H r-w • U # M •• M •• • • im*1I • ••• / » / •• I I»» ^ •' M ••• • • •••• igMMMH.li^iHM^M •^ÛL^IIÎ 1 I ik II» /MM r i i l h i i i i t M ^ H U M . t ^ M f ^ ; ; ^ ; • M »|M ( IM|. 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Pensando nelle, na alegria fugaz de alguns dias de evidencia, os nossos artistas plásticos trabalham com enthusiasmo, fazem sacrifícios e expõem. Sonham todos com uma referencia gentil dos que passam, com uma phrase amavel dos collegas sinceros, com a esperança illusoria e torturante de um premio, que quasi nunca vem. . . Vicente Leite — "Natureza em festa" DE BELLAS ARTES J. E' o Salão, emfim, o instante dourado do movimento das artes em nosso meio. E' claro que a concessão dos prêmios nunca poude nem nunca poderá agradar a todos os que concorrem. Porque Tbem poucos são os que sabem perder. Mas como este anno, parece que nunca a desorientação do jury foi tão grande, nunca a justiça tão mal distribuída! Nestas linhas queremos apenas registrar os nomes dos que foram aquinhoados com os prêmios ao lado de alguns dos trabalhos expostos: Rescála — "Bolinhos de cariman" — Medalha de prata Hernâni Armando Pacheco — "Praça de Irajá — "Scena tropical" Tiradentes" P R E M I O DE V I A G E M A O E S T R A N G E I R O — Edson Motta. P R E M I O DE V I A G E M A O P A I Z — Honorio Peçanha. M E D A L H A DE H O N R A — Pedro Alexandrino. S E C Ç Ã O DE P I N T U R A : M E D A L H A DE O U R O — Manoel Santiago. MEDALHA DE P R A T A — João Alberto da Veiga Guignard, José Ado Rescala, Malagoli, Theodoro Ruy de Bona, Campello e José Pancetti. M E D A L H A DE B R O N Z E — Emidio Magalhães, Jorge Mattos e Yuzi Tamaki. M E N Ç Ã O H O N R O S A — Liberalli, Paula Fonseca Júnior, Edgard Oehlmeyer, Regina Randolpho Barbosa, José Maria Al- meida, Roque Chiaro, Hernâni Bruno, Maria Luiza Gomide Staffa e Miguel Loureiro. S E C Ç Ã O DE E S C U L P T U R A : M E D A L H A DE P R A T A — Calmon Barreto. M E D A L H A DE B R O N Z E — Newton Sá. M E N Ç Ã O Fernando Martins — "Recanto Ricardo Cipicchia — "Sacy na cavalhada" — Colorido" Maria Brito, Marcos B. Salles e Armando Schnoor. SECÇÃO OURO Gastão Formenti - HONROSA — "Cantigas DE D E S E N H O S E ARTES GRAPHICAS: Calmon Barreto. M E D A L H A de lui" MEDALHA DE P R A T A — J<>$, W o $ _ DE Ismailovitcn ..Va;dosa„ HT • • m o r n Manuel Faria — "Juruiuba" (D.) e Hans Steiner. M E D A L H A DE B R O N Z E — Alexandre cTAImeida, Godofredo Egger, Hans Etz, Paulina Kaz, Fernando Lamarca e Sal- Manuel Santiago — "Passeio matinal" — Medalha de ouro vador Pujais Sabaté. M E N Ç Ã O H O N R O S A — Regina Liberalli. S E C Ç Ã O DE G R A V U R A : M E D A L H A DE O U R O — Calmon Barreto MENÇÃO HONROSA — Yara Ferreira Leite. S E C Ç Ã O DE A R T E D E C O R A T I V A : M E D A L H A DE O U R O — Manoel Pastana. M E D A L H A DE B R O N Z E — Dolores Angela Rodriguez. M E N Ç Ã O H O N R O S A — José Jardim de Araujo, Sylvio Bretas Araujo, Franco Cenni e Hugo Moriani. PREMIO " I L L U S T R A Ç Ã O B R A S I L E I R A " : S E C Ç Ã O DE P I N T U R A — Salvador Pujais Sabaté. S E C Ç Ã O DE E S C U L P T U R A — João Baptista Ferri. S E C Ç Ã O DE D E S E N H O — Maria Delfino. S E C Ç Ã O DE A R T E D E C O R A T I V A — Camila T . Alvares de Azevedo. S E C Ç Ã O DE G R A V U R A — Yara Ferreira Leite. PREMIO CASA MINERVA: SECÇÃO DE P I N T U R A — Jayme Pe- reira Ramos. Luiz Almeida Junior — "Na barreira" Armando vV- - Pau ! o Gagarin — "Serra do Carranca" Vianna 'Minha Filha" LUCA CLAUDIO DE SOUZA — O sacerdote é de carne e osso como qualquer de nós. E nem todos podem dominar a carne. Como me pareceu sincera e experimentada esta conclusão, sorri. — Por que sorri ? disse e'a, já encristada para a polemica. — Porque lhe acho razão. De fato, nem todos podem dominar a carne. — Soja sircero ! Sorriu porque em seu cerebro se esboçou um comentário que não \eve coragem de atravessar o curto espaço da laringe aos lábios. — Juro-lhe... — Nunca se jura a uma mulher de 50 anos que tem ouvido tantos juramentos falsos do$ homens. — Quando eu disse que nem todos podem dominar a carne, você pensou : — Ela sabe porque o d i z . . . — De modo algum ! — protestei, com vivacidade. — Ora ! — ora ! Tenho sido o assunto saboroso da maledicência. Sou duas vezes apetitosa. O s que me não podem obter os favores, gozam-mo moralmente, com sadismo, estrangulando-me a reputação. E sou, assim, gostosa física e moralmente. — T e r r í v e l . . . T e r r í v e l . . . — disse eu. — Acaba de engulir outro comentário. Acha-me cínica. — Não diga i s s o . . . — Fala-se muito em engulidores de ar, cujos sofrimentos físicos são devidos á compressão, ou á deslocação cía massa de ar nas viceras. Pois os engulidores de opinião devem sofrer os mesmos incomodos no cerebro. E i s porque f i z da franquer.a minha saúde moral. — E porisso conserva a alegria. Conte-me essa aventura. A no : te era quente. Subiam do asfalto baforadas infernais que, misturando-se com os perfumes aquecidos das flores do jardim, entrava pelas janelas do apartamento. Eu recebia aquele influxo pesado no sangue, na respiração. Esther Rivadavia prosseguiu : — Era um padre lindo e novo, desses que os bispos não deviam permitir que frequentassem os salões e que confessassem as mulheres de menos de setenta anos. Conheci-o quando eu completava trinta e cinco anos e afirmava ter apenas vinte e cinco incompletos. — Como agora declara ter 50 e não tem mais do que 4 0 incompletos ? — Não venha com essas to'ices c o m i g o . . . Você me está dando cíncoenta e cinco, pelo menos. — Que creatura é você, Esther ! . . . — A beleza do padre impressionava a todas as mulheres — continuou ela. Algumas que só se confessavam na quaresma, começaram a abusar desse alimento espiritual, ajoelhando-se aos pés daquele padre de voz abemolada e olhos tão suaves como os de Christo. O padre moço, porém, estava na primave r a florescente da fé, raio de luz em peno f u l gor — como me disse o Bispo, quando lhe fiz vêr os perigos daquela juventude exuberante no meio de tantas enfermas da alma. — Você teve coragem de dizer isso ao Bispo ? — Conheço-o desde pequena. Quando seminarista passava as ferias como nosso hospede. Gostava de pregar-me partidas, e ria-se muito quando conseguia vencer-me. — E que ihe respondeu ele ? — Respondeu-me que para a fé sincera, a exuberancia do corpo não constitue perigo. E\ ao contrario, motivo de exaltação, pois exercita-se o espirito em domina-lo. Repliquei-lne que essa vigilancia podia fatigarse e adormecer. E sther Rivadavia, riquíssima desde o berço, nada tendo que fazer na vida, escolhera duas diversões para ocupa-'a : a conversação e o amor. Na conversação esgrimia com os paracíoxos, afetando cinismo. E em amor nunca passara dos caprichos extravagantes. Naquela tarde, em seu jardim d'inverno, disse-me ela : — — Sabe que por minha causa um sacerdote se ia suicidando ? Não diga ! — exclamei, curioso. Ele treplicou-me : — Minha filha, pela virtude desse padre, respondo. Ha. de fato mulheres que, tomadas pe'o furor diabolico, tentam desviar os eleitos do Senhor do bom caminho. Nenhuma delas, porém, poderá vencer a virtude desse padre, que todas as noiles exorto ha muitos anos. — Essa especie de desafio, i r r i t o u - a . . . — Você o disse. Ele mo supunha ainda aquela criança fácil de vencer. Senti-me picada em meu amor proprio. Se andavam tantos a fazerrno declarações, porque me resistiria aquele padrezinho insignificante ? O creado chegou com refrescos. Ligeira interrupção da conversa. — Pode deixar. Emilio. Sirvo eu mesma. O creado retirou-se. Esther poz de lado a palhinha que viera na sua laranjada, e absorveu-a quasi de um só folego, como se necessitasse acalmar a febre daquela noite de verão. Enxugou os lábios, e continuou a historia. — A luta f o i desigualissima, disse ela. — Eu, você me conhece... — Guerreira experimentada, com todos os artifícios da fascinação ! — E ele, o pobrezinho. . . tão ingénuo ! Nem sequer me lançou os olhos na primeira confissão. Se eu aproximava a boca da grade do confessionário, afastava-se. Ouvia-me com a cabeça inclinada para os joelhos. Quando eu me punha a contar pecadinhos de amor, inventando-os segundo as necessidades do ataque, ordenava-me : Basta dizer aue pecou contra a castidade por pensamentos, palavras ou atos. São desnecessários os pormenores, e não deve repeti-los porque pecará de novo, com isso. Da Academia Brasileira. Do P. E. N. Clube do Brasil uma cadeira para dar a ilusão de que o padre se precipitara para o pateo da casa, emqunto este saía tranquilamente. Boa lição deu-me o Bispo com aquole susto ! — E você corrigiu-se, Esther ? — Não sei. Quer fazer uma experiencia ? — Façamo-la disse-lhe eu sorrindo. Nossas bocas encontraram-se. A lição em nada lhe aproveitara. . . — A luta anunciava-se mal — cJis$e eu. — Procurei vence-lo pelo perfume. Reproduzi algumas combinações que me haviam dado resultado com temperamentos sanguíneos. Nada. — Ha, então, dessas combinações ? — Naturalmente. Ha uma parte química no amor. Um perfume excitante e quente não convém a pletorico, mas é tiro e quéda para o apatico. O homem que gosta de animais, adora o perfume do couro cia Rússia. Não ha o Tabac Blond para os que gostam de sentir o cheiro do fumo na boca da mulher ? — E' exato. — Pois com o padre usei de todos os perfumes. Havia alguns que lhe deviam fazer dor de cabeça, porque ele suava em camarinhas e ficava muito pòÜdo. — Que barbaridade ! Você se condenava ao inferno. — t ' a luta dos sexos. E era mero capricho que eu não pretendia realizar inteiramente. — Como acabou isso ? — Certo dia quando fui á confissão, deram-mo outro padre, dizendo-me que o Bispo tomara meu confessor ptora secretario. Aborrecidíssima, subornei o sacristão e soube a verdade. — O Bispo aconselhou o padre que não continuasse a confessar-mo. — Era um começo de vitoria para você. O Bispo perdera a confiança na fortaleza do píadre. Você