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TIRAGEM
DATA
DEPÓSITO LEGAL
ISBN
Infantaria 13. Mais de Três Séculos ao Serviço da Pátria
Coronel Infantaria Carlos Manuel Martins Branco
TCor Inf Joaquim do Campo Sabino
Maj Inf Ilídio João Cardoso Abelha
SAj SM Manuel Agostinho Borges Machado
1Sar Inf Ricardo Oliveira Gonçalves Guerra
Regimento de Infantaria n.º 13
1Sar Inf Ricardo Oliveira Gonçalves Guerra
Florêncio Pina
Colprinter, Lda.
1000 exemplares
Lisboa, Janeiro de 2005
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Fotografia da Capa
Uniformes do R.I. 13 utilizados, da esquerda para
a direita: no serviço interno (finais do século XIX),
na Guerra Peninsular, na I Grande Guerra, e nas
Forças Nacionais Destacadas.
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Índice
Prefácio
Agradecimentos
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A COMPANHIA, O TERÇO E O REGIMENTO DE PENICHE
O Terço de Peniche
Do Terço ao Regimento
O Regimento de Peniche na Campanha do Russilhão e da Catalunha
O Regimento de Peniche na Campanha de 1801
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O REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 13
Século XIX
25
O R.I. 13 nas Invasões Francesas e na Guerra Peninsular
A Campanha de 1812 – Ofensiva de Wellington
A Campanha de 1813 – Nova Ofensiva de Wellington
O Fim da Guerra Peninsular
O R.I. 13 nas Lutas Civis do Século XIX
Na Revolução Liberal (1820 - 1828)
Na Guerra Civil (1828 - 1834)
Na Revolta da Madeira e da Terceira
Do Desembarque de D. Pedro IV à Convenção de Évora-Monte
Pronunciamentos e Revoltas
Nova Guerra Civil (1846 - 1847)
O R.I. 13 em Vila Real
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29
32
35
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37
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39
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42
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Século XX
45
O
O
O
O
O
O
48
52
55
57
59
61
R.I. 13 na I Grande Guerra
B.I. 13 na Batalha de 9 de Abril
R.I. 13 e a Monarquia do Norte
R.I. 13 e o Movimento de 28 de Maio de 1926
R.I. 13 e o Movimento Revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927
R.I. 13 em Missões de Soberania em Angola e Moçambique
ÍNDICE
O Novo Quartel
O R.I. 13 na Guerra do Ultramar
O 25 de Abril de 1974 e as Décadas de Setenta e de Oitenta
A Década de Noventa
Agrupamento ALFA
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65
68
70
74
Século XXI
77
Agrupamento CHARLIE
1.º Batalhão de Infantaria
Agrupamento HOTEL
O Fim do Serviço Efectivo Normal
78
80
83
85
OUTROS ASPECTOS RELEVANTES
Comandantes do R.I. 13
Galeria dos Comandantes
Brasões de Armas
Condecorações, Divisas e Legendas
O Padroeiro do Terço de Peniche
Estandartes e Guiões
Núcleo Museológico
Acções Militares Mais Importantes do R.I. 13
Síntese de Factos Notáveis
Por Onde Passou o R.I. 13
Hino do R.I. 13
Escolas Regimentais
Marchas de Coesão
Dia Festivo
Bandas e Fanfarras
Inserção dos Militares na Vida Civil
Biblioteca
Jornais
O R.I. e a Comunidade Vila-Realense
Bibliografia
Patrocínios
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ÍNDICE
Prefácio
A
pertinência em levar ao conhecimento do grande
público a longa e riquíssima história, de mais de
três séculos, do Regimento de Infantaria n.º 13 e
das pri-mitivas unidades de que descende directamente e
que estão na sua origem - a Companhia, o Terço e o
Regimento de Infantaria de Peniche - justifica, por si só, a
edição deste livro. Contudo, outras razões, igualmente
importantes, complementam a força daquele argumento.
A divulgação da história da Unidade irá certamente
funcionar como um poderoso referencial de identidade colectiva, reforçador do espírito de corpo
e da auto-estima a quem nela presta ou tenha prestado serviço; aumentará a visibilidade do
Regimento no seio do Exército, contribuindo para consolidar a consideração e o respeito de que
desfruta; permitirá, ainda, aprofundar a cumplicidade da Unidade com a Região onde se encontra inserida. Os 120 anos de presença do Regimento em Vila Real fizeram com que este passasse a integrar o património da cidade. Não é, por acaso, que os militares do "13" adoptaram
o epíteto de "Infantes do Marão".
As origens do Regimento de Infantaria n.º 13 remontam ao ido ano de 1698, em que foi
oficialmente criado o Terço de Peniche, o qual foi transformado, em 1707, no Regimento de
Peniche. Fruto da reorganização do Exército de 1806, o Regimento de Infantaria de Peniche
passou a designar-se Regimento de Infantaria n.º 13. Desde essa data até aos dias de hoje,
muitas foram as vicissitudes porque passou: foi várias vezes dissolvido e refundado, reemergindo das cinzas, qual Fénix renascida; teve várias designações e localidades de acolhimento Peniche, Lisboa, Leiria, Chaves - e, em 1883, Vila Real, onde entrou na manhã de 30 de Agosto,
ficando aquartelado no Convento de S. Francisco.
Já depois de se ter instalado em Vila Real viria a ser novamente dissolvido em 8 de
Março de 1927, por ter participado no movimento re-volucionário de 3 de Fevereiro sendo,
alguns meses mais tarde, reorganizado no Funchal. Em 1931, o R.I. 13 é novamente dissolvido, em virtude de ter participado no movimento revolucionário que, nesse mesmo ano, eclodiu
na Madeira, voltando a ser reorganizado em Vila Real onde se conservou até aos dias de hoje.
Entre 1977 e 1993 fruto de mais uma reorganização do Exército adquiriu temporariamente a
designação de Regimento de Infantaria de Vila Real.
Iremos dar conta neste livro dos feitos da Unidade e dos aspectos mais destacados da
sua vida, enquadrando-os, sempre que possível, no contexto histórico em que tiveram lugar. A
história do "13" confunde-se, de certo modo, com a própria história de Portugal, de onde
emerge, tendo sido um protagonista, desde a sua criação, de quase todos os seus momentos
relevantes. Participou na maioria das campanhas militares em que Portugal se viu envolvido: no
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
século XVII, na Guerra da Restauração; no século XVIII, na campanha do Russilhão e da
Catalunha; no Século XIX, na Guerra Peninsular, nas Lutas Liberais, e na Guerra Civil; no século XX, na I Guerra Mundial e nas campanhas do Ultramar; e no século XXI, nas operações de
apoio à paz, nos Balcãs e em Timor-Leste, no apoio à política externa do Estado como, aliás, já
tinha acontecido noutras ocasiões.
Este trabalho baseou-se fundamentalmente na insubstituível investigação histórica levada a cabo pelo brigadeiro Motta e Costa, materializada num livro com o título "Subsídios para
a História do R.I. 13", publicado em 1959. Sem esse documento não teria sido possível levar a
cabo o presente trabalho, pelo menos no reduzido espaço de tempo em que foi feito. Embora o
possa parecer nalgumas passagens, não foi nossa intenção realizar um trabalho de investigação histórica. Estamos cientes que continua válida a necessidade de realizar esse trabalho,
necessariamente com um outro fôlego.
A simples reedição dos "Subsídios" não teria sido uma decisão acertada: por um lado,
era necessário um trabalho de actualização. Os acontecimentos mais recentes narrados no livro
reportavam-se ao ano de 1947; por outro, tornava-se necessário criar um documento dotado de
um visual apelativo que convidasse à leitura, expurgado de certos detalhes e referências
desnecessárias, importantes para um historiador, mas fastidiosas para o público-alvo que se
pretende atingir.
Com o objectivo de "não deixar escapar nada" foram lidas cerca de 73 mil páginas das
Ordens de Serviço de 1911 a 1994. Só assim foi possível avaliar, por exemplo, a enorme contribuição do Regimento para a guerra que Portugal travou nos sertões africanos, de 1961 a
1974. Nos dez anos em que o R.I. 13 foi Centro de Instrução Básica - 1964 a 1974 - foram formados na Unidade cerca de 69 mil praças. A dimensão de tal número é um indicador do tremendo esforço efectuado. Com este livro procurámos ainda homenagear, de uma forma singela,
todos aqueles que nos precederam, e que, de uma forma anónima, contribuíram para a edificação da nossa memória colectiva. Não os olvidaremos.
Nem um passo P´ra Retaguarda!
Vila Real, 7 de Janeiro de 2005
O Comandante
Carlos Manuel Martins Branco
Coronel Infantaria
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Agradecimentos
E
ste livro é o produto de muito querer e de muita carolice. A todos quantos o tornaram possível - patrocinadores, militares da Unidade, Vila-realenses e instituições da cidade - um
muito obrigado. O primeiro agradecimento, a título póstumo, vai para o brigadeiro Motta e Costa,
pelo livro que nos deixou, o qual serviu de fonte inspiradora para este trabalho. Um reconhecimento muito especial aos patrocinadores, através dos quais foi possível reunir os meios financeiros necessários para a publicação desta obra: Câmara Municipal de Vila Real, Delta Cafés,
Dibinorte - Distribuidora de Bebidas do Norte, Lda, EMAR, Fundação Comendador Correia
Botelho, Garagem Miro - Mercedes Benz, Governo Civil de Vila Real, Hotel Miracorgo, Martins,
Cunha & C.ª LDA - Materiais de Construção, Ministério da Cultura (Delegação Regional da
Cultura do Norte) e Região de Turismo da Serra do Marão.
Merece igualmente destaque a mobilização da sociedade Vila-realense para a concretização deste projecto, tanto ao nível institucional como a título individual. Impressionou-me
a sua cumplicidade com a ideia, a forma genuína como a abraçaram, e o modo como se disponibilizaram para colaborar. Um grande agradecimento, pela sua prestimosa colaboração ao
Arquivo Distrital de Vila Real, à Biblioteca Municipal de Vila Real, ao Museu de Vila Real, ao
Jornal "A Voz de Trás-os-Montes”, e à FotoBila.
Um muito obrigado aos meus Amigos, que recordo com tanta saudade, cuja colaboração, de uma ou de outra forma, se veio a revelar imprescindível: Sr. Barreira Gonçalves, Sr.
Elísio Neves, Dr. Manuel Cardona, família do Sr. Achiles Ferreira de Almeida, coronel José
Daniel Barros Adão, tenente-coronel Francisco Claro Meneses, tenente-coronel Jorge
Gonçalves Magno, e sargento-chefe Victor Lucena Gonçalves. Os seus conselhos, opiniões e
material gentilmente cedido muito contribuíram para enriquecer este trabalho. Temos com eles
uma dívida de gratidão. Um obrigado ao tenente-coronel Pedrosa da Silva, pelos seus sempre
pertinentes conselhos no domínio da heráldica, e ao Dr. José Jacinto, professor da Academia
Militar, pela sua ajuda na revisão do texto.
Finalmente, um sentido e muito especial agradecimento aos militares do R.I. 13 que
participaram neste trabalho, pela enorme dedicação e espírito de missão demonstrados. Sem
eles, sem a sua prestimosa e desinteressada colaboração este projecto não teria passado apenas de mais uma ideia: ao major Ilídio Abelha pela sua generosa paciência em passar a pente
fino as mais de 73.000 páginas das Ordens de Serviço de 1911 a 1994, e ao empenho e determinação colocada na pesquisa e obtenção de documentação extremamente valiosa; ao sargento-ajudante Manuel Machado, pelo rigor, disponibilidade e relacionamento privilegiado com
o Arquivo Histórico Militar e com a Biblioteca do Exército que se veio a revelar de extrema utilidade.
Ao primeiro-sargento Ricardo Guerra pela sua insigne colaboração. Foi ele quem compôs e editou todo o trabalho, num tempo recorde com prejuízo das suas horas de repouso. Um
último agradecimento a todos os elementos da Secção de Informática do R.I. 13, na pessoa do
2.º sargento RC Simão Teixeira e da 2.º cabo Conceição Dias.
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Soldado do Regimento de Infantaria de Peniche (2.ª metade século XVIII).
A Companhia,
o Terço
e o Regimento de Peniche (de 1555 a 1806)
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
"...Digno feito de ser no mundo eterno
Grande no tempo antigo e no moderno..."
Luís de Camões, in Lusíadas
A COMPANHIA, O TERÇO E O REGIMENTO DE PENICHE (de 1555 a 1806)
O Terço de Peniche
A
história do Regimento de Infantaria n.º 13 (R.I. 13) remonta à criação da Companhia, do
Terço e do Regimento de Infantaria de Peniche, dos quais descende directamente. A
escassa informação disponível tem originado alguma controvérsia ao redor da data da fundação
do Terço de Peniche. Através das leis militares publicadas em 1549, primeiro ensaio de organização do Exército, D. João III mandou criar, em todas as terras do País de "certa importância",
companhias de Ordenanças, agrupadas ou não em Terços.
As Ordenanças repartidas em companhias obedeciam, em cada cidade, vila ou concelho, a um chefe intitulado CapitãoMor e exercitavam-se em dias não
destinados ao trabalho, realizandose exercícios gerais pela Páscoa e
pelo S. Miguel.
Peniche - Muralha da importante praça de guerra.
Fonte: História do Exército Português.
O agrupamento das companhias de Ordenanças em terços era
ditado pelas necessidades de defesa. Logo que cessava a causa que
tinha levado à sua criação, os
terços eram dissolvidos ou dispensados.
Peniche, pela importância do seu porto de mar e por ser a localidade mais populosa do
"termo de Atouguia", reunia as condições ideais para aquartelar uma unidade militar. Segundo
vários historiadores militares, na sequência da publicação daquelas leis militares, teria sido criado em Peniche, por provisão régia de D. João III, um Terço de Ordenanças, possivelmente no
ano de 1555. Contudo, tudo indica que inicialmente teria apenas sido levantada uma companhia.
Em 1570, o Papa Pio V conjuntamente com Filipe II de Espanha convidou o Rei D.
Sebastião a entrar numa liga contra os Turcos. Aceite o convite foi colocada uma Divisão às
ordens de D. João da Áustria, da qual faziam parte tropas do Terço de Peniche, que se distinguem pelo seu valor, na famosa Batalha de Lepanto, onde os Turcos foram derrotados.
Quando em 1640 Portugal proclamou a sua independência e aclamou como rei D. João
IV, o Exército encontrava-se reduzido à sua mais simples expressão, e as praças de guerra
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
votadas ao mais completo abandono. No sentido de inverter esta situação, são estabelecidos,
através do decreto de 10 de Julho de 1642, os efectivos do Exército, tendo sido atribuídos mil
infantes às guarnições de Cascais e de Peniche. Supõe-se que o efectivo desta última não
fosse inferior a três ou quatro companhias.
Quando as necessidades de
defesa assim o impunham, estas
companhias eram agregadas a
terços que se encontrassem desfalcados de efectivos. Durante a
Guerra da Restauração, forças da
guarnição de Peniche foram agregadas a outros terços, conforme as
necessidades do momento. Assim,
Batalha do Ameixial.
em 1646, encontramos "gente de S.
Fonte: História do Exército Português.
Gião e de Peniche" agregada ao terço de Campo Maior, o qual tomou parte na conquista do
castelo de Codiceira e na acção contra Telena, em 15 de Setembro do mesmo ano.
Existem também relatos da participação de uma companhia de infantaria de Peniche,
com um efectivo de cerca de 120 homens, em várias campanhas, entre 1650 e 1665, para fazer
vingar a restauração. Em 1658, uma companhia da guarnição de Peniche foi agregada ao Terço
de Cascais e, integrada nesta unidade, participou, de 12 de Junho a 11 de Outubro de 1658, no
cerco a Badajoz, na
defesa da Praça de
Elvas e na Batalha das
Linhas de Elvas, a qual
teve lugar a 14 de
Janeiro
de
1659.
Destaca-se ainda a participação da Infantaria de
Peniche nas Batalhas do
Ameixial, a oito de Junho
de 1663, de Castelo
Rodrigo, a sete de Julho
de 1664, e de Montes
Claros, a 17 de Julho de
1665.
Batalha das Linhas de Elvas.
Fonte: História do Exército Português.
O primeiro documento oficial conhecido que se refere explicitamente ao Terço de
Peniche é a consulta de 13 de Março de 1698, onde consta a nomeação do Conde de S. João
para comandante do Terço de Peniche, que por essa época é “levantado de novo”. Contudo o
Terço de Peniche só será criado a sete de Junho de 1698, através do decreto reorganizador da
Infantaria e da Cavalaria, com 670 infantes e a gente que tinha aquele presídio, ou seja, a Praça
de Guerra de Peniche, tendo sido levantado com base nas companhias de infantaria que, em
1693, faziam já parte da guarnição daquela praça de guerra.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Do Terço ao Regimento
A
permanente ameaça das esquadras inglesas e holandesas sobre a nossa costa, nos
primórdios do século XVIII, não só contribuiu para que o Terço de Peniche se mantivesse naquela praça de guerra como levou a um reforço considerável dos seus efectivos. Em
Maio de 1706, o Terço de Peniche participou na Guerra da Sucessão de Espanha, iniciada em
1703, onde terá feito parte do exército do Marquês das Minas, que tomou e cercou Ciudad
Rodrigo.
Em 1707, com a publicação das novas ordenanças de D. João V, os Terços passaram
a designar-se por Regimentos, unidades administrativas constituídas por 12 companhias, uma
das quais de Granadeiros. Em 1735, fruto de uma nova reorganização, surge uma nova unidade
táctica: o Batalhão.
Assim, o Regimento de Peniche passou a ser constituído por 2 batalhões, a 10 companhias de 60 homens, organização essa que se manteve até ao ano de 1762. Em 1740, o
Regimento de Peniche destacou para a Índia um batalhão para integrar a expedição militar que
libertou as Províncias de Bardez e Salcete, invadidas pelos Maratas e seus aliados. Este batalhão embarca em Lisboa, em Maio, e desembarca em Mormugão um ano depois.
Em 1756, iniciou-se uma guerra que envolveu quase todas as nações da Europa e
lugares do mundo, a qual ficou conhecida para a história como a Guerra dos Sete Anos. Até
1762, a Península Ibérica conseguiu manter-se afastada da complexa rede de alianças e declarações de guerra que iam ocorrendo pela Europa. Mas ao tomar consciência que só muito dificilmente Portugal se conseguiria manter afastado do conflito, o Marquês de Pombal antecipouse aos acontecimento e levou a cabo uma profunda reorganização do exército.
Face às exigências da guerra com Espanha e por determinação do Conde de Lippe, são
criadas novas unidades em 1762, tendo o Regimento de Peniche, tal como todos os outros, sido
desdobrado em dois, e os seus sucessores adoptado a designação de 1.º e 2.º Regimentos de
Infantaria de Peniche.
Os dois Regimentos de Peniche participaram na campanha contra os espanhóis, de
1762 a 1763, mas não chegaram a entrar em combate, sendo submetidos a penosas marchas
e contra-marchas. No final desta campanha, através do Decreto de 10 de Maio de 1763, os dois
Regimentos fundem-se num só, tendo o Conde de Lippe continuado a trabalhar na reorganização e na preparação do exército.
No período que medeia entre 1764 e 1790, por ordem do Conde de Lippe, o Regimento
de Peniche participa em várias manobras. Para avaliar a sua operacionalidade, foi objecto de
várias inspecções, destacando-se a que foi efectuada pelo Inspector-geral, brigadeiro P.
Prestone, cujo relato enaltece o desempenho do Regimento nos exercícios, bem como a sua
capacidade de conservação do armamento.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Regimento de Peniche na Campanha do Russilhão e da Catalunha
(de 1793 a 1795)
A
Revolução Francesa e a morte de Luís XVI provocaram uma coligação de quase todas
as monarquias europeias contra a França. Depois de a Convenção ter declarado guerra
a Londres, a um de Fevereiro de 1793, e de Madrid ter mostrado a sua disposição para integrar
a coligação anti-francesa, não havia maneira de Portugal se manter à margem dos combates.
A campanha do Russilhão, nos Pirinéus, foi um caso particular dessa vasta coligação que se
levantou para derrubar a revolução jacobina que tinha instaurado a república em França. Neste
contexto, a Espanha solicitou a Portugal uma contribuição militar, tendo os termos dessa contribuição sido acordados a 15 de Junho de 1793.
Assim, Portugal intervém no conflito, em 1793, ao lado da Espanha com uma “Divisão
Auxiliar” de 5.000 homens, da qual fazia parte o Regimento de Peniche, com um efectivo de 718
homens, naquilo que ficaria conhecido como a Campanha do Russilhão e da Catalunha, que
durou até 1795. O Regimento participou activamente em vários combates desta campanha,
tendo perdido muito equipamento e sofrido, como os
outros regimentos portugueses, pesadas baixas, tendo
o seu comandante e 2.º
comandante sido feridos em
combate.
A força portuguesa
parte do Tejo a 20 de
Setembro de 1793 e desembarca no porto de Rosas, na Teatro de Operações da Campanha de Russilhão e Catalunha.
Fonte: História do Exército Português.
Catalunha, a nove de
Novembro. As forças do Regimento de Peniche participam na ofensiva a Céret, em que conseguem desalojar os franceses das suas trincheiras e tomar-lhes os canhões. No dia seguinte,
o Regimento recebe ordem para ocupar e defender a povoação de S. João de Pagés, afim de
cobrir a ponte sobre o rio Céret, posição que ocupa com outras unidades até finais de
Dezembro, altura em que recolhe a quartéis de Inverno, em S. Laurent de Cerdas, onde se conserva até 22 de Janeiro de 1794. As constantes acções da guerrilha francesa transformam o
período de repouso numa penosa campanha.
Em 1794, a situação modificou-se nos Pirinéus. No dia 29 de Abril, ocupando o
Regimento posições para a defesa das pontes de Céret e de Reynes, o inimigo desencadeia
um forte ataque em toda a frente aliada. É repelido pelas nossas tropas, mas no dia seguinte
realiza um novo ataque com tropas frescas, obrigando o Conde da União, comandante-chefe
dos aliados, a dar ordem de retirada, a qual se processa de uma forma lastimável. Três companhias do Regimento deixam-se invadir pelo pânico, fugindo em confusão.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Mais tarde, quando a coluna se encontrava entre Céret e Maureillas, o Regimento
recebe ordem para seguir para Figueras através das montanhas, mas quando as tropas
começavam a subir as encostas, é-lhes ordenado que não abandonem a estrada. As ordens e
contra-ordens provocaram uma tremenda confusão, transformando a retirada numa fuga desordenada.
O exército hispano-português conseguiu chegar a Figueras, mas completamente
desmoralizado e desbaratado. Aí se reorganizou, contribuindo para aumentar a capacidade
defensiva desta praça, constantemente incomodada pelas arremetidas do inimigo, numa das
quais conseguiu apoderar-se da posição de S. Lourenzo. A 18 de Maio, o Regimento de Peniche
participa na tentativa aliada de reconquistar esta posição, sendo-lhe atribuída a missão de ocupar uma linha de alturas à esquerda da ponte de Molins.
O tenente-coronel Bernardim Freire de Andrade, comandante interino do Regimento,
organiza defensivamente as suas posições e faz as obras necessárias à colocação da artilharia
que lhe tinha sido atribuída para proteger a sua retirada, caso o ataque fosse mal sucedido. As
colunas espanholas iniciaram o ataque, obtendo, de início, algumas vantagens. Mas, subitamente, foram tomadas pelo pânico e debandaram, desorganizando todas as tropas que se
encontravam no caminho.
Nas posições acima referidas, à esquerda da ponte de Molins, o Regimento de Peniche
consegue suster vários ataques franceses, que repele, até que, em 13 de Agosto, é incorporado numa coluna para atacar os francesas e forçá-los a retirarem-se para os Pirinéus. Os
granadeiros do Regimento de Peniche, conjuntamente com os granadeiros dos regimentos de
Cascais, do 1.º do Porto e do 2.º de Olivença, constituem um batalhão sob o comando de
tenente-coronel Bernardim Freire, o qual foi encarregado de constituir uma reserva e apoiar um
ponto guarnecido por Somaténes, à retaguarda de Palau.
O ataque é repelido, e as tropas espanholas são obrigadas a retirar. Os nossos
granadeiros não só sustentam corajosamente a retirada daquelas forças, como apoiam com
muita decisão e energia a cavalaria espanhola, que procurava impedir o avanço dos franceses.
Após este ataque, todas as forças recolhem às suas antigas posições em Figueras.
Em 17 de Novembro, encontrava-se o Regimento de Peniche no acampamento de La
Salud, quando os franceses atacam impetuosamente as posições aliadas. Às três horas da
madrugada, já quando troava a artilharia inimiga, é ordenado ao Regimento que ocupe uma
linha de alturas, anteriormente ocupada por um regimento espanhol, e defenda a estrada que
dessa linha de alturas se dirigia para a bateria de La Fita.
Os franceses começaram a bater pelo fogo esta posição e a retaguarda da linha ocupada pelos aliados, ao mesmo tempo que atacavam com toda a impetuosidade a posição da
ermida da Madalena, ocupada por um batalhão que tentava a todo o custo deter o avanço do
inimigo.
Dada a violência do ataque, foi ordenado ao Regimento que reforçasse aquela posição.
Mas, antes de a atingir, Bernardim Freire apercebeu-se de que o batalhão que guarnecia a
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
esquerda daquela posição batia em retirada, completamente destroçado, e que os franceses
já se tinham apoderado daquele posto. Na impossibilidade de continuar a marcha e de restabelecer a situação com as poucas forças de que dispunha, resolve retroceder e recolher a um
reduto próximo. Mas esta retirada viria a revelar-se extremamente difícil, não só devido ao fogo
inimigo mas também porque o caminho se encontrava cortado por um regimento espanhol que
debandava desordenadamente, fazendo com que as tropas do Regimento perdessem a sua
coesão e boa ordem.
Contudo, foi julgado pelo comando superior que as tropas do Regimento ainda se
encontravam aptas para deter os franceses, tendo-lhe sido ordenado que marchassem ao seu
encontro. Vendo o comandante que não era auxiliado no seu ataque por quaisquer outras forças
e que esta não podia dar qualquer decisão ao combate, optou por retirar-se, a fim de não sacrificar o remanescente da Unidade. O Regimento de Peniche, como todos os outros regimentos portugueses, sofreu elevadas perdas e danos.
Passados dois dias, um novo e tremendo desastre vem juntar-se ao do dia 17 de
Novembro. Os exércitos aliados, sob a pressão dos franceses, são obrigados a retirar para
Gerona, a qual se desenrolou de um modo tumultuoso e numa fantástica desordem, especialmente por parte das tropas espanholas. De posição em posição, sempre com os franceses na
ilharga, o exército retira até Gerona, onde se acantona a 1 de Dezembro de 1794. A “Divisão
Auxiliar” fica em reserva, acantonada na região de Olivia, onde se mantém durante todo o
Inverno e Primavera de 1795. Não toma parte em quaisquer operações de monta, intervindo
apenas nalgumas pequenas escaramuças e combates de postos avançados.
Em Julho, o comando aliado decide atacar a
praça de Puig Cerdá, ocupada pelos franceses. É organizado um destacamento do
qual fazem parte dois batalhões portugueses, constituídos por praças de todos os
regimentos, com um efectivo
de 800 homens.
A operação teve
lugar no dia 24, tendo os dois
batalhões marchado ao
ataque cobertos pelos atiradores, inovação introduziAtaque a Puig-Cerdá.
da na táctica tradicional
Fonte: História do Exército Português.
somente nesta ocasião.
Apesar da defesa enérgica e das pesadas baixas infligidas às forças atacantes, ao fim de duas
horas de renhidos combates, as forças aliadas conseguiram entrar na praça e aprisionar a
guarnição com dois generais.
19
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Com esta vitória, os portugueses despediram-se desta campanha com um importante
feito de armas, que os compensou, em parte, dos reveses sofridos e da obscura acção desempenhada depois da retirada para Gerona. A quatro de Setembro, as hostilidades foram suspensas, e a “Divisão Auxiliar” regressa à Pátria, onde chega a 10 e 11 de Dezembro, sendo recebida pela população com grandes manifestações de regozijo e simpatia. Face ao comportamento dos militares do Regimento de Peniche nesta campanha, o Príncipe Regente, por Decreto de
17 de Dezembro, confere-lhe uma bandeira de honra com a legenda:
“Ao valor do Regimento de Peniche – 1795”
Mas o desfecho do conflito trouxe uma surpresa inesperada quando a República
Francesa e o governo de Carlos IV assinaram secretamente a Paz de Basileia, em Julho de
1795, sem prestar contas ao seu homólogo de Lisboa. Este acordo, deliberadamente hostil aos
interesses britânicos, tornava praticamente impossível a manutenção da única linha de rumo
conveniente à diplomacia nacional, ou seja, a neutralidade perante a mais do que provável guerra entre a Espanha e Inglaterra. Em Outubro de 1796, com a abertura das hostilidades entre os
antigos aliados, voltaram a agitar-se velhos fantasmas.
