Universidade Federal de Viçosa
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Fitotecnia
Memorial
Aluízio Borém – UFV
Viçosa - MG
Maio de 2014
Memorial
Aluízio Borém
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Ph.D. em Genética e Melhoramento
Documento
submetido
à
Comissão Julgadora para a
Promoção a Professor Titular,
Classe E, do Departamento de
Fitotecnia
da
Universidade
Federal de Viçosa.
Viçosa - MG
Maio de 2014
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Apresentação
O termo Memorial, do latim memoriale, significa “texto em que se relata fatos
memoráveis” e, escrevê-lo é realizar uma exegese da própria história, reconstituindo
sua existência e trajetória de forma crítica e reflexiva.
O Memorial é uma
oportunidade singular de reflexão e conhecimento para se entender como me tornei
naquilo que sou.
A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento,
subárea da filosofia focada na investigação da natureza, fontes e validade do
conhecimento pode dar significativa contribuição nesta análise. A introspecção e
julgamento dos fatos memoráveis de minha história, sob a minha ótica nos dias
atuais, estão descritos nas páginas deste memorial.
Procurei neste documento
relacionar, de forma circunstancial, os mais relevantes fatos, decisões e atividades
com reflexos na minha carreira profissional, visando atender as exigências para a
promoção para Professor Titular da UFV. Por questões de economia de tempo para
os examinadores neste momento em que grande número de colegas Associados da
UFV pleiteia esta promoção, fiz uma análise crítica sucinta e objetiva de minhas
atividades acadêmicas incluindo atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão
acadêmica. Este memorial também indica novos planos para minha contribuição na
UFV e na Sociedade Científica Brasileira. Ao elaborar este documento me senti
constrangido pela exigência de escrevê-lo na primeira pessoa do singular, como é
de praxe, o que me soou desconfortável e de certa forma até arrogante, mas não me
furtei de fazê-lo para atender a este requisito formal. Ao fazer esta retrospectiva de
minha vida profissional me sinto ainda mais motivado e energizado para as minhas
próximas atividades profissionais na UFV a partir deste momento.
Finalmente, considerando que o julgamento de qualquer Memorial deve se abnegará
de postura sofista que pregue a existência de uma verdade absoluta, mas que seja
ponderada dentro da história e ambiente do indivíduo em questão, isto é sob a ótica
da Relatividade Perceptual. Cada leitor deste documento tem apenas uma visão
parcial da verdade. Uma breve reflexão daquela ensinada por Locke, Berkeley
(1685-1753) e da ensinada pelo filósofo alemão do século XIX Friedrich W.
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Nietzsche é amplamente aceita e mostra que algumas das propriedades que
parecemos perceber nas situações são de fato reflexos da relatividade perceptual. A
qualidade dos objetos - suas cores, gosto, cheiro, som e textura - variam de acordo
com a condição de quem as percebe e com as condições sob as quais são
percebidas. São muitos os exemplos: a grama é verde de dia, preta à noite; a água
morna mostra-se quente para uma mão fria, fria para uma mão quente; objetos
parecem grandes de perto, pequenos de longe, etc. É a relatividade perceptual.
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Resumo Executivo
Como professor e melhorista de plantas, tenho realizado atividades profissionais em
mais de 12 países e em diversas organizações internacionais da ONU, dentre elas
UNIDO
(http://www.unido.org),
FAO
(https://www.fao.org.br)
e
CIAT
(http://www.ciat.org). Na UNIDO em Viena e na FAO em Roma atuei como Consultor
na área de biossegurança e na área de melhoramento de plantas, respectivamente.
Na
Asociación
de
Productores
de
Oleaginosas
y
Trigo
(ANAPO
-
http://www.anapobolivia.org) orientei seu programa de melhoramento de plantas; e
no Centro Nacional de Recursos Genéticos de Angola apoiei a reestruturação de
seu programa de melhoramento genético. Atualmente sou consultor da Embrapa no
Macroprograma 2 (CTMP2), que tem foco na competitividade e sustentabilidade do
agronegócio e contempla toda sua carteira de projetos em melhoramento genético
em rede. Fui membro do Conselho Diretor do Institute of Forestry Biotechnology
(www.forestbiotech.org) de 2005 a 2010. Atuei como membro da Câmara de
Assessoramento de Agricultura (CAG) da FAPEMIG, por 4 mandatos. Fui Presidente
e também Vice-Presidente da Comissão técnica Nacional de Biossegurança CTNBio (http://www.ctnbio.gov.br) e, membro do Comitê Nacional de Biotecnologia
do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio e, da Câmara Temática de
Insumos do Ministério da Agricultura. Idealizei e criei a série de eventos científicos
Biowork, para debate dos avanços da pesquisa brasileira em biotecnologia e
genética, dentro da qual foi criada a Sociedade Brasileira de Melhoramento de
Plantas – SBMP (www.sbmp.org.br). Fui Presidente desta Sociedade de 2003 a
2005.
Sou pesquisador 1 do CNPq e orientei 2 pesquisadores em Pós-
doutoramento, 21 estudantes de DS e 34 estudantes de MS dos cursos de pósgraduação em Genética e Melhoramento e de Fitotecnia da UFV. Também orientei
dois estudantes de MS da USP e da UFMG, respectivamente. Orientei 37 alunos de
iniciação cientifica e bolsistas voluntários. Sou líder de dois grupos de pesquisa e
coordenei vários projetos de pesquisa apoiados pela FINEP, CNPq, FAPEMIG e
empresas privadas. Como fruto de minhas atividades de pesquisa, contribui no
desenvolvimento de seis variedades de soja (Monte Rico, Uberaba, Juparanã,
Sucupira, Rio Doce e UFV-5), que ocuparam grande área de cultivo no cerrado
brasileiro.
Além disso, publiquei mais de 100 artigos em periódicos com corpo
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editorial e mais de 180 outros artigos técnico-científicos. Tenho experiência com
melhoramento de soja e de feijão, e nas áreas de recursos genéticos, biossegurança
ambiental e biotecnologia, disciplinas nas quais tenho orientado. Como resultado de
minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão publiquei 63 livros e 61 capítulos
de livros nas áreas de Biotecnologia, Genética e Melhoramento e Agronomia. Dentre
estes, destacam-se “Entendendo a Biotecnologia” publicado em português, inglês,
mandarim e coreano, e utilizado como livro-texto em sete universidades americanas,
“Melhoramento de Plantas”, que foi publicado em português e espanhol já em sua
6a. edição, e utilizado como texto em vários cursos de graduação e de pósgraduação no Brasil e no exterior (países lusófonos e hispano-fônicos). Nos últimos
dois anos publiquei pela Springer na Alemanha: Plant Breeding for Biotic Stress
Resistance e Plant Breeding for Abiotic Stress Tolerance. Pela Elsevier nos EUA
publiquei em fevereiro de 2014 Biotechnology and Plant Breeding: applications
and approaches for developing improved cultivars e pela Wiley nos também
EUA em abril deste ano o livro Omics in Plant Breeding.
