FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL 2 DIAGNÓSTICOS, PROPOSIÇÕES E AGENCIAMENTOS PARA OUTRA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO BÁSICA E CULTURA Enquadrando desejos - Autor: Litho Silva Confira a Programação nas Páginas 6 e 7 PÁGINA 3 SER DIFERENTE EM TEMPOS DE OPRESSÃO! A participação dos professores indígenas da Bahia no II Fórum Nacional de Crítica Cultural PÁGINA 9 PÁGINA 11 FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL MOBILIZA A REDE PÚBLICA DE ENSINO E OUTROS ORGANISMOS SOCIAIS PÁGINA 5 ano 1 # 2 novembro 2010 AO ENCONTRO DOS MOVIMENTOS: pelo fim da violência contra a mulher, pela afirmação dos direitos humanos, por uma cultura educacional que afirme a vida! Interpelação e escuta sensível no 11 EDITORIAL ano 1 # 2 novembro 2010 C omo anunciamos no jornal do Pré-Fórum, Heterotopia, realizado em dezembro de 2009, aqui está o FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL 2, como uma assembléia de communards a céu aberto. Na Programação, tons e modalidades de propostas (conferências plenárias, mesas semi-plenárias, comunicações individuais, espaços de agenciamento, oficinas, minicursos, exposições, performances, feira de ciências, passeata, atos estético-políticos) reunidas através das margens da literatura, das políticas de letramento e formação de professores/as, bem como através das narrativas, testemunhos e modos de vida. Como nesse poema premiado em 1o lugar no concurso de poesia estudantil da Educação Básica – TAL (Tempo de Arte Literária), ontem à noite, dia 29/10/2010, no Museu de Arte Moderna da Bahia, “Desafio descartar Descartes Penso, logo não existo Quisto, quiçá, quem sabe? Dos antigos primores, usos posteriores A filosofia começa aqui, o resto é pré É histórico, é obsoleto. Penso, logo suicídio literário. Diz discurso, diz, não diz, aparece? Dito, não dito, reedito Não penso, logo existo”. Darlon Santos da Silva (Aluno de Escola Pública de Cruz das Almas–BA) professores, estudantes, poetas, produtores, agitadores culturais, enquanto communards e em assembléia a céu aberto, se recusam ao racionalismo instrumental das instituições neoliberais e reacionárias e apostam numa filosofia de vida e de produção a contrapelo. A condição de nossa visibilidade e de existência não deve continuar sendo estabelecida por um sistema científico, educacional e cultural, que não reconhece o ser humano em seus limites, em suas dores, em sua capacidade de reter o tempo e o espaço e fazer deles um lugar da festa e da alegria, da celebração da potência de criar e de gozar. Por isso evocamos, através da Oca Indígena Irmãos de Zapata e da Feira de Ciências Zumbi dos Palmares, um sopro de vida e uma forma de pensamento, como um ato inaugural, um rito de passagem, fundados na mais afirmativa tradição da descontinuidade e da bricolagem. “Penso, logo não existo”/”Não penso, logo existo”, é a fulguração de um paradoxo capaz de reunir índios e negros, e seus ancestrais e seus ascendentes, numa festa do pensamento científico, político e cultural, para fazer devir uma outra escola, não mais uma máquina de reprodução; fazer devir uma outra cultura, não mais um bom negócio, que a mais de 500 anos tem despejado povos de suas línguas, culturas, territórios e modos de vida, além de confundido formas de representação dessa realidade nefasta com a realidade ela mesma enquanto uma forma de ficção. Devir mulher, enfim, do mundo patriarcal. Participem do Fórum Nacional de Crítica Cultural 2, lendo também o seu jornal: heterotopias que cruzam tempos e espaços e nos empoderam por um momento. Por isso, essa fogueira. Por isso esse retorno da vida comunitária, como num sonho e enquanto obra de arte. Osmar Moreira Coordenador do pós-critica/Uneb- Campus II EXPEDIENTE UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Lourisvaldo Valentim da Silva - REITOR Amélia Tereza Santa Rosa Maraux - VICE-REITORA Wilson Roberto de Mattos - PRÓ-REITOR DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO Adriana dos Santos Marmori Lima - PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO MESTRADO EM CRÍTICA CULTURAL - PÓS-CRÍTICA DEDC / Campus II – Alagoinhas Coordenador: Osmar Moreira [email protected] - (75) 3422-1536 / 1139 - WWW.POSCRITICA.UNEB.BR COORDENAÇÃO Osmar Moreira NÚCLEO DE PRODUÇÃO Davi Soares Isis Favilla LithoSilva APOIO 2 PRODUÇÃO Expresso 18 - [email protected] PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Germano Carvalho (75) 9977-4350 TIRAGEM 8 mil exemplares IMPRESSÃO Gráfica Santa Helena Distribuição gratuita LITERATURA E CULTURA: MOBILIZAÇÃO CULTURAL DE SÁTIRO DIAS C omo se inicia um Movimento Cultural? Não há receita, mas no decorrer da história podemos citar surgimentos de diversas manifestações artístico-culturais advindas da sociedade civil, que resultaram em grandes mudanças sociais. Muitas vezes, sobressai-se um líder, entretanto, é sabido que para este líder se tornasse um ícone, muitas pessoas contribuíram para sua invenção. Assim, neste artigo não falaremos de uma pessoa, mas de grupos minoritários, de anônimos civis, que em Sátiro Dias, cidade do interior da Bahia, há 205km da capital, que começam a perceber na cultura uma possibilidade de auto-sustentação econômica e social através da arte e cultura, embora ainda não tenha constituído associações ou organizações não governamentais para em coletividade lutarem por melhores condições de produção, circulação e distribuição de seus bens culturais. Tendo em vista as demandas do município de organizações que reivindiquem os direitos que possibilitem a manutenção dos grupos artístico-culturais, que tentam manter sua produção, enfrentando dificuldades e buscando recursos de modo individual, superando-se e apresentando bons resultados, embora em muitas situações sejam barrados na burocracia e na falta de conhecimento em relação às políticas públicas para cultura, como já abordou Rubim na questão das Leis para incentivo à cultura, pode-se afirmar que o evento de mobilização para o Fórum Nacional de Crítica Cultural 2, ocorrido em Sátiro Dias, visando a participação dos munícipes no fórum promovido pelo mestrado em Crítica Cultural, no campus II da UNEB, que ocorrerá de 18 a 21 de novembro do corrente ano, teve fundamental importância para artistas, educadores e produtores culturais repensarem suas práticas. No dia 11 de setembro de 2010 foram convidados a reunirem-se no Colégio João Domingos Batista da Costa em Sátiro Dias artistas, agitadores culturais, professores e comunidade em geral para participarem da Mobilização Cultural de Sátiro Dias. O evento incluía seguimentos da Educação e Cultura local, mobilizando a sociedade a participar do Fórum Nacional de Crítica Cultural 2. Sob coordenação de Cristiana Alves, o evento aconteceu e contou com a presença da sociedade civil organizada, que participou de um debate junto a professores da UNEB e artistas de Alagoinhas, que trouxeram propostas de engajamento cultural e visibilizando possibilidades de políticas públicas para o desenvolvimento cultural da comunidade. Para fomentar o diálogo entre a universidade e a comunidade, visitaram Sátiro Dias os professores Dr. Osmar Moreira dos Santos; Profa Dra Jailma Pedreira, Profa Iraci Gama Santa Luzia; Profo Dr. Edvaldo de Jesus dos Santos, casal de congolenses Mwewa Lumbwe Muleka e Muleka Ditoka Wa Kalenga; os artistas plásticos Lithos Silva e Márcia de Oliveira Almeida; a mestranda Isabel Leslei F. M. Lima, que fez palestra no CEDEPS, no dia 10/09/2010 sobre Literatura afro-brasileira; Jesiane Conceição Santana Ramos e Mácia Rita S. Souza. Alguns representante da Educação e da Cultura da sociedade satirodiense estiveram presentes ao evento, entre estes: Luís Claudio Alves Saldanha; Paulo Roberto Cruz; Profa Magna Pires, Profa Télquia Fonseca da C. Batista, Profa Maria Valneide Cruz, Felipe Uadson da Cruz Moreira, Giannine Carvalho de Souza; José Raimundo da Silva ; Herval de Santana; Abimael Borges; D. Terezinha Torres Batista, Luiz Eudes Andrade José Erivaldo de Jesus; Erika Guylliane Oliveira Batista Marcos Allan Oliveira, José Aécio Dias de Sousa, Nanti Cruz Andrade, Charles Costa Cruz, Alexandre Alves , Jânio Ezequiel Torres Santos, Karine Campos, José Roberto de Jesus; os artistas plásticos: Sarah Catherine Erenilton CRISTIANA DA CRUZ ALVES MESTRANDA EM CRÍTICA CULTUR ORIENTADOR: PR AL OF. DR. LUCIANO RODRIGUES LIM A de Jesus, José Abdum; Ângela Meire O. da Cruz, Leizo Costa da Cruz e Marcos Antônio Lopes Almeida que foram representando a Biblioteca Pública Municipal Antônio Torres. Os nomes citados são daqueles que fazem parte do movimento e se fizeram presentes neste evento, porém muitos outros artistas e educadores de Sátiro Dias fazem circular nos espaços locais e globais, nossa arte e cultura, além destes estiveram presentes no evento outras pessoas da sociedade civil que apreciam o movimento artístico cultural e apóiam se fazendo presentes. O evento seguiu a programação planejada, porém com pequenas alterações, tendo início às 10h com apresentação dos Meninos flautistas, coordenado pelo professor Jair Junior, segue com o diálogo entre a universidade e a comunidade, que expôs seus anseios para os representantes da universidade, que falam de suas propostas e ouvindo da comunidade a possibilidade de se abrir um diálogo mais próximo, estabelecendo relações de convivência entre a cultura local satirodiense, a cultura da região Norte Agreste de Alagoinhas e a cultura nacional, que hoje se faz em via de globalização e intercâmbios, quebrando as fronteiras entre o local e o global. Assim se estabelece o convite de levar para o Fórum Nacional de Crítica Cultural 2 o seu modo particular e ao mesmo tempo universal de fazer educação, arte e cultura. O diálogo foi interrompido devido ao horário às 12h e 15 min. para almoço, entretanto, antes a comitiva visitou a Biblioteca Pública Municipal Antônio Torres e pode observar um dos fatores que faz a comunidade de Sátiro Dias mobilizar tantas pessoas em torno das Artes e da Cultura, tendo como um de seus principais veículos a Literatura. Contando com um vasto acervo, a Biblioteca Antonio Torres disponibiliza para seus leitores livros de autores locais, regionais, nacionais e estrangeiros nos diversos estilos, lá pode ser encontrado de Erivaldo de Jesus a Pablo Neruda, Antônio Torres a Gabriel Garcia Marquez, de Ademilton Saldanha a Edgard Allan Poe. A Biblioteca pública oferece atendimento adequado ao leitor e encontra-se sempre aberta das 14h às 21h, não há atendimento pela manhã devido a proximidade ao Banco do Brasil que pode provocar risco aos leitores no caso de assaltos em horário de funcionamento do banco. O município espera pela aprovação do projeto de construção da sede própria da Biblioteca que está em andamento. Embora o ambiente, no qual se encontra instalada, oferece espaços e condições dignas de funcionamento, é importante possuir o prédio próprio. Após visita à biblioteca, rápido passeio pela cidade, almoço na praça Juracy Magalhães Junior, na qual se encontra o Mercado Municipal, igreja Matriz Nossa Senhora do Amparo; a casa de D. Sinhá, Sate Batista, a casa onde morava os avôs maternos de Antonio Torres e também a casa onde morou o próprio Antônio Torres, em sua inância, quando era apenas o menino Totinha, é a mesma praça na qual também ficava a escola da professora Serafina Gonçalves, na qual por algum tempo estudou o menino Caboclo setenta, hoje a escola é o prédio onde funciona a agência de correios. Na mesma praça também moraram D. Naná de Chiquinho das Barrocas, figura religiosa quase lendária, que organizava as festas da igreja junto a tantas outras mulheres que fizeram a história do município e não foram registradas na “história oficial”, estas podem ter suas memórias resgatadas e ser para jovens estudantes possibilidades de pesquisas. Nela também morou o jovem José Giese da Cruz, primo de Torres, que inspirou a personagem principal de Carta ao Bispo, Gil e que está sendo pesquisado pelo professor Washington Flávio C. Carvalho, que pretende estudar a Geopolítica de Sátiro Dias: um releitura de Carta ao Bispo, fazendo um recorte no período em que José Giese atuava no cenário político de Sátiro Dias e circulava por os seus mundos Brasis em busca de uma política que ultrapassasse os limites do coronelismo da época e chegasse ao povo através de ações cotidianas. O cidadão José Giese, como a personagem Gil, de Carta ao bispo, já tinham em si o germe do desejo desterritorializado de uma política do cotidiano capaz de quebrar as amarras do poder. Voltando à Escola João Domingos Batista da Costa, às 14h, podemos assistir outra apresentação dos Flautistas de Sátiro Dias, em seguida ocorreu o momento de autógrafos de Noite de Festa, de Luiz Eudes; paralelo a falas e encenações: o escritor fala do seu fazer literário, em seguida Roberto Gusmão encena uma adaptação da crônica A CNN no Junco, de Marcelo Torres, num diálogo com uma releitura de Brasil, do Cazuza, feita pelo próprio Gusmão; na continuidade entrega de certificados aos estudantes Felipe Uadson Moreira e Giannine Carvalho de Souza pelos textos das Olimpíadas de Língua Portuguesa, sendo que Caíque Ferreira e Catharine Luanne Batista tiveram seus certificados entregues a representantes. Os textos foram lidos e levados à reflexão, seus conteúdos que eram questionadores e tinham um teor de crítica social e cultural que fomentaram o debate. Assim, os professores em suas falas fizeram a sociedade refletir sobre seus próprios valores e patrimônios culturais, sua memória com falas que vinham de um olhar de viés que dirigia a outro lugar de fala, com o objetivo de tecer um diálogo cultural. Os visitantes fazem um convite a comunhão de cultura, na sua fala Lithos Silva sugere como nos rituais indígenas a antropofagia cultural; como num culto afro de contemplação as diferenças pode-se ler nas entrelinhas dos discursos dos africanos Mwewa Lumbwe Muleka e Muleka Ditoka Wa Kalenga, que encontram semelhanças na paisagem do Junco/ Sátiro Dias e sua terra no distante, Congo; como fica implícito no poema do Professor Edvaldo de Jesus Santos, que declara ter escrito o poema enquanto estava ali, a terra, o memento, as pessoas, a cultura na qual está inserido naquele momento o impulsionou a escrever, também pode ser visto na fala emocionada e no discurso autêntico da professora Iraci Gama ao falar da importância da memória para um povo, no convite da professora Jailma Pedreira as mulheres artesãs a inserirse no processo de mobilização da cultura, na abertura a discussão proposta pelo professor Osmar Moreira e no convite a participação no Fórum Nacional de Crítica Cultural; do outro lado do discurso vem nas respostas dos artistas e agitadores culturais de Sátiro Dias, que evidenciaram interesse e desejo de inscrever-se no Fórum, além de afirmarem que tem planos de continuidade para a Mobilização da Cultura de Sátiro Dias, indo além dos limites de seu estado. Por fim, houve cobranças da sociedade civil para que o poder público seja mais presente nas questões que envolvem cultura, bem como houve reclamações por parte do diretor de Cultura, Paulo Roberto Cruz Júnior, quanto a participação dos agentes culturais em eventos, por este organizado, também houve esclarecimentos sobre as políticas públicas para cultura e o debate findou sendo muito proveitoso e tendo como encaminhamento a organização de equipes que se inscreveriam como movimento organizado para participar do Fórum Nacional de Crítica Cultural 2, em Alagoinhas, afim de