Uma vez mais, o Governo português iria ter de tornar compatível a defesa das colónias
e do tráfico ultramarino com a segurança das fronteiras continentais, num exercício arriscado
que se prolongou até 1807. Em 1798, numa manobra dissuasora, o Governo ordena a concentração de forças ao redor de Lisboa, com a finalidade de defender a cidade da ameaça de uma
invasão francesa e espanhola, tendo o Regimento de Peniche participado nesta acção, concentrando as suas forças na região da Azambuja.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Regimento de Peniche na Campanha de 1801
N
o plano militar, ao aproximar-se o final do século, as operações estavam a correr de
feição para os exércitos revolucionários no teatro de guerra europeu, criando a perspectiva pouco agradável de estes poderem, a qualquer momento, voltar as suas atenções para o
extremo ocidental da Península Ibérica.
As sucessivas vitórias militares de Bonaparte alimentavam as pressões de Madrid, que
pedia, uma vez mais, a interdição dos portos lusitanos aos navios de Sua Majestade Britânica,
às quais o governo de Lisboa reagiu com assinalável placidez, mas sem nunca pôr em causa a
velha aliança. A situação iria manter-se nesta indefinição por alguns meses, até que, em Maio
de 1801, se assistiu à invasão do Alentejo por parte de um contingente franco-espanhol, dando-se início ao que ficou conhecido como a Guerra das Laranjas.
O estado de desorganização e indisciplina em que se encontrava o nosso exército
impossibilitava uma resistência séria a qualquer ataque. Iniciada a campanha, renderam-se,
logo de seguida, as praças de Olivença e Juromenha, enquanto as de Portalegre e Castelo de
Vide eram abandonadas sem reacção.
Ao ser declarada a guerra, Portugal preparou-se para a defesa, sendo o exército organizado em três destacamentos: um destinado à defesa do Minho, outro, à da Beira Baixa, e um
terceiro, à do Alentejo, por sinal o mais importante. Este corpo era composto por três divisões.
À divisão do centro pertenciam dois batalhões de granadeiros e caçadores dos regimentos do
Alentejo e da Estremadura e, consequentemente, lá se encontravam as companhias de
granadeiros e caçadores do Regimento de Peniche. Bernardim Freire de Andrade, na altura
brigadeiro, comandava este grupo de batalhões.
As companhias de fuzileiros do Regimento de Peniche foram integradas na 2.ª Brigada
da 1.ª Divisão, tendo a 10 de Maio marchado para o Alentejo e acampado nas proximidades de
Portalegre. As companhias de granadeiros e de caçadores do Regimento acantonaram, inicialmente, em Castelo de Vide e Marvão, mas ao iniciarem-se as operações, em 20 de Maio,
encontravam-se entre Alegrete e Arronches.
Em 29 do mesmo mês, quando Arrochete foi atacada, os batalhões comandados por
Bernardim Freire de Andrade sustentaram o ímpeto da cavalaria espanhola, protegendo a desordenada retirada das forças portuguesas que se encontravam naquela região. Todo o exército retira em seguida para Gavião e daqui para Abrantes, perseguido de perto pelas tropas
espanholas. E, assim, terminou uma rápida e vergonhosa campanha, em que perdemos
Olivença para sempre, e em que nos comprometemos a fechar os portos à Inglaterra e a pagar
uma pesada indemnização à França e à Espanha, que nunca chegou a concretizar-se.
21
Convento de S. Francisco: Cerimónia de um Juramento de Bandeira na Parada do “Quartel Velho”
(14 de Fevereiro de 1909).
Fonte: Jornal “A Voz de Trás-os-Montes, 20 Dezembro de 1984”.
O Regimento de Infantaria N.º 13
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Panorâmicas do R.I. 13
24
Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Jardim público e Quartel de Infantaria 13.
Fonte: Collection Portugaise, Éditeur F. A. Martins, Camões, 35, Lisbonne.
N
a sequência da organização do Exército levada a cabo em 1806, os regimentos passaram a ser numerados, tendo sido atribuído ao Regimento de Peniche o n.º 13, cujo
quartel permanente passou a ser em Lisboa.
Na sequência de prolongadas negociações diplomáticas em que o Governo português
tentou, a todo o custo, manter o seu estatuto de neutralidade, o Governo francês lança um ultimato em que exige o encerramento dos portos nacionais à navegação britânica e a detenção e
confisco das riquezas e propriedades dos cidadãos britânicos instalados em território nacional.
Num gesto de desespero destinado a travar a invasão eminente, o Governo português,
através de um decreto publicado em Outubro de 1807, cede às exigências da França, mandando encerrar os portos portugueses aos navios britânicos e deter os súbditos de Sua
Majestade. Como esta determinação tivesse provocado reacções negativas por parte da
Inglaterra, foram tomadas algumas medidas para reforçar a defesa das costas, nomeadamente
a protecção da barra do Tejo.
É neste contexto que o Regimento de Infantaria n.º 13 (R.I. 13), é destacado para
Peniche, onde permanece até Novembro de 1807, data em que regressa à capital, a fim de
embarcar para o Brasil acompanhando a família real. Perante a anarquia reinante na capital, as
tropas recusam-se a embarcar e desertam em massa. Apenas o seu comandante, o coronel
José de Sousa, acaba por acompanhar a família real na sua viagem.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 nas Invasões Francesas e na Guerra Peninsular
A 29 de Novembro de 1807, Junot, o comandante da 1.ª Invasão Francesa, chega a
Lisboa. A conquista de Portugal tinha sido feita sem a menor resistência. Para consolidar o seu
poder, dissolve o Exército Português, licenciando, primeiro, muitas tropas de linha, dispersando
as restantes por várias terras da província, dissolvendo, depois, as milícias e ordenanças, e
organizando, por fim, com a tropa de linha, um corpo que, sob a designação de Legião Lusitana,
comandada pelo Marquês de Alorna, foi engrossar o exército imperial francês.
Parte dos elementos do R.I. 13 foram incluídos no 1.º Regimento dessa Legião, que,
em Março de 1808, marchou para França, a fim de combater às ordens de Napoleão. De 1808
a 1813, este Regimento tomou parte em todas as campanhas e cobriu-se de glória na Batalha
de Wagram e na Campanha da Rússia. Após a derrota de Junot e a assinatura da Convenção
de Sintra, as tropas francesas abandonaram o território nacional em meados de Setembro.
Portugal via-se livre dos franceses e podia, com a ajuda dos ingleses, preparar-se para a defesa, pois não era de crer que a guerra ficasse por ali.
Assim, após a partida das tropas francesas, inicia-se imediatamente a reorganização do
País, a reconstrução do exército e o armamento geral da Nação. Em 30 de Setembro de 1808,
um edital da Junta Governativa do Reino determina que os componentes dos regimentos dissolvidos se reunissem em diversas localidades, para se levar a efeito a reorganização das suas
antigas unidades. Para o R.I. 13, assim como para os R.I. 4, 10 e 16, é-lhe fixado Lisboa como
local de reunião.
Com base nas preocupantes notícias existentes sobre as acções do exército francês
em Espanha, em Janeiro de 1809, o R.I. 13 marchou para o Alentejo, incorporado num destacamento constituído por unidades da guarnição de Lisboa, com a missão de vigiar o 4.º Corpo
de Exército francês e defender vários pontos de passagem no rio Tejo.
Na sequência dos desenvolvimentos militares ocorridos em Espanha, foi ordenado a
este destacamento para não ultrapassar a fronteira e concentrar-se em Tomar, onde passou a
fazer parte da Divisão encarregue da defesa da Beira Baixa e das passagens do Zêzere. O R.I.
13, conjuntamente com o Regimento de Infantaria n.º 1, passou a constituir a 2.ª Brigada daquela Divisão.
Em fins de Março desse ano, as companhias de granadeiros daqueles dois Regimentos
insubordinaram-se por não quererem ser comandados por oficiais ingleses, acto que mereceu
ásperas censuras ao Marechal Beresford, na altura Comandante-em-Chefe do Exército português.
Tal levou a que as companhias insubordinadas fossem enviadas para a retaguarda do
exército até que a sua conduta os tornasse dignos de se reunirem aos seus regimentos. A pena
foi escrupulosamente cumprida. Aquando da concentração do exército anglo-luso em Coimbra,
apenas um batalhão do R.I. 13 foi incorporado na Divisão do coronel Trant, o qual foi encarregue
de vigiar as passagens no rio Vouga. As restantes companhias do Regimento continuaram na
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Século XIX
2.ª Brigada, agora comandada por Campbell, estando concentradas em Torres Novas.
Combate de Grijó.
Fonte: História do Exercito Português.
Em Maio de 1809, com o norte do país invadido pelo exército do general Soult, um
batalhão do R.I. 13 integrou a força que obrigou os franceses a retirar para Oliveira de Azeméis,
tendo-se empenhado nos combates de Albergaria, em 10 de Maio de 1809, e de Grijó, no dia
seguinte, e obrigado os franceses a abandonar as suas posições. Seguidamente, um efectivo
do R.I. 13 de 304 praças, comandadas pelo major Sales de Carvalho, colaborou no ataque à
cidade do Porto, a qual o general Soult foi constrangido a abandonar, sendo forçado a retirar- se do país.
Em Julho, o R.I. 13 recebeu ordem para se reunir ao exército de Beresford, tendo sido
incumbido de observar os movimentos do exército francês, defender o desfiladeiro de Perales
e cobrir o flanco esquerdo de Wellington, em Espanha, na sua jornada em Talavera de la Reyna,
onde dá por terminada a perseguição das forças francesas em território espanhol. Uma vez
afastada a ameaça do exército francês de invadir o país pela Beira Baixa, foi determinado que
as diferentes unidades que participaram nestas jornadas recolhessem a quartéis.
É então que o R.I. 13 recolhe ao quartel em Tomar, onde o vamos encontrar em Agosto
de 1809. Nesta cidade, o R.I. 13 continuou a exercitar-se, sujeito a um treino rigoroso, tornando-se numa unidade de elite do exército de então.
Nos últimos meses de 1809, a Infantaria sofre uma nova remodelação no agrupamento dos regimentos. O R.I. 13 passou a fazer parte da 12.ª Brigada, conjuntamente com Infantaria
20. Quando este corpo é destacado para Cádis, o R.I. 13 passa, conjuntamente com o R.I. 11
e o R.I. 23, a integrar a 9.ª Brigada, à qual já havia pertencido.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A 27 de Setembro de 1810, o general Massena invade Portugal (3.ª invasão) à frente
de um poderoso exército, enfrentando o exército anglo-luso no Buçaco, onde se travou uma
batalha a 27 de Setembro de 1810, em que o R.I. 13 participou, integrado na 10.ª Brigada, conjuntamente com Infantaria 12 e Caçadores 5.
Na batalha do Buçaco, esta Brigada, comandada pelo brigadeiro Thomaz Bradford,
tinha por missão defender a ponte de Mucela, apoiar a cavalaria e cobrir o flanco direito de
exército anglo-luso. Infantaria 13 entra na batalha com um efectivo de 1078 praças, sem sofrer
baixas. Quando, após aquela batalha, o exército retira estrategicamente para as Linhas de
Torres, o R.I.13 é encarregue, juntamente com tropas de 2.ª linha, de defender Peniche, mas
demora-se pouco tempo nesta Praça, pois passa a fazer parte da guarnição de Abrantes.
A 22 Outubro, Infantaria 13 empenhou-se novamente em combate na região de
Punhete, hoje denominada Constância ou Vila Nova de Constância, repelindo violentamente um
reconhecimento inimigo. Parece não restar qualquer dúvida, e vários especialistas em história
militar assim o afirmam, de que foi o R.I. 13 quem defendeu Punhete e a praça de Abrantes
desde fins de Setembro de 1810 a Março de 1811.
Supõe-se que se tenha mantido nesta cidade ainda por mais uns meses, visto não ter
acompanhado o exército de Wellington na perseguição a Massena nem ter tão pouco acompanhado o exército de Beresford para o Alentejo quando este conquistou as praças de Campo
Maior e Olivença, em Maio de 1811. Provavelmente só voltou a participar em operações no mês
de Agosto, quando foi integrado na 10.ª Brigada, na qual vai participar em toda a campanha da
Guerra Peninsular.
Em Abril de 1811, Massena é batido em Fuentes d’Oñoro, e, ainda em Abril, as últimas
forças francesas em território nacional são batidas em Campo Maior e Olivença. Contudo, os
combates junto à fronteira portuguesa prosseguem durante todo o ano de 1811.
Em Setembro, Marmont, depois de abastecido em Ciudad Rodrigo, quis sondar o inimigo, efectuando um reconhecimento ofensivo à fronteira portuguesa entre Bodon e Alfaiates. A
27 Setembro de 1811, dá-se o combate de Alfaiates, em que o R.I. 13 toma parte, sofrendo os
franceses uma pesada derrota.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Século XIX
A Campanha de 1812 – A Ofensiva de Wellington
N
o início de 1812, o país encontrava-se liberto dos franceses e de
qualquer ameaça de invasão: o general
Massena havia sido expulso do território
e obrigado a internar-se em Espanha, e
os restantes exércitos franceses da
Península não se encontravam, de
momento, em condições de poderem
realizar qualquer operação militar credível.
Vencida a última invasão francesa do território nacional, a guerra contra
os exércitos franceses prosseguiu em
Espanha, onde os soldados portugueses
continuaram a pelejar, às ordens dos
britânicos.
Wellington resolveu tomar a
ofensiva para expulsar os franceses de Cerco e Tomada de Ciudad Rodrigo.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
Espanha, onde já se manifestava uma
revolta contra as forças de ocupação. Para poder realizar os seus intentos, o comandante do
exército anglo-luso apodera-se, em
primeiro lugar, das praças portuguesas de Almeida e Elvas e lança-se
contra Ciudad Rodrigo, da qual consegue apoderar-se após 12 dias de
cerco. Com uma rapidez fulminante,
concentra todo o seu exército no
Alentejo, de onde parte para a tomada de Badajoz.
O R.I.13 participa no cerco a
esta cidade, cujo o assédio dura até
à noite de seis para sete de Abril,
data em que tem lugar o assalto final
que leva à queda da praça, pelas
seis horas do dia sete. O R.I. 13 não
toma parte neste assalto, mas realiza as operações de investimento à
Cerco e Tomada da Praça de Badajoz.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
praça com um efectivo de 1003
homens. Em Maio, o R.I. 13 participa na tomada de Salamanca.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Em Junho, Wellington resolve atacar Marmont, dispondo, para esse efeito, as suas
tropas em três colunas, que atravessam o rio Águeda em 13 de Junho, na direcção de Valmuna,
pequeno ribeiro a cerca de oito quilómetros de Salamanca, onde encontra o exército de
Marmont.
Durante 20 dias,
Marmont e Wellington estudam-se mutuamente, procurando descobrir pontos fracos
no dispositivo de cada um,
para se poderem empenhar
numa
batalha
decisiva.
Durante esses dias, travam- se várias acções de fortuna
vária, irrelevantes do ponto
de vista operacional.
Conquistados
os
fortes que os franceses tinham construído em volta de
Salamanca, os dois exércitos
ocuparam, em 21 de Julho, as
suas posições de combate.
Tendo-se apercebido
de que o dispositivo francês
se encontrava extraordinariamente
enfraquecido
na
esquerda, Wellington decide
reforçar a direita do seu
exército com mais uma
Divisão e determina que esta,
juntamente com a 4.ª Divisão
e a 10.ª Brigada, da qual fazia
parte o R.I. 13, atacassem de
frente o inimigo, enquanto Batalha de Salamanca.
uma outra Divisão e a cavalaria o atacariam pelo flanco esquerdo.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
O ataque, no qual participa a 10.ª Brigada, é de tal modo violento que consegue desalojar as tropas francesas das suas posições, levando-as diante de si, de posição em posição,
até as desorganizarem completamente e as obrigarem a uma retirada total. Nesta acção, o
exército anglo-luso conseguiu uma das mais brilhantes vitórias de toda a Guerra Peninsular.
Ambos os lados sofreram pesadas baixas nesta batalha; para além dos mortos, os franceses
deixaram no campo de batalha 7000 prisioneiros, e o exército anglo-luso, cerca de 5000 mortos e feridos, dos quais metade eram portugueses.
30
O comandante da 10.ª Brigada, general Bradford, foi louvado pela sua heróica conduta. Infantaria 13, comandada pelo tenente-coronel D. Joaquim da Câmara, entrou na batalha
com 902 homens, tendo apenas contado com um soldado morto e dois extraviados.
Mais tarde, o R.I. 13 participou no cerco a Burgos, onde as forças anglo-lusas se
defrontaram com uma guarnição francesa extremamente aguerrida, não tendo sido felizes nesta
acção. Durante mais de um mês, sucedem-se os assaltos ao castelo sem se conseguir obter
uma decisão, tendo Infantaria 13 tomado parte nalguns deles e deixado alguns mortos e feridos
no campo de batalha.
Cerco aos Fortes de Salamanca.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
Por fim, ameaçado pelos exércitos franceses já reconstituídos e reorganizados,
Wellington retira de Burgos para os seus acantonamentos entre os rios Águeda e Côa. Infantaria
13 acompanha os movimentos do exército, terminando assim a sua participação na campanha
de 1812, tendo no seu activo a brilhante vitória em Salamanca e a conquista de Ciudad Rodrigo
e de Badajoz.
31
Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A Campanha de 1813 – Nova ofensiva de Wellington
Itinerário da Ofensiva de Wellington.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
A
20 de Junho, uma vez feita a junção de todas as colunas aliadas que tinham partido de
Portugal em meados de Maio, todo o exército anglo-luso se encontra acampado nas
margens do rio Zadorra, não longe de Vitória, onde se irá travar no dia seguinte uma das mais
sangrentas batalhas da campanha peninsular. Nesta batalha, Infantaria 13 teve um papel
secundário.
A Brigada em que se inseria foi encarregue de atacar a povoação de Abechuco, juntamente com a Brigada do general Pack, evidenciando grande audácia e valentia. O inimigo foi completamente derrotado, perdendo
toda a sua artilharia e imenso material de
guerra.
Na batalha de Vitória decidiu-se o destino dos franceses em Espanha. Depois dessa
acção, os reveses dos franceses sucederam- se ininterruptamente.
Na impossibilidade de se retirar pela
estrada de Baiona, o exército francês fá-lo
pela de Pamplona, onde se dá uma batalha
em que Infantaria 13 esteve presente, comandado pelo tenente-coronel D. Joaquim da
Câmara, com um efectivo de 951 homens.
32
Planta da batalha da Vitória.
Fonte: História da Guerra Civil, Tomo IV.
No combate, porém, só tomaram parte as companhias de granadeiros comandadas
pelo major Kennet Snodgrass. Seguidamente, a 24 e 25 de Junho, o R.I. 13 voltou a enfrentar
o inimigo em Vila Franca de Lascaño e em Tolosa. A grande valentia e audácia com que se bateram as tropas portuguesas foram objecto de referência elogiosa por parte do general
Beresford:
“...Aproveito esta ocasião para exprimir ao Snr. Marechal de Campo Thomaz Bradford,
a minha satisfação pela conduta da Brigada do seu comando, Regimentos de Infantaria 13 e 24
e Batalhão de Caçadores 5, nos combates de Vila Franca e Tolosa, onde estes corpos se conduziram de modo que o Snr. General Comandante ficou satisfeito...”.
Não quis Wellington, prudente como era, continuar a perseguição do inimigo dentro do
seu próprio território sem, antes disso, se apoderar de uma base de operações que lhe garantisse o abastecimento por mar e o desembarque de reforços, caso disso viesse a necessitar.
Para este fim, estava naturalmente indicado o porto de S. Sebastian, praça que imediatamente resolveu conquistar. Desta acção foi encarregue o general Graham com as forças
sob o seu comando, entre as quais
se encontrava a
10.ª Brigada e,
consequentemente, o R.I. 13.
O R.I. 13
participou
no
cerco e nos vários
assaltos à praça
que antecederam
o assalto final levado a cabo no dia
31, onde entrou
com um efectivo
de 745 homens,
comandados pelo
major
Kennet
Snodgrass.
Apesar
de
o
assalto perpetrado
pela 3.ª Brigada
Assalto à Praça de S. Sebastian.
Fonte: Exertos Históricos e Colecção de Documentos, Volume IV.
ter sido feito com
toda a valentia, debaixo de um fogo mortífero, não conseguiu penetrar na praça, porque a
brecha não dava passagem a mais de um homem de cada vez.
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Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Apesar disso, os regimentos de infantaria n.º 3 e 15 e o n.º 8 de caçadores iniciaram a
escalada da muralha. Os defensores, porém, opuseram uma tenaz resistência que quase
esmagou as tropas aliadas.
Foi então que o major Kennet Snodgrass, à frente de 150 homens do R.I. 13, “...atravessou com maior denodo e bizarria a ribeira de Urumeia e lançou a força do seu comando ao
assalto de uma pequena brecha. A coragem, o sangue frio e a decisão com que este ataque é
levado a efeito não é fácil de descrever. A artilharia aliada batia incessantemente a cortina que
estava a ser atacada, passando as granadas poucos metros acima das cabeças dos nossos soldados. E, ao abrigo deste fogo e apoiados por um destacamento de Infantaria 24, comandada
pelo Coronel Mac Bean, foi que estes 150 bravos, batidos por toda a metralha que os defensores lançavam sobre eles, conseguiram atingir a brecha e penetrar na cidade...”.
É de destacar que todos os elementos do R.I. 13 foram para esta perigosa missão de
forma voluntária, o que demonstra e patenteia o elevado grau de brio e valor daqueles soldados. Durante as operações, de 9 de Julho a 31 de Agosto, o R.I. 13 teve 26 mortos, entre os
quais o capitão Silva Neves e o alferes José Maria Marcel, e 47 feridos entre oficiais e praças.
Reconhecendo o valor, a aguerrida coragem e o patriotismo das tropas portuguesas, o general
Beresford publicou na Ordem do dia nove de Setembro de 1813 o seguinte:
«...Sua Ex.ª não pode deixar de particularizar a conduta de todo o destacamento da 10.ª
Brigada Portuguesa, comandada pelo Coronel Mac Bean, e a do Major K. Snodgrass, que mereceu o melhor elogio. Nunca se mostrou valor mais determinado, e ao mesmo tempo que melhor se regulasse do que o do referido destacamento. Foi admirado por todos! O snr. Mac Bean
aceitará e dará ao Major K. Snodgrass, aos oficiais inferiores e soldados a segurança da admiração e os agradecimentos de Sua Ex.ª, e o seguinte louvor:
Louvado pela maneira como soube haver-se em movimentos de arrogante avançada e
nos momentos em que mais ferida correu a peleja, debaixo de todo o fogo que da cidade e do
Castelo se podia dirigir contra eles, portando-se por modo verdadeiramente marcial e digno,
captando a admiração e aplauso dos chefes superiores dos Exércitos Aliados...».
O desempenho do R.I. 13 nesta acção levou a que esta data, 31 de Agosto, fosse escolhida para dia da Unidade, de modo a enaltecer e lembrar os heróis que combateram em S.
Sebastian, e que são exemplo para todos os militares que serviram e continuam a servir no R.I.
13.
Estes soldados contribuíram inegavelmente para que as primeiras colunas não fossem
esmagadas junto à muralha e para a imediata tomada da praça. Uma vez caída a praça, o
remanescente da guarnição de S. Sebastian retirou-se para o castelo, onde continuou o cerco
até 8 de Setembro, dia em aquela resolveu entregar-se, após 73 dias de intensas lutas e
grandes privações.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
C
om a tomada de S. Sebastian, Wellington achou-se em condições de invadir a França,
tendo para tal que realizar a difícil travessia do rio Bidassoa. O R.I. 13 tomou parte nesta
acção, realizada a 7 de Outubro, cabendo-lhe a honra de integrar as primeiras forças aliadas
que, como vencedoras, pisaram o solo de França. O inimigo, sob pressão das tropas aliadas,
retirou para novas posições no rio Nivelle, onde é atacado a 10 de Novembro.
Passagem de Bidassoa.
Fonte: História do Exército Português.
Após algumas horas de combate, Wellington consegue romper as suas posições e estabelecer-se na margem direita do rio, obrigando as tropas francesas a retirar-se para o campo
entrincheirado de Bayonne, onde montaram postos avançados ao longo do rio Nive, o qual
desagua no rio Adour, junto àquela cidade.
A 8 de Dezembro, o corpo de exército a que o R.I. 13 pertencia foi encarregue de atacar
os postos avançados do inimigo entre o Nive e o mar, enquanto as restantes forças atravessavam aquele rio. Infantaria 13, com um efectivo de 354 praças e comandado pelo tenente-coronel João Saldanha Oliveira Daun, mais tarde Duque de Saldanha, tomou parte nesta batalha. A
operação foi coroada de êxito. No dia seguinte, 10 de Dezembro, Infantaria 13 integrou as
forças que aguentaram um poderoso ataque lançado pelo general Soult contra a esquerda aliada, o qual repeliram.
Em 11 e 12, estas mesmas forças conseguem repelir os sucessivos ataques lançados
pelo exército francês, o qual, em face do fracasso da sua ofensiva, retira para Bayonne. No dia
13, julgando Soult que os aliados tivessem enfraquecido a sua direita, lança um novo ataque
sobre aquelas posições. Não só o ataque é repelido como também Soult é obrigado a retirar
para novas posições entre os rios Bidouse e Adour, tendo a sua direita apoiada no campo
entrincheirado de Bayonne.
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Século XIX
O Fim da Guerra Peninsular
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Esta seria uma das mais sangrentas batalhas de toda a campanha, bem atestada pelas
baixas sofridas por todas as unidades que nela tomaram parte. Infantaria 13, na esquerda do
dispositivo, no dia nove, protegeu a passagem do Nive, permitindo a sua passagem pelas
unidades que se encontravam na direita e no centro do exército aliado; e nos dias 10, 11 e 12
susteve os ataques inimigos sobre a sua posição.
Participou nestas acções com um efectivo inicial de 749 homens, sempre comandado
pelo tenente-coronel Oliveira Daun, tendo tido as seguintes baixas: 21 mortos, 35 feridos, dos
quais um oficial, e 46 prisioneiros ou extraviados, num total de 102 homens.
A Ordem do Dia 25 de Dezembro de 1813 refere-se a esta acção com as seguintes
palavras:
“...A Nação Portuguesa, sem se lembrar dos feitos gloriosos dos seus antepassados,
olhando somente para o que tem sucedido na presente guerra, não pode duvidar que sempre
que ouvir falar duma batalha em que as tropas tenham cooperado, há também que ouvir elogiálas...a sua reputação já estava afirmada e o está igualmente a estima e admiração dos seus valorosos companheiros de armas do exército britânico, existindo só entre uns e outros uma emulação honrosa para todos e uma estima e amizade recíproca...o snr. marechal de campo
Bradford, comandante da 10.ª Brigada, assegurará ao snr. Tenente-coronel João Carlos
Saldanha de Oliveira Daun...e aos mais oficiais, oficiais inferiores e soldados da aprovação de
Sua Ex.ª, a respeito da sua conduta e da dos seus corpos...”
Esta foi a última batalha em que Infantaria 13 participou, após o que foi empregue no
sítio de Bayonne, desde 27 de Fevereiro até 28 de Abril, já depois de ter sido firmada a paz e
de Napoleão ter abdicado. Em Junho de 1814, o Regimento inicia o regresso à Pátria, onde
chega a 22 de Agosto, vindo aquartelar-se em Lisboa, seu quartel permanente, tendo sido recebido entusiasticamente pela população e pelas autoridades da cidade. Em 1816, o R.I. 13
regressa a Peniche, onde passa a ter o seu quartel permanente.
Reconstituição histórica de uma cena da Guerra Peninsular, em Vila Real.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O
rganizámos a descrição do envolvimento do R.I. 13 nas lutas civis do século XIX em três
períodos distintos: a Revolução Liberal, ou seja, o período desde 1820 a 1828; a Guerra
Civil, desde 1828 até à convenção de Évora-Monte, em 1834; e os Pronunciamentos e Revoltas,
após a derrota de D. Miguel.
Na Revolução Liberal (de 1820 a 1828)
A segunda década do século XIX foi marcada por uma profunda crise social e política.
O País empobrecia, a contestação interna aumentava, e o governo, sem meios para controlar a
crise estrutural que o País atravessava, continuava a adiar e a transferir para a Corte, sediada
no Rio de Janeiro, a resolução dos mais ingentes problemas nacionais.
Face a tão evidente incapacidade governativa, gerou-se um sentimento de revolta nos
diferentes sectores da sociedade, muito em particular na hierarquia castrense, a qual não só via
com hostilidade os poderes de que o marechal William Beresford tinha sido investido, o qual não
tinha de se sujeitar às determinações do governo legalmente estabelecido, como se sentia
extremamente desconfortável pelo facto de as unidades militares serem comandadas por oficiais estrangeiros, nas quais militavam desde a Guerra Peninsular, exercendo um poder despótico e arbitrário.
Para além do descontentamento generalizado motivado pela situação política e social
interna, a revolta de Cádiz, em 1812, que levou à aceitação da Constituição e do regime liberal
em Espanha, terá também tido influência nos movimentos revolucionários que vão deflagrar em
1817 e 1820.
O general Gomes Freire de Andrade, grão-mestre da maçonaria, recém-regressado das
campanhas napoleónicas (foi cadete no Regimento de Peniche e nele assentou praça), lidera
um movimento de revolta que pugna pela instauração de um governo constitucional liberal, pela
expulsão de Beresford e pelo afastamento das chefias militares estrangeiras do exército, que é
precocemente abortado em 1817.
Seguiu-se uma violenta repressão da conspiração, que levou à execução de inúmeras
figuras de relevo da sociedade portuguesa, de entre elas o próprio Gomes Freire Andrade, e a
uma ofensiva contra as ideias liberais.