devia ter-se contentado com isso. — tra já ta^de. O duelo que começara por movimento de amor proprio. me fizera perder pela primeira vez na vida o domínio de mim mesma. De inicio, não pretendera conquistado. Bastava-me que ele désse qualquer mostra de capitulação para que eu o deixasse, satisfeita com a vitoria. A luta, porém, fez-me admirar mais demoradamente o adversario. E aoaixonei-me por e!e. Amor-proprio e amor juntaram-se. A í começou o drama. — Feoomeno naturalíssimo em psicologia. — Escrevi-lhe uma carta longa pedindo-lhe que me viesse ver, pois me achava doente e necessitava de conforto espiritual, que só suas palavras até então me tinham trazido. Não tinha muita esperança nesse recurso, mas com surpreza vi-o aparecer, no mesmo dia. — O caso para ele, também, se complicava ao que parece. — Não prevendo tão imediata visita, não tinha preparado minha enfermidade. O creado deixara aberta a porta do vestibulo, e eu passava por ali quando o padre ia bater. Fui obrigada a recebe-lo como estava, isto é, em penteador, entreaberto. Acompanhava-o um padre velho, que disse que espertaria no vestibulo pois tinham que ir juntos visitar um doente. Deixei-o ali á vontade e entrei com meu confessor. Ele não quiz i r além deste jardim d'inverno, onde não me agradava ficar, pois o outro padre. se trepasse numa cadeira podia ver-nos através da grvade por onde sobem as trepadeiras. A noite era como esta, quentíssima. Comecei a contar-lhe meus padecimentos morais. Só no mundo, viuva, sem nenhum afeto, procurava na religião refrigério para a alma. Apaixonada como eu estava, ou como supunha estar, a astúcia insinuou em minhas palavras certa veemencia de ternura que desarmou a vigilancia do padre. Falamos do amor misiico, do consolo da ternura f.em pecado, e detivemo-nos na beleza dessas flores dos jardins ce'estiaís. Tão enlevado estava o padre que aceitou um "cock-tail". — Eva. . . sempre Eva ! . . . Em vez de maçan, uma batida ! . . . — Do apartamento superior vinham os sons de uma valsa vienense. Era ainda o tempo em que a valsa, como a brisa sonora, fazia fremir as pétalas da sensibilidade amorosa. O pladre parecia perturbado, fóra de s i . . . Não se atrevia, porém. Lancei-lhe um golpe decisivo. Tomei-lhe a mão e b e i j e i - a . . . — Oh ! exc'emei, tão excitado como quem toma partido num jogo esportivo. — Sua mão tremia, e nos seus olhos se acendeu certo reflexo de pecado, que nenhuma mulher desconhece. Aproximei-me do sua b o c a . . . Sentilhe o haüto aquecido. Mas nesse momento a luz apagou-se. O padre levantou-se, como tomado de súbito remorso. A b r i u a janela violentamente, e logo em seguida ouvi a quéda de um corpo nas pedras do pateo da casa. . . Compreendi a abominação de meu ato sacrílego ! Levara ao suicid»o aquela candida alma, num momento de remorso delirante. G r i fei por soccorro, mas faltaram-me as forças e caí quasi sem sentidos. — E o padre ? — Alguns momentos depois, quando acordei do rápido desmaio, fiz essa mesma pergunta, com a mesma ansiedade. " E l e está em boa paz — respondeu-me o outro padre. Sirva-lhe esse susto para que se arrependa e se corrija, minha f i l h a " . — Era, então, uma nova partida do Bispo ? — perguntei surpreso. — O Bispo .achava-se em casa do padre quando chegou minha carta. Ordenou-lhe que acudisse ao chamado, instruiu-o, e fe-lo acompanhar pelo padre mais velho; como ele conhecia bem a casa, determinou que este ultimo ficasse no vestibulo, onde estava o registro da luz. Foi-lhe fácil, pois, cortar a luz no momento oportuno, entrar, atirar pela janela Outubro — 1939 19 V.SV • VA •A VA V Mvlv JVAV KViV i w l v WAV W A V VêVéV »AVA •>;VA éW»V t. • f .. tO .fA .f ^AVÍ^vé A A A A êé# ééé â 4.é^.•.•.•.OAVatAVA " * •»AV A V A A A A A AVé A 4.4. KVA W A V VlVA W W W W A A A A V V V V • A V A • A V A AVVV DE HOJE E DE HA 2 0 a n n ô s lia vinte annos, Copacabana era apenas um pequeno bairro praieiro da metropole, com alguns prédios residenciaes bonitos para a época, porém com muito mais terrenos devolutos do que eonstrueções. A praia era, certamente, magnifica;, mas estava muito longe de revelar a maravilhosa avenida que haveria de surgir ali, algum dia, tal qual se vê hoje, com os seus arranha-céos em série, seu movimento, suas curvas admiraveis e o esplendido collar de luzes, de tão extraordinário elTeito, á noite. As illustrações desta pagina, mais do que qualquer commentario verbal, demonstram a estupenda transformação deste pedaço do Itio de Janeiro-trecho que é, hoje, um dos seus motivos de orgulho e que lia Ires décadas não passava de um bairro a mais que nascia á beira-mar. ' : i i: - 1 <• , V S. . * - « . * rV .c- f* i*. :» ' « B a i d P P ' fel® v «J- %V ' - i- • « M •• « « . - I M : " fpmtPHbSB 'SSi!Sp> tA«? f * « , ^ safr' «•kgFc-. a íSSSigtR v • Kh Sw • '.Sv ' * « f i •í \J t l ' A f Ví R E T R A T O LU C I I I O DE •- ALBUQUERQUE O I I I Congresso Eucharistico Nacional, celebrado em Recife, foi um acto esplendido de fé christã e de fidelidade á Igreja Catholica. A elle compareceram cerca de 50.000 peregrinos, vindos dos mais différentes pontos do Brasil, c todas as solemnidades cercaram-se de grande pompa. Eis aqui o altar-monumento erguido no Parque 13 de Maio, onde tiveram logar as imponentes ceremonias religiosas Congresso Eucharistico ffî a c t o n a l Flagrante especialmente tomado para a "Iilustraçfi^ Brasileira 0 , no saláo nobre do Pa'acio governamental de Pernambuco, quando da recepção offerecida pelo Interventor Agamemnon Magalhães ao Cardeal Legado, arcebispos, b : spos e delegados officiaes que tomaram parte no I I I Congresso Eucharistico Nacional üfr 1»• rc **^ , 4i IX o Q( Derdade Qfucharístíca S>. Hquíno Corrêa DA A C A D E M I A B R A S I L E I R A S onhou a antiguidade pagã milhentas e estapafúrdias mctamor- presentes o corpo e phoses operadas pelos seus deuses, n ã o só nos outros, mas lam- que bem merecia as bem em si proprios, a ponto de darem cilas matéria e titulo a Mestre o cercou, e bem justifica as expressões íortes e cruas, com q u e um dos mais alentados e famosos poemas das musas do Lacio. o declarou, levando os judeus a cogitarem até de u m repasto material Eram, porem, todas cilas, ademais de fabulosas, indignas da divindade, maxime em seus fins, como a celebre chuva de ouro, o cysne e o touro, em que se teria transformado a própria majestade olympica de Júpiter. Q u e contraste entre essas grosseiras phantasias e a verdade divina da conversão eucharisticaí N ã o e vinho, mas que, é abi u m pelo contrario, D e u s q u e se converta em converte as substancias do p ã o do vinho nas do seu corpo e sangue adorável, conservando apenas as espccies corpo,,. Accipite, ou apparencias: et comedite: hoc "Iomae e est corpus pão e daquelles comei: este é o meu tneum. O u esta conversão é u m a realidade, conforme, ha vinte séculos, ensina o sangue de ( hristo, por u m milagre circumstancias solemnissimas, de estupendo, que o Divino c cruento. Jesus corrigiu essa idea bronca e falsa, dizendo q u e as suas palavras são espirito e v i d a : Verba quae ego loculus sum vobis, spiritus et vila sunl. N ã o se tratava, por certo, de uma scena de anthropophagia. Elie ia dar a comer a sua carne, e beber o seu sangue, em refeição immaterial e mysteriosa. mas, nem por isso. menos verdadeira. Fóra desta interpretação natural e simples, t u d o o mais n ã o passa de u m amontoar absurdos sobre absurdos, com fito único de lugir ao a Egreja Catbolica. por entre os esplendores a pino das catbcdraes, das mysterio. universidades e das praças publicas; ou então, os evangelhos n ã o tem Mas sentido, phal, a vencer os séculos e conquistar a homenagem racional dos sábios e o capitulo sexto de S. João é um mero agglomerado de e santos palavras escandalosas e insensatas. Magrante é o absurdo desta outro, que seria a o mysterio ahi está, insophismavel, ultima hypothese, accrescido ainda crença catbolica de grande parte da de humanidade, de tantos séculos. Corporis algumas seitas, losse o mundo, ao vibrar harmonioso da poesia litúrgica dos sábios: Pange, pretendem todo luminoso e trium- daqucllc, que já foi c h a m a d o o mais sábio dos santos e o mais santo exactamente a mais culta e nobre, em tantas nações diversas, ao longo Se a Eucharistia. como de intangível, língua, gloriosi mysterium! apenas u m symbolo, seria a coisa mais banal deste m u n d o , nem excederia talvez E q u e os verdadeiros gênios pensam com D a n t e Alighieri, para cuja em belleza e expressão, a tantos outros symbolos adoptados pelos povos, fé nos mysterios da divindade, bastava o facto authentico da revelação, desde as mais remotas éras da historia. como se evidencia do conselho, que a todos nos dá neste curioso verso: E, neste caso, a solemnidade incomparável, de que Jesus revestiu a sua instituição, teria sido exagerada e ridicula, como exageradas e im- State contenti, umana gente, al quia. próprias da sua infinita sabedoria, teriam sido as palavras com que a evangelizou, escandalizando os judeus c i n d u z i n d o em erro os homens c capaz de todos os tempos. Ninguém diz que o symbolo é verdadeiramente a coisa symbolizada a bandeira nacional n ã o é verdadeiramente a Patria, nem o retrato é verdadeiramente a pessoa. Ora Jesus disse que a sua carne é verdadeiramente comida, e o seu sangue é verdadeiramente sanguis A meus, Eucharistia, vere est E deante dos assomos bebida. Caro enim rnea, ucre est cibas, et polus. portanto, deve de ser entendida, tal como sôam as palavras do Evangelho: na hóstia e no cálix consagrados, estão realmente de julgar da só razão pelos humana, sentidos, que tão impotente como é, pretende, no emtanto, descobrir absurdos nas operações divinas, que transcendem, de todo em todo, o nosso raio de alcance, o mesmo poeta se limitava a perguntar-lhe: Or tu chi Per giudicar Con E sei, che da la ueduta uuoi sedere lungi rnille corta d una a scranna, miglia, spanna? o divo Alighieri n ã o