conviver num espaço de circulação cultural que agregará diferentes tribos culturais em prol do desenvolvimento humano. Interpelação e escuta sensível no 1 Interpelação e escuta sensível no 3 A UNEB, CAMPUS II, sas de debates no Fórum, Alagoinhas, através a fim de se repensar o do programa de Pós Gra- papel da escola e de que duação em Crítica Cultural, forma outros organismos mobiliza a Rede Pública de educacionais e sociais po- Ensino e a sociedade civil dem se aliar ao sistema organizada para participar educacional e empreender das discussões propostas esforços para a melhoria pelo Fórum nacional de crí- da educação nos municí- tica cultural 2, que esta- pios envolvidos nas dis- belecerá um diálogo com a cussões, como Alagoinhas, educação básica e a cultu- Crisópolis, Entre Rios, Rio ra, vista enquanto iniciati- Real, Pedrão, Sátiro Dias, va popular para a constru- Cardeal da Silva, Inhambu- ção de novos paradigmas pe, dentre outros. Possibi- na cultura municipal. litar incursões nessa linha é viabilizar uma escuta reunido coletivos educa- sensível para os problemas cionais como Secretários da educação, tendo como de Educação e Cultura da atores principais repre- região de Alagoinhas e/ sentantes de professores, ou seus representantes, estudantes, Diretoria Regional – DIREC psicólogos, representan- 03, Diretores de Escolas tes de instituições legais, Públicas Estadual e Munici- como Conselho Tutelar, pal, representante da APLB Juizado de Menores, APLB- – Sindicato, Professores e Sindicato e advogados. sociólogos, alunos do curso de Mes- Além disso, acontece- trado em Crítica Cultural, rão oficinas voltadas para bem como coletivos cultu- o público de estudantes da rais, cujas discussões ver- educação básica, a fim de sam sobre problemas de garantir a participação dos ordem educacional, como a mesmos, uma vez que é violência na escola; a edu- preciso desconstruir a ideia cação inclusiva e políticas de “aula” apenas no espaço de governo para a efetiva- da unidade escolar. Dessa ção da mesma; o papel do forma o Fórum possibilitará professor no século atual, a participação de docentes considerando – se a diver- e discentes em um espaço sidade, a multirreferencia- de construção do conheci- lidade, a multiculturalidade mento e desenvolvimento e as condições psicosso- de múltiplas habilidades, ciais em que vivem os su- e, ao mesmo tempo, esta- jeitos da educação básica. rá permitindo uma reflexão Essas temáticas serão sobre o conceito de “aula” encaminhadas para as me- e de “tempo pedagógico”. 3 Ave – Artes Visuais Estudantis, Direc 3 – Abaporu n dos Santos egreiro, Au , Entre Rios tora – Dulcin , Colégio Estadual Du Secretaria da Educaç éia que de Caxias, Proje ão do Estado da Bahia tos Intersetoriais da . reira Prof. Dr. Osmar MoPós -Crítica Docente permanente do a ou coibida de “Abaporu ne- já foi proibid do ora aut à rerep ilustração ou fazer a revolução não só iro”, às superintendêngre a“Ab tela da ão taç sen cores e dos nomes, mas Educação Básica e das de cias oria aut de poru negreiro” dos latifúndios. a de Cultura, nas pessoas, dos éia cin Dul nte uda est da osição de produtos cultivamente, de Nilton Exp pec res al adu Est o égi Col Santos, do além do Ave, Face e e Ângela Andrade, turais o mb Pito ípio nic mu , Duque de Caxias Tal, envolvendo a criatividapela coordenação central do dos um o com s, Rio re de Ent em escolas públicas de Nacional de Crítica de um Fór Ave do dos mia trabalhos pre ia, também os deripara que tais toda Bah 2, al tur Cul ) ntis uda (artes Visuais Est vados de Pontos de cultura, sujeitos, bem como suas torse Inte s jeto Pro um dos a Viva, Cultura popues, sejam prota- Cultur içõ titu ins Edu da aria outros, lado a riais da Secret à questão lares, entre nto qua s ista gon ia, Bah cação do Estado da lado no Fórum, para análise fórum: educação básica do rinte s trê nos me indica ao stres e doutores, para num trabalho de de me a, tur cul e da a : tes nças, para pelações relevan ições e a alegria das cria pos pro os, stic gnó dia s coordenação dos projeto o deleite cultural de quem agenciamentos. os nov ilde Ivan ia Mar , intersetoriais tem tido acesso ao lações para im- apenas rpe inte Tais a tod com Ferreira Nobre, que massivo, ao televisivo, simplicarem uma escuta sensíno ica tór his e dad cul a difi essa imagem especurespeito ao outro, e boliza um vel, o ent sam pen a de Dulcinéia tratamento ao endimento a lar da pintur ent de el nív um la rpe e prática artísticas inte – o espelho como possira da pintura de Dulcialtu rcoo es, tor dire s, secretário e de multiplicar as em começar por bilidad dev a, néi fes pro c, mundo, que só denadores de Dire arras, me- imagens do am s sua er faz des a ous , sores e estudantes, e as instituições libertárias desamarrar uma prátir lho de ar gul i sin aqu aço ão as que est abrir um esp ão que apenas no caso caç edu de ca ão ans exp ia experimentação e em diálogo, têm a potênc reproduz a cultura e não no s tivo cria sos ces pro dos estimular sua criação. É ta na criatividade, não de edi acr , lica púb ola esc uta sensível não coração da novas cores do isso: a esc a ent erim exp a tod se considerada por qua apenas como a condição pensamento. Ou ainda: dear lug um o com ade socied se reinventar o espaço eçar criando outros de com vem codo o uçã transformar um de mera reprod ricamentos público, de imb e os log diá ão laç nhecimento. A interpe fórum numa nova assemre uma perspectiva nova ent ntil uda est a tor pin feita pela de trabalhadores da a e/ou de política bléia tur cul de sila Tar l ona ento, mas à pintora profissi as de arte e do pensam tem sis os e al tur cul – do Amaral e seu abaporu facultar aos estudantes ão para que nem a de caç edu esacr e, com da educação o homem que seus pés e professores com ão, caç edu ção olu centando-lhe uma rev básica uma caixa de ferrapesados, queira apequenar cspe per e es cor , ços de tra ntas para que possam eça da cultura, nem me cab a a feit ão laç rpe do sol e ilumitivas. E a inte r, a política mudar a cor lho me a, tur cul a s jeto à coordenação dos Pro nar seus novos caminhos. tural, esqueça que a arte cul , aria ret Sec da iais Intersetor A ano 1 # 2 novembro 2010 Para isso tem-se FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL MOBILIZA A REDE PÚBLICA DE ENSINO E OUTROS ORGANISMOS SOCIAIS Zenaide Maria Santos - Mestranda em Crítica Cultural Profa. Dra. Maria Nazaré Mota de Lima Ivana Sacramento - Mestranda em Crítica Cultural Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Martins Moreira Interpelação e escuta sensível no 5 Interpelação e escuta sensível no 2 rando CULTURA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO: CRÍTICA CULTURAL: instau REPRESENTAÇÃO DOS AGENTES diálogos, ultrapassando fronteiras CULTURAIS DE CATU Vanise Albuquerque Santos 4 em dúvida, uma das etapas marcantes para a realização do Fórum de Crítica Cultural II vem sendo a forma como se dá a mobilização dos coletivos educacionais/culturais representantes da diversidade nos municípios. Esse processo de “assanhamento” cultural de convite ao encontro e diálogo vem se mostrando fundamental não só para superar desafios e obstáculos próprios dos processos históricos a que se refere Rubim (2008), como também para possibilitar o fortalecimento de uma malha cultural que traz como estratégia a importância da participação cidadã como um direito no atual cenário de políticas públicas de cultura. No município de Cardeal da Silva, por exemplo – que também esteve presente no primeiro Fórum de Crítica Cultural em 2005 na Uneb -, durante o período de mobilização para o Fórum deste ano, constatamos que a cultura local se afirma a cada dia, buscando o seu espaço de direito na sociedade apesar das dificuldades encontradas pelos agentes culturais. Atualmente, expressões minoritárias se organizam e desenvolvem práticas culturais que visam contemplar as dimensões simbólica, cidadã e econômica da cultura. Interpelação e escuta sensível no 16 ano 1 # 2 novembro 2010 S A cidade além contar com atuações de samba de roda, capoeira, artesanato, grupo de dança afro e de mulheres da terceira idade, festas tradicionais e o projeto Biblioteca itinerante, vem experimentando práticas culturais econômicas alternativas como, por exemplo, a organização de Associações e grupos que já praticam a dinâmica de um trabalho com caráter cooperativo na busca pelo desenvolvimento de um “pensamento emancipador” (Boaventura). Nesse sentido o coletivo cultural “Mulheres cardinalenses e a construção de novas subjetividades” traz como proposta para o Fórum o trabalho coletivo do grupo de mulheres - em sua maioria também estudantes da EJA – que acreditam na força do diálogo entre Instituições e grupos culturais do Território como uma possível estratégia de disseminação e fortalecimento de práticas que contemplem a valorização das suas expressões culturais e pulsões subjetivas. Movimentos como este nos encoraja a ousar e nesse contexto de políticas culturais refletirmos: como através das atuais políticas para a cultura podemos nos articular – vis- - mestranda em Crítica Cultural lumbrando uma outra globalização (Milton Santos) que não seja de exclusão, exploração e anulação de sujeitos? Em tempos de implementação das políticas públicas culturais, até que ponto a escola se percebe nesse contexto e vem “ouvindo”, “dando visibilidade” e “potencializando” as diferenças presentes no espaço de sala de aula? É chegado então o momento em que todos – Secretários, educadores, estudantes, coordenadores, pesquisadores,... - somos convocados para esse encontro de troca de experiências e reavaliação de nossas práticas para também visualizarmos a potência do papel político-educacional no atual cenário cultural pela prática de uma “cultura política nova” (Chauí). Ora, se durante o período de mobilização local, tivemos por vezes que atravessar pontes para chegarmos aos diferentes lugares, percebamos o Fórum como esta ponte por excelência de ultrapassagem, de ligação entre as “fronteiras” culturais/ educacionais na busca de superação dos processos excludentes e intensificação de ações cada vez mais libertárias. RELAÇÃO A D S E Õ IOS–BA Ç R P E R E T C N E R PE A EM Osmar Moreira R U T L ALGUMAS U C Prof. Dr. ira E O Orientador: Prof. Dr. Osmar More Ã Ç A r: o d C ta n e U Ori ED veira PESB olsista FA Cultural/b a ic ít Cr em sta CAPES Mestrando ural/bolsi Crítica Cult em do an a Mestr Wilton Oli Oliveir André Luiz Que noção de cultura circula nas escolas de Entre Rios? Como os professores estão lidando com esse termo tão escorregadio? Quais as relações entre os(as) agentes/produtores/entidades culturais e as instituições de ensino deste Município? Tais perguntas são deveras complexas e exigem de nós um mínimo de sensibilidade e apuro crítico, posto que suas repostas estejam, possivelmente, escondidas por trás do que há de mais óbvio. Ora, se podemos chamar de cultura toda produção humana, a escola é por sua vez também um produto cultural. Se assim o é, porque tanta dificuldade em articular outras noções de cultura, para além do entretenimento, nas instituições de ensino? Na afirmação dessa dificuldade não estaria um ponto de conflito, um lugar de submissões? Imaginemos todas as escolas de Entre Rios promovendo entre seus agentes uma noção de cultura que, além tomar a escola como seu produto, ponha em xeque os signos do capitalismo, disseminados pelos livros didáticos, pela televisão, pela música, pelos álbuns de figurinhas, pelas lan houses... Imaginemos todos os estudantes desmontando esses signos e construindo outros. Uma imagem disso seria, por exemplo, um Saci-Pererê com dentes de vampiro, desmontando tanto a festa do folclore quanto o halloween. Ou então, imaginemos nós, professores do ensino básico, promovendo círculos de discussão para desmontagens de signos reativos imiscuídos nas mais diversas pedagogias. Onde parariam os manuais para o “sucesso”, passados de mão em mão nas reuniões de professores? Muita gente teria que procurar outra coisa para fazer, porque seus livros criariam telhas de aranha nas livrarias ou então seriam legados ao esquecimento, figurando apenas nas páginas da Avon. Esse posicionamento crítico só torna-se possível ao tomarmos a cultura também como um lugar de enfrentamentos. Sendo assim, essa falsa ideia de consenso sobre os elementos culturais que constroem a escola seria jogada por terra, à medida que não suportaria ques- O Evanildes Teixeira (IC/FAPESB) Orientador: Prof. Dr. Osmar Moreira Jamille Pereira Lima(TCC/Letras) Profa. Dra. Jailma Pedreira coletivo cultural de Catu, através do apoio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, pretende expor as atividades artísticas e manifestações culturais da comunidade catuense, bem como as estratégias de cada artista, animador cultural que vem desenvolvendo um trabalho que não tem muita visibilidade, mas que tem muita importância e alcance na periferia da cidade. Mas, afinal de contas o que é cultura? É possível falar de cultura em Catu? O Grupo da Terceira Idade que realiza várias apresentações de danças, o trabalho com artesanato, são cultura? As práticas desenvolvidas pelas professoras de incentivo a leitura, os trabalhos desenvolvidos pelo MAC – Movimento de Adolescentes e Crianças -, a produção dos escritores locais, a capoeira, também são culturas? De acordo com a perspectiva antropológica, a cultura humana é o conjunto de modos de viver que se diversificam de tal modo que só é possível falar em culturas, no plural. Logo, somos produtores de cultura porque produzimos a nossa existência ao criarmos os espaços em que vivemos, as nossas expressões diversificadas e ao desenvolver estratégias para nossa sobrevivência. Nessa perspectiva, os respectivos coletivos Grupos da Terceira Idade (através das estratégias usadas pelas mulheres idosas para saírem para o espaço público, para serem respeitadas, para enfim reescrevem suas vidas através da dança, da música etc., são modos de resistências contra comportamentos tradicionais), professoras (que trabalham a literatura e outras artes numa perspectiva crítica, desenvolvendo também o potencial criativo dos novos artistas, são forças ativas que se colocam contra a reprodução dos saberes), escritores locais (que usam a arte da palavra para expressar a realidade em nosso entorno através da prosa e da poesia), mestres de capoeira (que ao longo dos anos ensinam para a nossa juventude a história e as formas de resistência dos povos africanos e seus descendentes nesse país) e agentes do Mac (militantes na defesa pela arte, brincadeira e direitos das crianças e adolescentes), bem como tantos outros grupos que permanecem no anonimato são agentes culturais que constroem e modificam realidades em Catu. Quanto às manifestações tionamentos do tipo quem produz o livro didático, ou então, porque a maior parte das escolas de Entre Rios não possuem bibliotecas. Outro questionamento seria a respeito das condições de produção da cultura local de Entre Rios. Tomando agora a escola como um crivo desta cultura, que outras demandas surgiriam em relação aos produtores e/ou ativistas culturais entrerrienses? Sem dúvida, enquanto as instituições culturais/educacionais optarem unicamente pela inclusão dos signos culturais locais, em seus projetos políticos e/ou pedagógicos, como meros “ornamentos” nos espetáculos públicos ou “mercadorias” nas feiras culturais, a cultura local jamais comporá a agenda de uma pedagogia da autonomia nas escolas e de um devir cultural nos entrerrienses. Neste sentido, ainda