Percorri toda a carreira do magistério superior iniciando como Auxiliar de Ensino,
passando por Professor Assistente, Professor Adjunto e atualmente Professor
Associado, atuando em ensino, pesquisa, extensão e gestão acadêmica. Na minha
perspectiva alcançar chegar a classe de Professor Titular seria uma nova
responsabilidade e motivação. O topo da carreira para mim trará nova energização
para minhas atribuições profissionais e com ele espero dar maior contribuição e
significado em minha carreira. É assim que penso e é assim que sou!
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Preâmbulo
Este Memorial retrata minha autobiografia, descrevendo, analisando e criticando os
acontecimentos do meu itinerário acadêmico-profissional e intelectual, avaliando
cada passo até o presente. Para desenvolvê-lo fiz um exercício de interpretação
conceitual de minha jornada, refletindo sobre cada etapa, o que torna este
documento extremamente valioso para mim e já me estimula a novas conquistas
profissionais.
Aluízio Borém
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1. Dados Biográficos
Nome: Aluízio Borém
Filiação: Anézio Rodrigues de Oliveira
Glayde Borém de Oliveira
Data de Nascimento: 30/03/1959
Nacionalidade: Brasileiro
Estado Civil: Casado
Endereço:
Av. P.H. Rolfs, 293 /1401
36570-000 – Viçosa, MG
Email: [email protected]
Fones: 31 9647-7008 - Celular
31 3899-1163 - UFV
Primogênito de Anézio e Glayde, nasci aos 30 dias de março de 1959 em Belo
Horizonte, MG, cidade onde nunca tive oportunidade de morar. Residi até aos 5
anos em Itaguara, MG de onde mudei com minha família para Montes Claros, MG.
Nesta cidade residi até aos 16 anos, quando me mudei para Viçosa, para cursar o
3º. ano do Colégio de Universitário (Coluni), na UFV.
2. Formação Acadêmica
Ensino Médio
Iniciei em 1975 o meu curso do Ensino Médio no Colégio Agrícola Antonio Versiani
Athayde em Montes Claros, MG, optando por uma formação profissional ligada a
agricultura, aptidão externada desde os meus primeiros anos de vida (vide foto aos 3
anos de idade e de enxada nas mãos, abaixo). Até o início do ensino médio a minha
formação escolar vinha sendo um fardo suportável, porém
não motivadora, com aprovações a cada ano no limiar
mínimo aceitável. Entretanto já no primeiro semestre do
Colégio Agrícola tive minha primeira grande decepção e
sentimento de fracasso ao tirar nota “zero” na prova de
Física. Eu já sabia que era difícil tirar boas notas com o
Aluízio aos 3 anos já sinalizando
sua vocação para agricultura
Prof. Geraldo Pereira nesta disciplina, mas jamais poderia
imaginar um zero no boletim. Sem duvida alguma foi este
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zero que mudou a minha vida. A partir daí mudei o foco de minha vida e passei a
encarar os estudos sem enganar a mim mesmo: isto é ao estudar passei a fazê-lo
da melhor e mais focada forma possível. Desta data em diante passei a estudar
muito mais e, principalmente, desenvolvi uma estratégia de estudo que se provou
eficiente ao longo de toda a minha formação educacional e que até hoje adoto nos
meus estudos: ao sentar para estudar o único foco de minha mente deve ser os
estudos. Também adotei a tática de fazer micro resumos das disciplinas, o que para
mim se mostrou essencial ao aprendizado.
A partir daquele zero e minha
consequente mudança de estratégia de estudos meu rendimento acadêmico passou
de ser apenas no limiar mínimo aceitável para muito bom. Ao final de 1976 optei por
abandonar o curso de Técnico Agrícola para vislumbrar um horizonte mais alto na
Universidade Federal de Viçosa. Foi então que após o meu segundo ano do Colégio
Agrícola optei por fazer o Colégio Universitário – Coluni na UFV. Assim, aos meus
16 anos mudei para Viçosa, onde o meu único foco foi estudar. Estando entre
excelentes e competitivos alunos do COLUNI, não foi fácil me destacar, mas não
perdi o foco e terminei o Coluni como o melhor aluno de Física, em 1976.
Educação superior
Graduação
O papel desempenhado pelos meus professores nos dois anos de Colégio Agrícola
e no Coluni ratificou a certeza de que minha carreira profissional teria de ser em
Agronomia. Com a dedicação aos estudos durante o Coluni passei no vestibular e
iniciei o curso de Engenharia Agronômica em março de 1977, aos meus 17 anos. As
disciplinas básicas vieram e com elas muito estudo.
Ainda como calouro, me
recordo de ter feito o seguinte imaturo e presunçoso comentário com uma amiga:
Estou fazendo Agronomia na UFV e vou caprichar, pois quero um dia ser professor
da UFV e fazer a pós-graduação nos EUA...
Já no meu segundo semestre como aluno na UFV tive oportunidade de ser aprovado
em um exame de seleção para monitor da Biologia Básica (BIO 100, atualmente BIO
111), onde pude começar a perceber e desenvolver minhas habilidades como
educador. Um ano mais tarde fui aprovado na seleção para a Monitoria em Solos I
(SOL 270) e ali tive oportunidade de desenvolver ainda mais minhas habilidades
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com o ensino. Naquela época ainda não existia programas de iniciação cientifica,
mas simultaneamente com a monitoria elaborei um projeto de pesquisa em nutrição
mineral, o qual foi executado com todo sucesso e seus resultados publicados como
nota técnica no Jornal da UFV, a época denominado UFV Informa.
