Proteja sua Família das Drogas Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2015 Luciano Quemello Borges Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. B7325 Borges, Luciano Quemello Proteja sua Família das Drogas/Luciano Quemello Borges. Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 116 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-892-9 1. Segurança pública 2. Prevenção 3. Uso de drogas 4. Comportamento. I. Borges, Luciano Quemello. CDD: 613.8 Índices para catálogo sistemático: Segurança pública Drogas – prevenção Drogas – problema social IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal 363.3 613.8 362.29 Dedicatória Dedico este livro aos jovens Ana Caroline Vasques de Lima dos Reis Silveira, Ana Júlia Bortolucci dos Santos Moura, Andreson Borges da Silva, Arion Schettini dos Santos, Arthur Corrêa Alvarez, Arthur Henrique Lopes Bastos, Beatriz de Matos Domarascki, Bianca Martins Godoi, Brenda Schettini dos Santos, Caio Antunes, Caique Correia de Carvalho, Cecília Monteiro dos Santos Lodi, Clara Antelmi Betti, Daniel Leanza Paes, Eduarda de Matos Domarascki, Elizabeth Angelle Alexandra, Enzo Gonçalves Vieira, Esther Johana Hernandez, Felipe Camargo Fernandes, Felipe Lima Mattos Ignácio, Fernando Samuel, Francisco Martins Perpetuo de Lima Vazquez, Gabriel Baccar de Oliveira, Gabriel Corrêa Alvarez, Gabriel Gomes Novakas, Giovanna Quemello Borges, Gustavo Alcazas de Souza Filho, Helena Borges Ferreira, Henrique de Oliveira Salinero, Henry Saito Hannickel, Iara Furtado Torquato, Iasmin Camila Oliveira Vieira, Isabela Américo de Paula, Isabela Fernandes Savoia, Isabela Puga Marques, Isabella de Azevedo Ventrilho, Isabelly Maria Oliveira Vieira, Ísis Beatriz Oliveira Vieira, Jessica Yumi Akiyoshi Zacaro, João Pedro Borges Corrêa, Júlia Puga Marques, Julia Tiemi Akiyoshi Zacaro, Kaike Nagai Borges, Leonardo Ribeiro Silva Nascimento, Lucca Gonçalves Vieira, Luigi Moschiar Cheron, Luíza Ayumi Akiyoshi Zacaro, Manuela Borges Ramos, Marco Antônio Nascimento Felix Souza, Maria Clara Gemente do Carmo, Mariana Martins Perpetuo de Lima Vazquez, Meliny Vasconcelos Gomes de Menezes, Miguel Lacerda Mori, Natan Vasconcelos Gomes de Menezes, Nikoly da Silva Pontes, Pedro de Almeida e Carvalho, Pedro Felix do Nascimento Nunes, Pedro Garcia Boroski, Pedro Martins Godoi, Quirino dos Reis Silveira Neto, Roberto Reis Carvalho Rodrigues, Rodrigo Correia de Carvalho, Ryan Reis Carvalho Rodrigues, Sérgio Augusto Gemente do Carmo, Sofia Felix do Nascimento de Souza, Sophia de Almeida Machado, Théo Stamato Ismael Carvalho, Thuany dos Santos Godoi, Victor Hugo Monteiro dos Santos Lodi, Vinícius Felipe Pereira e Yasmin Nobre Vilela Guimarães. Que Deus não os deixe cair em tentação e livre-os de todo o mal. Sumário Introdução............................................................................................................................9 CAPÍTULO 1 Para você que pretende sair das drogas...................................................................11 CAPÍTULO 2 Para você que vai falar com crianças..........................................................................19 CAPÍTULO 3 Para você que vai falar com adolescentes.................................................................29 CAPÍTULO 4 Álcool: “O pai de todas as drogas”...............................................................................39 CAPÍTULO 5 Tabaco: “O veneno viciante”...........................................................................................53 CAPÍTULO 6 Cocaína: “Parecia inofensiva mas te dominou”.....................................................67 CAPÍTULO 7 Crack: “Patrocinador da violência no Brasil”............................................................73 CAPÍTULO 8 Maconha: “Vicia ou não vicia?”