Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
DIAGNÓSTICO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO TERCEIRO SETOR
EM BELO HORIZONTE – 2006
José Irineu Rangel Rigotti
João Francisco de Abreu
Rafael Liberal Ferreira
Luciene Marques da Conceição
Alisson Eustáquio Gonçalves
As organizações recenseadas na pesquisa “Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo
Horizonte” realizada no ano de 2006 foram georeferenciadas e serão brevemente abordadas
a seguir. Na coleção de mapas que apresentamos a cidade de Belo Horizonte é concebida
como um espaço preenchido pelas referidas organizações, que são representadas por
pontos nesta superfície. Desta forma, cada uma das 1.319 organizações foram plotadas em
uma malha digital, de acordo com seu endereço. Trata-se de um banco de dados detalhado,
uma vez que todas as variáveis do questionário aplicado estão associadas à localização de
cada uma das entidades. Evidentemente, esta fonte de informações georeferenciadas será
valiosa para o diagnóstico do Terceiro Setor em Belo Horizonte, haja vista que possibilita
uma análise espacial aprofundada das características das organizações mapeadas. No
entanto, o objetivo deste documento, de caráter introdutório e descritivo, é apenas mostrar a
distribuição espacial das instituições e alguns de seus principais atributos.
O MAPEAMENTO DO TERCEIRO SETOR DE BELO HORIZONTE
Para uma visualização da magnitude do Terceiro Setor em Belo Horizonte, os mapas da
primeira seção mostram a localização das organizações, de acordo com as áreas de
atuação das instituições. Em uma segunda coleção de mapas o enfoque é sobre os
recursos humanos (número de empregados, por porte) e voluntariado (número de pessoas
voluntárias), seguida por uma seção que retrata o porte da organização baseado na receita
ou total de recursos obtidos. Para facilitar a análise, o município de Belo Horizonte está
divido entre suas nove regionais (figura1).
1
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
Figura 1
2
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES
DO TERCEIRO SETOR
Figura 2
Os mapas da Figura 2 retratam tanto a densidade da localização das organizações do
Terceiro Setor em Belo Horizonte (mapa central) quanto a distribuição espacial de cada área
de atuação. Percebe-se que a região Centro-Sul e suas adjacências nas regiões Leste,
Oeste e Noroeste são as áreas de maior concentração espacial. Isso é compreensível, se
considerarmos que estas são as zonas da cidade com maior densidade comercial e de
serviços, tanto privados quanto públicos. Também se observa, em uma faixa de sentido
nordeste-sudoeste, da região Leste até o Barreiro, uma ausência de organizações, por se
tratar de um limite natural formado pela Serra do Curral – daí uma nítida divisão na
densidade das organizações, especialmente na região do Barreiro.
Em relação às demais regiões, as organizações se distribuem de maneira relativamente
mais homogênea, embora seja perceptível uma densidade maior nas regionais Venda Nova
e Norte, comparadas às regionais Nordeste e Pampulha.
Por outro lado, os mapas laterais representam a grande variabilidade na distribuição
espacial das instituições, segundo suas áreas de atuação. Grosso modo, percebem-se
3
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
alguns padrões espaciais particulares semelhantes ao padrão do conjunto das instituições,
naquelas áreas de atuação em que há grande número de casos.
Sem dúvida, a maior densidade de pontos refere-se às instituições de Assistência Social,
que se espalham por todo o município. As instituições religiosas também possuem uma
densidade relativamente alta, embora menor do que o caso das entidades de assistência
social. Uma diferença entre estas duas é participação bem maior da segunda na regional
Venda Nova.
Ainda no conjunto de alta densidade e com padrão espacial algo semelhante à distribuição
do total de organizações encontra-se as instituições de Educação e Pesquisa. Estas são,
portanto, as áreas de atuação que mais contribuem para a configuração espacial das
organizações.
Há outro grupo de áreas de atuação que não é tão denso quanto o anterior, mas também
possui considerável número de entidades do Terceiro Setor localizadas não apenas no
centro da cidade, mas também em todas ou quase todas as regionais. Aquelas que atuam
na área de Saúde e Cultura estão presentes em todas as regiões, o mesmo acontecendo
com as organizações de Esporte e Lazer. Estas últimas têm a particularidade de estar mais
homogeneamente distribuídas no espaço, entre todas as áreas de atuação.
A organização espacial de instituições das áreas de Meio Ambiente e Animais,
Desenvolvimento e Habitação, bem como aquelas classificadas como “Outras”, é muito
similar às de Saúde e Cultura, mas nestes casos sempre uma das regionais não é servida
por nenhuma organização.
Finalmente, há um conjunto de áreas de atuação pouco denso, onde a maioria das
organizações está concentrada no centro de Belo Horizonte. Este é o caso das áreas de
Emprego e Capacitação, Defesa de Direitos e Atuação Política, Comunicação e Mídia,
Organizações
de
Benefícios
Mútuos,
Sindicatos
e
Associações
Profissionais
de
Empregadores, de Empregados e de Autônomos, Intermediários Filantrópicos e Promoção
de Voluntariado.
