ENTOMOLOGIA SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS NATURAIS DE PRAGAS DOS CITROS PEDRO TAKAO YAMAMOTO1 e RENATO BEOZZO BASSANEZI 2 RESUMO O trabalho tem por objetivo apresentar uma compilação de resultados de seletividade de agroquímicos aos inimigos naturais de pragas dos citros, obtidos por diversos autores, e opções para controle de pragas seletivas aos artrópodes benéficos, agentes de controle biológico na citricultura. Termos de indexação: acaricidas, inseticidas, fungicidas, MIP, Citrus sinensis. SUMMARY SELECTIVITY OF AGROCHEMICALS TO NATURAL ENEMIES OF CITRUS PESTS The purpose of this report is to show available data on pesticides selectivity to natural enemies of citrus pests, obtained from many authors, and to show options of pest control selective to arthropods and fungi that are agents of biological control in citriculture. Index terms: acaricides, insecticides, fungicides, IPM, Citrus sinensis. 1 2 Centro de Pesquisas Citrícolas – Fundecitrus. Caixa Postal 391. 14801-970 Araraquara (SP). E-mail: [email protected] Centro de Pesquisas Citrícolas – Fundecitrus. Caixa Postal 391. 14801-970 Araraquara (SP). E-mail: [email protected] ARTIGO TÉCNICO 354 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI 1. INTRODUÇÃO No programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP), o controle biológico ocupa posição de destaque, seja como responsável pela manutenção do nível de equilíbrio das pragas, seja como importante medida de controle. A tendência natural do MIP é direcionar o desequilíbrio ecológico entre as pragas e seus inimigos naturais em favor desses últimos. O termo usual para se referir a essa tática do MIP é seletividade, que pode ser entendido como o produto químico seleciona a praga no agroecossistema em que atua, não afetando, em diferentes graus, as populações de inimigos naturais. Quando se faz uma pulverização no agroecossistema, pode-se levar à morte não somente a praga-alvo, mas, também, outros organismos, entre os quais os inimigos naturais das pragas. Em virtude da sua mortalidade, podem ocorrer efeitos colaterais indesejáveis que, na maioria dos casos, levam a um aumento nos custos de produção. Os inimigos naturais das pragas atuam no equilíbrio biológico, retardando a ressurgência das pragas-chave, mantendo-as abaixo do nível de dano econômico, evitando os surtos de pragas secundárias e auxiliando na diluição da resistência das pragas aos produtos fitossanitários. O produto fitossanitário ideal, do ponto de vista da produção agrícola e do MIP, seria aquele que apresentasse seletividade total, isto é, que matasse somente as pragas visadas e preservasse os artrópodes benéficos, evitando, com isso, o desequilíbrio biológico. Os primeiros conceitos e definições de seletividade foram propostos por RIPPER et al. (1951), que classificaram a seletividade em fisiológica e ecológica. A fisiológica se dá quando inseticidas, em vista das diferenças fisiológicas entre pragas, predador` es e parasitóides, matam as pragas a uma concentração que não afeta os insetos benéficos. A ecológica é o efeito seletivo dos produtos fitossanitários com base nas diferenças ecológicas das pragas e dos inimigos naturais, isto é, técnica ou método com que o defensivo possa ser empregado sem atingir diretamente o inimigo natural inserido no contexto do agroecossistema. METCALF (1994) classifica a seletividade em fisiológica, ecológica, LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 355 devida ao aperfeiçoamento da aplicação, e comportamental. A seletividade devida ao aperfeiçoamento da aplicação baseia-se na redução de dosagem, baixa persistência, aplicação seletiva, aplicação de inseticidas sistêmicos, tratamento de sementes e granulados no plantio. Já a comportamental baseia-se no uso de atraentes, com utilização de armadilhas de luz e feromônio. A seletividade nos programas de MIP é um conceito importante no momento da escolha do defensivo ou da maneira de aplicá-lo para preservar os inimigos naturais, espécies inofensivas e outros organismos benéficos que convivem no agroecossistema. Em última análise, a atribuição que o MIP delega aos produtos fitossanitários é manter as pragas em níveis abaixo daqueles que causam danos econômicos sem suprimir totalmente os insetos pragas, com raras exceções, pois a população “residual” da praga serve de alimento para preservação dos inimigos naturais. Os produtos fitossanitários, contudo, não podem afetar as populações desses inimigos. Para atingir tais metas, a seletividade fisiológica, pela falta de produtos com essa característica, é insuficiente. A ela devem-se acrescentar os princípios de seletividade ecológica; juntas, tornarão realidade o manejo integrado de pragas que todos almejam, haja vista os inúmeros exemplos práticos de pleno sucesso que desponta no mundo todo, em várias culturas e em diferentes climas. Em função da não-padronização de método, que atualmente está sendo realizado pela International Organization of Biological Control (IOBC), muitos dos resultados obtidos pelos diferentes autores não podem ser comparados, podendo ser questionáveis. Por estar utilizando diferentes métodos, há resultados distintos, inclusive para a mesma espécie. Contudo, o objetivo do presente artigo é apresentar uma compilação dos principais trabalhos sobre seletividade de produtos fitossanitários para os mais importantes inimigos naturais de pragas dos citros e tabelas específicas, com uma nova forma de abordagem, onde, em função da pragaalvo de controle, os técnicos possam escolher o produto que tenha menor impacto sobre os inimigos naturais e/ou em função da ocorrência desses, determinada pela amostragem realizada pelo pragueiro, escolher o produto mais seletivo. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 356 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI 2. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS ÁCAROS PREDADORES DE PRAGAS Em relação aos ácaros predadores, principalmente os da família Phytoseiidae, que engloba a maioria dos predadores, os principais produtos fitossanitários utilizados em citros são considerados nocivos (Tabela 1). Considerando-se aqueles com ação acaricida, com exceção de diflubenzuron que é inócuo, hexythiazox, que é levemente nocivo, e enxofre e óxido de fenbutatin, que são moderadamente nocivos, os demais são nocivos aos principais ácaros predadores encontrados na cultura. Esse resultado provavelmente se deva ao fato de pertencerem à mesma classe, indicando que a aplicação da maioria dos acaricidas pode causar desequilíbrio pela mortalidade desses inimigos naturais. Como é inevitável a aplicação de acaricidas na citricultura, para evitar esses desequilíbrios, deve-se levar em consideração os conceitos de seletividade ecológica e aplicar as táticas de MIP, pulverizando somente os talhões onde forem atingidos os níveis de ação para controle dos ácaros pragas, principalmente Brevipalpus phoenicis (Geijskes) e Phyllocoptruta oleivora (Ashmead), responsáveis pela maioria das aplicações desse defensivo. Em sua maioria, os inseticidas são considerados nocivos aos fitoseídeos, indicando que a aplicação destes também pode acarretar a morte desse grupo de inimigos naturais, que são importantes para a manutenção da população de ácaros pragas em níveis abaixo do nível de dano econômico. Entre os inseticidas, aldicarb, malathion e fenitrothion são inócuos ou levemente nocivos aos ácaros predadores. Aldicarb apresenta seletividade devida ao modo de aplicação, na forma de granulado sistêmico, via solo, não entra em contato com os predadores e, portanto, não lhes causa a mortalidade. Os óleos minerais e vegetais, que são usados para controle de pragas e também misturados aos inseticidas para aumentar-lhes a eficiência, são nocivos aos ácaros predadores, principalmente a Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, um dos fitoseídeos mais comuns encontrados nos pomares cítricos. Entretanto, o óleo mineral, para as demais espécies e quando considera o complexo de ácaros predadores, apresentou-se inócuo ou moderadamente nocivo. A mistura desses óleos com inseticidas, apesar de aumentar-lhes a eficiência, provoca também um incremento da ação sobre os ácaros predadores. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 357 Tabela 1. Seletividade de produtos fitossanitários aos ácaros predadores dos citros1 Uso2 A A A A A A A A A A A A A A, F A, I A, I A, I A, I A, I A, I A, I A, I, N I I, A I I I I I I I I I F F F F F, A F F F F F F 1 Ingrediente ativo Acrinathrin Azocyclotin Bifenthrin Chlorfenapyr Cyhexatin Dicofol Fenpyroximate Flufenoxuron Hexythiazox Óxido de fenbutatin Propargite Pyridaben Pyridafenthion Enxofre Abamectin Diflubenzuron Ethion Fenpropathrin Óleo mineral Óleo vegetal Triazophos Carbosulfan Acephate Aldicarb Carbaryl Deltamethrin Diazinon Dimetoato Fenitrothion Fenthion Malathion Metidathion Triclorfon Captan Chlorothalonil Fosetyl-Al Hidróxido de cobre Mancozeb Oxicloreto de cobre Óxido cuproso Sulfato de cobre + cal Tebuconazole Thiophanate-methyl Ziram Ácaros predadores em geral3 Euseius concordis3 –5 M N N L/M/N M/N – M/N I/L/M L/N L/M – – I/M/N I/L – N N I/L/M – – N N L N N M/N N L N I N L/M I I – – I/N I/L I – L L/M L/M M N N – M/N N M – I/L L/M – N – I/L/M I/M/N – N N I – N N – – L/N – – – – – – – – I – – – I/L – – L – – – Euseius Iphiseiodes citrifolius3 zuluagai4 M N N – M/N N M – L I/L/M N N – M – I – N I – N – – – I/N – – – – – – – – I – – – – – – L – – – N N N L/N M/N N N – I/L I/L/M N N N M L/N I – N N N N N – – N – – M – – – – – I N I I N I I L – L/M L I = inócuo; L = levemente nocivo; M = moderadamente nocivo; N = nocivo. 2 A = acaricida; I = inseticida; F = fungicida; N = nematicida. 3 Fonte: YAMAMOTO et al. (1992 e 1995), KOMATSU & NAKANO (1998), REIS & SOUSA (2001), MONTEIRO (2001). 4 Fonte: REIS et al. (1998). 5 Sem informações. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 358 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI Os fungicidas são praticamente inócuos para os ácaros predadores, com exceção de mancozeb, benomyl e chlorothalonil. A baixa seletividade de mancozeb provavelmente seja devida à sua ação acaricida, sendo, em citros, recomendado para controle do ácaro da ferrugem P. oleivora. Esses resultados indicam que a aplicação dos fungicidas captan, fosetyl-Al, hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, óxido cuproso, calda bordalesa, tebuconazole, thiophanate methyl e ziram não provoca a morte de ácaros predadores e, conseqüentemente, desequilíbrio relacionado a esse grupo de inimigo natural. Entretanto, os três primeiros fungicidas são constantemente utilizados em citros, devendo, portanto, ser empregados de forma criteriosa para não causar morte dos fitoseídeos. 3. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS ÀS JOANINHAS PREDADORAS Os produtos que apresentam somente ação acaricida, em geral, são pouco nocivos aos coccinelídeos que ocorrem em citros (Tabela 2). Entretanto, azocyclotin, bifenthrin e pyridafenthion são considerados moderadamente nocivos ou nocivos às joaninhas, devendo ser usados com critério nos períodos de maior ocorrência desse grupo de predadores. Para algumas espécies da família Coccinellidae, os acaricidas podem ser considerados nocivos, mas, para outras espécies, moderadamente nocivos. Essa diferença em termos de seletividade se relaciona às espécies estudadas ou também à diferença no método utilizado para estudo. Apesar de não causar grande impacto na população das joaninhas, pode-se escolher os acaricidas de menor impacto sobre esses inimigos naturais e, dessa maneira, causar menor prejuízo no controle biológico de pragas. Considerando os acaricidas com ação fungicida, como o enxofre, que independente da espécie, é pouco nocivo às joaninhas predadoras, podendo ser aplicado nos momentos de alta população desse grupo de inimigos naturais sem causar grande impacto na redução populacional e, conseqüentemente, prejudicar o controle biológico, sobretudo das cochonilhas, que são as presas preferidas da maioria dos coccinelídeos. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 359 Tabela 2. Seletividade de produtos fitossanitários às joaninhas predadoras de pragas dos citros1 Uso2 Ingrediente ativo A A A A A A A A A A A A A A A, F A, I A, I A, I A, I A, I A, I A, I I, A I I I I I I Acrinathrin Azocyclotin Bifenthrin Bromopropilato Chlorfenapyr Cyhexatin Dicofol Óxido de fenbutatin Fenpyroximate Flufenoxuron Hexythiazox Propargite Pyridaben Pyridafenthion Enxofre Abamectin Carbosulfan Diflubenzuron Ethion Fenpropathrin Óleo mineral Triazophos Aldicarb Carbaryl Diazinon Dimetoato Fenthion Metidathion Triclorfon Joaninhas Azya Coccidophilus Cycloneda Pentilia em geral luteipes citricola sanguinea egena –3 N N I/L – I/L I/L L – I/L – L/M – – L L N – M/N N I/L – L N N N N N M/N L – M – – I/L L L L – – – I – L – M – – – – – – – – – – – – L/M M M/N I – L/M/N I/L/N I/L I/L – I L/M/N I/L/M – I/L I M/N – N N – N – – N N – – – L – M – – I/L L L L – – – I – L I M – – – I – – – – – – – – M/N N M/N I I/L L/M/N I/L I/L L – – L/M L M/N I/L I M/N I I I/N – N – – – – – – – 1 I = inócuo; L = levemente nocivo; M = moderadamente nocivo; N = nocivo. 2 A = acaricida; I = inseticida; F = fungicida; N = nematicida. 3 Sem informações. Fonte: YAMAMOTO et al. (1992), IOBC/WPRS (2002). Os inseticidas comumente utilizados em citros, na sua maioria, são nocivos às joaninhas que ocorrem na cultura, com exceção de aldicarb, que é levemente nocivo, provavelmente em vista de seu modo de aplicação (granulado sistêmico de solo), que confere uma seletividade ecológica aos coccinelídeos. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 360 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI Por serem nocivos às joaninhas, os inseticidas, cujo emprego objetiva o controle dos diversos insetos que atacam os citros, devem ser usados de forma criteriosa, procurando explorar a seletividade ecológica como meio de diminuir os seus impactos. Os óleos minerais, que podem ser uma opção para controle de algumas cochonilhas, são inócuos ou levemente nocivos aos coccinelídeos, mas a sua mistura com outros inseticidas, prática comum, acarreta um incremento da mortalidade das joaninhas. 4. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS ÀS ARANHAS E AOS PARASITÓIDES Para as aranhas, poucos são os dados encontrados na literatura. Os produtos testados (Tabela 3), incluindo os acaricidas, na maioria são levemente nocivos; somente bifenthrin, fenpropathrin e carbosulfan foram moderadamente nocivos a nocivos às aranhas. Todavia, mais estudos devem ser realizados no sentido de estabelecer o efeito dos produtos sobre esses inimigos naturais. Entre os produtos fitossanitários adotados em citros com dados obtidos de sua ação sobre os parasitóides (Tabela 3), somente bromopropilato, cyhexatin, óleo mineral e aldicarb foram inócuos ou levemente nocivos; os demais foram moderadamente nocivos ou nocivos. Já para Ageniaspis citricola Logvinovskaya, importante inimigo natural do minador-dos-citros Phyllocnistis citrella Stainton, a maioria dos produtos fitossanitários utilizados foi nociva, com poucas exceções inócuas a esse parasitóide, que foram dicofol, hexythiazox, diflubenzuron, óleo mineral e o fungicida benomyl. Apesar da utilização constante de inseticidas e produtos com grande impacto sobre A. citricola, esse parasitóide tem aumentado a sua população, disseminando-se com grande velocidade e reduzindo drasticamente a população de P. citrella. Esse inimigo natural apresenta, possivelmente, meio de defesa contra os produtos fitossanitários ou fica protegido dentro da presa, não sendo atingido por estes, podendo completar seu ciclo e exercer o controle biológico da praga. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 361 Tabela 3. Seletividade de produtos fitossanitários aos aracnídeos e parasitóides de pragas dos citros1 Uso2 Ingrediente ativo Aranhas Parasitóides Trichogramma Encarsia Ageniaspis em geral spp. formosa citricola A A A A A A A A A A A A A A A, F A, I A, I A, I A, I A, I A, I A, I A, I, N I I I I I I I I I I I I I I F Acrinathrin L Azocyclotin – Bifenthrin M Bromopropilato I Chlorfenapyr – Cyhexatin L Dicofol L Dinocap – Óxido fenbutatin L Fenpyroximate L Hexythiazox – Lufenuron – Propargite L Pyridaben – Enxofre L Abamectin – Diafenthiuron – Diflubenzuron – Ethion – Fenpropathrin M/N Flufenoxuron – Óleo mineral – Carbosulfan M Acephate – Aldicarb – Bacillus thuringiensis – Buprofezin – Carbaryl – Chlorpyrifos – Deltamethrin – Diazinon – Dimetoato – Fenthion – Imidacloprid – Metidathion – Triazophos – Triclorfon – Benomyl – –3 – N L – I I/M – – – – – L/M – I/L/N – – – M/N N – I/L – – L – – L/N – – N N M – N – N – – N N – – N M – I – I L I – – N N I – N I – – N – I I N N N N N – N N N N – N M N – – N M N I N L N M – – N N I – N – – – N N I I N N N N N – N N M M – N N — L/M N N I — N — I N N — M/N N — I N — — I — — — — — — N N — N — — N — — I 1 I = inócuo; L = levemente nocivo; M = moderadamente nocivo; N = nocivo. 2 A = acaricida; I = inseticida; F = fungicida; N = nematicida. Fonte: YAMAMOTO et al. (1992); GRAVENA et al. (2001); IOBC/WPRS (2002). LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 362 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI Para o parasitóide de ovos Trichogramma spp., os inseticidas e acaricidas, em sua maioria, são nocivos, indicando que sua aplicação pode levar a efeitos colaterais indesejáveis (Tabela 3). Entre os que poderiam ser utilizados, sem efeitos indesejáveis, há o dicofol, considerado moderadamente nocivo, e o lufenuron, levemente nocivo. Já fenpyroximate, hexythiazox, propargite, diflubenzuron, flufenoxuron, Bacillus thuringiensis e buprofezin são inócuos ao Trichogramma spp. Para Encarsia formosa, importante inimigo natural de moscas-brancas, a lista de produtos com efeito nocivo é maior do que para Trichogramma spp. Entre os que podem ser utilizados, pelo seu moderado a baixo efeito, estão: Bacillus thuringiensis, buprofezin, diflubenzuron e óxido de fenbutatin (inócuos), hexythiazox (levemente nocivo) e azocyclotin, dicofol, propargite, triazophos e triclorfon (moderadamente nocivos). Os demais inseticidas e acaricidas devem ser empregados de forma criteriosa para não causar alta mortalidade ao parasitóide. Os inseticidas, de maneira geral, são nocivos aos parasitóides que ocorrem em citros, embora faltem ainda muitas informações. Desse modo, sua utilização deve estar relacionada à ocorrência das pragas-alvo de controle. Os acaricidas, embora menos nocivos, apresentam ingredientes ativos também altamente impactantes quando aplicados no agroecossitema citrícola, devendo seu uso estar atrelado aos níveis de ação recomendados para os ácaros-praga. 5. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS CRISOPÍDEOS Em relação aos crisopídeos, importantes inimigos naturais de pragas dos citros, os acaricidas bromopropilato, cyhexatin, óxido de fenbutatin, dicofol, hexythiazox e propargite foram inócuos ou levemente nocivos, indicando que seu emprego provoca pouco impacto a esses inimigos naturais (Tabela 4). LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 363 Tabela 4. Seletividade de produtos fitossanitários aos crisopídeos predadores de pragas dos citros1 Uso2 A, I I I A A, I, N A I A A I A, I I A I A, I I A A, I I I A, I A I I A I I A, I I A A A, I I I I I I, A I I Ingrediente ativo Ovo Abamectin Acephate Acetamiprid Acrinathrin Aldicarb Azocyclotin B. thuringiensis Var. kurstaki Bifenthrin Bromopropilato Carbaryl Carbosulfan Chlorpyrifos Cyhexatin Deltamethrin Diafenthiuron Diazinon Dicofol Diflubenzuron Dimetoato Fenitrothion Fenpropathrin Fenpyroximate Fenthion Flufenoxuron Hexythiazox Imidacloprid (SL) Imidacloprid (PM) Lufenuron Methidathion Óxido de fenbutatin Propargite Pyridafenthion Pyriproxyfen Tebufenozide Thiacloprid Thiamethoxam Triazophos Trichorfon Triflumuron I –3 I – – – – I – N – N – I – – – – – – – – L N – – I I – I – – I I I I L – – Fases do crisopídeo Larva Pupa I/L N I – L N I L/N I/L M/N L/N N L/N N I/L N I M/N N M M/N I/N N L/N I/L N I N N I I N I I I N M/L L M I – – – – – – – – – – – – I/N – – – – – – – – – – – – – I/N – I – – – I I L/M – – – Adulto I/N N – I – N I N I N – N N I/N I N L M N N N L – N I – – I/N N I I – – I N L/M N – – 1 I = inócuo; L = levemente nocivo; M = moderadamente nocivo; N = nocivo. 2 A = acaricida; I = inseticida; F = fungicida; N = nematicida. 3 Sem informações. Fonte: YAMAMOTO et al. (1992); BUENO (2001); CARVALHO et al. (2002); GODOY et al. (2002a,b); IOBC/WPRS (2002). LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 364 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI O enxofre, que também tem ação fungicida, é inócuo ou levemente nocivo aos crisopídeos, podendo ser utilizado sem causar grande redução da população desse predador. Já os acaricidas com ação inseticida ou os inseticidas com ação acaricida, em sua maioria, com exceção de abamectin, são moderadamente nocivos ou nocivos aos crisopídeos. Os inseticidas, na sua grande maioria, são nocivos a esse grupo de inimigo natural, com exceção de aldicarb e triclorfon, levemente nocivos. Assim como para as joaninhas, os inseticidas devem ser usados de modo criterioso a fim de não provocar grande impacto e redução na população dos crisopídeos, diminuindo