.....................................................................................81 CAPÍTULO 9 Drogas de balada: “Ecstasy, LSD, cristal e lança-perfume”.................................89 CAPÍTULO 10 Medicamentos abusados pelos pais e filhos............................................................95 Sobre o autor......................................................................................................................105 Referências........................................................................................................................107 Introdução Os pais sabem dialogar com suas crianças e adolescentes sobre drogas? E as crianças e adolescentes, conseguem conversar sobre o tema com seus pais? Os professores, médicos, líderes religiosos, promotores de justiça, jornalistas, conselheiros tutelares, enfermeiros, policiais, treinadores de esportes, assistentes sociais, farmacêuticos, diretores de escola, entre outros, estão preparados para abordar o tema quando procurados pelos pais ou pelos jovens? O assunto ainda é um tabu para muita gente, e como tal precisa ser desmistificado. A proposta do livro Proteja sua Família das Drogas é encarar a questão com respeito, honestidade, bom senso e prudência, pois algumas substâncias representam um grande perigo para as pessoas, principalmente álcool, maconha, tabaco, crack, cocaína, ecstasy e certos medicamentos. Não é possível acabar com as drogas, pois a sociedade é hedônica, e como tal, cultua o prazer. Todavia, com o devido investimento em educação, podemos desestimular seu consumo. Seja bem-vindo. Atenciosamente, Luciano Quemello Borges. 9 CAPÍTULO 1 Para você que pretende sair das drogas Se você está usando drogas, tenha a certeza de que há esperança para sua vitória, não importa qual é a sua droga, não importa qual é o seu veneno. Ninguém está sozinho nessa luta, existem pessoas dispostas a levantar um irmão. Há sempre um ombro amigo para resgatá-lo, ainda que esteja no fundo do poço. Certamente, a tarefa não será fácil. Quem tem que dar o primeiro passo é você, de nada adianta todo o aparato de familiares, amigos e especialistas, um verdadeiro arsenal enviado por Deus, se você ficar de braços cruzados esperando tudo de mão beijada. Decida e mude, pois você é capaz. Está incomodado com sua droga? Mande-a para longe de uma vez por todas, afinal, mais cedo ou mais tarde, a droga cobra seu preço. A droga não é coisa de pobre nem de rico, droga é coisa da humanidade, e a humanidade precisa aprender a lidar com isso. Você tem uma vontade imensa de parar, todavia sente um friozinho na barriga, aquele medo de fracassar porque se considera impotente, porque talvez o hábito seja mais forte que o seu desejo de vencer. Você convive com o receio de estar dominado e não conseguir, certo? Pare agora com esse pensamento. Entenda que você não é qualquer um, você é especial e nunca é tarde para recomeçar. Está ao seu alcance, não desista, você ama demais essa vida para jogar tudo fora, tem muito que fazer pela frente, muito a realizar, muito a conquistar. Quando você usa drogas, sem dúvida a sua família e amigos padecem. Mãe, pai, irmãos, filhos, cônjuge, todos são extremamente atormentados. Alguns especialistas definem esse malefício como uma doença. Isso não é o que você deseja, e se está lendo este capítulo, é um bom sinal: significa que quer mudança, e ela é possível, mesmo sendo um pouco difícil em alguns casos, e um grande desafio noutros. 11 Luciano Quemello Borges Usando drogas, quem mais perde é você. Se você morrer, o mundo prossegue. É você que tem a obrigação de se cuidar para viver por mais tempo e com melhor qualidade de vida. É hora de trocar o cigarro de maconha por um bom passeio com seu cão no parque, abandonar o pino de cocaína e comer um pastel de carne na feira, largar a garrafa de vodca e arrumar a bagunça nas gavetas do guarda-roupa. O escritor Og Mandino, no seu famoso livro O Maior Vendedor do Mundo, traz para todos nós um dever muito sábio: “Formarei bons hábitos e me tornarei escravo deles”. Pare de fazer seus pais chorarem na cozinha durante a madrugada