No entanto, estas acabariam por se impor com o pronunciamento militar de 24 de
Agosto de 1820, no Porto. A revolta transforma-se em revolução e alastra rapidamente por todo
o norte do país, sendo secundada pela guarnição de Lisboa.
Infantaria 13, com o seu quartel em Peniche, envolve-se activamente na revolta que vai
abalar a monarquia absoluta. Entretanto, em 1823, o R.I. 13 envia um pequeno contingente de
praças para um destacamento que foi operar no Maranhão (Brasil).
37
Século XIX
O R.I. 13 nas Lutas Civis do Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 manteve-se no seu quartel, em Peniche, à margem dos sucessivos golpes de
estado que tiveram lugar em 1823/4, embora demonstrasse claras simpatias para com o partido
constitucional. Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro outorga a Carta Constitucional e
nomeia o seu irmão D. Miguel, ainda exilado em Viena, regente do reino. Ao invés de pacificar
os ânimos, a publicação da Carta originou uma enérgica e rápida reacção dos absolutistas,
estalando várias revoltas de Norte a Sul do País. O exército, verdadeiro fulcro de toda a política desta época, achava-se fortemente dividido entre uma facção jacobina, semi-republicana, e
outra ferrenhamente absolutista.
A 23 de Outubro, os generais absolutistas, refugiados em Espanha, invadiram o país
pelo norte e pelo sul. O Ministro da Guerra, antigo Comandante do R.I. 13, general João Carlos
Saldanha, enviou forças contra os revoltosos. Infantaria 13 e Infantaria 4 constituíram uma
Brigada organizada para bater os revoltosos, a qual, depois de os ter vencido no Alentejo em
várias acções, segue para a Beira, onde o Marquês de Chaves havia penetrado pela fronteira
de Espanha. As forças dos dois partidos encontram-se em Coruche da Beira, em nove de
Janeiro de 1827.
O Marquês de Chaves ocupa uma forte posição, que o Conde de Vila Flor, comandante
das forças leais ao Ministro da Guerra, consegue flanquear através de um ataque conduzido
pela Brigada onde se insere Infantaria 13. Tendo este ganho uma posição de onde podia ser
flanqueada a posição inimiga, o Conde de Vila Flor ordena um ataque simultâneo de duas colunas, com o qual consegue desalojar o inimigo das suas posições e o obriga a debandar. Um
esquadrão de cavalaria ainda tenta carregar sobre os atiradores de Infantaria 13, mas estes,
coadjuvados por um esquadrão de Cavalaria 3, mantêm-se firmes e repelem o ataque.
Em Novembro desse ano, rebentam novos pronunciamentos e revoltas no Alentejo e no
Algarve. Para as dominar, é organizado um novo destacamento. Infantaria 13 e Infantaria 14,
cada um dos regimentos representado por um batalhão, constituem um regimento de Infantaria
comandado pelo tenente-coronel António de Sousa Valdez, de Infantaria 19. Dominados os
revoltosos, Infantaria 13 regressa ao seu quartel.
Na Guerra Civil (1828-1834)
Em 1828, D. Miguel regressa de Viena e é nomeado Regente do Reino, tomando, de
imediato, medidas conducentes à implantação do absolutismo. Suspende o regime liberal e inicia ferozes perseguições aos seus opositores políticos, o que provoca conspirações e revoltas
por todo o País. O general Saldanha assume a chefia dos revoltosos e estabelece uma Junta
Governativa no Porto. Os campos extremam-se, e o exército divide-se pelos dois partidos em
luta.
A Junta do Porto dispõe de Artilharia 4 e de vários regimentos de infantaria. D. Miguel
tem um exército mais numeroso, constituído por todas as unidades aquarteladas no Sul e
Centro do País. Estas, com ou sem vontade, com ou sem simpatia pela causa de D. Miguel, são
obrigadas a segui-lo. É o que acontece ao R.I. 13, que, de Peniche, pelo receio de que se sublevasse, caso seguisse por terra, é obrigado a seguir por mar para Lisboa, onde foi incorporado numa Divisão comandada pelo general Póvoas.
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Não tomou parte em nenhuma das acções que então tiveram lugar e que terminaram
com a derrota das tropas da Junta e com o exílio dos seus chefes.
Na Revolta da Madeira e da Terceira
Em Junho de 1828, a ordem miguelista tinha-se instalado por todo o território metropolitano e possessões ultramarinas, excepto nas ilhas Terceira e Madeira, onde a autoridade do
novo soberano não era reconhecida. Dominados os revoltosos do Continente, organiza-se em
Agosto uma coluna, sob o comando do coronel Azevedo Lemos, para chamar à obediência a
Madeira e a Terceira, onde as guarnições se haviam revoltado contra D. Miguel. Esta coluna
desembarcou na Madeira a 16 do mesmo mês, dominando rapidamente os revoltosos.
Daqui, Azevedo Lemos seguiu para os Açores, não sem antes pedir reforços para
guarnecer a ilha. Integra o contingente que parte de Lisboa a quatro de Outubro, com destino à
Madeira, o 2.º Batalhão do R. I. 13, comandado pelo major António Bernardo de Abreu e Castro,
embarcando também o tenente-coronel Joaquim José Proença, do mesmo Regimento, para
comandar a força que devia permanecer na Madeira. Infantaria 13 chega a esta ilha em 13 de
Outubro e aí desembarca três companhias.
As duas restantes seguem para S. Miguel, onde se conservam até Julho de 1829. A 26
de Julho, embarca para a Terceira uma força expedicionária que integra duas companhias de
Infantaria 13, com um efectivo de 137 praças. Após várias tentativas de desembarque, as forças
de D. Miguel são violentamente repelidas, tendo a operação redundado num fracasso. Sendo
impossível o desembarque, essas forças limitam-se a guarnecer as ilhas do Faial, S. Jorge e
Graciosa. As duas companhias do R.I. 13 regressam ao Continente em fins de Agosto.
A 15 de Agosto de 1829, D. Miguel determina que os regimentos sejam novamente designados pelos nomes das terras onde têm os seus quartéis. Apesar desta determinação só produzir efeitos em Abril de 1831, como o R.I. 13 tem já nessa altura o seu quartel permanente na
cidade de Leiria toma a designação de “Regimento de Infantaria de Leiria”.
Em 19 de Novembro de 1831, a O.E. n.º 78 fixa a componente operacional do exército
em cinco Divisões. A Infantaria de Leiria faz parte da primeira Divisão, comandada pelo
Visconde de Peso da Régua, e guarnece a capital, constituindo com o 3.º Regimento de
Infantaria de Lisboa, a 2.ª Brigada comandada pelo coronel Joaquim Inácio de Araújo Carneiro.
Do Desembarque de D. Pedro IV até à Convenção de Évora-Monte
Após o desembarque de D. Pedro IV, no Mindelo, a oito de Julho de 1832, Infantaria 13,
agora designado Regimento de Infantaria de Leiria, continua a acompanhar o partido de D.
Miguel. É com esta designação que vai fazer toda a guerra civil no partido absolutista. Em 30
de Julho de 1832, parte de Lisboa com destino ao Norte, já depois de as tropas miguelistas
terem travado vários combates com as tropas constitucionais, antes de estabelecerem o cerco
à cidade do Porto.
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Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Em Agosto de 1832, o Regimento de Infantaria de Leiria passa a fazer parte da 2.ª
Divisão. A informação disponível sobre o cerco apenas contempla as acções da Brigada em que
se inseria o R.I. de Leiria, não havendo conhecimento sobre as intervenções concretas deste.
A 28 de Novembro, estava esta Brigada acampada no Padrão da Légua quando os liberais a
atacaram.
Os seus postos avançados não conseguem repelir o inimigo e este consegue incendiar os seus locais de estacionamento. Dois esquadrões de Cavalaria de Chaves salvam a situação e as duas Brigadas tomam a ofensiva, apoiadas pela cavalaria e artilharia, e repelem os
liberais para os seus entrincheiramentos.
Em Dezembro, numa revista às forças que se encontram a fazer o cerco, no Campo da
Ariosa, D. Miguel condecora o comandante do R.I. de Leiria, o tenente-coronel Manuel Xavier
Freire, com o grau de cavaleiro da Ordem de Torre e Espada. Em 9 de Abril de 1833, guarnecia o R.I. de Leiria a posição do Monte Cobelo quando os liberais a atacaram. Surpreendidos
pelo ataque, os piquetes que a guarneciam são obrigados a retirar e a abandonar a posição às
tropas atacantes. Mas o 2.º Batalhão, comandado pelo major Francisco Palhano de Carvalho e
Sá, lança um ataque, conseguindo retomar o reduto do Monte das Cruzes e as posições que os
nossos piquetes haviam perdido. Por este motivo, é louvado o comandante do Batalhão e os
vários sargentos e praças pelo seu comportamento nessa acção.
Por finais de 1833, ocorre uma deserção geral das praças do Infantaria de Leiria, leia- se R.I. 13, para as fileiras liberais. Tal facto é atestado pela Ordem do Dia n.º 154, de
Dezembro de 1833, em que D. Pedro manda publicar o seguinte:
“...Tendo o R. I. n.º 13, dado evidentes provas da sua fidelidade e do bom espírito que
nele predomina a favor da causa da legítima soberania e da Carta, assim pelo grande número
de praças que, através dos maiores riscos e dificuldades, têm passado para as fileiras leais,
como pela pouca confiança que este corpo tem merecido aos chefes do Exército rebelde,
querendo dar-lhes um testemunho por tão louvável procedimento, determino que o sobredito
Regimento seja logo organizado e entre na ordem que lhe compete no exército libertador, tendo
por base o 1.º Batalhão de Infantaria n.º 4...”.
Assim, na sequência de uma reorganização do Exército levada a cabo por D. Pedro IV,
a 15 de Dezembro 1833, o R.I. 13 reemerge à custa do 1.º Batalhão do R.I. 4.
Mas, em meados de Setembro 1833, há um novo arranjo nas Divisões que compõem o
exército miguelista, não figurando na sua ordem de batalha o Regimento de Leiria, o que nos
leva a crer na sua dissolução ou, pelo menos, na dispersão dos seus elementos por outros corpos. Com esta designação não mais se fala nele. Contudo, em Janeiro de 1834, numa nova
reorganização do seu exército, D. Miguel abandona as designações nominais das unidades e
adopta as numéricas, criando um segundo R.I. 13. O antigo “Novo Regimento de Lisboa” recebe
o número 13, designação com que termina a guerra civil. O seu quartel passa a ser em Campo
de Ourique, em Lisboa. A partir dessa data, existem dois R.I. 13: um que segue o partido de D.
Pedro, e outro que segue o de D. Miguel. Ambos são criados tendo por base unidades que, num
e noutro exército, provêm de Infantaria 4.
40
Do R.I. 13 que serviu nas hostes liberais sabemos que esteve presente, em 18 de
Fevereiro de 1834, na batalha de Almoster, onde teve um comportamento distinto, tendo-lhe
sido concedidas quatro condecorações da “Mui Nobre Ordem da
Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito”. Martins de
Carvalho dá-o também como presente na Batalha da Asseiceira, a
16 de Maio de 1834, onde a sua
conduta se tornou também digna
de nota.
Quanto ao R.I. 13 que
esteve com D. Miguel, vamos
encontrá-lo em Santarém, de
onde, a 23 ou 25 de Março,
Saldanha na Batalha de Almoster.
segue para o Algarve, fazendo
parte da coluna do coronel Tomás A. da Guarda Cabreira destinada a operar naquela província
em combinação com as guerrilhas, contra as tropas liberais de Sá da Bandeira. O seu efectivo
rondava as 350 praças.
A 12 de Abril, toma parte num reconhecimento sobre Setúbal e no dia 16 participa na
tomada de Alcácer do Sal. A coluna segue para S. Bartolomeu de Messines, onde trava um combate de 10 horas contra as forças liberais, que são obrigadas a retirar para Sines. Continuando
o seu vitorioso avanço, a coluna segue para Loulé e, em 5 e 7 de Maio, ataca sucessivamente
Faro e Olhão, que não consegue tomar. Chamada a Évora, onde estava concentrado o exército de D. Miguel, ao atingir Castro Verde, tem conhecimento da assinatura da Convenção de
Évora-Monte, pelo que resolve render-se a Sá da Bandeira, que o perseguia.
Após a Convenção de Évora-Monte, os dois R.I. 13 foram extintos: por um lado, o
Exército Miguelista foi dissolvido; pelo outro, através do “Plano Provisório do Exército”, de 18 de
Julho de 1834, os Regimentos de Infantaria são reduzidos a doze. O R.I. 13 foi servir de base
ao R.I. 7, cujo quartel permanente, por Decreto de 13 de Março de 1835, passa a ser em
Estremoz.
Em 1837, numa reorganização da Infantaria, são criados 30 Batalhões de Infantaria, 10
dos quais de Caçadores, renascendo o Batalhão de Infantaria 13, formado à custa do R.I. 2,
sendo-lhe destinado por sede de aquartelamento a cidade de Vila Real. Porém, devido a um
incêndio ocorrido em 21 de Novembro 1837, o qual destruiu as instalações do Batalhão de
Caçadores 3, não chegou a concretizar-se a sua colocação naquela cidade. Por Decreto de
cinco Abril de 1841, o seu quartel permanente passa a ser na cidade de Chaves, onde se mantém como Regimento até 1883.
Pronunciamentos e Revoltas
A época que decorre desde a vitória do liberalismo até aos meados do século XIX é caracterizada por pronunciamentos, revoltas populares e golpes de estado. Limitar-nos-emos a
relatar muito sinteticamente apenas aquelas em que o R.I. 13 tomou parte. A 12 de Agosto de
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Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
1837, eclode uma revolta popular na Vila da Barca e em Arcos-de-Valdevez. O Regimento de
Voluntários e o Batalhão de Caçadores n.º 4, este aquartelado na Barca, secundam a revolta e
marcham sobre Braga. Enviadas tropas para os dominar, os revoltosos refugiam-se em Valença,
praça à qual as tropas governamentais põem cerco.
Um destacamento de Infantaria 13 integra aquelas forças, tendo o seu comportamento
merecido o seguinte louvor, publicado na Ordem do Exército n.º 45, de 1837: “...O
Destacamento do Batalhão de Infantaria 13 portou-se acima de todo o elogio, assim como o seu
digno Comandante, Major A. de Sousa, oficiais inferiores e mais praças...”. A 18 de Setembro
de 1837, tomou parte no combate de Ruivães, em que as forças que tinham conseguido romper
o cerco de Valença procuravam reunir-se às forças revoltadas que se encontravam em Chaves,
comandadas pelo Duque da Terceira.
Em Agosto de 1840, os Setembristas procuraram apoderar-se do governo, mas são
imediatamente subjugados. O movimento alastra para a província, e a 26 de Agosto revolta-se
o Batalhão de Caçadores 6, em Castelo Branco. O Batalhão de Infantaria n.º 13 está de
guarnição em Almeida e tem uma pequena força destacada em Marvão, que também adere aos
revoltosos.
O resto do Batalhão manteve-se disciplinado e enviou destacamentos para a Guarda e
Sabugal, indo depois fazer parte do Exército de Observação, pertencendo à 2.ª Brigada, da 1.ª
Divisão, a qual era constituída pelos Batalhões 3, 9 e 13. Em 1842, o Batalhão de Infantaria n.º
13 aderiu ao movimento revoltoso de Costa Cabral para restaurar a Carta Constitucional. Fez
parte da 3.ª Brigada do Exército Restaurador, o qual entra em Coimbra no dia 12 de Fevereiro,
sendo entusiasticamente recebido pela população. A revolta termina com a nomeação de Costa
Cabral para “Presidente de Ministério”.
Entretanto, a 15 de Dezembro 1842, a Arma de Infantaria sofre nova reorganização,
transformando os Batalhões de Infantaria em Regimentos. Assim, o Batalhão de Infantaria n.º
13 evolui para Regimento de Infantaria n.º 13, o qual passa a ser constituído por um EstadoMaior e Menor, dois Batalhões a cinco Companhias, sendo quatro destas, de fuzileiros. A 5.ª
Companhia do 1.º Batalhão era de granadeiros, e a do 2.º Batalhão, de atiradores.
A ditadura férrea de Costa Cabral desgosta a “gregos e troianos”, virando contra ele
todo o espectro político, desde miguelistas a cartistas. Na impossibilidade de o derrubar por
meios constitucionais, recorreu-se, uma vez mais, à intervenção do exército. Em 1844,
revoltaram-se várias unidades contra a ditadura cabralista. O governo mobilizou toda a tropa
contra Almeida, que se tinha revoltado, tendo o R.I. 13 tomado parte no cerco que estas forças
fizeram àquela Praça, integrado na 1.ª Brigada. A resistência foi demorada e tenaz, vindo esta
Praça a render-se a 28 de Abril.
Nova Guerra Civil: 1846 e 1847
A reacção liberal contra o autoritarismo cabralista exacerbou-se no ano seguinte. Em
1846, uma revolta popular nascida incidentalmente numa aldeia do Minho, a qual ficou conhecida por “Maria da Fonte”, alastra rapidamente por todo o país onde começam a surgir jun42
tas revolucionárias. Costa Cabral, vendo que o exército lhe nega o seu concurso para dominar
as revoltas demite-se, seguindo o conselho do Ministro da Guerra, Duque da Terceira. Palmela
é chamado a presidir aos destinos do país, mas pouco depois, na sequência de um novo golpe
de estado liderado pela Rainha D. Maria II, esta entregou o poder aos marechais Saldanha e
Duque da Terceira.
O Porto reage e nomeia uma junta provisória à frente da qual se encontram o general
Conde das Antas e Sá da Bandeira. O comandante da Divisão de Trás-os-Montes, Barão de
Casal, organiza uma coluna da qual faz parte Infantaria 13 e marcha sobre o Porto. Vendo-se
porém ameaçado por forças superiores, retira para Chaves, seguido de perto por Sá da
Bandeira. Este, não querendo atacá-lo dentro dos muros, retira para Valpaços, a fim de o atrair
e dar-lhe batalha, o que consegue. A 16 de Novembro, tem lugar um combate em que Sá da
Bandeira é derrotado, por se terem passado para o inimigo dois dos seus regimentos.
De Valpaços segue o Barão de Casal para o Minho, onde operava uma Divisão comandada pelo Conde das Antas e ainda algumas guerrilhas miguelistas. Estas são derrotadas na
acção de Braga, a 20 de Dezembro, em que o R.I. 13 também toma parte. Tanto nesta acção
como na de Valpaços, Infantaria 13 pertencia à 2.ª Brigada do comando do coronel Brito e Melo,
condecorado pelo seu bom comportamento nessas acções. O capitão Luiz Leite Pereira de
Melo e o alferes António Costa Almeida, ambos de Infantaria 13, foram também condecorados.
A guerra civil termina graças à intervenção das nações estrangeiras – Espanha e
Inglaterra -, nos termos consagrados pela Convenção de Gramido. O Porto é ocupado por
tropas espanholas, e marinheiros ingleses desembarcam na Foz do Douro. Mas a paz imposta
pelas nações estrangeiras à nação portuguesa foi de pouca duração. Em 1849, a Rainha torna
a chamar ao poder o velho Costa Cabral.
Não se conformando com a sua demissão de Mordomo-mor do Paço, o marechal
Saldanha consegue sublevar os Batalhões de Caçadores 1 e 5. O R.I. 13, tomando o partido
governamental, desloca as suas forças para a Régua, seguindo daqui para Gouveia, no encalço
dos revoltosos. Esta perseguição termina logo que se soube da vitória dos revoltosos do Porto
e da chamada ao poder do marechal Saldanha.
Em 1853, o 2.º Batalhão do R.I. 13, comandado pelo major José Maria da Silva, foi
destacado para a ilha da Madeira, numa missão de soberania, da qual regressou em 1854. No
regresso, o vapor em que seguiam encalhou ainda longe da costa. Uma vez iminente o naufrágio, o desespero e pânico apoderou-se da tripulação.
Perante esta situação, os soldados do R.I. 13 demonstraram uma coragem e uma disciplina admiráveis que animou os outros passageiros, tendo o seu comportamento sido motivo
de referência na “Revista Militar”, a qual se refere a este episódio com as seguintes palavras:
“… honra pois ao Regimento de Infantaria 13, ao seu comandante, oficiais e soldados, que
assim compreendem o que é a vida militar, o que ela tem de nobre e elevado, o quanto em todos
os casos se deve atender às regras da disciplina...”.
43
Século XIX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 em Vila Real
Por determinação do Ministro da Guerra, o R.I. 13 foi transferido para Vila Real, onde
entrou em 30 de Agosto de 1883. Ficou aquartelado no Convento de S. Francisco, com as secretarias instaladas em casas particulares da família Francisco Botelho, na Rua do Carmo. Ao
saber da determinação do Ministro da Guerra de transferir o R. I. 13 de Chaves para Vila Real,
o Presidente da Câmara de Vila Real, “…por extraordinária e momentosa ser a questão para os
interesses desta Vila…”, convocou uma sessão extraordinária da Câmara para se discutir a
necessidade de fazer obras no convento de S. Francisco, de modo a criar condições condignas
para a instalação do Regimento, as quais foram orçamentadas na quantia de 1$000 (mil reis).
Excertos da acta de sessão de extraordinária da Câmara Municipal de Vila Real, de 11 de Agosto de 1883.
Fonte: Arquivo Distrital de Vila Real.
Na década de oitenta, o R.I. 13 participou na organização de vários “Cordões
Sanitários”, guarnecendo os pontos mais insalubres da fronteira transmontana. Esta acção tinha
como finalidade impedir a propagação de doenças contagiosas (peste bubónica) pela população do norte do país.
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Século XX
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Entrega da imagens de N. Sr.ª de Fátima e do Santo Contestável ao R.I. 13 (1964) .
O REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 13
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A
história militar portuguesa no Ultramar na primeira década do século XX é caracterizada por uma intensa actividade operacional orientada para a ocupação e pacificação das
províncias africanas, no seguimento daquilo que já vinha sendo feito a partir da segunda metade
do século XIX. Este esforço de afirmação de Portugal em todos os seus territórios africanos
tinha por objectivo esmorecer o apetite por parte de algumas potências europeias em relação
àqueles, demonstrado desde a Conferência de Berlim, em 1895.
Os acontecimentos ocorridos na província de Moçambique na última década do século
XIX, originados pelo portentoso régulo Gungunhana e seus subordinados, levaram o Governo
Português às chamadas “Campanhas da Ocupação de Moçambique”, que se prolongaram
pelos primeiros anos do século XX. O comportamento rebelde dos “Sobas” da região de
Cuamato e o episódio do ultraje à Bandeira Portuguesa em Cuanhama, em Angola, galvanizou
a opinião pública portuguesa.
Em finais de 1905, sob a pressão da opinião pública, o governo decide enviar ao Sul de
Angola uma expedição punitiva. Assim, em Dezembro desse ano, é determinada a organização
de uma força militar, contribuindo o R.I. 13 com duas companhias para o 1.º Batalhão
Expedicionário, com destino ao Sul de Angola. Estas duas companhias marcharam para Mafra
no dia 18 Janeiro de 1906, mantendo-se em instrução nessa Vila até final de Março. A 9 de Abril
de 1906, por motivos desconhecidos, aquela expedição ficou sem efeito e as companhias
regressaram a Vila Real.
A Guiné foi sempre a colónia mais rebelde em reconhecer a soberania portuguesa. No
início do século, eram poucas as regiões onde não houvesse um permanente estado de rebelião e onde a nossa soberania não fosse senão nominal. Em Bissau, por exemplo, a ousadia e
audácia dos «Papéis» era tal que não só se recusavam a pagar impostos como ainda impediam que alguém se aventurasse a sair para fora das muralhas daquela fortaleza.
Na região de Cuore, situada numa das margens do Geba, rio por onde se fazia quase
todo o comércio para o interior da colónia, os seus habitantes impediam o livre trânsito das
embarcações, e se a alguma delas era permitida a passagem, tinha de pagar um imposto ou
percentagem para o régulo daquela região. Estes factos eram de tal forma desprestigiantes para
o Estado português que o governo resolveu enviar à Guiné uma expedição destinada a submeter e chamar à obediência estes povos.
Em 1908, o R.I. 13 envia para a Guiné, uma companhia comandada pelo capitão Jorge
Camacho, integrada num Batalhão, a qual embarca para Bissau a 18 de Março. Para além de
um efectivo de 250 homens, a companhia foi reforçada com 69 praças de Artilharia, um destacamento de Engenharia e um elemento de Apoio. A companhia participou em várias operações,
com as quais se procurava tornar o rio Geba seguro à navegação, das quais se salienta a de
Ganturé, em que foi louvado o capitão Camacho “…pela maneira como sustentou o fogo e pôs
em debandada o inimigo no ataque que fez à fonte de Ganturé…pela sua presença de espírito,
sangue frio e coragem…”. O R.I. 13 participou ainda na Batalha de Sambel Iantá, Gan-Sapateiro
e no assalto a Madina.
A segunda parte da campanha da Guiné deu-se em condições muito precárias, não só por46
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
que as forças que compunham a coluna estavam deficientemente armadas, como se encontravam esgotadas e depauperadas pelo rigor do clima e pela campanha contra os Balantas, em
que lhes não foram proporcionadas as necessárias comodidades para a conservação da sua
saúde. A companhia de Infantaria 13 foi uma das que mais se ressentiu, tendo o seu efectivo
ficado reduzido a 200 praças.
O R.I. 13 não participou nas movimentações que derrubaram a Monarquia e implantaram a República, em 1910, assim como foi reduzido o seu envolvimento nas lutas civis que se
lhe seguiram, limitando-se a destacar, no ano de 1912, algumas forças de reduzido efectivo para
reforçar as guarnições da fronteira Norte, que na altura se encontravam ameaçadas pelas
hostes de Paiva Couceiro.
Em Julho deste mesmo ano, quando se dá o ataque a Chaves, Infantaria 13 tinha uma
força de 30 praças em Montalegre e uma companhia com um efectivo de 80 praças na região
de Boticas. A força destacada em Montalegre tinha por missão defender a vila e assegurar as
comunicações com Chaves pela estrada de Sapiães, caminho que devia cobrir até esgotar
todos os meios de defesa. A companhia destacada em Boticas tinha por missão barrar os caminhos que conduzem à região de Basto ou reforçar as guarnições de Chaves e Montalegre,
caso se tornasse necessário.
No dia 6 de Julho, ao tomar conhecimento de que as forças monárquicas já tinham
atravessado a fronteira e ocupado Sandim e Padronelos, a força estacionada em Montalegre,
com uma parte dos seus elementos, ocupou o Castelo, de onde podia bater todos os caminhos
a seguir pelos rebeldes, e com os restantes ocupou uma posição no lugar da Portela, para cobrir
a estrada de Sapiães.
No dia seguinte, quando a guarnição de Montalegre já se encontrava reforçada com um
pelotão de Cavalaria 6, Paiva Couceiro intima o comandante da força a render-se, o que este
recusa fazer. Como, porém, houvesse informações de que os monárquicos se encontravam em
Gralhas, a NE de Montalegre, o comandante reúne todas as suas forças no Alto da Corujeira,
600 metros a sul de Montalegre, de onde são dominados todos os caminhos e a estrada de
Chaves, para assim poder efectuar a sua retirada sobre esta praça, caso o inimigo, muito superior em número, desencadeasse o ataque.
Como este ataque não chegou a efectivar-se e, no dia seguinte, os monárquicos
atacaram Chaves, todas as forças que estavam em Montalegre seguiram para aquela cidade,
onde chegaram já depois de terminado o combate. A companhia destacada em Boticas desloca-se também para Chaves, na manhã do dia 8, onde chega por volta das 19H30, quando já
tinha terminado o combate.
47
Século XX
Nesta segunda fase da campanha, a companhia participou no assalto à povoação de
Intim, que tomou, marchando de seguida para Contume, posição nunca antes atingida pelas
tropas portuguesas, da qual se apoderou depois de um renhido combate em que infringiram
pesadas baixas ao inimigo. Com esta operação atingiu-se o objectivo de conter os “Papéis” no
seu território, garantindo a liberdade de movimento aos portugueses. A companhia regressou a
Vila Real no dia 4 de Julho de 1908.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 na I Grande Guerra
A
4 de Agosto de 1914, uma vez declarada a guerra entre a Inglaterra e a Alemanha,
Portugal coloca-se ao lado da sua velha aliada, a quem oferece o seu apoio, o qual, por
dificuldades várias, só vem a materializar-se em 1916. Em Julho desse ano, é mobilizada e concentrada no campo de instrução de Tancos uma Divisão comandada pelo general Tamagnini de
Abreu, mais tarde reforçada com uma 3ª Brigada, para a qual o R.I. 13 concorre com o 1.º
Batalhão de Infantaria.
O Batalhão de Infantaria n.º 13 na Rua Cândido dos Reis, a caminho da estação de comboios de Vila Real.
Fonte: Herdeiros de Achiles Ferreira de Almeida.
Este, juntamente com um batalhão de Infantaria 10 e outro de Infantaria 20, constituem
o 6.º Regimento de Infantaria, do Corpo Expedicionário Português (C.E.P.), comandado pelo
então coronel Gomes da Costa. Segundo a primitiva organização, de Janeiro de 1917, o C.E.P.
O momento da despedida - estação de comboios de Vila Real.