que a “cultura” local seja frequentemente reduzida a “traço” – neste caso, caracterizada unicamente pelas manifesta- ções populares tradicionais – há, todavia, outras formas de interpelá-la numa agenda que incorpore sua relação ativa com a educação. Em primeiro lugar, de que maneira conceber manifestações artístico-culturais populares – a exemplo do Samba de Roda do Gamba e do Terno de Reis de Cinco Estradas – não como últimos estertores duma tradição em vias de desaparecer, mas como signos de uma barbárie e, sobretudo, enquanto motivos que provoquem debates escolares e/ou questionamentos, em salas de aula, acerca das condições históricas de exclusão de muitas comunidades do município? Em segundo lugar, se, de certa forma, tais manifestações populares são o índice definidor da cultura local, como não suspeitar das formas de gestão pública que não considera a importância da elaboração e execução de políticas públicas de cultura com vistas à exploração e ao fortalecimento de sua dimensão educacional? tradicionais de cultura no município pode-se dizer que a cidade ainda conserva algumas festividades que atravessam anos: Festa de Reis – uma tradição com meio século de existência que acontece no bairro Barão de Camaçari, no mês de janeiro, que envolve a participação da comunidade na organização da festa, que nos últimos anos incorporou elementos do carnaval, como o bloco “As Bonecas do Barão”, onde os homens saem vestidos de mulher acompanhados por um mini-trio; também temos um Terno de Reis Estrela D’Alva, composto por mulheres do Grupo da Terceira Idade e outros; Festas de padroeiros (São José, Santo Antonio, São Miguel e Sra. Sant’Ana); Festa de São João – que também passou por atualizações, assemelhando-se a uma festa de largo com bandas de Forró no bairro Boa Vista. As quadrilhas juninas revelam o potencial criativo das pessoas que apesar do pouco investimento financeiro fazem um espetáculo que encanta a comunidade; Festa de Cavalo – que ocorre desde 1940, sendo que hoje se destaca a Festa de Cavalgada organizada por vários grupos de Sítio Novo, Pau Lavrado, inclusive a Cavalgada do Grupo União. No entanto, apesar de tudo que foi exposto, o município de Catu passa pela falta de políticas públicas que garantam aos munícipes os direitos culturais, direitos estes que são parte integrante dos direitos humanos e devem constituir-se como plataforma de sustentação das políticas culturais. Em suma, acerca das práticas de cada segmento cultural mencionado não resta dúvida de que em Catu não falta cultura, o que falta é a organização e investimentos culturais, sendo o Fórum Nacional de Crítica Cultural 2, um espaço privilegiado para visibilizar o alcance das práticas de professores na I Bienal Rural, a produção literária do escritor Wasigton de Oliveira, Grupo de Assistência Social ao Idoso, Grupo da Terceira Idade Estrela D’Alva, Associação de Capoeira Filhos da Liberdade do Mestre Sacramento, os trabalhos do MAC, e refletir sobre os modos de criatividade, organização e diálogos entre a cultura e a educação. Murillo da Silva Neto - Mestrando em Crítica Cultural - Prof. Dr. Cosme Batista dos Santos C onsiderando que o Fórum de Crítica Cultural constitui-se num espaço que, mais uma vez, segundo o Prof. Dr. Osmar Moreira, Coordenador do Pós-Crítica, pretende “[...] marcar uma posição científica e política que implique tanto num compromisso teórico quanto uma prática cultural crítica e solidária (2010, p. 196).”, entendemos ser este um momento significativo para que possamos discutir a idéia de que a escola sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença. Isto porque o presente Fórum tem também como intenção ser mais um passo para a superação dessa postura visto que as questões culturais não podem mais ser ignoradas por nós educadores e educadoras uma vez que não há educação que não esteja imersa nos processos culturais do contexto em que se situa. Logo, não há como conceber uma prática pedagógica desvinculada das questões culturais da sociedade, o que torna a relação entre educação e cultura(s) como intrínseca. Nesse sentido, torna-se urgente o (re) conhecimento da pluralidade cultural do mundo em que vivemos visto que esta pluralidade se manifesta em todos os espaços sociais inclusive nas escolas e nas suas salas de aula. Logo, essa pluralidade implica analisar a escola e suas salas de aula enquanto espaços sócio-culturais compreendidos através da ótica da cultura, o que certamente acarretará confrontos e desafios a serem enfrentados pelo(a) educador(a). Em contrapartida, é essa pluralidade cultural um caminho propício para a possibilidade de se tornar a escola como um espaço da crítica cultural onde diferentes noções como “[...] ‘cultura da linguagem e linguagem da cultura’, ‘cultura da pedagogia e pedagogia da cultura’, ‘cultura dos modos de vida e modos de vida da cultura’, ‘cultura da multiplicidade e multiplicidade da cultura’, ‘cultura da história e historicidade da cultura’, Podemos morrer e descansar em paz! Vivemos em um país democrático, plural, diverso, no qual as pessoas se respeitam e vivem em comunhão... Ops! Que país é esse? Existe? Tem nome? Se tiver, por favor, me avisem, pois preciso me mudar para lá, não para morrer, mas, quem sabe, descansar em paz. Porque aqui, neste país, infelizmente, veem-se por aí pessoas tão bitoladas, tão mal esclarecidas/informadas que, pesarosamente, temos que ver ou ouvir coisas demasiado indecorosas que, por vezes, devemos parar para tentar dirimir, ou não. Intolerância!!! Essa é a palavra do momento. Hoje, somos intolerantes a tudo. Não toleramos atrasos; trânsito engarrafado; traições; não sermos correspondidos; não estarmos certos; o bonito; o feio; o igual; o diferente... Não toleramos coisas que facilmente poderiam ser toleradas se ôssemos mais humildes e menos pretensiosos. O outro, que não sou eu, tem direito de ser quem ele é: alto, baixo, gordo, magro, negro, branco, careca, cabeludo, surdo, cego, homem, homo, mulher, hétero... Assim, poder-se-iam elencar substantivos/adjetivos que chegariam ao fim da página, o que não considero necessário, posto que não pararemos de imaginar o que nos torna diferentes dos outros. Em tempos de opressão, ser diferente é necessário. É preciso que se saiba que o diverso é o que torna tudo mais agradável. É preciso fazer os opressores perceberem que “iguais” a eles só eles mesmos. Os olhares esquisitos e os julgamentos alheios nos incomodam, mas penso que incomoda muito mais aos outros, o fato de sermos “iguais” e felizes nas diferenças. São nuances, possibilidades ‘culturais locais e localidades das culturas’ [...] (MOREIRA, 2010, p. 192)” romperiam com a idéia de que não apenas as expressões culturais hegemônicas compusessem o currículo escolar mas também as expressões culturais subalternizadas sendo tanto aquelas como estas objetos de apreciação e de crítica. A partir desse caminhar, ao transformarmos a escola em um espaço sócio-cultural, o papel do(a) educador(a) também será transformado na medida em que for instigado a desempenhar o papel de crítico cultural pois [...] O que não é possível é estar no mundo, com o mundo e com os outros, indiferentes a uma certa compreensão de por que fazemos o que fazemos, de a favor de que e de quem fazemos, de contra que e contra quem fazemos o que fazemos. O que não é possível é estar no mundo, com o mundo e com os outros, sem estar tocados por uma certa compreensão de nossa própria presença no mundo. Vale dizer, sem uma certa inteligência da História e de nosso papel nela (FREIRE, 2000. p. 125). Assim, quando temos ciência da nossa condição de sujeitos sócio-culturais e de educadores(as) desempenhando a função de crítico cultural, surge a possibilidade de promovermos uma educação que viabilize o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais que compõem o espaço escolar. Trata-se, nesse caminhar, de contribuir para que a escola se afirme como um local privilegiado para a construção de relações interculturais positivas mesmo diante dos conflitos e desafios que possam surgir, pois só assim poderemos trilhar para um caminhar que situe a escola num outro espaço de transformação cultural. de sermos multi, pluri, que inquieta aos que se dizem moldados por padrões sociais préestabelecidos, para tornar “igual” o que jamais poderá ser. De que adianta o livre arbítrio se não podemos viver livres? "Temos direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza” (Boaventura Souza Santos). Vivemos em um país tão democrático, mas tão democrático, que o poder - na mão de poucos - é que diz quais políticas afirmativas podem favorecer aos negros (oprimidos); quais políticas inclusivas permitirão aos deficientes (oprimidos) o direito de estarem em espaços de ensino regulares; se os homossexuais (oprimidos) terão direito a união civil estável. É uma beleza! O país das desigualdades econômico-político-sociais. Um país no qual a política do pão e circo ainda funciona, e como funciona! Este país no qual eu, você, aquele que oprime, que é oprimido convive diante/perante infinitas mazelas. Mas continuo dizendo: Precisamos ser diferentes. Mais que isso, precisamos dessa diferença para que possamos manter o equilíbrio. Entristeço-me, pois ao pensar que estamos caminhando para termos nossos direitos a uma cidadania "plena" garantidos, pessoas intolerantes (que, infelizmente, não são poucas) ainda atravancarão nossos caminhos. Mas, chegará o dia em que poderemos viver a plenitude de nossas escolhas, condições, opções, ou seja lá que nome deem para o nosso modo de viver a vida, de viver o outro, de estar no mundo. É preciso lutar, perseverar, resistir até o dia em que não sejamos vistos com os olhos discriminatórios dessa sociedade hipócrita. Neste dia, poderemos morrer e descansar em paz! SER DIFERENTE EM TEMPOS DE OPRESSÃO! Interpelação e escuta sensível no 4 Iramayre Cássia Ribeiro Reis - Mestranda em Crítica Cultural Prof. Dr. Murilo Ferreira Interpelação e escuta sensível no 7 GESTÃO COMPARTILHADA: O COLETIVO DE ARTISTAS AGITADORES DO T18 NO CENTRO DE CULTURA DE ALAGOINHAS Écristio Raislan Bispo dos Santos - Mestrando em Crítica Cultural Orientador: Prof. Dr. Sílvio Roberto dos Santos Oliveira (Integrante do Coletivo de Artistas Agitadores do T18) A volta do Ministério da Cultura no governo do presidente Lula verteu uma efervescência produtiva do pensamento das políticas públicas culturais no Brasil. Visivelmente há uma preocupação com a cultura em uma dimensão de problematização muito maior do que a noção de cultura trabalhada pelo poder público, até então, abarcava. A Bahia, nos últimos 4 anos, se inseriu ativamente nesse momento de transição desvinculando, com muitos anos de atraso, a secretaria de turismo da de cultura. Repensando a noção de cultura do estado com o Estado, o emprego democrático dos recursos para fomento cultural (com vários editais, fundos com fundo, entre outras possibilidades) e, nesse ponto, a relação capital x interior, que quando da distribuição dos recursos para cultura sempre foi desigual e cruelmente negligente. A sociedade civil organizada aumentou, com as ainda problemáticas conferências, sua participação dentro do processo administrativo, não apenas fora dele, como era de práxis, por frentes como as dos movimentos sociais, culturais e intelectuais. O que permitiu a operacionalização de questionamentos que se repetiam, eram acatados pelo poder público demagogicamente e com o passar de dias estavam novamente a ver navios. Um destes questionamentos é o papel da existência de equipamentos culturais que foram mantidos pelo governo tanto materialmente quanto em fluxo produtivo. A manutenção material foi/é problemática, levando-se em consideração que os equipamentos culturais do interior nunca tiveram a devida atenção, seja por quais motivos for, da Fundação que os mantém. O fluxo produtivo, proporcionado pelo poder público, acabou por construir uma imagem elitista do “culto” em tais espaços, imagem ancorada pelas produções de fora das cidades onde existem estes equipamentos, afastando grande parte das populações da circulação e dos circuitos existentes, além de invizibilizar as produções locais com um ranço de “amadorismo” negati- 5 LITHOSILVA vo. É óbvio que estas afirmações, no que diz respeito das produções locais, não se aplicam generalizadamente a todo o interior baiano. Existem cidades com forte cena cultural em determinados segmentos artísticos e patrimoniais, todavia, passam por problemas peculiares ainda marcas da ação equivocada de anos da Bahiatursa. Neste bojo discursivo está o Centro de Cultura de Alagoinhas (CCA), que há um bom tempo recebe, com certa infelicidade, a alcunha de elefante branco. Não pela falta de artistas e agitadores locais para ocupá-lo, quando da não existência dos espetáculos caça níqueis, das formaturas e de outras atividades parasitas que o habitaram durante anos, mas pelo distanciamento elitista e burocrático que foi construído ao logo de várias gestões entre o equipamento e uma ocupação ativa. E por uma perspectiva de ocupação ativa foi criado o Coletivo de Artistas Agitadores do Território 18 (CAA18), formado por grupos que já atuam em Alagoinhas e região em diversos segmentos artísticos, de produção, e de pesquisa cultural. Que é formado, atualmente, pelo Coletivo de Artistas Marginais (Rio RealBA), Coletivo de Cinema Odradek (Entre Rios), Deviríneos & Moleculares, Expresso 18, Família Bicho Solto, Família SK8, O Grão, Petrolatividade e Teatro Quanta. O CAA18 negociou junto à Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) desde o início deste ano a ocupação no Centro de Cultura, uma ocupação para além da residência parasitária. Afinal todos os grupos envolvidos na ocupação já produzem independentemente do equipamento cultural em questão. Não se quer, pois, centralizar a produção cultural de Alagoinhas e região no CCA, mas fazer com que essa produção também seja protagonista daquele espaço, convivendo harmoniosamente com a produção nos bairros alagoinhenses e cidades que compõe o território de identidade 18. O Coletivo apresentou uma proposta com o intuito de gerir de forma compartilhada o CCA, respeitando a identidade cultural da região, trazendo à tona e fomentando a diversidade desta produção, promovendo o intercâmbio e a capacitação dos agentes culturais regionais contribuindo, assim, para a criação de instrumentos de auto-sustentação dos agentes e produtores culturais regionais em uma noção solidária de rede. A fim de manter o equipamento em constante movimento de produção e circulação. O processo de ocupação, ainda que em seu início, já permite a construção de várias imagens que o vislumbre inicial com a possibilidade da ocupação ofuscou. Como negligencia e falta de respeito governamental com os grupos ocupantes, vícios administrativos de longos anos que precisam ser extirpados do equipamento, os pormenores da burocracia documental que precisa ser assimilada pelos ocupantes como um todo... Várias são as imagens que podem ser mapeadas... indigestas e saborosas, e muitas dessas imagens serão, assim com mais informações sobre cada um de seus componentes, serão alegremente compartilhadas pelo Coletivo de Artistas Agitadores do Território 18 nos dias 18, 19, 20 e 21 de novembro no Fórum de Crítica Cultural 2. ano 1 # 2 novembro 2010 A ESCOLA COMO UM ESPAÇO DE CRÍTICA CULTURAL: UMA OUTRA PERSPECTIVA DE TRANSFORMAÇÃO CULTURAL Interpelação e escuta sensível no 14 FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL 2 Convidados: Pesquisador convidado: Prof. Dr. Ubiratan Castro de Araujo (História Social –UFBA) Personalidade cultural: Profa Ma. Iraci Gama SantaLuzia (Letras/UNEB, FIGAM) Personalidade da Educação Básica: Profa. Ms. Vera da Silva Rocha – Coordenadora do Grupo de Projetos Especiais (GPE) do Instituto Anísio Teixeira – SEC-BA. Mesa 2 - Local: Sala 12 Educação, narrativas e poéticas afrobrasileiras Coordenador: Prof. Dr. Sílvio Roberto dos Santos Oliveira (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Profa. Dra. Maria Anória de Jesus Oliveira (UNEB/UFPB) – Relações étnico-raciais e seu material didático Personalidade cultural: Prof. Dr. Murilo Ferreira da Costa Personalidade da Educação Básica: Prof. Gilvan Barbosa (Pós-Crítica/UNEB, Colégio Modelo) 13h30 às 14h - PROGRAMAÇÃO CULTURAL/PERFORMANCES Um canto a ser ouvido: a dança político-cultural do MMTR de Inhambupe + Forró Pé de Serra (alunos da Escola Maria José Bastos) DIAGNÓSTICOS, PROPOSIÇÕES E AGENCIAMENTOS PARA OUTRA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO BÁSICA E CULTURA ano 1 # 2 novembro 2010 Dia 18/11/2010 (QUINTA-FEIRA) 15h – Credenciamento Local: Oca Viveiro de Castros (Toldo sob as árvores entre estacionamento e a Direção do DEDC II) 19h – Performance Dançando com Zaratustra Local: Auditório da Conferência Plenária (Quadra de Esportes) 19h30 – Cerimônia de Abertura Local: Auditório da Conferência Plenária (Quadra de Esportes) 20h – Conferência Plenária de Abertura – Margens da literatura O Professor-artista: educação de si e revolução molecular - Prof. Dr. Sílvio Gallo (Filosofia da Educação – UNICAMP) Local: (Quadra de Esportes) 22h às 23h30 – Programação Cultural/Performances/Intervenções Musicais MC Osmar – Alagoinhas-BA. Carlitos França (Samba Rock) – Barra de Pojuca-BA. Local: a definir Dia 19/11/2010 (SEXTA-FEIRA) 8h30 às 10h – Sessões de Comunicação e Espaços de Agenciamento ou Mesas Coordenadas (total de 38) Local: em 14 salas de aula + 24 toldos-salas de 5 X 5 m espalhados em 4 setores do Campus 10h30 às 12h30 – MESAS SEMIPLENÁRIAS MARGENS DA LITERATURA Mesa 1 - Local: Quadra de Esportes 6 Representações do cotidiano escolar em obras de arte Coordenador: Prof. Dr. Osmar Moreira (Pós-Crítica/UNEB) Convidados: Pesquisador convidado: o escritor Antonio Torres (Imagens da escola em textos literários) Personalidade cultural: cineasta Deivison Fiuza – Comentando o filme Carregadoras de Sonhos Personalidade da Educação Básica: Maria Ivanilde Nobre - comentando os projetos FACE (Festival Anual da Canção Estudantil), TAL (Tempos de Arte Literária) e AVE (Artes Visuais Estudantis) Mesa 2 - Local: Auditório do Campus II Literatura e mídias: agenciamentos e entre-lugares nas configurações de gênero e sexualidades Coordenador: Prof. Dr. Paulo Garcia (Pós-Crítica/UNEB) Convidados: Pesquisador convidado: Prof. Dr. Djalma Thürler (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências – IHAC/UFBA) - Dramaturgia e Produção Cultural Personalidade cultural: Marcus Vinicius, escritor Personalidade da Educação Básica: Állex Leila (UEFS) LETRAMENTO, IDENTIDADES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Mesa 1 - Local: Sala 5 Raça/gênero, sexualidades e formação de professores/as Coordenador: Profa. Dra. Maria Nazaré Mota de Lima (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Dr. Henrique Freitas (IL-UFBA) Personalidade cultural: Anari Pataxó (mestranda do POSAFRO/UFBA) Personalidade da Educação Básica: Prof. Ms. Nildon Carlos Santos Pitombo (Superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica da Secretaria Estadual de Educação) Mesa 2 - Local: Auditório da Feira de Ciências Escola como um ponto de cultura Coordenador: Profa. Dra. Eliana Brandão (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Prof. Me. Jairo Oliveira (UFPE) Personalidade cultural: Profa. Angela Andrade - Superintendente de Cultura do Estado da Bahia Personalidade da Educação Básica: Profa. Railda de Santana Teixeira (Coordenadora da Direc 3) NARRATIVAS, TESTEMUNHOS E MODOS DE VIDA Mesa 1 - Local: sala 3 (Prédio de Educação Física) Cultura, história e tradição Coordenador: Prof. Dr. Daniel Francisco dos Santos (Pós-Crítica/UNEB) 14 às 18h – OFICINAS E MINICURSOS Oficina 1 - LEITURA E ESCRITA PARA MULHERES EM MOVIMENTOS SOCIAIS Local: OCA GUACIRA LOPES Oficina 2 - CORA CORALINA E AS MULHERES DA CHAMADA 3ª IDADE Local: OCA REGINA ZILBERMANN Oficina 3 - TARDE DE HISTÓRIAS E BRINCADEIRAS Local: OCA ENEIDA CUNHA Oficina 4 - TRANÇAS E NARRATIVAS: A PALHA TECENDO CONTOS Local: OCA HELOÍSA BUARQUE DE HOLANDA Oficina 5 - OFICINA DE XADREZ Local: Sala 5 Minicurso 1 - A questão cultural em Cursos de Letras – Roberto Henrique Seidel (UEFS/ Pós-Crítica/UNEB – Letras pela UFPE) - Local: Sala 8 Minicurso 2 - Hipertexto, ciberespaço e seus usos na ambiente escolar - Prof. Dr. Luciano Rodrigues Lima (Departamento de Educação II/DEDC II, Alagoinhas, BA/ Letras UFBA) - Local: Sala 7 Minicurso 3 – Educação multicultural – Prof. Dr. Humberto Oliveira (UEFS) - Local: OCA PAULO FREIRE LETRAMENTO, IDENTIDADES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Oficina 1 - ORIGAMI E O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA COMBINAÇÃO PERFEITA Local: Sala 6 Oficina 2 – OFICINA DE DIVERSIDADE SEXUAL: O PLURAL E O SINGULAR Local: OCA MARILENA CHAUÍ Oficina 3 - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: UM IDIOMA QUE SE VÊ Local: Sala 12 Oficina 4 – GEOMETRIA E ARTE - Local: Sala 1 Oficina 5 – LIVRO DO LUGAR - Local: OCA MOACIR GADOTTI Oficina 6 – SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA - Local: OCA IRACI GAMA Minicurso 1 – Estéticas da fuleragem e suas ressonâncias na Educação Básica – Prof. Dr. Josemar da Silva Martins (Departamento de Ciências Humanas III/DCH III, Juazeiro, BA/Educação UFBA) - Local: Auditório do Campus II Minicurso 2 – Práticas e rituais de consumo de substâncias psicoativas e suas ressonâncias na educação básica - Prof. Dr. Marcos Luciano Lopes Messeder (Campus I/UNEB – Salvador/ Sociologia e Antropologia Universite Lumiere Lyon 2, U.LYON 2, França) - Local: OCA OSWALD DE ANDRADE Minicurso 3 – Como pensar sexualidades na Educação Básica? Articulando teoria feminista e teoria queer – Profa. Dra. Suely Messeder (Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – DCHT XIX/Camaçari) - Local: OCA LEONELA INÊS DÍAZ Minicurso 4 - Cultura indígena - Jucimar Pereira dos Santos (Coletivo Cultural e Educacional/Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural/UNEB/Ribeira do Pombal/BA) - Local: Oca Indígena YBY YARA Minicurso 5 - HISTÓRIAS, CRIANÇAS E INFÂNCIAS - Uerisleda Alencar Moreira (Historia-UNEB/Teixeira de Freitas/BA) - Local: OCA EMÍLIA FERREIRO Minicurso 6 – NEGROS PERSONAGENS TECENDO IDENTIDADES NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA E MOÇAMBICANA - Profa. Dra. Maria Anória de Jesus Oliveira (Literatura e Cultura/Letras/UNEB/BA - Itaberaba). Local: Auditório da Feira de Ciências Zumbi dos Palmares NARRATIVAS, TESTEMUNHOS E MODOS DE VIDA Oficina 1 – OFICINA DE CAPOEIRA Local: Auditório das Conferências Plenárias (Quadra de Esportes) Oficina 2 – BOLACHINHAS DE GOMA: A CULINÁRIA E A VIDA-LUTA DO MMTR Local: OCA GAYATRI SPIVAK Oficina 3 – Local: Lab 1, Lab 2, Lab 3 INFORMÁTICA PARA A COMUNIDADE DE ALAGOINHAS Oficina 4 – Local: OCA ITALO CALVINO Criando máscaras teatrais Minicurso 1 – Surrealismo: teoria da história e inversão da tradição.– Prof. Dr. Washington Luis Lima Drummond (Campus IV/UNEB – Jacobina/ Arquitetura e Urbanismo-UFBA) - Local: OCA ANATOLY LUNACHARSKY Minicurso 2 – A música tradicional no contexto da sala de aula – Profa. Dra. Katharina Döring (Campus I/UNEB) - Local: OCA PIERRE VERGER Minicurso 3 – Cultura, História e Tradição – Prof. Dr. Ubiratan Castro de Araujo (História Social/UFBA) - Local: Sala 10 Minicurso 4 – ESCOLA VIVA - SEXO, DROGAS, VIOLÊNCIA E ARTE - Prof. PhD. Osvaldo Francisco Ribas Lobos Fernandez (Pós-Crítica - UNEB/Salvador/BA) - Local: Sala 2 (Prédio de Educação Física) 18 às 19h - PROGRAMAÇÃO CULTURAL/PERFORMANCES Grupo Estrela D’alva / Catu + Grupo de Assistência Social ao Idoso + Cordel: um Recital MARGENS DA LITERATURA Mesa 1 – Local: Auditório da Feira de Ciências Segmentos artísticos marginais e seus modos de produção: ou a escola pública com um setor de assessoria a projetos culturais comunitários - Coordenadora: Profa. Dra. Carla Patrícia Santana Bispo (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Prof. Dr. Ricardo Oliveira de Freitas (UESC/PACC-UFRJ) –Mídias alternativas e expressões identitárias Personalidade cultural: Normelita Oliveira – Cultura e Educação do ponto de vista da Coordenadora Geral do Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia Personalidade da Educação Básica: Maria Ivanilde Nobre (SEC-Ba) Mesa 2 – Local: Sala 5 O lugar da cultura local em livros e materiais didáticos Coordenador: Profa. Dra. Jailma dos Santos Pedreira Moreira (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Profa. Ma. Iraci Gama Santaluzia – Uma imagem de Alagoinhas a partir do Museu do Homem Livre Personalidade cultural: Representante do Movimento de Organizações Comunitárias (MOC) – Ativismo local como incorporação e deslocamento do global Personalidade da Educação Básica: Representante da Direc 3 – A escolha do livro didático pelos professores/as LETRAMENTO, IDENTIDADES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Mesa 1 – Local: Sala 3 (Prédio de Educação Física) Educação literária afrodescendente: usos e sentidos Coordenador: Prof. Dr. Murilo Ferreira (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Prof. Dr. Múleka Dítoka wa Kalenga (RDCongo/USP) Jogo de Búzios e Jogo Awale (Kissolo) como algoritmos matemáticos Personalidade cultural: Prof. Nelson Maca – Movimento Blacktude Personalidade da Educação Básica: Profa. Vanda Machado – Escola no Terreiro da Mãe Estela em Salvador-Ba Mesa 2 – Local – Auditório do Campus II Letramento e novas tecnologias em contextos minoritários Coordenador: Prof. Dr. Cosme Batista dos Santos (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Dr. Antônio Carlos Xavier (UFPE) Personalidade cultural: Mc Osmar – Movimento Petrolatividade Personalidade da Educação Básica: Lindomar Araújo - coordenador da Educação no Campo da Secretaria da Educação do Estado da Bahia NARRATIVAS, TESTEMUNHOS E MODOS DE VIDA Mesa 1 – Local – Quadra de Esportes Educação, patrimônio imaterial e memória Coordenador: Prof. Dr. Arivaldo Lima (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Prof. Dra. Olga Rosa Cabrera Garcia (História Oral – UFG) Personalidade cultural: Professor da Escola Intercultural Indígena Personalidade da Educação Básica: Representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (UNDIME) – o direito de aprender sobre a memória, na Educação Básica Mesa 2 – Local: Oca Indígena YBY YARA Educação, narrativas e saberes indígenas Coordenador: Profa. Dra. Edil Silva Costa (Pós-Crítica/UNEB) Pesquisador convidado: Prof. Dr. Marcos Luciano Lopes Messeder (Campus I/ UNEB – Salvador/ Sociologia e Antropologia Universite Lumiere Lyon 2, U.LYON 2, França) Personalidade cultural: Artista plástico LithoSilva – Um devir tupinambá da cultura e da educação (comentário a uma instalação) Personalidade da Educação Básica: Rosilene Tuxá - Coordenadora de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado da Bahia 13h30 às 14h - MULHERES DO GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER: CENTRO SOCIAL URBANO (CSU) + GRUPO DE DANÇA THÁTI - VA/(Entre Rios) 14h às 18h - OFICINAS E MINICURSOS (ocas, salas, auditórios, acima mencionados) MARGENS DA LITERATURA Oficina 1 - Local: OCA OSWALD DE ANDRADE OFICINA POESIA E PENSAMENTO Oficina 2 – Local: Sala 4 OFICINA DE PRODUÇÃO DE VÍDEO DIGITAL Oficina 3 – Local: OCA ENEIDA CUNHA TARDE DE HISTÓRIAS E BRINCADEIRAS Oficina 4 - Local: OCA CONCEIÇÃO EVARISTO POESIA NEGRA FEMININA: EM CORPO, ALMA, TRAÇOS,VERSOS Minicurso 1 – Local: OCA LEONELA INÊS DÍAZ Arte-educação e programas oficiais de cultura para a educação básica – FACE, TAL, entre outros: um lugar teórico para se pensar as novas relações educação básica e cultura? Prof. Dr. Osmar Moreira (Departamento de Educação II/DEDC II, Alagoinhas, BA/Letras UFBA); Minicurso 2 – Local: OCA PIERRE VERGER Democracia e multiculturalismo na África Ocidental - Prof. Dr. Detoubab Ndiaye (Campus II/UNEB – Alagoinhas/ IFCH – UFBA) Minicurso 3 – Local: Sala 1 Uma imagem da Rússia stalinista em filmes - Profa. Drª. Olga Belov Moreira (Campus II/UNEB – Alagoinhas/Instituto de Letras da UFBA) Minicurso 4 - Local: Sala 5 Mídias alternativas e expressões identitárias - Prof. Dr. Ricardo Oliveira de Freitas (UESC/PACC-UFRJ); 20h – CONFERÊNCIA PLENÁRIA LETRAMENTO, IDENTIDADES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Letramento, Identidades e Formação de Professores Cultura escrita, diversidade cultural e poder - Profa. Dra. Ângela Kleiman (Linguística Aplicada – UNICAMP) – Local: Quadra de Esportes 22 às 23h - INTERVENÇÕES MUSICAIS Aborígenes – Alagoinhas-BA. Rizoma – Candeias-BA. Dia 20/11/2010 (SÁBADO) 8h30 – 10h – SESSÕES DE COMUNICAÇÃO E ESPAÇOS DE AGENCIAMENTO Local: em 14 salas de aula + 24 toldos-salas de 5 X 5 m espalhados em 4 setores do Campus 10h às 10h30 - MULHERES DA UNIVERSIDADE ABERTA A TERCEIRA IDADE + TEATRO ESTRELAS DO SILÊNCIO: MÃOS QUE FALAM 10:30 às 12:30 - MESAS SEMIPLENÁRIAS Oficina 1 - Local: Sala 6 ORIGAMI: POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS E TERAPÊUTICAS Oficina 2 - Local: OCA EMILIA FERREIRO CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E LETRAMENTO Oficina 3 - Local: Sala 7 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E A LÍNGUA INGLESA Oficina 4 - Local: OCA GUACIRA LOPES LOURO VAMOS FALAR DE SEXUALIDADE? Oficina 5 - Local: Sala 8 EDUCAÇÃO ESPECIAL – BRAILLE, LIBRAS E SOROBà Oficina 6 - Local: Sala 3 (Prédio Educ. Física) JOGOS MATEMÁTICOS: O LÚDICO NA SALA DE AULA, DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Oficina 7 - Local: OCA ANÍSIO TEIXEIRA ONDE ESTOU? 