é autoridade somenos em assumptos de intelli- gencia e philosophia. Rosalvo A Ribeiro Submissão (Da coll. de D. Laura Vasconcellos de Moraes) FLÉXA RIBEIRO prof. cathedratico na Escola Nacional de Bellas Artes, Director do Curso de A r t e Decorativa. ROSALVO RIBEIRO - (í868 -1915 ) D e longa data que conheço o nome de Rosalvo Ribeiro, como sendo de pintor do evidente destaque. Quase todo$ se referiam e lamentavam Rosalvo Ribeiro era um pintor que não penetrava a realidade viva da natureza. o !ndo. directamente, as coisas, querendo copial-as materialmente, deTas se afastava seu desconhecimento nos meios artísticos do Rio. Outros, mais afeitos ao como quem caminha em sentido contrario do ponto visado. Convencido de que lovor fácil, garantiam que era nome de alto accento, e que figurava entre os mestres mais eloquentes que tem o Brasil offerecido á pintura. Sem conhecer obra alguma de va!ia, nada poderia declarar sobre tão solidos méritos. Peio pintor alagoano, no entanto, sentia sympathia e certa attracção. Só não era mais vivaz porque conhecia o habito pouco elegante que se tem, entre nós, era o pormenor na sua mediocridade que dá a segurança á composição, teimava em copiai-o com zelos e attenções esfremas. Evidentemente que a physionomia coisas e dos seres resulta do pormenor. Não nel!e mesmo, mas no conjuncto onde elle exerce sua acção. O movimento nasce, e/actamente. da serie de de tudo elogiar com excesso. No meio artístico, então, quem lê o que se escreve que a luz decompõe e faz viver logo fica certo de vivermos nada é. Só o conjuncto é factor esthetico; é fim, e não meio. num paiz saturado de génios, plethorico de obras- das pela vibração. Mas a minudência, pormenores nel!a mesma, primas. . . Nesta Como acredite que só vale escrever para dizer a verdade, e que as relações so- na Europa. Em claes de amizade ou afecto, nada têm a vêr com a critica de arte, -fico sempre demia Julien, sob a direcção de Jules Lefebvre, um dos mestres do desenho. na duvida quando se louv a um artista : será pela obra ou por que elle faz annos ? De seguido estudo, ouve os conselhos de Edouard Detaílle, e, finalmente, poz ter- As primeiras pinturas que vi, pequenos quadros, um artista dotado de capacidade indicavam, em Rosalvo para compor. Suas creações eram Ribeiro distribuídas, com sciencia dos eixos, das massas, do sentimento de equilíbrio. Vendo em coüecção particular uma de suas obras capitaes — em Alagoas — 24 attingi, de súbito, á significação de seu mérito Illustraçao Brasileira pois outras existem real. altura, precisamos verificar as influencias recebidas pelo pintor brasileiro 1885 Rosa vo Ribeiro transfere-se para Paris. Matricula-se na Aca- mo ao aprendisado fríancês — Leon escoa bastará a citação desses nomes para ver-se, com franceza de pintu/a — Bonnat. Para quem conhece a evolução da excepção de Lefebvre que o nosso Rosalvo Ribeiro nada poderia fazer que fugisse de uma arte convencional, de uma copia enumerativa, ou de uma realidade medíocre, repetindo falsamente como executava a natureza, como Detaílle, realizava Leon Bonnai. Quando Rosalvo Ribeiro chegou a Paris o que ainda dominava era o thema historlco- mÜitar, se antigo, sob o prestigio de uma archeoloçia que David impuséra, e, se moderno, na pes- quisa do pormenor esteril, isolado, como se a natureza se apanhasse em minúcias, e a frio. •>or verdadeira desgraça para seu temperamento, não entrou em communhão Chavannes, Laurens. Cormon, Ficou com Besnart, fechado no um e Rochegrosse, mesmo ciclo com daquella um J. P. medio- cridade celebre. Em Rosalvo Ribeiro havia certamente um artista que o ensino inadequado fez mirrar. E para complemento dessa afirmativa, bastará o exame de dua$ de suas obras mais importantes, e que pertencem á collecção da ex. sra. D. Laura Vasconcelíos de Moraes : a " S u b missão" a — 'Bretã ' episodio da guerra franco-prussiana, e (retrato typico). O primeiro, que foi ex- posto no Salon, é uma composição no genero mi f i- tar, como a entendia Detaílle : primeiro a exactidão, depois a natureza. Como nem tudo que é exacto é verdadeiro, logo se poderá verificar como as figuras deste drama estão paradas, como presas ao solo, na attitude de manequins. A arte de compor, no en- tanto, reve'a um artista : os grupos plásticos se articulam no sentido de serem movidos optica- mente pe'os dois figurantes que estão destacados e isolados. A s massas, dentro das cores, também prestam á equilibrio, e certa realidade coral da composição. A na distancia, atmosphera gerando igreja esfumada, sensível, em- andadura funde-se embora Rosalvo Ribeiro — "Bretã 1 1 . (Da coll. de D. Laura Ribeiro de Moraes) Rosalvo Ribeiro num retrato tirado em Paris convenciona1. das as -suas rável. Os areiado. sabão, Mas especificações, soldados sem ora "Bretã", à epiderme é andam em que pobre, ora como Rosalvo matéria, sobre consistência, vapo r oso da em senão deplo- solo limpo, um escorregadio nuvens. estava No fóra to- como entanto, da na influencia dos seus mestres para a composição e para a copia minuciosa, photographica da s 'Vistas", de-se que seja mais pessoa'. O com mais naturalidade; comprehen- modelo foi apossou-se delle; sentindo extraiu o subjectivo das formas, sua vida latente, o sentimento que ellas exprimem. vida interior. A bra longe, coheu até sua intenção da physionomia se desdo- no enrrugado faces. Mais E a maior da pelle, evidencia no de pergaminhento das suas qualidades de pintor, que se liberta do thema, vive nas mãos, do modelo, dade que alta. A bretã — fal-a E um basta foram tratadas construcção com interna espirito que e elle realideu á "viver". retrato desse teor méritos de um artista e justificar para legitimar os a homenagem da herma que seus admiradores vão erigir, á sua lem- brança, em Alagoas. Outubro — 1939 25 P H PETKIt ò*ftf à * o0 y***sJ C) T O K. S SCFIEIEK Sonoridade bonita, a sua musica M U S I C A é sempre deliciosa, pelo ilah de Moura Brito é um nome que vi- pessoal que ella lhe dá. mos acompanhando desde os tempos de O publico foi sabor prodigo em ap- alumna no curso de J. Octaviano, na Escola plausos e Zilah de Moura Nacional de Musica. Curso brilhante, foi elle registrou mais uma victoria pa- rematado ra sua carreira. com a conquista da meda'ha de Brito ouro, entrando a joven pianista na sua carreira de professora, sem, entretanto — como acontece frequentemente — dar todo o seu tempo aos discipulos, a ponto de se esquecer de si mesma. A o contrario disso, Zilab de Moura Brito, continuou estudando, para dar prazer O Conservatorio do Districto Federal realisou duas aulas de alumnas, dos cursos primário e médio, de piano, violino e canto. ao seu proprio espirito e para gáudio dos que Taes aulas, pelo lhe admiram o talento arte pianistica. tam, como estimulo, para os alu- Porque a artista que nos occupa é das que mnos, causaram a melhor das im- levam muito a sério a sua arte, que é a sua pressões, merecendo todos os in- profissão, razão pela qual é das que dispõem terpretes dos programmas os ap- de maiores applausos e de maiores sympathias plausos do meio. queremos e a que que represenA pianista Z i l a h de Moura lhes foram conferidos. Todavia, consagrar um registro especial á Brito applausos e ao respeito do nosso meio musical. Bastou, para isso, o seu uliimo recital, menina Lais Prado Vasconcellos, caso typico desempenhado com a segurança de quem con- excedente opportunidade que teve o publico de creança prodígio, cujo extraordinário ta com os seus proprios recursos de technica para apreciar os seus dotes de virtuose. Sua lento musical está confiado á orientação da e technica evoluiu extraordinariamente. Sua in- professora Suzana de Figueiredo. Com os seus possue terpretação ganhou em refinamento de sensi- oito annos de edade e o seu physico mignon, tístico. bilidade e em arroubos de bravura. Sua faci- essa menina Senhora de um jogo de pedaes perfeito e lidade de execução é cada dia mais admiravel. publico, que rende; dessa forma, O recital que A w : V' realisou, brilhante dias pianista atraz, Maria foi uma Antonieta começa a vida ta- arrebatando o interpretado um com as subtilezas de quem temperamento refinadamente ar- irresistivel- de uns dedos maravilhosos, para os quaes já mente, uma justa homenagem á sua precoci- foram desvendados todos os segredos e ven- dade. Depois de acompanhar, ao piano, alguns cidas todas as difficuidades do teclado, Maria collegas solistas, e depois de executar os nú- Antonieta meros que lhe cabiam, eil-a que interpreta a sonoridade, l. a parte do Concerto em ré maior, de Mo- esmorecimentos, zart, com acompanhamento de orchestra com nos execuções primorosas. Pela orientação que o desembaraço, a segurança, a confiança em deu ao programma, dír-se-á que a artista pre- si mesma, a limpidez de technica e os enthu- fere a musica dos nossos dias, que interpreta, siasmos de execução, dos grandes aiiás, com absoluta justeza de caracter, ntre- pianistas! apresenta mercê um de raro uma equilíbrio resistencia que lhe permitte offerecer- tanto, pestuosas, em dó maior de Bach-Busoni, para se verificar sala, e continuou, sorridente a sem A o final, recebeu uma dessas acclamações temda bastará ouvil-a executar de "Toccata" como se aquillo fosse uma brincadeira! a solidez de sua educação artística eclectica, Lais Prado Vasconcellos, chama-se essa men l- que lhe permitte dar-nos, como nos deu, essa na. Vamos acompanhal-a. obra classica, com toda a sua impressionante grandiosidade, ao mesmo tempo que nos offereceu Maria Antonieta. Ahi está uma pianista cuja arte se impoz com extraordinário brilho aos a subtileza da musica de Debussy, Ravel e Itiberê da Cunha, ao lado da graça radiosa das paginas de Granados e Aibeniz. Artista de sensibilidade communicativa, cujas execuções inicressam sempre, pelo que possuem de empolgante grandioso ou de ou subtil, de suggestivo, de Maria Antonieta é uma dessas creaturas que fazem da arte um motivo de meditação