Fonte: Revista de Ilustração Portuguesa.
era constituído por três Brigadas de Infantaria, a dois Regimentos, sendo cada Regimento constituído por três Batalhões.
48
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
No 21 de Abril de 1917, o Batalhão do R.I. 13 parte de Vila Real por via-férrea, em comboios especiais para Lisboa, onde embarca a 22 de Abril por via marítima com destino a Brest,
em França. À despedida e embarque dos militares em Vila Real acorreu uma enorme multidão
de familiares e amigos, que encheu as ruas da cidade, lançando flores sobre as tropas em desfile.
Chegado ao seu destino, a 30 quilómetros de Vizernes,
na noite de 28, por volta das 23 horas, a tropa teve de dormir
nas bermas das estradas ou à entrada de palheiros, visto nada
se encontrar preparado para a receber. O aboletamento só
teria lugar no dia seguinte, em casas civis, existindo em cada
porta uma tabuleta com o número de oficiais e praças que ali
podiam ser aquartelados.
Major Gustavo de Andrade Pissarra,
Comandante do Batalhão 13.
Chegado a França, o C.E.P.
sofre de imediato uma
“remodelação” por forma a tornar a sua organização idêntica à
das tropas britânicas, passando a ser composto por duas
Divisões, a três Brigadas de infantaria, sendo cada Brigada
constituída por quatro Batalhões, motivo por que o Batalhão de
Infantaria 13 passou a fazer parte da 5.ª Brigada de infantaria,
juntamente com os batalhões de Infantaria 4, 10 e 17, da 2.ª
Divisão. Foram igualmente criados os cargos de 2.º comandante de batalhão e de companhia, atribuindo-se uma reserva
de graduados a cada batalhão, destinada a preencher quaisquer vagas que viessem a verificar-se.
O Batalhão de Infantaria 13 manteve-se em
Sanlecques até 12 de Junho, período destinado a instrução, a
qual, de início, se limitou à de simples recrutas desarmados, Capitão Bento Roma,
2º Comandante do Batalhão 13.
enviando-se vários oficiais e sargentos para escolas portuguesas e inglesas aprender os novos métodos e processos da guerra de trincheiras, sendo nessa
altura distribuídas às praças as espingardas e metralhadoras Vickers e Lewis, adoptadas no
exército britânico.
49
Século XX
A tudo isto não era certamente alheio o desespero das mães, esposas e noivas, que
durante a marcha até à estação dos caminhos-de-ferro, ouviam a canção do Regimento entoada pelas tropas em marcha.
Uma vez chegadas a Brest, as tropas prosseguem
viagem de comboio até Vizernes, onde desembarcam. Nesta
última estação, um guia indica ao comandante, numa carta
topográfica da região, a povoação de Sanlecques como
primeiro local de estacionamento, para onde o Batalhão se
dirige por estrada, sem que lhe fosse fornecida qualquer planta ou um simples esboço.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Naquela data, Infantaria 13 foi acantonar em Crecques e Rabecq, tendo-se criado entre
estas duas localidades um campo de instrução próprio para as tropas se treinarem no lançamento de granadas de mão e tiro de espingarda, patrulhas, esgrima de baioneta, etc.. É nesta
altura, que se apresenta o major Gustavo de Andrade Pissarra, o qual assume o comando, em
substituição do capitão Santos Júnior, que o exercia interinamente.
A 29 de Julho, o Batalhão de Infantaria 13 foi-se acantonar em Herbelles onde, em fins
de Agosto, completou a instrução à retaguarda, sendo informado que nos princípios de
Setembro iria instruir-se nas linhas, onde já quase todos os oficiais tinham passado uma temporada e, portanto, recebido o seu baptismo de fogo.
De três a cinco de Setembro, o Batalhão, transportado em viaturas inglesas, partiu em
direcção ao sector de Givenchy, onde completou a sua instrução: desempenho dos serviços de
trincheiras, vigilância diurna e nocturna, colocação de arame farpado, patrulhas de reconhecimento e escuta, etc.
Passados os três dias de aprendizagem, o Batalhão passou a ocupar Pont Riqueul, nas
proximidades de La Gorgue, onde continuou a instrução de tiro e de lançamento de granadas.
Na noite de 10 para 11 de Setembro de 1917, um violento bombardeamento provoca a primeira
baixa no Batalhão.
A 22 de Outubro, o Batalhão recebeu ordem para seguir imediatamente para as linhas,
a fim de ir guarnecer, com todas as responsabilidades inerentes, o subsector esquerdo de
Fleurbaix, então ocupado pelo 15.º Batalhão de Yerchires, pertencente à 114.ª Brigada, da 38.ª
Divisão inglesa. A rendição deu-se por concluída pelas 21 horas do dia 25. O Batalhão de
Infantaria 13 mantém-se em posição, sofrendo algumas baixas devido ao bombardeamento
inimigo e, no dia um de Novembro, é rendido pelo Batalhão de Infantaria 10.
A 26 de Novembro, o Batalhão ocupa o subsector esquerdo de Cambrin, rendendo o
12.º Batalhão de Cheschires. Neste sector, a 30 de Novembro, o Batalhão bate-se pela primeira
vez com os alemães, repelindo os ataques lançados contra a 1.ª e 4.ª Companhias. A um de
Dezembro, o Batalhão é rendido por um Batalhão inglês, marchando para Beuvry sob um forte
bombardeamento que, felizmente, não causou vítimas. A dois de Dezembro desloca-se para
Paradis S., onde permanece até ao dia 10, altura em que parte para Fleurbaix.
A 10 de Dezembro, o Batalhão de infantaria 13 rendeu, em Fleurbaix, as forças britânicas que serviam de apoio e de reserva ao dito sector. Infantaria 13 que, durante o tempo em
que permaneceu na situação de reserva, efectuara reconhecimentos de toda a zona onde poderia ter de intervir, foi mandado render Infantaria 10, no subsector de Boutillerte.
Nada de extraordinário sucedeu nos três primeiros dias, até que, pelas três horas da
manhã do dia 19, um intenso bombardeamento atinge o centro e a esquerda do sector do
Batalhão 13, assim como a direita dos ingleses, em Bois Grenier, e uma patrulha inimiga se
aproxima das nossas linhas, sendo repelida pelo fogo das metralhadoras.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Ao romper da madrugada do dia 22 de Dezembro, todas as forças da 5.ª Brigada deviam-se encontrar nos seus novos postos de combate, indo Infantaria 13 acantonar-se em Pont
du Hem, em apoio ao sector, ficando Infantaria 17 de reserva, em Riez Bailleul, Infantaria 4
guarnecendo o subsector direito, e Infantaria 10, o subsector esquerdo. No dia 26 de Dezembro,
ao pôr do sol, o Batalhão 13 partia do seu acantonamento em direcção ao subsector esquerdo
de Chapigny, onde rendeu infantaria 10. Nessa altura, o Batalhão 13 era comandado pelo major
António de Barros Rodrigues, o qual substituíra o comandante efectivo, que, no gozo de licença
de campanha, partira para Portugal.
No espaço de dois meses, apenas se pediu por três vezes o S.O.S., mais para levantar o espírito e o moral dos soldados do que propriamente por necessidade. Apesar da intensa
actividade dos alemães, durante a estadia neste sector de Chapigny, as perdas do Batalhão
foram extremamente reduzidas.
A um de Março de 1918, estando o Batalhão 13 em Riez Bailleul, na situação de reserva, foi-lhe ordenado que reforçasse imediatamente com uma companhia o Batalhão de infantaria 17, que se encontrava em apoio, por este ter reforçado com uma das suas companhias o
Batalhão de Infantaria 4, em 1º escalão, que guarnecia o subsector direito. O Batalhão tomou
posições em Charter-House, Pont du Hem e La Flinque, a fim de repelir um ataque inimigo. No
dia 3 de Março, o Batalhão entra de guarnição, pela última vez, ao sector de Chapigny.
No dia sete de Março, a 5.ª Brigada é rendida no sector de Chapigny pela 6.ª Brigada,
passando à situação de descanso à retaguarda, acantonando-se o Batalhão 13, de 8 a 16 de
Março, em Riez Bailleul, sendo o descanso permanentemente perturbado pelos constantes
bombardeamentos e prevenções, que, por várias vezes, o obrigam a pegar em armas e a passar a noite em claro. O facto de se encontrar acantonado em La Gorgue, afastado da frente, não
obstou, porém, que o inimigo o não atingisse com fogos. As baixas começaram a ser diárias,
aumentando a intranquilidade e o nervosismo nas hostes nacionais.
A um de Abril, depois de um descanso atribulado, o Batalhão 13 regressa a
Riez- Bailleul, ainda como reserva da Divisão, sendo encarregue de guarnecer os postos de
Pont du Hem e Charter House, mas no dia cinco recebe ordem para entregar essas posições a
Infantaria 8 e ocupar outros postos da linha de aldeias, sendo, porém, ao cair da noite, mandado render Infantaria 24, em Lacouture. Devido aos graves acontecimentos que ocorreram com
Infantaria 7 e com outros batalhões da 1.ª Brigada, o comando superior apercebeu-se da necessidade urgente de a 5.ª Brigada, mesmo antes de ter terminado o descanso à retaguarda, voltar
a guarnecer a 1.ª linha.
51
Século XX
No fim do dia um de Janeiro, o Batalhão 13 foi rendido por Infantaria 10, seguindo para
Riez Bailleul, onde, por um período de seis dias, se conservou como reserva do sector, voltando de seguida para as linhas. Os meses de Janeiro e Fevereiro foram passados nestas “alternativas”, aumentando o inimigo a sua actividade de dia para dia, sendo frequentes os bombardeamentos sobre toda a frente da Brigada, bem como as contínuas referenciações e ataques
de patrulhas de combate, as quais foram sempre repelidas pelo fogo dos nossos atiradores,
sem se tornar necessário recorrer à artilharia.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Batalhão de Infantaria 13 na Batalha de 9 de Abril
A
ssim, na madrugada de cinco para seis de Abril, sob constantes bátegas de chuva açoitada por um forte vendaval, o Batalhão de Infantaria 13 desloca-se de Riez Bailleud para
Lacouture, ficando em reserva da 5.ª Brigada. Na alvorada do dia seis, a 5.ª Brigada rende a 1.ª
no sector de Ferme du Bois, ficando assim escalonada: subsector direito, Infantaria 10; subsector esquerdo, Infantaria 17; apoio, Infantaria 4, com duas companhias na Rue du Bois e as
outras duas na Rue des Chavattes; reserva, Infantaria 13, em Lacouture; comando da Brigada
em Cense de Raux. Como o sector era totalmente desconhecido, o dia sete foi passado em
reconhecimentos.
Pelas 20 horas do dia oito de Abril, inesperadamente e contra toda a expectativa, a 5.ª
Brigada informa que o Batalhão 13 seria rendido no dia seguinte por tropas britânicas, notícia
confirmada mais tarde, por volta das 22 horas, exactamente quando a artilharia inimiga batia,
com rajadas de quatro a cinco minutos de duração e intervaladas de 10 a 15 minutos, todas as
posições das nossas baterias e os principais cruzamentos de estrada. O bombardeamento prolongou-se até à uma da madrugada, do dia nove, sempre com extrema violência.
Pelas quatro horas e 15 minutos do dia nove de Abril, os alemães tomam a ofensiva,
iniciando a “Operação Georgett” com um intenso bombardeamento de artilharia e de morteiros
pesados contra as frentes da 2.ª Divisão portuguesa e da 40.ª Divisão inglesa utilizando
granadas explosivas de gás fosgénio e mostarda. O objectivo era neutralizar a artilharia aliada
e isolar os comandos das brigadas e batalhões. O bombardeamento prolonga-se até às sete
horas, atingindo as primeiras linhas e os acantonamentos à retaguarda, inclusive o do Batalhão
13, em Lacouture.
Logo de seguida, o Batalhão perde o contacto telefónico com o comando da Brigada,
ficando por sua conta e risco, sem informação sobre o modo como estavam a decorrer os combates. O comando do Batalhão envia os primeiros agentes de ligação para o comando da
Brigada, mas estes não regressaram. O bombardeamento alemão atinge o comando do
Batalhão, localizado na Senechal Farm. A situação ficou insustentável, tornando-se o número
de feridos extremamente preocupante.
Pelas nove horas e meia, surge o contra-mestre de corneteiros de Infantaria 17, afirmando que os alemães tinham atacado as linhas às oito e meia, que já se tinham apoderado de
todo o sistema de defesa das primeiras linhas e aprisionado os Batalhões 17 e 4, encontrando-se
já muito próximos daquela posição.
Face a tão preocupantes notícias e sem qualquer contacto com o escalão superior, não
recebendo deste quaisquer indicações sobre o que fazer, o comandante do Batalhão resolve
actuar por sua própria iniciativa e ordena: à 1.ª e à 2.ª Companhia que ocupem as trincheiras
em frente da Senechal Farm, as quais seguem de imediato aos seus destinos; à 3.ª Companhia
para se concentrar na Senechal Farm; e à 4.ª Companhia que se constitua como reserva do
Batalhão.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A ordem da Brigada para o Batalhão 13 reforçar as primeiras linhas tinha sido efectivamente expedida, mas a ordenança encarregue de a entregar enganou-se no caminho e, em vez
de se dirigir a Lacouture, apareceu às dez e meia em Masplaux, no caminho de Locon. A 3.ª
Companhia comandada pelo capitão David Magno, cujo acantonamento na Ferme Bourel tinha
sido severamente flagelado pela artilharia inimiga, encontrava-se já muito desorganizada, com
a maior parte dos seus soldados dispersos pelo campo, quando recebe a ordem para se concentrar na Senechal Farm.
Pelas 11 horas, uma parte da 1.ª Companhia que não
consegue chegar ao seu destino é aprisionada com todos os
seus oficiais. As trincheiras entre a Queen Mary e a King’s
Capitão David Magno, Comandante
George, na 1.ª linha de defesa, encontram-se defendidas pela
da 3ª Companhia do Batalhão 13.
2.ª Companhia, uma parte da 3.ª e dois pelotões da 1ª. No
reduto de Lacouture, na 2.ª linha de defesa, encontram-se os comandos do Batalhão 13 e 15,
com as praças das respectivas formações, e a parte da 4.ª Companhia do Batalhão 13 que não
está empenhada no serviço de reabastecimento de munições. As tentativas de obter munições
são goradas.
Pelas 11 e meia, aparecem numerosos fugitivos que estabelecem um certo pânico entre
os soldados do Batalhão 13, mas consegue-se que contribuam para o esforço de defesa. A situação tinha-se tornado desesperada. Pelas 14 horas, prosseguem os combates sem que o
comando do Batalhão consiga obter notícias sobre a situação em que se encontravam as
unidades em 1.º escalão e as suas companhias mais avançadas. As ordenanças que se enviavam a colher informações não voltavam.
Eram umas três horas da tarde quando o inimigo, já em grande número, cercava a
posição enquanto os nossos soldados apanhavam os últimos cartuchos do fundo da trincheira.
Pelas 15 horas e 30 minutos, surgem novas forças inimigas que, pela direcção seguida, despertam na guarnição de Lacouture a forte suspeita de que as companhias que ocupavam aquelas posições tinham sido vencidas. Em breve, o facto é confirmado pela chegada dos restos da
1.ª Companhia e de outras, que informam da rendição das suas unidades.
Das quatro às sete da manhã, os alemães rompem novo e violento bombardeamento
sobre o reduto de Lacouture. A situação torna-se insuportável. Pelas 11 horas, quando os portugueses gastavam os últimos cartuchos, apresenta-se na frente da posição, um maqueiro do
Batalhão 13, que fora aprisionado na véspera, comunicando que os alemães intimavam a
rendição e mandavam dizer que, em caso de negativa, tudo seria destruído. Os dois majores
portugueses e o major inglês reúnem-se para avaliar a situação, chegando à conclusão que era
inútil prolongar a resistência, uma vez que a possibilidade de serem reforçados estava perdida.
53
Século XX
Com o remanescente da Companhia, o capitão Magno
segue para Church Road, mas, ao sair do reduto, erra a
direcção, dirige-se para Vieille Chapelle e junta-se a um núcleo
de forças de Infantaria 14 que, atrás do reduto, ocupavam
umas pequenas trincheiras. Mais tarde, retira para o canal de
Lawe e reúne-se ao destacamento escocês pertencente ao 6.º
Batalhão, dos Seafort Highlanders, da 51.ª Divisão, que
defendia aquele canal.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Resolvem entregar-se, saindo do “block-house” para conferenciar com o inimigo.
Passado algum tempo, aparecem o major do Batalhão 15 e o major inglês, ficando reféns o
major do Batalhão 13 e o ajudante do Batalhão 15, dando aquele ordens às praças para se
desarmarem, rendendo-se ao fim de 30 horas de combate. A 4.ª Companhia tinha-se já rendido após o seu comandante ter sido feito prisioneiro. Por outro lado, o capitão Magno, com as
60 praças do Batalhão 13 e do 15 que tinha conseguido reunir, continua a combater ao lado dos
escoceses até ao dia 11, quando lhes é dada ordem de retirada pelo comando inglês, por se ter
reconhecido a impossibilidade de sustentar a sua posição por mais tempo.
Dizimado, enfraquecido, e esgotado por um combate longo e intenso, o Batalhão 13 só
se entregou quando o adversário já tinha ultrapassado, numa extensão superior a cinco
quilómetros, toda a frente de batalha correspondente a Lacouture. Pelejava já o inimigo em
Estaires, Lestrem e Lawy, e ainda no reduto de Lacouture se defendia um punhado de portugueses. O capitão Magno e os soldados que lhe restavam abandonaram a linha de fogo, após
terem combatido durante 56 horas. Esta foi a última força a retirar do campo de batalha e a ela
pertenceram os últimos mortos portugueses na Flandres.
Imposição da Cruz de Guerra ao Capitão David Magno, em La Lys.
Fonte: Tenente-coronel Jorge David Magno.
O desempenho operacional do Batalhão foi reconhecido na imprensa internacional: o
“Times”, então um dos jornais mais importantes de Londres, refere-se à acção do Batalhão no
dia nove de Abril, afirmando que “...os restos de um batalhão português que defendia Lacouture
bateram-se com um valor extraordinário...”; enquanto que o “Telegrame”, a 12 de Abril, afirmava que “...a história um dia falará da heróica resistência dos portugueses que, às 15 horas,
ainda se batiam em Lacouture...”, e no seu número de quatro de Maio, referia que “...as companhias deste batalhão (o “13”) que se encontravam em Lacouture, combatiam ainda às três
horas da tarde do primeiro dia de batalha...”. Como resultado da sua acção, o Batalhão 13 foi
condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe, a qual pende da gloriosíssima bandeira do
R.I. 13, assim como do peito de muitos dos seus soldados.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 e a Monarquia do Norte
A
degradação da autoridade governativa que se tinha instalado no país, ainda antes da
ascensão de Sidónio Pais ao poder, aumenta no período que se segue ao atentado que
o vitimou, criando condições para o desenvolvimento de movimentos conspiratórios contra a
República. A oficialidade monárquica que dominava as Juntas Militares, formadas ainda antes
da morte de Sidónio, buscará no restauracionismo a forma de evitar o regresso à “demagogia
afonsista”.
O ano de 1919 começou com três revoluções. Em Santarém, a 10 de Janeiro, rebenta
uma revolta chefiada por Cunha Leal e Álvaro de Castro; é um golpe republicano contra as
Juntas Militares, que visa restabelecer a Constituição Republicana. À revolta republicana de
Santarém responde a Junta Militar do Norte, chefiada por Paiva Couceiro, proclamando, a 19
de Janeiro, a restauração da monarquia. Esta iniciativa é secundada em Lisboa, a 23 de
Janeiro, pelo débil e efémero pronunciamento de Monsanto, chefiado por Aires de Ornelas, que
é rapidamente neutralizado.
Na tentativa de contrariar as intenções da Junta Militar do Porto, o governo chefiado por
Tamagnini Barbosa manda concentrar as
forças da 2.ª e 6.ª Divisões entre a Régua e
Lamego, sendo atribuída a região da Régua à
6.ª Divisão. O R.I. 13 participou nessa concentração com uma companhia, incluída na
6.ª Divisão.
O coronel Ribeiro de Carvalho, leal à
causa republicana, é nomeado comandante
interino da 6.ª Divisão, a qual tinha o quartelQuartel-general da 6ª Divisão, no local onde presentemente
-general em Vila Real. Para esta unidade se encontra o edifício do Tribunal.
concorriam pequenas fracções de Infantaria
10 e 30, uma companhia de Infantaria 19, uma companhia de Infantaria 13 e uma pequena força
de Cavalaria 6.
A três de Janeiro de 1919, uma importante força da Junta Militar comandada pelo coronel Sá e Melo chegou à Régua e intimou as forças da 6.ª Divisão a aderirem à Junta ou a
deporem as armas. Os oficiais das companhias do R.I. 13 e do R.I. 19, que integravam a 6.ª
Divisão, recusaram a intimação e acordaram na seguinte declaração:
55
55
Século XX
Reagindo ao período da restauração monárquica, o republicanismo une-se para tentar
repor a ordem constitucional de 1911. Entre uns e outros, balança o sidonismo remanescente,
sem força nem apoios para prolongar a República Nova do defunto “presidente-rei”. O que se
seguiu, golpe contra golpe, foi a luta entre esses dois campos, com o governo a viver sob as
pressões das Juntas Militares monárquicas e das forças político-militares republicanas.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
“...Os oficiais dos Regimentos de Infantaria 13 e 19 reunidos em sessão na Régua,
resolveram responder o seguinte aos delegados da Junta Militar do Norte:
1 — Os oficiais abaixo indicados reconhecem como legal o Governo constituído, só aceitando
portanto como legais as suas determinações e só estas cumprindo;
2 — Os mesmos oficiais não podem acompanhar a Junta Militar do Norte por isso ir de encontro aos seus princípios de obediência aos chefes e cumprimento dos seus deveres de militares
disciplinados;
3 — Os mesmos oficiais não podem considerar-se desarmados porquanto estão no único
campo que a situação de momento aconselha: perfeita disciplina e exacto cumprimento das
ordens emanadas do seu Governo...”
Perante esta declaração, o coronel Sá e Melo acabaria por deixar que os oficiais que
não quisessem aderir à Junta regressassem armados às suas unidades, estendendo essa permissão a todos os sargentos e praças que desejassem acompanhar os seus oficiais, mas na
condição de entregarem as armas. Os oficiais e praças que não quiseram aderir à Junta embarcaram para Vila Real de comboio, mas à sua chegada foram recebidos a tiro por um grupo de
militares e civis comandados pelo capitão António Varão, em virtude de se constar que no comboio vinham forças para atacar a cidade.
Uns dias mais tarde, a seis de Janeiro, outra coluna afecta à Junta desembarca na
Régua, com a missão de ocupar Vila Real. Na noite de sete para oito estaciona em Santa Marta
de Penaguião. Conhecedor destes movimentos, o coronel Ribeiro de Carvalho manda a companhia da GNR ocupar a linha-férrea entre Vila Real e Aveleda para impedir a marcha de qualquer comboio; e com as forças disponíveis do R.I. 13 e do R.I. 19 ocupa posições em Parada
de Cunhos para barrar as estradas da Régua e do Porto que convergem nessa povoação. Aqui
estabeleceu postos avançados, vigiando até à ponte do Sôrdo com a pequena força de cavalaria de que dispunha.
Às nove horas do dia seguinte, as forças leais à causa monárquica estabelecem contacto com os postos avançados, e a sua artilharia faz fogo sobre estas posições. A companhia
do R.I. 13 dispunha de um pelotão junto à estrada, entre a ponte da Almodena e Parada de
Cunhos, e de outro a oeste da mesma estrada, para proteger a retirada em caso de necessidade. Um terceiro pelotão constituía-se como reserva na vertente sul do Monte da Forca. Às 11
horas, as forças da Junta iniciam o ataque, descendo o Alto de Parada.
O combate prolongou-se até perto do meio-dia sem causar qualquer dano material ou
pessoal, tendo sido suspenso de um e de outro lado por terem sido vistas bandeiras brancas
numa e noutra posição. Desfeito o equívoco, recomeçou o combate. É novamente suspenso por
volta das 15 horas, para se iniciarem as negociações em que se acorda o regresso a quartéis
das forças da 6.ª Divisão e a retirada das forças da Junta para a Régua.
Tentando submeter todo o norte do país ao novo regime proclamado no Porto, a Junta
Governativa envia uma coluna de tropas contra Vila Real, onde ainda não tinha sido proclamada a monarquia.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Esta coluna, comandada pelo capitão Sá Guimarães, segue da Régua para o Pinhão e
daqui por Sabrosa para Vila Real e, estabelecendo a sua artilharia no alto de Constantim, sem
qualquer apoio da infantaria, inicia o bombardeamento da cidade. Contra esta coluna é enviada
uma companhia do R.I. 13, comandada pelo alferes Domingos Vaz, a qual, ao atingir os
Torneiros, se dispersa quase sem dar um tiro, por haver reconhecido a impossibilidade de se
bater com forças muito superiores em número.
O R.I. 13 e o Movimento de 28 de Maio de 1926
A
o contrário do que aconteceu aquando da implantação da República, o R.I. 13 tem uma
participação de grande relevo nos acontecimentos de 28 de Maio de 1926, tendo sido
uma das primeiras unidades a secundar o movimento iniciado pelo general Gomes da Costa,
em Braga.
Aproveitando o facto de duas companhias de recrutas estarem em instrução de tiro no
exterior da Unidade, o tenente António José da Silva marchou sobre o quartel e apoderou-se
deste e do Governo Militar de Vila Real, ocupando também a posição do Calvário. O major
António Fernandes Varão, comandante interino do R.I.13, por não querer aderir ao movimento,
é destituído do comando, que é de seguida assumido pelo major Aurélio de Azevedo Cruz. Tudo
isto se passa sem um único disparo. Alguns dias depois, Infantaria 13 desloca-se para Lisboa
onde se tinham concentrado as forças afectas ao general Gomes da Costa.
57
Século XX
O alferes Domingos Vaz, com as praças que consegue reunir, retira para Chaves, onde
se haviam concentrado todas as forças fiéis à República e para onde se tinha transferido o quartel-general da 6.ª Divisão. Neste mesmo dia, 24 de Janeiro, era proclamada a monarquia em
Vila Real. Esta dourou até o dia 17 de Fevereiro, altura em que os membros da Junta
Governativa do Porto se renderam às autoridades republicanas, tendo Paiva Couceiro fugido
para Espanha, onde se exilou.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Dia de Portugal e Comemorações do VII Centenário do Foral de Vila Real
(10 Junho de 1972)
58
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 e o Movimento Revolucionário de 3 de Fevereiro de 1927
C
ontudo, o entusiasmo com que a guarnição de Vila Real havia recebido o movimento de
28 de Maio iria durar pouco tempo. No início de 1927, adere aos levantamentos no Porto
e em Lisboa, tentativas desesperadas dos sectores republicanos e constitucionais para matar à
nascença a ditadura militar. Naquele momento, o R.I. 13 encontrava-se sem comando efectivo,
tendo-se tornado num “depósito” de oficiais portadores do fermento da revolta, indesejáveis
noutras guarnições.
Nos dias três e quatro de Fevereiro, é enviado um pequeno contingente para o Porto,
onde combate ao lado dos que naquela cidade se haviam igualmente revoltado, enquanto outras forças da Unidade tomam parte no combate de Amarante, contra o Destacamento n.º 11
(forças de Chaves e Bragança).
Na tarde de cinco de Fevereiro, os revoltosos abandonam o quartel, o qual foi ocupado
pelos oficiais e sargentos fiéis ao governo, acompanhados pela GNR. A 3.ª Companhia da GNR,
que até aí se limitara a manter a ordem pública, recebeu ordens para actuar contra os
revoltosos, dando disso conhecimento aos oficiais fiéis, e com eles partiu à ocupação do quartel da Unidade.
Como retaliação pela sua participação no movimento revolucionário de três de
Fevereiro, e inserido uma reorganização das unidades do Exército levada a cabo pelo Ministério
da Guerra em 1927, o Regimento é dissolvido a oito de Março, sendo criado em sua substituição
e na sua sede o “Depósito do Regimento de Infantaria n.º 13”.
Pelo Decreto n.º 13.852, de 29 de Junho de 1927, este Depósito é extinto, ficando a
depender, para todos os efeitos, do Regimento de Infantaria n.º 9, localizado em Lamego.
Estabelece ainda o mesmo decreto que o extinto Depósito passe a designar-se por “Formação
de Depósito do extinto Depósito do Regimento de Infantaria n.º 13”, passando esta a ser
comandada por um capitão, destinando-se à guarda e conservação de todo o material que tinha
pertencido àquela unidade.
Dando continuidade à reestruturação iniciada com o Decreto n.º 13.244, é publicado um
novo decreto que cria 22 Regimentos. O Regimento que tinha como sede a cidade do Funchal
tomou então a designação de Regimento de Infantaria n.º 13, sendo reorganizado à custa do
Regimento de Infantaria n.º 23, ali aquartelado, que, pela nova reorganização, deixava de existir.
