CARTA TRIMESTRAL 4º TRI DE 2014 Este material tem o único propósito de divulgar informações e dar transparência à gestão da Humaitá Investimentos. Não deve ser considerado como oferta de venda de cotas de fundos de investimentos ou de qualquer título ou valor mobiliário. A Humaitá Investimentos não comercializa nem distribui cotas de fundos ou qualquer outro ativo financeiro. Leia o prospecto e o regulamento antes de investir. A rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. Fundos de Investimento não contam com garantia do administrador, do gestor, de qualquer mecanismo de seguro, ou ainda, do Fundo Garantidor de Créditos/ FGC. Os fundos de ações e multimercados com renda variável podem estar expostos a significativa concentração em ativos de poucos emissores, com os riscos daí decorrentes. 1 4º TRIMESTRE DE 2014 PALAVRA DO GESTOR A NATUREZA PREZADO COTISTA, Estava anoitecendo no pântano e o lacrau precisava atravessar o rio. Tinha seus motivos e estava com pressa e por isso, sem poder de barganha. Foi logo lançando sua prosa sedutora pra cima do sapo. - Tá louco retrucou o réptil, e se, lá no meio do rio, você resolve me picar? Morreria afogado com a sua ferroada. - Como assim sapo, se eu te picar morreremos os dois, afinal onde já se viu um escorpião nadar. E assim se foram, sapo embaixo dando carona para o escorpião atravessarem o rio... A correnteza estava branda, mas traiçoeira, águas turvas, céu escuro e o ferrenho não aguentou, picou seu carona. E agora meu amigo, feneceremos os dois, disse o sapo pasmado. Está na minha natureza, desculpou-se o escorpião. Terminamos um ano difícil que todos nós, de alguma forma, sentimos. Aqui, os mercados sacodiram logo no início de 2014 ao ressuscitarem o fantasma da crise cambial da Ásia em 1997. Cunhou-se o chamado cinco frágeis, ou “The Fragile Five1” em referencia ao Brasil e mais quatro países em desenvolvimento com inflação alta aliada a um déficit enorme em conta corrente, ambos catalizadores da crise asiática. Veio o medo de contágio e ativos de risco, principalmente destes “frágeis” perderam valor de forma ríspida. O Real perdeu 14% do seu valor ao bater 2,44 no final de março e o Ibovespa bateu 45.965, caindo quase 20% desde o high de 2013. Uma pesquisa, mostrando queda na popularidade da Presidente Dilma trouxe alento aos mercados que comemoraram, mesmo que brevemente, uma possível vitória da oposição. Certamente estavam todos decepcionados com a “Nova Matriz Econômica”, imposta aos cidadãos pelo Ministro Mantega, um técnico desconexo, distante da realidade, sempre otimista, sempre risonho, mas incapaz de cumprir uma única promessa. Economia estagnada, inflação alta, investimentos em queda, índices de confiança em patamares deprimidos, falta de credibilidade fiscal e contas deterioradas2, a lista macro era longa. Trinta e nove ministérios, equipes fracas, agências reguladoras aparelhadas, contratos quebrados e um projeto central de poder, que somado a uma política desastrada imposta ao setor petroleiro e elétrico, 1 Outros 2 Déficit quatro países foram a Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia. em conta corrente ao redor de 4% do PIB. 2 4º TRIMESTRE DE 2014 PALAVRA DO GESTOR A NATUREZA não só endividou como afundou nossas maiores empresas, a Eletrobras e a Petrobras, esta última, centro de um descomunal escândalo de corrupção. Era de se esperar que estivéssemos no seleto grupo dos cinco fracos. Tomamos um downgrade da S&P logo em seguida3. Veio a Copa, e os mercados, agora torcedores, mudaram o foco. Levamos uma sova da Alemanha e somente os 7x1 trouxe os brasileiros de volta à triste realidade4. Veio o período pré-eleitoral e os mercados ficaram à deriva, ao sabor dos ventos das pesquisas que reinaram os mercados, com suas artimanhas e seus boatos. Dilma ganhou por uma margem apertada, com a imagem arranhada por uma campanha suja e pelo envolvimento do seu partido na Operação Lava-Jato da Petrobras. Não tinha outra saída, diante da situação política frágil em meio a tanta desordem, de implementar uma política ortodoxa para arrumar a casa e garantir um mínimo de governabilidade. Nada mais do que Joaquim “mãos de tesoura” Levy foi