22 22 22 22 21 10 21 21 09 20 08 10 21 19 PLI AM 07 O AB 04 06 IOS R TÓ RA 21 21 16 07 07 06 21 04 16 14 13 18 09 16 17 07 06 21 01 7 22 L ÃO AÇ 04 21 15 03 05 12 11 12 02 11 GU AR ITA HORTO HO RTO B 22 ICO BOTÂN HORTO ICO Minicurso 1 – Local: Auditório do Campus II Cultura escrita, diversidade cultural e poder - Profa. Dra. Ângela Kleiman (Linguística Aplicada – UNICAMP) Minicurso 2 – Local: Sala 11 Construção da escrita infantil: possíveis percursos - Profª. Dra. Cláudia Martins Moreira (Letras - UNEB/ Campus II/BA)[email protected] Minicurso 3 – Local: Sala 12 Gênero e Literatura na Educação Básica Profª. Ma. Ana Rita Santiago da Silva - Letras/UFRB/Salvador – BA Minicurso 4 – Local: Oca Indígena YBY YARA O que precisamos saber sobre o índio brasileiro? Jucimar Pereira dos Santos (Coletivo Educacional/Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural/UNEB/ Ribeira do Pombal/BA) Minicurso 5 – Local: Sala 2 (Prédio Educ. Física) Do giz ao mouse: novos desafios para o professor - Jaíra da Silva Santos (Especialista em Educação a Distância/UNEB/Alagoinhas- BA) IGUALDADE EDUCACIONAL: SENTIDO E PROPOSTA + GRUPO DE SAMBA DE RODA DA COMUNIDADE DE GAMBA/Entre Rios 20h - CONFERÊNCIA PLENÁRIA - Narrativa, Testemunhos e Modos de Vida Por uma epistemologia dos saberes populares - Prof. Dr. José Jorge de Carvalho (Antropologia Social/Universidade de Brasília, UNB, Brasil) – Local: Quadra de Esportes 22 às 23h - INTERVENÇÕES MUSICAIS A VIDA COMO ARTE – Sílvio Carvalho Nana de Deus e os Censurados – Salvador-BA Farinha de Guerra – Feira de Santana. Dia 21/11/2010 (DOMINGO) 8h às 11h30 - ATO ESTÉTICO-POLÍTICO: UMA PASSEATA Coordenação: coletivos educacionais e culturais participantes do Fórum Local de concentração: Pça Ruy Barbosa – destino: Centro de Cultura 12h às 14 h – AVALIAÇÃO E CONFRATERNIZAÇÃO DE ENCERRAMENTO Local: Centro de Cultura NARRATIVAS, TESTEMUNHOS E MODOS DE VIDA Oficina 1 – Local: (Quadra de esportes) A CAPOEIRA COMO ESPAÇO DE RESISTÊNCIA CULTURAL Oficina 2 – Local: OCA MARILENA CHAUÍ OFICINA SOBRE SAÚDE POPULAR Oficina 3 – Local: Sala 1 (Prédio Educ. Física) GINÁSTICA LÚDICA Oficina 4 – Local: Sala 10 CARTÕES RECICLADOS: O GRIF EDUCANDO-NOS PARA A VIDA Oficina 5 – Local: Laboratórios OFICINA DE INFORMÁTICA BÁSICA Oficina 6 – Local: OCA ÍTALO CALVINO ALIMENTAÇÃO E SAÚDE: CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Minicurso 1 - Local: OCA MOACIR GADOTTI Juventude, movimento estudantil e política: ontem e hoje – Prof. Dr. Antonio Mauricio Freitas Brito (Campus II/UNEB – Alagoinhas/IFCH – UFBA) E MAIS Dias 18, 19 e 20/11/2010 - LANÇAMENTOS DE LIVROS, REVISTAS 1. Meio dia de autógrafos com o escritor Antonio Torres (19/11); 2. Estudos de crítica cultural: diálogos e fronteiras, (orgs) Ari Lima e Edil Costa; 3. Um Oswald de bolso: crítica cultural ao alcance de todos – Osmar Moreira; 4. Quase poemas – Irmã Marina Oliveira Reis 5. Entre outros de autoria de vários professores dos colegiados do Campus II e de outros campi da UNEB; 6. Entre outros de autoria de participantes do Fórum Nacional de Crítica Cultural FEIRA DE CIÊNCIAS Organizada pelos Colegiados dos Cursos do Campus II (Letras, História, Educação Física, Biologia, Matemática, Análise de Sistema) e pela Coordenação do Fórum Palavras-chave: encontro de saberes acadêmicos e populares; debates entre agentes de cultura e de educação; visibilidade científica do Campus II, e outros campi da UNEB; agenciamentos, proposições. Silva raç Ilust 22 OFICINA DE LIBRAS itho ão: L LEGENDA DO MAPA UNEB CAMPUS II - ALAGOINHAS-BA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Quilombos - Oficinas, Minicursos I Quilombos - Oficinas, Minicursos II Quilombos - Oficinas, Minicursos III Quilombos - Oficinas, Minicursos IV Secretaria do Fórum Corredor de Painéis Coletivos de Educação e Cultura Feira de Ciências, Stands Secretaria Estadual e Municipal e/ou cultura Palcos Auditórios Casa do Professor-Artista Rua Estético-Política Teatro Oca Camping Praça de Alimentação Parque Infantil Boate Sanitários Químicos Telões Salas, Oficinas, Minicursos V Espaços Performáticos ano 1 # 2 novembro 2010 OT N 18 às 19h - SARAU INTERDISCIPLINAR A POESIA QUE NOS ATRAVESSA + MULTICULTURALIDADE ÉTNICO-RACIAL E ICO BOTÂN Interpelação e escuta sensível no 9 ano 1 # 2 novembro 2010 Um recompondo novos artefatos verbais. Ou seja, nada de se esgotar no único plano, no único foco de visão, e sim problematizar os movimentos, as posições, a razão, o pensar uniforme, com o propósito de rastrear o que não se fala, não se conjuga, não se enuncia. Por uma crítica cultural que visa compreender a vida social, explorar o potencial cognitivo, nas configurações de gênero e sexualidades, é tarefa de constante exercício. Certamente que, nas letras, na literatura, no cinema, no teatro, trata-se de formalizar a produção de novas identidades, aquelas não vistas, não problematizadas, não ditas no veio simbólico. Para esse tipo de crítica, é preciso sempre conclamar para as experiências de leituras, cuja continuidade dos gestos ordenadores e impositores estarão sempre presentes no meio social e, para entendê-los, faz-se importante desconstruir os modos de vida reinantes e proclamados, não com o intuito de modificá-los, porém, com a tarefa empreendedora de rever os binários, os papeis construídos, fazendo-se cada vez mais urgente a tarefa com o social e cultural de contribuir para os desmontes de desejos fabricados, reprimidos, docilizados no processo da fragmentação da subjetividade. As proposições e novos agenciamentos na educação – seja formação básica, média, superior, dentro do viés cultural baiano e local, a exemplo de situar, aqui, o exercício do pensamento nos entre-lugares do desejo de homens e de mulheres nas configurações de gênero e das homossexualidades –, giram para o objetivo de atingir com o lado estético, literatura, cinema, teatro, mídias não as linguagens de arquivos em suas complexas aspirações anunciativas e de raízes preconceituosas e discriminantes, mas linguagens que visam ao solo do diferente, celebrando oportunidades abertas para o trânsito da existên- cia do Outro, sem os encargos ordinários de juízos e valores fundamentalistas e a favor das interpretações das identidades de homens e de mulheres em fluxos de vida. Esse movimento de leitura tende a renovar as instâncias de enunciados numa esteira em que o espaço entre-linhas se tece por multicores, realinhando significados, reestilizando formas, conceitos e sentidos. A presença de personalidades da cultura, das mídias, da literatura, como Állex Leila (UEFS), professora e escritora baiana, com uma rica e reconhecida produção literária, Djalma Thürler (UFBA), também professor e com experiência consagrada no teatro baiano e na cinematografia e Marcus Vinicius, escritor baiano premiado por uma poética de impacto sob a temática homoerótica. Todos eles tomarão a palavra para ostentar uma política de ruptura, tendo, em mente, suas experiências como professor, escritor, artista, para nos mostrar, ou melhor, oferecer retomadas críticas sobre a formação do sujeito, os entre-lugares que se pautam para abordar os diferentes desejos, prazeres, conjugalidades, erotismos, cenas da vida pós-moderna que se veem, atuam, escrevem, pensam. Como críticos da cultura, irão propor um universo árido a respeito do capitalismo globalizante e como este nos mercantiliza, ao criar as condições de descartes na educação do indivíduo, sendo este criado com promessas consequentes frente às realidades de hegemonias e de atmosferas contidas. Esta mesa redonda do Fórum Cultural: Literatura e mídias: agenciamentos e entre-lugares nas configurações de gênero e sexualidades é um convite para debruçar-nos sob as inscrições identitárias nos textos e nos contextos, sob percursos da educação, ou melhor, da formação do sujeito investida na sensibilidade dos projetos subjetivos e de outros eus fora de ordem, da performatização do sujeito pelo avesso, das marginalidades individuais, da incitação da prática da alteridade e das alternativas para procurar entender formatos de possíveis pensamentos diante de escritas compartilhadas. O II Fórum Nacional de Crítica Cultural que acontecerá na cidade de Alagoinhas Bahia, nos dias 18, 19, 20 e 21 de novembro, é um convite a experimentação e subversão de conceitos postos e enraizados. E será nesse espaço destinado a diferentes vozes, mas principalmente aquelas que durante muito tempo foram relegadas ao silenciamento, marginalização e a invisibilidade que as portas estarão abertas para o agenciamento de novas propostas para a Educação Básica e a Cultura. Intitulado Educação Básica e Cultura: diagnósticos, proposições e novos agenciamentos, o fórum tem como objetivo promover o encontro entre o centro (intelectuais/universidade) e as margens (cultura/ educação das periferias). E é nesse palco de fertilização de novas propostas educacionais que se inauguram caminhos para se pensar um fazer pedagógico em comunidades quilombolas. Garantir a educação nesses territórios, respeitando sua história e suas práticas culturais é uma proposta fundamental para uma educação anti-racista. Uma educação que contemple as particularidades étnicas, culturais e políticas dessas comunidades é uma das formas de cumprimento da Lei 10639/03, uma vez que sua trajetória constitui um exemplo da resistência/ persistência da cultura afro-brasileira. Portanto a educação quilombola e a implementação da Lei simboliza o rompimento do silêncio e da invisibilidade histórica que acompanham a trajetória dessas comunidades e a construção da suas identidades. Presentemente, a legislação brasileira já segue esta apreciação de identidade quilom- bola e reconhece que a decisão da condição quilombola ocorre da sua auto-identificação. Com a Constituição Federal de 1988 o assunto quilombola faz parte da agenda das políticas públicas. As atuais comunidades de remanescentes de quilombo têm sua origem nos negros que de diferentes maneiras resistiram e conseguiram a condição de camponeses autônomos, formando grupos com costumes e educação particulares. Parodiando o mestre Paulo Freire, a educação é uma ação permanente, e é nesse sentido que a educação quilombola deve ser compreendida, como um instrumento para a construção de uma sociedade anti-racista, que privilegie o ambiente escolar como um espaço fundamental no combate ao racismo e a discriminação racial. O espaço do aprimoramento e da reflexão para construção de novos paradigmas educacionais, tais como: questões relativas ao currículo e suas estruturas, a construção do conhecimento, os processos de aprendizagem e construção de uma identidade quilombola. Destarte, acreditamos que as ações, propostas nesse fórum, são fundamentais no resgate da identidade e da auto-estima quilombola, além de construir uma pedagogia que vise desenvolver de uma postura etnográfica do educador e do educando. Interpelação e escuta sensível no 6 Zenaide Maria Santos (Mestranda em Crítica Cultural) Profa. Eulália Faustina (Colégio Maria José Bastos Silva/Alagoinhas) LITHOSILVA 8 passo importante do Programa de PósGraduação em Crítica Cultural Pós-crítica, concentrado na área de Letras, do campus II da UNEB, município de Alagoinhas, situado a pouco mais de 100km da cidade de São Salvador da Bahia, é partir para os interesses que visam situar a funcionalidade da vida social, inserindo contextos discursivos, como as configurações de gênero e sexualidades nas margens da literatura. Essas configurações, aliadas com as linguagens do cinema, da literatura, das mídias eletrônicas e impressas, do teatro, bem como outras textualidades buscam significar os constructos de identidades de homens e de mulheres, suas sexualidades e papeis descritos nos tempos modernos e no contemporâneo. Na verdade, a crítica cultural aí se empenha em compreender como as relações entre homens e mulheres, entre homens e homens, mulheres e mulheres expressam ideais, sentimentos, medos, experiências, histórias, memórias, são ordenados e ordenam, centralizam e rompem com o sistema social instituído, localizam e distanciam com os limites impostos e propostos. No funcionamento da vida social elencado nas relações gênero – homens e mulheres e, nas sexualidades – homossexualidades masculina e feminina, bissexualidades, travestis, nas performances do corpo – drag queens ou, em transgêneros e transsexuais, as identidades são marcadas e seus estilos de vida ressaltados de modo fluido, confluente, transitório. A questão não se esgota quando se formam pontos de legibilidade e visibilidade do sujeito descontínuo e dos gestos de enunciação não decorridos no processo de essencializar o eu, como o deslocar de sentidos a ele indicados e projetáveis. Assim, a crítica cultural é compreendida como um choque contra as fontes paradigmáticas e de concepções de leituras que não dão margem ao diferente. Vale sempre lembrar aí que a noção que se busca é de negar o senso comum com a possibilidade de ir ao encontro com os reflexos, irradiações, disseminações, compondo e UMA ESCOLA QUILOMBOLA NA CRÍTICA CULTURAL Prof. Dr. Paulo César García Docente permanente do Pós-Crítica Vilma Lúcia Salvador Cabral Lima Mestranda em Crítica Cultural Prof. Dr. Sílvio Roberto dos Santos Oliveira LITHOSILVA LITERATURA E MÍDIAS: AGENCIAMENTOS E ENTRE-LUGARES NAS CONFIGURAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADES Interpelação e escuta sensível no 13 S A A S E N U G P U T R HO O P P I A H U O G N Í L E AULAS D Trabalhar como educador e com um público de adolescentes requer muita criatividade e conhecimento por parte dos docentes quanto às questões de ordem social e cultural, além dos relacionados à psicopedagogia, a currículo e aos da sua área de atuação, a fim de que o currículo escolar esteja voltado para áreas de interesse dos educandos, possibilitando a seleção de conteúdos significativos para que as aulas não se tornem desagradáveis e cansativas, ocasionando grande desinteresse por parte dos alunos e, em conseqüência, do próprio professor. Conhecer elementos que estejam diretamente ligados à cultura e à identidade da classe jovem é fundamental para que o ensinoaprendizagem aconteça de forma satisfatória. Nessa linha o hip-hop tem sido o aliado nas aulas de Língua Portuguesa de turmas de 6a séries, a partir da percepção de que era esse o ritmo identitário das classes em questão. O hip hop é uma cultura criada nas ruas, através da união desses jovens de periferias, atrelando a expressão de quatro vertentes artísticas: o grafite, os DJs, os MCings (rimas improvisadas) e o break (estilo de dança). Desses movimentos surgem as letras agressivas e questionadoras, contra as imposições das leis, as injustiças sociais, violência nas favelas, a desvalorização do negro na sociedade, sexo, drogas, dentre outros; o ritmo envolvente e convidativo produzido pelo estilo musical reforça o gosto dos jovens pelo hip-hop. Diante disso, as aulas de Língua Portuguesa ganharam outro ritmo, o que fez com que a turma deixasse de lado a apatia, mostrando mais vontade e disposição para estar na Escola. Interpelação e escuta sensível no 20 A PARTICIPAÇÃO DOS PROFESSORES INDÍGENAS DA BAHIA NO II FÓRUM NACIONAL DE CRÍTICA CULTURAL Jucimar Pereira dos Santos - Mestrando Crítica Cultural - UNEB Orientadora: Profa. Dra. Maria Nazaré Mota de Lima A LITHOSILVA Estado da Bahia, que irão participar ativamente das atividades do referido fórum, com o compromisso de na volta para as suas comunidades, dialogar com os seus “parentes”, seus alunos e alunas, lideranças e colegas de profissão, sobre o que viram e ouviram, suas trocas de saber e de experiência. Será assim um momento privilegiado, onde a presença de um grupo de professores e professoras indígenas que estão em um espaço de diálogo, para a partir do seu ponto de vista, poder construir outros pontos, principalmente no contexto da crítica cultural que permitirá a esses participantes a reflexão pertinente acerca do que é cultura, identidade, construções e desconstruções acerca de elementos importantes para a convivência com a diversidade e a interculturalidade. Manifestará, portanto, com a benção e permissão dos encantados um legítimo diálogo em um programa de pós-graduação que busca estabelecer em uma sociedade excludente como a nossa, uma conexão de saberes, de que o conhecimento não pode pertencer somente a um pequeno grupo privilegiado, favorecendo a uns poucos, mas ao contrário, nos meios dos excluídos socialmente podemos encontrar infinitos saberes, conhecimentos, os modos de viver e sobreviver, que no diálogo sincero oportuniza a troca de experiências, de conhecimentos, e isso é animador e nos fortalece sempre. VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS E IDENTIDADE MULTIFACETADA DE PROFESSORES Zenaide Maria Santos - Mestranda em Crítica Cultural - Orientadora: Profa. Dra. Maria Nazaré Mota de Lima I Cresce cada vez mais o número de queixas sobre agressividades verbais e ísicas no âmbito das Escolas tanto públicas, quanto particulares. Já não há mais a diferença