59
Século XX
Ao primeiro sinal, Infantaria 13 revolta-se. Na manhã de três de Fevereiro, é hasteada
a Bandeira Nacional, proclamando encontrar-se do lado dos revoltosos, apesar dos esforços do
então comandante interino, capitão Agostinho da Costa Lobo, para o impedir. O Comandante
Militar da cidade, major António Fernandes Varão, também do lado dos revoltosos, dirige-se ao
quartel do R.I. 13 quando este já se encontrava nas mãos dos revoltosos e determina aos oficiais para aderirem ao movimento ou então que se mantenham em suas casas até nova ordem.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Contudo, a vida do R.I. 13, como a história do País, continuou atribulada. Como
corolário da sua participação no movimento revolucionário contra o Estado Novo que eclodiu na
Madeira, o Regimento de Infantaria n.º 13, do Funchal, é novamente extinto, vindo a ser reorganizado em Vila Real, por mérito da reestruturação do Exército levada a cabo em 1931, no dia
15 de Maio desse ano.
No preâmbulo do Decreto que lhe dá origem, indica-se como motivo da criação da
Unidade o facto de Vila Real se encontrar sem guarnição militar, com os resultantes inconvenientes para o serviço de recrutamento de militares, face à grande densidade populacional do
Norte do País, e ainda à distância a percorrer pelas populações para o pagamento da taxa militar.
60
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 em Missões de Soberania em Angola e Moçambique
C
om o deflagrar da II Guerra Mundial, aumentaram as ameaças de invasão quer do território continental quer dos territórios insular e ultramarino. Apesar de secretos, era conhecida a existência de planos de invasão da Península Ibérica e da partilha de Angola e
Moçambique, para além das pretensões de ocupação das ilhas atlânticas pelas potências aliadas.
O R.I. 13 participou nestas acções, em Moçambique, com uma companhia, e em
Angola, com um batalhão expedicionário. A companhia destinada a Moçambique, comandada
pelo capitão Francisco Robalo, foi inserida organicamente no Batalhão n.º 68, onde desembarca em 25 de Agosto de 1940, sendo destacada para a Beira. A sete de Março de 1944, aquele
batalhão foi substituído por um batalhão do R.I. 10, regressando ao continente. Desembarcou
em Lisboa no dia sete de Abril.
Como resultado do substancial agravamento da situação internacional, em princípios de
Junho de 1941, o governo manda organizar novos batalhões em quase todas as unidades,
recebendo o R.I. 13 ordem para mobilizar um batalhão - o 1.º Batalhão Expedicionário - a quatro companhias, com destino a Angola. O Batalhão teria a constituição fixada pelos quadros
orgânicos da Arma de Infantaria, isto é, Comando e Trem, 3 Companhias de Atiradores – sem
as quatro secções de lança-granadas – e uma Companhia de Acompanhamento. As companhias orgânicas do Regimento servem de casco às companhias do “1.º Batalhão
Expedicionário” e para estas são transferidos os oficiais, sargentos e praças necessários ao seu
recompletamento.
A 26 de Junho, apresentam-se as praças convocadas, e o Batalhão é alojado nos
seguintes edifícios: o Comando e Trem, no quartel da Unidade e, mais tarde, no abarracamento do Calvário; a 1.ª Companhia de Atiradores, no Teatro Circo; e a Companhia de
Acompanhamento, na Legião. O Batalhão permanece de Julho a Novembro nestes “aquartelamentos”, em intensa e aturada instrução.
A 11 de Outubro, perante numeroso público, realiza-se no campo de jogos do “Sport
Club” a cerimónia de bênção e entrega do guião ao 1.º Batalhão Expedicionário. Este assiste
em formatura a uma missa campal rezada pelo Bispo da Diocese, na qual comparecem todas
as autoridades civis e militares, ao que se segue a entrega solene do guião ao Batalhão, que,
de seguida, desfila em continência diante do seu comandante de regimento. Pela forma como
se apresentou ao embarque, foi conferido a este Batalhão Expedicionário o seguinte louvor:
“...Manda o Governo da República Portuguesa pelo Ministério da Guerra louvar o Batalhão
Expedicionário do Regimento de Infantaria 13, pela maneira disciplinada e digna com que se
61
Século XX
Tais ameaças levaram o Governo português a precaver-se e a tomar medidas que
garantissem a integridade das províncias africanas, muito em particular, Angola e Moçambique.
Levando em conta tais preocupações, o governo manda mobilizar várias unidades de escalão
batalhão e companhia para estes territórios.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
apresentou para o, embarque para as colónias em missão de soberania, dando pela firmeza
revelada em todos os actos e pelo aprumo com que desfilou perante a população garantia segura de que saberá em toda a circunstância honrar a glória tradicional e o maior espírito militar do
soldado transmontano...”
O seu efectivo total era de 27 oficiais, 55 sargentos, 110 cabos e 676 soldados. Foi
nomeado para seu comandante o major Manuel de Abreu Castelo Branco, que para esse fim foi
transferido para o Regimento. Os primeiros elementos do batalhão chegam a Luanda no dia três
de Fevereiro de 1942, e os últimos no dia dois de Março.
As missões de soberania prosseguiram durante o ano de 1944. A 12 de Junho, o R.I.
13 procedeu ao levantamento de um novo contingente expedicionário com um efectivo de 559
militares, comandado pelo capitão Fernando Chaby, com destino a Angola, para onde embarcou no dia 14 do mesmo mês, para render os militares que tinham marchado em 1942.
No dia 25 de Julho de 1944 regressaram a Vila Real 517 militares que integraram o
primeiro contingente do 1.º Batalhão Expedicionário. Em Agosto do mesmo ano, é mobilizado
um segundo contingente expedicionário, comandado pelo capitão José Júlio de Almeida, igualmente com destino a Angola, para onde parte no dia 25.
Em 1943, após longas e duras negociações, o Governo português concedeu um certo
número de facilidades às nações aliadas, permitindo-lhes o estabelecimento de bases aéreas
no arquipélago dos Açores.
Receando-se que, ao serem tornadas públicas essas negociações, a Alemanha
reagisse e tentasse algum “golpe de mão” contra o território nacional, e na impossibilidade de
defender o país em todas as fronteiras, o Governo português optou por organizar a defesa de
Lisboa, concentrando as forças disponíveis ao redor da capital, de modo a poder resistir até
receber oportunamente reforços, quer das nações aliadas quer do império.
Para tal, contava com um Corpo de Exército, a três Divisões, cuja mobilização se
começa a fazer em fins de Setembro. Cabe ao R.I. 13 contribuir para esta força com o Comando
e Trem, uma Companhia anti-carro, um Batalhão de Infantaria e um Pelotão de Canhões - subunidades organizadas com base nos Quadros Orgânicos de Agosto de 1943 (tipo montanha), a
qual fará parte da orgânica da 1.ª Divisão Mobilizada.
A 30 de Setembro, começam a apresentar-se as praças convocadas, sendo alojadas
em vários edifícios públicos e particulares requisitados para esse fim, visto o quartel não dispor
de capacidade suficiente para alojar os cerca de 1400 militares mobilizados.
A sua partida com destino à região do Cartaxo, local onde se concentrava a 1.ª Divisão,
inicia-se a nove e dez de Outubro, regressando a Vila Real em princípios de Novembro. Os outros dois batalhões do R.I. 13 serão fornecidos pelos Batalhões de Caçadores 3 e 10. O R.I. 13
foi comandado pelo coronel Alfredo Fernandes de Oliveira, expressamente nomeado para esse
fim.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Novo Quartel
E
m 1941, a construção das infra-estruturas militares passou para o domínio do Ministério
das Obras Públicas, sendo gerida por uma comissão mista constituída maioritariamente
por militares, a CANIE, Comissão Administrativa das Novas Instalações para o Exército, a que
se seguiu a CANIFA, para as Forças Armadas.
Século XX
Estas comissões foram responsáveis por uma importante campanha de construções de
obras de raiz, como é o caso do aquartelamento hoje existente em Vila Real, onde se encontra
instalado o R.I. 13. Esta política de construções militares inseria-se numa política mais geral de
profundas remodelações no Exército português levadas a cabo por Fernando dos Santos Costa,
que desde 1936 exercia as funções de Subsecretário de Estado da Guerra, e a partir de 1944,
as de Ministro da Guerra.
Cerimónia de inauguração das novas instalações do RI13.
Fonte: Jornal “A Voz de Trás-os-Montes”.
Em Setembro de 1941, os militares da guarnição de Vila Real
ficam a saber através do então Diário do Governo que em breve seria
construído um novo quartel para o nobre e glorioso Regimento de
Infantaria 13. Passaram cerca de 11 anos desde o anúncio da construção até à inauguração das novas instalações, que ocorreu no dia
15 de Junho de 1952, com a presença dos Ministros do Exército e das
Comunidades.
A cerimónia começou com a bênção do novo Estandarte do
Regimento, seguindo-se uma missa solene na Sé Catedral da cidade,
terminando com o desfile das tropas na Avenida Carvalho Araújo,
empunhando o novo estandarte perante as entidades presentes e a
população da cidade.
Chefe Artur Costa: içou o
Estandarte Nacional na inauguração do quartel e nas
comemorações dos 50 anos.
63
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Na Ordem do Regimento n.º 169, de 17 de Junho de 1952, o Comandante, coronel
Francisco F. Pereira da Costa, manda publicar a seguinte mensagem:
“…Foi inaugurado o nosso novo Quartel que vamos ocupar e que a partir desta data a
Nação confiou à nossa guarda. Este edifício custou em dinheiro e sacrifícios de toda a ordem
uma soma considerável que convém ter sempre bem presente. Reconhecemos francamente
que o Governo do País, neste anseio de renovação e restauração nacional, não esqueceu nem
esquece os seus servidores criando-lhes e fornecendo-lhes instalações sadias, condignas e até
luxuosas. O conforto entre o quartel que dentro de poucos dias deixaremos e aquele que vamos
ocupar falará melhor que as palavras, e a todos nós se impõe a obrigação moral, o imperioso
dever de o conservar, estimar e respeitar fazendo os melhores esforços para o manter tal como
nos foi entregue...convencido de que assim será espero da parte de todos os sr. oficiais, sargentos e praças que saibam corresponder dignamente ao carinhoso interesse do Governo da
Nação conservando-o sempre rigorosamente limpo e asseado, única maneira de testemunharmos a nossa gratidão por tão bonito e rico empreendimento...”
O quartel foi
beneficiando de diversos melhoramentos
ao longo dos anos. À
data da publicação
deste documento é
composto por oito
casernas (inicialmente
só tinha seis), edifício
de comando, enfermaria, messes de oficiais e sargentos,
refeitório/cozinha,
edifícios
para
arrecadações,
parVista aérea do quartel do R.I. 13, por volta dos anos sessenta.
ques e oficinas auto,
várias pistas de combate, uma carreira de tiro reduzida e uma sala de simulação de tiro anticarro.
Para apoio à educação física, dispõe ainda de um pavilhão gimnodesportivo, um campo
de ténis, um campo polivalente e um campo de futebol. Possui também um edifício onde eram
ministradas as aulas regimentais, actualmente utilizado como depósito, uma vez que aquelas
terminaram na década de oitenta. Em 2004, uma parte das suas instalações foi preparada para
acolher um Centro Temporário de Divulgação do Dia da Defesa Nacional.
O quartel dispõe ainda de uma parada, à qual se deu o nome de La Lys em memória
dos combatentes do Regimento que participaram nessa batalha. Exteriormente, num raio de um
quilómetro, dispõe de uma carreira de tiro de trezentos metros, na região da Borbela, e de um
campo militar com 41 hectares. Nas redondezas, existem excelentes áreas de instrução e
treino, como sejam a Serra do Marão, o Coito do Gestoso, S. Bento, Serra da Padrela e Serra
da Falperra, onde se pode efectuar fogo real de armas pesadas.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 na Guerra do Ultramar
E
Companhia de Caçadores 95: chegada à estação de
Vila Real para embarque (1961).
Fonte: Sargento-Chefe Lucena Gonçalves.
A Companhia ficou inicialmente colocada
em Bissau sendo, posteriormente, a 26 Julho de
1961, colocada em Falacunda, uma região ocupada militarmente, pela primeira vez, por forças
nacionais, numa operação integrada no dispo-
sitivo do Batalhão de Caçadores 237. Procuravase com este dispositivo realizar acções de segurança e de controlo das populações que impedissem a instalação de elementos inimigos na zona.
A Companhia destacou um pelotão que
ocupou militarmente Empada, onde se manteve
até ser substituído por forças da Companhia de
Caçadores 84, a 23 de Fevereiro de 1962; manteve ainda, por períodos variáveis, forças destacadas em Cufar, Catió e Bolama.
Companhia de Caçadores 95: embarque no comboio
da CP em Vila Real (1961).
Fonte: Sargento-Chefe Lucena Gonçalves.
A sete de Fevereiro de 1963, a
Companhia
foi
rendida
pela
Companhia de Caçadores 274,
tendo sido colocada em Bissau,
onde, com o objectivo de cooperar
na segurança e protecção das instalações e das populações, substituiu,
a 11 de Fevereiro de 1962, a
Companhia de Caçadores 74. A 21
de Julho de 1963, foi substituída em
Companhia de Caçadores 95: colocação de um mastro para içar a
Bissau
pela
Companhia
de
Bandeira Nacional.
Fonte: Sargento-Chefe Lucena Gonçalves.
Caçadores 510, regressando a Vila
Real no dia 31 de Julho de 1963. Os actos meritórios desta Companhia no desempenho das
suas missões foram objecto de devido louvor.
65
Século XX
m resposta à alteração da situação política e militar nas províncias ultramarinas, no início da década de sessenta, muito em particular em Angola e na Guiné, o Governo português fez de imediato mobilizar e embarcar forças militares para aquelas províncias. A 15 de
Maio de 1961, o R.I. 13 organiza a Companhia 153, para integrar o Batalhão de Caçadores 237,
com destino à província da Guiné, para a qual
embarcou no dia 27 do mesmo mês. Esta companhia desenvolveu a sua actividade operacional fundamentalmente nas regiões de Bissau
e Fulacunda.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A sete de Junho de 1961, foram organizados no R.I. 13 o Comando e Companhia de
Comando do Batalhão de Caçadores n.º 185, cuja unidade de concentração das forças se
encontrava em Viana do Castelo.
Tinha como destino a província de
Angola, para onde partiu a 28 Julho 1961
e onde prestou serviço durante dois anos
nas regiões de Luanda, Malange e C. Vale
Lage. Regressou a Vila Real, após
cumprida a sua missão, a 14 de Novembro
de 1963.
A 24 de Julho de 1961, marchou para
Lisboa a fim de embarcar para Angola, o
Companhia de Caçadores 95: Ambriz - Guarda Honra.
Pelotão de Morteiros n.º 23, o qual desenFonte: Sargento-Chefe Lucena Gonçalves.
volveu a sua actividade operacional nas
regiões de Luanda, S. Salvador, Sazaire e Cabinda. Regressou a Vila Real a dois de Dezembro
de 1963.
Em Agosto, o R.I. 13 contribui mais uma vez com uma companhia para o esforço de
guerra, desta feita com a Companhia de Caçadores 95, que integrou o Batalhão de Caçadores
92, com destino a Angola, de onde regressou a três de Maio de 1963. Teve como teatro de operações (TO) as regiões do Negage, Huamba, Massau,
Ambriz e Tabi.
Todas estas Unidades Expedicionárias foram recebidas entusiasticamente pelas autoridades e habitantes da
capital de Trás-os-Montes. O “Jornal do Exército” n.º 35-36
descrevia nas suas páginas o R.I. 13 como “… sempre presente na defesa da integridade do solo nacional…é esta a
jornada honrosa de que se orgulha a Infantaria do Marão,
que recruta os seus soldados entre a gente boa, humilde,
ordeira, obediente e com fé em Deus das plagas transmontanas…”
Companhia de Caçadores 95: Negage
Secção de Vigia e defesa.
Fonte: Sargento-Chefe Lucena Gonçalves.
Em 1964, é atribuída ao R.I.13 a missão de “Centro de Instrução Básica”. Deixa de
mobilizar unidades constituídas e passa a ter a responsabilidade de prestar formação militar aos
milhares de portugueses que eram convocados a prestar serviço militar.
Ao longo dos cerca de dez anos, desde 1964 a 1974, em que cumpriu essa missão, o
R.I.13 formou mais de 69.000 cidadãos, em quatro incorporações anuais, destinados, na sua
maioria, a prestar serviço nas antigas colónias. Esta missão de formação militar não se confinava apenas à escola de recrutas, mas incluía também a realização de inúmeros cursos para a
formação de cabos. Para além desta missão, o R.I. 13 também serviu como local de concentração de unidades constituídas que aguardavam a ordem de embarque.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Em Agosto de 1972, a Câmara Municipal de Vila Real, conhecedora do trabalho desenvolvido pelo R.I. 13 em prol da cidade e no auxílio e apoio às populações da região, deliberou
atribuir-lhe a “Medalha de Ouro da Cidade”.
Século XX
Aprovada por unanimidade e aclamação, em reunião extraordinária da Câmara
Municipal do dia 31 de Agosto de 1972, a atribuição da condecoração teve por base toda a
história gloriosa do Regimento, assim como a qualidade da sua relação com a cidade, manifestada “…pela fraternidade, pela cortesia e colaboração…integração perfeita do Regimento
nas preocupações e anseios da população de que faz parte…”.
Acta de sessão de extraordinária da Câmara Municipal de Vila Real, realizada no
dia 31 de Agosto de 1972.
Fonte: Arquivo Distrital de Vila Real.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O 25 de Abril de 1974 e as Décadas de Setenta e Oitenta
A
25 de Abril de 1974, o R.I. 13 aderiu
ao Movimento das Forças Armadas
(MFA), o qual derrubou o regime ditatorial
vigente, implementou a democracia e
devolveu a liberdade ao Povo português.
Participou na revolução com duas companhias de atiradores do encargo operacional,
as quais ficaram à ordem do Posto de
Comando do Norte, do MFA. Estas forças
tinham como missão actuar em toda a zona
de acção, com prioridade para a cidade do
Porto.
Todavia, o sucesso rapidamente
alcançado pelas forças leais ao MFA na
cidade do Porto, nomeadamente na neutralização do quartel-general e das instalações
da PIDE, tornou dispensável a deslocação
das companhias do R.I. 13. Estas mantiveram-se aquarteladas nas suas instalações,
em estado de prontidão, acompanhando o
evoluir da situação no País.
Manifestação junto ao Monumento a Carvalho Araújo.
Fonte: Herdeiros de Achiles Ferreira de Almeida.
Após o dia 25 de Abril, o R.I. 13 desenvolveu as seguintes acções: garantiu, na sua
zona de acção, a segurança das populações e assegurou que as transformações resultantes da
revolução de natureza política, económica, social e cultural seguissem o seu curso normal;
deslocou uma Companhia de Atiradores para a guarnição do Porto, com a missão de garantir a
segurança na cadeia de Custóias, local onde se encontravam presos os agentes da PIDE;
desenvolveu acções de esclarecimento junto das populações, as designadas “campanhas de
dinamização cultural”, com o objectivo de divulgar o programa do MFA; e colaborou no desenvolvimento, a nível local, do processo de democratização, em especial na destituição do
Presidente da Câmara de Murça, e na tomada de posse do novo Presidente, deslocando uma
companhia de atiradores para a periferia de Vila Real, com a finalidade de evitar que a população hostil à destituição do antigo Presidente se deslocasse em massa para a cidade.
Com a reorganização territorial do Exército levada a cabo em Março de 1975, o R.I. 13
passa a designar-se, a partir de um de Maio de 1975, Regimento Infantaria de Vila Real (RIVR).
Como resultado desta reorganização, o RIVR passa a ter dois destacamentos com sedes,
respectivamente, na cidade de Chaves e na cidade de Bragança, designados por Destacamento
de Chaves do Regimento de Infantaria de Vila Real, e Destacamento de Bragança do
Regimento de Infantaria de Vila Real. Com as reorganizações do Exército de 1977 e de 1980,
respectivamente, os Destacamentos de Chaves e de Bragança do R.I. de Vila Real, são extintos.
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MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Manifestação de apoio ao movimento militar de 25 de Abril de 1974, junto ao Monumento a
Carvalho Araújo.
Fonte: Herdeiros de Achiles Ferreira de Almeida.
Com o fim da Guerra do Ultramar, é atribuído ao R.I. 13 um encargo de instrução, continuando a incorporar e a formar gerações de jovens, e um encargo operacional. Na década de
oitenta, o R.I. 13 era constituído por um Batalhão Operacional (menos), um Batalhão de
Instrução e uma Companhia de Comando e Serviços.
No âmbito territorial tinha por missão: (1) instruir o contingente que para o efeito lhe
fosse destinado incorporar (duas Companhias de Instrução, no máximo três, num total de 450
homens); (2) organizar, treinar, manter e apoiar as forças que constituem o seu encargo operacional permanente, de modo a que estejam prontas a intervir nos prazos que lhe forem fixados
superiormente; e quando superiormente determinado, proceder à mobilização e treino das
forças julgadas necessárias.
No âmbito da organização de campanha, o R.I. 13 tinha atribuída a missão de planear
e conduzir as acções que lhe fossem confiadas superiormente. Quando, por acção do inimigo,
fosse afectada a cadeia de comando, teria de desenvolver, por iniciativa própria, acções de
defesa utilizando processos convencionais, ou irregulares, quando tal fosse determinado pelos
órgãos de soberania. Sem prejuízo das tarefas anteriores, e de acordo com o estabelecido na
lei em vigor, estava incumbido de colaborar nas acções desenvolvidas pelo serviço nacional
competente contra os efeitos de catástrofes ou calamidades públicas, ou melhoria da qualidade
de vida das populações.
69
Século XX
A quatro de Maio de 1977, é oficialmente extinto o Destacamento de Chaves, mas a
responsabilidade administrativa do RIVR sobre aquele Destacamento já tinha cessado em 31
de Dezembro de 1976. A 20 de Setembro de 1980, é extinto o Destacamento de Bragança, com
efeitos retroactivos desde 30 de Novembro de 1978. A designação de Regimento de Infantaria
de Vila Real manteve-se até 1993, altura em que volta à anterior designação de Regimento de
Infantaria n.º 13, nome que se mantém até aos dias de hoje.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A Década de Noventa
N
os anos noventa, o Exército envolve-se num processo de reestruturação cuja implementação se prolonga por quase toda a década. A nova Lei do Serviço Militar que reduz para
quatro meses a duração do Serviço Militar Obrigatório e introduz os regimes de Contrato e
Voluntariado (RC/RV), assim como a Lei Orgânica do Exército, introduzem dados novos na
equação. Ao contrário de outras unidades, o regime de voluntariado nunca trouxe problemas ao
R.I. 13, bem pelo contrário. Também não seria afectado pelo regime de concentrações, desactivação e extinção de unidades levado a cabo durante a década de noventa, sobretudo na sua
primeira metade.
A partir de Dezembro de 1992, o R.I. 13 passa a contribuir com o seu encargo operacional, ou seja, um Batalhão de Infantaria (BI), para a Brigada Ligeira de Intervenção (BLI), criada a um de Junho desse ano, no âmbito da reorganização do Sistema de Forças de Médio
Prazo.
Em 1993, a missão do R.I. 13 foi revista, passando a: ministrar instrução aos efectivos
que lhe forem atribuídos; organizar, treinar e manter as Forças Operacionais que lhe forem fixadas; preparar e executar a Convocação e Mobilização Militar dos cidadãos na situação de
Reserva de Disponibilidade e organizar Subunidades Operacionais para satisfazer as necessidades do Sistema de Forças Terrestre, conforme lhe for determinado; participar na defesa
terrestre do Território Nacional, de acordo com as missões que lhe forem cometidas em planos
operacionais; cumprir outras missões ou realizar outras tarefas que lhe forem cometidas superiormente, de acordo com a legislação em vigor; organizar, preparar e aprontar o 1.º Batalhão
de Infantaria da BLI, para projecção em missões no exterior. No rescaldo desta reorganização,
o Batalhão de Comando e Serviços deixa de existir. O R.I. 13 passa a contemplar na sua orgânica apenas uma Companhia de Comando e Serviços, para além de um Batalhão de Instrução e
de um Batalhão de Infantaria.
No início de 1999, o Batalhão de Infantaria sobe à categoria de Força Operacional de
Projecção do Exército (FOPE). A criação da FOPE reporta-se ao despacho n.º 317/CEME/98, o
qual estruturava a componente operacional do Exército em três níveis: Forças de Projecção
(FOPE); Forças de Reserva do Exército (FORES); e Forças de Reforço, por convocação e
mobilização (FOREF).
A FOPE surge no contexto da regionalização das operações de manutenção da paz,
isto é, da crescente tendência para as organizações regionais de segurança, designadamente
a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), serem chamadas a intervir militarmente
em missões de apoio à paz, recorrendo à constituição de forças multinacionais em que se torna
vital encurtar o tempo de resposta nacional sempre que seja solicitado a Portugal a participação
nestas missões. Pretendeu-se ainda com a criação da FOPE passar-se a dispor de forças
dotadas de alta flexibilidade, capazes de responder ao grande espectro de tipologias e diversidade das missões de paz.
A partir de 1999, no âmbito operacional e territorial e no contexto da criação da FOPE, a
70
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
missão do R.I. 13 foi novamente reformulada. Passava a ter como responsabilidades atribuídas:
organizar, treinar e manter o encargo operacional do 1.º BI, para a BLI, no âmbito das FOP; convocar e mobilizar a 3.ª Companhia de Atiradores para complemento do 1.º BI, da BLI, e levan-
tar o 3.º BI, da BLI. Para além disso, competia ainda ao R.I. 13 convocar e mobilizar o 3.º BI, da
Brigada de Defesa Territorial Norte; participar na defesa terrestre do Território Nacional; efectuar missões de apoio, de acordo com a legislação existente e as orientações superiores, no
âmbito da protecção civil.
A acção do R.I. 13 no
apoio à protecção civil revelou
ser de extrema importância.
Destacam-se, entre outras actividades, aquelas levadas a cabo
no âmbito do Plano “Aluvião
Norte”, durante as cheias do rio
Douro, e nos nevões que assolam frequentemente a região
durante o período de Inverno; e a
colaboração na prevenção e no
combate a incêndios através dos
Patrulha motorizada na vigilância aos incêndios.
inúmeros patrulhamentos das
zonas florestais, não só no distrito de Vila Real mas também no distrito de Bragança.
Ainda no âmbito específico do apoio às populações, cabe
destacar, entre outras actividades,
a colaboração: no fornecimento de
água a várias povoações isoladas
do concelho de Vila Real, vítimas
da aridez dos verões transmontanos; na remoção de viaturas
com o pronto-socorro da Unidade;
na realização de obras em aldeias
mais carentes, através da cedência de viaturas pesadas; no alojamento de famílias afectadas pelas
cheias e pelos temporais, etc.
Formação técnica dos militares no âmbito do combate aos incêndios.
71
Século XX
Nevão na cidade de Vila Real.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Cabe ainda salientar a participação de equipas do R.I. 13 em simulacros de acidentes
e catástrofes, sendo de destacar, por exemplo, o exercício “Petrex 01”, no Itinerário Principal n.º
4 (IP 4), o qual teve por objectivo treinar o
Plano Municipal de Emergência, o Plano
de Emergência Especial para Matérias
Perigosas e o Plano Externo do Hospital
de S. Pedro, tendo sido empregues e testados os meios de socorro de várias entidades regionais.
No início de 1998, na sequência dos
diversos cortes orçamentais nos gastos
Exercício “Petrex 01”, Treino do Plano Municipal de Emergência
(IP4).
com as Forças Armadas, o R.I. 13 deixou
de ter organicamente um Batalhão de Instrução a duas companhias, para passar a ter apenas
uma Companhia de Instrução. Ao longo da
década de noventa, o R.I. 13 participou
com o seu Encargo Operacional em múltiplos exercícios regionais, nacionais e
estrangeiros, os quais contribuíram significativamente para melhorar a proficiência
dos seus quadros e das suas praças.
Salienta-se a participação nos exercícios
das séries “Viriato”, “Frente Norte”,
“Fronteira”, “Sagitário”, e “Orion”, para
além da participação no exercício Exercício “Petrex 01” - Lavagem da via (IP4).
Cooperative Determination 97, na Roménia, e do apoio ao exercício Strong Resolve, em 1998,
um dos exercícios de maior envergadura alguma vez efectuado pela OTAN.
Exercício “Strong Resolve” (1998).
O exercício Strong Resolve tinha por
objectivo testar a capacidade da Aliança
Atlântica na condução simultânea de operações em dois cenários de crises diferentes, um ao abrigo do artigo V, do
Tratado da Aliança, e outro de Operações
de Apoio à Paz. Foram envolvidas no exercício a quase totalidade das componentes operacionais e territoriais do Exército, esta última no
âmbito do Apoio de Nação Hospedeira.
Para cumprir as missões da componente de Operações Especiais (CJSOTF) foi estruturado um comando a bordo de um navio da Marinha americana, tendo as suas forças e meios
sido posicionados numa Intermediate Staging Base (ISB), em Vila Real. Esta modalidade de
comando exigiu da parte de todos os intervenientes um esforço acrescido no controlo, coordenação e sincronização das missões a serem executadas. Apesar dos meios aéreos serem
orgânicos do CJSOTF, foi necessária uma grande coordenação entre o Special Operations
Liaison Element (SOLE), a bordo do navio, e o Tactical Air Control Party (TACP), em Vila Real.