e com ella despertam o enthusiasmo e o encantamento alheios. B E L L A S A R T E S O mez de Bellas Artes, afóra o Salão officia!, inaugurado no dia 2 de Setembro, e sobre o qual nos referimos em outra local, foi occupado pelo apparecimento de duas pintoras: Maria Meyer Marschner e Edith de Aguiar Theil, brasileiras ambas, apesar dos nomes. Aiumna da Escola Nacional de Bellas Artes e da Academia Ingleza, de Roma, discipula de Wadere, em Munich e Vogelsander, de Hildebrand, Maria Marschner é um pouco pintora e um pouco esculptora. A cabeça "Minha Mãe" colloca-a na relação dos que caminham na vanguarda, na esculptura brasileira. E bastará fixar o "Casarão Velho" ou as " T o r r e s da Matriz do Rosario", de Ouro Preto, para se verificar que a pintora não fica em plano inferior, e, ao contrairo, merece o conceito em que é tida no meio de Bel'as Artes. Resta-nos falar, agora, da Sra. Edith Aguiar Theil. Para os que consideram os prémios de viagem um luxo dispensável — e não são poucos — recommendamos o caso da pintora que ora nos occupa. Brasileira foi, aiumna, "Hcspanhola", de Edith Aguiar " T o r r e s da matriz de Rosario", de Ouro Preto, tela de Maria Meyer Marschner Theil primeiro, da nossa Escola de Bellas Artes; e depois de estudar em Roma e em Paris, residiu em Madrid e em Frankfort. Durante todo esse lapso de tempo, visitou museus, ateliers, observou e trabalhou. E como é muito intelli- " M i n h a Mãe", de Meyer Marschner Maria gente e muito artista, evoluiu brilhantemente, attingindo uma situação de extraordinário destaque. Tudo isso resultou, naturalmente, da sua vida de constantes viagens. Porque viajar é arejar o espirito, é aprender, é aperfeiçoarse. Só não pensam assim os que não são capazes de viajar intelligentemente. A pintura da senhora Edith Aguiar pujante de um Theil é a demonstração talento artístico de primeira ordem. Cada quadro seu attesta o seu forte senso esthetico e demonstra o seu grande gosto pela arte. Luz, cór, planos, desenho, volumes, tudo, atravéz de seu pincel tem um esplendido realce e produz a mais funda das impressões. Sua obra impõe-se pela solidez e pela escolha dos motivos. Uma grande exposição, emfim, de uma grande artista! Outubro — 1939 2 9 T canções aliás graciosas, uma letra sistematicamente ôda a ciência nasço de conveniências práticas. As matemáticas, por mais altas e JL*v> abstratas que pareçam, surgiram, como os demais estudos, das necessidades de aplicação nais ou menos remota. O direito constituiu-se para traçar os limites da vida em sociedade, equilibran- bastarda do ponto de vista moral e linguístico ? E ' d&frlACL cultura DALineuA falar continuamente em orgia, malandra- gem, cabrochas, ligações ilícitas ? É cultura abusar da válvula do regionalismo para errar em pronúncia, em estrutura vocabular, em sintaxe ? do os indivíduos, afim de que cada um tenha pre- Êstes sertanistas que nunca foram ao sertão, êstes cisamente aquilo que deve ter pela tradição ou regionalistas oela sua capacidade dos meios rurais só pe'o fato de errar de meio a própria. Com este exórdio, em que não há novidade alguma, queremos dizer que o ensino da linguagem, mais que os outros, é de finalidade e escreve Mas para aconteceu imediata. O homem fala entender-se com o seu semelhante. à linguagem o mesmo que às ou- J U L I O N O G U E I R A Do Instituto de Educação o do P E N C L U B DO BRASIL que julgam apresentar a fala exata meio. como se esta linguagem não tivesse a$ suas leis naturais, estão causando o maior prejuízo ao nosso progresso, prejuízo tanto mais formidável quanto poderoso é o meio de propaganda de que se servem. E ' se hão de reve'ar mais tarde. A s mais das vezes, essas preciso reprimi-los, indicar-lhes o bom caminho, apro- qualidades vida veitar a sua capacidade musical, que ninguém con- agradavel. Quando começou a fazer desenhos ou re- afasta-os desse caminho luminoso e eles se estiolam, testa, sem ofensas à moral e à boa linguagem. Por que cortes no cabo do seu machado de si'ex, ele já cedia como planta levada para terreno sáfaro. Mas, enquan- não se estabelece a censura dessas letras inconvenien- aos impulsos da arte. Também na linguagem, depois to se acham sob a nossa tutela espiritua 1 , temos de tes ? Por que não estancar essa fonte perniciosa de de saber dizer o que queria, depois de assegurar pela provê-los a todos do material necessário para o exer- palavra as necessidades de comunicação, começou a cício da palavra, tras artes " depois do necessário, o homem quis o enfeitar esta matéria prima admirável, onde se reúnem a riieza fria da pedra e a coloração quente do iris, n fraoor da tormenta e a doçura sutil do canto dos o ímooto das bata'ha«; e a poes»a suave cia oar. todos os rumores, todos os siêncios. todas as coros e mais tçdos os sentimentos humanos, tudo ela vel. A pinta e modela pena do escritor com propriedade se"a morrem matéria à míngua seja prima instrumento da arte. língua deve ser prezada, menos pe'a de cultivo. A de comunicação, De qualquer modo, a senão pela sua beleza, ao necessidade que dela pelo disco e pelo rádio ? Haverá vantagem em fazer convence das vantagens de uma linguagem suficiente supor aos que nos visitam ou nos ouvem que aqui vi- apropriada, vemos em orgias, que a nossa sociedade é composta limpa, que tão favorável impressão dá admirá- rituosos e, como lhes faltam recursos naturais de es- levos. p í r i t o apelam para a gíria, para o p'ebeísmo, para acêrto e precisão. Ésse$ insultos brutais à pureza in- quis filmar cenas de escravidão, mas somos nós mesmos temerata que nos desmoralizamos, apresentando macumbas aos do idioma muitas vezes correm por conta ra apatia, com os vossos nervos em repouso e os sen- em que se agitam os agressores; às vezes, porém, eles timento-; adormecidos. Ao vosso 'ado está um vêm por imitação, por moda. A s mocinhas que já fu- Tomai-o obieto. que olhais indiferentemente. lêde-o e se o seu autor é realmente um ar- tista, don+ro em pouco ireis saindo daquele torpor em que estáveis. A vossa atenção desperta e se intensi- social, do meio mam, como os rapazes, querem fa'ar como os rapazes e, assim, vão proferindo enormidades verbais, expressões suspeitas, muitas vezes ligadas a .anedotas de vós mesmo : tornou-vos o escritor agitou-vos. solidário com os seus senhor sacudiu-vos, sentimentos verda- um fi!m nacional que teve grandes aplausos da imprensa e não pudemos calar a nossa revolta por ver como Os próprios brasileiros nos diminuímos. Do comêço ao de um Brasil colonial já morto, ante o esplêndido pro- desinfeção, gresso a que chegamos, quer apurando a nossa raça, porém, não se deve limitar aos livros propostos às es- quer pondo-nos ao íado das nações mais civilizadas do coas para leituras infantis. Deve ir além : fazer dili- mundo. da gíria, às interjeições plebéias. Essa gências pelas livrarias e bancas de jornais; examinar a chamada literatura de cordel, onde há folhetos ma' escritos, de linguagem errada e licenciosa e de tudo deiros ou fictícios. H á pouco assistimos a ces, em suma o reflexo de um Brasil dos primeiros dias, que da guarida a expressões grosseiras, aos dichotes mais pressão da arte brasileira ! . . . Uma das fontes que alimentavam tal estado de cou- vos fará r i r ou chorar; fará coar-se pelo vosso cora- da indignação. Já não sois que nos visitam, como se aquilo fosse a mais alta ex- fim eram danças lascivas de pretos, alusões a crendi- sas já está sendo saneada : é o livro mau, o livro da revo'ta. cinematografica sórdidas que desconhecem. fica; os vossos sentimentos começam a agitar-se. Êle ção o bálsamo da piedade ou nele semeará o germe corretamente ? RevoUámo-nos quando uma emprêsa de defeitos de educação, do nível insignificante de malandros, exploradores e que ninguém sabe falar o racoete verbal. Alguns têm vergonha de falar com Estais em calma, num dêsses momentos de verdadei- livro não se proíbe que indivíduos ignorantes componham Infelizmente, porém, uma parte da juventude não so de quem a pratica. Querem alguns joven s ser espi- porque melhor que êstes apresenta as tintas e os re- exercendo sobre o livro de leituras escolares? Por que essas letras ou, pe'o menos, que elas sejam divulgadas temos. porque excede o pincel e o buril, corrução, que anuía a ação que o govêrno já está Em todos os recantos da atividade nacional há tantos motivos para as criações da arte. tantos motivos de fazer um auto da fé em p'eno dia, na praça pública, orgulho pelo que conseguimos com o nosso esforço e Irresistível sugestão da palavra, maga excelsa, capaz afim pelo que Deus, na sua imensa magnanimidade para co- de todas as maravilhas ! benefício da decência e da correção. de matar de vez êsse comércio impudico, em Outras fontes perniciosas são o rádio e o disco, de Dentre cs discípulos que orientamos em linguagem, muitos possuem qualidades potenciais de espírito que 30 Illustra çào Brasileira que já tratámos aqui. Quem ousará dizer que o rádio, entre nós seja apenas um fator de cultura ? E ' promover a cultura divulgar com as novas toadas e nosco, quiz doar-nos ! Mas tudo isso não existe para os pretensos propagandistas das cousas brasileiras, para quem o Brasil há de ser eternamente a terra das macumbas e dos sambas. . . O s Barões de Saavedra offeree eram aos Condes de Paris uma linda festa, que decorreu elegantíssima, num ambiente "raffiné" onde esplendiam grandes ramos de flores, arrumadas com a arte e o reconhecido bom No salão de jantar, auturiuns, orchidéas, folhagens diversas e tinhorões, um conjuncto muito bollo, desafiavam a palheta do$ pintores de formando naturezas-mortas. Nos outro$ salões rosas, gravatés e lyrios sempre arrumados com um gosto especial. Um immenso toldo branco cobria o pateo, e esteiras pintadas de verde atapetavam- gosto da Sra. Carmen de Saavedra. Angelicas, còm grandes folhagens verdes, aveludadas, perfumavam o grande "bali 11 , no completamente; em voita do lago — decorando-o. ctamente, não