4
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
PORTE DA ORGANIZAÇÃO SEGUNDO NÚMERO DE EMPREGADOS E DE
VOLUNTÁRIOS
Figura 3
5
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
A distribuição espacial das organizações segundo o número de empregados com vínculo
empregatício está representada na figura 3. Nela, o porte das instituições está divido em
Micro (até 9 vínculos), Pequeno (de 10 a 49 vínculos), Médio (de 50 a 99 vínculos) e Grande
(mais de 100 vínculos) . Tanto o padrão de distribuição quanto a densidade das
organizações no município apresentam duas configurações muito distintas. Aquelas de porte
micro ou pequeno são as mais numerosas, espalhando-se por toda a capital, mas com alta
concentração na regional Centro-Sul. Evidentemente, sendo as instituições mais
numerosas, pode-se dizer que, de maneira geral, o padrão espacial do Terceiro Setor é
delineado por estes tipos de instituições.
Ao contrário, o número de organizações de médio e grande porte é não apenas menor, mas
também de mais baixa densidade. A regional Centro-Sul é aquela que possui maior número
de observações, seguido por áreas adjacentes, como a regional Oeste, no caso das
organizações de porte médio e regional Noroeste, no caso das grandes.
Para a descrição dos voluntários, e para fins de comparação, optamos por manter a mesma
tipologia de porte institucional, isto é, também neste caso as organizações estão distribuídas
entre as categorias Micro, Pequeno, Médio e Grande, seguindo a mesma quantidade de
pessoas por categoria. A distribuição de voluntários no espaço de Belo Horizonte é bastante
similar àquela comentada anteriormente, para o caso do número de empregados com
vínculo empregatício. Portanto, as micro e pequenas instituições também são as mais
numerosas, espalhadas por toda a capital, mas com forte concentração na regional CentroSul, especialmente as pequenas. Em contrapartida, as organizações de médio e grande
porte são bem menos numerosas, menos densas e concentradas na regional Centro-Sul.
6
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
Figura 4
7
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
PORTE DA ORGANIZAÇÃO SEGUNDO SUA RECEITA OU TOTAL DE
RECURSOS OBTIDOS
Figura 5
Em relação ao porte, as instituições do Terceiro Setor também são avaliadas de acordo com
sus receita ou total de recursos obtidos. São consideradas micro organizações aquelas com
receita ou recursos de até R$ 120.000; as pequenas ficam entre R$ 120.001 e R$ 750.000;
as médias situam-se entre 750.001 e R$ 5.000.000; as grandes receberam entre 5.000.001
e 30.000.000; enquanto as hiper organizações ficaram com receitas ou recursos totais
superiores a R$ 30.000.000.
Quando se trata da receita ou total de recursos obtidos pelas instituições do Terceiro Setor,
nota-se que a distribuição espacial segue a lógica das análises anteriores, haja vista que
existe uma quantidade muito maior de micro organizações, densamente espalhadas pelo
município, e tanto o número quanto a densidade diminuem à medida que aumenta o porte
das entidades. Entretanto, diferentemente dos casos analisados até aqui, e apesar da
observância de uma densidade relativamente maior na regional Centro-Sul, as micro
instituições estão fortemente presentes em toda a capital.
Na verdade, é a partir da categoria de pequeno porte que o padrão se assemelha à
distribuição espacial das instituições por porte de empregados e de voluntários, já
comentados. Em outras palavras, as organizações de porte pequeno e médio são mais
8
Diagnóstico do Terceiro Setor de Belo Horizonte
numerosas do que as grandes e hiper organizações, espalham-se por toda a capital, e
possuem alta concentração na regional Centro-Sul. O porte pequeno é nitidamente mais
numeroso, mais denso e mais disperso do que o porte médio.
Por outro lado, as grandes e hiper organizações apresentam-se em número menor, e
também com mais baixa densidade. A regional Centro-Sul possui maior quantidade de
organizações, sendo que poucas instituições estão presentes em outras áreas, como as
regionais Norte, Venda Nova, Pampulha e Noroeste, no caso das organizações de grande
porte, e apenas esta última regional mais a Nordeste, no caso das hiper organizações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem sobre a distribuição espacial das organizações do Terceiro Setor em Belo
Horizonte no ano de 2006 mostrou com clareza uma tendência centro-periferia, dependente
tanto do porte das instituições (número de empregados e voluntários, além dos recursos
envolvidos) quanto da especialização dos serviços. As micro organizações espalham-se por
todas as regionais, ainda que com maior densidade na regional Centro-Sul. Estas são
voltadas aos serviços de grande alcance social, em grande parte direcionados mais
diretamente às camadas populares – assistência social, religião e educação, principalmente.
À medida que aumenta o tamanho e o grau de especialização o número e a densidade dos
estabelecimentos diminuem. De fato, poucos destes constituem o grupo das hiper
organizações – neste caso, apenas três regionais possuem entidades, sendo apenas uma
na regional Nordeste.
Estas breves considerações procuraram oferecer uma primeira visualização sobre a forma
pela qual as organizações do Terceiro Setor se distribuem no espaço de Belo Horizonte.
Mas vale ressaltar que as informações do banco de dados georeferenciados ainda têm
muito a oferecer em termos de uma futura análise espacial, que certamente será uma
poderosa aliada para a maior compreensão desta forma de intervenção social, estreitando o
diálogo entre a sociedade civil, as empresas e o Estado.
9
Download

Diagnóstico da Distribuição Espacial do Terceiro Setor em Belo