o controle biológico e propiciando, com isso, o aumento populacional de pragas. Entretanto, os dados apresentados são uma compilação de resultados obtidos por vários autores, que, na grande maioria, estudaram a ação dos produtos fitossanitários sobre adultos e larvas dos crisopídeos. Alguns desses produtos, embora pouco nocivos à fase adulta, são bastante nocivos à fase de ovo e jovem dos crisopídeos e vice-versa. Lufenuron, embora seja nocivo para a fase adulta e ovos de Chrysoperla externa (Hagen), foi inócuo para as fases jovens e de pupa e, apesar de não ser seletivo para adultos, teve pouco efeito na viabilidade de ovos. Thiamethoxam foi levemente ou moderadamente nocivo para pupas e adultos e inócuo para ovos; entretanto, foi nocivo para a fase jovem. Outro produto com toxicidade diferencial para as diversas fases dos crisopídeos é o thiacloprid, que é inócuo para ovos, larvas e pupas e nocivo para adultos. Deltamethrin apresenta características semelhantes; contudo, somente é inócuo para ovos. De maneira geral, os produtos apresentam consistência no efeito sobre neurópteros: quando tóxicos, são para todas as fases e, quando de baixa toxicidade, também são para todos os estádios. 6. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS Segundo ALVES et al. (2000), a ação dos produtos fitossanitários sobre o entomopatógeno pode variar em função da espécie e da linhagem, da natureza química do ingrediente ativo, das formulações e das dosagens utili- LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 365 zadas. Essas formulações podem atuar inibindo o crescimento vegetativo e a reprodução dos microorganismos e, até mesmo, causar mutações genéticas nos entomopatógenos, resultando em diminuição da virulência a determinada praga. Entre os acaricidas mais utilizados em citros, azocyclotin e cyhexatin foram muito tóxicos para os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Verticillium lecanii (Tabela 5). Dicofol foi tóxico para os dois primeiros fungos, mas compatível com V. lecanii. Lufenuron, ao contrário, foi tóxico para os dois últimos fungos e compatível com B. bassiana. Os demais acaricidas foram compatíveis ou tóxicos para somente um dos fungos testados. Apesar de pertencer ao mesmo grupo químico de azocyclotin e cyhexatin, óxido de fenbutatin foi compatível com os entomopatogênicos estudados. O enxofre, apesar de ter ação fungicida, foi compatível ou apresentou moderada toxicidade sobre B. bassiana, M. anisopliae e V. lecanii (Tabela 5). Esse resultado pode ser decorrente do uso excessivo e por longo tempo do enxofre, que pode ter exercido uma pressão de seleção no decorrer das gerações do fungo, selecionado propágulos mais resistentes, que predominaram sobre os mais sensíveis. Os inseticidas, com exceção de acephate, deltamethrin, dimetoato e imidacloprid, foram muito tóxicos para, pelo menos, um dos fungos entomopatogênicos estudados (Tabela 5). O óleo mineral, que apresenta ação inseticida e acaricida, e é constantemente adicionado aos inseticidas para aumentar-lhes a eficiência, foi muito tóxico para M. anisopliae, tóxico para B. bassiana e compatível para V. lecanii. Assim como ocorre o efeito sinergético no controle de pragas, a associação entre inseticidas e óleos minerais também incrementa o efeito tóxico sobre fungos entomopatogênicos de ambos. O uso dessa associação, portanto, deve ser criteriosamente analisado, em função da época de utilização, produto associado ao óleo mineral e dosagens. Com relação aos herbicidas empregados em citros, glifosato, o único a ser estudado, foi compatível com os fungos testados (Tabela 5). Os fungicidas benomyl, fosetyl-Al, oxicloreto de cobre e thiophanate methyl, provavelmente em vista da ação sobre fungos, foram muito tóxicos para B. bassiana, M. anisopliae e V. lecanii (Tabela 5). Esses resultados indi- LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 366 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI cam que a utilização excessiva de fungicidas pode estar afetando o controle biológico dos insetos-pragas pelos fungos entomopatogênicos, principalmente nas áreas em que ocorre o fungo Guignardia citricarpa, agente causal da pinta-preta ou mancha-preta, nas quais são realizados até cinco aplicações de fungicidas por safra, com base na aplicação dos fungicidas testados e em alguns casos adicionados ao óleo mineral. Tabela 5. Seletividade de produtos fitossanitários aos fungos entomopatogênicos de ocorrência em citros1 Uso A A A A A A A A A A A, F A, I A, I A, I A, I I I I I I I I I F F F F H 1 2 2 Ingrediente ativo Acrinathrin Azocyclotin Bifenthrin Bromopropilato Cyhexatin Dicofol Espirodiclofeno Lufenuron Óxido de fenbutatin Propargite Enxofre Ethion Fenpropathrin Óleo mineral Triazophos Acephate Carbaryl Chlropyrifos Deltamethrin Dimetoato Fenthion Imidacloprid Metidathion Benomyl Fosetyl-Al Oxicloreto de cobre Tiophanate-methyl Glyphosate Fungos entomopatogênicos3 Beauveria Metarhizium Verticillium bassiana anisopliae lecanii C MT C T MT T C C C C C MT MT T MT C MT T C C MT C MT MT MT MT MT C C MT C C MT T C T C C MD MT C MT MT C MT MD C C T C MT MT MT MT MT C C MD C C T C C T C C MD C C C MD C MD C C C C –4 MT MT MT MT MT C C = compatível; MD = moderadamente tóxico; T = tóxico; MT = muito tóxico (ALVES et al., 1998). A = acaricida; I = inseticida; F = fungicida; H= herbicida. 