72
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Terá certamente contribuído decisivamente para a
escolha desta Unidade do
Exército e desta região para a
realização destes exercícios, e
bem assim para o treino e
preparação de Forças Nacionais
Destacadas (FND), a excelência
das
condições
existentes,
nomeadamente: um aeródromo
com uma pista de 950 metros, a
qual permite a aterragem de
aeronaves militares; aldeias
abandonadas onde se pode
Exercício “Fronteira”.
praticar o combate em áreas edificadas; extensas zonas de floresta e a rede estradal que as serve.
Foi no contexto das FND que se centrou a maior preocupação operacional da Unidade,
tanto nos últimos anos da década de noventa como nos poucos anos decorridos no século XXI.
De Julho de 1998 a Junho de 2004, foi dada ao R.I. 13 a missão de organizar e aprontar quatro forças de escalão Batalhão, as quais foram empregues fora do Território Nacional, tanto no
âmbito da ONU como da
OTAN: o Agrupamento Alfa (de
15 de Julho de 1998 a 12 de
Janeiro de 1999), empregue no
TO da Bósnia-Hergovina; o
Agrupamento Charlie (de 11 de
Fevereiro a 11 de Agosto de
2000), empregue no TO do
Kosovo; o 1.º Batalhão de
Infantaria (de 12 de Outubro de
2001 a 9 de Junho de 2002) e o
Agrupamento Hotel (de 24 de
Janeiro a 11 de Junho de
2004), ambos empregues no
Exercício “Fronteira” - Treino Cruzado.
TO de Timor-Leste.
73
Século XX
No que respeita à cooperação bilateral entre os Exércitos de Portugal e de Espanha,
inserida nas Conferências dos Estados-Maiores Peninsulares, destaca-se o exercício
“Fronteira”, que se realiza anualmente e alternadamente em cada um dos países, sendo nos
anos pares em Espanha e nos anos ímpares em Portugal. São exercícios do tipo FTX/LIVEX,
onde prevalecem temas de acções convencionais, tanto defensivas como ofensivas. Durante a
realização dos exercícios, são desenvolvidas diversas actividades de treino cruzado, das quais
se destaca o tiro com o armamento de ambos os exércitos, tanto na carreira de tiro reduzida
como na de 300 metros.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
AGRUPAMENTO ALFA (15 de Julho de 1998 a 12 de Janeiro de 1999)
A
14 de Dezembro de 1995, foi assinado em Paris o Acordo de Paz para a
Bósnia-Herzegovina, o qual ficou conhecido como Acordo de Dayton. Com base na
Resolução n.º 1031, do Conselho de Segurança da ONU, a OTAN foi mandatada, pelo período
de um ano, para implementar os aspectos militares do Acordo de Paz, tendo para tal sido levantada uma força multinacional, sob o comando da OTAN, chamada Força de Implementação
(IFOR), a qual iniciou a sua missão a 20 de Dezembro de 1995.
Nos finais de 1996, uma nova Resolução do Conselho
de Segurança da ONU concluía pela necessidade de manter
uma presença militar no terreno, embora mais reduzida, para
garantir a estabilidade necessária à consolidação da paz,
alargando o mandato da OTAN.
Agrupamento ALFA: Posição de Zahrid.
Assim, no dia 20 de Dezembro de 1996, a IFOR dá
lugar à SFOR (Stabilization Force), e à operação Joint
Endeavour sucede a operação Joint Guard / Joint Forge. É no
âmbito desta última força que se insere o Agrupamento ALFA,
o qual vai integrar a Brigada Multinacional Norte (BMN).
Através da Directiva Operacional n.º 5/CEME/98, foi
atribuída à BLI a responsabilidade de coordenar, planear e
executar o aprontamento de uma unidade de escalão batalhão, a qual escolheu o R.I. 13 para levar a efeito essa missão.
Agrupamento ALFA: Posto telecomunicações, Jabuca.
Esta escolha teve em conta o facto de este Regimento se encontrar implantado numa
região cuja orografia e o clima se aproximava das existentes no TO da Bósnia-Herzegovina.
O Agrupamento ALFA era constituído por uma Companhia de Comando e Serviços, uma
Companhia de Atiradores e um Esquadrão de Reconhecimento, num efectivo total de 321 militares, e foi comandado pelo Tenente-Coronel Alberto Augusto Pires Nunes. Foram reunidas,
pela primeira vez, para este tipo de missão, subunidades de Infantaria e Cavalaria.
No âmbito do aprontamento do Agrupamento ALFA, foram realizados vários exercícios,
dos quais se destacam dois: o exercício “BLI 981”, que decorreu de 27 de Abril a 8 de Maio de
1998, no Campo Militar de Santa Margarida.
Este exercício tinha por finalidade treinar os aspectos operacionais específicos das
Operações de Apoio à Paz, utilizando para o efeito as instalações do Centro de Instrução e
Treino para Operações de Apoio à Paz (CITOAP); e o exercício “HERMES 98”, que decorreu na
região da Serra da Padrela, próximo de Vila Pouca de Aguiar, de 31 de Maio a 6 de Junho de
1998, com o qual se deu por concluído o aprontamento do Agrupamento ALFA.
74
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Século XX
Estacionado em Rogatica e Vitkovic, o Agrupamento ALFA tinha por missão controlar o
seu sector através de acções de patrulhamento e postos de controlo temporários, tendo em
vista assegurar a liberdade de movimentos e verificar a existência de armamento fora das áreas
autorizadas. Tinha por divisa “Adivinhar Perigos e Evitá-los”.
Agrupamento ALFA: patrulhamento em viaturas “Chaimite”.
Agrupamento ALFA: Acampamento em Sotrin.
75
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Aspecto parcial da Sala de Luta Anti-carro.
Aspecto parcial da Sala de Luta Anti-carro.
Aspecto parcial da Sala de Luta Anti-carro.
76
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
P
or altura das comemorações do cinquentenário da inauguração das instalações do actual
quartel, a 15 de Junho de 2002, o R.I. 13 foi condecorado com a Medalha de Ouro de
Serviços Distintos.
Século XXI
No preâmbulo da Portaria de atribuição desta medalha faz-se referência ao passado
glorioso do Regimento, à sua acção na batalha de La Lys, às missões de soberania em
Moçambique e Angola, ao relacionamento e à mútua colaboração com as autoridades civis e
organismos públicos e privados da região, assim como ao empenho, à organização, à
preparação e treino das Forças Nacionais Destacadas, nos diversos teatros de operações.
Como já referido, foi neste domínio que se centrou a actividade operacional do Regimento nos
curtos quatro anos decorridos no século XXI.
77
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
AGRUPAMENTO CHARLIE (11 de Fevereiro a 11 de Agosto de 2000)
N
a sequência do fracasso das negociações entre representantes da Jugoslávia e da minoria albanesa do Kosovo, que tiveram lugar em Rambouillet, nas proximidades de Paris,
de 6 a 23 de Fevereiro, e da recusa de Milosevic em cumprir as imposições que lhe eram determinadas, o Conselho do Atlântico Norte autoriza o Secretário-Geral da OTAN, Javier Solana, a
desencadear um ataque aéreo à Jugoslávia. A 23 de Março de 1999, inicia-se a operação Allied
Force, a qual durou 78 dias e contou com a participação de 13 países da OTAN, sob a direcção
dos Estados Unidos da América.
A operação foi dada por concluída após ter sido confirmada a retirada das Forças Sérvias do Kosovo, dentro dos 11 dias previstos no Military
Technical Arrangement (MTA), assinado
a 9 de Junho de 1999, pelo comandante
militar Jugoslavo.
Agrupamento CHARLIE: posto de comando em Klina.
A província do Kosovo passou
a ser ocupada por uma força internacional de Paz – a KFOR, obrigando,
assim, Belgrado a retirar as suas tropas
do Kosovo. Uma vez terminada a operação Allied Force, a 10 de Junho,
seguiu-se a operação Joint Guardian,
nos termos da Resolução n.º 1244 do
Conselho de Segurança da ONU e do
MTA. É no âmbito desta operação que o
Agrupamento Charlie foi empregue.
O Agrupamento CHARLIE foi
criado nos termos do Despacho n.º
183/CEME/99, o qual designa o R.I. 13
como unidade concentradora da Força.
Para a sua constituição concorreu o 1.º
BI, com o Comando, a Companhia de
Agrupamento CHARLIE: entrega de ajuda humanitária.
Comando e Serviços e uma Companhia
de Atiradores, recebendo um Esquadrão de Reconhecimento, do Regimento de Cavalaria 6,
num efectivo total de 295 militares, tendo sido comandado pelo Tenente-Coronel António Manuel
Felícia Rebelo Teixeira.
No âmbito do aprontamento do Agrupamento CHARLIE foram realizados vários exercícios, dos quais se destacam dois: o exercício “BLI-993”, entre 15 e 26 de Novembro de 1999,
no Campo Militar de Santa Margarida, com o apoio de unidades da Brigada Mista Independente
e do CITOAP; e o exercício “Hermes 00/01”, que decorreu de 7 a 12 de Janeiro de 2000, na
78
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Serra da Padrela, nas proximidades de Vila Pouca de Aguiar. Este exercício teve por finalidade
avaliar colectivamente o estado de prontidão e eficácia do Agrupamento. A cerimónia de entrega do Estandarte Nacional ao Agrupamento CHARLIE teve lugar a 14 de Janeiro de 2000, no
Largo da Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real.
Agrupamento CHARLIE: Companhia de Atiradores Mecanizada na travessia de um curso de água.
A partir de 10 de Maio de 2000,
foram-lhe atribuídas as seguintes responsabilidades: monitorizar e impor o cumprimento dos acordos ratificados (MTA e
Undertaking); reagir contra qualquer violação para restabelecer o cumprimento
dos acordos ratificados; garantir uma presença permanente em toda a Área de
Responsabilidade, com o objectivo de
criar um ambiente seguro a todos os grupos étnicos; e garantir a liberdade de
movimentos
na
sua
Área
de
Responsabilidade.
Agrupamento CHARLIE: posto de controlo guarnecido pelo
Esquadrão de Reconhecimento.
Competia-lhe ainda: controlar as vilas de Klina e de Zlokucane; estabelecer e manter
medidas de segurança contra ataques de morteiro dirigidos ao mosteiro de Budisavci, ou outros locais religiosos, culturais ou políticos; estabelecer e manter a ligação com as autoridades
locais e organizações internacionais; apoiar o regresso da minoria Sérvia; colaborar com a
UNMIK no processo de transformação do Exército de Libertação do Kosovo, e no estabelecimento e manutenção da lei e da ordem pública; e prestar ajuda humanitária, sempre que
necessário. O regresso a Portugal e a Vila Real aconteceu a 18 de Agosto de 2000. Tinha por
divisa “Braço Forte de Gente Sublimada”.
79
Século XXI
A 11 de Fevereiro, o Agrupamento CHARLIE assume formalmente a responsabilidade
pela área atribuída, ocupando o aquartelamento “D. Afonso Henriques”, em Klina, e assume a
designação de Task Force PEGASUS, inserido na Brigada Multinacional Oeste (MNBW).
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
1.º BATALHÃO DE INFANTARIA (12 de Outubro de 2001 a 9 de Junho de 2002)
A
seguir ao acordo de cinco de Maio de 1999 entre a Indonésia e Portugal, os dois governos depositaram no Secretário-geral da ONU a responsabilidade de organizar e conduzir
uma consulta popular para decidir sobre o futuro de Timor-Leste. O Conselho de Segurança da
ONU autorizou o envio de uma missão (UNAMET) para o território, com o objectivo de preparar
o acto eleitoral.
Após o referendo, a 30 de
Agosto de 1999, no qual 78,5 por
cento da população votou pela independência, o território foi varrido por
uma tremenda onda de violência levada a cabo por milícias locais,
apadrinhadas por Jacarta. Para a
conter rápida e decisivamente e
restabelecer a ordem, o Conselho de
Segurança autorizou o envio para o
território de uma força liderada pela
Austrália (INTERFET).
1º Batalhão de Infantaria: patrulha de nomadização.
Uma vez contida a violência, restaurada a ordem e
criado um ambiente seguro para
o trabalho das agências civis, o
Conselho de Segurança adoptou, a 25 de Outubro de 1999,
uma nova Resolução estabelecendo uma nova operação da
ONU no território, a UNTAET
(United Nations Transitional
Administration in East Timor), a
qual entrou em funcionamento a
28 de Fevereiro de 2000.
1º Batalhão de Infantaria: patrulha motorizada.
A componente militar desta missão era constituída pela Peacekeeping Force (PKF), a
qual tinha por missão apoiar a manutenção de um ambiente seguro em Timor-Leste; apoiar a
UNTAET na realização de eleições livres e democráticas, e apoiar a ETTA (East Timor
Transitiorial Administration), dentro das suas capacidades, no desenvolvimento de organizações
e infra-estruturas sustentadas. Foi no âmbito destas missões atribuídas à PKF que o 1.º BI seria
empregue.
80
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O empenhamento daquela unidade em Timor-Leste realizou-se nos termos do despacho 141/CEME/1999, tendo sido designado o R.I. 13 como Unidade de concentração,
preparação e treino. Este Batalhão, era constituído por Comando, Companhia de Apoio,
Companhia de Reacção Imediata, Esquadrão de Reconhecimento, Companhia de Fuzileiros,
1.ª Companhia de Atiradores, 2.ª Companhia de Atiradores, e Destacamento de Engenharia,
num efectivo total de 852 militares, e foi comandado pelo Tenente-Coronel José António da
Fonseca e Sousa.
1º Batalhão de Infantaria: Patrulhamento de Locais de difícil acesso.
Visou desenvolver actividades de instrução colectiva e treino operacional orientados
para a missão, ao nível companhia e pelotão. Durante esta fase, realizou-se o exercício
"Hermes 01/01", o exercício final de aprontamento, o qual decorreu de 22 a 30 de Junho, na
região das Serras da Padrela e da Falperra, num cenário que pretendia retratar o mais fielmente
possível a situação vivida em Timor-Leste.
O 1.º BI constituiu-se como Força Nacional Destacada, integrando a PKF, de 12 de
Outubro de 2001 a 8 de Junho de 2002. Até 19 de Maio, actuou no âmbito da UNTAET. Após
assumir a sua área de responsabilidade (AOR), o 1.º BI lançou uma operação de apoio ao
regresso dos refugiados.
A partir de 15 de Novembro, a sua AOR, que inicialmente abrangia apenas os distritos
de Aileu, Ainaro, Liquiçá, Dili (incluindo a ilha de Ataúro) e Manufahi, estende-se ao distrito de
Ermera, para onde a 2.ª Companhia de Atiradores destaca um pelotão. A 12 de Dezembro, o 1.º
BI vê novamente a sua AOR expandir-se, desta vez para o distrito de Manatuto, o que obriga a
uma nova alteração do dispositivo.
81
Século XXI
A sua concentração teve início a 5 de Fevereiro de 2001, no R.I. 13, materializando
essa data o começo da 1.ª fase de instrução e treino operacional, que culminou com a realização do Exercício BLI 011, no Campo Militar de Santa Margarida, de 19 a 30 de Março de 2001.
A 2.ª fase, iniciou-se a um de Abril e prolongou-se até ao embarque para o Teatro de Operações.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O 1.º BI passa, deste modo, a ser responsável por cerca de 43 por cento da população
de Timor-Leste e cerca de 53 por cento do seu território, números que ilustram bem a dimensão da missão a cumprir. No mês de Abril de 2002, com a realização das primeiras eleições
presidenciais, o 1.º BI testemunhou outro marco da maior relevância na história de Timor-Leste.
Por ter o seu efectivo reduzido em 155 militares, repatriados a 29 de Abril de 2002, o
1.º BI vê-se a braços com uma alteração do conceito de operação da PKF, obrigando a uma
nova reformulação do dispositivo. Assim, entre quatro e 27 de Maio de 2002, são abandonadas
e entregues às autoridades locais as posições de Same, Ainaro e Manatuto.
1º Batalhão de Infantaria: patrulha heli-transportada.
É ainda atribuída ao 1.º BI a tarefa extremamente delicada de apoiar as comemorações
da independência de Timor-Leste, as quais se realizaram a 20 de Maio. Neste contexto são
lançadas as operações “Centauro”, “Escudo de Ferro”, “Grilheta”, “Mercúrio” e “Hatudu”. Após
20 de Maio, Timor-Leste torna-se um país independente, e a UNTAET termina a sua missão de
administração transitória. Ao mesmo tempo, o Conselho de Segurança da ONU apoia a criação
de uma nova missão para o território, a UNMISET .
Esta missão, com o mandato até 20 de Maio de 2003, tinha por finalidade continuar a
providenciar o apoio à segurança externa e à integridade do território de Timor-Leste, garantindo a gradual transição de responsabilidades da UNMISET para as autoridades locais e para a
FDTL (Força de Defesa de Timor-Leste). O 1.º BI regressou ao R.I. 13 no dia oito de Junho de
2002. Tinha por divisa “Por Único Móbil a Honra e a Dignidade”.
82
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
AGRUPAMENTO HOTEL (24 de Janeiro a 11 de Junho de 2004)
F
ace à necessidade de projectar mais uma FND para o Teatro de Operações de
Timor-Leste, o Comando do Exército atribuiu essa responsabilidade à BLI, tendo sido o
R.I. 13, uma vez mais, a unidade escolhida para se concentrar e treinar a força.
Exercício “BLI 032”.
O programa de instrução contemplou várias áreas,
das quais se destacam: instrução e treino de tarefas e procedimentos individuais; instrução e treino específico de procedimentos e técnicas características das operações de apoio
à paz; instrução e treino de acções de contra-guerrilha,
através da realização de patrulhas de nomadização, recorrendo essencialmente à execução de patrulhas de segurança e
de reconhecimento, e acções de cerco e limpeza.
Exercício “BLI 032”.
Durante o aprontamento realizaram-se três
exercícios: o primeiro, com a designação de “BLI
032”, decorreu entre 13 e 17 de Outubro de 2003;
o segundo, com a designação de “PUMA”, teve
lugar de 24 a 28 de Novembro, nas áreas limítrofes
do R.I. 13 e na região de Vila Pouca de Aguiar; e o
terceiro, o exercício final de aprontamento, com o
nome de “Hermes 02/03”, realizou-se entre 9 e 12
de Dezembro, na Serra da Padrela.
Entrega do Estandarte Nacional ao Agrupamento HOTEL.
83
Século XXI
O Agrupamento HOTEL iniciou a sua preparação a 18 de Agosto de 2003, com a apresentação do seu Comandante, o Tenente-Coronel Francisco Xavier de Sousa, no R.I. 13. O
Agrupamento HOTEL foi organizado em Comando e Estado-Maior, Companhia de Fuzileiros,
Companhia de Comandos, 2.ª Companhia de Atiradores e Companhia de Apoio, num total de
505 homens e mulheres.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A 11 de Janeiro de 2004, o Agrupamento HOTEL partiu para Timor-Leste, iniciando a
sua missão no âmbito da UNMISET, tendo sido a última FND a prestar serviço naquele território.
Agrupamento HOTEL: patrulha de reconhecimento apeada.
Durante os cinco meses de permanência no Teatro de Operações, o Agrupamento
HOTEL fez, sem dúvida, justiça ao seu lema “Pela Fama nas Obras e nos Feitos”.
Agrupamento HOTEL: distribuição de ajuda humanitária.
O regresso deste Agrupamento a
Portugal e ao R.I. 13 ocorreu a 2 de Junho
de 2004. O seu brilhante desempenho
mereceu da parte do comandante da PKF
um louvor enaltecendo o seu excepcional
profissionalismo, a pró-actividade demonstrada em apoio de todas as actividades
operacionais e as qualidades de dedicação, lealdade, e honestidade demonstradas durante o período em que estiveram no Teatro.
Agrupamento HOTEL: instalações em Baucau.
84
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Fim do Serviço Efectivo Normal
A
A 19 de Setembro de 2004, terminou o serviço militar conscrito, dando-se cumprimento
ao previsto na revisão da Constituição da República Portuguesa levada a cabo em 1997.
O potencial de recrutamento regional não veio afectar a vida da Unidade, pelo contrário, veio
beneficiá-la.
Em Maio e em
Setembro de 2004, o
Regimento levou a cabo
duas
recrutas
extraordinárias, cujo efectivo ficou
colocado, na sua quase totalidade, no Regimento, aumentando-lhe o efectivo em cerca
de 25 por cento.
Ainda em 2004, o R.I. 13 foi escolhido para funcionar como Centro de Divulgação do
Dia da Defesa Nacional. Com esta iniciativa o Ministério da Defesa Nacional e dos Assuntos do
Mar pretendeu, uma vez terminado o serviço militar obrigatório, dar a conhecer aos jovens, entre
outros assuntos, os objectivos da Defesa Nacional, as missões essenciais das Forças Armadas,
a sua organização, os recursos que lhe são afectos, as
diferentes
formas
de
prestação de serviço militar,
bem como as diversas possibilidades de escolha e os
principais incentivos que
lhes
proporciona.
Em
Fevereiro de 2005, iniciaram-se
as
primeiras
sessões do Dia da Defesa
Nacional no R.I. 13.
Palestra no âmbito do Dia da Defesa Nacional.
85
Século XXI
Juramento de Bandeira na Parada La Lys.
Outros Aspectos Relevantes
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Comandantes do R.I. 13
NOME
INICIO
FIM
Terço e Regimento de Peniche (de 1698 a 1807)
Mestre de Campo Vasco Fernandes César
Mestre de Campo Francisco Ferrão Castelo Branco
Mestre de campo Manuel Freire de Andrade
Coronel Tomaz Henriques de Figueiredo
Coronel Thomé Freire de Bulhões
Coronel Lourenço de Melo da Silva e Sá
Coronel João Mac-Donald
Coronel D. Gastão José da Câmara Coutinho
Coronel João Mac-Intire
Coronel José Joaquim Coutinho
Coronel D. Francisco Xavier de Noronha
Coronel José de Sousa Saldanha e Meneses,
Coronel António Franco de Abreu
Coronel Bernardim Freire de Andrade
Coronel Luiz António Castelo Branco
Coronel José de Sousa
07Jun1698
07Ago1705
21Ago1715
21Jan1735
09Out1734
30Set1762
18Set1765
Ago1771
22Out1773
22Abr1775
27Set1777
19Out1777
23Nov1784
17Dez1794
09Jul1799
10Nov1703
1735
1753
10Maio1765
22Julho1770
22Out1773
22Abr1775
27Set1777
19Out1777
25Mai1785
17Dez1794
09Jul1799
1806
1807
Regimento de Infantaria N.º 13 (de 1807 a 1834, ano em que foi extinto)
Coronel José de Sousa
Coronel Grad.º Perponcher
Coronel João Lobo Branco de Almeida
Tenente-Coronel D. Joaquim da Câmara
Coronel Maximiano de Brito Mousinho
Tenente-Coronel João C. de Saldanha Oliv.ª e Daun
Coronel António José Catimara
Coronel Caetano de Mello Sarria
Coronel Caetano Alberto de Sousa Canavarro
Coronel António Joaquim Rosado
Coronel Grad.º Manuel Bernardo da Silva Rebocho
Tenente-Coronel Grad.º Joaquim José de Provença
Coronel Victorino José de Almeida Serrão
Coronel. Gonçalves Cardoso Barba de Meneses
Coronel. João José de Santa Clara
05Fev1812
21Set1813
Batalhão de Infantaria N.º 13 (de 1837 a 1842)
Coronel José Maria e Sousa
Tenente-Coronel António Silvestre e Sousa
Regimento de Infantaria N.º 13 (de 1842 a 1883)
Coronel José Luiz de Brito e Melo
Coronel Mateus Faria Padrão
Brigadeiro Grad.º Caldeira Pedroso
Brigadeiro Grad.º Barnabé de Carvalho Viana
Coronel António Ferreira
Brigadeiro Grad.º Cristóvão Cardoso Barata
Coronel Joaquim Alves Álvares
88
24Set1813
22Dec1820
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
NOME
Coronel António Carlos Fialho de Mendonça
Coronel Manuel da Silva Freire
Coronel Vicente José Borges de Medeiros
Coronel José Pestana de Azevedo
Coronel Francisco António de Carvalho
Coronel Manuel Joaquim Marques
Coronel José Joaquim Teixeira Beltrão
INICIO
FIM
Regimento de Infantaria N.º 13 (em Vila Real, de 1883 a 1927)
Coronel Manuel José Fonseca
Coronel Caetano Jacques Dupont
Coronel António Luís da Cunha
Coronel José da Rosa
Coronel José António da Cruz
Coronel Nepomuceno de Sousa Andrade
Coronel Saturio Augusto Pires
Coronel João Pedro Caldeira
Coronel Eugénio Augusto de Santos Luna
Coronel Júlio Augusto de Oliveira Pires
Coronel José Gonçalves da Fonseca
Coronel João Lopes Soeiro de Amorim
Coronel Francisco Albino de Barros
Coronel Francisco Ribeiro Pataroxa
Coronel Luiz de Sousa Gomes e Silva
Coronel José Vitorino de Sande e Lemos
Coronel Joaquim de Andrade Pissarra
Coronel Barão de Seixas
Coronel Emílio Gomes dos Reis
Coronel Francisco Maria Xavier Pereira
Coronel Alexandre Eloy P. da Rocha Vasconcelos
Coronel Luiz Maria dos Reis
Coronel Francisco Augusto Martins de Carvalho
Coronel Júlio Augusto Vidal
Coronel Joaquim de Andrade Pissarra
Coronel António José Cabo de Carvalho
Coronel José Augusto Pinto Machado
Coronel António da Silva Dias
Coronel Ayres Guimarães Negrão
Coronel Jacinto Eduardo Pachea
Tenente-Coronel Boaventura de Noronha
Tenente-Coronel Delfim Ernesto de Magalhães
Tenente-Coronel Albano Xavier Sabino
Coronel Francisco Xavier Pereira de Magalhães
Coronel Augusto César Pires Soromenho
Coronel João José de Luz
Coronel Júlio Correia Accianoli de Menezes
Coronel Alfredo Ferreira de Sousa Alvim
Tenente-Coronel António Aparício Ferreira
Coronel José Duarte Pereira Pinto
Coronel António Aparício Ferreira
Coronel Angelo Leopoldo da Cruz e Sousa
Tenente-Coronel José Anastácio de Líz Fallé
Coronel José Ernesto de Sampaio
Coronel José Anastácio de Líz Fallé
Coronel Cândido Álvaro da Câmara
02Ago1898
10Ago1900
20Out1904
05Fev1911
89
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
NOME
Coronel Artur Marques de Sequeira
Coronel Abel Marinho Falcão
INICIO
FIM
Regimento de Infantaria N.º 13 (No Funchal, de 1927 a 1931)
Coronel Ricardo José de Andrade
Coronel José Maria de Freiras
Regimento de Infantaria N.º 13 (em Vila Real, de 1931 até à presente data)
Tenente-Coronel Tristão A. de Noronha Freire de Andrade
Coronel Manuel de Almeida Campos de Gusmão
Coronel Joaquim Leitão
Coronel Alberto da Silva Pais
Coronel Domingos Cosmeili Cancela
Coronel Francisco Passos
Coronel Luiz M. Salema Mousinho de Albuquerque
Coronel Manuel Frutuoso de Carvalho
Coronel Agostinho de Oliveira Bahia da Costa Lobo
Coronel Eusébio Emílio da Silva
Coronel Óscar Kol de Alvarenga
Coronel Ângelo David da Costa
Coronel António Manuel da Motta e costa
Coronel Alfredo do Amaral Esteves Pereira
Coronel Alexandre de Morais
Coronel Bartolomeu da Silva Varela
Coronel Francisco Fernandes Pereira da Costa
Coronel Augusto José Machado
Coronel José Monteiro da Rocha Peixoto
Coronel António Eduardo de Oliveira Faria
Coronel Camilo Leite Gomes
Coronel Raul Augusto Mesquita da Silva
Coronel Artur da Mota Freitas
Coronel do C. E. M. Fernando Louro de Sousa
Tenente-Coronel Carlos José Vence e Costa
Coronel Joaquim Duarte Miranda
Coronel C:E:M Ireneu de Almeida Mota
Coronel C:E:M António da C. Leme de França Dória
Coronel José António de Sousa Magalhães
Coronel Níveo José Ramos Herdade
Coronel José Daniel de barros Adão
Coronel C:E.M.António Dos Santos Costa
Coronel Diogo Queiroz de Sousa Azevedo
Coronel Fernando Manuel da Costa Estorninho
Coronel Francisco Granjo de Matos
Coronel Almor Alves Serra
Coronel António Pedro Simões Vago
Coronel Francisco A. R. Dias da Silva R. Gonçalves
Coronel Artur Teófilo da Fonseca Freitas
Coronel António Ramos da Rocha
Coronel Rui Rolando Xavier de Castro Guimarães
Coronel Abílio Dias Afonso
Coronel António Joaquim Machado Ferreira
Coronel Carlos Alberto Rodrigues Ferreira
Coronel Joaquim Carneiro Ribeiro
Coronel Carlos Manuel Martins Branco
90
03Jun1931
10Set1932
03Mar1933
29Dec1934
27Out1936
14Set1937
08Fev1939
17Fev1940
03Fev1942
13Jul1943
07Nov1943
07Mai1944
19Mai1945
27Jun1947
16Set1948
31JAN1950
15Mar1951
01Out1952
18Jan1954
03Nov1954
25Mai1957
31Mar1959
22Ago1960
17Jul1962
12Fev1963
20Out1967
28Mar1969
03Abr1970
07Abr1971
16Jan1975
07Nov1975
17Jan1978
26Jan1979
26Jan1981
21Jun1982
24Nov1983
23Jan1986
10Nov1986
18Dec1988
20Abr1991
03Mar1994
15Mar1996
15Abr1998
30Mai2000
11Set2001
23Jun2003
01Dec1931
17Out1932
27Jun1934
13Mar1936
21Abr1937
27Dec1938
16Fev1940
12Jan1942
06Mai1943
01Out1943
03Mai1944
18Mai1945
17Fev1946
02Ago1948
17Set1949
07Jan1951
18Set1952
17Jan1954
24Out1954
24Mai1957
17Fev1959
08Ago1960
21Mar1962
05Fev1963
01Set1967
27Mar1969
02Abr1970
06Abr1971
02Mai1974
07Nov1975
12Jan1978
26Jan1979
28Jan1981
25Jun1982
24Nov1983
21Jan1986
12Set1986
18Dec1988
19Abr1991
02Mar1994
14Mar1996
14Abr1998
25Mai2000
26Jul2001
09Jun2003
07Jan2005
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Comandantes do R.I. 13
TCor Inf
João Carlos Saldanha
Oliveira e Daun
Cor Inf
José Vitorino de Sande e
Lemos
21/9/1813 a 22/12/1820
2/8/1898 a 10/8/1900
Cor Inf
Jacinto Eduardo
Pacheco
TCor Inf
Boaventura de Noronha
O.E. Nº 6 de 22/3/1912
O.E. Nº 27 de 6/12/1911
Cor Inf
Júlio Alberto Vidal
Cor Inf
José Augusto P. Machado
O.E. Nº 11 de 10/5/1902
20/10/1904 a 5/2/1911
TCor Inf
Delfim Ernesto de
Magalhães
TCor Inf
Albano Xavier Sabino
O.E. Nº 13 de 20/7/1912
O.E. Nº 12 de 29/6/1912
Cor Inf
Francisco X. Pereira
Magalhães
Cor Inf
Augusto César Pires
Seromenho
O.E. Nº 16 de 23/8/1912
O.E. Nº 24 de 24/12/1912
Cor Inf
João José da Luz
O.E. Nº 14 de 15/8/1913
Cor Inf
Alfredo Ferreira de Sousa
Alvim
O.E. Nº 02 de 7/2/1914
91
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Cor Inf
António Aparicio Ferreira
Cor Inf
José Duarte Pereira Pinto
O.E. Nº 18 de 4/8/1914 (TCor)
O.E. N.º 24 de 30/12/1916
O.E. Nº 24 de 30/9/1914
Cor Inf
José Ernesto de Sampaio
Cor Inf
Cândido Álvaro da
Câmara
O.E. Nº 19 de 6/9/1919
Cor do CEM
Angelo Leopoldo da Cruz
e Sousa
Cor Inf
José A. de Lis Fallé
O.E. Nº 22 de 30/11/1918
O.E. Nº 09 de 20/3/1919 (TCor)
O.E. N.º 10 de 30/6/1922
Cor Inf
Artur Marques Sequeira
Cor Inf
Abel Marinho Falcão
O.E. Nº 23 de 29/11/1926
O.E. Nº 23 de 28/1/1927
TCor Inf
Tristão Augusto de
Noronha Freitas de
Andrade
Cor Inf
Manuel de Almeida
Campos Gusmão
O.E. Nº 11 de 30/6/1924
Cor Inf
Ricardo José de Andrade
Cor Inf
José Maria Freitas
O.E. Nº 03 de 30/4/1927
O.E. Nº 15 de 30/9/1929
Cmdt de 10/9 a 17/10/1932
Cmdt Intº 3/6 a 1/12/1931
Cor Inf
Joaquim Leitão
Cor Inf
Alberto da Silva Pais
Cmdt 3/3/1933 a 27/6/1934
Cmdt 29/12/1934 a 13/3/1936
Cor Inf
Domingos Cosmeli
Cancela
Cmdt 27/10/1936 a 21/4/1937
92
Cor Inf
Francisco de Passos
Cmdt 14/9/1937 a 27/12/1938
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Cor Inf
Luis Maria S. Mouzinho
de Albuquerque
Cor Inf
Manuel Frutuoso de
Carvalho
Cor Inf
Agostinho de Oliveira
Baia da Costa Lobo
Cmdt 8/2/1939 a 16/2/1940
Cmdt 17/2/1940 a 12/1/1942
Cmdt 3/2/1942 a 6/5/1943
CCor Inf
Oscar Kol de Alvarenga
Cor Inf
Ângelo David da Costa
Cmdt 7/5/1944 a 18/5/1945
Cor Inf
António Manuel da Mota e
Costa
Cor Inf
José Alfredo do Amaral
Esteves Pereira
Cmdt 19/5/1943 a 17/2/1946
Cmdt 27/6/1947 a 2/8/1948
Cor Inf
Bartolomeu da Silva
Varela
Cor Inf
Francisco Fernandes
Pereira da Costa
Cor Inf
Augusto José Machado
Cmdt 31/1/1950 a 7/1/1951
Cmdt 15/3/1951 a 18/9/1952
Cor Inf
José Monteiro da Rocha
Peixoto
Cor Inf
António Eduardo de
Oliveira Faria
Cor Inf
Camilo Leite Gomes
Cmdt 18/1/1954 a 24/10/1954
Cmdt 3/11/1954 a 24/5/1957
Cmdt 7/11/1943 a 3/5/1944
Cor Inf
Alexandre de Morais
Cmdt 16/9/1948 a 17/9/1949
Cmdt 25/5/1957 a 17/2/1959
Cor Inf
Eusébio Emidio da Silva
Cmdt 13/7/1943 a 1/10/1943
Cmdt 1/10/1952 a 17/1/1954
Cor Inf
Raul Augusto Mesquita
da Silva
Cmdt 31/3/1959 a 8/8/1960
93
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Cor Inf
Artur da Mota Freitas
Cor Tir do CEM
Fernando Louro de Sousa
Cmdt 22/8/1960 a 21/3/1962
Cmdt 17/7/1962 a 5/2/1963
Cor Inf
Carlos José Vences e
Costa
Cor Inf
Joaquim Duarte Miranda
Cmdt 20/10/1967 a 27/3/1969
Cmdt 12/2/1963 a 1/9/1967
Cor do CEM
Ireneu de Almeida Mota
Cor do CEM
António da Câmara Leme
de França Dória
Cor Inf
José António de Sousa
Magalhães
Cor Inf
Niveo José Ramos
Herdade
Cmdt 3/4/1970 a 6/4/1971
Cmdt 7/4/1971 a 2/5/1974
Cmdt 16/1/1975 a 7/11/1975
Cor Inf
José Daniel de Barros
Adão
Cor C/C do CEM
António dos Santos
Costa
Cor Inf
Diogo Queirós de Sousa
Azevedo
Cor Inf
Fernando Manuel da
Costa Estorninho
Cmdt 7/11/1975 a 12/1/1978
Cmdt 17/1/1978 a 26/1/1979
Cmdt 26/1/1979 a 28/1/1981
Cmdt 26/1/1981 a 25/6/1982
Cor Inf
Francisco Granjo de
Matos
Cor Inf
Almor Alves Serra
Cor Inf
António Pedro Simões
Vagos
Cor Inf
Francisco A. Ricardo D.
