ROSANE POLETTO BENVEGNÚ ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA CANOAS, 2007 1 ROSANE POLETTO BENVEGNÚ ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA Trabalho de conclusão apresentado para o curso de Licenciatura em Química do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Química, sob orientação do Profª. Ms. Maira Ferreira. CANOAS, 2007 2 TERMO DE APROVAÇÃO ROSANE POLETTO BENVEGNÚ ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NO ENSINO DE QUÍMICA Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Química, do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela seguinte avaliadora: Profª. Ms. Maira Ferreira Unilasalle CANOAS, 11 de Julho 2007 3 Ao Vanderlei, Felipe, Bruna e Julia que estiveram sempre ao meu lado, incentivando-me e dando-me força nos momentos mais difíceis de minha vida acadêmica. 4 A minha orientadora a professora Maira Ferreira que ao longo do trabalho sempre dedicou-me carinho e limitando-se a atender-me. atenção, não 5 RESUMO O presente trabalho consiste na realização de uma pesquisa com professores, de diferentes áreas de conhecimentos, e com alunos da 3ª série do ensino médio, pertencentes a uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre. Na pesquisa, buscou-se ver o que os professores pensam sobre o papel da escola no tratamento do tema saúde, especialmente, no que se refere à prevenção ao uso de drogas, bem como, ver quais seriam os conhecimentos de interesse dos estudantes sobre o assunto “drogas” e, também, qual o seu interesse em abordar esse tema em aulas de Química Orgânica. A partir da pesquisa, houve a elaboração de algumas sugestões metodológicas buscando contextualizar os conteúdos de Química Orgânica ao tema “drogas”, visando chamar a atenção da comunidade escolar sobre a necessidade de trabalhar esse tema na escola. Palavras-chave: Ensino de Química, Drogas, Química Orgânica, PCNs. ABSTRACT This paper consists of a research with teachers, from different disciplines, and pupils attending the 3ª year of a public high school in Porto Alegre - metropolitan area. It’s focused on what professors think about the treatment of the subject “health”, associated to the prevention to the use of drugs, in school education. The proposal is also to verify the students’ interests and necessities concerning to the knowledge about the subject “drugs”, checking the possibilities to approach and set relation between this subject and the Organic Chemistry content. Based on this research, it has been elaborated some methodological suggestions which relate the Organic Chemistry content to the subject “drugs”, trying to warn the school community to the necessity of studying this subject in the school. Key-words: Chemistry Education, Drugs, Organic Chemistry, PCNs. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................8 2 REFERENCIAL TEÓRICO…………………….........................................................12 2.1 Drogas: um Problema Social …………………..………......................................12 2.2 PCNs e Currículo Escolar..................................................................................21 2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania …..…..……….……24 2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas……..................................................26 3 METODOLOGIA DO TRABALHO..........................................................................42 3.1 Metodologia da Pesquisa na Escola................................................................42 3.2 Metodologia da Proposta de Ensino................................................................43 4 ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA.……………………………………....45 4.1 Pesquisa com Professores.………………………………………………………...45 4.2 Pesquisa com Alunos…………………………………………………………….....47 5 Alternativas Metodológicas Para Trabalhar o Tema Drogas nas 3° Séries do Ensino Médio..........................................................................................................55 5.1 Atividade 1: Sugestão de Leitura - Álcool e os Jovens……………..………..55 5.2 Atividade 2:Sugestão de Atividade Experimental - Simulando um Bafômetro ………..…………………………………..………………………………….. 57 5.3 Atividade 3: Sugestão de Leitura - Em forma de Vapor………………….......59 5.4 Atividade 4: Sugestão de Leitura – Uma Epidemia Chamada Cigarro.........60 5.5 Atividade 5: Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito……….61 5.6 Atividade 6: LSD e Ecstasy: Perigosas Drogas …………………………….....62 5.7 Atividade 7: Sugestão de Leitura – Absorção, Distribuição e Excreção das Drogas………………..…………………………..……………………………………......63 5.8 Atividade 8: Sugestão de Trabalho de Pesquisa…………..…………………..65 5.9 Atividade 9: Sugestão de Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa Sobre Drogas …………………..……………………………………………………………..…..65 5.10 Atividade10: Sugestão de Vídeos ……………………………………………….65 6 CONSIDERAÇÃOES FINAIS………………..…………………………………………66 REFERÊNCIAS ….………………………………………………………………………..68 Anexo A - Letra Música…………………………………………………………….…......71 Anexa B - Texto Sobre Drogas………………….………………………………………..72 Anexo C - Pesquisa: Questionário Referente a Música…….………………………....75 7 Anexo D - Pesquisa: Questionário Referente ao Texto……………………………......76 Anexo E - Pesquisa: Questionário Professores………………………………………..77 Anexo F - Sugestão de Leitura – Drogas o que Fazer a Respeito ..………………....78 8 1 INTRODUÇÂO O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na historia da humanidade e mostra que, em todas as épocas e lugares, os humanos deliberadamente usaram (e abusaram) de substâncias capazes de modificar o funcionamento do sistema nervoso, levando à sensações corporais e estados psicológicos alterados. As cenas que vivenciamos diariamente no país são dramáticas. A produção e a venda de drogas, bem como a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, constituem, sem dúvidas, um dos principais fatores que complicam os entendimentos políticos, econômicos e sociais do século XXI no mundo. Estima-se que 20% das transações econômicas realizadas atualmente no mundo, estejam relacionadas com o tráfico de drogas. O consumo de drogas legais e ilegais é um assunto que gera grandes preocupações sociais. Pais, educadores, autoridades sanitárias, autoridades políticas e sociais identificam isso como um fenômeno social preocupante, sendo de suma importância que seja resolvido. O uso abusivo de drogas, um grave problema social, representa um problema de saúde, também, grave. Quando se fala sobre “problemas com drogas”, tende-se a dar mais importância às substâncias psicoativas de venda ilegal, esquecendo, por outro lado, que o consumo de tabaco e álcool é muitas vezes a porta de entrada para o consumo de outras substâncias. Sabemos, por exemplo, que o álcool é a droga que mais cria problemas em nossa sociedade e que seu consumo vem crescendo de forma desenfreada entre jovens, principalmente, nas festas de fins de semana. A família, juntamente com a escola, tem um papel decisivo na prevenção ao consumo de drogas, mediante a promoção da conscientização e do posicionamento crítico dos jovens com relação a este assunto, devendo ser sua preocupação oportunizar o amadurecimento e a socialização dos jovens. Na escola, cabe aos 9 professores a árdua tarefa de estimular e orientar o adolescente no seu processo de amadurecimento e, juntamente, com a família atuar na prevenção ao uso de drogas. De uma forma ou de outra, a escola como instituição educacional, já vem trabalhando de forma a potencializar a inquisição de valores, atitudes e condutas saudáveis. O uso de drogas na idade escolar é uma das maiores preocupações de saúde pública, pois é nessa fase que o adolescente se depara com uma série de conflitos pessoais. Segundo Oliver (2006), nessa fase da vida um turbilhão de pulsões e emoções invadem o adolescente, deixando-o temporariamente sem condições de lidar com seus sentimentos e suas angústias. Diante de toda essa parafernália de emoções, o jovem adolescente, devido a sua sensibilidade, torna-se um alvo fácil para novas experiências, mergulhando assim, de forma ingênua, no perverso mundo das drogas. A adolescência é uma fase de profundas transformações na vida do ser humano e esse é um período de indagações, conflitos na busca de si mesmo, na construção dos próprios conceitos e na procura da auto-afirmação. O adolescente tem que aprender a caminhar sozinho e encontrar seu papel na sociedade. Não são poucos os obstáculos que o adolescente tem que transpor, sendo neste contexto que surgem as drogas, prometendo alívio, fuga e prazer, desafiando, ao mesmo tempo, os jovens a pensarem como se posicionar diante dessa possibilidade de satisfação imediata? Sabemos que esse é um problema que causa grandes preocupações em nossa sociedade e que está presente em todas as classes sociais. Portanto, é necessário oportunizar debates e questionamentos que ajudem a encontrar soluções para atenuar ou erradicar esse sério problema. Acredita-se que com ações de prevenção e com acesso ao conhecimento sobre os efeitos das drogas no organismo, poderemos evitar o uso indevido e abusivo de drogas, porém, para que isso ocorra é necessário desenvolver ações conjuntas para sensibilizar e buscar a participação de todos, a fim de atenuar os prejuízos causados ao jovem e à sociedade. Um dos principais problemas da Educação Escolar é a falta de interesse pelos estudos, demonstrada pelos alunos, e não é diferente com relação ao ensino de Química, no Ensino Médio. A falta de motivação para o estudo da disciplina decorre, muitas vezes, da incapacidade de associação, por parte do aluno, dos 10 conteúdos que estão sendo ministrados ao seu cotidiano. Segundo Vygostsky (2003) a interação social é de grande importância para uma aprendizagem efetiva e, portanto, a construção do conhecimento na sala de aula deve ser um processo de negociação entre professores e alunos. No entanto, é necessário que o aluno se sinta atraído e envolvido pelas atividades propostas pelos professores. Atividades essas, que ajudem o estudante a aprender os conceitos e conteúdos de forma prazerosa, de modo a melhorar a sua aprendizagem e auto-estima, ao invés das tradicionais metodologias autoritárias e excludentes. Além disso, cabe a escola criar alternativas para trabalhar os conhecimentos escolares de modo a desenvolver ações que visem possibilitar aos alunos a compreensão de mecanismos para o desenvolvimento de uma vida saudável. Este trabalho tem como objetivo contextualizar as aulas de Química Orgânica a partir do tema “drogas”, já que esse é um assunto freqüentemente tratado na mídia e que pode fazer parte das experiências dos estudantes. Além disso, essa é uma forma de associar a disciplina Química a outras áreas de conhecimento buscando um ensino multidisciplinar. De acordo com os PCNs. O aprendizado de química no ensino médio deve possibilitar ao aluno a com preensão tanto dos processos químicos em si,quanto da construção de um conhecimento científico em estreitas relações com as aplicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Dessa forma, os estudantes podem julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto individuo e cidadãos. (BRASIL, 1999, p.240) Assim, ao utilizar conhecimentos do dia-a-dia dos alunos para, a partir deles, ensinar conteúdos de Química, visa-se o desenvolvimento de uma visão mais critica do mundo que os cerca, de modo a perceberem a relação que existe entre seu cotidiano e a Química. Desse modo, a escola estaria trabalhando de acordo com as orientações do PCNs. No caso do tema drogas, uma forma de despertar o interesse dos alunos e educadores, na busca de ações coletivas e preventivas contra o uso de drogas, seria oportunizar, nas aulas de Química, debates e reflexões em torno dos fatores sociais e familiares que envolvem o uso indiscriminado, violento e crescente de drogas, motivando os alunos para o desenvolvimento de uma vida saudável e digna. 11 O presente trabalho consiste em uma pesquisa com professores e alunos de uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, visando investigar qual a importância que os professores estão dando aos temas transversais, em especial ao tema saúde, em relação à prevenção ao uso de drogas, na educação escolar. Também procura identificar os interesses e conhecimentos dos alunos da 3ª série do Ensino Médio sobre o assunto drogas, buscando ver possibilidades de contextualização dos conteúdos de Química Orgânica ao tema drogas, indicando uma proposição de alternativas e sugestões metodológicas para uma abordagem do tema drogas em aulas de Química, no ensino médio. O trabalho está organizado em seis capítulos, sendo que o primeiro capítulo consiste em apresentar o trabalho; no segundo capítulo, apresento a fundamentação teórica do trabalho; no terceiro capítulo é apresentada a metodologia do trabalho, em relação à pesquisa na escola e à proposta de ensino; no quarto capítulo, trago a análise de resultados da pesquisa; no quinto capítulo, apresento algumas sugestões metodológicas para os professores utilizarem em aulas de Química; finalizando, apresento algumas considerações finais e as referências bibliográficas. 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Drogas: um Problema Social Segundo Oliver (2001), as drogas são substâncias naturais ou sintéticas que ao penetrarem no organismo humano sob qualquer forma – ingeridas, injetadas, inaladas ou absorvidas pela pele – entram diretamente na corrente sanguínea, atingindo o cérebro e alterando o seu equilíbrio fazendo com que a pessoa sinta tudo “diferente”. Na verdade, algumas bebidas bastante comuns em nosso dia-a-dia como chá, café e bebidas de sabor cola contêm estimulantes leves que podem ter efeitos sobre o nosso corpo e, de acordo com a definição apresentada, poderiam ser consideradas como drogas. Isso significaria que se uma pessoa consumisse regularmente grande quantidade dessas bebidas, poderia se tornar dependente delas, mas não é isso que ocorre. Normalmente, considera-se a dependência de drogas como algo muito grave, que pode levar a danos físicos como alterações no comportamento e nos padrões normais da vida. Quanto à origem, as drogas podem ser classificadas em naturais, semisintéticas e sintéticas. As drogas naturais são aquelas extraídas de uma fonte exclusivamente natural, em geral as plantas, alguns exemplos são a cocaína, a morfina, a mescalina e a psilocibina. As drogas semi-sintéticas são drogas obtidas em laboratório a partir de uma matriz natural, a droga semi-sintética mais conhecida é a heroína, obtida a partir da molécula de morfina. As drogas sintéticas são totalmente obtidas em laboratórios sem a necessidade de precursores naturais, as principais drogas sintéticas psicoativas são os barbitúricos e as anfetaminas. Quanto à legislação, as drogas podem ser lícitas ou ilícitas. As lícitas possuem permissão do Estado para serem comercializadas e consumidas, as ilícitas 13 não podem ser consumidas e muito menos comercializadas, pelo menos com a anuência do Estado. No que diz respeito aos efeitos, as drogas são classificadas como depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central. As drogas depressoras diminuem a atividade do cérebro, fazendo o sistema nervoso central funcionar de maneira mais lenta, deixando a pessoa “desligada” e “devagar”. Entre as drogas depressoras podemos citar os calmantes, os remédios para dormir, os inalantes e o álcool, que é a droga mais popular entre as depressoras, sendo bastante consumida em todo o mundo. As drogas estimulantes aumentam a atividade do cérebro, fazendo o sistema nervoso central funcionar mais rapidamente e deixando a pessoa mais “ligada” e “elétrica”. Esse tipo de droga pode ser ingerida (bolinhas) ou inalada, são drogas utilizadas para manter o corpo e a mente em atividade por mais tempo (para combater o cansaço) e, também, em tratamentos para emagrecer. São exemplos à cocaína e seus derivados, como o crack e a merla, e as anfetaminas As drogas perturbadoras, também chamadas de alucinógenos, mudam qualitativamente a atividade do sistema nervoso central e produzem no usuário alterações de percepção, delírios, ilusões ou alucinações. Esse tipo de droga produz alterações perceptíveis no pensamento e “viagens”, sensações de efeito calmante e relaxante, característico das drogas depressoras. Alguns exemplos são a maconha e o haxixe e algumas são produzidas em laboratórios, como LSD (acido lisérgico) e o ecstasy. De acordo com Brito (1988, p.43), a dependência de drogas resulta da interação de um organismo vivo e uma droga, caracterizando um comportamento de compulsão para experimentar seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o desconforto provocado por sua ausência. A diminuição do efeito de uma droga após administrações repetidas é chamada de tolerância. Quanto maior a tolerância, maior a necessidade que o organismo tem, em ocasiões sucessivas, de utilizar uma maior quantidade da droga, para que se mantenha o nível inicial do seu efeito (BILBY,1988, p.3). Pode-se perceber o efeito da tolerância quando um indivíduo continua aumentando a dose para poder obter o mesmo efeito, sendo que essa tolerância pode ocorrer com, ou sem, a dependência da droga. 