Estimulado a excelência pelo Prof. Clibas Vieira, meu orientador na graduação,
minha rotina durante todo o curso de Agronomia era estudar de segundas as sexta
feiras das 18:00 às 22:00h., a partir da segunda semana de aulas. Meu ritmo de
estudo se mostrou eficiente e os resultados se acumularam ao longo do curso,
culminando com a premiação Medalha de Ouro Presidente Arthur Bernardes, por
ter concluído a graduação com apenas um conceito B, em BIO 100, sendo os
demais conceitos A. Hoje, olhando esta trajetória estou muito feliz, mas estou seguro
de que eu deveria ter tido um melhor equilíbrio entre os estudos e o laser. A vida é
feita de escolhas e, após cursar o ensino primário (atualmente fundamental) como
aluno medíocre, descobri que eu era capaz de ter bom rendimento escolar. Minha
escolha àquela época foi focar nos meus estudos. Isto me faz refletir sobre uma
observação que Dr. Donald Rasmusson, meu orientador no doutoramento, me fez
algumas vezes: que sou muito focado e que deveria ter melhor equilíbrio. Embora
este defeito não deva ser cultivado ou valorizado, como a maioria das coisas ele
também teve seus aspectos positivos e negativos. Com ele conseguiu alcançar
muito além dos objetivos que um dia sonhei para minha vida...
Pós-graduação
Mestrado
Tendo concluído a graduação como melhor aluno da UFV naquele ano consegui ser
aprovado para o Mestrado na UFV, sob a orientação do Prof. Tuneo Sediyama.
Tudo ia muito bem até que o Prof. Tuneo me designou dois projetos a serem
executados. Um deles era para a avaliação dos efeitos do retardamento da colheita
na qualidade das sementes de soja. Para este projeto o Prof. Tuneo me colocou
para separar 100 sementes de milhares de parcelas experimentais do Programa
Soja. Por mais de três meses contei 100 sementes em todo intervalo de aula que eu
tinha durante meu primeiro semestre na Pós-graduação. Embora eu tivesse muita
dificuldade para absorver que aquela rotina mecânica de contar sementes todo dia,
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não perdi o foco e levei o trabalho até que ele foi designado para um funcionário, já
que optamos por outro assunto para meu projeto de pesquisa. Hoje tenho certeza
de que a minha persistência e resiliência foram fundamentais para que ao final
daquele semestre o Prof. Tuneo me contratasse como pesquisador (Técnico de
Nível Superior) de seu Programa Soja.
Conciliar a pós-graduação e o trabalho na UFV foi um grande desafio. As atividades
de campo do melhoramento de soja me fascinavam de tal forma que o Mestrado
ficou em segundo plano. Isto, aliado a grande demanda de atividades do Programa
Soja levou o meu Mestrado a se arrastar por quatro anos. Tempo excessivamente
longo e, atualmente inaceitável. Entretanto, o meu aprendizado no Programa Soja,
passando por todas as fases e etapas do melhoramento de soja, desde a análise de
dados dos experimentos do ano anterior, seleção de linhagens, realização de
cruzamentos, preparo de experimentos para o ano seguinte, plantio dos
experimentos, avaliações agronômicas ao longo do ciclo da soja, colheita das
parcelas experimentais, novas análises estatísticas e apresentação e discussão dos
dados em reuniões técnicas e em eventos científicos me permitiram uma vivência
magnífica e real do melhoramento genético da soja. Sob a liderança do Prof. Tuneo
Sediyama, participei do desenvolvimento e lançamento de seis variedades de soja
para o cerrado do Brasil Central (Monte Rico, Uberaba, Juparanã, Sucupira, Rio
Doce e UFV-5).
Esta foi uma experiência inigualável que marcou minha vida
profissional. A postura de cientista e de educador do Prof. Tuneo Sediyama marcou
de forma positiva e profunda o meu caráter profissional. Sua habilidade de articular
e aglutinar esforços e talentos dispersos sempre me impressionou e também
influenciou minha trajetória profissional.
Ter tido o Prof. Tuneo também como mentor de minha carreira como educador foi
um presente. Durante o meu primeiro ano de aulas na UFV o Prof. Tuneo assistiu
todas as minhas aulas e em sequencia corrigia os meus erros e vícios. Assim, com
ele, aprendi a atuar em ensino, pesquisa e extensão. Uma oportunidade que
reconheço e valorizo muito!
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Foram inúmeros os Dias de Campo sobre a cultura da soja, organizados pela UFV
em propriedades rurais no Triângulo Mineiro, nos quais apresentei palestras sobre
diferentes tecnologias para produção de soja no cerrado.
Participei também de
vários Dias de Campo à convite de outros organizadores. Dediquei ao longo de
minha carreira muita energia a popularização das ciências, em especial da
biotecnologia, com palestras, demonstrações práticas (extração de DNA) em escola
do ensino fundamental e produção de folders, artigo de divulgação em jornais e
literatura variada sobre a desmistificação da biotecnologia.
No meu projeto de pesquisa de Mestrado estudei o método de melhoramento de
plantas Teste de Geração Precoce (Fehr, 1978) e, em 1984 defendi a tese intitulada
“Estimativas de herdabilidades e de correlações em linhagens de soja (Glycine max
(L.) Merrill) derivadas pelo teste de geração precoce”.
Doutorado
Com o mestrado concluído meu foco voltou-se integralmente para o Programa de
Melhoramento de Soja da UFV. Tudo corria de forma perfeita e tranquila até que a
cobrança por um doutoramento no exterior começou. Com minha grande limitação
no inglês este projeto me parecia tão distante quanto impossível. Foram três anos de
aulas intensivas de inglês, incluindo cursos tradicionais a professores particulares
quanto aos tão reconhecidos cursos que a Embrapa oferecia aos seus
pesquisadores em preparo para o TOEFL. Foi uma luta passar no neste teste de
proficiência da língua inglesa. Uma vez aprovado meu foco era ir para uma região
dos EUA em que houvesse poucos brasileiros para que de fato eu pudesse praticar
o inglês todo o meu tempo fora do Brasil. Assim, fui para a região mais ao norte dos
USA, Ames, Iowa, no cinturão do milho e soja. Longe de brasileiros e latinos não
havia alternativa a não ser pensar, falar e sonhar em inglês. O local para o meu
doutoramento não poderia ter sido melhor, pois além de me permitir desenvolver e
consolidar minha fluência em inglês eu estava na melhor e mais famosa
universidade para se estudar melhoramento genético de plantas e, em especial de
soja, no grupo do Dr. Walter Fehr.