S. Rebelo Gonçalves
Cmdt 23/1/1986 a 12/9/1986
Cmdt 10/11/1986 a 18/12/1988
Cmdt 28/3/1969 a 2/4/1970
Cmdt 21/6/1982 a 24/11/1983
94
Cmdt 24/11/1983 a 22/1/1986
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Cor Inf
Artur Teofilo Da Fonseca
Freitas
Cor Inf
António Ramos Da Rocha
Cmdt 20/4/1991 a 2/3/1994
Cmdt 18/12/1988 a 19/4/1991
Cor Inf
Rui Rolando Xavier de
Castro Guimarães
Cor Inf
Abílio Dias Afonso
Cmdt 15/3/1996 a 14/4/1998
Cmdt 3/3/1994 a 14/3/1996
Cor Inf
António Joaquim
Machado Ferreira
Cor Inf
Carlos Alberto Rodrigues
Ferreira
Cmdt 15/4/1998 a 30/5/2000
Cmdt 30/5/2000 a 26/7/2001
Cor Inf
Joaquim Carneiro Ribeiro
Cmdt 11/9/2001 a 9/6/2003
Cor Inf
Carlos Manuel Martins
Branco
Cmdt 23/6/2003 a 7/1/2005
95
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Brasões de Armas
A
heráldica militar aparece nos diversos campos de batalha por necessidade de identificação dos combatentes, tanto a título individual como colectivo. Tornou-se indispensável com o aumento do número de efectivos empregues em combate, e com a necessidade de
transmitir as ordens do chefe no desenrolar das operações, naquilo a que hoje se designa por
Comando e Controlo.
Com o aparecimento dos exércitos permanentes e o aumento da sua complexidade
orgânica e hierarquização, o uso da simbologia tornou-se ainda mais necessário, levando ao
aparecimento de inúmeras bandeiras e guiões. Foi na era das grandes batalhas medievais do
século XIV, que a heráldica militar atingiu o seu apogeu. Mais tarde, esta simbologia perde o seu
valor táctico e assume apenas um valor honorífico, representativo e, sobretudo, histórico.
No Exército Português surge, pela primeira vez, em Janeiro de 1924, uma tentativa de
ocupar o lugar deixado vazio até então pela heráldica militar. Em 1958, é criado o Centro de
Estudos de Heráldica Militar, na dependência da 2.ª Repartição do EME, o qual foi extinto passados dois anos. Com a criação do Gabinete de Heráldica do Exército, em 1966, e com a publicação da Portaria n.º 24107, de 3 de Julho de 1969, onde foram descritas as “Normas de
Heráldica do Exército e seu Regulamento”, ficou regulamentada toda a simbologia do Exército.
Em 24 de Março de 1987, através da Portaria 213, seria aprovado um novo Regulamento de
Heráldica.
São actualmente conhecidos três Brasões de
Armas do Regimento. Desconhecem-se os autores dos
dois primeiros, assim como a data em que foram utilizados
pela primeira vez. O mais antigo aparece na década de
cinquenta impresso nos envelopes utilizados pelo comandante, para correspondência oficial, havendo registo da
sua utilização durante toda a década de sessenta. Após a
aprovação do Regulamento de Heráldica em 1969, o
Brasão do Regimento foi reformulado na tentativa de o
adaptar às novas normas entretanto estabelecidas.
Mas este Brasão, o segundo, não seria adoptado
por muito tempo, desconhecendo-se os motivos que terão
levado ao seu precoce abandono. Vigorou até à aprovação
do actual Brasão, o terceiro, pela Portaria do Estado-Maior
do Exército, de 11 Agosto de 1980 (1ª Série), o qual foi concebido segundo as normas estabelecidas pelo
Regulamento de 1969, fazendo referência às tradições militares, culturais e ao aspecto morfológico da localidade
onde se encontra actualmente implantada a Unidade.
Soldado do R.I. 13 trajando uma réplica de
uniforme de infantaria da Guerra Peninsular.
96
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
1.º BRASÃO DE ARMAS
HERÁLDICA DAS ARMAS
DO REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 13
(não aprovado)
Escudo Peninsular Partido:
No primeiro, em campo de vermelho uma espada
de ouro.
No segundo, em campo de azul dois montes de
três e de dois comoros nevados, duas nuvens e
terreno, tudo naturalista.
O escudo está entre dois ramos de carvalho e tem
pendente a medalha da Cruz de Guerra de 1ª
Classe.
Legenda num listel de prata ondulado sobreposto
ao escudo “ Inf do Marão”.
Sobre o listel como que a substituir o timbre um
besante de ouro carregado do número 13.
2.º BRASÃO DE ARMAS
DO REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 13
(não oficial)
97
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
BRASÃO DE ARMAS ACTUAL
DO REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 13
HERÁLDICA DAS ARMAS
ESCUDO: De azul, semeado de estrelas de prata;
Brocante um Guante segurando um Decote, ambos
de oiro, entre duas montanhas de prata.
ELMO: Militar, de prata, forrado de vermelho, a três
quartos para a dextra.
CORREIA: De vermelho, perfilada de oiro.
PAQUIFE E VIROL: De azul e de prata.
TIMBRE: Um lobo saínte de negro, animado, lampassado e armado de vermelho.
CONDECORAÇÕES: Suspensa do escudo, a Cruz
de Guerra de 1.ª Classe.
DIVISA: Num listel de branco, ondulado, sotoposto
ao escudo, em letras negras, maiúsculas, de estilo
elzevir: «NEM UM PASSO P´RÁ RETAGUARDA».
GRITO DE GUERRA: Num listel de branco, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras negras,
maiúsculas, de estilo elzevir: «ALEO».
SIMBOLOGIA E ILUSÃO DAS PEÇAS
O AZUL: Alude à lealdade e nobreza das gentes de Trás-os-Montes, cujos filhos a Unidade
arregimenta.
AS ESTRELAS: Representam os cristais de neve e o rigor do clima.
O DECOTE SEGURO POR UM GUANTE: Representa o “ALEO” com que eram empossados
os Capitães de Ceuta, o primeiro dos quais, D. Pedro de Menezes, 1.º Conde de Vila Real, de
outra arma não necessitava para se haver com o inimigo.
AS MONTANHAS NEVADAS: Significam a terra transmontana.
O LOBO: Caracteriza o soldado de “Infantaria do Marão” e exprime a sua força e ardor no combate.
SIGNIFICADO DOS ESMALTES
O OIRO: Significa nobreza e força.
A PRATA: Significa riqueza e eloquência.
O VERMELHO: Significa ardor bélico e valentia.
O AZUL: Significa zelo e lealdade.
O NEGRO: Significa apego à terra e firmeza.
98
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Condecorações, Divisas e Legendas
CONDECORAÇÕES
PRÓPRIAS
Medalha de Ouro de Serviço Distintos.
D.R. N.º 125, 2.ª Série de 31Mai02, Portaria n.º 840/2002, 2.ª Série, páginas n.º 10266 e 10267.
Ao Regimento de Infantaria n.º 13.
HERDADA
(Conforme O.E. N.º 3 de 31Mar91)
Medalha de Cruz de Guerra de 1.ª Classe
O.E. N.º 25, 2.ª Série de 22Nov1919, Dec de 08Nov1919, pag. n.º 1643 e 1644.
Ao Batalhão de Infantaria n.º 13.
FIEL DEPÓSITO
(Conforme O.E. N.º 3 de 31Mar91)
Medalha de Cruz de Guerra de 1.ª Classe
O.E. N.º 10, 2.ª Série de 10Jul1920, Dec de 03Jun1920, pag. n.º 428 e 429.
3.ª Companhia do Batalhão de Infantaria n.º 10, na Batalha de nove Abril de 1918, campanha
1915-1918, França.
DIVISAS
PRÓPRIAS
Ao valor do antigo Regimento de Peniche, 1975.
(O.E. N.º 6, 1.ª Série de 20 Setembro de 1943 – Portaria n.º 10.480 de 04Set1943).
HERDADA/FIEL DEPÓSITO
Valor e Lealdade (Batalhão de Caçadores n.º 3).
Caçadores de Chaves (Batalhão de Caçadores n.º 10).
(O.E. N.º 6, 1.ª Série de 20 de Setembro de 1943 – Portaria n.º 10.480 de 04Set1943).
LEGENDAS
PRÓPRIAS
Toulouse, San Sebastian e Nive, 1813
Almoster, 1834
La Lys e Lacouture, 1918
(O.E. N.º 6, 1.ª Série de 20 Setembro de 1943 – Portaria N.º 10.480 de 04Set1943).
HERDADA/FIEL DEPÓSITO
Batalhão de Caçadores n.º 3
Ponte de Almeida e Buçaco, 1810
Badajoz e Salamanca, 1812
Vitória, Vera e Nivelle, 1813
99
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
HERDADA/FIEL DEPÓSITO (Continuação)
Coolela e Lanjacaze, 1895
Ortehez, 1814
Angola e Mangua, 1915
La Lys, 1918
Batalhão de Caçadores n.º 10
Buçaco, 1810
Pirinéus, 1813
San Sebastian e Nive, 1813
Nivelle, 1813
(O.E. N.º 6, 1.ª Série de 20 de Setembro de 1943 – Portaria N.º 10.480 de 04Set1943).
MEDALHA DE OURO DA CIDADE DE VILA REAL
100
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O Padroeiro do Terço de Peniche
O
culto de Santo António de Lisboa andou desde há muito tempo ligado ao culto da Pátria,
sendo considerado como Generalíssimo das tropas portuguesas, passando a Nação a
render as devidas honras à sua dignidade.
Era tal a fé, confiança e bravura que a sua
imagem dava aos militares portugueses da Arma de
Infantaria, que estes a transportavam para os campos de batalha, sendo de destacar a sua presença
na Guerra Peninsular, Guerra de Sucessão de
Espanha e Batalha do Buçaco, entre outras.
Também o Terço de Peniche adoptou o
Santo António de Lisboa como padroeiro, mandando erguer-lhe, à sua custa, uma formosa e rica ermida próximo da cidadela, com seu altar de riquíssima
talha dourada, tendo sobre a fachada desta, as
Reais Armas Portuguesas. Por uma provisão de D.
Pedro II, e a pedido dos oficiais e soldados do Terço,
foi concedido ao Santo António o posto de alferes,
com o soldo mensal de 6$000 (seis mil réis).
Enquanto aquela unidade se conservou na
Praça de Peniche, a guarnição festejou todos os
anos o seu patrono, com a mais luzidia pompa. A
tradição manteve-se durante o século XVIII, tornando-se costume os oficiais do antigo Regimento
casarem-se junto ao altar do Santo António.
Santo António - Padroeiro do Regimento de Peniche.
Como que por destino, o Regimento de Infantaria n.º 13 está instalado desde 1883 na
cidade de Vila Real, que tem Santo António como Santo Padroeiro, o qual é festejado no dia 13
de Junho, o número do Regimento.
101
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Estandartes e Guiões
Estandarte do Regimento de Infantaria n.º 13
utilizado no tempo da Guerra Peninsular
(réplica).
Estandarte do 1º Batalhão Expedicionário que esteve presente em La Lys (Original).
Estandarte
do
1.º
Batalhão
Expedicionário (Réplica).
102
Estandarte
do
Batalhão
de
Caçadores n.º 3. Herança histórica
(Réplica).
Estandarte do Regimento de
Infantaria de Vila Real (Original).
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Guião do Batalhão de Caçadores 185
(Original).
Guião do Batalhão de Caçadores 185
(Original).
Guião do Batalhão de Caçadores
92 que integrava a Companhia de
Caçadores 95, oriunda do R.I. 13.
Guião do R.I. 13 (Original).
Guião da Companhia de Caçadores
95, oriunda do R.I. 13, que integrou o
Batalhão de Caçadores 92 (Original).
Guião
da
Companhia
de
Caçadores 153, oriunda do R.I. 13,
que integrou o Batalhão de
Caçadores 237 (Original).
Guião do Regimento de Infantaria de
Vila Real (Original).
Guião do Batalhão de Comando e
Serviços, do Regimento de Infantaria de
Vila Real (Original).
Guião do Batalhão de Instrução, do
Regimento de Infantaria de Vila Real
(Original).
Guião do Batalhão Operacional, do
Regimento de Infantaria de Vila Real
(Original).
103
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
CCS/AgrAlfa
CAt/AgrAlfa
EsqRec/AgrAlfa
Guião do Agrupamento Alfa.
CCS/AgrCharlie
CAt/AgrCharlie
Guião doAgrupamento Charlie.
Guião do 1º Batalhão de
Infantaria.
EsqRec/AgrCharlie
CRI/1.º BI
1.ª CAt/1.º BI
CAp/1.º BI
2.ª CAt/1.º BI
DestEng/1.º BI
CFuz/1.º BI
EsqRec/1.º BI
CAp/AgrHotel
CCMDS/AgrHotel
CFuz/AgrHotel
Guião do Agrupamento Hotel.
2.ª CAt/AgrHotel
104
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Núcleo Museológico
S
entindo a necessidade de preservar a memória e de salvaguardar as tradições e valores
dos militares deste Regimento, o Comando do R.I. 13 criou um Núcleo Museológico, o
qual foi organizado em quatro secções, representando cada uma delas as diferentes épocas e
cenários onde os militares deste Regimento estiveram
empenhados.
A primeira secção é dedicada
à vida da Unidade, desde os primórdios até ao início da década de oitenta, do século XX; a segunda, está
destinada às Forças Nacionais
Destacadas; a terceira é consagrada
à I Grande Guerra, um dos momentos mais importantes da vida da Réplica de barretina de ofiUnidade; e a quarta, consta da cial do R.I. 13, modelo de
1832 (pequeno uniforme).
exposição de espólios particulares de
militares oriundos de Vila Real, ou que tenham prestado
serviço no R.I. 13, e que se tenham distinguido “por obras
valerosas” na sua vida profissional.
Na primeira secção podemos
encontrar,
entre outros, diversos conRéplica de uniforme de soldado do 1º
Batalhão Expedicionário (1ª Grande
juntos de artigos utilizados no dia-a-dia
Guerra).
da unidade, réplicas de uniformes,
bandeiras da Unidade ou suas subunidades utilizadas em diferentes
momentos históricos.
A segunda secção é composta exclusivamente pelo espólio das
Forças Nacionais Destacadas, assim como de todos os seus
estandartes; na terceira secção, dedicada à I Grande Guerra, encontramos o Estandarte Nacional original que acompanhou o 1º Batalhão
Expedicionário, em La Lys, para além de vários utensílios e armamento da época.
Na quarta secção encontramos os espólios do tenente-general
Francisco Cabral Couto, tenente-general Aníbal Vaz, tenente-coronel
José Manuel Ferreira Gaspar, major David Magno, e sargento-mor
Manuel Mendonça de Sousa Ramos.
Réplica de uniforme de oficial do R.I. 13, na Guerra
Peninsular.
Este Núcleo tem desempenhado um importante papel no capítulo da divulgação histórica e da formação cultural dos jovens da região, sendo objecto de frequentes visitas, muito em
particular de escolas.
105
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
ACÇÕES MILITARES MAIS IMPORTANTES DO R.I. 13 E DAS UNIDADES
QUE LHE DERAM ORIGEM
SÉCULO XVII
GUERRA DA RESTAURAÇÃO
Cerco a Badajoz
Batalha das Linhas de Elvas
Batalha do Ameixial
Batalha de Castelo Rodrigo
Batalha de Montes Claros
12-6 a 11-10-1658
14-1-1659
8-6-1663
7-7-1664
17-7-1665
SÉCULO XVIII
Índia
1704
CAMPANHA DO RUSSILHÃO E DA CATALUNHA
Toda a Campanha
1793 a 1795
SÉCULO XIX
GUERRA PENINSULAR
Combate de Albergaria
Combate de Grijó
Passagem do Douro e tomada do Porto
Batalha do Buçaco
Combate de Punhete
Defesa da Praça de Abrantes
Combate de Alfaiates
Batalha de Salamanca
Batalha de Vitória
Combate de Vila Franca e Lascaño
Combate de Tolosa
1º assalto à Praça de S. Sebastian
2º assalto à Praça de S. Sebastian
Passagem do Bidassoa
Batalha do Nivelle
Batalha de Nive
Reconhecimento ao Sul de Adour
Cerco da Praça de Bayone
Expedição ao Maranhão
10-5-1809
11-5-1809
12-5-1809
27-9-1810
22-10-1810
8-9-1810 a 7-3-1811
27-9-1811
13-6-1812
21-6-1813
24-6-1813
25-6-1813
17-7-1813
31-8-1813
7-10-1813
10-11-1813
9/13-12-1813
23-2-1814
27-2-1814 a 28-4-1814
1823
LUTAS LIBERAIS (1820 A 1827)
Batalha de Coruche da Beira
106
9-1-1827
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
GUERRA CIVIL
Batalha de Almoster
Batalha de Asseiceira
Cerco à Praça de Valença
Acção de Ruivães
Cerco de Almeida
Acção de Valpaços e de Valença
Pronunciamento de Braga
Defesa de Vila de Barca
Acto de disciplina e abnegação
Cordões sanitários na fronteira transmontana
18-2-1834
16-5-1834
12-8-1837
18-9-1837
28-4-1844
16-11-1846
20-12-1846
11/13-2-1847
1854
884, 1885 e 1890
SÉCULO XX
CAMPANHA DA GUINÉ
Combates de Ganturé, de Intim, Contume e ocupação de Bandim.8-3 a 4-7-1908
1ª GRANDE GUERRA MUNDIAL
La Lys
9 e 10-4-1918
MISSÕES DE SOBERANIA
Moçambique
Angola
25-8-1940 a 7-4-1944
1942
PREPARAÇÃO PARA A 2ª GRANDE GUERRA
Defesa da cidade de Lisboa
9-10 a 5-11-1943
GUERRA DO ULTRAMAR
Companhia Expedicionária para a Guiné
Duas Companhias Expedicionárias para Angola
Um Pelotão Expedicionário para Angola
27-5-1961 a 31-7-1963
28-7-1961 a 14-11-1963
24-7-1961 a 2-12-1963
FORÇAS NACIONAIS DESTACADAS
Bósnia - Herzegovina
15-6-1998 a 15-1-1999
SÉCULO XXI
FORÇAS NACIONAIS DESTACADAS
Kosovo
Timor-Leste
Timor-Leste
11-2-2000 a 11-8-2000
12-10-2001 a 9-6-2002
15-1-2004 a 2-6-2004
Excluem-se desta relação as acções militares do R.I. 13 que lutou nas tropas Miguelistas.
107
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Síntese de Factos Notáveis
1555:
Julga-se ser o ano da criação do Terço de Peniche, através de uma provisória régia de
D. João III. Terá, pelo menos, sido criada em Peniche uma companhia de ordenanças.
1650: É elevado para 120 homens o efectivo da Companhia de Infantaria de Peniche que
guarnece as fortificações daquela Praça de guerra.
1658 a 1660: É agregada ao Terço de Cascais uma Companhia de Infantaria de Peniche que
toma parte no cerco de Badajoz, na defesa da Praça de Elvas e na batalha das linhas
de Elvas.
1698: É criado o Terço de Peniche, por Decreto de 7 de Junho.
1707: O Terço de Peniche passa a ser designado por Regimento de Infantaria de Peniche.
1740: Destaca para o Estado da Índia um Batalhão, para reprimir uma revolta contra a soberania portuguesa.
1762: É criado um 2.º Regimento de Peniche, durante a guerra com a Espanha.
1767: O R.I. de Peniche concentra-se na região de Torres Vedras, para manobras.
1790: Novas manobras na região da Porcalhota, em que o R. I. de Peniche toma parte.
1793 a 1795: Faz parte da “Divisão Auxiliar” enviada a Espanha, participando na campanha do
Russilhão e da Catalunha. Pela sua acção nesta campanha, é–lhe concedida uma bandeira de honra com a seguinte legenda: Ao valor do Regimento de Peniche – 1795.
1798: Faz parte das forças concentradas na região da Azambuja, destinadas a defender
Lisboa.
1801: Toma parte na defesa do Alentejo, participando na designada “Guerra das Laranjas”.
1806: Pela reorganização deste ano, o Regimento de Peniche passa a ser designado por
Regimento de Infantaria n.º 13, com o seu quartel permanente em Lisboa.
1808: - O R.I. 13 é dissolvido por ordem de Junot e os seus elementos são incorporados no
1.º Regimento, da Legião Portuguesa, que combate nas tropas napoleónicas;
- O R.I. 13 é criado novamente, por decreto de 30 de Setembro, da Junta Governativa
do Reino.
1809 a 1814: Participa em toda a Guerra Peninsular, desde o combate de Albergaria até ao
cerco de Bayonne. É citado várias vezes nas ordens do dia pela sua valorosa conduta
em diferentes acções e, especialmente, nos combates de Vila Franca de Lascaño,
Tolosa, no cerco e tomada de S. Sebastian, e na batalha de Nive.
1816: Pela reorganização deste ano passa a ter o seu quartel permanente em Peniche.
1826: Entra no combate de Coruche da Beira, ao lado das tropas constitucionais.
1828: Fazendo parte do exército de D. Miguel, destaca o 2.º Batalhão para a Madeira e
Açores, a fim de dominar uma revolta que havia estalado nestas ilhas.
1829: Em Agosto regressa ao continente.
1831: Continua a fazer parte do exército absolutista. Passa a ser designado Regimento de
Infantaria de Leiria e, com esta designação, faz quase toda a campanha contra os
liberais. O seu quartel permanente passa a ser Leiria.
108
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
1833:
1834:
1837:
1841:
1842:
1853:
1883:
1884 a
1908:
1916:
1917:
1917 a
1927:
1931:
1940:
1941:
Deserção geral das praças do “13” para as fileiras liberais. É reorganizado o
Regimento de Infantaria n.º 13 no exército de D. Pedro, tendo por casco um Batalhão
do R.I. n.º 4.
- Por outro lado D. Miguel, em Janeiro, volta a criar o Regimento de Infantaria n.º 13
no seu exército, tendo por casco o novo Regimento de Lisboa, pelo que passam a
existir no Exército Português dois regimentos com o número 13. Neste mesmo ano
faz parte da coluna que D. Miguel envia para o Algarve contra as forças liberais que
ali haviam desembarcado;
- O Regimento de Infantaria n.º 13, do exército de D. Pedro, toma parte na batalha de
Almoster, recebendo pela sua valorosa conduta quatro condecorações da Ordem da
Torre e Espada;
- O R.I. 13 é extinto pela reorganização do exército de 1834, por terem sido reduzidos
a 12 os regimentos de infantaria.