14 Segundo Antón (2000, p.22), dependência é uma sensação da satisfação, é um impulso psíquico provocado pelo uso de drogas que faz com que o indivíduo use-a continuamente para manter-se satisfeito e evitar o mal estar. Quando privados da droga, os dependentes sofrem modificações comportamentais e uma vontade irreprimível de usar a droga. A dependência do uso de drogas pode ser reconhecida em sintomas como: nervosismo, ansiedade e depressão. Alguns exemplos de drogas bastante conhecidas que causam dependência psíquica, são as anfetaminas e a nicotina do cigarro. A dependência física ao uso de drogas é reconhecida como o estado de adaptação que se manifesta pelo surgimento de profundas modificações físicas, quando se interrompe o uso das drogas. São alterações do organismo associadas à síndrome de abstinência e se manifestam por sinais e sintomas de natureza física e psíquica tais como: ansiedade, vômitos, diarréia, convulsões, tremores violentos, e alterações na coloração da pele, podendo levar a pessoa até a morte. Essas alterações variam de acordo com a substância utilizada. São exemplos de drogas que levam a dependência física: o álcool, os narcóticos, a morfina e os barbitúricos. a) Drogas é um problema da família ou da escola? Vivemos em sociedades grupais, são grupos de estudos, de amizades, de trabalho, etc, que exercem influências marcantes na vida dos sujeitos, pois somos seres subjetivos e a subjetividade aproxima as pessoas por suas semelhanças e as afasta por suas diferenças. Segundo Santos (1997), uma das características da adolescência é a tendência grupal, que gera influencias marcantes no adolescente, emprestando-lhe uma identidade que, muitas vezes, substitui a identidade do ambiente familiar e que pode favorecer sua saída de casa. É no grupo que o jovem vive as primeiras experiências sexuais, resguarda costumes e modismos, desenvolve a comunicação e a prática de novas funções sociais e de auto-avaliação, tornando a formação social dos grupos uma pratica saudável na adolescência. Em contrapartida, muitas vezes, o adolescente é vulnerável à tendência grupal, servindo de objeto para exercícios de ações que causam danos pessoais e sociais, tais como violência, uso e até o trafico de drogas. Segundo Santos (1997, p. 107), a adolescência é um período de crise e de conflitos internos e externos que merecem a preocupação da família e da sociedade, 15 pois o jovem adolescente apresenta intensa necessidade de afeto, atenção, compreensão, apoio e amor sendo, por isso, importante que os pais estejam atentos a essas necessidades. No entanto, segundo esse autor os relacionamentos familiares estão cada vez mais precários em função das dificuldades do mundo atual: a falta de dinheiro, pais que trabalham o dia todo deixando os filhos sozinhos, a falta de diálogo, tudo isso pode deixar o adolescente com carência afetiva, fazendo com que o mesmo procure em outro lugar o que não encontrou em casa. Quanto aos pais, é importante educarem-se a si próprios, pois devem aprender a reconhecer o uso abusivo de drogas em casa, na escola, no bairro, na comunidade, na cidade, no Estado e no País. Todos devemos saber a extensão e a natureza do problema, quem está envolvido e o que está fazendo, para que saibamos quais os efeitos e as conseqüências do uso abusivo das drogas. As drogas, quando usadas pelo adolescente, alteram o seu comportamento. A transformação ocorre de forma lenta e gradual, começando pelas amizades, evoluindo para os estágios degenerativos, sociais, psicológicos, afetivos e circunstanciais, chegando até a conduta anti-social. O uso das drogas pode levar o adolescente à queda do rendimento escolar, e essa queda representa a apatia que as drogas repercutem nos sujeitos, inclusive nos estudos. Nesse caso, o estudante tende a manifestar desinteresse e sofre reprovações podendo culminar com o abandono escolar. É importante que os pais prestem atenção no melhor amigo do filho, pois, se o mesmo usa drogas, é bem provável que seu filho também utilize (Santos, 1997). Diante do problema, cria-se uma polêmica familiar diante da perspectiva de “denunciar” o próprio filho, criando-se uma situação de medo e impotência diante do problema. Como auxilio, existem as instituições que orientam os familiares quanto à correta tomada de decisões com relação aos jovens, pois o objetivo é salvar e não punir. Santos (1997, p.141), comenta que a forma de enfrentar o consumo de drogas na escola é um assunto polêmico. Sendo a escola, depois da família, a instituição de maior significado para a formação dos sujeitos, é contraditório pensar que as drogas, expressão oposta às aspirações educacionais, na maioria das vezes, surjam na escola. Por outro lado, fatores como, por exemplo, a falta de perspectivas profissionais dos estudantes, os diferentes interesses dos governantes, o desconhecimento da comunidade sobre o assunto, os tabus, etc, propiciam 16 intranqüilidade no corpo docente que não sabe lidar com esse assunto e acaba descaracterizando a escola como espaço para a prevenção e educação quanto ao uso abusivo de drogas. A prevenção ao uso de drogas deve ser feita, inicialmente, nas famílias, mas ter a parceria da escola. Os pais, muitas vezes, por falta de tempo, não percebem que estão passando a tarefa de educação apenas à escola e aos professores e que, estes, por sua vez, estão despreparados tecnicamente e desmotivados pela série de dificuldades que enfrentam, não conseguem fazer mais do que seguir a listagem de conteúdos curriculares tradicionais. Para Santos (1997), a escola, como segunda instituição mais importante da vida, representa um marco na formação das primeiras amizades e dos primeiros grupos de parceria. Além de tornar para si a responsabilidade maior de desenvolver o processo de ensino aprendizagem, esta, também, é responsável pela conduta social e efetiva dos alunos, dividindo com a família a preocupação com a formação cognitiva do adolescente. Segundo Santos (1997), o uso de drogas na adolescência se dá de forma progressiva passando por três estágios. No primeiro estagio, há o contato com a droga leve, geralmente a maconha, pois muitos jovens cultivam o hábito de fumar tabaco. Em uma segunda fase, podem entrar os inalantes, e na terceira fase, as drogas podem ser aplicadas por via endovenosa, com maior comprometimento da saúde, pois a droga passa a funcionar como a primeira necessidade do indivíduo. As veias preferidas para aplicação são a dos braços, por isso é normal os jovens usarem camisas de manga longa no verão. Um outro indicativo é que as drogas provocam alterações nos olhos, a heroína, por exemplo, contrai a pupila, já a cocaína dilata a pupila, a maconha deixa os olhos avermelhados e a pupila reage pouco a luz, por isso, muitos usam óculos de sol para ocultar estas alterações. b) Mas como fazer esse trabalho preventivo na escola? Até bem pouco tempo atrás, a escola afastava os alunos que utilizavam drogas, o que não surtiu efeito, porque não resolvia o problema. Atualmente, algumas escolas já desenvolvem ações no sentido de informar os riscos do uso de drogas como modo de incentivar os cuidados com a vida, inclusive, inserindo no currículo, matérias específicas para tratar esse assunto com os conhecimentos científicos a ele associados. 17 O que tem sido discutido nas escolas, basicamente se refere ao uso e efeitos da maconha e da cocaína, porém, algumas pesquisas mostram que combater a maconha é pouco, pois o álcool, o tabaco, os solventes e os calmantes são muito mais usados pelos estudantes de ensino fundamental e médio. Isso mostra que é necessário abordar esse assunto de acordo com a realidade de cada escola e não em função das drogas serem classificadas como lícitas ou ilícitas. Embora a escola não seja a única responsável no combate ao consumo de drogas pelos estudantes, ela pode estabelecer critérios que ajude a comunidade escolar a identificar fatores que estejam contribuindo para o consumo, devendo compartilhar sua responsabilidade com a família, com os profissionais da área da saúde, com os líderes religiosos e com as empresas locais. Lopes (1997, p.38) refere que a prevenção ao uso de drogas na escola era um tabu, sendo utilizado como justificativa para não tratar esse assunto, o fato de não haver tempo para trabalhar essa questão, e que a responsabilidade legal pelo adolescente é da família, logo esse seria um tema para ser discutido na família. Hoje em dia, porém, esse conceito mudou, pois, devido a complexidade e aumento significativo de pessoas que tornam-se viciadas pelo uso abusivo de entorpecentes, a escola e família tendem a somar esforços a fim de minimizar o problema. Vizzolto (1997, p.72), afirma que as instituições, inclusive a escola, têm preconceitos com relação aos problemas que envolvem o uso de drogas, bem como os que dela fazem uso. Existem grandes pressões por parte das escolas, professores e especialistas, quanto a este ser um problema de família e que ações preventivas desenvolvidas na escola despertariam a curiosidade nos alunos pelas drogas. Por isso, os pais precisam conhecer formas de abordar o assunto, talvez de modo semelhante ao que a escola faz, mas sempre com auxilio profissional, porque quando a escola e a família conseguem desenvolver, juntas, ações preventivas, são maiores as chances de enfrentar o problema. Nesse sentido, algumas iniciativas têm sido tomadas e um dos seus efeitos é desfazer alguns mitos. Um deles diz respeito à eficácia de trabalhos de prevenção junto aos pré-adolescentes, que alguns profissionais acreditavam ser perigoso, sob a alegação que a discussão poderia causar curiosidade, levando o aluno a querer experimentar as drogas. Lopes (1997, p.83) destaca algumas questões que devem ser tratadas para efetivar a prevenção do uso de drogas na escola: 18 • Procurar a orientação profissional de psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e outros terapeutas na área de dependência química. Algumas entidades como a Cruz Vermelha Brasileira, ou fundações que podem ajudar a implantar um bom programa de prevenção nas escolas; • Conhecer programas já implantados, os quais devem orientar seus alunos em relação aos malefícios causados pelas drogas, embasados cientificamente; • Incentivar a informação, inserindo o tema em programas como Feiras de Ciências nas escolas; • Procurar parcerias com os pais, através de reuniões. Geralmente os pais se fazem presentes na entregas de boletins, portanto essa é uma boa oportunidade para bordar o tema, expondo o que a escola está fazendo; • Dar tratamento adequado a cada caso. Se detectar alunos com problemas na sua escola, um profissional deve procurar o melhor encaminhamento para o indivíduo; • Valorizar os esportes, a auto-estima e a vida, tentando afastar os jovens das drogas. Utilizar a linguagem deles, pois, quanto mais próxima estiver a campanha da realidade deles, maior será o impacto e a absorção de informações. O papel da escola na formação dos jovens exige que assuma e incorpore, em sua rotina diária, programas que visem à prevenção ao uso de drogas, e caso o problema aumente, a escola não deve só prevenir, mas, também, intervir, mantendo regras e normas que devem ser seguidas pelos estudantes que tenham problemas em função do uso de drogas. Os conhecimentos e informações tratados na escola devem ser usados para educar a sociedade, assim os programas de prevenção devem ensinar aos jovens, práticas e iniciativas que valorizem a vida e a saúde. Chama-se a atenção, no entanto, que apenas as informações não bastam para prevenir o consumo de drogas, tanto a família como a escola deve evitar o acesso fácil ao uso de álcool e drogas e, se necessário, buscar auxilio de profissionais para que acompanhem fases difíceis no desenvolvimento dos adolescentes, que incluem as transformações 19 físicas e psíquicas, os questionamentos, as dúvidas e incertezas, os medos e receios, entre outros. É importante conhecer os problemas que o consumo de drogas causa, abrindo uma discussão sobre o assunto, obtendo informações sobre problemas atuais e seus efeitos no processo educacional. A família deve ajudar e dar seu consentimento para que a escola tome medidas necessárias, tais como encaminhamentos para psicólogos, psiquiatras, aconselhamentos e palestras, entre muitos outros. É preciso ficar claro que a prevenção ao uso de drogas é de interesse de toda comunidade escolar que, ao apoiar a manutenção de programas de prevenção, cria novas bases de apoio para os adolescentes e suas famílias. Talvez caiba nos perguntarmos: O que se quer prevenir? Para quem? Quem está pedindo? Uma vez que uma prevenção ampla não é passível de realização, a abordagem técnica seja na área de saúde ou da educação, sempre irá se limitar a isto. Segundo Vizzolto (1987, p.85), há muitos anos não existia prevenção ao uso de drogas, as ações, quanto a essa questão, eram todas de repercussão jurídica. Mas com o passar do tempo, como forma de intervir e evitar o uso de drogas, as escolas passaram a informar sua clientela sobre o perigo quanto ao uso de drogas, cuidando, no entanto, a forma como o faz, isto é, deve avaliar sobre quais informações devem ser divulgadas e, também, como serão tratadas, por quais profissionais, etc. Normalmente a escola opta em promover a prevenção ao uso de drogas através de palestras informativas aos pais e alunos, tentando analisar as possíveis causas do problema. Para isso, muitas vezes, desenvolve programas visando de sensibilizar e informar as pessoas quanto aos prejuízos do abuso e do uso indevido drogas para si e para a sociedade. Segundo Vizzolto A escola poderá reverter o processo de alienação do jovem desenvolvendo a consciência critica, promovendo uma educação pelo diálogo que leve o homem à procura da verdade em comum, ouvindo, questionando, libertando-se e investigando. Com isso possibilitará ao aluno uma discussão corajosa sobre sua problemática do mundo (1987, p.63). Vizzolto (1987, p.92) refere que se a escola constatar que o aluno está usando drogas é importante: 20 • Não tirar conclusões apressadas, não se deixando levar pelo preconceito; • Evitar “fofocas” e a busca de informações indiscriminadas (ter uma postura ética); • Conversar com o aluno com respeito, amor e compreensão; • No caso de dependência, tentar ajudá-lo junto a órgãos especializados. Atitudes que a escola deve evitar com o aluno usuário de drogas, segundo Vizzolto (1987, p.95): • Transferências; • Expulsão; • Ameaças; • Marginalizar o aluno; • Tecer comentários sobre sua vida e sua família, que não sejam com o intuito de ajudá-lo; • Denunciá-lo aos colegas; e • Querer saber de quem o aluno recebe drogas. A escola deve ouvir o aluno com naturalidade, tendo uma postura ética, esse assunto não precisa “vazar” para toda a escola ou se tornar tema de conversa nos corredores, fazendo com que o aluno perca a confiança que depositou na escola e/ou no profissional com quem compartilhou esta questão. Apesar da discordância de alguns autores, pois uns acham que o tema drogas é um problema familiar, outros insistem em afirmar que o problema das drogas é um problema social que deve ser resolvido através de campanhas de conscientização e de palestras preventivas, dificilmente conseguirão não enxergar esse problema com questão educacional. Nesse sentido, é importante que a instituição de ensino tenha condições de ajudar o estudante, informando-o sobre os efeitos das drogas e questionando-o a respeito de como se sente em relação aos amigos e a escola procurando na família e nas instituições especializadas auxilio para lidar com esse grande problema social. 