toda, preocupados se você vai retornar ou não da rua, olhando a cada cinco minutos no relógio e no aparelho celular, rezando a sua espera. Reaja, volte a dar orgulho a eles, volte a fazê-los sorrir assim como fez no dia em que você nasceu, no dia em que começou a falar, a escrever as vogais, a andar de bicicleta sem rodinhas. Seja “você” novamente e permita que seus pais voltem a dormir em paz. A ajuda de familiares e de amigos verdadeiros, com o devido acompanhamento de especialistas, vai dar um respaldo enorme para seu recomeço. Contudo, peça um pequeno intervalo para as críticas de sua família e de seus amigos. Sim, isso mesmo. Todos nós sabemos que eles querem ajudar, mas ficam toda hora falando na sua cabeça, e nem sempre isso auxilia, na verdade, muitas vezes acaba atrapalhando, pois direciona todos os seus esforços para se defender. Porém, não seja rude ou grosso para expressar essa vontade para eles, afinal, seus pais e amigos, assim como a maioria da sociedade, não sabem lidar com seu problema e erram sucessivamente tentando, simplesmente porque não entendem o que se passa contigo, nem sonham como é difícil estar na sua pele. Diga-lhes hoje, com calma: pai, mãe, amigo, por favor, preciso de um tempo, uns dois ou três dias para me reorganizar, alinhar meus pensamentos, colocar os pingos nos “is”, porque decidi largar a droga, mas vou precisar que vocês me façam a gentileza de parar de me atacar e confiar em mim, eu quero me recuperar, eu consigo e vou. Faça isso, dê-lhes um abraço, se for preciso chore, coloque para fora sua sinceridade, seus sentimentos, e vai perceber que dará certo. 12 Proteja sua Família das Drogas O Dr. Paulo Prata, idealizador do Hospital da Fundação Pio XII, deixou uma belíssima lição: “Não há remédio que faça efeito sem que primeiro se restabeleça a dignidade da pessoa humana”. Quer saber se realmente está enfrentando problemas com as drogas? Reflita e responda com a máxima sinceridade as 9 seguintes perguntas: 1. A droga está atrapalhando o seu papel no trabalho, na escola ou em casa? 2. Enfrentou problemas legais relacionados à droga? 3. Continua usando mesmo sabendo que faz mal? 4. Você precisa de quantidades cada vez maiores para ter o efeito desejado? 5. Quando fica sem a droga, sofre com os sintomas de abstinência? 6. Às vezes, após passar o efeito da droga, sente arrependimento? 7. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso? 8. Tem forte desejo ou compulsão para consumir a droga? 9. De vez em quando usa mais que o planejado? Se a maioria das respostas for “sim”, está na hora de mudar de postura e procurar orientação médica. Portanto, levante-se, erga a cabeça, olhe para a frente e mexa-se, pois agora vamos planejar o seu recomeço. É necessário estabelecer metas para si próprio. Antes, é fundamental saber o tamanho da coisa toda: vá para um lugar em que você se sinta bem, no qual você nunca usou drogas, e que lhe traga boas lembranças, como a quadra de futebol em que você brincava na infância, a biblioteca da escola, a casa da avó, a igreja, enfim, um ambiente que conspire a seu favor. Sente-se lá e reserve um tempo para a pessoa mais importante do mundo: você. Vai chegar à conclusão de que a droga faz um mal pior que o prazer momentâneo que proporciona. Caminhe e vire o jogo. Na medida do possível, evite frequentar os ambientes em que você consumia drogas. Os amigos que usavam com você não são amigos, são colegas de uso. Não precisa desprezá-los, mas pelo menos no começo dessa luta limite-se a cumprimentá-los e desviar o trajeto para evitar formar rodinhas 13 Luciano Quemello Borges nas quais algum deles possa querer fazer uma “presença” e “botar na roda” seu veneno. Abra a janela do seu quarto, deixe o sol entrar. Lave ou deixe que lavem as roupas e lençóis que ficaram com o cheiro da droga. Se o problema for cigarro, destrua todos os maços, livre-se do isqueiro e do fósforo. Peça aos familiares fumantes que evitem fumar perto de