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Meu projeto de tese relacionava-se ao mapeamento de diversas características
agronômicas da soja do cruzamento Minsoy x Noir 1, por meio de RFLPs. Apesar
dos desafios da adaptação a vida em um país diferente tudo transcorria bem até que
percebi que o meu orientador, recém contratado professor pelo grupo do Dr. Fehr
vinha enfrentando vários desafios com a chefia do Agronomy Department. Receoso
de que ele eventualmente fosse desligado da Iowa Sate University (ISU) solicitei
autorização ao CNPq e a UFV para me transferir para a University of Minnesota (U
of MN), ainda mais ao norte nos USA, onde fui orientado pelo Dr. Donald
Rasmusson, orientador do Dr. Walter Fehr no seu mestrado. Apesar dos desafios
da transição de universidades e início de novo projeto de pesquisa, tive muita sorte
com o protocolo de cultura de tecidos que aprendi na ISU.
Com ele consegui
produzir pela primeira vez na U. of MN haplóides e duplo-haplóides a partir de
anteras de cevada. Senti-me um verdadeiro cientista alcançando um feito inédito na
U. of MN. Àquela época os meios nutritivos utilizados em cultura de tecidos ainda
não estavam otimizados e meus experimentos passaram a ter baixa repetibilidade.
Apesar de todas as tentativas e alternativas utilizadas não consegui repetibilidade
satisfatória nos experimentos nos meses seguintes.
Meu orientador então me
mandou para a University of Guelph no Canadá para fazer um estágio no laboratório
do Dr. Ken Kasha, especialista neste assunto. Ao regressar a U of MN os meus
experimentos hora funcionavam muito bem, hora de forma inconsistente. Assim,
após muita resistência de minha parte tive que concordar com meu orientador e
abandonei meu segundo projeto de pesquisa, após três anos de dedicação e zelo as
minhas atividades de pesquisa. Não foi fácil! O receio de regressar ao Brasil sem o
título de Ph.D. causando decepção aos colegas de Departamento, a minha família e
aos amigos já passava por minha cabeça. Embora eu desejasse insistir com o
projeto com a cultura de anteras de cevada, optei por seguir a experiência e
sugestão de meu orientador e troquei de projeto de pesquisa pela terceira vez.
Iniciei então uma pesquisa para se estudar os grãos de amido da cevada e mapeálos por meio de marcadores RFLPs. O maior desafio aqui não seria fazer nova
revisão de literatura e me inteirar do assunto, mas encontrar um horário para a
coleta dos dados utilizando o equipamento de análise digital de imagens que havia
recém chegado ao Departamento de Engenharia de Alimentos da U. of MN. Como
eu não era daquele departamento, o horário disponível para meu trabalho era de
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meia noite as 3:00 h. da manhã. Felizmente fiquei focado e apesar do inverno com
temperaturas às vezes de -30ºC coletei de forma resoluta os dados que me
permitiram obter o título de Philosophiæ Doctor, com a tese intitulada “Barley Starch
Granule Traits: genetic and molecular aspects”.
Com tantos desafios e
contratempos foram cinco anos e seis dias dedicados ao doutoramento. Valeu a
pena cada dia, cada desafio, cada frustração e cada pequena vitória. Esta trajetória
com vários desafios na pesquisa me permitiu desenvolver habilidades para lidar com
as dificuldades que os meus próprios orientados tiveram em seus projetos de
pesquisa. Assim, quando recebi o meu primeiro estudante orientado de mestrado,
que a mim foi transferido já em fase intermediária de seu curso, tive que lidar com as
dificuldades por ele encontradas para eliminar a contaminação de seus explants de
mamão em meio de cultura. Felizmente tivemos sucesso e a dissertação do Sr.
Giovanni Rodrigues Vianna, sob o titulo “Micropropagação do mamoeiro (Carica
papaya) utilizando ápices caulinares de plantas adultas” foi defendida com pleno
êxito em 1996.
Hoje o Dr. Giovanni é reconhecido líder de pesquisa em
transformação gênica (OGMs) na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
(Cenargen).
Pós-Doutorado
Com os avanços ocorridos na biotecnologia, seis anos após o doutoramento e
sentindo a necessidade de uma atualização mais profunda iniciei meu treinamento
de pós-doutoramento na U of MN, sob orientação do Dr. David Somers com um
trabalho de silenciamento de genes de soja. A volta a bancada laboratorial foi um
grande aprendizado. Além das atividades de pesquisa optei por fazer uma disciplina
como ouvinte a cada semestre. Foram dois anos de treinamento muito frutífero. O
primeiro ano foi com bolsa do CNPq e licença regulamentar da UFV e o segundo
ano de treinamento foi realizado utilizando de férias acumulada ao longo da vida
profissional e sem bolsa. Uma das disciplinas que fiz foi Biotechnology, People and
the Environment (ScAg 1501), lecionada pelo Dr. Nevin Young. Gostei tanto desta
disciplina que a repeti no semestre seguinte, com o intuito consolidar o
conhecimento e de posteriormente criá-la na UFV. Antes mesmo de regressar ao
Brasil resolvi também a elaborar um livro texto para esta disciplina, surgindo daí a
obra Entendendo a Biotecnologia, que traduzi para o inglês e foi adotada como
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livro texto na ScAg 1501 na U of MN e em outras disciplinas de seis adicionais
universidades nos EUA, incluindo Texas A & M University – College Station e North
Dakota State University. Posteriormente a Prentice Hall traduziu e publicou este livro
em Mandarin e Coreano.
Ao regressar a UFV criei a disciplina Biotecnologia e Biossegurança (BQI 432) para
o curso de Bioquímica da UFV, já que no Departamento de Fitotecnia havia a
disciplina Biotecnologia Vegetal (FIT 371), na qual também passei a contribuir.
Durante o meu pós-doutoramento também escrevi e publiquei o livro “Transgênicos
e Escape Gênico”, além de três artigos resultado das pesquisas realizadas durante
o pós-doutoramento.
A minha carreira profissional como docente, pesquisador e escritor é reflexo claro e
direto dos treinamentos de graduação, pós-graduação e pós-doutoramento que
realizei. Sempre procurei ser objetivo e focado nas minhas atividades de forma
alcançar resultados concretos e relevantes.
3. Formação Profissional
Iniciei minhas atividades profissionais no dia 17 de junho de 1982, aos 23 anos de
idade na UFV, a partir de quando passei a desenvolver minhas atividades de ensino,
pesquisa, extensão e administração. Fui contratado com pesquisador (Técnico de
Nível Superior) no quadro da UFV, e passei a atuar no Programa de Melhoramento
de Soja, sob a supervisão do Prof. Tuneo Sediyama. Sete meses após o início de
minhas atividades profissionais recebi a incumbência de dar uma palestra em um
Dia de Campo na extinta Cooperativa Agrícola de Cotia em São Gotardo de Minas.