21 2.2 PCNs e Currículo Escolar A proposta de organizar o currículo do ensino médio por áreas de conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade e as suas abordagens complementares, foi considerada um “avanço do pensamento educacional” segundo as Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEM), no entanto, percebe-se que sete anos após a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), a prática curricular continua sendo disciplinar e com uma visão linear e dividida no que diz respeito ao conhecimento das disciplinas. Para haver essa mudança é necessário que escolas organizem seus currículos, escolham temas atuais que considerem necessários para a formação dos estudantes e articulem esses temas aos conteúdos, adotando metodologias diversificadas e coerentes com a proposta curricular, enfim, pensem em estratégias para estimular a aprendizagem dos alunos. No entanto, o que vemos são professores, de diferentes áreas, realizando suas atividades sem se preocuparem com as possíveis relações entre os diversos conteúdos abordados no ensino de ciências. Essa inter-relação que não está sendo oportunizada ao estudante, faz com que ele deixe de relacionar e entender o conteúdo como parte do todo, estudando apenas conceitos isolados. Nesse sentido, é fundamental que as escolas possibilitem o diálogo entre professores de diferentes áreas para a organização curricular, de modo a trabalharem na busca de propostas pedagógicas interdisciplinares. É preciso haver a instituição de espaços interativos de planejamento e acompanhamento pedagógico, como sugere os PCNEM e PCN+. A organização do trabalho escolar não só leva em conta como expressa as especificidades do próprio projeto pedagógico, da dinâmica de gestão e de funcionamento da escola e da comunidade, configurando-se com características sempre diferenciadas. Por outro lado, conforme a orientação teórica e metodológica que os professores assumam, conscientemente ou não, a organização dos conteúdos do ensino escolar poderá partir de diferentes eixos estruturadores das praticas. Nesse cenário, não existe uma forma homogênea de organização do conteúdo da química no currículo escolar (BRASIL, 2006, p.125). No caso da disciplina de Química, caberia ao professor organizar os conteúdos que serão trabalhados no ano letivo e as estratégias que irá utilizar para 22 realizar seu ensino. Além disso, o professor deve estar engajado na promoção de propostas de ensino vinculadas a realidade da comunidade escolar onde atua. Na verdade, o que se espera do professor, segundo as OCEM, é que procure novas abordagens para os tratamentos conceituais, não repetindo as tradicionais divisões da química em química geral, físico-química e química orgânica. Talvez uma alternativa seja reunir os conhecimentos da área de química em diferentes temas que possam ser trabalhados “transversalmente” também em outras disciplinas. Nesse sentido, os temas transversais são inseridos nos PCNs com a preocupação de possibilitar e estabelecer inter-relações entre diferentes objetos do conhecimento, de forma a propiciar estratégias para abrir espaços à inclusão de saberes extra-escolares no currículo escolar, dando sentido social a procedimentos e conceitos das áreas convencionais, de maneira que os alunos superem o aprender apenas pela necessidade escolar de passar de ano. Os temas transversais também estão associados ao propósito de educar para a cidadania, o que “requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que complete sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes mesma importância das áreas convencionais” (BRASIL,1998, p.25). De acordo com os PCNs, os temas transversais ética, meio ambiente, pluralidade de culturas, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo, devem ser incluídos nos currículos escolares, de forma que o professor possa priorizar e contextualizar os conteúdos de acordo com as diferentes realidades locais e regionais de cada escola, sendo compreendidos num trabalho sistemático e continuo no decorrer de toda a vida escolar. Na escola, o tema saúde já vem sendo abordado nas escolas e fazendo parte do currículo, mesmo não havendo uma disciplina específica. A lei° 5692/71 (BRASIL, 1998, p.258) inseriu formalmente no currículo escolar a temática saúde, com o objetivo de desenvolver na criança e no adolescente, hábitos saudáveis quanto à higiene pessoal, alimentação e prática desportiva, procurando preservar a saúde pessoal e coletiva. Em 1977, o conselho Federal de Educação reafirmou a posição de que os programas de saúde não devem ser encarados como uma matéria ou disciplina, “mas como uma preocupação geral do processo formativo, intrínseca a própria finalidade da escola” (BRASIL,1998, p.258). 23 Atualmente, os documentos oficiais orientam para que o tema saúde seja tratado como um tema transversal e considera que os trabalhos e a aprendizagem sobre a saúde possam ser desenvolvidos a partir da realidade e das necessidades da comunidade escolar. Dependendo da proposta do professor, os conteúdos e atividades que envolvem o tema saúde podem estimular o aluno a conhecer e até a participar de algumas ações de saúde em seu município, como o acompanhamento de programas ou serviços sociais que contribuam para formar cidadãos capazes de atuar em favor da melhoria dos níveis de saúde pessoal e comunitária. De acordo com os PCNs, é de fundamental importância que, ao trabalhar o tema saúde, não sejam priorizadas somente as informações e as proteções específicas biológicas das doenças, mas que se construa com o aluno a convicção de que a instalação de doenças depende das condições e cuidados que temos com a vida. Somente através de ações desenvolvidas juntamente com a família, é que a escola poderá ser capaz de orientar para os cuidados com a saúde. Nesse sentido, sabemos que a informação ocupa um lugar muito importante na aprendizagem e que a promoção da saúde só será realizada, se a escola, como um todo, se mobilizar na busca de ações para uma vida saudável. Além disso, é necessário que a escola oportunize ao aluno a aquisição de valores, hábitos e atitudes para que os mesmos, juntamente com sua família, criem processos que possam estruturar e fortalecer hábitos saudáveis, tornando-os sujeitos capazes de influenciar mudanças que busquem a saúde pessoal e a qualidade de vida. Mesmo que saibamos que a responsabilidade de educar para a saúde não é somente da escola, mas, em especial dos próprios serviços de saúde, podemos considerar e ver a escola como instituição que, também, pode se transformar num espaço genuíno de promoção de saúde. Com o objetivo e a preocupação de promover a informação, visando à conscientização dos alunos para o direito à saúde, aborda-se na escola o tema drogas, mas, na maioria das vezes, esse é tratado como assunto à parte, e é preciso que seja tratado como tema transversal de fundamental importância para a saúde do jovem adolescente. De acordo com PCNs, a escola deve tratar a dimensão do problema social referente às drogas, de forma especial, visto que as dificuldades em lidar com esse assunto geram certo receio, pois, por ser um tema delicado, pode ser interpretado de maneira errônea e o efeito será contrário ao pretendido. 24 Na adolescência, o uso de drogas lícitas é muito significativo e vem aumentando cada vez mais, como podemos acompanhar diariamente nos meios de comunicação. Algumas dessas drogas podem ser facilmente adquiridas e comercializadas em mercados, farmácias, praças, pátios de escolas, em festas, etc. Dentre as drogas lícitas, o tabaco, o álcool, os inalantes e os tranqüilizantes, são as que mais livremente transitam nos meios sociais e até mesmo na vida cotidiana dos adolescentes, portanto, seu consumo é bastante elevado entre os jovens, que, pela falta de conhecimento aliada a facilidade de aquisição, podem provocar danos à saúde dos usuários. Diante disso, não há como escola não se envolver nessa problemática. A escola é um local onde esse assunto deve ser tratado, já que é lá que os adolescentes estão. A escola pode desenvolver ações pedagógicas que sejam capazes de possibilitar e criar condições necessárias para o desenvolvimento de atitudes que protejam os estudantes contra os agravos à saúde decorrente do uso abusivo de drogas. 2.3 Ensino de Química: um Compromisso com a Cidadania Segundo Santos (1998, pág.11), o ensino de Química deve ter um compromisso com a formação da cidadania e deve estar centrado na inter-relação da informação de conceitos químico, com o contexto social. Considera que a participação dos indivíduos na sociedade vai além da compreensão dos conceitos de Química, no entanto, vê a Química como facilitadora para um melhor entendimento da sociedade na qual os sujeitos estão inseridos. A educação deve procurar desenvolver ações relacionadas a assuntos comunitários como, por exemplo, incentivar os jovens a assumirem posturas de comprometimento com a busca coletiva da saúde, visando diminuir os problemas existentes nessa área. Porém, para que o cidadão efetive sua participação na sociedade, é necessário que ele disponha de informações que estejam diretamente vinculadas aos problemas sociais que lhe afetam e que disponha de conhecimentos que possam auxiliar para o encaminhamento das soluções de seus problemas. Para fazer com que o jovem interaja com a sociedade visando o bem estar de todos, o educador, comprometido com a formação do adolescente, deve realizar 25 ações que favoreçam o desenvolvimento de sua capacidade crítica, e de tomada de decisões e posicionamentos, voltada ao bem estar da comunidade. Os Temas Transversais, incluídos nos PCNs, são apresentados como estratégia para a formação de alunos mais críticos, que possam desenvolver a capacidade de posicionar-se diante das questões que interferem na vida coletiva, e que teriam como objetivo abrir espaços para os saberes extracurriculares, superando a concepção do aprender apenas para passar de ano. O trabalho pedagógico com esses temas tem o propósito de educar para a cidadania, o que requer a integração de diferentes temas nas áreas convencionais, possibilitando a relação com as questões da atualidade. Entre os temas transversais, apresentados pelos PCNs, o tema saúde é de fundamental importância para a escola, a família e a sociedade. Provido de saúde física, mental e emocional, o adolescente tem maiores condições de fazer escolhas que lhe permita ter inserção nos diferentes grupos sociais. Ao trabalhar com o tema transversal saúde na educação escolar, o papel do professor não é ditar regras comportamentais ou dar modelos a serem seguidos. Seu papel é motivar os estudantes e associar aos conteúdos questões sobre saúde, problematizando e facilitando as discussões sobre o tema, de modo a criar estratégias para melhor desenvolver esse assunto na escola, pois, sabe-se que na adolescência, os jovens, equivocadamente, podem dar mais importância as referências grupais do que a formulação de conceitos, atitudes e comportamento que os leve para uma vida mais harmônica e saudável. Percebe-se que nas ultimas décadas, além dos temas tradicionais trabalhados sobre saúde como, por exemplo, sexo, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras, a escola vem sendo obrigada, pelas circunstâncias e apelo da sociedade, a abordar problemas importantes e urgentes como, por exemplo, a violência social, o meio ambiente e o uso de drogas. No caso da abordagem sobre uso de drogas, a alternativa parecer ser o desenvolvimento de um trabalho que focalize questões que busquem a valorização da vida. A partir dessa constatação, é necessário adotar metodologias que ajudem o aluno a identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre os acontecimentos e desenvolver soluções com a preocupação de promover o bem estar e a saúde pessoal e coletiva do grupo, e isso pode ser feito a partir conhecimentos e informações adquiridas no meio escolar. 26 2.4 Química Orgânica no Estudo de Drogas De acordo com as orientações dos PCNs, a inserção do tema transversal saúde na educação escolar escola indica seu compromisso com a promoção da saúde dos alunos e, de certa forma, da comunidade escolar. Talvez uma forma de fazer isso seja relacionar os conteúdos curriculares com o cotidiano dos alunos. Nesse sentido, é bastante pertinente abordar e relacionar o tema saúde com a prevenção ao uso de drogas, sendo possível articular esse assunto com os conteúdos de Química Orgânica, uma vez que a composição Química das drogas são de origem orgânica. As substâncias componentes das drogas afetam o sistema nervoso central, sendo possível explicar seus efeitos no organismo, através de suas estruturas e grupos funcionais de origem orgânica. A Química Orgânica é definida como o ramo da Química que estuda os compostos constituídos por átomos de carbono, sendo que a quantidade de compostos orgânicos ultrapassa em muito a quantidade total de compostos formados pelos demais elementos. O átomo de carbono possui número atômico 6 e sua configuração eletrônica é 1s² 2s² 2p 2, com 4 elétrons no nível mais externo, o que possibilita ao carbono fazer quatro ligações covalentes. Além de ligações simples, pode haver ligações duplas e triplas, entre átomos de carbono e, também, entre carbonos e elementos diferentes, podendo formar compostos binários (C e H), ternários (por exemplo, C, H e O) ou quaternários (por exemplo, C, H, N e O). Os átomos de carbono ligam-se entre si ou com outros elementos, formando estruturas denominadas cadeias carbônicas, essas constituem o “esqueleto” dos compostos orgânicos. Quando há outro elemento entre átomos de carbono, este é denominado heteroátomo como podem ser, por exemplo, os elementos O, S, N e P. Os átomos de carbono são classificados de acordo com a localização em que se encontram na cadeia carbônica, podendo ser classificados como carbonos primários, secundários, terciários ou quaternários, caso estejam ligados a um, dois, três ou quatro átomos de carbono, respectivamente. As cadeias carbônicas podem ser classificadas de acordo com o quadro que segue. Quadro 1 – Classificação das Cadeias Carbônicas Cadeia Característica Exemplo 27 Aberta, acíclica ou alifática Apresenta carbonos livres nas extremidades Fechada ou cíclica Os carbonos ligam-se uns aos outros formando um ciclo Aromática Possui anel benzênico Alicíclica (não aromática) Não possui anel benzênico Normal (aberta) Contém apenas carbonos primários e secundários Ramificada (aberta) Possui pelo menos um carbono terciário Saturada (aberta ou fechada) Apresenta somente ligação simples entre átomos de carbono Insaturada ou nãosaturada (aberta ou fechada) Há pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre átomos de carbono Heterogênea (aberta ou fechada) Apresenta heteroátomo (S, O, N ou P entre átomos de carbono) Homogênea (aberta ou fechada) não apresenta heteroátomo Mista Cadeia aberta e fechada A Química Orgânica estuda os compostos do carbono, sendo que esses podem ser classificados como compostos orgânicos naturais e compostos orgânicos 28 artificiais. Os compostos orgânicos naturais são encontrados na natureza, provenientes do petróleo ou de vegetais. Já os compostos orgânicos artificiais são produzidos em laboratórios como