nomeado, para a surpresa de todos, como Ministro da Fazenda, substituindo o hilário antecessor. E foi logo implementando uma política fiscal austera, como se Aécio estivesse comandando e fez-se justamente o contrário do marqueteado em campanha. Houve elevação imediata dos juros5, aumento das tarifas de ônibus e de energia elétrica, corte de gastos e aumento de impostos e mais uma canetada, agora no setor de educação. O fato é que o mercado comemorou, de forma breve e desconfiado, uma possível guinada da falida “nova” matriz a uma política mais austera e responsável. Neste início de 2015 vivemos a certeza de um ano econômico muito fraco, possivelmente em recessão, fruto do desarranjo da política econômica do governo Dilma 1.0. Choveu pouco no final do ano e este trimestre, justamente o mais importante, não promete muito, trazendo de volta à pauta, os riscos de um racionamento de água e de luz. O que não temos é certeza política. Por enquanto, os mercados podem até subir, na medida em que acreditem que Dilma compactua e apoia integralmente a política crível de Levy. O afrouxamento monetário europeu ajuda um pouco a trazer fluxo ao país que paga mais do que 6% de juros reais aos seus credores, mas não tanto dada a estrutural desvalorização do Real, potencializada por um aumento nos juros americanos ainda este ano, provavelmente do 2º semestre quando o petróleo também deverá subir6. 3 Outras agências como a Fitch e a Moody´s mantiveram suas notas. 4 Os mercados até subiram na esperança de que o pessimismo generalizado com a humilhante derrota poderia prejudicar a campanha de Dilma à reeleição. 5 Imediatamente após as eleições na primeira reunião do COPOM. 6 O petróleo caiu quase 50% nos últimos anos devido ao não corte de produção da Opep. Para nós, este foi um blefe para assustar os competidores do xisto, que por sinal já mostram-se preocupados. Não interessa a Opep manter este blefe por muito mais tempo e basta que declare corte na sua produção para o mercado voltar, perto dos US$ 8090/barril. 3 4º TRIMESTRE DE 2014 PALAVRA DO GESTOR A NATUREZA A eleição de Syriza na Grécia deve causar alguma volatilidade durante as negociações entre o novo governo e a Troika7 nos mercados neste 1º semestre, mas não acreditamos em risco de ruptura como aquele temido em 2010. Nosso viés para o mercado acionário brasileiro é de baixa, assombrado pela tríade explosiva. A de menor impacto, mesmo que duramente negativa ao ânimo geral da economia e dos mercados é o racionamento. Hoje não há consenso, mas já sabemos que este início de ano chove bem abaixo da média histórica e que dado os níveis atuais dos reservatórios, precisamos de boas chuvas em fevereiro e março, além do resto do ano no mesmo nível de 2014. O risco de acontecer é alto, mas não dá pra afirmar se teremos um racionamento este ano, por enquanto vamos nos contentar com mini-apagões causados pela sobrecarga do sistema com o uso de ar condicionado em pleno verão, muito quente por sinal. Outro fato é que o governo tem o costume de negar fatos negativos, sendo assim corremos o risco de nem ter algo planejado, mas sim improvisado. Seguindo a tríade das maldades temos o risco político que hoje assombra o palácio do planalto. Com capital político em baixa e a imagem associada, cada vez mais, ao escândalo de corrupção na Petrobras, não podemos descartar um cenário em que a Presidente não termine seu mandato. Basta uma ligação direta entre os desmandos na empresa e sua administração ou a sua responsabilização pelos fatos como presidente do conselho de administração na época, para que o Congresso fique sem saída a não ser iniciar um processo de impeachment. Não há como apostar em nada hoje, mas sabemos que um processo deste causa turbulência na economia e no mercado até que o país volte ao trilho. Apesar dos efeitos perversos das hipóteses acima, o país sairia fortalecido em ambos os casos. Por um lado, o racionamento poderia implicar em investimentos públicos para aprimorar o sistema elétrico e hídrico brasileiro, por outro, uma crise política engrandeceria a instituição democrática brasileira. Nosso maior risco é o risco da alma, da natureza humana. A política econômica implantada