Que desafio e medo... No período de 1982 a 1984 fui responsável pelo preparo de
centenas de experimentos de soja para competição de variedades, avaliação de
linhagens, avanços de geração, bem como na condução dos blocos de
cruzamentos.
Adicionalmente fui responsável pelo plantio, coleta de dados e
colheita de centenas de experimentos nas diferentes localidades de avaliação do
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germoplasma de soja no Estado de Minas Gerais, incluindo principalmente
Capinópolis, Cachoeira Dourada, Uberaba, Uberlândia, Monte Alegre de Minas,
Patrocínio, Patos de Minas, Iraí de Minas, São Gotardo e Florestal. Foi também
atribuição minha auxiliar nas análises estatísticas dos experimentos, tabulação dos
resultados e elaboração de boletins para reuniões técnicas e para Dias de Campo.
Nestes eventos de extensão passei a me sentir plenamente ambientado e realizado
profissionalmente, dada a oportunidade de compartilhar com produtores ávidos por
tecnologias. Nos primeiros seis anos de minhas atividades profissionais a alocação
de meu tempo para as atividades de extensão foram bastante significativas, o que
nos deu uma excelente percepção da realidade e necessidades do agricultor
brasileiro.
Em 1984 fui aprovado no concurso público para Auxiliar de Ensino do Departamento
de Fitotecnia e passei a dar aulas sobre a Cultura da Soja e posteriormente sobre
Melhoramento de Plantas. Ainda em 1984, já com o Mestrado concluído ascendi na
carreira de magistério superior para o cargo de Professor Assistente.
Em 1986
passei a lecionar Melhoramento de Plantas (FIT 670) na pós-graduação. O desafio
foi enorme, pois embora tivéssemos razoável experiência prática no melhoramento
de soja, vários dos alunos desta disciplina eram do doutorado. Foi muito estudo e
apreensão ao assumir esta responsabilidade apenas com formação de Mestre. A
literatura disponível à época era: apostila de Melhoramento de Plantas do Prof.
Clibas Vieira, Princípios do Melhoramento Genético de Plantas de W. Allard e
Introduction to Plant Breeding de F. Briggs e P. Knowless.
praticamente decorei a maior parte destas referências.
completamente realizado.
De tanto estudar
Como docente me senti
A oportunidade de contribuir para uma educação de
qualidade, formando seres humanos comprometidas com a cidadania universal,
fundamentada nos valores éticos, morais e sociais para uma sociedade mais justa
me motiva a cada uma e minhas responsabilidades docentes. Transmitir o conteúdo
da disciplina com eficiência, responder as dúvidas dos alunos e ajudá-los a resolver
problemas além de desenvolver senso crítico são desafios e oportunidades que só o
educador possui.
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“Os sábios hão de brilhar como relâmpagos; os que educaram
muitos para a justiça brilharão para sempre como estrelas”.
Daniel 12:3
Fui eleito representante dos Professores Assistentes no Conselho Universitário
(CONSU) da UFV em 1995. Ao termino de meu mandato de dois anos de atividades
neste Conselho fui reeleito para mais um mandato.
Em janeiro de 2014 fui
novamente eleito para o CONSU, desta vez representando os Professores
Associados.
Em dezembro 1988 sai para o doutoramento na Iowa State University (ISU), sob a
orientação do Dr. Levi Mansur, no grupo de Melhoramento de Soja liderado pelo Dr.
Walter R. Fehr.
Em 1990 me transferi para a University of Minnesota (U of MN), como já
anteriormente relatado no item Formação Acadêmica.
O fato de nosso
doutoramento ter envolvido duas universidades me deu a oportunidade de fazer as
disciplinas Melhoramento de Autógamas com o Dr. Walter Fehr e Melhoramento de
Algómas com o Dr. Arnel Hallauer na ISU e, na U of MN, com o Dr. Donald
Rasmusson e com Dr. Steve Openhsaw, respectivamente. Isto nos deu o ensejo
singular de aprofundar nestes assuntos sob a perspectiva das maiores autoridades
mundiais nestes temas. Ciente disto eu me considerava de fato um “espião
científico” nas disciplinas, pois já havia planejado que escreveria um livro de
melhoramento de plantas para servir como texto na UFV. Tomei as anotações mais
detalhadas possíveis em todas as aulas. Minhas anotações de aula, as quais ainda
guardo, foram feitas com canetas preta, azul e vermelha, além de lapiseira nos
esquemas e desenhos. Ali estava o “rascunho preliminar” do que viria a ser meu
primeiro livro: Melhoramento de Plantas.
Regressando do doutoramento em 1994 reassumi minhas atividades como docente
no Departamento de Fitotecnia (DFT) da UFV. Com a aposentadoria do Prof. Clibas
Vieira fui designado a trabalhar com a cultura do feijão. Para ganhar familiaridade
com as particularidades desta espécie fiz um estágio de 30 dias no Centro
Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) em Cali na Colômbia.
Na UFV as
seguintes disciplinas a mim designadas foram: Melhoramento de Plantas (FIT 370 –
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parte de
autógamas),
Métodos de Melhoramento
de
Plantas (FIT
670),
Melhoramento de Grandes Culturas (FIT 671 – parte de feijão).
Tendo retornado do exterior e ainda sem orientados pude me dedicar a redação do
livro Melhoramento de Plantas. Foram 14 meses de dedicação integral. Muitas
vezes cheguei a UFV às 4 horas da manhã para trabalhar no livro. No final de 1995
o manuscrito do livro estava concluído e a Editora UFV havia sido criada. Nos meses
seguintes foi de intenso trabalho com os revisores e posteriormente com os
diagramadores para a finalização e publicação do livro em abril de 1996. O livro
Melhoramento de Plantas, de minha autoria e o livro Modelos Biométricos do Prof.
Cosme Damião Cruz foram as duas primeiras obras lançadas pela Editora UFV.
Com a projeção alcançada pela publicação deste livro tornou-se mais fácil organizar
nossas duas próximas obras: Melhoramento de Espécies Cultivadas e Hibridação
Artificial de Plantas, para as quais convidamos as maiores autoridades no
melhoramento de cada cultura no Brasil, a exemplo do Prof. Ernesto Paterniani
(ESALQ) para escrever o capítulo de melhoramento de milho, Prof. Messias
Gonzaga Pereira (UENF) o de Cacau, Prof. Tuneo Sediyama (UFV) o de soja, dentre
vários outros.
Nestes livros também participei de três capítulos, inclusive os de
feijão, em parceria com os Professores Magno Antônio Patto Ramalho, Clibas Vieira
e José Eustáquio de Souza Carneiro.