ocorre com os plásticos, os medicamentos, os corantes, os tecidos sintéticos, etc. Apesar da existência de milhões de compostos orgânicos diferentes, podemos agrupá-los quanto à semelhança de suas propriedades químicas. O conjunto de compostos que apresentam comportamento químico semelhantes pertencem a uma mesma função química. Nas funções orgânicas, as substâncias podem ser reconhecidas pela presença de um átomo ou grupo de átomos específicos, denominados grupos funcionais (parte da molécula onde ocorre a maioria das reações quimicas), sendo esses grupos determinantes na definição das propriedades químicas dos compostos e, também, de algumas propriedades físicas. Dentre as principais funções químicas estão: hidrocarbonetos, álcoois, fenóis, éteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, amidas, aminas, nitrilas, e haletos orgânicos. No caso deste trabalho, abordaremos apenas algumas funções (hidrocarbonetos, alcoóis e aminas), aquelas que contêm substâncias que fazem parte da composição química das drogas. Iniciaremos pela função química mais simples, compostas apenas por C e H, por isso, denominados hidrocarbonetos. Entre os hidrocarbonetos podemos citar como exemplos: metano, etano, propano, butano, gases utilizados como combustíveis e, também, os solventes. Ao trabalhar a função química hidrocarbonetos, encontramos alguns compostos alifáticos e aromáticos, facilmente voláteis, que são encontrados em diversos produtos comerciais chamados solventes. Esses produtos, quando inalados, possuem efeitos tóxicos, e quando utilizados por crianças e adolescentes, provocam efeitos como euforia e alucinações. a) Alcoóis Os alcoóis se caracterizam por apresentarem o grupo hidroxila (OH-) ligado a um átomo de carbono da cadeia. Os alcoóis são classificados em primários, secundários e terciários, diferenciando-se pelo o tipo de carbono onde se localiza o grupo OH-. Assim, se a hidroxila estiver ligada a um carbono primário, teremos um álcool primário, se estiver ligada a um carbono secundário, teremos um álcool 29 secundário e se a hidroxila estiver ligada a um carbono terciário, teremos um álcool terciário, como representado a seguir: Figura: Fórmula estrutural e modelo espacial do Etanol Fonte: Wikipedia, 2007. O etanol quando misturado com a água na proporção de 95% de álcool e 5% de água, forma uma mistura azeotrópica ou azeótropo. Isto significa que não é possível concentrar o álcool além de 95% através da destilação fracionada. Esta mistura comporta-se como um composto puro, sendo praticamente impossível separar os dois componentes. O etanol a 95% em água tem PE = 78,15o C, inferior aos pontos de ebulição de seus componentes (etanol = 78,3o C e água = 100oC). O álcool etílico é o mais importante dos alcoóis, sendo conhecido comumente como álcool. Ele é um importante solvente industrial e farmacêutico, muito utilizado como meio reacional em Química e como ingrediente ativo em bebidas. O álcool contido em bebidas alcoólicas, cientificamente conhecido como etanol (CH3CH2OH), é uma substância incolor, inflamável, com odor característico e miscível em água, com ponto de fusão igual a -114,1°C e ponto de ebul ição igual a 78°C, a pressão de 1 atm. O álcool presente em bebidas alcoólicas (etanol) é o mesmo usado em limpeza doméstica e como combustível automotivo no Brasil. São freqüentes às 30 dúvidas, sobre qual seria a diferença entre o álcool de bebidas alcoólicas e o álcool doméstico, mas o fato é que a diferença não está no tipo do álcool (eles são exatamente iguais). O que varia é a concentração do álcool (o teor alcoólico em uma lata de cerveja é 6% e em um litro de álcool doméstico é 96%) e, também, a adição de substâncias que dão cheiro e cor ao álcool doméstico, para que fique inviabilizado seu uso em bebidas. O método de obtenção de etanol, utilizado no Brasil, é o processo de fermentação que utiliza a cana-de-açúcar para obter açúcar e etanol. A fermentação é um processo bioquímico catalisado por enzimas e ocorre em duas etapas: a primeira envolve a conversão de polissacarídeos (amido, por exemplo) em monossacarídeos (glicose, por exemplo) podendo ter como fonte natural além da cana-de-açúcar, vegetais ricos em açúcar, como a beterraba, frutas, extrato da mandioca, do arroz e do milho e da celulose extraída, principalmente, dos eucaliptos; a segunda envolve a conversão do monossacarídeo em álcool etílico (Allinger, 1976, p.53). A fermentação é um processo de produção de bebidas alcoólicas com baixo teor alcoólico, para se obter bebidas com teor alcoólico maior como, por exemplo, a cachaça, é necessário fazer um processo de destilação. Então, entre as bebidas fermentadas e as destiladas a diferença está na concentração alcoólica e nos processos de obtenção de cada uma. As bebidas fermentadas foram as primeiras a serem produzidas pelo homem, o processo de obtenção consiste em deixar que o suco proveniente da moagem dos vegetais (frutos, tubérculos, raízes, cereais) ou do mel de abelha permaneça em repouso sofrendo a ação de leveduras, as enzimas dessas leveduras quebram as moléculas de açúcar produzindo álcool e gás carbônico. Entre as bebidas fermentadas podemos citar o vinho, a cerveja e o saquê, sendo que as concentrações de álcool nessas bebidas são baixas, variando de 5 a 15% da composição. As bebidas destiladas são obtidas através do processo de fermentação do vegetal, seguido do processo de destilação. A destilação consiste em separar os componentes da mistura através de seus pontos de ebulição. Após a mistura alcoólica ser obtida, ela é extraída do conteúdo excessivo de água e impurezas, o que aumenta sua concentração de álcool, podendo ser superior a 50% da composição. Algumas bebidas destiladas são a cachaça, o uísque, a vodca, o gim e o conhaque, sendo que cada uma dessas bebidas possui um teor diferente de etanol. 31 Os licores não pertencem a nenhuma das duas categorias, pois apesar de possuírem alto teor alcoólico, são bebidas artificiais feitas de caldas de fruta (o que lhes dá o aspecto viscoso) e álcool potável que é misturado a estas caldas (de pêssego, jabuticaba, ameixa, etc). O vinho-do-porto é um vinho ao qual foi adicionado garapa (destilado da uva) ainda durante a fermentação, daí seu alto teor alcoólico (aprox. 18%), bem mais alto do que um vinho médio (12%). Quadro 2: Concentração de álcool em bebidas fermentadas e destiladas. Bebidas Primeiro, vamos supor que ambos possuem a mesma quantidade, por exemplo: uma latinha. Qual é a concentração de etanol em cada um deles? Quantidade de álcool em cada um deles. Comparando por doses. Quanto de álcool eles possuem em cada dose? Fonte: Geocities, 2007 CERVEJA VINHO UÍSQUE 350 mL 350 mL 350 mL 6% 12% 46% 21 mL 42 mL 161 mL Uma lata de cerveja: 350 mL Uma taça de vinho: 200 mL Uma dose de Whisky: 50 mL 21 mL 24 mL 23 mL Trazer a função química álcool para discutir o tema drogas neste trabalho se justifica, porque, embora as bebidas alcoólicas sejam um tipo de droga, normalmente não são consideradas como tal, principalmente, pela sua grande aceitação social, cultural e mesmo religiosa. Apesar de o álcool ser uma substância tóxica e depressora do sistema nervoso central, diminuindo o tempo de resposta a estímulos externos e sendo causa de atos violentos e graves acidentes de trânsito, é comercializado livremente sem que haja qualquer tipo de manifestação contrária ao seu consumo. As bebidas alcoólicas são misturas contendo etanol, água e, eventualmente, outras substâncias oriundas do processo de fermentação (dependendo do polissacarídeo ou dissacarídeo utilizado a composição da bebida) ou que são adicionados para dar gosto e cheiro específico. O uso abusivo de bebidas alcoólicas exerce efeitos maléficos sobre a saúde, sendo grande a quantidade de adolescentes que insistem em consumir deliberadamente essa droga. 32 Nas bebidas alcoólicas, o etanol (CH3CH2OH) é ingerido e absorvido no intestino e, posteriormente, distribuído pelo corpo até atingir o sangue e o cérebro. O álcool tem como principal efeito, quando consumido em curto prazo, a perda da coordenação motora, fala arrastada, pupilas dilatadas e perda do autocontrole emocional. Já, quando consumido por longo tempo, causa destruição parcial do fígado e do sistema nervoso, depressão respiratória, disfunção sexual, aumento do colesterol, doenças cardiovasculares, câncer e cataratas, podendo levar a pessoa à morte. Um efeito do álcool é a possibilidade de promover integração social, principalmente, de pessoas tímidas ou inibidas, porém quando passa o efeito, o sujeito fica deprimido e, esse ciclo, pode produzir consumidores rotineiros e dependentes. Mesmo assim, seu uso é bastante comum, uma vez que é considerada uma droga licita de fácil aquisição e também por provocar efeitos prazerosos reduzindo, em um primeiro momento, a ansiedade e relaxando os músculos. b) Aminas Algumas drogas bastante conhecidas e disseminadas entre os adolescentes, de várias classes sociais, são os alcalóides, cuja composição química são os compostos orgânicos nitrogenados, as aminas. As aminas são substâncias orgânicas derivadas da amônia (NH3), pela substituição de um ou mais hidrogênios por radicais alquila ou arila (freqüentemente abreviados pela letra R). Se substituirmos um, dois ou três hidrogênios teremos, respectivamente, aminas primárias (R-NH2), secundárias (R1R2NH) ou terciárias (R1R2R3N). amina primária amina secundária amina terciária A nomenclatura das aminas é dada pelo nome do radical seguido da palavra amina. Quando os grupos são diferentes, estes são nomeados sucessivamente, do menor para o maior, terminando o nome do composto com o sufixo amina. 33 CH3-CH2 | CH3 – NH2 CH3 – NH – CH2 – CH3 CH3-CH2-CH2-N | CH3 metilamina metiletilamina metiletilpropilamina Como o nitrogênio é menos eletronegativo que o oxigênio, a ligação N-H apresenta-se menos polarizada que a ligação O-H (presentes nos alcoóis). Por essa razão, as aminas formam pontes de hidrogênio mais fracas que os alcoóis com pesos moleculares semelhantes. Como as ligações são mais fracas, compreende-se que os pontos de ebulição das diversas aminas também sejam mais baixos que o dos alcoóis de peso molecular semelhante (necessitarão de menor energia para evaporar, já que suas moléculas estão “menos” ligadas umas às outras). Assim, as aminas primárias e secundárias têm pontos de ebulição menores que os dos alcoóis, mas maiores que os dos éteres de peso molecular semelhante. As aminas terciárias (não fazem pontes de hidrogênio) têm pontos de ebulição mais baixos que os das aminas primárias e secundárias de pesos moleculares semelhantes. Os alcalóides são substâncias nitrogenadas extraídas de vegetais. Quando administrados em animais produzem efeitos fisiológicos que estimulam ou paralisam o sistema nervoso central, e/ou elevam ou diminuem a pressão sangüínea. Apesar dos alcalóides serem usados em grande quantidade na medicina, os mesmos são considerados tóxicos quando utilizados em dosagens incorretas (SOLOMONS, 2006, p.276). Alguns exemplos de drogas contendo alcalóides são o ecstasy, a nicotina, as anfetaminas, a coniína, a cocaína e o LSD (ácido lisérgico). • Ecstasy O ecstasy é um alcalóide sintético, também conhecido como droga do amor, que estimula a produção de serotonina no cérebro, sendo responsável pela sensação de prazer e considerada uma droga letal, pois provoca um aumento exagerado da temperatura corporal. Essa é uma droga com bastante circulação entre os adolescentes por ter seu uso associado às festas freqüentadas por jovens. O ecstasy poderia ser considerado uma droga estimulante, semelhante à cocaína e às anfetaminas, já que possui efeitos agudos similares a estas substâncias, no 34 entanto, é classificado como um alucinógeno devido ao seu potencial de provocar alucinações. Metilenodioximetanfetamina (C11H15NO2) • Nicotina A nicotina, alcalóide encontrado no tabaco, é uma das drogas mais consumidas no mundo e que mais rapidamente causa dependência. Em pequenas quantidades, age no organismo como um estimulante, em doses elevadas provoca depressão, náuseas e vômitos. A nicotina é formada por um composto bicíclico com um anel de piridina e um anel de pirano, constituída por um líquido com cor entre o amarelo pálido e o castanho escuro e com odor semelhante ao de peixe quente. Sua fórmula C10H14N2, apresenta massa molecular de 162,234 g.mol-1, ponto de fusão 79°C e ponto de ebulição 247°C. Nicotina Durante a combustão do tabaco, substâncias (gases, vapores orgânicos e compostos liberados na forma de partículas) são produzidas e transportadas pelo organismo, uma vez chegando aos pulmões, atuam principalmente no aparelho respiratório, mas podem, também, entrar na corrente sanguínea, causando outros malefícios ao organismo. Na seqüência, relacionamos algumas dessas substâncias: • Nicotina: é o alcalóide responsável pela maior parte dos efeitos negativos do tabaco sobre o organismo e o que gera a dependência física. A vida média da nicotina no sangue é inferior a duas horas, e quando sua concentração no organismo fica reduzida, aparecem sintomas que alertam o fumante para o desejo de um novo cigarro. 35 • Irritantes: são substâncias presentes no tabaco responsáveis pela alteração dos mecanismos de defesa do pulmão, são fenóis, peróxidos de hidrogênio, ácido cianídrico, amoníaco, etc. • Alcatrão: ao sofrer combustão parcial seus componentes são responsáveis pelas manchas na pele dos dedos e nos dentes dos fumantes. O fumante que consome uma maço de tabaco diariamente, inala cerca de 380 cm3 de alcatão por ano, o que significa revestir as vias respiratórias e os pulmões com mais de ¾ de litro de alcatrão. O alcatrão contém benzopirano, substância que pode lesionar o material genético das células e produzir cancro seus componentes mancham a pele dos dedos e os dentes dos fumantes. Uma maneira de determinar grupos funcionais na nicotina do cigarro é através da análise espectrofotométrica. A análise baseia-se no fato de que as ligações químicas das substâncias possuem freqüências de vibração específicas, as quais correspondem a níveis de energia da molécula (chamados nesse caso de níveis vibracionais). Ao submeter uma amostra ao equipamento um raio monocromático de luz infravermelha passa pela amostra e a quantidade de energia absorvida é registrada, de acordo com o seu estado vibracional em um espectro (gráfico), determinando assim a substâncias ou grupos funcionais presentes na amostra. As substâncias são identificadas de acordo com os diferentes picos e comprimentos de onda, como mostra o gráfico abaixo: 36 Figura 2: Análise IV da nicotina Fonte: Geocities Neste espectro, podemos notar vários picos, caracterizando a presença de nicotina: • Por volta dos 3400 cm-1, pode-se observar um grande pico da água. • Entre 2970 e 2780 cm-1 : vibração da ligação C-H • Um pico aos 1677 cm-1 : vibração da ligação dupla aromática C=N. • Um pico aos 1691 cm-1 : vibração da ligação dupla aromática C=C. • Um pico aos 717 cm-1 e 904 cm-1 corresponde à vibração fora do plano de ligação C-H do ciclo monosubstituído de piridina. Com relação aos efeitos do tabaco na saúde, apenas a partir da década de 60, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o cigarro ao adoecimento do fumante, mas, atualmente, existem inúmeros trabalhos comprovando os malefícios do tabagismo para a saúde do fumante e, também, do não fumante exposto à fumaça do cigarro. O fumo é cultivado em todas as partes do mundo e é responsável por uma atividade econômica que envolve milhões de dólares. 