entre classes média, alta ou baixa, pois as queixas são as mesmas, talvez, em menor proporção nas escolas particulares, estas mais reais. Os motivos são direcionados para os alunos da Escola pública tem a influência da falta de estrutura familiar, da violência em casa, da falta de punição e limites dispensados pela família, do envolvimento claro de muitos com as drogas e com a prostituição e, para os alunos da Escola particular, fica uma interrogação: Se a família pode, financeiramente, cuidar da educação dos filhos, dar assistência médica adequada em caso de transtornos psicológicos, o que, então, leva os jovens dessas classes a se comportarem de forma agressiva e violenta? O resultado desse drama está estampado na fisionomia dos profissionais da educação, porque a maioria dos professores encontrase doente, com transtornos múltiplos, sem motivação para “encarar” a sala de aula. Para muitos, o palco do conhecimento letrado se transformou em arena de disputa de palavras de baixo calão e/ou de luta livre e de ameaça constante à integridade ísica e moral tanto de alunos, quanto de professores. É comum ouvir de professores a expressão “eu finjo que ensino e eles fingem que aprendem”, “eu preparo aulas na tentativa de despertar a atenção, mas não adianta”... Tudo bem que existem outras implicações nesses discursos, sejam elas de ordem pedagógica, filosófica, política, enfim, mas há uma realidade violenta que se apresenta, seja nos gritos, nos palavrões, nos tapas e pontapés, ou ainda na apatia medrosa de muitos que se calam com medo de “apanhar lá fora”. Assim, a discussão dessa temática na Mesa intitulada A Cultura da Violência na Escola pretende dialogar com um Sociólogo, com o Juizado de Menores, com um Psicólogo, com a Promotoria Pública e com um Professor, a fim de pensar na questão que ora se apresenta de forma assustadora e viabilizar meios para amenizar o problema, conforme as leis que amparam a criança, o adolescente e o adulto; pensar em leis que garantam a integridade ísica do sujeito e o respeito a valores morais esquecidos, senão substituídos pela cultura da violência. II Professor! Que profissional é este? Se esta pergunta fosse feita na primeira metade da década de 90, bem próxima da atual, a resposta seria imediata: Professor, orientador, merecedor de respeito e consideração, o Mestre na arte de ensinar. E o Professor? Este se sentia bem em ser professor, conhecia o seu papel de transmissor de conhecimento; tinha orgulho da profissão. Então, o que houve em tão pouco tempo que mudou essa visão? A sociedade do século XXI encontra-se envolvida por um caos. De um lado, o desenvolvimento tecnológico desenfreado, arrobando fronteiras, antes pensadas intransponíveis, penetrando no mundo das ciências humanas, exatas e sociais, das artes, das múltiplas linguagens; uma sociedade carregada de novos valores (ou seriam “desvalores”), de concepção de sujeito e de mundo; de outro, a educação, ainda perdida, sem condições de acompanhar estruturalmente essas mudanças, já anunciadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96. A diversidade cantada e recitada por autores e artistas brasileiros ganhava respaldo legal na nova LDB, ganhava espaço também o tempo pedagógico do aluno dentro da Escola, sendo-lhe garantido o aumento de dias letivos, como se o problema da aprendizagem do aluno estivesse atrelada a mais dias ou menos dias dentro da Escola. O professor também ganharia acompanhamento em serviço obrigatório para saber lidar com essas diversidades, porém, não lhe foi oferecida a garantia de acompanhamento multidisciplinar para contribuir com a tarefa de trabalhar com os diferentes sujeitos, oriundos de espaços distintos e, muitos deles, de experiências de vida envolta na marginalidade. A concepção de Educação ganha outro patamar: as palavras de ordem são diversidade, multi- culturalidade, referencialidade, transversalidade, interdisciplinaridade, avaliação processual e contínua, currículo integrado, enfim, o mundo muda, a educação não tem condições de seguir os passos na mesma escala, pois a formação que os profissionais da área educacional receberam foi aquela do início da década de 90. E o Professor? Encontra-se sem saber como gerenciar essa multiplicidade. Diante do novo olhar para a Educação do Século XXI, a proposta é reunir profissionais ligados à APLB – Sindicato, a fim de discutir a situação do Professor, com destaque para as questões legais ligadas à carga horária intensa e às condições de saúde dos mesmos, na tentativa de refletir sobre a questão inicial, uma vez que a identidade desse profissional encontra-se “muito” facetada, consequentemente, sem uma definição que dignifique a profissão. Interpelação e escuta sensível no 10 PROFESSORA/O: SUJEITO SUPOSTO SABER Elisete França - Mestranda em Crítica Cultural - Profa. Dra. Maria Nazaré Mota de Lima Graciela Nieves Pellegrino Fernandez - Mestranda em Crítica Cultural - Prof. Dr. Osvaldo Fernandez Quando falamos de avaliação de saberes queremos saber que saberes são esses e quais os deslocamentos possíveis para apreendermos esses saberes. A pergunta continua sendo: que saberes são esses que necessitam ser avaliados? Os saberes de alunos são avaliados pelos saberes dos professores? Quem avalia os professores? Que avaliação é essa? Do seu conhecimento, do seu comportamento, das suas convicções, da sua capacidade de se relacionar? E se não houver saberes nesse saber, como saberemos? Quem complementará esse não saber? Questão até filosófica, entre o que se sabe e o que se desconhece, mas que para o educador é imperioso saber, já que ele está mesmo no lugar do sujeito suposto saber. Mas então, ele sabe? Quanto sabe? E o que não sabe quanto está disposto a aprender? E os seus não saberes, se cristalizados, teriam chance de tornarse refratários para permitir adições (não as aquelas pelas quais são avaliados os professoras /es), aquelas adições que correspondem à etimologia da palavra: somar, acrescer. Que conhecimentos seriam necessários para que professoras/es trabalhassem Orientação Sexual nas escolas? Se ele/a está no lugar do sujeito suposto saber, logo poderíamos nos arriscar a dizer que já tem esse conhecimento. Mas esse conhecimento pode não ser o suficiente para a proposta sugerida pelos PCN. Sexualidade não se aprende na escola, diriam alguns desavisados, logo esse professor tem lacunas que vêm da sua formação, mas não só dela. Sexualidade se aprende na escola, arrisco dizer, no entrelace das relações afetivas e descobertas que lá acontecem. O curso de formação de professores, especialmente a Pedagogia, não tem na sua estrutura curricular disciplinas que contemplem conhecimentos relacionados a Gênero e Sexualidade. As /os alunas/os têm oportunidade de ver muito rapidamente algo sobre sexualidade quando estudam o corpo humano, sempre em uma vertente medicalizante e preventiva. Trabalhando na desconstrução de mitos e preconceitos, surge esta proposta da UNEB, dentro do II Fórum Nacional de Crítica Cultural, com a Campanha dos 16 dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher organizando diversas atividades, entre elas a mesa Gênero, raça e sexualidade na escola e a oficina sobre diversidade sexual que tratarão das temáticas. É a Universidade oportunizando não só o acesso aos graduandos dos diversos cursos como aos professores da rede pública e aos diversos atores sociais, considerando que direitos sexuais são direitos humanos. 9 ano 1 # 2 novembro 2010 s conquistas relacionadas às questões da educação escolar indígena no contexto do Brasil, e em especial na Bahia, tem motivado a todos nós que trabalhamos com a questão indígena, a fortalecermos cada vez mais as práticas escolares desenvolvidas por esses(as) professores(as) em contextos diferentes de atuação. Os professores e professoras indígenas que atuam na educação básica nas escolas indígenas da Bahia têm ocupado espaços de diálogo nos meios acadêmicos de forma bastante interessante. Nestes espaços, os professores indígenas saem da condição de dominados, excluídos socialmente, de serem vistos de forma pejorativa ou folclórica por pessoas que se dizem “não-índios” para serem protagonistas, sujeitos de todo esse processo. Muitos são os eventos em que a abertura da participação desses povos como pessoas que estabelecem um diálogo intercultural são realizados no Brasil de forma substancial a exemplo de congressos, simpósios, seminários, fóruns, e isso nos anima, pois vemos nessa participação o espaço de diálogo com a sociedade acadêmica, sem que os índios sejam vistos como “peças de representação cultural” como víamos em determinados momentos, em que eram convidados para os eventos para fazerem as suas “apresentações culturais”, muitas vezes sem serem reconhecidos em seus valores étnicos, culturais, espirituais, sua forma de organização social, sendo que a partir da participação dos mesmos enquanto protagonistas partilhando os seus saberes e conhecimentos, a cultura indígena passa a ter um outro tratamento. Portanto a participação dos professores indígenas no II Fórum Nacional de Crítica Cultural marca um momento histórico, pois será um grupo de professores indígenas representando várias etnias do Interpelação e escuta sensível no 21 LETRAMENTO, ORALIDADE E ESCRITA EM UMA ESCOLA DO CAMPO: UMA DISCUSSÃO DE PODER ano 1 # 2 novembro 2010 Interpelação e escuta sensível no 8 Thays Macedo Mascarenhas - Mestranda em Crítica Cultural - Orientador: Prof. Dr. Cosme Batista dos Santos A PLATAFORMA FREIRE NO CAMPUS II - ALAGOINHAS Prof. Me. Gregório Benfica - (Diretor do Departamento de Educação do Campus II, historiador) LITHOSILVA V isando discutir as concepções de letramento, as relações estabelecidas entre oralidade e escrita, seus mitos e as tensões de poder imbricadas, através da análise dos registros de dados parciais gerados em pesquisa, de cunho etnográfico, que tem como contexto de estudo a investigação das práticas de leitura e escrita em uma sala de aula do campo, situada na Fazenda Escoval, zona rural de Feira de Santana-Ba é que será apresentado esse texto no II Fórum de Crítica Cultural/UNEB - Campus II. Através dessa pesquisa busco responder a algumas questões que norteiam o trabalho: O que, como e para que se lê e se escreve na sala de aula do campo? Que sentido a comunidade local dá para a escrita? O que a escrita faz com essas pessoas? Que estratégias de empoderamento são ou podem ser potencializas por esses sujeitos? É senso comum, que as práticas de escrita na es- cola são centradas na transcrição do código da língua, propiciando o desenvolvimento de habilidades técnicas específicas do contexto escolar, desprestigiando as práticas que o aprendiz já conhece, o que nos aponta para a ideologia escolar ao prestigiar práticas de escrita características das classes letradas dominantes. Segundo Silva (2003), a reprodução social ocorre por meio da cultura, ou seja, ocorre na reprodução cultural; que pela transmissão da cultura dominante fica garantida a sua hegemonia. A Educação do campo deve servir às intencionalidades de formação de novas relações de trabalho e na formação de uma consciência política que atue na resistência cultural contra os processos de dominação e de degradação das condições de vida dos sujeitos do campo, propiciando um novo olhar para educação nesses espaços, além de uma nova visão sobre si Interpelação e escuta sensível no 19 Elizabete Bastos da Silva - Mestranda em Crítica Cultural - Orientador: Prof. Dr. Cosme Batista dos Santos O AGENTE DE LETRAMENTO NO MOVIMENTO HIP HOP 10 O Interpelação e escuta sensível no 22 Petrolatividade é um evento organizado por Mc Osmar e o seu grupo de mesmo nome Petrolatividade. O evento foi fundado em 02 de julho de 2006 por Mc Osmar, na comunidade da baixada, bairro Jardim Petrolar de Alagoinhas/ Bahia. O bairro tem cerca de 24 mil habitantes e o Petrolatividade surgiu nesse contexto para suprir a necessidade de atividades culturais na comunidade. O evento costuma ocorrer uma vez ao ano, mas às vezes chega a ocorrer duas vezes, depende da necessidade e do interesse/envolvimento da comunidade. As produções, práticas e eventos do Mc Osmar e do Petrolatividade, sujeito e coletivo do Movimento Hip Hop de Alagoinhas contribui para a potencialização (empoderamento) dos agentes sociais, em sua cultural local, através dos elementos constitutivos do Hip Hop, em suas vozes da cultura. Segundo Certeau(2009:41),”essas maneiras de fazer constituem as mil práticas pelas quais usuários se apropriam do espaço organizado pelas técnicas da produção sociocultural”. As práticas, “as maneiras de fazer” do Movimento Hip Hop em questão demonstram a apropriação do espaço, da linguagem e de toda produção sociocultural no contexto, dessa forma, o evento do Petrolatividade e seu agente visa justamente dar “vozes” aos silenciados e marginalizados da sociedade. Tal característica de letramento encontra suporte na versão ideológica, que se fundamenta na idéia revolucionária, crítica e colabora para que essas vozes tenham força para irem de encontro a uma ordem vigente e hegemônica (Rojo, 2009:100). A letra o Rap abaixo nos mostra a voz das múltiplas identidades que subjaz o sujeito do gueto e da periferia. É possível observar a questão das identidades, além de jovem, homem, negro, morador da periferia, é nordestino e por isso: Descendente do cangaço autor: mc osmar descendente atual do cangaço, à frente da revolução no sertão, tô na marcha dos injustiçados. guerrilheiro dos versos sou ágil, nordestino que nem virgulino, também tenho o sexto sentido aguçado (...) O rapper caracteriza a luta do sertão, a questão do cangaço, para LITHOSILVA mesmos. É preciso pensar em uma educação que valorize a cultura da oralidade, a cultura da escrita e a identidade do povo do campo, além de oportunizar a essas comunidades o acesso a práticas sociais de letramento. Consideramos que o campo precisa de uma educação diferenciada, que não se restrinja às necessidades agrícolas e do mercado de trabalho, mas uma formação letrada que privilegie a aquisição e a recriação dos conhecimentos científicos levando em consideração aspectos multiculturais. É importante também que o processo de escolarização possa assegurar a valorização das identidades, da auto-estima dos alunos e cumpra a principal função da escola, no âmbito do ensino de língua materna, que é ampliar a gama de recursos comunicativos dos alunos para poder atender às convenções sociais do contexto em que interagir. representar a luta e resistência de um povo. Mas, apresenta também a questão dos injustiçados e dos marginalizados da sociedade atual, porém o rapper assume o papel de fazer a diferença, quando se assume com sentido “aguçado”, que denota um sujeito político e crítico que faz o uso da sua voz e da sua palavra para divulgar e trazer para o cenário as vozes silenciadas da periferia e das minorias sociais. Essa letra de Rap faz parte de uma coletânea organizada e registrada do 1o Sarau do Petrolatividade, realizado em maio/2010: As vozes da minoria do Movimento Hip Hop são exemplos de práticas e eventos de letramentos: seja pelas letras do rappers ou pelo próprio Movimento Hip Hop que se caracteriza muito mais que uma prática musical ou de escrita, mas uma prática de luta, resistência e de ideologia, uma prática social de leitura e escrita, fora do ambiente escolar e em um contexto cultural específico. Tal trabalho não se apresenta completo, mas posso afirmar que o Movimento Hip Hop é educação, é letramento, é luta, é cultura, é