pelo trio Levy (Fazenda), Barbosa (Planejamento) e Tombini (BC) vem contra a essência de Dilma. Não houve saída à presidente a não ser a de implementar um remédio amargo aos brasileiros para tentar recuperar seu capital político e se fortalecer diante das ameaças que rondam o planalto hoje, mesmo sabendo da incoerência dos atos com sua propaganda política. Como o escorpião, a ferroada é uma questão de tempo, foi assim com Lula no seu 2º mandato. Basta o mínimo de ordem e progresso para que o coração e a ideologia da Presidenta falem mais alto para voltarmos a alguma “nova matriz” ou nova forma de gerir o país. Como o escorpião, Dilma não deve aguentar tanta austeridade. 7O termo Troika foi usado como referência às equipas constituídas por responsáveis da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional que negociaram as condições de resgate financeiro na Grécia, no Chipre, na Irlanda e em Portugal, Wikipedia. 4 4º TRIMESTRE DE 2014 PALAVRA DO GESTOR A NATUREZA Nada está escrito em pedra e trabalhamos com possibilidades. Certamente desejamos o melhor para o país e não podemos descartar a hipótese de Dilma 2.0 = Lula 1.0, o que certamente seria benéfico ao país e fortaleceria a manutenção do partido atual no poder. Vamos navegar 2015 com cuidado, com um olho no peixe outro no gato. Vamos manter a estratégia de tiros curtos e oportunistas até que tenhamos uma visão melhor para onde caminha nosso país. Obrigado pela confiança depositada em nossos trabalhos. EQUIPE HUMAITÁ DE GESTÃO 5 Gestor: Humaitá Investimentos Ltda Rua Funchal, 263 - Conj. 153 04551-060 São Paulo - SP BRASIL +55 11 3044-3333 (tel) / +55 11 3708-0069 (fax) [email protected] www.humaitainvest.com.br Administrador/ Distribuidor: BNY Mellon Serviços Financeiros DTVM S.A. Av. Presidente Wilson, 231, 11º andar 20030-905 Rio de Janeiro – RJ BRASIL +55 21 3219-2998 (tel) / +5521 3974-4501 (fax) www.bnymellon.com.br/sf SAC: [email protected] ou (21) 3974-4600, (11) 3050-8010, 0800 725 3219 Ouvidoria: [email protected] ou 0800 7253219 Os fundos Humaitá Value FIA, Humaitá Absolute FIA e Humaitá Equity Hedge FIC FIM não estão autorizados a realizar aplicações em ativos financeiros no exterior. Os fundos Humaitá Equity Hedge FIC FIM e Humaitá Absolute FIA utilizam estratégias com derivativos como parte integrante de suas políticas de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas. Em atendimento à Instrução CVM nº 465, desde 02/05/2008, os fundos de renda variáel deixaram de apurar sua rentabilidade com base na cotação média das ações e passou a fazê-lo com base na cotação de fechamento. Assim comparações de rentabilidade devem utilizar, para períodos anteriores a 02/05/2008, a cotação média dos índices de ações e, para períodos posteriores a esta data, a cotação de fechamento. Fundo Humaitá Value FIA: cotização D+0, resgate D+7(corridos), liquidação D+3 (úteis após cotização), tx adm 2%aa, tx performance 20% sobre Ibovespa(fechamento); público alvo: investidores em geral, pessoas físicas e/ou jurídicas, que buscam obter níveis de rentabilidade superiores àqueles geralmente obtidos no mercado financeiro. Fundo Humaitá Absolute FIA: cotização D+0, resgate D+30(corridos), liquidação D+3 (úteis após cotização), tx adm 3%aa; Tendo em vista que o fundo admite a aplicação em cotas de fundos de investimento, fica instituída a taxa de administração máxima de 4,0% a.a. (quatro por cento ao ano) sobre o valor do patrimônio líquido do fundo; tx performance 20% sobre Ibovespa(fechamento); público alvo: os investidores em geral que buscam a valorização das suas cotas no médio e longo prazo. Fundo Humaitá Equity Hedge FIC FIM: cotização D+0, resgate D+2(úteis), liquidação D+3 (úteis após cotização), tx adm mínima 2%aa. Tendo em vista que o fundo admite a aplicação em cotas de fundos de investimento, fica instituída a taxa de administração máxima de 3,00% a.a. (três por cento ao ano) sobre o valor do patrimônio líquido do fundo; tx performance 20% sobre CDI; público alvo: os investidores em geral que buscam obter uma rentabilidade consistente acima do CDI, observados os riscos inerentes ao grau de volatilidade e à política de alavancagem do FUNDO. 6