37 Além do reconhecimento da nicotina como componente do cigarro, essa pode ser usada, também, como um inseticida (na agricultura) e vermífugo (na pecuária), podendo ser convertido para ácido nicotínico. O ácido nicotínico, por sua vez, pode ser usado como suplemento alimentar. • Anfetaminas As anfetaminas e seus derivados são estimulantes do sistema nervoso central e podem auxiliar no tratamento de estados depressivos, no entanto, quando em excesso, podem causar náuseas, vômitos, aumento da pressão sangüínea e convulsões. Também chamadas de “bolinhas”, são conhecidas por reduzirem a fadiga e inibirem o sono, sendo, também, bastante utilizadas por pessoas que fazem dietas para emagrecer. Essas substâncias estão na composição de descongestionantes nasais, anti-hemorrágicos, inibidores de apetite e estimulantes, podendo causar dependência e danos físicos e mentais a longo prazo, com o agravante de serem adquiridas sem receita médica, mesmo havendo exigência para tal. As anfetaminas são fruto de anos de pesquisa em laboratórios químicos, sendo que uma das mais antigas é a benzidrina (2-fenil-1-metil-etanoamina), mas outros derivados têm sido sintetizados na tentativa de diminuir o risco de dependência química e a toxidade, entre esses, estão a metanfetamina (metedrina) e a fenilpropanolamina, comuns em descongestionantes nasais. Nos Estados Unidos a metanfetamina tem sido consumida quando fumada em cachimbos, recebendo o nome de "ICE" (gelo). Metanfetamina Existem várias drogas sintéticas que pertencem ao grupo das anfetaminas e como podem ser comercializadas como medicamento pelos laboratórios, com diferentes nomes fantasia, há um grande número destes produtos em circulação. 38 • Morfina A morfina, obtida do ópio da papoula, é considerada um dos analgésicos mais potentes para aliviar as dores mais “profundas”. No entanto, tem como ponto negativo a tendência de levar o usuário a dependência, bem como diminuir a pressão corporal. Por isso, visando substituir a morfina, a ciência conseguiu desenvolver um composto chamado pentazocina que é, também, um analgésico altamente potente e não provoca dependência. Morfina • Pentazocina Coniína e Cocaina A coniína e a cocaína são alcalóides que, como outras drogas, também podem causar dependência física nos usuários. A coniína é uma substância tóxica que, quando ingerida, provoca fraqueza, tontura, náuseas, respiração cansada, podendo causar paralisia e morte. A cocaína, quando administrada em pequenas doses, diminui o cansaço, aumenta a atividade mental e dá uma sensação de bem estar à pessoa, porém, quando sua utilização é prolongada, leva a pessoa à dependência física e à depressão profunda. Até saber-se dos efeitos e problemas causados pelo uso da cocaína, esta foi utilizada na medicina, durante muito tempo, como anestésico bucal. Coniína Cocaína 39 • LSD Outra droga conhecida pelos adolescentes é o ácido lisérgico (LSD). Esse e outros perturbadores e alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas (sintetizadas) em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural. O LSD era sintetizado como medicamento para ativar a circulação sangüínea, mas deixou de ser utilizada para este fim, pois seu uso provoca alucinações e pode causar demência. O LSD-25 (abreviação de dietilamina do ácido lisérgico) é, talvez, a mais potente droga alucinógena existente. É utilizado habitualmente por via oral, embora possa ser misturado ocasionalmente com tabaco e fumado, sendo que algumas microgramas já são suficientes para produzir alucinações no ser humano. Assim como outras drogas alucinógenas, o LSD-25 pode provocar dependência psíquica ou psicológica, uma vez que a pessoa que habitualmente faz uso destas substâncias como "remédio para todos os males da vida", acaba por se alienar da realidade do dia a dia, aprisionando-se na ilusão do "paraíso na Terra". LSD c) Fenol e Éter Além dos alcalóides (substâncias que contém o grupamento amina) há outras drogas com composição química orgânica bastante conhecida: Entre essas está a maconha, cujo principal componente é o THC (contém grupos funcionais fenol e éter). A planta que dá origem a maconha é chamada cientificamente de Cannabis sativa, recebendo denominação como Hashish, Bangh, Ganja, Diamba, Marijuana e Marihuana, em outros paises. A Cannabis sativa, planta originária da Ásia central, é consumida há mais de 10 mil anos, sendo obtida a partir dela o haxixe e a maconha, cujo principio ativo é o tetra-hidrocanabinol (THC), que quando usado continuamente pode provocar perda de ânimo e deficiência intelectual. 40 O THC (tetrahidrocanabinol), substância química presente na maconha, é o principal responsável pelos efeitos da planta no organismo, assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. A variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a droga, de modo que a dose de maconha que é insuficiente para um, pode produzir efeito nítido em outra pessoa e até uma forte intoxicação em uma terceira. THC d) Hidrocarbonetos, Éteres, Cetonas e Haletos Orgânicos Além do álcool, cigarro e maconha, outra droga bastante conhecida e utilizada pelos adolescentes são os solventes orgânicos voláteis, que, na maioria das vezes são usados por possuírem baixo custo. A maioria desses solventes contém prioritariamente em sua composição hidrocarbonetos (por exemplo, tolueno benzeno), contendo também substâncias pertencentes a outras funções orgânicas como cetonas e compostos halogenados. Também conhecidos como inalantes, essas substâncias são introduzidas no organismo através da aspiração pelo nariz ou boca. Os solventes são substâncias muito voláteis, isto é, evaporam muito facilmente, o que torna possível sua inalação. Entre os solventes, um inalante bastante comum no Brasil é o "cheirinho" ou "loló" ou ainda "cheirinho da loló", droga bastante consumida por meninos de rua e adolescentes de poder aquisitivo mais baixo. Os solventes são uma mistura a base de clorofórmio e éter etílico, mas na falta desses, são utilizadas outras substâncias disponíveis, o que torna bastante difícil tratar casos de intoxicação aguda causados por esta droga, por não conhecerem-se as substâncias ali contidas. O lança-perfume, mais conhecido no 41 período do carnaval, é feito à base de cloreto de etila e é contrabandeada de outros países sul-americanos, já que sua fabricação é proibida no Brasil. Os solventes podem ser aspirados tanto involuntariamente (por exemplo, trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura que ficam expostos ao ar contaminado por estas substâncias) ou voluntariamente (por exemplo, a criança de rua que cheira cola de sapateiro; o menino que cheira em casa acetona ou esmalte, ou o estudante que cheira o corretivo etc.). Entre os solventes mais comuns estão: tolueno (metilbenzeno), xilenol (dimetilfenol), n-hexano, acetato de etila e tricloroetileno. Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos são inflamáveis, sendo que um número enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, thinners, propelentes, gasolina, removedores, vernizes, etc., contêm estes solventes. O tolueno, por exemplo, é um solvente amplamente disponível nos removedores, esmaltes de unha, tintas e colas e tem sido associado a complicações do sistema nervoso (cerebrais e cerebelares), além de agir diretamente sobre o fígado e miocárdio. Figura 3: Alguns tipos de cola, que utilizam solventes em sua composição. Fonte: Álcool e Drogas Sem Distorção, 2007. Sabemos que as substâncias orgânicas não estão somente na composição química das drogas, mas estão presentes em muitas substâncias do nosso cotidiano. Os compostos orgânicos estão presentes em nosso corpo, no DNA (moléculas helicoidais que contém todas nossas informações genéticas), nas proteínas que catalisam todas as reações bioquímicas (constituindo os compostos essenciais de nossa pele e músculos), na corrente sangüínea, etc. Eles estão presentes, também, nos combustíveis, na produção de tinta e sabões e até mesmo em medicamentos, neste trabalho, no entanto, optamos por direcionar uma abordagem de Química Orgânica para tratar o tema drogas. 42 3 METODOLOGIA DO TRABALHO 3.1 Metodologia da Pesquisa na Escola O trabalho de investigação consiste em uma pesquisa com professores e alunos de uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre, com o intuito de saber quais as importâncias que os professores estão dando ao tema saúde/ drogas, e também procura saber o conhecimento que os alunos tem sobre o assunto drogas. 3.1.1 Com os alunos Foram selecionadas duas turmas de 3°ano do ensino m édio, nos quais sou professora de Química Orgânica. A turma A é composta por 46 alunos, sendo que 21 são meninas e 25 são meninos, na faixa etária entre 16 e 20 anos, a turma B é constituída por 44 alunos, sendo que 25 são meninas e 19 são meninos, numa faixa etária entre 16 e 20 anos. Inicialmente, foi feito um levantamento com os alunos sobre temas de interesse da turma. Para isso, foram colocados no quadro possíveis assuntos que poderiam ser trabalhados em Química Orgânica: medicamentos, agrotóxicos, polímeros, drogas, combustíveis e corantes. Em seguida, os alunos escolheram os assuntos que mais lhe chamavam a atenção. Na turma A, a escolha foi pelos seguintes assuntos: Drogas (16 alunos), medicamentos (14 alunos), combustíveis (8 alunos) e agrotóxicos (8 alunos). Na turma B a escolha foi pelos seguintes assuntos: Drogas (13 alunos), medicamentos (15 alunos), combustíveis (10 alunos) e agrotóxicos (4 alunos) . Foi combinado com os alunos que começaríamos com a abordagem do tema DROGAS. Definido isso, foi realizado um trabalho com as turmas A e B que 43 contemplou duas atividades: apresentação de uma música (Anexo A) e a distribuição de um texto para a leitura (Anexo B) Após a apresentação da música, foi solicitado que os alunos se reunissem em duplas para discutir algumas questões sobre a música (Anexo C). Após a leitura do texto os alunos se reuniram em duplas para responder algumas questões referentes ao texto (Anexo D). 3.1.2 Com os Professores Ao acreditar que o compromisso central da escola é promover o conhecimento nas diferentes áreas e percebendo a necessidade de um diálogo aberto entre professores, foi realizado um levantamento com o corpo docente da mesma escola em que foi feito o trabalho com os alunos, com o objetivo de apurar a opinião dos professores em relação à abordagem do tema drogas na escola. A pesquisa teve a participação de 12 professores de diferentes áreas do conhecimento: português (5 professores), biologia (2 professores), educação física (1 professor), química (1 professor), inglês (1 professor), matemática (1 professor) e história (1 professor) (Anexo E). O critério utilizado para a seleção dos professores foi considerar aqueles que trabalhassem no mesmo turno que eu, facilitando assim a entrega e recolhimento dos questionários. Foi distribuído aos professores um questionário com perguntas abertas (Anexo E). Ao entregar os questionários, foi solicitado que os mesmos fossem devolvidos no máximo em cinco dias, coisa que não aconteceu, pois muitos professores alegavam ter esquecido em casa ou que não tinham respondido ainda, sendo que só foi possível recolher todos os questionários em um prazo de 15 dias. Recolhidos todos os questionários procedeu-se o levantamento das informações. 3.2 Metodologia da Proposta de Ensino Na expectativa de provocar nos alunos um maior interesse pela Química em seu cotidiano e promover o esclarecimento de conceitos referentes ao assunto drogas, que pudessem estar associados aos conteúdos de Química Orgânica, foi proposto algumas alternativas metodológicas de ensino, abordando o tema drogas a alguns conteúdos (tópicos) de química orgânica. 44 A metodologia para a produção desse material constituiu na seleção de diferentes estratégias, que pudessem ser utilizadas pelos professores para introduzir e abordar o tema drogas, associando-o aos diferentes conteúdos de Química Orgânica. O material de apoio, contendo textos da mídia, letras de músicas, filmes e sugestões de atividades para os alunos, é colocado como possibilidade de servir de subsídio para instrumentar o trabalho do professor que queira trabalhar com o assunto drogas em aulas de Química Orgânica. 45 4 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DESENVOLVIDA COM OS PROFESSORES E COM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Apresento nesta unidade os resultados obtidos a partir da pesquisa desenvolvida com alunos e professores de diferentes áreas do ensino, de uma escola publica estadual da região metropolitana de Porto Alegre. Os resultados foram analisados e catalogados em percentuais, da seguinte forma: 4.1 Pesquisa com professores Quando questionados se seria adequado tratar o assunto drogas na escola, responderam: - foram unânimes ao responder que sim. Ao serem questionados sobre quais seriam as ações que a escola poderia desenvolver para abordar o tema saúde, bem como o assunto drogas na escola, responderam: -Trabalhar filmes, palestra com profissionais da área para a prevenção as drogas e cuidados a saúde (90%); - Trabalhar o autoconhecimento (10%); - Trabalhar os temas nos conteúdos das aulas ( 0%). Quando foi perguntado se a disciplina de Química poderia abordar o tema drogas e qual assunto poderia ser relacionando com conteúdo, responderam: - deve ser trabalhado na disciplina de química (100%) Com relação aos conteúdos que deveriam ser abordados na disciplina, indicaram: 46 - drogas e compostos químicos (40%); - drogas e rótulos de remédios, refrigerantes e alimentos industrializados (40%); - drogas com a saúde física e mental do adolescente (10%); - não souberam responder, ou responderam que a química poderia abordar o tema drogas relacionando com DST e outras (10%). Com relação a quais seriam as abordagens mais indicadas, as respostas foram as seguintes: - esclarecimento de seus efeitos e as conseqüências do uso de drogas para o adolescente e para família (70%). - abordagem deve de acordo com a situação local, uma vez que o consumo de drogas está associado às condições socioculturais e os hábitos grupais determinariam a melhor abordagem do tema (20%); - ênfase na qualidade de vida do adolescente (10%); Quando questionados sobre quais disciplinas seriam mais indicadas para tratar o tema drogas e se, na disciplina de sua responsabilidade, seria possível tratar esse assunto, as principais respostas foram: - a disciplina mais adequada para tratar e trabalhar o tema drogas seriam as disciplinas de ciências: química e biologia (70%); - a disciplina de língua portuguesa poderia trabalhar na interpretação de textos, debates e produções textuais que envolva o assunto, de forma que as mesmas fossem abordadas no sentido de prevenir e informar os males causados pelas drogas (25%); - todas as disciplinas podem e devem trabalhar a questão das drogas, sendo através de pequenas abordagens, seminários ou, ainda, promovendo a semana de combate às drogas na escola, com atividades que envolvam todas as diferentes áreas do conhecimento e a comunidade escolar (25%). É importante destacar que, dos professores pesquisados, somente dois pertencem a área de ciências, nas disciplinas de Química e Biologia, porém, mesmo assim, grande parte deles acredita que a maneira mais eficiente de prevenir o uso de drogas pelos alunos e adolescentes é proporcionar palestras ministradas por profissionais da área, exibir filmes e documentários e outras ações voltadas para a promoção da saúde dos indivíduos. 47 De forma unânime, os professores evidenciaram a necessidade de a escola trabalhar mais o tema drogas, tendo como principal objetivo a conservação da saúde dos alunos e adolescentes. Com base nisso, os professores ressaltaram que a disciplina mais adequada para auxiliar no combate às drogas é a disciplina de Química, visto que o educador pode relacionar os entorpecentes com os compostos químicos, trabalhando com os alunos tanto os conteúdos, quanto a conscientização dos perigos do uso de drogas. Porém, percebeu-se que a maioria dos professores não reconheceu a importância de trabalhar esse assunto de forma interdisciplinar, talvez porque pensem que esse não é um problema da sua disciplina ou porque não se sentem preparados, mas o fato é que os professores acham que algo deve ser feito, mas esse “algo” deve ser separado dos conteúdos escolares, tal como sugeriram com relação a palestras, filmes, etc. Ou seja, os professores não parecem estar dispostos em desenvolver projetos de ensino com esse caráter. Tal como Silva (2007), acredito que a articulação interdisciplinar não deve ser apenas um esforço para encadear conteúdos ou buscar associar significados epistemológicos entre uma disciplina ou outra, trata-se, na medida do possível, de compartilhar saberes e culturas. Para isso é preciso considerar que o aluno seja conhecedor da sua realidade e que, quando motivado, possa compreender as complexas relações existentes em nível mais global, ampliando sua visão de mundo e sistematizando seus conhecimentos. 