resistência: são vozes que precisam ecoar, pois são muitas vezes criticados, marginalizados por uma “elite” política, social e cultural hegemônica e preconceituosa. O QUE É A PLATAFORMA FREIRE A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, estabeleceu que todos os professores da educação básica devem possuir Licenciatura de Nível Superior. A Plataforma Freire é a denominação correntemente que damos ao Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica e representa um novo esforço para atender a exigência da Lei. O Plano foi concebido para ser uma ação conjunta do Ministério da Educação, das Instituições Públicas de Educação Superior e das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios. Esse regime de colaboração da União com os estados e municípios é o elemento novo e desafiador na história das políticas públicas de formação de professores no Brasil. O público alvo da Plataforma Freire são os professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação superior. Hoje, com a participação de 76 Instituições Públicas de Educação Superior, das quais 48 Federais e 28 Estaduais, entre elas a UNEB, A Plataforma Freire está presente nos municípios de 21 estados da Federação. A PARTICIPAÇÃO DO DEDC II NA PLATAFORMA FREIRE A UNEB tem uma boa experiência na formação de professores em serviço, posto que, desde 1998 participa do Programa Especial de Formação de Professores, mais conhecido como REDE UNEB 2000. Este Programa possibilitava a capacitação de professores municipais sem que eles precisassem se deslocar para grandes centros urbanos ou se afastar de suas atividades pedagógicas. Dessa forma, a UNEB graduou mais de 17.000 professores em exercício nos cursos de Pedagogia, Matemática, Biologia, História, Geografia e Letras. Em 2008, quando um levantamento oficial apresentou um quantitativo de 50.000 professores sem licenciatura, atuando no magistério da educação básica da Bahia, mesmo após 12 anos de implementação da LDB, que exigia essa formação, a UNEB foi convocada a participar do desafio da Plataforma Freire. Desde então o projeto foi elaborado e sua implementação se deu a partir do início do ano de 2010. A estrutura multicampi e sua experiência em projetos especiais de formação pro- fessores, credenciou a UNEB como a mais importante parceira da Plataforma Freire. Pelo Projeto, quando uma cidade tem uma demanda suficiente para formar uma turma, o curso é ali implantado com uma estrutura semanal de aulas no turno noturno e o professor em formação assiste as aulas em seu próprio município, como ocorre em 4 cidades da nossa região: Inhampube (Letras e Pedagogia), Crisópolis, Nova Soure e Sátiro Dias com uma turma de Pedagogia em cada cidade. Quando no município a demanda não é suficiente para formar uma turma, os professores são reunidos na sede do pólo formador, em nosso caso, Alagoinhas, onde fica o campus. Nessa cidade foram instalados 9 cursos com estrutura modular (Letras, Matemática, Biologia, História, Geografia, sociologia, Artes, Educação Física e Pedagogia), ou seja, os professores em formação se deslocam quinzenalmente para o pólo para 4 dias de aulas intensivas em dois turnos. Em ambas as modalidades os cursos tem duração de 3 anos. Os desafios enfrentados pelo campus II para a implantação da Plataforma Freire foram grandes: desde a falta de espaço ísico a escassez de professores-formadores para o imenso volume de turmas e os problemas de assistência material aos estudantes, essa, a cargo das prefeituras. Temos, desde o início do ano de 2010, mantido um diálogo com os municípios com o objetivo de sanar as dificuldades que vão surgindo ao longo do percurso. Como a experiência é pioneira e de grandes proporções, inúmeras situações novas e inesperadas surgem a cada momento, desafiando os coordenadores e professores do Projeto a administrarem interesses diversos e dificuldades de toda ordem. A tarefa que assumimos é enorme, mas a enfrentamos com a serenidade de quem vislumbra o impacto positivo que a formação, em nível superior, de 600 professores que já atuam na região, trará para a educação de nossas crianças e jovens. Esse é o horizonte que nos anima e faz com que o nosso diaa-dia da Plataforma Freire seja de compromisso com uma educação pública de qualidade e que possa promover o desenvolvimento humano e social de nossos professores e estudantes. Interpelação e escuta sensível no 18 Jailma dos Santos Pedreira Moreira - Docente permanente do Pós-Crítica AO ENCONTRO DOS MOVIMENTOS: PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, PELA AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, POR UMA CULTURA EDUCACIONAL QUE AFIRME A VIDA! A Interpelação e escuta sensível no 15 para os movimentos, os ruídos, os silêncios que rasuram um texto tão bem ensinado, que se naturalizou, apesar do movime nto sempre existir, resistir, devir. A escola patriarcal, capitalista, etnocêntrica, racista, no Brasil, está em quase todo lugar: na sala de aula, nos livros escolares, em nossa casa, na indústria cultural, na linguagem que nos engendra sócio-culturalmente, e, como tal, enquanto germe da linguagem, que tanto nos expressa como nos produz, carrega também consigo o simulacro, o desalinhamento da ordem, a traição do modelo, o questionamento, a desnaturalização, o movimento. Assim, procurando visualizar estes movimentos, procurando afinar nossa sensibilidade, também construída, buscamos ouvi-los, quando saímos em mobilização para a campanha deste ano, para a realização deste Fórum. Em visita a duas reuniões, de Movimentos de mulheres em Alagoinhas, a primeira escuta sensível foi feita dos depoimentos das estudantes que me acompanharam e que se inseriram este ano na Iniciação Científica, através de subprojetos vinculados ao Projeto que coordeno Literatura em Movimentos de Mulheres: dos movimentos de escritoras e teóricas feministas às reescritas de mulheres em movimentos sociais. Tais estudantes, portanto, no trajeto do encontro com estes Movimentos, esboçaram uma ansiedade em conhecê-los. Durante o encont ro, a ansiedade era multiplicada: queriam saber tudo sobre aquelas mulheres, demonstrando um total desconhecimento. Diziam: “Eu nunca ouvi falar disso quando estudei, não sabia que existia aqui em Alagoinhas. Mesmo na Universidade, só agora pude vê-los”. A segunda escuta sensível foi feita das próprias falas e práticas dessas mulheres em Movimentos. Quando encontramo-nos com mulheres do Grupo Inspiração LITHOSILVA Feminina (GRIF) e do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Alagoinhas (MMTR), propomos uma discussão sobre educação, cultura e os Movimentos e ouvimos delas frases que apontavam para uma (não)relação entre esses fatores. Estas mulheres falavam de um distanciamento como desconhecimento, desvalorização desta cultura-política local feminina, por parte de setores educacionais, de membros da comunidade, do bairro onde moravam, de outras mulheres, de suas próprias filhas e de outros membros da família. Questionaram as celebrações do oito de março, que não agregavam discussões sobre a vida real e local de mulheres, sobre suas lutas, conquistas e impasses. Disseram também que, quando lembradas, somente o eram como mães, na data considerada dia das mães, ou como mulheres generalizadas, apagadas em uma universalidade. Em nenhum momento, segundo elas, foi demonstrado por estes agentes culturais e educacionais o interesse nos saberes que estes Movimentos de mulheres estão produzindo sobre si e sobre as relações humanas, as histórias de vida das mulheres que os integram, as lutas destes Movimentos pelo fim da violência contra a mulher, em suas diversas formas, pela afirmação dos direitos mais básicos de existência. O dia 8 de março está sendo lembrado, comemorado, mas as mulheres que lutaram, se movimentaram contra uma opressão, são sempre outras, bem distanciadas, nunca as mulheres da zona rural de Alagoinhas, do chamado Ponto do Beiju, onde nos encontramos, nem mesmo as mulheres que costuram, fazem artesanato em qualquer um desses bairros de Alagoinhas. As mulheres em movimentos não foram vistas, não estão sendo ouvidas, mesmo quando elas estão nos ensinando cotidianamente como lutar contra uma violência institucional pulverizada que as apaga, como acontece com muitas trabalhadoras rurais que até hoje inexistem legalmente, visto que não têm documentos nem se auto-identificam como trabalhadoras rurais. As mulheres em Movimentos não estão sendo ouvidas, mesmo quando estas nos falam, através de suas práticas cooperativas de reciclagem e posição no mercado, de um novo modo de vida pautado na auto-sustentabilidade e na economia solidária, como é o caso do Grupo Inspiração Feminina de Alagoinhas. A violência do apagamento, da não escuta, foi generalizada e naturalizada. Seguindo a percepção de que esta violência está em nós e de que precisamos, portanto, rever nossas formações para avaliar as novas formas de formação que propomos, é que continuamos na busca pela escuta sensível do movimento disseminado, invisibilizado, desconsiderado, como um contra-poder resistente nessa relação de forças. O espaço escolar como lugar de produção de subjetividades, de disciplinarização, de controle de movimentos questionadores da ordem de sa- beres que devem ser ensinados, privilegiados, foi considerado, a partir do momento que também procurávamos os sujeitos de ssa (re)produção discursiva, os graus de sua sujeição. Nessa linha, encontramos com um movimento de professoras, em uma reunião, feita no chamado Colégio Modelo de Alagoinhas, para discutir a inserção de professores e alunos no Fórum. O convite para reunião foi feito para diretores e professores representantes de colégios e de órgãos educacionais de Alagoinhas. Quando lá chegamos encontramos um movimento pequeno, aparentemente calado, e totalmente feito de mulheres. Havia ali um movimento de mulheres, apenas aparentemente calado, porque quando puxamos a discussão sobre a relação entre educação, cultura e suas vidas, as falas foram muitas e variadas, todas sinalizando diversas questões, violências, que incidem sobre a vida dos professores, em sua maioria professoras. Assim, falou-se da sobrecarga de trabalho, - principalmente para mulher, que além de mãe e dona de casa, ainda trabalha vários turnos para ter uma renda a mais - e também do verdadeiro domínio do tempo dos sujeitos femininos da educação e suas consequentes doenças. Em meio a isso, também se falou de trabalhos interessantes que professoras desenvolviam em determinadas escolas e das dificuldades de convencer outras colegas e gestoras a participarem daquela aula diferencial e coletiva, que seria o Fórum. Dificuldade de se desprender de um currículo que deveria ser cumprido, de um cronograma bem organizado, de um conteúdo a ser ensinado. As políticas públicas sindicais também não foram esquecidas, como algo que deveria ser partilhado no sentido de saber que valores estão sendo dados para estas questões e quais os seus encaminhamentos. Com isso, como dissemos, aquele que parecia ser o lugar da reprodução, da disciplinarização também era um lugar de inquietação, o que parecia precisar era de uma mediação, da criação de um espaço-tempo outro que nos possibilitasse discutir realmente nossas questões, o que nos aflige, o que recalca nossa potência de perceber e transformar, o que nos impede de ser o que podemos e queremos ser. Era preciso um espaço de encontro, um tempo de escuta, uma abertura para o fora que está dentro, um fio que reunisse e disseminasse estes movimentos. Isto eu pensava, neste caminho de encontro com os movimentos, dos outros e meus. É isso, a busca pelo movimento, sua escuta sensível, continua. Acreditamos que esta é a proposta do Fórum, da campanha e seminário que buscamos realizar: diagnosticar os movimentos, descrevê-los e ouvi-los com o fim de propor novos agenciamentos. As atividades nos promovem isso: um espaço de encontro, de descobertas de movimentos; espaço de auto-questionamento, de trocas de aprendizagens, de entrelaçamento de forças culturais-educacionais-subjetivas, que lutam pela afirmação dos sujeitos, principalmente os femininos, enquanto sujeitos de direitos. Direito à saúde, à dignidade de viver, à vida em suas múltiplas possibilidades, em sua plenitude estética, em suas singularidades criativas. Direito, portanto, ao movimento. POESIA NEGRA FEMININA: EM CORPO, ALMA, TRAÇOS, VERSOS Alda Santos Pereira Mestranda Crítica Cultural Orientador: Profa. Dra. Carla Patrícia Daniel de C. Oliveira Letras Vernáculas/Campus II-IC/PIBIC Profa. Dra. Edil Silva Costa Isabel Leslie F. de M. Lima Mestranda Crítica Cultural Orientador: Prof. Dr. Murilo Ferreira Mas o que é poesia negra feminina? E existe especificidade em literatura? E por que este subtítulo: corpo, alma, traços e versos? O título é construído de maneira a trazer provocações, já que a oficina traz em si características aparentemente contraditórias como a coordenação compartilhada por sujeitos com identidades diferenciadas. Contracenar e dialogar diferentes ideias, construções que coloquem em evidência a produção poética-performática de “eus enunciadores que se querem negras” é uma das propostas desta oficina, que também traz, dentre outras vontades, a discussão acerca da atuação de poesias negras femininas na afirmação de identidades; a importância da performance, o trabalho com o corpo, que dança, fala, questiona, visando a criação literário-corporal por parte das pessoas presentes, e, conjuntamente, leitura dramática de poesias negras femininas já divulgadas, como as produzidas por escritoras(es) como Conceição Evaristo; Cuti; Esmeralda Ribeiro; Miriam Alves, tal como, de escritoras(es) locais, também havendo espaço para construção coletiva ou individual e pensar estratégias em prol da circulação das poesias construídas pelas estudantes, professoras(es) e demais interessadas(os). LITHOSILVA 11 ano 1 # 2 novembro 2010 campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulher é internacional. No Brasil ela ultrapassa este número de dias para inserir outras questões, como a violência racial. Na UNEB, tal campanha tem sido promovida pelo Núcleo de Estudos de gênero e sexualidade – Nugsex-Diadorim e, no Campus II, movida pela linha de pesquisa do grupo Lingua(gem) e crítica cultural, denominada Políticas de gênero, subjetividades e crítica feminista, estas irradiações ganham singularidade, através da organização do Seminário Modos de luta pelo fim da violência contra mulher e de afirmação dos direitos hum anos e da caminhada, pelas ruas de Alagoinhas, como expressão e disseminação dessa luta conjunta. Este ano, no campus II, tais atividades organizadas em prol da referida campanha ocorrem em sua terceira edição e, desta vez, serão realizadas em parceria com o Fórum Nacional de critica Cultural, que tem como tema Educação básica e cultura: diagnóstico, proposições e novos agenciamentos. A proposta de realização intercalada do Seminário, da caminhada, ou seja, desta campanha, no campus II, com o Fórum de crítica cultural citado, se deu principalmente pelo nosso trabalho articulado nessas duas frentes organizacionais, nos mostrando, o tempo todo, sua intercalação. Ou seja, fazer crítica cultural é fazer crítica aos nossos modos de vida, aos modos como fixamos de ser homem, ser mulher, de fazer educação, de ler, ver, viver. Assim, fazer crítica cultural é rever modos de educar, de formar sujeitos, de como fomos formados. É abrir brechas nos modos de olhar e ouvir, atentando para outras realidades existentes, outras