Quanto à pesquisa fui inicialmente estimulado a focar na cultura de tecido e meu
primeiro orientado foi o do Sr. Giovanni Rodrigues Vianna, que era orientado de
mestrado do Prof. Silvio Lopes Teixeira, que havia se aposentado.
Assumi o espaço designado Laboratório de Cultura de Tecidos do Bioagro e passei
a montá-lo com recursos de projetos da Fapemig e Finep. Embora este Laboratório
já possuísse a maior parte dos equipamentos e reagentes necessários, com a
contratação do Prof. Wagner Ottoni pela UFV e meu maior interesse no
melhoramento de plantas, a coordenação deste laboratório foi transferida ao Prof.
Wagner Otoni e voltei o foco as minhas atividades iniciais, o melhoramento de
plantas. Embora de 1982 a 1994 minhas atividades tenham sido focadas com a
17
cultura da soja meu primeiro estudante orientado na pós-graduação foi em cultura de
tecido com mamão. O meu foco principal de minhas pesquisas passou a ser o
melhoramento do feijão até a contratação do Prof. José Eustáquio de Souza
Carneiro em 1996, quando passei a focar a área de melhoramento de plantas de
forma geral e não mais apenas uma espécie agronômica. Assim, ao longo dos anos
seguintes orientei mestrandos e doutorandos principalmente com soja, feijão e milho
e eventualmente outras espécies.
Com o sucesso que nossas três primeiras obras literárias alcançaram, criei a série
de eventos científicos denominada Biowork, com a finalidade de discutir junto a
comunidade científica os mais recentes e relevantes temas da biotecnologia e do
melhoramento genético de plantas. À época isto também foi inovador, pois eram
raros os eventos além daqueles organizados pelas sociedades cientificas. A série
Biowork tinha um tema central a cada edição e sempre contava com pelo menos
dois ou três prelecionistas internacionais de renome para trazer as mais recentes
novidades e tendências cientificas a comunidade.
Esta foi uma série de grande
sucesso e no Biowork VIII, sobre o tema Marcadores Moleculares, o evento contou
com oito palestrantes internacionais. No Biowork XIX, em 1999 e último da série, foi
criada a Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, as mãos do Prof. Magno
Antônio Patto Ramalho, da UFLA.
Em 1999 o Prof. Evaldo Vilela nos convidou para dar uma palestra sobre Escape
Gênico em um Simpósio sobre transgênicos por ele organizado. Confesso que o
assunto era completamente alheio ao meu domínio, mas conforme disse Richard
Branson (Virgin Airlines):
“Se alguém lhe oferecer uma grande oportunidade, mas você
não souber como executá-la mesmo assim diga sim – depois
se preocupe em aprender como realizá-la”.
Esta foi minha primeira real incursão no mundo dos organismos geneticamente
modificados, área emergente no Brasil a época.
18
Conforme relatado no item Formação Acadêmica, em 2000 iniciei o pósdoutoramento focando minha carreira desde então na interface biotecnologia e
melhoramento de plantas e, trabalhei com o silenciamento gênico em soja, sob a
orientação do Dr. David Somers na U of MN durante meu pós doutoramento.
Durante este treinamento que se estendeu por 24 meses voltamos a ativar a carreira
como autor e escrevi os seguintes dois livros: “Entendendo a Biotecnologia” e
“Escape Gênico e Transgênicos”. Entendendo a Biotecnologia está em sua 3ª
edição e foi traduzido e publicado pela Prentice Hall em inglês, mandarim e coreano,
como já anteriormente mencionado.
Em 2002 fui convidado a integrar da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), como representante do Ministério da Educação, tendo permanecido nesta
Comissão até que ela foi desfeita com a aprovação da nova Lei de Biossegurança
no País em 2005.
Em 2006 fui novamente nomeado membro desta Comissão,
representando a Comunidade Cientifica, onde permaneci pelo período máximo
permitido pela legislação: seis anos, tendo assumido o cargo de Vice-Presidente de
2010 a 2011 e, em 2012 assumi a sua Presidência.
Com o foco de minhas atividades também em biotecnologia passei a orientar pósgraduandos na área de biossegurança ambiental, marcadores moleculares e
genômica, sem nunca ter deixado de atuar no melhoramento de plantas. Uma das
ênfases que tenho dado na orientação meus alunos é o DS sanduiche no exterior.
Minha primeira iniciativa nesta área foi em 2001, com a minha ex-orientada e hoje
pesquisadora da Embrapa Café, Dra. Eveline T. Caixeta, que passou um ano na
Michigan State University.
Depois dela vários outros estudantes tiveram
experiências similares, como:
1. Juliano Lino Ferreira – U. of California –Davis
2. Patrícia Vinholes – U. of California – Riverside
3. Thiago Nakayama – U. of California – Berkeley
4. Aguida Morales – Iowa State University
5. Alan Alves – Iowa State University
6. Wellington Gomes da Silva – U. of Florida
7. Gustavo Dias de Almeida – CYMMIT (México)
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Em consequência de minhas atividades de pesquisa publiquei vários outros livros
técnicos em melhoramento de plantas, biotecnologia e agronomia, os quais estão
listados no meu currículo Lattes.
Observando a cronologia de minha publicação literária pode-se perceber que iniciei
minhas atividades focando o melhoramento genético de plantas em 1997, com a
publicação da obra Melhoramento de Plantas, um dos primeiros livros escritos nesta
área no Brasil. A partir do ano 2000 passei a focar mais a biotecnologia, dada a
ausência de referências em português nesta área. Assim, publiquei vários outros
livros em biotecnologia. Em 2011 voltamos a focar o melhoramento de plantas com
os livros: Melhoramento de Plantas para Condições de Estresses Abióticos e
Melhoramento de Plantas para Condições de Estresses Bióticos, que contam
com a contribuição dos mais renomados professores da UFLA, ESALQ, UNESP e
UFV Ambos tiveram tanto sucesso que foram traduzidos e publicados em inglês
pela Springer. Mais recentemente publicamos a obra Biotecnologia Aplicada ao
Melhoramento de Plantas, para servir como livro texto para a disciplina de mesmo
nome criada na pós-graduação da UFV. Este livro também foi traduzido para o
inglês e publicado pela Elsevier. Meu mais recente livro é intitulado Ômicas 360º.