4.2 Pesquisa com Alunos 1ª Atividade: Música Após o trabalho com a música nas turmas A e B, houve um debate em sala de aula, no qual foram lançadas algumas questões que foram respondidas pelos alunos. Questão 1: O número de drogas lícitas diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices, caso o uso de drogas fosse legalizado? Tanto a turma A como a turma B foram unânimes ao responderem que com a legalização das drogas, aumentaria significativamente o seu consumo, com os seguintes argumentos: - Aumentaria sua comercialização em lugares públicos como, por exemplo, em bares, festas, esquinas de ruas e ponto de ônibus (30% turma A e 25% turma B); 48 - Aumentaria a criminalidade causada pela perturbação que a droga causa nas pessoas e pela falta de dinheiro para aquisição da mesma (30% turma A e 35% turma B). - Aumentaria, pois com a legalização facilitaria a compra e venda das drogas (20% turma A e 30% turma B) - Aumentaria, pois com a legalização muitas pessoas iriam experimentar a droga (20% turma A e 10% turma B). Questão 2: A violência diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices, caso houvesse legalização do uso de drogas? Turma A - aumentaria expressivamente devido a perturbação que a droga causa e pela falta de dinheiro para adquiri-la (80%); - os níveis de violência se manteriam constantes, porque, se, por um lado acabaria o tráfico (que é motivo de bastante violência), por outro lado, aumentariam os delitos causados pelos efeitos das drogas como vem acontecendo com as drogas licitas como, por exemplo, os acidentes de trânsito causados pelo uso de álcool (10%); - diminuiria, pois com a liberação para a venda não haveria necessidade de tráfico e o seu consumo passaria a ser “normal”, assim como o cigarro e alguns remédios que já são legalizados (10%); Turma B - aumentaria caso houvesse a legalização, alegando que cresceria o numero de usuários alucinados em busca dessas substâncias (70%); - não mudaria, pois a violência estaria no interior do ser humano e que a droga pode apenas ajudar a tornar a pessoa mais agressiva (20%); - diminuiria, pois acabaria o tráfico e a rivalidade entre gangs (10%); Questão 3: As músicas e manifestações populares podem funcionar como estratégia para a conscientização e prevenção ao uso de drogas? Turma A - A informação é uma das maiores forças para a conscientização, pois só através de informação correta pode-se afastar desse mal (40%); - Não ajudam a conscientizar (20%); 49 - Pode ser uma forma de expressar o que está certo ou errado conscientizado (40%); Turma B - Não funciona, pois existem músicas que incentivam o uso de drogas (40%); - Não causaria nenhum efeito nas pessoas já viciadas (30%); - Toda e qualquer iniciativa é sempre bem aceita pela população (30%); Questão 4: Ao perguntar quais os lugares que seriam mais adequados para se tratar do assunto drogas, as respostas foram: Turma A - Narcóticos anônimos, Igrejas, clinicas especializadas (70%); - Escolas (20%); - Família (10%). Turma B - Escolas e universidades (40%); - Família (30%); - TV (20%); - Favelas e comunidades em geral (10%). 2ª Atividade: Texto Após a leitura do texto em sala de aula, nas turmas A e B, os alunos fizeram um trabalho em dupla e responderam as questões que seguem: Questão 1: Quais as diferenças entre as drogas naturais e as sintéticas? Tanto na turma A, quanto na turma B, todos os alunos responderam que as drogas naturais são obtidas, principalmente, através de plantas e as sintéticas são produzidas em laboratórios; Questão 2: Quais conhecimentos você tem, em relação às substâncias psicotrópicas? - São substâncias que abalam o sistema nervoso e o comportamento das pessoas (55% turma A e 40% turma B); - Causam danos físicos aos usuários, principalmente hepatite (18% turma A e 30% turma B); 50 - Atacam a mente das pessoas, causando doenças como depressão e medo (27% turma A e 30% turma B). Questão 3: A maconha, por ter origem vegetal, pode ser considerada menos nociva que as drogas sintéticas? Turma A - Não (60%), com os seguintes argumentos: a) Todas as drogas são iguais (60%); b) Cada uma delas afeta o organismo de forma diferente (20%); c) Provoca modificações no comportamento físico e psíquico da pessoa (20%); - Sim (40%), com os seguintes argumentos: a) Por ser um produto natural (70%); b) Maconha geneticamente modificada não afeta a saúde (20%); c) Deixa a pessoa calma e tranqüila (10%); Turma B - Não (50%), com os seguintes argumentos: a) Causa o mesmo efeito que as drogas sintéticas (60%); b) Também é alucinógena e vicia (30%); c) Interfere na capacidade de aprendizagem e memorização (10%). - Sim (50%), com os seguintes argumentos: a) Tudo o que é natural é mais saudável (60%); b) Não possui elemento químico na sua composição (20%); c) Maconha geneticamente modificada não causa danos a saúde (20%). Questão 4: Os remédios são considerados drogas? Quais? Por quê? Turma A - Sim (60%), com os seguintes argumentos: a) Os que possuem tarja preta causam dependência (50%); b) Modificam o organismo, como os anabolizantes, deixando as pessoas mais “fortes” (25%); c) Tranqüilizantes e analgésicos tornam as pessoas viciadas (25%). - Não (40%), com os seguintes argumentos: a) Só quando tomados com álcool causam efeitos alucinógenos (40%); b) Os anabolizantes deixam as pessoas mais fortes (30%); 51 c) Curam as pessoas doentes (30%). Turma B - Sim (60%), com os seguintes argumentos: a) Os de tarja preto causam danos irreversíveis à saúde (40%); b) Causam dependência (40%); c) Alteram as nossas emoções (20%). - Os remédios podem ou não serem considerados drogas (40%), com os seguintes argumentos: a) Se ingerirmos alguns remédios juntamente com o alcool ele poderá se tornar uma droga (40%); b) Analgésicos, estimulantes, tranqüilizantes e barbitúricos quando usados com receita médica fazem bem a saúde, mas quando usados sem orientação prejudicam (30%); c) Morfina é um remédio que pode ser considerado droga (30%).. Questão 5: O que são drogas lícitas e o que são drogas ilícitas? Quais seus efeitos a longo e a curto prazo. Turma A - As lícitas: têm comercialização e consumo liberados e as Ilícitas são drogas cuja comercialização e consumo são proibidas. Mas disseram que as duas viciam, sendo que a longo prazo, causam danos que comprometem a saúde física e mental das pessoas (80%); - Lícitas são as drogas que causam dores de cabeça, câncer de pulmão e cirrose, já as ilícitas causam distúrbios mentais, depressão, ansiedade e fraqueza (20%); Turma B - As lícitas: têm comercialização e consumo liberados e as Ilícitas são drogas cuja comercialização e consumo são proibidas. Mas disseram que as duas viciam, sendo que a longo prazo, causam danos que comprometem a saúde física e mental das pessoas (70%); - Lícitas são as drogas que causam dores de cabeça, câncer de pulmão e cirrose, já as ilícitas causam distúrbios mentais, depressão, ansiedade e fraqueza (20%); - As drogas lícitas em longo prazo causam doenças e morte, e as ilícitas causam toxicomania, síndrome de dependência e co-dependência (10%). 52 Questão 6: As drogas lícitas causam menos mal a saúde que as drogas ilícitas: Turma A - Prejudicam a saúde da mesma forma (70%); - Não, só é prejudicial à saúde quando consumida a longo prazo (10%); - Causa menos danos a saúde (10%); - Mata o usuário lentamente (10%). Turma B - As duas fazem mal a saúde, porém a ilícita leva a morte mais rapidamente (40%); - Droga é droga e qualquer uma faz mal a saúde (30%): - Sim, porque o álcool não faz o mesmo efeito que a cocaína (10%); - Causa menos mal à saúde, porém causam dependência (20%); Questão 7: Qual a diferença entre as diferentes bebidas alcoólicas: - A diferença está no teor alcoólico. As bebidas fermentadas não têm tanto álcool como as bebidas destiladas (20% turma A e 40% turma B); - Algumas são mais nocivas ao organismo por possuírem mais álcool em sua composição (20% turma A e 20% turma B); - São feitas por processos diferentes, destilação e fermentação, ou seja, as destiladas com índices mais elevados de álcool do que as fermentadas (60% turma e 40% turma B). Questão 8: Com relação as bebidas destiladas (com alto teor alcoólico) e as não destiladas (fermentadas, baixo teor alcoólico), quais riscos à saúde e aos riscos de dependência? - As destiladas são mais perigosas por possuírem mais állcool em sua composição (40% turma A e 30% turma B); - As bebidas com elevado teor alcoólico (cachaça e vodca), fazem mais mal a saúde, causando maior dependência do que as com baixo teor alcoólico (vinho e cerveja) (40% turma A e 40% turma B); - Menos perigosas as que contêm menos álcool (saquê e sidra) (20% turma A e 30% turma B). Após o levantamento e análise dos dados referentes à pesquisa com os alunos, percebi que eles têm opinião formada no que se refere à legalização das drogas, pois foram unânimes ao responder que com a liberação das drogas 53 aumentaria significativamente o seu consumo, uma vez que muitas pessoas iriam querer experimentá-las e que isso provocaria o aumento na comercialização em locais públicos, bem como o aumento da violência e da criminalidade causada pela perturbação que a droga causa nas pessoas. Também foi possível perceber que uma minoria de alunos entende que com a legalização das drogas diminuiria o tráfico e a criminalidade entre gangs, não se dando conta que, mesmo que a droga seja legalizada, seria possível o seu tráfico, pois grande parte dessas substâncias tem origem em outros países. Com relação às manifestações populares como, por exemplo, a música que ouviram em aula, observa-se discordância nas respostas, pois um número expressivo de alunos acredita que esse tipo de manifestação pode ser uma das maiores forças para a conscientização quanto a evitar o uso de drogas, enquanto um percentual também expressivo afirma que, muitas vezes, essas manifestações podem incentivar o adolescente a usar drogas. Já em relação aos locais mais apropriados para se tratar o assunto drogas, notou-se que os alunos não sabem ou não têm segurança em afirmar quais seriam os lugares mais adequados para trabalhar a prevenção ao uso de drogas, e demonstraram, claramente, algumas dúvidas que podem ser justificadas pela sua falta de conhecimento e imaturidade. No entanto, parecem estar bem informados quanto às diferenças entre uma droga sintética e uma droga natural. Entendem, também, que as drogas causam doenças e danos à saúde como, por exemplo, a cirrose provocada pelo álcool, o abalo do sistema nervoso central e o comportamento “diferente” das pessoas. Algo que me chamou a atenção ao fazer o levantamento de dados foi constatar que um número expressivo de adolescentes afirmou que a maconha, por ser de origem vegetal e podendo ser geneticamente modificada, não é nociva à saúde. No entanto desconhecem o fato de que a modificação genética permite estabelecer o gênero (sexo), da maconha, e que a cannabis femea tem o principio ativo (THC, o tetra-hidro-canabinol) mais potente. Outra questão levantada que também me chamou a atenção, foi quando os alunos fizeram a relação entre medicamentos e anabolizantes, e que um percentual significativo (30%), equivocadamente, afirma que os anabolizantes são medicamentos (considerados drogas), que deixam as pessoas mais fortes. Também é de causar espanto quando salientaram que os remédios são considerados drogas 54 somente quando ingeridos com álcool ou quando usados sem receita médica. Porém, desconhecem o fato que os medicamentos são substâncias que quando não são administrados em doses corretas, podem agir no organismo como potentes drogas prejudicando o funcionamento do metabolismo natural do ser humano. Também não sabem, ou não se deram conta, que os medicamentos são “drogas” prescritas e utilizadas para fins curativos, enquanto as drogas psicotrópicas são utilizadas sem prescrição médica e para fins alucinógenos. Fica nítido que há certa falta de conhecimento de que os medicamentos, podem não ter efeitos positivos à saúde quando consumidos em demasia, sem receituário ou quando em parceria com bebidas alcoólicas. Os efeitos desse desconhecimento e a conseqüente chance de superdosagem, pode levar as pessoas à morte. Ao se tratar as drogas lícitas e ilícitas observou-se que os alunos têm conceitos formados em relação às duas classificações serem prejudiciais à saúde, no entanto, muitos alunos acreditam que as drogas lícitas só prejudicam quando consumidas por longos anos, enquanto as ilícitas causam rápida dependência, distúrbios mentais, depressão, entre outras conseqüências. No entanto, sabemos que várias drogas lícitas como, por exemplo, o cigarro e o álcool, causam dependência rapidamente e seus efeitos podem levar a sérios problemas de saúde. Os piores efeitos são, a longo prazo, ter a saúde mais fragilizada. Em relação ao processo de obtenção das diferentes bebidas, pode-se constatar que os alunos sabem diferenciar bebidas destiladas das bebidas fermentadas e identificam as bebidas destiladas como as que possuem teor alcoólico maior, mas, mesmo assim, há um consumo exagerado de bebidas alcoólicas, inclusive as destiladas, por adolescentes. Diante de tudo isso, pode-se dizer que o tema drogas pode – e deve – ser tratado na educação escolar, em diferentes disciplinas, tempos e espaços da escola, já que nesse meio, muitas dúvidas podem ser esclarecidas e muitos conceitos podem ser refeitos e/ou desfeitos. 