realidades possíveis; atentando Interpelação e escuta sensível no 17 O PROJETO CHÃO DA ESCOLA E AS INTERPELAÇÕES DE PROFESSORES LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: LIÇÕES DE CIDADANIA Profa. Cristiana Alves - (Colégio Democrático Estadual Profo Edgar Santos/Sátiro Dias) ano 1 # 2 novembro 2010 “A pobreza do eu. A opulência do mundo...” (Carlos Drummond de Andrade) 12 Percorrendo os caminhos da educação, vivendo a realidade de professora de Língua Portuguesa e Literatura e sendo reconhecida como poeta, “malino” a língua e vivo a paixão pela diversidade cultural e lingüística no cotidiano, em grande parte dividido entre as atividades do colégio onde leciono e à Biblioteca Pública Municipal Antônio Torres, onde presto serviço. Tendo como parceiros alunos e colegas de profissão das escolas municipais de Sátiro Dias, através de visitas a essas escolas com oficinas de leitura e produção de texto, tem sido possível perceber os seguintes problemas: o afastamento entre a linguagem oral e a escrita, que leva o aluno a ter medo de “errar”; a realidade cultural e social de cada localidade, ou até mesmo de bairros, causando um distanciamento entre a vida cotidiana do aluno e a realidade vivida em sala de aula; a falta de integração da família e da comunidade à escola. É importante, enquanto educadores, vencermos os preconceitos sociais, culturais e lingüísticos e buscarmos quebrar os obstáculos que interferem na aprendizagem do aluno e no sucesso da educação. Não podemos negar esses problemas. Temos que buscar alternativas para solucioná-los, sem nos culparmos pelo fracasso, mas buscando, em cada obstáculo, forças para vencer os desafios e fazermos da educação um “lugar de conhecimento caleidoscópio” – múltiplo. Enquanto educadora, sonho e busco contagiar a meus alunos, e a quem encontro no caminho, com uma educação que seja capaz de transformar a sociedade, mas para isso a nossa prática educativa precisa estar entranhada de vida, e de poesia. Apenas movidos por esse espírito, de revolução e poesia, teremos condições de enfrentar o caos e a partir dele formar novos cidadãos, cidadãs, com força e dignidade suficientes para multiplicá-lo, experimentá-lo (o caos produtivo!). ADEUS À LITERATURA? Profa. Ana Gabriela Pereira - (Escola Pública de Catu-BA) Ao longo de 10 anos de experiência docente, tive a oportunidade de conviver com alunos que estabelecem relações diversas com a literatura. Alguns são apaixonados, lêem tudo o que têm em mãos, produzem textos literários, enfim, vivenciam a literatura. Outros, a maioria, ou são indiferentes ou têm aversão. Na minha opinião, a dificuldade que nós, professores em geral e em especial de língua portuguesa e literatura, enfrentamos é conseqüência de um processo de desvalorização da escola na sociedade atual. A história da educação no Brasil mostra que, nas décadas anteriores, a escola tinha uma função social bem determinada para as famílias. Ora tinha o papel de promover ascensão social, ora de preparar para o mercado de trabalho. Hoje, as famílias, oriundas de um processo de desestruturação, não sabem o que esperar ou o que cobrar da escola. Assim, esta parece carecer de um propósito, de uma função clara nas vidas dos futuros cidadãos, tornando-se, dessa forma, uma instituição ineficiente. Por outro lado, vivemos na era da imagem, na qual tudo está pronto para ser consumido sem exigir grandes esforços. Nesse contexto, o texto literário perde espaço, pois necessita de exercícios de reflexão e de construção de sentido. Assim, a literatura, no imaginário do aluno, apresenta-se alheia à sua realidade e às suas necessidades. É como se representasse algo inacessível e obscuro, num mundo de praticidade e de facilidades. Em vista disso, as dificuldades são muitas. O oício de professor de literatura é muito diícil. Fico me perguntando o que fazer para a leitura conseguir competir com o vídeo game, com a televisão, etc. Às vezes me desespero e me sinto ridícula, principalmente quando a minha paixão por literatura é considerada arcaica e, portanto, alvo de zombarias por parte dos alunos. Tento driblar isso relacionando a literatura com outras formas de arte, como o cinema ou a música, o que, muitos vezes, não produz resultados positivos. Sinceramente, acredito que a única forma de reverter esse quadro é com mudança de postura da sociedade, que tem que fazer as pazes com a Escola e perceber a Educação como uma forma eficiente de preservar cultura e promover desenvolvimento. Na minha opinião, só assim darão certo as aulas de literatura, matemática, química, história... modalidade que necessita de atenção diferenciada; d) o espaço ísico inapropriado; e) a falta de material didático condizente com a EJA; f ) a falta de diálogo e a indiferença política por parte da maioria dos professores; g) a falta de criatividade... Nesse contexto, buscamos fazer da sala de aula um lugar de discussão, através de narrativas necessárias para a construção de “olhares” mais atentos diante das tiranias do dia-a-dia. Além disso, nos aliamos a outras vozes para fazermos acontecer protestos, performances, falas etc., como modo de enfrentamento à insensibilidade reinante dentro e fora do ambiente escolar. Assim, o projeto O Chão da escola surge como mais uma via de discussão e criação de novas fulgurações necessárias para as atividades pedagógicas e inventivas nas escolas da microrregião. Salve o pensamento ativo! SALA DE AULA: AMBIENTE PASSÍVEL DE TRANSFORMAÇÃO OU NÃO? Profa. Norma Suely Macedo Nascimento - (Colégio Est. Brazilino Viegas – Alagoinhas – Ba) Desde que iniciei minha prática pedagógica envolvendo a disciplina Língua Portuguesa, percebi a existência não só de um, mas vários entraves a uma prática educativa de qualidade, tais como: carência de recursos atrelada à superlotação nas salas de aula, a falta de perspectiva do alunado, no que se refere ao sentido e significado em estudar, como também do ato de ler (daí sua indiferença), carência de biblioteca, dentre outros. Desse modo, diante de tais percalços, procurei transformar minhas aulas em ambiente favorável à formação de cidadãos autônomos, investindo na criatividade, postura crítica e sensibilização para os inúmeros desafios que a vida apresenta. Nesse sentido, o ato da leitura torna-se o ápice da prática pedagógica, dizendo não àquela sala de aula que funciona como lugar onde o trabalho com a leitura está restrito à pesquisa e consulta, mas sim, como espaço voltado para a problematização das necessidades mais amplas do ser humano. Daí a utilização dos diversos estilos literários nas ações voltadas para leitura, pois compreendi que havia essa dificuldade: fazer uso da literatura tanto como objeto de leitura quanto de formação pessoal e intelectual do indivíduo, criando e recriando um universo de possibilidades que o texto literário nos oferece. Assim, mesmo diante de tantos empecilhos, os quais muitas vezes nos desanimam, a esperança, sem horizonte de espera, é saber que ainda existem possibilidades de desenvolvimento de uma prática pedagógica inovadora e sem medo de encarar quaisquer desafios. ENTRE O SABER MECÂNICO E O SABER CRÍTICO E APRECIATIVO Ana Clara Schramm Pereira - (Colégio Estadual Maria José Bastos Silva/Alagoinhas - Ba) Lecionando a disciplina de História, sempre me inquieto com as formas de travamento que parecem fazer parte da natureza das escolas: o excesso de alunos por turma, a carga horária excessiva aos professores, a quase absoluta falta de verbas para se ter os recursos e as condições para as aulas prazerosas. Como conseqüências, temos a mesmice do cotidiano tradicional e a impossibilidade de qualquer mudança ou transformação. Isso me leva a duas questões: Como posso romper com a permanência sucessiva dessas atividades educacionais obsoletas e trazer à tona projetos de auto-afirmação aos meus discentes? De que maneira a educação deve e pode abolir esse saber mecânico e torná-lo um saber apreciativo, crítico, dando tempo propício ao lazer de estudo e conhecimento? O contato com o projeto O Chão da escola me faz refletir sobre essa problemática, além de estimular a uma outra prática pedagógica, agora mais voltada ao conhecimento dos perfis dos estudantes/educandos, seus cotidianos, suas aptidões e habilidades. O exercício pedagógico, então, deve envolver uma avaliação permanente de nossa inquietação, do contexto em que o processo educativo se dá e do tipo de aluno que queremos formar: se ouvindo os apelos do mercado ou se de uma sociedade humana mais libertária. (Centro Educ.l Profa Ma de Lourdes Almeida Veloso/Entre Rios-BA) É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer. (Marighella) Em quase cinco anos de trabalho na rede pública de educação tenho enfrentado terríveis problemas. Nos dois últimos anos, tais problemas têm se intensificado. Nesse período, tenho atuado no ensino fundamental com a disciplina Língua Portuguesa, e minha prática pedagógica se faz cotidianamente junto a estudantes da periferia de Entre Rios, mais especificamente com a EJA – Educação de Jovens e Adultos. Dentre as forças reativas que se empenham em aniquilar com o ânimo criativo dentro do universo escolar, citamos: a) a indiferença do governo municipal com a educação; b) a indicação de gestores por critérios políticos partidários (o balcão de negócios!); c) a falta de discussão da EJA enquanto uma Profa. Valkiria França - (Escola Brazilino Viegas/Alagoinhas - Ba) A mudança de um país se faz pela educação A minha prática pedagógica na sala de aula deixa-me muito inquieta no que diz respeito à educação. São muitos os fatores que contribuem com esta insatisfação. Por exemplo: a) o espaço ísico (áreas livres para atividades não existem); b) recursos didáticos modernos condizentes com a realidade (a mídia de um modo geral supera a sala de aula, é moderna e rápida); c) falta de interdisciplinaridade: tudo fica isolado sem uma dinâmica educativa, social, e isso atrofia o crescimento dos indivíduos. A escola necessita dessa prática, mas a carga horária...E assim vai...Sabemos que educação se faz a toda hora, a todo momento se troca conhecimentos e são esses saberes que transformam e impulsionam a vida. São vários empecilhos e entraves, mas existem possibilidades de mudanças, provocando sentimentos de esperança e ânimo para se combater esses entraves do sistema. O projeto O chão da escola é uma das metodologias mais ricas que podemos ter na busca de uma prática pedagógica verdadeira e transformadora (gostei! experiência maravilhosa): discussão em rede, visitas às escolas, promoção de encontros entre alunos e professores, leituras, muitas leituras performáticas de livros, filmes, músicas, documentários. Tudo isso, associado a uma reelaboração positiva de tudo aquilo que fizemos em nossa prática como educadores, pode auxiliar por demais a nossa postura diante da vida (alunos, colegas, família) e me colocar, como sempre, como um agente transformador em minha escola Brazilino Viegas, em Alagoinhas-Bahia. LÍNGUA E LITERATURA NO ENSINO MÉDIO: IMPORTANTES, MAS ENFADONHAS? Profa. Cristiane Almeida - (Colégio Estadual Duque de Caxias/Entre Rios-Ba) O ensino de Língua e Literatura na atualidade vem exigindo do professor constantes reflexões sobre sua prática pedagógica, uma vez que, apesar das outras disciplinas que compõem o currículo serem de grande importância, parece que recai apenas sobre o professor de Língua a responsabilidade de desenvolver competências e habilidades de compreensão de textos, estimular uma postura crítica diante do que lê e do que produz, e criar condições para a aquisição de conhecimentos a cerca da produção cultural ao longo da história. Diante desta responsabilidade nos vemos desafiados a tornar os conteúdos interessantes para o aluno, além de “prepará-los” para possíveis situações em que poderão estar concorrendo a processos seletivos fora da escola. Na minha prática como professora de Língua e Literatura encontro como principal entrave a falta de orientação pedagógica, para tornar esta produção mais atrativa, já que grande parte dos alunos sabem da importância desta disciplina, mas acham-na enfadonha e provavelmente isto se deve em parte à forma como ela é desenvolvida. Outro problema são os recursos a serem utilizados, pois, na escola pública, muitas vezes os equipamentos eletrônicos disponibilizados para tornar a aula mais atrativa, encontram-se quebrados. Mas, retornando ao primeiro obstáculo citado, para superar aquela dificuldade já tentei relacionar alguns textos literários a situações contemporâneas e utilizei a metodologia de incentivar os alunos a produzirem novos textos, músicas, paródias a partir de textos literários trabalhados. Ainda assim, careço de orientações que possam me ajudar a tornar este ensino mais agradável, além de proporcionar aos alunos uma aprendizagem mais “viva” e eficaz. Por Prof. Cristopher Moura - (Centro Educacional de Baixa Grande/município de Inhambupe - BA) O ESTRANHO MUNDO DA LEITURA E DA LITERATURA NO ENSINO MÉDIO Desde que comecei a lecionar na zona rural do município de Inhambupe, povoado de Baixa Grande, a menos de um ano, identifiquei dois monstros horríveis. O monstro da indiferença generalizada que nada escuta, nada ouve e nada sente; e, o outro, filho do primeiro - um corolário mesmo! -, que não sabe andar, ou melhor, esqueceu como se anda. De fato, o desejo de nada que povoa a instituição escolar com suas festas cíveis inúteis e projetos estéreis, associada à perda do “eu quero”, docente, domesticou o estudante a práticas “decorebas” (tu deves) o afastando das aulas de história. Na minha prática de professor de história procurei abundar minha indiferença para não adoecer e assim elevar minha paixão criadora - criar já é destruir! Assim trato de usar as minhas aulas de história não como um coveiro, aquele que vigia e separa os mortos dos vivos, mas, pelo contrário, aponto que os mortos podem possuir os corpos, as entranhas dos vivos, afinal, o coronelismo ainda pulsa no coração da instituição escolar, da família, e do desejo popular. Matemos as bestas! Meu percurso de mais de dez anos pelos caminhos da Literatura no Ensino Médio não tem sido fácil. Trabalhar no âmbito da leitura, produção de texto e gramática, fazendo a contextualização, é complicado porque os alunos, em sua maioria, chegam ao ensino médio sem terem apreendido esses conhecimentos de forma satisfatória, desinteressadíssimos pela leitura, querendo apenas terminar o segundo grau. Sinto-me muito incomodada e muitas vezes “fracassada”, pois às vezes parece que estou num mundo estranho, falando uma língua diferente, esta é a sensação que sinto muitas vezes ao sentir os olhares “perdidos” dos meus alunos sobre mim. Tento aproximar-me ao máximo deles, provocá-los, incitá-los a falar, a expor suas idéias, mas nem sempre consigo, vários fatores interferem nesse processo... Não quero ser uma professora conteudista, nem medíocre, quero fazer a diferença para meus alunos, injetar neles o gosto pela leitura e pela busca dos conhecimentos. Este foi o motivo pelo qual me interessei pelo projeto O Chão da escola para buscar caminhos para melhorar o processo de ensino-aprendizagem em Literatura. EXPERIÊNCIAS DE GESTOS, FALAS E DA PEDAGOGIA LIVRE ESCRITAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante. (Zaratustra) E ADULTOS Prof. Wilton Oliveira dos Santos SALA DE AULA: UM ESPAÇO LIVRE, PRAZEROSO DE CONHECIMENTO OU UM ESPAÇO REACIONÁRIO? Profa. Arlane Reis de Pinho Menezes - (Colégio Est. Duque de Caxias/Entre Rios-Ba)