cessavam de cantar — onde os jactos d'agua, illuminados indire- mesas com candelabros de crystal e velas. Das jardineiras pendiam grandes " g e r b e s " de "bougainvílle". Eis num rápido quis" "cro- o "décor" da linda festa. Trajanao um modelo de Balenciags de fustão branco trabalhado, blusa de "taffetí a s " verde e apanhado do pequenas fructas nos cabellos, a Sra. Baroneza de Saavedra, no " h a l l " principal, recebia os convidados que chegavam. A Sra. Darcy Vargas — vestido branco bordado a ouro — estava presente, sendo alvo de grandes attençoes. O s principes de Orléans e Bragança e seus filhos : D. Maria Thereza, D. Francisca, Dom Pedro Gastão e Dom João. S r . M i n i s t r o Oswaldo Aranha, S r . M i n i s t r o A r t h u r Souza Costa, S r . Prefeito do Districto Federal, Sra. Henrique Dodsworth, vestido preto, de fundo opaco com listras brilhantes; Sr. e Sra. Ernesto G. Fontes, S r . e Sra. Carlos Delgado de Carvalho, baixador A f r â n i o de Mello Franco. lamé prata; conde e condessa Di Marquez e Marqueza de Em- Pombal, vestido de Robilant, vestido de "mousseline" azul e roxo; Sr. Octávio Guinle, S r . Embaixador de Portugal, S r . Embaixador da Grã Bretanha e Lady Gurney, vestido cinza, plissado, com enfeites de prata; Srta. Priscilla ney, vestido de setim azul, Sr. e Sra. Cezar Proença; Sr. e Srta. Joaquim Gur- Proença, a Sra. J . Proença com amplo vestido preto, larga faixa de "mtôiré" azul guarnecida com rosas de íom secco; Sra. Ady Monteiro de Barros, fino vestido preto e longas luvas; Sr. e Sra. João Proença, a Sra. João Proença, vestido preto e ouro. Mrs. Dorothy Sperber, da alta sociedade de New Yorlc, parecia um modelo de Goya com seu fino vestido de rendas e mantilha presa com camélias nos seus caSra. Getúlio Vargas, Senhora Condessa de Paris e Sra. Henrique Dodsworth bellos louros. A linda Sra. Emilio Niemeyer, de branco e ouro e penteado de cachos, lembrando a Grécia. Sra. Douglas Olyntho, Assis Calver, vestido Sr. e Sra. Octávio Chateaubriand, Sr. de "mousseline" Simonsen, Carlos rosa "imprimé"; Sr. e Sra. Carlos Guinle. Sr. Fritz de Sr. e Sra. Bandeira de Souza Queiroz, Mello, Sr. Xanthaky, Sr. Ministro da China e sua filha Srta. Christina S r . e Sra. Young, Franco, Thedore Sra. Antonio Alves de Lima, modelo em vários tons de tulle, Sra. Lenah Alves de Lima, vestido do rendas trabalhadas branco e ouro; Sra. cente Galliez, "en May vert" com Reidy prata; Sna. Baby Cerquinho Uchôa, amplo vestido de " t u l l e " e joi»as moderníssimas; Sra. Julio Prado, lindo vestido preto; Sra. Monteiro, Sr. George Eduardo Guinie, Sr. Alberto de Faria, Sr. e Sra. M i n i s t r o Cafo de Mello Sr. Embaixador dos Estados Unidos e Mrs. Jefferson Caffery; Décio de Vi- branco com um lindo ramo de orchidéas, Sr. e Sra. José Willemsens Junior. Srtas. Adelayde Ludolf, vestido de rendas com "fourreau" melho, Luiz Libenal, em branco; Lilly cor de rosa, Souza Dajntas, em ver- Castro Maya, em setim azul, Betty Maya em setim rosa, Perla Lucena em preto e azul, Beatriz e Maria Lia Castro Elisa Dutra, Monteiro e muitas outras. Srs. : Jorge Ludolf, João Augusto Jorge de Mello e Sabugosa, Penido, J u l i o Senna, Renato Palmeira, W a l t e r Carlos de Laet, José e Quadros. Foi uma linda festa cheia de bellesa e encantamentos. Sra. Antonio Alves Lima, Sra. Ady Monteiro de Barros, Srs. : Carlos Guinle, Fritz de Souza Queiroz e George Guinle A fina artista Sra. Lúcia de Noronha obteve com o seu concerto de canto na Es- cola Nacicnal de Musica, mais um grande successo para a sua carreira artística. Nascida Lúcia Lopes de Almeida, portanto de uma família de artistas, mais uma vez faz brilhar esse nome tão conhecido no Brasil e no estrangeiro. A sua voz, rica de inflexões e de grande extensão, agradou plenamente tendo sido muito applaudida. O s seus progressos cada vez maiores vieram demonstrar a artista conscienciosa, que não se contenta com os louros já obtidos, querendo sempre aprimorar a sua arte Varias "corbeiües" foram offerecidas á jovem cantote concurso do cantor No salão da com estudo methodico e persistente. Sr. De Escola ires artistas finíssimos cujo concerto teve ainda o Marco. Nacional realisam de Musica, um lindo illuminado por um grande abat-jour, concerto. Na semi obscuridade da saía reina um silencio profundo. A bellesa e a finura das musicas escolhidas impõem esse recolhimento. Arnaldo Estrella, piano, Oscar Borghert, v?o'ino, e Iberê Gomes Grosso, violoncello, executam, com a maestria de sempre, Rameau, A execução primorosa valeu aos jovens artistas culta que applaudiu, Sra. Baroneza Frantz Menge, Eeethoven e Villa Lobos. mais uma consagração da platéa ca'orosamente. de Saavedra, Sra. Jorge maestro Jean Murtinho. Morel, S r . e Sra. maestro Villa-Lobos, Luiz Heitor, Sr. e Sra. Muricy, Sr. Bevilacqua. Sra. Bebê Lima Castro, Sra. Leandro Martins, ira. 32 IHustraçáo Ibrasileira Baroneza de Saavedra, Sr. Alberto de Faria Rebelío. Sr. e Sra. Sr. Andrade Arnaldo Não é possível registar todos os nomes das pessoas que enchiam o salão do antigo Instituto de Musica, e que tanto se deliciaram com a linda noite de arte. * O coronel Jean Gueriot * recebeu do governo condecoração da Ordem do Mérito brasileiro, muito merecidamente, a Militar. Para commemorar o acontecimento o S r . e Sra. Gueriot offereceram, na sua residência, na Urca, um cock-tail as pessoas de suas relações de amisade. Sr. Encarregado dos Neçocios da França; Sr. M i n i s t r o da Guerra, General Goes Monteiro, General Reguera, General Chefe da Missão M i l i t a r Franceza Chaudebec de Lava iade e Sra.; Almirante Castro e Silva, M i n i s t r o Ataulpho de Paiva, Coronel Fernando Melgar e Sra.; Sra. Gervásio Seabra, Srta. Odette Oswaldo Lyrio; Schwartz e Sra., Commandante Sra. Singery, França e Sra.; Srta. Olga Eenac. da Embaixada Sra. João Fellippe, franceza, Sra. Gasparoni; e Sra.; Traincard. Sr. Rey, e muitos officiaes da Missão M i l i t a r Sra. Coronel Cônsul da Franceza. A Sra. Guonoi. que trazia um longo vestido azul com bolero de lamé, ajudada por sua irmã, a encantadora Sra. A t t i l i o Bianchini, foi, como sempre, amabilissima. * A alta sociedade carioca foi convidada para ir á embaixoda ingleza " T o meet Lord Atkin, Lord of Appeal, Mr. Philip Guedalla, Mr. A. J. S. W h i t e , of the British •IH wOuncil . Todo o Rio desfilou ante o S r . Embaixador da Ingfaterra e de Lady Gurney. S r . e Sra. Santos Lobo, a Sra. Laurinda Santos Lobo, vestido de velludo preto, com "agrafes" de prata e espelhos, e pequeno "toque" Sr. e Sra. Marcos de Mendonça, de " r e n a r d s " , S r . e Sra. académico Pedro S r . e Sra. Jayme Chermont, S r . e Sra. Garcia de Miranda e'egantissim«a^. Calmon. Netto... a lista seria enorme. "Tout R i o " , emfim, recebeu gentilezas e attenções deste casal de diplomatas que sabe ser tão distincto e tão encantador. as figuras do nosso grand-monde desfilaram, — — se renovando em belleza e "raffinement" "Vogue" * D extraordinário, rado o trabalhado em ouro velho, viveu horas de emoção o grande numa rara e linda : Parada de * austeridade do conjuncto; o altar e a grande mesia onde se realisou a cerimonia do casamento — da Srta. Maria Leticia de Salles com o Sr. Olavo Redig de Camlindamente decorados. e mademoiselles d'honneur", O ções modernas da sua sala de musica, ria aprazível residencla em Santa Thereaa. Artistas, diplomatas, Houve académicos, á confortável e Sra. Santos os padrinhos, o noivo, e ao lado de seu * Sr. e Sra. Santos Lobo inauguraram, com uma estupenda recepção, as instalía acorreram O cortejo se formou. "Garçons Eiegancias. • belleza. Immensos ramos de "watson^as" e lyrios alegravam com as suas cores brancas a estavam como se fossem paginas vivas de um * Mosteiro de São Bonto, com o seu maravilhoso trabalho de talha, todo esculptu- bos — para cumprimentar o jovem casal jornalistas e acolhedora e figuras do nosso casa para apresentar alto mundanismo cumprimentos ao Lobo. números de musica de camera, canto, piano, violino, musica moderna pae, o S r . Joaquim de Salles, a noiva entrou na Igreja ao som da Marcha Nupcial. declamação; notas de arte que, como sempre, marcam as recepções da Sra. O seu amplo vestido de setim branco era muito elegante na sua simplicidade en- rinda cantadora artes e os artistas brasileiros e estrangeiros. A igreja literalmente povoada por um mundo elegantíssimo, apresentava o pspecto de um cosamento principesco, e " r e n a r d s " , "paradis", "aigrettes", longos vestidos que se arrastavam, finas jóias que brilhavam, davam um aspecto invulgar e f i n é " á cerimonia muito bonita, que foi officiada por M r . Benedito Após a benção, os noivos se dirigiram "raf- Santos Sr. Lobo; esse espirito de luz que sabe, como ninguém, e Lau- incentivar as Com um longo vestido de velludo azul-arroxeado com reflexos de prfata que lhe ia maravilhosamente bem, e com o seu encantador sorriso, a Sra. Santos Lobo marcou, mais uma vez, com um tento de ouro a vida mundana e artística do Rio. Marinho. para a entrada do maravilhoso templo e G. de A . Outubro — 1939 33 O VALLE DO RIO IGUASSU MARAVILHA D O PARANA valle do Iguassú constitue, no Paraná, um O dos elementos de maior realce na geo- graphia e economia do Estado. Com um curso de mais de mil kilometros, o Iguassu serve a zonas de uma fertilidade sem par, gosando de um clima ameno e saluberrimo. Na parte superior da bacia, localizam-se colonos de varas procedências, especialmente polonezes, além dos elementos nacionaes, em maioria absoluta, todos trabalhando na agricultura e nas mais variadas industrias, das quaes a extractiva constitue o elemento principal de sua actividade. Nasce esse rio esplendido nas proximidades de Curytiba, e, seguindo a direcção geral sudoeste, vae ao encontro da florescente cidade de União da Victoria, de onde envereda, com pequeno desvio do parallelo "ierrestre, rumo á foz, no caudaloso Paraná. O vapor " L e ã o " , da firma hervateira Leão