3 Fonte: ALVES et al. (2000). 4 Sem informações. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 367 V. lecanii foi o fungo mais resistente aos produtos fitossanitários testados, provavelmente em decorrência de sua exposição contínua aos mesmos, por ser um fungo encontrado com freqüência no agroecossistema citrícola, que pode ter exercido uma pressão de seleção, selecionado propágulos mais resistentes, resultando em menor efeito dos produtos sobre o entomopatógeno. Os trabalhos foram desenvolvidos in vitro, como a maioria daqueles visando detectar o efeito de produtos fitossanitários sobres os fungos entomopatogênicos. Dessa forma, pode-se ter certeza de que, quando o produto é compatível em condições de laboratório, não há dúvidas sobre a seletividade em condições de campo. Por outro lado, a alta toxicidade em laboratório não sugere uma elevada toxicidade em campo e, sim, a possibilidade de causar danos à natureza. 7. SELETIVIDADE DE AGROQUÍMICOS UTILIZADOS PARA CONTROLE DAS PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS FÚNGICAS DOS CITROS Nas Tabelas de 6 a 12, encontram-se os resultados de seletividade de agroquímicos aos diferentes grupos e espécies de inimigos naturais em função das essenciais pragas-alvo de controle. A idéia é apresentar os primordiais produtos para controle das principais pragas, em função de sua ação sobre os inimigos naturais, sendo uma tabela de consulta para que os produtores e técnicos possam escolher o produto a ser empregado com menor impacto sobre os agentes de controle biológico de insetos fitófagos. A compilação não levou em consideração a eficiência do produto sobre as pragas-alvo e, sim, a seletividade aos grupos de inimigos naturais; na escolha do produto para se obter melhor controle, deve-se levar em conta a eficiência sobre a praga. Como leva em consideração a seletividade aos diferentes grupos e espécies de inimigos naturais e fungos entomopatogênicos, sua identificação deve ser aprimorada pelos inspetores de pragas e passar a ser cotidiano dos mesmos. Além de identificados, os inimigos naturais devem ser quantificados e anotados nas planilhas de inspeção de pragas. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 L M N I L M N I L M N I L M N I L M N Joaninhas Bicho-lixeiro Aranhas Parasitóides Ação sobre IN Ácaros predadores Grupo de inimigos naturais (IN) LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 Cyhexatin Bromopropilato, quinometionato Dicofol, propargite Acrinathrin, azocyclotin, bifenthrin, fenpropathrin Bromopropilato Acrinathrin, cyhexatin, dicofol, fenpyroximate, óxido de fenbutatin, propargite Bifenthrin Fenpropathrin –2 Bromopropilato, cyhexatin, dicofol, hexythiazox, propargite – Azocyclotin, bifenthrin, fenpropathrin Continua Bromopropilato, diflubenzuron, hexythiazox Chlofenapyr, cyhexatin, dicofol, fenpyroximate, flufenoxuron, óxido de fenbutatin Acrinathrin, propargite Azocyclorin, bifenthrin, fenpropathrin Hexythiazox Acrinathrin, bromopropilato, fenpyroximate, flufenoxuron, óxido de fenbutatin Azocyclotin, bifenthrin, chlorfenapyr, cyhexatin, dicofol, fenpropathrin, propargite Produto Tabela 6. Seletividade de acaricidas para controle de Brevipalpus phoenicis a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 368 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI I L M N I L M N I L M N I M N I L M Trichogramma spp. Encarsia formosa Beauveria bassiana Metarhizium anisopliae Verticilium lecanii Acrinathrin, bifenthrin, bromopropilato, dicofol, fenpropathrin, óxido de fenbutatin, propargite Enxofre Cyhexatin Acrinathrin, bifenthrin, bromopropilato, fenpropathrin, óxido de fenbutatin, propargite Dicofol Azocyclotin, cyhexatin Acrinathrin, bifenthrin, óxido de fenbutatin, propargite – Bromopropilato Azocyclotin, cyhexatin, enxofre, fenpropathrin – Hexythiazox Azocyclotin, dicofol, propargite Acrinathrin, bifenthrin, cyhexatin, dinocap, fenpropathrin Óxido de fenbutatin, hexythiazox, propargite – Dicofol Azocyclotin, bifenthrin, cyhexatin, fenpropathrin Dicofol, diflubenzuron, hexythiazox – Bromopropilato Acrinathrin, azocyclotin, chlorfenapyr, cyhexatin, enxofre, óxido de fenbutatin, propargite Produto I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. I L M N Ageniaspis citricola 1 Ação sobre IN Grupo de inimigos naturais (IN) Tabela 6.Conclusão SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 369 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 I L M N I L Joaninhas Bicho-lixeiro I L M N I L M N Aranhas Parasitóides M N I L M N Ação sobre IN Ácaros predadores Grupo de inimigos naturais (IN) Cyhexatin Aldicarb, bromopropilato, formetanate, óleo mineral Dicofol Enxofre, ethion Bromopropilato Cyhexatin, enxofre, fenpyroximate, óxido de fenbutatin Carbosulfan – Continua Mancozeb Abamectin, aldicarb, bromopropilato, carbosulfan, cyhexatin, enxofre, óxido de fenbutatin, óleo mineral –2 Azocyclotin, pyridafenthion, ethion Bromopropilato Cyhexatin, óxido de fenbutatin, fenpyroximate, enxofre, aldicarb Pyridafenthion, ethion Azocyclotin Óleo mineral Aldicarb Abamectin, bromopropilato, enxofre Azocyclotin, carbosulfan, cyhexatin, ethion, pyridafenthion, Produto Tabela 7. Seletividade de acaricidas para controle de Phyllocoptruta oleivora a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 370 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI I L M N Verticilium lecanii Bromopropilato, ethion, óxido de fenbutatin, óleo mineral Azocyclotin, enxofre Cyhexatin, lufenuron – Bromopropilato, ethion, óleo mineral óxido de fenbutatin Azocyclotin, enxofre Lufenuron Azocyclotin, cyhexatin, ethion, óleo mineral Óxido de fenbutatin, lufenuron – Bromopropilato, óleo mineral Azocyclotin, cyhexatin, enxofre, ethion – – Azocyclotin Abamectin, aldicarb, cyhexatin, lufenuron Óxido de fenbutatin Lufenuron – Azocyclotin, cyhexatin Diflubenzuron, óleo mineral – Bromopropilato Abamectin, azocyclotin, cyhexatin, enxofre, ethion, lufenuron, óxido de fenbutatin Produto I= inócuo, L= levemente nocivo, M= moderadamente nocivo, N= nocivo. 