O Homem - principais visões sobre a origem humana:
1.1 o evolucionismo e o criacionismo.
Neste item o aluno deve ter uma visão geral sobre o evolucionismo como
explicação cientifica para as origens humanas, confrontando com as visões tradicionais do
senso-comum e religiosas, que foram reforçadas com o surgimento do “criacionismo”.
O debate principal entre evolucionismo e criacionismo gira em torno da
aceitação ou não de dogmas como fatores explicativos do humano.
Bibliografia:
GUERRIERO, Silas (Org.). As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua
subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 2000.
LARAIA, Roque de Barros. Idéia sobre a origem da cultura, in CULTURA - Um
Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 2002.
Para uma pesquisa complementar sobre o tema, recomendamos a leitura dos endereços
eletrônicos a seguir.
WEBGRAFIA:
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
http://brazil.skepdic.com/criacionismo.html
http://www.comciencia.br/200407/reportagens/16.shtml
http://www.jornalinfinito.com.br/materias.asp?cod=130
http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=112
http://www.geocities.com/gilson_medufpr/aims.html
http://www.fortunecity.com/campus/biology/752/evol6.htm
A EVOLUÇÃO HUMANA:
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/evolucao.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev2b.htm
http://www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm
http://infonet.com.br/biologia/biologia.htm
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
www.becominghuman.org
(site em inglês, com filme)
http://www.aultimaarcadenoe.com/biologia2d.htm
CULTURA:
Cultura – verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
CONCEPÇÕES DE CULTURA – Ricardo HONÓRIO
http://antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf
O DEBATE “BIOLOGIA VERSUS CULTURA” NA DEFINIÇÃO DE SER HUMANO
“Biologicamente cultural” – BUSSAB, Vera S. Raad; Fernando Leite RIBEIRO.
http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf
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“Transição para a humanidade” – Clifford GEERTZ
http://www.arq.ufsc.br/urbanismoV/artigos/artigos_gc.pdf
CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1)
O HOMEM
1.1- Principais visões sobre a origem humana: o evolucionismo e o debate das
determinações biológicas versus processo cultural.
Textos básicos: “As origens do antropos”, in GUERRIERO, Silas (Org.). ANTROPOS E
PSIQUE. O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 5ª.
Ed., 2004.
“O determinismo biológico”; “O determinismo geográfico”; “Idéia sobre
a origem da cultura”, “Antecedentes históricos do conceito de cultura”, in
LARAIA, Roque de Barros. CULTURA - Um Conceito Antropológico,
Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 17-29; 53-63.
Objetivos: neste item o objetivo é relacionar evolução biológica com comportamento
cultural. O debate atual na Antropologia reforça a tese segundo a qual nossa espécie apenas
evoluiu para as características biológicas atuais como o uso da inteligência, a postura ereta
e as habilidades para fabricar instrumentos, SOB INFLUÊNCIA DIRETA de um
comportamento cultural baseado em regras e na capacidade de simbolização. Ou seja, nossa
evolução física foi influenciada pelo comportamento de nossos ancestrais, e vice-versa, até
chegarmos ao que somos hoje.
Se cultura é importante para compreender quem e como somos enquanto
espécie, é importante você saber que o conceito de cultura sofreu mudanças históricas em
sua interpretação. Essas mudanças são fundamentais para uma abordagem em que você
possa distinguir visões consideradas cientificamente superadas, que, entretanto, fazem parte
de noções comuns e muito presentes atualmente em defesas carregadas de preconceitos
infundados e errôneos.
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Você está convidado a uma nova compreensão de ser humano, na qual o nosso
aparato biológico tão fantástico (pensamos e fabricamos coisas) precisa do comportamento
cultural para se realizar. Então, biologia e cultura se complementam. Vamos lá?
Obs.: os textos indicados na bibliografia são fundamentais para o seu
aprendizado, mas você pode dispor também de sugestões que estão disponíveis na Web.
Lembre que esse material eletrônico é complementar, e não deve ser utilizado como única
fonte de estudos.
Sugestão de textos para estudos complementares disponíveis na Web:
A EVOLUÇÃO HUMANA: http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
http://biociencia.org (este sítio é especializado em biociência, portanto aproveite apenas o que é
importante para a disciplina, acesse o “Projeto Evoluindo” e seus sub-tópicos)
CULTURA: Cultura – consultar o verbete da enciclopédia eletrônica Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura
Antropologia e o desenvolvimento do conceito de cultura – consultar o verbete da enciclopédia
eletrônica Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
Há também uma comunidade virtual de Antropologia no Brasil, onde você pode consultar
textos e entrevistas.
www.antropologia.com.br/
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO
PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA: O EVOLUCIONISMO E O DEBATE
DAS DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS VERSUS PROCESSO CULTURAL.
Neste conteúdo são abordados temas e idéias como:
- a teoria evolucionista e a explicação da biologia para a origem e evolução do
ser humano;
- a colaboração da teoria antropológica sobre a visão da biologia e do
evolucionismo; a antropologia defende que a explicação puramente biológica é apenas uma
parte de nossa complexa evolução – o papel do comportamento cultural também foi
determinante para surgimento de nossa espécie como é hoje.
- a antropologia afirma que é falsa a afirmação que o ser humano é
determinado pelo clima ou pela herança genética; sim, as populações se adaptam a
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diferentes meio ambientes para sobreviver, mas não é o meio ambiente que determina nosso
comportamento; sim, cada indivíduo é resultado de uma herança genética, o que não
significa que é “escravo” dessa herança.
Voltar às origens da cultura é também voltar à origem da humanidade. Ter
costumes e hábitos aprendidos é um comportamento relacionado com a nossa sobrevivência
e evolução enquanto espécie. O tema possibilita uma abordagem que ressalta a importância
da compreensão do ser humano como um ser bio-psico-social, ou seja, somos seres cujo
comportamento é determinado ao mesmo tempo:
BIO - por nossas características orgânicas (o tipo de aparelho físico que temos e
como podemos utilizá-lo);
PSICO - por nossas experiências pessoais racionais e afetivas de mundo e;
SOCIAL - pelo meio social onde vivemos.
Parece a você que todo ser humano tem como qualidade inata (que nos pertence
desde o nascimento) certos comportamentos como preferir alguns tipos de roupas ou
alimentos, e ainda se comunicar através desta ou daquela língua?
Pois a Antropologia, junto com outras ciências como a Arqueologia, a
Paleontologia e a História, tem explorado profundamente essa questão sobre a diferença do
Homem em relação ao resto do mundo animal que nos cerca. Até o momento puderam
concluir que nosso comportamento é fruto de um processo histórico no qual BIOLOGIA e
CULTURA modelaram nossos ancestrais. Esse trabalho conjunto entre nosso
desenvolvimento biológico e a cultura foram responsáveis por tamanhas mudanças em
nossa espécie, que hoje achamos um fato “natural” não necessitarmos entrar na “luta pela
sobrevivência”, na “lei da selva”.
Quem começou a inventar palavras para dar nomes às coisas, ou saber que
alimentos são comestíveis e como devemos prepará-los? Quem inventou o primeiro tipo de
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calçado, ou descobriu como fabricar o vidro? Enfim, como surgiu a cultura? Que
importância decifrar esse fato pode ter para nossa compreensão de ser humano?
Essas questões devem ser respondidas ao longo desse tema.
No séc. XIX Charles Darwin (biólogo), afirmou que todas as espécies vivas
resultam de uma EVOLUÇÃO ao longo do tempo. Isso significa, que se retornássemos em
nosso planeta há milhões de anos atrás não encontraríamos as espécies conforme as vemos
hoje. Cada ser vivo, para chegar até hoje, passou por sucessivas e pequenas transformações
que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo de mudanças orgânicas ocorre por
necessidade de ADAPTAÇÃO AO MEIO. Consideremos que as condições do meio como
clima, quantidade na oferta de alimentos e todas as questões relacionadas às condições
ambientais, estão em constante mudança. Pois bem, as formas de vida existentes precisam
acompanhar essas mudanças, estando sujeitas – segundo Darwin – a dois destinos: a)
podem se adaptar e ao longo de muitas gerações apresentarem mudanças visíveis; b) não
conseguem se adaptar, entrando em extinção.
Quais são as espécies que conseguem se adaptar? São as que possuem alguns
indivíduos do grupo dotados de características tais que o permitem sobreviver e gerar uma
prole (conjunto de filhos/as) que dá continuidade a essas características. Os outros
indivíduos de sua mesma espécie que não possuam tais características, não conseguindo
“lutar” pela sobrevivência, têm mais chances de morrer sem deixarem descendentes. Assim,
após muitas gerações, temos uma espécie que já não se parece com seu primeiro exemplar.
A possibilidade da geração de uma prole com características que permitam a
adaptação ao meio é, para os evolucionistas, chamada de “seleção natural” – sobrevivem
apenas aqueles indivíduos com traços que os permitam a sobrevivência. Ao lado da seleção
natural, as mutações aleatórias também são responsáveis pelas modificações de um
organismo ao longo do tempo.
Uma das dificuldades do senso-comum em aceitar as idéias evolucionistas, está
no fato que não podemos “ver” a evolução acontecendo – apesar de ela estar sempre
acontecendo -, isto é, não testemunhamos alterações expressivas, pois as mudanças são
muito sutis e ao longo de períodos de tempo muito longos do ponto de vista do ser humano.
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As alterações podem ser consideradas em intervalos de tempo não inferiores a
cem ou duzentos mil anos. Portanto, muito além de qualquer evento que possamos
acompanhar. Mas podemos acompanhar sim a luta pela sobrevivência e a mudança de
hábitos em muitas espécies, como os pombos que povoam as cidades, mas não estão tão
concentrados demograficamente nos campos. Essa espécie encontrou um ambiente ótimo
nas cidades construídas pelos seres humanos, aprendendo rapidamente como obter abrigo e
alimento, com a vantagem de estar livre de predadores como nas florestas e campos. Faz
parte de sua evolução esse novo ambiente. Assim entendemos que a evolução biológica de
todas as espécies vivas não acontece sem influencia de muitos fatores, não acontece de
forma “mágica” e independente do tipo de meio e hábitos que podemos observar.
Hoje em dia o darwinismo está com uma nova roupagem e temos teorias como
o pós-darwinismo ou neo-darwinismo, que são conseqüência do desenvolvimento de nossa
tecnologia de pesquisa, e do próprio conhecimento cujas portas foram abertas por Charles
Darwin para seus sucessores.
"O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS- uma espécie que trabalha"
"DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS E PROCESSO CULTURAL"
O homem descende do macaco. Essa foi a afirmação polêmica de Darwin na
segunda metade do séc. XIX e que dividiu opiniões na sociedade moderna. Essa polêmica
permanece até hoje, pois encontrou como opositor o ponto de vista de uma prática humana
muito mais antiga que a teoria da evolução: a religião. Não conhecemos nenhuma crença,
em nenhuma cultura que coincida e concorde totalmente com a afirmação de Darwin. Da
perspectiva das crenças, a criação da vida é atribuída a um “ser criador”, a algo externo e
superior a toda a vida existente. Ao conjunto de teorias e explicações que partem desse tipo
de raciocínio, denominamos “criacionismo”. Pois bem, para pensar como Darwin e a maior
parte dos cientistas até hoje, esqueça suas crenças. A ciência não reconhece como possível
a existência de seres superiores que tenham dado origem à vida, e muito menos entende que
o ser humano é uma espécie “privilegiada” ou “superior”, seja pela capacidade de
raciocínio, seja pela capacidade de criar crenças.
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Para os evolucionistas, todas as espécies vivas foram surgindo das
transformações de outras já existentes, dando origem a novas espécies, enquanto outras se
extinguiram. Os primeiros humanos, chamados cientificamente de hominídeos, surgiram
das transformações de algumas famílias de símios que fazem parte dos chimpanzés.
Nossa espécie surgiu devido a mudanças biológicas e ao surgimento da cultura.
Que mudanças biológicas são essas que nos diferenciam dos símios? O aumento da caixa
craniana que nos dotou de um volume cerebral muitas vezes maior que o de um macaco. A
postura ereta, que possibilita utilizarmos apenas os membros inferiores para nos locomover.
E o surgimento do polegar opositor, que possibilita a nossa espécie da capacidade do
chamado “movimento de pinça”. É a partir dessas três características básicas que
desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes como a capacidade da fala ou
ainda a de fabricar instrumentos para nossa sobrevivência.
Mas essas características como inteligência, fala e indústria não teriam surgido
em nossos ancestrais se não fosse a presença de um tipo de comportamento que ajudou a
modelar o corpo de nossos ancestrais, que é o comportamento baseado na CULTURA. Ou
seja, a necessidade de comunicação, cooperação e divisão de tarefas facilitou o
desenvolvimento dessas características BIOLÓGICAS.
Características biológicas: forma, funcionamento e estrutura do corpo. É a
nossa anatomia, características herdadas biologicamente e que não são resultado da nossa
escolha pessoal.
Características culturais: todo comportamento que não é baseado nos instintos,
mas nas regras de comportamento em grupo que nos permite transformar a natureza para a
sobrevivência (trabalho), e nos permite atribuir significados e sentidos ao mundo através
dos símbolos (a cor branco simboliza a paz, ou o tipo de vestimenta simboliza status).
Durante muito tempo pensou-se que o ser humano já teria surgido plenamente
dotado dessas características em conjunto. Hoje sabemos que nossa cultura foi determinante
para modelar nossas características biológicas ao longo do tempo, e vice-versa. Nossos
ancestrais foram lentamente se transformando em humanos, e essa espécie que somos
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agora, foi aos poucos sofrendo pequenas transformações que ao longo de milhões de anos
nos diferenciaram totalmente de qualquer ancestral símio.
No início da história humana, nossos ancestrais eram muito semelhantes a um
macaco. Tinham mais pelos pelo corpo, o cérebro era menor e a mandíbula maior. A
postura não era totalmente ereta, e as mãos não tinham muita habilidade, pois o polegar
ficava mais próximo dos outros dedos. O tamanho do cérebro foi aumentando muito
devagar, como também a postura ereta surgiu gradualmente, e igualmente o polegar
opositor não surgiu repentinamente. A cada geração, mudanças muito sutis transformaram a
espécie, e nesse processo a cultura teve um papel fundamental, pois possibilitou ou exigiu
que nosso ancestral desenvolvesse comportamentos capazes de mudar nossa estrutura
biológica. Um exemplo: sabemos que o surgimento da fala tem relação com duas
características que são a posição da laringe resultante da postura ereta e a utilização das
mãos para trabalhos de fabricação de instrumentos. Ao fabricar os chamados instrumentos
de “pedra lascada”, nosso ancestral permitiu operações mais complexas e passou a utilizar
uma área do cérebro, que é a mesma que nos permite falar.
É importante compreender que nossa espécie não é fruto de coisas
inexplicáveis, mas resulta de um longo e lento processo de evolução, que significa
mudanças ao longo do tempo. Essas mudanças por sua vez, são fruto de uma dura luta por
parte de nossos ancestrais para sobreviver em condições pouco favoráveis e convivendo
com espécies mais fortes e predadores mais bem preparados fisicamente para tal. Nossos
ancestrais não tinham a mesma caixa craniana que temos hoje, e não eram tão inteligentes;
não tinham a postura totalmente ereta, e não viviam em cidades. Eram mais uma espécie
entre tantas outras, e o pouco que puderam fazer então determinou sua sobrevivência, e
mais que isso, determinou COMO somos hoje.
Sobreviveram lascando uma pedra na outra para conseguir objetos pontiagudos
e cortantes que serviam como arma de caça, como raspador de alimentos ou qualquer
utilidade para a vida humana. Dormiam em cavernas, ao invés de fabricar abrigos. Durante
muito tempo o domínio do fogo era um mistério, portanto não comiam muitos alimentos
cozidos. Nessa época não havia escrita, e os únicos vestígios de comunicação encontrados
são as pinturas em cavernas (arte rupestre) e pequenas estatuetas representando figuras
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femininas. Eram organizados em bandos que praticavam caça e coleta, por isso dependiam
de deslocamentos constantes em busca de alimento. Durante quase quatro milhões de anos
sobreviveram dessa forma, e nesse período de tempo nossa forma física foi se alterando, até
que no chamado período “neolítico”, houve uma revolução.
A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa evolução, durante o
qual o ser humano desenvolveu técnicas determinantes para a história de nossa espécie: a
agricultura e a domesticação de animais, que permitiram o sedentarismo (começamos a
construir abrigos e povoados ao invés de habitar em abrigos naturais). A agricultura e a
domesticação de animais significaram a garantia de alimentação dos grupos humanos,
independente do sucesso na caça e coleta. Isso permitiu à nossa espécie se fixar por
períodos prolongados em determinados lugares, formando aldeias e também colaborou para
o crescimento demográfico. É nesse momento que o ser humano começa a TRABALHAR,
e não mais viver da caça/coleta que o tornava dependente dos recursos nos territórios
habitados. A introdução do trabalho como estratégia de sobrevivência, segue um padrão
estabelecido em nossa evolução para obter resultados:



a divisão de tarefas;
a cooperação com o grupo;
e a especialização.
Essas características são importantes uma vez que possibilita que cada um de
nós realize apenas um tipo de tarefa. Não é possível produzir sozinho tudo que
necessitamos em nossa vida. Se não tivessem desenvolvido a capacidade de trabalho,
baseado nos princípios acima, provavelmente, nossos ancestrais não teriam tido sucesso em
sua evolução, e nenhum de nós estaria aqui hoje, compartilhando a condição se
HUMANOS.
Até hoje utilizamos essas habilidades de trabalho em grupo para viabilizar
nossa existência social. A capacidade de dividir tarefas, cooperar e se especializar permite
atingir objetivos com resultados mais efetivos e também possibilita um conjunto social com
melhor qualidade de vida.
O conjunto de tudo que o grupo social produz torna viável uma existência
cultural, nos libertando da “lei da selva”. O trabalho humano se fundamenta em
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características básicas como comunicação e cooperação. Fixando-se em um lugar,
inaugurando o sedentarismo, o ser humano passa a viver em uma sociedade organizada.
Mais alimentos disponíveis, mais segurança com as casas fabricadas, maior
permanência do grupo, isso tudo levou a uma maior reprodução da espécie. Tais condições
permitiram aos nossos ancestrais uma organização social mais complexa baseada na
SOCIEDADE, e não mais em bandos. A comunicação também sofre uma revolução que foi
o surgimento da ESCRITA.
A partir da escrita e do surgimento das grandes civilizações da Antiguidade
como Egito, Grécia e China, conhecemos exatamente como a humanidade se desenvolveu.
Mas para chegar até esse ponto, nossos ancestrais percorreram um longo caminho. Ele é o
resultado de um processo muito longo no tempo, e para os quais foram determinantes: a
postura ereta, a capacidade craniana, o polegar opositor e a aquisição da fala.
Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se não
tivéssemos desenvolvido um tipo de comportamento baseado em regras de convivência
social, divisão de grupos em parentesco, divisão do trabalho e uma mente dotada de
raciocínio lógico e abstrato ligado à criatividade e imaginação. Foram nossas capacidades
de ORGANIZAÇÃO e COMUNICAÇÃO que definiram tal resultado, afastando nossa
espécie do comportamento instintivo e determinando essa longa e rica viagem chamada
HUMANIDADE.
“Clifford GEERTZ – como a Antropologia evidencia a importância da cultura na
evolução da espécie humana.”
Silas GUERRIERO afirma na pg. 24 do texto “A origem do antropos”, indicado
na bibliografia:
“Como Geertz, podemos afirmar que a cultura é produto do humano, mas o
humano é também produto da cultura. Não fosse essa extraordinária capacidade
de articulação e fabricação de símbolos, provavelmente não teríamos
sobrevivido e, se o tivéssemos conseguido, não teríamos diferenças anatômicas
tão marcantes frente a nossos parentes mais próximos. Em outras palavras, não
estaríamos aqui contando essa história.”
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E Roque de Barros LARAIA, na pg. 58 do texto “Idéia sobre a origem da
cultura” no livro “CULTURA – UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”:
“A cultura desenvolveu-se, pois, simultaneamente com o próprio equipamento
biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das características da
espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral.”
A leitura desses textos desenvolve a compreensão predominante atualmente na
Antropologia, que o ser humano não teve uma evolução puramente biológica para nos
capacitar de inteligência e postura ereta, mas antes, essa evolução BIOLÓGICA não foi
independente de sua “parceira”, a CULTURA humana.
- R. de Barros LARAIA discute se somos DETERMINADOS ou não pelo meio
ambiente e pela herança genética :
Da perspectiva biológica, o ser humano é uma única espécie. Somos todos
partes de uma mesma família que foi dividida ao longo do tempo por sucessivas migrações.
Esse movimento de populações resultou em aparências distintas para cada
grupo populacional, popularmente conhecida como “raças humanas”. Vamos esclarecer
alguns aspectos importantes.
Cada indivíduo possui um fenótipo, que corresponde à aparência física.
Entretanto somos portadores de genótipos, que são os genes que carregamos e
podem ser determinantes nos resultados de nossa reprodução. Um indivíduo com o fenótipo
“pele clara e olhos azuis” carrega genes com essa informação, mas também é portador de
informações genéticas outras. Assim, cada indivíduo vai resultar de uma combinação
genética de seus antepassados, formando um fenótipo próprio.
Durante muito tempo a sociedade em geral, e a ciência, debateram sobre essa
questão. Acreditava-se que a cada raça correspondia uma cultura. Dessa perspectiva
ultrapassada, surgiram as teorias deterministas.
O determinismo biológico defendia que a herança genética seria a responsável
pelo comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura.
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Bem, é importante ressaltar que esse tipo de afirmação logo encontrou “furos”,
pois nem sempre a totalidade dos herdeiros de genes “brancos” ou “negros” apresentavam
comportamentos semelhantes entre si. Multiplicavam-se os exemplos de comportamentos
diferentes para pessoas da mesma “raça”.
Assim, somou-se a esse equívoco científico um outro, que pretendia ser
complementar ao anterior e preencher as lacunas explicativas.
Trata-se do determinismo geográfico, que defendia que a ecologia (o meio
ambiente) no qual essa ou aquela população se desenvolveu, também seria um fator
DETERMINANTE para a cultura ali desenvolvida. Portanto, populações de lugares com
clima muito quente, ou muito frio teriam sofrido influências que, somadas ao fator
biológico, explicariam costumes, mentalidade, valores e tradições.
Mesmo tendo sido totalmente desacreditadas pela ciência, esses determinismos
ainda hoje permeiam a visão de mundo do senso comum. É fácil encontrarmos pessoas que
atribuem ao clima, à vegetação, aos animais circundantes, e ao fenótipo de cada população
a explicação sobre “porque essas pessoas desse lugar agem de tal forma”.
Você mesmo deve estar se lembrando de muitos exemplos que condizem com
esse esquema explicativo. Entretanto, é fundamental que você conheça os pressupostos com
os quais a ciência humana contemporânea trabalha.
TODOS OS SERES HUMANOS EXISTENTES HOJE DESCENDEM DE UM
ÚNICO GRUPO HUMANO ORIGINÁRIO DO CONTINENTE AFRICANO.
Essa é uma afirmação resultante de um século e meio de pesquisas, cujo
material arqueológico foi mais recentemente reforçado pelo conhecimento genético. Não há
como refutar que qualquer indivíduo humano, seja ele um esquimó, um indiano, um
escocês, um dinamarquês, um japonês e assim por diante são descendentes de grupos
oriundos da África.
Sim, todos os indivíduos carregam genes desses primeiros agrupamentos
humanos, apesar de terem fenótipos diferentes.
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Portanto, somos uma mesma família, que foi desenvolvendo aparências
distintas como resposta adaptativa ao meio.
A geografia desempenhou um importante papel para a diversidade de tipos
humanos? Sem dúvida! Ao longo do processo evolutivo, mudanças importantes ocorreram
para permitir a sobrevivência de nossa espécie em diferentes meios. A quantidade de
melanina na pele e a dimensão do aparelho nasal foram sendo modelados para permitir
nossa sobrevivência.
Como a grande família humana foi seguindo rumos diferentes, os grupos que
migravam para esse ou aquele lugar, carregavam um conjunto genético que foi se
estabilizando ao longo de séculos e séculos. Isso foi criando fenótipos próprios a cada
população humana, que viveram praticamente isoladas umas das outras durante tempo
suficiente para que fosse surgindo um tipo de “padrão” que chamamos etnia.
Mas, até que ponto a essa herança biológica e essa influência do meio têm
relação com a diversidade cultural?
Leia novamente a questão. De fato, há um LIMITE para tal influência, e nem
biologia, nem ecologia são isolados ou em conjunto a única explicação para o
comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura.
Portanto,
NÃO
EXISTE
UMA
DETERMINAÇÃO
BIOLÓGICA
/
GEOGRÁFICA que sustente a explicação sobre a diversidade cultural.
O que se aceita hoje é que esses são fatores importantes na relação do ser
humano com o meio, seja para sobreviver, seja para se relacionarem uns com os outros.
Mas não são determinantes.
Vamos a exemplos?
Tomemos o caso da “facilidade” de indivíduos afrodescendentes para o
desempenho em alguns esportes, como o basquete ou atletismo e que é popularmente
divulgado. Não há dúvidas sobre a base biológica que fundamenta essa associação. Mas
vamos refletir melhor sobre o comportamento humano, e não apenas sobre seu legado
biológico. Desculpe, mas vou formular a seguinte questão sem qualquer preocupação
científica ou política. O que o senso comum diria a esse respeito: “Um indivíduo
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descendente de brancos pode se desempenhar tão bem quanto um descendente de negros
nesses esportes?”
A resposta óbvia, para a qual há inúmeros exemplos é: Sim!
Entretanto, vamos considerar o que se segue. O ser humano depende de desejos,
estímulos e condições para chegar a objetivos. Concorda? Um indivíduo descendente de
brancos que se determine a ser “exemplar” no basquete ou no atletismo pode atingir esse
objetivo perfeitamente. Ele não necessita dos genes para ser isso ou aquilo. Basta que se
dedique a aperfeiçoar o que deseja ser. O que ocorre é que um indivíduo com facilidades
genéticas chega ao mesmo resultado com mais facilidades. Aquele que tem a genética
“contra si”, precisa se dedicar mais para atingir igual resultado. Isso para qualquer coisa
que você possa pensar.