Júnior & Cia. A sua parte superior, mais povoada e explorada, está dividida em dois trechos, separados por uma zona de corredeiras, A primeira é toda margeada pela Estrada de Ferro e tem uma extensão de, approximadamente, cento e vinte kilometros, parte dos quaes navegaveis, porém, ainda não navegados; e a segunda, com cerca de trezentos e cincoenta kilometros de extensão e ligada a uma vasta rêde de communicações fluviaes, é toda navegada por "gaiolas" das de porte regular, que, chuvas, trabalham transporte de madeiras são os dois productos na época incessantemente e r.o herva-matte, que básicos da economia paranaense. Essa navegação vem se fazendo desde fins do século passado. Como affluentes navegaveis, servindo a zonas de terras ubérrimas, o Iguassú recebe o Negro, com seu affluente Canoinhas, também naveUma das centenas de arvores retiradas do fundo do rio pela Commissão gavel, o Timbó, o Turvo e o Potinga. Ás margens do Iguassú, florescem vários centros de colonisação, destacando-se União da Victoria e S. Matheus, esta ultima, cidade- colonia, pólo de toda a actividade agricola e industrial da região. Offerecendo um aspecto economico de primeira ordem, ahi poderá o Estado encontrar um centro de abastecimento inexhaurivel, de primeiros productos para a Capital e cidades visinhas, além de matérias primas para suas manufacturas cincoenta e para serrarias exportação. estão Mais de estabelecidas ás margens do Iguassu e, pelo menos, cem mil pessoas trabalham em todos os ramos de activ r daaes agrícolas e industriaes, com especialidade em madeiras e herva-matte. Vapor com duas chatas lateraes, navegando rio acima, na zona melhorada pelos espigões, que se vêem á esquerda 3 4 Il ustração Iírasileira O rythmo desse trabalho, entretanto, depende quasi que exclusivamente navegabilidade quarenta do das condições de rio, que, no período de e oito mezes, que vae de 1932 a 1935, somente permittiu a navegação em trinta e quatro mezes. Apesar pelo porto de S. Matheus, disso, foram somente movimen- tadas quasi duzentas mil toneladas de mercadorias. Esse movimento é assignalado principalmente rio acima, isto é, no sentido da exportaçáo, Polir* rO e, só no anno de 1938, foram registradas em Porto Amazonas, fainiro ção, ligado á rede ferroviaria do Estado, quasi >rolo >0 rto/rtoJict mil entradas de vapores procedentes de todos os portos de todo o conjuncto de communica- U ao Vl/or, X IMi/C ções fluviaes. Em face da pequena frota do é bastante An/onino P. Arn02K>r>0<r ponto terminal da navega- Iguassu, a estatística Curitiba ,fo//ivUff animadora. Somente na estação chuvosa é que a nevegação se faz com successo, apresentando o rio, na estiagem, uma série de baixios, que o tornam impraticável. Após um período mais ou menos longo de seccas, quando sobrevem uma chuva, os vapores retidos em S. Matheus e outros portos sobem o rio a toda pressa, com o seu carregamento de madeira e hervamatte, e, então, é interessante observar o afan com que procuram desobrigar-se das operações de carga e descarga, para poderem regressar aos portos de origem, para uma segunda e uma terceira viagem. De tal fôrma esse phenomeno local, que tem a zona influído parece na ter economíõ attingido um estado de equilíbrio, entre a producção e a capacidade média de transporte de seu único escoadouro natural, de modo que qualquer augmento da producção resulta ruinoso, quasi sempre. A região sente-se, dessa fôrma, amordaçada em seu desenvolvimento, pelo mais economico apesar de servida de todos os meios de Madeira serrada, transportada rio acima, aguardando embarque ferroviário, em Porto Amazonas transporte — o que se faz sobre agua. no da União resolveu enfrentar Foi comprehendendo esse facto que o Gover- da navegação do Iguassu, por íntermedio do Mercadorias movimentadas- peio porto São Ma/Aeas, cm milhares fluvial o problema Departamento Nacional de Portos e Navegação, que, em 1935, designou uma pequena commissão de estudos, para colher os primei- dc ros subsídios para a sua solução. Verificando, dc toneladas-. porém, a importancía da questão, e com a attenção que dedica a todos os assumptos de interesse nacional, o illustre engenheiro Fre- derico Cezar Burlamaqui, Director do Departamento citado, em breve, transformava aqueiie modesto emprehendimento em uma Commissão de Estudos e Melhoramentos, dotada de todos os requisitos proprios para attingir a sua Note-se a completa ausência de transpo-tes, de A b r i l a Setembro de 1933, He Maio * Satemb ' o He 1934, e em Maio de 1935. Isso corresponde á completa paralysação do trafeqo f u v i a l , proveniente da estianem finalidade, entregando a chefia dos serviços ao engenheiro Eduardo de Magalhães Gama, tc-chnico dos mais dedicados entre os seus collegas de Repartição. Atacaram-se, primeiramente, os serviços de desobstrucção do leito, crivado de troncos de arvores submersas, que constituíam um perigo Outubro 193!' 3 5 Garantir o escoamento das aguas das cheias, que, no Iguassu, têm uma propagação muito rapida, com caracter de enxurrada; c) — Fixar o leito menor do rio, fazendo com que a areia trazida pela corrente, se deposite em pontos adrede escolhidos, e reduzir as proporções da erosão nas margens. O s espigões são construidos, preferentemente, de madeira, por meio de estacaria enfaixi- nada, havendo casos de enrocamentos e mesmo de espigões mixtos, de pedra e madeira. A largura média do rio foi reduzida de cerca de 20 % , sendo os espigões locados, ora unilateralmente, ora symetricamente, em relação ao eixo da corrente liquida. O s do primeiro typo são declinados de 30° a 40° graus, e os Casa fluctuante construída pela Commi:são, para moradia da turma do ievantamon-to do segundo, inclinados de 75° a 90° graus, longitudinal para a navegação, e, simultaneamente, como tensão das aguas pluviaes, no trecho a mon- preventivo, foi sendo feita a desmattação de tante das cachoeiras de Caiacanga, onde o uma faixa de terreno rio corre serpenteante por um trecho baixo e "talweg". Quasi marginal, trinta proximo ao kilometros estão compietamente livres, com de a rio já retirada de alguns milhares de troncos de arvores do fundo, e a navegação já se faz sem óbices nesse trecho. Uma turma de topographia estaciona hoje cerca de cento e cincoenta kilometros abaixo de Porto Amazonas, com um levantamento completo de todo o curso navegavel, a montante. Após os trabalhos preliminares de sondagens, alagadiço, para a creação de verdadeiros lagos artificiaes, offerecendo vasta superfície volume de agua, para a construcções portuarias mente dito, que, com raras excepções, onde tuarias e das eclusas e barragens moveis dos apparecem affloramentos trechos canalisados. regularização do leito de rocha que está sendo destruida, é todo construido de areia. A solução total apresentada pela actual administração, calcada do quadro condições real, locaes, sobre após elementos tirados meticuloso exame das com exhaustivos trabalhos de topo-hydrographia, estudos de velocidades do escoamento, oscillações de nivel e mais uma julgar; mas, já se pode dizer que a maior parte dos objectivos, visados com a construcção dos e cessária á movimentação das installações por- a para braços secundários, canalisações, etc., e, com- propria- iniciou-se ainda, diques, espigões, guias-correntes, eliminação de aproveitamento de energia hydro-electrica ne- das porém, leito do curso navegavel, pela construcção de obras, projecto cedo, Para o segundo caso, procura-se regularisar o de barragens no trecho encachoeirado, para o ao E' vasão do trecho navegavel. e a determinação perfeita necessários regularisados. regularisação da plementarmente, mentos Dois kilometros de rio já estão por essa fôrma de evaporação, e capazes de armazenar grande para o traçado das curvas de profundidade de todos os ele- sobre o eixo geometrico da corrente. Sem duvida, a realisação de taes objectivos exige tempo e o emprego de capitaes de certa monta, apesar da solução apontada ser a mais economica. Mas a elaboração de um programma de construcções a serem realisadas paulatinamente, permittindo a applicação do capital Espigões construídos pe'a Commissão, na margem esquerda espigões, foi alcançada com successo pleno, restando agora esperar prazo para as pela observações, terminação do afim de se dar um caracter mais decisivo ás obras. Dessa fôrma, mais uma vez, o actual Governo da Republica evidencia o seu interesse pe'a multidão de dados de menos valor, por um por quotas distribuídas racionalmente é o meio defesa economica do paiz, apoiando as aspi- lado, e por outro, sobre os memoráveis tra- mais efficaz de resolver a questão, sem que o rações legitimas balhos de Fargue, Girardon em rios europeus, erário da Nação se veja desfalcado, abrupta- credor de gratidão e de applausos unanimes. Thomas e W a t t , H . C. Ripley em rios ameri- mente, de parcellas de valor. canos mais outros autores, objectivar-se-á Como etapa inicial dos trabalhos, está sendo em duas etapas, correspondentes a dois aspe- atacada a construcção dos espigões transver- ctos do problema: restabelecimento do equi- saes. Foram ideados dois typos de obras, a líbrio pluviometrico das cabeceiras, destruído titulo de e em consequência da activa desmattação que se vem operando, ha muitos annos, na região, assim como da agricultura intensiva, e melhoramentos do curso navegavel propriamente Para o primeiro caso, o remedio apontado consiste na construcção de barragens de re- e, do seu povo e fazendo-se estudo comparativo dos resultados obtidos, vae decorrer a adopção do mais indicado. Com a construcção desses espigões, pretendese: a) — dito. ensaio, do Estabilisar o leito, pela fixação de um cana! regular, com uma profundidade mínima de l,50m, em estiagem média; b) — Trechos do rio Iguassú, desmattado pela Commissão MEZ DE O grande acontecimento do MEZ A mez de setembro, cuja influencia domina, não apenas os seus trinta dias, mas todos os dias deste anno e dos