2 Sem produtos na classificação. I L M N Metarhizium anisopliae 1 I L M N Beauveria bassiana I L M N Trichogramma spp. I L M N I L M N Ageniaspis citricola Encarsia formosa Ação sobre IN Grupo de inimigos naturais (IN) Tabela 7. Conclusão SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 371 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 I L M N I L M N I L M N I L M N I L M N Joaninhas Bicho-lixeiro Parasitóides Ageniaspis citricola Ação sobre IN Ácaros predadores Grupo de inimigos naturais (IN) LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 Óleo mineral – – Chlorpyrifos, deltamethrin, dimetoato, metidathion – Aldicarb, óleo mineral – Carbaryl, diazinon, dimetoato, ethion, metidathion Óleo mineral Aldicarb –2 Carbaryl, diazinon, dimetoato, ethion, fenthion, metidathion, pyridafenthion Óleo mineral Aldicarb Ethion Carbaryl, diazinon, dimetoato, fenthion, metidathion Óleo mineral Aldicarb Dimetoato Carbaryl, deltamethrin, diazinon, ethion, metidathion, triazophos Produto Continua Tabela 8. Seletividade de inseticidas para controle de cochonilhas a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 372 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI I L M N I L M N I L M N I L M N Encarsia formosa Beauveria bassiana Metarhizium anisopliae Verticilium lecanii Chlorpyrifos, deltamethrin, dimetoato, ethion, fenthion, óleo mineral Carbaryl, triazophos – Metidathion Deltamethrin, dimetoato Chlorpyrifos Fenthion Ethion, triazophos, carbaryl, metidathion Deltamethrin, dimetoato – Óleo mineral, chlorpyrifos Carbaryl, ethion, fenpropathrin, fenthion, metidathion, triazophos Buprofezin – Triazophos, trichlorfon Acephate, aldicarb, carbaryl, clorpyrifos, deltamethrin, diazinon, dimetoato, fenpropathrin, imidacloprid, metidathion Buprofezin – – Acephate, carbaryl, chlorpirifos, deltamethrin, diazinon, dimetoato, fenpropathrin, metidathion, triazophos, trichlorfon Produto I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. I L M N Trichogramma spp. 1 Ação sobre IN Grupo de inimigos naturais (IN) Tabela 8. Conclusão SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 373 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 374 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI Tabela 9. Seletividade de inseticidas para controle de Phyllocnistis citrella a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos Grupo de inimigos naturais (IN) Ação sobre IN Produto Ácaros predadores I L M N Diflubenzuron –2 Abamectin, dimetoato Pyridafenthion Joaninhas I L M N Abamectin – Pyridafenthion Dimetoato Bicho-lixeiro I L M N – Abamectin – Dimetoato, metidathion, pyridafenthion Parasitóides I L M N – – – Dimetoato, metidathion Ageniaspis citricola I L M N – – – Abamectin, dimetoato, lufenuron Trichogramma spp. I L M N Diflubenzuron Lufenuron – Abamectin, dimetoato Encarsia formosa I L M N Diflubenzuron – – Abamectin, dimetoato, lufenuron Beauveria bassiana I L M N Dimetoato, lufenuron – – – Metarhizium anisopliae I L M N Dimetoato – Lufenuron – Verticilium lecanii I L M N Dimetoato – Lufenuron – 1 I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 I L M N I L M N I L M N I L M N I L M N I L M N Joaninhas Bicho-lixeiro Aranhas Parasitóides Ageniaspis citricola Ação sobre IN Ácaros predadores Grupo de inimigos naturais (IN) – – – Chlorpyrifos, deltamethrin, dimetoato, ethion – – Fenthion Diazinon, dimetoato, ethion, fenpropathrin, triclorfon – – – Fenpropathrin – Triclorfon – Diazinon, dimetoato, ethion, fenpropathrin, fenthion – – Ethion, trichlorfon Dimetoato, fenpropathrin, fenthion, malathion –2 – Dimetoato, trichlorfon Deltamethrin, ethion, fenpropathrin, malathion Produto Continua Tabela 10. Seletividade de inseticidas para controle de moscas-das-frutas (Ceratitis capitata e Anastrepha spp.) a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 375 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 I L M N I L M N I L M N I L M N Encarsia formosa Beauveria bassiana Metarhizium anisopliae Verticilium lecanii Chlorpirifos, deltamethrin, dimetoato, ethion, fenpropathrin, fenthion – – – Deltamethrin, dimetoato Chlorpirifos Fenthion Ethion, fenpropathrin Deltamethrin, dimetoato – Chlorpirifos Ethion, fenpropathrin, fenthion – – Triclorfon Chlorpirifos, diazinon, dimetoato, fenpropathrin – – – Chlorpirifos, deltamethrin, diazinon, dimetoato, fenpropathrin, triclorfon Produto I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. I L M N Trichogramma spp. 1 Ação sobre IN Grupo de inimigos naturais (IN) Tabela 10. Conclusão 376 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI I L