Ômicas é o neologismo usado para se referir as áreas da biotecnologia com o sufixo
ômica: genômica, proteômica, transcriptômica, metabolômica, fisionômica, etc. e
também conhecida como biologia de sistemas. As ômicas têm como objetivos
descobrir, entender, modelar e projetar as relações dinâmicas entre as moléculas
biológicas que compõem os seres vivos, de forma a desvendar mecanismos de
controle inerentes às partes. Este livro também foi traduzido e publicado em inglês
pela Wiley. Desta forma, tive reconhecido o mérito de meus livros técnicos por
quatro das mais importantes editoras internacionais de livros técnicos: Prentice Hall,
Springer, Elsevier e Wiley.
Meu próximo livro, Fenômica, já está delineado.
Trata-se de um projeto em
desenvolvimento incluindo vários autores internacionais e que deverá ser lançado
em 2015.
Fenômica vai discorrer sobre a fenotipagem de próxima geração,
descrevendo as técnicas de automação e robótica que estão utilizadas para a coleta
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de dados fenotípicos de forma objetiva e acurada e, com mínima influência do
operador. Sua versão em inglês, Phenomics: How next-generation phenotyping is
revolutionizing plant breeding já está aceito para publicação pela Springer, conforme
documento desta Editora em anexo.
Estando na universidade entendi e optei por focar a minha missão profissional na
formação de recursos humanos e todas as minhas atividades profissionais
permeiam esta visão, quer seja orientando alunos de graduação, pós-graduação e
pós-doutorandos ou mesmo na disponibilização de literatura científica para o
treinamento e a formação de recursos humanos.
4. Outras Atividades Relevantes
a) Participação em Bancas de Concursos Públicos
Professor de Melhoramento de Cana da UFV. 1996
Professor de Melhoramento de Feijão da UFV. 1995
b) Prêmios
Medalha de Ouro Presidente Arthur Bernardes, por ter obtido 55 conceitos A e um
conceito B nas disciplinas do curso de Agronomia. 1981. UFV
Pós-graduando do Ano, em 1991 e 1992, pelo desempenho na pesquisa e nas
disciplinas. University of Minnesota
c) Participações em Júri de Prêmios
Membro do júri para definição dos melhores projetos mundiais da Monsanto em
2006 – Washington, DC
d) Consultorias
Consultorias Internacionais
FAO, UNIDO, ANAPO e Centro Nacional de Recursos Genéticos de Angola.
Consultoria Nacional
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A partir de janeiro de 2014 passou a assessorar a Embrapa no seu Macroprograma
2 (CTMP2), que tem foco na competitividade e sustentabilidade do agronegócio e
contempla toda sua carteira de projetos em rede na área de melhoramento
genético.
Consultor de biossegurança da Ceres Ltda
e) Funções Eletivas
Membro do Conselho Universitário da UFV (três mandadtos)
Presidente da CTNBio
Presidente da Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas
Presidente da Regional MG da Sociedade Brasileira de Melhoramento de
Plantas (dois mandatos)
Diretor Técnico da Funarbe
f) Inserção Internacional
Consultor da UNIDO, agência da ONU para desenvolvimento industrial
Consultor da FAO, agência da ONU para alimentos e agricultura
Consultor da ANAPO, agência de pesquisa de oleaginosas e trigo da Bolívia
Consultor ao Centro de Recursos Fitogenéticos de Angola
Palestra sobre Presença Adventícia de OGMs em Sementes: Congresso BIO.
Chicago, IL. 2009.
Membro do Conselho de Diretores do Instituto de Biotecnologia Florestal. Raleigh,
NC. 2005 a 2010.
Coordenação das disciplinas FIT 795 e FIT 796 (Problemas Especiais) para os
alunos da pós-graduação, com professores internacionais:
1.
Dr. Mark Settles – University of Florida: Molecular Genetics of the Maize Seed
Development. 2012.
2.
Dra. Kakoli Ghosh – FAO: Plant Genetic Resources for Food for Food and Agriculture.
2012.
3.
Dr. Peter Morrell – U of MN: Evolution of Crop Species. 2013.
4.
Dr. Kevin Crosby – Texas A&M University: Breeding Vegetable Crops. 2014.
5. Aprovações em Concursos Públicos
Auxiliar de Ensino – 1984 - UFV
22
6. Produção científica, literária e técnica
A lista completa e atualizada de minha produção bibliográfica, incluindo 101 artigos
científicos, 65 livros e 70 capítulos de livros, várias notas técnicas e trabalhos
apresentados em congressos e outros eventos similares estão listados no meu
currículo na Plataforma Lattes do CNPq (http://lattes.cnpq.br/7301212823538522).
Para atender aos alunos de graduação em Agronomia criei em 2012 a série de livros
Culturas: do Plantio à Colheita.
Esta série/coletânea focada nas etapas de
produção de cada cultura está sendo desenvolvida com a contribuição de
especialistas de várias instituições de ensino superior do Brasil, como no caso do de
feijão, que conta com capítulos dos professores Magno Antonio Pato Ramalho e
Messias José Bastos de Andrade da UFLA, e no caso do de soja com capítulos dos
professores Gil Câmara da ESALQ, Tuneo Sediyama da UFV e Hélio Bandeira
Barros da UFT. Os três primeiros livros desta série CANA: do Plantio à Colheita
(organização em parceria com Dr. Fernando Almeida - UFV), ALGODÃO: do
Plantio à Colheita (organização em parceria com Dr. Eleusio C. Freire – Embrapa
Algodão) e SORGO: do Plantio à Colheita (organização em parceria com Prof.
Leonardo Pimentel - UFV) já estão publicados e os seguintes livros já estão aceitos
pela Editora UFV e em fase de publicação:
1. FEIJÃO: do Plantio à Colheita (organização da obra em
parceria com Prof. José Eustáquio de Souza Carneiro UFV)
2. SOJA: do Plantio à Colheita (organização da obra em
parceria com Prof. Tuneo Sediyama e Prof. Felipe Silva UFV)
3. MILHO: do Plantio à Colheita (organização da obra em
parceria com Prof. João Carlos Cardoso Galvão - UFV)
4. ARROZ: do Plantio à Colheita (organização da obra em
parceria com Dr. Paulo Hideo Nakano Rangel –
Embrapa Arroz e Feijão)
5. TRIGO: do Plantio à Colheita (organização da obra em
parceria com Dr. Pedro Luis Scheeren – Embrapa Trigo)
Ainda se encontra em análise na Editora UFV nossa proposta de publicação dos
livros CAFÉ ARÁBICA: do Plantio à Colheita, em parceria com os Profs. Ney
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Sussumu Sakiyama e Hermínia E. P. Martinez e, CAFÉ CONILON: do Plantio à
Colheita, em parceria com o Prof. Ney Sussumu Sakiyama e Dr. Aymbiré Francisco
Almeida da Fonseca.