annos seguintes, é a eclosão da guerra européa, tantas vezes conjurada e tão temida pela Humanidade inteira. Facto de um continente longínquo, sua importancia é tamanha, que influenciou a vida de todos os povos, com profundas repercussões de caracter economico, politico e diplomático. ® Além de varias medidas de caracter economico tomadas em razão da guerra européa, a mais importante reacção determinada pelos acontecimentos do Velho Mundo em nossa terra foi a declaração de neutralidade brasileiro, seguida, formulada immediatamente pelo governo logo depois, da nossa adhesão á Ccnferenca Panamericana do Panamá, onde nos fizemos representar pelo nosso embaixador em Washington, sr. Carlos Martins Pereira de Souza. O objectivo desse Congresso diplomático foi affirmar, uma vez, o sentimento pacifista da America e os laços de solidariedade que unem cs povcs deste continente, na defesa de sua tranquilidade e de sua integridade territorial. • Outra medida tomada pelo Brasil, em collaboração com os go- vernos de Buenos Aires e Montevidéo, foi ordenar o patrulhamento das nossas costas, por unidades de guerra, para que este lado do Atlântico seja inteiramente resguardado pelas actividades bellicas que se estão verificando cm différentes rotas marítimas. Deste modo, a neutralidade do Brasil, da Argentina e do Uruguay assume uma feição decisiva e eminentemente pratica. ® Em setembro, o governo brasileiro sanecionou o novo Codigo do Processo Civil, que estabelece a unidade do Direito Dr. Pedro Martins, autor do projecto do novo Codigo do Processo C i v i l adjectivo em nosso paiz. A Constituição de 1934 já havia instituído a unidade do processo civil, mas o projecto de Codigo não chegou sequer a ser examinado pelo Poder Legislativo. A Carta Politica de 1937 insistiu nessa determinação, e o projecto respectivo foi organizado pelo eminente jurista, dr. Pedro Baptista Martins, sob as vistas do Ministro da Justiça, sr. Francisco Campos. Sanccionado este trabalho, o novo Codigo entrará em vigor a partir do inicio do proximo anno. • A Marinha de Guerra do Brasil foi augmentada, no mez passado, de très novas unidades. No dia 16, com a presença de altas autoridades civis e militares, foram lançados ao mar os navios mineiros "Caravellas", "Cabedello" Arsenal de Marinha, na e Ilha "Camacuan", no estaleiro das Prosegue, assim, nosso Cobras. programma de construcções navaes, com a decidida do novo collaboração do ministro Aristides Guilhem. Na exposição de mesas floridas, a apresentada pe'o embaixador Guerra Duval • Com a viagem do escriptor Augusto de Lima Junior para Portugal, entram em nova phase os trabalhos para a representação do Brasil nas grandes festas com que aquelle paiz commemorará mais um centenário de seu resurgimento no concerto dos povos livres. A ração do Brasil nessas commemorações une, collabouma vez mais, no presente, as duas nações historicamente ligadas no passado. ® Uma das mais curiosas notas do mundanismo artístico do Rio, durante o mez que passou, foi a exposição de mesas floridas, realizada no Pa'ace Hotel, com a participação de illustres damas da sociedade carioca. Tal como se verificou nos annos anteriores, esse certamen, que despertou grande interesse, foi organizado sob o patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiro. Outubro — 1939 3 7 O NOVO BAIRRO DE LONDRES Em Hammersmith, no oeste da grande metropoie, acaba de ser inaugurada a " W h i t e City Estate 0 . E ' um conjuncto de vários arranha - céos matcnif.cos, que dispõem de 2.000 appartament03 confortáveis. O CLERO AMERICANO S. Excia. o .Arcebispo de New York, D. Francis Jobeph Spel'man, num flagrante após a sua enthronisaçao na Cathedral de St. Patrick N A S V E S P E R A S DA G U E R R A . . . — Incalcuavel multidão aKfflomerouse na praça principal de Dantziff para ouvir a palavra de Foerster, !eader nazista ali. "Breve, prometteu elle. a cidade livre de Dantzig será annexada pacificamente ã Allemanha" Kerningui ;„ „hologva- c>m„anW» A S P E C T O S DO BRASIL mm P O R T O D E J O A Z E I R O , vendo -se ao fundo a cidade de Petrolina, em Pernambuco. Photographia que obteve o 2.° Jogar no "Concurso Photographico A S P E C T O S D O B R A S I L " promovido pelo " O MAL H O " , àe autoria de A . Xavier, residente em Bello Horizonte — Minas. 1 • 'V.-V to. ''-íl I WÊmÈÈÊm f- SFPEM S A U N A S D E M A C A U — 3.° Ipgar no "Concurso Photographico Aspectos do Brasil11, de autoria de Emilio do Valle, residente em Macau. M PAGINAS DE UM DIÁRIO JAPONEZ DÓRIS DREYER 1 RAGUZlDO FOR M. L DA MOTTA FREIRE Subindo sempre, fiz a laboriosa ascensão da íngreme e larqa escadaria de pedras que conduz ao sanctuario, no qual o Imperador Ojin (270-3 IO A . D.) é venerado como Deus da Guerra. Lá em cima, no ultimo degráu, deante do portão de entrada, maritinha-se sereno e immovel, um sacerdote em suas vestes de kimono branco e de hakama (calças que se assemelham a saias) azu ado em seda pregueada. Seu olhar fixava, atravez da cidade, dos templos e do mar, o ponto, onde, envolvTda em leve neblina, jazia a i ha de E N O S H I M A , reino de Benten, Deusa da Belleza e padroeira das artes. — Um pé de " I c h o " (salisburia adiantifolia) secu ar, ao qual se affi ia uma lenda sinistra de assassinato, erguia-se em todo o esplendor de sua áurea folhagem de outono, emquanto bem perto, uma velha estructura de madeira cinzenta, de aspecto insignificante, abrigando um palco para dansas, — só chamaria a attenção do poeta ou do historiador. Sim, este tosco theatro de madeira tem sua historia emocionante : — Yoritimo, primeiro "shogun" ("general avassalador dos barbaros"), que, em I 133. fundou Kamakura e ahi estabe eceu a séde do seu qoverno militar, possuía um irmão mais moço, Yoritomo consistia n um espirito sempre desconfiado e ciumento; com ansiedade adorado e amado por todos. Acontecia porém que a única fraqueza do grande Yoriromo consislia n um espirito sempre desconfiado e ciumento; com ansiedade e temor via elle o augmento constante da popularidade de seu irmão, até que enfim, conseguiu persegui-o, aprisional-o e matal-o sob accusação de alta trahição. Yoshitsune possui* uma linda e devotada amante, Shizuka, reputada por sua belleza, e suas prendas, acima de tudo, pela sua graça ao dansar. Emquanto Yoshitsune, seu amado senhor, se achava escondido deante dos perseguidores, foi e la presa e trazida para Kamakura. Ahi, perante uma assembléa de centenas de cortezãos e samuráis, recebeu ordem de dansar ara Yoritomo e sua esposa. Assim o fez; com perfeição inegua avel; e audaciosamente cantou um hymno, por ella composto em louvor de Yoshitsune, o amado do seu coração, até cahir no chão dcsfallecida, (pois estava para ser mãe). — Será que o velho palco de madeira cinzenta ainda guarda um fugitivo reflexo das pungentes, altivas ertoções d aque!la hora ? . . . O crepusculo baixava, quando, reverente, me encontrei na presença de D A I B U T S U , a imagem de A M I D A da crença buddhista de além-mar. Quão grande era a serenidade do "Bem Dito, sentado em meditação profunda de encontro ás negras collinas ! No recinto deserto, a gumas crianças apenas brincavam ainda. Quietude e paz reinavam soberanas. A s lanternas de pedra já se achavam accesas, derramando uma luz suave sobre as lages e os pinheiros tortuosos. O s sons maviosos e melancholicos de uma fauta japoneza ("shakuhachi") pairavam no ar, misturando-se com a fumaça aromatica de incenso. A minha a ma foi se dilatando num delicioso sentimento de plenitude ef involuntariamente, associei-me á prece : " N a m u Amida Butsu" O GRANDE DAIBUTSU DE KAMAKURA T O K Y O , 17-11-1936. Novombro. Um ceu azul claro, sem nuvens. Gansos selvagens seguiam rumo ao sul. Atravez de arrozaes ceifados desenhava-se meu caminho ao longo do cabanas cobertas por tectos de colmo. Sobre mais de umí desses tectos crescia capim e musgo, e por cima de frágeis grades de jardim, feitas de bambú, sorria a flor de cosmos (compositae candatus). Contra um fundo de um verde immutavel, formado por bosques de pinheiros e bambus, bri.hava esquecido, aqui e ali, em galhos desnudados e sem folhas, o dourado fruto kaki, — reminiscencid de abundante e festiva colheita. Passando por logarejos disseminados, — onde em Icimonos multicores e acolchoados, — pois o ar já estava invernal, — crianças riam e brncavam, o caminho continuava até que, sempre mais a miúdo, appareciam as brancas muralhas que cercam os templos, seus terrenos e suas dependencias, annunoiando a approximação de K A M A K U R A , fim e alvo de minha jornada. Kamalcura, nome que traz consigo o som de brados guerreiros e d© espadas que se chocam, — assim como o rythmo monotono do tambor de rezas de São Nichiren, o claro tilintar das campainhas dos sanctuarios shintoistas e a voz grossa e sonora dos gongos dos templos buddhistas ! Não foi para a gigantesca imagem de bronze representando Amida, e sim para o sanctuario sagrado de H A C H I M A N , que primeiro d i r i g i meus passos, — seguindo uma »arga alameda de pinheiros e cerejeiras. íatKle^ OS MAIS CHAPÉOS MULHERES DO L I N D O S PARA AS O Ò pela casa cm que mora, pelo conO forto c pelas facilidades que desfructa, ninguém pode julgar da condição de felicidade de uma fan.lia. Porque, na verdade, a felicidade nào é só uma questão do Presente, mas tombem do Futuro. O Sr. já pensou, por exemplo, na situação lamentavel em que se encontra»n hoje muitas viuvas e orphãos. que já viveram com conforto e des- ELEGANTES Denejo rerelper — nem qualquer rompromiifto de minha parte — o folheto etplicatiio nobre "Sefuro de Vidu%\ RIO A V . RIO B R A N C O , 180 - TEL. A* S U L A M E R I C A C^l«« l-o.nl *?l • Hio 9 42-3322 . IC K K K • Hun . Ltdnde preoccupados ? E porque, então, não estuda a realização de um seguro para garantir a subsistência da familia, na eventualidade de sua falta ? Não pense que um seguro de vida é difficil. Chame á sua casa um Agente da " S u l America 0 . Exponha, francamente, todas as suas duvidas, e o Sr. verá que a "Sul America" tem planos de seguro ajustaveis a todas as bolsas. Decidase logo. emquanto ha tempo. Não protele esse seu gesto de carinho e previdencia. Peça, hoje mesmo, com o coupon ao. lado. o folheto explicativo sobre Seguro de Vida Sul Companhia F.