55 5 ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS PARA TRABALHAR O TEMA DROGAS COM O 3° ANO DO ENSINO MÉDIO A abordagem do cotidiano na educação em Química é uma tentativa de despertar o interesse dos alunos por essa disciplina. A variedade de informações publicadas em jornais revistas, e até mesmo na TV, pode levar a uma discussão de temas interessantes no contexto escolar, promovendo o esclarecimento de conceitos comumente destorcidos, sejam eles conceitos químicos e científicos ou do cotidiano. Visando contribuir para o desenvolvimento cognitivo do aluno, entende-se que as situações do cotidiano podem associar-se ao conhecimento químico, como forma de possibilitar o entendimento dessa área de conhecimentos. Assim, ao trabalhar temas geradores associados ao conhecimento químico, espera-se que o aluno tenha uma aprendizagem significativa e duradoura, diferentemente da memorização temporária. As atividades sugeridas tratam da relação de alguns tópicos de Química Orgânica com o tema drogas, um assunto bastante atual e com grande inserção na mídia e na sociedade como um todo. 5.1 Atividade 1: Sugestão de Leitura O ÁLCOOL E OS JOVENS Quando a indústria das bebidas percebeu que o consumo de bebidas alcoólicas tinha chegado ao seu limite por parte do público masculino adulto resolveu direcionar seu trabalho de propaganda e marketing para atrair o público jovem e as mulheres. Não raro, nas propagandas, vemos mulheres e jovens que muitas vezes aparecem como protagonistas de situações onde há o consumo do álcool através do estímulo ao erótico, ao entusiasmo, ao convívio alegre e descompromissado. Segundo Pinheiro (2006) estudos científicos tem constatado que os efeitos mais prejudiciais do consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens são no cérebro, mais especificamente na região do hipocampo, responsável pela localização espacial e pela memória. Os efeitos a longo prazo variam de déficts de aprendizagem, falhas 56 permanentes de memória, dificuldade de autocontrole e ausência de motivação, além disso, os jovens podem ficar 5 vezes mais propensos a se tornarem alcoólatras na idade adulta. Os efeitos do álcool, também, são verificados em outras regiões do organismo como mostra a figura 4. Figura 4: Efeitos do álcool no organismo humano Fonte: Daniela Pinheiro, 2007, p. 96. O consumo de álcool pelos jovens pode produzir efeitos fatais quando combinados com a direção de veículos. Os acidentes de trânsito causados, e sofridos, por jovens, devido à combinação de álcool com a direção, acontecem todos os dias. Há vários fatores que podem ser levados em consideração, mas o mais comum é que ao consumirem álcool, muitos jovens excedem o limite tolerável de concentração de álcool no sangue que, de acordo com a legislação brasileira, é de 0,6g por litro, sendo que mesmo valores abaixo de 0,6g já produzem prejuízos na habilidade de dirigir com segurança conforme demonstra figura 5: Figura 5: Prejuízos na habilidade de dirigir de acordo com a concentração de álcool no sangue. Fonte: Administração de Segurança no Trânsito em Rodovias Federais (NHTSA, EUA), 2007. De acordo com Braathen (1997), uma pessoa de porte médio, por exemplo, ao ingerir 750 ml de cerveja ou uma dose de uísque por aproximadamente 2 horas apresenta um nível de concentração de 0,5 g/l de teor alcoólico no sangue. Considerando que o álcool é uma substância tóxica, o organismo vai tentar eliminá-lo, e uma das formas é nos 57 pulmões, pelo ar alveolar. O sangue ao circular no corpo passa pelos pulmões, onde ocorre à troca de gases e parte do álcool consumido passa para os pulmões fazendo com que o ar exalado tenha concentração de álcool proporcional à sua concentração na corrente sanguínea. Esta concentração de álcool pode, então, ser medida por um instrumento denominado “bafômetro”. O “bafômetro” é um instrumento que detecta a quantidade de álcool no ar exalado através de reações de oxidação e redução. Existem alguns tipos de bafômetros disponíveis no mercado, os mais simples são descartáveis e a detecção é visual. No Brasil o tipo utilizado pelas polícias rodoviárias é o “bafômetro” contendo um tubo descartável no qual a pessoa sopra ar para dentro do aparelho e a detecção do álcool ocorre eletroquimicamente ou por um sensor semicondutor. Existem, ainda, os bafômetros mais sofisticados que são baseados em espectroscopia do infravermelho e em cromatografia gasosa, esses são bastante utilizados em laboratórios. Do mais simples ao mais sofisticado, o “bafômetro” é um instrumento muito útil, pois seu uso é fundamental para prevenir acidentes de trânsito. 5.2 Atividade 2: Sugestão de Atividade Experimental - Simulando um Bafômetro a) Materiais e Reagentes - Erlenmeyer com rolha de dois furos; - Tubo de ensaio (ou vidrinho transparente tipo remédio); - Tubos de vidro; - Tubos látex ; - Álcool de uso doméstico (96 GL); - Solução de dicromato de potássio 0,1 mol/L misturado com igual volume de ácido sulfúrico a 20 ml. b) Procedimento Monte o simulador de “bafômetro” de acordo com a figura 3 Figura 6: Simulando um bafômetro Fonte: Química Nova na Escola 1997, p. Após a montagem, soprar o tubo de vidro e anotar as observações explicando como ocorre o processo. Explicar o processo através das reações químicas. 58 Explicação do professor Ao soprar o ar arrasta vapores contendo moléculas de álcool que ao chegar na solução ácida de dicromato de potássio borbulha. Dessa forma ocorre, mudança de coloração na seguinte seqüência: Alaranjado para marrom para verde para azul. Esta evidência macroscópica é explicada pelas reações semelhante as que ocorrem em “bafômetros portáteis como é mostrado a seguir: 59 5.3 Atividade 3:Sugestão de Leitura Figura 7: Reportagem Fonte: Revista Veja, 2007. Algumas Questões 1- Após a leitura da reportagem escreva o que você achou da idéia do “álcool sem líquido”, você concorda ou discorda, explique as suas razões? 60 2- O que é ressaca e porque ocorre? 3- Por que a bebida alcoólica engorda? 4- Quais os danos que o álcool provoca no organismo? 5- Quais os componentes do álcool? Qual a fórmula estrutural e molecular do etanol? 6- Descreva as propriedades químicas e físicas dos principais alcoóis? 5.4 Atividade 4: Sugestão de leitura UMA EPIDEMIA CHAMADA TABAGISMOo Da mesma maneira que a indústria das bebidas alcoólicas, a indústria do fumo tem entre os jovens um dos públicos mais visados na manutenção de seus produtos. Isto se deve ao fato de que, segundo Carlini (2007), 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 21 anos, sendo que vem diminuindo a idade com que meninos e meninas iniciam as primeiras tragadas. O hábito de começar a fumar na adolescência é problemático já que nessa fase, hábitos e comportamentos desenvolvidos para a afirmação do adolescente podem se consolidar na vida adulta. O uso de cigarro traz como maior conseqüência, a dependência da nicotina, uma das substâncias contidas no cigarro e que causa muitos danos ao organismo. A nicotina presente no cigarro de acordo com Paz (2007) é um alcalóide extraído das folhas de mais de sessenta espécies de Nicotiana. Sendo que a nicotina ao ser tragada junto com a fumaça, é rapidamente absorvida pelos pulmões, vai para a circulação sanguínea e se direciona ao cérebro, mais especificamente em uma região do sistema nervoso central, em um intervalo que vai de 6 a 10 segundos. Isto segundo Gonzatto (1998) equivale a uma “bomba”, pois em média ao fumar traga-se 10 vezes um cigarro, assim uma pessoa que consome um maço de cigarros por dia, bombardeia o cérebro com 200 impactos cerebrais de nicotina que, por ano, equivalem a 73 mil “bombas”. Ainda, segundo Paz (2007), a fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias consideradas tóxicas ao organismo, destas, cerca de 50 podem causar câncer, entre elas está o polônio, o arsênio, o níquel, o cádmio, o benzopireno. Outro agravamento é o uso de agrotóxicos adicionados ao fumo para evitar o ataque das pragas. Segundo Paz o hábito de fumar pode desencadear várias doenças tais como, derrame, diminuição do olfato, bronquite, efizema, aumento do risco de trombose e osteoporose, insuficiência renal, inflamação da gengiva, taquicardia, infarto, gastrite, úlcera, menopausa precoce e vários tipos de câncer, entre outras. São tão graves e diversificadas as conseqüências do hábito de fumar que, ao longo dos anos, milhares de pessoas foram mortas tendo como causa o cigarro. Segundo Gonzatto (1998), a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou o consumo de cigarros e assemelhados como uma “epidemia tabágica”. O INCA (Instituto Nacional de Câncer, 2007), determinou que a cada 31 de maio fosse comemorado o Dia Mundial sem Tabaco, neste dia, um tema deve ser escolhido e deve ser debatido pelos 192 paísesmembros com o objetivo de conscientizar as pessoas para evitar o hábito de fumar. Com o intenso trabalho de divulgação dos malefícios do hábito de fumar tanto para aqueles que fumam, com para aqueles que convivem diariamente com os fumantes, há uma discussão na sociedade que tem possibilitado a reflexão dos fumantes e alguns tem sentido que o ato de fumar se transformou em uma prática desagradável, por não ser aceita socialmente. Não há dúvidas de que é preciso haver sempre a manutenção de campanhas informando e esclarecendo às pessoas dos males do cigarro para a saúde. 61 Algumas Questões 1) O cigarro pode ser considerado uma droga? Por quê? 2) Quais os componentes do cigarro? Descreva as características das substâncias que compõem o cigarro? Qual a formula estrutural e molecular da nicotina? 3) Descreva os sintomas de uma crise de abstinência de quem parou de fumar depois de anos de uso do tabaco. 4) Explique quimicamente porque o álcool dissolve facilmente a nicotina e qual a implicação deste processo para quem bebe e fuma ao mesmo tempo. 5) O que são cigarros com “baixos teores”? 6) Em sua opinião, como o tabagismo pode ser combatido? 7) Cite as alterações que o ato de fumar provoca no organismo de quem fuma. 5.5 Atividade 5: Sugestão de Leitura DROGAS O QUE FAZER A RESPEITO Bálsamo ou veneno? Comida dos deuses ou maldição? Hábito natural oi desvio da sociedade moderna? Não há resposta certa ou fácil quando o assunto são drogas. As pesquisas de opinião refletem essa ambigüidade. Quando abordam o tema, em geral mostram que estamos longe de um consenso. Mas as pesquisas revelam algo mais. Em meio aos números, nota-se que quase não há indecisos sobre o assunto. Ou seja, não importa de que lado as pessoas estejam, o fato é que todas elas têm opinião formada – e arraigada – sobre o uso das drogas. Surpreende encontrar esse grau de convicção em um assunto tão complexo, com aspectos médicos, econômicos, sociais, históricos e morais tão sinuosos. Quem examina esse vespeiro percebe que a coisa mais rara de achar são respostas 100% seguras. “Só há uma coisa certa sobre as drogas: é preciso haver informação. Informação de quantidade, desvinculada da moral, do poder econômico e das forças políticas”, diz o juiz aposentado Walter Fraganiello Maierovitch, ex-secretário nacional antidrogas e um dos maiores experts no tema no Brasil. É isso que tentamos oferecer a você nas próximas páginas: informação. Ao longo da leitura, você encontrará questões que raramente são formuladas a respeito das drogas. E outras que apesar de formuladas a muito tempo seguem sem resposta definitiva. Verá que os conceitos mais simples revelam contornos inéditos quando examinados à luz do debate. E conchecerá os interesses que até agora ditaram as regras do jogo. (Reportagem na íntegra Anexo F). Fonte: Revista Super Interessante, 2002. Algumas Questões 1) O que são drogas? 2) Quais são as drogas mais comuns? 3) Existem drogas legais? 4) O que são drogas psicotrópicas? 62 5) Quais os modos de ação das drogas mais comuns no cérebro e no organismo? 6) Quais os fatores que podem levar a dependência? 7) O que é abstinência e quais os efeitos no organismo? 8) Descreva as fórmulas estruturais e moleculares das seguintes drogas: álcool, nicotina, ecstasy, morfina, cocaína, maconha e LSD, e a partir delas responda: a) Nomenclatura b) Quais os elementos químicos presentes nos compostos? c) Quais os grupos funcionais? d) Qual a classificação da cadeia carbônica? 9) Como são obtidas as drogas vistas no artigo? 10) Qual a razão do poder viciante do crack? 11) Porque a heroína costuma causar flebite (inflamação dos vasos sanguíneos) aos usuários? 12) Porque a heroína em relação a morfina tem atuação mais rápida? 13) O que é “skunk” ou “ou “supermaconha”? 14) O que você deve fazer caso você saiba que alguém tomou uma overdose? 15) O TNT (trinitrotolueno) ou 1-metil-2,4,6-trinitro-benzeno) é um sólido cristalino amarelo, de ponto de fusão 82°C, altamente explosiv o. Esse potente explosivo é fabricado a partir de três nitrações seguidas de um inalante muito utilizado em produtos industriais e domésticos que causa dependência. Qual é este inalante? 5.6 Atividade 6: Sugestão de Leitura LSD E ECSTASY: PERIGOSAS DROGAS O LSD (ácido lisérgico) foi descoberto em 1938, na Suíça, e migrou para os Estados Unidos, espalhando-se pelo mundo, e o ecstasy surgiu na Inglaterra em 1989. Estas duas drogas são compostas, principalmente, de anfetaminas, substâncias usadas em moderadores de apetite, que criam dependência. A composição química do LSD não contém necessariamente ácidos, mas, em geral, vem misturado com o ácido lisérgico (dai o seu nome) No sistema nervoso, as informações, como uma imagem ou um som, são transmitidas através de células nervosas chamadas neurônios. Estes não têm comunicação física, dependendo de substâncias químicas, os neurotransmissores, para se comunicarem. Os neurotransmissores são liberados na extremidade de um neurônio e vão até o neurônio vizinho. Assim se dá a transmissão de informação. As drogas alteram esse mecanismo de liberação dos neurotransmissores. As anfetaminas funcionam como estimulantes, pois aumentam a quantidade de neurotransmissores liberados, causando agitações, ansiedade e sensação de “estar ligado”. Ao consumir essa droga, a pessoa pode ter convulsão e até parada cardíaca; 63 sendo que o uso freqüente pode causar danos neurológicos e alterações cromossômicas. O LSD é um alucinógeno e age provocando a liberação de maior quantidade de neurotransmissores em regiões especiais do cérebro, levando as alucinações visuais e a distorção de percepção. Essas alucinações podem ocorrer até um ano depois de cessar o uso. O ecstasy é uma mistura de estimulantes, geralmente a anfetamina (em maior quantidade), com substâncias alucinógenas. Alguns tipos podem conter até heroína. Essa droga reúne os riscos dos alucinógenos e dos estimulantes. Existem vários tipos de ecstasy, o que torna mais difícil saber ao certo qual problema será causado pela substância ingerida. 5.7 Atividade 7: Sugestão de Leitura ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E EXCREÇÃO DE DROGAS Uma droga é absorvida para a corrente sangüínea, distribuída através do organismo e, a seguir, é eliminada por meio de sua transformação em outro composto ou de sua excreção. Esses eventos são importantes no que diz respeito à ação farmacológica de uma droga, uma vez que determinam a quantidade da mesma que chega ao local de ação e duração do efeito. O movimento de uma droga através do organismo é determinado por sua polaridade e características iônicas. A ionização de muitas drogas é o resultado de reações ácidobásicas dos compostos orgânicos. Um ácido orgânico é um eletrólito fraco que pode se ionizar dando um íon hidrogênio e a base conjugada: 3 + CH3 ³/4COOH << CH3 /4 COO + H Analogicamente, uma base orgânica é um eletrólito fraco que se ioniza ao aceitar um próton: 3 + CH3 ³/4NH2 << CH3 /4NH2 + OH Quando compostos orgânicos são ionizados, tornam-se mais hidrossolúveis e, por esta razão, muitas drogas administradas na forma de sal são ionizadas. Por exemplo, o ácido acetilsalicílico (I) é geralmente administrado na sua forma de sal sódico, e a difenidramina (II), uma base orgânica, é administrada na forma de cloridrato. Nas formas neutras ou não-ionizadas, essas bases ou ácidos orgânicos são mais solúveis em lipídios ou material gorduroso, isto é, elas são lipofílicas. 64 Hidrolise da Anfetamina A polaridade de uma molécula orgânica é a medida de sua capacidade de dissolver em água, sendo determinada pelo número de grupos polares (por exemplo -OH, -NH2, COOH) que contém. Um composto como o inositol (III) seria muito mais polar que o cicloexanol (IV). A polaridade de um eletrólito fraco é maior no estado ionizado, e esta é a base de sua solubilidade maior em um sistema aquoso e reduzida na maioria dos solventes orgânicos e lipídeos. A passagem de um eletrólito fraco de um sistema aquoso para um oleoso é máxima quando o eletrólito estiver em sua forma neutra. O movimento de uma molécula da droga através do organismo depende de sua capacidade de passar através das membranas que separam os diferentes compartimentos de tecidos. Há vários mecanismos através dos quais ocorrem esta passagem e o mais comum é a difusão passiva. Na difusão passiva, a droga passa através da membrana dissolvendo-se nela e atravessando-a numa velocidade proporcional ao gradiente de concentração ao longo da direção de difusão. Para dissolver-se na membrana, que é de caráter lipídico, a droga precisa ser lipossolúvel. Assim sendo, compostos neutros ou não-polares, como, por exemplo, os anestésicos voláteis, difundem-se através das membranas muito mais facilmente que os compostos polares. Compostos polares, como o açúcar e os aminoácidos, que são substratos fisiológicos, penetram nas membranas por um processo mediado por carregador, no qual o composto combina-se com um sítio específico da superfície externa da membrana celular e forma um complexo que atravessa a mesma. O complexo é instável na parte interna da membrana e, assim, o material transportado é liberado e o carregador fica livre para voltar e ligar-se a outra molécula que será transportada. Há diferentes tipos de transportes mediados por carregadores (ou carreadores), transportes estes baseados no tipo de energia envolvida. Em alguns casos, o transporte é feito por difusão facilitada, em 65 que a força de propulsão é o gradiente de concentração através da membrana. Em outros processos, o movimento opõe-se a um gradiente termodinâmico, sendo necessário energia para manter o transporte. Este segundo processo é chamado de transporte ativo. As drogas que entram nas células por mecanismos de carregadores são, geralmente, semelhantes aos substratos dos mesmos quanto à estrutura química e, assim, ligam-se a estes carregadores. Outras substâncias polares de baixo peso molecular, isto é, a água, o álcool etílico e a uréia, penetram nas membranas através dos poros ou fendas da camada bimolecular de lipídios. A absorção de compostos de alto peso molecular, tais como as proteínas e os agregados moleculares, é feita por pinocitose, na qual a célula toda envolve o material. (OWALDO, p. 74) 5.8 Atividade 8: Sugestão de Trabalho de Pesquisa Realização de trabalho de pesquisa com distribuição de temas por grupos, onde cada grupo fará pesquisa sobre uma droga. A pesquisa será apresentada na forma de um trabalho escrito e oral onde, devem ser abordados os seguintes aspectos sobre as drogas: - efeitos e riscos das drogas na sociedade; - sintomas; - recuperação de usuários; - ação da droga sobre gestantes e bebês; 5.9 Atividade 9: Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa Sobre Drogas 1) Organizar um polígrafo contendo recortes de jornais locais e nacionais relatando os casos de abuso de drogas (incluindo o álcool e o cigarro). Ver quais são as drogas mais citadas nos matérias? Por quê? 2) O LSD e o ecsasy são alucinógenos. Pesquise sobre outros tipos de drogas e quais os seus efeitos, bem como sua fórmula estrutural e molecular. 