você, para que não seja induzido. Converse com um médico e informe-se sobre os adesivos de nicotina ou medicamentos de apoio. Se o problema for álcool, é o fim das garrafas de bebidas alcoólicas na geladeira ou na dispensa, chega disso em casa. Se forem outras drogas, não importa quais, destrua todas. Procure um esporte. Arrecade uns dez brinquedos usados, vá até uma entidade que cuida de crianças carentes e doe, mas faça as doações olhando para os olhos de cada uma das crianças que receberam o brinquedo, que você ajudou, para sentir que enquanto usava droga você perdia a chance de fazer esse bem tão enorme. Dê um jeito nas lâmpadas queimadas de sua casa. Leve seu filhão para soltar pipa. Faça um carrinho com caixa de papelão para sua filha. Adquira um cão de estimação. Beba muita água. Leia um livro, mas se não tiver paciência nem tempo, leia um jornal, uma história em quadrinhos. Tente seguir uma religião. Conte a todos de lá o que você está passando e comemore com eles o primeiro dia sem drogas, comemore o segundo dia sem drogas, comemore o terceiro dia sem drogas, comemore seu recomeço sem drogas. A religião é muito importante. Qualquer religião tem valores e uma moral que podem torná-lo um cidadão melhor e vitorioso. Nesse momento de fraqueza é que você consegue provar sua força, como mostram os ensinamentos da Bíblia Sagrada, 2 Coríntios 12:10: “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois quando estou fraco é que sou forte”. É um novo ciclo que se inicia. Você pode, inclusive, mostrar suas experiências e ajudar outras pessoas, afinal, os obstáculos da vida nos preparam para sermos mais resistentes e servirmos para coisas maiores, como essa. Ocupe sua mente com pensamentos do bem. Canse seu corpo, esse agora é o seu dever. 14 Proteja sua Família das Drogas Nos primeiros dias haverá certa fissura, porém, já no quarto ou quinto dia vai notar que o sono melhora e o sabor das coisas simples volta. Carregue consigo sua família e os poucos e verdadeiros amigos. Tenha ao lado auxílio e boas palavras de especialistas da seara de saúde e da área de assistência social de seu município. Aliás, o apoio de especialistas para você dar um basta de vez na sua droga é muito importante. O relato a seguir (anônimo) é uma prova disso: Um certo dia, eu já cheguei um pouco alterado no trabalho e lá fiz mais uso de álcool. Então, encostei para descansar um pouco e adormeci. Fui punido com três dias de suspensão, mas não fui demitido. Fui chamado na assistência social e ela me orientou que eu fosse para uma clínica de recuperação. Já recuperado, procurei um grupo de alcoólicos anônimos e continuei na mesma empresa, onde eu fui reconhecido e consegui até me aposentar. O rol de profissionais recomendados é enorme, entre eles psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, que devem acompanhar e assessorar o adicto. Não se lamente com frases do tipo: “Eu fiquei internado, voltei pra rua, fumei de novo. Tive recaída, sou um fracassado”. Saiba que o tratamento não acaba quando você sai da internação, o tratamento continua no mundo lá fora. Haverá recaídas? Sim, é uma possibilidade. Mas você precisa aprender a lidar com elas também, ficar mais forte a cada uma que surgir, mais gigante a cada percalço. A mera inexistência da droga no organismo humano não faz cessar o desejo de usar drogas. As alterações provocadas no sistema nervoso central pelo uso crônico são responsáveis pelo quadro de abstinência nos primeiros dias em que você está sem a droga. Mas ainda que semanas, meses ou anos se passem não há garantia de que o desejo intenso pela substância não persista ou não retorne. Pessoas que foram dependentes de nicotina e pararam de fumar sabem que a vontade retorna, de maneira mais ou menos intensa, inúmeras vezes, e em muitos casos até anos depois da interrupção do uso da droga. Essas pessoas descrevem que o difícil não é exatamente parar de fumar, mas conseguir evitar voltar a fumar. 15