A genética e a geografia são elementos na relação do homem com o meio, e não
fatores determinantes.
Os genes podem ser facilitadores para certas coisas, mas acima de tudo está a
determinação, os desejos e o investimento social que cada indivíduo pode dispor para
desenvolver certas características de seu comportamento.
O que explica a diversidade cultural, se não há determinismos?
O ser humano é uma espécie moldável e criativa. Em cada grupo social, as
respostas às necessidades e a qualidade dos vínculos sociais resultam de uma história que é
única àquele grupo. Portadores das marcas da história, das experiências coletivamente
vividas, das soluções criadas, cada grupo vai construindo um conjunto absolutamente único
que é sua cultura.
Vamos supor que você tome uma parcela da população norte-americana de hoje
e os coloque para viver durante um longo período de tempo em um outro local, com
características ambientais muitos semelhantes às quais estão acostumados. Daqui a algumas
gerações, se você for analisar esse grupo e o grupo de origem, poderá ver que existem
características que os diferenciam. E assim se dá, quanto mais o tempo passa. Qualquer
coletividade está sujeita a um destino próprio. E a cultura é o resultado, a cada momento,
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dessa experiência de vida que não se repete exatamente com os mesmos eventos, da mesma
forma em todos os lugares.
A diversidade cultural é inerente ao ser humano. Onde quer que se forme um
grupo social, o resultado será sempre o mesmo: uma cultura própria.
- Para iniciar os exercícios propostos, leia os capítulos sugeridos na bibliografia
deste conteúdo!
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Questões aula 01
Exercícios obrigatórios
1) Assinale a alternativa correta. De acordo com as descobertas da arqueologia e da paleontologia, o
homo sapiens-sapiens se desenvolveu:
A) A partir da criação de uma espécie dotada de capacidades especiais, reproduzidas à imagem e semelhança
de formas superiores e sobrenaturais, tendo permanecido estável e imutável através dos tempos com o destino
de povoar e dominar o planeta.
B) Como a forma mais sofisticada de evolução, sendo, portanto o resultado de um processo contínuo de
progresso das espécies em direção a uma forma definitiva e superior de vida biológica, podendo ser tomada
como modelo do projeto evolutivo pelo qual todas as espécies devem passar.
C) A partir de transformações anatômicas sucessivas e formas de adaptação ao meio e às demais espécies,
pertencendo a um grupo de espécies que desenvolveram uma capacidade simbólica como instrumento
adaptativo e de organização das relações com o ambiente e com os demais indivíduos da espécie.
D) A partir da evolução casual e súbita de uma família de símios que começou a gerar uma prole com cérebro
avantajado e a postura ereta.
E) Como resultado de uma evolução prevista, pois nenhuma outra espécie teria tido capacidade de
desenvolver raciocínio, postura ereta e comportamento modelável pela cultura.
2) Entre as características de comportamento que estão associadas à nossa evolução para o humano, é
ERRADO afirmar que foram determinantes:
A) A capacidade de cooperar, a linguagem e a transformação da natureza.
B) A acumulação de conhecimentos e a plasticidade de comportamento.
C) A aquisição da postura ereta, o polegar opositor que capacita habilidades manuais e a caixa craniana em
aumento progressivo.
D) A sociabilidade, a socialização e a simbolização.
E) Os instintos, a dificuldade de adaptação a novos meios, uma prole biologicamente evoluída.
3) A respeito do evolucionismo, podemos afirmar que:
A) Os evolucionistas e antropólogos encaram a espécie humana como um exemplo especial da evolução uma
vez que as outras espécies vivas evoluem muito mais lentamente pelo fato de não terem desenvolvido um
cérebro equivalente ao nosso. Isso permitiu que nossa espécie sofresse modificações que dificilmente serão
igualadas por qualquer outro ser vivo.
B) Segundo o evolucionismo, todas as espécies conseguem evoluir, portanto não existe possibilidade de
mudança na quantidade de espécies existente, e sim na sua condição biológica que sofre alteração a cada
passo da evolução.
C) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a considerar a evolução da espécie humana como
um outro animal qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas são fruto de uma longa e
lenta evolução, não apenas o ser humano. Devemos então compreender que o processo da vida é evolutivo,
inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido.
D) Para os evolucionistas, todo organismo EVOLUI. Evolução para eles significa que todas as espécies que
evoluem se tornam necessariamente melhores, mais fortes e com organismos superiores aos que tinham há
milhares de anos atrás.
E) Segundo o evolucionismo, apenas as espécies superiores evoluem, enquanto as inferiores acabem sofrendo
extinção.
4) Há muitas teorias que tentam sustentar a idéia de que a capacidade de agir culturalmente não faz
parte de uma evolução, mas de uma prova de superioridade da espécie humana.
Uma dessas teorias é a do “Ponto Crítico”, ou seja, que teria acontecido um “momento mágico” e não
como conseqüência de uma evolução. Então, a partir desse momento teríamos sido subitamente capazes
de pensar, falar, articular idéias e memória, enfim, adquirido todas as nossas habilidades humanas.
Segundo LARAIA, Roque de Barros no capítulo “Idéia sobre a origem da cultura”, in CULTURA Um Conceito Antropológico, a “Teoria do Ponto Crítico” pode ser:
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A) considerada errada, pois trata-se de uma tentativa de nos diferenciar dos macacos através da idéia segundo
a qual o ponto critico foi uma exclusividade de nossos antepassados, que não seriam da mesma família que os
símios.
B) considerada errada, pois trata-se de uma impossibilidade científica, dado o fato que os vestígios da
evolução demonstram que a natureza não age por saltos, e sim através de um longo e lento processo de
pequenas modificações.
C) considerada correta, uma vez que é a única forma de darmos uma explicação para o fato de que os macacos
não evoluíram, e tendo passado pelo ponto crítico, o ser humano adquiriu habilidades superiores de uso dos
membros e do cérebro.
D) considerada correta, pois é comprovada cientificamente através de provas arqueológicas; foram
descobertas duas gerações sucessivas de restos humanos, em que a mais antiga se assemelha mais a um
macaco, e a geração seguinte já possui a nossa estrutura anatômica atual; portanto não houve evolução. Nossa
espécie “surgiu” assim.
E) considerada ultrapassada, pois hoje já sabemos que não houve apenas um ponto critico, mas vários
momentos críticos; primeiro aquele em que fomos capazes de andar na postura ereta, e usar as mãos com
habilidade, depois o momento em que adquirimos a capacidade da fala e da comunicação, e finalmente o
momento em que passamos a viver em grupos com diferentes culturas.
5) Entre as características que definem e marcam as especificidades da espécie humana em comparação
com as outras que nos cercam, podemos apontar:
A) Organiza agrupamentos de indivíduos que definem formas coletivas e ordenadas de práticas, pensamento,
comportamento, convivência e sobrevivência.
B) É uma espécie que dependeu das características biológicas para definir a Humanidade. A única diferença
entre o Humano e as outras espécies, pode ser resumida à evolução biológica de um cérebro capaz de efetuar
operações complexas.
C) Define-se coletivamente dentro de grupos que seguem a mesma história e que não se importam com as
diferenças entre as diversas sociedades e culturas existentes.
D) Trata-se de uma espécie que tem garantido em sua carga genética a capacidade de aprendizado e
socialização, reproduzindo através do tempo sempre as mesmas respostas às mesmas necessidades.
E) Enquanto as outras espécies tiveram pouca evolução cultural, a espécie humana teve pouca evolução
biológica. Isso nos faz uma espécie diferente das outras.
6) Ao afirmar que “a cultura é produto do humano mas o humano é também produto da cultura”,
GEERTZ citado no texto de Guerriero, S. “As origens do humano”, procura defender as seguintes
idéias:
A) Reflete sobre as diferenças entre ser humano e natureza; propõe que o humano produz cultura porque não
evoluiu naturalmente.
B) Propõe pensar que a cultura é produzida pelo ser humano, o que nos torna uma espécie diferente das
outras; ao produzir cultura é que nos tornamos humanos.
C) Defende a idéia de que não produzimos nada sem uma razão, portanto para existir cultura teve que se
produzir o ser humano.
D) A evolução é um processo contínuo, linear, cujo nível de complexidade caminha do mais simples ao mais
elaborado, portanto ao produzir cultura o ser humano adquire uma posição superior em relação às outras
espécies animais, incapazes de atingir essa evolução.
E) Que nossa espécie produz cultura humana, enquanto outras produzem tipos de cultura diferentes; ao longo
da evolução a produção da sobrevivência capacitou cada espécie para se diferenciar dos seres humanos.
7) Segundo a teoria evolucionista é correto afirmar:
A) a espécie humana é uma das mais antigas existentes no planeta, tendo surgido praticamente no momento
em que o nosso planeta resfriou o suficiente para permitir a existência de uma imensa diversidade biológica.
B) nossa espécie é um exemplo de evolução; nenhuma outra espécie foi capaz de evoluir tanto quanto a nossa,
por isso encontramos humanos que habitam em todas as partes do planeta, enquanto as outras espécies se
restringem a territórios específicos.
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C) a espécie humana evoluiu de antepassados que foram adquirindo lentamente capacidades que os
diferenciavam de um ancestral comum aos macacos, e nessa cadeia evolutiva podemos encontrar as famílias
de Australopitecus, os Homo Habilis e os Homo Erectus.
D) evoluir é uma medida da superioridade de uma espécie; assim, todas as espécies que sobreviveram à
extinção podem ser consideradas melhores que seus antepassados. O melhor exemplo disso é o ser humano.
E) cada espécie surgiu em um determinado momento, de acordo com a maior capacidade de sobreviver
naquele ambiente; assim, nossos antepassados humanos tiveram que conviver com mamíferos como os
dinossauros, pois ambos necessitam do mesmo tipo de condição climática e ambiental.
8) A cultura humana possui como características fundamentais que a diferencia dos hábitos e
comportamentos que as demais espécies desenvolvem. Entre essas características é correto apontar:
A) a flexibilidade perante o mundo; os grupos humanos mais evoluídos dominam a natureza e os outros
grupos humanos dependem dos instintos.
B) a imobilidade de seus elementos; uma vez que certo comportamento cultural é estabelecido não pode ser
transformado, com risco de barrar a evolução humana.
C) a capacidade de simbolizar o mundo através da linguagem; a troca de experiências e idéias; o pensamento
abstrato e o aprendizado.
D) a possibilidade de dominar uns aos outros, organizando grupos com uma hierarquia rígida; isto é o que nos
permite evoluir.
E) a vantagem do comportamento que elimina a necessidade de sobrevivência baseada nos instintos, e em seu
lugar coloca a necessidade de sobrevivência baseada na evolução de nossa espécie.
9) Sobre as teses do determinismo biológico e geográfico, é correto afirmar:
A) Ambas teses são verdadeiras, pois é perceptível que o comportamento humano é moldado conforme as
características herdadas geneticamente e também às imposições do meio ambiente como o clima.
B) Ambas teses são verdadeiras, quando o que está sendo considerado é a diversidade cultural.
C) Ambas teses são falsas, uma vez que podemos perceber que em alguns casos somos determinados
geograficamente, em outros casos, nosso comportamento é determinado biologicamente.
D) Essas teses foram verdadeiras durante nossa evolução, mas depois que nos transformamos em humanos,
elas perderam a importância.
E) Ambas teses são falsas, pois o ser humano é também produto do meio social no qual se desenvolve, não
sendo determinado biológica ou geograficamente.
10) "A população européia tem por característica a frieza nas relações sociais, enquanto no Brasil a
população é conhecida pelo seu calor humano. Esta divergência cultural entre as populações européias
e os brasileiros pode ser explicada pelas diferenças climáticas: as regiões frias determinam pessoas mais
sérias e rígidas, enquanto o clima tropical favorece a alegria, a sensualidade e a descontração de nosso
povo."
Nestes fragmentos de afirmações podemos identificar idéias provenientes do:
A) determinismo geográfico
B) determinismo biológico
C) determinismo cultural
D) determinismo histórico
E) determinismo psicológico
Sugestão questão 10:
Lembre-se de aplicar o seguinte raciocínio: podemos encontrar vários tipos de
DETERMINISMOS:
- O PSICOLÓGICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano
APENAS pelos fatores do psiquismo humano;
- O ECONÔMICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano
APENAS pelos fatores de aproveitamento dos recursos e geração de riqueza;
- O HISTÓRICO que tenta justificar todo e qualquer tipo de comportamento humano APENAS
pelos fatores dos eventos passados e vividos por um povo;
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- e assim por diante. O fato é que encontramos muitos pensamentos DETERMINISTAS em
nossa sociedade.
Para identificar corretamente os que estão em debate neste momento, associe os elementos
presentes com sua origem. Sempre que os fatores presentes em cada explicação são clima,
ambiente ou ecologia, trata-se do determinismo geográfico.
Sempre que os fatores presentes em cada explicação são herança genética, sexo biológico, ou
qualquer realidade orgânica de uma população, trata-se do determinismo biológico.
11) Analise os exemplos abaixo. Escolha os exemplos que CARACTERIZEM AS IDÉIAS DO
DETERMINISMO BIOLÓGICO, muito presente em nosso dia-a-dia:
I. Há algumas profissões que são exclusivamente masculinas já que as mulheres não possuem força física para
executá-las como, por exemplo, ser peão de fazenda;
II. A amamentação é tipicamente feminina, em nenhum lugar do mundo isto ocorre de outra maneira. Esta
função é feminina e intransferível;
III. As crianças e adolescentes com dificuldades escolares não aprendem porque são imaturas
psicologicamente;
IV. A maioria dos homens tem relações heterossexuais por uma questão educacional, religiosa, isto é, por
questões histórico-culturais, e não em função do aparelho reprodutor masculino ou por questões hormonais;
V. Em climas frios, os indivíduos são mais produtivos.
A) As frases I, II e IV
B) As frases II, III e IV
C) As frases I e II
D) As frases I, III e V
E) As frases III, IV e V
12) Leia o texto abaixo, que se encontra incompleto, contendo três lacunas:
Desde a Antigüidade os homens preocupam-se com a diversidade de modos de comportamento
existentes entre os diferentes povos e tentam explicar tais diferenças, a partir das diferenças
genéticas, hereditárias, raciais e também a partir das variações dos ambientes físicos. Porém as
diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas pelas diversidades
biológicas ou geográficas: tanto o ___________________ como o ___________________ são
incapazes de explicar as diferenças entre os homens. Segundo a Antropologia, o
comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado que se realiza desde a infância, na
cultura a que estão inseridos - um processo denominado ________________.
Quais são os termos que completam na seqüência o parágrafo acima de modo correto?
A) antropólogo; sociólogo; etnocentrismo
B) determinismo biológico; determinismo geográfico; endoculturação.
C) social; cultural; antropologia.
D) determinismo biológico; etnocentrismo; cultura.
E) estruturalismo; etnocentrismo; relativismo
13) Um menino e uma menina agem diferentemente em função de seus hormônios, e não em
decorrência de uma educação diferenciada. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que
se segue:
A) Determinismo biológico
B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura)
C) Evolucionismo
D) Determinismo Geográfico
E) Etnocentrismo
14) Um menino e uma menina agem diferentemente em decorrência de uma educação diferenciada
juntamente com seus hormônios, e não apenas em função dos hormônios; ou seja, de sua própria
natureza. A esse tipo de afirmação está corretamente associado o que se segue:
A) Determinismo biológico
B) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura)
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C) Evolucionismo
D) Determinismo Geográfico
E) Etnocentrismo
15) Entre as características responsáveis por nos tornar diferentes das demais espécies vivas, Fritjot
CAPRA (citado em GUERRIERO, Silas As origens do antropos, in Antropos e Psique - O outro e sua
subjetividade), ressalta:
A) a comunicação teve o papel mais importante para que pudéssemos criar o mundo da cultura; comparada às
outras características, de nada valeriam se não nos comunicássemos.
B) o tamanho do cérebro foi o fator mais importante e que garantiu as características humanas – viver em
grupo, estabelecer regras e papéis e criar hábitos.
C) o desenvolvimento das habilidades manuais para a fabricação de instrumentos capazes de transformar a
natureza foi o ponto determinante.
D) nenhuma das habilidades humanas faz sentido sem a capacidade de cooperação, pois de nada adiantaria
nos comunicarmos sem agirmos coletivamente.
E) segundo esse autor, a espécie humana não é diferente de todas as outras, pois todos os seres vivos
modificam a natureza.
16) A explicação evolucionista mais aceita sobre a origem geográfica do ser humano afirma que:
A) nossa espécie teve origem de algumas famílias de macacos da África, e só mais tarde surgiram os
primeiros hominídeos no Norte (Europa) e Oriente Médio.
B) o ser humano teria surgido ao mesmo tempo em dois pontos do globo – África e Europa – tendo se
dispersado pelo resto do mundo a partir das eras glaciais.
C) somos originários da Europa, por isso durante muito tempo ela foi chamada de o “velho continente”; dali
partiram as correntes migratórias para o resto do globo.
D) nossa espécie teve origem indeterminada geograficamente; as evidências fósseis são bastante confusas e
não possibilita afirmarmos de onde viemos.
E) o ser humano teve origem de algumas famílias de hominídeos africanos, que se dispersaram pelo globo em
busca de alimento, adquirindo características locais em conseqüência da adaptação a diferentes ambientes.
17) Sabemos que o DNA dos humanos difere do DNA de um chimpanzé em apenas 1,6%, ou seja,
somos 98,4% geneticamente idênticos. Mas, não há como negar que somos radicalmente diferentes
desde a aparência até todas as realizações que nos faz reconhecermos por formar a HUMANIDADE.
Qual a razão disto?
A) Uma das razões é o fato de sermos fruto de um processo de evolução; já os símios (família dos macacos)
não tiveram evolução.
B) A razão de sermos tão diferentes está na origem de nossa espécie, que desde o início se diferenciou dos
símios fisicamente e pelo uso da inteligência.
C) O que nos diferenciou foi o desenvolvimento da capacidade de simbolização, ou seja, de adquirir cultura,
que foi gradual, lento e contínuo durante um longo período de tempo, favorecido, e ao mesmo tempo
favorecendo o crescimento cortical, a postura ereta, a visão bipolar a cores e o desenvolvimento da laringe.
D) Nossa grande diferença física e anatômica, ou seja, as transformações corporais que tanto nos afastam dos
grandes símios foram provocadas num “momento mágico” em que nossos ancestrais subitamente geraram
filhos inteligentes e com aparência física diferente dos símios.
E) Toda diferença entre os humanos e qualquer outra espécie é resultado da vontade divina.
18) Leia a seguinte frase de Roque de B. LARAIA, em seu livro “Cultura – um conceito antropológico”:
“As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em termos das limitações
que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da
espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante
força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas,
dominou os ares. Sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos
outros animais por ser o único que possui cultura.” (LARAIA, p. 24)
Nesta frase o autor explica o que segue:
A) que concorda com a tese do determinismo geográfico.
B) que concorda que a evolução humana resultou em nossa incapacidade de adaptação a novos meios.
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C) que discorda que houve evolução humana, mas apenas adaptação a novos meios.
D) que discorda da tese do determinismo geográfico.
E) que concorda parcialmente com a tese da evolução baseada na seleção dos mais aptos a sobreviver em
climas extremos.
19) ENADE 2008 – Prova de FORMAÇÃO GERAL para todos os cursos (QUESTÃO 2)
“ Quando o homem não trata bem a natureza, a natureza não trata bem o homem.”
Essa afirmativa reitera a necessária interação das diferentes espécies, representadas na imagem a
seguir.
Depreende-se dessa imagem a
A) atuação do homem na clonagem de animais pré-históricos.
B) exclusão do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do planeta.
C) ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro.
D) mutação das espécies pela ação predatória do homem.
E) responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade.
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CONTEÚDO DO 1º BIMESTRE (PROVA B-1)
2. A CULTURA
2.1 - O conceito de cultura através da história. O significado do termo cultura: senso
comum e científico; a simbolização da vida social, a diversidade cultural e as culturas
nacionais. A Antropologia e o estudo da cultura.
Textos básicos: “O desenvolvimento do conceito de cultura”, “Teorias modernas sobre a
cultura”, in LARAIA, R.B. CULTURA - Um Conceito Antropológico,
Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 30-52; 59-64.
“Primeiros movimentos”, “O Passaporte”, in ROCHA, Everardo. O
QUE É ETNOCENTRISMO, São Paulo: Brasiliense, 19ª ed., 2004, pp.
23-55.
“Os pais fundadores da etnografia – Boas e Malinowski”, in
LAPLANTINE, F. APRENDER ANTROPOLOGIA, SP: Brasiliense,
2007. PP. 75-92
Objetivos: neste item o aluno deve ser capaz de confrontar as noções de cultura do sensocomum, que remetem a hierarquias sociais de educação e formação de valores, com a visão
científica que universaliza a condição cultural humana. Identificar a importância da cultura
como mediadora das relações humanas e nossa capacidade de comunicação através dos
símbolos. Identificar a pesquisa antropológica como instrumento de aproximação entre
diferentes universos culturais.
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO
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A antropologia propõe que a cultura é a base de nossa forma de encarar o
mundo à nossa volta e dar formas e significados a ele.
Vamos considerar que grande parte das coisas que realizamos em nosso dia-adia, incluindo planos pessoais e organização de regras de convivência, é resultado de um
modelo coletivo de pensar como devemos ser?
Isto significa que aprendemos a estar no mundo, e não simplesmente somos
“jogados” nele. Desde a língua que falamos para nos comunicar, até os símbolos que
associamos a crenças, sonhos e mensagens, são criados de acordo com uma mentalidade
coletiva comum. Esse “modelo” para nos comunicar e dar sentido ao que pensamos, é dado
pela nossa cultura.
E em cada uma das culturas humanas, aquilo que nos faz rir, chorar ou sonhar
varia imensamente.
“O CONCEITO DE CULTURA ATRAVÉS DA HISTÓRIA”
A antropologia social tem como conceito central o conceito de CULTURA.
Para refletir sobre a complexidade desse conceito, vamos começar tomando
exemplos de como podemos encontrar o uso da palavra cultura em situações cotidianas.
Normalmente as pessoas utilizam essa palavra em frases como: ”O brasileiro
precisa valorizar mais sua própria cultura”; “Fulano é uma pessoa que tem muita cultura”;
“A cultura desse lugar é muito atrasada”; “A cultura oriental é muito antiga”.
Nesses exemplos já é possível percebermos a complexidade e a multiplicidade
do uso que fazemos desse conceito. Precisamos começar a diferenciar quais são utilizações
do chamado senso-comum e, por outro lado, como a ciência antropológica compreende e
define cultura.
De acordo com o uso popular, percebemos que existe uma concepção segundo
qual cultura é uma questão de status e está muito relacionada com a aquisição de
conhecimento letrado. Na frase “fulano é uma pessoa que tem muita cultura”, o sentido
atribuído a esse conceito é que se trata de uma coisa possível de ser acumulada e que
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distingue um indivíduo dos demais. A sociedade em geral pensa cultura como relacionada
ao acesso a estudos clássicos e letrados. O conhecimento letrado é aquele que não faz parte
da “escola da vida”, mas que se acumula no conhecimento transmitido por livros, autores,
autoridades em cada assunto.
Já numa outra situação como na frase ”o brasileiro precisa valorizar mais sua
própria cultura”, há a preocupação em situar o conjunto da produção cultural e da história
de nosso país. Comparam-se assim as chamadas “culturas nacionais”, e somos capazes de
perceber que de uma sociedade para outra mudam regras, valores, arte, religião, folclore,
culinária e assim por diante. Assim podemos ver que os limites políticos e geográficos que
são as nações, podem compreender também culturas próprias.
Vamos a outro de nossos exemplos. Na frase “a cultura desse lugar é muito
atrasada”, existe uma nítida noção popular segundo a qual deve existir uma hierarquia entre
as diferentes culturas, que vão das mais “atrasadas” às mais “avançadas”. Normalmente as
pessoas se referem ao comportamento coletivo, à qualidade da vida social. Elas querem
expressar a existência de culturas que permitem às necessidades sociais serem mais bem
solucionadas, seja pelo nível de desenvolvimento tecnológico, ou pela chamada “educação
do povo”, que nesse caso, nada mais significa que o acesso a informações e à cultura
letrada.
Finalmente, na frase “a cultura oriental é muito antiga”, surge a noção que
cultura é algo que se acumula e se mantém (ou se perde) ao longo do tempo. Nesse caso, há
a preocupação em pensar cultura como um conjunto de coisas (denominados “elementos da
cultura”) que podem se transformar tradições, pois são mantidas ao longo do tempo; já
outros elementos se transformam, dando a idéia de passagem do tempo.
Para compreender essa multiplicidade de usos do conceito de cultura, é
importante resgatar o processo histórico que transformou seu uso.
É o que você poderá perceber com o texto que segue e utilizando a bibliografia
indicada.
ETIMOLOGIA DA PALAVRA CULTURA
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* Até séc. XVIII, a palavra cultura existia APENAS com o registro de “agricultura”.
* Em sua origem, o conceito de cultura demonstra já uma relação entre HABILIDADES
HUMANAS e o domínio da natureza circundante. Agricultura é uma habilidade em
observar o desenvolvimento das espécies vegetais e aperfeiçoar as condições para o bom
desenvolvimento e o cultivo em larga escala.
*
Os diversos comportamentos culturais humanos, nesse registro demonstrariam nossa
capacidade de manipular, aperfeiçoar, utilizar, consumir. Isso tudo aplicado ao UNIVERSO
humano das coisas e idéias que nos cercam.
COMO A PARTIR DO SÉC. XVIII A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CULTURA
SOFRE UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO
A partir desse momento histórico, a palavra cultura adquire uma
MULTIPLICIDADE de sentidos. Além de agricultura, hoje ela é associada a
conhecimento, educação, costumes e tradições. Como se deu essa mudança?
* Revoluções anteriores – séculos XV, XVI e XVII:
* RENASCIMENTO
*
GRANDES NAVEGAÇÕES E A ENTRADA DO “NOVO MUNDO” NO MAPA
MUNDI.