5.10 Atividade 10: Sugestão de vídeos - Combatendo as drogas - Projeto Cara Limpa – um mundo sem drogas - Drogas: o importante é assegurar esse futuro 66 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao realizar esse trabalho, percebi o quanto é complexo o problema referente ao consumo de drogas pelos adolescentes e o quanto isso exige abordagens amplas e igualmente complexas para sua resolução. Mesmo entendendo que este assunto é de suma importância e que deveria ser trabalhado nas escolas com mais dedicação e empenho por parte dos professores, senti a falta de interesse de alguns colegas, não somente pelas respostas vagas da pesquisa, como também pela falta de colaboração de alguns que foram indiferentes quando foi solicitado sua opinião e/ou participação na pesquisa. Notei, ainda, que muitos professores que não mostraram interesse em responder a pesquisa, como depois comprovei na própria pesquisa, acham que este assunto – drogas – deve ser tratado pelos professores de religião e ciências. Por outro lado, o trabalho realizado com os alunos superou minhas expectativas, pois eles demonstraram bastante interesse, participando com entusiasmo das atividades propostas, questionando, debatendo assuntos e opiniões contrárias, demonstrando empenho para buscar informações que desconheciam sobre os efeitos das drogas e até as relações que poderiam ser feitas com a Química Orgânica como, por exemplo, as substâncias químicas presentes nas drogas e, até, sugeriram que fosse criada a semana de prevenção ao uso de drogas na escola, com atividades que envolvessem alunos e professores. Ainda, em relação à pesquisa realizada com os alunos, percebi que possuem opiniões formadas e bem alinhadas no que diz respeito a alguns tópicos relacionados com o assunto drogas, porém, notei que eles têm conceitos e informações equivocadas em relação ao que sejam alguns medicamentos, e que ficam em dúvida sobre a caracterização como drogas, de substâncias de origem natural como, por exemplo, a planta que dá origem à maconha. 67 Por tudo isto, creio que justifica-se a iniciativa de produção de um material de apoio, contendo algumas sugestões metodológicas que possam servir de subsídio aos professores que desejam contextualizar os conteúdos de química orgânica ao tema drogas. Esse material contém algumas reportagens da mídia que abordam fatos e acontecimentos próximos ao cotidiano dos alunos, e que podem ser úteis para problematizar e conscientizar os adolescentes dos males causados pelo uso de drogas. Sabemos que esse tipo de pesquisa e/ou a sugestão de material didático, não conseguirão erradicar o problema, nem é essa minha intenção, mas acredito que é uma ação possível e que pode contribuir para a conscientização dos adolescentes a respeito da tomada de decisões em prol da sua saúde. Ações coletivas e a ampliação de informações e conhecimentos sobre o assunto pode mostrar aos estudantes as conseqüências maléficas das drogas no ser humano e a sua extensão na família e na sociedade como um todo. Nesse sentido, os conhecimentos químicos podem contribuir para a ampliação dessas informações. Por último, quero ressaltar o ganho que tive com relação à aquisição de conhecimentos, pois precisei dispor de muitas horas e me empenhar muito, pesquisando e estudando, para conseguir elaborar e finalizar este Trabalho de Conclusão. 68 REFERÊNCIAS ABREU, Artur. No âmbito da cadeira de química dos produtos naturais I. Universidade Nova de Lisboa, 2002. Disponivel em: <http://www.geocities.com/qpn_nicotina/estrutura.htm>. Acesso em: 18 maio 2007. ABROMAVAY, Miriam; CASTRO, Mary G. Drogas nas escolas. Brasilia: Rede Pitágoras, 2005. ALLINGER, Norman L. Quimica Orgânica. 2. ed. LTC, 1976. ANTON, DIEGO Macia. Drogas: conhecer e educar para prevenir. São Paulo: Scipione, 2000. BARBOSA, Luiz Claudio de Almeida. Introdução a Química Orgânica. UVF, 2004. BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental. nacionais: temas transversais. Brasília: 1998. Parâmetros curriculares BRAATHEN, Christian. Hálito culpado: o principio químico do bafômetro. Química Nova, São Paulo, n.5, p. 3-5 1997. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 1999. BRASIL. Ministério da Educação, Orientação Curriculares para o Ensino Médio, Ciências da Natureza, Matemática e Suas Tecnologias. V2, 2006. BRASIL. Secretaria de Educação Nacionais. Brasilia: MEC, 1999. Fundamental. CARLINI, Dr Elisaldo. Tabagismo. Brasilia, <http://www.inca.gov.br/>. Acesso em: 05 de mai. 2007. Parâmetros 2007. Curriculares Disponível em: CAVALIERI, Ana Lucia Ferreira. Drogas e Prevenção: a cena e a reflexão. 3 ed. SP: Saraiva, 2003. 69 ECHEVERRÍA, Agustina Rosa. A pesquisa na formação inicial de professores de química abordando o tema drogas no ensino médio. Química Nova, São Paulo, n. 24, p. EINSTEIN, Albert Hospital Israelita. Alcool e drogas sem distorção. Disponível em:<http://72.21.62.210/alcooledrogas/atualizacoes/as_102.htm>. Acesso em 14 jun 2007. EM FORMA de vapor. Veja, São Paulo, p.65, set 2004. FONSECA, Martha Reis Marques da. Completamente Química: química orgânica. São Paulo: FTD, 2001. LOPES, Cacho. Cara a cara com as drogas: guia prático para entender e enfrentar a complexidade de dependência. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 1997. GONZATTO, Marcelo. Zero Hora. Porto Alegre, 29 de ago. 1998. Vida. nº 354. MARTINS, Andréa Barbosa et al. Drogas no ensino de química. 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Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas)/Programa Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein 71 ANEXO – A Letra Musica Legalize Já Planet Hemp (Riff Principal) Digo foda-se as leis e todas regras Eu não me agrego a nenhuma delas Me chamam de marginal só por fumar minha erva Porque isso tanto os interessa Já está provado cientificamente O verdadeiro poder , que ela age sobre a mente Querem nos limitar de ir mais além É muito fácil criticar sem se informar Se informe antes de falar e legalize ganja (Refrão) Legalize já, legalize já Porque uma erva natural não pode te prejudicar (Riff Principal) O álcool mata bancado pelo código penal Onde quem fuma maconha é que é marginal E por que não legalizar ? e por que não legalizar ? Estão ganhando dinheiro e vendo o povo se matar Tendo que viver escondido no submundo Tratado como pilantra, safado, vagabundo Só por fumar uma erva vo manda em todo mundo É mais que seguro proibir que é um absurdo Aí provoca um tráfico que te mata em um segundo A polícia de um lado e o usuário do outro Eles vivem numa boa e o povo no esgoto E se diga não às drogas, mas saiba o que está dizendo Eles põe campanha na tevê e por trás vão te fudendo Este é o planet hemp alertando pro chegado Pra você tomar cuidado com os porcos fardados Não falo por falar eu procuro me informar É por isso que eu digo legalize ganja 72 ANEXO B – Texto sobre drogas DROGAS Conceitos Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que, introduzida no organismo modifica suas funções. As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Exemplo a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC tetrahidrocanabiol (da maconha). As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais. O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas comumente suscita a idéia de uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o comportamento. As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes, os depressores e os perturbadores das atividades mentais. O termo droga envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos, tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas, são as drogas que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injeção, por inalação, via oral, injeção intravenosa ou aplicadas via retal (supositório). Uso Nocivo É um padrão de uso de substância psicoativa que está causando dano à saúde. O dano pode ser físico (como no caso de hepatite decorrente da administração de drogas injetáveis) ou mental (ex. episódio depressivo secundário a um grande consumo de álcool). Toxicomania A toxicomania é um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo e à sociedade, determinada pelo consumo repetido de uma droga, (natural ou sintética). Suas características são: 1- irresistível desejo causado pela falta que obriga a continuar a usar droga; 2 - tendência a aumentar a dose; 3 - dependência de ordem psíquica (psicológica), às vezes física acerca dos efeitos das drogas. 73 Síndrome de Dependência É um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma classe de substâncias alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo, do que outros comportamentos que antes tinham mais valor. Uma característica central da síndrome da dependência é o desejo (frequentemente forte e algumas vezes irresistível) de consumir drogas psicoativas as quais podem ou não terem sido prescritas por médicos. Codependência é uma doença emocional que foi "diagnosticada" nos Estados Unidos por volta das décadas de 70 e 80, em uma clínica para dependentes químicos, através do atendimento a seus familiares. Porém, com os avanços dos estudos das causas e dos sintomas, que são vários, chegou-se à conclusão de que esta doença atinge não apenas os familiares dos dependentes químicos, mas um grande número de pessoas, cujos comportamentos e reações perante a vida são um meio de sobrevivência. Os codependentes são aqueles que vivem em função do(s) outro(os), fazendo destes a razão de sua felicidade e bem estar. São pessoas que têm baixa autoestima e intenso sentimento de culpa. Vivem tentando "ajudar" outras pessoas, esquecendo, na maior parte do tempo, de viver a própria vida, entre outras atitudes de auto-anulação. O que vai caracterizar o doente é o grau de negligenciamento de sua própria vida em função do outro e de comportamentos insanos. A codependência também pode ser fatal, causando morte por depressão, suicídio, assassinato, câncer e outros. Embora não haja nas certidões de óbito o termo codependência, muitas vezes ela é o agente desencadeante de doenças muito sérias. Mas pode-se reverter este quadro, adotando-se comportamentos mais saudáveis. Os profissionais apontam que o primeiro passo em direção à mudança é tomar consciência e aceitar o problema. Abstinência Narcótica Independente de sexo ou idade, na gravidez ou não, sempre que se suspendem de forma abrupta os narcóticos, poderá eclodir numa pessoa viciada nestas drogas, uma sequência de sintomas como, por exemplo, ansiedade, lacrimejamento, coriza intensa, bocejos frequentes, sudorese excessiva, fraqueza tremores musculares, ondas de frio, ondas de calor, dores musculares, insônia, náusea, vômitos, muita 74 inquietação, aumento da frequência respiratória, pulso rápido, aumento da profundidade da respiração, aumento da pressão arterial e febre, entre outros, que caracterizam a síndrome abstinência narcótica. Como as Drogas Circulam no Corpo As drogas circulam de maneira previsível pelo corpo e ganham maior velocidade e alcance a partir do momento em que entram na corrente sanguínea. O sangue circula dos tecidos para o coração através das veias. Do coração, ele parte para os pulmões para adquirir oxigênio e liberar o dióxido de carbono. O sangue volta, então, para o coração através das artérias, carregando consigo a droga. As drogas podem der administradas oralmente, aspiradas pelo nariz ou inaladas até os pulmões. Podem também ser injetadas através da pele, de uma camada de gordura, músculo ou dentro de uma veia (via intravenosa). A injeção intravenosa é a via que produz os efeitos mais rápidos.… Adaptação de texto acessado no endereço: http://www.antidrogas.com.br/oquedrogas.php (Fontes: Salvar o Filho Drogado, Dr. Flávio Rotman, 2ª edição, Editora Recor Anjos Caídos, Içami Tiba, 6ª edição, Editora Gente.Como agem as drogas, Gesina L. Longenecker,PH.D. Quark books. Ilustrações de Nelson W.Hee) 75 Anexo C – Pesquisa Aluno Questionário Referente à Música 1) Em sua opinião, o número de usuários de drogas ilícitas diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices, caso uso de drogas fosse legalizado e deixasse de ser considerado crime? 2) Você acha que a violência diminuiria, aumentaria ou manteria os mesmos índices caso houvesse legalização do uso de drogas? 3) Você acredita que esse tipo de iniciativa (música, manifestações populares, etc) funciona como estratégia para a conscientização e prevenção ao uso de drogas? Qual a sua opinião sobre falar sobre drogas nos meios de comunicação? 4) Cite espaços, lugares, instituições, locais que você acha serem adequados para tratar esse assunto. 76 Anexo D - Questões Referentes ao Texto Drogas De acordo com a leitura do texto, responda as questões que seguem: 1) Qual a diferença entre uma droga natural e uma droga sintética? 2) O que são substâncias psicoativas? 3) A maconha, por ter origem vegetal (assim como outras drogas), poderia ser considerada menos nociva do que as trocas sintéticas? 4) Todos os remédios são considerados drogas? Na sua opinião há remédios que podem ser considerados drogas? Quais e por quê? 5) O que são drogas lícitas? O que são drogas ilícitas? Quais são os efeitos dessas drogas a longo e a curto prazo? 6) Na sua opinião, as drogas lícitas são menos causam menos mal à saúde do que as drogas ilícitas? 7) O álcool é uma droga legalizada que pode ser comercializada (para maiores de idade). Sabe-se que todas as bebidas alcoólicas contêm álcool, então, qual é a diferença entre elas? 8) Como você classificaria (menos ou mais “perigosas”) diferentes bebidas alcoólicas com relação aos riscos à saúde e ao risco de dependência? Com relação à origem e processo de produção, qual a diferença entre as bebidas alcoólicas mais conhecidas? 77 ANEXO E – Pesquisa professores 1) Que ações a escola pode desenvolver para abordar os temas transversais citados nos PCNs como, por exemplo, o tema saúde? 2) Você acha que a disciplina de química pode abordar esse tema? Relacionando a que assunto? 3) Você considera adequado, por exemplo, tratar o assunto drogas em aulas de Química? Na sua opinião, quais abordagens seriam indicadas? 4) Qual(is) disciplina(s) seria(m) mais indicada(s) para tratar esse assunto? Você acha que na sua disciplina é possível tratar esse assunto? Por que? 78 ANEXO F - Drogas o que Fazer a Respeito 79 80 81 82 83 84 85 86