Uma nova reorganização do Exército cria 30 batalhões de Infantaria. O Batalhão de
Infantaria n.º 13 é organizado à custa do R.I. n.º 2, com o seu quartel permanente em
Vila Real.
O B.I. 13 passa a ter o seu quartel permanente em Chaves.
Pela reorganização deste ano, o B.I. 13 é novamente transformado em R.I. 13.
O R.I. 13 destaca o 2.º Batalhão para a Madeira de onde regressa no ano seguinte. O
navio naufraga à vista da costa portuguesa.
É transferido para Vila Real, onde dá entrada na manhã de 30 de Agosto.
1890: Destaca várias subunidades para os cordões sanitários que são estabelecidos
ao longo da fronteira de Trás-os-Montes, e em volta da cidade do Porto.
Destaca uma companhia para a Guiné que toma parte em várias operações contra os
indígenas revoltados.
O 1.º Batalhão do R. I. 13 é mobilizado em fins de Setembro e concentra-se em
Tancos para instrução. Faz parte do 6.º Regimento de Infantaria, da Divisão de
Instrução.
Este mesmo batalhão, fazendo parte do C.E.P. embarca para França, em 23 de Abril.
1918: Guarnece vários sectores na Flandres e, nos dias 9 e 10 de Abril, defende a
aldeia de Lacouture. Por esta acção, a Bandeira do Regimento de Infantaria n.º 13 é
condecorada com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe.
- É dissolvido por ter tomado parte no movimento revolucionário de 3 de Fevereiro;
- O R.I. 13 é reorganizado no Funchal quando, em 29 de Junho, uma nova reorganização extingue o R. I. n.º 23.
É novamente dissolvido por ter tomado parte na revolta da Madeira e reorganizado,
em seguida, com o seu quartel permanente em Vila Real.
Fornece uma Companhia de Atiradores para o B.I. n.º 68, destinado a Moçambique,
numa missão de soberania.
Mobiliza o 1.º Batalhão Expedicionário para Angola, que segue ao seu destino em 15
de Janeiro do ano seguinte.
109
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
1942:
1943:
1952:
1961:
1964 –
1965:
1972:
1974:
1975:
1977:
1980:
1992:
1993:
1997:
1998:
1999:
2000:
2001:
2004:
2005:
110
O 1º Batalhão Expedicionário é louvado em O.E. pelo aprumo e correcção com que
se apresenta para o embarque.
Mobiliza o Comando de um Regimento e de um Batalhão que, em Outubro, são mandados concentrar na região do Cartaxo.
A 15 de Junho são inauguradas as instalações do novo quartel.
Durante este ano mobiliza as seguintes unidades para Angola: em 15 de Maio, a
Companhia 153; em 7 de Junho, o Comando e Companhia de Comando do Batalhão
de Caçadores N.º 185; em 24 de Julho, o Pelotão de Morteiros N.º 23; e em Agosto, a
Companhia de Caçadores 95.
1974: Passa a Centro de Instrução Básica, onde são formados durante estes dez anos
69.000 militares, na sua maioria, destinados a prestar serviço nas ex-colónias.
Em Fevereiro é publicado o 1º número do “Infantaria do Marão”.
Em Agosto, é atribuída pela Câmara Municipal de Vila Real ao R.I. 13 a “Medalha de
Ouro da Cidade de Vila Real”.
Participa com duas Companhias de Atiradores no movimento do 25 de Abril.
- A 1 de Maio, passa designar-se Regimento de Infantaria de Vila Real;
- Passa a ter dois destacamentos com sedes, respectivamente, em Chaves e em
Bragança.
Em 4 de Maio, é oficialmente extinto o Destacamento do RIVR em Chaves.
Em 20 de Setembro, é oficialmente extinto o Destacamento do RIVR em Bragança.
A partir de Dezembro, o encargo operacional do R.I. 13, ou seja, um Batalhão de
Infantaria, passa a pertencer operacionalmente à Brigada Ligeira de Intervenção.
O Quadro Orgânico passa a contemplar apenas uma Companhia de Comando e
Serviços, em vez de um Batalhão.
Participa, na Roménia, no exercício Cooperative Determination 97.
- No início do ano, o R.I. 13 deixou de ter organicamente um Batalhão de Instrução,
para passar a ter apenas uma Companhia de Instrução;
- Apoiou logisticamente a realização do exercício OTAN Strong Resolve;
- Em 1 de Março, concentra e inicia o aprontamento do Agrupamento ALFA que participa, de 15 de Julho de 1998 a 15 de Janeiro de 1999, numa missão de manutenção
de paz no Teatro de Operações da Bósnia-Herzegovina, integrando a SFOR.
O 1º B.I. sobe à categoria de Força Operacional de Projecção do Exército (FOPE).
Em 6 de Outubro de 1999, concentra e apoia o aprontamento do Agrupamento CHARLIE, que iniciou em 11 de Fevereiro de 2000 o cumprimento de uma missão de
manutenção de paz no Teatro de Operações do Kosovo, integrando a Brigada
Multinacional Oeste de comando italiano, com a designação de Task Force PEGASUS.
Em Setembro de 2000,concentra e apronta o 1º B.I. com vista ao cumprimento de uma
missão de paz no Teatro de Operações de Timor-Leste, no 2º semestre de 2001.
Em Agosto, concentra e apronta o Agrupamento Hotel, para cumprir uma missão no
Teatro de Operações de Timor-Leste, no 1º semestre de 2004.
Em Fevereiro, iniciam-se as sessões do Dia da Defesa Nacional.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Por Onde Passou o R.I. 13
PENICHE:
de 1650 a 1707
Rua 13 de Infantaria em Peniche.
LISBOA:
TOMAR:
PENICHE:
LISBOA:
LEIRIA:
VILA REAL:
CHAVES:
CHAVES:
VILA REAL:
FUNCHAL:
VILA REAL:
VILA REAL:
VILA REAL:
VILA REAL:
1808
1809
1816
de 1828 a 1831
de 1831 a 1834
1837, como Batalhão
1841, como Batalhão
1842, como Regimento
1883
Mudança de R.I. 23 para R.I. 13
Criado o Depósito do R.I. 13
30 Junho extinto o deposito do R.I. 13, designa-se por «Formação de Depósito
do Extinto Depósito do R.I. 13»
Convento de S. Francisco
Novo Quartel desde 1952
Instrução Fluvial no Rio Douro.
111
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Hino do R.I. 13
D
esde 1911 que o Regimento tem a sua canção. Épica, vibrante e harmónica, é verdadeiramente uma marcha de guerra que entusiasma e excita. Ao som dela partiu para
França o 1.º Batalhão e, cantando-a com entusiasmo, embarcou para as colónias o 1.º Batalhão
Expedicionário do “13”. Os versos são da autoria de um distinto e culto oficial do nosso exército, coronel António Álvares Guedes Vaz, que em 1911 era capitão no R.I. 13. A música foi composta pelo chefe da banda António Romano. Eis a canção:
Na linda terra transmontana
Tem seu quartel um Regimento
Que mostra um "13" na bandeira,
Quando flutua, altiva, ao vento.
São transmontanos seus soldados,
Homens que têm por divisa
"Antes quebrar que torcer"
Deles a Pátria bem precisa.
Palpita um peito d'aço
Em cada farda,
Do "13" nem um passo
P'ra retaguarda
Brilha na história há tanto e tanto
Do nosso "13" a real bravura,
Que já aos turcos em Lepanto
Dele se deu prova bem dura
Contra os franceses, o Buçaco,
Espanha toda até Victória,
Na França o Nive e, enfim, Baiona
Foram para o "13" imensa glória,
Nas linhas d'Elvas, Ameixial,
Castelo Rodrigo e Montes Claros,
Aos espanhóis deu lições tais
Que são de heróis p'ra sempre raros.
Palpita um peito d'aço
Em cada farda,
Do "13" nem um passo
P'ra retaguarda
Que guardem, pois, nossas baionetas
Tão gloriosa tradição
Limpa de manchas, como neve
Que cobre as cristas do Marão.
Palpita um peito d'aço
Em cada farda,
Do "13" nem um passo
P'ra retaguarda
Na Grande Guerra, em Lacouture,
Terra de França, alheia terra,
Por seu valor conquista o "13"
Para a bandeira, a Cruz de Guerra.
112
E defendida a terra estranha,
Voltando à Pátria o coração
Voltou sem mancha, como a neve
Que cobre as cristas do Marão.
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
LETRA DO CORONEL A. GUEDES VAZ
MÚSICA DE ANTÓNIO ROMANO
Pauta da música do hino do R.I. 13.
113
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Escolas Regimentais
O
quartel inaugurado em 1952 encontrava-se apetrechado de raiz, com dependências
destinadas exclusivamente às Escolas Regimentais - salas de aulas, gabinetes para
professores e salas de arquivo – possuindo todo o material didáctico necessário para cumprir
essa missão. As Escolas Regimentais remontam ao início do século XIX, tendo sido criadas
durante a Regência de D. João VI, em 1817, e tinham por finalidade “… estabelecer uma aula
de ler, escrever e contar em cada corpo de Infantaria, Caçadores, Cavalaria e Artilharia do seu
Exército e na Guarda Real da polícia de Lisboa a fim de que se aproveitem delas os indivíduos,
seus filhos, assim como também os filhos dos habitantes das terras ou bairros em que os mesmos corpos tiverem os seus quartéis …”.
Os comandos militares esforçaram-se
por cumprir essa missão, criando escolas
nos diversos quartéis para administrar essa
formação. Também aqui, o R.I. 13 teve um
papel de relevo ao contribuir de uma forma
significativa e duradoura para a formação
académica e cultural, a nível do ensino
primário, dos milhares de militares que passaram pela Unidade. Por determinação
superior, os recrutas eram submetidos, até
15 dias após a data de incorporação, a um
exame realizado nas Escolas Regimentais
Edifício das Aulas Regimentais.
para se avaliar o seu grau de instrução
literária, sendo posteriormente colocados em vários grupos, consoante os conhecimentos
prévios.
A população escolar podia dividir-se em oito grupos, organizados do seguinte modo: os
analfabetos; os que sabiam ler e escrever mal; os que sabiam ler, escrever e contar; os que
sabiam ler, escrever e contar correctamente; os que possuíam o 2.º ano dos liceus; os que possuíam o 5.º ano dos liceus; os que tivessem o curso completo dos liceus; os que possuíam o
exame de algumas cadeiras de um curso superior; e com um curso superior. Esta classificação
servia de base para a colocação na classe respectiva com vista a serem administrados os
conhecimentos achados convenientes.
Os directores, professores e monitores recebiam uma compensação mensal nos meses
em que decorriam as Escolas Regimentais. Os professores do curso elementar recebiam uma
gratificação extraordinária de 60$00 se no fim do curso tivessem sido aprovados 50% das
praças das suas turmas, e 50$00 se conseguissem que pelo menos 30% da turma tivesse
aprovação. As “Estantes Métricas” usadas nas aulas Regimentais fazem hoje parte do espólio
museológico da Unidade. As Escolas Regimentais mantiveram-se em funcionamento no R.I. 13
até à década de oitenta, com uma quantidade considerável de alunos que pretendiam completar a escolaridade obrigatória, ou seja, a 4ª classe.
114
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Marchas de Coesão
C
om o objectivo de contribuir para
a preparação física e resistência
dos militares, um grupo de quatro oficiais
do R.I. 13 realizou, no dia 21 de
Novembro de 1892, uma “Marcha de
Resistência”
apeada, de
Vila Real a
Chaves
e
volta, em 3
dias.
Pela
sua singularidade, origi- Marcha de Coesão.
nalidade e valor mereceu honras de notícia nos jornais locais.
Passado mais de um século recuperou-se, de certo modo, a
ideia com as denominadas “Marchas de Coesão” mas, desta vez,
alargadas a todo o pessoal da Unidade, sem excepção.
Noticia publicada no Jornal “O
Povo do Norte”, 27/11/1892..
Pretendeu-se, com esta iniciativa, fomentar o espírito de corpo,
e desenvolver a capacidade e a rusticidade física dos militares e funcionários civis, e, simultaneamente, aproveitar a oportunidade para
familiarizar os militares com a região onde se insere a Unidade,
nomeadamente na sua componente cultural.
Assim, o local escolhido para términos de cada
marcha é criteriosamente
seleccionado,
procurando
que este tenha sempre associado alguma importância
histórico-cultural. Assim, para
além de um percurso
pedestre de 10 a 15 km, o
programa inclui uma palestra
sobre o património cultural do
local onde estas terminam,
à qual se segue um
almoço-convívio.
Almoço-convívio no final da marcha de coesão.
115
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Dia Festivo
C
om a comemoração do “Dia Festivo” de uma unidade pretende-se exaltar o espírito de
corpo e celebrar os seus feitos heróicos em campanha. Tendo por base a Portaria
10.480, de quatro de Setembro de 1943, o R.I. 13 propôs o dia 31 de Agosto, para seu dia festivo, data em que foi realizado o 2.º assalto à Praça de S. Sebastian, em 1813.
Com a preferência por este dia pretendia-se assinalar o enorme feito de armas perpetrado pelos militares do Regimento naquela acção, a qual foi publicamente reconhecida pelo
marechal Wellintgton, tendo este salientado no louvor atribuído à Unidade “...a maneira como
soube haver-se em movimentos de arrogante avançada e nos momentos em que mais ferida
corria a peleja, debaixo de todo o fogo que da cidade e do castelo se podia dirigir contra ele, o
que captou a admiração e aplauso dos chefes superiores dos exércitos aliados, pelo modo verdadeiramente marcial e digno como se comportou...”.
Esta comemoração encontra-se registada, pela primeira vez, na Ordem de Serviço de
30 de Agosto de 1958. Contudo, no início da década de oitenta, resultado de um trabalho de
pesquisa histórica levada a cabo pelo comando da Unidade, foi proposta a mudança do dia festivo para nove de Abril, a qual foi aprovada pelo despacho de nove de Dezembro de 1981, do
General Vice-CEME (O.S n.º 24, de 4 Fevereiro 1982).
Para a adopção deste dia como “Dia Festivo” muito contribuiu a forma como o 1.º
Batalhão Expedicionário se bateu em La Lys. O extraordinário valor, a coragem, e a bravura
demonstradas pelos seus soldados prestigiaram grandemente o Exército Português em terras
de França, e fizeram com que conquistasse, com o preço do seu sangue, a Cruz de Guerra de
1.ª Classe para o Estandarte da sua Unidade.
116
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Bandas e Fanfarras
A
música exerceu, desde sempre, um papel muito importante no seio da instituição militar,
pelo que houve necessidade de criar bandas musicais com a missão de tocar marchas
marciais nas paradas, revistas, desfiles, etc.
As várias regulamentações sofridas pelas bandas desde 1815 até 23 de Maio de 1827,
fixaram, entre outras coisas, a composição das bandas, em termos do número de instrumentos
e de elementos. Em 1911, existiam 35 bandas de música, uma em cada Regimento de
Infantaria.
A banda de música do R.I. 13, cujas
origens remontam à última década do século
XIX, ajudou a estabelecer importantes elos de
ligação entre a instituição militar e as populações, sendo muito solicitada para participar em
inúmeras festividades de carácter religioso, bem
como na rea-lização de concertos para a população, como o atestam as referências publicadas
nos diversos periódicos da região, assim com na
cidade do Porto.
Ao reler os jornais do final do século
XIX e da primeira metade do século XX encontramos muitas notícias da sua actividade, assim
como opiniões que expressam o agrado e a simpatia que a Banda do Regimento criou junto das
po-pulações.
Programa de um concerto da Banda do R.I. 13, publicado
no jornal “O Povo do Norte”, de 10/12/1922..
A publicação do Decreto n.º 13.851, da organização
do Exército, de 29 de Junho de 1927, no número três, do
Art.º 22º, mantém as bandas de música em todos os
Regimentos de Infantaria, com a composição até aí prescrita. Mas a reorganização do Exército de 1937, veio alterar
profundamente estas bandas, reduzindo o seu número para
oito, ficando estas apenas nas sedes das Regiões Militares.
Notícia de actuação da Banda do R.I. 13,
publicada no jornal “O Povo do Norte”, de
23/08/1891.
117
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
A Banda do Regimento Infantaria 13 manteve-se em grande actividade até meados do
século XX, altura em que o Regimento, por determinação superior, passou a dispor apenas de
uma fanfarra.
Em 1989, o R.I. 13 contava no seu Quadro Orgânico (QO) apenas com uma Secção de
Corneteiros, porventura resultado de uma revisão dos QO levada a cabo em meados da década de oitenta, situação que viria a ser alterada pela reorganização do Exército implementada no
início dos anos noventa. O QO de 1993, actualmente em vigor, consagra apenas quatro praças
com a especialidade de corneteiro, o equivalente a uma Secção.
A fanfarra “actual” do R.I. 13.
Na prática, de há vários anos a esta parte, inserido na progressiva redução de efectivos
a que o Exército tem vindo a ser sujeito, apenas tem sido colocada na Unidade uma praça com
a especialidade de corneteiro, com a qual se tem conseguido, com alguma dificuldade, satisfazer as necessidades mínimas do serviço.
Apesar destes condicionalismos e fruto da boa vontade e do voluntarismo de alguns militares com conhecimentos de música, foi possível levantar, informalmente, uma fanfarra, a qual,
entre outras acções, tem abrilhantado as cerimónias mais significativas que têm ocorrido no
Regimento.
118
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Inserção dos Militares na Vida Civil
N
uma parceria com o Centro de Emprego e Formação Profissional de Vila Real (CEFP),
iniciada em 1996, frequentaram os cursos de formação profissional ministrados por aquele organismo, até à presente data e
com aproveitamento, 134 militares
do R.I. 13 em regime de contrato/voluntário. Entre estes cursos
contam-se os de Reparação de
Carroçarias,
Pintor
Auto,
Canalizador,
Jardinagem
e
Espaços Verdes, Empregado de
Mesa e Bar, e Cozinha.
A colaboração com o
CEFP alargou-se a outros
domínios, tendo 37 militares frequentado o curso de Introdução à
Informática, em regime extra laboral.
Assinatura do protocolo de cooperação entre o Exército e o Centro de
Formação Profissional de Vila Real, na pessoa do Comandante do R.I. 13
e do seu Director, respectivamente.
A qualidade da formação ministrada, devidamente certificada pelos organismos competentes, tem facilitado a integração dos militares na vida civil, reflectindo-se no elevado número
de militares que procura estes cursos. Saliente-se o facto de uma elevada percentagem dos formandos terem encontrado emprego após a formação. O comando da Unidade tem nomeado
para a frequência destes cursos os militares com mais tempo de contrato cuja conduta os torne
merecedores.
Para além da formação
profissional, o R.I. 13, em colaboração com os organismos competentes do Exército, tem participado
no processo de reconhecimento,
va-lidação e certificação de competências adquiridas de forma formal (escola), informal (no local de
traba-lho) e não formal (com os
amigos) e em diferentes contextos
(familiar, escolar, profissional e
social), por forma a que os militares
obtenham uma carteira profissional Formandos do Curso de Cozinha nas instalações da Unidade onde lhes é
ministrada a formação.
de competências-chave e um
Certificado de Educação e Formação de Adultos, de equivalência escolar ao 3º ciclo do ensino
básico, o qual lhes irá facilitar a integração na vida civil activa.
119
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Biblioteca
A
biblioteca do R.I. 13 tem cerca de 7.500 títulos, num total de 11.200 volumes, os quais
versam essencialmente sobre temas de segurança e defesa, com grande ênfase para a
temática da 1.ª Grande Guerra Mundial, na qual os militares da Unidade participaram activamente.
Para além de livros e obras de referência, integram também o acervo da biblioteca
revistas técnicas militares, portuguesas e estrangeiras, várias enciclopédias e manuais militares. A história, a estratégia, e a geografia, muito em particular a do ex-Ultramar, são outros
dos temas abundantemente tratados.
A obra mais antiga remonta ao séc. XVIII (1798), é da autoria do Fr. Joaquim de Santa
Rosa de Viterbo, e tem por título “Elucidário das Palavras, Termos e Frases”. Foi impressa na
oficina de Simão Thaddeo Ferreira, encontrando-se em mau estado de conservação.
A biblioteca possui ainda um número elevado de obras editadas no século XIX. O acervo vai ser, dentro em breve, consideravelmente enriquecido, em virtude de ter sido autorizada
superiormente, junto da Biblioteca do Exército, a recolha do espólio de bibliotecas que pertenciam a outras unidades que, com a reorganização do Exército, foram ou estão a ser extintas.
1ª página da obra mais antiga da Biblioteca do R.I. 13, datada
de 1798.
120
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
De forma a organizar, catalogar e preservar a documentação existente de modo a
responder às necessidades, estabeleceu-se uma parceria com a Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD).
Neste âmbito desenvolveram-se várias actividades: (1) um militar da Unidade frequentou um curso técnico documental na área das bibliotecas; (2) a UTAD, disponibilizou os seus
serviços de extensão, os quais se revelaram indispensáveis para a catalogação e análise de
toda a documentação existente, de acordo com as RPC (Regras Portuguesas de Catalogação)
e com os thesauri monolingues e as tabelas de classificação universal; (3) e, cedeu-nos o seu
servidor para instalarmos o sítio da biblioteca regimental, ferramenta incontornável para que a
biblioteca possa servir toda a comunidade.
Instalações da biblioteca do R.I. 13 e as colaboradoras da UTAD.
Por forma a facilitar a sua utilização, a biblioteca foi transferida para instalações mais
acessíveis, tendo-se, simultaneamente, criado um sítio no ciberespaço através do qual é possível pesquisar a lista dos títulos existentes alargando-se, assim, o acesso à sociedade civil.
Pretende-se que as novas instalações, para além de sala de leitura, sejam também utilizadas
como sala de estudo, apoiando os militares estudantes, em regime voluntário e contrato.
121
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
Jornais
A
um de Fevereiro de 1965 publicou-se, pela primeira vez, um jornal da Unidade com o título “Infantaria do Marão”. Este jornal tinha uma periodicidade mensal e pretendia ser um
“Órgão de Informação, Cultura e Recreio do Regimento de Infantaria n.º 13”. Foram publicados 56 números, até Dezembro de 1973.
Esta publicação tinha como director o
Comandante da Unidade e era impresso na “Minerva
Transmontana”, em Vila Real. Ao longo da sua publicação, manteve sempre uma qualidade gráfica exemplar, sendo o seu conteúdo, na sua maioria, composto
por descrições dos feitos heróicos do Regimento e dos
seus militares, e por artigos de carácter formativo e cultural, assim como por notícias militares e de âmbito
local.
Exemplar do 1º número do Jornal “Infantaria do
Marão”, publicado em um de Fevereiro de 1965.
Esta publicação reapareceu em Dezembro de
1988, tendo sido publicados vários números, embora
sem uma periodicidade definida. A 9 de Abril de 2001 é
feita uma nova publicação mensal, com formato e
aspecto gráfico diferentes do seu antecessor, impressa na Secção de Informática da Unidade, designada
“O Infante do Marão”, a qual se manteve até meados
de 2001.
A partir dessa data passou a publicar-se
anualmente no dia festivo da Unidade, excepto
em 2002, em que para além do dia festivo foi publicado um número especial por ocasião das
comemorações do aniversário dos cinquenta
anos do quartel.
Com esta publicação tem-se procurado
dar conta das actividades mais importantes levadas a cabo pela Unidade durante o ano a que
diz respeito: parcerias com outros organismos,
acções orientadas para a sociedade civil, cerimónias, desporto, actividade operacional, e
melhoramentos nas infra-estruturas.
Exemplar do “Infante do Marão” publicado em 2004.
122
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 e a Comunidade Vila-realense
T
em sido política dos diferentes
comandantes, ao longo dos anos,
aprofundar as relações com a comunidade
civil. Hoje, essa relação amadureceu,
sendo bem visíveis os benefícios para
todas as partes envolvidas nesse processo.
Para além dos aspectos relacionados com a Protecção Civil, já abordados
noutras partes deste trabalho, o R.I. 13 tem
interagido nos mais diversos domínios com
inúmeros actores da sociedade civil.
Exposição de Armamento no foyer do Teatro Municipal de Vila
Real.
Entre outras, a título meramente ilustrativo, e sem pretendermos ser exaustivos,
salientam-se as seguintes actividades: a participação nas festas da cidade com a exposição da
“Colecção de Armas de Manuel Francisco de
Araújo”, no foyer do Teatro Municipal de Vila
Real, e com um concerto da Orquestra Ligeira do
Exército; visitas de estudo das escolas da região,
com mostras estáticas de equipamento e visita
ao Núcleo Museológico da Unidade.
Acções de intervenção formativa sobre o HIV (Sida).
Acresce-se ainda um ciclo de conferências
sobre temas relacionados com a defesa e a segurança; acções de intervenção formativa sobre o HIV
(Sida), dirigida a todos militares e funcionários civis do
Regimento; promoção de concertos (Banda Sinfónica
do Exército, Orquestra Ligeira do Exército e pianista
Domingos António); organização de um competição de
karting, etc.
Ciclo de conferências sobre Segurança e Defesa.
Sessão com o Prof. Doutor Adriano Moreira.
123
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
O R.I. 13 tem também prestado inúmeros apoios a diversas instituições locais, na realização das suas actividades. Entre outras, salientam-se as seguintes: campeonatos de BTT;
organização de almoços de Natal para os idosos do concelho; organização do corta-mato escolar, na Fraga da Almotolia; Festivais de folclore; campeonatos de pára-quedismo; Taça dos
Países Latinos, a contar para o campeonato mundial de Orientação; iniciativas do núcleo de Vila
Real da Liga dos Combatentes, da Associação de ex-combatentes do Ultramar, etc.
Competição regimental de karting.
Campeonatos regionais de BTT.
Encontro de ex-combatentes do Ultramar.
Actuação da Banda Sinfónica do Exército no
auditório principal do Teatro Municipal de Vila
Real.
Convívio de Natal de idosos do Concelho.
Taça dos Países Latinos de “Orientação”.
Visita de escola da região de Vila Real.
124
MAIS DE TRÊS SÉCULOS AO SERVIÇO DA PÁTRIA
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Ano 31 N.º 86, 14 Agosto 1921.
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N.º 55, 10 Dezembro 1922; N.º 56, 17 Dezembro 1922.
JORNAL NOTÍCIAS
1945 26 de Fevereiro.
1947 11 Outubro.
1952 13 Junho,15 Junho, 16 Junho.
1956 1 Janeiro.
1958 2 Setembro.
ORDEM NOVA
1961 23 Abril.
1963 5 Maio, 28 Junho, 4 Agosto, 30 Agosto, 6 Setembro.
126
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VILAREALENSE
1957 N.º 15, 30 Maio.
1960 N.º 40, 24 Novembro.
VOZ DE TRÁS-OS-MONTES
Ano X N.º 471, 22 Junho 1957; N.º474, 13 Julho 1957; N.º 489, 16 Novembro 1957,
N.º 493, 14 Dezembro de 1957; N.º 529, 7 Setembro 1958; N.º 531, 21
Setembro 1958; N.º 544, 25 Dezembro 1958.
Ano XII N.º 628, 31 Julho 1960; N.º 631, 21 Agosto 1960; N.º 644, 20 Novembro 1960;
N.º 657, 19 Fevereiro 1961; N.º658, 26 Fevereiro 1961; N.º 662, 26 Março 1961.
Ano XIII N.º 757, 7 Abril 1963; N.º 771, 12 Maio 1963; N.º 787, 1 Setembro 1963.
Ano XIV N.º 838, 30 Agosto 1964; N.º 875, 20 Junho 1965; N.º 877, 4 Julho 1965.
ILUSTRAÇÃO REVISTA PORTUGUESA, Volume 23, 2.ª Série, Lisboa, 1917.
PERIÓDICOS MILITARES
JORNAL EXÉRCITO
Ano I N.º 12, , Dezembro 1960.
Ano III N.º 35-36, Novembro/Dezembro 1962.
Ano XL N.º 476, Agosto 1999.
Ano XXVIIN.º 320, Agosto 1986.
INFANTARIA DO MARÃO
Ano 1N.º 1, 13 de Fevereiro 1965; N.º 2, 13 Março 1965; N.º 3, 9 Abril 1965; N.º 4,
13 Maio 1965; N.º 6, 13 Julho 1965; N.º 9, 13 Outubro 1965; N.º 10, 13
Novembro 1965; N.º 12, 18 Janeiro 1966.
Ano 2.N.º 13, 12 Fevereiro 1966; N.º 14, 13 Março 1966; N.º 19, 14 Agosto 1966.
Ano 3 N.º 27, 14 Abril 1967.
N.º 55, Novembro 1973.
N.º 56, Dezembro 1973.
Sem Número (2.ª Série), Dezembro de 1988.
1990, Março/Abril.
2004, Abril.
REVISTA MILITAR, Tomo XLI, Lisboa, 1889.
INFANTARIA, Ano XXVIII, Volume XXVIII, 2.ª Série, 1961.
127
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Patrocínios
FO
TO
M
A
U
E
S
TA
D
O
Câmara Municipal de Vila Real
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