* A mentalidade européia vem de um impacto e de profundas alterações econômicas e
sociais (os lucros com as Colônias, o contato com outros povos);
*
Nesse contexto, o contato com outros povos prepara o momento seguinte, quando o
conceito de cultura começa a ser associado a comportamento coletivo de um povo. Veja
abaixo.
Após isso, na FRANÇA E ALEMANHA surgem duas diferentes definições de cultura
(séculos XVIII e XIX)
* ALEMANHA – (cultura = “kultur”), idéia de que um povo cultiva suas tradições
* FRANÇA – (cultura = “civilization”), preocupados em diferenciar pessoas/povos que
cultivam a educação refinada (burguesa)
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* Nos sécs. XVIII e XIX estavam em processo de criação os Estados nacionais, os países
como conhecemos hoje. Era necessária a discussão sobre cultura, pois a classe dominante
precisava algum apoio ideológico para convencer diferentes povos que a partir de então
eles fariam parte de uma mesma “nação”.
*
Perceba como é nesse momento que a palavra cultura amplia seu significado,
sendo associada TAMBÉM à idéia de COMO UM POVO CULTIVA SEU
COMPORTAMENTO COLETIVO. Como observamos, dominamos e orientamos a
conduta e o cultivo das relações sociais (registro alemão da palavra).
*
Também é nesse momento que a palavra cultura passa a ser associada com
DISTINÇÃO SOCIAL, pessoas “civilizadas” e “cultas” e pessoas “atrasadas” e
“incultas” (registro francês da palavra).
Vale lembrar que o registro que o senso-comum tem hoje da palavra cultura,
está bem próximo da forma como na França se desenvolveu esse conceito, você pode
perceber isso?
Pois bem, vamos retomar a definição de Antropologia, agora concentrados no
conceito de cultura.
Antropologia é uma ciência dedicada ao estudo do Homem. O radical latino
“anthropos” significa Homem (Ser Humano), e “logia” é o estudo. Surge no séc. XIX
empenhada em aprofundar o conhecimento científico sobre as chamadas “sociedades
primitivas”, como eram chamadas as tribos e povos não-europeus, os nativos das Américas,
Austrália e África. Para explicar a grande diferença de comportamento entre esses povos e
os povos europeus, a Antropologia acabou se concentrando no conceito de cultura.
Hoje, essa ciência não estuda apenas as tribos ou pequenas comunidades
distantes dos centros desenvolvidos, mas qualquer ambiente social. Isso ocorreu, pois ficou
comprovado que a diversidade cultural não gira apenas em torno de “povos primitivos” e
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“povos civilizados”, mas está em toda parte onde haja contato entre dois povos que
cultivam costumes e valores diferentes. E recentemente, em nossa história, com o início da
chamada “globalização”, o contato entre pessoas e organizações com diferentes referenciais
de mundo, ou seja diferentes culturas, intensificou-se num ritmo frenético. Por isso
compreender o conceito científico de cultura é tão importante.
EDWARD TYLOR no final do século XIX, definiu cultura como "um
conjunto complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os
costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro
de uma sociedade". A essa definição, seguiram-se muitas outras, e hoje podemos encontrar
centenas de formas diferentes para se referir ao mesmo conceito. Mas, por que essa falta de
consenso na Antropologia? Vamos passar por alguns dos principais autores para
compreender a complexidade do tema.
A seguir, vários autores mostram sua definição para o conceito de cultura:
Franz Boas (1930) - “A cultura inclui todas as manifestações dos
hábitos sociais de uma comunidade, as reações do indivíduo na
medida em que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive,
e os produtos das atividades humanas na medida em que são
determinados por tais costumes”.
Perceba como, na visão desse autor, o principal aspecto no conceito de cultura é
a relação entre o indivíduo e a sociedade. Ou seja, “as reações do indivíduo na medida em
que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive” e mesmo tudo que o ser humano
PRODUZ é influenciado pelos costumes, portanto, os COSTUMES fazem uma cultura.
Para ele, os costumes (que são coletivamente construídos) influenciam os indivíduos e suas
obras. Portanto, para Boas, tudo que um povo produz, seja essa produção material ou
imaterial é resultado dos costumes que se formam nele.
B. Malinoswski (1931) - “Esta herança social é o conceito central
da antropologia cultural (...). Normalmente é chamada de cultura na
moderna antropologia e nas ciências sociais. (...) A cultura inclui os
artefatos, bens, procedimentos técnicos, idéias, hábitos e valores
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herdados. Não se pode compreender verdadeiramente a organização
social senão como uma parte da cultura”.
Perceba como, na visão desse autor, a cultura é a TOTALIDADE do que um
grupo social produz, ou seja, idéias, hábitos, valores e bens entre outras coisas. Para ele, a
organização de uma sociedade (instituições, economia, religião) são uma parte da cultura.
Portanto a política, as leis, enfim, o conjunto das obras humanas são todos elementos
constituintes de uma cultura.
W.H. Goodenough (1957) - “A cultura de uma sociedade consiste
em tudo aquilo que se conhece ou acredita para influenciar de uma
maneira aceitável os seus membros. A cultura não é um fenômeno
material: não consiste em coisas, pessoas, condutas ou emoções. É
melhor, uma organização de tudo isso. É a forma das coisas que as
pessoas têm em sua mente, seus modelos de percebê-las, de
relacioná-las ou de interpretá-las.”
Perceba como, na visão desse autor, a cultura não CONSISTE EM
COISAS (bens materiais), mas a cultura é um MODELO MENTAL, uma certa forma de
interpretar o mundo.
Clifford Geertz (1966) - “Se compreende melhor a cultura não
como complexos de esquemas concretos de conduta – costumes,
usos, tradições, conjuntos de hábitos – mas sim como planos,
receitas, fórmulas, regras, instruções (o que os engenheiros de
computação chamam de ‘programas’) e que governam a conduta”.
Desenvolvendo ainda mais a mesma idéia do autor acima (Goodenough),
Geertz indica que a cultura é um conjunto de planos e receitas que GOVERNAM A
NOSSA CONDUTA. Traduzindo, todas as nossas atitudes, sejam elas de ordem prática ou
de ordem afetiva seriam organizadas em nossa mente através da receita proporcionada pela
nossa cultura. Para ele, a cultura é como um código, um conjunto de símbolos, que para
conseguirmos interpretar precisamos ter o “segredo”, a “chave” para a interpretação. O
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mundo é um grande código, um conjunto de símbolos “embaralhados” e a nossa cultura
proporciona um entendimento desse mundo.
Clifford Geertz, (1973) - “Cultura é um sistema simbólico,
característica fundamental e comum da humanidade de atribuir, de
forma sistemática, racional e estruturada, significados e sentidos às
coisas do mundo”.
Mais uma frase do mesmo autor acima, Geertz, que nos chama atenção para o
fato que o pensamento simbólico é EXCLUSIVAMENTE HUMANO. A capacidade de
interpretar símbolos é a base de nosso pensamento. Associamos símbolos a coisas, e
organizamos o mundo em nossas mentes. Por exemplo, o animal “cão”. Para pensar no cão,
criamos um símbolo que é o som da palavra cão, e ao pensar através de palavras, estamos
pensando simbolicamente.
Para Geertz, não existe nada no mundo que o ser humano deixe de atribuir um
significado. Isso é o que explica a cultura humana.
M. Harris (1981) – “A cultura se refere a um corpo de tradições
sociais adquiridas que aparecem de forma rudimentar entre os
mamíferos,
especialmente
entre
os
primatas.
Quando
os
antropólogos falam de uma cultura humana normalmente se referem
ao estilo de vida total, socialmente adquirido, de um grupo de
pessoas, que inclui os modos pautados e recorrentes de pensar,
sentir e atuar”.
Veja como para esse autor, há a preocupação em ressaltar que a cultura existe
de FORMA RUDIMENTAR entre os mamíferos, mas apenas entre os humanos ela é
SOCIALMENTE ADQUIRIDA, não é herdada biologicamente.
Anthony Giddens (1989) - “Cultura se refere aos valores que
compartilham os membros de um grupo, às normas que estabelecem
e os bens materiais que produzem. Os valores são ideais abstratos,
enquanto que as normas são princípios definidos ou regras que as
pessoas devem cumprir”.
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Para Giddens, o conjunto de regras, valores e a produção de bens
materiais é o que define o que é cultura.
Em comum o que se pode perceber é a tentativa de abarcar todas as realizações
humanas, representadas em dois níveis complementares que são as realizações materiais e
as imateriais. Entre as materiais, podemos citar todo o universo de coisas fabricadas pelo
ser humano, de arados até ônibus espaciais. Entre as imateriais estão nossas crenças,
conhecimento, arte, idéias e todos os sentimentos.
Os autores que enfatizam os aspectos materiais argumentam que eles são
importantes uma vez que somos a única espécie a transformar a natureza de forma
sistemática, mesmo quando não há necessidades que afetem a sobrevivência. Outros
autores, entretanto, entendem que nossas maiores realizações estão contidas nos aspectos
imateriais, uma vez que somos a única espécie dotada da capacidade de abstração (pensar
em coisas que não estão presentes, criar, imaginar). Mas não usamos essas capacidades
realizadoras de qualquer forma, e sim de acordo com regras, normas e hábitos estabelecidos
coletivamente.
O ponto sobre o qual parece haver muita polêmica é a visão que cada autor tem
de ser humano. Aqueles que dão maior importância às nossas realizações materiais
procuram ressaltar a nossa capacidade adaptativa, mostrando a cultura como sendo uma
forma de solução da sobrevivência, onde grupo social, recursos e meio ambiente se
combinam para determinar os hábitos de um povo. Para eles, as técnicas desenvolvidas para
solucionar todos os tipos de empresa humana, que vão de uma simples pescaria às
necessidades comunicativas, passando por todo tipo de engenhos que nos cercam é que
definem propriamente a cultura. Aqui, podemos dizer que cultura equivale a soluções
práticas para a existência humana.
Outros autores entendem que a solução prática para a vida humana é uma
conseqüência de outras capacidades, que muito mais do que nos fazer capazes de fabricar
instrumentos, nos faz diferentes de todas as outras espécies existentes. São as capacidades
de criar, planejar, prever, avaliar, imaginar, atribuir significado e modificar a natureza não
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apenas por necessidade de sobrevivência, mas por necessidade de se sentir bem. Podemos
denominar isto de capacidade de simbolização.
Não construímos o mesmo tipo de prédio para servir a qualquer uso, para cada
fim encontramos uma arquitetura. Não é apenas pelos aspectos práticos que o fazemos, mas
porque cada espaço deve carregar significados que orientem os indivíduos e os faça
compreender como devem se comportar. Os templos são diferentes dos teatros, as casas
diferentes dos escritórios (ou pelo menos deveriam ser!). A funcionalidade de cada um
desses espaços é tão importante quanto o que nos faz sentir através de suas formas e cores.
As formas de nossa casa nos transmitem sensações de pensamentos diferentes de um
escritório ou de um templo, através dos símbolos que criamos para cada um deles. Para os
autores que defendem a preponderância desse aspecto, cultura equivale à nossa incansável
capacidade intelectiva de carregar o mundo de símbolos.
Resposta a necessidades práticas, ou respostas a necessidades intelectivas, a
cultura é uma forma de estarmos no mundo. Ela nos orienta em cada situação da vida
social, como um modelo que recebemos e sobre o qual passamos a vida operando pequenas
modificações.
Vamos ver mais adiante, que algumas regras presentes nas culturas podem ser
modificadas, suprimidas, desgastadas; enquanto outras são mais difíceis de negociar. “É
assim, e pronto”. Ou seja, há aspectos mais dinâmicos e outros mais permanentes em cada
cultura.
Concluindo essa discussão, entre todas as definições de cultura que foram
apresentadas, hoje em dia na Antropologia, o consenso gira em torno de nossa capacidade
de simbolização. Temos necessidades tão importantes quanto a sobrevivência orgânica e a
reprodução da espécie, que são necessidades psíquicas, intelectuais, espirituais, ou como
você prefira chamá-las. Não somos apenas um “animal fabril”, somos um “animal
simbólico”.
Agora vamos retomar a visão do senso comum a respeito de cultura. Lembra-se
que observamos que no uso cotidiano, cultura é um bem que pode ser adquirido, acumulado
e assim distinguir as pessoas umas das outras? Pois é, na ciência esse pensamento é
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considerado equivocado. Se cultura é algo que define nossa espécie, não existe ser humano
que tenha ou não cultura, como não existe ser humano que tenha mais cultura que os outros.
A cultura é algo que se realiza na vida social, que define a qualidade que essa convivência
vai adquirindo, em um processo que nunca pára. Portanto, não existe um povo que tenha
“mais cultura”, ou uma “cultura mais avançada”.
Para afirmar isso, teríamos que escolher entre todas as culturas humanas, uma
única que fosse tomada como medida e parâmetro para julgarmos todas as outras. E
cientificamente, isso não é possível. Afirmar que a cultura do povo norte-americano é a
melhor, por exemplo, significa colocar no centro a história um único povo, que todos os
outros deveriam seguir como modelo – em todos os seus aspectos descritos acima como
valores, idéias, soluções práticas e assim por diante.
Então, aqueles que mais se aproximam da cultura deles seriam “avançados”,
enquanto os que estivessem perdendo a corrida para se assemelhar seriam “atrasados”. Isso
é um pensamento equivocado, pois será que a cultura tomada em sua totalidade pode ser
julgada “boa” ou “avançada”? Você considera por exemplo, um “avanço” o fato dos
hábitos alimentares norte-americanos serem responsáveis por uma população com
problemas graves de obesidade e sobrepeso? Você considera ainda, um “avanço” a relação
que esses mesmos indivíduos estabeleceram com o código de leis, que os leva a moverem
processos uns contra os outros ao invés de tentar uma solução pelas vias normais do contato
social?
Quando uma única cultura passa a ser modelo e referência para o
comportamento de todas as outras, o que temos não é um consenso. É um problema. O fato
de que em cada lugar exista uma cultura diferente, não é algo que tenha que ser
solucionado, isso é próprio de nossa espécie. A cada experiência social deve corresponder
um conjunto de valores e práticas únicos. Nenhum povo pode repetir a história dos outros
como se fosse uma receita. O mundo do trabalho no Brasil é diferente do argentino, do
americano ou do europeu, e todos são diferentes entre si. O que promove essa diferença é a
cultura.
Vamos fazer uma metáfora usando a informática para auxiliar no
aprofundamento dessa questão. A mente humana corresponde a um “disco rígido”
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(hardware), que apesar de capaz de muitas tarefas, não consegue realizar nada sem um
programa (software). Esse programa é a cultura. Cada sociedade desenvolve um tipo
diferente de programa para disponibilizar aos seus indivíduos, que aprendem como operá-lo
através do processo que denominamos de SOCIALIZAÇÃO.
É por isso que em cada cultura os indivíduos reagem todos mais ou menos da
mesma forma em relação a uma situação. Faz parte da cultura brasileira torcer para os times
e a seleção de futebol. Já nos Estados Unidos, esse esporte não mobiliza o interesse da
população, que se interessa muito mais por um esporte quase ausente no Brasil que é o
beisebol. Interesse é uma das formas de expressão do que estamos chamando aqui de
VALORES. Cada cultura valoriza o interesse de seus indivíduos por certos tipos de
esportes, alimentos, vestimentas, crenças e assim por diante. Não é possível nos dedicarmos
a tudo ao mesmo tempo.
Cada povo uma cultura. Cada cultura um conjunto diferente de valores.
Isso é o que chamamos de DIVERSIDADE CULTURAL.
Em resumo, o conceito de cultura é utilizado em dois registros bem diferentes:
o do senso comum e o da ciência antropológica. No primeiro caso, podemos notar que
cultura é utilizada para distinguir numa sociedade aqueles que receberam uma educação
mais refinada, e, portanto podemos discriminar pessoas ao dizer que “não tem cultura”.
Para a antropologia, cultura é um conceito que define nossa imensa capacidade de criar
diferentes soluções para a vida humana.
Este é o campo de estudos da antropologia social.
LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA DESTE CONTEÚDO
ANTES DE INICIAR OS EXERCÍCIOS PROPOSTOS.
Tente pesquisar também sobre os temas abordados em artigos científicos disponíveis em
vários sítios da Internet.
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Questões aula 02
20) A espécie humana é dotada de um mesmo equipamento biológico. Para se manter vivo,
independente do sistema cultural ao qual pertença, ele tem que satisfazer um número determinado de
funções vitais, como a alimentação, o sono, a respiração, a atividade sexual, etc. Mas, embora estas
funções sejam comuns a toda a humanidade:
A) não podemos afirmar que o ser humano é o mesmo como espécie, pois de um meio ambiente para outro
temos variações genéticas.
B) a maneira de satisfazer a todas essas funções varia de uma cultura para outra, o que demonstra que a
cultura não faz parte de uma herança biológica.
C) o ser humano depende inteiramente das condições climáticas e do ecossistema para sobreviver.
D) independente do sistema cultural e das características do meio ambiente, a capacidade de adaptação é o
que determina a sobrevivência da nossa espécie.
E) cada sociedade evolui para um tipo diferente de característica humana.
21) Em 1871, TYLOR definiu cultura como sendo todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que
independe de uma transmissão genética.
Além dessa definição, encontramos em nosso dia-a-dia frases que definem cultura como: “fulano tem
muita cultura”.
Essas duas formas de definir cultura podem ser corretamente colocadas da seguinte maneira:
A) ambas são idênticas, pois afirmam que a diferença de comportamento entre cada indivíduo é resultado de
suas características inatas– que nascem com os indivíduos.
B) elas definem fenômenos diferentes. A primeira frase diz respeito à evolução biológica da humanidade,
enquanto a segunda fala da evolução cultural de uma pessoa.
C) ambas mencionam a importância dos processos de aprendizado, mas no caso de Tylor é um conceito
científico que pode ser aplicado universalmente, e no segundo caso, há uma tentativa de diferenciar as
pessoas, e é de uso do senso comum.
D) essas definições se preocupam em demonstrar a importância da transmissão de conhecimentos através do
perfil genético de um grupo social ou mesmo de um indivíduo.
E) essas frases definem fenômenos relacionados com a maior ou menor capacidade de transmitir e receber
conhecimentos, ou seja, explica como em algumas culturas existe mais educação e em outras menos.
22) Alfred KROEBER afirma que existe uma diferença muito grande entre a evolução biológica dos
animais e do ser humano. Para fundamentar sua idéia, ele cita o fato que os ursos polares
desenvolveram ao longo de muitas gerações grossas camadas de pelos para sobreviver ao clima de seu
meio ambiente, enquanto o ser humano ao invés de desenvolver pelos, utiliza roupas e cobertas. Ao
realizar essa comparação, o autor está:
A) demonstrando a importância da superioridade humana em relação aos outros animais, uma vez que nossa
espécie é capaz de se adaptar a qualquer meio ambiente.
B) demonstrando a inferioridade da espécie humana, que depende dos recursos extra-orgânicos (exteriores ao
corpo) para sobreviver, enquanto os outros animais são capazes de desenvolver características ideais de
adaptação.
C) ressaltando as diferenças entre animais e seres humanos, baseando-se em conceitos exclusivos da biologia;
essa ciência é a única a definir de forma coerente e correta essa diferença.
D) demonstrando que a evolução biológica do ser humano é diferente, pois nossa espécie não necessitou de
uma adaptação biológica aos diferentes meios. A cultura se mostrou como uma forma de adaptação ainda
melhor e superior, pois possibilita a adaptação a qualquer ambiente sem necessidade da lenta adaptação
genética.
E) afirmando que apenas com a cultura é possível uma espécie evoluir; como os animais não utilizam a
cultura, eles não evoluem.
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23) Leia esse trecho do livro CULTURA – um conceito antropológico (LARAIA, R. B, pgs. 33-34) e
responda de acordo com a alternativa correta:
“Uma série de estudiosos tentou analisar, sob esse prisma, o desenvolvimento das instituições sociais,
buscando no passado as explicações para os procedimentos sociais da atualidade. (...) por detrás de cada
um destes estudos predominava, então, a idéia de que a cultura desenvolve-se de maneira uniforme, de tal
forma que era de se esperar que cada sociedade percorresse as etapas que já tinham sido percorridas pelas
‘ sociedades mais avançadas’.”
Esse trecho descreve corretamente a seguinte teoria:
A) relativismo cultural.
B) progresso cultural.
C) socialização.
D) evolucionismo social.
E) desenvolvimento padrão.
24) Chamamos de DIVERSIDADE CULTURAL o processo descrito corretamente como se segue:
A) a cada sociedade humana corresponde um diferente padrão de comportamento, técnicas de sobrevivência e
trabalho, valores, tradições e hábitos.
B) uma mesma sociedade se transforma ao longo do tempo, de forma que cada geração tem uma experiência
diferente de vida.
C) o meio ambiente determina as características de uma cultura.
D) a herança genética determina as características de uma cultura.
E) todas as sociedades humanas podem ser consideradas e classificadas a partir de seu grau de evolução
material e tecnológica.
25) Entre as muitas teorias modernas sobre a cultura, o livro de LARAIA, “Cultura – um conceito
antropológico”, na pg. 62 destaca a de Clifford GEERTZ, através do trecho que se segue:
“Assim, para Geertz, todos os homens são geneticamente aptos para receber um programa [ um conjunto
de mecanismos de controle, planos, receitas, regras e instruções que governam nosso comportamento
concreto ], e este programa é o que chamamos de cultura.”
Com essa definição de Geertz, é correto afirmar:
A) a cultura é resultado de uma herança genética.
B) qualquer criança está apta a ser socializada em qualquer cultura existente.
C) os modelos culturais variam tanto que é impossível uma criança receber a cultura de outro lugar durante
sua vida.
D) os mecanismos de controle social nos tornam aptos a receber qualquer programa biológico.
E) não podemos determinar como cada indivíduo vai agir dentro de sua cultura, pois seu programa pode ser
diferente do que controla os outros.
26) De acordo com o pensamento predominante na Antropologia, a partir da obra de Alfred
KROEBER, é correto afirmar que para a espécie humana existem coisas como instinto materno,
instinto sexual, instinto filial, instinto de conservação?
A) Sim, pois qualquer espécie viva possui esses instintos e age orientado por eles, e isto não é diferente com a
nossa espécie.
B) Não, uma vez que o ser humano evolui, deixa de utilizar os instintos em seu comportamento cotidiano.
C) Sim, temos inúmeros exemplos capazes de demonstrar que o ser humano, em situações limite sempre vai
agir de acordo com seus instintos, esquecendo completamente as orientações de ordem técnica, moral, das
tradições, das crenças ou de qualquer tipo de ética e valores de sua própria cultura.
D) Não, pois em cada cultura a reação a situações pode variar imensamente, e as soluções culturais podem ser
mais importantes que as instintivas, como no caso dos filhos esquimós que levam seus velhos pais para as
planícies para que sejam devorados por ursos.
E) Não, pois os instintos interferem apenas no comportamento de indivíduos isolados, que não dependem de
um grupo social.
( Sugestão : leia o texto do autor LARAIA indicado na bibliografia deste conteúdo.)
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27) Muito antes do surgimento da Antropologia, havia um debate sobre os elementos que diferenciam o
comportamento humano dos demais animais. Jean Jacques Rousseau, em 1775, defende a seguinte
idéia:
A) que o ser humano se diferencia das demais espécies porque é superior biologicamente; possui inteligência,
capacidades de uso da razão, e também habilidades motoras para fabricar instrumentos.
B) a diferença, para Rousseau está baseada no fato do ser humano ter alma, pois é a única espécie capaz de
reconhecer a criação divina.
C) somos todos dependentes de um governo centralizado que mantenha o comportamento baseado em regras,
leis e normas; a moral é o que diferencia o ser humano das demais espécies.
D) o que nos faz diferentes é nossa racionalidade e a cultura letrada, erudita.
E) o papel central na transformação de nossa espécie de animais em seres humanos se deve à educação, sem a
qual não seríamos muito diferentes das demais espécies.
(Sugestão : Leia o capítulo “Antecedentes históricos do conceito de cultura” na obra de Roque de Barros
LARAIA, indicada na bibliografia.)
28) A palavra “cultura” foi utilizada ao longo da história com muitos significados que divergem
conforme o uso local. Dentre os vários exemplos que podem ser apontados, o que mais se aproxima da
idéia de um conjunto de costumes característicos de um povo e suas tradições, é o que se segue:
A) o uso francês da palavra cultura associado ao cultivo do conhecimento.
B) o uso original da palavra cultura associado à capacidade humana de aperfeiçoar as espécies.
C) o uso alemão da palavra cultura associado à nação como representante de um povo em especial.
D) o uso atual do senso-comum que associa cultura a educação refinada.
E) o uso científico da palavra cultura associado ao costume de cultivar espécies diferentes.
29) Sobre a frase de Franz Boas citada a seguir, responda o que se pede abaixo.
“A cultura inclui todas as manifestações dos hábitos sociais de uma comunidade, as reações do indivíduo
na medida em que são afetadas pelos costumes do grupo em que vive, e os produtos das atividades
humanas na medida em que são determinados por tais costumes”.
De acordo com o autor, os indivíduos se relacionam com a sociedade de acordo com a seguinte
característica:
A) As reações de cada um de nós é resultado das atividades humanas e dos produtos que cada uma é capaz de
realizar;
B) Cada cultura é afetada de forma diferente pelas atividades individuais; por isso não é possível reagir às
suas influências;
C) Ao reagir contra as influências dos costumes de seu grupo, o indivíduo pode deixar de ser determinado por
ele;
D) Os indivíduos reagem à sua cultura conforme são influenciados por ela;
E) A cultura pode ser afetada pelas reações dos indivíduos, mas estes também são afetados pelos costumes do
grupo.
30) A definição do conceito de cultura por Edward TYLOR é a que se segue: "um conjunto complexo
que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os costumes e todas as outras capacidades
e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade".