M N I L M N I L M N I L M N I L M N I L M N Joaninhas Bicho-lixeiro Aranhas Parasitóides Ageniaspis citricola Ação sobre IN Ácaros predadores Grupo de inimigos naturais (IN) Diflubenzuron – – Deltamethrin, lufenuron – – – Carbaryl, dimetoato, fenpropathrin – – Bifenthrin Fenpropathrin – – – Carbaryl, dimetoato, fenpropathrin Diflubenzuron – Pyridafenthion Bifenthrin, carbaryl, fenpropathrin, malathion Continua Diflubenzuron –2 – Bifenthrin, carbaryl, deltamethrin, fenpropathrin, malathion, pyridafenthion Produto Tabela 11. Seletividade de inseticidas para controle de Ecdytolopha aurantiana a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 377 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 I L M N I L M N I L M N I L M N Encarsia formosa Beauveria bassiana Metarhizium anisopliae Verticilium lecanii Bifenthrin, deltamethrin, fenpropathrin Carbaryl Lufenuron – Bifenthrin, deltamethrin, fenpropathrin – Lufenuron Carbaryl Bifenthrin, deltamethrin, lufenuron – – Carbaryl, fenpropathrin Bacillus thuringiensis, diflubenzuron – – Acephate, bifenthrin, carbaryl, deltamethrin, fenpropathrin Bacillus thuringiensis, diflubenzuron – – Acephate, bifenthrin, carbaryl, deltamethrin Produto I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. I L M N Trichogramma spp. 1 Ação sobre IN Grupo de inimigos naturais (IN) Tabela 11. Conclusão 378 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 379 Tabela 12. Seletividade de fungicidas para controle de doenças fúngicas a artrópodes predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos1 Grupo de inimigos Ação naturais (IN) sobre IN Produto Ácaros predadores I L M N Captan, fosetyl-Al, hidróxido de cobre, óxido cuproso Calda bordalesa, tebuconazole Thiophanate methyl, ziram Benlate, carbendazin, chlorothalonil, mancozeb Joaninhas I L M N Mancozeb –2 – – Bicho-lixeiro I L M N Mancozeb – – – Aranhas I L M N – – – – Parasitóides I L M N – – – – Ageniaspis citricola I L M N Benlate, mancozeb, oxicloreto de cobre – – – Beauveria bassiana I L M N – – – Benomyl, fosetyl-Al, oxicloreto de cobre, thiophanate methyl Metarhizium anisopliae I L M N – – – Benomyl, fosetyl-Al, oxicloreto de cobre, thiophanate methyl Verticilium lecanii I L M N – – – Benomyl, fosetyl-Al, oxicloreto de cobre, thiophanate methyl 1 I = inócuo, L = levemente nocivo, M = moderadamente nocivo, N = nocivo. 2 Sem produtos na classificação. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 380 PEDRO TAKAO YAMAMOTO e RENATO BEOZZO BASSANEZI Entretanto, a amostragem de inimigos naturais, embora desejável no sistema de manejo integrado de pragas, ainda não é uma prática corriqueira. Uma alternativa no momento de escolha dos agroquímicos é a seleção dos que, além da eficiência comprovada no controle da praga-alvo, seja seletivo ao maior número possível de grupos e espécies de inimigos naturais, causando, dessa maneira, menor desequilíbrio e perdas relacionadas ao controle biológico das pragas. 8. CONSIDERAÇÃO FINAL A partir dos anos oitentas-noventas, houve um avanço em relação ao desenvolvimento de novas moléculas com ação tóxica às pragas, menos nocivas aos organismos que não são alvo de controle e mais seletivos aos inimigos naturais. Apesar desse avanço, poucos são os produtos fitossanitários com seletividade fisiológica a todos os artrópodes benéficos. Em face disso, o que resta aos citricultores é utilizar os princípios da seletividade ecológica, que busca preservar os inimigos naturais, pré-requisito básico para o sucesso do MIP. Entretanto, para uma correta escolha dos defensivos a utilizar, além do monitoramento da praga, é essencial a quantificação dos inimigos naturais que estão ocorrendo nos pomares cítricos. Apesar de ainda não ser realizada rotineiramente, a quantificação dos artrópodes benéficos e dos fungos entomopatogênicos deve ser adotada, pois, sem ela, a escolha dos produtos seletivos a utilizar será empírica e baseada somente na seletividade à maioria dos inimigos naturais. No caso da não-adoção dos levantamentos populacionais dos inimigos naturais, a medida mais recomendada é a escolha do produto em função da seletividade ao maior número desses inimigos, levando sempre em consideração a eficiência no controle da praga-alvo ou grupos de pragas. Dessa maneira, o desequilíbrio ocasionado será menor e, com isso, pode-se evitar os efeitos colaterais, tais como ressurgência e surtos de pragas secundárias, e essa prática pode auxiliar na diluição da resistência de pragas aos produtos fitossanitários. LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.353-382, 2003 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS AOS INIMIGOS ... 381 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, S.B.; LOPES, R.B.; TAMAI, M.A.; MOINO JUNIOR, A. & ALVES, L.F.A. Compatibilidade de produtos fitossanitários com entomopatógenos em citros. Laranja, v.21, n.2, p.295-306, 2000. ALVES, S.B.; MOINO JUNIOR, A. & ALMEIDA, J.E.M. Produtos fitossanitários e entomopatogênicos. In: ALVES, S.B. (Ed.). Controle microbiano de insetos. 2.ed. Piracicaba: FEALQ, 1998. p.217-238. BUENO, A. de F. Seletividade de inseticidas e acaricidas utilizados na cultura dos citros para Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysomelidae) em condições de laboratório. 2001. 88p. 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