7. Citações de artigos indexados dentro das Principais Coleções
7.1. Base de Dados Web of Science (anteriormente designada de ISI)
7.2. Base de Dados Scopus
7.3. Base de Dados Google Acadêmico
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8. Formação de Recursos Humanos
Estando em uma instituição de ensino assumi que uma das minhas principais
missões seria a formação de recursos humanos. Foram mais Xxxxxx alunos de
graduação dos cursos de Agronomia, Biologia, Bioquímica e Zootecnia que
passaram por minhas disciplinas, além de centenas de alunos dos cursos de
Fitotecnia, Genética e Melhoramento, Agroquímica, Ciência Florestal e outros da
Pós-graduação.
Tivemos 21 estudantes de DS e 34 de MS. Atualmente possuo os seguintes 10
orientados de DS e 3 de MS, distribuídos nos cursos de pós-graduação em
Fitotecnia e em Genética e Melhoramento:
Rusthon Magno Cortez dos Santos
Patrícia Vinholes
Thiago Terra
Gustavo Cesar Sant´Anna
Thiago Nakayama
Alan Alves Pereira
Pedro Patric Pinho Morais
Haroldo Rodrigues
Rafaeli A. Vieira de Souza
Itamara Goés
Guilherme C. Eculica
Luciano Rogério Braatz de Andrade
Karla Jorge da Silva
Vários de meus ex-orientados estão ocupando posição de destaque ou liderança em
diferentes setores da iniciativa privada ou pública, a exemplo do Dr. Gloverson
Lamego Moro, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento para Proteção de Plantas da
Syngenta Seeds para a América Latina e Dra. Silvia Nitsche, Pró-reitora de Pesquisa
e Pós-graduação da Unimontes.
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9. Perspectivas
Minha experiência profissional e a minha formação acadêmica me permitem
vislumbrar um amplo horizonte para novos projetos e realizações profissionais.
Revisitar o passado e refletir sobre o presente é motivador para enveredar pelo
futuro. Minha leitura do mundo atual tem me indicado caminhos seguros a serem
trilhados de forma a deixar a melhor contribuição possível para a Sociedade.
Para os meus próximos passos proponho dar sequencia com as minhas atividades
no ensino, pesquisa e extensão na UFV com foco no melhoramento de plantas
tangenciando a biotecnologia, pautado por uma visão mais sensível e generosa com
as carências e necessidades da Sociedade além das Quatro Pilastras da UFV.
10. Considerações Finais
Posso dizer, com muita alegria, que a UFV tem me oferecido um ambiente fértil e
propício para uma carreira profissional de realizações. Em especial agradeço ao
Departamento de Fitotecnia pelas oportunidades e estímulo a minha jornada como
docente e pesquisador.
Acredito que a carreira de professor/pesquisador se constrói com muito esforço,
dedicação e principalmente sensibilidade, pois só assim se pode traçar objetivos
relevantes para a sociedade.
Enfim, acredito que cabe a cada professor a tarefa de tornar sua contribuição a
Sociedade
a
mais
significativa
possível,
formando
recursos
humanos
e
disponibilizando conhecimentos para um mundo melhor e mais justo. Afinal, como
nos ensina Paulo Freire:
“Ensinar exige sempre bom senso para não ser nem um
professor licencioso, nem um déspota da educação. A
realidade é dado essencial na construção e reconstrução dos
conhecimentos, assim como sempre aprender com ela porque
ensinar e aprender não são isolados. Fruto dessa inconclusão
do ser, é necessário ao bom educador a crença de que mudar
é possível. Logicamente como ensinar é participar de várias
construções de novos saberes é preponderante que o
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educador seja curioso e esteja sempre disposto a pesquisar o
mundo... Educar exige comprometimento”.
Concluindo, de uma pedra bruta que havia completamente fracassado em sua
primeira prova de física no Colégio Agrícola Antonio Versiany Athayde em Montes
Claros, fiz e continuarei fazendo o melhor possível de mim para ser útil a sociedade.
Acredito que apesar do meu progresso até aqui alcançado ainda há muito mais a ser
aprendido e a contribuir para a Sociedade.
Finalmente, se transmiti alguma arrogância, peço desculpas, pois concordo com o
educador Paulo Freire que disse que a maior virtude de um homem é ser humilde.
“A humildade exprime uma das raras certezas que existem: a
de que ninguém é superior a ninguém”. Paulo Freire
Agradecimentos: Agradeço primeiramente a Deus, pois ele é a minha rocha e
minha fortaleza. Dele viemos e para Ele voltaremos.
estimulador e acolhedor.
À UFV pelo ambiente
Aos mestres in memorium, Clibas Vieira e Ernesto
Paterniani pelos estímulos à excelência.
Aos meus orientadores: Prof. Tuneo
Sedyiama, Prof. Donald Rasmusson e Prof. Walter Fehr, que me apresentaram o
melhoramento de plantas de forma arrojada, empreendedora e prática. Aos colegas
e ex-colegas do Programa de Melhoramento de Soja, de quem, mesmo que
informalmente, muito aprendi e continuo aprendendo. Tudo que aprendi credito aos
meus professores e colegas de profissão.
Comprovação: Conforme Resolução Conjunta No. 1 do CEPE/CONSU da UFV, de
02/04/2014, a comprovação das atividades descritas neste Memorial é realizada
mediante o Relatório de Atividades do Docente (RADOC) e o Currículo Lattes, que
se encontram em anexo.
Viçosa, MG, 02 de maio de 2014.
Aluízio Borém
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Referências
BOMBASSARO, L. C. 1993. As fronteiras da Epistemologia. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes. 144p.
FEHR, W.R. 1978. Breeding. In: NORMA, A.G. (ed.) Soybean physiology, agronomy and
utilization. New York: Academic Press, p.119-155.
GRAYLING, A. C. 1987. Realism. Cogito 1 (1):25-27.
LIMA, L.C. 1995. Vida e mímesis. Editora 34. 240p.
LIMA, L.C. 2000. Mímesis: desafio ao pensamento. Editora Record. 431p.
RICOEUR, P. 1991. A si-mesmo como um outro. Editora Papirus, 138p.
RYLE, G. 2002. The concept of mind. The University of Chicago Press. 315p.
SOARES, M. B. 1991. Metamemória-memórias: travessia de uma educadora. São Paulo:
Cortez. 124p.
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