Nesse autor, o que está enfatizado sobre o conceito de cultura, é que:
A) a cultura é algo complexo que não pode ser explicado completamente;
B) que as crenças e o conhecimento de uma sociedade dependem das capacidades de cada um;
C) que a cultura é definida como resultado de uma aquisição, portanto, não é inata;
D) como membro de uma sociedade adquirimos outros hábitos e capacidades;
E) ao incluir os conhecimentos, a arte, as crenças e a moral podemos explicar nossas capacidades conforme o
conjunto da sociedade.
31) Para o senso comum, definir cultura está freqüentemente associada com o que segue:
A) os hábitos de um povo que podem influenciar o comportamento individual;
B) uma forma de diferenciar pessoas que receberam educação letrada das que não a receberam;
C) comparar hábitos de diferentes povos para poder compreender o ser humano;
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D) praticar sistematicamente o preconceito para evitar influências culturais alheias;
E) considerar como válido o senso científico que utiliza esse conceito.
32) A maior parte de nossa comunicação diária tem como finalidade narrar, descrever, lembrar,
conceituar, coisas que não estão presentes. Ao fazer isso, retiramos todas as coisas de seus contextos
originais, que não pode ser reproduzido em toda a sua riqueza e complexidade, e escolhemos alguns de
seus aspectos a serem ressaltados.
Assim é que nós SIMBOLIZAMOS as experiências vividas.
De acordo com a afirmação acima, assinale a frase que expressa a simbolização das experiências vividas
através da percepção sensível do mundo (= quando prestamos atenção ao mundo a partir de nossa
sensibilidade e não apenas com a capacidade racional):
A) É preciso relativizar as experiências da diversidade cultural para compreender a dinâmica do contato
étnico, por isso sempre que nos deparamos com o diferente procuramos uma atitude sem preconceito;
B) Para demarcar a passagem das estações do ano muitos povos mantêm festas tradicionais com espírito
comemorativo, principalmente relacionadas ao cultivo de alimentos – festa da primavera, festa do milho, festa
da uva, podem ser exemplos;
C) Há muitos séculos o ser humano tem se deparado com as questões sobre a essência do conhecimento;
D) Em todos os lugares onde um grupo humano fixa residência, há necessidade de gerar recursos de
sobrevivência utilizando o meio ambiente, por isso utilizamos apenas o necessário de forma sustentável e
planejada;
E) Quando se forma uma tempestade há possibilidade da ocorrência de raios e trovões.
33) Franz BOAS desenvolveu a teoria do PARTICULARISMO HISTÓRICO, chamada Escola
Cultural Americana. Entre seus pressupostos, é correto assinalar:
A) Sua teoria busca apoio nas ciências naturais para comprovar a origem biológica dos fenômenos culturais;
B) Cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que essa
sociedade enfrentou;
C) Devemos compreender a cultura como um fenômeno puramente intelectivo de base filosófica, assim
podemos explicar a importância dos símbolos para a Humanidade;
D) Cada hábito cultural deve estar relacionado com a necessidade de sobrevivência de um grupo; assim a
particularidade de cada cultura se dá em função da criação de tecnologias diferentes;
E) Não é possível compreender a diversidade cultural sem considerar a história universal humana que nos
coloca em diferentes graus de evolução.
34) A teoria de Alfred KROEBER acentua a importância de considerar a cultura como um aspecto
SUPERORGÂNICO na evolução do ser humano como espécie. Isso está corretamente relacionado com
a seguinte afirmação:
A) Existe diversidade cultural porque o aspecto orgânico do povo que compõe cada cultura é igualmente
diverso;
B) O prefixo super, relacionado ao orgânico procura enfatizar que o ser humano é uma espécie organicamente
superior às demais, por isso desenvolve cultura;
C) Procura ressaltar o fato que o ser humano desenvolve soluções de adaptação ao meio através de recursos
extra orgânicos, ou seja, a cultura, por isso se diferencia das demais espécies que dependem totalmente dos
mecanismos orgânicos necessários para a evolução;
D) Para ela a cultura depende da capacidade de cada povo desenvolver um superorganismo que o possibilite
se adaptar a qualquer meio ambiente;
E) Concorda com a tese do determinismo biológico que defende que o comportamento de um povo está
determinado por suas características orgânicas.
35) O uso cultural dos símbolos como forma de comunicação depende da rotinização dos significados
atribuídos a cada um deles (= tornar rotineiro). Essa afirmação está:
A) correta, pois apenas utilizamos símbolos em hábitos rotineiros como os rituais através dos quais
expressamos as nossas crenças;
B) errada, uma vez que os símbolos não dependem da rotinização, e sim das tradições de um povo;
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C) correta, pois os símbolos são uma construção cultural e não um conteúdo inato, por isso dependem do
aprendizado e do uso rotineiro para serem compreendidos;
D) dependendo do contexto a afirmação pode estar correta ou errada; está correta apenas quando nos
referimos aos símbolos como forma de comunicação e está errada quando nos referimos aos símbolos como
recurso para os indivíduos poderem se relacionar uns com os outros;
E) errada, os símbolos dependem apenas de sua coerência uns com os outros e seus significados são sempre
óbvios, evidentes.
36) Assinale a frase abaixo que corresponde corretamente à teoria da cultura como sistema adaptativo:
A) A tecnologia, a economia de subsistência e os elementos da organização social diretamente ligada à
produção constituem-se em respostas culturais possíveis de uma comunidade ao meio ambiente;
B) A cultura é um sistema simbólico resultante da criação acumulativa da mente humana, sendo exemplos dos
domínios culturais o mito, a arte, o parentesco e a linguagem;
C) O pensamento humano está submetido a regras inconscientes, que são um conjunto de princípios que
controlam as manifestações empíricas de um dado grupo;
D) A cultura é um conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras e instruções que governam o
comportamento;
E) A cultura é um sistema de símbolos e significados, compreendendo categorias ou unidades e regras sobre
relações e modos de comportamento.
37) Sobre a definição moderna do conceito de cultura, assinale a alternativa correta:
A) existe um consenso na Antropologia que define cultura como sendo apenas um sistema adaptativo do
Homem ao meio;
B) existe um consenso na Antropologia que define cultura como sendo apenas um sistema simbólico
relacionado à capacidade intelectiva humana, para a qual as soluções adaptativas são resultado e não origem
de nossas criações;
C) não existe consenso na Antropologia para a definição de cultura, pois ainda não há pesquisas suficientes
para embasar qualquer afirmação, e podemos considerar inclusive a validade das teses do determinismo
biológico ou do determinismo geográfico;
D) as teoria modernas para o conceito de cultura, consideram que nossa espécie age de acordo com um padrão
cultural universal e inato;
E) os antropólogos definem a cultura de muitas formas, divergindo na ênfase a cada elemento do
comportamento humano - adaptativo ou simbólico, mas isso não significa que não sabem exatamente o que é
esse conceito.
38) “A cada sociedade humana corresponde um diferente padrão de comportamento, técnicas de
sobrevivência e trabalho, valores, tradições e hábitos.”
A frase acima define o conceito de :
A) Evolucionismo social.
B) Diversidade cultural.
C) Seleção natural.
D) Cultura tradicional.
E) Etnocentrismo.
39) Simbolizar é uma característica humana que possibilita o comportamento cultural de nossa espécie.
A capacidade de simbolização pode ser associada na evolução de nossa espécie e em qualquer contexto
cultural a:
A) Capacidade de atribuir significado ao mundo; pensar no que não está presente e conseguir comunicar aos
outros nossa experiência.
B) Acreditar apenas em coisas divinas ou sobrenaturais, criando crenças que devem estar baseadas em
símbolos reais e verdadeiros.
C) Criar um alfabeto e métodos de escrita e leitura para índios e sociedades que ainda não desenvolveram essa
habilidade.
D) Utilização da cultura material como forma de expressão imaterial ou biológica.
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E) Algumas teorias, como a do Ponto Crítico, que afirma que começamos a simbolizar quando nossa evolução
foi concluída.
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Conteúdo do 1º bimestre – PROVA B-1
2. A CULTURA
2.2 - As principais características da cultura como visão de mundo: herança cultural e
formas de compreender o mundo, a participação dos indivíduos na cultura.
Textos básicos:
LARAIA, Roque de B. – “A cultura condiciona a visão de mundo do homem”; “A cultura
interfere no plano biológico”; “Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura”, in
CULTURA – um conceito antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 21ª Ed, 2007.
Pp. 67 – 86.
Textos complementares sugeridos:
RIBAS, João C. “O olhar”, in GUERRIERO, Silas (org). ANTROPOS E PSIQUE – o outro
e sua subjetividade. SP: Olho d´Água, 2003. Pp 87-96.
O tema da segunda parte do livro de LARAIA, aborda exemplos de como a
cultura afeta nossas vidas em sentidos muito mais profundos do que imaginamos.
Muitas vezes julgamos nossas atitudes, preferências e reações como se fossem
“naturais”, como se assim tivéssemos nascido.
Entretanto, os estudos antropológicos elucidaram ao longo de todo o séc. XX o
quanto somos também moldados pelo meio social que nos circunda desde o nascimento.
Esses estudos ampliaram a nossa compreensão sobre diversidade cultural sim, mas muito
além disso, trouxeram uma nova visão sobre o ser humano.
Sem dúvidas a nossa “natureza” (diga-se herança genética), pode ser
imensamente responsável por muitos atributos individuais, mas sem a ação da cultura, não
teríamos a complexidade da humanidade. A natureza sozinha não constrói um ser humano
como o conhecemos.
COMO OPERA A CULTURA
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baseado no livro “Cultura - Um Conceito Antropológico”, de Roque LARAIA
1) A CULTURA CONDICIONA A VISÃO DE MUNDO DO HOMEM
Homens de culturas diferentes enxergam o mundo de forma diferente.
Mas, a realidade não é apenas UMA?
** Não! O Homem é condicionado pela sua cultura, a ver o mundo.
Em cada cultura VARIA IMENSAMENTE o que somos capazes de perceber à
nossa volta, e como explicamos o que nos cerca e o que sentimos.
Ruth BENEDICT escreveu:
“A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de
culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas.”
Para uma pessoa da cidade, a floresta é um conjunto desordenado de árvores, ao
passo que para os índios que nela vivem, p.ex., ela tem um SIGNIFICADO
QUALITATIVO e uma REFERÊNCIA ESPACIAL.
O oposto também é verdadeiro, ou seja, uma pessoa do campo vê na cidade
uma coleção confusa de ruas e edifícios, além de um movimento desordenado de pessoas e
automóveis. Ao passo que para os que nela vivem, a cidade possui uma ORDEM física e
espacial, e o movimento possui um sentido lógico.
O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os
diferentes comportamentos sociais e mesmo as POSTURAS CORPORAIS são assim
produtos de uma HERANÇA CULTURAL.
Da mesma forma como cada família pode deixar aos seus descendentes uma
herança material (patrimônio familiar), a nossa sociedade nos deixa uma HERANÇA de
valores, modos de agir e pensar, conhecimentos, e assim por diante. É parte da nosso
PATRIMÔNIO CULTURAL, seja material ou imaterial.
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41
Então, temos que a CULTURA influencia nossas vidas em diversos níveis:
o a moral;
o as noções de higiene pessoal;
o os sentimentos;
o nossa alimentação;
o os critérios de beleza;
o as necessidades e o uso da tecnologia;
o o que entendemos como SAÚDE e também a DOENÇA;
o nosso gestual e a forma como utilizamos o corpo, entre tantos outros.
Assim, podemos identificar facilmente indivíduos de diferentes culturas por
características como:
o Modo de agir, de vestir, de caminhar, de comer, ou mesmo pela mais
simples delas - a língua que cada um deles fala.
o Desde que fase de nossas vidas essa influência acontece?
o Desde o parto, somos condicionados pela nossa cultura.
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Da esquerda para a direita:
África, Índia, Inglaterra, Nova Zelândia, Brasil.
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2) A CULTURA INTERFERE NO PLANO BIOLÓGICO
Ao longo de nossas vidas o nosso corpo físico é intensamente afetado pelas
nossas experiências culturais.
Para manter tradições, obedecer a regras e principalmente, para nos sentirmos
INCLUÍDOS (o que dá aquela sensação de confiança e autoestima, quando nos sentimos
parte de um todo, quando “pertencemos” a um lugar social), nosso corpo físico é submetido
frequentemente a exigências.
Portanto, o que o autor chama de “PLANO BIOLÓGICO” é exatamente nossa
forma física, saúde e aparência corporal.
Pense em quantas situações ao longo de nossas vidas nosso corpo é atingido em
função de experiências culturais. Para lembrar alguns exemplos:
- o tipo de parto que cada cultura oferece e considera melhor;
- perfuração ou alargamento de lóbulos, lábios, pálpebras;
- técnicas de desenhos ou formação de saliências na pele como tatuagens,
escarificações e implantes subdermais;
- a dieta cotidiana que pode incluir desde insetos; carnes dos mais variados
tipos e partes de animais (cruas ou cozidas); ingestão de bebidas alcoólicas ou qualquer
outra que altere igualmente a percepção e reações; alimentos processados industrialmente;
vegetais, raízes, sementes, folhas, frutas e flores; grãos e castanhas. Neste item você pode
ter considerado algumas coisas muito normais e outras repugnantes. Pense que se você
tivesse sido socializado em outra cultura, suas escolhas poderiam ter sido completamente
invertidas.
- formas de tratamento de doenças que pode incluir uma imensa lista como a
ingestão de fitoterápicos, preparados químicos conhecidos como remédios; rituais que
envolvem ou não a participação e presença física do doente que pode ser submetido a todo
tipo de intervenção passiva ou ativa – as vezes o doente precisa ingerir, inalar, sugar outras
vezes ele é sugado; cortes, incisões, perfurações, com ou sem anestesias, e muitos outros
tipos.
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- modelagem do corpo com muitas técnicas diferentes como dietas, cirurgias e
implantes, fisiculturismo ou treinos especiais (militares, esportivos, rituais ou de
espetáculos);
- uso de vestuário e adornos corporais. Neste item você pode se perguntar como
nossa indumentária pode interferir no plano biológico, mas é possível sim. As famosas
“mulheres girafas” da Tailândia (Ásia), que desde os cinco anos começam a utilizar argolas
no pescoço com o objetivo de esticá-los;as mulheres chinesas que durante séculos
enfaixavam os pés para evitar seu livre crescimento; o processo de treinamento das
modelos ocidentais que para serem vistas com roupas e acessórios à venda pela indústria da
moda se submetem a dietas incriveis de emagrecimento e treino para o controle do corpo,
movimento e expressões faciais na passarela.
- a participação em festas e ocasiões especiais, que além de exigir o controle da
postura e gestual em função da utilização de vestimentas especiais, exigem também a
submissão (em alguns casos) de horas em jejum e em seguida horas de ingestão de uma
quantidade incrível de alimentos e bebidas;
- a submissão a rotinas que podem gerar lesões físicas e/ou desconfortos
psicológicos dos mais variados graus;
- o desenvolvimento de doenças psicossomáticas; a reação do organismo na
forma de doença a experiências negativas;
Você pode fazer o exercício de encontrar outros e tantos inúmeros exemplos.
Não resta dúvidas do quanto submetemos nossos corpos em função das experiências
culturais.
Interpretamos isso como algo “natural”. Entretanto é muito comum a reação de
espanto, indignação ou repúdio ao que os “outros” fazem com seus corpos. Ter a vida de
uma modelo da moda pode parecer normal entre nós, mas pode ser considerado
incompreensível aos outros, tanto quanto perfurar lábios para o uso de botoques nos parece.
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Da esquerda para a direita:
Kayapó (Xingú, Brasil) foto de Jean P. DUTILEUX
Foto em revista de forma física e saúde
Sumotori
Tailandesa
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3) OS INDIVÍDUOS PARTICIPAM DIFERENTEMENTE DE SUA CULTURA
É impossível todos os indivíduos de um grupo terem exatamente o mesmo
comportamento, apesar de compartilharem a mesma “visão mundo”.
A individualidade está garantida em primeiro lugar pelo fato de que nem uma
pessoa pode sozinha conhecer e dominar todos os conhecimentos, a história e o conjunto de
valores de seu próprio povo.
Somos socializados e aprendemos ao longo da vida aquilo que é mais
importante para sermos aceitos e participarmos de uma cultura. Mas nossa participação é
sempre diferente de um indivíduo para o outro.
Em que critérios se baseiam essas diferenças individuais?
as diferenciações baseadas no sexo dos indivíduos:
Com exceção de algumas sociedades africanas - nas quais as mulheres
desempenham papéis importantes na vida ritual e econômica -, a maior parte das sociedades
humanas permite uma mais ampla participação na vida cultural aos elementos do sexo
masculino.
as diferenciações baseadas na idade dos indivíduos:
Uma criança não está apta a exercer as funções dos adultos, portanto os motivos
biológicos ficam explícitos nesses casos.
Porém, há impedimentos etários totalmente arbitrários e criados pela nossa
cultura: p.ex., por que podemos ter licença para dirigir e votar aos 18 anos, e não aos 16, ou
20?
as diferenciações baseadas na impossibilidade de TODOS os indivíduos serem socializados
da MESMA forma:
Alguns aspectos se sobrepõem a outros, alguns traços são reforçados e outros
não: Einstein era um gênio na física, mas provavelmente um desastre ao piano, e incapaz de
pintar um quadro.
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É impossível que todos nós recebamos as MESMAS informações durante nosso
crescimento, portanto existe um espaço na cultura, onde o grupo não determina totalmente
sua vida.
as diferenciações baseadas nas diferenciações de classe social:
Nas sociedades que diferenciam os indivíduos de acordo com o pertencimento a
determinadas classes sociais, existem tendências e limites para a socialização, que impedem
que aqueles que estão mais abaixo na pirâmide social, tenham acesso a grande parte da
cultura produzida pelo seu grupo.
4) A CULTURA TEM UMA LÓGICA PRÓPRIA
Neste capítulo o autor trabalha com a seguinte idéia: temos explicações para o
mundo, que são resultantes da cultura na qual somos socializados. Assim, as “nossas
explicações” sempre nos parecem mais lógicas, mais corretas, mais apropriadas, que as
explicações dos “outros”.
Entretanto, temos que considerar que muitas vezes não é apenas por “falta de
conhecimento”, ou por “ignorância” que um grupo social pode parecer “SEM RAZÃO”.
Vamos a alguns exemplos do livro.
Laraia cita o exemplo (pg. 88) de uma conhecida sua que perguntou a um
caipira paulista “como é que o sol morre todos os dias no Oeste e nasce no Leste”. E a
resposta
obtida
foi:
“Ele
volta
apagado
durante
a
noite”.
Muitos podem concluir que ele não sabia explicar, e “inventou” uma resposta tão simples
quanto seu nível de informação sobre o sistema solar. De fato, ele não domina a explicação
científica, mas sua “invenção” teve que necessariamente utilizar A LÓGICA DA
CULTURA CAIPIRA.
Fosse ele um gaúcho, muito provavelmente sua “explicação” fosse outra.
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Mesmo ao “inventar” explicações, nosso esforço intelectual de obter resposta
sempre será coerente com o sistema cultural no qual estamos inseridos, pelo qual somos
profundamente influenciados.
Mediante situações que exigem uma lógica, ela sempre será a “nossa lógica” e
não a lógica alheia.
A lógica de uma cultura muitas vezes forma o que os antropólogos denominam
“sistema de classificação” ou ainda “sistema de categorias”. São conceitos que, a princípio
parecem simples, mas que servem para explicar toda uma infinidade de eventos, sejam
sociais ou naturais.
Para dar um bom exemplo baseado na cultura brasileira, podemos tomar o
conceito de “inveja”, ou “olho gordo”. Esse conceito forma todo um sistema de
classificação e ordenação de mundo para muitos brasileiros. Quando um acontecimento
pessoal ou alheio parece “sem explicação”, a categoria do “olho gordo” entra em ação.
Desemprego, doença, perda de patrimônio, casamentos desfeitos, muito eventos com
impacto negativo na vida das pessoas são explicadas através da “inveja”. Dificilmente as
pessoas se contentam com explicações racionais que tornam a “vítima” única e
completamente responsável pelo que lhe aconteceu; a categoria da “inveja”, entretanto,
deixa todos satisfeitos com a explicação. Isto é um conceito que forma um sistema de
ordenação de mundo.
5) A CULTURA É DINÂMICA
Todo ser humano tem capacidade de questionar seus próprios hábitos e mudálos. Toda cultura muda com o tempo.
Mas, por que a impressão que algumas culturas mudam mais do que outras, que
parecem “congelar” no tempo?
O ritmo de mudanças de uma cultura obedece à lógica da satisfação de seus
indivíduos com relação às suas soluções, de ordem prática ou simbólica. Quando as
soluções deixam de ser suficientes, ocorrem as mudanças.
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Essas podem ter duas fontes:
a) Interna, quando se trata da dinâmica do próprio sistema cultural;
b) Externa, quando as mudanças ocorrem em função do contato com outro
sistema cultural.
Essas fontes podem determinar o ritmo mais lento ou rápido das mudanças.
Segundo LARAIA (pg. 96), as mudanças decorrentes da dinâmica interna podem ser quase
imperceptíveis a um observador externo. A menos que tenham sido decorrentes de
invenções tecnológicas exemplares ou de eventos históricos de grande impacto como
revoluções e guerras internas.
Já a mudança decorrente dos contatos entre muitas culturas determina um ritmo
mais rápido ao longo de um pequeno espaço de tempo.
Atualmente é quase inexistente alguma cultura que não tenha contato com
outras, sendo o fenômeno de dinâmica cultural mais estudado.
Ainda existem alguns poucos grupos isolados no mundo, em especial na
Amazônia brasileira, de onde eventualmente temos notícias desse tipo de fenômeno,
chamado de “etnias isoladas”.
No mês de maio de 2008, o mundo se surpreendeu com fotos que estão
disponíveis no jornal eletrônico “Terra Magazine”, e que traz na abertura da matéria
assinada por Altino Machado, de Rio Branco (Acre):
“Após quase 20 horas num avião monomotor, o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles
Júnior, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, comandou um sobrevôo
que resultou nas primeiras fotografias dos índios de uma das quatro etnias isoladas que vivem
na fronteira do Acre com o Peru. As mulheres e suas crianças fugiram para a floresta em busca
de proteção, enquanto os guerreiros da tribo se posicionaram e reagiram atirando flechas no
avião.”
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2903379-EI6581,00.html
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FOTO DE GLEISON MIRANDA, publicada no mesmo endereço eletrônico disponível acima.
ALGUMAS IMPORTANTES CARACTERÍSTICAS DAS CULTURAS!
CADA CULTURA (seu povo) ESCOLHE DENTRE OS ELEMENTOS DE
UM OUTRO GRUPO, AQUELES QUE ACHA POSITIVO ADOTAR OU NÃO.
Isso significa que para a Antropologia pode ser questionável afirmar por
exemplo que os índios (ou os brasileiros, ou qualquer grupo cultural) não têm nenhuma
escolha quando são influenciados por outras culturas.
APENAS EM CASOS DE DOMÍNIO ECONÔMICO E/OU POLÍTICO É
QUE UM GRUPO SE VÊ OBRIGADO A ABRIR MÃO DE SEUS PRÓPRIOS
COSTUMES E ADOTAR OS DOS DOMINANTES.
Adotar comportamentos típicos de outras culturas pode ser resultado de
imposições pela violência, pela conquista ou pela exposição excessiva (podemos pensar na
mídia).
* Lembre-se de consultar a bibliografia indicada antes de realizar os exercícios!
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Questões tópico 2 – a cultura
40) Ao afirmar que a cultura interfere na lógica de mundo com a qual uma sociedade vê o mundo,
estamos afirmando que:
A) cada sociedade herda uma lógica de mundo independente da cultura herdada; por isso a cultura se
transforma ao longo do tempo.
B) Ao interpretar a realidade vivida e os próprios sentimentos humanos, os valores e símbolos de nossa
cultura são referenciais fundamentais.
C) A lógica de mundo determina como uma cultura pode se organizar, assim o ser humano não tem escolha
no que se refere à sua herança cultural.
D) A lógica cultural é independente da vontade coletiva e da experiência da sociedade.
E) A forma como vemos a realidade não tem qualquer relação com a lógica cultural que herdamos, e sim com
a interferência do meio.
41) Sabemos que a cultura interfere no plano biológico dos indivíduos. A esse respeito é correto afirmar
que:
A) Ao evoluir culturalmente uma cultura proporciona a evolução biológica aos indivíduos, pois ambas não
podem ser separadas.
B) Não é possível observarmos claramente essa interferência, uma vez que é uma teoria antropológica e não
da biologia.
C) Em cada cultura o ser humano dispõe de um plano biológico distinto, assim não podemos comparar o
organismo de alguém da cultura árabe com outros da cultura ocidental, por exemplo.
D) A cultura possibilita conhecermos melhor nosso plano biológico, através da evolução de conhecimentos
que desvendam seu funcionamento.
E) As doenças psicossomáticas são exemplos visíveis da forma como os hábitos de uma cultura afetam nossa
saúde.
42) Partindo do princípio de que a cultura é uma lente através da qual o homem vê o mundo, pessoas
de culturas diferentes usam lentes diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas. Escolha a
alternativa correta:
A) A visão de mundo determina as respostas e o comportamento humano a partir da sociedade em que está
inserido.
B) O processo de alimentar-se é característica de todo ser vivo, portanto, o homem se alimenta de uma mesma
maneira em qualquer que seja a cultura de que faça parte.
C) Não há diferenças entre as visões de mundo, a cultura sempre se apresenta de uma mesma forma seja qual
for a sociedade.
D) Um índio amazonense concebe o mundo e a sua forma de vida da mesma maneira de um paulistano que
sempre viveu na cidade de São Paulo.
E) Na concepção de mundo, todo ser humano deve se submeter aos seus instintos e desprezar a cultura em
que vive.
43) Alguns africanos que foram transportados violentamente como escravos para um continente
desconhecidos passaram a apresentar uma apatia profunda, que podia provocar a morte. Denominouse a essa doença o nome de “banzo”. Esse é um dos fatos que prova que:
A) os africanos não tinham tanta capacidade de se adaptar ao novo continente e condições de vida diferentes
da anterior.
B) a cultura africana não facilitava a motivação para uma nova situação.
C) a cultura interfere no funcionamento biológico de seus indivíduos.