%t. A m e r i c a Nacional de Seguro* de \ ida Fundada cm IIW5 ] • m v . Fn 1— C=D F* tZZD pm H c UMA GRANDE OPPORTUNIDADE INDUSTRIA MANUFACTUREIRA O M ICO PARA A A guerra européa, envolvendo as maiores potencias industriaes daqueiie continenTe, abre uma opportunidade excepcional para os paizes que disponham de um parque de industrias capazes de supprir os fornecimentos que cabiam, em épocas normaes, áquellas porencias. O Bras.l possue o maior parque industrial da America do Sul. Antes da guerra, já fornecia pequenas quantidades de mercadorias manufacturadas a diversos paizes do nosso continente, sobretudo tecidos, drogas, doces. Pode vaugmentar a producção desses artigos e fornecer outros. Ainda este anno, os industriaes textis pediam ao governo reduzisse as horas de trabalho para diminuir a producção por elles julgada excessiva. Deste modo, fácil, será ao Brasil encaminhar para os paizes vizinhos e outros mais distantes do continente os excessos de sua producção têxtil, como concurrente aos mercados consumidores que a Europa não pode supprir neste momento. O que é necesario para issò é, além de organização commercial e propaganda, transporte — transporte rápido e barato, sem o que todo commercio está fadado a fracassar. A PRODUCÇÃO NACIONAL DE M A T É R I A S PRIMAS O COMMERCIO NO BRASIL São Paulo D.stricto Federal . . . Rio Grande do Sul . Minas Geraes Paraná Santa Catharina . . . . Pernambuco Ceará Bahia Rio de Janeiro Matto Grosso Gazolina Gazolina Gazolina Estados para aviaçãc commum com alcool 89.820.787 35.752.954 17.962.418 12.845.058 9.031.306 5.025.999 4.843.890 4.669.250 4.213.747 4.101.536 2.435.460 21 . 1 8 1 . 2 0 1 22 6 4 8 . 1 1 2 622.398 8 701.372 798 3 267.321 • • • 2 233.968 6 345.362 1.055.887 2.800.026 502.796 192.28" 192.70? 126.267 1 1 1 . 132 220.181 409.355 293.376 266.682 A L G O D Ã O Se o valor de nossas exportações cafeeiras baixam, em compensação sobem as vendas de algodão para o estrangeiro. QUEM BEBE GIN, TEM GOSTO, E QUEM TEM GOSTO PEDE sempre « FOCKINK O gin preferido por 26 casas reaes! /Minna: BRASIL O plano de valorização do café previa a eliminação dos excessos de safra, afim de manter o equilíbrio estatístico do producto. Se bem que o Brasil não persiga mais a valorização artificial do café, é do nosso interesse não permíttir a accumulação de "stocks" que viria a influir, fatalmente, no mercado, provocando a baixa súbita do producto. Quantas saccas de café o D. N. C. já eliminou? Varias dezenas de milhões! Para fazer-se uma idéa dessa tarefa heróica, basta ver os números referentes aos oito últimos annos: Annos 1931 1932 1933 1934 1935 DE G A Z O L I N A Sobre a venda de gazolina no Brasil, o Conselho Nacional do Petroleo organizou interessantes estatísticas, pela qual se vê que, no primeiro semestre do corrente anno, a venda de gazolina attingiu, no territorío nacional a 1 9 9 . 4 8 3 . 2 0 7 litros, sendo que a de gazolina com alcoo' ascendeu a 6 9 . 7 3 7 . 168 litros e a de gazolina para aviação a 7 . 7 6 9 . 9 4 7 , Eis aqui, discriminadamente, a estatística dessas vendas, no período referido, segundo a estatística do Conselho Nacional de Petroleo: O Quanto á producção de matérias primas, o Brasil tem feito um grande progresso nestes últimos annos. Basta olhar para estes números: em 1932, produzíamos 2 . 1 6 3 . 0 0 0 toneladas de matérias no valor de 8 9 6 . 0 0 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 ; em 1937, nossa producção de matérias primas elevou-se a 4 . 8 4 8 . 0 0 0 toneladas, no valor de 3 . 2 4 4 . 0 0 0 : 0 0 0 $ 0 0 0 . Nestes últimos annos, nosso progresso industrial não tem sido pequeno. Augmentou, por toda parte, o numero de fabricas e cresceu o numero de braços operários. E na mesma proporção subiu o valor da nossa producção industrial. Se examinarmos os dados estatísticos referentes a nossas importações, veremos, entretanto, que as nossas compras de matérias primas no exterior não têm crescido na mesma medida. Isso quer dizer que nossas industrias se libertam, pouco a poco, da matéria prima estrangeira, substituindo-a por matéria prima nacional. Nos sete primeiros mezes do corrente anno, por exemplo, importamos 1 . 7 2 8 . 2 7 8 toneladas de matérias primas, valendo 5 . 3 4 5 . 0 0 0 librasouro. Nos sete primeiros mezes do anno passado, importamos 1 . 7 9 9 . 9 5 3 toneladas de matérias primas, no valor de 6 . 2 4 5 . 0 0 0 libras-ouro, o que evidencia que, no período de 1939, importamos menos de I milhão de libras-ouro. O CAFÉ QUEIMADO NO Nos sete primeiros mezes de 1938, nossa exportação attingiu a 9 . 9 6 2 . 0 2 1 . Observa-se, portanto, uma reducção bem sensível no mercado, neste anno, em relação ao anno passado. Mas só em relação ao anno passado, porque em relação aos annos anteriores, até 1932 inclusive, nossas vendas para o exterior, nos sete primeiros mezes do anno, jámais alcançaram a cifra de 9 milhões de saccas, embora attingissem até o duplo do valor. Saccas 2.825.784 9.329.633 13.687.012 8.265.791 I .693.112 Annos í936 1937 1938 VffltfAND HOILANO lTUw t -n*issiMo r. AI.joiLfWMrt.it isinto 1*1''"? Graduado e ctv9af»*««<*o fC .1 cBÊBÍDÃs) f O t KINK DO tf^l ; Saccas 3 . 7 3 1 .154 17.196.428 8.004.000 Total Sessenta e quatro milhões de saccas de 60 kilos — diluvio de café que chegaria para inundar o mundo. 64.732.914 um verdadeiro N O S S A S VENDAS DE C A F É E por falar em café, parece-nos interessante examinar o mercado actual. Nos sete primeiros mezes de 1939 exportamos 9 . 0 3 2 . 9 3 4 saccas. Dry Gin FOCKINK é o melhor Outubro — 1939 43 ai irai in CO/TUD6IDO Nos sete primeiros mezes do anno passado, exportamos 140.240 toneladas de algodão no valor de 3 . 7 4 4 . 0 0 0 libras. Nos sete primeiros mezes do anno cm curso, nossa exportação algodoeira subiu a 232 .819 toneladas, valendo 5 . 5 4 9 . 0 0 0 de libras-ouro. Verificamos, assim, que o algodão se approxima rapidamente do café. Devemos levar em conta que também se exportam os sub-produetos do algodão. Só de oleo de caroço dessa preciosa malvacea, produzimos, annualmente, cerca de 100.000 toneladas, o que nos vae libertando da importação de oleos comestiveis. No commercio mundial de " l i n t e r " , o Brasil occupa actualmente o segundo logar. Como se vê, o progresso da producção algodoeira é, sem duvida um dos mais importantes acontecimentos da economia brasileira, nos últimos tempos. A BALANÇA COMMERCIAL P O R T O DE S A N T O S EDIFÍCIO OUVIDOR RUA 0UVID0R.169 - 7 ° A N D - S . 7 0 7 / 8 - T E L 4 2 - 5 9 3 0 OII tie iver li» ISrasil ouçn IM*.A. Il A única Emissora que transmitte amente em Nacional simultane- duas ondas 49,92 ..6010 Kc/s 416,6.. 720 Kc/s 5.000 Watts - P R A . 8 - 2 5 . 0 0 0 Watts DO Segundo os dados agora divulgados pela Secretaria do Conselho de Expansão Economica de São Paulo, a balança commercial do porto de Santos assignalou no primeiro trimestre deste anno, em confronto com idêntico período do anno passado, reacção digna de nota, de cerca de um milhão de libras-ouro. A exportação do principal porto do paiz foi, de janeiro a abril deste anno, de 4 8 3 . 3 3 4 toneladas de produetos, no valor de 73 I .587 contos de réis ou 5. 120.036 libras-ouro; contra 4 4 5 . 6 6 1 toneladas, no valor de 6 9 5 . 6 5 7 contos de réis, ou. . . . 4 . 8 9 4 . 9 9 9 I7bras. de idêntico período do anno passado. A s importações pelo referido porto reqistraram no primeiro trimestre deste anno, 5 3 5 . 9 7 2 tone'adas, no valor de. . . . 6 3 4 . 4 6 9 contos ou 4 . 3 2 6 . 0 4 6 librasouro, também sobre idêntico período de I938. mm COMO A MAIZENA DURYEÁ TRANSFORMOU-O! Era doentio e agora está forte e robusto. A M A I Z E N A D U R Y E A augmentou o seu appetite e lhe deu saúde. O seu peso também está normal. N ã o ha d u v i d a de que a M A I Z E N A D U R Y E A faz milagres. E ' u m producto muito substancioso e torna mais digeriveis todos os alimentos em que entra como componente. O seu emprego na a l i m e n t a ç ã o i n f a n t i l é muito recommendado. GRATIS! - Peça-nos um exemplar do nosso novo livro "Receitas de Cozinha", que ensina o modo de preparar optimos pratos para o seu bebê, bem como as múltiplas applicações da Maizena Duryea. MAIZENA BRASIL S . A. Caixa Pontal 2972 - Süo Paulo Remetta-me G R Á T I S o seu livro. 5 9 NOME ENDEREÇO CIDADE ESTADO PROCURE 0 NOME E "DURYEA" 0 ACAMPAMENTO E M CADA ÍNDIO PACOTE Do exposto não só se verifica o desapparecimento do "deficit" registrado no primeiro trimestre de I 9 3 8 ( 3 I 6 . 6 2 I libras), bem como foi conseguido realizar um "superavit" em idêntico periodo de 1939, de 7 9 3 . 9 7 0 libras-ouro. 0 COMMERCIO EXTERNO MEZES DO A N N O DO BRASIL NOS SETE PRIMEIROS De janeiro a julho do anno corrente, o Brasil exportou mercadorias no valor total de 2 2 . 0 5 8 . 0 0 0 libras-ouro. No mesmo periodo do anno passado, nossas exprtações ascenderam á cifra de 2 0 . 6 8 3 . 0 0 0 , verificando-se, este anno, uma differença para mais na importancia de 1 . 3 7 5 . 0 0 0 libras. No mesmo periodo de I 9 3 9 nossas importações attingiram á cifra de 1 9 . 0 2 8 . 0 0 0 libras-ouro contra 2 1 . 6 1 2 . 0 0 0 nos sete primeiros mezes de I 9 3 8 . Assim vendemos mais e compramos menos ao estrangeiro, este anno, do que no anno passado, donde a convicção de que I 9 3 9 fechará com um saldo mais substancial na balança mercantil do que I938 e I937. Itailio Chili tie P e r n a m b u c o S/A THERMOMETROS oJõJlLLcl HORS 44>IHU9traÇã° Brasileira - PARA F E B R E JLcrnxLcrru CONCOURS o Àr r / \% IStfagiteitk ê £ / y \ Ï M i W M \ y u m i * OïrecçâQ e [scriploiio Travessa do Oovidor, 34 Redaccào e Offfcinas I Visconde de Hayna, 419 RIO DE JANEIRO