D) o novo continente não facilitou a adaptação dos africanos, que sofreram a seleção natural.
E) deveriam ter sido escravizados no próprio continente africano para evitar essas mortes.
44) Leia o texto abaixo e responda o que se pede:
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“Anorexia Nervosa é um transtorno do comportamento alimentar que se desenvolve
principalmente em meninas adolescentes e caracteriza-se por uma grave restrição da ingestão
alimentar, busca pela magreza, distorção da imagem corporal e amenorréia (suspensão da
menstruação).
(...)Acrescentando a todas estas dificuldades* o apelo da moda e o culto à magreza, dá para
entender que ser mulher e adolescente, no mundo de hoje, é um duplo fator de risco para o
desencadeamento de um transtorno alimentar.” Cybelle Weinberg, publicado pelo “Portal Psi”,
no endereço eletrônico: http://www.redepsi.com.br
[*] no texto original a autora descreve o quadro psico-social de transformações muito
observadas na puberdade.
É possível perceber através da descrição feita pela autora que:
A) em nossa cultura, todos os adolescentes têm sua forma física e saúde afetados pelos apelos da moda e o
culto à magreza.
B) não há como evitar o desencadeamento da anorexia nervosa, pois faz parte da visão de mundo dos
adolescentes.
C) ser mulher e adolescente no mundo de hoje é um fator de risco para a saúde.
D) os apelos da cultura da moda e do culto à magreza são fatores de risco para o desencadeamento de um
transtorno alimentar.
E) o transtorno alimentar entre as adolescentes é comum apenas quando elas fazem parte do mundo da moda,
onde o apelo à magreza se transformou em culto.
45) Leia a seguinte afirmação:
“Mesmo em um país de maioria católica, encontramos crenças e práticas de muitas outras religiões.”
Essa afirmativa está corretamente associada ao que segue:
A) uma vez que os indivíduos participam diferentemente de sua cultura, é possível que muitos deles sejam
estimulados a participar de religiões diversas.
B) todas as culturas devem estimular a diversidade religiosa uma vez que a visão de mundo impede a
existência de uma única crença.
C) a presença de muitas religiões tem relação com o etnocentrismo que caracteriza as culturas mais antigas.
D) as lentes através das quais enxergamos o mundo se tornam mais precisas quanto mais religiões uma cultura
tiver.
E) a presença de muitas religiões é um sinal de que uma cultura não possui visão de mundo.
46) Leia a seguir a parábola de Roger Keesing:
“Uma jovem da Bulgária ofereceu um jantar para os estudantes americanos, colegas de seu
marido, e entre eles foi convidado um jovem asiático. Após os convidados terem terminado os seus
pratos, a anfitriã perguntou quem gostaria de repetir, pois uma anfitriã búlgara que deixasse os
seus convidados se retirarem famintos estaria desgraçada. O estudante asiático aceitou um
segundo prato, e um terceiro – enquanto a anfitriã ansiosamente preparava mais comida na
cozinha. Finalmente, no meio de seu quarto prato o estudante caiu ao solo, convencido de que
agiu melhor do que insultar a anfitrião pela recusa da comida que lhe era oferecida, conforme o
costume de seu país”. (Apud LARAIA, Cultura – um conceito antropológico, 2005: 72)
O trecho acima descreve corretamente o seguinte:
A) que os envolvidos estão tentando impor seu ponto de vista como o mais correto a todos que estão
presentes.
B) que devemos deixar de lado nossas regras sempre que estamos perante o diferente.
C) que quando pessoas de culturas diferentes estão em contato, necessariamente elas seguem impulsos
instintivos, deixando sua cultura em segundo plano.
D) que os envolvidos estão praticando o relativismo cultural, por isso não conseguem chegar a um consenso
sobre a atitude correta a ser tomada na situação.
E) que a cultura condiciona a nossa visão de mundo, ficando claro nesse tipo de situação que cada um procura
agir de acordo com seus valores próprios, sem perceber os valores dos outros.
47) Leia o trecho a seguir:
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“(...) os índios Jê, do Brasil, correlacionam a relação sexual com a concepção, mas acreditam que
só uma cópula é insuficiente para formar um novo ser. É necessário que o homem e a mulher
tenham varias relações para que a criança seja totalmente formada e torne-se apta para o
nascimento. (...) E se ocorrer que a mulher tenha, em um dado período que antecede ao
nascimento, relações sexuais com outros homens, todos estes serão considerados pais da criança e
agirão socialmente como tal.” (LARAIA, R., 2005: 90)
O trecho acima corresponde corretamente do ponto de vista da Antropologia ao que segue:
A) os índios Jê precisam ser alertados que está comprovado cientificamente que uma única cópula é suficiente
para gerar um embrião que se desenvolverá normalmente, e também que a poligamia deve ser reprimida.
B) as crianças da tribo Jê crescem com problemas de comportamento quando a mãe tem relações sexuais com
outros homens além de seu marido, pois não conseguem entender corretamente quem é o pai.
C) nessa tribo, a lógica cultural forma um sistema de ordenação de mundo em que a gravidez, a reprodução
humana e a paternidade supõem um conjunto de atos por parte dos envolvidos que os tornam co-responsáveis
pela integridade do novo ser que é gerado.
D) sendo dinâmica, a cultura Jê integra em seu sistema cultural regras de comportamento sem lógica, pois
associa um evento de ordem natural que é a gravidez, a eventos de ordem moral, que é a poligamia.
E) na visão de mundo Jê, a mulher tem que se submeter a exigências imorais, como copular muitas vezes para
engravidar, além de arcar com as conseqüências de gerar um filho com muitos pais.
48) Toda cultura muda com o passar do tempo, pois uma das características dela é a DINÂMICA. As
mudanças em um grupo cultural podem acontecer em função das influências:
A) internas, que acontecem principalmente quando os indivíduos desse grupo percebem que precisam se
diferenciar das gerações anteriores, sobretudo pais e avós.
B) internas, que acontecem quando as soluções da herança cultural já não satisfazem os indivíduos ou quando
há uma grande descoberta; e externas, quando o contato com outros povos traz novas formas de
comportamento e soluções de mundo.
C) internas, que acontecem apenas quando o conhecimento acumulado é suficiente para uma revolução
tecnológica ou de comportamento; e externas, que acontecem quando uma guerra atinge a população
modificando assim seu comportamento.
D) externas, que podem acontecer tanto em função da inclusão de indivíduos de outro grupo cultural quanto
em função de eventos naturais como secas, inundações, terremotos e assim por diante.
E) modernas, pois toda sociedade tende a abandonar soluções muito tradicionais, uma vez que os indivíduos
preferem as “novidades”.
49) Leia o trecho abaixo:
“Antigamente os jovens entravam em conflito sobre valores sociais, políticos, econômicos,
religiosos, estéticos e comportamentais (brigavam pelo direito de usar os cabelos compridos e
vestir uma calça velha-azul-e-desbotada). (...) As crianças e os jovens do início do terceiro milênio
não vivem um sonho coletivo de mudança social. Seu sonho é meramente subjetivo, tribal e plural.
São mais propensos à discussão sobre assuntos menores do cotidiano como os games, amigos,
namoro, aparência, do que os ‘grandes temas’ da década de 1970. Os pais mais à esquerda já não
conseguem conversar com os filhos os assuntos que eles, na sua época, consideravam importantes.
Também, não conseguem fazê-los cumprir as pequenas coisas: regrar a hora de eles voltarem
para casa, o tempo de ficar nos games, ler os jornais e revistas.” (Raimundo DE LIMA, Revista
Espaço Acadêmico, nº 61, Junho 2006, disponível no endereço eletrônico http://www.espacoacademico.com.br/061/61lima.htm)
Esse texto está corretamente associado com a seguinte afirmação
A) a cultura tem uma lógica própria, assim quando uma geração é pressionada procura novas soluções mesmo
que desagradem os mais velhos.
B) a cultura é dinâmica, e as mudanças as vezes podem colocar em conflito interesses e valores das gerações
mais velhas com as novas.
C) a visão de mundo dos mais velhos está incorreta, e os jovens devem buscar novas formas de
comportamento mesmo que a sociedade esteja em conflito com essa atitude.
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D) a lógica de mundo da nova geração está incorreta e os mais velhos deveriam orientar melhor seus próprios
filhos para garantir um comportamento mais adequado.
E) a cultura é dinâmica, e esse conflito de gerações vai necessariamente levar a novas mudanças que acabem
com qualquer comportamento indesejado.
50) Um bombeiro pode ser excelente no exercício de sua profissão, mas pode falhar quando colocado
em uma situação que exige apenas foco de atenção baseada no raciocínio intelectual durante muitas
horas. A explicação da Antropologia para este fato é:
A) a cultura é dinâmica, por isso não podemos exigir que um indivíduo treinado para uma função tenha
sucesso em qualquer outra.
B) a cultura tem uma lógica própria, por isso respeita as habilidades naturais de cada indivíduo.
C) a cultura interfere no plano biológico dos indivíduos, por isso alguém que foi socializado em uma
profissão não consegue mais desenvolver habilidades para as outras.
D) os indivíduos participam diferentemente de sua cultura, assim cada um recebe muitas informações e
treinamento para algumas funções, mas não para todas.
E) a cultura condiciona a visão de mundo do homem, por isso o bombeiro não consegue desenvolver
habilidades intelectuais.
51) É muito comum ouvirmos a narrativa de pessoas que se mudam de região ou de país e que não
conseguem se adaptar aos hábitos locais ou ao novo convívio social. A explicação da Antropologia para
este fato é:
A) a cultura interfere no plano biológico, por isso os indivíduos não aceitam hábitos diferentes daqueles que
já adquiriram.
B) a cultura é dinâmica, e os costumes mudam tanto de uma região e de um país para outro que os indivíduos
não conseguem ter tempo para se adaptar.
C) a cultura condiciona a visão de mundo do homem, por isso muitos indivíduos enfrentam dificuldades de
adaptação a uma nova forma de relação com o mundo.
D) os indivíduos participam diferentemente de sua cultura, por isso de uma região para outra os hábitos
podem ser muito diferentes e provocar essa dificuldade.
E) a cultura tem uma lógica própria, o que gera indivíduos incapazes de se adaptar a uma nova lógica.
52) Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura, e essa diferenciação pode ser baseada no
sexo biológico dos indivíduos. Assim, mulheres e homens possuem diferentes oportunidades. Essa
constatação pode ser associada ao que segue:
A) a cultura interfere no plano biológico, por isso os homens são mais aptos a ocupar mais espaços e maior
importância na sociedade.
B) existem exceções de sociedades onde a mulher ocupa um amplo espaço, mas na maioria dos exemplos que
dispomos historicamente, é o homem que o faz.
C) as mulheres precisam compreender que só depende delas mudar a realidade do privilégio dado aos
homens.
D) a lógica de nossa cultura não pode contrariar os valores predominantemente masculinos que estruturam
nossa visão de mundo.
E) não existe desigualdade entre as oportunidades e o espaço social ocupado por homens e mulheres em nossa
cultura.
53) Conforme Laraia, “a cultura interfere no plano biológico”, sobretudo quando:
A) Se faz necessária uma seleção das crianças, nos grupos indígenas, de modo a manter as melhores
características das tribos, condição indispensável à sua conservação.
B) A sociedade submete os jovens a rituais de iniciação, a exemplo do ritual da “tucandeira”.
C) Ocorre a cura de doenças em função da fé do doente na eficácia do remédio e também no poder dos
agentes culturais.
D) Ocorre a cura de doenças numa dada sociedade em função do conhecimento atingido.
E) A família introduz suas crenças particulares na educação dos filhos.
54) O conceito de “visão de mundo” está corretamente associado a:
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A) a perspectiva a partir da qual os indivíduos e seu grupo social enxergam o mundo, reunindo valores e
conhecimentos.
B) as lentes através das quais uma cultura alheia impõe uma forma de pensar e agir.
C) uma lógica que é imposta aos indivíduos através da influência interna e externa de um grupo social.
D) Quando o mundo passa a ter alguma lógica e os indivíduos conseguem transformar a natureza para
sobreviver.
E) quando os indivíduos conseguem ver todas as características de sua cultura e como ela opera.
55) A cultura de um grupo social é uma matriz de referência de comportamento a todos os indivíduos.
É possível observarmos certo padrão de valores e hábitos que caracteriza cada grupo humano.
Entretanto, a Antropologia afirma que os indivíduos participam de forma diferenciada de sua cultura.
Aponte a alternativa com exemplos corretos que confirmem as frases acima.
A) Os indivíduos têm formas diferentes de participar de sua cultura em consequência de sua herança genética
que pode favorecer certos tipos de comportamento ou mesmo dificultá-los.
B) Essa diferenciação ocorre pois cada grupo cria mecanismos de diferenciação que podem se basear na
classe social, na idade, no sexo e pela impossibilidade de todos receberem a totalidade das informações do
conjunto de sua cultura.
C) Nem sempre essa diferenciação se baseia nos mesmos elementos; cada cultura distingue seus indivíduos a
partir de traços que são determinados através do meio ambiente ou mesmo a partir da biologia.
D) Os indivíduos se diferenciam dentro de uma cultura sempre que a visão de mundo interfere no plano
biológico; isso ocorre porque a cultura é dinâmica.
E) Apesar de afirmar que os indivíduos se diferenciam dentro de uma cultura, a Antropologia ainda não pode
afirmar porque isso ocorre; existem duas teorias que defendem idéias diferentes - a do Ponto Crítico e a teoria
adaptativa.
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2.3 - A diversidade cultural: etnocentrismo e relativismo cultural; relações étnico-raciais.
Bibliografia básica:
“Pensando em partir”, “Primeiros movimentos”, in ROCHA, E. O QUE É
ETNOCENTRISMO, SP: Brasiliense, 12ª ed., 1996.
Relações étnico-culturais. “Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações
étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana.” Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. MEC, Brasília: 2004. Texto
disponível
eletronicamente
no
endereço,
http://www.espacoacademico.com.br/040/40pc_diretriz.htm
Textos complementares:
BOAS, Franz. “Raça e Progresso”, in CASTRO, C. (org.) FRANZ BOAS – Antropologia
Cultural, Jorge Zahar, 2004, PP. 67-86.
MINER,
Horace.
Ritos
Corporais
entre
os
Nacirema,
disponível
na
Web,
http://www.aguaforte.com/antropologia/nacirema.htm
“Os métodos da etnologia”, in CASTRO, Celso (org.) Franz BOAS - ANTROPOLOGIA
CULTURAL, Jorge Zahar, 2004.
Objetivos: neste item o aluno deve ser capaz de considerar a identidade como
um processo de construção cultural e o contato com a diferença como características da
condição contemporânea. Refletir sobre o papel das tradições e das mudanças culturais em
diversas situações e contextos.
* Sugestão de endereços da Internet sobre os temas deste conteúdo:
- Para conhecer sobre a diversidade de etnias indígenas no Brasil: Instituto
Sócio Ambiental, http://www.socioambiental.org/, especialmente o link “Povos indígenas
do Brasil”.
- Comunidade virtual de Antropologia, especialmente o link para a Revista
“Sexta-Feira”, http://www.antropologia.com.br
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o
aluno no site da universidade.
57
- o texto "Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana" está
disponível eletronicamente no seguinte endereço:
http://www.espacoacademico.com.br/040/40pc_diretriz.htm
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO
Relativismo cultural e etnocentrismo são conceitos básicos da Antropologia
para a compreensão de fenômenos que envolvem CONTATO CULTURAL, ou seja, o
contato entre universos culturais DIFERENTES.
Esses conceitos se referem a “julgamentos” que podemos ter quando em
contato com o “outro” (alguém com padrões culturais diferentes do nosso).
Esses julgamentos são responsáveis pela qualidade de nosso contato com a
diversidade.
Quando o outro tem padrões de comportamento, hábitos e valores muito
diferentes dos nossos próprios é possível reagirmos de forma positiva ou negativa a isso.
Julgar positivamente ou negativamente o comportamento alheio, tem relação com as
atitudes de etnocentrismo ou com o exercício de relativismo que podemos utilizar.
RELATIVISMO CULTURAL
É considerar o mundo DO PONTO DE VISTA DO OUTRO, entendendo seu
sistema simbólico, seus próprios valores de mundo como beleza, justiça, honra, medo, e
assim por diante.
É deixar de tomar a NOSSA própria cultura (visão de mundo) como medida
para julgar os outros.
ETNOCENTRISMO
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aluno no site da universidade.
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O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como
conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais
natural (isso é denominado etnocentrismo).
Ao pensar de forma etnocêntrica as pessoas depreciam o comportamento
daqueles que agem fora dos padrões de sua comunidade.
Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões
culturais de povos diferentes.
Práticas e idéias ou valores de outros sistemas culturais são vistas como
absurdas.
O etnocentrismo é um comportamento universal. É comum a crença de que a
sua própria sociedade é o centro da humanidade.
A antropologia trabalha com alguns conceitos centrais que vamos passar a
aprofundar neste tópico.
Cultura, diversidade cultural, relativização e etnocentrismo serão fundamentais
para compreender o debate científico e da sociedade em geral em torno do comportamento
coletivo humano.
O encontro com o diferente suscita reações e atitudes que se vêm vinculadas à
posição de poder ou submissão das pessoas na sociedade, bem como de preconceitos e
verdades pré-estabelecidas que o senso comum reproduz.
A cultura não é uma RECEITA de mundo, no sentido de ser algo
inquestionável, sempre inconsciente que controla rigorosamente a todos os indivíduos.
Podemos recorrer a uma metáfora para facilitar a compreensão sobre a relação
entre os padrões culturais que herdamos/repetimos, e nossa atuação individual: “A mente
humana corresponde a um “disco rígido” (hardware), que apesar de capaz de muitas
tarefas, não consegue realizar nada sem um programa (software). Esse programa é a
cultura.”
Vamos lembrar que um software é um programa determinado e fechado, mas
que aqui em nossa metáfora, “operando” a cultura há sempre um ser humano.
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Somos dotados de criatividade, subjetividade, carregamos histórias pessoais e
coletivas. Assim, interferimos o tempo todo no “programa” que recebemos.
A cultura não é apenas um modelo, um quadro de referência, ela é uma forma
de acesso às possibilidades humanas. Há uma dinâmica na relação entre cultura e sujeito,
entre sujeito e história, entre indivíduo e grupo.
Se pensarmos que a cada cultura corresponde uma diferente “visão de mundo”,
percebemos que os indivíduos se organizam mentalmente para estar no mundo de acordo
com os valores introjetados de sua cultura. Tornamos “nosso” aquilo que é cultural.
Exercitando. Vamos pensar sobre os sentimentos humanos. Obviamente, nossas
emoções são universais. Amor, ódio, paixão, rivalidade, raiva, afeto, ironia, alegria, euforia
e tudo quanto possamos lembrar agora, fazem parte da humanidade.
Entretanto, as EXPERIÊNCIAS QUE SUSCITAM este ou aquele sentimento, e
a forma como expressamos o que sentimos isso é cultural.
Muitas situações que fazem um brasileiro rir podem não ter o mesmo efeito em
pessoas de outros povos. Ou ainda, situações como o funeral que exigem circunspecção e
tristeza em algumas culturas podem exigir expressões de alegria em outras.
O exercício de relativizar é se colocar na condição do outro.
Pois bem, muitas vezes fazemos julgamento equivocados do comportamento
alheio, simplesmente pelo fato de desconhecer as motivações que levaram a tal ou qual
atitude.
Quando não temos a “chave simbólica” que permite a relativização dos
costumes, tendemos a nos fechar em nosso etnocentrismo.
Tudo bem, precisamos relativizar, não é mesmo?
Sim, é correto que tenhamos reações mais respeitosas e éticas com os “outros”.
Mas tanto o relativismo cultural como o etnocentrismo podem ser encontrados em
diferentes graus, e quando praticados de forma radical, se tornam destrutivos das relações
humanas.
Quer dizer que relativizar demais pode ser perigoso?
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60
Sim! Quando apenas relativizamos tudo, aceitando qualquer atitude alheia
como normal, natural e aceita, podemos correr o risco de não ter mais referencial ético de
mundo.
Em termos práticos, isso significaria, por exemplo, tornar aceito como normal
as mutilações dos órgãos genitais femininos praticados em algumas sociedades de cultura
mulçumana, principalmente em comunidades africanas. Percebe que deve existir um limite
para a prática do relativismo? Relativizar deve ser algo estimulado socialmente, mas dentro
de padrões de respeito à integridade física, psíquica e moral do outro.
O oposto também é verdadeiro. Etnocentrismo é sempre ruim?
Não! Na verdade, todas as culturas praticam etnocentrismo de alguma forma.
Quando reagimos com aversão ao fato da alimentação em algumas culturas incluir pratos
com animais como insetos, cães ou lesmas (o famoso “escargot” francês), preferindo um
bom arroz com feijão, estamos sendo um pouco etnocêntricos. Isso é necessariamente
ruim?
Bem, na medida em que pode servir para reforçar nossa identidade cultural e
nos trazer bem estar dentro de nosso próprio padrão cultural, não é uma atitude ruim. Mas
quando a aversão ao outro é tão grande que precisamos excluí-lo, destruir seus
costumes forçosamente ou mesmo agredi-lo física e moralmente, estamos atingindo
um grau de etnocentrismo inaceitável.
O relativismo extremo pode levar à ausência de noções éticas. O etnocentrismo
extremo pode levar ao genocídio e às práticas racistas / preconceituosas.
Relativismo cultural e etnocentrismo supõem a presença da DIFERENÇA.
Esse “outro” que aparece nas frases acima, pode estar ao nosso lado.
Atualmente o mundo todo reflete de uma forma mais intensa sobre o convívio
entre as diferentes culturas/etnias.
As relações étnico-culturais são todas as situações nas quais diferentes
culturas/etnias são colocadas em contato, ou precisam negociar interesses, debater questões
em comum.
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Que tal pontuar algumas questões e situações do mundo atual nas quais as
relações étnico-culturais estão no centro dos debates e suscitam a reflexão? São questões
que trazem à tona o relativismo cultural e o etnocentrismo, além de boas doses de ética,
justiça e novos parâmetros para as relações humanas.
Essas questões / situações seriam:
- Qual é a realidade dos povos indígenas que
convivem com a nossa sociedade nacional aqui
no Brasil? E quais são suas reivindicações?
- Qual é a importância da eleição de Barack
Hussein Obama como Presidente dos Estados
Unidos da America?
- Como resolver os conflitos entre Israel e
a Palestina?
- Quais são os principais argumentos a favor e
contra a política de cotas para afrodescendentes
ingressarem nas universidades públicas
brasileiras?
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- Como e por que é exercido o preconceito
contra nordestinos nas regiões sul e sudeste do
Brasil?
As respostas a essas questões não possuem um consenso, são polemicas sociais.
Elas dependem em grande parte da posição e da capacidade de imparcialidade de quem as
responde. De qualquer forma, pode-se caracterizar certas respostas como resultado de
atitudes etnocêntricas ou relativistas.
Dependendo da perspectiva a partir da qual se avalia essas questões, podemos
obter respostas muito desencontradas.
Em um mundo globalizado, onde o contato entre as diferentes culturas e povos
é cada vez mais intenso e necessário, existe uma preocupação geral e a tendência a
considerar reprováveis as atitudes que resultem em discriminação, preconceito, exclusão ou
práticas moralmente/fisicamente agressivas.
A garantia dos direitos humanos e as lutas pelo tratamento igualitário entre os
povos têm trazido à tona importantes discussões sobre as relações étnico-culturais.
O que nos leva de volta ao conceito de CULTURA.
Cada cultura desenvolve um sistema simbólico que permite aos indivíduos se
relacionarem dentro de uma mesma linguagem de mundo.
Ocorre que durante muitos séculos, um relativo isolamento entre os povos teve
como resultado o surgimento de muitas etnias diferentes ao redor do mundo.
Vamos desenvolver o conceito de ETNIA.
Segundo o dicionário HOUAISS:
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Etnia. ANTROPOL coletividade de indivíduos que se diferencia por sua
especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua, religião e maneiras de agir;
grupo étnico [Para alguns autores, a etnia pressupõe uma base biológica, podendo ser
definida pó uma raça, uma cultura ou ambas; o termo é evitado por parte da antropologia
atual, por não haver recebido conceituação precisa].
Na história da Antropologia, desde final do século XIX teve início um
movimento de recusa às teorias evolucionistas, que relacionavam a base biológica das
populações humanas com a cultura.
Quais eram os pressupostos do EVOLUCIONISMO SOCIAL?
Parte da idéia de que haveria uma “escala evolutiva” entre os povos. De acordo
com esse pensamento, poderíamos encontrar povos/culturas “mais evoluídos” e outros
“menos evoluídos”. O resultado óbvio foi o sentimento de superioridade de algumas
culturas sobre outras, que justificou decisões políticas como invasões, extermínios e a
prática da discriminação e do racismo. Esse pensamento partia do pressuposto que a cultura
é determinada pela herança genética de uma população.
Ao recusar essas teorias, a antropologia substituiu o conceito de RAÇA (de
base extremamente biologizante) pelo de ETNIA.
Atualmente é consenso na antropologia, que a cultura não é determinada pelo
padrão de herança genética de uma população.
O conceito de “raça” mostra-se impreciso uma vez que tenta determinar
divisões em uma espécie que é única: o ser humano. Raça é uma construção social, e não
uma realidade biológica.
O conceito de etnia, contrariamente ao de raça, dá ênfase aos aspectos da
herança cultural de um povo como forma de caracterizar a diferença de comportamento
entre as várias populações humanas.
Sempre que o assunto envolve questões de conflito de interesses entre
populações, e este conflito revela questões culturais de qualquer abrangência, trata-se de
questões étnico-raciais.
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Esses conflitos podem se revelar com diferentes graus de expressão e
intolerância. Um povo pode expressar seu preconceito, racismo ou ódio, tanto por questões
bastante específicas como a religião, ou os hábitos de vestuário / alimentação / higiene, ou
ainda através de repúdio total ao outro.
Entretanto não existe intolerância mais aceitável ou menos aceitável,
simplesmente pelo fato dela abranger apenas um aspecto da cultura alheia, ou por ter se
tornado tão profunda que apenas se resolve com o extermínio desse outro.
É necessário perceber que a intolerância em qualquer dos casos é desnecessária,
condenável e pouco efetiva no sentido de resolver conflitos de interesses entre dois ou mais
povos.
Um povo pode e deve saber valorizar suas próprias características sem que seja
necessário diminuir, discriminar ou repudiar os que são diferentes.
Percebemos que há um uso político dessas intolerâncias, e que serve como
justificativa para ações que atinjam moral, física e socialmente muitos povos.
Abaixo, um trecho do documento “Diretrizes curriculares nacionais para a
educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e
africana”, publicado pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
MEC, Brasília: 2004 e que pode ser encontrado na íntegra no endereço eletrônico:
http://www.espacoacademico.com.br/040/40pc_diretriz.htm
Esse trecho traz importantes conceitos e revela uma importante questão das
relações étnico-raciais no Brasil atualmente.
Questões introdutórias
O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na área da
educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de
ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento e
valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, ele, de política curricular,
fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas oriundas da realidade
brasileira, e busca combater o racismo e as discriminações que atingem
particularmente os negros. Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção
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aluno no site da universidade.
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de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que eduquem
cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial - descendentes de
africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos – para
interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos,
igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada.
É importante salientar que tais políticas têm como meta o direito
dos negros se reconhecerem na cultura nacional, expressarem visões de mundo
próprias,
manifestarem
com
autonomia,
individual
e
coletiva,
seus
pensamentos. É necessário sublinhar que tais políticas têm, também, como meta
o direito dos negros, assim como de todos cidadãos brasileiros, cursarem cada
um dos níveis de ensino, em escolas devidamente instaladas e equipadas,
orientados por professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de
conhecimentos; com formação para lidar com as tensas relações produzidas
pelo racismo e discriminações, sensíveis e capazes de conduzir a reeducação
das relações entre diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, entre descendentes
de africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas. Estas condições
materiais das escolas e de formação de professores são indispensáveis para uma
educação de qualidade, para todos, assim como o é o reconhecimento e
valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africanos.
Políticas de Reparações, de Reconhecimento e Valorização, de
Ações Afirmativas
A demanda por reparações visa a que o Estado e a sociedade
tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos
danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o
regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de
branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para
grupos com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no
pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de
combate ao racismo e a toda sorte de discriminações.
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Cabe ao Estado promover e incentivar políticas de reparações, no
que cumpre ao disposto na Constituição Federal, Art. 205, que assinala o dever
do Estado de garantir indistintamente, por meio da educação, iguais direitos
para o pleno desenvolvimento de todos e de cada um, enquanto pessoa, cidadão
ou profissional. Sem a intervenção do Estado, os postos à margem, entre eles os
afro-brasileiros, dificilmente, e as estatísticas o mostram sem deixar dúvidas,
romperão o sistema meritocrático que agrava desigualdades e gera injustiça, ao
reger-se por critérios de exclusão, fundados em preconceitos e manutenção de
privilégios para os sempre privilegiados.
Políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem
oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e sucesso na
educação escolar, de valorização do patrimônio histórico-cultural afrobrasileiro, de aquisição das competências e dos conhecimentos tidos como
indispensáveis para continuidade nos estudos, de condições para alcançar todos
os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos níveis de ensino, bem
como para atuar como cidadãos responsáveis e participantes, além de
desempenharem com qualificação uma profissão.
A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento,
valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser
particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10639/2003, que alterou a
Lei 9394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
afro-brasileiras e africanas.
Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis,
culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que
distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira.
E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas,
modo de tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua
história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente
desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este
que difunde a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares
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que os não negros, é por falta de competência ou de interesse,
desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social
hierárquica cria com prejuízos para os negros.
Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e de
estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a
desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos
diferentes níveis de ensino.
Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais
baseadas em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos
depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas,
expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de
uma sociedade hierárquica e desigual.
Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os processos
históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos escravizados no
Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, desde as formas
individuais até as coletivas.
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua
descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, compreender
seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de
desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto
sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus
cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. Implica criar condições
para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua
pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados
como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir estudos, de estudar
questões que dizem respeito à comunidade negra.
Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, freqüentados
em sua maioria por população negra, contem com instalações e equipamentos
sólidos, atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos de
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ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no sentido de que
venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de corrigir posturas,
atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação.
Políticas de reparações e de reconhecimento formarão programas
de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações políticas dirigidas à correção
de desigualdades raciais e sociais, orientadas para oferta de tratamento
diferenciado com vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e
mantidas por estrutura social excludente e discriminatória. Ações afirmativas
atendem ao determinado pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, bem
como a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, com o objetivo de
combate ao racismo e a discriminações, tais como: a Convenção da UNESCO
de 1960, direcionada ao combate ao racismo em todas as formas de ensino, bem
como a Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial,
Xenofobia e Discriminações Correlatas de 2001.
Nos trechos em itálico e sublinhado estão destacados alguns importantes
princípios das políticas de ações afirmativas traçadas pelo Programa Nacional de Direitos
Humanos.
Vamos a algumas questões que estão esclarecidas nos trechos em destaque:
o quais populações são alvos da preocupação sobre a condição de
exclusão ou tratamento preconceituoso?
o qual o argumento do documento sobre a ênfase nas políticas de
reparação voltadas à comunidade de afrodescendentes pelo Estado
brasileiro?
o em que âmbitos da vida social o tratamento desigual ao negros
requer mudanças para obtermos justiça e direitos iguais?
o como o documento define “ações afirmativas”?
Sabemos historicamente a dimensão destrutiva dos discursos sobre uma
pretensa “pureza racial” e sabemos das imensas possibilidades de construir relações étnicoraciais mais democráticas e igualitárias.
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Concluindo esse conteúdo, vamos ler um trecho do texto de FRANZ BOAS,
indicado na bibliografia complementar desse tópico, nas páginas 85 e 86:
“Não importa quão fraco o argumento em favor da pureza racial possa ser, nós
compreendemos seu apelo social em nossa sociedade. Embora as razoes biológicas aduzidas
possam não ser relevantes, a estratificação da sociedade em grupos sociais de caráter racial
ira sempre levar à discriminação de raça. Tal como em todos os outros agrupamentos humanos
bem marcados, o individuo não é julgado como um indivíduo, mas como membro de sua classe.
Podemos ter uma razoável certeza de que, onde quer que os membros de diferentes raças
formem um único grupo social com laços fortes, os preconceitos e antagonismos raciais irão
perder sua importância. Eles podem mesmo vir a desaparecer inteiramente. Enquanto
insistirmos numa estratificação segundo camadas raciais, devemos pagar um preço alto na
forma de luta inter-racial será melhor par nos continuar como estamos, ou devemos tentar
reconhecer as condições que levam aos antagonismos fundamentais que nos atormentam?”
Para compreender a importância das discussões que envolvem as relações
étnico-culturais atualmente, leia abaixo uma das questões dissertativas do ENADE (Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes) realizado pelo MEC anualmente.
ENADE 2006 – Prova de FORMAÇÃO GERAL para todos os cursos (QUESTÃO 9 –
DISCURSIVA):
Sobre a implantação de “políticas afirmativas” relacionadas à adoção de “sistemas de cotas” por
meio de Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional, leia os dois textos a seguir.
Texto I
“Representantes do Movimento Negro Socialista entregaram ontem no Congresso um manifesto
contra a votação dos projetos que propõem o estabelecimento de cotas para negros em
Universidades Federais e a criação do Estatuto de Igualdade Racial.
As duas propostas estão prontas para serem votadas na Câmara, mas o movimento quer que os
projetos sejam retirados da pauta. (...) Entre os integrantes do movimento estava a professora
titular de Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Yvonne Maggie. ‘É preciso
fazer o debate. Por isso ter vindo aqui já foi um avanço’, disse.”
(Folha de S.Paulo – Cotidiano, 30 jun. 2006, com adaptação.)
Texto II
“Desde a última quinta-feira, quando um grupo de intelectuais entregou ao Congresso Nacional
um manifesto contrário à adoção de cotas raciais no Brasil, a polêmica foi reacesa. (...) O
diretor executivo da Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), frei
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o
aluno no site da universidade.
70
David Raimundo dos Santos, acredita que hoje o quadro do país é injusto com os negros e
defende
a adoção do sistema de cotas.”
(Agência Estado-Brasil, 03 jul. 2006.)
Ampliando ainda mais o debate sobre todas essas políticas afirmativas, há também os que
adotam a posição de que o critério para cotas nas Universidades Públicas não deva ser
restritivo, mas que considere também a condição social dos candidatos ao ingresso.
Analisando a polêmica sobre o sistema de cotas “raciais”, identifique, no atual debate social,
a) um argumento coerente utilizado por aqueles que o criticam; (valor: 5,0 pontos)
b) um argumento coerente utilizado por aqueles que o defendem. (valor: 5,0 pontos)
Agora, vamos analisar o quadro de correção elaborado para a prova, chamado de “Padrão
resposta”, que nada mais é do que uma grade de correção para as questões dissertativas em que
constam os pontos como deveriam ter sido abordados pelos estudantes para obter o valor
considerado.
PADRÃO DE RESPOSTA – ENADE 2006
QUESTÃO 9
Tema – Políticas Públicas / Políticas Afirmativas / Sistema de Cotas “raciais”
a) O aluno deverá apresentar, num texto coerente e coeso, a essência de um dos
argumentos a seguir contra o sistema de cotas.
- Diversos dispositivos dos projetos (Lei de cotas e Estatuto da Igualdade Racial) ferem o
princípio constitucional da igualdade política e jurídica, visto que todos são iguais perante a lei.
Para se tratar desigualmente os desiguais, é preciso um fundamento razoável e um fim legítimo
e não um fundamento que envolve a diferença baseada, somente, na cor da pele.
- Implantar uma classificação racial oficial dos cidadãos brasileiros, estabelecer cotas raciais no
serviço público e criar privilégios nas relações comerciais entre poder público e empresas
privadas que utilizem cotas raciais na contratação de funcionários é um equívoco. Sendo
aprovado tal estatuto, o País passará a definir os direitos das pessoas com base na tonalidade da
pele e a História já condenou veementemente essas tentativas.
- Políticas dirigidas a grupos “raciais” estanques em nome da justiça social não eliminam o
racismo e podem produzir efeito contrário; dando-se respaldo legal ao conceito de “raça”, no
sentido proposto, é possível o acirramento da intolerância.
- A adoção de identidades étnicas e culturais não deve ser imposta pelo Estado. A autorização
da inclusão de dados referentes ao quesito raça/cor em instrumentos de coleta de dados em
fichas de instituições de ensino e nas de atendimento em hospitais, por exemplo, pode gerar
ainda mais preconceito.
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o
aluno no site da universidade.
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- O sistema de cotas valorizaria excessivamente a raça, e o que existe, na verdade, é a raça
humana. Além disso, há dificuldade para definir quem é negro porque no País domina a
miscigenação.
- O acesso à Universidade deve basear-se em um único critério: o de mérito. Não sendo assim, a
qualidade acadêmica pode ficar ameaçada por alunos despreparados. Nesse sentido, a principal
luta é a de reivindicar propostas que incluam maiores investimentos na educação básica.
- O acesso à Universidade Pública que não esteja unicamente vinculado ao mérito acadêmico
pode provocar a falência do ensino público e gratuito, favorecendo as faculdades da rede
privada de ensino superior. (valor: 5,0 pontos)
b) O aluno deverá apresentar, num texto coerente e coeso, a essência de um dos
argumentos a seguir a favor do sistema de cotas.
- É preciso avaliar sobre que “igualdade” se está tratando quando se diz que ela está ameaçada
com os projetos em questão. Há necessidade de diferenciar a igualdade formal ( do
ordenamento jurídico e da estrutura estatal) da igualdade material (igualdade de fato na vida
econômica). Ao longo da História, manteve-se a centralização política e a exclusão de grande
parte da população brasileira na maioria dos direitos, perpetuando-se o mando sobre uma
enorme massa de população. É preciso, então, fazer uma reparação.
- Não se pode ocultar a diversidade e as especificidades sociopolíticas e culturais do povo
brasileiro. O princípio da igualdade assume hoje um significado complexo que deve envolver o
princípio da igualdade na lei, perante a lei e em suas dimensões formais e materiais. A cota não
tira direitos, mas rediscute a distribuição dos bens escassos da nação até que a distribuição
igualitária dos serviços públicos seja alcançada.
- Não se pode negar a dimensão racial como uma categoria de análise das relações sociais
brasileiras. A acusação de que a defesa do sistema de cotas promove a criação de grupos sociais
estanques não procede; é injusta e equivocada. Admitir as diferenças não significa utilizá-las
para inferiorizar um povo, uma pessoa pertencente a um determinado grupo social.
- A utilização das expressões “raça” e “racismo” pelos que defendem o sistema de cotas está
relacionada ao entendimento informal, e nunca como purismo biológico; trata-se de um
conceito político aplicado ao processo social construído sobre diferenças humanas, portanto, um
construto em que grupos sociais se identificam e são identificados.
- Na luta por ações afirmativas e pelo Estatuto da Igualdade Racial se defende muito mais do
que o aumento de vagas para o trabalho e o ensino; defende-se um projeto político contra a
opressão e a favor do respeito às diferenças.
- Dizer que é difícil definir quem é negro é uma hipocrisia, pois não faltam agentes sociais
versados em identificar negros e discriminá-los.
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aluno no site da universidade.
72
- As Universidades Públicas no Brasil sempre operaram num velado sistema de cotas para
brancos afortunados, visto que a metodologia dos vestibulares acaba por beneficiar os alunos
egressos das escolas particulares e dos cursinhos caros.
- Pesquisas revelam que, para as Universidades que já adotaram o sistema de cotas, não há
diferenças de rendimento entre alunos cotistas e não-cotistas; os números revelam, inclusive,
que no quesito freqüência os cotistas estão em vantagem (são mais assíduos). (valor: 5,0
pontos)
* LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA E CONSIDERE
SUAS POSSIBILIDADES DE RESPOSTAS PARA ESSA QUESTÃO DO ENADE.
*LEMBRE-SE DE LER OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA
ANTES DE REALIZAR OS EXERCÍCIOS REFERENTES AO CONTEÚDO.
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aluno no site da universidade.
73
Questões tópico 2.3
56) O conceito de etnia veio a substituir o de raça, pois:
A) era uma necessidade de modernização dos referenciais conceituais tradicionais das ciências a partir dos
movimentos sociais da década de 1960.
B) as mudanças políticas do séc. XX que trouxeram a hegemonia norte-americana impediram a continuidade
do uso do conceito de raça, pois tratava-se de uma teoria européia.
C) não existe base científica que comprove a validade do uso do conceito de raça, e os abusos ideológicos de
povos dominantes que o utilizaram como justificativa histórica para subjugar e exterminar povos, trataram de
bani-lo.
D) o conceito de etnia faz parte do senso comum, sendo melhor interpretado que o conceito de raça.
E) a identidade racial é um conceito menos abrangente que o de identidade étnica; apesar do primeiro ser mais
explicativo, considera-se menos útil da perspectiva antropológica, daí a preferência pelo conceito de etnia.
57) O ato de forçar a um grupo a adotar a cultura dominante, está associado a:
A) atribuição de identidade cultural autêntica.
B) é uma forma de aculturação como tentativa de modernização cultural.
C) conflito étnico ou conflito de identidade.
D) característica das relações entre diferentes culturas.
E) atitude anti-etnocêntrica.
58) A prática do preconceito étnico é comum e tem sido determinantemente combatida e desacreditada
principalmente pelas ciências humanas, como forma de convivência no mundo contemporâneo. À
prática do preconceito podemos associar corretamente os conceitos de:
A) relativismo cultural e integração cultural;
B) tolerância interétnica e diversidade cultural;
C) intolerância interétnica; etnocentrismo; estereótipo;
D) multiculturalismo e identidade racial;
E) identidade contrastiva e identidade relacional.
59) A prática do preconceito étnico é comum e tem sido determinantemente combatida e desacreditada
principalmente pelas ciências humanas, como forma de convivência no mundo contemporâneo. À
prática do combate ao preconceito dentro das ciências humanas podemos associar corretamente os
conceitos de:
A) relativismo cultural e diversidade étnica;
B) tolerância interétnica e diversidade cultural;
C) intolerância interétnica; etnocentrismo; estereótipo;
D) multiculturalismo e identidade racial;
E) identidade contrastiva e identidade relacional.
60) “Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam a teoria segundo a qual as
diferenças genéticas hereditárias constituiriam um fator de importância primordial entre as causas das
diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das civilizações dos diversos povos ou grupos
étnicos. Eles nos informam, pelo contrário, que essas diferenças se explicam antes de tudo pela história
cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução do homem são a sua
faculdade de aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de todos os seres humanos.
Ela constitui, de fato, uma das características específicas do Homo Sapiens”.
(Declaração redigida por vários cientistas em 1950, no pós-nazismo, no encontro da Unesco em Paris)
“Nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou a inferioridade intelectual de uma
raça em relação à outra”.
Claude Lévi-Strauss, “Raça e cultura”
Os dois pensamentos citados acima têm como objetivo:
A) confirmar as teses que atribuíram características e aptidões raciais inatas.
B) afirmar que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural.
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C) negar a grande diversidade cultural da espécie humana.
D) negar as teses deterministas biológicas, lutando contra o preconceito racista e todas as tentativas de
discriminação e de exploração.
E) legitimar a hierarquia de raças.
61) “Folha - A senhora leu as declarações do presidente da Universidade Harvard, Lawrence Summers,
que sugeriu que diferenças biológicas inatas entre homens e mulheres poderiam explicar a existência de
um número menor de pesquisadoras nas ciências exatas?
Collin - Ele disse isso?
Folha - Disse.
Collin - É um comentário estúpido. Isso me lembra de um comentário de um jornalista que disse que o
nível das universidades francesas tinha caído por causa do número grande de mulheres que estavam
estudando.
Ele foi processado e, no processo, várias mulheres levaram livros de sua autoria para a mesa do juiz.
Elas encheram a mesa com livros e ganharam o processo.
Folha - No entanto, testes oficiais aplicados em estudantes no Brasil e em outros países do mundo mostram
que meninos têm, em média, melhor desempenho em matemática, enquanto meninas têm notas melhores
em português ou em sua língua materna. Negar essas diferenças não prejudica o entendimento dessa
questão?
Collin - Mesmo se essas estatísticas que você citou forem realmente corretas, elas têm que ser analisadas
a partir do contexto cultural. Se for realmente verdade, e não estou dizendo que é, isso não permite
dizer que essas diferenças ocorrem por razões naturais. Uma menina que recebeu menos incentivo da
família do que um garoto poderá ter desempenho pior, mesmo se estudar na mesma classe. Essas
diferenças, caso existam, são muito sensíveis ao contexto cultural.”
(Jornal Folha de São Paulo, Segunda-feira, 2 de maio de 2005, “ENTREVISTA DA 2ª” com
FRANÇOISE COLLIN, por ANTÔNIO GOIS)
De acordo com a posição que Françoise Collin assume nesta entrevista, qual das afirmações abaixo é
INCORRETA :
A) as diferentes aptidões de homens e mulheres não se devem a causas naturais.
B) homens e mulheres agem diferentemente sobretudo por terem sempre recebido um aprendizado
diferenciado.
C) é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexo diferentes sejam determinadas
geneticamente.
D) uma menina que recebeu menos incentivo de seu grupo cultural para gostar de matemática tenderá a ter
um desempenho mais fraco do que o de um menino que tenha sido estimulado a gostar das ciências exatas.
E) a constituição genética feminina é o que determina o pior desempenho das mulheres em matemática.
62) Sobre o relativismo cultural, é correto afirmar:
A) É uma forma de encarar a diversidade cultural rejeitando qualquer etnocentrismo, ao propor que a cada
cultura corresponde uma lógica própria, e que devemos respeitar o ponto de vista de seus indivíduos, sem
tentar impor rótulos.
B) É uma teoria baseada nos princípios estruturalistas desenvolvidos por Lévi-Strauss, que defende que não
há nenhuma característica universal que iguale o ser humano.
C) O relativismo defende que todas as culturas tendem a se assemelhar com o passar do tempo, e que ao
difundir nossos hábitos estamos colaborando com esse processo.
D) Deriva das concepções antropológicas que defendem que existe uma única cultura que deu origem a todas
as outras.
E) É uma teoria profundamente influenciada pelo evolucionismo e que defende privilégios às culturas mais
avançadas.
63) A incapacidade de aceitar a visão de mundo de outra cultura como válida, correta ou aceitável está
associado ao que segue:
A) política de reparação.
B) etnocentrismo.
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C) socialização.
D) relativismo cultural.
E) política afirmativa.
64) Podemos apontar como exemplos de “políticas afirmativas” para resgatar a condição social de um
grupo dentro de uma sociedade que praticou exploração e preconceito contra uma etnia:
A) mudanças no currículo educacional que valorizem a experiência histórica desse grupo; instituição de cotas
para acesso ao ensino público superior; valorização de sua cultura.
B) obrigatoriedade de frequência a escolas de uso exclusivo de indivíduos dessa etnia; proibição de
casamentos interraciais para garantir a integridade étnica de cada grupo.
C) instituição de modelos de comportamento aceitáveis para que os indivíduos desse grupo se sintam mais
integrados à sociedade; banir o uso de imagens dos indivíduos desse grupo étnico em publicidade e livros
didáticos; tornar obrigatório o uso de vestimentas étnicas.
D) utilizar com maior frequência imagens dos indivíduos desse grupo étnico em publicidade e livros
didáticos; legalizar práticas criminosas de grupos radicais que se supõem defensores de direitos étnicos.
E) conscientizar toda a população da necessidade do convívio étnico baseado na democracia e direitos plenos;
atribuir privilégios legais aos indivíduos das etnias em desvantagem social em todas as instâncias da vida
coletiva.
65) Das situações abaixo, assinale aquela que tem relação com o conceito de RELATIVISMO
CULTURAL:
A) estabelecer um modelo de sociedade ideal baseado na experiência de uma nação bem sucedida
economicamente no cenário mundial e tentar reproduzir seu modo de vida e seus valores.
B) recusar idéias, valores e hábitos de um grupo étnico considerado inferior e aceitar as de grupos étnicos
considerados superiores.
C) julgar uma cultura a partir de seus próprios valores e hábitos, e não a partir de valores dominantes de uma
cultura que se impõe sobre as demais.
D) aceitar qualquer tipo de imposição de uma cultura alheia como forma de mostrar capacidade de se colocar
no lugar do outro.
E) socializar adequadamente os indivíduos de uma cultura dentro dos padrões esperados de comportamento
para que todos se sintam incluídos.
66) Em seu texto “O etnocentrismo”, Claude Lévi-Strauss afirma que é muito antiga a atitude que
“consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas
mais afastadas daquelas com que nos identificamos”.
A respeito do comportamento etnocêntrico , assinale a alternativa INCORRETA :
A) Consiste numa visão de mundo em que nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os
outros são pensados e sentidos através de nossos valores, nossos modelos, e nossas definições do que é a
existência.
B) As apreciações negativas dos padrões culturais dos povos diferentes nunca foram utilizadas para justificar
a violência praticada contra “o outro”.
C) É uma atitude universal, pois todos os indivíduos crêem que a própria sociedade é o centro da humanidade,
ou mesmo a sua única expressão.
D) Significa a supervalorização da própria cultura em detrimento das demais.
E) A propensão em considerar o nosso modo de vida como o mais natural e o mais correto pode levar a
numerosos conflitos sociais, tais como a xenofobia, o racismo, as guerras étnicas, o preconceito e os estigmas,
a segregação e a discriminação baseadas na raça, na etnia, no gênero, na idade ou na classe social.
67) leia o texto:
“Em 1991, o então presidente americano, Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora
na Suprema Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juiz negro de
visões políticas conservadoras. No julgamento de Bush, os eleitores brancos (que podiam ter
preconceitos em relação a um juiz negro) provavelmente apoiariam Thomas porque ele era
conservador em termos de legislação de igualdade de direitos, enquanto os eleitores negros (que
apóiam políticas liberais em questões de raça) apoiariam Thomas porque ele era negro”.
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Com base no texto o que está presente nas intenções de Bush?
Assinale a alternativa que mais diretamente se relaciona ao texto:
A) O jogo político estratégico de conquista de poder.
B) Uma manifestação política com base no jogo das identidades.
C) A necessidade de construir a igualdade de raça na Suprema Corte americana.
D) Uma manifestação de demonstração de que em seu governo não havia preconceito de raça.
E) A necessidade de atender os políticos conservadores e os políticos liberais.
68) Quando um Estado se propõe a colocar em prática um conjunto de ações políticas dirigidas à
correção de desigualdades raciais e sociais, é corretamente denominado de:
A) Concepção etnocêntrica de sociedade com políticas moderadoras.
B) Políticas de identidade baseadas em padrões raciais.
C) Políticas de reparações que formam programas de ações afirmativas.
D) Conjunto de políticas de Estado raciais.
E) Multiculturalismo racial baseado em programas de privilégios sociais.
69) As apreciações negativas dos padrões culturais dos povos diferentes foram muitas vezes em nossa
História utilizadas para justificar a violência praticada contra “o outro”.
Esse tipo de comportamento é conceituado pela Antropologia como:
A) Etnocentrismo.
B) Relativismo cultural.
C) Diversidade étnico-cultural.
D) Multiculturalismo.
E) Políticas afirmativas e de reparação.
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2.4 - A cultura na sociedade atual: nacionalidade, cultura popular e erudita; meios de
comunicação; poder e cultura.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
SANTOS, J. L. O QUE É CULTURA, SP: Brasiliense, 2006 “A cultura em nossa
sociedade”, in. pp. 51-79; “Cultura e relações de poder”, pp. 80-86.
É muito comum que as pessoas em seu dia-a-dia não se dêem conta que nossos
hábitos, costumes, valores morais ou formas de julgamento são o resultado de um processo
histórico de nosso grupo social.
Entretanto, facilmente consegue-se relacionar a nossa vida material como a
tecnologia, por exemplo, como resultante de um processo complexo de desenvolvimento
que envolve conhecimento e condições técnicas-econômicas de implantação.
Isso porque, no primeiro exemplo, estamos falando de um aspecto imaterial,
simbólico, da cultura humana. Em geral, as pessoas tendem a naturalizar mais essa
dimensão humana, dando como certo que se trata de algo que não procede de escolhas e
muito menos de formas coletivas de vivência.
O fato é que a história de qualquer grupo social interfere o tempo todo em seu
presente, sendo impossível separarmos a cultura de um povo de sua história.
As
diferentes
histórias
de
cada
povo
podem
ser
interpretadas
antropologicamente, como estratégias locais de sobrevivência e reprodução, mas não se
encontram desvinculadas da história da espécie humana como um todo.
Assim, podemos afirmar que estamos em um mesmo momento da história de
nossa espécie, em âmbitos que envolvem nossa evolução e nossa relação com o meio
ambiente.
Entretanto, cada povo em seu local específico, é o resultado das relações entre
os indivíduos e seu grupo social. Como resultado das interferências pessoais em um dado
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conjunto de instituições, regras, leis e tecnologia que formam uma totalidade social é que
podemos perceber a CARACTERÍSTICA, a ESPECIFICIDADE de uma cultura.
É possível observar um grupo social a partir de sua perspectiva histórica, e
como resultado percebemos que cada grupo é único, mesmo quando passa por eventos
semelhantes e utiliza as mesmas convenções sociais.
Portanto, a cultura nesse caso, é um elemento agregador que promove a
intermediação das relações entre os indivíduos. Mas quando observamos a passagem do
tempo (= história) em dois grupos diferentes que utilizam o mesmo referencial cultural,
percebemos que não é possível encontrar os mesmos resultados. Esta é a base do que
denominamos CULTURA REGIONAL.
No Brasil, temos a existência de regiões geográficas que definem regiões
culturais diferentes.
A experiência histórica em cada uma delas determinou características
particulares dentro da grande totalidade que chamamos de “cultura brasileira”, ou cultura
nacional.
Assim como ocorre com os regionalismos, ocorre também com relação à
sociedade nacional.
Portanto as culturas regionais e nacionais se referem sempre a experiências
compartilhadas por uma população durante um período de tempo suficiente para deixar
marcas nas relações sociais, na visão de mundo desse povo.
Neste âmbito é que reside a questão da relação indivíduo-sociedade. Ao mesmo
tempo em que cada um de nós é marcado pela história de nosso grupo social, também
marcamos essa história, com a possibilidade de reforçar certos comportamentos, repetindoos e mantendo-os atuantes, ou recusando-os e enfraquecendo sua importância.
Somos ao mesmo tempo resultados de uma HERANÇA cultural e produtores
dessa herança para as próximas gerações. Não nos damos conta disso em nosso cotidiano, e
a única forma de consciência disso se expressa através da necessidade pessoal em defender
e preservar certos traços de comportamento e recusar outros.
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Se partirmos dessa compreensão de cultura como resultado da vida sóciohistórica dos indivíduos que atuam em um grupo, podemos então detalhar alguns aspectos
importantes da vida cultural em nossa sociedade atualmente.
Nossas condições materiais de existência afetam nossas condições psíquicas e
culturais, e vice-versa. Em nossa sociedade, existe a questão do pertencimento a classes
sociais, ou em outras palavras, da renda como determinante das posições na hierarquia
social.
Assim, notamos certos padrões de comportamento que se associam a padrões
de consumo, e que por sua vez se associam a um conjunto de valores morais, ou estéticos,
ou de gosto, capazes de criar grupos de pessoas que se identificam e mantêm características
e hábitos próprios.
Para facilitar a compreensão desse fenômeno, utilizamos os conceitos de cultura
popular, cultura erudita e cultura de massa.
Vamos ao texto indicado para leitura na bibliografia deste módulo para
esclarecer essa classificação da cultura.
José Luiz dos SANTOS explica:
Comecemos por esta última indagação, a qual é bem antiga na história das preocupações com
cultura. É que, a partir de uma idéia de refinamento pessoal, cultura se transformou na
descrição das formas de conhecimento dominantes nos Estados nacionais que se formavam na
Europa a partir do fim da Idade Média. Esse aspecto das preocupações com a cultura nasce
assim voltado para o conhecimento erudito ao qual só tinham acesso setores das classes
dominantes desses países, esse conhecimento erudito se contrapunha ao conhecimento havido
pela maior parte da população, um conhecimento que supunha inferior, atrasado, superado, e
que aos poucos passou também a ser entendido como uma forma de cultura, a cultura popular.
As preocupações com cultura popular são tentativas de classificar as formas de pensamento e
ação das populações mais pobres de uma sociedade, buscando o que há de específico nelas,
procurando entender a sua lógica interna, sua dinâmica e principalmente, as implicações
políticas que possam ter.
(...) De fato, ao longo da história a cultura dominante desenvolveu um universo de legitimidade
própria, expresso pela filosofia, pela ciência e pelo saber produzido e controlado em
instituições da sociedade nacional, tais com a universidade, as academias, as ordens
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profissionais (de médicos, advogados, engenheiros e outras). Devido à própria natureza da
sociedade de classes em que vivemos, essas instituições estão fora do controle das classes
dominadas. Entende-se por cultura popular as manifestações culturais dessas classes,
manifestações diferentes da cultura dominante, que estão fora de suas instituições, que existem
independentemente delas, mesmo sendo suas contemporâneas.
(Santos, J.L. 2006, pp.54-55)
A conclusão é que denominamos cultura erudita toda a produção material e
imaterial resultante de conhecimento intelectual e técnicos especializados, letrados, que
dependem de treinamento constante e dedicação – de tempo e de investimentos financeiros.
Já a cultura popular é uma produção resultante de conhecimentos da tradição
oral, do convívio e da informalidade. O treinamento normalmente é proporcionado com
baixos investimentos, ou mesmo como estratégia de sobrevivência. São artistas, artesãos,
ou trabalhadores que dominam sua técnica de forma autodidata e reproduzem aprendizados
que passam de geração a geração.
E quanto à cultura de massa?
Bem, é um fenômeno que depende da existência dos meios de comunicação de
massa como o rádio, a televisão, o cinema, a imprensa, a Internet e assim por diante.
A cultura de massa resulta do trabalho empresarial sobre produtos e artistas
tanto da cultura erudita quanto da cultura popular.
Não há criadores espontâneos da cultura de massa. Há empresários e técnicos,
atrelados a uma empresa (editoras, gravadoras, produtoras, grupos de comunicação) que
visa lucro com os produtos culturais.
Eles se apropriam dessa cultura através de contratos e divulgam todo tipo de
produção cultural através do mercado para que as pessoas adquiram esse material. São
classificados como “de massa”, porque o mesmo conteúdo atinge um imenso número de
pessoas ao mesmo tempo. A massa é ao mesmo tempo um fenômeno quantitativo, pois são
muitas pessoas, e psicológico. O indivíduo que faz parte da massa responde de forma
imatura ao que recebe. Repete as opiniões alheias, pois não é capaz de ter opinião própria, e
tem uma relação mais emocional que crítica em relação ao gosto. Gosta porque todos
gostam, porque está na moda, e assim o inclui em um movimento; gosta porque esse
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consumo lhe dá status e uma boa visibilidade social. Na massa, o indivíduo gosta de ser
diferente, mas igual. Quer ter personalidade, mas não quer chamar a atenção.
Portanto podemos falar em uma cultura popular de massas, e uma cultura
erudita de massas? Sim! Para exemplificar, os livros que se tornam campeões de vendas,
normalmente são um exemplo da cultura erudita de massas. Já a maior parte dos programas
televisivos de auditório, exemplifica a cultura popular de massa. Esse tipo de programa se
baseia na antiga receita do circo, um palco e uma audiência que espera ser entretida por um
apresentador que lhes proporciona carisma, admiração e que lhes mostra a vida como um
espetáculo.
A cultura de massa é um importante fenômeno econômico, cultural e
psicológico de nossa sociedade atualmente. É uma referência de estilo de vida, de
informação, de diversão. Os indivíduos se sentem seguros ao reproduzir o gosto da
indústria cultural de massa.
Algumas escolas de estudo dos fenômenos sociais relacionadas aos meios de
comunicação de massa conceituam diferentemente essa reação da população ao
funcionamento da cultura de massa. Há os que se referem a esse comportamento como
“alienado”. Segundo essa escola, ao participar do consumo cultural de massa, todos somos
alienados, pois perdemos a capacidade racional de crítica. A massa prefere o
entretenimento, a diversão descomprometida ao envolvimento com produtos e gostos que
exigem reflexão, sensibilidade ou percepção aguçada.
Já outros teóricos, defendem que a cultura de massa é o “espírito” de nosso
tempo. Além de estar presente em todos os aspectos da nossa vida, a cultura de massa
substitui necessidades até mesmo de devoção religiosa. Agora idolatramos pessoas da
mídia, cuja fama ou merecimento são passageiros e questionáveis. E isso não é
propriamente uma alienação, e sim uma característica da cultura de nossa época. Quem é
que não tem nostalgia de programas e até mesmo de propagandas de sua infância? Até
mesmo nossa biografia e memória afetiva dependem da exposição aos produtos dessa
indústria cultural.
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Essa indústria se beneficia da padronização de gosto, da homogeneização, e
para isso os estimula, incentivando e valorizando o comportamento padronizado. O espaço
que a mídia dá ao padrão é infinitamente maior que o espaço dado ao diferente, o exótico, o
de difícil aceitação pela massa. E assim, sem receber nada de realmente original ou que não
seja meramente divertido, o gosto sempre vai reproduzir a adesão aos mesmos tipos de
produtos culturais. É um círculo vicioso: a indústria cultural é que modela o gosto da
massa, ou a massa é quem exige esse tipo de cultura?
Uma pequena parcela de nossa sociedade tem acesso à cultura erudita, que se dá
através de escolas e universidades muito seletivas. E também a cultura popular depende do
envolvimento e interesse populares, que extrapolam os objetivos de mercado. Esses tipos de
cultura não pretendem se tornar produtos de sucesso. Eles circulam em meios onde o
interesse está para além da atenção da mídia e da carreira bem sucedida empresarialmente.
Assim, não é possível compreendermos nossa relação com a cultura em nossa
sociedade, sem considerarmos a influência e os propósitos da cultura de massa.
Este é um exercício de redação temática e reflexiva. Portanto você pode
utilizar tanto os conceitos trabalhados neste módulo, como dos textos indicados ou de
pesquisa pessoal sobre esse conteúdo.
O objetivo é fazer um exercício de sensibilização da percepção sobre os
fenômenos da cultura contemporânea. Para isso você deve fazer uma redação de no mínimo
dez linhas e no máximo 30 linhas, a partir da seguinte proposta:
Observe a reação das pessoas em situação de exposição a produtos da indústria
cultural, como ver vitrines da moda, assistir a filmes de sucesso ou ler publicações como
revistas de grande tiragem e circulação. Pense em eventos para grandes multidões como
espetáculos musicais ou esportivos.
Faça uma reflexão onde você é capaz de expor ao leitor a influência da mídia e
dos espetáculos de massa no comportamento dos indivíduos.
Peça a um colega ou um professor que leia seu texto e faça uma auto-avaliação
onde você considere algumas habilidades que puderam ser trabalhadas. Como sugestão:
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- o foco na questão abordada: está colocado de forma adequada, você está sendo
objetivo, está sendo repetitivo ou não, consegue abordar os aspectos mais relevantes?
- o ritmo de seu texto: introdução ao tema, desenvolvimento e conclusões.
Lembre-se de ler os textos da bibliografia antes de realizar os exercícios deste
conteúdo!
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Questões 2.4
70) A história de um povo pode interferir de muitas formas em sua cultura. Podemos perceber isso
principalmente através do que segue:
A) A história precisa ser conhecida pelos indivíduos de um grupo, do contrário eles não podem ser
influenciados por ela.
B) É através da relação com a história através de uma herança cultural, que não se dá de forma consciente,
que os indivíduos atuam em uma sociedade.
C) Apesar de percebermos a influência da história em nossa cultura, não existe qualquer tipo de pesquisa
cientifica que comprove isso.
D) Os mesmos fenômenos históricos afetam de forma idêntica culturas que são diferentes.
E) É principalmente através da cultura material que percebemos a influência da história em nossa cultura, pois
a cultura imaterial não nos influencia tanto.
71) Leia o trecho a seguir e escolha entre as alternativas aquela que corresponde ao pensamento
expresso pelo autor:
“Da mesma forma, como a cultura erudita é desde sempre associada com as classes dominantes,
sua expansão pode ser vista como uma expansão colonizadora. A ampliação de seus domínios
como, por exemplo, através da expansão da rede de escolas e de atendimento médico, pode ser
entendida como uma forma de controle social, que mantêm as desigualdades básicas da sociedade
em benefício da minoria da população.” (SANTOS, J.L. O QUE É CULTURA, pg. 56)
A) para o autor, a divisão entre cultura erudita e popular mostra uma relação de poder, pois uma minoria tem
acesso ao conhecimento erudito, mas não toda a população.
B) ele demonstra como a compreensão de como dividimos entre cultura erudita e popular tem interesse
apenas para os médicos e professores que ocupam cargos públicos para atendimento à população.
C) conclui que as desigualdades da sociedade poderiam ser resolvidas se a classe dominante providenciasse a
expansão das redes de educação e atendimento à saúde da população.
D) o autor se posiciona nitidamente a favor da colonização e da expansão das desigualdades básicas que
atingem de forma inaceitável a minoria da população.
E) a expansão da rede de escolas e de atendimento médico podem ser exemplos de cultura erudita e cultura
popular respectivamente.
72) Em nossa sociedade os meios de comunicação de massa fazem parte da paisagem social moderna.
Esta afirmação pode ser considerada correta se associada às seguintes observações:
A) Nossa sociedade estabelece uma hierarquia de status através da imposição de uma mesma cultura para
todos os indivíduos. A essa imposição denominamos cultura de massa.
B) Não podemos saber exatamente que tipo de influência cultural cada indivíduo recebeu em nossa sociedade,
pois as culturas erudita, popular e de massa são muito semelhantes entre si.
C) A história cultural recente de nossa sociedade revela que os indivíduos já não se relacionam mais com seu
passado como era o costume nas gerações anteriores. As pessoas não são influenciadas pela história de sua
cultura.
D) Esses meios estão presentes em todas as esferas de nossa vida social tais como a religião, a profissão, o
lazer, a educação ou a política; eles difundem formas de comportamento e estilos de vida.
E) Apesar da influência da cultura de massa no gosto de grande parcela da população, os indivíduos que
fazem parte da massa não se deixam influenciar em termos de comportamento pelo gosto alheio.
73) Podemos afirmar que a massa é um fenômeno ao mesmo tempo quantitativo e psicológico. Essa
colocação está:
A) Errada, pois a massa significa apenas uma grande quantidade de pessoas, não atingindo a afetividade dos
indivíduos.
B) Correta, pois a massa é ao mesmo tempo um fenômeno demográfico de concentração urbana, e
psicológico, uma vez que os indivíduos são influenciáveis pelos produtos dessa cultura.
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C) Correta, pois ao mesmo tempo em que falar em massa significa falar em um grande número de pessoas,
elas são afetadas psicologicamente, pois resistem às possíveis influências dos meios de comunicação de
massa, o que as torna estressadas.
D) Errada, pois não é possível perceber como o fenômeno associado à existência de uma massa de pessoas
pode afetar psicologicamente os indivíduos.
E) Correta em termos, pois ao mesmo tempo em que podemos perceber que fazer parte da massa significa que
há muitas pessoas envolvidas em processos semelhantes, não há evidências de que isso possa afetar
psicologicamente os indivíduos.
74) Quando pensamos a cultura de um grupo social, é possível ressaltar diferentes aspectos que a
caracterizam. É muito comum associarmos essa cultura a modos de ser e sentir que são característicos
desse grupo, que são seu patrimônio.
Essa ênfase da cultura como patrimônio de um povo está associado a que tipo de cultura?
A) cultura erudita.
B) cultura de classe.
C) cultura popular.
D) cultura de massa.
E) cultura patrimonial.
75) Quando pensamos a cultura de um grupo social, é possível ressaltar diferentes aspectos que a
caracterizam. É muito comum associarmos essa cultura ao modo de vida que resulta das condições
econômicas desiguais entre grupos ou setores dentro de uma sociedade.
Essa ênfase da cultura como expressão de desigualdade social está associado a que tipo de cultura?
A) cultura erudita.
B) cultura de classe.
C) cultura popular.
D) cultura de massa.
E) cultura patrimonial.
76) Atualmente é nítida a grande influência dos meios de comunicação de massa como a televisão, o
cinema e a Internet na vida cultural de todos os povos. Quase todo o conteúdo que circula nesses meios,
como filmes, novelas, reality shows, publicidade, é chamado de “indústria cultural”. Isto porque são
produtos feitos de forma padronizada para atingir um imenso numero de pessoas ao mesmo tempo,
como os bens produzidos em uma indústria.
Esse tipo de cultura que predomina como forma de expressão em nossa sociedade está associado a que
tipo de cultura das listadas abaixo?
A) cultura erudita.
B) cultura de classe.
C) cultura popular.
D) cultura de massa.
E) cultura patrimonial.
77) Assinale a alternativa com exemplos que predominam no pensamento comum como traços que
definem a cultura brasileira, ou o brasileiro como diferente de outros povos:
A) a ausência do preconceito; a valorização de nosso patrimônio popular; a valorização de nossa história
como chave para solucionar problemas atuais.
B) a influência da diversidade étnico-cultural e a capacidade de soluções políticas que resultam em uma
sociedade com poucas desigualdades.
C) certos comportamentos como o “jeitinho” e a capacidade conciliatória que evita conflitos profundos em
nossa sociedade.
D) a aparência física que nos diferencia dos demais povos e a intolerância religiosa a diferentes tradições.
E) formas de pensar e agir que fazem parte de nosso comportamento comum como a formalidade e a
dedicação ao pensamento técnico-racional; a importância dada a componentes da vida social como a
hierarquia e o bem comum.
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aluno no site da universidade.
86
78) Questão do ENADE 2006 – Prova de Conhecimentos Gerais para todos os cursos avaliados,
(QUESTÃO 3)
Jornal do Brasil, 3 ago. 2005.
Tendo em vista a construção da idéia de nação no Brasil, o argumento da personagem expressa:
A) a afirmação da identidade regional.
B) a fragilização do multiculturalismo global.
C) o ressurgimento do fundamentalismo local.
D) o esfacelamento da unidade do território nacional.
E) o fortalecimento do separatismo estadual.
79) A população brasileira se constitui como um grupo para o qual colaboraram historicamente
diferentes povos que trouxeram para o nosso território sua cultura. No início de nossa história
nacional, portugueses, índios e africanos formavam a sociedade brasileira. Entretanto, a importância
da colaboração de índios e africanos em nossa cultura nacional é constantemente diminuída, e as vezes
desprezada. Isto se deve ao que segue:
A) Os brasileiros preferem considerar as influências européias dos portugueses ou franceses em nossa cultura
do que as africanas e indígenas.
B) Porque, de fato, a colaboração dessas etnias foi bem inferior à dos europeus.
C) As populações indígenas nativas e os africanos trazidos para nosso território sempre tiveram uma cultura
inferior à dos portugueses, por isso ela é descartada.
D) Existe muita resistência por parte dos descendentes de africanos e índios em aceitar que sua cultura tenha
colaborado para nossa formação.
E) Resulta da ocupação do poder político e econômico em nossa sociedade, que é formada por uma elite que
valoriza muito a influência dos europeus.
80) Baseados na história brasileira, sabemos que a elite que ocupou durante muito tempo o poder
político e econômico, valorizou muito mais a influência do povo europeu como formador de nossa
cultura nacional, ao mesmo tempo desvalorizou outros.
Assinale abaixo a alternativa que aponta os “esquecidos” da história de nossa cultura:
A) Algumas etnias indígenas e a população do Nordeste.
B) A população migrante e algumas etnias africanas.
C) A cultura norte-americana e os descendentes de etnias africanas.
D) As etnias indígenas e africanas.
E) Os descendentes de índios e algumas etnias africanas.
81) Atualmente é comum que conheçamos cada povo através do nome da nação à qual pertencem. Não
nos lembramos de suas etnias, mas de seu território e de sua constituição como unidade política.
Conhecemos a cultura de cada povo através de sua experiência dentro desse modelo de pertencimento a
uma nação.
Esse tipo de cultura na qual enfatizamos o aspecto da vida comum de um povo dentro de seu Estado
nacional é denominada?
A) Cultura erudita.
B) Cultura de classe.
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C) Cultura popular.
D) Cultura de massa.
E) Cultura nacional.
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3 - A SOCIEDADE
3.1 - Identidade cultural na atualidade: multiculturalismo, tribalismo urbano e pesquisa
antropológica.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
KEMP, K. “Identidade cultural”, in GUERRIERO, S (Org.). ANTROPOS E
PSIQUE. O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D’água, 5ª. Ed., 2004.
LAPLANTINE, F. “Os pais fundadores da etnografia – Boas e Malinowski”, in Aprender
Antropologia, Brasiliense, PP.75-92.
Bibliografia complementar:
HALL, Stuart. IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE, Rio
de Janeiro: DP&A, 2003, 7ª ed.
PASSADOR, Luiz Henrique. O campo da antropologia: constituição de uma
ciência do homem, in ANTROPOS E PSIQUE – o outro e sua subjetividade, SP: Olho
d´Água, 2003. pp 29-49.
Sugestão de sítios da Internet:
“Tribos de Brasília” – blog editado por alunos do curso de Jornalismo da
Universidade Católica de Brasília: http://bsbtribos.blogspot.com/, acessado em 10/03/2009,
21:12.
“Moda e Tribos Urbanas” – blog editado por Queila Ferraz Monteiro,
Professora de História da Indumentária e Tecnologia da Confecção em diversos cursos
superiores e de pós-graduação: http://www.fashionbubbles.com/2006/moda-e-tribosurbanas/, acessado em 10/03/2009, 21:00.
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO
Segundo Stuart HALL:
MULTICULTURAL: características sociais e problemas de governabilidade
apresentados por sociedades com diferentes comunidades culturais.
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MULTICULTURALISMO: estratégias e políticas usadas para governar ou
administrar problemas de diversidade e multiplicidade em sociedades multiculturais.
Muitos países no mundo de hoje são sociedades multiculturais, e enfrentam
muitos problemas políticos para que todos se sintam INCLUÍDOS; não apenas com direitos
iguais, mas que sejam igualmente valorizados como parte de uma sociedade múltipla.
Portanto o debate do multiculturalismo nos leva aos conceitos de
IDENTIDADE CULTURAL, e consequentemente de DIFERENÇA CULTURAL.
Quem é igual a quem em uma sociedade multicultural? Ou mais, quem quer ser
igual a quem, quem quer ser diferente e mesmo assim tratado igualmente?
Identidade versus Diferença – São conceitos inseparáveis e mutuamente
determinados: não temos como perceber ou definir uma identidade cultural sem relacionar
com alguma outra que é DIFERENTE dela.
Diferença, ou o direito à diferença: conjunto de princípios que organizam
elementos culturais e princípios de valores de inclusão e exclusão, capazes de informar o
modo como indivíduos marginalizados são posicionados e construídos em teorias sociais
dominantes, práticas sociais e agendas políticas.
Boaventura de Souza Santos, um iminente sociólogo da atualidade tem uma
frase que colabora de forma excepcional para a compreensão do debate sobre a identidade e
o direito à diferença. Qual seja:
“As pessoas têm direito a serem iguais sempre que a diferença as tornar
inferiores; contudo, têm também direito a serem diferentes sempre que a igualdade
colocar em risco suas identidades.”
O conceito de identidade cultural permite compreender os processos através dos
quais os indivíduos passam a tomar como “gosto” ou “preferência pessoal” um conjunto
que expressa sua subjetividade e o coloca nas relações interpessoais de forma a sentir que
pertence a um coletivo.
A identidade cultural de um grupo se manifesta tanto externamente, através de
práticas coletivas próprias, rituais, vestuário e adornos corporais, por exemplo; como
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intersubjetivamente, quando cada indivíduo entende como próprio de si mesmo um
conjunto de hábitos e formas de sensibilidade que foram coletivamente constituídas.
Para constituir uma identidade, os indivíduos passam pelos processos de
socialização, endoculturação, recebem a visão de mundo de sua cultura, introjetam os
valores. Todos os conceitos trabalhados anteriormente nos outros módulos fazem parte dos
processos de identificação.
A diferença está no seguinte ponto. A cada cultura corresponde um imenso e
vasto repertório de hábitos, saberes, valores, técnicas. Nenhum indivíduo, de qualquer
cultura que seja, pode conhecer, entrar em contato e experimentar a totalidade desse
conjunto.
Ao entrar em contato com diferentes setores e ordens da sociedade, cada
indivíduo entra em um processo de identificação, onde os elementos de sua subjetividade
vão se reorganizando em função de novas experiências. A cada uma delas o sujeito avalia
qual seu grau de envolvimento e como delas se aproxima. Perguntas como: “Fazer isso,
DESTA forma, me dá prazer?”; “Eu me sinto bem ao pensar sobre esse assunto DESTA
maneira?”; “Eu considero justo que as pessoas tomem ESTA tal atitude em tal situação?”;
“Eu percebo beleza NESTA forma de aparência social?”
Tais questionamentos fazem parte da capacidade de REFLEXÃO que cada um
de nós possui, e que nas sociedades contemporâneas faz parte de uma exigência para nossos
posicionamentos e atitudes. Somos o tempo todo “cobrados” a uma “opinião pessoal”, a um
“estilo pessoal”, a uma “atitude pessoal”, a “ter personalidade” (que no senso comum é um
conceito difuso e polissêmico).
Somos cobrados a “ter identidade” (também uma outra noção do senso comum
bastante confusa, pois entende que podemos “perder” nossa identidade).
Bem, em nossa trajetória pessoal e os contatos sociais que vão se sucedendo ao
longo da vida, temos a oportunidade de obter informações ou participar de diferentes
grupos que relacionam os elementos culturais de forma original e passam a construir uma
“identidade própria”. Nesse contato, podemos nos identificar mais, ou menos com cada tipo
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de comportamento, nos fazendo mais próximos ou distantes de uma ou outra forma de
identidade coletiva.
Essa identidade pode ser compreendida dentro dos seguintes processos:
o - relacional: é “em relação” ao outro que afirmamos nossa identidade.
o - processual: faz parte de um sistema complexo (pois inclui a referência
dada pelo grupo, a subjetividade, as relações entre os vários grupos com
diferentes identidades e assim por diante), e contínuo ao longo da vida
de cada indivíduo.
o - contrastiva: para que se destaque de forma única, cada grupo precisa
se fazer contrastar dos demais. A referência da diferença é o que faz a
identidade.
Nas sociedades modernizadas atualmente, podemos encontrar um amplo
espectro de grupos que se identificam de forma bem distinta, o que faz com que pareça que
identidade é sempre uma questão de escolha, uma opção.
Mas não é exatamente assim que acontece no cotidiano das pessoas.
Para cada grupo social existem identidades que são hegemônicas, ou seja,
dominantes em relação a muitas outras. Estamos falando sobre a forma como certos grupos
exercem PODER sobre outros.
As identidades hegemônicas correspondem a modelos do padrão moral, que são
impostos a todos os indivíduos dessa dada sociedade, tanto através de mecanismos de
socialização, como através da punição moral e da vigilância através de normas e leis.
Desta forma, há como um “padrão” de comportamento social, e desde que as
atitudes dos indivíduos se enquadrem dentro desse padrão aceito, a identidade cultural de
um ou outro grupo que crie uma identidade será aceita pela maioria que segue o modelo
imposto.
Entretanto, existem processos de constituição de grupos com identidades que de
alguma forma negam ou entram em conflito com esse padrão hegemônico.
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Nesse caso, a sociedade tenta reprimir o processo de desenvolvimento dessas
identidades, tratando os indivíduos participantes através de estratégias que geram exclusão
social – o estereótipo, o estigma, o preconceito.
Quando há uma severa desaprovação relacionada a certa identidade social, seus
participantes passam a receber um tratamento social desigual cuja mensagem bastante clara
é: “não aceitamos sua identidade”. Ser estigmatizado em função de características de
comportamento ou crenças é algo que podemos encontrar em referência a diversas
identidades sociais ao longo da história.
O estereótipo se realiza quando a sociedade cria uma imagem mental (um
imaginário) falso com idéias que reduzem a identidade cultural de um certo grupo a
conteúdos que pretendem denegrir, diminuir a importância desse tipo de comportamento. É
como comumente se diz, “rotular alguém”. Os critérios que possibilitam criar essas idéias
não possuem comprovação e não são demonstráveis, mas possuem força moral sobre a
maioria dos indivíduos do grupo.
O preconceito é um julgamento estabelecido previamente a qualquer
conhecimento aceitável. É um conceito sobre pessoas que é pré-estabelecido. Um préconceito de fato, pois se organiza em torno de associações lógicas questionáveis e sem
contato com a realidade sobre a qual pretende afirmar qualquer coisa. Essas associações
fazem a ligação entre características físicas e conteúdo mental, psicológico ou moral dos
“outros”. “Os negros são inferiores”, “as louras são burras”, “os pobres são ladrões” são
afirmações carregadas de preconceito.
O termo “minorias sociais” surge a partir da década de 70 do séc. XX. Ele
procurava designar a existência de grupos dentro da sociedade contemporânea, cujos traços
característicos ou comportamento expresso não correspondiam ao modelo hegemônico.
Por que essa referência de dimensões? Minoria e maioria? Exatamente a o que
elas se referem? Apenas ao número de pessoas?
Entendia-se que estatisticamente, a maioria das pessoas correspondia às
expectativas dos padrões morais que regem a conduta dentro de nossa sociedade. Também
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correspondia ao termo maioria, por conseguir impor através da hegemonia um modelo
padrão de identificação.
À minoria corresponderia então grupos estatisticamente inferiores, e inferiores
também em termos de poder ou alcance para fazer valer a legitimidade de sua identidade
coletiva.
Atualmente o conceito de minoria se refere a essa dimensão da posse do poder
de controle sobre a moral da sociedade ou da ausência desse mesmo poder. À posse do
discurso sobre os direitos ou da ausência do reconhecimento social de direitos iguais. Não
existe mais a noção de maioria ou minoria estatística, mesmo porque essa questão é muito
relativa ao universo social ao qual esse ou aquele grupo pode estar relacionado. Num certo
contexto a minoria é realmente menor estatisticamente em relação a certo universo de
pessoas, mas em outro contexto essa minoria pode representar até mesmo uma maioria
estatística.
Uma minoria pode ser constituída por traços básicos de uma etnia, ou de uma
forma de orientação da sexualidade, ou de uma crença. Um determinado grupo social passa
a ser reconhecido como “minoria social” quando vem de alguma forma se expressar,
exigindo um tratamento que não gere exclusão social ou desigualdade de direitos aos
cidadãos.
Um dos traços marcantes da sociedade contemporânea tem sido exatamente
esse. Setores da sociedade que possuem características marcantes o suficiente para que lhes
seja atribuída uma identidade, e que se organizam em torno de reivindicações de direitos
sociais. É uma nova forma de atuação política, que foge dos padrões tradicionais e se
organiza em torno de propostas de ação que gere impacto positivo, esclarecimento e
receptividade da sociedade. São as chamadas “ações afirmativas”, cuja mobilização procura
gerar um debate na sociedade em termos de direitos de igualdade e reverter situações de
preconceito, estigma ou estereótipos.
Afinal, quando as pessoas tomam contato com a realidade do outro há uma
possibilidade de se abandonar preconceitos.
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São chamadas minorias hoje, principalmente grupos étnicos que em muitos
lugares são oprimidos por sua condição de origem; grupos de orientação sexual não
heterossexual (homossexuais, transgêneros, travestis, bissexuais); grupos de orientação
religiosa não católica ou protestante.
Ao lado das chamadas minorias sociais, podemos encontrar grupos que se
organizam em torno de propostas de lazer, consumo, atividades lúdicas, arte e que em
alguns casos, a atuação política se faz também presente.
São as chamadas “tribos urbanas”.
Em grandes cidades do mundo todo, desde o final da II Guerra Mundial,
podemos testemunhar o fenômeno da formação desse tipo de constituição de uma
coletividade. Com o crescimento do mercado capitalista de consumo, surgiu uma forma de
expressão de identidades que com ele dialoga, as vezes rejeitando os mecanismos que
seduzem os indivíduos a participar dele, as vezes colaborando para aumentar seu repertório.
Esses grupos se constituem em torno de estilos de vida, construindo uma estética própria,
atividades de sociabilidade, valores e rituais que os diferenciam da sociedade em geral.
Vamos citar alguns: “rappers”, “metaleiros”, “jipeiros”, “skatistas”, “emos”,
“góticos”, “moto bikers”, “modernos primitivos” (que praticam muitos estilos de
modificação corporal como tatuagens, piercings, implantes, escarificação entre outros).
Os grupos que se organizam em torno de estilos de vida, formando essas
“tribos” são a expressão de novas formas de sensibilidade social. Normalmente, o senso
comum considera “exagero” e reprime ou procura desmoralizar através do estigma, as
pessoas que participam dessas tribos.
O que esse fenômeno social nos mostra, para além do que o senso comum
consegue compreender, é que atualmente os indivíduos procuram refletir sobre sua
subjetividade e expressá-la de formas criativas e originais. Através da convivência nesses
grupos, experimentam novas formas de convívio social e colocam em jogo novos valores.
Sem a pretensão de se tornarem hegemônicos, eles provocam na sociedade uma reflexão
sobre nossos padrões de conduta.
E sobre a pesquisa antropológica?
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Qual sua importância para essa temática das identidades contemporâneas?
A pesquisa de campo reescreveu a história da antropologia.
Ela veio a ser uma alternativa às chamadas “pesquisas de gabinete”, que se
caracteriza por manter o pesquisador distante da vida real dos indivíduos que pretende
conhecer.
A partir do contato direto entre pesquisador e cultura pesquisada, os
pressupostos sobre cultura e comportamento humano sofreram mudanças importantes.
Nesse tipo de pesquisa, o cientista passa um longo período de tempo
convivendo na cultura que quer conhecer. Ele se torna o que chamamos de “observador
participante”. Ou seja, ele não chega com questionários prontos e não se preocupa com a
quantidade de respostas obtidas para a mesma questão.
Sua principal preocupação é obter “informantes”, que são pessoas que lhe
facilitam o trânsito, os contatos e debatem com o pesquisador sobre suas dúvidas a respeito
do que está sendo observado.
Ele também não se limita a ser um observador, mas passa a participar de
algumas atividades com seus anfitriões, procurando se colocar sempre que possível no
lugar do outro.
O principal portanto, é tentar encontrar uma perspectiva de abordagem desse
outro, que seja diferente do olhar imparcial e distante do observador de laboratório. Ao
observar, mas também participar, o pesquisador tem a oportunidade de utilizar o “olhar
antropológico”.
Ao mudar sua própria subjetividade, o pesquisador promove uma mudança
interna de valores e permite que o outro seja interpretado dentro de seu próprio conjunto de
conceitos, dentro de sua própria visão de mundo.
Após a permanência em campo, o pesquisador se retira, física e subjetivamente.
Esse distanciamento posterior é o período de reflexão sobre os dados obtidos, quando ele
pode garantir que não estará sendo etnocêntrico, mas também procura evitar o risco de se
transformar no outro. Como cientista, é necessária uma imparcialidade em seu discurso, e
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há a procura de um meio termo, no qual o pesquisador consiga falar sobre o outro sem ser
etnocêntrico, de fora para dentro, ou etnocêntrico, de dentro para fora. Assim, ele deve
procurar a elaboração de uma interpretação que possa garantir a imparcialidade. Não está
“em defesa” de ninguém, nem de sua própria cultura, nem da do outro.
Os relatos produzidos pelos antropólogos em campo são chamados de
“etnografias”, que literalmente significa o registro escrito da experiência étnica.
As técnicas de observação de campo da antropologia passaram a influenciar
muitos campos de estudo, que passaram a produzir pesquisas semelhantes.
O resultado é que temos hoje uma grande produção de textos, teorias, teses e
artigos que abordam ENCONTROS COM O OUTRO.
Podemos refletir melhor sobre as relações com a diversidade.
LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA ANTES DE
INICIAR OS EXERCÍCIOS PROPOSTOS!
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Questões 3º tema
82) Uma característica marcante das identidades culturais no mundo globalizado contemporâneo é a
que segue:
A) a imposição de um único modelo referencial para a constituição das identidades, anulando a possibilidade
da diversidade cultural;
B) tem predominado a consciência sobre a necessidade de respeitar a diversidade cultural, por isso existe uma
intensa troca de experiências culturais para definir todas as identidades atualmente;
C) as identidades nacionais passam a ser mais importantes que as identidades globalizadas e desenraizadas;
D) deixa de existir um único modelo de referências simbólicas para a construção das identidades, surgindo um
número imenso de identidades grupais dentro de uma mesma sociedade;
E) existe uma maior flexibilidade para que cada sociedade escolha qual cultura quer adotar como modelo;
esse processo é portanto unicamente de caráter político, pois pressupõe que uma sociedade se posicione
criticamente em relação ao multiculturalismo presente na mundialização (globalização) cultural.
83) As definições de ESTIGMA e ESTEREÓTIPO, podem ser aplicadas como se segue:
A) Ao ser estigmatizado um indivíduo pode se libertar dos estereótipos associados à sua identidade, utilizando
de forma autêntica os elementos que caracterizam suas escolhas reflexivas.
B) O estigma pode ser uma característica simbólica, enquanto o estereotipo precisa ser baseado em
características físicas, como certos tipos de vestuário, trejeitos ou interferências no corpo.
C) Tanto o estigma como o estereótipo são instrumentos de referência para que possamos perceber a
identidade do outro, sabendo como nos relacionar.
D) O estereótipo associado a certas identidades sociais não possui qualquer relação com os estigmas que
podem marcar a imagem social desse tipo de comportamento.
E) Existe uma tendência de certos setores conservadores dos costumes de uma sociedade em estigmatizar
certos traços de uma identidade, que passam então a ser utilizados como motivadores de práticas
discriminatórias e preconceituosas, acabando por construir estereótipos que atingindo indistintamente todos
que utilizarem tais traços.
84) O preconceito além de ser um mecanismo etnocêntrico de proteção das identidades sociais e
culturais também pode funcionar como uma venda que impede os sujeitos de ver o mundo.
A) sim, a afirmativa está correta, pois o preconceito e o etnocentrismo são as únicas práticas possíveis para
que as diferenças culturais e valorativas dos sujeitos possam ser preservadas gerando uma visão que adapta o
sujeito à sua própria cultura.
B) sim, a afirmativa está correta, pois o preconceito é uma forma exacerbada de etnocentrismo e isso impede
os sujeitos de atingirem uma experiência social mais próxima da totalidade que pode ocorrer quando
incluímos o outro.
C) não, a afirmativa está errada, pois o preconceito não é um mecanismo etnocêntrico e sim uma forma de
intolerância com a diferença.
D) não, a afirmativa está errada, pois a visão de mundo dos sujeitos não pode ser pode ser limitada pelo
preconceito, e sim pelos filtros simbólicos da realidade.
E) tudo é relativo, e muitas vezes o preconceito pode ajudar a aproximar as pessoas.
85) A importância da pesquisa de campo na observação antropológica do outro, pode ser corretamente
associada com:
A) pelo fato de terem oportunidade de conviver com o “outro”, os antropólogos podem compreender melhor e
desenvolver planos de ação mais viáveis para as culturas estudadas, interferindo naquela realidade.
B) o antropólogo necessita apoio áudio-visual de uma equipe especializada, pois a permanência em campo
exige o registro imediato de todas as situações vividas.
C) a antropologia aconselha aos pesquisadores que não abram mão de seus próprios valores, não se deixando
influenciar pelo “outro” na experiência da observação participante.
D) esse tipo de pesquisa exige uma mudança de valores por parte do pesquisador, para que seja possível
compreender o “outro” a partir de sua própria visão de mundo.
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E) o objetivo da pesquisa de observação participante é dar voz ao “outro”; ao dar oportunidade do outro se
posicionar, o antropólogo pode permanecer imparcial, sem se deixar influenciar pelas opiniões de seus
entrevistados.
86) Realizar a pesquisa de observação participante exige uma mudança na subjetividade do
pesquisador. Essa afirmação:
A) está correta, pois como observador ele deve ignorar as opiniões das pessoas entrevistadas com o objetivo
de obter imparcialidade em seu trabalho científico.
B) está errada, pois a imparcialidade exige uma atitude de antipatia do pesquisador em relação aos
entrevistados, para que não se envolva com eles.
C) está correta, uma vez que o observador necessita estabelecer uma relação de empatia com os entrevistados,
colocando-se no lugar do outro sem, entretanto, tomar partido em relação a ele.
D) está errada, uma vez que ao partir para a pesquisa de campo o antropólogo deve ignorar tanto sua
subjetividade quanto a dos entrevistados, mantendo uma atitude de empatia.
E) está parcialmente correta, pois além de mudar a sua própria subjetividade, a pesquisa antropológica tem
como um dos objetivos mudar também o ponto de vista do nativo.
87) Constituem elementos através dos quais podemos perceber a identidade e a manipulação simbólica
que uma “tribo urbana” realiza:
A) a coerência e a previsibilidade de seu comportamento perante os outros;
B) a presença de traços que permitem aos “outros” reconhecê-los, podendo estar em sua vestimenta, gírias,
crenças entre outros;
C) a coerência e a previsibilidade de seus traços específicos como forma de distinguir-se dos demais; a
coerência e a previsibilidade de seus traços específicos como forma de distinguir-se dos demais;
D) a seleção totalmente arbitrária e incoerente de características que os tornem irreconhecíveis perante os
outros;
E) o “estilo” que se resume à sua aparência.
88) Malinowski foi o primeiro antropólogo a desenvolver a metodologia de pesquisa de campo que
caracteriza até hoje a Antropologia. O tipo de pesquisa por ele criado é chamado de:
A) Estruturalismo.
B) Pesquisa de observação participante.
C) Metáfora orgânica.
D) Pesquisa de modelos culturais e diversidade.
E) Antropologia Cultural.
89) Para LAPLANTINE, no livro “Aprender Antropologia” (pg. 81), o autor Malinowski foi
responsável pela antropologia se tornar uma “ciência” da alteridade (da relação com o outro). Foi nesse
momento que a antropologia recusa as teorias evolucionistas. Isso foi possível a partir de sua obra
porque:
A) ele se dedicou ao estudo das lógicas particulares características de cada cultura, pois realizou as primeiras
pesquisas de campo.
B) é Malinowski o autor responsável por apontar incoerências e erros nas pesquisas de campo.
C) sua obra permitiu encontrar exemplos suficientes para contrariar a teoria de que cada cultura tem uma
lógica particular.
D) o evolucionismo social se tornou tão radical que proibia os cientistas de realizar pesquisas de campo, e ele
conseguiu superar tais limites.
E) suas teses interessavam às elites que ocupavam o poder naquele momento, e isso permitiu um grande
avanço das pesquisas e reflexões sobre a alteridade.
90) Para compreender mais profundamente o outro, aqueles comportamentos que são diferentes do
nosso, é preciso reviver em si mesmo os sentimentos desse outro. Assim alcançamos o verdadeiro
sentido da alteridade.
Nas frases acima estão os princípios do(a):
A) etnocentrismo
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B) tribalismo urbano
C) multiculturalismo
D) sociedade contemporânea
E) observação participante
91) Quando as tradições culturais de um grupo constituem o único modelo de referência para a
construção da identidade cultural de seus indivíduos, podemos caracterizar essa sociedade como:
A) comunidade relacional;
B) sociedade tradicional;
C) sociedade moderna;
D) grupo complementar de identidade;
E) modelo de diversidade cultural.
92) Quando as tradições culturais de um grupo deixam de ser o único modelo de referência para a
construção da identidade cultural de seus indivíduos; além das tradições, os meios de comunicação
podem influenciar os valores coletivos. Então podemos caracterizar essa sociedade como:
A) comunidade relacional;
B) sociedade tradicional;
C) sociedade moderna;
D) grupo complementar de identidade;
E) modelo de diversidade cultural.
93) Leia o trecho do artigo de José Magnani, transcrito abaixo, utilize os conhecimentos adquiridos
sobre o tema, e selecione a alternativa correta:
Um primeiro significado, mais geral, de tribo urbana, tem como referente determinada escala
que serve para designar uma tendência oposta ao gigantismo das instituições e do Estado nas
sociedades modernas: diante da impessoalidade e anonimato destas últimas, tribo permitiria
agrupar os iguais, possibilitando-lhes intensas vivências comuns, o estabelecimento de laços
pessoais e lealdades, a criação de códigos de comunicação e comportamento particulares. Em
outro contexto, tribo evoca o ‘primitivo’ e designa pequenos grupos concretos com ênfase não
já em seu tamanho, mas nos elementos que seus integrantes usam para estabelecer diferenças
com o comportamento ‘normal’: os cortes de cabelo e tatuagens de punks, carecas, a cor da
roupa dos darks e assim por diante. (http://www.aguaforte.com/antropologia/magnani1.html.)
A) as tribos urbanas refletem a tentativa de alguns jovens de fugir da massificação imposta pelo ritmo das
grandes cidades e do capitalismo.
B) as tribos urbanas refletem o comportamento selvagem de alguns jovens que não possuem cultura.
C) tribos urbanas são os aglomerados de jovens que não estão inseridos no mercado de trabalho. Como índio
também não está acostumado a trabalhar, deu-se o nome de “tribo” a estes grupos.
D) o jovem que participa de uma tribo urbana é um arruaceiro, sem cultura.
E) tribos urbanas é um nome diferenciado para designar um bando de delinqüentes.
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100
94) Veja as imagens abaixo e assinale a alternativa que corresponde aos conceitos que mais se
aproximam de cada uma delas consecutivamente:
(1)
(2)
(3)
(4)
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101
(5)
A) Diversidade cultural; etnocentrismo; xenofobia; ultra nacionalismo; multiculturalismo.
B) Nacionalismo; educação multicultural; xenofobia ou racismo; nacionalismo; multiculturalismo.
C) Racismo; estereótipo cultural; nacionalismo; multiculturalismo; ultra nacionalismo.
D) Xenofobia; diversidade cultural; inclusão social; racismo; diversidade étnica.
E) Multiculturalismo; diversidade cultural; tribalismo urbano; xenofobia; etnocentrismo.
95)
“As pessoas que moram em aldeias pequenas, aparentemente remotas, em países pobres, do
terceiro mundo, podem receber, na privacidade de suas casas, as imagens e as mensagens das
culturas ricas, consumistas (...) através de aparelhos de TV ou de rádios portáteis (...) a vida
social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens
internacionais, pelas imagens da mídia e pelo sistema de comunicação globalmente
interligados”.
Com base nessa frase citada acima, as identidades sofrem que tipo de ação?
Assinale a alternativa correta:
A) Se fortalecem, tornando-se mais regionais.
B) Se fragmentam, a ponto de desaparecer.
C) As identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições e parecem
flutuar livremente.
D) Não são afetadas, pois elas se constituem ao longo da vida e não mudam.
E) As identidades ganham um novo sentido em função da globalização e da homogeneização mundial dos
sistemas.
96) Leia a reportagem a seguir:
Intolerância contra estrangeiros cresce na Suíça
Considerado famoso por propaganda racista, ultradireitista Partido do Povo Suíço (SVP) é o maior do país
Associated Press
Homem e Sociedade – material desenvolvido pela UNIP – disponível, também, para o
aluno no site da universidade.
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Reprodução Preconceito: Cartaz do partido SVP promete 'criar segurança'
ZURIQUE - De acordo com uma pesquisa divulgada em junho de 2006, um terço dos suíços é
declaradamente xenófobo. Doudou Diène, relator especial da ONU para o racismo, afirmou
recentemente que o racismo é uma grave questão na Suíça, principalmente porque as autoridades
locais não acreditam que o problema seja sério.
Segundo organizações de direitos humanos, a Suíça registrou 113 casos de violência relacionadas ao
racismo em 2007, 30% a mais que em 2006. Segundo analistas, isso explica o crescimento do
ultradireitista Partido do Povo Suíço (SVP), o mais votado nas eleições de 2007, com 29% dos votos.
Na ocasião, o partido propôs expulsar estrangeiros e proibir que meninas muçulmanas usassem véus.
Nos últimos anos, o SVP ganhou espaço com propagandas racistas. Em uma delas, ovelhas brancas
chutam para fora da Suíça ovelhas negras. Em outra, o partido afirma que o aumento da
criminalidade na Suíça ocorreu por causa da imigração.
Em 2007, o partido conseguiu aprovar uma nova lei de naturalização que submete a aprovação da
nacionalidade suíça a uma votação secreta feita pela comunidade onde vive o estrangeiro. A Suíça
tem a maior população de imigrantes da Europa. Cerca de 1,5 milhão de pessoas, o equivalente a
25% da população, é de imigrantes.
(publicado no jornal Estadão online, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009, 11:17, caderno
INTERNACIONAL – Europa; http://www.estadao.com.br/internacional/not_int322757,0.htm )
Compare com a outra reportagem abaixo:
FOLHA ON LINE
Cotidiano
Saiba mais sobre o caso da brasileira Paula Oliveira na Suíça
da Folha Online
A advogada brasileira Paula Oliveira, 26, que mora na Suíça, afirmou ter sido espancada por
supostos skinheads em uma estação de trem nos arredores de Zurique, no dia 9 de fevereiro, e teve
parte do corpo retalhado por estilete. Ela disse ainda que estava no terceiro mês de gestação de
gêmeos e que havia sofrido aborto após a agressão.(...)
A brasileira deixou no dia 17 de fevereiro o Hospital Universitário de Zurique, onde estava internada
após a suposta agressão. No dia seguinte, ela passou oficialmente de vítima a suspeita no caso.
O Ministério Público de Zurique abriu um processo penal contra ela por falsa denúncia, depois que
exames mostraram que Paula não estava grávida no momento da suposta agressão, como ela tinha
declarado às autoridades. Com a decisão, Paula não poderá deixar o país até o fim das investigações.
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No dia 19 de fevereiro, o Ministério Público confirmou que a brasileira mentiu sobre as agressões que
afirmou ter sofrido e também sobre a gravidez. O depoimento foi colhido no dia 13. De acordo com o
comunicado feito pela Promotoria, Paula admitiu que fez os ferimentos em si mesma. O órgão
investiga se o ato foi planejado e se há outras pessoas envolvidas. (Publicado pela Folha online,
25/02/2009 - 12h02, http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u509078.shtml )
De acordo com o conteúdo das reportagens, a leitura correta da perspectiva da Antropologia é a que
segue:
A) A Suíça tem sofrido muito com a invasão de estrangeiros e para garantir o bem estar de seus cidadãos a
sociedade tem se organizado contra essa presença; a brasileira em questão nada mais fez do que denunciar
atos de xenofobia e reivindicar seus direitos.
B) Tem crescido na Suíça a presença de imigrantes estrangeiros e uma das reações dessa sociedade tem sido o
etnocentrismo; a brasileira utilizou do recurso do relativismo cultural para tentar se beneficiar do conflito
etnocêntrico.
C) Tem crescido na Suíça a presença de imigrantes estrangeiros e uma das reações dessa sociedade tem sido a
xenofobia; o caso da brasileira pode ser atribuído a uma ação política individual que envolve questões como
conflitos étnicos, de identidade e a importância dos meios de comunicação de massa atualmente.
D) Das questões envolvidas, a mais importante se refere ao bem estar dos cidadãos suíços que, como mostra a
imagem do cartaz reproduzido na reportagem, precisam se defender da presença da diversidade cultural.
E) Através das reações da sociedade suíça, que ficam nítidas no cartaz de campanha política reproduzido na
reportagem, percebemos a urgência no mundo contemporâneo da solução para as questões de convívio
multicultural; uma das ações mais efetivas como política afirmativa é apoiar atos como o da brasileira.
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Gabarito dos Testes:
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